Condomínio Ecológico: Permacultura e Bioconstrução aplicado ao projeto - Murilo Marcatto

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Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a). MARCATTO, MURILO Condomínio Ecológico: Permacultura e Bioconstrução aplicado ao projeto / MURILO MARCATTO - São Paulo (SP), 2018. 101 f.: il. color. Orientador(a): Ricardo Wagner Martins Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em MURILO FONSECA MARCATTO) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2018. 1. Bioarquitetura 2. Permacultura 3. Condomínio Ecológico 4. Projeto I. Martins, Ricardo Wagner (Orient.) II. Título


CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

MURILO FONSECA MARCATTO

CONDOMÍNIO ECOLÓGICO

PERMACULTURA E BIOCONSTRUÇÃO APLICADO AO PROJETO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Senac como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel de Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Ricardo Wagner Alves Martins

São Paulo 2018



À todos que colaboraram para que eu completasse este ciclo. Meus pais Beth e Luis, meus irmãos Marcelo e Marco, minha namorada Paty e sua família por estar sempre ao meu lado. Todos amigos que de alguma forma me apoiaram. À todos docentes que fizaram parte da minha formação.


RESUMO O trabalho tem como proposta o desenvolvimento do projeto de um condomínio ecológico no meio urbano utilizando os princípios da permacultura e da bioarquitetura, procurando atingir o menor impacto ambiental ao longo de todo ciclo de vida da edificação. O projeto é um conjunto residencial que visa o máximo de autossuficiência utilizando materiais e recursos renováveis. O objetivo deste trabalho se deu diante da crise que se atravessa. O consumo inconsciente e desenfreado dos recursos naturais renováveis e não renováveis está levando o planeta ao total colapso. A cidade encontra-se hoje frente ao grande desafio de como lidar com questões básicas como a destinação do lixo e do esgoto doméstico. Com base nesse cenário instável surge um novo modelo de organização comunitária, o que pode ser chamado de comunidades sustentáveis e/ou condomínio ecológicos. Como metodologia foi desenvolvida e utilizada base teórica, onde variadas tecnologias de bioconstrução foram pesquisadas e avaliadas. Dentro disto, foram utilizados estudos de caso, cursos práticos e palestras.

PALAVRAS CHAVE Bioarquitetura; Permacultura; Condomínio Ecológico; Projeto.

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ABSTRACT The work proposes the development of the project of an ecological condominium in the urban environment using the principles of permaculture and bioarchitecture, seeking to achieve the least environmental impact throughout the life cycle of the building. The project is a residential complex that aims at maximum self-sufficiency using materials and renewable resources. The objective of this work was to deal with the crisis. The unconscious and unbridled consumption of renewable and non-renewable natural resources is driving the planet to total collapse. The city faces today the great challenge of how to deal with basic issues such as the disposal of garbage and domestic sewage. Based on this unstable scenario emerges a new model of community organization, which can be called sustainable communities and/or ecological condominium. As methodology was developed and used theoretical basis, where various technologies of bioconstruction were researched and evaluated. Within this, case studies, practical courses and lectures were used.

KEYWORDS Bioarchitecture; Permaculture; Ecological Condominium; Project.

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SUMÁRIO Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1. Contexto das cidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

5. Estudos de caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 5.1. Casa Viva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 5.2. Residência Corcovado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 5.3. Vila Taguaí . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

2. Contexto da construção civil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 3. Permacultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 3.1. Origem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 3.2. Fundamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 4. Bioconstrução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 4.1. Técnicas de construção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 4.1.1. Adobe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 4.1.2. Pau-a-pique . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 4.1.3. Taipa de pilão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 4.1.4. Tijolo de solo cimento . . . . . . . . . . . . . . 28 4.1.5. Bambu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 4.1.6. Argamassa armada . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 4.1.7. Painel e tijolo de serragem . . . . . . . . . . . 32 4.1.8. Cordwood . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 4.1.9. Reuso de resíduos . . . . . . . . . . . . . . . . 34 4.2. Água e esgoto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 4.2.1 Zona de Raízes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 4.2.2 BET – Bacia de Evapotranspiração . . . . . . 36 4.2.3 Vermifiltro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 4.2.4 Captação de água pluvial . . . . . . . . . . . . 37 4.2.5 Aquecimento de água . . . . . . . . . . . . . . . 38 4.3. Energia Solar e Eólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 4.4. Telhados verdes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 4.5. Compostagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

6. Projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.1 Localização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.2 Levantamento de dados . . . . . . . . . . . . . 6.3 Caracterização do entorno . . . . . . . . . . . 6.4 Levantamento Fotográfico . . . . . . . . . . . . 6.5 Projeto Arquitetônico . . . . . . . . . . . . . . .

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7. Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 8. Referências bibliográficas e Lista de imagens . . . . . . . . . . . 95

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Diante da grande crise que se atravessa, tratar do tema Sustentabilidade hoje é papel central nas discussões sobre as dimensões do desenvolvimento da sociedade em todos os aspectos, tanto no ambiental quanto econômico, social e político. O consumo inconsciente e desenfreado dos recursos naturais pelos humanos está levando o planeta ao total colapso. Com o crescimento da população a demanda de recursos naturais, água, energia, alimentos e materiais aumenta gradativamente. A exploração destes recursos causa graves impactos ao meio ambiente, sendo alguns destes recursos não renováveis, o que também vem modificando profundamente os ecossistemas naturais.

tura e bioarquitetura, que resulta em baixo impacto ambiental ao longo de todo ciclo de vida da edificação. O projeto foi desenvolvido visando o máximo de autossuficiência e buscando utilizar materiais e recursos renováveis e disponíveis no local ou nos arredores para sua concretização. O trabalho se fundamentou em pesquisas formando uma base teórica para a realização do projeto, onde foi feito uma análise, relacionada ao tema, sobre as cidades e a construção civil, estudos sobre diversas técnicas de bioconstrução e fundamentos da permacultura, assim como foram feitos estudos de caso e cursos práticos relacionados ao tema.

Este panorama levanta um questionamento: se o consumo continuar de maneira inconsciente, compulsivo e insaciável, como será possível sustentar 7 bilhões de pessoas? O futuro depende de uma mudança de paradigmas através de uma nova maneira de viver, reorganizando as tarefas, a habitação, a saúde, as tecnologias. A cidade encontra-se hoje frente ao grande desafio de como lidar com questões básicas como a destinação do lixo e do esgoto doméstico, a qualidade do transporte público e o descarte insustentável de recursos da construção civil o que também degrada o meio. Além de, sem esforços, podermos ver grandes áreas de solo impermeabilizado pelo asfalto, pedacinhos esparsos de florestas comprimidos entre prédios, montanhas de resíduos na terra, lançados na água e no ar, expansão urbana sem qualquer planejamento, trânsito caótico, além de pouquíssima ou mesmo nenhuma área de agricultura urbana para suprir a demanda da população local (CAPELLO, 2003). Diante deste cenário instável surge um novo modelo de organização comunitária, o que pode ser chamado de comunidades sustentáveis, ecovilas, condomínio ecológicos, etc. Assim, o objetivo deste trabalho é projetar um condomínio ecológico no meio urbano utilizando os princípios da permacul11



O impacto ambiental tem sido crescente em decorrência do acelerado e desordenado processo de urbanização. De acordo com o censo demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) a população brasileira em 1980 era de 119 milhões, sendo 67,6% residentes em áreas urbanas. O censo realizado em 2010 registrou aumento da população, que chegou em 207 milhões, sendo que 84,3% vivem nas cidades. A relação homem/meio ambiente sempre foi caracterizada pelo impacto na natureza em suas atividades mais básicas. Hoje, se tornou questão central a conciliação do desenvolvimento das cidades com as esferas social, econômica e ambiental. A sociedade atual se caracteriza pelo consumismo, que à primeira vista é um aspecto econômico e social, mas também resulta no aspecto ambiental. Afinal, o aumento da população nos últimos anos e abastecer todo o mercado consumidor gera maior demanda por recursos naturais. O site Pegada Ecológica afirma em nota técnica: Segundo o Relatório Planeta Vivo, publicado a cada dois anos pela rede WWF (World Wide Fund for Nature), a demanda mundial por recursos naturais cresce a cada ano. Hoje consumimos o equivalente a 1,5 planeta para suprir nosso estilo de vida. E se continuarmos nesse ritmo, até 2050, vamos precisar do equivalente a 2,9 planetas para atender nossas demandas anuais.(PEGADA ECOLÓGICA, 2017) Assim, é possível o esgotamento até mesmo de recursos renováveis, como a água. A isso se dá o nome de descompasso ecológico, que acontece quando a velocidade de extração de um recurso é maior do que a capacidade de regeneração ou quando a geração de resíduos é maior do que a capacidade de absorção. Além disso, os recursos não renováveis, como o petróleo, utilizados como matéria prima para diversos produtos, irá se esgotar.

No Brasil, nota-se que as estruturas de exploração e geração de recursos são concentradas. As cidades não têm autonomia para abastecer a população de água potável, gerar energia elétrica e cultivar o alimento consumido pelos habitantes. As cidades dependem de reservatórios de água localizado em municípios vizinhos que ainda mantiveram suas reservas limpas, de hidrelétricas distantes e de alimentos que provém de monoculturas a milhares de quilômetros de distância. Este modelo de consumo requer alto investimento em infraestrutura e também grande consumo de combustíveis fósseis para escoamento destes recursos. Outra questão são os resíduos sólidos, que poderiam ser tratados como recursos a serem transformados em matéria-prima, porém, geralmente, são descartados de forma inconsciente e levados para aterros sanitários localizados, muitas vezes, em outros municípios. Esta é outra característica das cidades: consumo linear e não cíclico, em que se tem o reaproveitamento e reciclagem dos materiais descartados (CAPELLO, 2013). Em questão de cidades sustentáveis o melhor seria a descentralização, seja no aspectos de geração de energia, seja no modo de vida da população, por exemplo. “Hoje não vivemos mais em uma civilização, mas em uma mobilização – de recursos naturais, de pessoas e de produtos” (GIRARDET, 2003 apud CAPELLO, 2013, p.89). Estes e outros aspectos do contexto atual traz um momento de consciência ecológica global e a percepção do quanto é essencial o desenvolvimento sustentável dos recursos.

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A construção civil é um dos setores que mais movimenta a economia mundial, porém, segundo o Conselho Internacional da Construção (CIB), é responsável pelo maior consumo de recursos naturais, de energia e gerador de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Esta atividade consome 50% de todos os recursos naturais explorados no mundo, 40% de toda a energia, 40% da água (considerando todo o ciclo produtivo) e 25% da madeira de florestas. Além de ser responsável por 50% das emissões de CO2 e mais de 50% dos resíduos sólidos gerados (GAUZIN-MÜLLER, 2011, p. 14; CAPELLO, 2013, p. 97; SITE MMA). Estima-se que, na cidade de São Paulo, sejam produzidas 12 mil toneladas de entulho por dia, somente em pequenas obras (Folha de São Paulo). Nota-se que no Brasil a alvenaria e o concreto armado são quase um padrão nas construções, devido ao status que ao longo do tempo foi incorporado nestas técnicas. O Brasil está entre os quatro maiores consumidores de cimento do mundo, sendo este o segundo recurso mais utilizado, depois da água. E para execução das obras que se utilizam de cimento é necessário moldes e escoras de madeira, que perdem rapidamente a serventia, sendo descartadas. Esta aplicação consome 33% da madeira utilizada na construção civil no Brasil (GAUZIN-MÜLLER, 2011) e de acordo com Giuliana Capello, uma pesquisa realizada mostrou que 30% da madeira extraída da Amazônia tem o mesmo uso na região Sudeste e acrescenta: O grande problema não está no uso do material, mas sim em sua origem, muitas vezes ligada à extração ilegal, feita sem manejo ou qualquer tipo de controle para garantir a manutenção das reservas naturais e o equilíbrio dos ecossistemas. (CAPELLO, 2013, p. 100) Além disso, leva-se em consideração a distância percorrida do material entre a extração e o consumo final, que mesmo sendo certificadas, há grande gasto de combustíveis fósseis no transporte. Quanto a isso, Marcelo Aflalo diz:

Pelo próprio perfil do mercado brasileiro, as madeiras de reflorestamento parecem ser a saída mais adequada, uma vez que seu ciclo de renovação é relativamente curto e as distâncias entre as áreas reflorestadas e os principais centros consumidores são mais próximas. (GAUZIN-MÜLLER, 2011, p. 15) Levando estas informações em consideração, “um bom projeto é aquele que melhor utiliza o desenho e os materiais mais adequados a cada função construtiva, levando em conta sua realidade econômica e geográfica” (GAUZIN-MÜLLER, 2011). Porém, segundo pesquisa realizada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo junto ao Instituto Datafolha, cerca de 85% das obras executadas no Brasil não têm acompanhamento técnico de arquitetos ou engenheiros, o que gera projetos inadequados em relação ao clima, contexto e aplicação de tecnologias construtivas. Por outro lado, a parte restante em que há acompanhamento de profissionais se diz respeito à indústria da construção civil, que, de forma generalizada, os empreendedores replicam projetos arquitetônicos que já foram testados no mercado a fim de assegurar seu lucro. Desta forma: Nesta polaridade se revelam os mais diversos tipos de empreendedores, desde aqueles mercenários que geram vícios ocultos de construção para ampliar seu lucro até aqueles que asseguram um bom nível de qualidade como referência – ou “diferencial” - para seus empreendimentos. Uma das estratégias mais comuns da lógica da construção destinada à venda é a transferência de custos e responsabilidades da fase de construção para a fase de uso. Um claro exemplo dessa prática é a total desconsideração de aspectos relacionados ao clima - como a correta orientação e a instalação de elementos de proteção e atenuação solar. Ao deixar de 15


implantar elementos de atenuação solar durante a fase de construção, amplia-se o lucro inicial e se transfere ao usuário final o ônus pelo pior desempenho energético da edificação. A economia na fase de construção se reverte em sobrecusto de manutenção através do maior consumo de energia decorrente da instalação de equipamentos de ar condicionado, ou exige novos investimentos, na fase de uso e por parte do usuário final, para implantar dispositivos de atenuação solar. Mais raros são os exemplos de empreendedores que investem em qualidade construtiva e arquitetônica. Estes, ao fazê-lo, adquirem um ganho intangível em um primeiro momento ao ampliar sua credibilidade a longo prazo e conseguir, com isso, a fidelização de clientes e vendas mais rápidas, o que também amplia o lucro. (MACIEL, 2013) A Arquitetura está ligada diretamente ao meio em que as pessoas vivem e interligada aos aspectos social, econômico, ambiental e político. A busca por melhorias, mudanças e adaptações na Arquitetura e nos meios socioculturais se faz necessária para uma relação harmônica com a natureza. Segundo Roberta Mülfarth (2002), uma edificação arquitetônica não pode ser vista como algo isolado, mas sim como um organismo que gera impactos ao longo de todo seu ciclo de vida e complementa com a conceituação da sustentabilidade na Arquitetura: É uma forma de promover uma busca de maior igualdade social, valorização dos aspectos culturais, maior eficiência econômica e um menor impacto ambiental nas soluções adotadas nas fases de projeto, construção, utilização, reutilização e reciclagem da edificação, visando a distribuição eqüitativa da matéria-prima, garantindo a competitividade do homem e das cidades. (MÜLFARTH, 2002, p. 8)

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3.1 ORIGEM A Permacultura foi desenvolvida na década de 1970 pelos australianos Bill Mollison e David Holmgren. O termo criado por Bill Mollison veio de “Permanent Culture”, o que significa Cultura Permanente. Sendo assim, envolve fatores ecológicos, habitacionais, sanitários, sociais e econômicos, desenvolvendo um verdadeiro planejamento eficiente de ambientes. Permacultura é uma ciência da criação de sistemas eficientes, é uma filosofia junto à prática, é uma cultura e um método.

lizando energia proveniente de fontes limpas e renováveis e também, garantindo condições justas de trabalho. Pode-se dizer que é um sistema não estático, parecido com a natureza. Sistema esse que gera valor e transforma o problema em solução.

Como Bill Mollison dizia: “É trabalhar com a natureza e não contra ela”. Apesar de ter base em técnicas ancestrais, a Permacultura pode ser considerada um método atual ou mesmo um avanço para a sociedade. Desde a Revolução Industrial vivemos numa cadeia de vida linear, ou seja, em linha e não circular. Este modelo consiste em extração e consumo de matéria prima sem reposição, o que pode levar ao esgotamento de recursos naturais, produção e utilização do produto, geração de resíduos que são descartados basicamente como lixo, tornando o material ineficiente e improdutivo, sendo enviado aos aterros sanitários, provocando grande degradação ambiental. Neste modelo de cadeia não há uma efetiva incorporação da reutilização ou reaproveitamento dessa matéria prima, apenas a utilização de recursos finitos, o que demonstra sua inviabilidade e ineficiência. O princípio permacultural se baseia na viabilidade da economia circular, onde recursos são reaproveitados, reutilizados, reciclados e voltam ao processo produtivo de forma eficiente. O que era visto como resíduo é transformado em recurso. A economia circular traz uma oportuna e eficaz contribuição para a economia e para a sociedade, reinserindo materiais reutilizáveis na cadeia produtiva, trabalhando com reaproveitamento de água, com soluções de purificação, uso e reuso, mantendo o ciclo natural dos alimentos, uti18

Imagem 1: Flor da Permacultura


3.2 FUNDAMENTOS

desastres naturais, construção autônoma.

Como base da Permacultura existem três princípios éticos, sete campos de atuação e doze princípios de planejamento retratados pela Flor da Permacultura (Imagem 1) que representa um sistema de design e planejamento de ambientes sustentáveis de modo interdisciplinar.

▷ Manejo da Terra: Agronomia, Agrofloresta, Silvipastoril, Agricultura Orgânica E Biodinâmica, Banco De Sementes.

Os princípios éticos da permacultura são frutos de pesquisas feitas sobre comunidade que viveram um longo tempo em equilíbrio com o seu ambiente. Isso não nega a importância do conhecimento adquirido pela humanidade na modernidade. Porém para a transição para um futuro mais sustentável necessitamos considerar também os valores e conceitos fora da norma social atual. Com isso os três princípios éticos que fornecem embasamento principal para qualquer reflexão ou ação em permacultura são: (Holmgren, 2013) ▷ Cuidar da terra: Solos, florestas e água.

▷ Posse da Terra e Governo Comunitário: Cooperativas E Associações Comunitárias, Ecovilas E Habitações, Estatutos. ▷ Economia e Finanças: Economia solidária, Trocas, Autossustentabilidade, Recursos. ▷ Saúde e Bem-Estar Espiritual: Medicina Complementar e Holística, Botânica, Fitoterápicos, Espaço para práticas Espirituais. ▷ Cultura e Educação: Educação em casa, Educação Holística e Ensino Waldorf, Valorização da Cultura, Ecologia Social. ▷ Ferramentas e Tecnologia: Ferramentas Manuais (Saber usar para construir e/ou criar), Utilização de combustíveis como uso do calor do fogão a lenha e de restos orgânicos que geram gás.

▷ Cuidar das pessoas (e dos animais): Cuidar de si mesmo, cuidar de parentes e da comunidade. ▷ Partilhar os excedentes: Estabelecer limites para o consumo e reprodução, e redistribuir o excedente.

Os doze princípios de planejamento estão localizados nas extremidades da Flor.

No que diz respeito às sete pétalas da Flor da Permacultura, ou seja, os campos de atuação podemos compreender:

Os primeiros seis princípios consideram os sistemas de produção sob uma perspectiva de baixo para cima dos elementos, organismos e pessoas. Os demais seis enfatizam a perspectiva de cima para baixo dos padrões e relações que tendem a emergir por meio da auto-organização e coevolução dos ecossistemas. (HOLMGREN, 2013, apud SILVA)

▷ Espaço Construído: Bioarquitetura; planejamento solar, construção com material natural, coleta e reuso de água, construções resistentes a

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São eles: ▷ Observe e interaja Propõe a observação de todo sistema natural e seu desenvolvimento interconectado para aprender a ler os padrões da natureza e a partir disto encontrar soluções. ▷ Capte e armazene energia Entendimento da captação e armazenamento de energia pela natureza para reprodução deste padrão e uso apropriado de forma renovável e autossuficiente.

▷ Obtenha rendimento Bom rendimento de práticas cotidianas através de organização e dinamismo, com objetivo de suprir as necessidades diárias e a sustentação do ser humano, como alimentação, abrigo e água. ▷ Pratique a autorregulação e aceite conselhos A interação com a natureza pode trazer feedbacks positivos dando continuidade à produção. Também pode trazer feedbacks negativos podendo ocasionar na paralisação de toda produção podendo evitar que todo o sistema seja comprometido, sendo que estas respostas podem chegar em longo prazo. Em vista disso, é preciso desencorajar atividades inapropriadas para garantir que os sistemas possam continuar a ter um bom funcionamento. ▷ Use e valorize os serviços e recursos renováveis

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Melhor forma de utilização dos recursos naturais renováveis para manutenção dos rendimentos. Segundo Holmgren (2007), por exemplo, quando usamos uma árvore para obter madeira estamos usando recurso renovável, mas quando usamos a árvore para termos sombra e abrigo, desfrutamos dos benefícios da árvore viva que não implicam consumo nem coleta de energia. ▷ Não produza desperdícios O princípio da sustentabilidade lida com os aspectos Recusar, Reduzir, Reaproveitar, Reparar e Reciclar sucessivamente, enquanto a sociedade moderna lida apenas com a Reciclagem e de maneira marqueteira, usando tal aspecto em seus rótulos a fim de passar uma imagem ambientalmente correta e atrair mais e mais consumidores. Faz-se necessário uma mudança de paradigma a nível cultural, social e educacional, para que o primeiro aspecto possa ser o mais importante de fato e não o último. Pode-se encarar a reciclagem hoje como uma ponte para essa mudança. ▷ Design partindo de padrões para chegar aos detalhes Esse princípio refere-se ao planejamento de áreas por zonas e setores para o desenvolvimento do design permacultural. ▷ Integrar ao invés de segregar Variados modelos de relacionamentos integrados, onde cada elemento exerce muitas funções e onde todas as funções são importantes ao sistema. Este princípio trata de cooperação entre os elementos e não competição. ▷ Use soluções pequenas e lentas


Faz parte da cultura da sociedade moderna almejar resultados cada vez mais rápidos, porém, muitas vezes esses resultados são negativos a longo prazo. Sistemas menores e mais lentos tendem a trazer resultados eficientes, duradouros e sustentáveis. ▷ Use e valorize a diversidade Diversidade é natureza, ela que resulta no equilíbrio de todas as coisas. Segundo Holmgren (2007), a monocultura é causa importante na vulnerabilidade a pragas e doenças. Enquanto que a policultura, por exemplo, é uma poderosa alternativa para redução de vulnerabilidade e de dependência nos sistemas de mercado e reforça a autossuficiência e autoconfiança da comunidade. ▷ Use os limites e valorize o marginal Neste princípio é enfatizado o valor das bordas, limites e conexões para a estabilidade e produtividade do sistema. São pontos ricos em diversidade e energia. Por exemplo, “os limites terrestres sustentam um número maior de espécies de aves do que qualquer sistema de vegetação, pois os recursos de ambos os sistemas estão disponíveis” (HOLMGREN, 2013, p. 341).

Holmgren (2013) afirma que alguns fatores que estão fora de previsão podem influenciar em resultados não esperados. Por isso a criatividade se faz necessária para conseguir superar mudanças inesperadas.

Todas essas instruções e informações servem de base para a implementação do design permacultural seja numa residência, num condomínio, num escritório, numa escola ou mesmo numa fábrica, a fim de atingir a sustentabilidade.

Como plano final existe outro método de design, as Zonas da Permacultura, onde a prioridade é criar um design da propriedade de forma que a conexão entre os elementos possa aumentar os recursos naturais, suprindo a necessidade energética do lugar a partir do melhor aproveitamento espacial e em sintonia com o trabalho humano. Os elementos executam diversas funções, um complementa o outro, isso significa que cada elemento depende da função de outro e do maior número de interações entre eles, assim cada elemento é alocado para que haja ajuda mútua.

Um design que percebe o limite como uma oportunidade e não como um problema tem maiores chances de sucesso e adaptação (HOLMGREN, 2007).

Estratégias e técnicas podem variar de acordo com o local, mas leis e princípios são adotados em qualquer clima e condição cultural.

▷ Use a criatividade e responda às mudanças

São elas:

Este princípio se refere a realização do planejamento e execução do design sempre levando em consideração algumas mudanças necessárias e naturais que podem acontecer e junto a isso o uso da criatividade para responder a tais mudanças.

