Movin

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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Reitor: Dr. Julio Cezar Durigan Vice-reitora: Dra. Marilza Vieira Cunha Rudge

Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – FAAC Diretor: Dr. Nilson Ghirardello Vice-diretor: Dr. Marcelo Carbone Carneiro

Alie corpo e mente durante o exercício. Saiba mais sobre o tecido acrobático, modalidade que vem ganhando adeptos nas cidades brasileiras. Página 6 Conheça a emocionante história de Leonor, uma bailarina que enfrentou o preconceito da sociedade pra viver seu sonho. Página 4 Já ouviu falar do Wise Madness? Uma ONG que ensina pra jovens da periferia dança, skate e cidadania. Página 11 Conheça o projeto social que ensina a jovens a capoeira, passando também a cultura e história negra. Página 10

Departamento de Comunicação Social Chefe: Dr. Juarez Tadeu de Paula Xavier Vice-chefe: Dr. Angelo Sottovia Aranha Curso de Jornalismo Coordenador: Dr. Francisco Rolfsen Belda Vice-coordenadora: Dra. Suely Maciel Planejamento Gráfico Editorial II Professores: Dr. Francisco Rolfsen Belda e Tássia Zanini Jornalismo Impresso II Professor e Jornalista Responsável: Dr. Angelo Sottovia Aranha (MTB 12.870) 4º Termo Jornalismo Noturno Alunos: Carolina Canotilho, Gustavo Zucheratto. Isabela Holouka, Julia Gottschalk, José Guilherme Magalhães. Marina Machuca, Marina Walder, Michele Matos, Natalia Pinhabel

Já ouviu falar de slackline? Conheça mais sobre a modalidade que vem tomando praças e parques por todo o mundo. Página 8. O malabarismo é uma das formas mais antigas conhecidas pelo homem de aliar corpo, mente e diversão. Leia mais na página 8.

Mais uma dose, por favor

Por Carolina Canotilho/Foto Acervo

Pra mim arte que é arte embebeda. Embriaga. E quando muito boa, deixa até de ressaca. Nunca achei que isso tivesse algo haver com treino ou precisão. Certo dia percebi que um bom artista não se faz por manter uma rotina, mas por se descobrir por meio dela. Quem brinca com o próprio corpo consegue se desprender um pouco dos nossos fios de marionetes. Quem brinca com essa brincadeira toma pra si o controle do que é necessário. Enrolada num tecido, uma mulher voa e os pobres travados nem percebem que o tecido não são suas amarras, mas suas asas. Sonho de muitos, realidade de poucos. Tal rotina que encanta definitivamente se reserva para corajosos. Enquanto a gente vive tentando trabalhar pra melhorar, artistas não melhoram seu trabalho, eles amadurecem. Lá na apresentação de balé uma mão estica e encosta no céu. O pé - que passou tão longe do adversário - foi certeiro na capoeira. No meio do fusuê, vejo o passo no hip hop gritar sem usar a boca. E a dança do ventre, danada que é, seduz justamente com aquilo que mulheres têm medo de ter: barriga. O corpo é mudo, mas também tem muito pra falar. E do mesmo jeito que só dá para ler em braile tocando, a arte só será entendia se for sentida. Tantos passos, compassos. Exclamações, interrogações. Me apaixono não pelo corpo, mas pelo o que ele faz. Como de praxe, o que importa é sempre o que está por dentro. E dentro da dança há olhar, há falas, há desculpa. Há história. Às vezes gosto de me convencer que o mundo gira só pra me fazer lembrar de girar um pouco também. Homens passaram anos para ganhar os céus, muitos sem desconfiar que só precisavam girar nos calcanhares. Essa mania de liberdade costuma prender. Você sabe, alguns confundem com ambição. Para os artistas é mais fácil, eles sabem algo sobre deslizar e pular quase como quem esfrega a liberdade na nossa cara. Sortudos esses que se entregam. Esses doidos mesmo. Os que trocam os dias do escritório para se equilibrar num elástico como se esse fosse mais seguro

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que o chão. Artistas não oferecem números, relatórios ou resultados. Esses mal renumerados, loucos desvairados, estão sempre ali para dar algo sem preço. Eles dão a própria alma. Ironia essa, disso valer menos. De mais a mais, vivo encontrando pela vida outro tipo de gente sortuda, pessoas que sem barreiras e sem engov, se deixam embriagar pela arte e acabam se entregando a entrega dos outros. E já diziam os sábios, não há nada mais gostoso do que o amor correspondido.


O clássico encanta os jovens Por Natalia Pinhabel O balé, “ballet” para alguns, é uma dança clássica que existe desde o século XV. Além da dança, ele trás consigo belos cenários e uma grande carga teatral; os bailarinos têm que passar emoção e viver o personagem no qual eles contam a vida através da dança. “Echappé”, “entrechat” e “jeté” são nomes desconhecidos pela maioria das pessoas, mas o que todos sabem é que o balé é pra lá de encantador. Uma mescla do forte com o frágil, a leveza e a rigidez dos passos, a técnica e a sensibilidade, o balé inspira pessoas de todas as idades, e muitos dançarinos buscam pela perfeição através da dança. A estudante, Gabriela Passy, faz balé há oito anos e mesmo cursando jornalismo, a prioridade de sua vida é a dança. Ela diz que desde criança achava o balé muito bonito, e que tinha uma imagem da bailarina mágica e intocável. Já o estudante de educação física, Lucas Vicente, que faz aulas há dois anos, diz que a vontade de fazer balé veio por causa do seriado norte-americano “So You Think You Can Dance”. Mas nem tudo são flores, junto com a beleza da dança, vem as dificuldades das lesões corporais. Gabriela comenta que perdeu a conta de quantas vezes já torceu os tornozelos, que inflamações nos joelhos também são muito comuns e sempre tem bolhas e calos nos pés. A dificuldade também existe no momento em que o dançarino tem que escolher se deve ou não seguir a carreira na dança. “Meu grande sonho é viver da arte, me profissionalizar, entrar em alguma companhia e viver da dança mesmo. Mas tenho a consciência que a vida nesse universo é muito difícil”, afirma Gabriela. Lucas é mais positivo, seu sonho é ser um bailarino profissional, “se

continuar no ritmo que estou, pretendo estar apto a prestar audições e testes para companhias profissionais de ballet daqui uns 3 ou 5 anos.” Mesmo com esses empecilhos, os dançarinos lutam pela arte e não a abandonam. O balé trabalha todo o corpo, até mesmo a mente, é a mescla entre o equilíbrio físico e o mental. É uma forma de expressão corporal muito forte, uma linguagem. Mesmo sendo uma futura jornalista, Gabriela diz que é através do corpo na dança que ela melhor se expressa. “Conheci melhor meu corpo, meus sentimentos e perdi muito da minha vergonha. Quando você está em cima do palco, é só você, seus companheiros de palco e as luzes te cegando. E você quer mostrar pras pessoas tudo o que você tem de melhor”, completa. Lucas conta que nesses dois anos de balé já fez algumas apresentações e que estar em cima do palco o faz sentir mais vivo. E também diz como o balé o ajudou em novas atividades de sua vida, “comecei a treinar tecido acrobático e pude ver como o treinamento e a técnica clássica são fantásticos para qualquer outra atividade corporal. No tecido tenho me destacado e apresentei vários solos em faculdades, clubes, boates e centros culturais de Bauru.” Apesar de algumas dificuldades, a vida de um bailarino parece um conto cheio de fantasias e sonhos. E mesmo quando a dura realidade bate na porta, eles não desanimam, afinal, o balé faz parte do que eles são.

