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C C E M COMPLEXO CULTURAL E EDUCACIONAL DE MURAÉ - MG



CCEM COMPLEXO CULTURAL E EDUCACIONAL DE MURAÉ - MG

Centro Universitário Senac - Santo Amaro | Arquitetura e Urbanismo Trabalho final de graduação | Marlucy Marques Campos Orientador | Prof. Msc. Mauricio Petrosino São Paulo | Julho 2018


"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento". (Clarice Lispector)


À Deus, aos meus pais Maria Lúcia Penha Marques e Eliomar Januário Campos, à minha irmã Ana Lúcia Marques Campos e ao meu namorado Dyluan Ferreira de Moraes. Marlucy Marques Campos


AGRADECIMENTOS

A Deus, fonte de toda sabedoria, pela força e coragem que me concedeu, permanecendo ao meu lado em todo o percurso desta caminhada, sem Ele nada disso seria possível. Aos meus pais Maria Lúcia e Eliomar, que sempre me apoiaram e incentivaram, tornando tudo mais fácil e realizável. Obrigada pelo encorajamento e paciência que tiveram nos momentos difíceis e de tensão, e principalmente por acreditarem que eu sou capaz. À minha irmã Ana Lúcia, que mesmo distante apoiava e incentivava as minhas decisões e me acalmava nos momentos de difíceis. Ao Dyluan, meu namorado, pela presença e motivação desde o começo da minha graduação, por segurar a minha mão e passar tranquilidade. Ao Prof. Msc. Mauricio Petrosino, pelas sugestões e comentários apontados no decorrer do trabalho. Aos apoiadores, amigos, professores e colegas de cursos diversos. Ao corpo administrativo do Campus Senac – Santo Amaro - São Paulo, que de forma direta ou indireta contribuíram para a minha formação, aos mesmos ofereço a minha gratidão.


RESUMO

O tema escolhido para o Trabalho de Conclusão de Curso é um Complexo Cultural e Educacional, no bairro do Centro do município de Muriaé – Minas Gerais. O projeto consiste na elaboração de um edifício de cunho institucional – CCEM a fim de intensificar a arte local. A cidade possui uma associação, FUNDARTE (Fundação de Cultura Arte de Muriaé) que incentiva os eventos culturais, grupos particulares e ONG’s que realizam trabalhos junto com a população. O Intuito é incentivar as atividades culturais existentes no município e potencializar o turismo cultural, tendo em vista que a cidade também atende a população vizinha com as atividades desenvolvidas – dança, teatro, balé e música. Palavras chave: projeto arquitetônico, equipamento cultura, turismo cultural, espaços livres.



LISTA DE FÍGURAS

Fig. 1 - Mapa Macrozoneamento Rural. Distritos, municípios e comunidades rurais que fazem divisa com a cidade de Muriaé - Mg .......................................................................... 17 Fig. 2 - Ilustração do interior da Antiga Biblioteca de Alexandria .........................................................26 Fig. 3 - Erasistratus, médico da escola de Alexandria cura o jovem Antíoco ........................................ 26 Fig. 4 - Litografia representa o incêndio na biblioteca ........................................................................... 27 Fig. 5 - Ruínas da Antiga Biblioteca de Alexandria ............................................................................... 27 Fig. 6 - O Teatro de Dionísio em reconstituição do século XIX ............................................................. 28 Fig. 7 - O Teatro de Dionísio .................................................................................................................. 28 Fig. 8 - O Teatro de Dionísio em reconstituição do século XIX ............................................................. 28 Fig. 9 - O Teatro de Dionísio, visto do alto da Acrópole, com parte da moderna Atenas ao fundo ......... 28 Fig. 10 - Centro Georges Pompidou .......................................................................................................31 Fig. 11 - Elevação para o concurso. Centro Georges Pompidou ............................................................ 31 Fig. 12 - Tubos de ventilação e estrutura a mostra. Centro Georges Pompidou ..................................... 32 Fig. 13 - Estrutura e tubos de infraestrutura a mostra. Centro Georges Pompidou................................. 33 Fig. 14 - Vista interna. Centro Georges Pompidou ................................................................................. 34 Fig. 15 - Obra em andamento. Centro Cultural São Paulo ..................................................................... 42 Fig. 16 - Vista do pátio interno - obra em andamento. Centro Cultural São Paulo ..................................42 Fig. 17 - Vista interna, estrutura metálica e de concreto aparente. Centro Cultural São Paulo ............... 43 Fig. 18 - Vista da área de convivência e biblioteca. Centro Cultural São Paulo ..................................... 44 Fig. 19 - Vista interna (rampas de acesso). Centro Cultural São Paulo .................................................. 44 Fig. 20 - Vista da Casa-Sede Sítio da Ressaca. Centro Cultural Jabaquara ............................................ 45 Fig. 21 - Implantação no terreno. Centro Cultural Jabaquara ................................................................. 46 Fig. 22 - Jardim e acessos. Centro Cultural Jabaquara ........................................................................... 46 Fig. 23 - Acesso, rua Arsênio Tavolieri. Centro Cultural Jabaquara ...................................................... 47 Fig. 24 - Vista interna da biblioteca. Centro Cultural Jabaquara ............................................................ 47 Fig. 25 - Praça das Artes - São Paulo ..................................................................................................... 50 Fig. 26 - Distribuição de Usos .............................................................................................................. 51 Fig. 27 - Praça de entrada. Praça das Artes ........................................................................................... 52 Fig. 28 - Diferença de pigmentos utilizados no concreto aparente, e escada escultural e funcional, que liga o térreo ao apoio administrativo ................................................ 53 Fig. 29 - Vista da R. Conselheiro Crispiano. Praça das Artes - São Paulo .....................................53 Fig. 30 - Circulação horizontal, fruição do terreno. Vista da Rua Conselheiro Crispiano ............................54 Fig. 31 - Circulação horizontal, fruição do terreno. Vista da Avenida São João ......................................54 Fig. 32 - Vista entrada principal CCSP. .................................................................................................. 55


Fig. 33 - Acesso do CCSP através da estação Vergueiro ....................................................................... 56 Fig. 34 - Área para leitura do lado da área de convivência. .................................................................... 56 Fig. 35- Fachada. Centro Cultural El Tranque – Chile .......................................................................... 57 Fig. 36 - Vista da praça pública central. Centro Cultural El Tranque – Chile ....................................... 58 Fig. 37 - Abertura para a praça existente.............................. .................................................................. 59 Fig. 38 - Estudo da forma que marca as entradas ................................................................................... 59 Fig. 39 - Vista da entrada principal. Centro Cultural Sedan ................................................................... 61 Fig. 40 - Vista da entrada principal. Ballet Am Rhein ............................................................................ 61 Fig. 41 - Vista das sala de musica. Escola de musica Tohogakuen ....................................................... 62 Fig. 42 - Utilização do vidro U-Glass.Centro Esportivo Arteixo ........................................................... 62 Fig. 43 - Vista da entrada principal. Biblioteca Angel Gonzalez ............................................................ 62 Fig. 44 - Localização da cidade de Muriaé, Mg ..................................................................................... 65 Fig. 45 - Limite do município de Muriaé , Mg ....................................................................................... 66 Fig. 46 - Pico do Itajuru - Belisário, distrito de Muriaé, Mg .................................................................. 66 Fig. 47 - Prefeitura Municipal de Muriaé (1890) ................................................................................... 67 Fig. 48- Memorial Municipal (2017) .................................................................................................... 67 Fig. 49 - Hospital São Paulo (1927) ....................................................................................................... 67 Fig. 50 - Hospital São Paulo(2017) ........................................................................................................ 67 Fig. 51 - Igreja Matriz São Paulo (1889) ................................................................................................ 67 Fig. 52 - Igreja Matriz São Paulo (2017) ................................................................................................ 67 Fig. 53 - Igreja Nossa Senhora Aparecida Porto (1930) ......................................................................... 68 Fig. 54 - Igreja Nossa Senhora Aparecida (2017) .................................................................................. 68 Fig. 55- Grande Hotel Muriahé (1904) ................................................................................................. 68 Fig. 56 - Centro Cultural Grande Hotel Muriahé (2017) ........................................................................ 68 Fig. 57 - Avenida Constantino Pinto (1950) ........................................................................................... 68 Fig. 58 - Avenida Constantino Pinto (2017) ...........................................................................................68 Fig. 59 - Cristo Redentor - Vista da BR 356 .......................................................................................... 69 Fig. 60- Paróquia Cristo Rendentor ...................................................................................................... 69 Fig. 61 - Estátua do Trabalhador, Praça Prefeito Paulo Carvalho ........................................................... 69 Fig. 62 - Memorial Municipal ................................................................................................................ 70 Fig. 63 - Centro Cultural Grande Hotel Muriahé ................................................................................... 70 Fig. 64 - Teatro Municipal Belmira Vilas Boas ...................................................................................... 70 Fig. 65- Teatro Zacarias Marques ......................................................................................................... 71 Fig. 66 - Biblioteca Municipal ............................................................................................................... 71


Fig. 67 - Memorial Fundação Cristiano Varella- Vista da fachada principal ...........................................71 Fig. 68 - Oficina mecânica que será removida ....................................................................................... 82 Fig. 69 - Posto Ipiranga. Avenida Constantino Pinto ............................................................................. 82 Fig. 70 - Posto Esso. Avenida Doutor Passos ......................................................................................... 82 Fig. 71 - Posto que será removido. Avenida Constantino Pinto .............................................................. 82 Fig. 72 - Vista do terreno ........................................................................................................................ 83 Fig. 73 - Vista da Avenida Doutor Passos. Rodoviária e Fundarte ......................................................... 84 Fig. 74 - Vista interna do terreno da proposição ..................................................................................... 84 Fig. 75 - Vista do terreno. Avenida Doutor Passos ................................................................................ 85 Fig. 76- Fundarte Muriaé ...................................................................................................................... 85 Fig. 77 - Prefeitura Municipal de Muriaé. Avenida Doutor Passos ........................................................ 85


SUMÁRIO

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1. INTRODUÇÃO

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Situação problema

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Hipótese

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Objetivo

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Justificativa

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2. A PALAVRA CULTURA

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3. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

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O teatro 4. O QUE É UM CENTRO DE CULTURA? O QUE PODERIA SER IDENTIFICADO COMO TAL?

