Edição I
Centenário do Corinthians
PG 06 Time dos Sonhos
1 Foto: Reprodução Luciano Guimarães
Foto: Reprodução Gazeta Press
Foto: Reprodução Gazeta Press
PG 07: Evolução dos Simbolos
22 de agosto de 2010
PG 03 - Entrevista: Orgulho de ser Corinthiano
Foto: Reprodução Agência O Globo
Escalação Campeã de 1954
Para comemorar o centenário da existência do Corinthians - um dos times mais queridos do país - neste caderno especial você irá acompanhar um pouco da história do grande alvi-negro, desde sua fundação, relembrando os primeiros títulos, os primeiros craques e as fases mais importantes do timão. Nesta edição você acompanhará desde 1910, ano de sua fundação até em 1954, quando recebe a Taça do IV Centenário de São Paulo - ao conquistar mais um estadual.
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E d i t o r i a l
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Centenário do Corinthians
Edição I
UM SÉCULO DE VIDA Não é todo dia que se comemora um século de existência. Quando se atinge tal marca é justo olhar pra traz e relembrar toda a trajetória dessa vida, todas as suas alegrias e tristezas; Alegrias como as glórias inesquecíveis como o primeiro campeonato mundial inter-clubes organizado pela Fifa, três campeonatos nacionais, e a honra de ser o maior campeão paulista de todos os tempos; e tristezas como o jejum de mais de 20 anos sem títulos e o rebaixamento para a série B do Brasileirão em 2007. Na alegria e na tristeza, o Timão sempre esteve a seu lado a fiel torcida corin-
tiana. Estranhamente, inclusive, foi justamente no chamado jejum (de 1955 a 1977) o período em que a torcida mais cresceu. É uma paixão das massas. Uma paixão inexplicável que faz marmanjo chorar e vovós irem ao estádio em vez de fazer almoço aos domingos. Uma paixão que contagia o Brasil inteiro e não só gente do estado de origem do clube a percorrerem quilômetros para ver seus heróis em campo. É uma paixão inexplicável, que passa de geração em geração (ou ás vezes é adotada por filhos de torcedores de outros escudos) há mais de um séculos. O clube operário, do pre-
to e do branco, ganhou fama internacional e até um ou outro membro da elite acabou abraçando a bandeira do timão, como Washington Olivetto, o empresário Silvio Santos e o piloto Ayrton Senna. Esses e outros 25 milhões de brasileiros carregam no peito o brasão idealizado por rebolo, um dos maiores artistas plásticos brasileiros. E é para essa nação, maior que a população de diversos países que preparamos esse suplemento especial, dividido em duas edições. Aqui o leitor corintiano vai conhecer um pouco mais dessa bela epopéia, iniciada com o sonho de cinco rapazes
da classe operária que nem tinha camisa para jogar. É a história de Neco, de Rebolo, de Biro-biro, de Sócrates, de Rafael, de Baltazar, de Gilmar, de da Guia, de Marcial, de Almir, de Viola, de Marcelinho Carioca, de Ronaldo, de Neto, de Casagrande, de Tevez, de Dentinho, de Roger, de Felipe; de cartolas do bem como Vicente Mateus e de cartolas do mal como Dualib; de torcedores como dona Elisa, como seu Roberto e tantos outros milhões anônimos, que vibraram e choraram nos últimos 100 anos, movidos por um amor que jamais nenhum clube conseguiu despertar...
