A Ordem
Fundação Paz na Terra Ano LXV - Nº 12 Natal-RN / Abril de 2017 / R$ 7,00
ANIVERSÁRIO
Revista A Ordem completa um ano de circulação
INFANTIL
Brinquedoteca do João Câmara leva crianças a exercitar o lúdico
REDE SAR
Conheça o trabalho desenvolvido pelo Vicariato Social da Arquidiocese
Novos Santos do
rio grande do norte Papa vai canonizar Mártires de Cunhaú e Uruaçu
a ordem | Assunto
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Outubro de 2016 | 3
a ordem | Editorial
“Vem regozijar-se”
Olhar para trás não é um ato de covardia nem de temor pelo que possa ter feito ou deixado de fazer, na vida ou no trabalho. É uma das tarefas de todo e qualquer processo de avaliação, na busca de medir os efeitos de um trabalho realizado. Deixar de avaliar o trabalho, este sim, é um ato de insensatez. Os maiores riscos estão exatamente na atitude de deixar de olhar para trás. Sem se avaliar ou avaliar o trabalho que realiza, qualquer pessoa ou grupo estará incorrendo no risco de continuar cometendo equívocos e insistindo em erros que sequer percebeu. Nesta edição comemorativa do primeiro ano da revista, os editores de A Ordem decidiram dedicar uma reportagem sobre as primeiras edições, não como uma avaliação do processo produtivo da publicação e das matérias. Mas, mesmo assim, é um ato corajoso de reler os conteúdos e republicar o que de bom foi produzido. Os conteúdos, certamente, mostrarão fatos que fazem parte do passado, mas que suscitaram ações e reações nos leitores. Comemorar um ano da publicação, revendo e relendo “algumas capas” da revista pode se assemelhar à Parábola dos Talentos, contadas por Jesus. Os editores e os leitores poderão constatar que os dons e talentos “investidos” rederam os frutos desejados e merecem aquele elogio de Jesus: “muito bem, servo bom e fiel (...). Vem regozijar-se com o Teu Senhor”(cf. Mt 25,21-22).
Expediente
Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689
Conselho curador: Pe. Charles Dickson Macena Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra Conselho editorial: Pe. Paulo Henrique da Silva Pe. Júlio César Vicente Neto Luiza Gualberto Adriano Charles Cruz, OFS Cione Cruz Hevérton Freitas Josineide Silveira Edição e Redação: Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) Luiza Gualberto (DRT-RN 1752)
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FOTO DA CAPA: Cacilda Medeiros Revisão: Milton Dantas (LP 3.501/RN) Colaboradores: José Bezerra (DRT-RN 1210) Adriano Cruz (DRT-RN 1184) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal Projeto e diagramação: Terceirize Editora (84) 3211-5075 www.terceirize.com
Comercial: RN Editora Idalécio Rêgo (84) 98889-4001 Impressão: Unigráfica - (84) 3272-2751 Tiragem: 2.000 exemplares Assinaturas: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 - Tirol - Natal/RN - (84) 3615.2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br
Cedida
Sumário | a ordem
COMUNICAÇÃO Jornalista e Professor Manuel Chaparro fala sobre futuro da profissão
Rivaldo Júnior
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ARTIGO
A Campanha da Fraternidade continua
18 PARA CONHECER
Conheça a Terra Santa, lugar por onde Jesus caminhou
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PATCHWORK
Saiba os benefícios da técnica de costura de retalhos
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PARÓQUIAS
Nesta edição você vai conhecer as comunidades paroquiais de Cidade da Esperança e Goianinha
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a ordem | Palavra da Igreja
Mensagem do Papa para a JMJ 2017 O Papa Francisco divulgou, no último dia 21 de março, uma mensagem dirigida aos jovens, em preparação para 32ª Jornada Mundial da Juventude 2017, que será celebrada nas dioceses, dia 9 de abril, Domingo de Ramos, com o título “O Todo Poderoso fez em mim maravilhas” (Lc 1, 49). O Santo Padre iniciou a mensagem, dizendo: “Eis-nos de novo em caminho, depois do nosso encontro maravilhoso em Cracóvia, onde celebramos juntos a XXXI Jornada Mundial da Juventude e o Jubileu dos Jovens, no contexto do Ano Santo da Misericórdia. Deixamo-nos guiar por São João Paulo II e Santa Faustina Kowalska, apóstolos da misericórdia divina, para dar uma resposta concreta aos desafios do nosso tempo. Vivemos uma intensa experiência de fraternidade e alegria, e demos ao mundo um sinal de esperança; as bandeiras e as línguas diferentes não eram motivo de discórdia e divisão, mas ocasião para abrir as portas dos corações, para construir pontes.” E o Santo Padre continuou: “No final da JMJ de Cracóvia, indiquei o próximo destino da nossa peregrinação que, com a ajuda de Deus, nos levará ao Panamá em 2019. Neste caminho, acompanhar-nos-á a Virgem Maria, Aquela que todas as gerações chamam bem-aventurada (cf. Lc 1, 48). O novo trecho do nosso itinerário liga-se ao anterior, que estava centrado nas Bem-aventuranças, mas impele-nos a avançar. Na realidade, tenho a peito que vós, jovens, possais caminhar, não só fazendo memória do passado, mas tendo tam-
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Papa francisco Chefe de Estado do Vaticano
bém coragem no presente e esperança no futuro. Estas atitudes, sempre vivas na jovem Mulher de Nazaré, aparecem claramente expressas nos temas escolhidos para as próximas três JMJ. Neste ano (2017), refletiremos sobre a fé de Maria, quando disse no Magnificat: «O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas» (Lc 1, 49). O tema do próximo ano (2018) – «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus» (Lc 1, 30) – far-nos-á meditar sobre a caridade, cheia de coragem, com que a Virgem acolheu o anúncio do anjo. A JMJ de 2019 inspirar-se-á nas palavras «Eis a serva do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38), a resposta de Maria ao anjo, cheia de esperança.” Francisco encerra a mensagem, fazendo um convite aos jovens: “Convido-vos a recordar dois aniversários importantes em 2017: os trezentos anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, no Brasil; e o centenário das aparições de Fátima, em Portugal, onde, com a ajuda de Deus, irei em peregrinação no próximo mês de maio. São Martinho de Porres, um dos Santos padroeiros da América Latina e da JMJ 2019, tinha o costume, no seu serviço humilde de cada dia, de oferecer as flores melhores a Maria como sinal do seu amor filial. Cultivai também vós, como ele, uma relação de confidência e amizade com Nossa Senhora, confiando-lhe as vossas alegrias, problemas e preocupações. Garanto-vos que não vos arrependereis!” A mensagem, na íntegra, está disponível no site da Santa Sé - http://w2.vatican.va – na aba mensagens.
A voz do pastor | a ordem
Um ano de Revista A Ordem
Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal
Queridos irmãos e irmãs! Há um ano, após longas reflexões envolvendo o Setor de Comunicação de nossa Arquidiocese, foi criada a REVISTA A ORDEM. Os tempos mudaram, e o que era um jornal transformou-se em uma Revista. Naquele momento para dar significado a essa passagem, afirmava: “Agora, o jornal ‘A Ordem’ passará a ser ‘Revista A Ordem’. Não mudará a sua inserção e o seu valor na Igreja e na sociedade. Uma revista dará mais qualidade e um aporte mais dinâmico ao sentido do meio de comunicação que, com a criação e crescimento da Pastoral da Comunicação, tornou-se nos últimos anos, um instrumento valioso na difusão da vida, do pensamento e das ações dos diversos atores do cenário eclesial de nossa cidade e de toda a Arquidiocese de Natal. A Revista ‘A Ordem’ nos introduzirá num novo aspecto e visibilidade de nossa comunicação”. Passado um ano, pode-se perguntar: - Estamos contentes com essa mudança? Ela, a Revista, de fato cumpre o seu papel? Os nossos fiéis assinam a Revista? Ela se tornou um veículo de comunicação ad intra e ad extra, isto é, a Revista é da Igreja Arquidiocesana, mas dialoga com a sociedade, assume a missão de ser interlocutor junto aos problemas sociais? Esses são questionamentos que o Setor de Comunicação faz, ao celebrarmos um ano de circulação de nossa Revista. E isso mostra a importância deste veículo de comunicação. Sou ciente de como os membros do Setor se empenham para a construção de cada número mensal da Revista. Agradeço pela dedicação. Claro, todos devemos
nos empenhar para que a Revista circule em todas as nossas paróquias, comunidades. E que os agentes de pastoral, padres, diáconos, religiosos e religiosas, leigas e leigos engajados e consagrados, sejam assinantes e leitores da Revista A Ordem. Convoco a todos para assumir essa tarefa importante na comunicação de nossa vida arquidiocesana. É bom sempre lembrar que a comunicação na Igreja sempre foi saudada como necessária. Desde o Concílio Vaticano II, no Decreto Inter mirifica, promulgado em 4 de dezembro de 1963, passando pelas Mensagens dos Papas para o Dia Mundial das Comunicações, celebrado pela primeira vez em 7 de maio de 1967. De lá até hoje, este ano será o 51º, os Papas publicam uma Mensagem para toda a Igreja e refletem sobre a importância da comunicação para o anúncio do Evangelho, sua missão primordial. O Papa Francisco, na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações, celebrado em 8 de maio de 2016, afirmava: “A comunicação tem o poder de criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo assim a sociedade… A comunicação, os seus lugares e os seus instrumentos permitiram um alargamento de horizontes para muitas pessoas. Isto é um dom de Deus, e também uma grande responsabilidade”. É meu grande desejo que a Revista A Ordem seja esse instrumento que crie pontes, que faça de nossas comunidades lugares de encontro, de fraternidade, de inclusão, de respeito pelos direitos e pela cidadania. Mas, acima de tudo, de informação e formação, para que os fiéis vivam a fé como compromisso de amor, de alegria e de paz. Parabéns, Setor de Comunicação. Parabéns, comunicadores e agentes da PASCOM.
