A Ordem
Fundação Paz na Terra Ano LXV - Nº 17 Natal-RN / Setembro de 2017 / R$ 7,00
Pastoral do dízimo duas décadas plantando a semente da partilha
a ordem | Assunto
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Outubro de 2016 | 3
a ordem | Editorial
A voz da consciência
Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689
Conselho curador: Pe. Charles Dickson Macena Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra Conselho editorial: Pe. Paulo Henrique da Silva Pe. Júlio César Souza Cavalcante Luiza Gualberto Adriano Charles Cruz, OFS Hevérton Freitas Josineide Oliveira Cione Cruz Vicente Neto Filipo Cunha Edição e Redação: Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) Luiza Gualberto (DRT-RN 1752)
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Entrevista
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Paróquias
Socióloga analisa contexto social da falta de segurança pública
Queira ou não, o ser humano vive sob a tutela de leis e normas, sejam elas legisladas, impostas pelos usos e costumes da sociedade ou pela ordem natural da própria consciência moral como criatura de Deus. O cristão, por sua vez, também se submete às leis e normas eclesiais, como os 10 mandamentos (da Lei de Deus) e os 5 mandamentos da Igreja. Quem “determina” o cumprimento dessas leis e normas é a própria criatura, no íntimo da consciência moral que lhe é inerente como ser racional. Essa consciência moral “julga as escolhas concretas, aprovando as boas e denunciando as más” (cf CIC, 1777). Pelo Batismo, o cristão passa a pertencer à Igreja de Cristo, com todos os ônus e bônus advindos desta pertença. Neste caso, suprir as necessidades materiais da Igreja e dos que a ela acorrem é um dever de consciência. Dízimo é a palavra usada para este suprimento das necessidades eclesiais. O ideal é que cada cristão oferte a décima parte dos ganhos pessoais mensais. No entanto, cada um tem a liberdade, de acordo com o que lhe diz a consciência moral, de ofertar o valor que quiser. Estará devolvendo a Deus apenas uma pequenina parte do muito que recebeu. Ser dizimista é uma decisão da consciência moral e um dever de cada cristão.
Expediente
08
Conheça as comunidades paroquiais das cidades de Pureza e Extremoz
26 Reportagem
Secretária: profissão que exige dinâmica e proatividade
32 Vida Pastoral
Seminário vai abordar exortação apostólica Amoris laetitia
FOTO DA CAPA: Arte: Terceirize Editora Revisão: Milton Dantas (LP 3.501/RN) Colaboradores: José Bezerra (DRT-RN 1210) Adriano Cruz (DRT-RN 1184) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal Projeto e diagramação: Terceirize Editora (84) 3211-5075 www.terceirize.com
Comercial: RN Editora Idalécio Rêgo (84) 98889-4001 Impressão: Unigráfica - (84) 3272-2751 Tiragem: 3.000 exemplares Assinaturas: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 - Tirol - Natal/RN - (84) 3615.2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br
| a ordem
Setembro de 2017 | 5
a ordem | Palavra da Igreja
Catequese sobre esperança e martírio Em audiência geral do dia 28 de junho de 2017, o Papa Francisco falou durante a tradicional catequese sobre a esperança que dá forças aos mártires e das características que um cristão deve ter para se considerar como tal. Afirmou que “deverá ser prudente, às vezes também astuto: estas são virtudes aceitas pela lógica evangélica. Mas a violência nunca. Para derrotar o mal, não se podem compartilhar os métodos do mal”. O pontífice iniciou a sua reflexão falando sobre esperança cristã como força dos mártires: “Quando, no Evangelho, Jesus envia os discípulos em missão, não os ilude com miragens de fácil sucesso; pelo contrário, adverte-os claramente que o anúncio do Reino de Deus comporta sempre uma oposição. E usa também uma expressão extrema: “Sereis odiados – odiados – por todos por causa do meu nome” (Mt 10, 22). Os cristãos amam, mas nem sempre são amados. Desde o início Jesus nos coloca diante desta realidade: em uma medida mais ou menos forte, a confissão da fé ocorre em um clima de hostilidade”. E continua: “A fidelidade ao estilo de Jesus – que é um estilo de esperança – até a morte, será chamada pelos primeiros cristãos com um nome belíssimo: “martírio”, que significa “testemunho”. Havia tantas outras possibilidades, oferecidas pelo vocabulário: poder-se-ia chamar heroísmo, abnegação, sacrifício de si. E em vez disso os cristãos desde o primeiro
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Papa francisco Chefe de Estado do Vaticano
momento chamaram com um nome que perfuma de discipulado. Os mártires não vivem para si, não combatem para afirmar as próprias ideias e aceitam dever morrer somente por fidelidade ao Evangelho. O martírio não é nem mesmo o ideal supremo da vida cristã, porque acima disso está a caridade, isto é, o amor para Deus e para o próximo. Diz isso bem o apóstolo Paulo no hino à caridade: “Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria” (1 Cor 13,3). Repugna os cristãos a ideia que os atentadores suicidas possam ser chamados “mártires”: não há nada em seu fim que possa se aproximar do comportamento dos filhos de Deus”. Na sua catequese, o papa recorda os mártires de ontem e de hoje: “Às vezes, lendo as histórias de tantos mártires de ontem e de hoje – que são mais numerosos que os mártires dos primeiros tempos – ficamos maravilhados diante da força com que enfrentaram a prova. Esta força é sinal da grande esperança que os animava: a esperança certa que nada e ninguém podia separá-los do amor de Deus doado em Jesus Cristo (cfr Rm 8, 38-39)”. E concluiu: “Que Deus nos dê sempre a força de sermos testemunhas. Dê a nós viver a esperança cristã sobretudo no martírio escondido de fazer bem e com amor os nossos deveres de todos os dias. Obrigado”.
A voz do pastor | a ordem
Vivência do mês da Bíblia
Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal
Queridos irmãos e irmãs! Neste mês de setembro a Igreja celebra o mês da Bíblia. Na nossa Igreja Particular, também celebramos o mês do Dizimo, por existir uma relação muito próxima entre a Bíblia, Palavra de Deus que conta a história de um povo, suas leis, suas realizações, seus sucessos e suas deficiências e o dízimo, vivido pelo Povo de Deus, e mostrado na Bíblia como reconhecimento de pertença e de oferenda pelos mais pobres, os órfãos e as viúvas, e para favorecer o templo, espaço de oração e de adoração do Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó. O dizimo é uma oferta livre e uma experiência de amor, e todos os que dele participam dão testemunho de abertura de coração e sentido de pertença à comunidade eclesial. Nas nossas comunidades, a Pastoral do Dízimo, em seus 20 anos de atuação, é uma realidade bem presente e muitos que a ela se dedicam o fazem com empenho e zelo, não poupando esforços para transmitir a todos os dizimistas a experiência da partilha, da generosidade e do sentido de responsabilidade pela comunidade a que todos os batizados são chamados a ter e a viver. É uma responsabilidade na missão da Igreja, testemunhada pela Palavra de Deus. No Marco Referencial da Ação Pastoral da Arquidiocese de Natal – 2016-2019, reconhecemos a necessidade e a urgência de uma animação bíblica da vida e da pastoral da Igreja. Afirmamos isso não só quanto à Pastoral do Dizimo, que deve ser sempre iluminada pelas experiências de fé do povo de Deus, mas também
para todas as pastorais, movimentos e serviços de nossa Igreja Arquidiocesana. É preciso recordar sempre: a Palavra de Deus nos apresenta a missão da Igreja como continuação da missão de Jesus Cristo, Palavra eterna do Pai, encarnada na nossa história. A Igreja vive da Palavra e vive para a missão, isto é, por escutar na Palavra que Deus enviou seu Filho e seu Espírito (cf. Gl 4,4-6) e que assim como o Pai enviou o seu Filho este nos envia também (cf. Jo, 20,21), ela encontra o fundamento de sua missão na revelação da missão do Filho e do Espírito, atestada na Bíblia. Por isso, assim como houve e há um empenho de todos pela Pastoral do Dízimo, quero que haja um empenho ainda maior para que nossas comunidades sejam animadas pela Palavra de Deus. Que este mês traga a todos a conscientização de que necessitamos investir mais e mais na formação bíblica, na espiritualidade bíblica, e como consequência disso, numa vida de imitação de Cristo na caridade para com nossos irmãos e irmãs. Pela relação que existe entre Bíblia e dizimo, quero manifestar a todos o meu desejo de que a Pastoral do Dízimo não seja vista como um coletor de dinheiro, mas como um instrumento de evangelização. De fato, serve para a Pastoral do Dízimo o que dizemos do Conselho de Assuntos Econômicos e Administrativos: na comunidade de fé o dinheiro, as coletas, as doações, tudo é em função da pastoral, isto é, para facilitar a missão da Igreja, a Evangelização. Nada deve ser usado em beneficio próprio, mas para evangelizar. E, sobretudo para evangelizar os mais necessitados, como fez o próprio Jesus (cf. Lc 4,18).