Ficha Técnica
O maior campeão paulista de todos os tempos carrega, ao todo, quarenta e cinco títulos, entre eles um mundial e vinte e cinco títulos de campeão paulista
Títulos do Timão Campeão Mundial Tetracampeão Brasileiro Campeão Brasileiro - Série B Bicampeão da Copa do Brasil Campeão da Super Copa do Brasil Pentacampeão do Torneio Rio-São Paulo Bicampeão da Copa dos Campeões Estaduais 25 vezes campeão do Campeonato Paulista
Craques Jogadores e ex-jogadores corintianos, também são vencedores do “Bola de Ouro” e “Bola de Prata”, julgados pela revista francesa France Football. Além disso, alguns jogadores têm os títulos de “Melhor Jogador do Brasileirão” e “Melhor Jogador das Américas”:
2000 1990, 1998, 1999, 2005 2008 1995 e 2002 1991 1950, 1953, 1954, 1966¹ e 2002
Bola de Ouro 1.Edílson - 1998 2.Marcelinho Carioca - 1999 3.Tevez - 2005
1930 e 1941 1914 , 1916, 1922, 1923, 1924, 1928, 1929, 1930, 1937, 1938, 1939, 1941, 1951, 1952, 1954, 1977, 1979, 1982, 1983, 1988, 1995, 1997, 1999, 2001 e 2003 Foto: Memorial do Corinthians
Expediente
Editor-chefe: Leandro Cruz Editor de Imagem: Leandro Cruz Reportagem: Leandro Cruz - Lidiane Orestes - Rebeca Bueno Diagramação: Lidiane Orestes Revisão: Rebeca Bueno Orientação: Prof. Dr. Luciano Guimarães - Prof. Dr. Ângelo Sottovia
Bola de Prata 1.Rivelino - 1971 2.Zé Maria 1973 - 1977 3.Wladimir - 1974 - 1976 1982 4.Sócrates - 1980 5.Biro Biro - 1980 6.Édson - 1984 7.Ronaldo - 1990 - 1994 8.Marcelo - 1990 9.Neto - 1991 10.Rivaldo - 1993 11.Zé Elias - 1994 12.Marcelinho Carioca - 1994 - 1999 13.Gamarra - 1998
14.Vampeta - 1998 - 1999 15.Edílson - 1998 16.Dida - 1999 17.Ríncon - 1999 18.Fábio Luciano - 2002 19.Gil - 2002 20.Fábio Costa - 2005 21.Marcelo Mattos - 2005 22.Tevez - 2005 Prêmio Craque do Brasileirão 1.Tevez - 2005 Melhores do Campeonato 1.Fábio Costa - 2005 2.Gustavo Nery - 2005 3.Marcelo Mattos - 2005 4.Roger - 2005 5.Tevez - 2005 Melhor jogador das Américas (jornal “El Mundo”, Venezuela) 1.Sócrates - 1983 El País - Uruguai 1.Tevez - 2005
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Orgulho de Ser Corinthiano Aos 83 anos de idade, Antônio Paiero conta quando se tornou torcedor do timão e revela detalhes do primeiro jogo do timão que Por Leandro Crux
Ele lembra como se fosse ontem a escala-
ção: “Era o time de Ciro, Agostinho, Chico Preto, Jango, e de Teleco que fez 5 gols de cabeça naquela partida”. Quando perguntamos sobre o grande craque do timão, ele se junta a maioria e afirma: “É difícil dizer, foram vérios... Servilho, “o Bailarino”; Rivelino; Cláudio; Luizinho...” “Ser campeão em cima do palmeiras é sempre bom...” É assim que ele começa sua fala quando o assunto é o
Foto: Reprodução Luciano Guimarães
Morador de uma chácara entre Bragança e Atibaia, no interior de São Paulo, o Corinthiano roxo, conta quando se apaixonou pelo timão: “Eu tinha 14 anos, morava perto de São José do Rio Preto. Fui com um amigo ver o timão jogar contra o Rio Preto Sport Club. O 1º tempo estava um a um, mas no segundo tempo aconteceu a mágica: o Corinthians a fez onze a um.”
título de 19544. “Era o time de Olavo; Allan; Roberto. Baltazar marcou de cabeça.” O Sr. Antônio recordase das canas quando dona Elisa - cozinheira, torcedora símbolo do timão - entrava em campo antes das partidas: “todo mundo aplaudia a velhinha. Até a torcida adversária, admirada do amor pelo seu clube.” “Durante o jejum de 54 a 77 foi o momento mais
Elisa, uma das maiores torcedoras do timão.
