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Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo Centro Universitário Senac
V. 1, N. 3 - 2016
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revista do tcc
#01 > 2016
Centro Universitário Senac, ARQLAB Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo Volume 1 número 3 - Revista do TCC 2016 | 2 / ARQLAB. Centro Universitário Senac - São Paulo (SP), 2016. 368 f.: il. color. ISSN: xxxx-xxxx Editores: Ricardo Luis Silva, Valéria Cássia dos Santos Fialho Registros acadêmicos (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2016. 1. Divulgação Acadêmica 2. Produção discente 3. Trabalho de conclusão de curso 4. Graduação 5. Arquitetura e Urbanismo I. Silva, Ricardo Luis (ed.) II. Fialho, Valéria Cássia dos Santos (ed.) III. Título
BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC
REVISTAS DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO v. 1 n. 3 - revista do tcc 2016_02 edição #01 FICHA TÉCNICA: Coordenação de curso e Editora da revista: Profa. Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho Edição e programação visual: Prof. Dr. Ricardo Luis Silva Produção e organização: ARQLAB
Apresentação
Este volume apresenta os Trabalhos de Conclusão de Curso da Turma 3 do Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo (2012_1) do Centro Universitário Senac, sintetizados pelos seus autores na forma de pequenos ensaios.
Os trabalhos estão organizados em 6 Linhas, sob orientações dos professores abaixo listados: L1: Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo Prof. Me. Ricardo Luis Silva e Profa. Dra. Myrna de Arruda Nascimento L2: Arquitetura do Edifício Profa. Dra. Valéria Fialho L3: Patrimônio Arquitetônico e Urbano Prof. Me. Ralf José Castanheira Flores L4: Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem Profa. Me. Marcella Ocke e Prof. Dr. Ricardo Dualde L5: Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia Prof. Dr. Gabriel Pedrosa Pedro e Prof. Me. Nelson Urssi L6: Tecnologia aplicada ao projeto de Arquitetura e Urbanismo Prof. Me. Ricardo Wagner Martins
Os trabalhos na íntegra podem ser acessados no endereço virtual abaixo: https://issuu.com/senacbau_201201 Profa. Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho
Linha 1 Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo
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Muros se | tem Rumos: Reconhecimento e experimentações dos muros da cidade pelo andarilho contemporâneo Aline de Camargo Barros
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Casa de Oração: Projeto de templo evangélico Aline Lie Kazihara
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GRRUA: Intervenção e (re)significação da cidade Amanda Bello Silva
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Os Espaços Esquecidos de São Bernardo do Campo: Dos vazios às dinâmicas urbanas Carolina Rosa Battistini
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Arquitetura do Sagrado: Percepção, sensação e reflexão Gabriella Neri
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Feiras Livres: Quando o cotidiano desenha a cidade Jéssica Santana de Oliveira
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Lá no Bairro. (Re)descobrindo espaços comunitários na zona sul: o CDC Jardim Suzana Luana Pedrosa
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Além da visão: Arquitetura pensada enquanto fenômeno sensível Maria Carolina de Faro Santos
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Daqui de Cima: Dossel Marilia Brancatte
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Experimentos Projetuais para a Compreensão Arquitetônica: O uso de modelos físicos no processo projetual Marvin Sampaio
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Experimentos Etnográficos para Requalificação Urbana na Vila Olímpia Rafael Miléo Scarpa
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Morar na Rua – Caminhar, transformar, apropriar: Elemento Urbano Adaptável Talita Santos Passos
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Linha 2 Projeto do Edifício
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Pavilhão Modular Itinerante Amanda Konig Guastini
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Residência em Itamambuca: A interdependência entre o ser consciente e o meio natural Gabriela Santos da Cunha
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DESIGN HOSTEL. Interação, estilo, comodidade e localização Glaucia Stanelli dos Anjos
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NEL – Núcleo de Experimentações Livres: Laboratório Criativo João Gabriel Voss Quattrucci
101
Locação Social em São Paulo: O desenvolvimento de alternativas para morar no centro Júlia Fortunato Stochi Diniz
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011 HOSTEL. Projeto de arquitetura referente a uma forma não convencional de hospedagem Larissa Shiki
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Qualidade arquitetônica urbanística na habitação social: A periferia como área de expansão urbana Lucas Paganini de Assis
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O diagrama no processo de concepção arquitetônica Luis Paulo Hayashi Garcia
125
Arquitetura de Emergência: Habitação Transitória Mariana Godoi Ruiz
131
A Habitação Social e a Segregação do Espaço Tânia Patrícia Mautone Garcia Aleixo
137
Linha 3 Patrimônio Arquitetônico e Urbano
143
METAMORPHOSIS MEMORIALIS. Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano Amanda Suemy Miyazaki
145
Arquitetura Inclusiva: Centro de Arte, Cultura e Convivência Ana Cristina Faraco do Amaral
151
Regiões Metropolitanas e Nós Urbanos: Cultura e lazer na escala do pedestre em São Bernardo do Campo Barbara Suemi Haga Gimenes
157
A Imagem da Luz: Requalificação urbana, cultura e patrimônio Helena Violin
165
Requalificação urbana e Patrimônio no bairro da República: Um estudo de rua compartilhada Mariana Engels de Lima
169
O retorno de um marco teatral: Proposta de revitalização para o Teatro Brasileiro de Comédia Victória Rocha de Oliveira Angelo
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Linha 4 Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem
181
Infraestrutura compartilhada como subsídio à apropriação urbana, posto de serviço Mão na roda Fernando Pesente Bernardino da Sila
183
Projeto Vila Socorro. Uma Intervenção Urbana: O estudo e aplicação dos conceitos de cidade sustentável Fiona Susan Platt
189
Projeto Paisagístico: Requalificação do Parque da Barragem Gabriela Nakamura Mattes
195
Requalificação dos espaços residuais da Rua Sobrália, Campo Grande, São Paulo Gustavo Rodrigues de Andrade
201
Redesenho de praças e canteiros centrais Helena Skielka de Azevedo
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Aproximação da Arquitetura a Cidade Informal Ivanor Pereira Batista
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Desenho Urbano para espaços públicos mais seguros Julie Lukaisus Leiva
219
O Legado das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo em São Caetano: Negligência Pública e Transformação em Parque Maria Isabel Gomes Kiraly
225
Requalificação urbana em espaços residuais: O sistema de espaços livres do Capão Redondo Matheus Leitzke de Albuquerque
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Parque Represa Billings Nathalia da Cruz Carmo
237
Habitação de Interesse Social como Instrumento de Construção de Cidade : Política Habitacional no Município de Osasco 2005-2016 Sandy Moreira do Amaral
243
Novo valores para o espaço público: Revisão da hierarquia e requalificação do entorno do Parque Augusta Suellen da Silva Luciano
249
Linha 5 Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
255
Zootopia o Musical: Um Projeto Cenográfico Ângela dos Santos Padovani
257
Transfigurações da percepção do espaço: Instalação no MuBE Augusto Ruschi Apezzatto
263
Mobiliário Multifuncional para habitações com metragem reduzida Bruna Fehr
269
Mobiliário Urbano Avenida Paulista Fabiano Garcia Silvestrin
275
Basquetebol. Um projeto de arquitetura para um restaurante temático Henrique Silveira Markunas
281
PIMP’N HO. Arquitetura cenográfica para festival de música eletrônica Leana Spernega de Alcântara Pereira
287
O bambu como material alternativo e sustentável na arquitetura Nathalia Cursi Pagliaro
293
Cidade e Tecnologia: Projeto de arquitetura de um espaço colaborativo Paloma Kato
299
O uso da madeira na Arquitetura de Interiores Pilar Mendonça Corrêa da Silva
305
Eco Decor: Decoração ecológica criativa Priscila de Oliveira Vieira
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AQUA spa urbano Rodrigo Braga A. Soares
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Arquitetura, Identidade e Cidade: Projeto de Equipamento Urbano Para o Largo da Batata Sarah Dias Maciel Lima Linha 6 Tecnologia Aplicada ao projeto de Arquitetura e Urbanismo
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Centro de Reabilitação para Dependentes Químicos Aline Cadinho
331
Conjunto habitacional em container: Uma alternativa ao convencional Beatriz Ribeiro Gomes
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O Uso de Contêineres na Arquitetura Bruno Miranda
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VIDA À VIDA. Hospice para Cuidados Paliativos Felipe Sérvulo da Cunha
349
Centro de Referência em Moradia, Convivência e apoio para Idosos Larissa Wetzel
355
Ecocondomínio inserido em centro comercial Mayra de Oliveira Hyodo
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Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo
L1
Muros se | tem Rumos Reconhecimento e experimentações dos muros da cidade pelo andarilho contemporâneo Aline de Camargo Barros Orientador: Prof. Me. Ricardo Luís Silva
Figura 01: A cidade murada. Fonte: acervo do autor
fronteira. Aquilo ou alguém restrito, guardado, fechado e limitado. Este trabalho introduz e amplia a compreensão de muro, em sua esfera simbólica e física, partindo da percepção, memória e identidade do andarilho contemporâneo na metrópole e as mudanças sociais, econômicas, políticas e espaciais desta. A partir de então, o muro é repensado, desconstruído e desnaturalizado. Palavras chaves: muro; barreiras urbanas; a prática do andar; cidade de São Paulo.
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O muro não é só a parede dura que protege e limita o território. Pode ser qualquer obstáculo ou
Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo
Resumo
BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Introdução Morar em São Paulo muitas vezes significa conviver, atravessar e construir muros. A cidade, um cenário onde todos pertencem e constroem juntos, onde a diversidade e a cultura social se manifestam, torna-se enclausurada. A metrópole é rodeada por muros maciços, de diferentes cores e materiais, decorados ou camuflados, ou muros invisíveis de distâncias seguras e preconceitos fundamentados. Seja qual for o tipo de muro, rejeita os que estão do lado de fora, e isola aqueles do lado de dentro. O muro, que até então parece inútil ou neutro, barra toda e qualquer manifestação de pluralidade cultural e social pertencentes ao espaço público e seu cotidiano, como também, limita as percepções e sensações do andarilho contemporâneo na metrópole. Porque, então, construímos muros e quais os seus significados e consequências na cidade murada? Esta pergunta nos leva a outro questionamento: existem diferentes muros ou eles mudam de acordo com o homem? Quais são os muros encontrados pela metrópole e como podemos repensá-los de forma que a cidade murada crie aberturas para diferentes usos, interações e identidades no espaço público? Partindo das percepções do andarilho contemporâneo na cidade de São Paulo, pretendo reconhecer,
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Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo
classificar e desnaturalizar os muros.
Figura 02: Conjunto de imagens de muros e limites urbanos na cidade de São Paulo. Fonte: acervo do autor
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Trabalhos de Conclusão de Curso | 2016_2
Proposição Esta pesquisa tem como condicionante estudar os muros da cidade a partir das percepções e visões do andarilho contemporâneo. O andarilho, neste caso, é o pedestre, aquele do lado de fora dos muros, exposto, que vagueia como uma prática natural da existência humana e conhece o espaço a partir da incorporação de suas percepções e experiências (CARERI, 2003). É errante, pratica as errâncias urbanas que consistem no direito e na busca de se perder. Até mesmo em lugares habituais, ele procura desorientar-se, conhecer diferentes mundos e referências e, logo, se reorienta. Nesse estado efêmero de desorientação espacial, o indivíduo aguça todos os seus possíveis sentidos, possibilitando novas percepções sensoriais, conhecimento e atualização do território.
Partindo desta condicionante e
baseando-se em um método de pesquisa etnográfico pela cidade de São Paulo, foram identificados vários tipos de muros, tanto em sua dimensão oculta quanto física. O conceito e definição de muro estende-se e vai além da parede dura e maciça que marca e protege as residências, ele também é, por exemplo, o cone na calçada que barra o andarilho, a fita que bloqueia uma passagem, ou até mesmo a distância entre cada indivíduo, o preconceito e os valores que separam grupos, tribos e comunidades. O muro é definido como qualquer limite urbano, seja ele físico e concreto ou oculto e abstrato, que surge, desde de sua época primitiva, como uma forma de domínio, proteção e fuga do medo da morte ou do outro, considerado diferente e inimigo. Ele também é a distância necessária entre comunidades para se conviver em paz e sobreviver (HALL, 2005), a forma com que se organiza o tecido urbano e grupos sociais. Logo, surge a dualidade do muro: ele é necessário por quanto separa e determina distâncias seguras para a convivência humana e animal, protegendo-os, porém segrega, discrimina e limita o errante e sua liberdade de perder-se pela cidade, de conhece-la verdadeiramente como ela é, vivenciar as possíveis experiências do espaço público e identificar-se com o lugar em que habita e circula. A cidade murada, portanto, deixa de ser vivida e identificada pelos seus habitantes, torna-se cada vez mais vazia, sombria e esquecida. Assim, o muro surge como uma proteção, uma arma de sobrevivência e solução do medo, mas que evidencia e alimenta ainda mais o temor e o isolamento na cidade e aqueles que nela vivem.
apresentados têm como objetivo a melhor compreensão desse elemento tão comum na atual metrópole em que vivemos, suas características e consequências na cidade, levando-nos a refletir como eles podem ser projetados e construídos de diferentes formas, de maneira que crie e potencialize experiências e interações tanto para aquele do lado de fora do muro quanto para aquele em seu interior. Dessa maneira, a parede dura que divide e protege pode deixar de ser um elemento repressivo e monótono na cidade, e passa a ser um elemento de possibilidades, de transição e permeabilidade entre o fora e o dentro. A partir de um processo empírico etnográfico de pesquisa, os limites urbanos foram identificados, compreendidos e categorizados. Foram categorizados setenta tipos de muros encontrados por São Paulo, sejam eles ocultos ou simbólicos. Como os indivíduos na cidade, há diversos muros espalhados
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são necessários para a sobrevivência do homem na esfera social. Porém, os resultados aqui
Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo
Dessa maneira, o propósito dessa pesquisa não é projetar uma cidade sem muros, uma vez que eles
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no nosso território, e cada um deles tem uma história, uma razão, uma personalidade, um estilo, e diferenças entre si. Levando em conta a humanização dos muros, a sua incorporação com o andarilho na cidade e a própria identificação durante este projeto de pesquisa etnográfica, os muros são personificados e vistos como personagens que vivem na cidade murada. A partir da categorização dos muros e sua melhor compreensão, foram selecionados três exemplos de muros que, encontrados e categorizados durante as andanças por São Paulo, foram repensados e desnaturalizados, ou seja, tirados e projetados diferentemente do seu estado natural, de maneira que potencialize as vivencias e experiências no espaço púbico. Os três muros a serem aprofundados neste estudo de caso se diferem não apenas em suas características físicas e formais, como também, em sua implantação, localização e, principalmente, aquilo que está sendo dividido ou protegido, o “entre” dos muros. Enquanto um muro divide o público do privado, a rua do condomínio residencial, o segundo divide o público do espaço compartilhado por uma comunidade ou um grupo, a rua de uma escola e teatro, e o terceiro é limite entre espaço público e espaço coletivo comum e cultural, ele está entre a rua
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Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo
e um museu.
Figura 03,04,05: Proposta para o muro que divide a rua de um condomínio. Fonte: acervo do autor Enfim, os muros escolhidos são aqueles que nos fazem refletir porque o são e onde estão. São muros que talvez não façam sentido estarem lá: barreiras urbanas que rejeitam o espaço público, oprimindo o andarilho e isolando aquele em seu interior e tornando a cidade monótona e vazia. A esses muros, cabem ser repensados, reconstruídos ou permeabilizados. Eles ganham diferentes formas e apropriações de maneira que não comprometa radicalmente nenhum de seus lados. Que aquele do lado de dentro possa se proteger e demarcar seu espaço, porém, ver e viver o que está fora; e aquele que está fora possa utilizar-se do muro como seu aliado na cidade. Repensar o muro faz com que aquilo que está entre ele se mescle, se misture, e volte-se à cidade, aproprie-se e identifique-se com o espaço comum, ou seja, crie uma permeabilidade entre os dois lados do muro. Logo, a dualidade do muro se
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mantem: eles não são demolidos, mas sim repensados e reconstruídos, de forma que potencialize e crie novas novas experiências tanto para o andarilho na rua quanto para o indivíduo murado.
Figura 06, à esquerda: Proposta para o muro que divide a rua de uma escola. Figura 07, à direita: Proposta para o muro que divide a rua do Museu. Fonte: acervo do autor.
Dessa maneira, resta saber se a cidade e seus habitantes estão preparados e dispostos a repensar e se apropriar dos limites urbanos, de forma a otimizar a vida e a identidade no espaço público. Seriam os indivíduos capazes de assumirem os muros como estruturas “vivas” na cidade? Como seria a vida pública, os costumes e as relações em uma metrópole de muros apropriados e desnaturalizados? Serão os muros capazes de otimizar e sanar o próprio medo que os constrói? Ou, melhor, será que o homem murado está disposto a se expor?
Referências HALL, Edward T. A dimensão oculta. São Paulo: Martins Fontes, 2005. 266 p. CALDEIRA, Teresa. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Editora 34, 1999, p400. HARVEY, David. Justice, Nature and the Geography of Difference. Inglaterra: Blackwell, 1996. 480 p.
BAUMAN, Zygmunt. Medo Líquido. São Paulo: Zahar, 2008. 240p. CARERI, Francesco. Walkscapes: el andar como pratica estética. Barcelona: Gustavo Gili, 2003. 103p. SCHWARCZ, Lilia. Dialética do muro. Disponível <http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/03/1755849-dialetica-do-muro.shtml>. Acessado 03/04/2016.
em: em:
KEHL, Maria Rita. Olhar no olho do outro. Disponível em:<http://piseagrama.org/olhar-no-olho-dooutro/>. Acessado em 10/04/2016. BRUM, Eliane. Brasil, uma sociedade de em:<https://biochic.com.br/2015/08/02/2176/>. Acessado em: 17/04/2016.
muros?
Disponível
JACQUES, Paola Berenstein. Corpografias Urbanas. Disponível em:<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.093/165>. Acessado em: 02/2008.
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BAUMAN, Zygmund. Confiança e medo na cidade. Rio de Janeiro: ZAHAR, 2009. 94 p.
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PALLASMA, Juhani. Os olhos da pele: a arquitetura e os sentidos. Porto Alegre: Bookman, 2011. 76 p.
Casa de Oração Projeto de templo evangélico Aline Lie Kazihara Orientador : Profa. Dra. Myrna de Arruda Nascimento
Figura 01 : foto da maquete física. Fonte: imagem da autora
Resumo
esta se apropria de grandes galpões adaptados, ou de espaços previamente construídos sem uso determinado para cultuar seu Deus. A partir dos estudos de caso, serão analisados os ambientes de culto, espaços de apoio (depósito, escritório, sanitários, etc), bem como seus fluxos, disposição e condições (insolação e ventilação) destas dependências. Finalizando no desenvolvimento do projeto de uma igreja para 500 fiéis, todo o programa de apoio e com sua área externa destinada à população local.
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edifício e, principalmente, do espaço de culto na Igreja Evangélica, de modo geral, quando
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A discussão deste trabalho de conclusão de curso se trata da perda da importância do
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Introdução Atualmente existem várias motivações que levam as pessoas a procurarem ajuda divina, como um problema financeiro, emocional, familiar, de saúde, etc. Contudo, o ponto em comum é que todos 1
buscam uma resposta a essas motivações. Em Romanos 5: 3 a 5 (Bíblia Sagrada, ARC , 2009) está escrito:“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações,sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado”. É esta esperança, ou, a fé que conduz o povo a buscar o preenchimento de um vazio em Deus através da participação de alguma comunidade evangélica. A igreja quanto construção é um fato bíblico. No livro de Êxodo é narrada parte da história do povo israelita - quando os fiéis estão escravizados no Egito e se descreve todo o trabalho de Deus para resgatá-los e o início de sua travessia no deserto. Neste texto é possível observar a dedicação que o Senhor tem ao pedir que seu servo, Moisés, construa um santuário - “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles. Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis” Êx 25: 8 e 9 (Bíblia Sagrada, ARC, 2009). O tabernáculo (do latim tabernacŭlum, que significa ‘tenda pequena, morada da alma’ e da raiz taberna ‘casa feita de tábuas de madeira’) era o santuário portátil de adoração a Deus que simbolizava sua presença em meio ao povo e era por onde o Senhor comunicava a sua vontade. Decorrente deste visível descaso da comunidade evangélica pelo espaço de culto, a proposta projetual surge com o objetivo de, a partir da coleta e análise (individual e comparativa) das instalações atuais da igreja, propor um espaço de adoração ao seu Deus reafirmando as necessidades deste grupo, inibindo as adaptações com novos resultados e propondo outros espaços para os usos frequentes. Proposição O projeto foi desenvolvido a partir de linhas não ortogonais a fim de descaracterizar o aspecto de
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nave em formato de paralelepípedo (comumente adotado pelas igrejas) tendo como base o teatro de arena e também faz alusão ao agir de Deus: que planeja caminhos distintos ao esperado. A princípio o terreno apresentava apenas uma das antigas instalações: o edifício administrativo com frente para a Rua Major Arouche de Toledo. Entretanto,
não houve possibilidade de coletar
informações suficientes a fim de propor uma reforma, assim optou-se pela construção de um novo edifício que contemplaria, além do setor administrativo, salas multiuso, espaço para reuniões e eventos, biblioteca e uma área operacional para funcionários.
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Abreviação da versão da Bíblia Sagrada: Almeida Revista e Corrigida.
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Figura 02 : implantação. Fonte: imagem da autora
As outras construções foram setorizadas a partir da divisão do programa: no edifício principal dispõe o espaço de culto e alguns ambientes de apoio como sanitários, sala do equipamento de som e o escritório do pastor; enquanto as salas de aula estão num outro edifício anexo. Assim como a palavra e a unção descem no altar e depois passam para a platéia, o espaço de culto foi projetado a partir do desenho do altar. Os outros ambientes são os que possivelmente podem ser acessados durante a realização do culto. Além do auxílio funcional, esses ambientes também colaboram estruturalmente para o trânsito de pedestres na cobertura do edifício.
como função filtrar a incidência solar sem prejudicar a ventilação natural - a fim de permitir a ventilação cruzada na edificação. A ocupação da cobertura do edifício principal é de livre acesso e servirá como mirante. A laje possui a mesma inclinação da rampa tornando-se um piso único e a lateral da edificação se estende em todo o limite da laje fazendo um guarda corpo que se projeta a 50 centímetros acima do piso e avança 2 metros em direção ao centro do espaço. Este mesmo anteparo esconde o sistema de escoamento de água.
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culto artificialmente foi designado o uso do cobogó - elemento construtivo perfurado ou vazado que tem
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Com o intuito de minimizar a dependência de equipamentos que promovam o conforto do espaço de
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Figura 03: O cobogó também é um estudo de baseado na simbologia da Igreja do Evangelho Quadrangular que devido sua composição, permite a entrada equilibrada de luz solar no espaço de culto e junto com as passagens e janelas permitem a troca de ar do ambiente. Fonte: imagem da autora. Inicialmente a arquibancada foi prevista como uma das formas das atividades da comunidade evangélica pudesse ocorrer na área externa a edificação, logo é proposto que nela ocorram alguns cultos, filmes e peças de teatro. Contudo ela também permite aumentar o número de espectadores visto que é possível abrir a porta do altar tornando-o dupla de faces opostas. Tal número aumenta de 562 lugares para 762 além de viabilizar que as pessoas assistam ao culto evangélico sem efetivamente adentrar na edificação. Além da arquibancada, o batistério também foi projetado na praça ao invés de dentro do espaço de culto, convidando a população local a participar
do ritual de batismo. As salas de aula estão
separadas do espaço de culto a fim de que não haja conflito sonoro entre as duas atividades e que a utilização destas possam ocorrer independentemente. Há ainda o estacionamento, depósito, reservatório e restaurante cuja volumetria encontra-se camuflada devido ao uso da sua cobertura, a vegetação e a topografia do terreno. O estacionamento é de uso público porém possui horário de funcionamento. Junto ao seu
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perímetro estão instalados dois sanitários de uso público destinado aos usuários da praça. Devido à grande declividade do sítio, este foi setorizado em praças em determinadas cotas que possibilitam melhor aproveitamento e diversas áreas de descanso durante o percurso. A conexão entre esses espaços se dá através das escadas instaladas em todas as calçadas que possuem desenhos que permitam um fluxo rápido, de passagem, e o fluxo lento para passeio. Além destas também existem rampas auxiliando no deslocamento acessível. Todo o piso da praça são placas de concreto permeável cuja tonalidade varia conforme o fluxo: grafite para escadas, vermelho para a entrada e saída de veículos, amarelo delimitando possíveis locais de acúmulo de pessoas e cinza natural no restante do piso.
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Ao longo do sítio foram instalados 3 reservatórios intermediários e um reservatório principal que permite a captação e armazenamento das águas pluviais, controlando a vazão da água lançada no esgoto em dias de muita chuva.
Figura 04: elevação leste do lote visto pela rua. Fonte: imagem da autora.
Referências Bíblia Sagrada com Enciclopédia Bíblica Ilustrada. Versão almeida Revista e Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil. 2009. Barueri/SP BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica - CPAD. 2012. Rio de Janeiro. HAHN, Carl Joseph. História do culto protestante no Brasil . Trad. Antonio Gouvêa Mendonça. ASTE. São Paulo. 1989.
SILVA, Eduardo. O Tabernáculo e seu significado hoje . 2012. Fortaleza. Disponível em: <http://pastoreduardosilva.blogspot.com.br/2012/06/o-tabernaculo-e-o-seu-sig nificado-hoje.html>. Acesso em: 24 mar 2016 SOUZA, Jáder. Estudo sobre o templo do Senhor. 2013. João Pessoa. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/IrmoJder/estudo-sobre-o-templo-do-senhor>. Acesso em: 06 abr 2016
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HINN, Benny. The Tabernacle: revelations of the Fullness of Christ . The New Life Mission. 2003. Seoul - Coréia.
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ALLAN, Dennis. O que é a igreja. São Paulo. Disponível em: <http://www.estudosdabiblia.net/d40.htm>. Acesso em: 16 fev 2016 -
GRRUA
Intervenção e (re)significação da cidade Amanda Bello Silva Orientador : Prof. Dra. Myrna de Arruda Nascimento
O trabalho consiste na pesquisa sobre o espaço urbano contemporâneo apresentando uma análise de experiências e vivencias na cidade, mediadas pelo estudo de elementos que potencializam formas de convívio, produção social e trocas. Tendo como objeto principal a rua e sua capacidade de configurar-se como espaço de diferentes dimensões e principalmente como local que une o coletivo, identificou-se no bairro da Vila São Francisco um espaço inutilizado para receber três propostas de intervenções, destinadas a dar sentido, novos significados, propiciar possibilidades de usos originais neste lugar, que ecoem para a rua e a (re)significam enquanto espaço identitário da cidade.
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Resumo
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Figura 01 : o corpo e o espaço. Fonte: acervo do autor)
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Introdução Partindo de experiências vividas, e da imersão no universo contemporâneo - que concebe transformações e mutações constantes como uma característica evidente do século XXI–, compreendeuse a significativa influência de uma “nova cidade” no comportamento individual e coletivo da sociedade, provocando reflexões, sugerindo novas possibilidades de apreensão dos espaços e gerando movimentos urbanos que buscam construir a identidade da cidade e (re)significá-la. Amparada por leituras, referências, informações, e motivada por questionamentos e conversas flagradas entre habitantes locais, a hipótese de assumir a rua como um instrumento significativo na vida desses indivíduos amadureceu como tema do Trabalho de Conclusão de Curso. Como meio que é, a rua, deve provocar, entre cidade e usuários, oportunidades de interação. A forma que possui naturalmente nos convida a usá-la e ocupá-la de diversas maneiras, retirando a necessidade de se explorar e programar novos e caros projetos de espaço público. A rua é, portanto, um espaço que permeia nossas rotinas e por isso carrega uma característica “indenitária” significativa que facilita o reconhecimento ou manifestação dá a sensação de pertencimento, assim como determinados elementos que encontramos nela, fazem repensar o modo como nos relacionamos com o meio em que vivemos. O desnível de uma calçada, a dimensão da própria rua e das calcadas, a existência de fachadas ativas, térreos abertos, ciclovias, alpendres, mobiliários urbanos, degraus, todos são elementos que funcionam como catalisadores, tanto com o próprio espaço da rua, quanto na relação do espaço urbano dos indivíduos. Viabilizar a apropriação desse espaço nos faz refletir sobre as possibilidades de a cidade ser utilizada, e como podemos interferir nela ao nosso modo a fim de voltarmos a fazer parte desse todo, resgatar e criar memórias. As pessoas são convocadas a repensar a rua e o espaço público como um outro lugar possível e convidativo. Trazendo essas conclusões, para a procedência e discussão deste trabalho, a relevância dessas intervenções, em um espaço fragmentado como é a cidade contemporânea, conduziu-me a novas análises de ressignificação da rua e à comparação com de minhas experiências ao longo do caminho com o lugar onde moro. O movimento constante da cidade sugeriu-me para novos materiais a serem explorados, iniciativas que retomam e discutem o ser-na-cidade e que possibilitaram-me enxergar, nas ruas do meu próprio bairro, oportunidades com escalas possíveis para o exercício (e aplicação em projeto) de proposta de intervenções, baseadas nos conceitos estudados e nas análises geradas, dentro da dimensão do Trabalho de Conclusão de Curso. Estabelecido o bairro da Vila São Francisco, Zona Oeste de São Paulo, como área inicial de analise, identifiquei a importância de explorar espacialmente o local a fim de compreender a situação atual em que se encontra organizado, e significado simbólico do mesmo, na história da cidade e na minha própria - uma vez que é o bairro em que nasci e resido até hoje. Nesse levantamento identifiquei uma viela com potencial para ser um instrumento de conexão entre rua e usuários – moradores e demais usuários da cidade. O local onde está inserida e sua relação direta com as quatros ruas adjacentes, sendo três delas ruas sem saída, sugere oportunidades. O fato da viela atravessar essas ruas permite que ela seja adotada como um elemento de transição e até mesmo um convite para os moradores, e demais pedestres, para se apropriarem e usarem o espaço da rua. .
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Proposição
Figura 02 : viela e rua. Fonte: autor)
Figura 03 : um novo espaço. Fonte: autor)
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Sensações: [1] inicialmente o primeiro ensaio dará continuidade ao processo que vem sendo discutido no trabalho através das sensações e do olhar, capazes de nos deslocar do estado de inercia e nos transportar para reflexões, percepções e, dessa forma, convidar-nos a interagir com o espaço. Este ensaio se apresentará através de intervenções que, ao se manifestarem, ao serem ativadas, formam novas espacialidades e ecoam, através da repetição e das sensações, para a rua, que sucessivamente ecoa para o indivíduo, que ecoa para a cidade.
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No início deste trabalho, elencamos a escala, a forma convidativa e o entre as coisas como elementos de extrema relevância para se pensar uma cidade para pedestres e para o convívio, portanto, entendo como necessária a mesma abordagem para apreender esse lugar. O muro possui 2m50cm e o gabarito das casas não ultrapassa dois andares (aproximadamente 6 metros), possibilitando que estejam próximas da escala humana, ponto importante para que se possa obter contato visual com a vida da cidade e a sensação de bem-estar, segundo Gehl (2011). Os acessos ás ruas são aberturas diferenciadas pelo piso que se altera e pelo desnível que é usado eventualmente como local de apoio e para sentar-se, pelos alunos das escolas mais próximas e até mesmo limite para estacionar carros. Em uma das ruas o desnível é maior, o que não torna o lugar tão acessível como os demais, mas como interferência e apropriação do espaço, um dos moradores moldou uma pequena escada de cimento para facilitar a passagem da rua para a viela. O trajeto é fácil, sendo o terreno plano, e não há iluminação pública, o que torna o local inseguro e inutilizado e evitado durante a noite. Esse espaço urbano será estimulado por uma prática que chamarei de ensaio e que, por sua vez, elege o processo como metodologia de trabalho, sendo resultado de diferentes investigações sensoriais, corpografías e trocas. O fio condutor dessa ideia é o estimulo ao uso da rua através de elementos que potencializam formas de convívio, permanências, produção social e que gerem diferentes dinâmicas de uso e apropriação. Parto da premissa que, a relação entre indivíduo e cidade dá-se através da memória urbana, de experiências na cidade e do convívio dentro do espaço enquanto vivido. Dado isso, os ensaios apresentados visam flagrar um processo de geração de possibilidades, mas que só serão legitimadas através da pratica, da memória, e da interação daqueles que experimentam as ruas no seu cotidiano. Considerando todas essas questões, os ensaios foram divididos em três momentos que considerei importante para acomodar e responder todo esse universo de percepções e investigações:
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Figura 04 : ver através. Fonte: acervo do autor)
Figura 05 : céu. Fonte: acervo do autor)
Corpo e Memória: [2] O segundo ensaio investigará uma proposta de intervenção que anseia relacionar o corpo e a cidade através de equipamentos urbanos projetados para criar situações que estimulam diferentes usos e apropriações e que (re)significam o espaço. Como objeto base para essas provocações escolhi o muro e os desníveis da viela. A partir desses elementos arquitetônicos criarei convites à interação entre corpos – dos usuários, dos objetos, dos elementos que compõem o espaço – e a própria rua, reconhecendo e reconstruindo a mesma.
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Figura 06: passagem três. Fonte: acervo do autor) Figura 07: passagem seis. Fonte: acervo do autor) Trocas | Bologna/SP : [3] O terceiro ensaio abordará a troca como corpo de intervenção estabelecendo um encontro entre São Paulo e Bologna. Em contato com a iniciativa da Social Street criada na Itália, surgiu a oportunidade de vivenciar e experimentar pessoalmente o projeto durante os meses de setembro e outubro de 2016.- Bologna, la rossa, la dotta e la grassa. A primeira impressão que a cidade nos deixa é de uma identidade multicultural e de uma diversidade enorme. O projeto urbano criado pelos próprios moradores, resgatou uma discussão importante sobre a interação entre as pessoas e a rua através da memória da infância, das diferentes formas de apropriação e experimentação coletiva. Apesar das diferenças geográficas, históricas e arquitetônicas, ambas as cidades evidenciam um movimento crescente de mudança e busca por uma cidade para as pessoas. Escolhida a Via Fondanzza e a Via dell’Indipendenza (Bologna) como reflexão e analise para essa intervenção, em conjunto com as ruas e a viela de estudo, optei pelo levantamento fotográfico como forma de investigação e a fotomontagem para a concepção deste ensaio. A fotomontagem por sua vez, consiste na combinação de fotografias ou de fragmentos delas, que se desdobra em diversas possibilidades de modo a criar uma nova imagem e significado. Proponho essa abordagem cruzando diferentes espaços e tempos em imagens relacionadas, a partir de fotografias feitas no espaço de intervenção e nas minhas vivencias nas ruas de Bologna. Levada por tudo que analisei até agora explorei as duas cidades, observei seus fragmentos, e através das lentes e do olhar captei relações, intervenções, trocas, arquitetura, espaço público e indivíduos etc.
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Adotando como processo a desconstrução da cidade e da imagem fixa que temos dos dois lugares, o foco é redescobrir e construir, através de diferentes cenas (espaço), significados e de vários instantes de cada cena (tempo), um novo olhar e uma nova visibilidade, capaz de provocar e incitar novas possibilidades e interpretações.
Figura 07: a uma passante. Fonte: acervo do autor) Figura 08 : Baudelaire. Fonte: acervo do autor) Correlato às experiências físicas, de reflexão, e de todas as análises e leituras, escolhi o eco como uma palavra detentora de todo o processo de intervenção que propus para finalizar esse trabalho. O uso do eco no sentido do compartilhar um som e um olhar que se repetem e se propagam pela cidade. Todas essas questões ampliaram meu senso de responsabilidade ao pensar e projetar a “cidade que vivemos” e com a intenção de revelar a “cidade que queremos viver”. No desafio de (re)significar a rua e projetar ideias para o espaço urbano, entendi como podemos sensibilizar o indivíduo cada vez mais envolvido em rotinas automáticas, criar diálogos capazes de ainda promover maior senso de respeito, diversidade e cidadania. Para a cidade, despertar esses espaços através de intervenções significa o regresso às nossas memorias e ao sentido democrático dos próprios espaços públicos que foram subvertidos, e, ao mesmo tempo, ao progresso na construção da nossa identidade. Referências BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução por Plínio Dentzien. 1ª edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. 258 p ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023. Informação e documentação – Referências. – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
MARIA, João. KRAPP Juliana. A cidade contemporânea. (S/D) MONTANER, Josep Maria. Las formas del siglo XX. Editorial Gustavo Gili, 2002. PEIXOTO, Nelson Brissac. Intervenções Urbanas: Arte/Cidade: São Paulo: Senac, 2004. BASTOS, Marco Toledo de Assis. Flâneur,blasé, zappeur: variações sobre o tema do indivíduo.(S/D) BAUDELAIRE, Charles. Sobre a Modernidade. Coleção Leitura São Paulo: Paz e Terra,1996. BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar; a aventura da modernidade. Trad. Carlos F. Maisés. 6º ed. São Paulo: Companhia das letras. 1988
MERLEAU-PONTY, M. (1994). Fenomenologia da percepção (C. Moura, Trad.). São Paulo: Martins Fontes. (Texto original publicado em 1945)
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SIMMEL, Georg. O conflito da cultura moderna. Editora Senac, São Paulo, 2013.
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GEHL, Jan. Cidades Para Pessoas. Tradução por Anita Di Marco. São Paulo: Perspectiva, 2013. 262 p. GEHL, Jan; GEMZOE, Lars. Novos Espaços Urbanos. Tradução por Carla Zollinger. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2002. 264 p.
Os Espaços Esquecidos de São Bernardo do Campo: Dos vazios às dinâmicas urbanas Carolina Rosa Battistini Orientador: Prof. Me. Ricardo Luis Silva
Os espaços esquecidos são vazios na cidade. As pessoas passam por eles, mas não permanecem. A partir do momento que estes vazios são ocupados pelas pessoas, elas trazem um novo significado para eles e a percepção se transforma. O espaço muda e ele se torna seguro e agradável. O foco deste trabalho foi analisar os espaços de São Bernardo do Campo, através das percepções ao caminhar e vivenciar a cidade de dentro para fora, para dessa forma escolher um espaço para intervenção. Palavras-chave: espaço público; vazios; dinâmicas; São Bernardo do Campo.
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Resumo
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Figura 01: Espaço esquecido. Fonte: acervo da autora.
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Introdução
A pesquisa teórica se desenvolveu a partir da contextualização sobre os conceitos de espaço e lugar, este que segundo Tuan (1983), é o espaço ocupado, dotado de significado. “Os lugares são centros aos quais atribuímos valor e onde são satisfeitas as necessidades biológicas de comida, água descanso e procriação” (TUAN, 1983, p. 04). Essa transformação de espaço em lugar se dá através do tempo percorrido com as experiências vividas pelo indivíduo e do tempo histórico, a relação com o passado traz significado para o lugar e aumenta o sentimento de identidade. Porém, não são apenas os espaços ocupados que formam a cidade, os vazios também são importantes, pois são capazes de receber novos significados e dinâmicas que não são predeterminadas pelo espaço construído e que já está ocupado. Os espaços vazios [da cidade] que determinam a sua forma constituem os lugares que melhor representam nossa civilização em seu desenvolvimento inconsciente e múltiplo. Estas amnésias urbanas não só esperam ser preenchidas de coisas, mas constituem espaços vivos a que nós atribuímos significados. (CARERI, 2002, p. 184). Ao caminhar despreocupadamente, em um ritmo mais lento, conseguimos prestar atenção para os detalhes que compõem a cidade, para assim encontrarmos estes espaços que precisam ser ressignificados. Desta forma, descobrimos os caminhos possíveis, as dificuldades encontradas pelos pedestres e observamos os espaços: como eles são apropriados, as dinâmicas e os usos que recebem. Nestas perambulações despreocupadas pela cidade nosso olhar se torna mais atento à medida que mudamos a forma de observar apressada do dia-a-dia, e a partir do entendimento do campo de estudo é possível mapear os espaços de interesse. Careri (2002) defende a prática de caminhar como uma forma de intervenção na paisagem. A cidade é formada por espaços cheios inseridos em um grande vazio ou nas palavras de Careri, espaços sedentários dentro do espaço nômade. O arquiteto diz que a cidade é como um oceano composto por
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ilhas, estas são os lugares de parada, enquanto o oceano vazio é o espaço do caminhar. A caminhada nos ajuda a reconhecer o espaço e desenvolver territórios, a partir dessas explorações, a arte é capaz de transformá-lo e trazer visibilidade para ele: A arte tem a capacidade de nos deter, de desacelerar nosso ritmo e restituir o valor do tempo para a lentidão da contemplação. A arte desperta de novo nosso interesse por tudo o que nos rodeia, suprime as regras e reescreve o espaço em que vivemos. (GALOFARO, 2003, p. 102). Os espaços vazios encontrados nas perambulações nos proporcionam diversas possibilidades de apropriação e deixam a cidade mais rica com suas ocupações espontâneas. Os usos cotidianos da
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rua, a criação de mobiliários urbanos confortáveis, a manutenção dos espaços pelos usuários, e as intervenções artísticas como dança, teatro, música e outros diversos tipos de artes visuais, configuram uma nova identidade urbana. A partir do momento em que as pessoas cuidam de um espaço ele se torna um lugar mais agradável e convidativo para a permanência.
Proposição Perambulações O trabalho foi desenvolvido a partir de uma série de caminhadas pela cidade de São Bernardo do Campo: as perambulações. Durante estas visitas foram feitos levantamentos fotográficos e mapeamentos, afim de dividir os espaços e as áreas visitadas em grupos. Desta forma, os espaços esquecidos foram divididos em três grupos: Rios e córregos: assim como acontece na cidade de São Paulo, a área urbana de São Bernardo do Campo se desenvolveu em cima de rios e córregos. Eles ficam escondidos embaixo das principais avenidas e poucas pessoas sabem da sua existência, apenas lembram que ali existe um rio quando ele transborda e alaga as ruas nas épocas de chuvas constantes. Para lidar com esta consequência, a prefeitura fez obras - ainda em andamento - que têm como objetivo conter as enchentes em pontos críticos da cidade. Os rios e córregos que estão abertos são tratados com descaso, suas águas são poluídas e eles não participam das dinâmicas urbanas. Após o levantamento da hidrografia da região, através do mapa que o site da prefeitura de São Bernardo do Campo disponibiliza, o foco das perambulações foi percorrer estas vias em que os rios se encontram para de alguma forma trazer de volta a memória destes “espaços esquecidos”. Vazios residuais: além de esconder os rios, o sistema viário pensado para carros cria espaços
cobertas e poderiam abrigar diversos usos, e também extensas áreas verdes que são utilizadas apenas como rotatórias. Arquiteturas: como Robert Smithson observou em seu artigo sobre os monumentos de Passaic, os edifícios são ruínas antes de serem construídos. Em São Bernardo do Campo, além dos edifícios que eram utilizados, porém foram abandonados com o passar dos anos, há alguns edifícios que nem chegaram a ficar completos. Em ambos os casos essas arquiteturas abandonadas criam espaços mortos na cidade, e por não passarem segurança, são evitados pelas pessoas.
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pouco convidativos, baixios de viadutos que tem potencial para serem utilizados, visto que são áreas
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residuais, como pequenas praças que não possuem mobiliário, ou quando possuem são precários e
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O perímetro das perambulações foi dividido em quatro grupos, a partir de características em comum observadas durante as caminhadas: os espaços de lazer, os espaços de deslocamentos, os espaços residenciais e os espaços de comércio.
Figura 02: Localização do perímetro das perambulações.
Figura 03: Divisão das áreas semelhantes.
Fonte: acervo da autora
Fonte: acervo da autora
Após as visitas foram escolhidas três praças para intervenção: Praça do Viaduto, Praça da Banca de Jornal e Praça da Rodoviária. Localizadas próximas aos prédios da Prefeitura e do futuro Museu do Trabalho e do Trabalhador, as praças têm características de conexão, elas abrigam pontos de ônibus, de táxi e o terminal rodoviário, por isso tornam-se espaços de passagem e de parada para
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esperar algo (transporte ou pessoas). O grande fluxo de pedestres e a falta de mobiliário urbano faz com que hajam ocupações espontâneas do espaço, como barracas de comidas, vendedores ambulantes e apropriação de lugares para sentar. Isso mostra a necessidade de criar passagens e pontos de encontro que atendam a demanda das pessoas e torne o cotidiano mais confortável. Desta forma, o projeto é composto por faixas de pedestres elevadas que facilitam a travessia e interligam os canteiros fragmentados, bancos arquibancadas em deck de madeira que, através das mudanças de níveis, criam lugares para sentar e configuram os novos espaços de caminhada, espelhos d’água que trazem a memória dos rios e córregos e a banca de jornal que agora abre para os dois lados, afim de se tornar mais integrada com o interior da praça. A intenção foi criar lugares sem usos predefinidos, para assim possibilitar diversas dinâmicas. A partir do momento que o espaço oferece equipamentos, as pessoas se apropriam deles como for melhor
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e mais interessante para elas, mesmo prevendo os usos, eles podem mudar de acordo com o cotidiano
Figura 05: Croqui da Praça do Viaduto.
Fonte: acervo da autora
Fonte: acervo da autora
Figura 06: Croqui da Praça da Banca de Jornal.
Figura 07: Croqui da Praça da Rodoviária.
Fonte: acervo da autora
Fonte: acervo da autora
Referências AUGÉ, Marc. Não-lugares. Introdução a uma antropologia da supermodernidade. Campinas: Papirus, 1994. CARERI, Francesco. Walksacapes: El andar como práctica estética. Barcelona: Gustavo Gili, 2002. CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Rio de Janeiro: Editora Vozes Ltda, 1998. GALOFARO, Luca. Artscapes: El arte como aproximación al paisaje contemporáneo. Barcelona: Gustavo Gili, 2003. GUATELLI, Igor. Arquitetura dos entre-lugares: sobre a importância do trabalho conceitual. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2012. TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983.
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Figura 04: Localização das praças.
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dos usuários.
Arquitetura do Sagrado Percepção, sensação e reflexão Gabriella Neri Orientadora: Prof. Dra. Myrna de Arruda Nascimento.
Figura 01: Santuário Sete Símbolos. Fonte: acervo do autor
Este Trabalho de Conclusão de Curso objetiva analisar a arquitetura, não só pelos seus atributos funcionais e estéticos, mas como uma experiência perceptiva, sensorial e cognitiva (vivência consciente), a partir da abordagem Fenomenológica. O foco do trabalho é a aplicação dos conceitos característicos desta abordagem na concepção de um espaço sagrado (espaço destinado à manifestação da espiritualidade) denominado Santuário “Sete Símbolos”, cuja particularidade é constituir-se em um “artefato arquitetônico”, passível de ser reproduzido e construído em distintas implantações.
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Introdução O presente artigo, baseado no trabalho de conclusão de curso, visa a explorar a arquitetura para além de seus atributos funcionais e estéticos, estimulando os sentidos e as percepções por meio da uma abordagem fenomenológica, decorrentes da presença e permanência das pessoas em um determinado espaço arquitetônico. Como objeto de estudo para a aplicação destes conceitos, este projeto analisou lugares destinados à manifestação da espiritualidade, ou seja, sagrados, voltados ao exercício da fé. A autora intencionou observar e analisar a “vivência consciente” das pessoas nestes recintos arquitetônicos, compreendendo a qualidade destes espaços sob o ponto de vista sensorial, perceptivo e cognitivo. A escolha por este tipo de espaço foi resultante da “leitura” do cenário mundial atual, alicerçado em situações conflituosas decorrentes de guerras, de preconceitos, de problemas sócio-políticoeconômicos, de miséria, de violência, enfim, de circunstâncias limitantes e favorecedoras de um ritmo de vida desgastante emocionalmente e com relacionamentos mais efêmeros, podendo gerar nas pessoas uma sensação de incerteza e de preocupação existencial, levando-as a buscarem na espiritualidade uma alternativa, um significado para a vida e a necessidade de um elo com algo maior. Além disso, foi intenção também deste trabalho ampliar o olhar sobre a forma como a arquitetura pode ser percebida e estudada, a partir da consciência destas experiências e de alguns questionamentos: Como as pessoas interagem em diferentes espaços arquitetônicos? Como as pessoas percebem e se sentem nestes diferentes espaços? Quais as diferenças notadas pelas pessoas nos diversos espaços existentes na sociedade? Para responder a estas questões e outras surgidas posteriormente, o trabalho se desenvolveu a partir do aprofundamento das conceituações sobre a corrente filosófica da Fenomenologia e como ela se aplica na área da arquitetura e, do estudo sobre o que é um Espaço Sagrado, e como as pessoas percebem e interagem nesses determinados locais. Partindo desses conceitos foi feita uma análise teóricaiconográfica de 12 obras sacras cristãs, ao redor do mundo, produzidas por arquitetos renomados, na segunda metade do séc. XX (fig.02), considerando os atributos arquitetônicos fenomenológicos, que favorecem o despertar de sensações nas pessoas, tais como: a presença da água, diferentes cores, textura, relação com a natureza, transparência e escala arquitetônica e outros. Dentre as 12 obras, 4 foram escolhidas para serem visitadas e servirem de sitio para a “vivência condicente”, são elas: Capela Veneza,
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Igreja da Cruz Torta, Capela São Pedro Apóstolo e Santuário Dom Bosco (fig.03). Vivenciar,
perceber,
observar,
analisar,
interpretar
projetar
tornaram-se
operações
imprescindíveis para se propor, através de experimentações, o projeto de um espaço voltado a meditação e reflexão espiritual, descrito a seguir.
Figura 03: 4 espaços cristãos visitados Fonte: acervo da autora
Figura 02: Mapa diagramático das 12 igrejas Fonte: acervo da autora
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Proposição O projeto partiu de um processo de criação no qual recursos sensoriais foram explorados, experimentados e aplicados, visando a criar uma atmosfera espiritual particular, a partir do modo com que os aspectos fenomênicos - identificados como: água, luz, sombra, cor, transparência, textura, escala harmônica e relação com a natureza – se articulam no espaço arquitetônico. Consolidando a hipótese de que o estilo de vida do século XXI (mencionado acima) mobiliza as pessoas a buscarem algo superior que as ajude a conviver com essa realidade, o ponto de partida do projeto, foi imaginar um espaço arquitetônico, que pudesse ser reproduzido/reimplantado/recriado em diferentes territórios e condições geográficas. Adicionalmente aos aspectos físicos e concretos aqui abordados, também foi estabelecida, na proposta da criação arquitetônica do espaço sagrado cristão, uma correlação de sete simbolismos, por meio de seis fatos bíblicos e de uma explicação matemática, conforme apresentados a seguir. - A altura do terreno é um fator fundamental para que esta atmosfera aconteça, pois, a vista para um horizonte longínquo, pode permitir às pessoas uma outra perspectiva de visão sobre o mundo. Em paralelo, outro critério relevante é a forte presença da natureza, que envolve um clima ameno, som neutro e que desperta a sensação de paz e tranquilidade interiores.
- “E, saindo, foi, como de costume, para o Monte das Oliveiras; e os discípulos o acompanharam. Chegando ao lugar escolhido, Jesus lhes disse: Orai, para que não entreis em tentação. Ele, por sua vez, se afastou cerca de um tiro de pedra; e, de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres passa de mim este cálice; contudo não se faça a minha vontade, e sim a tua. Então lhe apareceu um anjo do céu, que o confortava. ” Lucas 22: 39-43. Bíblia Sagada ARIB
- Concebido para que as pessoas caminhem em uma única direção, através de um formato longilíneo e curvo, cujos limites laterais evocam um símbolo bíblico. Este percurso é composto por três ”eventos” arquitetônicos, que estimulam diferentes sensações em distintos lugares do espaço.
- “E tomando pão, tenho dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo, oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue, derramado em favor vós. “ Lucas 22: 19e 20. Bíblia Sagrada ARIB
Figura 04: Corte longitudinal do projeto Fonte: acervo da autora - Duas paredes laterais dão forma ao primeiro espaço, revestidas de pedra e nelas circula água, estimulando as pessoas a entrarem na atmosfera criada, imersas no som da água rolando sobre as pedras, com a temperatura úmida e com a claridade mais baixa. A experiência pode resultar também em uma analogia à renovação/purificação ao transitar entre as paredes de águas.
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Figura 05: Planta do projeto Fonte: acervo da autora - “Então, Moisés estendeu a mão sobre o mar; e o Senhor, por um forte vento oriental que soprou toda aquela noite, fez retirar-se o mar que se tornou terra seca, e as águas foram divididas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas lhes foram qual muro à sua direita e à sua esquerda.... E viu Israel o grande poder que o Senhor operara contra os egípcios; e o povo temeu ao Senhor, e creu no Senhor e em Moisés, seu servo”. Êxodo 14: 21,22 e 31. Bíblia Sagrada ARIB
Figura 06: Vista interna – entrada do projeto Fonte: acervo da autora
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- O terceiro espaço pode ser correlacionado com três símbolos: o primeiro é a cruz, que aparece através de uma fenda na cobertura do edifício arquitetônico com a vedação e vidro azul, aludindo ao céu e à sensação de paz. A implantação sempre voltada para o norte, permite que a imagem da cruz seja projetada, durante o dia todo, ora no piso, ora nas paredes. O espaço também possui aberturas - em forma de fragmentos de cruz nas paredes laterais - que em determinado horário do dia, compõe o desenho da projeção.
- “Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou, e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados”. 1 João 4: 9 e 10. Bíblia Sagrada ARIB
Figuras 07e 8: Maquetes de estudo de luz e sombra Fonte: acervo da autora
- Os outros dois símbolos podem ser observados no fim do percurso. Após passar pelo processo de reflexão nos doze bancos dispostos ao lado da rampa principal, as pessoas caminham por um piso de vidro, que permite a visualização de um grande espelho d’agua, compondo um cenário natural. A presença da água neste ponto, pode evocar outras qualidades fenomênicas relacionadas à água corrente já citada, propiciando também uma sensação de confiança, fé, força e segurança.
- “Entretanto, o barco já estava longe, a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário. Na quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando por sobre o mar. E os discípulos, ao verem-no andando sobre as águas, ficaram aterrados... Mas Jesus imediatamente lhes falou: ... Sou eu; não temais! Respondendo-lhe Pedro, disse: Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas. E Ele disse: Vem! E Pedro, descendo do barco, andou por sobre as águas, foi ao encontro de Jesus.” Mateus 14: 24-29. Bíblia sagrada ARIB
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Figura 09: Vista interna do projeto Fonte: acervo da autora - Por fim, a presença de uma árvore frutífera, como parte da entrega do projeto arquitetônico, encerra o cenário de visão das pessoas, levando-as à confirmação da natureza viva e da continuidade da existência. O fato dela exalar uma fragrância particular no ambiente, ativa mais um dos sentidos e, além disso tudo, ainda oferece os frutos que ela produz, como alimentação às pessoas. Para concluir essa seção da analogia do simbolismo, também foi considerado - na criação do projeto do espaço sagrado – o conjunto dos princípios visuais da composição geométrica, que busca compreender os sistemas clássicos de proporções - como a seção áurea - e as relações entre as formas os traçados reguladores. No contexto tanto do ambiente humano quanto na natureza, parece existir, de fato, uma preferência cognitiva
Figura 10: Croqui da razão áurea no projeto Fonte: acervo da autora
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- “Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. ” Mateus 7: 17-20. Bíblia Sagrada ARIB
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pelas dimensões baseadas na seção áurea (também conhecida como Divina Proporção) - proporção entre os lados, cujo valor é igual a 1:1,618. O primeiro estudioso a tratar deste assunto foi o psicólogo alemão Gustav Fechner, que abordou no final do século XIX, a predileção estética, arquetípica e transcultural pelas proporções da seção áurea - o rosto e o corpo humano exibem as mesmas relações proporcionais matemáticas, constatadas em todos os seres vivos. Informações Técnicas: - O edifício arquitetônico tem como premissa a utilização de poucos elementos construtivos, com o caráter de uma arquitetura mais fluida. É todo estruturado por uma casca de concreto autoportante e engastado em apenas uma viga longitudinal na parte inferior. - Os doze bancos do espaço foram projetados para oferecer melhor conforto para o usuário. Visando duas diferentes posições: a de sentar (reflexão) e a de ajoelhar (oração). - A noite, o edifício fica iluminado por luzes artificiais embutidas em todos os rasgos das fachadas (por meio de fitas de led). A luz também está presente nos cenários que comtemplam as águas, com o mesmo acabando. Figura 11: Vista interna do projeto – bancos e espelho d’água Fonte: acervo da autora Implantação - Sendo passível de reimplantação em diferentes territórios, a autora selecionou 3 lugares com as características pré-estipuladas, em cidades próximas a São Paulo: Cotia, Caieiras e Mairiporã - em virtude também da inclinação propícia e da vista que eles oferecem para as pessoas, cuja paisagem prioriza a natureza, o recolhimento e o distanciamento da cidade.
Figura 12 a 14: 3 implantações do projeto nos terrenos citados acima, respectivamente Fonte: acervo da autora
ALVES, Rui Manuel. O sensível e o inteligível: o projeto e a arquitetura: o caso de Steven Holl. Lisboa: Universidade Lusíada de Lisboa. 577pág. Tese de Doutorado em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Artes, Universidade Lusíada de Lisboa, Lisboa, 2010. BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada: antigo e novo testamento. Tradução de João Ferreia de Almeida. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969. ELAM, Kimberly. Geometria do Design. São Paulo: Cosac Naify, 2010;p.05-23. ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. São Paulo: Martins Fontes, 1992. HOLL, Steven. La Cuestiones de Percepción: Fenomenología de la arquitectura. Barcelona: GGmínima, 2011. MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. 2ª.ed.Trad. C. Moua. São Paulo: Martins Fontes, 1999. MONTANER, Josep Maria. A condição contemporânea da arquitetura: Exemplos de habitação coletiva. Barcelona: Gustavo Gili, 2016. Capitulo, Arquitetura e Fenomenologia; p.57-68. ZUMTHOR, Peter. Pensar a arquitectura. Barcelona: Gustavo Gili, 2005.
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Referências
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Feiras Livres Quando o cotidiano desenha a cidade. Jéssica Santana de Oliveira Orientador: Prof.ª Dr.ª Myrna de Arruda Nascimento
Figura 01: Barraca de verduras, feira livre no bairro de Moema – São Paulo. Fonte: acervo do autor.
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Com tradição milenar, a feira livre é um dos melhores exemplos de um evento que habita o cotidiano. Acompanhamos, nos últimos anos, o surgimento das feiras orgânicas, que trazem para a cidade novas formas de enxergar o consumo de alimentos saudáveis por meio de práticas ecológicas no cultivo e plantação dos alimentos. O tema deste trabalho é apresentar possibilidades de sistematizar a implantação destas feiras, utilizando o bambu, sua sustentabilidade e flexibilidade como parâmetros para a identidade das feiras orgânicas em São Paulo.
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Resumo
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Introdução Em toda feira livre as trocas ultrapassam os limites de compra e venda de produtos e alimentos, são repletas de conversas, histórias e energia contagiante. Desde a Idade Média a feira livre é um evento cotidiano na qual mantêm a sua configuração milenar perdurando até os dias atuais. Toda semana as cores, os sons, os carrinhos cheios e as sacolas invadem as ruas juntamente com os personagens que vendem com alegria os seus produtos. Doam sua atenção aos clientes (muitas vezes velhos conhecidos), sempre acreditando no trabalho diário, persistindo com o sorriso maior do que o cansaço do corpo. Uma feira é identificada facilmente, a sua essência, tão conhecida, não se modificou com o decorrer dos anos. Porém a necessidade de adaptar-se as transformações no consumo e estilo de vida da população levam a novos segmentos deste evento. Como exemplo, recentemente surgem no cenário feiras conhecidas como orgânicas e agroecológicas. Estas feiras refletem a inovação da produção dos alimentos e principalmente as preocupações atuais em relação a degradação do meio ambiente, emissão dos gases poluentes na atmosfera (aquecimento global), saúde humana, animal, boa forma física e bem-estar. Aliados à busca de meios contrários aos métodos e mecanismos da agroindústria, como a utilização de agrotóxicos e outros elementos químicos, transformam-se em importantes veículos para o acesso a alimentos naturais, conhecimento sobres as frentes de produções orgânicas/ agroecológicas e aproximação do tema para a população. Ter este conhecimento sobre o mundo dos orgânicos e compreender a sua relevância para o campo são quesitos imprescindíveis. Estreitar as relações com a cidade, do agricultor, que tem todos os cuidados com a plantação e colheita de um alimento saudável ao cliente que busca novos meios de consumo consciente. A compreensão da importância das feiras orgânicas e agroecológicas levam a necessidade de expansão da informação destes eventos para todos os limites da cidade, atingindo todas as camadas sociais.
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Sendo assim, o foco do trabalho de conclusão de curso é por intermédio da arquitetura e dos estudos relacionados a este evento efêmero na cidade, alcançar uma nova identidade para as feiras orgânicas e agroecológicas, mantendo as suas raízes na feira livre, mas elevando o seu papel fundamental social e características sustentáveis. A forma encontrada para representar esta intenção veio com a criação de uma cobertura montável e desmontável, acompanhada de um expositor que substitui a barraca de feira. Ambos compostos por um material natural e sustentável: o bambu. Utilizado há muitos anos em pequenas construções, porém ainda pouco trabalhado em grandes estruturas, o bambu é uma enorme gramínea que vem ganhando destaque nas áreas de arquitetura e engenharia. Principalmente após avanços nos estudos sobre suas propriedades físicas e novos meios de tratamento para prolongar o tempo de vida útil. Os encaixes e amarrações possíveis com o bambu, transformam este material em estrutura de grandes construções como casas, pontes, escolas entre outras. Aqui ele é a principal fonte de identidade para as feiras orgânicas, na tentativa de expandir toda a importância que estes eventos trazem para a vida das cidades. Aumentar a visibilidade do agricultor/feirante e de seu trabalho rural e urbano, sem a necessidade de competir com as feiras livres de rua.
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Proposição A forma escolhida para destacar as feiras orgânicas na cidade de São Paulo vem através da arquitetura, possibilitando mudanças na configuração e apropriação dos espaços já utilizados, transformando as barracas tradicionais em coberturas montáveis e desmontáveis acompanhadas de novos expositores. Criados a partir do bambu, material escolhido e das raízes históricas das feiras livres de rua, a intenção é oferecer para o evento novas visões, uma identidade original que mantenha os seus símbolos reconhecíveis.
As coberturas podem ser montadas de acordo com a quantidade de alimento para a venda, assim como o número de expositores necessários para a organização dos produtos.
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Figura 02: Materiais utilizados na construção dos módulos, suas medidas. Desenhos tridimensionais desenvolvidos pela autora, 2016.
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O módulo de cobertura desenvolvido para as feiras orgânicas é composto por 16 peças de bambu encaixadas através da estrutura metálica desenvolvida pelo escritório Bambu Carbono Zero. A montagem é feita geralmente pelo próprio feirante agricultor. O tamanho, peso e conexões foram pensados na intenção de facilitar a carga e descarga, o carregamento e armazenamento do material. A lona quadriculada é referente as lonas utilizadas nas barracas, mas neste caso é feita com material reciclado e instalada através de amarrações nas estruturas dos bambus, finalizando a cobertura com um módulo de 2,5m X 2,5m X 2,7m de altura.
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Figura 03: Modelo tridimensional explodido para entendimento dos encaixes e montado, desenvolvidos pela autora, 2016. Os expositores quadrados foram elaborados e dimensionados no sentindo de diminuir ao máximo o tempo gasto com a montagem e desmontagem da feira. Assim as prateleiras podem ser carregadas facilmente e já montadas com as madeiras laterais que impendem que o alimento caia. São encaixadas direto na base, por um sistema de cremalheiras sendo conectados as prateleiras, com fácil montagem.
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A base com 1,20m de altura, pode ser carregada sem a necessidade de desmontagem, pois todas as madeiras são dimensionadas com 2 cm de espessura e por serem de bambu, o peso é consideravelmente leve em relação as madeiras comuns.
