revistas do curso de arquitetura e urbanismo senac | v. 8 n. 15
semestrário ago | dez 2022
revistas do curso de arquitetura e urbanismo senac | v. 8 n. 15
semestrário ago | dez 2022
ISSN - 2675-2247
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
Centro Universitário Senac Santo Amaro Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Centro Universitário Senac, ARQLAB
Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo SENAC –Volume 8 número 15. Semestrário ARQLAB 2022|2.
Centro Universitário Senac - São Paulo (SP), 2023. 160 f.: il. color.
ISSN: 2675-2247
Editores: Prof. Dr. Ricardo Luis Silva, Profa. Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho, Prof. Ms. João Carlos Amaral Yamamoto
Registros acadêmicos (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) – Centro Universitário Senac, São Paulo, 2023.
1. Divulgação Acadêmica 2. Produção discente 3. Anuário 4. Graduação 5. Arquitetura e Urbanismo I. Silva, Ricardo Luis (ed.) II. Fialho, Valéria Cássia dos Santos (ed.) III. Yamamoto, João Carlos Amaral (ed.) IV. Título
Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo
Centro Universitário Senac
Coordenação de curso
Profa. Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho
Coordenação e edição das revistas
Prof. Dr. Ricardo Luis Silva
Produção
ARQLAB
Projeto gráfico
Prof. Ms. João Carlos Amaral Yamamoto
Corpo docente
Profa. Ms. Ana Carolina Mendes
Prof. Esp. Artur Forte Katchborian
Profa. Dra. Beatriz Kara José
Prof. Ms. Caio Faggin
Prof. Dr. Carlos Augusto Ferrata
Prof. Ms. Dani Hirano
Prof. Ms. João Pregnolato
Prof. Ms. João Carlos Amaral Yamamoto
Profa. Dra. Jordana Alca Barbosa Zola
Profa. Dra. Katia Bomfim Pestana
Prof. Ms. Luciano Ferreira dos Santos
Profa. Ms. Marcella Mussnich Moraes Ocke
Prof. Dr. Marcelo Suzuki
Prof. Ms. Marcelo Luiz Ursini
Prof. Ms. Maurício Miguel Petrosino
Prof. Dr. Nelson José Urssi
Prof. Ms. Paulo Henrique Gomes Magri
Prof. Ms. Ralf José Castanheira Flôres
Prof. Dr. Ricardo Dualde
Prof. Dr. Ricardo Luis Silva
Profa. Dra. Rita Cássia Canutti
Prof. Dr. Sérgio Matera
Profa. Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho
Prof. Dr. Walter José Galvão
Profa. Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho
Coordenação de Curso
Prof. Dr. Marcelo Suzuki
Prof. Dr. Nelson José Urssi
Prof. Dr. Ricardo Dualde
Prof. Dr. Ricardo Luis Silva
Núcleo Docente Estruturante
Nosso Semestrário, em seu 15º número, traz o registro de nossas atividades acadêmicas entre agosto e dezembro de 2022 (2022|2), apresentando, em formato panorâmico, o elenco das disciplinas ofertadas mesclado a relatos de docentes e alunos sobre as experiências do semestre. Seguimos apresentando apontamentos sobre as diversas atividades extracurriculares desenvolvidas e com a participação de nossos egressos, na seção Arquivo Vivo.
Este número inaugura uma nova fase da publicação, com novo projeto editorial, desenvolvido pelos professores arquitetos João Yamamoto e Ricardo Luis Silva, em formato mais enxuto, buscando uma leitura mais fluida das diversas ações, com mais ênfase nas percepções e reflexões dos corpos docente e discente.
Assim, encerramos novamente mais um ciclo, sobre o qual organizamos um olhar não apenas retrospectivo, mas que desenha novos caminhos para o futuro.
SEÇÃO
Arte: História e Expressão
Estudos Ambientais Aplicados ao Urbanismo
Experimentos Tridimensionais
Percepção e Representação do Espaço Projeto Abrigo
34-39
Aspectos da Vida Urbana
Conforto Ambiental
Escala Local e Dinâmicas da Cidade
Avançadas Aplicadas ao Projeto
Digitais
Ferramentas
Equipamento Cultural
Projeto
Compreensão do Mundo Físico
Estudos Sociais e Econômicos Aplicados ao Urbanismo
Indivíduo e Sociedade Projeto Habitação
Representação Gráfica Codificada Aplicada ao Projeto
Comunicação Imagem Paisagem Luminotécnica
Paisagismo Regional
Planejamento urbano: estatuto da cidade/plano diretor
PI 6: PatrimônioPráticas e Intervenções
Projeto de Arquitetura: Equip. Cultural e Patrimônio
Crítica Arquitetônica
Experimentações Projetuais
Mercado, Ética e Legislação Profissional
Pesquisa Aplicada em Arquitetura e Urbanismo
PI 8: FluxosEscalas
Planejamento Urbano: Políticas Públicas
Projeto de Arquitetura: Infraestrutura
9º SEM
Teoria da Arquitetura: Método e Projeto
Representação, suporte e narrativa
Trabalho de conclusão de curso
Desenvolvimento Sustentável
Trabalho de conclusão de curso 1
8º SEM 10º SEM
- Entender a produção artística a partir da contextualização histórica, mas também como procedimento construtivo que reflete, interpreta e modifica os processos socioculturais;
- Entender os elementos que constituem a dimensão social dos fenômenos artísticos;
A disciplina, ministrada no primeiro semestre do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Senac, conforme grade curricular de 2021, está estruturada a
Apresentar a importância da arte como meio de representação para comunicar ideias e intenções da humanidade dentro de seus respectivos contextos sociopolíticos, associando os diversos procedimentos de criação e discursividade artísticas com a especulação criativa e expressiva do indivíduo. (PPC 2021, p. 72)
Solicita-se, ao professor que desenvolve e aplica a disciplina, os seguintes objetivos de aprendizagem:
- Reconhecer historicamente os conceitos que constroem o campo de conhecimento da Arte e da Cultura material e seus respectivos efeitos na vida humana;
- Desenvolver atividades práticas e experimentais voltadas ao domínio da linguagem e da atividade artística como procedimento de compreensão e incorporação de conceitos e subsídio ao processo criativo inerente às investigações de repertório e apropriação utilizadas na elaboração do ofício.
Uma primeira experiência de aplicação da disciplina ocorreu ainda no sistema remoto, decorrente das restrições impostas pela pandemia de COVID-19, no primeiro semestre de 2021, onde a estrutura dos conteúdos (aulas expositivas e atividades expressivas) foi desenhada e posta em prática pela primeira vez. Por conta das dificuldades inerentes de acesso a materiais e virtualização excessiva dos encontros semanais, essa primeira experiência foi fundamental para ajustes e conscientizações do ritmo dos conteúdos, sequencias temáticas e sentidos aos exercícios expressivos.
Já no primeiro semestre de 2022, com atividades plenamente desenvolvidas presencialmente nas salas e no campus universitário, foi possível consolidar e calibrar todas as percepções reconhecidas naquela primeira experiência do ano anterior. Com as atividades em sala de aula, amparadas pelo acesso adequado aos materiais básicos para as atividades pensadas e o proveitoso funcionamento das trocas e interlocuções típicas dos encontros presenciais, a disciplina ganhou forma e fôlego para caminhar nos semestres seguintes.
Este relato se apresenta como um diário de bordo das atividades realizadas nos meses de agosto a dezembro de 2022, com a turma 2022-2 do período noturno. Sem pretensões conclusivas, deterministas ou excludentes, o texto a seguir se organiza considerando uma das diversas formas possíveis de desenvolver e aplicar o conteúdo solicitado pelo Projeto Pedagógico do curso, apresentando os conceitos norteadores da estruturação do aula-a-aula, os temas selecionados e as atividades prático-expressivas conduzidas com a turma de 20 alunos da classe.
A estrutura norteadora da disciplina
Compreendendo a necessidade de abarcar questões históricas e experimentações de expressão numa mesma disciplina, optou-se por estruturar os conteúdos ministrados a partir do elemento “história” e sempre relacionar os exercícios expressivos aos assuntos tratados naquele módulo pedagógico. Mas, diferente do pensamento estruturador do olhar cronológico da história, onde o encaminhamento e alinhamento dos assuntos se baseia na sequência linear dos acontecimentos e, consequentemente, dos movimentos artísticos ao longo da história da humanidade, a estratégia adotada como estrutura norteadora de elaboração e encadeamento dos assuntos a serem tratados em sala foi a de painéis associativos. Uma constelação de obras aproximadas e rearranjadas a partir de procedimentos associativos iniciados por temas considerados centrais para o diálogo da Arte com a disciplina da Arquitetura. A proposta segue, portanto, táticas e
procedimentos elaborados pelo historiador e crítico de arte alemão Aby Warburg, com seu Atlas Mnemosyne (1924-1929), e os temas elencados para tais painéis associativos são: INCERTEZAS, AS COISAS MESMAS, NARRATIVAS, DISCURSO, MOVIMENTO, ESPAÇO, GESTOS, FORMA PURA, MANEIRAS e O TEATRO DO MUNDO (Deixo aqui um agradecimento especial ao prof. Dr. Gabriel Pedrosa, que iniciou esses agrupamentos conceituais).
Em cada um dos painéis diversas obras e produções artísticas – majoritariamente do Renascimento até os dias atuais – foram aproximadas a partir de um conceito-núcleo e uma obra referente. Não mais a linearidade da História mas os deslocamentos e aproximações possíveis, sempre provisórios, de sujeitos distantes cronologicamente mas contemporâneos se considerarmos alguns elementos pontuais passíveis de aproximação. Eles são:
INCERTEZAS – a capacidade e articulação da Arte como forma de questionamento, desestabilização, deslocamento e desvio dentro do contexto hegemônico da sociedade. Obra A FONTE (1917) de Marcel Duchamp.
AS COISAS MESMAS – Representações artísticas e a capacidade, ou a pretensão de, documentar e apresentar a realidade do mundo como ele é. Obra LATA DE SOPA CAMPBELL (1962) de Andy Warhol.
NARRATIVAS – a capacidade e potência da Arte em contar histórias, relatar acontecimentos, re-presentar momentos, sempre – ou quase sempre – amparada pelas imagens, com suas inerentes potências e inevitáveis seduções (e sempre possíveis distorções). Obra A TRAIÇÃO
DAS IMAGENS (1929) de René Magritte.
DISCURSO – a capacidade inviolável da Arte para ser meio, instrumento, válvula de escape, catalisador, gatilho para dizermos algo, seja em forma de discurso, seja em forma de denúncia, seja em forma de protesto, seja em forma de manifesto, seja em forma de silêncio. Obra GUERNICA (1937) de Pablo Picasso.
MOVIMENTO – Condição de referência e repertório importante para compreensões de nossos lugares no mundo, o movimento – em suas múltiplas formas e acepções – convida a experiência e inauguração do espaço arquitetônico. Obra BICHOS [série] (1960-1965) de Lygia Clark.
ESPAÇO – Condição de aproximação mais íntima entre Arte e Arquitetura, expressões que inauguram, questionam, inventam, fabulam, leem, qualificam ou simplesmente apresentam o espaço como entidade diretamente ligada à vida humana. Obra TROPICÁLIA (1967) de Hélio Oiticica.
GESTOS – Condição de ligação e conexão do indivíduo com a expressividade do seu próprio corpo, os gestos são representações da presença, ou passagem, de uma experiência sensível materializada no concreto do mundo vivido. Obra RITMO DE OUTONO (1950) de Jackson Pollock.
FORMA PURA – Condição de diálogo do corpo com as capacidades humanas do raciocínio, da lógica, da pureza geométrica da coisa artificial produzida pela racionalidade cartesiana, representadas pela essencialidade da forma pura, da cor pura. Obra COMPOSIÇÃO COM PLANO GRANDE VERMELHO, AMARELO, PRETO, CINZA E AZUL (1921) de Piet Mondrian.
MANEIRAS – Modo de fazer na Arte que se converte em linguagem, léxico, forma de dizer e ver o mundo. Obra ESTUDOS (depois do retrato do Papa Inocêncio X, de Velázquez) (1953) de Francis Bacon.
O TEATRO DO MUNDO – A experiência da Arte como reflexo do mundo, espelho do tempo, das dinâmicas humanas, das sociabilidades, das trocas, das relações, das performatividades da vida. Obra EXPERIÊNCIA No 3 (1956) de Flávio de Carvalho.
Reforço que foram escolhas “interessadas” que levaram a tal seleção temática, que nada impede ou inviabiliza a criação de outras chaves e conexões dentro da grande constelação que é a produção artística humana.
Com isso, cada um desses 10 painéis associativos serviu de “âncora” para a criação e desenvolvimento de atividades experimentais expressivas como forma de exercício plástico e também como forma de incorporação háptica dos conceitos apresentados e debatidos nos painéis correspondentes.
A seguir, são elencados cada um dos exercícios propostos, que estão ilustrados com alguns momentos do processo e resultados apresentados pelos alunos da turma.