35

O desejo de construir um centro de cultura

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Os primeiros centros de cultura no Brasil

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Centro Cultural São Paulo

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Centro Cultural Jabaquara

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5. ESTUDOS DE CASO

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Praça das Artes - São Paulo

55

Centro Cultural São Paulo - São Paulo

57

Centro Cultural El Tranque - Chile


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6. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

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7. O MUNICÍPIO DE MURIAÉ

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Transformação da cidade

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Atrativo turístico e cultural

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Macrozoneamento Urbano

73 77 80

Mapas Plano Diretor 2006 (LEI N. 3.377 / 2006) 8. PROPOSIÇÃO PROJETUAL

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Área de implantação

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O Projeto

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9. DESENHOS

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10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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11. REFERÊNCIAS



1. INTRODUÇÃO


A compreensão do termo cultura, se faz de extrema importância, quando se pretende projetar um equipamento voltado para abrir atividades culturais, relacionadas ao estilo de vida e características de cada região. Anteriormente, a palavra cultura era utilizada para indicar desenvolvimento intelectual ou espiritual de uma determinada pessoa ou grupo social aplicado, muitas vezes, para reforçar as características e a civilização européia da época. (ALVES, 2014). A proposta de anteprojeto do Complexo Cultural e Educacional de Muriaé (CCEM) visa impulsionar a discussão de temas muitas vezes ignorados tanto pelo poder público quanto pelos próprios cidadãos, tais como a valorização do patrimônio artístico, turístico e cultural da cidade. A ideia é de um espaço Cultural flexível, visando a integração do terreno com os principais pontos de comércio/serviços, e com a rodoviária municipal; localizado na região central do munícipio de Muriaé - Minas Gerais, no entroncamento das Avenidas Constantino Pinto e Doutor Passos, região de importante fluxo urbano. A cidade possui uma associação que incentiva a arte e cultura - FUNDARTE (Fundação de Cultura e Arte de Muriaé) que estimula os eventos culturais, grupos particulares e ONGs que fazem trabalhos junto com a população. O objetivo é de potencializar as atividades existentes e atividades extra, como palestras, cinedebate, oficinas, entre outras. Dentre as cidades vizinhas, segundo a Prefeitura Municipal, Muriaé é a única que presta serviços com este aspecto, sendo eles: a dança, teatro, música, oficinas de criação e arte de rua. O propósito é de potencializar estas atividades culturais, e abrir novas oportunidades para os municípios e comunidades rurais que fazem divisa com a cidade de Muriáe. (ver fig. 1). Atualmente, o conceito de cultura é bem mais genérico e universal que designa, segundo RAMOS (2007) "a democratização e o acesso à criação [...] o objetivo maior das ações de uma casa de cultura deve ser o de fazer com que as pessoas tomem consciência de si mesmas e do coletivo através da experiência criativa, coletiva e do contato com a arte". Dessa forma, o edifício em questão deverá possuir uma estrutura de atividades, que aguça a criação e o pensamento crítico, não somente dos valores locais, mas também de outras manifestações artístico/culturais que possam contribuir para a consolidação intelectual do público alvo. [...] um centro cultural deve ser um polo de cultura viva, proporcionando ao público liberdade de se fazer cultura e favorecendo a sua conscientização. (NEVES, 2013, p. 11).

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Fig. 1: Mapa Macrozoneamento Rural. Distritos, municípios e comunidades rurais que fazem divisa com a cidade de Muriaé - Mg

Fonte: Prefeitura Municipal de Muriaé. CCEM

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SITUAÇÃO PROBLEMA Como atrair através da arquitetura o interesse da sociedade em visitar e usufruir o complexo cultural e educacional apresentado?

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HIPÓTESE A localidade apresenta um enorme potencial urbano, a implantação de um novo polo de cultura irá atrair pessoas, passar conhecimento e através da arquitetura, influenciará a sociedade a visitar esse novo marco.

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OBJETIVO Projetar um complexo cultural e educacional na cidade de Muriaé - Mg, com o intuito de incentivar ações culturais no município e apresentar atrativos para a população local e externa. Além de impulsionar a discussão de temas muitas vezes ignorados tanto pelo poder público quanto pelos próprios cidadãos, tais como a valorização do patrimônio artístico, turístico e cultural da cidade.

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1.4 JUSTIFICATIVA No município de Muriaé encontra-se a Fundarte (Fundação da arte e cultura), que possui o teatro Zacarias Marques capaz de sediar palestras e solenidades, tendo a capacidade de 116 pessoas; possui também o Teatro Municipal Belmira Vilas Boas com 167 assentos, de acordo com a população os dois teatros não suprem a necessidade da cidade e muitas vezes a cidade não recebe espectáculos maiores, devido a sua capacidade. A maioria da população sente falta deste tipo de equipamento de acordo com a opinião dos moradores e funcionários que trabalham na Fundarte. Por ser localizado em uma área central, e de fácil acesso à outras regiões. Inicialmente foi escolhido 2 possíveis locais de implantação. A primeira opção seria implantar no Bairro Padre Tiago (um dos últimos bairros da cidade - divisa com a cidade de Itaperuna - Rj), porém foi descartada a possibilidade, levando em consideração que a cidade necessita de um microequipamento polivalente, que seriam os equipamentos de grandes dimensões, adequado para receber um grande fluxo de pessoas, situados em pontos estratégicos da cidade. A segunda opção (e escolhida) de implantação foi em um grande terreno que abrigava o antigo campo nacional da cidade (Avenida Constantino Pinto com o entroncamento da Avenida Doutor Passos), em frete à rodoviária municipal. Por ser de fácil acesso não apenas para o transporte público, como também para carros e possives excursões das cidades da redondeza. A localização estratégica tornará o Complexo Cultural e Educacional em um grande destaque da cidade. CCEM

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2. A PALAVRA CULTURA


De acordo com Eduardo e Castelnou (2007) a palavra "cultura" provém do latim colere, termo que originalmente se relacionava ao cultivo da terra, para depois se aplicar à instrução e conhecimentos adquiridos. Em seu sentido antropológico e sociólogo, cultura consiste no complexo de hábitos, ideias ou criação do homem. Para Gomes (2004) e Milanesi (2003), cultura está presente no nosso cotidiano em vários momentos e pode ser entendida como: No senso comum, uma primeira tradução do conceito diz respeito às manifestações que envolvem as artes de modo geral: música, poesia, literatura, dança, teatro, circo, festas, dentre tantas outras [...] Assim a cultura é quase sempre um adjetivo atribuído às pessoas que possuem volume de leituras, controle de informações, diplomas e títulos universitários. Nesse sentido, a palavra é usada como sinônimo, ainda que restrito, de educação, de inteligência, sendo utilizada para classificar as pessoas e servindo como arma discriminatória entre os grupos sociais contra sexo, idade, classe social, etnia. Por vezes, a cultura é entendida como o modo de vida, hábitos e costumes de determinados grupos. (GOMES, 2004, p. 55). Cultura vem do latim colere, que significa lavoura, cultivo dos campos, instrução, conhecimento adquiridos, “cultivar, cuidar de, tratar”, representado em grego por dois vocábulos distintos, “lavoura, cultivo dos campos” e máthema, mathçmata, “conhecimento adquiridos”[...] A diferença fundamental entre cultura e natureza, é que a cultura, “lavoura, conhecimentos adquiridos” só se realiza com a participação direta do homem, agindo sobre a natûra, enquanto está existe independentemente da ação humana. (GOMES, 2004, p. 55 apud ENCICLOPEDIA MIRADOR INTERNACIONAL, 1986, apud). [...] desde suas origens a palavra cultura está ligada à noção de cultivo, cuidado: com a terra (daí agricultura); com as crianças (puericultura); com os animais (apicultura, piscicultura) e com os deuses (culto) [...] É fazer brotar, frutificar, florescer e cobrir de benefícios [...] Entretendo, ao mesmo em que a compreensão de cultura como cultivo, culto, foi perdendo terreno na história do ocidente, ganha destaque a oposição entre natureza e cultura. A partir dessa oposição, a cultura passa a ser entendida como produção e criação da linguagem, da religião, dos instrumentos de trabalhos, das formas de lazer, da música, da dança, dos sistemas de relações de parentesco e as relações de poder. (GOMES, p.56 apud CHAUÍ, 1989, p. 50-56) Retrocedendo muitos séculos, rastreando as palavras e os seus significados, encontra-se o vocábulo latino colere, Cultura, que era usada para designar os cuidados com as plantas e os animais. [...] que indica uma ação de cuidar, dar trato a. (MILANESI, 2003, p. 79).

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A palavra cultura aparece com maior clareza no século XVIII, numa sequência de conceitos que se integram envolvendo marcos e referências do pensamento humano como Rousseau, Voltaire, Kant, Hegel, Marx e Freud. (MILANESI, 2003). Se pensarmos em um país como o Brasil, que desde as suas origens históricas se constituiu a partir da mistura de diversas etnias que nos deixaram um legado cultural, com certeza uma nação pluricultural, constituída por diferenças, por isso mesmo as inúmeras manifestações de lazer presente neste universo de cultura precisam ser consideradas como uma totalidade. Cada indivíduo tem as suas necessidades e cada sociedade tem como função satisfazê-las, por isso a própria sociedade cria os recursos. (GOMES, 2004).

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3. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA


A biblioteca de Alexandria foi durante muitos séculos, cerca de 280 a.C. a 416 d.C., uma das maiores e mais importantes bibliotecas do planeta. Este valoroso centro do conhecimento estava localizado na cidade de Alexandria, ao norte do Egito. Afirma-se que ela foi criada em princípios do século III a.C., em plena vigência do reinado de Ptolomeu II do Egito. Durante sete séculos esta Biblioteca abrigou o maior patrimônio cultural e científico de toda a Antiguidade. (RAMOS, 2007). Foi exatamente nos conteúdos dos velhos textos, que as bibliotecas conservaram, que apareceram os primeiros sinais de "Cultura". Há indícios que a primeira manifestação de conteúdos culturais ocorreu na Antiguidade Clássica, na Biblioteca de Alexandria, onde armazenava-se estátuas, obras de arte, instrumentos cirúrgicos e astronômicos, salas de trabalho, refeitório e jardim botânico, e tinha como objetivo preservar o saber e existência da Grécia Antiga, que abordava o campo da religião, mitologia, filosofia e medicina. (MILANESI, 2003; RAMOS, 2007).

Fig. 2: Ilustração do interior da Antiga Biblioteca de Alexandria. Fonte: Biblioteca em Foco

Fig. 3: Erasistratus, médico da escola de Alexandria cura o jovem Antíoco (tela de L.David, 1774). Fonte: Biblioteca em Foco

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Fig. 4: Litografia representa o incêndio na biblioteca. Fonte: Biblioteca em Foco

Fig. 5: Ruínas da Antiga Biblioteca de Alexandria. Fonte: Biblioteca em Foco

Conforme Milanesi (2003), a biblioteca de Alexandria pode ser caracterizada como o mais nítido e antigo centro de cultura: [...] teria reunido mais de setecentos mil papiros (queimados por César ao invadir a cidade, sendo uma parte salva por Antônio e Cleópatra, mas calcinados definitivamente pelos cristãos no ano de 391). Essa Biblioteca juntava a inteligência da época em torno dos rolos de papiro para escrever, discutir, copiar, reescrever [...]. (MILANESI, 2003, p. 78).

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O TEATRO O teatro teve sua origem no século VI a.C., na Grécia, surgindo das festas dionisíacas realizadas em homenagem ao deus Dionísio, deus do vinho, do teatro e da fertilidade. Essas festas, que eram rituais sagrados, procissões e recitais que duravam dias seguidos, aconteciam uma vez por ano na primavera, períodos em que se fazia a colheita do vinho naquela região. (PEIXOTO, 1998; BERTHOLD, 2004).

