A Ordem
Fundação Paz na Terra Ano LXV - Nº 14 Natal-RN / Junho de 2017 / R$ 7,00
diálogo Diálogo
ajuda pessoas a humanizar relações SOCIAL
Caminhada da Solidariedade acontece dia 03 de setembro
VIVER
Feiras orgânicas estão em expansão na capital potiguar
testemunho
Monsenhor Luiz Lucena completa 90 anos
a ordem | Assunto
2 | Junho de 2017
Outubro de 2016 | 3
a ordem | Editorial
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ARTIGO
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EM AÇÃO
Doação de sangue
Os “óculos” adequados
A sociedade é composta por homens e mulheres, crentes e ateus, cristãos ou não, dotados da capacidade de se comunicar. Cada homem e cada mulher, ser social em constante relação com os demais, necessita não só transmitir e partilhar ideias e conhecimentos, mas também obter retorno a respeito do conteúdo transmitido. Mas a comunicação autêntica é a que estabelece diálogo com o receptor a respeito do conteúdo partilhado. Papa Francisco, na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado dia 28 de maio, afirmou que “A esperança é a mais humilde das virtudes, porque permanece escondida nas pregas da vida, mas é semelhante ao fermento que faz levedar toda a massa”. É preciso, pois, depositar nesta esperança escondida “nas pregas da vida” a possibilidade de criar uma cultura dialógica na sociedade, capaz de desinstalar cada pessoa e fazê-la ir ao encontro do outro. Para estabelecer essa cultura dialógica, a criatura precisa olhar a sociedade com os “óculos” adequados. E Francisco pergunta, na mensagem já referida: “Então, qual poderia ser o ponto de partida bom para ler a realidade com os «óculos» certos?” Você deve usar os “óculos” adequados para enxergar na sociedade a capacidade de estabelecer diálogos.
Expediente
Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689
Conselho curador: Pe. Charles Dickson Macena Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra Conselho editorial: Pe. Paulo Henrique da Silva Pe. Júlio César Souza Cavalcante Luiza Gualberto Adriano Charles Cruz, OFS Hevérton Freitas Josineide Oliveira Cione Cruz Vicente Neto Edição e Redação: Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) Luiza Gualberto (DRT-RN 1752)
4 | Junho de 2017
Grupo auxilia pessoas que vivem a depressão
22 paróquias
Conheça as comunidades paroquiais de São Paulo do Potengi e Parque dos Coqueiros
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RELACIOnamento
Namoro é tempo de crescimento a dois
30 PARA CONHECER
Nesta edição, vamos levá-lo ao São João de Campina Grande
FOTO DA CAPA: Rivaldo Jr. Revisão: Milton Dantas (LP 3.501/RN) Colaboradores: José Bezerra (DRT-RN 1210) Adriano Cruz (DRT-RN 1184) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal Projeto e diagramação: Terceirize Editora (84) 3211-5075 www.terceirize.com
Comercial: RN Editora Idalécio Rêgo (84) 98889-4001 Impressão: Unigráfica - (84) 3272-2751 Tiragem: 1.000 exemplares Assinaturas: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 - Tirol - Natal/RN - (84) 3615.2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br
| a ordem
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a ordem | Palavra da Igreja
Comunicar esperança e confiança “Comunicar esperança e confiança no nosso tempo” é o título da mensagem do Papa Francisco para o 51º Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado no dia 28 de maio. O texto, como define o próprio Papa, é um encorajamento a todos os que trabalham neste campo para que comuniquem de modo construtivo, isto é, rejeitando preconceitos e promovendo uma cultura do encontro. O protagonista da notícia, escreve Francisco, não pode ser o mal - que nos leva à apatia, ao desespero e a anestesiar a consciência –, mas a solução aos problemas, com um estilo comunicador aberto e criativo. A realidade não tem um significado unívoco, afirma o Papa: tudo depende do olhar com que a enxergamos, dos “óculos” que decidimos pôr para ver: mudando as lentes, também a realidade aparece diferente. Portanto, o ponto de partida bom para ler a realidade é a Boa Notícia por excelência, ou seja, o Evangelho de Jesus Cristo. “Esta boa notícia, que é o próprio Jesus, não se diz boa porque nela não se encontra sofrimento, mas porque o próprio sofrimento é vivido num quadro mais amplo, como parte integrante do seu amor ao Pai e à humanidade. Em Cristo, Deus fez-Se solidário com toda a situação humana, revelando-nos que não estamos sozinhos, porque
Papa francisco Chefe de Estado do Vaticano
temos um Pai que nunca pode esquecer os seus filhos.”, explica Francisco. “Visto sob esta luz, acrescenta o Pontífice, qualquer novo drama que aconteça na história do mundo torna-se cenário possível também duma boa notícia, uma vez que o amor consegue sempre encontrar o caminho da proximidade e suscitar corações capazes de se comover, rostos capazes de não se abater, mãos prontas a construir.” A esperança fundada na boa notícia que é Jesus, afirma ainda o Papa, nos faz erguer os olhos e contemplá-Lo no quadro litúrgico da Festa da Ascensão. “Aparentemente, o Senhor afasta-Se de nós, quando na realidade são os horizontes da esperança que se alargam.” Para Francisco, esta esperança não pode deixar de moldar também o nosso modo de comunicar, com a persuasão de que é possível enxergar e iluminar a boa notícia presente na realidade de cada história e no rosto de cada pessoa. “A esperança é a mais humilde das virtudes, porque permanece escondida nas pregas da vida, mas é semelhante ao fermento que faz levedar toda a massa.” Quem se deixa conduzir pela Boa Notícia no meio do drama da história, conclui o Pontífice, torna-se farol na escuridão deste mundo, ilumina a rota e abre novas sendas de confiança e esperança. Fonte: Portal da Rádio Vaticano
6 | Junho de 2017
A voz do pastor | a ordem
Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal
Eucaristia, Pão doado para a nossa vida
Queridos irmãos e irmãs! Neste mês de junho a Igreja celebrará a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, mais conhecida como “Corpus Christi”. Além do significado histórico desta festa, ela nasceu no século XIII, inicialmente na Bélgica e depois passou para toda a Igreja temos, no relato do martirio do século XVII, nas nossas terras potiguares, o testemunho do Beato Mateus Moreira, que exclamou na hora de sua morte: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”. A festa lembra, em primeiro lugar, aquela quinta-feira santa em que Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão e deu graças, deu a seus discípulos, e o mesmo fez com o cálice com vinho e disse: “isto é meu corpo... este é o cálice do meu sangue”. A Eucaristia significa o ato de doação, de entrega que o Filho de Deus feito homem, faz de sua vida. O seu Corpo é entregue, o seu sangue é derramado por todos. Na festa de Corpus Christi a Igreja tem mais uma oportunidade de agradecer a Jesus por Ele ser o Redentor, o que resgata a nossa vida do pecado e da morte. Ação de graças este é o nome da Eucaristia. Mas, outro aspecto importante da festa do Corpo e Sangue de Cristo é a proximidade com o Tempo Pascal. Embora já estejamos no Tempo Comum a proximidade com o tempo Pascal nos leva a refletir sobre o significado da festa com a festa das festas: a Páscoa da Ressurreição. É Jesus ressuscitado, glorioso que nós adoramos no mistério da Eucaristia. E mais, o Corpo e Sangue de Cristo se tornam presentes no altar graças à ação do Espírito Santo, que há pouco celebramos em Pentecostes. Quero frisar este ponto importante e imprescindível da fé da Igreja. E o faço lembrando um mo-
mento da Celebração Eucarística em que fazemos a invocação do Espírito Santo. Esta invocação, chamada de “Epiclese”, acontece duas vezes na missa. Primeiro, quando os dons do pão e do vinho são apresentados no ofertório, após o canto do Sanctus, o presidente da celebração invoca o Espírito Santo: Santificai, pois, estas oferendas, derramando sobre elas o vosso Espírito, a fim de que se tornem para nós o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso (MISSAL ROMANO. Oração Eucarística II). A Igreja suplica o dom do Espírito Santo, Ele mesmo, para que realize para nós aquela transformação, aquele milagre de amor, não uma coisa absurda, não algo que destrói a natureza, mas o acontecimento que marca a humanidade fazendo dela uma unidade: pão e carne, vinho e sangue. A transubstanciação, isto é, a transformação do pão no Corpo e do vinho no Sangue de Cristo é para nós o gesto de ternura do Filho de Deus que assim quis continuar presente na nossa história. Mas, outra invocação do Espírito Santo, dentro da celebração Eucarística, chama a atenção para aquilo que a Eucaristia realiza em nossa vida de comunidade: “...concedei que, alimentando-nos com o Corpo e o Sangue do vosso Filho, sejamos repletos do Espírito Santo e nos tornemos em Cristo um só corpo e um só espírito” (Oração eucarística III). A Eucaristia nos une, faz de nós um só corpo, Cristo como Cabeça e nós os seus membros. É preciso que toda a Igreja reconheça que a Eucaristia não é uma prática de devoção privada, mas a celebração da comunhão com Cristo e com os irmãos e irmãs. Celebrar a festa de Corpus Christi é celebrar a comunhão, a unidade e a fraternidade que o Filho de Deus, por meio do Espírito Santo, realiza para nós, segundo a vontade amorosa de Deus Pai.
