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Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo Centro Universitรกrio Senac

V. 2, N. 4 - 2017

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revista do tcc

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Centro Universitário Senac, ARQLAB Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo Volume 2 número 4 - Revista do TCC 2017 | 2 / ARQLAB. Centro Universitário Senac - São Paulo (SP), 2017. 362 f.: il. color. ISSN: xxxx-xxxx Editores: Ricardo Luis Silva, Valéria Cássia dos Santos Fialho Registros acadêmicos (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2017. 1. Divulgação Acadêmica 2. Produção discente 3. Trabalho de conclusão de curso 4. Graduação 5. Arquitetura e Urbanismo I. Silva, Ricardo Luis (ed.) II. Fialho, Valéria Cássia dos Santos (ed.) III. Título

BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

REVISTAS DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO v. 2 n. 4 - revista do tcc 2017_02 edição #03 FICHA TÉCNICA: Coordenação de curso e Editora da revista: Profa. Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho Edição e programação visual: Prof. Dr. Ricardo Luis Silva Produção e organização: ARQLAB


Apresentação

Este volume apresenta os Trabalhos de Conclusão de Curso da Turma 2013-1 do Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Senac, sintetizados pelos seus autores na forma de pequenos ensaios. Os trabalhos estão organizados em 6 Linhas, sob orientações dos professores abaixo listados: L1: Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo Prof. Dr. Ricardo Luis Silva L2: Arquitetura do Edifício Profa. Dra. Valéria Fialho e Prof. Esp. Artur Katchborian L3: Patrimônio Arquitetônico e Urbano Prof. Me. Ralf Castanheira Flôres L4: Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem Profa. Me. Marcella Ocke e Profa. Me. Rita Canutti L5: Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia Prof. Dr. Gabriel Pedrosa e Prof. Dr. Nelson Urssi L6: Tecnologia aplicada ao projeto de Arquitetura e Urbanismo Prof. Me. Ricardo Wagner Martins

Os trabalhos na íntegra podem ser acessados no endereço virtual abaixo: https://issuu.com/senacbau_201301 Profa. Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho


Linha 1 Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

07

CEMEI Campo Limpo: Escola de Educação Infantil e os Espaços de Aprendizagem Alessandra Braz de Godoy

09

Centro educacional para crianças na Vila Leopoldina: Libertando espaços de ensino Beatris de Fátima Gonçalves Santos

15

Arquitetura cristã além da construção de templos: centro de cultura e aprendizado cristão Camila Cantu Silva

21

EDKS Escola de dança Kleine Szene: Uma nova maneira de pensar o ensino da dança Gustavo Souza Ramalho

27

O espaço como educador e aprendiz: Estruturas efêmeras para uma cidade democrática Matheus Augusto Gomes de Mello Alexandre

33

CEI Dona Zizi de Almeida: Repensando espaços educacionais para uma melhor aprendizagem infantil Paula Luíse Martins

39

Linha 2 Projeto do Edifício

45

CIEC - Centro de Inovação e Empreendedorismo criativo: Campus Vila Leopoldina Ana Flávia de Siqueira Simão

47

Habitação de Interesse Social Acessível: Um novo desenho de Habitação Camila Faria Zambom

53

Novartis São Paulo Head Offices Masterplan: transformando um campus empresarial Camila Palmiere da Silva

59

Casa Igaratá Claudia Nunes Fedorczuk

65

Concurso SESC Limeira Isabela Martinez Vergilio

71

A Casa Econômica: Alternativas para uma residência de baixo custo Johnata Mira Munhoz de Melo

77

Residência em São Pedro: Um novo olhar às residências para a melhor idade Júlio César Gonçalves do Carmo

83

Habitação unifamiliar de baixo custo em Mauá/SP: casa Denise e Dirce Leticia Ortega Chiste

89

Centro Comunitário Jardim Ângela Lhuara Thalles Costa Dalpra Ferreira

95

[FAU]: Um espaço de referência para o ensino de Arquitetura e Urbanismo Manoela Machado Carvalho

101

Centro de excelência em música e dança Mariana Dellamatriz de Lima Muhamad

107


Centro de Pesquisa em Agricultura Urbana na Vila Leopoldina Renan Scarpato

113

Outside: edifício multifuncional Roberta Pascale Giarrante

119

Centro de acolhida - República Vanessa Megumi Uehara

125

Linha 3 Patrimônio Arquitetônico e Urbano

Novomundo, MT : Território, identidade e memória Bruno Henrique Antunes

Requalificação do espaço: uma síntese do entorno da Praça Marechal Deodoro Cássio Patti Gaulez Bixiga Multifuncional: uma proposta de ocupação Gabriel Lima Garcia

Centro Técnico Audiovisual: Intervenção nas ruínas de São Miguel das Missões Letícia Maria Miranda Moreira Espaços da Memória: A arquitetura do Sentir Mariana Islas Ferraz

Moradia coletiva no bairro da Santa Ifigência sob a perspectiva da identidade do centro tradicional Phillip Marques Schmidt

Linha 4 Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

131 133 139 145 151 157 163

169

Mobilidade urbana no Brás: a vez do pedestre Augusto Lotufo de Assis

171

Requalificação da Praça Waldemar Frasseto: projeto paisagístico Beatriz Aquino Bernardes

177

Da análise territorial ao projeto: proposta de tratamento dos espaços livres lindeiros ao Córrego Itapaiúna como estratégia de ressignificação das dinâmicas socioespaciais Felipe Farina Borges Fortes

183

Requalificação da Rua Marechal Deodoro em São Bernardo do Campo Fernanda Damasceno Torres

189

Ensaios Urbanos Filipe Yari Tikkanen Negrão

195

Conjuntos Habitacionais em Periferia: Multifuncionalidade como alternativa para expansão urbana Gabriela Setim

201

A possibilidade de tratamento do espaço público na Operação Urbana: Setor Brooklin Isabel Cunha de Carvalho Galindo

207

Requalificação Urbana Avenida Dona Belmira Marin Jaqueline Oliveira Chaves

213


Parque Linear Guarapiranga Kerollay Pereira da Silva Andrade

219

Conjunto Habitacional João Gaspar Lais Natali Silva Ribeiro

225

Requalificação nas imediações da Berrini Letícia Thimoteo Cabral

231

HIS: A retomada ao morar no centro de São Paulo Maurício Moreira dos Santos

237

Redescobrindo o Córrego Cachoeira: Parque Chácaras Marco Priscila Santana Souza

243

Jardins Terapêuticos: Praça Nicolau de Moraes Barros Thaís Brockveld Gomes

249

Proposta de requalificação da Praça jornalista Carlos Alberto Bottini Thais Ferreira da Silva

255

Linha 5 Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

261

Abrigo emergencial temporário: arquitetura efêmera para situações emergenciais no Brasil Beatriz de Araújo Francisco

263

INTERCIDADE: Centro Colaborativo de Criatividade Cibele Rocha da Silva

269

Projeto cenográfico “A Tempestade” de William Shakespeare em um espaço não convencional Gabriela Stain Gatti

275

Espaço lúdico no Ibirapuera: diversão e inclusão Giovana Funatsu

281

Arquitetura modular para habitação: criação de um sistema modular Julia Gonçalves Bonvicini

287

Projeto Firework Lucas Bueno Casarin

293

Coletivo Z.L.: arte e cultura colaborativa Lucas de Oliveira Heringer

299

Projeto de Arquitetura Efêmera: Festival da Literatura Brasileira Mattheus Silva

305

Adaptação de um ônibus para motorhome e o estilo de vida dos viajantes Paola Palmieri Barbagallo

311

A cidade e os seus signos gráficos: grafite e pichação como intervenções urbanas Stefani Mesquita da Silva

317

Centro SINERGIA de Cultura e Arte Tábattha de Arruda e Silva Tomaz

323


Linha 6 Tecnologia Aplicada ao projeto de Arquitetura e Urbanismo

329

CAPS: Centro de Atenção Psicossocial especializado em transtorno mental Brenda Piedade da Silva

331

Espaço CRIAR: Criança, Imaginação, Arquitetura. Uma creche no Brooklin Bruna de Cássia Arruda

337

POSHTEL: um novo conceito de hospedagem Camila Melo Martin

343

CUIDAR: Centro de saúde e amparo animal Jessica Alves Miracco

349

Casa Maria: a humanização da arquitetura no ambiente hospitalar Larissa Costa da Silva

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Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

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CEMEI Campo Limpo Escola de Educação Infantil e os Espaços de Aprendizagem Alessandra Godoy Orientador: Prof. Dr. Ricardo Luis Silva

Este presente Trabalho de Conclusão de Curso tem como finalidade apresentar um projeto arquitetônico para uma instituição de ensino voltada à educação infantil, englobando crianças de zero a seis anos de idade, localizada no bairro do Campo Limpo. Período este que especialistas classificam como primeira infância, em que ocorre significativo desenvolvimento físico, cognitivo e sócio afetivo humano. Diante disto buscou se criar para o projeto, espaços flexíveis e interativos, que possibilitasse um pleno desenvolvimento destas capacidades, através de um aprendizado múltiplo e estimulante.

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Resumo

Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

Figura 01: Pátio também serve se suporte para o aprendizado. Fonte: acervo do autor.


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Introdução As experiências e capacidades adquiridas na primeira infância impactam de forma significativa o restante de nossas vidas, influenciando as relações interpessoais e as potencialidades de cada indivíduo. A figura 2 abaixo mostra como quanto mais cedo ocorre o investimento em capital humano maior o retorno do investimento. Não só o projeto pedagógico e os professores têm influencia na construção no saber dos alunos, outros fatores também possuem esse poder, sendo um deles o espaço. Por isso a escola deve ser um ambiente acolhedor e seguro que atenda as necessidades das crianças.

Figura 02: Gráfico taxa de retorno x idade. Fonte: Núcleo pela Primeira Infância. Uma pesquisa por projetos educacionais que pensaram o espaço como um agente educador foi importante como referência projetual. A pesquisa evidenciou a importância de certos aspectos, como a posição central do pátio, espaços flexíveis e interativos, pensados para a escala das crianças. A escolha do terreno foi feita levando em consideração isto e a necessidade existente no município de São Paulo

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Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

da criação de novas escolas.

Figura 03: Localização do terreno. Fonte: acervo do autor.

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Proposição Depois da analise do terreno e de seu entorno foi possível elaborar o programa de necessidades e alguns estudos preliminares, que culminaram no projeto que será descrito a seguir. Um dos pontos norteadores do projeto foi pensar em como aproveitar melhor o desnível que o terreno apresenta, para isso o programa de necessidades foi dividido em blocos, sendo eles administração, área de apoio (composto pela cozinha, refeitório, depósitos e banheiro com vestiário), ambiente integrador e berçário. O bloco da administração foi posicionado de forma a facilitar o acesso pela Rua João Pires Antunes, onde foi criada uma entrada de serviço, destinada aos professores, atendimento aos pais e estacionamento. Enquanto que os demais blocos foram posicionados voltados ao pátio. Em toda a frente principal do terreno, na Rua Professor Oscar Campiglia foi criada uma pequena praça, em vista que as áreas verdes da região são escassas, é nesta praça também que foi colocada a entrada principal.

Figura 04: esquema volumétrico. Fonte: acervo do autor

gógicas do dia-a-dia da escola, além de ponto de chegada e saída dos alunos. As coberturas do pavimento inferior servem também de pátio descoberto, com a instalação de brinquedos. O acesso ao pavimento inferior pode ser feito através de um elevador ou uma escada comum. O primeiro subsolo foi destinado ao “corpo” da escola, onde as principais atividades do dia-a-dia serão desenvolvidas, por ser uma área mais reservada estando abaixo do nível da rua principal. Neste pavimento foram designadas no bloco da educação infantil (marcado em azul na figura 06 na página seguinte) as salas de atividades, uma sala multiuso e um pequeno pátio interno. O bloco destinado ao berçário (marcado em amarelo na figura 6) possui uma sala de atividade e duas salas de descanso específicas para os alunos de zero a três anos, lactário, fraldário e uma sala de descanso para os alunos de três a seis anos que pode ser convertida também em sala de vídeo.

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banheiros, bebedouros e mobiliário flexível tendo como função servir de apoio para as atividades peda-

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O pavimento térreo é composto por uma grande área coberta, equipada com um conjunto de


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O bloco que contem as áreas de apoio (marcado em rosa na figura 6 abaixo), como refeitório, cozinha, depósitos e banheiro com vestiário, serve também para dividir a área pedagógica da administrativa. No bloco administrativo (marcado em laranja na figura 6) foram dispostas a diretoria, as coordenações, a secretaria, a sala dos professores e a sala de reunião em um ambiente único. O acesso ao estacionamento no pavimento inferior pode ser feito através do elevador ou por meio de uma escada localizada ao lado dele.

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Figura 05: Planta do pavimento térreo. Fonte: acervo do autor

Figura 06: Planta do primeiro subsolo. Fonte: acervo do autor

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Como dito anteriormente o projeto foi pensando de forma a aproveitar o desnível que o terreno apresenta com a entrada principal definida no ponto mais alto da Rua Professor Oscar Campiglia foi preciso analisar as alturas necessárias para os pavimentos, conforme a figura 7 abaixo ilustra, e a área útil que o terreno apresenta em cada nível. Sendo assim o bloco da área de apoio foi posicionado de forma que esse se ajustou as curvas de nível e definiu o nível em que os outros blocos ficariam.

Figura 07: Corte A. Fonte: acervo do autor As intenções deste Trabalho de Conclusão de Curso foi discutir a qualidade dos espaços de ensino voltados à educação infantil, e a importância de se pensar neles como um agente educador. Sob tal a atuação do arquiteto não é neutra. Ao fim desse processo tão rico, percebe-se que é necessário continuar esta discussão, para que a sociedade como um todo de mais valor e atenção às necessidades das crianças, que irão contribuir com o futuro de nosso país e também do mundo. Referências COMITÊ CIENTÍFICO DO NÚCLEO CIÊNCIA PELA INFÂNCIA. Estudo nº 1: O Impacto do Desenvolvimento na Primeira Infância sobre a Aprendizagem. 2014. Disponível em: <http://www.ncpi.org.br> KOWALTOWSKI, D. Arquitetura escolar: o projeto do ambiente de ensino. São Paulo: Oficina de Textos, 2011.

PREFEITURA DE SÃO PAULO, SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. Demanda Escolar. Portal da Secretaria Municipal de Educação. 2017. Disponível em: <http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Main/Noticia/Visualizar/PortalSMESP/Demanda-Escolar> BRASIL, MEC, SEB. Parâmetros nacionais de qualidade para a educação infantil. Brasília: MEC/ Secretaria de Educação Básica, 2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/eduinfparqualvol1.pdf > FERNANDES, O; ELALI, G. Reflexões sobre o comportamento infantil em um pátio escolar: o que aprendemos observando as atividades das crianças. Paidéia (Ribeirão Preto) [online]. 2008, vol.18, n.39, p.41-52. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0103-863X2008000100005>

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FUNDAÇÃO MARIA CECÍLIA SOUTO VIDIGAL. Primeiríssima infância: creche: necessidades e interesses de família e crianças. São Paulo, 2017. Disponível em: <http://www.fmcsv.org.br/ptbr/acervo-digital/Paginas/Ibope-Creche.aspx>



Centro Educacional para crianças na Vila Leopoldina Libertando espaços de ensino Beatris de Fatima Gonçalves Santos Orientador : Prof. Dr. Ricardo Luis Silva

Figura 01 : Panorama do terreno a ser estudo. Fonte: acervo do autor

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O ensino no pais, como é de conhecimento geral e tema de discussão acadêmica, é um dos aspectos mais importantes do investimento público e privado, sendo parte essencial da formação do indivíduo. O objetivo deste trabalho é abordar o papel do arquiteto como responsável pelas definições das características físicas do ambiente escolar. Sendo assim, a arquitetura escolar tem o papel de libertar a infância que hoje é reprimida com negligencia na educação e na carência de espaços para estudos. Observou-se que na prática as relações entre espaços internos e externos são ignoradas, desde o programa de necessidades, onde os ambientes aparecem apenas descritos com relação às suas dimensões físicas. Descreve-se o pátio como um espaço limitado às suas dimensões físicas e não entendido como um conceito ampliado de uso educacional das áreas livres. Esses pátios são áreas que incorporam as atividades de lazer, atividades pedagógicas que impliquem ou não na necessidade de espaços externos.

Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

Resumo


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Introdução A educação tem um valor incalculável na construção e no desenvolvimento do indivíduo, considerando seu caráter libertador, que se concretiza na busca pela plena formação do indivíduo e consolidação de uma melhoria na comunidade. As questões relacionadas ao processo educacional têm sido foco de muitas discussões no Brasil, levantando questionamentos sobre sua qualidade, e comprovando esta tendência através de avaliações de desempenho, aplicadas a alunos de escolas públicas. Tais avaliações demonstram a necessidade de se tratar a educação como prioridade, dada sua importância na preparação dos indivíduos para a vida adulta, e para a construção de uma sociedade mais justa e humana. Sob essa ótica, a escola tem o dever de constituir um espaço plural, em que se desenvolvem ações de caráter acadêmico-pedagógico, com a qualidade e a responsabilidade que se deve a nossas propostas educativas. Além disso, um número crescente de estudos demonstra uma relação direta já existente entre a qualidade do espaço físico e o desempenho acadêmico dos alunos.

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Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. (BRANDÃO, 2007, p. 7)

Figura 02 : Planta baixa da implantação no terreno. Fonte: acervo do autor

Proposição O trabalho tem como proposta o desenvolvimento de um projeto arquitetônico de um centro educacional de ensino fundamental brasileiro, formação básica do cidadão. Segundo o artigo 32º da LDB (Lei de Diretrizes e Bases), é necessário: I - O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;

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IV - O fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. V - Anos Iniciais – compreende do 1º ao 5º ano, sendo que a criança ingressa no 1º ano aos 6 anos de idade; VI - Anos Finais – compreende do 6º ao 9º ano; Sendo assim, a proposta é de uma escola de Educação Básica, localizada no bairro Vila Leopoldina, região Oeste de São Paulo, para número 630 de crianças partir dos 6 anos de idade. O centro educacional tende a criar um espaço de lazer com áreas verdes e ambientes de estudos diversos.

Figura 03: Foto do Terreno a ser estudo. Fonte: acervo do autor Para o desenvolvimento do projeto foi feito inicialmente um estudo de outras escolas com o mesmo padrão, para auxiliar a execução do projeto, e em seguida foi realizado um organograma de fluxos, de acordo com o programa de necessidades baseado no programa da FDE, mantendo o partido de aproveitamento do espaço para criar um grande pátio a céu aberto.

A divisão do programa de necessidades foi setorizada, prezando pela circulação e acessibilidade. Assim o prédio pedagógico, localizado do lado esquerdo, a lamina dos fundos e o setor administrativo ficará perto da entrada, para fácil acesso de funcionários e visitantes. A entrada na área administrativa se dá pelas duas escadas nas extremidades do prédio.

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Figura 04: Render do projeto. Perspectiva em 3D. Fonte: acervo do autor

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O projeto é formado em forma de “C”, que possuem uma circulação superior em forma de varandas, que se abrem para o exterior, para manter o foco da visão no pátio. Os prédios das laterais formam passarelas, gerando um vão livre, para quem entra e está na parte térrea possa ver toda a parte de livre e arborizada do terreno.


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O restante do prédio é voltado para salas de aulas, sendo 21 salas de aulas, 30 alunos por sala. Terá também sala de Informática, sala de Uso Múltiplo e demais ambientes destinados ao programa escolar, bem como um ambiente de estudo junto com a biblioteca. O térreo foi desenhado para proporcionar um espaço público, onde os alunos pudessem interagir fora das salas de aula, com uma arquibancada localizada ao centro do pátio que proporciona a versatilidade de se tornar um pequeno auditório ou palco para apresentações, se tornando uma possibilidade para o professor em poder ensinar fora da sala, bem como um ponto de descanso para as crianças. O pátio a céu aberto é projetado para aproveitar as árvores já existentes do terreno e torná-lo amplo, para tornar a experiência de quem a usufruir mais prazerosa, permitindo que a criança solte a imaginação e se sinta livre para exploração. As quadras esportivas, ao lado do terreno de estudo, consistem atualmente em um clube de tênis. Ao ver a necessidade de mais espaço para as quadras da escola, como proposta utilizo as quadras existente, ligando a escola ao clube. Com base em pesquisas, a residência que toma uma pequena parte do clube é irregular, então a removemos. Assim, consigo realocar as quadras ao meu favor e desloco o estacionamento, que inicialmente estaria na frente da fachada, mantendo o foco na fachada lúdica da escola. Um pequeno diferencial a ser projetado é um escorregador localizado no segundo andar, com acesso pela biblioteca/ambiente de leitura.

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Figura 05: Render do projeto. Perspectiva em 3D do escorregador. Fonte: acervo do autor

Figura 06: Render do projeto. Perspectiva em 3D. Fonte: acervo do autor É preciso deixar o espaço suficientemente pensado para estimular a curiosidade e a imaginação da criança, mas incompleto o bastante para que ela se aproprie e transforme esse espaço através da sua ação. Mayumi Souza Lima (1989)

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Figura 07: Render do projeto. Perspectiva em 3D da Fachada apelidada de Marshmallow. Fonte: acervo do autor Referências "Centro de Ciências Ivanhoe Grammar / McBride Charles Ryan" [Ivanhoe Grammar Senior Years & Science Centre / McBride Charles Ryan] 15 Set 2017. ArchDaily Brasil. (Trad. Moreira Cavalcante, Lis). <https://www.archdaily.com.br/br/879534/centro-de-ciencias-ivanhoe-grammar-mcbride-charles-ryan> "Colégio Lusitania Paz de Colômbia / Camilo Avellaneda" [Colegio Lusitania Paz de Colombia / Camilo Avellaneda] 19 Nov 2016. ArchDaily Brasil. (Trad. Santiago Pedrotti, Gabriel). <https://www.archdaily.com.br/br/799410/colegio-lusitania-paz-de-colombia-camilo-avellaneda> "Parque Educativo de Marinilla / El Equipo de Mazzanti" [Marinilla Educational Park / El Equipo de Mazzanti] 06 abr 2016. Plataforma Arquitectura. <https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/785036/parque-educativo-de-marinilla-el-equipo-demazzanti>

“CEU Butantã” [VD arquitetura / Cristiano http://www.vdarquitetura.com.br/CEU-butanta>

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"Jardim de infancia 'Els Colors' / RCR Arquitectes" [Guarderia 'Els Colors' / RCR Arquitectes] 17 Ago 2013. ArchDaily Brasil. (Trad. Santiago Pedrotti, Gabriel) <https://www.archdaily.com.br/134703/jardim-de-infancia-els-colors-slash-rcr-arquitectes> "Jardim de Infância de Cultivo / Vo Trong Nghia Architects" [Farming Kindergarten / Vo Trong Nghia Architects] 26 Jan 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Santiago Pedrotti, Gabriel) <https://www.archdaily.com.br/br/760033/jardim-de-infancia-de-cultivo-vo-trong-nghia-architects> "Colégio Pies Descalzos / Giancarlo Mazzanti" [Colegio Pies Descalzos / Giancarlo Mazzanti] 28 Out 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Sbeghen Ghisleni, Camila) <https://www.archdaily.com.br/br/734163/colegiopies-descalzos-giancarlo-mazzanti> “Nanyng Primary School” [Studio505] March 2016. <https://architizer.com/projects/nanyang-primaryschool/>

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escola parque” [Marialia Alice Junqueira / artigo edição 178 – janeiro <http://www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/178/a-escola-parque-ou-o-sonho-de-umaeducacao-completa-em-122877-1.aspx>

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Arquitetura Cristã Além da Construção de templos: Centro de Cultura e Aprendizado Cristão Camila Cantu Silva Orientador : Prof. Dr. Ricardo Luis Silva

Vivemos num país muito rico culturalmente, onde as pessoas são livres para escolher qual ou quais religiões seguir. Este, entre outros fatores, têm permitido que a comunidade evangélica cresça muito em número atualmente. Mas com o passar do tempo, parte dessa grande comunidade traduziu esse crescimento numérico em poder, num sistema que não prepara os fiéis para um papel dinâmico na cultura secular. Por isso, este trabalho traz consigo a tarefa de moldar tal discussão na linguagem arquitetônica, com base na teologia da cultura, que entende que a compreensão de Deus está além do espaço físico de um templo, mas que Ele também se revela nas manifestações culturais; envolvendo assim, questões que relacionam o indivíduo, a fé cristã evangélica e a cultura brasileira. 1 21

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Resumo

Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

Figura 01: Vista da Praça do Estudante pela varanda do alojamento. Fonte: Imagem Autoral


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Introdução Dados do IBGE apontam que entre os anos de 2000 e 2010 o número de cristãos evangélicos cresceu de 15,5% para 22,4% da população do Brasil, ou seja, aumentou 61% nesse período. Além disso, quase metade dessa comunidade, com mais de 25 anos de idade, não apresenta um nível de instrução considerável ou possui o nível fundamental incompleto. Isto configura uma situação complicada, pois este crescimento pode ser apenas resultado do marketing realizado nos meios artísticos mais populares como a música, cinema e literatura, que está sendo bem aceito pela população; ou mesmo um reflexo de uma sociedade líquida – fazendo referência a Zygmunt Bauman – onde as pessoas não conseguem pensar a longo prazo, traduzir seus desejos em um projeto de longa duração e buscam sempre o prazer individual. A bíblia, em diversos trechos, fala sobre a grande preocupação que Deus demonstra quanto ao conhecimento do povo e como muitas vezes ele está descontente com os ensinamentos que os sacerdotes estavam servindo ao Seu povo. Oséias 4:6 relata um desses trechos: “O meu povo é destruído porque não me conhece, e a culpa é de vocês, sacerdotes, porque se recusam a me

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conhecer.”

Figura 02: Imagem utilizada na Capa do trabalho impresso. Foi feita com base numa passagem bíblica que fala sobre a cura de um cego através das mãos de Jesus e aqui pode ser interpretada como uma metáfora, pois este trabalho pretende quebrar alguns paradigmas acerca do modo de vida dos cristãos e o modo como se relacionam com a sua própria cultura. A gravura foi feita com a técnica de xilogravura, portanto se trata de uma passagem bíblica, representada de uma forma popular que é muito comum na cultura nordestina: a literatura de cordel. Fonte: Imagem Autoral Dessa forma, este trabalho surge a partir do desafio de adotar um conteúdo que a incentive a crescer não só numericamente, mas também em entendimento. A intenção é fazer uma arquitetura que fale não apenas de Deus, mas também sobre o estudo de Deus e sobre a verdade da vida cristã; uma arquitetura que esteja a serviço da comunidade como forma de ensino e lazer. Isso deve estar claro não só pela escolha do tema e do terreno, mas também pela forma de abordagem, que visa estabelecer um vínculo harmonioso entre os programas envolvidos: Casa de Cultura e Centro de Aprendizado Cristão.

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Proposição O desenho foi estabelecido respeitando o gabarito predominante da região, que é baixo, de 1 a 2 pavimentos garantindo a acessibilidade dos usuários em todo o complexo. Para isso, o centro do novo terreno foi rebaixado, de maneira que as alturas das edificações não comprometessem a relação dos pedestres com a calçada e ao mesmo tempo ganhassem mais um pavimento e uma nova praça central. Assim, essa praça ganha uma sensação de proteção e introspecção, separada da poluição visual e sonora da avenida, local ideal para a implantação da capela, garantindo o conforto ambiental.

Para que essa edificação não fosse uma barreira para os pedestres, as suas duas extremidades foram rebaixadas no nível da calçada. Isso cria novas perspectivas para quem caminha por ela e faz com que o complexo se torne parte da cidade. Apesar da integridade volumétrica do complexo, os programas exigiam certas divisões internas para que pudessem funcionar bem. Então, para que os indivíduos não perdessem essa relação, o momento de encontro da forma arquitetônica em “L” foi explorado para que se tornasse um átrio de acesso único

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Figura 03: Distribuição geral do programa. Nesta proposta, as atividades da Casa de Cultura Chico Science são abrigadas pelo novo complexo e o antigo galpão recebe um novo uso sem que as suas características originais sejam afetadas. Fonte: Imagem autoral.

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A volumetria do complexo foi determinante para o desenho da paisagem e demarcação do terreno. A ideia que norteou o projeto desde o início foi a preocupação de estabelecer um diálogo entre os cristãos e a cultura. Por isso, a produção de uma forma única que abriga todas as atividades de estudo e cultura previstas no programa. Assim, esse diálogo pode acontecer não apenas de maneira simbólica, mas espacialmente também.


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e, a partir dele, houvesse a dispersão dos fluxos. Assim, os alunos da escola de teologia, bem como os usuários da biblioteca e da casa de cultura entram no complexo pelo mesmo local. Ele é o grande ponto de encontro do complexo e tem a função de conduzir as pessoas para qualquer que seja a atividade de seu interesse: Assistir às aulas, fazer pesquisas na biblioteca, participar das oficinas na Casa de Cultura, visitar a galeria de exposições ou apenas esperar o colega na escadaria.

Figura 04: Interior da casa de Cultura. Fonte: Imagem Autoral.

A Casa de Cultura consiste em um espaço coberto com um programa bastante enxuto. Se trata de um galpão coberto e as salas menores que ela possui são necessárias apenas para atender o setor administrativo e de manutenção. Apesar de possuir um programa arquitetônico bastante simples, ela abriga atividades distintas de oficinas, shows, encontros de capoeiristas, entre outros. Por isso, seria interessante pensar em um mobiliário que fosse flexível e pudesse ser manuseado pelas próprias pessoas facilmente.

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Através de uma pesquisa, foi desenhado um modelo de mobiliário fixo, porém ajustável chamado “Popup” baseado no projeto desenvolvido pelos designers holandeses Carmela Bogman e Martens Rogier. Se trata de uma mobília composta por bancadas retráteis de alumínio destinada a espaços públicos, que podem ser bombeadas para fora do pavimento e recuadas de volta para o chão conforme as necessidades dos usuários. O sistema de bombeamento é acessado através de chaves que são distribuídas aos usuários. Devido ao sistema hidráulico, as bancadas podem ser fixadas a qualquer altura, com uma altura máxima de setenta e cinco centímetros. Sendo, portanto, um sistema bastante flexível e inclusivo, que permite aos usuários ajustar as peças para configurar um banco, uma mesa, uma sala de estar ou apenas o desenho de piso do pátio. A biblioteca não possui divisões internas além da área reservada para a recepção e para os sanitários. Ela foi pensada para ser um ambiente agradável, bem iluminado, com boa ventilação e que pudesse estimular a permanência dos visitantes, estando eles sozinhos ou em grupo.

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No programa foi previsto um espaço de leitura ao ar livre. Nesta proposta, o pátio foi integrado no desenho do piso da praça, porém com barreiras que acontecem ora através do espelho d’água, ora pelo jardim. Dessa forma, ele se torna parte da praça, porém com restrições de acesso apenas para quem é visitante da biblioteca.

Figura 05: Passarela do Centro de Aprendizado Cristão para o Alojamento.

O centro de aprendizado foi projetado para receber estudantes interessados em teologia e em seu aprimoramento pessoal. Ele contém salas de aula, vídeo, estudo em grupo, debate, além de dois estúdios de música e um auditório que pode ser acessado pela praça Apesar de não fazer parte do complexo, pode-se dizer que o bloco de alojamento está integrado a ele, pois conta com uma passarela que contorna toda a sua fachada, presenteando os estudantes com uma passagem agradável, além do corredor interno.

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BORGES, Gerson. Ser evangélico sem deixar de ser brasileiro. 1.ed. Viçosa: Ultimato, 2016. 103p. Comissão Lausanne. O evangelho e a cultura: a contextualização da palavra de Deus. 2 ed. São Paulo: ABU Editora, 2007. 53p. GONZÁLEZ, Justo L. Cultura e evangelho: o lugar da cultura no plano de Deus. 1.ed. São Paulo: Hagnos, 2011. 152p. NICHOLLS, Bruce J. Contextualização: Uma teologia do evangelho e cultura. 1.ed. São Paulo: Vida Nova, 1983. 96p. MARINONI, Renato. Sem atalhos: em busca de uma adoração autêntica. 1.ed. São Paulo: Edição do Autor, 2017. 226p. TURNER, Steve. Cristianismo Criativo?: uma visão para o cristianismo e as artes. 1.ed. São Paulo: W4Editora, 2006. 173p. Site do DesignBoom. Carmela Bogman + Rogier Martens: pop up. Disponível em: https://www.designboom.com/design/carmela-bogman-rogier-martens-pop-up/

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Referências



EDKS Escola de dança kleine Szene Uma nova maneira de pensar o ensino da dança Gustavo Souza Ramalho Orientador: Prof. Dr. Ricardo Luís Silva

O presente trabalho representa um projeto arquitetônico para uma escola de dança localizada no centro de Santo André. O projeto pretende abranger aspectos de integração com a sociedade: tais aspectos correspondem ao uso de uma praça que vai conter equipamentos para as práticas das atividades físicas. Trata-se de aulas ao ar livre promovendo não somente uma parte recreativa, mas uma consciência corporal de que a dança não é feita só por um tipo de estereótipo, mas que pode ser vivenciada e aplicada ao meio profissional por qualquer pessoa.

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Resumo.

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Figura 01: Perspectiva da praça de acesso ks Fonte: acervo do autor


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Introdução: Quando comecei a pesquisar sobre o meu tema que é a pratica da dança, percebi que a uma carência quando se fala de ensino e metodologia como componente curricular nas escolas do ensino médio, voltei os olhares para a questão que diz a respeito da mesma. Como ensino da dança no componente curricular da criança contribui para o seu desenvolvimento como ser humano? veio um questionamento: porque não mesclar a conscientização da dança nas escolas do ensino médio para dentro do mundo profissional da dança?

Figura 02: A arvore de Jacqueline Robson Fonte: Strazzacapa 2001

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O diagrama de Robinson mostra que toda dança não importa qual ritmo e característica é atribuído, surge da profundeza do ser humano, da magia, e que se ramifica em três vertentes: a expressão a mais significativa, espetáculo e a recreação. Essas três ramificações é o que eu busco para a escola de dança onde formarei o escopo da escola confinado nos espaços arquitetônicos que gerei. Deste modo crio uma identidade com os espaços através do diagrama e justifico o porquê utilizei essa metodologia para exemplificar os espaços educadores que criei. Através disso busquei referencias de projetos que abrigavam tanto o contexto espacial da dança como espaços que comtemplavam o púbico de uma maneira mais abrangente:

Figura 03: Sequencia do projeto: proposta para o museu regional do Atacama.

Figura 04: Sequencia do projeto: Escola de dança Lliria

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Proposição:


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Referências: DORNELLES DE ALMEIDA, Dóris; FLORES-PEREIRA, Maria Tereza. As Corporalidades do Trabalho Bailarino: entre a exigência extrema e o dançar com a alma. RAC-Revista de Administração Contemporânea, v. 17, n. 6, 2013. MARQUES, Isabel A. Dançando na escola. Motriz. Journal of Physical Education. UNESP, v. 3, n. 1, p. 20-28, 1997. ASSUMPÇÃO, Andréa Cristhina Rufino. O balé clássico e a dança contemporânea na formação humana: caminhos para a emancipação. Pensar a prática, v. 6, p. 1-20, 2003. CARDOSO, Ana Cristina. Anna Pavlova no theatro da paz, o ballet e o teatro popular. Revista Ensaio Geral, v. 1, n. 1, 2011. CALDO, Fernanda; GUIMARÃES, Alexandre. O balé por trás das cortinas. STRAZZACAPPA, Márcia et al. A educação e a fábrica de corpos: a dança na escola. Cadernos cedes, 2001. DO NASCIMENTO, Diego Ebling; DA ROSA AFONSO, Mariângela. A PARTICIPAÇÃO MASCULINA NA DANÇA CLÁSSICA: DO PRECONCEITO AOS PALCOS DA VIDA. Reflexão e Ação, v. 21, n. 1, p. 219236, 2013. SILVA, Sérgio Gomes da. Preconceito no Brasil contemporâneo: as pequenas diferenças na constituição das subjetividades. Psicologia: ciência e profissão, v. 23, n. 2, p. 2-5, 2003. STINSON, Susan. Reflexões sobre a dança e os meninos. Pro-posições, v. 9, n. 2, p. 55-61, 1998. FREIRE, Ida Mara. Dança-educação: o corpo e o movimento no espaço do conhecimento. Caderno Sedes, v. 21, n. 53, p. 31-55, 2001. Tavares, Isis Moura. "Educação, corpo e arte." Curitiba: Iesde (2005): 105-118.

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OSTETTO, Luciana Esmeralda. Para encantar, é preciso encantar-se: danças circulares na formação de professores. Cad. Cedes, v. 30, n. 80, p. 40-55, 2010.



O espaço como educador e aprendiz Estruturas efêmeras para uma cidade democrática Matheus Augusto Gomes de Mello Alexandre

Resumo Trabalho que traz reflexões e inquietações sobre como a cidade e a arquitetura educa e recebe os corpos com que se relaciona. Procurando entender o papel social do arquiteto com a educação, se propôs com intervenções urbanas de diferentes complexidades mostrarem possibilidades de cidade aonde há mais escuta, respeito e democracia na construção da mesma. 1 33

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Figura 01: recorte do projeto. Fonte: acervo do autor

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Orientador: Prof. Dr. Ricardo Luís Silva


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Introdução

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Para início de nossa conversa, quero propor para mim e para você, uma introspecção, através de um dos maiores instrumentos vivos: o questionamento. O que entendemos como educação? Qual deve ser o seu papel? Como somos e fomos educados? Quem nos educa e educou? Em que momento isso acontece? Como mensurar a qualidade da educação? O que pode causar no indivíduo e na sociedade uma “boa” educação? Quando se manifesta a educação e qual o ambiente mais favorável? É a escola? Se entendermos que é a escola, como ela deve ser? Como era a escola que estudamos? Gostávamos de ir à escola? O que aprendemos na escola? Aonde gostávamos de ficar? O que lembramos do que nos foi passado como conteúdo? Como nos foi passado? Hoje usamos o que em nossa vida desse conteúdo? Por que há divisões de classes nas escolas? Todos tem acesso a escola no Brasil? É dado seu devido valor ao professor? O indivíduo poderia evoluir, se desenvolver e aprender até que idade? Quando me propus a projetar pautado na temática da educação, juntamente com o tema me veio todas essas perguntas e mais algumas. O trabalho desenvolvido não tem a ambição de responder todas elas, ele na verdade tem como objetivo criar mais inquietações do que respostas para quem ler, ver e sentir o que foi escrito e projetado. Tal trabalho é uma das diversas respostas possíveis, pois quando pensamos em educação, há a necessidade da pluralidade. Tudo que foi desenvolvido não pertence só a mim, toda linha desenhada foi e é das múltiplas pessoas que conversei sobre o assunto e dos diversos lugares que visitei em minha vida, que hoje fazem parte de mim. A mudança na base acaba sendo sempre a conclusão de todas as conversas que tem como pauta a melhoria da sociedade brasileira, por isso me encanta e sempre encantou a educação, mostrando a relevância de se alimentar o assunto. Pensar a educação é revolucionário, pela quantidade de nuances da sociedade que você atinge.

Figura 02:. recorte do projeto fonte: acervo do autor

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Proposição

Figura 03 :. recorte do projeto Fonte: acervo do autor

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Com a proposição de intervenções urbanas, aonde estruturas efêmeras geodésicas fossem construídas pelo coletivo que ali usa e usaria com propostas de diferentes usos. Cada uma colocando complexas pautas sob a utilização do espaço público, do estreitamento da relação do individuo com o espaço e como ambos podem vir ser mais humanamente construídos. O projeto se estabeleceu na zona oeste da capital paulistana, sabendo que a ideia é de poder se adotar em diversas localidades. Na barra funda bairro escolhido para ser o projeto foram colocados 5 complexidades, aonde cada uma independe da outra, só que juntas tem maior potencial de mudança no espaço. A primeira é uma sequencia de coberturas geodésicas que foram espaços para diversas apropriações do corpo e usos na rua de intervenção. A segunda já propõe a instalação de uma biblioteca itinerante e um espaço para estar, com possível wifi publico e lugares para entradas usb de energia. A terceira é uma ocupação em um galpão industrial antigo hoje utilizado como estacionamento para que coletivos se apropriem do espaço como no canteiro aberto da vila Itororó com projetos de diferentes caráter. A quarta seria uma quebra do lote privado do Espaço das Américas tentando mostrar uma cidade aonde o publico e o privado dialogam para melhorar a mesma criando uma área de comercio e um novo foyer para a casa de eventos marcado com um grande mobiliário urbano. A quinta é a possibilidade de que toda a cidade poderia ser sucessível a intervenções do coletivo para uma melhora dela.


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Figura 04 :. recorte do projeto Fonte: acervo do autor

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Referências A Mente é Maravilhosa. “Alike”, um curta para refletir sobre como a criatividade das crianças desaparece. Disponível em: <https://amenteemaravilhosa.com.br/alike-curta-criatividade-criancas/>. Acesso em:03/03/2017. Babies. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=AXtgjdJ_8DE>. Acesso: 15/04/2017. BARRETA, Tathyana Gouvêa da Silva. O Movimentobrasileiro de renovação educacional no início do século XXI. Disponível em <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-16082016-13432/ptbr.php> . Acesso em: 12/01/2017. BASÍLIO, Ana Luiza. “Eu não quero tirar os meninos da rua, eu quero mudar a rua”. Disponível em: <http://educacaointegral.org.br/reportagens/eu-nao-quero--tirar-os-meninos-da-rua-eu-quero-mudarrua/>.Acesso em: 21/05/2017. BEYER, Sabine. Uma introdução à arquitetura nas pedagogias alternativas. Disponível em: <http://www.173archdaily.com.br/br/774406/uma-introducao-a-arquitetura-nas-pedagogiasalternativas>.Acesso em:11/05/2017. Crianças invisíveis. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=IxmBRrbEhFA>. Acesso em: 02/02/2017. C+A. Disponível em: <http://c-and-a.co.jp/projects/>. Acesso em: 05/02/2017. EKERMAN, Sergio Kopinski. Um quebra-cabeça chamadoLelé. Disponível <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.064/423>. Acesso em:21/04/2017.

em:

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

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FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.



Escola de Educação Infantil CEI Dona Zizi de Almeida: Repensando espaços educacionais para uma melhor aprendizagem infantil Paula Luíse Martins Orientador: Prof. Dr. Ricardo Luis Silva

Resumo Compreender o significado da primeira infância e sua importância para a construção e desenvolvimento do ser humano. Refletir sobre os espaços disponíveis atualmente para o ensino nas escolas de Educação Infantil. E tendo como proposta o desenvolvimento de um projeto escolar adequado e pensado nas necessidades das crianças, tendo como premissa o protagonismo infantil e a criação de um espaço que possibilite um aprendizado seguro, saudável e lúdico.

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Figura 01 : Pátio central da escola. Fonte: Produzido pela autora.


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Introdução As escolas de Educação Infantil são espaços educadores que devem permitir à criança explorar seus sentidos, brincar e aprender em ambientes seguros, criativos e bem preparados para recebê-las. Um projeto de arquitetura para a faixa etária da primeira infância (0-6 anos) deve compreender que as crianças precisam ter liberdade para explorar em um local que propicie diferentes interações e, acima de tudo, aprender brincando, pois essa é uma atividade importante no processo de aprendizagem. Dessa forma, a escola de educação infantil se torna um local de grande importância para às crianças, pois é onde irão, muitas vezes, ter seus primeiros contatos com o mundo externo e suas primeiras relações interpessoais, experiências que serão levadas para o resto da vida. Diante desses fatos, essa instituição deve abranger um projeto no qual a criança seja protagonista do seu desenvolvimento, que seja capaz de fornecer o que ela precisa para aprender de forma saudável e segura. Por isso um projeto de arquitetura escolar precisa considerar um ambiente que atenda às necessidades infantis e também as necessidades dos professores, sem desfavorecer um em prol do outro. Assim, um trabalho de conclusão de curso voltado para a educação infantil na primeira infância, objetiva agregar conhecimento a essa área da arquitetura e explorar diferentes formas de projeto que podem atender a esse público mas sem deixar de lado a criatividade e a brincadeira infantil. Referência projetual Espaço lúdico – Escola classe 304 Trata-se de um projeto de arquitetura e desenho urbano em micro-escala para um equipamento público situado no núcleo da Super Quadra 304 Norte em Brasília. O projeto do espaço lúdico nasceu a partir de uma iniciativa comunitária, de converter o espaço até então degradado e abandonado em ambiente de

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lazer e aprendizado para as crianças da escola e da comunidade. O projeto foi inspirado no conceito pedagógico de blocos lógicos, um jogo didático composto por peças geométricas coloridas. Este projeto de playground foi inpiração para o projeto dos brinquedosdo pátio descoberto deste trabalho

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. O objetivo é o mesmo, estimular as crainças a utilizarem a criatividade nos momentos de lazer.

Figura 02 : Croqui do espaço lúdico. Fonte: archdaily.com.br Proposição Esse projeto começa com a premissa de que a criança é protagonista de seu próprio desenvolvimento e pode usufruir do espaço de múltiplas maneiras. E esse espaço precisa ser flexível para atender as neces sidades infantis que possam vir a existir, e possibilite experiências reais ou imaginárias às crianças. E o nde o brincar é uma atividade importantíssima no processo de aprendizagem infantil. Dessa forma foi desenvolvido um projeto com uma cobertura única, que abrange todos os setores da esc ola e traz a sensação de uma escola aberta e ampla, já que a cobertura em si não possui fechamentos q ue impeçam a criança de circular. Ela "cria" um espaço livre central, local que imediatamente recebe os a lunos e que possibilita diversas brincadeiras e atividades onde a criança pode explorar as diferentes altur as dos brinquedos e despertar sua curiosidade. É também um local onde eles terão contato com as core s e formas, por meio dos brinquedos que substituíram os repetidos escorregadores e gangorras. O piso rebaixado no centro no pátio cria mais um local de brincar (detalhe no corte da figura 5), onde os diferentes níveis formam um ambiente diferente. No pátio coberto as crianças percebem a luz e a sombra, por meio de claraboias centrais, que iluminam também o refeitório.

administração e os alunos se deu por meio de "barreiras" que possuem a mesma linguagem dos brinquedos, conectando-se de forma lúdica. A fachada da escola, inspirada em uma das referências, "conversa" com as formas e cores do brinquedo, e traz à lembrança um estojo de lápis de cor. Ela é composta por diversas tiras coloridas que não fecham totalmente a escola, mas permitem o olhar e a interação com o outro lado.

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Amaral, duas vias tranquilas que facilitam a entrada no estacionamento. A separação entre a

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O setor administrativo se concentra entre as ruas Capitão Pedro Tavares e Comendador Vicente do


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Figura 03 : Planta dividida pelos principais usos.Sem escala. Fonte: produzido pela autora.

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Figura 04 : Planta baixa.Sem escala. Fonte: produzido pela autora.

O presente trabalho teve como objetivo se aproximar da discussão sobre a arquitetura escolar, principalmente voltada para a educação infantil. E refletir sobre como as escolas disponíveis atualmente veem influenciando o aprendizado das crianças, tanto de como positiva como negativa. Assim como na sociedade evoluímos a forma de construir, de morar e de se locomover, é preciso evolui a maneira de se projetar escolas. O projeto proposto busca dar mais liberdade às crianças e estimular sua criatividade, e ao mesmo tempo pensa no espaço voltado para o corpo docente, que seja adequado e estimulante.

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Figura 05 : Corte transversal.Sem escala. Fonte: produzido pela autora.

Referências FREITAS,

Francine;

SCHENEIDER,

Mariângela

Costa;

LORENZON,

Mateus;

SILVA,

Jacqueline Silva. O espaço da escola de educação infantil como favorecedor do protagonismo infantil. DiversaPrática, v. 2, n. 2, p. 42-64 - 2° sem 2015. OLIVEIRA, Zilma Ramos. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo, Cortez Editora, 2002. SANTOS,

Elza

Cristina.

Dimensão

lúdica

e

arquitetura:

o

exemplo

de

uma

escola

de

educação infantil em Uberlândia. NASCIMENTO,

Juliana

de

Brito;

GONÇALVEZ,

Fábio

Mariz.

“Escola

de

educação

infantil em santana de Parnaíba”. Disponível em: http://www.fau.usp.br/disciplinas/tfg/tfg_online/tr/121/a044.html. Acesso em: 05/05/2017. Radar da Primeira Infância. “Educação Infantil: o espaço de aprendizagem na Primeira Infância”. 2017. http://radardaprimeirainfancia.org.br/poronde-comecar/educacao-infantil-o-espaco-de-

aprendizagem-na-primeirainfancia/?doing_wp_cron=1496445067.0390810966491699218750.

Acesso

em: 02/06/2017. Primeira

Infância

Melhor.

“Desenvolvimento

na

Primeira

Infância”.

2017.

Disponível

em:

http://www.pim.saude.rs.gov.br/v2/desenvolvimento-na-primeira-infancia/. Acesso em: 02/06/2017. Fundação

Maria

Cecilia

Souto

Vidigal.

2017.

Disponível

em:

http://www.fmcsv.org.br/pt-

br/Paginas/primeira-infancia-new.aspx. Acesso em: 02/06/2017. Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros básicos de infra-estrutura para instituições de educação infantil. Brasília : MEC, SEB, 2006.

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em:

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Disponível



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CIEC – Centro de Inovação e Empreendedorismo Criativo Campus Vila Leopoldina Ana Flávia de Siqueira Simão Orientador: Prof. Artur Katchborian

Figura 01 : croqui da fachada principal do edifício proposto e logo desenvolvido. Fonte: acervo do autor.

Resumo O presente Trabalho de Conclusão de Curso tem como finalidade o estudo da economia criativa e colaborativa, como forma de incentivo aos empreendedores, a fim de se propor um edifício de caráter institucional, no bairro da Vila Leopoldina (Zona Oeste da cidade de São Paulo). Caracterizada como nova economia do século XXI, de demanda inteligente, a economia criativa vem tomando destaque dentro do empreendedorismo e as incubadoras de empresas acabam por subsidiar a formação dessa economia, que tem como principal característica a oferta de produtos e serviços no mercado com significativo grau de inovação. O CIEC, Centro de Inovação e Empreendedorismo Criativo, é um espaço elaborado à partir da união entre embasamento conceitual e projetual, resultando em um ambiente que reúne o aprendizado formal, troca de

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experiências e a geração de novos empregos.


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Introdução O alto índice de desemprego registrado no Brasil neste ano de 2017, devido à crise econômica, e entendimento da economia criativa como um fator potencializador de transformação e inclusão socioeconômica no Brasil, designa-se a intenção de realização deste Trabalho de Conclusão de Curso. Entende-se que um país com muitos trabalhadores desempregados reflete em uma imensurável perda na economia e principalmente na qualidade de vida da população. A criatividade é a capacidade de criar o novo, reinventar, passar a resolver problemas atuais e antigos com soluções inovadoras. “Em termos econômicos, a criatividade é um combustível renovável e cujo estoque aumenta com o uso”, afirma Ana Carla Fonseca, economista, doutorada em urbanismo e consultora internacional, que acredita que a economia criativa é uma oportunidade de resgatar o cidadão, inserindo-o socialmente, e o consumidor, incluindo-o economicamente. Acredita-se que a capacitação de pessoas, valorizando o aprendizado comercial e empresarial e o ensino formal, é um grande passo que facilita a entrada desde profissional ao mercado de trabalho, possibilitando um retorno rentável, e consequentemente girando a economia do país. O Centro de Inovação e Empreendedorismo Criativo foi criado a partir da vontade de gerar um espaço capaz de reunir atividades que estimulem o aprendizado e a geração de empregos, por meio do compartilhamento de informações, troca de ideias e experiências. Para isso, utiliza-se de incubadoras de empresas, que oferecem o suporte necessário ao empreendedor iniciar e desenvolver seu negócio. Escolheu-se então o bairro da Vila Leopoldina, localizado na Zona Oeste da cidade de São Paulo, por ter sido instituído recentemente no bairro, uma rede de equipamentos que usufruem da economia criativa. Foram levantadas empresas como agências de publicidade, produtoras de cinema, empresas de

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decoração, arquitetura e design, além de equipamentos culturais.

Figura 02 : mapa de equipamentos. Fonte: acervo do autor.

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Proposição Próximo à importantes equipamentos, como a Universidade Mogi das Cruzes, Escola Vera Cruz, Senai e Sesi (todos num raio de 1km), foi proposto o CIEC. Terreno com frente para as ruas Mergenthaler, rua Baumann e avenida Dr. Gastão Vidigal, com 6.800m², viu-se a oportunidade de materialização dos conceitos levantados, uma vez que é contemplado por dois pontos de ônibus, ciclovia, e próximo de duas estações de trem da CPTM, Estação Villa Lobos – Jaguaré, da linha 9 Esmeralda, e Estação Imperatriz Leopoldina, linha 8 Diamante.

Figura 03 : mapa dos edifícios notáveis próximos ao terreno escolhido. Fonte: acervo do autor. O partido do projeto foram determinados pelos seguintes elementos: a proximidade com os equipamentos educacionais, antes citados; a cobertura sólida de estrutura metálica, com acabamento em aço corten, em “L”, com função formal e estética, uma vez que protege o edifício da incidência solar direta; as circulações, delimitadas em torre de serviços, com um conjunto de elevadores e escada de emergência, torre de circulação vertical, também com escada de emergência, e circulação vertical aberta, acessível, por rampa; e a segmentação dos diferentes usos, pelos pavimentos, que são livres, possibilitando grande variação de layout, dependendo de cada uso e função. Com aproximadamente 10.700m² de área construída, o projeto apresenta caráter multifuncional. No térreo,

espaço, uma vez que o terreno apresenta dois pontos de ônibus. Ainda no térreo, para o usuário do edifício, encontra-se uma área de exposição (para amostras de trabalhos e realizações dos estudantes e empresários do edifício), a recepção e o auditório, com capacidade para 140 pessoas, disponível a uso livre (usuários do edifício e eventuais eventos externos).

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por meio do lote, e eventualmente esperar o transporte coletivo em uma calçada mais larga, com mais

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o usuário passante tem a possibilidade de usufruir de uma praça arborizada, cruzar de uma rua a outra


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Figura 04 : diagrama de fluxos e usos. Fonte: acervo do autor. Todos estes ambientes são cercados por um grande espelho d’água, que segrega de maneira sutil o que é dentro e fora, público, semi público e privado. Ao subir a grande rampa, que se repete em todos os andares e se localiza ao centro de um grande vazio, o usuário chega ao primeiro pavimento, determinado como setor privado. Nele encontram-se atividades relacionadas à incubadora de empresas abertas e fechadas, que alugam salas ou estações de trabalho, realizando suas tarefas. Neste pavimento encontram-se 06 salas de reuniões, 80 estações de trabalho, além de uma área de convivência em varanda aberta. O segundo pavimento é destinado ao setor compartilhado, todo com estações de trabalho livres e diversificadas, cerca de 172 estações de trabalho flexíveis e 54 estações de trabalho fixas. O terceiro pavimento é o setor educacional, com salas de aula e ampla biblioteca. O quarto pavimento é para uso livre, com intenção de ser um ambiente agradável para reuniões, conversas informais, lanches e refeições, uma vez que é aberto. Tanto o primeiro, quanto o segundo e o terceiro pavimento possuem uma ampla copa, local que se deu grande importância no projeto, uma vez que se acredita que neste espaço possa se criar e articular grandes ideias. Para garantir maiores vãos com menor quantidade de pilares (aproximadamente 11 e 16 metros entre pilares), estabeleceu-se o uso da laje nervurada, com a intenção de instalações hidráulicas e elétricas aparentes. As fachadas são formadas por vidros fixos modelo “u glass”, incluindo um brise móvel, vertical, também de vidro, na fachada principal do edifício

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(voltado para a rua Mergenthaler).

Figura 05 : vista humanizada. Fonte: acervo do autor.

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Quando se articula um programa que visa abrigar jovens empreendedores, com a incubação de empresas em sua fase inicial, dando todo aval necessário para ambos os usuários, acredita-se ser o início de uma economia pautada na inovação, criatividade, compartilhamento, tendo como resultado o sucesso profissional e em especial, o sucesso pessoal. O CIEC é um projeto de não somente um edifício, mas uma nova lógica de ambiente que estimula o aprendizado e o desenvolvimento, pautado na troca de experiências. Tão importantes quanto seus usuários fixos, os alunos e empreendedores, são os usuários de passagem e permanência nas áreas públicas, garantindo a função social do edifício na cidade.

Figura 06 : fachada principal. Fonte: acervo do autor. Figura 07 : maquete. Fonte: acervo do autor. Referências FONSECA, Ana Carla. Economia Criativa como estratégia de desenvolvimento: uma visão dos países em desenvolvimento. Organização Ana Carla Fonseca Reis. São Paulo: Itaú Cultural, 2008. Ministério da Cultura. Plano da Secretaria da Economia Criativa: políticas, diretrizes e ações 2011 a 2014. Brasília, Ministério da Cultura, 2011. STANGL, André; FONSECA, Ana Carla; FRANCO, Augusto de; KAUFMAN, Dora; ANNUZIATA, Luciana; BORGES, Masukieviski; DEHEINZELIN, Lala. Economia Criativa: um conjunto de visões. São Paulo, Fundação Telefônica, 2012. O Estadão de São Paulo. A História da Vila Leopoldina. 28 Setembro 2015, 16h15. Disponível em: <http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,a-historia-da-vila-leopoldina,1770587>. Acesso em abril de 2017. Relatório de economia criativa 2010 : economia criativa uma, opção de desenvolvimento. – Brasília : Secretaria da Economia Criativa/Minc ; São Paulo : Itaú Cultural, 2012. 424 p.

Prefeitura de São Paulo. O que é uma incubadora de empresas? Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/trabalho/empreendedorismo/incubadora/index.php?p =38440>. Acesso em: fevereiro de 2017.

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Sebrae Nacional. Como as empresas incubadoras podem ajudar seu negócio. Publicado em 01/07/2016. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/as-incubadoras-de-empresaspodem-ajudar-no-seunegocio,f240ebb38b5f2410VgnVCM100000b272010aRCRD>. Acesso em: fevereiro de 2017.

