Superação

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QUEM SOMOS E O QUE PENSAMOS Laís, Francielle, Danielle, Isabelle, Andrey, Willy, Jaqueline, Isabela e Pedro

CARTA AO LEITOR

Andrey Donizete “Pensar em deficiência de qualquer tipo, deveria ser poder entender o outro. Deveria ser uma preocupação de visão macro, que instiga a mudar a sociedade, fazer dela mais humana.” Danielle Demarchi “Aprendi que reclamar não ajuda em nada, pois, apesar de tudo, os seres humanos são incrivelmente fortes e podem superar tudo se tiverem força de vontade e trabalharem pra isso.” Francielle Kuamoto “Responsabilidade social vai muito além de doações materiais. É preciso o Coração!”

Ninguém está livre das perdas. Vivemos constantemente o risco de

perder movimentos, membros do corpo, visão, ter um trauma cerebral, psicológico ou contrair alguma patologia. Está aí a importância de abrir espaço para falar em recuperação, em cidadania e, principalmente, em superação.

Quando o tema é deficiência, a reação da sociedade é comumente

a invisibilidade. Mesmo com o fato de a temática da reabilitação social estar cada vez mais presente na mídia e nas discussões sociais, ainda falta muito para quem precisa se sentir, de fato, incluído.

Além da deficiência física e mental, vamos abordar a superação de

transtornos mentais, psicológicos e recuperação de dependentes químicos. Histórias de pessoas que de um jeito ou de outro, estão ou ficaram fora do convívio social que merecem. Para complementar esse assunto, que por tantas vezes é tema de livros e filmes, por exemplo, falaremos

Isabela Ribeiro “As deficiências sugerem limitações, mas nós escolhemos se elas vão nos definir ou não. É preciso encontrar a identidade na eficiência da coragem, sabendo que tudo é possível ao que crê.” Isabelle Hoffmann “Acredito que cada pessoa deve ser ela mesma. Não deixar ninguém defini-la. Pois cada um sabe exatamente quem é. Então, permaneça fiel a quem você é.” Jaqueline Galdino “Incluir não é simplesmente dar opções para um deficiente, e sim, capacitá-lo para viver dia a dia com pessoas normais.”

Laís Bianquini “Às vezes, pensamos que temos problemas, até nos deparamos com pessoas com dificuldades reais, que lutam para garantir seu lugar no mundo, só assim aprendemos a dar valor na vida”

dos recursos legais, benefícios e atitudes que os contemplam.

Desejamos que você, leitor, aproveite e reflita sobre as questões

aqui abordadas. Desejamos que ligue sua vida e conecte a com a do próximo, pois viver em sociedade é interagir.

Pedro Cardoso “Aprendi que a vontade de viver é a força mais poderosa da natureza.”

Willy Delvalle “As pessoas vão muito além de traumas, doenças e quaisquer circunstâncias. Elas têm uma história.”

Aperte o “ligar”,

Equipe SUPERAÇÃO Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Reitor: Dr. Julio Cezar Durigan Vice-reitora: Dra. Marilza Vieira Cunha Rudge

Conte sua história. Mande suas opiniões.

Converse com a gente! facebook.com/superacao @superacao superacao@sa.com.br

Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – FAAC Diretor: Dr. Nilson Ghirardello Vice-diretor: Dr. Marcelo Carbone Carneiro Departamento de Comunicação Social Chefe: Dr. Juarez Tadeu de Paula Xavier Vice-chefe: Dr. Angelo Sottovia Aranha Curso de Jornalismo Coordenador: Dr. Francisco Rolfsen Belda Vice-coordenadora: Dra. Suely Maciel Planejamento Gráfico Editorial II Professores: Dr. Francisco Rolfsen Belda e Tássia Zanini Jornalismo Impresso II Professor e Jornalista Responsável: Dr. Angelo Sottovia Aranha (MTB 12.870)

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ÍNDICE ÍNDICE

LEIS (pág. 4) DICAS CULTURAIS (pág. 12)

AIDS (pág. 4)

ESPORTE (pág. 11)

DEFICIÊNCIA FÍSICA (pág. 5)

TECNOLOGIA (pág. 10)

PERFIS (pág. 6 - 7)

ENTREVISTA (pág. 10)

Imagem: Reprodução/Internet

PROJETO SOCIAL (pág. 9)

REABILITAÇÃO SOCIAL (pág. 8)

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Dois benefícios e uma super ação

Os benefícios fiscais que a empresa recebe ao contratar uma PPD e os seus direitos assegurados por lei Por Francielle Kuamoto

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introdução de pessoas portadoras de deficiência (PPD) no mercado de trabalho mostra-se fundamental para a inclusão social. A deficiência, dependendo do nível de gravidade, não pode ser taxada preconceituosamente como inútil para o mercado. No Brasil, essa inserção é assegurada por meio da lei, existindo uma porcentagem específica de contratação obrigatória por empresa. Hoje, existe também benefícios fiscais para tais empresas, incentivando a admissão das PPDs nos diversos cargos disponíveis. A “lei cotas para Deficientes e Pessoas com Deficiência”; ela dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência e toma providências pela contratação de portadores de necessidades especiais por empresas brasileiras. O Artigo 93 da lei diz que a empresa com 100 ou mais funcionários está obrigada a preencher de dois a cinco por cento dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas

portadoras de deficiência. O projeto de Lei que diminui o Imposto de Renda (IR) de empresas que empregam PPDs foi aprovada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado a menos de um ano. O autor do projeto é o senador Mário Couto (PSDB-PA), que argumenta que as empresas enfrentam dificuldades “quase intransponíveis” para seguir a política de cotas.

“Negar a alguém emprego ou trabalho, sem justa causa e por motivo derivado de sua deficiência, constitui crime, punível com reclusão de um a quatro anos e multa” O maior objetivo era trocar a punição das constantes multas aplicadas pela fiscalização trabalhista por mecanismos de incentivo econômico que façam da empregabilidade de PPDs algo lucrativo. A advogada Margareth Mitie Hashimo-

to diz que “negar a alguém emprego ou trabalho, sem justa causa e por motivo derivado de sua deficiência, constitui crime, punível com reclusão de um a quatro anos e multa”. Existem, hoje, grupos que ajudam e orientam PPDs a encontrar as tais vagas, disponibilizando informações online através das redes sociais como o Facebook e o Twitter. A Deficiente Online (www.deficienteonline.com.br) é uma empresa especializada e possui o maior Banco de Currículos de Deficientes do Brasil. Sua missão é ser a melhor ferramenta de disponibilização de currículos, com informações sobre a qualificação profissional e educacional para trabalhar as habilidades e competências dos Profissionais com deficiência. Ela compartilha essas informações com empresas que buscam novos talentos e potencial humano na diversidade, também auxiliando as empresas na adequação a Lei. Denise Melo, de Varginhas (MG), é portadora de deficiência e diz que “infelizmente, no interior de minas, as empresas não obedecem à estas cotas. Muitas nem sabem que existem”. Ela acrescenta

que as empresas só observam a idade do concorrente. Denise está desempregada há quatro meses e diz ter feito o seu cadastro no site do Deficiente Online, entretanto, ainda não teve retorno. Os benefícios fiscais apresentados por lei são reais, entretanto o nosso mecanismo industrial que inclui o deficiente no processo de contratação parece não cumprir tais obrigações. As dificuldades para as PPDs ainda são grandes e exige maior engajamento e comprometimento para introduzi-los à sociedade e ao mercado de trabalho.

Imagem: Reprodução/Internet

Aids, o início de uma nova etapa da vida

A primeira forma de combater o preconceito é se aceitar frente às novas condições Por Andrey Donizete

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Imagem: Reprodução/Internet

IV é a sigla em inglês do vírus que causa a Imunodeficiência Humana. Aids é o estágio mais avançado da doença. Muitas pessoas podem ter o HIV, mas não manifestar aids. Transmitido por relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou pela gestação e amamentação, o vírus da doença ataca o sistema imunológico humano.