EDUCAÇÃO INFANTIL | FUNDAMENTAL I | FUNDAMENTAL II | ENSINO MÉDIO
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Rua Brasília, 712 - Alecrim - Natal/RN - (84) 3222-3539 | 3221-6033 contato@institutoreismagos.com.br / www.institutoreismagos.com.br Junho de 2017 | 7
Foto: Rivaldo Jr.
a ordem | Entrevista
Monsenhor Lucena: 90 anos de uma vida dedicada ao serviรงo
8 | Junho de 2017
Entrevista | a ordem
Nascido no dia 05 de junho de 1927, na cidade paraibana de Pirpirituba, o monsenhor Luiz Lucena Dias celebra 90 anos, com disposição e muitas histórias para contar. Filho do casal Eustáquio Dias Fernandes e Noêmia de Lucena Dias, o sacerdote exerceu seu ministério em algumas comunidades, mas, foi em João Câmara que sua atuação foi mais duradoura. Ele passou 48 anos à frente da comunidade paroquial, onde realizou diversas ações, tendo o social como destaque. Hoje, como pároco emérito, ele continua atuante, contribuindo com as atividades paroquiais. Além do sacerdócio, Mons. Lucena destina sua vida para cuidar do sítio, onde ele reside atualmente. Lá, ele coleciona diversas espécies de plantas e árvores, além de cuidar de uma criação de abelhas, entre outros animais. Nesta entrevista, ela conta suas experiências de vida, como o despertar para a vocação sacerdotal.
Que recordações o senhor tem da sua juventude? Quando tinha menos de sete anos, comecei a ajudar na missa, na minha comunidade. Naquela época, a missa era toda em latim, então aprendi logo. Com sete anos, fiz a Primeira Eucaristia. Depois, continuei ajudando o padre da minha comunidade. Isso foi uma caminhada. Quando viemos morar em Natal, fiquei auxiliando nas missas na Igreja do Bom Jesus, na Ribeira. Meu pai resolveu voltar para a Paraíba e eu fiquei aqui para ingressar no Seminário de São Pedro. O que motivou a sua escolha pelo sacerdócio? O contato com os padres e o auxílio na missa foram degraus importante para o despertar da minha vocação sacerdotal. Estudei durante seis anos em Natal e depois fui para o Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde permaneci por mais seis anos. Voltei para Natal para me ordenar, no ano de 1955, e como padre novo, fui para Ceará-Mirim. De Ceará-Mirim, fui para São Rafael e depois Taipu e Touros. Além dessas comunidades, também assumi a Paróquia de João Câmara. Juntan-
do as três cidades, eram mais de 150 capelas que eu tinha que dar assistência. Passei três anos prestando serviço nas três comunidades e depois fiquei só em João Câmara, onde passei 48 anos. Além de sacerdote, o senhor também foi professor e gestor de uma escola. Como foi atuar neste segmento? Quando chegamos aqui, não tinha curso ginasial na cidade. Os alunos terminavam o primário e ficavam sem estudar. Eu fui visitar o grupo escolar na época e quando cheguei lá, perguntei aos alunos: quem iria continuar a estudar? De 58 alunos, 53 disseram que iriam parar os estudos, por falta de condições de se deslocar até uma cidade que oferecesse a escolaridade mais avançada. Então, isso fez com que eu agendasse uma reunião com algumas pessoas para pensar a criação de um curso ginasial em João Câmara. Alguns me disseram que não seria possível, porque era uma promessa que os políticos faziam e não cumpriam. Eu logo disse que não era político e nem estava em campanha política. Na época, contei muito
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a ordem | Entrevista Serviço fotográfico do Vaticano
Monsenhor lucena em visita ao papa joão paulo II, no ano 2000
com o apoio do juiz de direito Amaro Marinho. Também foi questionado o local que abrigaria esta modalidade de ensino e eu disse que até debaixo de um cajueiro a escola iria funcionar. O mais viável seria criar através da Secretaria de Comércio, porque era o mais fácil. Conseguimos realizar este sonho e fundamos a Escola Comercial de João Câmara. Fui ao departamento de educação local pedir que me ajudassem e cedessem o espaço do grupo escolar, na parte da noite, que estava ocioso, para que o ginasial pudesse funcionar. Depois, começamos a erguer o nosso próprio prédio e no dia 20 de agosto de 1959 ele começou a funcionar de forma oficial. Começamos com uma sala e depois expandimos para um total de 12. Chegamos a contar com 1.100 alunos. Nossa escola era particular, mas tivemos uma parceria com a Campanha Nacional de Escolas Comunitárias (CNEC), trazida por Dom Eugênio, que funcionou por um tempo. Quando eu entreguei a Paróquia, a administração da escola passou para um grupo de Natal, que alugou o espaço. Na escola, eu lecionei francês e literatura. Durante o exercício do seu sacerdócio, o senhor teve a oportunidade de estar com o Papa, hoje São João Paulo II. Como foi esta experiência?
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Eu nunca tinha estado com o Papa e tive a oportunidade de conhecê-lo na beatificação dos mártires de Cunhaú e Uruaçu, no ano de 2000. Trinta padres iriam concelebrar com ele, junto com três bispos. O monsenhor Assis, que na época era o responsável pela causa da beatificação, recebeu a incumbência de indicar um padre daqui, então, ele me indicou. Tive a oportunidade de concelebrar com ele e depois também pude conversar com o Santo Padre. Foi um momento muito importante e significativo na minha vida de sacerdote. Após se tornar pároco emérito, o senhor decidiu sair da casa paroquial e vir morar em um sítio. O que motivou o senhor a tomar esta decisão? Eu já tinha esse sítio e decidi vir morar aqui pela questão da tranquilidade. No dia 15 de fevereiro de 2006 vim pra cá. Aqui tenho meus animais. Tenho o contato com a natureza. Tenho uma infinidade de espécies de plantas e árvores. Por exemplo, tenho uma tamareira, muito cultivada no norte da África. Quando cheguei aqui, com pouco tempo, começou a aparecer abelhas e as pessoas geralmente tocavam fogo. Eu fiz uma campanha para não fazerem isso, não matarem as abelhas. Eu comecei a fazer caixas para que elas pudessem fabricar o mel. Quando a gente sabia de alguém que tinha encontrado uma abelha, ia buscar e colocava na caixa. Cheguei a ter 48 colmeias, mas por conta da seca, ficamos somente com oito. Criamos aqui a associação de apicultores, que já contou com aproximadamente 50 membros. Hoje são poucos. Nos juntávamos para retirar o mel já tiveram dias em que chegamos a coletar cerca de 635 litros de mel. O que significa celebrar 90 anos? Não esperava chegar a esta idade. Completar 90 anos significa uma graça de Deus. Sou grato por tudo o que ele tem realizado em minha vida. Toda a minha vida, dediquei para o serviço. Então, só me resta, hoje, agradecer por tudo que vivi e por tudo que Deus me proporcionou.