▷ Zona 0: -Centro de Energia -Centro de Atividade 21


-Casa, escritório, loja. Voraz consumidor de água, energia e materiais. Normalmente gera muito lixo. ▷ Zona 1: -Elementos de maior utilidade

-Colheita de forma sustentável ▷ Zona 5: -Área de nenhuma interferência

-Necessitam de maior cuidado e controle

-Desenvolvimento natural do ecossistema. Regeneração, conservação, reserva, corredor verde. Refúgio para vida selvagem.

-Zona altamente produtiva. Hortas, Jardim Varal.

-Área para observação e aprendizado

▷ Zona 2:

-Colheita ocasional de sementes.

-Mais distante do centro que a zona 1, mas é uma região mantida certa intensidade. -Pomar Arbustos, Tanques, Animais pequenos e médios. ▷ Zona 3: -Criação de animais de médio e grande porte, pastagens para animais. -Árvores Nativas -Culturas com fins comerciais e que não necessitem de manejo diário. ▷ Zona 4: -Área de pouca visitação -Árvores de grande porte -Produção de plantas (Policultivo)

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A bioconstrução ou bioarquitetura é um importante componente do sistema permacultural. Abrange variadas técnicas da arquitetura vernacular, sendo algumas delas práticas construtivas muito antigas, que após a revolução industrial, com o advento de novos materiais, estas técnicas cedem às mais novas. Uma vez que os materiais utilizados nestes métodos construtivos, como a terra, não têm valor agregado, como o concreto, há certos preconceitos que afirmam ser construções para baixa renda ou de má qualidade. A aplicação destas tecnologias menos complexas, de baixa tecnologia (low tech), em que se busca menor impacto, não significa baixa tecnologia de projeto, além de permitir maior democratização e conhecimento de produtores, o que resulta em um equilibrado tripé sustentável (GAUZIN-MÜLLER, 2011).

Imagem 2: Regiões do mundo onde há tradição de construção com terra em diferentes técnicas.

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Pode-se dizer que a bioconstrução é uma das vertentes da arquitetura sustentável e da arquitetura ecológica, por ter como princípio o baixo impacto ambiental. Marcelo Aflalo, no prefácio à edição brasileira do livro Arquitetura Ecológica, de Dominique Gauzin-Müller, diz que: O termo “sustentável” deve ser aplicado ao processo todo, indicando um ciclo em que o tripé sustentável – meio ambiente, promoção social, promoção econômica – cumpra seu papel, gerando o menor impacto possível com o resultado mais eficiente. Logo, a “arquitetura ecológica” [ou bioconstrução] responde principalmente à questão ambiental deste tripé. (GAUZIN-MÜLLER, 2011) Para isso é importante a observação do local, terreno, clima, recursos naturais e humanos disponíveis, elementos naturais ou construídos presentes, entre outros. Portanto, para a bioconstrução, é necessária uma visão sistêmica, holística e interdisciplinar, assim como na permacultura, para melhor integração do ser humano com a natureza. Outro princípio é o uso de materiais ecológicos e técnicas construtivas com baixo gasto de energia e que minimize a geração de resíduos, explorando o melhor comportamento de cada material, para se obter resultados práticos, simples e eficientes. Dá-se preferência por materiais naturais locais, ou seja, que são mais facilmente encontrados na região que será implantado o projeto. A terra é um dos materiais mais utilizados, por ser um dos recursos de maior disponibilidade, porém também se usa palha, madeira, pedra, bambu, fibras naturais, entre outros. Com isso, durante e depois da obra, ou até mesmo se o edifício vier a ser demolido, se gera muito pouco resíduo, pois, por serem materiais naturais e orgânicos, irão se decompor ou simplesmente se misturar com outros elementos naturais. Porém, mesmo que priorize os materiais naturais, a bioconstrução emprega, de forma moderada, materiais industrializados, como o cimento, vidro, aço e alumínio, que muitas vezes são reciclados ou de reaproveitamento, como os de demolição.


Os projetos de bioarquitetura são feitos para ter melhor eficiência energética de forma passiva, o que significa ter melhor aproveitamento de ventilação e iluminação natural, aquecimento da água por energia solar térmica, captação e armazenamento de água pluvial e produção de energia elétrica de origem eólica e fotovoltaica, resultando em menor impacto ambiental. Para isso, é fundamental a implantação correta da edificação em relação à incidência solar e o vento predominante na região. Estes aspectos trazem maior autonomia da residência, além de diminuir o consumo de energia na habitação, pois não é necessário uso de ar condicionado ou ventiladores para controle de temperatura interno, diminuirá a utilização de lâmpadas durante o dia e não há utilização de chuveiros elétricos.

nativas da região, pois são espécies espontâneas, que necessitam de poucos cuidados, ao contrário de espécies exóticas, além de contribuir com o bioma local.

Outro ponto importante é a gestão de resíduos gerados no local, então são utilizadas algumas técnicas para tratamento do esgoto, compostagem de resíduos orgânicos e reuso ou direcionamento correto para reciclagem do material inorgânico. Esta gestão é feita também durante a fase de construção, buscando a redução ou eliminação da geração de entulho. No tratamento do esgoto há técnicas que podem ser utilizadas no tratamento de águas cinzas e negras, porém algumas são utilizadas exclusivamente para uma ou outra ocasião, o que resulta em combinação de métodos implantados para o saneamento correto da água. Biodigestor, canteiro de raízes, círculo de bananeiras, vermifiltro, bacia de evapotranspiração (BET) e wetland são alguns exemplos. A multifuncionalidade dos componentes da edificação é uma característica geralmente explorada nos projetos. Um exemplo disto é a aplicação de tetos verdes, que além de ser a cobertura da casa, tem a função de regulador da temperatura interna da edificação e também pode ser usado para plantação de hortas ou um lugar de contemplação. Em conjunto com o teto verde pode ser empregado um sistema de captação de água pluvial em que o jardim serve como um pré-filtro da água que será armazenada. No paisagismo, como projeto complementar, se dá preferência por plantas 25


4.1. TÉCNICAS DE BIOCONSTRUÇÃO 4.1.1. ADOBE O adobe é uma das técnicas de construção mais antigas e hoje uma das mais utilizadas. Consiste em tijolos feitos a partir de uma massa plástica composta de barro, água e fibras naturais. Este tijolo é moldado e apoiado em uma superfície plana para que a secagem aconteça naturalmente. Quando seco é desmoldado e está apto para utilização na construção. Esta técnica não utiliza cimento e nem consome combustível na queima dos tijolos para secá-los, como é feito tradicionalmente com os tijolos cerâmicos pelos grandes empreendimentos. Imagem 3: Tijolo de Adobe feito em molde duplo de madeira

Imagem 4: Jardim de infância - Waldorf, Sorsum, Gernot Minke (1997). 26

Para unir um tijolo ao outro não é necessário utilizar argamassa, é utilizado o próprio barro com água para assentá-los.


4.1.2 TAIPA DE MÃO OU PAU A PIQUE Esta é outra técnica muito utilizada principalmente em meio rural. Consiste na construção de uma estrutura de madeira que segura entramados de varas de bambu ou galhos, coberta pela mesma massa plástica contida nos tijolos de adobe. Normalmente é feito um revestimento posterior à secagem para manter a parede firme e protegida da umidade principalmente. Revestimento este, feito de reboco de barro e pode-se também usar tintas feitas de cal ou cola com argila.

Imagem 5: Projeto de “Casa de terra”

Imagem 6: Bambu a pique. Aplicação do barro no tramado de bambu 27


4.1.3 TAIPA DE PILÃO

4.1.4 TIJOLO DE SOLOCIMENTO

Técnica de construção com terra, utilizada em muitas igrejas no Brasil, onde também existem casas construídas com a técnica de mais de 300 anos.

Solocimento é um tijolo fabricado com areia, argila e cimento e prensado em um molde, seguindo de desmolde logo após a moldagem.

Ela consiste na terra úmida socada com um pilão e na sua compactação formando camadas em moldes de madeira, as chamadas taipas, que vão se deslocando à medida que avança a construção. Normalmente as paredes têm de 30 a 120cm de espessura, enquanto que os moldes – taipas – têm entre 1 e 1,5m de altura e de 2 a 4m de comprimento, seriam caixas sem fundo. A terra vai sendo pilada dentro do taipal até formar camadas de 10 a 15cm de terra bem compactada.

O cimento é utilizado em pequena proporção para adquirir maior resistência em relação aos ventos, impermeabilização e durabilidade. O traço, ou seja, a proporção entre solo e cimento pode variar entre 1:10, 1:12 ou 1:14. O processo de fabricação é o mesmo nos três casos. Os tijolos de solocimento também não são queimados, portanto não consomem recursos naturais durante a sua fabricação, além de não haver desperdício de material em obra, já que os tijolos quebrados podem ser moídos e reaproveitados. O acabamento do tijolo é muito bonito, por isto se pode usá-lo à vista.

Imagem 8: Tijolo de solocimento Imagem 7: Parede de Taipa de Pilão – Estúdio de Arquitetura 28

Imagem 9: Aplicação de tijolo de solocimento


4.1.5 BAMBU O bambu é considerado uma ótima alternativa como matéria-prima por ser mais sustentável em relação à madeira de reflorestamento e às espécies nativas, é auto renovável (não precisa ser replantado nem regado), pode ser colhida o ano todo, não se esgota, de crescimento rápido, além de utilizar menos espaço no plantio e ter maior altura. É uma excelente opção para suprir a alta demanda da construção civil atual, pois além de poder substituir outros materiais, apresenta diversas vantagens como leveza, elevada resistência mecânica à tração, compressão e flexão, assim sendo muitas vezes é comparado ao concreto armado. Outro fator importante é que sua emissão de carbono é zero e que pela rapidez de seu crescimento o bambu capta mais gás carbônico que uma árvore. Pode ser usado de várias maneiras, de utensílios domésticos à construção de prédios e pontes. Em muitos países orientais, o bambu é usado na construção de casas e templos há milhares de anos, além de ser usado também na confecção de vários outros materiais como móveis. Porém, é com os modos de tratamento atuais que estes se tornaram mais duráveis como material na construção civil. No Brasil, além do uso do bambu ser mais comum na indústria de alimentos, papel e química, também é usado em projetos paisagísticos, como vedação de pergolados, jardins verticais, em construções temporárias ou em ambientes mais rústicos. E pode se notar a versatilidade de uso na aplicação de pisos, forros, vigas, painéis, revestimentos e elementos estruturais. Na construção civil seu uso ainda é mais restrito devido ao preconceito em relação ao material ser marginalizado e considerado por muitos como um material alternativo, além de haver pouco investimento em produção de larga escala e escassez de mão-de-obra adequada. De acordo com pesquisas, o estado do Acre possui a maior reserva de bambu do

Imagem 10 e 11: Carmen de Apicalá, Tolima, Colômbia (2004) – Arquiteta Carolina Zuluaga 29


planeta, além de grande quantidade na região de Foz do Iguaçu e Pantanal. O bambu é uma planta da família das Gramineae. Segundo indicam estudos, as espécies de bambu mais adequadas ao uso estrutural de construções são os do gênero Guadua (denominado popularmente de Bambu Taquaruçu), Dendrocalamus (denominado Bambu Gigante ou Bambu Balde) e Phyllostachys pubescens (Bambu Mosso), por apresentarem maior resistência. Uma das grandes vantagens é o rápido crescimento (cerca de 23cm por dia em condições adequadas) sendo que a planta brota novamente após o corte. Plantas novas atingem 18m de altura em 60 dias e em 3 anos está pronta para ser usada na construção civil.

Imagem 12: Carmen de Apicalá, Tolima, Colômbia (2004) – Arquiteta Carolina Zuluaga

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“Para construir uma casa grande seria necessário derrubar uma pequena floresta com 130 árvores que demoraram mais de 30 anos para se desenvolver. Com o bambu a história é diferente: como a planta brota rapidamente após o corte, à medida que a casa vai sendo construída, uma nova planta já está nascendo. O bambu cresce em média 23cm por dia. Ao final da construção se tem um novo pé com 20 metros.”(VELEZ, 2016, apud FERES)


4.1.6 ARGAMASSA ARMADA (Ferrocimento) Na aplicação desta técnica é utilizada uma estrutura de ferro, mais comumente uma tela de galinheiro, sustentada por uma trama de barras de aço, vergalhões, em que se aplica uma camada de argamassa de cimento e areia. Não é tão resistente quanto o concreto armado, mas é uma boa opção, pois tem baixo custo devido à economia no uso de materiais. Suas paredes têm em média três centímetros de espessura e pode ser aplicada sem o auxílio de máquinas. Por ser uma técnica simples e artesanal, ela promove a autonomia das populações e atende suas necessidades. Esta técnica é muito usada em construções de estruturas de cisternas e coberturas, e também pode ser usada para construir piscinas, lagos para peixes, etc.

