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Universitários compõem cena musical baurense

Grafite estimula cor e cultura na cidade

Movimento Hip Hop é referência no estado


Editorial É chegado o momento de abrir a cabeça e ver a cidade com outros olhos. Além da visão comum do universitário, mergulhando no verdadeiro circuito cultural da Cidade Sem Limites. Geralmente, os estudantes passam apenas cinco anos em Bauru para concluir a graduação - uma verdadeira cidade de passagem - e muitas vezes não extraindo o que ela pode oferecer. Inseridos em uma cultura universitária de festas, os jovens vivem à margem dos movimentos efervescentes da cidade e portanto os mesmos não são renovados. Isso porque a expressão artistica tem adeptos temporários que por mais que se engagem pelo motivo supracitado não conseguem

manter seus movimentos em evidencia. Além do mais, a cultura se constitui como algo mutável e de seu tempo, transformando-se concomitantemente às mudanças geracionais. Mesmo com a precariedade relacionada ao incentivo e fomento, tanto por parte de orgãos e insituições públicas, estaduais e municipais, como quanto de organizações privadas, a cultura de Bauru se mostra viva e rica, sustentando-se com iniciativas independentes e diversificadas. O SESC (Serviço Social do Comércio), por exemplo configura-se como um centro de cultura frequentemente ativo e com diversas áreas de atividades culturais. As atividades possuem preços acessíveis ou são gratuitas, permitindo assim que todos sejam contemplados com esse ambiente de crescimento cultural. A prefeitura bauruense também contribui para o fortalecimento dos even-

tos culturais, inclusive os tradicionalmente marginalizados. Um exemplo é a Semana do Hip Hop, quwe foi institucionalizada como um evento obrigatório na agenda cultural do município. Alem de todo o apoio oferecido ao Ponto de Cultura Acesso Hip Hop. Esses eventos são frequentados principalmente por aqueles que compõe o publico tradicional do movimento, como os bairros periféricos da cidade. A Semana do Hip Hop, por exemplo, configura-se, além do convencional, como uma tentativa de aproximar o estilo musical do público menos comum, como o universitário. Há também o incentivo, por parte da prefeitura, na área da dança, na qual as bailarinas da Companhia Estável de Balé de Bauru recebem bolsas de incentivo para que possam dedicar-se à dança de maneira plena. A partir disso, é possível constatarmos que a cidade valoriza vários âmbitos da

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Reitor Prof. Dr. Julio Cezar Durigan Vice-reitora Dra. Marilza Vieira Cunha Rudge Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – FAAC Diretor Prof. Dr. Nilson Ghirardello Vice-Diretor Prof Dr. Marcelo Carbone Carneiro Departamento de Comunicação Social Chefe Prof. Dr. Juarez Tadeu de Paula Xavier

Expediente

Vice - Chefe Dr. Angelo Sottovia Aranha Curso de Jornalismo Coordenador Dr. Francisco Rolfsen Belda Vice-coordenadora Dra. Suely Maciel Planejamento Gráfico Editorial II Prof Dr. Francisco Rolfsen Belda Jornalismo Impresso II Prof. Dr. Angelo Sottovia Aranha

Arte da Capa João Guilherme Whitaker

Redação Bheatriz D’Oliveira Giovanna Falchetto Helena Nogueira Mariana Fernandes Pepita Martin Ortega Rafaela Nogueira Tatiana Olivetto 2

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Crônica “A literatura, como toda arte, é uma confissão de que a vida não basta”. Assim, Fernando Pessoa elucidava que o lúdico é o que dá prazer à vida. Cultura é vida e se trata de um organismo vivo que pulsa perpetuamente, sempre ecoando a voz de alguém que expressa seu eu mais íntimo pela arte. Assim, não podemos deixar que ela morra. Fazer cultura é manter ativo o lado mais colorido do ser humano, é valorizar as sensações agradáveis à mente. A cultura, em âmbito social, é uma ferramenta com duas funções principais. A primeira é como ferramenta de “coesão” interna. Ao falar de si mesmo, o ecossistema direciona seus membros a outros caminhos, antes impensáveis. A cultura une a todos sob uma mesma causa, aproximando as pessoas, “consertando” as mesmas e as redirecionando para melhores caminhos. Nada é tão autodestrutivo quanto a insegurança que se carrega por dentro, quanto à sensação de estar perdido no meio da estrada, como a névoa que não se dissipa e impede a clareza do olhar. Estar inserido em uma cultura, em um nicho, traz o conforto de saber qual o seu lugar e a certeza de não estar sozinho. Num segundo plano, a cultura é des-

construção – trata-se de uma voz que representa determinado nicho social, cuja função é apresentar e lembrar ao resto do mundo as condições do mesmo. Ao “martelar” suas ideias, ocorre uma quebra de paradigmas, de concepções, de preconceitos e composições que estavam fixas nas mentes daqueles externos ao nicho. É a desconstrução que vem para protestar a favor do que não é valorizado. Nessa causa, a pluralidade das culturas aflora e cada uma traz o viés que pretende defender. Mas o conceito de cultura vai além. Constitui-se numa amplitude que engloba as mais diversas formas de arte, que se define por construção de obras ou objetos para a expressão da subjetividade humana. E a arte não deve ser confundida com erudição, pois toda forma de arte é válida, desde a mais simples até a mais elaborada. Na sociedade, é culto aquele que tem conhecimento formal. No entanto, toda forma de cultura é válida, desde a mais singela à mais complexa. ExpressArte traz a manifestação do pensamento, dos sentimentos, dos gestos, enfim, da arte jovem na cidade de Bauru (SP). A cultura será valorizada em todas as suas formas neste suplemento, buscando mostrar como é possível haver expressão artística nos mais diversos comportamentos. Resta agora apreciar essa ampla, porém minuciosa, abordagem da imensa gama cultural bauruense.

Destaques Rockwell, Babilônicos e Skala Natural na Garagem P. 6

Grafite estimula a cultura e ocupa Bauru com cores P. 8


Bauru por um viés cultural Muitos movimentos compõem o repertório cultural da cidade; Hoje o cenário parece mais tímido Rafaela Nogueira

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cidade de Bauru, sempre foi uma referência forte na área cultural, no interior de São Paulo, em função da presença viva dos estudantes. Desde a década de 1980, a Unesp atrai milhares de jovens à cidade. Esses jovens, por sua vez, trazem consigo uma carga cultural de suas origens, acrescentando suas vivências e sabedoria aos costumes do município. Sivaldo Camargo, coordenador da Companhia Estável de Dança de Bauru, viveu o auge das manifestações culturais bauruenses e diz que essa atuação dos estudantes “foi uma das coisas que mais determinou a cultura local” ao longo do tempo. Trinta anos atrás, além dos estudantes, o contexto político também era propício, e instigava a população a querer expressar por meio da arte questões ideológicas e políticas. Um movimento muito forte na cidade na década de 80 era o Cine Clube de Bauru. Sivaldo participou do projeto, que lotava as salas de cinema de terça a domingo (durante a semana os filmes eram exibidos na universidade, e no

