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Capítulo Vinte e Sete

Era uma boa coisa que meu estômago havia parado de doer porque eu estava no meu quarto, ou algo perto, abraço e eu tinha certeza que todo o excesso de ar havia sido espremido de mim.

Era sexta a noite, quase duas semanas depois da que eu estava me referindo como Segunda de Merda. Eu tinha voltado ao Mona’s na quinta passada mesmo Jax insistindo que eu poderia tirar todo tempo que eu precisasse, mesmo um mês, mas eu precisava voltar a minha vida e eu precisava do dinheiro. Toda a gangue estava aqui, passando tempo no Mona’s antes de voltar no domingo à noite. Eles estavam na casa de Jax, acampados em seu sofá e em seu quarto extra.

“Eu acho que você fica mais mal encarada com esse olho roxo,” Katie disse enquanto arrumava seu top azul neon. “Como se eu tivesse ter medo de você chutar minha bunda.” Calla se apoiou no balcão do bar ao meu lado, cruzando seus braços sobre seu top. Seu cabelo loiro estava amarrado em um rabo de cavalo alto. “Ela poderia chutar todas as nossas bundas. As pequenas são sempre as piores.” Meu olho roxo já tinha desbotado para um roxo claro e provavelmente já teria desaparecido agora, mas alguns vasos sanguíneos foram rompidos. Mas estava praticamente invisível. Eu não estava preocupada. “Verdade,” eu disse as meninas. “Tomem cuidado.” Avery riu enquanto enchia um copo com Coca. “Eu derrubei Teresa final de semana passado.” Minhas sobrancelhas atiraram para cima enquanto eu olhava para a menina de cabelo escuro. “Eu acho que preciso dos detalhes disso.” Teresa riu enquanto se ajeitava no banco do bar. “Eu encontrei essas luvas velhas de boxe do Jase e nós tivemos um duelo. Eu estava pegando leve com ela, apesar de tudo, dando uns tapinhas em seu braço.”

“Que seja.” Avery olhou para onde Cam estava com Jase e Jax. Eles estavam dando uma de fanboys em cima de Brock. “Eu pensei que Cam teria um ataque cardíaco quando começamos.” “Yeah, eu pensei que teríamos de ligar para os bombeiros.” Teresa bufou. “Foi divertido porque tenho certeza que Jase pensou que era como assistir algum tipo de fantasia pervertida se realizando. Duas meninas com luvas de boxe.” Calla riu enquanto servia uma dose. “Pobre Cam. Deve ser uma merda quando uma dessas meninas é sua irmã.” “Você sabe, eu acho que isso seria um grande show no clube. As meninas poderiam estar de biquíni. Ou de topless.” Katie tomou a dose de uma vez, impressionando. Batendo seus lábios e cantarolando feliz, ela colocou o copo de volta no balcão. “Eu vou dar essa dica a Larry. Ele aaaaaaaaama minhas ideias.” Katie disse balançando o quadril.

Eu levantei uma sobrancelha e olhei para as outras duas meninas. “O que vocês fizeram?” Avery riu.

“De qualquer modo, eu preciso voltar e fazer algum dinhei-roo! Paz – oh, espere!” Ela se virou para onde Nick havia aparecido de trás do bar. Com uma pilha de limões recém cortados em sua mão, suas sobrancelhas levantaram quando ele encontrou o olhar de Katie. “Você!” Ela gritou, andando para frente, seus seios desafiando a gravidade naquele top.

Ele colocou os limões no balcão. “Eu?” Eu sorri enquanto Calla se afastava, curiosidade tomando conta de suas feições.

“Sim. Você!” Ela apontou para ele com uma unha pintada de um azul que combinava com seu top. “Eu tenho algo para te dizer.” “Oh não,” murmurou Calla enquanto eu mal conseguia conter minha felicidade.

Katie balançou seu dedo como se ela estivesse prestes a começar a dançar jazz. “Ela está vindo hoje à noite.” Nick levantou uma sobrancelha. “Eu não sei quem é a felizarda, mas eu aposto que sim.” Eu bufei.