Arquitetura do Edifício

Sebrae Nacional. O que é a Economia Criativa. Publicado em 07/01/2016. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-que-e-economiacriativa,3fbb5edae79e6410VgnVCM2000003c74010aRCRD>. Acesso em fevereiro de 2017.



Habitação de Interesse Social Acessível Um novo desenho de Habitação Camila Faria Zambom Orientadora: Profa. Dra. Valéria dos Santos Fialho

Figura 01: Perspectiva em 3D da praça pública vista da Av. Engenheiro Eusébio Stevaux. Fonte: acervo do autor

Resumo

compreensão das leis e normas existentes. O objetivo final deste trabalho é desenvolver um novo desenho de Habitação de Interesse Social Acessível, priorizando o conforto e a segurança do usuário final e resultando em espaços que proporcionem inclusão e autoestima.

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Social, através da análise de dados e histórico das Habitações e da acessibilidade, além da

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O presente trabalho desenvolve um estudo sobre Acessibilidade nas Habitações de Interesse


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Introdução Sabe-se que o modelo de Habitação Social vem se modificando ao longo do tempo, com os avanços tecnológicos e a preocupação em criar espaços cada vez menores a fim de baratear o projeto, as unidades habitacionais tornaram-se cada vez menos acessíveis. Em contrapartida o número de pessoas com deficiência no Brasil cresce a cada ano, o que aumenta ainda mais a necessidade da criação ou adaptação de lugares que atendam às necessidades dessas pessoas. No cenário atual poucas unidades de HIS são acessíveis. A maioria das vezes os acessos são dados principalmente por escadas e apenas algumas unidades habitacionais seguem as diretrizes do desenho universal. Dessa forma o número de pessoas com deficiência na fila de espera para a habitação cresce a cada dia. O objetivo do presente trabalho é desenvolver um projeto de Habitação de Interesse Social Acessível, criando espaços que sejam inclusivos e seguros, garantindo que todos as pessoas, independentemente de suas condições físicas e mentais, tenham acesso a moradia de qualidade.

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Para tanto foram realizadas pesquisas a fim de compreender o contexto histórico das Habitações Sociais e como chegaram aos atuais desenhos de HIS, compreensão dos dados coletados, estudos de caso e das normas e leis de acessibilidade e habitação existentes. Chegando então a uma nova proposta de desenho de Habitação de Interesse Social Acessível, promovendo conforto e segurança em espaços de qualidade arquitetônica e paisagística.

Figura 02: Perspectiva em 3D do 3ª pavimento. Fonte: acervo do autor

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Proposição Inserido na região Jurubatuba, na esquina entre a Avenida das Nações Unidas e a Rua Moacir Padilha, o terreno de é cortado por um córrego que ocupa quase 50% de sua área total. Está situado em uma região de usos diversificados, compreendendo comércios, serviços, instituições, industrias e residencial. O local é de fácil acesso por transporte público visto que está inserido próximo a duas estações de Trens da CPTM. A Habitação de Interesse Social Acessível, pretende desenvolver um novo modelo de HIS acessível, que priorize o conforto do usuário final, além de promover espaços inclusivos e seguros. Foram estipulados alguns critérios para a elaboração do projeto. São eles: - Desenvolver espaços que utilizem uma área adequada, e não mínima, para a implantação de acessibilidade, afim de priorizar o conforto e a segurança dos usuários. Para desenvolver uma unidade que fosse completamente acessível, a demanda espacial era bem maior do que a estipulada pelas leis existentes, pois os projetos atuais preveem o espaço necessário para uma acessibilidade mínima, apenas para “atender a lei” e não realmente priorizando o conforto e garantindo o uso seguro do espaço.

Figura 03: Planta Unidade Habitacional. Fonte: acervo do autor

- Aproveitamento da quadra e revitalização do córrego existente. Um dos grandes conflitos existentes no terreno atualmente, é entre os moradores e o córrego que atravessa o terreno.

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Um dos principais pontos do projeto era promover a inclusão entre as pessoas, promovendo um uso igualitário para todos. A fim de que não acontecesse a segregação existentes hoje em grande parte dos projetos, nos quais os acessos de pessoas com deficiência são separados dos acessos principais, destinados a pessoas não deficientes.

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- Não verticalizar o prédio e priorizar os acessos por rampas.


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O projeto prevê uma revitalização do córrego, a fim de transformar a área em uma praça linear de uso público. Promovendo também uma grande área de lazer aos moradores do Conjunto, que terão acesso direto à praça.

Figura 04: Elevação Rua Moacir Padilha. Fonte: acervo do autor

Figura 05: Elevação Rua Moacir Padilha. Fonte: acervo do autor A quadra está dividida entre o Complexo e a Praça. O Edifício é formado por 4 pavimentos, o térreo livre sustentado por pilares, onde estão localizadas a quadra poliesportiva e o acesso a praça. E 3 pavimentos de apartamentos que compreendem 30 unidades habitacionais de 75 m². O térreo livre, apesar de ser de uso privativo, cria uma conexão com a praça através de seu desenho de piso, trazendo uma ideia de continuidade. No centro do edifício estão localizados os acessos para a circulação vertical, que tem seu acesso principal dado por rampas, além do bloco de escada de emergência localizado no centro do edifício.

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Figura 06: Planta térreo. Fonte: acervo do autor Os pavimentos superiores seguem a mesma tipologia. Formados por 10 unidades habitacionais de 75m², um bloco de escada situado no centro do edifício, em frente as rampas de acesso principais. Sua estrutura é de alvenaria estrutural, dada por blocos de concreto do tipo M-15, de 14x19x39 cm.

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Figura 07: Perspectiva 3D fachada Rua Moacir Padilha. Fonte: acervo do autor

Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.

NBR 9050: Acessibilidade a edificações,

mobiliário espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015. BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil. Arquitetura moderna, lei do inquilinato e difusão da casa própria. 4ª Ed. São Paulo, 2004. CAMBIAGHI, Silvana. Desenho Universal - Métodos e Técnicas Para Arquitetos e Urbanistas. 3ª Ed. São Paulo, 2012. GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Diretrizes do Desenho Universal na Habitação de Interesse Social no Estado de São Paulo. São Paulo, 2010. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico 2010. Disponível em: http://www.censo2010.ibge.gov.br/. Acesso em: 22 fev. 2017. PREFEITURA DE SÃO PAULO. Nota Técnica Arco Jurubatuba. Outubro de 2016, São Paulo. Disponível em: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/12/ACJ_NotaTecnica.pdf. Acesso em: 19 mai. 2017 TSUJII, Andreia Yumi. Habitação de Interesse Social com Acessibilidade Universal. 2014. 120 f. Trabalho de Conclusão de Curso. Departamento Acadêmico de Construção Civil, Universidade de Tecnologia

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Federal do Paraná, Curitiba, 2014.



NOVARTIS SÃO PAULO HEAD OFFICES MASTERPLAN: Transformando um campus empresarial Camila Palmiere da Silva Orientador: Prof. Artur Forte Katchborian

Figura 01: Vista principal da nova sede administrativa Novartis Biociências. Fonte: acervo do autor

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O trabalho desenvolvido aborda as possibilidades de redesenhar um campus empresarial existente, para o grupo farmacêutico Novartis Biociências, cuja sede administrativa era uma antiga planta fabril da própria companhia que foi readaptada para comportar escritórios. Durante vários anos o site apresentou infraestrutura e espaços adequados para atender a demanda da empresa, mas com o passar dos anos a Novartis cresceu, passou por diversas restruturações e as necessidades mudaram, tanto em relação ao espaço físico, quanto a instalações de infraestrutura e layout de escritórios. Com isso, a demanda por espaços de escritórios aumentou expressivamente nos últimos anos resultando na ocupação total dos prédios do site e criando a necessidade de se estudar alternativas para criação de novos espaços. Desta forma, o novo redesenho se propõe a levar em consideração conceitos arquitetônicos que orientem o projeto do novo empreendimento. O projeto se propõe a trabalhar três escalas distintas, o workplace, workspace e workstation, de modo que o novo desenho atenda não só as necessidades da empresa como também esteja inserido no contexto urbano.

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Resumo


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Introdução Atualmente, o ambiente de trabalho tornou-se alvo de grande interesse de estudo, em razão da preocupação com a saúde das pessoas que ocupam esses espaços. No entanto, a qualidade dos ambientes de trabalho é muito importante para as pessoas, já que elas passam grande parte das horas de seus dias nesses ambientes gastando suas energias e exercitando seus cérebros por horas, o que me despertou o interesse em estudar os edifícios de escritório. A muito tempo tentamos uma aproximação da natureza com o homem em meio a um mundo capitalista globalizado que se reflete fortemente nas grandes cidades, principais geradoras da economia do país, para resgatar essa necessidade humana natural que atualmente é restrita. Entretanto, as grandes cidades, vítimas do rápido processo de urbanização, incorporaram uma linguagem urbana muito expressiva, reduzindo suas áreas verdes, verticalizando suas construções e diminuindo cada vez mais os espaços internos dos edifícios. Além da ausência deste tipo de conexão, as inquietações em relação à monofuncionalidade dos atuais edifícios da cidade juntamente com a falta de integração dos mesmos com o entorno, me despertaram o interesse em conhecer diferentes maneiras de se ocupar um espaço e/ou edificação, que pudesse ser um diferencial, de modo a estabelecer uma real conexão urbana entre edificação e cidade. Partindo desse entendimento, o tema proposto para este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) parte do desenvolvimento do projeto arquitetônico de um complexo de prédios de escritórios para um campus de trabalho existente. O objetivo do trabalho consiste no redesenho do site administrativo da empresa Novartis Biociências, localizada no bairro do Brooklin Velho em São Paulo. O projeto de arquitetura leva em consideração a aplicação de conceitos e estratégias, referentes a edifícios de escritório que buscam, através dos projetos de espaços de trabalho, promover a aproximação do homem com a natureza (Design Biofílico), a colaboração dos funcionários por meio de planos abertos (Open Space), melhores relações com as condições de trabalho (Ergonomia), eficiência energética e baixo custo de operação e manutenção dos edifícios (Certificações Sustentáveis), além da inserção do complexo no contexto atual de cidade (Plano Diretor). Proposição

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Ao projetar edifícios de escritório é importante levar em consideração não só a eficiência da edificação e sua relação com o entorno, como também a saúde e flexibilidade dos espaços de trabalho, de modo que os mesmos possam influenciar positivamente a saúde dos ocupantes. Portanto, cabe aqui destacar três princípios de projeto, cujas suas diretrizes determinam as estratégias de intervenção a serem implementadas:

Figura 02: Princípios e Diretrizes de projeto. Fonte: acervo do autor

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Em razão de sua readaptação e ausência de tecnologias construtivas, o atual site da Novartis trabalha de forma autônoma sem estabelecer qualquer tipo de relação com seu entorno. Como apresentado no mapa de uso e ocupação, no capítulo anterior, a região do Brooklin Velho é rica em comércio e serviços e o site da empresa encontra-se em uma das esquinas mais caras e privilegiadas da cidade de São Paulo. Essas são as razões pelas quais vale a pena insistir na abertura do site, como um meio de valorizar ainda mais o bairro e, ainda, agregar valor à imagem corporativa da empresa. Portanto a primeira premissa que surgiu para garantir a integração do campus Novartis São Paulo com o contexto urbano, foi abrir o lote para as quatro vias que abraçam a quadra permitindo a fruição pública dos pedestres pelo térreo do novo empreendimento.

Ao término do faseamento será considerada a hipótese de lançar três praças semi-públicas para fomentar a utilização e passagem pelo térreo do campus. Outra intenção é abrir vistas às praças e ruas através de grandes recortes verdes nas laterais dos edifícios. Ao respeitar a horizontalidade do bairro, sem ultrapassar o gabarito, os edifícios poderão contar com terraços-jardim que promovam vistas para a paisagem local e lazer dos funcionários.

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Entretanto, para acontecer de modo funcional, a estratégia de abertura da quadra deve estar fortemente presente na concepção dos novos edifícios, sem retirar a essência do projeto. Deste modo, para garantir que o novo site fosse construído de maneira saudável, sem atrapalhar a rotina dos trabalhadores da Novartis, uma outra estratégia foi lançar a construção dos novos edifícios em fases, aproveitando os espaços livres existentes. Em cada fase um edifício será demolido e outro construído.

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Figura 02: O Partido. Fonte: acervo do autor


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Figuras 3 e 4: Perspectiva explodida e corte longitudinal perspectivado. Fonte: acervo do autor

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Figura 5: Diagrama de setorização. Fonte: acervo do autor

Referências

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HEPNER, Alexandre. O ESPAÇO LIVRE CORPORATIVO EM SÃO PAULO – O CONCEITO DE ESPAÇO LIVRE PARTICULAR DE USO PÚBLICO. Pesquisa Acadêmica de Iniciação Científica. IKERT, Fernanda. A DISCUSSÃO DA CERTIFICAÇÃO LEED NA RELAÇÃO EDIFÍCIO – CIDADE: EXPLORANDO CASOS BRASILEIROS. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina. 2010. SAVAL, Nikil. CUBICULADOS: UMA HISTÓRIA SECRETA DO LOCAL DE TRABALHO. 2015. Editora Rocco.

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FIALHO, Roberto Novelli. EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIOS NA CIDADE DE SÃO PAULO. 2007. Tese de Doutorado - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.



Casa Igaratá Claudia Nunes Fedorczuk Orientadora: Prof. Dra. Valéria dos Santos Fialho

Resumo

cômodos. A residência conta com sustentabilidade, estrutura em madeira, vidro e concreto nas fundações.

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data todo o tempo, uma casa confortável, aconchegante e com vista panorâmica em todos os

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Uma casa projetada para uma família de quatro pessoas que recebe muitos amigos de longa


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Introdução A forma da casa depende de muitos fatores: o tamanho da família; disponibilidade de materiais e o dinheiro para compra-los; as formas tradicionais de construção; a imaginação e a criatividade da população; o clima da região; costumes da região quanto ao uso dos espaços e as condições do terreno. Estudo de caso: Casa Grelha FGMF:

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Proposição A casa será acessível e terá acesso a represa, pois será proporcionado aos moradores mais que uma área de lazer, será proporcionado uma casa com porte de clube privativo. Como o terreno se localiza em uma área isolada, nada mais justo que projetar uma casa confortável, acessível e aconchegante, afinal esses são os intuitos de pessoas que procuram um ambiente mais reservado. A casa foi projetada para uma família de quatro pessoas, sendo pai, mãe e duas filhas, uma família muito festiva, onde recebe amigos de longa data frequentemente, são pessoas apreciadoras da natureza, que, quando se reúnem, tem total liberdade para desfrutar de toda a casa, podendo ouvir musica alta em qualquer horário na sala de TV e área de lazer, ficar deitado o dia todo, curtir a piscina o salão de jogos e a churrasqueira, enfim, uma família rústica e alegre. A casa foi divida em setores, para que a atividade de um setor não interfira em outro. Os setores são: -Área de lazer: contém piscina, sala de jogos e churrasqueira; -Área social: um banheiro, área de serviço, sala de estar e de jantar; -Área intima: constituída por três quartos, sendo uma suíte e um banheiro com serventia aos demais quartos;

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-Oficina: espaço amplo para ferramentas e afins.


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Referências Manual do Arquiteto descalço. Van Lengen, Johan; Arquitetura da paz. Figueiredo, Luciene; Sustentabilidade em Urbanizações de pequeno porte, Mascaró, Juan Luis; Arquitetura Ecológica, Muller, Dominique; http://www.archdaily.com.br/br/01-18458/casa-grelha-fgmf http://www.archdaily.com.br/br/01-11336/casa-em-sao-francisco-xavier-nitsche- arquitetos-associados http://www.archdaily.com.br/br/770345/casa-itzimna-reyes-rios-plus-larrain-arquitectos http://altaarquitetura.com.br/terreno-acidentado-dicas-projeto-aclive-declive/

http://www.fca.unesp.br/Home/Extensao/GrupoTimbo/manualUsodaMadeira.pdf https://madeiraestrutural.wordpress.com/2009/05/12/vantagens-do-uso-da-madeira-como-material- estrutural/

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tle=Qualidade%20da%20Madeira%20para%20a%20Constru%E7%E3o%20Civil

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http://www.remade.com.br/br/revistadamadeira_materia.php?num=57&subject=Constru%E7%E3o&ti



Concurso SESC Limeira Isabela Martinez Vergilio Orientador: Prof. Artur Katchborian

Figura 01 : Implantação Concurso SESC Limeira. Fonte: acervo do autor

Resumo

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Partindo da necessidade de cultura e aprendizado, este trabalho de conclusão de curso tem como tema principal o projeto de um SESC e para esse tema foi escolhido o subtema concurso, resultando em um projeto para o Concurso SESC Limeira que aconteceu esse ano. Foi executada uma pesquisa sobre equipamentos culturais com maior foco em SESCs, gerando uma comparação entre SESCs urbanos e não urbanos, permitindo assim fazer considerações sobre os dimensionamentos e capacidades dos espaços que foram criados para o SESC Limeira. Resultando no projeto apresentado a seguir.


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Introdução Este trabalho de conclusão de curso tem como finalidade desenvolver um projeto de uma unidade SESC, que promove atividades vinculadas à cultura, saúde, esporte e lazer. A escolha desse tema esta diretamente relacionada ao que uma sociedade necessita de forma que atenda a todas as faixas etárias e classes sociais. A educação não esta limitada apenas aos anos que passamos nas escolas e faculdade, o aprendizado é algo continuo, esta presente no cotidiano e quanto mais acesso se tem a cultura, seja ela através de musica, teatro, arte, leitura e qualquer outra forma de aprendizado que temos a disposição, mais se aprende. Além da educação temos que dar importância à saúde corporal e mental. Por esse motivo este trabalho traz essa discussão tendo como produto final uma unidade SESC localizada em limeira, em um bairro predominantemente residencial de baixo padrão que necessita de um equipamento urbano deste porte. De acordo com os estudos e com as exigências feitas no programa básico do concurso, ficou claro que essa unidade deve ter as características da tipologia que estamos chamando de SESC não urbano, que serão citadas no corpo do texto, gerando assim a volumetria inicial que será apresentada no fim deste trabalho.

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Figura 02 : Imagem 3D Concurso SESC Limeira. Fonte: acervo do autor

Este trabalho traz como estudos de casos quatro equipamentos culturais, sendo eles um centro cultural, um SESC urbano e dois SESCs não urbanos, nessa respectiva ordem. Essas escolhas de estudos servem para otimizar o uso do SESC Limeira, que é o produto final deste Trabalho de Conclusão de Curso. No primeiro momento vemos uma clara diferença física entre os projetos que estão implantados na área urbana da cidade de São Paulo, que são edifícios resolvidos verticalmente, e os implantados nas cidades interioranas, que são predominantemente horizontais e possuem certa quantidade de área verde. No entanto a real diferença entre os projetos aparece quando vemos seus usos, que apesar de parecerem quase semelhantes, possuem uma diferença na dimensão dos espaços. O que vemos é que nos equipamentos que estamos chamando de urbanos às atividades voltadas para a cultura são mais valorizadas, mais salas de exposições, o teatro do SESC Pinheiros, por exemplo, tem mais que o triplo da capacidade dos demais. Não possuem nenhuma atividade ao ar livre. Já os equipamentos não urbanos valorizam mais as atividades conjuntas, possuem mais quadras e ginásio, mais piscinas e possuem diversas atividades ao ar livre, sejam elas esportivas, de lazer ou culturais.

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. Proposição Esse projeto partiu do desejo de trazer algo que eu acredito que a população precisa, além disso, minha intenção era unir diversas disciplinas estudadas durante o curso, sendo assim tive como resultado criar o projeto para uma unidade SESC. Foi então que, durante o trabalho de conclusão de curso um, que resolvi incluir no tema o concurso do SESC Limeira. O terreno fica localizado no Município de Limeira, no Estado de São Paulo, este foi escolhido pelo concurso para abrigar a futura unidade SESC. Apesar do terreno não ter sido escolhido por mim, essa localização me motivou a agregar o concurso ao tema, acredito que seja uma ótima área para um equipamento desse porte, visto que seu entorno é de maioria residencial de baixa renda. Para o projeto eu escolhi como partido manter a transposição de uma rua a outra através do terreno, e para isso encontrei como solução criar um boulevard que faz esta passagem, além de levar a entrada do edifício. Durante os estudos volumétricos decidi que a melhor forma de resolver o programa de forma confortável e acessível seria criando uma lâmina contínua onde coloquei nas extremidades os usos que precisariam de uma área mais ampla, que são o ginásio esportivo coberto e o teatro, que por sua vez recebeu usos diversos em seus pavimentos superiores. O paisagismo foi pensado uma forma um pouco mais natural e de vegetação mais adensada, essa ideia

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Figura 03 : Pavimento Térreo Concurso SESC Limeira. Fonte: acervo do autor

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partiu da relação com a área de proteção ambiental que existe no terreno.


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Figura 04 : Primeiro Pavimento Concurso SESC Limeira. Fonte: acervo do autor

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Figura 05 : Terraço Concurso SESC Limeira. Fonte: acervo do autor

Figura 06 : Primeiro Subsolo Concurso SESC Limeira. Fonte: acervo do autor

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Figura 07 : Segundo Subsolo Concurso SESC Limeira. Fonte: acervo do autor

Figura 05 : Corte AA Concurso SESC Limeira. Fonte: acervo do autor

Referências www.institutotomieohtake.org.br/ https://www.sescsp.org.br/unidades/10_PINHEIROS/ https://www.sescsp.org.br/unidades/741_JUNDIAI/ https://www.sescsp.org.br/unidades/37_SANTO+ANDRE/ www.au.pini.com.br/

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http://www.archdaily.com.br/br/767462/sesc-jundiai-teuba-arquitetura-e-urbanismo



A Casa Econômica Alternativas para uma residência de baixo custo Johnata Mira Munhoz de Melo Orientadora : Prof. Dr. Valéria Fialho

Figura 01: maquete eletrônica da Casa Econômica. Fonte: acervo do autor.

Resumo Esse trabalho tem a finalidade de propor meios alternativos e baratos de se construir uma casa

possibilidade de redução das chamadas autoconstruções, já que a construção é realizada pela mão de obra dos proprietários dos lotes sem nenhum acompanhamento técnico, onde os custos acabam sendo menores, porém, na maioria dos casos as obras permanecem incompletas com problemas técnicos em situações de risco.

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reconhecer a importância do profissional – especificamente o arquiteto. Objetivando também a

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tendo como base comparativa três itens: qualidade, tempo e principalmente o preço. E


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Introdução Segundo a Revista Exame, de julho de 2015 até os dias de hoje o mercado brasileiro de construção civil vive uma crise sem precedentes, pois a rentabilidade do setor caiu de 11,2% em 2013 para 2,3% em 2014. Apenas 3 das 23 empresas de construção, classificadas entre as 500 maiores do país, conseguiram crescer no último ano. A Odebrecht, a maior delas, teve queda de 32% nas vendas. Especialistas e executivos do setor ouvidos pela Revista são unânimes em afirmar que a recuperação da crise será lenta. “Muitas empresas ficarão pelo caminho. Mas, mesmo as outras companhias terão até cinco anos difíceis pela frente”, diz Claudio Porto, presidente da consultoria Macroplan. Um fator que favoreceu também essa crise foi o aumento dos materiais de construção. Conforme o site Correio Braziliense, o custo da construção, medido pelo Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), cresceu 0,84% em fevereiro quando chegou a R$ 972,82. A taxa é superior às observadas em janeiro último (0,55%) e em fevereiro do ano passado (0,18%). O indicador, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acumula alta de preços de 6,55% em 12 meses. Inflação de 0,84% de fevereiro deste ano foi influenciada principalmente pelos materiais de construção, que tiveram aumento de preços de 1,04% e passaram a custar R$ 523,53 por metro quadrado. Já o metro quadrado da mão de obra teve um aumento de preços de 0,6% em fevereiro, pulando para R$ 453,29. O resultado dessas informações são as autoconstruções, ou seja, construção realizada pela mão de obra dos proprietários dos lotes sem nenhum acompanhamento técnico, onde os custos acabam sendo menores. Porém, na maioria dos casos as obras permanecem incompletas com problemas técnicos e em lugares precários e/ou de risco. Comum nas regiões periféricas, a autoconstrução é uma opção de famílias que desejam ter sua casa própria personalizada, sem enfrentar burocracias indesejadas ou dívidas de longo prazo. No entanto, a escolha por construir a própria casa sem o apoio técnico de engenheiros e arquitetos frequentemente é acompanhada pela falta de informação, o que pode acarretar em irregularidades e má qualidade da construção. No Município de Carapicuíba é um bom exemplo desse tipo de situação. Uma região rica em paisagem inacabada, falta de planejamento e com muitos problemas urbanísticos. A esse respeito, ao longo das décadas de 1970 e 1980, mas sobretudo na primeira, decorrera o maior adensamento demográfico e territorial da história deste município: ocupou-se quase a totalidade da área municipal, por uma população que aumentou 10 vezes o seu tamanho, passando de 17.590 mil para 184.591 mil habitantes, compreendendo a maior taxa geométrica de crescimento anual da RMSP. Nesse momento, diferentes dinâmicas urbanas impactaram o município, o qual absorveu tanto a função de periferia pobre da metrópole, pela periferização da população de baixa renda, quanto de “periferia rica” pela segregação voluntária da população de alta renda: são loteamentos clandestinos, conjuntos habitacionais irregulares,

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favelas versus loteamentos fechados de alto padrão.

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Proposição A proposta é projetar e construir uma casa com alto nível arquitetônico numa região periférica de baixa renda no Município de Carapicuíba – SP, utilizando materiais e técnicas construtivas diferentes das convencionais, buscando maior qualidade, rapidez na execução e principalmente o baixo custo aproximadamente no valor R$ 90.000,00. Essa alternativa de construção pode ser aplicada em boa parte dessa região, visando à necessidade de moradias dignas e maior qualidade de vida para as pessoas que residem no local. Além disso, pretende-se destacar a importância do profissional - o arquiteto - no planejamento e execução dessa casa na região de Carapicuíba. Pois essa profissão, ao contrário do que muitos dizem, vale mais a pena contratá-lo, mesmo que pague mais pelo projeto, pois é possível economizar em outras etapas. Vale a pena destacar que é uma profissão que está à mercê da sociedade, seja ela de baixa ou alta renda; uma profissão que pode encontrar sim diferentes meios, principalmente, para pessoas com poucos recursos financeiros ao realizarem o sonho da casa própria. Seguindo essa proposição o projeto da casa foi elaborado em um terreno íngreme com 5x25 metros conforme as exigências feitas pela proprietária: ter uma sala de Tv ampla, quartos reservados, uma área aberta para dois cachorros e um espaço reservado para um comércio. Após alguns estudos, a melhor organização foi deixar o comércio isolado na parte mais baixa do terreno; a casa (nivelada pelo comercio) teria a entrada principal na parte mais alto do terreno; teria uma organização simples de dois blocos onde num bloco teria a área social e um dormitório, e no outro bloco teria as áreas de serviço e outro dormitório. A circulação entre os blocos estaria voltada para o jardim aproveitando o sol da manhã, pois a face lateral é Leste, tendo uma parede de blocos vazados separando

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Figura 02: esquema de organização dos ambientes. Fonte: acervo do autor

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a rua da casa. E por fim, o quintal sobre o comércio.


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Entre as técnicas construtivas e os materiais estudados a alvenaria estrutural de concreto (bloco estrutural de concreto) foi que mais se destacou no projeto, apresentando sinais positivos nos três itens de avaliação. A partir disso e tendo como referência a Casa Vila Matilde (Terra e Tuma) e a Casa Calha (naE), o projeto em questão adotou algumas técnicas que ajudam no custo final da obra como: uso do material aparente, parte elétrica aparente, piso de cimento queimado e com um pé direito mínimo. O resultado será uma casa de qualidade, podendo ser feito em um rápido período, com uma estética diferenciada e com um preço abaixo da média. Afirmando, assim, a possibilidade de trabalhar com qualidade em regiões de baixa renda.

Figura 03: planta pavimento inferior. Fonte: acervo do autor

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Figura 04: planta pavimento térreo. Fonte: acervo do autor

Figura 05: planta pavimento superior. Fonte: acervo do autor

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Figura 06 e 07: situação atual do terreno. Fonte: acervo do autor

Figura 08 e 09: renders. Fonte: acervo do autor

Referências AMORIM, Lucas, Construção civil vive crise sem precedentes no Brasil, Revista Exame, http://exame.abril.com.br/revista-exame/a-crise-e-a-crise-da-construcao. Acessado em 30/05/2017. BALTHAZAR, Renata Davi Silva, A permanência da autoconstrução: um estudo de sua prática no Município de Vargem Grande Paulista, Tese de mestrado, São Paulo, 2012. CARNEIRO, Ricardo, Crise econômica: como chegamos aqui e como superá-la, https://www.cartacapital.com.br/economia/crise-economica-como-chegamos-ate-aqui-e-como-superala. Acessado em 29/05/2017. CIEGLINSKI, Amanda e MELLO, Daniel, Construção civil fecha 441 mil vagas em 12 meses no país, diz Sinduscon-SP, http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2016-12/construcao-civil-fecha-441mil-vagas-em-12-meses-diz-sinduscon-sp. Acessado em 30/05/2017. HESSEI, Rosa, Construção civil: Custo cresce 0,84% pelos materiais de construção, Correio Braziliense, http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2016/03/09/internas_economia,521250/co GLOBO PLAY, Mais de 80% dos brasileiros fazem obra sem arquiteto ou engenheiro, https://globoplay.globo.com/v/4530649/. Acessado em 24/05/2017. RAMALHO, Marcio A. e CORRÊA, Márcio R. S., Projeto de edifícios de alvenaria estrutural, São Paulo: Pini, 2003.

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nstrucao-civil-custo-cresce-0-84-pelos-materiais-de-construcao.shtml. Acessado em dia 30/05/2017.



RESIDÊNCIA EM SÃO PEDRO Um novo olhar às residências para a melhor idade. Julio Cesar Gonçalves do Carmo Orientador: Prof.ª Dra. Valéria Santos Fialho

Figura 01: Foto maquete. Fonte: acervo do autor.

Resumo As últimas décadas vêm reforçando diversos questionamentos quanto aos padrões no habitat e à qualidade de vida das populações, dentre esses, os membros da população na melhor idade que ainda não encontraram, no Brasil, estratégias de acolhimento na elaboração de tipologias construtivas adequadas às suas demandas. A presente pesquisa projetiva busca de

mobilidade, generosas aberturas, ampla circulação, espaços para atividades artísticas ou eventos e possibilidade de trabalho com a terra.

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residência no interior de São Paulo que permita integração com a natureza, parâmetros de

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uma aproximação maior às reais necessidades desse vasto público pela implantação de uma


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Introdução Impiedoso com todos os seres vivos, o tempo leva muitas pessoas a reavaliar suas prioridades. Na maturidade desperta-se frequentemente a visão da importância que o viver com tranquilidade, mantendo contato constante e respeitoso com a natureza, preservando os recursos naturais e gerenciando seu tempo individual com sabedoria permite colher os frutos dessa consciência renovada. O desenvolvimento deste projeto busca permitir um olhar singular e, em vários aspectos, ecologicamente mais adequado à utilização do solo onde ainda não ocorreu o adensamento populacional no território, para que o verde do campo de hoje não se torne o cinza urbano do amanhã. Localização

Figura 02 e 03: Imagens via satélite do lote e suas proximidades, tratadas pelo autor. A tentativa é de compartilhar um pensamento arquitetônico que possa chamar a atenção a alternativas edilícias menos agressivas para novas habitações em uma região que tem por vocação e propósito a preservação dos recursos hídricos, conciliando suprir as necessidades e fragilidades de uma pessoa da melhor idade. Referências

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Figura 04: Residência no Morumbi / Oswaldo Bratke

Figura 05: Casa da Vila Matilde / Terra e Tuma.

Sendo assim, os materiais construtivos (blocos cerâmicos, vidro, concreto e ferro), a adoção de sistemas de captação de água de chuva e energia solar foram escolhidos de acordo com a proposta preservacionista do projeto.

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Proposição O projeto trata-se de uma residência unifamiliar em uma chácara à 200km da capital, situada no município de São Pedro. O lote está localizado na atual Rua Antônio Carlos Ferreira, que fica no alto da serra. A solicitação do cliente é de uma residência que abrigue uma pessoa na melhor idade podendo futuramente necessitar da ajuda de uma cadeira de rodas para se locomover, um amante da natureza e muito preocupado com o meio ambiente. Em pesquisas iniciais foi constatado a relevância de toda a região que é Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos, bem como o desprezo pelo meio ambiente, com um desmatamento que deixou somente 10% da vegetação nativa. A partir desses dados optou-se pela implantação da residência no centro do lote, onde já havia sido terraplanado e destinado a um campo de futebol. Com o declive do lote a casa não poderia ser térrea, pois ficaria praticamente abaixo da linha de visão da entrada do lote e seria visto somente a cobertura da residência. A solução encontrada foi projetar a casa em dois pavimentos, o térreo contendo todo o programa da casa e o inferior com os espaços para

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atividades secundárias que o cliente já havia solicitado.


BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Para a projeção da residência foi consultado o manual de acessibilidade onde reza que o vão mínimo de circulação deve ser de no mínimo 0.90M, mas em entrevistas com cadeirantes ficou claro que esse espaço é insuficiente e assim foi adotado no layout uma circulação de 1.20m. Visando a questão acessibilidade uma vaga coberta foi projetada no mesmo piso da residência, e uma rampa acessível desenha a entrada da casa, subindo 1,80m do topo do talude e desce a sua altura que é de 1.20m para

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acessar o pavimento inferior.

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Referências GURGEL, Miriam. Design Passivo – Baixo consumo energético. São Paulo: Senac, 2012. HESS, Alan; WEINTRAUB, Alan. Oscar Niemeyer Casas 1º Ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2008 MINGUET, Josep (Editor). Prefab Design. Barcelona: Monsa, 2005. NEUFERT, Ernst (1900-1986). Arte de projetar em arquitetura. Tradução Benelisa Franco – 18º Ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2013. REBELLO, Yopanan Conrado Pereira. A concepção estrutural e a arquitetura São Paulo: Zigurate Editora, 2000. ________. Estruturas de aço, concreto e madeira: atendimento da expectativa dimensional. São Paulo: Zigurate Editora, 2005. SANVITTO, Maria Luiza. Brutalismo Paulista: Uma Análise Compositiva de Residências Paulistanas Entre 1957 e 1972. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1994. SEGRE, Roberto. Casas brasileiras. Rio de Janeiro, Viana & Mosley, 2010. Monografia: Silveira, Bruna Quick da / Escola de Engenharia da UFMG. Disponível em: http://www.cecc.eng.ufmg.br/trabalhos/pg1/Reuso%20Da%20%C1gua%20Pluvial%20Em%20Edifica%E 7%F5es%20Residenciais.pdf - Acesso em: 12/Agosto/2017

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Após adotar os conceitos de acessibilidade, conforto e compostagem no projeto a questão cairia sobre o custo dessa obra e a resposta arquitetônica foi a utilização de blocos de concreto para o fechamento e apenas aplicar impermeabilizante, sem a necessidade de reboco, massa fina e tinta ou outro revestimento, acabamentos cerâmicos somente nas áreas molhadas e pisos, essa opção também trará a construção uma estética mais natural e que futuramente não irá gerar resíduos, além de diminuir o custo da obra exponencialmente.



Habitação​ ​Unifamiliar​ ​de​ ​Baixo​ ​Custo​ ​em Mauá/SP Casa​ ​Denise​ ​e​ ​Dirce Letícia​ ​Ortega​ ​Chiste

Orientador​ ​:​ ​Prof.​ ​Dra.​ ​Valeria​ ​de​ ​Cassia​ ​dos​ ​Santos​ ​Fialho

Figura​ ​01​ ​:​ ​Denise​ ​e​ ​os​ ​cachorros​ ​em​ ​frente​ ​a​ ​casa​ ​1.​ ​Acervo​ ​da​ ​autora.

Resumo Este trabalho é uma amostra de virtudes projetuais de duas propostas para a casa das irmãs

busquem viabilizar o baixo custo do projeto e as novas necessidades funcionais de uma habitação.

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prospectivo no campo arquitetônico, explorando novas estratégias e sistemas construtivos que

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Denise e Dirce, moradoras do município de Mauá/SP, constituindo especulações do trabalho


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Introdução O início da especulação temática acredito ser parecido com o de muitos estudantes de arquitetura e urbanismo: estar familiarizado com problemáticas de determinados bairros centrais da capital e acreditar que a potência projetual da arquitetura para mudar realidades venha de grandes escalas. Porém, quase que no fim do curso me deparei com estudos da região do grande ABC, incluindo meu próprio município. Foi preciso estar em São Paulo cotidianamente para voltar meu olhar para Mauá, compreendendo um pouco mais sobre os processos de ocupação, as realidades da população e os porquês de tais problemáticas municipais. Buscando reverter a negação do próprio local de origem e me reconectar com o espaço urbano que de fato habito, o local a ser trabalhado é Mauá, ainda presa a ideia de grande escala projetual, que muda a partir da oportunidade de conhecer as irmãs Denise e Dirce, quando começo a me desprender da grande escala projetual com a possibilidade de trabalhar com a reforma das residências das irmãs implantadas no mesmo lote. A intensa ocupação do lote contribui para má ventilação e iluminação dos ambientes, além da ausência de áreas permeáveis no terreno. Denise é secretária, tem 50 anos e sua família é composta por seus dois filhos e sua irmã. Após se questionar sobre a segurança de sua casa, depois do aparecimento de rachaduras e partes do telhado caírem sobre o forro, começaram a existir especulações sobre mudança de residência ou reforma da mesma. Ela possui baixo orçamento e após analisar a possibilidade de venda do terreno, concluímos que o mesmo não possibilitaria a compra de três habitações dignas, além da necessidade de adaptação para outros bairros mais afastados de suas rotinas de trabalho e lazer. Aceitando que a melhor opção é resistir ao deslocamento, duas propostas são apresentadas para viabilizar a permanência das irmãs no lote. A casa da sobrinha, apesar da repetição de problemas com ventilação, insolação e má distribuição dos ambientes, não entra no programa por questões pessoais entre os proprietários. Em ambas as propostas, a premissa básica é a de projetar visando o baixo custo e a salubridade das habitações. Os questionamentos anteriores de como melhorar a qualidade de vida de moradores mediante intervenções arquitetônicas estava ali naquele lote de ocupação adensada com 3 casas, representando mesmo que de maneira pontual um tipo de realidade recorrente dos habitantes de Mauá, onde a família divide o lote para a implantação de outras casas que abrigam seus membros. Um pequeno lote com programa trivial tornou-se um grande desafio a partir do envolvimento com pessoas reais, torno-me sensível às

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limitações,​ ​questões​ ​cotidianas​ ​e​ ​necessidades​ ​futuras​ ​de​ ​uma​ ​família.

Figura​ ​02​ ​:​ ​Diagrama​ ​levantamento​ ​implantação​ ​existente​ ​no​ ​lote.​ ​Casa​ ​1​ ​-​ ​Denise​ ​(rosa),​ ​casa​ ​2​ ​-​ ​Dirce​ ​(verde)​ ​e casa​ ​3​ ​-​ ​sobrinha​ ​(azul).​ ​Acervo​ ​da​ ​autora.

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Trabalhos​ ​de​ ​Conclusão​ ​de​ ​Curso​ ​|​ ​2017_2

Proposição Proposta​ ​1.​ ​Reforma​ ​e​ ​ampliação​ ​casa​ ​1​ ​+​ ​Dirce

Figura​ ​03​ ​:​ ​Diagrama​ ​Demolido/Construído​ ​Proposta​ ​1.​ ​Acervo​ ​da​ ​autora.

Pensando em uma forma de considerar as potencialidades existentes na habitação e no espaço sonhado pelos moradores, a proposta 1 atende a ideia inicial de Denise: reforma e ampliação da casa e um redesenho que possa atender as necessidades dos usuários​. Como pedido pelas moradoras, serão demolidos a antiga garagem, atualmente adaptada para casa de Dirce e a escada externa de acesso a cobertura. A demolição da casa de Dirce, ameniza a intensa ocupação existente no terreno, melhorando a ventilação e a iluminação do pátio e das residências 1 e 3. Dirce então seria agregada ao programa de reforma da residência de Denise. A ideia é expandir a casa para onde hoje encontra-se um corredor externo e uma antiga varanda, ambos não utilizados pelos moradores, demolindo as paredes mais frágeis​ ​da​ ​sala​ ​e​ ​do​ ​quarto​ ​de​ ​Denise,​ ​que​ ​apresentam​ ​rachaduras.

A proposta 1 identifica uma composição já existente da casa e implementa diferentes sistemas

que conformam uma habitação. Alguns pontos positivos viriam com a proposta de reforma, a demolição da casa de Dirce amenizaria a ocupação intensa do lote, melhorando a ventilação e iluminação existente no local, além da implantação de áreas permeáveis destinadas para jardins. A ampliação no pavimento térreo e superior, gera maior área total da residência, além da possibilidade de expansão da casa para

Figura​ ​04​ ​:​ ​Estudo​ ​volumétrico​ ​Proposta​ ​1.​ ​Acervo​ ​da​ ​autora.

Porém, a casa continua implantada com insolação desfavorecida, onde grande parte das fachadas está voltada para oeste e os ambientes continuam com pouca integração entre eles. Mesmo

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cima.


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que amenizados, o acesso e as janelas da casa 3 continuam enclausurado. Por isso, senti a necessidade​ ​de​ ​pensar​ ​em​ ​uma​ ​nova​ ​proposta:​ ​a​ ​de​ ​projetar​ ​uma​ ​nova​ ​residência​.

PROPOSTA​ ​2

Figura​ ​05​ ​:​ ​Diagrama​ ​Proposta​ ​2.​ ​Acervo​ ​da​ ​autora.

A​ ​proposta​ ​2​ ​surge​ ​da​ ​exploração​ ​de​ ​novas​ ​estratégias​ ​projetuais​ ​com​ ​capacidade​ ​de​ ​responder

às​ ​necessidades​ ​para​ ​a​ ​habitação​ ​da​ ​família.​ ​Tanto​ ​a​ ​casa​ ​de​ ​Dirce​ ​como​ ​a​ ​de​ ​Denise​ ​são​ ​demolidas

para​ ​a​ ​construção​ ​de​ ​uma​ ​nova​ ​habitação​ ​que​ ​abrigue​ ​as​ ​irmãs​ ​e​ ​os​ ​filhos​ ​de​ ​Denise.​ ​O​ ​acesso​ ​ao​ ​lote

muda​ ​para​ ​o​ ​lado​ ​esquerdo,​ ​demarcando​ ​o​ ​mesmo​ ​fluxo​ ​de​ ​entrada​ ​para​ ​a​ ​nova​ ​habitação​ ​como​ ​para​ ​a casa​ ​3,​ ​tornando​ ​o​ ​pátio​ ​um​ ​elemento​ ​comum​ ​entre​ ​as​ ​casas,​ ​gerando​ ​espaço​ ​aberto​ ​compartilhado

dinâmico​ ​de​ ​convivência,​ ​atividades​ ​multifuncionais​ ​e​ ​encontro​ ​entre​ ​a​ ​família.​ ​Os​ ​desníveis​ ​do​ ​terreno

são​ ​vencidos​ ​por​ ​rampa​ ​e​ ​por​ ​escadas.​ ​A​ ​casa​ ​está​ ​implantada​ ​ao​ ​lado​ ​direito​ ​do​ ​lote,​ ​para​ ​receber

melhor​ ​insolação​ ​leste​ ​e​ ​norte​ ​nas​ ​faces​ ​principais​ ​e​ ​mantida​ ​no​ ​limite​ ​da​ ​cota​ ​existente​ ​de​ ​1m​ ​do​ ​nível

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da​ ​rua,​ ​para​ ​evitar​ ​ao​ ​máximo​ ​movimentação​ ​de​ ​terra.

Figuras​ ​06​ ​e​ ​07​ ​:​ ​Cortes​ ​Proposta​ ​2.​ ​Acervo​ ​da​ ​autora.

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A casa em si é pequena, então a proposta é criar aberturas para áreas externas que sirvam de extensão dos ambientes e que integrem as atividades da casa. Essas aberturas estão voltadas para a sala, a área de serviço e o quarto de Denise. A entrada da residência ocorre pela sala, no pavimento térreo. Buscando uma melhor iluminação e ventilação dos ambientes internos, a proposta é um portão metálico manual com grande abertura que corre para dentro da casa, de forma que proporcione aproveitar a relação dos espaços internos e externos, gerando extensão da sala e da cozinha, onde seria possível reunir a família e os amigos em uma mesa externa. Outras aberturas estratégicas ocorrem na área de serviço com acesso direto a área externa e no quarto de Denise, com abertura a um pequeno jardim, seguindo a lógica de possibilidade de extensão do ambiente. O pavimento térreo estão a sala, a cozinha, um banheiro, dois quartos, área de serviço e circulação por escadas para o pavimento superior, contendo o quarto de Dirce com um banheiro, além do acesso a cobertura. A materialidade da casa veio como​ ​consequência​ ​para​ ​simplificar​ ​a​ ​construção,​ ​agilizar​ ​e​ ​baratear.

Figura​ ​08​ ​:​ ​Estudo​ ​volumétrico​ ​Proposta​ ​2.​ ​Acervo​ ​da​ ​autora

Referências CAU/BR​ ​-​ ​Conselho​ ​de​ ​Arquitetura​ ​e​ ​Urbanismo​ ​do​ ​Brasil.​ ​Como​ ​o​ ​Brasil​ ​constrói​.​ ​Disponível​ ​em <​http://www.caubr.gov.br/pesquisa2015/​>.​ ​Acesso​ ​em:​ ​17​ ​de​ ​Novembro​ ​de​ ​2017. DUARTE,​ ​Ferreira.​​ ​Como​ ​trabalhar​ ​com​ ​projeto​ ​de​ ​baixa​ ​renda.​ ​Disponível​ ​em <​http://www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/266/como-trabalhar-com-projeto-de-baixa-renda-37074 9-1.aspx​>.​ ​Acesso​ ​em:​ ​17​ ​de​ ​Novembro​ ​de​ ​2017. GARZA,​ ​Ana​ ​Cecilia.​ ​Casa​ ​Cubierta.​ ​Disponível​ ​em​ ​<​http://comunidadvivex.org/obras/casa-cubierta/​>. Acesso​ ​em:​ ​15​ ​de​ ​Novembro​ ​de​ ​2017.

24.7​ ​Arquitetura​ ​e​ ​Design.​ ​Casa​ ​dos​ ​Caseiros.​ ​Disponível​ ​em <​http://www.247arquitetura.com.br/casa-dos-caseiros/​>.​ ​Acesso​ ​em:​ ​15​ ​de​ ​Novembro​ ​de​ ​2017. Terra​ ​e​ ​Tuma.​​ ​Casa​ ​Vila​ ​Matilde.​ ​Disponível​ ​em <​http://terraetuma.com/archives/portfolio/items/vmatilde​>.​ ​Acesso​ ​em:​ ​08​ ​de​ ​Agosto​ ​de​ ​2017.

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GARZA,​ ​Ana​ ​Cecilia.​​ ​Casa​ ​Caja.​ ​Disponível​ ​em​ ​<​http://comunidadvivex.org/obras/casa-caja/​>.​ ​Acesso em:​ ​15​ ​de​ ​Novembro​ ​de​ ​2017.



Centro Comunitário Jardim Ângela Lhuara Thalles Costa Dalpra Ferreira Orientador: Prof. Artur Katchborian

Figura 01 : Espaço do centro comunitário. Fonte: acervo da autora

Resumo O trabalho apresenta como proposta projeto de um Centro Comunitário, localizado no distrito do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, região caracterizada por índices de vulnerabilidade social e demanda de equipamentos públicos. Desta forma o trabalho inicia com uma análise do desenvolvimento de São Paulo e seu rápido crescimento marcados pela desigualdade social,

pelos os estudos do entorno onde o terreno está localizado, a proposta deste trabalho é a produção de um espaço público para uso da comunidade local, onde a edificação se relaciona com o espaço sem se colocar como barreira, propiciando espaços de uso coletivo que incentive a convivência, interação social e fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.

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públicos. Considerando este cenário junto com os estudos da região do Jardim Ângela seguido

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onde consequentemente geraram áreas desprovidas de infraestrutura básica e equipamentos


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Introdução

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O processo histórico da sociedade brasileira acontece através de uma formação desigual e caracterizada pela segregação territorial, tratando-se em especial da capital paulista, considerada uma das mais importantes metrópoles teve seu desenvolvimento radial, que parte do centro para áreas periféricas, onde este centro está cercado de bairros que sofrem com a falta de serviços e equipamentos públicos, considerados áreas com grandes índices de vulnerabilidade, desemprego e degradação social. Partindo deste cenário, este trabalho apresenta como objetivo a criação de um Centro Comunitário que promova a melhoria da qualidade de vida das comunidades de baixa renda nos aspectos: social, ambiental e cultural, através da criação um equipamento com atividades voltados as necessidades da comunidade onde possa contribuir para a consciência pessoal e coletiva dos problemas e das potencialidades presentes na comunidade, reforçando a sua capacidade de integração. A palavra centro comunitário está implícito em diversos locais onde nos reunimos com uma ou mais pessoas para qualquer que seja a atividade, estes espaços podem acontecer desde a cozinha de sua casa até um equipamento que aconteça outras atividades, o que denomina este local é o encontro de pessoas que compartilha do mesmo espaço. Lembro de quando criança ocupávamos a rua com jogos e brincadeiras, o esconde-esconde, não acontecia dentro de uma casa só, nos escondíamos em diversas casas, nas casas dos vizinhos, nas lojas da rua, em qualquer lugar, nós nos apropriávamos da rua. Lembro me também das festas de aniversários que aconteciam na garagem das casas, com o portão aberto, e a festa se estendia até a calçada. A igreja, tinha seu papel principal de pregar o evangelho, mas também cumpria com uma papel social enorme, de criar laços familiares, de acolher e ajudar o próximo, de organizar doações e entregar em lares necessitados; disponibilizava seu espaço interno quando não aconteciam as missas, para receber crianças, jovens e adultos a participarem de oficinas organizada pela igreja; suas festas, todos os moradores participavam e ajudavam a organizar, as famílias montavam suas barracas e vendiam aquilo que mais tinha habilidade pra fazer, lanches, salgados, doces, lembrancinhas e outros, as crianças ajudavam a vender o “correio elegante”, todos participavam de alguma maneira, era um trabalho coletivo e funcionava muito bem; o evento mais esperado do ano era a procissão, onde cada rua era responsável para montar seu “tapete” onde iria receber as pessoas após a missa, todos os moradores ajudavam a montar o tapete, crianças, jovens e adultos, a montagem acontecia o dia todo e cada rua queria fazer um tapete mais bonito que o outro, compartilhávamos nossas habilidades para o bem comum. A partir destas lembranças pude perceber como a igreja tem um papel semelhante a centros comunitários, considerado um polo de atividades que atende os moradores. A motivação de realizar este trabalho parte dessas lembranças, da tentativa de resgatar esses espaços que foram perdidos ou estão presos nas quatro paredes da casa, onde sentimos que não temos o direito a ocupar a cidade, e ela se torna apenas um local de passagem de casa ao trabalho e do trabalho para a casa, perdendo as relações de vizinhança e os laços que criamos com o local onde habitamos. Portanto este trabalho se inicia com uma análise geral da formação da cidade e como este espaço tem como característica a segregação, a fim de identificar territórios com índices de vulnerabilidade social, onde a implantação de um centro comunitário como equipamento de uso coletivo, pensado para acontecer reuniões coletiva dos moradores, atividades socioeducativas, esporte e lazer, seja o ponto inicial para que a comunidade mobilize a fim de identificar seus problemas e potencialidade para melhorar as condições local.

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Trabalhos de Conclusão de Curso | 2017_2

Proposição O objetivo deste projeto é estimular as relações sociais e contribuir para o exercício do direito a cidadania, através da criação de um equipamento para uso da comunidade local que incentive o compartilhamento de experiências e conhecimentos de forma coletiva, com atividades e práticas criadas para fortalecer relações pessoais e tornar mais efetiva a vida em comunidade, melhorando as condições locais para aqueles que se encontram em situações de desvantagem social. O projeto do Centro Comunitário Jardim Ângela busca atender todas as faixas etárias, desde crianças e adolescentes até adultos e idosos, para melhor integração social e convívio coletivo. O espaço conta com um programa básico com áreas para atividades físicas, horta e cozinha comunitária, espaços para recreação ao ar livre, pontos de encontro e festas e salas de aula, oficinas e cursos. Os espaços onde se desenvolvem as atividades não acontecem em um único edifício, pelo contrário, estes espaços estão distribuídos pelo terreno, afim de dinamizar os espaços com diversas atividades que possam acontecer de forma simultânea, além de criar uma permeabilidade nos espaços do centro. O local onde o terreno está inserido conta com dois principais fluxos de pessoas, o que acontece dentro do terreno, utilizado para acesso dos moradores que fazem divisa com o mesmo e outro que acontece pela proximidade com a faixa de pedestre, ambos são considerados na concepção do projeto. A proposta de implantação para o Centro Comunitário segue a forma que o terreno insinua. Cercado pela Avenida M Boi Mirim e o córrego, dois elementos marcantes que determina sua área, os edifícios e as áreas de convívio são voltados para o córrego, a fim de garantir a segurança dos veículos motorizados. (DIAGR. 1)

Figura 02 : DIAGRAMA 1. Fonte: acervo da autora

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Os acessos são definidos em função das áreas de circulação e orientam o caminho a ser percorrido pelos usuários. O edifício está fragmentado a fim de deixar o terreno permeável e presente no percurso dos moradores. (DIAGR. 2)


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Figura 03 : DIAGRAMA 2: Circulação e acessos. Fonte: acervo da autora

As áreas destinadas a hortas comunitária margeiam o córrego a fim de retomar o contato com a natureza e preservação do curso d’água. (DIAGR.3)

Figura 03 : DIAGRAMA 3: Distribuição das áreas. Fonte: acervo da autora

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Para fortalecer a ideia da coletividade o projeto considera a participação da comunidade no processo construtivo do Centro Comunitário através de mutirão, para isso foi considerado a alvenaria estrutural com blocos de concreto, por ser um sistema construtivo bastante conhecido e utilizado na autoconstrução. A proposta de se adotar o regime de mutirão está na participação dos moradores no processo construtivo de um equipamento público construído pela comunidade, e não simplesmente para a comunidade. A comunidade é a protagonista deste projeto, desde a sua concepção até o funcionamento do centro como resultado das dinâmicas das pessoas envolvidas, realizado de forma coletiva, com o objetivo de fortalecer a vida em comunidade melhorando as condições locais, as pessoas devem ser encorajadas a usar os talentos e recursos de que se dispõem.

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Figura 04 : Método construtivo: Fundação, bloco estrutural e cobertura. Fonte: acervo da autora

Referências BAENINGER, Rosana. População e cidades: subsídios para o planejamento e para as políticas sociais, Campinas, setembro de 2010 Cardia, N. e Schiffer S. (2002), Violência e desigualdade social. In Revista Ciência e Cultura, São Paulo, SBPC, ano 54, n. 1, jul., ago., set. CIDADE EM MOVIMENTO. Relatório final, passagens Jadim Ângela, São Paulo, 2015.

MARICATO, Ermínia T. M. Metrópole na periferia do capitalismo. São Paulo: Hucitec, 1996. OLIVEIRA, Francisco de. Acumulação monopolista, estado e urbanização: a nova qualidade do conflito de classes. In MOISÉS, José A. Condições urbanas e movimentos sociais. São Paulo: CEDEC – Paz e Terra, 1977.

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de habitação: Cidades Brasileiras - Espaço de carências. Bienal de Veneza, ano 03, agosto de 2002

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FRANÇA Elisabete, BAYEUX, Gloria. Favelas Upgrading: a cidade como interação dos bairros e espaço



[FAU] Um espaço de referência para o ensino de Arquitetura e Urbanismo Manoela Machado Carvalho Orientadora: Prof. Dr. Valéria Fialho

Figura 01 : Vista fachada FAU- Fonte: acervo do autor

Resumo

São Paulo, inserido no contexto de um conjunto multifuncional (habitação e serviços). A escolha do tema se deu devido ao crescente aumento da oferta de cursos na cidade e à constatação da necessidade de se repensar os espaços dedicados ao ensino deste ofício. O trabalho busca sua fundamentação em estudos de casos referenciais. 1 101

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projeto de uma Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, localizada na região central da cidade de

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O presente Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo a concepção de um


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Introdução A profissão do arquiteto e urbanista foi reconhecida oficialmente no Brasil a partir do decreto de 1930. Mas a profissão já vinha sendo exercida antes, considerada uma das profissões mais antigas da sociedade, passando por diversas modificações ao longo da sua história. É a principal responsável por dar usos e formas a edifícios, entre outras dezenas de funções que está relacionada a essa profissão tão ampla, com tamanha importância e uma necessidade de formar profissionais cada vez mais qualificados. Segundo a Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (Abea), durante o XXXI Encontro Nacional sobre o Ensino de Arquitetura e Urbanismo, essa proliferação de cursos resulta em uma qualidade de ensino cada vez mais baixa, formando profissionais em excesso no mercado cada vez piores, contribuindo para a atual quadro da crise profissional. A infraestrutura das escolas, é citada como um dos pontos mais sensíveis apontados para se ter um ensino de qualidade. Onde um curso que se pretende ensinar a arte de organizar os espaços, em alguns casos são oferecidos em espaços improvisados e desprovidos de qualquer condição satisfatórias para o atendimento de suas atividades pedagógicas. Falta equipamentos, espaços, mobiliários adequados. Tem muito o que se melhorar em relação a conforto ambiental, acessibilidade universal. Faltam salas para desenvolvimento de tarefas fora do horário de aula, equipamentos de acesso à internet. Há ausência de espaços para exposição, que promovam encontros, debates e que funcionem como um laboratório vivo para investigação de soluções e alternativas nos trabalhos propostos durante o curso. Com isso, a proposta desse Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo principal a concepção de um projeto de edifício que compreenda em uma Faculdade de Arquitetura e Urbanismo unida a um edifício corporativo e uma habitação estudantil. Sendo motivado pelas minhas inquietações de estudante de arquitetura e urbanismo, em criar um espaço tão simbólico para nós alunos, que apresenta características tão peculiares, necessitando de espaços físicos que se divergem dos espaços convencionais, estimulando a criatividade e a convivência. O Projeto será implantando no centro da cidade, próximo a principal avenida de São Paulo, a Avenida Paulista. Por acreditar que o local implantado exerce uma grande importância sobre o projeto, seja ela em relação a história, problemáticas, ou pela troca de experiência entre a sociedade, o estudante

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e a propria cidade.

