A Ordem
Fundação Paz na Terra Ano XLIV - Nº 03 Natal-RN / Julho de 2016 / R$ 7,00
SAÚDE
Pastoral realiza trabalho nos hospitais
HISTÓRIA
Reserva ecológica resgata cultura indígena potiguar
PATINAÇÃO
Conheça os benefícios desse esporte
Sistema Carcerário Prisões do RN VIVEM caos e superlotação
a ordem | Assunto
2 | Junho de 2016
Editorial | a ordem
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Foto: Cacilda Medeiros
a ordem | Editorial
Os irmãos de Jesus Você já deve ter ouvido falar e sabe o significado da expressão “juízo final”. É o julgamento final do mundo. Serão separadas as pessoas inocentes (que ganharão a vida eterna) das culpadas (que irão para o castigo eterno), conforme a narração feita por Jesus, em Mateus (cf. 25, 31-45). A narrativa deixa claro que serão inocentadas ou condenadas as pessoas que praticaram ou deixaram de praticar ações de caridade e de misericórdia. Na prática, os homens já fazem essa separação, mas não a partir dos princípios adotados por Jesus, no texto já citado. Além dos criminosos, apanhados em flagrante e, por isso, encarcerados, outras categorias de pessoas são excluídas, portanto, separadas da sociedade formal, apenas pela condição social.
Expediente
Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689
Conselho curador: Pe. Charles Dickson Macena Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra Conselho editorial: Pe. Edilson Soares Nobre Pe. Carlos Sávio da Costa Ribeiro Pe. Paulo Henrique da Silva Pe. Matias Soares Diác. Francisco Teixeira Luiza Gualberto Adriano Charles Cruz, OFS Cione Cruz Hevérton Freitas Josineide Silveira Edição e Redação: Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) Luiza Gualberto (DRT-RN 1752)
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O julgamento a que Jesus se refere no texto de Mateus é nessa perspectiva. “Tive fome e me deram de comer; tive sede e me deram de beber; era estrangeiro e me acolheram; estava nu e me vestiram; estava doente e cuidaram de mim; estava preso e me visitaram”. Esta é a razão pela qual a Igreja Católica mantém pastorais como a Carcerária, a da Sobriedade, a da Saúde, a da Criança e tantas outras que socorrem os “menores” do Reino de Deus, os “separados”, aos quais Jesus se refere. “Todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram”. Entre os presidiários, os famintos, os sem roupas, as crianças, os discriminados por causa da condição social em que vivem, há alguns desses irmãos de Jesus!
FOTO DA CAPA: Cacilda Medeiros Revisão: Milton Dantas (LP 3.501/RN) Pe. Francisco Fernandes Colaboradores: José Bezerra (DRT-RN 1210) Adriano Cruz (DRT-RN 1184) Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal Projeto e diagramação: Terceirize Editora (84) 3211-5075 www.terceirize.com
Comercial: RN Editora Idalécio Rêgo (84) 98889-4001 Impressão: RN Econômico (84) 3201-2630 Tiragem: 2.000 exemplares Assinaturas: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 - Tirol - Natal/RN - (84) 3615.2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br
Sumário | a ordem
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EXPECTATIVA
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ESTATUTO DO IDOSO
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REABILITAÇÃO
Jovens participam da JMJ e Jubileu das Juventudes neste mês de julho
Conheça os desafios do documento
Comunidade Católica auxilia no tratamento de dependentes químicos
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SEJUC FAZ aVALIAÇÃO DA SITUAÇÃO PRISIONAL DO RN
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PARÓQUIA VAI COMEMORAR JUBILEU DE PRATA
CRIANÇAS PARTICIPAM DE CORAL EM MIRASSOL Junho de 2016 | 5
a ordem | Palavra da Igreja
“Coração firme no Senhor e aberto aos irmãos” Durante a missa do Jubileu dos Sacerdotes, celebrada dia 3 de junho, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, na Praça de São Pedro, o Papa Francisco propôs três ações para os padres: procurar, incluir e alegrar-se. Francisco sublinhou que sacerdotes devem ter “um coração firme no Senhor, conquistado pelo Espírito Santo, aberto e disponível aos irmãos.” Para ajudar o coração dos sacerdotes a inflamar-se na caridade de Jesus Bom Pastor, o Papa propôs três ações sugeridas pelas leituras do dia: Procurar: segundo o Santo Padre “o coração que procura, é um coração que não privatiza os tempos e os espaços, não é cioso da sua legítima tranquilidade, e nunca pretende que não o perturbem. É um coração que ‘arrisca’ e vai à procura saindo de si mesmo.” Incluir: Sobre essa ação, o Papa afirmou que “Cristo ama e conhece as suas ovelhas” e assim deve ser o sacerdote de Cristo, que está “perto do povo concreto que Deus, através da Igreja, lhe confiou. Ninguém fica excluído do seu coração, da sua oração e do seu sorriso”. Escuta os problemas e acompanha as pessoas e “não ralha a quem deixa ou perde a estrada, mas está sempre pronto a rein-
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Papa francisco Chefe de Estado do Vaticano
tegrar e a recompor”. Alegrar-se é a terceira ação que Francisco propõe aos sacerdotes: uma alegria que “nasce do perdão, da vida que ressurge, do filho que respira novamente o ar de casa. Uma alegria que é para os outros” e que descobre que “a alegria de Jesus Bom Pastor não é uma alegria para si, mas uma alegria para os outros e com os outros, a alegria verdadeira do amor”. No final da homilia o Papa Francisco, agradeceu o “sim” dos sacerdotes e sublinhou que na celebração eucarística reencontram a sua identidade de pastores: “Queridos sacerdotes, na Celebração Eucarística, reencontramos todos os dias esta nossa identidade de pastores. Em cada vez podemos fazer verdadeiramente nossas as suas palavras: «Este é o meu corpo que será entregue por vós». É o sentido da nossa vida, são as palavras com que, de certa forma, podemos renovar diariamente as promessas da nossa Ordenação. Agradeço-vos pelo vosso “sim” a doar a vida unidos a Jesus: aqui está a fonte pura da nossa alegria.” Fonte: Portal da Rádio Vaticana
A voz do pastor | a ordem
Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal
A Jornada Mundial da Juventude
Queridos irmãos e irmãs! Nos dias 26 a 31 de julho, em Cracóvia, Polônia, acontecerá a XXXI Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Com o tema: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7), a Jornada Mundial da Juventude, idealizada por São João Paulo II, e realizada pela primeira vez em 1986, desta vez acontecerá na Polônia, terra natal do Papa da juventude, e será conduzida pelo Papa Francisco que, dentro das celebrações do Ano Santo Extraordinário, Jubileu da Misericórdia, quer ressaltar e propor aos jovens do mundo inteiro o caminho de Jesus Cristo, rosto da misericórdia do Pai. Desde 2014, com a celebração da Jornada Mundial da Juventude em nível diocesano, o Papa propõe a reflexão sobre as Bem-aventuranças, que são o coração do ensinamento de Jesus Cristo, pois indicam atitudes que nos aproximam do Reino dos Céus. Afirmou o Papa Francisco, na mensagem para a Jornada Mundial da Juventude: “A Palavra de Deus ensina-nos que ‘a felicidade está mais em dar do que em receber’ (At 20, 35). É precisamente por este motivo que a quinta Bem-aventurança
declara felizes os misericordiosos. Sabemos que o Senhor nos amou primeiro. Mas só seremos verdadeiramente bem-aventurados, felizes, se entrarmos na lógica divina do dom, do amor gratuito, se descobrirmos que Deus nos amou infinitamente para nos tornar capazes de amar como Ele, sem medida”. Comentando, ainda, o significado do tema da Jornada, o papa Francisco lembra o testemunho de Santa Faustina Kowalska a quem chama de “apóstola humilde da misericórdia divina nos nossos tempos” que, juntamente com São João Paulo II, são os santos patronos da XXXI JMJ, e propõe “Dado que vós, jovens, sois muito concretos, queria propor-vos a escolha de uma obra de misericórdia corporal e outra de misericórdia espiritual para pôr em prática cada mês nos primeiros sete meses de 2016. E lembra ainda o testemunho do jovem bem-aventurado Piergiorgio Frassati, beatificado por São João Paulo e declarado por ele de “o homem das bem-aventuranças”: “Aqui vem-me ao pensamento o exemplo do bem-aventurado Piergiorgio Frassati. Dizia ele: ‘Jesus faz-me visita cada manhã na Comunhão, eu restituo-a no mísero modo que posso, ou seja, visitando os pobres’. Piergiorgio era um jovem que compreendera o que significa ter um coração misericordioso, sensível aos mais necessitados?”.