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a ordem | Entrevista
AntropĂłloga social analisa fatores que
geram violĂŞncia no RN
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Entrevista | a ordem Por Filipo Cunha A falta de segurança pública no Rio Grande do Norte (RN) é tema constante na pauta das discussões sociais. No dia 14 de agosto, a Ordem dos Advogados do RN publicou uma nota sobre a situação da segurança no estado e apresentou alguns dados alarmantes sobre a criminalidade: são mais de 1.500 mortes violentas desde o início do ano e a média de roubos de carros tem superado a marca de 20 veículos por dia, totalizando mais de 5 mil nos últimos oito meses. Assaltos a bancos, carros-fortes e agências dos Correios ultrapassam as 80 ocorrências. Mas, a questão da insegurança está atrelada somente ao aumento da violência? Juliana Melo, doutora em antropologia social e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), desenvolve um trabalho nesta área. Dra. Juliana é de Brasília e chegou a Natal em 2010. Na UFRN, ela tem desenvolvido pesquisas nas áreas de etnografia do sistema prisional e judiciário e uma sobre prisão, tráfico e familiares de apenados. Ela também integra o grupo militantes em direitos humanos, que encaminhou uma petição para a comissão interamericana de direitos humanos, denunciando a situação do presídio de Alcaçuz. A Ordem: A violência que vemos hoje no Rio Grande do Norte tem origem onde? Professora Juliana: Não se pode isolar o contexto do Rio Grande do Norte do contexto nacional e ninguém passa por uma política criminal que nos levou a ter, hoje, uma das maiores populações carcerárias do mundo. A desigualdade social; a falta de políticas públicas; o descompasso entre uma ideia de justiça que na norma prega a ideia de igualdade e na prática é desigual; a falta de cidadania; o recrutamento de milhares de jovens periféricos para as prisões cotidianamente são elementos que compõem esse quadro e precisam ser mencionados quando pensamos sobre as origens e questões relacionadas à violência urbana em nosso país. No caso do Rio Grande do Norte, todos esses fatores estão correlacionados. A desigualdade é mais presente nos bairros periféricos da grande Natal e onde se encontram pessoas já vulnera-
bilizadas e que frequentemente são capturadas pelas malhas da violência (seja entrando no crime ou sendo uma vítima do próprio Estado, por vezes). A Ordem: Qual o papel da sociedade civil no processo de construção de uma saída para esta violência urbana? Professora Juliana: A sociedade tem um papel fundamental e é muito importante que tenha um conhecimento mais amplo sobre seus direitos e para perceber como esses mesmos direitos são implementados em diversos contextos. É importante também para perceber que a violência é um fenômeno muito complexo e do qual todos nós fazemos parte. Desse modo, é fundamental desconstruir os mitos de que justiça só se faz com punição, pois essa perspectiva abre espaço para todo tipo de arbitrariedade e permite, reiteradamente, a criminalização da pobreza, a desumanização do outro
e a multiplicação de “soldados” do crime que, ao contrário de se manterem passivos no lugar em que sentem humilhados, buscarão se vingar do tratamento recebido. A sociedade precisa também perceber que há uma relação de continuidade entre o mundo prisional e o mundo da rua e que todos nós deveríamos zelar pela melhoria das condições das prisões e pela implementação de direitos já assegurados na Lei de Execuções Penais. A Ordem: Existe exemplos positivos de superação da crise? Professora Juliana: No meu caso, trabalhando e apoiando familiares de presos desde o evento ocorrido em Alcaçuz, vejo que escutar e acolher as famílias dos presos pode ter um papel fundamental para romper com velhos ciclos que, sistematicamente, capturam pessoas e famílias inteiras para o mundo da violência e da prisão. As
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a ordem | Entrevista
medidas alternativas, tornozeleiras e audiências de custódia, desde que não sejam usadas para reiterar os estereótipos vinculados a ideia de pobreza, negritude e criminalidade, são instrumentos importantes para a superação da crise. Da mesma forma, é fundamental fortalecer a defensoria pública e o serviço de inteligência da polícia, pois os crimes mais graves como o de homicídio, dificilmente são desvendados ou tem a investigação concluída. Se ainda não avançamos em relação ao desencarceramento, vejo o modelo das APAC (Associação de Apoio e Proteção aos Apenados) como um caminho possível e importante para redução desse quadro. Mais baratas do que as prisões tradicionais, as Apacs acolhem as famílias e dignificam os que estão privados de liberdade, o que contribui para taxas de reincidência prisional negativa. Se, por outro lado, não avançamos em relação à regulamentação do mercado de drogas ilícitas, a discussão está posta e aos poucos vai avançando e penso que esse deve ser o caminho. A Ordem: A violência urbana é apenas mais um reflexo de violências anteriores? Falta de escolas? Falta de
oportunidades? Professora Juliana: Não é apenas um reflexo, é parte estrutural disso. Uma coisa, ao meu ver, está vinculada à outra, ainda que não possamos associar diretamente pobreza e criminalidade, como muitos o fizeram no passado e ainda o fazem. No entanto, a falta de acesso à escola, à saúde, à segurança, a vivência, desde a mais tenra infância, de situações marcadas pela precariedade e violência cometida tanto pelo Estado como pelas próprias facções criminosas, são ingredientes que facilitam a entrada no mundo do crime. A maior parte da população carcerária brasileira, por exemplo, é praticamente analfabeta e não teria acesso ao mercado qualificado de trabalho. Nesse sentido, poderiam ter que trabalhar 8, 10 horas por dia em troca de um salário que não condiz com suas necessidades físicas e/ou perspectivas pessoais. Nessa conjuntura, o tráfico, por exemplo, acaba se constituindo como uma empresa e, para muitos, a que oferta a melhor oportunidade de trabalho possível. Aqueles que fazem parte dessa empresa, sabem que a vida no tráfico é breve, mas, ao menos por um tempo, se sentirão “gente”, isto é, terão tênis e roupas de marca; atenção
das mulheres no caso dos homens e uma arma na cintura. Ou seja, além de dinheiro, o tráfico dá poder e oferece possibilidades de reconhecimento que não existiam anteriormente. Não se trata apenas de uma dimensão mercantil, mas também de reconhecimento da subjetividade de cada um, daí seu grande poder persuasivo. A Ordem: Como a imprensa pode ajudar? O que faz mal e o que faz bem no trabalho da imprensa? Professora Juliana: A imprensa pode ajudar desconstruindo o mito de que “bandido bom é bandido morto” e convidando a uma reflexão mais crítica sobre o que há de implícito nisso. Pode também questionar policiais, por exemplo, quando estão reportando crimes de homicídio e afirmando que “aquele era apenas mais um traficante”. Pode tentar contribuir para que as pessoas tenham uma atitude menos moralista em relação à guerra às drogas e revelar, a partir do embasamento teórico e empírico adequado, como há uma relação entre a questão prisional e o crescimento da violência urbana no nosso país e que isso precisa ser debatido, sem medo de um estado de pânico moral. Divulgação
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Entrevista | a ordem
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a ordem | Capa
Pastoral do Dízimo completa duas décadas de atuação
As comemorações iniciaram em 2016 e serão concluídas dia 16 de setembro, com o Encontrão Arquidiocesano, na Catedral Metropolitana
A história da Pastoral do Dízimo, na Arquidiocese de Natal, vem sendo construída desde a década de 90, com encontros, formações para os agentes, prestação de contas e um permanente trabalho de conscientização junto aos fiéis. A experiência iniciada em Natal, pelo então Arcebispo, Dom Heitor de Araújo Sales, foi inspirada na mesma ação que ele implantou em Caicó, quando esteve à frente daquela diocese seridoense. “Em Caicó, sentiam-se muitas dificuldades com a manutenção das paróquias, porque elas eram mantidas basicamente com o dinheiro das quermesses, nas festas dos padroeiros. O quinto mandamento da Igreja dizia: ‘pagar o dízimo segundo o costume’. Mas esse mandamento era muito pouco observado, porque o costume era não pagar o dízimo. Eu precisava fazer as pessoas entenderem que o dízimo não era uma questão do dinheiro, era amor à igreja, doação, uma pastoral,” lembra Dom Heitor. E
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Cacilda Medeiros
Peregrinação com as capelinhas missionárias prepara dizimistas para os 20 anos
foi nesse contexto que ele levou para Caicó, uma equipe do Instituto Missionários para Evangelização e Animação de Comunidades (MEAC), que já havia implantado uma experiência exitosa da Pastoral do Dízimo, em São José dos Campos (SP), para assessorar momentos de formação nas paróquias.
Quando assumiu o governo da Arquidiocese de Natal, no final de 1993, Dom Heitor também percebeu a dificuldade na manutenção das paróquias e logo começou a defender a implantação da Pastoral do Dízimo, fato que aconteceu, oficialmente, em 1997.