Figura 02 : fluxos Fonte: acervo do autor

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Proposição Para a criação do projeto foi analisado primeiramente o terreno e entorno no qual ele seria implantando. Tratando-se de um local com um fluxo de pessoas constantemente intenso e por fazer parte de uma quadra que permite a fluidez dentro dela, o projeto assume como uma das premissas de partido essa mesma permeabilidade. Usando a topografia a favor dessa permeabilidade, o projeto surge com a criação do térreo em dois níveis diferentes, formando duas praças, sendo uma de passagem e uma central mais restrita de permanência. O programa foi organizado com três tipos de usos (educacional, serviços e habitacional) que se conectam entre sim, a partir do térreo livre e público, se tornando também uma área de estar para as pessoas que ali passam. Foi estruturada uma massa edificada seguindo o alinhamento longitudinal do terreno. Com o rompimento dessa massa cria-se duas laminas de forma que se favoreça a iluminação e ventilação natural, colocadas estrategicamente conforme seus usos. Os três usos propostos são ligados a partir do térreo livre, com lojas e cafés, permitindo a permeabilidade da quadra e pelo térreo inferior onde concentra-se uma área de descanso, restaurantes, e o acesso independente ao auditório. Os fluxos dos edifícios são separados conforme sua função, com torres de elevadores e escadas. A torre de serviços foi colocada próximo à rua Antônio Carlos, onde também está localizada a entrada e saída de veículos para o estacionamento. A torre contempla andares de salas de escritórios de arquitetura em modelos tradicionais e andares de coworking, fazendo parte do programa como uma incubadora para futuros arquitetos e também para pessoas que queiram compartilhar diariamente da troca de informações e conhecimento da arquitetura por meio de uma cultura baseada na colaboração e integração, além de ser financeiramente mais acessível. A torre da habitação estudantil foi implantada na outra lateral do lote e encontra-se acima da faculdade de Arquitetura, com acesso hierarquizado no térreo. Os apartamentos são pequenos, com quartos individuais, duplos e para PNE, com um amplo corredor para ser usado como um espaço de estudo para os estudantes. A faculdade de arquitetura implantada no embasamento do edifício da moradia estudantil tem a sua forma com vazio central, onde tudo acontece em sua volta, como diretrizes principais de partido, assim com a grande rampa criada para criar encontros, passeio e apreciação da faculdade, que é dividida em 4 andares, se tornando uma grande caixa de vidro, para que possa ser apreciada por quem passa na rua e para quem estiver dentro possa olhar a cidade. O térreo vira uma grande sala de estudos aberta com vista para a oficina que se encontra no térreo inferior com pé direito duplo, com seus fechamentos de porta de

O 1º andar se concentra os usos públicos com a área de exposição e a biblioteca que está ligada diretamente com o prédio de serviços. O 2º andar concentra se as salas de aulas, o 3º andar estão os laboratórios, ambos partem do mesmo partido de ocupação das bordas do edifício para as salas de aulas/laboratórios, que possui divisórias de correr permitindo a manipulação dos espaços conforme necessidade. E um grande corredor que é o coração da faculdade, um espaço que forma um eixo onde

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criação de uma escadaria arquibancada.

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correr que podem estar totalmente abertas ou fechadas. O desnível de dois metros do térreo permite a


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coisas acontecerá a todo instante, sem uso especifico, mas que traz toda a liberdade para se projetar, integrar e trocar experiências, peça chave para a riqueza do aprendizado. No 4º andar está o ateliê com espaços livres, podendo ser separados por divisórias. A estrutura de ambos os prédios é metálica na cor cinza chumbo, com fechamento de vidro de correr, para favorecer a ventilação cruzada, com uma segunda pele de vidro translúcido que giram em seu eixo quando acionadas. A cobertura da faculdade que se conecta com o térreo da habitação estudantil se torna um espaço de estar com área verde para apreciação da vista de cima, sendo um local um pouco mais privado para os estudantes, conectada com o prédio corporativo onde encontra-se o restaurante. A cobertura do grande vazio e de estrutura metálica com brizes, que possibilita a entrada de luz natural e o fechamento quando necessário.

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Figura 03 e 04 : Perspectiva complexo. Fonte: acervo do autor

Figura 05 : Vista interna – Rampas. Fonte: acervo do autor

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Figura 05: Andar sala de aula. Fonte: acervo do autor Referências INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (Inep). Trajetória e Estado da Arte da Formação em Engenharia, Arquitetura e Agronomia – Volume X: Arquitetura e Urbanismo. Instituto Nacional de Estudos Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Brasília, 2010. Disponível em http://portal.inep.gov.br/documents/186968/492049/Trajet%C3%B3ria+e+estado+da+arte+da+forma %C3%A7%C3%A3o+em+engenharia%2C+arquitetura+e+agronomia+%E2%80%93+Vol+10/af0bec2 a-f57e-495f-b345-2783070d62e4?version=1.3 CONSELHO SUPERIOR DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO. XXXI Encontro nacional sobre o ensino de arquitetura e urbanismo - Novos cenários para o ensino da arquitetura e urbanismo: atualizar, avaliar, acreditar. São Paulo,2012. Disponível em http://www.abea.org.br/?page_id=332 GROPIUS, Walter. Bauhaus – Novarquitetura. Perspectiva. 6ª ed. – Col. Debates 47 - 2013

HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Vilanova Artigas e a FAU/USP. São Paulo: Editora Monólito nº 27, 2015.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo. RESOLUÇÃO Nº 6, 2006. Disponível em http://www.abea.org.br/?page_id=243

Arquitetura do Edifício

BAROSSI, Antonio Carlos. Ensino de projeto na FAUUSP: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Tese de doutorado. São Paulo, 2005. Disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16131/tde-03022010-101545/pt-br.php



Centro de excelência em música e dança Mariana Dellamatriz de Lima Muhamad Orientador: Prof. Artur Katchborian

Figura 1. Fachada do Centro de Excelência de Música e Dança. Fonte: acervo do autor

Resumo Este trabalho de conclusão de curso tem como proposta o desenvolvimento do projeto de um Centro de Excelência que envolve duas artes sublimes, a música e a dança. Para a fundamentação deste projeto, levou-se em consideração a escassez de espaços adequados e

compreensão da funcionalidade da construção desses ambientes integrados a essas atividades que proporcionam aos profissionais e aprendizes desenvolverem e potencializarem suas capacidades. Com o objetivo de facilitar o acesso aos usuários, o terreno escolhido para o desenvolvimento do projeto, situa-se na Praça da República, região central da cidade de São Paulo que tem proximidade ao fluxo das principais vias de transportes. 1 107

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execução deste projeto. Assim, diante desse contexto, foi escolhido como estudo de caso a

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inovadores para a prática dessas artes, apontando para a necessidade e importância de


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Introdução

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O tema proposto para este trabalho tem como objetivo a elaboração de um projeto arquitetônico de um Complexo Cultural de Música e Dança na região central de São Paulo, focado na importância da criação de ambientes apropriados, com detalhamento acústico, dimensões e revestimentos pois, são fatores indispensáveis para qualidade do espaço e para o desenvolvimento e apresentação dos profissionais destas áreas. Para oferecer um embasamento teórico sobre a abordagem da problematização do objeto de estudo, no desenvolvimento do projeto foram realizadas uma série de pesquisas sobre o tema, sua funcionalidade e tecnologia, oferecendo compreensão e uma base para a elaboração do projeto arquitetônico. Embora na cidade de São Paulo já exista programas culturais artísticos voltados para a música e dança, a região ainda anseia por construções de qualidade para a realização das artes. Os centros artísticos são desenvolvidos em práticas e exposições (apresentações ou performances), entretanto os espaços de aprendizado e desempenho musical e de dança, requerem exigências acústicas e tecnológicas do âmbito arquitetônico. O motivo da escolha do tema foi em virtude da falta de locais adequados e especializados em diversos tipos de instrumentos, de gêneros musicais e de danças. A falta de ambientes com infraestrutura dificulta a prática e desenvolvimento desse ramo artístico no Brasil. E também levando em conta que os centros musicais existentes estão divididos em núcleos, separados por categorias pela cidade, como por exemplo, orquestral, percussão, violão, canto, cordas, piano, etc. Portanto, a ideia é proporcionar um novo local que ofereça todo o suporte necessário e englobe todas as categorias de forma adequada e centralizada, oferecendo um ambiente com ampla diversidade de estilos musicais e de dança.

Figura 2.Pátio do Centro de Excelência. Fonte: acervo do autor

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Proposição O complexo cultural tem como conceito norteador a abertura musical e visual a todos os moradores da cidade de São Paulo. Criando um espaço aberto a todos, tanto para aqueles que vão para as aulas ou lecionar, quanto aqueles que vão para apreciar as apresentações ou utilizar a biblioteca. A premissa básica foi criar uma linguagem moderna e ao mesmo tempo funcional. Foram priorizados a otimização do espaço, a forma e o conforto acústico dos ambientes, com pretensão de contribuir para a prática e o desenvolvimento dos profissionais. A configuração do projeto se insere de acordo com a disposição do terreno, destinando a fachada da Rua Aurora para acessos privados, e a fachada da Rua Praça da República para acessos públicos. A distribuição do programa se inicia com a separação dos setores administrativo, pedagógico, audições e social. Sendo assim, o térreo concentrará os setores sociais de livre acesso, auditório, loja e saída do metrô, sendo somente privado a área de administração. E os demais andares, de acesso privado, se insere o setor pedagógico, com salas de prática dos instrumentos musicais,

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orquestras e de dança, delimitando por cada estilo e estudo teórico, biblioteca, estúdios e vestiários.


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Referências Archdaily

-

Escola

de

música

Chethams.

Disponível

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137488/escola-de-musica-chethams-slash-stephenson-isa-studio> Issuu – Qualidade da acústica. Disponível em: <https://issuu.com/gabrielschneider5/docs/monografia_gabrielschneider> http://www.prppg.ufpr.br/ppgecc/wp-content/uploads/2016/files/dissertacoes/d0171.pdf Conic semesp – Isolamento acústico em salas de aula. Disponível em: <http://conic-semesp.org.br/anais/files/2016/trabalho-1000022733.pdf> http://relacus.com.br/site/acustica-tecnica-e-sensibilidade/ http://www.fau.usp.br/arquivos/disciplinas/au/aut0278/01%20Hist%C3%B3ria%20da%20Ac%C3%BAstica%20Arquitet%C3%B4nica.pdf São Paulo Info – História da Praça da República. Disponível em: <http://www.saopauloinfoco.com.br/praca-republica/> Editora: Senac São Paulo. Autor: Levino Ponciano UFRGS - Comparação entre tempos de reverberação calculados e medidos FEMEC - Qualidade Acústica e tempo de reverberação UTFPR –Materiais, técnicas e processos para isolamento acústico HAFELE - Vedações Para portas simples e acústicas

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Esquadrias antirruído são indicadas para casos críticos de isolamento de fachada - Graziela Silva



Centro de Pesquisa em Agricultura Urbana na Vila Leopoldina Renan Scarpato Orientador : Prof. Artur Katchborian

Figura 01 : Vista da Avenida Dr. Gastão Vidigal. Fonte: acervo do autor

Resumo O crescimento populacional é acompanhado da necessidade de produzir mais de alimentos. Estimasse que 9 bilhões de pessoas habitarão o planeta em 2050. A agricultura urbana aparece como alternativa eficiente de produção, pois aproxima o produtor do consumidor final. O objetivo

agricultura urbana. Para isso foram feitos estudos de caso de outros centros de pesquisas e levantamentos de dados da área de intervenção para estabelecer um diagnóstico e sintetizar, através do projeto arquitetônico, as soluções encontradas.

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capacitação de pequenos produtores e do desenvolvimento de novas técnicas, promover a

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desse trabalho é desenvolver o projeto de um centro de pesquisas, que busca através da


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Introdução Hoje a maior parte da população está localizada nas cidades, já a produção de alimento se concentra nas áreas rurais. O que significa que as cidades dependem do deslocamento diário de toneladas de alimentos de outras regiões. Fornecer alimento à população residente nas áreas urbanas passa a ser um desafio, já que os deslocamentos geram custos, poluição e grande impacto na mobilidade urbana. Uma alternativa se apresenta para a redução desses impactos, a Agricultura Urbana. Entendesse por agricultura urbana o cultivo de vegetais e animais dentro das cidades ou no seu entorno, a agricultura urbana pode acontecer em terrenos privados como nos quintais da residências ou em coberturas e também em espaços públicos como praças, sobras de vias, ao longo de ferrovias e em áreas degradadas da cidade. Diversas atividades estão envolvidas na agricultura urbana além da produção, como as cooperativas que transformam os alimentos, serviços veterinários, comércio de insumos e ferramentas, dentre outras atividades. Pode ser feita por um grupo de pessoas do mesmo bairro que utilizam uma praça da região para produzir coletivamente alimentos, ou por famílias pobres que utilizam o cultivo para a própria subsistência ou como complemento de renda, por empresas que buscam na agricultura investimentos rentáveis ou até mesmo por ONGs que realizam atividades educativas por meio da AU. Os produtos são comercializados no próprio local onde são produzidos, ou em regiões próximas, podem ser transportados em carrinhos ou bicicletas, fornecidos para mercados locais ou comercializados em feiras o que reduz consideravelmente o custo final do produto já que os gastos com o transporte são praticamente inexistentes. O gasto com alimentação pode representar até 70% da renda de famílias pobres. Ao produzir o próprio alimento, os gastos domésticos são reduzidos e o excedente de produção pode ser comercializados gerando um complemento de renda. O difícil acesso à informação e capacitação técnica dos produtores é um dos fatores que barram o avanço e a eficiência da agricultura urbana As técnicas utilizadas no campo não são facilmente aplicadas no contexto urbano, as condições de produção na cidade são completamente diferente das rurais, o espaço é limitado, e exige o desenvolvimento de técnicas especificas aplicáveis ao contexto urbano. Visando romper os obstáculos que barram o avanço da agricultura urbana, a proposta do trabalho é a criação de um centro de pesquisa e capacitação em agricultura urbana. Proposição A área escolhida para a implantação do projeto é um trecho de 215.000m² do terreno do CEAGESP

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(Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo). O CEAGESP é o maior entreposto de alimentos da américa latina, ocupa aproximadamente 700.000 m² da Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo, é responsável pelo abastecimento de 60% da região metropolitana.

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Figura 02: imagem aérea do modelo Fonte: acervo do autor.

Figura 02 : imagem aérea do CEAGESP Fonte Paulo Toledo Piza/G1

Figura 03 : Enchente no CEAGESP. Fonte: Luciana Bonadio/G1

Milhares de caminhões circulam diariamente na região por conta do entreposto o que gera graves problemas de congestionamento e conflitos com o entorno. Por isso, a prefeitura de São Paulo determinou

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recentemente a saída do CEAGESP da região.


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A área destacada recebe o volume de água em épocas de cheia evitando as enchentes recorrentes

Figura 04 área alagável Fonte: acervo do autor.

O nível da água varia conforme o volume de água que recebe, assim. espaço apresenta aspecto diferente de acordo com a época do ano. A água acumulada pode ser reutilizada para irrigação ou na aquicultura Antes do rio transbordar e causar enchentes na região a água é direcionada para o sistema de wetlands construído, conforme esquema, dividido em 3 etapas de filtração e em seguida direcionada para o reservatório localizado no galpão. O sistema consiste em reproduzir artificialmente ambientes naturais típicos de regiões alagáveis como brejos, pântanos e várzeas com o objetivo de tratamento da água. Essa técnica é conhecida como wetlands construídos ou alagados construídos

Figura 05: Esquema do tratamento da água – wetland construído Fonte: acervo do autor.

O principal ponto de acesso ao lote ocorre na Av. Dr. Gastão Vidigal através do edifício de atendimento ao público. O edifício é envolto por uma casca de concreto seguido de pavimentos de escritórios e salas de

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aula, biblioteca e por fim um mirante localizado no último pavimento.

Figura 06 : Plantas dos pavimentos – edifício atendimento ao público. Fonte acervo do autor.

Figura 07 : edifício atendimento ao público Fonte: acervo do autor.

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O Edifício é envolvido por um grande espelho d’agua que além de contribuir com a climatização e estética também compõe o sistema de armazenamento de água. Ao lado do edifício, também envolto pelo espelho d’agua, ficam localizados os estacionamentos, o acesso de veículos é feito pela Av. Dr. Gastão Vidigal. Uma área de 35.000m² destinada a produção de madeira, grãos leite e carne, produtos de longo ciclo de produção. Essa área funciona como pasto para animais de grande porte e é formada por linhas de plantio de eucalipto com espaçamento de 1,5m entre as árvores e 30 metros entre as linhas também é possível a criação de lavouras. A posição das árvores não impede a livre circulação dos animais de grande porte, além de contribuir para o bem-estar do animal e riqueza do solo, tal prática é conhecida como Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF)

Figura 09: tanques utilizados para a pesca Fonte: acervo do autor.

Figura 08 ILPF Fonte imagem: Bruno Lemos/News Rondônia.

Referências VEENHUIZEN, R.V. Cities Farrming for the Future: Urban Agriculture for Green and Productive Cities. 1.ed. Manila: RUAF Foundation, 2006. 500p. MACHADO, A. T.; MACHADO C. T. T. Agricultura Urbana 2.ed. Planaltina: EMBRAPA, 2002. 25p FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Growing Greener Cities In latin America And the Caribbean. Roma, FAO, 2014. 93p. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Food for the cities. FAO, 8p. FRANÇA, E. Ceagesp: um desafio para a gestão de São Paulo. Arquitetura e Urbanismo au, São Paulo, Pini, ano 32, N.276, Mar., 2017. CEAGESP. Histórico Disponível em: <http://www.ceagesp.gov.br/a-ceagesp/institu-cional/historico/>. Acesso em 16 de Mai. 2017. TOLEDO,

L.

R.

Produção

e

demanda

de

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Disponível

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br/crescimento-populacional-e-o-desafio-da-alimenta%-C3%A7%C3%A3o/a-15486766> Acesso em 12 Set. 2017

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<http://www.fao.org/urban-agriculture/en/>. Acesso em out. 2017 KINKARTZ S. Crescimento populacional e o desafio da alimentação Disponível em: < http://www.dw.com/pt-



OUTSIDE Edifício Multifuncional Roberta Pascale Giarrante Orientador: Prof. Artur Katchborian

Vista Rua Flórida x Rua Califórina

Figura 01:Vista da MAQUETE ELETRÔNICA. Fonte: acervo do autor do trabalho

Resumo O presente trabalho partiu de uma inspiração principal, Edifício Corujas (FGMF), por levar para a área de trabalho o conceito Outside, ou seja, “estar fora” do habitual, dando a oportunidade para o residente do Edifício trabalhar ao ar livre, ter contato com a natureza e escolher o ambiente

inserido. O objetivo principal do trabalho foi criar um projeto com várias funções e lazer para o uso de quem trabalha, mora ou passa pelo local. Terreno do Novo Brooklin, que será dividido em áreas públicas e privadas, sendo o térreo público, com comércios e serviços que podem ser utilizados por todos que habitam a região, áreas semi-públicas, como Coworking e biblioteca e áreas privadas, sendo o Residencial e Corporativo. 1 119

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com múltiplas funções, em diferentes escalas que podem variar de acordo com o meio que está

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mais confortável para trabalhar / estar. Os Edifícios Multifuncionais constituem em um projeto


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Introdução Para a decisão do que seria feito no trabalho de conclusão de curso, fiz uma análise de tudo o que já havia estudado e feito durante os quatro anos que se passaram da faculdade. Conclui que faria um edifício no qual teria o prazer de trabalhar, um projeto multifuncional onde todos do bairro e cidade teriam livre acesso e a oportunidade de usar o que ele disponibilizaria. Pretendo quebrar a metodologia utilizada atualmente, casa > trabalho > uma hora de almoço (ás vezes menos) > trabalho > casa, trazendo tranquilidade, entretenimento e praticidade para aqueles que ocupam o corporativo e residem no terreno. Porque não fazer uma massagem, jogar um jogo, ler um livro ou até mesmo tomar sol no meio do seu horário de trabalho? Porque associar trabalho com prédios fechados e enclausurados? Após ler pesquisas, e analises históricas das áreas de trabalho e compreendi que não conseguimos ficar concentrados 100% por todo o período de trabalho, muitas vezes vinte minutos de interatividade e comunicação com outras pessoas, muda o ambiente no qual estamos trabalhando, o humor e até mesmo a produtividade do dia. Em um dos semestres fiz uma visita ao Edifício Coruja, onde me interessei muito pelo ambiente, por ser um corporativo que não era apenas um local de trabalho, haviam áreas abertas com luz solar, ambientes de interatividade entre todos os trabalhadores do edifício e até animais de estimação dentro dos escritórios deixando um clima mais leve para aqueles que trabalham no local. Outro local que me influenciou nessa escolha de fazer um corporativo com o prazer no trabalho, foi a faculdade na qual eu estudei nesses últimos anos, o Centro Universitário Senac, com áreas semelhantes, onde às vezes esquecemos até que estamos no meio de uma cidade tão turbulenta e movimentada, podendo trabalhar fora do local “imposto” para exercer as atividades. Concluo meu tema como um Multifuncional diferenciado dos atuais, um projeto que trará o conforto, lazer e a possibilidade de escolha do local onde quer exercer sua atividade do dia, sendo elas em áreas externas, varandas, cabines ou em conjunto com os demais funcionários, sendo um modelo que

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abrange o que tem “do lado de fora” do edifício.

Figura 02: Edifício Corujas Figura 03: Centro Universitário Senac

Proposição A ideia principal do projeto é criar um edifício com várias funções para uso tanto de quem trabalha no multifuncional, quanto para quem mora próximo ao terreno no qual será implantado. Além de um prédio

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com escritórios e lazer, farei um edifício residencial com três tipologias de apartamentos para que seja ocupado não apenas por aqueles que querem morar no bairro, mas também para os que trabalham no Corporativo, concedendo aos trabalhadores a oportunidade de almoçar em sua própria casa e não ter que se deslocar para chegar no emprego. Apartamentos de 60m², 70m² e 85m², com lavanderia compartilhada no térreo. O programa será dividido em áreas públicas, semi-públicas e privadas, sendo o térreo público, com comércios e serviços que podem ser utilizados também por todos que habitam a região e também que tenha um uso noturno e um movimento para a área que será implantada, que durante a noite é muito deserta e perigosa. O local escolhido para implantar meu projeto de finalização de curso foi o Brooklin Novo. Uma área comercial e mais moderna do bairro nobre do Brooklin, pertencente ao distrito do Itaim Bibi, na Zona Oeste da cidade de São Paulo. O terreno que foi projetado o multifuncional se localiza na Rua Florida x Rua Califórnia x Rua Michigan com aproximadamente 15.000m². Fica próximo a grandes avenidas e a escolha se deu a partir da lei do zoneamento, usos do entorno e por ser um terreno atualmente vazio. Na questão estrutural e de materialidade, o concreto, vidro e metal serão muito utilizados. O concreto para a parte estrutural e também dando destaque no revestimento externo, o metal será utilizado nos brises ripados, ajudando no controle da luz solar dentro da edificação, no qual terá Uglass e sacadas envidraçadas. Com base nos estudos de casos e na inspiração inicial, foi elaborado um programa mínimo no qual cada prédio deveria conter. Durante a execução do projeto, percebi que muitas das propostas do programa, poderiam ser utilizadas por vários públicos que frequentam a região. As curvas de nível foram alteradas para que pudesse implantar dois térreos no terreno. Um sendo feito pela cota 731 e o outro pela 734. Fiz essa alteração para que embaixo da curva 734 tivesse um uso coberto e podendo diferenciar a entrada de quem utilizará a parte pública, do residencial.

734

734 733 732

731

Figura 05: Terreno Novo - Maquete eletrônica

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Figura 04: Terreno Antigo - Maquete eletrônica

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Figura 06: Implantação – Maquete Eletrônica

Iniciei com estudos de diferentes formas da implantação do programa, pensando na orientação solar e aproveitando as curvas de nível para gerar dois térreos em cotas distintas. Pensei em formatos que se encaixassem para que os dois edifícios se conectassem e pudessem ser utilizados por todos os usuários, tanto os que moram ao redor, quanto os que iram utilizar o corporativo e Coworking. Para que o prédio residencial tivesse mais privacidade e menos ruídos, foi pensado em implantar

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próximo á área com ocupação também residencial. Em relação ao corporativo, Coworking e comércios, deixei distribuídos pelo terreno, não concentrando apenas uma função para o prédio, e sim usos para todos os residentes do local e aos que vão trabalhar no mesmo.

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Através desse corte é possível ver a estrutura do prédio, feita em laje nervurada para ajudar a alcançar grandes vãos, como o da sala de cinema, representado em rosa claro e também pensado na entrada do público pelo nível intermediário da sala, melhorando os lugares e visão dos cadeirantes.

Figura 07: Corte do Residencial, Cinema e vista do Corporativo Figura 08: Elevação Rua Flórida “Quando perguntas sobre as cidades, provavelmente as pessoas irão falar de edifícios e carros, em vez de falar de ruas e praças. Se perguntadas sobre a vida na cidade, falarão mais de distanciamento, isolamento, medo da violência ou congestionamento e poluição, do que de comunidade, participação, beleza e prazer. Provavelmente dirão que “cidade” e “qualidade de vida” são incompatíveis.” ROGER, R.

Referências Edifício Corujas – FGMF Arquitetura – Visita no Edifício e consultas de plantas e construção no site.

São Paulo, Lei 16.050 – Plano Diretor Estratégico de São Paulo Campus Google SP – Visita no Edifício e consulta no site. Disponível em: < https://www.campus.co/saopaulo/pt/about > ARCH DAILY – Disponível em: < http://www.archdaily.com/34302/linked-hybrid-steven-holl-architects >

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Pesquisa da área de trabalho: Disponível em: < https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/6115/6115_3.PDF >

Arquitetura do Edifício

Disponível em: < https://www.archdaily.com.br/br/787289/edificio-corujas-fgmf-arquitetos >



CENTRO DE ACOLHIDA - REPÚBLICA Vanessa Megumi Uehara Orientador: Profª. Dra. Valeria Fialho

Figura 01: ser visto sem ser percebido. Fonte: acervo do autor

Resumo Andando pela cidade de São Paulo é comum nos deparamos com pessoas vivendo nas calçadas, em baixo de pontes entre outros locais inadequados para morar. Baseado em reflexões sobre o assunto, decidi desenvolver um projeto arquitetônico de um centro de acolhida para essa população para o trabalho de conclusão do curso. Entender as necessidades básicas dessa população heterogênea é fundamental para o sucesso de um projeto como esse. Pois, por mais

censitários, pesquisas sobre moradores de rua em geral, reflexões e citações, bem como levantamentos do terreno escolhido e estudos de caso. Reiterando que não é um trabalho de natureza sociológica.

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albergue/centro de acolhida. Para chegar na relação dessas necessidades é apresentado dados

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difícil que seja morar na rua, há pessoas que preferem dormir na rua do que ir para um


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Introdução Com o intuito de desenvolver um trabalho voltado a projetos sociais me deparei com o tema: Centro de Acolhida para Moradores de rua. Após uma reflexão sobre o assunto decidi que seria esse o tema para o TCC (trabalho de conclusão do curso), pois é um assunto tratado com descaso tanto pelos governantes como a sociedade brasileira em geral. Caminhando pela cidade de São Paulo facilmente nos deparamos com muitas pessoas habitando os logradouros públicos, baixos de viadutos entre outros locais abandonados ou subutilizados. Mais conhecidos como população em situação de rua, vivem expostos não só as intempéries bem como a todos os riscos psicológicos e violência que estar nessas condições oferecem. São pessoas em sua maioria discriminadas pela sociedade e subjugadas como merecedores do estado em que se encontram. Porém, a realidade como apresentaremos resumidamente nesse trabalho de conclusão de curso, é bem diferente. Trata-se de um grupo heterogêneo, ou seja, há uma diversidade de perfis, necessidades e razões pelas quais se encontram “morando na rua”. Esse TCC buscará compreender as necessidades básicas das pessoas em situação de rua e desenvolver um projeto de um Centro de Acolhida que possibilite essas pessoas pernoitarem em um local mais agradável e que possa renovar as esperanças das pessoas que frequentarem esse espaço. No gráfico a seguir podemos observar que em 15 anos praticamente dobrou o número da população em

8570

7335

14478 6765

7713

13666 7079

6587

8706 3693

5013

15905

situação de rua na cidade de São Paulo.

2000

2009

Moradores de Rua

Acolhidos

2011

2015

Total de Pessoas em Situação de Rua

Os dois estudos de caso abaixo, foram fundamentais para o entendimento dos espaços e

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criação do programa do Centro de Acolhida – República.

Figura 02: Bridge Homeless Center e a Oficia Boracea. Fonte: sites do Overland Partner e LoebCapote

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Proposição

Figura 03: implantação do terreno. Fonte: acervo do autor Como dito anteriormente, estudar e compreender as necessidades da população de rua é de extrema importância para o “sucesso” do Centro de Acolhida. É claro que muitas pessoas vão pela necessidade, mas ainda há aqueles que preferem às ruas à dormir nos albergues/centros de acolhida. Baseado nisso, é importante que o abrigo seja em um local que faça sentido para essa população. De acordo com o censo (FIPE), cerca de metade das pessoas que pernoitam nas ruas trabalham com a coleta de materiais recicláveis, ou seja, o principal local para essa coleta são os grandes centros servidos de comércio e indústrias. Dessa forma, o terreno escolhido encontra-se na República próxima aos renomados edifícios Copan e Itália. O projeto é composto por dois edifícios em laminas paralelas de estrutura em concreto armado e vedados com blocos cerâmicos. Essas laminas são conectadas por um corredor central que é de estrutura metálica e possuí vãos que permitem circulação de ar e entrada de luz natural. No térreo se localizam as áreas ao público em geral e que tem maior movimentação, como a recepção, triagem, salas de assistência

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social, enfermagem, cabelereiro e o restaurante.


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Figura 04: corte transversal - escala 1:500. Fonte: acervo do autor Através de uma rampa os carroceiros que pernoitarão, tem acesso ao subsolo, onde encontramse o estacionamento de carroças, os canis, veterinário e um lavatório para animais. O subsolo é iluminado e arejado através de um talude na lateral oeste por uma grande saída de ar no lado oposto, formando assim uma ventilação cruzada o que permite um local arejado e mais iluminado.

Figura 05: circulação de ar - corte subsolo - escala 1:250. Fonte: acervo do autor Os demais andares foram distribuídos da seguinte forma: - 1º andar: Setor educacional (salas de estudo, biblioteca e salas multifuncionais). - Do 2º ao 6º andar: Dormitórios (masculinos, femininos e etc). Quando há necessidade de separar o público, por exemplo, homens de mulheres (essa separação é necessária, pois a grande maioria das mulheres já sofreram algum tipo de agressão de homens) é feito pela ala oeste e leste. No edifício oeste ficam os dormitórios masculinos que pernoitam apenas uma noite. No edifício leste ficam os dormitórios que necessitam de um acesso mais seletivo, por isso há apenas uma entrada e uma pequena área para segurança/monitora controlado as pessoas que entram e saem. - 7º andar: Área administrativa, copa para funcionários, salas de reuniões, copa e área de estar para as pessoas “fixas” e a lavanderia.

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- 8º andar: Pavilhões masculinos e femininos. Esse andar é um andar aberto internamente, nele é possível abrigar aqueles que não se habituam em dormir em locais muito fechados, aumentar a capacidade no período de inverno ou pode ser utilizado para abrigar qualquer outra necessidade temporária. - Cobertura: A cobertura é basicamente um grande telhado verde. Um espaço para descanso, um local para fugir do movimentado centro de São Paulo e também poder apreciar os edifícios ao redor com visão privilegiada.

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Figura 06: esquema dos programas - escala 1:500. Fonte: acervo do autor Nas fachadas voltadas para o exterior tem-se duas longas faixas de janelas, uma principal e uma em cima próximo a laje, protegidas de insolação excessiva por um beiral que é a extensão da laje. Nas fachadas internas também há uma longa faixa de janelas bem próximas ao teto, formando uma ventilação cruzada possibilitando um ótimo conforto térmico.

Figura 07: fachada oeste - escala 1:500. Fonte: acervo do autor Referências PREFEITURA DE SÃO PAULO. Censo da população em situação de rua na municipalidade de São Paulo, 2011. QUINTÂO, Paula Rochlitz. Morar na rua: há projeto possível?, FAU USP - Dissertação de mestrado, São Paulo, 2012.

LOEBCAPOTE ARQUITETOS. Oficina Boracea disponível em: <http://www.loebcapote.com/projetos/19> Acesso: 15 em março 2017 OVERLAND PARTNERS. The Bridge Homeless Center disponível em: <http://www.overlandpartners.com/projects/the-bridge-homeless-assistance-center/> Acesso: 18 em março 2017

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ARCHDAILY. The Bridge Homeless Center disponível em: <http://www.archdaily.com/115040/the-bridgehomeless-assistance-center-overland-partners> Acesso: 15 em março 2017

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DAVIS, Sam. Designing for the Homeless: Architecture That Works. university of califórnia press: berkeley, 2004.



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Novo Mundo, MT Território, identidade e memória Bruno Henrique Antunes Orientador: Prof. Ms. Ralf Flôres

Figura 01: mapa mental da cidade. Fonte: acervo do autor

de um território através dos olhos da dimensão cultural simbólica, permitindo enxergar o imaginário urbano individual, a consciência social do espaço, a formação de identidade territorial. O trabalho foi desenvolvido no município de Novo Mundo, no Mato Grosso, e foi desenvolvido junta às atividades desenvolvidas no projeto de extensão universitária Projeto Rondon - Operação Serra do Cachimbo.

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Este trabalho de conclusão de curso busca a documentação do processo histórico de formação

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Resumo


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Introdução Fazer parte, pertencer, viver e sentir a cidade. Qualquer que seja a forma com a qual se faz, a interação nos possibilita crescer pessoal e intelectualmente. Particularidades de cada espaço provocam a inquietude e convidam para o entendimento das dinâmicas que o compõe. O espaço por si só é estimulante. Desperta em nós a possibilidade de percepção sensorial e nos permite ainda interagir com toda a sua materialidade. A resposta a tais percepções e interações é a criação em nós de um conceito individual, de caráter subjetivo e sociocultural, do mundo físico. Percorrendo além do lote, da rua, do bairro ou da cidade, o indivíduo se depara com um aumento exponencial de sons, formas, cores e tantos outros estímulos que se materializam e constroem memórias. Memória é processo de representação psíquica das coisas, é simbolização. A memória é sempre requisitada na construção subjetiva do real. Esse processo gerador de significados possibilita que o indivíduo relacione-se consigo mesmo e com o mundo que o cerca. Viver e participar de diferentes cidades no Brasil e no mundo me despertaram para a imersão neste estudo. Relacionar experiências de tantos indivíduos com as minhas próprias, me levaram a refletir que pensar a cidade é um exercício que vai além do entendimento das condicionantes físicas do território, pois, sobre o território, espacializa-se uma malha de relações socioculturais que articulam valores à materialidade da cidade. Valores interpretados e traduzidos pela memória, desencadeando sentido de lugar, identidade e pertencimento. Esta vivência com diferentes culturas e cidades me proporcionaram novas experiências e novas relações com o espaço. As inquietações acerca a influência recíproca do espaço com o indivíduo foram tomando grandes proporções na minha cabeça, motivando a decisão pela graduação que contempla a formação de um profissional que estuda, desenha e promove o espaço, planeja e organiza as cidades, portanto, um profissional que também estuda toda subjetividade que constituí na relação do ser com o espaço. Durante a graduação discutir a cidade tornou-se rotina. A cidade transforma-se em objeto de estudo e de observação. A formação acadêmica oferece meios para o entendimento das provocações acerca da apreensão e compreensão do espaço. Tal entendimento desperta em mim uma certa preocupação com relação a ausência de um corpo sensível na sociedade contemporânea. Hoje, o ser é predominantemente visual. Vive em um universo saturado de imagens onde, fora das aparências, nada conhece e que, pela razão, recusa-se a acreditar, deixando com isso de incluir nos processos de reprodução do espaço elementos que valorizem a percepção dos usuários da cidade. Portanto, este trabalho, composto por múltiplas experiências, surgiu com a pretensão de sintetizar

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reflexões sobre minha própria identidade no que diz respeito às minhas escolhas dentro desse universo de discussões possíveis na formação de um arquiteto urbanista. Um trabalho de conclusão de caráter documental da ocupação de um território com fragmentos que são costurados para representar uma cidade que é uma colcha de retalhos no tempo e no espaço.

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Proposição O trabalho fez parte de um conjunto de ações multidisciplinares nas áreas de Comunicação; Tecnologia e Produção; Meio Ambiente e Trabalho, desenvolvidas durante a Operação Serra do Cachimbo, do Projeto Rondon, no município de Novo Mundo, Mato Grosso, contando com equipes do Centro Universitário Senac e da UFMT que atuaram durante 15 dias do mês de Julho de 2017 com intuito de contribuir com o desenvolvimento local sustentável e na construção e promoção da cidadania. Pelo caráter educativo das atividades exercidas através do Rondon, este trabalho misturou-se com sala de aula, com discussões sobre patrimônio, com o projeto de extensão. Um trabalho de conclusão com fragmentos e múltiplas experiências que compõe a investigação sobre a ocupação e transformação do território. Durante o trabalho de desenvolvimento das ações a serem aplicadas e com os dados coletados pelos coordenadores da equipe em visita técnica ao município, o grupo revelou certas demandas que abrangiam todos os povoados a serem atendidos, demandas relacionadas ao sentimento de pertencimento, construção de identidades territoriais e apropriação do espaço em território, entendíveis por se tratar de uma ocupação recente, e que, assim que identificados, tornaram-se prioridade para o desenvolvimento das ações de capacitação da população, atrelando identidade territorial com políticas de desenvolvimento local. As ações dentro da área de Comunicação, apresentaram como escopo o desenvolvimento do conhecimento sobre comunicação digital e fotografia junto às rodas de conversa e entrevistas mediadas com temas relativos a cultura, ao território e a memória. Dentro dos registros das ações aplicadas, o projeto buscou do compartilhado tudo que pensa o espaço, tentando montar sua concepção, produção, ocupação e eventual destruição. Buscou-se perceber a dimensão cultural do território diante da complexidade dos espaços, reforçando que cada sociedade inscreve suas marcas e valores também nos modos de ocupação do espaço. As atividades realizadas estimularam o convívio e a aproximação com o público-alvo, permitindo um olhar mais cuidadoso das perspectivas dos usuários da cidade, enfatizando a necessidade de uma reflexão mais profunda sobre a preservação de especificidades locais, do contexto sociocultural, pensando a cidade como um conjunto de relações e fenômenos sociais, culturais e econômicos. O convívio com os moradores da região como pivô da situação possibilitou investigar, através da dimensão cultural simbólica transformando o indizível em prosa, o processo histórico de ocupação da região, sem a

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pretensão de iluminar ou traduzir o visível, mas exercitar o invisível.


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Figura 02 : roda de conversa. Fonte: acervo do autor A representação do espaço, seja construído ou ainda em concepção, constitui uma porção significativa das tarefas dos arquitetos e, considerando que a própria formação do arquiteto acontece por intermédio de representações, fica clara a importância de seu conhecimento, seus limites e seus recursos para a arquitetura. Dispomos de variados meios para representar o espaço e, embora esses instrumentos sejam incapazes de representar completamente o espaço arquitetônico, nossa missão é estudar a técnica de que dispomos e torná-la mais eficiente. Para atender as intenções deste trabalho, escolheu-se como forma de representação a cinematografia. Pois, a cinematografia proporciona a introdução de uma outra dimensão à representação do espaço: o tempo. Sendo assim, torna-se evidente a importância deste instrumento de representação do espaço, já que é no espaço e no tempo que a arquitetura acontece. As quatro dimensões reunidas na tentativa de transmitir a experiência de vivenciar um ambiente com o corpo.

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Porém, se é representação, está relacionadas à imaginação, portanto pode ser subjetiva e complexa. As imagens também convergem o real e as emoções a partir do resultado da experimentação do real através da emoção, ou seja, ela está relacionada diretamente com a subjetividade, a representação. Reúne o real, o imaginário, o simbólico e o ideológico, e nos quais, iniciam-se a busca pelos significados. No entanto, as imagens não são naturais e nem se pode dizer que têm uma relação com a realidade. A tendência é vê-las como natural ou real e atribuí-la semelhança à realidade ou até mesmo se confundindo com ela e em contrapartida um olhar para a imagem como cópia da realidade. As potencialidades audiovisual estão contidas na sua própria linguagem. A adoção do audiovisual assume atualmente uma posição bastante favorável à disseminação da arquitetura. O produto

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audiovisual tem outro aspecto de leitura, uma outra experiência, aciona outros mecanismos de entendimento. Relevando a potencialidade representativa audiovisual, este trabalho assume como instrumento representativo o documentário e seu tratamento criativo da realidade. O documentário faz uso da voz de narrador, entrevistas, gravação de som direto, cortes para introduzir imagens que ilustrem ou compliquem a situação mostrada numa cena e uso de atores sociais e de pessoas em suas atividades cotidianas. Além de uma lógica informativa responsável pelas representações do mundo histórico. Toda essa lógica sustenta o argumento do documentário e suas particularidades.

Figura 03 : entrevista. Fonte: acervo do autor

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BRASIL ESCOLA. Economia dos Estados do Pará e Mato Grosso. Disponível em: http://www.brasilescola.com/brasil/economia.htm. FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979. HAESBAERT, Rogério. Territórios Alternativos. São Paulo: Contexto, 2006. _________. O Mito da Desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. 2ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE cidades. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. _________. GEOESTATÍSTICAS DE RECURSOS NATURAIS DA AMAZÔNIA LEGAL. 2003. LEFEBVRE, H. La Production de l’Espace. Paris: Anthropos, 1986(1974). RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do Poder. São Paulo: Ática, 1993. SACK, R. Human Territoriality: its theory and history. Cambridge: Cambridge University Press, 1986. SAQUET, Marcos Aurélio. Por uma abordagem territorial. In; SAQUET, Marcos Aurélia & SPOSITO, Eliseu Savério. Territórios e territorialidade: Teorias, processos e conflitos. São Paulo: Expressão Popular, 2009. SANTOS, Milton. Espaço do Cidadão. 7ª edição. São Paulo: Editora da USP, 2007.

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Referências



Requalificação do espaço: Uma síntese do Entorno da Praça Marechal Deodoro Cássio Patti Gaulez Orientador : Prof. Me. Ralf José Castanheira Flôres

Figura 01: Transformações de Santa Cecília, construção do Elevado Presidente João Goulart. 1970.

O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo propor a implantação de um espaço público de uso misto integrado juntamente com habitação no bairro de Santa Cecília. Através de pesquisas exploratórias, descritivas e levantamentos, gerar uma síntese das precariedades e necessidades da Praça Marechal Deodoro e seu entorno destacando as mais influentes para, desta forma, desenvolver um programa com soluções arquitetônicas funcionais que requalifiquem a área estudada, bem como solucionar as principais debilidades levantadas. 1 139

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Resumo

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(SACONI, Rose. Acervo Estadão. 2013.)


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Introdução Quando se trata do espaço público, os diversos questionamentos obtidos abrangem múltiplas áreas de estudo e linhas de pensamento como qualidade, benefícios, conforto, manutenção, modernização, relevância, ocupação, impacto, etc. O trabalho de pesquisa a seguir realizará análises quanto à implantação de uma área pública de uso coletivo com mistura de usos em uma área de intenso movimento da região central da cidade de São Paulo, na Praça Marechal Deodoro, em Santa Cecília. Essa região foi selecionada pela quantidade de problematizações observadas tanto na praça quanto em seu entorno. Um estudo sobre o surgimento, desenvolvimento e consolidação da cidade, junto com a formação de seu centro velho, o desenvolvimento dos primeiros bairros, com enfoque no bairro de estudo, a construção do Elevado João Goulart, ou Elevado Presidente Arthur da Costa e Silva, nome dado ao “Minhocão” na época, e a transformação e declínio da região trabalhada. Cercar sua história e características para estudo, uma vez que o homem, enquanto pedestre, é o ator principal para entender a contextualização em que se encontra. Afim de otimizar seu entorno e propor soluções possíveis e pertinentes às atuais necessidades e carências da região garantindo sua qualidade futura, elaborando da proposta e produto desta pesquisa. Com o intuito de requalificar e suplementar as necessidades da melhor forma possível a população residente, independentemente de serem moradores, trabalhadores, passageiros ou visitantes. A criação do espaço público unificará os estudos citados anteriormente junto da visão de arquitetos, urbanistas, pensadores e outros estudiosos da cidade, patrimônio, espaço, memória e identidade como Michel de Certeau, Michael Pollak, Maurício de Almeida Abreu, Ulpiano Toledo Bezerra de Meneses, Carlos Nelson, Heitor Frúguli entre outros, de modo a complementar o estudo bibliográfico do trabalho e conciliá-lo com estudos de casos, pesquisas iconográfica, exploratória e documental. Na região de Santa Cecília, em uma área onde a quantidade de conflitos e necessidades identificados se destaca, como o excesso de pedestres em passeio reduzido e o espaço ocupado por ambulantes e camelôs, a falta de um espaço de estar e lazer adequado, diversos terrenos ociosos, em sua maioria, estacionamentos, excesso de automóveis, tráfego intenso além dos horários de pico, frontalidade com o Elevado Presidente João Goulart etc., deforma que o terreno sitiado para a implantação da proposta de um novo espaço público com diversidade de usos, que proponha abastecer as necessidades e diluir tais conflitos, seja patrimônio dos usuários, tenha qualidade, praticidade, baixo custo de implantação, amplie e auxilie a passagem e os fluxos da região ao mesmo tempo que atraia o público de modo a “estar”, como destino, não apenas “passar”, como caminho, amplie a permanência, gere recreação, proponha aos usuários o sentimento de pertencimento, traga diversas formas de apropriação desse espaço, acontecimentos, práticas sociais, manifestações de vida urbana, com característica e organização diferente do cenário urbano, além de usos e valores à Praça Marechal Deodoro.

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Proposição Para solucionar as principais necessidades e debilidades encontradas no entorno da Praça Marechal Deodoro, com a perspectiva da funcionalidade, as propostas do projeto preveem não só a contextualização atual da região como também a incerta transformação que passará devido ao futuro não definido do Elevado. A região e o terreno escolhidos são rodeado por comércios e serviços variados, inserido em uma área de alta densidade demográfica, fluxo intenso e maior demanda por espaços públicos. Próximo da estação da linha 3 – Vermelha do metrô e cercado por linhas de ônibus, vias locais e arteriais, de frente com a Praça Marechal Deodoro, um ponto de ônibus e a ciclofaixa que acompanha o térreo do Elevado e cercado por instituições sociais e culturais.

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Figura 02: Entorno da Praça Marechal Deodoro e área de Intervenção sem escala. Fonte: acervo do autor. O futuro de Elevado João Goulart promoverá a valorização da região com sua remoção e uma supervalorização caso convertido em parque ou praça elevada. Essa valorização iniciará o processo de gentrificação. Isso implica diretamente no uso que tomará o espaço ocioso especulado pelo estacionamento presente na área de intervenção, com prováveis chances de se tornar um condomínio de alto padrão, como se encontram na quadra. Um aumento da densidade demográfica sem agregar qualidade ou benefício a região.

Figura 03: Proposta. Planta pavimento térreo. Fonte: acervo do autor.

A questão da permeabilidade do térreo foi pensada com ênfase pois o terreno se encontra ao final de uma declividade na topografia e gera retenção de água na região em períodos de chuva intensa.

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Largos passeios permeáveis cruzam todo o térreo entre canteiros, gramados, decks e espelhos d’água que compõem o piso e direcionam o fluxo para cada ambiente, dividindo o intenso fluxo de pedestres que utiliza a Av. Angélica e a Rua Doutor Albuquerque Lins. Os canteiros e gramados abrigam a vegetação e árvores que providenciam sombra e maior controle na qualidade e temperatura do ar. Os espelhos d’água também possuem essas características, uma vez que umidifica o ar com sua evaporação natural, também realiza a função de refletor para a iluminação artificial, ampliando a área de luminosidade. O deck foi utilizado como alternativa ao piso intertravado, uma vez que também possui permeabilidade entre suas ripas, indicando cruzamento entre os caminhos principais.

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O projeto parte de um espaço público de uso misto com fins de estar, passar e abrigar, permitindo aos usuários melhor fruirdes. Adentrando o terreno, um pórtico cruza a fachada com o propósito de amenizar o impacto da frontalidade do elevado, resguardar o interior do espaço e bloquear parcialmente os ruídos e poluição gerados pelo abuso de veículos que circulam acima e abaixo do elevado.


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Buscando integrar a verticalidade do muro com o desenho de piso, jardins verticais permitem maior área verde sem ocupar o térreo, auxiliam a amenizar ruídos, diminuem a necessidade de escoamento de água, contribuem para o aumento da biodiversidade, ampliam a ligação com a Praça Marechal Deodoro conectando mais áreas verdes e possuem pouca necessidade de manutenção anual. O muro para Arte, seja grafite, pintura ou tela livre, em busca de espalhar e incentivar a cultura, possibilita a divulgação de trabalhos de artistas novos e desconhecidos, preenchendo o espaço com mais curvas, traços e cores. A queda d’água lisa que escorre como um pano sobre um trecho de pedra do muro tem função de propagar o espelho d’água para a vertical durante o dia e projetar imagens, vídeos e filmes nos horários sem iluminação do sol, tornando-se uma tela de cinema, enquanto o pórtico, a praça elevada e o próprio térreo, abrigam os espectadores.

Figura 03: Proposta. Planta 1º pavimento. Fonte: acervo do autor. Implantadas na lateral noroeste afim de livrar, praticamente, 2/3 do terreno para área livre e circulação, as edificações também aproveitam a iluminação natural da manhã, quando o sol é menos intenso e a sensação térmica é mais confortável. 3 pontos comerciais para usos gastronômicos foram implantados na entrada principal, seguindo a diretriz de mesclar diversos usos no mesmo espaço, atraem uma grande demanda rotativa de público, com horários de funcionamento além do expediente comercial, prolongando uso após o anoitecer. A Club 109 Academia existente no terreno, foi reimplantada no projeto em 3 pavimentos, seu acesso é pelo térreo, a circulação vertical particular de escadas e elevador são os únicos elementos fixos junto da estrutura de concreto armado independente, possibilitando remanejar o layout de ambientes internos.

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Acima do pórtico, um espaço aberto, semicoberto, foi projetado para a realização de eventos, manifestações culturais e artísticas, palestras, etc., assim como o pátio coberto do térreo livre da Praça das Artes. Junto desse espaço, no trecho descoberto, voltada para o centro da praça e para o elevado está a área de contemplação do espaço, um momento de parar, observar e absorver os acontecimentos ao redor. Hoje há conversa com o elevado e o parque minhocão (como é chamado nos horários de restrição aos veículos), futuramente esse cenário se transformará em parque elevado permanente, criando sempre um diálogo com o terreno projetado e seu pórtico e com a praça ou será transformado em uma ampla vista para Av. São João, Praça Marechal Deodoro, a estação de Metrô, a Av. Angélica, etc. Em ambas as opções sua existência não perde função e qualidade. Uma extensão elevada da praça integra o térreo e o 1º pavimento, dividindo a lanchonete da academia com o público não matriculado também. O acesso a esse espaço é feito por uma escada linear vinda do térreo onde se encontra o elevador. A cobertura da área de contemplação alcança o pé direito do último pavimento da academia, ou seja, duplo de 7,2m livres. Na segunda metade do terreno, o térreo livre do edifício residencial foi destinado a reunir os ambulantes. 26 pontos de venda, com balcão de concreto armado fixo no chão, permitindo o vendedor de trazer apenas suas mercadorias. As vantagens para esses comerciantes são a segurança, possibilidade de regularização, centralizar o comércio, portanto, maior procura do público, o que facilidade aos consumidores para procurar o que desejam e circular por suas mesas, proteção da chuva, livra o passeio público, ciclovia e sistema viário de ocupações irregulares e interferências que possam provocar acidentes e impedimentos nos fluxos. O edifício residencial foi projetado para combater a gentrificação. Propriedade do espaço criado, o aluguel das unidades habitacionais complementa o aluguel do comércio para a manutenção do espaço

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público a própria, ou seja, não visa lucro e não acompanha o valor de mercado, uma vez que o imóvel nunca estará à venda. As 18 unidades habitacionais em 3 pavimentos têm 50m² cada. Todos os ambientes possuem ventilação natural cruzada. Os quartos e o banheiro possuem iluminação natural da manhã enquanto a sala, cozinha e área de serviço possuem iluminação indireta predominante à tarde. A circulação vertical, no centro do edifício, acompanha o patamar dos apartamentos, aberta, sem fechamentos laterais, conta com um elevador e um bloco de escada em “U”. O acesso dos apartamentos laterais, passar por uma circulação 0,5m rebaixada, destacada do edifício criando vazios que cedem maior luminosidade e ventilação para o térreo. A Portaria conta com o início da circulação de escadas e elevador, depósito, guarita com banheiro e copa, bicicletário, quadros de medição de água e energia e acesso ao edifício por portão de 2 fases. Próximo à Rua Brigadeiro Galvão, recluso do elevado e seus malefícios, tem vista para o centro do terreno, jardim vertical e muro de arte. Venezianas de cores distintas criam um jogo de fachada modular junto às diferentes profundidades. O edifício conta com terraço jardim comum para os condôminos, churrasqueira, áreas de estar, vista para todo a praça, área de piquenique com mesas e guarda sol, área para tomar sol com ducha e banheiros. Sua estrutura é separada do edifício da academia, semelhante a estrutura do Museu de Arte de São Paulo, projeto de Lina Bo Bardi, traves constituídas de pilares de concreto armado e vigas de concreto protendido que se projetam acima do edifício e mergulham em seu interior, com auxílio de pilares atirantados partindo da viga superior, seguram as lajes de concreto armado sem tocar o térreo, liberando maior área livre para a feira dos ambulantes.

Referências

Figura 03: Proposta. Maquete eletrônica. Fonte: acervo do autor.

ABREU, Maurício de Almeida. Sobre a memória das cidades. Revista da Faculdade de Letras – Geografia I. Vol. XIV. Rio de Janeiro, 1998. BRITTO, Fernanda. O uso misto do solo como mecanismo para reduzir a criminalidade. Arch Daily, 2013. Disponível em: < https://www.archdaily.com.br/br/01-108140/o-uso-misto-do-solo-como-mecanismo-para-reduzir-acriminalidade>. Acesso em: 13 mar. 2017. CERTEAU, Michel de. A Invenção do Cotidiano. 3ª Ed. Petrópolis, Editora Vozes, 1998 LAMAS, Julio. 2014. Afinal, o que será do Minhocão?. Disponível em: <archdaily.com.br/br/626868/afinal-o-que-serado-minhocao>. Acesso em 17 abr. 2017. MACEDO, Silvio Soares; ROBBA, Fabio. Praças brasileiras. São Paulo: Edusp, 2002. MAINARDI, Vinicius. 03/05/2017. Santa Cecília - História do bairro de São Paulo / SP. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NhdwZoS00TI>. Acesso em 9 abr. 2017.

em:

SACONI, Rose, Como era São Paulo sem o Minhocão. Acervo Estadão. 31 mai, 2013. Disponível em: <acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,como-era-sao-paulo-sem-o-minhocao,9070,0.htm>. Acesso em: 13 mar. 2017. SODRÉ, João; BUHLER, Maíra Santi; PASTORELO, Paulo. Elevado 3.5. São Paulo. NADA - Núcleo de Arte, Design e Arquitetura. 2014. VARELLA, João. Demolição do Minhocão deve valorizar imóveis vizinhos em até 54%. Disponível em: < http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/demolicao-do-minhocao-deve-valorizar-imoveis-vizinhos-em-ate-5420100519.html>. Acesso em 17 abr. 2017 ZIMMERMANN, Carolina. A Praça: um espaço de lazer. Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Santa Rosa, RS. 2015.

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REOLOM, Mônica. E se o Minhocão acabar? Capítulo IV. 2015. Disponível <infograficos.estadao.com.br/cidades/para-onde-vai-sao-paulo/capitulo-4.php>. Acesso em 17 abr. 2017

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NIEMEYER, Carlos Augusto da Costa. Parques Infantis de São Paulo: Lazer como Expressão de Cidadania. 1ª Ed. São Paulo: Annablume, 2002, pag. 25 a 123.



Bixiga Multifuncional Uma proposta de ocupação. Gabriel Lima Garcia Orientador: Prof. Me. Ralf Flôres

Acesso a Tv. Noschese, vista dos casarões nº15 e nº45. (Fonte: acervo do autor).

Resumo O trabalho permeia a história do bairro, sua formação e consolidação até a atualidade,

perímetro será analisado a partir de sua localização e situação na cidade de São Paulo e a partir do levantamento de todas estas informações, faremos uma proposta de ocupação, levando as edificações históricas como partido para o desenvolvimento do projeto.

