Revista do TCC | 2022_2

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Centro Universitário Senac, ARQLAB

Revistas do curso de Arquitetura e UrbanismoRevista do TCC 2022 | 2 / ARQLAB. Centro Universitário Senac - São Paulo (SP), 2022. 193 f.: il. color.

ISSN: xxxx-xxxx

Editores: Ricardo Luis Silva, Valéria Cássia dos Santos Fialho

Registros acadêmicos (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2022.

1. Divulgação Acadêmica 2. Produção discente 3. Trabalho de conclusão de curso 4. Graduação 5. Arquitetura e Urbanismo I. Silva, Ricardo Luis (ed.) II. Fialho, Valéria Cássia dos Santos (ed.) III. Título

BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

REVISTAS DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO revista do tcc 2022_2 edição #13

FICHA TÉCNICA:

Coordenação de curso: Profa. Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho

Editor da revista, diagramação e programação visual: Prof. Dr. Ricardo Luis Silva

Produção e organização: ARQLAB

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Apresentação

Este volume apresenta os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC2) da turma 2018-1 do Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Senac, sintetizados pelos seus autores na forma de pequenos ensaios, e os resumos dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC1) da turma 2018-2.

Os trabalhos de TCC2 estão organizados em 6 Linhas, sob orientações dos professores abaixo listados:

L1: Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo Profª. Drª. Myrna de Arruda Nascimento Prof. Dr. Ricardo Luis Silva

L2: Arquitetura do Edifício Profª. Ms. Ana Carolina Ferreira Mendes Prof. Dr. Carlos Augusto Ferrata Profª. Drª. Valéria dos Santos Fialho

L3: Patrimônio Arquitetônico e Urbano Prof. Ms. Ralf José Castanheira Flôres Profª. Drª. Jordana Alca Barbosa Zola

L4: Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem Profª. Ms. Marcella de Moraes Ocké Mussnich Prof. Dr. Ricardo Dualde

L5: Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia Prof. Ms. Paulo Henrique Gomes Magri Prof. Dr. Nelson José Urssi

L6: Tecnologia aplicada ao projeto de Arquitetura e Urbanismo Prof. Dr. Marcelo Suzuki

Os trabalhos completos podem ser acessados nos respectivos perfis do ISSUU, criados por cada um dos autores com o endereço indicado sempre ao final do resumo de cada ensaio.

Profª. Drª. Valéria Cássia dos Santos Fialho

ensaios

Linha 1 Fundamentos da Arquiterua e do Urbanismo

Célula DCP - SP | 22 Aldo Otávio Bezerra Oliveira

Fragmentos imagéticos: retratos do submundo Felipe de Lima Reis

Reconhecendo lugares: sistema modular de apoio a manifestações culturais na periferia Isabelle Zanoni

Arquitetura do som: os sons que tocam o espaço Jéssica de Souza Ramos

Fenomenologia no ambiente escolar: a experiência no espaço para o desenvolvimento cognitivo infantil Letícia de Lima Cabral

Espaço Religioso: Fratérnitas Madre Teresa de Calcutá Lídia Rodrigues Gonçalves

Linha 2 Projeto do Edifício

Centro de Dança – Arquitetura como ferramenta para arte e movimento Ana Carolina Ferreira Barelli

Abrigo, reabilitação e reinserção para pessoas e animais em situação de rua Bruna Miranda Bernardes

Um novo olhar para maturidade - Edifício Multifuncional Eliane Hottgen

Clínica de atenção à saúde mental: Centro de Tratamento Jaraguá Gabriela Ribas Carnevalli

07 09 15 21 27 33 39 45 47 53 59 65
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TCC

Jardim Arandu: o papel do espaço na formação da criança Larissa dos Santos Martinho

CCS – Centro de Cultura e Saúde Sexual - Santa Cecília Lucas Balogh Pena

Linha 3 Patrimônio Arquitetônico e Urbano

Pavilhão Cidade Ademar: Memórias em Fotografia Caiã Rocha dos Reis

Palacete do Carmo: intervenção e reinserção do patrimônio ocioso na cidade Michael Lara Terra

Linha 4 Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

Requalificação do antigo aterro Santo Amaro: um novo Parque Urbano Bárbara Giacchetto Moreira

Parque da Foz – Estratégias projetuais de reintegração da natureza na escala do bairro Deise Oliveira Fonseca

Parque Radical Jurubatuba: a prática de esportes nos espaços públicos contemporâneos Lucas Nogueira dos Santos Paiva

Microestruturas de acessabilidade no entorno da Estação Grajaú Raquel Rebequi de Sousa

Requalificação do Parque Natural do Pedroso Tamires Regina Teixeira

Linha 5 Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

MARÔ - Materiais sustentáveis para a produção de mobiliários de interiores Anna Beatriz De Paulo Dudly

Pavilhão do Ócio: uma arquitetura paramétrica Henrique Carvalho Rabelo

Mobiliário Urbano: cidadania e acessibilidade na cidade de São Paulo João Pedro Ribeiro Lima

A Expografia em pavilhões: um olhar do Japão sobre a Natureza Samanta Arissa Itimura

Linha 6 Tecnologia Aplicada ao projeto de Arquitetura e Urbanismo

Habitação Social Multifamiliar em madeira Ingrid Vitória de Oliveira Ferreira

Concreto pré-moldado: uma alternativa para a construção de HIS Isabella Borba Andrade

Processo construtivos de novos materiais na Arquitetura a partir de compostos orgânicos O micélio como aliado nas bioconstruções Larissa Henning de Paula

71 77 83 85 91 97 99 105 111 117 123 129 131 137 143 149 155 157 163 169

sínteses da 1a etapa

TCC 1

Ana Carolina Bertoldi Garcia

Ana Caroline Rocha de Jesus

Ana Paula Nunes de Sant Ana

Caio Manoel Moretto Pavan

Carina Ruiz Andreotti

Carolina Brito Marinho

Fernando Cazuza de Souza

Gabriela de Sousa Forte

Hingrid Stephany Noronha de Brito

Jamilly Conceicao dos Santos Alves

Lais Bazalha

Mariana de Castro Lacerda

Mauricio Alexandre Do Nascimento

Núbia Faciolo Lira

Rafaela Rodrigues de Andrade

Valquiria de Oliveira Alves

ORIENTADORES

Artur Forte Katchborian

Jordana Alca Barbosa Zola

Marcella Ocke Müssnich

Marcelo Suzuki

Nelson José Urssi

Paulo Henrique Gomes Magri

Ralf Castanheira Flôres

Ricardo Dualde

Ricardo Luis Silva Sérgio Matera

175 ESTUDANTES

da Arquitetura e do Urbanismo

Fundamentos

L1
TCC 2

Célula DCP SP|22

O Trabalho busca discutir o racismo presente nas cidades de grande expressão social, política e econômica, adotando São Paulo como objeto de análise, a partir do prisma cultural selecionado para abordagem. Este levantamento desenvolve se através de mapas, dados estatísticos, textos e imagens, que revelam uma cidade construída física e simbolicamente através da segregação racial. Comprovado o racismo presente na capital paulista, o trabalho propõe desenvolver um dispositivo flexível e multiplicável, capaz de criar um sistema para ser implantado ou instalado provisoriamente, dependendo da situação, nos espaços urbanos racialmente discriminados, com o propósito de potencializar a expressão da cultura negra periférica presente nesses territórios. Para isso, o trabalho concebe as intenções da Célula Arquitetônica : dispositivo cultural para a periferia de São Paulo, e ensaia suas possibilidades de montagem.

Versão integral do trabalho em: https://issuu.com/otaviooliveira.99/docs/aldo_oliveira_tcc2

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da Arquitetura e do Urbanismo
Figura 01: Vista rua Rogerio Rodrigues. Fonte: acervo do autor Resumo

Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

Introdução

No caso de São Paulo, as periferias se apresentam como territórios que contém o maior contingente de população negra, portanto, lugares discriminados e associados à violência ou à delinquência. Entretanto, quando este cenário é olhado de dentro, a a ssociação discriminatória contrasta com a realidade. É possível identificar diversos aspectos do cotidiano, manifestações culturais através da música, dança, grafite, comida, futebol e religião, que constroem não só a identidade desses lugares e das pessoa s que os habitam, mas que também são formas de promover a sociabilidade desses grupos, que se expressam através de diversos aspectos e práticas do seu cotidiano.

A partir da dimensão e complexidade desses problemas, que afetam as estruturas sociais e dinâmicas urbanas, o presente trabalho tem como proposta a elaboração de um equipamento urbano, que funcione como um dispositivo flexível e multiplicável, para ser instalado nos territórios discriminados da cidade de São Paulo . A célula DCP SP|22 projetada, afeta diretamente a construção subjetiva da população negra enquanto sujeitos, e, consequentemente, interfere na sociabilidade desses grupos em outros espaços da cidade, promovendo transformações no meio social de forma a incluir a participação e viabilizar a inclusão de grupos antes inferiorizados.

Figura 02: Diagrama da Célula. Fonte: acervo do autor

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BACHARELADO

Proposição

Através da leitura dos elementos presentes no lugar como: escadaria da rua Pedro Petricevic, viela Geovane Grimalde e o CEI Jardim Reimberg, a disposição da malha modular no terreno buscou potencializar seus usos internos através da relação entre esses ele mentos existentes e a transposição da cota mais alta para cota mais baixa do terreno, incentivando o pedestre local a utilizar o edifício como passagem cotidiana. Assim, surgem dois volumes separados, cuja cobertura é nivelada com a praça linear proposta n a cota mais alta do terreno. A separação dos volumes não resulta em partes desconexas, pelo contrário, reforçam o protagonismo dos eixos de circulação, seja da passarela pintada em vermelho ou pelo eixo gerado entre a viela Geovane Grimalde e a praça cent ral proposta.

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Figura 03: Diagrama de implantação. Fonte: acervo do autor

Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

A laje jardim que se conecta à praça linear através da passarela, além de funcionar como extensão do espaço público da praça no seu trecho mais estreito, assume a função de mirante da paisagem local. A articulação dos volumes por uma pass arela, conectada com as escadarias externas e a escada na lateral do volume maior, tem a finalidade de promover a diversidade de acessos e diluir a relação interna e externa do dispositivo.

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BACHARELADO Figura 04: Rampa de acesso. Fonte: acervo do autor Figura 05: Passarela de conexão. Fonte: acervo do autor

Referências

ALMEIDA, Silvio. Racismo Estrutural. São Paulo: Jandaíra,2019.

D’ANDREA, TIARAJÚ. A formação dos sujeitos periféricos: Cultura e Política na Periferia de São Paulo.

Orientador: Vera da Silva Telles, 2013.Dissertação (Doutorado em sociologia) Faculdade de Sociologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

FANON, Frantz. Racismo e cultura. Revista Convergência Crítica 13, 2019, p.78 90

FERRAZ, Marcelo. Arquitetura Conversável. Rio de Janeiro: Azougue, 2011

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra. A cidade como bem cultural: áreas envoltórias e outros dilemas, equívocos e alcance na preservação do patrimônio ambiental urbano. São Paulo: IPHAN, 2006.

MONTANER, Josep Maria. Sistemas arquitetônicos contemporâneos. São Paulo: Gustavo Gili, 2001

NASCIMENTO, Abdias. O quilombismo: Documentos de uma militância Pan Africanista. 3.ed. São Paulo: Perspectiva, 2019.

REISS, Camille; CAPILLÉ, Cauê. Formas de mobilidade, visibilidade, e poder em Medellín: Metrocable e Parques Bibliotecas. Bitácora Urbano Territorial 29, 2018, p.79 90.

ROLNIK, Raquel. Territórios em conflito São Paulo: espaço, história e política. São Paulo: Três estrelas,2017.

SOUZA Jessé. Como o racismo criou o Brasil. 1ed. São Paulo :Estação Brasil, 2021

VILLAÇA, Flávio. São Paulo: segregação urbana e desigualdade. Estudos avançados ed. 25, São Paulo, 2011.

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Arquitetura e do Urbanismo
Trabalhos de Conclusão de Curso | 20 22 2 Figura 06: Pavilhão multiuso. Fonte: acervo do autor.

Fragmentos

Imagéticos:

retratos do submundo

Felipe de Lima Reis

Figura 01 : A zona. Fonte: acervo do autor

Resumo

Este trabalho analisa a dinâmica espacial da relação corpo espaço, a partir da visão da boêmia e da ideia de identidade nacional. Possuindo como objeto principal de estudo a zona de contenção a prostituição do Bom Retiro, que existiu na cidade de São Paulo entre os anos de 1940 e 1953. Com base nos relatos obtidos neste trabalho, foi possível iniciar uma especulação imagética sobre a relação do corpo e espaço, assim como as dinâmicas da zona de prostituição, baseando-se em colagens, para desenvolver uma revista de caráter imagético e de memória, com o intuito de compreender a dinâmica espacial do submundo da cidade de São Paulo do século XX.

Versão integral do trabalho em

https://issuu.com/felipe_lreis/docs/felipereis_tcc_fragmentos_imageticos_

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Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

Introdução

A ideia de contenção da prostituição na cidade de São Paulo foi reflexo de uma ascensão econômica da comunidade judaica na região, que nesse período estavam em sua maioria próximos à área de implantação da zona. Com a chegada das primeiras fábricas e dos processos imigratórios, que foram projetos governamentais da era Vargas, abandonando os modelos da república velha, como a política do café com leite para um projeto de industrialização do país. O Governo Vargas foi um dos governos mais antissemitas da história do Brasil, fatos esses são observados por diversos historiadores e relatos da época.

Para compreensão dessa espacialidade que foi a zona de prostituição, começamos pelo entendimento da concepção do bairro do Bom Retiro e a sua origem histórica, passando pela compreensão de como surgiu a era Vargas e quais os impactos desse período para a cidade de São Paulo e a ideia de identidade paulista, para só assim compreendermos a real criação de uma zona de prostituição em um período dito como moderno. A implantação da zona de prostituição durou cerca de 13 anos, sendo uma área voltada exclusivamente para o baixo meretrício, já que durante o início século XX o alto meretrício ocorria de modo mais sutil no tecido urbano, geralmente em cafés e restaurantes da alta sociedade paulistana. Logo, essa região acabará por possuir toda a marginalidade existente no submundo da cidade, suas ruas estreitas e com poucas saídas para o tecido urbano auxiliaram na implantação das casas de tolerância que eram observadas e fiscalizadas pela delegacia de costumes, responsável pelo controle e manutenção de tudo que acontecia na região da zona.

Após o fim da zona de meretrício, houve um processo de tentativa de apagamento histórico desse período. Com a retirada das casas de tolerância e a mudança de nome da principal rua da zona, além das diversas demolições dos edifícios originais da época.

Figura 02 : “Vitrines” da Itaboca, 1950. Fonte: autor desconhecido

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Proposição

O resultado final desta pesquisa deu origem a uma revista de colagens, onde todo o processo histórico deste trabalho é narrado através de fragmentos de imagens. O conjunto das colagens criam uma narrativa histórica e espacial, com o interesse de ser um gerador de memória, não somente desse processo de apagamento que o bairro do Bom Retiro foi submetido, mas também, de compreensão dessa dinâmica espacial boêmia do século XX, a partir da identidade nacional e dos conceitos paulista de auto imagem. A revista possui como suporte de apoio para essa compreensão, sambas e canções populares, que complementam a ideia das colagens e as suas narrativas. O samba e as canções populares foram escolhidos pela ligação direta com a identidade nacional cultivada desde o período Getúlio Vargas. As páginas e sua diagramação foram definidas para se assemelhar aos cartazes e livros modernistas, tais como os cartazes da União Soviética durante o modernismo, sob influência de artistas como Wassily Kandinsky, para remeter o leste europeu e as questões políticas citadas no início desta pesquisa. Todos os elementos de imagens, como os pisos e pedaços de edificações, foram fotografados na área do Bom Retiro atualmente.

Figura 03 : Capa da revista. Fonte: acervo do autor

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Urbanismo Trabalhos de Conclusão de Curso | 2022_2

Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO Figura 04 : Primeira página da revista. Fonte: acervo do autor Figura 05 : Páginas da revista. Fonte: acervo do autor

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Referências

CARMO, Paulo Sérgio de. Entre a luxúria e o pudor: a história do sexo no Brasil. São Paulo: Octavo, 2011.

CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. O Antissemitismo na Era Vargas. São Paulo: Perspectiva, 2001.

DEL PRIORE, Mary. Histórias íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2011.

FAUSTO, Boris. O Estado Getulista (1930-1945). In: História Concisa do Brasil. São Paulo. Editora da Universidade de São Paulo, 2011.

FONSECA, Guido. História da Prostituição em São Paulo. São Paulo, Resenha Universitária, 1982.

JANOVITCH, Paula. A Zona do Meretrício no Bom Retiro: Confinamento e Prostituição no Estado Novo (1940 1953). Roteiro durante a Jornada do Patrimônio, 2018).

JOANIDES, Hiroito de Moraes. Boca do lixo. Labortexto Editorial. Brasil, 2003.

PRADO JR., Caio. A cidade de São Paulo: Geografia e história. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983.

RAGO, Margareth. Os Prazeres da Noite: prostituição e códigos da sexualidade feminina em São Paulo (1980 1930). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991

RICOUER, Paul. A Memória, a História, o Esquecimento: Unicamp, 2007.

THIESSE. Anne Marie. La création des identités nationales. Europe XVIIIe XXe siècle. Paris: Editions du Seuil, 1999.

VELLOSO, Monica Pimenta. Os intelectuais e a política cultural do Estado Novo. In: Brasil Republicano 2. Civilização Brasileira. Rio de Janeiro: 2013

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Arquitetura e do Urbanismo

Reconhecendo lugares

Sistema modular de apoio a manifestações culturais na periferia

Partindo de uma reflexão da carência de espaços culturais pelas periferias urbanas, assim como outras demandas por infraestrutura, o trabalho se atenta sobre o ressignificado do espaço cultural pela periferia. Viabilizando a demanda a partir do estudo de espaços modulares simples, que podem ser planejados e executados junto à comunidade e que acolheriam a cultura que já fomenta esses lugares. Se baseia em uma possível replicação para diferentes endereços e situações, entretanto, não se trata de um padrão, mas um estudo de apoio para uma implementação viável de espaços culturais nas periferias de São Paulo.

Versão integral do trabalho em:

https://issuu.com/isabellezanoni1/docs/au_isabellezanoni_compressed_3_

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Arquitetura e do Urbanismo

Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

Introdução

O trabalho se baseia no estudo da periferia em seu recorte sociocultural, em suas transformações e ressignificados durante o processo de formação da cidade de São Paulo. As “periferias” carregaram por muito tempo um significado de espaços afastados homogeneamente pobres. E com o passar dos anos, o termo se ressignificou, não mais do lugar pobre, mas de resistência e potencialidade. Em que também, como retrata Villaça, não são necessariamente lugares afastados das áreas centrais da cidade, já que a periferia também coexiste em alguns bolsões junto de áreas muito valorizadas, e o próprio centro velho também carrega uma alta vulnerabilidade social. Entretanto, analisando o processo de formação da cidade e as carências relacionadas a esse fato, a proposta do trabalho tem levado em conta a “periferia” relacionada à distanciamento, a ideia do espaço rural ou industrial, onde pelo processo da autoconstrução se consolidou uma mancha urbana, sem nenhuma legislação ou processo de urbanização, o que ocasionou em grandes áreas da cidade que ainda carecem de infraestrutura urbana.

A partir dessa análise e do estudo territorial dessa formação cultural, foram mapeados coletivos artísticos das periferias de São Paulo e observado dentre eles, não só uma variedade cultural muito rica, mas uma forma muito independente de se criar espaços culturais. Seja a viela, o campinho ou a garagem, todo espaço pode então ser apropriado pela comunidade e pelos coletivos como espaços para aulas, oficinas, saraus, dentre outras atividades. Portanto, foi o ponto motivador criar uma proposta de reavaliação dos espaços vazios ou subutilizados dessas periferias urbanas, como potenciais para implantação de espaços culturais e educacionais que faltam para abrigar todo um fomento cultural que já existe.

Uma proposta que reflete então que o espaço cultural não é somente a grande infraestrutura, mas também o espaço ressignificado que é apropriado pela população. O trabalho se propõe a construir espaços a partir de um sistema modular com processos de ampliação, que trabalhe também com um mobiliário dinâmico para diferentes formas de apropriação e de ações, se baseando na simplicidade e na autogestão, mais conectado à vizinhança e podendo ocupar e se replicar a vários endereços.

Proposição

A Proposta consiste primordialmente em experimentações de espaços culturais capazes de serem executados e que possam ser facilmente distribuídos em áreas subutilizadas nas periferias de São Paulo. Foi pensado um espaço modular mínimo que pudesse ser ampliado em etapas e processos, voltado para uma autogestão e com um mobiliário dinâmico, atribuindo uma variedade programática em um mesmo tipo de espaço.

Foi estabelecido como algo simples estruturalmente e já semelhante aos lugares de implantação, facilitando o processo construtivo para as pessoas do local e visando uma interação com a comunidade. Em discussões conjuntas podem avaliar e ver a possibilidade mais viável a cada cenário, estabelecendo seu próprio critério de escolha, tanto de como será o módulo quanto de layout.

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Figura 03: Diagrama resumo do partido da proposta projetual . Fonte: acervo do autor

Após os estudos para as dinâmicas de apropriação de um espaço mínimo e considerando uma forma construtiva simples e padronizada, foram adotados elementos cotidianos na periferia e que trazem essa identidade cultural na construção. Foi desenvolvido um módulo mínimo de 4x4 metros livres internos, que entre eixos se deu 4,15x4,15 metros.

A estrutura base para o módulo foi definido como pilar e viga de concreto armado pré fabricado, específico para pequenas construções, a laje com vigotas treliçadas de 4,5 metros e 2,5 metros complementadas com as lajotas cerâmicas H8 e o bloco de concreto de 2 furos para a vedação geral. O resultado da proposta de projeto gerou 4 tipos de expansões possíveis do espaço e com a opção de se utilizar também a própria laje como área útil:

Tanto pilares, quanto as vigas, foram projetados com referência ao modelo produzido por João Filgueiras Lima para a montagem de escolas rurais em Abadiânia, Goiás. Foram feitas de concreto armado pré fabricado com encaixes, já prevendo a descida de águas pluviais e com vazios para atingir um menor peso para a estrutura. Dessa forma, facilitaria sua montagem e fabricação sem a necessidade de uma mão de obra qualificada ou muitos maquinários de obra.

Figura 04: Diagrama de montagem estrutural Fonte: acervo do autor

A proposta projetual do trabalho consiste na sua aplicação real ao espaço e sua viabilidade para áreas diversificadas. Os programas foram pensados a partir do estudo referente aos coletivos artísticos estudados anteriormente. Para que mantenha a proposta intimista de diálogo com os moradores e usuários do equipamento, foi importante um reconhecimento do local, do uso e de seu cotidiano, proporcionando uma articulação de programas diferentes para cada localidade e que tivesse de encontro com o território de implantação. Portanto, as áreas para idealização da proposta que exemplificam o modelo de aplicação desse circuito de espaços públicos culturais são espaços nas proximidades do próprio bairro em que cresci na cidade de Mauá, localizada na Grande São Paulo, dentro do chamado ABC Paulista, fazendo divisa com Santo André, Ribeirão Pires, Ferraz de Vasconcelos e a Zona Leste da capital. Todas as análises vão partir tanto da análise racionalizada do local, quanto da análise íntima de memórias e cotidiano. Para as escolhas dos locais no circuito foram definidos como espaços públicos vazios, tanto de edificações quanto de uso, sendo lugares que atualmente são utilizados unicamente para passagem e não para permanência, transformando então o uso do espaço público ao longo do bairro. Também foram selecionados pensando na requalificação de espaços que por sua vez já possuem uma vivência cotidiana, mas que não estão mais aptos ao uso por falta de manutenção. Em grande parte, são praças de resquícios viários ou nas proximidades de córregos ocupados por habitações unifamiliares. Foram dispostas próximas umas às outras, para que fosse possível uma desmembração do grande centro cultural, tornando o próprio bairro e os percursos dentro dele como parte de um todo desse espaço de lazer e cultura.

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Espaço

O Espaço 01 é localizado entre o encontro de avenidas comerciais da cidade, próximo a uma escola pública de ensino fundamental e médio, ao ponto final de duas linhas de ônibus da região. Próximo também a um dos córregos provenientes do Rio Tamanduateí e que é ocupado por habitações unifamiliares. O programa pensado para o local se baseia em um espaço cultural voltado à àrea de aprendizagem que carece na região, como biblioteca comunitária, jogos de tabuleiro e espaço de estudos no geral.

