A Ordem - Julho/2017

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A Ordem

Fundação Paz na Terra Ano LXV - Nº 15 Natal-RN / Julho de 2017 / R$ 7,00

VATICANO

Papa proclama Dia Mundial do Pobre

ENTREVISTA

Pe. Raimundo Lopes completa 50 anos de sacerdócio

PASTORAL

Grupo atua junto aos idosos no território da Arquidiocese

Cunhaú terra de Mártires


a ordem | Assunto

2 | Julho de 2017


Outubro de 2016 | 3


a ordem | Editorial

O lucro do martírio

A vida humana é entendida como “um espaço de tempo que vai do nascimento à morte”(cf. Mini Aurélio, p. 710). Nesse sentido, a criatura, ao nascer, já começaria a morrer e a morte seria o fim da vida. Jesus, porém, assegura que quem acreditar n’Ele “ainda que esteja morto, viverá” e que ele mesmo é “a ressurreição e a vida” e também que “todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá” (Cf. Jo 11,2526). O ensinamento de Jesus projeta a existência humana para outra dimensão, além do espaço temporal na terra. É preciso acreditar que morrer não é o fim da vida, porque Jesus é “O Caminho, a Verdade e a Vida”(cf. Jo 14, 6). Os mártires de Cunhaú e Uruaçu percorreram esse “Caminho”, viveram “a Verdade” e alcançaram a Vida pelo martírio. Para eles, sofrer o martírio pela crença em Jesus não foi apenas morte, mas “Ressurreição e Vida”. Eles acreditaram que quem crer em Jesus “jamais morrerá”. Você é capaz de viver segundo “O Caminho” que os mártires trilharam e viver “A Verdade” que os mártires viveram para alcançar a vida no além desse espaço temporal terreno? O evangelista João lembra que “Se creres, verás a glória de Deus”(cf. Jo 11,40). É preciso entender a vida como São Paulo, para quem “o viver é Cristo e o morrer é lucro”(Filipenses 1,21).

Expediente

Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689

Conselho curador: Pe. Charles Dickson Macena Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra Conselho editorial: Pe. Paulo Henrique da Silva Pe. Júlio César Souza Cavalcante Luiza Gualberto Adriano Charles Cruz, OFS Hevérton Freitas Josineide Oliveira Cione Cruz Vicente Neto Edição e Redação: Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) Luiza Gualberto (DRT-RN 1752)

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Paróquias

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Para conhecer

Conheça as comunidades de São Camilo de Léllis e Nossa Senhora do Amparo

Conheça o Castelo de Zé do Monte, em Sítio Novo

31 Espiritualidade

Padre Cícero: o patriarca do sertão

FOTO DA CAPA: Rivaldo Jr. Revisão: Milton Dantas (LP 3.501/RN) Colaboradores: José Bezerra (DRT-RN 1210) Adriano Cruz (DRT-RN 1184) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal Projeto e diagramação: Terceirize Editora (84) 3211-5075 www.terceirize.com

Comercial: RN Editora Idalécio Rêgo (84) 98889-4001 Impressão: Unigráfica - (84) 3272-2751 Tiragem: 1.000 exemplares Assinaturas: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 - Tirol - Natal/RN - (84) 3615.2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br


| a ordem

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a ordem | Palavra da Igreja

“A missão no coração da fé cristã” A mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões, celebrado no mês de outubro, foi divulgada no último dia 4 de junho, intitulada “A missão no coração da fé cristã”. O texto é dividido em seis partes: A missão e o poder transformador do Evangelho de Cristo, Caminho, Verdade e Vida; a missão e o kairós de Cristo; a missão inspira uma espiritualidade de êxodo, peregrinação e exílio contínuos; os jovens, esperança da missão; o serviço das Obras Missionárias Pontifícias; e fazer missão com Maria, Mãe da evangelização. “O Dia Mundial das Missões concentra-nos, também este ano, na pessoa de Jesus, o primeiro e maior evangelizador, que nos envia a anunciar, sem cessar, o Evangelho do amor de Deus Pai, com a força do Espírito Santo,” escreve o Papa. “Este Dia nos convida a refletir novamente sobre a missão no coração da fé cristã, pois a Igreja é, por sua natureza, missionária; caso contrário, deixa de ser a Igreja de Cristo, passando a ser apenas uma associação como muitas outras”, enfatiza. E continua: “Por isso, somos convidados a interrogar-nos sobre algumas questões que tocam a própria identidade cristã e as nossas responsabilidades de fiéis, em um mundo ferido por grandes frustrações e dilacerado por guerras fratricidas, que envolvem, injustamente, sobretudo os inocentes.”

Papa francisco Chefe de Estado do Vaticano

Neste sentido, o Papa pergunta: “Qual é o fundamento da missão? Qual é o coração da missão? Quais são as atitudes vitais da missão? E ele mesmo respondeu: “A missão da Igreja, destinada a todos os homens de boa vontade, funda-se sobre o poder transformador do Evangelho. Esta Boa Nova é portadora de uma alegria contagiante, porque contém e oferece vida nova, em Cristo ressuscitado!” O Santo Padre lembra, na mensagem, que “por meio da proclamação do Evangelho, Jesus se torna nosso contemporâneo, consentindo a quem o acolhe com fé e amor, experimentar a força transformadora do seu Espírito. A sua ressurreição não é algo do passado, mas contém uma força de vida, que penetra o mundo. O Evangelho é uma Pessoa: Jesus Cristo.” No final da mensagem, o Pontífice lembra que o Dia Mundial das Missões é “uma ocasião propícia para que o coração missionário das comunidades cristãs possam, com a oração, o testemunho da vida e a comunhão dos bens, dar resposta às graves e vastas necessidades da evangelização, com a proteção de Maria, a Mãe da evangelização!” A mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões 2017 se encontra, na íntegra, no portal da Santa Sé, no endereço w2.vatican.va, na aba “mensagens.” Fonte: Portal da Rádio Vaticano

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A voz do pastor | a ordem

Para celebrar o dom da amizade

Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal

Queridos irmãos e irmãs! No dia 20 de julho, celebramos o “dia do amigo”. É uma oportunidade para celebrar a amizade. Um teólogo português, o padre José Tolentino Mendonça, publicou uma obra sobre teologia da amizade com esse sugestivo título: “Nenhum caminho será longo. Teologia da amizade”. O autor expressa sua convicção de que, na nossa relação com Deus, podemos viver uma verdadeira amizade. Ela manifesta o que Deus mesmo faz em relação aos homens e às mulheres. Não é assim mesmo que vemos nas narrativas do Antigo Testamento? Deus é o amigo do ser humano ou o “amigo da vida” (Sb 11,26). A amizade expressa o caminho de Deus com o seu povo, com os seus representantes, Abel, Noé, Abraão, Moisés... Enfim, na amizade se expressa justamente o conceito de misericórdia: Deus caminha ao nosso lado e para Ele nenhum caminho será longo. Ele sente alegria em estar conosco. Como diz o teólogo português: “Um amigo, por definição, é alguém que caminha a nosso lado, mesmo se separado por milhares de quilômetros ou por dezenas de anos. Um amigo reúne estas condições que parecem paradoxais: ele é ao mesmo tempo a pessoa a quem podemos contar tudo e é aquela junto de quem podemos estar longamente em silêncio, sem sentir, por isso, qualquer constrangimento. Temos certamente amigos dos dois tipos. Com alguns, a nossa amizade cimenta-se na capacidade de fazer circular o relato da vida, a partilha das pequenas histórias, a nomeação verbal do lume que nos alumia. Com outros, a amizade é fundamentalmente uma grande disponibilidade para a escuta, como se aquilo que dizemos fosse sempre apenas a ponta visível de um maravilhoso mundo interior e escondido, que não serão as palavras a expressar”.