O preconceito moral é um dos principais estigmas que o soropositivo pode encontrar

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Segundo o último Boletim Epidemiológico, desde o início da epidemia, em 1980 até 2012, ano de realização da pesquisa, o Brasil possui 656.701 casos de aids registrados. A aids é uma doença que não tem cura, no entanto, é fundamental saber que o tratamento existe. Ele é realizado a base de coquetéis que o soropositivo precisa ingerir regularmente. Há, no entanto, um aspecto que ronda e amedronta os soropositivos; o preconceito moral. Muitas vezes taxados de promíscuos e “sujos”, eles podem se isolar da sociedade, possuindo uma vida solitária, vivendo longe dos amigos e dos familiares. Os soropositivos são, antes de tudo, seres humanos como outros quaisquer, possuem deveres, direitos e cidadania. Eleusa Gallo Rosenburg, psicóloga e pós doutoranda de políticas públicas em saúde sexual e reprodutiva, destaca que, para combater essa solidão, é muito importante “o indivíduo sentir-se inserido nas atividades da comunidade, ter empregabilidade, podendo sentir-se um indivíduo produtivo, respeitado e cidadão”. Em 1989, profissionais da saúde e membros da sociedade civil criaram a Declaração dos Direitos Fundamentais da Pessoa Portadora do Vírus da Aids. O documento foi aprovado no Encontro

Nacional de ONGs que Trabalham com Aids (ENONG), em Porto Alegre no Rio Grande do Sul. Eleusa ressalta que a Psicilogia tem um importante papel no tratamento dos soropositivos e de que “a função do psicólogo clínico é auxiliar no processo interno deste paciente, descobrir potencialidades e enfrentar os problemas a partir do que o paciente traz consigo próprio”.

Auto-conhecimento A conscientização individual e posterior aceitação pode, e deve, ser considerada o pontapé inicial para o tratamento. Posteriormente a essa etapa, surge uma nova fase em que os objetivos são prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida dos soropositivos, por meio da redução da carga viral e então reconstituição do sistema imunológico. Além de não se levar por esse preconceito moral que sofre, é preciso que o soropositivo entenda sua atual situação e se autoaceite. Márcia Pereira da Silva, coordenadora da Sociedade de Apoio a Pessoa com Aids de Bauru (SAPAB), diz que essa é uma parte fundamental do

tratamento; “Existem algumas etapas importantes para a pessoa vivendo com aids iniciar o seu tratamento, primeiro ela conhecer a sorologia dela e se entender nessa nova condição de vida. Não é o fim da vida dela. Ela não tem, daqui para frente, o resto da vida, mas sim toda uma vida.”. A informação é uma das armas de combate ao preconceito existente. Inúmeras campanhas são feitas pelo governo brasileiro com a finalidade de conscientizar a população sobre a patologia, sua transmissão, prevenção e tratamento. Segundo Márcia não se trata de preconceito, mas sim, de discriminação, pois “não é por falta de informação, uma vez que a informação está aí. O pré-conceito é a falta de informação. Não é preconceito, é discriminação. E como o prórprio nome já diz, discrimnação é crime.”. Muito se diz e se esteriotipa sobre os portadoras do vírus HIV. Embasados pela Legislação, eles, e todos nós, podemos lutar contra esse preconceito. Como diz Márcia, “A maioria das pessoas acredita que a aids está para todos os outros, e não para elas. Porém, a aids está para todos.”. Somente a partir do momento que as pessoas se conscientizarem é que teremos uma sociedade mais fraternal e acolhedora.


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Reabilitação e superação

Profissionais e pacientes que não desistiram de lutar O portador

Imagem: Arquivo/ADEFILP

Eduardo Jannone da Silva, 36 anos, é advogado e faz parte da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência de Bauru. Em feveiro de 2003, na época estava com 26 anos, sofreu um acidente em que o carro em que estava quando viajava para pestar um Concurso Público na cidade de Campo Grande/ MS, caiu em um buraco na pista e capotou, resultando em sua deficiência física, a tetraplegia.

Atletas da ADEFILP participando de uma competição na cidade de São Carlos

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eabilitação, de acordo com o Programa Mundial para Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidades, ONU, “é um processo de duração limitada e com o objetivo definido, com vista a permitir que uma pessoa com deficiência alcance o nível físico, mental e/ou social funcional ótimo, proporcionando-lhe assim os meios de modificar a sua própria vida. Pode compreender medidas com vista a compensar a perda de uma função ou uma limitação funcional, como ajudas técnicas e outras medidas para facilitar ajustes ou reajustes sociais”. A reabilitação está associada a um conceito mais amplo de saúde, incorporando o bem-estar físico, psíquico e social a que todos os indivíduos têm direito.

Entendendo a reabilitação A reabilitação teve um grande impulso e desenvolvimento no século XX, sobretudo no período posterior às grandes catástrofes mundiais, como foram as grandes guerras. Foram, então, atribuídos aos governos os custos econômicos, familiares e sociais decorrentes das lesões e sequelas dos seus cidadãos e exigidas medidas de reparação e integração. Atualmente, a melhoria das condições de vida, os avanços médico-cirúrgicos, a promoção e a genera- lização dos cuidados de saúde levaram ao aumento no sucesso desse método de tratamento, permitindo a melhoria de vida para um elevado número de deficientes, vítimas de acidentes de trânsito, de trabalho, de doenças cardiovasculares, salvar crianças com graves sequelas neurológicas lesões derivadas da gestação e do parto, e outras lesões. Assim, a reabilitação constitui um trabalho integrado de diferentes profissionais, onde estes devem estabelecer

uma estratégia com objetivos comuns e desenvolver ações conjuntas. Interessa, por isso, à maioria das áreas médicas, particularmente quando estão em causa situações potencialmente incapacitantes.

O fisioterapeuta Michele Andrade Pignatari, 29, é coordenadora da área de fisioterapia na ADEFILP – Associação de Deficientes Físicos de Lençóis Paulista – onde trabalha na reabilitação e superação no dia-a-dia dos pacientes e formação de atletas, estimulando-os a encontrar o limite do próprio corpo, além da tentativa de proporcionar uma maior independência possível na vida de cada um. Michele conta que escolheu a fisioterapia por ser uma área onde pode ajudar nas necessidades de cada paciente, onde cada gesto, cada conquista pode ser o ‘algo mais’ na vida dele, se transformando em uma gratificação enorme para ela. A relação com o paciente também se estreita durante o tratamento. “Acaba se transformando em uma ligação maior do que a de profissional-paciente. Ambos precisam se entender e se ajudar. Dificuldades, aceitação, superação, evolução sendo partilhadas para a reabilitação ser possível”, declara. Alguns casos acabam se tornando mais difíceis e marcam a memória da fisioterapeuta, como o de um paciente recente que, após sofrer um acidente, estava internado na UTI, com traqueostomia, desacreditado pelo médico dizendo que ele não poderia mais andar ou ter uma vida útil. Após iniciar a fisioterapia em cadeira de rodas, “após 10 meses de tratamento, o paciente consegue andar sem auxílio, com a traqueostomia fechada. Uma superação linda!”, conta Michele, feliz pelo resultado positivo depois de muito sacrifício.

“Creio que, com o passar dos anos, eu fui assimilando/desvendando como é ser pessoa com deficiência em nosso país. Certamente, por vezes não é uma tarefa fácil. Contudo, acredito que o pior preconceito é o atitudinal. Quando me deparo com tais situações, busco tentar levar o sujeito a pensar se ele está agindo da melhor forma. E o melhor exercício para isso, no meu entender, é quando buscamos imaginar “sentir na pele” o que o outro sente. Isso faz com que repensemos os nossos atos e juízos.”