Figura 04: Modelo tridimensional do novo expositor de alimentos nas feiras orgânicas, desenvolvido pela autora, 2016. Através da arquitetura é possível transformar antigos hábitos em novas experiências visuais, sem desvincular as feiras orgânicas da simbologia das feiras e sua história nas cidades, abrindo portas para outros estudos relacionados ao tema eventos efêmeros como as feiras livres de rua e feiras orgânicas.
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Figura 05: Modelo renderizado cobertura com um módulo e expositor. Desenho 3D desenvolvido pela autora, 2016. Referências BERNARDO, Júlio. Dias de Feira - 1ª ed. - São Paulo: Companhia das Letras, 2014. CARTILHA SOBRE PRODUTOS ORGÂNICOS. REDE ZERO. Disponível em: http://www.redezero.org/cartilha-produtos-organicos.pdf. Acesso em 10 out. 2016. CLEPS, Geisa. O comércio e a cidade: novas territorialidades urbanas – Sociedade e Natureza. Uberlândia, 2004. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/sociedadenatureza/article/viewFile/9183/5648Acesso. Acesso em: 29 mar. 2016.
JUNQUEIRA, Hélio e PEETZ, Márcia. 100 anos de feiras livres na cidade de São Paulo - São Paulo: Via Impressa Edições de Arte, 2015. LEI 10.831 DE DE DEZEMBRO DE 2003. Disponível em : https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.831.htm . Acesso em 23 set. 2016. PONTES, Bruno. Cidade e Comida uma aproximação ao tema, FAU USP – Dissertação de mestrado, São Paulo – 2015. VARGAS, Heliana. Espaço terciário: o lugar, a arquitetura e a imagem do comércio – São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2001.
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HIDALGO, Oscar. Manual de construcción com bambú. Universidad Nacional de Colombia, 1981. Disponível em: http://www.basta.jabagalea.fr/tutorielbambou/manual-de-construccion-con-bambuo.h.lopez.pdf. Acesso em 23 set. 2016.
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FERRARA, Lucrécia. Olhar periférico: Informação, Linguagem, Percepção Ambiental -2ª. ed. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1999.
Lá no Bairro (Re)descobrindo espaços comunitários na zona sul: o CDC Jardim Suzana Luana Pedrosa Orientador: Prof. Ms. Ricardo Luis Silva
Figura 1: Espaços de lazer e ócio para a comunidade. Fonte: acervo da autora.
bairro - tendo em vista a condição da cidade e sociedade contemporâneas. Para início dos estudos, delimita-se uma área na Capela do Socorro, distrito da zona sul de São Paulo e utiliza-se, como método, a etnografia e o caminhar para reconhecimento e leitura do espaço. Dessa forma, foi identificado locais potenciais no perímetro escolhido para estudo e a possibilidade de conexão entre esses locais e, como produto, foi desenvolvido um projeto de intervenção em um lugar – o Clube de Comunidade Jardim Suzana – que potencializa sua contribuição para a retomada do espaço urbano como locus da experiência – tanto da experiência individual como coletiva.
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Este ensaio parte de uma provocação: a reconexão com o espaço urbano que se habita - o
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Resumo
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Introdução Como uma forma de apreensão da cidade, me aproprio do processo de etnografia e imersão, comumente utilizado por antropólogos em seus ambientes de estudo. Conforme Magnani (2002), esse método não se reduz a uma técnica, mas é um modo de apreensão e aproximação, feito de formas variáveis de acordo com cada pesquisa. A atenção aos detalhes, neste caso, detalhes da vida urbana, são essenciais para compreender a atmosfera na qual se envolve determinado espaço. Também como uma ferramenta crítica à postura do arquiteto urbanista e ao gradativo distanciamento das pessoas com a rua, a experiência corpórea no espaço urbano e a vivência do cotidiano - os usos e apropriações do espaço pelas pessoas - são os principais elementos que compuseram esta leitura e nortearam o rumo do trabalho. Ao mapear uma área que abrange três bairros (Veleiros, Jardim Suzana e Vila Friburgo) na Capela do Socorro através do caminhar, identifiquei locais onde existe a apropriação das pessoas em determinado espaço, seja uma rua, um lote ou uma praça. Percebi a existência de diversos clubes de comunidade, academias, escolas, escolas de futebol e natação em uma pequena área comparado com outras regiões da cidade, além do fato de que o recorte de estudo está numa das bordas da Represa do Guarapiranga, local que por natureza já possui diversas atividades ligadas à esportes e ao lazer, onde os moradores de cada bairro podem usufruir dessa condição particular. A partir disso, são exploradas três escalas de intervenção de acordo com o caráter apresentado pelo próprio lugar, com o objetivo de potencializar e fortalecer laços da comunidade com o espaço que usam e habitam. As escalas de intervenção foram: 1) a escala macro, que é a escala mais ampla de leitura e reconhecimento do território, busquei interpretar esse trecho de cidade a partir da minha experiência etnográfica e compreender os bairros; 2) a escala meso, onde encontrei no Jardim Suzana um circuito interessante, com equipamentos próximos e uso do espaço público e busco aplicar, através de algumas diretrizes o conceito de Cidade Educadora (ou seja, a valorização da experiência no espaço urbano e como isso pode educar a população); e 3) a escala micro, onde escolho uma diretriz para desenvolver como
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desenho.
Figura 2: “Zoom in” da área estudada em dois mapas: localização e trecho do Jardim Suzana selecionado para intervenção com indicações das diretrizes. Destaque para o local selecionado. Fonte: acervo da autora.
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Proposição O local de intervenção escolhido para desenvolvimento foi o Clube de Comunidade Jardim Suzana, que conta com as necessidades reais do próprio local e naquilo que acredito que pode potencializar o uso do espaço, inspirado nos projetos Espacios de Paz, na Venezuela, e no Tiquatira em Construção, na Zona Leste de São Paulo, que utilizam estruturas e desenhos simples e exequíveis. No CDC Jardim Suzana, encontrei a oportunidade para transformar em desenho o que pude compreender do conceito e dos princípios das cidades educadoras, tirando proveito do que já existe no local, tanto as dinâmicas cotidianas, quanto o uso e as infraestruturas do local. Diferente dos outros clubes de comunidade vistos no perímetro, somente o CDC Jardim Suzana oferece outras atividades além do futebol: skate, ping pong, tai chi chuan, jiu-jitsu e tênis. Na mesma área da pista, há o playground para as crianças, junto com bancos e mesas, configurando uma área de estar semi-pública. O CDC também promove também uma série de festas e eventos que reúnem a população, como festas típicas (festa junina, dia das crianças, halloween, entre outros), churrascos de comemoração e ações sociais. Além do programa oferecido, o clube possui uma condição urbana única: seu terreno é dividido por uma rua. O CDC Jardim Suzana foi fundado em 30 de agosto de 1982, iniciado pela Associação de Amigos do Jardim Suzana. Os Clubes eram, inicialmente, destinados a lazer, cultura e esportes, com gestão comunitária. Atualmente, com a ampliação do conceito de Território CEU, foram inclusas também as atividades sócio-culturais como parte do programa oferecido dos CDCs. Conversando com o atual diretor do CDC, Marcos, já existe uma ideia de expansão e melhoria do espaço físico do clube levando em consideração que, por conta do Território CEU, o CDC pretende abrigar novas atividades. As necessidades são: Ampliação da área administrativa, criação de um novo salão (um segundo pavimento) para abrigar as novas atividades previstas, ex. dança, ampliação, melhoria ou criação de um novo vestiário (por conta da adição de mais um salão), criação de um deck na área da pista de skate para abrigar mais pessoas, criação/delimitação de espaço para academia na praça, criação de uma “caixa de areia” na área da praça para jogos como vôlei e similares. Pensando numa possível reconfiguração do espaço, foram pensadas algumas possibilidades de reorganização do programa com as novas atividades. Além disso, foram pensadas possibilidades de contaminação da rua como desenho de piso conectando os dois lotes do clube e uso dos muros e gradis de divisórias para criar uma relação mais
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Figuras 3 e 4: Croquis de estudo dos possíveis usos para o CDC. Fonte: acervo da autora.
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franca com a rua.
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F iguras 5 e 6: Esquema da situação atual versus proposta; e situação atual versus proposta de desenho
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de piso para conversar com a reorganização programática. Fonte: acervo da autora.
Figura 6: Projeto para a área da praça e pista de skate. Fonte: acervo da autora.
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Figura 7: Projeto para a sede do CDC: ampliação e relação com a rua. Fonte: acervo da autora. O redesenho do CDC Jardim Suzana para intervenção foi pensado por conta de seu potencial contaminador da rua: a sua condição urbana única – da rua que cortou o terreno e o dividiu em duas quadras – faz com que as pessoas usem a rua como um espaço de encontro e de estar. Ou seja, faz com que aquela experiência de rua que perdemos por conta da modernização, crescimento e espraiamento das cidades e as mudanças de comportamento da sociedade seja recuperada, mesmo que somente para este ponto da cidade. Referências CARERI, Francesco. Walkscapes: O caminhar como prática estética. SP: Gustavo Gili, 2013. 188 p.
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CERTEAU, Michel de; GIARD, Luce; MAYOL, Pierre. A invenção do cotidiano: 2. Morar, cozinhar. Petrópolis: Editora Vozes, 2013. 372 p.
Além da visão Arquitetura pensada enquanto fenômeno sensível Maria Carolina de Faro Santos Orientadora: Prof.ª Dra. Myrna de Arruda Nascimento
A arquitetura não é apenas um fenômeno percebido pela visão; é importante que a experiência em espaços projetados (públicos e/ou privados) estimule os outros sentidos também. Este Trabalho de Conclusão de Curso discute o papel da Arquitetura “significativa”, ou seja, uma Arquitetura que oferece sensações das mais diversas, promovendo novas experiências ao usuários, visitantes e moradores, videntes ou não. O foco deste projeto é apresentar a quem “experimenta” uma ambientação que aguce os sentidos não visuais através de estruturas multissensoriais, estimulando a imaginação e promovendo uma compreensão inovadora, além da visão, deste fenômeno artístico.
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Figura 01: foto do parque Trianon. Fonte: acervo do autor.
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Introdução O ritmo de vida do homem contemporâneo, repleto de obrigações e compromissos, não lhe permite maior percepção do lugar onde suas atividades acontecem, porque a dinâmica da velocidade tomou conta de sua vida. Este é um aspecto que muito me interessa e diz respeito à profissão do arquiteto. A arquitetura, tida para muitos como uma forma de produzir “arte”, coloca-nos diante de um quadro diferente: se para alguns, o espaço de convívio não importa, para outros, importa muito, principalmente para aqueles que apresentam algum tipo de dificuldade física, motora ou psicológica. A Arquitetura é entendida normalmente como um produto principalmente visual (reconhecida pela sua fachada), e pouco se comenta se o espaço que ela gera é agradável, adequado, suficiente, sensível à presença dos seres que vão habitá-lo ou frequenta-lo por um tempo. Considerando este raciocínio perguntamo-nos o que leva alguém a se preocupar apenas com a aparência da arquitetura? Como explicar o que sentimos ao vivenciarmos uma obra arquitetônica do ano de 80 d.C., como o Coliseu, por exemplo? Como explicar as sensações que sentimos diante de uma arquitetura atemporal, que ao nosso ver dá sentido ao caráter sensível dos espaços construídos pelo homem? Há algum tempo inquietei-me com este pensamento e perguntei-me sobre a minha própria formação como arquiteta; sobre a forma como penso a produção de espaços possíveis de serem experimentados a partir da sensibilidade do usuário. Neste trabalho busquei questionar o paradigma de que a arquitetura é um fenômeno apenas visual. Para atingir este objetivo me aproprio de experiências “cegas”, ou seja: experiências que despertam os outros sentidos para percepção do espaço. Assim, o trabalho abordou conceitos e reflexões a partir do pensamento do arquiteto e professor finlandês Juhani Pallasma, com a intenção de discutir como o tato é um sentido que colabora com a visão em operações perceptivas desencadeadas em vivencias em espaços arquitetônicos; o invisível na arquitetura, uma vez que os teóricos da fenomenologia e das ciências humanas, em geral, destacam o caráter investigativo e inspirador próprio da ação de olhar “é preciso olhar corretamente o que se quer ver” 1; vivências da autora que estimularam a escolha do tema deste trabalho, e incluímos referências que exploram a relação entre arquitetura X sensações X visão; identificação do lugar na cidade de São Paulo adequado para o desenvolvimento de uma intervenção arquitetônica, destinada a qualificá-lo como um parque inclusivo, para qualquer tipo de usuário; projeto a partir das intervenções propostas, ilustrados através de desenhos em 3D; referências, principalmente em mobiliários, utilizados no parque especificando o lugar que estão implantados. Proposição Os parques são, em geral, um local reservado das metrópoles que oferecem outras experiências de espacialidade. Arborizados e silenciosos, propiciam tranquilidade temporária aos usuários. Pensando nisso, escolhemos uma área em São Paulo de ampla circulação ou passagem, que pudesse ser trabalhada como estudo de caso neste trabalho, em virtude de suas peculiaridades: inserido em situação acessível na cidade; contextualizado historicamente; oferecendo vegetação abundante; e amplo o suficiente para abrigar usos diversos possíveis de serem explorados para o convívio dos portadores de deficiência visual e a população em geral. Assim, o parque Tenente Siqueira Campos, ou parque Trianon, como é mais conhecido, é uma “válvula de escape”, no meio da grande cidade de São Paulo, mais especificamente no coração dela – a Avenida Paulista, limitado pelas ruas Peixoto Gomide, Alameda Jaú e Alameda Casa Branca –. Considerando a pouca a oferta de parques paulistanos que são de fácil acesso para todos, que não seja um espaço despercebido – há pessoas que simplesmente passam por ali, mas, muitas, nunca o frequentaram–, decidi intervir neste para atrair mais visitantes e fazer com que seja um local de experiências sensoriais vividas por todas as pessoas, da mesma forma e intensidade. Este trabalho de conclusão de curso tem por objetivo fazer da arquitetura uma condição que se experimente, uma emoção, sentimento ou sensação independente do seu estado visual, ou seja, a experiência precisa ser a mesma sendo você vidente ou não. Por esse motivo o trabalho desencadeou
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algumas questões de acessibilidade para deficientes visuais, inserindo no parque instrumentos que facilitam o passeio e a informação do usuário em geral, como o piso podo tátil (ABNT NBR 16537 de 27 de junho de 2016), porém, o tema deste trabalho não trata da acessibilidade propriamente dita, e sim de estímulos à sensibilidade das pessoas em experiências no espaço arquitetônico. Já que o parque tenente Siqueira Campos é um bem tombado desde 21 e maio de 1982, as intervenções propostas apresentam melhorias e pequenas mudanças, que não alteram o patrimônio existente. Caso o projeto fosse desenvolvido de fato, a aprovação da CONPRESP seria necessária. A seguir introduzo o projeto Trianon para todos elaborado a partir das oito intervenções propostas, nomeadas com verbos no tempo imperativo, porém usados no sentido do “convite”, identificando nominalmente os usos e oportunidades oferecidas em cada uma das novas experiências projetadas. Saboreie! Como o parque está na Avenida Paulista, onde passa muita gente, o intuito desta área de alimentação é atrair transeuntes para refeições, pois a cada dia haverá um “foodtrucks” diferente estacionado neste local, oferecendo comidas diferentes, e o café tradicional do parque (fig. 2). Eventualmente transformando tais transeuntes em frequentadores do parque. Descanse! Esta intervenção buscou auxiliar quem quer uma pausa na vida cotidiana, um local de descanso ou um passeio entre as árvores. Escolheu-se este canteiro do parque, pois há uma diferença de cota de nível que o acaba isolando do todo. Neste local é possível acessar histórias com tecnologia sound3D através de seu celular, por um aplicativo desenvolvido especialmente para o parque (fig.3). (exemplo deste recurso, amplamente divulgado no Binaulab Áudio 3D, disponível em https://www.youtube.com/channel/UCg9X0uS63L4_z1M2ggMgOeg) Higienize-se! O banheiro existente é pouco acessível. Por isso o layout foi alterado, com o acréscimo de banheiros exclusivos para portadores de necessidades especiais (para os não videntes o banheiro está sinalizado com piso podo tátil) (fig.4).
Toque! Nesta intervenção foram instalados canteiros de altura acessíveis a todos, com plantas, frutas e vegetais de cheiros, texturas e formas diferentes, como manjericão, alecrim, babosa, pimenta, hortelã, couve, cebolinha, cenoura, rabanete e tomate. A identificação de cada uma das espécies é feita através do braile na placa de identificação (fig.7) Exercite-se! Este espaço hoje é dedicado a prática de exercícios, com equipamentos iguais aos que vemos em praças. Pensando nisso propõem-se que a prática corporal se mantenha, porém, inserindo camas elásticas no chão, diminuindo os riscos de queda, e facilitando o acesso, orientado pelo piso (fig.8).
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Ouça! No parque havia um viveiro de aves, e em visitas foi possível perceber a presença de várias delas no local. Decidiu-se recriar o espaço, observando apenas que a delimitação da área especifica para as aves será feita com uma tela com vãos mais espaçados, deixando assim o animal livre para entrar e sair deste viveiro (fig.6).
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Conheça! Como no parque já havia algumas esculturas, decidiu-se torná-las acessíveis através de um totem com texto em braille, explicando o que esta significa e reproduzindo-a em miniatura com o mesmo material, para ser tocada pelo usuário vidente ou não (fig.5).
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Brinque! O tipo de playground proposto é acessível, sem muitas decidas ou subidas, de piso emborrachado, constituindo-se apenas em uma plataforma elevada que pode ser acessada por rampas, distribuídas a partir de uma piscina de bolinhas central. À sua volta há elementos que tocam os corpos daqueles que atravessam o local, como cortinas de miçangas, tecidos, fitas plásticas e tubos de espuma. (Fig.9).
Figura 02: Saboreie! Fonte: Skekcthup+V-ray.
Figura 03: Descanse! Fonte: Skekcthup+V-ray.
Figura 04: Higienize-se! Fonte: Skekcthup+V-ray.
Figura 05: Conheça! Fonte: Skekcthup+V-ray.
Figura 06: Ouça! Fonte: Skekcthup+V-ray.
Figura 07: Toque! Fonte: Skekcthup+V-ray.
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Figura 08: Exercite-se! Fonte: Skekcthup+V-ray.
Figura 09: Brinque ! Fonte: Skekcthup+V-ray.
Referências
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BORTONE, Cristiano. Vermelho como Céu, IT. Orisa Produzioni, 2006. 95 min. CARVALHO, Arthur F. Síndrome de Capgras http://www.tuasaude.com/síndrome-de-capgras/ acessado em 14 de abril de 2016 CONDE, Antonio J.M. - Definindo a Cegueira e a Visão Subnormal http://www.ibc.gov.br/?itemid=94 acessado em 15 de maio de 2016 JARDIM, João e CARVALHO, Walter. Janela da alma, BR. Ravina Filmes, 2001. 73 min. JOÃO capítulo 20 versículo 25 in A Bíblia Sagrada – versão completa online 2009 2016 bibliaon.com MEIRELLES, Fernando. Ensaio sobre a cegueira, BR, CA E JP. Miramax Filmes e Focus Features, 2008. 124 min. MONTANER, Josep Maria, A modernidade superada: arquitetura arte e pensamento do século XX. Barcelona: Gustavo Gili, 2001. PALLASMAA, Juhani. Os olhos da pele: A arquitetura e os sentidos. Porto Alegre: Bookman, 2011. PINACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Programa Educativo para Públicos Especiais. São Paulo, SP, 2016 4p. PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO. Parque Trianon: Parque Tenente Siqueira Campos. São Paulo, SP, 6p. ROUANET, Sérgio Paulo “O olhar iluminista” in NOVAES, Adauto (org.). O olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. STEINER, Rudolf. Os doze sentidos e os sete processos vitais. Suíça: Christa Glass, 1916.
Daqui de Cima Dossel Marilia Brancatte Orientadora: Professora Dra. Myrna de Arruda Nascimento
Figura 1: Fotomontagem do projeto de Rooftop Bar e Restaurante Dossel, no terraço do MAC.
Resumo Este Artigo propõe chamar a atenção dos habitantes da cidade de São Paulo para
com a construção do prédio. O projeto aqui desenvolvido oferece aos paulistanos um novo modo de vivenciar um terraço de forma contemporânea. Assim, apresentamos, como produto final, um projeto de rooftop bar e restaurante – denominado Dossel – para requalificação do terraço do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP). O projeto convida o visitante do museu a usufruir de uma área de estar voltada para o uso coletivo e de eventos, não alheia à vida urbana, distanciando-se das ruas e avenidas próximas, isolando-se do ritmo e do frenesi da metrópole e entrando em contato com um “teto de céu”. Como válvula de escape dessa cidade de pedra, o Dossel coroa o museu, conectando os passantes com o cenário generoso do Parque Ibirapuera, visto dali.
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terraço é uma maneira de devolver à sociedade o espaço aberto que fora ocupado no terreno
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diferentes usos dos espaços coletivos localizados em topos de edifícios. A apropriação do
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Introdução A partir do desejo de estar mais próximo ao céu. O homem sempre explorou a arquitetura como suporte para vencer alturas, tocar as nuvens, e assim, projetou edifícios para “arranhar os céus”. Projetos que alcançam alturas jamais imaginadas. De cima dos edifícios o individuo consegue fugir do caos da cidade abaixo; alcançar um tipo de distanciamento não alheio à vida urbana. A cobertura da arquitetura, quando utilizada, atua ainda como válvula de escape do caos e frenesi metropolitanos; transforma-se no lugar mais invejado da cidade. O desejo de evasão encontra a calmaria sob o céu. Seria talvez porque a proximidade com o divino acima acalma os anseios humanos? Ao ar livre, em um espaço interno, a cobertura aparece como possibilidade de devolver ao habitante o térreo que o edifício ocupou. A carência de áreas verdes no térreo pode ser compensada com a oferta de uma área possível de se plantar no extremo acima. Através de estudos de casos e vivências realizados no primeiro semestre de 2016, este artigo mostra uma possibilidade de uso, ambientação que qualifica este espaço e o potencial que a área tem a oferecer. De seus potenciais fenomenológicos, aqueles capazes de influenciar nossos sentidos, até a qualificação física do espaço. Terraços-jardins são propostos como um princípio fundamental da arquitetura moderna pelo arquiteto Le Corbusier (1887-1965) “o tipo destes jardins no ar parece-me a fórmula moderna e prática de usufruirmos do ar e estar ao alcance imediato do centro da vida.” (CORBUSIER, 2004. p.105)
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Este artigo utiliza análises sensoriais de espaços visitados pela autora, em distintas arquiteturas. A partir do desejo do homem de estar mais próximo ao céu; a possibilidade de explorar a cobertura para plantar, quando a partir do século XX a cidade em crescimento está diante de uma escassez de terrenos, e surge uma nova oportunidade financeira promovida pela multiplicação de andares. As principais sensações que o indivíduo experimenta quando na cobertura, e de que forma este espaço pode ser um instrumento de troca entre a cidade, o indivíduo na posição de pedestre, e a própria ambientação do terraço. Por fim, este artigo apresenta uma proposta de projeto de “Rooftop Bar” e
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restaurante nomeado Dossel, para o terraço do Museu de arte contemporânea – MAC Ibirapuera, com o intuito de convidar, acolher, e oferecer um novo uso ao espaço coletivo preexistente até então negligenciado, bem como enfatizar características específicas neste tipo de espaço.
Proposição A utopia de alcançar o limite do céu sempre foi um desejo latente do homem. Chegar até o ponto 2
mais alto, uma das fantasias humanas desde que Ícaro sonhou em voar. Para a arquitetura “nas
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Os Cinco Pontos da Nova Arquitetura são: planta livre; fachada livre; pilotis; terraço jardim (transformando as coberturas em terraços habitáveis, em contraposição aos telhados inclinados das construções tradicionais) e janelas em fita. Publicados em 1926 na revista francesa L’Espirit Nouveau. 2 Ícaro filho de Dédalo da mitologia grega “Após, observar o vôo de uma águia, Dédado percebeu que o único modo de sair de Creta seria pelos ares, voando. Ele e seu filho, então, construíram asas para poderem se lançar ao céu.” (GUASCO, 2006)
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alturas”, se há uma metáfora que podemos encontrar para esta procura, a mitologia grega sugere uma comparação: podemos dizer que o arranha-céu está para o arquiteto assim como as asas de cera estão para Ícaro. No início século XX, Manhattan é o berço e o laboratório de uma nova arquitetura que antecede às necessidades de cidades super-populosas futuras. Os arranha-céus, além de serem desejados, são a evidência de uma necessidade de multiplicação de espaço para atender ao contingente populacional manifesto. Atualmente, sabe-se que, multiplicam-se os andares, mas não o terreno. Porém, se há alguma possibilidade de devolutiva deste terreno que a edificação ocupa, pode-se dizer que ela encontra-se na cobertura dos prédios. Através de vivências em coberturas de prédios na cidade de São Paulo, bem como outras cidades do mundo, foram observados diferentes usos possíveis nestes espaços, como observatórios, terraços de museus que estendiam sua função a cobertura, terraços-jardins e projetos de restaurantes e bares. Através desta análise, a primeira escolha foi a de ambientar esta área de cobertura com um projeto de restaurante e rooftop bar. Já que esta é a melhor maneira de convidar a permanência do uso coletivo, não somente como um lugar de passagem, e então, relacionar as características deste espaço com as possibilidades que esta localização privilegiada oferece. As principais qualidades de espaços em coberturas de prédios serão ressaltadas com o projeto apresentado a seguir. Nomeado como Dossel, o lugar escolhido para ambientar o projeto do restaurante é o terraço do Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP /Ibirapuera). O projeto do museu, inaugurado no ano de 2012, previa o uso do terraço, como restaurante, o que até os dias de hoje ainda não
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Figuras 3 e 4: MAC Ibirapuera atualmente e com o Projeto Dossel - Fonte: Acervo da autora
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aconteceu. Atualmente esta estrutura está inacabada, onde não há nenhuma ambientação.
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A paisagem local é única, neste projeto. No projeto do Dossel, há um convite a permanência, vislumbrar a paisagem, através de assentos que o direcionam a vista. A cidade vista do ponto mais alto é uma dádiva, absorvida e aparentemente compreendida. Dentro de um espaço que pode oferecer possibilidades inigualáveis comparadas a quaisquer outros pavimentos. Mais perto do céu, organiza-se o caos abaixo, uma válvula de escape necessária para a vida urbana. Quando se dispõe ao uso, a cobertura de um prédio é exterior e interior ao mesmo tempo, é a conexão do indivíduo com a cidade dentro de um espaço interno. Esta troca entre exterior e interior, aparece neste projeto através de mobiliários que atravessam a área interna. A cidade em junção com o prédio. Eu de dentro, como parte da fachada para aquele observador de fora, sobre o privilégio de estar ao ar livre, distante do caos e não alheio a vida urbana que se passa sobre mim. Balanços então, nos trazem a sensação lúdica da infância de voar, “estar ainda mais perto do céu” e espelhos refletem a paisagem trazendo de alguma maneira para dentro do projeto, também.
Figuras 5 e 6: Dossel, mesas que atravessam a área interna; balanços e espelhos que refletem a paisagem. Fonte: Imagens autorais.
Novas aberturas trazem maior permeabilidade ao terraço, propiciando melhor circulação entre a área do bar e a área externa e um espelho d’água reflete o céu, trazendo para “perto”, além de outros
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mobiliários projetados para o espaço, com ênfase em um espaço coletivo.
Figuras 7 e 8: Dossel,novas aberturas com portas pivotantes, espelho d’água que reflete o céu e árvore. Fonte: Imagens autorais.
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Figuras 9 e 10: Dossel,mobiliários projetados: Palco modular e mesa com referência aos pilotis do térreo. Fonte: Imagens autorais.
Palco Modular.
Restaurante Área do bar
Balanços
Espelho d’água.
Figura 13: Planta Dossel Fonte: Imagens autorais.
Cozinha Industrial
O topo de um edifício quando usado é um espaço de qualidade sensorial diferenciado. O levantamento realizado em edifícios da cidade de São Paulo nos mostrou que, embora existam algumas oportunidades de ocupação das coberturas, estas não acontecem frequentemente como em outras cidades visitadas. Ainda percebemos que estes são espaços negligenciados da cidade, e estão disponíveis à intervenção. O projeto do Rooftop Bar e Restaurante confere ao museu de Arte Contemporânea – MAC –SP já existente mais vida; oferece uma nova opção de restaurante com ambientação descontraída e
Referências ARGAN, G. C. Arte Moderna. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. CERTAU, M. A invenção do cotidiano. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. GUASCO, L. O voo de Ícaro, São Paulo: Scipione. 2006. KOOLHAAS, R. Nova York Delirante. São Paulo: Cosac Naify, 2008. LE CORBUSIER, Precisões. Sobre um estado presente da arquitetura e do urbanismo. 6.ed. São Paulo: Cosac & Naify, 2004.
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experiências únicas que a cidade de São Paulo oferece.
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elegante. Um novo uso de espaço coletivo, que pode e deve ser desfrutado e vivenciado, somando-se as
Experimentos Projetuais para a Compreensão Arquitetônica O uso de modelos físicos no processo projetual Marvin Sampaio
Resumo Este trabalho de conclusão de curso pretende abordar a influência de modelos físicos no processo didático do aluno de Arquitetura e Urbanismo por meio de experimentos práticos com a realização de maquetes em projetos elaborados por ele e sua documentação textual e fotográfica a fim de auxililiar na metodologia em seu aprendizado.
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Figura 01: Volumetrias usadas no trabalho. Fonte: acervo do autor.
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Orientador: Prof. Me. Ricardo Luís Silva
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Introdução Durante o percurso do aluno de arquitetura pelos seus cinco anos de faculdade, não demora muito para ele perceber o quanto os processos de seus trabalhos são tão importantes quanto o resultado. Desde trabalhos relacionados ao mobiliário (escala do homem) quanto ligados à disciplina de Urbanismo (escala da cidade), a maneira que ele começa a fazê-los diz muito sobre como será o resultado final. Isso se dá em conta com o conteúdo do próprio curso de Arquitetura e Urbanismo. Um curso que abrange disciplinas desde técnicas quanto práticas até a questões sociais e filosóficas, dificilmente o aluno conseguirá realizar um bom trabalho se não conseguir domar todas essas questões ao mesmo tempo no curto período que possui para realizá-las. Com este cenário, o aluno que está prestes a se formar, começa a se dar conta do que o mercado exige de um profissional de Arquitetura. Referindo-se ao projeto de construção civil (residências, edifícios, etc.), a faculdade prepara o aluno para este cenário quando disciplinas ligada à projetos ocupam a maior parte da grade curricular do curso. Por ser a disciplina com maior importância e por possuir uma escala de trabalho “intermediária” (se compararmos com mobiliário e urbanismo), decidi abordar a escala dos experimentos com projetos de uma residência unifamiliar para uma família composta por um casal e dois filhos. Especificamente na disciplina de projeto, algo que ficou claro nas minhas experiências foi o quanto as maquetes são uma etapa quase que conclusiva de um projeto já bem definido em apenas desenhos (croquis, cortes, elevação, perspectiva, etc.). A ideia de fazer experimentos em maquetes surgiu após minha inquietação sobre este tipo de processo muito pouco abordado no ambiente acadêmico. Irei abordar mais a frente cada etapa feita neste trabalho demonstrando-as tanto textualmente em registros fotográficos.
Figura 02 : Maquete do projeto elaborado.Acervo do autor
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Proposição Foi escolhido um terreno no bairro do Grajaú próximo ao Terminal de Ônibus/Estação de Trem. Um lote abandonado já fazem muitos anos e que possui uma topografia acidentada que permite uma trabalhabilidade do terreno. Este terreno está intacto fazem muitos anos (aproximadamente à 14 anos segundo moradores das redondezas). Imaginei-o como um vazio urbano com grande potencialidades pela sua dimensão e proximidade ao Terminal, equipamento urbano esse que trouxe mudanças positivas para a região.
Figura 03: Vista Aérea. Fonte: Google Maps.
Figura 04: Vista Frontal. Fonte: Google Street.
Como etapa inicial do projeto, foi primeiro feito uma análise do terreno com relação a topografia e construções do entorno. A topografia foi levantada com o auxílio do arquivo em CAD disponível no Mapa Digital da Cidade (MDC). As construções foram levantadas com o uso do Google Maps e Google Street. A base foi cortada com a máquina de corte a laser disponível no Centro Universitário Senac e os prédios do entorno foram feitos a mão.
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Figura 05: Maquete do entorno. As curvas de nível foram usadas papel paraná pela sua espessura que dê 1m na escala (1:200, no caso) e as construções em papel craft por serem fáceis em montar as formas desejadas. Fonte: acervo do autor.
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Figura 06: Maquete do entorno com as volumetrias inseridas para visualizar melhor sua inserção no contexto. Apesar de serem materiais diferentes (craft e o papel paraná), eles se assemelham na cor castanho - sendo diferenciadas apenas por claro (terreno) e escuro (entorno). Para criar o contraste com a volumetria inserida no terreno do projeto, foi escolhido o papel cartão na cor cinza. Fonte: acervo do autor. Nesta etapa do trabalho, achou-se necessário trabalhar em uma escala maior (1:100) para estudar a topografia. Foi pensado em uma maneira de criar um método em que possamos fazer um plano de massas para o projeto da casa. Com isto, foi pensando em dividir a casa em três ambientes básicos e suas devidas cores para diferenciá-las quando inseri-las no terreno (área social em verde, íntima em azul e de serviço em marrom). Com a inclusão das áreas na topografia, foi visto que em alguns casos, seria necessário cortar o terreno em algumas partes do projeto e colocar aterro em outras. As potencialidades entre cada projeto também será feita e mostrada na maquete: como dito anteriormente, alguns vazios que são gerados pela forma não paralelepipedal dos volumes poderão visto como potencialidades.
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Com ao terreno e entorno prontos, foi tomada a decisão de começar a pensar em volumetrias para a casa. Foi-se observado no terreno uma horizontalidade maior em uma cota nos fundos do terreno; como a casa será térrea, é mais interessante ela se localizar em um ponto alto da topografia por conta da sombra projetada pelas residências ao redor.Os volumes criam essas escalonadas na construção para poder ser possível criar áreas que consigam mesclar o interno/externo e assim conseguir criar pátios internos, garagem juntas à construção, etc. Uma qualidade quase que inexistente nas construções ao redor
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com 1cm de espessura (1m na escala 1:100) Fonte: acervo do autor.
Figura 07: Maquete da topografia feita de EVA
Na etapa anterior, foi notado que as duas volumetrias (A e C) foram as que ficaram melhores inseridas no contexto do loca. Com isto, foi pensando em aumentar novamente a escala (1:50) para trabalhar questões relacionadas à setorização.Na proposta C1, foi pensada em uma suíte, dois quartos com metragens quadrada iguais com que a sala + cozinha fossem a centralidade da casa, sendo que o lado esquerdo fosse os quartos e o volume direito, as áreas molhadas (cozinha e serviço).
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C2 Figura 08: Maquete de setorização. Fonte:
acervo do autor. Após todo este processo, conseguimos chegar em um ponto de afinamento do estudo preliminar em que é possível elaborarmos uma maquete final de apresentação que consegue demonstrar todos os estudos realizado até o momento. Por fim, com todos estes elementos em mãos, foi feito um desenho técnico (plantas e cortes) do projeto para a visualização tradicional de projetos em arquitetura e uma proposta de layout para ocupação da residência.
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Figura 09: Maquete Final feito com madeira balsa e topografia em isopor. Fonte: acervo do autor. Proposição No caminhar deste percurso, ficou nítido como o processo em fazer as maquetes, apesar de ser um trabalho que envolve muito um esforço físico além do intelectual, consegue dar uma amplitude no processo projetual de um trabalho com foco no aprendizado do aluno de arquitetura e urbanismo. A liberdade em experimentar os materiais e assim, aos poucos, materializando a imaginação em um aspecto tridimensional coloca em questão o quanto há liberdade em pegar um pedaço de papel e, ao invés de desenhar, montá-los em formas que dão a cara do projeto que se pretende. Obviamente não querendo colocar o desenho à mão como descartável no processo; ele ainda é tão necessário quato o fazer da maquete. Mas a proposta deste trabalho foi querer mostrar também o quanto é possível se dedicar à modelos físicos ao ponto de conseguir criar uma arquitetura à partir dela. Como dito na introdução, o aluno de arquitetura é exposto à diversas áreas do conhecimento a todo momento e conseguir domá-las é o que irá lhe fazer um ótimo profissional no futuro. Este trabalho quis se dedicar às maquetes para poder mostrar aos seus leitores que, se necessário, ter a proatividade quando for projetar em pensar mais em modelos tridimensionais em momentos iniciais do projeto. Vale salientar também que este trabalho possui uma conclusão na etapa do estudo preliminar. O que reflete a falta de estudos em etapas mais adiantes de um projeto comum (estudo preliminar, detalhes construtivos, etc.). Apesar disto, foi mostrado como o trabalho em escolher as escalas e materiais a serem trabalhados com determinada tipologia pode ser moldada de acordo com a necessidade de quem o projeta. Referências ANDO, Tadao. Tadao Ando Arquiteto. São Paulo: Cosac Naify, 2010.
DIFFERENT kinds of silence. Direção: Marc-Christoph Wagner. Produção: Louisiana Channel. Documentário, 61’47’’. FRIEDMAN, Mildead. Gehry Talks: Architecture + Process, Frank O. Gehry, Nova Iorque: Universe, 1999. FROM emptiness to infinity. Direção: Mathias Frick. Produção: Asia Premiere. Documentário, 51’19’’. GONZALEZ, Lorenzo. Maquetes: a representação do espaço no projeto arquitetônico. Barcelona: Gustavo Gilli, 2001. MILLS, Criss B. Projetando com maquetes. São Paulo: Artmed, 2007. projeto arquitetônico. Barcelona: Gustavo Gilli, 2001. . ROCHA, Paulo Mendes da. Maquete de papel. São Paulo: Cosac Naify, 2007 SKETCHES OF Frank Gehry. Direção: Sydney Pollack. Produção: Sydney Pollack. Documentário, 93’39’’. ZAERA-POLO, Alejandro. Arquitetura em diálogo. São Paulo: Cosac Naify, 2015. ZUMTHOR, Peter. Pensar a arquitectura. São Paulo: Gustavo Gili, 2009.
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COHEN, Jean-Louis. O futuro da arquitetura desde 1889. Uma história mundial, São Paulo, Cosac Naify, 2013.
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COHEN, FARIAS PANET BARROS, Amélia de; ANDRADE, Patrícia Alonso de. Uso da analogia com alunos iniciantes de projeto arquitetônico. Registro e análise de uma experiência facilitadora do processo de concepção. Arquitextos, São Paulo, ano 16, n. 183.07, Vitruvius, ago. 2015 <http://www. vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/16.183/5660>.
Experimentos Etnográficos para Requalificação Urbana na Vila Olímpia Rafael Miléo Scarpa Orientador: Prof. Me. Ricardo Luís Silva.
A rua como conhecida atualmente, composta por suas calçadas, árvores, postes de luz entre outros elementos, tem como função favorecer um caminhar despreocupado, proporcionar encontros e acontecimentos e promover um melhor convívio entre pedestres e automóveis, que raramente ocorrem desta maneira. Através de estudos que enfatizam estreitar a relação entre o espaço da cidade, seus elementos urbanos e pessoas, a experiência de estar nestes espaços se torna mais prazerosa e convidativa para o caminhar e o estar. Este ensaio consiste em estudar um trecho da Rua Gomes de Carvalho, na Vila Olímpia, a qual possui inúmeros impasses que carecem de uma atenção maior.
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Resumo
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Figura 01: Perspectiva do Projeto. Fonte: Desenho do autor.
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Introdução Observando o local em que transito diariamente, atentei a um espaço que apresentava brechas e possibilidades de futuras intervenções e viáveis estudos aprofundados. Localizado na Zona Sul de São Paulo, o bairro da Vila Olímpia encontra-se na posição de ser um dos grandes centros financeiros da cidade, comportando grandes empresas nacionais e internacionais de diversos ramos de atividade. O fluxo de pessoas no bairro é numeroso em horários e dias comerciais, e aos finais de semana se divide em fluxos dos moradores do bairro e no público em busca do lazer. Em razão desta área abranger um grande polo comercial e dividir espaço com uma área residencial, os meios de transporte para se chegar ao bairro são vastos, tendo acesso pelas vias locais, por cinco grandes avenidas, possuir pontos de ônibus e ciclovias, além da estação Vila Olímpia de trem. O lugar de estudo desta pesquisa foi o final da Rua Gomes de Carvalho até o seu encontro com a Rua Funchal, fazendo parte também a Rua Beira Rio, localizada próxima a rua de estudo. O trecho estudado, se divide entre dois principais usos, um fluxo constante de pedestres e um pequeno comércio ambulante de rua. O objetivo deste ensaio derivado de uma pesquisa, foi estudar um trecho do bairro da Vila Olímpia através de experimentos etnográficos. Compreende-lo através dos levantamentos, coleta de referências e ter percebido quais as reais necessidades deste espaço, foram fundamentais para elaboração final de uma proposta cabível para o espaço, onde todos os fluxos e usos pudessem atuar mutuamente e o bem-estar individual e coletivo fosse prioridade, para que o espaço gerado se torna convidativo para as pessoas. Proposição A base de uma pesquisa etnográfica é o trabalho de campo. Este tipo de pesquisa baseia-se em observação e levantamento de hipóteses, onde o investigador procura descrever, através de sua interpretação, o que está acontecendo no contexto pesquisado, levando em consideração quaisquer que sejam as informações que possam constituir um horizonte de possibilidades daquilo que se observa.
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Diante dos problemas encontrados, assumi um papel ativo nas atividades locais por um período de tempo, que me colocaram em contato direto com a rotina diária deste espaço. O investigador, de uma forma geral, recorre tanto ao método qualitativo como ao quantitativo para desenvolver o seu trabalho, contestando os fatos existentes. Através de um trabalho de campo que consistiu em mapeamentos diversos, registos fotográficos, entrevistas, maquetes em diferentes escalas, croquis e estudos de referências, entendi como requalificar esta área, priorizar os pedestres levando em consideração seus fluxos e problemas, sendo essencial para a pesquisa. Todos os elementos e problemas do local como a falta de lixeiras, de lugares para se sentar e a má organização de usos foram dados coletados nos dias de levantamento. São comuns atualmente, situações de pedestres dividindo o espaço da rua juntamente com os carros e bicicletas em diferentes sentidos, por conta da obstrução das calçadas ocasionada pelos comerciantes. Alguns pedestres e carros passando por cima dos lixos gerados pelos comerciantes ocasionando mau cheiro e sujeira, entre outros acontecimentos que dependem de um planejamento adequado. O local não possui muitos elementos que colaborem para o funcionamento do espaço. As calçadas são estreitas. Nos horários de pico o local se torna movimentado e barulhento, e fora deste, ficam apenas os sons dos carros da Rua Funchal e das pessoas conversando.
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Junto ao processo de compreender o local, pesquisei referências de projeto onde os impasses eram similares aos encontrados na minha área de estudo, livros e guias onde o espaço público era discutido, escritórios com projetos voltados para o urbano, os pedestres e até mesmo artistas plásticos que usam o espaço urbano como tela para suas obras. A proposta que escolhi para aprofundar os desenhos e estudos, transformaram o terreno da garagem de 3.800m² entre as esquinas da Rua Funchal com a Rua Gomes de Carvalho em uma grande praça que serviu como base de transição para o fluxo atual intenso de pedestres. Tendo como ponto de partida a Estação Vila Olímpia, iniciou-se a retirada da grade entre a saída da estação com a rua ao lado, o que tornou mais ampla a entrada para o prédio comercial e o espaço de fluxo dos pedestres. Com esta área, um projeto de paisagismo, um centro comercial, áreas de estar e descanso foram projetadas e incrementadas dando ao lugar um ar requalificado, e um espaço mais urbanizado. Espaços conectados que funcionam bem durante as horas de pico da semana bem como nas manhãs tranquilas de domingo. Para o antigo estacionamento, foram delimitadas 3 funções: Distribuir o fluxo de pedestres, setorizar um polo comercial para os ambulantes locais e criar um novo acesso dos automóveis ao prédio comercial ao lado da estação. A instalação de lixeiras para um descarte adequado dos resíduos, um tratamento nas calçadas de ambos os lados e uma boa iluminação, são também principais diretrizes e partes essenciais para que esta proposta seja inclusa na rotina do local e supra suas necessidades atuais.
O piso se repete por toda malha do terreno, sua cor é uma variação de 3 tons diferentes de cinza que contrastam com a madeira da área comercial e o verde presente em toda vegetação e são de fácil aplicação. A dimensão de cada peça do piso é de 1m por 2m e seu material é o concreto.
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Figura 02: Implantação do Projeto. Fonte: Desenho do autor.
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Distribuído pelo projeto, existem diversos pontos de se estar e ficar, com sombra proporcionada pelas árvores, vistas para toda a extensão do projeto, interação com outras pessoas, ou se preferir, um canto individual.
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Lixeiras e objetos de iluminação de vários modelos, materiais e fornecedores foram pesquisados. Os modelos escolhidos para serem utilizados no projeto são de materiais e dimensões que mantém uma relação com o desenho proposto. A iluminação acontece pelo uso de postes de luz altos espalhados por todo o espaço, balizadores baixos em áreas com mais vegetação e baixo fluxo de pedestres e na rua de trás, luzes altas para que o caminhar à noite seja feito sem preocupação. A permanência dos ambulantes na rua não é exatamente um problema, sim o espaço que ocupam. Por isso foi pensado em um modo de ocupação coerente em relação as dimensões da rua. Foi pensado em uma maneira de desloca-los da área de passagem dos pedestres para inseri-los em um espaço mais amplo e adequado para seu trabalho, com área de estoque, saída e entrada de mercadorias e espaço interno aconchegante para receber os usuários. Com o projeto, nenhum ambulante será retirado do local, terão sua área garantida dentro do novo espaço, podendo assim, trabalhar agrupados por linhas de produtos diferentes. Para o espaço criado, foi projetado um teto verde com área verde, plantas e bancos instalados na cobertura do complexo de lojas para que assim, mais um espaço de estar, sentar, relaxar e apreciar a vista fosse incluído no projeto. O comércio instalado dentro do projeto proporciona um fluxo dos pedestres entre a estação e o bairro, separa pessoas dos automóveis e permite um convívio melhor entre todos os usuários do local. O fato de encontrar a destinação final de forma direta quando caminhamos, sem grandes desvios e hesitações, com o uso de novos elementos, iluminação adequada e sinalização, é sinal de qualidade urbana.
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A cidade cada vez mais está criando condomínios e espaços privativos, fechados com grandes muros, onde se dividem do resto da cidade. Projetar um novo espaço no meio urbano, como foco para as pessoas é ter a segurança dos pedestres como fator determinante. Uma cidade viva se torna uma cidade mais valorizada, pessoas de diferentes grupos socioeconômicos circulando pelo mesmo espaço em seus afazeres do cotidiano. A consequência destes fatores é a qualidade para as pessoas e segurança para os pedestres devem ser preocupações básicas.
Figura 03: Corte de um trecho do projeto. Fonte: do autor.
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Referências GEHL, Jan. Cidade para pessoas. Editora Perspectiva, Edição 02, 2014. PEREC, Georges. Tentativa de esgotamento de um local parisiense. Original Tentative d’epuisement d’un lieu parisien, 1975. ROSA, L. Marcos. Micro Planejamento: Práticas Urbanas Criativas. Editora De Cultura, 2011. RUSSO, Juliana. São Paulo Infinita. Editora Gustavo Gili, 2015. SARLO, Beatriz. A cidade vista: mercadorias e cultura urbana. Editora Martins Fontes, São Paulo, 2014. Sites e Links A batata precisa de você. Ocupe Largo da Batata. Disponível em: <http://largodabatata.com.br/publicacao/>. Acesso em: 22 de Agosto de 2016. Archiproducts (luminárias e lixeiras). Disponível em: < http://www.archiproducts.com >. Acesso em 21 de outubro de 2016. BARATTO, Romulo. Resultado do concurso de requalificação urbana e segurança viária em São Miguel Paulista. Archdaily, São Paulo, 19 de Fevereiro de 2016. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/782314/resultado-do-concurso-derequalificacao-urbana-e-segurancaviaria-em-sao-miguel-paulista/>. Acessado em 27 de Abril de 2016. CONEXÃO CULTURAL. Guia do Espaço Público. Disponível em:< http://www.conexaocultural.org/ >. Acesso em: 26 de Agosto de 2016. MOVIMENTO 90º. Disponível em: < http://movimento90.com/home >. Acesso em 15 de Outubro de 2016.
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Respeito ao pedestre: Modelo de Brasília e as vantagens de andar. Disponível em: <http://www.educacao.cc/transito/respeitoao-pedestre-modelo-de-brasilia-e-as-vantagens-de-andar/>. Acessado em 17 de Maio de 2016.
Morar na Rua – Caminhar, transformar, apropriar. Elemento Urbano Adaptável Talita Santos Passos Orientador: Prof. Me. Ricardo Luis Silva
Figura 01: Av. São João - SP. Fonte: acervo do autor .
indivíduos que caminham diariamente pela cidade em termos de vivência, mas que são visíveis aos olhos e são capazes de provocar inquietações e questionamentos. Morar na rua é um desses contextos que, embora seja uma prática não prevista para a cidade, sensibiliza por apresentar péssimas condições e falta de dignidade humana, com ênfase na questão espacial. As relações que esses indivíduos estabelecem com o espaço público no município de São Paulo são abordadas e estudadas nessa pesquisa com intuito de identificar e compreender questões que normalmente não são observadas em uma primeira observação, apenas com a experiência diária na cidade, e que são passíveis de intervenções que amenizem o impacto que esta prática causa no espaço.
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A cidade é composta por dinâmicas e contextos diversos, muitos deles desconhecidos por
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Resumo
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Introdução Em São Paulo os centros e sub-centros são bastante característicos do ponto de vista do dinamismo urbano, pois se caracterizam por fluxos econômico, de pessoas, de locomoção e de informação muito intensos. Essa dinâmica possibilita e facilita a ocupação dos moradores de rua nessas regiões, pois disponibilizam de áreas com potencial de apropriação, como praças públicas, grandes canteiros, largos, escadarias, viadutos e áreas subutilizadas, embora estes espaços não tenham sido planejados para esse tipo de uso. Por esses fatores, a região central de São Paula foi escolhida como campo de estudo dessa pesquisa. Considerando que os fatores que levam uma pessoa a morar na rua são diversos, sendo a maioria deles ligado a psicologia e ao contexto social do indivíduo, a atuação da arquitetura se restringe, nesse caso, apenas aos limites do espaço, podendo por meio dele atingir as questões sociais em que se insere essa pessoa. Sendo assim, diante desta limitação, o caminho mais viável para a atuação da arquitetura e do urbanismo é a de lidar com o problema ao invés de tentar solucioná-lo, algo que pode acontecer por meio desta atuação, mas que não está necessariamente condicionada a essa premissa. O processo de investigação dessa pesquisa foi divido por etapas que seguem a seguinte linha de raciocínio: Embasamento das ideias iniciais ligadas ao tema através de referências e leituras que abordam a questão da relação entre o homem e o espaço e do “morar na rua”; exploração do campo como meio de descoberta e aproximação de uma dinâmica que até então foi observada e analisada de maneira superficial e a distância; pesquisa referencial de projetos ligados ao tema com diferentes escalas e propósitos; e por fim o desenvolvimento projetual de um elemento urbano que visa o uso e a apropriação do morador de rua e, assim, melhorar a sua relação com espaço e a cidade. O objetivo principal deste trabalho surge da necessidade espacial de adaptação aos fenômenos ocasionados pela dinâmica urbana derivada de aspectos econômicos, sociais, políticos e urbanísticos, neste caso, a ocupação não planejada por moradores de rua dos espaços públicos. Embora a intervenção propriamente dita esteja direcionada a uma problemática urbana, a ideia é a de que por meio dela também seja possível atingir outras questões que se associam a ela, como a relação direta da
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população que mora na rua com as pessoas que partilham do mesmo espaço de maneiras diferentes e que não se encaixam neste contexto; e como a arquitetura pode intervir em questões da cidade que geram situações adversas à população e ao espaço como um todo.
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Proposição Através do desenvolvimento da pesquisa, da foi possível identificar o morador como um indivíduo que transita constantemente pela cidade, por regiões que proporcionem meios imediatos de sobrevivência e assistência à sua condição. Independente do tempo que ele permanece em um lugar, sua permanência é temporária devido a necessidades pessoais do indivíduo ou de ações do poder público. Ao considerar o morador de rua como um indivíduo que “nunca para” e as informações levantadas durante a pesquisa, surge como alternativa que sejam feitas intervenções simultâneas pela
Figura 03: Mapa de elementos da cidade potenciais para intervenção. Fonte: Acervo do autor.
Bairro da Luz
Calçadão
Região Júlio Prestes
Praças, largos e canteiros
Bairros República e Sé
Edificações e terrenos subutilizados ou vazios.
Região Júlio Prestes
Viadutos e passarelas
Região do Glicério
N
OBS: Mapas sem escala.
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Figura 02: Mapa de áreas potenciais para intervenção. Fonte: acervo do autor.
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cidade que se adequem a essa transitoriedade.
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Desenhos Técnicos
Vista Lateral 1
Vista Lateral 2
Vista Lateral 3
Vista Lateral 4
Sem Escala
Sem Escala
Sem Escala
Sem Escala
Vista Superior 1
Vista Superior 2
Sem Escala
Sem Escala
Vista Frontal 1
Vista Frontal 2
Sem Escala
Sem Escala
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Inserção do objeto no contexto urbano
Figura 04 – Viaduto Jaceguai, SP. Fonte: Acervo do autor.
Figura 05 – Av. Nove de Julho, SP. Fonte: Acervo do autor.
Figura 06 – Pça. Pérola Byington, SP. Fonte: Acervo do autor.
Figura 05 – Vale do Anhangabaú, SP. Fonte: Acervo do autor.
Referências AGIER, Michael. Encontros Etnográficos. São Paulo: Unesp, 2004. CARERI, Francesco. Walkscapes – O Caminhar Como Prática Estética. São Paulo: Gustavo Gili. GUATELLI, Igor. Arquitetura dos Entre Lugares. São Paulo: Senac, 2012. HALL, Edward T. A Dimensão Oculta. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
internet-como-colocar-no-trabalho>. MARGEM da Imagem, À. Direção: Evaldo Mocarzel. Documentário, 112´39. (Acesso em Março de 2016) disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=Dhg7UYd998c>. PALLASMAA, Juhani. Os olhos da pele: A arquitetura e os sentidos. Porto Alegre: Bookman, 2011. QUINTÃO, Paula Rochlitz. Morar na rua: Há projeto possível?. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo. São Paulo. Brasil. SANTOS, Milton. Metamorfose do Espaço Habitado. São Paulo: Edusp, 2008. SÃO
PAULO,
Prefeitura
de.
(Acessado
<http://www.prefeitura.sp.gov.br/portal/governo/>.
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em
Junho
de
2016)
disponível
em
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<http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/48764/referencias-bibliograficas-tiradas-na-
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JACQUES, Paola Brenstein. Corpografias Urbanas. Acessado em Junho de 2016) disponível em
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Pavilhão Modular Itinerante Amanda Konig Guastini Orientador: Prof. Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho
Fig. 01: Maquete de estudo dos encaixes, projeto em pequena escala. Fonte: Acervo da autora.
Resumo
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Com a abordagem de textos que discutem a a identidade e construção de espaços, junto com o desenvolvimento de soluções estruturais compatíveis à um objeto de caráter efêmero, o projeto irá equilibrar as duas frentes, embasamento teórico e pesquisa de soluções estruturais para sua sustentação.
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O projeto destina-se à discussão do desenvolvimento de cidades no momento vivido, onde a multiplicação de informações e o acelerado ritmo de produção para consumo têm influenciado na relação do indivíduo com seu entorno. Através de um equipamento cultural de caráter efêmero, o objetivo do estudo é a produção de espaços que promovam a interação entre indivíduos, capacitando a reinvenção de uma identidade coletiva em espaços residuais produzido pelo contexto.
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Introdução: A mudança do ritmo no cotidiano do indivíduo, provocada após períodos históricos marcados por revoluções tecnológicas, proporciona inúmeras discussões que se desenvolvem a partir do fenômeno fluxos. Ou seja, o excesso de informações e rapidez no campo do transporte e comunicação tem influenciado no modo de vida do individuo a sociedade. Dentro dessa discussão a pesquisa se ramifica para o questionamento da produção de cidades, e investiga como esse fenômeno influencia na produção de espaços e como o espaço produzido dialoga e interage com o usuário. O objetivo da pesquisa e do projeto final é desenvolver uma abordagem ao tema que não se oponha ao fenômeno do dinamismo e progresso da atualidade, mas que corresponda ás deficiências de espaços privados de identidade, com uma linguagem atual que acompanhe o ritmo do desenvolvimento dessas cidades. Chega-se, portanto em um objeto correspondente a um equipamento cultural, que se multiplica e se reinventa, migrando pela cidade em pontos de pouca oferta de espaços comuns. Para fundamentação do projeto a pesquisa se apoiou no estudo de duas referências bases: o texto A cidade genérica de Rem Koolhas e o texto O fenômeno do lugar de Christian Norbeg Shulz. Considerações sobre o texto a cidade genérica de Rem Koolhas para introdução ao fenômeno contemporâneo:
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Vive-se a era dos fluxos: movimento dinamismo e direção têm ditado o rumo do desenho das cidades, e o desenvolvimento de novas tecnologias na esfera da comunicação e transporte é uma das respostas para a necessidade da produção dessas cidades, com elas tudo se torna mais prático, o que era longe agora se torna rápido, o espaço e o tempo se confundem com o fluxo como comandante da construção do espaço. Conclui-se que, em um mundo onde o objetivo é o transitar o padrão de desenvolvimento é necessariamente o efêmero, dada a velocidades de mudança necessária para acompanhar o ritmo do crescimento das cidades. No entanto, a natureza do efêmero contradiz a ideia de identidade, assim crescem cidades carentes de características que possam defini- las, são as cidades genéricas. Por consequência dessa deficiência, as metrópoles têm a necessidade de se apoiar no seu núcleo de expansão inicial, muitas vezes os centros históricos, criando uma ligação que impede o progresso, a interpretação de novos espaços na cidade. O conteúdo abordado até o momento reforça o quanto o fenômeno contemporâneo influencia no desenho da cidade impedindo a apropriação de identidade e construção de um imaginário coletivo. Nota-se, portanto um paradoxo na escolha do objeto como um pavilhão modular itinerante, uma vez que, como um equipamento cultural de caráter efêmero poderá se comportar como um catalisador da reinvenção da identidade dos bairros? Como resposta, a pesquisa se direciona para o entendimento da construção de lugares e seu reconhecimento pelo indivíduo com o texto o fenômeno do lugar. Fenômeno contemporâneo x se fazer lugar: Considerações sobre o texto O fenômeno do lugar de Christian Norberg Schulz: O espaço criado pelos indivíduos são assentamentos, onde concentram e cercam o que é conhecido, é formada uma fronteira ao lado externo, não com sentido de barreira ou exclusão, mas como sua interpretação da condição externa. Todo espaço cercado, tem a potencialidade de
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se tornar um ponto focal, que dita direção e ritmo à evolução de novos lugares, por meio deste processo cria-se uma rede interligada que só é possível pela relação entre assentamentos e paisagem ou interno e externo, ignorada essa relação, são criados espaços genéricos, vazios e efêmeros. Uma vez diante do desconhecido, o indivíduo, como um ser consciente, tende a ininterruptamente fazer o processo de transformação de um elemento genérico para um particular, uma vez que lhe trás a segurança e a possibilidade de se orientar do lado de fora da fronteira conhecida. Conclui-se que para validar um objeto com a função de catalisador de identidade a sítios residuais, devem-se promover espaços dedicados ao encontro de pessoas, uma vez que o simples fato de dar a oportunidade de vivenciar aquele espaço, de explorar o desconhecido, garante a associação de elementos concretos em qualidade espacial. Proposição:
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A alternativa que melhor responde a deficiência encontrada nas metrópoles é ter o conhecimento de que o momento vivido não é o grande vilão, mas sim entende-lo como um contexto que deve ser analisado e interpretado como um parâmetro para a produção e reinvenção de novos espaços na cidade. Em vista disso, o objeto projetado tem como objetivo resgatar a presença do indivíduo na cidade, provocar a sua interação e permanência no espaço em que vive. Tendo como partido projetual, portanto o espaço destinado ao uso e interação no meio urbano, o projeto se resume, como resposta à demanda do contexto traçado, em um pavilhão que se reinventa de acordo com a necessidade do meio de se implantar e se projetar de diferentes maneiras. Como resultado, tem-se um pavilhão formado a partir de uma unidade modular que permite di-ferentes composições finais, desde um
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Fig. 02: Solução estrutural para o módulo. Fonte: Acervo da Autora.
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possível mobiliário urbano até um espaço de debates e/ou de exposições. Esta unidade modular foi pen¬sada para se aproximar das dimensões do usuário preservando também a interação entre o meio interno e o externo. Outro desafio conquistado pelo projeto foi a capacidade de produção maneira rápida, eficiente e de simples execução, características essenciais para uma obra com perfil efêmero, graças a eficaz solução estrutural de chapas autoportantes.
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Fig. 03: Possibilidades de encaixes. Fonte: Acervo da Autora.
Fig. 04: Projeto em pequena escala. Fonte: Acervo da Autora.
Foram desenvolvidos três projetos de pavilhão com os módulos. O primeiro em uma escala menor, como um espaço para discuções ou encontros, em seguida outro com uma escala mediana como um espaço também para encontro porém proporcionando também o abrigo por
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uma passagem com cobertura e um terceiro pavilhão em uma escala maior que possibilidade para promover atividades de maior porte como exposições.
Fig. 05: Projeto em média escala. Fonte: Acervo da Autora.
Fig. 06: Projeto em grande escala. Fonte: Acervo da Autora.
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BOGÉA, Marta. A cidade errante. KOOLHAAS, Rem. A cidade genérica. SAKAMOTO, Tomoko. From control to design: parametric/algorithmic architecture. SCHULZ, Norberg Christian. O fenômeno do lugar. SORRENTINO, Paolo. A grande beleza VIVANT, Elsa. O que é uma cidade criativa?
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Referências
Residência em Itamambuca: A interdependência entre o ser consciente e o meio natural Gabriela Santos da Cunha Orientadora: Prof. Dra. Valeria Santos Fialho
Figura 01: Maquete de estudo elaborada pela autora. Fonte: acervo da autora
Resumo Diversos indivíduos atualmente procuram fugir esporadicamente das grandes cidades devido a rotinas desgastantes e a falta de conexão com a natureza, porém grande parte desta massa migratória não tem ideia de que trazem consigo hábitos inadequados dos polos urbanos para o meio natural. Uma minoria, porém, se mostra consciente sobre suas ações e na dimensão do impacto que causam ao mudarem de realidade, desta forma este trabalho tem como objetivo
racional com elementos pré-moldados e que propôs ao novo morador hábitos sustentáveis, localizada em Itamambuca, no município de Ubatuba, litoral norte do estado de São Paulo, esta moradia tem como finalidade propor uma intervenção singular ao tratarmos de uma nova espacialidade em meio a natureza.