Imagem 13, 14 e 15: Casa Argamassa Armada - Sitio Beira Serra, Botucatu (2005)

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4.1.7 PAINEL E TIJOLO DE SERRAGEM Nesta técnica é utilizado o pó de serra que são resíduos da madeira para criar tijolos e painéis. A massa consiste em sete partes de serragem, duas de terra e uma de cimento. Mistura-se com água para preparar a massa. No caso do tijolo, essa massa vai numa forma do mesmo. O painel é feito com uma moldura de madeira onde, por dentro, são colocados pregos grampo U num espaçamento de 25 cm em média entre si e por eles passa um fio de arame criando uma trama. Quanto mais tramada estiver, mais firme será o painel. Então é aplicada a massa que deverá secar por volta de uma semana. O painel deve ser feito em lugar plano e em proteção da chuva para que o painel não tenha imperfeições, além ser necessário o uso de uma lona para não aderir ao piso. As cidades geram um volume gigantesco de serragem por mês que muitas vezes é descartado de maneira indevida, poluindo o ar quando queimado e poluindo o solo e a água quando descartado no meio ambiente. Reintroduzir a serragem no ciclo produtivo é uma forma de reaproveitar e beneficiar matéria prima. A desvantagem dos painéis se dá pelo fato de ficarem muito pesados, dificultando a instalação dos mesmos.

Imagem 16: Tijolo de Serragem – IPEMA, Ubatuba Imagem 17: Painel de Serragem – IPEMA, Ubatuba

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4.1.8 CORDWOOD Esta técnica se dá pelo aproveitamento da sobra de pedaços de madeira durante a obra. São usadas toras de madeira cortadas para a construção de paredes. Para o preparo da massa se utiliza argila, areia, cal, água, 5% de cimento e serragem fermentada, que é mantida na água por sete dias até que solte uma cola natural que auxiliará na junção dos tocos com a massa à base de terra. Com isso, se obtém uma parede robusta, resistente e com um aspecto agradável. (CAPELLO, 2013)

Imagem 18 e 19: Parede de Cordwood 33


4.1.9 REÚSO DE RESÍDUOS A utilização ou a reutilização de materiais na construção civil pode ser considerada uma nova forma de construir com resíduos considerados lixo. Poderia ser vista como uma arquitetura sustentável que visa diminuir os impactos que causam o aquecimento global. (CAPELLO, 2013) É importante avaliar bem na hora da escolha dos produtos que serão usados na obra, se impactam ou não o meio ambiente, quanto ao gasto energético para sua produção, se são renováveis ou reutilizáveis, se são produtos locais a fim de estimular a economia local e reduzir o impacto dos variados tipos de transporte, etc. (GAUZIN-MULLER, 2011). Considerar todos estes aspectos pode ser um desafio, mas praticando um planejamento eficiente a obra se manterá dentro dos objetivos sustentáveis e permaculturais. Segundo a Cartilha, Manejo Apropriado Da Água (2012), um canteiro de obras organizado é o primeiro passo para evitar desperdícios e facilitar a reciclagem e a reutilização. O reuso de resíduos vai do reaproveitamento de entulho triturado usado no lugar do cimento (neste caso, é usado sem responsabilidade estrutural, muitas vezes usado para contrapiso), o que pode reduzir significativamente o volume de entulho gerado na obra, até a separação dos resíduos por tipo (madeiras, plásticos, papéis, metais, restos de tijolos, telhas e concreto) para possível uso dos mesmos na própria obra.

Imagem 20 e 21: Nave Tierra - A Casa Autossustentável - Projeto de Michael Reynold, Argentina, 2014 34

Alguns estudos apontam que a produção de entulho no setor da construção civil supera a do lixo doméstico gerado por toda a população. Isso significa impactos ambientais e de saúde pública, já que os resíduos, muitas vezes, acabam se transformando em foco de proliferação de doenças. (CARTILHA MANEJO APROPRIADO DA ÁGUA, 2012).


4.2 ÁGUA E ESGOTO

o acumulo de sólidos, evitando a sedimentação.

De toda água acessível ao consumo humano somente 2,59% é água doce, sendo 97,41% de água salgada.

Uma macrófita comum de ser utilizada nesse sistema são a taboa, o lírio do brejo e o copo-de-leite, além de serem altamente adaptáveis contribuem esteticamente para a paisagem.

A água é um recurso renovável se tratada antes de voltar ao meio ambiente. A questão é que além de a população mundial estar crescendo, cada vez mais se polui lagos, rios e oceanos com dejetos domésticos e industriais sem tratamento algum, gerando grande impacto ambiental em todo o sistema que ali vive. A questão de saneamento básico é um problema sério no Brasil, principalmente no que se refere à coleta e tratamento de esgoto sanitário, que não abrange todo o país e do total coletado, nem tudo é tratado. Por isso a Permacultura propõe o planejamento do sistema de forma preventiva e eficiente fazendo correções e gerando soluções.

Muitas vezes é construído um pequeno lago depois do biofiltro onde se cultiva plantas como alfaces d’agua, ervilhaca e aguapés, onde também vivem outros animais que aparecem naturalmente, como os sapos. Este laguinho serve para terminar a purificação da água e também de forma ornamental. Depois do laguinho a água já purificada pode irrigar outros canteiros. Além de serem eficientes é um sistema de simples operação, baixo custo de implantação e a manutenção não exige mão de obra qualificada. (AQUINO, 2015; Blog Espaço Naturalmente)

4.2.1 ZONA DE RAÍZES O sistema Wetland é uma alternativa para o tratamento de esgoto, também é conhecido como Wetlands, Sistemas Alagados Construídos, entre outros. Zona de raízes são sistemas construídos que imitam brejos. Nele se utilizam plantas aquáticas macrófitas na superfície, em seguida uma camada de substrato com areia e pedriscos onde acontece a proliferação de agentes biológicos formando comunidades, os chamados biofilmes. O tratamento acontece através de biodegradação das águas residuárias. Este sistema é utilizado no tratamento secundário e terciário, mas é fundamental que a água residual passe antes por um tratamento primário, como uma caixa de gordura e em seguida fossa séptica, a fim de impedir

Imagem 22: Tratamento Biológico Zonas de Raízes - Residência Pedro

Bonequini (2008) - Tomaz Lotufo 35


4.2.2 BET – BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO A Bacia de Evapotranspiração é um sistema fechado e simplificado de tratamento de água negra, aquela usada na descarga de sanitários convencionais.

Imagem 23: Biofiltro com Zona de Raízes e tanque construído.

Diversas técnicas são utilizadas na construção da bacia, porém uma técnica econômica, sustentável e muito utilizada é a do Ferrocimento. Além consumir menos material, as paredes ficam mais leves. (SITE ECOEFICIENTES, 2013) Depois vem a construção da “câmara de digestão” com o uso de pneus usados e do entulho da obra, onde são montados dutos de pneus e de tijolos alinhados cobrindo os pneus. (SITE ECOEFICIENTES, 2013) Neste sistema os dejetos são decompostos pelo processo de fermentação (digestão anaeróbia) realizado pelas bactérias na câmara. (VIEIRA, 2010) Este sistema não gera nenhum efluente e evita a poluição do solo, das águas superficiais e do lençol freático. Nele os resíduos humanos são transformados em nutrientes para plantas e a água só sai por evaporação, portanto completamente limpa. Um pré-requisito para o uso da BET é a separação da água servida na casa, em cinza e negra. Apenas a água negra, a que sai dos sanitários, deve ir para a BET. (VIEIRA, 2010)

Imagem 24 e 25: Bacia de Evapotranspiação 36


4.2.3 VERMIFILTRO

4.2.4 CAPTAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA

Este é um sistema simples que pode ser construído em bombonas de plástico reutilizadas. Trata-se da transformação dos resíduos de água negra, saindo diretamente do vaso sanitário para a bombona, sem necessitar de várias etapas de tratamento.

Contando que o Brasil tem um alto índice pluviométrico, o reaproveitamento de água é um componente que pode ajudar a evitar a escassez de água que já vivemos, sendo que muitos locais ainda não contam com um sistema de abastecimento e boa parte está poluída. (CARTILHA, MANEJO APROPRIADO DA ÁGUA, 2012).

O principal agente deste sistema são as minhocas californianas (Eisenia andrei), também usadas em minhocários, que alimentam-se de resíduo fresco de qualquer espécie. (PROJETO PROTEGENDO AS ÁGUAS, 2015). O sistema consiste na montagem em camadas sendo a primeira de pedras grandes ou entulho, em seguida pedras menores como brita e pedrisco e depois uma camada grossa de serragem úmida que irá fornecer carbono para as minhocas. Um cano T é necessário para entrada e saída. Por fim as minhocas são adicionadas. As fezes são transformadas em húmus, matéria orgânica resultante do processo de decomposição e tratamento.

O sistema é muito simples e pode ser uma grande solução para o abastecimento e para evitar enchentes, pois diminui a sobrecarga de água no solo, especialmente em áreas urbanas com alto percentual de solo impermeabilizado. Segundo a Cartilha, Manejo Apropriado da Água (2012), o sistema constitui-se nas fases: Coleta da água da chuva por calhas; Transporte da água por tubulações; Armazenamento por cisternas; Tratamento por filtros e gerador de ozônio ou cloro; Abastecimento por tubulações.

Imagem 26: Vermifiltro 37


4.2.5 SISTEMA DE AQUECIMENTO DE ÁGUA A água pode ser aquecida através da radiação solar que atinge a superfície da Terra, como também pode ser aquecida através da transformação de matéria orgânica em biogás. Este último, além de aquecer a água também gera menor impacto ambiental no que diz respeito à emissão de gases de efeito estufa. O biogás pode ser transformado em calor por combustão, ou produzir eletricidade por meio de motores térmicos ou turbinas a gás. (GAUZIN-MULLER, 2011)

Imagem 27: Sistema e funcionamento de aquecimento solar da água

Imagem 28: Sistema Artesanal de Aquecimento de Água feito durante curso de Permacultura – IPEMA.

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No caso do aquecimento solar as vantagens são inúmeras como fonte de calor gratuita e limpa, o Sol; alta economia de energia elétrica; baixo custo de manutenção e operação do sistema e longa vida útil do sistema. (FONTE: PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA – SISTEMA DE AQUECIMENTO SOLAR DE ÁGUA – GOVERNO FEDERAL: MINISTÉRIO DAS CIDADES E MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2009). A tecnologia é simples: nas placas coletoras, instaladas sobre o telhado, o calor do sol aquece a água que circula no interior dos coletores. Aquecida, ela é armazenada numa caixa térmica ou boiler. O uso de serpentinas em fogões a lenha continua sendo uma opção simples e barata, que utiliza a energia da madeira para cozinhar e, ao mesmo tempo, aquecer a água do banho. A dica aqui é posicionar o banheiro próximo à fonte produtora de calor, para que a água não perca calor no caminho até o ponto de consumo. Outra solução consolidada é o aquecimento a gás, que pode ser de passagem ou por acumulação. Nos sistemas de aquecimento de passagem, o equipamento é instalado entre a caixa d’água e o ponto de consumo, e a água é aquecida durante a passagem pelo sistema. Já os sistemas de aquecimento por acumulação contam com um reservatório (ou boiler), onde a água é aquecida


e armazenada. Para empreendimentos mais afastados, uma solução pode ser o uso de biogás produzido em biodigestores, o que requer uma adaptação do aquecedor para funcionar com baixa pressão. (GUIA DA SUSTENTABILIDADE PARA MEIOS DE HOSPEDAGEM, 2010).