fim de semana eram as cadeiras da sede do Cine que eram ocupadas). As sessões contavam com filmes alternativos, ou seja, diferentes; filmes de arte, totalmente fora do circuito comercial. Hoje, o Cine Clube não mais funciona. Ainda nos anos 80, ocorreu a mostra Semana de Arte Modesta, pouco mais de meio século após a original, pouco mais de meio século após a original, organizada em Bauru, por Susy Mey Truzzi, que trabalha no Núcleo de Artes Cênicas de Garça (SP), e outro ativista da cultura bauruense, conhecido como Mica. Pessoas alternativas se propunham a cantar, desenhar, expor seus quadros, representar, sem receber cachê e nem pagar para participar. Essa semana de atividades aconteceu por quase cinco anos dentro da própria universidade – as salas de aula viravam locais de exposição e o pátio virava palco para o teatro. Sivaldo conta: “o movimento chamou tanta atenção que tivemos gente do Nordeste vindo para cá. Viajavam uma semana de ônibus para vir prestigiar a Semana de Arte Modesta”, relata. Segundo ele, a Semana findou-se porque, enquanto era composta de eventos alternativos, crescia, m a s d e-

pois o SESC assumiu a coordenação e as pessoas que antes faziam parte não queriam mais vir em função dos cachês e cobranças que se iniciaram. Para Sivaldo, “perdeu-se a essência da arte gratuita” nessa transição. No campo da literatura havia, também nessa época, um movimento alternativo chamado Pirataria Poética, formado por Jony Rosa, João Nicodemos e José Pires (Pipol). Eles faziam intervenções a fim de tentar introduzir a poesia no povo, por meio, por exemplo, de varais atravessando o calçadão com poemas pendurados, convidando a população a parar para lê-los. Outra maneira era montar a Banca do Poeta na feira de domingo. O trio atraía o público que ali passava dede outras grandes companhias clamando poemas, explide dança. Além disso, a linha de cando um pouco o que trabalho é o balé clássico e o contemera tudo aquilo e venporâneo, o que dá uma base para que as dendo seus livros. bailarinas possam futuramente ingressar Professores de liem escolas maiores. teratura, poetas, escritores semComo a CIA realiza essa proposta? pre estavam lá, A Companhia sempre traz coreógrafos apreciando, e de fora para montar os trabalhos. Em três o povo, curioanos são sete coreografias. so, tentava Quando começou? compre enO projeto, que tem em sua corporação atuder as obras. almente 10 bailarinas, surgiu em 2011. Das 10h da E se eu quiser fazer parte? manhã até Está aberto o processo seletivo! O edital de meio dia, Chamamento pode ser adquirido até o dia uma hora 17/04/2015, das 09h às 12h na Secretaria da tarde, Municipal de Cultura, localizada na Aveninem se via o da Nações Unidas nº 8-9, Centro, Também pelo site www.bauru.sp.gov.br.

Companhia Estável de Dança de Bauru Quem coordena? O professor Sivaldo Camargo. Quem pode fazer parte? Jovens de 14 a 21 anos com experiência de no mínimo seis anos de estudo da técnica do balé clássico. Quanto tempo de dedicação? São 15 horas de aula e 5 horas de apresentações, de segunda à sexta. Tem que pagar? Não. Pelo contrário, os bailarinos recebem uma bolsa no valor de R$488 e são supridos de todos os materiais necessários para o desenvolvimento das danças. Qual a proposta da CIA? Ao despertar o gosto, a sensibilidade e a prática do balé, a Companhia tem como objetivo ajudar na formação profissional dos jovens. A ideia é tentar equiparar carga horária, trabalho, seriedade com as

Fotos: Rafaela Nogueira

Sivaldo Camargo conta um pouco da história da cultura de Bauru

tempo passar. O coordenador da Companhia de Dança diz que sente que hoje não há mais a força ideológica que existia naquela época para se expressar culturalmente. “Não há mais censura; não tem mais pelo que se brigar”, opina Sivaldo. Esses m ov i m ent o s e episódios interes s a ntes suscitaram até o início dos anos 2000, mas, aos poucos, foram se dissolvendo e se tornando incomuns. Mais recentemente, Sivaldo idealizou e colocou em prática o Centro de Pesquisa e Produção Teatral da Faculdade de Artes, Arquitetura e Comunicação da Unesp (CPPT), um grupo constituído de seis núcleos em que cada curso desempenhava uma função. O projeto resultou em várias apresentações da peça “A morta”, de Oswald de Andrade, e, segundo Sivaldo, “foi uma das últimas tentativas de manter a arte em Bauru”. O suplemento ExpressArte vem para mostrar a cultura mudada, mas ainda ativa em Bauru. De um modo diferente, hoje temos outros vieses culturais – o grafite, o hip hop, as oficinas culturais, as mostras do SESC, as bandas universitárias, os estúdios de produções de games, o balé... A idéia é destacar essa cultura distinta da apontada por Sivaldo, mas que ainda tem muito a acrescentar à Cidade Sem Limites.

Perdeu-se a essência da arte gratuita


Foto: Pepita Martin Ortega

Independência, Contracultura e Autoria

seus projetos em sua casa. Um eventuais falhas”, comenta Aran. deles é o estúdio e base do selo O músico também ressalta a imPlatonic(A) Musick(A), receben- portância de uma atuação firme do e trabalhando com pessoas e direta, que modifique e de alde diferentes cidades e países. ternativas à cultura na cidade. Além disso, o músico promove o mini-festival de artes integradas Cineextinção Underground Mental, que está Um dos projetos que retrata em sua décima-terceira edição. o viés independente do trabaOutro projeto pessoal do músico lho promovido por Aran no eso livro infanto-junevil Brinque- paço Extinção é o CineExtinção. Dentro de um movimento alternativo da cultura édoDesde pequeno Aran teve con- Criado em 2011 trata-se de um tato com literatura, cinema e his- cineclube que tem sessões aos em Bauru, o trabalho de Aran Carriel se destaca em quadrinhos. A afinidade sábados, às 21h. No segundo ancom personalidade, criatividade e autonomia tória com as palavras vem dos pais, dar de sua loja Aran pintou com realizou uma turnê na Argen- também escritores. Por sua vez, as um amigo a tela de projeção, e Giovanna Falchetto tina e continua produzindo tra- histórias criadas entre seus 6 e 13 a sala é recheada de puffs e alPepita Martin Ortega balhos audiovisuais e distintos. anos de idade acabaram forman- mofadas. A programação é baJá em 2003, após formar-se no do o livro lançado ano passado. seada no gosto pessoal de Aran, mas geralmente foge do circuito oi atrás de pilhas de CDs, curso de Jornalismo, Aran abriu O cenário independente dos grandes cinemas, exploranDVDs, vinis, livros e fan- o espaço contracultural Extinem Bauru do títulos alternativos e menos zines que a Expressarte ção, no centro da cidade. O artisCom relação ao status de Bau- conhecidos, mas isso não é uma conversou com Aran Carriel, ar- ta procurava algum trabalho que tista que participa ativamente lhe oferecesse autonomia e certa ru como um pólo cultural, Aran regra. Eventuais sugestões de filmes e obras que do cenário cultural bauruense. flexibilidade para intensificar seu prefere destadialogam com Nascido em Santos, o músico e trabalho com a banda. Com o au- car a quantidaÉ uma ‘porção’ datas especiais, escritor se mudou para Bauru xílio dos pais e namorada, Aran de de pessoas como od ia da quando pequeno. Com proje- abriu a loja que comercializa dis- que desenvolde gente que faz trabalhos Mulher, tamtos independentes e diferencia- cos de vinil, livros, fanzines, CDs, ve seus ‘trampos’ autorais e aos bém são pondos, seus trabalhos se destacam DVDs e vestuário alternativo. tos levados em mostrando a força e presença ”Priorizo assim a economia al- poucos se esautorais [...] e aos conta quando dos projetos autorais na cidade. ternativa e um mercado sustentá- tabelece no cepoucos vai se a exibição é 18 de Março de 1993 foi a data vel, com reciclagem de produtos nário da cidade. comenta marcada. “O em que Aran e mais dois ami- e material raro de contracultura Ele articulando bem que os empepúblico é vagos formaram a Banda de Pós- e arte alternativa em geral” comriado conforme -Punk Experimental Autobone- pleta Aran. Além disso, é nesse cilhos para a co. As principais influências são espaço que o músico promove organização são a falta de comu- os filmes” comenta Aran. a música e arte underground e eventos culturais, como sessões nicação entre esses potenciais as gravações da banda são pro- de uma sala de cinema alterna- projetos e a discriminação por duzidas de maneira autônoma. tiva, workshops, pocket shows nichos. Além disso, o trabalho O trabalho e projetos da banda e alguns cafés da tarde veganos, deve ser realizado com empesão divulgados através do site da em parceria com a hamburguei- nho pelos envolvidos. “O que é Espaço Extinção mesma. Com mais de 25 anos, a ra vegana móvel Bike & Burguer. independente de fato deve ser Autoboneco já gravou 14 CDs, Aran também realiza parte de responsável por seu sucesso e

