Comemore

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Festa é mais que bebida e diversão Reitor Herman Jacobus Cornelis Voorwald Diretor da FAAC Roberto Deganutti Coordenação do Curso de Jornalismo Juarez Tadeu de Paula Xavier Chefe do Departamento de Comunicação Social Ângelo Sottovia Aranha Professores Orientadores Ângelo Sottovia Aranha Renata Barreto Malta Endereço Departamento de Comunicação Social Av. Eng. Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01 Vargem Limpa, Bauru-SP Telefone: (14) 3103-6000 Ramal: 6066 Suplemento produzido pelos alunos do 4º termo do Curso de Comunicação Social - Jornalismo do período diurno da UNESP. Alexandre Ribeiro Giovani Vieira Miranda Márcia Tiemi Matsumoto Millena Grigoleti da Silva Monique Nascimento Paula Pinto Monezzi Vitor Moura

A

s celebrações sociais, as chamadas festas, há milhares de anos fazem parte do cenário do homem. Esses encontros marcados para comemorar e celebrar acontecem cada vez mais e com maior variedade de estilos. Há festas para todos os gostos, desde raves que avançam madrugada adentro, até festas infantis que acabam às dez da noite. Devido ao estilo de vida, à época em que vivemos, quando tudo é muito rápido, frenético e descartável - características da sociedade pós-moderna - as festas se tornaram parte do cotidiano. É quase impossível pensar no dia-adia sem uma festinha, seja a do priminho que completa um ano, , as festas oficiais como Natal e Ano Novo ou até mesmo um churrasco para reunir os amigos. São muitas as situações nas quais se perde o controle e se exagera nessas comemorações, gerando transtornos, e brigas, seja pela agressão gratuita, seja

pelo prazer de bater sem que haja razão alguma, fenômenos já comuns. Virou manchete na mídia nacional o caso ocorrido em Bauru, em que um estudante da USP foi agredido numa festa por outros universitários. O exagero no consumo de álcool ou drogas, que poderia ser reduzido com campanhas de conscientização e maior fiscalização dos órgãos governamentais, pode se evitar com o controle da venda de bebidas para menores de 18 anos e a venda ilegal de drogas, que costumam ser facilmente encontradas pelos usuários. A lei que proíbe estabelecimentos de venderem bebidas alcoólicas sem a consulta do RG , aprovada em meados de novembro, deverá melhorar esse cenário. São esses os temas a serem tratados nesta edição, as festas e seus efeitos, mostrando os dois lados da moeda, e não apenas os já conhecidos efeitos negativos. A ideia é mostrar a importância social da festa em determinadas situações,

o lado socializador que têm em determinados bairros, reunindo pessoas de todas as classes sociais em torno de um mesmo objetivo: diversão, aproximação e troca de experiências. Outro assunto abordado no suplemento é o impacto econômico das festas na economia das cidades. Observou-se como as festas universitárias mexem com a economia de Bauru, abordando casos que vão desde o do taxista que aumenta a sua circulação, até as grandes casas de shows alugadas e como isso se reverte em lucro para o município. As festas promovidas pela prefeitura compõem outro tema abordado. Como ocorrem, quais são, como a população interage, qual a importância para a comunidade. Uma reportagem relevante é a que mostra a contradição entre as festas populares e as festas ditas “nobres”, quais são as diferenças, onde acontece cada uma. Tudo isso e muito mais o leitor vai encontrar nesta edição. É só conferir.


Ah, as FESTAS!!

Paula Monezzi

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epois da semana de trote, dos dias quentes fazendo o famoso pedágio sob um sol tipicamente bauruense, forte e cruel, a faculdade começava. Com a correria que só os projetos de extensão podem proporcionar, o tempo voava. Já era junho e a festa tão esperada estava aí. Os bixos finalmente iam ser livres! E eu finalmente iria em minha primeira festa... Tinha evitado as outras por pura chatice, mas estava na hora de mudar isso. O que é faculdade sem festas? “Prometo amar e respeitar meus veteranos. Prometo não usar PowerPoint no trabalho do Bulhões! Prometo... prometo, prometo!” E para finalizar o juramento: “P#$ %$ #@ da USP!!!” A primeira bebida foi o batismo. Depois disso, todo mundo se espalhou pela república. Primeiro copo. Fazer amigos em festas é bem mais fácil do que só conhecê-los pela faculdade. As pessoas ficam “tão mais

legais” em festas! Segundo copo. Terceiro. A festa tá realmente o máximo! Tomei cinco batismos até agora... meus veteranos são o máximo! Quarto copo. Dançar, dançar, dançar! Quinto copo. Fotos com “everybody!!!!!!” Sexto, sétimo copo. “Peguei o maior gatinho!!” Acho que exagerei. Não me lembro quantos copos foram. Nem do que foram. Minha primeira festa foi também minha primeira bebedeira. Agora que estava oficialmente na faculdade, podia parar essa sensação de tudo estar girando. Foi nesse dia que bebi até cair e fui parar, graças à bondade de um veterano, num quarto. Duas veteranas ficaram o tempo todo comigo. Eu vomitava e desmaiava. Lembrava de poucas coisas, acordava e vomitava mais. Não sei por quanto tempo passei mal, mas sei que fui a última, junto com duas amigas, a deixar a festa. Minto, ainda tinha um casal se pegando no sofá.

Foi nesse dia que eu aprendi a beber. Foi nesse dia que dancei como nunca antes e foi nesse dia que passei a fazer parte do que era a faculdade. Por mais alcoolizada que estivesse, foi nesse dia que fiz os melhores amigos que tenho. Festas são ótimas. Mas,

por segurança, não me rendi mais aos copos e comecei a aproveitar o que tinha de melhor nas festas: meus amigos.

Perfil Alguns não vivem sem uma festa, um encontro com os amigos em um lugar animado, uma conversa na mesa do bar. Outros preferem ficar em casa, ver um filme e detestam algazarra.Bem-vindo à controvérsia!

Baladeiros

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Caseiros

Monique Nasciento

O Baladeiro

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nimo de sobra. Esse é o retrato de Amilton Teixeira, que gosta de freqüentar barzinhos, ir ao cinema e papear com os amigos; “se eu tiver companhia, estou indo!”, garante. Muitos se admiram quando se dão conta de que Amilton tem 67 anos. Casado e com 3 filhos crescidos, ele diz que agora é o momento em que pode aproveitar mais; “eu vivi minha vida toda trabalhando muito. Fiz o curso de enfermagem, então trabalhava de dia e às vezes fazia plantão à noite. Depois que me casei e tive 3 filhos a vida ficou bastante atarefada. Agora estou liberado”, brinca. Amilton é aposentado, mas não fica parado. Frequenta a Universidade Sagrado Coração (USC) como ouvinte no cursos de Filosofia e de Jornalismo. A universidade o coloca em contato direto com jovens entre 18 e 25 anos, suas companhias de festas. Como gosta de fotografia, exerce o hobby tirando fotos dos amigos nas baladas e eventos. Mais tarde,

tudo vai para seu perfil no facebook. Além das baladas com os jovens universitários, Amilton frequenta um clube onde joga sinuca e cartas com outros idosos. Ele diz que vê muitas diferenças entre as festas de hoje e as de antigamente. A principal diferença é no modo como garotos e garotas paqueram; “os meninos vêem um grupo de meninas e nem param para conversar com elas, têm que comprar um litro de vodka e beber. As meninas também, tomam 3 ou 4 copos de tequila. Está tudo na base de álcool, não tem aquele encanto de flertar, trocar sinais e chamar pra dançar”, explica. Apesar da saúde debilitada e das limitações da idade, o aposentado diz que não se permite ficar em casa. De acordo com ele, a tendência é querer se acomodar, “mas eu não entrego os pontos facilmente”, adverte. Todo esse entusiasmo e vontade de celebrar a vida fazem com que Amilton tenha muito mais jovialidade do que muitos garotos de vinte e poucos anos.

