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A Unidade do Doente Frágil pioneira na Madeira e no País
from Revista "O Hospital" | Nº 33
by APDH
Hospital Central Do Funchal
Vencedor da Menção Honrosa do Prémio de Boas Práticas, na categoria de Melhor Poster
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A Unidade do Doente Frágil (UDF) está sediada no Hospital dos Marmeleiros, 2º Piso Nascente, e conta com 13 camas ativas. Iniciámos a nossa atividade em 15 de julho de 2021, com 3 camas, no 4ª Piso Nascente.
Este projeto constitui a interface entre a alta clínica e o regresso ao domicílio dos doentes frágeis, internados no Serviço de Medicina Interna do SESARAM EPERAM. Assim, os doentes regressam ao domicílio após recuperação parcial ou total dos déficits existentes antes do internamento e, bem assim, daqueles que surgiram “de novo”, durante o período em que permaneceram no Serviço de Medicina Interna.
É necessário planear antecipadamente a alta e os cuidados de transição.
De facto, a transição do internamento hospitalar para o domicílio é um período crítico, que requer uma comunicação e uma coordenação regulares com os Cuidados de Saúde Primários (CSP), de forma a permitir que as ações executadas e planeadas tenham continuidade.
Esta Unidade, pioneira na Região Autónoma da Madeira (RAM) e no País, surge na sequência da nossa sensibilidade para o problema da fragilidade e de um desafio lançado pela Direção Clínica e pelo
Conselho de Administração do nosso hospital.
O modelo atual de atendimento clínico, utilizado nas instituições hospitalares para as pessoas frágeis, está centrado numa abordagem biomédica cujo objetivo é a recuperação da condição médica que motivou o ingresso. Este modelo, apesar de eficaz, não considera o impacto negativo na funcionalidade que uma hospitalização pode gerar numa pessoa frágil e no seu meio.
Assim, esta Unidade possibilita a abordagem da pessoa frágil e do seu meio envolvente numa perspetiva multidimensional e com um trabalho interdisciplinar, procurando que o processo de hospitalização cause o menor dano possível e, inclusive, possa ser uma oportunidade de reabilitação funcional e intervenção em outros aspetos da pessoa frágil relacionados com seu bem-estar subjetivo.
Apesar de não ser uma Unidade destinada apenas ao tratamento de idosos frágeis, estes são altamente prevalentes em unidades deste tipo.
Há estudos que apontam para 29% dos doentes com idades acima de 70 anos. A UDF admite doentes a partir dos 18 anos, atendendo a que a Síndrome de Fragilidade não é tão prevalente, mas é significativa em função das patologias associadas. Os doentes são selecionados por critérios de fragilidade utilizando a Escala Frail, que corresponde a uma mnemónica em língua inglesa abrangendo cinco variáveis: fatigue (fadiga), resistance (resistência), ambulation (deambulação), illness (doença) e loss of weight (perda de peso).
A iniciativa de Acesso Rápido à Consulta de Oftalmologia implementada no Centro Hospitalar Universitario Lisboa Norte (CHULN), teve por objetivo diminuir o tempo de espera dos doentes até ao primeiro contacto médico, pretendendo também reduzir o número de idas ao hospital para exames ou consultas até à primeira decisão informada.
Este projeto é, como referimos, uma iniciativa do Serviço de Medicina Interna. Desde logo, cativou os vários profissionais envolvidos e, bem assim, as respetivas Direções Técnicas: Enfermagem, Áreas Médicas, Departamento de Nutrição, Psicologia Clínica, Farmácia e Serviço Social.
Desta forma, conseguiu-se aumentar a eficiência dos cuidados oftalmológicos prestados aos doentes.