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Rua Cussy Júnior, 8-17 Centro 996257010


Foto: Marcella Moreira

Bauruenses lutam para manter Oficina Cultural

Manifestantes se reúnem na Praça Copaíba, na Avenida Getúlio Vargas

Mariana Fernandes

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Oficina Cultural Glauco Pinto de Moraes foi a primeira oficina do interior do estado de São Paulo, inaugurado em 5 de junho de 1990. Ao todo, 3520 pessoas já participaram das atividades oferecidas nesses 24 anos, registra o portal da Oficina. A Oficina tem um prédio próprio, pertencente ao Governo do Estado, com 10 salas de aulas, laboratórios de fotografia e de serigrafia, auditório com piano, teatro-galpão e espaço para exposições no cruzamento da rua Amazonas com a avenida

Cruzeiro do Sul (Parque Paulistano). No entanto, esse imóvel encontra-se em reforma há um ano, fazendo com que o atendimento seja feito na rua Rio Branco, 1840. Cerca de 700 mil reais são gastos anualmente para manter a oficina aberta e atendendo 46 cidades da região com workshops, palestras e apoio ao meio cultural. Corte de Gastos No dia 25 de março, o Governo do Estado confirmou o fechamento de nove das 23 oficinas instaladas na Capital e no Interior – inclusive a de Bauru – e a demissão da maioria

de seus funcionários a partir do dia 22 de abril. Todas as oficinas afetadas são administradas pela “Poiesis - Instituto de Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura”, por meio de um convênio com a Secretaria Estadual da Cultura. O contrato previa um repasse de R$ 134 milhões para desenvolvimento das atividades nas oficinas até 2018, mas, para 2015, dos R$ 28 milhões previstos, o governo confirmou o repasse de apenas R$ 19 milhões. A redução de 30% levou a Instituição a optar pelo fechamento desedes e demissões para corte de custos. De acordo com a Poiesis e a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual da Cultura, não se trata de fechamento, mas sim de reestruturação, pois as atividades das oficinas fechadas serão transferidas para outras. Todas as atividades previstas pela Oficina de Bauru serão transferidas para a Oficina Tarsila do Amaral, de Marília. “A medida foi necessária em virtude da adequação do orça-

Exibição de filmes no SESC Bauru é alternativa ao cinema Do terror ao romance, do antigo ao novo, cada filme tem a sua vez Bheatriz D’Oliveira O SESC da cidade de Bauru é sempre muito movimentado. É palco de muitas atividades culturais que englobam cinema, música, teatro, dança, turismo, saúde e diversas ações sociais. Todos os dias da semana há algum evento para todas as idades, a maioria gratuitos. Para quem procura cultura aliada à diversão e a preços baixos, o SESC é o lugar ideal. Um programa muito procurado e que acontece todo mês é a Mostra de Cinema. Em cada mês é escolhido um gênero ou um diretor de cinema para que as exibições sejam baseadas nessa escolha, e cada edição é precedida por um curso que conta um pouco da história do gênero dos filmes a serem apresentados naquele mês.

Em março foram exibidos clássicos do terror, entre eles O Exorcista e O Bebê de Rosemary. O curso “A Arte no Horror” foi ministrado pelo jornalista e historiador Carlos Primati, fascinado pelo universo do terror há mais de 15 anos. Para Carlos, foi um prazer oferecer o curso, porque “a estrutura do SESC é muito boa e suas atividades são incentivadoras”. À reportagem do ExpressArte, o jornalista explicou que o público do curso estava na faixa dos 20 e 30 anos e que a maioria já tinha algum interesse por cinema ou pelo gênero apresentado. “Percebe-se que os jovens sempre querem aprender algo mais”, observa o historiador. A estudante Lara Sant’Anna, 21, ja participou de oito mostras de cinema em Bauru. O que mais a motiva a ir ao SESC é o fato de

serem exibidos filmes que já não estão em cartaz e que são muito difíceis de encontrar na internet, além de serem eventos gratuitos. Para a jovem, a sala de exibição é muito confortável e a qualidade dos filmes também é muito boa. Além disso, “não há burocracia alguma para assistir aos filmes, é só aparecer na hora marcada”, comenta. Com os ingressos cada vez mais caros, muitos ficam impossibilitados de ir aos cinemas. Essa iniciativa do SESC permite que todos tenham acesso a bons filmes e a informações desse mundo, independentemente da condição financeira. Além disso, os filmes nunca são os mesmos, o que torna a atividade ainda mais agradável, pois quem se interessa pode comparecer quantas vezes quiser, porque sempre

mento estadual, em função da grave crise econômica que o País enfrenta. Os esforços buscam qualificar e aperfeiçoar os gastos públicos, gerando economia em aluguel e serviços dos prédios desativados, tornando possível a continuidade da programação”, informou a assessoria. Desde o anúncio do fechamento da Oficina Cultural, artistas, alunos dos diversos cursos, autoridades, produtores culturais e população em geral têm se mobilizado pacificamente em protestos e atos. No sábado, 28 de março, cerca de 80 pessoas participaram do protesto, que começou na praça Machado de Mello e seguiu em direção à praça Rui Barbosa. Já no domingo, dia 29, diversos espetáculos circenses, musicais e de dança foram oferecidos por aproximadamente 100 artistas e apresentados ao redor da Árvore Copaíba, na Getúlio Vargas, em manifestação de protesto. No dia 30, o ato foi no escritório do deputado Pedro Tobias e no dia 02 de abril, foi promovido um “abraçaço”. Artistas, políticos e alunos “abraçaram” o prédio que abrigou a Oficina de 1990 a 2013.

terá algo novo para ver e aprender. O SESC também se preocupa com a comodidade do público e com a qualidade do que é exibido, e isso faz com que as pessoas sempre queiram voltar. “É uma forma barata e diferente de ver um filme”, diz Lara. A programação prevê que seja exibido um filme por semana, à noite, com reprises aos sábados à tarde. O auditório tem capacidade para 165 lugares. Em abril, serão exibidos os clássicos do famoso diretor Woddy Allen.