O Caseiro

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studante, 19 anos, sexo masculino. Aparentemente, a descrição de alguém que adora baladas, sair bastante com os amigos e ficar com muitas garotas. Aparentemente. Victor Augusto é mais do tipo reservado, que gosta de ficar em casa ou rodeado de poucos e bons amigos, sem tanta agitação. Seus momentos de diversão consistem em ouvir música, ler um bom livro, navegar na internet e jogar videogame. Não faz exatamente o perfil de garoto solitário e seus amigos compartilham desse mesmo pensamento em relação a festas e agitação. “Saímos para fazer coisas diferentes, não pra ir a baladas apinhadas de gente, com chão melado de cerveja e gente se pegando. Nosso programa é sair pra conversar, pensar sobre a vida, tocar e ouvir música, jogar videogame, se divertir de maneira mais calma”, descreve. Victor alega que a bebida alcoólica não está excluída dos encontros com os amigos, “o que acontece é

que, diferentemente do que ocorre na maioria das baladas, a bebida é somente conseqüência do encontro entre amigos e não, o objetivo. Não queremos beber todas, ficar “loucos”, queremos compartilhar de bons momentos”, afirma. O estudante diz que sofre um pouco de preconceito em consequência de sua postura; “me acham careta, nerd, feio, anti-social, pobre...Esse tipo de coisa positiva”, ironiza. Os motivos que o afastam das famosas baladas, segundo ele, são o extremo barulho, músicas desagradáveis e o fato de não conseguir se enturmar facilmente nesse tipo de ambiente, onde não é possível conversar com calma. Por mais pacato e sossegado que Victor seja, ele não deixa de se entreter e cultivar suas amizades. O exemplo de Victor mostra que a diversão não é proporcional ao número de pessoas que estão à sua volta ou ao número de lugares que você freqüenta. Às vezes, um bom amigo e uma boa rodada de risadas podem ser mais que o suficiente para festejar. 3


AS festas Giovani Vieira

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além da conta bancária

ifícil de encontrar e quase impossível de entrar. Em Bauru, os chamados pontos VIPs também existem, mas ter acesso a um é quase uma epopéia para quem não faz parte desse mundo. Para saber como são essas festas, só se um freqüentador contar. Depois de buscar em áreas nobres da cidade, é fácil identificar indivíduos com esse perfil, o difícil é convencê-los a falar. Encontro um grupo de adolescentes. Seguem o mesmo estilo e sempre com roupas de marca. Concordam em falar, mas querem seus nomes preservados. Temem que os pais descubram o que eles fazem na noite. Todos têm sobrenomes de peso, as moças são filhas de empresários bem sucedidos e o pai de um deles é fazendeiro. Fernanda (nome escolhido pela entrevistada) é a adolescente que aparenta ter mais idade. Ela revela que o que os diferencia não é a festa, mas sim o tratamento VIP que recebem. Conta que já pagou, além do convite, mais de 50 reais para driblar filas des casas noturnas. “Somos VIPs, merecemos tratamento diferenciado”, diz, enquanto as amigas observam em silêncio. “Já pagamos 100 reais a mais para entrar em um camarote. Dinheiro não é problema”, revela a adolescente em tom de alfinetada. As revelações da moça deixam os outros mais à vontade. Outra garota, Nicole, depois de muito observar, resolve contribuir com a conversa. “A verdade é que não precisamos nos preocupar com assuntos que assustam outras pessoas, como falta de dinheiro. Nossa diversão é conseguida com a ajuda de nossos pais”, esclarece a jovem, mostrando que, apesar de terem a esconder seu comportamento na noite, seus

pais sabem onde foram. Como os rapazes ainda estavam tímidos, toquei em assuntos com os quais sentem mais liberdade para falar. Perguntei o que bebiam. O adolescente mais alto olha as horas no seu iPhone e responde: “tomamos o que queremos, não escolhemos muito”. Rafael, o mais calado, completa: “em uma noite comum, já abrimos sete garrafas de champanhe Möet et Chandon, para você ter uma ideia”. A bebida citada custa aproximadamente 120 reais, desconsiderando a inflação das baladas. Resolvo perguntar sobre as “paqueras”. Os rapazes abriram um sorriso tímido – a testosterona falava mais alto. O mais tímido sai na frente. “Comigo tem que ser assim: tudo aos extremos”, confessa. Já Rafael, vai além: “nós ficamos com muitas garotas na mesma noite, nem sempre nas festas. Gostamos de festas par-

2 Diversão na

periferia bauruense

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ábado, três horas da tarde. José Carlos começa a montar o teclado Casio, as caixas de som e microfones num espaço de cem metros quadrados, o popular ‘rancho’ coberto por telhas de amianto apoiadas sobre caibros e ripas vermelhas. A cor branca original das telhas foi substituída pelo escuro do bolor gerado pela infiltração da água de chuva. O piso rústico, tomado por rachaduras, em poucas horas será palco de mais um dia de baile no Bar do Valdomiro.

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PONTOS DE VISTA

ticulares”. O relógio Armani no pulso de Nicole parece inquieto. É o momento de agradecer a entrevista, antes de me tornar inconveniente. Meu ônibus se aproxima, corro para não perdê-lo e percebo que é o momento de voltar ao mundo real.>>

O local, no bairro Pousada da Esperança, periferia de Bauru, é cercado por uma grade de ferro que vai do piso ao teto. As mesas amarelas espalhadas pelo salão aguardam os freqüentadores. Uma imagem de São Jorge, solitário em um canto do bar, está acompanhada de uma vela, uma rosa vermelha, um copo de água e o escudo do Corinthians. São poucos os que percebem a presença do santo no local, empalidecido pelo brilho do escudo do time do coração. O público começa a chegar por volta das quatro horas. Homens, mulheres, jovens e até crianças. “É um local agradável e não tenho problema de estar num ambiente onde os freqüentadores têm idade para ser meus pais e alguns até meus avós”, diz Márcia, uma jovem de 24 anos e assídua freqüentadora do rancho do Valdomiro. Os gêneros musicais são variados: forró, samba, axé, funk, rock dos anos 60 e lambada compõem o repertório. Iniciado o “rala coxa”, é comum ver mulher dançar com mulher e homem com homem. O som é alto e chama atenção da vizinhança, que observa à distância. Fiéis da Assembléia de Deus, um templo evangélico erguido em uma garagem a menos de 30 metros do bar, evitam passar pela calçada quando se dirigem ao culto. A empregada doméstica Luciene trouxe o filho de cinco anos, que corre pela rua durante quase todo o baile; só para quando cansa. Luciene tem quatro filhos, um fruto de estupro. O pai dos outros três sumiu no mundo. Ela namora Neide há alguns meses e está feliz com a companheira. Neide foi casada, mas um dia se apaixonou por uma moça. Conta que foi uma paixão tão grande que deixou o marido a ver navios. Hoje mora num “espichadinho”, como ela mesma denomina, nos fundos da casa de uma

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V m:

das filhas. “No início, minha família não aceitava o fato de eu ser homossexual, mas depois acabou entendendo que mereço ser feliz”, desbrava a doméstica. A babá Lurdinha é solteira e vai sempre ao baile. É sócia de carteirinha. Vestindo bermudão, camiseta, tênis e óculos escuros, dança com as amigas. Gosta de exibir as tatuagens e de paquerar as meninas. Ainda não arrumou uma namorada, mas não perde a esperança. Enquanto a música rola, Valdomiro sua no balcão, já sem camisa devido ao calor. Com a ajuda de Pacheco, seu fiel colaborador, se desdobra para atender os clientes. “É nos dias de baile que vende mais cerveja; o consumo chega a triplicar”, conta o proprietário. Depois de uma hora, a festa fica mais animada. Com o efeito da cerveja e outras bebidas, todos ficam mais alegres. Moisés, um serralheiro, fica em pé na porta do bar, observando com olhos atentos. Parece um caçador, mas garante ser fiel à esposa. Explica que gosta da música e por isso vai sempre ao local. A mais bela das freqüentadoras é Cida, irmã do cantor. Ela solta a voz quando a música exige um toque feminino. Cida tem 31 anos, mas parece uma menina de 19. Quando dança é a atração do baile, e quando canta o funk “Tô ficando atoladinha”, a imaginação dos homens e de algumas meninas vai longe. Mas ela é séria e não dá bola para ninguém. “Faço o meu trabalho com muita disposição, não sinto vergonha em nenhuma hora. Pelo contrário, me divirto demais”, desabafa a senhora-moça. Pacheco, além de servir os fregueses, também é uma espécie de segurança. Observa tudo ao redor. Quando Paula (nome fictício), uma desempregada, chega o clima esquenta. Ela é alcoólatra e para evitar que fique pedindo bebidas e provocando mal estar, só pode ficar na calçada. Dez da noite e o baile chega ao fim. As pessoas vão saindo lentamente. Levam para casa rostos mais alegres e a esperança de que no próximo sábado estarão lá novamente, com a mesma energia de sempre.