Capa | a ordem Nesta época, antes de mesmo de ser oficializada na Arquidiocese, a Paróquia de Cristo Rei, no Conjunto Pirangi, em Natal, já contava com a experiência do dízimo, coordenada pelo casal Fernando e Sânzia Souza. Em 1997, Dom Heitor, em visita pastoral à Paróquia de Cristo Rei, conheceu o trabalho desenvolvido pelo casal à frente do dízimo e os convidou para implantarem a mesma experiência em nível arquidiocesano. “Aceitamos o desafio e convidamos alguns casais para nos ajudar nessa missão. Passamos cerca de seis meses preparando as pessoas que iriam compor a coordenação arquidiocesana, como também nas paróquias”, explica Fernando. Ele ressalta o apoio que receberam dos então Arcebispo, Dom Heitor, e ecônomo arquidiocesano, Vital Bezerra. Segundo Fernando, o maior desafio encontrado, no início, para implantar a pastoral, nas paróquias, foi o desconhecimento do que seria o dízimo, por parte de alguns padres e dos leigos. “Alguns padres eram arredios, porque não sabiam como funcionava a administração do dízimo. E, de uma maneira geral, os católicos achavam que dízimo era coisa de evangélico e que só ele (o evangélico) tinha essa obrigação para com a manutenção de sua igreja. Mas com conversas e muita conscientização, conseguimos melhorar”, relembra o primeiro coordenador arquidiocesano. “A grande missão da
Pastoral do Dízimo é evangelizar, em todos os sentidos, seguindo os passos de Jesus. É importante que o agente dessa pastoral ajude os fiéis a terem a consciência de que o processo de evangelização é permanente. Então, a grande missão do agente é evangelizar através e com o dízimo”, ressalta. Fernando e Sânzia ficaram à frente da coordenação arquidiocesana no período de 1997 a 2005. Depois, a coordenação foi assumida pelo casal Dominício e Maria do Socorro (já falecida); seguida do Padre João Maria do Nascimento e do casal Antônio Rodrigues e Luiza Maia. Há seis anos, a Pastoral é coordenada pelo casal Randeclécio Xavier e Elaine Nayara. “É uma alegria poder contribuir com a Igreja nesse projeto do dízimo. Não é um projeto fácil, porque trabalha com a consciência das pessoas de efetivamente serem e participarem da Igreja. Levar o fiel a compreender que o dízimo é muito mais espiritual do que capital, é algo desafiador,” comenta Randenclécio. Além de Randenclécio e Elaine, a coordenação arquidiocesana conta com mais dois casais, sendo um casal responsável por cada um dos três Vicariatos territoriais. A equipe também é composta pelos articuladores de zonais e de integrantes do grupo de formadores. Hoje, há equipe da Pastoral do Dízimo em todas as paróquias da Arquidiocese.
José Bezerra
Randenclécio e Elaine, atuais coordenadores e Fernando Souza, primeiro coordenador, nos 15 anos da Pastoral
Vinte anos depois Passados 20 anos, Dom Heitor Sales testemunha a alegria de ver a ação da Pastoral do Dízimo dando certo. “Vejo a experiência dessa pastoral, na Arquidiocese de Natal, com muita alegria. Quantas vezes já ouvi pessoas dizerem que são dizimistas e dizem isso quase como uma honra. O fato de ser dizimista passou a ser um elemento da vida cristã da pessoa. Isso é muito bom e nos alegra,” diz o arcebispo emérito de Natal. “O fato de a Pastoral do Dízimo estar completando 20 anos, funcionando de uma maneira maravilhosa, cumprindo sua missão, é motivo de alegria”, diz Fernando Souza.
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José Bezerra
a ordem | Capa
O Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, diz que o trabalho desempenhado pela Pastoral do Dízimo, na Arquidiocese, é louvável e importantíssimo. “Oxalá se todos nós, ministros ordenados e todo o povo de Deus pudéssemos incentivar esse trabalho, nas paróquias. O dízimo é uma grande bênção, uma graça de Deus”, diz o Arcebispo. Tempo de gratidão A comemoração alusiva aos 20 anos iniciou em setembro de 2016, no Encontrão Arquidiocesano do Dízimo, quando cada paróquia recebeu uma ‘capelinha missionária’ com a imagem de Nossa Senhora da Apresentação. Segundo o coordenador arquidiocesano, Randenclécio Xavier, nas paróquias, os agentes levaram a capelinha até a residência dos dizimistas, especialmente dos enfermos e idosos, para momentos de evangelização e oração. “Junto com cada capelinha, enviamos um roteiro de celebração. A intenção é que os agentes levassem-na até os dizimistas enfermos e pessoas que estão afastadas da Igreja. E é um trabalho a ser realizado durante todo o ano”, explica o coordenador. Ainda como parte das comemorações, no mês de março, aconteceu uma romaria arquidiocesana, para o Santuário de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz; foram realizados al-
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Dom Jaime, então bispo de Campina Grande (PB), assessorou o Encontrão Arquidiocesano do Dízimo, em 2007
guns cursos de formação, em vários temas, e, no dia 19 de agosto, aconteceu um baile de confraternização, na AABB, em Natal. Toda a programação comemorativa será encerrada com o Encontrão Arquidiocesano do Dízimo 2017, que será realizado no dia 16 de setembro, das 14h às 20 horas, na Catedral Metropolitana. No pátio da Catedral, será montada uma exposição de fotos, vídeos e alguns materiais, lembrando as duas décadas de história da Pastoral do Dízimo, na Arquidiocese de Natal. Às 15 horas, será celebrada missa solene, presidida pelo Arcebispo, Dom Jaime Vieira. Após a missa, haverá a apresentação de testemunho de pessoas que atuaram na equipe arquidiocesana, no decorrer da história. O encerramento será às 20 horas, com bolo, parabéns e fogos. Para o Arcebispo, o momento é de gratidão: “Deixo aqui minha gratificação profunda à coordenação
arquidiocesana, pela dedicação para com a missão. Celebremos estes 20 anos com sentimento de gratidão ao Senhor por todos aqueles que contribuem com a vida da nossa Igreja e para a evangelização.” O mesmo sentimento de gratidão é compartilhado pelo atual coordenador arquidiocesano, Randenclécio Xavier: “Nosso muito obrigado aos agentes paroquiais pela disponibilidade, pelo serviço nessa trajetória de evangelização.” Aos dizimistas, ele diz: “a partir dessa experiência pessoal com Deus, nós reconhecemos a vontade de devolver o que é Dele, uma experiência de gratidão.” Aos agentes da Pastoral do Dízimo, nas paróquias, Dom Jaime deixa uma mensagem: “Às pessoas responsáveis pela arrecadação do dízimo, digo que vocês são importantíssimas e estão prestando um serviço inigualável e imensurável para a vida da Igreja.”
Capa | a ordem
Resultado financeiro Tradicionalmente, a Arquidiocese prepara uma planilha para divulgar no mês de setembro, quando se celebra o Mês do Dízimo. Na planilha consta o resultado financeiro do dízimo, de todas as paróquias, referente ao ano anterior. “Globalmente, a arrecadação do dízimo tem crescido ano após ano,” ressalta o advogado Vital Bezerra, responsável pela organização da planilha. Segundo o advogado, o crescimento acumulado, em nível arquidiocesano, referente ao período de julho/1997 a dezembro/2016 foi de 279,65%. O ano de maior crescimento percentual foi 2006, em comparado com 2005: 18,82%. A planilha atual mos-
tra que em 2016, em relação a 2015, o crescimento foi de 6,78%. O valor arrecadado no conjunto das paróquias da Arquidiocese, entre janeiro e dezembro do ano passado, foi de R$ 17.327.090,86. O aumento anual no valor da arrecadação, de acordo com Vital Bezerra, é atribuído ao trabalho desenvolvido pela Pastoral do Dízimo, nas paróquias. “É um trabalho que não visa só o financeiro, mas a evangelização. É um trabalho que cria nas pessoas o compromisso de responsabilidade para com a obra da missão evangelizadora na Igreja,” lembra. E acrescenta: “atribuo esse crescimento constante na ar-
recadação à forma como a Pastoral do Dízimo na Arquidiocese de Natal, partindo das bases paroquiais, contando com a dedicação e doação de muitos agentes.” O Arcebispo, Dom Jaime, afirma ser impressionante o quanto a arrecadação do dízimo tem crescido, nestes 20 anos, na Arquidiocese de Natal. “O que seria da manutenção da nossa Igreja, se não tivéssemos o dízimo? Por isso, todos nós devemos incentivar, contribuir, reconhecer o valor do dizimista. E não é só significado financeiro, mas o significado pastoral dessa atitude dos fiéis para com a manutenção da Igreja”, destaca.
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a ordem | Artigo
Mobilidade, acessibilidade e direito à cidade: questão de cidadania Por maiores que sejam os problemas socioeconômicos e ambientais das aglomerações urbanas contemporâneas, e por ainda mais graves e prementes de solução sejam esses problemas no âmbito dos países em desenvolvimento, não restam muitas dúvidas a respeito de a cidade hodierna ser uma conquista civilizatória. Afinal, o ser humano é, por natureza, gregário; e agrega-se para satisfação de necessidades de pertencimento social, entre as quais se inclui a formação da identidade individual na convivência social. Assim, do ponto de vista do indivíduo, há que se pensar a cidade primordialmente como um espaço de oportunidades de convívio social cujo usufruto deve estar garantido à cidadania. Subjacente à legislação e à normativa, portanto, o direito à cidade responde a uma vocação inequívoca da urbe: a realização das aspirações humanas de identidade e pertencimento social. Quando se discute mobilidade urbana de que realmente se está falando? Essencialmente na possibilidade real e concreta de permitir ao cidadão o usufruto das oportunidades urbanas de aperfeiçoamento individual e de convívio. Por isso, focar a discussão da mobilidade em sua obviedade semântica de expressar a possibilidade de movimentar-se é um equívoco intelectual. Mobilidade não é um valor humano nem social relevante, a menos que ela seja entendida como condição necessária para chegar e achegar-se, para ter acesso ao convívio social formador e transformador da identidade. Daí que o valor humano e social realmente relevante está na acessibilidade e não na mobilidade; mover-se sem chegar é infrutífero. Com tais pressupostos em mente, como se poderia re-
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Enilson Santos Professor do Departamento de Engenharia Civil Universidade Federal do Rio Grande do Norte
pensar a questão da acessibilidade como fim (e da mobilidade como meio) do ponto de vista das políticas públicas e das estratégias cidadãs de posicionamento a respeito delas? A perspectiva mais imediata e basilar é aquela que orienta primeiramente a discussão para a reorganização da cidade. Muitas décadas se passaram em que a cidade foi constantemente orientada para uma disposição territorial segregadora, baseada na separação de classes sociais e de tipos de atividades (zoneamento), e dificultadora das relações de convívio e do usufruto universal das oportunidades urbanas. Tudo isso se respaldou na mitificação do automóvel privado, voraz e ineficiente consumidor de espaços urbanos e de energia, consequentemente feroz predador da qualidade socioambiental das cidades. A atual crise da locomoção privada, traduzida em altos custos privados e sociais, congestionamentos cotidianamente reiterados e uma agressividade ambiental insustentável, aponta claramente para a necessidade de que se planeje a cidade para viagens urbanas a menores distâncias, com uma utilização mais intensa de modos de locomoção ativos (caminhada, bicicletas) e de modos coletivos. Uma cidade organizada de forma a aproximar os destinos almejados pelos cidadãos (trabalho, educação, saúde, compras, lazer, socialização) de suas origens de viagem, de suas residências. E que disponha de operação de transportes coletivos de qualidade, especialmente para aqueles deslocamentos necessários a destinos mais remotos, na forma de oferta de serviços de transportes coletivos que permitam o acesso universal de cada indivíduo a cada espaço onde possa ele desfrutar de oportunidades de realização individual e social.