Será que nossa relação com Deus acontece como “amizade”? O Concílio Vaticano II, na Constituição dogmática sobre a divina revelação Dei Verbum, afirma que Deus fala aos homens como amigos, para conviver com eles e admiti-los à sua comunhão (cf. DV 2). É uma amizade que conduz ao amor. Deus nos ama tanto que Ele se torna íntimo a nós, se torna nosso amigo. A partir da amizade de Deus para conosco, de nossa amizade com Deus, podemos construir a nossa amizade com os nossos semelhantes. Um bom exemplo de amizade verdadeira, cristã, encontramos nos relatos de São Gregório Nazianzeno, que escreveu sobre sua amizade com São Basílio Magno: “Nesta ocasião, eu não apenas admirava meu grande amigo Basílio vendo-lhe a seriedade de costumes e a maturidade e prudência de suas palavras, mas ainda tratava de persuadir a outros que não o conheciam tão bem a fazerem o mesmo. Logo começou a ser considerado por muitos que já conheciam sua reputação… Com o passar do tempo, confessamos um ao outro nosso desejo: a filosofia era o que almejávamos. Desde então éramos tudo um para o outro; morávamos juntos, fazíamos as refeições à mesma mesa, estávamos sempre de acordo aspirando aos mesmos ideais e cultivando cada dia mais estreita e firmemente nossa amizade. Movia-nos igual desejo de obter o que há de mais invejável: a ciência. No entanto, não tínhamos inveja, mas valorizávamos a emulação. Ambos lutávamos, não para ver quem tirava o primeiro lugar, mas para cedê-lo ao outro. Cada um considerava como própria a glória do outro”. A amizade é um grande dom. Cuidar dela é nossa resposta de aceitação amorosa e gratidão. Cuidemos dos nossos amigos, vejamos neles o reflexo da grande amizade que Deus tem para conosco.

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Foto: Rivaldo Jr.

a ordem | Entrevista

“O padre sempre serĂĄ acolhido com alegria quando

ele for acolhedor�

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Entrevista | a ordem

A frase é do Padre Raimundo Lopes, MSF, vigário paroquial da Paróquia de São Pedro Apóstolo, no bairro do Alecrim, em Natal. Neste mês de julho, ele celebra 50 anos de sacerdócio e, ao longo destes anos, muitas experiências foram vividas no exercício do sacerdócio, missão que ele abraçou aos 17 anos, no despertar de sua vocação, na cidade de Iguatu (CE), onde nasceu. Pe. Lopes foi ordenado padre no dia 07 de julho de 1967 e chegou para atuar em Natal dois anos depois. Em 1970, ele assumiu a Paróquia de São Pedro e foi pároco durante 28 anos. Atualmente, continua colaborando com a comunidade paroquial, nas atividades pastorais e religiosas. Como surgiu a sua vocação sacerdotal? A minha vocação sacerdotal surgiu em 1953, quando eu tinha 17 anos, e era sacristão na minha paróquia, lá em Iguatu (CE), onde eu nasci. Era uma peregrinação de Nossa Senhora de Fátima, que estava acontecendo pelo mundo e ela iria peregrinar em nossa paróquia. Eu era o responsável por ficar na torre da Igreja para tocar o sino, quando a imagem estivesse se aproximando. Lembro que o padre me pediu para tocar o sino, assim que avistasse a imagem passando por um lugar chamado Cocobó, que era um alto. Resolvi entrar na Congregação da Sagrada Família vendo o exemplo dos padres estrangeiros, que eram de paróquias vizinhas a Iguatu. Eles vinham realizar trabalhos na nossa comunidade. Então, vendo o zelo, a dedicação e a comunicação com o povo, me interessei em seguir a vida desses missionários. Na Paróquia de São Pedro, no Alecrim, o senhor está há 47 anos, destes, 28 anos como pároco. O que mais lhe marcou neste tempo? Primeiramente, o acolhimento e o carinho do povo. Chegando aqui, encontrei como que fosse

a continuação da minha família. Isso me motivou e me deu um entusiasmo, porque era trabalho que eu sentia, digamos assim, a presença de Deus no povo e trabalhando com eles eu vi, realmente, que era o meu lugar de trabalho, principalmente na Paróquia de São Pedro. Cheguei aqui em 1969 e assumi a Paróquia em 1970. Passei muitos anos como pároco e hoje estou como vigário paroquial. Nesse tempo, o senhor também dirigiu o Instituto Sagrada Família. Como foi essa experiência de dirigir uma escola? Foi uma experiência muito rica, porque através do colégio eu entrava em contato com as famílias dos alunos. A pedagogia, a dinâmica escolar, tem tanta riqueza quanto esse contato com as famílias dos alunos. Quando tinha um problema que a gente não sabia resolver, digamos assim, do ponto de vista didático ou pedagógico, eu chamava os pais dos alunos para uma reunião e nessas reuniões a gente recebia uma orientação muito importante da família, ligando a família ao colégio. Isso mostrava a ligação, tanto do intelectual como da parte religiosa.

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José Bezerra

a ordem | Entrevista

Durante o seu tempo de sacerdote, o senhor implantou alguns movimentos de jovens, casais, entre outros. Como o senhor vê a importância deste tipo de trabalho na caminhada de uma Paróquia? Isso é muito importante e a gente encontra na Sagrada Escritura que um planta, outro colhe, mas quem faz crescer é Jesus Cristo. O padre que chega a uma comunidade deve estar com o coração pronto para a doação. O importante é que ele tenha o coração para doar e esteja sempre a serviço. Seja um homem sempre aberto para a sociedade, aberto para a juventude, aberto para o mundo. Se ele tem essa abertura, vai atrair muita gente para si. Esse é o sinal que eu acho fundamental para todos que dirigem, seja uma Igreja ou instituição, é o sinal da humildade. Ser simples e acolhedor ajuda muito para evoluir e levar adiante o trabalho da Igreja, que não é propriamente do padre, mas da comunidade, com a presença de Jesus.

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O que lhe deixa mais feliz como sacerdote? A felicidade que sinto como sacerdote não é porque eu esteja vendo os frutos agora. É uma felicidade contínua. As pessoas nos acolhem e é nesse acolhimento que me sinto feliz, porque quando o povo acolhe o resultado é muito bom, no sentido de acolher a Palavra de Deus, acolher uma orientação, acolher tudo que a Igreja apresenta de bom. Tive a oportunidade de trabalhar com diversos públicos, como criança, jovem, adulto e idoso. O padre sempre será acolhido com alegria, quando ele for acolhedor. Deus ama quem se doa com alegria. Eu sempre procurei viver meu ministério com alegria. O que significa para o senhor completar 50 anos de sacerdócio? Em primeiro lugar, significa a graça de Deus, que não foi em vão na minha vida. Não correspondi 100%, mas o sinal de Deus ficou, no sentido de me acolher com sua graça. Tudo que eu fiz foi pela graça de Deus. Não fiz nada. Tudo que eu construí, em termo de Igreja, de colégio, foi junto com o povo. O povo me deu muito estímulo e motivação para seguir. Já passei por problema de diversos setores, mas não desisti, porque eu me senti chamado justamente para a missão. Que mensagem o senhor poderia deixar para os jovens que estão no caminho rumo ao sacerdócio e aos novos padres? Que eles procurem sempre olhar as coisas com o olhar de Deus e estar sempre disposto a sair de si para os outros. Olhar o servir na Igreja como doação, em que à medida em que a gente vai se doando, o povo vai acolhendo a gente. A mensagem que eu poderia deixar também é essa: os seminaristas que estão iniciando sua tarefa, procurarem olhar para um ponto de referência e o ponto de referência maior é Jesus. O seminarista também deve olhar para o bispo e para um padre de bom exemplo, um padre que ele nota que é referência na comunidade. Ninguém pode viver sem uma referência. Com isso, o seminarista vai vivendo com fidelidade esta missão confiada por Deus a ele.


Homenagens | a ordem

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Fotos: Rivaldo Júnior

a ordem | Capa

Pe. José Neto, administrador da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Canguaretama

Cunhaú: terra de Mártires 12 | Julho de 2017


Capa | a ordem Por Luiza Gualberto

No dia 15 de outubro próximo, o Brasil vai ganhar seus primeiros santos mártires, com a canonização dos beatos André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, padres, e Mateus Moreira, leigo, juntamente com os seus 27 companheiros. Os morticínios aconteceram no ano de 1645. O primeiro deles, no dia 16 de julho daquele ano, aconteceu nas terras do Cunhaú, no município de Canguaretama, na capela de Nossa Senhora das Candeias, durante a celebração

de uma missa. Segundo relatos históricos, o padre André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por mais de 200 soldados holandeses e índios potiguares. Por seguirem a religião católica, tiveram que pagar com a própria vida o preço da fé, por causa da intolerância calvinista dos invasores. De acordo com o padre José Pereira Neto, administrador paroquial da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Canguaretama,

e membro da comissão arquidiocesana dos mártires, a capela de Nossa Senhora das Candeias era uma paróquia, na época, tendo como pároco, o padre André. “O padre André era natural de São Vicente, em São Paulo. Por um tempo da sua vida foi jesuíta e já estava aqui como padre diocesano, pároco da Paróquia de Nossa Senhora das Candeias. O engenho Cunhaú era o grande centro econômico do Estado e aqui se tinha essa estrutura religiosa”, conta.