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entre este sujeito e o meio ocorreu através do projeto de uma residência construída de forma
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relacionar o indivíduo urbano consciente de suas ações com uma nova atmosfera. A relação
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Introdução O texto a seguir expõe a soma de conhecimentos diversos adquiridos ao longo do curso de Arquitetura e Urbanismo, gerando como resultado um estudo que sintetize de forma breve os valores próprios ao profissional arquiteto em formação. A concepção de uma casa de veraneio fora escolhida para servir como exercício projetual, de forma que a função essencial do arquiteto fosse discutida em um cenário contemporâneo através da relação entre o ser humano e o meio natural. Esta residência estará localizada na Praia de Itamambuca, bairro predominantemente residencial do município de Ubatuba e pertencente ao litoral norte do Estado de São Paulo. O local fora escolhido devido às amplas reservas de Mata Atlântica presentes ao longo do município e principalmente
do
bairro selecionado, permitindo que o indivíduo de estudo tenha uma proximidade com a natureza e uma quebra de rotina das grandes cidades, além de fatores como a proximidade relativa com polos urbanos de grande porte, infraestrutura urbana satisfatória, ambiente democrático e a praia ainda em seu estado natural conservado. O pressuposto sujeito se trata de um cidadão urbano, esgotado devido a sua rotina estressante e que tem como anseio se reconectar a questões fundamentais a sua existência de modo que procure por alternativas e vivências que o desprendam momentaneamente do meio em que vive. Através de leituras voltadas ao assunto, levantamentos, visitas pontuais, análise de projetos já concluídos que possuem similaridades com a moradia proposta e estudos específicos sobre a região, fora apurado resultados eficazes e convenientes a elaboração do projeto da residência em questão. A seguir serão discorridos assuntos voltados ao entendimento do local, o indivíduo em questão e a atual interdependência em desequilíbrio entre os meios, gerando a percepção no leitor de que atitudes devem ser tomadas para que o ser humano possa habitar a natureza de forma não agressiva, logo fora compreendido que a adequação do ser ao meio natural será realizada através do projeto de uma
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moradia que possua métodos construtivos e tecnologia sustentáveis adequadas ao meio ambiente.
Fig. 02: Localização do terreno. Fonte: Acervo da autora
Fig. 03: Terreno selecionado. Fonte: Acervo da autora
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Proposição
As cidades litorâneas do estado de São Paulo atualmente são caracterizadas pelas diversas casas de veraneio e polos turísticos, que exercem de certa forma o papel de refúgio a indivíduos de grandes cidades que possuem uma rotina agitada e desgastante, em grande parte, porém, estes novos moradores trazem consigo maneirismos e hábitos que não são próprios ao novo ambiente, é adequado também que nesta equação sejam colocados os sujeitos que se mostram alertas e conscientes em relação a esta situação e procuram de modos alternativos e eficazes demonstrar que o ser humano pode e deve ter um contato direto com a natureza de forma que não a atrapalhe. O litoral e o campo são destinos para estas pessoas que anseiam por um ambiente diferenciado de sua rotina, em que ambos possuem como principal vertente a proximidade com grandes polos urbanos, a facilidade de acesso viário, infraestrutura urbana como também serviços, comércios, atrações turísticas
e grandes reservas de mata preservada, possibilitando uma nova observação e vivência
sobre o local. O estudo buscou abordar a relação destes indivíduos conscientes com o meio natural em que estão inseridos, de forma que diminuam ou anulem a abordagem negativa e potencializem o local. Com a escolha adequada de materiais, técnicas sustentáveis e escolhas vinculadas ao baixo impacto ambiental, uma residência fora projetada para abrigar pessoas que compreendam o seu papel de cidadão e ser vivo no meio em que a natureza é predominante. Dentre as inúmeras possibilidades de cidades dentro do estado, fora apurado que o bairro Praia de Itamambuca localizado no município de Ubatuba possui os quesitos necessários e ideais para abrigar o projeto da moradia, já que os visitantes e moradores se mobilizam em prol de atividades e ações voltadas ao meio ambiente de forma que a região se mantenha preservada. Através da associação de moradores e a Prefeitura de Ubatuba, o bairro tem se consolidado como um dos pontos de maior destaque dentro do município, porém seu crescimento é moderado e estudado devido às normas construtivas serem restritas e determinadas pelo poder público. Após visitas, levantamentos e estudos sobre a região em busca de possíveis terrenos, fora encontrado entre as ruas 19 e 21 o lote adequado para acomodar o projeto da moradia, sendo este próximo a praia, livre de edificações e ter localização privilegiada ao lado de uma porção preservada de Mata Atlântica remanescente. O terreno compreende um total de 1120,00 m² em sua composição e ao colocar em análise as normas previstas pela lei, a taxa ocupacional local sancionada é de 40% da área total, logo 448,00m²
A volumetria da residência fora configurada levando em consideração tanto as normas previstas pela lei como as diretrizes naturais e locais como as árvores presentes no terreno, a leitura espacial da vizinhança visando as melhores vistas e a melhor disposição espacial para um lar.
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para a frente e fundos do lote e de 3m para os limites laterais.
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são passíveis a serem utilizados na construção, levando em consideração os recuos obrigatórios de 5m
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Sua configuração espacial fora pensada de modo que a moradia abraçasse a vegetação presente, resultando na proposta de dois volumes para o local, sendo estes conectados por um deck de madeira com escadas e uma rampa de acesso a veículos terrestres e aquáticos. Outro aspecto fundamental ao projeto fora a escolha de não intervir no terreno de forma abrupta, resultando assim em um projeto residencial
que tivesse todos os apoios estruturais realizados através
de fundações em bloco pontuais no terreno, possibilitando uma montagem precisa em um curto período de tempo e sem intervenções bruscas no meio de estudo. Fora concluído que para uma construção eficaz e de pouco impacto em meio a um local de natureza predominante é ideal que o canteiro de obras seja seco, com mão-de-obra local e especializada junto a escolhas assertivas vinculadas a materialidade da casa, como o uso de materiais pré-moldados que possam ser reutilizados e reciclados após o uso da residência ter atingido sua plenitude. A concepção estrutural da residência fora feita através do estudo comparativo entre as estruturas convencionais utilizadas no meio construtivo, dentre elas a estrutura de madeira despontou como a mais favorável e conveniente desde sua composição até seu método de montagem a ser usada nesta situação, a madeira Jatobá dentre as diversas possibilidades se mostrou como a melhor opção devido a sua coloração avermelhada ter maior resistência a forte insolação como também suas propriedades naturais. A partir deste ponto o projeto passa a assumir em suas características vitais o uso predominante de materiais pré-moldados em sua composição, possibilitando ao morador a fácil manutenção de sua moradia como também a possibilidade de futuras ampliações ou diminuição espacial de sua residência. Com esta gama de possibilidades fora estudada a possibilidade de atrelar ao projeto a livre escolha de layout ser feita pelos moradores, assim os mesmos teriam a possibilidade de transformar seu local de vivência de acordo com as necessidades e etapas de suas vidas. Para que esta configuração diferenciada fosse possível, fora previsto a utilização de piso elevado sob a laje pré-moldada de blocos cerâmicos em toda a extensão da residência, possibilitando a livre escolha de ambientação e instalações necessárias ao morador. Os fechamentos foram planejados visando a insolação local, as necessidades da moradia como também o uso de materiais passíveis a reciclagem, como o vidro e a madeira, sendo estes amplamente utilizados ao longo de toda a residência. A cobertura dos dois volumes fora pensada de modo que a sua inclinação possibilitasse a amplitude visual voltada às áreas de interesse como a praia e o Rio Itamambuca, sua angulação também se mostrou propícia a obtenção de energia solar através de painéis próprios a esta função. Sua materialidade consiste em telhas sanduíche de aço galvanizado com lã-de-rocha em sua composição permitindo um maior conforto termo acústico aos moradores, suprimindo barulhos e a troca de calor
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excessiva ao longo do dia. Assim como a concepção volumétrica da residência fora colocada em pauta neste estudo, sua desmaterialização também despontou como uma forte vertente ao se tratar de uma intervenção em um meio predominantemente natural, logo todas as escolhas vinculadas a materialidade da residência como também os métodos construtivos empregados e sua configuração espacial foram pensadas de modo que esta moradia estivesse atrelada aos princípios do ser consciente provindo das grandes metrópoles estar
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em contato com um novo meio, este que deve ser previamente estudado de forma que o novo indivíduo não atrapalhe a conjuntura natural de maior importância e predominância e não repliquem a vida cotidiana urbana das quais procuram fugir nos ambientes naturais.
Figura 04: Maquete de estudo realizada pela autora. Fonte: acervo da autora
Referências Associação Amigos de Itamambuca. Disponível em: <http://www.itamambuca.org.br/> Acesso em: 01 de Março de 2016 Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, Ubatuba-SP. Disponível em: <http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_m/ubatuba_sp> Acesso em: 17 de Março de 2016 CHING, Francis D.k.; ONOUYE, Barry S.; ZUBERBUHLER, Douglas. Sistemas estruturais ilustrados, padrões, sistemas e projeto. Porto Alegre: Bookman, 2010. Tradução de: Alexandre Salvaterra. FREITAG, Bárbara. Teorias da cidade. Campinas - SP: Papirus Editora, 2006. 190p. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=355540> Acesso em: 21 de Março de 2016 ITA Construtora. Disponível em: <http://www.itaconstrutora.com.br/> Acesso em: 01 de Agosto de 2016
REBELLO, Yopanan Conrado Pereira. Estruturas de aço, concreto e madeira: atendimento da expectativa dimensional. São Paulo: Zigurate Editora, 2005. SANTOS, Álvaro Rodrigues dos. A grande barreira da Serra do Mar: da trilha dos Tupiniquins à Rodovia dos Imigrantes. São Paulo: O Nome da Rosa, 2004.
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Científicos Editora S.a., 2003.
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PFEIL, Walter; PFLEIL, Michèle. Estruturas de madeira. 6. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
DESIGN HOSTEL Interação, estilo, comodidade e localização. Glaucia Stanelli dos Anjos Orientador : Prof. Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho
Figura 01 : Maquete eletrônica – Fachada principal. Fonte: Produção autoral.
Resumo O presente trabalho possui como objetivo o estudo de um novo conceito de hospedagem, que busca conciliar as premissas de um albergue, sendo eles, baixo custo, localização privilegiada e ambiente contemplativo, que possibilita e motiva a interação dos
teórica, bem como o estudo de referências realizado, a segunda fase do trabalho se concentra na elaboração do projeto arquitetônico de um Design Hotel para a cidade de São Paulo, embasado em partidos considerados essenciais para tal proposta.
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proporcionados através de elementos da arquitetura e do design. A partir da fundamentação
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viajantes e o intercâmbio cultural, com espaços que sejam valorizados pela estética e conforto,
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Introdução Em um momento onde o ato de viajar e explorar novos lugares pelo mundo se expandiu e o turismo se tornou um item essencial na renda familiar, novos conceitos de hospedagem começam a surgir, com atrativos diferentes dos tradicionais hotéis. No ano de 1912, surgiu o primeiro hostel do mundo, na cidade alemã de Altena e no final da década de 20, o novo meio de hospedagem se difundiu não só pela Alemanha, mas como por todo o continente Europeu, chegando ao continente americano, em 1934, pelos Estados Unidos e finalmente, em 1961, ao Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro. O hostel, também conhecido como albergue, busca através de um sistema de acomodações compartilhadas, possibilitar ao viajante uma solução barata, aconchegante e descontraída para se hospedar. Porém, no Brasil, diferente de vários exemplos em países europeus, o conceito se difundiu de maneira equivocada que resultou em um número predominante de estabelecimentos derivados de pequenas reformas em antigas residências, onde não sendo projetados para tal função, não oferecem uma estadia adequada e de qualidade aos viajantes. Portanto, propor um projeto, que possa superar essa imagem denegrida do conceito na cidade de São Paulo, é a principal motivação deste trabalho, onde a partir da nova definição que vêm se expandindo no mundo, a do Design Hostel, em que o cuidado com a estrutura, serviços e atendimento vêm junto com a valorização dos espaços por meio da arquitetura, objetiva-se conciliar interação, estilo, comodidade e localização em um único espaço. Como referências, foram escolhidos o Hostel La Buena Vida, no México, o We Hostel e o Hostel Califórnia Café Bar, ambos na cidade de São Paulo. Os mesmos foram propostos por se tratarem de exemplares dentro do contexto urbano, porém em diferentes âmbitos, possibilitando uma comparação entre os mesmos, identificando diferenças e similaridades nos principais itens analisados: localização, partido, programa e interiores. Por fim, através de um estudo detalhado do contexto urbano da cidade, que levou em consideração a fácil acessibilidade, principalmente no que se refere aos meios de transportes públicos, pontos de lazer, sendo eles desde atividades culturais, ao ar livre e gastronômicas, além de pontos de compras e serviços, foi definido o bairro Jardim Paulista, na zona oeste da capital paulistana, como
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localização ideal para a implantação da proposta arquitetônica.
Figura 02 : Fachada Hostel ‘We Hostel’. Fonte: Brazilian Hostelworld.
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Proposição Após a conclusão do estudo que busca a completa compreensão acerca do tema e a definição da localização, que atende todas as variáveis exigidas em um empreendimento hoteleiro desse tipo, foram definidas concepções principais para a elaboração da proposta arquitetônica do Design Hostel, para que o mesmo atenda todos objetivos anteriormente apresentados, sendo eles: localização adequada, valorização das áreas de convivência, garantia da privacidade, conforto e segurança nas áreas íntimas, a distribuição e organização dos ambientes, bem como sua circulação, através da hierarquização dos usos e o diferencial da arquitetura e do design de interiores. Portanto, em um primeiro momento, afim de criar um diferencial das outras opções de hospedagem da região, que funcione tanto como um atrativo, como um meio de interação, foi desenvolvido um restaurante/bar localizado no térreo do edifício que conta com três diferentes espaços: a varanda externa, ambiente descontraído no mesmo nível da calçada, o deck elevado, também externo, porém com uma cobertura envidraçada prevista considerando a variedade climática e a área interna que possui um pé direito duplo de quase 6 metros, faces envidraças voltadas para os demais ambientes e diferente projeto de iluminação e de interiores.
Figura 03: Maquete eletrônica - Fachada e áreas externas do restaurante. Fonte: Produção autoral. O volume da edificação foi definido através de formas puras com linhas retas, considerando o terreno de esquina em que se encontra e a não necessidade de recuos das construções vizinhas, de acordo com as leis de zoneamento da região. Foi também levado em consideração o conforto térmico, já que o recorte realizado na fachada oeste possibilita que todos os ambientes internos possuam janelas que garantem a iluminação e ventilação natural. Com a volumetria definida começaram a ser feitos os estudos dos materiais que seriam empregados nas fachadas. Foi decidido um comprometimento com a realidade dos materiais escolhidos,
hostel, permitindo a visão do interior do edifício para os pedestres e vice-versa, além dos caixilhos em fita recortados nas fachadas de modo linear e discreto, sem o uso de esquadrias e grandes janelas ‘recuadas das fachadas’.
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• O vidro transparente, utilizado nos planos totalmente envidraçados do restaurante e da recepção do
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portanto o edifício todo é concebido em três elementos:
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• A ideia inicial do concreto aparente que, pelo seu custo elevado, foi substituído pela técnica de massa raspada, que possui a aparência estética equivalente. • A madeira, utilizada em diversos tons, bem como formas e texturas: no deck do restaurante, em painéis na fachada, que tornou o acesso de serviços mais discreta, além do brise, ponto de destaque, já que, por cobrir os três pavimentos dos quartos, toma grande parte da fachada como uma ‘caixa’ que sobrepõe a estrutura, e cumpre suas funções de garantir a privacidade, o conforto térmico, acústico e lumínico das dependências do hostel.
Figuras 04 e 05: Fachadas – R. Haddock Lobo e Alameda Itu, respectivamente. Fonte: Produção autoral. Levando em consideração o seu entorno, na fachada oeste (Al. Itu), onde se encontra um edifício vizinho de 18 pavimentos, é proposta uma parede ‘verde’, coberta por vegetação natural em toda sua extensão, de forma que evita paredes cegas e torna a visão das aberturas dessa fachada mais agradável, contribui para o design do restaurante, para o isolamento térmico e acústico de todo edifício.
Figura 06: Área externa do restaurante | Parede verde. Fonte: Produção autoral.
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O acesso ao edifício é dado de forma setorizada, assim existe um acesso exclusivo para a área de serviço, um acesso para os hóspedes e um acesso para os visitantes que desejem frequentar apenas o bar. Dessa forma evita-se o cruzamento de fluxos e também ajuda na segurança do design hostel. A circulação vertical é realizada através de dois elevadores, que possui espaço suficiente inclusive para a possível bagagem dos hóspedes confortavelmente, além de uma escada enclausurada para emergências.
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O programa do edifício é organizado através dos pavimentos, no térreo se encontra todo o complexo do bar/restaurante, além de toda a parte de recepção do hostel: o lobby que também possui pé direito duplo, a área de check-in, a administração e sanitários. No pavimento superior, existem duas áreas de mezanino, onde estão uma sala de jogos e espaços de serviço e de funcionários do restaurante. Os três próximos pavimentos recebem distribuições iguais. Cada pavimento conta com quatro quartos: suíte privativa, com capacidade para 2 pessoas e acessível para deficientes físicos além de outras três suítes coletivas, sendo elas, duas com capacidade para 8 pessoas e uma para 12 pessoas. Totalizando 30 leitos por pavimento, ou seja, capacidade para 90 hóspedes no hostel. O partido estético da fachada do edifício também está presente no design de interiores do edifício, nos quartos as cores e texturas frias do estilo moderno, formas puras e retas, paredes brancas e o chão de cimento queimado destacam os móveis específicos e decoração do estilo vintage, de cores chamativas. No quarto e último pavimento, se encontra o complexo de áreas de convivência dos hóspedes, nele estão dispostas uma ampla sala de estar, uma lavanderia, cozinha, um agradável refeitório com grandes mesas coletivas para todos os hóspedes e o terraço, que possui churrasqueira com acesso à cozinha e guarda-corpo de vidro como diferencial.
Figura 07: Quarto coletivo. Fonte: Produção autoral. |
Figura 08: Terraço. Fonte: Produção autoral.
Referências
CICCIO, Guilherme Pietro; TEIXEIRA, Guilherme de Castro; SALLES, Maria do Rosário. Estudo sobre a relação entre o jovem universitário da cidade de São Paulo e os albergues da juventude. Trurydes revista de investigación en turismo y desarrolho local, vol. 04, nº 10 julio/julho 2011.
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MEDLIK, S.; INGRAM, H. Introdução à hotelaria: Gerenciamento e Serviços. Tradução Fabíola de Carvalho, 4ed. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
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ANDRADE, Nelson; BRITO, Paulo Lucios; JORGE, Wilson Edson. Hotel: Planejamento e projeto. ed. 2 São Paulo: SENAC, 2009.
NEL – Núcleo de Experimentações Livres Laboratório Criativo João Gabriel Voss Quattrucci Orientador : Prof. Dr. Valéria Cássia dos Santos Fialho
Figura 1 – Diagrama do sistema NEL. Fonte: acervo do autor
Resumo A partir da fundamentação ramificada em três seções: arquitetura e tecnologia em simbiose; multiplicidade (o espaço contemporâneo) e a metamorfose como reagente da ideia de projetar, se conduz a fundamentação deste trabalho. Contextualizando com o momento atual, a tecnologia deixa de ser apenas uma ferramenta possível, passa a ser um instrumento oportuno e colaborativo com as experimentações arquitetônicas.
permitir que as pessoas produzam suas ideias e inquietações com o auxilio da infraestrutura oferecida.
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Barra Funda, será uma ferramenta para a produção criativa. Sua concepção ê baseada em
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O estudo destes princípios formam o Núcleo de Experimentações Livres. O projeto situado na
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Introdução As transformações ocorridas no âmbito tecnológico e social influenciam diretamente a produção arquitetônica e por sua vez, a cidade que a abriga. A partir deste contexto, é fundamental que os espaços acompanhem de modo evolutivo as mu-danças da sociedade, entrando em metamorfose. A sociedade contemporânea demanda espaços que ofereçam infraestrutura adequada para a criação e colaboração livre entre os usuários e neste contexto é reconhecida a influência do ambi-ente na produção criativa-colaborativa graças às suas características físicas e à interação proposta. Estes são fatores pragmáticos para este tipo de ambiente.
Figura 2 - Diagrama de conceitos a partir do questionamento as relações entre tecnologia, homem e arquitetura. Acervo do autor.
O projeto para o Núcleo de Experimentações Livres pretende dar uma resposta a essa demanda de modo a oferecer infraestrutura para a criação e produção de cultura, com espaços específicos para diversos tipos de usos voltados para a geração de ideias. Compreendido como um sistema complexo, o conceito de projeto parte do entendimento e resolução de pequenos fragmentos até a completa visão de
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toda a composição do objeto arquitetônico.
Figura 3 - Diagrama que exemplifica as questoes abordadas (pontos) e seus desdobramentos quanto sistema (linhas de uniao). Os pontos representam arquitetos, obras e conceitos que interferiram na concepcao deste projeto. O diagrama de interioridade, apresentado abaixo, foi elaborado a partir da análise ampla dos dife-rentes parâmetros que o tema discutido levanta, tais como: arquitetos; obras e pensamentos. Como uma grande nuvem de areia, determinados elementos começam a surgir diante dos levanta-mentos da pesquisa e são inter-relacionados ou passíveis de terem uma relação uns com os outros.
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Deste modo, o diagrama representa a amplitude da pesquisa e, principalmente um complexo sistema conceitual do projeto. Proposição Situado entre as ruas Fuad Naufel e Doutor Alfredo de Castro, esquina com a Avenida Auro Soares de Moura está um edifício abandonado. Com aproximadamente 7,736m², no passado funcionava ali uma grande indústria de impressão de jornais. Por motivos não encontrados, em meados dos anos de 1980, o edifício parou de exercer as funções e deste então está sem uso e completamente abandonado.
Figura 4 - Foto aérea do edifício relatado a cima. Acervo do autor Localização geográfica estratégica e ótima infraestrutura de transportes, um grande espaço subutilizado na escala da cidade, bairro e quadra. Integrado com seus arredores, o Memorial da América Latina e a Estação de Metro e Trens da CPTM. Metragem favorável do terreno para abrigar um edifício de larga escala. Estas são as características fundamentais para a escolha dessa localização. O NEL pretende atender as diferentes tipologias de uso, divididas em três grupos; Corpo, Objeto e Hub. Cada um demanda de uma infraestrutura diferenciada, que posso atender não só a utilização definida, como se adaptar a eventuais mudanças de atividades. Essas condições necessárias citados a cima, englobam tanto as questões de iluminação e dos objetos, quanto o arranjo da estrutura, afim de permitir a melhor maleabilidade dos ambientes no dia a dia do edifício. O projeto tem como principal partido a concepção de um sistema. Para isso, sua composição heterogênea é projetada isoladamente, com o objetivo dos seus componentes sejam independentes e resolvidos quanto arquitetura. A partir deste raciocínio, com os diferentes fragmentos projetados, elementos de propriedade articuladora unem os diferentes pedaços projetados, interligando-se a eles, eles aos outros, harmonizando um sistema. A partir da análise do programa proposto, foi elaborado uma quantificação de áreas possíveis
representa a intenção de reforçar as conexões e continuidades entre os diferentes programas. A concepção do projeto partiu da elaboração cada atividade de modo único e separado do restante, em que posteriormente seria conectado as outras que também foram concebidos desde modo. Por conta deste método, o projeto é pensando dos andares mais altos ao mais baixos, do uso mais restrito ao mais variado, do acesso mais controlado até o quase público.
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um gradiente que vai do mais aberto e permeável até o mais restrito e controlado. O diagrama a seguir
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para abrigar as atividades, e um agrupamento dos espaços de acordo com a sua particularidade, criando
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Figura 5 - Ilustração do programa pretendido. Acervo do autor. A área destinada a performances (vermelho) faz parte do grupo de atividades denominado Corpo. Este espaço de 1000m² prevê o uso ligado á dança, teatro e de comunicação. São dois perímetros divididos por uma das circulações verticais do edifício. Eles contem portas acústicas móveis em suas extremidades, permitindo a variação dos tamanhos e dos layouts de cada sala. O pé direito de oito metrôs foi projetado para que possa ser realizado eventos que preveem urdimentos em sua produção. Para que haja uma maior flexibilidade no uso desse espaço de laje plana, a proposta de utensílios é livre e pensada para ser móvel, ou seja, arquibancadas pode ser feitas com praticáveis e palcos podem ser desmontáveis. Com 1,300m² , o maior setor do edifício é destinado ao uso variado (laranja). Ou seja, uma enorme área passível de receber exposições, oficinas, palestras, atividades temporárias, eventos de outros lugares e até mesmo se tornar uma extensão dos outros usos do edifício. Abaixo das performances, o pavimento foi projetado para ser o ambiente de estudo colaborativo (azul claro). Dentro do grupo de atividade Hub, são 1,240m² de laje ampla para abrigar diferentes layouts de ocupação. A proposta é haver um lugar com uma infraestrutura que facilite o estudo e potencialize as chances de grandes ideias e projetos. O servidor é a grande caixa preta do projeto (preto). Preso apenas por uma estrutura na laje superior, o volume voa pelo meio do edifício. Sua função é guarnecer todas as funções de infraestrutura digital propostas no projeto, deste sistemas de rede e iluminação, até todo o servidor de programação que controla a fachada mecânica. Semelhante ao espaço de estudo colaborativo, tem a mesma área e o mesmo propósito mas ele tem uma espacialidade diferente (azul escuro). A proposta haver um espaço de estudo reservado e mais privado, auxiliando o estudo individual e mais reservado. Sua extremidade contem um acabamento que torna essa laje uma caixa reclusa dentro do edifício. O átrio é o ponto interligador de todos os setores do edifício (amarelo). Da acesso a todos os
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pavimentos, distribuindo os visitantes ao logo do programa. O andar da fabricação (verde), é voltado para a produção de protótipos e de objetos. Com uma área de 1500m² de laje livre, se prevê uma oficina de fabricação digital e para manuseio de materiais mais pesados. O permeabilidade visual e de fluxo possibilita a maior interação entre os usuários e suas ideações. O térreo é a grande interligação do edifício com a cidade (cinza). O saguão de entrada abre a visualização do visitante para edifício como um todo, é possível avistar todos os núcleos de atividades ao
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entrar. Seu interior transparente e ao mesmo tempo englobado pela fachada, permite que o espaço acomode quase qualquer tipo de atividade proposta a ele. A parte posterior do projeto é uma ligação entre as ruas laterais e um acesso para carga e descarga de objetos. A administração se encontra no térreo (roxo), facilitando a circulação privada e de carga no edifício.
Figura 6 – Corte AA – BB respectivamente
Figura 8 Fotomontagem Interna do Edifício
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ANDERSEN, C. Makers - A Nova Revolução Industrial. [S.l.]: Elsevier - Campus, 2012. Citado na pá-gina 29. LANDRY, C. Origens E Futuros Da Cidade Criativa. [S.l.]: SESI-SP EDITORA, 2013. Citado na página 2. OMA; KOOLHAAS, R.; MAU, B. S,M,L,XL. [S.l.]: The Monacelli Press, 1995. Citado na página 23. SCHMELTZER, C. 3º Diálogo Brasil-Alemanha de Ciência, Pesquisa e Inovação. 2014. Acesso em 23 de abril de 2016. Disponível em: <http://dwih.com.br/pt-br/noticias/o-que-sao-sistemas-complexos>. Citado na página 9 MONTANER, Josep Maria - Sistemas Arquitetônicos Contemporaneos. GG Brasil 2015 MORIN, Edgar. Introdução ao Pensamento complexo. São Paulo: Sulinas, 2003 Revista Monolito— Edição Concurso Instituto Moreira Salles/SP Igor Fracalossi. "Disjunções / Bernard Tschumi" 26 Abr 2012. . Acessado . <http://www.archdaily.com.br/45675/disjuncoes-bernard-tschumi> NESBITT, Kate (Org.). Uma nova agenda para a arquitetura. Antologia teórica (1965-1995). Coleção Face Norte, volume 10. São Paulo, Cosac Naify, 2006. MONTANER, Josep Maria - A condição contemporânea da arquitetura. 2016 GG Brasil
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Referências
Locação Social em São Paulo O desenvolvimento de alternativas para morar no centro Júlia Fortunato Stochi Diniz Orientadora : Profª. Drª. Valéria Cássia dos Santos Fialho
Figura 01 : Edifícios e perímetro do Programa de Locação Social do Município de São Paulo. Fonte: Imagem do Google Earth editada pela autora.
Desenvolvendo a pesquisa, foram delimitados como recorte analítico todos os seis edifícios hoje inseridos no Programa de Locação Social do Município de São Paulo: Parque do Gato, Olarias, Vila dos Idosos, Senador Feijó, Asdrúbal do Nascimento e Palacete dos Artistas. Em suma, o presente trabalho explora o conceito de Locação Social, para então, se apropriando deste, propor a sua aplicação no projeto da recuperação do Edifício Cambridge.
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A questão habitacional de grandes aglomerações urbanas só pode ser analisada quando levada em consideração a complexidade envolvida no conflito entre a periferia e as áreas centrais. Classes sociais menos favorecidas ocupam as regiões mais longínquas das cidades enquanto aquela melhor abastecida em questões como as de infraestrutura e serviços encontra-se subutilizada. A partir deste panorama, o trabalho busca compreender a importância do estímulo à implementação de moradias no centro da cidade.
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Resumo
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Introdução
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O centro de São Paulo, alvo de incontáveis projetos, possui um grande aspecto contraditório: a degradação e abandono de diversos edifícios em meio à região mais bem servida de infraestrutura urbana, como a malha de transportes e os serviços oferecidos, além da maior oferta de empregos. Ainda mais no caso desta cidade, onde temos um déficit habitacional de aproximadamente 540 mil unidades (WHITAKER, 2016) e quase não há mais áreas para expansão nem terrenos vazios para construção de novos empreendimentos. Desta forma, as ações promovidas pelo Estado recentemente vêm alterando sua abordagem, já que grande parcela das complicações no crescimento das periferias urbanas é fruto de programas e políticas habitacionais em moldes antiquados. Este quadro gerador de exclusão em meio à cidade conurbada e consolidada é discutido neste trabalho dentro do contexto da criação do inovador Programa de Locação Social do Município de São Paulo de 2002, uma estratégia inovadora baseada em experiências internacionais. Sendo esta grande inovação o fato de o Estado ser capaz de prover habitação de qualidade a baixo custo ao desvincular a moradia da condição da posse, tida como a principal responsável pela privação da população de menor renda dos benefícios da urbanização. Trata-se de uma experiência bastante sólida embora ainda pequena, um contraponto à herança patrimonialista nacional. O Programa, até hoje, conta com apenas seis empreendimentos: Parque do Gato, Olarias, Vila dos Idosos, Senador Feijó, Asdrúbal do Nascimento e Palacete dos Artistas. Todos no centro da cidade, sendo os três primeiros projetos de novos edifícios e os outro três, reabilitação. Se considerando os o atual estímulo a moradia no centro é estranho que a reabilitação de edifícios ainda não seja uma prática comum e a principal razão para tal é um preconceito por conta de uma certa inviabilidade econômica. O presente trabalho, ao compreender o conceito de Locação Social e o Programa Municipal voltado a este, estudou seus projetos de arquitetura. Estando claro que requalificação urbana e reabilitação de edifícios são estratégias profundamente relacionadas, o trabalho crê na necessidade do estudo das técnicas de intervenção mais adequadas e na transformação do estoque construído existente para o adensamento e requalificação da cidade. Seguindo esta linha de pensamento, a conclusão do trabalho apresenta os edifícios existentes, vazios ou subutilizados como a alternativa mais viável para a expansão do Programa de Locação Social do Município de São Paulo, desde que sejam utilizadas as técnicas adequadas. Desta forma foi proposto um projeto de intervenção no Edifício Cambridge, apresentando o uso de tecnologias específicas para a reforma do edifício, de forma com que esse projeto seja mais condizente com o avanço apresentado no desenvolvimento da Locação Social.
Figura 02 : Fachada atual do Edifício Cambridge. Fonte: acervo da autora.
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Proposição Projetado pelo arquiteto Francisco Back e financiado pelo empresário Alexandre Issa Maluf, o Cambridge virou sinônimo de sofisticação assim que inaugurado, em 1951. Apesar disto, o Cambridge sofreu com o esvaziamento do centro velho e a migração do polo empresarial para as regiões das avenidas Paulista e Berrini. O hotel teve suas atividades encerradas em 2004, mantendo aberto somente o bar para promoção de eventos. Em fevereiro de 2010 a prefeitura declarou o imóvel como de interesse social, sua desapropriação ocorrendo mais de um ano depois. Os projetos da COHAB não saíram do papel e, finalmente, em 22 de novembro de 2012, teve início a ocupação pelo Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC), que lá segue até então. O edifício tem estrutura composta de pilares, vigas e lajes em concreto, sendo as alvenarias apenas elementos de vedação. Na etapa de levantamento de dados não foi obtida uma planta estrutural, no entanto a organização racional, os indícios da existência de alguns apoios e as visitas realizadas deram início ao projeto por meio da compreensão da grelha estrutural.
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Isso foi possível através da demolição de dois banheiros, o que além de possibilitar que o ambiente tenha iluminação e ventilação naturais, concedeu um isolamento que destaca o novo bloco de circulação. Foi adicionado um brise retrátil nesta fachada para que se tenha controle da insolação, já que se trata da orientação oeste. O pé-direito de 3,00 m nos andares superiores é um aspecto importante para a reforma, já que permite a inserção de forro e eventuais reforços estruturais sem que se restrinja o conforto do ambiente, além de facilitar a passagem de dutos horizontais. E tendo em vista que a reforma teria de incluir novas instalações hidráulicas por todo o edifício, foram projetados shafts de dimensões relativamente grandes, para não somente acomodar instalações e organizar os espaços, mas também iluminar e ventilar ambientes internos. Originalmente o projeto previa sobreposição e ampliação dos shafts existentes, no entanto eles se mostraram bastante deslocados entre si, o que levou à abertura de alguns dos vãos, embora tenha se mantido a intenção de mínima intervenção em laje. A exceção a esta estratégia de intervenção se encontra na abertura por completo dos poços de iluminação, que não chegavam ao térreo, sendo minimizados ou interrompidos no pavimento sobreloja (nível 6,74).
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Figura 03 : Implantação. Fonte: Acervo da autora.
Pode se observar na implantação que o edifício tem abertura para duas vias, a Avenida Nove de Julho e a Rua Álvaro de Carvalho, o que organiza a planta do edifício de forma que circulações vertical e horizontal ficam centralizadas, e os quartos se distribuam em alas opostas, chamadas daqui em diante norte e sul. Para adequar esta circulação, que já apresentava bom desempenho, se criou um novo núcleo de circulação vertical através da instalação de dois elevadores na caixa existente e do uso do espaço do vão do terceiro para inserir uma escada de emergência adequada às normas vigentes. A manutenção da escada e das circulações adjacentes originais foi uma escolha tomada para a conservação da memória do antigo Hotel Cambridge. Além da mudança na porta que leva à rota de fuga, há mais outra pequena porém significativa, intervenção aparente neste hall é a abertura de dois vãos.
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Isto permitiu a criação de jardins internos como espaço de vivência e garantiu maior iluminação aos espaços projetados nos pavimentos inferiores. A necessidade de aumento na iluminação destes espaços foi uma constatação feita ainda durante a pesquisa, quando foi identificado que o Plano Diretor Estratégico identifica o edifício como Zona Especial de Interesse Social 3, em um Eixo de Estruturação e Requalificação Urbana. Desta forma, neste redesenho os grandes saguões que se abriam para as ruas nos primeiros andares foram projetados como espaços para lojas e escritórios (coworking), a fim de criar maior vínculo entre edifício e pedestres. O partido arquitetônico adotado trata as estruturas do hotel como um suporte, que somados às divisórias leves e instalações redistribuídas conformam um novo edifício, residencial, versátil, capaz de abrigar diferentes tipos de família participantes do Programa de Locação Social do Município de São Paulo e propriedade deste mesmo município.
Figura 04 : Corte A. Fonte: Acervo da autora.
As divisórias citadas acima são estruturas “steel-frame” como painéis de gesso acartonado ou dry-wall. Elas redistribuem os espaços conformados nas alas norte e sul em 82 unidades habitacionais em 16 diferentes tipologias, sendo, resumidamente: Trinta e nove apartamentos de dois dormitórios, trinta e dois apartamentos de um dormitório e onze apartamentos conjugados.
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Figura 05 : Plantas da reforma, 1º ao 6º andares. Fonte: Acervo da autora. Dentro das unidades, algumas novas aberturas foram projetadas em direção aos vazios centrais, enquanto nas fachadas que se voltam às vias ocorreram outras reformas. O projeto inclui a troca dos caixilhos devido à má condição, e a instalação de venezianas camarão, a fim de garantir privacidade e conforto aliados ao potencial luminotécnico mantido quase intacto em unidades que dependem bastante daquela abertura. Esta janela também seria inserida nas unidades que ficam a leste, que anteriormente tinham janelas diferentes das outras do hotel, e iguais às do edifício à direita que originalmente era parte de um conjunto. O programa do edifício ainda conta com áreas técnicas, bicicletário, biblioteca, sala de jogos e espaços de convivência nos terraços do sétimo andar e da cobertura.
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A produção de edifícios para a locação social, se difere no momento em que não se limita devido ao endividamento dos moradores, permitindo avanços na qualidade arquitetônica além da implantação de empreendimentos em áreas consolidadas. Para a viabilização da supracitada expansão, o trabalho considera a requalificação como o melhor caminho, tendo em vista o montante de edifícios vazios e subutizados na região. As soluções arquitetônicas apresentadas só foram encontradas no momento em que técnicas apropriadas para a reforma foram empregadas, respeitando as estruturas, evitando sobrecargas através de materiais leves, enquanto se redesenha todo o espaço interno. Muito avanço já aconteceu no campo da Locação Social, mas a análise do programa paulistano levou a duas conclusões principais: A primeira de que é necessária a divulgação desta experiência, não somente para a expansão do mesmo, mas para que este inspire outros municípios e leve à consolidação de programas e políticas em outras esferas governamentais. E a segunda, de que as reformas e reabilitações dos edifícios feitas por meio do Programa de Locação Social do Município de São Paulo se utilizam de materiais e estratégias que não se adequam muito bem às exigências dos projetos. É preciso que as tecnologias disponíveis no mercado sejam usadas em benefício da arquitetura do edifício. Referências BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil: Arquitetura moderna, lei do inquilinato e difusão da casa própria. 4ª edição, São Paulo, Estação Liberdade, 2004. CANTERO, João Alberto. A Questão do Planejamento Habitacional de Interesse Social: a locação social. 2007. 15 f. Dissertação (Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo. 2007. CANTERO, João Alberto; GHOUBAR, Khaled. Sobre a sustentabilidade da produção pública de habitações populares para a “locação social” na cidade de são paulo. 10 f. [São Paulo]. Disponível em: <http://www.usp.br/nutau/CD/130.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016. PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO; SECRETARIA DA HABITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO URBANO. Instrução Normativa nº 01/03, de janeiro de 2003. Define Os Procedimentos Operacionais Para O Programa de Locação Social do Fundo Municipal de Habitação. São Paulo, SP, Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/INSTRUCAONORMATIVA012003_1252606176.pdf>. Acesso em: 04 maio 2016. PREFEITURA DE SÃO PAULO. Programa de Locação Social. São Paulo, [2008]. 37 slides. Disponível em: <http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/arquivos/secretarias/habitacao/0021/apresentacao_locacao_social_0 60808.pdf>. Acesso em 21 mar. 2016. PREFEITURA DE SÃO PAULO. Programa Renova Centro: São Paulo e o centro. São Paulo, [2012]. 20 slides. Disponível em: <http://www.habitacao.sp.gov.br/casapaulista/downloads/ppp/apresentacao_programa_renova_centro .pdf>. Acesso em: 7 mar. 2016.
UN-HABITAT. Rental Housing: An essential option for the urban poor in developing countries. Nairobi, Quênia, 2003. 273 p.
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SILVA, Valério. A Locação Social como forma de acesso à moradia: a experiência de São Paulo como oposição a variadas formas de aluguel social temporário. 2013. 151 f. Dissertação (Mestrado) Departamento de Serviço Social do Centro de Ciências Sociais da PUC-Rio, Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro. 2013.
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PROJETO MORADIA É CENTRAL. UEMURA, Margareth Matiko; TSUKUMO, Isadora Tami Lemos, MENEGON, Natasha Mincoff; PIOCHI, Sidney. Moradia é Central: inclusão, acesso e direito à cidade. Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, Instituto Pólis. São Paulo. 2009.
011 HOSTEL Projeto de arquitetura referente a uma forma não convencional de hospedagem. Larissa Shiki Orientadora: Prof. Dra. Valéria Santos Fialho
Figura 01: perspectiva renderizada e humanizada da praça do hostel. Fonte: acervo do autor.
Resumo O presente artigo tem como objetivo apresentar um meio de acomodação não convencional, o hostel. Foram realizadas diversas leituras e pesquisa sobre o tema enfocando o desenvolvimento dessa tipologia no mundo e no Brasil. O mercado e a demanda para esse tipo de acomodação e as estratégias que esse setor vem adotando para promover a
aspectos de localização, serviços oferecidos, design dos ambientes e público alvo. Todos esses levantamentos subsidiarão o desenvolvimento de um projeto de hostel para a região da Paulista, coração de São Paulo.
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realidade e o desenvolvimento de hostel em São Paulo e no mundo. Analises envolvendo
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disseminação de hostels em São Paulo. Estudos de caso foram desenvolvidos para mostrar a
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Introdução Impulsionado pela globalização e pelo avanço da tecnologia de comunicação, aonde informações do mundo inteiro chega em questão de segundos, o turismo vem crescendo exponencialmente, não só no Brasil, mas, em todo o mundo. A internet não só estreitou as relações entre as cidades, mas, entre as pessoas também, e isso contribuiu para o crescimento do setor que vem movimentando uma boa parte da economia mundial. Em 2015, o Brasil ocupou a 28° posição entre 141 países avaliados no ranking mundial de competitividade no setor de turismo, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial. Em 2013, o Brasil era o 51° colocado no mesmo ranking, e o que impulsionou esse avanço na colocação foram os investimentos para as Olimpíadas 2016, que foi realizado no Rio de Janeiro. Devido aos grandes eventos que vem ocorrendo no país, lembrando que a Copa do Mundo de Futebol de 2014, foi realizada no Brasil. O fluxo turístico vem aumentando e o país está em destaque entre os turistas. Em 2014, quando se registrou a maior entrada de estrangeiros no país – cerca de 6,4 milhões de turistas – São Paulo foi a principal porta de entrada (2,2 milhões de turistas). Com todos esses números não podemos ignorar o fato de São Paulo ser uma cidade atrativa tanto para negócios como para o turismo cultural. As principais redes hoteleiras, nacionais e internacionais, estão locadas em São Paulo. Calculase que em São Paulo tenha aproximadamente 420 hotéis, com uma diária média de R$ 316. Enquanto existem 90 hostels com 2.800 leitos disponíveis com diária média de R$ 51, aproximadamente um sexto do da diária média do hotel. Os hostels são acomodações que se caracterizam por ambientes informais e descontraídos, sem deixar de oferecer conforto. Com preços convidativos, os hospedes dos hostels compartilham banheiros, dormitórios e as áreas comuns. A indústria dos hostels tem crescido e vem se tornando bastante lucrativa, e isso é notado com um número crescente de hostels em São Paulo, é de se notar à proporção que esse tipo de acomodação alternativa vem conquistando e vem tornando-se atrativa para qualquer público. E com isso, leva-se a uma competitividade, aos quais os hostels procuram se modernizar para atender á crescente demanda de clientes criteriosos.
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Proposição Próxima à região da Paulista, encontra-se em constante e profunda transformação. As antigas ocupações de sobrados, a maioria de comércio, estão sendo substituídas por altos edifícios sem a devida adequação na infraestrutura. Esse processo acontece devido à saturação de altas torres na Avenida Paulista, agora a sua expansão está ocorrendo para as ruas próximas. O projeto busca inserir neste contexto como uma forma de mediação entre os distintos tempos. Com 500m², o terreno possui uma localização entre esquina, duas alamedas conhecidas dos paulistas: Alameda Santos com a Alameda Campinas. Trata-se de dois lotes, sobrados. Um está desocupado o outro atualmente é um restaurante de fast food. Ambos estão descuidados. Os vizinhos mais recentes apresentam torres altas, porém, a maioria ainda são sobrados do passado. O edifício proposto tem 32 metros. Aproxima-se das construções ao redor e está implantado recuado, formando-se uma praça no térreo que liga as duas frentes do edifício estabelecendo continuidade com as áreas de passeio do bairro. A praça, metade na sombra, abriga um café, jardim e um piso permeável. É um bom padrão de urbanização numa cidade que carece de espaços públicos
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Figura 02 : perspectiva da fachada lateral do projeto. Fonte: acervo do autor.
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cuidados e agradáveis no meio de construções.
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Figura 03 : perspectiva da fachada do edifício. Fonte: acervo do autor.
Figura 04: planta térreo. Fonte: acervo do autor.
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A torre que abriga o hostel é composta por 8 pavimentos. No térreo, seria a recepção e a área de serviço do hostel, o café não possui ligação com o hostel. No primeiro pavimento é a área comum do hostel. Ou seja, cozinha, sala de televisão, computadores, uma pequena biblioteca e jogos são compartilhados, todos que estiverem acomodados no hostel poderão usufruir da área. Na outra torre é a área administrativa do hostel, junto com a sala do gerente. Os demais pavimentos são os quartos, todos equipados com beliches e banheiros nas duas torres. Os quartos são simples e pequenos, porém apresentam o conforto necessário para um período de noites a serem utilizados. O núcleo de circulação foi inserido no meio dos edifícios, criando uma conexão entre ambos. Os espaços são compactos, pois, o terreno é reduzido. A localização é excelente para qualquer tipo de viajante, seja aquele que está em São Paulo para negócios, turismo, necessidade de tratamento hospitalar, entre diversos motivos. O hostel está ao alcance de qualquer cidade do país, porém, necessita de incentivos de órgãos interessados e empreendedores que desejam criar a cultura dessa hospedagem alternativa. O preço acessível não é o único motivo do aumento de interesses ligados a esses estabelecimentos, mas também a mudança de comportamento dos novos turistas que buscam programar a sua viagem de maneira independente, buscando se envolver mais na cultura local e experiências autênticas, pois, hoje em dia as pessoas não querem mais conhecer os lugares comuns e com isso os hostels acabam se destacando e ganhando cada vez mais espaços. O projeto é voltado para todos os públicos possíveis. A partir do estudo realizado descrito acima, percebemos hostels direcionado para finalidades distintas e o trabalho é voltado para abranger os turistas que chegam a São Paulo. Oferecendo confortável e agradável hostel seja para permanecer pequenos ou grandes períodos. Além de o projeto apresentar um design diferencial na região que constantemente apresenta transformações em sua arquitetura.
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TIMOTHY, Dallen. Tourism and the Lodging Sector. Chapter 13: Youth Hostels and Backpacker Accommodation. 2009.
Arquitetura do Edifício
LOCKER, L. The backpacker phenomenon II: more answers of the futher questions. North Queensland: James Cook University, 1993.
Qualidade arquitetônica urbanística na habitação social A periferia como área de expansão urbana Lucas Paganini de Assis Orientador: Prof.ª Dr.ª Valéria Cássia dos Santos Fialho
Figura 01: Maquete eletrônica com vista da praça interna do projeto final. Fonte: acervo do autor
Resumo Ao se analisar o contexto da habitação social no Brasil e mais especificamente no município de São Paulo, o presente trabalho abordará a evolução do assunto em relação à qualidade das construções que são oferecidas para a classe baixa, bem como sua inserção na malha urbana, influenciando no modo de se pensar as cidades. Também a partir das três instâncias de gestão - federal, estadual e municipal - será analisado os programas e projetos administrados por elas, e a forma como cada uma subsidia o acesso à moradia para aqueles que não tem condições financeiras de pagar por ela. Após toda a fundamentação construída e o aprofundamento em
importantes eixos de crescimento da expansão urbana e como o Plano Diretor Estratégico auxilia na formação de novas centralidades. Palavras-chave: habitação social, periferia, expansão urbana, plano diretor estratégico e São Paulo.
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apresentado um projeto final na periferia, na qual foi estudado como essas regiões são
Arquitetura do Edifício
quatro estudos de casos de projetos contemporâneos de habitação social em São Paulo, será
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Arquitetura do Edifício
BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Introdução A investigação inicial exigiu um levantamento histórico da habitação social no Brasil, em que foram analisados programas e projetos criados desde então, e como a questão habitacional está ligada a ideologias partidárias, influenciando na sua provisão para classe menos favorecida. Desde sua produção pelo Estado - a partir da Era Vargas - muito se avançou em conceitos, tipologias e métodos construtivos, contrapondo a habitação feita pelo mercado rentista, que visava exclusivamente o lucro, como são os casos dos cortiços, ou ainda as vilas operárias que aparentavam uma qualidade melhor, pois tinham a função de controle do trabalhador pela indústria na qual estava subordinado. A partir da produção dos Institutos de Pensão e Aposentadoria (IAPs) - subordinado ao Ministério do Trabalho, já que eram divididos por categorias de trabalho - é que a habitação social no Brasil ganha um destaque maior, na qual as concepções e projetos dos conjuntos estavam fortemente ligados à Arquitetura Moderna, já que os arquitetos estavam acompanhando os CIAMs (Conselho Internacional de Arquitetura Moderna), sendo que a habitação mínima e o uso de equipamentos coletivos foram uma das pautas das reuniões. Um dos projetos emblemáticos desse período é o Conjunto Prefeito Mendes de Morais, ou como é conhecido, Conjunto Pedregulho, localizado no Rio de Janeiro (19471952) de autoria do arquiteto Affonso Eduardo Reidy, na qual as 328 unidades habitacionais compartilham o mesmo terreno com outros equipamentos de uso comunitário, como ginásio, escola, creche, entre outros. Muitos conjuntos dos IAPs traziam qualidade arquitetônica e urbanística por ser pensado como patrimônio a ser cuidado e preservado, para render lucro com o aluguel das unidades. Esse pensamento se opunha à ideologia que o Estado estava implantando da casa própria, que devido à especulação da terra, encontrou dificuldades de ser implantada em áreas centrais. Em 1964, com o golpe militar e a criação do BNH (Banco Nacional de Habitação), a produção de unidades na periferia foi intenso, na qual se procurava um barateamento da construção, com materiais baratos e terrenos isolados e sem infraestrutura. A COHAB (Companhia Metropolitana de Habitação) se destacou pela produção massiva de conjuntos habitacionais na periferia, com destaque à Cidade Tiradentes - extremo leste da cidade de São Paulo - se tornando um grande bairro dormitório, devido à desarticulação de políticas que complementassem a produção de moradias. Salvo alguns casos, como o Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado, de autoria dos arquitetos João Batista Vilanova Artigas, Fábio Penteado e Paulo Mendes da Rocha, pela Caixa Estadual de Casas para o Povo (CECAP), que futuramente viria a ser a CDHU. Com o fim da ditadura e enfraquecimento até a extinção do BNH, as alternativas para lidar com o déficit habitacional que vinha se acumulando foram grandes, na qual a falta de uma Política Nacional de Habitação (PNH) fez intensificar os movimentos sociais e lutas por moradia, que reivindicavam habitação para classe baixa em áreas mais centrais, além do surgimento das assessorias técnicas que auxiliavam os movimentos organizados, desde a aquisição do terreno, até os projetos arquitetônicos e auxílio aos mutirões para construção dos conjuntos. Também a ocupação de edifícios que não cumpriam sua função social, termo que foi criado na Constituição de 88, fui uma alternativa. Em 2001, foi aprovado o Estatuto da Cidade, que previa instrumentos a serem utilizados pelos Planos Diretores, obrigatórios a todos os municípios com mais de 20 mil habitantes, para ordenar o uso do solo, e garantir o direito à moradia digna, que em 2000 passou a ser direito de todo cidadão brasileiro. O PNH só foi aprovado após a criação do Ministérios das Cidades em 2003, no governo Lula (PT). Ainda nessa gestão, devido à crise de 2008 que afetou o mercado imobiliário, foi criado o Programa “Minha Casa Minha Vida”, definindo uma meta a ser produzida de unidades habitacionais, e estimulando a geração de empregos no setor da construção civil, motivo da baixa qualidade da maioria dos empreendimentos construídos para a classe baixa, pois são projetos em áreas afastadas do centro, onde a terra é mais barata, e geralmente se trata de uma construção massiva de casas e prédios de forma padronizada. Outros programas foram criados no âmbito municipal pela Secretaria Municipal de Habitação (SEHAB) no caso de São Paulo (Urbanização de Favelas e Mananciais), pois devido ao crescimento populacional e déficit habitacional, o surgimento de habitações informais se intensificou acarretando sérios problemas ambientais. É nesse contexto que foram escolhidos quatro projetos como estudos de caso, devido a sua boa qualidade tanto arquitetônica, como urbanística, na qual para sua construção, foram destinados recursos altos, além de escritórios de arquitetura estarem à frente. Por
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Figura 03: Conjunto Habitacional do Real Parque, de autoria do Escritório Paulistano de Arquitetura. No conjunto construído em uma área de 36.340 m², foram feitas 1.252 unidades. Fonte: www.epaulistano.com.br
Figura 04: Conjunto Habitacional Heliópolis – Gleba G, de autoria do escritório Biselli + Katchborian Arquitetos. No conjunto construído em uma área de 12.000 m², foram feitas 420 unidades. Fonte: http://www.bkweb.com.br/
Figura 05: Conjunto Habitacional Jardim Lidiane III, de autoria do escritório Andrade Morettin Arquitetos. No conjunto construído em uma área de 11.146 m², foram feitas 240 unidades. Fonte: www.andrademorettin.com.br
Figura Proposição O ponto de partida deste projeto foi a devolução dos 800 domicílios que se encontram no local. Isto porque, apesar das críticas que envolvem a remoção de uma favela para construção de conjuntos, a atual situação é irregular segundo o Código Ambiental, conformando áreas de risco ou estando muito próximas ao córrego São Carlos. Buscou-se a qualidade a partir dos estudos de caso, onde foram extraídos alguns parâmetros que foram seguidos para concepção do projeto: Implantação e contexto urbano; Variação tipológica; Tratamento de áreas livres; Multifuncionalidade; Tratamento de fachadas; Materiais; Conforto ambiental. construído em uma área de 12.000 m², A implantação teve como intenção a criação de espaços mais amplos de lazer e convivência, com a foram feitas 420 unidades. Fonte: ligação da Rua Padre Clemente Segura com a Rua João Tavares, com acessos em diferentes níveis e http://www.bkweb.com.br/ em mais pontos do terreno. Outra diretriz foi a multifuncionalidade que o projeto poderia trazer, onde foi proposto dois focos de comércios diversificados, dois espaços para usos alimentícios e o térreo de uma das lâminas demarcado para construção de uma UBS (Unidade Básica de Saúde), com bolsões de vagas de carro próximas a esses usos e que também podem atender os moradores do conjunto, pois se perderia muito espaço útil para implantação de 800 vagas, e o uso do subsolo não sendo uma opção economicamente viável. Os espaços públicos foram planejados com usos diversificados, como dois playgrounds, dois espaços para academia ao ar livre, uma arquibancada que poderá ter projeção de filmes, duas quadras
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Figura 02: Parque Novo Santo Amaro V, de autoria do Vigliecca & Associados. No conjunto construído em uma área de 5,4 hectares, foram feitas 198 unidades. Fonte: www.vigliecca.com.br
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tratarem a habitação social sem distinção de classes, no que se refere a soluções arquitetônicas, apresentaram alguns diferenciais criativos.
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poliesportivas e uma praça para esportes mais radicais como o skate. Também foram propostos mais espaços verdes com caráter de parque, permitindo uma qualidade ambiental maior. Não houve grande número de remoção de terra, pois foi feito apenas uma remodelação do terreno, permitindo criar praças em diferentes níveis interligadas por escadas e rampas com inclinação de 8,33% para cadeirantes. Também há uma horta comunitária encostada em um dos muros de arrimo, sendo que este foi muito utilizado para poder criar as praças e desníveis. Essa solução possibilita criar diferentes térreos para o acesso às unidades, sendo uma a principal, com dois elevadores e escada de emergência, que também foram colocadas nas extremidades para atender à norma de segurança. As unidades foram pensadas com uma metragem ampla e diversificada, atendendo a diferentes necessidades dos moradores. Desta forma foram projetadas três tipologias básicas (2 dormitórios, 3 dormitórios e estúdio) e duas unidades adaptadas, com base nas de dois e três dormitórios. As fachadas foram pensadas para serem ativas, com a presença de varandas e janelas com venezianas que conforme o período do dia, dão uma percepção diferente ao observador. O guarda corpo foi projetado em metal, com um jogo de cheios e vazios proporcionados por placas pintadas em azul, que estão presentes também nos corredores de acesso às unidades. Para atender ao número de 800 domicílios, foi adotada a seguinte proporção:
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Figura 06: 480 unidades tipo 2 dormitórios - 56 m² (60%). Fonte: acervo do autor
Figura 07: 240 unidades tipo 3 dormitórios – 63 m² (30%). Fonte: acervo do autor
Figura 08: 80 unidades tipo estúdio – 35 m² (10%). Fonte: acervo do autor
Devido à disposição dos pavimentos tipos, houve um acréscimo de 40 unidades do tipo estúdio, totalizando 220 UHs e aumentando 40 unidades do número total do conjunto. Todas possuem grandes aberturas para iluminação natural, devido a presença de caixilhos basculantes na área de serviço e alguns outros fixos ao longo das fachadas das unidades. Também há janelas de correr, que permitem maior abertura para ventilação. Também há em todas um volume que avança para o corredor, projetados como armários, que ampliam os espaços de armazenamento das unidades. Em relação aos pavimentos tipos, buscou-se distribuir de acordo com a proporção estabelecida, onde nas lâminas maiores (128 m), há 8 unidades de 2 dormitórios, 4 unidades de 3 dormitórios e 2 unidades do tipo estúdio, e nas menores (68 m) a metade. Em todos eles há um espaço destinado ao depósito de lixo ao lado de um DML (depósito de material de limpeza), juntos ao bloco de circulação vertical principal. A modulação estrutural dos edifícios tem variações de 4 e 5 metros, valor que surgiu da modulação das unidades. Trata-se de uma estrutura convencional de vigas e pilares de concreto armado, com guarda-corpos de metal, e a vedação das unidades em bloco de alvenaria de concreto, muito utilizado em conjuntos habitacionais contemporâneos devido ao baixo custo e à praticidade na construção.
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Figura 09: implantação das lâminas A e B. Fonte: acervo do autor
Figura 10: implantação das lâminas B, C e D. Fonte: acervo do autor Referências ANDRADE MORETTIN ARQUITETOS (São Paulo). Conjunto Habitacional Jardim Lidiane III. Disponível em: <http://www.andrademorettin.com.br/projetos/conjunto-habitacional-jd-lidiane/>. Acesso em: 22 abr. 2016. BONDUKI, Nabil. Os pioneiros da habitação social: Cem anos de políticas públicas no Brasil. São Paulo: Unesp, 2014. 400 p. BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade, 2013. ESCRITÓRIO PAULISTANO DE ARQUITETURA (São Paulo). Conjunto Habitacional do Real Parque. Disponível em: <http://www.epaulistano.com.br/real-parque.html>. Acesso em: 27 abr. 2016. HELM, Joanna (Comp.). HIS - Conjunto Heliópolis Gleba G / Biselli + Katchborian Arquitetos. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/01-16929/his-conjunto-heliopolis-gleba-g-biselli-maiskatchborian-arquitetos>. Acesso em: 22 abr. 2016. MARICATO, Ermínia. Habitação e a Cidade. São Paulo: Atual Editora, 2010.
VIGLIECCA&ASSOCIADOS; (São Paulo). Parque Novo Santo Amaro V. Disponível em: <http://www.vigliecca.com.br/pt-BR/projects/parque-novo-santo-amaro-v>. Acesso em: 20 abr. 2016.
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ROLNIK, Raquel. “De cidade só tem o nome”. 2011. Disponível em: <https://raquelrolnik.wordpress.com/2011/09/01/de-cidade-so-tem-o-nome/>. Acesso em: 11 abr. 2016.
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MONOLITO. Habitação social em São Paulo. São Paulo: Editora Monolito, 2012.
O diagrama no processo de concepção arquitetônica. Luis Paulo Hayashi Garcia Orientadora:Prof.aDr.aValeria Cassia dos Santos Fialho.
Figura01: Perspectiva do projeto experimental. Fonte: acervo do autor.
Resumo
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Palavras chaves: Diagrama, experimentação projetual, conceito, objeto arquitetônico.
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O presente trabalho de conclusão de curso tem como finalidade discutir processos projetuais com a utilização do diagrama como ferramenta de transformação e compreensão na concepção de objetos arquitetônicos. Além do estudo das principais ideias do diagrama em sua conceituação, o estudo abordará como o diagrama e apresenta na prática de alguns arquitetos e escritórios selecionados para fins investigativos. A partir das questões colocadas o trabalho aplicará os conceitos discutidos no desenvolvimento de um projeto experimental.
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Introdução A arquitetura contemporânea traduz diversas questões colocadas pela sociedade e tenta, da melhor maneira possível, interpretá-las através de espaços criados nas cidades. Ferramentas arquitetônicas projetuais ajudam os arquitetos nas mais diferentes articulações entre o projeto e a construção do mesmo, por exemplo, o uso de tecnologias computadorizadas, desenhos, modelos tridimensionais físicos e virtuais, diagramas etc. Neste trabalho a ferramenta abordada como centro analítico de estudo é o diagrama. Nos anos 40 e 50 os diagramas funcionalistas de bolhas da Bauhaus e os esquemas diagramáticos para entender a obra de Palladio por RodolfWittkower, foram incorporados pelas universidades de arquitetura como uma forma de ensino da prática. Foi nos anos 80 e 90 que o diagrama se tornou, para muitos arquitetos, uma ferramenta importante no desenvolvimento do projeto, uma vez que explicavam, manipulavam e definiam muitos dos trabalhos desse período. Atualmente com o avanço tecnológico, principalmente computacional, os diagramas estão se tornando indispensáveis na concepção arquitetônica, pois, obras complexas e de grandes dimensões estão sendo implantadas em diversos lugares do mundo. Partindo deste cenário, este trabalho abordará as seguintes questões: O que é um diagrama? Como ele é articulado na concepção da arquitetura? Quais as principais representações diagramáticas contemporâneas? A partir desses questionamentos, o estudo se desenvolve desde pontos relacionados à filosofia e semiótica até questões tecnológicas. Primeiramente, inquietações relacionadas ao entendimento de metodologia e processo foram observadas. A questão metodológica trouxe uma discussão relacionada com arquitetura, podendo ser muito abrangente, além de muito extensa. Já o tema processos, mostrou-se um assunto abrangente dentro do campo da arquitetura, porém tinha diversas camadas que poderíamos selecionar, como processos relacionados a representação gráfica, maquetes, modelos 3D etc. Ao estudar diagramas, a primeira dúvida apareceu relacionada com as inúmeras referências filosóficas citadas em diversos textos arquitetônicos, remetendo à questão: o que é um diagrama? A fim de melhor compreender o tema, pesquisou-se os pensamentos de Charles SandersPeirce, Gilles Deleuze e Felix Guattari por serem os autores mais citados nos textos lidos.
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Pierce, em sua semiótica, relaciona os três níveis do signo: índice, ícone e o símbolo. Traz o conceito de ‘ícone diferenciado’ em seu discurso, denominado de Hipo-ícone que é subdividido em: metáfora, imagem e diagrama, trazendo o último o ponto central, pois interferem, significativamente, nas demais subdivisões. Já a filosofia francesa de Deleuze e Guattari, com fundamental apropriação do pensamento de Foucault, traz o entendimento do diagrama como uma ‘máquina abstrata’ que não funciona para representar algo real, mas sim traz uma nova realidade para ele. Agora seguindo entendimento do diagrama no processo de desenvolvimento projetual, partimos para a análise de alguns escritórios e arquitetos como referência. O primeiro arquiteto é Peter Eisenman, um dos principais pensadores e articuladores do diagrama na concepção de seus edifícios, o qual trouxe a este trabalho um grande repertório a ser discutido. As abordagens feitas na carreira de Eisenman vão desde seu PhD em 1963, onde ele inicia os diagramas, até sua principal publicação, DiagramDiaries, que consolida a conceituação do diagrama em seu trabalho. Nesta importante publicação Eisenman faz uma autocrítica de sua carreira em três camadas distintas de pensamento diagramático: Anterioridade, Interioridade e Exterioridade.