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Foto: Rivaldo Júnior
a ordem | Entrevista
Wallber Virgulino Ferreira, secretário da sejuc
SEJUC faz avaliação do
sistema prisional do RN
A deficiência do sistema penitenciário do Rio Grande do Norte é uma realidade impactante, seja pela má qualidade das unidades prisionais, principalmente pelo número de vagas disponíveis atualmente, ou ainda pelo aumento da violência. O secretário da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado (SEJUC), Wallber Virgulino Ferreira, que assumiu a pasta há pouco mais de um mês, faz um panorama da situação, explica as deficiências do sistema e fala das ações que a secretaria está realizando para enfrentar o problema. Uma das cobranças do secretário é em relação ao apoio do governo federal, que, segundo ele, precisa estar mais atento a esta realidade, criando políticas nacionais que contemplem o sistema prisional.
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Entrevista | a ordem A Ordem: Como o Sr. avalia a situação penitenciária do Estado, atualmente? Wallber: O sistema prisional não é diferente de nenhum sistema prisional do Brasil. Passa por uma crise estrutural e de identidade. O sistema prisional do Brasil foi dominado por muito tempo por militares, que tinha aquela rigidez nos procedimentos. De 20 anos para cá, esse comando foi sendo repassado para agentes penitenciários, que entraram através de concursos. Então, muitas pessoas novas. Não existe no Brasil nenhuma política nacional prisional. Não há investimentos. Não há diálogo com os estados para saber as deficiências. Quando o governo federal resolve intervir, resolve ajudar, atua na parte que o estado menos precisa. Então, pra se mudar a realidade, hoje, não é só os governos dos estados reagirem. Tem que haver uma reforma, principalmente no que diz respeito ao número de vagas, para acabar com a superlotação. Tem que se capacitar mais os agentes penitenciários e fazer mais concursos, bem como, o Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública tem que se engajar ainda mais para que tudo isso mude. Não adianta construir presídio se os processos dos apenados não andam, ou seja, não tenham celeridade. Há um erro no começo da escada que deve ser reparado, mas, para isso, é preciso investimento financeiro, técnico, tático e estrutural do sistema penitenciário. Com a mudança de governo, nós esperamos que o governo federal acorde para isso. Convide as secretarias de justiça e cidadania para conversar, para ouvir as nossas necessidades e mudar o foco. O crime, no Brasil, se organiza. Então, temos que nos organizar também. O Estado e União tem que se organizar para combater em pé de igualdade e até em pé de superioridade o crime organizado, que vem se instalando e crescendo no Brasil. A Ordem: O senhor assumiu a secretaria há pouco mais de um mês. Foi possível caminhar em algum ponto?
Wallber: Nós procuramos, inicialmente, mudar a mentalidade do sistema. Mudar a mentalidade do agente penitenciário e do apenado. Do agente penitenciário, para ele saber que o sistema pertence a ele. Ele que tem que avançar. Ele que tem que mudar, quebrar paradigmas e avançar na ressocialização, disciplina, respeito e na credibilidade da população. O apenado também tem que mudar a mentalidade. Ele está lá porque cometeu um crime. Feriu uma regra interna da sociedade. Ele não foi convidado a estar ali dentro. Então, ele tem que obedecer as regras. Tem que chegar ali e cumprir o que foi imposto. Ele não pode estar querendo mudar nada ali dentro. Ele está em condições de obedecer. Agora, dentro de tudo isso, temos que seguir o cumprimento ético da legislação e dos direitos humanos. Não pode haver a violação dos direitos humanos e a lei tem que ser cumprida, de ambos os lados. A Ordem: Sabemos que o sistema prisional do Estado vive uma situação difícil, de superlotação. Existe alguma perspectiva de mudança deste cenário? Wallber: O governo do Estado já tem um presídio em andamento, no município de Ceará-Mirim. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte disponibilizou R$ 20 milhões de reais para construção de outro presídio. Temos várias unidades prisionais no Estado sendo reformadas, como Apodi, Patu, Pau do Ferros e Mossoró. Então, a gente vem avançando neste sentido. As tornozeleiras eletrônicas vêm contribuindo em aproximar o preso da sociedade, colaborando também no aumento de vagas e, vamos ao Tribunal de Justiça para agilizar a questão dos mutirões, para analisar com mais celeridade os processos dos apenados, para colocar na rua realmente quem tem direito. A gente espera mais investimento do governo federal para crescer ainda mais.
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a ordem | Entrevista A Ordem: Existe alguma previsão para a entrega da cadeia pública de Ceará-Mirim que, neste momento, está parada? Wallber: Tratei recentemente sobre a continuidade das obras. Para se construir, existem alguns entraves burocráticos. A gente vem caminhando, mas, vez por outra, esbarramos nestas situações. Para construir qualquer coisa, enfrentamos isso. Qualquer obra pública se rodeia desses entraves burocráticos. Esperamos, até o final do ano, ter uma resposta positiva para a sociedade. A Ordem: A secretaria desenvolve algum tipo de acompanhamento com os egressos do sistema prisional? Wallber: Temos um trabalho, mas é deficiente. Pretendemos organizar o sistema, para aí investir mais fortemente nos trabalhos de ressocialização dos egressos. Para o desenvolvimento destes trabalhos, vamos contar com o apoio das pastorais carcerárias, tanto da Igreja Católica, como da Evangélica, porque é imprescindível a atuação da religião dentro das unidades prisionais. Quando o preso é catequizado e tem uma orientação espiritual, a tendência dele é distensionar. Quando o preso tem a presença de Deus em seu coração, evita também que ele cometa crimes. A Ordem: Quais são as linhas de atuação da SEJUC? Wallber: Trabalhamos com algumas vertentes, entre elas, saúde, educação, ocupação funcional e religião. Nós pretendemos, ao logo do tempo, inserir cursos profissionalizantes, ou seja, fazer parcerias com a iniciativa privada. A iniciativa privada precisa adentrar os presídios, levando emprego e chances para essas pessoas. Eles vão receber o salário, como a legislação determina e, cada dia trabalhado, tem redução de três dias na pena. É uma forma de mostrarmos também ao apenado que o mundo exterior se preocupa com o cumprimento da pena dele, porque ele é um potencial ator, que vai ser reinserido na sociedade e tem que se reinserir de forma eficiente. A Ordem: Até setembro, está em vigor um decreto de calamidade pública no sistema prisional do Estado. Tem alguma perspectiva de melhoria até encerrar esse prazo? Wallber: Já estamos caminhando em alguns aspectos. Algumas reformas em presídios já tiveram início. Outras já terminaram. A gente publicou recentemente no Diário Oficial do Estado a aquisição de novos equipamentos de proteção individual para os 10 | Junho de 2016
agentes penitenciários, como coletes. Estamos criando também uma rotina de vistoria diária nos pavilhões para a retirada de objetos ilícitos. A Ordem: De que forma a sociedade pode colaborar com a SEJUC? Wallber: Primeiramente, a sociedade tem que quebrar a questão do preconceito. A gente está tentando construir um presídio na grande Natal e a gente vê, por exemplo, a Câmara de Vereadores criando leis municipais que proíbem a construção de presídios. Então, a sociedade cobra do governo do Estado que custodie bem os apenados, evitando fugas e mortes, diminuindo a violência dentro e fora das unidades prisionais, mas, os representantes do povo tentam impedir a construção de presídios. Como eu vou custodiar o preso sem ter presídio? A gente tem que ter essa maturidade que presídio não é atraso. Presídio é uma consequência do crescimento desordenado da população. A população vem crescendo e a violência cresce junto. Então, é preciso ter presídio para abrigar essas pessoas.