Cena do filme “Everyone Else”, exibido na Mostra de Cinema Alemão no SESC Bauru Foto: SESC/Reprodução

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Rockwell, Babilônicos e Skala Natural na garagem Bandas conquistaram reconhecimento no ambiente universitário Giovanna Falchetto Rafaela Nogueira Tatiana Olivetto

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a tarde de 22 de março, os músicos da banda botucatuense Rockwell falaram sobre o grupo musical no pequeno estúdio aos fundos da casa de Victor Abreu, 23, baterista, onde tudo começou. Formada por cinco integrantes, a banda já é presença certa no circuito musical da região. Há oito anos, a Rockwell teve início quando os guitarristas Jú-

nior Giraldella, 24, e Murilo Barrile, 23, se juntaram para tocar no churrasco final do curso de Mecânica que fizeram juntos no Senai . Numa conversa descontraída, contaram que tiraram a ideia do nome “Rockwell” de um livro, especialmente para aquele evento. Aos poucos, vieram os outros integrantes: Rafael Santiloni, 25, entrou três meses depois; um ano após, Victor Abreu chegou como baterista; e o baixista Vitor Gonçalves, 21, entrou para a banda com apenas 13 anos. Eles começaram a tocar antes mesmo de estarem inseridos

no mundo universitário, apresentando-se em festas de república e casas noturnas. Com o passar do tempo, a banda foi ganhando experiência e se tornando conhecida na região Bauru-Botucatu.

comenta que todos curtiram um estilo em comum, embora cada um tenha preferências um pouco divergentes. Murilo Barrile, por exemplo, sempre gostou de rock clássico; já Júnior, se identifica com o som mais anos 90, como O estilo musical o do Red Hot Chilli Peppers. A Rockwell já conta com 12 O repertório da banda era composto por covers de Jota músicas autorais e gravou, indeQuest e Capital Inicial, dentre pendentemente, cinco delas, além outros. Tocavam um rock mais de liberar um clipe oficial na plapop no começo. Agora, seu estilo taforma Youtube, com mais de demonstra influências do reggae, 10 mil visualizações. O processo do hip-hop e do rap, sem perder de divulgação das músicas autoa raiz rock. Sobre os gostos mu- rais acabou sendo simples e housicais de cada um, Victor Abreu ve boa aceitação de todo o públiFotos: Giovanna Falchetto

co: “É um desafio. Graças a Deus quem fica para escutar tem um pensamento ‘da hora’, é a galera que tá aberta a ouvir o som, que é o que a gente quer trazer pra banda”, diz Rafael. A banda está em processo de montagem de um CD totalmente independente. Segundo eles, a convivência em repúblicas e o ambiente universitário influenciam muito na composição das músicas autorais. As músicas são criadas em conjunto, cada um colaborando com o seu instrumento enquanto a composição das letras ficam com os que mais se interessam por escrever: “A letra e a melodia fluem juntas. É gostoso fazer música”, diz Júnior. A maioria trabalha ou estuda e

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tenta conciliar a ocupação com a Rockwell, inclusive, alguns tentam agregar as duas atividades. Sobre isso, Júnior comenta: “Eu e o Rafa tentamos mesclar a nossa faculdade de Design Gráfico com a banda”. Como exemplo, o guitarrista contou que ele próprio foi responsável pela arte dos últimos cartazes de divulgação de shows; além da capa do CD. Todos concordaram quando Júnior esclareceu: “A banda não atrapalha, só acrescenta”. O sucesso da banda já rendeu vários encontros e momentos marcantes para a carreira artística dos cinco. Para quem começou sem pretensão nenhuma, os meninos já tiveram oportunidades únicas: abriram

shows de grandes artistas do cenários musical brasileiro, como Gabriel O Pensador, Jota Quest, CPM 22, Hateen e Titãs, chegando a tocar para mais de 30 mil pessoas; além de fazerem shows em eventos grandes, como o Interunesp 2014. Mesmo depois de anos de experiência, o nervosismo ainda é frequente: “Acho que mesmo se for tocar para 50 pessoas, sempre tem um friozinho na barriga”, revela Murilo Dessa forma, a banda conquistou seu espaço e o reconhecimento merecido no círculo musical na região de Bauru e também fora dele, atraindo cada vez mais seu público que se mantém fiel, mesmo depois de oito anos.

A banda não atrapalha, só acrescenta.


Foto: Babilônicos/Reprodução

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BABILÔNICOS

oltando à ativa neste mês de abril no Jack Music Pub, os Babilônicos têm uma trajetória pouco convencional. O ExpressArte conversou com o baterista Herculano Foz, que conta quais as peculiaridades dessa banda universitária. ExpressArte: Como surgiu a ideia da banda e o nome Babilônicos? Herculano Foz: A banda surgiu em fevereiro de 2013. Eu, baterista, e o Mineiro [Gabriel Tomaz], guitarrista e backing vocal, tínhamos acabado de nos mudar para Bauru e iríamos ficar agregados na República Babilônia. Nessa rep. aí já moravam o Xaxado [Lucas César], vocalista e cavaquinho, e o Fezão [Felipe Vaitsman], contrabaixo e backing vocal também. Foi engraçado porque, apesar de algumas diferenças, todo mundo meio que curtia o mesmo som, ouvia quase as mesmas coisas e tinha as mesmas referências. Mas acontece que a gente tinha acabado de chegar na rep. e ainda não tinha rolado de fazer um som todo mundo junto. A gente sempre tava fazendo um som em casa, mas nunca foi uma coisa séria, ensaiada, com bateria e equipamentos. Na nossa terceira semana na Unesp, colamos numa festa e calhou da gente trocar ideia com o baterista de uma outra banda de Bauru, a Homem Bomba. Essa banda

iria fazer o show de lançamento do EP [sigla em inglês para Extended Play, uma espécie de miniálbum] deles no Jack e estava precisando de uma banda para abrir o show. A gente, meio que na loucura, se “dispôs” a tocar. Acontece que a gente não tinha instrumento, repertório, nome pra banda, ensaio, equipamento, não tinha nada. E o show dos caras era dali a uma semana. Mas, enfim, em uma semana escolhemos um repertório de umas 10 músicas, pegamos instrumentos emprestados de uns amigos e tal, ensaiamos todos os dias e acabou rolando o show! E o nome da banda vem do nome da república: Babilônia. EA: O ambiente universitário influencia na escolha do repertório? Todos são universitários? HF: Todos nós somos universitários. Eu, Xaxado, Fezão e Mandi (que acabou entrando um pouco depois) cursamos Jornalismo. O Mineiro é o único de curso diferente, faz Design. Acredito que o ambiente universitário não tenha tido tanta influência na escolha do nosso repertório. Calhou de todo mundo da banda curtir quase as mesmas coisas e ter influências musicais parecidas. Então, a gente acabou fazendo um som em comum e que a gente curtia mesmo. EA: Quais as suas influências musicais? A banda se inspira em algum artista/banda? HF: Ah, as influências são muitas. Eu, particularmente, ouvia muito rock quando criança. Ouvia aquelas bandas que acho que todo moleque ouve, tipo Red Hot Chili Peppers, Guns N’ Roses, Aerosmith, Sex Pistols. Depois fui crescendo e passei a ouvir outras coisas, tipo samba, reggae, muita música brasileira... Mas o Fezão, por exemplo, tinha uma banda de heavy metal quando ainda estava na escola. Então, sei lá, tudo acaba sendo influência. Agora, se a gente se inspira em algum artista... Acho que não! Os artistas e bandas dos nosso repertório (como