Devocionário Na comissão arquidiocesana, o padre Neto está responsável, principalmente, pela condução da produção de um devocionário dos mártires, que será editado através da editora Canção Nova. “Desde que cheguei aqui, a Canção Nova entrou em contato comigo para a produção deste material, mas demos o encaminhamento a partir da notícia da canonização. Eu sou o apresentador do devocionário, que vai contar com diversos conteúdos, como testemunhos, história, além da parte devocional, propriamente dita, com novenas, terço de Mateus Moreira, tríduo, celebrações, entre outros”, diz. Para a construção do livro, o sacerdote tem feito diversas pesquisas

e buscado várias fontes sobre a história e devoção aos mártires. “É importante que a gente compreenda o contexto do massacre. Os holandeses dominaram essas terras por volta do ano 1632. Eles chegaram ao Rio Grande do Norte e dominaram por um tempo essa região. No ano de 1644, os portugueses retomaram a terra. Muitas cidades que existem nesta faixa aqui, pertenciam à Fazenda Cunhaú. A grande preocupação dos holandeses era o domínio da terra. Então, no ano de 1645, houve essa represália aos portugueses, que haviam retomado a terra. Foi tanto que quando aconteceu o martírio, ninguém tinha noção do que iria acontecer. Vieram todos para a missa, como um domingo normal. Porém se achava que have-

ria um comunicado holandês, mas não a morte”, destaca. Da construção original da capela, o que se mantém até hoje é o arco do triunfo português, que fica próximo ao altar, feito de pedra sabão, a mesma que foi utilizada na construção do Forte dos Reis Magos, além da parte frontal e algumas paredes, próximas do teto da Igreja. O devocionário vai estar disponível para aquisição logo após a canonização, que vai acontecer no dia 15 de outubro. Além deste material, uma edição especial da Revista A Ordem sobre os mártires está sendo preparada e a veiculação vai acontecer durante as missas em ação de graças que vão acontecer em Uruaçu, no dia 28 de outubro, e em Cunhaú, no dia 04 de novembro.

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a ordem | Capa

Testemunhos de fé Desde a difusão da devoção aos mártires de Cunhaú e Uruaçu, diversas graças foram alcançadas, pela intercessão deles. Muitas dessas pessoas que alcançaram essas graças, hoje dão testemunho. Este é o caso de Maria Lúcia Rodrigues. Ela é da Pastoral Familiar, da Paróquia de Canguaretama, além de ser voluntária do Santuário Chama de Amor, que fica em Cunhaú. Há 14 anos, sua filha, Gilvânia Rodrigues, que na época tinha 11 anos de idade, enfrentou um problema de saúde grave. “Ela teve uma infecção nos rins e passou a urinar sangue. Os médicos de Canguaretama me disseram que não teriam condições de atendê-la aqui e caso ela não melhorasse, seria encaminhada para Natal. Fiquei muito aflita, porque não tinha um ponto de apoio em Natal e me preocupei com essa situação. Foi quando me lembrei dos mártires. Pedi com fé e devoção para que eles curassem minha filha, para que a gente não precisasse sair de Canguaretama. No dia seguinte, em um novo exame, a urina dela começou a clarear e os médicos disseram que não seria mais preciso encaminhá-la para Natal. Não tenho dúvida de que foi pela intercessão dos mártires que minha filha foi curada. No momento da aflição me peguei com eles e eles intercederam junto a Deus. Como gra-

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Lúcia Rodrigues, devota

tidão, participei de 10 missas votivas aos mártires e acendi um maço de velas”, conta. Para Lúcia, os mártires são o testemunho vivo da fé católica. “Eles eram pessoas como nós e deram seu testemunho. Isso é um exemplo para nós católicos, de que não podemos perder a fé. Devemos dar o nosso testemunho como cristãos, assim como eles deram”, reforça. João Marcos, que auxilia nas atividades religiosas em Cunhaú, também atuando como guia local, diz que o testemunho dos mártires é um marco do cristianismo no Estado. “Colaborar com este trabalho é viver a história e, acima de tudo, a fé destes homens e mulheres, que foram martirizados. Se formos ler a história, vamos perceber que são pessoas simples, de caridade

João Marcos, sacristão do Santuário Chama de Amor


Capa | a ordem

e devoção a Deus e Nossa Senhora. Como cristão, vejo que o grande exemplo que eles nos deixam é o de perseverança, porque não se intimidaram, mesmo diante do martírio que iriam enfrentar”, ressalta. O padre Neto conta também que a sua relação com os mártires veio quando ainda era criança. “Eu já vinha aqui em Cunhaú quando era criança, para fazer trabalho de escola. Realizamos uma feira de cultura e eu fui o responsável por apresentar aos visitantes a história dos mártires. Hoje, ser o padre desta capela, deste espaço tão precioso para nossa Igreja arquidiocesana, para o nosso Brasil, é motivo de muita alegria. Sinto-me feliz em poder viver este momento em que os mártires serão canonizados como padre deste local tão importante de devoção”, comemora. A capela de Nossa Senhora das Candeias está aberta para visitação diariamente, das 07h às 18 horas. Todo domingo acontece celebração eucarística no local, sempre às 10h30, com exceção do primeiro domingo de cada mês, em que a celebração é realizada no Santuário Chama de Amor, que fica nas proximidades, às 10 horas. Nesta celebração, acontecem bênção do Santíssimo Sacramento e apresentação de testemunhos de fiéis que alcançaram graças pela intercessão dos mártires de Cunhaú e Uruaçu. As paróquias e comunidades podem agendar romarias ao local, entrando em contato com a secretaria da paróquia de Canguaretama. O contato é: (84) 3241-2260.

Festa dos Mártires de Cunhaú

Neste mês de julho, se celebra a festa dos mártires de Cunhaú, com uma programação diversificada. A abertura aconteceu no último dia 02 e segue até o dia 16. No período de 03 a 15 de julho acontece uma peregrinação com o quadro dos mártires nas comunidades que integram o território da paróquia. No dia 15 de julho, às 19h, será realizada uma noite de oração, na capela de Nossa Senhora das Candeias, em Cunhaú. No dia 16, encerramento da festa e data em que se faz memória aos 372 anos do primeiro morticínio, a programação será a seguinte: 07h – V Mart Bike (saindo de Canguaretama para a capela de Cunhaú); 08h – acolhimento no Santuário Chama de Amor; 09h – louvor e confissões; 10h30 – missa no Santuário Chama de Amor; 12h – bênção do Santíssimo Sacramento. A partir das 15h, a programação vai acontecer no Campo dos Mártires, que fica em frente a capela de Nossa Senhora das Candeias. As atividades iniciam com show do Pe. Nunes, pároco da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, no bairro de Neópolis; às 16h30 vai ser realizada a encenação do morticínio de Cunhaú; e às 17h – missa solene dos mártires, presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha.

