Também conhecidas como macrófitas aquáticas, as plantas aquáticas (hidrófitas) fazem parte do conjunto de vegetais adaptados ao ambiente aquático. São vegetais que habitam desde brejos até ambientes totalmente submersos (isto é, debaixo d'água). As macrófitas aquáticas são, em sua grande maioria, vegetais terrestres que, ao longo de seu processo evolutivo, se adaptaram ao ambiente aquático, por isso apresentam algumas características de vegetais terrestres e uma grande capacidade de adaptação a diferentes tipos de ambientes (o que torna sua ocorrência muito ampla).
Apesar de não existir uma definição concreta deste termo, ele encontra-se associado a plantas vasculares cujos habitats são ambientes de água doce, no entanto, pode incluir outras plantas aquáticas, com as algas, microalgas e musgos. Estes seres são os produtores primários do meio aquático.
As plantas aquáticas desempenham um papel extremamente importante no funcionamento dos ecossistemas em que ocorrem, sendo capazes de estabelecer uma forte ligação entre o sistema aquático e o ambiente terrestre que o circunda. Entre os importantes papeis desempenhados pelas plantas aquáticas, podemos citar: ❖ O de atuar como produtores primários, constituindo-se em uma importante base da cadeia alimentar, em ambientes aquáticos, servindo como alimentos de peixes, algumas espécies de aves e também mamíferos; ❖ Atuam como filtradoras, por reterem sedimentos em suspensão (nutrientes), e também como liberadoras, pois espalham esses mesmos sedimentos na água, através de sua excreção, ou durante sua decomposição; ❖ São fornecedoras de abrigo para alevinos e pequenos animais; ❖ Proporcionam sombra, fundamental para muitas formas de vida sensíveis luminosidade excessiva.
❖ Fornecem materiais de importância econômica para a sociedade, pois podem ser utilizadas como alimento para o homem e para o gado, fertilizante de solo, fertilizante de tanques de piscicultura ou abrigo para alevinos, além de servirem como ingredientes para a fabricação de poções e medicamentos; ❖ Ornamentam lagos, fontes, aquários, entre outros; ❖ Podem ser utilizadas no controle de erosão hídrica; ❖ Proporcionam abrigo adequado para o desenvolvimento de microorganismos pois suas raízes servem de local para a deposição de ovos de diversos amimais; ❖ Por necessitarem de altas concentrações de nutrientes para seu desenvolvimento, as plantas aquáticas são utilizadas com sucesso na recuperação de rios e lagos poluídos, pois suas raízes podem absorver grandes quantidades de substâncias tóxicas, além de formarem uma densa rede capaz de reter as mais finas partículas em suspensão.
Por constituírem um grande e diverso grupo, as plantas aquáticas geralmente são classificadas em sete tipos. Essa classificação é baseada em seu modo de vida no ambiente aquático.
❖ Anfíbia ou semi-aquática: capaz de viver bem tanto em área alagada como fora da água, geralmente modificando a forma da fase aquática para a terrestre quando baixam as águas. ❖ Emergente: enraizada no fundo, parcialmente submersa e parcialmente fora da água.
❖ Flutuante fixa: enraizada no fundo, com caules e/ou ramos e/ou folhas flutuantes. ❖ Flutuante livre: não enraizada no fundo, podendo ser levada pela correnteza, pelo vento ou até por animais. ❖ Submersa fixa: enraizada no fundo, caule e folhas submersas, geralmente saindo somente a flor para fora d’ água. ❖ Submersa livre: não enraizada no fundo, totalmente submersa, geralmente só com as flores para fora d’água. ❖ Epífita: que se instala sobre outras plantas aquáticas
As macrófitas aquáticas podem atuar como bioindicadoras, ou seja, indicando e caracterizando as propriedades físicas e químicas da água onde determinada planta se encontra. Acompanhe alguns exemplos desses indicadores: ❖ A presença de Junco em um ambiente é indicativa de que o solo naquele local é muito úmido, sendo o ambiente brejoso ou pantanoso. ❖ A presença de Aguapé, Alface-d'água e Orelha-de-onça, são indicadoras de ambientes poluídos (nível de nutrientes do ambiente aquático), pois estas espécies costumam se desenvolver melhor em ambientes eutrofizados (isto é, enriquecidos por nutrientes), com altas concentrações de matéria orgânica. ❖ A presença de Lírio-d'água e algumas espécies de Nymphoides, são indicadoras de ambientes menos poluídos.