Tão perto, tão longe Por Marina Walder Galdino

Muitos mistérios e incertezas envolvem a história da dança do ventre. Ninguém sabe ao certo como e quando ela se originou. Até mesmo a exata localização geográfica nos é desconhecida. Poucos autores se aventuraram a escrever sobre essa prática, e os que o fizeram, tiveram acesso à informações escassas, já que existem poucos documentos que relatam a história da dança do ventre. A conseqüência dessa falta de informações concretas é o surgimento de várias teorias e hipóteses. Raqs Sharqui, como é chamada a dança do ventre em árabe, existe há provavelmente há milhares de anos. Uma das hipóteses é que ela tenha sua raiz na Índia, e que os ciganos se encarregaram de difundi-la no mundo árabe e mais tarde no ocidente. Uma outra hipótese afirma que ela existia nas cortes do Império Romano e mais tarde no Otomano, na Turquia. Alguns acreditam que foi durante essa época que a dança se espalhou por todo o mundo árabe. A terceira teoria e a mais difundida no mundo Ocidental é de que a dança do ventre tem sua raiz no Egito Antigo e que era praticada com caráter religioso, em cultos e rituais sagrados, onde as mulheres dançavam para reverenciar as Deusas. Não existiam apresentações

em públicos, tratava-se de uma dança tístico e o cultural. “Artisticamente faritualística. Com movimentos ondu- lando, o homem conseguiu seu espaço latórios no quadril, as mulheres reve- na dança do ventre e nos últimos cinco renciavam as Deusas responsáveis pela anos a atual tem sido maior a presença fertilidade, pelos ciclos da natureza, masculina em eventos de dança, festipela vida. vais, concursos e palco, como solistas Alguns estudiosos costumam ou corpo de baile, atuando em coreodizer que ao dançar as mulheres se grafias de dança do ventre de variados preparavam para ser mãe, pois a movi- estilos- de fusões a clássicos. Houve mentação da dança do ventre consiste uma ruptura de padrões e hoje em dia em fortalecer a região o homem dança a “������� Muitas das ���� estrelas ��������� pélvica, o que facilitadança do ventre, internacionais da dança do ria na hora do parto. sem problema alventre são brasileiras.” O que se tem gum aqui no Brasil certeza é que dança e e alguns países da música fazem parte do universo ára- América Latina e Europa. be. Quando as pessoas se encontram Culturalmente, o homem tem tocam e dançam, e é normal que isso um papel de protetor, guerreiro, e proaconteça sempre nas ocasiões especiais, vedor, sempre no sentido de proteger à como aniversários e casamentos. mulher ou a colheita, dependendo do A bailarina e coreógrafa Lu- estilo de dança, usualmente folclórica. ciana Arruda comenta que a expansão No Oriente Médio e nos países em da dança do ventre no Brasil aconteceu que a dança do ventre tem sua vertendepois da exibição da novela “O clone”, te folclórica mais praticada e difunna TV Globo, em 2002. Segundo ela dida - Libano, Siria, Egito - devido a hoje em dia algumas das melhores bai- questões culturais, religiosas e sociais, larinas de dança do ventre se encon- è permitido ao homem somente a partram no Brasil. “Certamente o Brasil ticipação velada nas danças, sempre está entre os países que mais investem com essas funções no caso de duos ou no segmento da dança, em especial na grupos, ou em solos com acessórios modalidade dança do ventre, e é um folclóricos como bastões, fogo ou insdos países que mais forma bailarinas trumentos musicais.” e tem um grande acervo que lança no A dança do ventre tem divermercado internacional. Muitas das es- sas modalidades e estilos. Danças com trelas internacionais da dança do ven- candelabros, espadas, folclóricas, dos tre são brasileiras.” sete véus. O que mais encanta é que Luciana fala ainda sobre um qualquer mulher se enquadra nos seus tema polêmico entre os praticantes quesitos. Não importa a idade e nem o dessa arte: o papel do homem na dan- tipo físico. A única exigência é a vonça. Segundo ela existem dois pontos de tade de transformar essa rica história vista para analisar essa questão: o ar- em passos de dança. 3

