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Capítulo Um

A caixa, que estava transbordando, balançava precariamente em meus braços enquanto eu dava um passo para o lado, usando meu quadril para fechar a porta do meu carro. Eu prendi a respiração, completamente imóvel no estacionamento, ao lado de uma moto gigante, a caixa balançando perigosamente.

Um. Dois. Três. Quatro. Cinco...

A caixa finalmente parou de balançar quando eu cheguei ao ‘seis’, e eu soltei minha respiração. O que tinha na caixa era precioso demais para deixar cair. Algo que eu provavelmente deveria ter pensando antes de colocar um bilhão de coisas juntas.

Tarde demais agora.

Exalando, eu olhei sobre a borda da caixa para que pudesse avistar a calçada e a entrada do meu apartamento, andando para frente, determinada a não deixar cair a caixa ou quebrar meu pescoço no processo. Graças a Deus e a todos os seus – ou suas- anjos tocadores de trompete, meu apartamento era térreo.

Eu realmente esperava que não precisasse me mudar de novo por um tempo. Mesmo que eu não tivesse muitas coisas para empacotar, isso ainda era um puta de um incomodo. Graças, as coisas grandes – a cama, sofá e outros móveis – tinham sido entregues. Eu só não fazia ideia como consegui acumular tanta porcaria morando em um dormitório.

Eu cheguei à calçada, perto da grande escadaria que levava aos andares de cima, quando uma queimação em meu braço aumentou em intensidade. A caixa começou a tremer de novo, e eu xinguei baixo, uma maldição que teria feito meu pai, e o pai dele, tão orgulhosos de mim.

Apenas mais alguns passos, eu me mantive dizendo, só mais alguns passos e eu – A caixa escorregou dos meus braços. Meus joelhos dobraram enquanto eu tentava segurar ela de novo, mas era tarde demais. A caixa cheia de coisas quebráveis começou a cair.

“Filho da puta, bastardo do cacete, caralh...” A caixa virou de repente, alguns centímetros de distância do cimento, me assustando tanto que meus xingamentos foram interrompidos. O peso da caixa tinha sumido completamente e, meus músculos obviamente fracos do braço ficaram aliviados. No começo eu imaginava se tinha desenvolvido algum tipo de superpoder, mas, então, eu vi as duas grandes mãos, que não eram minhas, ao lado da caixa.

“Eu admiro qualquer um que consiga usar as palavras ‘bastardo do cacete’ em uma frase.”

Meus olhos arregalaram ao som de uma voz incrivelmente rica. Eu raramente corava. Quase nunca. Na verdade, eu estava acostumava a fazer os outros corarem. Mas eu o fiz. Meu rosto esquentou enquanto eu virava minha bochecha para o sol. Por um momento eu fiquei presa, encarando suas mãos. Seus dedos eram longos e elegantes, as unhas lixadas e aparadas, mostrando a pele alguns tons mais escura que a minha.

Então a caixa se moveu, para cima, enquanto eu me endireitava. Eu deixei meu olhar vagar sobre a caixa, até os ombros largos, a fonte da voz.

Puta cara gostoso...

Parado diante de mim estava um ser alto, moreno e lindo. Eu tinha visto muitos assim, mas esse cara era simplesmente fora de comparação. Talvez tivesse a ver com sua coloração única. Seu cabelo castanho escuro, cortado mais curto do lado e ligeiramente longo no topo, emoldurava bochechas e um maxilar angular. Seu tom de pele era de um oliva profundo, dando dicas de uma possível etnia. Talvez hispânico? Eu não tinha certeza.

Minha tataravó era cubana então ainda haviam alguns traços dela que foram passados a mim.

Olhos profundos espiavam entre cílios grossos, e aqueles olhos eram realmente outra coisa. Eles eram ligeiramente verdes em volta das pupilas e quase pareciam azuis perto da retina. Eu sabia que isso tinha de ser algum tipo de ilusão d’ótica, mas eles eram estonteantes. Esse cara era impressionante.