Foto: Skala Natural/Reprodução

nado na Jamaica, um ritmo mais dançante. Mas também se refere à escala natural da vida, aos processos que são relacionados à Mãe-Natureza, o fluxo comum da vida. A vida é uma escala natural. EA: E como é a composição da banda? SN: Somos em muita gente. Bruno Ferra-

SKALA NATURAL

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Skala Natural, que toca reggae raiz e tem uma energia contagiante, também é uma banda universitária que atua em Bauru. Como nas outras bandas, os músicos tocam por amor. ExpressArte: De onde vem o nome da banda? Skala Natural: O nome da banda remete a muitas coisas. Primeiramente ao ritmo “Ska”, origi-

ri (bateria), Vinicius Cabrera (trompete e vocal), Bruno Rentes (saxofone), Leonardo Manffré (teclado), João Pedro Vallim (baixo), Vítor Peruch (guitarra), Vinicius Denadai (guitarra), Lao Radaeli (vocal), Letícia Cabral (vocal) e Tauã Miranda (vocal). EA: O ambiente universitário influencia na escolha dos repertórios? Todos são universitários? SN: Todos nós somos ou já fomos universitários. Nos conhecemos nesse ambiente e, inevitavelmente, isso influencia de alguma forma, tanto na nossa formação enquanto grupo, quanto nas nossas relações e interesses pessoais em comum, mas não necessariamente na

Jorge Ben Jor, Zeca Baleiro, Novos Baianos, Os Mutantes, Chico César, Curumin) acabaram nos influenciando sim. Mas não nos “inspiramos” (no sentido exato da palavra) neles pra fazer nosso som. EA: Como são contratados os shows da Babilônicos? Dá pra se manter como músico? HF: No começo a gente não cobrava pra tocar. Tocávamos nas festas de rep. meio que na “brotheragem” [sic] e tal. A única coisa que a gente pedia eram os equipamentos (tipo caixa de som e microfone) e umas brejas (risos). Mas, depois foi ficando mais difícil, porque muita gente tava chamando a gente pra tocar nas festas, e como a gente não podia ensaiar em casa por causa dos vizinhos, gastávamos muito com os ensaios nos estúdios. Fora os gastos com cordas de guitarra, baixo, cabos, baquetas, etc. Então começamos a cobrar um valor simbólico, mas só para conseguir cobrir essas despesas mesmo. EA: Dá pra conciliar os shows da banda com estudo e trabalho? HF: Sempre conciliamos bem os shows e ensaios com os estudos e tal. Depois de um certo tempo tocando juntos, passamos a ensaiar em estúdio uma vez por semana, ou uma vez a cada duas semanas. Antes de ir pro estúdio, sempre decidíamos o que fazer na música, arranjos, solos etc, em casa mesmo. Então, os ensaios não se tornavam cansativos e massantes [e não atrapalhavam os estudos]. EA: Que mudanças a banda já sofreu? HF: A banda começou só comigo, Xaxado, Mineiro e Fezão. Depois a Mandi, namorada do Fezão, começou a tocar violão, guitarra e pandeiro em algumas músicas, até que ela entrou definitivamente pra banda. Recentemente, a gente introduziu o pessoal dos metais: Eduardo (trombone) e Paulinho (trompetista). O estilo não mudou muita coisa não. Talvez a gente tenha inserido mais sambas no repertório, mas a identidade do som da banda continua a mesma. escolha do repertório. Antes de nos juntarmos, a impressão que tínhamos era que poucas pessoas escutavam reggae raiz e música jamaicana na universidade, mas com o passar do tempo o movimento reggae se expandiu, assim como a Skala e outras bandas de reggae foram se aperfeiçoando e se firmando, dando oportunidade para que muitos reggaeiros pudessem surgir e se identificar com o movimento. EA: Como é a agenda de vocês? Vocês vivem da música? SN: Não, tocamos por amor e para divulgar a mensagem e a paz que o reggae traz. A frequência de shows é bem variada. EA: Vocês já tiveram alguma experiência compondo? Isso faz parte da rotina da banda? SN: Sim, temos algumas músicas autorais e estamos fazendo os arranjos. Até o fim do ano entramos em estúdio para gravar nosso primeiro EP. Já participamos de alguns festivais de música autoral e no nosso show, além dos covers, sempre tocamos as nossas músicas.

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Fotos: Pepita Martin Ortega

Grafite estimula a cultura e ocupa com cores Bauru Artistas enfrentam abordagem policial e preconceito para transformarem o cotidiano da cidade Helena Vieira Nogueira Pepita Martin Ortega

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grafite é a arte do protesto. Nasceu e se mantém vivo em nome do protesto. Compondo o gênero w art, sua principal finalidade é revitalizar espaços públicos e interferir no cotidiano urbano. Entretanto, essa expressão artística é limitada pela burocracia de órgãos públicos e olhares controversos. Estes, por sua vez, provocam uma subestimação sintomática do grafite em todo o país, e esse é o principal empecilho enfrentado pelos artistas grafiteiros. Em Bauru, Matheus Marques Pinheiro, 23, o Fino, e Daniel Custódio, 33, o Dn12, são alguns dos rostos por trás dos murais que dão cor à cidade. O movimento tem caráter independente e, juntamente com os cénarios de Ribeirão Preto e Campinas, compõe-se como os principais focos da expressão artística do

À todas as classes sociais devem estar lá as cores, as letras, as formas, para que todos possam olhar e tirar a sua interpretação. O grafite torna a arte acessível a todos” 8

ExpressArte

estado. Vivos pelo Protesto Popularizado no seio do movimento contracultural europeu da década de 1960, o termo grafite denota à inscrições ou desenhos gravados em espaços públicos. A greve geral de maio de 1968 foi crucial para a generalização do estilo, em que os muros de Paris foram suporte para inscrições poético-políticas. Relacionado a uma insurreição popular, o grafite é considerado por muitos como irrelevante e criminoso, sendo associado à pichação. Para além da esfera da criminalidade, essa forma de arte detém o poder de transformação do caráter e funcionalidade de espaços urbanos abandonados. Sua função é dar vida a suportes não previstos, tranformando-os em representações sociais ilustrativas no meio urbano. Em Bauru, a expressão artística do grafite teve início por volta de 1995. Quem apresentou o estilo à cidade foi o grupo de grafiteiros Nois, de São Paulo, como conta Matheus. Mas a pichação apareceu nos mesmos muros antes, na décade de 1980. Reflexos da ditadura militar, os pichos abriram caminho e serviram de base para o grafite. Segundo Fino, esse traço é uma das principais marcas e difrenciais do estilo brasileiro. “O piche e o grafite vêm muito disso: protesto. Às vezes pedindo por condições de vida adequadas, sabendo que a maioria dos pichadores moram na periferia. É a maneira que eles conseguem se expressar”, comenta. Fundador do Instituto Graffiti Shop, Fino

