17 minute read

Capítulo Dois

Eu nunca tinha estado dentro de uma estação da policia antes. Alguém poderia pensar que eu vivi uma vida chata. Sem multas de estacionamento irregular. Nunca fui multada por dirigir acima da velocidade. Mesmo quando adolescente, eu obedeci à lei.

Bem, eu bebi um pouco antes da idade aqui e ali, e eu definitivamente fumei um pouco de maconha quando era mais nova, mas eu nunca tinha passado dos limites.

E eu fui esperta o suficiente para não ser pega.

Mas agora eu estava sentada em uma daquelas salas que eu só tinha visto na TV. Eu tinha certeza que a câmera que ficava no canto não era enfeite. Apesar deu não ter feito nada de errado, eu meio que esperava que um detetive no formato de um barril fosse aparecer na porta e começaria a jogar acusações sobre mim.

Meus dedos envolveram o lenço de papel que eu devia estar segurando a horas. O homem que eu tinha jogado um ataque suicida tinha ligado para a polícia, desde que eu não sabia mais como tirar meu celular da minha bolsa para usá-lo.

Em choque.

Foi isso que o paramédico que chegou atrás as luzes piscantes vermelhas e azuis da policia havia me dito. Eles queriam que eu fosse para o hospital para uns exames, mas os policiais estavam impacientes. Eles queriam respostas. Eu era uma testemunha de... de um assassinato.

Por que o homem no beco estava morto.

E não havia nada seriamente errado comigo. Minhas palmas estavam um pouco em carne viva e meu corpo doía onde eu havia caído. Os cortes na minha

bochecha não eram nada em comparação com o que aconteceu com o cara que estava deitado com o rosto para baixo no beco.

Eu iria ficar bem.

Eu prendi a respiração, e me recusei a fechar meus olhos por mais de um segundo porque quando o policial me levou para a delegacia, eu consegui ver o homem careca puxando o gatilho. Eu ouvi o crack. Eu vi o outro homem se dobrar como uma folha de papel.

Eu vi o homem careca apontar a arma para mim.

Terror ressurgiu e eu o afastei antes que ele tomasse conta, mas era difícil não pensar no fato que aquele assassino tinha visto meu rosto. Ele sabia que eu era uma testemunha. Isso era assustador porque não haviam duvidas na minha mente que ele não teria problema nenhum em colocar uma bala em mim,.

Ele não teve problema nenhum em fazer isso com aquele homem.

Com meus braços cruzados sobre meu peito, eu encarei o copo de papel quase vazio que estava na minha frente. Eu tinha tomado um grande gole quando o policial o trouxe para mim. Um calafrio percorreu meus ombros. Estava tão frio aqui. Até a ponta do meu nariz estava gelada.

Em vez de manter meus pensamentos neutros, eu me foquei no que tinha acontecido. Na quantidade de tempo que eu achava que tinha se passado desde quando sai do bar e andei até aquele beco. O que eu vi era importante. Alguém havia sido assassinado e eu tinha visto a pessoa responsável. Qualquer informação extra que eu conseguisse iria ajudar a encontrar a justiça.

Então eu repeti os eventos uma e outra vez, até o momento horrível que a arma havia sido disparada, apesar de quão mal isso me fez tremer e como eu desejava que eu tivesse continuado andando. Isso seria errado, mas eu sabia que até eu morrer, eu nunca esqueceria aquela noite.

Aquele homem tinha morrido com seu rosto colado no chão de um beco que cheirava a urina.

Eu tremi de novo. Nunca, nem em um milhão de anos eu tinha pensado que aceitar sair com Rick, the Dick2, iria terminar comigo sentada em uma sala da policia depois de testemunhar... um assassinato.

Eu não tinha ideia do tempo que estava sentada nessa sala, mas em algum momento um policial apareceu com as chaves do meu carro. Depois de confirmar a marca e o modelo, o policial tinha saído para recuperar meu carro da cena. Eu não tinha certeza se isso fazia parte do protocolo ou não, mas eu apreciei o gesto.

A ultima coisa que eu queria era voltar ao local da cena.