“Especialmente quando essas palavras estão vindo de uma menina bonita,” ele adicionou, seus lábios se curvando no canto. Sai do transe antes que eu precisasse limpar minha baba. “Obrigada. Não tinha como eu conseguir salvar essa caixa sozinha.” “Sem problemas.” Seus olhos percorreram meu rosto antes de se abaixarem, parando mais em algumas áreas do que outras. Como eu estava empacotando caixas e correndo por aí, tudo que eu estava usando eram shorts de ginástica e uma camiseta ajustada, apesar do tempo fresco. E os shorts de ginástica mal poderiam ser considerados como shorts. “Você é bem-vinda para terminar aquela frase com o ‘filho da puta’. Estou curioso qual outra combinação você iria fazer.” Meus lábios se curvaram em um sorriso. “Eu tenho certeza que teria sido épico, mas aquele momento já passou.” “Isso é uma pena.” Ele deu um passo para o lado, ainda segurando a caixa. Nós estávamos lado a lado e, apesar deu ser uma menina bem alta, ele ainda era uns bons centímetros mais alto que eu. “Me diga onde isso vai.” “Está tudo bem. Eu consigo carregar daqui.” Eu tentei pegar a caixa. Ele levantou uma sobrancelha. “Não me importo. A não ser que você esteja planejando xingar de novo, então aí eu posso ser convencido.” Eu ri enquanto olhava para baixo, checando ele. Ele estava vestindo uma jaqueta de couro, mas eu podia apostar minhas economias que haviam

alguns músculos bem definidos por baixo daquele casaco. “Okay então. Meu apartamento é logo ali.” “Mostre o caminho, madame.” Sorrindo para ele, eu passei meu rabo de cavalo sobre meu ombro enquanto eu ia para a esquerda. “Eu quase consegui chegar sem deixar a caixa cair,” eu disse a ele enquanto abria a porta. “Tão perto.” “Ainda assim, tão longe,” ele terminou, piscando quando eu olhei para ele.

Eu segurei a porta para ele. “Tão verdade.” Ele me seguiu e parou. As coisas dentro do meu apartamento estavam meio bagunçadas. O que eu consegui desempacotar estava jogado pelo sofá e no chão de madeira. “Algum lugar particular que você quer isso?” “Ali está bom.” Eu apontei para um espaço vazio próximo ao sofá. Andando até lá, ele cuidadosamente colocou a caixa no chão e, como um cachorro no cio, eu não consegui não olhar para suas qualidades quando ele se inclinou. Bom. Enquanto se endireitava e olhava para mim, eu sorri e bati minhas mãos juntas.

“Você acabou de se mudar?” ele perguntou, olhando ao redor. Caixas estavam empilhadas perto da cozinha e na pequena mesa de jantar.

Eu ri enquanto aquele meio sorriso aparecia. “Eu me mudei ontem.” “Parece que você ainda tem um bom caminho a percorrer antes de terminar.” Andando na minha direção, ele abaixou seu queixo enquanto estendia sua mão. “Por sinal, sou Nick.” Peguei sua mão. Seu aperto era quente e firme. “Eu sou Stephanie, mas quase todo mundo me chama de Steph.”

“Prazer em te conhecer.” Sua mão ainda estava segurando a minha enquanto ele abaixava seus cílios, seu olhar caindo de novo. “É um prazer te conhecer, Stephanie.” Calor fez seu caminho até minha barriga ao som do meu nome dito por ele. “O mesmo,” eu disse, levantando meu olhar ao seu. “Depois de tudo, se você não tivesse aparecido, eu provavelmente ainda estaria lá fora, xingando.” Nick riu, e eu gostei do som da sua risada. Muito. “Provavelmente não é o melhor jeito de se conhecer uma pessoa.” “Pareceu funcionar com você.”

Aquele meio sorriso espalhou vagarosamente, se tornando um sorriso completo, e se eu tinha pensado que ele era bonito antes, não era nada comparado com o que eu pensava agora. Wow. Esse cara era tão lindo quanto era prestativo. “Vou te contar um pequeno segredo,” ele disse, apertando minha mão antes de solta-la. “Não precisaria de muito esforço seu para fazer isso funcionar pra mim.” Oh, meus pequenos ouvidos ficaram aguçados. Que flertada. “Isso é muito... bom de saber.” Eu dei um passo para perto, inclinando minha cabeça para trás. Um cheiro leve de perfume exalava dele, um odor fresco. “Então, Nick, você mora nesse condomínio?” Ele balançou sua cabeça e uma mecha de cabeço escuro apareceu no topo dela. “Eu tenho uma casa no fim da cidade. Eu estou apenas aqui, esperando para ajudar meninas bonitas carregando caixas para seu apartamento.” “Bem, isso é uma pena.” Seus olhos brilharam, a íris verde ficando mais profunda. Um momento se passou enquanto seu olhar segurava o meu, até que seus lábios se afastaram. “Isso é.” Levantando suas mãos de novo, fiquei surpresa quando