A partir da proposição das Frotagges (decalque de texturas e formas de objetos e superfícies) utilizadas pelos artistas Surrealistas como procedimentos para a criação artística, os alunos são provocados a fotografar elementos urbanos ordinários – tampas de bueiros, texturas de muros e pisos, elementos e mobiliários urbanos – e apresentar essas coleções em sala de aula. Sensibilizados pela possibilidade de olhar o mundo de outras formas e reconhecer valores e sentidos em elementos “desimportantes”, os estudantes elegem, dentre todas as imagens apresentadas, uma fotografia de cada uma das 3 categorias sugeridas. Essas imagens são tratadas e convertidas em fotolitos para gravação de telas de serigrafia, que são utilizadas pela própria turma nas aulas dedicadas aos estudos de impressão e reprodução gráfica conduzidas no atelier de serigrafia do Centro Universitário. Nestes dias os alunos experimentam os processos de impressão serigráfica tanto em papéis diversos como em camisetas e tecidos, explorando composições, combinações de cores, jogos randômicos de sobreposições e criação de novos sentidos para as “matrizes urbanas”. Nesse semestre, as escolhas para essas matrizes foram: uma tampa de bueiro da SAEG SP (sistema de esgoto municipal), um par de orelhões da Vivo, uma textura de vitrine empoeirada de um edifício abandonado.
Partindo da temática do painel associativo dAS COISAS MESMAS, levanta-se a questão do que podemos compreender como REALIDADE, onde o REAL acaba se aproximando muito das relações da percepção individual do mundo ao redor. Por isso, é apresentado aos alunos a trajetória artística da brasileira Lygia Clark, dando ênfase em sua produção dos objetos relacionais (década de 1960). Nesses trabalhos a artista convidava os “usadores” a explorarem suas próprias percepções de mundo, experimentando uma reconexão primeva, quase infantil, com o corpo e suas descobertas de formas, texturas, pesos, sons, etc... Uma realidade construída a cada experimentação e percepção do real. Com essa compreensão, os alunos são convidados a, de olhos fechados, sentarem-se no chão da sala e esboçarem em gestos gráficos diversos estímulos sonoros e narrativos apresentados pelo professor: um barco à deriva no mar, o som da chuva, a escuridão da noite, o calor do fogo de uma fogueira, o silêncio de uma caverna fria, a possibilidade de voar em um sonho, o olhar do colega, etc...
Tendo a NARRATIVA como tema central, o exercício proposto segue os enunciados feitos pelo artista mexicano Gabriel Orozco, nas obras Asterisms (2012) e Astroturf Constellation (2012). Em ambos trabalhos Orozco conduz uma narrativa dos acontecimentos ocorridos num determinado momento que são “contados”, “revelados”, “narrados” a partir dos vestígios abandonados por usuários dos locais e depois coletados e catalogados pelo artista, organizando uma espécie de cartografia narrativa. A partir dessa provocação, os alunos devem reconstruir seu dia a partir dos rastros deixados por eles mesmos na passagem do dia e das ações realizadas no decorrer das horas, resgatando elementos e objetos que possam contar tais momentos, como rastros. Todos os objetos e elementos – tampinhas, balas, bilhetes de ônibus, crachás, chaves, moedas, tickets de cartão – são fotografados e catalogados como peças excepcionais, relíquias de um tempo vivido.
Assistimos em sala de aula, após a apresentação e debate sobre o painel associativo de obras aproximadas sob o tema do Discurso, ao filme brasileiro São Paulo: Sinfonia da Metrópole, dos diretores Adalberto Kemeny e Rodolfo Lustig, lançado em 1929. O filme, uma espécie de documentário-ode à cidade que desponta como o grande pólo de modernização do país na entrada da década de 1930, apresenta cenas cotidianas de uma cidade que desejava ser a cidade perfeita, plenamente em progresso e desenvolvimento. Para complementar o olhar e a reflexão sobre a capacidade discursiva das imagens, fizemos uma caminhada pelo centro histórico de São Paulo na manhã seguinte. Experimentar corporalmente o espaço urbano e reconhecer tacitamente os tantos palimpsestos presentes nesse pequeno recorte do território colossal que é a metrópole paulistana. Tantos tempos sobrepostos e tantas temporalidades presentes nas dinâmicas cotidianas dos citadinos daquele lugar reforçam a proposta de experiência e reflexão háptica proposta aos alunos caminhantes.
Como forma de exercitar com os alunos a capacidade interpretativa e representacional de enunciados e proposições (ferramentas importantes nas dialéticas da profissão), o exercício proposto nesse painel é a produção de uma colagem (metaforicamente apresentada como forma empírica da construção do conhecimento – a imagem – usufruindo de seu repertório – os fragmentos de revistas e jornais – disponível e colecionados). Utilizando como referencial estético as obras de Vik Muniz, principalmente aquelas onde o artista “reproduz” obras icônicas da história da arte com outros elementos compositivos, como comida, lixo ou objetos descartados, a proposta apresentada aos alunos é a representação, à sua maneira, da Anunciação de Maria. Durante o exercício são apresentadas diversas pinturas feitas ao longo da História que representam a fábula bíblica do momento em que o anjo Gabriel desce dos céus para anunciar à Maria que seria escolhida para dar à luz ao filho de Deus, Jesus.
Talvez o exercício mais completo da lista de atividades, a proposta aqui é vivenciar a obra do artista brasileiro Hélio Oiticica, desde suas primeiras explorações da cor no espaço com os Bilaterais (1959), passando pela experiência corporal e tátil da cor com os Penetráveis (1961), até a invenção dos Parangolés (1965). A cor vivida no espaço, cadenciada pelo movimento dos corpos dançantes, carregando e animando as cores dos tecidos montados sobre os corpos de alguns alunos. Enquanto os Parangolés – montados pelos próprios alunos –são ativados no centro da sala por alguns voluntários desinibidos (alguns nem tanto...), os demais presentes fotografam todos os momentos e cores, numa coreografia sem programa. Com os registros em mãos, todos os alunos são provocados a observar as imagens, reconhecer os gestos dos corpos e das cores, traduzir tais percepções para o papel utilizando guache, aquarela, lápis de cor e giz de cera. O gesto dos corpos que ativam a cor no espaço transfigurados em gestos coloridos desenhados nos papéis.
Se a cor é ativada no espaço pelos corpos com os Paranglés do exercício anterior, aqui a proposta é perceber e explorar a pureza das cores associadas às formas também puras e geométricas. Reconhecendo a potência das formulações e composições geométricas e espaciais construídas nos Objetos Ativos do artista brasileiro Willys de Castro, os alunos devem ativar tais cores a partir da montagem de pequenos prismas monocromáticos com o papel Colorplus, todos eles proporcionais entre si (proporções de 1/2, 1/3 e 1/4 variando em todas as suas dimensões). Essas pequenas “caixinhas” dobradas e montadas são então combinadas entre si em um cenário neutro, gerando especulações formais e cromáticas variadas.
O movimento das coisas, o movimento das imagens e a imagem do movimento são as temáticas do painel associativo e que se sintetizam na obra cinematográfica de Wim Wenders, o filme-documentário Pina, de 2011, em homenagem à coreógrafa, dançarina, pedagoga de dança e diretora de balé alemã Pina Bausch. Após assistirmos ao filme juntos em sala de aula, os alunos são convidados a representar algumas expressões da dança de Pina com gestos simples de movimentos da mão segurando um pincel com tinta nanquim sobre alguns cartões. Com os cartões finalizados, um deles é selecionado e digitalizado. De posse do registro do movimento, cada aluno deve produzir um carimbo de borracha com a forma resultante. O carimbo, em sala de aula, é explorado em conjunto com os demais carimbos produzidos pela turma, gerando novas formas e novas experiências do movimento, seja pela imagem carimbada seja pelo próprio ato do carimbar, apropriada da obra da artista brasileira Carmela Gross, especialmente os Carimbos (1978).
Em cada uma das atividades propostas durante o semestre, estimula-se os alunos a experimentarem as mais diversas técnicas de expressão, sempre construindo um sentido relacional entre as técnicas e ferrantas aos conceitos da atividade. Neste caso, elege-se o uso do lápis carvão para os registros dos vazios. Estudando as obras do escultor espanhol Eduardo Chillida e da escultora inglesa Rachel Witheread, percebe-se que ambos se apropriam da ideia de vazios preenchidos configurando nossa percepção de espaço que, no final das contas, é também uma experiência do vazio, da ausência. Utilizando o lápis carvão, os alunos são provocados a perceber os vazios existentes entre os volumes apresentados (no caso desse exercício, imagens de ações corporais do artista brasileiro Edgard de Souza) e representa-los preenchidos no papel, deixando os “cheios” dos volumes sem preenchimento algum. À medida que os vazios são preenchidos com o negro profundo do carvão, as formas dos elementos vão surgindo diante dos olhos dos alunos.
Após apresentação e debate sobre o painel associativo, os alunos assistem ao filme argentino Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual, do diretor Gustavo Taretto (2011). Seguindo a proposição do enredo e a poética apresentados no longa-metragem, o exercício expressivo sugerido é a exploração da paisagem urbana da cidade de São Paulo em busca de exemplares das famosas “empenas cegas”. Seguindo as referências gráficas presentes na obra Empenas (2014), de Andres Sandoval e nas obras dos artistas Angela Detanico e Rafael Lain, os alunos devem compor um alfabeto gráfico a partir de uma ordenação de formas das empenas encontradas durante a exploração urbana. Ou seja, cada empena encontrada vira uma forma (como uma silhueta) que se associa com cada letra do alfabeto (como um código). Munido desse código gráfico-alfabético, o aluno assina seu nome na capa do caderno-portfólio da disciplina, o CADERNÃO.
Este relato apresenta os resultados obtidos com alunos ingressantes no curso de Arquitetura e Urbanismo (5 turmas, entre 2021_1 e 2022_2), na disciplina Percepção e Representação do Espaço, em exercícios de vivência e leitura da cidade.
Nestes exercícios busca-se o desenvolvimento da percepção do aluno a partir do conceito do desenho como linguagem, envolvendo o conhecimento e a representação do universo físico e sensorial através de registros gráficos. O desenho, e a experimentação através dele, se transforma em ferramenta de conhecimento, estimulando a sensibilidade, através da educação do olhar.
A disciplina parte do pressuposto que o desenho é a síntese gráfica de uma intenção, devendo ter como referência o repertório cultural constituído pelo aluno, adquirido através da constante exercitação individual. Assim, nas vivências inaugurais do curso, o aluno apreende o mundo que o cerca
Reportagem Gráfica - Edifício da FAUUSP - Aluna Bianca Montanari Silva Profa. Dra. Valéria dos Santos Fialho 24 Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo Senac - Volume 8 número 15. Semestrário ArqLab 2022|2.e a cidade, que será sua matéria prima essencial, a ele se revela.
1. Receber os alunos ingressantes de um curso de Arquitetura e Urbanismo é um desafio. Cativar um alunado jovem, indeciso e cheio de expectativas e prepará-lo para o desafio da formação profissional e para os próximos cinco anos de suas vidas, que certamente mudarão sua percepção de mundo, é tarefa árdua, mas prazerosa.
Para este aluno, o futuro que o aguarda depois deste período intenso, será o da percepção do mundo que o cerca sempre com “olhos de arquiteto. E este “olhar”, que vai alimentar sua apreensão e interpretação de mundo, é o “desenho”. O desenho que vai além daquilo que se vê, enxergando não só o visível, mas também aquilo que é impalpável e que será, por seu ofício, transformado.
Tradicionalmente, nos cursos superiores brasileiros, o primeiro ano de formação tem uma carga intensa
de disciplinas de representação - Desenho de Observação, Geometria, Matemática, Plástica, Modelos, entre outras. O aluno, neste período inicial de formação, é “re-alfabetizado” numa linguagem que é a primeira que desenvolvemos, o ato de representar o mundo graficamente.
Todos rabiscamos nossas primeiras percepções de mundo, intuitivamente, com o ato de desenhar, de deixar algum vestígio marcado sobre uma superfície plana. Que o digam nossas mães que limparam tantas paredes, tampos de mesa, roupas, que receberam nossas primeiras impressões (a giz e caneta hidrocor) do universo que nos cercava, daquilo que nos era compreensível e valioso (as primeiras representações dos pais, da casa).
Porém, crescemos e negligenciamos esta linguagem em detrimento da alfabetização, das aulas de português, matemática, história, geografia, de outras formas de comunicação. Perdemos, ou pensamos perder, a habilidade de desenhar e tal ação passa a ser secundária e submetida, quase sempre, às palavras.
Em alguns de nós (talvez muitos), mantém-se o desejo de especular o mundo pelas imagens, pelas formas, pela relação dos objetos, do homem com o espaço que o circunda. Alguns escolhem o ofício do arquiteto. E estes devem recuperar a habilidade de desenhar o mundo. E então voltamos ao primeiro ano do curso de Arquitetura e Urbanismo, ao aprendizado da linguagem gráfica e àquele aluno que nos chega jovem, tímido e com medo do papel em branco e que sonha em projetar espaços.