Homenagens | a ordem
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Papa Francisco: “o diálogo permite conhecer e entender as recíprocas necessidades”
Foto: Serviço Fotográfico do Vaticano
a ordem | Capa
Dialogar ajuda as pessoas a humanizar as relações
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Capa | a ordem Por Cacilda Medeiros Nos tempos atuais, há constantes apelos de paz por parte das pessoas, em todo o mundo. E para que haja paz, o primeiro passo é o diálogo, em todas as instâncias da sociedade. “Uma das grandes preocupações da modernidade é com a necessidade do diálogo. Ele só acontece se houver possibilidades de encontro das pessoas. Como ser social, a pessoa humana não pode viver sem dialogar, ou seja, sem partilhar a palavra, a razão, a ideia e, desta forma, expressar-se. O diálogo é o meio pelo qual as pessoas partilham a própria vida,” destaca o Padre Matias Soares, do clero da Arquidiocese de Natal, residente em Roma. O Papa Francisco tem aproveitado as oportunidades de encontros com líderes, autoridades e fiéis de um modo geral, para falar sobre o diálogo como promotor da paz. Em março deste ano, no Vaticano, ele se encontrou com cerca de 400 integrantes do movimento italiano ‘Telefone Amigo Itália’. Na ocasião, ele enfatizou a necessidade do diálogo e da escuta. “As grandes cidades, apesar de serem superpovoadas, são emblema de um gênero de vida pouco humano à qual os indivíduos estão se acostumando: indiferença generalizada, comunicação cada vez mais virtual e menos pessoal, falta de valores sólidos sobre os quais se baseiam a existência, cultura do ter e do aparecer. Neste contexto, é indispensável promover o diálogo e a escuta”. Neste sentido, do cuidado com o individualismo, o Padre Matias Soares ressalta: “Dizem que a era atual é o tempo dos indivíduos. Se perdeu o senso de comunidade efetiva e afetiva. As relações humanas tornaram-se líquidas, volúveis, superficiais e passageiras. Há dificuldades para dialogar até nas famílias. Sem o diálogo, não contemplamos a face
do outro, não reconhecemos o outro; não nos reconhecemos; não nos identificamos. O Papa Francisco ensina que não podemos ser muros; mas, pontes. E isso só conseguiremos se formos capazes de perceber a beleza e a necessidade do diálogo, para a nossa vida e para a sociedade.” De acordo com matéria publicada no Portal da Rádio Vaticano, na conversa com os integrantes do movimento ‘Telefone Amigo Itália’, o Santo Padre também ressaltou o diálogo como expressão de caridade: “O diálogo permite conhecer e entender as recíprocas necessidades. Primeiro, demostra um grande respeito, porque coloca as pessoas em um comportamento de abertura recíproca, para receber os aspectos melhores do interlocutor. Além disso, o diálogo é expressão de caridade, porque, mesmo não ignorando as diferenças, pode ajudar a buscar e compartilhar caminhos em busca do bem comum”. Diálogo, escuta e paciência Para Francisco, há uma condição para o diálogo acontecer de verdade: a capacidade de escutar. “Ouvir o outro requer paciência e atenção. Somente quem sabe se calar sabe escutar: escutar Deus, escutar o irmão e a irmã que precisam de ajuda, escutar um amigo, um membro da família”, afirmou. Segundo ele, o próprio Deus é o melhor exemplo de escuta: “cada vez que rezamos, Ele nos ouve, sem pedir nada e até mesmo nos precede e toma a iniciativa em atender os nossos pedidos de ajuda. A atitude de escuta, da qual Deus é o modelo, exorta-nos a derrubar os muros dos mal-entendidos, a criar pontes de comunicação, superando o isolamento e o fechamento no nosso mundo pequeno”.
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a ordem | Capa Marcelo Barroso
Ação da Rede “Eu sou do Amor”, no Hospital João Machado
Paz entre as religiões Em seu pontificado, Francisco tem se esforçado para dialogar com as outras religiões. Ultimamente, no final do mês de abril, ele visitou o Egito e chegou ao País, fazendo a saudação “Al Salamò Alaikum”, que significa “A paz esteja convosco”. De acordo com matéria publicada, dia 29 de abril, no Portal da Rádio Vaticano, a visita foi breve, mas intensa, e
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que alcançou três objetivos: incrementar o diálogo interreligioso, avançar na relação ecumênica e encorajar a comunidade católica local. “De fato, a dimensão interreligiosa talvez tenha sobressaído levemente em relação às demais, justamente porque o Egito ocupa uma posição estratégica no cenário médio-oriental para a promoção da paz”, destaca a matéria.
O diálogo e a família Através do diálogo, pais e filhos se conhecem melhor, conhecem, sobretudo, suas respectivas opiniões e sua capacidade de verbalizar sentimentos. “O diálogo por si só é fator importante para que a vida conjugal e familiar possa crescer em harmonia. É através do diálogo que conseguimos exercitar a fraternidade, o perdão, a solidariedade, a oração, entre outros”, comenta Rosângela Ferreira, da coordenação da Pastoral Familiar, na Arquidiocese de Natal. Ela alerta também que, se não houve diálogo na família, consequentemente, faltará uma formação religiosa, a escuta de um conselho. “Nos dias de hoje, apesar de tantas provações, dificuldades e feridas, não podemos esquecer, como família - santuário de vida, a nossa capacidade de conversar e de administrar os conflitos com misericórdia. Mais do que nunca é necessário ver o diálogo como caminho para a união, o entendimento e o fortalecimento do amor”, destacou. E acrescentou: “acreditamos que a prática diária, o que não é fácil, devido a tantos encontros e desencontros, do exercício da partilha e do diálogo, pode sim tornar uma família feliz e, assim, ela viver bem com ela mesma, com Deus e com a sociedade.”
Capa | a ordem
Diálogo que gera amor Em junho de 2015, a jornalista natalense Glácia Marillac lançou um livro de poemas, intitulado “O amor é… 108 poemas para simplificar a vida”. Ela recebeu um desafio dos diretores da escola onde a filha estuda, para escrever um livro de poesias que abordasse o amor. A partir desse desafio, escreveu esse livro que, segundo ela, destaca o amor expresso nos valores, na infância, na arte, na aprendizagem, na natureza e na transcendência das pessoas. Inspirada no livro, a jornalista idealizou a rede “Eu sou do Amor, e você?”, cujo lançamento oficial aconteceu no último dia 17 de maio. Atualmente, a rede já conta com mais de 500 pessoas, de diver-
sos credos religiosos e segmentos sociais, cuja intenção é fazer o bem, indistintivamente, através da realização de ações sociais. “Queremos reunir em uma mesma plataforma, as pessoas que fazem o bem em favor da humanidade,” conta. Algumas ações pontuais já foram feitas pela rede, como a pintura, em grafite, em um espaço do Hospital Psiquiátrico João Machado, em Natal. Outra ação também foi realizada em uma creche, na cidade de Macaíba, onde um grupo da rede fez limpeza, pintou e grafitou uma parede com mensagens de amor. “A ideia surgiu na sexta-feira e amanheceremos no grupo. Na segunda-feira seguinte, que era segunda de
Carnaval, já estávamos fazendo o trabalho, na creche”, conta Glácia, animada. Agora, a pretensão é fazer um mapeamento das várias instituições que realizam ações sociais, em Natal. E, a partir daí, vão definir as atividades. “Uma das atividades previstas é a criação de uma Agência de Comunicação do Amor, cuja finalidade é produzir e veicular conteúdo que trata do amor, da esperança...”, comenta a idealizadora da rede. As pessoas interessadas em integrar a Rede “Eu sou do Amor”, podem entrar em contato pelo telefone (84) 99942-9020. A coordenação também pretende lançar contas nas redes sociais, um aplicativo e um site, para disseminar o projeto. Cacilda Medeiros
Jornalista Glácia Marillac apresentou a Rede “Eu sou do Amor” ao Arcebispo, Dom Jaime
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a ordem | Artigo
Doação de sangue “Pois a vida da carne está no sangue, E Eu o dei a vocês para fazerem propiciação por vocês mesmos no altar; é o SANGUE que faz propiciação pela vida” Levítico 17:11 Se existe uma ação que pode nos aproximar diretamente do maior ato de testemunho do amor de Jesus por nós, acredito que essa seria a doação de sangue. Dar uma parte vital do corpo para a manutenção da vida de outro ser, literalmente, nos coloca ao lado de Deus. Quando pensamos na doação voluntária, aquela realizada espontaneamente, baseada no puro e exclusivo desejo em ajudar o próximo, sem olhar a quem será beneficiado, podendo ser o mais rico comerciante ou o mais simples dos mendigos; percebemos que não estamos diante de apenas mais um ato de compromisso social e de respeito para com a sociedade na qual vivemos, mas sim praticando e vivendo nossas vidas conforme as palavras Dele. A maior dificuldade para todo banco de sangue é conseguir atingir as metas de captação de doadores com regularidade ao longo de todo o ano. Somente o fluxo contínuo de doadores garante estoque mínimo para o atendimento de todos os pacientes que requerem sangue para sobreviver. Temos a falsa impressão de que a maioria dos casos de transfusão está associada aos acidentes de trânsito, à vio-
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Rodrigo Villar de Freitas Hematologista Diretor Geral do Hemocentro do RN
lência urbana, aos mais variados tipos de traumas. Entretanto, os maiores consumidores de nossas reservas são os pacientes internados com as mais diversas patologias. São os idosos, os pacientes oncológicos, as grandes cirurgias, os transplantes, aqueles em unidades de terapia intensiva, só para citarmos alguns exemplos. Para alcançarmos esse objetivo é necessária a educação. Levar informação, conhecimento para todos os lados. Transmitir essa mensagem para todos aqueles que estão ao nosso alcance. Crianças e adolescentes devem aprender desde cedo sobre a responsabilidade em se tornarem doadores de sangue, órgãos ou tecidos. Dessa maneira, formam-se adultos mais cientes de suas responsabilidades como cidadãos. Quem escolhe ser doador assume um compromisso com seu corpo. Quem escolhe ser doador assume seu papel como Filho de Deus. Se por algum motivo exista impedimento para sua doação, seu trabalho muda, mas não diminui em importância: ser um divulgador da causa, um agente transformador e multiplicador, espalhando essa mensagem de amor e bondade, garantindo Vida para tantos que aguardam por esse gesto tão sublime.