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O passado em uma dança

Fotos e texto por Julia Gottschalk Com um sorriso no canto do rosto e a timidez de uma criança, essa senhora tão elegante não conseguia esconder a felicidade ao relatar sua história. História que por muitos anos foi guar- “Ser bailarina não é só de dada com carinho e contada para poucos, já que mesmo en- corpo, é de alma. Ser baiquanto acontecia não era tão divulgada, nem mesmo para larina é contagiar alegria sua família. Leonor Orlando, mais conhecida por Eleonor e doçura no olhar. É danna dança, foi bailarina por 15 anos em uma época em que o ballet estava apenas começando no Brasil, em uma época çar como o vento move as em que largar o colégio para dançar estava longe de ser algo folhas, É sentir a música e emocionar-se , É amar e aceitável para uma garota da classe alta. amar-se ...” “Você sabe como é... Naquela época, ser bailarina não era como hoje, bailarina era, bem... Uma garota da vida”, Yasmine Camargo contou a simpática senhora de 86 anos, sobre as dificuldades que enfrentou ao decidir seguir carreira nos anos 40. A paixão pelo ballet foi descoberta despretensiosamente, quase que por acidente. Com apenas 14 anos de idade, a jovem Leonor sentia uma insatisfação crescente com sua escola, que deixava de lado a criatividade de suas alunas e as ensinava a serem donas de casa. Aulas sobre limpeza doméstica, culinária e como passar roupas eram comuns, coisas que ela nunca pensou ou precisou fazer. Logo veio a vontade de desistir do colégio, aulas tão desagradáveis não eram para ela. Por meio de uma amiga, descobriu que a professora que ministrava essas tão tediosas matérias também dava aulas de ballet. Dona Carmen, a tal professora, em suas horas vagas ensinava jovens a dançar em sua casa. Ao descobrir, isso Leonor não pensou duas vezes, aproveitou as férias para descobrir um pouco sobre aquele tal de ballet e logo seu talento já se fez aparente. Quando as férias acabaram, Dona Carmen não dava aula mais no ginásio, tinha mudado para o Colégio Rio Branco, na capital paulista. Leonor, que já não gostava do seu colégio, decidiu mudar-se para o Rio Branco, que era do outro lado da cidade, muito longe de sua casa. Obviamente, a aceitação de sua família não foi imediata. A jovem morava sozinha com seu pai e irmãos, sua mãe havia falecido logo após o seu nascimento. Haviam se mudado para o Bairro da Água Branca, também na capital Paulista, porém muito distante da escola desejada. Depois de muita insistência, a jovem conseguiu convencer seu pai a deixá-la mudar de colégio. Ao ingressar no Rio Branco, pela distância, passava o dia todo no novo colégio. De manhã frequentava as aulas regulares, a tarde toda passava nas aulas de ballet, ensaiando. Logo dona Carmen notou o talento da jovem e começou a indica-la como solista para espetáculos beneficentes. “Na época, começaram a ser enviados soldados para a Itália e a damas da alta sociedade queriam arrecadar dinheiro para enviar a eles. Existiam noites em que eu apresentava sete solos sozinha em shows beneficentes”, recorda-se Leonor. Os shows começaram a se tornar cada vez mais frequentes e Leonor passava boa parte de seus dias ensaiando sem parar. dicar integralmente à dança. Logo após a decisão, uma nova bailarina polonesa “Até que um dia fiquei muito doente, fui parar até em um cardiologista. chamada Lina Bernaca chegou à cidade. Rapidamente chamou a atenção das Eu tinha tanto trabalho, era tanto movimento que um dia eu senti isso. Por jovens bailarinas por sua técnica e talento exemplares. Muitas deixaram a escola passar o dia todo no colégio não havia tempo para comer, eu ensaiava o dia de Carmen e procuraram a nova professora. todo, comia apenas um lanche na cantina. Os ensaios começaram a ser no teatro “Comecei a frequentar as aulas da polonesa e percebi que cometia muimunicipal, o que fazia a rotina ficar ainda mais corrida.” Um dia antes de um tos erros, ponta de pé, joelho. Foi um ano de muita dor e correção, mas em um grande espetáculo, a saúde falou mais alto e uma estafa tomou conta da jovem ano me tornei a primeira solista da escola. Fiquei três anos lá”. bailarina. Um médico foi enviado a sua casa, por uma das damas que organiza- Certo dia, uma das irmãs de Leonor ligou do Rio de Janeiro, onde morava, convam os shows, lá ela foi medicada para dançar na mesma noite. tando que o corpo de Ballet de cidade estava envelhecendo. Uma bailarina russa “Até aquela noite, ninguém da minha família, nem mesmo meu pai ha- havia sido chamada para ajudar a renová-lo. Um grande concurso seria feito e via me visto dançar. Estava há quatro anos dançando e ninguém viu um ensaio, dez bailarinas seriam escolhidas. Porém, nessa época Leonor estava cuidando de muito menos uma apresentação”, conta a bailarina. uma de suas irmãs, que era mãe viúva de uma criança de dez anos e estava muito Depois de ser medicada, seu pai fez questão de acompanhá-la até a apresenta- doente. Pouco tempo depois, sua irmã faleceu aos 42 anos e Leonor partiu para ção e da coxia, assistiu pela primeira vez sua filha brilhar no palco. o Rio de Janeiro. “Me xingavam sempre, todas as minhas irmãs estavam casadas e com Lá, a bailarina russa escolheu dez jovens para fazer parte do corpo de filhos, ninguém aprovava minhas escolhas. Aquele dia eu precisava ir dançar, Baile do Rio de Janeiro, e Leonor era uma delas. Voltou para São Paulo, pegou levantei da cama, me vesti e fui. Não me lembro de nada, só das luzes piscando e todas as suas coisas e mudou-se definitivamente para o Rio. da imagem do meu pai na coxia. Depois disso precisei de férias. Fui para Santos “No primeiro dia, chegamos as dez na porta do teatro municipal. Chee passei um tempo lá, só descansando” gou um bailarino e fechou a porta na nossa cara. Todas bobas, nunca assinamos Ao voltar das férias, a distância começou a ser um problema constante. Sem nada comprovando que havíamos passado no concurso e todos os bailarinos do pensar duas vezes, com 17 anos, Leonor decidiu largar de vez a escola e se de- corpo estavam furiosos, não queriam ser substituídos e não permitiram a nossa 4

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entrada. Descobrimos que todo o concurso que a bailarina russa realizou não havia valido de nada. Me encontrei no Rio de Janeiro, sentada na frente da Praça do Teatro Municipal, sem saber o que fazer”. Sem muita perspectiva, Leonor se mudou para a casa de sua irmã e começou a frequentar aulas no Rio de Janeiro. Sua nova professora logo a convidou para entrar no Ballet da Juventude, que foi muito famoso no Rio de Janeiro e iria reabrir. Foi aceita imediatamente e contratada pelo Ballet. “Fiquei no Ballet da Juventude durante muito tempo, dançava no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e toda semana saia no jornal do Rio. Foram os meus melhores anos”. O Ballet não pagava para as bailarinas, então o secretário da cultura ofereceu a Leonor salas para ministrar aulas de dança e ganhar algum dinheiro para se sustentar. A vida no Rio de Janeiro era muito boa, praia todo final de semana, aulas e dança durante a semana. Durante três anos, a vida foi um sonho. “Uma tarde, alguém ligou na casa da minha irmã, contando que iria abrir um concurso para um ballet que estavam organizando, dos festejos do 4° Centenário da Cidade de São Paulo. Precisavam de bons bailarinos para dançar belíssimos ballets, muitos trazidos de fora, como Petrusca. Nunca soube ao certo quem foi o homem que me telefonou avisando do concurso”. Em alguns dias, ligou para seus melhores amigos do Ballet da Juventude e foi para São Paulo fazer os testes. De volta a São Paulo, procurou sua antiga professora, Lina, para ensaiar um solo para ser apresentado no grande teste. “Lembro-me que fiz a prova, fiz bem e fui uma entre os 60 bailarinos aprovados. Eram umas 40 bailarinas e uns 20 bailarinos. Começamos a ensaiar imediatamente, no local em que hoje é o MASP, na Avenida Paulista”. Pela primeira vez Leonor estava recebendo bem, como uma bailarina profissional, primeira solista do Ballet do 4° Centenário. Foram dois anos de muito ensaio, cenários maravilhosos, bailarinos bem pagos, costureiros vindos da Itália para montar os figurinos. No final de tanto trabalho, o Teatro Municipal de São Paulo estava em reforma e as apresentações não eram possíveis. Um grande palco improvisado foi armado no Pacaembu, o teatro, a orquestra e o cenário foram levados para lá e uma noite de estreia aconteceu. Porém, o espetáculo não estaria completo sem um teatro apropriado. Em busca de um local adequado, todo o corpo de baile, orquestra, cenário, costureiros e etc. foram para o Rio de Janeiro. Em duas semanas, todo o programa ensaiado foi apresentado e aplaudido por toda a população no teatro de lá. “Ninguém da minha família assistiu as apresentações, o interesse pela minha carreira nunca existiu de verdade. Porém, um antigo namorado de antes de ir para o Rio sempre me buscava e assistia as apresentações”. Com o fim das comemorações o corpo de Baile foi desfeito, todos os bailarinos estavam desempregados e antes de seguir correndo atrás da dança Leonor decidiu descansar na casa de uma de suas irmãs que morava em Poá, interior de São Paulo. “Toda semana esse meu antigo namorado me visitava na casa de minha irmã, até que um dia ele me chamou para viajar com ele. Uma viagem de carro até a Argentina e Chile.” Seu pai, que já conhecia Gunter, o antigo namorado, permitiu a viagem, porém com uma condição. Se eles se casassem. Em poucas semanas, o casamento aconteceu e partiram para uma viagem de um mês. Quando voltaram Leonor se entregou a vida de casada, com 30 anos desistiu da dança e logo engravidou. Hoje com 86 anos, 6 filhos, 14 netos e ainda casada, relembra com carinho sua história e descreve com amor sua paixão eterna pela dança. “A época era outra, encontrei muitos preconceitos mesmo dentro da minha família. Casei com 30 anos de idade quando muitas amigas já estavam com filhos, porém fui feliz”. Leonor se emociona e diz que vai lembrar para sempre de cada momento no palco, de cada dança, de cada ensaio, e com os olhos brilhando enfatiza, “recomendo a entrega à arte a qualquer um”.