PONTOS DE VISTA

Giovani Vieira

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Eu, o BRASIL

Notas para um ensaio sobre a identidade cultural brasileira

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s comemorações e festas ocupam uma parte muito importante da vida social e cultural de todos nós, mesmo os eventos mais insignificantes encontram uma razão para uma reunião, para troca, dança e riso. Esses se destinam a definir a identidade de um grupo, seja ele com características homogêneas ou heterogêneas, uma vez que são a celebração mais comum da diferença, mas também uma forma de entretenimento e diversão. Nas festas há o estabelecimento de relações de sociabilidade que são aquelas cujo objetivo é passar o tempo e formar uma identidade de grupo. Elas ocorrem dentro da cultura como um quadro e contexto de produção, alterando as regras confraternização ao passo que ocorrem trocas e modos de ser estereotipados. Todas as culturas produzem formas estereotipadas de ser que caracterizam e distinguem uma sociedade de outra e apresentam como um resumo, talvez, as formas mais acabadas de se relacionar. Mas qual é o propósito de tal teoria sobre identidade, algo que todos sabemos e defendemos? Em uma tentativa de desarmar a substância de que somos feitos para entender por que vivemos e nos relacionamos de uma maneira ou de outra, aqui estão algumas teses sobre as formas de ser brasileiro.

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A MALANDRAGEM

ão tem como falar de identidade brasileira sem mencionar a malandragem. Esse tipo de vida e estereótipo social tem sido retratado pelos escritores, sociólogos, atores e até cantores. Mas algumas explicações mais completas sobre esta forma de vida podem ser encontradas no texto “Carnavais, Malandros e Heróis”, publicado em 1979, de autoria do antropólogo Roberto DaMatta. Para DaMatta, o malandro é um personagem que nasce em um mundo carnavalesco e é caracterizado como deslocado das leis formais, excluído do mercado de trabalho e individualizado pelo seu modo de falar, andar e vestir. O malandro se movimenta em um espaço social onde se pode encontrar de tudo, desde um simples gesto que pode ser feito por qualquer pessoa sensata até as ações correspondentes de um bandido. As ações do malandro estão encaixadas em uma vasta gama de atos, alguns dos quais são socialmente aprovados, no entanto, outros são vistos como desonestos e desprezíveis. Quando o malandro tor

na-se desonesto, torna-se um ladrão ou marginal, dei xando de lado a vida boêmia. O arquétipo do malandro foi imortalizado pelo popular cantor Chico Buarque em sua obra de 1979, “Ópera do Malandro”, composta por várias músicas que retratam o ambiente social e as suas relações com a malandragem utilizando o samba como um veículo para divulgar o submundo do Rio de Janeiro. Para Buarque, ser malandro é ser um contrabandista, sempre com a alegria de viver e uma índole admirável. No entanto, podemos encontrar no samba “Lenço no Pescoço”, escrito em 1933 por Silvio Caldas, uma descrição do estereótipo do malandro surgido na primeira metade do século XX. Seria um erro reduzir o povo brasileiro a esses dois estereótipos, o que se pode constatar nessas terras brasileiras é a realidade, diversidade multicultural no processo de formação e transformação. Os dois exemplos acima são apenas um ensaio pequeno para tentar saber mais sobre as origens de como o brasileiro formou os lanços afetivos com as festividades.

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Reportagem Especial Diana Deherbe, intercambista >> Argentina

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O HOMEM TIPO

sse é um título de um dos capítulos de “Raízes do Brasil’, uma das obras mais famosas do historiador Sergio Buarque de Holanda, publicada em 1935. O livro aborda os aspectos centrais da história e cultura do país, em uma macrointerpretação do processo de formação de nossa sociedade. No capítulo “O homem amigável”, Buarque aborda quais seriam as principais características da amizade, que, segundo o autor, é a contribuição brasileira para a civilização. O termo deriva do latim cordes, que significa coração e está associado a sentimentos, mas a palavra não deve ser interpretada literalmente. Refere-se à dificuldade dos brasileiros para atender os rituais sociais, as formalidades e, principalmente, para a separação entre os setores público e privado. Sérgio Buarque caracteriza a cordialidade da seguinte maneira: “a delicadeza no trato, a hospitalidade e generosidade, virtudes tão desejadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um um traço definido do caráter brasileiro... São antes de tudo expressões legítimas de um fundo emotivo extremamente rico e transbordante”. Em palavras mais simples, a relação entre os brasileiros é mais emocional do que racional; isso é o que os diferencia. Ser brasileiro significa que não há meio termo, ou se ama ou se odeia. A falta de vergonha no mo

mento de fazer algum questionamento é uma das características desse tipo de sociabilidade, o que resulta no gosto brasileiro por fofocas. Conhecer a vida de outra pessoa significa, muitas vezes, proximidade, quebrando o medo da solidão e o isolamento social. Há três exemplos simples para ilustrar o caso acima. Os dois primeiros referem-se à órbita das palavras: o uso de diminutivos e a omissão dos nomes das pessoas. De acordo com o autor, diminutivos são usados para indicar certa familiaridade. No caso da omissão de títulos familiares resulta na abolição de barreiras hierárquicas para grupos familiares, isso em nível psicológico. O terceiro exemplo diz respeito às práticas religiosas dos brasileiros, as quais são caracterizadas por tratamentos íntimos e respeitosos. Para Buarque, o medo das distâncias e da solidão são as características mais comuns do espírito brasileiro. Para Cláudio Bertolli, professor de Antropologia na Unesp/ Bauru, as razões para esse tipo de sociabilidade podem ser encontradas na formação inicial do país. Nos tempos coloniais, os primeiros assentamentos foram muito afastados uns dos outros, o que despertou o sentimento de solidão, isolamento e tristeza. A partir desse fato, nasce a necessidade de criar proximidade e intimidade entre as pessoas, para criar laços permanentes de amizade. 5

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A parte da festa que ninguém vê Por trás de uma animada festa o que se encontra é muito estresse e cansaço

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Thiago Siqueira, graduando de Relações Públicas, dá dicas de como montar sua própria festa: Tempo de organização:

Monique Nascimento

hamar alguns amigos, comprar umas cervejas e arranjar um lugar para colocar tudo isso junto. Para algumas pessoas essa é a fórmula para se fazer uma festa, mas há muito mais além disso. Antes de uma festa acontecer, há diversas etapas de preparação e planejamento. Dependendo da grandeza da festa, a organização pode levar meses. Jane Miranda trabalha como organizadora de eventos há 16 anos. Para ela, as principais etapas de preparo de uma festa começam com uma reunião bem detalhada para entender o perfil do anfitrião. Logo após, todas as idéias e detalhes são colocadas no papel e chega a fase de seleção dos fornecedores, de elaboração de contratos e de providências técnicas para cada tipo de evento. Já para Laís de Freitas, que organiza eventos há 9 anos, o público vem em primeiro lugar: “temos que pensar que precisamos agradar o cliente e o público do evento. Sendo assim, temos que intuir o que