Minha respiração estava trêmula quando a porta se abriu, fazendo meu queixo voar para cima. Dois homens entraram. A primeira coisa que percebi era que o primeiro usava calça bege e o segundo, preta. O primeiro vestia uma camisa que estava levemente amassada, como se ele tivesse sido chamado no meio da noite e vestiu a primeira coisa que viu. Ele era mais velho, provavelmente em torno dos cinquenta, seu olhar escuro e simpático enquanto ele se movia para perto da mesa. O cheiro de café fresco vindo do copo que ele segurava. Ele colocou um arquivo fechado sobre a mesa.

“Sra. Ramsey? Me desculpe te manter esperando. Eu sei que você teve uma noite longa. Eu sou o detetive Hart.” Ele parou, se virando. “E esse é o Detetive...” Eu já estava olhando para cima, para o outro cara, vendo como a camiseta polo que ele usava estava um pouco mais larga em sua cintura e mais justa em torno do seu peito e ombros claramente definidos. Esse exato momento não era a melhor hora para estar reparando em um cara, então eu me forcei a olhar para cima. Meu olhar tinha acabado de mover para seu rosto quando Detetive Hart introduziu o segundo detetive.

Meu coração parou pela segunda vez naquela noite.

Oh meu Deus.

2 Seria Rick, o imbecil. Mas vou deixar Dick para rimar.

Eu consegui sentir meus olhos arregalarem enquanto eu ficava de boca aberta olhando para o segundo homem, que estava abertamente me encarando com a mesma descrença em seu lindo rosto. Eu nem precisei ouvir seu nome ser falado. Eu sabia quem era.

Colton Anders.

Oh meu Deus, não tinha como eu estar enganada. Aquelas bochechas altas e angulares, a linha reta do seu maxilar, seus lábios cheios e aqueles brilhosos e profundos olhos azuis que tinham despertado fantasias durante o colegial e além.

Deus, isso provavelmente me tornava uma péssima pessoa. Eu tinha um namorado durante todo o colegial – o menino que no final se tornou meu marido – mas sempre houve Colton. Ele era um deus intocável na escola, o menino que você ia para lá e tinha fantasias de longe, mesmo que um cubo de gelo tivesse mais chances de sobreviver ao inferno do que você chamar a atenção dele.

Colton tinha a beleza clássica, assim como seu irmão mais novo, Reece, e ele parecia mais preparado para entrar em uma sessão de fotos para uma revista de saúde masculina do que em uma sala para uma investigação de homicídio.

Eu estava tão chocada ao ver ele que a pergunta simplesmente saiu de mim. “Eu pensei que você trabalhava para o condado.” “Trabalhava, mas fui transferido para a cidade.” Colton levantou seu braço, passando sua mão sobre seu cabelo castanho escuro. Ele ainda morava em Plymouth Meeting? Ele tinha se mudado para Philadelphia? Essas perguntas eram tão inapropriadas e eu estava surpresa por ter conseguido manter minha boca fechada enquanto ele me encarava. “Merda, Abby. Eu não fazia ideia que era você que estava nessa sala.” Ele sabia meu nome? Melhor ainda, ele se lembrava dele? O cara tranquilo poderia atravessar aquele espelho, que na verdade era um vidro de uma única via, e eu não ficaria surpresa. Colton e eu não andávamos com os

mesmos amigos, e eu tinha certeza, cem por cento de certeza, que eu não estive em seu radar na época da escola.

“Vocês se conhecem?” Hart perguntou, franzindo o cenho, enquanto olhava entre nós.

Colton deu uma pequena balançada em sua cabeça. “Nós frequentamos o mesmo colegial, mas eu não a via em...” ele abaixou seu braço. “Eu não te vejo há anos.” Oh, mas eu tinha visto ele pela cidade. Não muito. No mercado de vez em quando. Uma vez no cinema. Eu estava lá com uma amiga e ele com uma loira escultural.

“Eu...” Engolindo forte, eu olhei para o Detetive Hart. Ainda chocada pelo que aconteceu, eu já me sentia como se estivesse presa em um sonho. Ou um pesadelo. “Eu fui embora para faculdade e me mudei para New York depois que me formei. Eu voltei há uns cinco anos.” Colton passou por Hart e aqueles olhos azuis, emoldurados por cílios escuros se estreitaram. “Você está bem?” Sua cabeça se virou na direção do outro detetive. “Ela já viu um paramédico?” “Pelo que o Policial Hun disse, ela foi tratada, mas se recusou a ir para um hospital.” Aquele olhar estreito terminou em mim. “Você precisa ir...” “Estou bem.” Quão ruim meu rosto estava? Eu resisti à vontade de olhar para o espelho. “Realmente estou.” “Alguém atirou em você,” Colton apontou. Eu me encolhi, sem conseguir me conter. Ou o policial que atendeu o chamado contou isso a ele ou essa informação estava no arquivo. “A bala deve ter atingindo a parede mais próxima. Foram estilhaços de tijolo.” Pausando, eu umedeci meus lábios. “Não é...”