Assunto | a ordem
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Foto: Cacilda Medeiros
a ordem | Capa
Pavilhão feminino do Complexo Penal Dr. João Chaves, em Natal
Sistema prisional do RN reflete situação brasileira:
caos e superlotação
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Capa | a ordem Por Cione Cruz O sistema prisional no Rio Grande do Norte segue o modelo brasileiro: os presídios por esse país afora são caracterizados pelo amontoado humano, onde grandes penitenciárias, cadeias e delegacias se transformaram em depósitos humanos, superlotados, sem as mínimas condições que garantam dignidade aos presos, conforme está previsto no Capítulo das Garantias e Direitos Fundamentais, artigo 5º, XLIX, da Constituição Federal, que prevê: “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”. São conhecidas e amplamente divulgadas as condições de precariedade e as condições subumanas em que os detentos vivem, fazendo verdadeira ginástica para conviver com dezenas de outras pessoas em cubículos fétidos e sem as condições necessárias, obrigando-os, muitas vezes, a fazerem revezamento para dormir. Nesse caso, contrariando o art. 85 da Lei de Execuções Penais (LEP), que prevê a compatibilidade entre a estrutura física do presídio e a sua capacidade de lotação. Dados de um relatório do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias (Infopen – Ministério da Justiça), datado de junho de 2015 (o último que saiu), dão conta de que a popu-
lação prisional no Brasil é de 607.731 presos, para 376.669 vagas, o que significa um déficit de 231.062 vagas em todo país. Isso coloca o Brasil em quarto lugar no ranking dos países com maior população prisional do mundo. Perde, apenas, para os Estados Unidos, China e Rússia. A superlotação, consequência do elevado número de presos é considerado por muitos o problema mais grave que envolve o sistema penal hoje no Brasil, responsável, segundo uma corrente de juízes, juristas e estudiosos, pela violência reinante nas prisões, pelos motins e pelas fugas espetaculares. No Rio Grande do Norte, o número de presos, chega a 7.500 e o número de vagas é de aproximadamente 3.500, o que configura a situação de caos e superlotação, se assemelhando à situação do restante do país. Segundo dados da Secretaria de Justiça e Cidadania (disponíveis em seu portal), existem no Estado quatro cadeias públicas (Caraúbas, Mossoró, Natal e Nova Cruz); vinte centros de detenção (Apodi, Assu, Ceará Mirim, Currais Novos, Jucurutu, Macaíba, Macau, Nova Parnamirim, Parelhas, Parnamirim – masculino e feminino, Patu, Pirangi, Potengi, Ribeira, Santa Cruz, São Paulo do Potengi, Pau dos Ferros e Natal – Zona Norte e Zona Sul); quatro complexos penais distri-
buídas em Natal, Mossoró e Pau dos Ferros; quatro penitenciárias estaduais – entre Parnamirim e Caicó; e uma Unidade Psiquiátrica (Natal). O juiz Fábio Ataíde, da 4ª Vara Criminal de Natal e membro do projeto Novos Rumos do Tribunal de Justiça do RN, faz severas críticas ao modelo prisional vigente, que considera desleal – “o estado está em conflito com essa política da APAC” – e cita o exemplo da Cadeia de Natal (Complexo Penal João Chaves), que tem 160 vagas para 524 presos. Essa superlotação, na sua opinião, só tem uma consequência: fugas e rebeliões. “Quando eles se rebelam, não é motim, é legítima defesa”, argumenta. Segundo o juiz, a política prisional do Estado está alicerçada em um modelo de centralização, “escolha de baixo custo, mas escolha equivocada”. O Estado centraliza a execução penal em grandes depósitos humanos e esses são depósitos de decomposição de lixo. Uma estratégia do Estado para criar a ilusão coletiva de que o problema criminal não é comunitário, mas do Estado e ele resolve esse problema com o distanciamento, disse ele. O projeto Novos Rumos, do Tribunal de Justiça do RN, diz Fábio Ataíde, segue uma linha contrária da adotada pelo Estado nas últimas décadas. Se propõe a uma política de descentralização e autogestão, para diminuir
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a ordem | Capa a quantidade de bolsões (grandes penitenciárias). A ideia é construir mais unidades com menor quantidade de vagas. O discurso, enfatizou Fábio Ataíde, que também é professor de Criminologia da UFRN, não é só ampliar as vagas, mas melhorar a qualidade dessas vagas. O juiz propõe a descentralização por regiões. O ideal, reflete ele, é que a gente tenha um modelo em que o condenado cumpra a pena onde estão seus familiares, onde tem seu vínculo afetivo, que exista um projeto dele com seus vínculos afetivos. Fábio Ataíde faz elogios à APAC (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados), um projeto nacional que existe há cerca de cinco anos – mas cuja metodologia já existe há quarenta anos, com base cristã. A APAC, segundo ele, pode significar também “Amando o Próximo Amamos Cristo”. A pretexto de segurança da comunidade, o Estado tira o preso e o leva para um local de menor segurança e acha que, assim, está dando segurança à comunidade. “Se coloca o sujeito em situação de insegurança, é natural que surjam as forças de segurança criadas por eles, que são as organizações criminosas, sindicatos, grupos armados (PCCs etc). “Essa situação está sendo produzida e se volta contra a própria so-
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ciedade”, analisa o juiz. Esse modelo de centralização é o modelo da indiferença: “é mais ou menos o que se fazia na Idade Média com a exclusão dos leprosos”, afirmou. Embora defendendo o modelo de descentralização das prisões e o envolvimento comunitário, sistema de autogestão, Fábio Ataíde reconhece que não dá para salvar todo mundo, mas tem que começar a salvar algumas pessoas, enfatiza, “especialmente os mais jovens e arrependidos (e tem muitos)”. Recuperação na APAC A coordenadora da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Natal, Guiomar Veras de Oliveira, também defende o modelo das APACs – Associação de Proteção e Assistência aos Condenados. Trata-se, segundo ela, de uma unidade prisional diferenciada, que se propõe à recuperação e reintegração social dos condenados e penas privativas de liberdade, conduzida por doze princípios que a norteiam, juntamente com a Lei de Execuções Penais. Esta, afirmou, deve ser cumprida em todo sistema prisional brasileiro, mas, na prática, é descumprida, segundo Guiomar. Aliás, descumprida em sua totalidade no sistema prisional comum. Uma das principais características da APAC é que nesse sistema são os
presos, chamados de recuperandos, que se responsabilizam pela própria recuperação, colaborando com a segurança e disciplina do local, dispensando a presença policial ou de agentes penitenciários. No processo de recuperação eles têm assistência espiritual, médica, psicológica e jurídica, que são prestadas pela comunidade. Além disso, os apenados têm a oportunidade de frequentar cursos supletivos e profissionais, entre outras atividades que lhes garantam evitar o ócio. No Rio Grande do Norte existe uma única APAC, localizada na cidade de Macau, viabilizada por meio do Programa Novos Rumos, fomentada pelo Tribunal de Justiça do RN, e cuja proposta é “promover a humanização da prisão, sem perder de vista a finalidade punitiva da pena, com o propósito de evitar a reincidência no crime e oferecer alternativas para o condenado se recuperar”. Em Macau, essa unidade prisional tem capacidade para 20 presos em regime fechado e 14 em regime semi-aberto e segundo Guiomar, em hipótese nenhuma essa capacidade é extrapolada ou é aceita a superlotação, uma vez que o cumprimento da pena com dignidade é um dos objetivos da APAC, “e essa dignidade começa quando se proporciona um espaço próprio, cama
Capa | a ordem Foto: Cacilda Medeiros
Atuação da Pastoral Carcerária nas unidades prisionais do Estado
para dormir, alimentação regular, entre outros”. A proposta da APAC se baseia em 12 princípios, quais sejam: participação da comunidade; recuperação; trabalho; religião; assistência jurídica; valorização humana; a família; o voluntário e sua formação; centro de reintegração social; mérito; e jornada de libertação com Cristo. Explicou Guiomar que o funcionamento de uma APAC parte do pres-
suposto de que “o preso deve ser cuidado em sua integridade, para nele se resgatar o cidadão, o que há de bom nele, a sua essência”. A ideia é “matar o criminoso e salvar o homem, desconstruindo a imagem de bandido que ele mesmo faz”, afirmou. É preciso que o Estado ofereça outras perspectivas para ao apenado, de estudo, de aprendizado de outro ofício, aproximando-os da família, promovendo a autovalorização
e despertando a religiosidade em cada um, destacou. Esse trabalho é feito por uma equipe de pessoas da comunidade, em sua maioria voluntárias, que se propõem a colaborar com os recuperandos. Segundo a coordenadora da Pastoral Carcerária da Arquidiocese, está havendo uma mobilização para que sejam abertas novas APACs em outras cidades do Rio Grande do Norte. No entanto, até o momento não foram definidos esses locais. Segundo Guiomar, depende da disponibilidade das prefeituras municipais interessadas. Sabe-se, porém, que a próxima APAC a ser construída será com recursos do Tribunal de Justiça. A coordenadora Pastoral reconhece que essa iniciativa beneficia um pequeno número de apenados, uma vez que ainda está em fase de consolidação, mas já apresenta inúmeros resultados positivos, que comprovam a importância dessa proposta. Dentre esses resultados Guiomar cita o baixo índice de reincidência (estudos comprovam que o índice de reincidência é em torno de 7% em todo Brasil, enquanto que no sistema comum a média de reincidência é de 90%); a reaproximação dos presos com a família; a inexistência de rebeliões ou motins; e a quantidade de presos que saem encaminhados para o mercado de trabalho.