Como montar sua festa

aquelas pessoas esperam daquele evento”, explica. Para isso, explica Laís, primeiro é necessário definir o público alvo, só depois se começa a criar e executar as tarefas. Porém, mesmo cumprindo todas essas etapas, tanto Laís quanto Jane afirmam que imprevistos sempre acontecem, por mais que todos os passos de preparação sejam seguidos à risca. “Digo que precisamos pensar 150% para realizar 100% do evento. Precisamos prever as possíveis falhas. Aí está a diferença de uma festa bem organizada”, comenta Jane. Laís acrescenta que muitos imprevistos diferentes podem atravancar o andamento de uma festa. Em situações extremas, como no caso do DJ atrasar, a opção seria inventar uma brincadeira, um discurso, agradecimento, conversas ou colocar uma música ambiente. Segundo ela, tudo é válido para evitar que a festa acabe e a dica principal é a naturalidade. Ela exemplifica contando um caso de uma festa infantil em que o personagem principal

O ideal seria ter no mínimo 6 meses de antecedência, principalmente se a festa precisar ser bem diferente, pois envolve escolha de nome, conceito, temática, atrativos, bebidas etc. Quando mais tempo você tem para organizar, menores são as chances de cometer erros primários. Quantidade de bebida: Em média, de 2,5L de cerveja em festa Open Bar, levando em consideração os outros tipos de bebida que serão servidas. Na festa The Oscar Goes IV, o cálculo foi de 3L de cerveja e duas doses de drink por pessoa. Escolha das músicas: O conselho aqui é saber o estilo de festa que você vai dar. É muito difícil ouvir sertanejo tocando em festa de república por exemplo. Na dúvida, as músicas normalmente escolhidas são eletrônicas. Marketing: Quando a festa já existe, tem tradição, são os próprios convidados das festas anteriores que pelo boca a boca. as mídias sociais também ganharam uma importância enorme nesse tipo de divulgação. não chegou; “naquele momento, como organizadora, eu me vesti de palhaça e fui em frente para não deixar o cliente na mão e cumprir o contrato”, lembra. No final das contas, os eventos são momentos especiais, independentemente do motivo. A dica para uma festa ser inesquecível, segundo Laís, é descobrir o que o seu

público naquele evento realmente quer e tentar satisfazê-lo; “apesar de não ser uma tarefa fácil, quando fazemos de coração, conseguimos sempre”, aconselha. E Jane complementa; “quando o evento é planejado com todo o cuidado e não nos esquecemos de nenhum detalhe, o público percebe e vai guardar na memória os bons momentos”.

: o outro lado alternativo Diana Deharbe

O

s eventos culturais colaborativos são uma modalidade que cresce a cada dia em Bauru, impulsionada por grupos culturais, compostos principalmente de jovens estudantes que provam que há outras formas de diversão fora do circuito tradicional de mercado. As atividades do Enxame Coletivo são um exemplo deles. O Enxame é um empreendimento solidário de comunicação e cultura baseado na lógica de trabalho colaborativo e na economia solidária, cujo objetivo é incentivar e promover alternativas dentro da cultura local. O grupo nasceu em dezembro de 2009 por meio do “Fora do Eixo”; uma rede de produção de cultura livre e de trabalho colaborativo presente em todos os estados brasileiros. O grupo é composto por 10 pessoas, o grupo mais estável se concentra em tarefas de gerenciamento, planejamento e atividades de extensão, enquanto outros atuam como parceiros.

Por dentro dos princípios A coisa mais importante quando se planeja um novo evento é dar a oportunidade de destaque para bandas locais de produção autoral independente. O Enxame trabalha com bandas que cantam letras de músicas, performances e ambiente local próprios. “Nós trabalhamos com bandas que têm uma lógica de trabalho que não envolve apenas a acumulação de dinheiro, e que não participam de eventos só para aumentar a fama, mas bandas que estão preocupadas com a cultura como uma forma de expressão individual e em construir uma maior consciência e aprendizado”, diz Lucas, um membro do grupo. A ideia de tais eventos é promover uma plataforma onde o artista tem um lugar para mostrar seu trabalho e onde ocorra trocas entre arte e público. O objetivo sempre será a diversão, mas é preciso considerar que, ao participar do evento, também se está ajudando a criar uma nova cultura que tem como

princípio valorizar o trabalho autoral e independente. A maioria das atividades é destinada ao público jovem de classe média, de 18 a 30 anos, que tem acesso à Internet e às redes sociais, o principal meio de comunicação do grupo. No entanto, uma vez que seu objetivo é integrar a comunidade tentando remover as diferenças socioeconômicas, também são realizadas várias atividades nos bairros da cidade que vão desde cinema e teatro a performances artísticas. Todos os eventos são programados sob a lógica de produção sustentável, ou seja, o dinheiro arrecadado depois de um evento é reinvestido. O Enxame é uma organização sem fins lucrativos e por isso todas as suas atividades têm um preço acessível para que um número maior de pessoas possa prestigiá-las. O dinheiro obtido é utilizado também para cobrir os custos de funcionamento da sede do grupo que, em Bauru, está localizada na Rua Agenor Meira, 12-39.

Noites do Enxame Os eventos do Enxame Coletivo ocorrem geralmente em bares da cidade como Jack’s Pub Music e o Shivas Bar.

Eu quero ser Enxame ... Se depois de ler esta matéria, você se interessou e quer fazer parte do grupo, basta entrar em contato com qualquer um de seus membros.A participação na Rede Fora do Eixo é voluntária.

+ Informações Rua Agenor Meira, 12-39 Centro, Bauru. SP Telefone (14) 3208 2057 www.enxamecoletivo.org enxamecoletivo@gmail.com twitter: @enxamecoletivo 6


Giovani Vieira

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Classe média quer fazer Segmento de buffets está entre as a

FESTA

40 maiores oportunidades de negócio de Bauru mas não apresenta números sobre essa busca. O consultor administrativo, Adilson Barboza, também relaciona o aumento da renda da população com a procura por esse serviço e diz que há muito espaço para crescer. “A classe média começou a consumir esse serviço e o preço não aumentou tanto porque cresceu também a oferta de buffets. E ainda há demanda para outros espaços surgirem”, reforça o consultor. Percebendo que são

nesses espaços que esse público gosta de realizar suas confraternizações, o foco dos empresários concentrase em onde apostar. Localização e estrutura são pontos fundamentais na hora de investir. O empresário do ramo de buffets, Paulo Penteado, realizou um estudo sobre o mercado em Bauru e descobriu que as melhores oportunidades estão nos bairros da Zona Sul, hoje considerada uma zona nobre da cdade. “A cidade cresce e os bairros vão ganhando cada vez mais importância. A diferença entre eles será a faixa de renda que se quer atingir”, pontua Paulo. Estar perto de áreas residenciais, escolas e berçários pode ser um diferencial para o buffet. “O crescimento se deve a alguns fatores, como aumento e facilidade de crédito de setores da sociedade que conseguiram elevar seu status econômico, além de uma demanda maior”, analisa Gabriel Messias Ramos, diretor de uma empresa especializada neste segmento.