Sem se deixar abalar, Katie balançou sua mão. “É ela. Aquela que você vai se apaixonar e se apaixonar de verdade. Oh, cara, você tem que conhecer sua adversária. Totalmente.” Se afastando de um Nick em silêncio, ela se virou para nós e riu. “Tarde, minhas cachorras.” Nós assistimos Katie andar pelo bar em suas plataformas gigantes e, então, me virei para Nick, dando tapinhas em seu braço. “Oh, você sabe. Ela sempre acerta essas coisas.” Nick ficou pálido. “Cale a boca.” “Não. Ela acertou quando se tratou de Jax e eu,” Calla confirmou. “É como se ela fosse uma stripper médium do amor, ou coisa do tipo.” Ele parecia horrorizado. “Ambas, calem a boca.” Eu ri me esquivando. “Mal posso esperar por isso.” Nick fez uma careta.

A porta do bar se abriu e todas nós nos viramos para ela. Uma risada saiu de mim, alta, quando eu vi quem era. “Oh meu Deus.” Aimee com dois ‘es’ entrou, franzindo o cenho na nossa direção. Seu cabelo loiro dourado estava penteado em lindas ondas e sua barriga extremamente bronzeada estava a mostra. A menina era linda, mas ela também não sabia o que espaço pessoal significava, além dela ter sido uma puta completa com Calla, e eu não estava bem com isso. Mas a ideia de Nick se apaixonando por ela? Eu praticamente morri. Rindo tanto, meu estômago doía quando eu bati uma das mãos sobre o balcão do bar. “Oh meu Deus, é ela!”

Calla cruzou seus braços quando Aimee começou a ir em direção aos meninos, sorrindo como um gato que comeu um canário quando ela desviou no último minuto. “Isso é doente,” Calla disse para Nick. “Eu não sei se posso ser sua amiga agora.” Nick revirou seus olhos. “Eu posso dizer que o mojo de Katie está quebrado porque nenhuma parte do meu corpo está chegando perto daquilo.” “Que seja,” eu disse alto. “É o amor verdadeiro.” O olhar que ele atirou para mim era sombrio, mas não fez o sorriso sair do meu rosto. Eventualmente Avery e Teresa se juntaram aos caras e quando o movimento acalmou, Calla teve um momento cara a cara comigo.

“Você está realmente bem?” ela perguntou. “Quero dizer, eu sei que o que você passou foi uma loucura, e eu passei por alguma coisas loucas também, então sei que pode ser difícil.” Eu concordei enquanto começava a cortar um limão. “Estou bem. Bem, eu acho que estou, se isso faz sentido. Tem alguns momentos onde eu ainda me assusto, não vou mentir. O que Kip fez, eu não sei se um dia vou conseguir engolir sabe? Ele já se foi. E eles encontraram o corpo daquela menina. Isso é o que importa agora. Pelo menos sua família teve algum tipo de conclusão.” “Yeah,” ela respondeu, me olhando mais perto. “E está tudo bem com Charlie?” Cortando outro limão, eu sorri. Era um pouco triste, mas era um sorriso real. “Eu sinto falta dele. Não vê-lo toda sexta, mas eu vou passar por isso e vai ficar mais fácil.”

“Fico feliz em ouvir isso. Por sinal, eu amei os óculos novos. A armação rosa fica ótima em você – mas que porra?” Eu olhei para cima, seguindo seu olhar. Uma menina tinha acabado de entrar no bar. Eu nunca a tinha visto antes, mas por Deus, ela era linda. Com um cabelo preto brilhoso e um corpo que eu provavelmente daria um ovário, ou os dois, para ter, ela era alta e parecia com alguém que pertencia na capa de uma revista de moda.

Foi Teresa que a viu primeiro, e ela deu um passo para trás, obviamente surpresa ao reconhecer a menina. Então ela sorriu enquanto olhava para Cam e Avery – um sorriso que ficou maior. “Steph?” Ela chamou. “Mas que porra você está fazendo aqui?”

A menina chamada Steph se recuperou o suficiente para andar até eles, mas não pude ouvir sua resposta devido ao barulho, então olhei para Calla. “Você conhece ela?”

“Yeah. Ela frequentava Shepherd. Se formou com Jase. Lembra que eu te disse sobre o que aconteceu com a colega de quarto de Teresa antes dela se mudar do dormitório?” “A menina que foi assassinada?” Calla concordou. “Quando Teresa encontrou seu corpo, ela surtou e foi Steph que cuidou dela e chamou a polícia. No fim ela morava na outra suíte, mas Teresa nunca a viu. Eu não a conheço direito, mas ela é linda.” “Linda como se Angelina Jolie e Megan Fox fossem unidas.” Ela riu. “Verdade. Wow. Okay. Eu preciso ir ver o que ela está fazendo aqui. Você vai ficar bem?” “Yep.” Eu a dispensei. “Vá e me consiga um pouco de fofoca.” As coisas ficaram bem movimentadas e quando Calla voltou para ajudar a atender os pedidos, não houve tempo para descobrir porque a menina que costumava frequentar Shepherd estava fazendo aqui, mas eu não consegui deixar de pensar no que Katie tinha dito a Nick quando eu o vi sorrindo para ela quando ela veio ao bar pegar Coca com Rum.