Assunto | a ordem
Maio de 2017 | 17
a ordem | Em ação
Caminhada da Solidariedade
beneficiará ações sociais da Arquidiocese Dia 03 de setembro foi o dia de exercer a solidariedade na Arquidiocese de Natal. O Vicariato para as Instituições Sociais promoveu a 3ª edição da Caminhada da Solidariedade. Neste ano, os recursos arrecadados com a venda das camisetas serão destinados para os trabalhos desenvolvidos com dependentes químicos, além de crianças e jovens, como a Comunidade Boa Nova, em São José de Mipibu e a Casa do Menor Trabalhador, que entre outros projetos, trabalha com cursos profissionalizantes, que inserem esses jovens no mercado de trabalho. A programação teve início às 07h, com celebração eucarística, no Santuário dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, situado no bairro Nazaré, em Natal, presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha. Após a missa, os participantes seguiram em caminhada pelas principais ruas da cidade, encerrando na Catedral Metropolitana. Nos primeiros dois anos de realização, a caminhada reuniu um público de 7 mil pessoas. Em sua primeira edição, a caminhada favoreceu sete abrigos de idosos e na segunda edição, foram beneficiadas pastorais e serviços vinculados ao Vicariato.
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Luiza Gualberto
Horta organizada pelos acolhidos da Comunidade Boa Nova
Comunidade Boa Nova Há 27 anos, a comunidade Boa Nova desenvolve um trabalho com dependentes químicos, com a proposta de reabilitá-los e reinseri-los na sociedade. São 10 casas espalhadas em todo o Nordeste, sendo nove masculinas e uma feminina. No território da Arquidiocese de Natal, a comunidade está situada em uma granja, entre os municípios de São José de Mipibu e Monte Alegre. O responsável pela comunidade na Arquidiocese é Antônio Steferson. Os acolhidos, como são chamados os que chegam à comunidade, passam por um ano de tratamento, de forma gratuita.
Atualmente, a casa tem capacidade para acolher 20 internos. De acordo com Steferson, uma extensa programação é desenvolvida com eles. “Acreditamos que o trabalho digno ajuda o homem a crescer, de acordo com a condição física de cada um. O que é essa ocupação? Coisas da casa, como limpeza, cultivo de horta, fábrica de vassouras, cuidado com a cozinha, entre outras atividades”, frisa. O responsável pela comunidade também explica que a oração é um ponto forte da programação junto aos acolhidos. Outras informações sobre o processo de triagem e atendimento ligue: (84) 98698-5465.
Em ação | a ordem Casa do Menor Trabalhador A Casa do Menor Trabalhador de Natal é uma instituição filantrópica, de assistência social e sem fins lucrativos. De acordo com seu Estatuto, a Casa do Menor Trabalhador atua buscando evitar que crianças e jovens permaneçam ociosos nas ruas ou ocupando atividade lucrativa não formal. Para tanto, a organização promove encontros sistemáticos previstos no ensino fundamental, na educação profissionalizante e em atividades culturais. A Casa do Menor Trabalhador visa utilizar, de modo especial, políticas emancipatórias para adolescentes e jovens de baixa renda e baixa escolaridade. A instituição trabalha para que as crianças e jovens sejam protagonistas de suas histórias, trabalhem em conjunto na transformação da realidade que enfrentam na família e na comunidade. Há aproximadamente 30 anos em funcionamento, a iniciativa surgiu através do trabalho social da Ir. Lúcia Montenegro, junto à Arquidiocese de Natal. Em 1987, a Campanha da Fraternidade teve como tema “Quem acolhe um menor a mim acolhe” e a partir desta temática, a religiosa criou a instituição, que além dos jovens, atende o público infantil, por meio de uma parceria com o governo do estado. A casa fornece
a estrutura e alimentação para os alunos e a secretaria de educação disponibiliza os professores. Atualmente, a casa tem como diretora a Ir. Márcia dos Santos, vinda do estado de Pernambuco. A Casa do Menor Trabalhador abre seleção para os cursos profissionalizantes duas vezes ao ano e as formações são voltadas para jovens carentes. Os cursos duram em média cinco meses e após este período, os alunos formados seguem para o estágio nas empresas parceiras da casa. Mesmo participando do estágio, o jovem precisa estar na casa uma vez na semana para dar continuidade ao aprendizado, em que eles podem aprender sobre ética, regime CLT e o manual de apren-
dizagem do governo federal. Essa fase dura por 1 ano e 4 meses, período em que dura o estágio. Após esta fase, a empresa pode contratar o jovem. Segundo dados da casa, de 2014 para cá, 1.589 jovens estão inserido no mercado de trabalho. Para a realização dos cursos, a casa conta com uma parceria com o Instituto IGMK, que custeia o pagamento dos professores, bem como dos uniformes dos alunos. Mas, para custear as demais despesas, a casa conta com o apoio da população, bem como, de outras entidades. Aqueles que desejarem contribuir, podem ligar para: (84) 3223-4924. A instituição funciona na rua Presidente José Bento, 927, no bairro do Alecrim. Rivaldo Junior
Casa do Menor Trabalhador
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Assunto | a ordem
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Fotos: Rivaldo Júnior
a ordem | Paróquias
Extremoz guarda memória da história
guarda memória da história do RN e da Igreja Católica
A Paróquia de São Miguel Arcanjo, em Extremoz, na região metropolitana de Natal, foi criada há mais de 200 anos, sendo uma das mais antigas do Rio Grande do Norte. De acordo com o Padre Normando Pignataro Delgado (in memoriam), no livro Paróquias Potiguares – uma história, “por Alvará Régio, de 6 de junho de 1755, assinado pelo rei Dom José I, de Portugal, ao tempo do marquês de Pombal, o povoado foi confiscado aos jesuítas e transformado na Freguesia de Extremoz. Então, a Igreja de São Miguel, o mais belo templo da Capitania, passou à condição de Igreja Matriz da sede paroquial de Extremoz. A freguesia foi instalada em 3 de maio de 1760.”
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Ainda segundo o livro do Pe. Normando, a “Paróquia de Extremoz passou por mudanças e transformações, até que, depois de 1897, foi extinta e transferida definitivamente para Ceará-Mirim.” Em 1968, o jovem sacerdote belga Jacques Theisen (Pe. Tiago) chegou à Arquidiocese de Natal, para um trabalho de missão. Quando chegou à Arquidiocese, assumiu a comunidade de Extremoz, onde recriou a Paróquia. Em 15 de abril de 1982, o então Arcebispo, Dom Nivaldo Monte, publicou decreto restaurando a Paróquia de São Miguel Arcanjo. Na ocasião, foi nomeado pároco o Padre Inácio Loiola Bezerra.
Igreja Matriz de São Miguel Arcanjo
Ruínas de São Miguel Inicialmente, os índios Tupis e Paiacus habitavam as terras que hoje pertencem ao município de Extremoz. Eles viviam às margens da Lagoa de Guajiru. Em 1607, uma parte da terra foi concedida aos jesuítas, pelo capitão-mor do Rio Grande do Norte, Jerônimo de Albuquerque. Segundo relatos do historiador Câmara Cascudo, em 1757, durante as invasões holandesas ao Brasil, os jesuítas foram expulsos e a povoação tornou-se a primeira Capitania do RN, com a categoria de Vila. Ainda hoje quem passa pela cidade de Extremoz, pode contemplar as ruínas da primitiva Igreja de São Miguel. A destruição do templo foi contada
Paróquias | a ordem
geração a geração, através de lendas. Uma delas faz menção a um tesouro, que seria sido enterrado no interior da construção da Igreja. Os antigos moradores, segundo a lenda, teriam demolido o templo, na tentativa de encontrarem o tal tesouro. De acordo com o atual pároco, Padre João Pedro Sobrinho, a igreja primitiva era a mais bela construída no estilo colonial. Media 16 metros de altura, 13m de largura e 30m de comprimento. As paredes tinham 80 centímetros de largura. Hoje, há apenas alguns pedaços das paredes, no local. No mesmo espaço, se encontra um cruzeiro, que era o marco dos jesuítas, quando chegavam a um lugar para a missão. Os janelões do antigo templo foram transformados em portas para a atual Matriz. A pia batismal também é usada, na Igreja de São Miguel. O índio Poti (Felipe Camarão) foi batizado nessa pia, em 13 de junho de 1612. Nos dias atuais Atualmente, a Paróquia de São Miguel Arcanjo compreende apenas uma parte do município de Extremoz e é formada por 19 comunidades. No último dia 24 de agosto, foi criada a Paróquia de São João Batista, com sede na praia de Pitangui, sendo desmembrada da Paróquia de Extremoz. “Somos uma paróquia
missionária e com forte devoção ao São Miguel Arcanjo. Acredito que o sentido missionário vem da raiz da evangelização conduzida pelos jesuítas, nestas terras. E, mais recente, tivemos o trabalho realizado pelo Padre Tiago Theisen, que sempre enfatizou muito a catequese”, define o pároco, Padre João Pedro. A festa do padroeiro, São Miguel, é celebrada no período de 21 a 29 de setembro. Contudo, a preparação dos fiéis para os festejos já começa no mês de agosto, com a peregrinação da imagem do padroeiro pelas comunidades. As ações da Paróquia são realizadas por 15 pastorais, movimentos e serviços.