encontrar é pelo celular”, conta. Em geral, faz de 20 a 30 corriParada da Diversidade das num dia, mas, em dias de fesmovimenta economia ta, há um aumento de pelo menos bauruense 50%. Bauru é uma cidade festiva. Pela rotina dos taxistas, vê-se que a movimentação é grande. Bom para os festeiros, bom para a economia. Numa festa pequena, como as de repúblicas, os gastos variam de 5 a 10 mil reais. Mariana Ribeiro é estudante e fez parte da Comissão dos Bixos, que organizou a Festa dos Calouros do seu curso. Ela conta que os gastos foram, em sua maioria, para a cerveja, que custou mais de dois mil reais. “É muito difícil organizar uma festa. Não dá para saber ao certo quanto comprar de cada item. No caso do M’imprensa foi mais fácil porque a festa já era conhecida e pudemos nos basear nas festas dos anos anteriores”, pondera. ura r Mo Víto Já em uma festa universitária organizada pela Atlética, os gastos aulo Nogueira do Valle é chegam facilmente a 100 mil reais, As confraternizações não taxista em Bauru. Ele traba- com um público de 5 mil pessoas. movimentam apenas os lha quase 20 horas por dia Luis Ciccone faz parte da comissão festeiros, sem perder o bom humor da Atlética da Unesp. Ele explimas também a economia, e a simpatia. Por isso, seu nome é ca que os maiores gastos são para um dos mais lembrados na hora de a banda, que podem chegar a 50 que comemora a chamar um taxi. “Eu nunca estou mil reais, local e bebidas, princirealização desses eventos. parado. Uma hora vou para um palmente se a festa for Open Bar. Paula Monezzi canto da cidade, outra hora pra ouJá nas festas e comemorações ortro, então o jeito mais fácil de me ganizadas pela Prefeitura de Bauru,

é difícil prever o gastos, como explica Hamilton Reis Junior, diretor do Departamento de Indústrias e Serviços da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico. “A prefeitura nunca contabilizou os custos de uma festa, já que o dinheiro nunca vem de apenas um órgão, o que dificulta a contabilidade”, diz. O primeiro evento na cidade a ter estatísticas descritas é a Parada da Diversidade, que aconteceu no dia 28 de agosto e reuniu cerca de 50 mil pessoas. Hamilton foi ao evento para conhecer os participantes. No total, ele entrevistou 370 pessoas, das quais 59% eram homens, que gastaram em média, 159 reais por pessoa no evento. A organização, no entanto, não teve os custos calculados, o que mostra a grandeza dos eventos, mas, também, uma falta de organização e compromisso por parte da Prefeitura, que tem o dever de detalhar o orçamento público. Seu Paulo, o taxista, não se interessa por essas coisas. Para ele, o que realmente importa é ter sua clientela para que seu emprego seja garantido. Mesmo que, para isso, suas escassas quatro horas de sono sejam sacrificadas nos dias em que Bauru festeja.

e olho na ascensão da classe média, empreendedores de Bauru e região têm investido em um serviço antes distante dessas pessoas: o entretenimento. Um exemplo são os chamados buffets, que atraem novos frequentadores ano após ano. Em Bauru, existem 150 espaços regularizados voltados para as festas de públicos com perfil da classe média brasileira. O segmento gera uma movimentação financeira em torno de R$ 10 milhões por ano no estado e é tido como uma das 40 oportunidades de negócio da cidade, segundo estimativas do Sebrae de Bauru. “As classes C e D viram seu poder aquisitivo crescer nos últimos anos e começaram a consumir serviços que antes eram apenas das clas-

ses A e B. Os empreendedores viram nesse movimento social uma oportunidade”, avalia a consultora do Sebrae, Márcia Borro. O guia de oportunidades da entidade reúne os ramos mais procurados pelos empreendedores tanto na instituição quanto na Associação Comercial entre o fim do ano passado e o primeiro de 2011 – a cartilha pontua os setores mais procurados,

P

7


Bauru;

uma cidade

global

Danças e pratos típicos

temperam a vida do bauruense Alexandre Nogueira

O

s shows do aniversário da cidade, a Expo- Bauru, Revirada Cultural, e a Parada da Diversidade estão entre os muitos eventos culturais que Bauru promove para a população. Essas convenções sociais são importantes, pois aquecem a economia e trazem socialização para a população, como explica o secretário da Cultura, Élson Reis. “Da Expo-Bauru, por exemplo, participaram mais de 320 mil pessoas e o lucro gerado para a cidade foi de 20 milhões de reais e, mais até que o valor econômico, as festas trazem alegria para a população. É nisso que pensamos

quando organizamos esses eventos, em trazer satisfação para a população”, afirma. Nas comemorações realizadas pela prefeitura, tem-se a intenção de agregar o acesso gratuito do público à boa qualidade dos shows, e para isso procuram-se patrocínios que viabilizem esse tipo de promoção, como justifica Reis: “a prefeitura procura nos grandes eventos realizar parceiras que contribuam para a realização desses espetáculos, o que possibilita que haja shows gratuitos, como aconteceu no aniversario da cidade”. A Revirada Cultural, evento promovido pelo município, foi motivo de surpresa para o secretário, que

não esperava tanta gente. A estudante de Quimica Sara Guimarães conta que adorou a iniciativa, e comenta que deveria haver mais espaço para músicos locais se apresentarem. Existem ainda manifestações políticas que fazem a alegria da população, como a Parada da Diversidade. Outra característica marcante da cidade de Bauru são as festas típicas de outras nacionalidades, como o Bon Odori do Japão, realizado no dia 7 de agosto em homenagem ao Dia dos Mortos, a festa nacional italiana comemora a independência da Itália e o Dia Nacional do Líbano é um tradicional encontro árabe.

Festas valorizam a cultura caipira

M

uitas festas fazem a alegria dos habitantes da zona rural de Bauru e de seu distrito, Tibiriçá. Geralmente de cunho religioso, as comemorações como a Festa de São Roque, Nossa Senhora Aparecida e São Sebastião são organizadas pelos próprios prod u t o r e s e trabalhadores rurais. De acordo com o professor da FAAC e dono de uma propriedade na região de Barra Grande, Luiz Augusto Teixeira Ribeiro, as festas já fazem p a r t e do folclore. “Assim como acontece na zona urbana, cada região da zona rural tem seu padroeiro. As festas não são organizadas por órgãos governamentais,

Danças e comidas típicas Bauru conta com quase cinco mil árabes, segundo o presidente do clube Monte Líbano Massaad Kalim Massaad. Por isso, a influência dessa comunidade é grande em todos os setores, fazendo com que ocorram várias festas típicas. Umas das mais famosas é a do Dia Nacional do Líbano, quando se comemora a libertação do Líbano, dominado pela França durante 130 anos. Nessa festa ocorrem várias celebrações, como a já conhecida dança do ventre e a Dabki, dança folclórica milenar, marcada por trajes especiais e uma coreografia ensaiada durante o ano todo. Massaad conta que já participou de diversas danças e cultos, mas hoje prefere ficar apenas na organização da festa, que atrai cerca de 600 pessoas e conta com danças e comidas típicas, além de cantores como Samil Hanna, muito popular

Comemorações mostram a fé e a alegria típicas do morador rural

mas pela Igreja e famílias que vivem naquela região. A comunidade se une, assume a administração da Igreja, e faz uma festa por ano para arrecadar verba para sustentar a capela. Grande parte do que está presente nas festas foi doado pelos próprios agricultores. Existem festas que são tradicionais há vinte, trinta, quarenta anos ou até mais”, afirma. Luiz Viccario, responsável pela Divisão de Recursos Socioambientais da Secretaria da Agricultura afirma que o objetivo dessas festas é “unir as pessoas de famílias diferentes para ‘viver da terra’, resgatar a qualidade de vida por meio das festas, encontros e reuniões”. Os moradores da zona rural se empenham grandemente na realização das confraternizações, que apresentam diferenças em decorrência de questões econômicas. “Em Tibiriçá se encontra grande parte da mão-de-obra rural, com poder aquisitivo pequeno. Na Barra Grande, estão os produtores com poder aquisitivo maior, então há leilões, buscando arrecadar alguma coisa”, esclarece Teixeira. Segundo

entre os libaneses. Massaad explica que existe toda uma preparação para a realização desse encontro especial: “essas festas são preparadas cinco meses antes, para dar tempo de contratar o cojunto de Dabki, instrumentos orientais, roupas típicas e a comida, elemento muito importante para a nossa cultura”. Morador de Bauru há mais de 10 anos, o comerciante Abdul-Fattah conta com emoção o que sente nessas festas. “Faz lembrar a minha época de menino, da época em que eu vivia no Líbano, é uma grande satisfação participar, eu chego até a me emocionar”, confessa. Massad, mais antigo na cidade,iniciou essa tradição e conta com a participação dos filhos, para que, como ele mesmo diz, “essa chama nunca se apague”.