Por que decidiu integrar a Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência? Qual o seu papel ali dentro? “Minha principal função, em conjunto com meus Colegas Membros, é buscar colaborar na efetivação de direitos das pessoas de nosso município, que não estejam sendo respeitados. E, como advogado de formação, estou convencido que a Ordem dos Advogados do Brasil é uma das Instituições Brasileiras que, O senhor faz fisioterapia ou reabilita- desde sempre, luta pela consolidação e efetivação dos direitos fundamentais, goção? “Mesmo após quase 11 anos de lesão, zando sempre do mais elevado respeito e digo que permaneço realizando acom- reconhecimento por parte da sociedade. panhamentos médicos periódicos, bem Trabalhar em uma Comissão Temática da OAB é buscar batalhar por fazer algo como realizando terapias.” mais à comunidade, aproximando os suQuais fatores psicológicos ajudam e jeitos de seus direitos, tornando-os mais “alcançáveis”.” quais atrapalham no convívio social? “Aprendi que, para ser possível encarar tudo com mais leveza, necessário se faz Qual seria, em sua opinião, a primeiassimilar quais são suas limitações im- ra coisa que deveria ser feita na cidade postas pela deficiência e concluir que sua para melhoria do atendimento aos devida não terminou em razão disso! Com ficientes? certeza, as opções de convívio social “Na minha opinião, a primeira coisa que postas à nossa disposição dependerão, deveria ser feita na cidade para melhorar preliminarmente, do quanto me disponho o atendimento às Pessoas com Deficipara exercitar tais práticas. Vencida essa ência seria a idealização e criação, pelo etapa, existirão meios e pessoas viabili- Poder Público Municipal, de políticas zando o incremento ou retomada de seu públicas que atendessem as demandas das Pessoas com Deficiência não de forconvívio social.” ma parcial (como, aliás e infelizmente, Como lida com o preconceito das pes- também ocorre com os Estados e com a União).”. soas? Qual foi a maior dificuldade que enfrentou por conta da deficiência? “As maiores dificuldades por mim enfrentadas, em razão da deficiência física, consistiram, sem sombras de dúvidas, nas inúmeras adequações/adaptações que necessitei realizar para viabilizar a manutenção das minhas atividades de vida diária. Conciliar reabilitação com tudo mais que uma pessoa ativa, de 26 anos, faz é um difícil desafio!”

Eduarno não deixou que a deficiência o impedisse de trabalhar com o que gosta.

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Imagem: Neide Carlos

Por Isabelle Hoffmann


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etícia é uma jovem que trauma de hospitais. Letícia é uma jovem que sonha em gerir hospitais. Num primeiro momento, pode parecer uma contradição. Mas, é o que colocou Letícia num caminho que, a partir de um dia, ela começou a trilhar. Esse dia era dezoito de junho de dois mil e oito. Letícia estava com a família, voltando de Monte Santo (MG) para Bauru (SP), depois que a irmã havia prestado vestibular na cidade. Era noite. Numa mão da pista, estavam eles. Na outra, um caminhão e uma caminhonete. De repente, sua mãe ouviu: “ vai bater”. E bateu. Foi uma colisão frontal com a caminhonete, cujo motorista, alcoolizado, tentou ultrapassar o caminhão. No carro em que ele estava, todos morreram. Estavam com ele uma jovem de 17 anos e outra de 13. No carro da família de Letícia, ela foi quem mais se feriu, pois estava sem cinto de segurança: “meu pai (policial) levou a vida inteira lutando pra que as pessoas usassem cinto e quando a gente estava indo, ele disse ‘vamos, vamos, cinto, cinto, cinto’. E eu odeio calor. E aí eu pus o cinto. Só que, na volta, estava tarde e eu queria dormir. Eu não pus o cinto e eles não lembraram porque, poxa, eles já tinham falado pra mim o dia inteiro pra por cinto”. Ela fraturou a bacia e o fêmur. Desacordada, foi levada para o Hospital de Base, em Bauru, onde o trauma por hospitais começaria. Primeiro, veio uma infecção hospitalar, que foi mal diagnosticada. Depois, antibióticos tão fortes, que segundo conta, prejudicariam sua recuperação em casa. “O HB era um hospital muito ruim. Não sei como ele está hoje. Mas em compensação, entre muitos enfermeiros ruins, eu encontrei um ou dois bons. Tinha um médico muito bom, que foi o que fez minha cirurgia do fêmur. Mas, mesmo assim o que mais marca a gente nunca é o bom. É o ruim”, analisa.

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elder era funcionário de uma empresa de embalagens na cidade de Penápolis (SP). De lá, foi tentar a vida em São Paulo, onde se tornou diretor de transporte público da cidade. Você vai descobrir como esse Coronel nunca para, mesmo diante do câncer de próstata. Helder Pereira nasceu em Herculândia (SP) no ano de 1950. Aos quatro anos, perdeu a mãe e, então, teve que ir morar com parentes em Penápolis. Lá, ele viveu até seus vinte anos, quando decidiu deixar a cidade para tentar um sonho na capital. Ele prestou seus primeiros vestibulares; um para a Força Pública, o outro para a Aeronáutica. Foi reprovado. No ano seguinte, lá estava o jovem Helder, tentando tornar realidade o sonho de ser policial. Dessa vez, ele conseguiu. Era o ano de 1971 quando deu seu primeiro passo na Academia da Polícia Militar do Barro Branco. Começava ali uma carreira que duraria quase trinta anos. Nesse tempo, Helder alcançou patentes cada vez mais altas. Foi Primeiro Tenente, Capitão, Tenente até chegar a Coronel. A cada nova patente, uma nova cidade. A primeira foi Araçatuba. A segunda, Bauru. Depois, Sorocaba e, então, Presidente Prudente. Meses depois, era a vez da capital. Numa de suas voltas a Penápolis, Helder conheceu Ivone, com quem se casou e teve três filhos, os quais acompanharam, mesmo que à distância, grande parte desses deslocamentos. Em 2003, veio a aposentadoria, mas Helder não parou de trabalhar. Muito pelo contrário: trabalhou mais do que nunca! Ao se aposentar, assumiu o cargo de diretor-presidente na Associação de Plano de Saúde da Polícia, a APAS. Além disso, montou junto à família uma empresa de caçambas, a Bauru Caçambas e, simultaneamente!, integrou a JARI (Junta de Julgamento de Recursos de Trânsito). Esse período, Helder descreve com uma frase: “eu vivi assoberbado”. Entretanto, não era nada que o fizesse recusar um convite e tanto, que viria do então prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab. Era 2010 e a proposta era assumir a direção de transporte público da cidade, o que significava coordenar mais de trinta e quatro mil taxis, e mais milhares de outros tipos de transporte de fretamento, públicos e privados. A família de Helder ficou em Bauru enquanto ele foi pra São Paulo. Na função que assumiu, encontrou uma série de desafios, como a cultura de corrupção na distribuição de licenças

Por Willy Delvalle

Faziam até corrida de cadeira de rodas comigo. Eles achavam divertido e eu também

Por Willy Delvalle

movida movida pela pela contradição contradição

Imagem: Willy Delvalle

o homem do movimento

Letícia Letícia,,

Você passa a entender melhor as dores das pessoas, suas queixas

Helder,

para funcionamento de táxis, além de muita burocracia, pressão da mídia e o dever de lidar com tudo isso ao rigor do jeito Helder de ser. Com a disciplina, a capacidade de gerir pessoas e a noção de coorporativismo que adquiriu ao longo da carreira de policial militar, Helder se destacou no cargo. Para conceder licenças a novos taxistas, o que, ilegalmente era feito passando-se a licença de pai para filho, Helder implantou um sistema diferente de sorteio de números. E ele não aconteceria em São Paulo, mas em Brasília. Seria o sorteio da loteria federal. Os números escolhidos diriam para quem seria concedido o alvará (a licença) do táxi. “Era uma função difícil, mas um excelente aprendizado”, analisa. 2013 chegou e, com a mudança de prefeito, Helder retornou a Bauru para viver com a família. Agora, o sossego finalmente chegaria, não fosse uma marca que, para ele, São Paulo lhe deixou: o câncer: “Eu estava lendo um dia desses que X% do câncer vem da genética, Y% de alimentação e 50% de estresse e São Paulo judiou muito na parte de estresse e na parte de alimentação. Tem dia que você não almoça, tem dia que você come num lugar, tem dia que você come no outro. Tem dia que você não janta direito. Tem dia que você tá preocupado que vão te questionar por que tá acontecendo aquilo... tudo isso é desgastante”, desabafa Helder. A descoberta veio em junho, depois de uma homenagem do Corpo da Polícia Militar por sua trajetória. Helder demorou a fazer o exame de toque. Segundo ele, isso não aconteceu por preconceito, mas por medo: “medo de médico. A minha tese é de que cada vez que você procura um, ele te acha um defeito”. O resultado foi que o câncer atingiu um nível intermediário. A decisão sobre a que tratamento recorrer colocou Helder num verdadeiro dilema. A filha gostaria que ele fizesse o tratamento em Curitiba. Só que depois de conversas com médicos e muitos palpites, Helder decidiu se tratar em Bauru. Segundo ele, a família foi seu parâmetro: “Eu tenho que tomar uma decisão sabendo que no futuro a família pode me dizer ‘olha, você tomou a decisão errada’. Para o apoio da família, Helder dá nota dez. Para o medo, ele admite que é um três: “medo da decisão errada, das consequências, de ficar numa cama, dar trabalho pra esposa e os filhos ficarem sofrendo. Eu não tenho medo da morte, mas do processo dela”. Helder não vê o câncer hoje pelo qual passa com pessimismo, mas como aprendizado: “você passa a entender melhor as dores das pessoas, suas queixas. Ele já trouxe uma reflexão, um aspecto de sentimentos em relação às pessoas”. Esse homem que nunca para e que sempre se desloca, não parou, e a essa hora já decolou. Ele e a família foram conhecer a ilha de Malta, onde a filha caçula vai passar os próximos meses.