aborda em sua arte temas de ficção relacionados à exploração espacial, como seres extraterrestres. Seus traços são minimalistas e geométricos e ocupam hoje, além das ruas, galerias de arte, como na exposição “A Voz da Arte” inaugurada no dia 19 de março e realizada com outros quatro artistas. Na ocasião, o grafiteiro contou ao ExpressArte um pouco de seu estilo temático, contando que também aborda a política em seus trabalhos ao ar livre. Com relação ao estilo dos artistas bauruenses, Fino reafirma que a principal essência do grafite é o protesto. A partir desse ponto se dão outras manifestações, que segundo Daniel Custódio, grafiteiro de São Bernardo do Campo, dependem do intuito do artista. Quando fala de sua arte, o artista destaca a espontaneidade de seu processo criativo e ressalta os traços de movimento em seus trabalhos.“Eu procuro não me prender a algo estático, um propósito fixo. [...] Minha inspiração é algo que nunca fica parado”. Ocupar e Intervir Além de representar uma voz social reivindicatória, o grafite também é utilizado como instrumento de revitalização dos “pontos mortos” das cidades. Tratam-se de construções abandonadas que representam focos de infrações como assaltos e estupros. Com isso, os murais instauram um novo aspecto visual que silencia o abandono e instaura ocupação. “Eu, pessoalmente, escolho lugares que estão de mal a pior para trabalhar”, explica Fino. “Propriedades particulares, eu nem peço permissão, porque o lance é você não pedir. A gente vai lá, pinta e o local deixa de parecer abandonado. A cidade é assim, ela vive mudando. O trabalho é efêmero e acompanha o ritmo urbano”, completa. Daniel observa que as intervenções ultrapassam a dimensão física e modifica o cotidiano da cidade. Para o artista, o toque de cor nas paredes interferem no dia-a-dia das pessoas. “Acho que, pra todas as cidades em que o grafite acontece, a importância é a


mesma: provocar um choque cultural. Interferir no habitual e trazer cores. Isso quebra a rotina”. Clandestinidade Subestimada Como profissão e arte, contudo, o grafite tem obstáculos a ultrapassar. Ambos os artistas entrevistados pela ExpressArte queixam-se da violência das abordagens policiais. “Eles são muito mal treinados no Brasil”, reclama Fino. Segundo os grafiteiros, os métodos de abordagem em vários casos são os mesmos que os usados para prender criminosos. “Acontece também de se confundir o grafite com a pichação, por usarmos os mesmos instrumentos. Por causa da criminalização do piche, o cara que está pintando é tratado da mesma forma que o cara que está assaltando”, conta Dn12. No Brasil, o principal obstáculo ainda enfrentado pelos grafiteiros é o olhar relutante diante da arte. Matheus destaca que se faz necessária uma obstrução de pré conceitos. “O grafite no país é algo relativamente já estabelecido, mas que vive em luta constante”, afirma o artista. Além disso, a assimilação com o piche faz com o grafite seja visto como uma forma de denegrir o espaço urbano. Segundo Daniel, o preconceito dificulta o processo de liberação de espaços privados. “Eventos como esse (exposição “A Voz da Arte”), com o grafite entrando para a galeria, vem a contribuir paraque os espaços se abram cada vez mais para nós”, aponta o grafiteiro. “Às vezes temos que fazer trabalhos na ilegalidade, mas isso também faz parte do processo. Tudo isso faz do grafite o grafite”, explica. As dificuldades enfrentadas pelo patrocínio das artes diante de fatores administrativos também foi destacada por Fino. “Há

Alçar Voo

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uis Martins, ou L7m, 27, é um bauruense que ganhou o mundo com sua arte expressiva e caótica. Usando misturas de tinta chinesa, latex, pastel e acrílico, aborda temas contraditórios e desconfortáveis com cores simples e geometria livre. Realizou paineis e participou de exposições na França, Argentina, Alemanha e etc. ExpressArte: Conte-nos de sua carreira. Como você começou? Quais são suas influências? Quando foi para o exterior? Louis Martins: Sempre gostei de pintura desde minha infancia, não especificamente street art, isso vem depois, minhas influências são dos mestres do passado. Me inspiro na vida deles e na maneira com que pensam e seguem seu caminho pintando o que querem livres. James Audubon, Van Gogh, Caravaggio e Rothcko são alguns que curto. Fui para o exterior pela primeira vez há 3 anos mas minha arte há quase 5 anos faz sucesso mais fora do que no Brasil.

muita burocracia para as coisas acontecerem. As pessoas aqui (Brasil) não dão valor à arte como deveriam, também. Elas veem nossa arte como hobby, e não como profissão”, comenta. Com relação à infraestrura oferecida pela cidade, Fino afirma que existem algumas iniciativas, mas não tão bem estabelecidas. O Teatro Municipal de Bauru já cedeu espaço para galerias do artista e oficinas gratuitas são oferecidas pela Pinacoteca Municipal de Bauru - Casa Ponce e Paz. No entanto, não há incentivo financeiro para a compra dos materiais utilizados nas atividades. Para Fino, a relação da Prefeitura com a arte precisa melhorar, principalmente diante dos focos de investimento e organização. O artista cita o exemplo da parceria entre artistas e a Prefeitura da Cidade de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Cultura, que resultou na transformação da avenida 23 de Maio na maior galeria de arte a céu aberto da América Latina. Arte Democrática de Identidade No contexto brasileiro, o grafite flui em um movimento que se direciona das capitais para o interior. Nesse cenário, Bauru é um nicho com relevante crescimento, mas ainda limitado pelas questões burocráticas e sociais. Para Matheus, uma “mudança” dos fatores limitantes ainda não aconteceu, mas a cidade apresenta bons exemplos para tanto. “Quem sabe intervenções maiores ainda estão por vir”, arrisca o artista. “Uma vantagem é que o movimento é independente, poucas vezes é vinculado à Prefeitura”. Em concordância, Daniel diz que os avanços decorrem do empenho dos envolvidos no movimento. “É bem legal ver o grafite vir da rua para as galerias, ganha visibilidade, mas a linguagem do grafite mesmo é na rua”, opina. Para o artista, ver a arte em

EA: Como você define a identidade temática do seu trabalho?

exposiçõe s é estranho, visto que trata-se de uma arte livre e democrática. O cenário nacional de grafite continua crescendo, afirma Daniel. Fino também acredita na força do grafite brasileiro no contexo internacional. No entanto, ele destaca a importância do desenvolvimento de um estilo próprio do artista, algo habitual no Brasil, consequencia dos estudos realizados pelos artistas e das influências culturais do país. “Um cara do Nordeste vai sofrer influência da literatura de cordel na concepção da arte regional dele, aqui pro sul você já vê mais coisas futuristas, por exemplo”. Nesse sentido, o Instituto Grafitti Shop surgiu para incentivar o movimento do grafite em Bauru. Segundo Fino, “a loja é como um canal que mostra para Bauru as coisas que estão acontecendo nesse ecossistema cultural da rua”. A partir da inauguração da loja, a expressão artistica nas ruas aumentou. Fora a disponibilização de materiais de trabalho, no instituto são realizadas aulas, oficinas, palestras e exposições, além da avaliação de propostas de painéis e trabalhos. Também foram promovidas duas edições da festa Downtown, que deu visibilidade para artistas do hip hop. A expressão artística do grafite também está presente em projetos de reabilitação pela arte. Destacam-se os realizados

LM: Sou conhecido por pintar pássaros em especial, e rostos desfigurados e rodeados de caos e sentimentos diários. Cores escuras e claras se encontram e o conflito começa. A beleza chama o público e o caos faz refletir o que estamos nos tornando e qual o futuro do mundo. Nos achamos evoluidos mas aparentemente estamos regredindo. A arte vem para mostrar e nos fazer sentir o que há de importante nas nossas vidas. EA: Na sua visão, como é o reconhecimento de grafiteiros brasileiros no cenário internacional? LM: O brasil tem hoje grandes nomes na cena internacional. Acho que o que mais impressiona é a maneira original dos brasileiros pintarem. EA: Segundo a sua vivência no exterior, quais as principais diferenças entre o trabalho do artista grafiteiro no Brasil e em outros países? (Quanto a infraestrutura, relação com prefeitura e polícia, por exemplo) LM: Brasil em termos de autorização é muito facil. O Brasil e a América Latina são os melhores lugares para se obter paredes autorizadas, na Europa é muito mais complicado. EA: Na sua opinião, qual é o diferencial que marca o grafite brasileiro?