Millena Grigoleti

o professor, as pessoas envolvidas na preparação das festas buscam apoio de quem vive nas comunidades vizinhas, e há voluntários que doam animais para serem servidos. Comida, dança e música típica são marca registrada das animadas festas. A catira, dança que, de acordo com historiadores, teve origem no caminho das bandeiras, sendo praticada pelos peões dos bandeirantes, está sempre presente. “Tem uma festa em que o pessoal vai só para dançar catira, e passa a noite inteira. Começa às quatro da tarde e só termina com o raiar do Sol, no outro dia”, diz Teixeira. Música caipira também faz parte do cenário. De acordo com o educador, nas festas sempre há apresentações de duplas de música raiz, geralmente formadas por moradores da região. A comida é oferecida pela comunidade. “Cada um leva um prato, que é posto em uma grande mesa e as pessoas comem”, diz. A comida, de acordo com Luiz Viccario, é composta por mandioca e carnes suína, bovina e de frango. Apesar de a maioria das confrater-

nizações ter cunho religioso, isso não é uma regra. Segundo Teixeira, é usual comemorar o aniversário dos membros da comunidade. “Eu faço isso no meu sítio no dia do meu aniversário. E construí uma capela para Santa Rita. No ano que vem, vou fazer uma festa, e como perto da minha propriedade não há comemorações, quero transformá-la em tradição”, afirma. Luiz Viccario conta que as pessoas das zonas urbanas também participam das festas e confraternizações. “Existe um público muito participativo que vem, principalmente, da área urbana de Bauru de Avaí, e Piratininga. Essas pessoas participam também do Futebol de Domingo na Barra Grande ou Rio Verde”, afirma. 8


ONG

www.sorribauru.com.br

leva festa e educação à periferia

Dois aliados em busca de uma causa única

Giovan i Vieira

Festa do Dia das Crianças encanta os pequenos da SORRI

Para O N

G Perif

eria Leg

al, dive

rsão é

Giovani Vieira

P

ara conhecer o Periferia Legal é preciso entrar por vielas, subir escadas e passar por crianças, adultos. Em todo o caminho as paredes estavam vivas com as cores e formas da arte dos grafittes. Pelas ruas é possível perceber as transformações que o projeto vêm realizando na comunidade de Bauru. Periferia Legal é uma Organização Não Governamental (ONG) enraizada dentro do coração de uma comunidade no bairro Mary Dottal e que oferece gratuitamente para as crianças e adolescentes oficinas de Dj, web design, gravação e edição de vídeos, capoeira, black, informática, estúdio de gravação musical , Biblioteca Êxodus, além de uma brinquedoteca que atende crianças de várias idades. É a festa aliada à diversão. As salas onde são oferecidas as aulas têm as paredes grafitadas, além de bonitas são espaços acolhedores, onde estão várias crianças, em sua grande maioria, meninos com histórias muita parecidas. A maioria composta por afro descendentes que carregam na pele as marcas do preconceito social, sobretudo, o preconceito econômico;fator que muitas vezes acaba sendo um empecilho para a brincadeira propícia da idade. Mas essas crianças com chinelos nos pés, roupas simples e olhares atentos, têm agora a oportunidade de mudar o seu destino e, principalmente, o seu presente. É justamente isso que elas fazem ali. Todas que participam do Periferia Legal freqüentam a escola, essa é uma exigência para fazer parte das oficinas, pois o projeto não substitui a escola, é um complemento de aprendizagem. O projeto se mantém com fundos arrecadados em

aliada d

a educa

ção

atividades esporádicas, recursos do governo Federal e com a ajuda de empresas e comerciantes que ajudam de maneira independente. “Para nos mantermos, comprando os materiais necessários, fazemos eventos esporádicos, a maioria em parceria com algum órgão público, e também criamos bazares, feijoadas, para arrecadar verbas, nos unimos todos. E a gente vai levando, porque o projeto não pode parar”,comenta Vanderlei Oliveira , idealizador e atual presidente do projeto. “Aqui a educação está acompanhada de muita alegria e diversão“

Vanderlei define o que significa o Periferia Legal em sua vida: “é uma escola, cada dia se aprende mais, é possível perceber que o dinheiro não tem valor, quantas vezes nós não temos dinheiro , mas já acordamos com outra auto estima porque temos algo para fazer. Aprendemos com as crianças coisas novas a cada dia e, muitas vezes, com uma atenção a mais que você dá às crianças é possível mudar a trajetória delas. Isso aqui é uma lição de vida”, finaliza Vanderlei. Alexandre Ferraz é diretor do projeto e comenta a satisfação de participar de um projeto que leva alegria e educação simultaneamente. “Para mim isso é especial por que amo isso aqui, tudo que se faz com amor, cresce. O sorriso da criança é algo que não tem como descrever”, reforça o diretor.

Festas estimulam portadores de deficiências

Pessoas com necessidades especiais realizam-se ao participarem de eventos Millena Grigoleti

A

34ª edição da Feira da Bondade aconteceu em agosto em Bauru, no Recinto Mello Moraes. O evento beneficente foi organizado pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) em parceria com a Sociedade Italiana Dante Alighieri. O tema foi “Tutto per amore. Fraterno amore” (Tudo por amor. Fraterno amor). José Luiz Pereira da Silveira trabalhou no evento voluntariamente e afirma que as pessoas assistidas pela APAE estavam muito felizes; “seria bom ter festas desse tipo mais vezes por ano, pois elas enchem os olhos das pessoas portadoras de necessidades especiais de alegria. Ajudar o próximo é sempre importante”. No Centro de Reabilitação SORRI, festas acontecem frequentemente. De acordo com Adriana Aparecida Lourenço, 37 anos e assistida pela SORRI há 22, as festas são animadas. Ela participa desde que sofreu um acidente que comprometeu o movimento de suas pernas: “eu

gosto, pois encontro amigos que não vejo faz tempo porque mudaram de horário. Me sinto bem com o carinho dos profissionais, a maneira como eles tratam a gente”. Ieda Marcelina de Souza, de 36 anos, e mãe de Jéssica Marcelina dos Santos, de 8, afirma que sua filha fica feliz ao participar das comemorações. “Pra mim é tudo de bom. Até fico triste quando não venho”, diz. Pequenos encontros também podem se tornar motivos de grande alegria. Silvana de Souza, de 90 anos, e mãe de Pedro de Souza, de 47, relata que quando não pode levar Pedro à SORRI tem que arrumar alguém que leve,”senão ele fica louco”. Confraternizações e festas são importantes no desenvolvimento de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, como afirma a psicóloga Viviani Cristina Rios: “acredito que o ponto importante seja a inclusão, elas se sentem fazendo parte de um grupo, uma sociedade, interagindo com as pessoas”. O envolvimento

das pessoas portadoras de necessidades especiais na organização de um evento também é produtivo. “Eles entendem que têm algo para mostrar, para oferecer à sociedade. Começam a se mobilizar para mostrar capacidade, afetividade por outros grupos”, esclarece a psicóloga. De acordo com Viviani, portadores de deficiência devem interagir entre si e com a sociedade de maneira geral. “Dessa forma, eles aprendem na sensibilização com outras deficiências que não precisam ser sofredores, vão percebendo que outras pessoas têm o mesmo problema e reagem de outra forma. E conviver com as pessoas ditas “normais” seria interessante para que se desenvolvam habilidades e capacidades diferenciadas”, explica. As festas e a convivência podem tornar melhor a vida das pessoas, como relata Silvana de Souza. “Eu não vou falar que eles vão curar tudo. Tem coisa que é incurável. Mas só de eles virem para lá e para cá e passear, já é uma vivência”, avalia. 9