ele tocou minha bochecha, trazendo seu dedão até o canto da minha boca. “Você tinha poeira aqui. Tudo limpo.” Meu pulso acelerou enquanto eu o encarava, pela primeira vez na minha vida estava completamente embasbacada. Eu era ousada. Inferno. Meu pai dizia que eu era tão ousada quanto bolas de bronze. Não é a melhor imagem, mas é verdade. Quando eu queria algo, eu trabalhava para isso. Essa mentalidade tinha funcionado comigo desde criança. Notas. Grupos de dança no colegial. Garotos. Um diploma. Uma carreira. Mas mesmo com toda minha coragem, esse homem me abalou um pouco, e me tirou do meu jogo.

Interessante.

“Eu preciso ir andando,” Nick disse, abaixando sua mão. O sorriso em seu rosto, aquele meio sorriso torto, dizia que ele sabia claramente o efeito que tinha. Ele foi em direção a porta e olhou sobre seu ombro. “Por sinal, eu sou bartender nesse lugar não muito longe daqui. Se chama Mona’s. Se você ficar entediada... ou quiser repensar em sua habilidade de usar palavras em duplas como xingamentos, você devia ir me visitar.” Eu sabia como ler rapazes. Era definitivamente uma habilidade conquistada, e ele estava estendendo o convite. Simples assim, ele deixou isso ali, e eu gostava disso. Meu próprio sorriso era como uma cópia do dele. “Eu vou manter isso em mente, Nick.”

Uma fina camada de pó cobria meus braços enquanto eu saia de onde eu tinha empilhado as últimas caixas, levantando minhas mãos até meu rosto logo a tempo. O espirro escapou com força suficiente que fez meu rabo de cavalo voar sobre minha cabeça e quase bater em meu rosto.

Inclinada, eu esperei alguns segundos. Outro espirro estava se formando e eu não me enganei. Eu espirrei de novo, surpresa por não ter derrubado a pilha de caixas com ele.

Endireitando-me, eu passei meu rabo de cavalo sobre meu ombro e levei um momento para absorver tudo isso, além da poeira sobre a pele, até meus ossos. Eu finalmente tinha feito isso.

Eu me mudei.

Não para algum apartamento na mesma cidade onde cresci ou frequentei o colegial, mas para um estado diferente e, pela primeira vez em vinte e três anos, eu não estava a vinte minutos de distância da minha mãe. Mesmo na faculdade eu tinha morado em um dormitório só ficava a uma curta distância da sua casa. Tinha sido difícil – mais do que eu tinha imaginado que seria. Desde que tinha quinze anos, tinha sido apenas minha mãe e eu. Deixala, mesmo que fosse o que ela queria, tinha sido difícil. Houve lágrimas, e isso foi uma grande coisa para mim. Eu realmente chorei. E eu não era esse tipo... de pessoa emocional.

A não ser que um daqueles malditos comerciais ASPCA1 aparecessem na TV, especialmente aqueles que tinham a música “Arms of an Angel2”. Ugr. Então aparecia um pequeno ninja descascando cebolas em baixo dos meus olhos.

Bastardos.

Depois de dois dias desempacotando, eu tinha terminado e, quando eu olhei ao meu redor, eu me senti bem orgulhosa do que tinha conseguido.

O apartamento de um quarto era bom apesar de realmente querer um de dois quartos. Eu precisava ser realista uma vez na minha vida, apesar de tudo, e ficando com esse de um quarto eu estaria guardando dinheiro. Eu tinha uma ótima cozinha, com eletrodomésticos de aço inoxidável, e um cooktop a gás – um cooktop que provavelmente nunca usaria devido ao meu medo irracional de explodir tudo.

1 The American Society for the Prevention of Cruelty to Animals = Sociedade para a Prevenção da Crueldade com Animais 2 In the Arms of an Angel é uma música da Sarah McLachlan

Mas a sala e o quarto eram espaçosos e eu tinha certeza que um policial morava aqui, porque havia uma viatura entrando e saindo do estacionamento nesses dois dias desde que me mudei,

Nick. E alguém que morava aqui tinha um amigo realmente quente chamado

Ponto.

Andando até onde eu tinha deixado uma moldura sobre o balcão da cozinha, eu limpei o pó das minhas mãos nos meus shorts de algodão e peguei a imagem. Eu, cuidadosamente, retirei o plástico bolha, revelando a foto que estava a salvo por baixo. Pressionando meus lábios juntos, eu passei meu dedão sobre a moldura cinza.

