Gestão
OS RISCOS DA NOVA ORDEM MUNDIAL
por Pe dro P i n h e i r o , E s p e ci a li s t a e m R i s co s li n ke d in .c o m/in /p i nh e i r o p
Pedro Pinheiro
Em finais de 2019 surgem as primeiras notícias de uma nova, desconhecida e estranha doença respiratória cuja rápida e global evolução resultou na pandemia e no brutal impacto da mesma na economia mundial, na queda abrupta do PIB em todo o mundo e do abrandamento e/ ou paragem de alguns sectores de actividade. O lock down levou à percepção das enormes dificuldades que viriam a surgir nas cadeias de logística e de transporte, com impacto nos sectores produtivos, no comércio e no consumidor final. Trouxe ainda como consequências alterações estru-
Março . Abril . 2022
turais de comportamento social, profissional e de consumo que vieram para ficar e que terão efeitos disruptivos em alguns negócios, como p.e. transportes, restauração, educação, saúde e à massificação do comércio electrónico. O problema logístico das cadeias de abastecimento agravou-se com a pandemia e passou a ser usual ouvir falar em preço de contentores que multiplicaram por várias vezes o seu custo ou em geografias onde não havia capacidade das transportadoras para as necessidades dos clientes. Passou a ser perceptível que o modelo de globalização assente na deslocalização de produção com base em baixos custos e assente em logística e transporte a custos convidativos just-in-time estava claramente ameaçada. Após o fim dos primeiros confinamentos, o comércio mundial de bens duradouros começava a dar mostras de forte recuperação, mas a meio do ano passado começaram a sentir-se os primeiros constrangimentos das cadeias de abastecimento, a falta e o aumento de preços de algumas matérias primas, os custos de transportes e as dificuldades logísticas evidenciadas por eventos como o do canal do Suez, ou de ataques cibernéticos a operadores globais e a portos, começaram a fazer-se sentir de forma muito impactante em algumas industrias, como a automóvel, a informática (esta necessidade potenciada pelo lock-down) onde a falta de microprocessadores parou cadeias de produção. A industria automóvel continua ainda hoje com atrasos de vários meses, que chegam em alguns casos a mais de um ano. O risco cibernético passou a estar no topo das preocupações das empresas, sendo os ataques cada vez mais usuais e sofisticados, com impactos em particulares, empresas, instituições financeiras, governos e instituições públicas, passando pelo pedido de resgate, usurpação de identidade, roubo de propriedade industrial ou eliminação de informação. O impacto na economia e nas nossas
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