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#SELIGAAI
WILLIAM danilo
daniely barbosa
lucas PINHEIRO
priscila KRUGER
Jovens se prepararam para participar da
JMJ e Jubileu das Juventudes
O mês de julho será especial para os jovens da Arquidiocese de Natal, porque neste período acontecerão dois importantes eventos: a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), de 26 a 31 de julho, em Cracóvia, na Polônia e o Jubileu das Juventudes, dia 31 de julho, na Paróquia de Santana, em Santana do Matos, em sintonia com as comemorações do Ano Jubilar Extraordinário da Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco. Confira os depoimentos de alguns jovens que vão participar dos eventos: “Estou ansiosa para vivenciar a grande festa das juventudes da Arquidiocese de Natal no ano de 2016. Embalados pelo chamado especial do Ano da Misericórdia, somos convidadas e convidados a oferecer mais vigorosamente os sinais da presença e da proximidade do Deus da Vida e a reafirmar o sentido da missão que nos foi confiada: a evangelização dentro de um processo de formação integral das juventudes. Santana do Matos será para nós como Betânia, a referência da acolhida, da amizade, lugar do encontro prazeroso com os outros em meio à diversidade do estar/viver em comunidade”. (Daniely Barbosa – secretária do Setor Juventude – Arquidiocese de Natal) “Minha maior expectativa é chegar lá em Cracóvia e ver aquele mar de gente unida numa só fé, com o sentimento em comum que te faz sorrir para qualquer um e querer transmitir um pouco da sua experiência com 16 | Junho de 2016
Jesus. Saber que o Evangelho chega aos confins da Terra, conforme o mandamento, faz a nossa vivência cristã ganhar um novo fôlego com a certeza que estamos todos juntos. Partiu JMJ..”. (William Danilo – Paróquia de São Francisco de Assis – Cidade Satélite) “Em poucos dias, juntamente com Padre Sávio Ribeiro, organizador da JMJ Rio, 04 jovens de Natal e outros 07 jovens de diversas cidades do Brasil, embarcarei rumo a Jornada Mundial da Juventude de 2016. Na Polônia, terra natal de São João Paulo II, instituidor das JMJ’s, poderemos renovar nossa fé e reafirmar a certeza de que o protagonismo jovem é capaz de mover, renovar e reavivar nossa Igreja. Rogo a Virgem Santíssima que seja exemplo de humildade e coragem para viver verdadeiramente a nossa amada Igreja, a nossa crença e, acima de tudo, o amor a Deus”. (Priscila Kruger - Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório – Mirassol) “Expectativa de vivenciar um dos momentos mais fortes da igreja no ano de 2016 no Jubileu das Juventudes. De encontrar na juventude, com suas mais variadas bandeiras e espiritualidades, a busca e a prática do olhar misericordioso de Cristo. Um olhar de esperança e coragem, para que reunidos em um só espírito de luta e com o protagonismo vivo e inquietante da juventude , possamos plantar importantes sementes que servirão na construção de um reino de mais justiça e igualdade na nossa casa comum”. (Lucas Pinheiro – PJMP)
Direito & Cidadania
Os desafios do
Estatuto do Idoso
Com sua população cada vez mais envelhecida, o Brasil possui uma das legislações mais avançadas do mundo no que diz respeito à proteção à pessoa idosa, especialmente diante do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003), que consolidou direitos que já estavam assegurados na Constituição Federal, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, na Política Nacional do Idoso e no Plano Internacional para o Envelhecimento. O Estatuto visa à proteção das pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos e, em linhas gerais, estabelece direitos e garantias fundamentais relacionados à vida, à liberdade, ao respeito e à dignidade, aos alimentos, à saúde, à educação, cultura, esporte e lazer, à profissionalização e ao trabalho, à previdência social, à assistência social, à habitação e ao transporte. Ao mesmo passo, estabelece medidas de proteção ao idoso, criando a política de atendimento ao idoso e determinando a corresponsabilidade dos diversos entes públicos, e define crimes específicos contra os idosos. Sob o ponto de vista processual, o Estatuto prevê a criação de varas especializadas e exclusivas do idoso, o que ainda não foi implantado na realidade potiguar, não obstante a existência de promotorias especializadas no Ministério Público Estadual. Por outro lado, garante-se a prioridade na tramitação
Felipe Maciel Advogado e Professor Mestre em Direito Constitucional (UFRN) - felipemaciel@hotmail.com
dos processos em geral, tanto judiciais quando extrajudiciais, a fim de atenuar o maior problema da justiça brasileira que é a sua morosidade. No âmbito da OAB/RN, a Comissão de Defesa e Amparo aos Direitos do Idoso, presidida atualmente pelo advogado José Romildo Martins da Silva, estabeleceu entre as suas prioridades a elaboração de cartilha orientando a população idosa sobre os seus direitos básicos, a capacitação para motoristas e cobradores de ônibus sobre os direitos do idoso, assim como palestras sobre a prioridade na tramitação processual e sobre os principais direitos da pessoa idosa, como transporte público e vagas de estacionamentos. As preocupações da comissão evidenciam que o respeito às leis que protegem a pessoa idosa exige, antes de tudo uma mudança cultural, mormente quanto à forma como a sociedade vê a melhor idade. O primeiro passo, sem dúvidas, já foi dado, na medida em que o Estatuto do Idoso representa um marco legal para a consciência idosa no País. O mais importante, todavia, é a mudança em cada um de nós. Respeitar o idoso é respeitar o nosso passado e o nosso futuro. É reconhecer o que fizeram por todos nós. Sem dúvidas, uma sociedade boa para os idosos é uma sociedade boa para todas as idades.
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Foto: Cacilda Medeiros
a ordem | Vida Pastoral
Agentes da Pastoral da Saúde, na celebração do Jubileu dos Enfermos, dia 29 de maio
Condutores da Palavra de Deus aos enfermos
A Pastoral da Saúde está presente em 35 paróquias da Arquidiocese e, também, realiza trabalho junto a vários hospitais da capital Quinta-feira, pela manhã, um grupo formado pelo Padre Francisco Lima e alguns fiéis leigos chega ao maior hospital público do Estado: o Monsenhor Walfredo Gurgel, situado no bairro do Tirol, em Natal. Eles são da Pastoral da Saúde e vão com a missão de levar a Palavra de Deus, o conforto para a alma e esperança para aquelas dezenas de pessoas que sofrem em leitos e corredores da casa de saúde.
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De início, a celebração eucarística, no final do corredor do 2º pavimento do Hospital, com a participação de alguns enfermos e acompanhantes. Depois, o padre visita os doentes, dando-lhes a unção dos enfermos. “É um trabalho muito bom, porque renova a esperança dos pacientes”, diz Marli Gonçalo. Ela estava acompanhando a mãe, que estava internada, no Walfredo Gurgel, no dia 2 de junho. Emocionada, Marlene Silva, que estava internada,
Vida Pastoral | a ordem
Em ação Uma das ações da Pastoral da Saúde, na Arquidiocese de Natal, é realizar visita aos hospitais. De acordo com o assistente espiritual da Pastoral, Padre Francisco Lima, o trabalho não se resume à visitação, mas também à evangelização. O trabalho é realizado conjuntamente com a capelania dos hospitais e atende a sete casas de saúde, na capital potiguar. Para cada hospital, há um grupo de agentes, somando, ao todo, cerca de 80. Nas paróquias, a Pastoral, em parceria com os Ministros Extraordinários da Eucaristia, atua junto às famílias, com a visitação aos enfermos. “Nossa missão é ser presença junto às pessoas que estão
sofrendo. Nós não vimos fazer milagres, mas vimos dizer que, mesmo no sofrimento, Jesus está presente na vida da pessoa”, diz o Padre. Atualmente, a Pastoral da Saúde está presente em 35 paróquias da Arquidiocese de Natal, com previsão de implantação em outras. Direitos Sociais e Saúde Desde julho de 2015, agentes da Pastoral da Saúde, da Arquidiocese de Natal, participam do projeto de formação, intitulado ‘Direitos Sociais e Saúde: Fortalecendo a Cidadania e a Incidência Política’. A pretensão é que em três anos cerca de 300 agentes recebam formação e sejam multiplicadores de conhecimento sobre a saúde pública como direito de cidadania. O projeto é realizado pelo Programa ‘Justiça Econômica’, do qual fazem parte o Grito dos Excluídos/as Continental, Pastoral da Saúde, Pastorais Sociais da CNBB e Comissão Brasileira da Justiça e Paz. A atividade é financiada pela União Europeia e tem apoio da Agência Católica para a Cooperação Internacional da Inglaterra e país de Gales (CAFOD). Foto: Rivaldo Jr.