Um homem de meia idade vestindo bege sorria de leve para mim, o deserto dourado infinito atrás. Uma mensagem em caneta preta estava perto dele.

Não tão bonito quanto você, Stephanie.

Eu mordi o interior das minhas bochechas e levei a foto até meu quarto. A cama cinza e os moveis brancos envelhecidos haviam sido um presente da minha mãe e dos meus avós. Dava ao cômodo um ar de uma cabana confortável.

Indo até a prateleira que tinha acabado de instalar a cima da TV, que eu tinha centralizado com a cômoda, eu me estiquei, dando a foto um novo lar ao lado de outra foto especial. Era uma das meninas da faculdade e eu, em Cancun, durante nossas últimas férias de primavera. Um sorriso apareceu em meus lábios.

O biquíni preto que eu estava usando mal cobria meus seios. Ou minha bunda, se eu me lembrava bem – na verdade, isso era tudo que eu me lembrava daquelas férias. Bem, isso e aqueles gêmeos do Texas A&M3 ...

3 A Texas A&M University é uma universidade de pesquisa coeducational pública localizada em College Station, Texas. É a instituição mais importante do Sistema Universitário Texas A&M.

Tudo era, definitivamente, maior no Texas.

Em cada lado das fotos estavam velas cinzas e eu achei que o conjunto estava bonito.

Como se fosse o lugar deles.

Eu andei para trás e por uns momentos eu encarei as fotos antes de me virar com um suspiro pesado. O relógio no criado mudo me dizia que era cedo demais numa tarde para terminar o dia e, apesar de ter desempacotado tudo, eu não estava cansada. Minha mente vagou para Nick e o que ele tinha dito ontem sobre o bar em que ele trabalhava. Quando sai ontem à noite para fazer compras, eu tinha visto.

Mordendo meu lábio inferior, eu mudei o peso de um pé para o outro. Por que não sair e beber? E uma bebida poderia levar para alguma diversão. Eu era cem por cento a favor de ficadas sem compromisso. Porém, eu nunca entendi, e nunca iria entender, a relação que existia. Estava bem para homens terem controle sobre seu prazer, mas não para as mulheres?

Não no meu mundo.

Se Nick estivesse lá e ele estivesse tão animado em flertar quanto ontem, então essa noite... Bem essa noite poderia ficar bem interessante.

Eu, com certeza, iria levar Nick para casa comigo essa noite e fazer várias coisas ruins com ele – sem roupa e divertidas que iria fazer minhas orelhas queimarem até saírem da minha cabeça. Ou, pelo menos, causariam uma certa vergonha já que eu estava visualizando elas em um local púbico.

Não estava.

Não tudo, pelo menos.

Um caso de luxuria instantânea me atingiu forte. Eu estava atraída a esse cara em um nível puramente primário, e eu era mulher suficiente para admitir isso.

Olhos cor de grama encontraram os meus mais uma vez. Cílios grossos abaixaram, protegendo aqueles lindos olhos verdes. Deus, eu sempre tive uma coisa por caras com cabelo escuro e olhos claros. Um contraste tão forte que fazia coisas loucas com todos os meus pontos de pulsação. Eu nunca realmente vi alguém com a mesma cor de olho que os dele. Eles eram definitivamente verdes, mas sempre que ele saia das luzes fortes sobre o bar para as sombras, a cor parecia mudar para um azul agua.

Aqueles olhos davam a ele alguns pontos bônus.

“Eu estou curioso demais, então tenho de perguntar. O que no mundo te trás para Plymouth Meeting, Steph?” Ao som de uma voz familiar, eu me virei, sentada no banco do bar, e olhei para cima, me encontrando encarando um par de olhos azul bebê que pertenciam a Cameron Hamilton. Quando eu entrei pela primeira vez no Mona’s, eu fiquei chocada ao ver algumas pessoas que tinham frequentado a mesma faculdade que eu. Eu ainda não acreditava que Cam e sua turma estava aqui, algumas horas de distância do seu point usual, que era a Shepherd University.

Eu tinha dito oi e rapidamente levado minha bunda até o bar, apesar que eu podia dizer que eles tinham um milhão de perguntas, mas, honestamente, ver eles tinha me pego de guarda baixa. Eu não estava esperando encontrar ninguém que conhecesse e, com certeza, não estava esperando que fosse não só um, mas dois caras que eu... bem, eu tinha estado realmente perto em algum ponto.

