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Capítulo Onze 1
Mas quando ele não disse mais nada, estava a ponto de dar um soco em minhas partes de menina, porque ele estava seriamente me afetando com isso.
"Olá... " Eu arrastei a palavra. "Reece."
Aqueles lábios curvados para cima nos cantos, com um sorriso que dizia que estava orgulhoso e ele deveria estar. Me fazendo dizer o seu nome neste ponto, era um grande feito de sua parte, e se tivesse um cookie para recompensa-lo, eu teria enfiado goela a baixo dele. "Isso foi tão difícil?", Perguntou.
"Sim. Foi difícil,” disse a ele. "Está manchando ainda mais a minha alma."
Uma risada irrompeu dele, o que surpreendeu o inferno fora de mim. "Sua alma é toda arco-íris e puppy dog tails3 , querida” Eu bufei. "A minha alma é profunda e escura, e cheio de infinitas coisas insignificantes.” "Coisas insignificantes?", Ele repetiu com outra profunda risada enquanto estendia a mão e esfregava os dedos pelo cabelo castanho escuro. Era curto dos lados, mas um pouco mais longo que a maioria dos policiais usavam.
"Bem, pra dizer a verdade, ela nem sempre foi assim."
O sorriso fácil, totalmente encantador, abrandou de sua boca e seus lábios formaram uma linha plana. "Sim, nem sempre foi assim."
A próxima respiração engatou na minha garganta. Reece e eu... nós nos conhecemos por um longo tempo. Quando eu tinha sido uma caloura na escola, ele era um júnior, e mesmo naquela época ele era tudo que uma garota poderia querer, e eu era perdidamente apaixonada por ele. Tipo, eu desenhava corações com seu nome no centro, os meus primeiros e relaxados rabiscos em meu caderno, foram de quando ele tinha olhado para mim ou dado um de seus preciosos sorrisos. Eu era muito nova e não frequentava a mesma turma que ele, mas ele sempre foi gentil comigo.
3 Literalmente seria rabo de filhotes de cachorros, mas no caso é mais para algo fofo.
Provavelmente tinha a ver com o fato de que ele e seu irmão mais velho, juntamente com seus pais, tinham se mudado para a casa ao lado da minha quando criança.
De qualquer forma, ele sempre foi bom para mim e para Charlie, e quando ele se alistou no Exercito aos dezoito anos, eu estava com o coração partido, totalmente devastada, porque tinha me convencido de que iria me casar com ele e ter os seus bebês. Durante o tempo que ele ficou fora, foi muito difícil, e eu nunca me esquecerei do dia que mamãe me chamou para dizer que ele foi ferido em combate. Meu coração parou e levou muito tempo para que a bola sufocante de medo se desmanchasse, mesmo depois de sabermos que ele estava ok. Quando ele finalmente chegou em casa, eu era velha o suficiente para não ser considerada ‘chave de cadeia’ e nós realmente nos tornamos amigos. Próximos, como bons amigos. Eu tinha estado lá para ele durante os piores momentos de sua vida. Essas terríveis noites, ele se embriagava em um estado de estupor ou tornava-se tão malhumorado, que ele era como um leão enjaulado pronto para morder a mão fora de qualquer um que se aproximasse dele, qualquer um exceto eu. Mas, então, uma noite regada a muito uísque, tinha arruinado tudo.
Eu passei anos apaixonada por ele, sempre acreditando que ele era inalcançável, e não importava o que havia acontecido entre nós naquela noite, ele ainda assim nunca será meu.
Frustrada de onde os meus pensamentos tinham ido, resisti à vontade de batê-lo com minha bolsa. "Porque no mundo estamos falando sobre a minha alma?"
Um ombro largo subiu. "Você que trouxe o assunto."
Eu abri minha boca para argumentar, mas ele estava certo, eu que tinha e era no mínimo esquisito. Uma fina camada de suor havia irrompido na minha testa. "Porque você está aqui?” Dois passos e suas longas pernas encurtaram a distância entre nós. Meus dedos dos pés se enrolaram contra minhas sandálias e me forcei a não girar e me afastar dele. Reece era alto, chegando em torno de 1,91 m, e eu era um membro
não oficial da Lollipop Guild4. Seu tamanho era um pouquinho intimidante como também sexy. "Queria falar com você sobre Henry Williams."
E em uma fração de segundo, esqueci tudo sobre a história bagunçada que Reece e eu compartilhamos e estado atual da minha alma, enquanto olhava para ele. "O Quê?"
"Ele está fora da cadeia, Roxy."
O suor se transformou em granizo na minha pele. "Eu... Eu sei que ele está. Ele esteve fora por um par de meses. Estive nas audiências de liberdade condicional e foi negado. Eu” "Eu sei", ele disse em voz baixa, intensamente, e meu estômago caiu para o chão. "Você não foi na sua última audiência de condicional, quando ele foi solto."
Essa foi uma declaração, mais do que uma pergunta, mas ainda balancei minha cabeça. Eu tinha ido antes disso, mas não era capaz de tolerar a visão de Henry Williams. E as declarações de como ele estava indo bem, e havia uma boa chance que na próxima audiência ele seria aceito e eis que ele foi. Dizia-se que Henry encontrou Deus ou algo parecido enquanto estava na prisão. Bom para ele.