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Moisés,

uma vida maior que a morte Por Isabela Ribeiro

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paralisia infantil é um segundo nome dado à poliomelite, uma doença contagiosa causada pelo poliovírus, que ataca neurônios motores e células, podendo causar paralisia de um dos membros inferiores ou, em casos mais graves, a morte. A doença não tem cura, e com certeza paralisou a vida de muitas pessoas, mas não a do menino Moisés, dono de uma fé enraizada e da convicção de quem ele era, apesar daquilo que poderia ser, mas não foi uma limitação. Nascido em uma família cristã protestante no dia 07 de maio de 1962, em Muzungu, uma fazenda do interior de Campos-RJ, Moisés Duarte Neves era o penúltimo dos 12 filhos do seu Gediel e da Dona Arlinda. Certo dia, Dona Arlinda percebeu que o pequeno Moisés estava gripado e com febre. Era o dia nacional da vacinação contra a poliomelite. Ela o levaria para tomar a vacina, mas resolveu deixá-lo em casa com os outros irmãos que já não precisavam da medicação. Alguns meses depois, quando Moisés estava com 1 ano e 10 meses, Arlinda estendia roupas no varal quando ele veio correndo, tropeçou e caiu. Com dificuldades para se levantar o menino pediu ajuda à mãe, que pensou que ele estava fazendo drama. Diante das lágrimas de dor do pequeno, dona Arlinda percebeu que algo estava errado, o pegou no colo e chamou o médico. Moisés estava com poliomelite. Deste dia em diante grande foi a luta pela vida do nosso herói. Cirurgias, viagens, tratamentos, e um esforço coletivo da família para auxilia-lo em sua locomoção. Como se não bastassem os novos desafios, certa noite, quando Moisés tinha apenas 5 anos, seu Gediel voltava para casa depois do trabalho e perdeu o controle do trator que dirigia. O veículo virou em cima dele, que morreu na hora. Dona Arlinda estava sozinha. O corpo de Moisés foi crescendo, mas a perna direita não se desenvolvia. As viagens ao Rio de Janeiro em busca de um tratamento mais eficaz se tornaram rotina. Muitas foram as cirurgias e estadias no hospital. Ele teria que colocar um aparelho na perna e aprender a andar de muletas, que mais tarde seriam substituídas por uma bengala. A adolescência chegou, e com ela as dúvidas e o preconceito. Os olhares das

pessoas já começavam a machucar Moisés, colocando em cheque seus sonhos e seu valor. O jovem já não sabia se poderia cursar uma faculdade, jogar futebol, ter esposa e filhos. Não sabia nem se poderia servir a Deus em missões, algo que sempre ardeu em seu coração. Muitas meninas o rejeitaram, o Exército Brasileiro o dispensou. Mas os medos não impediram que ele lutasse. Moisés se adaptou ao aparelho. Subia em árvores, telhados, caminhava, jogava vôlei, e adorava nadar. Ele era sonhador! Quis ser presidente da República. Cursou eletrônica no segundo grau e era muito inteligente. Em 1979, participou de uma escola de evangelismo da JOCUM (Jovens Com Uma Missão), uma organização cristã missionária da qual uma de suas irmãs participava em Contagem-MG. Moisés quis ser um missionário, mas não sabia se seria aceito por conta de suas “limitações”. Mais tarde se tornou estagiário na Petrobrás. Chegou a se inscrever no vestibular de medicina, mas desistiu de fazer a prova pois a vontade de ser missionário era maior. Enfim Moisés deixou tudo e em 1982, com apenas 20 anos, foi para Porto Alegre-RS participar de outra escola da JOCUM, dessa vez para ficar. Por muito tempo foi uma espécie de office-boy da Missão, tendo que andar 6 Km quase todos os dias até a rodovia, junto com sua bengala, para pegar o ônibus que o levava até a cidade. Ele não reclamava de nada, nunca. Era muito grato por ter sido aceito e por poder servir as pessoas. Com o passar do tempo ele começou a liderar muitas equipes de evangelismo, de trabalhos braçais, a fazer muitas viagens e a liderar também acampamentos de adolescentes. Ele tinha paixão pela nova geração. Durante este período conheceu Márcia, um moça meiga e tímida que conquistou seu coração. Depois de muitos

nãos, Moisés finalmente recebeu um sim e realizou um de seus maiores sonhos. Moisés e Márcia se casaram e tiveram cinco filhas. Um tempo depois, o casal conheceu um ministério da JOCUM chamado King’s Kids, o qual realiza trabalhos com jovens e crianças, geralmente para proporcionar a eles uma experiência missionária a curto prazo. King’s Kids nasceu no Hawaii, mas seus fundadores desejavam expandir o trabalho em outros países. Moisés e Márcia decidiram então realizar um acampamento de King’s Kids no Brasil em 1989. A partir de então, o ministério se tornou parte de suas vidas, se expandindo por todo o país e fazendo de Moisés provavelmente o maior mobilizador de crianças e adolescentes do Brasil, fazendo-os entender o seu valor pessoal, o propósito de suas vidas e conhecer o amor de Deus, que para ele sempre foi a razão de sua superação. Eu conheci Moisés. Uma semana antes dele nos deixar. No ano de 2008, quando era apenas uma adolescente, participei de um acampamento de King’s Kids em Pitangui-MG, onde ele morou por muitos anos com a família, e estive por 15 dias com o homem mais acessível, grato e bom que já conheci. Uma semana depois do fim do acampamento recebi a notícia de que ele havia sofrido um acidente de carro. Alguns dias depois, o tio Moisés, como era conhecido, nos deixou. Seu cortejo foi o maior já visto na cidade onde morava. Vieram pessoas de muitas cidades e países para dar o último adeus. A dor ainda é presente, mas uma coisa é certa: sua morte não foi maior que sua vida. O pouco tempo que o passou entre nós foi suficiente para mostrar a todos que o que o definia não era sua deficiência, mas a eficiência de sua fé, o que fez dele um exemplo de coragem, superação e integridade.