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Outra referência para investigação foi o escritório holandês UNStudio, cujas percepções sobre o diagrama são claras e a principal delas é o entendimento deste como um mediador entre o objeto arquitetônico e o edifício real, construído. As tecnologias computacionais entraram com o discurso de outro escritório holandês o MVRDV e do arquiteto norte americano Greg Lynn; ambos utilizam necessariamente o computador para gerar os diagramas de seus projetos. Com esta bagagem teórica o trabalho se desenvolveu para experimentos projetuais utilizando o diagrama como ferramenta de trabalho e de processo. Proposição O projeto seguinte tem como objetivo ser um experimento em que o diagrama é a principal ferramenta de projeto, tanto no processo de desenvolvimento e estudo como de apresentação e explicação. Duas ramificações foram observadas após o estudo conceitual sobre o tema que são: Diagramas Indiretos e Diagramas Diretos. Os Diagramas Indiretos recebe essa denominação, pois estão ligados indiretamente ao desenho final do projeto,sendo experimentações que também o antecede. Esses diagramas foram desenhados a partir de uma observação da cidade e como ela consegue interferir na composição projetual. Para isso ‘linhas estratégicas’, que são linhas retiradas de prédios, ruas e viadutos do entorno do terreno, foram traçadas sobre ele e serviram como base inicial para os dez (10) experimentos a seguir.
Figura 02: Linhas Estratégicas. Fonte: acervo do autor.
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Figura 04: Diagramas Indiretos de análises de sobreposição das Linhas Estratégicas. Fonte: acervo do autor.
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Figura 03: Sobreposição das Linhas Estratégicas. Fonte: acervo do autor.
BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Figura 05:Experimentações volumétricas dos dez diagramas em maquete. Fonte: acervo do autor. Posteriormente ao estudo dos dez diagramas um teria que ser escolhido para ser o corpo de prova para receber multifuncionalidades já definidas. Essa escolha foi desenvolvida através de um diagrama de análise das dez experimentações. Este diagrama é composto de cinco parâmetros e avaliado com notas de 0 a 10. Segundo a análise, o diagrama de numero 2 foi escolhido por receber a maior nota, como o mais adequado para ser trabalhado. O edifício abriga programas de caráter corporativo, hoteleiro, residencial e cultural.
Figura 05: Diagrama de análise das dez experimentações. Fonte: acervo do autor.
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Os diagramas denominados Diagramas Diretos, têm a função de compreender o projeto experimental desenvolvido. Eles recebem esta denominação por estarem ligados diretamente ao projeto, pois o explicam. Diagramas como de estudo solar, ventilação, estrutural etc, entram nesta categoria. Os desenhos técnicos desenvolvidos, como plantas e cortes, são considerados diagramas a partir do momento em que é a principal representação e demonstram alguma característica importante e significativa do projeto. A maquete, por sua vez, é a representação tridimensional física de todas as ideias apresentadas bidimensionalmente, e sendo ela uma parte do processo de projeto podemos considerá-la um Diagrama Direto.
Figura 06:Exemplos de Diagramas diretos. Fonte: acervo do autor.
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Figura 07: Planta do térreo. Fonte: acervo do autor.
Referências BERKEL, Ben van; BOS, Caroline. MOVE. Amsterdam, UN Studio & Goose Press: 1999. EISENMAN, Peter. Diagram Diaries. London, Tames& Hudson: 1999. PEIRCE, Charles S. Semiótica. São Paulo, Perspectiva: 2008. VIDLER, Anthony. Diagrams of Diagrams: Architectural Abstraction and Modern Representation. University of California Press. California 2000.
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Figura 08: Maquete conceitual de acrílico. Fonte: acervo do autor.
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Figura 08: Corte. Fonte: acervo do autor.
Arquitetura de Emergência Habitação Transitória Mariana Godoi Ruiz Orientadora : Prof. Dr. Valéria Fialho
Figura 01 : Haiti ,2010. Fonte: Disponível em < http://ici.radio-canada.ca/emissions/point_du_jour/20142015/chronique.asp?idChronique=360089> Acesso em: 07 abril 2016.
Resumo Desastres são cada vez mais recorrentes e ao longo dos anos vem tomando proporções maiores, esta magnitude se dá pelo fato de que as cidades estão cada vez mais vulneráveis e
as medidas que atualmente são incapazes de lidar com o problema e, a partir de uma análise teórica, compreender como a arquitetura de emergência pode auxiliar nesse cenário. Análises estas que direcionaram para o projeto de habitação transitória com inserção no Brasil que se adapta a diversas circunstâncias de desastres e aos contextos sociais.
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Este trabalho tem como finalidade estudar as situações de desastre no Brasil e entender
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populosas.
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Introdução O trabalho tem como intuito refletir sobre a importância da criação de estruturas temporárias que atendam às necessidades de uma família desabrigada, analisando situações de uma forma global e com enfoque no Brasil. As análises são feitas a partir de dados que comprovam a imensidão e complexidade do tema, deixando clara a insuficiência de atitudes que envolvam o problema. O Brasil passa todos os anos por situações de desastres onde milhares de famílias ficam desabrigadas e desamparadas, desta forma o trabalho constata o porquê do aumento das ocorrências de desastres em meio urbano e como o poder público reage a estas situações. Este aprofundamento teórico e as análises de casos de abrigos temporários já instalados no Brasil permitem a compreensão da preocupante deficiência neste contexto. Entende-se que a arquitetura de emergência pode sanar os problemas de infraestrutura em situações de desastres; por meio de estudo de caso foi possível perceber que projetos de abrigos temporários já instalados ao redor do mundo tiveram uma grande importância no aumento da qualidade de vida das famílias desabrigadas. Contudo, o objetivo final desta pesquisa é a realização de um projeto de habitação transitória com inserção no Brasil, que atenda aos critérios e necessidades apontadas. Portanto, a estrutura do trabalho pode ser dividida em duas partes, enquadramento teórico e projeto. Abrange dados gerais sobre o que é desastre e como ele está presente no mundo como também a compreensão de diversos fatores do desastre no Brasil e como funcionam os abrigos temporários no país. Também entende como a arquitetura pode ajudar nessas situações e define a proposta de infraestrutura capaz de amenizar os impactos de um desastre, a habitação transitória. O trabalho estuda 11 projetos, não somente no contexto de alojamento, mas aqueles que se adequam ao tema de temporalidade e emergência, são analisados e evidenciados pontos como: matéria prima, tempo e modo de construção, sustentabilidade e flexibilidade na adaptação de situações e terrenos, o capítulo também conta com considerações e conclusões sobre os projetos estudados a fim de ressaltar os prós e contras. A segunda parte do trabalho define parâmetros projetuais, definidos a partir das análises anteriores e o projeto final de habitação transitória, que visa atender todas as necessidades estudadas.
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Proposição O Projeto Habitação Transitória, leva em conta toda a análise feita nesta pesquisa, visando à qualidade de vida do desabrigado, abrangendo os fatores físicos e psicológicos. Além de promover as soluções de infraestrutura, o projeto traz também o envolvimento emocional entre o desalojado e o abrigo, sendo a oportunidade de uma relação de identidade, lar e segurança em um momento de tragédia, além de amenizar a sensação de perda.
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Idealizado para ser compacto e leve, as peças do abrigo chegam a família por meio de três caixas de papelão (devidamente protegidas e embaladas), sendo possível ser carregadas facilmente. Dentro das 2
caixas há uma quantidade de cinco módulos (abrigo de 12,5 m ) e um manual do passo a passo da montagem, conforme a necessidade, uma família pode receber mais que um kit. O ponto inicial do projeto foi proporcionar um abrigo onde à própria família desabrigada pudesse montar e moldar seu lar temporário, com o uso da modularização, foi possível a criação de variadas formas e tamanho de abrigo, adaptando assim para cada diversidade de situação. Exemplo, uma família de três pessoas terá um abrigo menor daquela
que
possui
seis,
adequando-se
ao
tamanho ideal.
Figura 02 : imagem explodida - peças que compõem o abrigo. Fonte: do autor.
A modularização também traz a flexibilidade de função, mesmo sendo ele com o intuito principal de alojamento, é possível prever outros usos, como enfermaria emergencial, cozinha coletiva, banheiros temporários e etc. O desenho do abrigo já prevê o acoplamento de acessórios, como placas de captação de energia solar, gerando energia mínima para o uso de instrumentos usados no dia a dia, e calhas para a captação
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Figura 03 : planta – abrigo montado. Fonte: do autor.
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de agua pluvial, para as necessidades básicas.
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Empregar a tecnologia nos materiais foi fundamental para a realização do projeto, possibilitando o uso das matérias primas que são descartes poluentes na natureza e dar um novo destino a elas, os materiais escolhidos para a construção do abrigo são 100% reciclados, como o polipropileno (PP) que compõe embalagens de massas e biscoitos, potes de margarina, seringas descartáveis, utilidades domésticas, entre outros e a borracha do pneu. O polipropileno compõe toda a estrutura e fechamento do abrigo. Este é um plástico já visto nos estudos anteriores de abrigos emergenciais e que obteve um comportamento muito satisfatório, chegando a durar até 5 anos. Algumas características do PP são: baixo custo, alta resistência ao impacto e à fratura por flexão ou fadiga, boa estabilidade térmica e apresenta pouca absorção de água, portanto não apresenta umidade significativa. O seu processo de reciclagem funciona de forma rápida e barata, depois de separado, enfardado e estocado, o plástico é moído por um moinho de facas e lavado para voltar ao processamento industrial. Após secagem, o material é transformado em grãos, para produzir nova peças. A borracha de pneu compõe toda a base e piso do abrigo. No Brasil, em 1993, 0,5% do lixo urbano brasileiro eram de pneus velhos e fora de uso sendo que demoram cerca de 600 anos para se decompuser na natureza. Sua reciclagem acontece de forma que os pneus são cortados em lascas e purificados por um sistema de peneiras. As lascas são moídas e depois submetidas à digestão em vapor d’água e produtos químicos, o produto obtido pode ser então refinado em moinhos até a obtenção de uma manta uniforme ou extrudado para obtenção de grânulos de borracha
e
seguir
para
seu
novo
destino.
Hoje
já
se
é
utilizado
o
piso
proveniente
dessa reciclagem, onde possui as vantagens de ser antiderrapante, não soltar lascas, ser atóxicos e antialérgicos e suportar auto impacto de absorção. O tempo de vida do abrigo é ditado pelo tempo de recuperação das famílias, podendo ele ser
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desmontado e reutilizado para outras situações ou voltar para o processo de reciclagem.
Figura 04: implantação do abrigo em meio urbano. Fonte: do autor.
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O trabalho teve como intuito ressaltar a importância de estruturas temporárias no Brasil, analisando toda a deficiência e complexidade do problema. Sendo uma realidade em constante evolução, o projeto levou em conta toda a delicadeza de um momento de desastre, pensando além das estruturas físicas, mas também as psicológicas. A partir das analises anteriores, o desafio do projeto foi identificar e resolver problemas encontrados em abrigos estudados, dessa forma o ponto de partida foi a modularização, que proporcionou a flexibilidade que as estruturas emergenciais necessitam para se adaptar e melhorar a qualidade de vida das famílias desalojadas. Dar um novo destino para os materiais reciclados também foi um fator essencial para o projeto, que proporcionou a leveza e o baixo custo. Portanto, o projeto traz simplicidade na forma e na montagem, considerando a importância de ser prático.
Referências
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Nueva York,1980. apud GONÇALVES, Bruno.Dissertação Arquitetura de emergência:O papel
Arquitetura do Edifício
NORBERG-SCHULZ, C. Genius Loci: Hacia una Fenomenología de la Arquitectura.
A Habitação Social e a Segregação do Espaço Tânia Patrícia Mautone Garcia Aleixo Orientadora: Prof.ª Dra. Valeria Fialho
Figura 01: Projeto de Habitação Social na Zona Leste de São Paulo Fonte: acervo do autor
Resumo Esse projeto foi concebido a partir do estudo do desenvolvimento da Habitação Social e da
caracteriza pela grande quantidade de espaços públicos, pensado para diferentes idades, além de áreas de lazer esse conjunto habitacional possui áreas de comércio e serviços para promover a multifuncionalidade dos espaços e quatro tipologias distintas para atendem a diferentes públicos no mesmo local e é um conjunto de densidade média.
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zona leste de São Paulo, que integre a cidade, as pessoas e a habitação. Esse projeto se
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segregação em São Paulo. A proposta é de uma Habitação de Interesse Social localizada na
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Introdução
Para desenvolver um projeto de habitação social que discutia questões de segregação, a pesquisa partiu da história do desenvolvimento da habitação e de conjuntos de HIS (Habitação de Interesse Social) consolidados na cidade de São Paulo, de diferentes momentos da história com diferentes políticas públicas, desde o surgimento dos cortiços no começo do Século as COHABES nos anos 60, Cingapuras, produção por mutirão até o plano habitacional “Minha Casa, Minha Vida”. Todos esses exemplos tem monofuncionalidade, grandes distâncias até o cento, falta de infraestrutura urbana, áreas de lazer, mobilidade urbana limitada, e essas características em comum, sempre podiam ser relacionadas com a segregação espacial. A partir daí surgiu a proposta de um projeto de habitação social que promovesse a integração de pessoas, do conjunto e da cidade, onde além da habitação existiriam áreas de lazer, diferentes usos e acessível a todos que quisessem usar os espaços. Para isso um terreno na zona leste de São Paulo foi escolhido, tendo como premissa, uma área que possuísse infraestrutura urbana consolidada, diferentes equipamento públicos com diferentes serviços para a população, comércios e serviços no entorno imediato, fácil aceso a transporte coletivo e área de lazer. Tendo como base de projeto o Conjunto Jardim Edite, que se destaca dos demais por sua localização, usos e estilo arquitetônico, o Conjunto Heliópolis e o Alexandre Mackenzie que, presavam por espaços comuns de qualidade e integração dos moradores, esse projeto tentou absorver a melhor característica de cada um deles. A integração entre espaço público e privado, é uma das questões fundamentais do protejo, onde o projeto se integra com a cidade e as pessoas, muitas áreas de lazer e áreas vegetadas, que dão a ideia
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de um lugar projetado para todos, os moradores e a comunidade local coexistirem no mesmo espaço.
Figura 02: Perspectiva Aérea. Fonte: acervo do autor.
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Proposição A concepção inicial desse projeto, era de uma habitação que não segregasse, depois de muito estudo e muitos desenhos, a concepção do projeto passou a ser uma Habitação Social integrada à espaços públicos de convivência e lazer, que atrelados a boas unidades habitacionais trariam para as pessoas uma boa qualidade de vida, onde o foco seria a integração dos moradores do local, a vizinhança e os espaços comunitários. A ideia de não ter muros, e fácil acesso por todas as fachadas do terreno, reforçam a concepção de um espaço para pessoas, um espaço permeável, que integra cidade, habitação e parque. Esse projeto, propõe um espaço público totalmente aberto e acessível, multifuncional, com equipamentos de estar e lazer para garantir que exista um fluxo constante de pessoas, e esse fluxo permita que seja um ambiente seguro e acolhedor.
Figura 03 :Implantação, que mostra a integração dos espaços e relação das áreas verdes e impermeáveis. Fonte: acervo do autor Os pavimentos tipo possuem 4 tipologias, um apartamento de 42,00 m², um de 49,00 m², ambos com dois quartos, um de 56,00 m² e um de 63,00 m² ambos com 3 quartos. Os prédios possuem um ou dois elevadores e o número equivalente de escadas de emergência para circulação vertical, e a circulação horizontal é feita por um corredor aberto que permite a entrada de luz natural na área social da casa e
Figura 04 :Planta tipo com 4 tipologias diferentes. Fonte: acervo do autor.
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permite que a ventilação seja cruzada.
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O terreno possui três níveis 743, 744 e 747, todos os níveis possuem acessibilidade, para que o córrego não seja um impedimento geográfico, duas passarelas de metal foram criadas. O projeto que está situado no nível 747 possuí 7 andares, um a menos que o restante do projeto para que a altura do conjunto seja a mesma, a altura dos edifícios é de 30 metros considerando andares e platibanda, a caixa d’água e a caixa do elevador passam essa altura.
Figura 05 :Corte AA - a relação do terreno e as edificações Fonte: acervo do autor.
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Figura 06 :Corte DD - a relação do terreno e as edificações e o curso d´água. Fonte: acervo do autor.
Figura 07 :Corte EE- a relação do terreno e as edificações e o curso d´água. Fonte: acervo do autor.
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A questão da segregação social e espacial me motivou a estudar e pesquisar tudo o que fosse possível, dentro da temática da HIS, como exemplos consolidados na cidade de São Paulo, as diferenças entre regiões e as semelhanças entre periferias distintas, entre outros aspectos. Com isso foi possível fazer comparações entre diferentes projetos, lugares e políticas públicas e achar erros recorrentes, tais quais: lugares com precariedade de infraestrutura urbana, monofuncionalidade, concentração de pessoas da mesma classe social, mobilidade urbana limitada, grandes distâncias de áreas centrais, fluxo de pessoas em apenas alguns horários do dia e projetos arquitetônicos ruins. Todos esses aspectos juntos promoviam a segregação. A concepção inicial deste trabalho era desenvolver um projeto de habitação social que não segregasse. Porém, este não foi um objetivo completamente atingido, pois existem milhares de fatores que promovem a segregação e tentar mudar apenas os citados acima não resolveriam o problema. A segregação acontece em qualquer lugar de qualquer maneira e não segue Normas específicas e estanques. Porém, é possível minimizar, com um bom projeto, muitos aspectos desta segregação e é isto que busca este trabalho ao desenvolver um projeto cujo cerne é a promoção da integração espacial e das pessoas. Para que isso ocorresse, os principais aspectos do projeto seriam a integração da cidade com o conjunto habitacional, os diferentes usos para públicos distintos e grandes espaços públicos que promoveriam integrações.
Referências
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JACOBS, Jane Morte e Vida de Grandes Cidades São Paulo Livraria Martins Fontes Editora Ltda 2000 MARICATO, Ermínia A Produção Capitalista da Casa (e da Cidade) no Brasil Industrial São Paulo Editora Alfa – Omega 1982 MARICATO, Ermínia O impasse da política urbana no Brasil São Paulo Editora Vozes Ltda. 2011 VILLAÇA, Flávio Espaço Intra-Urbano no Brasil São Paulo FAPESP 2001
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HERLING, Tereza Habitação de interesse social em São Paulo: desafios e novo instrumentos de gestão São Paulo Corset 2008
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METAMORPHOSIS MEMORIALIS Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano. Amanda Suemy Miyazaki Orientador : Prof. Me. Ralf José Castanheira Flôres
Este ensaio aborda a atual situação que Santo Amaro vive, tomando como base todo o processo histórico e as transformações que ocorreram com o passar do tempo, a partir da memória de suas edificações e de seus agentes atuantes, gerando assim uma crise identitária. Logo, busca um projeto de intervenção e requalificação, tendo em vista contribuir para a valorização e resgate da memória do Largo 13 de Maio.
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Resumo
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Figura 1 : METAMORPHOSIS MEMORIALIS. Fonte: acervo da autora.
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Introdução Estudar sobre a história de Santo Amaro, foi de extrema importância para entender todo o contexto da região. Após as pesquisas em livros, teses, artigos, ao procurar em leis, fotografias e realizar comparações entre os acontecimentos do passado, os fatos do presente e as projeções do futuro, entendendo todo o processo de transformação, foi ressaltado que existem três agentes que atuam sobre o local: os Santamarenses, a População Flutuante e a Metrópole. Após uma profunda reflexão sobre o fluxo tanto do pedestre como do automóvel, foi proposto um projeto que pudesse interligar a Praça da Catedral com o calçadão da Capitão Tiago Luz, fazendo com que uma parte da Avenida Adolfo Pinheiro se tornasse em um espaço compartilhado, priorizando e visando em um projeto de lazer e permanência na escala do pedestre. Ou seja, o objetivo deste Trabalho de Conclusão de Curso é uma análise da situação paisagística, urbanística, de patrimônio histórico e cultural do bairro de Santo Amaro (SP), como base para a criação de um projeto de intervenção e requalificação, tendo em vista contribuir para a valorização e resgate da memória do Largo 13 de Maio. Para chegar ao projeto final, houve um embasamento que foi realizado nas seguintes etapas:
Seleção de material para aprimorar o conhecimento sobre os acontecimentos históricos e sociais que levaram Santo Amaro ao estado no qual se encontra atualmente;
Busca pela fundamentação teórica baseada em conceitos e na realização de uma análise de projetos de praças, centros históricos, espaços compartilhados, optando pela escolha de dois projetos essenciais para embasamento;
Desenvolvimento de estudos-base sobre o passado e o presente dos edifícios e eixos selecionados que marcam a história da região, como o levantamento de dados para a realização de mapas de uso e ocupação, psicogeográficos, diversidade residencial, entre outros; a criação de quadros referentes à antiga e atual situação destes edifícios, estudos de fluxos, tendo como fundamento pesquisas em campo, a comparação do acervo fotográfico antigo com o atual, estudos de teses e artigos relacionados com o tema, buscando também referências em livros e na mídia;
Organização de todas as informações para a criação de um diagnóstico local, levantando os
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problemas e potencialidades, para assim chegar em propostas para a realização do projeto de intervenção e requalificação da Praça da Catedral ao calçadão da Capitão Tiago Luz, buscando valorizar e resgatar a memória do Largo 13 de Maio. Portanto, respondendo assim a questão do tema do TCC: “METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano” = “além da forma da memória”, significa que a proposta de intervenção visa que o espaço estudado volte a ser um largo como antigamente (pois, atualmente, foi cortado por uma avenida de intenso fluxo), entretanto, com um novo traçado respeitando a nova identidade, mas, não se esquecendo da antiga.
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Proposição Após contextualizar o processo de construção e compreensão da identidade e memória de Santo Amaro, estudando os edifícios que constituem a história do local, o projeto de intervenção e requalificação terá como ponto inicial a praça onde o bairro nasceu, ou seja, a Praça da Catedral de Santo Amaro, estendendo-se ate a Rua Capitão Tiago Luz (atualmente se tornou o calçadão) e no qual foi proposto um desenho de piso que criará uma identidade por toda área de calçada do Largo 13 de Maio. Com base nas pesquisas realizadas durante todo o processo até agora, foram definidas propostas de forma que torne o espaço convidativo ao público, pensando em um projeto com um traçado mais atual, valorizando a herança patrimonial existente, resgatando a identidade que foi perdida com o tempo, mas que converse com a nova identidade encontrada na região. Seguindo estas premissas, como forma de interligar os dois lados do Largo 13 de Maio, que atualmente é cortado pela
Figura 2: Planta de piso. Fonte: Acervo da autora.
Avenida Adolfo Pinheiro, inicialmente, foi pensada em um desenho de piso que criasse uma identidade no local, entretanto, a região proporcionava algo maior; As linhas de pensamento como Shared Space e Traffic Calming começaram a tornar convidativas ao espaço. É importante ressaltar que Shared Space (espaço compartilhado) tem como filosofia o compartilhamento do espaço entre pedestre, ciclistas e automóveis, de forma que um espaço livre de regulação torne o usuário mais consciente e responsável pelos seus atos, podendo resultar de forma mais eficaz a segurança e a qualidade do espaço. E Traffic Calming são medidas para acalmar o tráfego, priorizando o pedestre, como a implantação de ilhas centrais, rotatórias, estreitamento de vias, espaços compartilhados e afins. Entretanto, ambas as linhas de pensamentos são utilizadas em outros países, mas, aqui no Brasil, existem poucos exemplos como a Rua Avanhandava, levantando a questão se seria possível esta solução. A partir do diagnóstico da região, foi observado como funcionava os usos e ocupações, o fluxo tanto do
transeuntes. O próximo passo foi nivelar parte da Avenida Adolfo Pinheiro com os calçadões (espaço entre o calçadão da Rua Capitão Tiago Luz até a da Rua Senador José Bonifácio), de forma a priorizar o 1
pedestre e tornar novamente o espaço um largo , em um espaço compartilhado. Desta maneira, foi 1
O termo largo é uma grande área livre pública definida a partir de um equipamento usualmente
comercial, geralmente, próximo às igrejas e centros comerciais;
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estudo para uma intervenção nas rotas dos ônibus públicos, buscando proporcionar mais segurança aos
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pedestre como do automóvel. Neste momento, para que pudesse dar continuidade ao projeto, houve um
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necessário tomar medidas para que o automóvel diminua a velocidade e entenda que aquele respectivo local necessitaria de extrema atenção e respeito para com os pedestres. Em todo o Largo, será utilizado o piso intertravado, apenas brincando com as cores para desenho do mesmo. A escolha deste tipo de piso se dá por conta tanto da durabilidade, como da resistência do material e o fato deste ser permeável. Com o piso permeável, anula as chances da criação de poças e possíveis alagamentos. O desenho é baseado nas linhas de topografia da região, em cada nível possui um desenho diferente tanto da cota inferior como da superior, ou seja, o desenho da cota 755 possui listras totalmente diferentes da cota 754. É importante pontuar que as árvores implantadas por todo o projeto são alfeneiros e murtas, podendo ser passíveis de mudança. Foram criados canteiros ajardinados, onde cada canteiro possui um desenho próprio e mobiliário como bancos para uso do pedestre. A praça possui todo um mobiliário preferencialmente feito em madeiras, permitindo assim brincar com cores. A área em frente à igreja (área 1), permanece somente em praça seca, para que a fachada principal possa ser vista tanto da Alameda Santo Amaro quanto da Av. Padre José Maria. Ao lado da igreja, há um platô referente à cota 753.5 (área 3), onde pode ser utilizado para usos como ponto de encontro,
realização
de
festas
religiosas, quermesses, saraus e afins. Na cota 754 (área 2), entre a igreja e o platô, pode ser utilizado tanto como os usos da área 3 como para eventos gastronômicos para veículos de baixo porte,
por
Figura 3: Planta com áreas de propostas marcadas. Fonte: carrinhos
exemplo: de
food
bikes,
pequeno
porte
(churrasqueiras, carrinhos de pipoca,
Acervo da autora.
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churros), barracas e afins. No calçadão da Capitão Tiago Luz, atualmente possui uma feira de artesanatos, porém está totalmente desorganizado, logo, com a implementação da fileira de árvores alfeneiros, com distância de 5m em 5m, entre os troncos das árvores, serão colocadas as barracas padronizadas de tamanho de 1m x 0.80m. Para que haja um melhor policiamento da região, será realocada a base da policia militar, esta ficará no encontro da Capitão Tiago Luz com a Avenida Adolfo Pinheiro.
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Logo, o projeto busca uma nova experiência para Santo Amaro de forma que induza as novas metamorfoses, tanto da identidade, como do transeunte. Portanto, ao olhar para Santo Amaro na situação atual, é possível perceber que o local se encontra em constante transformação tanto física como identitária, e não é possível fazer com que isso se estagne, pois tudo ao nosso redor está em constante mudança, tanto a metrópole, como a
Figura 4: Implantação do projeto. Fonte: Acervo da autora.
sociedade, o espaço, o cidadão. Mas são essas transformações que levam ao crescimento. A cidade é a metamorfose, mas, como dizia Antonie Lavousier (1777), “[...] nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Em outras palavras, a MEMÓRIA é a base dessa METAMORFOSE.
Referências
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LAR. Estudo de requalificação do eixo histórico de Santo Amaro, São Paulo, v.1,n.1, Dezembro 2014. Disponível em url: < https://issuu.com/larsenac/docs/larfinal_ec7a94928e02ab>. Acessado em 10 de março de 2016.
Arquitetura Inclusiva: Centro de Arte, Cultura e Convivência Ana Cristina Faraco do Amaral Orientador : Prof. Me. Ralf José Castanheira Flôres
Figura 01 : Centro de Arte, Cultura e Convivência. Fonte: acervo da autora
Resumo Este ensaio aborda a questão da acessibilidade na arquitetura, traçando um panorama da evolução histórica das leis e normas, revisitando a trajetória das preocupações e discussões
deste ensaio é a proposição de um equipamento cultural multidisciplinar, com base nos princípios de desenho universal, que possa se transformar em modelo de referência da conciliação entre estética, função e uso, numa edificação que contemple a diversidade humana e ofereça conforto, segurança, acessibilidade e bem estar.
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dos direitos constitucionais das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. O objetivo
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sobre a acessibilidade no Brasil. Aponta-a como fator essencial para a garantia do exercício
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Introdução A cidade é um cenário de interação entre diferentes pessoas na sociedade, onde todos devem ter a oportunidade de realizarem suas atividades com equidade, ou seja, toda a diversidade deve ter assegurado seus direitos de forma igualitária. Essa interação entre as pessoas estabelece uma relação de coletividade e convívio dentro do espaço urbano. Mas, para que esta interação contemple a diversidade, é necessário oferecermos condições de acessibilidade para que todos possam ter assegurado seu direito primordial de ir e vir. A relação das pessoas com o ambiente é uma relação de mão dupla; a deficiência resulta da interação entre pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e as barreiras devido às atitudes e ao ambiente. Quando o ambiente construído não leva em conta as necessidades ou limitações humanas, ele pode chegar a ser mais inóspito que o meio natural. Muitas pessoas em nossa sociedade, independente de serem ou não pessoas com deficiência, apresentam dificuldades para se desenvolver segundo os modelos da educação formal oferecidos pelas escolas. A educação adquirida por meio de atividades artísticas e culturais oferece uma oportunidade real de contribuir para o aprendizado das pessoas que não se adequam aos modelos formais. Diante dessa realidade, a acessibilidade arquitetônica se torna uma condição essencial para garantir, também, o acesso à educação por meio da arte e da cultura. Porém, a acessibilidade é sempre abordada como uma questão de adaptação, uma mera exigência da adequação à lei onde, por vezes, é deixada de lado por ser um elemento limitador da estética nos projetos. Diante disso, os arquitetos e urbanistas têm o papel essencial de criar propostas que garantam acessibilidade a todas as pessoas, independentemente de sua idade, habilidade, dimensão ou condição física e sensorial, na tentativa de eliminar as barreiras para que possam usufruir de ambientes e oportunidades com igualdade de condições, de modo autônomo, seguro e sem esforços desnecessários. À medida que a cidade e os espaços culturais se tornam acessíveis, as pessoas com deficiência passam a frequentar e usufruir desses espaços, não apenas como fonte de educação, mas também como fonte de lazer e interação com outras pessoas, promovendo sua efetiva participação na sociedade. Uma pesquisa feita por um jornalista americano mostrou que 58% das pessoas entrevistadas sentiam-se desconfortáveis na presença de uma pessoa com deficiência. No entanto, somos parte de um coletivo e temos que lutar pela inclusão de cada um na sociedade. Quando falamos em acessibilidade na arquitetura, precisamos abordar o conceito de Desenho Universal. O Desenho Universal representa a garantia de que o indivíduo possa desfrutar de ambientes e oportunidades iguais aos considerados cidadãos "comuns", sem receber tratamento discriminatório por causa de suas características pessoais.
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Foi a partir do final da década de 1980 que esses conceitos começaram a gerar transformações na Legislação Brasileira, resultando nas leis dentre as quais as mais importantes são a Lei Federal nº10.098/00, conhecida como Lei Nacional de Acessibilidade, a Lei Federal nº13.146/15, conhecida como Lei Brasileira de Inclusão, e a norma técnica da ABNT: NBR 9050, revisada em 2015. Todo projeto tem como requisito básico o atendimento à legislação e ao objetivo de uso e função, assegurando conforto, segurança e bem estar aos usuários mas, também, contemplando a estética e o diálogo com seu entorno. É frequente a visão dos arquitetos quanto à incompatibilidade entre função e estética com as questões de acessibilidade. Inspirada e motivada pelo desejo de contribuir com esta temática, propus o estudo e a concepção de um centro de arte, cultura e convivência projetado com base nos princípios do Desenho Universal, que desmistifique essa visão de incompatibilidade com a estética, demonstrando que acessibilidade e estética são perfeitamente conciliáveis, além de oferecer segurança, cidadania e bem estar aos usuários, proporcionando oportunidades de convivência social inclusiva por meio da arte e da cultura.
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Proposição Projetar com base no Desenho Universal implica numa grande mudança de referencial, que vai além da prática comum de remoção das barreiras para um grupo específico de pessoas (pessoas com deficiência), evoluindo para uma forma de atender às necessidades ambientais de praticamente todos os usuários, independentemente da idade ou habilidade. Significa projetar todos os produtos, edifícios e espaços exteriores de forma que possam ser usados por todas as pessoas na maior extensão possível. Desenho universal não é um estilo de design, mas uma orientação para projetar. O arquiteto também pode aprimorar sua forma de projetar a partir do conhecimento de elementos que contribuem para facilitar a leitura e percepção do espaço construído, embutindo informações e referências multissensoriais neste ambiente e, desta forma, influenciar as experiências e sensações que este ambiente pode proporcionar aos usuários. Estas informações e referenciais podem ser inseridos através da programação e aplicação de cores, texturas, luz, forma, temperatura, cheiros, entre outros elementos que possam ser percebidos, sentidos, e interpretados de maneiras distintas, dependendo, da cultura, experiências prévias, estado de espírito, entre outras condições, de quem vivencia o espaço. A partir desses estudos e definições, comecei a buscar áreas, preferencialmente vazios urbanos, para a implantação do meu projeto no bairro da Aclimação, por ser uma região equidistante das várias regiões da cidade. Localizei e escolhi um terreno entre as ruas Dr. Nicolau de Sousa Queirós e Artur Sabiá, com aproximadamente 2mil m² e 9m de desnível. O terreno pode ser acessado por duas ruas e é bem servido por transportes públicos, pois há proximidade com as linhas azul e verde do metrô e servido por duas linhas de ônibus. Definido o terreno, o primeiro ponto do projeto a ser desenvolvido seriam o tratamento das curvas de nível e a definição dos acessos. O acesso ao terreno seria fluido por duas ruas, com tratamento do desnível bilateral de seis e nove metros através de um sistema de contenção a definir para que pudesse ter um melhor aproveitamento da área de projeto. Para isso, escolhi a contenção em solo grampeado, pois permite o mínimo de interferência das contenções na edificação.
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Figura 02 : Piso Térreo. Fonte: acervo da autora
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Definida a contenção, parti para a definição da malha estrutural e da organização do programa de necessidades. O edifício proposto foi dividido em quatro pisos. Como a frente do terreno está localizada na Rua Dr. Nicolau de Sousa Queirós, que é mais movimentada, defini o piso dessa cota como o piso térreo do meu edifício, abrigando os setores administrativo e expositivo no andar. Acima do térreo está localizada a biblioteca e, abaixo, dois outros pisos, abrigando os setores educativo e auditório.
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Abaixo do piso térreo, estão os pisos Educativo e Auditório, onde ocorrem as principais atividades do Centro de Arte e Cultura.
Figura 03 : Piso Auditório. Fonte: acervo da autora No piso Auditório, acessado pela Rua Artur Sabiá, foi prevista uma área de convivência para a realização de atividades e eventos, além de um jardim sensorial. Por essa área ser privilegiada em vários sentidos, optei por defini-la como o local da área de convivência do projeto. É uma área mais baixa, praticamente nivelada, e está sempre iluminada.
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A circulação é feita por dois elevadores panorâmicos e uma escada metálica com guarda-corpo de vidro, localizados na região central do terreno. O piso tátil sinaliza a rota acessível do projeto.
Figura 04 : Edifício. Fonte: acervo da autora A estrutura para este projeto é composta por pilares em perfil metálico I de 30cm, vigas metálicas também em perfil I e lajes alveolares. No Piso Auditório, os pilares foram revestidos de concreto e colocada uma laje nervurada (laje cubeta). A malha estrutural possui vãos de 10m, 8,30m e 8m. A opção por utilizar estrutura metálica foi muito influenciada pelo fato do aço ter alta resistência e oferecer possibilidade de utilização de elementos mais esbeltos. São estruturas de fácil instalação e permitem uma melhor qualidade de construção e menor manutenção, oferecendo segurança e resistência.
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Além da estrutura metálica, utilizei fechamento em vidro nas fachadas e nos espaços. O vidro é considerado um elemento moderno e versátil por suas características de durabilidade e transparência que ajudam a integrar espaços, além de ser um elemento estético. Procurei estudar a fundo todas as variáveis deste projeto na tentativa de dar corpo a um objeto que pudesse ser uma referência, no intuito de colaborar, através desta primeira tentativa, com uma discussão que precisa ser levada a diante para que possa, a cada nova experiência, ser compartilhada, questionada, debatida e aprimorada. Tenho certeza de que muito maior do que o resultado do meu objeto, foi a trajetória que consegui construir ao longo deste período, pelo fato de acreditar que debater questões de Desenho Universal sem passar pela experiência de conceber um projeto arquitetônico embasado nos seus princípios, vivenciando todos os desafios de fazer a transposição da teoria para a prática, se constituiria num discurso superficial. Sigo na esperança de que este tema apareça cada vez mais nas discussões das salas de aula e, principalmente, se transforme em um tema de real interesse para os arquitetos. Referências ABNT. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, RJ, 2015. ALMEIDA PRADO, Adriana R. de; LOPES, Maria Elisabete; ORNSTEIN, Sheila Walbe. Desenho Universal - caminhos da acessibilidade no Brasil. Editora Annablume, 2010. BRASIL. Lei Federal nº 10.098, de 19 de Dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. BRASIL. Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). CAMBIAGHI, Silvana. Desenho Universal: métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas. Editora Senac, 2007. CARDOSO, Eduardo; CUTY, Jennifer. Acessibilidade em ambientes culturais. Porto Alegre: Marca Visual, 2012. MACE, Ronald; HARDIE, Graeme; PLACE, Jaine - Accessible environments toward Universal Design. In: PREISER, W.; VISCHER, J. C.; WHITE, E. T. (Eds.). Design interventions: toward a more humane architecture. New York: Van Nostrand Reinhold, 1991. PALLASMAA, Johani. The Eyes of the Skin: Architecture and the Senses. Chinchester: John Wiley and Sons, 2005. (First published in 1996). RELATÓRIO MUNDIAL SOBRE A DEFICIÊNCIA, World Health Organization, The World Bank. São Paulo: SEDPcD, 2012.
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Regiões Metropolitanas e Nós Urbanos: Cultura e lazer na escala do pedestre em São Bernardo do Campo Barbara Suemi Haga Gimenes Orientador: Prof. Me. Ralf José Castanheira Flôres
Figura 01 : Croqui de o Centro Cultural. Fonte: autoral.
levantamentos de usos, conservação, conexões, entrevistas com pessoas que passam ou residem na região, dando base para o entendimento das reais necessidades da mesma. Através dessa análise, em conjunto com um estudo sobre os fluxos, foi possível identificar as causas para os congestionamentos, as carências em questões de lazer, cultura, esportes, facilidades de percurso na escala do pedestre, e também as características que comprovam que o lugar tem potencialidades infinitas, devido sua localização, seu suprimento em redes de transporte público e como isso se integra com a metrópole.
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Estudo de caso da cidade de São Bernardo do Campo, o qual resultou em mapas com
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Introdução Em princípio, a proposta era trabalhar em São Bernardo do Campo, que foi previamente estudada em sua formação histórica. Analisando as possibilidades apresentadas na cidade, decorrente de problemas nela encontrados, foi identificada uma potencialidade numa região específica da mesma, essa era um terreno de um shopping que fora demolido recentemente. Como diretriz, houve a necessidade de entender o que ocorria no entorno de tal terreno, daí iniciaramse análises, pesquisas de campo, que mostravam outras potencialidades naquele lugar. Essa região configura um entroncamento em forma de rotatória, que é rota de pessoas de várias cidades. O processo de compreensão da dinâmica do trecho, que abrange o Jardim do Mar, a Vila Dayse e a Chácara Inglesa, teve algumas fases de estudo, onde foram feitos levantamentos de uso, conservação, gabarito, conexões e fluxos, além de pesquisas de campo que justificaram as intenções de trabalho com lazer e cultura. Após essas análises, surgiram pontos de reflexão sobre as possibilidades de intervir, diante de problemáticas como congestionamentos em horário em pico, carências da região e infraestruturas que não funcionam da maneira adequada à escala do pedestre. A proporção de importância desse recorte se faz presente na escala da Metrópole, entretanto não inibe à diretriz de trabalhar de modo atencioso às pessoas que vivem esse espaço todos os dias, se apropriando de suas qualidades e sentindo o peso de suas deficiências. Através da vivência desse lugar, o entendimento se fez presente, refletindo no surgimento de pontos de exploração desse recorte, composto pelas Avenidas Kennedy e Barão de Mauá, bem como a rotatória que interliga ambas e o terreno atualmente sem projeções do antigo shopping.
São Caetano do Sul
Av. Atlântica
Av. Kennedy
São Paul o
Av. Lucas Nogueira Garcês
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Patrimônio Arquitetônico e Urbano
Diadem a
Santo André
Av. Pirapori nha Av. Barão de Mauá
Centro SBC
Baixada Santista
Figura 02 : Mapa macro de Avenidas e Cidades. Fonte: autoral
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Proposição A ideia do projeto inicialmente era desenvolver um centro cultural na cidade de São Bernardo do Campo, devido essa ser uma carência enorme numa cidade consolidada e com tamanho volume populacional. O local de interesse era um antigo shopping que perdera seu uso após falir, tendo sido demolido no ano de 2015, porém, para intervir nesse terreno, foi necessária uma análise, que encaminhou o projeto a um novo rumo. Um problema levantado foi a questão do fluxo de carros e pessoas não terem boa comunicação, não havendo a priorização do pedestre diante da cidade, além de pontos de convergência e congestionamento devido todo o contexto da Praça Ibrahim de Almeida Nobre ser centro de tantas cidades. Tendo tais circunstâncias, a priori foi desenvolver algo que tivesse caráter de integração, hierarquia entre modos de locomoção, para tanto, devido a existência das avenidas configurando um eixo, surgiu a proposição de um parque linear, que permitisse um percurso agradável e adequado para pessoas e bicicletas.
Figura 03 : Implantação do parque linear – projeto autoral Ao centro desse parque, uma grande praça central com áreas de estar que funciona como ponto de entrada e encontro para o centro cultural.
Figura 04 : Croqui Centro Cultural – projeto autoral Resolver isso fez com que o traçado viário fosse modificado, pois a rotatória em volta da praça central impossibilita a fluidez do local. Para fazer com que o eixo funcione como tal, foi preciso analisar
dois dos principais fluxos que cortavam a linearidade, fazendo-os se tornarem túneis. Pensando na qualidade desses trechos subterrâneos, surgiram recortes que repetem o desenho de piso do parque, permitindo que a luz permeie partes do trajeto.
Figura 05 : Corte AA, mostrando a relação dos diferentes níveis de trajeto para carros e pedestres a
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no transita veicular e para a população como um todo, a solução que mais se adequou foi a de rebaixar
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possibilidades de rebaixar a rotatória, ou pelo menos parte do fluxo dela. Devido questões de segurança
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partir da projeção dos túneis – projeto autoral A estrutura desses túneis foi desenvolvida com base nos estudos do próprio viaduto que fica em cima da praça central, e sua técnica construtiva foi pensada com base no “Cut and Cover” Invertido, que consiste na fixação de duas contenções permanentes nas extremidades laterais do túnel, após a fixação, a terra é removida, sendo possível inserir o reforço estrutural com pilares e vigas e uma laje estrutural para que então seja reposta uma camada de terra.
Figura 06 : Corte CC, mostrando a técnica do Cut and Cover – projeto autoral O custo dessa técnica é mais barato e de menor interferência para o fluxo da cidade. As árvores do projeto ajudam na comunicação visual, bem como são em partes, já existentes, o que mostra preocupação com o ambiente em que inserimos o projeto.
Figura 07 : Corte BB, mostrando a relação das árvores com o projeto – projeto autoral Para fazer com que todas as partes do projeto se conectem, durante o eixo, com espaçamento de aproximadamente 12 metros de distância e 10 metros de altura, com abertura de 8,5 metros na parte de cima, se repetindo nos outros trajetos que convergem no principal. Com intuito de uma iluminação adequada e econômica, a referência veio das luminárias de LED que foram instaladas em parte da
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região recentemente.
Figura 08 : Corte DD, mostrando a relação das árvores e postes com o projeto – projeto autoral
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Ainda em busca de uniformizar a linguagem do complexo e interligá-lo, foi desenvolvido um desenho de piso que se construiu a partir dos percursos antigos dos carros e das pessoas, ficando mais estreito ou mais largo de acordo com a quantidade de veículos ou pedestres que saem de um determinado ponto para outro. A paleta de cores quentes utilizadas, junto à vegetação inserida afim de marcar o perímetro, fazem referência à bandeira da cidade que possui as mesmas.
Figura 09 : Croqui mostrando a relação do edifício com o complexo, unido à vegetação, desenho de piso e mobiliário urbano – projeto autoral
Referências Livros: GEHL, Jan. Cidades Para Pessoas.(2010) JACOBS, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades (2000) Artigos: ROLNIK, Raquel e KLINTOWITZ, Danielle – (I)Mobilidade na cidade de São Paulo (2011) ALVES, Glória da Anunciação – A requelificação do centro de São Paulo (2011) MARICATO, Erminia – Metrópoles desgovernadas (2011)
http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=16&Cod=661 http://www.ppgau.ufba.br/urbicentros/2012/ST238.pdf http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/14.056/4894?page=2 http://www.archdaily.com.br/br/01-115308/12-criterios-para-determinar-um-bom-espaco-publico http://cidadesparapessoas.com/tag/new-city-life/
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http://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/02/10/construcao-de-parque-linear-em-sao-paulo-expoe-conflitosda-metropole/
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Sites:
A Imagem da Luz Requalificação urbana, cultura e patrimônio Helena Violin Orientador : Prof. Me. Ralf José Castanheira Flôres
Figura 01: Perspectiva do projeto na Praça da Estação da Luz. Fonte: do autor
Resumo Esse trabalho pretende abordar as principais propostas de intervenção urbana voltadas para a região da Luz nos últimos 40 anos, expondo os pontos que tem relação com as questões de
conexão entre os equipamentos culturais, reduzir as tensões sociais e restaurar a imagem e identidade da Luz pretende-se chegar, através de uma análise aproximada da área, a uma proposta de requalificação urbana que corresponda à realidade atual dessa região considerando-a um conjunto de elementos e não interesses pontuais, como algumas das propostas anteriores.
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aplicação efetiva ou fracasso de cada uma dessas propostas. Com enfoque em promover
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patrimônio e atividades culturais, e discutir, à luz da atualidade, as razões para a falta de
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Introdução Desde o início da modernização e metropolização da cidade de São Paulo o Bairro da Luz é considerado uma região de grande relevância para o tecido urbano, tanto por conta de ser por muitos anos a principal ‘porta de entrada’ da cidade, tanto por concentrar diversos equipamentos de função cultural, cívica e religiosa. No início da República, a expansão ferroviária permitiu um maior escoamento de produtos agrícolas e industriais, justificando o aparecimento de estabelecimentos comerciais e indústrias na região lindeira às estações. Decorrente desse tipo de ocupação houve a formação de cortiços e vilas operárias nas áreas próximas a estes estabelecimentos. Concomitantemente, a expansão da urbanização da cidade ao sudoeste do centro histórico atrai as classes dominantes, que antes se instalavam nos arredores da Estação da Luz e Estação Sorocabana, para bairros estritamente residenciais e distantes da desorganização da ocupação das classes menos favorecidas. Esse deslocamento carregou consigo as obras de modernização da infraestrutura urbana, como energia elétrica, calçamento de vias e saneamento. A criação de uma nova centralidade na cidade de São Paulo, motivada pela dinâmica de segregação social (Villaça, 2001), fez com que a região da Luz, antes um dos principais focos da efervescência comercial e residencial, se tornasse uma área residual da cidade. O lugar que no início do século XX atraiu grandes investimentos de infraestrutura urbana é, neste momento, abandonado pelas elites paulistanas, que direcionam a especulação imobiliária e os investimentos públicos para o quadrante sudoeste da cidade. A partir dessa migração começa-se a discutir a “decadência” da região central do município, incluindo o bairro e região lindeira à Estação da Luz. A imagem de ‘deterioração’ e ‘decadência’ em zonas centrais de metrópoles é atribuída por Flávio Villaça (2001) como Responsabilidade da classe dominante, que abandona o centro, dele retirando suas lojas, escritórios, cinemas etc., e mesmo suas moradias. Justamente a partir do momento em que o centro deixa de ser patrocinado pelas elites e passa a ser patrocinado pela maioria popular, cria-se a ideia de que ele está se deteriorando.O contraste existente entre o potencial do polo cultural, o intenso comércio de varejo, a concentração de patrimônios e infraestrutura urbana com a complexidade social presente na Luz passam a serem motivadores de propostas de “requalificação” e “revitalização” dessa região. As propostas mais relevantes foram as seguintes: Plano de Renovação Urbana (1974) Projeto Luz Cultural (1984) Polo cultural Luz (1994) Programa Monumenta (2002) Projeto Nova Luz (2005)
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Proposição Diretrizes: A imersão feita na região da Luz, em conjunto com a análise dos planos urbanísticos voltados para essa área e estudo de casos permitiu que se chegasse a um planejamento para requalificação urbana da Luz. A partir da identificação das áreas de tensão e da potencialidade dos equipamentos culturais em processos de recuperação urbana, chegou-se em uma proposta de diretrizes para conectar esses agentes, a fim de minimizar as tensões sociais e fazer uso do potencial que a região possui. Das diretrizes propostas, são elas: - Garantir a manutenção de espaços públicos não edificados, provendo o lazer, criando lugares de permanência, áreas verdes e de solo permeável, que estejam conectados entre si com vias arborizadas e canteiros ajardinados nas vias mais largas; - Promover atividades culturais nos espaços públicos e nos equipamentos culturais programados junto da população local; - Executar alargamentos de calçadas, criação de calçadões e travessias elevadas para promover acessibilidade; - Sistema de iluminação que evoque a época do apogeu da economia cafeeira, para valorizar as edificações monumentais e estabelecer unidade de comunicação visual entre os elementos do espaço.
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- Uniformizar o revestimento das calçadas com material que corresponda à unidade da comunicação visual; - Incorporar desenhos com QR code no revestimento das calçadas contento informativos voltados para o turismo; - Implantar totens informativos sobre os monumentos, patrimônios, história da região e circuito cultural; - Reabilitar edifícios de cortiços e ocupações para habitação social; - Reurbanizar a Favela do Moinho; - Criar políticas públicas de assistência social para tratamento de usuários de drogas; - Criar políticas públicas para erradicar o tráfico de drogas na região; - Promover a manutenção do patrimônio material através de políticas de restauro e conservação;
Além da atividade comercial nos edifícios do entorno da Rua José Paulino e São Caetano (Rua das Noivas), outro elemento que intensifica o fluxo nessa localidade é a presença da Estação da Luz da CPTM e Metrô. Na praça, há duas entradas para a linha Amarela do Metrô, além de outras duas na Avenida Casper Líbero. Mas os fluxos mais evidentes nessa área são ligados à mobilidade, como as estações da Luz e Júlio Prestes, pontos de ônibus e a Passarela das Noivas. Por conta do encontro de quatro acessos para a Estação da Luz, a esquina da Avenida Casper Líbero com a Rua Mauá é uma área de grande concentração de pessoas, tanto em deslocamento, quanto em permanência, como é o caso dos vendedores ambulantes. Baseando-se no diagnóstico da dinâmica do entorno e nas reflexões feitas a respeito do Bairro da Luz, foi possível propor uma opção de requalificação do espaço da Praça
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Projeto: A praça da estação da Luz foi escolhida dentro os quatro pontos de tensão levantados anteriormente para intervenção em escala paisagística e arquitetônica devido às suas inumeras potencialidades. Dentre elas estão a proximidade com o prédio da Estação da Luz, datado de 1901 (MONTEIRO, 2006, p. 52), marco arquitetônico, histórico e cultural da cidade de São Paulo; proximidade com o edifício dos hotéis Karin e Queluz e adjacencia com o edifício do Hotel Federal Paulista, todos datados da época de apogeu da região da Luz e do setor hoteleiro da rua Mauá. O entorno da Praça da Estação da Luz é tomado por edifícios de serviço, sendo a maioria deles com térreo comercial. Apesar da predominância dessa tipologia, ainda existem edifícios habitacionais nos arredores, dentre eles uma ocupação, edifícios de tipo cortiço, e outros edifícios de classe média. Mas a presença do uso residencial no entorno desperta para uma potencialidade de crescimento da segurança nas calçadas e ruas. Segundo Jane Jacobs (2000), o fato de existir olhos voltados para ruas, como janelas de residências, fachadas de mercearias e estabelecimentos que funcionam em horários distintos são fatores que intensificam a segurança urbana.
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Figura 02: Espacialização das diretrizes. Fonte: da autora, Base GEGRAN 2004.
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da Estação da Luz. O conceito do projeto permanece o mesmo em que se basearam as diretrizes de intervenção em escala urbana. Porém, na escala projetual é possível pensar de forma mais incisiva a respeito das novas qualidades que serão atribuídas a cada elemento desse perímetro. A praça foi setorizada em 3 partes (FIGURA 4) , cada qual com seus usos. São elas: Área de lazer, com feira livre, horta urbana, recreação e área de massa arbórea (sombreada); área de passagem e permanência, com bancos e mobiliário para descanso; e a área cultural, com espaço para exposições, leitura, educação de patrimônio, oficinas, biblioteca e mecanismo para fazer sombra, pois abaixo dessa região está a estação do metrô, e está é, portanto, uma área de piso impermeável, sem possibilidade de implantação de grandes árvores.
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Figura 03: Mapa de setorização e fluxos. Fonte: da autora. A área de lazer fica próxima aos edifícios residenciais, por conta da massa arbórea, que tem o efeito de suprimir as ondas sonoras e também por conta dos equipamentos de recreação, que passam a ser uma opção para os residentes desses edifícios. O espaço dedicado à feira livre é uma ferramenta para atrair pessoas para a praça e incentivar sua diversidade de usos. A identidade dessa região como bairro, principalmente pelos moradores, é indefinida, fazendo com que a maioria dos espaços públicos sejam para passagem ou comércio, e pouco para desenvolvimento das atividades cotidianas de um bairro, como feira, passear na rua com crianças e recreação. Portanto, a praça tem o objetivo de permitir que essa cultura seja resgatada. O principal fluxo de passagem da praça começa entre as claraboias da estação e se encontra com a esquina da Avenida Cásper Líbero e Rua Mauá. As claraboias não possuem um volume harmonioso com a topografia planta que a praça possui. A solução foi amenizar esses volumes com jardins escalonados e vegetações que camuflam o volume da estrutura das mesmas.No setor cultural, o Edifício do Hotel Federal Paulista, é um marco da atividade hoteleira da região, que foi um dos aspectos que definiu a identidade do entorno da estação no início do século XX, mas hoje se encontra em processo de descaracterização. Ainda existem muitos edifícios de serviço hoteleiro, porém, poucos deles são usados para fins turísticos e muitos apresentam estado de degradação. A proposta para esse edifício é um térreo com desenho que permita a conexão entre a praça e a estação e ocupado por salas de co-working, ou seja, espaços de trabalho compartilha; área de orientação turística e patrimonial e área para exposições. O segundo pavimento é ocupado pela “Residência dos artistas”, uma combinação do conceito de oficina artística e de hostel. A ideia principal é criar uma residência para artistas em processo de criação individual e conjunta de um tema em comum. Após a conclusão das obras, a residência pode ser habitada por um novo grupo de artistas. As obras produzidas ficam expostas no térreo do edifício ou na praça. A ocupação dos dois últimos pavimentos marca o retorno do edifício ao serviço hoteleiro. O hostel é um conceito modificado de hotel, onde os hóspedes se relacionam entre si e podem se hospedar por preços mais acessíveis. Essa atividade pode ser um impulso para a revitalização do serviço hoteleiro do entorno, acompanhado da intensificação do turismo na região. Ao lado da praça, onde hoje existe um terreno vazio, há uma grande empena cega de um edifício residencial misto. Partindo do conceito de Jacobs (2000), de que os olhos da rua são dentre,
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outros fatores, são as janelas e o comércio, foi elaborado um edifício residencial de sete pavimentos, para reduzir o impacto dessa empena, e térreo comercial, ambos para gerar movimento na praça em diferentes horários do dia.
Figura 04: Planta da praça. Fonte: da autora. Figura 05: Planta de cobertura da praça. Fonte: da autora.
Figura 06: Perspectiva da praça com vista pra o edifício residencial projetado. Fonte: da autora. Figura 07: Perspectiva da marquise na região central da praça. Fonte: da autora.
. Referências
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JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo, Martins Fontes, 2000. MEZA MOSQUEIRA, Tatiana. Reabilitação da região da Luz - Centro histórico de São Paulo: Projetos urbanos e estratégias de intervenção. Dissertação de Mestrado, FAUUSP, 2007. MONTEIRO, Ana Carla. Os Hotéis da Metrópole: O contexto histórico e urbano da cidade de são Paulo através da produção arquitetônica hoteleira (1940-1960). Dissertação de Mestrado, FAUUSP, 2006. REIS FILHO, Nestor Goulart. São Paulo, Vila, Cidade, Metrópole. São Paulo: PMSP, 2004. ROLNIK, Raquel. Brasil e Argentina: diferenças e semelhanças para além do futebol. Disponível em https://raquelrolnik.wordpress.com/tag/puerto-madero/. Acesso em 06/06/2016. SIMÕES JR., José Geraldo. Anhangabaú: História e Urbanismo. São Paulo: Editora Senac, Imprensa Oficial, 2004. VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. 2º ed. São Paulo: Studio Nobel, 2001.
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COELHO JR, Marcio Novaes. Processos de Intervenção Urbana: Bairro da Luz, São Paulo. Dissertação de Doutorado, FAUUSP, 2010.
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CARTA CAPITAL, Famílias do Prestes Maia aguardam transformação do prédio desapropriado. Disponível em http://www.cartacapital.com.br/especiais/infraestrutura/familias-do-prestes-maia-aguardam-transformacao-dopredio-desapropriado. Acesso em 04/05/2016.
Requalificação urbana e Patrimônio no bairro da República Um estudo de rua compartilhada Mariana Engels de Lima Orientador : Prof. Ralf Flôres
Figura 01 : Implantação geral da Rua 24 de Maio. Fonte: produção da autora.
Resumo Neste trabalho procurou-se através de estudos de caso, estudo de condições adequadas para pedestres e pesquisas históricas e sociais, analisar como a qualidade do espaço da cidade estimula a vitalidade urbana e a apropriação do espaço público. Analisando situações, como, galerias, calçadões e praças públicas existentes no distrito da República, localizado no Centro Histórico da cidade de São Paulo. Assim, desenvolver uma proposta de intervenção urbana
Introdução Para se chegar em um entendimento maior de como funcionam espaços públicos adequados, foram analisados estudos de casos no Brasil e em diversas partes do mundo, como em países da América Latina, nos Estados Unidos e na Australia. Com um olhar crítico sobre quais fatores haviam em comum entre esses espaços, qual a sua relevância, e como a combinação desses elementos tinha uma influência positiva nos espaços urbanos e para os cidadãos. Alguns desses fatores são:
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existentes, com foco em melhorias para o uso de pedestres.
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que busque requalificar o espaço público existente, potencializando os aspectos positivos já
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Tabela 01 : Fatores importantes para um espaço público urbano de qualidade. Fonte: produção da autora. Considerações sobre o Centro Como em São Paulo, é observado em muitas outras cidades do mundo que o centro geográfico e seus arredores guardam muito da história do local e apresentam diversas construções consideradas patrimônio da cidade e de seus habitantes. Assim, procurou-se observar as ações acertadas ou errôneas realizadas em áreas centrais de diferentes cidades e países para a preservação e valorização desse espaço que é de importância comunitária, muitas vezes tendo como conseqüência o desenvolvimento turístico e o adensamento da região central. Analisando a situação e os problemas da área central de São Paulo, assume-se que apenas um conjunto de diretrizes e ações é capaz de reverter o quadro de esvaziamento, insegurança, criminalidade e deterioração do patrimônio e dos espaços públicos que se instaurou sobre essa região. Foi proposto neste trabalho um dos fatores essenciais ao conjunto de soluções.
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São fundamentos do projeto de intervenção:
Priorizar o pedestre e o transporte não motorizado
Projetar para a população e o comércio já existentes na região.
Estimular o permanecer e o usar a cidade e os espaços públicos locais.
Promover qualidade de desenho e valorização da paisagem urbana que dê suporte aos usos já existentes na região e atraia novos usos.
Tornar atrativa a área central principalmente para usos residenciais, para reverter o esvaziamento noturno e em fins de semana.
Estimular e dar suporte ao turismo na região.
Resgatar a imagem do Centro como ponto de importância em contexto municipal.
Valorizar o patrimônio, promovendo a recuperação e preservação de imóveis com valor histórico e cultural da região.
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Além da intervenção proposta, entende-se como essenciais também (que não serão abordadas):
Garantir a permanência de comerciantes instalados no local e residentes da região.
A criação de uma associação que ouça e discuta os moradores locais sobre medidas a serem tomadas.
O estímulo ao uso habitacional, prioritariamente para população já residente no local, porém em condições precárias e população de baixa renda, por apresentar larga oferta de infra-estrutura urbana e facilidade de acesso ao transporte público, equipamentos culturais, instituições de ensino, hospitais e a proximidade à oferta de emprego.
A presença de um órgão próprio que administre as ruas de pedestres, apresentando propostas que contribuam com seu bom funcionamento e necessidades que podem mudar de tempos em tempos.
Estimular o comércio no térreo dos edifícios e a mescla de usos do solo.
Proposição Analisando alguns problemas comuns entre os calçadões existentes no Centro, buscou-se entender suas causas e buscar possíveis soluções, considerando as necessidades atuais da população. A restrição absoluta à veículos nos calçadões, é algo a ser questionado. Já que por não considerar em suas atribuições físicas nem mesmo o fluxo de veículos de serviços (como bombeiros, caminhões de lixo, ambulâncias, veículos de carga e descarga de mercadorias), que acontecerão em algum momento, acaba-se levando ao desgaste progressivo do pavimento existente e a desordem de fluxos, de forma a ter carros estacionados em qualquer espaço disponível, já que não há um espaço delimitado prevendo essas situações. Considera-se também a abertura para fluxo de veículos nos calçadões do Centro, uma condição desfavorável em uma região que têm grande oferta de transporte coletivo e de fácil acesso. Isso restringiria ainda mais o usar e permanecer na cidade, diminuindo o potencial de ocupação e lazer de áreas significativamente, que acabariam por ser ocupadas na maior parte do tempo, como estacionamentos. Além de que o fluxo intenso de carros traz outras questões como poluição sonora, do ar, e trânsito, além de muitas vezes dominar que poderia ser ocupado por pessoas.
pagamento de pedágio e/ ou restrição de horários e velocidade de circulação. Com controle realizado por balizadores retráteis nas extremidades das ruas. Entende-se como positiva a abertura dos calçadões do centro para tráfego restrito, também para evitar a “subutilização” de ruas adjacentes à eles, como é o caso da 24 de Maio que acabou por se transformar em uma “rua de serviços”. O partido como um todo, assume que cada rua, receba seu próprio fluxo de serviços. É proposto a troca do piso de mosaico português, que mostra-se incompatível com a intensidade e tipo de usos atualmente, apresentando muitos buracos e desgaste da superfície, que dificulta o caminhar,
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prioridade absoluta seja do pedestre, mas que veículos de passeio e carga tenham acesso mediante
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É proposto então uma tipologia de rua compartilhada nos atuais calçadões do centro, em que a
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principalmente de pessoas com mobilidade reduzida, além de evidenciar a sujeira e exigir manutenção constante. O piso instalado deverá ser em nível único em toda a extensão da rua, com uma divisão sutil entre áreas exclusivamente de pedestres e áreas compartilhadas. Buscando valorizar a presença e a vista de pontos de interesse dentro da região do Centro Novo, como o Theatro Municipal em uma extremidade e a Praça da República no ponto oposto, uma das referências foi o Plano Haussmann criado pelo engenheiro Georges-Eugéne Haussmann. Que buscava enaltecer os monumentos existentes na cidade de Paris, direcionando as novas avenidas para que tivessem fim neles, ou localizando os novos cruzamentos no entorno dos monumentos, criando um cenário com perspectiva que pudesse ser observada de diversos pontos diferentes. Assim, propõe-se a criação de uma faixa de circulação livre de qualquer obstáculo, que mantenha a visão dos pontos extremos da rua 24 de Maio, emoldurando no caso o Teatro Municipal e valorizando a vista da Praça da República. Elementos muito usados pelos frequentadores do Centro como pontos de referência, além de serem elementos de forte identidade paulistana. Memorial Descritivo 1.