Fig. 6: O Teatro de Dionísio reconstituição do século XIX. Fonte: Cliografia

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Fig. 7: O Teatro de Dionísio. Fonte: Cliografia

Fig. 8: O Teatro de Dionísio reconstituição do século XIX. Fonte: Cliografia

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Fig. 9: O Teatro de Dionísio, visto do alto da Acrópole, com parte da moderna Atenas ao fundo. Fonte: Cliografia

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No Brasil “o teatro veio com os primeiros colonizadores, sendo utilizado pelos jesuítas como instrumento de catequese [...]. Só no século XVIII o teatro passou a ter o perfil de expressão artística e atividade de lazer e não apenas um sermão dramatizado. (MILANESI, 2003, p. 94). No entanto, apenas Minas Gerais, com a exploração do ouro, pôde deixar as marcas de suas riquezas nas suas casas de espetáculos, nas igrejas douradas, nos casarões. Esses primeiros teatros eram conhecidos também como “casa da Ópera” e serviam aos grupos dramáticos que se organizavam e apresentavam trabalhos de forma regular. (MILANESI, p.95).

O teatro era visto como algo superior, um local de exposição, um mostruário de roupas e um verdadeiro desfile de esbeltes, as pessoas que frequentavam o ambiente eram as da alta sociedade. Os cinemas dos municípios interioranos, contava com a exibições dos filmes e se caracterizam como ponto de encontro e novas possibilidades de ver e ser visto: o começo do namoro, o encontro nas praças que estendia ao interior dos teatros, todas estas possibilidades faziam com que a população se aproximasse ainda mais do cenário teatral. (MILANESI, 2003; GOMES, 2004). Na maioria das cidades brasileiras, era esporádico e foi progressivamente transmudando-se de “diversão” para arte. Com a chegada da televisão, o mesmo fenômeno ocorreu em relação ao cinema: deixou de atrair as multidões nos fins de semana, o que motivou o fechamento de centenas de salas. (MILANESI, 2003, p. 97).

Para Gomes (2004, p. 69) o tema equipamento de lazer começa a ser tratado pelos estudiosos e pesquisadores em estreita vinculação com a temática das políticas de lazer “[...] a partir da década de 1970, quando a produção teórica na área do lazer ganha impulso no Brasil. Dentro do tema das políticas do lazer, são frequentemente abordados os aspectos espaço, tempo, atividade, animação, entre outros”.

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4. QUE É UM CENTRO DE CULTURA? O QUE PODERIA SER IDENTIFICADO COMO TAL?


No Brasil não se falava de centros de cultura, até que os países de primeiro mundo como a França, tomassem a iniciativa de construí-los. O centro cultural Georges Pompidou (1977), foi a alavanca disseminadora da ideia, considerado como uma das primeiras ações culturais no mundo. A França sempre procurou se caracterizar como a expressão máxima da civilização, produzindo monumentos e obras artísticas destacadas capazes de manter a atenção sobre si como se isso fosse a sua marca registrada. (MILANESI, 2003). A imersão no conhecimento pode ocorrer por meio de várias possibilidades: "a escrita, a imagem e o som, inclusive ao vivo como uma palestra, um recital ou um seminário. Essa fusão de espaços e funções a partir dos anos 70 proliferou-se com nomes variados, incluindo entre eles os Centros de Cultura”. (MILANESI, 2003, p.79)

Fig. 10: Centro Cultural Georges Pompidou, França. Fonte: Archdaily

Fig. 11: Elevação para o concurso. Centro Cultural Georges Pompidou, França. Fonte: Archdaily

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De acordo com Meira (2014, p. 5) o centro Georges Pompidou (Beaubourg), em Paris, 1977, surge como grande marco e evolução do conceito moderno: Situando-se como a ruptura entre a tradição moderna dos museus neutros marcados pela austeridade do edifício - e a tendência que nortearia sua concepção a partir da década de 1980, ou seja o museu espetacular e de grande escala, mais ligado à cultura de massa e à sociedade de consumo afluente.

A implantação do Centre national d'art et culture Georges - Pompidou se deu no centro de um bairro tradicional de Paris, o Les Halles, no Marais. Em 1969 o recém eleito presidente Georges Pompidou determinou a construção de um complexo cultural nesta região e o projeto vencedor realizado pelos arquitetos Renzo Piano e Richard Roger, foi inaugurado seis anos mais tarde em 1977. O espaço integra quatro instalações: o Museu Nacional de Arte Moderna, a Biblioteca Pública de Informação, o Centro de Criação Industrial e o Instituto de Pesquisa e Coordenação Acústica/Musical, incluindo as grandes áreas livres, teatro, música e cinema. Com cinco pavimentos, três subsolos e instalações bem distribuídas, o conceito de deixar a mostra toda a estrutura e rede de infraestrutura é marcada pela setorização das cores, a estrutura e os maiores componentes de ventilação estão pintados de branco; estrutura de escada e elevadores, em prateado; elementos de ventilação, em azul; instalações hidráulicas e de incêndio, em verde; elementos do sistema elétrico são amarelos e laranjas; e os elementos relacionados com a circulação estão pintados de vermelho. O projeto integra a cidade com o edifício, isto através do prolongamento da praça, criando zonas de pedestres nas laterais das praças que o circundam. (MEIRA, 2014).

Fig. 12: Tubos de ventilação e estrutura a mostra, Centro Cultural Georges Pompidou. Fonte: Archdaily 32

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Fig. 13: Estrutura e tubos de infraestrutura a mostra, Centro Cultural Georges Pompidou. Fonte: Archdaily

Fig. 14: Vista interna. Centro Cultural Georges Pompidou. Fonte: Archdaily

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A ideia da transparência está intimamente ligada à dinâmica do edifício: Isso porque o Beaubourg foi desenhado para comportar 5 mil visitantes. Se você dispuser 4 mil pessoas no interior e mais mil delas no sistema de distribuição, escadas rolantes, passarelas, elevadores, você terá nas áreas de transparência uma espécie de diagrama da construção. O público torna-se parte da dinâmica da construção. É possível julgar o Beaubourg sem a presença do público. Em todo o seu entorno, com as vias de pedestres criadas ao redor da praça. Era justamente isso que desejávamos, que o complexo se prolongasse de cima para baixo. (MEIRA, 2014, p. 37 apud PIANO, ROGERS, 1977, p. 54).

Um Centro de Cultura pode ser visto e entendido de maneira diferente. Em determinada localidade, pode ser um museu municipal, e o museu municipal em outra cidade se chama casa de cultura, e a casa de cultura em outra localidade é exatamente como a biblioteca pública de outra. (CASTELNOU; EDUARDO, 2007). Tais características variam, de acordo com a crença, história e costumes de uma população: O que poderia ser um centro cultural na Amazônia ou no sertão do Cariri, pouca relação teria com uma dessas instituições no interior paulista ou mineiro. Geografia, sociedade, histórias diferentes, pedem espaços culturais diferentes. Não se trata de regionalizar a Cultura e podar as formas do conhecimento, anulando expressões diversificadas do homem, mas de dar respostas às necessidades locais. (MILANESI, 2003, p. 27)

Animação, esta é a primeira palavra pensada no quesito cultural. Animação Cultural não é exclusiva do âmbito do lazer, existem diferentes propostas ligadas às peculiaridades do campo de intervenção, à visão de mundo, às intencionalidades e ao compromisso social do profissional de lazer. Os músicos, atores, pintores são pessoas que povoam os espaços culturais, são destaques e cercados por aqueles que apreciam o produto de seu imaginário, consumidores e produtores de algo que não se enquadra no campo da valorização dos bens materiais. É difícil pensar neste espaço, sem os intermediadores principais: pessoas, arte, música, dança, teatro. Seria como uma caverna, oca e vazia. (GOMES, 2004).

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O DESEJO DE CONSTRUIR UM CENTRO DE CULTURA A ideia do Centro Cultural ou a chamada Casa de Cultura difundiu a partir das sociedades desenvolvidas e a fascinação surgiu da chance irresistível: ter cultura. "Provavelmente, o desejo de não ser antigo, de criar algo mais compatível ao contemporâneo, e ainda ostentar claramente a ideia de cultura como oposição ao atraso". (MILANESI, 2003, p. 45) [..] o produto cultural nem sempre é aceito, os “cultos” justificando pela “ignorância do povo” e o povo desculpando-se por “não ter entendido” ou alegando que é “chato” mesmo. A partir disso, compreende-se (mas não se justifica) que os centros de Cultura, na maioria dos casos, tenham o perfil de centros de exibição de produtos fáceis – uma extensão do universo da mídia. (MILANESI,

2003, p. 46). A atividade cultural conduz, incomoda e perturba, por isso não se espera que o espaço onde ela se desenvolve seja lugar exclusivamente de lazer e procurado por multidões. Ela não é uma ação de imediato efeito, mais um investimento com retorno garantido a longo prazo." É um paradoxo: a casa deve atrair pessoas para o desconforto do novo e a reflexão". (MILANESI, p. 47). Geralmente, em cidades interioranas, estes espaços são gerados sem conceito e sem programa, é como se fosse dito: primeiro construímos um prédio e depois vamos ver o que fazer com ele. Não é considerada a história, a cultura local, o modo de viver e as experiências, desta população que receberá um edifício deste porte. Com o passar do tempo eles acabam abandonados e esquecidos, tornando-se apenas uma edificação como as outras. (PINTO et. al., 2012). Os centros culturais nascidos, quase sempre malnascidos e até natimortos, estão situados num plano que funde a ideia do moderno com a Cultura exibicionista, aquela que se esforça para ostentar padrões que identifiquem um determinado grau de consumo de produtos identificados como "bem". Se o teatro da década de 20 existia de emoção e prazer, no limiar do século XX essa demanda já não existe, porque em parte é satisfeita pela televisão na sala de visitas. [...] Isso substitui ou deu sequência à "verbiagem oca, inútil e vã", características frequentemente detectadas na sociedade brasileira. (MILANESI. p. 45).