EDUCAÇÃO INFANTIL | FUNDAMENTAL I | FUNDAMENTAL II | ENSINO MÉDIO
projetos interdisciplinares | aulas em campo | Robótica jogos internos | jerns | olimpídas recreativas | esportes
Rua Brasília, 712 - Alecrim - Natal/RN - (84) 3222-3539 | 3221-6033 contato@institutoreismagos.com.br / www.institutoreismagos.com.br Abril de 2017 | 7
“O Jornalismo sofre os efeitos da revolução tecnológica”
A afirmação é do jornalista português Manuel Carlos Chaparro, que exerce a profissão desde o ano de 1957. Segundo Chaparro, para se entender a comunicação nos dias atuais é preciso voltar ao passado. Doutor em Ciências da Comunicação, ele já publicou algumas obras relacionadas ao jornalismo, além de ter atuado como professor da Faculdade de Co-
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José Bezerra
a ordem | Entrevista
municação e Artes da Universidade de São Paulo. Na Arquidiocese de Natal, o jornalista atuou como editor e repórter do então “Jornal A Ordem”, em meados dos anos 1960. Nesta entrevista, ele traça um panorama da comunicação hoje, principalmente com a evolução das redes sociais e fala também sobre o futuro para o exercício da profissão.
Entrevista | a ordem A Ordem: Como o senhor percebe a comunicação, de um modo geral, nos dias de hoje? Chaparro: Para entendermos o HOJE precisamos olhar o ONTEM... Em 1968, Darcy Ribeiro olhou o mundo daquele tempo e anunciou: “Estamos diante de transformações tão prodigiosas das forças produtivas, e tão prenhes de consequências, que devemos classificá-las como uma nova revolução tecnológica”. Darcy sentenciou isso no seu mais importante livro (O processo civilizatório – etapas da evolução sociocultural – Companhia Letras – 1968), com o qual propôs ao mundo acadêmico uma verdade nova, a de que “os avanços civilizatórios não se dão por luta de classes, mas por revoluções tecnológicas”. E porque Darcy estava certo, o que de mais importante vivemos hoje são efeitos civilizacionais das tecnologias de difusão. Essas tecnologias tornaram realidade a utopia criada em 1948 pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. No seu Artigo 19, essa matriz universal da Ética dos Valores proclamava que “toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão”. E que esse direito “inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”. Em 1948, era um sonho visionário de comunicação. Uma utopia irrealizável. Mas, em seis décadas, os fantásticos inventos de tecnologias de difusão fizeram da comunicação a energia inteligente da globalização. Movido a comunicação, o mundo globalizado torna-se, cada vez mais, um complicado ambiente de confrontos discursivos. Por isso, a comunicação ganhou importância e complexidade, tanto no universo individual das pessoas quanto na estrutura, nas relações e no desempenho dos sujeitos sociais organizados – go-
vernos, empresas, igrejas, partidos políticos, sindicatos, associações, organizações governamentais e não governamentais etc.. E a Notícia em tempo real já é a principal ferramenta institucional de agir no mundo e sobre o mundo. Na sua opinião, o jornalismo sofreu mudanças com o surgimento das redes sociais? O jornalismo é hoje a linguagem mais intensamente usada pelas sociedades organizadas. Todos nós somos ao mesmo tempo sujeitos e usuários do jornalismo - quem produz atos e falas a serem noticiados; quem faz a notícia e a difunde; e quem a lê, a escuta ou a assiste como telespectador ou internauta. Sem a linguagem jornalística, o mundo de hoje ficaria paralisado. As redes sociais fazem parte desse cenário, como espaço público aberto a todos. Eu, o arcebispo Jaime, o Trump, o papa Francisco, o meu barbeiro, os meus netos, os jornalistas d’A Ordem, todos estamos nas redes sociais, para sabermos e dizermos coisas. É verdade que, no uso do direito à liberdade de expressão, há multidões entupindo as redes com lixo. Mas também já temos nas redes sociais uma enorme quantidade e variedade de boas práticas jornalísticas, em blogs, sites e portais. Graças às tecnologias que incrementam as redes sociais, também podemos ler as melhores revistas, os melhores jornais e os melhores jornalistas do mundo, no mesmo momento em que os leitores locais os leem. Aparentemente, a profissão de jornalista entrou em crise. Mas a crise é boa, porque quem produz as ações noticiáveis já enxerta nelas a notícia – e por isso e para isso, é cada vez maior o contingente de jornalistas que trabalham nas fontes, cuidando da notícia no seu nascimento. Em resumo: as redações tradicionais perderam o
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a ordem | Entrevista
poder de controle sobre a notícia; mas o jornalismo ampliou o seu espaço e a sua importância, na totalidade dinâmica da atualidade.
CHAPARRO
O senhor já publicou vários livros nesta na área da comunicação. No que está trabalhando recentemente? Projetos não faltam.... Acabei de lançar no mercado digital um curso chamado “Artes do Bem Escrever”, com 22 aulas em vídeo, e já preparo o conteúdo do curso para sair em livro. Outro livro com o texto quase finalizado é uma reflexão profunda e atualizada sobre a revolução das fontes no jornalismo. Entretanto, no dia a dia, vou cuidando do meu blog. E nas poucas horas vagas, na incubadora das ideias, acalento um projeto de literatura infantil com substratos de educação científica, para experimentar e desenvolver estratégias pedagógicas de narrar para crianças, adequando conteúdos e formas às diversas faixas etárias da infância. Como o plano de voo é o de permanecer vivo e lúcido até os 105 anos, penso que dará tempo… Que futuro o senhor vê para a comunicação, em especial para o jornalismo? Hoje, todos os processos e todas as linguagens de comunicação social, de modo especial o jornalismo, sofrem os efeitos da revolução tecnológica. Vivemos num mundo em permanente estado de mutação, porque os acontecimentos são noticiados no momento em que ocorrem. E porque assim é, a materialidade dos fatos perdeu o poder transformador que historicamente sempre teve. Neste mundo de redes globalizadas, o que de imediato transforma a realidade não é mais a materialidade dos acontecimentos, mas a possibilidade tecnológica de serem assistidos em escala universal, como conteúdo jornalístico. Assim, o acontecimento só exerce o seu potencial desorganizador ou reorganizador quando, em forma de notícia, assume poder de ação discursiva de efeitos imediatos, potencialmente universais. Isso explica a crise dos meios impressos? Sim, porque os efeitos mais devastadores da difusão instantânea atingiram os meios impressos. Os jornais perderam não só a sedução da novidade, mas também o poder histórico de donos da notícia,
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poder que lhes era assegurado pelo intervalo entre o acontecimento e a notícia. Para superar a crise que os enfraquece, os meios impressos precisam libertar a sua pauta diária da ditadura informativa do telejornalismo. Se quiserem reassumir função relevante na informação e discussão da atualidade, os grandes jornais diários precisam acabar com a preguiça intelectual de simplesmente repetirem, sem acréscimos e sem debate, o já noticiado pelos telejornais noturnos da véspera. Ora, o que a TV deu na véspera já mudou o mundo. E para sair da rabeira da notícia, o jornal do dia seguinte precisa olhar para os efeitos que dão dimensão e significado aos fatos. E debatê-los, explicá-los. Porque nos efeitos está a transformação. E dos efeitos resultam as novas demandas sociais que podem salvar o jornalismo impresso: demandas por explicação, por debate, por divergência. E demandas, também, pela valorização do articulismo crítico, da entrevista elucidativa e da resposta ágil aos “porquês”. O que o senhor poderia dizer aos futuros profissionais da comunicação sobre o exercício da sua profissão? Aos futuros jornalistas proponho que estudem e reflitam em torno das duas palavras que, a meu ver, melhor sintetizam as expectativas sociais em relação à nossa profissão: Ética e Veracidade. A Ética entendida como o universo de valores, princípios e direitos que constituem a razão de ser da nossa atividade. E a Veracidade como o principal dever ético do fazer jornalístico. Em tempos de “Lava Jato” e de “Carne Fraca”, há que saber construir o enlace entre os dois termos. E para ajudar nesse exercício, faço uma advertência: é preciso rejeitar a simplificação dicotômica que opõe o direito à informação a outros direitos fundamentais, como o da honra e da presunção de inocência. Quando se trata de assuntos sérios e de jornalismo sério, não há qualquer conflito entre o direito à informação e os direitos à honra e à presunção de inocência. E isso, pelo simples e fundamental detalhe de que o direito à informação tem implícito, como pressuposto indispensável, a exigência e a certeza da veracidade. Sem veracidade não há notícia nem se satisfaz o direito de ser informado. E sem a certeza da veracidade, há que controlar o risco de, em vez de noticiar, se estar socializando a fraude da notícia.