triste da história, mas mesmo assim jamais pensei em abandonar o clube, eu ficava triste, a turma caçoava muito da gente, chamava o Corinthians de Arroz brejeiro, que cresce, cresce e no fim não gora nada” E, Sr. Antônio, o que mais o marcou no timão? “Foi ganhar do Fiorino da Itália, todos os times do Rio e de São Paulo tinham perdido para o clube em sua turnê pelo Brasil em 1947... Mas o Corinthians mostrou quem mandava com a vitória por dois a um. Para mim, ser corinthiano é uma religião. É amor sem limites, na alegria e na tristeza.”
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à luz do Lampião A Origem operária do Corinthians
“Coincidência bonita: 1910 foi o ano do cometa Halley. Lá no fundo do meu arquivo de vozes, ainda ouço o eco de alguma tia-avô dizendo: a cauda brilhava no céu todo: era noite, mas parecia dia. (...) O cometa Halley foi a segunda coisa mais bonita que aconteceu naquele ano distante de 1910, (...). A primeira coisa mais bonita foi o Corinthian – assim mesmo, sem o “s” final.” É assim que Washington Olivetto e Nirlando Beirão iniciam o capitulo sobre a fundação do time no delicioso livro “Corinthians: é preto no branco”. Certamente, pra falar sobre a origem de um dos mais importantes clubes brasileiros é mesmo preciso recorrer aos recursos literários para tentar dar conta do que essa história representa para seus torcedores. Não se trata do surgimento de qualquer outro time, para a torcida alvinegra
Ainda elitizado na época, o futebol já começava a dar sinais do que viria a se transformar na paixão nacional. Em 31 de agosto de 1910, o time inglês Corinthian Casuals Football Club veio fazer amistosos no Brasil, a destreza destes ingleses com a bola era tão grande, que cinco operários do bom retiro não tiveram dúvida, batizaram a associação por eles idealizada com o mesmo nome. Á luz de um lampião, em 01 de Setembro de 1910, exatamente cem anos atrás, surgia um dos times mais queridos do mundo: um grupo de operários teve a idéia de lançar o seu próprio time de futebol, afinal, os existentes na época eram elitizados demais, e o povo não que-
ria mais isso, todos queriam um time que realmente os representasse, daí então surge o primeiro time de origem proletária do país. Dois pintores (Joaquim Ambrósio e Antônio Pereira), um sapateiro (Rafael Perrone), um motorista (Anselmo Correia) e um trabalhador braçal (Carlos Silva) tinham a idéia e a garra, mas lhes faltava o dinheiro, foi então, que se juntou a eles Miguel Bataglia, um alfaiate talentoso que financiou a idéia, e se tornou o primeiro presidente do Corinthian. Os cinco fundadores, mais oito amigos formaram a primeira escalação do clube que arrebatando cada vez mais as graças do povo, teve por estes seu nome, assim digamos, “elaborado”. A torcida e a imprensa começam a se apropriar do “s”
Foto: Reprodução Ignácio Ferreira
Por Lidiane Orestes
Corinthian Casuals Football Club - Time Inglês em
vindo da expressão inglesa “Corinthian´s team” (Time do Corinto) daí versão tupiniquim ganha com toda graça uma letra a mais, agora falamos do Corinthians. Quatro anos após sua fundação o clube conquista o Campeonato Paulista, o que abrilhanta seu currículo como o primeiro título, e
Foto:http://www.mafiapower.net
Uma das formações do Corinthians na década de 50. Em pé: Idário, Alan, Valentino, Julião, Homero e Valmir. Agachados: Cláudio, Rafael, Baltazar, Paulo Pedra e Jansen.