Imagem: Arquivo Pessoal/Reprodução

A recuperação de Letícia deveria acontecer em quatro meses, nos quais ela teria que passar boa parte sobre uma cadeira de rodas. Ela reconhece que sua reação foi péssima: “eu sou apressada, ansiosa. Eu quero tudo pra ontem. E eu não aguentava esperar. Eu achava contraditório o que o médico falava. Então, eu fui e tentei”. Só que Letícia tentava até demais, como quando fechou a porta do quarto e levantou da cadeira de rodas: “eu quase caí pra trás, meu pai me segurou”, recorda. Para ajudá-la, os amigos deram uma força. Eles a levavam para passear no shopping, mas não qualquer tipo de passeio: “faziam até corrida de cadeira de rodas comigo. Eles achavam divertido e eu também”. Sua maior preocupação não era a saúde: “com o tempo eu fui me arrumando. Eu tinha um calombo aqui na testa e aí eu escondia com a franja. Era, na verdade, mais a aparência do que algo grave”. Mas, foi com sua aparência que ela aprendeu muito com as pessoas que a ajudaram e com as pessoas que, ao vê-la como tal, deram-lhe as costas. Do acidente, Letícia só tem flashes. Contudo, foi o suficiente pra mudar muita coisa na sua forma de ser e agir. Como graduação, ela escolheu Relações Públicas, onde se formou recentemente pela PUC-PR. Quando estava no segundo ano da faculdade, uma vaga de estágio havia surgido. E adivinhe onde: num hospital. Intrigou o Letícia o fato de que “minha mãe não sabia nem o que era relações públicas e, de repente, pergunta: ‘por que você não tenta trabalhar num hospital?’ Eu tinha dito pra ela que a vaga tinha sido encerrada. Mas, então, eu fui lá tentar. Tinha passado uma filha de um médico, por indicação. Não deu uma semana e ela desistiu da vaga. Então, me escolheram”. O hospital é uma referência latinoamericana de tratamento do câncer e lá Letícia iniciou um trabalho como voluntária. Ela era um palhaço que animava crianças e adolescentes. Palhaço que conheceu histórias como a de garoto de 15 anos, ao qual se apegou. Entretanto, com o passar o tempo, o garoto começou a não responder mais aos tratamentos. Então, começou a me dar aquela preguiça de ir e visitar os pacientes. Hoje eu penso que foi um mecanismo de autodefesa porque um tempo depois eu fiquei sabendo que aquele paciente morreu”. O palhaço, então, se entristeceu e abandonou o projeto. Contudo, por causa do trabalho que Letícia desenvolveu com o grupo “Anjos”, ela recebe ligações de pais até hoje. Todas experiências que fizeram um sonho nascer: “Trabalhar em hospital e fazer trabalho voluntário. Eu penso muito em fazer trabalho voluntário. Até fora do país”, revela. O sonho pode estar mais perto do que nunca. Um curso de gestão, ela já começou a buscar. O exterior, também. Agora, ela vai passar quatro meses na ilha de Malta, para aperfeiçoar seu inglês. A ideia de ir pra longe buscar um sonho te lembra alguém? Helder? Não é coincidência. Helder e Letícia são pai e filha.

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Reaprendendo a viver Voltar a uma vida em comunidade pode causar traumas e anseio por reclusão Por Laís Bianquini

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ecuperação, ressocialização, readaptação, reinserção, reeducação social, reabilitação de um modo geral são sinônimos que dizem respeito ao conjunto de atributos que permitem ao indivíduo tornar-se útil a si mesmo, a sua família e à sociedade. Há várias situações em que um indivíduo tem dificuldades de enfrentar esses processos, como uma depressão, em que a pessoa tem dificuldades na hora de se inserir no meio em que vive ou após ter cumprido regime penal. Esses dois temas são bastante polêmicos e ainda não conseguem ser tratados com a devida seriedade que precisam ser encarados. A pessoa que passa por isso, deve ter um acompanhamento psicológico e passar por uma série de tratamentos.

e até de se relacionar com as pessoas. Isso pode ser muito traumático, e como muitas vezes, eles são vistos com maus olhos pela sociedade e até por parte dos familiares, encontram-se em uma encruzilhada sem saída. A. S. S. cumpre pena há três anos, e afirma ter preocupações a esse respeito, “Sei que vai ser difícil, é complicado dar emprego pra ex-presidiário, existe preconceito e ninguém quer saber se foi justa ou não sua prisão. Só de você estar lá, na cadeia, alguém que assaltou uma padaria, é igualado ao maior traficante do morro. Detento é tudo igual pra quem está aqui fora.” Uma forma de estimular o bom comportamento dos detentos é através do estudo e trabalho para redução da pena. De acordo com a legislação, cada três dias

mana, sendo frequente e relativamente normativo. Ela acontece por uma causa concreta, pode ser o final de uma relação, a perda de um ente querido, ser demitido do trabalho, entre outras situações. Porém, todas são causas específicas que geram uma dor momentânea, mas que passa com o tempo. Em geral, em até dois meses.

“A depressão, ao contrário da tristeza, não tem um prazo para chegar ao fim. O ideal é procurar uma terapia ou algum médico psiquiatra para se curar dela”

Recuperação de ex-detentos No Brasil, as penitenciárias se encontram em um estado preocupante onde faltam, muitas vezes, as condições mínimas necessárias para se tratar da recuperação de seus detentos. Isso faz com que muitos, depois de cumprirem suas penas, se sintam “jogados” de volta para um mundo, no qual eles se desacostumaram a viver. No código brasileiro de lei, no artigo primeiro da Lei de Execução Penal está determinado que: “Art 1º- Execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.” Portanto, de acordo com esse artigo percebe-se a dupla finalidade da execução penal, que seria não só dar sentido e efetivação ao cumprimento da pena decidida criminalmente, mas também dar ao apenado condições efetivas para que ele consiga aderir novamente ao meio social. Essa reinserção é muito importante, pois tem como objetivo a humanização da passagem do detento da instituição carcerária à vida em sociedade, sem que haja traumas, que possam fazer com que o crime volte a ser uma opção na vida dessa pessoa.

“De acordo com a legislação, cada três dias de trabalho podem resultar em um dia a menos de pena”

Pessoas que passam muito tempo reclusas da sociedade podem ter dificuldade de se adaptar e precisam de ajuda www.fabishimabukuro.blogspot.com.br

de trabalho podem resultar em um dia a menos de pena. Desde 2011, o abatimento também pode ser obtido com 12 horas de estudo, divididas em três dias. A. S. S. trabalha há seis meses no presídio que cumpre pena. Ele deve conseguir sua liberdade até 2016, se não fosse isso, ficaria até 2019. Presidiários em geral, encaram isso como um estímulo, pois é uma forma de distração para o dia a dia. Eles podem interagir com outras pessoas, em um ambiente melhor que suas celas, e ter uma rotina que se aproxima da vida que tinham antes de serem presos, além de serem melhores vistos pelas empresas aqui fora na hora de uma contratação.

Vida após a depressão Quando voltam para suas vidas normais, ex-detentos encontram dificuldaTristeza é um sentimento muito codes em conseguir trabalho, se readaptar a uma rotina, viver em comunidade mum, e, que faz parte da condição hu-

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Já a depressão é um assunto mais sério. É uma sensação de tristeza, impotência, inadequação, desânimo, falta de coragem, falta de concentração, sentimentos de insegurança, irritabilidade, desespero, insônia, sensação de incapacidade, entre outros sintomas. Eles surgem sem causa concreta. É um estado de espírito, um sentimento de frustração interno. “A depressão, ao contrário da tristeza, não tem um prazo para chegar ao fim. O ideal é procurar uma terapia ou algum médico psiquiatra para se curar dela” comenta a psicóloga Vanilda Alves Silveira Costa. Vanilda é psicoterapeuta e fundou um instituto filantrópico para a recuperação de pacientes de câncer e de suas famílias. Para ela, doenças como câncer e depressão exigem o tratamento não só da pessoa enferma, mas de toda a família, pois para a recuperação dessas doenças é essencial o apoio dos entes mais próximos.