Mas isso não muda o que ele tinha feito.
Reece tirou os óculos escuros e olhos azuis surpreendentes encontraram os meus. "Eu fui à audiência.” Surpresa, eu dei um passo para trás. Minha boca se abriu, mas não saíram palavras. Eu não sabia e nunca passou pela minha cabeça que ele faria isso ou até mesmo por que faria.
Seu olhar permaneceu trancado ao meu. "Durante a audiência, ele pediu que-
"Não", eu disse, quase gritando. "Eu sei o que ele queria. Eu ouvi o que ele queria fazer, se saísse, e não. Cem vezes. Não. E o tribunal não pode dar esse tipo de permissão de qualquer maneira.”
4 Lollipop Guild, era um grupo de anões que acolheram Doroty, no filme ‘O Mágico de OZ’.
A expressão de Reece se suavizou e algo próximo à piedade preenchendo aqueles olhos. "Eu sei, mas querida, você também sabe que não tem nada que possa dizer sobre isto." Houve uma pausa. "Ele quer fazer as pazes, Roxy.” Minha mão livre apertou em um punho enquanto um repúdio subia como um enxame de abelhas dentro de mim. "Ele não pode reparar o que ele fez."
"Eu concordo."
Levei um momento enquanto olhava para ele para perceber realmente o que ele estava falando, e foi como se o chão se movesse debaixo dos meus pés. "Não", eu sussurrei, meu estômago torcendo em nós. "Por favor, diga-me que os pais de Charlie não deram-lhe permissão. Por Favor."
Um músculo apertou ao longo da curva de sua mandíbula forte. "Eu gostaria de poder dizer isso, mas não posso. Eles fizeram, apenas esta manhã. Eu ouvi sobre isso através de seu oficial de condicional” .
Emoção crua derramou em meu peito, e me virei para o lado, não querendo que ele visse isso. Eu não podia acreditar. Meu cérebro se recusou a processar isso. Os pais de Charlie tinham dado isso a ele... a permissão para esse bastardo visitá-lo.
Foi incrivelmente insensível e grosseiro, era apenas tão errado. Charlie estava como estava agora por causa desse idiota homofóbico. Os nós no meu estômago se apertaram ainda mais, e havia uma boa chance que eu vomitasse.
A mão de Reece veio por cima do meu ombro, me fazendo saltar, mas não o fez removê-la... havia algo reconfortante sobre isso. Uma pequena parte de mim estava grata pela pressão e lembrou-me de como costumava ser entre nós. "Eu pensei que seria melhor para você ouvi-lo primeiro de mim, e não ser surpreendida por isso".
Apertei meus olhos fechados e minhas palavras foram rouca. "Obrigado."
Ele manteve sua mão e mais um momento estendeu entre nós. "Isso não é tudo. Ele quer falar com você.” Meu corpo estremeceu fora de seu alcance por sua própria vontade. Encareio novamente.
"Não. Eu não quero vê-lo." Em um segundo, aquela noite voltou com força total, e recuei, saltando para o lado do meu carro. As coisas começaram levemente. Brincando. Provocando. Então, tudo aconteceu tão rapidamente, tão mal. "De jeito nenhum."
"Você não precisa." Ele se moveu em minha direção, mas baixou sua mão para o seu lado. "Mas você precisava saber. Vou dizer ao seu oficial que ele precisa ficar longe de você. Ou então.” Não deixei de registrar a ameaça no "ou então" à sua voz profunda.
Meu coração batia forte no meu peito, e de repente eu precisava ficar longe dali, sozinha, para processar isto tudo. Aproximando-me pelo lado do passageiro do meu carro, eu trouxe minha bolsa até meu peito como uma espécie de escudo. "Eu... Eu tem que ir.” "Roxy", ele gritou.
Eu corri em torno da frente do meu carro, mas de alguma forma, como um ninja ou algo assim, Reece estava na minha frente. Seus óculos de sol ainda estavam fora e ele estava focado em mim com seus olhos cor de azul claro e nítido.
Ambas as mãos pousaram sobre os meus ombros, e era como se tivesse enfiado meus dedos em uma tomada elétrica. Apesar da notícia que ele tinha acabado de me dar, eu sentia o peso de suas mãos em cada célula, e não sei se ele sentiu isso também, mas seus dedos curvaram, me segurando. "O que aconteceu com Charlie", ele disse, em voz baixa. "Não foi culpa sua, Roxy."
Meu estômago caiu e me livrei de suas mãos, e ele não me parou desta vez, enquanto corri dando a volta por ele, abrindo a porta do carro, me atirando atrás do volante. Meu peito subia e descia pesadamente enquanto olhava para ele através do para-brisa.
Reece ficou na frente do meu carro por alguns segundos, e por um momento, pensei que ele ia subir no carro comigo, mas, em seguida, ele balançou a cabeça enquanto deslizava seus óculos de sol. Eu o vi virar e fazer seu caminho para sua caminhonete, e só então eu falei.
"Puta merda", eu cuspi no volante enquanto agarrava-o com as mãos trêmulas. Eu não sabia o que era pior. Se era Charlie não me reconhecendo novamente. Ou Henry Williams tendo permissão para visitar Charlie. Ou o fato de que eu não tinha certeza se Reece estava certo.
Se o que aconteceu com Charlie realmente não foi culpa minha.