Assunto | a ordem
Maio de 2017 | 17
a ordem | Em ação
Centro de Valorização da Vida
auxilia pessoas que vivem a depressão Por adriano cruz A funcionária pública Regina Ramos sentia a necessidade de ser voluntária em alguma atividade. Há oito anos, ela encontrou o Centro de Valorização da Vida (CVV), que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem conversar. O serviço funciona 24 horas por dia pelo telefone 141, por e-mail, chat ou Skype. O sigilo total é um dos princípios do grupo. Regina afirma que essa experiência de ouvir, trouxe um maior autoconhecimento e autoaceitação para ela. Outra que se encantou com o trabalho da escuta atenta foi a jornalista Andreia Brenha. Voluntária desde 2013, a jornalista explica que o atendimento se dá por meio de plantões. Os voluntários doam, em média, quatro horas semanais para ouvir as pessoas. A maior parte do atendimento se dá por telefone. “Eu acolho aquelas pessoas que ligam principalmente no intuito de compreendê-las, o que elas estão sentindo naquele momento”, conta. A jornalista se tornou uma pessoa mais empática e capaz de ouvir. “E tudo isso, acabo levando para minhas relações pessoais”, disse. E em tempo do perigoso jogo da Baleia Azul, que impõe uma série de desafios aos seguidores que vai das mutilações até o suicídio, os atendimentos aumentam, segundo o coordenador do CVV, em Natal, Izaias Bezerra.
18 | Junho de 2017
Arquivo do CVV
grupo de voluntários do cvv
“Notamos que o caso da Baleia Azul e da série 13 Reasons Why (veiculada pela Netflix) proporcionaram uma discussão mais fluida em relação ao suicídio e, isso também, oportuniza que mais pessoas tomem conhecimento da existência de serviços como o do CVV”, disse. Todos os anos, o Centro promove uma capacitação onde seleciona os novos voluntários. O próprio coordenador fez essa experiência há mais de dez anos e afirma que esse serviço é um aprendizado constante. “Aprendi a respeitar as pessoas como elas são, a compreender melhor cada situação de vida, a aceitar de maneira incondicional que somos cheios de falhas, mas também de virtudes e que cada um de nós é que conhece os desdobramentos que passamos”, disse.
Visita | a ordem
Cardeais visitam
Cunhaú e Uruaçu a ele que a grandeza dos nossos Mártires é exatamente porque eram pessoas comuns, do meio do povo. Desde que conheci a história dos Protomártires do Brasil, fiquei encantado com a simplicidade deles”, disse. “O primeiro sangue cristão que regou o solo brasileiro, em nome da fé, foi o dessas pessoas, aqui, no Rio Grande do Norte”, destacou. Segundo Dom Cláudio Hummes, a canonização dos mártires potiguares será uma grande graça para a Igreja Católica, no Brasil. Os Mártires serão canonizados pelo Papa Francisco, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, dia 15 de outubro deste ano. O Arcebispo de Natal, Dom Jaime, já fez o convite a Dom Cláudio Hummes para presidir a celebração em ação de graças, que acontecerá na Arquidiocese de Natal, no dia 28 de outubro. Rivaldo Júnior
Os cardeais Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, e Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida (SP), na companhia do Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, visitaram o Monumento dos Mártires, na comunidade de Uruaçu, em São Gonçalo do Amarante, dia 18 de maio, e a capela de Nossa Senhora das Candeias, em Cunhaú, Canguaretama, na manhã do dia 19. Nos dois locais houve celebração de missa. Em 2016, Dom Cláudio Hummes apresentou o pedido da canonização dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu – os protomártires do Brasil – ao Papa Francisco. Durante a homilia da missa, em Uruaçu, o cardeal enfatizou que os mártires de Cunhaú e Uruaçu eram pessoas simples. “Na audiência que tive com o Papa Francisco, eu disse
Da esq.: Dom Damasceno, Dom Cláudio e Dom Jaime, em Uruaçu
Em Cunhaú, a missa foi presidida por Dom Raymundo Damasceno
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Auritur: viaje com a gente Quem somos Trabalhando como Consultora de Viagens desde 1999 Aurilene Freire inaugura em 2011 a Auritur Viagens e Turismo. Motivada e muito feliz Aurilene tem paixão pelo trabalho que realiza e zela pela credibilidade conquistada pela marca Auritur, reconhecida, cada vez mais, como sinônimo de atendimento de excelência. Consultoria Em tempos de acesso à informação cada vez mais facilitado pela internet, nunca foi tão fácil viajar. Mas, nem sempre, a facilidade de aquisição de passagens aéreas e opções hospedagem por conta própria se refletem em serviços prestados com qualidade e
segurança. Assim, para quem deseja a garantia de uma viagem sem transtornos, oferecemos serviços de consultoria prestados por profissionais com ampla experiência em turismo. Se você não deseja correr riscos e está em busca de serviços confiáveis, procure um agente de viagens na Auritur. Teremos prazer em ajudá-lo com informações claras e soluções na medida certa para tornar a sua viagem inesquecível. Serviços oferecidos Pacotes turísticos nacionais e internacionais | Cruzeiros marítimos | Aluguel de automóveis no Brasil e no exterior | Entrega de passagens em domicílio | Assessoria para retirada de visto americano Seguro de viagem
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De 06 a 10 de dezembro de 2017 V Passagem aérea Natal/Buenos Aires/Natal V 4 noites de hospedagem no hotel Claridge, com café da manhã V Traslado de chegada e saída V City tour V Show de tango, com traslado e jantar V Seguro viagem
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Assunto | a ordem
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a ordem | Paróquias
Santo Antônio de Pádua,
padroeiro do Parque dos Coqueiros Neste mês de junho, a Igreja celebra alguns santos que estão relacionados com a cultura popular, entre eles, Santo Antônio de Pádua, que é padroeiro da paróquia situada no conjunto Parque dos Coqueiros. Criada no dia 18 de outubro de 1997, pelo arcebispo metropolitano da época, Dom Heitor Sales, a comunidade foi crescendo junto com o conjunto habitacional, que na década de 80, quando foi fundado, contava com 2.088 casas, ocupando uma área de 100 hectares. Hoje, o conjunto conta com uma população de aproximadamente 20 mil habitantes e a paróquia está dividida em seis comunidades de atuação. A comunidade tem como pároco, o pa-
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dre Marcelo Coutinho. Segundo o sacerdote, antes de se tornar paróquia, já existiam celebrações naquela região. “A Paróquia surgiu como fruto do trabalho de evangelização do padre Tiago Theisen, que tanto atuou aqui na zona norte de Natal. Segundo relatos da população mais antiga, a comunidade paroquial foi evoluindo junto com o conjunto. No início, as celebrações era feitam nas casas de alguns moradores e depois passou para um galpão, que mais a frente se transformou na Igreja matriz”, conta. O diácono Severino Faustino, que atua na comunidade mesmo antes da criação da paróquia, diz que foi enviado pelo Pe. Tiago para desenvolver um
trabalho pastoral junto aos moradores da região. “Eu era catequista na Paróquia de Santa Maria Mãe e o padre Tiago me enviou aqui para o Parque dos Coqueiros para auxiliar nos trabalhos pastorais. Lembro bem das celebrações no antigo galpão. Era tudo muito simples. Inclusive, na época, o altar era feito com tronco de conqueiros com duas tábuas”, recorda. No próximo mês de outubro, a Paróquia comemora 20 anos de criação e a paróquia já se prepara para celebrar este momento junto à comunidade. Será realizado um tríduo festivo, no período de 18 a 20 de outubro, além de outras atividades que serão divulgadas em breve.
Vida Pastoral A Paróquia de Santo Antônio de Pádua tem uma vida pastoral movimentada, o que dá dinâmica aos trabalhos da comunidade. Atualmente, são mais de 30 grupos na paróquia, que estão inseridos nas comunidades de São Paulo Apóstolo, São João Batista, Santa Clara, São Bartolomeu, São Tomé, além da matriz. De acordo com o pároco, a paróquia também tem uma forte atuação no campo social, contando com diversos trabalhos neste sentido. “Entre esses grupos, posso destacar o Movimento Religioso Esperança e Paz, que trabalha com jovens em situação de vulnerabilidade social.
Esta iniciativa, implantada aqui em nossa comunidade pela Paróquia de Santa Teresinha, no Tirol, trabalha com aproximadamente 100 jovens que vivem nesta realidade, proporcionando atividades que possam resgatá-los destas situações de risco, como drogas, por exemplo. Além disso, temos o trabalho desenvolvido pela pastoral social, pastoral da criança e pastoral familiar. A vida paroquial é bem movimentada e os grupos são muito atuantes. Outro exemplo é a pastoral da catequese. Hoje, a paróquia conta com a colaboração de aproximadamente 150 catequistas, o que é muito bom para a nossa comunidade”, enfatiza.