O olhar de Colton caiu para minha boca por um segundo longo demais e eu poderia simplesmente ter imaginado isso. Seus olhos encontraram os meus enquanto ele se sentava na cadeira mais próxima à esquerda. “Você já ligou para seu marido?” Mas que...? Eu pisquei uma, então duas vezes. Ele sabia que eu tinha me casado? Com certeza não era como se isso fosse um segredo ou coisa do tipo. Kevin e eu... nós nos casamos logo depois da formatura, durante o verão, e quando o inverno chegou nós nos mudamos. Sim, nós todos frequentamos a mesma escola, mas eu tinha sido completamente invisível para ele.

Inalando, meio que falhando, eu soltei o lenço e reorganizei meus pensamentos. “Kevin morreu há quatro anos. Durante um acidente de carro.” “Merda.” Colton se endireitou enquanto seu olhar profundo ficava amis suave. “Eu não sabia.” Ele se inclinou, colocando uma mão sobre meu ombro. O peso foi estranhamente confortante. “Meus pêsames, Abby.” “Está...” Não estava exatamente okay, mesmo que eu já tivesse superado a morte de Kevin. Alguns dias ainda eram difíceis. Algo pequeno, como certo cheiro ou uma música no radio iria me lembrar dele e de como incerta a vida poderia ser. “Obrigada.” Ele me apertou gentilmente e abaixou sua mão, a ponta dos seus dedos passando sobre a pele do meu braço. “Okay. Vamos terminar isso para que você possa ir para casa.” Hart levantou uma sobrancelha enquanto olhava Colton. Ele se sentou na minha frente. “Eu sei que você já deu seu depoimento para o Policial Hun, mas nós queremos que você recomece tudo, okay?” Eu concordei devagar. “Eu estava saindo do bar Pixie’s e andando em direção ao meu carro. Ele estava estacionando a umas quadras de distância. Talvez três ou quatro quadras. Era cedo. Talvez umas oito e meia. Eu estava em um... um encontro, mas o cara era um completo idiota.” Minhas bochechas esquentaram enquanto meu olhar foi em direção a Colton. “Me desculpe, isso não é importante.”

Os lábios de Colton se curvaram. “Tudo é importante.” Eu me forcei a inalar devagar de novo. “Certo. Eu estava andando para meu carro e realmente estava distraída. Essa área na cidade não é ruim então eu não estava esperando que algo acontecesse, você sabe? Eu estava apenas andando e vi meu carro logo à frente. Eu estava pensando sobre ir para casa e ler um livro,” eu continuei, sabendo que estava balbuciando de novo. “Eu ouvi alguém gemendo e foi como se eu não tivesse controle sobre meus pés. Eu parei e olhei para a direita. Havia um beco e foi aí que eu os vi.” Estendendo o braço, Colton pegou o arquivo que estava sobre a mesa e o abriu. Suas sobrancelhas franziram enquanto ele passava o olho sobre ele. “Você disse que viu três pessoas.” “Sim. Havia esse homem apenas de pé ali. Ele tinha... ele tinha uma cicatriz em seu rosto e cabelo loiro, descolorido. O outro homem, o que tinha a arma, sua cabeça era raspada e ele tinha essa tatuagem gigante em seu braço. Eu não consegui ver como ela era. Estava escuro, desculpe.” Ele olhou para mim, seu olhar percorrendo meu rosto. “Tudo bem. Você disse ao policial que poderia reconhecê-los, certo?” Quando eu concordei de novo, ele sorriu. Não aquele sorriso grande e caloroso que eu o vi usando quando éramos adolescentes. Nem um pouco perto. “Eles estão compilando algumas fotos de pessoas que atendem essa descrição agora. Então poderemos passar por elas em um momento.” Houve uma pausa enquanto ele se encostava de novo na cadeira. “Quantas vezes você ouviu a arma sendo disparada?” “Uma. Não, duas vezes,” eu disse. Detetive Hart estava escrevendo algo em um pequeno caderno que devia estar escondido em algum lugar. “Ele atirou. ele atirou no homem no beco e eu deixei cair minhas chaves como uma idiota. Oh!” eu coloquei minha mão sobre minha boca. “Me desculpe.” O tom azul dos olhos de Colton ficaram mais claros. “Querida, dizer idiota aqui não vai ofender ninguém.” “Palavras mais verdadeiras nunca foram tão bem ditas.” Hart acrescentou secamente.