Os espaços de lazer que são oferecidos nas cidades do interior, não seguem adiante pela falta de inciativa, políticas públicas e uma gestão mais rigorosa dos municípios. Não proporcionam informações relevantes para a formação da cidadania, como: descontração, valorização, reconhecimento e o prazer, que estão intimamente ligados com a música e arte. (SILVA et. al., 2009). É fundamental abordar o segmento do Turismo Cultural, a relação existente pode ser notada quando o turismo toma para CCEM

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si as manifestações de arte, música, ou seja, à história, à cultura e o modo de viver de uma comunidade. Assim, a cultura como atrativo turístico pode ser considerada como uma atividade econômica importante para o município, um gerador de renda, que engloba elementos sociais, culturais e ambientais. (PINTO, 2012; SILVA, 2009). Cada região apresenta o seu perfil, formado no tempo:

Em São Paulo, por final do século XIX a chamada marcha para o oeste, alimentada pelo fluxo imigratório que abriu fazendas de café, ampliando o campo de trabalho e produzindo riquezas. O que significou isso em termos culturais? Qual é a contribuição do italiano na vida do paulista além do cardápio domingueiro? Quando for feito um levantamento sobre o número de bandas e grupos de teatro italianos na vida paulista, será possível avaliar de forma mais criteriosa as alterações culturais que as fazendas de café e mão-de-obra italiana propiciaram. Outro caso significativo é a presença dos alemães no Rio Grande do Sul e a espantosa proliferação de corais, expressão até hoje presente nas cidades gaúchas. Aqui são dados dois exemplos de aproximação entre culturas diferentes, índios, portugueses e negros de um lado e os europeus do século XIX de outro. Esses contatos e trocas, por certo, produziram formas de expressar valores e sentimentos de maneira específica, que não é a mesma da Amazônia ou do Ceará. As tradições locais moldam os centros de Cultura e, quanto mais fortes forem, mais os seus traços serão visíveis nas suas atividades. [...] Não há pois um modelo de centro cultural. Há uma base ampla que permite diferenciar um espaço cultural de um supermercado: é a reunião de produtos culturais, a possibilidade de discuti-los e a prática de criar novos produtos. [...] Quem entra num centro cultural deve viver experiências significativas e rever a si próprio e suas relações com os demais. (MILANESI, 2003, p. 27-28).

A utilização da expressão “conteúdos culturais”, para salientar as manifestações culturais é uma clara influência do pensamento do sociólogo francês Joffre Dumazedier¹. (GOMES, 2004) O desejo de construir um centro de cultura, engloba cinco interesses centrais. O primeiro se qualifica como interesse físico, se enquadra os esportes em geral, dança, ginástica e outras práticas de atividades motoras. O elemento focal nesse grupo é o prazer de movimentar. O segundo interesse é o artístico que se refere a experiência estética, motivação central que conduz os indivíduos a essas manifestações (cinema, teatro, dança, música, artes plásticas e literatura), estas atividades são encontradas em ambientes organizados como os museus, centros culturais e casas de espetáculos e são possíveis de serem produzidas pelos indivíduos.

¹ Cf. DUMAZEDIER, Joffre. Valores e conteúdos culturais do lazer. São Paulo, 1980. 36

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O terceiro grupo é dos interesses manuais, cuja motivação se enquadra na manipulação de objetos e produtos (jardinagem, carpintaria, marcenaria, costura, culinária, os hobbies em geral). A quarta categoria são as atividades de interesses interesse intelectuais, encontra-se ligadas ao exercício de raciocinar, como por exemplo, jogos, palestras e cursos. E o último grupo é o dos interesses sociais, relacionados ao fator motivador de encontro entre indivíduos, situando-se em festas, espetáculos, bares, restaurantes e áreas de convivência. (GOMES, 2004 apud DUMAZEDIER, 1980). Com relação ao âmbito do lazer no Brasil, Gomes (2004, p. 51) salienta que: [...] tendemos a denominar como “conteúdos culturais” um conjunto de estratégicas possíveis de serem implementadas em programas de lazer, tendo em vista o alcance de determinados objetivos estabelecidos pelo animador cultural, de forma mais ou menos consciente e critica, associados ou não com o seu público alvo.

A partir das reflexões de vários autores e da produção teórica que começa a ser veiculada no Brasil, "a temática dos equipamentos ganha destaque, especialmente, na obra dos sociólogos Renato Requixa² e Luiz Octávio de Lima Camargo³, que dividem os equipamentos de lazer em dois grupos: os específicos e os não específicos". (GOMES, 2004, p.70). Os equipamentos específicos são aqueles construídos com a finalidade de atender atividades e programas de lazer:

[...] é bastante aceita entre pesquisadores e profissionais brasileiros, para fins de estudo e planejamento, a classificação proposta por Requixa (1980) e por Camargo (1979), que considerem três critérios básicos para nomear os diferentes equipamentos específicos de lazer. Os critérios que dão base a essa classificação são: dimensão física do equipamento, população atendida no equipamento e interesses culturais privilegiados no equipamento [...] apresentada por Joffre Dumazedier4 (1980).

Segundo Gomes (2004, apud REQUIXA, 1980) são apresentados três modelos de equipamentos: 1. O microequipamento especializado, que possui como características pequenas dimensões e são voltados para o interesse de lazer. 2. O equipamento médio de polivalência dirigida, com dimensões capazes de atender uma população maior, geralmente frequentado durante a semana e finais de semana.

² Cf. REQUIXA, Renato. Sugestão de diretrizes para uma política nacional do lazer. São Paulo. SESC,1980. ³ Cf. CAMARGO, Luiz Octávio de Lima. O que é lazer: São Paulo: Brasiliense, 1986 / Cf. CAMRAGO, Luiz Octávio de Lima. Recreação pública. Cadernos do Lazer 4. São Paulo: SESC, 1979, p. 29-36. 4 DUMAZEDIER, Joffre, op. cit., p. 21. CCEM

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3. O microequipamento polivalente, seriam os equipamentos de grandes dimensões e adequado para receber um grande fluxo de pessoas, com amplas áreas verdes e situados em pontos estratégicos da cidade. O outro grupo de equipamento de lazer é constituído pelos equipamentos não específicos, que originalmente não foram construídos com esta finalidade, contudo acabam configurando-se como tais.

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OS PRIMEIROS CENTROS DE CULTURA NO BRASIL A publicidade em torno da construção do Centro Cultural Georges Pompidou passou a ser um incentivo para a explosão de centros culturais no Brasil e no mundo inteiro. Foi através desta obra que a França impôs um novo conceito, promovendo um grande salto qualitativo no que se considera modelo de centro de cultura. (RAMOS, 2007 apud NEVES, 2007). Conforme Ramos (2007), os primeiros centros de cultura brasileiros surgiram na década de 80, na cidade de São Paulo, sendo financiado pelo Estado: Centro Cultural Jabaquara e Centro Cultural São Paulo. A partir daí, proliferaram-se pelas cidades de todo país. Considera-se evidente que a disseminação dos centros culturais no Brasil encontra-se vinculada a um panorama político, que é favorável à sua criação e permanência através dos benefícios fiscais concedidos ao investimento em cultura. O crescimento destes espaços gera uma demanda por instrumentalização por parte daqueles que os dirigem. Não existe um modelo definido de centro cultural, porém algumas características básicas indicam uma possível definição. Para o autor Luís Milanesi (2003, p. 28) o que caracteriza um centro cultural é “a reunião de produtos culturais, a possibilidade de discuti-los e a prática de criar novos produtos”. Portanto estes espaços desenvolvem atividades de natureza cultural, da ordem da criação, reflexão, fruição, difusão de bens culturais, sejam eles quais forem e com a maior diversidade possível, desde que façam sentido para aquela comunidade que estejam inseridos. (SILVA, F, M, 2013). O número de espaços com o este perfil, multiplicou em Belo Horizonte- Minas Gerais, na década de 90. Hoje são pelo menos 14 espaços5 com perfis diferenciados, e aos poucos cada entidade constrói seu perfil e sua relação com a cidade. (RAMOS, 2007). Coelho (1997) identifica três momentos da ‘ação cultural’ no século XX: [...]o primeiro, ao qual dá o nome de patrimonialista, tinha o objetivo de preservar o patrimônio cultural e focaliza a obra de arte, não o usuário. É este tipo de ação cultural que funda a instituição museológica, dando ênfase ao tratamento e transmissão de linguagens formais estéticas. O segundo momento, que acontece a partir da Segunda Guerra Mundial, abre espaço para uma abordagem social da arte, deslocando o foco da obra de arte para o usuário, compreendido em seu grupo social. A tendência que orienta a ação-cultural neste momento é a de reforçar laços comunitários. O terceiro momento identificado por Coelho (1997) tem início no final da década de 60, quando

Centro de Cultura de Belo Horizonte, Centro Cultural do Alto Vera Cruz, Centro Cultural Lagoa do Nado, Centro de Cultura São Bernardo, Centro Cultural Pampulha, Casa do Baile, Centro de Cultura Zilah Spósito, Centro Cultural Liberalino Alves, Centro de Cultura Nansen Araújo, Centro Cultural da UFMG, Casa Fiat de Cultura, Instituto Moreira Sales, Fundação Clóvis Salgado, Galpão Cine Horto.

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as ações culturais passam a preocupar-se com o indivíduo e são entendidas como instrumento de criação de projetos individuais. Neste contexto, os centros culturais surgem com o objetivo de: abrir zonas de desenvolvimento para o indivíduo e sua subjetividade. Esses espaços querem apresentar-se como locais de cultivo e desenvolvimento de um indivíduo que se reconhece e se afirma enquanto tal, capaz de dispensar as muletas da massa informe, mas também do partido político aglutinante. ” (RAMOS, 2007, p. 78 apud COELHO, 1997, p. 34-35)

Milanesi (2003) explica que com a evolução da tecnologia e desenvolvimento das TIC's (Tecnologia de Informação e Comunicação), foram criados novos mecanismos de acesso, seleção, organização e difusão das informações, e também foram desenvolvidos outros mo-dos de registrar e acessar a informação, relacionados ao aparecimento de novos suportes e mídias para registrar determinada tarefa. A política cultural estabelecida no Brasil a partir da década de 40 colocou as bibliotecas públicas dentro de uma categoria à parte, sem relações orgânicas com o tecido cultural: As bibliotecas estabeleceram-se como instituições a serviço unicamente da escola e de seus alunos, sem ter um objetivo específico nem desempenhar um papel próprio no campo das atividades culturais. A partir deste quadro, delineou-se uma idéia latente de que a biblioteca seja uma instituição precária, porque não tem livros e não tem livros porque ninguém ajuda. Em contraposição a este quadro, os centros culturais apareceram como instituições dinâmicas, inovadoras, que propunham atividades mais emocionantes. Foi essa a idéia que permitiu aos dirigentes municipais perceberem duas entidades diferentes: a biblioteca e o centro cultural. A biblioteca ficou como o lugar da coleção de livros e o centro cultural como o local de atividades menos convencionais e mais criativas, como o teatro e as exposições. Assim, criaram-se conceitos diferentes, separando o acesso ao conhecimento (bibliotecas) da criação de um conhecimento novo (centros de cultura). (RAMOS, 2007, p. 84 apud MILANESI, 1997, p. 27).

O Centro Cultural São Paulo, tem uma inserção muito relevante no cotidiano do paulistano, especialmente para o jovem e estudante, foi inaugurado ainda incompleto, por motivos eleitorais. O estabelecimento é de administração pública, e a sua história é marcada por questões políticas, que sofreu várias alterações de gestão com o passar dos anos. Foi criado com o objetivo de solucionar o problema fucnional e volumétrica da Biblioteca Central Mário de Andrade, inagurada em 1942, com capacidade para 300.000 volumes e naquele momento contava com um acervo de 800.000 volumes, o principal objetivo com a construção do Centro Cultural São Paulo, foi de permitir o contato direto do indivíduo com o acervo, facilitando ao máximo a relação leitor/ livro, público/obra de arte. (RAMOS, 2007).