Porém, antes de projetá-los, há que entendê-los, vislumbrar, sentir, experimentar, desenhar. E então voltamos ao desafio de encaminhar, informar, instrumentar este indivíduo. Neste contexto, a disciplina que é o objeto desta reflexão é fundamental, ao subsidiar o aluno para a redescoberta de suas capacidades de representação. Mas a representação que é, acima de tudo, a intuitiva, fruto da experiência, da tentativa e do erro. Não é a compreensão do mundo matemático que explica a geração e comportamento das formas
no espaço, não é geometria descritiva que organiza este saber com seus diedros e planificações. A linguagem normatizada dá cabo de grande parte da comunicação necessária à prática do ofício, com suas plantas, cortes, elevações e perspectivas, mas não consegue suprir a demanda da percepção, do desenvolvimento e aprimoramento do raciocínio espacial e da experiência.
Enfrentamos ainda, os professores de desenho, além do desafio de receber um aluno que “desaprendeu” o desenho, um cidadão que pouco conhece a cidade em que vive. Fruto da vida em cidades como São Paulo, que cada vez mais se configuram como conjunto de espaços murados, de exclusão, cidadãos dos “shopping centers”, dos condomínios, das salas de cinema e dos jogos de videogame e das redes sociais, grande parte desta geração perdeu o contato com a cidade, com a vida urbana, com seus espaços.
É neste sentido que da experiência de anos trabalhando com disciplinas de “representação” vem a percepção dos resultados promissores de um exercício específico, no qual os alunos são desafiados a conhecer e reconhecer a cidade a partir de pequenas expedições registradas pelo desenho.
Não é prática nova, nem tampouco inovadora. Quão sedutores e didáticos são os cadernos de croquis dos mestres, resgatados de seus arquivos e extensamente publicados. Aalto, Costa, Corbusier, Niemeyer, Wright ... e a lista seguiria por longas páginas e em tempos diversos. Porém, é prática que não pode ser esquecida, sobretudo em tempos em que a imagem fotográfica nos acompanha o tempo todo, mas que corre o risco da banalização tantas são as referências, os registros, os compartilhamentos, seguidores e “curtidas”.
Neste recorte de universo, muito específico, recebemos um alunado muito diverso, com experiências de linguagem tão distintas quanto díspares. A primeira impressão que se tem é a de que o aluno mal consegue traçar linhas no papel, misto de insegurança e estranhamento.
Desta forma, a disciplina se organiza em módulos de aprendizagem, que partem de exercícios muito simples, que trabalham com a apreensão de formas no espaço, passando
por exercícios que trabalham a questão da percepção de elementos, suas relações e proporções, até o trabalho de campo, onde o aluno é instigado a observar e representar, e no qual deve carregar seu mais novo e indispensável companheiro de jornada, o caderno de croquis.
Esta sistematização gradativa se faz necessária justamente por conta deste universo específico e é importante destacar que os resultados e considerações neste relato são baseados na prática e nos acertos e erros cotidianos, no contato direto entre alunos e professores em sala de aula.
Nesta sequência e na opção pelo “caderno diário” (o caderno de croquis passa a ser o companheiro fundamental do aluno), o aluno vai ganhando autonomia, desenvolvendo uma linguagem pessoal, intransferível e incomparável, onde não existe juízo estético, apenas significado.
O croqui talvez seja o elemento de representação mais emblemático em nossa arquitetura e, como já mencionado, é quase impossível deixar de registrar os singelos e expressivos esboços que acompanham a trajetória de nossos mestres. Nossa historiografia inclusive registrou com muito mais frequência estes esboços do que o detalhamento de muitos projetos já que os desenhos normatizados de trabalho (plantas, cortes, elevações, detalhes), por mais fundamentais que sejam para a concretude da arquitetura, não carregam a mesma capacidade retórica. As possibilidades comunicativas deste tipo de expressão gráfica, aliada à sedutora imagem de síntese que carregam, certamente são fatores importantes a considerar.
Os croquis, convertidos em elementos fundamentais para o entendimento e explicitação das intenções de projeto, tornaram-se parte integrante dos memoriais de projeto, das publicações. São utilizados pela maioria dos autores para reforçar a presença do gesto arquitetônico, da posição do autor. Mais importante do que tal status adquirido, são a ferramenta mais poderosa de formação.
E vem desta crença a proposição para esta disciplina, de um exercício final, no qual o aluno é inquirido a realizar uma Reportagem Gráfica (RG) – e aqui o termo brinca com o RG (registro geral) que todos os cidadãos brasileiros devem ter e que é a nossa prova de existência social – de determinados locais emblemáticos da cidade.
Objeto eminentemente social, a arquitetura constrói o habitat e deixa marcas na cidade, nos usuários e também em seus autores. É, portanto, instigante não só como atividade profissional, mas como objeto de estudo, num campo de conhecimento que mescla teoria e prática, valor artístico e utilidade. Reconhecer esta cidade não poderia configurar melhor oportunidade para o exercício da representação.
Assim, a partir da escolha de obras espalhadas pela cidade, cada aluno vai desenvolver uma narrativa visual construída a partir de sua percepção da cidade e, alimentada pela capacidade de representar aquilo que o cerca.
A escolha dos edifícios não é aleatória, e a lista de “sujeitos” apresenta ao aluno obras emblemáticas da cidade – o Museu de Arte de São Paulo MASP e o Sesc Pompéia de Lina Bo Bardi, o Museu Brasileiro da Escultura MUBE e a Pinacoteca do Estado de São Paulo de Paulo Mendes da Rocha, o conjunto de edifícios do Parque Ibirapuera e o Memorial da América Latina de Oscar Niemeyer, o Centro Cultural São Paulo de Luiz Telles e Eurico Prado Lopes, o edifício da FAUUSP na Cidade Universitária de Vilanova Artigas, entre outros. Tenciona apresentar ao aluno diferentes tipos de edifícios, diferentes autores, lugares diversos da cidade. A partir de um elenco diverso de opções, estes objetos de estudo passam a fazer parte do cotidiano destes alunos e a simples eleição do “sujeito” a ser explorado já faz parte, ainda que intuitivamente, do discurso de cada aluno.
E cada aluno elege assim seu objeto de estudo. E elege seu percurso e o que quer mostrar do edifício. E assim espera-se que o aluno entenda que ao visitar, percorrer, observar e desenhar, desvenda os mistério de cada edifício, escuta o discurso sussurrado por cada um destes edifícios e relata, sob seu particular e único ponto de vista, aquilo que o cativou e que, vai fazer parte de seu repertório e de seu olhar de arquiteto sobre a cidade. É a totalidade formada pelos elementos que dá o sentido à representação. Cada autor carrega consigo suas preferências e sua forma particular de registrar suas ideias. É um processo de escolha. Diferentes desenhos carregam diferentes graus de abstração e a escolha destes níveis também é fator preponderante na compreensão
2.
A seguir, serão apresentados alguns resultados do exercício “Reportagem Gráfica”, a partir de 2021, quando a disciplina em questão começou a ser ofertada no curso do Senac, até o segundo semestre de 2022. Vale lembrar que, desde o início da oferta do curso, em 2010, as questões aqui relatadas foram abordadas nas disciplinas Desenho de Observação (2010 a 2015) e Desenho (2016 a 2020), sempre no 1* período e com escopo e atividades semelhantes.
Observar estes registros nos leva a pequenas constatações que revelam a identidade do aluno e, ainda que timidamente, o desenvolvimento de uma “caligrafia” pessoal. Mais que um “estilo” de traço, uma maneira de olhar.
Ao observar os resultados desta pequena série de desenhos realizada por jovens estudantes, podemos afirmar que o exercício proposto consegue responder de maneira satisfatória a várias de suas premissas e objetivos, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento da curiosidade, da autonomia e da criação de uma linguagem própria para cada aluno.
3.
O desenho livre e pessoal (croqui) é importante ferramenta estruturadora do pensamento que permite a transposição daquilo que é um sentimento interior, a percepção, para uma construção que participa uma compreensão de mundo e a revela para os interlocutores mais diversos, assumindo um caráter de limiar entre as diversas possibilidades expressivas e cognitivas.
Este domínio, fundamentado na liberdade expressiva de cada aluno será fundamental para a construção de sua trajetória e é neste contexto que, ao final do primeiro semestre do curso, com a experiência acumulada na disciplina e que é sintetizada no desafio lançado pelo exercício de reportagem, o aluno, de alguma forma, encontrará sua “voz” (ainda que timidamente) e a partir desta vai construir seu percurso de aprendizagem.
Prof. Dr. Marcelo Suzuki (matutino)
Prof. Ms. Luciano Santos (matutino e noturno)
RELATO DE ESTUDANTE
Ayki Nakada | 2o diurno
Durante a disciplina de Compreensão do Mundo Físico, um dos exercícios que foram propostos foi a elaboração e a construção de um sistema estrutural. E para esse projeto, pensei em formar uma estrutura que pudesse sustentar cobrindo uma área extensa por uma chapa plana com corte e dobra, criando-se assim uma obra tridimensional utilizando um pouco o conceito de “kirigami” e “origami”.
Estrutura desenvolvida por alunos do período noturnoProf. Dr. Ricardo Dualde (matutino e noturno)
Profa. Dra. Jordana Zola (noturno)
Prof. Ms. Ralf Flôres (matutino)
Prof. Dr. Ricardo Luis Silva (noutrno)
Prancha “Saúde da Mulher no Distrito de Campo Grande” desenvolvida pela aluna Priscila Cibele, do período noturno.
Prancha “Desenvolvimento Humano no Distrito Jardim Ângela” desenvolvida pelas alunas Amanda Diamantino, Brenda Teixeira, Larissa Bonin e Loretta Lilla, do período matutino.
Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo Senac - Volume 8 número 15. Semestrário ArqLab 2022|2.
Investigação teórica e fotodocumental da cidade de São Paulo - Imagens produzidas pela aluna Carla Acácio, do período matutino, a partir de problemáticas elaboradas em sala de aula.
Caderno de Campo “Fazendo o outro”, da aluna Gabriela Santos Silva, do período noturno, a partir de debates sobre o conceito de Alteridade, o Filme “O Homem ao lado” e o texto “Olhar no olho do outro” de Maria Rita Kehl.
Prof. Dr. Carlos Ferrata (matutino)
Prof. Ms. Marcelo Ursini (matutino e noturno)
Imagem ao lado: turmas dos períodos matutino e noturno no final final da caminhada pela região do Centro Novo / República
Acima: Alunos do período noturno durante construção da cartografia coletiva das percepções e aspectos da região estudada (Centro Novo / República)
Tainá de Castro Moro e Ana Karolyne Ajaj | 4o noturno
Com a proposta do Professor Ricardo Luís de realizar um fascículo sobre elementos da região da República- onde na época estava tendo constante troca e venda de figurinhas da Copa 2022 - e tendo como tema “Figurinhas, Figurões e Ilustres Desconhecidos”, se criou a ideia de elaborar um álbum colaborativo, onde em aula, durante a apresentação do projeto, todos pudessem participar e completar o fascículo.
A região estudada possui diversos prédios históricos, no qual nomeamos de Figurões, por serem monumentos marcantes, e para a terceira nomeação, interpretamos de dois modos: quem são os fulanos que nomeiam ruas e prédios, e os artistas que tem na região.
A intenção é ser um fascículo lúdico e interativo para reforçar alguns pontos das aulas que tivemos durante o semestre e unir a sala com a brincadeira de abrir pacotes de figurinhas e colá-las no álbum.
Prof. Dr. Walter Galvão (matutino e noturno)
Prof. Ms. Maurício Petrosino (matutino)
Tendo como objetivo a incorporação pelos alunos dos fundamentos do conforto ambiental nas práticas acadêmicas e futuras práticas profissionais de projeto, a disciplina trabalha o conhecimento e uso das tecnologias passivas para prover Conforto Ambiental Térmico, bem como os aspectos da acústica e da luminotécnica e suas aplicações no projeto arquitetônico. Digno de nota que esse foi a primeira experiência na disciplina no novo Projeto Pedagógico (PPC) para o Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, quando foram conjugadas as disciplinas de “Conforto Ambiental” e “Luminotécnica” do PPC anterior.
Não obstante essa reunião, a carga horária igualmente foi aumentada, passando de 36 horas semestrais, para 72 horas. Assim, a disciplina foi dividida em três etapas, iniciando com os conteúdos de Conforto Ambiental Térmico, seguida de Acústica Arquitetônica e finalizando com a Luminotécnica.
Como parte das atividades, foram visitadas as instalações de testes acústicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo (IPT). Trata-se de uma das maiores instituições de ensaios laboratoriais da américa latina e a visitação foi muito importante para corroborar aspectos conceituais abordados em sala de aula.
Assim, o produto final da disciplina foi separado, tratando-se da primeira parte de uma proposta de ações no projeto arquitetônico (módulo escolar), tendo como premissa a adaptação de uma edificação ao clima onde está inserida, a partir da determinação da zona bioclimática específica citada na norma brasileira NBR 15220 e a escolha de materiais constituintes das vedações externas, assim como a cor das superfícies exteriores. Estas escolhas são baseadas nos limites máximos preconizados na referida norma, usando indicadores como Transmitância Térmica – U (W/m²K) e absortância (α) de raios solares.
