A Herbologia é uma ciência aplicada que compreende o estudo das ervas e fungos. Para iniciar os estudos em Herbologia é preciso ter em mente dois pressupostos básicos. O primeiro deles: todas as ervas são plantas; e o segundo: nem todas as plantas são ervas. Para melhor compreensão sobre esta ciência, o presente material apresenta informações básicas sobre o Reino Plantae, o qual é composto por organismos multicelulares autótrofos, ou seja, que produzem seu próprio alimento (fotossíntese). Em meados do século XVIII, as plantas foram classificadas entre mágicas e não mágicas. Contudo, estudos posteriores, indicaram equívoco nessa teoria, pois toda planta é portadora de propriedades que podem ser utilizadas em magia. Mesmo os trouxas já se deram conta da existência desse potencial mágico, embora façam uso das plantas de maneira diferenciada em relação aos métodos utilizados pelos bruxos. No início do século XIX, o Ministério da Magia, através do Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas, indicou uma nova classificação, a qual tinha como objetivo criar uma divisão entre as plantas, de modo a classificá-las de acordo com suas características básicas. Tal divisão ocorreu devido a muitas situações em que bruxos, e mesmo trouxas, tiveram severas dificuldades envolvendo plantas e seus usos. Assim, o Ministério classificou as plantas como móveis ou imóveis, com ou sem sentido.
Algum tempo depois levantou-se uma discussão sobre essa divisão, uma vez que, de fato, não seria possível ter certeza sobre mobilidade e consciência das plantas. Isto porque determinadas plantas poderiam ocultar suas verdadeiras características diante da presença humana. Por isso, já no século XX uma nova classificação foi elaborada, dividindo as plantas entre aparentemente móveis ou imóveis, e/ou aparentemente com ou sem sentidos.
Entretanto, estudos recentes corroboraram para uma abordagem mais ampla, indicando que as plantas podem ser classificadas de formas diferentes, mas todas essas classificações são relevantes para melhor compreensão e aplicabilidade dos vegetais em magia.
A partir de estudos minuciosos, fomentados por grupos de pesquisas licenciados e patrocinados pelo Ministério da Magia, as plantas são atualmente classificadas quanto ao grau de periculosidade, características gerais, grupo e propriedades. Classificação quanto ao grau de periculosidade Securus: é a planta dita segura. Aquela que não oferece grande perigo a demais seres vivos, mesmo quanto a sua propriedade farmacológica e potencial mágico, que são de nível médio a baixo. Um exemplo desse tipo é o hortelã de nuvem. Sacer: são plantas muito raras, com propriedades fantásticas (sobrevida, despertar de sono induzido, extrema força, etc.), e de plantio e manejo fortemente controlado pelo Ministério da Magia. Um exemplo desse tipo é a videira sagrada. Fulmen: são plantas fixas, ou móveis, com alto potencial de magia. As que se movem são capazes de lançar raios mágicos a grande distância. Alguns desses raios são inofensivos à primeira vista, mas a periculosidade se dá pela duração do efeito destes. Um exemplo de planta fulmen é a couve-alegre, que possui úlceras vermelhas, as quais, quando maturadas, são capazes de lançar muco a uma distância de até cinco metros. O efeito desse muco em humanos causa risadas compulsivas. Entre as aparentemente fixas, a maioria são altamente tóxicas. Grande parte das plantas consideradas venenosas são fulmen.
Inferus: plantas do tipo inferus são aparentemente fixas, mas que podem de alguma forma atrair seres para suas proximidades. Algumas são inofensivas, mas outras são até carnívoras. Um exemplo de inferus é a Magnólia Doce, que produz uma melodia agradável, capaz de atrair suas presas, entre as quais, as favoritas são humanas. Mecum: são simples, normalmente fixas e com baixo potencial mágico. São o único tipo permitido em cidades trouxas, uma vez que não oferecem perigo a pessoas destreinadas em magia. Resecare: são capazes de lançar raios, mas também outro tipo de projétil, que varia conforme a planta (espinhos, frutos, etc.), mas se diferem das primeiras por serem móveis. Devido a isso se dá o seu alto grau de periculosidade, uma vez que podem, de alguma forma, perseguir a vítima. Um exemplo desse tipo de planta é a euforbia, cuja principal característica é a presença de grandes e resistentes espinhos.