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a ordem | Artigo

Ética na sociedade nos tempos atuais A questão é complexa. Muito difícil de ser tratada, sem uma via de síntese. A ideia de particularizar as concepções éticas na modernidade trouxe muita confusão sobre o seu significado na pós-modernidade. Todos os indivíduos exigem que os seus direitos sejam respeitados. Há a dificuldade de reconhecer quem é o outro, enquanto diferença que não pode ser para mim uma realidade a ser destruída e renegada; mas sim, contemplada e respeitada enquanto sujeito, que é animal político e habita uma realidade criada. Aqui introduzo três desafios, a saber: 1) A ética e o respeito à vida: a preocupação com a vida é o tema central da reflexão ética. As atrocidades cometidas na Segunda Guerra mundial reenviaram a narrativa sobre a inviolabilidade da vida e sua dignidade. A sociedade contemporânea, com sua amnésia histórica, está retomando o mesmo caminho da vontade de poder e deixando a vontade da verdade em segundo plano. A perspectiva da ecologia integral pensada pelo Papa Francisco tem essa dimensão de uma ética integral e integrante, da qual a pessoa seja o seu centro (LS, Cap. IV). 2) A ética e a justiça social: esse tema é o mais preocupante no atual cenário social e político. Podemos dizer que aqui temos um reflexo que nos

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Pe. Matias Soares Do clero da Arquidiocese de Natal, estudando em Roma

permite afirmar que a nossa sociedade passa por uma profunda crise ética e moral; pois a corrupção das pessoas, que estão nas instituições, traduz a falta de consciência ética dos cidadãos. Esse é um problema estrutural, mas é também uma questão pessoal. Podemos considerar que o próprio povo é quem elege e defende os que são promotores da injustiça e da desigualdade social, em parceria com os detentores do poder econômico. Há a urgência de uma ética da responsabilidade (H. Jonas). 3) A ética e as novas tecnologias: o último e pungente ponto é sobre as novas tecnologias. A ética pós-moderna tem que dialogar com o que está sendo qualificado como pós-humano e pós-verdade. Estamos colhendo os frutos da Revolução Tecnológica do pós-guerra. A sociedade contemporânea tem que saber o que fazer com uma nova realidade, que para progredir não quer saber de uma ética como parceira, principalmente a que considere a centralidade da vida humana e da criação. Por fim, o tema é amplo. Metodologicamente, só pontuei algumas preocupações que, na atualidade, são transversais e que exigem da sociedade um esforço intelectual e institucional que possibilite uma chamada de atenção para que sejamos mais saudáveis e promotores da vida e do bem social. Assim o seja!


Assunto | a ordem

Maio de 2017 | 17


a ordem | Em ação

Ministério Extraordinário da Eucaristia:

uma graça de Deus “Cada vez que recebo o Corpo de Cristo, fico com mais força e mais fé” Sexta-feira, final de tarde, fim de expediente para a analista de sistemas, Aldair Santos. Lá mesmo, no trabalho, no centro de Natal, Aldair veste a roupa que a identifica como Ministra Extraordinária da Sagrada Comunhão Eucarística, e segue para a Igreja de Nossa Senhora da Candelária, no bairro da Candelária. Lá, a relações públicas, Patrícia Queiroga, que também é Ministra, já a aguardava, e juntas seguiram para visitar e ‘dar a comunhão’ a quatro pessoas que, pela idade avançada ou por enfermidade, não têm condições de ir até à Igreja. Passava das 18 horas, quando as duas chegaram à comunidade Menino Jesus, para visitar Dona Regina, uma senhora com 93 anos de idade, que reside com a filha e a neta. Na casa, um pequeno espaço preparado com a imagem do Sagrado Coração de Jesus, velas e ‘teca’, um recipiente próprio para os Ministros Extraordinários conduzirem a Sagrada Comunhão. Em cada casa visitada, antes de ‘dar a comunhão’, os ministros seguem um roteiro, que consta da leitura e comentário do Evangelho do dia e orações. Depois da casa de Dona Regina, as duas seguiram para as residências de outras três idosas. Uma delas é Josefa Paulino Gomes, 94 anos, conhecida como Dona Zefinha, também residente na Comunidade Jesus Menino. Lúcida, ainda ajudando nos afazeres domésticos, Dona

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Fotos: Cacilda Medeiros

Durante a produção da revista, Dona Zefinha faleceu

Zefinha expressava a felicidade, ao receber Jesus Eucarístico. “Pra mim, é uma graça poder receber um ministro da Igreja, em minha casa, toda semana, que vem trazer a Eucaristia. Eu me sinto muito feliz. ”, testemunha a aposentada.


Em ação | a ordem

Patrícia Queiroga e Aldair Santos levam Jesus Eucarístico a quem está impossibilitado de ir à Igreja

Uma missão, uma graça de Deus Aldair e Patrícia exercem o ministério há dois anos, completados no último mês de junho. As duas afirmam que é uma graça de Deus poder exercer esse ministério, na Igreja. “Fico bastante tocada com a oportunidade de anunciar o amor de Deus aos irmãos impossibilitados, mesmo que temporariamente, de participar da Santa Missa. Sou grata a Deus por ter me confiado esta missão,” diz Aldair Santos. “Sempre fui uma pessoa muito prática no dia-a-dia. Nunca me imaginei em uma missão que requer mais serenidade, mais tranquilidade, mais oração. Confesso que quando fui convidada, fiquei com receio, inclusive de não perseverar. Mas, foi a missão mais sublime que Deus me confiou, em toda minha vida”, conta. Patrícia Queiroga também afirma que a missão de ser ministra é especial. “A melhor coisa que já aconteceu na minha vida foi receber o convite do padre para ser ministra da Eucaristia”,

diz. Ela conta que na Paróquia de Nossa Senhora da Candelária, a ação de visita aos enfermos e idosos acontece, geralmente, nos finais de semana. “Antes, na Igreja, fazemos um momento de oração, em frente ao Sacrário. Depois, o Padre também faz uma reflexão com os ministros e distribui a comunhão para que possamos levá-la às pessoas atendidas por nós,” relata Patrícia. Os ministros extraordinários da Sagrada Comunhão passam a fazer parte, de alguma forma, do cotidiano das pessoas por eles atendidas. Por isso, há fatos que os emociona e que deixam marcas. Aldair Santos recorda o fato de um casal, com 101 anos de idade, e que eram atendidos por ela, no bairro da Candelária. “Cada visita que eu fazia a eles, era emocionante. Quando a gente chegava lá, a senhora, ainda bem lúcida, pedia pra filha colocar a cadeira pra gente sentar e não sair mais de lá. Tinha toda uma preocupação de nos acolher bem,” recorda.

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Assunto | a ordem

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Arquivo Paróquia

a ordem | Paróquias

São Camilo de Léllis:

uma paróquia dedicada ao padroeiro dos enfermos Neste mês de julho, a Igreja católica celebra a memória de São Camilo de Léllis, que dedicou sua vida religiosa ao cuidado dos enfermos. No território da Arquidiocese de Natal, a Paróquia dedicada ao santo está localizada no bairro de Lagoa Nova, na capital, e foi criada no dia 14 de julho de 2001. Mesmo antes de se tornar Paróquia, a comunidade já vivia a devoção a São Camilo de Léllis. Segundo o livro “Paróquias potiguares – uma história”, de autoria do padre Normando Pignataro Delgado (in memoriam), a comunidade estava inserida no território da Paróquia de Nossa Senhora da Candelária, que tinha como pároco, na época, o padre Antônio Vilela. “O padre Antônio Vilela, vigário de Candelária, convivera durante muitos anos com os padres camilianos em São Paulo e, sendo um grande devoto de São Camilo de Léllis, incentivou seus paroquianos a dedicar a São Camilo a Igreja do conjunto, a qual foi inaugurada em 14 de julho de 1982, pelo arcebispo Dom Nivaldo Mon-

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te”, diz o livro. A Igreja foi construída no primeiro conjunto habitacional de Lagoa Nova, que na época contava com 264 residências. No livro, o padre Normando destaca que embora a área residencial do conjunto não contasse com uma numerosa população, o movimento religioso da Igreja de São Camilo de Léllis cresceu rapidamente por toda a cidade, graças à transmissão da missa dominical pela então TV Cabugi. O decreto expedido pelo então arcebispo da época, Dom Heitor Sales, criando a Paróquia de São Camilo foi datado de 07 de julho de 2001, mas a paróquia foi instalada, solenemente, no dia 14 de julho de 2001, durante a festa do padroeiro, momento em que também tomou posse o primeiro pároco, o padre Normando Pignataro Delgado. O território da Paróquia foi desmembrado das comunidades paroquiais de Nossa Senhora da Candelária, São João Batista e Nossa Senhora da Esperança.