Homenagens | a ordem
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a ordem | Capa
Papa vai canonizar
Mártires de Cunhaú e Uruaçu
Os padroeiros do Rio Grande do Norte foram beatificados há 17 anos. Agora, há pouco para a canonização Os beatos mártires de Cunhaú e Uruaçu serão canonizados. O anúncio foi feito no último dia 23 de março, em audiência do Papa Francisco com o Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação da Causas dos Santos. O Santo Padre aprovou os votos favoráveis da Sessão Ordinária dos Cardeais e Bispos Membros da Congregação sobre a canonização dos beatos
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André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro (padres) e Mateus Moreira, juntamente com seus 27 companheiros leigos. Além dos Protomártires do Brasil, Francisco vai canonizar outros beatos, como os pastorzinhos de Fátima. Após a aprovação, o próximo passo será a assembleia dos cardeais com o Papa, para definir o local e data para a canonização.
Capa | a ordem Processo de canonização Os Mártires de Cunhaú e Uruaçu foram beatificados pelo Papa João Paulo II, em 5 de março de 2000, na Praça de São Pedro, no Vaticano. Na ocasião, cerca de mil brasileiros participaram da celebração. O processo de beatificação durou nove anos; foi instalado pelo então Arcebispo de Natal, Dom Alair Vilar, e tendo o Monsenhor Francisco de Assis Pereira, como postulador, ambos já falecidos. A celebração de beatificação aconteceu durante o governo de Dom Heitor Sales. Desde a beatificação, a Arquidiocese de Natal incentivava os fiéis a rezarem e pedirem a graça da canonização dos ‘Protomártires do Brasil’. O processo de canonização estava na Congregação para a Causa dos Santos, no Vaticano, desde o segundo semestre de 2015, por indicação do pontífice. No mês de setembro do ano passado, o Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha, esteve em Roma, participando de uma audiência com o Papa Francisco para tratar sobre a canonização. Na visita ao Pontífice, Dom Jaime esteve acompanhado de Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo e ex-prefeito da Congregação para o Clero. Dom Cláudio é um devoto fervoroso dos Mártires potiguares. Na homilia da missa de encerramento do 16º Congresso Eucarístico Nacional, em 16 de maio de 2010, na cidade de Salvador (BA), ele falou sobre a história dos beatos e, no final, destacou: “Esses mártires, caros irmãos e irmãs, são uma das maiores glórias da Igreja no Brasil. O seu martírio, reconhecido pela Igreja, contém grande força de evangelização. Deveríamos torná-los mais conhecidos e venerados, porque nos ajudariam amar e valorizar o domingo e a Missa dominical”
Cacilda Medeiros
Capela de Nossa Senhora das Candeias, em Cunhaú
No mês de outubro, a Arquidiocese de Natal recebeu a visita do Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giovanni D’Aniello. Na ocasião, o representante do Papa no país conheceu os locais dos martírios e pode presenciar a devoção do povo potiguar aos beatos. O processo para a canonização tem como notário o Arcebispo, Dom Jaime, e como cursor, o Padre Júlio César Souza Cavacante. Igreja em festa A notícia da aprovação do decreto autorizando a canonização causou muita alegria para o povo católico do Rio Grande do Norte. Na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Canguaretama, município onde aconteceu o martírio, na comunidade de Cunhaú, em 16 de julho de 1645, o clima é de festa. “No dia 11 de março, lançamos uma campanha de oração, pedindo a Canonização dos
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a ordem | Capa
Cacilda Medeiros
Mártires de Cunhaú e Uruaçu. Distribuímos folhetos com a oração em todas as paróquias do 13º Zonal. O sentimento que hoje perpassa a nossa Paróquia e o meu coração é de que Deus ouviu as nossas nossas orações. Agora, vamos esperar a cerimônia oficial da canonização”, conta o administrador paroquial, Padre José Pereira Neto. O Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha, nas tantas entrevistas que concedeu à imprensa, logo após o anúncio da aprovação do decreto, não se cansou de dizer que é hora de render graças a Deus. “Devemos render graças a Deus e proclamar o belíssimo refrão do hino dos mártires: ‘Mártires da fé, filhos do Rio Grande, homens e mulheres, jovens e meninos, pelo Bom Pastor deram o seu sangue. Nossa Igreja, em festa, canta os seus hinos’. Então, nós estamos em festa com esta notícia, de muitas graças para a nossa Igre-
Missa de encerramento da festa dos Mártires, dia 3 de outubro de 2016, em Uruaçu
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ja. Podemos nos alegrar, render graças a Deus e convocar toda a nossa Igreja de Natal, do Brasil e do Rio Grande do Norte para esta grande ação de graças pela canonização dos nossos mártires”, destacou Dom Jaime, em entrevista concedida à Rádio Vaticano, no dia 23 de março, logo após a Santa divulgar a notícia. Na mesma entrevista, o Arcebispo ressaltou o exemplo de fé dado pelos Mártires: “Desde 2000, quando foram beatificados, o processo se intensificou e agora, o Papa Francisco certamente, com muita alegria, aprovando os votos da Congregação, teremos como certa a canonização. Isto para nós é motivo de alegria; que a intercessão dos nossos mártires pela nossa Igreja no Brasil, pela nossa Arquidiocese e por todo o povo de Deus, seja um sinal de esperança, de testemunho, de convicção na vivência da nossa fé. Eles são um exemplo porque deram a vida, derramaram o sangue, na vivência de sua fé”. No encerramento do 12º Congresso Eucarístico Nacional, sediado em Natal, o Papa João Paulo II, hoje, Santo, também fez referência aos mártires brasileiros, pelo testemunho de fé. Na homilia da missa de encerramento do Congresso, em 13 de outubro de 1991, o Santo Padre disse: “É uma circunstância feliz que o Congresso esteja sendo realizado em Natal. Precisamente aqui, em 1645, um homem simples, profundamente religioso, Matias Moreira, deu, com seus companheiros na região conhecida por Cunhaú e Uruaçu, um belo testemunho que lembra o dos mártires da Igreja. Quando insultado e ferido pelos hereges por sua recusa em renegar a fé na Eucaristia e a fidelidade à Igreja do Papa, exclamou, quando lhe abriam o peito para arrancar-lhe o coração: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento!”.