Substituição do piso existente formado por mosaico português, lajes de granito e asfalto por um
piso drenante, formado por placas de concreto poroso de 50x50x0,6 cm. Este tipo de assentamento faz com que a água penetre pelo piso e vá para o solo, evitando situações como a criação de poças e colaborando para diminuir enchentes, já que essas são causadas também pela excessiva impermeabilização do solo. De textura rústica, é antiderrapante mesmo molhado ou na presença de lama na superfície. Prevendo a instalação de pavimento tátil metálico para deficientes visuais e destinação de uma faixa de 0.80 metros destinada a mobiliário urbano (lixeiras, postes, sinalização, árvores etc). 2.
Plantio de árvores de Médio-pequeno porte, que promovem sombra, melhoram a qualidade do ar
e diminuição do fenômeno “ilhas de calor”, auxiliando com a criação de “micro-climas”. Funcionam também como “quebra-vento” em tipo de ruas estreitas e com edifícios altos, que causam o efeito “túnel” e promovendo a valorização da paisagem. 3.
A substituição das lâmpadas suspensas existentes, por postes de iluminação de 5m de altura,
seguindo o padrão das antigas luminárias da empresa Light que ainda remanescem no Centro de São
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Paulo. Localizados à 18m de distância entre eles, com lâmpadas de LED de cor branca com temperatura de cor entre 3300 K a 5000 K, mais próxima à “luz quente” do que à “luz fria”, promovendo uma maior sensação de conforto. Prevendo a iluminação dos prédios existentes e também a iluminação na escala do pedestre. 4.
A instalação de bebedouro público acessível, com sistema de acionamento por pedal.
5.
Instalação de lixeiras subterrâneas destinadas ao uso dos comércios e serviços, prevendo a
separação entre lixo orgânico e lixo reciclável. Seus benefícios são, o armazenamento de uma grande quantidade, o que permite um intervalo de tempo maior entre as coletas. Por serem subterrâneas essas evitam o acúmulo de lixo sobre o calçamento, a formação de odores ruins e a obstrução da passagem.
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6.
Implantação de totens informativos localizados em cruzamentos, direcionados especialmente
para os pedestres, turistas e citadinos. Os totens deverão oferecer informações importantes para que os pedestres tenham acesso à informação de modo eficiente, possibilitando ou não a integração com outros meios de transporte. Informações como: a localização de estações de metrô e pontos de ônibus, localização de travessias mais próximas, edifícios importantes, centros comerciais relevantes, locais para alimentação, horário de funcionamento de pontos turísticos próximos etc. Assim como em algumas cidades como Nova Iorque e Londres, as informações contidas no totem poderiam estar disponíveis um aplicativo para celular.
Figura 04: Perspectiva da rua 24 de Maio. Fonte: Croqui da autora
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ALEIXO, Cynthia Augusta Poleto. Edifícios e galerias comerciais: arquitetura e comércio na cidade de São Paulo, anos 50 e 60. Tese de doutoramento. Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo, São Carlos, 2005. AMERICANO, Jorge. São Paulo naquele tempo. 1895-1915. São Paulo, Carrenho, Narrativa Um, 2004. BALSAS, Carlos José Lopes. Urbanismo Comercial em Portugal e a Revitalização do centro das cidades. Lisboa: GEPE, 1999. BONDUKI, Nabil. O modelo de desenvolvimento urbano de São Paulo precisa ser revertido., 2011. COSTA, Sabrina Studart Fontenele. Relações entre o traçado urbano e os edifícios modernos no Centro de São Paulo. Tese de doutoramento. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. CUNHA JR., Jaime. Edifício Metrópole: Um diálogo entre arquitetura moderna e cidade. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. FONSECA, Fábio Luiz da. Os calçadões e sua importância para a qualidade urbana na área central de Juiz de Fora. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2012. FRÚGOLI JR.,Heitor. São Paulo: espaços públicos e interação social. São Paulo, Marco Zero, 1995. GEHL, Jan. Cidades para pessoas. São Paulo, 1a edição, Perspectiva, 2010. GEHL, Jan. Entrevista à Revista Arquitetura e Urbanismo. Edição 215 - Dezembro/2011.
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Referências
O retorno de um marco teatral: Proposta de revitalização para o Teatro Brasileiro de Comédia
Victória Rocha de Oliveira Angelo Orientador: Prof. Me. Ralf Flôres
Figura 01: Desenho da Fachada do TBC. Fonte: Livro Eu vivi o TBC! – Nydia Licia
Resumo O trabalho apresentado, surge através de uma grande pesquisa histórica sobre um patrimônio
fraca, nunca se apaga. Seu futuro é incerto e tentativas de novas reformas, e consequentemente sua reabertura, não saem do papel.
Proponho uma revitalização
arquitetônica para o Teatro Brasileiro de Comédia para trazer sua identidade perdida, o prestígio e a forte sigla TBC de volta para a sociedade, deixando à mostra a questão do velho x novo.
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abandonos, burocracias e de uma chama acesa no mundo teatral, que mesmo estando bem
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material e imaterial chamado TBC. Sua história gira em torno de sucessos, polêmicas, crises,
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Introdução A sigla TBC traz uma grande história e importância para o teatro paulista. O Teatro Brasileiro de Comédia surgiu com a ideia de um industrial italiano, Franco Zampari, que pensou em construir uma sala de apresentações para os poucos grupos de teatro amador que existiam São Paulo. Uma casa, localizada na Rua Major Diogo, foi adaptada e se tornou um teatro, o mais bem equipado da época, que abrigava 365 espectadores. A inauguração se deu em 1948 e foi um grande sucesso de público e crítica, seus anos de glória duraram até a metade da década de 50. O teatro de Zampari passou por momentos felizes e tristes: incêndios em suas instalações; reformas arquitetônicas; fracassos e grandes sucessos de bilheteria; saída de grandes personalidades, a inauguração da Companhia Cinematográfica Vera Cruz que gerou muitas dívidas e crises, crises essas responsáveis pelo seu fechamento em 1964. Depois de fechar, o Teatro Brasileiro de Comédia tornou-se um teatro de aluguel; e quando não estava alugado estava com suas portas fechadas. Em 1999, o teatrinho da Major Diogo é arrendado pelo empresário Marcos Tidemann, que promete a reabertura do teatro, transformando-o em o Novo TBC. Uma grande reforma é realizada (foram investidos R$ 4,4 milhões de reais), assinada por J. C. Serroni, e a fachada passa por um processo total de restauração. O Novo TBC dura por 4 anos, e Tidemann não renova o contrato porque o aluguel do teatro iria aumentar e os custos de manutenção eram altos. Depois o teatro volta a ser de aluguel e mantém suas portas fechadas desde 2008, quando a FUNARTE (Fundação Nacional de Artes) o compra da antiga dona e promete uma reforma para reabri-lo. Essa promessa dura até os dias de hoje e um novo projeto arquitetônico é assinado pelo escritório URDI Arquitetura. O TBC tem importância histórica e cultural pois é um dos responsáveis por todo o movimento seguinte, e que existe até hoje, no meio teatral, uma vez que a maioria das companhias de teatro saíram dele, além do estilo arquitetônico do bairro da Bela Vista presente no edifício. Por esses motivos, é tombado pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico) em 21 de outubro de 1982. O Teatro Brasileiro de Comédia adquiriu a característica labiríntica em sua planta porque, desde sua inauguração até O Novo TBC, o edifício precisou adaptar-se para ser um teatro, e foi assim durante todas as suas reformas, por tanto, cheguei à conclusão de que nenhuma proposta de intervenção ou reforma poderia melhorar essa problemática. Resolvi, então, através da classificação NP3 (Nível de Preservação 3 - a fachada precisa ser mantida e alterações só podem acontecer internamente) deixa apenas a fachada intacta e criar um novo edifício, assim resolvemos a questão da preservação e
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criamos uma planta limpa. Foram usados como estudos de caso projetos de intervenção em patrimônios para que se pudesse chegar em uma proposta de revitalização arquitetônica, mantendo a fachada do antigo edifício, para evidenciar a questão velho/patrimônio x novo, e contendo em seu programa duas salas de espetáculos e uma escola de teatro; além de ter um cuidado com a fachada da rua Jardim Francisco Marcos, criando uma relação com o entorno.
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Proposição O projeto de revitalização arquitetônica para o Teatro Brasileiro de Comédia tem como partido manter a fachada do antigo edifício, uma vez que ela não pode ser alterada por ser uma NP3, e um novo edifício é proposto em seu terreno consolidado com 20 metros de frente e 50 metros de comprimento. Para que o programa pudesse ser criado, foi necessário rever a história do TBC para trazer neste novo edifício ambientes marcantes. Temos, então, um programa dividido em 3 grupos, onde o primeiro encontram-se as duas salas de espetáculos (a nobre com capacidade para 296 lugares e a menor com 147) e toda a infraestrutura necessária para as caixas cênicas, como coxias, depósitos e camarins; no segundo grupo temos o programa necessário para suprir a escola de teatro com duas salas multiuso (ambas com pé-direito duplo), salas teóricas e dos professores, além de um café e de uma biblioteca; no terceiro grupo estão os ambientes de uso comum, como o foyer, sala multimídia para exposições, sanitários, café e um terraço jardim.
Figura 02: imagem renderizada da entrada principal, onde encontra-se a fachada intacta da Rua Major Diogo, esse acesso atende o primeiro grupo do programa, o Teatro. A porta central da fachada é a
foyer/acolhimento que é o principal condutor para as salas de espetáculos, café e terraço, e possui uma cobertura de vidro que faz o papel de estrutura, junto com pilares metálicos, que segura a fachada; essa cobertura é a segunda vivência. O terraço, a circulação vertical, sanitários e o café ficam localizados ao lado direito da fachada, onde era o edifício de anexo (adicionado na reforma de 2000). Do café, temos uma passarela, que tem a função de uma varanda, conectada com a fachada, onde o usuário tem a experiência de estar dentro do antigo TBC; essa é a terceira vivência. A quarta vivência entre o antigo X novo acontece no terraço que possui uma vista privilegiada do foyer/acolhimento, da fachada, da cobertura, do jardim e da fachada da escola onde estão as salas multiusos. Fonte: acervo da autora.
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vivência do antigo X novo. Até o começo das paredes do novo teatro surgir, temos um grande
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única que permite esse acesso, “obrigando” o pedestre a passar por ela; essa passagem é a primeira
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A escola de teatro está localizada no que antes era o anexo inserido na reforma de 2000. A administração geral fica no térreo para que a escola e as salas trabalhem em conjunto, assim as companhias podem usar as salas multiusos para ensaios e os alunos podem usar as salas (nobre e menor) para apresentações de fim de ano. Sua entrada se dá exclusivamente pela rua de trás (Rua Jardim Francisco Marcos) dando vida e relação com o entorno, pois o que vemos lá hoje em dia é um grande paredão branco. Por ser um edifício consolidado e não possuir área permeável, foi possível devolver para a cidade 64m² de AP.
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Figura 03: Planta baixa do subsolo, acesso pela Rua Jardim Francisco Marcos. Fonte: acervo da autora.
Figura 04: Planta baixa do térreo, acesso pela Rua Major Diogo. Fonte: acervo da autora
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Figura 05: Corte AA. Fonte: acervo da autora
Figura 06: Corte BB. Fonte: acervo da autora
Referências
MAGALDI, Sábato e VARGAS, Maria Thereza. Cem anos de teatro em São Paulo. São Paulo: Senac São Paulo, 2001. REVISTA DIONYSOS, nº25. São Paulo, 1980.
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LYCIA, Nidia. Eu vivi o TBC / Nydia Licia. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007.
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GUZIK, Alberto. TBC: Crônica de um sonho. São Paulo: Editora Perspectiva, 1986.
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Infraestrutura compartilhada como subsídio à apropriação urbana, posto de serviço Mão na roda Fernando Pesente Bernardino da Sila Orientadora: Prof. Me. Marcella Ocke
Resumo O propósito deste trabalho é trazer de volta a qualificação das áreas públicas e residuais do tecido urbano por meio do estímulo de práticas mais sustentáveis. O trabalho consiste em um projeto de infraestrutura de apoio ao cidadão que passa parte do seu tempo na rua, sendo de bicicleta ou a pé. Pesquisas demonstram que a maioria das pessoas usaria a bicicleta como
consiste em oferecer a infra estrutura mínima necessária para um ciclista. Basicamente o ponto de apoio oferece serviços relevantes para o ciclista: bebedouros, bicicletário, oficina para pequenos reparos, banheiros, chuveiros, armários, tomadas e Wi-Fi. Além disso, serão comercializados produtos relacionados ao tema, como artigos de bicicleta, itens de higiene pessoal, acessórios de segurança, etc. Entendo que isso cria um ambiente propício ao uso da bicicleta como meio de transporte, e assim a cidade volta a ser ocupada cada vez mais por pessoas não motorizadas, há a ampliação dos horizontes da ocupação do espaço público, revitalizando-o consequentemente.
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o objetivo maior de estimular o transporte individual não motorizado apresento um projeto que
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meio de transporte se houvesse infraestrutura para tomar um banho, trancar a bicleta, etc. Com
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Introdução
Viver na cidade de São Paulo pode ser entendido como sinônimo de convivência com uma série de desagradáveis condições; poluição, congestionamentos, atrasos, violência… A sobrecarga de diferentes sistemas parece inevitável, é muita gente envolvida, ok que existe muito espaço também, mas falta colaboração e praticidade na vida de tanta gente. São mais de 11 milhões de habitantes (segundo o censo do IBGE de 2011) distribuídos nos 1.521,11 km² de área, temos de concordar que não trata-se de uma grande densidade demográfica e o problema provavelmente mora aí. A concentração dos comércios e serviços acontece distante da concentração massiva de residências, fazendo com que diariamente milhões de pessoas se desloquem de suas casas até o serviço (o que não é nenhuma novidade, isso acontece no mundo todo, mas não da maneira que acontece aqui), esse deslocamento devido à problemática da localização dos programas de habitação social (que acontecem geralmente nas periferias da cidade) - é muito maior e mais demorado do que deveria, a população de baixa renda por vezes passa mais tempo indo e voltando do que no trabalho, a base da pirâmide social encontra-se em uma situação de deslocamento muito ruim, e isso reflete no caos de mobilidade que atinge toda a população. Existem diversos meios para contornar essa situação, podem ser implantadas linhas de metrô (que demoram muito e custam muito caro), as linhas de BRT podem ser multiplicadas (também existe um custo alto porém há maior agilidade de implantação e capilaridade em comparação ao metrô), os imóveis abandonados de locais como o centro velho podem ser revitalizados e destinados à população que necessita de moradia nessa região (poderia acontecer um esquema de aluguel vinculado ao estado, possibilitando custos mais baixos, permitindo que aquelas pessoas que não possuem condições e que trabalham por ali pudessem residir próximas ao trabalho), entre outras medidas que envolvem grandes quantidades de investimento e trabalho por parte do poder público, porém, existe uma alternativa às problemáticas citadas no início deste artigo e que não está contemplada nas soluções possíveis apontadas acima, trata-se da mobilidade verde (termo utilizado por Jan Gehl em seu livro cidades para
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pessoas) que consiste na utilização de meios de transportes não motorizados, e essa é uma alternativa muito menos custosa para a sociedade, é claro que a combinação das alternativas citadas anteriormente, somada à ideia da mobilidade verde (proporcionando integração entre modais e condições para essa integração) seria o cenário ideal, porém essa última alternativa citada possui uma série de vantagens tendo em vista o cenário atual. A cidade de São Paulo tem a criação de 400km de ciclovias permanentes em seu território como meta até o final de 2016, esses eixos ciclo viários estão presentes em uma série de eixos comerciais, pressupondo a ideia de estabelecer a bicicleta como um meio de transporte genuíno da vida do paulista. Essa iniciativa começou no governo Haddad com a implantação das ciclo faixas porém não se fez suficiente, as condições topográficas e climáticas de São Paulo desencorajam grande parte da população, que acaba optando por continuar nos modais convencionais.
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Proposição A proposta do projeto apresentado é incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte genuíno, oferecendo os suportes que não existem hoje em dia e que fazem com que a população deixe de utilizar a bicicleta como meio de transporte. Existe sim a problemática das grandes distâncias devido a escala da cidade, porém a utilização desse modal, mesmo que em parte do percurso, impactaria positivamente em uma série de problemas enfrentados diariamente pelos cidadãos. Em pesquisa realizada, 58,11% afirma que apesar de considerar a bicicleta um transporte ideal, é a falta de infraestrutura que impede o uso desse meio de transporte como modal oficial (seja ela a falta de ciclovias no percurso, a falta de bicicletários pela cidade, ou a falta de banheiros e vestiários no trabalho) e é nesse ponto que o projeto se encaixa. Oferecendo ao cidadão as bases que atualmente não existem para o uso da bicicleta como meio de transporte oficial, seja para percorrer parte do percurso ou 100% dele. O posto de serviços Mão na roda tem como objetivo oferecer pontos de apoio às necessidades tanto dos usuários da mobilidade verde quanto de toda população, maximizando o tempo do indivíduo no meio urbano e ampliando os horizontes do transporte não motorizado e da apropriação do espaço público. Esse apoio se dá na forma de infraestrutura básica: sanitários e duchas, ponto de água (bebedouros), Wi-Fi, energia e pequena oficina de reparos para bicicleta, suportes fundamentais para ampliar e tornar recorrente o uso da bicicleta como meio de transporte genuíno, bem como para intensificar o uso dos espaços públicos. Fornecendo uma alternativa à diferentes demandas que envolvem o mundo da higiene pessoal e das necessidades básicas, a opção de ducha pode ser explorada por diferentes públicos, em diferentes cenários (da pessoa desabrigada que não possui uma alternativa, ao ciclista que vai até o trabalho e precisa se trocar para trabalhar, até o indivíduo que quer ampliar seu tempo na rua - por qualquer motivo). O foco no ciclista se dá inicialmente pelo surgimento de outras infraestruturas voltadas à essa “classe”, como os eixos ciclo viários que hoje somam mais de 400km na cidade de São Paulo, e pela falta desse tipo de infraestrutura nesses mesmos eixos. Existem banheiros nas ciclovias “fechadas” como a da marginal (sendo apenas em um dos lados) e nos pontos de parque (como parque do povo,
um banco, o que colabora para a situação de abandono e degradação, dotar essas áreas de utilidade é uma forma de requalificação e recondicionamento da cidade, atraindo mais pessoas para essas áreas residuais que existem em abundância na cidade de São Paulo, nesses locais acontece o acúmulo de lixo, a degradação e fica aberta a possibilidade de eventos violentos devido à falta de vigilância, condição que pretende ser alterada partindo da implantação desse posto de atendimento que proporciona maior apropriação e consequentemente maior segurança pública. O posto de atendimento consiste em um ou mais contêineres navais que compreendem dentro de si os serviços e suportes citados anteriormente: ●
Disposição de água (bebedouro e ou garrafas comercializadas);
●
Disposição de Wi-Fi;
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espaços residuais próximos aos eixos não existe nenhum tipo de suporte, muitas vezes, não existe nem
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que possui a ciclovia interna integrada com o traçado da ciclovia de rua) porém, em diferentes praças e
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●
Disposição de energia (pontos de USB para recarregar pequenos aparelhos);
●
Disposição de sanitários e duchas;
●
Disposição de ferramentas para realizar pequenos reparos pelo próprio ciclista;
●
Disposição de peças para reposição e serviços de reparo profissional.
Existem 3 escalas de atendimento: ●
A primeira delas acontece em um contêiner de 20 pés, nele não acontecem as duchas ou comercialização de produtos, ficam disponíveis água, Wi-Fi, energia e sanitários;
●
A segunda escala é composta por dois contêineres de 40 pés, nessa unidade acontecem todos os serviços propostos;
●
A terceira escala é um conjunto de 4 contêineres, três de 40 pés e um de 20 pés, aqui também ocorrem todos os serviços, em maior escala, para praças com maior público.
Todos os postos contam com painéis fotovoltaicos para produção de energia e aquecimento de água, há também reservatórios de água e reservatório de água de reuso (prevendo a captação da água da chuva e o reuso de água cinza das pias e chuveiros para a descargas dos sanitários). Nas unidades de maior escala haverá o fator humano envolvido no atendimento, manutenção, limpeza, liberação e prestação de serviços. Conceito Apesar de se tratar de um sanitário na rua, o conceito do posto de atendimento é oferecer uma infraestrutura de qualidade, diferente da média dos banheiros públicos conhecidos, o objetivo é reproduzir um banheiro como acontece em casa, com acabamento e beleza, para tal serão utilizados revestimentos adequados a fim de desassociar a ideia do banheiro compartilhado como um local sujo e de qualidade duvidosa, as unidades encontram-se dentro de contêineres porém existem paredes internas que distinguem o ambiente do banheiro da estrutura do contêiner. Como forma de contribuir com a requalificação do ambiente implantado os postos possuem uma configuração que oferece área de sombra onde podem acontecer diferentes atividades como feira de produtos orgânicos (em alinhamento com as propostas sustentáveis e de qualidade de vida incentivadas pelo posto) ou exposições de vídeos, filmes e documentários no período da noite, incentivando o uso em
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horários diferentes e contribuindo com a educação local.
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Referências BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida, 2001; BAXTER, Mike; IIDA, Itiro. Projeto do produto: guia prático para o design de novos produtos, 2000; CORTÉS, José Miguel. Políticas do espaço Arquitetura, Gênero e Controle Social, 2008; JACOBS, Jane. Morte e vida em grandes cidades americanas, 1961; LENGEN, Johan. Manual do Arquiteto Descalço, 2014; LESKO, Jim. Design industrial: materiais e processos, 2004; LOBACH, Bernd. Design industrial: bases para a configuração de produtos industriais; MANZINI, Ezio e Vezzolli, Carlo. O desenvolvimento de produtos sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos
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industriais, 2005.
Projeto Vila Socorro Uma Intervenção Urbana: O estudo e aplicação dos conceitos de cidade sustentável Fiona Susan Platt Orientadora : Prof Me. Marcella de Moraes Ocke Mussnich
Este trabalho consiste de um projeto de intervenção urbana, que ao estudar e analisar os conceitos de cidade sustentável, a fim de aplicá-los como premissas de projeto, procura responder às problemáticas da cidade. A sistematização dos conceitos estudados em conjunto com as informações coletadas sobre a cidade, serviram de base para a criação de um projeto que transforme um trecho da cidade em uma ambiente sustentável. Palavras Chave: Projeto de cidade sustentável, Intervenção Urbana, Reurbanização;
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Resumo
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Figura 01 : Premissas para as diretrizes do projeto. Fonte: acervo do autor
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Introdução Uma discussão que permeia o campo da arquitetura e urbanismo é a do nosso planeta e os seus problemas sociais. Portanto acredita-se que este seja o momento para refletir e propor um projeto que procure discutir questões pertinentes a esta discussão. Neste trabalho de conclusão de curso (TCC) é apresentado uma possibilidade de projeto de intervenção na cidade, com o intuito de interpretar em nossa realidade urbana, os conceitos definidos de cidade sustentável. Em um momento de maior atenção ecológica e escolhas mais sustentáveis nos modos de vida, as novas propostas de projeto urbano de edifícios em grandes cidades, também buscam se encaixar nos parâmetros sustentáveis, utilizando mecanismos para captação e reuso de água, energias renováveis, sistemas de drenagem urbana, entre muitos outros. Esta crescente questão é sustentada pelo fato que as cidades são representantes de ⅔ do consumo mundial de energia, e responsável por 1 aproximadamente 75% de todos os resíduos gerados . Portanto, o tema de rediscutir e propor novas opções de ocupação urbana, pensados no contexto da sustentabilidade, se mostra de fato atual e relevante ao campo da arquitetura e urbanismo. Afinal, como é esta cidade idealizada, e o que é cidade sustentável? A cidade sustentável de acordo com alguns peritos no assunto como Richard Rogers, Carlos Leite, Júlio Moreno entre outros, é aquela que consegue conciliar todos os usos de uma cidade grande, de forma social, econômica e ecológica. Isto porque estes conceitos (social, econômico e ecológico) são os três pilares do desenvolvimento sustentável que estão sendo discutidos a fim de obter um futuro sustentável. É pertinente dizer que as cidades são o grande desafio estratégico para o planeta neste momento, e que é necessário reinventá-las para atenderem a este conceito de um desenvolvimento sustentável. Como levantar a questão da cidade sustentável em uma cidade tão insustentável como São Paulo? Na verdade não há sustentabilidade urbana se não pensarmos em soluções de intervenções sustentáveis em cidades consolidadas e em crescimento. Assim o papel da arquitetura neste sentido, é de ir planejando a cidade e ajudando-a a crescer de forma a utilizar melhor os espaços. A cidade de São Paulo é palco ideal para se repensar o espaço urbano e arquitetônico de maneira sustentável, pois apresenta diversos problemas em comum aos das metrópoles atuais, como expansão urbana descontrolada, falta de saneamento básico nas periferias, déficit habitacional e áreas subutilizadas, sendo estes somente alguns deles, que permitem uma ampla discussão sobre o assunto na busca por soluções e respostas. O objetivo deste trabalho é propor um projeto de intervenção urbana que busca sanar problemas da cidade, com a aplicação de conceitos de cidades sustentáveis a partir da leitura e da análise destes. Assim, este projeto busca tratar dos problemas da cidade de São Paulo dentre os quais, considerando o debate dos conceitos de cidade sustentável, são pertinentes não só em relação ao local, mas também às necessidades humanas e ao desenvolvimento urbano em geral. A intenção é discutir um trecho da cidade como objeto de estudo, como possível proposta de vida sustentável que envolva todos os usos de uma cidade. O produto deste trabalho é um projeto de intervenção urbana que especula qual o tipo de cidade que se resulta, ao aplicar conceitos de cidades sustentáveis. Assim, criar uma possibilidade de resposta aos problemas das grandes metrópoles de expansão territorial, poluição de águas, segregação social e mobilidade, focando em soluções sustentáveis. A metodologia aplicada neste projeto foi de pesquisa teórica e análise, seguido por processo projetual. o Levantamento bibliográfico e revisão bibliográfica a respeito do tema. o Levantamento dos diferentes conceitos de cidade sustentável. o Análise dos conceitos sustentáveis. o Desenvolvimento de estudos na área de intervenção considerando os conceitos estudados. o Definição do projeto de ocupação para a área de estudo. 1
Informações com base no Artigo Jornal ComCiencia (Unicamp), Cidades sustentáveis? Desafios e oportunidades, por Carlos Leite.
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o
Detalhamentos e aproximações do projeto para maior entendimento das estruturas urbanas. A cidade aqui imaginada, quando se fala da “cidade sustentável”, é um lugar de morar, trabalhar, ter espaços de lazer, e onde se possa dividir este espaço com muitas outras pessoas. É uma cidade que busca gerar o mínimo de lixo e carbono possível, gerar a maior quantidade de energia possível e reciclar o máximo possível, além de produzir alimentos nos espaços de convivência para atender necessidades de uma forma comunitária. Pode parecer muito, mas poucas mudanças na distribuição de usos em um espaço urbano podem possibilitar uma concretização do objetivo final. Proposição A área designada para a intervenção urbana se situa na Zona Sul de São Paulo, onde é possível debater e colocar em prática todas as questões de cidade que foram anteriormente discutidas neste trabalho. O local de intervenção, chamado de Vila Socorro, é um bairro na ponta norte da área da Subprefeitura Capela do Socorro. Aqui observa-se uma série de problemas, sendo um deles a possível comparação deste espaço urbano à uma ilha isolada, pois sofre com uma ruptura espacial resultante de barreiras físicas e urbanas (os rios Guarapiranga e Pinheiros e a avenida Guarapiranga). Esta área é marcada pela expansão industrial que se consolidou após a construção da barragem da represa e da estrada que levava até a mesma. Figura 02 : Área do projeto de intervenção urbana - barreiras urbanas.
Figura 03: Diagramas de fluxos atuais na cidade e Diagrama de núcleo sustentável. Fonte: acervo do autor.
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Com uma extensa análise e levantamento sobre a área de intervenção foi possível identificar os principais aspectos para serem abordados no projeto, contando com todo o estudo conceitual realizado na temática de cidades sustentáveis. O modelo urbano aqui proposto visa traduzir em soluções espaciais o acesso à habitação, emprego, tecnologia, serviços, educação e recursos da sociedade – direitos básicos para todos os habitantes da cidade. A área de intervenção está localizada entre as relações existentes da cidade e então apresenta um fluxo de pessoas local e pontual. A intenção aqui é aproximar o uso residencial dos modais de transporte e das oportunidades de trabalho que estão do lado leste do rio Pinheiros. Além de aproximar as ofertas de trabalho ao estabelecer um novo ‘polo’ comercial. Aqui se visa uma cidade composta por uma rede cíclica de pequenos núcleos de cidades sustentáveis, sendo este projeto um exemplo de núcleo sustentável. Neste núcleo a relação entre um desenvolvimento econômico, uma postura ecológica de ocupação e espaços sociais é fundamental.
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Fonte: Google Earth, 2016
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A partir dos conceitos (estudados e coletados na fundamentação teórica do trabalho) organizados em tópicos, foram categorizados em três pilares, e a partir disto é que foi elaborado um programa de diretrizes para a intervenção. As diretrizes foram pensadas inicialmente a partir de verbos de ação, pois esta metodologia auxiliou na tradução dos conceitos no programa proposto. O quadro a seguir demonstra o estudo realizado para uma associação entre as diretrizes de projeto e os conflitos do local em função dos conceitos estudados.
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Figura 04: Quadro de interpretação dos conceitos de cidade sustentável estudados para as diretrizes de projeto. Fonte: acervo do autor Foi possível identificar como fatores necessários do projeto: a delimitação para a criação de um parque seguindo as margens dos rios, a potencialidade de inovação econômica para impulsionar a área que hoje parece estagnada, e a implantação de uma infraestrutura verde. Além de todos os outros conceitos e valores estudados, e que são delicadamente inseridos no contexto da área. Apesar deste projeto não fazer parte de um planejamento da cidade como um todo, ele considera as necessidades de um entorno próximo, e das características da região metropolitana como um todo, para se ter um entendimento do perímetro destacado, podendo assim propor mudanças para este espaço urbano específico, dentro da interpretação dos conceitos de cidade sustentável. Este projeto de intervenção urbana, se caracteriza como um plano urbanístico que compõem um conjunto de infraestruturas e usos, visando atingir os objetivos de sustentabilidade urbana e de desenvolvimento sustentável. Uma das intenções deste projeto é que após uma organização espacial (do plano urbanístico), a sociedade civil ali estabelecida com os novos moradores (das novas ofertas de habitação) se organizem em conjunto para de fato estabelecer uma comunidade ativa (nos espaços institucionais). Com isso, este bairro passa a ter uma comunidade ativa, que constitui uma identidade individual e zela pelo espaço urbano. A proposta deste projeto urbanístico é estabelecer um redesenho urbano e arquitetônico em uma área que apresentava uma série de problemas espaciais.
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Figura 05: Implantação das diretrizes propostas. Fonte: acervo do autor Este plano urbanístico de núcleos sustentáveis na cidade, como proposto neste trabalho, funciona como um sistema cíclico pertencente a uma rede de um macro sistema, que regula, propõe e incentiva uma série de aplicações de tecnologias para atingir um máximo aproveitamento dos recursos naturais, incluindo uma redução considerável na produção de resíduos. Assim, a distribuição de mecanismos para gerar energia limpa, de reuso (de água e matérias), e de ‘zero produção de lixo’, atingem a área de intervenção como um todo, efetivando um trecho da cidade com um desenvolvimento sustentável. O mesmo se auto-sustenta em muitos aspectos, e alivia a pressão no sobrecarregado sistema de distribuição de energia e sistema de saneamento básico existentes das cidades. Para o uso efetivo destas tecnologias, são propostos uma série de mecanismos, instrumentos urbanísticos e incentivos urbanos, de forma que não necessariamente há uma regra opressora, mas sim um benefício coletivo que não só é urbano, mas civil também em todos os sentidos. Por fim é importante destacar que o projeto apresentado neste trabalho buscou criar uma relação entre os agentes público e privado, a partir da democratização do espaço com infraestrutura e lazer. As infraestruturas sustentáveis tendem a prosperar e resultar em um tipo de cidade para todos, exatamente o que se busca neste trabalho. Referências BONDUKI, Nabil. O modelo de desenvolvimento urbano de São Paulo precisa ser revertido. Estudos Avançados 25. 2011
CORMIER, Nathaniel; PELLEGRINO, Paulo R. M. Infra-estrutura verde: Uma estratégia paisagística para a água urbana. Paisagem Ambiente: ensaios - n. 25 - São Paulo. 2008 HALL, Peter. Cidades do Amanhã. São Paulo. Perspectiva. 2011 JACOBS, Jane. Morte e Vida das Grandes Cidades. Martins Fontes: São Paulo, 2011. LEITE, Carlos. Cidades sustentáveis Cidades inteligentes, desenvolvimento sustentável num planeta urbano. Porto Alegre. Bookman. 2012 MCLENNAN, Jason F. The Philosophy of sustainable design. 2004 MORENO, Júlio. O futuro das cidades. Senac. 2001 MOSTAFAVI, M.; DOHERTY, G. Urbanismo Ecológico. GG. 2014 ROGERS, Richard. Cidades para um pequeno planeta. GG. 2001 VEIGA da, José Eli (2010) no livro Sustentabilidade: A legitimação de um novo valor.
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CAVALCANTI, Clóvis. Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas. 2.ed. – São Paulo. Editora Cortez. 1999. 436p.
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CANEZ, Ana Paula; SILVA, Cairo Albuquerque. Composição, partido e programa – uma revisão de conceitos em mutação. Porto Alegre, Ritter dos Reis, 2015, p. 127
Projeto Paisagístico Requalificação do Parque da Barragem Gabriela Nakamura Mattes Orientador : Prof. Ms. Marcella de Moraes Ocke Mussnich
Figura 01: Proposta de Requalificação do Parque da Barragem - Fonte: acervo do autor
Resumo Este trabalho propõe a análise do parque urbano implantado na Orla da Represa Guarapiranga e apresenta uma posterior proposta de projeto paisagístico criando um parque que será parte de um sistema de espaços livres, cujo principal intuito é de conservação e
referencias para a compreensão do parque urbano partindo de conceitos considerados fundamentais - e que permitem formular um arcabouço teórico; O segundo tratará especificamente de estudos de caso de parques urbanos já instalados e bem-sucedidos utilizados como base projetual; O terceiro apresentará a área delimitada, analisando o terreno, o bairro e suas condicionantes; para por fim, no quarto, apresentar o parque proposto configurado através de diagramas e mapeamento geral de estudos. Atualmente o Parque Guarapiranga pertence a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE) e é administrado pela Subprefeitura da Capela do Socorro.
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O trabalho se subdivide em quatro núcleos: O primeiro compõe um quadro de
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requalificação da represa a fim de resgatar atividades de lazer com a valorização na região.
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Introdução Quando falamos em parque a primeira imagem que nos vem à mente é aquele extenso gramado acolhido por arranha-céus - como o Central Park em Nova York; ou aquele sinuoso lago que margeia uma pista de caminhada - como feito em São Paulo no Parque Ibirapuera. Por trás de toda visão que faz parte de um imaginário coletivo encontramos seu verdadeiro papel: um espaço de recreação pública, desenhado com determinado critério e visto como uma necessidade da população. Macedo e Sakata (2002) definem: Os parques urbanos são elementos fundamentais, dotados de autoria e que acompanharam toda formação e transformação das cidades – sempre demarcados em períodos, propósitos e funções. Nos ensaios que aqui se debatem e que também nos orientam, podemos perceber de longa data que o paulistano precisa em determinados momentos diminuir sua velocidade a fim de desfrutar de espaços como uma forma de antídoto contra toda a pressão e tensão que a vida nos oferece. Infelizmente, nos vemos cada dia mais precavidos de espaços assim. Não longe desta realidade, a Represa Guarapiranga, que abastece parcela da cidade e considerado um dos principais mananciais da região metropolitana de São Paulo se tornou ao decorrer dos anos um espaço atrativo para o lazer social e de caráter contemplativo. Num breve contexto histórico, a Represa de Santo Amaro (inicialmente nomeada) foi inaugurada em 1908 e construída apenas com a finalidade de produção de energia elétrica; passando a servir posteriormente como reservatório e abastecendo quase 05 milhões de habitantes da zona sul – segundo a fonte SABESP (2010). Com a aparição dos lotes pioneiros - alguns atraídos pela oferta de paisagens e outros, pela facilidade de locomoção as indústrias de Santo Amaro, iniciou-se em seu redor, um crescimento desordenado. Atualmente, o Parque da Barragem é utilizado e modificado gradativamente pelos próprios moradores da região, mas apesar de todo seu valor simbólico e potencial, se torna ameaçado pela falta de tratamento e planejamento.
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A Subprefeitura – órgão responsável pela administração - vem tomando iniciativas e implantando programas de tratamento a fim de minimizar o comprometimento da água. Avaliando parte deste processo histórico, analisando a região e estudando exemplos de parques bem sucedidos em conjunto com a compreensão destas áreas livres urbanas, é possível apontar propostas neste setor que possam configurar um espaço multifuncional, de forma eficiente e promovendo maior movimento, segurança e lazer. No procedimento metodológico desta pesquisa foram adotados levantamentos bibliográficos e iconográficos, visitas técnicas na área de intervenção, estudos de caso que servem de base para a proposta de projeto; e desenvolvimento de projeto arquitetônico paisagístico para o local de intervenção.
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Proposição
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O atual Parque da Barragem, implantado na região do Socorro, bairro localizado dentro da Subprefeitura da Capela do Socorro, é delimitado pelo cruzamento das vias: Avenida Atlântica, Avenida João de Barros e Avenida de Pinedo. Sua área de 80.000 m2 possui um amplo terreno linear - com extensão de 1,5km e é configurado em 02 planos paralelos: O Plano Inferior indica um extenso campo de várzea com ilhotas de fauna e flora alagáveis - de acordo com o nível da Represa; e o Plano Superior formado apenas por uma pista de caminhada, utilizada por pedestres e ciclistas, que percorrem todo seu trecho. Os planos são conectados por um talude de pedras de quase 05 metros, que passou a ser utilizada como arquibancada ao publico que participa e visita eventos provisórios, e ao leste, como apoio aos pesqueiros amadores. Inicialmente não existiu um projeto de espaço público, mas sim, a apropriação dos próprios moradores, que somente em 2007, o Estado em parceria com a Subprefeitura da região, iniciou o Programa Guarapiranga que propõem a revitalização das áreas livres que margeiam a Orla da Represa. Hoje, quase 10 anos depois, as poucas infraestruturas permanentes que existem ali são equipamentos esportivos sob má conservação e utilizados principalmente aos finais de semana. Mesmo nas áreas mais estruturadas, após a atual reforma, ainda notamos a falta de equipamentos urbanos como o apoio de mesas e bancos e equipamentos de recreação, assim como, a falta de vegetação arbórea e áreas de sombreamento. Sobre a ocupação, podemos afirmar que as principais características da região estão associadas ao crescimento desornado iniciado em 1960. O bairro ainda passa por diversas transformações urbanas visto que industrias foram substituídas por conjuntos residenciais, como previsto no Plano Diretor; e suas principais vias, constituem uma zona comercial atendendo a demanda da região, em conjunto com os lotes de serviço, que indicam escolas, postos de gasolina, etc. Situado numa zona proteção aos de mananciais e com uma vizinhança predominantemente residencial, o projeto tem como partido recuperar o caráter natural em seus processos naturais e ecológicos - que mesmo após programas e iniciativas do Estado, ainda se via como um cenário ameaçado; e ao mesmo tempo, tratar do espaço de uma forma funcional, transformando-o num parque que atendesse a real necessidade da região e
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Figura 02 : Parque da Barragem - Base Cartográfica, Geosampa, 2016
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oferecendo suporte para as atividades já exercidas ali. Como o terreno de insere de forma linear, o plano foi implantar estes setores seguindo uma espécie de transição “Do Natural ao Urbano” criando zonas de passagem e investindo especialmente numa malha de piso que delimitasse de forma clara cada espaço. Para isto, estruturou-se o projeto em 03 trechos denominados como: Praça do Acolhimento; Praça Alagável e a Praça Seca. Os três setores são conectados através de dois eixos de circulação: o primeiro, que cria um caminho rápido, seguindo o eixo paralelo à Represa e que leva o usuário aos principais acessos e o segundo, formado por linhas retas não ortogonais que geram passeio pelo parque, e consecutivamente, formam um caminho mais longo - possibilitando novas perspectivas ao usuário.A Praça do Acolhimento tem como principal partido se tornar um ponto de encontro sua localização permite uma completa vista a Represa e por este motivo foram criadas áreas de permanência contemplativa. A escadaria, que de forma acessível transforma o antigo talude em uma arquibancada, vence a atual topografia descendo até o nível da água, onde se encontramos o extenso deck que diferente das linhas de passeio, possui uma forma sinuosa que parece flutuar sobre suas margens e cria de uma forma mais sutil, espaços multifuncionais
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No Sudoeste, encontramos a Praça Seca, com um caráter muito mais urbano. Este recorte visa principalmente a apropriação e ocupação do espaço, ou seja, a retomada de atividades de lazer e recreação no local. Opta-se por uma paginação quadricular no sentido norte-sul para configurar a área e transformando o espaço num próprio tabuleiro e sua malha ortogonal setoriza uniformemente os espaços, onde áreas permeáveis e impermeáveis se complementam e oferecem setores de recreação e lazer. Ali temos quadras esportivas, academias ao ar livre, playground, um espaço para o uso do skate.
A Praça Alagável, que fica no nível mais baixo do terreno, fecha a implantação, voltando-a para o cenário natural. Ali houve a necessidade de analisa-la sob diversas perspectivas, pois se tratava de um vasto gramado com previsão de enchentes que variam de acordo com o nível da água. Para isto, apostou-se então na ideia de retomar do próprio ecossistema natural, onde jardins flutuantes, plantas nativas e outros bosques seriam implantados como uma própria fonte de filtragem de poluições, já que nas últimas décadas, o
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uso inadequado dos solos contribuiu para a diminuição de sua quantidade e qualidade da água.
O principal objetivo deste trabalho é a de reprojetar o atual Parque visando requalificar não somente as questões estéticas do bairro, mas também, encontrar formas ambientais de proteger as margens e águas da represa, retomando o contato do homem com a água e organizando o espaço de uma forma atrativa ao publico e ao mesmo tempo, consciente. Referências ANCONA, A.; LAREU, S. Avaliação do Programa Guarapiranga: custos e componentes de infraestrutura. Trabalho apresentado nos Seminários de Avaliação do IPT, São Paulo, 2002. Disponível em: <http://habitare.infohab.org.br/pdf/publicacoes/arquivos /45.pdf> BARTALINI. Áreas Verdes e Espaços Livres Urbanos. Paisagem e Ambiente: Ensaio n.01, São Paulo, 1986. BORELLI. A Bacia do Guarapiranga: Ocupação em Áreas de Mananciais e a Legislação Ambiental, 2006 – Dissertação de Mestrado da PUC. CAMPOS, Ana Cecília M. As ações programadas e a estruturação do sistema de espaços livres. Tese apresentada no Doutorado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008. HIJIOKS, Akemi. Espaços Livres e Espacialidades da Esfera Pública. Paisagem e Ambiente: Ensaio
QUEIROGA, Eugenio; BENFATTI, Denio. Sistema de Espaços Livres Urbanos: Construindo um Referencial Teórico. Paisagem e Ambiente: Ensaio n.24, São Paulo, 2007. MACEDO, Silvio Soares. Quadro do Paisagismo no Brasil. Edusp/Imprensa Oficial de São Paulo, 2002. MACEDO, Silvio Soares; SAKATA, Francine Gramacho. Parques Urbanos no Brasil. Edusp/Imprensa Oficial de São Paulo, 2002. MAGNOLI, Miranda. Espaços Livres e Urbanização: Uma Introdução aos Aspectos da Paisagem Metropolitana. São Paulo, 1982. MAGNOLI, Miranda. O Parque no Desenho Urbano - Fundamentos: Ensaio n.21, São Paulo, 2006. FRIEDRICH, D. O Parque Linear como instrumento de planejamento e gestão das áreas de fundo de vale urbanas. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.
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KLIASS, Rosa Grena. Os Parques Urbanos de São Paulo. São Paulo: Pini, 1993.
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n.23, São Paulo, 2007.
Requalificação dos espaços residuais da Rua Sobrália, Campo Grande, São Paulo. Resíduos da Rua Sobrália e Avenida Salim Antônio Curiati... Gustavo Rodrigues de Andrade. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Dualde.
Figura 01: Novo uso dos moradores adaptando ao espaço público. Fonte: acervo do autor.
Resumo O trabalho tem por objetivo ir além de um questionamento do urbanismo implantado que
feitas análises conceituais para entender comportamentos sociais de um indivíduo em uma grande cidade, estudando as morfologias da região e as transformações ocorridas em relação ao espaço urbano. Fez-se necessário entender a origem do atual urbanismo e, para tal, buscou-se compreender as primeiras regras de uso e ocupação do solo e o processo de desenvolvimento da região Sul de São Paulo. Levantaram-se todo tipo de uso e ocupação presentes na rua escolhida para a requalificação, avaliando em seguida suas dinâmicas apresentadas e, por fim, identificando suas problemáticas, visando desenvolver um plano de atividades e diretrizes consistentes.
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histórico do local para entender as transformações que se fizeram no espaço público, foram
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originou a criação das primeiras legislações para a formação da cidade. Analisando o processo
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Introdução A principal motivação deste trabalho é uma inquietação com relação à dinâmica do indivíduo com os espaços públicos da região de convivência diária. A falta de apropriação dos usuários desses espaços em uma grande cidade como São Paulo leva à ausência de identidade espacial com seus bairros e, muitas vezes, ao abandono dos espaços como a própria rua, a pequena praça do bairro, e outras áreas de uso público que antes serviam, por exemplo, de pontos de encontro dos cidadãos exercendo a vida em comunidade. Tais áreas, então, acabam inutilizadas ou consideradas inapropriadas, o que culmina em sua degradação. O que hoje é um resíduo no desenho da cidade moderna a ser evitado ou apenas transitado rapidamente, antes era de grande importância na vida em comunidade, um espaço reconhecido como local de encontro, tanto para lazer quanto para prática civil e política. Antigos usos públicos tiveram seus espaços alterados e agora encontram-se em locais de comércio e, neste caso, sua localização se dá pelo consumo e sensação de segurança. Como área de abrangência do projeto foi escolhido o Distrito de Campo Grande, localizado na macrorregião da Zona Sul de São Paulo. Por meio de análises socioeconômicas e tipológicas da região, pretende-se elaborar um projeto de requalificação urbana. A Rua Sobrália foi escolhida como área de intervenção para tal requalificação pois, apesar de estar localizada em um bairro heterogêneo, ela apresenta pontos distintos e evidencia transições que ocorrem na região. As áreas apresentam características em comum e, por isso, é possível criar parâmetros de desenho urbano com a população local, respeitando seus hábitos diários, criando signos de identificação com o bairro e colocando em
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prática ações em comunidade, transformando esses em locais prazerosos para convivência.
Figura 02: Gráfico sobre bons espaços públicos. Fonte: Guia do espaço público.
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Figura 03: Rua exemplo para requalificação. Fonte: Google Earth.
Proposição Buscando a requalificação urbana dos espaços residuais que se encontram ao longo da via heterogênea estudada. Foi possível identificar, ao analisar perfis socioeconômicos da região, duas caracterizações territoriais distintas que pedem atenção especial. A principal característica foi escolhida pela sua representatividade no espaço, ocupando a maior parte da via, caracterizada como uma área residencial com pequenos comércios locais, densidade de morador por habitação entre 2,90 a 3,30 e um IDH elevado, acima dos 0,80, porcentagem considerada alta pela ONU.
A segunda característica da rua é a região industrial em que permanecem alguns lotes de empresas como a Coca-Cola, e outros lotes de fábricas e serviços. Percebe-se um processo de transição da região: lotes de antigas indústrias estão sendo vendidos e mudando o tipo de ocupação, como de prédios habitacionais. Espaços de baixa densidade estão caminhando para um processo de urbanização parecido com o da primeira área caracterizada anteriormente.
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e a área apresenta altos índices de desigualdade e agentes distintos utilizando do mesmo espaço.
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Entretanto, o aumento da renda nos últimos anos veio acompanhado também pelo aumento da pobreza,
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Figura 04: Mapa censitário produzido para levantar a habitação da região. Fonte: acervo do autor.
Figura 05: Mapa censitário produzido para levantar a renda da região. Fonte: acervo do autor.
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Figura 06: Desenho destacando e mostrando possíveis diretrizes urbanos a serem usadas como exemplo de requalificação. Fonte: Site da Prefeitura Municipal de São Paulo.
Referências ASCHER, François. Os novos princípios do urbanismo, 2010. JACOBS, Jane. Morte e vida em grandes cidades americanas, 1961. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade liquida, 2001. SANTIAGO, Paola Caiuby. HEEMANN, Jeniffer. Guia do espaço público.
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DA SILVA, José Afonso. Direito Urbanístico Brasileiro.
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GRAHAM, Stephen. O novo contexto urbanístico, 1995.
Redesenho de praças e canteiros centrais Helena Skielka de Azevedo Orientadora : Prof. Marcella Ocker
1 IMAGEM (escolha uma imagem marcante – compacte para 100dpi para não carregar o arquivo – use o “alinhado pelo texto” usando a largura do espaço de texto)
Resumo Este trabalho se trata de espaços públicos como: praças e canteiros centrais de bom porte que hoje são espaços sem um projeto especifico e que acabam se tornando em espaços mal utilizados, como estacionamentos depósitos de lixo ou áreas abandonadas. Nesta pesquisa, foi feito um estudo sobre praças e canteiros centrais, na região da Estação Jurubatuba, Av. das Nações Unidas e a Av. Engenheiro Alberto Zagottis e através deste estudo foi elaborado um projeto de parque linear em cima dessas áreas com o objetivo de qualificar melhor os espaços trazendo mais segurança e qualidade de vida para a região.
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Figura 1: Praticas ao ar livre:. Fonte: acervo do autor
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Introdução Nas grandes cidades, as ruas e avenidas têm grande importância para o trafego, e o urbanismo modernista priorizou o transporte motorizado não considerando a dimensão humana no planejamento urbano (GEHL, 2010). Neste contexto, outras formas de locomoção, como a pé e de bicicleta, têm sido uma alternativa aos problemas de mobilidade urbana. Espaços públicos como: praças e canteiros centrais de bom porte, podem fazer parte de um sistema de espaço livre, gerando um melhor aproveitamento com diferentes usos, como prática de atividades físicas, rota de bicicletas, pontos de encontro, entre outros mas, que atualmente, são espaços residuais sem projeto específico e acabam se tornando áreas de estacionamento de veículos e depósito de lixo, com usos inadequados aos espaços livres públicos. Com esta pesquisa, foi feito um estudo sobre praças e canteiros centrais, na região da Estação Jurubatuba, Av. das Nações Unidas e a Av. Engenheiro Alberto Zagottis, São Paulo, S.P. Ao analisar a região, foi notado que na área existem qualidades, como também, problemas. Há uma grande quantidade de pessoas que se locomovem na área, especialmente na Estação Jurubatuba. Essa trajetória não é segura para os pedestres e ciclistas e existe um grande índice de assaltos. O objetivo deste projeto é requalificar estes espaços urbanos, trazendo maior infraestrutura para a sociedade, por meio de parques lineares que, além de aumentar a qualidade de vida da população fará a região mais segura. De acordo com Gehl (2010), existe uma tendência em se priorizar o pedestre e outros meios de transporte como a bicicleta, deixando em segundo plano os automóveis. Além disso, outros estudos de casos foram considerados para a elaboração deste trabalho, como o Parque Madureira, um parque sustentável localizado no Rio de Janeiro, e a iniciativa da influente Copenhague sobre as ciclovias. Com esse embasamento, foram propostas intervenções na área de estudo selecionada, para sua atual e futura característica de uso e ocupação do solo, visando o que o PDE (2014). Com isso, projetou-se, através de várias experimentações de desenho, um ambiente saudável de parque linear para a melhor qualidade de vida da população.
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Proposição O resultado final deste estudo se resume em um projeto de parque linear nas praças e canteiros centrais das avenidas: Av. Nações Unidas, Av, Engenheiro Alberto Zagottis e Av. Octalles Marcondes Ferreira O parque tem como objetivo oferecer espaços para práticas esportivas e práticas de lazer ao ar livre. Uma das justificativas para projetar o parque nessa região é a falta de segurança que existe, um local de muito fluxo de pedestres e bicicletas onde suas trajetórias são rodeadas de muros altos que isolam a rua deixando-a escura e perigosa, propicia a assaltos e outros tipos de vandalismo. A região também tem uma grande carência de espaços ao ar livre para lazer. Com esse projeto o objetivo é influenciar as pessoas a utilizarem esses espaços públicos requalificando a região tornando mais segura, e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Figura 02 :Implantação do parque. Fonte: acervo do autor
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O projeto do parque é dividido em quatro trechos, onde em cada um, tem uma característica diferente.
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Figura 03:Cortes A e B.. Fonte: acervo do autor
Primeiro trecho O primeiro trecho do parque localizado em frente a Estação Jurubatuba, na praça central ao longo da rua Octalles Marcondes Ferreira, foi proposto um espaço mais voltado para a permanencia e encontro de pessoas. Uma área já bem arborizada foram propostos bancos sombreados pelas árvores e grandes deques de madeira que atravessam o corrego Zavuvus reservados para eventos, seja feiras artesanais, shoows, comida de rua, oficinas, entre outras atividades eventuais.
Figura 04 :Trecho 1. Fonte: acervo do autor
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Segundo Trecho O trecho dois se localiza na Av. Nações Unidas, um espaço central que divide a avenida, o espaço é largo e bem arborizado que atualmente serve como um estacionamento. A proposta é criar uma área de atividades esportivas, três quadras poli-esportivas, uma pista de skate, um bicicletário, vestiários feminino e masculino e bancos ao longo de sua extenção protegidos e sombreados pelas árvores.
Figura 05 :Trecho 2. Fonte: acervo do autor
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Terceiro Trecho O terceito trecho é uma área mais fechada pela vegetação existente e mais outras, formando um bosque, um lugar propício para pequeniques, para relaxar ou práticas de outras atividades relacionadas a naturaza.
Figura 06 :Trecho 3. Fonte: acervo do autor
Quarto Trecho
No último trecho foi possível organizar diferentes tipos de atividades. Um espaço para academia ao ar livre, um grande deque livre para atividades em grupo como, ioga, aulas de ginástica, entre outras atividades. Também foi possível organizar um play graund para as crianças, com brinquedos e um tanque de areia, o play ground é protegio da avenida pela vegetação e também ao seu redor por bancos. Para completar uma área especial para relaxar, sentar e deitar em baixo de coqueiros já existentes.
Figura 07 :Trecho 4. Fonte: acervo do autor
GEHL, J. Cidades para Pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2013 OBRAS, Infraestrutura Urbana e. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA): Readequação Hidráulica da Bacia do Córrego Zavuvus. São Paulo: Prefeitura da Cidade de São Paulo, 2015 RRA(Org.). Parque Madureira Rio +20. Rio de Janeiro: Ruy Rezende Arquitetura, 2012. SÃO PAULO. SECRETARIA MUNICIPAL DE INFRAESTRUTURA URBANA E OBRAS. . Obras do córrego Zavuvus - Siurb assinou a ordem de serviço. 2015. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/infraestrutura/obras_de_drenagem/corregos/ >. Acesso em: 5 jun. 2015. (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU). O zoneamento na Macroárea de Estruturação Metropolitana. 2014. Disponível em: <gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/ozoneamento-na-macroarea-de-estruturacao-metropolitana/>. Acesso em: 04 jun. 2016.)
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Referências.
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Aproximação da Arquitetura a Cidade Informal Ivanor Pereira Batista Orientador : Prof. Dr. Ricardo Dualde
Figura 01 : Panorâmica do Jardim Jaqueline. Fonte: Do autor
especificamente no Jardim Jaqueline. Analisa as ofertas de estruturação social - escolas, centros culturais, creches, etc - que tipo de oportunidades são ofertadas e se proporcionam leque abrangente de áreas de conhecimentos para está população. O bairro é analisado através de dados estatísticos, observações qualitativas e entendimento do seu entorno. Há ainda a relação do histórico do bairro através de banco de dados e relatos de moradores, que mostram como se deu as primeiras formas de exploração desta área e como se reflete atualmente no seu desenho.
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Este trabalho busca analisar as condicionantes de áreas precárias na cidade de São Paulo,
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Resumo
Introdução Minhas inquietações acerca do assunto assentamentos informais começaram antes mesmo de iniciar o curso de Arquitetura e Urbanismo. Tive a oportunidade de estar presente nestas áreas e ter visão sobre como são as relações pessoais e perceber como não são discutidos os motivos pelos quais tais regiões da cidade não são atendidas pelo poder público de maneira efetiva como acontece nas áreas centrais. Já no desenrolar da graduação os questionamento se multiplicaram a partir de questões levantas em disciplinas voltadas ao Urbanismo no âmbito das políticas públicas, relações sociais, conflitos de classes dominantes sobre as menos favorecidas e consequente pouca influência sobre as decisões dos agentes do Estado. Em estágio realizado na Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB - SP) durante os anos de 2014 e 2015 trabalhei no estudo de áreas precárias principalmente no extremo leste da cidade. Áreas que foram densamente ocupadas por migrantes do nordeste do país a procura de empregos formais em uma cidade formal, mas que encontravam, algumas vezes sim o emprego formal, mas como moradia a cidade formal lhes era negada. Outras regiões da cidade também eram estudadas através de constantes visitas técnicas, dezenas de processos que contavam com o empenho de todos os responsáveis pelo vai e vem burocrático. A luz disto as constantes manifestações a frente do Edifício Martinelli denunciavam pressão exercida pelos movimentos sociais. Posto isto, estava claro que havia muito coisa sendo feita, porém suscitava o questionamento acerca de equipamentos simplesmente construídos e entregues a esta parcela da população. Quais foram os questionamentos levantados acerca do que cada comunidade precisa ? Ou talvez, quais equipamentos iria auxiliá-la a se desenvolver culturalmente, socialmente e por consequência disto adquirir ascensão social. Vejo o papel estruturante que as disciplinas de Arquitetura e Urbanismo têm sobre um melhor desenvolvimento das propostas de intervenção em áreas precárias e como uma análise mais pontual pode ser fundamental para uma efetiva contribuição. Busco através de dados, mostrar como especificamente o Jardim Jaqueline desenvolve suas relações com o entorno, sendo este composto de glebas que tiveram um início singular, mas que atualmente se
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encontram repletos de aspectos que os diferenciam. No primeiro capítulo busco entender como o Plano Diretor Estratégico da Cidade de São Paulo (Lei 16.050/14) trata sobre as áreas precárias da cidade de São Paulo e quais são seus objetivos. E em uma visão mais direta tratando sobre a quadra e o lote a Lei Parcelamento de Uso e Ocupação de Solo (Lei 16.402, de 22 de Março de 2016). Posteriormente o capítulo tenta levantar dados sobre o próprio Plano Diretor acerca especificamente da área em análise e o seu entorno imediato. Ainda neste momento trato do surgimento das primeiras ocupações e atividades da área e como isto é refletido no seu desenho atual. Por fim, levanto quais os equipamentos existentes dentro do bairro e no seu entorno próximo, uma vez que vejo a proximidade destes equipamentos eixo determinante para medir a influência sobre a população que o utiliza.
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A Área O Jardim Jaqueline é uma favela localizada na subprefeitura do Butantã no distrito de Vila Sônia na cidade de São Paulo. Esta localizada próximo a Rodovia Raposo Tavares (alt. km 14,5), Av. Eliseu de Almeida e Av. Francisco Morato. A área sofre as condicionantes de valorização imobiliária resultantes da proximidade de eixos abastecidos por transporte coletivo e estar localizada cerca de 2 km do pátio de manobras da Linha 4 do metro - estação e terminal de ônibus com previsão de conclusão para 2018. Ademais a favela está inserida na extremidade da Operação Urbana Consorciada Vila Sônia. Este tipo de instrumento busca desenvolver diretrizes especificas para uma determinada parcela da cidade afim de alcançar transformações urbanísticas, melhorias estruturais e melhor tratamento aos aspectos ambientais da ocupação. Porem junto a tais benfeitorias há aumento da especulação e valorização imobiliária, causando a retirada de grande parcela da população de menor renda. De acordo com o Plano Diretor Estratégico de São Paulo de 2014 o Jardim Jaqueline em sua totalidade está delimitada como ZEIS 1 - áreas caracterizadas pela presença de favelas, loteamentos irregulares, habitados predominantemente por população de baixa renda, e há interesse público da permanência desta população junto a promoção de regularização fundiária, recuperação urbanística e produção de
Paulo, disponível em: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx; Plano Diretor Estratégico Lei n. 16.050/2014.
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Figura 02: Foto aérea. Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano - Prefeitura de São
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habitação de interesse social.
Referência Principal
Em um primeiro momento o projeto de Marcos Boldarini objetiva a supressão do risco geológico existente na área onde se desenvolve. Posteriormente a construção de edificado multifuncional voltado a população do bairro. O edifício busca através dos seus pórticos que constroem vazios que o remanescente da favela os incorpore. Além disto, a estética da construção faz direta referência a morfologia características de assentamentos informais. No edifico é oferecido espaço para desenvolvimento de atividades comerciais voltadas preferencialmente aos moradores que já moravam no local e exerciam atividade comercial. Há também blocos destinados a moradia e pátio comum no primeiro andar com mirante.
Figura 03: Foto aérea do Grotinho - Paraisópolis.
Figura 04: Panorâmica do Grotinho - Paraisópolis.
Fonte: Google Earth
Fonte: Archdaily
Ficha Técnica Premio: Destaque na categoria Espaços Públicos Projeto: Grotinho de Paraisópolis . Construindo espaços de convívio - Edificio multi-funcional Autores: Prefeitura do Município de São Paulo – Secretaria de Habitação - SEHAB, Boldarini Arquitetos Associados, Marcos Boldarini e Sergio Faraulo Equipe: Melissa K. Matsunaga, Melina G. de Araújo e Simone Ikeda (arquitetos), Suzel M. Maciel (Arquiteta paisagista), LTS Engenharia, LCL Engenharia,
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Ensepro Engenharia, Consórcio Domus, Cobrape, Construções e Comércio Camargo Corrêa S.A. e Carioca
Proposição O projeto deverá se desenvolver em área de aproximadamente 1.114 m². O local é um recorte tomado junto ao Parque Raposo Tavares. A escolha desta área foi fundada em dois objetivos. Primeiramente, há deste lado do parque considerável sensação de abandono, falta ou quase nula preservação tanto física dos espaços quanto de passagem de pessoas, que ajuda a manter o local seguro. Visto isso acredito que um equipamento que ofereça atividades diversas impulsionará o movimento.
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Por outro lado há alguns comércios e serviços nesta rua, Denis Chaudet, de pequeno porte e administrados pelos próprios moradores. Vejo como potencial a tornar esta área um novo núcleo de comercial do bairro.
Figura 04 : Foto Aérea. Fonte: Google Earth
O projeto deve ser composto por local de encontro logo no nível da Rua Denis Chaudet. Este local terá caracter público e servira com convite a quem passa pela rua. Deverá ser encarado como um local de permanência voltado a conversa e o encontro. Para tal, já existe um platô na área, porem atualmente o formato do parque, rodeado de grades, não permite a utilização pelos moradores, sendo pouco utilizado. Deverá ter espaço para comércios voltados a alimentação e serviços neste andar térreo. Haverá no 1º andar local para permanência de crianças, nos mesmos moldes dos Centros da Criança e Adolescentes (CCA) já existentes no bairro, porem com número total de vagas preenchidas. O CCA São Gabriel, por exemplo, possui lista de espera que gira em torno de 50 crianças. O 2º andar do projeto vai dispor de salas para oficinas diversas voltadas a adolescentes a partir dos 14 anos e 11 meses, período final de permanência do CCA’s. E também auditório para pequenas apresentações e projeção de filmes vinculados ao SPCine. Por ultimo, na cobertura haverá quadra para prática de atividades diversas e mirante de acesso público.