Festa do padroeiro No conjunto Parque dos Coqueiros, Santo Antônio será festejado no período de 01 a 13 de junho. Neste ano, de forma pioneira, a paróquia vai realizar a trezena, ao invés do novenário, como era feito anteriormente. O tema de reflexão dos festejos é “Santo Antônio nos apresenta à Virgem Maria, vida, doçura e esperança nossa”. A programação vai contar com diversas atividades, entre elas, missas, recitação do terço e ofícios, confissões. No dia 11 de junho, às 10h, haverá
missa solene, presidida pelo padre Flávio Herculano, vigário episcopal urbano e coordenador arquidiocesano de pastoral e às 16h, acontece procissão e missa. No dia 13, encerramento dos festejos, será celebrada a tradicional missa dos devotos, que já acontece todos os meses, às 19h30, na matriz, presidida pelo padre Robson Nascimento, responsável pela Área Pastoral da Imaculada Conceição, no conjunto Aliança. Após a celebração, haverá a bênção dos pães de Santo Antônio.
Fotos: Rivaldo Júnior
Paróquias | a ordem
Pe. Marcelo Coutinho, pároco
ENDEREÇO Av. Tomaz Landim, S/N – conjunto Parque dos Coqueiros – Natal/RN CONTATOS: (84) 3615-2881 MISSAS Sábados: após a recitação do Ofício de Nossa Senhora, que acontece às 06h Domingos: 07h/ 19h SAIBA MAIS Pascom Santo Antonio de Padua
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Paulo Araújo
a ordem | Paróquias
Marco de ações sociais da Igreja
na Região do Potengi Criada em 30 de novembro de 1943 e instalada em 5 de dezembro do mesmo ano, a Paróquia de São Paulo Apóstolo, com sede em São Paulo do Potengi, guarda a memória de várias ações sociais da Igreja Católica, como a organização de grupos das Escolas Radiofônicas, a atuação da Juventude Agrária Católica (JAC), construção do hospital e maternidade, centros sociais e clubes de mães. A paróquia, desmembrada de São Gonçalo do Amarante e Macaíba, foi criada um mês
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antes da emancipação do município de São Paulo do Potengi que, na época, compreendia um vasto território geográfico. Tempos depois, foram criados os municípios de Riachuelo, Santa Maria e São Pedro, sendo emancipados de São Paulo do Potengi. Estes três municípios também são, hoje, paróquias, desmembradas da de São Paulo. Atualmente, a paróquia de São Paulo Apóstolo é composta pelos municípios de São Paulo do Potengi e de Lagoa de Velhos.
O profeta das águas A história da Paróquia de São Paulo Apóstolo se confunde com a do Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros, que ficou conhecido como o “profeta das águas”, devido sua luta pelas adutoras, a fim de amenizar a grave situação dos municípios que sofriam com o problema do abastecimento de água. Monsenhor Expedito ficou à frente da Paróquia, desde sua criação, em 1943, até o ano 2000, quando faleceu, no mês de janeiro. Quem o sucedeu e ainda está no governo da paróquia é o Padre
Severino dos Ramos Vicente, atualmente também na função de Vigário Episcopal Sul. De acordo com Padre Ramos, a história de São Paulo do Potengi é marcada por várias ações sociais, coordenadas pelo Monsenhor Expedito. “A partir do Concílio Vaticano II, ele organizou uma paróquia muito popular, com forte protagonismo dos leigos, com a atuação das Comunidades Eclesiais de Base e muitas ações sociais. Era uma paróquia-modelo, com o rosto do Concílio Vaticano II”, comenta Padre Ramos.
Vida pastoral De acordo com o Padre Ramos, atualmente, a Paróquia conta a ação de mais de 15 de grupos de pastorais e movimentos. “Posso definir a Paróquia de São Paulo Apóstolo, hoje, como uma paróquia que cresce pastoralmente e tem forte atuação da juventude na catequese e na evangelização, de um modo geral. Acredito que mais de 50% das atividades, na paróquia, são desenvolvidas pelos jovens”, destaca o pároco.
Cacilda Medeiros
Paróquias | a ordem
Pe. Ramos Vicente, pároco
Endereço: Rua Dom Marcolino, 318 - Centro São Paulo do Potengi/RN CEP: 59460-000 CONTATOS: (84) 3251-2236 paroquiasaopaulospp@hotmail.com Horários de missa: Igreja Matriz: Sábado – 19h Domingo – 7h30 e 17h30 Igreja de Nossa Senhora da Conceição (Lagoa de Velhos): Domingo – 19h30 SAIBA MAIS paroquiasaopaulospp paroquiasaopaulo Paróquia São Paulo Apóstolo
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Júnior Barreto
a ordem | Relacionamento
Namoro
Talita e Leandro Medeiros
é tempo para crescimento a dois
Por Luiza Gualberto
No próximo dia 12 de junho, muitos casais irão celebrar o amor, comemorando o Dia dos Namorados. Bombons, flores, chocolates, jantar romântico, entre outras coisas, fazem parte das comemorações deste dia, mas, na verdade, namorar alguém, vai muito além da celebração deste dia. Com frequência, em algumas catequeses na praça São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco tem a oportunidade de falar aos casais. Segundo
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as colocações de Francisco, atualmente, os casais não querem mais relacionamentos sérios, diante do medo do “para sempre”. “O namoro é um percurso de vida que deve amadurecer, como a fruta. É um caminho de amadurecimento no amor até que se torne matrimônio, com etapas que não devem ser ‘queimadas’ porque o processo de amadurecimento deve ser feito passo a passo”, enfatiza o pontífice.
Relacionamento | a ordem
Com a evolução do relacionamento, a possibilidade de dividir a vida a dois se torna uma constante na vida do casal. Talita e Leandro Medeiros são noivos e estão se preparando para receber o sacramento do matrimônio em 2018. Segundo Talita Medeiros, em meados de 2014, ela conheceu Leandro em uma espetaria, tendo como elo um amigo dela e “primo-irmão” dele. “Lá, surgiu uma afinidade inexplicável, que se perdurou por mais de seis meses, nos quais nos falávamos todos os dias e contávamos sobre as nossas atividades diárias, nossos planos e anseios, mas, de uma forma leve e despretensiosa. Até que veio o primeiro beijo, meio sem querer querendo, e nesse momento percebemos que o que nos unia ultrapassava uma simples amizade”, conta. Talita e Leandro começaram a namorar no dia 16 de janeiro de 2015. “Sempre muito autênticos, amigos, a nossa cumplicidade e o respeito um pelo outro, cresciam a cada dia; o nosso amor e o nosso companheirismo passaram a ser perceptíveis e sentidos por aqueles que nos rodeavam. Os amigos logo iniciaram a torcida pelo casamento”, diz. “Mês a mês, tentávamos construir uma relação firme nos pilares do amor, do respeito, da amizade e da fé, reconhecendo nossas fraquezas e valorizando nossas virtudes, sempre zelando um pelo outro. Veio, então, o chamado de Deus para formarmos nossa família, uma família que será iniciada por mim, por ele e por minha Lorena, minha filha”, acrescentou Talita. Talita e Leandro dizem que hoje estão vivendo juntos a fase da organização do casamento. “São expectativas que depositamos na noite mais importante das nossas vidas enquanto casal; sonhos para a vida inteira, afinal, será o dia no qual nos transformaremos em unidade diante de Deus e da sociedade. E o que esperamos após essa noite? Apenas continuar a construir a nossa história, sempre pautada na cumplicidade, respeito, amor e na fé em Deus”, ressaltam.
Arquivo pessoal
Namoro que leva ao matrimônio
Janyara Lima e Vinicius Jales
O namoro na vida de recém-casados Casados há um ano e meio, Janyara Lima e Vinicius Jales vivem as descobertas da vida a dois e a importância do namoro nesta fase do relacionamento. Segundo Janyara, a história dos dois começou em 2003, quando se conheceram e faziam parte de uma banda católica de Natal. “A música foi o nosso primeiro elo. Vinicius tocava guitarra e eu era vocalista. Construímos uma amizade sincera e verdadeira ao longo de sete anos, até que em 2010, a amizade se transformou em amor, e resolvemos nos abrir para esta nova relação. No início, tentei evitar e o medo quis me impedir de enxergar Vinicius como um futuro namorado. Como se tratava de alguém muito especial, um amigo, confidente, em que eu contava sempre para todas as ocasiões, rezei muito e pedi a Deus uma confirmação de que valeria à pena investir naquele momento. Foi o que aconteceu”, conta.