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CENTRO CULTURAL SÃO PAULO O Centro Cultural São Paulo, foi criado entre a segunda metade da década de 1970 e o início dos anos 1980. Um dos aspectos mais discutidos é a sua arquitetura, que se estende ao longo da Avenida 23 de Maio e a Rua Vergueiro, que compõe um edifício baixo, que não limita o horizonte6. Projetado pela equipe de arquitetos liderados por Eurico Prado Lopes e Luiz Telles, contou com pesquisas sobre as principais condições de acesso e proximidade com a cultura da população paulistana. O principal objetivo ao elaborar o projeto, foi de permitir o contato do indivíduo e tudo que é oferecido nos 46.500 metros quadrados, distribuídos em áreas livres e espaços de convivência, biblioteca multidisciplinares, coleção de acervo da cidade, programação de artes visuais, cinema, dança, literatura, música e teatro7. Segundo Manzoni (2015), quando abordamos a criação do Centro Cultural São Paulo temos a possibilidade de discutir alguns conceitos, que são ligados a arte e a problematização da cultura: [...] a interpretação de centros culturais, pensados enquanto espaços fundamentais na vida social das grandes aglomerações urbanas, desde a segunda metade do século XX e já no XXI. [...] reconhecemos que o projeto da biblioteca Central e sua reformulação para Centro Cultural São Paulo foram elaboradas como respostas às transformações no perfil sociocultural da capital paulista, cada vez mais diversificado. [...] O Centro Cultural São Paulo e o Beaubourg8 têm em comum a concentração de várias atividades artísticas em edifícios de relevância arquitetônica que incorporam na própria construção os signos e valores de sua identidade cultural [...]. (MANZONI, 2015, p. 16).

As áreas livres oferecidas no jardim suspenso, viabiliza a experiência de um passeio na praça, "colocando o edifício a serviço dos públicos que encontram condições para se individualizarem sem a necessidade de submissão às proposições culturais ou ao consumo" (MANZONI, 2015 p. 115). A estrutura de concreto e aço aparente é personagem principal do espaço, destacada pelos pilares centrais pintados na cor azul, que se abrem ao encontro das vigas de concreto, remetendo aos troncos das árvores. Na cobertura principal, panos

MANZONI, A.M.F. Paisagens da Biblioteca ao Centro Cultural São Paulo (1975-1985). Tese (Doutorado em História) - Pontifíca Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015. 7 Centro Cultural São Paulo. Disponível em: <http://centrocultural.sp.gov.br/site/institucional/historia/>. Acessado em: 21/Nov/2017. 8 Cf. MEIRA, Morelli. A cultura dos novos museus: arquitetura e estética na contemporaneidade. Tese (Doutorado em Filosofia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. 6

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translúcidos permitem a entrada de luz zenital, que proporciona iluminação natural em todo o edifício9. Fig. 15: Obra em andamento. Centro Cultural São Paulo. Fonte: Archdaily

Fig. 16: Vista do pátio interno - obra em andamento. Centro Cultural São Paulo. Fonte: Archdaily

CENNI, Roberto. Três Centros Culturais na Cidade de São Paulo. 1991. Dissertação de Mestrado. Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015. 9

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Fig. 17: Vista interna, estrutura metĂĄlica e de concreto aparente. Centro Cultural SĂŁo Paulo. Fonte: Archdaily

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Fig. 18: Vista da área de convivência e biblioteca. Centro Cultural São Paulo. Fonte: Archdaily

Fig. 19: Vista interna (rampas de acesso). Centro Cultural São Paulo. Fonte: Archdaily

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CENTRO CULTURAL JABAQUARA De acordo com os arquitetos, Shieh Shueh Yau, Leonardo Shieh, Irene Shieh, e Kathia Shieh, o objetivo do projeto era valorizar a Casa Sede do Sítio da Ressaca. Assim, restaurado o edifício histórico e recomposta a micro paisagem, o novo espaço é constituído por um edifício cuja implantação se fez conforme princípios de visibilidade e de valorização do monumento. A implantação do edifício encontra-se na rua Arsênio Tavolieri, 45 - Jardim Oriental, e São Paulo - SP, Brasil, sua locação proporcionou uma diferenciação fácil de acessos e tratamentos das áreas em relação à Casa Sede, deixando está numa posição de relativo isolamento, proporcionado pelo afastamento, pela pequena e artificial movimentação do terreno e pela maior naturalidade de tratamento dos pisos e da vegetação no seu entorno. O Centro Cultural do Jabaquara desenvolve, além das atividades próprias de uma biblioteca pública, outras de cunho didático e informativo, tais como palestras e exposições, artes cênicas e música, bem como cursos livres de artesanato e culinária para a comunidade10. A Casa Sede do Sítio Ressaca foi construída no início do século XVIII e possui certas características do partido usualmente adotado nas residências rurais da sociedade paulista vinculada às atividades bandeiristas dos séculos XVI e XVII11.

Fig. 20: Vista da Casa-Sede Sítio da Ressaca. Fonte: Archdaily

Centro Cultural Jabaquara. Disponível em: <http://www.shieh.com.br/filter/Institucional/CENTRO-CULTURAL-JABAQUARA>. Acessado em: 20/Nov/2017. 11 Centro Cultural Jabaquara. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/870322/classicos-da-arquitetura-centro-cultural-jabaquarashieh-arquitetos-associados>. Acessado em: 20/ Nov/2017. 10

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Fig. 21: Implantação no terreno. Centro Cultural Jabaquara. Fonte: Archdaily

Fig. 22: Jardim e acessos. Centro Cultural Jabaquara. Fonte: Archdaily

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Fig. 23: Acesso, rua ArsĂŞnio Tavolieri. Centro Cultural Jabaquara. Fonte: Archdaily

Fig. 24: Vista interna da biblioteca. Centro Cultural Jabaquara. Fonte: Archdaily

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5. ESTUDOS DE CASO


De acordo com autores Milanesi (2003) e Gomes (2004), Centro Cultural é um equipamento arquitetônico edificado destinado a interação e lazer da população. Um espaço com características distintas, que varia em cada região. O que estes espaços têm em comum, são as atividades desenvolvidas: cursos, entretenimento como apresentações, palestras, exibições artísticas culturais, dança e teatro. Elaborado para servir culturalmente, estes espaços apresentam um acervo literário aberto para a população e consulta de obras específicas. Local utilizado também para estudo, trabalho, atividades, recreamento e convívio social. Serão apresentados alguns estudos de caso, considerados importantes para a elaboração deste projeto, com objetivo de avaliar aspectos arquitetônicos que respondam uma demanda de uso, para serem empregadas no projeto. São eles: Nacional - Praça das Artes - São Paulo, SP Nacional - Centro Cultural São Paulo - SP Internacional - Centro Cultural El Tranque - Santiafo, Chile.

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PRAÇA DAS ARTES

Ficha técnica Escritório: Brasil Arquitetura Localização: São Paulo - SP, Brasil Autores: Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz, Luciana Dornellas Área Total: 28.500 m2 Ano do projeto: 2012

Fig. 25: Praça das Artes - São Paulo Fonte: Archdaily 50

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“[...] uma coisa é o lugar físico, outra coisa é o lugar para o projeto. E o lugar não é nenhum ponto de partida, mas é um ponto de chegada. Perceber o que é o lugar é já fazer o projeto.” (Álvaro Siza)

A Praça das Artes é um complexo cultural dedicado à música, dança, ao teatro e exposições. Abriga a da Escola de Dança e da Escola Municipal de Música de São Paulo, além de acomodar grupos artísticos da Fundação Theatro Municipal de São Paulo. A criação da Praça das Artes vem resolver um problema histórico de falta de espaço dos bastidores do Theatro Municipal e foi resultado de uma parceria entre o arquiteto Marcos Cartum, do Núcleo de Projetos de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura, e o escritório paulistano Brasil Arquitetura, de Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz. O terreno em "T" disponível para construção da Praça das Artes, liga a Rua Conselheiro Crispiniano à Avenida São João e o Vale do Anhangabaú. Um dos principais objetivos foi de criar uma espécie de “braço” que contornasse o antigo prédio tombado do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo13.

Fig. 26: Distribuição de Usos Fonte: Archdaily

Praça das Artes, São Paulo - Archdaily. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura>. Acessado em: 24/Agos/2017. 13

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A Praça das Artes é parte da revitalização cultural do centro histórico de São Paulo, é destacada por sua complexidade e ao mesmo tempo simplicidade, remetendo ao Sesc Pompéia (Lina Bo Bardi), onde as fachadas de concreto criam aberturas irregulares. Outra referência marcante, é a capela de Ronchamp (Le Corbusier), que possui um emaranhado de janelas coloridas no concreto aparente. O projeto se encaixa no terreno de forma sublime, tornando-se um “parasita” nas somatórias de lotes, pousa e permeia a quadra, de forma a atender todas as necessidades estabelecidas. A materialidade é muito clara, a utilização de concreto aparente pigmentado, erguido em ripas, deixa nítido a técnica que foi usada. A amplitude através do térreo completamente livre permite o passeio pela praça que é formada (ver fig. 32 e 33). Não se percebe onde começa, e onde termina, tudo se torna único em meio a tantas obras importantes ao seu redor. Tal equipamento cultural, atende a histórica carência de espaços para o funcionamento do Teatro, e desempenha papel indutor estratégico na requalificação da área central da cidade. A extensão de atividades através do Theatro Municipal, deixa claro suas características arquitetônicas, que indicam que sua vocação vai além da música e da dança.

Praça de entrada e acolhimento A cidade invade a obra arquitetônica, entra e compõe a Praça das Artes. Algumas características são notadas: - A ligação do passeio com o térreo do projeto: utilização de degraus, que vão diminuindo ao atingir o limite da curva de nível do terreno. - O piso da rua é replicado no térreo do projeto, dando a sensação de continuidade, automaticamente o indivíduo entra e sente a relação do prédio com a cidade.

Fig. 27: Praça de entrada. Praça das Artes. Fonte: Acervo do autor. 52

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- Térreo livre e fachada marcada pelos panos de vidro com geométricas. - Intenção de continuidade, não se percebe onde começa e termina o pavimento de cada setor.

Fig. 28: Diferença de pigmentos utilizados no concreto aparente. Fonte: Archdaily

Fig. 29: Vista da R. Conselheiro Crispiano. Praça das Artes. Fonte: Acervo do autor. CCEM

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Fig. 30: Circulação horizontal, fruição do terreno. Vista da Rua Conselheiro Crispiano. Fonte: Archdaily

Fig. 31: Circulação horizontal, fruição do terreno. Vista da Avenida São João. Fonte: Archdaily

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CENTRO CULTURAL SÃO PAULO

Ficha técnica Arquitetos: Eurico Prado Lopes e Luiz Telles Localização: São Paulo - SP, Brasil Área Total: 46.500 m2 Ano do projeto: 1979

Fig. 32: Vista entrada principal CCSP. Fonte: Acervo Leonardo Finotti.