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Arte, saúde e prazer num único tecido

Fotos e texto por Julia Gottschalk e Marina Machuca

Inovar e criar são as únicas regras. No tecido acrobático, tecido aéreo, tecido circense ou simplesmente tecido, a originalidade das acrobacias é o que vale. A modalidade, que é típica do mundo circense, tem sido amplamente desenvolvida nos últimos anos em diferentes contextos. Academias, universidades, teatros e escolas têm cada vez mais aderido às aulas. Não é raro presenciar em parques, praias, ou em qualquer espaço onde haja um suporte, crianças, jovens e adultos treinando os mais diversos movimentos. A atividade baseia-se em um pedaço de pano, de comprimento correspondente ao dobro do espaço em que será fixado, dobrado ao meio e preso com um nó específico deixando duas longas pontas pendidas a partir de uma estrutura fixa. Nelas, o acrobata se prende e realiza uma performance artística. A beleza plástica e o elo com a dança e as artes cênicas são fortes características da prática. Além dos tradicionais circos, diversas peças teatrais ou até mesmo shows em boates e festas, encantam e entretêm seus respeitáveis públicos com apresentações de tecido. Relativamente recente, a prática deriva dos movimentos do circo contemporâneo. A primeira apresentação veiculada pela mídia que se tem notícia foi realizada pelo Cique de Soleil em 1995. Suas origens são incertas, mas acredita-se que o tecido acrobático seja uma extensão do trabalho de corda lisa, outra modalidade circense que surgiu com as evoluções realizadas pelos artistas quando subiam no trapézio, ou até mesmo durante a montagem do circo, na qual cordas eram utilizadas para subir e descer das alturas. Outra versão leva a história do tecido para o outro lado do mundo. Acredita-se que as performances artísticas realizadas em grandes panos surgiram nas festividades dos imperadores da China, por volta do ano 600 d. C. Voltando ao Ocidente, há quem também acredite que entre as décadas de 1920 e 1930, em Berlim (Alemanha), alguns artistas já realizavam movimentos acrobáticos nas cortinas de cabarés. E não para por aí. Também há relatos de uma suposta inspiração na corda indiana e até mesmo de um francês, de nome desconhecido, que desenvolveu trabalhos acrobáticos na seda iniciados com experimentos a partir de correntes. Para o artista circense e professor de circo Felipe Rodrigo Nicknig, todos os registros fazem sentido, mas gosta de acreditar que o tecido foi resultado do desenvolvimento do circo e de suas possibilidades, que indiscutivelmente são influenciadas pelo desenvolvimento da sociedade. Apenas observando o desenvolvimento das acrobacias de solo e aéreas dos últimos tempos, pode-se notar inúmeras novidades e formas que foram criadas. “Acho que o tecido é a síntese de um processo, assim como outros que aconteceram e continuaram acontecendo”. Observa Felipe. Mas se não sabemos ao certo de onde veio, hoje temos certeza de para onde vai. A prática de tecido acrobático, seja recreativa, educativa ou profissional, tem chamado atenção de muita gente. Além da sua relação com arte, o tecido não deixa de ser um exercício físico e, portanto, pode trazer inúmeros benefícios ao corpo. A prática desenvolve fundamentalmente a flexibilidade e coordenação motora, essenciais para a realização das acrobacias. Definir a musculatura, principalmente dos braços e do abdômen, também são resultados garantidos, além de um melhor condicionamento físico e postura. Diferentemente da musculação, em que cada músculo é trabalhado em um aparelho diferente, nas aulas de tecido os músculos são trabalhados todos de uma vez, favorecendo a queima de até 500 calorias por aula. O tecido acrobático está no auge da sua popularidade. Em 2012, a novela “Avenida Brasil”, exibida pela Rede Globo, apresentou a personagem interpretada pela atriz Natália Dill como uma praticamente profissional. A mídia gerou efeito, e desde então muitas academias e centros de ensino passaram a oferecer aulas. Tudo se cria Exatamente por ser uma arte relativamente recente, não existe nenhuma regra ou manual prático da didática do tecido, deixando por parte do praticante explorar novas formas e poses, por isso a cada ano sua técnica é construída e também ainda descoberta. A falta de uma metodologia específica para o ensino de tecido acrobático pode, ao mesmo tempo, ser benéfica e prejudicial ao aprendizado. Pois como não há algo que “regule” essa prática, a observação, a curiosidade e a atenção são as principais formas de se aprender o tecido. Ao mesmo tempo, a falta de um livro com técnicas especificas acaba por restringir o conhecimento da prática. Não existem muitos lugares onde se ensine o tecido acrobático o de forma sistematizada, organizada e segura. A bailarina Marília Bassetto Coelho, que trabalha com pesquisa em dança aérea, dança contemporânea e também ministra aula de tecido acrobático em Botucatu, SP, conta que essa falta de regras, para ela, não é um empecilho para o ensino da técnica. “Por estar dentro da linguagem artística, é um conhecimento de notório saber, ou seja, cada mestre vai ensinar aquilo que aprendeu de seus próprios mestres. É um conhecimento prático acima de tudo, que depende da linha, região e país em que a pessoa aprende”. Marília também defende que 6

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arte é livre de qualquer regra e por esse motivo cada pessoa pode e deve criar novos movimentos e “truques” sobre o aparelho, fazendo jus ao seu sentido poético e artístico. Já para a artista circense e educadora Tatiana Robles Santiago, o ensino do tecido acrobático encontra a dificuldade de não ter uma nomenclatura “universal”, e essa falta de nomenclatura muitas vezes acaba atrapalhando a didática. “Existem muitas pesquisas e muitos estudos sendo realizados para que se crie uma didática circense, o que facilitaria seu ensino por pessoas que não dominam todas as modalidades”. De acordo com Tatiana, malabares (outra arte circense), por exemplo, já tem uma nomenclatura específica, assim como acrobacias de solo que podem ter uma forte influência da ginástica artística. O esporte imita a arte Algo que vem se discutindo recentemente é a inserção das artes circenses na escola. Consequentemente, também do tecido acrobático. Muitas escolas já incluíram na sua grade de Educação Física algo do circo e, pela sua facilidade, o tecido costuma ser o favorito dos professores. O tecido acrobático pode ser muito útil na educação de crianças, ajudando no equilíbrio, força, coordenação motora, trabalho em grupo e também ensinando uma disciplina de treinos, necessários para a evolução do aluno. Para Marília, o tecido na escola é uma ótima forma de entrar em contato com a arte, pois traz a compreensão do papel desta sociedade em um âmbito maior, no meio ambiente que a acolhe. Traz consciência e valores sociais, ambientais e espirituais. Além das escolas, as academias também têm adotado o tecido acrobático como forma de moldar o corpo e perder peso. Porém, muitos artistas e professores de tecido defendem que a partir do momento que a modalidade é ensinada como esporte, perde seu valor artístico. “Tanto a academia quanto o esporte e o circo têm objetivos e finalidades diferentes, portanto envolvem contextos e valores também diferentes. Os exemplos falam por si mesmos, as pessoas não procuram uma academia com a finalidade artística”, comenta Felipe Rodrigo Nicknig, que ministra aulas de acrobacias aéreas em Goiás. Felipe e outros profissionais recomendam procurar uma escola de arte, pois além de perder peso e ficar em forma, a pessoa vai aguçar sua sensibilidade, imaginação e criatividade, e assim aproveitar a arte em sua totalidade.