Falando sobre algo um tanto constrangedor, considerando que eu nunca soube onde eu estava em relação às namoradas de Cam e Jase Winstead. Eu tinha descoberto, a um bom tempo atrás, que muitas meninas não gostavam muito daquelas que seus namorados tinham se envolvido, não

importando o quão sério a relação tinha sido. Nem todas as meninas eram assim, mas a maioria... yeah, a maioria eram.

O que era algo que eu achava... bem, realmente estupido.

A maioria das meninas eram ex de algum rapaz em algum ponto de suas vidas. Então elas estavam apenas odiando a si mesmas.

Então eu tentava ficar longe do caminho delas quando estávamos todos em Shepherd e isso tinha funcionado até a noite que eu encontrei Teresa – a namorada de Jase e irmã mais nova de Cam – gritando histericamente depois de ter encontrado o corpo de sua colega de quarto. Desde então, mesmo que Jase e eu saíamos ocasionalmente, Teresa estava determinada em ser minha amiga. Eu achava isso estranho e me lembrava de uma menina que eu tinha ficado amiga no meu primeiro ano em Shepherd –Lauren Leonard.

Ugh. Só de pensar em seu nome me fazia querer jogar uma bebida na cara de alguém. Ela tinha fingido ser minha amiga quando, na verdade, ela só me odiava porque o cara que ela namorava tinha me beijado um ano antes deles se conhecerem.

E nem tinha sido um beijo memorável, com certeza não tinha valido a pena todo o drama que Lauren trouxe para minha porta.

“Eu poderia te fazer a mesma pergunta,” eu disse finalmente, pegando meu copo.

Um sorriso fácil apareceu enquanto Cam se apoiava contra o bar, seus braços cruzados sobre seu peito. “Você conhece Calla Fritz, certo/” “Eu sei sobre ela.” Eu olhei para onde a linda loira estava com seus braços em volta da cintura de um cara que tinha estampado ‘militar’ sobre si. Eu sabia. Meu pai tinha essa mesma aparência. Uma aparência que gritava eu sei como quebrar cada osso em seu corpo, mas eu tenho um código moral forte que me previne de fazer isso... a não ser que ameacem um dos meus. O cara com o cabelo curto e ondulado realmente estava usando essa aparência.

“Seu namorado, Jax, é o dono desse bar. Costumava ser da sua mãe, mas isso é uma longa história.” Cam pausou. “De qualquer modo, Teresa é grande amiga de Calla então quando ela vem visitar ela, nós vamos junto. E desde que é bem perto de Philly, faz disso uma boa viagem.” “Oh,” eu murmurei. Mundo pequeno. “Eu acabei de conseguir um emprego na Luma Academy e aluguei um apartamento não muito longe daqui.”

“Mesmo?” Nick disse, chamando nossa atenção e fazendo meu estomago afundar de um jeito gostoso, porém estranho. “Você vai trabalhar para o treinador do Brock, the beast4, Mitchell?” Meus lábios se curvaram sobre a evidência do tom surpreso de Nick. Sempre que o nome de Brock era mencionado, essa era praticamente a resposta que recebia. Brock era um exímio lutador de MMA e ele era local. Todos pareciam adorar ele. “Sim. Mas eu não conheci ‘a besta’ ainda. Ele está, na verdade, no Brasil agora, pelo que soube.” Nick colocou seus cotovelos sobre o bar, seus olhos vagando em mim em uma leitura cuidadosa. “Então, você é uma lutadora de MMA?” Eu joguei minha cabeça para trás e ri. “Uh, não. Meu emprego é no escritório. Vou ser assistente do executivo.”

“Legal,” Cam respondeu. “Foi nisso que você se formou, certo? Administração de empresas?” Concordei, não inteiramente surpresa que ele se lembrava. Nós tínhamos sido amigos e Cam era um bom rapaz. Assim como Jase. Falando nele, quando eu olhei para onde a turma estava em volta da mesa de sinuca, parecia que Jase tinha Teresa presa em uma... chave de braço?

Okay.

Eu sorri.

4 A fera

“Há quanto tempo vocês estão por aqui?” eu perguntei, tomando um gole do meu drink enquanto uma bartender mulher com óculos de armação rosa passava por Nick, atirando a ele um olhar que eu não entendi bem.

Nick ignorou isso.