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a ordem | Relacionamento “Nos conhecemos a partir de um chamado que Deus fez, na época, para servirmos através da música, mas hoje entendo que foi apenas uma forma que Ele encontrou de nos unir”, acrescenta Janyara. Após 4 anos e seis meses de namoro, eles ficaram noivos. No dia 26 de dezembro de 2015, Janyara e Vinicius se casaram e hoje continuam atuando juntos, através do ministério de
música do qual fazem parte, além de participar de pastorais e movimentos na Paróquia de São Pedro, no bairro do Alecrim, em Natal. “A importância do namoro nessa fase do relacionamento, como recém-casados, é de extrema importância, pois o que construímos ao longo dos anos de namoro, reflete diretamente na nossa postura dentro de casa e no nosso relacionamento. Procuramos sempre
regar esse amor, demonstrando afeto, carinho e atenção, um para com o outro, não deixando passar nenhuma oportunidade de demonstrar este sentimento. A chama do amor precisa ser acesa todos os dias e a responsabilidade é de cada um. Hoje somos casados, mas costumamos dizer que seremos, para sempre, aquele casal de namorados que resolveu dar o sim, um ao outro, de coração”, reforça o casal.
Casamento: namoro que deu certo Casados há 57 anos, Rivaldo (86) e Teresinha Pereira (78), aposentados, tem histórias de vida a dois para contar e ensinamentos para dividir com os jovens casais. A história dos dois começou em 1958, quando se conheceram e começaram a namorar. “Teresinha era amiga da minha irmã. Eu sofri um acidente de trabalho e minha irmã chamou Teresinha para me visitar no hospital. Quando olhei pra ela não desgrudei mais. Procurei logo o pai dela para autorizar nosso namoro e, a partir daí, foi pouco tempo para a gente se casar”, conta Rivaldo. Eles casaram no dia 25 de setembro de 1960 e de lá pra cá construíram um relacionamento, alicerçado no amor, diálogo e na partilha de vida, atitudes que eles procuram exercer até hoje, um para com o outro. Como frutos do matrimônio, vieram seis filhos: Giselda, Rizete, Rivanaldo, Risélia, Risonete e Rivaldo Jr. Após este período de relacionamento, Rivaldo e Teresinha contam o segredo da vida a dois: “O segredo para estarmos juntos até hoje é viver em harmonia. Muitos 28 | Junho de 2017
Cedida
Rivaldo e Teresinha Pereira, casados há 57 anos
casais hoje se unem, pensando em caso o relacionamento não der certo, separar. Não podemos pensar desta forma. A vida a dois tem suas dificuldades, mas o segredo está em viver esta harmonia, seja a dois, com seus filhos, com sua família, além de ter muita confiança, um no outro. A gente nunca se separou. O diálogo também contribui muito. Hoje a gente vê muitos casais que se esquecem de dialogar, de conversar um com o outro. Não existe relacionamento sem diálogo”, enfatizam. Para os jovens casais, Teresinha dá o conselho: “Procurem respeitar
um ao outro. A juventude de hoje tem que entender que é preciso se casar por amor e não por amizade ou por conveniência. O casal tem que compreender que a vida a dois é baseada na parceria, no diálogo, na paciência. Não podemos levar tudo a sério. Podemos ter nossas diferenças, mas é preciso entender o momento de ceder também, de calar, de refletir e não agir por impulso. Relacionamento é compromisso de vida, um para com o outro. O que eu poderia dizer aos jovens casais é que se amem, acima de tudo, porque onde existe amor, existe união”.
Personalidade | a ordem
Por Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo de Natal
exemplo de fé, dedicação e lealdade à Igreja
Teresinha de Jesus Almeida Vilar de Melo completaria 90 anos de vida, se estivesse viva, dia 16 de junho. Nascida em 16 de junho de 1927, na cidade de Alexandria, na região oeste potiguar, Teresinha Vilar, como era conhecida, faleceu dia 14 de maio de 2003. Ainda adolescente, passou a residir em Natal. E, aos 17 anos, já era engajada nos trabalhos da Igreja. Formou-se em Serviço Social e, depois, se tornou professora, nessa área, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Segundo relatos da família, em uma época, na juventude, Teresinha pensou em entrar para um convento e ser freira. Foi um desejo que não se concretizou, mas, mesmo como leiga, era uma pessoa dedicada à causa do Reino de Deus. Teresinha atuou diretamente na Arquidiocese de Natal, na função de secretária do arcebispado, nos governos de Dom Nivaldo Monte, Dom Alair Fernandes Vilar e Dom Heitor de Araújo Sales, cargo que ocupou com grande zelo e dedicação. Ela se destacava
pela articulação junto aos padres. Podemos dizer que a vida da Igreja, na Arquidiocese de Natal, passava pela sua articulação. Nessa função, ajudou também na organização do 11º Congresso Eucarístico Nacional, sediado em Natal, no ano de 1991. No encerramento do encontro, teve a honra de receber a Eucaristia das mãos do Papa João Paulo II, hoje São João Paulo II. Outro aspecto importante de sua vida, foi, de modo eloquente, o seu testemunho de fé. No ano de 1952 participou, com outras jovens, da criação da Juventude Feminina Católica Brasileira de Natal que tinha por finalidade dilatar e consolidar o reinado de
Arquivo da família
Teresinha Vilar:
Nosso Senhor Jesus Cristo pela formação apostólica de seus membros e pela ação social no âmbito arquidiocesano. Com esse trabalho, ajudou a consolidar a presença da Igreja Católica nas periferias de Natal, através dos centros sociais, especialmente nas décadas de 50 e 60. Já aposentada, foi acometida de um câncer no pulmão, que levou-a a morte. Segundo sua irmã, Regina Vilar, que a acompanhava às sessões de quimioterapia, Teresinha encarou o tratamento com muita resignação e oferecia todo o sofrimento a Deus. Agradecemos a Deus, pelo seu exemplo de fé, dedicação e lealdade à Igreja.
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a ordem | Para conhecer
Divulgação
Turismo & Cultura
São João de Campina Grande Por Márcia Marques
Quem gosta da festa mais popular e tradicional do Nordeste não pode deixar de conhecer O Maior e Melhor São João do Mundo, em Campina Grande (PB). A festa dura 31 dias e reúne, todos os anos, milhões de pessoas, atraindo turistas de todo Brasil e do mundo. A festa central acontece no Parque do Povo que, com toda estrutura montada, oferece 43 mil metros quadrados de pura festança. O Maior São João do Mundo já está na sua 31ª edição e tenta manter as raízes da cultura popular ao mesmo tempo que oferece o novo. Do forró pé-de-serra ao forró comercial, dos ambientes rústicos à tecnologia, das comidas típicas da
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região aos restaurantes especializados, do palco com grandes shows às palhoças, lugar para quem deseja apenas dançar agarradinho. No Parque do Povo o visitante encontra não só diversidade da comida e a boa música. Uma das belezas da festa é cidade cenográfica que remonta a Campina grande dos séculos passados, numa reprodução fiel de prédios históricos e a primeira Vila, que deu início à cidade no século XVIII. Uma festa democrática, gratuita e que é o maior símbolo do orgulho de ser campinense. De 02 de junho a 02 de julho, a gente se encontra em Campina Grande.
Espiritualidade | a ordem
Pe. José Freitas Campos Pároco da Paróquia de São Sebastião - Alecrim
As Festas Juninas no Catolicismo Popular
Os portugueses trouxeram as festas juninas para o Brasil, no século XVI. Desde então elas foram assimiladas e sofreram diversas adaptações num processo contínuo de inculturação, de acordo com as diversidades regionais do nosso país. Hoje, algumas delas estão dissociadas dos ritos católicos. Outras pertencem ao rico folclore brasileiro e fazem parte das datas comemorativas nacionais, sobretudo nas regiões norte e nordeste do Brasil. Nestas festas, mesmo as de cunho religioso podemos incluir o aspecto social das mesmas onde se fazem presentes comidas típicas, brincadeiras, músicas e danças tradicionais. Os santos do ciclo junino Santo Antônio (dia 13), São João (dia 24), São Pedro e São Paulo (dia 29), marcam o calendário do catolicismo popular. Conforme orientações da Igreja “os santos devem ser cultuados na Igreja, de acordo com a tradição, pois as festas dos santos juninos pregam as maravilhas de Cristo operadas em seus servos e mostram os exemplos a serem seguidos”. Santo Antônio é considerado o Santo casamenteiro. São João Batista inclui-se nessas comemorações juninas e sua festa é conhecida e apreciada pelo povo. São Pedro é um homem do povo. Um homem simples, que não estudou. Um pescador no lago de Tiberíades, Galileia. A ele é dado reconhecer que esse Jesus a quem ele segue, é realmente o Filho de Deus. A paixão pelo mar supera qualquer trauma sofrido pelos destemidos pescadores; por isso se sentem protegidos por São Pedro – padroeiro, padrinho e protetor.