A arte que transforma Além da beleza plástica e do desenvolvimento corporal que o tecido proporciona, a mente e a autoestima também são beneficiadas. A prática de uma atividade física pode ensinar uma pessoa a criar uma rotina, permite o contato com outros amantes da arte e cria fortes laços. Ana Carla Oliveira, estudante de Design, descobriu o tecido acrobático através de uma banda que gostava. “Eu sempre tive muita vontade de fazer, sempre achei lindo”. No começo de 2013, Ana estava se sentindo deprimida, não tinha vontade de sair e muito menos de praticar esportes, até que se lembrou da modalidade que tanto apreciava e decidiu se arriscar no mundo das acrobacias. Ana superou seu medo de altura e começou a praticar tecido duas vezes por semana. Em pouco tempo, já fazia diversas acrobacias e seu humor havia mudado. “As aulas para mim são como terapia, algo que me relaxa demais, que alivia todo meu estresse, que me faz ir para outro mundo”, conta. Ana, em 2014, completa um ano de aulas e não poderia estar mais feliz com a decisão. Em pouco tempo a depressão que sentia melhorou, fez novas amizades e se apaixonou pela modalidade, hoje continua praticando duas vezes por semana e não pretende parar. “É algo que eu não deixo de fazer, pois foi uma das coisas que me ajudaram quando eu mais precisava”, confessa Ana. Esporte e arte aliados não poderiam proporcionar nada além de bemestar e saúde física e mental. Quem se entrega ao tecido acrobático alimenta um vício que só faz bem. Os problemas e barreiras acabam ficando lá embaixo, escondidos sob um pano colorido.

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Corpo e mente em sintonia Por Michele Matos

Treino, determinação e disciplina são essenciais para quem quer praticar malabarismo Três bolinhas. Faz-se necessário apenas isso e um belo espetáculo já se inicia diante dos olhos. A simetria ao lançamento de cada objeto ao ar, a retomada com as mãos, a rapidez e agilidade ao se pegar e lançar o próximo objeto são algumas das particularidades dessa técnica. A prática de manter suspensos no ar qualquer material com destreza, fazendo manobras e dando formas e desenhos, é a popular arte do malabarismo. Do material mais simples, como bolinhas de tênis, bolinhas de meia, argolas, limões ou qualquer objeto que se comporte nas mãos, até o material mais complexo, como bastões, diabolos, tochas, facas e serras. Esses são apenas alguns dos diferentes aparelhos utilizados para os praticantes desta arte milenar que encanta a todos os povos por onde passa. A técnica do malabarismo é responsável pelo entretenimento popular há milhares de anos, tendo sua origem há aproximadamente 4 mil a.C. - segundo escrituras egípcias. Foi durante o Império Romano que o malabarismo conquistou de fato uma posição na sociedade. Durante o século XX, começou a ser praticado por palhaços em circos - mas na atualidade não se limita a apenas esse cenário. Criou-se também a IJA - International Juggling Association, associação que visa divulgar a arte e organizar convenções, encontros e festivais. Atualmente, o número de campeonatos entre malabaristas tem aumentado e, quanto maior o grau de dificuldade e habilidade apresentado pelo praticante, maiores serão as suas chances de ser o vencedor. A prática do malabarismo, além de ser um belo show de talento e dinâmica, possui também benefícios enormes para aqueles que o desempenham. A prática dessa arte é um grande auxílio para o crescimento saúdavel de crianças e adolescentes. Ela ajuda no desenvolvimento da coordenação motora, na concentração e no equilíbrio. Também pode ser visto como exercício fisioterapêutico para idosos e complemento de processos de reabilitação de pessoas com deficiência, como a campanha que foi realizada na SORRI- Bauru no último ano, que, por meio de exercícios de malabares, era favorecido o fortalecimento físico e o desenvolvi- mento da mente.

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No geral, o malabarismo favorece as faculdades físicas, mentais e psicológicas. Aumenta o foco, a motivação, os reflexos, além do ganho de ritmo, tempo, controle e maior confiança pessoal. O malabarista - e também mágico e palhaço - Iashen Luiz, de 23 anos, iniciou a prática desse ofício aos 17 por influência de seu pai. Iashen afirma que seu desenvolvimento melhorou muito desde que tomou essa arte como trabalho: “É um exercício como malhar, para mim dispensa a academia. Além disso, ele ajuda a trabalhar os dois hemisférios do cérebro. Você se torna mais ágil e se livra de todo o stress diário, é um relaxante”. Apesar de ser uma prática bastante admirada e apreciada, o malabarismo não é uma arte tão divulgada e exercida por muitos. Para Iashen, ao ser questionado se há falta de investimento de órgãos competentes, ele afirma: “A arte de rua no geral é pouco valorizado pela sociedade. Acredito que se o malabarismo fosse mais divulgado nos bairros com ações comunitárias, faria muita gente feliz”. Iashen ainda aponta que, como outros artistas de rua, ele sobrevive dos malabares, que é de onde ele tira toda a sua renda: “Começou como hobbie e aos poucos virou necessidade. E uma forma de ganhar um dinheiro”. Para ser um praticante dessa arte milenar, é necessário treino, determinação e disciplina. Para iniciantes, o aconselhável é começar com bolinhas simples, para depois vir a utilizar materiais mais complexos. O aperfeiçoamento vem com o tempo, mas a sensação satisfatória e benéfica é imediata, ou seja, mãos a massa!

Na corda bamba

Por José Guilherme Magalhães

Mantenha a calma e o foco. Não olhe pra linha, fixe o olhar no ponto de ancoragem, pra árvore. Respire e use seus braços pra se equilibrar. A perna bambeia e de repente sua roupa está cheia de grama. Clichê, mas é caindo que se aprende, principalmente quando falamos de slackline. O esporte lembra um velho truque de circo que encantou muitas gerações: a caminhar na corda bamba. Um primo distante, uma vez que registros indicam que o slack nasceu como uma brincadeira comum entre grupos de escaladores nos anos 80. Depois de horas andando por trilhas e subindo paredes íngremes, os amigos resolviam descansar e esticar uma corda ou fita segurança entre duas árvores. Quem conseguisse chegar mais longe, ganhava a competição. Depois de algum tempo, nasceram truques, técnicas e materiais apropriados para a prática. E, hoje em dia, existe até campeonato mundial da modalidade, além de uma febra que invadiu praias, praças e parques mundo a fora. Posso afirmar que não é tão fácil quanto os profissionais fazem parecer. Um praticante assíduo consegue fazer truques que desafiam a gravidade e te deixam no mínimo impressionado. “Pode parecer difícil, mas só precisa de muito treino e força na perna”, nos conta com bom humor João Paulo Moreno, praticante da modalidade há dois anos. O jovem, muito habilidoso em minha opinião, estava “só de passagem” pelo Parque Vitória Régia, em Bauru, quando se aproximou do colega que eu fotografava pra matéria. Pediu licença, tirou os tênis e subiu na fita. Normal, disse meu colega. Dois ou três passos para frente, dois pra trás. E um estarrecedor mortal pra