A nossa equipa é multidisciplinar, composta por 20 profissionais:
3 Enfermeiras Especialistas em Reabilitação
Enfermeira Especialista em Saúde Mental
1 Psicólogo Clínico
1 Nutricionista
1 Farmacêutico
1 Assistente Social
2 Assistentes Administrativas
Do nosso plano de acão constam várias intervenções, que têm de ocorrer em simultâneo para que se obtenham os resultados pretendidos:
Treino aeróbio, de força e de resistência com periodicidade de, pelo menos, três vezes por semana. No nosso caso o treino é diário, 6 dias por semana;
6 Médicos Especialistas em Medicina Interna
3 Médicos da Formação Específica de Medicina Interna
A consulta virtual foi disponibilizada de forma universal, a todos os doentes que foram referenciados à sub-especialidade de Glaucoma, garantindo a realização dos vários exames complementares de diagnóstico na mesma vinda ao hospital (“one-stop-shop” model).
1 Enfermeira Chefe
Plano nutricional com dieta hiperproteica, suplementada com HMB (B-Hidroxi-MetilButirato) nos indivíduos com Sarcopénia.;
Correcção do déficit de Vitamina D;
Administração de Testosterona nos homens com Hipogonadismo;
Revisão da Polifarmácia - utilizando os Critérios START/STOP.
Após a alta os doentes são referenciados às Consultas de Medicina Interna, Medicina Geral e Familiar, Medicina Física e de Reabilitação e Nutrição.
As Enfermeiras Especialistas em Reabilitação encaminham os doentes para o Centro de Saúde e/ou Rede no Domicílio e prescrevem exercícios para o domicílio, uma vez que a interrupção do treino funcional determina a regressão dos ganhos adquiridos durante o período de internamento na UDF.
Os nossos principais objectivos são os seguintes:
Manter ou melhorar a funcionalidade durante o tratamento da patologia aguda que motivou o internamento hospitalar ao optimizar a detecção das síndromes geriátricas e factores de risco, favorecendo a prevenção secundária e terciária destas síndromes.
Facilitar a reinserção familiar e comunitária da pessoa frágil mediante o reforço de competências para o autocuidado e o acompanhamento da família e do cuidador.
Favorecer a eficiência na utilização dos recursos sanitários e sociais.
Reduzir do número de quedas.
Aumentar o número de Altas Hospitalares diretamente para o domicílio.
Impedir o declínio funcional.
Desenvolver a suplementação nutricional adequada (ingestão calórica, proteica e de nutrientes essenciais).
Incentivar os doentes a permanecerem ativos. Eventuais situações depressivas, de comprometimento cognitivo ou declínio funcional.
Promover a Formação Médica e a investigação científica numa área em expansão e que inclui doentes que, normalmente, não são integrados nos grandes ensaios clínicos.
Entendemos, que uma das virtudes deste projeto, tem a ver com a sua replicabilidade. Assim, pretendemos:
Aumentar a capacidade da UDF para 52 camas, passando a constituir a interface entre a alta clínica e o regresso ao domicílio dos doentes frágeis, internados no Hospital Central do Funchal. Constituir uma equipa para trabalhar em exclusividade na UDF.
Envolver os Cuidados Primários de Saúde no Rastreio, Diagnóstico Precoce e Tratamento da Síndrome de Fragilidade, numa perspectiva colaborativa.
Envolver as entidades que trabalham em parceria com o Governo da Região Autónoma da Madeira no Plano de abordagem à Síndrome de Fragilidade (Treino Funcional, Plano Nutricional): IPSS, Centros Sociais e Paroquiais, Centros de Dia, Centros de Convívio.
Envolver as Autarquias no mesmo objetivo.