Paróquias | a ordem A Paróquia hoje Atualmente, a comunidade paroquial de São Camilo de Léllis tem como pároco o padre Valtair Lira Lucas. Segundo o sacerdote, a comunidade tem uma participação ativa nas celebrações e atividades paroquiais. “Contamos com alguns movimentos, grupos e pastorais na nossa Paróquia, como ECC, Apostolado da Oração, Terço dos Homens, além das pastorais: Batismo, Catequese, Social, Familiar, Dízimo, Saúde, Pascom e ainda os grupos de oração, Renovação Carismática e ministros da Eucaristia”, diz. No período de 05 a 14 de julho, a comunidade celebra a festa do padroeiro, com diversas atividades, como missas, recitação do terço, além da procissão, no encerramento dos festejos. Ainda de acordo com o padre Valtair, no primeiro domingo de cada mês, acontece a bênção de São Camilo de Léllis, durante as celebrações das 07h, 11h e 19h. A bênção é ministrada com duas relíquias do santo e contempla todos os doentes. A Paróquia de São Camilo de Léllis também desenvolve um trabalho social junto aos idosos do abrigo São Camilo de Léllis, situado no município de São Tomé. Trata-se do projeto “Abrace um irmão”, que consiste em adotar um idoso do abrigo. A família que adota o idoso, faz doações destinadas a ele, bem como faz visitas e acompanhamento.

São Camilo de Léllis Nasceu no ano de 1550, na Itália. Filho de pai militar, também seguiu essa carreira, mas não pode prosseguir devido a um tumor em um dos pés. Recorreu ao hospital de São Tiago, em Roma, onde viveu sua compaixão pelos outros doentes. Porém, ele deu um ‘sim’ ao pecado, entregando-se ao vício do jogo, onde perdeu tudo e ficou na miséria total. Saiu do hospital devido o seu temperamento. Foi de hospital em hospital para cuidar de sua ferida, até bater à porta dos franciscanos capuchinhos e ali quis trabalhar na obra de Deus.

Com 25 anos, começou o seu processo de conversão. No hospital, em Roma, Deus suscitou nele a santidade de ver nos doentes a pessoa de Cristo e também o carisma dos ‘Camilianos’. Entrou para os estudos, foi ordenado sacerdote, e vendo a realidade dos peregrinos de Roma, que não tinham uma assistência médica digna, foi brotando nele o carisma de servir a Cristo na pessoa do doente, do peregrino. E muitos se juntaram a ele nessa obra. Camilo faleceu em 1614. Foi canonizado em 1746 e em 1886 foi declarado padroeiro dos enfermos, dos doentes e dos hospitais. (Com informações de cancaonova.com).

Endereço: Rua Pureza, s/n, Lagoa Nova – Nata/RN CONTATOS: (84) 3615-2859 contato@paroquiasaocamilo.com.br Horários de missa: Terça a sexta-feira – 19h Sábado – 17h Domingo – 07h/ 11h/ 19h *Primeiro domingo de cada mês – bênção com as relíquias de São Camilo

Pe. Valtair Lira Lucas

SAIBA MAIS www.paroquiasaocamilo.com.br

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a ordem | Paróquias

Paróquia de Nossa Senhora do Amparo: 60 anos de evangelização Desmembrada da Paróquia de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz, a Paróquia de Nossa Senhora do Amparo, que compreende os municípios de Coronel Ezequiel e Jaçanã, foi instalada

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em 28 de abril de 1957, tendo como primeiro pároco, o Padre José Amorim de Souza, já falecido. O atual pároco é o Padre Jorge Alves, que está à frente da paróquia desde março de 2016.


Devoção à Virgem do Amparo A devoção a Nossa Senhora do Amparo, na região do Trairi, é antiga. Segundo relatos, há muitos anos, teve uma época em que aconteceu uma epidemia de cólera na região. Um senhor, chamado José Joaquim, fez uma promessa de que se a epidemia cessasse, ele iria adquirir uma imagem de Nossa Senhora do Amparo. Quando a imagem chegou à comunidade, foi feita uma procissão e uma celebração, e, partir daí, iniciou a devoção do povo à santa, se tornando a padroeira, quando da criação da Paróquia. Pe. Jorge acredita que, no Rio Grande do Norte, é a única paróquia que tem Nossa Senhora do Amparo como padroeira. De acordo com ele, a festa da padroeira tem, geralmente, uma programação bem diversificada. “Neste ano, vai ser ainda mais especial, porque vamos festejar, também, os 60 anos de criação da Paróquia, mesmo já tendo sido completados no último mês de abril”, conta. A festa da padroeira será celebrada de 21 a 29 de outubro. “Além disso, estamos construindo um altar lateral, na Igreja Matriz, para introduzir o quadro dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu. A entronização deverá acontecer durante a festa da padroeira,” adianta o padre.

José Bezerra

Paróquias | a ordem ENDEREÇO Praça José Pedro de Farias, s/n Coronel Ezequiel (RN) Contato (84) 3299-2311 Horários de missas Igreja Matriz (Coronel Ezequiel) -Domingo – 8h e 19h Igreja de Nsa. Sra. de Fátima (Jaçanã) -Domingo – 17h

Pe. Jorge Alves, pároco

Saiba mais http://paroquiansdoamparocel.blogspot.com.br Paróquia-De-Nossa-Senhora-Do-Amparo

Irmã Elisa A história da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo é marcada pela presença da Irmã Elisa Cavalcante, da Congregação das Filhas de Santana. Mesmo sem a Congregação ter uma casa na Paróquia, a religiosa teve permissão para realização um significativo trabalho social na comunidade. “Quem foi formado por ela, ainda hoje recorda, com saudades, das ações que ela realizava. Era uma mulher semelhante à Irmã Dulce, pelo trabalho de evangelização que fazia,” destaca Padre Jorge. Irmã Elisa atuou na paróquia por mais de 15 anos e faleceu em 1998. Ação pastoral Segundo Padre Jorge Alves, a prioridade da Paróquia, desde o ano passado, é trabalhar com a setorização, até porque o território paroquial é vasto, abrangendo as comunidades rurais e urbanas dos municípios de Coronel Ezequiel e Jaçanã. “Entre as várias pastorais, movimentos e serviços que atuam na paróquia, destacamos a juventude. Toda quinta-feira, a Igreja Matriz fica lotada de jovens, para um momento de oração e louvor. Lançamos um desafio para eles: unirem a oração com a ação. Desde o final do ano passado, eles estão indo evangelizar nas comunidades rurais. Temos como inspiração o Papa Francisco, que diz: ‘vamos sair das sacristias”, conta o pároco.

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a ordem | Responsabilidade Social

Filantropia: responsabilidade social

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Responsabilidade Social | a ordem

Por Adriano Cruz Os noticiários mostram ricos como Bill Gates, fundador da Microsoft e Mark Zuckerberger, fundador do Faceboook, doarem bilhões de dólares para causas sociais. Há dois anos, com então 31 anos, Zuckerberger anunciou que doaria 99% do seu patrimônio para ações filantrópicas; os números impressionaram a imprensa mundial. Nos EUA, esse tipo de ação é comum. Há até um grupo de bilionários, cerca de 150, que deve doar ao menos metade de suas fortunas. De acordo com o censo americano Giving USA, o The Annual Report on Philanthropy, as doações chegam a 300 bilhões de dólares por ano e quase 90% são de pessoas físicas e fundações familiares, as outras são realizadas por empresas. A palavra “filantropia” é de origem grega que significa “amor pelo gênero humano”. Hoje, é uma forma da chamada “responsabilidade social” que as empresas realizam. E há muitas maneiras de isso acontecer: desde doações de fortunas a concessão de bolsas de estudos, por exemplo. No Brasil, a filantropia ainda é incipiente, se considerarmos as doações pessoais. Mas há inciativas de longo tempo realizadas na área da saúde e educação. A Igreja tem muitas escolas de caráter filantrópico ou beneficentes espalhadas pelo país que prestam serviços por meio de renúncias fiscais. Segundo a legislação, essas instituições são taxadas, de maneira espe-

cial, pela Previdência; em contrapartida, desenvolvem serviços à população. “As escolas e universidades filantrópicas prestam um serviço que o Estado nem sempre consegue”. É o que afirma o pesquisador, Carlos Araújo, no trabalho “Filantropia: breve histórico e análise comparativa”. Ele cita alguns exemplos de faculdades como o Insper de São Paulo, que arrecadou entre ex-alunos e pessoas de fora da instituição, cerca de 03 milhões de reais, em 04 anos, para o programa de bolsas de estudo. Já o Departamento de Economia da PUC-Rio arrecada cerca de R$ 1 milhão por ano em doações. Além de dificultar a aposentadoria, a proposta de reforma da Previdência, em discussão no Congresso Nacional, pretende extinguir as isenções das contribuições concedidas a entidades filantrópicas. O corte já é planejado pelo relator do projeto na Câmara, o deputado Arthur Maia (PPS-BA). Por outro lado, as instituições argumentam que bolsas de estudo, atendimentos de saúde e assistência social estão ameaçados. O Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas (Fonif), apresentou uma pesquisa, publicada pelo jornal o Estado de São Paulo, com dados que contrariam a proposta do governo. Segundo o estudo, a cada R$ 1 que a Previdência deixar de cobrar a essas entidades, elas devolvem R$ 5, 93 à população.