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DAVIS, Mike. Planeta Favela. São Paulo: Boitempo, 2006. SAMORA, Patrícia. Projeto de Habitação em Favelas: Especificidades e parâmetros de qualidade. 2009. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – FAUUSP, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. D’ANDREA, Tiarajú. A formação dos Sujeitos Periféricos: Cultura e Política na Periferia de São Paulo. 2013. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – FAUUSP, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. ASCHER, François. Os novos princípios do urbanismo. São Paulo: Romano Guerra Editora, 2010. PREFEITURA DE SÃO PAULO. Habisp Mapeando a Habitação na Cidade de São Paulo. Arvato do Brasil, 2008. BRASIL, Ministério das Cidades. Regularização Fundiária. Brasília: Ministério das Cidades, 2005. ZAMONER, Tatiana. A disputa pela paisagem entre cidade formal e a ocupação espontânea. 2013. Tese (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – FAUUSP, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.
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Referências
Desenho Urbano para espaços públicos mais seguros Julie Lukaisus Leiva Orientador : Prof. Me. Marcella de Moraes Ocke Mussnich
Este trabalho busca trazer alguns debates acerca dos espaços públicos da cidade contemporânea. O modo de se viver na cidade se modificou e é isso que o trabalho busca estudar. A diminuição de pessoas nas ruas em determinados locais da cidade foi um dos fatores que mais chamaram atenção dessa mudança, já que estar na rua começou a ser considerada uma atividade perigosa. Outro fator importante é a falta de espaços públicos de qualidade onde as pessoas se sintam à vontade e seguras para estarem ali, isso diminui mais ainda a possibilidade de haver maior circulação e permanência de pessoas nos espaços livres públicos das cidades.
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Resumo
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Figura 01 : Espaço Público sendo apropriado pelos pedestres. Fonte:https://catracalivre.com.br/geral/arquivo/indicacao/aos-domingos-avenida-paulista-tem-ar-maispuro-e-menos-barulho-que-nos-dias-de-semana/
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Introdução Cada vez mais se vê a necessidade de discutir sobre o espaço público de qualidade em São Paulo, vivemos em uma cidade ainda voltada para os carros. O tema desta pesquisa surgiu diante dessa dificuldade: o urbanismo modernista priorizou os carros e, muitas vezes, esqueceu-se dos pedestres, com isso as pessoas foram se sentindo “excluídas” em várias áreas dos grandes centros urbanos. Segundo Yan Gehl (2010), após os anos de 1960, era mais interessante planejar a cidade priorizando os automóveis para a circulação do que para os pequenos percursos a pé, apesar do que se imagina, Gehl (2010), afirma que para se obter uma cidade saudável é preciso que o caminhar e pedalar se tornem atividades corriqueiras na vida da população. Um trajeto que desperta a inquietação desta pesquisa é o trecho do Centro Universitário Senac em Santo Amaro até a estação Jurubatuba. Percurso realizado por grande parte de alunos e funcionários do Centro Universitário que, por mais que em determinados horários tenha movimento de pessoas nas ruas, é uma região perigosa e malcuidada, onde as calçadas apresentam dimensões inferiores ao ideal e cheias de buracos, a falta de vegetação e iluminação adequada que deixa o caminho ainda mais desconfortável. Além das indústrias e edifícios residenciais que fecham o quarteirão com muros, tornando o espaço menos convidativo ainda. Existe hoje nas cidades falta de incentivo dos grandes empreendimentos em estabelecer uma relação mais “amigável” com a rua, cada vez mais a cidade está inserida dentro dos condomínios e as pessoas deixam de apreciar a rua. Tem sido bastante corriqueiro andar pelas calçadas e sentir insegurança e medo por conta dos mesmos problemas citados a cima. Teresa Caldeira (2003) cita a preocupação com o aumento dos enclaves fortificados nas cidades, fazendo com que os crimes aumentassem, ao contrário do que se pensa, já que as pessoas consideram estar seguras quando estão trancafiadas dentro de suas casas. Os muros nas cidades se tornaram muito mais frequentes, tornando a cidade um lugar de medo para quem passa por eles, muitas vezes os locais se tornam espaços abandonados, tendo menos pessoas passando por ali. Os crimes causaram a privatização da segurança, onde quem tem dinheiro paga para se sentir seguro, aumentando a descriminalização social e reclusão. O objetivo deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é estudar maneiras de tentar tornar o caminho dos pedestres mais agradável, seguro e “devolver” a rua ao pedestre estabelecendo uma relação mais harmoniosa com a cidade tanto para as pessoas que estão apenas de passagem como para aquelas que querem desfrutar de um espaço público de melhor qualidade. A rua deve ser projetada também como espaço lazer para as pessoas, além da função primeira de circulação. A cidade está recebendo muitas atividades culturais e feirinhas gastronômicas na rua, isso se deve ao fato da sociedade começar a pensar a cidade de forma diferente. Atualmente muitas pessoas sentem a necessidade de passar o seu tempo na rua e essas atividades tentam trazer de forma mais prazerosa o “estar na cidade”, mas ainda é muito difícil para a população entender que a segurança não se deve apenas a polícia na rua, mas sim através do movimento de pessoas que trazem mais segurança às áreas livres públicas. Jane Jacobs (2011) dizia os “olhos da rua”, onde quanto mais pessoas estão observando aquele lugar, mais seguro ele se torna, isso é a vida urbana, pessoas utilizando e trazendo fluxo à cidade.
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Proposição
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Figura 02 :Localização da área. Fonte: Google Maps.
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A delimitação da área foi feita pelo fato de ser um local em desenvolvimento e, portanto um lugar que esta chamando atenção da população, provocando a ideia de que isso se repita por outras áreas da cidade que possuam características semelhantes, com zonas industriais, transporte público presente, e áreas subutilizadas. Todo o entorno do Centro Universitário Senac foi estudado, mas foi decidido por essas áreas por se tratarem de locais com o maior fluxo. O projeto está dividido em três áreas com características próprias, todas com a mesma linguagem, mas com propostas distintas. A primeira, a Rua Rosa Galvão Bueno Trigueirinho, tem a função de um calçadão, onde as pessoas passam com maior frequência e intensidade, portanto continuar com essa ideia de local de passagem seria importante, sem deixar com que os esvaziamentos continuassem ocorrendo. O desenho de piso interfere para que seja um local de passagem, mas ao mesmo tempo possui locais de permanência e instalações, como food trucks, feiras semanais e apresentações de filmes nos muros do entorno, tornando o muro que é um problema hoje para a área uma atração. A segunda é o corredor da Av das Nações Unidas, onde hoje é um estacionamento, mas apresenta caráter de parque linear, a região não apresenta parques em seu entorno, solucionando uma das carências da área. Por se tratar de um parque, é importante trazer atrativos para que as pessoas se sintam convidadas a estar ali, por isso o projeto também traz um caráter esportivo, com quadras, pistas de skate, pistas de caminhada e corrida, ciclovia que ligará o parque com a Estação Jurubatuba, ela não ultrapassa até a Rua Rosa Galvão Bueno Trigueirinho por se tratar de uma rua estreita e a preferência ser do pedestre, mas como não apresenta nenhum obstáculo o ciclista pode passar por ela com segurança, além de espaços para as crianças brincarem e locais de estar. A terceira é a praça em frente à Estação Jurubatuba, na Av Octalles Marcondes Ferreira, que por já ser uma praça mal cuidada, manter essa relação é importante, trazendo um caráter mais bucólico. Existe o Córrego Zavuvus na área, hoje ele está mal cuidado, mas já existe um projeto para que ele seja canalizado, mas por conta das enchentes que ocorrem na área, o meu projeto visa a não canalização dele por completo e sim a limpeza do Córrego, onde quem estiver na praça terá contato, com os guarda corpos, com a água, tornando o ambiente mais tranquilo. Por se tratar de três áreas distintas, era necessário que houvesse uma ligação entre elas e para isso foi pensado em um piso colorido, que é uma referência do traffic calming, onde ligará as três áreas com cores vibrantes e elevação para que quem esta dirigindo perceber que a preferência no local é do pedestre e para o pedestre se sentir confortável e seguro para atravessar a Marginal Pinheiros, a Av Eng Eusébio Stevaux e Av Octalles Marcondes Ferreira.
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Figura 03 :Localização da área. Fonte: Acervo do autor.
Figura 04 :Corte transversal Rua Rosa Galvão Bueno Trigueirinho. Fonte: Acervo do autor.
Figura 05 :Corte transversal Parque Nações Unidas. Fonte: Acervo do autor.
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Figura 05 :Corte transversal Praça Jurubatuba. Fonte: Acervo do autor.
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Referências
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Com o avanço da pesquisa alguns questionamentos apareceram; como que o desenho urbano pode deixar a cidade mais ou menos segura? Até onde a arquitetura pode atuar para tornar a vida das pessoas na cidade mais confortável? Essa pesquisa busca respostas para essas angústias dentro da área de estudo, visto que com os estudos de caso foi possível ter a certeza de que o desenho do espaço interfere para um local mais seguro, como por exemplo, Copenhague que após a remodelação do centro, as pessoas se sentem mais seguras para caminhar e aproveitar a cidade, o estudo de Portland em área industrial, comprovando que a área pode ser modificada, mesmo já sendo consolidada e o exemplo do Centro Aberto que aconteceu em regiões precárias da cidade, mas que com a intervenção mudou drasticamente o modo de como os visitantes as viam, esse são alguns dos estudos de caso desenvolvidos na pesquisa. Uma das preocupações foi de não apenas trazer o desenho para a cidade, mas ações que fizessem com que a vida urbana acontecesse, pois sem elas o espaço continuaria subutilizado e a sensação de insegurança permaneceria, portanto para cada área existe um programa e uma definição de espaços para que as pessoas se sintam convidadas para usa-lo cada vez mais. Onde as áreas serão os quintais dos empreendimentos residenciais e espaço de lazer e descanso das pessoas que estudam e trabalham próximo.
O Legado das Indústrias Matarazzo em São Caetano:
Reunidas
Francisco
Negligência Pública e Transformação em Parque. Maria Isabel Gomes Kiraly Orientador : Prof. Dr. Ricardo Dualde
Figura 01: Chaminé de 72m da IRFM. Fonte: acervo da autora
Palavras-chave: áreas degradadas, parques urbanos, revitalização da paisagem degradada, ne-gligência pública, transformação em parque.
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Ao caminharmos por São Paulo é possível nos depararmos com antigas áreas industriais que atualmente estão desativadas. Os terrenos fabris, em sua maioria, tiveram seu solo, subsolo e águas contaminadas por metais pesados, solventes, produtos químicos, entre outros e, por isso, tornaram-se impróprios para sua reutilização. O presente trabalho tem como principal motivação uma antiga área industrial, hoje abandonada e em estado de degradação urbana e ambiental, no município de São Caetano do Sul. Para compreender melhor a origem de áreas como esta, fez-se necessário entender o contexto histórico tanto do processo de industrialização de São Paulo e suas consequências, como da própria fábrica. Busco em estudos de caso, no Plano Diretor Estratégico do município, na Lei de Zoneamento e no Código Tributário Nacional e no Estatuto da Cidade, elementos que possam indicar diretrizes e tratamentos para reverter esta situação, visando reabilitar o terreno da indústria, atribuindo novas funções e usos, reintegrando-o à dinâmica urbana.
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Resumo
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Introdução O presente Trabalho de Conclusão de Curso tem início em uma inquietação pessoal que vem desde a minha infância. Um terreno imenso, um tanto quanto macabro, com seus prédios fa-bris destruídos (eu podia jurar que havia fantasmas lá dentro), porém a minha concepção sobre aquele tal lugar mudou. Não! Ele não deixou de me trazer a sensação de medo e insegurança quan-do passo por lá, mas os conhecimentos que adquiri na faculdade de Arquitetura e Urbanismo me fizeram enxergá-lo como um lugar com um potencial incrível de recuperação. Essa inquietação me motivou a pesquisar a história daquele local, o que me levou a descobrir que foi um dos complexos industriais mais importantes para a cidade, as Indústrias Reu-nidas Francisco Matarazzo. Assim como a maioria das indústrias que se instalaram antes do adven-to da legislação ambiental, não havia nenhuma preocupação em relação ao meio ambiente, e o en-cerramento de suas atividades deixou como legado para as futuras gerações um enorme passivo ambiental. Diante deste contexto serão abordadas as causas da existência de áreas como esta bem como, as consequências que elas trazem para a cidade, as potencialidades e as soluções possíveis para o terreno que me causava arrepios quando criança. Para tanto, serão resgatados, analisados e interpretados o histórico industrial, os processos da CETESB e da ConAm, os acervos digitais e visuais da Fundação Pró Memória de São Caetano do Sul e do Google Earth. Busco também em Estudos de Caso, no Plano Diretor Estratégico, nas Leis de Zoneamento, no Estatuto da Cidade, no Código Tributário Nacional, na Federal Remediation Technologies Roundtable (FRTR), alguns parâmetros para adotar na elaboração da proposta que farei, levando em consideração as particula-ridades do terreno em questão, a fim de restabelecê-lo. O capítulo 1 discorre sobre o ciclo industrial brasileiro e as origens de áreas contamina-das e degradadas bem como, o início do processo da industrialização e o final de sua expansão, o surgimento das legislações ambientais, o início da preocupação com o meio ambiente e a necessi-dade de recuperar as áreas degradadas e devolvê-las à dinâmica urbana. O capítulo 2 explora alguns projetos bem sucedidos na conversão de áreas degradadas, como o Parque Villa-Lobos e a Praça Victor Civita, em São Paulo, e também outros dois exemplo internacionais. Estes exemplos reafirmam que é possível mudar o cenário da degradação ambiental.
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O capítulo 3 trata de um dos complexos industriais mais importantes para o desenvolvimento de São Caetano do Sul, as Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, abordando seu histórico e seu legado ambiental. São aproximadamente 200 mil metros quadrados de contaminação. Expõe também as possíveis técnicas de remediação, custo e tempo prováveis. No capítulo 4 discorre-se sobre o histórico do bairro em que o terreno estudado se localiza, o valor do metro quadrado, o uso e ocupação do solo do entorno e da própria indústria, o uso futuro e seus obstáculos e como enfrenta-los e solucioná-los. No capítulo 5, expõem-se as diretrizes para a criação do Parque no antigo terreno fabril, de forma a atender os anseios e as necessidades da população.
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Figura 02 - Vista das instalações do complexo industrial em 1920. FONTE: Raízes Edição Nº 46 – dezembro de 2012 Proposição Este Trabalho de Conclusão de Curso visa a recuperação de uma área abandonada e contaminada no município de São Caetano do Sul, onde funcionavam as Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo. Para tanto, foram feitas três propostas:(I) declarar uma Operação Urbana Consorciada; (II) descontaminar o terreno; (III) criar um programa básico de ocupação da área. De acordo com o Art. 32 § 1º do Estatuto da Cidade, considera-se Operação Urbana Consorciada o conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder Público Municipal, com a participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o objetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e valorização ambiental. Áreas que estejam subutilizadas, mas que possuem uma boa infraestrutura tornam-se atraentes para o Poder Público e possuem grandes chances de servirem de embasamento para uma série de ações de melhorias para o atual cenário em que se encontram. A OUC proposta neste trabalho contemplará alguns dos requisitos mínimos necessários previstos no Art. 33 do Estatuto da Cidade, bem
De forma a viabilizar a descontaminação, uma parte do terreno será vendida para a iniciativa privada, assim como a OUC garante, de modo que, parte da renda gerada por ela seja destinada unicamente para pagar os processos necessários para a remediação. Para melhor definir o programa básico de ocupação da área, seccionei o terreno em quatro partes que foram determinadas a partir do aproveitamento econômico mais provável e dos próprios limites físicos do terreno.
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como a definição da área a ser atingida, programa básico de ocupação da área e a fi-nalidade da
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Figura 03: Área de Estudo Seccionada. Na tentativa de reduzir os efeitos negativos da ausência de áreas verdes urbanas a seção 1 será destinada a uma área com cobertura vegetal densa de lazer, convívio, permanência e contemplação, com espaços para a prática de yoga, tai chi chuan, meditação, piquenique, trilhas, transposição do Córrego dos Meninos e uma passarela elevada possibilitando um passeio próximo às copas das árvores. Além disso, a área será decretada com uma Unidade de Conservação, prevista na Lei 9.985/2000 da Constituição Federal, de modo a assegurar a concretização desta proposta. Um de seus objetivos é recuperar ou restaurar ecossistemas degradados. Esta Unidade de Conservação se enquadra nas categorias de Unidades de Proteção Integral e Parque Nacional. De acordo com o Art. 7º §1º da Lei 9.985/2000, o objetivo da Unidade de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto de seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei, ou seja, são permitidos a visitação, recreação em contato com a natureza, turismo ecológico, pesquisa científi-ca, etc. Já a categoria de Parque Nacional, são permitidas as atividades de recreação, lazer, piqueni-que. Toda a área do Parque deve obrigatoriamente ser pública, e é denominada Parque Natural Muni-cipal. O
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órgão que ficará responsável pela administração da UC será o Departamento de Meio Ambi-ente e Sustentabilidade de São Caetano do Sul. A destinação da seção 2 será para atividades recreativas e esportivas. Contará com parquinhos, quadras esportivas cobertas e descobertas, pistas de skate, e ainda, um centro de esportes que ofereça aulas de futebol, vôlei, basquete, artes marciais, danças e ginástica. Os parques urbanos são de extrema importância em termos socioculturais, e para que o Parque Natural Municipal Fundação cumpra com esta função, serão oferecidos na seção 3 espaços destinados à cultura, como biblioteca, anfiteatro, pavilhão para exposições permanentes e temporá-rias e centro cultural. Tendo em vista que a seção 4 é uma das mais simples de se remediar e que, portanto, possui um aproveitamento econômico mais provável, poderá ser reutilizada em um menor tempo em relação as demais seções. Proponho que esta seja a porção destinada à iniciativa privada. Considerando
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sua metragem (18.000 m²) e o valor do m² da região já com as devidas reduções (R$ 3.533,50), a Prefeitura Municipal de São Caetano teria inicialmente R$ 63.603,00 para começar as técnicas de remediação necessárias. O projeto do Parque Natural Municipal tem um caráter subjetivo e simbólico. Ele busca devolver a cidade de São Caetano do Sul uma área que foi alvo dos processos de industrialização e desindustrialização despreocupados com o meio ambiente e com a qualidade de vida das futuras gerações, agora recuperada, remediada e transformada em um Parque Urbano, podendo ser usado como modelo para a recuperação de mais áreas como esta.
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Referências
Requalificação urbana em espaços residuais: O sistema de espaços livres do Capão Redondo Matheus Leitzke de Albuquerque Orientador: Profa. Me. Marcella de Moraes Ocke Mussnich
Figura 1: Potencialidades renegadas. (Fonte: acervo do autor.)
Redondo localizado na zona sul da cidade de São Paulo. Que são sobreposições temporais da formação territorial da região, que criaram recortes no tecido urbano resultando em espaços residuais na paisagem. O objetivo foi alcançado através do estudo de projetos e referências bibliográficas, restabelecendo a conexão urbana e requalificando os espaços do distrito, tornando-os mais democráticos e diversificados para os moradores desenvolverem atos simples como andar e parar.
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Este artigo apresenta o projeto de sistema de espaços livres no distrito do Capão
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Resumo
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Introdução É usado o conceito “espaço livre” como principal elemento para entender qualquer espaço dentro da cidade que seja uma área não edificada, sejam os parques urbanos, as praças, as áreas residuais, os espaços entre edificações entre outros. É de interesse do estudo entender o significado de todas essas variações do espaço livre para apresentar um projeto que atenda as necessidades e que promova conexões do indivíduo com a cidade. O projeto de sistema de espaços livres foi realizado no distrito do Capão Redondo, localizado na zona sul da cidade de São Paulo, conecta os espaços segregados e degradados do tecido urbano (figuras 2 e 3), reflexo do crescimento desordenado entre os anos de 1560 a 1990, com o surgimento da cidade de Santo Amaro criando impactos relevantes nas regiões vizinhas. No Capão Redondo a alienação está mais presente no cotidiano, por um lado valorizaram edificações populares, sem dá devida atenção para uso socializante de sobras de terrenos o que cria um efeito nefasto, sem área de lazer, sem incentivo ao uso da bicicleta como recreação e meio de transporte, devido o precário sistema público de transportes temos o excesso uso automotivo como principal meio de mobilidade. O sistema de espaços livres restabelece o ciclo socioespacial e socioeconômico da região, melhora o fluxo de pedestres oferecendo melhores condições de passeio e transporte. Gera caminhos mais curtos diminuindo as distâncias melhorando a dinâmica da região e consequentemente integra as pessoas a mais atividades, favorecendo a qualidade de vida da população e convidando as pessoas a passarem mais tempo no bairro gerando melhor qualidade de vida. Esta é a
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proposta do presente projeto.
Figura 2: Área residual (Fonte: Acervo do autor)
Figura 3: Área residual da Estrada de Itapecerica. (Fonte: Acervo do autor)
O sistema de espaços livres. O projeto de sistema de espaços livres foi estruturado em duas frentes (Figura 4). A primeira frente são as áreas de transições, dividida em três partes, na qual a principal função é a de conectar o projeto com a cidade. Sendo a primeira o calçadão do Capão Redondo (Figuras 5 e 6) que é o principal espaço de conexão. Percorre a Estrada de Itapecerica e conecta os trechos I, II e III da COHAB Adventista ao tecido urbano. O percurso possuí quatro
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pontos de ônibus, calçadão com 10 metros de largura em declividades, com desenho de piso listrado nas cores bege e vermelho a cada 5 metros, que foram escolhidas para manter a identidade visual, como no caso do High Line Park, no centro do calçadão temos palmeiras e bancos ao longo do percurso.
Figura 4: Implantação geral do sistema de espaços livres. (Fonte: Acervo do autor)
A segunda foi criado um mirante que começa na Estrada de Itapecerica, seguindo paralelamente com o calçadão virando e terminando na rua Domingos Peixoto da Silva. O percurso do mirante faz parte da área de transição entre o calçadão e os trechos da COHAB Adventista I e II. O objetivo do mirante é potencializar a vista da região e criar espaços de convivência, possuindo desenho ortogonal que não segue um padrão de formas, gerando diferentes tipos de formatos.
alargou a calçada, com pisos intertravados no mesmo nível da rua, permitindo tipos de configurações distintos para as barracas e maior espaço para transeuntes.
Figura 5: Vista do calçadão no trecho I. (Fonte: Acervo do autor)
Figura 6: Vista do calçadão no trecho II. (Fonte: Acervo do autor)
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trechos II, III e o calçadão do Capão Redondo. Para comportar a atividade da feira o projeto
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Já a terceira parte é a Rua Modelar, onde acontece as feiras de domingo, conecta os
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Quanto a segunda frente liga os três trechos da COHAB Adventista, que foram separados por possuírem características diferentes entre si. Cada parte do sistema foi estudado nas escalas micro e macro. Na micro a preocupação do trabalho foi criar um espaço para as atividades de lazer e esportivas. E na macro, o trabalho foca em unir as partes de moradia e lazer mantendo a mesma linguagem visual, gerando a ideia de sistema único. (Figura 4) A seguir trata-se de cada trecho. Trecho I - A organização espacial dos edifícios da COHAB Adventista é disponibilizada de forma totalmente distinta, as quadras são largas e orgânicas com muito ou pouco espaço entre edifícios. A topografia varia em cada caso, com declive constante até o limite do sistema. Os níveis existentes foram usados a fim de potencializar os espaços criados entre os edifícios. Cinco áreas foram escolhidas para a criação de pequenas praças (Figuras 7 e 8), elas se conectam entre si através de caminhos, representados pelo piso vermelho, que ligam o espaço público ao espaço privado-coletivo e ao privado. Esse pequeno sistema dentro do trecho I foi criado a fim de mesclar atividades sociais e lazer. Criou-se a ciclovia que vem do calçadão da Estrada de Itapecerica indo até o parque Santo Dias.
Figura 7: Vista da praça 02. (Fonte: Acervo do autor)
Figura 8: Vista da praça 01. (Fonte: Acervo do autor)
Trecho II - Delimitado paralelamente pelo calçadão da Estrada de Itapecerica, pela Travessa Cânhamo da Índia na horizontal e as ruas Domingos Peixoto da Silva e Rua Modelar na vertical. A organização dos edifícios possui distâncias semelhantes e confortáveis entre si,
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possibilitando a criação de dois tipos de espaços para o uso coletivo, sendo a situação 01 (figura 10), espaço voltado para passagem e a situação 02 para o convívio e parada dos carros. O trecho encontra-se acima da Estrada de Itapecerica. Na área residual que percorre a via foi criado além do calçadão, um segundo caminho (Figura 9) elevado a 6 metros aproximadamente do mesmo, nos níveis 811,00 e 812,00. Criando um paredão no percurso do calçadão. Essa medida foi proposta para dar privacidade espacial para os moradores dos conjuntos habitacionais, e oferecer um lugar de transição secundário para o passeio . O percurso conecta-se com as situações 01 e 02 e possui uma vista ampla para a Estrada de Itapecerica e os demais edifícios do entorno, além de possuir um playground e academia pública.
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Figura 9: Vista do percurso secundário. (Fonte: Acervo do autor.)
Figura 10: Vista da situação 01. (Fonte: Acervo do autor)
Trecho III - O principal desafio deste trecho é a topografia, com diferentes tipos de situações que o projeto teve que solucionar para manter a linguagem visual. O trecho começa acima da Estrada de Itapecerica, no nível 809,00 e chega até o nível 790,00, colocando-se abaixo da via. Essa situação topográfica faz com que os conjuntos se mantenham reservados do fluxo principal da Estrada de Itapecerica. Os conjuntos se organizam em grupos de dois e vão descendo paralelamente até o nível 790,00, gerando espaços semelhantes entre si. Nesta situação, foram criados três espaços. Uma praça, um calçadão secundário (Figura 11) e como nos outros trechos, os espaços de convívio entre edifícios (Figura 12). Que se beneficiam da topografia tirando o melhor proveito do espaço e das características do trecho. Os espaços criados possuem funções e propósitos diferentes.
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Figura 12: Espaços de convívio. (Fonte: Acervo do autor.)
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Figura 11: Vista do calçadão secundário. (Fonte: Acervo do autor.)
Parque Represa Billings Nathalia da Cruz Carmo Orientador : Prof. Me. Marcella de Moraes Ocke Müssnich
O assunto sustentabilidade tem se tornado cada vez mais recorrente, demonstrando uma verdadeira preocupação com o meio ambiente e os recursos naturais, que apenas pouco tempo atrás se percebeu ser finito, e principalmente vem fazendo parte dos projetos arquitetônicos, garantindo baixo impacto ambiental e uma melhora na qualidade de vida. Essa abordagem ainda é relativamente nova em se tratando de parques sustentáveis, principalmente no Brasil, por tanto este trabalho pretende discutir a sustentabilidade dentro do parque, através dos conceitos de parque, sustentabilidade e infraestrutura verde e soluções aplicáveis ao projeto.
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Resumo
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Figura 01: Represa Billings. Fonte: acervo do autor
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Introdução Este trabalho trata da relação do homem com a natureza e seus recursos, refazendo essa conexão antes oferecida pela busca de um abrigo próximo à água e com recursos para suprir as necessidades do homem. Investiga também a possibilidade de estimular a convivência no espaço livre público, para que haja troca e desenvolvimento e, trazendo à tona a questão da sustentabilidade como forma de preservar esses recursos naturais. São Paulo vem sofrendo com a crise hídrica há algum tempo e é possível contornar essa situação através de medidas sustentáveis, como o reaproveitamento de águas pluviais. Se edifícios já conseguem adotar essas medidas, por que os parques também não? Com isso em mente, decidiu-se por compilar os conceitos de sustentabilidade e aplicar em um projeto de parque urbano às margens da Represa Billings, um meio ainda pouco explorado com essa temática, principalmente no Brasil. Um exemplo de que o meio ambiente pode ser reconstruído, é o trabalho do arquiteto paisagista Fernando Chacel, que conseguiu resultados interessantes na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. A reconstrução de áreas de restinga e mangue, importante ecossistema. Para o desenvolvimento do trabalho foram realizadas pesquisas bibliográficas e estudos de caso, as pesquisas bibliográficas se deram através da leitura de autores como Fernando Chacel, Miranda Magnoli, Silvio Macedo, Francine Gramacho Sakata, Richard Rogers, tornando possível definir conceitos necessários para o desenvolvimento deste trabalho, como parque, sustentabilidade e infraestrutura verde, os estudos de caso foram feitos através de visita in loco e pesquisas, com esses estudos de caso foi possível entender a aplicação desses conceitos no Parque da Gleba E, no Canal Park, entre outros, proporcionando assim o entendimento prático das soluções e ainda como elas funcionam no espaço. O trabalho está dividido em conceitos, onde são apresentadas as definições estudadas de parque, seguido por uma apresentação da área onde o projeto será desenvolvido e a apresentação da proposta
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de projeto para tal área, finalizando com a conclusão deste trabalho.
Figura 02: Arquibancada verde da proposta. Fonte: acervo do autor
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Proposição Partindo do conceito inicial chega-se a proposta final, onde a principal questão é a água, o projeto partiu da abertura dos quatro rios dentro da gleba e a criação de dois lagos, estes funcionam como wetlands, recolhendo as águas pluviais e filtrando a água. Parte da água é usada na irrigação do próprio parque, visando sua autossuficiência hídrica e a água remanescente é despejada na Represa. Como a água desta é imprópria, o contato dos usuários com a água se dá através dos lagos, abertura dos rios, e do playground aquático.
na captação, filtração e reutilização de águas remanescentes estão aplicadas por todo o parque, criando uma malha verde que trata a água, filtrando a poluição antes de atingir o manancial, ajudando na recuperação da Represa Billings. A faixa localizada embaixo das linhas de transmissão não permite ocupações nem permanência, portanto a solução para essa área foi criar um grande viveiro de mudas, que servem para reposição o parque. Abaixo da rua a faixa de servidão continua, nessa área está um grande jardim de chuva combinado a biovaletas, que recolhem as águas pluviais da via.
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As soluções de infraestrutura verde, como jardim de chuva, biovaleta e alagados, que integradas ajudam
Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem
Figura 03: Planta de Implantação do Parque Represa Billings. Fonte: acervo do autor.
BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
O parque tem caminhos que cruzam por toda a sua extensão, com ciclofaixas e áreas de passeio, as principais atividades estão setorizadas, a área esportiva conta com quadras poliesportivas, aparelhos de ginástica ao ar livre e um skate park, e ainda uma área de descanso sombreada para os esportistas. Outro setor do parque é a praça do leitor, onde há uma biblioteca e uma grande área de leitura com bancos à sombra de árvores. Uma área as margens do rio está reservada para piqueniques.
Figura 04: Planta de Ampliação da Área Esportiva. Fonte: acervo do autor
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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem
Parte dos lagos é cercada por uma praia e áreas de deck, onde eventos podem ser realizados e permite o contato dos usuários com a água. Logo abaixo deles uma grande arquibancada se desenvolve, com parte do piso permeável e formando uma área de estar confortável e com a vista do parque e da represa. Uma área foi destinada a horta comunitária, na qual os próprios moradores da vizinhança cuidam, plantam e usufruem. O playground acontece em duas partes, um deles é aquático, possui fontes de água que saem do chão, brinquedos de soltam água e um espelho d’água corta o espaço como um rio, permitindo que as crianças atravessem por tubos ou saltando nas pedras, cercado por um deck de onde os pais podem acompanhar seus filhos. Ligada por uma ponte está à outra parte, onde os brinquedos tradicionais se misturam a um playground de aventura. Localizados em um piso emborrachado colorido estão os brinquedos tradicionais, junto a eles estão tabuleiros de xadrez humano e uma brinquedoteca. O playground de
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aventura conta com uma elevação de onde descem dois escorregadores e forma uma parede de escalada e ainda arvorismo e diversas elevações no terreno, onde a criança pode subir e descer e atravessa pequenos túneis. Espalhados pelo parque há pontos de apoio, onde é possível encontrar lanchonetes, banheiros, áreas de estar cobertas para dias de chuva. Há ainda uma trilha ecológica na parte de mata mais fechada do parque. Seguindo o percurso do parque, também é feito um percurso de educação ambiental, no qual os visitantes aprendem sobre as soluções usadas no parque, podendo ver na prática como elas acontecem e ainda sobre como ajudar o meio ambiente fazendo sua parte. Finalizando o projeto espera-se que com a recuperação da mata nativa da região seja garantida a melhor adaptação e equilíbrio do ecossistema, que o parque tenha autossuficiência hídrica e possa ajudar na recuperação da Represa Billings.
Figura 05: Corte da área de piquenique. Fonte: acervo do autor Referências CHACEL, Fernando. Paisagismo e Ecogênese. São Paulo. Ed. Artliber. 2ªEd. 2004 CMMD (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO). Nosso futuro comum. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1991. GEHL, J. Cidades para Pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2013.
MAGNOLI, Miranda. Espaço livre – objeto de trabalho. Fundamentos, São Paulo, n. 21, p. 175-198, 2006. MAGNOLI, Miranda. O parque no desenho urbano. Fundamentos, São Paulo, n. 21, p. 199-214, 2006. MACEDO, Silvio Macedo & SAKATA, Francine Gramacho. Parques Urbanos no Brasil. São Paulo: Edusp. 3 ª Ed. 2010. ROGERS, Richard; GUMUCHDJIAN, Philip. Cidades para um pequeno planeta. Barcelona: Gustavo Gili, 2001.
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MAGNOLI, Miranda. Em busca de “outros” espaços livres de edificação. Fundamentos, São Paulo, n. 21, p. 141-174, 2006.
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GORSKI, Maria Cecília Barbieri Gorski. Rios e cidade: Ruptura e reconciliação. São Paulo. Editora Senac São Paulo. 2010.
Habitação de Interesse Social como Instrumento de Construção de Cidade Política Habitacional no Município de Osasco 2005-2016 Sandy Moreira do Amaral Orientador : Prof. Dr. Ricardo Dualde
Figura 01 : Habitação de Interesse Social Portais Fonte: Hector Vigliecca
Palavras-chave: Desenvolvimento urbano. Habitação. Osasco.
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Este trabalho tem o objetivo de analisar o desenvolvimento da política habitacional da Cidade de Osasco, entre os anos de 2005-2016, apresentando os projetos realizados durante este período, analisar o impacto das intervenções no território, o seu progresso, dilemas e perspectivas, através de um Plano Urbanístico definir metas e objetivos de médio e longo prazo, uma vez que a proposta de um plano urbanístico é prioritariamente emprego e renda, de modo que atenda a função econômica de cada região. O objetivo do plano é garantir o direito a cidade, discussão na conferência Habitat III que esta lançando a nova agenda urbana e será pauta na ONU. Uma vez analisado dados socioeconômicos do município a renda tem sido a mais preocupante, abaixo da média nacional e longe da média da metrópole.
Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem
Resumo
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Introdução
Em 2005 iniciou uma nova gestão no município de Osasco e com ela a preocupação de uma estruturação da Política Habitacional. Algumas ações foram implantadas a partir de então: Proposição de uma Política Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano, unificação dos departamentos de Planejamento urbano, uso do solo e habitação, criação do conselho municipal de política habitacional e desenvolvimento urbano e seu respectivo fundo municipal, modernização da legislação vigente propiciando a utilização de novos instrumentos presentes no Estatuto da Cidade. Revisão do plano diretor, Lei Complementar 125/2004, bem como a elaboração do plano local de habitação de interesse social- PLHIS, importantes instrumentos de planejamento, controle e monitoramento da política urbana. O PLHIS esta segmentado em três etapas, primeiro a contextualização (a formação do espaço urbano, dinâmica demográfica dinâmica socioeconômica), segundo as necessidades habitacionais (identificação dos assentamentos precários, caracterização dos mesmos, situação de risco, situação fundiária) estas duas etapas gera um histórico e um diagnóstico e por fim a terceira etapa são as estratégias de ação com a ampliação dos recursos destinados a habitação, a política de urbanização de favelas, política de produção habitacional e política de regularização fundiária. Programas, planos e diretrizes tiveram início em 2005 e sob o mesmo gestor ficou até 2012, mudando o gestor depois de oito anos mais não a posição de uma política de esquerda até 2016.
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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem
A pesquisa se deu com o levantamento dos programas e ações que esta nova política proporcionou, chegando num diagnóstico, gerando assim a problemática para o projeto, bem como estruturação histórica, entendimento desde as primeiras vilas, características físicas, e índices que apontam as potencialidades do município. Proposição
Segundo pesquisas no Atlas de desenvolvimento humano no Brasil, obtive alguns dados relevantes que justificam a proposta, como por exemplo uma variação de 7% comparação Brasil- Município referente a renda, com um índice abaixo da média nacional.
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Ao analisar a área conhecida como Portais, concluo propondo um plano urbanístico, composto pelo redesenho, suprindo as necessidades constatadas. A resposta dos primeiros questionamentos, quanto ao posicionamento da SEHDU de produzir exclusivamente moradia, veio através de um dialogo informal com a Diretora de Projetos, Viviane Rubio, lhe foi perguntado as diretrizes para atendimento da demanda habitacional e como resposta tive que a diretriz principal era o déficit habitacional, a participação popular é um fator que faz parte do processo desta política porém Viviane também afirmou que o tempo do projeto e a participação social é muito distante, primeiro pelo volume de pessoas e depois pela falta de clareza dos processo que estão passando. A proposta através do plano é conceber cidades e não somente "depósitos de gente", mais que a moradia é preciso uma infraestrutura que interliga outras políticas como transporte, como a inclusão social. Assim podendo ter um aumento no perfil socioeconômico desta região. Foi possível através de discussões, afirmar que os conjuntos apresentados funcionam de forma
Figura 02 : Implantação UHIS
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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem
assistida, e não há formação efetiva de cidade, eles não têm a integração socioeconômica.
BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
De acordo com a implantação acima, este projeto é dividido em várias tipologias, num total de 542 Unidades Habitacionais. A organização do projeto é através das quadras, cada uma possui uma letra assim é possível identificar a quadra e as suas tipologias. São elas A, B e C. Segundo a Carta Mundial do Direito à Cidade, é um instrumento dirigido a contribuir com as lutas urbanas e com o processo de reconhecimento no sistema internacional dos direitos humanos do direito à cidade, em sua terceira parte trata do direito ao desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental das cidades. Em sucessivos artigos enumera: Direito a água, ao acesso e administração dos serviços públicos domiciliares e urbanos; Direito ao transporte público e mobilidade urbana; Direito à moradia; Direito ao trabalho; Direito ao meio ambiente. De modo a perceber que a moradia é apenas uma questão quando se trata de construir cidades. A área de intervenção, Portal D'Oeste (Figura 3), regidos pela integração das políticas de desenvolvimento urbano (controle do uso do solo), políticas sociais (educação, saúde pública, recreação e cultura), política de Mobilidade e Transporte (abrangendo transportes coletivos, sistema viário), política de infraestrutura básica (abastecimento de água, coleta de esgoto, drenagem, energia elétrica, iluminação pública) e por fim política de Meio Ambiente (rígida com questões de preservação), organizadas e discutidas através de um conselho (incluindo todas
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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem
as medidas legais, administrativas e financeiras para permitir a realização do Plano).
Figura 03 : Área de intervenção
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Referências
BONDUKI, Nabil Por uma cidade digna. São Paulo. FIX, Mariana. Parceiros da Exclusão duas histórias da construção de uma “nova cidade” em São PauloFaria Lima e Água Espraiada / Mariana Fix. Editora Boitempo, 2001. FUNDAÇÃO João Pinheiro. Centro de Estatística e Informações. Déficit Habitacional no Brasil. GEHL, Jan. Cities for People. HARVEY, David. "El derecho a la ciudad".. JACOBS, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. Editora Martins Fontes, 2007. LEI Nº 1485 de 12 de Outubro de 1978- "Estabelece os Objetivos e as Diretrizes Para Uso e Ocupação do Solo Urbano no Município de Osasco”. Disponível em: <https://leismunicipais.com.br/a/sp/o/osasco/lei-ordinaria/1978/148/1485/lei-ordinaria-n1485-1978-estabelece-os-objetivos-e-as-diretrizes-para-uso-e-ocupacao-do-solourbano-no-municipio-de-osasco> Último acesso agosto/2016. MARICATO, Ermínia. O impasse da política urbana no Brasil, 2007. Pesquisa Origem destino. Disponível em: <http://www.metro.sp.gov.br/metro/numerospesquisa/pesquisa-origem-destino-2007.aspx> Último acesso: agosto/2016.
2008.
Disponível
SAULE JR., Nelson; UZZO, Karina. La trayectoria de la reforma urbana en Brasil. In: Ciudades para todos: Por el derecho a la ciudad, propuestas y experiências. Santiago: Habitat International Coalition (HIC), 2011
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SEADE. Sistema Estadual de Análise de Dados. em <http://www.seade.gov.br/> Último acesso: agosto/2016.
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PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO URBANO DE OSASCO. O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano é o instrumento global e estratégico de implementação das políticas públicas de desenvolvimento econômico, social, físico-ambiental e institucional do Município de Osasco, integra o processo de planejamento e gestão municipal, sendo vinculante para todos os agentes públicos e privados no município. Disponível em:<https://www.leismunicipais.com.br/plano-diretor-osasco-sp> Último acesso agosto/2016.
Novo valores para o espaço público: Revisão da hierarquia e requalificação do entorno do Parque Augusta. Suellen da Silva Luciano Orientador: Prof. Dr. Ricardo Dualde
Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem
Figura 01 – Rua Augusta Fonte: SP 360 graus Foto: Marcelo Cerri Rodini.
Resumo
Este trabalho tem como objetivo o estudo das transformações ocorridas nas áreas centrais da cidade de
São Paulo e a análise da área de intervenção do projeto: a Rua Augusta. A Augusta é destacada como local de implantação do projeto do calçadão visa a criação de áreas arborizadas, implantação de
mobiliário e bicicletário, criando um novo local de lazer e contemplação em frente ao Parque Augusta. A mobilidade se torna mais um importante aspecto dentro do projeto, pois no trecho de intervenção, os
carros são impedidos de circular, deixando apenas uma faixa destinada a circulação de ônibus, valorizando o espaço público e a escala do pedestre na cidade.
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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Introdução A discussão sobre a cidade vai muito além da questão espacial, da sua expansão, atingindo diversos tópicos de estudo. O entendimento da sua importância e de suas transformações deixam claro os seus percursos durante todo esse tempo e, consequentemente, os próximos rumos a serem tomados, pois a cidade vive em constante transformação. Através destes questionamentos, conseguimos perceber a amplitude e os impactos gerados pelas intervenções na cidade e, com isso, se faz necessária uma maior sensibilidade nas ações tomadas – principalmente quando as pessoas irão fazer parte disso. As análises territoriais sobre o centro de São Paulo fizeram com que a pesquisa fosse direcionada para a Rua Augusta, tornando-a o local de intervenção do projeto do calçadão. A coleta de dados para a análise da rua foi realizada através de consulta a dissertação de mestrado, dados do PNUD, plantas de valores genéricos (mostrando a valorização do m² da rua durantes os anos) e autores como: Jan Gehl, Flávio Villaça e Raquel Rolnik, usados como referência para a elaboração deste trabalho, buscando o entendimento sobre as dinâmicas sociais e territoriais descritas por eles abordando a importância de um olhar mais direcionado para as pessoas, e não somente para a cidade, no momento de se projetar espaços – principalmente os espaços público. Todas essas formas de pesquisas facilitaram o entendimento sobre as transições passadas pela
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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem
rua em diversos aspectos: sociais, espaciais e culturais.
Figura 02 – Tribos na Augusta Fonte: Catraca Livre. A Rua Augusta para estudo foi decidida pelo fato da mesma possuir fortes características e principalmente por estar em um processo de retomada e mudança das características locais. A rua, que já passou pelo ápice e pela degradação, agora passa por um processo de recuperação iniciada em 2012, onde já se observa grandes avanços em relação ao aumento de frequentadores, investimento em novos estabelecimentos e principalmente a volta do interesse do mercado imobiliário em relação a rua. Todas estas características resgatadas tornam possível entender o quanto é importante a recuperação de áreas degradadas nas cidades e os múltiplos benefícios que estas ações trazem para a própria cidade (espacialmente), para a economia e principalmente para as pessoas que irão usufrui-las. A
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Augusta é vida, é renovação, é liberdade e sem dúvidas uma rua singular, tudo isso a torna um intrigante objeto de estudo. Proposição
Figura 03 – Trecho de intervenção na Rua Augusta Fonte: Google Earth.
A implantação do projeto entre as ruas Caio Prado e Marquês de Paranaguá busca entender as principais características e dinâmicas que tornam a Augusta um objeto de estudo em constantes transformações/ transições. O diagnóstico do local explicita a pluralidade da rua a torna um rico objeto de estudo e apropriado para a implantação do calçadão. Na figura acima é destacada o trecho da intervenção (em verde) e a linha (vermelha) indica a
diminuição do número de faixas de circulação, estipulando apenas uma para o tráfego de ônibus. A rua Frei Caneca será usada para como uma nova alternativa para o desvio dos carros para que continuem trafegando na Augusta ou acessar a rua Caio Prado. Todas estas diretrizes têm como objetivo final a valorização do pedestre e a sua priorização em relação aos transportes individuais. O objetivo do projeto é criação de um calçadão que se conecta com o Parque Augusta, tornando–se mais um espaço de permanência e lazer para os pedestres, frequentadores ou não do parque.
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interferência no desenho e na proposta do projeto (Priorização do pedestre). O calçadão prevê a
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alteração do fluxo de automóveis. Esta alteração no fluxo foi necessária para que não houvesse
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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem
Figura 04 – Vista superior do calçadão na Rua Augusta Fonte: Da autora.
Figura 05 – Imagem do calçadão e da via para ônibus Fonte: Da autora. O projeto visa um desenho com linhas mais simples e espaços funcionais, com diversas possibilidades de uso. A vegetação é parte importante do projeto, criando espaços sombreados e confortáveis de se estar proporcionando a sensação de que o Parque Augusta saiu para a rua, como uma extensão. A calçada do outro lado da rua também passou por uma revitalização com a implantação de mobiliário, como bancos e lixeiras e de árvores de pequeno porte que ajudam no sombreamento e na estética da calçada, trazendo benefícios para o comércio e serviços locais.
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Figura 06 – Área de estar com food truck. Fonte: Da Autora.
Figura 07 – Corte do Calçadão: mostrando a relação entre o pedestre e ônibus Fonte: Da autora. Referências
nos últimos 20 anos. 2010. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo). FAUUSP, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. PISSARDO, Felipe Melo. A rua apropriada: um estudo sobre as transformações e usos urbanos na Rua Augusta (São Paulo, 1891 – 2012). Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – FAUUSP, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013 ROLNIK, R. O que é cidade? São Paulo: Editora Brasiliense, 1995. (Coleção primeiros passos: 203) VILLAÇA, F. A produção e o uso da Imagem do Centro da cidade o caso de São Paulo. São Paulo 1993.
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JOSÉ, Beatriz Kara. A popularização do Centro de São Paulo: um estudo de transformações ocorridas
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GEHL, J. Cidade para pessoas. São Paulo: Editora Perspectiva, 2010
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
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Zootopia o Musical Um Projeto Cenográfico Ângela dos Santos Padovani Orientador: Prof. Me. Nelson Urssi
Este é um trabalho acadêmico voltado à cenografia para obras musicais, desenvolvido através de pesquisas baseadas em livros sobre história, voltados para cenografia e musicais, livros técnicos, artigos, antigos musicais da Broadway e outras pesquisas em meio aos teatros e peças famosas da história dos musicais. Tais pesquisas tem o foco o aprendizado das técnicas teatrais e cenográficas utilizadas recentemente nas adaptações de filmes para musicais e obras produzidas pelo grupo Broadway. Esse projeto tem como foco a adaptação de obras famosas para musicais, em particular para tal projeto a adaptação do filme Zootopia.
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Resumo
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
Figura 01 : Zootopia. Fonte: The Art of Zootopia
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Introdução Ao longo da história, grandes teatros foram sendo desenvolvidos, com suas peças específicas de cada época e cada local. Com esse pensamento a pesquisa se iniciou na história dos teatros e de seus espaços cênicos, iniciando-se desde os primeiros teatros Gregos, com sua grande arquibancada redonda feita em pedra e sua Orquestra circular, passando pela Romana e posteriormente pelos teatros medievais, até chegar ao Renascimento e finalmente parar nos famosos teatros italianos e suas caixas cênicas. Nesta pesquisa foram levantados alguns cenógrafos e pesquisadores conhecidos, como Ursi (2006), Roubine (1998), Mohler (1999). entre outros. Baseados nesta pesquisa, pudemos aprender a origem dos musicais, que foram desenvolvidos desde o teatro italiano, com suas grandes óperas. Sendo assim passamos a estudar mais sobre a história dos musicais, trazendo outros escritores como o Conde de Harewood (1991). Em seu livro “Kobbe – o Livro Completo da Ópera” Harewood apresenta a origem dos musicais, vindos da ópera italiana, que teve seu inicio no século XVII. O termo opera surgiu para definir as peças de teatro musicais, as quais se referiam como Dramma Per Música (drama musical) ou Favula In Música (Fábula musical), dialogo falado ou declamado acompanhado por uma orquestra. Tendo em mente essas informações continuamos pesquisando sobre óperas e musicais famosos, nos aprofundando posteriormente em um grupo teatral que criou e cria grandes obras musicais, The Broadway League. O grupo iniciou seu sucesso com alguns musicais que são conhecidos mundialmente até os dias de hoje, como o musical The Black Crook (1866), o qual deu um grande inicio a carreira do grupo teatral. A peça foi considerada o primeiro musical de que se tem conhecimento, de acordo com Beatriz Lucci, e foi criado com a ideia de ser um drama de caráter sério, mostrando a Alemanha de 1600, porem o espetáculo perdeu essa característica pelos seus cenários grandes, canções fracas e pela companhia
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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
completa de ballet. Após essa obra, o grupo se destacou por diversas outras, como “Little Johnny Jones”, “Oklahoma!”, “Cats”, “The Phantom of the Opera”, entre outras grandes produções, como o “Rei Leão o Musical” e “Wicked”. Seguindo essas referências citadas acima, a ideia deste projeto é o desenvolvimento de uma nova adaptação de uma obra já conhecida, o filme “Zootopia”, para um musical, seguindo os estilos de adaptação utilizados nas grandes peças da Broadway.
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Proposição O projeto começou com o pensamento de um projeto cenográfico que utilizava a arte poligonal como forma central de comunicação visual, sendo aplicado nos figurinos, cenários e objetos de cena a serem trabalhados durante a peça, mas com estudos e testes percebemos que o ambiente teria informações conflitantes com a dos figurinos, por serem o mesmo estilo de arte, atrapalhando na visualização e fazendo a obra ficar poluída visualmente. Outra dificuldade encontrada nesta técnica de design foi o material a ser utilizado nas mascaras, o qual impossibilitaria a coreografia e o desempenho dos dançarinos.
Depois de outros estudos, com foco em musicais famosos como Rei Leão, Cats e a categoria dança artística e ginastica rítmica das Olimpíadas de 2016, encontramos melhores meios de uso e
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Figura 03: Máscara do Nick. Fonte: Desenho: Ângela dos Santos Padovani
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
Figura 02: Máscara da Judy. Fonte: Desenho: Ângela dos Santos Padovani
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apresentação para acrescentarmos na comunicação visual da peça, como figurinos, cenários e seus objetos, decidindo assim trabalhar em cima de cores para transmissão de sentimentos, emoções e climas distintos e roupas leves e que facilite a locomoção, como o material utilizado nas roupas dos dançarinos de Cats e dos coreógrafos das olimpíadas.
Figura 04: figurino da Judy. Fonte: Desenho: Ângela dos Santos Padovani Figura 05: Figurino do Nick. Fonte: Desenho: Ângela dos Santos Padovani Chegamos a essa solução após realizarmos um estudo mais detalhado de nosso tema principal, o filme de Zootopia, vendo assim os diferentes ambientes desenvolvidos no filme e os diversos tipos de
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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
animais distintos apresentados dentro do ambiente, sempre trabalhando bastante com as cores de cada ambiente, trazendo cores frias para tundra Town, cores mais quentes para Sahara Square, cores mais escuras para Rain Forest entre outras áreas que foram exploradas, cada uma com as principais espécies de animais em seus respectivos habitats.
Figura 06: Cenário Zootopia. Fonte: Desenho: Ângela dos Santos Padovani Figura 07: Cenário Bunnyburrows. Fonte: Desenho: Ângela dos Santos Padovani Figura 08: Cenário Tundra Town. Fonte: Desenho: Ângela dos Santos Padovani
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Zootopia é um longa metragem o qual tem uma grande diversidade de fauna e flora, as quais foram muito bem trabalhadas em cada ambiente, tendo em foco sempre as escalas para cada espécie, tanto em suas casas quanto nos móveis utilizados nas mesmas. Outras coisas como partes estruturais e arquitetônicas também mudam de área para área. Toda parte visual do filme foi bem explorada e trabalhada, tornando assim o ambiente de Zootopia muito diversificado e rico em sua cenografia. Após algumas pesquisas, com foco nos musicais e coreografias de danças, das olimpíadas e de diversos musicais explorados durante a realização do trabalho, escolhemos algumas referencias que nos ajudaram a decidir diversas formas de produção de cenário, figurinos e diversos objetos de cena que serão criados e utilizados para a realização da obra Zootopia o Musical. Para isso, pegamos como principais referências os musicais da Broadway, Cats, levando em consideração as roupas collant de lycra coloridos de forma que parecessem os pelos dos gatos, Rei Leão o musical, trazendo a forte influencia das cores nos cenários, que acabavam sendo alterados por completo apenas com os seus tons diversificados, e Wicked, trabalhando na transição de algumas cenas com cortinas especificas de cada cena. A escolha do tecido de lycra teve grande influencia pelas olimpíadas de 2016 também, visto que era o tecido utilizado na vestimenta dos ginastas. Com isso criamos assim a própria identidade de nosso projeto musical.
Referências ARGAN, G.C. Da Antiguidade a Duccio – V. 1. Cosac & Naify: São Paulo, 2003. BENEDETTI, Jean. The Art of the Actor: The Essential History of Acting, From Classical Times to the Present Day. London: Methuen. 2005. BERTHOLD, Margot. História mundial do teatro. São Paulo: Perspectiva, 2001. BROADWAY. http://www.broadway.com/ Acesso em 18 Mar 2016.
JULIUS, Jessica. The Art of Zootopia. San Francisco: Chronicle Press, 2016. PAVIS, Patrice. Dicionário de Teatro. São Paulo: Perspectiva, 1999. SPOTLIGHT ON BROADWAY. http://www.spotlightonbroadway.com/ Acesso em 18 Mar 2016. TEATRO OLIMPICO. Il Teatro. http://www.olimpico.vicenza.it/ Acesso em 28 abr 2016. URSSI, Nelson J. A Linguagem Cenográfica. São Paulo, 2006. WALKER, John, "Scenography". Glossary of Art, Architecture & Design since 1945. Vol. 3rd. ed. 1992.
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HAREWOOD, Conde de. Kobbé – O livro completo da Ópera. Rio de Janeiro? Jorge Zahar editor, 1991. HOWARD, Pamela. O que é cenografia? São Paulo: SESC SP, 2015.
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
BROCKETT, O. G., MITCHELL, M. and HARDBERGER, L. Making the Scene: A History of Stage Design and Technology in Europe and the United States, Austin (TX): University of Texas Press, 2010.
Transfigurações da percepção do espaço: Instalação no MuBE Augusto Ruschi Apezzatto Orientador : Prof. Dr. Gabriel Pedrosa Pedro
Figura 01 : Maquete eletrônica da instalação Luz Invertida. Fonte: elaborada por Luana Pedrosa.
de como a luz consegue interferir na vida do ser humano, tendo um estudo de sua evolução, como o fogo passou a ser dominado e com a chegada da luz elétrica e suas demais tecnologias, passando para a percepção da luz no espaço e suas possíveis formas de ser aplicada, com seu direcionamento, intensidade e cor. Depois disso foram analisados estudos de caso, onde aparecem as questões da luz na prática artística e um breve estudo sobre o que é instalação e alguns dos principais artistas que utilizam a luz para criação de suas instalações, como Dan Flavin e Olafur Eliasson. Por fim, apresento a trajetória e o meu projeto de uma instalação site-specific no Museu Brasileiro de Escultura. Introdução
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Este ensaio, que resultou do meu Trabalho de Conclusão de Curso, parte da indagação
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
Resumo
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Neste ensaio, sintetizo a trajetória do meu trabalho de conclusão de curso, onde estudo como a luz e a iluminação conseguem alterar a percepção dos espaços, podendo trazer diferentes sensações a partir da diferença de cor, intensidade, direcionamento e forma. A pesquisa passou por diversos pontos: a história da luz, lâmpada incandescente, luz elétrica e novas tecnologias (como lâmpadas fluorescentes e de vapor metálico), o LED. Para complementar esse estudo, também foi discutido sobre temas como demarcação espacial, funções da luz (como iluminação ambiente e iluminação de destaque), direcionamento e aspectos de cor (e como isso se relaciona com o objeto e sua cor original). Ao ter a minha primeira experiência direta com a arte expressa através de novas tecnologias, participando da montagem da instalação Nanocriogênio III, de Ana Barros e Alberto Blumenschein, na FILE 2013 (Feira Internacional de Linguagem Eletrônica), tive uma série de inquietações sobre o assunto que me fizeram buscar referências de grandes artistas que utilizam a luz como material de suas instalações, como Dan Flavin, James Turrell, Olafur Eliasson, entre outros.
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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
Figura 02 : Instalação na igreja Chiessa Rossa, por Dan Flavin. Fonte: http://www.melloncelli.it/portfolio_page/san-maria-annunciata-milano/ Figura 03 : Instalação Skygarden, por James Turrel. Fonte: http://illuminatesf.com/posts/sto/skygardencentral-market
A partir dos estudos realizados foi definido que seria feito o projeto de uma instalação artística, que trabalha a percepção do espaço e do edifício, sendo uma instalação site-specific no Museu Brasileiro de Escultura, projetado por Paulo Mendes da Rocha. O processo projetual foi feito através de croquis, depois foram feitos experimentos de luz com fitas de LED em uma maquete do edifício e, por fim, o detalhamento das soluções escolhidas. Proposição Entre as propostas desenvolvidas, foram selecionadas 4 possibilidade de instalações, que criam uma forte relação do projeto arquitetônico com as possíveis alterações de percepção que a luz pode fazer no espaço. São duas propostas que surgiram a partir de croquis iniciais e duas que surgiram com as experimentações com o modelo.
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Por ser necessário um grande alcance da projeção da luz, foi escolhida uma luminária que consegue alcançar a distância do local da luminária as superfícies da viga. A luminária da iGuzzini, chamada Linealuce BI56.
Figura 02 : Planta baixa com indicação das instalações escolhidas. Amarelo - Viga Flutuante. Verde - Luz Invertida. Rosa - 90°. Azul - Diagonal. Sem Escala. Fonte: Elaborada pelo Autor.
concreto flutuar no espaço, a fixação será feita a partir de um perfil metálico encaixado no vão entre a viga e o pilar, de forma que não prejudique a conservação do edifício. A luminária fica fixada no perfil metálico, direcionada para a viga. São necessárias 14 luminárias para a execução dessa instalação.
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Nomeada de “Viga Flutuante”, na instalação que retrata a ilusão de a grande viga de
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Viga Flutuante
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Figura 03 : Detalhe de fixação da luminária na instalação Viga Flutuante. Fonte: Elaborada pelo Autor. Figura 04 : Maquete eletrônica da instalação Viga Flutuante. Fonte: Elaborada por Luana Pedrosa.
Luz Invertida
Por inverter o papel da Clarabóia do grande salão de exposições, a instalação nomeada de “Luz Invertida” tem a fixação feita com um suporte metálico, apoiado na laje, na lateral da clarabóia, com a luminária direcionada para a viga. Ver Figura 01.
90°
Figura 05: Detalhe de fixação da luminária na instalação Luz Invertida. Sem Escala. Elaborado pelo autor. Figura 06: Detalhe de fixação da luminária na instalação 90°. Sem Escala. Elaborado pelo autor.
A primeira instalação que apareceu nos testes com a maquete foi nomeada de ‘90°’, por
fazer uma linha perpendicular à grande viga de concreto. A fixação é feita por um perfil metálico encaixado no vão entre o acabamento do piso e o acabamento da parede, ambos em concreto. Para essa instalação, é necessário especificar uma variação da luminária escolhida no projeto, a Linealuce BH07, também da iGuzzini, com um ângulo mais aberto e menor
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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
intensidade. Diagonal A última, instalação foi nomeada de Diagonal, por reforçar a diagonal que demarca a entrada do museu. Nesse caso, as luminárias ficam apoiadas em um suporte metálico, apoiado no chão. A necessidade do suporte nessa instalação é pela segurança dos espectadores, tornando-as
menos
acessíveis.
A
luminária
utilizada
será
a
Linealuce
BH07.
Figura 07: Ampliação Corte B, instalação Diagonal. Sem Escala. Elaborado pelo autor.
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Figura 08: Detalhe de fixação da luminária na instalação Diagonal. Sem Escala. Elaborado pelo autor.
Figura 09 : Maquete eletrônica da instalação 90°. Fonte: Elaborada por Luana Pedrosa. Figura 10 : Maquete eletrônica da instalação Diagonal. Fonte: Elaborada por Luana Pedrosa.
Referências
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Como criar em Iluminação / Design Museum ; tradução Bruno Vasconcelos (Belo Horizonte: Editora Gutenber, 2011) Título original: How to deisgn a Light KRAUSS, Rosalind. A escultura no campo ampliado (Outubro, Vol. 8. Primaveira, 1979) LIMA, Marina Regina Coimbra de. Percepção Visual Aplicada a Arquitetura e Iluminação (Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda, 2010) VILARES, Fernanda Carvalho Ferreira. A construção do espaço através da luz. Dissertação (Mestrado - Área de Concentração: Design e Arquitetura) - FAU USP. FRACALOSSI, Igor. Clássicos da Arquitetura: Museu Brasileiro da Escultura (MuBE) / Paulo Mendes da Rocha. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/776774/classicos-da-arquitetura-museu-brasileiro-da-esculturamube-paulo-mendes-da-rocha. Acesso em: 17 Mai. 2016. SILVIA, Luciana Bosco e. Instalação. Disponível em: http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo5/instalacao.html. Acesso em: 15 Mai. 2016
Mobiliário Multifuncional Para habitações com metragem reduzida Bruna Fehr
Resumo O século XX foi marcado por diversas mudanças políticas que influenciaram mudanças sociais, e a arquitetura teve que adaptar-se a isso. Marcos como a revolução industrial e a segunda guerra mundial fizeram com que novo modos de produção surgissem, muitas vezes substituindo o trabalho do homem por máquinas, o que fez com que os grandes centros urbanos ficassem extretamente saturados. Com isso, é natural que o preço da terra aumente, e a solução que os operários que moravam nas zonas rurais que agora moram nos centros urbanos para sobreviver tiveram é a de morar em cortiços, em condições precárias.
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Figura 01 : exemplo de utilização do armário com mesa e os nichos ao fundo.