Eu conhecia aquele sorriso.

Desde que Calla iria ficar o final de semana todo, ela estava fechando o bar com Jax e Nick, o que significava que eu não precisava ficar. Depois de dizer adeus a todo mundo e de dar um abraço em Jax, ele me tirando no chão, eu coloquei meu cardigã e sai.

Uma viatura estava no estacionamento.

Sorrindo, eu fui em direção a ela enquanto a janela do carro descia, revelando um policial quente pra cacete. “Pausa para o almoço?” eu perguntei.

Ele mordeu seu lábio inferior. “Meu tipo favorito de pausa para o almoço.” Calor se formou na minha barriga. Eu sabia exatamente que tipo de almoço ele estava pensando. “Meu também.” Esperando que eu não estivesse quebrando nenhum tipo de regra sobre um policial em uma viatura, eu me inclinei e o beijei. “Me encontra na sua casa?” Um lado de seus lábios se curvaram. “Vejo você lá.” Em algum ponto, eu iria voltar para meu apartamento, antes do que depois. Não porque eu não gostava de ficar com Reece. Eu gostava, especialmente nas noites como essa quando levava apenas alguns minutos para ir do Mona’s até seu apartamento e nós poderíamos começar algum tipo de freak-a-deak65 .

Eu não tinha contado a Calla, mas a ideia de dormir no meu apartamento me dava arrepio, mas o único jeito que eu poderia superar era fazendo isso. Claro, eu não faria isso sozinha. Reece estaria lá comigo, mas voltar ao meu apartamento era um jeito de ter as coisas voltando ao normal.

Quando chegamos no prédio de Reece, não houve tempo para brincadeiras nem para fingir que estávamos lá para realmente comer algo. Ele passou seus braços fortes em volta de mim e me beijou como um homem sedento, e eu estava tonta e sem ar por causa disso. Nós realmente nos jogamos um no outro. Terminamos comigo no sofá, de joelhos e segurando no encosto, e ele atrás de mim, uma mão no meu quadril e a outra entre minhas coxas. Esse era o melhor tipo de horário de almoço.

Meus músculos viraram gelatina enquanto eu ficava onde ele havia me deixado, enrolada sobre o encosto do sofá enquanto Reece ajeitava seu uniforme, prendendo seu cinto e, então, pegando minhas roupas. Eu o assisti, minha bochecha descansando em minhas mãos enquanto ele se endireitava e dava um tapa na minha bunda.

“Pervertido,” eu murmurei.

65 Rala e rola

Ele piscou. “Você gosta.” “Talvez.” Rindo, ele pegou meu cardigã. “Deixe-me ajudar.” Eu levantei minhas sobrancelhas para ele, mas mesmo assim levantei um braço com um suspiro. Me vestir com o cardigã era desnecessário, mas ele continuou com isso, fechando cada botão. “Eu quero chegar em casa de manhã e te encontrar na minha cama usando só isso.” “Você realmente é um pervertido.” Reece passou seus lábios sobre os meus. “E eu realmente gostaria que eu não tivesse de voltar.” “Eu também.” Eu ajeitei a gola do seu uniforme. “Mas vou estar aqui.” Ele me beijou de novo, passando seus braços em volta da minha cintura e me levantando do sofá. Me colocando de pé, ele me puxou contra si novamente. “Me leva até a porta?” Desde que a porta ficava a uns dez passos de distância, eu conseguia fazer isso. O seguindo, eu me contentei em saber que havia um pote de sorvete no freezer apenas esperando por mim. Eu iria fazer daquele pote minha puta logo que eu fechasse essa porta.

Reece se virou, seu olhar passando por mim com uma intensidade que pareceu um carinho. “Ainda está tudo certo para domingo?” Ah, domingo. A fase dois de seguir em frente de... bem, de tudo, começava domingo. Seria um dia difícil, mas eu estava preparada. Ficando na ponta dos pés, eu beijei o canto de seus lábios. “Yeah, está tudo certo.” “Bom,” ele respondeu e foi para a porta.