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a ordem | Comemoração

Padre Vicente Laurindo Cacilda Medeiros

celebra 50 anos de vida religiosa

No último mês de fevereiro, o padre Vicente Laurindo, da Congregação dos Missionários da Sagrada Família, completou 50 anos de vida religiosa. O sacerdote exerce seu ministério como vigário paroquial da Paróquia de São Pedro Apóstolo, no bairro do Alecrim, na capital. Ele nasceu no dia 19 de fevereiro de 1943 e é natural do município de Arneiroz (CE), sendo o quarto de dez filhos. Foi ordenado sacerdote no dia 12 de dezembro de 1973, em Salvado (BA). Sua chegada a Natal aconteceu no ano de 1999, quando foi enviado pela congregação para auxiliar nos trabalhos pastorais da Paróquia de São Pedro. “A vida religiosa tem um papel de ajudar e servir no que é específico na vida particular. Considero a vida religiosa uma consagração, que nos permite uma dedicação maior aos fiéis que fazem parte desse reino”, enfatiza. Em Natal, o padre Vicente cursou bacharelado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, se formando em 2002. Além da atuação na Paróquia de São Pedro, o sacerdote contribui com o Tribunal Eclesiástico Interdiocesano, desempenhando a função de assessor teológico.

Pe Vicente Laurindo de Araujo

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Personalidade | a ordem

Por Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo de Natal

exemplo de liderança cristã

Advogado, jornalista e professor universitário. Estas são algumas das qualificações de Otto de Brito Guerra, um intelectual católico, que nasceu em 2 de julho de 1912 e faleceu aos 16 de março de 1996, em Natal. Além de cristão inserido na vida da Igreja, que viveu sua fé de modo muito visível, exerceu inúmeras funções públicas: diretor da Faculdade de Direito e vice-reitor da UFRN; promotor público, advogado, consultor e procurador; membro da Academia Norteriograndense de Letras e da Academia de Ciências; membro do Instituto Histórico e Geográfico, do Conselho de Cultura, da Comissão de Direitos da Criança, Adolescente e Deficiente, da OAB-RN, do Conselho Diretor da ANCAR-RN e da Fundação Paz na Terra. Foi, portanto, uma pessoa de grande credibilidade em nossa sociedade. Graças à participação de tantos leigos, que marcaram uma época, surgiram as ações que geraram o Movimento de Natal, nos anos de 50. Entre esses leigos, está Otto Guerra,

que foi nomeado pelo Papa Paulo VI consultor permanente da Comissão Pós-Conciliar para as Comunicações Sociais, com sede em Roma, função que desempenhou entre 1965 a 1969. Foi integrante da Congregação Mariana para os Moços, do Círculo Operário, da Ação Católica, cooperativismo, Movimento Familiar Cristão, entre outros. Ajudou na implantação da Rádio Rural de Natal e atuou no Jornal A Ordem. No jornal, que circulou de 1935 a 2016, publicou vários artigos, sobre os mais varia-

Arquivo da família

Otto Guerra,

dos temas, na visão da Doutrina Social da Igreja. Em toda sua atuação, teve o apoio da esposa, Selda Guerra, que se ainda estivesse viva, completaria cem anos, em outubro de 2017. O engajamento dele na vida e missão da Igreja, em sua época, já seria suficiente para uma homenagem póstuma. Estamos vivendo um tempo em que se faz necessária a preservação da memória histórica, sobretudo, na Igreja do Rio Grande do Norte, inserida no dinamismo da sociedade.

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a ordem | Para conhecer

Turismo & Cultura

Quem nunca sonhou em conhecer um castelo? Por Sanete Félix

Divulgação

Você imagina que existe um castelo em meio ao sertão? Localizado na microrregião da Borborema Potiguar, na cidade de Sitio Novo, a 99 km de Natal, existe um castelo de múltiplas torres,

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todas feitas de pedra, cheio de labirintos. O castelo de Zé do Monte é considerado um cartão-postal do município pela sua beleza exuberante que contrasta com a paisagem das serras, com muita história e sentimentos envolvidos. A obra é de seu Zé do Monte. Ele conta que nos idos de 1942, quando era menino, Nossa Senhora começou a lhe visitar, dizendo-lhe que a Deus se dava nome de rocha e que a sabedoria estava nos montes. O então menino decidiu que ia construir um castelo em homenagem a Nossa Senhora. Andando pelas terras da Serra dos Tapuias, seu Zé do Monte encontrou o cenário perfeito. A construção levou mais de 20 anos para ficar pronta. No local, há guia para a visitação e paga-se uma taxa simbólica para ter acesso ao interior do castelo. Lugar perfeito para levar a família, onde as crianças se divertem andando nos labirintos do castelo. Uma ótima opção de lazer.


Espiritualidade | a ordem

Pe. Robson Paulo de Oliveira Vigário Paroquial de Nossa Senhora da Conceição - Macau

Padre Cícero: o patriarca do Sertão

Padre Cícero Romão Baptista (Crato, CE, 24 de março de 1844 – Juazeiro do Norte, CE, 20 de julho de 1934), ou como todo povo romeiro chama: “Meu Padim”, foi um grande homem de Deus e defensor dos marginalizados de seu tempo. Até hoje atrai inúmeras pessoas à terra dos romeiros e romeiras da Mãe das Dores - Juazeiro do Norte - CE. Padre jovem e recém-ordenado, Cicero Romão foi convidado pelos moradores da Fazenda Tabuleiro Grande (atual Juazeiro do Norte, para celebrar a Missa de Natal e, vendo a necessidade daquele povo carente em todos os aspectos, para lá se mudou e de lá nunca mais saiu. Homem à frente de seu tempo, soube dar ao seu rebanho, não só o pão da Palavra de Deus e da Eucaristia, mas também as condições necessárias para a dignidade humana tão desejada, proporcionando terra, moradia e profissão a todos aqueles que lhe acorriam dos mais diversos rincões do nordeste do Brasil. Graças ao seu testemunho e boa influência junto a todo o povo, fez de Juazeiro do Norte uma terra ordeira, devota, de um povo trabalhador e temente a Deus. Todavia, o fato de nunca ter saído de Juazeiro não o fez menos conhecido em todas as regiões dessa imensa nação. Hoje, passados 83 anos de sua páscoa eterna, milhares de fiéis se dirigem todos os anos à “Terra dos Romeiros” para visitar a Mãe das Dores, confessar-se, comungar e pedir a bênção ao “Patriarca do Sertão”. A vida e as obras do Padre Cicero Romão falam por si; basta visitar Juazeiro do Norte. Como disse o Senhor no Evangelho: “Árvore boa produz frutos bons” (Cf. Mt 7,17). Portanto, a vida deste servo de Deus, como árvore plantada no Senhor, continua a produzir abundantes frutos.