LM: O diferencial não está no Brasil e sim nos artistas que visam ter uma identidade e não seguem tendências, e exploram o que realmente sentem. EA: Como você via (vê) o cenário bauruense de produção de grafiti? Na sua opinião, Bauru pode ser considerado um polo dessa expressão artística? LM: Não acredito que um pólo, mas Bauru no cenário artístico, não só de street art, mas de muitas coisas, têm muitos nomes e pessoas que se destacam, mas isso não tem a ver com a cidade, e sim com a vontade das pessoas em criarem, serem melhores e mostrarem para o mundo que quem faz arte ou qualquer coisa com amor logo se destaca. Não deve ser algo artificial e falso, ou que envolva uma publicidade mentirosa. É algo real e mágico, arte é isso, tudo naturalmente acontecendo. Uma vez ouvi um amigo meu dizer se você busca a fama você nãoo vai ter, mas se você busca o amor e faz algo de coração tudo flui e as pessoas sentem isso. Você vê então o real fundamento da arte. Em bauru nunca tive muito incentivo ou apoio, eu fiz meu caminho, a arte me fez voar porque eu quis também ter asas. Mas amo a minha cidade e espero que as coisas melhorem por ai. ExpressArte 9

Foto: Heloisa Ballarini/Reprodução Prefeitura de SP

Mais de 200 artistas trabalharam no painel de 5,4 quilômetros na Avenida 23 de Maio


Foto: Helena Vieira Nogueira

Comunidade e crítica são o foco do Hip Hop Bauru é centro de referência no Estado e traz ao círculo cultural a voz da periferia Helena Vieira Nogueira Tatiana Olivetto

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m Bauru, o hip hop representa uma voz de desconstrução e protesto. Presente desde meados da década de 1980, o movimento torna-se cada vez mais atuante no cenário artístico da cidade. Com o apoio da Prefeitura, o movimento hip hop bauruense é considerado um dos melhores do Estado; há eventos anuais obrigatórios, como a Semana do Hip Hop; apoiada pelo Ponto de Cultura Acesso Hip Hop, e também alguns eventos mensais, como o Rap Hour. Em uma das edições desse evento, realizado no dia 5 de março, o ExpressArte conversou com dois ícones desse cenário, o grupo de rap 21Dois e o Dj Ding. Com a presença dos quatro elementos essenciais, o rap, o djing, breaking e grafite, vê-se um panorama cultural em Bauru que é referência para todo o país. Uma Revolta Sonora

O hip hop é o diamante não lapidado da música. Cru e simplório, esse gênero musical depende de um elemento essencial: o sample. Sampling significa selecionar um trecho sonoro e incorporá-lo à música, de forma que ele seja o elemento que dê embasamento junto ao loop (repetição rítmica). A concepção do hip hop se deu em uma subcultura marginalizada dos jovens negros e latinos de Nova Iorque na década de 1970, e era usado para a transmissão de temáticas sociais e críticas. Em quase 50 anos, o gênero ampliou-se assumindo dimensão cultural, estabelecen-

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telando a toda hora”, explica, lembrando que o hip hop tem a função de propagar a realidade das periferias para o restante da sociedade, em um exercício de desconstrução de paradigmas sociais, convicções e preconceitos. Uma das propostas de desconstrução do movimento em Bauru refere-se ao machismo, por meio da Frente Feminina de Hip Hop. Conversando com a Mc Sara Donato, 22, percebe-se que é grande a presença de mulheres atuantes nesse universo, antes restrito apenas aos homens: “Ainda é bem forte o machismo no rap. Agora, tem essa visibilidade e as mulheres estão cada vez mais se emponderando no movimento, pra desconstruir o machismo existente”.

do-se como um produto cultural e comercial. Os temas se expandiram para outras linhas temáticas, mas o hip hop nunca perdeu sua carga emocional. Conforme o movimento foi se ampliando, o elemento que mais se desenvolveu foi o rap. O grupo 21Dois, formado por Eduardo Martins, 24, Washington Silva, 27, e Jonathan Martins, 26, é o conjunto de MCs de maior destaque na cidade. Formado em 2012, o trio era inicialmente comCom(unidade) em posto por Eduardo e Washingmovimento de reabilitação ton, os quais conceberam o nome, Outro importante ícone do que significa “se dois não foram um, jamais serão dois”. Jonatan, movimento bauruense é o Dj que começou compondo samba, Ding (42), responsável pelas dislogo se juntou ao grupo.Apesar cotecagens nos principais evende suas raízes musicais diferen- tos de hip hop da cidade. Na estrada desde 88, tes das dos ouDing teve seu tros membros, O que a gente primeiro contapercebeu que tenta promover é to com a música “escrevia rap black e o univera desconstrução há muito temso do hip hop po”. “Conheci e o respeito. quando se muo rap da vida Vamos cantar até dou para Bauru, real - tinha rena Vila Falcão. volta, tinha ino momento em De lá para cá, o tuito. Eu desque isso acabe movimento gacobri que no rap eu poderia colocar todas as nhou força e vem crescendo sigminhas ideias e vi que pessoas nificativamente, devido ao forte vivenciavam coisas semelhantes apoio da Prefeitura e a parceria às que eu vivia”, conta o jovem. com a Oficina Cultural da cida“Se fosse ver, eu compunha rap de. A implementação da Semahá muito tempo, porque eu escrevia samba de autocrítica, so- na do Hip Hop como um evento bre a sociedade, a malandragem, obrigatório na agenda cultural da a quebrada, as drogas”, comenta. cidade só evidencia a relevância Para os MCs, o rap é a voz da pe- dada ao movimento. Dj Ding se riferia. Para Eduardo, é vital que arrisca a dizer que “ o hip hop de ele nunca deixe de existir. “O Bauru é um dos melhores do Essilêncio do pobre é conveniente, tado, um dos melhores do país. como dizemos em uma de nossas Tanto que a Semana do Hip Hop músicas. A gente tem que estar é a maior do Brasil, isso a gente ali, o hip hop tem que estar mar- fala sem temer nada”. A Semana