primeiro título invicto, naquele ano o clube não perdeu uma partida sequer, Sebastião, Fúlvio, Casimiro II, Police, Bianco, César, Américo, Peres, Amílcar, Aparício, Neco, entre outros, estavam imbatíveis. O que não se pode negar é que desde a sua fundação o Corinthians representava o time dos operários, do povo, daí seu grande e rápido crescimento entre os torcedores. Olivetto e Beirão, “corinthianos-roxo” se gabam em ostentar a história com detalhes impossíveis de se apurar: “Aqueles operários eram tinhosos, conspiradores, viviam agitando uma greve aqui e acolá. Anarquistas, graças a Deus. A greve geral de 1917, que parou a cidade, foi instigada por eles. Só terminou quando os patrões, num rasgo de sensibilidade, avisaram que daquele dia em diante iriam juntar aos salários tíquetes de graça para as partidas do já então Corinthians”
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Inicio promissor Primeiros títulos e ídolos alvinegros Foto: Reprodução Acervo Francisco Trindade
Equipe do Corinthians campeã da Taça do IV Cententário, no ano de 1954
Por Lidiane Orestes
Foto: Reprodução Acervo Francisco Trindade
Neco
O time ainda era novo, tinha muito o que aprender, mas já na primeira vez terminou em quarto no paulistão, mas lendária mesmo foi a segunda participação do alvinegro no campeonato em 1914, foi o primeiro título, e melhor ainda: imbatível. Os adversários não tinham chance, foram dez vitórias em dez jogos, 39 gols. Com tanta goleada, é claro que o artilheiro daquela competição tinha que ser corinthiano, quem levou a primeira homenagem foi Neco, com 12 gols.
Quarenta anos depois de sua fundação, em 1950 – ano da copa no Brasil – o timão levou pela primeira vez o torneio Rio-São Paulo. Em 1951, sua tropa de frente composta por Carbone, Claudio, Luisinho, Baltasar e Mário fez 103 gols em 28 jogos, levando mais uma vez o campeonato Paulista – agora com destaque para Carbone, artilheiro com 30 gols. O Corinthians estava demais, em 1952 leva novamente o Paulistão, e começava a acumular campeonatos: Em 1953 conquista de novo o torneio Rio-São Paulo – bi-campeonato – e em 1954 recebe a Taça do IV Centenário de São Paulo ao conquistar mais um estadual.
Foto: Reprodução Acervo Francisco Trindade
Logo os torcedores perceberam que tinham do que se orgulhar. Com muita raça e apenas dez dias após a fundação do time, o corinthians que jogando fora de casa já cogitava perder de goleada pro mais experiente - e respeitado time de várzea - União da Lapa, levou apenas um gol no jogo de estréia, perdeu, mas já mostrava que não estava ali de brincadeiras. Poucos dias depois, quatro pra prezer pela exatidão, o timão faz 2 a 0 em cima do Estrela Polar, e Luís Fabi entra pra história como o autor do primeiro gol do Corinthians.Começou a sorte de principiante? Não se pode
dizer isso do timão. Os dois primeiros anos foi uma maravilha, talvez pela garra e vontade daqueles fundadores, a invencibilidade do timão naquela época era de se invejar, assim com a boa maré e a torcida cada vez maior, o timão brigou por uma vaga no Campeonato Paulista. Para conseguir entrar na disputa, a Liga Paulista promoveu uma eliminatória, e o time estava imbatível, foram duas vitórias em dois jogos, primeiro, 1 a 0 em cima do Minas Gerais, depois 4 a 0 no São Paulo do Bexiga, estava assim consagrada a primeira participação do Corinthians no campeonato paulista.