A implantação foi realizada com 2 dos módulos maiores de 4,15 metros sem acesso a laje. Foi utilizado como estrutura principal: 6 pilares modelo 01, 4 vigas do modelo 02, 2 vigas de modelo 03 a laje simples com vigotas de 4,5 metros e bloco cerâmico, a vedação com bloco de concreto padrão de 2 furos e as aberturas de porta pivotante e janelas com sistema de giro conforme padrão.

O mobiliário também se apropria de forma dinâmica ao programa do espaço e foi idealizado com: 2 armários do modelo 02, 01 armário do modelo 01 e 1 armário do modelo 03, uma bancada, 7 mesas do modelo 01e 21 bancos.

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URBANISMO
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Figura 05: Proposta para 7 espaços culturais distribuídos ao bairro. Fonte: acervo do autor cultural 01 Biblioteca da pracinha

Figura 06: Vista externa do espaço 01

Figura 06: Vista interna do espaço 01

Referências

D’ANDREA, Tiarajú Pablo. A Formação dos Sujeitos Periféricos: Cultura e Política na Periferia de São Paulo. Universidade de São Paulo Programa de Pós Graduação em Sociologia. São Paulo, 2013.

MAGNANI, José Guilherme Cantor. Festa no pedaço: Cultura popular e lazer na cidade. Ed. Hucitec, São Paulo, 1998.

MAGNANI, José Guilherme Cantor e SPAGGIARI, Enrico. Lazer de perto e de dentro, uma abordagem antropológica. Ed. Sesc, São Paulo, 2018.

MARICATO, Ermínia. Metrópole na periferia do capitalismo: ilegalidade e desigualdade e violência. São Paulo, 1995.

ROLNIK, Raquel. São Paulo: Planejamento da desigualdade. Ed. Fósforo. São Paulo, 2022. TELLES, Vera da Silva. A cidade nas fronteiras do legal e ilegal. Ed. Traço fino. Belo Horizonte, 2012.

TELLES, Vera da Silva. A cidade nas fronteiras do legal e ilegal. Ed. Traço fino. Belo Horizonte, 2012.

VILLAÇA, Flávio. São Paulo: segregação urbana e desigualdade. Estudos avançados ed. 25, São Paulo, 2011.

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Arquitetura do Som

Os Sons que Tocam o Espaço

Jéssica de Souza Ramos

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Luis Silva.

Figura 01: Isométrica de concepção do projeto. Fonte: acervo da autora. Resumo

Essa monografia tem como premissa debater a importância da percepção sonora na arquitetura, por meio de investigações e experimentações com novas tentativas de correlacionar a música e a arquitetura, tornando aqui, o som como protagonista do processo. O desenvolvimento teórico e projetual, tem como abordagem nossa percepção sensorial e do espaço usando a discussão sobre inteligência artificial e seu uso na arquitetura através de ferramentas que utilizam algoritmo paramétrico e generativo. Através dessa análise se propõe um mapeamento sonoro da região central para o processo construtivo tridimensional que através do processamento auxiliado por computador e mediado por algoritmo criará um abrigo multisensorial para o Minhocão, no centro da cidade de São Paulo.

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Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

Introdução

Uma obra de arquitetura incorpora e infunde estruturas tanto físicas quanto mentais, já que a arte da arquitetura também envolve questões metafísicas e existenciais relativas à condição humana. Sendo assim, argumento que toda experiência comovente com a arquitetura é multissensorial, as características de espaço, matéria e escala são medidas igualmente por nossos olhos, ouvidos, nariz, pele, língua, esqueleto e músculos, assim pontuado e difundido por Juhani Pallasmaa. A arquitetura reforça a experiência existencial e nossa sensação de pertencer ao mundo, e essa é essencialmente uma experiência de reforço da identidade pessoal. Em vez da mera visão, ou dos cinco sentidos clássicos, a arquitetura envolve diversas esferas da experiência sensorial que interagem e se fundem entre si.

Para isso, a monografia pretende apresentar as abordagens, as raízes e as bases teóricas do processo de pensamento, estudo e ação do projeto. Além disso, num panorama proposto por essa monografia, podemos utilizar elementos que valorizam a música, integrando a ao ambiente, demarcando percursos, quando a arquitetura pode ser usada como um meio pelo qual o som se apropria pelo espaço (através da forma, tamanho e dos materiais utilizados, por exemplo), na repetição de elementos pelos intervalos (espaços e distâncias), pela harmonia (usada para atingir o equilíbrio entre as partes e o todo), e pelo envolvimento chamado de melodia, se referindo ao conjunto dos elementos presentes. Todas essas divagações projetuais tomam forma concreta com a possibilidade da tangência entre novas tecnologias e modos de fabricação. Embora o espaço seja portador de traços sonoros que o identificam, presumimos que o som não pode literalmente esboçar em uma representação visual, devido à sua própria natureza imaterial. No entanto, o mapeamento sonoro seria uma maneira para otimizar a didática de escuta e técnica de som como formas de compreender o fenômeno e que poderia ser abordado, incluindo, na idealização do projeto de arquitetura. Assim, tanto o sentido gráfico quanto seu simbolismo, pode ser pensado como um resumo temporário que reúne qualidades ou elementos duradouros em tempo ou como uma imagem totalizante. O debate também se dá sobre nossa percepção sensorial e espacial e os tipos de apropriação projetual existentes, também abordamos o uso da inteligência artificial e suas aplicações prática no mundo contemporâneo, seja na arte ou na arquitetura, através de softwares que utilizam algoritmo paramétrico e generativo, . Será usado como suporte para a documentação do processo linguagem gráfica e visual (diagramas, desenhos/croquis, plantas técnicas, partituras de músicas, gravações de som, etc.), e os processos usados para alcançar as soluções.

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Proposição

A escolha do lugar de estudo nasceu a partir de uma reflexão a respeito de espaços na cidade que possuíam uma atmosfera sonora única, onde essa peculiaridade distingue os dos demais lugares da cidade, pontos onde suas características determinam a vivência daqueles que habitam, residem ou frequentam esses espaços. Podem ser espaços abandonados e ou degradados, com um papel reconhecível na cidade, refletindo uma sociedade contemporânea desfragmentada, mas este trabalho não visa revelar camadas históricas profundas entre conflitos e questões sócio políticas mas em propor uma transição, de um espaço cotidiano para a reflexão do espaço sensorial através da paisagem sonora. A percepção da paisagem sonora é mais facilmente percebida quando acontece uma mudança súbita nos sons de um ambiente. Em geral, o ruído que mais domina um cenário provém de atividades humanas, tais como motores de carros, aviões, máquinas e indústria. Nas áreas circundantes do centro, que possui muitas avenidas, elevados, cruzamentos, túneis, passarelas, é um cenário acusticamente complexo como fontes sonoras consideradas, além do tráfego rodoviário, os metrôs, terminais de ônibus e áreas de circulação de pedestres para as situações do dia e da noite. O Mapa Piloto atual considera ruído de tráfego urbano, para o período diurno e noturno em uma região específica da cidade de São Paulo. É uma proposta de trabalho que se baseia no que relaciona ambientes e sons, associado à experiência do corpo no espaço e da memória da cidade. O despertar de uma consciência em relação à participação de cada um dos sentidos na construção do lugar, surgiu também da vivência dos caminhos percorridos diariamente e nos quais se encontram apontamentos que os tornam especiais, tais como, o som da água, os sons da natureza, etc. Ao recuperar algo que se julgue estar na raiz da prática arquitetónica procuram se novos princípios, novas bases sobre as quais atuar, adotando uma postura essencial que permite aprender de novo a ver o mundo e assim reaprender a arquitetura.

29 L1 Fundamentos
da Arquitetura e do
Urbanismo Trabalhos de Conclusão de Curso | 2022_2 Figura 03: Elevação do perímetro do projeto. Fonte: acervo da autora.

Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Referências

ARNS, INKE; DANIELS, DIETER. John Cage: 4 '33'' Sounds Like Silence: Silence Today. Dieter Daniels e Inke Arns 2015.

ASIMOV, ISAAC. The Last Question. EUA, 1956, Science Fiction Quarterly. 15 páginas

DICK, PHILIP K. “Do Androids Dream of Electric Sheep?” EUA, 1968 / Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? Editora Aleph, 2014.

OXMAN, Rivka. Theory and design in the first digital age. DESIGN STUDIES 27. Londres: Elsevier, 2005.

SCHAFER, R. MURRAY. A afinação do mundo. São Paulo: Editora UNESP, 2001.

PALLASMAA, JUHANI. Os Olhos Da Pele A Arquitetura E Os Sentidos. Editora Bookman, 2012.

CELEDÓN, GUSTAVO. Sonido y Acontecimiento. Metales Pesados, Santiago, 2014.

FISCHER, T.; HERR, C. M. Teaching generative design, In: Proceedings of the 4th International Generative Art Conference. Milão: Ed. SODDU, 2001.

KHABBAZI, Zubin. Generative Algorithms using Grasshopper. Zubin Mohamed Khabbazi, 2010.

MITCHELL, William J. The theoretical foundation of computer aided architectural design. environment and planning b. 1975

31 L1 Fundamentos da
Arquitetura e do Urbanismo
Trabalhos
de Conclusão de Curso | 2022_2

Fenomenologia no ambiente escolar

A experiência no espaço para o desenvolvimento cognitivo infantil

Leticia de Lima Cabral

Orientadora: Prof. Dra. Myrna de Arruda Nascimento

É notável que passamos grande parte de nossas vidas em ambientes construídos e que somos movidos pelas influências externas que nos atingem constantemente e pelas experiências vivenciadas que nos trazem conhecimento e memória. O presente trabalho de conclusão de curso busca trabalhar sobre o viés da fenomenologia na educação infantil, visto que o ambiente escolar é um espaço construído do qual se tem um contínuo contato e a primeira infância é a principal fase do desenvolvimento humano, nela a plasticidade cerebral é maior sendo mais fácil moldá lo. Atuar no início dessa formação reduzirá a necessidade de reverter ou mitigar os efeitos negativos que o desenvolvimento tardio promoverá posteriormente, contribuindo para a formação de indivíduos saudáveis por meio de uma arquitetura mais humanizada e capaz de desencadear experiências e estímulos em prol do desenvolvimento cognitivo infantil.

https://issuu.com/arqleticialima/docs/tcc_1_ _leticia_de_lima_cabral

33 L1 Fundamentos da
Arquitetura e do Urbanismo
Figura 01 : Sala multiuso com intervenção. Fonte: autoral. Resumo

Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

Introdução

Se em cada passo de uma criança há um possível avanço para a humanidade, por que não cogitar realizar ações destinadas a contribuir para que esse passo seja dado de forma eficaz? Pensar em conceber arquiteturas, no século XXI, não se trata somente de projetar e construir, mas entender dinâmicas contemporâneas flexíveis e mutantes, que exigem posturas dedicadas a EXPERIMENTAR novos modos de intervir nos espaços. Na fase inicial da vida, na primeira infância, somos seres absorvedores do mundo, na qual somente observar o que nos rodeia não é o suficiente para perceber a grandeza daquilo a que estamos expostos. Correr descalço sobre a grama e SENTIR as folhas que se entrelaçam sob nossos dedos, sentir o vento brincar sobre a pele, apalpar a fina areia vendo a deslizar sobre as mãos, são eventos que despertam uma nova experiência que não poderia ser adquirida de outra forma, a não ser VIVENCIANDO AS. A relação entre CORPO e ESPAÇO, observada e analisada a partir de estímulos e de interações que estabelecem conexões entre o indivíduo e o que o rodeia, é o objeto de estudo da fenomenologia, que será utilizada como método de investigação deste trabalho dialogando com a psicologia e com a arquitetura em benefício de se projetar um ambiente escolar infantil para promover o desenvolvimento cognitivo da criança.

Segundo estudos do Comitê Científico do Núcleo Ciência pela infância (2014, p.3) foi comprovado que este período inicial é responsável pelo preparo do indivíduo para a aquisição de habilidades futuras mais complexas, portanto, se houver um desenvolvimento integral saudável, haverá maior facilidade de adaptação dele a diferentes ambientes e à absorção de novos conhecimentos, ocasionando um bom desempenho escolar futuro (PASCHOAL e MACHADO, 2009). Assim, entendendo como os processos cognitivos das crianças funcionam e como ele se relaciona com agentes externos, é exequível criar ambientes que promovam EXPERIÊNCIAS no espaço, possíveis de serem transformadas em MEMÓRIAS e CONHECIMENTOS, que farão a diferença para o desenvolvimento cognitivo e a formação intelectual das crianças, ao longo de sua infância e para além dela. O presente trabalho foi estruturado sobre uma linha de raciocínio que criou 3 etapas, a primeira, referente à contextualização dos temas envolvidos; a segunda, os levantamentos de dados e referências; e a terceira, a aplicação do que foi identificado e analisado nas etapas anteriores, sintetizando em uma proposta de intervenção e projeto.

A primeira etapa, respondeu três perguntas base: Como, onde e para quem? O “como” se referindo ao método adotado, nesse caso a fenomenologia, portanto, explicamos o conceito de fenomenologia, em que momento ele surgiu e como se manifesta no dia a dia, nos ambientes que habitamos e nos espaços que conhecemos. Em seguida, o “onde”, como já indicado no título, apresentou o local de aplicação, no âmbito escolar. Assim, o segundo capítulo descreve uma breve história da educação infantil, abordando questões como a mulher no mercado de trabalho e a demanda de cuidados com as crianças, os direitos adquiridos e o reconhecimento da criança como uma ser que possui necessidades. Nesse mesmo capítulo, abordou se a Base Nacional Comum Curricular, suas competências e habilidades vistas como diretrizes que deveriam ser utilizadas por todas as escolas para garantir um ensino igualitário e de qualidade, visto que possuem parâmetros de acordo com cada faixa etária, indicando quais elementos devem ser trabalhados para cada fase da vida da criança. E por fim, o terceiro capítulo respondeu “para quem?”, tendo como público alvo crianças da primeira infância com 3 anos, que já possuem um processo de desenvolvimento cognitivo conhecido por especialistas que será explicado e exemplificado neste capítulo com o apoio de estudiosos como Piaget e Montessori, dando embasamento para as futuras tomadas de decisões projetuais.

Partindo para a etapa 2: o levantamento, tratou da descrição do objeto de intervenção, uma escola de ensino infantil, já existente, localizada na cidade de Suzano, no Estado de São Paulo. Esses levantamentos foram baseados em pesquisas e censos, visita técnica, entrevista com docentes e funcionários, exploração do ambiente e análise de materiais coletados (levantamento autoral e projeto original). E por fim, a etapa 3: a intervenção, que se resume na seleção de alguns ambientes da escola que receberão intervenções apoiadas nos conhecimentos adquiridos, junto aos atributos arquitetônicos como as cores, texturas, formas, materiais, iluminação, vegetação, mobiliário entre outros, buscando atingir o objetivo principal do trabalho que é transformar um espaço existente em um ambiente rico em estímulos, experiências e que promova o desenvolvimento cognitivo infantil.

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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Proposição

O projeto trata se da intervenção em três ambientes selecionados de uma escola pública infantil da cidade de Suzano, sendo eles: Hall da secretaria e sala multiuso (bloco B), destacados em cinza no desenho.

Figura 02 : Escola infantil da cidade de Suzano, organizada em blocos com destaque em cinza nos pontos de intervenção. Fonte: autoral.

Para construir as bases para essas intervenções foram feitas algumas análises buscando entender o processo de desenvolvimento infantil, as diretrizes estabelecidas pelo setor educacional e as premissas projetuais já existentes

Figura 0

diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) autoral.

Figura 04 : Estudos de caso selecionados junto aos pontos de interesse levantados. Fonte: autoral/Archdaily

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e do Urbanismo
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Trabalhos de Conclusão de Curso | 2022

Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

Figura 05 : Resultado da análise, destacando as qualidades e características que o espaço deve ter e trazer. Fonte: autoral.

Levantadas todas as informações necessárias foi projetado os três espaços que resultaram em ambientes que promoverão: Autonomia, expressão, ludicidade, exploração, envolvimento, estimulação, descoberta, acolhimento, coletividade, organização, acessibilidade, possibilidades e liberdade artística. Todos os elementos inseridos e as decisões tomadas possuem uma justificativa que irá contribuir para o desenvolvimento cognitivo infantil que poderão ser verificadas na versão completa deste trabalho

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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
HALL DA SECRETARIA Figura 06 : Hall da secretaria. Fonte: autoral SALA DE AULA Figura 07 : Sala de aula. Fonte: autoral

Referências

AMORIM, Paula. Fenomenologia do espaço arquitetônico: Projeto de requalificação do Museu Nogueira da Silva. 2013. 209. Arquitetura e Urbanismo Universidade da Beira Interior Faculdade de Engenharia, Covilhã, 2013.

BULA, Natalia. Arquitetura e fenomenologia: Qualidades sensíveis e o processo de projeto. 2015. 235. Arquitetura e Urbanismo Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.

COMITÊ CIENTÍFICO DO NÚCLEO PELA INFÂNCIA. O Impacto do Desenvolvimento na Primeira Infância sobre a Aprendizagem. 1Ed. Brasil, 2014.

GUIMARÃES, Luciano. A cor como informação: a construção biofísica, linguística e cultural da simbologia das cores. 3. Ed. São Paulo: Annablume, 2004.

HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura, 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

MACEDO, Lino. Ensaios Construtivistas. 3. Ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.

NAKADOMARI, Natalia. Arquitetura e fenomenologia: qualidades sensíveis e o processo de projeto. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2015.

PALLASMAA, Juhani. Tradução: Alexandre Salvaterra. Os olhos da pele: a arquitetura e os sentidos. 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2011

PASCHOAL, Jaqueline. MACHADO, Maria. A história da educação infantil no Brasil: Avanços, retrocessos e desafios dessa modalidade educacional. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009.

SANTOS, Julianna. Na flor da pele: Um olhar sobre a arquitetura de Tod Williams e Billie Tsien. 2016. 164. Arquitetura e Urbanismo Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2016.

VILLAROUCO, Vilma et al. Neuroarquitetura: A neurociência no ambiente construído. 1 Ed. Rio de Janeiro: Rio Books, 2021.

ZUMTHOR, Peter. Pensar arquitetura. 2. Ed. São Paulo: Guatavo Gili, SL, 2006.

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Arquitetura e do Urbanismo
Trabalhos de Conclusão de Curso | 2022
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SALA Figura 08 : Sala multiuso. Fonte: autoral

Espaço religioso: Fratérnitas Madre Teresa de Calcutá Lidia Rodrigues Gonçalves

Orientadora: Prof. Dra Myrna Arruda Nascimento

Figura 01 : Espaço interno da Igreja: celebração. Fonte: acervo do autor

Resumo

Este trabalho de conclusão de curso tem por finalidade analisar a arquitetura de ambientes destinados ao ritual religioso católico, compreendendo as percepções designadas a religião, com base na simbologia da fé e nas práticas em que se envolve os fiéis. O estudo será utilizado para a concepção de um espaço religioso, que preverá a restauração de espaços preexistentes e um anexo destinado as práticas dos ritos católicos.

https://issuu.com/lidiarodriguesg/docs/frat_rnitas_madre_teresa_de_calcut_ _lidia_rodrig

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Arquitetura e do Urbanismo

Introdução

O projeto de arquitetura de um espaço destinado ao ritual religioso, busca cumprir o objetivo de abrigar a simbologia da fé em todos os ambientes concebidos. Além disso, no caso específico desse trabalho de conclusão de curso, inclui se espaços designados a práticas sociais, assistenciais e culturais, nas quais a comunidade interage. Portanto, o produto deste tcc pretende entender como se estabelece o diálogo entre a arquitetura, prática religiosa e tudo que envolve as ações da comunidade.

Para compreender esse diálogo, há a necessidade de se estudar como se dá a percepção no espaço, principalmente como o indivíduo se conecta e se sente parte daquilo que ele experimenta conforme propõe a fenomenologia. Peter Zumthor, em seu livro “Pensar Arquitetura” define fenomenologia como o estudo do indivíduo em receber e reagir a estímulos de forma particular, formando uma atmosfera desenvolvida através das experiencias, memorias e percepções, fazendo com que o usuário, de forma individual se sinta íntimo ao ambiente projetado.

Portanto, este projeto aborda uma associação entre arquitetura e a prática religiosa, buscando

Figura 02: Primeiros croquis do projeto. Fonte: acervo do autor

BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Local Existente

Os estudos de caso permitiram que a autora compreendesse a fenomenologia aplicada a arquitetura, compreendendo os conceitos empregados nos espaços sagrados da Igreja Católica. Com base nos estudos realizados, a autora optou por apresentar como estudo final o projeto de um espaço religioso, que visa atender não só as necessidades religiosas, mas também as demandas que a comunidade carece

Assim a autora optou pela Fratérnitas Madre Teresa de Calcutá, uma instituição da Terceira Ordem

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Trabalhos de Conclusão de Curso
EMEI Vila Natal Fratérnitas Madre Teresa de Calcutá Figura 03: Entorno imediato da instituição. Fonte: acervo do autor

Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

trazendo em sua concepção o uso de elementos que abarcam as sensações dos indiv o projeto explora a luz natural e os efeitos causados no interior da igreja, a fim de transparecer o sagrado aos fiéis. Além disso, utiliza amor ao abraçar a

Implantação

Figura 04: Implantação: Área existente, novas edificações e área de vegetação. Fonte: acervo do autor

Área Verde Além

O piso adotado para a área externa é o intertravado, pois além do custo contribuindo para a locomoção dos idosos pelo espaç

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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Referências

PALLASMAA, Juhani. Os Olhos da Pele: A Arquitetura e os Sentidos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. GIOIA, Maria. Arquitetura Religiosa: Igreja Cruz Divina. Trabalho de Conclusão de Curso, não publicado. Centro Universitário Senac, 2020.

ZUMTHOR, Peter. Pensar a Arquitectura. 2 ed. Editorial Gustavo Gili, 2009.

CNBB. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Projetar o Espaço Sagrado- O que é e como se constrói uma Igreja. Edições CNBB, 2019.

Os dados do Anuário Pontifício 2021. Vatican News, Vaticano, março de 2021. Disponível em: https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/202103/anuario pontificio 2021 dados igreja catolica.html. Acesso em 05/03/2022.

CROSBIE, Michel. Notre Dame Levanta Questões sobre Espaços Religiosos e Sagrados. Archdaily, abril de 2019. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/915768/notre-dame-levanta-questoes-sobreespacos religiosos e sagrados. Acessado em 05/03/2022

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Arquitetura e do Urbanismo
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Trabalhos de Conclusão de Curso | 2022 Figura 05: Vista frontal Igreja e campanário. Fonte: acervo do autor Figura 06: Croqui vista interna dormitórios Fonte: acervo do autor

TCC

Arquitetura do Edifício

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Centro de Dança

Arquitetura como ferramenta para arte e movimento. Ana Carolina

Resumo

Neste TCC foram levados em consideração 3 aspectos importantes relacionados ao tema centra que é “DANÇA”.

O primeiro ponto de partida do projeto que virá a ser desenvolvido. tem como temática a “dança na cidade” levando como referência os espaços que ela pode ser abordada.

A partir do tema “dança na cidade”, este TCC ainda tem como outro objetivo mostrar a relação que existe entre o edifício e o ensino da dança, como o projeto e organização do programa influenciam a qualidade de aprendizado.

A dança é uma arte que exige espaço, e em determinadas modalidades alguns recursos específicos e essenciais para a execução da mesma.

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Figura 01 : Centro de Dança. Fonte: acervo do autor

Com essas três bases foi estudado um projeto que trará um edifício levará em consideração todas as exigências que o ensino da dança pede, espaço, estrutura, organização. Resultando em um edifício funcional que acrescentará muito no ensino de tal arte. https://issuu.com/carolbarelli/docs/anacarolinabarelli_caderno_tcc2_23112022

Introdução

Este projeto foi pensado para ser um Studio de Dança na zona sul da cidade de São Paulo, mais precisamente na região da Vila Mascote.

O partido do projeto vem de 3 fundamentos , dança, espaço e função. Essas três vertentes conversam com o projeto, a dança como base central, a partir disso projetar um espaço onde essa arte possa ser apresentada, atuada e ensinada de forma funcional e segura.

Antes de apresentar a dança, vamos ve r neste trabalho questões que justificam a importância da arte e cultura na vida das pessoas e no mundo.

Em seguida teremos a história da dança que neste momento é relevante pois nela será mostrado a evolução das técnicas de ensino e as estruturas exigida s para uma melhor qualidade de ensino.

Ainda na contextualização do tema veremos a história dessa arte no brasil, que é onde de fato implantaremos o projeto.

Pensando em espaço e como ele pode interferir ou se relacionar com a essa arte, este trabalho apre senta questões que influenciam positivamente e negativamente na pratica da dança.