disse que a Pastoral da Saúde leva Deus até eles. “É um trabalho muito importante, para nós, que estamos aqui. Eles trazem Deus pra gente”, afirmou. Entre uma palavra de conforto para um enfermo e outro, a agente da Pastoral da Saúde há dez anos, Anita Carvalho, conta que realiza o trabalho atendendo ao chamado de Deus. “Antes, quando eu cuidava dos meus familiares que estavam doentes, sentia que Deus queria que eu também cuidasse de outras pessoas. Então, há dez anos faço esse trabalho, na Pastoral, atendendo a um chamado de Deus”, conta. Ela dedica, semanalmente, as manhãs das quintas-feiras, às visitas ao Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. Após percorrer todos os leitos do 2º pavimento, o Padre Francisco Lima e alguns agentes também fizeram uma visita ao Pronto Socorro Clóvis Sarinho, onde a miséria humana é exposta nos corredores. Doentes, muitos idosos e com ossos quebrados, ficam em macas, espalhadas pelos corredores da urgência, esperando horas e até dias, por uma cirurgia ou por uma vaga nas enfermarias.
Padre Francisco Lima ministra a unção dos enfermos, no Hospital Walfredo Gurgel
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a ordem | A Parรณquia
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A Parรณquia | a ordem
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Foto: José Bezerra
a ordem | Paróquias
Igreja Matriz de Santana e São Joaquim
254 anos evangelizando
São José de Mipibu
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Umas das Paróquias mais antigas do território da Arquidiocese de Natal, a Paróquia de Santana e São Joaquim, em São José de Mipibu comemora, neste ano, 254 anos a serviço da evangelização. Em sua história, fatos marcantes, como a vivência de congressos eucarísticos. Segundo o professor de ensino religioso, José de Arimateia Barreto, a implantação da paróquia data do ano de 1762, mas, antes de se tornar paróquia, existia uma missão na comunidade, conduzida pelos Frades Capuchinhos, chamada de Missão de Nossa Senhora do Ó de Mopebu. Arimateia conta que, desde o início, pelos relatos e documentos pesquisados, a Paróquia teve sempre credibilidade junto ao povo. “Conta-se que, desde a sua criação, a Paróquia teve um peso muito forte junto ao povo. Muitas pessoas recorriam à Igreja para ajudar na solução de problemas. Até os dias atuais, a Igreja local é referência para o povo mipibuense”, diz. Dinâmica Pastoral Atualmente, a Paróquia tem como pároco o padre Matias Soares e vigários paroquiais, os padres Lenilson Morais e Rogério Barros. De acordo com o padre Matias, a Paróquia valoriza a setorização.
Foto: Luiza Gualberto
Paróquias | a ordem
ENDEREÇO A Igreja Matriz de Santana e São Joaquim fica situada na rua Côn. Lustosa, s/n – Centro – São José de Mipibu. SECRETARIA PAROQUIAL: Funciona das 08h às 11h e das 14h às 17h, de segunda a sexta-feira e, aos sábados, das 08h às 12h Da esq.: pe. matias soares, PÁROCO e o professor josé arimateia
Hoje, 11 setores missionários integram a Paróquia, sendo quatro na zona urbana e sete na rural. São 47 comunidades e o sacerdote explica que a ação paroquial também tem foco na assistência eucarística. “A Paróquia teve a alegria de viver, ao longo de sua história, quatro congressos eucarísticos. O primeiro no ano de 1936 e o último, em 2012, quando a Paróquia celebrou 250 anos”, fala. A Paróquia também conta com várias pastorais, movimentos
e serviços, além da realização de encontros para os diversos públicos. Duas comunidades religiosas estão presentes no território paroquial. A da Divina Providência (feminina) e Filhos de Santana (masculina).
MISSAS: Na Igreja Matriz, há missas de terça a sábado, às 07h, e, aos domingos, às 07h, 10h e 19h. SAIBA MAIS: (84) 3273-2236
Padroeiros A Paróquia tem como padroeiros Santana e São Joaquim e a programação festiva tem início no próximo dia 16 de julho, às 18h, com carreata, seguida de missa solene.
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a ordem | Paróquias
Santana,
uma paróquia prestes ao Jubileu de Prata “Uma paróquia dinâmica e missionária”. Assim sintetiza o Padre André Martins de Melo, administrador da Paróquia de Santana, no Conjunto Soledade 2, na zona norte de Natal. Nos trabalhos administrativos e pastorais, Padre André é auxiliado pelo vigário paroquial, Padre Darci Lopes, e pelo Diácono Permanente, Manoel Teixeira. Criada no ano de 1992, desmembrada da Paróquia de Santa Maria
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Mãe, no Conjunto Santa Catarina, a Paróquia de Santana conta, hoje, com seis comunidades. Dela, também já foram desmembradas a Paróquia Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no Parque das Dunas, e a parte da Área Pastoral de Nossa Senhora dos Navegantes, na Redinha. Trabalho pastoral Quem chega à Igreja Matriz de
Igreja Matriz de Santana
Santana, onde também está o Centro Pastoral, à tarde ou à noite, logo percebe que se trata de uma paróquia “dinâmica e missionária”, como destacou o Padre André. Além do trabalho realizado pelas pastorais, a Paróquia também acolhe grupos da comunidade. Nas terças-feiras, à tarde, por exemplo, a equipe do ‘Postinho de Saúde’ utiliza um espaço do Centro Pastoral para realizar atividades
Paróquias | a ordem como o Encontro de Casais com Cristo e a Juventude”, diz o Padre. Festa de Santana Em preparação à festa da padroeira, Santana, a Paróquia promoverá a Romaria da Misericórdia, dia 10 de julho, iniciando com a celebração eucarística, às 6 horas, na Igreja Matriz. Após a missa, os fiéis seguirão em caminhada até o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no Parque das Dunas. Já, a programação em honra da padroeira acontecerá no período de 21 a 31 de julho, com novenas, missas, procissão e quermesse. Fotos: Rivaldo Jr.
físicas, com pessoas da comunidade. Noutras tardes, os espaços são ocupados por grupo de idosos e de artes. Ainda, no campo social, há a Pastoral Social, que, em parceria com a Pastoral do Dízimo, distribui um sopão, todas as segundas-feiras, para pessoas carentes. Padre André Martins destaca, também, o trabalho de visita ao Hospital de Custódia, ao Hospital Santa Catarina e aos enfermos, realizado pelos cerca de mil integrantes da Legião de Maria. “Na ação evangelizadora, contamos também com as outras pastorais, movimentos e serviços da Igreja,
ENDEREÇO A Igreja Matriz de Santana fica situada na Av. Ilha de São Paulo, 1110, Conjunto Soledade II, Natal (RN). CEP 59129-130
SECRETARIA PAROQUIAL: Funciona no mesmo espaço onde está a Igreja, de segunda a sexta-feira, das 8 às 12h e das 14 às 18 horas e, aos sábados, das 8 às 12 horas.
MISSAS: Na Igreja Matriz, há missas de terça a sexta-feira, às 19h20, e, aos domingos, às 7h e às 19h30.