❖ A alface d’água (Pistia stratioides) prolifera-se em lugares com alto índice de poluição, sendo assim considerada bioindicadora de poluição e de presença de metais pesados. ❖ A orelha de onça (Salvia auriculata) serve como adubo orgânico. ❖ Algumas utriculárias são plantas carnívoras, que obtêm seus nutrientes através da alimentação de insetos. ❖ As aningas formam ilhas aluviais e furos de canais que são responsáveis pela filtração das águas dos estuários amazônicos. ❖ As aningas (Montrichardia arborescens) e buriti (Mauritia flexuosa) formam populações isoladas de entorno. ❖ O caule das aningas serve de berçário para larvas de alevinos. ❖ As aningas auxiliam na oxigenação de ambientes de várzea e igapó.
Aguapé (Eichhornia crassipes) Erva flutuante livre da família das Pontederiaceae. Bioindicadoras de ambientes eutrofizados. Seu tamanho depende da concentração de nutrientes na água. Em ambientes de água pura, não cresce muito formando plantas pequenas com utilização decorativa. É alimento e microhabitat de pequenos animais aquáticos.
Alface-d’água (Pistia stratioides) Espécie da família das Araceae, flutuante livre. É bioindicadora de poluição. As folhas são usadas em poções, geralmente maceradas, processo que forma uma pasta fresca, capaz de atenuar tumores brandos.
Aninga (Montrichardia arborescens)
Espécie da família das Araceae, anfíbia. Tem propriedades expectorante e cicatrizante. Servem de alimento e refúgio para peixes, répteis e mamíferos. A seiva contém produtos irritantes da pele, os quais causam dermatites. É também uma planta ornamental.
Buriti (Mauritia flexuosa)
Espécie da família das Arecaeae, anfíbia. É utilizado para construções de moradias e fabricação de móveis. Suas fibras são usadas para tecer redes de dormir e os cocos servem para ornamentação. Do fruto se extrai vinho, óleo, e fabrica-se doce.
Cabomba (Cabomba Aquática)
Espécie da família das Cabombaceae, erva aquática submersa fixa. Forrageira. Apícola. Alimento e abrigo para animais aquáticos. Suas folhas são muito usadas em poções.
Junco (Eleocharis interstincta)
Espécie das família das Cyperaceae, erva aquática emergente que habita lugares brejosos. A semente serve de alimento para animais aquáticos.
Lírio D’água (Nymphaea elegans)
Erva flutuante fixa da família das Nymphaeacaeae. Bioindicadora de ambiente pouco poluído. Suas folhas servem de abrigo para ovos e como alimento de animais aquáticos.
Ninfa (Nymphoides indica)
Erva flutuante fixa da família das Menyanthaceae. Bioindicadora de ambientes pouco poluídos. Serve como alimento de animais aquáticos e é também ornamental.
Orelha de Onça (Salvinia auriculata)
Espécie da família das Salviniaceae, erva aquática flutuante livre. Realiza purificação e oxigenação da água, servindo para desova, abrigo e habitat a organismos aquáticos. É forrageira de capivara, insetos, caramujos, aves e peixes, além de ser biofertilizante e ornamental. É bioindicadora de qualidade da água.
Utricularia (Utricularia breviscapa)
Erva flutuante livre da família das Lentibulariaceae. É bioindicadora de ambiente pouco poiluído. Serve de alimento para peixes e aves aquáticas.