Questões como adaptação de espaços podem ser positivas ou negativas. Um espaço que é adaptado tem suas limitações de mudança, em alguns casos podem ser espaços que agregam m uito, mas em outros um pilar estrutural no meio da sala pode ser um grande problema.

Por esse motivo meu projeto irá justificar como um projeto pensado desde o início para determinadas áreas da arte é tão importante, e influencia diretamente na qualidade de ensino.

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Arquitetura do Edifício
Figura 03 : Centro de dança Render 3. Fonte: acervo do auto Figura 02 : Centro de dança Render 2. Fonte: acervo do autor

Proposição

Figura 04 : Planta Terreo Fonte: acervo do auto

Figura 05 : Planta 2 Pavimento | Salas de Aula Fonte: acervo do auto

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Trabalhos de Conclusão de Curso |
2022

Figura 06 : Corte AA Fonte: acervo do auto

Figura 07 : Corte BB Fonte: acervo do auto

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Referências

CENTRO CULTURAL DE DANÇA:

https://issuu.com/biashimabuk/docs/tcc_ana_beatriz_marcelino_shimabuk_2020_02_turma_b/1 TCC VALORIZAÇÃO DA DANÇA E DOS ESPAÇOS CULTURAIS ATRAVÉS DA ARQUITETURA:

https://issuu.com/emillyfalcao/docs/tcc_emilly_falcao ESTAÇÃO DA DANÇA: https://issuu.com/laurartc/docs/estacao_da_danca_laura_camargo ARQUITETURA E DANÇA: O MOVIMENTO DO CORPO NO ESPAÇO:

https://issuu.com/thaisakemitada/docs/finally ESCOLA DE DANÇA PAVLOVA:

https://issuu.com/raphaelaantunes/docs/escola_de_dan_a_pavlova https://www.metodobertazzo.com/conheca a escola.html https://www.archdaily.com.br/br/01 53611/edificio once adamo faiden https://www.archdaily.com.br/br/909780/edificio bonpland adamo faiden https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/historia da danca no brasil https://www.brasilparalelo.com.br https://monografias.brasilescola.uol.com.br https://www.todamateria.com.br

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Trabalhos de Conclusão de Curso
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Abrigo, Reabilitação e Reinserção

para pessoas e animais em situação de rua

Bruna Bernardes

Orientadora: Profª. Ms. Ana Carolina Ferreira Mendes

Figura 01: Render do projeto desenvolvido. Fonte: acervo da autora. Resumo

Neste trabalho traremos a reflexão sobre as pessoas em situação de rua e como a falta de moradia aumentou exponencialmente na cidade de São Paulo em decorrência da pandemia de Covid 19. O levantamento tem por finalidade justificar o projeto de um edifício multifunção no bairro de Santo Amaro em São Paulo, capaz de abrigar temporariamente, reabilitar e reinserir pessoas em situação de rua e seus animais de estimação na sociedade, sem que seja necessário separá los neste processo.

Palavras chave: Situação de rua. Moradores de rua. Animais de estimação. Vulnerabilidade social.

Versão integral do trabalho em: https://issuu.com/bruna_bernardes/docs/bruna_bernardes_abrigo_reabilita_o_e_reinser_o_p

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Introdução

A população em situação de rua é uma questão relevante nas grandes cidades e a pandemia de Covid 19 foi um fator capaz de agravar esse fato que já era preocupante. No Brasil, em pesquisa divulgada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aponta que cerca de 140 mil pessoas que fazem parte do Cadastro Único não possuem moradia. Em São Paulo, o Censo da População em situação de rua realizado em 2021 aponta que existem 31.884 pessoas sem moradia, cerca de 22% da população de rua brasileira. Com tantas pessoas desabrigadas e o recente aumento decorrente da pandemia, o Estado não consegue suprir a demanda por vagas, além disso, convencer essas pessoas a ir para abrigos também é uma problemática, já que muitas delas possuem animais de estimação, que não são aceitos em abrigos públicos, não aceitam os poucos pertences que a pessoa possui como carroças e barracas entre outras questões. Visto a forma como vem sendo enfrentada a questão das pessoas sem moradia na cidade de São Paulo, o presente trabalho trará uma série de levantamentos e questões que nos convidam a refletir sobre as necessidades das pessoas sem moradia, entendendo seus comportamentos e nos direcionando para a criação do programa de um edifício multifunção capaz de atender a esse público de maneira acolhedora e humana.

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Figura 02: Sr. Zé, em situação de rua e seu animal de estimação. Fonte: @moradoresderuaeseuscaes

Proposição

Inserido na Avenida Adolfo Pinheiro, uma das principais do bairro de Santo Amaro, o projeto foi desenhado como uma solução aos convencionais abrigos precários da cidade de São Paulo, os quais ninguém quer ficar, além de oferecer serviços que vão além da estadia, juntos em um só lugar.

Sua implantação se integra com o entorno de comércios e grande fluxo de pessoas. A praça oferece respiro na movimentada avenida. Desde o início houve a preocupação em manter uma considerável área verde no terreno, já que não encontramos com facilidade no entorno, praças e árvores para nos abrigarmos do calor ou descansar.

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Trabalhos de Conclusão de Curso | 2022 Figura 03: Diagrama. Fonte: acervo da autora. Figura 04: Render da praça. Fonte: acervo da autora.

Uma questão decisiva no desenho do edifício era que a implantação deveria ser pensada de modo a permitir a travessia de pedestres por dentro do terreno (fruição pública) entre a Avenida Adolfo Pinheiro e a Rua Padre José de Anchieta. a.

O edifício principal que abrigará as famílias temporariamente, foi projetado como um edifício residencial, com restrição de acesso pelo lobby, unidades privativas e um pavimento dedicado ao lazer

. Fonte: acervo da autora.

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Arquitetura do Edifício

autora.

Já o edifício de apoio, implantado na lateral direita do terreno, abriga os programas públicos, como o restaurante, os vestiários para banhos coletivos, a lavanderia, e as salas destinadas aos cursos profissionalizantes.

Referências

Censo População de Rua São Paulo. Prefeitura de São Paulo, 2021. Disponível em: <https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiZWE4MTE5MGItZjRmMi00ZTcyLTgx OTMtMjc3MDAwMDM0NGI5IiwidCI6ImE0ZTA2MDVjLWUzOTUtNDZlYS1iMm E4LThlNjE1NGM5MGUwNyJ9>. Acesso em: 16 fev. 2022.

Declaração Universal dos Direitos humanos. Assembleia Geral das Nações Unidas, 1948. Disponível em: < https://www.unicef.org/brazil/declaracaouniversal dos direitos humanos>. Acesso em: 16 fev. 2022.

O que é direito à moradia?. Direito a Moradia FAU USP. Disponível em: < http://www.direitoamoradia.fau.usp.br/?page_id=46&lang=pt#:~:text=A%20mor adia%20adequada%20foi%20reconhecida,para%20a%20vida%20das%20pess oas.> Acesso em: 17 fev. 2022.

Alvarez, Aparecida Magali de Souza. Resiliência e encontro transformador em moradores de rua na cidade de São Paulo. Teses USP, 2003. Disponível em: < https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde 03122020 133300/pt br.php> Acesso em: 16 fev. 2022.

Proposta de alteração do quadro de recursos humanos do serviço centro de acolhida especial para pessoas em situação de rua Modalidade família. Prefeitura de São Paulo, 2022. Disponível em:<https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/assistencia_social/comas/arquivos/2022/Reencon tro_Plano_Site_2.pdf> Acesso em: 22 fev. 2022.

Centro Temporário de Acolhimento. Prefeitura de São Paulo, 2019. Disponível em: < https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/assistencia_social/cta/?p=2 47879> Acesso em: 20 fev. 2022.

Natalino, Marco. Estimativa da População em Situação de Rua no Brasil (setembro de 2012 a março de 2020). IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 2020. Disponível em: < http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/10074/1/NT_73_Disoc_Estimativa %20da%20populacao%20em%20situacao%20de%20rua%20no%20Brasil.pdf> Acesso em: 22 mai. 2022.

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Um Novo Olhar para Maturidade

Edifício Multifuncional

Resumo

A longevidade do brasileiro apresenta um crescimento expressivo no decorrer dos últimos anos e estamos sofrendo mudanças de paradigmas em relação ao conceito do envelhecer, exemplificado pelo crescente interesse pela camada da economia prateada. Vivendo mais, as pessoas necessitam de moradias adaptadas a essa nova fase. Este estudo propõe a construção de um empreendimento privado, não busca ser a solução, mas mais uma alternativa de moradia e serviços focado na terceira idade através do conceito Angeing in Place. O projeto tem como principal objetivo buscar a interação com a cidade entre pessoas de todas as idades e impulsionar a qualidade de vida.

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Figura 01: Perspectiva Edifício Multifuncional Fonte: Render própria autoria 2022

Introdução

O Envelhecer é inerente a existência humana, é um processo complexo nos âmbitos social, econômico, cultural e físico. Observa se com frequência cidades que atropelam suas histórias, marcas e o próprio passado devido ao crescimento acelerado. É preciso administrar o desenvolvimento dessas cidades e preservar a memória dos laços afetivos com a população e melhorar a habitabilidade delas. Pesquisas com idosos apontam que a qualidade de vida e satisfação, está atrelada a questões voltadas a autonomia, a demanda por moradias pensadas é alta pois pesquisas, indicam que eles procuram qualidade de vida e produtos próximos ao contexto urbano, mantendo assim mais próximo aos seus familiares e amigos “Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas” (OMS 2005).

A economia prateada engloba produtos e serviços voltados a suprir as necessidades daqueles com mais de 50 anos de idade. Traços que definem a economia prateada são pessoas com alto poder aquisitivo e livres de encargos econômicos, as quais aproveitam o tempo p ara fazer o que sempre quiseram: viajar, viver novas experiências, fazer tratamentos, cuidar da saúde, entre outros. São pessoas ativas que gostam de cuidar de si mesmas, comem bem, fazem atividades físicas, se divertem, têm o tempo livre e querem aproveitar com atividades culturais e de lazer.

“Os consumidores do futuro não são da geração dos millennials, são os maduros. A pirâmide etária já se inverteu, e para atender a esse público, precisa se entender e respeitar as suas esp ecificidades”, (Patrícia R G de Sá, coordenadora de Formação Executiva da Longevidade da FGV).

O Angeing in Place conceito de envelhecer no local caracteriza se pelo envelhecimento da pessoa em sua residência e cidade de escolha, pelo tempo que quiser. Esse local dispõe de serviços, cuidados e apoios necessários que mudam no decorrer do tempo e à medida que o indivíduo envelhece, deve englobar os desafios do envelhecimento no local, as atividades necessária s às demandas de saúde, sociais e emocionais para manter uma vida equilibrada na residência de sua escolha. O Envelhecer no local não significa que o idoso precisa fazer tudo sozinho, e pode optar por fazer apenas o que quiser, puder e for capaz, pois tem todo o suporte de serviços para auxílio de suas necessidades. Nesse conceito de empreendimento são preservados aspectos de inclusão social, saúde, convívio entre gerações, adaptações às limitações funcionais e físicas. No decorrer da longevidade contam com serviços de home care dentro do condomínio, para que possam envelhecer em ambientes sem o caráter de clínica de repouso.

“Ageing in place (AiP) significa ter saúde e apoio social necessário para viver, com segurança e de forma independente, em casa ou na comunidade à medida que se envelhece (WHO, 2015). ”

A área escolhida para projeto possui uma localização privilegiada pela quantidade de equipamentos e serviços no seu entorno, como pela quantidade de arborização da região. O terreno escolhido pa ra implantação do Edifício Multifuncional está localizado na Rua Groelândia número 77 esquina com a Av. Brigadeiro Luís Antônio altura do número 4700. O local apresenta um valor histórico arquitetônico, por ter abrigado até o ano passado a Escola Panameric ana de Arte e Design projeto de autoria do arquiteto paulistano Siegbert Zanettini, conhecido e reconhecido mundialmente pelos seus projetos desenvolvidos com soluções de estruturas metálicas inovadoras .

O ponto de partida para escolha dessa área era implantar a edificação em uma centralidade, para que o envelhecer dos idosos fosse inserido ao contexto urbano, a área deveria ter diversos atrativos em seu entorno desde espaços públicos, equipamentos culturais, aéreas verdes e contanto com a natureza, lazer, hospitais e serviços ligados a saúde

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EM ARQUITETURA E URBANISMO
BACHARELADO

Proposição

Hoje há diversos equipamentos com barreiras arquitetônicas que impedem o acesso ao público. Ao se pensar em habitações e envelhecimento, o indivíduo é levado a efetuar mudanças estruturais que adaptem as necessidades. Foi pensando nisso que se estudou diversas tipologias e pesquisas sobre o assunto para assim definir um caminho a seguir na implantação do conceito.

A opção de ILPL’s com caráter hospitalar e as Cohousing com caráter local exclusivo para idosos e, no geral, afastadas da cidade foram excluídas por não atenderem a principal premissa de encontrar um terreno inserido no contexto urbano e de um equipamento no qual se estimula o convívio intergeracional. O edifício multifuncional será planejado dentro dos conceitos do desenho universal e sincronia com a rotatividade das pessoas que usarem os serviços para promover o convívio intergeracional entre os moradores do local.

As unidades de configuração residencial buscam uma escala menor; proporcionando a privacidade e totalidade de residência; possibilitando individualidade, independência e interdependência Focar no envelhecimento ativo em movimentos físicos, estímulo menta l e manutenção da saúde Promover e apoiar o envolvimento familiar além de manter relações com o entorno e vizinhança e servir aos mais fragilizados. O programa adotado para distribuição dos usos do edifício multifuncional, considerando que os idosos contemporâneos viveram muito mais e de maneira cada vez mais autônoma e saudável, foi desenvolvido e focado a acolher diversas funções e setores de apoio, comércio, serviços, cursos, saúde, esporte, social com áreas comuns para convívio, corporativ o e residencial. A implantação do Edifício Multifuncional foi uma estratégia em busca de aproveitar a energia urbana da região. No entorno do terreno há edificações com usos de serviços (na sua maioria voltado s a saúde o que torna ainda mais atrativo o local para o público idoso), moradias, e há um grande corredor de transporte público em uma das frentes do terreno que consequentemente traz um grande fluxo. O projeto procura estimular o uso do espaço público dos moradores através de uma calçada viva e ativa que facilita o cotidiano do pedestre. Dessa maneira, o projeto irá gerar o convívio intergeracional entres os moradores e frequentadores do edifício, e irá beneficiar o entorno por meio da integração entre es paços públicos e privados.

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Figura 02,03 e 04:Implantação, Corte AA e telhado verde. Fonte: própria autoria 2022.
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Arquitetura do Edifício BACHARELADO EM
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Figura 05: Elevação Lateral Direita. Fonte: própria autoria 2022. Figura 06: Fachada Rua Groenlândia . Fonte: render própria autoria 2022.

Referências

ARTIGOS/PESQUISAS CIENTÍFICAS

GUIMARÃES, J. R. S. Envelhecimento populacional e oportunidade de negócios: o potencial de mercado da população idosa. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 15. Anais... Campinas: Abep, 2006

HENWOOD, B.F., KATZ, M.L. & GILMER, T.P. 2015, Aging in place within permanent supportive housing, international journal of geriatric psychiatry, vol. 30, no. 1, pp. 80 87.

PERIÓDICOS

HE, W.; GOODKIND, D.; KOWAL, P. An aging world: 2015. Unite d States Census Bureau, International Population Reports, 2016

MOREIRA, Ericka M.de F; DE SOUSA, Milena N.A. Olhares sobre o impacto do isolamento social à saúde mental do idoso, Volume 6, Número 2448 1394, p.234 p.244,2021.

LIVROS

BEAVOIR, Simone de. A velhice: as relações com o mundo. São Paulo: Difusão Europeia do Livro,1970

GUIMARÃES, Renato M. O envelhecimento: Um processo pessoal. In FREITAS, E.V (et al.) Tratado de Geriatria e Gerontologia Segunda ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, cap 9 p.83 86 2006.

NORMAS E CADERNOS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, rio de Janeiro, 2004.AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILANCIA SANITÁRIA ANVISA Resolução RDC N.283, de 26 de setembro de 2005. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2005/res0283_26_09_2005.htm.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guia Global. Cidade Amiga da Cidade (2005). Disponível:http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43755/9789899556867_por.pdf;jsessionid= 1A223FA5DB4EB5090C4150DB0E38F4CA?sequence=3.

TESES/DISSERTAÇÕES/MONOGRAFIAS

AZEVEDO, Marta Sofia Adães. O envelhecimento ativo e a qualidade de vida: u ma revisão integrativa. 92 p. Dissertação de Mestrado. Escola superior de enfermagem do Porto Portugal, 2015.

KALACHE, Alexandre. O mundo envelhece: é imperativo criar um pacto de solidariedade social. Revista Ciência & Saúde Coletiva 2008: p1007 a 1111. Disponível em: https://web.archive.org/web/20180726214653id_/http://www.scielo.br/pdf/csc/v13n4/02.pdf.

SITES

CAMARANO, Ana Amélia. Os Novos Idosos Brasileiros Muito Além dos 60 Rio de Janeiro:IPEA,2004. Disponível:https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=5476

EMPREENDEDORISMO SÊNIOR Empreendedorismo Sênior: A Nova Tendência

Disponível em: https://empreendedorismosenior.com.br/.

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Clínica de Atenção à Saúde Mental Centro de Tratamento Jaraguá

Orientadora : Profa . Dra . Valéria Cássia dos Santos Fialho

Figura 01: Vista externa dos dormitórios e área ecumênica . Fonte: acervo do autor

Resumo

Esse trabalho apresenta brevemente a evolução dos espaços voltados à saúde mental e a partir desse estudo propõe alternativas que melhorem as experiências e a qualidade de vida de pacientes de clínc as psiquiátricas através da qualificação dos espaços, auxiliando no tratamento e na reinserção dos pacientes na sociedade.

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Introdução

O presente trabalho versa sobre a importância da arquitetura nos ambientes psiquiátricos no Brasil. O tema escolhido vai além do método do sistema psiquiátrico atual, refere se principalmente na utilização da arquitetura dos ambientes como uma forma de assistência durante a permanência dos pacientes na instituição psiquiátrica.

De acordo com algumas pesquisas e levantamentos realizados, nota se que houveram muitas modificações no tratamento do ambiente psiquiátrico ao longo dos anos mas infelizmente até hoje não existe um tratamento que seja realmente eficaz para essas pessoas. Sendo assim, falta a introdução de um ambiente e de medidas mais humanizadas e terapêuticas para contribuir com o tratamento e a reinserção dessas pessoas na sociedade, uma vez que a arquitetura vem se apresentando como um poderoso e eficaz instrumento para tal finalidade.

A arquitetura tem influência na forma de agir do ser humano, desse modo, pode influenciar nos sentimentos e ações dos pacientes psiquiátricos durante o período que permanecerem nas instituições. Nos espaços hospitalares, muitas pessoas necessitam de tratamento específico e tornar este espaço, de alguma forma, mais agradável, contribui com os procedimentos realizados naquele local, seja para os pacientes que residem ou aos que estão de passagem.

Arquitetura dentre tantas definições, também é memória, então fazer o possível pa ra que esses ambientes sejam acomodados em forma de lembranças agradáveis e não traumáticas ao inconsciente dirá como o paciente irá se sentir e produzir memórias sobre o ambiente. Desse modo, passamos a entender a real necessidade de produzir ambientes arquitetônicos harmoniosos que estejam em sintonia com os pacientes psiquiátricos e assim, contribuam com o tratamento.

Proposição

O terreno situa se na Zona Norte da cidade de São Paulo, no distrito de Jaraguá. Localizado na Avenida Doutor Felipe Pinel, próximo à Rodovia dos Bandeirantes e também da Estação Vila Clarice da Linha 7 Rubi da CPTM, também possui ligação com as principais rodovias estaduais, a Rodovia dos Bandeirantes e Rodovia Anhanguera, além do Rodoanel Mário

Covas

Os manicômios surgiram como uma forma de aprisionamento e higienização das ruas, os hospitais psiquiátricos brasileiros partiam da lógica da exclusão e violência com os pacientes. Sendo assim, historicamente, os manicômios tinham como objetivo excluir da sociedade qualquer pessoa que não se encaixava no que era denominado normal ou produtivo Para tentar modificar esta visão, o Ministério da Saúde criou a Reforma Psiquiátrica, que tem como objetivo a desospitalização,

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Arquitetura
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ressocialização e reintegração dos pacientes e da humanização dos tratamentos, por meio de adoção de modelos que acabem com os hospitais psiquiátricos e seus métodos de exclusão social e de alienação.

A clínica psiquiátrica do Centro de Tratamento Jaraguá tem capacidade para 240 pessoas, totalizando entre elas, pacientes, médicos, enfermeiros, funcionários e familiares dos internos, tendo em consideração que a capacidade é de até 200 residentes.

O projeto é dividido em seis setores, salas de atendimento, administrativo, salas de terapia com atividades, refeitório, hospedagem e área de serviço que é distribuida em dois setores diferentes do projeto, com intenção de distribuir o progr ama de modo que seja funcional, confortável e aconchegante, para que desse modo, interfira positivamente no tratamento dos residentes da clínica.

O programa do setor das salas de atendimento possui uma recepção, quatro salas de clínico geral, quatro salas de coleta, quatro salas de curativo , enfermagem, farmácia, duas salas de atendimento psicológico, duas salas de atendimento psiquiátrico, duas salas para assistente social e duas salas de nutricionista, sanitários, além da área de serviço que inclui almoxarifado, rouparia e sala de registro.

O setor administrativo possui sala de reunião, sala de gerência, recursos humanos, sala de arquivo, sala de depósito, administrativo e a tesouraria. Em frente ao setor administrativo, se encontram as salas de terapia que são compostas por sala de meditação, terapia ocupacional, sala de dança, sala multimídia, duas salas para oficinas, duas salas para ateliê, sala de música, copa dos funcionários, sanitários e a área de serviço com lavanderia, depósito de lixo, dml e sala de máquinas.

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Figura 02: Fachada do setor de hospedagem . Fonte: acervo do autor

Ao lado das salas de terapia, se encontra o refeitório, o qual tem suporte para 240 pessoas, incluindo os 200 residentes. Saindo do refeitório, tem se acesso ao setor de hospedagem, que é dividido em duas alas, ala feminina e a ala masculina, todos os quartos são para dois moradores e possuem banheiro acessível com sanitário e box adaptados, al ém de possuirem brises móveis de madeira, os quais os moradores podem utiliza los da maneira que for mais funional para eles. Ambas as alas possuem dois jardins internos que podem servir como espaço de descanso, conversas e vivência entre os residentes.

Com exceção do setor de hospedagem que possui piso de madeira, todos os outros possuem piso vinílico. No edíficio onde se encontram os setores das salas de atendimentos, administrativo, salas de terapia e refeitório, as laterais possuem vidro para possibilitar a entrada de luz natural, assim como dois brises fixos de madeira. Na área externa do projeto, pode se encontrar a horta, jadim e o espaço ecumênico, assim como uma quadra poliesportiva para uso dos residentes.

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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Figura 03: Jardim interno. Fonte: acervo do autor Figura 04: área entre alas. Fonte: acervo do autor Figura 05: Dormitório. Fonte: acervo do autor Figura 06: Sala meditação. Fonte: acervo do autor

Referências

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Reforma Psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil: Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental , Brasília, novembo de 2005.

ZAMBRANO, Maria, Imagens da Arquitetura da Saúde Mental: Um Estudo sobre a Requalificação dos Espaços da Casa do Sol, Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira , UFRJ Monografia, Rio de Janeiro, 2003.

CESERO, Ana, CAPS: Reinserção, UFU Monografia, Uberlândia, 2018

DE AMORIM, Daniel; SIMÔES, Gabriela, A Influência da Arquitetura nos Ambientes Psiquiátricos em Função da Sanidade Mental dos Pacientes , UNIT Tiradentes Monografia, Alagoas, 2019.

GRUSKA, V.; DIMENSTEIN, M., Reabilitação Psicossocial e Acompanhamento Terapêutico: equacionando a reinserção em saúde mental, Rio de Janeiro, 2015.

SELBMAN, Fabrício, Clínica Psiquiátrica: Tratamento, funcionamento e importância, Pernambuco, 2020

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Jardim Arandu:

O Papel do Espaço na Formação da Criança

Este trabalho é uma reflexão de como o ambiente escolar pode contribuir para a formação do cidadão, tendo como resultado a proposição de um projeto de escola infantil para Santo Amaro, um bairro em transformação na zona sul de São Paulo. Usou se de referências bibliográficas, iconográficas, dados, visitas e estudos de casos, com o intuito de compreender como a inserção de uma escola poderia influenciar os usuários da região e beneficiar o seu entorno. Sendo assim, foi possível identificar o potencial do terreno e a maneira como o projeto de arquitetura consegue abrigar muito além de um equipamento institucional flexível e interativo.