Ruínas da Igreja de São Miguel
ENDEREÇO Praça Prefeito José Franco, s/n Centro - Extremoz/RN CEP: 59575-000 Contato (84) 3279-2716 Horários de missas Igreja Matriz - Domingos – 19h - Sábados - 6h30 - Todo dia 29, às 19h30, missa votiva em honra de São Miguel
Padre João Pedro, pároco
Saiba mais saomiguelparoquia@yahoo.com.br miguel.larcanjo.5
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a ordem | Paróquias
Nossa Senhora da Pureza, A cidade de Pureza, distante 65 km de Natal é famosa pela piscina natural de águas cristalinas, formada pela nascente do rio Maxaranguape. Com uma população de aproximadamente 10 mil habitantes, a cidade também tem fortes marcas da fé e religiosidade popular. Segundo o livro “Paróquias potiguares – uma história”, de autoria do padre Normando Pignataro Delgado (in memoriam), em 1806, o pioneiro Leandro Rodrigues Braga trabalhava na agricultura em sua propriedade rural, chamada Pau Ferro, localizada numa região muito fértil que pertencia ao município de Extremoz. No livro, Pe. Normando também fala que na época, um pequeno povoado começou a se formar nesta área, principalmente por conta do manancial de águas cristalinas, que brotava de uma pedra e irrigava todo o vale do Maxaranguape. Anos se passaram e, no ano de 1877, o povoado de Pau Ferro passou a ser chamado de Pureza, que no ano de 1930 se transformou em município.
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Fotos: Rivaldo Junior
uma Paróquia na cidade das águas cristalinas
Igreja matriz
Neste período, a fé e a religiosidade popular eram marcas fortes dos que lá moravam. O padre Cidinei Firmino, administrador paroquial da Paróquia de Nossa Senhora da Pureza conta que, na época em que se formou o povoado, eram muito tradicionais as romarias para Juazeiro do Norte (CE). “Muitos fiéis iam
para Juazeiro do Norte e saiam daqui a pé. Naquela época, uma figura se destacava. João Riachão, como era conhecido popularmente, recebeu das mãos do padre Cícero Romão, a imagem de Nossa Senhora da Pureza, a quem é dedicada esta Paróquia.”, diz. Pe. Cidinei também comenta que, ao chegar em Pureza,
Paróquias | a ordem
a imagem foi levada para uma capela de palha, situada num distrito da comunidade, chamado Baixa do Meio. “Quando a imagem chegou aqui, no ano de 1917, não existia a matriz aqui no centro da cidade. Então, ela ficou temporariamente nesta capela. Com a conclusão da matriz, os fiéis trouxeram a imagem para cá, em procissão, o que disseminou a fé e devoção a Nossa Senhora da Pureza”, destaca. Agora no mês de setembro, a Paróquia celebra o centenário da imagem de Nossa Senhora da Pureza. Em 20 de maio de 2008, o arcebispo metropolitano da época, Dom Matias Patrício de Macedo, criou a Paróquia de Nossa Senhora da Pureza, dentro dos limites do município de Pureza, e totalmente desmembrada do território da Paróquia do Bom Jesus dos Navegantes de Touros. Marcas da fé popular Além da devoção a Nossa Senhora da Pureza, os fiéis também fazem orações para o padre Cícero. Pe. Cidinei destaca que todos anos, sempre no dia 20 de julho, a comunidade se volta para a expressão da fé ao “Padim Ciço”. “Neste dia, temos uma procissão, que sai de um cruzeiro que tem a estátua do padre
Cícero, que fica localizada no início da cidade. Após a procissão, acontece uma missa, na Igreja matriz, às 19h. Essa é uma atividade que acontece há 28 anos aqui na cidade e que atrai inúmeros fiéis”, enfatiza. Vida Pastoral A Paróquia de Nossa Senhora da Pureza é uma comunidade bem atuante e conta com diversos grupos de pastorais, movimentos e serviços. Diariamente, na Igreja matriz, são desenvolvidas diversas atividades, como terço dos homens, terço das mulheres, louvor, adoração ao Santíssimo Sacramento, estudo bíblico, entre outros. A Paróquia conta com 20 comunidades, nas quais são desenvolvidas diversas atividades de evangelização.
Endereço: Endereço: Praça 5 de abril, 95 – Centro – Pureza CONTATOS: (84) 3266-5140 Horário de missa: Domingos – 19h30 SAIBA MAIS Funcionamento da secretaria paroquial: Segunda a Sexta-feira, das 07h30 às 11h30 e das 14h às 17h
Pe Cidinei Firmino, administrador paroquial
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a ordem | Secretária Jeferson Fernandes
Secretária:
profissão que exige dinâmica e proatividade
Jauva Santos, secretária paroquial
Espírito proativo, atenção aos detalhes e dinâmica são algumas das características exigidas para o exercício da profissão de secretária. Com os avanços da sociedade, o trabalho da secretária mudou com o decorrer do tempo. Se antes precisava ela precisava ser uma perfeita datilógrafa e fazer exatamente o que o chefe solicitava, hoje ela as-
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sume uma posição mais independente, acumulando outros tipos de funções, tomando decisões e filtrando o que deve ou não chegar às mãos da chefia. A datilografia foi deixada de lado e substituída pelas novas tecnologias. No próximo dia 30, comemora-se o dia da secretária e a data para esta celebração foi escolhi-
da, porque no dia 30 de setembro de 1850, nasceu Lilian Sholes, primeira mulher no mundo a usar a máquina de escrever. Filha de Christopher Sholes, o gráfico norte-americano e inventor da máquina de escrever, Lilian se tornou símbolo mundial na área. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a
Secretária | a ordem
carreira de secretária tem evoluído com o passar dos anos e o mercado nesta área se mostra amplo. Hoje, um técnico em secretariado pode, por exemplo, desenvolver projetos nas áreas comercial, industrial e de serviços, trabalhando em quase todos os setores da economia, desde pequenas a grandes corporações. O IBGE também mostra que a assessoria em secretariado é um ramo de negócios que está em crescimento constante. Trata-se de uma atividade promissora, principalmente em bancos estrangeiros. Outro aspecto que também mudou com a evolução da profissão foi a clássica divisão de secretária júnior (iniciantes) e sênior (executiva). Atualmente, mesmo as secretárias que estão na fase de estágio já agregam um volume de trabalho compatível com o de uma profissional. De acordo com o Instituto Denver, centro de treinamento vocacional, as perspectivas de futuro para a carreira de secretária são boas. Gerentes, diretores e outros profissionais estão gerenciando sua própria correspondência através de e-mail e outras ferramentas online. Para a secretária, a tendência é a possibilidade de atender vários gerentes e/ou diretores ou ainda mesmo todo um departa-
mento. Neste sentindo, novas tarefas estão surgindo: pesquisa na internet, treinamento, gerenciamento de projetos e elaboração online de atas de reuniões. Secretária paroquial No meio religioso, a figura da secretária paroquial é bastante presente junto aos fiéis, tendo em vista a sua importância no gerenciamento e encaminhamento de todos os processos que envolvem a dinâmica e vida paroquial. Jauva Santos, secretária da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, de Macaíba, está na função há 50 anos. Ela ingressou nessa função no dia 04 de abril de 1697. “Inicialmente vim fazer uma experiência, a convite do Pe. Alcides, que era vigário na época, aqui na Paróquia e no início foi um pouco difícil. Mas eu tinha interesse em aprender e logo compreendi a funcionalidade da secretária, que era tudo muito simples. Mesmo simples, o trabalho exigia seriedade e competência”, conta. Jauva também relata que o compromisso é um dos requisitos básicos para o desempenho desta profissão. “Não é fácil assumir esta função numa paróquia. Aqui temos um arquivo antigo e extenso, o que representa grande res-
ponsabilidade. Eu resumo em três palavras o desempenho desta função: confiança, amor e doação. Desses anos dedicados à função de secretária paroquial, Jauva diz que o que mais lhe marcou foi o respeito, amizade e confiança, depositados tanto pelos padres quanto pelos paroquianos. Ela também avalia que a profissão tem evoluído com o passar do tempo. “Com os avanços que o mundo nos proporciona, houve uma grande melhoria, os trabalhos são facilitados, o contato com outras paróquias e dioceses são bem melhores, o que facilita o atendimento ao público. Acredito que sabendo se adaptar às tecnologias, usando-as de forma correta, elas tem muito a contribuir”, analisa. CONASPAR Anualmente, a Promocat, empresa de Marketing Integrado, especializada no segmento católico, realiza o Congresso Nacional de Secretários Paroquiais (CONASPAR). A 3ª edição vai acontecer em março de 2018, na cidade de Aparecida (SP). O evento foca no treinamento técnico das secretárias e secretários de paróquias, cúrias e casas religiosas do Brasil. Outras informações acesse: www.conaspar.catholicus.org.br.