A arte do equilíbrio sai dos picadeiros e toma as ruas com um novo nome:

Slackline

frente e equilíbrio perfeito. Desceu da fita sorrindo, colocou o tênis e saiu andando. Obviamente, corri atrás dele pra conseguir no mínimo uma entrevista. Jão, como pediu pra ser chamado, contou que pratica slackline há dois anos. “Conheci a modalidade numa viagem aos Estados Unidos. Estava na praia quando vi uma galera andando numa fita amarela e fiquei muito curioso com aquilo. Fui perguntar pra eles como chamava aquela brincadeira e assim conheci a modalidade”. E realmente a prática da “linha frouxa”, numa tradução livre, se mostra cada vez mais popular no Brasil. Um esporte que combina resistência muscular, equilíbrio e muita concentração. Não é a toa que em algumas academias especializadas passaram a ensinar a modalidade, que trabalha pernas e tronco simultaneamente. Em Bauru, a única que o faz é a Cross Fit. “É um bom esporte pro corpo, mas o maior desafio é mental. Eu me esqueço de tudo quando subo na fita. Quase uma meditação baseada no equilíbrio”, completa João. Depois dessa conversa comecei a compreender melhor a modalidade e admirá-la muito. Uma pena que eu tenha caído mais umas sete ou oito vezes antes de conseguir dar um simples passo pra frente. Fica a dica pro leitor que se interessa, vá a uma praça ou parque qualquer onde aconteça a prática do slack e apaixone-se por essa modalidade que combina corpo e mente em equilíbrio.


O ritmo que faz bem

Por Marina Machuca/Infográfico Gustavo Zucheratto

Sacudir o esqueleto, não importa em que ritmo, traz inúmeros benefícios não só para a saúde como também para a autoestima. Dança do ventre, frevo, tango, zumba. São inúmeras as modalidades que estão cada vez mais presentes em academias e escolas de dança. Além de queimar calorias, dançar também ajuda a tonificar a musculatura, aumentar a flexibilidade e melhorar a coordenação motora e a postura. E a saúde física não é a única beneficiada pela prática, quem dança também se diverte, espanta o estresse e exercita a memória. Cada modalidade se concentra e apresenta resultados em diferentes pontos. A dança do ventre, por exemplo, é conhecida por sua sensualidade e por focar nos movimentos dos quadris e do abdômen, ajudando a fortalecer os músculos dessas regiões. Danças mais agitadas como samba, salsa e frevo, exigem mais das articulações e são ideais para quem deseja perder peso rapidamente. Já o tango, marcado por seus passos firmes e elegantes que acompanham músicas dramáticas e melancólicas, é perfeito tornear as pernas e corrigir a postura. A zumba também é uma das modalidades que vem chamando a atenção de muita gente por seus inúmeros benefícios e está cada vez mais presente na grade horária das academias. Misturando movimentos de ginástica com ritmos latinos e internacionais, a coreografia é simples e divertida - ideal até para quem não tem intimidade com nenhum tipo de dança. Em uma aula de zumba, com cerca de uma hora de duração, é pos-

sível perder entre 500 e 1000 calorias, dependendo da intensidade do treino. Além disso, os músculos das coxas, panturrilhas e glúteos são fortemente trabalhados, ajudando a fortalecer as pernas e o bumbum. A professora de zumba Fernanda Pedro Ribeiro acredita que o maior benefício da prática não só de zumba, mas de qualquer dança, é o aumento da autoestima. “Muitos alunos deixam de ser dependentes de remédios para depressão e colesterol, por exemplo. A maioria procura as aulas com a intenção de perder peso, mas o bem-estar proporcionado acaba sendo

principal motivo pela continuidade da atividade.”, afirma. Fernanda também ressalta que qualquer pessoa, de qualquer idade pode participar, desde que não haja riscos ou lesões anteriormente alertadas por um profissional da saúde. Além dos benefícios estéticos, relaxamento e diversão, dançar também é uma ótima atividade de integração social. O respeito e a gentileza, principalmente em modalidades praticadas a dois, são essencialmente exercitados, e fazer amizades durante as aulas é inevitável. Devido a grande variedade de

Benefícios

Gasto calórico (em kcal) Tango, Mambo e Salsa - 105 Flamenco, Dança do Ventre e Havaiana - 155

A dança de salão fortalece Jazz - 170 os músculos, principalmente Bolero - 175 a parte de trás das coxas e Lambaerpobica, Dança de Rua e Hip Hop - 190 dos glúteos. Forró e Samba de Gafieira - 235 O tango, além des- Salsa - 255 sa região, exercita bastante a panturRock - 275 rilha. Zumba - 500

Rompendo o clássico Na década de 50 ela ainda dava seus primeiros passos. Muitas inovações, que algumas vezes desconstruíam totalmente a arte clássica, foram experimentadas para que ela se firmasse. Assim surgia a dança contemporânea. E somente nos anos 1980 ela começou a ganhar sua própria linguagem, mesmo que ainda fizesse referência aos outros estilos de dança como ballet clássico, jazz e o hip hop. Em 1990 ela alcançou maturidade e surgiram então as companhias de dança contemporânea. A dança contemporânea surgiu para romper os padrões clássicos que os bailarinos seguiam até então. Muito diferente do que a gente vê nas danças mais tradicionais, onde as coreografias já estão prontas e os roteiros coreográficos já estão pré-definidos, na dança contemporânea é o corpo que faz a própria dramaturgia, o enredo e muitas vezes até mesmo a musicalidade. Não existem técnica e movimentos específicos que possam caracterizar a dança contemporânea. Qualquer movimento é permitido. Na dança con-

ritmos, muitas pessoas costumam ficar confusas na hora de optar por um estilo e se perguntam qual as proporcionará mais benefícios e mais perda de calorias. Durante o processo de escolha, é importante aliar o gosto musical aos movimentos que mais proporcionam prazer, pois só assim a dedicação será completa e os benefícios maiores ainda. Para arriscar os primeiros passos só é necessário deixar a timidez de lado. Praticando com prazer e intensidade, os avanços e resultados são garantidos. É só escolher o ritmo que mais combina com você e entregar-se.

temporânea o corpo do bailarino tem autonomia para criar e deixar fluir com suas particularidades. É ele quem cria, quem escreve no espaço e no tempo suas idéias e emoções. Algumas características, portanto, foram levadas do ballet clássico. O uso das diagonais e a dança conjunta são exemplos delas. As sapatilhas foram extintas, e o rígido controle do peso também. A aluna de dança contemporânea Giovana Bernardi, da companhia de dança contemporânea da academia Ana Eliza Antunes de Araçatuba, explica que as aulas que freqüenta costumam ser bem dinâmicas. Além de conteúdos técnicos, alguns temas também são estudados na forma de teoria. “Nas aulas nós fazemos análises pessoais e em grupos sobre textos que são propostos pela professora. Também fazemos improvisações em grupo na rua, o que permite uma interação do nosso público com a nossa dança.” Giovana afirma ainda que o ballet e clássico e a dança contemporânea são muito diferentes, mas também