Direito Canônico Por Diác. Francisco Teixeira - Assessor jurídico da Arquidiocese de Natal Entidades sem fins lucrativos e o gozo das imunidades Os requisitos para o gozo da imunidade a que as entidades sem fins lucrativos têm direito, hão de estar previstos em lei complementar (LC).” Por maioria, esse foi o entendimento do Supremo Tribunal Federal ao julgar quatro ações diretas de inconstitucionalidade que questionavam a necessidade de LC para definir a isenção tributária de entidades beneficentes. As ADIs 2.028, 2.036, 2.228 e 2.621 questionavam artigos da Lei 9.732/1998 e também dispositivos que modificaram e regulamentaram a Lei 8.212/1991. Essas mudanças na segunda norma instituíram novas regras para o enquadramento das entidades beneficentes para isenção de contribuições previdenciárias. A discussão era relativa à possibilidade de lei ordinária tratar de requisitos definidos em lei complementar quando à imunidade. O julgamento foi concluído no último dia 23 de fevereiro, mas a proclamação do resultado, segundo o STF, foi adiada por causa da complexidade dos posicionamentos apresentados. Agora há uma uniformização do entendimento quanto as imunidades tributárias aplicadas ao Terceiro Setor. Isso porque, passou-se a exigir os mesmos requisitos para o obter as imunidades definidas pelo artigo 150, VI, “c” e 195, § 7°, da Constituição Federal. Com isso, o STF afastou a exigência dos requisitos contidos na Lei 12.101/09 – Lei do Cebas, esclarecendo que o artigo 14 do Código Tributário Nacional é competente para regular as limitações ao poder de tributar. Mesmo assim, não basta tal decisão para que uma entidade sem fins lucrativos deixe simplesmente de pagar as contribuições sociais. É preciso que essas entidades busquem o judiciário para terem reconhecida a sua imunidade tributária referente a cota patronal.
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a ordem | Viver
Feiras orgânicas
continuam em expansão na capital potiguar Por Cione Cruz Os alimentos orgânicos estão ganhando espaços nas prateleiras dos supermercados e no próprio desenho das cidades brasileiras, que estão dividindo seus espaços com as feiras livres tradicionais e as feirinhas orgânicas, opção para quem busca alimentos sem agrotóxicos e mais sustentáveis. Em Natal, as “feirinhas orgânicas” estão espalhadas pelos quatro cantos, seja nos bairros chamados nobres e até nos bairros mais afastados, alguns ainda funcionando timidamente e outros já consolidados, como a da Engenheiro Roberto Freire, próximo ao Praia Shopping. Segundo o site Organicsnet, projeto da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), em matéria divulgada em 2016, “o mercado brasileiro de alimentos orgânicos está crescendo a taxas invejáveis, que passam de 20% ao ano”. O projeto Organics Brasil afirma que as taxas de crescimento registradas globalmente nos últimos períodos são bem menores. Ficaram entre 5% e 11%, mostram dados da consultoria Organics Monitor. O que significa que o ritmo de crescimento no Brasil dobrou. 32 | Junho de 2017
Oferecer ao consumidor produtos 100% orgânicos, sem agrotóxicos, adubos químicos ou reguladores de crescimento, é a proposta das feirinhas. A maioria dessas feiras já tem seus clientes fiéis, como a Horta Viva, que mantém uma banca nas terças e sábados no parque das Dunas e nas quintas-feiras no pátio do TRT (Tribunal Regional do Trabalho (em frente à Ceasa). Segundo Márcio Sena, responsável pela venda desses produtos nesses locais, o mercado de orgânicos em Natal cresceu muito nos últimos anos. Ele credita parte desse crescimento à mídia, que tem abordado o tema frequentemente. “A cada dia aumenta mais o número de pessoas preocupadas com a alimentação”, justificou. Além da preocupação com a saúde e a qualidade de vida, o consumo de orgânicos beneficia também o meio ambiente e o futuro das próximas gerações, diz Márcio, que faz questão de informar que a Horta Viva é propriedade de seu irmão, Marcos Sena, que há 22 anos tem plantação de orgânicos no município de Nísia Floresta, numa área de 20 hectares.
Cione Cruz
central de comercialização da agricultura familiar e economia solidária
Central de Abastecimento Comercializar produtos oriundos da agricultura familiar é a proposta da Central de Comercialização da Agricultura Familiar e Economia Solidária (CECAF), que funciona há quase dois meses na esquina da Avenida Capitão Mor Gouveia com a Jaguarari (próximo à Ceasa), comercializando produtos sem agrotóxicos e orgânicos. Segundo Ruberlândio Franco, coordenador administrativo da CECAF, nessa feira não são comercializados produtos exclusivamente orgânicos, como pensam alguns consumidores. Ele afirma que são produtos dos agricultores vinculados à Cooperativa Central de Agricultura Familiar, mas não são comercializados somente frutas e verdadeiras, como também o artesanato produzido por essas famílias. “São dois grupos complementares”, frisou. Lucilene Soares, presidente da Associação dos Produtores Orgânicos de Ceará-Mirim, responsável pelo Box 14 na CECAF, lamenta que a procura por orgânicos tenha
diminuído nas últimas semanas. “Foi melhor logo que abriu a feira, mas quando começaram a cobrar estacionamento, diminuiu muito”, afirmou. Mas ela reconhece que o interesse por orgânicos, em outras feiras onde mantém banca (ao lado da faculdade Estácio, na Engenheiro Roberto Freire, e na praça das Flores), continua o mesmo. Já tem sua clientela garantida. O agricultor Francisco Jalmir da Silva, que também tem um box na CECAF, vende produtos como jerimum, melancia, batata doce, macaxeira e verduras em geral, “todos orgânicos”, garante. Ele faz parte da Associação de Pequenos Agricultores de Ceará-Mirim e diz estar satisfeito com a demanda nessa feira, aberta de segunda a sábado, no horário das 6 às 14h. Além desses espaços, outros estão sendo ocupados pelas pequenas feiras orgânicas em Natal, muitas das quais funcionando em instituições que são cedidas para essa parcela de pequenos agricultores Junho de 2017 | 33
Caminhada da Solidariedade acontece dia 03 de setembro No próximo dia 03 de setembro, a Arquidiocese de Natal, por meio do Vicariato Episcopal para as Instituições Sociais vai realizar a 3ª edição da Caminhada da Solidariedade. Neste ano, os recursos arrecadados com a vendas das camisetas, serão destinados para os trabalhos desenvolvidos com dependentes químicos, além de crianças e jovens, como a Comunidade Boa Nova, em São José de Mipibu e a Casa do Menor Trabalhador, que entre outros projetos, trabalha com cursos profissionalizantes, que inserem esses jovens no mercado de trabalho. O lançamento oficial da caminhada aconteceu no último dia 11 de maio, no auditório da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), que contou com a participação do clero da Arquidiocese, agentes de pastorais, autoridades, além de representantes de instituições sociais. Na oportunidade, foi divulgada a programação do evento, no dia 03 de setembro, que terá início às 07h, com celebração eucarística, no Santuário dos Már-
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lançamento da caminhada da solidariedade, no dia 11 de maio
tires de Cunhaú e Uruaçu, situado no bairro Nazaré, em Natal, presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha. Logo após, os participantes seguirão em caminhada, com destino à Catedral Metropolitana. A camiseta já está à venda e pode ser adquirida ao preço de R$ 25 reais, nas paróquias da Arquidiocese ou no subsolo da Catedral Metropolitana. Outras informações acesse: www.caminhadadasolidariedade.org.br.
Objetivos O objetivo da caminhada é fortalecer o trabalho das instituições. A atividade reuniu mais de 7 mil pessoas nos dois anos de realização. Em sua primeira edição, a caminhada favoreceu sete abrigos de idosos e na segunda edição, foram beneficiadas pastorais e serviços vinculados ao Vicariato.