4.3 ENERGIA SOLAR E EÓLICA A energia fotovoltaica (solar) e a energia eólica (ventos) são energias renováveis, chamadas energias limpas, ao contrário das energias convencionais como carvão e combustíveis fósseis que são altamente poluidoras. Tanto a solar quanto a eólica estão em abundância na natureza e podem ser utilizadas em pequena escala, para uma casa apenas, gerando autonomia (GUIA DA SUSTENTABILIDADE PARA MEIOS DE HOSPEDAGEM, 2010). No que diz respeito à energia solar se utilizam placas fotovoltaicas que absorvem radiação do Sol, transformam em energia e armazenam em baterias. Essa energia pode ser utilizada em aparelhos elétricos e eletrônicos e em lâmpadas, além de no caso de um alto armazenamento de energia, ter a possibilidade de enviar para a rede pública de eletricidade o excedente produzido. Sendo uma tecnologia relativamente nova, seu custo inicial pode ser um pouco alto, mas essa conta é amortizada com o tempo (GUIA DA SUSTENTABILIDADE PARA MEIOS DE HOSPEDAGEM, 2010). Através de geradores eólicos acontece a transformação da energia do vento em energia cinética e depois em energia mecânica, assim produzindo eletricidade. Pode ser usada também no bombeamento da água, consumida no local ou enviada para a rede pública. (GAUZIN-MULLER, 2011)

Imagem 29: Energia Solar e Eólica - Nave Tierra - A Casa Autossustentável Projeto de Michael Reynold, Argentina, 2014 39


4.4 TELHADOS VERDES Pode-se dizer que os telhados verdes ou os jardins suspensos entre tantos outros nomes, estão bem difundidos atualmente, mas não se trata de uma técnica recente, também foi muito utilizada nos anos 20 na arquitetura moderna. Segundo Le Corbusier, os terraços jardins eram um dos cinco pontos fundamentais da nova arquitetura (REDAÇÃO SUSTENTARQUI, 2014).

Imagem 30: Telhado Verde - Curucaca Hotel Fazenda, Bom retiro - Projeto Gernot Minke

Imagem 31: Gráfico de Conforto Térmico de Telhados Verdes

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Os telhados verdes são jardins instalados nas coberturas de casas, prédios, fabricas, e qualquer outro tipo de construção. Permitem a implantação de solo e vegetação em uma camada impermeabilizada sobre as construções. Ajudam a deixar a cidade mais verde e mais agradável esteticamente. São muitos os benefícios destes telhados, como: o telhado verde equilibra a temperatura dentro da edificação e fora da mesma, auxilia para que a cidade não esquente excessivamente e a não forme as chamadas Ilhas de Calor. Desta maneira melhora a qualidade do ar que respiramos, pois as vegetações absorvem os poluentes em suspensão no ar e libera oxigênio na atmosfera; esta tecnologia praticamente anula a necessidade de ar condicionado, pois o telhado verde absorve até 90% do calor, de maneira a proteger contra altas temperaturas no verão e a manter a temperatura interna no inverno, reduzindo o consumo de energia; Melhora o isolamento acústico da edificação; a vegetação ajuda a reter a água da chuva de modo que esta não caia direto nas galerias urbanas. O processo de escoamento ajuda a retardar o caminho da água, aliviando possíveis enchentes na região e ainda filtra a poluição dessas águas; promove o reequilíbrio ambiental, aumentando a biodiversidade, principalmente quando são usadas plantas nativas, e ainda se transforma em habitat para espécies de animais silvestres; cria um agradável terraço para diversos tipos de usos (LOSCHIAVO, 2013; REDAÇÃO SUSTENTARQUI, 2014).


4.5 COMPOSTAGEM A compostagem é o processo biológico de decomposição da matéria orgânica contida em restos de alimentos de origem animal ou vegetal, e a partir da sua reciclagem transforma-se em composto orgânico, altamente nutritivo, que poderá ser utilizado em hortas e outros cultivos evitando o uso de fertilizantes sintéticos. Este é um processo que dá destinação correta para o resíduo orgânico, além de voltar para o ciclo produtivo, evitando acumulo em aterros sanitários e contaminação de solos. Existem usinas de compostagem, pois no Brasil, este tipo de resíduo equivale a 60% do total de resíduos. A partir disto, a prática de compostar seu próprio alimento em casa seria fundamental. Uma composteira pode transformar restos de alimentos, folhas secas, podas de jardim, cinzas, serragem entre outros. Pode se montar uma composteira com tonéis de plástico, caixas de madeira, baias de alvenaria ou bambu. Também há outra maneira de fazer a compostagem, utilizando minhocas, num sistema que contam com a ajuda das mesmas para transformar os materiais em húmus, um composto rico em nutrientes que pode ser usado em hortas e jardins.

Imagem 32: Compostagem. Instalações IPEMA, Ubatuba 41


Imagem 33: DIAGRAMA RESUMO 42



5.1. CASA VIVA Casa Viva foi o nome dado à esta residência após reforma feita pelo arquiteto e morador Tomaz Lotufo, em 2012.

Imagem 34 e 35: Reforma da casa de Tomaz Lotufo. Antes e depois.

De acordo com Tomaz, a casa localizada no bairro Butantã em São Paulo, tinha problemas ecológicos e de distribuição do espaço. Assim algumas paredes foram demolidas no piso inferior, criando arcos de tijolos como elemento portante para que não fosse necessário reforço estrutural. Foi erguido um piso superior, cuja grande parte foi construída com assoalho de ipê proveniente de demolição. As novas aberturas resultaram em melhora do aproveitamento da iluminação natural. O lote era impermeável em sua totalidade, assim como diversas casas da região, e com a reforma a área de garagem e da edícula, deram lugar a jardins com árvores frutíferas e horta, respectivamente. Afim de se ter uma residência com maior autonomia e menor impacto ambiental, foi pensado em todo o ciclo da água para aproveitamento de água pluvial. A captação é feita através dos telhados e direcionada para uma cisterna com capacidade de 5 mil litros, instalada no pequeno recuo lateral. A água é utilizada em toda a casa e a água cinza do banheiro é tratada por biofiltros em dois jardins no piso superior, que são também varandas e telhados verdes. Após filtrada, a água goteja nos dois jardins do piso inferior, irrigando-os e sendo absorvi-

Imagem 36: Planta-baixa - Reforma da casa 44


da pela terra, completando o ciclo. No caso da horta, a água passa antes por um pequeno lago com plantas aquáticas, que tem capacidade de retirar substâncias tóxicas, e peixes para evitar problemas sanitários. Deste modo, a residência tem a produção de alguns alimentos e ervas para consumo próprio de forma autossuficiente. No fogão à lenha, construído no interior da casa entre a cozinha e uma das salas, só se utiliza madeiras descartadas como lixo pela cidade. Além de exercer sua principal função, o fogão também faz o papel de aquecimento da casa, como uma lareira voltada para a sala e aquecimento de água pelo sistema de serpentina. Para completa autonomia no sistema de aquecimento de água, além da serpentina também há um sistema de aquecimento solar, que conta com um boiler para armazenamento da água quente.

Imagem 37: Sistema de captação e tratamento de água.

Imagem 38: Sala e cozinha 45


5.2. RESIDÊNCIA CORCOVADO Projetada pelo escritório Terra Crua em 2013, a residência está localizada na Ecovila Corcovado, na Praia Dura, Ubatuba. Cercada pela Mata Atlântica, o projeto visou baixo impacto ambiental e para isso utilizou os princípios da bioconstrução e permacultura para sua realização – uso de materiais ecológicos na construção, mão-de-obra local, produção de energia limpa, tratamento dos resíduos e efluentes, produção de alimentos, aproveitamento de iluminação e ventilação natural, teto verde, captação de água da chuva e planejamento por zonas.

Imagem 39: Residência Corcovado

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Os materiais utilizados foram obtidos na região e alguns são do próprio local. Grande parte da estrutura da residência foi feita com madeira de reuso, que eram postes da rede pública de energia de Ubatuba. As pedras, aplicadas na parte inferior das paredes para evitar a percolação da água, foram retiradas do local de implantação no momento em que se fez a terraplanagem. Além disso, foram usados os tijolos ecológicos, de solocimento e, no piso do andar superior, assoalho de madeira de demolição. A madeira de algumas árvores do local foi usada para fazer a escada e estantes no interior da casa. A reutilização de resíduos também foi empregada na parte de contenção de terra feita com pneus. A energia elétrica consumida na residência é gerada por uma mini hidrelétrica com a água dos rios da propriedade. Esta opção foi feita por ser o recurso mais disponível, de fácil instalação e menor custo.

Imagem 40: Planta térreo. Imagem 41: Estudo da estrutura em madeira

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Para o tratamento dos resíduos orgânicos, os moradores utilizam uma composteira, que, com a atuação de minhocas e microorganismos, transforma os resíduos em adubo orgânico. Este é despejado na horta, onde é produzido ervas, legumes, verduras, frutas e PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais). Os resíduos inorgânicos são levados para cooperativas de reciclagem na cidade, porém algumas coisas, como garrafas de vidro, são separadas para que sejam reutilizadas em obras futuras, por exemplo.

Imagem 42: Vermifiltro e aproveitamento de pneus para contensão de terra

Imagem 43 e 44: Interior da casa 48

O tratamento de esgoto da residência conta com uma combinação de técnicas. Para o tratamento de águas cinzas há o círculo de bananeiras, em que a água é absorvida pelas raízes das plantas e evaporada, pois as bananeiras, assim como outras plantas de folhas largas, tem alta capacidade de evaporação da água contida no solo. Para o tratamento das águas negras há o vermifiltro e a água tratada que sai deste tanque é drenada para zona de raízes e canteiro agroflorestal que completam o sistema. Estes métodos aplicados são também princípios da permacultura, em que há relações positivas, sinérgicas entre os elementos de um sistema vivo (VIEIRA, 2006).


É possível observar que as aberturas de portas, janelas e vidros fixos foram pensados para que haja melhor aproveitamento da luz natural em todos os ambientes da casa, além de favorecer a ventilação cruzada. O teto verde, neste caso, tem a função de controle da temperatura interna, porém seu maior uso é para produção de plantas comestíveis e contemplação como uma varanda do piso superior. A ecovila está rodeada por três rios, sendo que a água de toda a propriedade é captada em uma das nascentes. Porém, há casos em que esta captação é interrompida por motivos naturais, como chuvas fortes, obstrução do encanamento por matéria orgânica, e por isso foi instalado um sistema para captação e armazenamento da água pluvial. Para o planejamento permacultural da implantação da casa foi feito um estudo de fluxos dos usos e atividades entre os elementos da residência para se ter melhor eficiência, disposição e aproveitamento espacial. Assim, foi designada as zonas de acordo com os princípios da permacultura que já foram citados.

Imagem 45 e 46: Estudo Permacultural por zonas 49


5.3. VILA TAGUAÍ A Vila Taguaí é um projeto residencial da arquiteta Cristina Xavier, localizado a 22 quilômetros de São Paulo, no município de Carapicuíba. Em conjunto com a construtora Ita, a arquiteta buscou uma alternativa inovadora de construção para novos espaços de habitação e ocupação de áreas verdes. O empreendimento compreende oito casas de madeira, sendo três plantas-tipo, implantadas no terreno em declive, situado em um vale com densa arborização e ao fundo há um córrego. As residências foram implantadas com a intenção de manter o máximo do relevo natural, assim todas elas são elevadas do solo, evitando a umidade, criando terraços no piso inferior junto aos jardins e com acesso em nível ao pavimento de estar.

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Imagem 47: Vila Taguai Imagem 48: Implantação Imagem 49: Corte transversal


Como a vila está em um vale que precisa ser preservado, a arquiteta se preocupou em captar as águas pluviais e encaminhá-las para o córrego existente, além de manter a permeabilidade do solo nas vias de circulação de veículos com pavimentação de pedras. Ainda na questão da água, foi implementado um sistema próprio de tratamento do esgoto para posterior reuso em vasos sanitários e irrigação. Este sistema reduziu o consumo de água em 30%. As casas contam também com aquecimento da água por energia solar. As duas prumadas hidráulicas das casas são externas, o que facilita o acesso ao encanamento caso necessite manutenção. A madeira foi aplicada como principal material na construção das casas. Está presente nas vigas, paredes, lajes de piso e lajes de cobertura, tendo uso do concreto somente nas fundações e pilares. A madeira utilizada tem origem de áreas de reflorestamento na Amazônia e o projeto buscou, com o processo de industrialização da montagem de painéis a otimização do material, obtendo baixo custo e fácil execução. A industrialização dos painéis favorece o aproveitamento da madeira maciça de menores dimensões, muitas vezes inutilizada. As dimensões finais dos painéis facilitaram todo o ciclo, desde a pré-fabricação até o transporte e montagem na obra. Este método construtivo reduz o impacto ambiental pelo baixo desperdício de material, portanto, menor geração de resíduos, e execução rápida.

Imagem 50: Diagrama do sistema hidráulico

Imagem 51, 52 e 53: Painéis do sistema construtivo e madeira. Parede, piso e encaixe, respectivamente. 51


Os painéis de madeira da forma que foram projetados, criam um colchão de ar interno que funciona muito bem como isolante térmico, além do projeto ser desenhado para ter melhor aproveitamento da ventilação natural cruzada e criar o efeito chaminé. A iluminação natural também é utilizada ao máximo, com grandes aberturas para a face norte. As lajes de cobertura têm isolamento térmico com chapas de isopor encaixadas nos painéis. As lajes de piso entre os pavimentos contam com o acréscimo de uma camada de 5 centímetros de concreto para o isolamento acústico.