Essa planta, após o período de reprodução, dependendo do tipo de solo em que se encontra, pode adquirir propriedades mutagênicas, o que permite ao veneno inoculado por seus espinhos alternarem entre tônico, o qual adquire a cor azul, e tóxico, que altera para a cor vermelha.
Classificação quanto ao grupo Ainda que todas pertençam ao mesmo Reino, as plantas podem ser divididas em grupos e subgrupos. Assim, de acordo com a visibilidade das estruturas produtoras de gametas, as plantas podem ser divididas em dois grupos: criptógamas e fanerógamas. As plantas criptógamas são aquelas cujo sistema de produção de gametas é pouco visível. Esse grupo pode ser classificado em dois subgrupos: as briófitas, que não apresentam vasos especializados para a condução (avasculares) e são geralmente de pequeno porte, e as pteridófitas, que apresentam vasos condutores (vasculares) e são, em sua maioria, plantas de grande porte.
A planta com característica vascular é aquela que apresenta vasos condutores de água, sais minerais e matéria orgânica e, em alguns casos magia, enquanto a que possui característica avascular não possui esses canais.
As plantas fanerógamas, também conhecidas como espermatófitas (produtoras de sementes) têm seus sistemas produtores de gametas bem visíveis. Esse grupo pode ser classificado em dois subgrupos: gimnospermas e angiospermas.
As gimnospermas apresentam sementes, as quais não são protegidas por um fruto, o que explica a origem do nome deste grupo (gimnosperma = “semente nua”). Se apresentam, geralmente, como árvores de médio a grande porte, de incidência mais comum em regiões frias e temperadas. Apresentando tecidos verdadeiros que formam as raízes, caule, folhas e sementes, as gimnospermas são vasculares. Suas folhas são chamadas de aciculadas, com um formato parecido com uma agulha, possuindo troncos resistentes e fortes. Se dividem em quatro subgrupos: a) Coníferas: formam o maior subgrupo e sua estrutura reprodutiva típica é chamada de cone. Têm como representante característico o pinheiro. b) Gnetáceas: possuem algumas semelhanças com as angiospermas, como o sistema vascular. Seus representantes são encontrados zonas subtropicais. A planta gnetácea mais famosa é a welwítschia. Também conhecida como Polvo do Deserto, é um género monotípico que só se encontra no deserto do Namibe em Angola.
a) Cicadáceas: comuns em regiões tropicais, possuem folhas que se assemelham a samambaias. A cica, uma de suas principais representantes é também conhecida como ramo bento. Algumas culturas acreditam que ramos de cica protegem contra intempéries naturais. Alguns povos antigos queimavam ramos da planta durante fortes tempestades. Tal prática se propagou porque ao ser queimado, o ramo ainda verde de cica proporciona equilíbrio, devido a propriedades mágicas presentes na planta, criando uma barreira de proteção contra terremotos, desabamentos, maremotos e quaisquer outros tipos de desastres naturais. c) Gingkoáceas: em sua maior parte extintas, viveram principalmente na Era Mesozóica, dos quais o único representante existente é a Ginkgo. Encontrado apenas na Ásia, o Ginko é um verdadeiro fóssil vivo. Extremamente rara e de manejo controlado pelo Ministério da Magia, esta planta tem propriedades metamórficas, podendo assumir propriedades diferentes, conforme a necessidade de sua utilização e/ou maneira de plantio e condições de tratamento. Ocorrendo independentemente da água, a reprodução das gimnospermas se dá graças estruturas reprodutoras chamadas estróbilos, os quais podem ser masculinos ou femininos. Nos estróbilos masculinos são formados os grãos de pólen, enquanto nos femininos são formados os óvulos.
Levados principalmente através de anemofilia (polinização pelo vento) os grãos de pólen são direcionados para os estróbilos femininos chegando ao óvulo e desenvolvendo o tubo polínico que por sua vez, leva o gameta masculino até o gameta feminino. Responsável por originar o embrião, o zigoto é formado após a fecundação. O óvulo se transforma em semente e protege o embrião contra a dessecação. Nas coníferas, as sementes podem ser popularmente chamadas de pinhão, enquanto o estróbilo feminino é chamado de pinha. Nas gimnospermas, a fase dominante é a esporofítica, sendo mais desenvolvida e duradoura que a fase gametofítica.