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O Centro Cultural São Paulo, um dos mais importantes equipamentos culturais da cidade, oferece diversos espetáculos de teatro, dança, musicais, apresentações, debates, oficinas de arte, cursos rápidos, e mostras de arte aberta ao público. Apresenta como grande equipamento disseminador de cultura devido a diversidade de ofertas culturais para públicos dos mais variados interesses. Além disso sua localização tem grande influência, próximo ao centro da cidade e com acesso por várias linhas de ônibus e ao lado do metro Vergueiro.

Fig. 33: Acesso do CCSP através da estação Vergueiro. Fonte: SPCity

Sua arquitetura integra-se as ruas que lhe dão acesso facilitando a entrada da população, muitas vezes sem um objetivo específico.

Percebe-se que a maioria do público é estudante que estudam para provas ou fazem trabalhos de faculdade no espaço, outras pessoas ocupam as áreas livres e de lazer para fazer exercícios, ler livros e para descanso. A própria arquitetura cria os espaços, os vidros que servem como fechamento são utilizados também como espelho por grupos de dança.

Fig. 34: Área para leitura do lado da área de convivência. Fonte: SPCity 56

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CENTRO CULTURAL EL TRANQUE

Ficha técnica Arquitetos: BiS Arquitectos Localização: El Tranque, Santiago, Chile Autores: Pedro Bartolomé, José Spichiger Área Total: 1400 m2 Ano do projeto: 2015

Fig. 35: Fachada. Centro Cultural El Tranque – Chile Fonte: Plataforma Arquitectura

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O projeto nasceu como parte do programa estadual para a comunidade Lo Barnechea no Chile15, que possui cerca de 50 mil habitantes. Localizado em um setor predominantemente residencial, com pequenos equipamentos e comércio local, o espaço Cultural El Tranque, oferece cursos, exposições, feiras, palestras e espaços de reuniões culturais e contribui com a comunidade, através do desenvolvimento de eventos artísticos e culturais. Conta com uma praça pública no interior; onde acontecem atividades culturais e é utilizada como área de convivência da população local; e é moldada por dois volumes diferentes. No volume do primeiro andar encontram-se os programas mais públicos ( auditório, salão de exposição e cafeteria); no segundo nível encontra-se as áreas de treinamento, como workshops de arte, música, plástica, artes cênicas e área administrativa16.

Fig. 36: Vista da praça pública central. Centro Cultural El Tranque – Chile Fonte: Plataforma Arquitectura

Lo Barnechea é uma das 32 comunas que compõem a cidade de Santiago, capital do Chile. Lo Barnechea Cultura. Disponível em: < http://www.lobarnechea.cl/new/corporaciones/barnechea_cultura/nosotros.php>. Acessado em: 25/Nov/2017. 15 16

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Composto por volumes em "L", o projeto possui aberturas para a rua e em direção a praça existente, criando a ideia de um lugar público; enquanto o volume suspenso é obtido por um coletivo de pilares. Conforme autores, a lógica da utilização dos pilares e do volume, simbolizam os habitantes, usuários e o público em geral, entende que sem eles o edifício não ficaria erguido. Foi utilizada a estrutura metálica, concreto armado e pedra, esta mescla de materiais caracteriza e dão forma ao edifício.

Fig. 37: Abertura para a praça existente. Centro Cultural El Tranque. Fonte: Plataforma Arquitectura

Fig. 38: Estudo da forma que marca as entradas. Centro Cultural El Tranque Fonte: Plataforma Arquitectura

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6. REFERÊNCIAS PROJETUAIS


CENTRO CULTURAL DE SEDAN - FRANÇA O que mais chamou a minha atenção neste projeto foram as aberturas envidraçadas, algumas anunciando o propósito do volume, é fácil ver as atividades que acontecem no interior. A fachada sul é um plano de concreto. Composta de dois módulos horizontais, é emoldurada pelos volumes superiores. O espaço público do centro cultural abrem-se para os quatro lados da praça. Fig. 39: Vista da entrada principal. Fonte: Plataforma Arquitectura

BALLET AM RHEIN - ALEMANHA Estúdios de dança marcados com os panos de vidro permite a visualização de dentro e fora. A utilização do concreto aparente é forte, as salas de aula não possuem revestimento, o concreto é elemento protagonizador da obra. Outro aspecto consideravel é a visibilidade: todas as salas possuem iluminação natural com vista direta para a rua.

Fig. 40: Vista da entrada principal Fonte: Plataforma Arquitectura CCEM

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Fig. 41: Vista das salas de musica. Fonte: Plataforma Arquitectura

ESCOLA DE MUSICA TOHOGAKUEN

Fig. 42: Utilização do vidro u- glass. Fonte: Plataforma Arquitectura

CENTRO ESPORTIVO ARTEIXO

As necessidades de contato visual entre os diferentes usuários do espaço foram valorizadas, isto através da utilização de vidro nas salas de musica e dança. Salas de aula e corredores podem ser usados ​​como espaços de descanso ou espera.

A utilização principal é o vidro opaco u-glass, que tem como função iluminar, e separar ambientes. Atenua os ruídos, pois tem um bom comportamento acústico e inibi a quantidade de calor que passa para o ambiente, isto quando é utilizado o vidro duplo.

BIBLIOTECA ANGEL GONZALEZ

Fig. 43: Vista da entrada principal. Fonte: Plataforma Arquitectura

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As salas são compostas por duas secções: uma acessível aos utilizadores com estantes de livros e equipamento multimédia, e uma segunda no piso superior, que recebe iluminação natural, constituída por duas vidraças, a interna com grandes placas de vidro transparente e a exterior com vidro estampado com tela em tiras verticais. Tal referência se reflete na proposição de projeto, sendo utilizado o vidro u-glass fosco e painel de madeia colorido, tanto no terréo como no mesanino da biblioteca.


7. O MUNICÍPIO DE MURIAÉ


Situado próximo as divisas dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, no entroncamento das BR 116, 356 e 482, importantes vias de acesso, localizada na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais (ver fig. 43 e 44), o território é acidentado, com alguns picos elevados, entre os quais o Itajuru (ver fig. 45), situado em Belisário, um distrito de Muriaé, com altitude superior a 1.300 metros. A cidade é polo de confecção e tem como destaque o ecoturismo. A região que hoje compreende o município foi habitada, primitivamente, pelos índios puris. A colonização do território fez-se pelo comércio de brancos com os indígenas. Em 1817, Constantino José Pinto, com 40 homens, comerciando ervas e raízes medicinais, desceu pelo rio Pomba e atingiu o rio Muriaé, onde ficou e construiu seu alojamento. As trocas vantajosas então realizadas o fez pensar em erguer no local uma povoação. Houve, porém, conflito entre um dos seus homens e um dos chefes da tribo; e Constantino, temendo um ataque dos indígenas, obteve reforço comandado pelo sargento João do Monte, sob cuja proteção construiu as primeiras habitações, formando uma aglomeração primitiva. Sete anos depois foi autorizada a edificação de uma capela, tendo sido seu primeiro capelão o padre Joaquim Teixeira de Siqueira. O distrito foi criado em 1841, com o nome de São Paulo de Muriaé. Foi elevado à vila em 1855. A sede municipal foi transferida, em 1859, para a povoação de Patrocínio do Muriaé, nome sob o qual permaneceu até 1861, quando novamente foi transferida para São Paulo do Muriaé, verificando-se a nova instalação nessa data. A criação da comarca ocorreu de 1865. Em 1911 foi mudada para Muriaé a denominação do município17. A cultura18 do café, do arroz, do milho e do feijão, pode ser considerada as principais atividades da lavoura do município, ocupam as maiores áreas cultivadas, formando estas um total equivalente a 88,33% do total geral das áreas de cultivo. O café, pelo elevado preço de sua produção nos mercados, ocupando pouco mais de 10% da área cultivada no município, concorre com quase 50% no valor total da produção agrícola19. De acordo com dados do IBGE, o município possui cerca de 100.765 habitantes em uma área de aproximadamente 841 km², com densidade de 119,72 hab./Km² e clima tropical20. Quanto a hidrografia, o município é banhado pelas águas do Rio Muriaé, que tem a sua nascente na Serra da Mantiqueira, e desagua no Rio Paraíba do Sul na altura do município de Campos de Goytacazes, Rio de Janeiro. Tem como principais afluentes os rios Glória e Carangola21. Muriaé. In: ENCICLOPÉDIA dos municípios brasileiros. Rio de Janeiro: IBGE, 1959. v. 26, p. 159-164. Disponível em: <http://biblioteca. ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv27295_26.pdf.>.Acessado em: 22/Nov/2017. 18 A palavra cultura, era usada para designar os cuidados com as plantas e os animais. [...] que indica uma ação de cuidar, dar trato a. (MILANESI, 2003, p. 79). 19 Muriaé. In: ENCICLOPÉDIA dos municípios brasileiros, loc.cit. 20 IBGE. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=314390&search=||infogr%E1ficos:informa%E7%F5es-completas>. Acessado em: 22/Nov/2017. 21 Muriaé. In: ENCICLOPÉDIA dos municípios brasileiros, loc.cit. 17

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MURIAÉ - MINAS GERAIS

Fig 44: Localização da cidade de Muriaé, Mg. Fonte: Maps

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Fig. 45: Limite do município de Muriaé , Mg. Fonte: IBGE

Fig. 46: Pico do Itajuru - Belisário, distrito de Muriaé, Mg. Fonte: FUNDARTE 66

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TRANSFORMAÇÃO DA CIDADE Fig. 47: Prefeitura Municipal de Muriaé (1890). Fonte: Fundarte

Fig. 48: Memorial Municipal (2018). Fonte: Fundarte

Fig. 49: Hospital São Paulo (1927). Fonte: Fundarte

Fig. 50: Hospital São Paulo (2018). Fonte: Fundarte

Fig. 51: Igreja Matriz São Paulo (1889). Fonte: Fundarte

Fig. 52: Igreja Matriz São Paulo (2018). Fonte: Fundarte

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Fig. 53: Igreja Nossa Senhora Aparecida (1930). Fonte: Fundarte

Fig. 54: Igreja Nossa Senhora Aparecida (2018). Fonte: Fundarte

Fig. 55: Grande Hotel MuriahĂŠ (1904). Fonte: Fundarte

Fig. 56: Centro Cultural Grande Hotel MuriahĂŠ (2018). Fonte: Fundarte

Fig. 57: Avenida Constantino Pinto (1950). Fonte: Fundarte

Fig. 58: Avenida Constantino Pinto (2018). Fonte: Fundarte


ATRATIVO TURÍSTICO E CULTURAL MONUMENTOS Complexo do Cristo Redentor A implantação do complexo fica em um ponto estratégico da cidade, com trinta metros de altura, sendo 24 da estátua do Cristo, é composto por uma igreja, uma praça de acolhimento e estacionamento22. Foi inaugurado em dezembro de 2016. Fig. 59: Cristo Redentor .Vista da BR 356. Fonte: Silvan Alves

Fig. 60: Paróquia Cristo Rendentor. Fonte: Silvan Alves

Estátua do Trabalhador Feita em chapas de cobre, a Estátua representa um trabalhador erguendo uma picareta. Localizada na praça Prefeito Paulo Carvalho, no bairro da Barra - Muriaé , Mg23. Foi inaugurado em 1988. Fig. 61: Estátua do Trabalhador, Praça Prefeito Paulo Carvalho Fonte: Guia Muriaé

Complexo Cristo Redentor. Disponível em: < http://silvanalves.com.br/site/2016/12/hoje-e-o-dia-da-inauguracao-do-complexo-do-cristo-redentor/>. Acessado em: 24/Nov/2017.