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a ordem | Notas
Arquidiocese cria paróquia em Pitangui
A mais nova paróquia da Arquidiocese de Natal é dedicada a São João Batista e tem sede na Praia de Pitangui, no município de Extremoz. Composta de sete comunidades, foi desmembrada da Paróquia de São Miguel Arcanjo, em Extremoz. A criação aconteceu dia 29 de agosto, em celebração presidida pelo Vigário Geral da Arquidiocese, Padre Paulo Henrique da Silva. Na ocasião, foi lida a provisão assinada pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha, nomeando o primeiro pároco, Padre João Paulo Costa da Silva. Ele estava à frente da Área Pastoral, desde sua criação, há quase um
Cacilda Medeiros
Padre João Paulo (com a mão sobre a Bíblia), primeiro pároco
ano. “Estou me sentindo, hoje, como se estivesse chegando pela primeira vez a uma comunidade. Vi a comunidade se organizando, se preparan-
do para acolher o primeiro pároco, então tudo isso é motivo de muita alegria e de render graças a Deus”, comentou o Padre João Paulo.
Peregrinação inicia preparativos para festa da padroeira
Adriana e Cantores de Deus fazem show em Uruaçu
A partir de 21 de setembro, cerca de 250 capelinhas com a imagem de Nossa Senhora da Apresentação vão visitar lares de fiéis e devotos, em preparação para a festa da padroeira da Arquidiocese e da cidade do Natal. No dia 21, às 18h, acontece a concetração, na Pedra do Rosário, às margens do Rio Potengi. De lá, os fiéis seguem em procissão luminosa, rezando o terço, até à Catedral Metropolitana, onde será celebrada missa, presidida pelo Padre Joãozinho, SCJ, residente em São Paulo. Da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, os Dehonianos, Padre Joãozinho é escritor, professor universitário, conferencista, cantos e compositor. A peregrinação das capelinhas acontece no período de 21 de setembro a 10 de novembro. No mesmo período, uma imagem da padroeira também peregrina por escolas, instituições governamentais e não governamentais. A festa de Nossa Senhora da Apresentação será celebrada no período de 11 a 21 de novembro. Neste ano, terá como tema: “Senhora da Apresentação, Rainha dos Mártires”.
O monumento dos Mártires, na comunidade de Uruaçu, no município de São Gonçalo do Amarante, vai ser palco para dois shows religiosos, no mês de outubro, em homenagem aos Protomártires do Brasil. No dia 3, encerrando a festa dos Mártires, haverá show com Adriana Arydes. Com dez CDs gravados, ela canta músicas conhecidas nacionalmente como “Qual é a chave” e “Colo de mãe.” Já, no dia 28, antes da missa em ação de graças pela canonização dos Mártires, será a vez do grupo Cantores de Deus se apresentar em Uruaçu. O grupo nasceu em São Paulo, fruto do desejo do Padre Zezinho de criar um grupo vocal que o acompanhasse nos shows. Hoje, os Cantores de Deus contam com 18 anos de história, nove CDs gravados e um DVD ao vivo. A canonização dos Padres André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, de Mateus Moreira e seus 27 companheiros leigos, acontece dia 15 de outubro, em Roma, em celebração presidida pelo Papa Francisco.
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Personalidade | a ordem
Por Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo de Natal
Luzia Faustino
Natural de Monte das Gameleiras (RN), ela chegou para morar em Ponta Negra, quando essa era uma praia praticamente deserta, sem energia elétrica e sem água encanada. Ela viu o Conjunto Ponta Negra ser construído e a então vila de pescadores se transformar em prédios residenciais, pousadas e luxuosos hotéis. De família numerosa, filha de um cobrador de impostos e de uma parteira, Luzia Faustino de Freitas perdeu o pai ainda criança. Aos dez anos, deixou a casa da mãe para ser interna em um colégio de religiosas, na cidade de Nova Cruz. Em 1951, aos 14 anos de idade, foi convidada a morar em Natal, para fazer o ‘ginásio’ e trabalhar no Patronato de Ponta Negra, um espaço que abrigava crianças carentes. Era, na verdade, a primeira escola existente na Vila de pescadores. Quando Luzia chegou para morar e trabalhar no Patronato foi na mesma época que iniciava a construção do Centro de Treinamento. Ambos, ficavam no mesmo terreno, nas proximidades do Morro do Careca. O fato é que ela também viu o Centro ser construído, por etapas, e passou 66 anos à frente da sua administração. A primeira parte do prédio foi construída com recursos adquiridos pelo então Padre Eugênio Sales, depois nomeado Bispo Auxiliar de Natal. O principal objetivo era hospedar pessoas que chegavam, até de outros países, para conhecer as ações do Movimento de Natal, idealizado pela Arquidiocese, na década de 50 até 1964, quando Dom Eugênio foi transferido para Salvador. Nesses 66 anos que ficou à frente da direção do Centro de Treinamento, Luzia Faustino recepcionou milhares de pessoas, desde as mais simples, até figuras ilustres como governadores, Núncios Apostólicos, o Presidente da
Cacilda Medeiros
e o Centro de Treinamento
República, Juscelino Kubitschek, e o Papa João Paulo II, quando esteve em Natal, para encerrar o 12º Congresso Eucarístico Nacional, em 1991. Ser a pessoa responsável pela hospedagem do, hoje, São João Paulo II, é, sem dúvida, o fato mais marcante na vida de Luzia. Atualmente, aposentada, Luzia não está mais à frente do Centro de Treinamento, mas continua residindo no bairro de Ponta Negra e tem o maior carinho por esse espaço. Podemos dizer que a história dela e a do Centro se misturam. Por todo trabalho, zelo, desprendimento e compromisso para com esse espaço da Arquidiocese de Natal, nós rendemos graças a Deus por sua vida e lhe prestamos esta homenagem na Revista A Ordem.
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a ordem | Para conhecer
Turismo & Cultura Férias sob a proteção da
Mãe Aparecida
Por Edvanilson Lima e Rivaldo Junior - Setor de Comunicação da Arquidiocese de Natal No último mês de julho, durante nossas férias, fizemos uma visita ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP). Não era o nosso principal destino de viagem, mas fizemos todos os esforços possíveis para visitar o Santuário, neste momento tão especial, em que celebramos os 300 anos do encontro da imagem, no rio Paraíba do Sul. Programamos para aproveitar dez dias de nossas férias no Rio de Janeiro (RJ), mas um dos momentos mais esperados, era a visita a Aparecida. A expectativa para chegar lá, era maior para Junior, já que ele ainda não conhecia o Santuário. A viagem até a cidade de Aparecida durou cerca de 3h. No caminho, ainda na rodovia Presidente Dutra – que liga o Rio de Janeiro a São Paulo, já começamos a perceber as demonstrações de fé, ao ver romeiros vindos
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de vários lugares, caminhando com destino ao Santuário. Participamos da Santa Missa, às 10h, juntamente a centenas de peregrinos vindos de vários lugares do Brasil, e ao final, renovamos a nossa Consagração a Nossa Senhora. Foi um momento de muita emoção! Fizemos nossos agradecimentos, preces e orações. Além das celebrações e atendimento de confissões, o Santuário também oferece aos peregrinos opções de lazer e comodidade. Como fomos de carro, tivemos a comodidade de deixar o carro no estacionamento do Santuário, pagando uma diária de R$ 15,00 (com direito a Socorro Mecânico e seguro furto). Dentre as opções de lazer, utilizamos o serviço de teleférico, pagando R$ 28,00 por pessoa (cada bondinho comporta até seis pessoas). O embarque é realizado em uma estação
localizada no pátio do Santuário e o teleférico faz um percurso de aproximadamente 1.170m, passando pela Via Dutra, até chegar ao alto do Morro do Cruzeiro. Lá, além da vista da cidade, o peregrino conta com serviço de lanchonete e pode fazer compras em uma loja com produtos oficiais. Uma sugestão, para quem for a Aparecida, é de também conhecer o subsolo do Santuário, que conta várias lojas, lanchonetes e livrarias com produtos religiosos. Lá, você vai encontrar variadas opções para lembranças e presentes. Quem ainda não foi ao Santuário Nacional, vale a pena conhecer. Visitar a casa da Mãe Aparecida, é sempre especial para um peregrino, e não diferente conosco. É impossível chegar lá e não sentir-se tocado pelas diversas demonstrações de fé e devoção a Nossa Senhora.