A depressão é normalmente tratada com antidepressivos. O tratamento deve ser realizado considerando os aspectos biológicos, psicológicos e sociais do paciente. A prescrição profilática de antidepressivos irá depender da intensidade e frequência dos episódios depressivos. “Não há antidepressivo ideal, entretanto, atualmente existe uma disponibilidade grande de drogas atuando através de diferentes mecanismos de ação o que permite que, mesmo em depressões consideradas resistentes, o tratamento possa obter êxito”, comenta Vanilda. Muitos fatores distintos podem acarretar em depressão, por isso é necessário atenção àquelas pessoas desestimuladas a fazer atividades, que até então eram comuns em seu dia a dia, com dificuldade em se relacionar e que passam maior parte do tempo, isoladas. Essa enfermidade pode vir também, depois de um choque emocional ou alguma doença, como é o caso de Gustavo Diccine, atualmente com 23 anos, ele diz sempre ter se sentido depressivo, mas após ter passado por alguns problemas de saúde, sentiu-se pior. “Meu físico caiu junto ao meu psicológico. Eu tinha desmaios, tive crises de pânico, emocional extremamente desorganizado e por isso, resolvi procurar ajuda.” Algumas vezes a depressão é encarada de forma preconceituosa. Parte das pessoas não a encara como doença, e muitos acreditam que quem se encontra nessa situação consegue se recuperar sozinho. O que não é bem assim. “Acho que ninguém entendeu a amplitude dos meus problemas, ficaram preocupados, mas sinto que ninguém entende como realmente me senti.” diz Gustavo. Há diversas formas para se melhorar a autoestima que podem ajudar o paciente, isso depende de cada caso. Ele pode praticar atividades que o faça se sentir bem e estimulado. Esse foi o caso de Gustavo. “Encontrei a vontade de viver novamente na fotografia, pois ninguém vai entender seus motivos, entender o seu mundo. Busque apoio em algo que acredite ser forte na sua vida, seja isso um deus, uma pessoa, uma atividade. A vida é algo muito amplo pra se tentar entender, então desistir dela não é nem questão de covardia, mas sim de falta de curiosidade no dia de amanhã. Acredite que ainda pode existir algo que vale a pena pra se fazer, conhecer, amar e aproveitar.” Porém, o tratamento com um profissional é essencial para recuperação nesses casos. O paciente deve estar bem atento ao seu modo de viver, levando uma vida mais saudável, com exercícios físicos constantes, e uma alimentação saudável.


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Movidos pela esperança

Fazendas da Esperança auxiliam dependentes químicos a superarem os vícios

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rojetos sociais são organizados por pessoas ou grupos que visam auxiliar a sociedade em determinadas áreas. Existem diversos projetos sociais espalhados pelo Brasil, cada um com seu próprio objetivo e estratégia para manutenção, mas todos têm uma coisa em comum: o desejo de ajudar o próximo. Foi a partir desse desejo que o projeto Fazenda da Esperança surgiu na cidade de Guaratinguetá, no interior de São Paulo. Tudo começou em uma esquina da cidade, quando o morador Nelson Giovaneli, incentivado pelo frei Hans Stapel, fez contato com jovens consumidores e vendedores de drogas que se reuniam frequentemente próximo a sua residência. Era 1983.

“[Os] internos trabalham como voluntários na Obra depois de se recuperarem na Fazenda como forma de agradecimento” Pouco a pouco, Nelson foi conquistando a confiança daqueles jovens. A ideia para o projeto surgiu depois do pedido de auxílio que um dos jovens fez a Nelson, ele queria ajuda para superar sua dependência química. As mudanças no rapaz fez com que outros pedissem ajuda a Nelson e ao Frei Hans, que era pároco da igreja local desde 1979. Hans propôs a eles que trocassem seus encontros na esquina por reuniões na Igreja. Desse modo, as reuniões passaram a acontecer com frequência e a ideia de viverem juntos e trabalharem para manter a casa partiu dos próprios dependentes. Foi esse o início da Obra Social Nossa Senhora da Glória – Fazenda da Esperança que, com o apoio da Igreja Católica, se espalhou para várias regiões do Brasil e chegou até a Alemanha, terra natal do Frei Hans. A obra atende dependentes de drogas, de álcool e jovens envolvidos com a prostituição. Há atendimento para homens e mulheres, mas em unidades diferentes. O atendimento é feito por meio da internação, que tem prazo mínimo de um ano de duração. Os internos vivem em comunidade durante esse período, recuperando assim a habilidade para viver em sociedade e a autoestima. Para Jandiclê Rafael, que auxilia na Fazenda da Esperança de Piraju, o primeiro passo para a recuperação é a aceitação. “A aceita-

ção de que é um doente que contraiu essa doença e precisa para sempre viver em sobriedade, sem esquecer as ferramentas que absorveu na internação, é essencial para o tratamento”, afirma ele. O trabalho de recuperação não visa só os internos, mas também suas famílias, que são orientadas sobre a melhor forma de apoiar seus entes queridos na difícil tarefa de abandonar os vícios. A comunidade também é alertada por meio da Obra sobre os perigos das drogas e do álcool e o quanto o vício pode prejudicar uma vida. As pessoas que se recuperaram de seus vícios na Fazenda costumam auxiliar nesse trabalho de prevenção através de seus depoimentos e histórias de vida. Trabalhos de conscientização e a luta por mais recursos que possibilitem a ampliação do número de vagas são constantes entre os membros da Fazenda da Esperança. Segundo Olíndio Argamim Freitas Neto, 66 anos, que foi interno da Fazenda de setembro de 2007 a setembro de 2008 e se tornou voluntário a partir de 2009, a falta de vagas é um problema bastante comum. “De fato, essa realidade acontece. Sempre que atendo uma família e sabendo que não há vagas na unidade onde estou, procuro não desanimá-los apresentando a possibilidade de procurarem outra Unidade da Fazenda nesta região, ou em outro local mais próximo”, afirma. Assim como Olíndio, outros internos trabalham como voluntários na Obra depois de se recuperarem na Fazenda como forma de agradecimento ao que foi feito por eles e principalmente como uma forma de ajudar outras pessoas que passam por situações semelhantes as que eles conseguiram superar.

Comunidades Terapêuticas As unidades da Fazenda funcionam como comunidades terapêuticas, que buscam recuperar os dependentes químicos. No entanto, casos graves com alto grau de comprometimento psicológico e orgânico são encaminhados para outras instituições, pois em casos desse tipo a internação não é suficiente. Mesmo assim, cada unidade possui pelo menos um profissional (médico, psicólogo ou assistente social) que auxilia os internos na busca pela recuperação. Nas Fazendas, o tratamento é realizado por meio das internações. Os internos ficam hospedados em casas comuns que possuem no máximo quatro quartos com seis camas em cada um. O modelo terapêutico é uma forma de auxiliar os

Construção marca a esquina de Guaratinguetá que deu início ao projeto social Fazenda da Esperança indivíduos que já foram tão prejudicados por seus vícios, em diversos aspectos da vida, que chegam a um ponto crítico no qual não têm mais nada a perder e por isso diminuem suas resistências e aceitam melhor as mudanças. De acordo com o Programa Terapêutico da Fazenda da Esperança, que se baseia na definição do psiquiatra sul-africano Maxwell Jones para Comunidades Terapêuticas, estas seriam um “grupo de pessoas que se unem com um objetivo comum e que possuem uma forte motivação para provocar mudanças”.

“As unidades da Fazenda funcionam como comunidades terapêuticas, que buscam recuperar os dependentes químicos” O trabalho para recuperação possui três pilares como base: a espiritualidade, o convívio com comunidades semelhantes à família e a laborterapia. A última se refere aos trabalhos realizados pelos internos para se sustentarem durante a internação. Esses trabalhos são realizados sempre em grupo e são conseguidos por meio de pessoas e instituições que apoiam o projeto. Trabalhar para se sustentar é uma forma de aumentar a autoestima, se sentir útil e se readaptar a vida em sociedade. A readaptação é o maior objetivo da Fazenda da Esperança, cujo foco é a reinserção social. Para Olíndio, a maior dificuldade para a readaptação é a intolerância. “Quando uma pessoa passa pela internação na Fazenda da Esperança, ela aprende a viver um estilo de vida totalmente diferente do que lhe era real. Quando retorna ao seu lar e vida social, ela está vivendo de forma física e espiritual to-

talmente adversa à sua realidade anterior. Seus familiares e conhecidos continuam com o mesmo estilo de vida que tinham. Daí há certa intolerância de ambas as partes para se readaptarem”, argumenta. Jandiclê pensa parecido e acredita que o apoio da família é fundamental para a readaptação social, “Quando eles terminam o seu ano de recuperação, é a sua família que deverá mudar suas atitudes e comportamentos, pois muitos voltam e encontram as famílias desajustadas”. Para ajuda-los na readaptação social após o período de internação, os ex-dependentes químicos podem participar do Grupo Esperança Viva. Esse grupo existe em muitas cidades do país e costuma ser comandado por pessoas que se recuperaram na Fazenda da Esperança. O grupo é uma forma de continuar com o que foi aprendido durante a internação e se manter longe dos vícios, além de trabalhar com a prevenção e o auxílio a dependentes químicos e encaminhamento deles à Fazenda. Os encontros acontecem no terceiro domingo de cada mês e são abertos a todos.