Por Marina Walder

tem algo em comum. “O ballet clássico tem um padrão de movimento e do estilo de vida de seus seguidores. Além disso, apresenta uma técnica rígida. Trata de temas distantes da realidade, como por exemplos quando retrata a história da Bella Adormecida. A dança contemporânea também tem padrões e códigos particulares, mas dá maior liberdade para exploração do corpo e suas extensões. E permite integração com temas mais diversificados. Acho que a dança contemporânea traz algumas coisas sim de outras danças como ballet clássico e moderno, mas não como princípios e sim como códigos”, ela completa. Os espetáculos de dança contemporânea trazem à tona quase sempre fatos recorrentes na nossa sociedade e na nossa cultura. É dessa maneira que ela serve, além de ser uma manifestação artística, como uma forma de protestar. Ela, de certa maneira, é a arte que acompanha o “andar” da sociedade, pois está em constante mudança. Fica então a dica, rompa com preconceitos, com o clássico. 9

Fevereiro 2014


As faces desse gingado Por Gustavo Zucheratto/Fotos Julia Gottschalk Carlos, Matheus e Luciano, de 9, 10 e 14 anos, respectivamente, ainda não conseguem definir o que os atraí na capoeira. Praticantes à aproximadamente seis meses, ao serem perguntados sobre o que mais gostam, respondem, igualmente, a mesma palavra: “Tudo!”. Ao contrário do que muita gente pensa, a capoeira não é uma dança. “A capoeira surgiu como luta e permanece sendo luta, mas ela não é uma arte marcial. As artes marciais, de origem oriental, tem o propósito de serem usadas para a guerra, daí a denominação marcial. A capoeira pode ser caracterizada como uma luta de defesa pessoal, como o boxe, por exemplo”, aponta Alberto de Carvalho Pereira Sobrinho, professor e presidente da Fundação Casa da Capoeira de Bauru, onde os garotos fazem aulas. A capoeira tem diferentes estilos, golpes, movimentos, instrumentos musicais e mestres, que repassam a seus discípulos todos os valores e cultura por trás dessa luta. Os dois principais estilos de capoeira praticados hoje são chamados de Capoeira Regional e de Capoeira Angola. Rosa Maria Simões, estudiosa e professora de capoeira, diz que “dentro do fundamento da capoeira, há uma busca de respeito mútuo, independente dos povos que estejam envolvidos nessa relação”. O ritmo, a dança e toda a musicalidade típicas da luta estão relacionados a sua origem negra, que tem estes aspectos incorporados em seu dia-a-dia. A capoeira regional foi idealizada por Mestre Bimba, em 1932, quando a prática de capoeira ainda era proibida pelo código penal brasileiro. Para ele, a capoeira estava perdendo sua eficiência como luta. Esse estilo passou, então, a incluir elementos das artes marciais ao jogo, que é mais rápido e acontece com o corpo erguido, explorando quedas, rasteiras e cabeçadas. Alberto explica que Mestre Bimba “organizou a capoeira em uma sequência didática de oito movimentos que dão noção de espaço, tempo, reflexo e equilíbrio”. Com isso, ele possibilitou a prática da capoeira em ambientes fechados, na academia, difundindo-a, através de seus discípulos, por todo o Brasil. A Capoeira Angola, por outro lado, é marcada por movimentos mais próximos ao chão, com vagar e precisão, ao som de berimbau, do pandeiro, do agogô, do reco-reco e do atabaque próprios dessa modalidade. Difundida principalmente pelo Mestre Pastinha, a capoeira angola é mais próxima

daquela praticada pelos negros escravos ao chegarem ao Brasil. Mestre Pé de Chumbo, do grupo de Capoeira Angola do Mestre João Pequeno de Pastinha, o CECA da Unesp em Bauru, explica que “no pensamento da capoeira angola não é necessário mostrar a capacidade de luta da capoeira. Capoeira angola é uma filosofia, é vida, é poesia, é alegria, é amor, a capoeira angola é paz. Então eu não tenho ela como luta”. Independentemente do estilo escolhido, a capoeira é a pura representação do que há de melhor do gingado e da malandragem das nossas origens africanas. Uma origem que foi incorporada, adaptada e que volta ao mundo com a cara do Brasil. Paranaue, paranaue, paraná!

Um sedentário na capoeira Era noite de quinta-feira, estava eu, em minha humilde e inocente função de repórter, indo à Casa de Capoeira de Bauru para entender um pouco mais sobre como era uma aula de capoeira. Nem havia passado pela minha cabeça o que estava por vir. Pouco a pouco os alunos chegam, vão se juntando e cumprimentam o professor. A aula está prestes a começar, a roda está formada e a música ligada. E eu, ali no meu cantinho, esperando “só para ver o que acontecia”. Aí o professor vira pra mim e diz: “Achou que seria fácil assim? Pode vir participar também!”. Claro que eu não poderia negar, oras bolas, era minha função de repórter. Não me lembro bem a última vez que pratiquei algum esporte. Claro, eu caminho muito por essa cidade-sanduíche, mas nada que eu precise me dedicar e ter um ritmo bom. Sou um grande sedentário. Além de um péssimo exemplo de coordenação motora. O resultado? Foi um desastre. Eu mal aguentei o aquecimento. Eu tinha dois braços esquerdos e duas pernas direitas. Nada ia no ritmo. Tive que pedir arrego. Mas, acima de tudo, eu me diverti bastante naqueles poucos 10 minutos que eu “pratiquei” a capoeira. 10 Fevereiro 2014


Que loucura! Por Carolina Canotilho Criado em Bauru, o rapper Coruja BC1 já dizia: “Se o interior tem voz, o mundo vai ter que ouvir”. E mais do que voz o interior tem dança, tem ritmo e, principalmente, tem atitude. Quem conhece o que acontece na quadra 2, no número 45 da Rua Braz Lemos de Almeida tem certeza disso: Bauru é gigante. A ONG Wise Madness foi criada em 2006 sem qualquer auxílio financeiro, seja do governo ou de entidades privadas. Inspirados nas apresentações de um grupo de São Paulo que estava de passagem por aqui chamado Extreme Impact, Danny Pagani, Marcus Vinicius e Anderson Ricardo se conheceram e passaram a discutir a ideia de ter um projeto semelhante em Bauru. Por falta de estrutura, começaram com algumas reuniões na praça Rui Barbosa onde a iniciativa foi tomando forma através de algumas oficinas, que até então eram de street dance e pirofagia. Alguns anos mais tarde, em 2010, o promotor de justiça Enilson Komono ficou interessado no projeto e resolveu investir. É graças a ele que a Wise hoje tem sua sede para poder desenvolver os ensaios. Atualmente a ONG conta com oficinas de Skate, Roller, RAP, DJ, STOMP, Street, Breaking, Street Kids, Teatro, Pirofagia e Flash Moob. Os participantes podem fazer quantas oficinas quiserem, todas são gratuitas e abertas a qualquer idade. No todo eles desenvolvem dois programas, um chamado “Impactar com Arte” e o outro “Escola com arte”. Uma das fundadoras, Danny Pagani, explica: “Ambos têm o mesmo objetivo, só muda o local de atuação, o Impactar com Arte é em locais públicos e quase sempre aos finais de semana. Já o Escola com Arte é dentro de escolas públicas em parceria com a direção, o objetivo é levar lições de vida e incentivar os jovens a se afastar de tudo aquilo