Ainda, são dimensionadas as aberturas dos ambientes para privilegiar a ventilação natural e definidos elementos de sombreamento (brise soleil). Também, são determinadas as vedações verticais internas divisórias entre as salas de aula para prover a privacidade de ambientes contíguos. Igualmente são escolhidos os materiais de acabamento para adequação acústica dos espaços interiores, a partir da regulação do Tempo de Reverberação (TR) adequado. Isso tudo foi apresentado em prancha A1 agregando todas as propostas das equipes de até 3 alunos.
A segunda e última parte do produto final, tratava-se de um projeto luminotécnico para uma sala com uso pré-definido, sendo loja de departamentos, escritório, salas de aula, dentre outros. Nesse projeto, necessariamente, era adotada a estratégia de iluminação geral, quando as equipes verificavam e utilizavam as particularidades de cada uso do ambiente.
Profa. Dra. Beatriz Kara (matutino)
Prof. Dr. Carlos Ferrata (matutino)
Prof. Ms. Marcelo Ursini (noturno)
Mapa de interveção/Remodelação de uma rua do bairro - planta e corte típico e perspectiva, desenvolvido pelos alunos Adriely Stephanie, Karina Fernandes, Matheus Neuber e Nathalia Alves, do período matutino
Prof. Ms. Paulo Magri (matutino e noturno)
Prof. Ms. Dani Hirano (matutino)
Prof. Esp. Artur Katchborian (matutino)
Prof. Ms. Maurício Petrosino (matutino)
Prof. Ms. Caio Faggin (noturno)
Karina Fernandes e Adrielly Sousa | 4o noturno
Através do programa proposto tivemos como ponto de partida as formas geométricas do retângulo e triângulo, criando cheios e vazios. O edifício possui térreo, com café e loja; 3 pavimentos, sendo um deles de área administrativa e os outros dois com área de exposição, biblioteca, oficina e apresentação; e um terraço com vista e atividades abertas. O Centro Cultural possui como materialidade o concreto e o vidro, a laje é nervurada e a sustentação é realizada através de pilotis que se integram no térreo com a área aberta na frente e a praça Paulo Eiró do outro lado da Avenida Adolfo Pinheiro.
Ananda Isaías, Lucas Chausse, Leonardo Alves e Vinicius Portugal | 6o noturno
Esse projeto era implantado na praça Roosevelt e tínhamos como programa criar um equipamento que suprisse com as demandas que a praça possuía, mas em sua execução acabaram não sendo consideradas, porém tinham que ser levadas em consideração as atividades que já existiam na praça, e cultura dos que a frequentam.
Observando a praça percebemos que faltavam pontos de sombra e descanso em algumas áreas, o que acabava criando pontos vazios e outros muito movimentados, visto isso, tentamos criar um mobiliário que poderia ser colocado em diversos pontos da praça assim melhor distribuindo as pessoas pelo ambiente. Porém criar somente um banco com uma cobertura não seria o suficiente, levado em consideração a cultura das pessoas que frequentam a praça, é conhecida por conta da grande presença do movimento street e underground. procuramos então criar um mobiliário o qual pudesse experimentar novas interações entre o mobiliário e o indivíduo, um mobiliário com qual o indivíduo pudesse interagir ativamente, seja subindo nos seus diversos patamares, ou se pendurando e escalando, ou até mesmo descansar deitando-se na rede.
Foi um projeto muito divertido de se pensar e executar, lidar com os conceitos antagônicos, de criar um local que de descanso, mas que pudesse ser usado como forma de se exercitar e movimentar foi algo muito interessante de se pensar.
Vinicius Portugal | 6o noturno
O processo de desenvolvimento para criar uma imagem que remetesse à marca de vodka “Absolut” e ao ano internacional do vidro foi desafiador e criativo. Para construir a minha imagem, optei por comprar uma garrafa dessa vodka e quebrá-la em vários pedaços. Em seguida, posicionei os cacos de forma a criar uma pilha com alguns resquícios da logomarca visíveis no centro, de modo que mesmo estando quebrada, pudesse ser identificada como uma garrafa da marca.
Ao final do processo, fiquei satisfeito com o resultado final e senti que consegui atingir os objetivos propostos. A experiência me mostrou a importância da criatividade e da experimentação na busca por soluções inovadoras em projetos e desafios diversos.
A disciplina “Luminotécnica” trata de Conforto Visual que, juntamente com o Conforto Ambiental Térmico e a Acústica Arquitetônica abordadas no semestre anterior, esgota o provimento de informações que compõe o arcabouço de ações que devem ser tomadas pelos arquitetos para prover bem-estar dos usuários nos ambientes construídos. Relacionando conhecimentos acadêmicos com práticas profissionais, o objetivo principal foi prover o aluno de bases conceituais consistentes para a elaboração do projeto luminotécnico. Nesse sentido, foi abordado o projeto de iluminação artificial, tanto para os ambientes interiores dos edifícios, assim como os exteriores (particularmente fachadas e monumentos), considerando critérios de desempenho, tendo como base o saber de grandezas e unidades
fotométricas, sistemas de iluminação, equipamentos, bem como métodos de cálculo e normas técnicas. Estes fundamentos foram apresentados e discutidos não só nos seus aspectos quantitativos, mas também qualitativos (por meio de critérios de projeto).
O produto final da disciplina foi dividido em três partes, sendo a primeira uma proposta de iluminação para um objeto específcio adotando estratégia de projeto de iluminação de destaque. A segunda proposta tratou-se de um projeto executivo luminotécnico para ambiente interior adonto iluminação geral.
Por fim, na proposta final era desenvolvida a iluminação para edifício histórico e tombado, tendo como premissa a valorização dos elementos arquitetônicos e, consequentemente, do patrimônio edificado. Vale acrescentar que a segunda parte atende aos princípios de integração com a disciplina de Projeto Arquitetônico (PA) que têm como tema “Equipamento Cultural e Patrimônio”. As imagens na página anterior demonstram o segundo produto da disciplina com um projeto executivo luminotécnico para ambiente uma sala de aulas adotando o método de iluminação geral.
Mariana Duma, Pollyana Teodoro e Thais Akemi | 6o matutino
Projeto executado com o intuito de propor iluminação projeto apresentação, com isso o trio trabalhou com iluminação de spot e fita de led, para a representação e implementação da iluminação no espaço. O exercício tinha intuito que o trio trabalhasse com iluminação artificial para um casarão. O casarão escolhido foi o Casarão Franco de Mello que se encontra na Paulista, tombado em 1992.
A proposta de iluminação considerando critérios de desempenho luminotécnico, sistemas de iluminação, tipos de lâmpadas e luminárias. Elaboramos um projeto luminotécnico para apresentação em sala de aula, o projeto tinha ponto de spot no muro que se encontra na parte da frente da casa e nas escadas na parte de dentro, e fitas led nas janelas e estruturas deixando mais visível, e assim deixando a frente da casa com maior luminância.
Profa. Ms. Marcella Ocke
Parque Regional - projeto das alunas do período matutino - Beatriz Costa, Pollyana Teodoro e Stephane Queiroz
Parque Regional - projeto das alunas do período matutino - Beatriz Costa, Pollyana Teodoro e Stephane Queiroz
Profa. Dra. Jordana Zola (matutino)
Profa. Ms. Ana Carolina Mendes (matutino)
Prof. Dr. Ricardo Dualde (noturno)
Proposições para a área de Santo Amaro. Alunos: André Nicolas, Francini Santo, Larissa Rua, Melissa França (período noturno)
Visita técnica com turma período matutino ao bairro de Pinheiros a partir da Estação Metrô Vila Madalena até a Estação Metrô Faria Lima para avaliarmos os impactos do incentivo ao consumo de potencial construtivo na paisagem existente
Em setembro de 2022, o grupo docente de Planejamento Urbano foi convidado a responder à consulta do Ministério Público de São Paulo sobre o instrumento urbanístico Transferência do Direito de Construir, previsto no Estatuto da Cidade e no Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo.
A consulta tinha como objetivo o aprimoramento do instrumento legal e foi feita às “maiores faculdades de urbanismo desta capital”, reconhecendo a relevância do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Senac. A Portaria nº 62.0279.0000558/2022-1 da 1ª Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo da Capital apresentou os aspectos do instrumento que deveriam ser observados, para avaliação de sua pertinência frente ao interesse público. Essa consulta foi tomada como possibilidade de participação civil ativa do Corpo Discente do curso, durante a disciplina Desenho Urbano 6: Estatuto da Cidade e Plano Diretor. A adesão da turma ao debate proposto pela consulta pública e pelos objetivos do Plano Diretor Estratégico de São Paulo foi imediata e contribuiu significativamente para a resposta do Senac enviada ao Ministério Público:
Apontamentos sobre o instrumento Transferência do Direito de Construir (TDC)
Em atendimento à Portaria 62.0279.0000558/2022-1 MPSP/ Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo da Capital
O Plano Diretor prevê como um de seus instrumentos de planejamento do Município a Transferência do Direito de Construir (TDC) e a Transferência de Potencial Construtivo (TPC). O objetivo do presente documento é a leitura crítica desses instrumentos, bem como apontamentos de como, em nossa visão, poderiam ser aprimorados.
Tendo em vista o momento de revisão participativa do Plano Diretor 2014 (PDE 2014), e entendendo esse chamamento do MPSP como parte de um processo mais amplo junto à sociedade, optamos como metodologia de trabalho incluir nas pesquisas e debates os alunos da disciplina “Desenho Urbano: Estatuto da Cidade e Plano Diretor”, do 6° período matutino do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Senac.
Em um primeiro momento, em leitura mais ampla, partimos do entendimento de que a TDP e TPC são instrumentos utilizados mundialmente. Sendo assim, selecionamos alguns países/ cidades para compreender como esses instrumentos – ou instrumentos similares a estes – são aplicados.
Em paralelo a essa análise, estabelecemos pequenos fóruns de debate semanais em sala de aula, entendendo os mecanismos desses instrumentos na cidade de São Paulo à luz de outras cidades. Com isso, foi possível, a cada fórum, avanços nas pesquisas e conclusões parciais.
Ao fim do breve ciclo proposto junto aos alunos (cerca de 2 meses, com encontros semanais), identificamos algumas esferas que entendemos devem analisadas criticamente na leitura dos instrumentos TDC e TCP, e de modo interligado: sua conceituação, o aspecto financeiro e o aspecto territorial.
1| Conceituação: Transferência do Direito de Construir/ TDC x Transferência do Potencial Construtivo/ TPC e sua pertinência como política pública Esclarecer a diferença entre Transferência do Direito de Construir (TDC) (Estatuto da Cidade/ Artigo 35) e Transferência do Potencial Construtivo (TPC) (Artigo 122 do PDE 2014). O
PDE 2014 transpõe o conceito do Direito de Construir como Potencial Construtivo e esses termos não são equivalentes (podem estar associados, mas não podem ser transpostos como mesmo conceito).
A fixação de Coeficiente de Aproveitamento Básico corresponde ao Direito de Construir sobre o domínio particular/ privado, sobre o qual não incide nenhuma “outorga”. O Artigo116 do PDE 2014 define que o potencial construtivo adicional (sobre o qual recai a outorga onerosa) é um bem jurídico dominical (PMSP); para que seja convertido em “construção”, aplica-se a outorga onerosa (nos termos do EC e do PDE 2014), que deve ser integralmente revertida para o FUNDURB/ coletividade. Ou seja, a alienação do bem jurídico dominical (Potencial Construtivo) só se viabiliza para o interesse da coletividade.
Assim, os dois conceitos devem ser diferenciados pois cada um corresponde a uma titularidade diversa (Direito de Construir até o Coeficiente Básico= proprietário x Potencial Construtivo até o Coeficiente Máximo= Prefeitura), com atribuições e funções distintas.
A sobreposição dos dois conceitos e sua necessidade de dissociação está na raiz dos pontos destacados a seguir, para que se esclareçam os objetivos e o alcance do instrumento (1).
Pelas razões expostas acima – e a menos que se criem mecanismos de regulação e controle – não recomendamos a cessão da TDC/TPC incidente sobre bens públicos tombados sob regime de concessão para o agente concessionário, pois a própria concessão do bem público tem a função de preservá-lo e mantê-lo. Nesse caso, a cessão da TDC/TPC ao agente concessionário aliena o bem público (o potencial construtivo) sem contrapartida equivalentemente regulada pelos mecanismos legais existentes.
A mesma recomendação incide sobre as áreas de preservação ambiental (ZEPAMs/
(1) O Art.124/PDE 2014 exemplifica a sobreposição desses conceitos ao tratar o Coeficiente de Aproveitamento Básico por “potencial construtivo básico”: Art. 124. O potencial construtivo passível de transferência, nos casos em que não há a doação do imóvel cedente, deverá observar as seguintes disposições: I – os imóveis enquadrados como ZEPEC-BIR e ZEPEC-APC poderão transferir o potencial construtivo básico definido em razão de sua localização; II – os imóveis enquadrados como ZEPAM, localizados na Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana e cadastrados na Planta Genérica de Valores da Prefeitura de São Paulo poderão transferir seu potencial construtivo básico.
Parques e áreas verdes municipais que estejam sob regime de concessão da gestão do equipamento público coletivo.