Em 1919 o Corinthians conquista o primeiro título internacional: O Campeonato Sul-Americano, e como a boa maré ainda continuava firme, também levou o Torneio Início Paulista em sua primeira edição, promovida pela AA das Palmeiras. Comemorando a Independência do Brasil, o vencedor do campeonato estadual de 1922 levaria pra casa a taça do Centenário da Independência, e foi batata, o Corinthians pra provar suas aspirações populares, arrebatou mais essa. O time campeão era: Mário, Del Debbio e Rafael, Gelindo, Amílcar e Ciasca; Peres, Neco, Gambarotta, Tatu e Rodrigues, que venceu 14 das 18 partidas disputadas. Washington Olivetto afirma ter conhecido um dos mais importantes jogadores do Timão: “Até que comecei a me aproximar mais de “Seu” Neco e ouvi dele coisas assombrosas. Uma vez, disse: ‘fui o melhor de todos. Melhor do que o Friedenreich, melhor do que o Leônidas da Silva... Melhor que qualquer um que disserem por aí. Só tem um que é melhor do que eu. Esse menino aí, o Pelé- esse é melhor. Era 1960,e o Pelé ainda não tinha 20 anos. Mas, por mais orgulho que tivesse de suas prórpias façanhas,
“Seu” Neco não era de mentir.” “Seu” Neco, Manuel Nunes, é considerado o primeiro craque do Corinthians, jogou apenas no Corinthians, de 1911 até 1930.
O goleiro Gilmar, um dos grandes ídolos do Timão nos anos 50, disputou mais de 500 jogos pelo Corinthians, teve fases boas e ruins no clube. Chegou em 1951, vindo do Jabaquara, e logo barrou o titular absoluto Cabeção. Um dia Gilmar chegou a ser acusado de corpo mole, após goleada sofrida pela portuguesa de 7 a 3, em 1951.Mas superou as críticas e entrou para a história como o maior arqueiro corintiano.
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Time dos sonhos
Você, torcedor, foi quem escolheu:
Durante os ultimos 6 meses, colocamos em votação no site do jornal para a eleição dos melhores jogadores de todos os tempos do timão, e o resultado, a escalação dos sonhos, você confere agora:
CORINTHIANS X PALMEIRAS A eterna rivalidade entre os times de maior torcida de São Paulo Por Rebeca Bueno
Que Corinthians e Palmeiras são rivais eternos todos sabem, mas como essa rivalidade tão surgiu? Quais as consequências dessa competitividade? O Corinthian Sport Club Paulista (o “s” de Corinthians foi acrescentado pela imprensa)foi fundado em 1910 pela iniciativa de um grupo de operários do bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Até então, futebol profissional era coisa das elites. No time e na torcida podiam entrar imigrantes de todas as nacionalidades, árabes, judeus, japoneses, italianos; migrantes de todas as partes do país e até negros. Sim, em São Paulo o time dos operários foi o primeiro a aceitar afro-descendentes. Em 1914, parte dos italianos, por sua vez, por motivos não conhecidos (a quem diga que por puro racismo) deixou o clube para fundar outro ape-
nas com sócios da colônia italiana, o Palestra Itália, atual Palmeiras. Essa é apenas uma versão, a mais popular do início da rivalidade entre Corinthians e Palmeiras. Os anos se passaram e essa rivalidade só aumentou, ao ponto de os corintianos chamarem os palmeirenses de “porcos” e estes chamares os alvinegros de “gambás”. A rivalidade no campo começou mesmo em 6 de maio de 1917, na primeira partida entre Corinthians e Palestra Itália no Parque Antarctica. Qual dos dois foi o vencedor do jogo? O Palestra Itália, infelizmente. E foi a partir daquela primeira derrota corintiana, que a rivalidade entre os dois times se tornou símbolo da competitividade no futebol paulista. Apesar daquela derrota, o poderoso “Timão”, que naquela época ainda não recebia este apelido, já estava consagrado e vinha lutando para jogar nos campeona-
tos de elite do estado de São Paulo, pois havia levado a taça de campeão do Campeonato Paulista de 1914. Entre os grandes feitos do Corinthians, está o maior tempo de invisibilidade do time do Parque São Jorge sobre o Palmeiras, um tabu de sete anos sem derrotas para os “Porcos”, de 1951 a 1958. Com o passar dos anos, a rivalidade entre os dois times só aumentou, ainda mais com a participação efetiva das torcidas de ambos os clubes. Exemplo disso foi a final do Campeonato Paulista de 1999. O Corinthians se vingou com as famosas embaixadinhas do craque daquele time, Edilson. No segundo tempo da partida, o Corinthians que perdia do Palmeiras por 2 gols a 1, empatou com um gol de Edilson, e como o “Timão” já havia ganhado a primeira partida da final por 3 gols a 0, um empate no segundo jogo, lhe garantia o título.