Capa | a ordem O martírio Em 16 de julho de 1645, o Padre André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis participavam da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú, no município de Canguaretama, localizado na região agreste do Rio Grande do Norte. Por seguirem a religião católica, tiveram que pagar com a própria vida o preço da fé, por causa da intolerância calvinista dos invasores. Quase três meses depois, no dia 3 de outubro, aconteceu outro martírio, durante o qual 80 pessoas foram mortas por holandeses. Uma das vítimas foi o camponês Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”. Este morticínio aconteceu na Comunidade Uruaçu, em São Gonçalo do Amarante, a 18 km de Natal. Desde 2007, o dia 3 de outubro tornou-se feriado, no estado do Rio Grande do Norte. No dia 22 de novembro de 2006, a Assembleia Legislativa do RN aprovou o decreto, aprovando o feriado. O decreto foi enviado à Assembleia pela então governadora, Wilma de Faria, declarando 3 de outubro feriado estadual, em memória aos Protomártires. Patrono dos Ministros A 43ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, realizada em Itaici (SP), em 2005, aprovou o Bem-aventurado Mateus Moreira como “Patrono dos Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística”. Em dezembro de 2005, a CNBB comunicou que a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, da Santa Sé, havia aprovado o nome do Beato como patrono dos Ministros.
HINO DOS MÁRTIRES
(Letra: Mons. Francisco de Assis Pereira / Música: Pe. José Freitas Campos ) 1. Vi ao Cordeiro grande multidão, com as vestes brancas, palmas em suas mãos. Mostra quem são eles e de onde vieram? REFRÃO: Mártires da fé, filhos do rio grande, homens e mulheres, jovens e meninos, pelo bom Pastor, deram o seu sangue. Nossa Igreja em festa canta os seus hinos! 2. O Cordeiro foi por nós imolado. No seu sangue todos foram consagrados. Mostra quem são eles e de onde vieram? 3. Foram trinta servos que por Deus morreram. Palmas de vitória no céu receberam. Mostra quem são eles e de onde vieram? 4. Padre Soveral lá em Cunhaú e o Padre Ambrósio em Uruaçu. Mostra quem são eles e de onde vieram? 5. E Mateus Moreira na morte exclamou: Salve a Eucaristia, mistério de amor. Mostra quem são eles e de onde vieram?
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a ordem | 1 ANO
Revista A Ordem completa um ano
de circulação
Os padroeiros do Rio Grande do Norte foram beatificados há 17 anos. Agora, há pouco para a canonização Por Adriano Cruz, Cione Cruz e Luiza Gualberto Situação dos moradores de rua, problemática da água e sistema carcerário são alguns dos temas de pauta das discussões nos grupos sociais. Estes tam-
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bém foram temas abordados na Revista A Ordem, que completa um ano de circulação neste mês de abril. Nesta edição comemorativa, trazemos novamente algumas dessas temáticas, acrescentando novos dados e perspectivas.
1 ANO | a ordem
Na edição de lançamento da Revista A Ordem, em maio do ano passado, trouxemos a matéria “Pastoral vai ao encontro dos irmãos em situação de rua”, apresentando o trabalho desenvolvido por um grupo da Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório, em Mirassol junto aos moradores em situação de rua. Na Paróquia, a atividade continua sendo desenvolvida, com ações, não só de evangelização, mas de solidariedade. Além deste grupo, outras pastorais e movimentos desenvolvem ações semelhantes. Este é o caso da Pastoral do Povo de Rua, da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Morro Branco, na capital. O grupo foi fundado há seis anos, quando o padre Roberto Silva, missionário redentorista, foi o administrador da Paróquia, juntamente com jovens do EJAC (Encontro de Jovens Amigos de Cristo). No ano de 2015, o atual pároco, padre Antônio Ranis, entrou em contato com a Coordenação Nacional da Pastoral do Povo de Rua, que tem sede em Minas Gerais (BH), a qual designou o padre Marcos Mendes, coordenador da Pastoral na Arquidiocese de Olinda e Recife (PE) para fazer a primeira formação no Rio Grande do Norte, realizada em 22 de agosto do mesmo ano. Segundo o grupo, após esta formação, foi possível compreender de forma mais eficaz a dinâmica e missão desta atividade. “Abandonamos a visita rápida com entrega de alimentos como objetivo principal e passamos a adotar o convívio fraterno e laços com a população em situação de rua. Para nós, eles passaram a ter nome e história de vida. Deixamos a entrega de alimentos em segundo plano e passamos a ter amigos na rua, que nos ensinam,
Cedida
Irmãos em situação de rua
Pastoral do Povo de rua de Morro Branco
a cada visita, a sermos uma pessoa melhor”, disse a equipe. Atualmente, a pastoral é acompanhada pelo padre José Rinaldo, vigário paroquial. Assim como Morro Branco, a Fraternidade Toca de Assis promove uma atividade similar junto aos moradores em situação de rua. Uma das ações que merece destaque é a confraternização natalina, realizada há cinco anos, em um espaço na Arquidiocese de Natal, localizado no bairro de Emaús, que conta com a participação do Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha. Durante um dia de recreação, são oferecidas diversas atividades junto aos moradores em situação de rua, como corte de cabelo, higiene pessoal e lazer. O grupo conta com 30 pessoas e é coordenado pelo casal Marcos e Íris Lira. “Nós temos a missão de ajudar esses irmãos que vivem em situação de rua, no tocante a documentos, a auxílio para tirá-los da rua, levá-los para comunidade terapêutica, a qualquer coisa que possa levar dignidade a essas pessoas”, explica Marcos.
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a ordem | 1 ANO
Sistema Carcerário do RN continua em decomposição, diz desembargador do TJ/RN
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uma posição mais civilizada perante a opinião pública, já que o crime faz parte da natureza humana e com ele nós temos que conviver”, refletiu. Ele concorda que a sociedade banalizou esse tipo de tratamento dado ao encarcerado. “É pior do que o tratamento dado aos animais”, comparou, lembrando “que voltamos à barbárie consentida, o que nos evoca às lições de Sobral Pinto, quando usou a Lei de Proteção à Fauna e à Flora em defesa de um preso político, no Levante Comunista de 35”. “Não temos alimentação adequada, local de visita de familiares e nenhuma condição de ressocialização. Enfim, a Lei de Execução Penal não é cumprida, absolutamente, em nenhum de seus aspectos. Deve haver um compromisso do Ministério Público, Defensoria Pública e do próprio Poder Judiciário para resolver esse problema”, finalizou o desembargador Cláudio Santos. Cacilda Medeiros
“O Sistema Carcerário do Rio Grande do Norte está em decomposição”, afirma o desembargador Cláudio Santos, que faz severas críticas à omissão do Estado e do Poder Público de um modo geral, na resolução do problema carcerário. Ele lembra que em 2016, na sua gestão como Presidente do Tribunal de Justiça do RN, oportunidade em que estouraram duas crises carcerárias, colocou à disposição todo aparato do Poder Judiciário e disponibilizou verbas para construção de um novo presídio e uma APAC (Associação de Proteção e Assistência ao Apenado), no valor total de R$ 20 milhões. A ideia era transferir os presos excedentes de Alcaçuz para esse presídio e para uma APAC, que seriam construídos em São Gonçalo do Amarante, mas até o momento nada foi feito. “Não vejo nenhuma iniciativa no sentido de reverter esse quadro que agride a dignidade da pessoa humana”, disse o desembargador, que reconhece um completo descaso por parte dos gestores com a pessoa humana que cometeu um delito e por isso foi condenado. E Cláudio Santos vai mais além quando afirma que não vê, também, nenhuma providência por parte de outras autoridades públicas (Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunal de Contas, Juízes de Execução Penal etc), no sentido de obrigar o Governo a cumprir a lei e a Constituição Federal. Segundo ele, não há também, de certa forma, uma compreensão da sociedade para com essa necessidade de respeito aos direitos civis. “Talvez até porque os próprios homens públicos não assumam
Pavilhão feminino do Complexo Penitenciário João Chaves na zona norte de Natal
Crise hídrica intensifica no RN Quase um ano após a matéria “Ações sustentáveis visam a economia de água”, publicada aqui na A Ordem, a crise hídrica no RN só piorou. Em março deste ano, o governador Robinson Faria decretou situação de emergência em 153 municípios do Rio Grande do Norte, em virtude dos efeitos da seca no interior. Os efeitos da seca afetam diretamente a economia e o homem do campo. Segundo a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca (SAPE), o prejuízo anual gerado pela falta de água na economia gira em torno de R$ 4 bilhões. Apenas na agricultura, se comparados os anos de 2016 e 2014, a área colhida de feijão foi reduzida em 49%, a de milho caiu 64% e a de sorgo sofreu queda de 79%. Embora, tenha chovido no último mês, a situação nos açudes e barragens ainda é crítica. Na capital, a situação também não é diferente: em 70% dos bairros da Zona Norte ainda permanece o rodízio de abastecimento. Segundo a Companhia de Águas e Esgotos do estado (Caern), a medida é uma prevenção em razão do baixo volume de água da lagoa de Extremoz, apenas 50% da sua capacidade máxima. De acordo com a assessora de imprensa da Companhia, Ellen Rodrigues, o abastecimento das zonas Sul, Leste e Oeste estão dentro da normalidade, porque a Lagoa do Jiqui está com a capacidade máxima. Além da seca, outro problema que se mantem é o desmatamento e a poluição nos centros urbanos. Esgotos domésticos, industriais e lixo são encontrados facilmente no rio que dá nome ao estado. O Potengi tem cerca de 180 km quando nasce de Cerro Corá e chega ao oceano em Natal. E quanto mais se acerca das grandes cidades, mas se percebem os efeitos do descaso e da poluição.