Versão integral do trabalho em https://issuu.com/larissamartinho/docs/jardim_arandu

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Figura 01 : Vista do pátio interno da escola. Fonte: acervo do autor Resumo

Introdução

Este trabalho, desde o seu início, foi motivado pelo interesse em como a escola pode influenciar na formação do cidadão e como a arquitetura poderia potencializar o desenvolvimento e aprendizagem das crianças.

Seguindo esta linha de pensamento, este trabalho propõe a elaboração de uma escola de educação infantil adequada às necessidades de recreação, educação, nutrição e saúde dos usuários, com ambientes que estimulem o desenvolvimento das crianças, adequados à sua idade e ritmo individual de crescimento.

O projeto busca respeitar o universo infantil, dando importância a os primeiros meses e anos de vida da criança, proporcionando um bom desenvolvimento e aprendizagem por meio de espaços estimula ntes e com contato direto com a natureza.

O desenvolvimento do trabalho foi feito a partir de estudos sobre as leis e diretrizes do Plano Diretor Municipal, Lei de Uso Ocupação do Solo e parâmetros estabelecidos pela FDE Fundação para o Desenvolvimento da Educação, além de utilizar de referências projetos pedagógicos e construtivos, pesquisas sobre relação entre a psicologia infa ntil e estudo do espaço.

A escola deve ser um ambiente acolhedor e seguro, criativo e instigante, e é este o intuito deste projeto, atender as necessidades e desejos das crianças propiciando espaços que favoreçam um aprendizado múltiplo que estimule o desenvolvimento das duas potencialidades integrando a essa escola, em um meio urbano muito mais qualificado.

Tem se como o objetivo principal propor uma escola de educação infantil condizente com as necessidades para formação, estimulando a vivência, o lúdico e conforto dos alunos, desenvolvida com base no programa estabelecido pela FDE Fundação para o Desenvolvimento da Educação. De modo que, a escola que propicie o desenvolvimento escolar, com espaços de convívio flexíveis e de usos múltiplos, e que além destes, possa se incorporar no meio existente, trazendo uma praça pública que se integre e potencialize os espaços e relações pessoais.

Eis que em inúmeras tentativas de buscar um nome para a escola que representasse tudo o que ela seria e proporcionaria para as crianças, baseando se nos princípios Montessori, deparei me uma palavra indígena que coube tão bem e que descreve , com brasilidade, não só a pedagogia utilizada, mas todo o conceito da escola em si.

O termo indígena “Arandu” possui diversos significad os, e ajuda a sintetizar o conceito presente neste trabalho, que serviu como partido para o projeto.

“Para os povos Kaiowá e Guarani, alguns significados para o termo arandu são “ouvir o tempo”, “vivenciar”, “conhecer com a experiência de vida, na relação intrínseca com o ambiente”, “entendimento”, “conhecimento”. Em uma palavra, esses vastos conceitos talvez poderiam ser sintetizados como “sabedoria”.” (PATRÍCIA BONILHA, 2020)

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Arquitetura
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URBANISMO

Proposição

O Jardim Arandu, projetado para o bairro de Santo Amaro São Paulo, é uma escola que busca proporcionar experiências para seus alunos através da arquitetura, estimular o desenvolvimento e o conhecimento, para que a criança desfrutando das experiências que o espaço pode proporcionar, tenha um melhor aprendizado.

O projeto do Jardim Arandu, visa criar uma escola pública de educação infantil para crianças de 0 a 5 anos, com espaços flexíveis e lúdicos, que estimulem os alunos a aprender, além de incorporá la delicadamente no entorno já existente, potencializando os fluxos, espaços e relações, integrando este novo equipamento público à uma grande praça, de modo a introduzir aos pais, alunos e a comunidade um novo meio de desfrutar desses espaços.

A partir da compreensão de que a Avenida Adolfo Pinheiro poderia receber um desafogo em meio ao trânsito diário, e que o quarteirão poderia receber uma melhor integração das ruas São José e Salomão Karlik, a praça pública é implantada bem na esquina, de modo a captar os pedestres dessas 3 vias distintas e permitir que caminhem por esta nova praça.

A escola é implantada ao lado do Teatro Paulo Eiró, e mesmo sendo constituída de um edifício único, observa se a clareza nos seus fluxos e na divisão programática de acordo com os usos estabelecidos , a distribuição do programa nasce com base nos Programas Arquitetônicos de 2017, disponibilizados pela FDE, onde há uma média de número de salas de aula, ambientes e uma metragem sugerida para cada espaço da escola pública infantil, separados em: direção/administração, pedagógico e vivência.

Pensando na captação dos fluxos externos, a escola possui dois acessos principais, um acessado pela Av. Adolfo Pinheiro, destinado principalmente aos alunos, o qual é aberto somente no horário de entrada e saída das crianças, e um segundo frente à Rua Salo mão Karlik, que tem acesso à algumas vagas de automóveis, pensado para o público que busque informações ou para carga e descarga de mantimentos, em que uma rampa dá acesso ao guichê de atendimento da secretaria.

Os dois acessos chegam frente ao grande páti o retangular descoberto, repleto de verde e árvores, neste espaço as crianças podem correr, brincar, subir nas árvores, andar descalças e ter um contato direto com a natureza; toda circulação e divisão programática ocorre no entorno deste pátio.

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Trabalhos de Conclusão de Curso | 2022 Figura 02 : Vista aérea do projeto. Fonte: acervo do autor

Figura 03 : Implantação. Fonte: acervo do autor

Todo o edifício é projetado para atender as necessidades das crianças, propiciando grandes espaços para suas vivências, mas ainda assim, atendendo os parâmetros estabelecidos pela FDE. O pavimento térreo recebe o coração do projeto, o pátio descoberto, totalmente permeável, com árvores pontuais e dimensionado para ser amplo, permitindo às crianças correr, subir em árvores, tomar banho de sol e realizar atividades múltiplas ao ar livre.

Já o pátio coberto, tem relação direta com a grande escadaria, que deixa de ser só um meio de circulação, mas torna se palco, brinquedo, auditório, tudo o que a imaginação dos pequenos permitir.

Todo o projeto estimula o convívio dos alunos, logo, o grande pátio descoberto e o pátio cobe rto são os elementos articuladores de todo o programa da escola, por meio deles é possível caminhar para as áreas mais pedagógicas e áreas mais administrativas.

As salas de aulas, funcionam como uma unidade autônoma, com sanitário feminino, masculino e o fraldário/trocador; seu espaço amplo permite diferentes layouts e apropriações, podendo ser expandidas por suas grandes portas camarões, propiciando que as crianças tenham diferentes vivências. possibilitando atividades multietárias e usos diversificados

Assim como o uso da vegetação, as cores também estão muito presentes no projeto, trazendo diversão, referência e marcação dos espaços para os pequenos. Pensando no desenvolvimento, e nas diversas possibilidades, uma grande escadaria de madeira, que deixa de ser só um meio de circulação, mas tornase palco, brinquedo, auditório, tudo o que a imaginação dos pequenos permitir.

Como a escola é pensada para usos flexíveis, muitos de seus espaços são projetados com grandes planos de vidro, promovendo maior integração entre os ambientes internos e externos, porém o vidro revela muito do íntimo que acontece em cada ambiente, logo, para preservação das crianças e controle de iluminação, brises móveis são instalados na maioria das fachadas.

E como não há como pensar em um edifício sem considerar o seu entorno, neste caso, a criação dos espaços livres esteve totalmente articulada com as intenções do projeto escolar. Frente a Avenida Adolfo Pinheiro, um canteiro em chanfro conduz o pedestre a acessar a praça públ ica. Pensando também que esta via é de intenso trânsito, este canteiro se prolonga e recebe árvores de médio e grande porte, que ajudam na proteção do pedestre e contribuem para o isolamento acústico do espaço.

Próximo ao acesso principal da escola, um nov o canteiro angular, com vegetação rasteira e árvores de porte médio, protege e sombreia o corredor administrativo da escola, este canteiro é envolvido por um espelho d’água, trazendo mais um elemento da natureza para este miolo urbano

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Arquitetura

Toda praça recebe o mesmo tratamento paisagístico, garantindo a sua compreensão como uma grande unidade. Os chanfros conduzem os caminhos delimitando espaços, a vegetação protege e evidencia, os espelhos d’água trazem um complemen to e, junto com todo o mobiliário implantado, compõem um novo espaço público a ser usufruído tanto pelos alunos como por todos os frequentadores da região de Santo Amaro.

Por meio deste, foi possível compreender como o projeto em questão potencializa a reg ião de Santo Amaro de diferentes modos, proporcionando para os alunos da escola um aprendizado mais rico e amplo, associado à arquitetura, e possibilitando para os transeuntes o usufruto de novos espaços de lazer e convivência.

Este trabalho apresenta poss íveis soluções quanto à arquitetura escolar infantil e as praças públicas urbanas, com alternativas que garantem melhor disseminação de espaços, aprendizado e fluxos.

Por fim, compreende se que, certamente, esta não é uma solução pronta, pois o ensino, o b airro, as tecnologias estão em constantes transformações, logo, à medida que os processos vão ocorrendo, outras medidas poderiam ser adotadas, mas no presente momento, o projeto demonstra se coerente.

Referências

DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. Brasília: Ministério da Educação, 2010.

FDE. Fundação Para O Desenvolvimento da Educação. Governo do Estado de São Paulo. A FDE: institucional / a fde. INSTITUCIONAL / A FDE. 2022 . Disponível em: https://www.fde.sp.gov.br/PagePublic/Interna.aspx?codigoMenu=9. Acesso em: 10 out. 2022.

FORNEIRO, L. I. A organização dos espaços na Educação Infantil . In: ZABALZA, M. A. Qualidade em educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 1998. p. 229 281.

FRABONI, Franco. A Escola Infantil entre a cultura da infância e a ciência pedagógica e didática . In. ZABALTAR, Miguel A. Qualidade em Educação Infantil. Porto Alegre. 1998.

FUNDAÇÃO MARIA CECILIA SOUTO VIDIGAL (Brasil). Primeira Infância Primeiro. 2020 . Organizado por Datapedia.info. Disponível em: https://primeirainfanciaprimeiro.fmcsv.org.br/estado/sao paulo/. Acesso em: 10 out. 2022.

MENDONÇA, Fernando Wolff. Teoria e Prática na Educação Infantil . Maringá, PR: UNICESUMAR, 2013.

MIRANDA, Nicanor. O significado de um parque infantil em Sant o Amaro Departamento de Cultura. Divisão de Ensino e Recreio . 1938.

MONTESSORI, Maria. Pedagogia Científica: a descoberta da criança . São Paulo, Flamboyant, 1965.

PROJETO NORMAS ARQUITETURA. São Paulo: FDE, 7 nov. 2011.

RIZZO, Gilda. Creche: organização, currículo, montagem e funcionamento . 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 2006.

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Figura 04 : Corte AA. Fonte: acervo do autor

CCS

Centro de Cultura e Saúde Sexual - Santa Cecília

Lucas Balogh Pena

Esse TCC traz a importância de abordar dois assuntos cheios de tabus em nossa sociedade: sexo e sexualidade. Entendendo que só através da educação somada a testagem e métodos de proteção poderemos construir uma sociedade preocupada em diminuir os números de novos casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

A partir de todo o contexto histórico e os estudos desenvolvidos, se pretende projetar um Centro de Cultura e Saúde Sexual - no bairro de St. Cecília, ao lado do metrô Marechal Deodoro;

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Figura 01: Fachada da Rua Dr. Albuquerque Lins. Fonte: acervo do autor Resumo

procurando alinhar um importante instrumento de testagem e prevenção CTA com o Museu da Saúde Sexual que pretende valorizar as populações que por anos foram estigmatizadas pelos preconceitos acerca das ISTs.

Versão integral do trabalho em ISSU:

https://issuu.com/lucasbalogh/docs/tcc_-_centro_de_cultura_e_sa_de_sexual-_lucas_balo

Introdução

Esse trabalho de TCC pretende ensaiar um Centro de Cultura e Saúde Sexual em São Paulo, no bairro de Santa Cecília, segundo bairro com mais casos de ISTs/ HIV por 100 mil habitantes na cidade. Para isso, a pesquisa foi dividida em 06 etapas, que traz o leitor a ter o maior entendimento do assunto, sendo assim, a construção da pesquisa se voltou para artigos científicos, documentários e reportagens com médicos especialistas no cuidado à saúde sexual. O projeto pretende mostrar todo o processo histórico e cultural que contribuíram para o aumento de novos casos de ISTs no Brasil, bem como mostrar a importância que o CTA (Centro de Testagem de Aconselhamento) teve e tem para a prevenção e tratamento de Infecções sexualmente transmissíveis em nosso país.

É importante frisar que o novo equipamento dará uma atenção prioritária para as populações, que historicamente foram marginalizadas no país pelo preconceitos e tabus relacionados ao tema: população negra e periférica, LGBTQIA+, pessoas em situação de rua, profissionais do sexo e pessoas que vivem com ISTs.

Coordenadoria de IST/Aids.

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Porém, entendendo que o Centro de Cultura e Saúde Sexual não deve se limitar apenas a esses segmentos populacionais, mas sim, trazer para discussão todas as pessoas de nossa sociedade. Através da junção de uma nova unidade do CTA com a criação de um Museu da Saúde Sexual, poderemos ter uma transformação social para diminuição de intolerâncias e preconceitos, o entendimento da importância da prevenção, e a interrupção dos aumentos de casos em São Paulo.

Proposição

O Centro de Cultura e Saúde Sexual tira partido de sua localização privilegiada ao lado do Metrô e do Minhocão - locais onde passam milhares de pessoas por dia para estabelecer um novo marco no bairro da Santa Cecília através da retirada dos muros e grades, afirmando o caráter público do espaço e conectando o novo equipamento com a estação existente.

Aliado a isso uma praça é implantada, sendo ela um dos poucos espaços verdes restantes no bairro, visando sua utilização como espaço de convivência e que servirá de estratégia para aproximar a população ao Centro de Testagem e Aconselhamento e do Museu da Saúde Sexual.

Entendendo que a concentração de pessoas que percorrem o metrô diariamente junto a uma nova opção de área verde e de lazer possam contribuir para a quebra de barreiras e preconceitos acerca do tema. Sendo assim, a escolha do terreno e o desenho do térreo procura a todo momento estimular mais pessoas a se testarem e criarem uma conscientização sobre a necessidade de prevenção as ISTs e sobretudo para contribuir para a diminuição dos índices de multiplicação de vírus e de mortes no bairro de Santa Cecília e de São Paulo (sendo dos segmentos mais vulneráveis ou não).

As organizações dos diferentes fluxos foram pensadas para dar o melhor funcionamento no dia a dia, considerando a entrada via Praça Marechal Deodoro para carga e descarga de itens expositivos e retirada de lixos biológicos, químicos e comuns e entrada dos funcionários do Museu. Já a circulação dos funcionários do CTA se dá pela entrada posterior do edifício pela Rua Dr. Albuquerque Lins.

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Arquitetura do Edifício

. Fonte: acervo do autor

A ventilação e a luz natural são uma preocupação ao longo de todo equipamento, através de pátios internos, janelas basculantes, elementos vazados, brises e sheds metálicos; que proporcionam espaços mais frescos e iluminação contínua, procurando chegar a um resultado projetual que humanize os espaços internos.

A circulação vertical ajuda a desenhar a volumetria, através de escadas que circundam a fachada e proporcionam um passeio por todo o Museu com vista para cidade, e principalmente o Minhocão, além disso para chegar ao terraço expositivo uma grande escada lateral ao CTA leva os usurários do térreo ao terraço elevado.

O edifício se forma a partir de laje nervurada com foco em vencer grandes vãos, além de pilares, vidros, alvenaria e elemento vazado, procurando criar uma hierarquia formal, ou seja, estabelecendo fachada mais fechadas e protegidas com brises e parede de concreto com o logo do CTA em relação a Rua DR. Albuquerque Lins e uma fachada mais aberta com maiores aberturas e mirantes para permitir máxima ligação visual entre o Centro de Cultura e Saúde Sexual e o Minhocão (espaço que ao longo do tempo se tornou um importante espaço de lazer para cidade).

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Figura 04: corte que mostra relação com minhocão e estação. Fonte: acervo do autor

Por fim, o projeto relembra a necessidade urgente de uma transformação social e de maior cuidado com a saúde pública e com a cultura, colaborando para construir novas gerações conscientes de seu papel social em diminuir preconceitos e intolerâncias e que sabem o real valor em estar sempre atualizado sobre formas de prevenção e tratamento para evitar novas epidemias.

Referências

CAMPANA, Pedro. Aids no Brasil: do primeiro caso à estruturação das políticas de saúde. Carta Capital. São Paulo, 2019

CAMPANA, Pedro. Por que a Aids predomina entre jovens gays negros e pardos?. Carta Capital. São Paulo, 2019.

FERNANDES, Nathan. Síndrome do preconceito: como o estigma contribuiu para o aumento da epidemia de aids. Revista Galileu. São Paulo, 2017.

SILVA. A; e col. Relatório de Gestão 2017 2020. Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, São Paulo, 2020.

SILVA. A; e col. Boletim Epidemiológico de HIV/AIDS, São Paulo, 2021.

GRANGEIRO, A; FERRAZ. D. Centros de Testagem e Aconselhamento do Brasil DESAFIOS para a EQÜIDADE e o ACESSO, Brasília, 2008.

EMÍLIO, Matehus e Matheus Renam. Exposição Virtual Memórias de uma epidemia. Museu da Diversidade Sexual, 2022.

81 L2 Arquitetura do Edifício
2022 2
Trabalhos de Conclusão de Curso |

Patrimônio Arquitetônico e Urbano

L3
TCC 2

Pavilhão

Cidade Ademar

Memórias em Fotografia

Caiã Rocha dos Reis

O presente trabalho busca discutir a importância da memória e sua presença no cotidiano como elemento importante na vivência e história dos moradores na Cidade Ademar. Para isso, o trabalho discorre sobre a origem do bairro e sua situação atual através de fotografias e imagens como forma de revelar a memóri a sobre o olhar interno do lugar. Tendo isso em vista e compreendendo a importância da memória, o trabalho propõe um pavilhão de memória como forma de valorização do lugar e promoção da cultural local e do lazer.

https://issuu.com/caia.rocha/docs/tcc_cai_rocha_issu_d29addc5295cfe

85 L3 Patrimônio Arquitetônico e Urbano
Figura 01: Jardim. Fonte: acervo do autor Resumo

Introdução

A ideia do projeto nasce com duas finalidades, que se unem para compor a proposta final. A proposta inicial tinha como objetivo relatar o desenvolvimento do bairro através de fotografias e depoimentos digitalizados, conversas com moradores mais antigos do bairro, sobre as primeiras habitações e moradias até os dias atuais. Aumentando a escala do projeto, surgiu a segunda proposta que seria um equipamento cultural que, através da investigação do local percebeu se a necessidade e a carência de um espaço para laser, esportes, artes e programas recreativos.

O projeto tem como objetivo criar um equipamento que leve para as pessoas um espaço em que possam realizar cursos livres e profissionalizantes, espaços para entre tenimentos, laser e esportes, e claro, um ambiente histórico com os relatos da construção e evolução dos bairros do Cidade Ademar de acordo com as informações de seus moradores.

Com a alta densidade populacional, ausência de áreas verdes, e a grande distân cia entre equipamentos existentes, foi identificado a necessidade de um equipamento cultural, na qual ficará localizado na Av. Yervant Kissajikian, 2211 São Paulo SP, atendendo a todos os bairros do distrito de cidade Ademar.

Figura 02: vista da esquina av.yervant com a rua bem aventurança. Praça seca e circulações de acesso.

Fonte: acervo do autor

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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Patrimônio Arquitetônico e Urbano

A escolha do lugar de intervenção se dá por dois aspectos principais que, de certo modo se complementam. O primeiro é o vínculo afeto estabelecido com o lugar, por ser morador da região e ter estabelecido diversas vivências e memorias com o lugar, essa área de intervenção apres enta mais facilidade de acesso para estudo de campo. A segunda, decorre como uma observação de, ao longo dessas vivências ter notado a ausência de equipamentos culturais e o potencial do terreno por apresentar uma das poucas áreas de grande dimensão do bai rro e por sua localização privilegiada na avenida que estrutura o bairro, ligando a com pontos importante da metrópole.

87 L3 Patrimônio Arquitetônico e
Urbano
2022 2
Trabalhos de Conclusão de Curso
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Figura 03: vista aérea PAVILHÃO CIDADE ADEMAR . Fonte: google Earth, edição do autor Proposição Figura 04: praça mirante. Fonte: acervo do autor

Patrimônio Arquitetônico e Urbano

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EM ARQUITETURA E URBANISMO
BACHARELADO
Figura 05: passarela de acesso. Fonte: acervo do autor

Referências

CERTEAU, Michel: A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 2008.

Kevin Lynch, E a imagem da Cidade. CAPÍTULO 3 A IMAGEM DA CIDADE E SEUS ELEMENTOS.

MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra. A cidade como bem cultural: ár eas envoltórias e outros dilemas, equívocos e alcance na preservação do patrimônio ambiental urbano. São Paulo: IPHAN, 2006.

Monografias de História dos Bairros de São Paulo.

POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social, in: Estudos Históricos, Rio de J aneiro, volume 5, número 10, 1992.

________________. Memória, Esquecimento, silêncio, in: Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 2, número 5, 1989.

ROLNIK, Raquel. A Cidade e a Lei legislação, política urbana e território na cidade de São Paulo, Editora Nobel, 1997.

Lista de autores de Músicas citadas: Emicida, Racionais mc’s, Mato Seco, Gal Costa, Maneva, Marcelo D2, Orappa, Chico Buarque, Criolo, Sabotage, DBS e a quadrilha, Ponto de Equilibrio.

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| 2022 2
Trabalhos de Conclusão de Curso

Palacete do Carmo

Intervenção e reinserção do patrimônio ocioso na cidade Michael Lara Terra

Orientadora: Profª. Drª. Jordana Alca Barbosa Zola

Figura 01: vista lateral intervenção Fonte: acervo do autor Resumo

Esse trabalho de conclusão de curso busca investigar o patrimônio que hoje se encontra ocioso no bairro Sé, São Paulo, com intuito de criar um projeto de reinserção para o edifício escolhido, Palacete do Carmo, de volta ao cotidiano local, através da transformação das dinâmicas do espaço e da sua relação com a cidade. O intuito é criar uma intervenção nesse local que possa responder tanto às demandas atuais do centro da cidade, sendo a falta de adensamento populacional uma delas, como também as dinâmicas de uma praça metropolitana como é a Sé, a qual o Palacete é lindeiro.

Versão integral do trabalho em https://issuu.com/miichaellara/docs/tcc_ _michael_lara

91 L3 Patrimônio Arquitetônico e Urbano

Introdução

São Paulo sempre foi caracterizada pelo seu pioneirismo desenvolvimentista no Brasil, o que, por um lado, ajudou a se tornar o centro econômico do país, mas por outro, fez com que carregasse uma cultura do esquecimento muito forte, a qual corrobora para uma série de problemáticas no âmbito da preservação do passado e do patrimônio construído. As dinâmicas de crescimento urbano, direcionadas para o lado oeste da cidade, fizeram com que o núcleo de crescimento inicial, considerado centro velho, fosse aos poucos perdendo influência econômica, e como consequência, foi sendo abandonado na perspectiva do capital e de manutenção dos espaços. Todo esse contexto de produção urbana alinhado a diversas dinâmicas legislativas e de interesse do mercado deu margem para a degradação do patrimônio, o qual conseguiu sobreviver às transformações maiores de determinados períodos, e não foram apagados.

É nesse cenário que esse trabalho de conclusão de curso se introduz, investigando o patrimônio ocioso na região central para criação de um escopo de pesquisa, o qual deu margem para criação de uma intervenção, que, possui intuito de reinserir o patrimônio em questão de volta ao cotidiano local, através da transformação das dinâmicas do espaço e da sua relação com a cidade. Da mesma forma, espera se que o exemplo de reinserção possa também funcionar como vetor de requalificação para o entorno, e o discurso usado possa influenciar em reflexões na maneira como lidamos com patrimônio em nossa cidade hoje. Para essa pesquisa e, para conseguir dados oficiais, foi considerado patrimônio como edifícios tombados e de alto valor para memória da cidade e de seus habitantes, e ociosidade considerada - através de um levantamento autoral - como estagnação, sem uso, que esteja em processo de degradação temporal.