Formam o único grupo que apresenta flores e frutos, além de serem o mais diverso, possuindo grande variedade de tamanhos e formas, podendo estar presentes em diversos ambientes, incluindo os aquáticos. Além das estruturas presentes em todas as outras plantas, as angiospermas possuem flores e frutos. A grande variedade de cores e cheiros das flores atraem animais polinizadores, tais como aves e insetos. Os frutos dessas plantas também funcionam como um atrativo para animais, que ajudam na dispersão das sementes. Ao ingerir o fruto, as sementes não são digeridas, pois apresentarem uma cutícula protetora, e são liberadas junto com as fezes, o que pode aumentar a distribuição geográfica daquela planta. As angiospermas podem ser divididas em dois principais grupos: a) Monocotiledôneas: recebem esse nome por possuírem apenas um cotilédone (folhas iniciais dos embriões das plantas). Outra característica é que as flores das monocotiledôneas apresentam seus elementos em três ou múltiplos de três (trímera).
Outras características que definem esse grupo são as folhas com nervuras paralelinérveas (ou seja, nervuras paralelas), raízes fasciculadas (sem um ramo principal, com inúmeras raízes finas). O caule, em geral, não cresce em espessura e possui os vasos condutores de maneira desorganizada, com distribuição irregular.
b) Dicotiledôneas: recebem este nome pois possuem dois cotilédones. As flores das dicotiledôneas apresentam seus elementos em dois (dímeras), quatro (tetrâmera) ou cinco (pentâmera).
Suas folhas costumam ser mais ovaladas, apresentando nervuras peninérveas ou reticuladas (não seguem um padrão paralelo), raízes pivotantes ou axiais, ou seja, apresentam um ramo principal, a partir do qual podem aparecer raízes secundárias. O caule tem um crescimento em espessura, formando o tronco, e os vasos condutores estão organizados de forma circular. Estruturas da Flor A flor é uma estrutura característica das angiospermas, compreendendo um conjunto de folhas modificadas, as quais podem possuir cores e formas diferenciadas para atrair animais polinizadores. Essas folhas modificadas podem formar as sépalas e as pétalas, com função de proteção. O conjunto de sépalas forma o cálice, e o conjunto de pétalas forma a corola. Os estames e os carpelos são as estruturas reprodutivas da flor. Os estames são responsáveis pela formação do grão de pólen, e ele é constituído por um filete com uma antera na ápice. Já os carpelos são folhas modificadas que originarão o óvulo, e formam uma estrutura chamada pistilo. Este pistilo é dividido em estigma, estilete e ovário.
O conjunto de estames de uma flor é chamado de androceu, enquanto o conjunto de pistilos é chamado de gineceu. Carpelo
Estame Pétala
Sépala
As flores podem apresentar ambos os sexos em uma mesma planta, sendo chamadas de monoicas, ou apresentam os sexos em plantas separadas, sendo chamadas de dioicas.
Receptáculo floral Pedúnculo floral
Flores hermafroditas possuem tanto as estruturas masculinas (androceu) quanto estruturas femininas (gineceu).
Estigma Antera
Estilete Filete Ovário
Óvulo
Pétala
Sépala Receptáculo
O ciclo reprodutivo das angiospermas ocorre independentemente da água. O grão de pólen é produzido nas anteras, onde células diploides sofrem meiose, formando micrósporos haploides. Quando esses micrósporos sofrem mitose, são diferenciados em grão de pólen.
O grão de pólen se deposita sobre o estigma no aparelho reprodutor feminino e dá origem a dois gametas (núcleos espermáticos), além de formar o tubo polínico, estrutura que se estende pelo estilete para conduzir os gametas até o óvulo. O primeiro gameta masculino fecunda o gameta feminino e dá origem ao zigoto. O segundo gameta se funde aos núcleos polares (gametófito feminino) e forma uma estrutura triploide (3n), o endosperma.
O zigoto formará o embrião, que dará origem a uma plântula e crescerá em uma nova planta. O óvulo se desenvolve em semente, e, nela, está presente o endosperma, responsável pela nutrição do embrião na fase inicial de desenvolvimento. O ovário se desenvolve para formar o fruto, que protege a semente.
O fruto protege e auxilia na dispersão das sementes, quando ingerido por algum animal. Assim como nas gimnospermas, as angiospermas possuem a fase dominante esporofítica.