José Bezerra
1 ANO | a ordem
Programa de Cisternas coordenado pelo SEAPAC
O Rio Potengi é um ecossistema rico em peixes, caranguejos e camarões que compõe boa parte da culinária potiguar. Os especialistas garantem que a falta de tratamento dos esgotos é um dos principais causadores da poluição. A Igreja tem denunciado esse descaso com frequência. Uma das metas da Campanha da Fraternidade 2017 (CF), enunciada no texto-base, é “exigir que as políticas de saneamento básico sejam implantadas em toda área urbanizada e rural do bioma Mata Atlântica.” Outras ações também são pensadas no interior do estado. Segundo a educadora e franciscana secular, Verônica Avelino, o Serviço de Asistência Rural (SAR), organismo ligado à Igreja, tem realizado discussões sobre o saneamento básico e a preservação do manancial do Rio Piquiri e o abastecimento de água de parte região agreste, que abrange os municípios de Pedro Velho, Montanhas, Nova Cruz, Espírito Santo, Serrinha, Várzea, Passagem, Santo Antônio e Jundiá. Foi realizado um seminário, em março deste ano, com a presença de diversas instituições. “Agora, serão dados passos concretos para preservação e revitalização. Identificamos diversos problemas como barramentos, lixos, queimadas e fossas negras, que são lançadas no rio”, disse.
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Rivaldo Júnior
a ordem | Paróquias
Goianinha:
Igreja Matriz
a segunda paróquia mais antiga do RN No início da história do Rio Grande do Norte, havia apenas uma paróquia no Estado: a de Nossa Senhora da Apresentação, com sede em Natal. Na segunda metade do século do XVII, de acordo com o livro “Paróquias Potiguares – uma história”, do Padre Normando Pignataro Delgado (in memoria), os bispos do Brasil, diante das neces-
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sidades, solicitavam à Coroa Portuguesa a criação de novas paróquias, mas o governo mostrava-se relutante em atendê-los, por causa das despesas que o funcionamento de uma paróquia acarretava. “Das paróquias do interior da Arquidiocese de Natal, Goianinha é a mais antiga. Não se sabe a data de sua criação, apenas um documen-
to do cartório local faz menção da presença de um padre, em 1704, no cargo de cura, sendo que o Mons. Severino, em seu livro ‘A Diocese da Paraíba’, diz que Goianinha já era freguesia em 1690. Não se sabe quando foi construída a Igreja Matriz, mas se tem notícia da sua Matriz existente em 1720...” (do livro ‘Paróquias Potiguares – uma história’).
Paróquias | a ordem “Fazer fazendo” Por mais de 50 anos, a Paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres, com sede em Goianinha, teve como pároco, o Monsenhor Armando de Paiva. Atualmente, com 88 anos de idade e muita lucidez, Mons. Armando lembra de vários fatos que marcaram o seu pastoreio. Por vários anos, o sacerdote precisava andar a pé, a cavalo ou carona no ‘carro do leite’, para dar conta da assistência religiosa em Goianinha, Arez, Georgino Avelino, Espírito Santo, Tibau do Sul e Várzea, municípios que compunham o território paroquial. “Quando eu cheguei aqui, só existiam oito carros, em Goianinha”, conta o pároco emérito. Mons. Armando diz que o lema do paroquiato dele foi “fazer fazendo”. Com isso, dava liberdade para os leigos agirem e ele apenas companhava. “Fiz um apanhado e constatei que conseguimos construir no território da paróquia, quando era composta por seis municípios, 52 igrejas”, relata. Dentre os tantos desafios encontrados ao longo desses mais de 50 anos de pastoreio, o padre recorda a pobreza das pessoas e carência na educação. Por isso, a Igreja investiu em ações sociais, em tempos passados. “Tivemos a ação católica, a atuação da Juventude Feminina Católica, criamos uma maternidade, em Arez, fundamos clubes de idosos e, no início
Monsenhor Armando e Pe. Luiz Paulo
de 60, tivemos 28 grupos das Escolas Radiofônicas. Por esse trabalho, fui até chamado de comunista”, conta. Nos dias atuais Atualmente, a Paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres é composta apenas pelo município de Goianinha. Para facilitar o trabalho de evangelização, a Paróquia conta com sete setores missionários na zona urbana e oito na zona rural. Desde 6 de fevereiro passado, a Paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres tem como pároco, o Padre Luiz Paulo da Silva. Ele sucedeu o Padre Cláudio Luiz de Carvalho, que foi pároco por três anos. Padre Luiz Paulo conta que o objetivo, agora, é construir capelas nos setores missionários, tanto da zona rural como da zona urbana, com o apoio das comunidades.
ENDEREÇO: Rua Vigário Antônio Montenegro, 20 – Centro – 59173-000 – Goianinha RN SECRETARIA PAROQUIAL Funciona na Igreja Matriz, de segunda a sexta-feira, das 8 às 12h e das 13 às 17 horas SAIBA MAIS (84) 99115-3983 www.facebook.com/Paroquiagoianinharn www.instagram.com/Pnspgoianinha https://twitter.com/Pnspgoianinha
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Rivaldo Júnior
a ordem | Paróquias
Igreja Matriz
Nossa Senhora da Esperança, uma Paróquia que cresceu com o bairro A Paróquia de Nossa Senhora da Esperança foi criada em decorrência da construção, pelo então governador Aluísio Alves, do primeiro conjunto habitacional em Natal, intitulado Cidade da Esperança, em 1967, com recursos da Aliança para o Progresso, programa de ajuda dos Estados Unidos à América Latina, nos tempos da chamada “guerra fria”. Em março de 1969, o conjunto contava com 1.300 residências, além da Igreja, mercado, ambulatório, escola, parque infantil,
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clube social e era servido por quatro linhas de transporte coletivo. Para atender às necessidades espirituais das inúmeras famílias que passaram a morar no novo conjunto habitacional, a Arquidiocese de Natal, no dia 12 de setembro de 1969, por decreto do Arcebispo Metropolitano da época, Dom Nivaldo Monte, criou ali a nova Paróquia de Nossa Senhora da Esperança, desmembrada da Paróquia de São Sebastião, no Alecrim. As informações são do livro Paróquias
Potiguares – uma história, de autoria do padre Normando Pignataro (in memoriam). A comunidade paroquial cresceu junto com o bairro. Esta é a afirmação do padre jesuíta Agustín Calatayud Salon, um espanhol que está no Brasil a cerca de 45 anos e destes, 31 e meio dedicou à comunidade paroquial de Nossa Senhora da Esperança. “Tive a graça de ver o crescimento deste bairro. Na época em que cheguei aqui, as ruas estavam terminan-
Paróquias | a ordem voção à Nossa Senhora da Esperança é algo bonito de se ver também”, diz. Padre Agustín também recorda que integrava o território paroquial, as comunidades que hoje são as paróquias de São José de Anchieta, em Lagoa Nova e Santuário dos Mártires, no bairro Nazaré. “Ficamos felizes com o crescimento destas comunidades. Hoje, temos algumas comunidades que estão inseridas no território da Paróquia, como Cidade Nova e Nova Cidade. Para desenvolver o trabalho nestas regiões contamos com o nosso vigário paroquial, o padre Marcone
Novo pároco No último dia 04 de abril, a Paróquia acolheu o novo pároco, o padre Jonerickson Gomes. Segundo o padre Agustín, a comunidade se alegra com a chegada do sacerdote. “O padre Jonerickson também é filho desta
Paróquia. Ficamos muito felizes com a chegada dele em nosso meio. Ele nasceu aqui e conhece toda a realidade paroquial. Agora vai agregar a personalidade dele na condução dos trabalhos. E isso é motivo de alegria para nós”, comemora.