Direito Canônico Por Diác. Francisco Teixeira - Assessor jurídico da Arquidiocese de Natal

Imunidade tributária da cota patronal Em março deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em sede de repercussão geral, que os critérios para o gozo da imunidade tributária de contribuições sociais das entidades sem fins lucrativos deveriam ser previstos em Lei Complementar (RE 566.662-RS). Com esse entendimento, o STF afastou a aplicabilidade da Lei de CEBAS (Lei 12.101/09), devendo as entidades observarem os requisitos dispostos no art. 14 do Código Tributário Nacional. A decisão do STF, por ser tomada sob o rito da Repercussão Geral, vincula todos os outros Tribunais do País em causas de matéria semelhante, valendo desde a publicação do resultado. Já são várias as causas julgadas favoráveis às entidades que buscam na justiça o reconhecimento da imunidade tributária em relação a contribuição previdenciária (cota patronal), com base no art. 14 do CTN. É o caso do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, que alcança, além de outros Estados, a Secção Judiciária Federal do Rio Grande do Norte. Assim, as entidades que não possuem CEBAS, mas cumpram os requisitos do art. 14 do CTN, poderão entrar na Justiça para requerer a Imunidade das Contribuições Sociais (Contribuição Patronal e PIS), conforme garante a Constituição Federal (art. 195, §7º).

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a ordem | Vida Pastoral

Pastoral da Pessoa Idosa chega a quase 50% das paróquias de Natal Por Cione Cruz

O Estatuto do Idoso, em seu Art. 3o, diz que “É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”- . A Igreja Católica, como membro da sociedade

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civil, busca cumprir o seu papel junto aos idosos, através do trabalho desenvolvido pela Pastoral da Pessoa Idosa, criada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em novembro de 2004, cuja missão é “promover os direitos da pessoa idosa, sua saúde, segurança e participação, valorizando os vínculos familiares e intergeracionais, por meio de acompanhamento domiciliar, fortalecendo a Rede de Solidariedade”.


Vida Pastoral | a ordem

de, além de promover a formação dos coordenadores paroquiais. Ela explica que nas visitas domiciliares é feito um cadastro das pessoas idosas, onde são registradas informações sobre as condições de saúde, alimentação e qualidade de vida deles. Posteriormente, esse cadastro é encaminhado à coordenação nacional que, depois de uma avaliação, encaminha ao Ministério da Saúde. Quanto à formação dos coordenadores, Zeneide afirma que a coordenação arquidiocesana faz uma programação mensal com os coordenadores paroquiais que, por sua vez, fazem a programação com os líderes das comunidades. A invisibilidade é o maior problema do idoso, e, segundo Zeneide, a sociedade não presta atenção à pessoa idosa. “Só quando ela incomoda”, ressalva. Cacilda Medeiros

A Arquidiocese de Natal, seguindo orientação dessa Pastoral, fundada pela Dra. Zilda Arns Neumann, desenvolve esse trabalho junto a 43 das 103 paróquias, acompanhando 1.335 pessoas idosas. Segundo a coordenadora arquidiocesana, Zeneide Fernandes Macedo de Paiva, esse trabalho segue a metodologia do ver, ouvir e falar. “Nós somos pontes com a família e a sociedade civil”, afirma Zeneide, lembrando que a Pastoral tem assento no Conselho Estadual da Pessoa Idosa e recebe, frequentemente, convites para participar de debates e de audiências públicas sobre o tema. “O papel da Pastoral - disse Zeneide Macedo - é fazer o acompanhamento domiciliar das pessoas idosas, coordenar as equipes paroquiais e os líderes comunitários, que fazem a ponte com os serviços existentes na comunida-

Zeneide Fernandes, coordenadora da PPI

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a ordem | Notas

Natal receberá relíquia de São Francisco

outros países, a antiga Ordem Terceira foi fundada pelo próprio São Francisco e reúne mulheres, homens, solteiros, casados, celibatários e sacerdotes. Os membros fazem um compromisso público de vida evangélica, em profissão solene, e buscam viver o Evangelho, inseridos na sociedade. Aos 20 de maio de 1221 foi aprovado pelo Papa Gregório IX a “Memoriale Propositi”, primeira regra de vida para os então irmãos da Penitência, como eram conhecidos, na Idade Média.

Comunicar esperança e confiança

O 3º Seminário Arquidiocesano de Comunicação será realizado dia 23 de julho, das 8 às 13 horas, no Centro Pastoral da Paróquia de Nossa Senhora da Candelária, no bairro de Candelária, em Natal. O evento abordará o tema “Comunicar esperança e confiança no nosso tempo”, o mesmo da mensagem do Papa Francisco para o 51º Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado no último dia 28 de maio. A programação do Seminário constará de uma mesa redonda, que terá como expositores os jornalistas Marksuel Figueiredo (Inter TV Cabugi) e Antônio Neto (coordenador da Pascom na Paróquia de Santa Teresinha, no Tirol), e o Padre Rodrigo Paiva (membro do Setor de Comunicação). O mediador será o Padre Antônio Roberto. Em seguida, haverá uma palestra sobre “Mídia, opinião pública e princípios cristãos”, ministrada pelos jornalistas Filipo Cunha (Inter TV Cabugi) e Kaline Mesquita (TV Tropical).

Julho de de2017 2017 34 | Junho

2º Seminário Arquidiocesano de Comunicação, realizado em 2016

O Seminário é destinado a agentes da Pascom, nas paróquias. As inscrições estão abertas e devem ser feitas junto à coordenação do Setor Arquidiocesano de Comunicação. Mais informações pelo telefone (84) 3615-2800 / 2801 ou pelo e-mail pascom@arquidiocesedenatal.org.br.

Rivaldo Júnior

A Ordem Franciscana Secular (OFS) completa 800 anos, em 2021. Para comemorar a data, acontece uma peregrinação de uma relíquia de São Francisco de Assis (um fragmento de osso) e uma imagem do santo. Em Natal, o evento acontece entre os dias 28 de julho a 13 de agosto. A peregrinação começou, em São Paulo, em 2015, e termina daqui a quatro anos, depois de ter visitado todas as fraternidades franciscanas do Brasil. Presente em todos os estados e mais de setenta


Marco Referencial da Ação Pastoral Assunto | a ordem Arquidiocesana 2016-2019

Uma meta que responde aos apelos da sociedade

Meta 3 – Arquidiocese comprometida na luta pelo acesso e proposição de políticas públicas, para a melhoria da qualidade de vida da população, principalmente no semiárido, no conjunto do mundo rural e nas periferias urbanas

Diácono Márcio Francisco de Andrade Educador do SAR e Assessor do Vicariato Social

tos, preocupadas com a vida digna, fazendo de sua ação pastoral a certeza de que evangelizar é ver no irmão que sofre o Cristo vivo e presente nas diversas realidades. A ação da Pastoral da Criança é um exemplo claro desse cuidado com o outro. A Pastoral da Pessoa Idosa é outro exemplo de luta pelo direito a uma vida digna para os nossos idosos, principalmente aqueles que são desprezados por suas famílias. As Pastorais Carcerária, da Saúde e da Sobriedade têm como missão principal a luta pela defesa e garantia de direitos, tendo como base o evangelho. Fazer-se presente nos conselhos de políticas públicas, entendendo que são meios pelos quais são traçadas as políticas para os municípios, é de fundamental importância para a sociedade, uma vez que a credibilidade da Igreja dá esperança e certeza de que ainda podemos e devemos construir uma sociedade participativa e inclusiva. Por isso, a necessidade de se investir cada vez mais na formação política das nossas lideranças, para que entendam que a evangelização está ligada fundamentalmente à vida política, pois não há cristão que não seja um ser também político. É isto que queremos nesta 3ª Meta, do Plano Pastoral Arquidiocesano: uma Igreja verdadeiramente comprometida com os mais pobres, lutando com eles e por eles, nos diversos canais da sociedade, sendo luz em meio às trevas, semente que germina no coração dos que ainda têm esperança e a esperança para os que perderam a fé nas instituições públicas.