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Maria Paula e Asdrubal do Nascimento, que abraçam a pequena Travessa Noschese. Este

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com isto é feito um recorte em uma quadra específica, localizada entre as ruas Santo Amaro,


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Introdução O desenvolvimento deste projeto é iniciado com o levantamento de possíveis locais passiveis a receberem uma intervenção projetual na região do Bixiga, é feito uma análise das edificações históricas e seu entorno, onde localizamos pontos positivos e negativos que uma proposta de ocupação poderia trazer a esta área. Após a escolha do local, desenvolvemos uma pesquisa histórica referente a formação da região do Bixiga, em especial, as transformações da área escolhida.

(Desenvolvimento da quadra de 1842 à 2017. Fonte: Acervo do Autor).

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Também foi feito uma análise da relação da quadra com as principais vias de acesso e os equipamentos culturais e públicos, para termos uma ideia do que podemos propor com nossa intervenção.

(Relação da quadra com a cidade. Fonte: Acervo do autor).

Proposição Começamos as pesquisas no arquivo histórico municipal a procura de informações dos bens presentes na quadra, levantando plantas e documentação dos mesmos, além de registrar fotograficamente a situação atual deles e de seu entorno. Com isso, iniciamos os estudos de projeto, propostas de desapropriação e de usos que nossa ocupação poderia ter.

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(elevação da rua Santo Amaro. Fonte: acervo do autor). 3 147

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O projeto é uma sugestão de ocupação do local em que buscamos criar um espaço confortável e necessário em um grande centro urbanizado como São Paulo, retomando a escala do pedestre, oferecendo um percurso arborizado e seguro, longe das vias movimentadas, através do miolo da quadra. Considerando os conflitos existentes no centro de São Paulo, a busca por moradia, ocupação dos espaços públicos e a importância histórica do bairro do Bixiga, o projeto visa desenvolver um empreendimento multifuncional com foco em habitação no perímetro demarcado. Assim, esta proposta abraçará as edificações históricas mencionadas anteriormente, que passarão por processos de recuperação e integração com o programa proposto.


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Criando um ambiente misto, será possível integrar algum tipo de vivência com os usuários do terminal Bandeira, tornando a região mais receptiva em horários alternativos, havendo circulação 24 horas no local, auxiliando inclusive, em novas programações para equipamentos culturais existentes nas proximidades, como a RedBull station, ou a praça da câmara municipal por exemplo. Um uso institucional também é proposto, nele a ideia de desenvolver um espaço que promova oficinas, palestras e outras atividades voltadas a requalificação profissional para a população local, seja ela em condição de rua ou não. Deste modo, criamos também um ciclo de novos usuários do espaço, tornando sua ocupação sempre renovada e ativa, auxiliando ainda mais seu desenvolvimento.

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(Elevação da praça com vista à Tv. Noschese. Fonte: acervo do autor). O Projeto está inserido no bairro do Bixiga, região de São Paulo que passou por inúmeras transformações ao longo dos anos, deixando rastros históricos, com bastante diversidade cultural e cultura pulsante, viva. Por meio de estudos cartográficos, estudamos o desenvolvimento de uma quadra específica do Bixiga, localizado entre as ruas Maria Paula, Asdrubal do Nascimento e Santo Amaro, próximas ao terminal Bandeira e às avenidas 9 de julho e 23 de maio. Embora as edificações históricas possuam gabarito baixo, o entorno é permeado por diversas construções de gabarito mais alto que acabam prejudicando ou mesmo apagando a presença de imóveis tombados. Com o resultado dos levantamentos, a proposta de ocupação visa priorizar as edificações históricas existentes, criando relação de alturas nas margens da quadra e verticalizando no interior da mesma, Assim, criamos pontos de observação desses bens, além de propor ritmos arquitetônicos semelhantes nas edificações projetadas. O miolo da quadra serve como uma praça central que oferece aos pedestres um refúgio das vias movimentadas do entorno, além de proporcionar grande área verde, algo essencial para grandes centros urbanos. Também promove a permeabilidade do pedestre na área, possibilitando que se possa cruzar as ruas Maria Paula, Santo Amaro e Asdrubal do Nascimento pelo interior da praça. Uma vez inseridas no Centro de São Paulo, os usos indicados são mistos, com serviços e comércio nos andares térreos e residencial nos andares superiores. É proposto também o uso institucional que está localizado na rua Asdrubal do Nascimento, função atribuída a atender os moradores do complexo desenvolvido na quadra.

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(Planta de cobertura. Fonte – acervo do autor).

Referências BRUNO, Ernani Silva - Histórias e Tradições de São Paulo, vol. 1 Câmara Municipal de São Paulo: 1560-1998: Quatro séculos de história/ Délio Freire dos Santos, José Cia. Editora Nacional, 1939 de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1979 Eduardo Ramos Rodrigues. São Paulo: Imprensa Oficial, 1.998,

MORSE, Richard N. - São Paulo - Raízes Oitocentistas da Metrópole Marzola, Nádia – História dos Bairros PRADO, Ian de Almeida - “São Paulo Antigo Sua Arquitetura” ilustração brasileira, setembro de 1929. SAINT-HILAIRE, Auguste de - Viagem a Província de São Paulo - Tradução de Leonam de Azevedo Pena,

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MARTINS, Antonio Egydio – São Paulo Antiga 1554 – 1910 – Pax e Terra – 2003

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FREITAS, Afonso A. de - Tradições e Reminiscências Paulistanas



Centro Técnico Audiovisual Intervenção nas Ruínas de São Miguel das Missões Letícia Miranda Orientador: Prof. Me. Ralf Flôres

Figura 01: Fachada principal da Catedral de São Miguel Arcanjo. São Miguel das Missões, RS. Fonte: acervo pessoal – Visita de Campo em julho 2017.

Resumo A intervenção tem como objetivo reativar as ruínas integrando-as à um Centro Técnico Audiovisual. Esta instituição atuará como um difusor da tecnologia audiovisual, fomentando a

cinema brasileiro. Além de incentivar o realizador independente, dará suporte aos espetáculos que já acontecem ali com o objetivo de manter viva parte da história da cultura missioneira de maneira que contemple, também, o patrimônio.

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independente, e principalmente o apoio ao núcleo indígena ressaltando seu lugar no meio do

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criação de políticas públicas de apoio ao desenvolvimento da produção audiovisual regional e


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Introdução São Miguel das Missões data de 1687 e foi um dos municípios que recebeu as reduções jesuíticas espanholas entre os séculos XVII e XVIII, fazendo parte dos Sete Povos das Missões. Nestes aldeamentos residiam os índios Guarani catequizados. Era um espaço urbano e ao mesmo tempo rural. Todas as reduções seguiam os padrões de arquitetura da coroa espanhola e, em sua estrutura base, a igreja era a construção principal. No final do século XVIII, Espanha e Portugal uniram-se para tomar as terras Guarani a fim de aumentar suas colônias no Brasil. Assim, os índios que sobreviveram à batalha foram obrigados a fugir para outras regiões. Espanha e Portugal conquistaram as terras, mas não as ocuparam. Depois de um século em estado de abandono e após diversos saqueamentos, a igreja já estava tomada por vegetação crescente e entrou em estado de decadência - agravada tanto pela ação humana, quanto pela ação do tempo. A igreja seguiu sem reparos e seus administradores a consideraram imprópria para culto, o que só contribuiu para que a construção continuasse subutilizada. Atualmente os Guarani voltaram a ocupar a cidade de São Miguel das Missões e buscam para que sejam reconhecidos como indivíduos não só no Rio Grande do Sul, mas em qualquer lugar do Brasil. Portanto, integrar um projeto às ruínas é mais uma forma de preservação dos remanescentes, visto que suportará os fragmentos, controlando o risco de colapsos – dado que a região é propensa a desastres naturais, como os ventos fortes e tornados que destruíram parte do sítio arqueológico em abril de 2016. Com o objetivo de dar suporte à consolidação da identidade indígena atualmente e apoiar suas realizações no meio audiovisual, a intervenção no terreno de uma antiga redução se faz coerente. O Sítio Arqueológico, mesmo tendo o amparo do IPHAN e tendo sido tombado como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, rui mais a cada dia por ser subutilizado e sobrevive apenas de visitas turísticas aos remanescentes e ao Museu Lucio Costa, inserido no mesmo terreno. Apesar de temos certa fascinação por ruínas, em alguns casos, a conversão ou reabilitação destes locais pode ser a melhor alternativa à conservação. Proposição O Centro Técnico Audiovisual foi resolvido em três anexos, onde alguns demandavam espaços completamente fechados que não poderiam ser implantados dentro da ruína por diversos motivos, como a proteção do solo e a mudança drástica na volumetria, caso houvessem os fechamentos. Dessa forma, os anexos ocuparam a área onde era a Quinta, ou a horta da redução, pois, acordo com levantamentos, estudos e sondagem do solo, é a área do sítio que tem menor probabilidade de conter remanescentes enterrados.

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Além disso, ficam na extremidade sul do terreno, onde foi proposto um novo acesso ao sítio. O acesso original, à noroeste da catedral, continuará como antes, destinado a turistas que visitarão o Museu Lucio Costa, o Anexo Ruína e o sítio em geral. O novo acesso, na Avenida Borges do Canto, será destinado àqueles que utilizarão os Estúdios e o Auditório. Haverá também uma terceira entrada, mas de serviço, para descarregamento de equipamentos técnicos ou manutenção em ambos os anexos. Serão dispostos estacionamentos nos limites do terreno para atenderem aos dois novos acessos, assim como o acesso original também dispõe de um estacionamento.

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Figura 03: Implantação Anexo Ruína

Partindo do princípio de que a intervenção seria de forma mantenedora e pouco agressiva, não seria adequado construir exatamente sobre o solo da ruína da Catedral, visto que poderia haver remanescentes ou itens valiosos enterrados. Desta forma, a solução encontrada foi a instalação de um piso elevado colocado sobre um gradil que se apoia em certos pontos do chão, sem danificar e podendo ser desinstalado a qualquer momento, caso haja manutenções a serem

para não quebrar o entendimento e a leitura da ruína como um todo, foram utilizados fechamentos em vidro que funcionarão como solução para a delimitação dos ambientes e certo isolamento acústico, enquanto sua transparência nos permitirá observar a ruína em sua totalidade, deixando aparentes os tijolos originais.

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centro de catalogação, acervo, etc, que são ambientes que demandam certa privacidade, porém,

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feitas no local. No programa deste primeiro anexo, há salas de administração, reunião, biblioteca,


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Figura 03: Planta Anexo Ruína. Anexo Estúdios

Este anexo se conecta com o sítio arqueológico de uma forma mais material e de memória. Também resolvido em apenas um pavimento, o anexo faz analogia às casas que existiam na redução. Conta com uma cobertura inclinada revestida com telhas de barro, que cobre uma ampla sala de convivência, leitura e café. Aos fundos estão os estúdios de som, edição e vídeo.O anexo foi inteiramente levantado com paredes de tijolos a fim de manter a linguagem dos materiais dos remanescentes e da ruína da catedral. Os estúdios de vídeo estão conectados ao resto do anexo através de uma pequena passarela. Assim como as salas de som, edição e gravação, que precisam de cuidados nas questões acústicas, de iluminação e suporte de equipamentos, como pisos elevados, paredes duplas, portas e painéis acústicos, grids de

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iluminação e suporte de palco, entre outros.

Figura 04: Planta Anexo Estúdios. Anexo Auditório

O Anexo Auditório é uma edificação térrea, de forma simples, mas que conta com um volume que se sobressai em seu eixo, de cor contrastante com o resto. Este volume é o auditório em si, 4 154


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a sala de exibição e representa os pontos de referência que eram as igrejas ou templos religiosos, que possuíam algum elemento que os faziam ser identificados mesmo de longe, como por exemplo, as grandes cúpulas e cruzes. Este elemento busca fazer uma relação sutil com o significado total do sítio arqueológico. Os principais materiais são concreto armado – puro e colorido – vidro e elementos vazados. Uma longa rampa de concreto armado guia o acesso principal do anexo. Neste primeiro momento temos uma bilheteria e um salão de espera. À esquerda, uma área de café e lanchonete com um conjunto de mesas e sofás com vista para os gramados. A intenção principal foi distribuir os ambientes no entorno do auditório, sendo este o protagonista.

Figura 05: Planta Anexo Auditório.

Referências NOBRE, Ana Luiza; KAMITA, João Massao; LEONIDIO, Otávio; CONDURU, Roberto [ORGS.] Lucio Costa - O modo de ser moderno. São Paulo: Cosac & Naify, 2004. COSTA, Lucio. Documentação Necessária 3a ed. Revista IPHAN, 1939. IPHAN. Carta de Atenas, Outubro, 1931

PINHEIRO, Maria Lúcia Bressan. Origem da noção de preservação do patrimônio cultural. São Paulo, FAUUSP. CARRILHO, Marcos José. A transparência do museu das missões. Disponível em: < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.076/322 > BOTELHO, André Amud; VIVIAN, Diego; BRUXEL, Laerson. Museu das Missões – Coleção Museus do IBRAM. 1 a ed., Brasília, 2015.

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IPHAN. Carta de Atenas, Novembro, 1933



Espaços da Memória: A arquitetura do Sentir Mariana Islas Ferraz Orientador: Prof. Me. Ralf José Castanheira Flôres

Figura 01 : Foto Montagem Pavilhão Itinerante realizado pelo autor, com imagem da Praça da Sé disponível em <https://www.implicante.org/mais-um-projeto-de-doria-dando-resultado-o-cidade-lindadeixou-a-praca-da-se-assim

Resumo Espaços da memória são lugares onde o indivíduo é parte da obra. O indivíduo traz consigo a maleta da vida chamada memória. Cada tem uma diferente vivencia/experiência, que continua

espaço poderemos observar o uso de formas e superfícies moldadas para sensações, uma relação entre práticas do espaço e construção. Quando um indivíduo que carrega diversas experiências entra no lugar, ele tem uma reação de acordo com seu conteúdo memorial, então, mesmo se houver um grande grupo, e mesmo que essas pessoas fossem da mesma família, cada uma geraria um resultado sensorial diferente sobre a obra. Um lugar onde a pessoa não somente aprecie com os olhos, mas com todos os sentidos. A pessoa como parte da obra, para que com ela a obra possa existir. 1 157

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estimulado a restaurar suas memórias e assim gerará uma sensação diferente a cada um. No

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sendo somada com o tempo, resultando em indivíduos diferentes. Nesta obra o indivíduo será


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Introdução O presente trabalho de conclusão de curso visa explorar a memória, enfrentando sempre a distinção entre memória e imaginação. O espaço será criado com o intuito de estimular as diversas percepções do indivíduo, de acordo com sua carga memorial. Realizei uma pesquisa sobre a palavra memória, e descobri que é uma palavra muito antiga, de origem grega, que varia entre os significamos: Faculdade de reter ideias, sensações, impressões, adquiridas anteriormente; aquilo que ocorre ao espírito como resultado de experiências já vividas; lembrança, reminiscência; função geral que consiste em reviver ou restabelecer experiências passadas. O tempo é de grande importância para a consciência dos estudos da memória, tendo em vista o seu percurso intelectual, além de suas caraterísticas básicas. Minha principal intenção nesse trabalho é compreender como a memória é fundamental para a história do presente, ou seja, como somos formados por aquilo que vivemos, aquilo que formamos e trazemos conosco e, sem um entendimento e estudo do passado, não conseguiremos saber quem e como nos formamos para nos tornarmos quem somos hoje. Sem passado, não há presente. Praticar o espaço é, portanto, repetir a experiência jubilatória e silenciosa da infância. É, no lugar, ser outro e passar ao outro. (…) A infância que determina as práticas do espaço desenvolve a seguir os seus efeitos, prolifera, inunda os espaços privados e públicos, desfaz as suas superfícies legíveis e cria na cidade planejada uma cidade “metafórica” ou em deslocamento. (CERTEAU, Michel de, 2000)

Tenho com isso, percebemos como muitas pessoas desvalorizam o passando, fazendo com que não entendam como chegam aonde estão. Para isso foi-se estudado uma criação de espaços, onde o indivíduo fosse estimulado a re(lembrar) coisas do seu passado, através de estímulos sensoriais. Pensar na arquitetura como meio intelectual, ou seja, uma arquitetura que não somente seja apreciada com os olhos, mas que o indivíduo faça parte da obra, afinal: A arquitetura é a única, entre todas as artes maiores, cujo o uso faz parte de sua essência e mantem uma relação complexa com suas finalidades estéticas e simbólicas. A arquitetura é a única arte cujas obras exigem ser percorridas fisicamente, Só ela exige deslocamentos, percursos, desvios que implicam o envolvimento de todo o corpo e que não

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podem ser substituídos pela percepção visual isolada. (CHOOY, Françoise, 2001. p. 258)

Os espaços estimulam todos os sentidos do indivíduo, resultando assim em diferentes experiências para cada um e o indivíduo só precisará estar aberto para poder identificá-los. Através dos estímulos sensoriais, arquitetos e urbanismo poderão criar obras cada vez mais humanas. A sensação dos espaços ocorre através dos diversos estímulos, e é através deles que conseguimos uma relação com a memória. Poderemos observar nessa obra como os sentidos estão totalmente ligados a carga memorial e como é possível implantar isso dentro de um projeto arquitetônico.

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Proposição O pavilhão é fácil de ser montado e desmontado, funcionando em qualquer lugar do mundo. Sua faixada é composta por iluminações diferentes. O pavilhão foi dividido em cinco espaços, criando um percurso aonde você começa com poucos estímulos, que vão aumentando pelo decorrer do percurso, fazendo com que cada um tenha uma experiência única e particular. Há uma brincadeira no tamanho dos espaços, ao mesmo tempo que você tem uma variante nas alturas. Luzes estimulantes vão aumentando pelo decorrer do percurso.

Figura 2: Maquete eletrônica Pavilhão Itinerante. Realizado pela autora em outubro de 2017.

Figura 3: Maquete eletrônica Pavilhão Itinerante. Realizado pela autora em outubro de 2017.

mesmo tempo que a pessoa explora e se questiona, ela escuta um som de um rádio antigo, aonde o indivíduo procura sintonizar com uma estação. Quando chegamos ao espaço 2, podemos observar sua forma mais simétrica. Luzes cinzas dispostas pelo ambiente. Nesse espaço foram distribuídos diversos relógios de diferentes tamanhos e modelos e barulhos, onde além de o indivíduo observar e poder remeter a memória, ele também escuta diversos sons diferentes. O espaço 3 é aonde o indivíduo se percebe mais parte da obra. Projeções de diversas palavras são dispostas na cortina de fumaça por todo o espaço. Luzes verdes e azuis foram intercaladas por todo o espaço. O indivíduo pode se observar através dos diversos fragmentos de espelhos espalhados pela parede, podendo se observar por diversos ângulos.

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sendo iluminado somente pela luz natural disposta pela porta de entrada que não tem fechamento. Ao

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No primeiro espaço, podemos observar a falta de luz artificial, tornando um ambiente quase todo escuro,


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Uma trama de elásticos é a primeira coisa que você nota ao entrar no espaço 4. Nada melhor para descobrir do que explorar. Ao mesmo tempo que você percorre a trama de elásticos, você se depara com sons já escutados antes, que remetem ao passado, como o do PacMan, o do Windows ligando, até mesmo o som da famosa internet discada, ao mesmo tempo que você é estimulado pelas iluminações vermelhas e laranjas. Ao entrar no quinto espaço o indivíduo visualiza as cores rosa e amarelo, ao mesmo tempo ele escuta o som de risada de criança, junto de um barulho de corda batendo. Ao olhar pelas paredes, podemos observar projeção de sombras de uma criança pulando amarelinha e outra andando de bicicleta. Estarão disponíveis gizes para desenhar pelo chão, remetendo a velha brincadeira de criança de desenhar na rua.

Figura 4 e 5:: Maquete eletrônica Pavilhão Itinerante. Realizado pela autora em outubro de 2017.

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Figura 6 e 7: Maquete eletrônica Pavilhão Itinerante. Realizado pela autora em outubro de 2017.

Figura 8: Maquete eletrônica Pavilhão Itinerante.

Figura 9: Montagem com imagem do Parque do

Realizado pela autora em outubro de 2017.

Povo. Disponível em http://saopaulosaudavel.com.br/ parque-do-povo/>. Acessado em outubro de 2017.

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Referências

ABREU, Mauricio de Almeida. Sobre a Memória das Cidades. Revista da faculdade de letras. 1998. ASSMANN, Aleida. Espaços da Recordação. Editora Unicamp. 2011. CERTEAU, Michel de. Invenção do Cotidiano. Editora: Vozes. 2000. CHOOY, Françoise. A Alegoria do Patrimônio. Tradutor: MACHADO, Luciano Vieira. Editora: Estação liberdade. 2001. JUNDURIAN, Maria Amélia. Do Material ao Imaterial. Editora: EDUC. 2014. LE GOFF, J. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1996. PALLASMAA, Juhani. Os olhos da Pele. Editora: Bookman Companhia Ed. 2011. PALLASMAA, Juhani. Mãos inteligentes. Editora: Bookman Companhia Ed. 2013. POLLAK, Michael. Memória, Esquecimento e Silencio. Estudos Hitóricos, RJ. 1989. RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Editora da Unicamp. 2010. SMOLKA, Ana Luiza B.; NOGUEIRA, Ana Lúcia H. Emoção, memória, imaginação. Editora: Mercado das Letras. 2011.

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YATES, Frances Amelia. A Arte da Memória. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2007.



Moradia Coletiva no Bairro da Santa Ifigênia Sob a perspectiva da identidade do centro tradicional Phillip Marques Schmidt Orientador: Prof. Me. Ralf Castanheira Flôres

O trabalho desenvolvido apresenta uma proposta de intervenção em um antigo hotel e em um sobrado, compreendendo os valores simbólicos que os dois edifícios possuem para o bairro e para a vida cotidiana, pautado principalmente na questão de habitar o espaço. O projeto busca implantar um conjunto de uso misto voltado à população de baixa renda, de uso comercial e de praça no nível da rua, e o uso habitacional nos pavimentos superiores, que possibilite integrar os residentes e a população do bairro em um espaço democrático incorporado as dinâmicas do bairro. 1 163

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Resumo

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Figura 01: Perspectiva externa do conjunto. Fonte: do autor


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Introdução O centro tradicional da cidade de São Paulo era ocupado predominantemente pela classe de maior poder aquisitivo até a década de 40, com a expansão da cidade em direção ao quadrante sudoeste nos anos seguintes, seguido pela saída da elite para essas novas áreas. O bairro passou a ser ocupado predominantemente por outra classe social de menor poder aquisitivo, atribuindo a imagem do centro como um local de baixa renda que habitam a região. Os espaços foram resinificados e desenvolveram novas dinâmicas culturais proveniente da maior heterogeneidade social, cheios de signos e seus respectivos significados que são interpretados e desenvolvidos na vida cotidiana. A partir da década de 70 foram desenvolvidos diversos projetos de intervenção através do poder público vinculado à iniciativa privada, na tentativa de retomar o espaço ocupado pela população de menor renda, e consequentemente a valorização imobiliária. Esses projetos não só visavam expulsar a população de menor renda, como também a renovação do tecido urbano, muitas vezes prevendo demolições expressivas que apagariam os traços históricos e sociais tão emblemáticos para a história da cidade e seu respectivo desenvolvimento. A pressão para a renovação do bairro ainda é recorrente nos dias de hoje, sinalizada inclusive pelo poder público e os novos projetos em desenvolvimento. Perante as disputas que vem ocorrendo sobre a região, que possuem caráter higienista e incisivo, este trabalho tem como objetivo questionar as intervenções propostas pelo poder público pautadas em interesses privados, que desconsideram a realidade local e a população em um estado de vulnerabilidade social. Ao mesmo tempo visa ressaltar a importância do ambiente construído e seu caráter simbólico, dos vínculos afetivos e de pertencimento de determinado grupo social, e a sua contribuição para a formação da memória da cidade. A preposição também visa amenizar o processo de gentrificação tão recorrente pelas ações imobiliárias, recorrente da forma de produção do espaço no sistema capitalista. Como metodologia de trabalho foi realizado o levantamento histórico da formação da cidade de São Paulo e o seu respectivo desenvolvimento, compreendendo os fatores econômicos e sociais que levaram à formação da malha urbana de caráter segregado. Em um seguida a pesquisa bibliográfica sobre a questão patrimonial, da memória individual, coletiva e da cidade, visando dar embasamento teórico ao pesquisador, com o intuito de possibilitar uma análise mais minuciosa sobre o espaço e o indivíduo, e sua intrínseca relação na produção cultural. A vivência no espaço também foi primordial para o desenvolvimento do trabalho, participando em parte de suas dinâmicas cotidianas, com o intuito de compreender os diversos agentes sócias que contribuem na formação da identidade do local, e ao mesmo tempo identificar um possível objeto de intervenção. O

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levantamento de dados econômicos, sociais e urbanos possibilitou compreender a realidade da população local na forma de estatística, exprimindo o grau de vulnerabilidade social em que se encontram. Perante o cruzamento dos dados levantados, aliado a compreensão da importância patrimonial e das dinâmicas locais, possibilitaram a fundamentação do projeto de intervenção de uso misto. Proposição A preposição partiu da análise das condições estruturais dos 2 imóveis presentes nos lotes de intervenção, no primeiro lote encontra-se o antigo Hotel Bristrol e o segundo a fachada de um sobrado que apresentava uso misto. Foi diagnosticado que o grau de degradação do Hotel encontra-se em um estado irreversível, com ausência de grande parte das características originais. A estrutura existente exibe um estado

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deteriorado, com diversas fissuras e até mesmo alguns desabamentos, nos casos de algumas lajes no pavimento superior. O sobrado por outro lado exibe pequenas intervenções em sua fachada, e sua estrutura interna foi completamente demolida nos últimos anos, exibindo apenas uma armação metálica provisória.

Figura 02: Foto da fachada remanescente do sobrado. Fonte: do autor; Figura 03: Foto do Antigo Hotel Bristrol, Fonte: do autor; Figura 04: Foto do Hotel em 2009, Fonte: Samuel Kassapian Portanto para a elaborar o projeto, optou-se pela demolição de toda a estrutura interna do antigo hotel, conservando apenas as fachadas externas. O segundo terreno também seguiu a mesma lógica, determinando demolição da estrutura existente que não possui importância histórica e arquitetônica, permitindo ampliar o tamanho do novo edifício. Com dois lotes livres, foi possível pensar em novas possibilidade de implantação, com maior liberdade projetual e um melhor grau de salubridade se comparado a utilização do edifício existente. O novo edifício de uso misto, apresenta o seguinte programa: 5 comércios; 3 sanitários de uso público; uma praça interna; hall de acesso e portaria ; 2 elevadores panorâmicos ; escada de emergência ; copa e banheiro para funcionários ; depósito ; coleta de lixo ; quadro

A implantação do conjunto foi dividida em 3 áreas com o intuito de segregar os usos, divididos pelo caráter funcional de cada uso. A área voltada para a rua dos Gusmões, ficou definida como uma a zona comercial por conta do seu maior fluxo de pessoas e sua continuidade até o cruzamento com rua St. Ifigênia dois quarteirões acima. A parte central do lote ficou definida como um espaço de passagem, estar e lazer, dando suporte ao uso comercial e separando a área privada do uso residencial. A praça interna pode ser acessada tanto pela rua do Triunfo como pela rua dos Gusmões, abrigando um espaço de galerias

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Figura 05: Diagrama de zonas. Fonte: do autor; Figura 06: Diagrama de Fluxos. Fonte: do autor

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geral ; lavanderia coletiva ; 24 unidade habitacionais de tamanhos variáveis;


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comerciais a céu aberto, que permite a articulação como um ambiente de encontro e de lazer para os visitantes e residentes. O vazio formado pela praça permite a conexão entre ambas as ruas internamente ao lote, intensificando o fluxo interno e ao mesmo tempo permitindo uma grande área de respiro para os apartamentos nos pavimentos superiores. A localização da portaria e dos espaços técnicos do conjunto residencial, foram segregados na rua do Triunfo por conta do menor fluxo de pessoas e pelo aproveitamento da empena no limite do lote para a circulação entre os pavimentos.

Figura 07: Planta do Térreo. Fonte: do autor; Figura 08: Planta 1º pav. Fonte: do autor Os elevadores panorâmicos levam conjunto residencial, com vista para o grande vazio do hall e ao mesmo tempo para a praça interna, criando um movimento na fachada para os visitantes que adentram a praça. Os pés direitos entre cada pavimento seguem as alturas do antigo hotel a fim de manter o alinhamento interno com a fachada existente, com 5,3m no térreo e 4,3m nos demais pavimentos. Os acessos dos apartamentos são realizados por passarelas metálicas de coloração preta sustentadas por tirantes, dispondo de corrimãos retangulares com chapas metálicas perfuradas em sua extensão, dando grande leveza visual. As passarelas da face sul dão acesso a lavanderia compartilhada no primeiro pavimento, e ao núcleo de escadas de emergência. Exibem uma solução estrutural de Contraventamento encostado na empena, atribuindo um complemento visual com a empena remanescente de tijolos aparentes.São dispostos seis apartamentos de 30m² nos 3 primeiros pavimentos, pensados para solteiros ou casais. As unidades habitacionais são compostas por cozinha, sala, banheiro e um quarto, com aberturas das janelas seguindo as da fachada conservada. Os 6 apartamentos no último pavimento apresentam a mesma organização dos andares inferiores, porém os 5 voltados com abertura para a rua possuem um tamanho reduzido de 25m², abrindo espaço para uma avarandada. Os apartamentos neste andar exibem uma

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grande janela em fita intercalada com brises, possibilitando uma fachada móvel.

Figura 09: Vista da praça interna. Fonte: do autor; Figura 06: Vista das passarelas. Fonte: do autor

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O edifício de uso misto proposto apresenta uma evolução que condiz com a realidade do bairro, uma área altamente sensível e suscetível a grandes transformações que possam descaracterizá-la facilmente, onde o desenvolvimento urbano deve ser gradativo. A Volumetria final do projeto não rompe de forma brusca com o gabarito dos edifícios no entorno, que possuem uma média de 2 pavimentos, apesar de haver possibilidade de maior de verticalização. A altura do novo conjunto é bem semelhante ao do antigo Hotel Bristol, sem inserir uma tipologia muito contrastante em relação ao imóvel existente que possa suprimir e minimizar a importância do bem patrimonial.

Figura 09: Vista da praça interna. Fonte: do autor; Figura 06: Vista das passarelas. Fonte: do autor A materialidade que o novo edifício assume cria um contraste visual intencional entre o novo e o velho, e ao mesmo tempo complementar através da evocação de suas formas. Os materiais e métodos construtivos contemporâneos marcam a intervenção, deixando claro a distinção entre ambos os edifícios de diferentes épocas, unidos de forma harmoniosa através de um diálogo temporal contínuo. O conjunto desenvolve uma relação de dependência entre os objetos, que são lidos como complementares uns dos outros, perdendo o seu significado se analisado isoladamente.

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FERREIRA, P. B. S. . O tombamento de Santa Ifigênia e Campos Elísios: reflexões sobre os caminhos cruzados do patrimônio e do urbanismo em São Paulo. Geografia e Pesquisa (UNESP. Ourinhos) , v. 2, p. 1, 2015. COELHO JR. Marcio Novaes. Processos de Intervenção Urbana: Bairro da Luz, São Paulo. Dissertação de Doutorado, FAUUSP, 2010. Heitor Frúgoli Jr. – São Paulo: Espaços Públicos e Interação Social, 1995 KARA JOSÉ, Beatriz . A popularização do Centro de São Paulo: um estudo de transformações ocorridas nos últimos 20 anos". 2011. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra). Maurício de Almeida Abreu - Sobre a memória das cidades, 1998 MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. A cidade como bem cultural. Áreas envoltórias e outros dilemas, equívocos e alcance na preservação do patrimônio ambiental urbano. Preservação: Arqueologia, arquitetura, cidades. : IPHAN/9R, 2005, v. , p. -. MEZA MOSQUEIRA, Tatiana. Reabilitação da região da Luz - Centro histórico de São Paulo: Projetos urbanos e estratégias de intervenção. Dissertação de Mestrado, FAUUSP, 2007 Michael Pollak - Silêncio, Memória e Esquecimento, 1986 NEUHOLD, Roberta dos Reis. Os movimentos de sem-teto e a luta pelo direito à moradia na área central da cidade de São Paulo. In: III Simpósio Lutas Sociais na América Latina, 2008, Londrina. Anais do III Simpósio Lutas Sociais na América Latina, 2008. SIMÕES JR., José Geraldo. Anhangabaú: História e Urbanismo. São Paulo: Editora Senac, Imprensa Oficial, 2004. VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. 2º ed. São Paulo: Studio Nobel, 2001.

Patrimônio Arquitetônico e Urbano

Referências



Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

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Mobilidade Urbana no bairro do Brás A vez do pedestre Augusto Lotufo de Assis Orientadora: Profª. Me. Marcella de Moraes Ocke Müssnich

Figura 01: Vista geral para o Largo da Concórdia. Fonte: acervo do autor

RESUMO

centros urbanos favorece o uso do veículo particular. Dessa forma as cidades se estruturam e se desenvolvem para abrigar o veículo particular. A necessária Inter mobilidade como forma de romper esse modelo automobilístico vem se adaptando em cidades do mundo inteiro e a transformação dessa realidade implica diretamente na forma de viver a cidade. A mobilidade urbana sustentável é regida através da priorização do pedestre a partir de diversos elementos e ações, junto com um sistema intermodal e tem como consequência uma rua mais democrática e saudável. Este procedimento será baseado no diagnóstico das ruas do bairro Brás em São Paulo em critérios e variáveis que expressam suas condições, derivadas a partir de pesquisa de campo, fotos áreas e leis e normas vigentes até o momento. 1 171

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área pode influenciar no transito e na vida de uma cidade. O modelo de mobilidade nos grandes

Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

O presente trabalho tem como objetivo identificar como um sistema intermodal atuante em uma


BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Introdução A forma como as cidades são planejadas, ou a forma que ela toma com o passar do tempo, devido ao aumento da população, causam um enorme impacto na vida das pessoas, de coisas simples e pequenas que aos poucos se tornam grandes problemas para a população. O espaço urbano entre veículos e pessoas, um cenário onde o conceito de acessibilidade desempenha papel fundamental para que haja igualdade social, em que todas as pessoas possam utilizar o espaço da melhor maneira, o mais confortável e seguro possível. Por isso e por outros, que as cidades precisam de soluções rápidas para amenizar o impacto do desenvolvimento. Há várias ideias elaboradas por pessoas que estudaram todo o problema da mobilidade urbana. Mesmo não sendo uma tarefa fácil é possível sim aos poucos transformar nossas cidades em lugares melhores de se viver, com fácil acesso, segurança e sustentabilidade. Sabemos que São Paulo e outras megalópoles foram desenvolvidas e planejadas a partir do sistema viário, realidade que vem mudando mundialmente com o propósito de entender que a mobilidade urbana sustentável é o caminho para uma cidade mais inclusa e democrática. Depois de entender a importância que um sistema público de transporte traz cidade de São Paulo, desde a mobilidade que resulta em menos transito e menos acidentes até para com o meio ambiente (qualidade do ar), as ciclovias começaram a tomar mais destaque nos últimos anos. Infelizmente quando se trata de planos de desenvolvimentos urbano peatonais, a cidade ainda não é inclusiva. A Norma Brasileira 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 9050, 1994) visa promover a acessibilidade no ambiente construído e proporcionar condições de mobilidade, com autonomia e segurança, eliminando as barreiras arquitetônicas e urbanísticas nas cidades, nos edifícios, nos meios de transporte e de comunicação. O objetivo deste trabalho, é tratar sobre como a cidade de São Paulo lida com a mobilidade peatonal e como incentivar esse uso de mobilidade, frente ao uso de bicicleta afeta a economia e a cultura de toda uma sociedade. As cidades precisam de soluções que lidem com o coletivo, então buscar introduzir um sistema intermodal, áreas verdes, buscando planejar cidades melhores para se viver. Quando se pensa em cidade para as pessoas, logo pensa-se em mobilidade, acessibilidade por vezes estes assuntos podem se confundir, pois se tem várias definições. A algum tempo, vem-se tentando propor um maior espaço acessível a todos, com segurança do pedestre, e com a opção por meio de

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transportes não poluentes e no incentivo a bicicletas. Quando se trata de estabelecer um projeto de caráter urbanístico, a ideia de tornar-se um espaço mais seguro, saudável e democrático, nos remete a de que forma e como podemos introduzir componentes e mecanismos sustentáveis. Tecnologias usadas para a capitação das chuvas, pisos recicláveis, um acréscimo de áreas verdes (áreas permeáveis) criação de mais áreas sociais (lazer), a priorização do pedestre a partir de calçadas mais amplas junto com uma ciclovia diminui o espaço de pistas rolantes e consecutivamente diminui a poluição (atmosférica, sonora, visual) causada pelos carros. O propósito deste trabalho foi de recriar o caminho do pedestre no bairro do Brás na cidade de São Paulo, em especial, em ruas comerciais ou aglomerações, e com essa nova perspectiva de priorizar o pedestre, trazer uma conscientização maior com o indivíduo e o espaço. A mobilidade urbana é recriada e estabelece reais conexões com a rua, a calçada e praças.

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A praça do Metrô

Figura 03: Planta esc: 1000/250 Fonte: acervo do autor figura 04: antes e depois da intervenção na praça. Fonte: acervo do autor

A praça ao lado do Metro Brás apresentava uma característica residual. Contemplava somente uma banca de jornal e algumas árvores. A proposta feita foi de incentivar o convívio social dessa praça. Foi proposto então uma grande arquibancada aonde as pessoas pudessem repousar e admirar o entorno. Foi proposto também uma grande galeria de lanchonetes embaixo do viaduto, que antes estava sem utilidade, de modo a atrair mais as pessoas e introduzir um novo comercio local.Foi proposto então uma marquise, abrigando um bicicletário e banca de jornal, e ainda contemplando mesas e cadeiras de apoio as lanchonetes. O Largo Figura 04: planta do largo. Esc: 1000/250. Fonte: acervo do autor

Figura 05 e 06: detalhes do pavilhão. A esquerda o deck com mesas e cadeiras e a direita o interior do pavilhão que conta com uma pequena arquibancada. Fonte: acervo do autor

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O largo apresentava uma característica exclusiva de passagem, os canteiros verdes eram cercados, poucas arvores, e um grande fluxo de pedestre. A primeira mudança foi realocar a rua que dá acesso a ponte do gasômetro, a mesma, “cortava” o largo em dois pedaços.Então a primeira proposta foi realocar essa rua, dando prioridade ao transporte coletivo e ao pedestre. Após a intervenção, o largo se tornou um só, e seu perímetro aumentou. Após uma pesquisa de campo, foi constatado que quem


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Av. Rangel Pestana Figura 10: plantas da Av. Rangel Pestana; Esc: 1000/250 Fonte: acervo do autor

A Av. Rangel Pestana apresentava uma situação que priorizava o transporte individual. Com duas faixas rolantes exclusivas para o transporte motorizado individual, o transporte coletivo competia espaço. Os pontos de ônibus eram localizados nas calçadas da avenida, e por ser um ponto de alto fluxo de pessoas, sobrecarregava o espaço e mais uma vez os pedestres eram destinados a compartilhar o espaço. Após a intervenção o primeiro assunto a ser tratado era de realocar os pontos de ônibus para um canteiro central, fazendo assim, um corredor exclusivo para ônibus. O alargamento da calçada também foi um fator importante para o projeto, por se tratar de uma área altamente comercial, com um grande fluxo de pessoas, a ideia era de alargar a calçada, dando mais segurança para os pedestres do entorno. O corredor central além de funcionar como um corredor exclusivo para ônibus, funciona também como um canteiro verde na avenida. A intenção do projeto foi de introduzir o verde na avenida através dessa plataforma central, não sobrecarregando as calçadas, mas ainda assim, podendo usufruir do verde no local.

Figura 11: antes e depois da intervenção. Fonte: acervo do autor

Ruas Lindeiras

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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

A proposta feita foi de priorizar o pedestre através do alongamento das calçadas e de área de convívio. De um lado da calçada foi introduzido um grande canteiro, de eixo a eixo, de modo a possibilitar a introdução de área verde. Do outro foi introduzido uma sequência de mobiliário urbano e piso.

Figura 12: planta das ruas lindeiras. Esc: 1000/250. Fonte: acervo do autor

Figura 13 e 14: Detalhes para área de estar e lombofaixa.

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Referências LEME, M. C. S Revisão do Plano de Avenidas Estudo sobre o Planejamento Urbana em São Paulo, 2009. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Impactos sociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas Aglomerações Urbanas Brasileiras. Brasília, 2003 ESTATUTO DA CIDADE: Guia para Implementação pelos municípios e cidadãos. 2 Ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2002 MINISTÉRIO DAS CIDADES, Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável, 2002 JACOBS, Jane. Morte e Vida nas grandes cidades. São Paulo, Martins Fontes, 2000 ASCONCELLOS, E. Circular é Preciso, Viver não é preciso: A história do trânsito na cidade de São Paulo. São Paulo, Annablume, 1999

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GEHL, YAN. Cidade para Pessoas. São Paulo, 2010



Requalificação da Praça Waldemar Frasseto Projeto Paisagístico Beatriz Aquino Bernardes Orientadora: Prof. Ms. Marcella de Morais Ocke Mussnich

Figura 01 : Quadra poliesportiva drenante.

Frasseto, parte do Polo Cultural do Grajaú, área localizada no bairro do de mesmo nome. A área de intervenção escolhida, que já passou por um processo de revitalização anterior, atualmente encontra-se degradada, com problemas de alagamento, além de pouca utilização devido ao abandono e à falta de cuidados, tanto do poder público quanto dos moradores do entorno. Interligada com o projeto está a recuperação do Rio das Pedras, extensão da Represa Guarapiranga, que se encontra no coração das praças. Além disso, a intenção principal deste projeto é trazer de volta a vida social do local, devolvendo à população uma área de lazer, cultura, esportes e interação entre outros. 1 177

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Este trabalho tem como objetivo principal um projeto de requalificação da Praça Waldemar

Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

Resumo


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Introdução O que é uma praça? Como bem caracterizam Macedo e Robba (2002), “Praças são espaços livres públicos urbanos destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos e livres de veículos, definidos pela malha urbana formal e que não ocupem mais 2 ou 3 quadras consecutivas”. Tendo passado por um processo de revitalização em 2008, quando recebeu pista de Cooper, quadra de bocha, playground, bancos, mesas, projeto paisagístico e calçadas permeáveis, a Praça Waldemar Frassetto, embora apresentasse os requisitos básicos elencados por Robba e Macedo, hoje se encontra em situação precária no que diz respeito à segurança de seus usuários, pontos de alagamento e mal uso por parte da população do entorno. Cabe lembrar que a situação da praça em questão não é um caso isolado entre as praças das periferias dos grandes centros urbanos brasileiros que assistem a fenômenos semelhantes. Porém, a Praça Waldemar Frassetto foi escolhida como recorte para se compreender situações semelhantes. O presente trabalho tem como objetivo identificar os motivos pelos quais a Praça, localizada no Parque América, bairro do Grajaú em São Paulo, se encontra hoje deteriorada e, a partir disso propor uma intervenção urbanística no sentido de atender as reais necessidades e aspirações da população do entorno com relação ao uso de espaços públicos para descanso, lazer e reflexão. Para se atingir este objetivo será feita uma pesquisa que incluirá visitas ao local, documentação fotográfica e cartográfica e entrevistas com moradores do entorno.

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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

Figura 02 : Deck destruído, e resíduos de lixo . Além disso se procederá à uma pesquisa histórica da formação do bairro, a tipicidade de seus moradores quanto à origem, condição social, etc., além de pesquisa bibliográfica sobre a origem histórica das praças, seus objetivos, sua formação, desenvolvimento e evolução ao longo do tempo. Concluída a radiografia da praça, do seu entorno e do próprio bairro será executado um projeto de intervenção urbanística visando a revitalização da praça em questão, adequando seu uso ás características da população residente nas proximidades. Este trabalho se reveste de relevância na medida em que busca devolver a uma população carente de equipamentos públicos um espaço que foi pensado originalmente para servir de local destinado ao descanso, lazer e reflexão e que, por motivos que serão investigados, deixou de cumprir seu objetivo e foi deteriorado.

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Proposição Observando-se as referências de projeto as praças Linear das Corujas, Victor Civita, De la Balsa Vieja e Waterplein Benthemplein e fazendo-se uma leitura das razões do sucesso de seus projetos, identificouse principalmente: 1 – Possuem um belo projeto; 2 – Propõe vários usos, a saber, passeio, contemplação, estar, atividades físicas, recreação, arte e horta; 3 – Desenvolveram soluções inovadoras quanto à sustentabilidade como uso de materiais reciclados e certificados, reaproveitamento da água da chuva; 4 – Preservação de córrego com implantação de biovaleta; 5 – Implantação de mobiliários e equipamentos urbanos como bancos, brinquedos, equipamentos de ginástica e musculação, espaço para animais de estimação, etc.. O partido, pois, adotado para o presente projeto vai considerar todos esses itens elencados, visando transformar a praça por meio de sua requalificação, com consequente revitalização e recuperação do Rio das Pedras para trazer as pessoas de volta. Busca-se um projeto para devolver aos moradores e à população flutuante do local um espaço de qualidade, onde quem ali habitar possa ter experiências na cidade. O local onde se encontra a praça tem muito potencial. Segundo a prefeitura, em sua abertura após a revitalização, cerca de 2.000 cidadãos compareceram ao evento, tornando a praça em questão a mais importante da região do Parque América. Entretanto, ela não tem sido bem aproveitada ou bem cuidada. Como dito anteriormente, anos atrás foram executadas melhorias nas praças, porém a área continuou

Os moradores sentem falta de atividades no bairro, apesar do fato da praça estar inserida em um Polo Cultural. Outro ponto importante é a Escola Estadual Professor Carlos Ayres, próxima a praça, da qual os alunos gostariam de desfrutar; ter um lugar para ficar, conversar, se divertir, um lugar com atividades noturnas e até mesmo um lugar que incentive o esporte coletivo ou individual.

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Figura 03 : Rio das Pedras, poluído.

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marginalizada, sem uso, e o córrego continuou transbordando.


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Além disso, o Polo Cultural será fortalecido com a implantação de um espaço para a realização das manifestações artísticas típicas da periferia que estão deterioradas, tais como Afromix, Zumba, Capoeira Angola e as demais manifestações da dança de rua. Outro espaço será destinado a outras atividades artística importantes como Histórias Brincantes, Fotografia Urbana Experimental, Pintura em Vidro e Tecido, Tricô, Arte Plástica em EVA, Crochê, RPG, etc.. Pela pesquisa, conclui-se que todo esse trabalho só alcançará bons resultados se os moradores do entorno forem envolvidos nos trabalhos de requalificação, organizando-se mutirões junto ao Polo Cultural. Para o projeto foram pensados alguns eixos condutores iniciais: • Recuperação do Rio das Pedras, “que ja foi feito anteriormente” • Reativação e proposição de novas atividades culturais • Desenho de piso conectando as praças • Mobiliário Urbano • Iluminação noturna • Horta comunitária • Sistema de irrigação • Sistema de filtragem • Piso permeável e reciclável • Drenagem verde (Essa recuperação é prevista por meio da utilização de Infra-estrutura verde, que será aplicada no projeto por meio de jardins de chuva que são depressões, e biovaletas preenchidas com vegetação, proposta que ajuda a filtrar a água ao mesmo tempo em que aumenta seu tempo de escoamento da água pluvial do local.) Além disso, como proposta principal do trabalho está o resgate das atividades oferecidas anteriormente,

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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

como meio de propor usos, que resultariam em uma visível melhora e cuidado inicial com a praça.

Figura 04 : Planta Esquemática.

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Referências ANDRADE, L. Et al. Espaços públicos: novas sociabilidades, novos controles. Cadernos metrópole 21 pp. 131- 153 10 sem. 2009. CALDEIRA, J. M. A Praça Brasileira: trajetória de espaço urbano – origem e modernidade. Tese de Doutorado apresentada ao Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas. Campinas. 2007. 434 p. CARNEIRO, A. R. S.; MESQUITA, L. B. Espaços livres do Recife. Recife: Prefeitura da Cidade do Recife/ Universidade Federal de Pernambuco, 2000. 139 p. FERNANDES, L. D. As praças cívicas das novas capitais brasileiras. Dissertação apresentada de Mestre pelo Programa de Pesquisa e Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade de Brasília. Brasília. 2011. 293 p. GOMES, P. C. da C. A condição urbana: ensaios de geopolítica da cidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 2002. 304 p. MENEZES, M. L. D. Democracia de assemblea e democracia de parlamento: uma breve história das instituições democráticas. Sociologias, SciELO Brasil, v. 12, n. 23, p. 20-45, 2010. PONCIANO, L. São Paulo - 450 Bairros 450 Anos. São Paulo: Senac. 2004. 362 p. RIBEIRO, Z. L . As Praças como Espaço de Lazer em Sorriso/MT. Anais XVI Encontro Nacional de Geógrafos ENG. Porto Alegre. 2010. 10 p. ROBBA, F.; MACEDO, S. Praças Brasileiras. São Paulo: Edusp. 2011. 312 p. ROLNIK, R. O que é a Cidade. São Paulo: Brasiliense. 1995. 88 p. SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2003. 174 p. SILVA, G. P.; VERSIANI, I. V. L. Espaço público de lazer no ambiente urbano: ampliação das possibilidades de convivência, socialização e mudança de cenários violentos. Revista Desarrollo

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Humano. Boletín Nº 74 – Junio 2011. 20 p.



Da Análise Territorial ao Projeto: Proposta de tratamento dos espaços livres lindeiros ao Córrego Itapaiúna como estratégia de ressignificação das dinâmicas socioespaciais. Felipe Farina Borges Fortes Orientador: Profª. Me. Rita Canutti

Figura 01 : Parque das Águas. Fonte: acervo do autor

Resumo

territórios, limitados e divididos por barreiras físicas e simbólicas que definem seus limites latentes. O trabalho desenvolvido objetivou, através da ação projetual e sob a perspectiva de uma intervenção urbanística, tencionar a aproximação entre os territórios, ao longo do Córrego Itapaiúna, proporcionando um cenário de integração social e considerando outras questões sensíveis à área em tela, principalmente relacionadas à degradação ambiental e dos eixos hídricos em uma cidade urbanizada.

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que evidencia um cenário de extrema desigualdade socioespacial: é composta por dois

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O distrito da Vila Andrade, na região sul de São Paulo, é uma porção de tecido urbano


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Introdução A expansão da cidade de São Paulo, vinculada ao desenvolvimento das metrópoles em um contexto de grande desigualdade socioespacial e à falta de ordenação e planejamento urbano resultou em duas questões problemáticas que foram norteadoras neste trabalho: a composição de cenários sociais e modelos de ocupação completamente opostos em um mesmo contexto urbano e as consequências deste processo sobre a perspectiva ambiental. Foram estas perspectivas que se definiram a área de intervenção deste projeto, o distrito da Vila Andrade. De um lado, a favela de Paraisópolis, resultante do movimento de ocupações irregulares iniciado pelos intensos fluxos migratórios do Nordeste à capital paulistana, motivados pela industrialização. Paraisópolis sofre de uma série de problemas comuns à favelas, como a falta de serviços públicos em infraestrutura e o provimento de habitações de interesse social através de programas públicos, o que resulta em um cenário de condições inadequadas de habitabilidade e intensos processos de degradação. Enquanto isso, do outro lado, o território do Morumbi é marcado por ocupações de alto padrão, estilo condomínio-clube, onde as relações de lazer e serviços são oferecidas nos limites internos do empreendimento, sem que o morador tenha que sair dali para desenvolvimento de atividades básicas do dia-a-dia. No limite da rua, o bairro é marcado por quadras com a geometria pouco definida, o que gera ruas locais descontínuas pouco convidativas. Os edifícios que negam a rua ao se vedarem completamente condicionam o espaço da rua a um cenário hostil, sem fluxo significativo de passantes e permeado por uma forte sensação de insegurança. A população destes territórios é muito divergente. As formas de apropriação do espaço são resultantes das diferentes formas que esses grupos constituíram marcas e símbolos que os representam simbolicamente e subjetivamente, simbolizando no espaço físico o afastamento social e cultural. Com o crescimento das ocupações irregulares no território de Paraisópolis, a municipalidade não conseguiu acompanhar tal ritmo de crescimento acelerado, criando cenários de negligência com a manutenção de recursos hídricos e sistemas de drenagem, além da degradação dos espaços vegetados. Estes cenários fazem necessária a intervenção sobre o território visando garantir o desenvolvimento sustentável da região, sobre pontos de vista sociais e ecológicos. A proposta de tratamento dos espaços livres lindeiros ao Córrego Itapaiúna, que atravessa os dois territórios, ou ao longo de seu traçado original nos trechos em que se encontra canalizado e

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subterrâneo, apareceu como forma de ressignificação do curso do rio como elemento estruturador de uma intervenção que busca a integração dos conceitos ecológicos com seu objetivo principal: manifestar a necessidade de conexão entre diferentes grupos e classes, possibilitando experiências sociais livres de estigmas. Considerando a área de estudo escolhida e a perspectiva da intervenção no espaço enquanto ente transformador de padrões de sociabilidade já instituídos, surgiram perspectivas do programa ambiental sobre os trechos em que o córrego encontra-se à céu aberto e atravessando uma área verde pública, a partir de premissas inerentes à parques lineares de proteção e recuperação ao ecossistema fronteiro ao curso d’água. A partir deste entendimento, adotaram-se diferentes tipologias projetuais que consideram o grau de degradação e a inserção daquela porção do espaço no contexto urbano. Além do programa ambiental, sobre outros segmentos em que o córrego segue canalizado e oculto, gerando fragmentos de espaços livres inutilizados, foram incorporadas diretrizes recreativas e culturais, a partir da concepção de programa de equipamentos e espaços de lazer e sociabilidade.

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Proposição Este trabalho objetiva propôr cenários de tratamento dos espaços livres ao longo do Córrego Itapaiúna como estratégia de ressignificação das dinâmicas socioespaciais dos territórios aqui estudados, Morumbi e Paraisópolis, onde os programas específicos dos Cursos definidos devem se propender, garantindo que os projetos isolados tenham perfil de partes de conjunto e funcionem em prol de objetivos coletivos. Curso das Águas Na região Sul da área em tela, no ínicio da Av. Hebe Camargo, a proposta de intervenção parte do entendimento topográfico, pois se tratando de uma área de inclinação acidentada, estando lindeira ao fundo de vale formado pelo Córrego Itapaiúna, o projeto foi desenvolvido considerando esta condicionante como elemento determinante na concepção projetual. Sendo assim, apropriou-se da topografia existente para instauração de um grande percurso longitudinal lindeiro ao Córrego, instalado a partir de ripas de madeira e sustentado por estrutura de bambu de eucalipto, gerando situações em que se invade o córrego criando verdadeiros decks de mirância e contemplação ao importante eixo hidrográfico, porém evitando a instalação de mobiliário urbano que permita a permanência prologanda nas margens do córrego. No eixo central, também há a possibilidade de acesso através da apropriação de uma grande superfície, equipada de mobiliários urbanos entre bancos, decks e coberturas, que garanter ao eixo o caratér de espaço de permanência, descanso, leitura, etc. Diferentemente do caminho ecológico, a principal função deste trecho é garantir às pessoas a possibilidade de permanencia por grandes intervalos de tempo, além de ser um importante acesso, pois se conecta com os patamares secundários, implantados em toda extensão transversal do Parque até sua extremidade, criando espaços de contemplação articulados entre si através de rampas e escadarias. Estes patamares são apoiados na própria topografia na cota em que estão instalados e em estruturas de bambu de eucalipto quando se projetam em suspensão

Já na região Norte do Parque, o projeto se desenvolve através de patamares que se dispõem concêntricamente à área de represamento proposta, articulados por rampas e escadas e estabelecendo relações de acessibilidade com todas as diferentes cotas internas ao parque. Além disso, também concta-

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Figura 02 : Parque das Águas. Fonte: acervo do autor

Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

às cotas mais baixas.


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se à decks flutuantes que repousam sobre o nível máximo da água represada, proporcionando ao usuário contato direto com a questão hidrográfica, evocada aqui de forma a instituir, de forma didática, a questão da água ao usuário.

Figura 03 : Parque das Águas – Região Norte. Fonte: acervo do autor. Curso Educacional A intervenção proposta no Curso Educacional trata de um projeto de melhorias das calçadas das ruas que confrontam à importantes equipamentos educacionais no setor Sul da favela de Paraisópolis. Considerando que as calçadas devem ser espaços que propissiem um passeio agradável, universalmente acessível e permitam o livre trânsito de todas as pessoas, foram consideradas 5 tipologias diferentes que consideram um agrupamento de intervenções, considerando as reais necessidades dos trechos que

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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

correspondem.

Figura 04: Demonstração de Tipologia de Intervenção sobre Via. Fonte: acervo do autor Curso do Atletismo O desenho proposto para esta praça considera o uso cotidiano expontâneo que se manifesta na quadra em que está inserida: um espaço de caminhada e corrida. Sendo assim, ele se estrutura a partir de um trail contemplativo sobre deck suspenso a um metro do nível do solo para caminhada, envolvido por uma pista de atletismo ao seu redor, com trechos sombreados a partir da manutenção da arborização existente e que se vale de reintrâncias do deck para configuração de espaços de estar e repouso munidos de equipamentos de descanso físico, no nível da pista.

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Figura 05 : Curso do Atletismo. Fonte: acervo do autor Curso Peinha O curso Peinha consiste na requalificação de um canteiro central entre a Rua Itapaiuna e a Av. Sylvio de Magalhães Padilha, e consiste na instalação de diferentes equipamentos de lazer ao longo de toda sua extensão longitudinal, considerando intensa aglomeração de crianças e jovens, além de contribuir como equipamento diretamente ligado ao cotidiano da favela da Peinha. Ao longo de sua extensão são instalados três eixos recreativos destinados à pessoas de diferentes faixas etárias. Entre os três eixos mencionados, também foram implantadas duas quadras poliesportivas, rebaixadas em 1,00m do nível da rua para proteção contra as interferências físicas e visuais das ruas lindeiras, além de resultar em uma arquibancada em formato “L” que se extende por duas faces da quadra.