“Reece.” Ele olhou para mim sobre seu ombro e eu disse. “Eu te amo.” Seu rosto se transformou de intenso para estonteante, com um sorriso incrível que fez meu coração dançar. “Eu te amo, babe.”

Enquanto eu fechava a porta e passava a tranca, eu tinha que admitir que isso era muito melhor do que dizer adeus.

Uma brisa suave passou pela rua enquanto saíamos da caminhonete de Reece, e eu dei a volta até p lado do motorista. Levantando meu queixo, eu apertei meus olhos enquanto olhava para o cemitério, meu olhar passando pelas pedras de mármore. Era um dia ensolarado. O céu estava em um tom perfeito de azul, as nuvens fofas e brancas. Minha mente divagou para as cores da aquarela que teria de misturar para reproduzir esse azul e as nuvens e, bem, nuvens eram fáceis de se pintar. Eu peguei a barra do meu suéter e me ajeitei, colocando a mecha rosa para trás da minha orelha.

Reece andou até onde eu estava, com minhas sapatilhas apenas tocando a grama. “Pronta?” Pressionando meus lábios juntos, eu concordei e nós começamos a andar, seguindo o caminho pavimentado. Havia essa bola na minha garganta, uma mistura de nervos e tristeza que ainda ficaria ali por um bom tempo. Eu sabia nesse dia que sempre que eu pensasse sobre Charlie não seriam apenas coisas tristes. Haveria apenas calor e felicidade nas memórias dele que eu sempre poderia cuidar.

Nenhum de nós falou enquanto íamos para a pequena colina, vendo pela primeira vez depois do funeral o local de descanso de Charlie. Meus passos ficaram fracos e meu coração palpitava. Seus pais tinham, como esperado, gastado o que podiam no túmulo do seu filho. Era estranho para mim desde que eles mal o tinham visto por seis anos, mas quem era eu para julgar? Talvez esse fosse o jeito deles de dizer o quanto o amavam, o quanto sentiam falta dele.

Um anjo branco tinha sido colocado atrás de uma pedra relativamente simples, suas asas abertas e a cabeça baixa. Em seus braços havia uma pequena criança, segura perto dos seios. Eu não sabia o porque, mas ver essa estátua me fez querer me jogar na grama e chorar como nunca chorei antes.

Mas nós não éramos os únicos no cemitério. Nem o local de descanso de Charlie estava vazio. Não que eu esperasse que estivesse.

De pé um pouco para o lado, com suas mãos em seus bolsos da calça e sua cabeça jogada para trás, como se estivesse concentrado na expressão de desamparo do anjo, estava Henry Williams.

Eu inalei, minha respiração falhada. Quando eu disse a Reece que a segunda coisa que queria fazer era finalmente falar com Henry, ele tinha me apoiado cem por cento, assim como meus planos sobre a faculdade. E era por isso que estávamos aqui, no cemitério em um domingo a tarde.

Henry abaixou sua cabeça e se virou para nós. Um pequeno e incerto sorriso apareceu enquanto ele tirava uma mão de seu bolso e passava sobre seu cabelo loiro, cortado rente a sua cabeça, e que agora estava um pouco maior do que a última vez que eu o tinha visto, que foi no apartamento de Kip.

Eu tinha de ser honesta comigo mesma. Eu e Henry nunca seríamos amigos. Eu nem acho que era isso que ele queria, e seria estranho demais, doloroso demais pedir isso para nós. Mas para realmente me perdoar, eu tinha de perdoar Henry primeiro.

Por um momento, eu me deixei imaginar Charlie em algum lugar no meio daquele lindo céu, olhando para nós, e eu imaginei ele sorrindo. Eu imaginei ele feliz com isso. Acima de tudo, eu imaginei ele se sentindo orgulhoso de mim – de todos nós. E Deus, isso foi bom.

A mão de Reece encontrou a minha e a apertou gentilmente. “Você quer tentar fazer isso?” “Não,” Eu olhei para ele e nosso olhar se encontrou. Cada linha das feições do Reece soletrava amor. Deus, eu era uma menina de tanta sorte e eu estava tão apaixonada por ele que isso poderia me fazer flutuar. Eu apertei sua mão de volta e disse, “Eu não vou tentar. Eu vou fazer isso.”

FIM.

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