ANUNCIO RADIO RURAL

O Marco Referencial da Arquidiocese de Natal (Plano Pastoral), fruto do trabalho em assembleia arquidiocesana, elegeu para quatro anos uma meta que respondesse aos apelos da sociedade, uma vez que vivemos em tempos difíceis socialmente. Preocupada com os rumos da sociedade, a Igreja que também tem o dever de ser presença nos espaços de decisão política, à luz da quinta urgência do Documento de Aparecida (Igreja a serviço da vida plena para todos) e em consonância com a Doutrina Social da Igreja, vem procurando fortalecer as lideranças por meio da formação política, com cursos para lideranças – através da Escola de Fé e Política -, capacitando-as para atuar nos diversos conselhos de políticas públicas, nos municípios de abrangência da Arquidiocese. Outra maneira de se fazer presente tem sido através das instituições que atuam em nome da Igreja, nos municípios deste Estado, trabalhando diretamente com as lideranças, sindicatos e associações, como fazem o Serviço de Assistência Rural e Urbana (SAR) e o Serviço de Apoio a Projetos Alternativos Comunitários (SEAPAC). Além deles, as várias pastorais sociais atuam, não só na evangelização, mas na garantia e defesa de direi-

Junho de Julho 2017de| 2017 35 | 35


a ordem | Artigo

O sacerdócio, o dom de Deus O senhor Deus é onipotente e onisciente, isto é, tudo pode e tem a plenitude do conhecimento, do saber. Mas além disso e muito mais do que tudo isso. Ele se identifica com o BEM. Ele é o BOM. Já, São Boaventura, no século 13, falava do princípio Bonum est diffusivum sui, o Bem, por sua natureza se difunde, tende a se espalhar, comentava seu significado e sua importância. Daí podemos entender um pouco porque Deus criou o Universo. Este Universo que até hoje, com toda a técnica e esforços dos mais brilhantes cientistas colocando telescópios até em satélites artificiais, não conseguimos saber até onde vão os seus limites. Mas o BEM queria mais e “inventou” uma criatura, o Ser Humano, como reflexo infinitamente menor do que o seu Criador, mas extraordinariamente capaz de conhecer e poder realizar coisas maravilhosas. E lhe deu a fantástica capacidade de ser livre. Infelizmente, esta criatura maravilhosa abusou da liberdade, usando-a para fazer o mal. Então, o Bem não se conformou com essa aparente derrota. De fato, o Bem é infinitamente mais poderoso do que o Mal. Fez-se criatura humana em Jesus para consagrar e santificar o que estava perdido, criou alguém que doa o sagrado: o SACER/ DOTE, o que doa o sagrado. Ele é a pessoa de Jesus santificado e consagrando os caminhos do Senhor para o que o BEM se torne presente no pequenino planeta Terra, perdido na imensidão do Universo.

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Dom Heitor de Araújo Sales Arcebispo Emérito de Natal

Foi na última ceia, pouco antes de ser crucificado e, depois, gloriosamente ressuscitado, que Jesus, o BEM que quis se tornar também homem, tornou presente o maravilhoso permanente milagre do sacerdócio católico. A tarefa do sacerdócio não é apenas representar Cristo – cabeça da Igreja – diante da assembleia dos fiéis: ele age também em nome de toda Igreja quando apresenta a Deus a oração da Igreja e, sobretudo, quando oferece o sacrifício eucarístico (CIC – Catecismo da Igreja Católica). O Santo Cura d’Ars escreveu: “É o sacerdote que continua a obra da redenção na terra’… Se soubéssemos o que é o sacerdote na terra, morreríamos não de espanto, mas de amor’… O sacerdócio é o amor do coração de Jesus!”.


Pe. José Pereira Neto Administrador da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Canguaretama

Liturgia daPalavra

Notas

Martírio, a fé e o grito do amor

“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos!” (Jo 15,13)

A teologia do martírio está inteiramente baseada na morte de Cristo e no seu significado. Cristo é o protótipo dos mártires: “Ele que era de condição divina, não se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo. Assumiu a condição de servo, tornou-se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-se ainda mais, obedecendo até à morte, morte de cruz” (Fl 2,6-8). Os “PROTOMÁRTIRES DO BRASIL” descendem da autenticidade da fé de um povo, professada na Igreja de Cristo, os quais reconheciam verdadeiramente as consequências da permanência em sua fé. Estamos vivendo um tempo todo especial da graça de Deus, na vida da nossa Igreja Arquidiocesana, com a confirmação da Canonização dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, que garante o título de Santos. Reconhecer o sangue derramado é ter a certeza de que o amor existiu. Dentro desse contexto amoroso do bom Deus, foi que, em 16 de julho de 1645, o estado do Rio Grande do Norte, vivia a invasão holandesa, que tinha como objetivo dominar as terras férteis, por meio da religião, com o desejo de transformar os católicos em fiéis calvinistas (protestantes). Na manhã daquele domingo, dedicado a Nossa Senhora do Carmo, o Padre André de Soveral e seus companheiros, diante da escolha entre a fé católica e a calvinista, preferiram na hora da missa, derramar o sangue por Jesus, vivido no mistério eucarístico. Não obstante, as iniciativas frustradas dos invasores, insistiram no dia 3 de outubro do mesmo ano, no campo de Uruaçu. Outra tentativa de imposição do calvinismo, mais uma vez. O Padre Ambrósio Francisco

Ferro, Mateus Moreira, e seus companheiros leigos escolheram morrer pela fé católica. Dentro desse contexto espiritual foi que os dois sacerdotes, os padres André e Ambrósio. derramaram seu sangue: um exatamente na hora da missa e o outro unido à sua comunidade de fé. Dentre os martirizados, um se destacou: o leigo Mateus Moreira, que nos relatos históricos afirmam que na hora do martírio o seu coração foi arrancado pelas costas, onde o mesmo exclamou: “Louvado Seja o Santíssimo Sacramento.” Por esse grito de amor a Jesus Eucarístico, foi proclamado Patrono dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística, na Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, em 2005, e a decisão foi aprovada pela Congregação para o Culto Divino. Para os dias atuais, esse testemunho ecoa como um fortalecimento para a nossa fé. O grito de amor fez com que seu coração fosse arrancado e o amor pudesse ser proclamado naquilo que, para ele, estava toda a sua vida: a Eucaristia. Pertencemos a uma Igreja Eucarística, onde Cristo imolado no altar é testemunhado com as nossas vidas e atitudes. Pertencemos a uma Igreja de santos que, com sua simplicidade, entendem que Jesus está em cada missa celebrada. Pertencemos a Igreja dos mártires, que entenderam que a fidelidade a Jesus precisa passar pela experiência da Cruz e, consequentemente, o derramamento do sangue por Ele. Pertencemos a Igreja do Grito, que muitas vezes no silêncio das nossas dores, das nossas alegrias, da nossa fé, exprime e deve exprimir o nosso amor a Jesus, assim como proclamou o ainda beato Mateus Moreira: “Louvado Seja do Santíssimo Sacramento.”

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a ordem | Solidariedade

Papa Francisco proclamou o Dia Mundial do Pobre

Primeiro Dia Mundial do Pobre Na conclusão do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, no final de 2016, na Carta Apostólica intitulada “Misericórdia e misera”, o Papa Francisco instituiu o Dia Mundial do Pobre. No último dia 13 de junho, o Santo Padre publicou a mensagem para o primeiro Dia Mundial do Pobre, com o tema: “Não amemos com palavras, mas com obras”. A data será vivida no 33º Domingo do Tempo Comum, dia 19 de novembro. O Papa inicia a mensagem, com a citação evangélica do tema central: “Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade”. Estas palavras do apóstolo São João – diz Francisco – são um imperativo do qual nenhum cristão pode prescindir. A importância do mandamento de Jesus, transmitido pelo “discípulo amado” até aos nossos dias, tem pleno sentido diante das palavras vazias que saem da nossa boca. Escreveu o Pontífice: “O amor não admite álibis: quem pretende amar como Jesus amou, 38 | Julho de 2017

deve assumir o seu exemplo, sobretudo quando somos chamados a amar os pobres. Aliás, é bem conhecida a forma de amar do Filho de Deus: “Ele nos amou primeiro, a ponto de dar a sua vida por nós. Deste modo, a misericórdia, que brota do coração da Trindade, se concretiza e gera compaixão e obras de misericórdia pelos irmãos e irmãs mais necessitados.” O Papa recordou que, nestes dois mil anos, numerosas páginas da história foram escritas por cristãos que, com simplicidade e humildade, se colocaram a serviço dos irmãos mais pobres. Na mensagem, ele citou alguns nomes que mais se destacaram na caridade, como São Francisco de Assis, testemunha viva de uma pobreza genuína. Ele encerra a mensagem convidando a Igreja a fixar o olhar, no dia 19 de novembro, a todos os que estendem suas mãos invocando ajuda e solidariedade. O texto, na íntegra, está disponível no portal do Vaticano, no endereço http://w2.vatican.va.


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