O local de investigação escolhido foi o bairro Sé, com foco na colina histórica, e o local de exemplo para intervenção é o Palacete do Carmo, localizado na Rua Venceslau Brás, do número 50 até o número 104, e seu entorno. O objetivo final do trabalho de conclusão é criar uma intervenção nesse local que possa responder tanto às demandas atuais do centro da cidade, sendo a falta de adensamento populacional uma delas, como também as dinâmicas de uma praça metropolitana como é a Sé, a qual o Palacete é lindeiro. Portanto, a nova dinâmica do espaço contemplará diferentes camadas de uso, seja ele residencial, como também de lazer, esporte e trabalho, subvertendo o reflexo de uma exceção no cotidiano, e transformando o local em um uso constante dos habitantes da própria cidade.

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EM ARQUITETURA E URBANISMO
Patrimônio Arquitetônico e Urbano BACHARELADO

Proposição

Fonte: acervo do autor

A partir das investigações e levantamentos produzidos, o programa do projeto surgiu com intuito de contemplar tanto a necessidade de adensamento local, como também ser um vetor para a reestruturação do espaço e redesenho limítrofe da Praça Sé, para criação de uma melhor relação entre Praça e Cidade no lote do Palacete do Carmo.

Para isso, a abordagem se dividiu em duas camadas, relação do edifício com a Praça e relação do mesmo com a Cidade, com a criação de um anexo nas suas costas, o qual olha para a Praça Sé e possui uma passagem direta para o Palacete, projetando assim, uma nova frente do Palacete, essa qual agora é virada para a Praça. Esse conjunto de intervenções, alinhadas às intervenções internas ao Palacete, buscam criar uma conexão maior entre os elementos vizinhos, como a Catedral da Sé e o Pateo do Collegio, servindo também como rota para encontro dos dois.

A composição de residência e uso público será contemplada através de um edifício multifuncional, com espaços mutáveis e rotativos, os quais permitirão um constante uso do edifício, como já é feito em alguns exemplos que temos em São Paulo, sendo elas as ocupações, como a Ouvidor, a qual possui uma dinâmica muito rica de usos do espaço, proporcionando eventos, festas, bazares, espetáculos, dentre tantas outras manifestações culturais no mesmo edifício onde funcionam as residências dos ocupantes.

O intuito é criar uma estrutura que contemple as necessidades diárias e faça com que o Palacete seja usado o tempo todo, 24 horas, sem uma determinação específica dos espaços, os quais podem ser mutáveis, e podem servir como moradia para diferentes pessoas e em diferentes tempos, ou seja, uma experiência com o patrimônio da cidade, que pode ser integrada com flats, espaços de escritório para alugar, coworking, biblioteca e espaços de exposição.

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Trabalhos de Conclusão de Curso |
2022

03: programa Fonte: acervo do autor

Para potencializar o programa do palacete, foi divido o volume em duas partes:

A primeira, virada para a Sé, possui térreo livre, gerando uma extensão da praça para baixo da cobertura do edifício. O gabarito do edifício se alinha com seu entorno imediato e no ultimo pavimento do mesmo está localizado a comedoria/mirante, a qual gera um espaço de contemplação para a Praça.

A segunda, ligada ao palacete, preenche a lacuna que o volume do edifício existente possui, criando uma simetria entre os dois lados do edifício. Essa nova volumetria também criou uma fachada do palacete virada para o miolo da quadra, e por possuir um gabarito mais alto que os demais edifícios da quadra, também consegue ter visão para a Praça Sé.

A divisão do programa entre esses dois volumes foi pensada para que os programas de acesso público e com fluxos mais rápidos ficassem no edifício mais baixo virado para Sé, enquanto o edifício colado ao palacete possuísse programas com fluxo mais lento e com períodos mais longos de permanência, além dos três pavimentos residenciais, localizados na parte superior do edifício, acima dos demais programas.

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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Patrimônio Arquitetônico e Urbano
Figura

Figura 04: vista passarela e pátio interno Fonte: acervo do autor

Referências

ABREU, Maurício de Almeida. Sobre a memória das cidades. Porto: Revista da Faculdade de Letras Geografia I série, Vol. XIV, 1998, pp. 77 97.

AKAISHI, Ana Gabriela. A herança Mercantil: os entraves dos imóveis ociosos no centro de São Paulo; orientadora Erminia Terezinha Menon Maricato. São Paulo, SP, 2022

BONDUKI, Nabil. Intervenções urbanas na recuperação de centros históricos. Brasília, DF: Iphan / Programa Monumenta, 2010.

CAMPELLO, Glauco. Patrimônio e cidade, cidade e patrimônio. Rio de Janeiro: Livro Revista de Patrimônio, IPHAN, n° 23, 1994

CHOAY, Françoise. O patrimônio em questão: antologia para um combate. Belo Horizonte: Fino Traço, 2011

DEVECCHI, Alejandra Maria. Reformar não é construir: a reabilitação de edifícios verticais: novas formas de morar em São Paulo no século XXI. Tese de Doutorado Habitat FAUUSP. São Paulo, 2010

GATTI, Simone Ferreira. Entre a permanência e o deslocamento. ZEIS 3 como instrumento para a manutenção da população de baixa renda em áreas centrais. O caso da ZEIS 3 C 016 (Sé) inserida no perímetro do Projeto Nova Luz. São Paulo, 2015.

HELENE, Diana. A guerra dos lugares nas ocupações de edifícios abandonados do centro São Paulo. São Paulo, 2009.

MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. O campo do patrimônio cultural: uma revisão de premissas. Conferência Magna, I Fórum Nacional do Patrimônio Cultural, Vol. 1, Ouro Preto, IPHAN, 2009, pp. 25 39.

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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

L4
TCC 2

Requalificação do Antigo Aterro Santo Amaro

Um novo parque urbano

Bárbara Giacchetto Moreira

Orientadora:

Resumo

A escassez de espaços públicos livres de edificação são desafios enfrentados pelos grandes centros urbanos. Essa falta pode gerar diversos problemas que resultam em uma piora na qualidade de vida. Antigamente, áreas do município de São Paulo foram utilizadas como aterros sanitários e com crescimento da cidade, esses se tornaram cicatrizes. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo propor uma intervenção no antigo aterro Santo Amaro a fim de qualificá lo na forma de um parque. O projeto deverá estabelecer o desenho dos espaços livres, de interesse comum, para convivência, contemplação, lazer e prática de esportes considerando os aspectos técnicos da intervenção neste tipo de terreno.

Versão integral do trabalho em https://issuu.com/barbaragmoreira/docs/barbara_g_moreira_tcc

99 L4 Projetos Urbanos
e
Arquitetura da Paisagem Profª. Ms. Marcella de Moraes Ocke Müssnich Figura 01: Vista do aterro e relação com Rio Pinheiros. Fonte: Acervo do autor.

Introdução

Para Jacobs (2011), “As cidades são um imenso laboratório de tentativa e erro, fracasso e sucesso, em termos de construção e desenho urbano.”. Os espaços livres de edificações costumam ser esquecidos, mal planejados ou subutilizados.

Dessa forma, foi identificado um terreno de um antigo aterro da cidade de São Paulo, o Santo Amaro, e percebeu se o desperdício do seu potencial, pois o mesmo não apresenta nenhuma função social. A requalificação deste aterro poderia ser parte das transformações urbanas necessárias para melhorar a qualidade de vida da população. Essa mesma área está atualmente conte mplada no Projeto de Intervenção Urbana Arco Jurubatuba, sendo prevista sua transformação na forma de um parque.

Quando estes espaços estão inseridos no cotidiano urbano, estes tornam se grandes pontos de preocupação principalmente para o seu entorno. Não apenas por questões de contaminação da área, já que podem afetar até mesmo a saúde da população, mas também pelo risco de uma possível ocupação indesejada nestes terrenos, que são instáveis, podendo causar acidentes como o ocorrido no Morro do Bumba (antigo aterro) em Niterói em 2010, onde 48 pessoas morreram após um deslizamento.

Considerando os aspectos do aterro Santo Amaro, nota se a necessidade de entender a paisagem, o espaço e, principalmente, os aspectos relativos à sua contaminação. O aproveitamento de um terreno contaminado pode exigir cuidados técnicos mais especializados, bem como, um bom planejamento da intervenção. Segundo a CETESB (1992), ainda que a edificação em um terreno sobre um aterro desativado seja possível, esta solução geralmente não é recomendada.

Portanto, mesmo sendo uma área degradada, está se mostra como local com potencial de ser reintegrada ao município com o objetivo de compor novas áreas verdes e de lazer. Por isso, antigos aterros desativados demandam um tratamento específico para sua utilização. A recuperação dessas áreas não tem como objetivo o retorno às condições iniciais do terreno, mas sim propiciar um novo uso considerando questões ambientais, estéticas e sociais (STUERMER, BROCANELI, VIEIRA, 2011).

Figura 02: Estrutura de um Aterro Sanitário. Fonte: CEPEA, 2004/Adaptado pelo autor.

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EM ARQUITETURA E URBANISMO
Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem BACHARELADO

Proposição

O Parque Aterro Santo Amaro, representado na figura 03 e 04, tem como partido a ocupação e usos do entorno e também a própria vocação do terreno. A implementação das áreas de lazer, descanso, cultural e educacional visa atender às necessidades identificadas a partir do recorte urbano realizado, de forma a melhorar a qualidade de vida urbana.

Com área total de 54,61 ha, houve a necessidade de considerar diversos acessos e, com isso, o acerto dos passeios públicos para maior incentivo da caminhabilidade e a readequação viária da Av. Miguel Yunes. Além dos acessos a partir do viário público, segundo o PIU ACJ, deve ser prevista uma ciclopassarela para conexão com o outro lado do rio. Como a exclusividade de bicicletas foi alterada para esse trecho, propõe se a alteração para uma passarela não exclusiva para bicicletas. Além disso, pelo tamanho do trecho, foi disposta uma segunda conexão, propiciando mais formas diretas de acesso pela população que se localiza do outro lado do rio Pinheiros.

Figura 03: Implantação. Fonte: Acervo do autor.

Figura 04: Corte AA. Fonte: Acervo do autor

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Urbanos e Arquitetura da
Paisagem
2
Trabalhos de Conclusão de Curso | 2022

O parque foi setorizado em áreas, em função de sua vocação, mas também de sua escala e relação com o entorno imediato. Porém, apesar dessa setorização, uma escol ha importante foi a de considerar o parque como um todo. Por isso, foram incluídas nas áreas elementos que trazem a lembrança de características presentes em outros trechos do parque, por exemplo, trazendo elementos como a água, de forma a reavivar a presença do rio, ou ainda elementos que relembre a presença dos resíduos que estão escondidos no aterro, entre outros.

A figura 05 representa o acesso principal, já existente, mas que foi reconfigurado para o novo parque. Neste trecho, foi prevista uma linha de Palmeiras chamadas de Jerivá, que é uma espécie típica de São Paulo. Esta linha de palmeiras é usada geralmente demarcando caminhos, no entanto, a escolha do uso também tem motivação histórica. O rio Pinheiros, era chamado de Jurubatuba que, em tupi guarani, significa lugar com muitas palmeiras. Em sua origem, nesta área às margens do rio existiam palmeiras do tipo Jerivá, por isso a escolha do uso desta vegetação (DICIONÁRIO, 2022).

Entre o setor recreativo e esportivo há uma construção existente que foi prevista a criação de uma biblioteca comunitária, destinada a livros de contos e oficinas. Na trilha do bosque, foram incluídos tótens que contam histórias infantis e educativas, sendo essa ideia inspirada no Bosque Alemão, localizado em Curitiba/PR. Na várzea foi previsto um deck suspense, inspirado na Praça Victor Civita, para ampliar a área caminhável e aproximação do Rio Pinheiros. Foi também criado um mirante virado para o pôr do sol e para o rio Pinheiros, sendo implantado acima do topo das árvores, possibilitando uma completa visão da paisagem. De forma geral, o parque contém áreas livres para usos diversos, em que os frequentadores do parque podem se apropriar, desde utilizar para descanso, contato com a natureza, picnic, andar de patins, etc.

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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem
Figura 05: Acesso Principal. Fonte: Acervo do autor.

Figura 06: Vista Deck Arquibancada na Várzea do Rio Pinheiros. Fonte: Acervo do autor Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8419: apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. São Paulo: ABNT, 1992. Disponível em: <http://licenciadorambiental.com.br/wp content/uploads/2015/01/NBR 8.419 NB 843 Apresentac%C3 %A3o de Projetos de Aterros Sanitarios RSU.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2022.

BARROS, Luzia Helena dos Santos. Requalificação dos aterros desativados (brownfields) no município de São Paulo: parques (greenfields) Raposo Tavares e Jardim Primavera. Tese (Doutorado Área de Concentração: Paisagem e Ambiente) FAUUSP, São Paulo, 2011. Disponível em: <https://teses.usp.b r/teses/disponiveis/16/16135/tde 31052012 103256/publico/Luzia_Helena_Tese.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2022.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Aterro Sanitário. São Paulo: CETESB, 1997.

GEHL, Jan. Cidades para pessoas. 2 ed. São Paulo: Perspectiva, 2013.

GORSKI, Maria Cecília Barbieri. Rios e cidades: ruptura e reconciliação. São Paulo: SENAC, 2010.

HEEMANN, Jeniffer; SANTIAGO, Paola Caiuby. Guia do espaço público: para inspirar e transformar, 2015.

JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. 3 ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011.

MAGNOLI, Miranda Martinelli. Espaço livre: objeto de trabalho. Paisagem ambiente: ensaios, Sã o Paulo, n. 21, p. 175 198, 2006a.

SÃO PAULO (cidade). Aterros sanitários e transbordos. São Paulo: 2019. Disponível em: <https://www.pref eitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/spregula/limpeza_urbana/aterros_e_transbordos/index.php?p=463 3>. Acesso em: 09 abr. 2022.

SOARES, Fabio Rubens. Impacto ambiental de tecnologias de tratamento e aproveitamento energético de resíduos sólidos urbanos. São Paulo: Paco Editorial, 2016.

STUERMER, Monica Machado; BROCANELI, Pérola Felipette; VIEIRA, Maria Elena Merege. Os aterros sanitários desativados e o sistema de áreas verdes da cidade de São Paulo: possibilidade de integração. Revista LABVERDE, São Paulo, n. 2, 2011. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rev istalabverde/article/view/61308/64249>. Acesso em: 26 fev. 2022.

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da Paisagem
Trabalhos de Conclusão de Curso | 2022 2

Parque da Foz

Estratégias projetuais de reintegração da natureza na escala do bairro

Deise Oliveira Fonseca

Orientadora: Prof. Ms Marcella de Moraes Ocke Müssnich

Resumo

O trabalho propõe o desenho paisagístico de um parque linear nas margens da foz do Rio Pinheiros alinhado com um redesenho das vias da região onde há localizado o centro logístico do CEAGESP. Serão estabelecidos diretrizes que paute uma melhor relação entre cidade e rio, onde estimule o caminhar do pedestre e a proposição de espaços livres públicos, adequando a à previsão do adensamento populacional para a região. Busca-se estruturar uma configuração de espaço de lazer alinhado com a agenda ambiental previstos nos planos municipais, incorporando objetivos de um modelo de cidade que integra a natureza em seu desenho, com maior adensamento arbóreo e lagos construídos (“wetlands”).

Versão integral do trabalho em: https://issuu.com/deisefonseca/docs/deise_fonseca_tcc2

105 L4 Projetos
Urbanos e Arquitetura da Paisagem

Introdução

Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) surge a partir de uma inquietação para a abordagem dada aos rios paulistas e a ausência de sua relação com a cidade, bem como para o baixo investimento governamental em qualificação e criação de espaços público de lazer. Pretende se ensaiar uma estratégia projetual de concepção de espaços de lazer que serão adequados aos novos fluxos de adensamento populacional e edificações de usos mistos e de negócios que se projeta para a região.

A proposta é, sobretudo, um desafio de incluir as dinâmicas do meio urbano junto ao curso fluvial, incorporando as diretrizes ambientais debatidas nos planos de ordenamento do tecido urbano. Propõe se a estruturação de um desenho paisagístico ambientalmente qualificado com a infraestrutura urbana adequada ao novo modelo de cidade que se projeta. Nesse sentido, busca se uma transformação interdisciplinar e multifuncional entre as esferas de ordem ambiental, social, econômica e cultural para um território de complexa abordagem.

A escolha do recorte físico, nas várzeas da foz do Rio Pinheiros, do encontro com o Rio Tietê, ampliando a proposta para as margens, a Oeste no Jaguaré e a Leste na Vila Leopoldina, decorre do potencial latente de desenvolvimento desse território sobretudo pela sua proximidade com o centro da cidade (ligação entre o eixo Norte Sul), mas também pela especulada saída do CEAGESP da região, que atualmente está alocado no bairro da Vila Leopoldina. Esta área é cenário de planos de intervenções urbanísticas, como o PIU Arco Pinheiros, PIU Vila Leopoldina e PIU CEAGESP, os quais servirão de apoio para o processo de estudo deste trabalho.

O embasamento analítico da proposta, acerca das mudanças sofridas pelos meios hídricos paulistas, suscita se a partir de levantamentos teóricos a respeito dos impactos das alterações antropológicas na paisagem urbana de São Paulo.

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EM ARQUITETURA E URBANISMO
Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem BACHARELADO
Figura 02: Bacia do Rio Pinheiros e corpos d`água da cidade de São Paulo. Fonte: autor

Proposição

Esse trabalho parte de uma premissa de reflexão com base na literatura acerca do tema da construção do tecido urbano, em especial para os ideais expostos no livro “Morte e vida das grandes cidades”, publicado

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Urbanos e Arquitetura da Paisagem
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Trabalhos de Conclusão de Curso | 2022 Figura 03: Vista do parque da foz. Fonte: autor Figura 04: Vista do parque da foz em dias chuvosos indicando a captação da água. Fonte: autor

em 1961, da escritora ativista americana Jane Jacobs (1916 2006), bem como para as diretrizes estabelecidas pelos planos municipais em atendimento à agenda ambiental, aos quais servirão como substrato para o desenvolvimento deste ensaio. Tal forma de estudo para intervenção do espaço urbano é considerável para a configuração da cidade de São Paulo, ao passo que as interferências urbanas significaram no apagamento dos rios, bem como na sua desassociação com as dinâmicas da cidade.

”A decadência dos centros das cidades norte americanas não é misteriosa, nem se deve à sua anacronia, nem ao fato de os usuários terem sido afugentados pelos automóveis. Eles estão sendo estupidamente assassinados, em boa parte por políticas deliberadas de separar os usos de lazer dos usos de trabalho, em consequência do mal entendido de que isso seja um planejamento urbano ordenado. (Jane Jacobs, 1961).”

Nesse sentido, a ideia apresentada para o plano paisagístico e urbanístico deste projeto consiste no desenho de um parque linear na orla fluvial em um trecho lindeiro à linha 9 Esmeralda e a criação de praças de apoio para ocupações de lazer, negócios e manifestações culturais num trecho da Vila Leopoldina. Há a necessidade de conexão entre os lados oeste e leste do rio. Através de uma conexão para pedestres e ciclistas será estimulado os fluxos e aproveitamentos entre as margens do curso d`água. O novo equipamento de lazer, nomeado de Parque da Foz, tem o objetivo de ampliar e promover a preservação ambiental em conjunto com a função de auxiliar na drenagem da região com a possibilidade de captação e infiltração das chuvas, uma vez que a área no recorte de estudo se trata de um território de demasiada aproximação com os leitos hídricos. Em razão de seu passado industrial, o traçado do local será orientado com base em levantamentos técnicos, com atenção para a contaminação do solo presente na região, sobretudo na gleba das atividades logísticas do CEAGESP.

Ademais, a ideia é complementar a abrangência do parque linear com outros espaços que também poderão auxiliar na infiltração da água no solo; a partir de projetos com usos e funções para o lazer em consonância com a atribuição de captar e absorver as águas pluviais, como uma alternativa aos piscinões, amplamente implantado na metrópole. Desenha se assim, uma cidade conectada e conciliada com a natureza, com incentivo à fruição pública, no sentido de figurar tal como escape ao acelerado cotidiano urbano. Busca se uma (re)conexão da população com a natureza, em oposição a tendência dos clubes privados. No sentido de, além do caráter de lazer e espaço para educação ambiental, traga benesses à comunidade local.

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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

Figura 05: Corte C Indicação das canaletas de direcionamento e lagos de fitorremediação. Fonte: autor

Referências

Figura 06: Corte I Praça da Marquise CEAGESP Fonte: autor

CETESB. Relação de áreas contaminadas e reabilitadas no Estado de São Paulo São Paulo, 2017.

DELIJAICOV, Alexandre. Os rios e o desenho da cidade: proposta de projeto para a orla fluvial da grande São Paulo Dissertação (mestrado). Orientador: Arnaldo Martino. São Paulo: FAUUSP, 1998.

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Nota Técnica Arco Pinheiros. SP-Urbanismo: Outubro de 2016.

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Trabalhos de Conclusão de Curso | 2022
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Parque Radical Jurubatuba

A prática de esportes nos espaços públicos contemporâneos

Este trabalho é o resultado da aplicação teórica voltada à arquitetura da paisagem e urban ística em uma proposta de parque público. Com objetivo de revitalização de uma área industrial desativada que dará lugar a um parque de caráter esportivo. Trazendo uma opção de local de lazer e treinamento esportivo para os moradores do entorno, suprindo um a demanda de criar novos parques públicos dentro da cidade de São Paulo. O projeto leva em conta o histórico do local e segue um programa de necessidades que foca criar locais para prática de esportes radicais, espaços de lazer e contemplação, infraestrutu ras de apoio e sempre levando como partido de projeto a valorização da área verde já existente.

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e Arquitetura da Paisagem
Orientadora: Prof. Ms Marcella de Moraes Ocke Mussnich Figura 01 :Render, imagem geral do parque. Fonte: Produção autoral Resumo

Introdução

Com a atual introdução dos esportes denominados como radicais nas olimpíadas, surge a necessidade de projetar espaços de qualidade que contribuam para o desenvolvimento de novos atletas. Os esportes radicais começaram a ser introduzidos nos meios urbanos e em espaços públicos livres de edificações públicas, praças e parques, mas muitas vezes os esportistas não têm locais apropriados para praticar se us esportes. De acordo com Uvinha (2001), esportes radicais podem ser definidos como a atividade esportiva na qual existe o interesse pelo risco e pela aventura, tendo também como característica o engajamento com a preservação ecológica e subdividem se em aéreos, terrestres e aquáticos.

Este presente trabalho de conclusão de curso (TCC) se trata de um projeto de revitalização de espaço público no antigo parque industrial da fábrica Telefunken, indicado pelo Piu Jurubatuba como área verde destinada a se tornar um novo parque público. A pro posta visa a possibilidade de prática de esportes radicais como skate e BMX, tendo em vista que tais modalidades possuem praticantes que buscam opções de lugares para desenvolver suas habilidades. Além disso, tais espaços se valem de oportunidade para o bem-estar e saúde da população, de famílias, crianças e adolescentes para o incentivo de práticas esportivas e convívio social.

Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

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Figura 02 : Foto pódio das olimpíadas. Crédito; Lionel Bonaventure/AFP via Getty ImagesDuarte. Figura 03 : Render, imagem geral do parque. Fonte: Produção autoral

Proposição

- Ideias iniciais;

A proposta de intervenção baseia se na realização de um projeto que contemple área para práticas esportivas destinadas aos esportes radicais. Além do propósito de incentivo aos esportes radicais, tem se também o objetivo de proporcionar aos indivíduos e suas famílias um espaço de socialização, lazer e promoção de saúde e bem estar a partir das interações e do convívio social.

O espaço público detém um caráter objetivo no que se refere à instalação de mobiliários urbanos com as infraestruturas de uso e subjetivo pelo seu uso tradicional, pelo uso cotidiano tanto individual como coletivo com aspectos sociais, culturais, históricos e de diversidade. Por esse entendimento, tendo o espaço público o potencial e o papel de promoção de saúde, cidadania e incentivo aos esportes, percebe se de acordo com os estudos de caso, que este projeto apresenta infraestrutura nos parâmetros atualizados e adequados aos padrões olímpicos e com áreas de apoio que incentivam e favorecem a convivência também para famílias.

A escolha do terreno tev e como referência áreas subutilizadas na cidade de São Paulo por análise de seu potencial, desenvolvimento e qualificação, considerando a facilidade de acesso de pedestres e com disponibilidade de transportes públicos. O entorno do local escolhido é predom inantemente residencial, com moradores de diferentes classes sociais, o que demonstra o caráter democrático do projeto a fim de atingir um público diversificado quanto ao incentivo à prática esportiva e oportunidade de uso do espaço público.