Recomenda-se a manutenção da restrição da aplicação do instrumento (em especial para a “Transferência do Potencial Construtivo originário de bairros tombados em Área de Urbanização Especial (AUE) e das Áreas de Proteção Paisagística APPa)”, conforme previsto no Parágrafo 2°/ Artigo 124/ PDE 2014. Essa recomendação impede a captura individual da valorização imobiliária pela caracterização da urbanização (investimento coletivo). Entretanto, consideramos possível avaliar a possibilidade de aplicação do instrumento para essas situações nos casos em que a recuperação/ qualificação do imóvel servir ao uso e ao interesse público, como a provisão de Habitação de Interesse Social.
Por outro lado, a TDC (de acordo com os índices definidos pelo Coeficiente Básico) entre entes privados nos parece coerente como política pública urbanística que visa a manutenção do patrimônio edificado e ambiental. O mesmo acontece no caso de imóveis doados à Prefeitura (nos termos do Artigo 23/ PDE 2014), pois parece coerente a contrapartida pública ser a possibilidade de transferência do POTENCIAL construtivo do imóvel, para facilitar a negociação e a prevalência do interesse público.
2| Aspecto Financeiro: necessidade de maior regulação da conversão da TDC/ TPC e possível comprometimento do instrumento outorga onerosa
Da perspectiva financeira, uma das preocupações recai sobre o valor do direito construtivo a ser transferido do imóvel cedente e o valor que tal direito construtivo adquire ao ser transferido para outra localidade. Dependendo da combinação de origem/ destino de determinado direito construtivo, para além do número de m² transferidos, acreditamos ser necessário que a legislação urbanística disponha de instrumentos que capturem para a coletividade também a valorização desses m² na nova localidade.
Outro aspecto financeiro que chama a atenção é a possibilidade de o instrumento ser utilizado como forma de compra de potencial construtivo com preços mais atraentes ao
mercado do que o valor da outorga em determinada região da cidade. Não nos fica claro, ao longo dessa breve pesquisa, se verdadeiros mercados de transferência podem se estabelecer, à beira da legalidade.
Considerando as observações destacadas acima, acreditamos que cabe avaliar possíveis distorções decorrentes do cálculo do potencial construtivo a ser recebido no imóvel receptor, pelos parâmetros definidos no Artigo 128/ PDE 2014, que incorporam o valor comercial dos imóveis e potenciais construtivos dos imóveis cedentes e receptores.
3| Aspecto Territorial: possibilidade de articulação da TDC a planos locais e regionais (distritos e subprefeituras)
De uma perspectiva territorial é interessante observar que as transferências podem ocorrer na cidade de São Paulo como um todo, com origem e destino sem nenhum tipo de regulação ou projeto.
Em pesquisa sobre este instrumento na cidade de Nova Iorque, onde este instrumento tem se aplicado desde o início do século XX e preponderantemente em Manhattan, as transferências podem ocorrer com origem e destino reguladas pelo poder público, levando em conta projetos urbanos de desenvolvimento local. Hudson Yards, polo recente de desenvolvimento imobiliário na ilha, vem sendo planejado há pelo menos uma década e um dos instrumentos utilizados é a transferência de direito construtivo, com demarcação de origem/ destino que chega no detalhe da quadra urbana.
Há de se levar em conta que são grandes as diferenças entre as legislações urbanísticas entre Nova Iorque e São Paulo, no que tange potenciais construtivos; em Nova Iorque é comum números de CA que chegam a 15 ou 20, por exemplo, o que torna o mercado de TDC um foco de interesse enorme do mercado e a necessária regulação de origem/ destino dos direitos construtivos para minimamente se manter o controle das densidades urbanas.
Portanto, não temos aqui a sugestão de um instrumento idêntico, porém, fica a reflexão: como a TDC na cidade de São Paulo poderia estar à disposição do mercado (fonte dos
recursos financeiros), porém parte de um projeto urbano coletivo, para desenvolvimento de determinadas regiões da cidade?
Uma hipótese que surgiu em nossos fóruns em sala de aula é a aplicação local desse instrumento, por exemplo, em zonas onde se pretende a preservação das características de bairro. Vemos na Vila Madalena, por exemplo, casas que são remanescentes de tecido anterior, em meio a novas edificações. Em nossa leitura do Plano Diretor e da LPUOS, é de nosso entendimento que se deseja a preservação do traçado e volumetria, e das características tipológicas de determinadas vizinhanças.
Poderia haver um mecanismo específico na TDC para esses locais através do qual o proprietário que não desejasse vender sua casa para grandes incorporações, pudesse vender o potencial construtivo remanescente de sua propriedade, de modo que a compra do potencial por parte do investidor não viesse da outorga, mas especificamente da quadra urbana onde o empreendimento se localizará. Seria uma ação local planejada a partir de um instrumento geral.
Um outro caso de possibilidade de aplicação em territórios específicos se dá em Zonas Especiais de Proteção Ambiental (ZEPAMs). Este parecer não aprofundou a análise da aplicação da TDC para esses territórios, sobre as quais o instrumento pode incidir até o Coeficiente de Aproveitamento Básico. Contudo, em leitura inicial identificamos ser de suma importância estudo aprofundado, pois pode permitir distorções na aplicação do instrumento, comprometendo seu alcance como política pública.
Consideramos que caso os itens aqui destacados sejam esclarecidos e/ou aprimorados, poderão minimizar os ruídos aparentemente existentes na aplicação dos instrumentos TCP e TDC, evoluindo para um instrumento em benefício da coletividade.
São Paulo, 28 de outubro de 2022.
Subscrevem:
Corpo Docente – Centro Universitário
Senac - Planejamento Urbano
Ana Carolina Ferreira Mendes
Beatriz Kara José
Jordana Alca Barbosa Zola
Marcella de Moraes Ocke Mussnich
Ricardo Dualde
Rita Cassia Canutti
Corpo Discente – Centro Universitário
Senac
Alunos turma 6° semestre matutino, disciplina “Desenho Urbano: Estatuto da Cidade e Plano Diretor”
Prof. Dr. Marcelo Suzuki (matutino)
Profa. Dra. Katia Pestana (matutino e noturno)
Projeto de reforma do edifício Duque de Caxias, parte do complexo do Centro Maria Antonia. Na foto, os edifícios Rui Barbosa (à esquerda) e Joaquim Nabuco. Alunos: Bruna Arissa Aoyagui Numakura, Karen Mayumi Hinoue, Paulo Roberto Gomes Mesquita Filho e Pedro Garcia Ibanes Morins (período matutino)
Projeto de reforma do edifício Duque de Caxias, parte do complexo do Centro Maria Antonia. Conexão entre passarelas. Alunos: Ananda Isaias Paula, Leonardo Alves Rodrigues Macedo, Lucas Chausse Lima e Vinicius Alves Portugal (período noturno)
Ananda Isaías, Lucas Chausse, Leonardo Alves e Vinicius Portugal | 6o noturno
Este projeto de PA foi, sem dúvidas, o mais desafiador. Diferente dos anteriores, trabalhamos com um edifício preexistente. Localizado no centro Maria Antônia. O Edifício Vila Nova se encontrava em uma situação de abandono, pouco preservado e sem nenhum uso.
O projeto era readequar esse edifício a um novo programa. (Salas de aula, ateliês, administração, um restaurante e um auditório). Mas acima de tudo gostaríamos de criar uma ligação direta entre a rua e a praça central que fica localizada entre os 3 edifícios do centro Maria Antônia.
O partido do projeto foi criar essa circulação direta por dentro do edifício Vila Nova ligando a rua e a praça central. Outro ponto fundamental era a ligação entre os 3 edifícios, que foi resolvido utilizando uma extensão da passarela já existente e utilizando o eixo dos elevadores do edifício Maria Antônia. Contudo no decorrer do projeto foi necessário demolir o eixo original e o reconstruir alguns metros à esquerda do local inicial devido a distância que o mesmo estava do prédio Vila Nova, o que atrapalhava a ideia de estender a praça central para a lateral do edifício. Esse novo eixo de elevadores atendia ao novo auditório, que foi locado no subsolo do edifício.
Cada etapa do projeto foi mais desafiadora que a anterior. Porém no final ficamos muito satisfeitos com o resultado.
Esta disciplina, inserida na linha de formação “História e Teoria”, complementa os conteúdos ministrados em História da Arte, História da Arquitetura e da Cidade, Arquitetura Moderna, Arquitetura Brasileira e Arquitetura Contemporânea, ministradas do 1* ao 5* período do curso, e prepara o aluno para as disciplinas de Crítica Arquitetônica e Pesquisa Aplicada (8* período).
Após os cinco primeiros semestres, que estabelecem uma relação mais descritiva e narrativa da história, a disciplina em questão apresenta ao aluno métodos de análise e ferramentas de linguagem e representação que serão fundamentais para o desenvolvimento de um olhar crítico, baseado na atribuição fundamentada de valor no campo da arquitetura e urbanismo, seja na análise de projetos referenciais e construção de repertório, seja na elaboração de seu próprio discurso arquitetônico.
Desta forma, a primeira parte da disciplina trabalha com autores como Clark, Pause, Ching, Cullen, Lynch, Venturi, Scott Brown e Izenour, entre outros, como referências de métodos de análise, complementados por textos referenciais de Eisenmann, Pallasmaa, Abalos e pela fala de arquitetos como Piano, Holl e Zumthor.
Este arcabouço vai guiando uma série de exercícios rápidos de análise de obras (em diversas escalas), sempre mediados pela produção de textos e diagramas autorais dos alunos, buscando desenvolver autonomia de discurso e reforçando a importância da retórica (dos textos e desenhos) na produção arquitetônica.
O trabalho final da disciplina propõe aos alunos o projeto de um pequeno “Templo”, exercício inspirado pela experiência das Capelas do Vaticano, construídas para a Bienal de Veneza de 2018.
Este exercício tem como objetivo revelar ao aluno novas possibilidades metodológicas para o ato de projetar (propondo um projeto que parte de uma premissa “não programática” – um lugar, uma sensação, uma memória, determinada liturgia ...).
Antes de partir para o projeto, os alunos, organizados em equipes de até 3 pessoas, desenvolvem também uma séria de “estudos de caso”, compartilhados coletivamente e que referenciam e apoiam a produção projetual.
Linha superior - Projeto da Capela das alunas Bruna Arissa e Karen Mayumi
Linha inferior - Projeto da Capela “Tríade Divina” - alunos André Felipe, Larissa Rua e Olivia Ferraz
A produção dos exercícios rápidos de análise foi efetiva e o conjunto dos projetos finais apresentados pelos alunos revelou resultados promissores, sobretudo no processo de construção de uma linguagem projetual própria de cada aluno (desde a busca de referências e pesquisa tecnológica para concepção dos projetos até o desenvolvimento de um discurso autoral – textos e desenhos – revelando novos aspectos de linguagem e recursos narrativos).
Vanessa Oliveira e Vinicius Portugal | 6o noturno
Esse exercício nos trouxe uma proposta diferente, projetar uma capela de junto com a sua narrativa, sendo os dois extremamente relevantes para o projeto. Para a concepção dessa capela no meio do caminho que convida as pessoas, experimentamos tipos de usos, locações, espacialidades, materialidades, relações do corpo com o espaço e outros diversos aspectos, para poder pensar em um espaço de pequena escala, mas amplo de sensações e significados.
Profa. Dra. Jordana Zola (matutino)
Profa. Dra. Kátia Pestana (noturno)
Prof. Ms. Maurício Petrosino (matutino)
Profa. Dra. Kátia Pestana (noturno)
VISITA / ENTREVISTA EM ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA PARA CONHECIMENTO DO MODO DE TRABALHO CRIATIVO ATUAÇÃO NO MERCADO E ADMINISTRATIVAMENTE. EX. “BISELLI KATCHBORIAN ARQUITETOS ASSOCIADOS”
ALUNOS: ARTHUR BREDA, ISADORA CRUZ, ISABELA COSTA, SABRINA MARTINA,
Palestra sobre o escritório Perkins&Will e Palestras CAU/SP – Profissão Arquiteto – arqs. Elena Olaszek e Paula Andrade sobre a Atuação do arquiteto urbanista nas ATHIS (Assistências Técnicas para Habitação de Interesse Social) – arq. Renata Coradin
Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo Senac - Volume 8 número 15. Semestrário ArqLab 2022|2.