SAIBA MAIS: (84) 3615-2880 paroquiasantananatal@gmail.com Paróquia de Sant’Ana - Soledade II
Pe. André, administrador paroquial
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a ordem | Artigo
Talentos do
Rio Grande do Norte
O nosso Rio Grande tem a riqueza de fazer da ciência, literatura. Fizeram uma boa literatura, no Direito, os potiguares Seabra Fagundes e Carvalho Santos. Antes deles, Amaro Cavalcanti. Eles produziram obras literárias da maior grandeza. Entre os médicos, ressalta-se Peregrino Júnior, que tanto brilhou na Academia Brasileira de Letras. Na agronomia, Oswaldo Lamartine se destaca como escritor das coisas do sabor do sertão. Em estudos gerais, no feminismo, Nísia Floresta Brasileira Augusta. Mas, para mim, o maior conhecedor do Brasil e dos brasileiros, imbatível na ciência do povo e na boa literatura, é Câmara Cascudo. Dois escritores admiráveis, ao lado das suas funções religiosas, foram Dom Nivaldo Monte, de quem tive o privilégio de escrever a biografia chamada apropriadamente “O Semeador de Alegria”, e para nosso orgulho, Dom Eugênio Sales. Na mesma linha, poderíamos acrescentar muitos outros como o erudito latinista Dom José Adelino Dantas e o poeta Dom Marcolino Dantas, imbatível em graciosos trocadilhos, que foram repetidos pelo país afora. Como jornalista, Dom Eugênio fez seguidores entusiasmados pela precisão vocabu-
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Diogenes da Cunha Lima Presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras diogenes@dcl.adv.br
lar, segurança nas afirmações, clareza de pensamento. Dom Nivaldo deixou mais de 20 livros de orientação filosófica e até se deu ao luxo de compor músicas de sutileza e bom gosto. Grande escritor, Luís da Câmara Cascudo é quem tem um sol no coração. Ele é a estrela mais próxima de nós, fonte de luz. Dá energia, aquece, irradia. Aos trezes anos de idade, eu o conheci. Ele morava no sobrado da Junqueira Aires, 377. A aproximação maior aconteceu quando fui seu aluno no curso de Direito Internacional Público. Em aula, ele falava em culturas e civilizações, histórias, contava casos, entusiasmava. Lembro que discorreu sobre a luta dos dezembros entre Tapuias e Tupis pela posse dos cajus. Talvez, por muito questionar, tornei-me seu aluno de eleição. Com tempo, outorgou-me o título de amigo. Passei a frequentar quase diariamente a casa dele. Da vivência com o Mestre, resultou a sua primeira biografia: “Câmara Cascudo, um Brasileiro Feliz”. Diz-se que o Brasil é um arquipélago cultural. Cada Estado, uma ilha que não se comunica. A nossa ilha nada deve em valor literário a qualquer outra ilha do arquipélago.
Assunto | a ordem
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a ordem | Para conhecer
Foto: Rivaldo Jr.
Turismo & Cultura
Na água da onça
Poluição, barulho, correria, prédios. Essas são algumas palavras que caracterizam as grandes cidades. Mas... e, se eu lhe dissesse que é possível encontrar paz, natureza e cultura indígena em meio à vida urbana? Esses e outros atrativos podem ser encontrados na Gamboa do Jaguaribe (Tradução do Guarani: Na água da onça), um sítio histórico, destinado à educação ambiental e ao estudo da cultura indígena.
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O espaço, que tem mais de 2 hectares de extensão, abriga um verdadeiro paraíso de mata ciliar (ribeirinha), com aproximadamente 60 espécies de plantas catalogadas até o momento. Quem coordena a Gamboa do Jaguaribe é Iran Medeiros, que diz que conheceu o local ainda criança. “Sempre gostei de natureza. Via o desmatamento desta região e decidi comprar o terreno para preservar a natureza local. Também
soube que aqui havia sido a aldeia do mestre Potiguassu, pai do herói nacional Felipe Camarão. Então, resolvi aliar a questão ambiental com a cultura, que é a identidade do nosso povo”, frisa. Iran explica que o nome do local vem da própria nomenclatura da região. “Gamboa quer dizer lugar tranquilo e Jaguaribe é essa região do Rio Potengi, que quer dizer onça”, diz. Na Gamboa, são oferecidas trilhas interpretativas e guiadas; educação ambiental (ecossistemas, mata atlântica, manguezal e fauna); estudos indígenas (história, usos e costumes). Todo sábado, um grupo de estudos se reúne para aprender e conhecer um pouco mais da língua indígena Guarani. O espaço é aberto à visitação, principalmente para escolas. Os agendamentos podem ser feitos nos seguintes contatos: (84) 98700-2802 / 99973-4155. Outras informações envie mensagem para: gamboadojaguaribe@gmail.com ou acesse: facebook.com/gamboadojaguaribe. O endereço é: Rua Novo Paraíso, s/n, bairro Salinas – Natal/RN.
Em ação | a ordem
Comunidade católica Foto: Luiza Gualberto
desenvolve trabalho com
dependentes químicos
Horta organizada pelos acolhidos da Comunidade Boa Nova
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o consumo de drogas e o álcool vêm aumentando a cada ano no mundo. Algumas comunidades têm trabalhado com dependentes químicos, como forma de reabilitá-los e reinseri-los na sociedade. Este é o caso da Comunidade Católica Boa Nova, fundada há 27 anos. A comunidade conta com 10 casas espalhadas em todo o Nordeste, sendo nove masculinas e uma feminina. No território da Arquidiocese de Natal, está situada em uma granja, entre os municípios de São José de
Mipibu e Monte Alegre. No território da Arquidiocese, o responsável pela comunidade é Antônio Steferson. De acordo com ele, o trabalho é desenvolvido em três linhas. “Trabalhamos com a dinâmica do trabalho, oração e convivência. Não somos uma clínica terapêutica. Somos uma comunidade familiar, que abre suas portas para oferecer um apoio para aqueles que, por alguma circunstância da vida, encontraram nas drogas ou no álcool a sua salvação e agora querem se reabilitar deste vício”, destaca.
Os acolhidos, como são chamados os que chegam à comunidade, passam por um ano de tratamento, de forma gratuita. Atualmente, a casa tem capacidade para acolher 20 internos. De acordo com Steferson, uma extensa programação é desenvolvida com eles. “Acreditamos que o trabalho digno ajuda o homem a crescer, de acordo com a condição física de cada um. O que é essa ocupação? Coisas da casa, como limpeza, horta, fábrica de vassouras, cozinha”, frisa. O responsável pela comunidade também explica que a oração é um ponto forte nas atividades junto aos acolhidos. Há nove anos, Cassiano Luiz da Silva se reabilitou do vício do álcool na Comunidade Boa Nova. Hoje, ele é um dos missionários da casa, que ajuda na reabilitação de outras pessoas. “O que mais me ajudou na reabilitação foi a oração, o trabalho e a vida fraterna. Decidi permanecer na comunidade, como um forma de agradecer por tudo aquilo que recebi. Me sinto feliz em poder ajudar outras pessoas”, enfatiza. Os atendimentos para aqueles que desejam ser acolhidos pela comunidade são feitos as quartas e quintas, na Paróquia de Santana e São Joaquim, em São José de Mipibu e as quintas, na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, em Parnamirim. Outras informações ligue: (84) 98698-5465.
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a ordem | Artigo
Teologia da
amizade
Numa publicação de um teólogo português, José Tolentino Mendonça, intitulada “Nenhum caminho será longo. Teologia da amizade”, vemos uma reflexão importante para a nossa experiência de fé. O autor expressa sua convicção de que na nossa relação com Deus podemos viver uma verdadeira amizade. Ela manifesta o que Deus mesmo faz em relação aos homens e às mulheres. Não é assim mesmo que vemos nas narrativas do Antigo Testamento? Deus é o amigo do ser humano ou o “amigo da vida” (Sb 11,26). A amizade expressa o caminho de Deus com o seu povo, com os personagens maiores, Abel, Noé, Abraão, Moisés... Enfim, na amizade se expressa justamente o conceito de misericórdia: Deus caminha ao nosso lado e para Ele nenhum caminho será longo, Ele sente alegria em estar conosco. Como diz o teólogo português: “Um amigo, por definição, é alguém que caminha a nosso lado, mesmo se separado por milhares de quilômetros ou por dezenas de anos. Um amigo reúne estas condições que parecem paradoxais: ele é ao mesmo tempo a pessoa a quem podemos contar tudo e é aquela junto de quem podemos estar longamente em silêncio, sem sentir por isso qualquer constrangimento. Temos certamente amigos dos dois tipos. Com alguns, a nossa amizade cimenta-se na capacidade de fazer circular o relato da vida, a partilha das pequenas
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Pe. Paulo Henrique da Silva Professor da Faculdade Dom Heitor Sales pepaulonatal@gmail.com
histórias, a nomeação verbal do lume que nos alumia. Com outros, a amizade é fundamentalmente uma grande disponibilidade para a escuta, como se aquilo que dizemos fosse sempre apenas a ponta visível de um maravilhoso mundo interior e escondido, que não serão as palavras a expressar”. Será que nossa relação acontece como amizade? O Concílio Vaticano II, na Constituição dogmática sobre a divina revelação Dei Verbum, afirma que Deus fala aos homens como amigos, para conviver com eles e admiti-los à sua comunhão (cf. DV 2). É uma amizade que conduz ao amor. Deus nos ama tanto que Ele se torna íntimo a nós, se torna nosso amigo. A partir da amizade de Deus para conosco, de nossa amizade com Deus, podemos construir a nossa amizade com os nossos semelhantes. “A amizade é a aceitação de que Deus nos visita através do que nos é próximo. Com os amigos construímos uma historia que é sagrada, mesmo se a nossos olhos parece apenas feita de coisas simples e muito humanas. Depende muito do que estamos dispostos a acolher quando acolhemos os outros” (José Tolentino Mendonça). Por fim, a amizade é um grande dom, cuidar dela é nossa resposta de aceitação amorosa e gratidão. Cuidemos dos nossos amigos, vejamos neles o reflexão da grande amizade que Deus tem para conosco.