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Orientador : Prof. Dr. Gabriel Pedrosa
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Após estudar a origem, as consequências e a situação atual das habitações com metragem reduzida, este trabalho tem como objetivo projetar um mobiliário multifuncional que atenda essa tipologia que estava há algum tempo sendo pouco utilizado e nos últimos anos vêm tomando cada vez mais força. Esse mobiliário deverá exercer mais de uma função, sendo uma delas a de estação de trabalho e de armazenamento; ser modular, podendo ser extensível e adequando-se à apartamento grandes, mas com foco em ser utilizado em apartamentos menores. Introdução O século XX foi marcado por diversas mudanças que impulsionaram uma revolução na arquitetura, fazendo-se necessária uma nova forma de pensar sobre as necessidades das pessoas quando se trata de sua habitação. A casa tem tido diferentes valores simbólicos através dos tempos e em diferentes contextos culturais. Durante o século XX, percebeu-se que cada vez mais as necessidades eram induzidas na forma do apelo ao consumo e pela publicidade, e hoje a casa é muito mais direcionada aos desejos mostrados em anúncios do que à real necessidade do indivíduo. O tema que será abordado neste trabalho trata da necessidade que ambientes com metragem reduzida têm de otimizar o espaço. Com as metragens cada vez menores nos imóveis, soluções que tiram o melhor proveito do espaço existente se tornam essenciais. O trabalho é desenvolvido sobre duas vertentes. A primeira trata de uma parte teórica que procura uma linha de pensamento onde pesquisa, observações e reflexões sobre o tema completam a experiência adquirida ao longo do curso. Uma segunda parte prática une essas duas vertentes, teoria e realidade, onde o mobiliário é projetado. Uma pesquisa com base em livros e arquivos digitais foi feita com o intuito de entender o
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percurso da habitação mínima com ênfase na Europa e no Japão. Nesse percurso, é levado em consideração a importância do Movimento Moderno, que alavancou uma série de questionamentos sobre as reais necessidades do indivíduo, sendo Walter Gropius e Le Corbusier grandes nomes nesse tema. Com o modernismo, surgiram grupos de arquitetos importantes que questionaram as ideologias impostas pelo Movimento Moderno, como o Archigram que contestou a Carta de Atenas, e os Metabolistas que tiveram que lidar com o problema da falta de terra e trabalharam bastante em cima do tema da habitação mínima. Nesse capítulo, é criada uma linha do tempo até introduzir essa tipologia no Brasil. Alguns exemplos que mostram a necessidade desse tipo de habitação com metragem reduzida no Brasil foram citados, como por exemplo, Adolf Heep sendo o arquiteto que introduziu essa tipologia aqui e também Oscar Niemeyer, com o Copan. Além disso, o trabalho estuda como são as plantas que as construtoras vêm construindo nos dias atuais, e uma breve análise é feita, a fim de encontrar os erros que existem em comum nelas e tentar resolver a falta de espaço projetando um mobiliário multifuncional. Começa-se a entrar em contato mais direto com mobiliários multifuncionais e soluções de design para a ocupação de residências de área reduzida. Referências como o casal Charles e Ray Eames e Joe Colombo são extremamente importantes nesse para esse projeto.
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Resultado de todas as pesquisas, surgem as diretrizes do projeto, as referências que foram de maior relevância e o produto que será esperado nesse trabalho. O projeto foi todo pensando em uma modulação que foi sofrendo alterações com o decorrer do processo, tendo de se adequar à cada situação diferente. Proposição Partindo da necessidade de separar os ambientes, a primeira peça que foi pensada servia de divisão entre quarto e cozinha. Além de poder ser usada como armário para armazenar utensílios de cozinha, podia ser utilizada para guardar roupas no quarto. Outra parte importante desse mobiliário é que havia uma mesa que, quando não estava em utilização, era guardada para não ocupar espaço nenhum do apartamento. A ideia de serem vários módulos, é que, de acordo com as possibilidades de cada planta, é formado um mobiliário diferente, o que o torna mais utilizável e atinge um público maior, resolvendo o layout de unidades habitacionais pequenas e podendo ser utilizado perfeitamente até em apartamentos maiores. Paralelo aos módulos dos armários, surgiu a ideia de criar uma barreira visual utilizando cubos, criando uma estante que poderia ser utilizada junto com os módulos em armários para separar os ambientes, ou sozinha. Uma malha foi pensada para que os dois módulos seguissem a mesma padronagem de medidas, dando unidade ao projeto. Entretanto, o conjunto acabou ficando com um excesso de nichos, e o primeiro módulo ficou apenas com gaveteiro e cabideiro, mas, ainda sim, seguindo a mesma malha que os nichos. Não era necessário haver uma continuidade física para que eles tivessem alguma conexão. A própria malha conecta os dois módulos. Tendo essa malha como partido para as outras peças que seriam pensadas, um ponto
malha, porque a mesa deveria se manter numa altura entre 72cm e 75cm. E isso resultava normalmente em dois quadrados da malha ou um quadrado e meio. Optando pela opção da malha com 50x50cm, a mesa ficou com um quadrado e meio e com isso também foi possível resolver a questão da profundidade do armário, que caso fosse muito estreito não poderia ter cabideiro. Outra solução para isso seria utilizar dois quadrados da malha, desse modo, porém, o armário ficaria muito profundo. Os módulos foram todos desenhados nessa nova malha de 50x50cm e, aparentemente, estavam fechados. Quando os módulos foram inseridos na planta da construtora Even, de 30m², eles se mostraram extremamente grandes e desproporcionais para aquela realidade com uma metragem tão reduzida. A profundidade dos armários (50cm) ficou muito grande e as portas dos módulos, com 1m de raio, em quase nenhuma situação conseguiriam ser abertas. Foi necessário voltar para os desenhos e rever a malha, ajustando o desenho para uma medida em que a altura da mesa continuasse dentro do intervalo
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os dois lados, possibilitando uma variedade enorme de usos. Porém, ela limitou bastante a variação da
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importante que surgiu no projeto foi a ideia de associar a mesa à porta do armário que poderia girar para
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de 72cm a 75cm, mas revendo a profundidade da mesa e a largura do módulo, para que a porta não ficasse com um raio de abertura muito grande Para conseguir o módulo com as medidas ideais, alguns pontos foram modificados e hierarquizados. A altura da mesa foi entendida como o principal, e não poderia mudar; a largura do módulo do armário precisava ser menor que 80cm, por causa da porta que tem que abrir em espaços pequenos; e, por fim, era preciso resolver o cabideiro. Foi possível manter a altura da mesa e a largura da porta em 72cm, porém o cabideiro teve que ficar na transversal, por causa da profundidade do armário que ficou em 36cm. O projeto conta com dois módulos que possuem várias possibilidades de uso, podendo ser comprado separadamente de acordo com a necessidade. São 10 peças em madeira compensada, que podem ser compostas de diferentes maneiras, compondo o ambiente de acordo com as preferências do usuário e possibilidades da planta. Além disso, há a possibilidade de revestir a madeira compensada com formica, podendo compor um mobiliário
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colorido ou mais simples. São 5 cores disponíveis para utilizar nas peças.
Figura 02 : 10 peças possíveis de compor o mobiliário.
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Figura 03 : Planta exemplo de utilização dos nichos e armários. Referências
BENEVOLO, Leonardo. História da Arquitetura Moderna. São Paulo: Perspectiva, 1976. BENEVOLO, Leonardo. História da Cidade. São Paulo, 1983. ARGAN, Giulio Carlo, Walter Gropius y el Bauhaus, Buenos Aires, Ed.Nueva Visión, 1961 MONTANER, Josep Maria, Después del Movimiento Moderno, Barcelona, Ed.Gustavo Gili,2002
FOLZ, Rosana Rita. MOBiliário na HABitação POPular. Tese de Mestrado. São Carlos, 2002. BANHAM, Reyner. Teoria e projeto na primeira era da máquina. São Paulo, 1979. SILVA, Ricardo Dias. Habitação Mínima na Primeira Metade do Século 20. Monografia de Doutorado, 2006. FONSECA, Nadja Maria Ribeiro. Habitação Mínima – O paradoxo entre a funcionalidade de o Bem-Estar. Coimbra, 2011. CASELLI, Cristina Kanya. 100 Anos de Habitação Mínima – Ênfase na Europa e Japão. Tese de Mestrado. 2007.
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Fernanda Britto. "Clássicos da Arquitetura: Nakagin Capsule Tower / Kisho Kurokawa" 27 Abr 2013.ArchDaily Brasil. Acessado 25 Abr 2016.
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COOK, Peter e outros. Archigram. London: Studio Vista Publishers, 1972
Mobiliário Urbano Avenida Paulista Fabiano Garcia Silvestrin Orientador : Prof. Dr. Gabriel Pedrosa
Este trabalho desenvolve uma leitura da importância do que é estar na cidade, do que a cidade tem a oferecer a seus usuários, da vida urbana disponível a todos. Aborda a importância do espaço de circulação e do espaço de estar, e, nesse sentido, traz a discussão da importância do mobiliário urbano, pelo qual os usuários de forma direta ou indireta interagem com a cidade. A Avenida Paulista foi escolhida como ambiente de estudo e área de intervenção para o projeto de um mobiliário urbano, devido a quantidade de usuários que a frequentam todos os dias e por estar atualmente com carência de mobiliário.Foi feita uma análise do comportamento dos usuários na avenida, registrada em fotografias com a intenção de encontrar locais passíveis de receber um mobiliário adequado para as situações atualmente encontradas.
Palavras Chave: Avenida Paulista, mobiliário urbano; espaço público.
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Resumo
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
Figura 01 : pedestres atravessando. Fonte: acervo do autor
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Introdução
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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
Ao percorrer a Avenida Paulista, espaço público que recebe diariamente uma grande quantidade de trabalhadores, estudantes e turistas, um dos aspectos observados é que a disponibilidade de lugares de estar e de descanso não é suficiente. Esse projeto teve como objetivo aumentar a quantidade de mobiliário urbano neste espaço público. De forma que não apenas se organize a circulação das pessoas, mas também se estabeleçam as funções dos lugares. Como produto disto, pode-se destinar lugares para descanso, lazer, leitura, etc. Quando observamos a Avenida Paulista, nos deparamos com uma escala enorme, a escala da cidade. O ideal é que se garanta que os cidadãos possam se relacionar com a avenida em uma escala humana, ou seja, as dimensões não superem aquilo que está ao alcance de uma pessoa comum. Para isso, é fundamental ter o mobiliário urbano funcionando como intermediário entre a escala da avenida e a escala do indivíduo, levando em conta a perspectiva dos olhos das pessoas. Dessa maneira, se tornou importante ir ate a Avenida em diferentes dias e horários, para se ter o registro de usuários se apropriando de locais para se sentar, já que não existem mobiliários urbanos adequados ao longo da Avenida.
Figura 02 : acervo do autor
Procurarei criar uma proposta de mobiliário urbano agradável para que as pessoas possam permanecer por um intervalo de tempo, seja durante uma folga do almoço, antes de entrar na faculdade, ou aguardando por um encontro, por exemplo, para apreciar as fachadas, as pessoas e as paisagens que só a Avenida Paulista oferece. Para isso, foram realizadas, leituras a respeito do significado do espaço público, buscando compreender a importância que as ruas de uma cidade têm para tornar possível o convívio de seus habitantes. O papel simbólico da Paulista se torna um ponto decisivo para entendermos a relação que os usuários têm com a avenida e quais são suas necessidades, a Avenida a é o Cartão Postal, Centro Financeiro, palco de manifestações, festas e As propostas de projeto se baseiam na leitura feita da avenida, registrada em fotografias
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Trabalhos de Conclusão de Curso | Fabiano Garcia Silvestrin
Do modelo de estudo em papel ao modelo em escala Logo nas primeiras etapas do projeto, foram programadas algumas visitas a Avenida Paulista em diferentes dias e horários, a fim de observar e fotografar livremente qualquer apropriação dos usuários nas calçadas, escadas, muretas e abrigos do metrô. Através da fotografia, o projeto começou vincular-se com a avenida.
Figura 03 : acervo do autor
Figura 04 : acervo do autor
A mureta feita de concreto armado, que possui grande resistência, permitindo a implantação do mobiliário parasita, como bancos e encostos fixadas em sua face externa. O fluxo de pessoas, muitas vezes não passa próximo às muretas, e em alguns casos, criam recuos vazios, esses serão configurados no projeto como locais de estar, com bancos
Figura 06 : banco com encosto Fonte: acervo do autor
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Figura 07 : banco se encosto Fonte: acervo do autor
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Figura 05 : croquis Fonte: acervo do autor
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
As muretas espalhadas pela avenida, são os locais favoritos, dos usuários onde podem se sentar à sombra, de maneira desajeitada devido ao pequeno apoio (apenas 10cm). É comum encontrar usuários utilizando sacos e pedaços de papelão para se sentar sobre o canteiro de terra que as muretas cercam. Os primeiros croquis já configuravam o mobiliário como objetos parasitas, para serem fixados na mureta, usando a como apoio vital. Nesse aspecto, a ideia inicial de usar o concreto como material, deixou de ser uma opção adequada, e foi substituído por aço, que é um material mais leve, resistente e dobrável. O aço permite projetar peças resistentes, leves e empilháveis, contribuindo assim para um transporte mais barato, uma instalação mais limpa, com menos esforço da mão de obra instaladora. Peças produzidas e montadas na indústria e implantadas na avenida com apenas buchas e parafusos, com o uso de ferramentas leves e manuais.
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para os usuários aproveitarem o tempo de descanso. Em locais onde o fluxo de pessoas próximas a mureta é mais intenso, e onde a implantação de bancos se torna inviável ao fluxo, é possível prever a implantação de encostos para o corpo, assim um usuário pode se encostar no mobiliário sem ocupar muito espaço e sem impedir o fluxo de pedestres. Os atuais guarda corpos da avenida, que orientam o fluxo de pessoas nas esquinas e funcionam como barreira para que usuários não atravessem as vias da avenida em locais perigosos, estão atualmente deteriorados, muitos deles estão tortos devido a grande quantidade de usuários que se encostam neles. O projeto prevê a substituição dos guarda corpos atuais, por um novo sistema de mobiliário modular, com opções de modulação e maior resistência.
Fig.08: encosto. Fig 09. Encosto apoio. Fonte: acervo do autor
Os abrigos do metrô se configuram como pontos de encontro e parada, é notável a presença de pessoas checando seus celulares, ou olhando as pessoas que aparecem nas escadas rolantes emergindo do subterrâneo, estas pessoas quando não estão na frente da porta de saída, estão sentadas na parte mais baixa da cobertura de vidro do abrigo. Diante dessa situação, a solução do projeto foi um mobiliário de apoio para o corpo, fixado na mureta base do abrigo de metrô, onde os usuários atualmente se encostam na chapa existente no local. Utilizando dois encostos já projetados e mais uma barra prolongadora , é possível configurar um amplo local de encosto com pouca interferência visual e estrutural no abrigo do metrô.
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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
BANCO | CHAPA DE AÇO | 4,7MM
Figura 10 : encosto com prolongado Fonte: acervo do autor
Figura 11 : guarda corpo modular, variações Fonte: acervo do autor
ENCOSTO | CHAPA DE AÇO | 4,7MM
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Trabalhos de Conclusão de Curso | Fabiano Garcia Silvestrin
Figura 12 : perspectiva de-possível implantação Fonte: acervo do autor
ABRIGO DO METRÔ
GUARDA CORPO | #3 - COM MÓDULO LIXEIRA
GUARDA CORPO | #3 - COM MÓDULO BANCO
ENCOSTO | #3 - IMPLANTADO NA BASE DO ABRIGO DO METRÔ
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
GUARDA CORPO | #2 - COM APOIO POSSIBILITA PRENDER BICICLETAS E OUTROS OBJETOS
GUARDA CORPO | #4- COM MÓDULO ENCOSTO OFERECE SUPERFÍCIE ADEQUADA PARA O ENCOSTAR, E AFASTA O CORPO DOS VEÍCULOS NA PISTA
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BANCO | #2 - SEM ENCOSTO
Basquetebol Um projeto de arquitetura para um restaurante temático Henrique Silveira Markunas
Resumo O trabalho se resume, em um estudo de caso, sobre as origens dos restaurantes pelo mundo levando em consideração a época e os aspectos culturais de cada região do mundo até chegar nos dias de hoje. Estudamos também as características de cada restaurante, para entender melhor o que cada público procura na hora de fazer sua escolha. Após todos esses estudos irei projetar um restaurante temático de basquete, onde amigos e familiares poderão se encontrar para assistir um jogo e comer, tudo isso em
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Figura 01 : Comensalidade. Fonte: “De caçador à gourmet uma história da gastronomia” pg.98 FRANCO, Ariovaldo.
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Orientador : Prof. Me. Nelson José Urssi
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um lugar decorado e preparado para transmitir a sensação de estar dentro de uma das arenas de basquete. Introdução O projeto se trata da elaboração de um restaurante temático. Para realiza-lo com êxito fiz um estudo sobre as origens dos restaurantes no Brasil e no mundo, estudei os tipos e as características de cada estilo de restaurante e também o que leva seus clientes a frequentarem cada um deles.
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Figura 02 : Alimento e Ritual. Fonte: “De caçador à gourmet uma história da gastronomia” pg.98 FRANCO, Ariovaldo.
Figura 03 : Hábitos alimentares espanhóis. Fonte: “De caçador à gourmet uma história da gastronomia” pg.102 FRANCO, Ariovaldo.
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Trabalhos de Conclusão de Curso | 2016_2 Proposição Objetivos O principal objetivo do projeto é fazer um restaurante cuja a decoração transmita a sensação de estar em um jogo de basquete. Para isso ser possível iremos transmitir jogos ao vivo e faremos menção ao esporte desde à pintura do piso até o modo como as lâmpadas serão colocadas no teto.
Metodologia A metodologia usada nesse trabalho foi através do estudo histórico e estudos de caso, onde foram surgindo, o porque as pessoas frequentam esses lugares, o que elas procuravam e procuram até hoje. Para melhor entender a evolução e os acontecimentos relacionados ao tema –restaurantemontei uma linha do tempo e com o propósito de comparar e analisar as características e o porquê um cliente vai até um restaurante um montei uma tabela.
Resultados e Discussões
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Figura 04 : Referencia de Arena. Fonte: www.nba.com/magic/orlandoeventescenter/main.html
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O resultado dessas pesquisas e analise foi um restaurante de aproximadamente 1000 metros quadrados, com capacidade para 128 lugares, uma loja com produtos oficiais, uma área com jogos para a diversão dos clientes e isso tudo sem mencionar as 7 telas transmitindo jogos e imagens sobre basquete e toda a decoração que completa a ambientação do restaurante.
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Figura 05 : Referencia de Restaurante. Fonte: www.epsnzone.com/rooms/studio-grill
O restaurante une novas tecnologias e uma decoração tradicional para criar um ambiente onde famílias e amigos possam se reunir para compartilhar o gosto pelo basquete. Para que isso fosse possível restaurantes, lojas e áreas de diversão com características semelhantes foram estudadas para que assim fosse concebido o projeto do “Hoop’s – fome de bola”.
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Trabalhos de Conclusão de Curso | 2016_2 Referências
FONSECA, Marcelo Traldi. Tecnologias gerenciais de restaurantes. 7ª edição. São Paulo: Senac 2014. FRANCO, Ariovaldo. De caçador a gourmet: uma história da gastronomia. São Paulo: Senac 2001. PITTE, Jean-Robert. “Nascimento e expansão dos restaurantes”. Em FLANDRIN, Jean-Louis & MONTANARI, Massimo. História da alimentação. São Paulo: Estação Liberdade 1998. SILVA, Siwla Helena. “O surgimento dos restaurantes na cidade de São Paulo: 1856 – 1869”. Revista Eletrônica de Turismo Cultural, 2º Semestre de 2008. Disponível em: www.eca.usp.br/turismocultural. Acessado em 28/04/2016. www.domrestaurante.com.br/pt-br/sobre.html - Acessado em 01/10/2016 www.lanchonetedacidade.com.br/ - Acessado em 01/10/2016 www.outback.com.br/home/ - Acessado em 01/10/2016 www.mocoto.com.br/restaurante/index.php - Acessado em 01/10/2016 www.fogodechao.com.br/ - Acessado em 01/10/2016 www.carlota.com.br/restaurante/ - Acessado em 01/10/2016 www.restaurantesantos.com.br/ - Acessado em 01/10/2016 www.hotelunique.com/restaurante-bar-skye-hotel-unique-sao-paulo-jardinspt.html - Acessado em 01/10/2016
www.viena.com.br/ - Acessado em 01/10/2016
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www.franscafe2.com.br/ - Acessado em 01/10/2016
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www.cervejarianacional.com.br/home.asp - Acessado em 01/10/2016
PIMP’N HO Arquitetura cenográfica para festival de música eletrônica Leana Spernega de Alcântara Pereira
Resumo O projeto PIMP’N HO é uma proposta de cenário para o festival de música eletrônica temático que acontece todos os anos em São Paulo que terá como referência o estudo aprofundado do livro “O que é cenografia” de Pamela Haward e tema o cabaré Frances Moulin Rouge e seu principal espetáculo o French Cancan. O espaço do projeto é o mesmo aonde o festival foi realizado nesse ano de 2016, será apresentada propostas de cenário e elementos cênicos para a entrada, pista, palco, camarotes e bar.
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Figura 01 : French CanCan Fonte: acervo do autor
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Orientador : Prof. Me. Nelson Urssi
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Introdução A arte é vista como momento, como detalhe efêmero carregado pelo movimento de sua dissolução. (Cauquelin, 2005) Assim podemos interpretar “o projetar”, o projeto cenográfico arquitetônico equivale a qualquer outro projeto artístico, ele se materializa e para que isso aconteça são necessários diversos elementos e processos que vamos abordar nesse Trabalho de Conclusão de Curso, que é o levantamento teórico sobre cenografia e seus conceitos, a cenografia é a arte de projetar em perspectiva, de realizar uma decoração de criar uma atmosfera, um mundo ilusório dentro do físico. Através de um determinado contexto, a cenografia cria o ambiente e conta uma história, a cenografia cria todos os elementos visuais de um espetáculo, utilizando métodos projetivos e construtivos, somados a técnica ao lugar e ao tempo. O cenógrafo é responsável em fazer o espaço conversar intimamente com o tema, combinando dinâmica e função. Para isso, ele pode manipular o espaço por meio de diversas ferramentas como, cor, luz, formas e escala. A cenografia é a concretização de uma imagem tridimensional da qual faz parte a arquitetura do espaço, o posicionamento e o espaçamento referente aos seres humanos e aos objetos. O som faz parte dos elementos cênicos, ele é capaz de criar uma paisagem sonora que não precisa existir como forma, mas que circula no espaço muitas vezes dirigindo o foco do expectador de modo fluente e fazendo parte da própria arquitetura. A criação de uma paisagem sonora pode dar cor e dimensão ao espetáculo. A iluminação é pensada como elemento constituinte da cena teatral. Ela proporciona profundidades, sobras e volumes ao espaço cênico. A cor tem o poder de produzir sensações emocionais, a combinação entre elas pode alcançar partes da palavra e da música. A cor fala, seja destacando objetos ou unificando espaços. Ela possui um peso gráfico característico das imagens que o ser humano tem gravado em sua mente, que ao ver a cor remete ao elemento. Há integração entre os elementos de composição e a cor trabalhados pelo
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cenógrafo, pois os elementos não falam por si mesmos, dão ferramentas para o ator atrair o público dentro do espaço. Todos esses conceitos serão incorporados à origem dos festivais de música eletrônica para que com essas bases seja possível extrair o fundamental de um festival, O que define, que é o partido da cenografia na festa musical o estilo de música e a temática da festa, o que elas querem passar ao imaginário do público que está ouvindo, ela tem a função de tornar físico e visual o som e a fantasia. Serão realizados estudos de casos em diversos festivais de música eletrônica existentes sendo eles open air como a TomorrowLand que possui 6 palcos a presença de mais de 200 mil pessoas de 75 países diferentes, ela visa a diversidade cultural e tem uma proporção gigantesca perto das outras indoor como a Glamour Army que possui apenas um palco para uma média de 2mil pessoas e a partir deles são retiradas referências e conceitos dos prós e contras para assim o desenvolvimento da cenografia do festival de musical eletrônico – PIMP’N HO. O projeto abrangerá conceito de fluxos e estruturas cênicas, com o intuito de proporcionar ao publico algo único, uma experiência sensorial conectando-os com o figurino ao tema e ao cenário.
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Proposição Local O Projeto será realizado no espaço de eventos Villa Blue Tree que fica localizado na zona Sul da capital de São Paulo que possui acessos pelas ruas Castro Verde e Carmo do Rio Verde . Não será utilizado todo espaço que equivale a mais de 7mil m² apenas áreas da figura 3 que equivale a 2mil m².
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Figura 03 : Planta área usada sem escala . Fonte: Acervo do autor
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Figura 02 : Planta total do local . Fonte: Site noah
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Entrada
Figura 04 : Entrada . Fonte: Acervo do autor
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Pista
Figura 05 : Pista. Fonte: Acervo do autor Palco
Figura 06 : Palco . Fonte: Acervo do autor
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Camarote
Figura 07 : Camarote . Fonte: Acervo do autor Bar
APPIA, Adolphe. A obra de arte viva. 1921 - Lisboa: Editora Arcádia, s.d. Disponível apodo em http://teatrofigurinoecena.blogspot.com.br/2013/06/resenha-obra-de-arte-viva-adolphe-appia.html acessado 10 de abril de 2016 Howard, Pamela. O que é cenografia? Tradução de Carlos Szlak. – São Paulo: Editora Sesc, 2015. Moulin Rouge!: Amor Vermelho, Baz Luhrmann, EUA e AUS, 2001. Urssi, Nelson. A linguagem cenográfica. Trabalho de Mestrado para FAU USP – São Paulo 2006 Disponível em http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/C%EAnica/Pesquisa/a_linguagem_cenografica.pdf acessado 10 de abril de 2016 Urssi, Nelson. As interfaces visuais da música – 2009. Disponível em http://hosted.zeh.com.br/misc/senac/8semestre/dii/IVMColoquioFinal.pdf acessado 27 de maio 2016 Reportagem de Thiago Perrucci sobre Tomorrowland Brasil, disponivel em http://www.areah.com.br/vibe/festival/materia/84137/1/pagina_1/os-5-maiores-festivais-do-mundo.aspx consultada 21/04/2016
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Referências
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Figura 03 : Bar . Fonte: Acervo do autor
O bambu como material alternativo e sustentável na arquitetura Nathalia Cursi Pagliaro
Resumo O trabalho consiste num estudo sobre o uso do bambu nas construções de em diferentes escalas, o motivo pelo qual o tema foi escolhido é mostrar a possibilidade de incluir um novo método construtivo que apresenta inúmeras possibilidades estruturais, além de ter um impacto ambiental praticamente nulo. Durante as pesquisas foi definido como projeto final um módulo que pode trabalhar de modos diferentes, quando usado individualmente apresenta uma escala e um tipo de uso, quando associados tornam essa escala mais ampla, assim como os tipos de usos, o módulo utiliza o material e as técnica construtivas estudados.
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Figura 01: Modelo físico do projeto.. Fonte: acervo do autor
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Orientador: Prof. Dr. Gabriel Pedrosa
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Introdução Este trabalho buscou explorar o uso do bambu na arquitetura, mostrando todas as possibilidades de suas aplicações, mostrando todas as suas características físicas quanto sustentáveis, Durante os estudos iniciais foram identificados diversos projetos em diferentes escalas utilizando o bambu. Foi possível identificar durante o desenvolvimento do trabalho que o bambu é utilizado desde muito tempo atrás, mas mesmo sendo um material de fácil acesso a mão de obra qualificada para tal material não é ampla, fazendo com que haja uma certa resistência ao seu uso. O objetivo dessa pesquisa foi identificar técnicas construtivas e referências de projeto para aplicálas a uma estrutura que utiliza tanto técnicas de mobiliário quanto de arquitetura, para implantação em parques, se adaptando a todos os locais. Devido a essa premissa o projeto resultou em um módulo que garante a melhor ocupação do espaço no qual vai ser instalado. As referências que mais tiveram interferência no projeto final foram as obras dos arquitetos Vo Trong Nghia, Simon Vélez e Narchitects, as técnicas construtivas foram completadas pelo Manual de Construção com bambu, do Oscar Hidalgo Lopez, onde ele apresenta diversas técnicas para diferentes objetivos de construção. O desenvolvimento do trabalho após todas as pesquisas realizadas, ocorreu por etapas com o desenvolvimento de maquetes físicas e aplicação dos métodos estudados que melhor se adequaram as características do projeto. Foram testadas as maquetes até que se chegasse num resultado final onde as
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técnicas aplicadas se mostraram estáveis e conectadas.
Figuras 02 e 03 :.Kontum Indochine Café, do escritório Vo Trong Nghia. E o interior da Igreja em Pereira, do arquiteto Simon Velez. Fonte 01: http://www.archdaily.com.br/br/01-132554/kontum-indochine-cafe-slash-vo-trong-nghiaarchitects Fonte 02: http://www.ecoeficientes.com.br/new/wp-content/uploads/2013/10/simon-velez-bambusustentavel-05.jpg
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Proposição
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Figura 02 : Elevação onde se observa a relação da altura do módulo com o usuário. Fonte: acervo do autor
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O projeto surgiu de um partido cuja característica principal é a flexibilidade de uso: um elemento que pudesse se adequar a diferentes implantações em diversos parques. A escolha de parques para a implantação aconteceu devido à natureza do material estudado, que está diretamente ligado à sustentabilidade e ao meio ambiente, e que, apesar de ser um material resistente, requer manutenção, mostrando-se mais viável em ambientes minimamente controlados. Porém, essa escolha não anula a possibilidade do projeto ser implantado em outros ambientes. A questão que deu início aos estudos e propostas foi a intenção de criar um módulo que funcionasse tanto sozinho como em conjunto, onde a repetição de tais módulos pudesse acontecer de maneira não apenas linear, formando espaços de diversas dimensões e desenhos. Sendo assim, o projeto poderá ser desde um quiosque, quando usado sozinho, a uma grande área de exposições, como um pavilhão, quando associado a outros módulos. Outro objetivo do projeto foi o de utilizar as diversas técnicas estudadas durante o desenvolvimento da pesquisa sobre o material, selecionando as que melhor se aplicavam à tipologia definida para o projeto.
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Figura 03 : Módulos quando associados, criando espaços diferentes, onde podem se tornar caminhos ou quando agrupados podem formar áreas de estar. Fonte: acervo do autor
Figura 04 :Modelo físico desenvolvido para observar as distancias das pontas dos arcos, e das varas colocadas para receber a cobertura. Fonte: acervo do autor
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BRAGA, Milton, O concurso de Brasília: os sete projetos premiados, FAU USP – Dissertação de mestrado, São Paulo, 1999. ARIAS, Julia; BACCIFAVA, Sofía; BERNARDI, Mariagnela; LECINA, María Ángeles; SLINGO, Ándres. Simon Vélez. 2011. 18 f. Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia, Universidad Nacional de Rosario, Rosário, 2011. Disponível em: <http://www.fceia.unr.edu.ar/darquitectonico/darquitectonico/data/pdf/simon_velez.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2016 AVEZUM, André Luís. Arquitetura ecológica e tecnologia no século XX: base para o projeto arquitetônico sustentável. 2007. 170 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16138/tde-18052010-140610/pt-br.php>. Acesso em: 10 mar. 2016. DAVID, Priscilla L. D.; CAVERSAN, Adriana Lima; PEREIRA, Marco Antonio dos Reis. Panorama de utilização do bambu na habitação. 2012. 15 f. Monografia (Especialização) - Curso de Arquitetura, Artes e Comunicação, Unesp, Bauru, 2012. Disponível em: <http://www.usp.br/nutau/nutau_2012/1dia/20120314113221_PANORAMA DA UTILIZAO DO BAMBU NA HABITAO (2).pdf>. Acesso em: 31 mar. 2016. FRANÇA, Cibele Dutra de. Potencialidades de espécies de bambu para a estabilidade de encostas e áreas degradadas em solos de cerrado. 2011. 67 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Agronomia, Universidade de Brasília, Brasília, 2011. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/9313/1/2011_CibeleDutradeFranca.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2016. MARÇAL, Vitor Hugo Silva. Uso do bambu na construção civil. 2008. 60 f. Monografia (Especialização) Curso de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, 2008. Disponível em: <http://bambusc.org.br/wp-content/uploads/2009/05/tratamentobambu_vitor_hugo_marcal.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2016. NOIA, Paula Regina da Cruz. Sustentabilidade socioambiental: desenvolvimento de sistemas construtivos em bambu no Vale do Ribeira, SP. 2012. 203 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16132/tde-04032013-095707/pt-br.php>. Acesso em: 09 mar. 2016. PADOVAN, Roberval Bráz. O Bambu na arquitetura: Design de conexões estruturais. 2010. 181 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura, Artes e Comunicação, Unesp, Bauru, 2010. Disponível em: <https://www.faac.unesp.br/Home/PosGraduacao/MestradoeDoutorado/Design/Dissertacoes/roberval-braz-padovan.pdf>. Acesso em: 07 mar. 2016. PORTO, Marcio Macedo. O processo de projeto e a sustentabilidade na produção da arquitetura. 2006. 344 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16138/tde-03052007145312/pt-br.php>. Acesso em: 09 mar. 2016. VITAL, Giovanna Teixeira Damis. Projeto sustentável para a cidade: o caso de Uberlândia. 2013. 538 f. Tese (Doutorado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16138/tde-19042013-153818/pt-br.php>. Acesso em: 10 mar. 2016. NARCHITECTS. Narchitects. Disponível em <http://narchitects.com/> . Acesso em 20 ago. 2016. NGHIA, Vo Trong. Vo Trong Nghia. Disponível em: <http://votrongnghia.com/>. Acesso em: 09 mar. 2016.
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Referências
Cidade e Tecnologia Projeto de arquitetura de um espaço colaborativo. Paloma Kato Orientador : Prof. Me. Nelson Urssi
Figura 01 : Perspectiva ilustrada. Fonte: acervo do autor
Palavras-chave: Cidade, criatividade, tecnologia, cultura colaborativa.
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Este trabalho relaciona a arquitetura e a cidade, a partir da constatação de que as tecnologias digitais transformaram a vida urbana principalmente a partir da segunda década do século XXI. Pretende entender quais impactos a tecnologia trouxe para a cidade estudando seus contextos urbanos, primeiro do ponto de vista da tecnologia se relacionando com a cidade e posteriormente do “indivíduo tecnológico” se relacionando com a cidade. Foram levantadas diversas bibliografias, além de palestras, vídeos e filmes relacionados ao tema. Em um seguida fez-se um levantamento de tipologias urbanas onde é possível encontrar a tecnologia como fator crucial para sua existência. O estudo destas tipologias urbanas deu um panorama de como a tecnologia pode influenciar no uso da cidade e quais as formas mais interessantes de se ter uma cidade inteligente feita pelo individuo por meio de criação e colaboração usando a tecnologia como fator potencializador. De acordo com todas as questões levantadas, propôs-se um projeto de arquitetura colaborativa com espaços diversos que incentivam a criação coletiva como coworking, teatro, fablab, midiateca e arena digital. A intenção principal deste projeto é obter um espaço de estar agradável que podemos chamar de “estar urbano” e que incentiva cultura criativa colaborativa usando a tecnologia como ferramenta.
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Resumo
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Introdução O presente estudo abrange as cidades contemporâneas e as principais mudanças que as inovações tecnológicas trouxeram, não só para o espaço urbano, mas para a relação do indivíduo contemporâneo com esses espaços. Possui como objetivos entender o impacto que as novas tecnologias trouxeram para as cidades, principalmente a partir da segunda década do século XXI, quando a computação tornou-se 1
ubíqua e tudo passou a ser “inteligente”. Identificar como a tecnologia pode auxiliar e potencializar a qualidade de nossas cidades favorecendo o uso do espaço público e contribuindo para uma experiência condizente com as expectativas do indivíduo contemporâneo. Rever o conceito de “cidades inteligentes” idealizado por grandes empresas de tecnologia, que tem como foco o lucro acabando por criar cidades que não atendem às demandas da sociedade contemporânea. Além de pesquisar formas para que essas tecnologias possam ser utilizadas para tornar melhor nossa relação com os espaços, sem deixar que a memória e a cultura desapareçam em meio a imagem de uma cidade completamente impessoal e globalizada. O tema desta monografia surgiu através dos questionamentos: “Como construir cidades pensadas para as pessoas, usando a tecnologia como fator potencializador, reconhecendo que as novas tecnologias já fazem parte do nosso cotidiano? ” E “Qual o modelo ideal para as cidades do futuro? ”. As principais metodologias abordadas neste trabalho foram pesquisa bibliográfica, mídias digitais, seminários e estudos de caso. Deram embasamento necessário para o entendimento, em um panorama geral, ao longo das últimas décadas, como nossas cidades transformaram-se com o advento da tecnologia, bem como sedimentou uma visão atual de nossas cidades e suas relações com os cidadãos que as habitam. Os estudos de caso mostraram que é possível usar a tecnologia como suporte para a sociedade criar a “cidade inteligente” de forma criativa e colaborativa, além de apontar possíveis soluções de espaços que possam incentivar este tipo de iniciativa da população. Propõe-se então um projeto de um “estar urbano” que conta com espaços onde a tecnologia fornece suporte para que o indivíduo tenha liberdade de criação.
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Proposição Tendo em vista todas as questões levantadas na pesquisa, propõe-se a criação de um “estar urbano”, 2
um projeto de caráter híbrido que possui os seguintes conceitos: 1.
Criação de espaços de lazer, estudo e trabalho; A cidade de São Paulo possui carência de
espaços com infraestrutura, onde os cidadãos podem permanecer por tempo indeterminado realizando atividades como trabalhar, estudar, conversar e compartilhar. Notando-se essa deficiência, propõe-se um projeto com áreas que forneçam locais agradáveis para realização das atividades citadas acima. A 1 Ubíquo - 1 Que está ou pode estar em toda parte ao mesmo tempo; onipresente. 2 Filos Que realmente está presente em todos os lugares ao mesmo tempo; onipresente. (Dicionário Michaelis) 2
“Projeto de caráter híbrido” trata-se de um projeto com diversas tipologias de uso, que possa adquirir
características tanto de estar quanto de passagem e que contempla tanto áreas públicas quanto privadas.
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intenção é criar ambientes, onde os cidadãos possam fazer uso livre de infraestrutura de qualidade e segurança. 2.
Promoção de usos diversificados; Com a dinâmica atual de nossa cidade é cada vez mais
interessante a promoção de espaços com usos diversificados, visto que promovem movimento em diferentes momentos do dia e da semana, trazendo segurança (JACOBS, 2011), além de tornar a vida do indivíduo mais simples, uma vez que se pode fazer uso de diversos serviços no mesmo local sem precisar utilizar nenhum tipo de transporte. É desejo fazer uso do conceito de cidades compactas, onde promove-se vários usos em um mesmo local com a intenção de evitar deslocamentos desnecessário pela cidade. (BONFIGLIOLI, 2011) 3.
Uso da tecnologia; Como observa-se pelos estudos de caso, a tecnologia pode causar diversos
impactos em nossa sociedade e quando bem empregada, pode ser uma importante ferramenta para a promoção de qualidade em projetos contemporâneos. Por isso será empregada tecnologia com intenção de potencializar usos e interações entre usuários e arquitetura. 4.
Adequação às necessidades do cidadão contemporâneo; Diante da análise histórica de
nossa sociedade podemos perceber que as necessidades gerais da humanidade se transformam ao passar das décadas, ocorrendo em maior velocidade a partir da segunda metade do século XXI. (MITCHELL, 2002) O projeto terá como propósito estimular à dinâmica atual do indivíduo contemporâneo. Proporcionando locais planejados para atender às demandas por serviços e locais de trabalho com infraestrutura adequada, além de incentivar interação e o compartilhamento entre os cidadãos. 5.
Incentivo à cultura colaborativa e criativa Uma importante questão levantada na pesquisa
está relacionada a cultura colaborativa, como pôde-se perceber, a cidade não é feita sem as pessoas e a cultura colaborativa tem um grande papel na formação de cidade com qualidade, pois através dela é possível se ter uma cidade democrática onde todos fazem parte do processo e consequentemente agregam mais valor a ele. Propõe-se então um projeto com locais que incentivem a coletividade, o
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Usos Os usos propostos neste projeto visam principalmente incentivar a socialização criando espaços que incentivam interação e troca de experiências propícios para conversas e encontros, coletividade com espaços como o coworking onde é possível várias pessoas de áreas distintas trabalharem em prol de um bem comum, cultura com espaços como teatro e midiateca, lazer com áreas de estar e áreas de suporte a infraestrutura digital das telas de LED e Wi-Fi que serve todas as áreas do projeto. Este programa servirá a população do entorno imediato e de outras regiões da cidade que podem chegar ao local por diversos meios de transporte. Estacionamento (Subsolos 1 e 2) Estacionamento com acesso pela Rua da Consolação, ocupa parte do subsolo 1 com uma área de 2961m² e o subsolo 2 com 2289m², possui 124 vagas de estacionamento sendo 3 vagas reservadas para PNE (3%) e 7 vagas para idosos (5%). Galeria comercial (Subssolo 1) A galeria conta com espaços para restaurantes e alguns comércios que além de atender a população do entorno, tem o intuito de dar suporte ao edifício e seus usuários. Arena digital (Subssolo 1)
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compartilhamento e a cultura de colaboração.
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Espaço onde os usuários podem permanecer para usar celulares, notebooks, fazer reuniões e até apresentações. O espaço contará com tecnologia de vídeo mapping tornando possível a criação de narrativas audiovisuais. Lounge (1º andar) Espaço de estar e contemplação tanto da arena digital quanto da Rua da Consolação. É composto por sofás e puffs de modo a comportar os usuários de maneira confortável para reuniões mais informais, discussões e até rodas de debate. Midiateca (2º andar) A Midiateca conta com 8 salas de estudo privadas, baias para estudo individual e diversas mesas para estudo em grupo. Possui 31 estantes dispostas ao redor das mesas coletivas que comportam em média 18600 mídias entre livros, DVD’s, jogos, revistas entre outros. Na parte externa há ainda um café com poltronas de descanso e uma área com puffs que proporcionam um local de leitura mais descontraído. Foyer + galeria de arte (2º andar) No segundo andar há temos um espaço dividido entre Teatro (2º andar) Teatro em com lotação de 486 assentos (6 assentos PNE), tem infraestrutura para grandes espetáculos e palestras. Coworking (3º andar) O espaço destinado ao coworking foi idealizado com o intuito de permitir a maior liberdade possível para os profissionais, é um espaço destinado a troca e colaboração contendo uma sala de convivência para socialização e reuniões ou conversas informais, salas de reunião privadas, salas de conferência para uma eventual apresentação ou workshop, baias tanto coletivas quanto individuais permitindo liberdade e versatilidade além do jardim externo que proporciona um estar agradável para um momento de descanso ou reflexão. Fablab (3º andar) Área destinada principalmente a dar suporte ao coworking, possibilitando que os profissionais da área criativa possam executar criação de protótipos. Possui ateliê de pintura onde podem ocorrer eventualmente cursos e workshops. Comporta maquinários como impressoras 3D, máquinas de corte a laser, CNC, serras entre outas que dão suporte na criação de modelos físicos.
Figura 02 : Corte AA. Fonte: acervo do autor
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Ao longo das últimas décadas os indivíduos contemporâneos vêm passando por uma série de mudanças em seu dia a dia devido ao advento da tecnologia. Essas mudanças levantam uma série de discussões sobre como se projetar a cidade para esse indivíduo que permanece conectado o tempo todo. As tipologias urbanas estudadas mostram diversas formas em que a tecnologia se relaciona com a cidade transformando sua relação com as pessoas e fazendo com que surjam novas possibilidades para a criação de uma cidade que se adequa as necessidades do indivíduo atual. A tecnologia torna possível a interação recíproca entre população e governo fazendo com que o processo de construção seja co-criativo. Uma das formas de potencializar a interação é incentivando a cultura criativa e colaborativa, pois através dela é possível se obter soluções inovadoras e “inteligentes” para as cidades. Iniciativas de prefeituras participativas com a população e disponibilidade de dados coletados criam uma nova possibilidade para se projetar uma cidade mais justa e democrática, onde a participação do cidadão é crucial e faz com que surjam soluções mais interessantes e eficientes. Durante a pesquisa foi possível perceber a importância da participação do indivíduo no processo de criação e manutenção da chamada “cidade inteligente”, o resultado desta observação foi um projeto que visa incentivar este tipo de iniciativa da população usando a tecnologia como ferramenta para potencializar as interações coletivas.
Referências BONFIGLIOLI, G. Estadão, 2011. Disponivel em: <http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,a-hora-das-cidadescompactas,728060>. Acesso em: 27 Maio 2016. JACOBS, J. Morte e vida de grandes cidades. 3ª. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
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MITCHELL, W. J. E-topia. São Paulo: SENAC, 2002.
O uso da madeira na Arquitetura de Interiores Pilar Mendonça Corrêa da Silva
Resumo Este trabalho aborda o uso da madeira na arquitetura de interiores no Brasil contemporâneo. A madeira na arquitetura de interiores é sinônimo de aconchego, uma solução boa para manter a temperatura estável, que possui uma variedade muito grande de possibilidades para cada situação. A premissa do trabalho é utilizar a madeira de maneira harmoniosa num apartamento de 250m² de um arquiteto contemporâneo brasileiro, Isay Weinfeld, experimentando as cores e jeitos que a madeira pode agregar na arquitetura de interiores.
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Figura 01: Imagem renderizada. Fonte: Philip Schmidt
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Orientador: Prof. Dr. Gabriel Pedrosa Pedro
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Introdução A madeira sempre esteve presente na vida do homem, sendo utilizada de diversas formas, como combustível, aquecimento, iluminação, abrigos e mobiliários, e para isto foi preciso entender como os primeiros homens usaram este material, iniciando, com ele os conhecimentos de arquitetura e engenharia para a construção de abrigos. No Brasil, tivemos vários designers e arquitetos que usufruíram deste material (já que o Brasil é um país que possui abundância de madeira), para a construção de casas e mobiliários. Arquitetos e designers modernistas usaram a madeira em quase todos os seus mobiliários e como forma de crescimento da carreira, por causa da versatilidade e variedade de tipos e formas que a madeira tem, também pela facilidade de acesso ao material e à mão de obra para trabalhá-lo.
Figura 02: cadeira GB01 de Geraldo de Barros. Fonte: Uol
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Figura 03: poltrona MF5 da Branco & Preto. Fonte: Etel Interiores As referências projetuais e os estudos de caso são importantes para ver como outros arquitetos lidam com a madeira, seja na construção, reformas de apartamentos ou mobiliários. Geraldo de Barros e a Móveis Branco & Preto são referências do modernismo brasileiro em relação a madeira, a maioria de seus trabalhos utilizam a madeira. A Branco & Preto, foi uma das primeiras lojas de móveis a pensar no mobiliário como um complemento da arquitetura, que anos 1950, era muito incomum pensar no interior juntamente do externo. Geraldo de Barros também foi um arquiteto a ter a mesma linha de pensamento como os arquitetos da Branco & Preto. O projeto é a base de todos os conhecimentos adquiridos, fazer experimentações da madeira em cada ambiente, seja nas áreas molhadas ou nas áreas secas e como lidar com cada tipo de madeira e a escolha de mobiliários de designers renomados e reestruturando o programa de um apartamento contemporâneo.
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Proposição O projeto escolhido foi um apartamento de 250m² no Edifício 360º, do arquiteto Isay Weinfeld, localizado no bairro Alto de Pinheiros - SP. A escolha deste apartamento foi pelo seu tamanho, que permite testar soluções diversas e pela distribuição dos ambientes. Outra justificativa para a escolha desta planta é o fato de ela ter uma varanda de quase 50m², possibilitando a experimentação da madeira na área externa. O programa do projeto é elaborado para um casal de arquitetos, que trabalham em casa, e, portanto, precisam de um apartamento funcional para trabalhar e receber clientes, receber amigos e descansar.
de serviço foi mantida, no hall, a porta existente foi excluída e feita uma nova, ampliando sua área. A sala e a cozinha continuaram integradas e o home theater ficou separado para ser uma área mais íntima do apartamento. O escritório foi proposto no local onde era a suíte e o corredor da área íntima, ganhando seu próprio lavabo, resultando em dois lavabos no apartamento, o social e o do escritório, o que possibilita uma separação total entre casa e escritório. A suíte ficou na área onde seria o antigo escritório; o closet e o banheiro ficaram no mesmo lugar. Para os mobiliários, cada ambiente teve sua própria identidade entre os mobiliários escolhidos. Todas as peças escolhidas foram de designers brasileiros, modernistas ou contemporâneos que assumiram o modernismo como referência principal de seus trabalhos. Para a varanda, na área de
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Fiz algumas alterações no apartamento para suprir as necessidades que eu precisava. A parte
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Figura 04: Planta original, Edifício 360º, Arq. Isay Weinfeld. Fonte: Edifício 360º
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conversa e estar, a escolha foi pela Cadeira Atibaia (madeira catuaba), mesa de centro Vilanova (cabreúva parda) e daybed Charlotte (eucalipto e cumaru), por serem do mesmo designer, Paulo Alves, as texturas das madeiras possuírem semelhanças, e todas as peças serem feitas atualmente, com características contemporâneas, assim como o banco Bandeirola (tauari) do Ivan Rezende, porém todas estas peças têm uma relação com o mobiliário moderno, pois nenhuma entende o contemporâneo como pós-modernismo. Na mesa de jantar externa a escolha da mesa Pilão (cedro) de Etel Carmona e da cadeira Saquarema (freijó) de Carlos Motta, estas peças são modernistas iguais as peças da sala de estar, porém de gerações distantes. O sofá MR7 (imbuia), poltrona MF5 (imbuia) da Branco & Preto e a cadeira GB01 (jequitibá) de Geraldo de Barros. Etel Carmona e Carlos Motta têm como referência a Branco & Preto e Geraldo de Barros. A mesa lateral Corten (imbuia) de Silvio Romero, é de um designer contemporâneo, ele utiliza a mistura de madeira com aço corten e esta peça dá uma composição o restante das peças modernistas. No Home Theater, as peças escolhidas foram do designer contemporâneo Fernando Jaeger, e elas foram escolhidas para terem a mesma identidade nos mobiliários. No escritório, a área de espera dos clientes recebeu as peças de Sérgio Rodrigues, um clássico do design moderno, e estas peças compõem o ambiente e na área de trabalho, a poltrona Fulô escritório, peça do Fernando Jaeger e a cadeira Astania (freijó), da Etel Carmona, por ter um design simples, compondo com o painel ripado e a
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mesa de reunião em tauari.
Figura 05: Planta de mobiliários. Fonte: autor
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Figura 05: Planta de marcenaria. Fonte: autor
SANTOS, Maria Cecilia Loschiavo dos. Móvel moderno Brasil. São Paulo: Editora Olhares, 2 ed. 2015
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ARAUJO, Laudiceia. Uso da madeira em Design de Interiores. Trabalho de Conclusão de Curso, São Paulo: Centro Universitário Belas Artes, 2014 ARCHDAILY BRASIL. Edifício 360º, disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/01-147758/edificio360-degrees-slash-isay-weinfeld. Acesso em mar/2016. Acesso em jun/2016 ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL. Estúdio Branco & Preto, disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/instituicao112825/estudio-branco-preto. Acesso em abr/2016 ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL. Unilabor (São Paulo, SP), disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/instituicao481676/unilabor-sao-paulo-sp. Acesso em mai/2016 FERNANDES, Pedro. Aspectos históricos – O uso da madeira no Brasil, disponível em: https://pef2603g03.wordpress.com/2011/05/30/aspectos-historicos-30-05/. Acesso em: abr/2016 KULA, Daniel; TERNAUX, Eloide. Materiologia: o guia criativo de materiais e tecnologia. São Paulo: Editora Senac, 2012 LIMA, Antonio Magalhães. Introdução aos materiais e processos para designers. São Paulo: Editora Ciência Moderna, 2006 MANCUSO, Clarice. Arquitetura de interiores e decoração: a arte de viver bem. São Paulo: Editora Sulina, 1 ed. 1999
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
Referências
Eco Decor Decoração ecológica criativa Priscila de Oliveira Vieira
Resumo O objetivo do presente trabalho é apresentar Com as novas tecnologias e o avanço da globalização, o desenvolvimento de produtos impulsionou ao consumo desenfreado. A população passou a consumir mais que suas necessidades básicas, assim a demanda por matéria prima sem preocupação de um destino renovável, foi fugindo do controle. O objetivo do presente trabalho é apresentar estudos sobre a reutilização do tambor de aço como material reciclável para criação de mobiliário, abordando características da sustentabilidade industrial, exemplos de obras com reuso, propriedades do aço, seus pontos positivos e negativos e o surgimento dos tambores de aço, destinação final dos tambores, papel das fábricas e dos aterros e referencias de tambores de aço como possíveis mobiliários.
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Figura 01: Descarte Fonte: Pixabay
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Orientador: Prof. Dr. Gabriel Pedrosa
BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Introdução Periodicamente tambores de aço são abandonados em perfeito estado em aterros, lixões, canteiros de obra, porque as próprias empresas fabricantes não recolhem, não fazem reutilização dos mesmos. Isso acaba gerando um acumulo de material desperdiçado. Nossa sociedade é chamada de sociedade do consumo por que consumir se tornou uma atividade cotidiana que foi além da ideia inicial de satisfazer as necessidades. Com os atuais métodos de sustentabilidade, a reutilização de tambores de aço passou a ser uma proposta interessante para criação de novos objetos, reduzindo o custo de produção, colaborando com o meio ambiente, e ajudando no lucro pós venda. “A diminuição da miséria mental dos desenvolvidos permitiria rapidamente, em nossa era científica, resolver o problema da miséria material dos
subdesenvolvidos. Mas é justamente desse
subdesenvolvimento mental que não conseguimos sair, é dele que não temos consciência". – André Trigueiro A partir dessas informações surge a ideia de fazer reutilização dos tambores de aço para criação de
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mobiliário, que consiste na criação de uma serie de cadeiras com diferentes tipologias.
Figura 02: Base para mesa. Fonte: Homens da Casa
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Proposição As constantes transformações no entorno em que vivemos, altera frequentemente a visão, forma de pensar e de agir do homem moderno. Com as constantes mudanças climáticas e o desequilíbrio do ecossistema, agravado pelo consumismo desenfreado, torna o ser humano consciente de seu desrespeito à natureza. Para transformação do modelo atual de desenvolvimento sustentável, o governo, os cidadãos e as empresas, em esforço coletivo, precisam assumir os princípios da sustentabilidade em respeito ao meio ambiente. A palavra sustentável tem origem no latim "sustentare”, que significa sustentar, apoiar e conservar. O conceito de sustentabilidade está relacionado com uma mentalidade, atitude ou estratégia que é ecologicamente correta e viável no âmbito econômico, socialmente justo e com uma diversificação cultural. O conceito surgido no começo do século XXI envolvem ações práticas em busca de estabelecer uma relação mais harmônica entre consumidor e meio ambiente. O “Reduzir ” engloba economia em todos os aspectos; o “Reutilizar ” envolve o reaproveitamento do produto; e o “Reciclar ” destina à separação do que é e não é lixo, e reciclagem de embalagens. Pallet Home Project Em busca de ajudar milhões de refugiados e desabrigados a ganharem uma habitação, foi criado o Pallet Home Project pela empresa de design e arquitetura I-Beam Design, com sede em NY. O projeto visa construção de casas com paletes de madeira, sendo eles reciclados e reutilizados. A quantidade necessária serão cerda de 700 milhões e a casa poderá ser construída por cinco pessoas e com 100 paletes cada uma. Os paletes são pregados e colocados no seu lugar, depois vem uma lona para
Figura 03 e 04: Pallet Home . Fonte: Blog Elgin
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Humanidade, em1999, e desde então tem sido destaque em vários livros e revistas.
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evitar que a entrada da chuva dentro de casa. O projeto ganhou o prêmio de Arquitetura para a
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Metodologia de projeto A partir de pesquisas feitas ao longo do trabalho, apresento minhas diretrizes, testes e variações executadas nas peças de tambores de aço de 200 litros, considerando a execução final de quatro peças, (porem apenas duas serão mostradas a seguir) com duas tipologias distintas citadas no inicio do trabalho. Primeira Tipologia:
| Segunda Tipologia:
Parte de cima da cadeira: tambor
| Parte de cima da cadeira: tambor
Parte de baixo da cadeira: tambor
| Parte de baixo da cadeira: outra peça
Algumas das diretrizes foram sendo modificadas à medida que o projeto tomava forma e surgiam novas ideias com melhores soluções, alternativas práticas e com um acabamento melhor. A intenção de fato era explorar, poder fazer testes e “brincar” com a criação.
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Primeiro Modelo
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NESBITT, Kate (Organizador); PEREIRA, Vera (Tradutor). Uma nova agenda para a arquitetura: antologia teórica (1965-1995). 2. ed. rev.São Paulo: Cosac & Naify, 2014 TRIGUEIRO, Andre (Criador). Mundo sustentável: abrindo espaço na mídia para um planeta em transformação. São Paulo: Globo MOXON, Siân (Autor); PEREIRA, Denise de Alcântara (Tradutor). Sustentabilidade no design de interiores. Espanha: [s.n.] MIX, Cultura. Meio Ambiente. Disponível em: <http://meioambiente.culturamix.com/> SUSTENTAVEIS, Atitudes. Atitudes sustentaveis. Disponível em: <http://www.atitudessustentaveis.com.br/categoria/artigos/> DESIGN, Elgin Mobili e. Pallet Home Project. Disponível em: http://www.elgin.com.br/blogelginmd/pallethome-project-construcoes-sustentaveis-que-ajudam-refugiados/
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Referências
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Segundo Modelo
AQUA SPA URBANO Rodrigo Braga A. Soares Orientador: Prof. Me. Nelson Urssi
Nesse artigo serão apresentadas informações importantes que originaram a pesquisa para o desenvolvimento de um projeto de SPA urbano. Para isso foi necessário buscar e entender a história da água e sua importância como direcionador e estruturador de civilizações. A partir dessa pesquisa serão apontadas, características das casas de banho da Roma antiga do Séc. V, das termas balneárias de Poços de Caldas no século XX, e dois estudos de caso, sendo eles as Termas de Vals – Suíça, 1996 e o mais contemporâneo Aigai SPA – São Paulo, 2014. Essas foram as bases para projetar um edifício moderno com referências históricas, capaz de oferecer uma desconexão da correria da vida urbana pelos relaxamentos, mas principalmente pela arquitetura desse edifício que atraí a visão e requalifica a paisagem urbana.
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Resumo
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
Figura 1: Fachada principal - Aqua Spa Urbano. Fonte: acervo do autor
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Introdução Tendo em vista os relatos e as evidências culturais encontradas na história da Grécia e Roma antiga, foi através da água que novas práticas da vida em sociedade foram sendo consolidadas como hábitos rotineiros do dia a dia de cada cidadão. Era comum sair do trabalho e encontrar um momento de lazer e descanso nas casas de banho. Tais recintos ofereciam além de tratamentos de recuperação mental e física, a oportunidade de se relacionar de forma coletiva e de usufruir da arquitetura luxuosa das Termas. (MARQUES, 2012, p.1 e 2). Aquele era um local financeiramente acessível a todos, onde os mais simples poderiam ter grandes experiências sensoriais e culturais, ao conhecer e usufruir da arquitetura daquele lugar, com salas totalmente revestidas de mármore, esculturas feitas por grandes artesãos, bibliotecas e área de lazer. Todos tinham ali um momento de lazer estando em contato com a água e com a arquitetura das termas, que tornavam a experiência de relaxamento e de recuperação mais prazerosa. No Séc. XX as técnicas de tratamento já haviam se desenvolvido, e ficaram mais conhecidas com os estudos realizados em razão da hidroterapia. Grandes médicos brasileiros se especializaram e buscaram a fundo entender os grandes benefícios da água na vida do homem. A cidade de Poços de Caldas em Minas Gerais tornou-se conhecida pelo mundo pelas águas de temperaturas altíssimas que brotavam do solo. Nesse tempo com os avanços das pesquisas de hidroterapia, a cidade mineira tornouse a primeira cidade balneária do Brasil por poder oferecer tamanha riqueza natural com as construções das Termas Primitivas em 1919, Thermas Antônio Carlos, 1931. Atualmente o que se vê no mercado de Spa, é que alguns empresários investem na adaptação de imóveis residenciais e comerciais para oferecer os serviços de tratamento e relaxamento. Isso sem sombra de dúvidas atinge o público alvo que investe seu dinheiro nesses espaços. A grande diferença é que dificilmente será possível oferecer uma grande experiência sensorial. Experiência através da construção de uma arquitetura moderna, que atende ao programa proposto e que pode ser mais um item
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no menu de serviços desse Spa. Pensando nisso o estudo do projeto parte do princípio de trazer uma transformação na paisagem urbana da região da Chácara Santo Antônio, Zona Sul de São Paulo. O terreno situado próximo ao Shopping Morumbi, é um dos muitos espaços que foram desocupados naquela região, graças ao bum imobiliário gerado pela Operação Urbana Consorciada Água Espraiada (OUC), setor Chucri Zaidan. A grande missão do spa é permitir ao indivíduo sentir-se bem e relaxado, distanciando-o das preocupações, correria e stress do dia a dia. De uma maneira prática e acessível, oferecer essas experiências sem que haja a necessidade de sair da cidade para uma área mais tranquila e menos urbanizada. É fazer com que o indivíduo se desconecte mesmo que por algumas poucas horas. É ter a oportunidade de recarregar as energias em um espaço confortável e que nos transmita tranquilidade. O projeto do Spa explora diversos elementos para o bem estar do indivíduo. Seja na forma que a arquitetura produz, na materialidade, o trabalho com luz, ora ausente, ora mais que presente, as aberturas que permitem um contato com o verde e o céu, a ausência de ruído, a sonoridade da água e a ausência do tempo, transportarão o indivíduo para uma realidade de paz e sossego onde o stress do dia a dia será esquecido completamente.
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Proposição O Aqua SPA Urbano foi projetado com o intuito de ser um oásis urbano, um local de refúgio onde se permite ao corpo e a mente, relaxamento e desconexão. A arquitetura, a água e o verde são uma das características que definem esse espaço. Em seus 450m² o projeto oferece elementos da arquitetura sustentável, reutilizando recursos hídricos como o reaproveitamento da água da chuva, o teto verde que auxilia no conforto termoacústico do edifício e também sustenta as placas de captação de energia solar, responsável pelo abastecimento do edifício e por aquecer as águas do SPA. O edifício torna-se acessível no momento em que possibilita o atendimento para que uma parcela de clientes tenham boas experiência de desconexão sem precisar sair da cidade para um local menos urbanizado. Um ponto importante é que o edifício através dos artifícios da arquitetura crie essa “barreira espacial”, é como dizer que a intenção do SPA é de impactar e atrair o indivíduo. Provocar a necessidade de usufruir desse espaço e proporcionar experiências. E que ao passar pela recepção
Começando pela recepção o cliente entra e se identifica e pode informar a atendente o que pretende fazer, se é um massagem rápida ou se deseja contratar um Day Spa e passar o dia todo nas dependências do SPA. Ali começa a desconexão e se tem a primeira experiência sensorial, através dos itens de decoração e mobiliário. Ali o cliente pode aguardar o preparo da sala enquanto ouve uma música ambiente e observa os materiais e luzes empregados nessa obra. O cliente é levado por um corredor que direciona aos vestiários. Nos vestiários podem trocar as roupas por roupões e deixar seus pertences em armários fechados com chave. Saindo por uma porta oposta da que se entra no vestiário está o pátio de circulação com uma cobertura de vidro retrátil, responsável por conectar os edifícios e iluminá-los.
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Figura 2: Planta Térreo - Aqua Spa Urbano. Fonte: acervo do autor
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
encontre dentro do edifício, tudo aquilo que sua mente imaginou desfrutar em um edifício como o SPA.