22

Estátua do Trabalhador. Disponível em: <http://www.radiomuriae.com.br/noticias/reforma-da-praa-do-trabalhador--inaugurada>. Acessado em: 24/Nov/2017. 23

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TURISMO CULTURAL Fig. 62: Memorial Municipal Fonte: Guia Muriaé

Fig. 63: Centro Cultural Grande Hotel Muriahé Fonte: Mapio

Fig. 64: Teatro Municipal Belmira Vilas Boas Fonte: Guia Muriaé

Memorial Municipal Instalado no prédio que, durante mais de 100 anos foi sede do Poder Executivo de Muriaé, o Memorial Municipal abriga objetos e documentos de época que ajudam a contar a história do município. Situado na Praça Coronel Pacheco de Medeiros, no Centro24. Centro Cultural Grande Hotel Muriahé O imponente prédio histórico situado à Praça João Pinheiro, no Centro, era a principal hospedaria dos comerciantes de café que chegavam à cidade no início do século XX. Após um incêndio que quase o levou ao chão, em 1998, foi completamente restaurado e tornou-se centro cultural, recebendo exposições, shows e sessões de cinema25.

Teatro Municipal Belmira Vilas Boas O Teatro fica localizado na Rua Coronel Domiciano, no Centro. Começou a ser reformado em 2006, com a verba de um edital da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, e teve a sua obra finalizada em 2012, e inaugurada em 2015. De acordo com a prefeitura, possui 167 assentos26.

Fundarte. Disponível em: <http://www.fundartemuriae.com.br/conteudo/conteudo.php?id=14>. Acessado em: 24/Nov/2017. Ibid.,p. 53 26 Ibid.,p. 53 24 25

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Fig. 65: Teatro Zacarias Marques Fonte: Guia Muriaé

Fig. 66: Biblioteca Municipal Fonte: Guia Muriaé

Fig. 67: Memorial - Vista da fachada principal Fonte: Guia Muriaé

Teatro Zacarias Marques É o maior difusor das atividades artísticas e culturais da cidade de Muriaé, nas áreas de teatro, dança, música, folclore, cultura popular, cinema e vídeo e conta com um espaço de áreas expositivas. Localizado na Avenida Constantino Pinto, Centro27. Biblioteca Municipal Vivaldi W. Moreira O prédio foi construído em 1860, antes abrigava a sede do poder público. A ideia da criação da biblioteca surgiu em 1940. No ano de 1953, sofreu uma grande reforma e hoje a biblioteca conta com cerca de 10 mil usuários e possui um acervo com 35 mil livros distribuídos pelas mais variadas áreas do conhecimento28. Memorial da Fundação Cristiano Varella Inaugurado em 2014, o Memorial foi concebido para resgatar a memória de Cristiano Ferreira Varella, filho do deputado Lael Varella. O local também funciona como espaço cultural, com constantes exposições de artes29.

Fundarte Muriaé, op.cit., p.53. Fundarte Muriaé, op.cit., p.53. 29 Memorial da Fundação Cristiano Ferreira Varella. Disponível em:<http://www.fcv.org.br/site/conteudo/conteudo.php?id=32>. Acessado em: 24/Nov/2017. 27 28

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MACROZONEAMENTO URBANO Conforme mapa de macrozoneamento urbano (ver mapa página 73 e 74), da cidade de Muriaé, o terreno escolhido para a primeira proposição, encontra-se em uma Zona de Restrição de Adensamento (ZRA) e Zona de Preservação Histórica (ZPH) cujo objetivos principais são estabelecidos pelo Plano Diretor LEI N. 3.377 / 2006: ZRA - Zona de Restrição de Adensamento: Preservar o traçado e o desenho urbano; recuperar os espaços públicos da cidade; implementar e fortalecer o Caminho Cultural de Muriaé; controlar as demolições; recuperar o arquivo público municipal e ampliar o acervo e uso da biblioteca pública municipal como espaço cultural; relocar o arquivo público municipal; implementar política de incentivo ao ecoturismo e ao turismo rural, incentivar a criação de infraestrutura turística junto a atrativos naturais já abertos à visitação, tais como a Serra de Pirapanema, o Pontão da Água Limpa, a Pedra de Santa Maria, a Gruta da Pedra Santa, entre outros. Zona de Preservação Histórica (ZPH): Evitar o adensamento e reduzir a verticalização da região central, observadas e obedecidas as condições técnicas possíveis de cada local; assegurar o acesso aos recursos ambientais de insolação, ventilação e iluminação naturais em todo o município; promover conscientização da população para uma acústica ambiental sustentável, garantindo a saúde, a segurança, o prazer e o sossego de toda comunidade. 7.3 Usos O levantamento do entorno imediato foi realizado para entender a região e suas atividades, (ver mapa página 75) o mapa apresenta características de uso misto, sendo residencial, comercial e serviços. A partir desta análise, foi possível identificar terrenos sem uso, o que impulsionou a decisão da escolha do terreno para uma primeira proposta, o mesmo encontra-se em uma área que já possui uma infraestrutura eficiente e com pontos de estratégicos de acesso, sendo o principal deles a rodoviária municipal e a BR 356. 7.4 Gabarito O entorno imediato (ver mapa página 76), possui um gabarito predominantemente baixo, de um a três pavimentos, sendo apenas três edificações com o gabarito entre dez e doze pavimentos. Foi utilizado um degradê em tons de cinza e preto, onde o cinza claro possui um gabarito baixo, e conforme os tons vão aumentando, o número de pavimentos cresce. Após análise e conforme o Plano Diretor do município, conclui-se que a proposta em questão deverá ter um gabarito considerado baixo, assim não afetará a paisagem urbana atual. 72

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MAPA DE MACROZONEAMENTO URBANO

ZAV – Zona de implantação de área verde ZAE – Zona de Atividades Econômicas ZOC – Zona de ocupação controlada ZEIS – Zona Especial de Interesse Social ZI – Zona Industrial ZCA – Zona de controle de adensamento ZRA – Zona de restrição de adensamento ZAP – Zona de Adensamento Preferencial ZPH – Zona de preservação histórica

Fonte: Prefeitura Municipal de Muriaé

ZEU – Zona de Expansão Urbana ZIA – Zona de Impacto Ambiental Área da proposição Rios e córregos

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RECORTE: MAPA DE MACROZONEAMENTO URBANO

ZCA-–Zona Zonadede controle de adensamento ZCA controle de adensamento ZAV-–Zona Zonadede implantação de área ZAV implantação de área verdeverde ZRA de de restrição de adensamento ZRA- Zona – Zona restrição de adensamento ZOC de de ocupação controlada ZOC- Zona – Zona ocupação controlada ZPH de de preservação histórica ZPH- Zona – Zona preservação histórica SE3 (Setor Especial)* SE3 (Setor Especial ) * Rio Muriaé

Rio Muriaé

Área dada proposição Área proposição

* SE3 : Refere-se a espaços, edificações e instalações destinados a usos institucionais de iniciativa pública, existente ou previstos.

Escala: 1/2500 Fonte: Desenho feita pela autora, sob o mapa de Macrozoneamento Urbano. 74

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MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Usos Residencial Comércio Serviços Institucional Sem uso Área verde Rio Muriaé Área da proposição (6.744,95m²) 6.980,61 m2

Escala: 1/2500 Fonte: Mapa feito pela autora, sob o levantamento de campo. CCEM

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MAPA DE GABARITO

Gabarito 1–3 4–6 7–9 10 – 12 Terreno sem uso 6.980,61 m2 Área da proposição (6.744,95m²)

Área verde Rio Muriaé

Escala: 1/2500 Fonte: Mapa feito pela autora, sob o levantamento de campo. 76

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PLANO DIRETOR 2006 (LEI Nº 3.377/2006) De acordo com o Plano Diretor, foi possível ressaltar alguns pontos importantes, que são pertinentes ao tema - Projeto do Edifício - Casa de Cultura. Segue abaixo previsões estabelecidas pelo Plano Diretor: Promover o desenvolvimento econômico e social; Expandir o ensino técnico e profissionalizante; Estimular o desenvolvimento institucional e garantir a gestão democrática; Evitar o adensamento; Relocar o arquivo público municipal; Reduzir a verticalização da região central e nas Zonas de Restrição de Adensamento; Estimular o associativismo e o empreendedorismo como alternativas para a geração de trabalho e renda, priorizando as confecções, o artesanato tradicional e a produção rural. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO (LEI COMPLEMENTAR Nº 5.441/2017) A Lei de Uso e Ocupação do Solo, prevê alguns tipos de usos institucionais, são eles: Institucional Local: atividades de sentido social e interesse coletivo, exercidas por entidades de direito público ou privado, voltados para o atendimento a nível local. Institucional de Bairro: atividades de sentido social e interesse coletivo, exercidas por entidades de direito público ou privado, voltados para o atendimento ao nível de bairro. Institucional Principal: atividades de sentido social e interesse coletivo, exercidas por entidades de direito público ou privado, de grande porte e atendimento ao nível de cidade.

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Após análise a proposta de projeto, se enquadra no item institucional principal, pois atenderá uma grande demanda, levando em consideração que o terreno escolhido se encontra em uma área de grande fluxo urbano e entrada da cidade, tendo como princípio o turismo cultural. TE - TIPOS DE EDIFICAÇÕES Os tipos de edificações são divididos em três categorias, são elas: T13, TE14 E TE15, que deverá atender as seguintes normas: - Será obrigatória a previsão de “pilotis” quando a edificação tiver mais de 4 (quatro) pavimentos, podendo este ser fechado em até 30% (trinta por cento) de sua área, para acesso, portaria, escadas, elevadores e similares. Legenda

TIPOS DE EDIFICAÇÃO LOTE TIPO MODALIDADE ÁREA MIN(M²) FRENTE MIN(M) Exist. ate 300 .... TE 13 Institucional Novos>200<600 novo 12,00 .... Exist. >300<=600 TE 14 Institucional novo 15,00 Novos>600<800 .... Exist. >600 TE 15 Institucional novo 20,00 Novos>800

TX. MAX. OCUPAÇÃO

COE. APROV.

AFASTAMENTO (MÍNIMO) FRONT. POST. LAT.

70%

2

1,5

....

....

65%

3

2

1,5

2

65%

6

3

2

2

Fonte: Lei de Uso e Ocupação do Solo - Lei Complementar nº 5.441/2017, p. 8.