O sorriso que se formou em meus lábios parecia fraco e sem graça. Eu nunca tinha pensado que iria ouvir Colton me chamando que querida. Inferno, nunca em um milhão de anos eu iria pensar que estaria sentada do outro lado dele.

Eu realmente precisava me focar, mas isso era difícil. A adrenalina já tinha se dissipado e já era bem mais tarde que minha hora usual para dormir. “Um, depois que eu deixei cair minhas chaves, o cara com a arma, ele se virou para mim. Eu o vi. Ele... ele me viu.” Meus dedos apertaram o pobre lenço enquanto uma onda de pânico percorria meu corpo. “Eu me virei e corri. Ele deve ter atirado na minha direção, mas errou. A bala atingiu um prédio próximo.” Eu levantei minha mão para minha bochecha e imediatamente a deixei cair em meu colo. “Eu continuei correndo e foi aí que eu esbarrei no homem.” Detetive Hart fez mais algumas perguntas. Se eu percebi que eles tinham entrado em um carro? Não. Meu nome foi dito alguma vez? Não que me lembre. Eles disseram algo para o homem que atiraram? Não tinha certeza. Eventualmente, ele se levantou e saiu da sala para pegar algumas fotos que eles queriam que eu visse.

Eu fiquei sozinha com Colton.

Qualquer outra hora eu provavelmente estaria me comendo de nervoso, mas nessa altura eu mal estava registrando sua presença. Tudo que eu queria fazer era ir para casa e esquecer essa noite.

“Abby?” Meu olhar levantou devagar ao som do meu nome. Sua voz estava profunda e áspera – uma voz controlada.

Ele se inclinou para mim, colocando seu braço sobre a mesa. Pequenos pelos sombreavam seu braço. As poucas vezes que eu tinha visto ele nesses anos, eu não tinha estado tão próxima a ele, mas agora eu podia ver as pequenas diferenças entre o Colton que eu admirava de longe durante a escola e aquele sentado na minha frente, uns dez anos depois. Finas linhas tinham se

formado em volta dos seus olhos. Seu maxilar estava mais rígido e essa sombra de barba era algo novo.

Algo sexy.

Eu realmente precisava parar de pensar, no geral.

“Você tem certeza que está bem, Abby?” Ele perguntou, uma preocupação real em sua voz.

Eu balancei minha cabeça enquanto um calafrio percorria minha coluna. “Sim. Não? Me desculpe. Só estou cansada.” “Posso imaginar.” Ele olhou para a porta enquanto movia seus ombros, como se estivesse se aliviando de uma câimbra. “Nós vamos te deixar ir para casa logo.” Me segurando na cadeira de metal, eu suspirei. “Esse... esse é o começo do seu turno ou...?” Os olhos azul cobalto de Colton voltaram para mim. “Eu normalmente saio as oito, mas trabalhamos em ciclos nos casos de homicídio. Era nosso final de semana.” “Desculpa,” eu sussurrei, e franzi o cenho. “Eu nem sei pelo que estou me desculpando. Deve ser difícil trabalhar nesses horários, ter que estar à disposição.” “Eu imagino que seja para alguns, especialmente aqueles com família.” Um lado de seus lábios se curvou para cima e, apesar da situação, meu estomago caiu um pouco. Ele levantou sua mão esquerda. “Obviamente, eu não sou casado. Eu não saberia.” Eu pensei sobre a loirona que eu tinha visto ele com no cinema. “Sem namorada?” Meus olhos arregalaram. Eu realmente perguntei isso? Aquele meio sorriso ficou ainda maior, revelando uma covinha na sua bochecha esquerda. “Não. Realmente não.”