Cacilda Medeiros
a ordem | Solidariedade
Marco Referencial da Ação Pastoral Arquidiocesana 2016-2019
O projeto da Paróquia do
Assunto | a ordem
Pe. Tomás Silveira Neto Pároco da Paróquia do Beato Mateus Moreira – Cidade Verde
Beato Mateus Moreira A estrutura paroquial é frequentemente observada sob dois modelos: o Piramidal e o Rede de comunidades. O primeiro (Piramidal), centraliza a organização e a ação pastoral da paróquia na matriz e em um número reduzido de lideranças, que pode se limitar ao padre ou à equipe comandada pelo padre. Nesse modelo, as comunidades são periféricas, porque são vistas como anexos do centro (matriz), e os fiéis são conduzidos a colaborar (não a participar) no trabalho dirigido pelo padre ou pela sua equipe. O segundo modelo (Rede de comunidades), dinamiza a vida paroquial por meio da organização de cada comunidade, incluindo a comunidade–matriz, e da participação de todos em um projeto pastoral pensado e planejado pelos que compõem as diferentes comunidades. O modelo piramidal tem como palavras–chave a centralização e a colaboração (as pessoas não participam, mas colaboram no trabalho idealizado por outros); o modelo rede de comunidades tem como elementos–chave a comunhão e a participação. A Paróquia Beato Mateus Moreira, do III Zonal da Arquidiocese de Natal, orienta–se pelo modelo Rede de Comunidades e se inspira em dois símbolos na realização da sua atividade pastoral e missionária, a saber: a mística da mesa e a espiritualidade da semente. Inspirada na experiência dos primeiros cristãos, a Paróquia Beato Mateus Moreira opta pelo modelo Rede de comunidades porque acredita que é o que mais se aproxima do ideal trinitário de comunhão e de participação. No modelo Rede de comunidades tudo é dividido e descentralizado. Todos compartilham dos mesmos desafios, necessidades, inquieta-
ções, sonhos e alegrias. As pessoas participam do trabalho que é idealizado por elas mesmas. Cultiva–se e prioriza–se o espírito de equipe. Na Paróquia Rede de comunidades as coisas não aparecem prontas. Elas são esboçadas e amadurecidas paulatinamente e realizadas em conjunto. É fundamental a escuta, o diálogo e a troca de pontos de vista e de experiências. As pessoas aprendem umas com as outras. Comunhão e participação são os sentimentos que regulam a ação das pessoas e o coração dos vários espaços paroquiais. Para as culturas por nós conhecidas e para as pessoas que compartilham suas vidas a mesa é lugar de encontro, de partilha, de trabalho, de celebração, de festa, de comunhão e de amizade. Por isso, a mesa se tornou um símbolo relevante e precioso na vida da nossa paróquia. É nessa perspectiva que entendemos a mística da mesa. Nossa paróquia está dividida em quatro comunidades (Nossa Senhora de Nazaré, Santa Teresinha, Nossa Senhora de Fátima e Jesus Menino) e cada comunidade divide–se em quatro quadras (Q1, Q2, Q3 e Q4). Por sua vez, cada quadra tem suas pastorais, serviços, grupos e movimentos. Pensamos nessa subdivisão para facilitar e promover a participação do maior número possível de pessoas, e tudo acontece em forma de rodízio. Por exemplo, a vida litúrgica da nossa paróquiwa organiza–se em quatro momentos celebrativos: sábado à noite, domingo pela manhã, domingo à tarde e domingo à noite. Cada um desses momentos é assumido por uma comunidade e cada quadra dessa comunidade assume uma semana por mês. Esse revezamento acontece a cada Advento.
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a ordem | Artigo
Eucaristia: mistério da fé
Há mais de dez anos, precisamente em 22 de fevereiro de 2007, na sua Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis, o papa emérito Bento XVI recordou o que afirma o Catecismo da Igreja Católica sobre o sacramento da Eucaristia: “a Eucaristia é por excelência ‘mistério da fé’: É o resumo e a súmula da nossa fé”. Ele disse isto para recordar a toda a Igreja que a fé é “essencialmente eucarística e alimenta-se, de modo particular, à mesa da Eucaristia”, já que a fé se exprime no rito, que por sua vez revigora e fortifica a fé (7). Portanto, “é necessário viver a Eucaristia como mistério da fé autenticamente celebrado, bem cientes de que a inteligência da fé (intellectus fidei) sempre está originariamente em relação com a ação da Igreja” (Sacramentum Caritatis, 34). A celebração torna visível a fé da Igreja. Dez anos passados, ainda precisamos aprofundar muito esse ensinamento para uma vivência autêntica da fé que nós professamos. É evidente que a celebração da Eucaristia exige um particular zelo em vista da salvaguarda da fé eucarística como Cristo a entregou aos seus discípulos ao instituir esse sacramento na última ceia. Em primeiro lugar, nunca é demais chamar a atenção para o fato de que “a liturgia eucarística é essencialmente ação de Deus (actio Dei) que nos envolve em Jesus por meio do Espírito” (Sacramentum Caritatis, 37). Consequentemente, “o seu fundamento não está à mercê do nosso arbítrio e não pode suportar
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Pe.elielson cassimiro de almeida Coordenador Arquidiocesano da Comissão de Liturgia e Sacramentos
a chantagem das modas passageiras” (Sacramentum Caritatis, 37). A celebração da Eucaristia não dá lugar para outro protagonismo que não seja o de Cristo com sua Igreja. Por isto, a essencial necessidade de promover uma participação ativa, consciente e frutuosa de todos na assembleia, o respeito aos livros litúrgicos com suas normas que visam favorecer o sentido do sagrado e a educação para tal sentido: harmonia do rito, dos cantos, dos gestos, dos silêncios, do movimento do corpo, das vestes, da decoração, do lugar sagrado, a simplicidade e a sobriedade dos diversos sinais e símbolos, a reverente comunhão eucarística seja na mão ou diretamente na boca, dentre outros aspectos e elementos que devem ser observados. Tudo isto exige adequada formação inicial e continuada para os vários ministérios ordinários e extraordinários e para todo o povo cristão, mediante a catequese mistagógica. A adoração eucarística, ou do Santíssimo Sacramento, deve ser vivenciada em sua intrínseca relação com a celebração eucarística, sem a qual ela perde todo seu sentido e eficácia para a maturação do encontro com o Senhor ressuscitado e põe em sério risco a autêntica fé eucarística, e daí a comunhão na fé professada pela Igreja Apostólica. “Quanto mais viva for a fé eucarística do povo de Deus, tanto mais profunda será a sua participação na vida eclesial por meio de uma adesão convicta à missão que Cristo confiou aos seus discípulos” (Sacramentum Caritatis, 6).
Liturgia daPalavra Pe. Ednaldo Virgílio da Cruz Diretor da Formação Espiritual do Seminário de São Pedro
A Torá dedica atenção especial às festas de Israel. Com exceção do livro do Gênesis, todos os demais escritos fazem menção às celebrações festivas de Israel. Entre as prescrições festivas encontram-se características e normas para a celebração de Pentecostes, uma das três grandes festas hebraicas (Ex 23,14-17), onde é simplesmente denominada festa das Semanas (Ex 34,22) ou das Primícias ou da Colheita. Os respectivos textos presentes no livro do Êxodo fazem menção apenas à obrigação de, anualmente, apresentar-se diante do Senhor Deus de Israel, “ao final do ano” (Ex 23) ou durante “a passagem do ano” (Ex 34). Todo israelita do sexo masculino deve apresentar-se diante do Senhor portando as primícias, sendo proibido, portanto, apresentarem-se de mãos vazias. A intenção fundamental da festa é “comparecer diante do Senhor” para honrá-lo. A partir deste aspecto, o autor desvia o caráter puramente agrícola para uma visão teológica. O autor do livro do Êxodo usa uma construção redacional na qual o peregrino não vai ao santuário para ver a face de Deus, mas para ser visto pela face de Deus: “... comparecerá perante o Senhor Deus”. O apresentar-se diante do Senhor implica, ainda, reconhecer a soberania do Senhor sobre Israel. Talvez seja neste sentido a obrigatoriedade de o homem israelita apresentar-se, reconfirmando, assim, a Aliança estabelecida no Sinai. Celebrava-se sete semanas após a Pás-
Notas
PENTECOSTES
coa, e significou, mais tarde, exatamente a lembrança da promulgação da Lei no Sinai. No livro do Levítico, a festa é calculada pela contagem de sete semanas desde o começo da colheita de trigo; e é um dia de observância sabática (Lv 23,15-21). Enquanto que no livro dos Números é denominada de festa das semanas, o dia das primícias (Nm 28,26-31). Encerra-se a torá com o deuteronômio, afirmando que se trata da festa das semanas, que ocorre sete semanas após o início da colheita do trigo (Dt16,9-12). No bloco dos livros históricos, a festa é citada apenas uma só vez no segundo livro de Crônicas (2Cr 8,13). Como é descrito, o Pentecostes é, evidentemente, uma festa agrícola sem nenhum motivo histórico. A data da festa em sua celebração original, deve ter sido indefinida, visto que o começo da colheita do trigo não pode ser fixado em dia determinado do calendário. O começo da colheita do trigo corresponde com a festa dos Ázimos que foram fundidas e fixadas no décimo quarto dia de Nisã. A festa das semanas recebeu uma data regular no calendário, sete semanas (50 dias) após a Páscoa. O Pentecostes é mencionado com mais frequente no Novo Testamento. Recebe sua importância na fé e na liturgia cristã do evento relatado por Lucas no livro dos Atos dos Apóstolos 2,1-13 (os cristãos comemoram a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos).
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Cacilda Medeiros
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ro Nacional de Durante o 22º Encont realizado no mês Marketing Católico, Arcebispo, Dom de maio, em Natal, o z uma exposição Jaime Vieira Rocha, fe Cunhaú e sobre os Mártires de nonizados dia 15 Uruaçu, que serão ca . de outubro, em Roma
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