realizada em 2014 envolveu mais de 100 mil pessoas, que aprenderam mais sobre os elementos do hip hop em diversas atividades. Sua importância social é cada vez maior; na edição passada, a Semana realizou ações em escolas e também no Projeto Sorrir, que atende instituições carentes e crianças. O movimento, no entanto, carece de renovação. O Dj disse à ExpressArte estar preocupado com a ausência de novos rostos jovens nas apresentações e atividades do Ponto de Cultura. Em concordância, os membros da 21Dois dizem que a presença de artistas intelectuais é importante para a manutenção do propósito do movimento na cidade. Eduardo Martins explica que “a partir do momento que um desses ( jovens) passa a se informar, ele passa a ser a voz daqueles que não tem”. O acesso à informação é vital também para a desconstrução do preconceito, frequente ainda na sociedade que não vê o hip hop como um importante gerador de mudanças em certas realidades sociais. “É uma cultura também mal entendida e não compreendida por uma parte da sociedade”, diz Jonatan. Suas letras agressivas e seu ritmo pesado geram um certo estranhamento: “Ele nasceu do funk, do jazz, misturando tudo ali; tem a cultura negra muito presente. Daí surgiu a pegada de passar protesto. O preconceito vem disso, dessa origem do movimento,” salienta o Mc Eduardo. Além de promover a desconstrução, a “ferramenta” hip hop tem outra ponta. No interior dos bairros periféricos da cidade, o gênero cultural é responsável por unir várias pessoas sob uma mesma causa e, nesse sentido, é arte como reabilitação. “O principal é tirar o pessoal da marginalidade, das drogas. Talvez seja o movimento cultural mais forte de todos, e com certeza é o que mais resgata pessoas”, afirma Ding. Revogando e alinhando, desconstruindo e unindo, o hip hop é um fluxo cultural vivo na cidade de Bauru. Mais do que um agente ativo na formação crítica da sociedade, o movimento é a representação direta da realidade de milhares de pessoas. Em poucas palavras, Jonatan o define: “É vida. Somos comunidade pessoas que se ajudam. É relação de amizade e o hip hop é tudo isso. É a cultura mais próxima que a gente tem, não pode deixar faltar”.


Tlön Studios inova em jogos introspectivos Games da Desenvolvedora Indie de Bauru atribuem visibilidade ao cenário de desenvolvimento independente Helena Vieira Nogueira

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esenvolver games nunca foi tão acessível. Os baixos custos de desenvolvimento e a acessibilidade dos meios de distribuição corroboram para o “boom” global do desenvolvimento indepentente. Nesse cenário, a produção de jogos eletrônicos no Brasil segue a curtos passos conforme a nova condição de mercado , sintomática em todo o país, a do empreendedorismo. Em Bauru, o game designer Caio Chagas, 28, e o programador Emanuel Tavares, 26, da Tlön Studios despertam a curiosidade e os olhares do mercado internacional para a cidade com títulos promissores e abordagens diferenciadas. Alterando a realidade A cobrança e hierarquia comuns em uma empresa tradicional não existem na Tlön Studios. Para seus dois sócios, a casualidade do ambiente de trabalho, uma “República Criativa”, e a relação de amizade existente entre eles colabora para o processo criativo de produção. Em funcionamento há um ano, o estúdio tem em seu nome uma homenagem ao escritor argentino Jorge Luis Borges. “Foi uma ideia do Horácio (um dos membros fundadores)”, Emanuel conta. “Tem uma história do autor que se chama ‘Tlön, Uqbar, Orbis Tertius’, em que Tlön é um mundo fictício onde objetos e acontecimentos alteram o mundo real”, explica. A Tlön criou três games reconhecidos em seu repertório. Face It tem como objetivo levar o jogador a uma viagem pelo subconsciente para que este supere sentimentos como a depres-

são, o medo e a culpa por meio da conquista de sigilos mágicos que simbolizam o amor, a verdade e a fé. Segundo Emanuel, o título é o principal empenho do estúdio no momento. “O Face It está em fase de crowdfunding (financiamento coletivo) na plataforma Kickstarter e no Greenlight, e se tudo der certo temos a previsão de que daqui a um ou dois meses ele esteja na Steam (plataforma de jogos online)”. Outro título introspectivo é Soul Gambler – Director’s Cut Edition, adaptação do clássico “Fausto” de Goethe para a linguagem dos quadrinhos, em que as escolhas do jogador alteram o desenrolar da narrativa. Em My Other Selves, jogo desenvolvido em conjunto com o estúdio Tiles, os obstáculos dos labirintos só podem ser superados com a ajuda de guias espirituais do Candomblé. Os games têm em comum o objetivo de causar impacto pessoal no jogador. Caio explica: “A intenção é provocar a catarse, fazendo com que o jogador se questione, reflita e tome decisões. A gente tem isso como missão aqui na Tlön: alterar a realidade, algo que dialoga diretamente com o nome da empresa”. Ecossistema interiorano O desenvolvimento de jogos eletrônicos no Brasil segue a nova tendência de desenvolvimento independente. Os profissionais são em grande parte freelancers, visto que, na visão de Caio, o modo de administração tradicional é “insustentável” devido às condições do mercado brasileiro, “em que é preciso passar meses produzindo jogos para depois começar a receber o retorno e então investir no próximo projeto”.

Emanuel Tavares e Caio Chagas são os rostos por trás da Tlön

Bauru na Fita Conheça os jogos feitos pelos principais estúdios de games da cidade Fase de Desenvolvimento Outra op1 Taks Invaders Disponível ção, explica o desigCrowdfunding 2 Toys Wars ner, é abrir Em desenvolvimento uma empresa por Plataformas 3 Zombie Slayerw si próprio, Mac Android cont rat ar prof is sioOya iOS 4 Gingerbread Wars nais terIpad PC ceiriz ado s Linux Browser e dividir 5 Fruit Monster os lucros. Windows Store A cidade de Bauru é 6 Headball Championship 12 Porcunipine (Local um dos muiMultiplayer) tos “ecossistema s” 7 Jetpack Mouse Escape que formam 13 Porcunipine o mercado nacional. 8 Face It A distância 14 Pen&Rose em relação 9 Soul Gambier à São Paulo 15 Refúgio dos Gatos possibilita à cidade uma 10 My Other Selves cena própria, composta 16 Our Way pelos estúdios 11 Uncle Grampa’s - Afraid of the Dark Tlön, Big Green Pillow, MGaia, Zeon Games e por grupos estudantis. Os membros da Tlön Studios veem o cenário bauruense com positividade, visto que tem crescido à medida de desenvolvimento independenque a migração da grande capi- te, a empresa almeja produzir tal para o interior se intensifica. segundo o modelo tradicional, Para Emanuel, no entanto, Bauru em que um jogo base sirva para carece de um curso de especia- a produção de jogos derivados. lização, o qual colaboraria para “Com isso sempre estaremos o fortalecimento do “ecossiste- melhorando e deixando a coisa ma” de produção de games. “Se em um nível técnico cada vez mefor um curso gabaritado, com lhor”, planeja o designer. “Dessa certeza vai ter gente de fora mi- forma a produção fica mais baragrando pra cá para fazê-lo. Um ta e converte-se o público de um mestrado em games seria inte- produto para o próximo, ou para ressante”, opina o programador. o anterior. É assim que se agrega valor ao nome do estúdio, e essa é Ambição em moldes a nossa printradicionais cipal amAo olhar para seu futuro, os bição”, jovens da Tlön veem uma emalmeja presa que se auto-sustente e E m a proporcione boas experiências nu el. com seus jogos. Caio explica que, apesar de seguir o modelo ExpressArte

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