Rivaldo Júnior
José Bezerra
do de ser calçadas. Naquela época quando a gente queria comprar, por exemplo, um alfinete, tinha que ir no Alecrim. Hoje, temos de tudo, desde escolas, comércio, instituições, enfim, vivi aqui esse momento de não ter e hoje ter praticamente tudo”, recorda. O sacerdote também que a Paróquia se identifica com o bairro. “Quando cheguei aqui descobri tanta bondade, o espírito fraterno e carinho das pessoas pelas coisas da Igreja. Isso se mostra até os dias atuais, quando vemos a Igreja cheia nas celebrações e festa da padroeira. A de-
Pe. Agustín Calatayud, pároco emérito
Soares, filho desta Paróquia”, ressalta. A Paróquia tem uma vida pastoral atuante, com diversos grupos, movimentos e serviços, totalizando cerca de 30 grupos pastorais. No governo do Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha, a Paróquia foi elevada a Santuário, com o título de Santuário de Nossa Senhora da Esperança e Santo Inácio de Loyola. “Por delicadeza do nosso Arcebispo à nossa Congregação dos Jesuítas, ele também deu o título do nosso Santuário a Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus”, conta.
Endereço: Praça da Matriz, s/n, Cidade da Esperança Telefone: 3615-2853/3615-2891 Horários de missa: Terça a Sábado: 19h Domingo: 08h30/ 17h30/ 19h
Pe Jonerikson Gomes, novo pároco
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a ordem | Artigo
A Campanha da Fraternidade
continua
Já sabemos que Campanha tem prazo, metas, ou seja, tem começo e fim. Em se tratando da Campanha da Fraternidade, inicia na quarta feira de cinzas e se encerra no Domingo de Ramos. Porém, a temática abordada, não tem fim, principalmente por se tratar do cuidado com o planeta, que o Papa Francisco chama de “casa comum”. Lembrando que o objetivo da Campanha deste ano é: ”Cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho”. Ao abordar este tema, a Igreja convoca todos os fiéis a se tornarem guardiões da natureza; todos são chamados a assumirem a conversão ecológica. Somos convidados a olhar tudo da natureza como sendo nosso. Nossa vida depende da natureza, dos Biomas. Então, que fazer para manter esta discussão viva daqui pra frente? Sugiro que cada paróquia crie a sua equipe de campanhas para planejar e executar o que for pensado na comunidade. Priorizar a discussão nas escolas, visando à formação desde a base, que leve à mudança de mentalidade, consequentemente, de hábitos e de cultura, etc. O tema precisa continuar vivo principalmente entre os grupos das paróquias. Organizar, ao longo do ano, audiências públicas na câmara dos vereadores para debater o assunto; Seminários envolvendo a promotoria do meio ambiente, IDEMA, IBAMA, EMATER, etc. A equipe de campanha de cada paróquia fazer o levantamento das leis já existentes que visam proteger o meio ambiente e tornar conhecidas à comunidade. Chamo a atenção
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Pe Robério Camilo da Silva Coordenador Arquidiocesano de Campanhas
para o apoio às diversas ONGs e projetos das universidades que trabalham a temática da Mata Atlântica e da Caatinga. O texto base da Campanha sugere: ”retomar as discussões sobre a realidade urbana, principalmente em relação ao esgotamento sanitário e o Plano Municipal de Saneamento Básico”. Coisas práticas que podem ser feitas em todas as realidades: plantar árvores, cultivar hortas caseiras, separação do lixo, não jogar óleo utilizado na pia, usar menos plástico no dia a dia, economizar e reutilizar água. Acrescente outras práticas saudáveis a esta relação. Que o espírito da quaresma nos ajude a manter vivo o desejo de melhorar o mundo em que vivemos.
a ordem | Para conhecer
Turismo & Cultura
Terra Santa
Por Pe. João Nascimento – pároco da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima – Parque das Dunas Falar sobre a Terra Santa é motivo de muita alegria, porque a gente vai caminhar na terra de Jesus. Algumas pessoas sempre falam que a Terra Santa é o quinto Evangelho e que todo cristão deveria caminhar aonde Jesus caminhou. O que me chama atenção lá é todo o carinho e cuidado que a Igreja, nesse passar dos anos, tem com o local. A gente vai vendo ali a Bíblia, no dia a dia das pessoas e nós também vamos nos inserindo nesta realidade. Quando vamos à Terra Santa, temos aquela expectativa de fazer uma junção de vida e daquilo que você acredita. Por exemplo, quando se chega na esplanada do templo, é fantástico ver toda a história do povo de Deus. Então, para qualquer pessoa, seja leigo, padre ou religioso é uma experiência única, que vamos vivendo e contemplando em nossas vidas. Uma das coisas que me chama muito à atenção ao chegar à Terra Santa é justamente visualizar cada versículo que a gente lê na Bíblia, de maneira real. Posso citar o Lago de Genesaré, que tem um passeio de barco e na oportunidade eu pude fechar os olhos, sentir o vento e começar a
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imaginar o trecho do Evangelho, que narra quando Jesus está dormindo e os discípulos começam a ficar angustiados, porque percebem que o barco está afundando. Eu olhava para aquilo e via o barco da nossa vida, da nossa história, que muitas vezes passa por tempestades. Quem desejar ir, eu diria que são pontos muito importantes que não se pode deixar de visitar, além de Cafarnaum, Cesareia de Filipe, Cesareia marítima e a própria Jerusalém. É muito bonito! Outro ponto que me chama muito à atenção é Nazaré. Estar ali rezando, vivendo e celebrando na Gruta da Anunciação, onde o verbo de Deus se fez carne é algo único. São lugares muito marcantes para nossa vida e nossa fé.
Em ação | a ordem
A atenção com o social é um dos pontos marcantes da ação pastoral da Arquidiocese de Natal. O Marco Referencial Arquidiocesano, traz como uma das metas de atuação, o social. Nos últimos tempos, o Vicariato Social está passando por um processo de mudança estrutural, com o objetivo de fortalecer e dar visibilidade às ações sociais da Igreja. Entre as iniciativas realizadas recentemente, está o planejamento estratégico para os próximos dez anos, com a proposta de fortalecer a articulação das pastorais, serviços e organizações sociais, além da organização do Serviço Social Arquidiocesano em Rede (Rede SAR). Uma das iniciativas que tem dado força ao trabalho social da Arquidiocese é a Caminhada da Solidariedade, que está chegando à 3ª edição, marcada para o próximo dia 03 de setembro. Segundo o vigário episcopal para as Instituições Sociais, o padre Murilo Paiva, este trabalho tem dado resultados positivos. “Este é um evento que visa, acima de tudo, dar visibilidade a este trabalho social da Arquidiocese”, diz. O objetivo da caminha é fortalecer o trabalho das instituições. A atividade reuniu mais de 7 mil pessoas nos dois anos de realização. Em sua primeira edição, a caminhada favoreceu sete abrigos de idosos e na segunda edição, foram beneficiadas pastorais e serviços vinculados ao Vicariato.
Brunno Antunes
Rede SAR: o serviço social da Arquidiocese de Natal
Segunda edição da Caminhada da Solidariedade
O Vicariato Social tem a finalidade de articular as pastorais sociais da Arquidiocese de Natal, criado para responder um apelo da Igreja, procurando, por meio das pastorais e organizações que compõem o setor, por em prática o que diz a Doutrina Social da Igreja, principalmente no que diz respeito ao cuidado, resgate e empoderamento dos excluídos e marginalizados da sociedade. A Igreja Arquidiocesana de Natal é pioneira no trabalho e defesa dos direitos dos pobres. O Vicariato conta com assessoria dos diáconos Márcio Andrade e Francisco Adilson.
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a ordem | Artigo
Por Juliana Bulhões Jornalista, Radialista e Pesquisadora
Fontes de informação na web: vivemos em uma bolha?