Marco Referencial da Ação Pastoral Arquidiocesana 2016-2019
Comunicação e Evangelização A boa comunicação é algo muito importante no processo de evangelização. “Evangelizar é comunicar a boa nova, a realização do Reino de Deus em Jesus Cristo” (apresentação do Diretório da Comunicação da Igreja no Brasil). Neste contexto, da preocupação de cuidar da comunicação, principalmente nesta época de mudanças, ocasionadas, em boa parte, pelas inovações das tecnologias comunicacionais, a meta 4 do Marco Referencial Arquidiocesano aponta para o “Uso eficaz dos meios de comunicação social em favor de um maior compromisso pastoral e evangelizador.” Foram pensadas cinco estratégias para fazer cumprir esta meta. As estratégias direcionam para o fortalecimento do Setor de Comunicação da Arquidiocese; para a implantação e consolida-
ção da Pastoral da Comunicação, nas Paróquias; o uso das novas tecnologias da comunicação no processo de formação dos agentes e divulgação das ações pastorais; para a articulação dos jovens comunicadores, e para a implan-
| a ordem
Pe. Júlio César Souza Cavalcante Coordenador do Setor de Comunicação da Arquidiocese de Natal
tação e utilização das rádios comunitárias, pelas paróquias. A implementação da meta 4 vem sendo monitorada, sistematicamente, pela equipe do Setor de Comunicação da Arquidiocese de Natal.
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a ordem | Vida Pastoral
Amoris laetitia A Exortação Apostólica Amoris laetitia, do Papa Francisco, será tema de um seminário, promovido pelo Setor Família da Arquidiocese de Natal. A atividade será realizada no próximo dia 24 e terá como assessor, Dom Paulo Jackson, bispo diocesano de Garanhuns (PE). O seminário está inserido no contexto do calendário de atividades elaborados pelo setor para este ano. A programação acontecerá no Centro Municipal de Referência em Educação (CEMURE), localizado no bairro Nazaré, em Natal. As atividades terão início às 07h30, com credenciamento e lanche. Às 09h será apresentada uma visão geral da Exortação Apostólica. A programação segue com uma mesa redonda e almoço. Na parte da tarde, a reflexão será em torno do capítulo VIII da Amoris laetitia (Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade) e após, uma apresentação sobre o Tribunal Eclesiástico Interdiocesano. O seminário vai encerrar com celebração eucarística. A participação é aberta a todos os leigos, que integram os mais variados movimentos,
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Brunno Antunes
Seminário abordará Exortação Apostólica
Evento será aberto a todos os leigos
serviços e grupos pastorais da Arquidiocese de Natal. Inscrições As inscrições para participar do seminário já estão abertas no site da Arquidiocese de Natal – www. arquidiocesedenatal.org.br. O valor para participar do seminário é R$ 50,00, o que dá direito ao almoço, lanches e material. Os interessados também podem fazer a inscrição na sala do Setor Família, que fica
no subsolo da Catedral Metropolitana, no Tirol. Para os participantes que farão a inscrição no site da Arquidiocese, a taxa para ingressar no evento deve ser depositada na seguinte conta: Banco do Brasil – Ag. 2035-4 – C/C – 160.0362, em nome de Didiê Nunes do Nascimento Silva. O comprovante de depósito deve ser enviado, via whatsapp para o número: (84) 99407-5686. Outras informações ligue: (84) 3615-2800.
Vida Pastoral | a ordem desta Exortação e ilustra-o a partir do “hino ao amor” de S. Paulo na Primeira Carta aos Coríntios (1 Cor 13, 4-7). O quinto capítulo do documento foca-se na fecundidade, no acolher de uma nova vida, na espera própria da gravidez, no amor de mãe e de pai. No sexto capítulo, Francisco aborda algumas vias pastorais que orientam para a edificação de famílias sólidas e fecundas de acordo com o plano de Deus. O sétimo capítulo é integralmente dedicado à educação dos filhos: a sua formação ética, o valor da sanção como estímulo, o realismo paciente, a educação sexual, a transmissão da fé e, mais em geral, a vida familiar como
contexto educativo. No oitavo capítulo, o pontífice faz um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral diante de situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor propõe. O nono capítulo aborda a espiritualidade conjugal e familiar. No parágrafo conclusivo, o Papa afirma: ”Nenhuma família é uma realidade perfeita e confeccionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar. (…) Todos somos chamados a manter viva a tensão para algo mais além de nós mesmos e dos nossos limites, e cada família deve viver neste estímulo constante” (AL 325). Serviço fotográfico do Vaticano
Amoris laetitia No dia 08 de abril de 2016, o Papa Francisco publicou a Exortação Apostólica pós-Sinodal do Papa Francisco sobre a família: “Amoris laetitia” (Alegria do Amor). O texto não traz mudanças na doutrina da Igreja sobre o sacramento do matrimônio, mas refere-se a praticar a doutrina com a Alegria do Amor de que a Igreja é portadora - a alegria fruto do Espírito Santo. O documento possui nove capítulos, que oferecem desde citações bíblicas até explicações sobre a vocação da família. No primeiro capítulo o Papa articula a sua reflexão a partir das Sagradas Escrituras, em particular, com uma meditação acerca do Salmo 128, característico da liturgia nupcial hebraica, assim como da cristã. A Bíblia ”aparece cheia de famílias, gerações, histórias de amor e de crises familiares”(AL 8). Partindo do terreno bíblico, o Papa considera no segundo capítulo a situação atual das famílias, mantendo ”os pés assentes na terra” (AL 6) como se pode ler na Exortação. O terceiro capítulo da Exortação é dedicado a alguns elementos essenciais do ensinamento da Igreja acerca do matrimônio e da família. O amor no matrimônio é o título do quarto capítulo
Amoris laetitia foi publicada pelo Papa Francisco em 2016
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a ordem | Artigo
“Devemos implicar-nos na política, porque a política é uma das formas mais elevadas da caridade, visto que procura o bem comum” (Papa Francisco)
A fé tem algo a ver com política?
A “luta” cotidiana para viver e as relações humanas nos fazem “Seres Políticos”, ainda mais quando buscamos e promovemos o “bem comum”. A partir desta ótica não há ser no mundo “apolítico” e mesmo os que dizem “não gostarem de política”, assumem o viés mais triste da política que é o da atitude de Pilatos diante de Jesus, que significa “lavar as mãos” diante das graves questões sociais que afligem a humanidade. Podemos dizer que a POLÍTICA pode ser escrita com dois “pês”: um P (maiúsculo) que diz respeito à Política Social (a luta pela organização do bairro onde moro; por transporte accessível a todos; por um posto de saúde na minha comunidade...) – e desta Política não tem como fugirmos - e um p (minúsculo), também importante, mas que significa aquela política feita a partir dos partidos para conquistar o “poder de estado”, quer a nível municipal, estadual ou federal. Neste sentido, o partido revela os interesses de parcelas da sociedade que querem mudar a forma de fazer o poder acontecer ou para mantê-lo de acordo com os interesses de seus grupos ideológicos e econômicos. Assim, cada partido revela os interesses de determinados grupos ou classes sociais que lutam para manterem seu “status quo” diante de toda a sociedade. Por isso é importante que cada cidadão(ã) entenda o que “está por trás” de cada partido, mediante seus programas e da história de seus líderes para ver se os mesmos corres-
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Diác. Francisco Adilson Assessor Vicariato Social da Arquidiocese de Natal
pondem aos interesses da maioria da população, sobretudo, dos mais fragilizados ou se estes querem manter as relações sociais como são, agravando as contradições e mantendo as injustiças presentes na sociedade. A partir destes aspectos podemos nos questionar: o que tem a ver a fé com tudo isso? Cremos num Deus que é Vida e que quer a vida para todos(as) de forma plena, abundante, como bem expressou Jesus. Neste sentido, a fé se concretiza não apenas como culto(leitura da Palavra de Deus, Orações, Celebrações, Sacramentos...), mas também como prática da justiça e da solidariedade entre as pessoas, povos e cosmos. Ela também se torna assim sinônimo de “ética”, porque sem isso a fé se torna vazia, inoperante e podemos ser, inclusive, “condenados” na sua dimensão transcendente e poderemos ficar fora do Reino de Deus. Deste modo, fé e política andam juntas em nossas vidas e por isso devemos todos nos empenhar pela justiça e pelo bem estar social, mesmo sabendo que a fé também transcende a política, porque ela se refere à vida eterna e isso é coisa que nenhum partido ou política social poderá nos dar. Todavia, a Política pode contribuir com esta dimensão transcendente da fé e neste sentido ela se torna “uma das formas mais elevadas da caridade” nos aproximando ainda mais daquilo que Deus quer para nós e para o qual Ele nos criou.