Imagem 54: Diagrama efeito Chaminé

Imagem 55: Diagrama ventilação natural 52

Os espaços de uso privativo, como os terraços na parte inferior das casas, estão totalmente integrados com o espaço de uso coletivo – os jardins e caminhos de pedestres –, assim não há muros entre as residências limitando espaços, somente vegetação.

Imagem 56: Aproveitamento da iluminação natural


Imagem 57 e 58: Ă reas privativa e coletiva integradas 53



6.1. LOCALIZAÇÃO O terreno escolhido localiza-se na zona sul de São Paulo, no bairro Chácara Monte Alegre, situado na Subprefeitura de Santo Amaro. O lote tem seu perímetro demarcado pela Rua Dr. Rubens de Azevedo Marques, Rua Breves, Rua Guilherme Asbahr Neto e lotes residenciais vizinhos. Estas três vias locais têm pouco fluxo de automóveis e circulação nos dois sentidos. No terreno funcionava uma escola, que há mais dez anos encerrou suas atividades. Hoje ainda há construções no interior do lote, de certa forma, degradadas. A área de projeto está próxima a vias principais, como: Av. Professor Vicente Rao, Av. Washington Luis, Av. Vereador José Diniz e Av. Santo Amaro.

Imagem 59: Mapa de localização do terreno na Subprefeitura de Santo Amaro

Imagem 60: Localização do terreno por vista áérea 55


6.2. LEVANTAMENTO DE DADOS Com o Plano Diretor Estratégico de 2014 a área sofreu alterações na questão de zoneamento. O lote em questão, que antes fazia parte da ZER (Zona Exclusivamente Residencial), passou a fazer parte da ZCOR-1 (Zona Corredor 1), que são “trechos de vias destinados à diversificação de usos de forma compatível à vizinhança residencial” (GESTÃO URBANA SP, 2017). Porém a ZER-1 ainda é predominante na região.

Imagem 61: Mapa contemplando zoneamento da área de projeto

A cerca de 100 metros de distância da área, há o Parque Cordeiro – Martin Luther King, que é definido na Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo como ZEPAM (Zona Especial de Proteção Ambiental), destinado à preservação e proteção da vegetação nativa. O parque é dividido por uma via, em dois setores: setor leste, que destina-se ao lazer com quadras, playgrounds, pista de skate e teatro de arena; e setor oeste, que destaca-se a recuperação e o enriquecimento ambiental. Próximo a área do projeto estão córregos que fazem parte da Bacia do Cordeiro, sendo que o Córrego do Cordeiro é o principal da bacia e está canalizado ao longo da Av. Professor Vicente Rao. Dentro do parque há um segmento do Córrego Alcatrazes que está ao ar livre para contemplação dos usuários. A região está servida de transporte público, contando com faixas exclusivas de ônibus nas principais vias do entorno e duas estações da linha lilás do Metrô (Borba Gato e Brooklin), que estão a dois quilômetros de distância. Além de contar com algumas ciclo faixas.

Imagem 62: Tabela de parâmetros da ZCOR-1

56


Imagem 63: Mapa da rede hídrica da região

Imagem 64: Mapa de transporte público na região

Estalçao de Metrô - Linha 5-Lilás Faixa exclusiva de ônibus Ciclofaixa

57


6.3. CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO Com base em visitas feitas ao local, foi elaborado um mapa de uso e ocupação do solo do entorno imediato. Foi constatado o predomínio do uso residencial de baixa densidade, sendo, grande parte, casas de 1 a 3 pavimentos. Mesmo sendo um bairro arborizado, pode-se notar que os lotes contam com pouca área permeável. Pelo fato do bairro ser arborizado e haver o parque que preserva e faz plantios de vegetação e árvores nativas, é frequente a presença de animais silvestres, como saguis e gambás, além de existir muitas espécies de aves que vivem no local, inclusive em risco de extinção.

Residencial Institucional Parque

Imagem 65: Mapa de Uso e Ocupação do solo no entorno

Imagem 66: Diagrama cheios e vazios 58

Imagem 67: Vista aérea


6.4. LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

Imagem 68: Esquina da Rua Breves com a Rua Dr. Rubens de Azevedo Marques.

Imagem 69 e 70: Esquina da Rua Guilherme Asbahr Neto com a Rua Breves. Árvore de grande porte e desenho de pequena praça no interior do lote mantidos no projeto. 59


Imagens 71, 72, 73 e 74: Imagens do interior do lote. Nota-se poucas edificações da antiga escola em meio a grande área permeável e diversas árvores. 60


Imagens 75, 76, 77 e 78: Imagens do Parque do Cordeiro. Setor leste, com quadra, playground e parte do córrego aberto e setor oeste, trilhas e preservação. 61


6.5. PROJETO ARQUITETÔNICO Na concepção do projeto se buscou implantação diferenciada da maioria dos condomínios de casas localizados na área urbana. Geralmente são casas geminadas ou com pouco afastamento entre elas, que priorizam as áreas privadas com quintais fechados com muros. Privilegiam grande área para acesso e fluxo de automóveis, tornando a área coletiva em uma rua com pouca ou nenhuma permeabilidade do solo e consequentemente pequena área verde, normalmente obedecendo o mínimo exigido na Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo. Enquanto que visam o parâmetro máximo do coeficiente de aproveitamento e taxa de ocupação para maior lucratividade com o empreendimento, não levam em consideração a questão social de convivência entre as pessoas que vão habitar o condomínio. Com base na perspectiva de maior ocupação dos lotes, as habitações são prejudicadas com pouca iluminação e ventilação natural devido ao modo como são implantadas e à orientação inadequada das edificações - orientação solar e em relação ao vento predominante. Outro aspecto comumente observado são os muros altos e isolamento da área privada em relação à pública, o que não possibilita comunicação entre o interno e externo, resultando em ruas muradas pela cidade. Embasado nestas observações, o projeto do condomínio ecológico visa a convivência harmônica entre as pessoas, meio ambiente e a cidade, tendo em vista baixo impacto ambiental. Para isso, a elaboração do projeto se fundamenta nos princípios da permacultura e bioconstrução, assim como nos demais capítulos anteriores.

Imagem 79: Exemplo de tipologia de condomínio urbano. Condomínio localizado na outra extremidade da quadra deste projeto. 62


C

2

4

3

1

1 - CONDOMÍNIO ECOLÓGICO 2 - PARQUE DO CORDEIRO - SETOR LESTE 3 - PARQUE DO CORDEIRO - SETOR OESTE 4 - AV. PROFESSOR VICENTE RAO

IMPLANTAÇÃO - BAIRRO

0

50

100

200


No lote de 5.600m², com inclinação máxima de 10% com face voltada para o norte, a topografia é mantida o máximo possível, tendo algumas modificações para que tornasse viável a implantação das casas e os demais elementos. Algumas principais árvores foram mantidas, entre elas estão abacateiros e mexeriqueira. Há dois acessos, um voltado para pedestres e veículos na Rua Dr. Rubens de Azevedo Marques e outro somente para pedestres pela esquina da Rua Breves com a Rua Guilherme Asbahr Neto. O primeiro foi localizado na parte mais ao sul do terreno por ser uma rua menos movimentada e por ali ser uma parcela do lote onde já não há árvores, possibilitando a criação do estacionamento dos veículos sem a retirada de árvores. A segunda se estabelece como uma conexão mais direta com o Parque do Cordeiro. A implantação dos elementos no projeto prioriza as pessoas e sua relação com o meio ambiente. Então foi criado um estacionamento coletivo, com duas vagas por casa, com área de circulação reduzida, delimitando aos veículos uma parcela pequena do lote. Um percurso coberto para as pessoas, interliga o estacionamento com as casas e a área comum, passando por jardins, hortas e espelhos d’água. No contrapiso deste caminho se utiliza o entulho gerado na demolição das edificações existentes. As casas foram implantadas nas extremidades do lote que fazem limite com as ruas menos movimentadas, formando a área comum na parte central do terreno. A área de convivência construída está localizada mais próxima da rua de maior fluxo, a Rua Guilherme Asbahr Neto. As margens do terreno são destinadas a uma pequena agrofloresta, onde estão alocadas árvores frutíferas.

64


IMPLANTAÇÃO

0

5 10

20

50


C

B

B 4 8

5

7

4 5 4 A

4

5

A 6

3

5

4

1 - ACESSO - PEDESTRE E VEÍCULO 2 - ESTACIONAMETO 3 - COMPOSTEIRA 4 - CASA 5 - TRATAMENTO DE ÁGUA 6 - PISCINA BIOLÓGICA 7 - ÁREA DE CONVIVÊNCIA 8 - ACESSO PEDESTRE/PRAÇA

5

5

4

4

4

5

2

5

IMPLANTAÇÃO - CONDOMÍNIO

1

C

0

5

10

20


CORTE A

CORTE B

CORTE C 0

5

10

20


Uma das premissas do projeto, com base na permacultura, é se ter maior autonomia e uso de sistemas não poluentes e renováveis. Assim, o estacionamento foi projetado para que a cobertura das vagas seja de painéis fotovoltaicos para gerar energia elétrica para todo o condomínio. O local para esta instalação foi definido pela ausência de árvores ou outras barreiras que impediriam a luz direta do sol, comprometendo sua eficácia. O sistema empregado é on-grid, ou seja, é ligado à rede pública, assim não é necessário ter grande quantidade de baterias para armazenamento de energia. Estas baterias têm tempo de vida útil em torno de 5 anos e é um resíduo danoso ao meio ambiente por conter metais pesados. De acordo com o cálculo feito, considerando consumo médio de 300 kWh/mês em cada residência, seriam usados 9 painéis solares (1m x 1,6m) por casa. São instalados 86 painéis solares sobre 11 vagas. As oito casas usariam a energia produzida de 72 painéis, o restante, 14 painéis, seriam utilizados para a iluminação da área comum e as áreas de serviço.

CÁLCULO DE PAINÉIS FOTOVOLTAICOS Índice solarimétrico de São Paulo: 4,15 kWh/m²/dia Consumo médio: 300 kWh/mês (300.000Wh/mês) Dias mês considerados: 30 dias

Imagem 80: Estacionamento e painéis fotovoltaicos

Ao lado do estacionamento foi feita uma composteira para o uso de todos do condomínio. Ela é redonda e subdividida em quatro, com pequenas aberturas nas divisões, que podem ser feitas com canos PVC. O material orgânico é colocado em uma subdivisão até ela ser completada e então se passa a depositar a matéria orgânica em outra subdivisão. Quando as minhocas californianas (Eisenia andrei), que fazem a compostagem, terminam de transformar os resíduos orgânicos em húmus de uma subdivisão, elas buscam os resíduos frescos da outra subdivisão, passando pelas aberturas feitas. O húmus produzido é rico em nutrientes e é usado nas hortas do condomínio como adubo. Muitas vezes o material orgânico é visto como um resíduo, que deve ser descartado como lixo, porém é um rico recurso que este sistema transforma para que seja utilizado.

Eficiência do Projeto Fotovoltaico (inferência padrão): 83% (perdas na geração e transmissão de potência) Placas de 240W 300.000Wh / 30 = 10.000Wh/dia Potência de placas necessária = 10.000/4,15 = 2.410 watts Assumindo Eficiência de 83%: 2.410 x 0,83 = 2.000 watts Quantidade de placas: 2000/240 = 9 placas de 240 watts

68

Imagem 81: Composteira


Foram implantadas oito casas com a mesma planta tipo de 223m² distribuídos em dois pavimentos. O acesso se dá em nível à área social da casa no pavimento térreo que compreende salas, cozinha, área de serviço, lavabo, varanda e um pequeno depósito. A área íntima está no pavimento superior, que abriga três dormitórios, sendo um suíte, banheiro e escritório/sala. Na suíte há closet e uma varanda íntima e os outros dois dormitórios compartilham uma varanda. Ambas varandas são gramadas com uma fina camada de substrato sobre a laje.