CONTATOS http://www.fazenda.org.br Assessoria de imprensa Retorno à Vida (12) 3128-8900 retornoavida@fazenda.org.br Serviço Social (12) 3128-8800 dep.servsocial@fazenda.org.br Caixa postal: 529 CEP 12511-970 Guaratinguetá/SP

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Imagem: fazenda.org.br

Por Danielle Demarchi


especialfevereiro2014

Em busca de um amanhã

Após acidente, Julia Mendes passou por cirurgias e enxergou beleza em meio ao sofrimento

Imagem: Pedro Cardoso

Por Pedro Cardoso

Julia e suas irmãs não querem se desgrudar até na hora da foto

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dia 17 de outubro de 2009 foi um divisor de águas na vida da estudante de Artes Visuais, Julia Mendes de Oliveira. Na época, com 18 anos, sofreu um gravíssimo acidente que alteraria profundamente toda a sua percepção de vida. Uma história que poderia perfeitamente ser um roteiro de novela, e ela, Julia, a protagonista. Uma garota que não tinha uma boa relação com sua família e, após ter flertado com a morte, aprendeu a dar valor aos momentos mais singelos da vida. A seguir,

a entrevista em que a moça de 22 mais me atender se eu não procuanos conta como quase morreu e rasse um psiquiatra. Abandonei o tratamento. Depois do acidente resente que nasceu novamente. solvi procurar o tal psiquiatra Fui diagnosticada com Transtorno Bipolar.”. Como foi o acidente?

“Não. A menina que estava no banco de trás do carro me contou que o motorista foi internado por causa de drogas. Prestou socorro, mas se recusou a fazer o teste do bafômetro.”

Quem mais te auxiliou nesse período? “Minha família foi tudo! No hospital minha mãe se revezava com o meu pai para ficar comigo. Vários amigos do bar vinham me visitar em casa também. Quase todo Qual foi a gravidade do aciden- dia tinha alguém, e isso era minha diversão. Me traziam livros, filmes, te? “Quebrei os dois fêmures, as duas músicas, caixas de bombom.”. tíbias, tudo em quatro partes; minha bexiga também estourou. Passei Desenvolveu algum tipo de traupor 6 cirurgias. Eu sentia muita ma ou medo? dor, mas a felicidade de estar viva “Percebi que tenho certo receio em atravessar a rua. Na verdade, e inteira superava tudo.”. graças ao acidente, minhas crises Houve alguma espécie de acom- de transtorno diminuíram muito.”.

É possível retirar algo de positivo em meio a esse trágico incidente? “Sei que tudo isso é uma lição e sinto até necessidade de passar isso adiante. A relação com os meus pais melhorou incrivelmente depois do acidente. Eu quase não ligava para minhas irmãzinhas e hoje somos muito unidas.. Sofri bastante, mas pensava “como deve ser ficar numa cadeira de rodas para sempre?”. A vida é linda.. Temos que buscar nossos sonhos. Não sabemos o que vai ser do amanhã.”.

“Em 2009, eu e meu amigo estávamos andando, bêbados, e caímos na rodovia Raposo Tavares. Empurrei ele e me preparei para atravessar. Vi que ele estava caído no chão e tentei acenar para o carro parar. Apaguei.”.

Frequentou algum grupo de ajuda? “Não. Achamos que o psiquiatra panhamento psicológico? “Antes do acidente mesmo meus Você teve algum contato com a resolveria.”. pais me obrigaram a passar num pessoa que dirigia o veículo que psicólogo, que disse que não ia te atingiu?

Tecnologia em movimento

Mercado tecnológico desenvolve mecanismos para melhorar a vida de deficientes Por Andrey Donizete e Isabelle Hoffmann

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uitas tecnologias são desenvolvidas para dar aos deficientes mobilidade e acessibilidade a milhares de serviços. No Brasil, está previsto na Constituição uma lei de fomento da tecnologia de bioengenharia voltada para os portadores de deficiência, bem como a facilitação da importação de equipamentos. Confira alguns avanços da tecnologia nessa área:

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É um projeto que produz próteses personalizadas e exclusivas, tanto realistas para misturarem-se com o corpo, quanto diferenciadas para destacarem-se como uma peça de arte no corpo, refletindo a imaginação, personalidade e interesses de cada portador.

Uma neuroprótese externa que utiliza impulsos mentais para mobilizar partes do corpo humano. Desenvolvida por brasileiros e ainda em fase de testes, ela terá destaque na COPA de 2014! O primeiro chute do evento, que será sediado no Brasil, será dado por um cadeirante utilizando o exoesqueleto. Imagem: Divulgação

Imagem: Divulgação

EXOESQUELETO

THE ALTERNATIVE LIMB PROJECT


liguesuavida especialfevereiro2014

Exercitar e superar

Através do esporte o deficiente encontra muito mais do que saúde

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esporte é uma prática mágica. E só quem pratica entende toda a magia que o esporte faz no corpo e na mente. A prática do esporte é milenar e de tamanha importância, que por várias vezes na história, foi capaz de silenciar guerras e conflitos. São diversas modalidades, para todos os gostos, que facilmente combina com o estilo de vida de cada indivíduo. Seja com bola, na água, no ar, em terra firme, individuais ou coletivos, o esporte comporta todo tipo de pessoa, de todas as idades, raças, gêneros e também, porque não, os deficientes físicos ou intelectuais. Essa forma democrática de se exercitar é um caminho de superação, para quem tem em seu corpo seus próprios limites.

“Quando vi minha juventude escorrer pelo ralo, encontrei no esporte um novo sopro de vida”

tem muito o que se queixar, sua principal dificuldade não está relacionada a nada pessoal e sim ao coletivo, que é se locomover pelas ruas da cidade, que dificilmente tem a acessibilidade mínima que um cadeirante precisa. Nos esportes, ela encontrou muito mais que uma forma de lazer e distração, conquistou novas amizades e se apoiou em histórias parecidas com a dela. Luana conta sobre as modalidades que pratica: “O basquete adaptado foi o primeiro que comecei a praticar por sugestão do fisioterapeuta, mas me apaixonei mesmo pelo handebol, achei mais fácil e mais gostoso. Agora estou no tênis, é bem difícil, mas estou gostando. No início, quando vi minha juventude escorrer pelo ralo, encontrei no esporte um novo sopro de vida. Tenho vontade de competir, quem sabe pelo handebol, são planos, que vou manter vivos dentro de mim.”. Hélder também concorda com a visão de Luana e acredita que se houvesse um investimento maior em projetos e materiais o cenário do deficiente hoje seria bem diferente: “Falta muita oportunidade para os deficientes, em todos os setores e através do esporte eles saem mais de casa, cria um vínculo social aumentam sua independência e a autoconfiança, além claro, de se manter saudável.”.