SEMPRE é tempo de apr Márcia Matsumoto end er ntrar num câmpus universitário e encontrar grupos Márcia Matsumoto

E

de idosos caminhando e conversando em rodinhas parece ser um acontecimento distante e futurístico, mas é realidade na Universidade do Sagrado Coração (USC). A Sagrado Coração deu início ao projeto Universidade Aberta à Terceira Idade (UATI) há 18 anos e tem criado oportunidades para que os mais velhos se encontrem com seus semelhantes e troquem experiências com os mais jovens. O objetivo do projeto não é só tornar ativa a vida social da terceira idade – ou terceira juventude como são conhecidos no câmpus -, mas dar oportunidade para que aprendam idiomas, operem computadores e até interpretem personagens em peças de teatro. Ainda há ambiente para juntarem-se às turmas de graduação e frequentarem as aulas dos “jovens”, como conta Amilton Teixeira. Ele participa das aulas de Filosofia do curso de Comunicação. “No começo, todos achavam estranho, alguém mais velho na turma. Agora, são como meus

O clubinho A idéia inicial do projeto de 1993 da UATI era, após dois anos S e g u n d o de cursos, realizar uma formatura o Instituto com os freqüentadores das aulas. Brasileiro de Desejando realizar o sonho de se Geografia e Es- formar, Maria Aparecida Rocha, 72 amigos. Inclusive, vatatística (IBGE), anos, conhecida como Dona Quimos às festas juntos”, diz Bauru tinha nha, começou a planejar a festivio enfermeiro aposentado mais de 40 mil dade com antecedência: “escolhi de 67 anos. Amilton explica idosos em 2010. Para a barraca que mais dava dinheiro que não existe preconceito entre Gislaine Fantini, coordenadora da na festa junina e juntei 1600 reais os estudantes, mas muitos idosos UATI, a principal causa do pequeno numa noite. Usei o dinheiro para lhe perguntam como ele conse- número de participantes é o receio organizar a formatura com direito gue conciliar a diferença de idade: de se sentir incapacitado. “Muitos a música, luzes e decoração”. Com “eles perguntam ‘você está bem têm receio do que vão encontrar, o restante do dinheiro, Dona Quicom isso?’, eu digo que sim. Já tra- medo de se relacionarem em um nha reuniu os formandos para um balhei demais e estou me divertin- ambiente jovem e não se sentirem jantar. Teve início o Clubinho. Com do agora, tudo com moderação”. parte do grupo” explica. Acompa- cerca de 50 integrantes, as confraO grupo de terceira idade da nhando o trabalho de perto, Gislai- ternizações viraram viagens, reuniUSC tem apenas 250 ‘alunos’, uma ne admite que os idosos perderam ões e até festa do pijama. “É uma quantidade mínima perto do núme- um pouco do próprio preconceito pena que esse tipo de interação ro de idosos que vivem em Bauru. que tinham sobre a terceira ida- não se estenda a outras pessoas”.

Também queremos

B r i n c a r

O

dia 12 de Outubro é marcado pela comemoração da festa de Nossa Senhora de Aparecida, padroeira do Brasil. Isso na perspectiva de um adulto, é claro. Se perguntarmos para qualquer um com menos de 13 anos, é provável que nos responda na lata; é o dia das crianças! Essa data foi instituída em 1924 comemroando o Aniversário do 3° Congresso Sul-Americano da Criança. A partir de então, crianças de todo o país passaram a ser homenageadas no dia 12, recebendo presentes e fazendo muita festa. E por que isso haveria de ser diferente no modesto bairro do Jardim Nicéia, periferia de Bauru? Os pequenos moradores do bairro, espremido entre dois condomínios de luxo nas proximidades da Unesp, receberam de presente dois dias inteiros de comemo-

de: “alguns achavam que ficar em casa era a única opção. Eles não estão descobrindo essa nova fase sozinhos, mas trazendo filhos e netos para esse novo ambiente de aprendizado e socialização”.

Com simplicidade e improviso, mas muita alegria, ongs e voluntários fazem dia das crianças solidário

ração, no sábado, dia 8/10, e na quarta-feira, dia 12/10. Organizadas pela associação de moradores do local, as celebrações contaram com almoço distribuído gratuitamente. O cardápio era simples; arroz, salada de batatas e salsicha com molho, mas agradou à criançada. “Tá muito gostoso”, aprovou o pequeno Leandro, de 11 anos, ainda com a boca suja de molho. A comida foi preparada por um mutirão de mulheres na casa da líder da associação de moradores, Joana Miguel da Silva, que teve de se virar no papel de chefe de cozinha. Ao final, as mulheres saíram carregando imensas panelas de alumínio rumo à “Casa da Dona Terezinha”, uma espécie de lanchonete improvisada onde aconteceria a distribuição. “Parte da comida foi doação dos próprios moradores do bairro, e uma outra parte, nós tiramos dos fun-

Vítor Moura

dos da associação”, explica Joana. Também foram realizadas gincanas pelos voluntários do projeto Escola Família, além da disponibilização de brinquedos como cama-elástica e escorregadores pela Secretária Municipal de Esportes e Lazer (Semel). Além disso, atividades com giz-de-cera e tinta guache. Mas ao fim da tarde, a criançada só queria saber de uma única coisa; ganhar brinquedos! E o pedido não demorou a ser atendido. Por volta das quatro horas de quarta-feira chegou, conduzida com certa dificuldade pelas ruas de terra, uma caminhonete da Associação Bauru pela Diversidade (ABD), lotada de brinquedos para doação. Um dos presidentes da ONG, Rick Ferreira revela que desde sua fundação, há quatro anos, o projeto tem promovido diversas formas de ações sociais. “Isso faz parte da nossa política, realizar esse

tipo de serviços sociais”, explica. E não foram somente as crianças que aproveitaram a festança. Elke Mariano de 31 anos, mãe da menina Laura de 9, arriscava alguns passos de dança, embalada pela música que animava a comemoração. Ela revela se sentir feliz, como mãe, ao ver sua filha tendo a possibilidade de se divertir, apesar de todas as dificuldades “O bairro carece muito de lazer. No horário de escola, as que freqüentam estão lá, mas as outras ficam pela rua, sem ter o que fazer. Aí, sabe como é, mente vazia, oficina do diabo”, desabafa. O Bairro do Nicéia arrasta um longo processo de regulamentação. A situação irregular dificulta, e muito, o envio de verbas para infra-estrutura. O local não conta com asfaltamento e as obras de construção da rede de escoamento de água fluviais estão paradas há mais de um ano.

Luciana Arraes/Vítor Moura

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O Lado Negro da Lua

Barulho, bebidas, noites sem dormir. Como as festas podem influenciar negativamente a saúde e também a vida?