Os resultados obtidos, à data, são muito positivos:
Total de doentes tratados: 225 (108 Homens; 117 Mulheres)
Taxa de Mortalidade: 4%
Altas por inadaptação ao Plano de Intervenção/ Transferência para outros Serviços: 15
Altas Problemáticas recuperadas: 22
Altas Problemáticas que permaneceram no Hospital por incumprimento das famílias: 8
Número de regressos a casa: 193
Recuperação da Autonomia nas AVD (Actividades Básicas de Vida Diária):
Índice de Barthel (Média):
24,4 à entrada na UDF-Dependência Grave 66,2 à saída da UDF-Dependência Leve
Força Muscular ( Média):
Mão Direita:
12,3 kg à entrada na UDF
15,2 kg à saída da UDF
Mão esquerda:
12,3 kg à entrada na UDF
14,8 kg à saída da UDF
Em termos de Nutrição, tivemos 9 pacientes com estado nutricional normal; 26 mal nutridos e 92 em risco de mal nutrição. Assim, em 118 pacientes , conseguimos intervir e iniciar a modificação deste ciclo, travando a sua evolução e as consequências.
Relativamente às principais dificuldades, temos a salientar a situação de Fragilidade Social. Há muitos idosos que vivem sozinhos, com dificuldades económicas, baixo nível de escolaridade e deficiente suporte social ou familiar.
Por outro lado, há, ainda, alguma resistência da parte de algumas famílias e de alguns pacientes ao ingresso na nossa Unidade.
No que diz respeito às pessoas em situação de Alta Problemática, sempre defendemos um regime jurídico que penalize as famílias que, tendo condições, se recusam a receber os familiares, nomeadamente através da retenção da reforma dos idosos em benefício dos serviços hospitalares.
A nossa perspetiva vai, também, no sentido de aumentarmos a nossa capacidade para 52 camas e, assim, podermos trabalhar com todos os doentes frágeis internados no Hospital Central do Funchal. Este processo terá de ser faseado, adaptando os recursos humanos e materiais a cada etapa, de forma a garantir a sua sustentabilidade.
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Na alocação de camas à UDF utilizamos o ratio de 2,6 camas/1000 habitantes a partir dos 75 anos de idade. No entanto, é necessário procedermos a estudos de prevalência da Síndrome de Fragilidade na Região Autónoma da Madeira de forma a aproximarmos este ratio da nossa realidade clínica.
A iniciativa de Acesso Rápido à Consulta de Oftalmologia implementada no Centro Hospitalar Universitario Lisboa Norte (CHULN), teve por objetivo diminuir o tempo de espera dos doentes até ao primeiro contacto médico, pretendendo também reduzir o número de idas ao hospital para exames ou consultas até à primeira decisão informada.
Desta forma, conseguiu-se aumentar a eficiência dos cuidados oftalmológicos prestados aos doentes.
A consulta virtual foi disponibilizada de forma universal, a todos os doentes que foram referenciados à sub-especialidade de Glaucoma, garantindo a realização dos vários exames complementares de diagnóstico na mesma vinda ao hospital (“one-stop-shop” model).
A Equipa UDF
Coordenador: Dr. Miguel Homem Costa, Assistente Graduado Sénior de Medicina Interna
Vice-Coordenador: Dr. João Miguel FreitasAssistente Graduado de Medicina Interna
Dra. Sofia Granito- Assistente Graduado de Medicina Interna
Dra. Ana Isabel Costa- Assistente de Medicina Interna
Dr. Rafael Nascimento—Assistente de Medicina Interna
Dr. Diogo André- Assistente de Medicina Interna
Dra. Carolina Carvalhinha – Interna da Formação Específica de Medicina Interna
Dra. Fabiana Gouveia- Interna da Formação Específica de Medicina Interna
Dr. João Loja-Interno da Formação Específica de Medicina Interna
Enfermeira Chefe: Enfermeira Helena Ornelas
Enfermeiros Especialistas em Reabilitação:
Enfermeira Firmina Caires
Enfermeira Natália Berimbau
Enfermeira Sónia Freitas
Nutricionista: Dra. Mara Coelho
Farmacêutica: Dra. Joana Figueiroa
Psicólogo Clínico: Dr. Emanuel Alves
Enfermeira Especialista em Saúde Mental:
Enfermeira Cláudia Rodrigues
Assistente Social: Dra. Cornélia Pereira
Assistentes Técnicas: Mariana Paixão e Carolina Silva