Imagem: Jaqueline Galdino

Cuidadosamente, Hélder Gouvêa prende a rede, puxa o carrinho com as bolas verdes e pega as raquetes para a aula de tênis, que será realizada na quadra paraolímpica. Uma quadra poliesportiva totalmente adaptada para receber alunos deficientes físicos, inaugurada em 2011 em Bauru, a primeira do estado. A aluna chega, conduzindo sua própria cadeira e rapidamente, apesar das suas limitações, muda-se para uma cadeira de rodas menor, mais leve e ideal para o Superando barreiras esporte. Hélder, que não é cadeirante, faz o mesmo, senta na sua cadeira, conduzindo-a Todo atleta tem seus próprios desafios até sua aluna, de igual para igual eles ini- e limites para vencer e superar. Daniel ciam os saques e a partida de tênis Pestana conhece de perto essa realidade. Há cinco anos ele é professor de natação “Novo sopro de vida” para amputados, através de um projeto e suas aulas são ministradas para sete atleLuana Rodrigues, de 22 anos perdeu os tas na sede do Bauru Tênis Clube. movimentos das pernas aos 15, após um As aulas de natação sofrem poucas alacidente de bicicleta e há quatro anos en- terações para atender quem tem deficiêncontrou no esporte uma forma de superar o cia. Os métodos e os instrumentos são os trauma de viver sobre duas rodas. Apesar de mesmos. Aprender a flutuar é o principal perder os movimentos da perna, Luana não desafio, vencido isso, pular na piscina e

Luana e Hélder se pararam para a aula de tênis adaptado

Claudio Massad é mesatenista e dá aula do esporte para crianças da APAE

Imagem: Arquivo pessoal/Claudio Massad

Por Jaqueline Galdino

nadar fica extremamente prazeroso, além corpo e se previne de doenças secundáde fazer bem para os músculos, coorde- rias que poderiam facilmente sua saúde. A prática ainda revigora os músculos, nação motora e respiração. facilitando os movimentos, melhorando “É preciso uma aceitação a coordenação e a locomoção. Para um deficiente visual, por exemplo, o esporte muito grande para eles ajuda a desenvolver ainda mais os outros começarem a praticar sentidos e auxilia na noção de espaço. o esporte” Cláudio fala com orgulho de Paulo Salmin, ex-aluno de sua equipe, que faz Apesar da capacidade de atender um parte da seleção brasileira de mesatenisnúmero bem maior de alunos e treiná-los tas e que competiu nos Jogos Olímpicos para competições, formando verdadeiros de Londres em 2012: “Ele é um exemplo profissionais do esporte, Daniel conta para todos, não só para os meus alunos, qual a principal barreira que afasta os esforçado e dedicado, começou a trilhar deficientes das piscinas: “Muitos ampu- sua história de sucesso mas ainda tem tados tem vergonha do próprio corpo, se muito caminho pela frente.” Atualmente, sentem constrangidos, principalmente ao Paulo teve que trocar a cidade de Baupraticar a natação, que é um esporte que ru por Piracicaba, onde o COI (Comitê expõe um pouco mais o corpo. É preci- Olimpíco Internacional) mantém um so uma aceitação muito grande para eles centro de treinamento. A mudança foi necomeçarem a praticar o esporte. Depois cessária para que ele continuasse na seledisso, melhorar a autoconfiança e acre- ção brasileira e também mantendo a bolditar que é capaz, apesar das limitações”, sa que o auxilia a se manter no esporte. Muito mais do que uma ferramenta afirma Daniel. Quando a deficiência é intelectual o para o corpo, a magia do esporte está na cenário muda um pouco, mas nada é im- capacidade de explorar e trabalhar ainpedimento pra que a pessoa se exercite. da mais ativa a mente, possibilitando e Cláudio Massad atende cerca de 30 alu- capacitando o portador de deficiência a nos da APAE e oferece para eles aula de se transformar em um verdadeiro atleta, tênis de mesa, também a fim de formar quem sabe até um profissional compeatletas à nível de competição. “Eles são tidor. O esporte é uma foma de superaespertos e capazes, mas a aula não pode ção, de inclusão social, de conviver com se estender muito pois o deficiente inte- pessoas que tem os mesmos problemas, lectual tem uma certa dificuldade de se e ainda, se deparar com outras que estão manter atento, por mais que goste da ati- dispostas a estender a mão e ajudar os vidade. É uma barreira natural, mas fácil outros a superar seus desafios. O coletivo de controlar.” diz Massad, a respeito dos no esporte, fala muito mais alto, mesmo quando a modalidade é individual. alunos. Escolha o que te melhor satisfaz e encontre uma nova vida repleta de possibiO esporte é o caminho lidades e de prazeres. Não há limitação Uma deficiência certamente muda a que nos prenda, não há barreiras invencívida de uma pessoa, o esporte também, veis, existe o medo e a insegurança, que mas de uma maneira muito positiva. A podem ser vencidos se for despertada a atividade física é importante para qual- coragem que existe em cada um de nós. quer pessoa e acima de tudo para um deficiente que através da prática, exercita o

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Uma vida sem limites Nicholas James Vujicic

A culpa é das estrelas John Green

Nascido sem os braços e sem as pernas, Nick conta a história de sua deficiência física e da batalha emocional que travou para conviver com isso na infância, adolescência e vida adulta. Compartilha com o leitor a força de sua fé e explica que, depois que encontrou seu propósito - inspirar as pessoas a melhorar sua vida e o mundo - , achou confiança para construir uma vida produtiva e sem limites. Nick encoraja o leitor mostrando como aprendeu a aceitar o imponderável e se concentrar em suas habilidades possíveis.

O livro narra o romance de dois adolescentes que se conhecem e se apaixonam. Hazel, uma jovem de dezesseis anos que sobrevive graças a uma droga revolucionária que detém a metástase em seus pulmões, e Augustus Waters, de dezessete, ex-jogador de basquete que perdeu a perna para o osteosarcoma. Como Hazel, Gus é inteligente, tem ótimo senso de humor e gosta de brincar com os clichês do mundo do câncer - a principal arma dos dois para enfrentar a doença que lentamente drena a vida das pessoas.

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Para Sempre Kim e Krickitt Carpenter A vida que Kim e Krickitt Carpenter conheciam mudou completamente, dois meses após o seu casamento, quando estiveram em um acidente. Um ferimento sério na cabeça deixou Krickitt em coma por várias semanas. Quando finalmente despertou, parte da sua memória estava comprometida e ela não conseguia se lembrar de seu marido. Ela não fazia a menor ideia de quem ele era. Essencialmente, a “Krickitt” com quem Kim havia se casado morreu no acidente, e naquele momento ele precisava reconquistar a mulher que amava.

O escafandro e a borboleta Jean-Dominique Bauby Em 08 de dezembro de 1995, um acidente vascular cerebral mergulhou brutalmente Jean-Dominique Bauby em coma profundo. Ao sair dele, todas as suas funções motoras estavam deterioradas. Em seu corpo inerte, só um olho se mexia. Esse olho - o esquerdo - é o vínculo que ele tem com o mundo, com os outros, com a vida.

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Intocáveis 31 de agosto de 2012 Comédia

Uma prova de amor 11 de setembro de 2009 Drama

Philippe (François Cluzet) é um aristocrata rico que, após sofrer um grave acidente, fica tetraplégico. Precisando de um assistente, ele decide contratar Driss (Omar Sy), um jovem problemático que não tem a menor experiência em cuidar de pessoas no seu estado. Aos poucos ele aprende a função, apesar das diversas gafes que comete. Philippe, por sua vez, se afeiçoa cada vez mais a Driss por ele não tratá-lo como um pobre coitado. Aos poucos a amizade entre eles se estabelece, com cada um conhecendo melhor o mundo do outro.

Sara (Cameron Diaz) e Brian Fitzgerald (Jason Patric) são informados que Kate (Sofia Vassilieva), sua filha, tem leucemia e possui poucos anos de vida. Assim nasce Anna (Abigail Breslin), que logo ao nascer doa sangue de seu cordão umbilical para a irmã. Anos depois, cansada dos procedimentos médicos, ela decide enfrentar os pais e lutar na justiça por emancipação médica, de forma a que tenha direito a decidir o que fazer com seu corpo. Para defendê-la ela contrata um advogado que cuidará de seus interesses.

Imagem: Divulgação

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Robert Downey Jr.

Hebert Vianna

Dilma Rousseff

Roberto Carlos

Stevie Wonder

Nos anos 2000 o ator foi preso e internado numa clínica devido ao seu vício em álcool e drogas.

Vocalista do Paralamas do Sucesso, ficou paraplégico após um acidente de ultraleve em 2001.

Começou a luta contra o câncer em 2009, quando foi diagnosticado um linfoma em fase inicial.

Perdeu parte da perna direita aos 6 anos de idade em um acidente envolvendo uma locomotiva.

O nascimento prematuro do cantor causou o deslocamento da retina, fazendo-o perder a visão.

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Imagens: Internet/Reprodução


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