Fotos: Rivaldo Jr.
a ordem | Espaço Infantil
Coralistas durante ensaio com a professora Catarina
Maria Júlia, coralista
Os Serafins: espaço de harmonia Maria Júlia de Oliveira Rêgo (07) tem um compromisso, todas as quartas-feiras, às 19 horas: participar dos ensaios do Coral Infantil, Os Sefarins, na Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório, em Mirassol, Natal. Ela participa do grupo desde o ano passado e diz que sempre gostou de cantar na Igreja. “Eu quis participar do Coral, porque meu dom é cantar”, conta. Junto com a família, Júlia frequenta a Paróquia de São Lucas, no Conjunto Amarante, em São Gonçalo do Amarante. “Eu canto na missa, na Igreja de São Lucas, nos domingos, à noite. Sou a única
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criança de lá que participa do grupo de canto”, diz. O que mais a atrai no Coral? Júlia afirma, de imediato: “a harmonia entre as crianças. Aqui, a gente se sente mais calma.” A coralista ainda destaca o que as professoras ensinam: os tons, os exercícios vocais e a letra das músicas. Quando crescer, Júlia quer ser cantora de músicas religiosas. Os Serafins O Coral Infantil, Os Serafins, surgiu em 2008, idealizado pelo paroquiano Sefarim Balduíno. Desde 2012, é dirigido pela professora do
Departamento de Música da UFRN, Catarina Shin Lima, auxiliada pela filha, Alba Lima. Nos ensaios, são trabalhadas músicas religiosas diversas e infantis. O grupo também anima, uma vez por mês, a missa dominical, às 11 horas, na Igreja de Santo Agostinho, no Conjunto dos Professores. Participam do Coral, crianças da faixa etária entre 6 e 14 anos. De acordo com a professora Catarina, para participar do grupo, basta procurá-la, por ocasião dos ensaios, que acontecem todas as quartas-feiras, às 19 horas, no Centro Pastoral da Paróquia de Santo Afonso.
CURTA E COMPARTILHE App ‘Detran RN’ O Departamento de Trânsito do Rio Grande do Norte (Detran) lançou uma ferramenta para smartphones que promete facilitar o acesso aos serviços oferecidos pelo órgão. O aplicativo pode ser baixado gratuitamente para os sistemas Android e IOS. De acordo com o órgão, o app ‘Detran RN’ possibilita que o usuário tenha acesso rápido às informações de veículos e de Carteiras de Habilitação.
Limpe o seu Whatsapp Apagar fotos inúteis no WhatsApp ficou muito mais simples com o Magic Cleaner for WhatsApp. O app, disponível para celulares com Android, escaneia o mensageiro no seu smartphone e descobre quais imagens estão na pasta “Lixo”, sem serem utilizadas. Com isso, mais espaço da memória interna do seu celular estará liberado para salvar novas fotos, apps e vídeos. Fonte: www.techtudo.com.br
Livros&Filmes LIVRO - O nome de Deus é misericórdia é um livro formidável, não só para os católicos, mas para todas as pessoas que ainda não perceberam como uma autêntica experiência de Deus pode transformar a vida das pessoas. O Papa Francisco responde às questões da entrevista, a partir de uma experiência pessoal com este amor transformador. Recomendo como uma leitura deleitável e reveladora do que o Papa quer para a Igreja e, por conseguinte, para um mundo que precisa redescobrir a beleza da Misericórdia de Deus. (Sugestão de: Pe. Matias Soares Pároco de São José de Mipibu) FILME - Um sonho possível um filme baseado numa história real, em que o amor desinteressado tem lugar, e que nos leva a refletir que, quando ajudamos ao próximo, o maior beneficiado somos nós mesmos. O enredo conta a história de uma família rica que abriga um garoto negro e pobre e isso desencadeia reações diversas na sociedade local. (Sugestão de: Cristiane Vilar, contabilista, Natal)
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Rivaldo Júnior
Galeria Jubileu dos Diáconos
Cacilda Medeiros
Diáconos, da Celebração do Jubileu dos 12 de junho, dia tal, Na de Arquidiocese a de Cássia, na no Santuário de Santa Rit cidade de Santa Cruz
Jubileu dos Sacerdotes
Rivaldo Júnior
Celebração do Jubileu dos Sacerdotes, realizada dia 3 de junho, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, na Catedral Metropolitana de Natal
Missa Aparecida
emérito de Natal; Dom Matias Patrício, arcebispo Mossoró; Irmão Dom Mariano Manzana, bispo de recida (SP); Apa João Batista Viveiros, CSsR, de al; Dom Nat de o Dom Jaime Vieira, arcebisp Heitor Sales, Dom e ó; Caic de o Antônio Carlos, bisp ocasião da missa arcebispo emérito de Natal, por recida, celebrada em honra de Nossa Senhora Apa litana ropo Met dia 5 de junho, na Catedral
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Espiritualidade | a ordem
Coluna da Misericórdia Rev. Pe. Rodson Ricardo S. Nascimento Igreja Anglicana revrodson@hotmail.com
Espiritualidade
ecumênica
As palavras “católico” e “ecumênico” possuem, essencialmente, o mesmo significado. Nos primeiros séculos a Igreja era “ecumênica” ou “universal” porque se difundia por toda a terra habitada e não se restringia a um lugar ou pensamento particular. É possível encontrar isto nas catequeses de São Cirilo de Jerusalém, do século IV. Por isto, os seus Concílios são, portanto, representativos de toda a cristandade e suas decisões têm validade para as Igrejas em todo o mundo. Infelizmente, a História do cristianismo é a história de suas divisões. Decorridos dois milênios, e após tantas divisões, a “unidade visível” da Igreja precisa ser restabelecida. Este foi o desejo de Cristo (Cf. Jo 17. 9,11) e esta é a tarefa do moderno movimento ecumênico. O ecumenismo não deseja uniformizar as igrejas. Mas sim, reconciliar, redescobrir a unidade que já existe entre elas. Lembrar que antes de sermos católicos, luteranos, anglicanos, ortodoxos, pentecostais, somos cristãos. A espiritualidade ecumênica é a maneira pela qual os cristãos buscam aprofundar sua experiência com Deus e a Igreja. Embora haja diferenças entre os cristãos sobre uma série de questões doutrinárias, é relativamente fácil mostrar que há um “núcleo comum de crenças e atitudes”, por trás das diferentes expressões de cristianismo. Elas estão expressas nos credos, aceitos como declarações de fé por todas as principais igrejas cristãs. A espiritualidade ecumênica pressupõe que a origem das separações e contendas é a nossa falta de amor. Requer uma atitude orante e também uma atitude de diálogo que brota da convicção de unidade espiritual já existente entre aqueles que creem em Jesus Cristo. Assim, a leitura da bíblia, a realização da vida em comum, o estudo sério das outras tradições, são caminhos para uma verdadeira unidade cristã. Há somente uma Igreja cristã. Nas palavras de Santo Inácio de Antioquia: ubi Christus, in ecclesia (“onde Cristo está, aí também se encontra a sua igreja”). A unidade da Igreja é um fator espiritual. A fonte da espiritualidade ecumênica é vida trinitária. É o amor do Pai que permite ao Filho nos dar o Espírito da Unidade. O Espírito Santo é o “Senhor doador da vida”, que com o Pai e o Filho é adorado e glorificado e com eles se faz “comunidade de amor” (pericorese). O ecumenismo espiritual é, assim, uma oração constante: Vinde, Espírito Santo. Amém.