Figura 04 : Diagrama de símbolos para explicação do conceito do projeto . Fonte: Produção autoral

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Paisagem
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Partido de projeto;

O Desenvolvimento deste projeto teve como objetivo revitalização de uma area industrial abandonada e subutilizada com objetivo de transforma la em um parque público. O desenho deste parque teve como partido a manutenção dos resquícios de mata atlântica existentes no terreno e também o replantio de novas espécies para compor um parque arborizado, com o objetivo de abaixar temperaturas e formar locais sombreados confortáveis.

Assim a implantação do programa de necessidades desenvolvido ficou destinada as áreas não ocupadas pela vegetação, que no caso são os resquícios de pavimentação da antiga fábrica da Telefunken . O programa se distribui de forma acessível a escala do pedestre e de pessoas com deficiências, criando uma praça de convivência na entrada que se mescla com a vegetação existente e serve de local de lazer a toda a população.

Para implantar a infraestrut ura esportiva necessária para que o parque seja referência na prática de esportes radicais, foi necessária uma setorização para os locais de uso de cada modalidade dos esportes, levando em conta a metragem necessária para se construir pistas dentro dos pad rões competitivos e com locais de descanso e apoio a convidados que estão só assistindo.

Algumas estruturas edificadas foram pensadas para compor as demandas de um parque dessa escala. A marquise de recepção na praça visa abrigar a chegada dos praticantes de esportes e os demais usuários do parque, trazendo um desenho perimetral que marca a entrada do parque. A estrutura de apoio foi pensada para dar suporte aos atletas que vão se desenvolver no parque, concentrando equipamentos de recuperação a lesões, aulas de esportes radicais e prática de atividades físicas.

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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem BACHARELADO
Figura 05: Implantação do parque Fonte: Produção autoral

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Referências

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MAGNOLI, Miranda. EM BUSCA DE “OUTROS” ESPAÇOS LIVRES DE EDIFICAÇÃO.FUNDAMENTOS, São Paulo, n.21, p. 141 174, 2006.

MAGNOLI, Miranda. ESPAÇO LIVRE OBJETO DE TRABALHO. FUNDAMENTOS, São Paulo, n. 21, p. 175 198, 2006.

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NETO, Alfredo Feres. Produção de subjetividade, subjetivação e objetivação: alguma s contribuições de Felix Guattari e Pierre Lévy para a educação física. Motrivivência. Florianópolis: UFSC, ano XII, n. 17, 2001. Disponível em > https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/5661. Acesso em 10 de abr. 2022

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Urbanos e Arquitetura da Paisagem
Trabalhos

Microestruturas de acessibilidade no entorno da Estação Grajaú

Raquel Rebequi de Sousa

Orientador:

Figura 01: Colagem da ideia de intervenção, o playground. Fonte: acervo do autor Resumo

Este trabalho tem como foco parte do território sul da cidade de São Paulo, especificamente a região entre as represas. A análise parte do contexto histórico da área e a sua consolidação, e depois parte para assuntos mais específicos como o transporte e as características territoriais do entorno da Estação Grajaú Por fim, o objetivo final é propor novos espaços de circulação no entorno da Estação que ofereçam não só a sua função primária mas também a interação social e a integração do tecido do entorno, fortalecendo o vínculo com os espaços locais, especialmente os mais cotidianos.

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e Arquitetura da Paisagem

Introdução

Entender os elementos que envolveram a expansão urbana da cidade de São Paulo, sobretudo em direção ao sul, é fundamental para a compreensão das características particulares da periferia dessa região, marcada, desde as suas primeiras aglomerações, pelo crescimento desordenado, em áreas de altos declives, sem qualquer infraestrutura e preocupação ambiental além da reação tardia dos agentes em dar auxilio e amparo a essa população e ao meio natural. O resultado da consolidação dessa periferia não seria outro senão uma região estruturada em cenários conturbados e muito complexos.

Neste território há um constante conflito de agendas e dos agentes governamentais que se estende sobre o meio natural e urbano, envolvendo diversas escalas, entre elas a da paisagem. Um dos maiores problemas enfrentados na região é a supressão dos espaços coletivos/públicos em prol do individual/privado, por isso se faz necessário olhar de maneira mais reflexiva sobre essa forma de ocupar e utilizar os espaços na região, principalmente o público.

Metodologia

O trabalho expõe no primeiro capítulo um levantamento bibliográfico e a apresentação de alguns dados relacionados à expansão da mancha urbana da cidade de São Paulo em direção ao sul e as consequências dessa expansão, não só no meio físico, como também no campo das leis, programas e ações governamentais. No segundo capítulo os levantamentos bibliográficos e dados são referentes ao espaço urbano da região e ao sistema estruturante de transporte, desde o viário até os principais modais e para finalizar foi feito um estudo das características morfológicas predominantes do entorno da área de intervenção deste trabalho, que é a Estação Grajaú.

Por último, o projeto de intervenção: micro estruturas de acessibilidade no entorno da Estação Grajaú. A ideia dessas estruturas é, além da circulação, possibilitar a integração do “lado de lá e o lado de cá” da via férrea e o incentivo à interação social, principalmente através das atividades mais cotidianas, como a de ir e vir, estar e permanecer.

Justificativa

Parte de uma reflexão pessoal sobre as minhas memórias e experiências afetivas com a região cujas dinâmicas cotidianas sempre foram naturais para mim. O outro motivo, desta vez mais “racional” veio da constatação de que este território carece de espaços públicos, desde uma simples calçada transitável até espaços de lazer, além disso há outro problema, a desconexão de dois territórios em razão da via férrea, elemento fundamental para a região, mas que causa uma “ruptura” na continuidade do tecido urbano, das atividades e dinâmicas cotidianas.

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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem BACHARELADO

Proposição

o entorno da Estação Grajaú e a via da linha Esmeralda que, neste território, gerou uma ruptura marcante, descontinuando essa área desde seu aspecto físico até as atividades e

O traçado da linha férrea, neste caso, não representa apenas a via de circulação mas também outros traçados, o de fronteira é um bom exemplo. Metade do círculo é um distrito: Cidade Dutra e o outro: distrito Grajaú, mas não é só isso que caracteriza essa descontinuidade do tecido da área, outros fatores também formam/integram esse “rasgo”. O uso do solo é outro bom exemplo, de um lado boa parte do círculo é composto por quadras condominiais e lotes grandes, já o outro por quadras menores e diversos usos. Essa diferenciação também dá ao lugar a ideia de ser um espaço de “transição”, de “saída e entrada” entre os distritos. Portanto, a frase “o lado de lá e o lado de cá” se faz bem interessante para a introdução deste espaço.

Apesar dessa diferenciação territorial e características distintas é obvio que existe uma certa interação entre esses espaços, principalmente feito a pé, mas as estruturas de circulação estão desconectadas de seus entornos, oferecendo apenas a sua função primária, criando espaços inseguros que repelem seus usuários ou tornam suas experiências mais negativas, portanto a ideia central é experimentar requalificar esses lugares, propondo alternativas que cumpram a sua função primordial e que possam oferecer espaços para a ação de permanecer, de observar, integrar e interagir, principalmente nas atividades cotidianas. Além disso, realizar essas atividades momentâneas (de permanecer, observar e interagir) traz o pensamento reflexivo e a compreensão das coisas que nos rodeiam, principalmente em relação ao espaço público que, por muitas vezes passamos desapercebidos por eles.

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da Paisagem

Figura 03: Diagrama da situação atual e da situação proposta. Fonte: acervo do autor.

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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Urbanos e Arquitetura da Paisagem

Referências

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Requalificação do Parque Natural do

Pedroso Tamires Regina Teixeira

Orientadora:

Figura 01 : Montagem esquemática com as ações previstas para o Parque. Fonte acervo do autor Resumo

O presente trabalho aborda a requalificação do Parque Pedroso em Santo André SP, que surge da necessidade de garantir a integridade de um manancial de abastecimento da cidade, sendo elevado à categoria de unidades de conservação, dentro de um arcabouço legal que visa proteger ecossistemas naturais e oferecer maior garantia a sua conservação. A área possui amplas potencialidades relacionadas aos aspectos paisagísticos e urbanísticos e este debate identifica a potencialidade desse parque para, além das questões ambientais, e trazer novos usos, estabelecendo um centro de conexão educacional com o meio ambiente, e com a fauna local. Esta intervenção fez se necessária devido aos poucos locais destinados a estas práticas nesta área do município. A elaboração desta proposta foi embasada em dados históricos da cidade, além de dados físicos e pesquisas teóricas como apoio para fundamentação do diagnóstico. Por fim, traz se uma proposta de requalificação do Parque do Pedroso em Santo

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Arquitetura da Paisagem

André SP, através da inserção de novos equipamentos urbanos dando suporte e vivacidade ao local, qualificando ainda mais a área.

Introdução

O Parque Natural Municipal do Pedroso encontra se dentro da Zona de Amortecimento e Conectividade da Reserva da Biosfera da Zona de Transição, fato que reforça a importância de conservação destas áreas e a elaboração de seus planos de manejo. Na maior parte do seu entorno faz limite com áreas urbanizadas e populosas, inclusive de outros municípios: Mauá e São Bernardo do Campo, conforme o mapa. Esta fronteira da região metropolitana significa encarar consequências das formas precárias que confirmam esta expansão urbana. (Plano de Manejo do Parque Natural Municipal do Pedroso 2016)

Figura 02: Localização de Santo André na Região Metropolitana de São Paulo Fonte acervo do autor Figura 03: Localização ce Santo André ABC Fonte acervo do autor Figura 04: Localização do Parque do Pedroso. Fonte acervo do autor

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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem
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Proposição

A partir de várias análises foi possível aprofundar e direcionar os estudos através da metodologia da matriz SWOT: Forças; Fragilidades; Oportunidades e Ameaças. Por meio desta análise será criado uma relação entre as potencialidades e fraquezas do local, desta forma estabelecendo diretrizes gerais, assim como o mapa de zoneamento gerado a partir destas análises.

O projeto de requalificação Parque Natural do Pedroso surge da carência de equipamentos de lazer, e do potencial paisagístico que envolve o local, dessa forma integro o contexto atual composta por loteamentos irregulares, e com uma unidade de conservação cujo o objetivo básico é a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando estudos científicos e desenvolvimento.

Figura 05 : Implantação de parque existente e fluxos, Fonte: acervo do autor

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Figura 06 : Implantação, Fonte: acervo do autor

Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

Figura 07 : Passarela/Teleférico. Fonte: acervo do autor

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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Referências

COSTA, Lúcio Maria Sá Antunes. Rios e Paisagens Urbanas em Cidades Brasileiras. 2006.

MAGNOLI, Miranda M.E.M Espaço livre Objeto de Trabalho, in: Paisagem

SAKATA, Francine Parque Urbanos no Brasil 2000 a 2017

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SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1988.

SIGA, Prefeitura de Santo André

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Arquitetura da Paisagem
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Figura 08: Marquise. Fonte: acervo do autor

Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

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TCC 2

MARÔ

Materiais sustentáveis para a produção de mobiliários de interiores

Resumo

O mobiliário brasileiro é fruto de inspirações estrangeiras, técnicas artesanais e conhecimentos unificados. Decorrentes os anos, a sociedade, percebeu o quão importante é trabalhar a natureza a seu favor e respeitar os limites e matérias primas presentes nela. Surgindo assim, novas técnicas, tecnologias e recursos que possibilitaram criar sistemas menos agressivos ao meio ambiente. O trabalho então, se fundamenta em utilizar materiais sustentáveis para a criação da linha de mobiliários, cadeira e banquinho “MARÔ”, sendo estes principais materiais, resina de mamona, fibra de coco e tubo de aço.

Versão integral do trabalho em: https://issuu.com/anna_dudly/docs/anna_dudly_tcc

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia Anna Beatriz de Paulo Dudly Orientador: Prof. Ms. Paulo Henrique Gomes Magri Figura 01: a cadeira como sua função e decoração no ambiente. Fonte: acervo do autor

Introdução

Nos últimos anos, a utilização de produtos derivados e provenientes de fontes consideradas poluentes e a não preocupação com a escassez e impactos ambientais futuros resultou na atual preocupação com o meio ambiente e consequências de tais atos

Até então, inclusive no Brasil, os termos “sustentabilidade” e “sustentável’, não eram comumente utilizadas. Segundo o site do laboratório de sustentabilidade da Universidade de São Paulo USP, a palavra sustentabilidade e seu conceito, surgiram durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio ambiente Humano (United Nations Conference on the Human Environment UNCHE), realizada em Estocolmo em 1972, onde uma norueguesa chamada Gro Brundtland, traria à tona em seu relatório o termo “Nosso Futuro Comum” (1987). Explicando e relatando, a principal linha de pensamento sobre o que é sustentável.

O mobiliário brasileiro tardou em criar sua própria identidade visual, estética e seu próprio design. Muitos dos desenhos e materiais vieram juntamente a colonização do Brasil, fazendo com que nosso povo herdasse tudo que vinha da Europa. Entretanto, sempre houve muita abundancia e matéria prima boa, aqui, então o país foi condicionado a função de exportador e explorado. Foi somente quando Brasil iniciou seu processo de se desvincular como colônia, que sua identidade começou a surgir. E para a produção moveleira e arquitetura, foi a partir do século 20 que trouxe consigo inovações e via nascer as sementes da arquitetura moderna.

Respondendo o porquê da cadeira e concordando com Glória M.Bayeux e Paula Perrone coordenadoras da mostra Cadeiras Brasileiras seria necessário um objeto representativo, presente em nosso cotidiano. Que pudesse expressar o fazer humano, o trabalho criador ao longo da história. Que desafiasse continuamente a imaginação fértil dos artistas...

A partir da nova era de tecnologia, os artistas foram cada vez mais buscando novas técnicas, desde materiais distintos como ferramentas e também buscaram se aliar a tecnologia. Como foi o caso de Fernando Campana que desenvolveu cadeiras com materiais antes jamais imaginados (cadeira Ninho), Carlos Motta, utilizando a madeira da melhor forma e buscando maneiras mais sustentáveis, Dirk Van Der Koij, utilizando pet moída para imprimir móveis em grandes impressoras 3D Marjan Van Aubel e James Shaw que se fundamentaram em uma bio resina e restos de madeira para produzir suas peças.

Para desenvolver uma cadeira ou um banquinho (representando uma escala menor desse objeto), é necessário se atentar as regras de ergonomia e medidas gerais. Como por exemplo, em relação a larguras de assento, profundidade, alturas, encosto e respiro para a lombar, inclinação, conforto, peso e preocupações com fatores que podem prejudicar a postura ou até mesmo circulação sanguínea do indivíduo, relacionadas a má execução destes mobiliários.

Durante esse processo, foram estudados diversos materiais e possibilidades referentes a seus usos, dentre eles, a madeira, o bambu, o aço, fibras e resina vegetal. Todos esses materiais possuem seu grau de sustentabilidade, seja ele maior em sua forma de reaproveitamento, por serem produtos naturais ou por desenvolvimento e reposição rápidas, como no caso do bambu.

As fibras de coco, a resina de mamona e o aço, foram os materiais que combinados, melhor respondiam as necessidades e formatos desejados. Então foram feitos diversos testes visand o entender o comportamento, dilatação, ou expansão e quantidades necessárias de cada um e sua resistência.

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ARQUITETURA E URBANISMO
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia BACHARELADO EM
Figura 02: Testes com resina de mamona, fibras e tubo de aço. Fonte: acervo do autor

Proposição

Desde o princípio, foi pensado um objeto que pudesse transparecer traços mais orgânicos e fluidos, entretanto que mantivesse elegância. Questionei se o ideal seria seguir por um caminho que me proporcionasse encaixes, trabalhar um material completamente novo (a meu ver), de uma forma semelhante a madeira. E o próprio material começou a me dar respostas sobre tais questionamentos. Apesar da resina ser um material completamente moldável, líquido, estava sendo mesclada a um outro material, pode se dizer inclusive, que como forma de travamento e de buscar maior liga e resistência, que era a fibra de coco. E não só por sua combinação, mas necessita de um molde para se compactar em uma forma. E sua forma compactada, apesar de boas respostas a cortes e rigidez, por exemplo, também não se tratava de uma madeira. N verdade, a depender da quantidade de matéria utilizado, se tornava uma peça mole e maleável, mesmo que com o tempo o processo da resina e se firmar mais.

Concluído essa ideia, a solução que maior me possibilitaria diminuir os riscos de rupturas, exigir menos pontos de tração e compressão, seria um objeto côncavo. O formato de “concha” para um mobiliário de sentar, não só é funcional, atraente, como por criar esse entorno como se “abraçasse” o corpo, acaba proporcionando já um conforto maior.

Para criar essa forma côncava, foi necessário pensar em uma forma com encaixes negativo e positivo que pudesse comprimir o material após ser despejado dentro. A resina é liquida, porem expansiva, então ganha mais resistência quando comprimida e a fibra sendo colocada entrelaçada, garante maior firmeza a peça. A maneira mais eficiente então seria um molde de madeira confeccionado na máquina CNC, entretanto com a dificuldade em manuseá la, foram feitos diversos testes com moldes de gesso, que infelizmente não resistem de forma tão satisfatória a expansão da resina, criando algumas bolhas.

Na parte superior do encosto, é a medida mais estreita, com 33cm de largura, já a parte inferior alarga se para 42cm e sua altura é de 54cm. Com uma leve inclinação de 5 a 7° para confortar a lombar, criando uma saliência para apoia-la. A parte do assento, em profundidade tem a medida de 40cm em sua parte mais reta, sendo até a junção ao encosto de 45cm, propiciando uma área de respiro na parte posterior onde vai ajudar para o encosto da lombar, mais acima. Nessa mesma direção uma ondulação é criada, rebaixando um pouco depois da metade da profundidade, em 3cm aproximadamente para melhor adequar a parte inferior das coxas, assim como uma leve curvatura na ponta, diminuindo a área reta e incomoda que se encontra na parte posterior do joelho. Sua largura, na parte mais estreita é de 45cm e na parte final das abas laterais, finaliza em 51,5cm, mais uma vez pensando em quadris largos onde coxas maiores irão se acomodar melhor em tal espaço.

E por fim o encosto e o assento foram projetados seguindo também a média padrão. Como na maioria das cadeiras a margem de inclinação é de 10 a 20° somados aos 90°, resultando de 100 a 110°, podendo cadeiras de trabalho chegar a 120°, foi adotado a medida de 100° como a maioria convencional, porque assim mesmo com postura, ainda é uma posição que pode deixar o indivíduo despojado, relaxado.

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Figura 03: Formas negativo e positivo da peça banquinho. Fonte: acervo do autor

Figura 04: Dimensões e medidas cadeira. Fonte: acervo do autor

As dimensões do banco em seus acabamentos são de 43,5cm x 41,5cm, há uma pequena inclinação na curvatura (de aproximadamente 7cm) que se prepara para receber a parte inferior das costas e uma ondulação seguindo para a curvatura que recebe também as coxas, diminuindo o atrito reto a parte posterior dos joelhos.

Figura 05: Dimensões e medidas banquinho. Fonte: acervo do autor

Para os pés, o tubo de aço foi a melhor solução viabilizando manter a leveza da peça, continuidade e suportar grandes cargas sem necessariamente sem um material tão robusto. As medidas utilizadas para o tubo seguiram a média padrão de 1”= ±2,5cm para a cadeira e para o banquinho, mantendo a peça mais leve, foi definido a medida de 1,5cm de diâmetro. Inicialmente, buscava uma única peça continua, sem conexões, para diminuir também os pontos de possíveis rupturas ou fragilidades. Mas variar os sentidos das dobras no tubo de aço, seria ainda mais complicado, então em um compilado de ganha de tempo e produtividade, para os pés da cadeira, foi solucionado a utilização de 2 pontos de solda na peça para alonga la até a parte do encosto dando maior estabilidade a região.

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia
Figura 06: Pés da cadeira e banquinho em aço (modelo em escala 1/5). Fonte: acervo do autor
33cm
Figura 07: Cadeira e banquinho com materiais representativos e escala humana. Fonte: acervo do autor

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135 L5 Arquitetura
de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia Trabalhos de Conclusão de Curso | 2022
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Figura 08: Canto de descanso representação dos mobiliários em um espaço. Fonte: acervo do autor Referências

Pavilhão do

ócio

Uma Arquitetura Paramétrica

Henrique Carvalho Rabelo

O projeto prevê um pavilhão dentro do Senac Campus Santo amaro. O pavilhão foi elaborado com o design paramétrico, de forma que sua estrutura seja funcional e proporcione formas únicas e que juntas produzem uma nova forma. Além disso, o pavilhão tem orifíc ios pela sua superfície que podem abrir/fechar com a presença de pessoas. Por fim o projeto visa sem implantado no Senac Campus Santo Amaro, a implantação mostra uma preocupação com o bem estar do usuário devido a quantidade de árvores, lagos e espaços par a não fazer nada. Diante disso, foi pensado em um pavilhão do ócio, onde o usuário pode ir, ficar um tempo refletindo e logo voltar para a aula ou trabalho.

https://issuu.com/copieipouco/docs/tcc_henrique_carvalho_rabelo

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia Orientador: Prof. Ms. Paulo Henrique Gomes Magri Figura 01 : render vista posterior do pavilhão. Fonte: acervo do autor Resumo

Introdução

Durante muitas décadas a forma de projetar foi a mesma, prancheta e lapiseira ou similares, mas o ava nço das tecnologias digitais provocou um período de grande experimentação, o que evidenciou novas tecnologias, processos de projeto, materiais e softwares de modelagem tridimensional.

As formas geométricas complexas já tinham sido exploradas em estilos arq uitetônicos antigos, mas ultimamente há uma novidade na arquitetura contemporânea. No decorrer dos anos, houve diversos programas, tanto de modelagem tridimensional quanto modelos que carregam informações importantes, isso proporciona trabalhos colaborativos e compartilhados. O desenvolvimento das formas também será abordado com os conceitos da topologia, da geometria euclidiana e os avanços da tecnologia. Com tais avanços as formas curvilíneas e complexas tornaram se usuais.

A evolução dos softwares permitiu que formas complexas fossem elaboradas com o auxílio de parâmetros e algoritmos, então o termo arquitetura paramétrica foi apresentado, o que é mais interessante é que as formas podem se transformar e dialogar com os contextos ambientais, culturais, eco nômicos e sociais. O presente trabalho apresenta uma pesquisa fundamentada com o objetivo de contextualizar o campo do design e da arquitetura. Além de compreender, descrever e justificar o embasamento teórico do projeto computacional e dos pavilhões. A pesquisa foi realizada a partir da fundamentação teórica, abordando temas como: era da informação, tecnologias para um projeto digital, digitalização do desenho e projetos colaborativos. Dentre os autores consultados, tem se Blanko Kolarevic, Ivan Sutherland e Michael Fox.

O trabalho é uma pesquisa de natureza exploratória e empírica a fim de entender os processos de um projeto inserido na arquitetura paramétrica. Esta técnica é utilizada como ferramenta na conceituação e geração de componentes geométricos. A partir das técnicas estabelecidas, serão analisados estudos de caso e conceitos referentes à arquitetura paramétrica. Além disso outras técnicas, como arquitetura responsiva, interativa e a modelagem da informação da construção.

O conteúdo do trabalho visa estudar softwares de modelagem paramétrica para propor algoritmos a partir das variáveis. Em conseguinte, apresenta a ideia do pavilhão assim como a sua lógica computacional e método construtivo. Por fim, são apontadas as considerações finais e as refer ências bibliográficas.

Proposição

Para o desenvolvimento do projeto foi decidido o uso do Design Paramétrico, uma das vantagens está na possibilidade de usar várias fontes de informações distintas para chegar ao melhor resultado. A seguir, confere se a ordem em que foram realizados os procedimentos, as ferramentas envolvidas e a lógica utilizada.

A principal ferramenta utilizada para a modelagem foi o Rhinoceros 7 com o editor gráfico de algoritmos Grasshopper, esses softwares permitem a geração de diversas formas com a programação visual e os múltiplos plugins disponíveis.

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

O pavilhão terá uma área de 170 metros quadrados, com altura máxima de 7,37 metros, a fim de manter se semelhante a altura das edificações do Senac. Os principais materiais utilizados são: Madeira Laminada Colada (MLC), Chapa de Poliestireno de Alto Impacto (PSAI), concreto e aço para fixação;

• A Madeira Laminada Colada é formada com a junção de várias madeiras unidas por um adesivo estrutural. A madeira foi usada na estrutura do pavilhão, por ter uma aparência requintada e ainda assim ser robusta, também é possível um encaixe prático, apenas com parafusos. Além disso, a estrutura é o destaque do projeto, então esse material mostrou se interessante por ser sustentável e proporcionar uma qualidade sensorial ao projeto.