MADEIRA+MANTA+ TELHADO VERDE ESTRUTURA PARA COBERTURA EM BAMBU VIGAS E PILARES EM BAMBU

As casas são estruturadas com bambu por ser um material natural que apresenta alta resistência a compressão e tração, além dos diversos fatores sustentáveis desde o cultivo até a construção, além de ser um material que pode ser obtido em regiões próximas a São Paulo. É um material relativamente barato e mais leve se comparado com as madeiras densas usadas em estrutura. Há diversas soluções de tratamento do bambu contra fungos e insetos para que tenha longa durabilidade. Um dos mais utilizados, mais barato e menos contaminante aos usuários é o tratamento por imersão em uma solução de água com 5% de bórax e 5% de ácido bórico, chamado de “pentaborato”. (MINKE, 2010)

LAJE EM MADEIRA +CIMENTO LEVE ESTRUTURA PARA LAJE EM BAMBU

O bambu está presente nos pilares e vigas aparentes, assim como no suporte dos caixilhos e brise das janelas. Na estrutura, as uniões com mais de um bambu em paralelo, seja em pilares ou vigas, são feitas com barras roscadas e as uniões entre pilares e vigas são feitas com encaixes (boca de peixe), barras roscadas e parafusos com olhal. Para evitar rachaduras, todas as partes ocas entre os nós que tenham uniões e que estejam submetidas ao esforço de compressão – no caso, pilares – devem ser preenchidos com cimento. O cimento também é utilizado para a fundação dos pilares, já que para maior durabilidade da estrutura, o bambu não deve estar em contato com a terra e umidade para não entrar em decomposição.

VIGAS E PILARES EM BAMBU PISO TÉRREO

Imagem 82: Perspectiva explodida da estrutura 69


Na laje entre pisos foram usados painéis de madeira apoiados sobre bambus espaçados de 50cm em 50cm com cobertura fina de 5cm de cimento leve, camada esta que seria usada também para passar os conduites das instalações elétricas. A laje de cobertura da casa utiliza o mesmo sistema, porém no lugar da camada de cimento é utilizado telhado verde. O telhado verde traz o benefício de conforto térmico, reduzindo o consumo de energia com ventilador e ar condicionado, conforto acústico para a residência, além de ter efeito estético e paisagístico. A cobertura tem beirais largos para proteção das paredes contra chuva. No contrapiso do pavimento térreo foi pensado a utilização do entulho resultante da demolição das edificações existentes no terreno. Os fechamentos da casa são feitos em pau-a-pique (taipa de mão), porém ao invés de utilizar madeiras na estrutura vertical e horizontal como é feito tradicionalmente, é usado tiras de bambu no sentido horizontal entrelaçadas às varas verticais de aproximadamente 5cm. Muitas vezes esta técnica é chamada de bambu-a-pique. Em cima desta trama é aplicada a mistura de terra (geralmente usado 40% de argila e 60 % areia), água e fibras vegetais longas, o que faz a ligação do barro dando maior firmeza na aderência da mistura. Depois de seca esta primeira camada, é aplicado o primeiro reboco que é feito com a terra peneirada e sem fibras. Nesta etapa se prioriza o preenchimento de imperfeições e o nivelamento das paredes. Depois aplica-se a segunda camada de reboco, com a terra ainda mais fina, ou seja, massa mais argilosa, o que dá maior plasticidade à massa, possibilitando melhor acabamento sem rachaduras. Estas varas de bambu geralmente são trabalhadas ainda verdes por ainda estarem maleáveis e não necessitam tratamento, pois como há o fechamento com o barro não há oxigênio para que haja a decomposição do material. Esta técnica de fechamento foi adotada por algumas questões: a terra é um material abundante no próprio terreno; tem bom desempenho térmico e acústico para o interior das residências; execução rápida; são usados materiais naturais que não geram resíduos; e devido a facilidade de 70

Imagens 83, 84 e 85

DETALHE 2: União de viga - sala

DETALHE 1: União de pilar e viga

DETALHE 3: Uniões de pilares com preenchimento de cimento nos entrenós

aplicação da técnica, é possível formar e capacitar profissionais locais para replicação em outras obras, que mesmo sendo uma técnica antiga, são poucos profissionais da construção civil na cidade que tem este conhecimento, o que atende ao papel social do projeto.


D D

2

5

6

1

E

E

E

E 5

4

3

1 - SALA 2 - COZINHA 3 - VARANDA 4 - DEPÓSITO 5 - QUARTO 6 - ESCRITÓRIO

5

D

PLANTA TIPO

D

PAVIMENTO TÉRREO

1º PAVIMENTO

0

1

2

5


CORTE D

0

CORTE E

1

2

5


ELEVAÇÃO LESTE

ELEVAÇÃO OESTE

ELEVAÇÃO NORTE

ELEVAÇÃO SUL

0

1

2

5


As casas contam, de modo independente, com um sistema de captação e reuso de água pluvial para fins não potáveis. Na permacultura, muitas vezes se fala em um elemento ter mais de uma função. Neste caso, o telhado verde, além das funções já citadas, também tem a finalidade de servir como filtro da água captada na cobertura. A água desce pelo shaft visitável instalado na fachada oeste da casa e é armazenada numa cisterna enterrada com capacidade de 15m³ (3m X 2,5m X 2m). Esta dimensão se deu a partir do cálculo feito levando em consideração o consumo de 200L/dia de quatro pessoas. Porém, como esta água seria somente para usos não potáveis, adotou-se 40% do uso total mensal, 9,6m³ (200L/dia x 4 pessoas = 800L/dia, multiplicado por 30 dias, 24m³ ao mês). Chuva média Demanda mensal (mm) mensal (m³)

Meses Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

272 243 223 89 92 47 40 30 82 121 114 216

9,6 9,6 9,6 9,6 9,6 9,6 9,6 9,6 9,6 9,6 9,6 9,6

Área de captação (m²) 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150

Volume de água captado (m³) 32,6 29,2 26,8 10,7 11,0 5,6 4,8 3,6 9,8 14,5 13,7 25,9

Diferença entre demanda e captação 23,0 19,6 17,2 1,1 1,4 4,0 4,8 6,0 0,2 4,9 4,1 16,3

Diferença acumulada

Situação do reservatório

0 0 0 0 0 4 8,8 14,8 14,6 9,7 5,6 0

Extravasando Extravasando Extravasando Extravasando Extravasando Reduzindo Reduzindo Reduzindo Aumentando Aumentando Aumentando Extravasando

Imagens 86: Quadro de cálculo para dimensionamento da cisterna

Tendo em vista que em um design permacultural busca-se fechar ciclos e aproveitar ao máximo os recursos obtidos, o condomínio foi projetado para tratar o próprio esgoto de forma que se utilizasse as águas servidas antes de devolver ao meio ambiente. Se o esgoto for visto por uma perspectiva menos comum, ele é um fluxo constante de saída de água com matéria orgânica rica em nutrientes e energia incorporada. Do volume total das águas servidas, as águas cinzas (proveniente de pias, chuveiro, 74

máquinas de lavar) equivalem a aproximadamente 75% e os outros 25% são as águas negras (vindas dos vasos sanitários). (CASTAGNA, 2017) Portanto, as casas do condomínio foram projetadas para que se faça diferentes tipos de tratamento. Para isso a tubulação hidráulica é separada entre as que recolhem as águas cinzas e as que recolhem as águas negras. As águas cinzas são direcionadas para uma zona de raízes, impermeabilizado com manta, que é um jardim onde há camadas de solo filtrante e plantas que se adequam ao solo de brejo. Estas plantas possuem grande estrutura de raízes que ajudam na purificação da água por processo químico-biológico. E após passar por este canteiro, a água segue para um tanque construído onde estarão plantas aquáticas macrófitas (aguapé, elódea, rabo de raposa, lentilha d`água, taboa), que terminam de fazer este processo de purificação, e peixes que evitam que se tenha problemas sanitários, pois comem larvas de insetos. Conforme este tanque construído se enche, a água excedente é usada para irrigar as hortas. Como reuso de água para horta tem que atender critérios de qualidade, a irrigação foliar (quando se joga por cima das folhas) não é a mais adequada, portanto adota-se a irrigação por gotejamento subsuperficial, completando o ciclo e voltando para a terra e os mananciais. Todo o sistema de tratamento, inclusive as hortas que estão ao longo do percurso coberto, se integra ao paisagismo e principalmente o tanque construído, que forma um espelho d’água e contribui também para o microclima do condomínio. As plantas macrófitas do sistema se reproduzem relativamente rápido, produzindo biomassa rica em nutrientes, podendo ser retiradas e usadas como forração de canteiros ou árvores frutíferas. As águas negras são direcionadas para um vermifiltro, onde passam por uma filtragem em suas camadas. Estas águas chegam rapidamente ao filtro tendo baixo teor de contaminação. As fezes são filtradas pela camada superior de serragem, onde estão as minhocas californianas, que transformam esta matéria orgânica em húmus, podendo ser utilizado posteriormente em plantas ornamentais. Após a passagem pelo filtro a água


AQUECEDOR SOLAR E BOILER

CISTERNA 15M³

REGA POR SUBGOTEJAMENTO DA HORTA TANQUE

ZONA DE RAÍZES

CONSTRUÍDO

DIAGRAMA SISTEMA DE CAPTAÇÃO E TRATAMENTO DAS ÁGUAS SERVIDAS

REGA POR TUBO DRENO DE FRUTÍFERAS VERMIFILTRO


é encaminhada para fertirrigação através de tubos dreno para árvores frutíferas e plantas ornamentais. É importante ressaltar que a urina é rica em nitrogênio, fósforo e potássio, o NPK, os mesmos componentes dos fertilizantes químicos produzidos. O aquecimento de água é feito por energia térmica solar e armazenado em boiler, reduzindo o consumo de energia elétrica. Todas as casas foram implantadas de forma que favorece a iluminação e ventilação natural. Há grandes aberturas voltadas para o leste, recebendo o sol da manhã e a sala possui aberturas também para o sul e norte. As aberturas para norte recebem luz direta durante o dia na época do inverno, possibilitando o aquecimento do interior da residência. O vento predominante na região é de sudeste, portanto as janelas da sala possibilitam a ventilação cruzada, assim como, em todos os quartos que possuem duas aberturas.

DIAGRAMA VENTILAÇÃO NATURAL 76

Imagem 87: Gráfico de vento predominante na região


VERÃO - 8H

VERÃO - 12H

VERÃO - 17H

INVERNO - 8H

INVERNO - 12H

INVERNO - 17H

DIAGRAMA INSOLAÇÃO


Na extremidade norte do lote, esquina da Rua Breves com a Rua Guilherme Asbahr Neto, se deu atenção diferenciada por haver uma árvore com cerca de 20m de copa e raízes longas, junto com outras árvores de grande porte, as quais foram mantidas. Esta parcela do lote, que é a mais próxima ao Parque do Cordeiro, foi cedida ao uso público, formando uma praça de 330m² que serve também como acesso de pedestres ao condomínio. Ali há um banco circular e canteiros definidos da antiga escola, o que foi mantido no projeto. Junto a esta área, porém na parte privada do condomínio, foi concebida a área de convivência com dois pavimentos. O pavimento térreo está no mesmo nível da praça, separado por grades que podem ser abertas completamente, estabelecendo conexão direta com a praça. A pretensão deste espaço é criar maior conexão com a comunidade do bairro e o parque, de forma que eventualmente o condomínio se abra ao público. Existe a Associação dos Moradores da Chácara Monte Alegre que organiza eventos no bairro e nas ruas do Parque do Cordeiro reunindo moradores. Portanto esta área de convivência poderia servir como um espaço que abriga eventos ou até mesmo ser organizado feiras que os condôminos possam partilhar o excedente da produção de hortaliças e frutos, conforme os princípios da permacultura. O pavimento superior da área de convivência está no nível da área comum do condomínio. Para se ter esta diferença de nível entre a área comum do condomínio e a praça criada, foi utilizado o muro de arrimo que já havia no terreno. Esta edificação também foi projetada para ter estrutura de bambu e alguns fechamentos de bambu-a-pique. As fachadas possuem janelas e portas de tiras de bambu, como brises, que se abrem completamente, tanto para o condomínio como para a praça. A área comum também compreende uma piscina natural, também chamada de piscina biológica. É feita com uma manta impermeável de alta qualidade e é composta por duas zonas: uma destinada ao banho e outra destinada a depuração da água por processos biológicos com plantas aquáticas e mecânicos através de pedras e areia. A água circula através de uma bomba. 78

As espécies colocadas na área filtrante são as mesmas que são colocadas nos tanques construídos no sistema de tratamento de esgoto. Há vários benefícios em se ter uma piscina com este sistema, entre eles estão: manutenção reduzida; redução no consumo de água; não utilizar aditivos químicos para tratamento da água; aumenta a biodiversidade local.