Logo após o empate, Edílson resolveu “brincar” com os adversários e fez embaixadinhas para provocá-los. Os jogadores palmeirenses não gostaram nada e foi aí que a confusão começou. Todos os corintianos se lembram da famosa cena do chute de Edilson em Paulo Nunes. A confusão foi tanta que o árbitro, Paulo César de Oliveira teve de encerrar a partida antecipadamente e o Cotinhians levava o seu vigésimo terceiro título paulista. Até hoje o Corinthians é o maior campeão paulista de todos os tempos Quem ficou mais tempo invicto? Corinthians - 10 jogos De 26/12/1948 à 24/03/1951 Corinthians - 10 jogos De 06/07/1952 a 21/07/1954 Palmeiras - 08 jogos De 28/09/1997 à 17/03/1999 Palmeiras - 07 jogos De 15/03/1970 à 11/04/1970
Foto: http://calsavara.files.wordpress.com
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Foto:http://www.mafiapower.net
Fig. 4 - 1918 Fig. 2 - 1914
Não apenas o uniforme, mas o brasão do Corinthians também foi se atualizando com o passar do tempo. No período enquanto o timão ainda jogava na várzea de 1910 até 1913, os uniformes não tinham o símbolo, o primeiro brasão do time (figura 1) foi desenvolvido às pressas para a disputa da vaga na liga paulista, em 1913, com as iniciais do nome do clube, C e P sobrepostas. O símbolo improvisado permaneceu até 1914 quando Hermógenes Barbuy (irmão do grande craque Amilcar) aprimorou o símbolo: dentro de um brasão, adicionou o S de “Sport” e considerou o C para “Club” e Corinthians (figura 2). Em 1916 e 1918 o símbolo varia no
Fig. 5 - 1930
formato (figuras 3 e 4), e é só em 1919 que o brasão se aproxima do atual: formado por um circulo negro, com o nome completo e a data da fundação em branco, e a bandeira paulista sem as treze listras. Em 1930 surgem a âncora e os remos vermelhos que se referem aos esportes náuticos praticados no clube (figura 5), a arte final é de Francisco Rebolo Gonsales, ex-jogador do segundo quadro em 1922. A partir de então, o símbolo sofreu poucas alterações, como a descrição fiel da bandeira paulista com as treze listras. Concluindo a evolução, chegamos no escudo atual, com uma pequena borda ao redor.
O mosqueteiro, símbolo oficial do timão, surgiu em 1913, quando houve uma cisão entre os clubes, que os levou a criar a Associação Paulista de Esportes Atléticos, a principio, só havia três times na Liga Paulista: o Americano, o Germania e o Internacional, que eram conhecidos como “os três mosqueteiros”, com a entrada do Corinthians na liga, o time fica passa a ser o quarto mosqueteiro, o “D’Artagnan”, como no romance do francês Alexandre Dumas.