que tem corrompido nossa sociedade”. Agudos, Garça, Arealva, Duartina, Paulistânia, São Paulo e São José do Rio Preto são lugares onde a Wise já deixou sua marca. Danny ainda diz que o foco deles não são competições, apenas buscam divulgar seu trabalho e provar que podem ajudar na recuperação dos jovens: “O ponto fraco ainda são as pessoas que não acreditam no projeto ou as que acreditam, mas não ajudam. Ao mesmo tempo que temos a força das artes, precisamos da ajuda das pessoas para que esse projeto funcione, seja ela qual for, as pessoas se fecham muito achando que ajudar é só desembolsar dinheiro (embora precisamos muito também), mas para nós todas contribuição é bem vinda”. O membro mais novo faz oficina de skate e completou 3 aninhos no ano passado. As mulheres, que apesar de serem em menor número no breaking e no skate, estão presentes em todas as oficinas. Os homens chegam de todas as idades e de todos os estilos. Como dá para notar, se trata de uma iniciativa que acredita no talento de todos, e não só acredita como trabalha por eles. Apesar de ainda não receberem recursos do governo, a Wise já foi reconhecida como ONG e entidade de utilidade pública. Orgulhosa, Danny finaliza: “Bauru hoje já nos permiti realizar trabalhos que antes não permitia por não acreditar no nosso projeto, mas por ‘mostrarmos serviço’ ganhamos esse reconhecimento, hoje possuímos parceria com vários órgãos públicos da cidade”. Quem se interessar pode achar mais informações no site www.wisemadness.com.br ou procurar o perfil no facebook. Claro que o número 45 da quadra 2 também sempre está de portas abertas a quem quer conhecer o tamanho do nosso interior.

Auto-estima, auto-confiança e superação Por Isabela Holouka/ Fotos Julia Gottschalk

“Tudo depende de nós mesmos, tudo depende da garra e da força de performance com a Lira Aérea pode ser adaptada a qualquer ritmo e em qualvontade que investimos nas coisas que queremos conquistar”. É assim que Mimi quer apresentação, basta muita criatividade para torná-la atrativa”. Tortorella descreve aquilo que, para ela, é o maior incentivo para a prática da Lira: a auto-superação. Como muitas das artes circenses, a Lira tem uma origem incerta. Mimi explicou que, como o equilibrismo, o malabarismo, e a doma de animais, acrobacias como a Lira são praticadas desde civilizações antigas, como a egípcia e a romana. Tal modalidade de equilibrismo, feito em uma espécie de bambolê de ferro suspenso, é fruto de uma combinação de habilidades específicas como coordenação motora, força e alongamento. Mimi conta que a arte circense a conquistou quando, depois de praticar despretenciosamente por cerca de três anos o tecido acrobático na cidade de Botucatu, mudou-se para Campinas para estudar Artes Cênicas na Unicamp e foi apresentada a Lira pelo seu professor e atual namorado Zuza Bergamasco - paixão a primeira vista pelos dois. “Comecei a treinar firme e hoje a Lira é a minha especialidade no circo”, disse ela. Atualmente Mimi integra dois grupos que pesquisam a integração das linguagens do circo e do teatro, chamados Ponte pra Lua e NanoTrupe, ambos com sede no distrito de Barão Geraldo, em Campinas. Para o artista Adilson Luis Junior, que pratica a Lira e o Trapézio, para quem quer se aventurar nas artes ciecenses aéreas não pode faltar foco e persistência: “A pessoa tem que amar o que faz e ter foco nos treinos. Nas primeiras vezes vai ser difícil subir e fazer os movimentos mais básicos. Só com muita determinação e persistência os resultados aparecem e surpreendem.”. Adilson também é um artista da região. Inspirado no grupo musical e circense O Teatro Mágico, ele começou a treinar o circo em Pederneiras no ano de 2012. “Aprendi tecido acrobático, lira, pirofagia, swing poi e flag. O projeto acabou e eu comprei meus materiais e continuo treinando.” Este ano ele estreia como professor no mesmo projeto que o tornou artista, um projeto da prefeitura de Pederneiras. Adilson já apresentou seus números por toda a região de Pederneiras, passando por Jaú, Bauru e Marilia. Ele, que diz ter como principal referência na atualidade os números do grupo do Cirque du Soleil, contou que a maioria das suas performances é feita em baladas, “por incrivel que pareça!”, brincou. Sobre as bases da prática, Mimi conta que há uma preocupação em se manter tradições do circo, que incluem o uso dos aparelhos. No entanto, de acordo com ela, praticar alguma dança, yoga ou a própria musculação podem auxiliar no desenvolvimento do aluno. “Mas a Lira você aprende praticando a Lira – sei que pode parecer óbvio, mas é isso. A base da minha prática é a repetição: subir no aparelho e repetir as acrobacias e as poses, sempre buscando melhorar“, explicou ela. De acordo com Adilson não há um tipo de movimento específico: “A 11 Fevereiro 2014


Linha do tempo 4000 A.C.

A primeira evidência gravada do Malabarismo está em pinturas dos túmulos egípcios que datam de 4000 A.C. Veja mais na página 8.

Tecido acrobático: performances artísticas realizadas em grandes panos surgiram nas festividades dos imperadores da China, por volta do ano 600 d. C. Veja mais na página 6.

600 D.C.

1581

1459

A capoeira era um costume dos povos pastores do sul da atual Angola, na África, para comemorar a iniciação dos jovens à vida adulta. Com a vinda dos escravos para o Brasil, a luta se tornou uma expressão de revolta ao tratamento violento a que eles eram submetidos. Veja mais na página 11.

Em uma festa de casamento, foi apresentado o primeiro trionfi (triunfo, espetáculo de dança que simboliza riqueza e poder nas cortes reais da Itália) considerado balé. Veja mais na página 3.

Século XVII

Conheça a emocionante história de uma bailarina que enfrentou o preconceito da sociedade para viver seu sonho. Saiba mais na página 4.

Década de 70

Década de 80 A atividade de “corda bamba” tem uma história extensa, mas a história mais aceita do Slackline começa nos anos 80 nos Estados Unidos. Escaladores do Parque Yosemite, na Califórnia, começaram a andar em cima de correntes e corremões, depois usaram os próprios materiais de escalada. Desde então, o esporte só cresceu. Veja mais na página 8.

O hip-hop surgiu na década de 70 como um movimento cultural entre os latino-americanos, os jamaicanos e os afro-americanos da cidade de Nova York, mais precisamente no sul do Bronx. Veja mais na página 11. 12

Fevereiro 2014

Década de 40/50

Alguns coreógrafos passam a questionar os modos de se construir a dança e criam as fundações de uma nova dança, a contemporânea. Veja mais na página 9.


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