É

uma noite calma, as ruas da cidade estão praticamente vazias e a grande maioria das pessoas se encontra em sono profundo. Até que um barulho ensurdecedor rompe essa paz toda. A fonte desse som? A república estudantil vizinha à casa resolveu dar uma “festinha” na madrugada. A estudante Amanda Melo de 21 anos sabe bem o que é isso. Ela mora em frente a uma república em Bauru e conta que já passou por essa situação mais de uma vez; “outro dia, eram 4 horas da manhã quando começou um barulho muito alto, aí não dá, né? Pra quem trabalha cedo no outro dia é complicado”. Ela diz, no entanto, que não chegou a se queixar com os vizinhos e nem a dar queixa na polícia; “deram umas 4h30 da manhã, quando já estávamos todos esgotados, aí eles abaixaram o som e a festa acabou”. Já o senhor Afonso Carucha, aposentado de 75 anos, não teve a mesma sorte. Vizinho de uma outra república, ele conta que o problema do barulho só foi resolvido quando os vizinhos acionaram o proprietário da casa, que era alugada. “Começaram a fazer muita festa, tivemos que comunicar o proprietário, que falou com os pais de cada um dos moradores”, conta. Olavo Barros, morador da república vizinha a casa do senhor Afonso diz que ele e seus colegas moderaram o barulho a partir de então, e já não fazem tantas festas como costumavam. “Não que não façamos mais festas, mas moderamos na quantidade de eventos. Festa com som alto a noite toda, gente na rua falando alto, rua suja no dia seguinte... é complicado!”, explica. Apesar disso, a empresária Patrícia Sasaki, de 44 anos, outra vizinha da república de Olavo, revela que existe um certo preconceito na vizinhança contra os estudantes da república. “Eu acredito que existe sim um preconceito”, defende; “por que afinal eles são jovens e jovens são assim, eles tem alegria no coração. Mas as pessoas, sabe como é hoje em dia, se incomodam por tão pouco!”.

VVítor Moura

Os males de quem não dorme

��������������������������������������������������������� Além de incomodarem aos vizinhos, festas que começam tarde e não têm hora para acabar podem fazer mal ao organismo. A falta de sono mexe com o “relógio biológico” e deixa o funcionamento do corpo desregulado. Veja abaixo como funciona o ciclo do sono.

OO sono chamado NRem ocupa cerca de 75% do ciclo, sendo divido em 4 fases. A primeira dura cerca de 2 minutos e é marcada por um estado de vigilia. Na segunda, o indivíduo apresenta um sono leve.

OO 3º estágio é marcado por um sono mais pesado. No 4º serão liberados hormônios responsáveis pela síntese protéica. Também é quando iremos recuperar a energia que será gasta ao longo do dia.

ODepois do 4º estágio entramos no sono Rem. É quando a memória separa os acontecimentos importantes dos mais cotidianos. O ciclo todo dura 90 minutos, sendo repetido de 4 a 5 vezes por noite.

A molécuala ao lado é uma representação do cortisol, uma substância eliminada somente no finalzinho da noite e ajuda a aguentar o estresse físico. Se não dormimos, não liberamos o cortisol, o que dá aquela sensação de cansaso

A armadilha do álcool

P

resença garantida na maioria das festas, as bebidas alcoólicas geram problemas à saúde e podem levar à dependência, além de serem consideradas por muitos como porta de entrada para outras drogas mais pesadas. É com as mãos e os olhares inquietos, como os de uma criança, que Vanderlei, nome fictício, hoje com 30 anos, conta sua história de superação. “Minha doença começou na infância. Meu primeiro porre veio aos oito anos nas bodas do meu avô. Fiquei obcecado. Em toda festa eu procurava restos de bebida nos fundos de garrafa. Depois, ia para fora e vomitava”, conta. Na adolescência conheceu as drogas. Primeiro maconha, depois benzina, um composto químico oriundo do petróleo que gera alucinações quando ingerida. Aos 19 anos teve uma filha,

na mesma época em que passou a usar cocaína. “Foi quando atingi o fundo do poço”, confessa. Foi proibido de ver a menina e expulso de casa diversas vezes. A jovem Carolina, de 26 anos, passou por situação parecida. Também foi expulsa de casa

“Já cheguei a beber listerine na falta de álcool”

pelos pais e pelo avô, cansados de suas crises com bebida; “começei bebendo com 10 anos, meu pai viajava e trazia pinga e uísque e me dava para experimentar”. Sempre muito tímida, Carol achava na bebida uma maneira de

se soltar. Passou por três internações, incluindo uma por coma alcoólico. Revela que chegou a usar maconha, mas não por muito tempo. Sempre preferiu o álcool; “já cheguei a beber listerine na falta de álcool em casa”. Tanto Vanderlei quanto Carol hoje se encontram em tratamento na unidade dos Alcoólatras Anônimos de Bauru (AA). “Aqui eu consigo me expressar entre meus iguais, lá fora ninguém entende que isso é uma doença”, diz Carol. Ela está completando cinco meses sem beber, e Vanderlei comemora estar “limpo” há exatos três anos e dois meses. Ambos têm planos de voltar a estudar, já que largaram a escola. “Queria fazer música, soube que eles têm um conservatório legal lá na USC, quem sabe, né?”, sonha Vanderlei. O AA de Bauru foi fundado em 1974 e hoje vê o per-

fil de seus freqüentadores mudar. “Hoje cerca de 70% do grupo é composto por jovens”, conta o senhor Osório, 59 anos, um dos membros mais antigos do grupo. “O álcool é extremamente tóxico para o cérebro”, afirma a neurologista Ana Carolina Kasbergen. “Num primeiro momento, ele gera tudo aquilo que nós estamos acostumados a ver; uma euforia inicial, sonolência, dores no corpo, perda da coordenação motora, e assim por diante. Também afeta o fígado, o coração e os vasos cardiovasculares”, ensina. Carolina carrega as marcas que o álcool deixou; ”hoje eu tenho falta de memória. Por 10 anos não quis tratar e negava ter um problema”. Ela hoje, como seus companheiros de AA, vive “um dia de cada vez”, num esforço que terá de realizar pelo resto de sua vida. 11


Festas, Festas...

E

o resultado final não poderia ser outro. Dor de cabeça, enjoo, cansaço. A festança é cheia de animação, mas a ressaca é o resultado final certo de quase todas as festas. A nutricionista Renata Campos Muniz definiu as atitudes mais importantes para se “curar” do pós-festa e “cair na próxima festa”: Beba muita água. Também valem sucos ricos em vitamina C (como acerola, limão e laranja) e isotônicos. “Antes de dormir, principalmente. Assim, você ajuda seu organismo a metabolizar o álcool, enquanto você descansa”, diz Renata;

Festa no Apê – Latino Dont Stop The Music – Rihanna Ana Júlia - Los Hermanos

Evite café amargo que desidrata ainda mais o corpo;

Madonna – Music

Consuma alimentos leves de fácil digestão como frutas, vegetais e líquidos. Também valem alimentos secos e salgados, como pão e biscoito de água e sal;

Cindy Lauper – Girls Just Wanna Have fun

Os remédios ajudam a minimizar os efeitos negativos do álcool, mas nem todos são capazes de resolver todos os problemas da ressaca e misturar nem sempre faz bem;

Village People – YMCA

Fique em repouso. Com luzes apagadas, lugar escuro e de preferência, deitado;

Glória Gaynor - I Will Survive

Chás como os de erva cidreira, salsaparrilha e erva-picão são excelentes para desintoxicação. A nutricionista Renata Campos Muniz deu dicas de sucos que ajudam a hidratar e recarregar as energias: “Sucos com frutas e até verduras são uma boa pedida para unir alimento e hidratação, sem ingerir algo pesado. O preparo é simples. Basta bater os ingredientes no liquidificador e servir gelado”.

Abba – Dancing Queen

Michael Jackson – Don’t Stop Till You Get Enough

Beyoncé - Single Ladies Frenéticas - Dancing Days Katy Perry – Peacock Maroon 5 – Moves Like Jagger Beattles – Twist and Shout Foo Fighters – Learn to Fly Aerosmith – Girls of Summer Beasty Boys - Fight for you right (to party) Black Eyed Peas - I got a felling Lady Gaga - Just Dance U2 - Beautiful Day André e Adriano - Beber, Cair e Levantar KISS - Rock and Roll all Nite Pink - Raise your Glass Weather Girls - It’s Raining Man Elvis Presley - Blue Suede Shoes Ivete Sangalo - Festa Velhas Virgens - De bar em bar pela noite Rick Martin - Livin’la Vida Loca Artic Monkeys - I bet you look good on the dancefloor Leandro e Leonardo - Festa de rodeio


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