• A chapa de Poliestireno é uma resina do grupo dos termoplásticos, sua principal característica é a flexibilidade e a possibilidade de ser moldada com o calor, pois as forma pode ser líquida ou pastosa. As chapas de PSAI serão utilizadas para o fechamento do pavilhão, devido a sua flexibilidade e o baixo custo para produção. Além disso, as chapas são resistentes a baixas e altas temperaturas e possui uma resistência maior que a do vidro.

• O concreto será utilizado na fundação do projeto devido a sua alta resistência a compressão.

• O aço será utilizado devido a sua resistência à oxidação e corrosão. Principalmente para as fixações do projeto, como por exemplo na fixação da fundação até estrutura da Madeira Laminada Colada, que não pode ficar em contato com o solo devido ao apodrecimento da madeira.

Figura 02 : cortes, perspectivas e elevações do projeto

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Arquitetura
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Figura 03 : planta baixa do pavilhão;

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ARQUITETURA E URBANISMO
Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia BACHARELADO EM

Trabalhos de Conclusão de Curso | 20 22 2

Referências

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Mobiliário Urbano: Cidadania e acessibilidade na cidade de São Paulo

Resumo

O projeto consiste na implantação de um equipamento de mobiliário urbano que cria um espaço de descanso, coberto, confortável além de fornecer elementos como bebedouro, lixeira, wi fi zone, e painel interativo em um só módulo.Utilizando do desenho universal como premissa do projeto esse equipamento, denominado de Célula, com elementos diversos que ao funcionarem conjuntamente criam um espaço de atividades, convivência e conexão entre as pessoas e o espaço de maneira única, tornando um local de encontro, parada e de apreciação do meio ambiente urbano.

Versão integral do trabalho em: https://issuu.com/jp.ribeiro

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia João Pedro Ribeiro Lima Orientador: Prof. Ms. Paulo Henrique Gomes Magri Figura 01 : Célula implantada na Praça do Relógio, USP SP. Fonte: acervo do autor.

Introdução

O mobiliário urbano serve para organizar o espaço de forma a tornar mais fácil e eficiente para os usuários utilizarem o espaço público, seja em um espaço de estadia ou fornecendo estruturas para facilitar a movimentação em geral, visando o pedestre como principal personagem que compõe o espaço. O mobiliário quando empregado mediante certos arranjos que podem ser chamados de gentilezas urbanas e, em certos casos, conduzem os usuários à permanências nos locais, ou transformá los em rotas preferenciais de deslocamento e podem até gerar possíveis ativações de atitudes de pertencimento nos ambientes urbanos. O panorama do mobiliário urbano desenvolvido no Brasil é muito vasto, já que o país é extremamente diversificado e com diversas possibilidades de exploração do espaço público. Cada mobiliário, especialmente nas grandes cidades e capitais, possui uma identidade única e que se insere de forma coesa com a paisagem urbana ao seu redor e conforma melhores espaços de parada, lazer, meios de comunicação ou de transporte.

A legislação brasileira, por meio da lei 10.098/2000, define o termo mobiliário urbano como “conjunto de objetos presentes em vias e espaço públicos, superpostos ou adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação” (BRASIL,2000). Já a ABNT considera mobiliário urbano todos os objetos, elementos e pequenas construções integrantes a paisagem urbana, de maneira utilitária ou não, implantados mediante a aprovação do poder público em espaços públicos e privados” (ABNT, 1986 p.1).

A partir da análise feita a respeito do quadro da população da cidade de São Paulo, a oportunidade apresentada de integrar de fato pessoas com deficiência no cotidiano trazendo as para os espaços públicos, onde a cidade acontece, de uma forma onde estes receberiam as mesmas oportunidades quanto a sua qualidade de deslocamento, trabalho e lazer que qualquer cidadão. O trabalho objetiva estudar a questão da universalidade no desenho de mobiliário urbano na cidade contemporânea e a organização dos espaços públicos propondo mobiliários urbanos que a partir do conceito de desenho universal possam atender a todos os públicos. É proposto um módulo de quiosque como uma área de parada, que, desde sua concepção, tem como foco a participação e a reinserção destas pessoas no espaço público e que também configure um melhor uso do mobiliário urbano para o público em geral. Esse mobiliário desenvolver se à observando se as condições necessárias para o atendimento à população. Portanto, para atingir o objetivo, será feita pesquisa referenciada sobre design universal e análise de dados estatísticos para criação de conteúdo relevante à concepção do mobiliário.

Proposição

Baseado nos estudos de caso e referências citados anteriormente no trabalho, de forma a extrair parâmetros e referencias de experiências já consolidadas e conduzir uma implantação coesa com o espaço urbano e os habitantes da cidade de São Paulo. O projeto consiste na implantação de um equipamento de mobiliário urbano que cria um espaço de descanso, coberto, confortável além de fornecer elementos como bebedouro, lixeira, wi fi zone, e painel interativo em um só módulo. Esse equipamento, denominado de Célula, com elementos diversos que ao funcionarem conjuntamente criam um espaço de

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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

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atividades, convivência e conexão entre as pessoas e o espaço de maneira única, tornando um local de encontro, parada e de apreciação do meio ambiente urbano. A Célula desde sua concepção se utiliza dos conceitos de desenho universal, desing sensorial, espaços democráticos e igualitários, desta forma o módulo atende os cidadãos independentemente de suas limitações físicas ou cognitivas.

Figura 02 : Célula implantada na praça do Metrô Brooklin. Fonte: acervo do autor.

Para que o mobiliário tenha relevância no contexto da cidade e de seus usuários a Célula é implantada na imediação das principais estruturas de mobilidade urbana disponíveis, são elas, terminais municipais e rodoviários, estações de trem e metrô, e em áreas estratégicas com potencial de transformação urbana. A partir da análise dos mapas de distribuição geoestatística de portadores de deficiência na cidade de São Paulo, é possível concluir que os locais onde existe uma maior demanda da estrutura proposta pelo trabalho estão na Zona Leste e Zona Sul de São Paulo.

Figura 03 : Mapas de distribuição geoestatística de portadores de deficiência auditiva, motora, visual e mental, na cidade de São Paulo.

Com a implantação da Célula nas proximidades desses equipamentos urbanos pretende se criar um local onde o usuário possa estar de forma confortável e que tenha estruturas suficientes para configurar uma área de parada, espera e descanso, incentivando a sua utilização e trazendo usuários como os portadores de deficiência para o espaço público, de forma que ele já saiba que estará amparado por um mobiliário pronto para recebe lo.

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Trabalhos

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Figura 06

Figura 05 : Planta com os programas destacados. Fonte: acervo do autor.

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URBANISMO
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Figura 04 : Render Célula em frente ao Metro Itaquera e bebedouro acessível. Fonte: acervo do autor. : Corte longitudinal Célula. Fonte: acervo do autor.

Figura 07 : Perspectiva explodida Célula. Fonte: acervo do autor.

Referências

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SECRETARIA DE HABITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO URBANO. Comissão Permanente de Acessibilidade. Prefeitura São Paulo. Guia de acessibilidade em edificações. São Paulo: Sehab, 2002.

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PERGHER, Bruno; ROMANO, Fabiane. Desing de produto para o espaço urbano: bebedouro público. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria RS, 2015.

CUÑA, Gastón; ROUX, Marcelo. Parque da Amizade, Montevidéo Uruguai. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/770159/parque da amizade marcelo roux plus gaston cuna. Acesso em : 17/10/2022

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A Expografia em Pavilhões

Um olhar do Japão sobre a Natureza

Orientador

Figura 01: Perspectiva Isométrica. Fonte: acervo do autor Resumo

As construções efêmeras são projetadas para ter um período de duração, independentemente de seu objetivo. Durante esse tempo, essas intervenções servem como uma oportunidade de engajamento, entretenimento e interação com a comunidade local como forma de atrair pessoas como ponto turístico. A proposta do projeto é atender e oferecer à comunidade, um local de descanso, lazer e entretenimento inserido em um programa de necessidades condizentes ao contexto do bairro Japão Liberdade e suas raízes culturais.

Versão integral do trabalho em https://issuu.com/samanta.aitimura/docs/tcc-samanta.aitimurafinal

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Introdução

A arquitetura efêmera é aquilo que é construído com base na temporalidade, podendo ser projetada para um lugar específico ou montada e desmontada para ser transferida para diferentes locais. Os pavilhões, exemplos de arquitetura efêmera, são grandes ferramentas e oportunidade para demonstrar inovações e novas tecnologias desenvolvidas até o momento, como é o caso das Exposições Universais. Ademais, a expografia desenvolvida nos pavilhões de cada país conta com uma equipe de curadoria para que cumpram com o objetivo de transmitir a mensagem proposta no contexto hodierno.

Dessa forma, o primeiro capítulo consiste em um estudo sobre a arquitetura efêmera, os conceitos e a linguagem e como os pavilhões são inseridos, caracterizados e apresentados na contemporaneidade. No segundo capítulo, é feito uma análise de três estudos de caso: os Pavilhões do Brasil e da Suíça na Expo Dubai 2020 e a Japan House São Paulo, a partir do partido de projeto, da materialidade, da circulação, do programa e de técnicas de construção. No terceiro capítulo, é abordado sobre a expografia, suas técnicas e conceitos e como a tecnologia pode servir como ferramenta fundamental para sua estruturação. No quarto capítulo, é feito um estudo sobre o tema que será abordado na expografia do pavilhão a ser projetado. Por meio da representatividade e da visibilidade de uma determinada cultura, apresenta se o conceito kami e a relação de respeito e admiração que os japoneses têm pela natureza e os deuses que a habitam. Já no quinto capítulo, é feito um levantamento do entorno do terreno, analisando a mobilidade urbana, as áreas verdes e a topografia, as áreas livres e áreas ocupadas, o uso e ocupação do solo, o gabarito. Por fim, apresenta se, então, a proposta para o projeto.

O objetivo fundamental deste trabalho é apresentar o projeto de uma nova área de convivência e descanso que traz a proposta da arquitetura efêmera associada à arquitetura permanente para o bairro da Liberdade no município de São Paulo, revelando uma visão simultânea de um Japão milenar versus contemporâneo, com a natureza em foco.

Proposição

O terreno situa se na cidade de São Paulo, no bairro da Liberdade e distrito da Sé, próximo à Praça e Estação Japão Liberdade da linha azul do metrô. Fundado em 1905, é considerado o local com a maior comunidade japonesa fora do Japão. Hoje, o bairro abriga também outras comunidades asiáticas, principalmente coreana e chinesa, por isso chamada também de bairro oriental de São Paulo.

A partir dos estudos dos levantamentos feitos, foi possível levantar alguns pontos que abordaremos no programa de necessidad es para a proposta do projeto, são eles:

1. Uma grande área de convivência, descanso e lazer para a comunidade local, com a presença marcante de um jardim oriental com espelhos d’água e um mirante com vista para a Avenida 23 de Maio.

2. O primeiro projeto de pavilhão para o local, pois o projeto conta com uma proposta de rotatividade nas estruturas efêmeras que serão expostas. O projeto de expografia para o pavilhão

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

é baseado no conceito kami e usa a tecnologia como instrumento para a experiência sensorial na exposição com instalações do coletivo teamLab.

3. Uma infraestrutura permanente que conta com as instalações sanitárias, a área administrativa, sala multiuso e sala para pequenas oficinas e workshop.

Figura 02 e 03: Implantação e Diagrama de usos. Fonte: acervo do autor

Levando em consideração o grande fluxo de pessoas pelo bairro Japão Liberdade e a precariedade de espaços verdes e áreas de descanso, tem se em vista a necessidade de criar um espaço de respiro, de apreciação e contemplação do ambiente, de parada para se alimentar das barraquinhas da feira da Liberdade, de reunir os amigos e conversar ou também de passeio e ponto turístico.

Dessa forma, a seguir será apresentado a proposta de projeto que consiste em um pavilhão permanente, um pavilhão efêmero e paisagismo. Atualmente, o terreno funciona como estacionamento, um pequeno edifício sem uso e um galpão. Além disso, possui 12 metros de desnível, caindo para o Corredor Norte Sul e possui acesso somente pela Avenida da Li berdade.

Pensando na importância da plantação de arroz para o Japão, tanto historicamente, quanto economicamente, é proposto um projeto de paisagismo que traz essa referência aos terraços, chamados de Tanada (em japonês).

Além disso, o projeto de expogra fia do primeiro pavilhão efêmero será feito pelo coletivo teamLab e contará com três espaços, sendo dois deles para duas instalações (Floating Flower Garden e Transcending Bounderies) e outro abordando sobre o coletivo de um modo geral

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Figura 04, 05 e 06: Cortes. Fonte: acervo do autor

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia BACHARELADO

Referências

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Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo

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TCC 2

Habitação Social Multifamiliar em Madeira

O meu trabalho de conclusão de curso tem como objetivo abordar a insuficiência de moradias sociais e qualificadas, para abrigar pessoas de baixa renda ou que se encontram em assentamentos precários na cidade de São Paulo. Utilizando se da tecnologia construtiva da madeira laminada colada, através do estudo de suas características potenciais para a construção civil, aplicando a montagem, tratamento e encaixes de suas peças. Para assim, produzir mais edificações no Brasil, que utilizem madeira, a fim de possibilitar construções mais rápidas, práticas, feitas com um material renovável, de potencial competitivo ao do concreto e que reduzam em menor tempo estimado o déficit habitacional do país.

Versão integral do trabalho em https://issuu.com/ingrid.v.oliveira/docs/ingrid_oliveira_caderno_tcc_

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ao
Projeto de Arquitetura e Urbanismo Figura 01: Implantação 3D do conjunto no terreno. Fonte: acervo do Autor Resumo

Introdução

Habitação é uma necessidade básica primordial para o ser humano e um dos maiores desaf ios para as cidades modernas, com o adensamento populacional a importância de um suporte público para auxiliar no amparo a moradia de qualidade tornou se primordial. Os déficits habitacionais do Brasil e de São Paulo, mostram essa defasagem. No contexto de um país onde não temos aplicação efetiva dos programas de moradia e quando aplicados, não são feitos com qualidade e levando em consideração fatores importantes, como espaços de convivência, layout e qualidade construtiva, olhar para a habitação social torna se uma urgência

São Paulo é o estado que tem maior déficit habitacional absoluto do país, por conta da sua capital, onde além das imigrações expressivas por melhores condições de emprego, também encontra se uma densa quantidade de assentamentos precários e irregulares. Essas ocupações, em áreas de risco, ocorrem devido à crescente desigualdade socioeconômica, associada ao desemprego e à falta de moradia, o que eleva o número de desastres naturais, além do número de vítimas desses ac identes. Para reduzir o déficit habitacional é necessário a construção de moradias de interesse social, através de implementação de políticas públicas habitacionais que priorizem atender famílias com menor renda e assegurem condições de moradias dignas, tendo em vista o cenário crescente de famílias vivendo em assentamentos informais.

Com base nessa vertente habitacional, optei por utilizar o método construtivo em madeira , método que passou por evolução junto com os avanços tecnológicos e com o entendimento de como aproveitar melhor o potencial construtivo da madeira. Dentre suas principais características positivas estão fatos como a menor produção de resíduos sólidos, um material mais leve, com alta resistência e que é renovável. Entre as principais arvores utilizadas para a produção de madeira no Brasil estão a Eucaliptos e a Pinus, por conta da sua facilidade de replantio e adaptação em mais de uma região brasileira, além de serem madeiras regulamentadas para extração e com boa resistência e durabilidade. Ambas são utilizadas na técnica de produção da Madeira Laminada Colada, escolhida para o projeto, um tipo de produto estrutural, que consiste na colagem de lamelas formando tabuas. No Brasil a madeira não é tão usual quanto a alvenaria, e a tecnologia do Laminado Colado vem sendo implementada aos poucos recentemente, principalmente por novas empresas especializadas como a Amata e a Rewood, que fornecem o material. Além do tratamento que o material precisa passar para retardar a combustão, os encaixes das peças precisam de técnicas de proteção, por conta da vulnerabilidade a umidade, eles são feitos através do uso de parafusos, chumbadores e chapas de alumínio entre elas, com distâncias que variam conforme a área em que está sendo construída, dependendo se são áreas externas a distância entre as peças e o espaço da chapa é maior e nas áreas internas a distância pode ser menor. Para as referências construtivas de projeto, foram utilizados três estudos de casos, dois construídos totalmente em madeira laminada colada, sendo eles a fabricada de chocolates da empresa Dengo e um edifício habitacional de nove andares na Suíça. E o terceiro estudo é um conjunto, Residencial Alexandre Mackenzie, de casas empilhadas feito em alvenaria, com referências para volumetria, layout e implantação.

Em um terreno com pouco desnível, bem localizado, rodeado de infraestrutura educacional, de saúde, meios de transporte, comércio e serviços... Foi implantado o projeto de Habitação Social Multifamiliar em Madeira, com um programa de necessidades que engloba as unidades de habitações, salas de festa, multiuso, área de churrasqueiras, além da área de playground e das praças para convivência. Com um volume de 8 andares, que não sobressai aos volumes existentes no entorno e ocupa boa parte da extensão do terreno de 44.000 metros quadrados.

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Proposição

O projeto consiste em edificações multifamiliares, baseado no conceito de casas empilhadas, que pudessem abrigar famílias maiores que se encontram no estado de vulnerabilidade social, necessitando rapidamente de moradia acessível e de qualidade, utilizando da tecnologia da construção em madeira laminada colada.

Figura 02: Conjunto de edificações. Fonte: acervo do autor

O terreno escolhido possui 44.000 m2 e está localizado no bairro do Campo Limpo, rodeado de boa infraestrutura e em uma Zona Mista, sua Taxa de Ocupação é igual a 0,18 e seu Coeficiente de Aproveitamento básico é 1,45, parâmetros utilizados para nortear o programa e a volumetria do projeto.

A fim de proporcionar um ambiente dinâmico, confortável, eficiente, de lazer e incentivar a convivência da comunidade, o programa do conjunto é composto por 20 blocos, cada um com 8 andares, 7 andares com 8 apartamentos de 50m2 por andar e o térreo com 7 apartamentos e 1 salão de festas por bloco, totalizando 1260 unidades no conjunto. Já na área externa encontram se uma praça, um salão multiuso, área para churrasco e o playground.

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ao
Projeto de Arquitetura e Urbanismo
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Trabalhos de Conclusão de Curso | 2022

A estrutura dos prédios é composta por vigas e pilares de MLC e as lajes e vedações em placas de CLT, sua fundação e as conexões entre pilares e vigas são feitas por juntas metálicas e parafusos. O núcleo de concreto comporta a escada e os elevadores e está acoplado por junção metálica a estrutura de madeira.

Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo

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Figura 03: Conexões do Laminado Colado. Fonte: acervo do autor Referências http://www.direitoamoradia.fau.usp.br/ https://www.fundacao1demaio.org.br/artigo/deficit habitacional reflete a desigualdade do pais/ IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demo gráfico de 2010. Disponível em: < https://censo2010.ibge.gov.br/ resultados.html>. http://novosite.fjp.mg.gov.br/wp content/uploads/2020/12/04.03_Cartilha_DH_compressed.pdf https://www.habitacao.sp.gov.br/ https://www.infoescola.com/geografia/deficit habitacional/ https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/26503/1/Lourenco_Branco. pdf https://www.matanativa.com.br/madeira na construcao civil/#:~:text=Principais%20vantagens%20do%20uso%20da%20madeira%3A&t ext=Diminui%C3%A7%C3%A3o%20do%20tempo%20no%20canteiro,volum% C3%A9trica%20e%20elevada%20resist%C3%AAncia%20mec%C3%A2nica https://www.archdaily.com.br/br http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx# https://www.google.com.br/maps/preview https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp content/uploads/2014/12/2014 12 23 QUADRO 3 minuta PL LPOUS vfinal.pdf https://www.crosslam.com.br/site/PDFs/Predimensionamento.pdf

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Concreto pré-moldado: uma alternativa para construção de Habitação de Interesse Social

Isabella Borba Andrade

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Suzuki

Figura 01: Perspectiva acesso Av. Carlos Lacerda. Fonte: acervo do autor Resumo

O trabalho tem como objetivo abordar a técnica do concreto pré moldado, como uma solução para a construção de habitação de interesse social. O trabalho analisa duas vertentes, a questão habitacional no Brasil, entendendo o processo de formação das cidades, que reflete no cenário atual, e no crescente déficit habitacional ano após ano; e a tecnologia da pré modulação do concreto, bem como sua aplicação em edifícios de múltiplos pavimentos, abordando seus sistemas e componentes estruturais básicos. O projeto pretende através da industrialização da construção, reduzir o tempo de execução de obra, com o objetivo de suprir a alta demanda de moradias, com o propósito de diminuir o déficit habitacional no Brasil.

Versão integral do trabalho em https://issuu.com/isabellaborbaandrade/docs/tcc2_isabella_borba_andrade_2

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Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo

Introdução

No ano de 2019, o déficit habitacional estimado para o Brasil foi de 5,876 milhões de domicílios, que representam 8% dos domicílios do país, de acordo com a fundação João Pinheiro. Segundo a Folha de São Paulo, com a pandemia do covid 19, o déficit habitacional em 2021 tinha uma perspectiva de atingir 6,102 milhões de moradias, com um aumento de 225 mil moradias em um intervalo de dois anos. Sendo necessário, que até o ano de 2025, um bilhão de novas casas fossem construídas (Paiva, 2019). É perceptível através desse cenário a urgência da necessidade de propor alternativas construtivas para atender a demanda por moradias.

A nova proposta de moradia irá ser implantada no Distrito de Capão Redondo, subprefeitura do Campo Limpo, considerado o 9º distrito com maior concentração de assentamentos informais, segundo o Mapa da Desigualdade Social de 2021. Com o objetivo de deslocar as famílias vivend o em ocupações irregulares e em áreas de risco dessa região, para o novo empreendimento.

A metodologia usada nessa etapa foi a de pesquisa, por meio de artigos e livros, buscando primeiramente entender o processo de urbanização das cidades, e o processo de transformação para ela se tornar o que é hoje. E em segundo lugar, pesquisar a técnica construtiva do concreto pré moldado, entendendo suas possibilidades de uso e aplicações na construção.

O presente trabalho trata se do desenvolvimento de um projeto de habitação de interesse social, abordando a técnica do concreto pré moldado. O objetivo geral do trabalho é a partir da industrialização da construção, diminuir o déficit habitacional que cresce a cada ano, reduzindo os prazos de construção, para construir um maior número de moradias em um menor período .

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Proposição
Figura 02: Déficit Habitacional total segundo unidades da Federação . Fonte: Fundação João Pinheiro (2019).

Foi elaborado um programa divido em quatro setores; lazer, destinado a trazer espaços de entretenimento, qualificando a vida dos moradores; infraestrutura, onde foram destinadas áreas de apoio, como por exemplo salas comerciais, para ajudarem a manter o conjunto e sala de leitura e informática, para ser um espaço de estudos; convivência, onde vão ser áreas destinadas a espaços de convívio; e habitacional, onde foram estabelecidas unidades de 50m2 , para atender as famílias, que em sua maioria grandes, de forma confortável.

Foram criados dois blocos diferentes, o bloco 1, com 12 unidades por andar, com uma circulação central, implantados na horizontal e o bloco 2 com 16 unidades por andar, com dois núcleos de circulação, implantado na vertical, possibilitando que crie espaços internos que vão ser destinados as áreas de lazer, permitindo que a circulação seja feita entre os edifícios, conectando as áreas internas com as externas.

O acesso principal ao edifício foi definido através da Avenida Carlos Lacerda, possuindo acesso para veículos e pedestres, o acesso é feito através de rampas para lidar com desnível existente no local. É possível também acessar o terreno, através das entradas secundárias para pedestres, dispostas nas ruas Nainpur e Guaqui.

Figura 03: Implantação. Fonte: acervo do autor

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Figura 04: Divisão do programa. Fonte: acervo do autor

Como citado anteriormente as unidades foram padronizas em 50m 2, tanto as residenciais, quanto as destinadas a lazer e comércio, com o objetivo de facilitar a modulação estrutural e a construção dos blocos Atendendo uma modulação de 6,5 metros de vão, adotando uma estrutura de concreto pré moldado em esqueleto, sendo executadas em concreto protendido. Cada bloco possui cinco pavimentos onde no térreo se encontram os programas de lazer, infraestrutura, convivência as unidades acessíveis e algumas unidades padrões. Os pavimentos seguintes, foram padronizados, também com o objetivo de facilitar a execução, se repetindo em todos os andares, unidades residenciais padrões.

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Figura 05: Planta das unidades. Fonte: acervo do autor

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Figura 06: Componentes construtivos. Fonte: acervo do autor

Referências

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VASCONCELOS, Augusto Carlos de. Título: O concreto no Brasil. Edição: Volume III. Local de publicação: Studio Nobel, 2002.