F

G

G

PLANTA ÁREA DE CONVIVÊNCIA NÍVEL PRAÇA 0

F

1

2

5

10


F

G

G

0

F

1

2

5

10


CORTE F

CORTE G 0

1

2

5


ELEVAÇÃO NORDESTE

ELEVAÇÃO NOROESTE

ELEVAÇÃO SUDOESTE

ELEVAÇÃO SUDESTE 0 1 2

5

10


Perspectiva da Rua Dr. Rubens de Azevedo Marques


Perspectiva da Rua Guilherme Asbahr Neto


Perspectivas da casa


Vista da Área de Convivência a partir da praça


Área de convivência. Espaço multiuso




Perspectiva da รกrea comum





Este trabalho teve como tema e base os princípios da permacultura e da bioconstrução para o desenvolvimento do projeto de um condomínio ecológico no meio urbano. Foram levantadas questões sobre o impacto ambiental nas cidades e na construção civil, o alto consumo e demanda de recursos, a falta de autonomia das cidades e a centralização dos serviços e geração de recursos. Com base neste contexto instável, a intenção foi seguir a linha de pensamento para um novo modelo de organização comunitária, que neste trabalho pôde ser chamado de condomínio ecológico. O estudo levou em consideração aspectos ambientais, habitacionais, sanitários, sociais e econômicos de um condomínio através da criação de ambientes eficientes. O projeto teve como objetivo atingir o menor impacto ambiental ao longo de todo ciclo de vida da edificação, utilizando materiais naturais disponíveis no próprio terreno, como a terra para o bambu a pique, ou de procedência local, como o bambu, que foi empregado na estrutura e nos brises. Material este sustentável, retirado de regiões próximas a cidade de São Paulo, diminuindo impactos com o uso de combustíveis fosseis e poluição. Foi feita a implantação de 08 residências unifamiliares num condomínio projetado com grande área permeável por conta da proximidade com os córregos e suas nascentes; com área comum que compreende hortas, agroflorestal sendo um paisagismo produtivo e uma área atrativa à fauna; com tratamento de esgoto num sistema integrado para que se completasse um ciclo, assim dando uso eficiente a este recurso; com geração de energia elétrica de matriz solar e captação e armazenamento de água pluvial, para que haja maior autonomia em relação ao sistema de abastecimento; com aquecimento solar da água, pois é um sistema simples que resulta em alta economia de energia elétrica; e com espaço reservado 94

para tratamento de resíduos orgânicos e produção de húmus, para que seja usado em toda área de plantio. As casas foram implantadas e projetadas para ter baixo consumo energético, através de aproveitamento da iluminação e ventilação natural criando também ambientes salubres, além de conforto térmico e acústico através do telhado verde e do bambu a pique. Levando em consideração o lado social do projeto, uma área de convivência foi construída próximo a praça aberta do condomínio, conectando ao parque do bairro, tendo como objetivo partilhar os excedentes através de feiras de alimentos ou outros eventos realizados dentro do condomínio ecológico. Este Trabalho de Conclusão de Curso abordou de forma ampla a Permacultura e Bioconstrução, que por serem assuntos extensos e interdisciplinares, podem ser estudados com mais aprofundamento para sua aplicação em habitações ou outras edificações no meio urbano.



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LISTA DE IMAGENS Imagem 1: Flor da Permacultura - pág. 18 fonte: https://permaculturanameruoca.wordpress.com/animais-no-agroecossistema/ Imagem 2: Técnicas de construção com terra - pág. 24 Fonte: EB-UNESP / PROTERRA, 2011 Imagem 3: Tijolo de Adobe - pág. 26 Fonte: Desconhecida Imagem 4: Jardim de infância - Waldorf, Sorsum (1997) - pág. 26 Fonte: http://www.gernotminke.de/galerie/galerie.html Imagem 5: Projeto de “Casa de Terra” - pág. 27 Fonte: https://www.casadeterra.com.br/ressaca Imagem 6: Bambu a pique - pág.27 Fonte: Autoral Imagem 7: Parede de Taipa de Pilão – Estúdio de Arquitetura - pág 28 Fonte: http://taipal.com.br/portfolio/estudio-de-arquitetura/ Imagem 8: Tijolo de Solocimento - pág. 28 Fonte: www.tijolo.eco.br Imagem 8: Aplicação de tijolo de solocimento - pág. 28 Fonte: Desconhecido Imagem 10 e 11: Carmen de Apicalá, Colômbia (2004) – Arquiteta Carolina Zuluaga - pág. 29 Fonte: Livro Manual de Construcción com Bambu, Gernot Minke 98

Imagem 10 e 11: Carmen de Apicalá, Colômbia (2004) – Arquiteta Carolina Zuluaga - pág. 30 Fonte: Livro Manual de Construcción com Bambu, Gernot Minke Imagem 13, 14 e 15: Casa Argamassa Armada - Sitio Beira Serra, Botucatu (2005) - pág. 31 Fonte: Livro Liberdade no Espaço, Vitor Lotufo Imagem 16: Tijolo de Serragem – IPEMA, Ubatuba - pág. 32 Fonte: Autoral Imagem 17: Painel de Serragem – IPEMA, Ubatuba - pág. 32 Fonte: Autoral Imagem 18 e 19: Parede de Cordwood - pág. 33 Fonte: http://casa-rustico-contemporanea.blogspot.com.br/2013/07/materiais-alternativos.html Imagem 20 e 21: Nave Tierra - A Casa Autossustentável - Projeto de Michael Reynolds, Argentina, 2014 - pág. 34 Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-177963/nave-tierra-a-casa-autossustentavel-de-michael-reynolds-na-argentina Imagem 22: Tratamento Biológico Zonas de Raízes - Residência Pedro Bonequini (2008) - Tomaz Lotufo - pág. 35 Fonte: http://www.bioarquiteto.com.br/arquitetura/projetos/residencia-pedro-bonequini/ Imagem 23: Biofiltro com Zona de Raízes e Tanque construído - pág. 35 Fonte: Guia de Permacultura de Administradores de Parques


Imagem 24 e 25: Bacia de Evapotranspiação - pág. 36 Fonte: http://www.setelombas.com.br/2010/10/bacia-de-evapotranspiracao-bet/ Imagem 25: Vermifiltro - pág. 37 Fonte: http://ecomagentegrota.blogspot.com.br/2016/01/minhocofiltro-na-grota.html Imagem 27: Sistema de funcionamento de aquecimento solar da água pág. 38 Fonte: Guia Sustentabilidade, Meios de Hospedagem, 2010 Imagem 28: Sistema Artesanal de Aquecimento de Água feito durante curso de Permacultura – IPEMA. - pág. 38 Fonte: Autoral Imagem 29: Energia Solar e Eólica - Nave Tierra - A Casa Autossustentável - Projeto de Michael Reynold, Argentina, 2014 - pág. 39 Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-177963/nave-tierra-a-casa-autossustentavel-de-michael-reynolds-na-argentina Imagem 30: Telhado Verde - Curucaca Hotel Fazenda, Bom retiro - Projeto Gernot Minke - pág. 40 Fonte: Livro Gernot Minke, Techos Verdes, Planificacion, Ejecucion, Consejos Práticos Imagem 31: Gráfico de Conforto Térmico de Telhados Verdes - pág. 40 Fonte: Livro Gernot Minke, Techos Verdes, Planificacion, Ejecucion, Consejos Práticos. Imagem 32: Compostagem. Instalações IPEMA, Ubatuba - pág. 41 Fonte: Autoral

Imagem 33: Diagrama Resumo - pág. 42 Fonte: Autoral Imagem 34 e 35: Reforma da Casa de Tomas Lotufo – Antes e Depois pág. 44 Fonte: https://www.semmuros.com/casa-viva Imagem 36: Planta Baixa - Reforma da Casa - pág. 44 Fonte: https://www.semmuros.com/casa-viva Imagem 37: Sistema de Captação e Tratamento de Água - pág 45 Fonte das imagens: https://www.semmuros.com/casa-viva Imagem 38: Sala e Cozinha - pág. 45 Fonte: https://www.semmuros.com/casa-viva Imagem 39: Residência Corcovado - pág. 46 Fonte: Cedida pelos propriétários, 2017 Imagem 40: Planta Térreo - pág. 47 Fonte: Cedida pelos propriétários, 2017 Imagem 41: Estudo da Estrutura em Madeira - pág. 47 Fonte: Cedida pelos propriétários, 2017 Imagem 42: Vermifiltro e Aproveitamento de Pneus para a contenção de terra - pág. 48 Fonte: Autoral Imagem 43: Interior da casa - pág. 48 Fonte: Cedida pelos propriétários, 2017

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Imagem 44: Interior da casa - pág. 48 Fonte: Cedida pelos propriétários, 2017 Imagem 45: Estudo Permacultural por Zonas - pág. 49 Fonte: Cedida pelos propriétários, 2017 Imagem 46: Estudo Permacultural por Zonas - pág. 49 Fonte: Cedida pelos propriétários, 2017 Imagem 47: Vila Taguai - pág. 50 Fonte: Foto de João Xavier. https://www.archdaily.com.br/br/627775/vila-taguai-cristina-xavier-arquitetura Imagem 48: Implantação Vila Taguai - pág. 50 Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/627775/vila-taguai-cristina-xavier-arquitetura Imagem 49: Corte Transversal - pág. 50 Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/627775/vila-taguai-cristina-xavier-arquitetura Imagem 50: Diagrama Sistema Hidráulico - pág. 51 Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/627775/vila-taguai-cristina-xavier-arquitetura Imagem 51, 52 e 53: Painéis do Sistema Construtivo em Madeira - pág. 51 Fonte: Ita Construtora https://www.archdaily.com.br/br/627775/vila-taguai-cristina-xavier-arquitetura Imagem 54: Diagrama Efeito Chaminé - pág. 52 Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/627775/vila-taguai-cristina-xavier-arquitetura

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Imagem 55: Diagrama ventilação natural - pág. 52 Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/627775/vila-taguai-cristina-xavier-arquitetura Imagem 57 e 58: Áreas Privativa e Coletiva Integradas - pág. 53 Fonte: Foto de João Xavier https://www.archdaily.com.br/br/627775/vila-taguai-cristina-xavier-arquitetura Imagem 59: Mapa de Localização do Terreno na Subprefeitura de Santo Amaro - pág. 55 Fonte: GeoSampa Imagem 60: Localização do Terreno por Vista Aérea - pág. 55 Fonte: Google Maps Imagem 61: Mapa contemplando o zoneamento da área de projeto pág. 56 Fonte: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/03/Santo-Amaro.pdf Imagem 62: Tabela de Parâmetros de Ocupação da Zecor-1 - pág. 56 Fonte: Própria, com dados do PDE de 2014 e da Lei de Zoneamento de 2016 Imagem 63: Mapa da Rede Hídrica da Região - pág. 57 Fonte: GeoSampa, 2017 Imagem 64: Mapa de Transportes Público na Região - pág. 57 Fonte: GeoSampa, com manipulação de imagem pelo autor. Imagem 65: Mapa de Uso e Ocupação do Solo do Entorno - pág. 58 Fonte: Autoral


Imagem 66: Diagrama Cheios e Vazios - pág. 58 Fonte: Autoral

Imagem 83 e 84: Detalhe 1 e 2 - Uniões de bambu - pág. 70 Fonte: Autoral

Imagem 67: Vista Aérea - pág. 58 Fonte: Google Maps

Imagem 85: Detalhe 3 - União de Pilares - pág. 70 Fonte: Livro Manual de Construcción com Bambu, Gernot Minke

Imagem 68: Esquina da Rua Dr. Rubens de Azevedo com Rua Breves pág. 59 Fonte: Autoral

Imagem 86: Quadro de Cálculo para Dimensionamento da Cisterna - pág. 74 Fonte: Autoral

Imagem 69 e 70: Esquina da Rua Guilherme Asbahr N. com Rua Breves pág. 59 Fonte: Autoral

Imagem 87: Gráfico de Vento Predominante na Região - pág. 76 Fonte: https://pt.windfinder.com/windstatistics/guarapiranga_sao_paulo

Imagem 71, 72, 73 e 74: Construções no interior do lote - pág. 60 Fonte: Autoral Imagem 75, 76, 77 e 78: Imagens do Parque do Cordeiro - pág. 61 Fonte: Autoral Imagem 79: Exemplo de Tipologia de Condomínio Urbano - pág. 62 Fonte: Autoral Imagem 80: Estacionamento - pág. 68 Fonte: Autoral Imagem 81: Composteria - pág. 68 Fonte: Autoral Imagem 82: Perspectiva Explodida da Estrutura - pág. 69 Fonte: Autoral

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