A web oferece ferramentas de massificação de ideias, de disseminação de informações. Entretanto, em tempos de comunicação guiada por algoritmos, nossas fontes de informação acabam sendo limitadas matematicamente: quanto mais acessamos e reagimos a determinados conteúdos, mais o obtemos, repetidamente. E isso também acontece com posicionamentos ideológicos e políticos: acabamos por ficar apenas com um viés de determinado assunto. Como sabemos, os veículos de comunicação têm linhas editoriais demarcadas, a depender principalmente dos grupos políticos que neles interferem e também em função dos públicos-alvo aos quais se destinam. Por mais que determinada informação atenda aos critérios de noticiabilidade e principalmente ao interesse público, a depender do interesse político-ideológico do veículo ela não irá virar notícia. Vale ressaltar ainda que, apesar de no Brasil os políticos serem proibidos de possuir concessões públicas de rádio e televisão, é bastante comum que eles utilizem artifícios para controlar veículos de comunicação de variados tipos, o que inviabiliza a democratização da comunicação. Assim, considerando que as notícias que recebemos especialmente nas mídias sociais passam por filtros cada vez mais limitadores, e
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também que cada veículo possui direcionamentos político-ideológicos, o resultado é que não temos diversidade de vozes sobre determinados temas, e findamos em um empobrecimento de visões, ficamos em uma espécie de bolha. Um caso particular é a mídia social Facebook, que está cada vez mais investindo na personalização da experiência do usuário. Os chamados ajustes de preferência fazem com que a linha do tempo - também chamada de feed de notícias - esteja sob controle usuário, pois é possível ajustar para receber conteúdo de pessoas e páginas específicas. Devido a isso, naturalmente as pessoas acabam deixando de seguir contatos e páginas de notícias que têm opiniões contrárias, se cercando de visões parecidas com a sua própria. Como diz a escritora nigeriana Chimamanda Adichie, há sempre perigos na história única: se sabemos só uma versão de um fato, não temos propriedade para julgá-lo adequadamente. Assim, esta é uma das armadilhas da comunicação. Em meio a tanta informação, cabe a nós ficarmos atentos aos filtros, não nos limitando a determinadas visões, procurando sempre acompanhar informações advindas de diversos tipos de veículos e com plurais pontos de vista. Dessa maneira podemos formar nossas opiniões de forma responsável.
a ordem | Viver
Patchwork
Conheça os benefícios da técnica de costura de retalhos Por Adriano Cruz O velho trabalho de transformar de costurar retalhos e transformá-los em colchas, roupas, bolsas e outros adereços se profissionalizou e recebeu o nome de patchwork. A história conta que os imigrantes ingleses que colonizaram a América do Norte, no século XVII, já traziam suas colchas de retalhos (chamadas de quilts) e toda a tradição desse artesanato. Essa história não só não parou por aí como faz adeptos por todos os cantos. Em Natal-RN, uma vez por mês, o Grupo Colibri de Patchwork à Mão, formado por mulheres e liderado pelo professor Rodrigo Arnoudt, se reúne num restaurante e espaço cultural, em Capim Macio, para aperfeiçoar as técnicas e celebrar a amizade. O grupo de voluntários também confecciona uma colcha coletiva, durante os encontros, que é doada para uma instituição de caridade. Foi observando o trabalho da então esposa, artesã e professora que
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Rodrigo aprendeu a usar as agulhas e unir de forma harmoniosa os tecidos. “Foi uma maneira lúdica de participar do trabalho da minha esposa. Tornou-se mais uma coisa que passamos a ter em comum. Trata-se de uma atividade 100% “analógica, que foge da nossa realidade digital. Considero saudável ter um tempo para desligarmo-nos de nossas máquinas”, disse. Rodrigo reconhece que essa é uma atividade ainda predominante feminina, mas que já há outros artesãos espalhados pelo país. O estar atento ao presente e focado na atividade são características que tornam o patchwork capaz de reduzir o estresse e a ansiedade. A arteterapeuta e adepta da técnica, Soraya Deluzia, defende que há um efeito terapêutico na arte de unir os pedaços de tecido, ainda que inconsciente. “Acalma, concentra e, sobretudo, requer tempo. Assim, estimula áreas do cérebro e desenvolve a concentração. Além disso, é uma festa o reencontro do grupo e o fortalecimento da amizade”, ensina.
Liturgia daPalavra Pe. Elielson Cassimiro Coordenador da Comissão de Liturgia da Arquidiocese de Natal
Notas
Missa do Crisma
Na manhã da Quinta-feira da Semana Santa, em todas as dioceses do mundo, celebra-se a chamada Missa do Crisma ou dos Santos Óleos. Esta recebe o nome de Missa do Crisma ou dos Santos Óleos pelo fato de constar no seu programa litúrgico a bênção dos óleos santos que a partir da Vigília Pascal serão usados na celebração dos sacramentos do Batismo, da Confirmação, da Ordem e da Unção dos Enfermos, bem como na Dedicação das Igrejas, para consagrar o altar e as paredes do edifício sagrado, durante todo o ano até a Páscoa sucessiva. Sendo a última das missas celebradas antes do Tríduo Pascal, deve acontecer antes da Missa da Ceia do Senhor, mas pode ser antecipada para um dia mais conveniente, segundo o juízo do bispo. De acordo com São Basílio, o rito da consagração dos óleos em si é muito antiga. No séc. II, Tertuliano atesta a presença do rito no seu Tratado sobre o Batismo. Como testemunho da existência do rito, a Tradição Apostólica, de Hipólito, afirma que a bênção dos santos óleos é reservada ao bispo. Quanto ao rito da bênção dos óleos na Missa matutina da Quinta-feira Santa, os primeiros testemunhos dessa prática pertencem ao século V. O fato é que na tradição litúrgica romana a bênção dos óleos foi sempre considerada como um dos ritos mais solenes, e ainda hoje mantem grande parte do antigo esplendor. Com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, foi restaurada sobretudo a participação de todo o clero
– diocesano e religioso – e do povo na celebração da Missa que tem o próprio bispo como presidente. Após a homilia, dá-se a Renovação anual das promessas sacerdotais que os todos os presbíteros presentes emitem diante do bispo e do povo. No final da Oração eucarística, o bispo abençoa o Óleo dos Enfermos e a Missa segue como de costume até a Oração depois da comunhão. Então, se abençoa o Óleo dos Catecúmenos ou do Batismo. Em seguida, o bispo prepara o Óleo do Crisma com os perfumes e procede à bênção, soprando sobre a ânfora que contém o crisma, e todos os concelebrantes acompanham a oração de bênção com a mão direita estendida. Um texto de Berti, La Settimana Santa, expressa o sentido mais profundo da celebração da Missa do Crisma: “Assim, a solene ação consecratória atesta visivelmente não só a unidade do sacerdócio católico, que alcança seu ápice no bispo, mas particularmente, faz compreender a sutileza e o mistério da comunhão entre o bispo e os singulares membros de sua família diocesana, pois, com os óles abençoados por ele, são consagradas as mãos sacerdotais que oferecem todos os dias o Sacrifício, que assinalam na fronte de todo batizado sua pertença a Cristo, que absolvem os pecados dos penitentes, que ungem os enfermos no padecimento de seus sofrimentos. Trata-se de um aspecto admirável do mistério da Igreja que hoje, especialmente, se apresenta ao fieis” (tradução do autor).