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Tipo de edificação que se enquadra a proposta de projeto - Casa de Cultura.


8. PROPOSTA PROJETUAL A partir dos conhecimentos adquiridos é proposto um complexo cultural e educacional para a cidade de Muriaé - Mg. Seu local de implantação é um território marcado pela infraestrutura capaz de atender a população local e externa, com pontos de comércios, serviços, terminal rodoviário e acesso a rodovia 356.


Após fundamentação teórica e análise dos estudos de caso, foi utilizado três critérios para elaboração do programa de atividades.

Diagrama dos principais objetivos de um centro cultural Fonte: Acervo do autor (2017), a partir da metodologia de Milanesi (2003).

INFORMAR

CENTRO CULTURAL

DISCUTIR

CRIAR

Gomes (2004) apud Requixa (1980) apresenta três modelos de equipamentos: 1. O microequipamento especializado, que possui como características pequenas dimensões e são voltados para o interesse de lazer. 2. O equipamento médio de polivalência dirigida, com dimensões capazes de atender uma população maior, geralmente frequentado durante a semana e finais de semana. 80

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3. Microequipamento polivalente, seriam os equipamentos de grandes dimensões e adequado para receber um grande fluxo de pessoas, com amplas áreas verdes e situados em pontos estratégicos da cidade. O outro grupo de equipamento de lazer é constituído pelos equipamentos não específicos, que originalmente não foram construídos com esta finalidade, contudo acabam configurando-se como tais: casa, bar, rua, escola e à circulação.

É possível identificar cinco interesses relacionados aos conteúdos culturais, são eles:

1. Interesse físico - Prazer de movimentar: Esportes em geral, ginástica, dança. 2. Interesse intelectual - Ligado ao exercício de raciocinar: jogos, palestras e cursos (desde que não estejam sendo procurados pelas necessidades de trabalho). 3. Interesses artísticos - Experiência estética: cinema, teatro, dança, música, artes plásticas, literatura. 4. Interesses manuais - Manipulação de objetos e produtos: jardinagem, carpintaria, marcenaria, costura, culinária e hobbies em geral. 5. Interesse social - Atividades relacionadas ao fator motivador: festas, espetáculos, bares, restaurantes, participação em espaços de convivência. (GOMES, 2004).

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ÁREA DE IMPLANTAÇÃO Para iniciar o desenvolvimento do projeto, foi analisada a área de implantação a fim de definir um programa que se encaixe no local, não apenas para incentivar o interesse da população local, como também a população de outras regiões que buscam cultura e um local diferente de lazer. O terreno encontra-se em uma região de importante fluxo urbano da cidade de Muriaé - Mg com área de 6.980,61 m2 e possui uma infraestrutura urbana que atende demanda das atividades que serão desenvolvidas na proposição do projeto. Foi necessário fazer a desapropriação de três estabelecimentos: duas oficinas mecânicas, (ver fig. 67) remoção prevista para a BR356, local que possui grande demanda deste tipo de uso e um posto de gasolina (no entorno imediato estudado possui dois postos, que atende a demanda local, ver fig. 68 , 69 e 70), é previsto o tratamento do solo desta área.

Fig. 69: Posto Ipiranga . Avenida Constantino Pinto. Fonte: Maps

Fig. 70: Posto Esso. Avenida Doutor Passos. Fonte: Maps

Fig. 68: Oficina mecânica que será removida. Avenida Constantino Pinto. Fonte: Maps Fig. 71: Posto que será removido. Avenida Constantino Pinto. Fonte: Acervo do autor

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VISTA AÉREA DO TERRENO

Fig 72: Vista do terreno. Fonte: Guia Muriaé

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Fig. 73: Vista da Avenida Doutor Passos (Rodoviária e Fundarte). Fonte: Maps

Fig. 74: Vista interna do terreno da proposição. Fonte: Acervodo autor

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Fig. 75: Vista do terreno. Avenoda Doutor Passos. Fonte: Guia Muriaé

Fig. 76: Fundarte Muriaé. Fonte: Maps

Fig. 77: Prefeitura Municipal de Muriaé, Avenida Doutor Passos. Fonte: Maps

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O PROJETO Com uma área de 6.980,61 m², TO de 65% e CA de 60%, o terreno encontra-se em uma zona de restrição de adensamento, local já destinado para edificações e instalações de usos institucionais conforme Plano Diretor lei nº 3.377/2006. Situado no entroncamento de duas vias importantes da cidade: Avenida Constantino Pinto e Avenida Doutor passos, local de grande fluxo de pessoas e porta de entrada do município, sendo uma área estratégica com infraestrutura de transporte coletivo, áreas comerciais, institucionais, residenciais e serviços em geral. Além da vocação da área para o uso escolhido, algo que foi determinante para a escolha da temática - cultura - foi o fato de Muriáe ser pólo de desenvolvimento (em relação as cidades vizinhas) e ter carência de equipamentos culturais desse porte. O intuito é criar uma linguagem característica da cidade: respeitar o entorno imediato de até 3 pavimentos e criar ambientes funcionais, confortáveis e acessíveis ao público. O principal foco é a fruição do térreo, hora com praças e pátios internos que se tornam elementos de conexão com os volumes distintos que são criados. O complexo cultural e educacional atenderá a demanda e necessidade da população Muriaeense, desenvolvendo atividades de cunho artístico, criativo e usufruindo dos vazios que envolve e molda o terreno. Tal proposta de cheios e vazios permite que as pessoas usufruam e façam parte do espaço, isto acontece através da praça coberta e praça das esculturas (situada no miolo do terreno). Cada bloco recebe um programa diferente, reforçando a setorização e organização em volumes, garantindo um espaço de 86

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circulação aberto, livre e qualificado por vazios e passagens como se fossem a continuação natural da rua. No pavimento térreo encontram-se os programas mais públicos: teatro, praça das esculturas e biblioteca, ambos com plantas livres que poderão ser remodeladas, laje nervurada, estrutura de concreto e fechamentos em alvenaria, painéis de drywall nas áreas de catalogação, administração, camarins e setores que são sujeitos a mudanças no decorrer do tempo e utilização do vidro u - glass duplo, que além da função de fechamento, atenua os ruídos, pois tem um bom comportamento acústico e inibi a quantidade de calor que passa para o ambiente. Já no primeiro e segundo pavimento tendo o acesso pela fachada norte, encontram-se os setores de formação/corpos artísticos: sala de música, dança, teatro, e ateliês, onde são ministrados cursos de artesanato, pintura, e costura. Este bloco conta também com um café e uma praça pública elevada que se estente até a entrada da fachada sul. A estrutura e materialidade empregada neste bloco é a mesma do térreo, sendo estrutura de concreto com fechamentos em alvenarias e vidro u-glass. A área administrativa de todo o complexo foi elevada ao nível +4,00m por pilotis de concreto, que marca a entrada da biblioteca e traça uma trajetória até a recepção. O programa inclui um restaurante e mais dois cafés, sendo um dentro do foyer do teatro e outro na cobertura da área expositiva, que funciona como mirante (local que pode ser utilizado para eventos).

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PROPOSTA CULTURAL Para que o espaço seja incluso na realidade da população serão semestralmente propostas experiências culturais que abordem um tema em específico e o trate de diversas maneiras, trazendo sentido à proposta e unificando as dependências da edificação. EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA - As exposições sugeridas neste espaço dão o tom à proposta semestral, na intenção de oferecer à sociedade exibições de temáticas variadas. Peças e objetos que forem confeccionadas no bloco corpos artísticos/escola, poderam ser expostos no próprio complexo, fomentando a mão de obra local e reforçando a importância destas. EXPOSIÇÃO PERMANENTE - Narrativa da história Muriaeense, com fotografias, documentos e objetos históricos. CINEDEBATE - Sessões de filmes exibidos para a população e grupos das instituições de ensino da cidade. TEATRO - Apresentação das peças teatrais ministradas pela cidade, e exibições em nível nacional. O local pode ser utilizado como auditório e encontros de palestras. BLOCO CORPOS ARTÍSTICOS / ESCOLA- Destinado a criação e manuseio de equipamentos musicais, exerce a função de escola, onde ensina e possivelmente expõe os trabalhos realizados, além de potencializar estas habilidades proporciona a oportunidade de uma renda salarial. BIBLIOTECA - Possui livre acesso para população local e das cidades vizinhas.

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CAPACIDADE DE PESSOAS COMPLEXO CULTURAL E EDUCACIONAL DE MURIAÉ

BLOCOS

CORPOS ARTÍSTICOS E ESCOLA (por assento)

TEATRO

(por assento)

BIBLIOTECA (por assento)

APOIO /ADMINISTRATIVO (por assento)

ÁREA EXPOSITIVO (7 m² por pessoa )*

RESTAURANTE (por assento)

SETOR

QUANT. PESSOAS

Praça elevada Cinedebate Ateliê de teatro Ateliê de musica Ateliê de dança Ateliê de artesanato Ateliê de pintura Ateliê de costura Sala dos professores Copa coordenação Assento P.C.R Assento P.O Assento comum Sala de estudos Adm. / catalogação Área de leitura Pesquisa Marketing Produção Cultural Secretaria de Cultura T.I Financeiro R.H Direção Sala de monitoramento Exposição permanente e temporária Curadoria Adm. Acervo Espaço com mesas CAPACIDADE MÁXIMA PREVISTA 945 PESSOAS

90

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55 104 13 16 22 26 13 12 12 6 4 8 4 377 12 7 40

8 (computadores) 4 4 4 4 4 4 1 3 118 2 2 64

TOTAL

283

389

59

28

122 64


9. DESENHOS


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Rio Mu

riaé

o Ri

aga

Gonz

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Luís a Dr.

ra Rua Júlio B

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Avenida Constantino Pinto

Ru

Avenida Dr. Passos

IMPLANTAÇÃO esc 1:2000

0

20

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Vista do acesso ao restaurante e teatro. Avenida Doutor Passos

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0

5

10

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Vista do acesso da biblioteca e praรงa das esculturas. Avenida Doutor Passos.

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0

5

10

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Bloco Corpos ArtĂ­sticos / Escola. Avenida Constantino Pinto

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0

5

10

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Vista da praça interna, que conecta os blocos: corpos artísticos, área expositiva, teatro e biblioteca.

100

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PLANTA DE COBERTURA 0

5

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0

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0

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0

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10

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10. CONSIDERAÇÕES FINAIS



O trabalho atingiu o seu objetivo inicial de propor um projeto de implantação de um novo pólo de cultura na cidade de Muriaé - MG, de acordo com as suas necessidades e características da região. A partir do entendimento da demanda e necessidade da população, foi possível criar um programa de atividades adequado, lincando com as referências adquiridas. Durante os levantamentos de dados realizados no local de implantação, as pessoas aprovaram e acharam relevante a ideia de implantação neste ponto da cidade, por ser um local onde tem toda infraestrutura: acessos a rodovia 356 e 156, rodoviária municipal, pontos de comercial e serviço, possibilitando o deslocamento da população das cidades do entorno.

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11. REFERÊCIAS



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