Liturgia daPalavra
Notas
Diác. José Bezerra de Araújo Assessor de Comunicação do SEAPAC
Batismo, o caminho da vida nova
Desde a origem, a criatura humana está ordenada para uma relação de amor, respeito, fidelidade e confiança com o Criador. Rompendo esta relação, o ser humano se perde na vida, vê-se despido e sem amparo e busca esconder-se do Criador, porque sente medo, pela primeira vez. É a consequência do ato da desobediência (Cf. Gn 3,7-9). Mas, por amor à criatura, o Criador não a abandona. Ao contrário, mostrou-lhe as veredas que deve seguir para viver mundo afora, sem, entretanto, deixar de “cuidar” da criatura desobediente. Nesta caminhada pelo mundo que escolheu para si, o ser humano se perde, novamente, e eis que Deus, outra vez, não o abandona à própria sorte, mas lhe envia o próprio Filho para que possa reencaminhar esta criatura por demais desobediente. E eis que o Filho traça novos “caminhos” pelos quais o ser humano deve seguir para não se “perder” no mundo para sempre. Esses novos “caminhos” orientam a criatura para Deus Pai,
a vida eterna para a qual foi criado. Os “caminhos” traçados por Jesus são os Sacramentos. Eles “alimentarão” a vida da criatura em todos os momentos, fortalecendo-a na fé, proporcionando-lhe a “cura” espiritual e abrindo-lhe as veredas para a missão na terra rumo ao Reino Definitivo. O Batismo é a primeira vereda a ser percorrida pela criatura, no novo ordenamento determinado pelo Filho. Por este sacramento, a criatura “renasce” na sua relação amorosa com o Criador, e com Ele e n’Ele retoma o caminho inicial do respeito, da fidelidade e da confiança, bens imateriais outrora perdidos. Esse “renascimento” é a base de toda a caminhada de vida da criatura sobre a terra, preparando-a para a vida eterna que há de vir. Mas só esse “renascimento” não basta. Necessita ser alimentado e, por isso, Jesus mostrou os outros “caminhos” a serem seguidos. “Os sete sacramentos atingem todas as etapas e todos os momentos importantes da vida do cristão”
(CIC 1210). Jesus foi além de simplesmente mostrar os “caminhos”. Ele os trilhou e deu o exemplo, submetendo-se ao Batismo. Nas águas do Jordão, deixou-se batizar por João Batista (cf Mt 3,13-17). Ao renascer pelo Batismo, a criatura segue um “caminho”, cresce em tamanho e sabedoria, busca o fortalecimento na Confirmação e se alimenta com o Pão Eucarístico, completando a base da iniciação cristã. O primeiro dos três sacramentos da iniciação cristã regenera a criatura e a insere na Igreja como um Filho de Deus, membro de Cristo e participante da missão eclesial. O Batismo “lava” todo o ser da criatura – corpo e alma –, “regenera-o e o renova no Espírito Santo” (cf Tito 3,5). A água é um dos elementos do batismo não por acaso, mas porque simboliza a vida. Na bênção da água batismal, diz-se que Deus “se serviu da água para fazer-nos conhecer a graça do Batismo”. O Batismo é, pois, um “banho regenerador”.
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a ordem | Viver
Carmin: grupo de
teatro potiguar se destaca no cenário nacional Por Cione Cruz
Indicada pela Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA) como a melhor peça, depois de uma temporada de 16 apresentações no SESC São Paulo no início deste ano, a peça “Jacy”, do grupo de teatro potiguar Carmin, completou quatro anos, mas continua sua trajetória, viajando por esse Brasil, juntamente com o mais novo repertório do grupo, “A Invenção do Nordeste”. Jacy conta a história de uma mulher, construída a partir de documentos, cartas, agenda telefônica, objetos pessoais e radiografias, encontradas pelo diretor Henrique Fontes, em uma frasqueira jogada no lixo. Com esses dados, foi possível escrever a sua história, pelo filósofo Pablo Capistrano e pela escritora Iracema Macedo, que perpassa a década de 20, 2ª Guerra Mundial, Ditadura Militar e outros momentos históricos, até 2010, ano de sua morte. Segundo Quitéria Kelly, atriz e fundadora do grupo Carmin, é uma história real, com a qual foi trabalhado o chamado teatro documental. “Jacy é o mote para falar do tempo, da memória, da velhice, da história de Natal”, afirmou Quitéria, contando que viajou com Jacy por 16 estados. Além da atriz, a peça conta, ainda, com a parti-
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cipação de Henrique Fontes (ator e diretor), Pedro Fiúza (videomarker) e Mateus Cardozo (produção). Na verdade, conta Quitéria, no grupo, todos fazem de tudo. Já é uma característica de grupo teatral, lembra: “O ator é assessor de imprensa, é produtor, a atriz é diretora, o diretor é ator...” Carmin Completando dez anos de existência, o grupo Carmin nasceu em 2007, idealizado pelas atrizes Quitéria Kelly e Titina Medeiros, que trabalhavam juntas desde o início do ano 2000. A ideia era trabalhar peças partindo do real e tentando dialogar com essa realidade. A primeira peça foi “Pobres de Marré” – moradores de rua”, quando as atrizes convidaram Henrique Fontes para fazer a dramaturgia. Passaram cinco anos com essa apresentação, quando houve uma reconfiguração do grupo e Titina não pode mais participar. Ela foi, então, substituída pela atriz Alessandra Augusta, e entraram, também, Henrique e Fiúza. Em 2015 encenaram “Porque Paris”, sobre a vida da escritora francesa Margeritue Duras.
Vlademir Alexandre
Viver | a ordem
Peça Jacy
Em 2016 começaram os estudos para a peça “Invenção do Nordeste”, baseado na tese de doutorado do professor Durval Muniz, “que conta um pouco da história da nossa região, desmistificando os estereótipos do que é o Nordeste”, afirmou o ator Mateus Cardozo, reforçando que todas as peças encenadas pelo Carmin partem de histórias reais. Segundo Mateus, “a cara do grupo está em tudo que a gente faz. Fica tudo de um jeito muito nosso de fazer as coisas”. Dificuldades Como é fazer teatro no Rio Grande do Norte? Essa pergunta é recorrente a todo artista local, pois sabe-se das dificuldades de se fazer cultura em um estado pobre, economicamente,
embora rico culturalmente. Quitéria Kelly é direta quando afirma que uma das principais dificuldades enfrentadas pelo grupo é a falta de política cultural para fomentar o teatro. Mateus acredita que a descrença na política está fazendo as pessoas desacreditarem, também, na arte. A falta de interesse do público, de conhecimento do que se faz em termos de cultura, disse Mateus, “é um desafio para nós”. Além disso, também não há espaços possíveis para as apresentações, com exceção da casa da Ribeira, que se transformou no palco principal (e predileto) de suas apresentações. Mesmo diante de tantas dificuldades, o Carmin sobrevive dos cachês, da lojinha (venda de camisetas, caderninhos etc) e de patrocínio do SESC, através do qual realiza temporadas em vários estados brasileiros.
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Espiritualidade | a ordem
Pe. Robson Nascimento da Silva Responsável pela Área Pastoral Imaculada Conceição – Nova Aliança - Natal
Arcanjo da fé, da proteção,
da libertação do mal
Dos sete poderosos arcanjos, mensageiros de Deus, São Miguel Arcanjo é o mais conhecido. Ele é o arcanjo da fé, da proteção, da libertação do mal. Por defender o governo de Deus e lutar contra seus inimigos, Miguel é considerado o padroeiro da Igreja Católica e faz jus ao significado do seu nome: “Quem como Deus?” Várias são as funções atribuídas a Miguel. É chamado de turiferário, psicagogo, isto é, guia das almas ao Juízo Divino, pescador de almas, por isso vem frequentemente representado por uma balança na mão. Mas a missão principal do arcanjo é aquela de protetor da Igreja e defensor da cristandade. Tanto o Antigo e o Novo Testamento mostram que o Arcanjo Miguel foi sempre muito amado e venerado pelo povo de Deus. Quando seu nome é invocado em oração, ele ouve as súplicas dos homens. Sua aparição mais conhecida é no Monte Gargano na Itália. Nos fins do século V, quando na cátedra de São Pedro regia a Igreja o Papa São Gelásio, um pastor que apascentava uma manada de vacas no alto do Monte Gargano, província da Apúlia, querendo obrigar um novilho a sair de uma caverna onde se refugiara, desferiu lá dentro uma flecha, a qual retrocedeu com a mesma velocidade, vindo ferir quem a lançara. Este fato causou admiração nos que presenciaram este acontecimento, e a notícia chegou aos ouvidos do Bispo de Siponto, cidade que ficava ao pé da montanha. Deus escutou as orações do prelado e, passados três dias, apareceu-lhe o Arcanjo São Miguel declarando-lhe que o Senhor queria que a ele, edificasse, naquela caverna, onde se manifestou o prodígio, uma igreja em sua honra, para reavivar a fé e a devoção dos fiéis no seu amor e proteção, como Anjo custódio da Igreja Católica. Sua festa é realizada todo ano no dia 29 de setembro, quando também se comemoram os dias dos arcanjos Gabriel e Rafael. Aqui, na Arquidiocese de Natal, é celebrada toda terça-feira, ao meio-dia, na Catedral Metropolitana, a missa em honra a São Miguel. Venha você participar também!
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Direito Canônico Pe. Valquimar Nogueira Reitor do Seminário de São Pedro
Qualidades dos candidatos para o seminário maior O cân. 241 §1 do CIC atual prescreve que “sejam admitidos ao Seminário Maior, pelo bispo diocesano, somente aqueles que, em vista de suas qualidades humanas e morais, espirituais e intelectuais, sua saúde física e psíquica, como também reta intenção, são julgados hábeis para se dedicarem perpetuamente aos ministérios sagrados.” O objetivo do discernimento em questão é a identificação positiva de qualidades que tornem aptos os candidatos ao presbiterato e os fatores negativos que poderiam ser prejudiciais à vocação em vista da dedicação perpétua aos ministérios sagrados, isto é, que os candidatos sejam “julgados hábeis”. No caso específico das qualidades, cuja abrangência vai “desde o equilíbrio da personalidade até a capacidade de carregar o peso das responsabilidades pastorais, do conhecimento profundo da alma humana até o sentido da justiça e da lealdade”, os principais documentos sobre a formação e o ministério sacerdotal trazem uma relação que possibilita entender concretamente seu alcance. Embora a seleção para o Seminário não comporte um juízo definitivo, precisa responder ao desafio de como comprovar elementos de maturidade e estabilidade tanto no plano humano como no compromisso cristão dos candidatos, sobre os quais se funda uma eventual vocação à vida sacerdotal.
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a ordem | Assunto
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