Simbolos
Fig. 1 - 1913
Foto: http://calsavara.files.wordpress.com
F o i Miguel Bataglia, o primeiro presidente do timão e alfaiate de mão cheia quem idealizou o primeiro uniforme do clube: camisa cor creme com listrar pretas, realmente muito elegante; só não cotavam que com algumas poucas lavadas a cor creme desbotava. Pra resolver o impasse ficou decidido: mudaram o uniforme pro preto e branco. Muitas mudanças ocorreram de lá pra cá e por diversas motivações: utilização de tecidos mais modernos, troca de patrocinadores, mas sem dúvidas, um dos uniformes que mais agradou a torcida foi o irreverente terceiro uniforme roxo lançado no inicio de 2008, é isso mesmo, roxo. O vice-presidente de marketing do Corinthians, Luiz Paulo Rosemberg explicou: “Branco e preto é a nossa eterna tradição, mas o roxo é a cor da nossa paixão. Daqui pra frente, falou roxo, falou Timão”
Fig. 3 - 1916
Por Leandro Crux
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CAMPEÃO DO CENTENÁRIO O Corinthians conquistou o tão disputado título do Campeonato Paulista do Centenário de 1914 em vitória sob o Palmeiras Por Rebeca Bueno
Pacaembu lotado, final de campeonato, seis de fevereiro de 1955. Era o ano do IV Centenário de São Paulo, motivo pelo qual, todos os clubes queriam ganhar aquele Campeonato Paulista de Futebol de 1954, mas os dois times chegam à final foram Corinthians e Palmeiras. A cidade estava alvoroçada para acompanhar a partida do Centenário. Aos nove minutos do primeiro tempo, o Corinthians sai na frente com um gol de Luizinho, como narrou Pedro Luiz para a rádio Panamericana de São Paulo: “Vai ser executado o arremesso por Cláudio. Movimentou o coro. Deu a Rafael.
Rafael atrasando para o ponteiro. Pode centrar até com perigo. Ergueu para a boca do gol. Fechou todo mundo. Cabeceou, e é Gooooooool! Gol de Luizinho para o Corinthians, fazendo delirar a torcida corintiana que se movimenta em massa nas dependências do Estádio Municipal do Pacaembu. Um para o Corinthians, zero para o Palmeiras”. No segundo tempo, o Palmeiras empata a partida aos seis minutos de jogo com um gol de Nei, e a partida fica ainda mais dramática para as duas torcidas que lotavam o Pacaembu. Mas o juiz, Esteban Marino apita o final do jogo, e o Corinthians que precisava apenas
de um empate recebeu a taça de Campeão do Campeonato Paulista do Centenário de São Paulo em 1954. O jogador corintiano, Gilmar falou sobre o jogo: “Seria uma decisão como outra qualquer, mas com a diferença de que essa valia o título do Centenário de São Paulo. O Corinthians tinha a vantagem do empate, mas encontrou um adversário difícil. O jogo foi duro e bastante disputado. Logo no início fizemos 1 a 0. Depois, o Palmeiras reagiu e empatou. A partir daí, seguramos o resultado e fomos campeões. Todos queriam esse título, pois quem ganhasse ficaria com a glória para os cem anos seguintes.”
Depois disso, o Corinthians iniciou uma fase de jejum de Campeonato Paulista que durou vinte e três anos. Fase essa, em que a torcida corintiana ficou conhecida como a “Fiel”, e só terminou com uma nova vitória no Paulista em 13 de outubro de 1977, sob o comando do técnico, Osvaldo Brandão, o mesmo do time de 1954. A vitória foi sob a Ponte Preta, no estádio do Morumbi em São Paulo, com cerca de 147 mil torcedores presentes. Confira na próxima edição o Corinthians depois de 1954, suas derrotas, vitórias e sua consagração como time de maior torcida do estado de São Paulo. Foto: Memorial do Corinthians
NÃO PERCA:
NA PRÓXIMA EDIÇÃO
Festa no Morumbi: Após 23 anos Em meio ao autoritarismo do futesem títulos, Corinthians conquista bol e da diradura militar, o Timão o Campeonato Paulista de 1977 já deslumbrava uma democracia
Foto: Memorial do Corinthians
Foto: Gazeta Press
Foto: Memorial do Corinthians
Em 1976, cerca de 70 mil corintianos invadem o Maracanã nas semifinais do Campeoanto Brasileiro