Visita / entrevista em escritórios de arquitetura para conhecimento do modo de trabalho criativo, atuação no mercado e administrativamente. Ex. “Biselli Katchborian Arquitetos Associados”. Alunos: Arthur Breda, Isadora Cruz, Isabela Costa e Sabrina Martina
Conversa sobre o TCC e o início da vida profissional com a participação da egressa Thalita Salvioli, apresentando seu trabalho aos alunos do período matutino
Conversa sobre o TCC e o início da vida profissional com a participação da egressa Mariana Chagas, apresentando seu trabalho aos alunos do período noturno
Prof. Dr. Ricardo Dualde (matutino)
Profa. Dra. Valéria dos Santos Fialho (noturno)
Profa. Dra. Beatriz Kara (matutino)
Profa. Dra. Rita Canutti (matutino e noturno)
Prof. Esp. Artur Katchborian (matutino)
Prof. Dr. Sérgio Matera (matutino)
Prof. Ms. Marcelo Ursini (noturno)
Figura ao lado - Projeto com diferentes escalas, da inserção urbana dos usos citados e suas articulações por meio de espaços públicos às proposições construtivas, que solicitam soluções não convencionais como estruturas que vencem grandes vãos e são determinantes de volumetrias e formas arquitetônicas.Equipe: Barbara da Silva Cruz, Deborah Faria de Melo, Raul Emanuel Scanavino, Thais Cordeiro Breves de Menezes, do período matutino
Todos os trabalhos de TCC apresentaram um ensaio individual, publicados na edição 13 da Revista do TCC. Ela está disponível no endereço:
https://issuu.com/arqlabsenac/docs/ revista_do_tcc_2022-2
Grandes Cases da Embalagem
LAR - Laboratório de Arquitetura Responsável
1o Workshop de Projeto: Revisitando o pavilhão de chá de Charlotte Perriand (parte 1)
Recepção dos Ingressantes
PIU Jurubatuba
Visita técnica ao terreno – Projeto Habitação
Visita técnica Maria Antônia
Aula Compreensão do Mundo Físico
Visita técnica – Centro Cultural São Paulo
Visita João Caetano
Visita SESC Pompeia
Visita ao Clube Atlético Paulistano
Visita 4* período - República
Aula de Projeto Habitação
Aula magna: Marcos de Oliveira Costa
Encontro com egressos: o TCC e o início da vida profissional
Palestra: Cristiano Mascaro
Experimente Senac
Workshop Charrette KEA 2022
Visita técnica Parque da Juventude
Caminhada 1* período na Liberdade
Visita técnica IPT
Aula Magna Semana Senac de Leitura: Guto Lacaz
Semana de Bancas
Arquivo Vivo
Escritório Modelo de Arquitetura, Urbanismo e Design
Laboratório de Projetos
Professores: Marcelo Suzuki, Paulo Magri, Marcos Palhares e Valéria Fialho
Gestão : Leticia Baena da Cruz
Marcella Ocke
Paulo Magri
Ricardo Dualde
Valéria Fialho
O Projeto LAR| Laboratório de Arquitetura Responsável foi criado para propor atividades de integração e educação junto às comunidades e grupos organizados que buscam orientação sobre questões relacionadas a qualquer ação coletiva, de cunho social, para promoção de melhorias na qualidade dos espaços habitados e/ou espaços públicos.
Em 2021 a equipe LAR tomou conhecimento de comunidades em situação de vulnerabilidade social que poderiam ser beneficiadas com uma parceria acadêmica para pensar de forma coletiva e participativa soluções ligadas à permacultura, bioarquitetura e saneamento básico.
Essa aproximação foi intermediada pelo Instituto Caça Fome que nasceu em abril/2020 em uma campanha emergencial para socorrer famílias em situação de risco através da distribuição de cestas básicas emergenciais.
A situação das comunidades parceiras (figura 1) apresentavam urgência sanitária e ambiental que era a não existência de banheiros dentro das residências fazendo com que as pessoas usassem os rios para banhos e necessidades fisiológicas.
Daí surgiu o LAR 2022 – Viver em Comunidade - Conexão Jalapão, Petrolina São Paulo com a possibilidade de construção de banheiro seco que poderia ser incorporado dentro ou fora das edificações existentes e os dejetos coletados (urina e fezes) poderiam se transformar em adubos para hortas domiciliares.
A primeira comunidade assistida se localiza no município de São Félix do Tocantins está situado na área leste do Estado de Tocantins, pertencendo ao polo Ecoturístico do Jalapão. Conforme dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, estima-se que o município alcance aproximadamente 1.610 habitantes em 2021. O município está inserido no bioma Cerrado, fazendo parte da região hidrográfica Tocantins-Araguaia. A história do município começa com a chegada de migrantes dos estados do Piauí, Maranhão e Bahia. A cidade é separada em duas partes pelo Ribeirão São Félix.
Uma das principais problemáticas do município de São Félix do Tocantins, é a precariedade do sistema de saneamento básico. Segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatísticas / (Censo Demográfico de 1991, 2000 e 2010), cerca de 104 domicílios não apresentavam nenhum banheiro de uso exclusivo, em 2010.
Em relação ao tipo de esgotamento sanitário, em 2010 apenas 1 domicílio apresentava uma rede geral de esgoto ou rede pluvial, enquanto 98 não tinham nenhum tipo de esgotamento. Em particular, as comunidades Bela Vista, Brejão e o povoado de Boa Esperança, são áreas que refletem consideravelmente estes dados.
A partir de conversas estabelecidas com um líder religioso que assiste à região do povoado de Boa Esperança, aproximadamente 40 famílias não possuem banheiros nos próprios domicílios. Levantamentos realizados pelo IAS – Instituto Água e Saneamento, que analisaram os dados do SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento de 2020, cerca de 86 habitantes não têm acesso à água.
Em Petrolina o Instituto Caça Fome fez uma parceria com a ONG Água Para Irmãos Com Sede, cujo objetivo é resgatar a dignidade de famílias que sofrem com falta d´água. Essa comunidade também poderia ser beneficiada com a implantação de banheiro seco e reflexão coletiva de como melhorar a vida em comunidade.
Petrolina está localizada na área oeste do Estado de Pernambuco, situada à margem esquerda do Rio São Francisco. Segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas de 2015, estima-se que o município apresente cerca de 331.951 habitantes. Está inserido na bacia hidrográfica do Rio São Francisco e do Rio Pontal.
A problemática da precariedade do sistema de saneamento básico, é um desafio também enfrentado pelo município de Petrolina, especificamente pela comunidade Vila da Paz. O atual sistema de abastecimento de água da cidade, é composto por uma captação do Rio São Francisco, que conta com duas estações elevatórias de água bruta e duas estações de tratamento de água, até chegar Rio São Francisco, que conta com duas estações elevatórias de água bruta e duas estações de tratamento de água, até chegar nos dois reservatórios.
Segundo dados do DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, em agosto de 2015, 23.558 famílias adquiriam água por outros meios, que não estão in-
seridos na rede pública de abastecimento do município. Referente ao esgotamento sanitário, de acordo com dados do DATASUS em 2015, 4.283 famílias não possuíam rede de esgoto, ou seja, sofriam com o esgoto a céu aberto. Esta situação coloca em risco à saúde dos habitantes que moram em um ambiente insalubre favorável para o desenvolvimento de doenças. Com base em estudos realizados pela equipe do LAR 2022, as opções apresentadas pela bioconstrução e a utilização do banheiro seco, elementos que constituem o conceito da Permacultura, são soluções que se encaixam nas demandas apresentadas. Meios ecológicos e de baixo custo, que possibilitam melhorias na qualidade de vida dessas comunidades. Destaca-se a contribuição direta às famílias que não possuem banheiros em suas residências e que, na maioria das vezes, precisa utilizar o rio mais próximo como o único local disponível para esta função. Além da questão sanitária, que visa a proteção contra doenças de veiculação hídrica e a proteção dos cursos d’água, a proposta de desenvolvimento de banheiros secos, auxilia na proteção dessas famílias, que se veem em uma situação de exposição pessoal.
A proposta do banheiro seco apresenta-se como solução de fácil montagem e manuseio, utilizando materiais de baixo custo e também permite ao seu usuário realizar o processo de compostagem. Este processo resulta no adubo, que misturado à terra, ajuda na fertilização e recuperação do solo.
Caso os banheiros secos não possam ser implantados nas edificações existentes, a Equipe LAR desenvolveu nas oficinas práticas um modelo de parede com a técnica bioconstrutiva de bambu a pique que, além de ser um meio sustentável, seria um abrigo de fácil construção para a implantação do banheiro seco.
A permacultura (figura 2) demonstrou ser uma solução de extrema eficiência, podendo atender diversas necessidades das comunidades através do simples planejamento e criação de ciclos internos, envolvendo a utilização de recursos locais e geração de resíduos da própria população. A bioconstrução por sua vez foi um ponto de interesse pois através de vídeos e fotos dos locais de estudo, foi possível notar que grande parte das habitações locais utilizam a mesma como técnica construtiva principal.
Criada por Bill Mollison e David Holmgren na década de 70, a permacultura é uma expressão que parte dos termos em inglês “Permanent Agriculture” e tem como objetivo conciliar interesses dos seres humanos com a natureza de maneira sustentável e eficiente. Ecologia, paisagem, gestão energética, educação e desenvolvimento de projetos sociais são algumas das diversas áreas que estão diretamente ligadas às práticas da permacultura.
A bioconstrução está diretamente ligada e é um dos principais elementos da permacultura, tendo como objetivo a produção de construções que atendam e se comuniquem com meio ambiente de forma integrada e sustentável. Sendo assim, todas etapas de planejamento e desenvolvimento de uma bioconstrução, busca sempre o aproveitamento máximo de recursos renováveis e recicláveis como fonte primária de matéria prima.
As técnicas envolvidas para a criação de uma obra desta tipologia são majoritariamente acessíveis, sendo assim, mesmo sem um entendimento profundo ou orientação direta de um profissional, é possível que uma pessoa consiga construir por si só de forma autossuficiente e sustentável. É importante ressaltar que devido ao fato de a maioria dos materiais utilizados neste tipo de construção serem retirados do próprio local de implantação do mesmo, elimina-se a necessidade de realizar transportes de longa distância, facilitando ainda mais a execução de um projeto por um indivíduo ou um grupo de pessoas, e mantendo um baixo custo de produção.
Para atingir os objetivos do projeto e pensar em técnicas simples com materiais locais a Equipe LAR participou de oficinas práticas para executar modelos de bioconstrução e banheiro seco que pudessem ser executados pelas comunidades de Jalapão e Petrolina. Considerando o conhecimento da arquiteta Jéssica Pelegrinelle, ex-aluna do Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Senac, o Projeto LAR a convidou para ministrar as atividades práticas.
As oficinas foram realizadas em cinco encontros que, além de aprofundar os conhecimentos teóricos da equipe foram aplicadas na prática a execução de um modelo físico de parede de bambu a pique e um assento de banheiro seco em escala real. (figura 3)
O banheiro seco é um vaso sanitário que funciona sem o uso de descarga de água. Cumpre todas as funções de um sanitário convencional, além de produzir insumos que podem ser utilizados para fertilização de plantações e agroflorestas. Trata-se apenas de uma versão mais sustentável que, fora a possibilidade de realizar a compostagem, também reduz o uso de energia e evita a contaminação da água.
Com diversos modelos possíveis de construção, vê-se nessa tecnologia social mais do que um sistema alternativo de saneamento, mas também como uma solução para diversos problemas relacionados ao saneamento público. Importante frisar que o banheiro seco deve ser implantado apenas em locais em que o nível do lençol freático não seja alto. Do contrário, pode haver risco de contaminação.
O modelo escolhido pela Equipe LAR (figura 4) separa a urina das fezes, com o objetivo de a urina ser direcionada diretamente para uma agrofloresta ou até mesmo uma pequena horta. No entanto, é importante alertar que a urina deve ser despejada sempre em locais diferentes para que não ocorra o sobrecarregamento de ureia em determinada área.
Em relação às fezes, juntamente com a serragem, são depositados em um recipiente que quando cheio deve-se remover e permanecer reservado por aproximadamente 6 meses (tempo que leva para que haja a compostagem e que possa se transformar em adubo) para finalmente poder ser utilizado.
Para a estrutura do modelo executado no projeto utilizamos a madeira OSB, um assento de vaso sanitário convencional e potes plásticos reaproveitados e cortados para os dejetos de fezes e urina. O material utilizado era o que estava disponível na instituição, mas é possível utilizar outros materiais existente no local, ou mesmo reaproveitamento de materiais.
Além do banheiro seco, a equipe também fez um modelo de paredes para a composição do ambiente, em que é constituído por um fechamento de palha no tramado de bambu. Essa escolha de material foi considerada partindo do pressuposto de que não houvesse a disponibilidade de usar terra em alguma comunidade. Outras opções seriam a palha de qualquer espécie vegetal, por exemplo os buritis, que são comuns nas regiões
norte e nordeste do país. Em regiões muito arenosas, como no Jalapão, seria possível usar essas técnicas. (figura 4 A)
As paredes de pau-a-pique, também conhecidas como taipa de mão, é uma técnica construtiva antiga que consiste no entrelaçamento de madeiras verticais fixadas no solo, com vigas horizontais, geralmente de bambu amarradas entre si por cipós, dando origem a um painel com vãos que devem ser preenchidos com barro, transformando-se finalmente em uma parede.
As vantagens da utilização dessa técnica é o seu baixo custo; sua rápida execução que não apresenta a necessidade de mão de obra especializada; e o fato de ser uma construção ecológica, cumprindo os três princípios norteadores da permacultura.