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a ordem | Espaço Infantil
A Arte do Brincar “As praças da cidade estarão cheias demeninos e meninas a brincar pelas ruas.” Zc 8,5 Por Milton Dantas – coordenador estadual da Pastoral da Criança e psicopedagogo clínico Com esta citação bíblica, adentramos ao irrequieto mundo do brincar como ferramenta de muita importância para o psiquismo infantil. Espaço e tempo, pessoas e necessidades se apresentam neste contexto, trazendo a reflexão de que não podemos nos distanciar desta ação, dada a sua interação com o próprio ato do viver em plenitude. Este é o mundo da criança: brinquedos, brincadeiras, objetos e ações que respaldam a sua interioridade em consonância com o universo interativo da constituição da personalidade. Sorte temos, sorte têm as crianças que ainda encontram este tempo e espaço à sua disposição. A Pastoral da Criança é um destes espaços. Ela acredita e entende ser o brincar uma necessidade para o desenvolvimento infantil. A criança brinca por necessidade e ao brincar aprimora seus sentidos e seus movimentos; vai conhecendo como são e para que servem os objetos e brinquedos; desenvolve sua linguagem e seu pensamento; aprende e compreende as atividades, os costumes dos adultos e as relações entre as pessoas. Por sua relevância o brincar é assegurado como um direito no Es38 | Abril de 2017
tatuto da Criança e do Adolescente (artigo 16). Aqui na Arquidiocese de Natal, a Pastoral da Criança tem intensificado esta ação na busca de satisfazer os questionamentos tão naturais neste mundo infantil. Por que a criança brinca? Para que a criança brinca? Onde a criança brinca? É neste sentido que a Pastoral se debruça na defesa deste direito e vê a necessidade, o prazer adquirido na satisfação desta necessidade e proporciona tempo e espaço para que a criança possa ser atendida em seu crescimento e desenvolvimento, proporcionando, então, o alcance deste indicador de oportunidade e conquista. João Câmara é um município que tem se destacado na defesa deste direito através de coordenadores, líderes, apoios e líderes brinquedistas atuando na brinquedoteca que se localiza na co-
munidade Ariamiro de Almeida. A brinquedoteca abre suas portas 3 vezes na semana para acolher a comunidade acompanhada pela Pastoral da Criança, bem como escolas da comunidade que atuam no ensino infantil. Um destaque neste acolhimento é a senhora Marlete Galdino, com 69 anos de idade que coloca seu talento da costura em função do “faz de conta”. Ela costura as roupas das bonecas que estão na brinquedoca. Faz isso porque se sente bem. Porque atualiza no brincar o seu dote aprendido desde pequena, quando fazia as roupinhas se suas próprias bonecas. A maior beleza nesta doação é ver cada detalhe nas vestimentas, num faz de conta que engrandece a beleza da arte da costura. As bonecas são suas filhas, são suas amigas, são sua consciência de que o que se faz tem que ser bem feito.
Direito & Cidadania
Liberdade de expressão e comunicação social O direito à liberdade de expressão ganha relevância no contexto das discussões relacionadas aos direitos humanos, após a Segunda Guerra Mundial, quando milhões de pessoas haviam sido torturadas, humilhadas, submetidas à fome e silenciadas em diversos regimes políticos ditatoriais e mortas. A criação da Organização das Nações Unidas – ONU foi fundamental para que tais problemas fossem discutidos pelos seus países signatários. As relações entre as instituições (sobretudo, o Estado) e os cidadãos, e destes, entre si, deveriam ser estabelecidas mediante um novo edifício ético que possibilitasse a garantia de direitos. A liberdade de expressão passou a figurar, então, entre os direitos humanos preconizados pela Declaração Universal dos direitos Humanos, (Artigo 19). Nesse contexto, os meios de comunicação de massa ganhavam importância nas mediações sociais, ao mesmo tempo em que se constituíam poderosas empresas da chamada “indústria cultural”. Entendia-se a liberdade de expressão como um direito humano a ser garantido a todo e qualquer cidadão, independente de classe social, etnia, credo, gênero, grau de escolaridade e outras condições. Nos dias atuais, a liberdade de expressão tornou-se um tema muito discutido, dada a nova rea-
Francisco das Chagas de Morais Professor de Língua Portuguesa, Doutorando em Estudos da Linguagem – PPGEL/UFRN
lidade em que vivemos: de um lado, as mídias tradicionais, constituídas em poderosas empresas que veiculam, quase somente, as vozes de uma classe social, tratando, de forma diferenciada, indivíduos socialmente excluídos, como vemos, por exemplo, nos programas policiais de TV: o tratamento dado a um preso pobre, negro ou de outra condição, a forma como os repórteres o entrevistam, quase sempre, é bem diferente do tratamento dado a um preso rico, conhecedor da lei, reservando-se ao direito de “não falar”. Muitas vezes, a liberdade de expressão pode servir para justificar abusos de poder da própria imprensa, em práticas que exigem uma discussão mais ampla, na sociedade, o que seria bem diferente de “censura”. Outra questão relacionada à liberdade de expressão é a forma como as pessoas se comportam como usuárias das redes sociais, ao exercerem o poder de produzir e enviar suas próprias mensagens, para um universo ilimitado de outros cidadãos. Esses dois casos, e muitos outros, trazem problemas que revelam a necessidade de se discutir a liberdade de expressão, relacionando-a à responsabilidade social que a ela corresponde, nesta sociedade, na qual a ética, muitas vezes, é substituída pelos impulsos do ódio, do pré-conceito e da espetacularização.
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ão das mãos e Momento da imposiç prece de ordenação
Brunno Antunes
Celebração da Ordenação episcopal de Dom Edilson Soares Nobre, ocorrida dia 20 de março, na Catedral Metropolitana de Natal. O ordenante principal foi o Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha; e os co-ordenantes, Dom Heitor de Araújo Sales e Dom Matias Patrício de Macêdo, ambos arcebispos eméritos
Brunno Antunes
Galeria
O ordenante principal unge a cabeça do novo bispo com o óleo da Crisma
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Dom Edilson com Dom Heitor Sal es, Dom Jaime Vieira e Dom Matias Patrício
Espiritualidade | a ordem
Fevereiro de 2017 | 41
a ordem | Espiritualidade
Pe. Júlio César Coordenador Arquidiocesano do Setor Comunicação
Semana Santa Caríssimos irmãos e irmãs, Eis que mais uma vez vamos celebrar a Semana Santa, dias significativos para a nossa vida cristã, que se iniciam com o Domingo de Ramos e vão até à grande Celebração Eucarística da Páscoa. Certamente, nossas igrejas estarão repletas de pessoas que irão participar das belas e intensas atividades litúrgicas, vivendo intensamente cada momento, preparando a beleza da comemoração da Páscoa de Jesus, maior festa do Cristianismo. Quando chegarmos ao Domingo de Páscoa e cantarmos o glória da Ressurreição de Jesus, estaremos proclamando mais uma vez que a vida vence a morte e que as celebrações da Semana Santa nos levaram a uma reconciliação com Deus, com nós mesmos e com os nossos irmãos e irmãs para assim fazermos acontecer no mundo o Reino de Deus, que é de justiça e de paz. Porém, para que a Páscoa continue viva em nós todos os dias, devemos levar da semana santa os frutos que o próprio Cristo nos pede: o serviço e a humildade. Como é difícil servir. Especialmente em casa, na família, onde temos mais oportunidade para nos desnudarmos, assim como se faz com o altar na sexta-feira santa, para sermos revestidos pela luz do Cristo que inunda o mundo na Vigília Pascal do Sábado Santo e assim sermos também iluminadores na vida dos que nos cercam. Além disso, precisamos descobrir no Cristo servidor os sentimentos mais humildes e sinceros da gratidão e do amor. Que os momentos vividos na semana santa nos façam descobrir que precisamos ser melhores como cristãos especialmente dedicados em cuidar daqueles que precisam do nosso carinho e do nosso apoio diante dos momentos difíceis de sua vida. 42 | Abril de 2017
Coluna da Misericórdia Queridos irmãos e irmãs, Chegando ao primeiro aniversário da Revista A Ordem, somos convidados a fazer uma retrospectiva do caminho percorrido. De Maio a Dezembro de 2016, neste espaço, tivemos a Coluna da Misericórdia, dentro do contexto que vivemos do “Ano Santo extraordinário da Misericórdia”, proclamado pelo Papa Francisco e iniciado em 8 de dezembro de 2015. Esse Jubileu foi uma grande ocasião para o encontro com a centralidade da misericórdia de Deus e para a prática das obras de misericórdia e dois pontos marcaram este ano na Arquidiocese de Natal: 1) a celebração no dia 5 de março de 2016 das 24 horas para Jesus, quando o mutirão de confissões na Catedral e nos Santuários levou muitas pessoas a encontrarem-se com o Cristo Misericórdia e Perdão. 2) a instalação do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano que tornou mais próxima a resposta da Igreja aos casais que duvidam sobre a validade do seu matrimônio. Assim, podemos afirmar que o Ano da Misericórdia levou a Igreja de Natal a um crescimento a partir dos frutos de misericórdia que incluem perdão, reconciliação, correção fraterna, cura das feridas, promoção e resgate da dignidade da vida humana. Temos pouca ousadia, mas sabemos que muitas boas ações fazem-se no silêncio. Sejamos cuidadosos com nós mesmos e na atenção e na ajuda aos outros. Vivamos na Misericórdia. Comissão Arquidiocesana do Ano Jubilar da Misericórdia
Fevereiro de 2017 | 43
a ordem | Assunto
44 | Abril de 2017