“Nós vamos voltar no domingo.” Cam desapoiou do balcão. “Não seja uma idiota,” ele adicionou, sorrindo quando eu revirei meus olhos. “Tire sua bunda do banco e venha nos visitar, okay?” Quando eu concordei de novo, ele olhou para Nick. “Você vai no Jax amanhã à noite, certo?” “Depende da hora que eu sair daqui, mas vou tentar.” Interessante. Então Cam e Nick eram amigos. Eu estava aliviada por ouvir isso. Cam era bom em julgar as pessoas e eu já sabia que Nick era um encantador prestativo, mas eu me sentia como se pudesse seguramente dizer que Nick não era um serial killer.

Eu segurei minha bebida enquanto Cam voltava para as mesas de sinuca. Minha mente não tinha se acomodado com a ideia de visita-los ainda. Talvez eu fosse. Talvez não.

“Quer outra coca com rum?” Meus lábios se curvaram ao som da voz profunda e rica do Nick. Nós estávamos conversando desde que coloquei minha bunda nesse banco e ele tinha parecido feliz que eu estava aqui.

Ponto bônus para a loteria que era esse cara.

“Estou bem, mas obrigada.” A última coisa que queria era ficar bêbada. “Ei” sorri para ele, feliz quando seu olhar profundo caiu de novo. “Vocês ficam assim tão cheios nos finais de semana?”

Eu podia ver que esse tipo de conversa era algo que Nick dominava, o que fazia sentido, considerando seu trabalho. Ele era um encantador de oportunidades. Mulheres olhavam para ele no bar. A outra bartender, a menina com o óculos rosa, parecia levar isso bem.

“Não sei se você realmente pode chamar isso de cheio, mas os sábados normalmente trazem uma multidão maior.” Ele olhou para o bar antes de continuar. “Então você frequentou a escola com eles?” ele perguntou, usando seu queixo para apontar na direção que Cam tinha ido.

“Yeah.” Me inclinando para frente, eu coloquei meus cotovelos no bar. “Eu não tinha ideia que eles tinham conexões aqui. Surpresa total.” “Mundo pequeno,” ele disse, imitando meu pensamento anterior. “Mas você não é muito próxima a eles.”

isso?” Isso era uma afirmação, não uma pergunta. “O que te leva a pensar

“Bem, se você fosse, eu acho que você estaria lá com eles. Ou...” Nick era bom observador. “Ou o que?” Um lado de seus lábios se curvaram enquanto ele cruzava seus braços sobre seu peito. O movimento chamou minha atenção. Eu era uma pessoa tão visual. Não que ninguém pudesse me culpar agora. A camiseta preta que ele usava estava esticada sobre seus braços bem definidos. “Ou você prefere passar seu tempo comigo.” A sede alojada no meu estomago se transformou em um nó. “Eu sou assim tão transparente?” “No melhor jeito possível.” Ele pegou uma garrafa. “Estou feliz que você passou por aqui. Toda vez que a porta abriu ontem à noite, eu olhei para cima e esperei que fosse você.” “Mesmo?”

“Eu falo a verdade.” Seu sorriso era preguiçoso. “Você terminou de desempacotar?” “Yep.”

“Houve mais algumas combinações com ‘bastardo’?” Eu ri. “Houveram algumas.” “Meio ruim eu ter perdido isso.” “Sempre tem o depois.” Eu brinquei com meu copo enquanto encontrava seu olhar. “Então, Nick, você tem um sobrenome?”

tem?” “Blanco,” ele respondeu depois de uma pequena hesitação. “Você

“Keith.” Eu sorri enquanto ele descruzava seus braços. “Tenho outra pergunta para você.” Se movendo, ele colocou suas mãos sobre o balcão. “Pergunte então.” “Você tem uma namorada?” Minha respiração ficou presa um pouco quando ele se inclinou de repente. Nossas bocas estavam perto o suficiente para estarmos respirando as mesmas moléculas de oxigênio. “Ou um namorado?”

Nick não piscou um olho. “Não para ambos. E você?” Explosão de pontos bônus!

“Nenhum,” eu disse, acolhendo o formigamento que deslizou pela minha coluna enquanto seu hálito aquecia meus lábios.

Ele inclinou sua cabeça alinhando sua boca com a minha, apenas uma fração de centímetro de distância entre nós. Eu comecei a me sentir um pouco corada. “Você tem planos para essa noite, Stephanie Keith?” ele perguntou, sua voz mais profunda e rouca.

Eu balancei minha cabeça enquanto meus batimentos se emaranhavam com uma dança feliz.

O sorriso de Nick se espalhou no tipo de sorriso que eu sabia que deixava as mulheres perdidas. “Você tem agora.”

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