Para a mistura da terra foi colocada 1 parte de terra, ½ parte de palha e água o suficiente para dar liga no material. O ponto correto da parede é obtido conforme a “massa” vai sendo pisoteada e vai desgrudando da lona onde o material é despejado. (figura 5)
A mistura de terra deve ser colocada aos poucos “abraçando” a trama do bambu (figura 6) e sendo espalhada manualmente em fileira. Nas extremidades de encontro da massa com a estrutura é preciso passar o dedo fazendo uma meia-cana para evitar rachaduras e melhorar o encontro dos materiais, no caso do modelo OSB, bambu e terra. No modelo executado foram inseridas algumas garrafas (figura 7) que podem ser usadas para trazer a luminosidade natural ao espaço. Para finalizar, a parede foi rebocada com uma mistura fina de terra e areia e pintada com uma composição de tinta natural (1 parte de cal + 1,5 parte de água + 1/4 de cola branca + 1/4 de óleo + pó xadrez de qualquer cor). O reboco e a pintura ajudam a evitar rachaduras no sistema.
Tendo em vista os aspectos observados sobre ausência de saneamento básico nos municípios de São Félix do Tocantins e a comunidade da Vila da Paz em Petrolina, a equipe LAR 2022 sugere opções bio construtivas que têm origem na permacultura e a construção do banheiro seco, apresentando soluções de baixo custo que possibilitam a melhoria da qualidade de vida das comunidades estudadas, principalmente naquelas que não possuem banheiros. (figura 8)
A partir das atividades desenvolvidas no projeto de Extensão Universitária foi possível desenvolver modelos de banheiro seco e bioconstrução que transmitem a conscientização ecológica, buscando soluções ambientais e sustentáveis. O banheiro seco é de fácil montagem e manuseio, possibilitando que o próprio usuário realize o processo de construção e compostagem. Outra vantagem dessas técnicas é que sua construção possibilita a economia de água e energia e pode gerar a redução do uso de agrotóxicos nos alimentos que serão cultivados a partir da compostagem.
A equipe LAR 2022, espera conseguir alcançar essas comunidades e trazer qualidade de vida não somente aos moradores dos municípios de São Félix do Tocantins e Vila da Paz, como também a todos aqueles que necessitarem.
Atividade desenvolvida com apoio da Gerência de Desenvolvimento – GD1 e Diretoria de Graduação do Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro.
Marcelo Suzuki
Nelson Urssi
Paulo Magri
Ricardo Silva
Valéria Fialho
A partir do estudo do trabalho de Charlotte Perriand, e mais especificamente seu projeto para o Pavilhão do Chá, construído em 1993, os docentes e alunos envolvidos na ação desenvolveram atividades de pesquisa, construção de modelos em escala, experimentos com materiais, montagem/reprodução de estruturas, organização de material expositivo e de registro da atividade e seus resultados.
Em sua primeira etapa, objeto deste relato, as atividades aconteceram às segundas, quartas e sextas, no período da tarde, durante os meses de novembro e dezembro de 2022, envolvendo cinco docentes, quarenta e três alunos (dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Design e Moda) e contando com o apoio da equipe técnica do Laboratório de Design.
Reflexões sobre a importância do trabalho de Charlotte Perriand no campo da arquitetura e do design;
Estudo do projeto do pavilhão e discussões sobre as possibilidades de reprodução, a partir das fontes pesquisadas e da disponibilidade de recursos;
Estudo do Bambu como material construtivo (tipos , propriedades, etc);
Experimentos com materiais (realizados na oficina e no canteiro experimental);
Produção dos componentes (base, perfis estruturais, cobertura);
Primeiras tentativas de reprodução/montagem do Pavilhão, em escala real, nas dependências do Campus Santo Amaro (Espaço de Exposições do Acadêmico 2);
Palestra aberta com o convidado Prof. Dr. Giorgio Giorgi Jr.;
Exposição sobre a vida e obra de Charlotte Perriand, sobre o Pavilhão do Chá e registro das atividades do Workshop;
Avaliação dos resultados e planejamento da segunda etapa do workshop, planejada para o início do próximo semestre letivo (2023_1).
A carreira da arquiteta, desenhista e artista Perriand se estendeu ao longo de três quartos de século e abrangeu lugares tão diversos como o Brasil, Congo, Inglaterra, França, Japão, Papua Nova Guiné, Suíça e Vietnam. Nascida em 1903, em Paris, aos 17 anos ingressou na École de l’Union Centrale des Arts Décoratifs, onde estudou desenho de mobiliário por quatro anos. Para complementar sua formação, teve aulas nos ateliês de pintura de Bernard Boulet de Montvel e de André Lhote, e frequentou os cursos de Maurice Dufrêne nas Galeries Lafayette e de Paul Follot no Le Bon Marché –lojas de departamento francesas que instituíram seus próprios estúdios de design após a Primeira Guerra Mundial.
Perriand acreditava que a arquitetura deveria atender às necessidades humanas e projetou espaços interiores amplos, de plano aberto, buscando garantir que as mulheres não se sentissem presas ou excluídas do convívio em suas casas.
Tornou-se conhecida com 24 anos de idade através de seu Bar sous le Toit de aço cromado e alumínio anodizado, apresentado no Salon d’Automne de 1927. Ao conhecer tal obra Corbusier convida Charlotte para trabalhar em seu ateliê com o status de associada e como designer de mobiliário, dando início a uma intesna colaboração, que perdurou por mais de dez anos.A partir da estreita colaboração entre Perriand, Le Corbusier e Jeanneret, os espaços interiores se qualificaram e sua funcionalidade foi levada ao extremo, graças a uma coerência absoluta entre interiores, mobiliário e arquitetura.
Perriand propôs que o design das peças refletisse o caráter de seu tempo, tomando emprestadas as ideias da indústria automobilística e aeronáutica, resultando em objetos transcendentais na história do design.
Em 1937, Charlotte deixou o ateliê e passou a observar de forma intensa a natureza em busca de inspiração. Focou seu trabalho em interesses sociais, em projetos igualitários e populares. Determinada a projetar móveis de baixo custo para produção em massa, revolucionou o ambiente doméstico por acreditar que uma casa deveria ser bela, mas funcionar bem. Dedicou-se à investigação da pré-fabricação e modularidade na habitação em colabo-
Charlotte
Charlotte Perriand fotografada por Pierre Jeanneret na Chaise Longue Basculante, 1929 (fonte:https://revistapoder.uol.com.br/edicoes/ edicao-144/elegante-sofisticado-democratico-o-design-de-charlotteperriand/)
ração com Jean Prouvé. Passou a substituir o cromo, material caro na época, por materiais tais como madeira e bambu, matérias-primas inovadoras e que havia aprendido a manusear no Japão. Fez uso de técnicas de construção manufaturada tendo em vista móveis e objetos arquitetônicos acessíveis e atraentes para a crescente presença da classe trabalhadora. As participações de Perriand se multiplicaram durante toda sua carreira profissional, colaborando com outros arquitetos como Lucio Costa, Niemeyer, Candilis, Josic & Woods. Charlotte Perriand morreu em 1999, aos 96 anos, mas sua influência na arquitetura e no design permanece.
Em uma época na qual era ainda incomum a presença feminina na arquitetura e no design, a carreira de Charlotte inclui trabalhos icônicos dos quais participou enquanto atuava no escritório de Le Corbusier. Da sua parceria com o arquiteto, vale ressaltar as residências modernistas Villa Savoye e a Villa Church, e a Cité de Refuge de l’Armée du Salut, que hoje abriga a Fundação Le Corbusier. Porém, realizou outros projetos igualmente representativos, dentre eles, a extensa estação de esqui de Les Arcs, na França de 1967, onde ao dispor os edifícios acompanhando a topografia da montanha, organizou os blocos de apartamentos em uma série de terraços escalonados descendo a encosta, garantindo assim que as vistas da montanha fossem preservadas e usufruídas.
Charlotte Perriand leu “O Livro do Chá” enquanto vivia no Japão e no Vietnã durante a Segunda Guerra Mundial. Tanto o livro quanto os anos de exílio tiveram um grande impacto em suas ideias e habilidades de design. Muito tempo depois de seu retorno à França em 1946, ela foi contratada por seu amigo Hiroshi Teshigahara para projetar uma casa de chá para fazer parte do Festival Cultural Japonês realizado em Paris em 1993. O Pavilhão deveria ser alocado na cobertura do edifício sede da UNESCO, junto com outras casas de chá projetadas por Tadao Ando, Ettore Sottsass e Yae Lun Choi.
A estação de ski Les Arcs, em Savoie, França, 1967 (fonte:https:// revistapoder.uol.com.br/edicoes/edicao-144/elegante-sofisticadodemocratico-o-design-de-charlotte-perriand/)
Vista aérea do conjunto de pavilhões, entre eles, o de Charlotte Perriand, no alto da imagem. (https://hiddenarchitecture.net/maison-du-the/)
Imagens do Pavilhão. (https://hiddenarchitecture.net/maison-du-the/)
Uma clareira na floresta de bambu que permitia aos visitantes vivenciar a antiga cerimônia. O santuário era cercado por densas plantas de bambu, criando uma área tampão. Devido à durabilidade, resistência e flexibilidade do bambu, a estrutura projetada pelo arquiteto foi leve, esbelta, reciclável e criou um abrigo orgânico e permeável sob o qual a cerimônia do chá pode ser celebrada.
Cada peça de mobiliário foi projetada por ela. Entre eles estava o tokonoma (o altar dos deuses e ancestrais) e o mizuya (o local onde os utensílios são guardados). A vela verde que formava o telhado também incluía uma seção transparente no topo, que permitia uma visão do céu e das nuvens que passavam.
O festival durou duas semanas. Posteriormente, uma réplica da Casa de Chá foi erguida para fazer parte da exposição de Charlote Perriand realizada também em Paris em 2011.
Durante 4 semanas o grupo de alunos e professores desenvolveu as atividades preparatórias, já mencionadas (discussões, experimentos, produção dos componentes). Durante este período o grupo também se organizou em equipes a partir das diversas demandas identificadas (tratamento das barras de bambu, construção do anel-base em MDF, produção da cobertura em tecido no ateliê de costura, registro do processo e pesquisa de referência). Todas estas ações culminaram no primeiro experimento de montagem, realizado no dia 26 de novembro de 2022.
Construindo a base: trabalho na oficina
Trabalhando com o bambu: trabalho no Canteiro Experimental
Construção do Anel Central da Cobertura
Primeiros testes da base
Furando a base (cambotas) | Testando a fixação dos Bambus
Produção da cobertura em tecido no ateliê de costura
Primeiros experimentos de montagem - Testes do anel Central e da Fixação das Barras
Testes para o içamento da estrutura
Conferindo a cobertura de tecido
Finalização da Etapa 1 - Teste de montagem e avaliação dos resultados.
Palestra do Prof. Dr. Giorgio Giorgi Jr. (2 de dezembro de 2022)
Finalizando esta primeira etapa recebemos o designer e professor para uma conversa, mediada pelo Prof Marcelo Suzuki, sobre o trabalho de Charlotte Perriand e sobre o aprendizado decorrente do Workshop.
Cartaz de divulgação.
Registro da conversa com alunos e professores
Exposição - Vida e obra de Charlotte Perriand e registro das atividades do Workshop
Com o término desta primeira etapa, o grupo avaliou os resultados e a partir da identificação de acertos e erros do processo e já está prevista a segunda etapa do Workshop, a ser realizada nos meses de fevereiro e março de 2023, com a revisão das peças e montagem da estrutura completa.
Equipe discente:
Abel Cardoso Gonzaga Neto, Adriely Stephanie de Sousa, Amanda Diamantino, Ana Beatriz Sales, Anna Flavia de Azevedo Pereira, Anyelle Guimarães Azevedo , Arthur Marvila de Souza , Bárbara Martignago Alves de Lima, Beatriz Pereira, Beatriz Tieko Ito, Bianca Montanari V. Nóbrega da Silva, Bruna Arissa Aoyagui Numakura, Cauãni de Castro Moro, Charles Andrade Santos, Diogo Vieira de Moraes Madeira, Elias Dutra da Silva, Esther Gonzaga Fernandes, Gabriella Francisca Alves da Silva, George Sampaio de Lima, Giovanna Liz do Nascimento Silva, Giovanna Marques de Jesus Araujo, João Pedro Correia Macedo, João
Pedro Ribeiro Lima , Juliana de Mattos Raposo, Karen Mayumi Hinoue, Kátia Sayuri Maruyama, Lara Leião Freitas, Larissa Almeida dos Santos Bonin, Larissa Martinho, Leticia Baena da Cruz, Lucas Yokoyama Justino, Mariana Silveira de Abreu, Marília Eduarda da Silva Maciel, Marina Valiatti de Alcantara, Matheus Aith Mesquita de Souza, Monique Nunes Ferreira, Nicole Santos Pereira, Pedro Isao Martos Murata, Stephane Nogueira, Tainá de Castro Moro, Thaís Gonçalves Lopes, Thiago Augusto Guedes, Thiago Cezaro.