Caríssimos irmãos e irmãs, A nossa Arquidiocese preparou um calendário com as principais celebrações e atividades para o Ano Santo da Misericórdia, em nossa Igreja particular. No calendário que foi apresentado no final do ano passado, os eventos foram distribuídos entre a Catedral, os vários santuários e a Igreja Matriz de Sant’Ana, locais que têm a Porta Santa para a peregrinação dos fiéis. Para este mês de julho, o calendário marca o Jubileu das Juventudes, a ser celebrado no dia 31 na cidade de Santana do Matos. Será uma grande oportunidade para os jovens viverem a experiência de um dia todo dedicado à Peregrinação, à confissão, ao louvor a Jesus Misericordioso, a passagem na Porta Santa e, especialmente, a serem jovens evangelizando outros jovens. Porém, além dos eventos celebrativos, é importante que tenhamos também a disposição de marcar este ano em nossa igreja arquidiocesana com disposições interiores vinculadas às obras de misericórdia, tanto corporais quanto espirituais. Os párocos e responsáveis pelos Movimentos e Pastorais Diocesanas são chamados a exercerem a criatividade e organizar atividades relativas a cada sinal específico, sem sobrecarregar a agenda de nossas paróquias, aproveitando as atividades já existentes no calendário anual de nossas comunidades, dando a elas uma ênfase jubilar. É interessante também que cada paróquia organize durante o Ano Santo uma peregrinação à Porta da Misericórdia nos locais designados pelo nosso Arcebispo. Esta será uma grande oportunidade para a paróquia celebrar a sua unidade e buscar viver o dom da misericórdia em suas relações, tornando todos os paroquianos “Misericordiosos como o Pai”, conforme o lema do Ano Santo. Comissão Arquidiocesana do Ano Jubilar da Misericórdia Junho de 2016 | 35
a ordem | Viver
Por Adriano Cruz
Diversão sobre rodas
A música eletrônica dá o ritmo das patinadas, dezenas de pessoas ocupam o Presépio de Natal, todas as noites, na Avenida Prudente de Morais. Abandonado pelo poder público, o espaço projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado há dez anos, foi reocupado por patinadores e outros esportistas. Para quem nunca subiu nas rodinhas é possível ter aulas, comprar ou alugar os patins. Além de divertida, a prática produz bem estar e benefícios à saúde. A patinação atrai profissionais como o natalense Anderson Dantas, que já representou o RN em competições internacionais. Ele dá dicas para quem desejar começar os primeiros passos no esporte. A primeira delas é a escolha de patins confortáveis e de deslize suave. Além do uso de equipamentos de proteção, como munhequeiras, joelheiras, cotove36 | Junho de 2016
leiras e capacete. Segundo o esportista, a patinação melhora o sistema cardiorrespiratório, tonifica as pernas, o abdômen os glúteos. E o melhor: queima de 800 a 1000 calorias por hora de patinação. O médico Sérgio Maurício aconselha fortalecer a musculatura com exercícios anaeróbicos, musculação ou pilates, duas vezes por semana. Esse complemento evita sobrecarga nas articulações. O empresário Thiago Moreno segue a risca essa recomendação. Ele conta que viu uma foto de um adulto com patins em uma revista. Adepto da prática na infância, ele lembrou da alegria que as manobras proporcionavam. Mas a decisão para retornar só aconteceu dois anos depois, quando a prefeitura, interditou a Avenida Via Costeira aos domingos para incentivar os esportes. “Tive alivio do stress, perda de peso e melhoria da resistência cardiorrespiratória. Também é uma atividade que me proporciona um grande número de amizades”, disse.
Liturgia daPalavra
| a ordem
Pe. Valtair Lira Lucas Pároco da Paróquia de São Camilo de Léllis – Lagoa Nova - Natal padrevaltair@hotmail.com
Sacramento da Unção dos enfermos É impressionante a atenção que Jesus Cristo tinha para com os doentes, quaisquer que fossem. Os Evangelhos nos apresentam, a cada passo, Jesus atencioso com o enfermo, restituindo-lhes a saúde e aproveitando a ocasião para evangelizar os próprios doentes e as pessoas presentes. Esse carinho para com os doentes, Jesus o transmite aos Apóstolos, à Igreja; e deixa na sua Igreja um sacramento especial para atender aos doentes: a Unção dos Enfermos. Embora sem ainda ter o nome de “sacramento”, a Unção dos Enfermos era praticada já nos tempos de Jesus e dos Apóstolos, pois lemos em Mc 6,13 que os Apóstolos ungiam os enfermos. E em Tg 5,14 está muito claramente indicada a prática da Unção dos Enfermos: “Algum de vocês está doente? Chame os presbíteros da Igreja a fim de rezarem sobre ele depois de o terem ungido com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o aliviará. Se ele cometeu pecados, estes lhes serão perdoados”. A constituição apostólica Sacram unctionem infirmorum, de 30 de novembro de 1972, seguindo o Concílio Vaticano II, estabeleceu que doravante, no rito romano, se observe o seguinte: “O Sacramento da Unção dos Enfermos é conferido às pessoas acometidas de doenças perigosas, ungindo-as na fronte e nas mãos com óleo devidamente consagrado – óleo de oliveira ou outro óleo extraído de plantas -, dizendo uma só vez: “por esta
santa unção e por sua piíssima misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo, para que, liberto de teus pecados, Ele te salve e, em sua bondade, alivie teus sofrimentos”. Ainda, no Catecismo da Igreja Católica, encontramos: “A Unção dos Enfermos não é um sacramento só daqueles que se encontram às portas da morte. Portanto, tempo oportuno para receber a Unção dos Enfermos é certamente o momento em que o fiel começa a correr perigo de morte por motivo de doença, debilitação física ou velhice. Se um enfermo que recebeu a Unção dos Enfermos recobrar a saúde, pode, em caso de recair em doença grave, receber de novo este sacramento. No decorrer da mesma enfermidade, este sacramento pode ser reiterado se a doença se agravar. Permite-se receber a Unção dos Enfermos antes de uma cirurgia de alto risco. O mesmo vale também para as pessoas de idade avançada, cuja fragilidade se acentua”. (CIC 1514) A Unção dos enfermos tem, pois, como efeitos: dar a graça, a força, para enfrentar de maneira cristã a doença, amenizando, assim, a dor, pela fé. Oferece a possibilidade da reconciliação pelo perdão dos pecados que o doente não possa confessar. Alguma cura oferece também; se não a cura total (que às vezes pode acontecer), pelo menos o alívio, pois tranquilizando o espírito, essa tranquilidade passa também para o psíquico, para todo o corpo.
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a ordem | Notas
Cacilda Medeiros
ECAN oferece Curso de Fotografia
No curso, os alunos aprenderão técnicas básicas de fotografia
A Escola de Comunicação da Arquidiocese de Natal (ECAN) oferecerá o Curso “Fotografia, uma arte da além da selfie”, ministrado pelo fotógrafo Brunno Antunes, dia 9 de julho, das 8 às 17 horas, no Centro Pastoral Dom Heitor Sales, na Cidade Alta. Na ocasião, serão trabalhados temas como composição fotográfica, profundidade de campo, regra dos terços, enquadramento, fotometria, tipos e funções de câmeras. Os interessados em participar do curso, podem obter mais informações com o Setor de Comunicação da Arquidiocese de Natal, pelo telefone (84) 3615-2800, ou através do e-mail: pascom@arquidiocesedenatal.org.br.
Padres e diáconos em retiro
Juventude viverá Jubileu
Padres da Arquidiocese de Natal participam de retiro espiritual anual, de 4 a 8 de julho, no Centro de Espiritualidade Uirapuru, em Fortaleza (CE). O pregador será o Frei Rogério Lima, OCarm, do Convento do Carmo, em Recife (PE). Já, no período de 29 a 31 de julho, será a vez dos diáconos participarem de retiro. Será no Convento dos Franciscanos, em Lagoa Seca (PB), e o pregador será o Padre Dalmário Barbalho, assistente eclesiástico das Comunidades de Vida e Aliança e da Renovação Carismática. Todos os padres e diáconos devem participar, pelo menos, uma vez ao ano, de um retiro anual, conforme o cânon 276, do Código de Direito Canônico.
Jovens de toda a Arquidiocese de Natal se dirigirão a Santana do Matos, no final de julho. Será o Jubileu da Juventude, dentro da programação do Ano da Misericórdia. No dia 30, à noite, vai acontecer uma vigília de oração, reunindo jovens de paróquias do 5º zonal e integrantes do Setor Arquidiocesano de Juventude. No dia 31, pela manhã, farão visitas às famílias. À tarde, serão acolhidas caravanas de jovens, de todas as paróquias, no Ginásio de Esportes do município. De lá, após participarem de palestras e de momentos de animação, os jovens seguirão para a Igreja Matriz de Santana, onde passarão pela porta santa e participarão da missa.
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