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Figura 3: Corte B - Aqua Spa Urbano. Fonte: acervo do autor Dentre as diversas características que um pátio possa ter, a que mais chama atenção ao pesquisar a obra sobre pátios internos do autor Reis-Alves é a característica de ser um Espaço Psicológico, onde um edifício “introvertido” proporciona uma maior privacidade, vigilância e segurança para que o homem realize as suas atividades ao ar livre. (Reis Alves, 2011). Essa característica apontada pelo autor descreve perfeitamente uma das funções do SPA que é a de proporcionar certa privacidade para que o indivíduo se sinta livre para usufruir ao máximo de cada ambiente proposto nesse programa. O pátio é o elo de ligação entre recepção, tratamento e relaxamento, convidando o indivíduo a percorrer e conhecer a arquitetura do SPA nas salas de tratamento e áreas de relaxamento, e assim poder usufruir ao máximo dessa experiência que cada ambiente pode proporcionar. Nas salas de tratamento os clientes encontrarão uma decoração minimalista capaz de provocar
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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
uma sensação de bem estar. Ali se tem uma maca para massagem e um chuveiro ou banheira, dependendo da sala escolhida. As salas contam com pátios externos, que podem ser considerados como um segundo ambiente dentro da sala de tratamento, ali o cliente pode observar o céu, o edifício e o jardim vertical. Ou até mesmo se distrair enquanto é massageado observando a sombra do sol que indica o passar do dia. Saindo da sala de tratamento o cliente ainda pode aproveitar o restante do dia no jardim localizado na parte de traz do SPA. Para acessá-lo ele deve caminhar no pátio de circulação no sentido oposto ao que entrou ali ele encontrará a sala de relaxamento (destinada aos clientes que farão uma rápida massagem enquanto almoçam), e a partir dali estará nas dependências do jardim. “O jardim surgiu como se fosse um documento, capaz de mostrar nas áreas do conhecimento alguns vestígios sobre as origens e devaneios do homem, e que mostram em partes as raízes que dão identidade aos povos”. (BERTRUY, 2009, p. 323). Os jardins desde as antigas civilizações são significativos testemunhos da arte, da história e da cultura de humanidade. E é pensando nesses significados que o Jardim do SPA é oferecido como outro ambiente, um ambiente de relaxamento e contemplação. A partir do pátio de circulação é possível ter acesso ao jardim que é uma área de relaxamento coletivo, onde é possível conectar-se a natureza
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através da contemplação do espaço e o paisagismo proposto. O jardim pode ser acessado pela sala de relaxamento, antessala entre pátio de circulação e o jardim. Essa sala é ideal para os clientes que procuram o SPA na hora do almoço e queiram uma massagem super-rápida enquanto almoçam podendo observar o jardim.
Figura 4: Sala de relaxamento - Aqua Spa Urbano.
Figura 4: Jardim - Aqua Spa Urbano.
Fonte: acervo do autor
Fonte: acervo do autor
É possível perceber que mesmo passando por tantas transformações, o SPA ainda carrega consigo os conceitos das primeiras casas de banho. Com isso os circuitos de salas percorridas nas Termas antigas puderam ser sintetizar em uma única sala, seja de tratamento ou relaxamento. Além dessas características o Aqua Spa Urbano procurou explorar uma outra perspectiva que pudesse oferecer uma grande experiência sensorial através da arquitetura, para que o indivíduo pudesse se apropriar e usufruir desse espaço, e poder se refugiar nesse oásis urbano. A materialidade exprime muito bem a intenção de impactar aqueles que buscam um momento de desconexão e relaxamento. O jardim vertical que começa na fachada e serve de convite para conhecer o
oferecer aos seus olhos um descanso, a sua mente um desligamento e ao seu corpo um relaxamento. Criando assim um espaço capaz de transmitir sensação de tranquilidade e relaxamento. Seja pelos ambientes ou pela materialidade, o Aqua SPA Urbano oferece uma arquitetura moderna e sofisticada para aqueles que buscam novas experiências de encontrar paz e tranquilidade em meio a correria da vida urbana. Referências
BERTRUY, R. I. P. Preâmbulo. In: SÁ CARNEIRO, A. R. e BERTRUY, R. I. P. Jardins Históricos Brasileiros e Mexicanos. Recife: Universitária UFPe, 2009. p. 323. MARQUES, Jussara. A importância de Poços de Caldas na história das praticas termais no Brasil, Poços de Caldas – MG, 2012. REIS-ALVES, Luiz Augusto dos. O que é o pátio interno? (parte 1). Disponível em http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.063/436
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intenção de dar leveza e solidez ao projeto, ali o indivíduo pode se desconectar do stress do seu dia e
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
interior que abriga as salas, os pátios e um lindo jardim interno. O concreto e a madeira mostram a
Arquitetura, Identidade e Cidade Projeto de Equipamento Urbano Para o Largo da Batata Sarah Dias Maciel Lima
Figura 1: Largo da Batata Fonte: https://catracalivre.com.br/geral/arquivo/indicacao/projeto-de-lei-queralterar-nome-de-largo-da-batata-e-homenagear-dominguinhos/
Resumo O contexto histórico urbano, político, econômico e social constitui fatores importantes de grande impacto sobre a formação das cidades desde tempos remotos na história humana. A união da herança histórica com o advento da tecnologia e globalização, permitiu a formação de uma paisagem urbana contemporânea alicerçada em seus efeitos positivos, porém, também nos negativos resquícios desse acelerado desenvolvimento urbano atual. Este estudo pretende compreender como o indivíduo-usuário-cidadão, agente urbano, relaciona-se com os objetos urbanos e interage nessa paisagem da cidade. O projeto resulta na criação de equipamento urbano para o Largo da Batata.
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
Orientador : Prof. Me. Nelson Jose Urssi
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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Introdução Este trabalho abordará as questões históricas do desenvolvimento do homem social, os primeiros agrupamentos até a formação da cidade. Como o espaço urbano contemporaneamente se apresenta, e a antiga relação interativa entre indivíduo e paisagem urbana. O objetivo é entender os efeitos diretos do desenvolvimento histórico, político, econômico e social humano no ambiente urbano, como um processo global de evolução. Analisar a forma tal como os profissionais arquitetos, urbanistas e designers têm agido sobre o plano urbano e como o indivíduo comum relaciona e apreende a paisagem à sua volta, bem como descobrir a importância do ato do andar, o meio principal utilizado para tal ‒ a rua ‒ e os elementos físicos perceptíveis que a circundam. "Como a paisagem urbana contemporânea se formou e como ela se encontra? Essas indagações embasaram as reflexões do presente. A pesquisa será desenvolvida por revisões bibliográficas, estudos de caso e pela observação do contexto urbano ‒ pesquisa de campo, para se obter as informações necessárias. Essa estratégia metodológica estabelece a consciência de termos e ideias, por exemplo, de história e pré-história (ARGAN, 1998; MOTA, BRAICK, 2002; MUMFORD, 1998), da imagem do ambiente urbano (LYNCH, 1997), do espaço urbano (CARLOS, 2007; JACOBS, 2011) e a prática da vivência urbana (SPECK, 2012; CARERI, 2013). O projeto tem como o principal intento o estímulo do indivíduo ao convívio, à permanência e à observação do espaço urbano da cidade de São Paulo, estabelecendo uma melhor relação entre o habitante da cidade e o lugar.
Proposição A partir dos estudos levantados a respeito da evolução da cidade, do ambiente urbano, da paisagem urbana e da experiência humana ‒ a urbanidade, o projeto tem como objetivo tanto estimular as pessoas, pedestres, a se atentarem mais à cidade quando nas ruas e nas calçadas, como também fazer com que os elementos na cidade promovam a relação e a união do indivíduos entre si e com o meio
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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
urbano. Assim como Carlos (2007) afirma, uma nova relação espaço-tempo é impositiva no período atual e, portanto, novas interferências na relação entre o habitante e o lugar são necessárias. O projeto é criar equipamento urbano para o Largo da Batata, por meio da identificação das necessidades, especificidades e potencialidades do local, levantados a partir de estudos, conversas, imersão e convívio com o lugar e as pessoas habituadas ao Largo. Dessa forma, o objetivo é recuperar e proporcionar o resgate da mais recente identidade do Largo da Batata que, por definição, também é uma praça, "...logradouro delimitado por vias de circulação e/ou pelo alinhamento de imóveis, criado com o intuito de propiciar, em região urbana, espaços abertos e destinados ao lazer e à recreação comunitária." (São Paulo, 2008). O resgate do encontro, do convívio, da permanência, da sociabilidade, que hoje ainda é desfavorável pela insuficiência e precariedade de recursos e mobiliários que promovam a humanização desse espaço urbano. A proposta é a de um conjunto de mobiliários urbanos que possa minimamente suprir a vocação de um espaço árido, potencial para a interação dos indivíduos entre si e com a cidade, ao mesmo tempo que
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mantém o princípio do plano que os cidadãos iniciaram autonomamente. Cria-se, assim, uma intervenção leve, adaptada à ecologia urbana paulistana, com princípios sustentáveis para os materiais. Para atender às necessidades do Largo da Batata e promover novamente a humanização do lugar
Banco modular para 3 lugares com encosto (Figura 2);
Banco modular individual com encosto (Figura 3);
Banco modular para 3 lugares sem encosto (Figura 4);
Jardineira (Figura 5);
Deck (Figura 6);
Papeleira (Figura 7);
Paraciclo (Figura 8);
Estrutura do banco modular para 3 lugares sem encosto para uso em esportes (Figura 9);
Figura 2: Perspectiva ilustrada do banco modular para 3 lugares com encosto Fonte: acervo da autora.
Figura 3: Perspectiva ilustrada do banco modular individual com encosto Fonte: acervo da autora
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segundo as ordens de implantação, foi concebido o seguinte conjunto de mobiliários urbanos:
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Figura 4: Perspectiva ilustrada do banco modular para 3 lugares sem encosto Fonte: acervo da autora
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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
Figura 5: Perspectiva ilustrada a jardineira Fonte: acervo da autora.Figura 6: Perspectiva ilustrada do deck Fonte: acervo da autora
Figura 7: Perspectiva ilustrada da papeleira Fonte: acervo da autora. Figura 8: Perspectiva ilustrada do paraciclo Fonte: acervo da autora
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Figura 9: Perspectiva ilustrada da estrutura do banco modular para 3 lugares sem encosto para uso em esportes Fonte: acervo da autora
Referências ARGAN, G. C. História da arte como história da cidade. 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. CARERI, F. Walkscapes. O andar como prática estética. São Paulo: G. Gili, 2013. CARLOS, A. F. A. Espaço Urbano. Novos escritos sobre a cidade. São Paulo: Labur Edições, 2007.
MOTA, M. B.; BRAICK, P. R. História: das cavernas ao Terceiro Milênio. 2ª ed. São Paulo: Moderna. 2002. MUMFORD, L. A Cidade na História: suas origens, transformações e perspectivas. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. SÃO PAULO. Decreto n. 49.346, de 27 de março de 2008. Regulamenta a Lei nº 14.454, de 27 de junho de 2007, que consolida a legislação municipal sobre a denominação e a alteração da denominação de vias, logradouros e próprios municipais, bem como revoga os dispositivos e decretos que especifica. SPECK, J. Walkable City: How Downtown Can Save America, One Step at a Time. Nova Iorque: FSG, 2012.
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LYNCH, K. A Imagem da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
JACOBS, J. Morte e Vida de Grandes Cidades. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo
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Centro de Reabilitação para Dependentes Químicos Aline Cadinho Orientador: Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins.
Meu projeto de arquitetura refere-se a um centro de reabilitação, com internações, para dependentes químicos. Será implantado na região de Parelheiros - SP, para atender as necessidades desses dependentes por meio de terapias e atividades, proporcionando uma melhor qualidade de vida para todos que possuem essa doença e que requerem um tratamento especializado, onde estes encontrem recepção coerente com seu estado de saúde. Como trabalho de conclusão de curso, decidi propor este tema por ser um problema urgente na sociedade atual e principalmente por integrar as adequações entre a arquitetura, a psiquiatria e a psicologia, considerando-os para a criação de diferentes espaços do centro de maneira que sejam relevantes no tratamento, colaborando para a percepção do dependente químico por meio desses ambientes, auxiliando-os no tratamento e na comunicação, para a obtenção de resultados positivos.
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Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo
Figura 01: Vista do centro de reabilitação. Fonte: a autora
BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Introdução Crescendo cada vez mais na sociedade e envolvido por preconceitos de abuso de drogas, é reconhecido hoje, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma doença, e como outras, requer tratamentos especializado. O vicio nessas substâncias, acabam gerando problemas sociais, físicos e familiares, e deve ser investigado e tratado com uma maior compreensão e possível relação. Com um número grande de usuários, centros de reabilitação têm surgido, e a maioria deles funcionam como sítios ou fazendas, onde ficam internados e de certa forma “isolados” da sociedade. O governo então, criou o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) usado como um hospital-dia, não ocorrendo internação, quando é necessário, os dependentes são direcionados a um hospital geral ou psiquiátrico. No caso da dependência química, foi feito o CAPS-AD II que trata de dependentes em álcool e drogas. Foi proposto um centro de reabilitação para dependentes químicos no distrito de Parelheiros - SP. A região possui poucas clinicas de tratamento, por isso, o objetivo é criar um centro onde o público alvo será de pessoas com síndrome de dependência química, e atenderá todos os tipos de públicos, de todas as idades, haverá internação para que o usuário seja tratado Figura 02: Localização do terreno. Fonte: Google Earth/ Modificado pela autora
no mesmo local, adequado para que essas pessoas possam recuperar a sua condição física
e
psicológica,
trazendo
oportunidades para reconstruir suas vidas, ajudando a enfrentar os traumas e vícios, a partir de sua
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Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo
vontade, através de terapias e atividades. Os espaços criados foram pensados para auxiliar no tratamento, de forma que o usuário se sinta bem no centro e não o veja como um hospital, e através da arquitetura, pode-se atingir um modelo de tratamento diferenciado, obtendo resultados positivos na vida dos dependentes, neste caso, na cura. O conceito é que a paisagem seja a principal fonte de terapia. O local escolhido para a implantação do projeto possui uma forte presença da natureza, tem todas as características necessárias para o centro de reabilitação para dependentes químicos, pois se encontra em um local acessível, utilizando-se de transportes públicos bem como veículos particulares, ajudando desta forma as pessoas da região, e outras pessoas que precisam deste tipo de tratamento. Será um local de aprendizado e palestras, a fim de orientar e conscientizar toda a população. Alguns espaços do centro, como as salas de terapia e as áreas verdes serão abertos para o público quando houver eventos e palestras onde a sociedade poderá participar.
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Proposição O projeto é divido em quatro setores, administrativo, terapia, suporte logístico e hospedagem, é uma forma de distribuir o programa e criar um projeto funcional e confortável, que interfira positivamente no tratamento dos residentes e também no bem-estar. Setor Administrativo Setor de Terapia Setor de suporte logístico Setor de hospedagem Figura 03: Setorização. Fonte: a autora Na implantação o edifício fica em uma área com bastante vegetação, tendo a natureza como uma forte característica, respeitando as áreas de preservação, sendo mantidas as vegetações existentes e criando novas áreas verdes. Em questão da insolação e ventilação, foi visto a trajetória solar, que nasce a leste e se põe Figura 04: Implantação. Fonte: a autora
oeste, e a direção do vento nordeste, sobre as fontes ruidosas, nesse caso a
estrada do Jaceguava possui pequeno fluxo de veículos, não tendo muitos ruídos, e dando mais
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Figura 05: Implantação. Fonte: a autora
Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo
tranquilidade aos residentes.
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Figura 06: Corte Longitudinal. Fonte: a autora O acesso do centro de reabilitação acontece pela estrada do Jaceguava, e ao entrar, o familiar pode estacionar nas vagas que estão na avenida, de uso preferencial para os visitantes e deficientes, e em seguida é
caminhado
para
recepção
onde
fica
o
setor
administrativo, ao lado tem o embarque e desembarque de ambulância, para desembarcar residentes que precisam urgente de tratamento, ou residentes que vieram de outras cidades, e ao chegar são caminhados para sala de Figura 07: Vista do centro. Fonte: a autora
observação, podendo ficar um tempo pra depois irem aos dormitórios.
O programa deste setor administrativo possui uma recepção e sala de espera que estão voltados a sala de reunião, sala de administração, consultório que será apenas
usado
para
atendimento
individual,
como
consultas de rotina e não de emergência, nesse caso o residente será encaminhado para enfermagem e a sala de clinico geral, nesse setor possui também almoxarifado,
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Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo
sanitários, depósito de objetos para internos e depósito onde são guardados materiais de uso administrativo.
Figura 09: Sala de terapia ocupacional. Fonte: a autora Figura 10: Jardim para residentes. Fonte: a autora
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Figura 08: Embarque e desembarque de ambulância. Fonte: a autora
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O setor de terapia possui uma sala de terapia ocupacional, pode ser aberta para o público quando houver eventos e palestras onde a sociedade poderá participar, sendo um local de aprendizado, podendo ter oficina de artes, artesanatos e também participações dos familiares, tem a sala de música com aulas de canto e instrumentos, e a sala de estudos com aulas de alfabetização para residentes iletrados e grupo de leitura. Nas salas vão ser utilizadas cores nos pisos e nos móveis, como cadeiras coloridas, utilização de puffs, dando equilíbrio e conforto, para não parecer um hospital, as janelas sendo de vidro, permitindo a entrada de luz, dando leveza e conforto para os residentes e funcionários, com corredores abertos, evitando também de criar um edifício fechado. O projeto possui um lago onde os residentes podem pescar ou nadar, horta orgânica, quadra de esportes e jardins para residentes e funcionários. O setor de suporte logístico possui uma cozinha com despensa que também pode ser utilizada para os residentes terem aulas de culinária, tem um refeitório fechado que possui pias para higienização das mãos dos residentes, ainda nesse setor tem a copa para os funcionários com sanitários, depósito de lixo, sala de manutenção para armazenamento de ferramentas, materiais e reparação de móveis, sala de máquinas que seria uma sala de controle com câmeras para monitorar o centro, e também tem a lavanderia para os residentes lavar suas próprias roupas. O setor de hospedagem são 8 dormitórios para feminino e masculino com sanitários, tendo dois residentes para cada quarto, havendo dois dormitórios acessíveis, com sanitário e box adaptados. Ao redor da hospedagem tem um refeitório ao ar livre com muita vegetação e muita cor, que pode servir como um espaço de conversa, contemplando a vivência e conforto dos residentes. Referências
HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1996. JEZIERSKI, M.A.; PALMA, R.H.B.F. Drogas, Prevenção e Tratamento, São Paulo: Ícone, 1988. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Legislação em Saúde Mental 1990-2002. 3a. edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. OMS (2001). Organização mundial da Saúde. Transtornos devido ao uso de substâncias. Em Organização Pan-Americana da Saúde & Organização Mundial da Saúde (Orgs). Relatório sobre a saúde no mundo. Saúde Mental: nova concepção, nova esperança (pp. 58-61). Brasília: Gráfica Brasil. PREFEITURA, Desenvolvimento Urbano. São Paulo. Disponível: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/desenvolvimento_urbano/legislacao/planos_regionais /index.php?p=1888>. SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saúde/SP, Relatório anual sobre drogas. São Paulo: SSSP,1996 SENAD, Secretaria Nacional Antidrogas. Prevenção ao uso indevido de drogas: diga sim à vida. Brasília: SENAD, v.1, 1999. VASCONCELOS, Renata Thaís Bomm. Humanização de ambientes hospitalares: Características arquitetônicas responsáveis pela integração interior/exterior. 2004. 176 f. Dissertação (Mestrado). Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004. Cap. 6.
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GOOGLE EARTH. Mapas. Disponível em: < http://mapas.google.com>.
Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo
BRASIL.ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 29, 30 jun. 2011.Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2011/res0029_30_06_2011.html>.
Conjunto habitacional em container Uma alternativa ao convencional Beatriz Ribeiro Gomes Orientador: Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins
Figura 01: Proposição volumétrica Fonte: acervo do autor
projetos alternativos que possam contribuir como uma resposta quantitativa e qualitativa, este estudo aborda o uso do container na arquitetura no âmbito habitacional, considerando suas reais vantagens e também desvantagens nesse ramo em que vem sendo inserido. Foram levantados dados históricos e atuais, que serviram para a fundamentação teórica do projeto em questão, um Conjunto Habitacional em Container. Como base projetual foram relacionados cinco estudos de caso, que contribuíram como referência em diversos aspectos, tanto como projetos habitacionais de cunho popular, como na adaptação do container para seu uso na arquitetura. Estudos de conforto ambiental e ergonomia se fizeram necessários, devido às características do material a ser trabalhado, além da identificação do container como objeto sustentável e econômico, por seus diversos aspectos, no campo da construção civil.
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Considerando as questões habitacionais da cidade de São Paulo e a necessidade de
Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo
Resumo
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Introdução Quando falamos da cidade de São Paulo torna-se claro o quadro do déficit habitacional encontrado no município. Segundo o levantamento do HABISP de 2010, 7.74% do território da cidade é ocupado por favelas ou loteamentos irregulares.
Existem medidas que vem sendo tomadas pela
prefeitura, como políticas e programas de reurbanização de favelas, mas que ainda não atingem a demanda necessária, seja por falta verba pública ou investimentos privados nas obras, bem como a má administração destas políticas, que podem levar muito tempo para serem realizadas, ou até interrompidas antes mesmo de sua conclusão. A questão habitacional da cidade é o ponto chave para a melhoria do todo, é preciso tratar de igual para igual as necessidades da população de baixa renda, investindo em melhorias e instalação destas moradias próximas a infraestruturas, ou vice e versa, bem como a estruturação de um projeto de habitação viável e acessível a essa parcela de moradores do município. A favela, ou loteamento irregular, não encontra-se mais apenas nas periferias, a mesma permeia a mancha urbana, e incorporase ao tecido da cidade, para tanto é necessário um programa que entenda essa inserção e que aceite essa população como parte do todo. Levando em conta todo este quadro, este trabalho consistirá na viabilização do projeto de um conjunto residencial acessível a baixa renda, tendo como partido além da redução de custos e tempo, ser modular, para que assim possa ser construído em maior escala, podendo talvez, atender a demanda do déficit de habitação de São Paulo. Um projeto que se adeque mais facilmente as diversas tipologias de terreno presentes no município, tendo como premissa a variabilidade e acessibilidade, podendo assim atender a demanda das diferentes famílias que habitarão estas moradias. A ideia é que o conjunto se integre a cidade, para tanto, a busca do terreno de implantação deverá ser feita seguindo alguns fatores, como áreas de moradias irregulares ou próximas as mesmas, mas que estejam inseridas na mancha urbana, como próximas a centralidades e áreas com infraestruturas.
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Dito isso, como fundamentação projetual, será realizado um estudo causa e efeito, onde primeiramente será entendido o processo de construção do déficit habitacional da cidade e como o processo histórico de São Paulo influenciou no quadro atual, levando em conta a questão da segregação sócio urbana que se configurou. Será estudado então o início do conceito de habitação social, como ocorreu e o porquê do surgimento deste tipo de construção, além do processo de sua inserção no Brasil. Para isso serão estudados dois projetos de conjuntos residenciais, o Edifício Japurá e o Conjunto Residencial Pedregulho. O container foi o artifício que surgiu como alternativa para viabilizar o projeto em questão. Serão estudas suas dimensões e características e como vem sendo inserido no campo da arquitetura, como atua e pode atuar do ponto de vista da moradia. Serão realizados então dois estudos de caso como entendimento do processo necessário para a utilização deste material na construção civil. Chega-se enfim a questão de como viabilizar este projeto, como tornar este conjunto residencial de container habitável, confortável e provedor de qualidade de vida para seus habitantes. Para isso será feito um estudo de ergonomia e conforto ambiental, garantindo então a qualidade do espaço a ser projetado, bem como o estudo da questão da acessibilidade, para que assim ele possa de fato atender a diversas famílias e suas configurações.
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Proposição O quadro do déficit habitacional da cidade de São Paulo nos mostra a necessidade da criação de projetos alternativos que possam colaborar como uma resposta rápida e funcional a esta questão. Para isso será incorporado ao projeto o uso do container como estrutura das habitações, um material que permite uma construção mais rápida e com um custo mais baixo. O objetivo é mostrar uma alternativa à construção convencional, que possa surgir como solução ao problema habitacional que vivemos hoje, garantindo uma qualidade de vida igual ou superior as construções de alvenaria. O quantitativo tem que estar aliado ao qualitativo, principalmente quando tratamos de habitação, para tanto, vinculada a ideia de produção rápida, foi o estudo do terreno escolhido, bem como alternativas mais baratas de projeto e aproveitamento dos recursos naturais, que possam prover um ambiente agradável e funcional. O terreno escolhido fica localizado no Jardim Panorama, em São Paulo, e abriga uma favela, de mesmo nome, em que moram hoje 400 famílias. Com moradias de alvenaria e de madeira, o cenário do local impressiona pelo contraste. A vulnerabilidade encontrada na ocupação fica evidente. A favela, que existe deste 1957, vem diminuindo ao longo do tempo. Como programa a ser seguido, o projeto contou com a previsão de empreendimentos associados ao térreo das moradias, atendendo a demanda por pequenos comércios, estacionamento e restaurantes já existentes hoje na favela, buscando manter e colaborar com a forma de renda dos moradores. O projeto dispõe ainda de creche, restaurante-escola e uma biblioteca/sala de leitura. Como um todo, serão previstas áreas de lazer e de convívio distribuídas ao longo do terreno, buscando atender a todos. Considera questões acessíveis, incluindo a acessibilidade não só na habitação mas também na área externa, aumentando assim a inclusão social.
Figura 02: Implantação 3D
Fonte: Do autor
A
proposta
de
terreno em questão, tendo em vista sempre a diminuição dos custos.
Os
blocos
de
habitação
encaixam-se
no
terreno e utilizam de suas curvas de nível como apoio e também como respiro, já que possibilitam a criação de vazios, que deixam o todo mais leve. Aproveita-se do desnível do terreno, além de incorporá-lo em sua circulação vertical. Com a grande maioria das habitações acessíveis, todos os blocos se interligam por passarelas e rampas que tem como ponto de partida a cota de nível referente a do andar em questão. Todavia, encontram-se dispostas pelo conjunto escadas que permitem um deslocamento mais rápido. A acessibilidade está presente também nos caminhos que percorrem o terreno. Por possuir declive acentuado, os mesmos são dispostos na diagonal, permitindo vencer as alturas, por tornarem-se mais longos e menos inclinados.
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interferir o mínimo possível no
Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo
inserção dos edifícios buscou
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Os térreos dos oito blocos de habitação localizam-se em diferentes níveis do terreno, mas se encontram e tornam-se únicos em determinados andares, garantindo uma unidade visual e mantendo a relação de vida em comunidade que os moradores sempre tiveram.
Figura 03: Corte do conjunto Fonte: Do autor
O conforto ambiental torna-se primordial neste caso, por tratar-se de um objeto metálico que absorve bastante calor. Para tanto, foram pensadas alternativas não apenas dentro das unidades, mas também no conjunto como um todo. As áreas de lazer, como quadras, horta e playground, encontram-se nas bordas do terreno, com o objetivo de estimular a interação entre os moradores do conjunto e seus vizinhos, garantindo uma maior integração do projeto ao local em que foi inserido, bem como estabelecendo uma relação entre os moradores da antiga comunidade com o entorno. Também foi explorado o uso da cor. Através de uma paleta de tons azuis, foi criado um degrade, sendo o mais escuro no térreo e clareando de forma a acompanhar a verticalidade. A opção pelo uso da cor, se deu tanto pela manutenção da identidade dos containers, encontrados
sempre
coloridos,
como
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Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo
também para contribuir para a unidade do todo. Os tons de azul, assim como determinados andares do container se encontram e criam uma unidade visual que garante outra interpretação do projeto. Figura 04: Croqui – Estudo de cores Fonte: Do autor
Os containers sobrepostos estruturam-se sozinhos, podendo aguentar vários andares sem nenhum reforço estrutural, entretanto, como foram realizados recortes nas paredes externas e o conjunto apresenta balanços de diferentes tamanhos, foi necessário a inserção de reforços estruturais. Tem sua estrutura composta por elementos metálicos, sendo estes vigas e pilares em “H” e passarelas que se sobrepõem às coberturas dos containers. O desenvolvimento do layout e infraestrutura dos apartamentos deu-se através da junção de dois containers por unidade, os mesmos encontram-se paralelos uns aos outros, e formam uma residência de 57m². A disposição dos ambientes foi pensada para garantir o conforto do usuário. Conta com espaços amplos e de fácil acesso, garantindo um fluxo fácil e intuitivo, que assim como visto anteriormente,
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garante a inclusão e o desenho universal, podendo ser facilmente adaptado à um deficiente visual por exemplo.
Figura 05: Layout humanizado Fonte: Do autor
Figura 06: Vista Interna 3D Fonte: Do autor
O conforto ambiental das unidades foi pensado de diversas formas, e conta com forro ventilado, placas de isolamento térmico feitas de Tetra Pak, aberturas para ventilação cruzada e teto verde. O projeto do conjunto buscou a alternativa do container como uma forma de baratear sua construção, entretanto, tendo sempre como premissa o conforto e bem estar o usuário, procurando dar “uma cara de lar” para um objeto tão industrial. A escolha do tema e o desenvolvimento do projeto tiveram como objetivo discutir a inserção de novas tipologias e técnicas construtivas nas habitações de cunho popular. O estudo buscou explorar estas técnicas e como poderiam ser inseridas nos projetos destinado a baixa renda, mantendo qualidade e podendo proporcionar maior rapidez e custo benefício. De toda forma, durante todo o desenvolvimento do conjunto, buscou-se atrelar as questões da demanda habitacional de São Paulo à necessidade de soluções criativas, que pudessem vir a favorecer este mercado. A discussão sobre o déficit habitacional, reinserção dos moradores das favelas e identidade territorial esteve presente tanto na fundamentação teórica quando no projeto em questão. Incorporaramse todos os elementos pertinentes discutidos durante a pesquisa ao conjunto habitacional, respondendo
BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil. Arquitetura moderna, Lei do inquilinato e difusão da casa própria. São Paulo: Estação Liberdade, 1998 BONDUKI, Nabil. Os pioneiros da habitação social: cem anos de política pública no Brasil. São Paulo: Unesp, 2014 FROTA, Anesia.SCHIFFER, Sueli.
Manual do conforto térmico: arquitetura e urbanismo
7ª edição.
São Paulo: Studio Nobel, 2003 GURGEL, Miriam. Projetando espaços: design de interiores. São Paulo: Senac São Paulo, 2007 As vantagens de uma casa container. Disponível em: < http://www.arquiteturasustentavel.org/asvantagens-de-uma-casa-container/>. Acesso em: 26 de abril de 2016 Construções
Sustentáveis.
Disponível
em:
<
http://www.pensamentoverde.com.br/arquitetura-
verde/construcoes-sustentaveis-conheca-casas-container-2/>. Acesso em: 20 de maio de 2016
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Referências
Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo
assim algumas inquietações geradas durante o processo de desenvolvimento.
O Uso de Contêineres na Arquitetura Bruno Miranda Orientador : Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins
Este trabalho tem como objetivo levantar um questionamento sobre o uso de contêineres marítimos na construção civil, de forma a ressaltar as vantagens e desvantagens dessa solução como método construtivo e os processos realizados para que se possa tornar o mesmo em condições de uso habitável. Para a elaboração deste estudo, foi utilizado a metodologia de pesquisa bibliográfica assim como entrevistas e visitações com arquitetos e projetos já existentes. Surge então, como proposta final de trabalho, o projeto '' Contêiner Bar '' que busca com este novo método de construção alternativa ( contêiner ) , no ramo alimentício, novas possibilidades de uso de materiais e técnicas construtivas , evidenciando também a questão da sustentabilidade.
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Resumo
Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo
Figura 01 : Contêiner Bar, maquete eletrônica. Fonte: acervo do autor
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Introdução Cada vez mais a humanidade busca alternativas para conter a degradação do meio ambiente, produzindo e consumindo produtos ecologicamente corretos. Com essa atual discussão em pauta, surge uma nova proposta de meio construtivo alternativo a ser explorada. O uso de contêineres marítimos reciclados na construção civil. Muitas vezes, este material é descartado e abandonado, sem ao menos ter percorrido toda sua vida útil, contaminando o meio ambiente, pois mandá-los de volta ao seu destino de origem pode ser mais caro do que comprar um novo. Utilizar os contêineres marítimos como solução estrutural e vedação de construções é algo que vem crescendo no Brasil e no mundo, e sua adaptação para moradia ou fins comerciais tem alcançado alto prestígio no cenário da construção em vários países, por ter se mostrado flexível, versátil e sustentável. O presente trabalho, tem como temática principal avaliar as condições e as adaptações necessárias para tornar este tipo de construção totalmente habitável, ressaltando suas vantagens e desvantagens. A elaboração do estudo foi realizada por meio de pesquisas bibliográficas, e se inicia pela história do aço ( matéria prima do contêiner ), caminhando pela sua história, ainda quando utilizado para transportes, até se tornar um espaço habitável. Técnicas construtivas e de soluções para conforto ambiental são evidenciadas durante o trabalho, assim como referências projetuais que de alguma forma contribuem para o entendimento dos métodos utilizados para obtenção dos melhores resultados de um projeto sustentável, com conforto ambiental e
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custo-benefício favorável, favorecendo também como parâmetro para o projeto final.
Figura 02 : Contêiner Bar, maquete eletrônica. Fonte: acervo do autor
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Proposição Após todos os estudos e pesquisas realizadas acerca da temática do contêiner, surge o projeto '' Container Bar'' no qual consiste em uma construção realizada com o uso de contêineres marítimos reciclados, de 20 e 40 pés do modelo '' High Cube '' . A ideia deste empreendimento é de fornecer ao cliente comidas e bebidas, em um lugar descontraído e despojado, acompanhado de música e muita interação entre os usuários, assim como um bar convencional, porém com a temática do contêiner. Quatro contêineres de 40 pés e um contêiner de 20 pés, formam a composição do projeto que somado ao deck resulta em aproximadamente 410 metros quadrados de área útil. Aos Finais de semana , uma praça projetada ao lado, recebe em parceria, food trucks com variados estilos gastronômicos, para trazr público e movimento ao local.
Figura 04 : Implantação 2 Fonte: acervo do autor
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Figura 03 : Implantação 1 Fonte: acervo do autor
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O módulo um, funciona o bar e a cozinha industrial no primeiro pavimento contendo 41 metros quadrados e administração e terraço no segundo pavimento também contendo 41 metros quadrados.
Figura 05 : Plantas módulo 1 Fonte: acervo do autor O módulo dois, é uma área de uso dos clientes para refeições, a qual conta com cadeiras e mesas e um
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mezanino de estrutura metálica, somando 100 metros quadrados.
Figura 06 : Plantas módulo 2 Fonte: acervo do autor O terceiro e último módulo, funcionam os sanitários e área para depósito de materiais de limpeza, que possui 15 metros quadrados.
Figura 07 : Plantas módulo 3 Fonte: acervo do autor
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Referências SLAWIK, H. Container Atlas, A Practical Guide To Container Architecture. 1.Ed Berlin: Ed Gestalten, 2010 GAUZIN MÜLLER, Dominique Arquitetura Ecológica Editora Senac São Paulo, 2011 KOTNIK, J. New Container Architecture, Design Guide - Linksbooks, 2013, Barcelona, Spain KEELER, M. e BURKE, B. Fundamentos de Projetos de Edificações Sustentáveis, Bookman companhia editora JOHN C. BIRCHFIELD e RAYMOND T. SPARROWE - Design and Layout of Foodservice Facilities, John Wiley & Sons, Inc. ENGEL, H. Sistemas Estruturais, Gustavo Gili SL
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Figura 09 : Maquete eletrônica Fonte: acervo do autor
Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo
Figura 08 : Maquete eletrônica Fonte: acervo do autor
VIDA À VIDA Hospice para Cuidados Paliativos Felipe Sérvulo da Cunha Orientador : Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins
Resultante do envelhecimento populacional, cada vez mais convivemos com pessoas próximas desenvolvendo doenças crônicas ou sem expectativa de cura. Eles, que poderiam ser nós, usualmente passam seus últimos dias de vida em hospitais, recorrendo à tratamentos agressivos ou buscando novas alternativas experimentais. Sempre em busca da longevidade, nem sempre em busca da vida. O conceito de Cuidados Paliativos, vem ao encontro da vontade de viver com qualidade, até o dia da morte. Não é buscada, nem a longevidade forçada, nem o interrompimento da vida. O foco é exclusivo na qualidade de vida do paciente e de todos que o rodeiam, por meio do controle da dor e sintomas, apoio físico e apoio psicológico para o paciente e familiares. Centros exclusivos para esse formato de tratamento, são chamados de “Hospices”.
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Resumo
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Figura 01 : Desenho esquemático em perspectiva da proposição. Fonte: Acervo do autor.
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Introdução Muito se discute sobre nosso destino após a morte. Existe uma busca constante pela longevidade e a medicina moderna dispõe de conhecimento, técnicas e equipamentos para fornecê-la. Mas, por mais avançada que ela seja, não se pode impedir a morte indefinidamente, nem prevenir que as doenças se tornem terminais, crônicas ou progressivas. Com o envelhecimento populacional, precisaremos cada vez mais aprender a conviver com essas doenças. A Medicina Paliativa se propõe a ser benéfica dentro dessa tendência, e está centrada no cuidado humano e ético com o paciente. O cuidado deve ser constante e planejado. A comunicação do paciente com familiares e equipe deve ser delicada e verdadeira. Os Cuidados Paliativos contemplam uma série de ações focadas na melhoria da qualidade de vida de pacientes e familiares, através da prevenção e alívio do sofrimento, promovendo um controle da dor, controle dos sintomas causados pelas doenças e dando suporte psicológico, físico, social e espiritual até o final da vida. Os locais específicos para esse tipo de cuidado são chamados de “Hóspices”, que são como uma hospedaria, mas preparada com todo aparato médico e equipe que envolvendo além de médicos e enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e assistentes sociais. Tem horários flexíveis para visitas, ambientes para lazer, espaço para convívio com outros pacientes e familiares e contato com o público da região. Segundo a Worldwide Hospice Palliative Care Alliance (WHPCA), estima-se que 722 mil brasileiros precisam de cuidados paliativos, mas somente 5 mil efetivamente o recebem. No Brasil, existem muitas barreiras para centros específicos nesse tipo de tratamento se espalharem, de culturais a religiosas. Por este motivo, os hospices que trabalham hoje em dia no Brasil ocupam, em sua grande maioria, prédios adaptados de antigos hospitais ou casarões, o que ajuda na falta de conhecimento sobre o assunto. Portanto, objetivo deste trabalho será o desenvolvimento do projeto de um Hospice para Cuidados Paliativos na cidade de São Paulo, na região do Itaim Bibi, próximo ao Parque do Povo. O público alvo será de pessoas que sofrem de doenças crônicas ou terminais, que precisem ou não de cuidados constantes, e pessoas que conseguem se manter em casa durante a noite e precisam de um local de convivência preparado para passar o dia.
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Para o desenvolvimento e realização, se fez necessário um aprofundamento no tema e entendimento das necessidades médicas e pessoais dos pacientes, por meio de visitas à hospices no Brasil e estudo de programa e distribuição de ambientes de hospices do exterior.
Figura 02: Willson Hospice House. Fonte: Perkins + Will.
Figura 03: Livsrum Cancer Councelling. Fonte: EFFEKT.
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Proposição O programa foi pensado para atender as necessidades básicas pessoais dos pacientes, sempre com foco no bem-estar, com ambientes reservados e espaços para contato com o público da região, possibilitando integração total. Os ambientes foram projetados preferencialmente com fechamentos de vidro, permitindo a percepção da passagem do tempo, mudança do clima e direção do olhar. Distribuídos em um edifício térreo e um pequeno anexo separado, os ambientes foram divididos em cinco grupos: área pública, área de convivência, área médica, área administrativa e área privada. O formato e orientação da implantação no terreno criou grandes áreas nas laterais do edifício e uma pequena e reservada área no fundo. A frente e entrada do Hospice coincide com uma das entradas do Parque do Povo, no lado contrário da avenida.
Os dormitórios foram orientados para receber iluminação da manhã e evitar o sol forte da tarde, seguindo a recomendação da pesquisa no estudo do terreno.
Figura 05: Perspectiva do edifício proposto. Fonte: Acervo do autor
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Figura 04: Planta da Proposição. Fonte: Acervo do autor
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As árvores presentes nas áreas externas ao edifício são existentes no terreno e a decisão da implantação foi influenciada pela posição destas árvores, afim de evitar ao máximo a retirada de indivíduos arbóreos.
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Figura 06: Perspectiva esquemática do uso da praça. Fonte: Acervo do autor Na praça pública, existe a possibilidade da criação de feiras e atividades. Pode-se criar um calendário com pequenas feiras de artesanato ou de adoção, eventos de yoga coletiva, palestras ao ar livre, cinema, etc.As atividades na praça atrairão a população da região e servirão de incentivo para os pacientes saírem e conviverem com o público, aumentando a qualidade de vida e proporcionando uma maior convivência com a rotina da cidade.
Figura 07: Perspectiva da horta e praça. Fonte: Acervo do autor
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O pequeno bloco contento o ambiente de velório foi separado do edifício e implantado no lado contrário da praça pública para proporcionar maior privacidade aos familiares e amigos do velado. A escolha de dar as costas para a rua, com uma grande parede estrutural, também ajuda a criar esse ambiente mais reservado, mesmo sendo aberto. Entre o bloco e o edifício principal, foi criada uma pequena praça para comportar parentes, familiares e amigos em dia de uso. Na concepção do espaço, a relação entre o espaço público e o privado precisou ser bem estudada e dimensionada. Foram criados espaços com 4 níveis de interação entre os pacientes e o público.
Figura 08: Perspectiva do estacionamento e praça do velório. Fonte: Acervo do autor
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No primeiro nível, a convivência com o público da região é incentivada, na praça pública e na frutaria. Esses são os principais ambientes para se ter uma relação com o público externo e com a rotina da cidade. Encontrar, conversar e conhecer.O segundo nível de interação torna a relação um pouco mais visual. Esses ambientes zelam pela convivência física entre os pacientes, familiares e visitantes e pelo contato visual com o público externo. Esse nível está presente nas áreas de convivência. Presença constante de luz natural por meio de grandes aberturas de vidro possibilitam a relação constante com o exterior, sempre direcionando o olhar e possibilitando a percepção da passagem do tempo. Em ambientes mais íntimos, como os dormitórios e a área médica, o contato com o exterior é opcional. Aqui são os ambientes com o terceiro nível de interação. O paciente consegue olhar para o entorno do edifício e as atividades praticadas na praça, sem poder ser visto. Este é o mais importante dos níveis de interação, onde o paciente enxerga possibilidades de convivência e pode ser incentivado a visitar os ambientes com maior interatividade. Os ambientes mais íntimos são escondidos do contato visual com o exterior do edifício. Ambientes iluminados somente por cima, reservados para um descanso mais íntimo e meditação. Estes são os pátios internos, cada um reservado para um uso diferente. Anexo ao refeitório, possibilitando uma refeição externa. Anexo à sala de fisioterapia e academia, com gramado, zelando pela meditação. Anexo à biblioteca, com uma árvore, reservado para um uso silencioso, uma leitura solitária ou uma conversa tranquila.
Referências Academia Nacional de Cuidados Paliativos, Disponível em <http://www.paliativo.org.br/>, Acesso em 04 de abril de 2016. EFFEKT. Livsrum - Cancer Counselling Center. Disponível em <http://www.effekt.dk/work#/liv/>, Acesso em 04 de maio de 2016. FIGUEIREDO, Maria das Graças, Temas em psico-oncologia, São Paulo: Summus, 2008, p. 382-385 INTERNATIONAL ASSICOATION FOR HOSPICE AND PALLIATIVE CARE, Atlas de Cuidados Paliativos en Latinoamérica, Disponível em <http://cuidadospaliativos.org/uploads/2014/3/Atlas%20 Latinoamerica%20-%20edicion%20cartografica.pdf>. Acesso em 25 de abril de 2016.
SAUNDERS, Cicely; BAINES, Mary, & DUNLOP; R. J., Living with dying: A guide to palliative care, 3ª edição, Oxford: Oxford University Press, 1995. WORLDWIDE HOSPICE PALLIATIVE CARE ALLIANCE; WORLD HEALTH ORGANIZATION, Global atlas of palliative care at the end of life. Janeiro/2014. Disponível em <http://www.who.int/cancer/publications/palliative-care-atlas/en/>. Acesso em 15 de março de 2016.
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PESSINI, Leocir, Distanásia: Até quando prolongar a vida?, 2ª edição, São Paulo: Centro Universitário São Camilo, 2007, p 203.
Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo
PERKINS + WILL, Willson Hospice House, Disponível em <http://perkinswill.com/work/willson-hospicehouse.html>. Acesso em 08 de maio de 2016.
Centro de Referência em Moradia, Convivência e apoio para Idosos Larissa Wetzel Orientador: Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins
Figura 01: perspectiva. Fonte: acervo do autor
inclusive dos próprios idosos, desta forma o trabalho busca entender como se deu este processo, a visão da sociedade sobre o tema e o que é qualidade de vida para os que alcançam a terceira idade, além de analisar o surgimento dos asilos destinados aos idosos e suas simbologias. Para um país que se encontra cada vez mais idoso, a oferta de serviços destinados especificamente a esta população ainda é baixa. As questões de acessibilidade, conforto ambiental e ergonomia ainda são muitas vezes esquecidas, de forma que a falta de ambientes projetados com base nas necessidades deste público torna-se um problema que afeta a segurança e a qualidade de vida dos idosos, portanto, o objetivo final deste trabalho será o desenvolvimento de um projeto para um centro de referência que sirva de moradia para os idosos, além de garantir que estes tenham todo o suporte necessário para essa fase da vida, contando com lazer e oportunidades de integração com a sociedade, de forma a contribuir com a qualidade de vida e o envelhecimento saudável.
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O Brasil está passando por um processo de envelhecimento de sua população,
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Resumo
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Introdução Esse trabalho pretende apresentar o projeto para um centro de referência em convivência, moradia e apoio para idosos. Para o desenvolvimento do projeto será necessário entender o processo de envelhecimento da população no Brasil, as características desse público e suas necessidades, através de pesquisas de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e revisão bibliográfica. O público alvo compõe-se de idosos com grau de dependência 1 e 2 segundo a resolução RDC Nº 283/2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), sendo o grau 1, idosos independentes, mesmo que requeiram uso de equipamentos de autoajuda (óculos, bengala, cadeira de rodas, etc.), e o grau 2, idosos com dependência em até 3 atividades de autocuidado para a vida diária, tais como: alimentação, mobilidade, higiene, sem comprometimento cognitivo, ou com alteração cognitiva controlada. O objetivo do projeto é propiciar um ambiente em que os idosos possam viver, contando com todo o suporte necessário para sua saúde e com atividades diversificadas que permitam sua integração com a sociedade de forma a possibilitar o envelhecimento saudável. Os avanços da medicina preventiva e o ritmo de vida da sociedade contemporânea permitiram o envelhecimento da população brasileira, uma vez que a medicina preventiva gerou um aumento na expectativa de vida ao nascer, que segundo o IBGE, em 2000 era de 69,83 anos e em 2015 subiu para 75,44 anos. É possível notar também que o atual ritmo de vida da sociedade, onde a mulher busca cada vez mais por seu espaço no mercado de trabalho a fim de obter sucesso profissional, e o maior alcance da informação permitiu a queda das taxas de fecundidade, atualmente consideradas abaixo do nível de reposição, e natalidade, que em 2000 eram de 2,39 filhos/mulher e 20,86 nascidos/mil habitantes, respectivamente, caíram para 1,72 filhos/mulher e 14,16 nascidos/mil habitantes, como pode ser
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observado nos gráficos abaixo:
Figura 02: gráfico taxa de fecundidade total – Brasil – 2000 a 2015. Fonte: IBGE
Figura 03: gráfico taxa bruta de natalidade por mil habitantes – Brasil – 2000 a 2015. Fonte: IBGE
Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), realizada em 2011, atualmente o Brasil conta com 3.548 Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) atendendo 83.870 idosos, equivalente a 0,5% da população idosa, e estão localizadas em 28% dos municípios brasileiros, e dois terços destas instituições estão na região Sudeste, sendo que no município de São Paulo foram identificadas 1.219 instituições, número este que face ao processo de envelhecimento da população pelo qual estamos passando, é considerado insuficiente, uma vez que a demanda por cuidados fora do ambiente familiar aumentará decorrente do maior número de idosos, especialmente
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aqueles com 80 anos ou mais, e da dinâmica da sociedade onde a mulher tem cada vez mais espaço no mercado de trabalho, não restando tempo para os afazeres domésticos e nem para cuidar de seus familiares de idade avançada. Proposição O programa foi pensado de forma a proporcionar aos idosos um local confortável que garanta não apenas uma moradia, mas um local onde além de se sentirem em seu lar possam ter a oportunidade de integração e interação com diferentes pessoas, pois a socialização é questão importante para os idosos. Portanto foram inseridas no programa atividades de lazer e cultura com a possibilidade de interação com o público da região. O terreno escolhido ocupa a esquina da Av. Anchieta com a Rua S. Lima e nele foram dispostos
O edifício número 1 está inserido na Av. Anchieta e possui dois pavimentos: no pavimento térreo está localizada a recepção onde é feito o controle de acesso dos visitantes, um saguão de espera e convívio e todo o setor administrativo, por onde é feito o acesso dos funcionários separadamente; o pavimento superior é destinado as oficinas de informática, artesanato, música e conta também com uma sala multiuso. As oficinas oferecem a possibilidade de participação do público como forma de integração com os idosos e também podem servir como fonte de renda para o local através de eventuais cursos que
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Figura 04: implantação. Fonte: acervo do autor
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três edifícios interligados formando uma praça central.
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podem acontecer no mesmo. Além disso podem ser firmados convênios com escolas da região a fim de incentivar a troca de conhecimentos entre idosos, adolescentes e crianças. A cobertura do edifício 1 abriga um terraço jardim que é interligado ao edifício 2 através de uma passarela e o acesso acontece neste segundo edifício, que, não estando em frente a nenhuma das ruas, abriga os espaços de lazer e saúde. No pavimento térreo estão o café com acesso a praça central, uma biblioteca, uma piscina aquecida, além da enfermaria e psicologia; no pavimento superior encontram-se a academia de fisioterapia com vista para a piscina, um salão de beleza com serviços terceirizados, sala de estar e tv e uma sala de cinema; e no terceiro pavimento há um volume interligado ao edifício número 3 que abriga um salão de baile e eventos com acesso ao terraço jardim.
Figura 04: terraço jardim. Fonte: acervo do autor O edifício número 3, de uso residencial, fica localizado paralelo à Rua S. Lima. No pavimento térreo estão 5 suítes, o refeitório, a cozinha, e a lavanderia onde os idosos podem lavar suas próprias
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roupas caso queiram. Os pavimentos superiores contam com 10 suítes cada, sendo 8 duplas e 2 individuais, assim, este edifício conta com 35 suítes no total, sendo 7 suítes individuais e 28 suítes duplas, somando uma capacidade total de 63 idosos. A disposição dos 3 edifícios cria uma praça central de convivência e no restante dos espaços externos estão distribuídos um espaço ecumênico ao ar livre, uma academia da terceira idade, a horta e o viveiro. Margeando a divisa com os vizinhos há uma circulação de serviços que liga a Av. Anchieta à Rua S. Lima e é escondida por uma cerca viva que funciona como muro para o local juntamente com o gradil. As hortas e o viveiro possuem funções terapêuticas para os idosos, pois o contato com a natureza contribui para a qualidade de vida. Os vegetais são plantados e colhidos pelos próprios idosos e podem ser utilizados para a alimentação dos mesmos e/ou postos à venda para o público da região, assim como os artesanatos produzidos nas oficinas.
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Referências ABOIM, Sofia. Narrativas do envelhecimento: ser velho na sociedade contemporânea. Rev. Sociologia da USP, São Paulo, v.26, n.1, p.207-232. jun. 2014. BESTETTI, Maria L. T., Habitação para idosos: o trabalho do arquiteto, arquitetura e cidade. 2006. 184f. Dissertação (Doutorado em Estruturas Ambientais). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. CAMBIAGHI, Silvana. Desenho Universal: métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas. Editora Senac. São Paulo. 2007 FRANÇOSO, Fernanda Gomes. A comunicação para a saúde na ressocialização e autonomia do cidadão idoso. 2010. 133 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Comunicação Social, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2010. Cap. 1 GROISMAN, Daniel. Duas abordagens aos asilos de velhos: da clínica Santa Genoveva à história da institucionalização da velhice. Cadernos Pagu, Campinas, v. 13, n. 46, p.161-190, jun. 1999. HAZIN, Márcia M. V., Os Espaços Residenciais na Percepção dos Idosos Ativos. 2010. 151f. Dissertação (Pós-Graduação em Design). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2012. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em: 29 de março de 2016. INTERNATIONAL, Help Age (Org.). Global AgeWatch Index. 2015. <http://www.helpage.org/global-agewatch/>. Acesso em: 10 de maio de 2015.
Disponível
em:
NASRI, Fábio. O envelhecimento populacional no Brasil. Einstein. 2008;6 (Supl. 1): S4-S6. NBR 9050. Norma de acessibilidade a edificações, mobiliários espaços e equipamentos urbanos. 3 ed. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2015.
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ROJAS, Vera B. F., Contribuição para o planejamento de ambientes construídos destinados à convivência de idosos. 2005. 147f. Dissertação (Curso de Mestrado Profissionalizante em Engenharia). Escola de Engenharia da Universidade do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2005.
Ecocondomínio Inserido em centro comercial Mayra de Oliveira Hyodo
Resumo O Ecocondomínio é um condomínio residencial sustentável que segue com um partido sociocultural, mas também com interesse econômico imobiliário, já que sua prioridade é valorizar e proporcionar qualidade de vida para os ocupantes com sua premissa simples de obra por meios alternativos e ecológicos, adaptando a situação atual da cidade com necessidades atuais e futuras de forma consciente. Além disso a ideia é implementa-lo no centro comercial de São Paulo, a fim de revitaliza-lo através da rotina natural do dia a dia da população o que ajuda a valorizar a região.
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Figura 01 :Ilustração em 3D do Ecocondomínio. Fonte: acervo do autor
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Orientador : Prof. Ricardo Wagner
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Introdução O Ecocondomínio é a concretização de um projeto eficiente, da construção civil, para a convivência humana com os três fatores fundamentais para o equilíbrio global, que são elas: o social, o ambiental e o econômico. A necessidade da relação do homem com o meio ambiente esta sendo estudada a muito tempo, desde que o homem começou a compreender que toda matéria prima extraída do habitat gera um impacto futuramente com todo o globo, seja ela grande ou pequena, renovável ou não, praticamente toda matéria prima hoje usada para construção civil é limitada. Obviamente que com a grande escala das construções civis, os impactos ambientais logo ficaram nitidamente perceptíveis, toda população consciente começou a se preocupar com a qualidade de vida do futuro próximo se a produção continuasse com tal proporção. A sustentabilidade começou a ser estudada ano após ano, aprimorando técnicas alternativas para reduzir os impactos gerados ao meio ambiente, sabendo que em números gerais, a construção civil mundial demanda 40% da energia e um terço dos recursos naturais; emite um terço dos gases de efeito estufa; consome 12% da água potável e produz 40% dos resíduos sólidos urbanos. No viés social e econômico, contrata mundialmente 10% da mão de obra e o conjunto das atividades de construção movimenta 10% do PIB global (UNEP, 2009). No panorama brasileiro da construção, o consumo de água se aproxima de 16% (ANA APUD CETESB , 2010). O consumo de materiais é de 9,4 toneladas por habitante anualmente e a geração de resíduos sólidos atinge cerca de 500 Kg por habitante anualmente (JOHN, 2000). Para dados de empregos, a cadeia da construção produz 9,2% do PIB nacional e abriga nacionalmente 10 milhões de pessoas, sendo 69% relacionados ao setor da construção (FIESP, 2010). Na análise do consumo energético, o setor residencial brasileiro absorve 10,8% do total de energia consumida no País e, apenas em eletricidade, demanda 22,3% da geração nacional (EPE/MME, 2010). A infraestrutura de abastecimento de água e coleta de esgoto em áreas urbanas é bastante variável ao longo do País: a média de atendimento nacional é de 94,7% para índice de abastecimento de água e 50,6% para coleta de esgoto. A região sudeste é dotada de melhores
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condições de saneamento nas áreas urbanizadas, com taxas de 97,6% e 72,1%, respectivamente (SNIS, 2008). Esse estudo objetiva contribuir para a atividade da construção civil na constante identificação de melhorias e minimização dos impactos ambientais, sociais e econômicos, do setor e da sociedade. Sabendo disso o projeto segue com interesse em um terreno a venda próximo à Av. Tiradentes que hoje é um estacionamento com um grande potencial pela localidade de suprir todos os interesses do projeto, como; a inclusão do interesse imobiliário no centro histórico, necessidade por áreas verdes na região, facilidade de transporte para os moradores e ainda zelar a consciência ecológica melhorando a qualidade de vida dos habitantes sem prejudicar o meio ambiente. Uma das maiores inspirações de projeto que tive, foi com o estudo de caso “Bosco Verticale” em Milão – Itália, uma obra recente, inaugurada em 2015 . O projeto segue todo o partido citado aqui e hoje funciona perfeitamente a favor dos moradores e da cidade.
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Proposição O terreno: Topografia
Na condição atual do terreno a curva de nível realocada pelo proprietário, ficou muito próxima da outra no extremo leste do terreno, causando uma parede alta para quem esta na cota 723º e um “precipício” para quem esta na cota 725º. Há hoje uma barreira entre o pedestre e o terreno que é até viável para o uso atual, porém, na nova proposta a reintegração é essencial.
Figura 02 : Foto do desnível atual do terreno. Fonte: acervo do autor Na proposta um aterramento parcial do terreno, que será integrado ao projeto e irá reintegrar o terreno novamente para as duas ruas circundantes, facilitando o acesso ao condomínio abrindo mais opções, tanto para o conforto, como para a organização operacional. O terreno: Posição do sol A posição proposta do edifício à 45º em relação ao Norte, foi implementada para os edifícios receberem sol o dia todo, com o sol irradiando diretamente na fachada Leste, Oeste, parcialmente na fachada Norte no começo do dia e parcialmente na fachada Sul no final do dia.
Cada apartamento terá apenas uma vaga de garagem, como incentivo a preferência por transportes alternativos, portanto o estacionamento terá somente um andar, com vaga para motos e visitantes.
Figura 04: Projeto arquitetônico – Planta esquemática do subsolo. Fonte: acervo do autor A implantação A importância da saúde mental e física dos moradores é realmente importante e inspirou em valorizar o máximo possível da área comum externa, para atividades físicas. O público atraído possivelmente será um púbico já consciente, sensibilizado com a premissa proposta pelo espaço e ajudará a fazer parte de seu funcionamento efetivo. Considerando que isso é uma hipótese, todo morador será conscientizado com regras e advertido (se for necessário) para um controle maior da ordem e organização singular proposta pelo condomínio. Além do espaço ser completamente sociável entre os condôminos, haverá um espaço público/ privado, que fornecerá serviços temporariamente, nos diferentes dias da semana. Com a estrutura igual
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O subsolo
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Figura 03: esquema de insolação do terreno Fonte: acervo do autor
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a de uma feira, porém com a versatilidade de comportar diversas finalidades. Dessa forma garantimos um lucro extra para o condomínio com a locação das barracas e reintegrando os moradores com a cidade e a cidade com os moradores. Espaços propostos para área comum:
Figura 04: Projeto arquitetônico – Planta de Implantação. Fonte: acervo do autor
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31 - Banheiro Unisex 32 - Banheiro PNE 33 - Hall de Entrada 34 - Banheiro Masculino 35 - Banheiro PNE 36 - Cozinha 37 - Banheiro Feminino 38 - Salão de Festas Infantil
39 - Salão de Jogos Infantil 40 - Salão de Festas Adulto 41 - Bosque 42 - Lounge para leitura 43 - Redário 44 - Portaria 2 44 - Bicicletário 45 - Portaria 1
1 - Hall de Entrada 2 - Banheiro PNE 3 - Banheiro Masculino 4 - Banheiro Feminino 5 - Banheiro Masculino 6 - Banheiro Feminino 7 - Espaço Home Office 8 - Spa 9 - Brinquedoteca 10 - Espaço Criativo 11 - Banheiro Masculino 12 - Banheiro Feminino 13 - Piscina 14 - Solarium 15 - Academia 16 - Horta Orgânica 17 - Quadra Poliesportiva 18 - Espaço Pet 19 - Área externa destinada para Feiras semanais 20 - Copa com Armários 21 - Banheiro Masculino 22 - Banheiro Feminino 23 - Churrasqueira e Espaço Gourmet 24 - Mesas com Guarda - Sóis 25 - Playground 26 - Salão de Festas Adulto 27 - Banheiro Masculino 28 - Banheiro Feminino 29 - Banheiro PNE 30 - Cozinha
Obs 2: O bicicletário terá estacionamento para bicicletas dos próprios moradores, como também terá bicicletas do condomínio disponíveis para o uso dos exclusivo dos condôminos, com controle de cadastramento.
Figura 05: Projeto arquitetônico –Cortes. Fonte: acervo do autor
Plantas tipo: Serão 6 apartamentos por andar, dividindo o core central e estrutural, responsável pela circulação vertical do edifício. A variação de tamanho dos apartamentos será mínima (60m2, 70m2 e 80m2), pela intenção de não haver grandes diferenças de classes sociais. A forma oval do pavimento segue a mesma linha de raciocínio dos iglus. A forma arredondada favorece no conforto térmico, fazendo com que o vento desvie com mais facilidade, mantendo a temperatura interna estável. Todos os pavimentos terão um paisagismo que fará parte da fachada, isso ajudará no conforto térmico, pois as plantas fazem o processo de umidificação do ar, tornando o ambiente muito mais fresco, sem contar com a melhoria da qualidade do ar, da fauna e flora. A configuração diferente é para favorecer a incidência de luz natural para o apartamento e principalmente para a vegetação. Os canteiros terão sistema de irrigação própria, os pavimentos terão
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3 tamanhos e configurações diferentes, que mudará de tamanho apenas na área da sacada, favorecendo a vegetação proposta para a fachada.
06: Projeto arquitetônico – Plantas tipo. Fonte: acervo do autor A feira: A proposta da feira, é trazer movimento e a praticidade do comércio de consumo essencial do cotidiano. A feira acontecerá 3 vezes por semana, sempre intercalando os temas, sendo eles: - Feira de Produtos orgânicos - Feira de Gastronomia - Feira de Livros Uma vez por mês, ocorrerá o “mercado das pulgas” muito conhecido em Paris por ajudar a revitalizar seu centro histórico. O “mercado das pulgas” consiste em venda de bens antigos, usados e outras mercadorias, inclusive de fabricação artesanal. Terá espaço para 6 barracas fixas e uma praça central ao meio com cobertura vazada em forma de circulo. A esquerda, parklets feito em madeira. Para os comerciantes terá uma área e suporte como banheiros e copa de uso exclusivo. Essa área permanecerá fechada, será aberta somente em dia de feira. A administração da feira será feita somente pela Portaria 2(mantendo a segurança dos condôminos). Sustentabilidade no Condomínio: - Churrasqueira/Espaço Gourmet - Espaço para Feira
Nos apartamentos:
- Economia nos materiais de obra; - Maior reaproveitamento possível de material - Vegetação da fachada favorecem a fauna e flora; - Produtos sanitários que economizem água; - Produtos de elétrica que economizem energia.
- Portarias - Academia
Painéis Fotovoltaicos:
- Churrasqueira ecológica que não gera resíduos. - Churrasqueira e academia com paredes em taipa e cimento.
Iluminação das áreas comuns:
Cobertura:
Postes de iluminação solar nas áreas externas
Telhado verde com captação da água da chuva em ambos os edifícios e nas áreas comuns:
Referências - IBGE – Instituto Brasileiro de Economia e Estatística – Atlas do Censo Demográfico 2000. in : (26/09/2007) http://www.ibge.gov. br/home/presidencia/noticias/pdf/ 29122003atlascenso.pdf - VAN LENGEN, Johan. Manual do Arquiteto Descalço. Editora B4 editores 2004. - MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE; SINDUSCON/SP. Conser- vação e reuso da água em edificações. Editora Gráfica São Pau- lo, junho de 2005. - PICORAL SOLANO, Rosana. Arquitetura Sustentável X ganho Ambiental. Porto Alegre: EDIPUC. 2008 - SILVESTRE MEDEIROS, Jonas. Construção 101 perguntas e respostas/dicas de projetos, materiais e técnicas. Editora Manole 2013. - MALVEZZI, Mariana. Sustentabilidade e Emancipação – a gestão de pessoas na atualidade. Editora Senac São Paulo 2014.
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Área Comum:
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- Serão adaptados para receber 80 placas fotovoltaicas, para alimentar as áreas comuns do edifício, isso equivale a uma economia de 1800kW por dia por edifício.
Esta revista foi produzida em dezembro de 2016 pelo ARQLAB, com as famílias tipográficas Arial, Cambria e Futura.
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