Agradecimentos:
Equipe técnica do Laboratório de Design
Apoio Costura: Regina Kodama
Compras: Vanessa Ajalo
Bárbara Cruz
Mariana Duma
Thais Akemi
Matheus Caleja
Matheus Neuber
Thamires Menezes
“Ir para o KEA foi uma experiência única. Ter a oportunidade de sair do país, estudar diferentes propostas de projeto para um ambiente completamente novo e com novas características, outra rotina e novas formas de usar o espaço. Para mim a parte mais diferente foi se relacionar com pessoas de países e culturas diferentes, porque às vezes rolava uns choques culturais que eram muito interessantes: como o costume de fazer piquenique em cemitérios. E são amizades que levarei para além do KEA já que uma das meninas do meu grupo, a Embla, está fazendo o trabalho final do curso dela sobre o Brasil e dei uma entrevista ela para ajudar.”
“Participar do Workshop no KEA foi uma experiência incrível e enriquecedora em todos os aspectos. Um dos pontos mais marcantes da viagem foi a interação entre estudantes de diversos países, que me trouxe uma oportunidade de entrar em contato com diferentes culturas e perspectivas.
A cidade em si é muito acolhedora, com muitas atividades culturais e uma arquitetura histórica. Uma das coisas que mais me chamou atenção em Copenhagen foi a preocupação com sustentabilidade e qualidade de vida, com um sistema de transporte público super eficiente e uso de bicicletas. Em resumo, não só tive uma experiência que me agregou muito no workshop, como também pude vivenciar a relação entre cidade e cidadão de Copenhagen.”
“O KEA foi uma experiência que foi diferente de todas, seja a rotina de estudo como também a cultura. Para a arquitetura, ver os exemplos onde são propostas na sala de aula, é completamente inovador pois estamos vendo fisicamente o que é contextualizado virtualmente. A rotina de trabalho para a entrega do projeto foi inovador, pois estávamos com integrantes que não eram somente de arquitetura, assim, as ideias para o projeto e intervenção eram completamente diferentes, com softwares que não sabíamos mexer e acabamos trocando ideias e conhecimentos sobre conceitos e técnicas de desenvolvimento.”
“Participar do KEA foi uma experiência extremamente positiva, não somente do ponto de vista acadêmico, mas também em relação a todas as outras experiências que foram vivenciadas durante a viagem. Desde o momento em que se decide ir para um país estrangeiro sozinho, com todas as inseguranças que isso pode trazer, até o momento em que se consegue fazer amizades, conhecer novas pessoas e outras formas de pensar, ampliando a própria perspectiva de mundo. Tudo isso contribuiu para tornar a experiência do KEA ainda mais valiosa. Trabalhar em um projeto real, lidando com pessoas de diferentes backgrounds e habilidades, em uma equipe verdadeira, foi enriquecedor. Cada membro da equipe tinha uma bagagem de conhecimentos única, o que possibilitou diversas formas de resolver um mesmo problema, independentemente de se ser estudante de design, arquitetura ou de qualquer outro curso que busque ajudar e resolver problemas.”
“Uma experiência magna para a vida. É como eu poderia definir os dias que passamos na KEA CHARRETTE 2022 em Copenhagen. Além de adquirirmos um repertório acadêmico e profissional, pudemos partilhar conhecimentos, culturas e vivências de vida em um modo diverso e cosmopolita. Foram dias nos quais tivemos que aprender a lidar com o modo de ver e pensar dos povos diferentes aos nossos. Junto a toda essa vasta experiência, ainda fomos agraciados de viver, por breves dias, a rotina da cidade de Copenhagen na Dinamarca. Uma cidade que respira e instiga, na prática, a vivência de arquitetura e espaços urbanos sabiamente projetados. Hoje sigo em contato com lindas amizades que fiz durante os dias de KEA. Considero esse último, um dos melhores presentes que recebi dessa experiência.”
9 de agosto
Recepção dos Ingressantes
16 de agosto
PIU Jurubatuba
Participação do ex aluno Guilherme Rodrigues
Turmas do 6* e 8* períodos
Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo Senac - Volume 7 número 14. Semestrário ArqLab 2022|2.
26 de agosto
Visita técnica ao terreno – Projeto Habitação - 2* período Manhã
Profs Carlos Ferrata e Marcelo Ursini
29 de agosto
Visita técnica Maria Antônia
Projeto Equipamento Cultural e Patrimônio – 6* período Manhã e Noite
Profs. Marcelo Suzuki e Katia Pestana
30 de agosto
Aula Compreensão do Mundo Físico – 2* período Manhã
Prof. Marcelo Suzuki
30 de agosto
Visita técnica – Centro Cultural São Paulo – 4* período Manhã
Profs. Artur Katchborian e Maurício Petrosino
30 de agosto
Visita João Caetano
Visita Escala Local
11 de outubro
11 de outubro
KEA
28 de novembro
Célula dcp SP|22
Aldo Otavio Bezerra Oliveira
Myrna Nascimento, Ralf Flores e Eneida de Almeida
Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo Senac - Volume 7 número 14. Semestrário ArqLab 2022|2.
29 de novembro
Espaço Religiosos: Fratérnitas Madre Teresa de Calcutá
Lidia Rodrigues Gonçalves
Myrna Nascimento, Mauricio Petrosino e Ana Paula Coelho
29 de novembro
Fenomenologia no ambiente escolar: a experiência no espaço para o desenvolvimento cognitivo infantil.
Leticia de Lima Cabral
Myrna Nascimento, João Yamamoto e Ana Paula Coelho
5 de dezembro
Fragmentos imagéticos: retratos do submundo
Felipe de Lima Reis
Ricardo Silva, Sérgio Matera e Gabriel Pedrosa
Seção 2: Panorama extracurricular
5 de dezembro
Mobiliário Urbano: cidadania e acessibilidade na cidade de São Paulo
João Pedro Ribeiro Lima
Paulo Magri, Sérgio Matera e Gabriel Pedrosa
5 de dezembro
Ambiente universal: a arquitetura a favor da acessibilidade
Thiago Cezaro Vieira
Ricardo Silva, Valéria Fialho e Gabriel Pedrosa
6 de dezembro
Requalificação do antigo Aterro Santo Amaro: um novo parque urbano
Barbara Giacchetto Moreira
Marcella Ocke, Ricardo Dualde e Francine Sakata
Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo Senac - Volume 7 número 14. Semestrário ArqLab 2022|2.
6 de dezembro
Parque da Foz: Estratégias projetuais de reintegração da natureza à cidade de São Paulo
Deise Oliveira Fonseca
Marcella Ocke, Ricardo Dualde e Francine Sakata
6 de dezembro
Palacete do Carmo: intervenção e reinserção do patrimônio ocioso na cidade
Michael Lara Terra
Jordana Zola, Katia Pestana e Leticia Vitale
6 de dezembro
Pavilhão Cidade Ademar: memórias em fotografia
Caiã Rocha dos Reis
Ralf Flores, Katia Pestana e Leticia Vitale
6 de dezembro
Reconhecendo lugares: sistema modular de apoio a manifestações culturais na periferia
Isabelle Zanoni
Ricardo Silva, Ricardo Dualde e Ster Carro
6 de dezembro
Jardim de Infância
Emili de Oliveira Silva
Carlos Ferrata e Valéria Fialho
6 de dezembro
Caixa de Memórias – Jardim Edith
Gabriela Silvano da Cunha
Ralf Flores e Valéria Fialho
Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo Senac - Volume 7 número 14. Semestrário ArqLab 2022|2.
7 de dezembro
Abrigo, reabilitação e reinserção para pessoas e animais em situação de rua Bruna Miranda Bernardes
Ana Carolina Mendes, Dani Hirano e Hugo Rossini
7 de dezembro
Habitação Social Multifamiliar em madeira
Ingrid Vitória de Oliveira Ferreira
Marcelo Suzuki, Walter Galvão e Roberto Fialho
7 de dezembro
Um novo olhar para maturidade
Eliane Hottgen
Ana Carolina Mendes, Dani Hirano e Hugo Rossini
Seção 2: Panorama extracurricular
7 de dezembro
Concreto pré moldado: uma alternativa para a construção de HIS
Isabella Borba Andrade
Marcelo Suzuki, Walter Galvão e Roberto Fialho
7 de dezembro
CCS – Centro de Cultura e Saude Sexual - Santa Cecília
Lucas Balogh
Ana Carolina Mendes, Dani Hirano e Hugo Rossini
7 de dezembro
Requalificação Parque Nacional Serra da Capivara: a paisagem como orientação projetual
Nicole Alves da Silva
Jordana Zola e Valéria Fialho
7 de dezembro
Microestruturas de Acessabilidade no Entorno da Estação Grajaú/SP
Raquel Rebequi de Sousa
Ricardo Dualde e Ricardo Silva
7 de dezembro
Clínica de Atenção à Saúde Mental: Centro de Tratamento Jaraguá
Gabriela Ribas Carnevalli
Valéria Fialho e Marcella Ocke
7 de dezembro
Pedras no caminho
Bruno Kenzo Marques Hokama
Ricardo Luis Silva e Nelson Urssi
Seção 2: Panorama extracurricular
7 de dezembro
Arquitetura do som: os sons que tocam o espaço
Jéssica de Souza Ramos
Ricardo Luis Silva e Nelson Urssi
8 de dezembro
Parque Radical Jurubatuba – A prática de esportes nos espaços públicos contemporâneos
Lucas Nogueira dos Santos Paiva
Marcella Ocke, Beatriz Kara e Sergio Lessa
8 de dezembro
(RE) Qualificação Parque Natural Municipal do Pedroso
Tamires Regina Teixeira
Marcella Ocke, Beatriz Kara e Sergio Lessa
8 de dezembro
Cenografia Digital para Curta de Animação
Bruna Diniz Santos
Nelson Urssi, Euclides Vital e Cassimiro Carvalho
8 de dezembro
A expografia em pavilhões: o olhar do Japão sobre a natureza
Samanta Arissa Itimura
Nelson Urssi, Marcelo Suzuki e Stella Tedesco
8 de dezembro
Design de mobiliário
Ana Carolina Dourado Silva
Paulo Magri e Valéria Fialho
Seção 2: Panorama extracurricular
8 de dezembro
Edifício Multifuncional e a viabilidade da madeira na sustentabilidade
Caio Guilherme Toledo da Silva
Marcelo Suzuki e Valéria Fialho
8 de dezembro
Wood Frame – Sistema Construtivo em Madeira Leve para Projeto de Habitação Unifamiliar
Julia Adolfo Silva
Marcelo Suzuki e Valéria Fialho
8 de dezembro
Processo de Construções de Novos Materiais na Arquitetura a partir de Compostos Orgânicos
Larissa Henning de Paula
Marcelo Suzuki e Valéria Fialho
9 de dezembro
Materiais sustentáveis para a produção de mobiliários de interiores
Anna Beatriz de Paulo Dudly
Paulo Magri, Mauricio Petrosino e Rodrigo Queiroz
9 de dezembro
Pavilhão do Ócio: uma arquitetura paramétrica
Henrique Carvalho Rabelo
Paulo Magri, Ricardo Luis Silva e Rodrigo Queiroz
9 de dezembro
Centro de Dança – Arquitetura como ferramenta para arte e movimento
Ana Carolina Ferreira Barelli
Carlos Ferrata, Marcelo Ursini e Maria Júlia Herklotz
9 de dezembro
Escola de Educação Infantil
Larissa dos Santos Martinho
Carlos Ferrata, Marcelo Ursini e Maria Júlia Herklotz
Atualmente, sou arquiteto com foco em modelagem BIM e em estudos luminotécnicos na Tetra Projetos, onde atuo no desenvolvimento de projetos de infraestrutura de transportes.
Trabalho na modelagem e em estudos luminotécnicos de projetos básicos e executivos das Estações da Linha 6 do Metrô de São Paulo e reforma das Linhas 8 e 9 da CPTM executada pela Via Mobilidade do Grupo CCR. Atuo no desenvolvimento dos projetos executivos de arquitetura em Revit, com compatibilização das disciplinas estrutural, hidráulica, elétrica, entre outras.
Além disso, estou cursando pós graduação Lato Sensu em projeto, coordenação, gestão, ferramentas e processos BIM pelo Grupo AJ BIM , e também cursando outra graduação em Administração pela Universidade de São Paulo (USP), atualmente no 5°semestre.
Também atuo por conta própria com processos de aprovação de projetos e obras, regularização de imóveis e desdobro de lote junto a prefeituras municipais e com renovação de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).
156 Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo Senac - Volume 7 número 14. Semestrário ArqLab 2022|2.Atualmente a Tetra está desenvolvendo os projetos de todas as 15 estações da nova Linha 6 – Laranja em São Paulo. A linha, é a primeira totalmente implantada e operada por uma parceria público-privada (PPP) do Governo do Estado de São Paulo com a Concessionária Linha Universidade, executada pela construtora espanhola ACCIONA
sendo a maior obra de infra-estrutura em execução na América Latina.
Serão 15,3 km de extensão, entre São
Joaquim e Brasilândia, três terminais de ônibus e integração com outras 4 linhas de metrô. A expectativa é que 633 mil pessoas por dia serão transportados passando por grandes centros comerciais e importantes instituições de ensino.
Ficha Técnica
Estações da Linha 6 - Laranja
Local: São Paulo, SP
Data do Projeto: 2014-Atualmente
Fase do Projeto: Conceitual+Executivo
Equipe: Tetra + Consórcio Linha 6
Cliente: Acciona