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Processos construtivos de novos materiais na arquitetura a partir de compostos orgânicos

O micélio como aliado nas bioconstruções

Larissa Henning de Paula

Esse trabalho decorre de uma aposta no futuro processo de produção arquitetônica, sabendo que esse afeta diretamente a natureza e, por sua vez, no meio social e cultural em os seres humanos estão inseridos. Tal inquietação, levou a avaliar escolhas atualmente feitas pelo mercado da construção civil, incluindo a forma como fabricam os materiais e todos processos construtivos presentes nessas etapas. Baseado em redefinir a relação entre matéria e mei o ambiente, explorando meios alternativos de construir e fabricar que se aproximam cada vez mais da forma natural e que considera o crescimento ao invés das linhas de montagem, o objetivo é se fundamentar no estudo das técnicas que estão sendo estudadas, a valiadas e aplicadas atualmente, expondo estudos comparativos e que indicam a viabilidade econômica da inovação dos materiais através da biomimética e de compostos orgânicos para a construção civil do século XXI.

169 L6 Tecnologia Aplicada
ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo Figura 01: Perspectiva acesso Av. Carlos Lacerda. Fonte: acervo do autor Resumo

Introdução

A necessidade de reverter a tendência de geração de poluentes na produção de materiais de construção levou à busca por desenvolvimento de materiais ecoeficientes e sustentáveis. Isso para permitir uma relação menos nociva entre os meios de produção e as condições necessárias para o bom funcionamento de nossos ecossistemas. Essa busca pelo desenvolvimento de materiais que não impactam negativamente o meio ambiente tornou se mais necessária, trazendo atenção especial para os biomateriais.

Nesse campo de estudo, o micélio tem apresentado potencial aplicação como material de construção. Esta estrutura biológica, que já é conhecida há séculos, recentemente foi reconhecida como uma base para o desenvolvimento de materiais devido a sua estrutura, que é ramificada . A produção deste material também representa o potencial de sequestro de carbono da atmosfera, já que o utiliza para carbonatação e formação de quitina, presentes em toda a sua estrutura.

O material tem sido empregado para fins não estruturais na área d e construção civil, sobretudo para aplicação como isolamento térmico de construções. Apesar de alguns experimentos já demonstrarem a viabilidade do uso deste material para fins não estruturais, poucos estudos apontam a sua viabilidade para fins estruturais. Desta forma, foi necessário o aprofundamento dos estudos das propriedades físicas e mecânicas do micélio para verificar o melhor método de produção e aplicação como material de construção para diversas finalidades e campos de atuação.

O objetivo do trabalho, tem como principal vertente, o entendimento dos processos construtivos e seu funcionamento, assim, podendo aprofundar nos estudos de como podemos modificá los a partir de uma matéria prima e resultando na fabricação de uma arquitetônica biodegradável com baixos impactos para a natureza. O micélio, selecionado para estudo, é o corpo vegetativo da maioria das espécies do reino Funghi e pode ser caracterizado como estrutura radicular do cogumelo, utilizando o mesmo para produção de tijolos, placas, isolamento acústico, entre outras funções que o material pode exercer.

As principais diretrizes dessa tese foram possibilitar a apresentação desse biomaterial para ser introduzido no mercado arquitetônico elucidando técnicas construtivas, orçamento, tempo de manufatura e consequentemente a eficiência, a viabilidade e as aplicabilidades, tendo como base o estudo das empresas e pesquisadores que neste instante trabalham ou se interessam por esta área. Assim como, investigar e compreender os principais impactos que as técnicas de produção das peças de cogumelos, a partir do cultivo do compósito orgânico, pode fabricar no ambiente econômico e por consequência qual será o seu possível alcance.

Começamos a poder fazer coisas que só a natureza podia fazer e essa é a resposta para o futuro, em que bons projetistas serão também alquimistas, biólogos, pessoas que misturam átomos e genes e expandem cada vez mais suas técnicas e tecnologias. O objetivo está na criação de novos materiais para, com e pela natureza, o que chamamos aqui de NATURAR.

Como trabalhar novas maneiras de gerar resíduos com retorno efetivo para o meio ambiente, caracterizando uma economia cíclica e levando mudanças para o meio arquitetônico?

Proposição

A idéia por trás da arquitetura regenerativa e simbiótica é visualizar um futuro alternativo e mais verde, onde o uso da tecnologia integra sistemas que existem na natureza e na própria construção civil.Trata se da arte inspirada na natureza e a natureza inspirada na arte. Aqui estamos falando de uma matéria que é cultivada e não fabricada pensando em suas respectivas linhas de produção, com o objetivos de deixá las crescer de acordo com suas próprias lógicas. O diferencial do micélio é que o mesmo pode ser considerado um material que tem a possibilida de de alterações genéticas, assim, fica em estado adormecido durante

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a vida útil do projeto e é despertado após sua demolição ( tem como função decompor e biorremediar componentes tóxicos do edifício/construção).

Ao longo do processo de cultivo do cogumel o, o mesmo passa por um processo de inoculação, onde é colocado em altas temperaturas para “matar” o fungo e o mesmo não continuar crescendo em seu uso no projeto. Esse processo é imprescindível para que a construção dure mais e não se degrade de forma rápida. Como resolução acerca dessa problemática, foram propostos módulos geodésicos em que o material seria usado em sua parte interna para que não haja contato direto com chuva, umidade e reative o fungo que passou por esse processo final. Assim, tendo o micélio usado como isolamento térmico e acústico, o material escolhido para ficar na área externa foi o bambu e ambas as fibras prensadas com resina de mamona para maior durabilidade e sem ser nocivo ao meio ambiente em suas etapas de confecção.

A Mush e a Imperveg foram as empresas fornecedoras dos materiais que possibilitaram o surgimento da peça nomeada como LioBam1315. Quando ao projeto geodésico, o foco do mesmo é o material utilizado que gera novas possibilidades às bioconstruções, que não, as convenci onais usadas atualmente. Como proposta de programa, se foi pensado em um Centro de Apoio às Ecovilas, em que o projeto arquitetônico poderia ser implementado gerando um ambiente de permanência para aqueles que gostariam de vivenciar na prática todo o processo de criação dos biomateriais.

Figura 02: CentrodeApoioàsEcovilas

Os conhecimentos tecnológicos são essenciais para a difusão dos biomateriais citados como elementos marcantes em obras que tenham um pensamento sustentável, mas que não querem perder a qualidade estrutural para tal denotação. O uso do bambu em obras de grande porte possui caracter ísticas positivas quanto ao peso pr óprio da estrutura e quanto às resist ê ncias do material. Já o uso do micélio se tornou mais positivo no que diz respeito às suas características térmicas e acústicas dentro da arquitetura. Quando se unem essas duas potencialidades, já pode se dizer que ambas são suficientes para voltar os olhos para esse sistema construtivo, contudo existem outras qualidades como facilid ade de transporte,

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fácil trabalhabilidade do material al ém de uma incompar ável beleza estética. Estas características fazem com que os biomateriais tenham grande facilidade de ade ntrar no mercado da construção civil/ bioconstrução de forma significativa.

O conjunto de geodésicas proposto, foi pensado por inúmeras características como: uma distribuição geométrica e uniforme que facilita sua montagem, desenho aerodinâmico, isolamento térmico e acústico contínuo, uniões resistentes, além de um ótimo uso do espaço. Quanto ao seu programa, pode se contar com hortas comunitárias em que as pessoas plantam e colhem aquilo que desejarem, podendo até mesmo produzir o próprio cogumelo que será usado como biomaterial para outras vertentes ( alimentação, medicinal e para construções locais); uma sala de aula e palestras onde poderão ocorrer eventos e retiros com foco em sustentabilidade (permacultura, agrofloresta, yoga, aulas de bioconstrução, ou seja, toda parte teórica de produção de biomateriais e o cuidado com os orgânicos); canteiro de experimentações, onde serão colocados em prática os conteúdos que foram abordados nas aulas, uso de maquinários para corte de bambu, preparação de materiais, entre outros; e por fim um espaço para venda de livros e artesanais para gerar economia em prol das comunidades próximas, afinal, o centro geodésico será um apêndice às ecovilas que necessitam de espaço para realizarem suas atividades.

As Estruturas Geodésicas se caracterizam por uma rede de pontos interligados por linhas retas, que formam uma rede de polígonos planos interconectados e circunscritos dentro de uma “esfera

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Figura 03: módulos da geodésica preenchidas por micélio (verde) e fibra e bambu (laranja) ambiente interno e externo, respectivamente. Detalhe das conexões de cada peça LioBam1315. V VOCÊ N ÃO MUDA AS COI SAS LUT ANDO CONT RA A RE ALIDAD E ATU AL PARA MUD AR AL GO E PRECIS O CONSTRUIR UM M ODELO NOVO QUE TOR NAR Á O MOD ELO ATUAL OBS OLET O ” BUCKMINST ER FULLE R

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imaginária” onde todos os seus vértices a tocam. Cerca de 300.000 domos geodésicos foram construídos em todo o mundo. Podem ser utilizados para muitas utilizações: locais públicos (museus, locais de exposição, teatros, locais de desporto ou de formação), centros comerciais, estruturas temporárias (fóruns, exposições, apresentações, tendas colectivas ou individuais), habitações coletivas (expedições científicas), estruturas para uso t écnico, vários abrigos (armaz éns, galp ões, garagens, coberturas de tanques, abrigos de jardim), e até habitações privadas.

Referências

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BERALDO, A. L.(?). (1996). Materiais alternativos para construções rurais. Departamento de Construções Rurais. Faculdade Engenharia Agrícola Unicamp. 28p. /Relat ório Técnico UNICAMP.

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Bajwa, D. S., Holt, G. A., Bajwa, S. G., Duke, S. E., & McIntyre, G. (2017). Enhancement of termite (Reticulitermes flavipes L.) resistance in mycelium reinforced biofiber composites. Industrial Crops and Products, 107, 420 426;

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Chang, S. T. (1999). World production of cultivated edible and medicinal mushrooms in 1997 with emphasis on Lentinus edodes (Berk.) Sing, in China. International Journal of Medicinal Mushrooms, 1 (4);

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TCC 1

A Mobilidade Infantil na Cidade

Um desenho amigável do viário

Figura 01:O viário e a Infância. Fonte: acervo do autor Resumo

Se os ambientes que deveriam atender, prioritariamente, ao público jovem muitas vezes falham em acomodar as necessidades dessa faixa etária, o espaço público, onde a visão de crianças não é comumente levada em consideração, tende a tornar se hostil. Seja pela falta de equipamentos que permitam a permanência da primeira infância em áreas externas ou pelas calçadas que gradativamente ficam mais deterioradas e inacessíveis aos pedestres, em contrapartida com o espaço dos carros. Esse trabalho tem como objetivo explorar mudanças possíveis no desenho do espaço público, principalmente em função do viário, de maneira que este torne se mais seguro e amigável para crianças. A faixa etária escolhida como objeto de estudo é de 0 a 6 anos, a primeira infância. Sendo assim, não apenas os in divíduos mais jovens e suas necessidades e particularidades devem ser levados em consideração, mas também as de seus cuidadores e acompanhantes nos percursos da cidade. palavras chave: mobilidade , infância , pedestres, espaço público , desenvolvimento

Áreas Verdes na Zona Leste de São Paulo

Revitalização do Parque Aterro Sapopemba

Ana Caroline Rocha De Jesus

Orientadora: Prof. Ms. Marcella de Moraes Ocke Mussnich

Figura 01: Diagrama de bolhas. Fonte: acervo do autor

Resumo

O presente trabalho consiste na discussão da importância de espaços públicos de lazer na zona leste de São Paulo, área com poucos espaços qualificados. Através de embasamento teórico e estudos de caso relevantes este Trabalho de Conclusão de Curs o (TCC) apresenta nesta etapa de desenvolvimento um plano de massas para o Parque Aterro Sapopemba. A intervenção projetual visa a requalificação dessa área pública, buscando estratégias de interação entre as pessoas de toda comunidade, através de áreas de socialização que permitam a construção de um local ambientalmente e socialmente qualificado.

palavras-chave: áreas verdes, zona Leste, Espaço público, Parque urbano, Laze r

Cidade, patrimônio e cotidiano

Requalificação da Rua Tenente Coronel Carlos da Silva Araújo

Resumo

Este trabalho discute as relações sociais como parte imprescindível na formação das cidades e sua evolução . Tem como tema, especificamente, a relação entre patrimônio em ambientes urbanos e a vida cotidiana. A ideia surgiu com uma inquietação pessoal sobre a “imposição” de usos culturais em grande parte dos edifícios preservados e o distanciamento entre a vida comum e esses locais Como objeto, escolhemos a Rua Tenente Coronel Carlos da Silva Araújo, no Eixo Histórico de Santo Amaro para intervir. A intenção é requalificar as fachadas de casas e sobrados de características coloniais que se encontram degradadas, retirar aquilo que prejudica a paisagem, como fios de eletricidade e placas mal planejadas, e criar um padrão de identidade visual, dando visibilidade a um conjunto arquitetônico simples, que se encontra “escondido” , mas que têm algum valor . Além disso, alargar calçadas e integrar espaços livres que se encontram gradeados ao espaço do pedestre, buscando acabar com a disputa entre automóveis e as pessoas, que é muito forte no local.

palavras chave: cidade, patrimônio urbano, cotidiano, relações sociais , significado

Figura 01 : fachadas da Rua Tenente Coronel Carlos da Silva Araújo. Fonte: acervo do autor

Unidade multifamiliar pré-fabricada em Madeira

Resumo

Visando diminuir impactos ambientais e emissão de gases poluentes, a proposta deste trabalho de conclusão de curso é desenvolver um edifício multifamiliar, onde será composto por diversos módulos pré fabricados em madeira e transportado até o local de implantação. Além de propor um projeto mais sustentável, por se tratar de módulos, a construção será mais rápida, barata e que não produza muito resíduos no canteiro de obra.

palavras-chave: Construção Sustentavel, Madeira, Edificação Modular, Pré -Fabricado

Figura 01 : Protótipo dos módulos de madeira. Fonte: acervo do autor

A rua

Espaço de sociabilidade e potencialidade para pensar arquitetura e cidade.

Figura 01: Mapa Psicogeográfico produzido pela autora. Resumo

O presente trabalho pretende discutir a rua enquanto espaço de sociabilidade e abordar discussões sobre sua importância como pedaço vital de uma cidade, através de pensamentos de figuras que estavam olhando para o espaço público, para as pess oas e para a urbanização de grandes cidades como um reflexo das transformações que estavam ocorrendo no mundo em diferentes épocas. O trabalho tem o intuito de se aproximar de uma rua específica de São Paulo, a Rua Taguapaca, para desenvolver uma análise de estudo para registrar as potencialidades de uma rua comum, utilizando a cartografia e etnografia urbanas como metodologias para estudo palavras chave: rua, espaço urbano, aproximação, cidade, cotidiano, cartografias.

Centro saúde, educação e cultura:

Para pessoas com deficiência intelectual e múltipla

Carolina Brito Marinho

Orientador: Prof. Dr. Sergio Matera

Figura 01 : Distribuição do programa. Fonte: acervo da autora.

Resumo

A região do Extremo Sul da cidade de São Paulo possui grande carência de instituições voltadas às pessoas com deficiência, principalmente levando em conta sua também existente carência de meios de transporte acessíveis, seu elevado número de habitantes e s ua extensão territorial. Este trabalho tem como finalidade a implantação de um centro para pessoas com deficiências intelectual e múltipla, que ofereça apoio nas áreas da educação, saúde e lazer, de forma funcional e proporcionando acolhimento do público alvo. O terreno localiza se no distrito Cidade Dutra, próximo à estação Bruno Covas Mendes/ Vila Natal, da Linha 9 Esmeralda. palavras chave: deficiência, Extremo Sul, acessibilidade, acolhimento, carência.

Luz e formas

MUBE - museu e luz

Figura 01: Estado atual da área externa MUBE . Fonte: acervo do autor Resumo

Talvez o elemento com maior influência na atmosfera do espaço é a luz. E este trabalho tem como objetivo aprofundar a discussão da luz na arquitetura principalmente em projetos de museus, intervenções e valorização da arte, é um conjunto de estudos, dados históricos e pesquisas relacionados a luz e sua utilização em espaços e aplicação. Desta pesquisa resulta um projeto de iluminação no museu do MUBE em tem como partido a valorização do existente, apropriação do espaço pelas pessoas e a forma de trabalhar luz e sombras. palavras chave: Luz, luz na tural, luz artificial, MUBE.

Parque Linear Represa Guarapiranga

Gabriela de Sousa Forte

Orientadora: Profª. Ms. Marcella de Moraes Ocké Mussnich

Figura 01: Setorização e referências do parque linear. Fonte: acervo da autora

Resumo

Este trabalho de conclusão de curso propõe a implantação de um parque linear, localizado na orla da Represa Guarapiranga, especificamente, na Avenida Atlântica, situada na zona sul do Município de São Paulo. A área de intervenção foi escolhida devido à pot encialidade de transformação de espaços residuais e fragmentados, em espaços livres públicos qualificados, capazes de atender a população local e atrair novos visitantes. O parque linear proposto é apresentado como um meio para a qualificação de áreas degr adadas, valorização e preservação dos recursos naturais.

palavras chave: Espaço Livre Público, Parque Linear, Represa Guarapiranga, Preservação dos recursos naturais

A Cidade e a Dança:

A intervenção da dança no espaço urbano em São Paulo

Hingrid Brito

Resumo

O tema aborda a possibilidade de uso do espaço público, a fim de propiciar interação e o convívio social. Podendo assim, estar reconfigurando a percepção do espaço urbano, sendo uma oportunidade para que as pessoas ocupem aquele lugar com uma nova atividade: a dança. Esta atividade por sua vez, vem ocupando cada vez mais o espaço público como ruas, praças e parques. É preciso ressaltar que a temática e contexto deste trabalho, se caracteriza como uma intervenção urbana, pois resultará numa ressignificação de um espaço criação de um pavilhão e mudança da sua espacialidade e seu cotidiano.

palavras chave: dança, espaço urbano, intervenção urbana , pavilhão, espaço público.

Figura 01 : Forró dos Amigos. Fonte: Facebook

Um olhar sobre a Bela Vista Percepções do espaço habitado

Jamilly Santos

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Luis Silva

Figura 1: Croqui fachada remanescente. Fonte: autoral

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo explorar o distrito da Bela Vista contemplando o bairro do Bexiga , localizados na região central da cidade de São Paulo. Isto porque o território se mostra uma potência cultural, patrimonial, social e econômica, ameaçada pela especulação imobiliária, que tende a apagar sua identidade e memória visando mais retorno financeiro. Propõe se olhar para as suas dinâmica s, fluxos, cotidiano, transformações e as inúmeras tentativas de apagamento de suas características urbanas e culturais, trabalhar a simbologia e a percepção do espaço habitado, por meio de experiências multissensoriais .

palavras-chave: bexiga, memória, identidade, especulação imobiliária, multipli cidade

Ressignificação do Vazio Urbano

O entorno da estação Giovanni Gronchi: um olhar a se ampliar Laís Bazalha

Através da análise no perímetro de estudo, por onde passo diariamente, pude identificar o descaso com os bens culturais e de lazer da região. Os olhares são voltados apenas para empreendimentos comerciais de grande porte e para a f uncionalidade do transporte. Por tanto, o trabalho propõe funções complementares, como a rede de apoio à estação, com incentivo ao empreendedorismo e a criação de lugares onde exista o lazer, a permanência e o encontro. Sempre visando a conexão entre as atividades sugeridas, com o intuito de levar autonomia e oportunidades para as pessoas que ali moram e lutam constantemente para se conectar com a cidade.

palavras-chave:

Figura 01: Vazios Urbanos no entorno d a estação Giovanni Gronchi. Fonte: Google Street View, 2022 Mobilidade , Espaço Público , Permanência , Autonomia , Conexão

Lar Temporário para Vítimas de Violência Doméstica.

Arquitetura: lar, proteção e segurança.

Resumo

para Vítimas de Violência Doméstica

A proposta surge dos altos índices de violência doméstica e , principalmente, dos números de feminicídio.

Propomos a arquitetura como solução de acolhimento e segurança, desde sua concepção, e não como um imóvel adaptado e como diferencial um acolhimento mais amplo do que o atual, oferecido pelo Estado. Tendo hospedagem, apoio psicossocial multidisciplinar, com oportunidade de empoderamento para que consiga m SUA LIBERDADE, não ficando presas financeiramente e emocionalmente ao seu agressor. Utilizamos madeira MLC e CTL como processo construtivo , por ser uma construção leve, rápida e seca. palavras chave: violência, arquitetura, acolhimento , segurança , madeira

Mariana de Castro Lacerda Orientador: Prof. Dr. Sergio Matera Figura 01: O que é violência contra mulh er? Fonte: PROJETO MULHERES DE M ÃOS DADAS AUTORES: DR. Alexandre Kolano, DRA. Vanessa Medina e DRA. Silvana Gil : Lar Temporário

Proposta de Reurbanização e Provisão Habitacional

Alvares Cabral, Rua do Mar, Ruyce I e II – Diadema SP

Resumo

O trabalho se debruça sobre o histórico de políticas púbicas para produção de habitação de interesse social no Brasil e os atuais modelos de financiamento, além da experiência d e Diadema com urbanização de favelas e implementação de tais políticas, propõe a reurbanização de quatro núcleos habitacionais¹ localizados no município , assim como um estudo preliminar de viabilidade através de uma Parceria Público Privada ¹Núcleo Habitacional é a denominação utilizada pelo município para favelas urbanizadas ou em processo de urbanização palavras chave: reurbanização, provisão habitacional, habitação de interesse social

Figura 01 : Foto aérea dos núcleos habitacionais. Fonte: acervo do autor

Nova cenografia do Lago dos Cisnes

01:

Resumo

Este trabalho consiste na criação de um projeto de cenografia contemporâneo para o balé clássico O Lago dos Cisnes , de Tchaikovsky. Para sua futura elaboração, foi feita uma investigação baseada em livros sobre história da dança e cenografia, artigos e vídeos de espetáculos de balé , além de estudos de caso de espetáculos recentes. A investigação tem o intuito de compreender a evolução das técnicas, do balé e da cenografia, utilizadas ao longo dos anos ao redor do mundo , a fim de propor um projeto adequado ao balé escolhido. palavras chave: projeto, cenografia, O Lago dos Cisnes, balé, dança .

Figura primeira experimentação para nova cenografia do Lago dos Cisnes . Fonte: acervo do autor

Estádio Dr Oswaldo Teixeira Duarte

Modernização e Clube Social

Rafaela Rodrigues de Andrade

Orientador: Prof. Esp. Artur Forte Katchborian

Figura 01: Proposta para o clube social. Fonte: acervo do autor

Resumo

Desde criança tenho uma ligação com o futebol e com o passar dos anos isso só aumenta. Lembro me de quando criança vir à São Paulo visitar minha tia e saber que estava chegando ao avistar as grandes torres do Canindé. A Portuguesa é um time de tradição, por muitos anos foi considerado um dos grandes, com grande carinho não só por seus torcedores, mas por torcedores de outros times. De uns anos pra cá o time viveu em tempos difíceis, buscando novamente o topo. O Estádio Doutor Oswaldo Teixeira Duarte, ou Estádio do Canin dé, pertence à Portuguesa, um terreno de mais de 160 mil metros quadrados com potencial que não está sendo utilizado da melhor forma. A partir do meu carinho pela Portuguesa e das minhas memórias no Canindé decidi seguir como trabalho uma modernização e cr iação de um clube social nas dependências do Estádio.

palavras chave: projeto de arquitetura, arquitetura esportiva, modernização.

Projeto de Cenografia para Roda Viva no Teatro Oficina

Valquíria de Oliveira

Alves

Orientador: Prof. Dr. Nelson José

Figura 01:Diagrama Síntese. Fonte: acervo do autor Resumo

O trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um projeto de cenografia para a peça Roda Viva, escrita por Chico Buarque para o Teatro Oficina. Para o aprofundamento no tema, foi estudado a trajetória da arquiteta Lina Bo Bardi e as encenações realizadas no Teatro Oficina pelo Grupo Oficina, contando a trajetória do grupo e sua relação com o edifício Teat(r)o Oficina que no decorrer dos anos passou por várias reformas até chegar no seu projeto atual que foi desenvolvido por Lina Bo Bardi, Edson Elito e Zé Celso em 1981.

palavras chave: Roda Viva, Teat(r)o Oficina, Zé Celso e Lina Bo Bardi.

Esta revista foi produzida em novembro de 2022 pelo ARQLAB, com as famílias tipográficas Arial, Cambria e Futura.

2022

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