Figura 06 : Curso Peinha. Fonte: acervo do autor. Curso Itapaiúna A intervenção no Curso Itapaiúna consiste na manutenção do eixo cicloviário existente e sua

estar anexadas à ela em canteiro central, permitindo o repouso. Também faz parte das diretrizes deste curso a uniformidade da vegetação do canteiro central ao longo de toda a via, indicando a existência de um caminho verde que se conecta aos outros cursos deste projeto. Referências ALMEIDA, Ronaldo; D’ANDREA, Tiarajú. Estrutura de oportunidades em uma favela de São Paulo. São Paulo: segregação, pobreza e desigualdade sociais. São Paulo, Editora Senac, 2005. SANCHES, Patrícia Mara. De áreas degradadas a espaços vegetados. 2011. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. SCHLEE, Mônica Bahia et al. Sistema de espaços livres nas cidades brasileiras – um debate conceitual. Paisagem e Ambiente, n. 26, p. 225-247, 2009.

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prevê-se a manutenção da quadra poliesportiva existente, porém atrelada à implantação de espaços de

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ampliação sobre os trechos ausentes, integrando toda extensão do projeto aqui proposto. Além disso,



Requalificação da Rua Marechal Deodoro em São Bernardo do Campo Fernanda Damasceno Torres Orientadora: Prof. Me. Marcella Ocke

Figura 01 : Requalificação R. Marechal. Fonte: acervo do autor

Resumo Este trabalho de conclusão de curso pretende projetar novos pontos de convivência e uma rua

nova dinâmica cultural e oferecer um espaço qualificado para a cidade. Propõe-se analisar espaços livres públicos e estudar quais as funções destas áreas, através da identificação dos espaços significativos de São Bernardo do Campo para elaboração de um projeto, assim também incluindo algumas das estratégias que foram sendo encontradas para a manutenção, alterações e criação destes espaços e de que forma eles contribuem para a qualidade de vida urbana. Esta pesquisa pretende estabelecer uma relação de cidadão-cidade onde sustente uma visão de sociedade aberta na qual as pessoas de todos os grupos socioeconômicos possam movimentar-se e apropriar-se do espaço da cidade em seu cotidiano.

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ociosos em espaços ativos, fundamental para dinâmica urbana, assim como proporcionar uma

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completa de usos em uma área comercial de São Bernardo do Campo e, transformar lugares


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Introdução A cidade é um espaço constituído por espaços privados e públicos. As áreas públicas podem ser livres de edificação, abertas a todos os espaços privados, de acesso controlado. Na maioria das cidades os espaços privados ocupam uma parte significativa do seu território, contudo, aquilo que melhor as caracteriza são os seus espaços públicos. O que acontece nos ambientes externos, os sons, as ruas por onde circula a população, as praças, os jardins ou outros espaços que fazem parte da esfera pública, ocupados por diferentes usos e em horas diversificadas, são essenciais para a vida, comunicação e socialização da cidade. A cidade está em constante mudança e nessa mudança insinuam-se novas formas de vivência urbana lideradas pela economia, pela globalização das práticas culturais e territoriais, pela mobilidade crescente, que transforma os espaços/tempo, do nosso cotidiano (trabalho, lazer, compras, etc.). Atualmente, em cidades contemporâneas é primordial a criação de novos espaços ou intervenções, revitalizações e requalificações nos espaços livres urbanos existentes. O espaço urbano se torna importante e necessário como um respiro, um lugar de conexão com a comunidade, e precisa ser (re) valorizado como tal, como forma de relacionar-se com o espaço edificado. Este trabalho propõe uma análise de espaços livres públicos e identifica quais as funções destas áreas. Depois da identificação caracterizamos alguns dos espaços públicos significativos de São Bernardo do Campo para elaboração de um projeto, assim também incluindo algumas das estratégias que foram sendo encontradas para a manutenção, alterações e criação destes espaços e de que forma possam

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contribuir para a qualidade de vida urbana.

Figura 02 : Praça Lauro Gomes. Fonte: acervo do autor Proposição O projeto tem como objetivo a requalificação da Rua Marechal Deodoro, mantendo o popular fluxo de comércio, disponibilizando áreas de convivência nos espaços públicos e introduzindo uma rua compartilhada com diversos usos.

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A rua compartilhada possibilita melhor acesso ao local, visto que prioriza os pedestres, insere a ciclovia e também mantém espaço suficiente para uma via de automóveis. O projeto de requalificação da rua pretende manter o comércio criador de grande fluxo de pedestres e trabalhar possibilidades para a melhoria das fachadas, calçadas e outras reais necessidades levantadas ao decorrer do trabalho. A idéia do trabalho consiste em possibilitar que os usuários percorram o trajeto inteiro da rua com conforto visual e sem complicações na pavimentação e se sintam convidados a usufruir das áreas verdes, praças, ruas destinadas apenas para pedestres e atividades ao ar livre. Para isso o projeto conta com acessos para deficientes, alargamento das calçadas, inserção de vagas vivas, parklets, iluminação adequada e um programa de ações para manter a rua viva de atividades e usos. O trabalho se preocupa com as praças, criando novos espaços e requalificando aqueles que não estão totalmente precários. As praças contam com uma nova paginação de piso que segue uma malha quadriculada com diferentes cores, assim mantendo uma identidade ao decorrer de toda a rua e das três áreas verdes: Praça Lauro Gomes, Praça Matriz e Praça Santa Filomena. Além das praças abrigarem espaços com mobiliário urbano direcionado ao público e espaços de convivência, o projeto abriga atividades que possam acontecer através do urbanismo tático e gerar pontos de encontro, dinâmicas em grupos e experiências diferenciadas no espaço da cidade. O projeto percorre ruas que existem no entorno da Rua Marechal Deodoro e vê potencial para a requalificação de vielas, a fim de proporcionar espaços destinados somente aos pedestres. A idéia é que nessas ruas estreitas aconteçam atividades organizadas pelos comerciantes, moradores ou usuários da rua, possibilitando o convívio social, prática de esportes, contato com a música, cultura e gastronomia. O trabalho é apresentado em três setores para melhor execução e detalhamento. Através de um percurso do inicio ao fim da Rua Marechal Deodoro, mostrando ações e diretrizes propostas para cada ponto importante do local. No primeiro setor se encontra o inicio da Rua Marechal Deodoro seguido da Praça Lauro Gomes e uma proposta de rua para pedestres na R. Newton Prado. No segundo setor destaca-se a Praça da Matriz e a

Figura 03 : Rua para pedestres. Fonte: acervo do autor

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viela Ângelo Linguanato. Por fim o terceiro setor, encontra-se a Praça Santa Filomena.


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Figura 04: Espaรงo kids. Fonte: acervo do autor

Figura 05: Praรงa da Matriz. Fonte: acervo do autor

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Figura 05 : Rua Compartilhada. Fonte: acervo do autor

Referências BHATIA, Amit. Placemaking – Architechtural Research Paper, 2015. CALDEIRA, Teresa. Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo. São Paulo, 2000. GEHL, Jan.Cidade para pessoas. A cidade viva, segura, sustentável e saudável. Editora Perspectiva,2010. GEHL,

Jan;

Svarre,

Birgitte.

How

to

study

public

life.

Editora

Island

Press,

2013.

GEHL, Jan. The Human Scale, 2012. HUSTWIT, Gary. Documentário “Urbanized”, 2011.

Lições para os plinths, 2015. LEFEBVRE, Henri. O Direito à Cidade. Editora Centauro, 1991. Prefeitura de São Paulo. Centro Aberto - Experiências na escala humana, 2016. Prefeitura de São Paulo. Centro - Diálogo Aberto, 2016. TARETTO, Gustavo. Filme Medianeiras, 2011. WHYTE, Willian. The Social life of small urban spaces. Editora Project for Public spaces, 1980.

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KARSSENBERG, Hans; LAVEN, Jeroen; GLASER, Meredith; MATTJS. A Cidade ao nível dos olhos -

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JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. Editora WMF Martins, 1961.



Ensaios Urbanos Filipe Yari Tikkanen Negrão Orientador: Profª Marcella de Moraes Ocke Mussnich

Figura 01 : Paisagem Urbana. Fonte: acervo do autor.

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A partir de diversas reflexões sobre o dia-a-dia das cidades contemporâneas, e de uma necessidade da vivência do espaço urbano como usuário, o Trabalho se molda no reconhecimento da paisagem urbana por meio da vivência e da experiência sensorial, que resultou em diversas percepções e reflexões, traduzidas por meio de registros fotográficos, relatos e ilustrações. As reflexões sobre as experiências vividas, acabam sendo maturadas através do ato do desenhar, que se tornaram vislumbres projetuais ilustrados, baseados em estruturas existentes com diferentes espacialidades e possíveis proposições de novas e diferentes espacialidades.

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Resumo


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Introdução O trabalho não é um produto, mas sim um processo, não é focado no ‘objeto’ final e sim no percurso, que ainda estará sendo construído após a finalização desta etapa. O Projeto não visa a construção de uma estrutura física, mas sim, a construção de uma abrangência de possibilidades imaginativas, levando em conta a ação do tempo, que fez aqueles locais. Como ‘ação do tempo’, não me refiro às ações naturais, mas sim a todo o processo que levou ao lugar ser como foi e será. O conteúdo contido são algumas vivências, reflexões e ideias ao longo da construção do caderno, que resultaram em alguns ensaios ilustrados referente a paisagem urbana. Busquei neste trabalho abordar o traço, o vislumbramento do imaginário, O Traço como o primeiro registro físico do pensamento a ‘longo prazo’, pois é no traço que traduzimos o pensamento não palpável, para algo palpável, trazemos a imaginação para o mundo físico, e, à posteriori, continuar a exercitar a imaginação. O trabalho inicialmente baseava-se na metodologia da deriva, onde mais tarde fora ‘substituída’ por princípios de uma possível derivação da deriva, designada de O Orbitar, onde a vivência sem rumo leva em conta um ou mias ‘ponto(s) de atração’, sempre percebendo as relações estabelecidas com esse(s) ‘ponto(s)’. Um desses ‘pontos’ era o Ribeirão das Pedras, onde posteriormente se tornam vislumbres

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projetuais.

Figura 02 : Mapas Pscicográficos. Fonte: acervo do autor.

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Proposição As sensações sentidas a partir das vivências através da paisagem urbana, levaram a reflexões sobre as mesmas em todos os aspectos. Propõe-se então vislumbres projetuais visando uma tentativa de semelhança das sensações ‘positivas’ vividas ao longo do ‘trajeto’ e ao longo da vida, também tentam amenizar sensações ‘negativas’ também baseados no ‘trajeto’ e na vida. O trabalho decorre apresentando diversas características observadas na paisagem urbana de uma forma

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Figura 03 :Vislumbre sobre relações com o Ribeirão. Fonte: acervo do autor.

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pessoal, inserindo reflexões e pensamentos do autor.


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Figura 04 :Vislumbre sobre biblioteca pública. Fonte: acervo do autor.

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Referências ABBUD, Benedito, Criando Paisagens 4.ed. São Paulo: Editora Senac. 2006. ALEX, Sun, Projeto da Praça Convívio e Exclusão no Espaço público, 1ª ed. São Paulo: Senac São Paulo. 2008. CALDEIRA, Teresa, Cidade de muros Crime, segregação e cidadania em São Paulo 1ed. São Paulo: Editora 34 Ltda/ Editora da Universidade de São Paulo. 2000. DEBORD, Guy, texto publicado no n°. 2 da revista Internacional Situacionista. 1958

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GEHL, Jan (1936-), Cidade para as Pessoas 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 2013.



Conjuntos Habitacionais em Periferia Multifuncionalidade como alternativa para expansão urbana Gabriela Setim Orientador : Prof. Rita Canutti

Figura 01 : vista aérea da região estudada, com o terreno que irá receber o trabalho em destaque. Fonte: Google maps editado.

Ao observar o modo construtivo que vem sendo aplicado no contexto de habitação social no Brasil, nota-se uma linha ineficaz. O trabalho aqui disposto trata sobre o papel do arquiteto na construção de conjuntos habitacionais, e de que forma pode ele atuar para que esses carimbos pré-projetados deem lugar a construções de uma certa qualidade arquitetônica, que tenha como resultado espaços públicos valorizados, e não espaços residuais que acabam por receber mal uso, ou que venham a ser um espaço subutilizado. Uma vez que, em maioria, esses edifícios apenas tem direcionado pessoas de baixa renda cada vez mais para locais distantes dos centros e núcleos urbanos, que não oferecem infraestrutura, causando fortes impactos na política urbana das cidades que, têm essa tendência de expansão, como São Paulo.

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Resumo

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Introdução Nas grandes cidades brasileiras, como São Paulo, a forma com que a habitação tem sido tratada é longe de ser prioridade. Desde o início do planejamento de edifícios multifamiliares voltados ao interesse social no Brasil, essas construções seguem uma linha de raciocínio que já se provaram não serem funcionais, devido à padronização das tipologias habitacionais não considera o local de implantação do projeto, uma vez que há projetos do Programa Minha Casa Minha Vida sendo aplicados em São Paulo da mesma forma com que são aplicados em muitos outros estados do país. São, em sua maioria, produções periféricas sem qualidade construtiva, inseridas em locais mal servidos de infraestrutura urbana, que somente afasta pessoas de baixa renda dos centros urbanos, aumentando cada vez mais a segregação sócio espacial, e privando de serviços, comércio, áreas de lazer, complicando a questão da mobilidade com transporte que conectassem essas pessoas aos polos que ofereciam empregos e infraestrutura em geral. Esse tipo de arquitetura não funcionou antes e isso vem se repetindo até os dias de hoje, com a mesma forma falha de reprodução de habitações em conjunto. Para que essas edificações sejam pensadas de maneira coerente, há uma série de fatores a se considerar. Levantamento de dados é imprescindível para que o espaços não vire posteriormente uma área residual, como acontece em tantos conjuntos que não somam nenhuma qualidade urbana ao seu entorno. Além de apenas habitar, o espaço deve ser planejado para articular-se com a política urbana. Ao acrescentar ao projeto tarefas múltiplas, pode-se aumentar a qualidade de vida das pessoas que frequentam o espaço. Áreas de convívio, envolvimento social, serviços e pequenos comércios que atendam à dimensão dos clientes próximos dali e que sejam também oportunidade de trabalho perto de casa, nesse caso dentro de um mesmo lote. Trabalhar essa ideia de multifuncionalidade pode ser uma forma de lidar com o crescimento populacional desorganizado nas áreas periféricas. A proposta, então, é a realização de um projeto que atenda esses princípios gerando uma otimização da malha urbana. Proposição

Subprefeitura M’boi Mirim

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ZEIS 2

Área de manancial Represa Garapiranga

Figura 02: Essa área foi escolhida por se adequar ao perfil de região periférica e baixa renda, que é o assunto discutido . Fonte: acervo do autor.

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O partido principal do projeto, então, é a implantação de edifícios que juntos formem um complexo habitacional e que se complementem nos uso; sim diferentes usos, uma vez que o acesso que permite a entrada dos moradores acontece no térreo de cada prédio, e não logo na entrada do lote; e todos os edifícios possuem térreo livre elevado por pilotis --que pode ser ocupado de acordo com as necessidades das pessoas que frequentarem o local, dentro do uso principal que foi definido para aquele bloco-- ou ocupado por uso público. Os edifícios assim projetados proporcionam uma quadra permeável, de livre acesso ao público, de forma que o pedestre que está apenas de passagem não precisa contornar a quadra, mas pode cruzar o lote da maneira que lhe for mais eficiente. Ou, disponibiliza benefícios para aqueles que querem aproveitar os usos, convidando o pedestre para dentro do lote, ao invés de cercá-lo com muros que além de não trazer benefícios de fachada ativa, ainda criam espaços de insegurança e desagrado para quem passa na rua. O projeto se inicia com o traçar de dois grandes eixos principais que se cruzam.


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caracterizado pela passagem de pessoas, porém, mesmo que elas estejam com pressa ou somente em seu caminho diário, ela cruza o lote participando do equipamento que ele oferece. Atendendo as normas que dizem dos parâmetros necessários para atender pessoas com deficiência física ou pouca mobilidade; em todos os atrativos do terreno, inclusive nas unidades de habitação. Além disso, ele apresenta uma grande área de solo permeável, para que ambientalmente seja correto e facilite a captação de água da chuva evitando pontos de alagamento no local; dentro dos padrões construtivos determinados pela lei de zoneamento.

Figura 03: Implantação do projeto. Fonte: acervo do autor.

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Um deles é a praça que segue a linha do córrego presente no lote. É importante destacar esse miolo, para que ele seja o atrativo principal da atenção das pessoas, e assim o espaço receba um valor e o cuidado da população, fortalecendo o vínculo com os espaços públicos criados e a interação com o equipamento urbano e valorizando as relações sociais e a convivência, tal como a preservação de áreas verdes como a gerada pelo projeto. O segundo eixo é o de travessia, pois ao observar o caminhar das pessoas nesse entorno e a movimentação e direções por elas tomadas diariamente, esse eixo diminui o caminho do pedestre, que não precisa mais contornar toda a quadra para se conectar com os instrumentos do entorno e da região. Sendo assim esse eixo é


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O projeto apresenta tipologias diferentes que permitem uma flexibilidade para receber diferentes perfis de família. São quatro tipos de apartamento propostos: apartamentos com um dormitório (32,6 m²), que visa atender famílias com uma ou duas pessoas; apartamentos com dois dormitórios (49,2 m²), para famílias compostas de três ou quatro pessoas; apartamentos acessíveis para pessoas com deficiência contendo dois dormitórios (60,5 m²) e apartamentos acessíveis para pessoas com deficiência contendo um dormitório (48,2 m²); , como mostrado abaixo.

Para esses dois blocos tomou-se, então, uma disposição diferente, com um intervalo entre um apartamento e outro, criando um pequeno pátio com a distância de um módulo entre dois apartamentos, dessa forma não há agressão à estrutura, e isso permite melhor recepção de calor e melhor ventilação; tal como a criação de um tipo de varanda coletiva para os moradores de cada andar, um espaço que pode ser usado para encontros informais, brincadeiras, descanso e até mesmo para observar a paisagem. Dois dos edifícios (blocos 4 e 5) possuem uma circulação horizontal por um corredor central que distribui os moradores para seus apartamentos, da direita ou da esquerda, porém, esses dois blocos mais densos, geraram dúvidas quanto a ventilação, iluminação e salubridade das unidades; para isso corredor central foi alargado e recebeu vãos que fazem com que uma ventilação cruzada aconteça naturalmente, trazendo qualidade e conforto para a edificação, e também trazendo novamente essas varandas coletivas para incentivar a interação entre os moradores.

Figura 04: Croqui que representa as varandas e vãos que permitem um ventilação cruzada e boa iluminação em todos os apartamentos. Fonte: acervo do autor.

Figura 04: Plantas tipo. Fonte: acervo do autor.

Antes da implantação dos edifícios, observou-se a orientação solar para que estes pudessem ser implantados da melhor forma, e todos os apartamentos recebessem a quantidade de necessária. Há, no entanto dois edifícios ( blocos 1 e 2) que não foram implantados nessa orientação, por conta de espaço e da área não edificável limitada pela lei de proteção ambiental. 4

Como já foi dito, cada edifício apresenta um uso distinto para trazer uma multifuncionalidade ao lote e melhorar a questão da mobilidade no dia a dia dos moradores. Conforme o levantamento e estudo de fluxo e movimentação de pessoas dentro do entorno, os usos definidos para cada um foram:

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Figura 05: Cortes AA e BB. Fonte: acervo do autor. Referências SANTOS JUNIOR, Orlando Alves; CHRISTOVÃO, Ana Carolina; RAMOS NOVAES, Patrícia (Org.). Políticas públicas e direito à cidade - Programa Interdisciplinar de Formação de Agentes Sociais e Conselheiros Municipais. Rio de Janeiro - RJ, Brasil: Letra Capital Editora, 2011. ROLNIK, Raquel. É possível política urbana contra a exclusão? : Serviço Social e Sociedade. São Paulo – SP, Brasil: Editora Cortez, 2002. 53-61 ROLNIK, Raquel; KLINTOWITZ, Danielle. (I)Mobilidade na cidade de São Paulo. Estudos avançados 25, São Paulo – SP, Brasil, v. 71, p. 89-108, mar. 2011. <http://www.scielo.br/pdf/ea/v25n71/07.pdf>. ROLNIK, Raquel; CYMBALISTA, Renato; NAKANO, Kazuo. Solo urbano e habitação de interesse social: a questão fundiária na política habitacional e urbana do país. São Paulo – SP, Brasil: [s.n.], 2008.

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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

mirante, pois está a uma altura total de quatro metro de desnível do nível da praça central. Ao mesmo tempo que se consulta pequenas lojinhas de comércio e serviço que podem ser alugadas pelos próprios moradores, que assim já evitam o transito da manhã, pois têm a facilidade de trabalhar no mesmo lote que moram. Edifício 5 – Contém o mesmo design e ideia do edifício 4, porém por estar mais próximo e ter maior acesso à Avenida Maria Coelho Aguiar os módulos de comércio e serviços se apresentam em maiores dimensões nesse bloco. Para tratar do paisagismo, as espécies implantadas foram escolhida com muita cautela, para que o ambiente fosse valorizado com espécies de árvores que de certa forma absorvem poluição e ruídos, melhorando o conforto dos espaços criados.

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Edifício1 – Esportivo. Com um pátio totalmente livre, e por estar ao lado da quadra serve como uma extensão da área esportiva do lote, podendo nele ser realizados alongamentos, ginásticas, aulas de yoga, ou até um local para treinar manobras de skate. Edifício 2 – Uso cultural, com um auditório no térreo, sendo também todo livre, nele podem ser realizadas aulas de dança, de teatro, desenho por conta da praça aberta que existe como uma extensão da área coberta, proporcionando atividades ao ar livre com uma bela vista do córrego. Edifício 3 – Institucional. Com uma biblioteca no térreo esse edifício pode servir como área de estudos, com computadores e acesso a internet. Edifício 4 – Esse térreo dispõe de duas varandas que podem servir como um



A possibilidade de tratamento do espaço público na Operação Urbana: Setor Brooklin Isabel Cunha de Carvalho Galindo Orientadora: Prof. Me. Rita Canutti

Figura 01: Diferentes perfil sociais a margem da Av. Jornalista Roberto Marinho. Fonte Jurandir Lima

assentamentos precários existentes na Avenida Jornalista Roberto Marinho e a verticalização de alto padrão que surgiu nos últimos anos. Nota-se que existem dois mundos lado a lado em uma região com alto interesse imobiliário, visto que os bairros estão inseridos no Setor Brooklin da Operação Urbana Água Espraiada. O presente trabalho tem como motivação a melhoria do espaço público existente, onde não há espaços de lazer de qualidade que atenda a população residente, promovendo o relacionamento entre as diferentes faixas de renda dessa região. A proposta de requalificação das praças Friedrich Naumann e Praça Sérgio Tondi Júnior pretende atender a população de baixa renda que permanece no local e não possui projetos voltados aos seus interesses e os demais moradores do Setor Brooklin, tornando-se um local para uso da comunidade. 1 207

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Ao percorrer o bairro do Brooklin e do Campo Belo, é possível perceber o contraste entre os

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Resumo


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Introdução No início do século XX, a urbanização das cidades brasileiras ocorreu de forma rápida e expressiva. Políticas públicas foram implementadas com o objetivo de reduzir o déficit habitacional, porém a população de baixa renda, afetada pelo déficit, quando atendidos pelo programa habitacional mudavam-se para conjuntos em áreas desprovidas de infraestrutura, equipamentos e serviços onde a monofuncionalidade estava presente. A população de maior poder aquisitivo se beneficiava ao ter renda para adquirir suas moradias em locais com infraestrutura. Assim, percebe-se que o direito à cidade não atende a todos de forma igualitária e sim favorecendo o maior poder aquisitivo. A formação de áreas ilegais ocorreu em grande parte da cidade de São Paulo, como por exemplo, no Setor Brooklin da Operação Urbana Água Espraiada, local de estudo desse trabalho. Esses assentamentos foram ocupados de forma irregular em lotes do DER (Departamento de Estradas e Rodagens), desde de 1970. Hoje, os assentamentos localizados na margem da Avenida Água Espraiada estão ao lado de novos empreendimentos de alto padrão que surgem na área. A consolidação de diferentes faixas de renda em um mesmo local enfrenta barreiras físicas e sociais no convívio entre a população. Essa situação existente no setor sudoeste da cidade, motivou a temática deste trabalho e definiu a área a ser discutida. Este Trabalho de Conclusão de Curso, pretende discutir as ações adotadas pelo Poder Público diante de um problema habitacional, voltados à população de baixa renda, existente em uma área valorizada, onde a inciativa privada proporcionou a implementação de uma Operação Urbana Consorciada, visto que há interesse imobiliário na região. As Operações Urbanas Consorciadas são instrumentos previstos no Estatuto da Cidade, desde 2001 que tem como conduta viabilizar obras de infraestrutura, habitação e transporte através de parcerias do Poder Público e Iniciativa Privada, porém o que se percebe é que as melhorias atraem um novo perfil de renda no setor devido ao interesse do mercado. Após análise das políticas adotadas, da população favorecida pelo interesse mobiliário e do perfil social dos habitantes do Setor Brooklin, a finalidade deste trabalho é a melhoria do espaço público das praças Friedrich Naumann e Sérgio Tondi Junior com objetivo de atender a população de baixa renda residente de uma área de Operação Urbana Consorciada que não é beneficiada pelas obras deste instrumento. Visto que, residem em uma área valorizada da cidade, possuem ligação com este local e a falta de projetos habitacionais no bairro do Brooklin, que atenda toda a demanda das famílias moradoras dos

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assentamentos, essa população necessita de local para seus momentos e lazer e tentar se integrar com os demais perfis sociais. O espaço público é um local democrático e promove o senso de comunidade entre os moradores de um bairro. Um espaço público com manutenção das áreas verdes, novo usos implementados que atenda a diversos interesses e o bom estado de conservação, torna-se um ambiente integrador, promovendo na área melhorias sociais e ambientais. Proposição A maior parte das obras realizadas na Operação Urbana Consorciada Água Espraiada atendem a população de alta renda. Os maiores investimentos foram em obras viárias, onde há interesse da iniciativa privada para valorização da área, e a população de baixa renda permanece nos assentamentos precários

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da região sem integração com a classe média/alta, sem unidades habitacionais e sem projetos que atendam os seus interesses. Os espaços públicos são locais de convívio que atraem todas as faixas de renda, idade e gênero estimulando a integração social e o senso de comunidade entre os moradores. Por isto, a solução encontrada neste trabalho foi a requalificação de um espaço público que atendesse os diferentes perfis do setor. O fato da localização das praças, Friedrich Naumann e Sergio Tondi Junior, estar relacionada com o fácil acesso por uma importante avenida da região, possuir as ciclofaixas de lazer aos domingos e feriados, a proximidade com a estação Brooklin Paulista , um entorno residencial unifamiliar e multifamiliar de médio/alto padrão e a proximidade com 4 assentamentos da área, sendo um deles a favela Sônia Ribeiro que possui 400 domicílios, a maior da região do Brooklin, foram os pontos que contribuíram para a definição dessas praças pra o projeto. A análise do entorno imediato das praças, mostrou que é possível o fechamento do trecho da Rua Cristóvão Pereira, entre as Ruas Bernardino de Campos e a Avenida Jornalista Roberto Marinho. Além disso, propõe-se a criação de uma rua compartilhada na Rua Bernardino de Campos, priorizando o espaço para o pedestre após o nivelamento da calçada existente com as praças. Com isto, amplia-se a área do espaço público, transformando-as em uma única praça. A disposição das árvores existentes definiu o modo de como o desenho de piso foi pensando, pois, a ideia é manter essas árvores no mesmo local. Sendo assim, linhas paralelas a 45 graus com distância de 16 metros resultaram em uma malha para a definição de espaços. Em alguns momentos, esse espaçamento passa a ser de 32 metros para criar uma maior de uso. A ideia da triangulação existente hoje na praça foi mantida, porém, reformulada para a criação de novos usos na praça. O perfil traçado da população, resultou em diferentes espaços destinados a crianças, jovens e adultos. Cria-se locais de encontro para a população, playground para as crianças, área de patins e skate, área de ginastica ao ar livre e um agradável local de passagem para quem usa essa área como caminho para o

Respeitando a localização das árvores, a pavimentação será interrompida e canteiros verdes serão implementados para criar área permeável para a vegetação. Para o projeto, as tonalidades do piso foram pensadas para contrastar com o entorno da praça, criando uma identidade visual, indicando a triangulação e diferenciando a rua compartilhada das demais vias para

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Figura 03 e 04 : Diferentes usos foram implementados na praça. Fonte: acervo do autor

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ponto de ônibus ou outros fins.


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o motorista. Será utilizado o piso Intertravado tipo 1, instalados seguindo a paginação espinha de peixe, indicada pois deste modo, o tempo de contato das rodas dos automóveis com as juntas é menor, reduzindo a tendência de movimentação das peças. As áreas destinadas a academia ao ar livre e a utilização de skate e patins necessitam de um piso apropriado a estes usos. Nesses locais será utilizado o piso de concreto polido, que possui alta resistência, indicado para skate e patins. Na área de academia, será usado o piso de cimento queimado onde os aparelhos de ginástica serão fixados seguindo o exemplo da empresa ginast, fabricante destes aparelhos. Esses pisos possuem o mesmo tom do piso Intertravado para manter o padrão de cores proposto e a ideia de continuidade da praça. Para a maior durabilidade do mobiliário, será utilizado banco de madeira e ferro fixados no piso intertravado. A iluminação local será feita por postes de LED, que proporcionam economia de energia e uma melhor durabilidade das lâmpadas. Nos acessos a praça, pelas Ruas Tibiriça, Rua Cristovão Pereira e Rua Sônia Ribeiro, balizadores foram inseridos para informar o limite da rua compartilhada com o resto do praça e assim, conter a formação de

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possíveis locais de estacionamento sob a área da praça exclusiva ao pedestre.

Figura 04 e 05 : Em cada área criada, há um piso que atende as diferentes necessidades. Fonte: acervo do autor

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Referências BRASIL. Decreto lei N º 4.380. Institui a correção monetária nos contratos imobiliários de interesse social, o sistema financeiro para aquisição da casa própria, cria o Banco Nacional da Habitação (BNH), e Sociedades de Crédito Imobiliário, as Letras Imobiliárias, o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo e dá outras providências. Brasília, DF,29 set 1964. BRASIL. O Estatuto da Cidade. São Paulo. Ministério das Cidades : Aliança das Cidades, 2010.p.1-7 FIX, Mariana. Parceiros da exclusão: duas histórias da construção de uma “nova cidade”. São Paulo: Boitempo, 2001. Laura Rocha de; Pina, Silva Mikami; Habitação Social e a Operação Urbana Água Espraiada em São Paulo. 2016. Pós-graduação. Arquitetura e Urbanismo, Universidade presbiteriana Mackenzie, São Paulo. NORMA BRASILEIRA. ABNT 9781 - Peças de concreto para pavimentação - Especificação e métodos de ensino. OBSERVATÓRIO DE REMOÇÕES. Para onde estão indo os moradores das favelas removidas em São Paulo?. Disponível em: < https://www.observatorioderemocoes.fau.usp.br/para-onde-estao-indo-osmoradores-das-favelas-removidas-em-sao-paulo/ >. REDE BRASIL ATUAL. Incêndio em favela de São Paulo vem após pressões e brigas por passagem de monotrilho. Disponível em: <http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2014/09/incendio-na-favela-doburaco-quente-terminou-o-servico-de-alckmin-contra-moradores-7676.html >. Relatório

da

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do

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<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/desenvolvimento_urbano/arquivos/GGOUCAE _42a_RO_2016_11_29_apresentacao_final.pdff>. ROLNIK, Raquel. O que é periferia? Entrevista para a edição de junho da Revista Continuum/Itaú Cultural. Disponível

em:

<https://raquelrolnik.wordpress.com/2010/06/14/o-que-e-periferia-entrevista-para-a-

edicao-de-junho-da-revista-continuum-itau-cultural/ >. SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Planejamento Ambiental. Estudo de impacto ambiental –EIA , Relatório de impacto ambiental – RIMA – linha 17 ouro. São Paulo, 2010. SP-URBANISMO.Caderno Operação Urbana Consorciada Água Espraiada. nov 2016 VILLAÇA, Flávio. A segregação urbana e a justiça.(ou A justiça no Injusto Espaço Urbano). Revista

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Brasileira de Ciências Criminais ,ano 11,n° 44,jul –set 2003;



Requalificação Urbana Avenida Dona Belmira Marin Jaqueline Oliveira Chaves Orientador: Prof. Ms. Rita Cassia Canutti

Figura 01 : Perspectiva da qualificação de área de várzea no eixo da avenida. Fonte: A autora, 2017.

subprefeitura Capela do Socorro. Esta é uma importante via estrutural da região, e em seu eixo estão inseridos dezoito bairros. O trabalho aqui apresentado busca entender as dinâmicas que acontecem nos bairros do seu entorno, bem como as principais características físicas, sociais e econômicas para que posteriormente seja desenvolvido um projeto de requalificação urbana cujo objetivo é valorizar a paisagem através do tratamento dos espaços públicos. O intuito é entender o local e diagnosticar os possíveis trechos onde será aplicado o processo de requalificação de forma que valorize o espaço urbano e traga vitalidade para as áreas com pouca movimentação de pedestres.

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A Avenida Dona Belmira Marin localiza-se no distrito do Grajaú, administrado pela

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Resumo


BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Introdução O projeto de Requalificação da Avenida Dona Belmira Marin abrange um trecho de 7 km, compreendendo a via inteira e os dezoito bairros que se localizam em seu eixo, entre a Avenida Senador Teotônio Vilela até a Balsa- Bororé. As premissas do projeto consideram o importante significado da avenida na rede estrutural de transportes do distrito, sendo um eixo de extrema importância para a mobilidade da zona sul de São Paulo, mais precisamente do distrito do Grajaú. Também consideram sua importância para os bairros lindeiros, principalmente pela grande quantidade de áreas comerciais, supermercados, agências bancárias e outros usos. O corredor de ônibus da Avenida Dona Belmira Marin foi implantado em 2015 através do estreitamento de calçadas, resultando no aumento da via por ser de extrema necessidade para a mobilidade dos moradores da região, tornando a avenida com passeios estreitos e com uma série de obstáculos, sendo em alguns trechos insuficientes para as necessidades de mobilidade do pedestre. Em contrapartida, é um viário extremamente saturado pelo grande fluxo de automóveis que percorrem a via diariamente, resultando em uma região com prioridade para o automóvel, diferente do que o Plano Diretor determina. A via atravessa bairros com grande concentração de uso misto, estas sendo as mais valorizadas do distrito, e também bairros com grande quantidade de favelas no eixo viário, transformando-a em áreas não convidativas e inutilizadas pelo pedestre por não haver intensidade de comércios e pelas calçadas serem extremamente estreitas e em más condições. A partir do cenário atual surge o desejo de reformular estratégias para uma possível requalificação nessa região, modernizando-a, e conferindo-lhe novas qualidades e usos que correspondem aos anseios sociais.

A palavra requalificação trás em mente a ideia de ações

desenvolvidas com o objetivo de aplicar um valor em determinadas áreas, proporcionando vida econômica e social, e a regeneração dos tecidos físicos e sociais. É de extrema importância relacionar o processo de requalificação urbana a evolução urbana, visto que uma é resultado das problematizações ocasionais pelo demasiado adensamento de outra, considerando a sua cultura, e a utilização socioeconômica. Nesse estudo, a proposta de requalificação visa à melhoria do espaço público e conexão entre bairros através de intervenções em calçadas,

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melhorando a mobilidade do pedestre, juntamente com intervenções arquitetônicas em alguns trechos de forma que estimule a implantação de novos usos, e consequentemente aumente o interesse da população por essas áreas, contribuindo para a segurança pública, visto que as regiões com melhor qualidade de mobilidade juntamente com a grande concentração de usos de misto são as que mais atraem os pedestres. Relativamente à requalificação urbana, o objetivo é analisar o papel e a contribuição desse processo para a revitalização física e funcional, a preservação e valorização dos elementos simbólicos e características (materiais e imateriais) mais relevantes no contexto da relação do homem com o espaço, e ainda para a identidade e a imagem do território. Posteriormente, desenvolver um projeto que procure trazer qualidade de vida para a população através da melhoria do espaço urbano público abrangendo todos os protagonistas envolvidos no cenário atual, traduzindo-se em uma real e eficaz requalificação urbana.

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Proposição O perímetro de estudo é uma área que abrange a extensão da avenida e seu entorno, no caso, os bairros que estão no eixo. Para melhor compreensão da avenida e seu entorno foi realizado um mapeamento de análise em relação ao uso e ocupação do solo, e posteriormente subdivido em oito setores para melhor compreensão da caracterização da área ser requalificada, considerando também o zoneamento de cada trecho.

Figura 02: Mapa de uso do solo real e setorização de acordo com as principais características ocupacionais. Fonte: A autora, 2017.

Para fazer frente aos desafios encontrados em função da precariedade do espaço público, emergiram diretrizes de projetos pontual e gradual capazes de atenuar e modificar o cenário existente através de melhorias visando à qualificação e desenvolvimento dessas áreas na tentativa de inverter o cenário existente e trazer de volta o espaço público para a população, mesmo sabendo que em alguns trechos sejam de pouca quantidade. Entretanto, procurou-se desenvolver uma metodologia de propostas que tivessem embasamento nos conceitos de requalificação urbana, principalmente a volta do espaço público, que em conjunto com a vivência na área e o conhecimento de grande parte das dificuldades enfrentadas diariamente pela população resultaram em diretrizes de projeto que abrange a mobilidade de forma geral.

Lei de Mananciais (2009). Tem como objetivo principal considerar os percursos humanos em três dimensões: a pé, de transporte público e de bicicleta. Atende e engloba as conexões entre os diversos modais, juntamente com o atendimento as necessidades de cada meio de locomoção, promovendo percursos acessíveis, espaços de lazer, descanso e estar; visando a travessia e cruzamentos seguros. Para atender os quesitos propostos o projeto prevê, em ambos os lados da avenida bem como no entorno, a qualificação de calçadas, o melhoramento dos espaços públicos, iluminação pública, sinalização e semáforos, paisagismo, conforto nas paradas de ônibus, bem como trazer a vivacidade para essas áreas através da melhoria do espaço público, motivando o pedestre a praticar a caminhada. A partir do processo de entendimento do conceito de requalificação, do entendimento adquirido durante a análise territorial, bem como o embasamento na legislação foram desenvolvidos três

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Diretor Estratégico de São Paulo (2014) em conjunto com as Leis de Uso e Ocupação do Solo (2016) e

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O projeto de requalificação da Avenida Dona Belmira Marin está apoiado nas diretrizes do Plano


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propósitos gerais de projeto, sendo eles: Mobilidade urbana, Ambiente urbano e arborização e paisagismo. Mobilidade Urbana: Implantação de pontos em canteiros centrais (quando possíveis), implantação de ultrapassagem livre nos pontos de ônibus, qualificação em paradas de ônibus e renovação de abrigos de acordo com a quantidade de pessoas que os utilizam diariamente.

Figura 03: Imagens das propostas de melhorias na mobilidade urbana. Fonte: A autora, 2017.

Ambiente Urbano: Tratamento e nova pavimentação de calçadas (faixa de serviço, faixa livre, guia rebaixada, guia rebaixada para veículos, sinalização e comunicação tátil, pisos e texturas- intertravado cinza, palha e terracota- concregrama), infraestrutura para ciclistas no trecho de maior movimentação

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dos mesmos, tratamento de áreas subutilizadas e transformação em áreas verdes.

Figura 04: Imagens das propostas de melhoria no ambiente urbano considerando as calçadas e os espaços subutilizados. Fonte: A autora, 2017.

Arborização e paisagismo: tratamento de áreas verdes existentes, estímulo à implantação de árvores em calçadas largas, implantação de corredores arbóreos e escolha das espécies arbóreas.

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Figura 05 : Imagens das propostas de melhoria estimulando o tratamento das áreas verdes existentes e plantação de vegetação arbórea que floresça em todas as estações do ano. Fonte: A autora, 2017.

Referências BEZERRA, Aline Maria Marques, CHAVES César Roberto Castro Chaves. Revitalização Urbana: Entendendo o processo de requalificação da paisagem. Acesso em 20 de maio de 2017. FERREIRA, V Matias e CRAVEIRO, Teresa (1989) “Reabilitar ou requalificar a cidade?” Sociedade e Território, 1989. FERREIRA, V Matias, LUCAS, J. e GATO, M.A. (1999) Requalificação urbana ou reconversão urbanística?. In A cidade da EXPO 98- uma reconversão na Frente Ribeirinha de Lisboa?. GROSSO, Kerley Soares de Souza. Intervenções urbanísticas como estratégia para o desenvolvimento local e revalorização da imagem da cidade: análise da revitalização no município de Niterói (RJ). 1° SIMPGEO/SP, Rio Claro, 2008 MOREIRA, Maria da Graça Santos Antunes (2007) Requalificação Urbana- Alguns conceitos básicos. CEFA (Centro Editorial da Faculdade de Arquitectura) + CIAUD (Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design), pp. 117- 118; 124. Acesso em 20 de maio de 2017. LEI Nº 13.579, DE 13 DE JULHO DE 2009- LEI DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS. Acesso em 19 de março de 2017. LEI Nº 16.050/2014, DE 31 JULHO DE 2014- PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO . Acesso em 18 de março de 2017. LEI Nº 16.402, DE 22 DE MARÇO DE 2016- LEI DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO. Acesso em 18 de PREFEITURA DE SÃO PAULO. Bairro de Capela do Socorro/Veleiros. Acesso em: 01 de abril de 2017.

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março de 2017.



Parque Linear Guarapiranga Kerollay P. da S. Andrade Orientadora : Prof. Ms. Marcella de Moraes Ocke Mussnich

Figura 01: Represa Guarapiranga. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Represa_de_Guarapiranga.

Resumo Como protagonista da área de intervenção, a Represa Guarapiranga abastece uma grande parcela da população e é considerada uma das principais represas da cidade de São Paulo, porém no decorrer dos anos ela acabou se tornando não só um espaço atrativo de lazer social e contemplativo, mas também uma área que apresenta crescimento desordenado. Portanto, o trabalho propõe a recuperação e requalificação de um trecho escolhido à margem da Represa, localizado na Av. Atlântica – Zona Sul, que tem como resultado a criação de um parque linear de

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caráter ambiental.


BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Introdução A necessidade das cidades em criar espaços para o lazer, nasceu no fim do séc. XVIII e a cada dia que passa novos parques urbanos evoluem acompanhando as mudanças urbanísticas. Já os parques lineares surgiu no séc. XIX em países da Europa e hoje é bastante planejado no mundo todo e acabou se tornando uma alternativa de projeto urbanístico para frear a degradação de áreas urbanas com cursos d’aguas e áreas marginais. Em São Paulo, a maioria dos parques urbanos foi implantado pelo poder público, mas alguns contaram com a participação da iniciativa privada. Alguns vazios urbanos sem ocupação, compra de glebas particulares ou em outros casos, áreas designadas em loteamentos também fazem parte da construção dos parques urbanos na cidade (Kliass, 2010). Hoje em dia existe uma má distribuição de parques em São Paulo e com isso acaba existindo uma carência desses espaços em bairros periféricos. Os bairros periféricos da cidade estão afastados do centro e muitas vezes o deslocamento acaba dificultando o acesso ao lazer e cultura. A Represa Guarapiranga abastece uma grande parcela da população e é considerada um dos principais mananciais da cidade de São Paulo, porém no decorrer dos anos ela acabou se tornando não só um espaço atrativo de lazer social e contemplativo, mas também uma área que apresenta crescimento desordenado de residências, bares e restaurantes ao redor. Com isso o objetivo dessa pesquisa é entender as dificuldades que essas áreas de manancial enfrentam com a proximidade do tecido urbano e propor um projeto com diretrizes de recuperação e requalificação e a criação de um desenho paisagístico. Após uma análise inicial da região, o perímetro escolhido para a realização do projeto foi uma área à margem da Represa que está localizada em uma importante avenida do extremo Sul de São Paulo: a Avenida Atlântica – Socorro. Essa avenida tem como característica principal uma tipologia de uso do solo que varia de residências de gabarito baixo à alta concentração de comércio e serviços. Como eixo de ligação viário para o centro, durante a semana o fluxo de carros e ônibus é intenso durante o dia e ao anoitecer principalmente aos finais de semana, a avenida que é conhecida pela implantação de alguns bares e casas noturnas famosas na região, fica movimentada de pessoas procurando diversão. A recuperação e requalificação da área foi feita através de um projeto paisagístico de um parque linear. Precisamente entre o perímetro do antigo Iate Clube Santa Paula e o Parque Praia do Sol, o parque além de trazer mais verde, lazer e qualidade de vida para os visitantes, é também um instrumento

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fundamental para frear o crescimento desordenado que vem acontecendo à margem da Represa, preservando a paisagem e agregando de forma respeitosa o contato entre o homem e a área de manancial.

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Proposição O trabalho propõe a recuperação e requalificação de um trecho escolhido a margem da Represa, localizado na Avenida Atlântica - Zona Sul, que tem como resultado a criação de um parque linear de caráter ambiental com aproximadamente 2km de extensão. A ideia do piso principal ter um formato ondulado foi pensado em trazer para o projeto a sensação das pessoas estarem caminhando na orla da praia e uma releitura das ondas do mar. Conforme as curvas foram sendo desenhadas, áreas verdes foram surgindo e sendo conectadas com o desenho de piso. Além do piso principal, pisos secundários também foram desenhados em pontos estratégicos do parque para além de demarcar os principais programas, possibilitar aos visitantes pontos de encontro. Com um olhar para a avenida, houve a preocupação de criar conexões com o parque linear. A primeira conexão proposto no projeto paisagístico foi em relação a ciclovia existente da avenida que também passará a pertencer ao parque através do desenho que borde-a toda a margem da represa. A segunda conexão é feita com os desenhos de piso do parque que são introduzidos na calçada da avenida, assim levando para o pedestre que está passando a sensação de estar dentro parque. Como já foi falado no capítulo anterior, a área do terreno é toda envolvida por gradil impossibilitando a entrada em alguns trechos, pensando nisso, a última conexão proposta foi a remoção desse gradil deixando o parque aberto para a avenida, não tem entrada/saída demarcada, a Avenida Atlântica é o principal portal. Como

O partido do projeto possui três grupos principais de programas para o parque: 1- criação de espaços que integrem os visitantes com a represa, havendo o contato saudável entre ela e o tecido urbano, como exemplo, píer localizados em pontos estratégicos ao longo do parque. 2- programas de educação ambiental - espaços destinados para a construção de um borboletário e um orquidário e uma possível intervenção no antigo Iate Clube Santa Paula que hoje se encontra “abandonado” e que poderia ser usado para eventos culturais, oficinas e workshops direcionados ao tema ambiental. 3- áreas destinadas ao lazer e esporte - playground, quadras e equipamentos de ginástica para terceira idade.

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Figura 02: Implantação – Parque Linear. Fonte: acervo do autor.

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justificativa, o Parque Linear Guarapiranga foi criado para a região, por que então não ser aberto?!


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Setor I e II

Figura 03 e 04: Ampliações - Setor I e Setor II. Fonte: acervo do autor. No setor I está localizado o antigo Iate Clube Santa Paula projetado pelo Arquiteto Artigas e que encontra –se abandonado. A intenção do projeto é realizar uma intervenção com a finalidade de usá-lo como centro cultural para abrigar diferentes atividades, oficinas, apresentações e workshops direcionados ao tema ambiental. Caracterizado por uma área que concentra a maioria dos restaurantes do perímetro do parque linear, no setor II foi proposto um espaço entre os restaurantes existentes com mesas, cadeiras e pequenos quiosques para que as pessoas possam fazer piquenique, ter outras opções que não seja só os restaurantes para comer e até mesmo quem está passando na calçada poder frequentar.

Figura 05 e 06: Cortes - Setor I e Setor II. Fonte: acervo do autor.

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Setor III e IV

Figura 07 e 08: Ampliações - Setor III e Setor IV. Fonte: acervo do autor.

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No setor III fica toda a infraestrutura de esporte do parque. Com quadras poliesportivas e de basquete, a área além de oferecer essas atividades ainda promove pontos de encontro e locais de permanência. O último setor, foi proposto outras áreas de lazer como playground e equipamentos de ginástica para a terceira idade. Além disso, a demarcação do espaço para o orquidário sendo mais um programa de educação ambiental para os visitantes. Existe também um espaço destinado para food trucks já que aos finais de semana por conta dos bares e baladas que existe na avenida, muitos ficam estacionados na calçada dificultando a passagem ou nas ruas locais sem nenhuma estrutura.

Figura 09 e 10: Cortes – Setor IIII e Setor IV. Fonte: acervo do autor.

Referências BORELLI, Elizabeth. A Bacia do Guarapiranga: Ocupação em áreas de Mananciais e a Legislação Ambiental. ISSN 0104-8015, Política do Trabalho. Revista de Ciências Sociais, n. 25. 2006. CHANCEL, Fernando. Paisagismo e Ecogênese. 2 ed. Rio de Janeiro: FRAIHA, 2004. FRIEDRICH, Daniela. O Parque Linear como Instrumento de Planejamento e Gestão das áreas de fundo de vale urbanas. Dissertação. Porto Alegre, 2007. GALENDER, Fany. Sistema de Espaços Livres – Sobre o sistema de espaços livres da cidade de São Paulo. Rio de Janeiro. GORSKI, Maria Cecília Barbieri. Rios e Cidades: Ruptura e Reconciliação. São Paulo: SENAC, 2010. KLIASS, Rosa Grena. Parques Urbanos de São Paulo. São Paulo: PINI, 1993. MACEDO, Silvo Soares; SAKATA Francine Gramacho. Parques Urbanos no Brasil. 3 ed. São Paulo: EDUUSP, 2010.

PONCIANO, Levino. 450 Bairros São Paulo 450 anos. São Paulo: SENAC, 2004 PREFEITURA DE SÃO PAULO. Lei nº 16.050, de 31 de Julho de 2014 – Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo. QUAPÁ-SEL. Sistema de Espaços Livres – Um projeto de pesquisa de rede. Rio de Janeiro.

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MAGNOLI, Miranda Martinelli. O Parque no Desenho Urbano – Fundamentos: Ensaio n 21, São Paulo, 2006.

Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

MACEDO, Silvo Soares. Sistema de Espaços Livres – Analise do Sistema de Espaços Livres da cidade brasileira – uma metodologia em elaboração.



Conjunto Habitacional João Gaspar Laís Natali Silva Ribeiro Orientador : Prof. Ms. Rita Canutti

Figura 01: Parte da favela João Gaspar I. Fonte: acervo do autor

Resumo

territorial da região formou-se as favelas João Gaspar I e João Gaspar II, em condições precárias. Através de estudos e pesquisas em campo, procura-se estabelecer um projeto que supre as deficiências existentes na área de estudo e principalmente a integração urbana. Desenvolvendo soluções para transformação da melhoria habitacional, também à busca de soluções dos problemas práticos, concretos, buscando estabelecer mecanismos de controle dos processos urbanos. Posteriormente aos fundamentos, pesquisas e levantamentos, será apresentado um projeto final de conjuntos habitacionais e de integração urbana na área de intervenção.

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Jardim São Luís, localizados na zona sul de São Paulo. Como consequência da formação

Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

Este trabalho visa desenvolver um projeto de urbanismo e habitação, no distrito do


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Introdução A proposta desse trabalho de conclusão de curso é desenvolver um projeto de urbanização e habitação de duas áreas que foram ocupadas irregularmente, junto a um curso d’água, no distrito Jardim São Luís, fazendo parte da Prefeitura Regional do M’Boi Mirim, na zona sul da cidade de São Paulo. O interesse em desenvolver essa proposta partiu da compreensão dos problemas oriundos desse tipo de ocupação, que compromete tanto a qualidade de vida de seus habitantes como da ausência de uma relação saudável com o curso d’água. Essas ocupações, denominadas como João Gaspar I e II, fazem parte do meu percurso cotidiano e me provocam inquietações sobre seu contínuo adensamento em condições urbanas e ambientais profundamente precárias. A partir da identificação de um objeto de estudo iniciado através da organização de um panorama geral das formações de favelas, seus processos e, posteriormente da adoção de definições correntes sobre o que é um assentamento precário, suas categorias e características baseado em publicações de diversos autores. Em paralelo as definições conceituais sobre assentamentos precários e urbanização de favelas foram feitos levantamentos de dados informações referentes à legislação, tais como: zoneamento, plano diretor, bem como coleta de informações junto à Prefeitura Regional e Divisão de Projetos de Águas Pluviais (PROJ 4), que permitiram a construção de mapas sobre as questões que permitem uma melhor compreensão sobre esses assentamentos e sua inserção no bairro, bem como contribuem para a definição de pressupostos para o desenvolvimento do projeto de intervenção. Dessa forma, o texto está organizado a partir de uma compreensão regional do distrito Jardim São Luís no contexto da Prefeitura Regional de M’Boi Mirim apresentando um breve panorama histórico e de seus dados gerais. Após a análise da inserção das áreas de intervenção na sua região, começo a desenvolver um estudo mais aproximado das favelas João Gaspar I e II, identificando seu enquadramento na legislação urbanística, que a classifica como ZEIS e, utilizando mapas para a melhor compreensão territorial do entorno. Com essas informações foram feitos estudos, preliminares, de quais seriam as prioridades e desvantagens em intervir nessas favelas. No processo de aproximação das ocupações foram levantados dados específicos das favelas João Gaspar I e II, contendo referências as informações disponibilizadas pela municipalidade, em seu endereço eletrônico, como os dados do Habisp um sistema de mapeamento dos assentamentos precários na cidade de são Paulo e do Geosampa que é uma plataforma de interface do cidadão com os mapas da cidade, que permitiram apontar algumas alternativas relacionadas a

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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

manutenção da população moradora das favelas na “quadra” onde estão inseridos os terrenos das respectivas favelas, de modo que alguns estudos de caso foram utilizados como referência de intervenção em situações semelhantes. As bases digitais disponíveis não indicam a localização das edificações existentes nas favelas, de modo que apresento os estudos preliminares de compreensão das favelas a partir do redesenho dessas edificações sobre a planta base da municipalidade, buscando um melhor entendimento da topografia, as interferências das ocupações com o córrego, as restrições ambientais existentes para lidar com a situação. Foi elaborado um mapa com o trajeto realizado as visitas às favelas, ilustrado com imagens sobre as condições das ocupações para melhor compreensão do que realmente acontece nas favelas João Gaspar I e II e que permitiram indagar sobre algumas possibilidades de intervenção. E por fim, após as analises e reflexões, surge uma proposta de conjuntos habitacionais nas áreas de intervenção e melhoria urbana para o entorno.

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Proposição Memorial: Localizado no bairro do Jardim São Luís, na zona sul de São Paulo, tem como objetivo de projeto além de criar moradias para as famílias da favela João Gaspar I e II que viviam precariamente. O projeto busca melhorar uma parcela urbana, valorizando alguns recursos já existentes. Próximo à escola existente foram destinado um quadra de futebol com arquibancadas e um equipamento cultural. Em virtude da ocupação irregular a vegetação e áreas verdes foram totalmente extinta. O córrego foi canalizado e mantido como um eixo linear, junto a ele, os conjuntos habitacionais, uma significativa área verde, alguns pontos atrativos como, áreas de permanência, playground, praças arborizadas, restaurantes além de um espaço para eventos de música que antes acontecia na rua, sem nenhuma área de lazer condominial, pois o entorno é carente de lugares de lazer. Para ter acesso de um lado da rua a outro, foram criadas novas escadarias e passagem, os eixos de passagem que existiam foram mantidos com a intensão de maior identidade do lugar, para o córrego não ser uma barreira, foram criadas passarelas de conexão. Os prédios são de cinco a dez andares com a acomodação das edificações a topografia, não necessitando de elevadores, sem fazer uso a recuos ficando condizentes as linguagens do entorno, as edificações comportam 864 unidades habitacionais, atendendo assim toda a população que habitavam nas casas das favelas que era ao todo 852 casas, com dois tipos de tipologia e opções acessíveis. Toda a circulação se faz por caixas de escadas. As distribuições dos conjuntos habitacionais foram designadas conforme o entorno existente, o equipamento institucional se localiza no térreo de quatro torres de prédios ao lado da escola Marechal Deodoro como ligação de aprendizado, os restaurantes são no térreo de dois prédios com abertura para o miolo da quadra e também voltados para a Avenida Maria Coelho de Aguiar com um maior fluxo de pessoas e veículos diariamente, localizado em frente ao centro empresarial de São Paulo, junto à uma praça arborizada e uma praça de permanência, os outros dois conjuntos habitacionais são destinados à moradia. Optou-se por criar um eixo principal ligando a Rua Guimarães Tavares com a Rua Humberto Miranda, aonde o

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Figura 02: Perspectiva

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ocorre o alargamento do córrego.


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Figura 03: Implantação. Escala 1:2000.

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Figura 04: Perspectiva.

Referências KOWARICK, Lúcio. A espoliação urbana. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993. RUTH. Maria; Paulo Cesar Xavier Pereira. Habitação em São Paulo WHITAKER. João. Crescimento urbano: Segregação e exclusão socioespacial; EAD-PLHIS. Pags. 11 à 15. DENALDI. Rosana. Assentamentos precários: identificação, caracterização e tipos de intervenção. EADPLHIS , planos locais de habitação de interesse social. Pags: 107 à 131. VIGLIECCA, Heitor. Associados. Residencial Parque Novo Santo Amaro V. MARICATO, Ermínia. Metrópole na periferia do capitalismo: ilegalidade, desigualdade, e violência. São Paulo: Hucitec, 1996. MARICATO, Ermínia. Brasil, cidades alternativas para a crise urbana. Rio de Janeiro, 2001 p.38 DATAS UB. M’boi Mirim. Subprefeitura Cadernos das Subprefeituras.

Material de apoio para Revisão

Participativa dos Planos Regionais das Subprefeituras. BOLDARINI, Arquitetos associados. Residencial corruíras. BASE URBANA, PESSOA ARQ. Favela do Sapé urbanização.

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VIGLIECCA, Heitor. Associados. Residencial Parque Novo Santo Amaro V.



Requalificação nas imediações da Berrini Letícia Thimoteo Cabral Orientador : Prof. Marcella de Moraes Ocke Mussnich

Figura 01: Imediações da Av. Engenheiro Luís Carlos Berrini. Fonte: acervo do autor

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Requalificação de áreas verdes e intervenção de espaços públicos visando a necessidade cotidiana do pedestre e colocando o automóvel privado em segundo plano são as inquietações que este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) levanta. O redesenho e a urbanização de áreas livres públicas vão se integrar ao longo da Rua Sansão Alves dos Santos, Rua Joel Carlos Borges, e as praças Praça General Gentil Falcão, Praça Osvaldo Mauricio Varela, Praça João Duran Alonso, Praça Professor José Lannes, Praça General Sodré e Silva e Praça General Eneias Martins Sogue; cada espaço foi pensado e pesquisado de acordo com a necessidade de cada entorno juntando várias atividades como, área de lazer, pontos de wi fi, bicicletário, equipamentos urbanos diferenciados, equipamentos de ginastica e diferentes pisos. A ideia é propor caráteres diferenciados para cada área, mas sempre considerando aspectos ecológicos estéticos e de lazer.

Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

Resumo


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Introdução

Algumas áreas livres públicas em cidades grandes como São Paulo, se configuram como espaços residuais que sobraram no recorte do tecido urbano. Normalmente, são apenas o que sobrou de uma imensidão de lotes, viários e áreas institucionais, ocupados por residência, comércio e serviços. Essas pequenas áreas, muitas vezes, são locais não projetados para serem áreas verdes, ou seja, lotes que sobraram de grandes construções, tornando-se espaços residuais pelo rápido crescimento e desenvolvimento de uma região/ bairro/ cidade. Com isso, essas áreas acabam servindo apenas como passagem para população, por, na maioria das vezes, não ter estrutura necessária para atender as necessidades, resultando no tema, que é objeto de estudo deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). As três qualificações, que deveriam nortear a destinação de áreas verdes, muitas vezes são desconsideradas ou duram pouco tempo depois da sua inauguração; A qualidade de um espaço livre está diretamente atrelada ao seu uso, sendo assim, o uso é o responsável por qualificar o espaço como um lugar, ou seja, onde acolherá as pessoas para que permaneçam nele. Os espaços que não possuem essa função, não são considerados lugares. A Avenida Engenheiro Luis Carlos Berrini, inaugurada em 1965, com o nome em homenagem a um dos mais influentes engenheiros do país em meados do século 20, três arquitetos, Carlos Bratke, Roberto Bratke e Francisco Collet como responsáveis pela revolução da área que ficou conhecida como “Dreno do Brooklin”, pois naquela época era muito comum as enchentes pela região. Em 1975, os primeiros escritórios começaram a se transferir da Av. Paulista para Rua Funchal, com isso foi construído o primeiro edifício comercial da avenida; em 1985, dez anos depois, já tinham 20 prédios inaugurados e 10 em projeto; foi em 1990, o preço do metro quadrado saltou de 50 para 2 mil dólares, com isso a Berrini expandia seu desenvolvimento. A circulação de pedestre em determinados horários, é visivelmente grande, principalmente, no horário de almoço das empresas. Por esse motivo, foi estudado o entorno das praças selecionadas para essa pesquisa; mobiliário e atividades que tornem espaços de permanecer, e não apenas de passagem. Além das três praças citadas, será proposto o fechamento da Rua Joel Carlos Borges, onde circulam quase duas mil pessoas somente na parte da manhã; pelo fato de estar entre a estação Berrini da CPTM, linha 9 Esmeralda, e a Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini.

Figura 02 : implantação geral. Fonte: acervo do autor

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Proposição

Em todas as praças e áreas estudadas neste projeto, localizadas no entorno da Berrini, foram usadas a mesma linguagem, para que, percebam que a cidade precisa e deve ser tratada como um todo, e não, ser “reformada” através de partes e pedaços. O projeto mostra que para fazer qualquer intervenção significativa em uma região que é preciso fazer um estudo muito profundo de todas as exigência, problemas e potencialidades daquele local, e de maneira nenhuma deixar de consultar a população do bairro, tanto a população fixa, como a população temporária. Por este motivo, foi feito um questionário, respondido por cerca de 70 pessoas, em dois dias diferentes.

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Figura 05 : projeto, detalhe 03 . Fonte: acervo do autor / Figura 06 : projeto, detalhe 04. Fonte: acervo do autor.

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Figura 03 : projeto, detalhe 01 . Fonte: acervo do autor / Figura 04 : projeto, detalhe 02. Fonte: acervo do autor.


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Figura 07 : projeto, detalhe 05 . Fonte: acervo do autor / Figura 08 : projeto, detalhe 06. Fonte: acervo do autor.

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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

Figura 09 : projeto, detalhe 07 . Fonte: acervo do autor / Figura 10 : projeto, detalhe 08. Fonte: acervo do autor.

Foi abordado um aspecto muito comum, não apenas na cidade de São Paulo, mas em muitas outras: a questão das áreas verdes decretadas como praças que não possuem uso, ou possuem algum uso inadequado para tal. Hoje em dia, a preocupação por uma vida mais saudável, local “diferenciado” para descanso e lazer, tem sido muito procurado pela população de diferentes idades. Visando esse pensamento, as áreas verdes públicas que funcionam, tem sido muito utilizada para população que “foge” de shopping center e locais muito aglomerados. As praças que estão situadas ao longo da Avenida Luís Carlos Berrini, na região do Brooklin, tem uma potencialidade enorme em ser o ponto de refúgio da população que trabalha na região; porém pela falta de manutenção e serviços adequados acaba sendo usada apenas como passagem, pelo fato de não tem nada que convide o indivíduo a entrar, sentar e usufruir o local. Foram ilustrados neste trabalho, seis, das diversas praças que serviram como exemplo e estudo de revitalização de espaço público, e intervenção em duas ruas das imediações da Berrini, ou seja, locais que antigamente não tinham utilidade, e não acrescentavam nada à população local, a não ser medo; Através de diversos tipos de revitalização, seja com apoio de verba, ou apenas com mutirões realizados pela própria 4 234


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população, os locais tornaram-se completamente diferentes, sendo frequentado não só pela população local, como por pessoas que se deslocam até a praça para participação de atividades e eventos. Através desses estudos foram propostas algumas intervenções na área, seis praças que existem ao longo da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini com intenção de revitaliza-las e requalifica-las O fechamento da Rua Joel Carlos Borges, onde possui saída da Estação Berrini da CPTM, visando um calçadão para pedestres, no mesmo nível em toda sua extensão que vai da Marginal Pinheiros, até a Rua Sansão Alves dos Santos, onde será uma via de mão única, com a ideia de ruas completas. A proposta, visa trazer para população atividades e movimentação para o local também fora dos dias e horários comerciais, ou seja, torna possível a realização de eventos e atividades que sejam convidativos para a população se deslocar até a região. Referências FALÇÃO, Veronica. Projeto de Revitalização de Áreas Verdes. Recife: Prefeitura de Recife, 2017. Disponível em: *http://meioambiente.recife.pe.gov.br/projeto-de-revitalizacao-de-areas-verdes-prav* Acesso em: 22 Apr. 2017 GEHL,Jan. Cidades Para Pessoas. 1. Ed. São Paulo: Respectiva, 2013. 261 p. HOFF, Mattijs Van 'T; KARSSENBERG, Hans. A Cidade Ao Nivel Dos Olhos. REGAL, Paulo Horn; NYCOLAAS, Renee. 1. Ed. Brasil: Edipucrs, 2015. 340 p. MAGNOLI, Miranda Martinelli. O parque no desenho urbano. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996. 120 p. SUN, Alex. Projeto da praça: convívio e exclusão do espaço público. 1. Ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2008. 291 p.

MOURA, Dulce; et.al. A revitalização urbana: contributos para a definição de um conceito operativo. São Paulo, 2006. Disponível em *https://repositorio.iscte.pt/bitstream/10071/3428/1/Cidades2006-1213_Moura_al.pdf&gt* Acesso em 14 de maio de 2017 NUCCI, J. C. Qualidade ambiental e adensamento urbano. Curitiba: Edição do autor, 2008. CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. São Paulo: Ática, 1981.

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HIJIOKA, Akemi; et. al.Paisagem Ambiente: n 23, pp. 116-123. São Paulo: Journals Usp, 2007. Disponível em: *http://www.journals.usp.br/paam/article/viewFile/87854/90769 * Acesso em 28 Maio. 2017



HIS A Retomada ao morar no centro de São Paulo Mauricio Moreira dos Santos

Resumo Este trabalho consiste em um projeto arquitetônico no bairro da Liberdade, a partir dos estudos sobre a retomada do uso habitacional no centro de São Paulo e na importância que essa medida pode proporciona para a população de baixa renda. Dentro desta temática, a proposta é criar um conjunto habitacional, onde visa ser multifuncional no pavimento térreo com comercio e serviço para possibilitar a fruição pública na região e abordar características do bairro onde será inserido. Assim saindo de modelos padronizados nos quais ainda são produzidos.

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Figura 01: Rua Galvão Bueno. Fonte: Acervo Pessoal

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Orientadora: Prof. Me. Rita Canutti


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Introdução O cenário para moradia no Brasil é um assunto delicado, pois envolve muita politicas, debates e conflitos e quem sempre acaba perdendo nesses processos são as pessoas mais necessitadas, ou seja, a classe trabalhadora. A retomada por moradia no centro de São Paulo se tornou um assunto conveniente, pois a agora que a cidade conseguiu atingir sua expansão territorial considerável, enquanto seu centro urbano foi si degradando ao longo dos anos. Somente agora que não ha mais tantas terras para a construção de qualquer imóvel o Estado vem tomando medidas para a revitalização de suas áreas centrais, juntamente a busca e disputa pelas classes sociais pela moradia nas regiões centrais tornou um tema a ser debatido. A proposta do projeto arquitetônico é criar um conjunto habitacional com multi funções, assim criando mais diversidade para a cidade e integrando a baixa renda, onde o conjunto possa cumprir uma função social e atender as pessoas que lutam por uma moradia digna, afinal isso é um direito delas. Objetivo O objetivo do projeto é atuar no bairro da Liberdade, onde reforce o uso residencial na região. Seu partido arquitetônico visa explorar e entender a dinâmica do bairro e implementar diversos usos no pavimento térreo, criando mais espaços atrativos e fazendo com que o conjunto contribua socialmente para a cidade. Metodologia Este trabalho será desenvolvido por duas etapas: analisar a questão habitacional no centro de São Paulo e o desenvolvimento do projeto. Na análise sobre a volta do uso residencial no centro, será tratado a disputa das classes sociais pela moradia nas regiões centrais, o afastamento da baixa renda para áreas periféricas e o motivo dos quais movimentos populares ocupam por toda a cidade. E os estudos realizados serrão em formatos de croquis, experimentações projetuais e desenhos técnicos para a compreensão do projeto na área estudada. Proposição O projeto da galeria de habitações sociais se localiza no bairro da Liberdade e propõe uma fluidez pública no miolo da quadra e nova dinâmica para a região criando um uso diversificado com habitações e usos comercias no pavimento térreo, onde são acessadas por três frentes, na Rua da Glória, Rua Conde do

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Pinhal e na Rua Conselheiro Furtado. Assim criando oportunidades de moradia no centro da cidade de São Paulo para a população de baixa renda. O conjunto habitacional é constituído por dois blocos, onde o primeiro bloco está na Rua da Glória com 11 pavimentos e o segundo bloco se encontra entre a Rua Conde do Pinhal e a Rua Conselheiro Furtado com 7 pavimentos. A forma não convencional dos edifícios si tem em conta de criar áreas setorizadas para uso público e adaptar ao um desnível de 8 metros em relação ao nível da rua. No pavimento térreo ocorre uma permeabilidade com os recortes dos edifícios dando acesso a uso comercial e residencial. Em seu programa o projeto habitacional dispõe no pavimento térreo espaços verdes, onde ao decorrer do miolo da quadra se encontra pequenas praças contemplativas proporcionando encontros entre condôminos e lugares de descansos para as pessoas que vive e trabalham nessa região agitada e acelerada da cidade e no nível mais baixo do terreno é possível se deparar com um lindo jardim de chuva

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e um confortável pátio arejado. Ambos os blocos possuem lojas para comércio em suas fachadas, 14 unidades habitacionais adaptadas e 458 unidades habitacionais (328 bloco Glória e 130 bloco Furtado). A interação que os edifícios estabelecem com o seu entorno se dá por conta de seguir a linha do gabarito existente, visando não só por questões esteticamente, mas na sua funcionalidade como a incidência solar. Em suas fachadas o tratamento foi pensado com venezianas de madeira com sistema de roldanas para que haja fachadas dinâmicas no decorrer do dia.

Figura 06 e 07: Croqui Setorização / Volumetria Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 02 e 03: Terreno Liberdade Fonte: Google Maps Figura 04 e 05: Croquis Fonte: Acervo Pessoal


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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

Figura 08 e 09: Estudo de implantação / Maquete de estudo Fonte: Acervo Pessoal

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Referências VILLAÇA, Flávio. Espaço Intra-Urbano no Brasil. São Paulo, Studios Nobel, 2001. Pag 244 LYNCH, Kevin. A Imagem da Cidade. São Paulo, Martins Fontes, 1999. Pag 09 MTST Noticias, Disponível em: <http://www.mtst.org/mtst/nossas-cidades-sao-maquinas-de-criar-sem teto/> Acesso 30/05/17 PROGRAMA RENOVAR CENTRO, Disponível em: <http://www.habitacao.sp.gov.br/casapaulista/downloads/ppp/apresentacao_programa_renova_centro.pd f> Acesso 16/02/17 CIDADE DE SÃO PAULO, Pontos Turísticos, Disponível em: <http:// www.cidadedesaopaulo.com/sp/oque-visitar/atrativos/pontos-turisticos/200-liberdade> Acesso 29/05/17 SUISSES, Rue de, Habitação, Disponível em: <https://www.herzogdemeuron.com/index/projects/complete-works/126-150/149-rue-des-suissesapartment-buildings.html> Acesso 07/08/17 BARCELONA, Edifíco de Habitações em, Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01180229/edificio-de-habitacoes-em-barcelona-slash-josep-lluismateo> Acesso 07/08/17 CITY, Affordable Housing Architecture at the edge the, Habitação de Interesse Social, Disponível em: <https://www.archdaily.com/571837/affordable-housing-at-the-edge-of-the-city-zoka-zolaarchitecture-urban-design> Acesso 07/08/17 LANDSCAPE, Fantasia Mixed-Use, Espaços Urbanos, Paisagismo, Disponível em: <https://www.archdaily.com/571837/affordable

housing-at-the-edge-of-the-city-zoka-zola-architecture

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urban-design>Acesso 07/08/17



Redescobrindo o córrego Cachoeira Parque Chácaras Marco Priscila Santana Souza Orientadora: Prof. Me. Marcella de Moraes Ocke Mussnich

Este trabalho tem como objetivo a criação de um parque no bairro do Chácaras Marco localizado no município de Barueri, zona Oeste da capital. O perímetro escolhido está na área de várzea do córrego Cachoeira e do rio Tietê. Sendo assim, esta proposta de projeto procura contribuir tanto para reestabelecer a relação de familiaridade da população com a água como para a sustentabilidade urbana, através da recuperação ambiental e soluções sustentáveis, e como área possível de amenizar as tensões sociais como um espaço democrático de lazer.

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Resumo

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Figura 01: Vista do córrego Cachoeira e ocupação existente na área. Fonte: acervo da autora.


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Introdução A percepção da paisagem é uma atividade cotidiana e como moradora do município de Barueri, ao me dar conta da paisagem existente, percebo que no entorno onde moro existem espaços residuais e degradados que possuem potencial de utilização, onde existe a possibilidade de conexão entre os espaços livres existentes – como o Parque Ecológico de Barueri e o Parque Municipal Dom José. Em vista disso, foi definido para esta pesquisa um trecho do bairro do Chácaras Marco, com o objetivo de criar um parque. O perímetro escolhido para o presente estudo é delimitado pela Av. Marco, Rua Tilápia e Rua Alberto José da Motta.

Figura 02 e 03: Perímetro da área de estudo e mapa de uso real do solo. Fonte: acervo da autora.

É feito um levantamento do histórico da região, identificando sua formação territorial e quais foram os fatores que impulsionaram sua ocupação e que levaram a formação dos espaços residuais, que serão objeto de intervenção. É realizada uma análise da situação atual do terreno e a identificação das

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dinâmicas diárias do local, principalmente a questão das áreas residuais, do córrego existente e como incorporá-los novamente à vida dos moradores, reconstituindo o espaço como um local de convívio e lazer.

Figura 03 e 04: Acesso a outra margem do córrego e vista da área. Fonte: Acervo da autora.

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Proposição Após todo o levantamento, foi proposto um projeto de parque que tem o papel de requalificar uma região de várzea já degradada por ação antrópica, visando um espaço que promova o lazer e a interação das pessoas com a própria comunidade e a água, recurso presente em quase toda a extensão da área estudada. Devido à grande extensão do projeto e para melhor compreensão, a área de estudo é dividida em dois setores com características distintas: um setor “urbano” que é voltado a atividades de lazer, esporte e culturais e outro ecológico, que é voltado à preservação e atividades educação ambiental, contemplação e estar devido a presença de vegetação pré-existente mais densa que em outros locais da área e maior proximidade com os cursos d’água. Através de uma análise macro da região foi possível perceber a proximidade da área de intervenção com os parques existentes. Por este motivo, foi proposta uma ciclofaixa que faz a conexão entre os três parques e percorre toda a margem do rio Tietê, propiciando uma paisagem agradável durante o percurso. Também é proposta uma ponte de pedestres e ciclistas que faz a transposição do rio

O partido arquitetônico deste projeto são os recursos hídricos. O desenho de piso foi inspirado nos meandros do córrego Cachoeira e toda a setorização do parque foi pensada visando reestabelecer a relação de familiaridade da população com a água obedecendo aos parâmetros da Lei 12.651, de 25 de maio de 2012 que estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação nativa. Foram criadas cinco entradas considerando o entorno do terreno e as ruas que fazem ligação com o parque. Quase todas as entradas ficam próximas à pontos de ônibus, facilitando assim o deslocamento até o parque. Foram

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Figura 05 e 06: Setorização do Parque – Verde: Setor ecológico / Vermelho: Setor Urbano e mapa de conexão com a ciclofaixa e a transposição do rio Tietê (sem escala). Fonte: acervo da autora.

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Tietê e faz conexão com o Parque Ecológico de Barueri.


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previstas também barreiras vegetais no entorno do parque, devido à empena cega das edificações vizinhas e para minimizar o ruído produzido pelas ruas lindeiras, principalmente nas áreas destinadas ao descanso e contemplação. Foi projetada uma via parque, onde o viário recebeu tratamento de piso e cor, para que o visitante perceba que está nas imediações do parque e que os motoristas reduzam a velocidade ao se aproximarem da região, trazendo mais segurança para o pedestre. O desenho de piso se estende até a outra extremidade da rua como um convite à entrada no parque. Por estar em área de várzea, o terreno possuía alguns cursos d’água intermitentes, que alagavam conforme o volume de chuvas. Onde estavam localizados estes cursos d’água foram projetadas Wetlands que irão captar a água da chuva que será tratada e posteriormente utilizada para irrigação e atividades do parque. Os caminhos criados cruzam as Wetlands e o córrego cachoeira em diversos trechos através de passarelas e criam espaços de estar, contemplação e contato com a água através de decks. A pavimentação do parque é uma combinação de

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pisos cimentícios e pisos intertravados, que auxiliam na drenagem e evitam possíveis alagamentos.

Figura 07: Implantação. Fonte: acervo da autora.

Figura 08,09 e 10 – Croqui da ponte de pedestres que faz a transposição do rio Tietê e croquis de um dos caminhos que cortam o córrego cachoeira e propõem espaços de contemplação e interação com a água através de decks. Fonte: Acervo da autora.

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Figura 11 e 12 – Croqui da área esportiva e da entrada da feira/anfiteatro. Fonte: Acervo da autora.

Figura 13 e 14 – Croqui Playground e área de integração com a água. Fonte: Acervo da autora.

Referências CURADO, Mirian Mendonça de Campos. Paisagismo contemporâneo: Fernando Chacel e o conceito de ecogênese. 2007. Dissertação (mestrado) - UFRJ/PROURB/ Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, 2007. Acesso em: 2017-05-17. CORMIER, Nathaniel S., PELLEGRINO, Paulo Renato Mesquita. Infraestrutura verde: uma estratégia paisagística para a agua urbana. Paisagem Ambiente: Ensaios, n.25, São Paulo, 2008.

MACEDO, Silvio & SAKATA, Francine Gramacho. Parques Urbanos no Brasil. São Paulo: Edusp. 3 ª Ed. 2010. SANCHES, Patrícia Mara. De áreas degradadas a espaços vegetados: potencialidades de áreas vazias, abandonadas e subutilizadas como parte da infraestrutura verde urbana. 2011. Dissertação (Mestrado em Paisagem e Ambiente) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. doi:10.11606/D.16.2011.tde-05122011-100405. Acesso em: 2017-04-25. SALATI, E. , “CONTROLE DE QUALIADE DE ÁGUA ATRAVÉS DE SISTEMAS DE WETLANDS CONSTRUÍDOS”, Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro. 2001.

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GORSKI, Maria Cecília Barbieri Gorski. Rios e cidade: Ruptura e reconciliação. São Paulo. Editora Senac São Paulo. 2010.

Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

GEHL, J. Cidades para Pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2013.



Jardins Terapêuticos Praça Nicolau de Moraes Barros Thaís Brockveld Gomes Orientador : Prof. Me. Marcella de Moraes Ocke Mussnich

O objetivo desse projeto é mostrar a importância dos jardins e os benefícios que ele é capaz de trazer aos usuários, tanto se forem projetados em espaços públicos quanto em espaços privados. E mais especificamente desenvolver um projeto para uma Praça na cidade de São Paulo que é vizinha à uma entidade que atende pessoas com paralisia cerebral e que pode oferecer, não só para a entidade, mas para a cidade, um espaço terapêutico. Uma obra arquitetônica que possibilita a interação do indivíduo com a área externa, a vegetação e seus conjuntos, oferece sensação de liberdade e de bem-estar ao mesmo. 1 249

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Resumo

Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

Figura 01 :Vista aérea de Praça Nicolau de Moraes Barros. Fonte: facebook.com/parqueareião


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Introdução Precisamos beneficiar a sociedade num todo, independente da área em que o projeto está inserido. Nossa sociedade precisa resgatar a ideia de que para uma cidade tão urbanizada e industrializada como São Paulo o verde é tão importante quanto à construção de concreto. Os parques, as praças e os jardins aliviam os níveis de estresse tão acumulado por uma sociedade tão focada e determinada em suas conquistas profissionais. Os jardins terapêuticos, além de beneficiar a saúde do indivíduo, são capazes de unir e incluir a sociedade de diversos níveis hierárquicos, interesses e modo de viver. E mesmo que construído para um determinado público como método de cura, em hospitais psiquiátricos, por exemplo, todos podem ser beneficiados, incluir-se e usufruir desse espaço. Os espaços livres são, por definição, áreas que oferecem um bem-estar de um modo geral e podem ser terapêuticos por definição (espaço de descompressão do dia a dia, áreas de reflexão, contato com a natureza, etc.). Os jardins promovem a interação social e o sentimento comunitário, além de trazer diversos benefícios para a saúde do indivíduo, dando uma maior atenção nas relações corpo-mente, como por exemplo: reduzir a pressão sanguínea; normalizar os batimentos cardíacos; relaxamento dos músculos; ativar o cérebro; liberação de endorfinas, substâncias que promovem bem-estar; exercer um papel socializado e determinante no tratamento de pessoas com algum distúrbio psicológico. A pesquisa de Roger Ulrich (1984), psicólogo ambiental, o autor ao longo dos anos, recolheu uma grande quantidade de dados para garantir que os pacientes que tinham acesso à natureza recuperaram a saúde mais rápido do que os outros que não tinham. Esse estudo foi realizado em um hospital na Pensilvânia, entre 1972 e 1981, foi demonstrado que o contato com a natureza diminui a quantidade de medicamentos tomados durante um tratamento, além de reduzir o tempo de recuperação do paciente e de diminuir a complexidade de problemas como a ansiedade e a depressão, muitas vezes ocasionadas por tratamentos agressivos como a quimioterapia. Para um grupo de pacientes que foram submetidos a cirurgias, durante a recuperação aqueles que permaneceram em quartos que possibilitavam a visão da natureza através da janela do hospital tiveram menor tempo de internação pós-operatório, receberam

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menos comentários negativos na avaliação das enfermeiras e necessitaram de menor quantidade de analgésicos. Já os pacientes que estavam em quartos com janelas sem vista para qualquer tipo de vegetação, não apresentaram esse mesmo progresso. Segundo Clare Cooper Marcus (2000), a variedade de caminhos, a possibilidade de interação através da estimulação dos sentidos e a capacidade de prover espaços semiprivados, que são as conexões e espaços de transições entre os espaços públicos e os espaços privados, são algumas das características importantes que compõem os jardins terapêuticos. No entanto um jardim com essas características necessita de cautela para a escolha das plantas, e dos materiais utilizados, pois o ambiente deve ser confortável e prover um espaço que seja familiar aos usuários. Uma das importantes características dos jardins terapêuticos é o seu local de projeção, área onde o projeto estará inserido.

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Proposição Podemos ressaltar que a região se encontra em forte crescimento, pois verifica-se um processo de transformação econômica e de padrões de uso e ocupação do solo, com necessidade de equilíbrio na relação entre emprego e moradia, integração do sistema viário local e conexão com os terminais de transporte público, permitindo a melhoria da mobilidade, a qualificação urbanística dos espaços públicos. A FIC, fundada no ano de 1982, conta com sua Matriz localizada na Rua do Bosque Nº 855, vizinha da Praça Nicolau de Moraes Barros. Presta assistência à pessoas com paralisia cerebral e seu centro de reabilitação é composto por: Fisiatria, Enfermagem, Fisioterapia (motora/respiratória/hidroterapia), Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Pedagogia e Musicoterapia. Profissionais e pacientes da FIC utilizam a praça como métodos de passeio e bem-estar.

O grande objetivo é resgatar a importância da arborização nessa praça e propor um desenho qualificado para ela, melhorar seu uso e implementar novos equipamentos. O objetivo é oferecer à cidade um ambiente seguro, tranquilo e prazeroso. Contando com sua entrada existente e o acesso à FIC, haverá mais uma entrada (com cerca de 30 m) entre a Rua do Bosque e Rua dos Americanos. E serão quatro níveis existente, o da rua (nível 0,00), o da praça (1,00), os espelhos d’água que estão abaixo do nível (- 0,50) e o último e mais alto que

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Figura 02 : Planta geral.. Fonte: acervo do autor

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é onde se encontra o mirante, local de observação, contemplação e relaxamento (2,00).


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Em seu desenho destacam-se dois traçados: as curvas e as linhas retas não ortogonais. As curvas que nos traz uma sensação de leveza, continuidade e fluidez, estão definindo a temática geral da praça, e as linhas retas não ortogonais encontram-se, principalmente, nos locais de descanso. A partir da ligação de um local ao outro (um deck, uma curva e vegetação) temos os desenhos de piso, representados por três tons de cinza (médio, claro e escuro). As cores do projeto também foram escolhidas de acordo com a leveza desenvolvida por elas. Trabalhando principalmente no cinza, o marrom para o deck de madeira, terracota para passagens entre um e outro e azul para a água. Permitindo assim, que a própria vegetação diga por si só e desempenhe todo seu papel “artístico”. Para a implementação do Jardim Terapêutico, voltado também para questões de estresse, a praça foi subdividida em elementos que compõem essas características e despertem os sentidos dos usuários, como por exemplo: Audição: espelho d’água, cascata e arvores como bambu ou palmeira. Um local com piso molhado, permitindo assim, o contato direto com a água. Visão: permitindo que do mirante, um local em que se possa observar toda a praça, porém há todo uma calmaria e relaxamento, o observador veja toda a mescla de vegetação e componentes da praça, vendo também um tapete de vegetação, com muitas cores. Outro item importante é mantendo os desenhos já existentes no muro que delimita CPTM x praça. Olfato: Nas entradas e ao decorrer de toda a praça, estão postas arvores e arbustos (como por exemplo a gardênia e jasmim-manga) que desde o início já despertem o olfato. Paladar: Na horta, que já é uma atividade existente da Nicolau de Moraes, vamos trabalhar as questões do paladar, incluindo assim, planta, rega e colheita, atividades consideradas também terapêuticas. Barreiras com Vegetação: atualmente toda a praça é cercada por gradil, sendo assim substituída por barreiras de vegetação (arbusto e árvores de grande e médio porte), permitindo grades apenas na divisão entre a praça e a Fundação Irmã Clara. Nos permitindo observar o Mirante ao fundo, a entrada da Rua do Bosque com a Rua dos Americanos, com seus 30 metros, nos dá uma visão mais ampla também do mobiliário, da vegetação e do espelho d’água e sua cascata. Pela vista aérea de um dos trechos, conseguimos observar toda a mescla

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de vegetação, desenho de piso e as linhas retas e curvas que desenvolvem esse projeto.

Figura 03: Entrada. Fonte: acervo do autor

Figura 04: Vista aérea. Fonte: acervo do autor

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Na extremidade à Rua do Bosque, permitindo um local mais descontraído, com mais barulho, para encontros, piqueniques, concentra-se a praça das atividades. Nela podemos observar também a barreira de vegetação (praça x rua) . A Horta, que está localizada bem ao lado da Fundação Irmã Clara, é um método de terapia de grupo, em que os pacientes estão, de fato, plantando/cuidando de uma horta ou um jardim durante a sessão, trabalhando termos como paciência, cuidado e dedicação. Em seu entorno temos os caixotes mais altos, permitindo que cadeirante possam praticar essas atividades, o jardim vertical e podemos também, observar os ipês localizados ao fundo, dando assim, início as vegetações que desenvolvem o campo da visão.

Figura 05:Horta Fonte: acervo do autor

Figura 06: Vista da praça. Fonte: acervo do autor

Referências BRUNING, Jaime, Existem doenças incuráveis? Editora Gráfica Expoente. 2003. LÓPEZ, María Tránsito. MÁÑEZ, Carlota, Plantas medicinais em casa. 2010. MACEDO, Silvio Soares. ROBBA, Fabio, Praças Brasileiras - Public Squares in Brazil 2002. MARCUS, Clare Cooper, Gardens and Health. Edição 2000 da World Health Design SEGAWA, Hugo, Ao amor do público, jardins no Brasil. Fapesp, Studio Nobel. 1996. SHAN, Viviane Li Xiao, Naturação em jardins terapêuticos no contexto socioambiental de unidades

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hospitalares.



Proposta de requalificação da praça jornalista Carlos Alberto Bottini Thais Ferreira da Silva Orientadora: Prof. Me. Marcella de Moraes Ocke Mussnich

Figura 01: Vista do lago. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=iNjtTBegS2.

proporcionando lazer, aliviando o estresse e fazendo com que haja a socialização entre as pessoas. Com o intuito de criar mais espaços com essa configuração, esse trabalho de conclusão de curso (TCC) consiste na proposta de requalificação da Praça Jornalista Carlos Alberto Bottini, localizada no Campo Limpo, mais especificamente no bairro Morumbi Sul, um bairro residencial planejado. Pelo motivo de a praça estar subutilizada, o objetivo central é desenvolver um projeto arquitetônico paisagístico na praça, de forma a atender aos moradores do bairro.

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As praças minimizam os problemas das cidades, aproximando o ser humano da natureza,

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Resumo


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Introdução As praças públicas têm grande importância como indicadoras de qualidade ambiental e oferecem minimização dos problemas das cidades trazendo benefícios para seus habitantes, como a aproximação do ser humano com a natureza, os atributos estéticos proporcionados por elas, as necessidades de lazer e de recreação, associado à função psicológica de aliviar o estresse e a socialização entre as pessoas, principalmente nas periferias onde há menos opções de lazer, por isso há necessidade de preserva-las, sendo a requalificação uma forma de manter o uso ativo nesses espaços. A requalificação de um espaço público consiste em melhora-lo em termos ambiental, paisagístico e urbanístico, com possibilidade de atribuição de novas funções. De acordo com Silvio Soares Macedo e Fabio Robba, 2003, "Praças são espaços livres públicos urbanos destinados ao lazer e ao convívio da população, acessível aos cidadãos e livres de veículos". Porém, motivos como falta de manutenção e falta de segurança fazem com que a praça não seja um local atrativo. Nesse contexto o objetivo principal do presente trabalho é requalificar e fortalecer o uso da Praça Jornalista Carlos Alberto Bottini, localizada no distrito do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, no bairro Morumbi Sul. Apesar de a praça estar degradada, a região possui um grande potencial, devido ao fato de possuir em seu entorno residências, comércios e serviços, como escolas, além de possuir uma boa quantidade de arvores na praça e nas ruas de seu entorno, criando sombreamento e um clima mais agradável. Por ser moradora da região e conviver com os problemas que em parte, poderiam ser resolvidos com a requalificação da praça é de grande interesse estuda-la e propor um projeto. Ao analisar a região a partir da minha experiência cotidiana, posso ver que os moradores do entorno da praça encontram-se dissociados da mesma, sendo necessária uma integração dos usuários com a praça, oferecendo opções de lazer público e infraestrutura que possibilitem uma utilização mais efetiva. Dessa forma, este Trabalho de Conclusão de Curso se insere no tema de requalificação urbana, tendo como objetivo principal explorar o potencial de utilização do local e elaborar um projeto arquitetônico e urbanístico para a Praça Jornalista Carlos Alberto Bottini, que possuí 78 mil m², ampliando o convívio social conforme a demanda, fazendo com que haja a apropriação do espaço, sempre procurando valorizar as áreas verdes.

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A estruturação do trabalho se deu de maneira tal que inicia tratando do referencial teórico, apresentando conceitos e definições dos espaços. Seguido dos estudos de caso, apresentando referências de projetos, entre eles estão a Praça das Corujas, a Praça Floriano Peixoto, a Praça Nossa Senhora da Paz, o Parque Madureira e a Praça Victor Civita e todos esses projetos possuem características em comum, que se enquadram no projeto da Praça Jornalista Carlos Alberto Bottini, como uma infraestrutura verde, alguns deles terem passado por uma revitalização, possuírem área de lazer e esportiva e por possuírem um contato direto com a água. Em seguida, segue com a história e analise da área de estudo. Por fim, é apresentada a proposta projetual.

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Proposição O partido do projeto deu-se a partir da topografia do terreno, a intenção de tirar proveito da água e a criação de espaços de convivência. Esse projeto pretende criar um espaço que incentive o uso e permanência da população de diversas faixas etárias e diferentes classes sociais em diferentes horários. A fim de atender as necessidades da praça foi proposto um programa, com equipamento cultural, em uma espécie de centro cultural, com ateliês, biblioteca, sala de exposição, café, sanitários e área para jogos, equipamentos de lazer, como playground infantil, playground aquático, área de piquenique, arquibancada, píer, espaço pet, horta comunitária e equipamentos esportivos, como as quadras, espaço para exercícios ao ar livre e pista de skate. A praça possuí cinco acessos, três deles acontecem por praças de entrada no nível da rua, onde duas delas estão localizadas em frente as escolas, um deles por meio da trilha e outro por uma rampa que está ligada à praia. Todas as entradas são acessíveis, permitindo que cadeirantes e pessoas com carrinho de bebê acessem. Com o intuito de criar uma linguagem integradora da proposta, os pisos das praças de entrada

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Figura 02: Planta baixa. Fonte: Elaborada pelo autor.

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seguem uma mesma linha estética, que caracterizam a Praça Jornalista Carlos Alberto Bottini.


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Os elementos esportivos estão localizados perto uns dos outros. As quadras poliesportivas possuem junto a si arquibancadas. O piso da quadra será em placas de polipropileno de alto impacto, especial para quadras externas, com durabilidade estendida e com sistema autodrenante.

Figura 03: Área para exercícios com equipamentos de ginástica. Fonte: Elaborada pelo autor. Figura 04: Pista de skate com elementos para a prática do esporte. Fonte: Elaborada pelo autor. O playground está situado próximo à escola que é vizinha à praça, como incentivo para as crianças se envolverem mais com o espaço público. Será implantado numa área com pedaços arborizados, com bancos em volta, para que os pais e responsáveis possam acompanhar as crianças com conforto. A área de piquenique está localizada em um espaço sombreado e ao lado está localizado o redário.

Figura 05: Playground com cores lúdicas no piso de pneus reciclados. Fonte: Elaborada pelo autor. Figura 06: Área de piquenique com mesas e espaços para estender toalhas. Fonte: Elaborada pelo autor.

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A circulação acontece por um caminho largo, com piso intertravado, cortando a praça. Durante o percurso estão localizados decks de madeira, com uma pérgula e sofás, a fim de quebrar a monotonia. O playground aquático possui fontes interativas, escorregadores que aproveitam a topografia e alguns brinquedos aquáticos e possui piso permeável. A Horta Comunitária tem como objetivo unir as pessoas, a troca de conhecimento e ensino para as crianças sobre os cuidados com a terra, resgatando o contato com a natureza e ampliam as redes sociais e solidárias. O espaço pet, ajuda na comodidade para quem tem animais de estimação. É localizado em um ambiente arborizado e gramado, com agility, formando um circuito no qual os animais podem se exercitar.

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Figura 07: Playground aquático. Fonte: Elaborada pelo autor. Figura 08: Praça de entrada. Fonte: Elaborada pelo autor. O lago passará por um tratamento de filtragem da água, nele estão localizados o viveiro para os patos que já estavam lá e um píer para as pessoas chegarem mais perto da água. A praia, localizada ao lado do lago, é um espaço com areia e cadeiras móveis para as pessoas aproveitarem a vista do lago.

Figura 09: Lago. Fonte: Elaborada pelo autor. Figura 10: Maquete física. Fonte: Elaborada pelo autor. Referências CADERNO DA SUBPREFEITURA DO CAMPO LIMPO. Disponível em: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/arquivos-zoneamento-biblio/. Acesso em 14 de abril de 2017

GEHL, Jan. Cidades para pessoas. São Paulo. 1ª edição. 2013. JACOBS, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. 3ª Edição. 2011. MACEDO, Fabio Robba e Silvio Soares. Praças brasileiras. São Paulo: Edusp. 3ª Edição. 2010. MACEDO, Francine Gramacho Sakata e Silvio Soares. Parques Urbanos no Brasil. São Paulo: Edusp. 3ª edição – 2010 MALAMUT, Marcos. Paisagismo – Projetando espaços livres. São Paulo. 1ª Edição. 2011. WHYTE, William H. The Social Life of Small Urban Spaces Paperback. 1980.

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2016.

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CONEXÃO CULTURAL. Guia do espaço público: para inspirar e transformar. São Paulo. 2º edição.



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Abrigo emergencial temporário

Arquitetura efêmera para situações emergenciais no Brasil

Beatriz de Araújo Francisco

Desastres são cada vez mais frequetemente parte de nossa realidade, gerando inúmeros mortos, grandes consequências econômicas e muitos desabrigados, que acabam dependendo da provisão de abrigos para se estabelecerem temporariamente. A finalidade deste trabalho é o estudo do que vem sendo produzido em termos de habitações emergenciais temporárias e do que elas devem suprir às populações desabrigadas, para, a partir dessa análise, desenvolver uma proposta de abrigo temporário emergencial que responda às condições de desastres que atingem o território brasileiro.

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Figura 01 : Abrigo emergencial temporário.

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Orientador: Prof. Dr. Gabriel Pedrosa


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Introdução Este trabalho pretende fazer uma breve discussão das questões que percorrem as possíveis causas e conseqüências dos desastres, e as formas de atendimento à população desabrigada: os abrigos temporários emergenciais. Desde sua origem a humanidade luta pela sobrevivência. Ao longo do tempo desenvolvemos tecnologia e conhecimento necessário para nos proteger desses desastres. Desastre é o resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais e/ou ambientais e prejuízos econômicos e sociais. Porém “nem todo fenômeno natural é perigoso ao homem, eles só se tornam uma ameaça quando afetam diretamente uma comunidade”. Com o aumento do crescimento desordenado das cidades, o aumento populacional e o desenvolvimento econômico imediatista e com a falta de infraestrutura para a implantação desse desenvolvimento, seus danos se tornaram cada vez mais devastadores. Os desastres geram situações de emergência, como alterações intensas e graves das condições de normalidade em um determinado município, estado ou região, o que compromete parcialmente a sua capacidade de resposta. Geram graves conseqüências como numerosos mortos, feridos e também grandes perdas econômicas além de gerarem desabrigados, que é um sobrevivente de uma situação de desastre, e que acaba dependendo das providências do Estado para a obtenção de moradias provisórias e suportes como alimentação, vestuário e etc. As guerras e conflitos são outro tipo de desastre que geram desabrigados. São causados diretamente pelo homem. Geram situações de perigo forçando a população que reside nesses locais a fugir à procura de ajuda e de abrigo em zonas seguras. Nos últimos anos foram propostas diversas soluções de abrigos emergenciais, devido ao aumento significativo de catástrofes. Foi analisada a evolução das habitações transportáveis desde as tendas dos primeiros povos nômades, até as mini habitações desenvolvidas no pós - guerra. E depois o que vinha sendo produzido em termos de habitação temporária emergencial, e como esta produção

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supre as necessidades da população atingida. Como os tipos de abrigos emergenciais in Loco construídos com materiais disponíveis no local e os Kits – armazenáveis , montáveis e transportados até sua implantação, que se dividem em: Module: são entregues praticamente prontos, ou seja, suas peças não necessitam ser montadas, uma referência desse tipo de sistema é o PORT-A-BACH – container desenvolvido para em seu mínimo espaço fornecer o máximo de conforto, a unidade pode abrigar até dois adultos e duas crianças; Flat-pack: semelhante ao sistema Module, porém seus componentes são entregues desmontados, o que reduz seu tamanho para transporte, uma referência desse tipo de sistema é o Better Shelter - adaptável e modular, poode ser montado no local de implantação e não depende de mão de obra especializada; Tensile: espécie de tenda, uma referência desse tipo de sistema são os abrigos de papel desenvolvido por Shigeru Ban em 2011 no Japão - simples partições, feitas de tubos de papel e cortinas de lona para criar os espaços privados de cada família; Pneumatic: estruturas leves infláveis, fácil de transportar de rápida montagem que dependem da pressão do ar. Foram analisadas todas essas referências de uma forma global, para dar enfoque em um projeto para o Brasil.

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Proposição O projeto desenvolvido é um abrigo para situações temporárias emergenciais no Brasil. O partido é a agilidade e facilidade de montagem e armazenamento. Baseei-me nas medidas de container, para melhorar a logística de entrega, utilizando dimensões adequadas ao transporte. Estudei estruturas pantográficas, que sãos estruturas que se contraem e expandem com maior agilidade – e sem depender, na maioria das vezes, de ferramentas. A idéia é que o abrigo seja levado praticamente pronto até o lugar de sua implantação, chegando em seu formato contraído, e podendo ser carregado e montado por 6 pessoas. Seu processo de montagem é constituído por 3 etapas: 1° Estrutura A base e o piso do abrigo são de borracha de pneus reciclados moldados na injetora. Neles se localizam a estrutura responsável pela compressão e expansão do abrigo, os trilhos, localizados na lateral do abrigo onde são fechados perfis de aço (réguas). Para que o abrigo se eleve, conservando seu alinhamento, barras metálicas os perfis correm nos trilhos, fazendo um movimento em X que empurra a cobertura do abrigo para cima. Seis barras são encaixadas nas argolas laterais para impulsionar a cobertura do abrigo para cima, e são as únicas ferramentas necessárias para sua montagem. Quando a estrutura já está elevada são postos pinos de travamento nos trilhos, o que mantém a estabilidade da estrutura, ao impedir que ela se feche de volta. 2° Paredes e barras de sustentação Depois desta parte da estrutura ser fixada é hora de complementá-la e montar as paredes laterais, são divididas em 3 partes de polipropileno e uma janela em veneziana e porta com estruturas metálicas em aço, que trazem iluminação natural e permitem a ventilação, lembrando que o maior período de chuvas que geram deslizamentos e enchentes ocorrem no verão, época de intenso calor. Os perfis das paredes ainda ajudam a sustentar a cobertura. 3° Lona de fechamento

forma de setorização do interior do abrigo, criando diferentes possibilidades de layouts. Agora o abrigo está pronto para uso, seu tempo de montagem é estimado em 10 minutos e é planejado para ser ocupado por até 6 pessoas, em um tempo previsto de ocupação de até 6 meses. Sua montagem é feita por 6 pessoas e seu peso é de 180 kilos. A cobertura feita de polipropileno, as barras, os perfis de aço e os trilhos superiores pesam aproximadamente 401 kilos, o que facilita o movimento de erguê-la, ou seja, o esforço de carregar o abrigo até o local de sua implantação é significativamente maior que o de sua montagem, que pode ser feita pelos próprios usuários, o que. Facilitando e agilizando seu processo de implantação. Além disso, a cobertura apresenta ele também tem uma inclinação de 0,5% da direita para esquerda e uma inclinação de 0,5% para um dreno de pvc de 100 milímetros de diâmetro para o despejo de águas pluviais e possível captação.

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são presos nos ganchos de fixação das extremidades do abrigo. Esse sistema é proposto como possível

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O último passo é a lona de fechamento que é presa nas laterais. Os Ilhós das bordas da lona


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Referências

CASTRO, Antonio Luiz Coimbra de. Manual de desastres. Volume 1 – Desastresnaturais. Brasília, 2003. EM-DAT - Emergency Events Database. CALAPEZ,André de Castro. Arquitectura sobre rodas o arquitecto e a habitação móvel. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) - Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), Portugal,2013. MÉDICOS SEM FRONTEIRAS (MST): O que somos, disponíveis em <http://www.msf.org.br/quemsomos UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME (UNDP). Reducing desaster risk: achallenge for development, a global report. Bureau for Crisis Prevention and Recovery. New York: UNDP, 2004.

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BABISTER, Elizabeth. The emergency shelter procces with application to casestudies in Macedonia and Afeghanistan. Malden: Blackwell Publishing, 2003.

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ANDERS, Gustavo Caminati. Abrigos temporários de caráter emergencial. Dissertação(Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.



INTERCIDADE: Centro Colaborativo de Criatividade

Cibele Rocha da Silva Orientador: Prof. Dr. Nelson Urssi

Figura 01: Vista Rua Frei Caneca. Fonte: acervo do autor

espaços destinados à criatividade e a atividades colaborativas, e como os mesmos podem influenciar diretamente na imaginação, criatividade, desenvolvimento e produtividade dos trabalhos de seus possíveis usuários. Assim, chegamos à conclusão de que em São Paulo existe um vasto numero de universidades e espaços destinados ao campo da criatividade, porem a maioria não possui uma infraestrutura adequada pra atender a demanda, ou esses espaços só permitem alguns tipos de desenvolvimento trabalho, e não diversas opções para ser um agente catalizador de ideias. Logo, o objetivo do é ser um edifício dotado de espaços estimulantes para o desenvolvimento e criação de trabalhos de forma colaborativa, onde os usuários sejam livres para a realização de qualquer ideia.

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O InterCidade: Centro Colaborativo de Criatividade surge a partir da investigação de

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Resumo


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Introdução Com o decorrer dos 5 anos da faculdade de Arquitetura e Urbanismo, percebemos que em vários momentos, diversos alunos de diversos semestres utilizavam o mesmo espaço para a criação e elaboração de seus trabalhos. Onde em determinados períodos do ano, o espaço se tornava uma barreira, e não um agente catalizador de ideias. A partir dessas constantes observações, surge a inquietação sobre como e qual seria o espaço ideal para que estudantes pudessem desenvolver e criar seus trabalhos. Assim, o objeto de estudo para o desenvolvimento do trabalho se deu a partir de analises de lugares que de alguma forma era utilizado para a criação, desenvolvimento de trabalhos, reuniões, estudos ou exposições. Permeando o campo de museus, faculdades, corporações, galerias, entre outros. Essas inquietações nos levaram a outro questionamento – analisar e entender oque são, e como são os processos criativos dos estudantes, e como essas informações podem nos ajudar a desenvolver um espaço catalizador de ideias. Chegando a conclusão de que o processo criativo se fundamenta em três princípios: Atenção, Fuga e Movimento. Concluindo que se mais de uma pessoa está engajado na mesma ideia, o resultado final ao processo criativo pode ser muito mais significante, surgindo então os espaços colaborativos.

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Figura 02 | Airbnb: estações de trabalho adaptáveis.Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/868356/a-d-o-narchitects. Figura 03 | Insper Fab Lab. Fonte: https://www.insper.edu.br/vestibular/centros-de-conhecimento-elaboratorios/#lightbox[group-371]/1/

Figura 04 | Estúdios privados que configuram o espaço. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-119619/academiade-musica-red-bull-de-new-york-slash-inab. Figura 05 | Grande átrio central que configura a distribuição de todo o projeto. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/772058/escola-de-design-da-universidade-de-melbourne-john-wardlearchitects-plus-nadaaa

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Proposição

O objetivo do projeto InterCidade é ser um edifício dotado de espaços estimulantes para o desenvolvimento e criação de trabalhos de forma colaborativa, onde os usuários sejam livres para a realização de qualquer ideia. O terreno escolhido, atualmente utilizado como estacionamento, fica localizado no distrito da Consolação, possuindo duas frentes de rua, uma delas a Rua Frei Caneca, e a outra a Rua Antônio Carlos. A partir dessa informação privilegiada do terreno, uma das premissas do projeto foi que o mesmo pudesse fazer uma ligação entre as ruas, a partir de uma grande praça que convida os pedestres e usuários da região a se apropriar do espaço. Assim, podemos dizer que a praça possui dois níveis, onde cada um é nivelado com a sua frente de rua. Todo o térreo foi pensado para ser a parte mais publica do projeto, sendo um local de estar, encontros, possíveis feiras, espaço para food trucks, comércio, restaurante, e até ambientes para rápidas reuniões.

de: espaço para Convívio, Estudos e Criação. Nos espaços de Convívio podemos encontrar a grande praça de entrada, café/bar, restaurante, galerias e auditório/espaço de convenção. Nos espaços destinados ao Estudo encontramos salas de estudos individuais/grupos, biblioteca, salas de reuniões e salas de aula. Já nos espaços de criação temos os laboratórios de informática e de fabricação/prototipagem e os ateliês para diferentes tipos de uso. Além de espaços administrativos necessários para a organização e funcionamento do edifício.

Figura 07 | Corte esquemático sobre os principais usos. Fonte: acervo do autor.

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O programa do edifício é dividido em 3 grandes programas, sendo eles denominados

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Figura 06 | Diagrama de fluxo entre quadras. Fonte: acervo do autor.


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Estudos: Todos os espaços destinados aos estudos são pensados para funcionar de forma colaborativa, sendo através de ambientes amplos, mobiliários diferenciados, ou até mesmo caixas de vidro para uma interação visual. Esses espaços são: salas de estudos individuais e grupos, biblioteca, salas de reuniões, salas de aula. Convivência: Os espaços de convivência são pensados para que haja a interação e troca de informação entre os usuários. Podemos encontrar a grande praça de entrada em dois níveis, espaços expositivos, galeria e auditório/espaço de convenção. Criação: Os espaços de criação são espaços que permitem que os usuários sejam capazes de produzir suas ideias, sejam elas de qualquer natureza criativa. Encontramos os laboratórios de informática e de fabricação/prototipagem, e os ateliês para diferentes tipos de uso (arte, dança, música, teatro, entre outros). Comércio: A área mais pública do projeto se encontra no térreo, convidando os pedestres a se apropriarem do espaço. Assim, para dar apoio aos usuários do edifício e entorno, há projetado espaço para um café, livraria, e dois comércios locais. Além de espaço reservado para feiras e foodtrucks.

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Área administrativa: Localizada no térreo, á área administrativa possui um layout que foi pensado para que haja o compartilhamento de ideias entre os funcionários, assim como o restante do edifício.

Figura 08 e 09 | Seguindo a mesma característica visual que a laje nervurada proporciona - atmosfera industrial optamos pelo uso do concreto aparente, expondo uma estrutura nua e crua de aparência neutra. Para trazer um despojamento ao ambiente, foi previsto a utilização de cores vivas em determinados pontos, como exemplo: pilares,

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a estrutura nervurada, pisos, entre outros. 08 - Imagem de um possível uso dos ateliês, que podem ser utilizados para diversos fins. 09 - Imagem do café utilizando a paleta de cores do projeto. Fonte: acervo do autor.

Referências ARCHDAILY BRASIL, “Praça das Artes / Brasil Arquitetura” Disponível em <http://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura> Acesso em: 23 de abri 2017. DARODA, R. As novas tecnologias e o espaço público da cidade contemporânea. Dissertação de mestrado – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 2012.<http://www.ufrgs.br/propur/teses_dissertacoes/Raquel_daroda.pdf> GROPIUS, W. Bauhaus: Novarquitetura: Minha concepção da ideia Bauhaus. São Paulo: Perspectiva, 2001. JACOBS, J. Morte e Vida de Grandes Cidades: Os geradores de diversidade. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2014. p. 157-166. LAW, N. Creativity for the Connected Age. New York: The R/GA FutureVision Magazine, 2014. Disponível em: <https://www.rga.com/futurevision/magazine/creativity-for-the-connected-age> Acesso em: 09 de abril 2017. LEMOS, A. Cidade-ciborgue: a cidade na cibercultura. Artigo - UFBA. Bahia, 2001. Disponível em:<http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/andrelemos/cidadeciborgue.pdf>. Acesso em: 02 de abril 2017. MORENO, J. O futuro das cidades. São Paulo: Editora SENAC, 2002.

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NEVES, H. EYCHENNE, F. Fab Lab: A Vanguarda da Nova Revolução Industrial. São Paulo: Editorial Fab Lab Brasil, 2013. Disponivel em: <https://issuu.com/tanta.../docs/fab_lab_book__fabien_eychenne_helo> Acesso em: 19 de abril de 2017.



Projeto Cenográfico para “A Tempestade” de William Shakespeare em um Espaço Não Convencional Gabriela Stain Gatti

Resumo Este trabalho de conclusão de curso consiste na intervenção em um edifício pré-existente por meio de projeto cenográfico para a peça “A Tempestade”, de William Shakespeare. Foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre a evolução do edifício teatral e suas tipologias, com foco em projetos, proposições e discussões que surgiram a partir do século XX; estudos e análises de espaços cênicos não convencionais localizados em São Paulo e no exterior, bem como montagens teatrais e adaptações cinematográficas da peça em questão, como referências para o desenvolvimento deste projeto. 1 275

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Figura 01: Cenografia para “A Tempestade”. Fonte: acervo do autor.

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Orientador: Prof. Dr. Nelson Urssi


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Introdução No século XX, o teatro convivia com o cinema, o rádio, a televisão e a internet. A partir de questionamentos sobre a arquitetura teatral considerada tradicional, outros espaços passam a ser explorados. O espaço teatral se expandiu em alternativas diversas, com pluralidade tipológica e com capacidade de abrigar todo tipo de espetáculo. Surgem discussões sobre a relação entre a plateia e o palco, propondo um teatro mais participativo e interativo e a desconstrução entre a cena e o olhar individual. Os termos “não-convencional”, “alternativo” ou “found space” se referem a um espaço cênico que não se enquadra nos antigos modelos. São edifícios preexistentes, originalmente com outras funções que não a de abrigar um espetáculo teatral, ou até mesmo um teatro recuperado, que recebem intervenções para abrigar espetáculos. Muitos grupos de teatro e outras artes performáticas atualmente ocupam edifícios com diferentes tipologias de espaço cênico. Por exemplo, o grupo Ensaio Aberto no Rio de Janeiro e o Uzyna Uzona, em São Paulo. Com essa iniciativa, um espaço antes abandonado ou degradado pode ser revitalizado por meio da cultura, tornando-se um lugar de encontro e chamando a atenção do público para diversas questões sociais, espaciais e políticas. O objetivo deste trabalho é propor uma intervenção em um galpão localizado no bairro da Mooca, em São Paulo, por meio de um projeto cenográfico para a peça “A Tempestade”, de William Shakespeare. Para tal, foi traçado um panorama sobre a história e a evolução do edifício teatral e técnicas de encenação, em projetos de arquitetos e cenógrafos, e em movimentos culturais do século XX. Como referências, foram realizados estudos sobre edifícios teatrais que não possuem a configuração considerada convencional: o Teatro Oficina e o teatro do Sesc Pompéia, em São Paulo; o Théâtre Du Soleil, na França, e o Armazém da Utopia no Rio de Janeiro, além de projetos cenográficos para montagens que aconteceram nestes espaços. A produção “The Tempest” pela Royal Shakespeare Company (2017) e o filme “A Última

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Tempestade” (The Prospero’s Books no original), do diretor Peter Greenaway foram analisados como inspiração e objeto estudo das metodologias utilizadas na adaptação do texto original a um novo espaço cênico. . Proposição Para a realização do projeto, foi escolhido um galpão localizado no bairro da Mooca, em São Paulo, ao lado da estação Juventus-Mooca da CPTM. Este era um estacionamento de trens da São Paulo Railway e atualmente é um depósito de areia. De um lado do galpão está a Av. Presidente Wilson com fluxo constante; do outro, a linha do trem. Uma rua adjacente dá acesso à estação. O entorno é composto por indústrias e empresas, galpões desativados, condomínios e residências. Do outro lado da linha do trem, os edifícios possuem gabarito mais alto. O edifício possui valor histórico e representa a industrialização e o crescimento de São Paulo após a implantação da via férrea, em meados do século XIX, que transportava produtos da região periférica da cidade à Santos. A Mooca era uma região de polos industriais, fábricas e armazéns que davam suporte às atividades das vias.

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Figura 02: Fachada para a rua da estação.

Figura 03: Interior do galpão.

Fonte: acervo do autor.

Fonte: acervo do autor.

Para que o galpão se torne um espaço adequado para abrigar o espetáculo, o projeto propõe uma infraestrutura necessária para receber o público, os atores e a equipe técnica. Dois volumes são anexos ao edifício, onde estão os camarins, depósito, sanitários, bilheteria e uma sala de controle e administração. Para vencer 1.26m de desnível entre a rua e o galpão, duas varandas com rampas acessíveis se tornam áreas de estar e foyer, cobertas por uma estrutura metálica com teto de vidro. A entrada principal é pela rua lateral que dá acesso à estação de trem. O piso que cobre os trilhos é retirado, deixando a estrutura exposta e garantindo segurança com um guarda corpo nas laterais. Este guarda corpo possui trilhos e

Figura 05: Implantação. Fonte: acervo do autor.

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Figura 04: Corte transversal. Fonte: acervo do autor.

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durante o espetáculo é deslizado para que o público e os atores tenham acesso aos dois lados do galpão.


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Temos como foco o projeto de cenografia para a peça “A Tempestade”. O texto de William Shakespeare foi escolhido para o projeto pelo desafio de trabalhar um clássico da literatura e do teatro escrito e encenado pela primeira vez no início do século XVII, na Inglaterra, inserindo-o em um espaço não convencional, com propostas contemporâneas, explorando a explosão da caixa cênica e buscando uma aproximação entre o público e a cena. Considerando o edifício que abriga o espetáculo como parte importante da cenografia e que a história da peça ocorre em diversas partes de uma ilha, o partido é o deslocamento dos espectadores e das cenas pelo galpão, passando por treze cenas divididas em sete espaços. A cenografia é fixa e abstrata, composta por tablados, passarelas e estruturas que permitem ao público experimentar múltiplos pontos de vista da mesma cena. Referências na estética e na tecnologia náutica foram utilizadas. Uma plataforma sobre os trilhos no centro se desloca durante toda a peça e marca a passagem do tempo. O público, de aproximadamente 100 pessoas, aguarda o início da peça no exterior do galpão, na varanda e sob a cobertura na rua de pedestres, onde há um deque de madeira que antecede o percurso pela narrativa. Após a abertura, o público é conduzido na sequência das cenas pelos atores e pela iluminação.

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Figura 06: Paleta de cores. Fonte: acervo do autor.

Figura 07: Percurso e divisão das cenas. Fonte: acervo do autor.

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Figura 08: Plataforma sobre trilhos. Fonte: acervo do autor.

Referências BERTHOLD, Margot. História Mundial do Teatro. São Paulo: Perspectiva, 2000. CARVALHO, André Sass de, MALANGA, Eliana Branco. Cenografia: uma história em construção. ARTEREVISTA, v.1, jan/jun 2013, p. 1-25.

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

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Espaço Lúdico no Ibirapuera Diversão e Inclusão Giovana Funatsu

Resumo Este trabalho de conclusão pretende apresentar o projeto de um playground criativo e acessível, cuja finalidade é estimular a criatividade, o desenvolvimento infantil, a inclusão social de crianças portadoras de deficiências e a sociabilidade. A motivação do trabalho surgiu em defesa da brincadeira criativa e ao ar livre em um mundo cada vez mais voltado ao digital e aos ambientes fechados. A ausência de parques acessíveis e criativos, na cidade de São Paulo, reforça a pertinência da proposta. O trabalho tem como objetivo final apresentar a importância do brincar no desenvolvimento infantil, bem como concretizar um projeto de playground criativo que atenda aos requisitos exigidos pelas normas de acessibilidade. 1

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Figura 01 : escalável na rampa.. Fonte: autoria própria.

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Orientador: Prof. Dr. Gabriel Pedrosa


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Introdução A brincadeira ajuda a criança a desenvolver suas habilidades motoras e cognitivas, como a atenção, memória, imitação e criatividade. É no brincar que a criança estabelece relações sociais, organiza suas emoções e, experimenta e compreende o mundo a sua volta. Sendo assim, o brincar passa ser a linguagem da criança, sua forma de expressar. Também é importante ressaltar como a brincadeira nos espaços lúdicos – quintais de casas, ruas, parques infantis, playgrounds – é afetada pela privação que ocorre por parte dos pais, em decorrência da preocupação em deixar seus filhos brincarem ao ar livre diante da violência urbana existente, e pela privação gerada pelo uso da televisão e equipamentos eletrônicos (videogames, tablets, celulares), que confinam as crianças dentro de casa. O fato é que, em uma era cada vez mais tecnológica como a nossa, o uso dos aparelhos eletrônicos torna-se indispensável, e frequentemente se transforma na única opção de brincadeira para as crianças, tendo em vista que os pais conseguem manter seus filhos entretidos ao mesmo tempo em que controlam o acesso ao aparelho. Entretanto, é importante ressaltar que a falta de alternativas para diversão e o uso exclusivo de jogos eletrônicos inibe parte do desenvolvimento motor e social da criança, já que ela passa a não interagir fisicamente com outras crianças. Podemos afirmar que os parques tornaram-se vitais para a cidade, por não serem mais um espaço do trabalho e sim um espaço do descanso, do divertimento e do lazer, eles passam a ser um local de múltiplas demandas onde os diferentes interesses de uma família devem ser supridos, o filho mais velho que quer andar de bicicleta, o filho mais novo que quer brincar no parquinho, os avós que querem caminhar, os pais que querem relaxar,etc. Os parques públicos, como conhecemos, são estruturados por vegetações e voltados ao lazer da massa urbana, é um típico elemento da cidade moderna. Com frequência, a cidade passa a necessitar de mais parques que atendam às diversas solicitações de lazer, culturais e esportivas, pois atualmente, enfrentamos uma situação onde o trabalho e o estudo ocupam a maior parte do tempo das pessoas,

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resultando em tempo livre apenas aos fins de semana, sendo assim, fica claro que as crianças passam a maior parte de seu tempo em creches, escolas ou dentro de suas casas. As crianças que ficam em creches ou já frequentam escolas, provavelmente, têm acesso a playgrounds pequenos e internos, possibilitando maior desenvolvimento criativo e socialmente interativo do que as crianças que permanecem em casa enquanto seus pais trabalham, pois essas possuem acesso, apenas, a brinquedos ou jogos eletrônicos, e a maior parte de sua interação social ocorre com o responsável por cuidar delas na ausência dos pais. É nesse contexto que podemos perceber a importância dos parques e dos playgrounds em áreas públicas e ao ar livre, pois são locais de escape da correria do cotidiano, de descanso,de aprendizado, de criação e diversão, e de aproveitamento do tempo em família ou com amigos. O projeto buscou algumas referências como Aldo Van Eyck, responsável por cerca de setecentos playgrounds na Holanda, e Isamu Noguchi, escultor que através de uma vida de experimentação artística,

criou playgrounds escultóricos, visando promover a interação e a improvisação criativa.

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Figura 02 : Playground de Isamu Noguchi. Fonte: kvadratinterwoven.com/isamu-noguchis-playgrounds Proposição O projeto visa substituir o playground existente em um dos parques mais importantes de São Paulo, o Parque Ibirapuera.

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Figura 03 : Implantação do projeto – sem escala. Fonte: autoria própria..

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Tendo em vista a dimensão do terreno ocupado pelo playground existente, a primeira proposta que surge é a implantação de um labirinto sensorial com clareiras, permitindo que sejam inseridos equipamentos infantis em seu interior. A partir da implantação do labirinto foram traçados caminhos que ligassem as vias principais do parque com uma praça central dentro do terreno do playground.


BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

A partir dessa praça central surge a proposta de uma área molhada com jatos d’água e um grande espelho d’água acessível, permitindo que pessoas com ou sem deficiência possam adentrá-lo sem qualquer obstáculo.

Figura 04 : Corte esquemático – sem escala. Fonte: autoria própria..

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Com levantamento e estudo da vegetação existente no local, percebeu-se que haviam áreas com maior concentração de árvores. Em uma dessas áreas, localizada próximo a um caminho principal do parque, é implantada uma combinação de rampas com três alturas diferentes e que circundam as árvores. Visando as diferentes alturas dessas rampas, são implantados balanços e elementos escaláveis que provocam uma abertura no guarda-corpo, permitindo que as crianças subam ou desçam as rampas fora do jeito usual, abrindo outras possibilidades de uso além da circulação e contemplação. Seguindo essa linha de ideia, também é implantada uma rampa que atravesse a área molhada com os jatos d’água, gerando outra forma de contemplação e circulação na praça central.

Figura 05 : Corte esquemático – sem escala. Fonte: autoria própria..

Figura 06 : Equipamentos infantis incorporados nas rampas. Fonte: autoria própria..

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Referências MACHADO, Marina Marcondes. O brinquedo sucata e a criança: A importância do brincar. Atividades e materiais. São Paulo: Editora Loyola. 2003. MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo: Martins Fontes. 2002. BARTHES, Roland. Mythologies. Tradução: Rita Buongermino e Pedro de Souza. 11ªed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 2001. MIRANDA, Danilo Santos de (Organizador). O parque e a arquitetura: uma proposta lúdica. 2 ed.Campinas: Papirus. 2001. NIEMEYER, Carlos Augusto da Costa. Parques Infantis de São Paulo – Lazer como expressão de cidadania. Brasil: Annablumme Editora. MACEDO, Soares Sílvio e SAKATA, Gramacho Francine. Parques Urbanos no Brasil. 3ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2010.

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KOLLAROVA, Denisa e VAN LINGEN, Anna. Aldo Van eyck: Seventeen Playgrounds. 2015.



Arquitetura Modular para Habitação Criação de um sistema modular Julia Gonçalves Bonvicini Orientador: Prof. Dr. Gabriel Pedrosa

O presente trabalho tem como finalidade criar, a partir dos ideais da pré-fabricação, um sistema modular para habitação que se molde à vida moderna e traga praticidade. Serão mostradas referências de movimentos e arquitetos que já trouxeram reflexões sobre este tema e seus projetos realizados. Estas referências foram uma base importante para o desenvolvimento da pro- posta que tem como objetivo questionar a participação atual da industrialização na habitação e o valor de uma habitação na sociedade contemporânea.

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Resumo

Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

Figura 01 : Croqui do projeto. Fonte: acervo do autor


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Introdução O surgimento da indústria, entre o século XVIII e o início do século XIX, foi um grande marco na história, trazendo tecnologias e mudanças relevantes para a sociedade. Sabendo que muitos setores foram bene ciados com estes novos avanços, temos como foco, neste trabalho, o setor construtivo, que no Brasil carrega consigo uma grande importância e um grande problema, o déficit habitacional presente em todo o país. É fato que a arquitetura e a engenharia desde o início da década de 50 vêm estudando, criando e apresentando pesquisas e experiências de industrialização da construção, nas quais se procuram soluções que possam colaborar com o desenvolvimento deste setor, que é de grande relevância para a economia, bem como cessar este problema da falta de moradia. Este método de construção tem encontrado algumas dificuldades para o seu total progresso, pois implica uma tarefa muito grande, onde é necessário o envolvimento de vá- rios setores, principalmente o envolvimento e a atração dos investimentos capitalistas, que são a base para este desenvolvimento, que por sua vez tem como objetivo, além de facilitar a construção, criar um intercâmbio entre indústrias, tendo assim a necessidade de participação de setores correspondentes. Porém, é válido ressaltar que atualmente esta ideia está ganhando força novamente e vem sendo bastante aplicada em modelos e estudos, que trazem consigo novas experimentações de conceitos e um novo modo de viver. Além de reunir os aspectos comentados acima, este trabalho também trata desta quebra de paradigmas da habitação tradicional ocorrida na modernidade, que ganhou muita influência na sociedade contemporânea. Com a constante correria da vida urbana, é nítido que as pessoas buscam mais praticidade e versatilidade em seu cotidiano. Junto com esta necessidade, nota-se o constante crescimento de habitações com metragens reduzidas e uma busca consideravelmente grande por estes formatos. O trabalho é desenvolvido a partir destas novas necessidades, e para atendê-las foi necessária uma pesquisa sobre a evolução das tecnologias da industrialização durante a história e sua relação com o setor

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

construtivo. A pré-fabricação, que é uma consequência da industrialização, ganha um papel importante neste trabalho, pois aborda a forma de reprodução que o projeto irá seguir. O trabalho toma como referências as pesquisas feitas por movimentos como os Metabolistas, a Bauhaus, e por arquitetos como Lelé, Abrahão Sanovicz, Jean Prouvé e um grupo chamado Revolution Pre-Crafted, composto por arquitetos famosos, cujo objetivo é a democratização dos projetos de estruturas préfabricadas, criando e oferecendo uma linha de produtos que incorporem a distinta visão espacial de mestres da arquitetura. Os novos projetos das novas casas se juntam a projetos de Zaha Hadid, Sou Fujimoto, Daniel Libeskind e Gluckman Tang. Com estas pesquisas e referências, o projeto criado é de um sistema modular pré-fabrica- do para habitação, que busca gerar uma correlação entre a tecnologia industrial e a habitação na sociedade contemporânea, tendo como intuito incluir no projeto a versatilidade e a praticidade requerida hoje pelas pessoas. Apesar de ser um projeto com um caráter diferenciado dos usuais do tema para habitação, o conforto necessário para uma moradia é mantido, além de ser transportável, desmontável e adaptável ao modo de vida do consumidor, facilitando e agilizando a construção.

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Proposição O objetivo deste projeto foi reunir a ideia de pré-fabricação e uma nova forma de habitar, desenvolvendo um sistema modular para habitação. Durante a etapa inicial do projeto, ao visitar inúmeras catedrais góticas na Alemanha, decidi adotar os arcos e cúpulas como tema construtivo de meu projeto. Diante desta definição de tema, e após o contato com referências de projetos do Grupo Arquitetura Nova e Eladio Dieste, onde pude ver e entender melhor as diferentes abordagens do tema de arcos e cúpulas e do tratamento destas formas em distintos materiais. Sendo assim, foram desenvolvidos três módulos, que possuem as mesmas características, tendo como única diferença suas alturas, que variam entre 3, 4 e 5 metros, havendo também as variações de meio módulo. Esta padronização tem a intenção de facilitar na hora da produção dos componentes e da composição das habitações.

uma casa com uma ou poucas peças, porém acabou pendendo para o lado de um sistema de préfabricação. Este sistema pensado para o projeto possibilita a criação de diversos layouts, e assim o pontapé inicial para o melhor entendimento deste projeto foi a criação da planta, gerada a partir de uma grelha modular de 3 x 3 metros. Esta grelha pode ter variações de meio módulo, medindo 1,5 x 3 metros ou 1,5 x 1,5 metros.

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Inicialmente o projeto foi pensado para um módulo habitacional de porte intermediário, que pudesse formar

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Figura 02: Desenho dos módulos iniciais. Fonte: acervo do autor.


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Figura 03 : Diferentes plantas geradas Ă partir da gralha modular. Fonte: acervo do autor.

Figura 04 : Planta de metragem mĂ­nima. Fonte: acervo do autor

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Referências BRAGA, Milton, O concurso de Brasília: os sete projetos premiados, FAU USP – Dissertação de mestrado, São Paulo, 1999. BRUAND, Yves, Arquitetura Contemporânea no Brasil, Editora Perspectiva, São Paulo, 1991. COSTA, Lucio, O urbanista defende a sua capital, in: Revista Acrópole n°375/76, São Paulo, jul./ago, 1970, pp. 7 a 14. FLYNN, Maria Helena de Moraes Barros, Concursos de arquitetura no Brasil 1850-2000: sua contribuição ao desenvolvimento da arquitetura, Tese (Doutorado), FAU USP, São Paulo, 2000. HANN, Hilde de; HAAGSMA, Ids, Architects in competition: International architecture competitions of the last 200 years, Thames and Hudson, New York, 1988. GOMES, Cláudio, Brasília 1960 – 1970, In: Revista Acrópole n°375/76, São Paulo, jul/ago 1970, (pp.15 a 40) HOLSTON, James, A cidade Modernista: Uma crítica de Brasília e sua utopia, Cia das Letras, São Paulo. 1993 KUBITSCHEK, Juscelino, De Pampulha a Brasília. Os caminhos da providência, In: Revista Módulo n°41, Rio de Janeiro, dez.1975/jan.1976. NIEMEYER , Oscar, Minha experiência de Brasília, In: Revista Módulo n° 18, Rio de Janeiro, junho de 1960. PEDROSA, M, Dos Murais de Portinari aos Espaços de Brasília, Ed. Perspectiva, São Paulo, 1981. SANTOS FIALHO, Valéria, Concursos de Arquitetura em São Paulo, Dissertação de mestrado - FAU USP, São Paulo, 2002. TOSTRUP, Elizabeth, Architecture and Rhetoric: Text and Design in Architectural Competitions”. Andreas

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Papadakis Publisher, London, 1999.



Projeto Firework Lucas Bueno Casarin Orientador: Prof. Dr. Gabriel Pedrosa

Este trabalho se trata de um projeto de espaços efêmeros de usos mistos, que se adaptam com o surgimento de novas necessidades da comunidade local. O local escolhido para o projeto é o deserto de Black Rock, no estado de Nevada (EUA), que anualmente recebe um festival de contracultura chamado Burning Man. Tratase de uma cidade efêmera que recebe cerca de 70 mil pessoas por ano durante o evento. Através do trabalho coletivo, os participantes montam estruturas complexas no deserto e levam toda a infraestrutura necessária para que essa cidade efêmera aconteça com sucesso. A Black Rock City (nome da cidade temporária) é caracterizada por ser um lugar de extrema organização, uma comunidade, o Burning Man. O meu projeto é idealizado para esse lugar e conta com duas construções distintas que possuem similaridades quanto suas materialidades e características. Após devidamente montadas, essas estruturas proporcionam aos seus utilizadores inúmeras possibilidades de uso, que são totalmente livres, para todas as pessoas que no deserto estiverem. Para tal projeto, utilizo como material principal para a construção, a madeira.

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Resumo

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Figura 01: Uma Prévia do Projeto #1 Fonte: acervo do autor.


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Introdução O Burning Man é um festival de contracultura (movimento de mobilização e contestação social que teve início na década de 1960), que acontece anualmente no deserto de Black Rock, localizado no estado de Nevada, Estados Unidos da América, e recebe cerca de 70 mil pessoas por ano. Uma cidade temporária é criada e recriada, e passa a se chamar Black Rock City, apenas durante o evento. Essa cidade é uma metrópole participativa temporária, construída por seus cidadãos e dedicada à comunidade, arte, auto expressão e auto resiliência. As pessoas que vão para o deserto são cidadãs de uma cidade efêmera, elas convivem em comunidade, rodeadas de arte por todos os lados e respeitando sempre o meio ambiente. Todas as atrações do festival são organizadas pelos próprios participantes. A liberdade de expressão é uma obrigação para todos na Black Rock City. A organização interfere o mínimo possível nas atividades e na participação de cada um no evento e apenas oferece o local para centenas de acontecimentos e instalações. A ideia principal é fazer com que as pessoas interajam com as instalações e entre elas. O evento acontece por cerca de 7 dias e tem como característica ser uma grande galeria de arte a céu aberto que conta com megaestruturas inteiramente feitas em madeira, de todos os tipos e formatos. Nos últimos dias do evento, parte dessas estruturas pegam fogo e, assim, a Black Rock City desaparece novamente. O festival possui dez princípios que devem ser rigorosamente seguidos, e um deles é “não deixe rastros para trás”, ou seja, tudo o que é levado para o deserto, deve ser removido de lá, nada pode permanecer no local. Tudo começou no solstício de verão de 1986, quando Larry Harvey, Jerry James e seis outros amigos se encontraram na praia de Baker, em São Francisco, Califórnia, e queimaram o primeiro “Man”, uma estátua feita em madeira com o formato de um homem de 3 metros de altura. A partir desse dia, a queimada do “Man” se tornou um acontecimento anual. No ano seguinte, o evento reuniu cerca de 80 pessoas e assim foi crescendo a cada ano, até que, em 1990, a guarda florestal interferiu e proibiu a queima na região, pois a estátua vinha crescendo a cada ano que se passava e poderia haver riscos, pois o local era inadequado para essa grande fogueira. Então o evento mudou para um local mais propício, o deserto de Black Rock, e desde então cada vez mais pessoas participam. A “Black Rock City” tem atualmente 15 quilômetros quadrados de área de deserto e é organizada em formato de semicírculo. Quando o festival se mudou para o deserto de Black Rock, foi necessário estabelecer um acampamento para as 250 pessoas que participaram no ano de 1990. O formato original deste acampamento foi um circulo, e particularmente isso não foi planejado, mas instintivamente ganhou a forma de uma tradicional fogueira de acampamento, um círculo em volta de uma fogueira, onde os serviços foram distribuídos no centro. Desde então, essa cidade temporária foi crescendo a cada edição, ganhando mais “ruas” a partir do centro. Existem também vários fatores para tal organização dos espaços, como questões históricas, questões de segurança pública, necessidades de logística, condições de meio-ambiente, política, ideais sociais, viabilidade econômica, uma necessidade para um simbolismo espiritual e o design. Rod Garrett é o arquiteto urbanista pioneiro responsável pelo design dessa cidade. Contudo, anualmente existem concursos, onde milhares de pessoas participam, que visam a propor novas ideias de design, para que sempre haja uma evolução constante. Para o desenvolvimento do meu projeto para essa cidade efêmera, comecei por estudar esse tipo de arquitetura pelo mundo, e então, eis que as suas influencias foram emergindo de tais pesquisas. Relacionam-se entre si movimentos de contracultura, como os Provos, da década de 1960 em Amsterdam, assim como movimentos que se relacionam com arte e forma de expressão, como por exemplo, os Happenings, que são eventos efêmeros, onde a improvisação predomina. Além dos movimentos, foram estudados eventos do e festivais, como por exemplo, o Woodstock Music & Art Fair. Se todos esses movimentos eventos forem analisados, se existe certa relação entre eles e são importantes para o rumo que este trabalho levou. Para desenvolver um projeto efêmero para um festival, é muito importante saber exatamente de onde surgiu esse tipo de arquitetura e como essa arquitetura milenar influencia diretamente o que conhecemos hoje. Mas, afinal, o que é a arquitetura para festivais? Quando pensamos sobre as origens da arquitetura, logo vem à mente as pirâmides do Egito, os palácios da Babilônia ou os templos da antiga Grécia. Da mesma forma, antigas e de grande importância para a história da arquitetura, foram as estruturas temporárias feitas para rituais religiosos pelo mundo. A arquitetura para festivais foi pensada para persuadir e convencer, e por esse motivo foi e continua sendo construída em todas as sociedades pelo mundo. A arquitetura efêmera tem um tempo certo para existir, de acordo também com o espaço em que está devidamente inserida.

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Figura 03: Black Rock City From Above Fonte http://www.nydailynews.com/news/top-satellite-images2012-gallery-1.1224666?pmslide=1.1224657 No passado, houve diversas formas de manifestação desse tipo de arquitetura, mas hoje em dia, por conta do avanço da tecnologia, é possível ver a arquitetura efêmera em maiores escalas, com o mesmo conceito: transitoriedade. A arquitetura efêmera está presente em eventos de todos os tipos, como exposições, feiras, festivais, etc. Essa arquitetura é importante pela possibilidade de ser portátil, trata-se de edifícios caracterizados por sua impermanência e por deixar de existir no local. Apesar de sempre ter existido, a arquitetura efêmera não recebe o mesmo tipo de atenção e interesse da arquitetura de maior permanência. Muito provavelmente, por conta das origens de nossa cultura, pois se trata de um sistema que exige continuidade, estabilidade e permanência. Proposição

crescendo muito a cada dia, pois eu considero o Burning Man o maior movimento cultural do nosso tempo. O festival é um “choque moderno”, e foi exatamente assim que eu me senti quando o descobri. A arte moderna faz parte da minha vida pois sempre ansiei por subversão e ruptura. O Burning Man me impactou pois expandiu o meu senso do que a arte pode ser. Eu me identifiquei com as esculturas gigantes e instalações do local, que se espalham pela imensa tela em branco que é o deserto de Black Rock. Toda essa ideia de expressão de arte coletiva, coexistência e vida temporária em comunidade me fizeram partir para um projeto. E essa vontade me levou para o Burning Man de 2017, e, a partir da minha participação, toda a minha visão e concepção de projetar para esse lugar tão singular mudou. Através dessa vivência, o meu projeto nasceu, respeitando todas as leis locais e diretrizes importantes para o sucesso do evento. A participação da população e o engajamento são extremamente importantes para essa cidade efêmera acontecer com eficácia. Todos devem se unir e ter a sua função nesse espaço. Por isso, ao longo do desenvolvimento deste trabalho, fui me envolvendo com projetos existentes no Burning Man, conquistando o meu espaço, assim, como participante. Projeto Firework: Começando com o nome do meu projeto, Firework (em português, fogos de artifício) é, na verdade, como eu me chamo na Black Rock City. E lá,

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utópico, o deserto. A partir de pesquisas prévias, a minha vontade de criar “arte” para o Burning Man veio

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A minha ideia para esse projeto surgiu da necessidade de criar efemeridade em um local quase que


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existem 10 princípios que devem ser criteriosamente seguidos pelos moradores dessa cidade com a finalidade de promover o melhor convívio possível para esses. Esses princípios são devidamente: inclusão radical, presentear, decodificação, autoconhecimento radical, auto-expressão radical, esforço comunal, responsabilidade civil, não deixar rastros no deserto (e lixo), participação, imediatismo, consentimento. Cada um desses princípios possui um símbolo para os representar. O formato dos meus projetos, então foram inspirados nos formatos desses símbolos para serem criados. Já que, com a minha vivencia no burning man em 2017, constatei que tudo funciona em torno desses princípios e todos os seguem e os respeitam. Essas formas apresentam desenhos geométricos, que podem dar origem a diversas formas poligonais. Eis, então, que o meu trabalho possui tais formas e contam com a madeira como principal elemento para a construção, que se dá através de encaixes. A madeira foi um fator determinante para o meu partido também. Foram estudadas ao longo desse percurso diversas estruturas que seguem características e finalidades similares. Contudo, os projetos são de acordo com a cidade: efêmeros e seus usos variam de acordo com a necessidade local. Ao final do evento, o fogo consumirá um dos abrigos, fazendo com que o mesmo deixe de existir. A princípio, eu só iria trabalhar com encaixes, mas conhecendo as estruturas existentes no festival, eu optei pelas conexões em aço por facilitarem a produção e montagem. A ideia foi criar algo simples o bastante para a população do local conseguir montar sozinha, seguindo instruções, encaixando parte por parte, peça por peça, formando, assim, o projeto em si. Além disso, outro fator determinante para a escolha do projeto foi tornar alguns dos componentes empilháveis para auxiliar no transporte dos mesmos para o deserto. Projeto #1: Esse projeto é o de maior porte e se caracteriza por ser um espaço livre, que possibilita diversas formas de uso. Sua base possui 8 metros de diâmetro, fazendo com que o mesmo seja um grande espaço dedicado às pessoas que no deserto estiverem durante o Burning Man. Essa construção proporciona uma extensa área de sombreamento durante todo o dia, através de sua cobertura, que se dá através de chapas vazadas de madeira, servindo de abrigo a quem possa precisar, além de projetar um

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efeito singular de sombreamento.

Figura 03, 04, 05, 06: Projeto #1 Fonte: acervo do autor. O projeto é todo em madeira, e o sistema construtivo se dá através de encaixes em conexões de peças em aço. Todas as peças e formas desse projeto foram extraídas das milhares de possibilidades de encontrar outras formas dentro de um simples hexágono. E projetar para o Burning Man significa pensar em um espaço que vai ser usado 24 horas por dia, ou seja, suas funções são importantes tanto para o dia quanto para a noite. Por isso, é essencial que o mesmo receba a devida iluminação adequada para o

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período noturno. Por isso, utilizei de um sistema elétrico de luzes de LED, as quais possuem bateria própria e não necessitam então estarem ligadas a uma fonte de eletricidade. Além disso foi desenvolvido um padrão de mobiliário que pode ser distribuído de centenas de formas para se adequar às necessidades dos frequentadores. O conceito desse mobiliário “cubo” é simples: Ao empilhar os cubos, os utilizadores podem o usar de muitas formas diferentes: Bancos, mesas, palcos, etc. Outro artificio de iluminação significativo para o projeto são os “cristais de luz”: Desenvolvi para esse projeto, dois elementos que possuem forma de um cristal, porém o material utilizado para esses é o acrílico. Esses elementos são perfurados em todo o seu comprimento, possibilitando a instalação de luzes de LED em seu interior, para proporcionar então maior iluminação para o período noturno. Essa construção é idealizada para a improvisação prevalecer. Alguns exemplos de uso para o espaço são: Shows, festas, workshops, palestras, aulas, ou simplesmente qualquer tipo de evento que possa interessar aos utilizadores. Projeto #2: Assim como o anterior, também se trata de uma construção geométrica, porém, nessa, todas as peças são regulares, com as mesmas dimensões, e, ao serem encaixadas, formam o volume por completo, são 30 peças de madeira, no total, que formam a estrutura do volume poliédrico. Essas peças são fixadas por peças de aço parafusadas, permitindo assim, uma perfeita conexão entre os elementos. Recebem também, chapas de madeira com desenhos vazados, para o conforto necessário dentro do abrigo desse volume. Essas, também, são fixadas entre si através de um perfil metálico, de aço, que permite conecta-las à estrutura. Essas peças, recebem luzes de LED em si, proporcionando além de um

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Figura 07, 08, 09, 10: Projeto #2 Fonte: acervo do autor.

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revestimento para os perfis metálicos, a iluminação correta para o uso desse espaço no período noturno.



Coletivo Z.L. Arte e Cultura Colaborativa Lucas de Oliveira Heringer

Resumo O trabalho tem como objetivo estudar diversas tecnologias e suas áreas aplicadas em toda a sociedade, e buscar ver os impactos que as mesmas causaram na sociedade nos últimos anos, e atualmente, e como essa “cultura da era digital” influenciou no modo de pensar das pessoas dos dias atuais, dando origem a diversas subculturas. A partir do momento que as pessoas têm acesso à tecnologia, elas começam a se expressar da maneira que lhe é conveniente, e é assim que novos tipos de cultura são criados, a partir da expressividade individual/coletiva de um grupo com o mesmo comportamento na sociedade. 1 299

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Figura 01 : Primeiro corte esquemático mostrando os níveis da biblioteca, Fonte: Autoria própria

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Orientador : Prof. Dr. Nelson Urssi


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Introdução Desde os primórdios da humanidade, o ser humano sentiu-se na necessidade de desenvolver técnicas, ferramentas, e qualquer coisa que pudesse lhe ajudar à sobreviver ou a conquistar seus objetivos, em grande maioria eram invenções de caráter tecnológico para a época que estava inserida. Mas como isso afetou o ser humano ao longo da história? Tomando como ponto inicial a Revolução Industrial, a materialidade e a tecnologia começaram a andar lado a lado buscando duas coisas: melhorias na sociedade e acúmulo de riquezas. Com a Revolução Industrial, o mundo tomou um novo caminho na corrida tecnológica, a disputa era para saber quem possuía maior riquezas, e quem tinha as melhores tecnologias para chegar no dinheiro acumulado. Como isso influenciou na arquitetura? Simples, a materialidade acabou influenciando as pessoas, artistas, arquitetos, engenheiros, tudo em busca da grandiosidade arquitetônica ou até mesmo como um jeito de expressividade, e no início do Século XX, a arquitetura acabou tomando um novo rumo, o jeito como as pessoas se expressavam passou a mudar, como elas viam o mundo mudou, pode-se dizer que o Século XX foi um grande período de transição da mente humana. Conforme a arquitetura mudava, a visão das pessoas também mudava, cada um queria ter o que era diferente, o que era expressivo, ainda mais depois do movimento modernista do Século XX, as pessoas estavam vendo o futuro da arquitetura, e com isso, era preciso mudar. Com os avanços tecnológicos, andando lado a lado com a arquitetura, tudo era possível, desde criação de formas, materiais, conforto, e interiores, a arquitetura estava a mercê da população em meio de adaptações. Chegando no final do Século XX e início do Século XXI, com as mídias sociais, a tecnologia tomou um rumo totalmente novo, em meio digital, a partir desse marco, tudo era realizado em meio digital, tudo foi transformado em dados, desde uma expressão artística quanto a socialização de pessoas. Em meio digital, todos se expressavam como queriam, todos eram capazes de compartilhar o que fosse conveniente para si mesmo. Com essa expansão da internet e o Boom Tecnológico, as pessoas passaram a se expressar em meio digital, sendo assim, foi possível cada vez mais interagir com pessoas semelhantes a si mesmo, em questão de gostos, percepção da sociedade, da cidade, tudo estava conectado, tudo era interação digital. Com essa interação, é possível notar uma espécie de “criação de subculturas”, as pessoas começaram a se unir por seus modos de pensar, de perceber a sociedade e a cidade como um todo, foi possível criar grupos em meio de ambiente digital por suas semelhanças, com um modo de pensar e perceber semelhantes. Baseado tanto na tecnologia, quanto na questão cultural gerada pela mesma, o trabalho propõe um projeto de um Complexo Cultural na zona leste de São Paulo, localizado na Estação Carrão. Um ambiente no qual fizesse essa união entre: tecnologia, cultura, arte e arquitetura, para que fosse possível diferentes percepções da localização, do terreno, do entorno e do projeto. O projeto visa tanto o ensino, quanto a cultura e o lazer. A proposta do projeto é justamente unir a população em meio cultura/didático, para a discussão de ideias, pensamentos e criações coletivas, voltado justamente para o uso livre e coletivo do projeto, buscando a união de todos que são frequentadores da região do Carrão, contando com todo tipo de equipamento possível: ambientes de lazer e estar coletivos, teatro, biblioteca e área de trabalho coletiva e individual.

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Proposição

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Figura 02 : Uma vista geral de todo o projeto, ao fundo, o Terminal Carrão. Fonte: Autoria própria

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O projeto está localizado na zona leste de São Paulo, ao lado da estação Carrão da linha vermelha, e conta com uma área total de 20.000m², sendo essa área de uso anteriormente do governo, porém até então, uma área vazia e sem uso nenhum. A escolha da localização na zona leste deve-se por conta da falta de equipamento de caráter cultura e de lazer na região, aproximadamente em uma extensão de 1km há apenas uma escola. O projeto está dividido em 4 edifícios: biblioteca, teatro, trabalho e lazer. Os usos se devem por conta da falta de tal equipamento, buscando unir todos os 4 usos em apenas um ambiente, que seja de fácil acesso (seja por transporte particular ou público), afinal, está localizado ao lado da Estação Carrão e do Terminal Carrão de ônibus. A união das 4 áreas citadas no projeto é fruto de um estudo baseado em: cultura e tecnologia, e é resultado de como a tecnologia nos levou a uma cultura de expressividade e identidade por meio de meios físicos ou digitais em nossa sociedade. A partir do momento em que o ser humano tem a necessidade de expressar-se como um indivíduo ou se identificar com um determinado grupo, criamos uma cultura, uma identidade, um único ser. Voltando para a parte do projeto, além da localização específica já citada, o projeto conta com um partido que busca a clareza nos materiais escolhidos, se tornando um projeto totalmente transparente, dando a chance para as pessoas interagirem entre si, é possível ver o que se passar do outro lado do terreno, ou o que acontece na rua, ou até mesmo na praça rebaixada. O equilíbrio entre o uso correto de materiais leves e um partido amplo possibilita a visibilidade dentre os edifícios.


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Figura 03 : À esquerda, a área de trabalho coletiva, à direita, a biblioteca. Fonte: Autoria própria

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Para a composição das fachadas, foi determinado elementos de Voronoi de caráter único, ou seja, cada fachada de Voronoi possui um algoritmo único que se diferencia dos demais no projeto, tornando-o único, foi utilizado esse tipo de tratamento na fachada por se tratar de um sistema matemático que é utilizado na área da ciência, da matemática e da medicina há séculos. O Voronoi por sua vez busca trazer tanto a transparência do projeto quando uma certa proteção para o mesmo de dentro para fora e de fora para dentro. Cada elemento de Voronoi de cada edifício conta com uma cor própria, sendo relacionada com a área em que está inserida: a de trabalho é azul, pois retrata a sabedoria, confiança e inteligência. O teatro conta com a cor vermelha pois é a cor da energia, da força, da emoção e da paixão. A área de lazer conta com a cor laranja pois retrata a alegria, diversão, estímulos positivos e sucesso. E por fim a biblioteca conta com a cor branca pois é a cor da espiritualidade e principalmente por se tratar da união de todas as cores existentes.

Figura 04 : Logotipo criado para o projeto, simbolizando cada fachada com sua respectiva cor. Fonte: Autoria própria

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Figura 05 : Implantação do projeto próximo ao terminal Carrão, deixando explícito o desenho de piso com o uso adequado de cores

LYNCH, Kevin. The Image of the City, The Mit Press, Estados Unidos, 1960 MITCHELL, William J. E-Topia – Urban Life, but not as we know, The Mit Press 2ª Edição, Austrália, 1999 MONTEIRO, Paulo, Microesturura, Propriedades e Materiais, Mehta - 2ª Edição, Brasil, 2008 OFFENHUBER, Dietmar. Decoding the City: Urbanism in the Age of Big Data, Birkhäuser, Berlin, 2013 THACKARA, John. In The Bubble: Designing in a Complex World, The Mit Press, Reino Unido, 2006 WILLIS, Pauline. Manual de Reflexologia E Cromoterapia, Pensamento - Grupo Pensamento Ed. 1, Reino Unido, 1995

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Referências

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. Fonte: Autoria própria



Projeto de Arquitetura Efêmera Festival da Literatura Brasileira Mattheus Silva

Fonte: acervo do autor

Resumo O Festival da Literatura Brasileira é um projeto que visa unir a Arquitetura, Literatura, Arte e Música brasileira, a fim de promover um evento que possa explorar todos esses campos, provando o quando a Arquitetura pode servir de morada para a cultura e lazer de toda a população.

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Figura 01 : perspectiva pavilhões efêmeros.

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Orientador: Prof. Dr. Nelson Urssi


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Introdução Produto final: O Festival da Literatura Brasileira é um projeto que abrange áreas além da Arquitetura e Urbanismo. O objetivo não é só criar os elementos arquitetônicos necessários para a existência do projeto, e sim toda a concepção do evento. O objetivo não é criar uma arquitetura efêmera que poderá ter diversos usos, sendo, no entanto, o projeto do Festival da Literatura Brasileira. A denominação dos produtos finais surgiu a partir da listagem da demanda de usos e intenções que seriam exploradas com a criação do evento, que são, por exemplo, a exibição de exposições sobre os clássicos literários, palestras com autores e diretores de teatro, workshops, compra e venda de livros, clube de leitura, espaço para debates e palestras, shows e peças de teatro inspiradas nos clássicos da literatura brasileira. Dessa forma, houve a decisão de criação de dois pavilhões e um palco, que pudessem receber todo o conteúdo programático. Programa: De acordo com o objetivo de levar arte e cultura à população, a fim de proporcionar engajamento e lazer e com a demanda de atrações citadas no subcapítulo anterior, ficou decidido que o festival ocorreria durante um período de 3 dias, com um conteúdo programático em ordem crescente em relação a quantidade de público e usos. - Dia 1: O primeiro dia do evento, sendo uma sexta-feira, seria destinado aos estudantes, a partir do momento que seria o dia destinado à excursão organizada pelas escolas públicas e privadas do local onde o evento estaria alocado. Com isso, o primeiro dia do evento seria focado nas exposições, compra e venda de livro, debates e clubes do livro, que acontecerão simultaneamente nos dois pavilhões. - Dia 2: A divisão de atrações do segundo dia do evento é um tanto quanto similar ao dia anterior, diferenciado apenas pelo tipo de utilização do segundo pavilhão, pela abertura ao público geral e a inauguração do palco. Em um dos pavilhões o foco continuará sendo as exposições e o espaço de compra e venda de livros, já no segundo o foco será para coletivas de imprensa, autógrafos e palestras, ambos ocorrendo simultaneamente e até o início da tarde, a fim de não interferir na utilização posterior do palco. Além dos pavilhões, cada um com o seu tipo de uso, no final do dia ocorreria a abertura do

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palco, recebendo peças teatrais durante o início da tarde e a noite do mesmo dia. - Dia 3: Ao contrário dos dias anteriores, o terceiro dia do evento se desprende um pouco do âmbito literário presente nas exposições, palestras e debates. Com o intuito de receber um público maior e de proporcionar diversas experiências aos visitantes do evento, a utilização do palco também será para shows dos principais artistas clássicos e atuais do Brasil. Dessa forma, a utilização dos pavilhões segue como no dia anterior, sendo encerrada no início da tarde e com o início das atrações no palco. Proposição Partido: O partido arquitetônico do projeto surgiu a partir da necessidade de criar uma linguagem que remetesse aos livros, dada através de uma colagem de formas geométricas, compondo blocos com cheios e vazios em diferentes alturas. Como pode-se ver na nas perspectivas externas (ver prancha), os volumes gerados dão movimento ao edifício efêmero. Assim como os pavilhões, o palco também possui essa proposta, tratado de forma mais bidimensional em relação às formas dos pavilhões. Optou-se por uma concepção bem simplificada em termos arquitetônicos. Por se tratar de uma arquitetura efêmera, o projeto necessita de formas simples e fáceis de serem executadas, que foi outro ponto a ser levado em conta durante toda a execução do projeto.

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Pavilhões de exposição: Todo o programa de exposições, palestras, debates, compra e venda de livros ficou dividido entre os dois pavilhões do evento, sendo segregados em relação aos tipos de usos e intenções. No primeiro pavilhão (ver planta) ficaram os elementos mais visuais do programa, isto é, tudo aquilo em que o público precisa, de fato, entrar em contato, separado em duas áreas: exposição e feira do livro. Além disso, este será o pavilhão que mais possuirá circulação de pessoas, dessa forma, todos os elementos já foram distribuídos com a intenção de criar um percurso, sem hierarquização em relação à ordem, entrada e saída, que poderá ser feita por qualquer uma das 4 entradas do edifício. Figura 02 : planta pavilhão 1 Fonte: acervo do autor Ao contrário do primeiro, o segundo pavilhão é destinado aos momentos de estar, lazer e estudo. A utilização, por sua vez, também não segue nenhuma hierarquização ou segmentação em relação aos seus usos, isto é, não há nenhum espaço separado categoricamente para as atividades que ali ocorrerão. Tal necessidade surgiu a partir da ideia de não limitar os visitantes, permitir a fluidez durante o

espaço como bem queiram, seja sentando, utilizando com palco ou mesa.

Figura 3 : planta pavilhão 2 Fonte: acervo do autor

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Em toda a sua extensão há blocos em diferentes alturas que permitem que os usuários se apropriem do

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percurso, e oferecer um dinamismo às atividades como: palestras, workshops, debates de livros e afins.


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Em relação à sua materialidade e concepção estrutural, também optou-se por soluções simples e eficazes. Toda estrutura dos pavilhões é metálica, interligadas e segregadas por blocos (ver diagrama 1). A base do esqueleto estrutural é constituída por um conjuntos de vigas metálicas em “i” com dimensões fixas de 50x50cm. Após isso, para continuar a composição do edifício, há uma estrutura treliçada que serve como base para que as chapas metálicas que formarão os sólidos seja formada (ver diagrama 2). Para finalizar a composição, uma discreta camada metálica desce em direção ao edifício, formando a cobertura vazada e composta por cheios e vazios, sendo intercalada entre o metal e o acrílico, a fim de propiciar a entrada de luz natural nos edifícios.

Figura 04 e 05 : diagramas estruturais Fonte: acervo do autor

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Palco:

Figura 06 : perspectiva palco Fonte: acervo do autor A necessidade de criar uma estrutura prática e simples também apareceu durante o processo de concepção do palco. Basicamente, sua estrutura tradicional é composta por treliças metálicas que recebem fechamento lateral e superior e uma camada compondo os elementos que dão a linguagem

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necessária para o projeto (ver perspectiva). Diferentemente dos pavilhões, o palco possui toda a tradicional necessária, por exemplo, camarins, entrada e saída de equipamentos, tudo isso compondo o bastidor (ver planta).

Figura 07 e 08 : planta e diagrama estrutural do palco Fonte: acervo do autor Referências BONES, Marcelo. Políticas Públicas para as Artes no Brasil. Disponível em <festivais.org.br>. Acesso em: 15 de maio de 2017. BOSI, Alfredo. “História Concisa da Literatura Brasileira”. 43. Ed. São Paulo, 1994.

FERNANDES, Natalia Ap. Morato. “A política cultural à época da ditadura militar”. Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar. São Carlos, v. 3, n. 1, jan-jun 2013 FONSECA, Tiago Miguel Pereira Martins. “A Cultura na Rua: Estratégia ou Entretenimento Cultural”. Diss. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, 2012. NIEMEYER, Oscar. Oscar Niemeyer: 1999-2009. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009. p.16 RUAS, Rayane. “Festivais musicais: um estudo sob a ótica do turismo”.(2014). RUFINO, Alessandra. A importância da literatura como fonte de pesquisa na construção do pensamento social brasileiro”. s/a. About Serpentine Galleries, sem data. Disponível em <http://www.serpentinegalleries.org/about>. Acesso em: 15 de maio de 2017.

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v.1, n.2, jan-jul 2010.

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CRISTINA, Daniela. “A importância da arte para a formação da criança”- Revista Conteúdo. Capivari,



Adaptação de um ônibus para motor home E o estilo de vida dos viajantes Paola Palmieri Barbagallo

Resumo Este trabalho tem o objetivo de conhecer e compreender as adaptações de diferentes portes de veículos para motorhome e o estilo de vida de pessoas que viajam ou moram neles. A mobilidade destaca-se pela flexibilidade e autonomia, permitindo que o viajante leve todos seus pertences consigo, sendo induzido a reduzi-los por conta do espaço. Pelo motivo de cada vez mais pessoas ao redor do mundo irem em busca pelo autoconhecimento dessa forma, o trabalho apresenta um projeto composto por mobília diferenciada para um ônibus adaptado e um layout de otimização de espaço, incentivando maior conhecimento por esse estilo de vida. 1 311

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Figura 01: Redução de bens-materiais também faz parte da adaptação. Fonte: https://www.instagram.com/p/BFSiyp_vEIA/?taken-by=kombimatilda

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Orientador : Prof. Dr. Gabriel Pedrosa


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Introdução Nos Estados Unidos existe um movimento arquitetônico e social chamado “tiny house movement”, que consiste no fato de cada vez mais pessoas viverem em casas com espaços reduzidos. Mediante a isso, a mudança de uma casa espaçosa para uma com espaço reduzido significa uma grande transformação de vida. Com a sociedade acumuladora e consumista que há hoje, muitas pessoas passam por um processo de quebra da conexão emocional com seus pertences, com a necessidade e/ou escolha em desapegar para ter um uso consciente do espaço. Atraídos cada vez mais pela perspectiva de maior liberdade e pelo menor impacto ambiental e custo de vida (da célebre frase “Menos é mais” do Arquiteto alemão Mies Van Der Rohe), o movimento 2

mencionado é um retorno às casas com menos de 93m , distinguindo entre pequenas (de 37m² a 93m²) e minúsculas (menos de 37m²). Fazem parte também desse movimento, as casas itinerantes, ou casa sobre rodas, podendo ser trailers, casas montadas sobre base de trailer ou veículos adaptados para motorhome (que é o foco deste trabalho). Essas pequenas casas sobre rodas foram popularizadas pelo americano Jay Shafer. Ele prega que as pessoas têm o direito de viver de maneira simples e mais eficiente (introduzindo o minimalismo e

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o consumo equilibrado).

Figura 02: mini casa construída sobre rodas, popularizada nos Estados Unidos. Fonte: http://www.hgtv.com/design-blog/shows/9-things-you-never-thought-youd-see-in-a-tiny-home

A escolha por adaptar um veículo de qualquer porte para motorhome é cada vez maior pelos brasileiros. Seja com a finalidade de moradia ou para viagens (longas ou curtas), o que permite ao(s) viajante(s) a aventura de poder ter um “quintal de casa” diferente a cada dia. Este assunto foi escolhido como objeto deste trabalho de conclusão pela força e interesse que vem ganhando pelo mundo e pelo encanto que tive pela liberdade de escolha que as pessoas têm ao viver desse modo. Os viajantes provam que você pode fazer o que quiser, porém, deve aceitar as devidas consequências. Neste caso, como consequência, você conhece lugares, pessoas, culturas, gastronomia local, e tem a oportunidade de conhecer melhor a si mesmo. A experiência de aprender a se orientar em meio ao mundo com uma casa sobre rodas deve ser fascinante.

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O estudo tem como objetivo entender melhor o estilo de vida dessas pessoas e suas motivações para adotá-lo, o que foi feito através de questionários, visitas e estudos de relatos de experiências dos viajantes, chegando à escolha da adaptação de um ônibus pelo veículo permitir que as pessoas fiquem em pé (ao contrário de veículos baixos como carros e kombis) e, assim, consigam realizar suas tarefas básicas diárias de forma confortável; a possibilidade de receber mais de uma pessoa (como prevê o projeto) e o fato de o veículo fornecer espaço suficiente para instalações hidráulicas e elétricas, permitindo que os usuários não dependam de locais com essa infraestrutura. Além do veículo, a mobília foi pensada de modo que seja multifuncional, permitindo maior otimização do espaço. Para desenvolver o projeto, foi levado em consideração o estudo de apartamentos de tipologia retangular e outros ônibus adaptados para maior compreensão de fluxos e uso dos cômodos. E também foi estudado adaptações em carros e kombis para entender algumas necessidades básicas e inovações.

Figura 03: Interior do ônibus adaptado para motorhome (Expedition Happiness Bus).

O projeto começou com o propósito de liberdade. Liberdade em escolher como viver a vida. E uma das maneiras que conheci é ter uma casa sobre rodas que permite o viajante estacionar onde puder para conhecer o que o local propiciar. Este projeto de adaptação de ônibus para motorhome visa suprir as necessidades básicas de duas pessoas e um animal de estimação em um local que possa ter temperaturas extremas, ou não forneça energia ou água por um período. Mediante aos modelos de ônibus que existem, o escolhido para o projeto foi um rodoviário O-371-R Mercedes Benz por possuir bagageiro, permitindo espaço para as instalações necessárias. Suas medidas são 11,29m de comprimento x 2,50m de largura x 3,21m de altura. Depois da retirada de todo o interior que não será utilizado (como bancos, bagageiro superior, barras de suporte, etc.) é introduzido o isolante térmico em lã de vidro com 20mm de espessura rente à lataria, oferecendo equilíbrio da temperatura interna. Essa manta recebe um revestimento de vinílico em rolo na cor areia clara (por ser um material flexível, acompanha o perfil do veículo) para melhor acabamento e também para proteger os conduítes elétricos. A escolha do revestimento em madeira de eucalipto abaixo das janelas e no piso foi feita com base na sua durabilidade e alta densidade, o que a torna resistente a impactos, além de ser considerada uma madeira de reflorestamento.

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Proposição

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Fonte: http://tinyhouseswoon.com/expedition-happiness/


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A disposição dos cômodos foi setorizada a partir dos usos principais, ou seja, o corredor de passagem fica no centro do ônibus e os móveis são distribuídos nas laterais, visando à facilidade no deslocamento dos usuários. A área, de aproximadamente 27m², recebe primeiramente uma sala que, além de conter um sofá-cama com gaveteiro (possibilitando viabilizar caronas e visitas) e um sapateiro com estofado no topo para apoio dos pés, possui uma janela de 2,85 metros de extensão propiciando maior interatividade com o exterior, com o veículo em movimento ou não (confira a planta de layout). Uma tela black out branca, pode ser esticada e presa na parte inferior do perfil (que possui ganchos), permitindo receber imagens de um projetor localizado no armário acima do sofá-cama, além de inibir a entrada de luz quando necessário. Quando aberta, através de um sistema de pistão a gás, esta parte da lateral do veículo converte-se em cobertura para uma área de estar externa, formando uma espécie de veranda. Em seguida encontra-se a área da cozinha; do banheiro (segregado em área de banho, pia desprovida de paredes e o do vaso de compostagem como opção ecológica, evitando o desperdício de água e contaminação); um espaço de armazenamento e, por fim, o quarto do casal com uma cama adaptada para estocagem de itens e um abrigo para um animal de estimação (confira o modelo em 3D). O quarto possui uma abertura do teto onde os moradores podem desfrutar do céu de sua própria cama ou em cima do motorhome, composto por um deck de madeira, permitindo a subida por uma escada fixa. Como parte da infraestrutura do veículo, sua principal fonte de energia é dada pelas 3 placas solares localizadas na cobertura, fornecendo uso de energia limpa e consciente.

Figura 04: Modelo 3D do projeto. Fonte: desenvolvido pela autora.

Figura 05: Modelo da cama adaptada em 3D. Fonte: desenvolvido pela autora.

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Figura 06: Planta de layout (sem escala). Fonte: desenvolvido pela autora.

SCROGGINS, Ray I.; Home Is Where You Park It KRONENBURG, Robert; CORDESCU, André; e SIEGAL, Jennifer; Mobile: the art of portable architecture CALAPEZ, André: Dissertação Arquitectura sobre rodas, 2013 FONSECA, Nadja Maria Ribeiro: Habitação Mínima – O paradoxo entre a funcionalidade e o bem estar. Coimbra, 2011 FOLZ, Rosana Rita: Cadernos de Arquitetura e Urbanismo: Belo Horizonte, 2005. https://www.portalsolar.com.br/como-funciona-o-painel-solar-fotovoltaico.html http://www.digicomweb.com.br/artigos-tecnicos/o-que-e-policarbonato https://en.wikipedia.org/wiki/Tiny_house_movement

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Referências

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Figura 07: detalhamento abertura do quarto (sem escala). Fonte: desenvolvido pela autora.



A CIDADE E OS SEUS SIGNOS GRÁFICOS Grafite e Pichação como intervenções urbanas Stefani Mesquita da Silva Orientador: Prof. Dr. Nelson Urssi

O objetivo é a elaboração de um projeto expositécnico, visando um espaço já existente, o Matilha Cultural. Com o enfoque em arte urbana, pretende-se estabelecer uma conexão com a própria cidade, ministrando em torno do conceito de arte e apresentando as expressões de grafite e pichação, taxados como transgressores em um espaço com curadoria. É um grande canal de comunicação, conectado diretamente com o público, com um roteiro focado em arte na rua, reunindo os locais ocupados através de um percurso que se destina a promover não só o aproveitamento do espaço público, como um ato criativo capaz de transformar uma paisagem que se apropria de características de sua origem cultural integrada ao trajeto percorrido que visa conhecer melhor essas expressões.

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Resumo

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Figura 01: Projeto da Exposição – Subsolo do Matilha Cultural. Fonte: acervo do autor.


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Introdução A ideia que se tem do grafite e da pichação no espaço urbano demonstram a busca por participação social, sendo a integração à sociedade vinda através dos dizeres e modos de falar das periferias fixadas atentamente, formando os “murais urbanos”, com suas diversas formas de expressão que configura esse ato de ocupação como transgressor, nos mostrando, como pertinente, uma existente camada marginalizada da sociedade que clama por visibilidade com suas reivindicações, e isso reafirma seu processo transgressor, nascido nas ruas, sendo ferramenta de protesto, elevando-a a uma ala grandiosa e rica para diversas interpretações e problemas sociais. O espaço expositivo será totalmente transformado para receber telas grafitadas e esculturas que representam a ideologia de cada artista, uma arquitetura parasita, temporária, efêmera, combinando diretamente e fazendo uma ponte com essas expressões que serão apresentadas. É uma forma de viver, de sentir e redescobrir o mundo que através da linguagem solta, demonstram o místico de protesto, revolta e de pura fantasia. A arquitetura contribui para a existência desses espaços, tendo um papel fundamental nessa questão, em como a construção singular pode ou não promover espaços de uso público, estabelecendo relações entre público e privado e público e comunitário. A arte pública deve ser pensada dentro da tendência da arte contemporânea de se voltar para o espaço das cidades, sendo explorado pelas expressões de modos distintos, requalificando o espaço. A proposta de fazer uma ponte entre um espaço e a própria rua liga-se à interação do público com a obra e à ideia de que a cidade é o principal espaço de expressão, diálogo e confronto de discursos dissonantes. A arte urbana é coletiva por natureza, é múltipla, imperfeita e indomesticável como a rua. Cada mínima intervenção altera e renova diariamente a composição da paisagem urbana. A paisagem proposta dentro e fora da Matilha, sugere obras que se alternam entre serem reconhecidamente obras de arte, e eventos que se passam não como performances institucionalizadas, mas como ação direta do cotidiano no espaço expositivo. Serão expostas imagens fotográficas do espaço

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urbano que sofreram intervenções anônimas, uma memória afetiva da cidade, exibindo grafites e pichações que já sumiram ao longo do tempo, mostrando como essas expressões são passageiras e fazem uma conotação de arquitetura efêmera, uma mistura de foto-escultura: assim como a fotografia recorta um pedaço da realidade, aqui a escultura é um recorte físico e simbólico da rua, também serão apresentados painéis e diversas técnicas de ocupação no espaço, que são como grafites urbanos, além de diversos debates, que assim como apresentado nos espaços caracterizados nos estudos de casos, promovem uma outra visão sobre determinado assunto, fazendo o reconhecimento dessas expressões como arte transgressora e buscando apenas a revelação de uma nova forma de transitar diante da paisagem do cotidiano.

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Proposição O propósito que se pretende alcançar com a mostra é uma ocupação de um olhar cultural, realizando uma oficina de educação para trabalhar a percepção dessa arte de rua, os visitantes irão conhecer e aprender sobre os conceitos e participar de workshops, onde terão uma parte expositiva, vinculado ao roteiro cultural da região do República em São Paulo, para conhecer os grafites e pichações, traçando um panorama dos mais diversos estilos; a mostra também contará com uma escultura em um formato de uma lata de spray, que sairá da exposição em direção à rua, acompanhando os pontos do roteiro elaborado, durante as oito semanas do evento, sendo apropriada pelos indivíduos que por ali circulam, podendo interagir, tirando fotos e deixando sua marca, tag ou adesivo. O espaço expositivo ainda contaria com pequenas transformações, feitas tanto pelos artistas, representando sua ideologia, quanto pela ideia do projeto em si, trazendo uma definição conhecida como arquitetura parasita, como uma forma adaptável e exploradora da arquitetura que se associa a espaços existentes, sem modificá-los drasticamente, mas sim, dar uma nova visão ao mesmo, exatamente como pretende-se alcançar com o grafite e a pichação. Cada um deles produzirá obras inéditas, misturando técnicas para essa mostra, em busca da textura e da linguagem, do conhecimento tipográfico e da cultura brasileira com registros de vídeo, fotografia e intervenções, mostrando o potencial estético dessas expressões, algo além da questão conceitual, da performance e da transgressão. Por se tratar de um ambiente fechado, os artistas têm liberdade total não só para pintar, mas também para pensar e criar através de outras linguagens, exibindo a sua história, influências com diferentes movimentos artísticos, relevância na contemporaneidade e suas manifestações culturais diretamente relacionadas à cultura urbana, mostrando a diversidade e qualidade

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Figura 02: Roteiro de Grafites e Pichações – Digital (ampliação). Fonte: acervo do autor.

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da arte de rua.


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Figura 03: Flyer e Cartaz da exposição – 21x14,8 / 42x59,4. Fonte: acervo do autor.

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Figura 04: Panfleto de 2 dos 8 artistas – 21x29,7. Fonte: acervo do autor.

Figura 05: Logo Exposição – Escultura em formato de Spray com especificações. Fonte: acervo do autor.

Figura 06: Projeto da Exposição – Subsolo do Matilha Cultural. Fonte: acervo do autor.

CHASTANET, François. Pixação: São Paulo Signature. França. XGpress, 2007. DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. São Paulo. Contraponto Editora, 1997. FERRARA, Lucrécia D’Alessio. Olhar periférico: informação, linguagem, percepção ambiental. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo (USP), 1993. GEHL, Ian. Cidade para pessoas. São Paulo. Perspectiva, 2010. JOHNSON, Steven. De onde vêm as boas ideias. Rio de Janeiro. Zahar, 2011. LASSALA, Gustavo. Pichação não é pixação: uma introdução à análise de expressões gráficas urbana. São Paulo. Altamira, 2010. LEFEBVRE, H. O direito à cidade. São Paulo. Centauro, 2001. MCKENNA, Paul. Banksy Guerra e Spray. Reino Unido. Intrínseca, 2012. PEREIRA, Alexandre Barbosa. Pichando a cidade: apropriações “impróprias” do espaço urbano. In Jovens na Metrópole. São Paulo. Editora Terceiro Nome, 2009. POATO, Sérgio. O graffiti na cidade de São Paulo e sua vertente no Brasil: estéticas e estilos. São Paulo. NIME, LABI, IP-USP, 2005. ZAIDLER, Waldemar. MATUCK, Carlos. KOSSOVITCH, Leon. OTA, Kenji. Nox São Paulo Graffiti. São Paulo. Cinemateca brasileira, 2013.

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AUGÉ, Marc. A atualidade da antropologia: o sentido dos outros. Rio de Janeiro. Editora Vozes, 1999.

Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

Referências



Centro SINERGIA de Cultura e Arte Tábattha de Arruda e Silva Tomaz

Resumo Este trabalho tem o objetivo de investigar as contribuições da economia criativa na requalificação dos espaços urbanos decadentes ou abandonados nas cidades, surge como uma alternativa para a requalificação de uma área situada nas proximidades do centro histórico da cidade de Cuiabá-MT, com o propósito da criação de um projeto de um Centro de Cultura e Arte, tendo a criatividade como principal fator de integração entre sociedade e cidade. Busca também compreender as novas formas de economia criativa e compartilhada, além de validar a possibilidade de a criatividade gerar negócios e renda para as pessoas.

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Figura 01: Fachada rua Barão de Melgaço. Fonte: acervo da autora

Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

Orientador: Prof. Dr. Nelson Urssi


BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Introdução O principal questionamento motivador deste trabalho é saber se o investimento no uso da criatividade pode favorecer a recuperação dos espaços urbanos e também da economia local e como ela pode melhorar o dia-a-dia das pessoas ao ser implantada em processos de produção cultural e artísticas nas cidades. Para tanto foram utilizadas diferentes formas de pesquisas teóricas, leitura de artigos, palestras em vídeo, pesquisas em periódicos, visitas de campo, entre outros. Com o passar do tempo a sociedade se viu obrigada a repensar suas cidades e suas diferentes formas de manifestação e expressão da diversidade cultural e artística da sua população. Nesse contexto atual, este estudo tem o propósito de encontrar novas formas de requalificação do espaço urbano, tendo como base o estudo da economia criativa e da economia compartilhada. Para tal os objetivos são os seguintes: compreender as novas formas de economia criativa e compartilhada; validar a possibilidade de a criatividade gerar negócios e renda para as pessoas; e entender a contribuição dessa economia na recuperação de áreas urbanas decadentes ou abandonadas. Buscamos responder ao questionamento de que o investimento no uso da criatividade pode favorecer a recuperação dos espaços e também da economia local. Além de compreendermos como essa ciência pode melhorar o dia-a-dia das pessoas ao ser implantada em processos de produção cultural e artísticas nas cidades. O escopo deste trabalho nasceu de inquietações voltadas para a falta de espaços urbanos que possam proporcionar o estímulo e a propagação da cultura e da arte na cidade de Cuiabá, em Mato Grosso, que apesar da sua diversidade cultural e histórica, diante dos olhos parece uma cidade sem o devido apreço cultural e artístico, existindo apenas ações isoladas e esporádicas. Buscamos também, entender as diferentes formas que as cidades tiveram ao longo do tempo e como elas foram se adaptando seguindo

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as necessidades da população. As referências utilizadas para o desenvolvimento do projeto partiram das visitas “in loco” nos quais percebemos na prática a experiência vivenciada da economia criativa e compartilhada. Vale destacar a importância da visita à Praça das Artes, localizada no centro de São Paulo que se apresentou como uma grande referência para este trabalho, pois se trata de um edifício que foi criado com fim de requalificar um espaço urbano, sendo um lugar voltado para a propagação da cultura na cidade com diversos ambientes com diferentes finalidades que estão oportunizando aos artistas, a geração de renda para a sustentabilidade das suas famílias. Diante dessas investigações foi possível perceber que a economia criativa ao ser aplicada como forma de potencializar territórios, faz com que as cidades se tornem mais criativas e atraentes, movimentando a economia local, gerando novos empregos e fonte de renda para famílias. Assim, pretendemos ao final do mesmo contribuir com as discussões recentes da integração das áreas do urbanismo e da economia, mas acima de tudo, apresentarmos como uma alternativa para a redescoberta da cidade com a mudança da imagem do local no qual o projeto será desenvolvido.

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Proposição O partido do projeto se deu com a diferença de nível entre duas ruas, assim, se deu a criação de dois acessos diferentes para o público, um pelo nível mais alto na Rua Comandante Costa e outro pelo nível mais baixo na rua Barão de Melgaço. A ideia principal do projeto é de que a população possa caminhar livremente por todos os andares e acompanhar as aulas que acontecem nas salas e também utilizar o espaço para lazer, com oficinas, apresentações artísticas ou até mesmo local de descanso ao usufruírem dos Cafés, Restaurante, Cinema e da Galeria de Arte. O acesso pela rua Comandante Costa funciona como um prolongamento da rua, assim, o pedestre tem acesso fácil a Midiateca, a Galeria de Arte, ao Restaurante e ao Café, este andar funciona também como um grande mezanino com vista para a praça pública e também serve como acesso ao andar da rua Barão

No andar com acesso pela rua Barão, encontra-se as salas voltadas para atividades relacionadas a música, dança e salas multiusos, também é onde está localizado o Estúdio de música, o Cinema e a entrada do Coworking. As salas de aula se encontram no limite da projeção do piso superior para usufruírem o máximo possível da luz natural, que também está presente em aberturas presentes no piso do andar superior.

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Figura 02: acesso pela rua Comandante Costa. Fonte: acervo da autora

Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

de Melgaço.


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A praça pública serve como local de encontro para a população, e também para os diferentes grupos que utilizarem desse prédio, na frente das salas de dança existe um palco, o que possibilita apresentações voltadas para o público. Essa praça foi pensada com um piso diferenciado que remete a criatividade e artes de uma forma geral, possui também dois decks de madeira localizados nas extremidades dos prédios com disposição de bancos e cadeiras para proporcionar momentos de relaxamento e descanso para o público, tornando-se assim, um local agradável para o uso de todos, todo o projeto foi pensado como uma extensão dos espaços

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

públicos da cidade.

Figura 03: acesso pela rua Barão de Melgaço. Fonte: acervo da autora

No subsolo encontra-se o estacionamento, o Ateliê artístico e o espaço de Coworking com o Fablab, por serem ambientes de usos mais restritos encontram-se localizados nesse andar de menor acesso ao público, assim existe uma maior privacidade para as pessoas desenvolverem seus projetos. O prédio é construído com estrutura metálica, madeira, concreto e vidro, se destacando dos demais prédios do entorno, o objetivo principal é chamar a atenção da cidade para a existência de um prédio voltado para o desenvolvimento cultural e artístico e um novo espaço de lazer para a cidade.

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Figura 04:planta do subsolo. Fonte: acervo da autora

Referências GEHL, Jan. Cidades Para Pessoas; tradução Anita Di Marco. 3. ed. São Paulo: Perspectiva,2015. GEHL, Jan; GEMZOE, Lars. Novos espaços urbanos. Espanha: Gustavo Gili, 2002

REIS, Ana Carla Fonseca. Cidades Criativas: Análise de um conceito em formação e da pertinência de sua aplicação à cidade de São Paulo. 2011. 297f. Tese (Doutorado em Planejamento urbano e regional) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo. TEIXEIRA, Clarissa Stefani et al. Processo de revitalização urbana: economia criativa e design. ERevista LOGO. Santa Catarina. v. 5, n. 2. 2016. Disponível em: < http://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/eRevistaLOGO/article/view/4264> Acesso em: 24 abril 2017. VIVANT, Elsa. O que é uma cidade criativa?; tradução Camila Fialho. - São Paulo: Editora Senac São Paulo,2012.

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MIRSHAWKA, Victor. Economia Criativa: fonte de novos empregos, volume 1. São Paulo: DVS Editora, 2016.

Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

LANDRY, Charles; BIANCHINI, Franco. The Creative City. London: Demos, 1995.



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CAPS Centro de Atenção Psicossocial Especializado em Transtorno Mental Brenda Piedade

Resumo Este trabalho de conclusão de curso consiste em projetar um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) especializado em Transtorno Mental na cidade de São Paulo, no bairro de Campo Limpo. O trabalho que um CAPS desenvolve é a reintegração do sujeito que sofre de transtorno mental na sociedade de forma acompanhada, dando apoio para um novo projeto de vida. O conceito do CAPS é de portas abertas, fazendo o tratamento em liberdade, fugindo do antigo estilo asilar. O projeto desenvolvido possui uma forma orgânica, fazendo com que cada parte do projeto esteja voltado a um setor específico, além da grande quantidade de vegetação.

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Imagem 01: Lateral do Projeto. Fonte: Autora

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Orientador: Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins


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Introdução Uma situação mais comum do que a sociedade pensa, algo que está presente no nosso dia-adia, mas ninguém enxerga, um assunto que quando discutido é levado para o lado do humor, uma doença que não é levada a sério, porém, é algo que precisa sim, de muita atenção. Há muitos anos atrás os doentes mentais eram tratados de forma desumana, trancados em celas, pois eram considerados marginais e não doentes que precisavam de apoio e tratamento adequado. Hoje, após anos de mudanças na área da psiquiatria, existem os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), que acolhem pessoas com transtorno mental e usuários de álcool e drogas, e fazem um tratamento adequado perante o diagnostico dado pelo médico. O CAPS acredita que uma das peças chave para um resultado positivo no tratamento dos pacientes é a utilização da arte, da cultura, do esporte, e principalmente do conceito portas abertas, onde o paciente não fica trancado e sim livre, diferente do antigo modo asilar. O trabalho tem como finalidade propor um CAPS especializado em transtorno mental com a arquitetura voltada inteiramente para a contribuição positiva ao tratamento dos pacientes. Todos os ambientes serão planejados para que o paciente se sinta à vontade e confortável no local, a arquitetura hospitalar é uma peça chave para um tratamento excepcional e diferenciado, trazendo ótimos resultados se cada ambiente for pensado adequadamente de acordo com cada função. O local onde será implantado o CAPS possui uma grande quantidade arbórea alem de um enorme lago, algo que irá ajudar em atividades e terapias. A motivação em desenvolver uma pesquisa sobre a arquitetura hospitalar, especialmente na área da psiquiatria foi pessoal, este assunto sempre me interessou por motivos de ser pouco discutido na sociedade, por conhecer pessoas que possuem algum tipo de transtorno mental, e pelo simples fato de sempre querer ajudar, principalmente pessoas rotuladas frágeis perante o resto da sociedade. Por conta disso, decidi trazer benefícios para as pessoas que sofrem de algum tipo de transtorno através da arquitetura.

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Através dos estudos de caso e referências pude perceber a importância de fazer com que o paciente se sinta livre, e os projetos buscaram essa sensação através das transparências, a maioria dos projetos possuem corredores translúcidos. É muito importante também uma grande área externa com muita vegetação para atividades coletivas e para momentos de descanso e convivência, e dessa forma também mostrar ao paciente a liberdade que ele possui no local. Proposição Este trabalho de conclusão de curso consiste em projetar um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) especializado em Transtorno Mental na cidade de São Paulo, no bairro de Campo Limpo. O trabalho que um CAPS desenvolve é a reintegração do sujeito que sofre de transtorno mental na sociedade de forma acompanhada com o apoio da família, que estará sempre presente juntamente com os profissionais da saúde. O CAPS trabalha com o conceito portas abertas, desenvolvendo um trabalho social junto com a comunidade para trazer de volta a esperança daqueles que não conseguem sozinhos um equilíbrio e um projeto de vida.

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Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são lugares abertos a comunidade com profissionais adequados que fazem o atendimento á pessoas com transtornos mentais em geral e grave, e também para pessoas que são usuárias de álcool e drogas, principalmente o crack, em situações de crise ou reabilitação. O CAPS é um local estratégico, fugindo totalmente do modelo asilar, feito para agregar, fazendo a inclusão social tanto do sujeito, quanto de sua família, garantindo a cidadania. No projeto do CAPS é necessário conter, uma recepção acessível e confortável, onde haverá o primeiro contato entre o paciente e seus familiares, salas de atendimento individualizado para, consultas, orientações, terapias de uma forma privada, salas de atividades coletivas para atendimentos em grupo, praticas corporais, reuniões com familiares, entre outras. É necessário também um espaço de convivência interno para realizações de eventos culturais, bate papos e encontros informais, banheiros adaptados para deficientes com chuveiros, posto de enfermagem para aplicação de medicamentos, quartos coletivos com camas individuais com suíte, quarto de plantão para funcionários, refeitório aberto não só em horários específicos, copa, banheiro com vestiário para funcionários, deposito para material de limpeza, rouparia, abrigo para descarte de lixos, área externa para embarque e desembarque de ambulâncias e área externa de convivência para atividades em grupos e descanso individual. Para a parte administrativa é preciso de uma sala de administração, sala de reunião, almoxarifado e sala para arquivos. O terreno para o projeto é muito bem arborizado e com ruas agradáveis de circular, não possui transito intenso, e está localizado perto de estações do metrô e pontos de ônibus. Por seu entorno ser basicamente só condomínios residenciais, é muito comum ver famílias passeando, pessoas fazendo caminhadas e corridas, senhoras com carrinho de compra, pois o Roldão está bem próximo do local, além de um simpático carrinho de churros, vendedores de panos de prato, e uma banca de jornal. O terreno possui uma vasta diversidade em árvores, o que traz para o local a presença de muitos pássaros, borboletas e pombos. Além da gigante quantidade de vegetação como pinheiros e bambus, em frente ao terreno há um grande lago, onde vivem varias espécies de patos e a população tem esse

remete a isso.

Imagem 02: Entrada do terreno. Fonte: Autora

Imagem 03: Terreno. Fonte: Autora

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estar inserido no meio da cidade de São Paulo, mas tendo a sensação de estar longe dali, e este local

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privilegio de conviver com essa calmaria que esse conjunto de coisas traz. A intenção do meu CAPS é


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Imagem 03: Lago em frente ao terreno. Fonte: Autora

O projeto está dividido pelos seus usos, deixando o ambiente mais funcional e prático. A primeira parte do projeto consiste na parte administrativa, recepção e primeiro atendimento. A segunda parte é a área dos consultórios especializados, e a área de descanso dos médicos e enfermeiros. Na terceira parte do projeto estão concentrados os dormitórios e enfermarias, além de um terraço voltado para o lago. Na quarta parte se encontra toda a área de convivência em grupo como, refeitório, salas de atividades, sala de televisão, e outros. O projeto também possui um prédio de apoio na entrada com toda a parte de serviços gerais. Na área externa temos uma quadra poliesportiva, horta, e um amplo local de convivência e contemplação, com locais de arborização especifica para terapias, através dos cheiros e

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texturas.

Imagem 04: Esquema de setorização do projeto. Fonte: Autora

Imagem 05: Parte de trás do projeto. Fonte: Autora

Imagem 06: Vista lateral do projeto. Fonte: Autora

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Referências

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SOUZA, Weslley da Silva. Hospital Psiquiátrico Helsingor. 2014. 21 f. Acadêmico (Arquitetura e Urbanismo)- Iesplan, Brasília, 2014.Disponível em: <https://prezi.com/n08a2q8jxsic/psy-psychiatrichospital/>. Acesso em: 21 mar. 2017. VIEIRA, Ana Rosa Bulção. Organização e Saber Psiquiátrico . 1981. 9 f. Mestrado (Administração )EAESP/FGV, Rio de Janeiro,1981. 1. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v21n4/v21n4a05.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2017.

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Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo

SÃO PAULO. Lei n. 13.885, de 25 de ago. de 2004. PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO LEGISLAÇÃO . Subseção III Dos usos industriais . São Paulo, p. 1-145, ago. 2004. Disponível em:<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/upload/1da2a_Lei_N_13.88504_Estabelece_normas_ao_PDE.pdf>. Acesso em: 30 maio 2017.



Espaço CRIAR: Criança, Imaginação, Arquitetura Uma Creche no Brooklin Bruna de Cássia Arruda Orientador : Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins

Figura 01 :Vista Esquina Praça e entrada principal. Fonte: acervo do autor

educação de qualidade com a infraestrutura que garanta seu desenvolvimento e bem estar, e a educação em espaços coletivos torna-se cada vez mais faz parte da realidade. Levando em consideração a abordagem Pikler, este trabalho buscará conceber uma creche, voltada a bebês e crianças bem pequenas até três anos, onde o espaço arquitetônico seja um agente de seu aprendizado, seguro, acolhedor e rico em experiências, tendo como prioridade o ponto de vista do bebê e as relações, sendo a flexibilidade, liberdade e movimento, palavras chave.

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O acesso à creche migra de um direito da mãe trabalhadora para o direito das crianças à uma

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Resumo


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Introdução A cidade é um polo equipado com toda a infraestrutura necessária para o seu próprio desenvolvimento, e dos cidadãos que a habitam. A transição do feudalismo para o capitalismo acarretou uma série de transformações, no âmbito econômico e social, tornando necessária a criação de algumas tipologias de equipamentos urbanos até então não demandados por seus habitantes. O desenvolvimento da indústria proporcionou o crescimento mais acelerado e desordenado das cidades, além de trazer a mulher ao mercado de trabalho. A inserção das mulheres, ocasionou uma mudança na estrutura original das grandes cidades. Para garantir a eficácia da colocação da mulher e a continuidade no dinamismo e desenvolvimento pelo qual o meio urbano passava, seria indispensável que houvesse um local voltado aos cuidados e posteriormente, à educação dos bebês durante a jornada de trabalho das mães. Este trabalho fará uma análise da história da primeira educação no Brasil, apontando para as diferenças do ocorrido no exterior, para estabelecer relações entre o que foi a arquitetura voltada para este público alvo antigamente, e o que tem sido projetado nos dias atuais. Tendo em vista o desenvolvimento da arquitetura escolar primária, e a abordagem Pikler, temos como objetivo estudar e trabalhar um espaço onde a criança seja protagonista de suas próprias ações. Voltado para bebês e crianças bem pequenas, de zero a três anos, na cidade de São Paulo, pois entendemos que a demanda torna-se cada vez maior e assim como estudos voltados para essa faixa etária, não há espaços qualificados suficientes concebidos que levem em conta as especificidades deste público. Este é o período mais sensível do desenvolvimento emocional, intelectual e físico do bebê. Uma fase de aprendizado rápido, e autoconhecimento na qual as experiências o formam como pessoa. Para Bock (1999, apud Cruz, 2012), a criança conquista o universo que o rodeia através da percepção e dos movimentos que são possibilitados pelo desenvolvimento fisiológico e neurológico um tanto acelerados nesta fase. Compreendemos portanto, porque as crianças estão sempre se movimentando,

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tudo para elas é algo novo e que vale o interesse. A relação com outras pessoas, outras crianças e com o meio pode ser ainda mais estimulante para o bebê. São essas interações que irão contribuir e ensinar o pequeno a ser. Ser como indivíduo, e ser como grupo social o qual ele faz parte. O berçário é a segunda casa do bebê, e deve ser portanto, um ambiente seguro, acolhedor e rico em experiências. Assim, a arquitetura se faz agente no aprendizado, contribuindo e estimulando a criança, ao mesmo tempo que dá a liberdade necessária ao desenvolvimento particular de cada um.

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Proposição Considerando a abordagem Pickler, que defende o potencial que bebês e crianças de até 3 anos possuem em conhecer o mundo e desenvolver-se através do movimento livre e necessidades individuais, este projeto busca conceber um espaço acolhedor, seguro e rico em experiências para crianças nesta faixa etária. O projeto faz da criança o protagonista no espaço, deixando-a livre para fazer o que tem vontade e se desenvolver no seu próprio tempo. Assim, o projeto é embasado em três pilares: Livre brincar; Cuidado com as relações; Valorização da Natureza. Priorizam-se as relações Criança-Espaço; Criança- Natureza; e Criança-Criança. Criança-Espaço: reconhece-se o meio urbano no qual a criança vive e passa grande parte do seu tempo. Desta forma consideramos positivo e necessário o contato da criança com a cidade e da cidade com a criança. Através da translucidez de paredes de vidro na fachada lindeira à praça pública, este contato é proporcionado, e a cidade enxerga o dia-dia, o aprender, o brincar, aprendendo a valorizar este tipo de relação e dando maior importância à educação da primeira infância. Criança-Natureza: A sustentabilidade e vida saudável são tópicos que vem crescendo a cada dia. A importância de uma boa educação desde cedo para fazermos do planeta um local limpo, seguro e saudável. Além da busca de melhor qualidade de vida no meio urbano. Estas são preocupações que nos fizeram criar a praça pública, e espaços verdes e arborizados no pátio do berçário. De forma que a criança sempre tenha contato físico e/ou visual com a natureza e possa desenvolver a consciência do natural. Criança-criança: Segundo a abordagem Pickler, cada criança possui perfil individual de desenvolvimento, e por isso a forma de ensinar não pode ser padronizada. Acreditamos então no desenvolvimento livre por meio de escolhas e experiências em um meio seguro e estimulante, com convivência multietária. Flexibilidade, Fluidez, Continuidade e Liberdade são palavras chave na formação deste lugar.

Pensado de forma que as duas fachadas voltadas para a rua fossem tratadas como principais, e promovendo a valorização da esquina, o programa distribui-se em 2 pavimentos, implantados no terreno com a criação de uma praça pública de esquina e ocupação na periferia do lote, o que também permite a formação de um pátio central com maior privacidade para as crianças. A proposta de esquinas arredondadas, e extensões da calçada visam a fluidez do espaço, que também se dá pela materialidade utilizada no muro externo e nas paredes do edifício. Tanto a praça, quanto as extensões da calçada, são um convite à cidade. Um convite a ver, se interessar e entender a criança pequena. O Espaço mostra a criança para a cidade, e a cidade para a criança. Entretanto há certa privacidade pela implantação das árvores. Pensando no conforto térmico e economia, foram planejadas aberturas de dimensões variadas por todo o perímetro: há janelas exclusivas para a altura da criança, outras em que só o adulto pode alcançar, e outras que ambos tem acesso.

Figura 04 : eixo visual e permeabilidade entre "dentro e fora". Fonte: acervo pessoal

Figura 05: pátio de brincar: pisos diversos (riqueza de experiências); jogo de aberturas. Fonte acervo pessoal

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Figura 03 : interior sala dos bebês. Fonte: acervo do autor

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Figura 02 : praça e entrada


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O térreo possui relação direta para a rua e o espaço público. Permeabilidade e fluidez foram o foco. A continuidade se faz através da transparência no edifício. Parede de vidro voltada à praça externa e portas de vidro de correr, criam um eixo principal que conecta visualmente a praça externa, as salas dos bebês, e sala de artes e atividades, com o pátio coberto e refeitório. A estrutura composta por pilares de concreto e vigas metálicas é solta das fachadas, dando mais leveza ao espaço.

Figura 06 : Planta térreo. Fonte: acervo pessoal

Figura 07: Planta 1 pavimento. Fonte: acervo pessoal

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O primeiro pavimento possui um grande hall de uso múltiplo para as crianças, no qual clarabóias circulares no piso permitem que as atividades que acontecem no piso abaixo sejam vistas. O conceito compartilhamento se aplica não só as crianças como também a comunidade. A sala de atividades com biblioteca também funciona como um centro comunitário com acesso externo para funcionamento em horários alternativos e finais de semana. Ainda neste piso estão a sala multimídia, sala de atividades em grupo, sala de descanso.

Figura 08 : Elevação Bela Vista. Fonte: acervo pessoal

Figura 09 : Vista Canc. de Évora. Fonte: acervo pessoal O primeiro pavimento possui um grande hall de uso múltiplo para as crianças, no qual clarabóias circulares no piso permitem que as atividades que acontecem no piso abaixo sejam vistas. O conceito compartilhamento se aplica não só as crianças como também a comunidade. A sala de atividades com biblioteca também funciona como um centro comunitário com acesso externo para funcionamento em horários alternativos e finais de semana. Ainda neste piso estão a sala multimídia, sala de atividades em grupo, sala de descanso.

Figura 10: Hall multiuso. Fonte: acervo pessoal Figura 11 :sala multimídia. Fonte: acervo pessoal

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Através da materialidade adotada no exterior do edifício (acabamento em massa raspada, efeito cimento queimado; e painéis de madeira), criamos um edifício mais sóbrio e não infantilizado. Procuramos trazer a ludicidade necessária ao ambiente infantil nos espaços internos. Nas paredes internas que dividem os ambientes, existem recortes de formatos variados, permitindo a visualização das atividades tanto dos adultos (para maior segurança), quanto das crianças, que desenvolvem interesse no espaço como um todo e nas outras crianças. No piso do térreo, há formas circulares coloridas, que também invadem e se tornam contínuas nas paredes que fazem as divisões com os espaços de convívio. As cores foram escolhidas dentro do círculo cromático básico, sendo cores primárias e secundárias, estimulando e ajudando no aprendizado das crianças que estão nesta fase. Além disso, elas colorem os espaços de acordo com a função que o mesmo possui, sendo as cores mais quentes voltadas às atividades infantis, e cores frias aos ambientes destinados aos educadores, circulação, e banheiros.

Figura 12: porta entre recepção e hall multiuso. Fonte: acervo pessoal

Figura 13 :Refeitório. Fonte: acervo pessoal

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BARBOSA, Maria. A prática pedagógica no berçário. Disponível em: https://www.amavi.org.br/sistemas/pagina/setores/educacao/freiavi/arquivos/maria_carmem_barbosa.pdf BLOWER, Hélide e AZEVEDO, Giselle. A influência do conforto ambiental na concepção da unidade de educação infantil: Uma visão multidisciplinar. Disponível em : https://www.usp.br/nutau/CD/137.pdf CEPPI, Giullio, ZINI, Micheli. Crianças, Espaços, Relações: Como projetar ambientes para a educação infantil. 2013 CRUZ, Denize da Silva Dias. O berçário como espaço de desenvolvimento infantil. Disponível em: http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/1900/1/PDF%20%20Denize%20da%20Silva%20Dias%20Cruz.pdf FREITAS, Marcos César. História Social da Infância no Brasil. Disponível em : https://www.scribd.com/doc/21088416/Historia-Social-da-Infancia-No-Brasil KOWALTOWSKI, Doris. Arquitetura Escolar: O projeto do ambiente de ensino. OLIVEIRA, Rodrigo César. Design e Ergonomia no mobiliário infantil. Disponível em: http://conicsemesp.org.br/anais/files/2013/trabalho-1000015275.pdf VELOSO, Maria Regina Chaves. Influência da arquitetura no espaço físico das creches. Disponível em: https://pt.slideshare.net/mariareginaveloso9/tcc-maria-regina FREITAS, Anita Viudes C.; PELIZON, Maria Helena. As contribuições da experiência de Loczy para a formação do professor de Educação Infantil. IN: ANDREETTO, V. E PAOLILLO, V. Estudos e reflexões de Lóczy. São Paulo: Omep/Unic, 2011

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Referências



POSHTEL Um novo conceito de hospedagem Camila Melo Martin

Resumo O presente Trabalho de Conclusão de Curso tem como finalidade propor um novo perfil de hospedagem similar ao hostel com característica de quartos compartilhados, que é nomeado “Poshtel” (do português, hostel elegante) pelo fato de trabalhar com a arquitetura, a arte, o conforto e o design, onde na maioria dos hostels brasileiros não são trabalhados, por se tratarem de edificações antigas não projetadas para esse fim e por ser uma abordagem nova no mercado. Buscamos como se deu o início da hospedagem no mundo e no Brasil, como surgiram os hostels, o cenário atual do turismo brasileiro, o novo conceito de poshtel, as sensações que a arquitetura e os elementos da natureza proporcionam no indivíduo, estudos e caso e depoimentos de pessoas que já se hospedaram em hostels pelo mundo.

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Figura 01: Imagem externa do hostel. Fonte: acervo do autor.

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Orientador: Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins


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Introdução Em 2008, 922 milhões de turistas circularam pelo mundo, há três décadas esse número não ultrapassava 277 milhões, alcançando uma renda de 1,1 trilhão de dólares. Com o desenvolvimento do mercado turístico nacional para lazer, negócios, entre outros ocorrido nas últimas décadas paralelamente ao barateamento das viagens proporcionadas pela evolução dos transportes, vem criando a necessidade de novas tipologias de hospedagem, que visam atender diversas classes sociais. O hostel é um estilo alternativo ainda pouco explorado no Brasil, como é no exterior e ainda é visto como desorganizado e que não traz privacidade para os hóspedes por possuírem beliches comuns e próximas umas das outras, os hostels são em sua maioria adaptados em casas antigas e não recebem nenhuma melhoria para se adequar ao novo uso. A partir disso e da falta de hospedagem econômica em São Paulo projetada para esse fim que ofereça conforto, design e arte, que foi definido o produto final deste Trabalho de Conclusão de Curso, que terá como objetivo projetar um hostel design, ou melhor, um Poshtel. A metodologia utilizada para melhor entendimento do tema até chegar no produto final, foi através de pesquisas em livros que abordam o tema da hospedagem, hotéis e hostels, mais conhecidos antigamente, como albergues da juventude; pesquisas virtuais em sites, seminários, revistas e trabalhos de conclusão de curso; estudos de caso com visita para entendimento prático; e de depoimentos enviados por pessoas que já se hospedaram em hostels pelo mundo, agregando em possíveis melhorias para o projeto. O projeto evidencia o uso coletivo através de ambientes compartilhados como salas de jogos, salas comuns, bar, terraço com piscina container para redução de gastos, praça pública, sala de estudos e leitura com computadores, cinema e uma área de alimentação convidativa. A área dos dormitórios irá atender a diversas necessidades dos públicos com quartos coletivos e privativos, mistos e femininos. O projeto se preocupará também com o conforto térmico e a sustentabilidade através de ventilação cruzada, iluminação natural, energia solar através de painéis fotovoltaicos, reuso da água, vegetação para controlar

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o microclima, o uso do laminado da fibra da bananeira para revestimentos que utilizariam madeiras não sustentáveis e piso permeável na área externa. Composição do Grupo Turístico

2015

Sozinho

36,6%

Família

29,1%

Amigos

10,2%

Casal sem filhos

18,2%

Outros

5,9%

Tabela 01 : Composição do grupo turístico. Fonte: Ministério do turismo. Figura 02 : Restaurante Bossa. Fonte: Archdaily

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O partido da praça se deu pela orquestra Angels In The Architecture (Frank Ticheli), a vibração do som foi inserida no terreno e a partir do seu contorno abstraímos suas linhas para uma forma mais simples, onde a externa de tornou a diferença do desenho de piso e a interna um espelho d’água que atravessa o terreno. O partido do projeto se deu por dois fatores, o primeiro pela música São, São Paulo (Tom Zé): São, São Paulo Quanta dor São, São Paulo Meu amor São oito milhões de habitantes De todo canto em ação Que se agridem cortesmente Morrendo a todo vapor E amando com todo ódio Se odeiam com todo amor São oito milhões de habitantes Aglomerada solidão Por mil chaminés e carros Caseados à prestação Porém com todo defeito Te carrego no meu peito (ZÉ, 1968) Música na qual a autora deste projeto enxerga São Paulo, em uma relação de “amor e ódio”. Sendo assim a palavra “São Paulo” foi inserida no terreno, em seguida uma abstração das letras por formas geométricas (retângulo, triângulo e círculo) e unindo as mesmas por linhas. Assim, promovendo o formato do projeto, as linhas verticais das extremidades deram o edifício, a linha diagonal que une os retângulos deu o formato da passarela e a linha diagonal que une os triângulos deram a direção dos estúdios de música. O segundo fator surgiu devido a necessidade de que todos os beliches possuíssem uma janela individual que proporcionasse iluminação e ventilação natural para que houvesse uma boa qualidade ambiental no interior do edifício, principalmente nos quartos; e amplos espaços para convivência em grupo, a fim de proporcionar o intercâmbio cultural. Para que o partido ocorresse, o programa foi dividido em dois blocos a fim de minimizar a verticalização, dado que todos os beliches devem se localizar no perímetro do edifício. O formato retangular também foi dado a partir das medidas proporcionais a um quarto com beliches em sua periferia, circulação e armários no centro. As faces leste e oeste, com exceção do térreo, foram tratadas com brises de madeira ecológica para proporcionar um conforto térmico e os ambientes em sua maioria possuem paredes verdes para o conforto e frescor. Para o projeto de um hostel urbano, pensamos o nível da rua público, onde podem acontecer diversas atividades que também incentivam pequenos artistas e músicos a divulgar seu trabalho. A extensa praça de convívio público possui dois tipos de piso desenhados pela vibração do som da orquestra Angels in the Architecture, um permeável para que a maior parte do terreno não agrida ao meio ambiente e o outro um deck de madeira unindo os dois edifícios juntamente a um linear espelho d’água cortado por passagens, há também uma cobertura ajardinada no muro que separa o terreno dos vizinhos. A praça possui dois bicicletários, um cinema ao ar livre com bancos feitos a partir de pallets, bancos de concreto e três estúdios de música (alugáveis) com isolamento acústico, onde 2 de suas faces são de vidro para que ocorra uma interação com a praça e as pessoas que estão a utilizando. Possui um telhado jardim para isolamento térmico, sendo que um deles é elevado para que o espelho d’água percorra livremente sob o estúdio. O térreo do edifício de caráter público tem como objetivo atrair movimentação em diversos períodos do dia, para não tornar o local inseguro. Para isso, pensamos usos diversos com acesso tanto da rua quanto da praça, uma lavanderia que atende também ao hostel, um pub/ hamburgueria com cozinha industrial que pode ser visualizada por 180º através de fechamentos em vidro, e uma padaria, onde suas mesas se estendem em direção a praça cobertas por um pergolado de madeira, um espaço de exposição para pequenos artistas e as recepções do hostel com sala de bagagem fechada por elementos vazados para guardar as malas antes do check-in e após o check-out. Os depósitos de lixo se encontram na mesma face do muro, para que seja evacuado em um local menos movimentado.

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Proposição


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As circulações verticais dos edifícios e os sanitários foram inseridos no centro de cada bloco para que atendessem a todo o andar, os sanitários irão possuir uma parede verde para que transmita conforto e qualidade junto a uma abertura. No primeiro pavimento acontecem áreas de convívio entre os hóspedes, como a área de alimentação com cozinha coletiva e sala de cinema, a área de serviço e administrativo do hostel. Todas, exceto o cinema são rodeadas por janelas de vidro que vão do chão ao teto. Os pavimentos de dormitório se totalizam em dois andares, um andar de quartos coletivos mistos e no outro andar parte coletivo feminino e parte privativo e semi privativo, nos andares coletivos os sanitários são separados por gênero que atendem ao andar. Os beliches são de concreto e internamente revestidos do laminado da fibra de bananeira como parte dos móveis, possuem uma cortina, luz e tomada individual. Os quartos privativos (suítes) possuem móveis que tornam o quarto multifuncional, para que em determinadas épocas do ano não fique subutilizado, então pode-se tornar uma sala de reunião ou um espaço totalmente livre para o desejo do cliente. Os terraços de caráter social são ligados por uma passarela treliçada apoiada em dois pilotis e nos edifícios. Um possui um fechamento em vidro para que possa se apreciar a vista, com sala de jogos e uma sala de leitura e trabalho. O outro não possui um fechamento superior, pois abriga uma piscina container, solário e um espaço para eventos (alugável para pequenos shows, casamentos e festas), um pergolado cobre parte deste. A sua cobertura possui um telhado jardim com painéis fotovoltaicos e tanques para reuso da água. A estrutura do edifício se dá por pilares metálicos de 0,20m, vigas metálicas de 0,30m e laje de concreto de 0,14m. No estúdio, duas paredes estruturais, vigas metálicas de 0,25m e laje de concreto de 0,12m. A passarela de treliça possui dois pilares metálicos, um de 1m e outro de 0,80m, vigas metálicas de 0,70m e laje de concreto de 0,10m. A sua cobertura ajardinada abriga os painéis fotovoltaicos e caixas d’água potável e de reuso.

Figura 03: Imagem externa do projeto, no terraço áreas sociais e de convívio. Fonte: acervo do autor Figura 04: Estúdio de música e praça pública. Fonte: acervo do autor

Figura 05: Quarto coletivo, com cortina, luz e tomada individual. Fonte: acervo do autor Figura 06: Quarto semi-privativo, para 5 pessoas. Fonte: acervo do autor

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Figura 07: Quarto privativo multifuncional, versão quarto. Fonte: acervo do autor Figura 08: Quarto privativo multifuncional, versão sala de reunião. Fonte: acervo do autor

Figura 09: Espaço de convívio coletivo: Pub/ Hmaburgueria. Fonte: acervo do autor Figura 10: Espaço de convívio coletivo: Cinema. Fonte: acervo do autor Referências

CYPRIANO, Pedro. Desenvolvimento hoteleiro no Brasil: panorama de mercado e perspectivas. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2014. GIARETTA, Maria José. Albergues da Juventude – Hi Hostels. In: Luiz Gonzaga Godoi Trigo, editor. Alexandre Panosso Netto, Mariana Aldrigui Carvalho, Paulo dos Santos Pires, co-editores. Análises Regionais e Globais do turismo brasileiro. São Paulo: Roca, 2004. p. 423-436 MEDLIK, S.; INGRAM, H. Introdução à Hotelaria: Gerenciamento e Serviços. 4º ed. Rio de Janeiro: Campus, 2002. NETO, Bazileu Alves Margarido. Prefácio. In: Sustentabilidade & Produção: teoria e prática para uma gestão sustentável. João Amato Neto, organizador. São Paulo: Atlas, 2011. NETO, João Amato. Gestão Sustentável da Cadeia de Suprimentos (Green Supply Chain Management): princípios e aplicações. In: Sustentabilidade & Produção: teoria e prática para uma gestão sustentável. João Amato Neto, organizador. São Paulo: Atlas, 2011. PALLASMAA, Juhani. Os Olhos da Pele: A arquitetura e os sentidos. Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2011. WISSENBACH, Vicente; TSUKUMO, Vivaldo. Hotéis. Cadernos Brasileiros de Arquitetura, São Paulo, Photochrom Fotolito, vol. 19, 1987.

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CARVALHO, Caio Luiz. Breves Histórias do Turismo na Brasil. In: Luiz Gonzaga Godoi Trigo, editor. Alexandre Panosso Netto, Mariana Aldrigui Carvalho, Paulo dos Santos Pires, co-editores. Análises Regionais e Globais do turismo brasileiro. São Paulo: Roca, 2004. p. 19-38.

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ANDRADE, Nelson; BRITO, Paulo Lucio; JORGE, Wilson Edson. Hotel: Planejamento e Projeto. 7º ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004.



CUIDAR Centro de saúde e amparo animal Jessica Alves Miracco Orientador: Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins

Visto que a busca por lugares que tratam da saúde do animal está aumentando, o objetivo do presente trabalho é realizar um projeto arquitetônico para um hospital veterinário e abrigo animal, que irá dispor de todas as instalações necessárias para o tratamento dos animais, tanto os que possuem lar como os abandonados, e utilizará a humanização dos ambientes para proporcionar a eles conforto e bem estar e uma melhor estrutura aos profissionais da área da saúde.

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Resumo

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Figura 01: Maquete eletrônica – vista geral. Fonte: acervo da autora


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Introdução Os animais de estimação estão ganhando muito espaço nas famílias brasileiras nos dias de hoje. Em um levantamento realizado pelo IBGE no ano de 2013, revela que em cada 100 famílias, 44 criam cachorros e apenas 22 possuem crianças. Do mesmo modo em que ocorre o aumento da quantidade de animais nos lares das famílias, aumenta a quantidade de animais que enfrentam situações como maus tratos e abandonos, onde no Brasil, segundo a ANDA, já são 30 milhões vivendo nas ruas, onde 20 milhões são cães e 10 milhões são gatos. E pensando nesses animais que ONGs e representantes de outras associações, lutam diariamente para resgatar, tratar e promover a sua adoção, criando abrigos que possam acolhê-los buscando oferecer uma melhor qualidade de vida e conforto a esses animais. Com esse espaço que os bichos estão ganhando na vida das pessoas, cresce a busca pela necessidade de promover a atenção e a saúde deles e em consequência a existência de clinicas de atendimentos veterinários, assim como hospitais, consultórios médicos e laboratórios. Diante do apresentado até aqui, este trabalho propõe a criação de um hospital veterinário mais um abrigo animal, um local que irá conter todas as instalações necessárias para proporcionar conforto e bem estar ao animal, cuidar dos animais que serão resgatados nas ruas para depois serem destinados a adoção e além de oferecer também uma melhor estrutura para os profissionais que ali irão trabalhar. A justificativa da escolha deste projeto é resultado de uma busca por maiores conhecimentos a respeito de projetos arquitetônicos de hospitais veterinários e de locais que possam oferecer todos os serviços e suportes necessários para melhorar a vida dos animais. O projeto usufruiu como referência o Hospital Veterinário Canis Mallorca, onde sua seleção se deu por conta de suas funcionalidades, pela variedade de serviços oferecidos, pela preocupação com questões como a ventilação e a iluminação dos ambientes, pela qualidade de suas instalações, pelo uso da humanização no ambiente hospitalar e a separação de alas por espécies e animais com doenças infeciosas. Além do Hospital Veterinário Canis Mallorca a pesquisa foi fundamentada sobre outros projetos similares como o Hospital Veterinário Santa Catarina, Hospital Veterinário Sena Madureira, Hospital Veterinário Constitución e o abrigo Palm Springs

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Animal Care Facility, esses projetos foram escolhidos por apresentarem todas as instalações necessárias para garantir o bem estar dos animais. A importância de se instalar mais hospitais desse segmento não se dá apenas para buscar um atendimento quando o animal já está doente e, sim, possuir o hábito de se ter cuidado e realizar acompanhamentos contínuos para visar o bem estar do animal. Proposição O projeto do hospital veterinário junto de um abrigo animal é uma proposta para o município de São Paulo com implantação no bairro Jardim Santo Antoninho, no distrito Cidade Ademar. A área total construída é 3.970 m² e a estrutura organizacional refletida no programa de necessidades foi elaborada para comportar diversos tipos de atendimentos e exames, como consultórios, salas de exames laboratoriais, fisioterapia, salas de aula, cursos, biblioteca e outros. O propósito de se criar um espaço desse segmento é intensificar a relação entre as pessoas e os animais. E para que essa interação seja possível, foram projetadas aberturas que facilitam o contato visual de quem está fora com o que acontece no interior do projeto.

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Por esse motivo, além do hospital e do abrigo, é projetada uma praça junto a um café, criando espaços de lazer e convivência que facilitam essa criação de laços. Para a elaboração do projeto, uma série de leis e normas foram seguidas, como a Resolução CFMV N° 1015/2012 que estabelece condições para o funcionamento de estabelecimentos veterinários de atendimento a pequenos animais e a Resolução CRMV-SP N° 2455, que dispõe sobre normas para manutenção de cães e gatos sob condições mínimas de bem estar, em criadouros comerciais, nos quais são produzidos animais destinados à comercialização. Além dessas legislações citadas, a Norma NBR 9050, da ABNT foi levada em consideração no projeto. A espacialização do programa do hospital e do abrigo é garantida através da clareza e objetividade das relações funcionais entre os espaços. O projeto foi dividido por setores, cada um com atividades necessárias e semelhantes, e suas conexões foram pensadas de acordo com as suas necessidades de integrações.

complementares. Em ambas as partes foi pensado na separação das espécies, nas salas de espera e nas internações, divididas entre os cães, gatos e animais com doenças contagiosas. O hospital possui três acessos, um para os animais e seus proprietários, e os outros dois para os funcionários e os estudantes que irão utilizar as áreas educacionais que o hospital dispõe. O programa distribui-se em três pavimentos: - Térreo: composto por duas recepções, uma para os animais e seus proprietários e outra para os estudantes; duas áreas de espera com separação de espécies; 4 consultórios, sendo um emergencial; sanitários; área de passeio; oratório; centro diagnóstico por imagem com sala de ultrassonografia, radiologia e cardiologia; laboratório; sala de fluidoterapia; internações coletivas com separação de espécies e animais com doenças contagiosas; farmácia; depósito de material de limpeza e local para lixo hospitalar. - Primeiro pavimento: composto por centro cirúrgico com uma área pré-operatória, duas salas de cirurgia, pós-operatório, duas salas de esterilização de materiais, antissepsia e ambiente pós-perda;

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O projeto é dividido em duas partes, o hospital e o abrigo, nas quais os recursos são mútuos e

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Figura 02: Setorização e fluxograma do hospital e do abrigo. Fonte: acervo da autora


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internações individuais com apartamentos, terraço para passeio e área de convívio e um café; área pessoal com vestiários e sanitários para os profissionais da saúde, três dormitórios, área de convívio e reunião; sala de laudos; sala de preparo de alimentos para os animais e depósito de material de limpeza. - Segundo pavimento: área educacional com duas salas de aula/palestras e uma biblioteca; um café; área administrativa com arquivo médico, financeiro, gestão, direção e administração; área de funcionários com dois vestiários e sanitários, almoxarifado e lavanderia. O Abrigo possui dois acessos, um para os pacientes e seus proprietários e o outro para os funcionários. O programa distribui-se em dois pavimentos: - Térreo: composto por uma recepção; duas áreas de espera com separação de espécies; 4 consultórios, sendo um emergencial; sanitários; sala de fisioterapia; gatil e um jardim para os gatos e canil com solários individuas e uma área de passeio. - Primeiro pavimento: internações coletivas com separação de espécies e animais com doenças contagiosas; banho e tosa; preparo de alimentos de animais; farmácia; sanitários e área administrativa com central de denúncias, administração e sala de reuniões.

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A área externa do projeto conta com 18 vagas de estacionamento, um café e uma praça pública.

Figura 03: Maquete eletrônica – vista geral. Fonte: acervo da autora O sistema construtivo proposto é composto de pilares metálicos de seções tubulares quadradas de 20cm x 20cm e os vão entre os seus eixos de 8,0m, vigas metálicas de 50cm de altura e lajes de concreto de 20cm de altura. Um sistema construtivo bem eficiente é um fator fundamental para qualquer projeto de arquitetura. Para o projeto foi utilizado o conceito da humanização de ambientes, qualificando os espaços e trazendo benefícios tanto para os animais e seus donos, quanto para os profissionais que trabalham no local. Antes de se pensar na humanização foram realizados estudos para se entender melhor as necessidades dos animais, proporcionando-lhes mais conforto e bem estar.

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Aplicou-se o conceito da cromoterapia, trazendo para o projeto as cores que os animais enxergam e foram inseridos elementos da natureza, através da inserção de algumas paredes com vegetação e o uso de água. Com a aplicação desses conceitos no projeto, o estresse que os animais e seus donos estão sujeitos em ambientes como esses são minimizados, assim como a pressão que os profissionais possuem no dia a dia também é reduzida.

Figura 04: Vista para espelho d’água do oratório. Fonte: acervo da autora

CRMVSP. Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo. RESOLUÇÃO Nº 2455 28/07/2015. ELIZALDE; Pinto; GOMES, Silva. A importância de projetos arquitetônicos no planejamento do ambiente hospitalar. Disponível em: <http://www.eumed.net/rev/cccss/05/pesg.htm>. Acesso em: 29 maio, 2017. GÓES, Ronald de. Manual prático de arquitetura para clínicas e laboratórios. 2ª ed. São Paulo: Blucher, 2010. LAMPERT, Manoela. Benefícios da relação homem-animal. 24 f. Monografia – Medicina Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014. Pesquisa nacional por amostra de domicílios: síntese de indicadores 2013 / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. - 2. Ed. - Rio de Janeiro: IBGE, 2015. P. 296.

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CFMV. Conselho Federal de Medicina Veterinária. Resolução nº 1015, de 9 de novembro de 2012.

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Referências



Casa Maria A Humanização da Arquitetura no Ambiente Hospitalar Larissa Costa da Silva Orientador : Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins

Este trabalho tem como proposta o desenvolvimento do projeto arquitetônico de um Centro de Parto Normal (CPN), em uma região periférica da cidade de São Paulo, que enfrenta hoje altas taxas de natalidade e mortalidades. O CPN é um centro descentralizado de cuidados de saúde materna, voltado para a criação de ambientes dedicados ao parto, capazes de atender condições básicas de conforto, segurança e bem-estar, partindo do princípio da adequação do ambiente através da luz, da cor e da criação de espaços que atuam como catalizadores para a criação de um local mais propício para um parto humanizado.

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Resumo

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Figura 01 : Casa Maria. Fonte: acervo da autora.


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Introdução Existe atualmente no Brasil a necessidade da criação de ambientes hospitalares de qualidade, que levem em consideração a adequação do espaço para que o mesmo supra não somente as necessidades físicas, mas também as psicológicas e emocionais do paciente. Levando isso em consideração, o Ministério da Saúde, vem nos últimos anos demonstrando uma preocupação com o quadro caótico de assistências prestadas à saúde da mulher, principalmente no que diz respeito ao parto e ao nascimento. De acordo com relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é hoje o segundo país com o maior número de partos cesáreas no mundo, apresentando uma taxa alarmante de 52% quando o índice aceitável de procedimentos é de 10 a 15%. A desinformação quanto as vantagens do parto normal e a indução existente por conta de diversos fatores, tais como: cultural, falta de informação sobre o parto normal e também fatores clínicos que agravem o estado de saúde do binômio mãe-bebê, fazem com que as parturientes acabem optando pela cesariana durante seu plano de parto. Transformando um evento fisiológico normal em um procedimento cirúrgico e desta forma, concentrando parturientes saudáveis em hospitais tecnicamente bem equipadas, e ocupando leitos que deveriam ser destinados a gestantes de alto risco. A existência de várias tentativas vem sendo realizadas para resgatar o sentido humano do parto, como a criação e regulamentação do serviço dos Centros de Parto Normal no Brasil a partir da década de 1990. Devido a realidade brasileira, necessitasse que se estabeleça um tipo de atendimento de saúde capaz de oferecer efetivamente um parto normal e humanizado de acesso público e de alcance o mais periférico possível, em um ambiente acolhedor ao lado de seus entes queridos da forma mais passível possível.

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Diante desses fatos e do levantamento realizado, o estudo buscou demostrar como uma Casa de Parto Peri-hospitalar com todo suporte da medicina avançada, técnicas de trabalho de parto aprimorados, pode ser um espaço humanizado, capaz de remeter ao ambiente domiciliar, levando em consideração questões culturais e sociais de cada mulher. E partindo desse princípio adequando o ambiente através da luz, cores, espaços e materialidade que atuam como catalizadores para a criação de um local mais propicio para um parto humanizado e mais adequado para os dias atuais.

Figura 02 : eixo de circulação. Fonte: acervo da autora.

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Proposição O projeto foi implantado em um lote próximo a seu hospital referência em uma avenida movimentada, contando com uma área de 3095m², um projeto paisagístico e uma planta retangular focada na funcionalidade e na melhor forma de setorização para a implantação de cada ambiente. A edificação surge de uma ocupação perpendicular ao lote, com recuo mínimo de 3m em suas fachadas. Durante o estudo inicial realizado, foi decidido que a implantação deveria ser iniciada levando em consideração qual seria a melhor localização para cada um dos setores de acolhimento, atendimento, apoio e administrativo, serviços e parturição. Sendo observado o melhor acesso tanto para o pedestre quanto para o automóvel, o dimensionamento mínimo necessário para cada setor e para área livre. Outro fator levantado seria o gabarito do edifício, a decisão deste ser composto por um único pavimento, completamente acessível, levando em consideração a necessidade tanto dos portadores de necessidades especiais quanto das gestantes que a partir de determinado momento da gestação se encontram com mobilidade dificultada e que necessitam que o acesso a determinados lugares seja facilitado.

Figura 03 : elevação Sul. Fonte: acervo da autora.

A área destinada ao nascimento é formada pelos setores de parturição e serviços, com salas destinadas aos funcionários, farmácia, refeitório, área das salas de pré-parto e parto, alojamento conjunto, refeitórios e demais salas referentes ao setor de serviços. Os quartos estão localizados em dois eixos lineares com vista para a área de deambulação, que serve como um pátio interno ao Centro de Parto Normal, localizados em um corredor iluminado naturalmente por conta da luz proveniente de recortes realizados na cobertura e com ampla largura para permitir que as gestantes sejam capazes de andar confortavelmente pelo mesmo. A localização das salas foi pensada para que as mesmas estivessem posicionadas em frente ao setor de enfermagem, possibilitando atendimento imediato em caso de intercorrência. Todas as salas apresentam sanitário anexo acessível, sendo as mesmas espaçosas, leves e arejadas, com pé direito alto, proporcionando a entrada de luz natural. Todos os quartos são centrados na figura da mulher e na criação de um ambiente doméstico e relaxante, com especial cuidado nas escolhas de cor, mobiliário e materiais.

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O Centro é dividido em duas partes: preparação para o nascimento e nascimento. A preparação para o nascimento onde estão localizados os setores administrativos, acolhimento e atendimento, onde estão os consultórios, administração, recepção, salas de uso múltiplo para cursos e treinamentos, clinica pré-natal, salas de espera e restaurante para visitantes.

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Programa


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Figura 04 e 05 : ambientes internos. Fonte: acervo da autora. Cobertura Com um caráter orgânico proporcionado pela cobertura ondulada, o projeto utiliza da materialidade do concreto e do vidro para se fundir com a paisagem. A cobertura ondulada de concreto armado branco de 20 cm de espessura recobre o edifício em toda a sua extensão, com fechamento em vidro duplo, possibilitando dessa forma a visualização do espaço externo e integração da Casa de Parto com o espaço ajardinado.

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O edifício apresenta uma planta independente da cobertura, que se dispõe de acordo com as necessidades espaciais, criando diferentes pés-direitos de acordo com o uso dado as salas, chegando a variar em até 3m o pé direito das salas e recebe recortes em formato oval em determinados pontos com a função de entrada de luz. Todos os elementos buscam funcionar de modo harmônico quando juntos na composição, sendo as curvas da cobertura o grande destaque.

Figura 06 e 07 : Cortes BB e DD. Fonte: acervo da autora.

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Referências AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Manual Ambiental em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, 2014. Disponível em <http://www.anvisa.gov.br>. Acesso em maio de 2017. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº. 50, de 21 de fevereiro de 2002. Disponível em <http://www.anvisa.gov.br>. Acesso em fevereiro de 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização PNH. Disponível <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_2004.pdf> Acesso em maio de 2017.

em

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Manual prático para implementação da Rede Cegonha. Brasília, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Orientações para Elaboração de Projetos: Centros de Parto Normal (CPN); Casa da Gestante, Bebê e Puérpera (CGBP); Adequação da Ambiência; Unidade Neonatal e Banco de Leite Humano. Rede Cegonha. Brasília, 2013. BITENCOURT, Fábio. Centros de Parto Normal: Componentes arquitetônicos de conforto e desconforto. Anais do I Congresso Nacional da ABDEH – IV Seminário de Engenharia Clínica. 2004. GOLDBERG; Gale Beth; BIRTH CENTER: a working method for designing a maternity health care facility. Landscape Architecture, University of Wisconsin at Madison, Estados Unidos da América; 1979. JENKINSON, B., JOSEY, N., & KRUSKE, S. BirthSpace: An evidence-based guide to birth environment design. Queensland Centre for Mothers & Babies, The University of Queensland. Brisbane, Austrália, 2013.

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LELÉ, João Filgueiras Lima. Arquitetura. Uma experiência na área de saúde. São Paulo, Romano Guerra, 2012.



Esta revista foi produzida em dezembro de 2017 pelo ARQLAB, com as famĂ­lias tipogrĂĄficas Arial, Cambria e Futura.


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