Realmente não? Mas que porra isso significava? Isso importava? Não. Nem um pouco. Eu abaixei meu olhar para a mesa. Um momento se parrou e eu não pensei sobre o que estava dizendo. Simplesmente... saiu. “Eu nunca vi ninguém morrer antes. Nunca vi o momento exato que a vida deixa o corpo. Eu sobrevivi uma morte. Com meus pais e depois com Kevin, mas...” eu tinha visto meu marido depois que ele havia morrido. Ele estava pálido, como uma estátua de cera de si mesmo e por mais traumatizante que isso fosse, não era nada comparado com testemunhar uma vida se extinguir. “Eu nunca vou esquecer essa noite.” “Não vai,” ele disse, e eu levantei meu olhar até o dele. “Eu não vou mentir para você. Isso vai ficar preso a você. Ver a morte desse jeito não é fácil. É algo sombrio que não se pode explicar nem entender.” Isso era totalmente verdade. “Você vê muito disso?” Sua cabeça se inclinou para o lado. “Eu já vi o suficiente, Abby. O suficiente.” A vontade de me desculpar ressurgiu, mas eu a afastei. Era um péssimo habito que eu tinha. Me desculpar por coisas que eu não tinha controle. Sem me desculpar, eu não tinha ideia do que dizer a ele.

“Eu preciso te perguntar mais uma vez,” ele disse, toda a gentileza longe de seus olhos. Eles eram como farpas de gelo azul. “Você tem certeza que não ouviu o nome deles?” “Um dos caras estava falando – aquele que tinha a cicatriz, mas eu não ouvi o que ele estava dizendo. Eu estava... chocada demais pelo que estava vendo. Eu desejo que tivesse ouvido, mas eu não conseguia distinguir nada, mas eu tive a impressão que ele... eu não sei.” “Que impressão?” Ele se inclinou, seu olhar mais afiado. Sem ter certeza de que o que eu iria dizer estava correto ou se era mais um sentimento, eu apertei um pouco mais forte a cadeira. “Eu tive a impressão que ele não estava bem com o que estava acontecendo. Ele aprecia chateado. Ele tinha sua mão em seu cabelo. Assim.” Eu levantei minha mão para meu

cabelo, que batia na altura dos meus ombros, e passei meus dedos por ele. “Ele parecia chateado. Eu sei que não é muito...” “Não, isso é definitivamente algo. Isso é bom.” “Como?” Colton sorriu um pouco. Sem covinhas. “porque se esse cara não estava gostando do que estava acontecendo, então ele pode se virar contra aquele que puxou o gatilho.” “Oh.” Esse pensamento fazia sentido.

Ele ficou quieto por um momento. “Que jeito horrível da gente se esbarrar de novo, huh?” Meu sorriso em resposta não pareceu tão forçado quanto o anterior. “Yeah. Não é a melhor das circunstâncias.” Eu levantei a mão e coloquei meu cabelo atrás da orelha. Eu comecei a bocejar, totalmente derrubada pelo cansaço, mas o machucado no meu rosto me fez gemer. “Ow.” Colton tinha se se aproximado e antes que eu soubesse, eu conseguia sentir o cheiro do seu perfume. Era algo almiscaro, me lembrando do ar da montanha. Um único dedo foi colocado sob meu queixo, me assustando. O toque era simplesmente eletrizante, como uma dose de cafeína pura injetada na corrente sanguínea. O toque foi surpreendentemente carinhoso. Aquela suavidade de volta em seu olhar.

E tinha se passado tanto tempo desde que eu fui tocada que pareceu algo intimo.

Por algum motivo estranho, lágrimas começaram a se formar na minha garganta. Com certeza, haviam motivos mais que suficientes para que eu começasse a soluçar histericamente, mas a ultima coisa que eu precisava era chorar sobre Colton.

Eu sabia que deveria me afastar dele porque o conforto que esse pequeno toque estava oferecendo era demais. A parede que eu tinha construído envolta de mim por causa do terror começou a ruir. “Aquele homem... o

assassino? Ele me viu,” eu repeti com a voz rouca. “Se eu consigo descrever ele, ele consegue me descrever.” Minha voz ficou presa, falhando um pouco. “Isso é assustador.” “Eu sei que isso é assustador, mas confie em mim, Abby.” Aquele leve brilho estava de volta em seus olhos gelados enquanto sua mão se movia um pouco, seu dedão passando levemente pelo corte em minha bochecha. “Eu vou me certificar que você fique segura.”

This article is from: