Revista A Ordem - Fevereiro/2018

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A Ordem

Fundação Paz na Terra Ano LXVI - Nº 22 Natal-RN / R$ 7,00 Fevereiro de 2018

VIRTUAL X PESSOAL

Redes sociais digitais modificam dinâmica dos relacionamentos


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Assunto | a ordem

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a ordem | Editorial

Nada como “antigamente”

A criatura humana tem evoluído de forma impressionante em suas relações, à medida em que ocorrem as descobertas no campo das comunicações sociais. Saiu das comunicações gestuais, que exigem também a presencial e visual, para as sonoras igualmente presenciais – mas também de longas distâncias através de ondas eletromagnéticas, as escritas, as imagéticas e atualmente as virtuais, que englobam todas as anteriores, independentemente da distância em que as pessoas se encontrem. As relações virtuais são ótimas, “encurtam” distâncias e facilitam as atividades sociais e econômicas das pessoas físicas e jurídico-institucionais. Mas as relações virtuais, tão em moda, praticadas e necessárias, atualmente, não devem substituir as presenciais, principalmente em se tratando de pessoas que pretendam constituir uma família. A presencial favorece o “olho-no-olho”, o contato afetivo, a percepção gestual, a reação emotiva que revela a sinceridade ou falsidade do falar e do agir dos interlocutores, o calor do palpitar do coração. As relações virtuais, ao contrário, são frias, distantes e calculistas – o que é próprio dos relacionamentos econômico-institucionais das empresas e organizações da sociedade civil. Todas as formas de relações virtuais são boas, mas nenhuma delas é capaz de substituir o nível da relação humana presencial, como “antigamente”.

Expediente

Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689

Conselho curador: Pe. Charles Dickson Macena Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra Conselho editorial: Pe. Rodrigo Paiva Pe. Paulo Henrique da Silva Luiza Gualberto Adriano Charles Cruz, OFS Hevérton Freitas Josineide Oliveira Cione Cruz Vicente Neto Filipo Cunha Edição e Redação: Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) Luiza Gualberto (DRT-RN 1752)

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ENTREVISTA

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PARÓQUIAS

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PARA CONHECER

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VIDA PASTORAL

Situação hídrica do Estado segue em crise, afirma presidente do IGARN

Nesta edição, vamos conhecer as comunidades paroquiais de Espírito Santo e Alto do Rodrigues

Vamos te levar para São Miguel do Gostoso

Campanha da Fraternidade vai trabalhar superação da violência

CAPA: OKANDAPOLAGE/PixelRain Revisão: Milton Dantas (LP 3.501/RN) Colaboradores: José Bezerra (DRT-RN 1210) Adriano Cruz (DRT-RN 1184) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal Projeto e diagramação: Terceirize Editora (84) 3211-5075 www.terceirize.com

Comercial: RN Editora Idalécio Rêgo (84) 98889-4001 Impressão: Unigráfica - (84) 3272-2751 Tiragem: 1.000 exemplares Assinaturas: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 - Tirol - Natal/RN - (84) 3615.2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br


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a ordem | Palavra da Igreja

Mensagem aos comunicadores O Papa Francisco publicou, dia 24 de janeiro último, memória de São Francisco de Sales, a mensagem para o 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que será vivido em 13 de maio. Neste ano, o tema escolhido pelo Santo Padre é “A verdade vos tornará livres (Jo 8, 32). Fake News e jornalismo de paz”. No texto, organizado em quatro pontos, Francisco pede aos homens da comunicação que voltem aos fundamentos de sua profissão, ou melhor, à sua missão: ‘ser guardiões das notícias”. Na primeira parte da mensagem, o Papa analisa o fenômeno das “fake news”. As falsas notícias, observa, visam “enganar e até mesmo manipular o destinatário”. Observa que às vezes sua difusão visa “influenciar as escolhas políticas e favorecer os lucros econômicos”. Hoje em dia, sua difusão “pode contar com um uso manipulador das redes sociais” que tornam “virais” as notícias falsas. O drama da desinformação, adverte Francisco, é “o descrédito do outro, a sua representação como inimigo” que pode até mesmo “fomentar conflitos”. O Papa destaca que muitas vezes afunda suas raízes “na sede de poder” que “se move de falsidade em falsidade para nos roubar a liberdade do coração”. O texto exorta aos cristãos a contrastar essas falsidades e chamar a atenção para as “iniciativas educativas” que ajudam a “não ser divulgadores inconscientes de desinformação, mas atores do

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francisco Papa

seu desvendamento”. Inspirado no Livro do Gênesis, Francisco observa que, na base das notícias falsas, há a “lógica da serpente” que, de alguma forma, tornou-se “artífice da primeira fake news”. O Papa sublinha que as pessoas e não as estratégias são o melhor “antídoto contra falsidades”. As pessoas, acrescenta, que “livres da ambição, estão prontas a ouvir e, através da fadiga dum diálogo sincero, deixam emergir a verdade”. Evidencia, assim, a responsabilidade dos jornalistas ao informar. A mensagem de Francisco termina com um apelo para um “jornalismo da paz”. Não se trata, adverte, de um “jornalismo «bonzinho», que negue a existência de problemas graves”, mas de um jornalismo sem fingimentos, hostil às falsidades, a “slogans” sensacionais e a declarações bombásticas”. Serve, escreve o Papa, um jornalismo “feito por pessoas para as pessoas, um jornalismo como “serviço”, que dê voz a quem não tem voz. O documento é concluído com uma oração inspirada em São Francisco. Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão, é a invocação do Papa, “onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade; e onde houver falsidade, fazei que levemos verdade”. O 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais será comemorado em 13 de maio. Fonte: http://www.vaticannews.va


A voz do pastor | a ordem

Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal

Queridos irmãos e irmãs! No próximo mês de março, no dia 13, o Papa Francisco completará 5 anos de Pontificado. Estamos diante de uma voz profética, de um pastor que faz questão de encontrar, abraçar e mostrar feições de alegria por estar perto das pessoas. Tudo o que Francisco faz ou expressa, manifesta uma liberdade tão grande, que anima e faz ter esperança. Quero ressaltar uma expressão usada com frequência pelo Papa Francisco, presente no seu documento programático, a Exortação apostólica Evangelii gaudium (A alegria do Evangelho), é a do mundanismo espiritual. A expressão foi usada pelo teólogo francês Henri de Lubac que afirmava que este “seria infinitamente mais desastroso do que qualquer outro mundanismo meramente moral” (Henri de Lubac. Meditations sur l’Eglise, 321). Mas, o que significa mundanismo espiritual”? O Papa Francisco usou esta expressão antes de ser eleito papa em 13 de março de 2013. De fato, no dia 9 de março de 2013 numa palavra na Congregação dos Cardeais, em preparação para o conclave, assim se expressava o então cardeal Bergoglio: “Quando a Igreja não sai de si mesma para evangelizar torna-se autorreferencial e então adoece (cf. a mulher encurvada sobre si mesma do Evangelho). Os males que, ao longo do tempo, se dão nas instituições eclesiais têm raiz na autorreferencialidade, uma

O mundanismo espiritual espécie de narcisismo teológico... A Igreja, quando é autorreferencial, sem se dar conta, acredita que tem luz própria; deixa de ser o mysterium lunae e dá lugar a esse mal tão grave que é a mundanidade espiritual”. Assim, mundanismo espiritual significa a Igreja buscar a sua referência em si mesma, e não em Deus, em Jesus Cristo. A autorreferencialidade que o mundanismo espiritual traz à Igreja se manifesta de duas maneiras: uma fé fechada no subjetivismo onde a pessoa fica enclausurada na imanência de sua própria razão ou dos seus sentimentos, que o papa chama de o “fascínio do gnosticismo” e a outra é a do “neopelagianismo autorreferencial e prometeico”, próprio daqueles que só confiam nas suas próprias forças e se sentem superiores aos outros por cumprirem determinadas normas ou por ser irredutivelmente fiel a um certo estilo católico próprio do passado. Para o Papa Francisco esse mundanismo espiritual não deixa que o Evangelho adquira uma real inserção no povo fiel de Deus e nas necessidades concretas da história. Assim, queridos irmãos e irmãs, devemos cuidar para que todos nós, pastores e leigos, presbíteros, diáconos e agentes de pastoral, sejamos livres desse mundanismo espiritual. Tenhamos sempre presente que devemos anunciar Jesus Cristo, pois, quando o Filho de Deus assumiu a nossa carne, Ele desejou expressar na carne humana a sua própria presença.

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Assessoria/IGARN

a ordem | Entrevista

Situação hídrica no Rio Grande do Norte segue em crise

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Entrevista | a ordem

Dados apresentados pelo diretor-presidente do Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte (IGARN), Josivan Cardoso, mostram que a situação dos reservatórios hídricos do Estado seguem em crise. Segundo Josivan, cerca de 60% das reservas hídricas, como açudes, rios e lagoas do Estado estão secos ou em volume morto. Nesta entrevista, ele explica o papel do IGARN no sentido de fazer o controle e gestão dos mananciais.

A Ordem: Nesses seis anos de seca que o Estado vem enfrentando, como tem sido a atuação do IGARN para a manutenção dos aquíferos do Rio Grande do Norte? Josivan: Nós fazemos o monitoramento das reservas hídricas superficiais aqui do nosso Estado, como açudes, rios e lagoas. Fazemos o monitoramento dos reservatórios acima de cinco milhões de metros cúbicos de água, que aqui no Rio Grande do Norte são 47. São eles que dão a infraestrutura hídrica para abastecimentos prioritários, que são humano e animal, mas também para outros usos múltiplos, que são os usos essenciais e fundamentais para o desenvolvimento, como as produções, outros

usos de serviço, o lazer e qualidade de vida. Com esses últimos seis anos de seca, os reservatórios vem sofrendo um decaimento forte. É verdade que o abastecimento depende das chuvas, mas nós fazemos o papel de controlar e estar junto da sociedade para que ela possa usar com controle aquela água que ainda existe. Nós temos uma missão muito forte, que é a de manter a água que ainda existe por mais tempo permissível. Não é deixar de usar, porque o uso é essencial e necessário. Assessoria/IGARN

A Ordem: Qual o papel do IGARN? Josivan: O Instituto é o organismo operador da política de recursos hídricos, fiscalizando e controlando a gestão do uso das águas no Estado. Então, é um papel que a sociedade tem que entender que tem o objetivo de garantir a segurança hídrica. É poder entender o uso das águas e saber planejar, para que todos tenham acesso, já que é um bem de consumo comum do povo e essencial à vida de todos os cidadãos e cidadãs.

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a ordem | Entrevista

Assessoria/IGARN

A Ordem: Qual o panorama da situação hídrica dos reservatórios em nosso Estado, atualmente? Josivan: O panorama dos reservatórios, hoje, no Estado, é de 17 reservatórios já secos, mais 17 com volume morto, que é quando já atingiu 10% de sua capacidade. No que diz respeito aos reservatórios subterrâneos, em nosso Estado temos alguns aquíferos. Temos solos caracterizados por rochas, que são os aquíferos cristalinos, em que encontramos pouca água e quando se encontra, não tem boa condição para os abastecimentos. Temos também o aquífero Jandaíra, que tem bastante água, mas não está em qualidade para o abastecimento público. O Estado conta com dois aquíferos de qualidade, que é o Barreiras, onde Natal está situada, pegando todo o litoral, que é uma esponja, além do aquífero Assú, que corta o praticamente todo o Estado. Embora esses aquíferos tenham qualidade, com a seca dos últimos anos tem sofrido bastante. Com as chuvas que tem caído em nosso Estado desde o início do ano, esperamos que os

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reservatórios tenham um aumento de 20% em sua capacidade total. A Ordem: Na sua visão, como tem sido a atuação da Igreja no sentido de desenvolver ações para a convivência com o semiárido? Josivan: É muito importante a presença da Igreja nesse contexto e temos uma relação muito direta principalmente com o SEAPAC (Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos Comunitários). Os organismos se uniram e a atuação da Igreja tem sido fundamental na busca por soluções para trazer a melhoria para esses abastecimentos. É um momento em que todos nós nos despimos de qualquer área hierárquica e nos unimos para discutir um único objetivo. O governo do Estado vem discutindo um plano para enfrentamento da crise hídrica. É preciso uma compreensão de que todos devem fazer a sua parte e se unir, tendo em vista que ainda não estamos em sistema regular de abastecimento de água.


Entrevista | a ordem

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a ordem | Capa

Redes sociais digitais representam desafio para

relacionamento entre as pessoas Por Adriano Cruz As redes sociais digitais fazem parte da vida de boa parte dos brasileiros. É por meio delas que muita gente interage com o mundo, sabe o que está acontecendo e até ganha a vida. Segundo pesquisa do CONECTAí Express/IBOPE, realizado no segundo semestre do ano passado,

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o WhatsApp é a rede mais utilizada pelos brasileiros, 91% da população que possui acesso à internet. Depois, está o Facebook, utilizado por 86% dos internautas brasileiros. E, em seguida, vem o Instagram (60%) e o Facebook Messenger (59%). Em quinto lugar, ficou o Twitter, com 28%.


Nesse universo de opções, tem gente que ficou viciada nas redes sociais. Não dá para pensar em sair de casa sem dar um “like” naquela “fotinha” no Instagram, comentar um vídeo no Facebook ou olhar, a cada minuto, pelo menos, o Whatsapp no smartphone. O ator potiguar Wallace Freitas é um desses viciados assumidos. Ele conta que usa muito o Instagram e o Facebook, em média. A cada sete minutos por dia pega no celular para acessar essas redes. Apesar de gostar de passear e ir a festas, Wallace conta que já pediu a um amigo para continuarem o papo virtual em casa; ficou cada um no seu celular, em vez de se encontrarem num barzinho como era a proposta inicial. Quando entrevistado para essa matéria já vem com o pedido: “E se for citar algo (risos), fala logo meu Instagram (@freitas_w)”, disse humorado. Entra aí um componente importante das redes sociais, a comodidade de ter o mundo na “palma das mãos”. Essa facilidade de se conectar levou M. (que prefere não se identificar) a sofrer uma advertência no trabalho. “Eu vivia com o celular na mão e sempre dava uma escapulida para ouvir os áudios”, disse. A comerciária admite que não conseguia deixar de comentar as mensagens, mesmo em hora de trabalho. Para a jornalista e consultora de imagem, Aidil Brites, a pergunta “como desejo ser percebido pelas pessoas?” deve nos guiar no uso das redes sociais, especialmente no trabalho. “É preciso tomar muito cuidado, por exemplo, com as minhas postagens nas mídias sociais, que incluem fotos, vestimentas, exposição dos eventos frequentados, pensamentos

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Wallace Freitas, ator potiguar

que propago. Tudo isso se tornará público e será analisado pelos meus chefes, pelos líderes das empresas nas quais pleiteio uma vaga, pela família da pessoa com quem pretendo me relacionar, pelos meus alunos etc. Aí, mais uma vez, voltamos à pergunta inicial: isso que estou postando agora está de acordo com a imagem que desejo que as pessoas tenham de mim? Se a resposta for sim, siga em frente sem receio!”, ensina.

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Em um depoimento disponível no canal Fronteiras do Pensamento, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017) reflete sobre a sociedade contemporânea e sobre suas relações sociais cada vez mais frágeis. Para Bauman, vivemos uma modernidade “líquida”, um retrato do nosso tempo marcado por transformações tecnológicas, individualismo e velocidade. “Um viciado em Facebook me confessou – não confessou, mas de fato gabou-se – que havia feito 500 amigos em um dia. Minha resposta foi: eu tenho 86 anos, mas não tenho 500 amigos. Eu não consegui isso! Então, provavelmente, quando ele diz ‘amigo’, e eu digo ‘amigo’, não queremos dizer a mesma coisa, são coisas diferentes”, conclui Bauman. De fato, há os que acusam a superficialidade das redes e a criação de imagens “fakes” sobre a vida pessoal e o mundo. Mas há aqueles que conseguem harmonizar bem a vida “off-line” com a vida “online”, como aconselha a psicóloga Mirela Cardinal, para ela, o segredo é sempre usá-las com moderação.

Aidil Brites, consultora de imagens

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A consultora Aidil Brites também reforça a necessidade do equilíbrio nas relações virtuais e na necessidade da presença física para aprofundar os laços com os outros “Em momento especiais, fazer-se presente apenas virtualmente pode deixar uma grande lacuna e levar à interpretação de impessoalidade e superficialidade”, concluiu. Quem aprendeu bem a equilibrar esses polos foi a radialista potiguar Amanda Costa. Ela integra um grupo de seis amigas em cinco cidades do país. Para minimizar a distância, elas se falam diariamente pelo WhatsApp. “Somos muito presentes na vida umas das outras e promovemos encontros ao menos uma vez por ano, quando todas viajam para algum lugar. Assim, passamos o final de semana juntas”. Apesar de usar as redes sociais, elas fazem questão de manter o encontro físico e o envio de mensagens pelos Correios. “Nada se compara a receber um cartão acompanhado de um carinho, o que nos deixa ainda mais próximas”, finalizou.


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a ordem | Artigo

Das marquises para a luta Nasci no dia 05 de maior de 1972, às 1h, em Natal. Nossa família sempre teve dificuldades em sobreviver, pois meu pai era alcoólatra e me lembro muito bem das vezes em que ele chegava em casa sob efeito do álcool e por nenhum motivo, se é que existiam motivos, ele queria espancar nossa mãe, que se defendia da maneira que podia. Comigo, somos em oito irmãos: seis homens e duas mulheres. O tempo passou e chegamos ao ano de 1985. No mês de outubro, nossa família sofreu o maior golpe da vida, minha guerreira mãe sofreu um ataque cardíaco e foi internada e logo veio a falecer. Eu tinha 13 anos e já cursava a 6ª série do ensino fundamental. Após o falecimento de nossa mãe, meu pai casou novamente e nossa família começou a se desestruturar, fazendo com que eu saísse de casa. Em 1987, vim morar nas ruas de Natal, em busca da felicidade. Nas ruas, passei por muitas situações difíceis e diante de tudo que vivi, comecei a militar no Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), aqui no Estado, que se tornou uma ferramenta importante em favor dos direitos da população que vive nas ruas. O início do Movimento aqui no Rio Grande do Norte foi muito difícil, pois não conhecia quase nada de direitos e até hoje ainda busco

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José Vanilson Torres da Silva Coordenação do MNPR e Conselheiro Nacional de Saúde pelo MNPR

o conhecimento. Durante esses cinco anos de atuação do MNPR/RN conquistamos a participação em alguns espaços de controle social: conselhos estaduais de saúde, assistência social, o de políticas sobre drogas e iremos ocupar em breve o conselho gestor da habitação de interesse social do RN. No município de Natal, ocupamos os conselhos de Assistência Social e o de Políticas sobre drogas. Em âmbito nacional, ocupamos o Conselho Nacional de Saúde. Além disso, organizamos seminários anuais em parceria com o departamento de psicologia da UFRN, bem como participamos de palestras para formandos do serviço social, gestão de políticas públicas e psicologia da UFRN, UNP, Facex, entre outros, pois entendemos que assim, teremos profissionais mais comprometidos com as questões políticas e sociais. Agora em 2018, conseguimos que fosse decretado pelo governador Robinson Faria, a Política Estadual para População em Situação de Rua, a criação do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política e do Centro de Defesa Estadual da População em Situação de Rua, em consonância com as diretrizes da Política Nacional. Isso tudo foi resultado de muito trabalho, muita luta e compromisso de muitos que estão em situação de rua no RN.


Personalidade | a ordem

Por Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo de Natal

Homem de vida simples, dedicada ao serviço na Igreja, a causas sociais e à natureza, especialmente nas terras da região do Mato Grande. Monsenhor Luiz Lucena Dias nasceu em 5 de junho de 1927, na cidade de Pirpirituba (PB), e faleceu no último dia 29 de dezembro, em Natal. Por quase 50 anos foi pároco da Paróquia de Nossa Senhora Mãe dos Homens, em João Câmara. Nascido em terras paraibanas, aos sete anos de idade passou a residir em Natal, com os pais, onde, muito cedo ingressou no Seminário de São Pedro. Fez Filosofia e Teologia em Fortaleza (CE). Foi ordenado sacerdote em 8 de dezembro de 1955, em Natal, pela imposição das mãos de Dom Marcolino Dantas. Depois de ordenado, atuou nas Paróquias de Nossa Senhora da Conceição, em Ceará-Mirim; Nossa Senhora da Conceição, em São Rafael; Nossa Senhora do Livramento, em Taipu; e Bom Jesus dos Navegantes, em Touros. Em janeiro de 1958 foi transferido para a Paróquia de Nossa Senhora Mãe dos Homens, em João Câmara, para exercer a função de vigário substituto. No dia 13 de junho do mesmo ano foi nomeado pároco, função que desempenho por 48 anos. E mesmo depois de pároco emérito, continuou colaborando na paróquia, até partir para casa do Pai. À frente da Paróquia de Nossa Senhora Mãe dos Homens, Monsenhor Lucena se empenhou em ações sociais, como a criação da Escola Comercial de João Câmara e o centro social. Em 1968, atento às necessidades da população, cedeu a casa paroquial para o funcionamento da maternidade. Nesse tempo, ele passou a residir em uma sala do Centro Social Monsenhor Vicente. No período dos abalos sísmicos, em 1986, permaneceu na cidade para dar assistência espiritual e social à população. Também ajudou na criação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e fundou, em 1984, a Associação Norteriograndense de Apicultores.

Rivaldo Júnior

O ‘apóstolo’ do Mato Grande

Mons. lucena

Assim, vamos com muita justiça, homenageando a memória ao legado, ao testemunho do Monsenhor Lucena, tão conhecido ‘apóstolo do Mato Grande’. Foram quase 60 anos sempre presente e participando da vida do povo, aprendendo e multiplicando a sua sabedoria. Agradecemos a Deus o testemunho do Monsenhor Lucena, sobretudo seu desapego às coisas materiais, à condição de pároco. Ao completar 75 anos de idade, entregou a função de pároco e, mesmo emérito, continuou no meio do povo, levando sua vida simples. Um exemplo muito importante para nós, clero, especialmente no mundo de hoje, onde a sede pelo poder e a vaidade prevalecem. Nossa gratidão ao testemunho do Monsenhor Luiz Lucena Dias.

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Edvanilson Lima

a ordem | Em ação

Reunião preparatória para o Fórum Rota da Vida

Juventude, violência e cultura da paz Natal vai sediar Fórum, promovido pela CNBB, para tratar desta temática

No dia 9 de março próximo, a Arquidiocese de Natal vai sediar um fórum para tratar da realidade juvenil, a partir do Mapa da Violência 2016. A atividade é promovida pela Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e

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faz parte do projeto “Rota da Vida”. Os encontros serão realizados em sete capitais brasileiras: Maceió (AL), Natal (RN), Fortaleza (CE), Aracaju (SE), São Luís (MA), Vitória (ES) e Goiânia (GO). O fórum será realizado no Centro Municipal de Educação (CEMURE), na Cidade da Esperan-


Em ação | a ordem ça, zona oeste de Natal, no dia 9, das 8 às 17 horas, e deverá reunir lideranças juvenis, educadores e outras pessoas interessadas na temática da violência entre a juventude. A programação constará de conferências, mesa redonda, exposição de projetos e apresentações culturais, que tratarão da violência e da cultura da paz. Um dos assessores será o professor Geraldo Caliman, da Universidade Católica de Brasília e membro da Cátedra da Unesco. Ele será expositor do tema: “O sistema preventivo na promoção da vida”. As inscrições estão abertas e podem ser feitas junto ao Setor Juventude da Arquidiocese de Natal, no Centro Pastoral Pio X (subsolo da Catedral). Os interessados em participar podem obter mais informações pelo telefone (84) 3615-2800 / 2801. Projeto O Projeto Rota da Vida se baseia no tema da Campanha da Fraternidade 2018 - “Fraternidade e Superação da Violência”, visando a valorização da vida e o combate à violência. “Esse projeto é um desejo da Igreja em desenvolver discussão e aprofundamento sobre a cultura da paz. Vivemos em uma sociedade extremamente violenta, em todos os aspectos. Diante desse quadro, precisamos discutir com as pessoas que o mais importante na sociedade é a vida humana”, explica o Padre Antônio Ramos do Prado (Pe. Toninho), assessor da Comissão Episcopal para a Juventude, da CNBB. “Para nos ajudar a chegar até aos adolescentes e jovens, queremos contar com a adesão de professores das escolas públicas e privadas. Por isso, eles são os principais destinatários das confe-

rências que vamos realizar nessas sete capitais. Além dos professores, também contamos com lideranças juvenis e pessoas que trabalham em instituições internas e externas que trabalham com a juventude”, explica. “Esse projeto vai favorecer que haja uma relação da Igreja, não só internamente, com as pastorais, mas também externamente, abrindo uma rede de esperança pela vida”, comenta o coordenador do Setor Juventude, na Arquidiocese de Natal, Padre Ândreson Madson. Segundo Padre Toninho, a Comissão Episcopal para a Juventude vai elaborar um documentário com o resultado dos sete fóruns, que será apresentado, posteriormente, aos bispos do Brasil e, também, será disponibilizado no site Jovens Conectados. A escolha de Natal De acordo com o Padre Toninho, as cidades escolhidas pela coordenação nacional do Rota da Vida para sediar o Fórum são as que apresentam alto índice de violência contra a juventude, conforme dados de uma pesquisa nacional, disponível na página www.mapadaviolencia.org.br. O Atlas da Violência, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 5 de junho de 2017, apontou que o Rio Grande do Norte foi o estado que registrou o maior crescimento da taxa de homicídios (232%), entre 2005 e 2015. Segundo o estudo, nesse período, o índice de aumento de jovens com idades entre 19 e 25 anos que perderam a vida para a criminalidade foi de 292,3%. No ano de 2017, foram mais de 2 mil homicídios ocorridos no estado potiguar.

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Bruno César

a ordem | Paróquias

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade

Terra de devoção a Nossa Senhora da Piedade Ainda no século 19, a devoção a Nossa Senhora da Piedade foi introduzida na região do município de Espírito Santo, distante 75 km da capital potiguar. Por muitos anos, a comunidade pertencia à Paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres, de Goianinha; depois, à

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Paróquia de São Pedro Apóstolo, em Várzea. Em 30 de abril de 2015, o arcebispo metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha, criou a Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, em Espírito Santo, cujo primeiro pároco é o Padre Marcelo de Araújo Cunha.

Atualmente, a ação da Igreja é desenvolvida por várias pastorais e movimentos, como Legião de Maria, Terço dos Homens, Apostolado da Oração, Mãe Peregrina, Renovação Carismática, as pastorais do Batismo, da Criança, da Liturgia, Juventude, Comunicação,


Dízimo e Catequese, além do trabalho dos Ministros Extraordinários da Comunhão e dos Acólitos. Terra de devoção A devoção a Nossa Senhora da Piedade surgiu em Portugal, no século XII, e foi introduzida no Brasil através dos estados de Minas Gerais e São Paulo. O primeiro santuário dedicado a ela, em terras brasileiras, foi erigido na província de Minas Gerais, no ano de 1764. No Rio Grande do Norte, a devoção chegou através dos portugueses, que fixaram moradia às margens do Rio Jacu, no então povoado Cana Brava, que posteriormente se tornou o município de Espírito Santo. Segundo relatos de antigos moradores, em 1877 uma grande seca se abateu sobre a região Nordeste. Na época, epidemias e pestes se espalharam, fazendo com que morressem muitas pessoas, acometidas de doenças contagiosas. O povo, seguindo uma devoção de imigrantes de Portugal, clamou a Nossa Senhora que tivesse piedade daquela situação. Passada a calamidade, o povo sentiu a intervenção divina

e encarregou o português Manoel Martins Ferreira Roriz, residente no município de Espírito Santo, de adquirir, em Portugal, a imagem de Nossa Senhora da Piedade. Essa imagem desembarcou no Porto da Penha (hoje, Canguaretama), entre os anos de 1877 e 1878 (não há uma data precisa da chegada da imagem). De lá, foi conduzida em procissão pelo povo dos dois municípios. A história da cura das epidemias se espalhou e foi construída uma pequena capela, que se tornou centro de peregrinação. Desde então, todo dia 2 de fevereiro, a cidade de Espírito Santo recebe centenas de devotos, inclusive de outros municípios, que se dirigem à Igreja de Nossa Senhora da Piedade, vestindo azul e véu branco, para rezar e agradecer por graças alcançadas. A festa da padroeira acontece sempre no período de 23 de janeiro a 2 de fevereiro, com carreata, caminhadas penitenciais, novenário, missas, celebração do batismo e quermesse. Na tarde do dia 2, encerrando os festejos acontece a tradicional procissão, pelas da cidade, reunindo milhares de fiéis.

José Bezerra

Paróquias | a ordem

Pe. Marcelo Araújo, pároco

ENDEREÇO Rua da Matriz, 49 – Centro Espírito Santo/RN Contato (84) 99435-3707 Horários de missas (Matriz) Domingos – 7h30 e 19h30 Terça a sexta – 19h30 SAIBA MAIS vozdapiedade paroquiansdapiedade

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cedida

a ordem | Paróquias

Igreja Matriz Alto do Rodrigues

Nossa Senhora do Rosário:

primeira Paróquia criada no governo de Dom Jaime A Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, situada no município de Alto do Rodrigues, foi a primeira comunidade paroquial criada no governo do Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha. A cidade recebeu esse nome em homenagem à família do seu fundador, Joaquim Rodrigues Ferreira, que instalou-se no local que deu início ao povoamento da região. Neste período, a religiosidade já era marca presente na vida do povoado. Segundo o histórico da Paróquia, no início, os atos religiosos eram celebrados em casas. Nesta época, Mons. Honório Silveira, que era pároco de Macau, atendia à região. No ano de 1948, a comunidade recebeu da

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família Rodrigues a doação de um terreno para a construção da Igreja, que foi dedicada a Nossa Senhora do Rosário. A devoção a Nossa Senhora do Rosário iniciou-se por meio do fundador da cidade de Joaquim Rodrigues, ainda quando era apenas povoado. Esta devoção foi passada de pai para filho. Álvaro Rodrigues, filho de Joaquim, fazia peregrinação nas casas com a Imagem primitiva de Nossa Senhora do Rosário, acompanhado, muitas vezes, por Monsenhor Honório. Em 1956, foi concluída a construção da capela em honra a Nossa Senhora do Rosário no povoado que, em 1963, se tornaria cidade de Alto do Rodrigues. A imagem primitiva está até hoje na


Paróquias | a ordem

2012 pelo Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha. Atualmente, a comunidade paroquial tem como administrador paroquial, o Pe. Shirleno Sharlisson de Oliveira. Vida Pastoral De acordo com o administrador paroquial, a comunidade tem uma vida pastoral ativa com os mais diversos grupos e movimentos existentes. “Percebemos uma doação incansável dos agentes, o que faz com que o nosso trabalho pastoral tenha dinâmica. Temos muitas atividades fortes ao longo do ano, como a festa da padroeira, retiro de carnaval, congresso jovem, entre outras”, diz. A Arquidiocese de Natal continua trabalhando o Marco Referencial da Ação Pastoral, que vai ficar em vigência até o próximo ano. Diante do que é proposto no documento, o padre Shirleno conta que a Paróquia vem trabalhando as metas e urgências junto à Paróquia, como a setorização, o uso dos meios de comunicação, além de investir no trabalho com a família e o setor juventude. “Nossa Paróquia procura responder às necessidades do tempo presente, mas sempre olhando para aquela que é modelo para nós, a Virgem do Rosário, a qual nos chama a atenção para fazermos tudo aquilo que o seu Filho nos diz”, destaca.

Cacilda Medeiros

Paróquia. A partir daí, foram iniciando os movimentos da Igreja, como grupos de crianças, adolescentes, jovens, mães, além do clube agrícola. Um dos destaques deste período, é que no ano de 1961 foi realizada a primeira celebração do sacramento da Eucaristia na comunidade, presidida pelo então Pe. João Penha Filho, que auxiliava o Pe. José Luiz, que atuava junto aos fiéis locais. Ainda de acordo com o histórico da Paróquia, no ano de 1975, chegou para atuar na comunidade o então Pe. Jaime Vieira Rocha, hoje, Arcebispo Metropolitano de Natal. No período em que esteve lá, ele incentivou a formação de um centro social, grupos e movimentos. Na década de 80, foi celebrado o sacramento da crisma para os jovens da cidade, presidida pelo então bispo auxiliar da Arquidiocese de Natal, Dom Antônio Soares Costa. Neste ano, a comunidade também recebeu a visita de Frei Damião, frade italiano, radicado no Brasil. A Igreja também passou por reforma e foi ampliada. Antes da criação da Paróquia, a comunidade pertencia à Paróquia de São João Batista, em Pendências. Em 2010, houve criação da Área Pastoral de Nossa Senhora do Rosário, que foi desmembrada de Pendências. A Paróquia de Nossa Senhora do Rosário foi criada no dia 10 de agosto de

Pe Shirleno Sharlisson de Oliveira

ENDEREÇO: Av. Álvaro Rodrigues, s/n Centro - Alto do Rodrigues/RN Telefone: (84) 3523-2323 Missas (Igreja Matriz): . Quintas e sextas – 19h30 . Sábados – 06h . Domingos – 19h30 Saiba mais: www.altodorosario.blogspot.com.br paroquiaarg

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a ordem | Cultura Rivaldo Junior

Cristiano e Dicarlo, respectivamente diretor de carnaval e presidente da AcadĂŞmicos do Morro

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Cultura | a ordem

Escola de Samba

homenageia Mártires

“O povo em romaria de norte a sul / Louvado seja os santos de Cunhaú e Uruaçu” (refrão do samba-enredo)

Os Mártires de Cunhaú e Uruaçu serão homenageados, no Carnaval deste ano, pela Escola de Samba Acadêmicos do Morro, da comunidade de Mãe Luiza, em Natal. “Em julho do ano passado, pensamos em três opções de enredo para o Carnaval 2018. E o tema mais votado foi o dos Mártires, que foram canonizados pelo Papa Francisco, em Roma, em 15 de outubro de 2017. Estamos vivendo um momento tão complicado em nosso Estado, no País, então decidimos trabalhar a fé cristã, neste ano”, explica Antônio Cristiano, diretor de Carnaval, da Acadêmicos. Para organizar todo o enredo, Cristiano estudou a história dos massacres, participou da festa dos Mártires em Cunhaú e em Uruaçu, além de ter conversado com o capelão dos Mártires, Padre Murilo Paiva, e com outras pessoas que conhecem a história dos protomártires. O samba-enredo é de autoria de Anselmo Sampaio, conhecido como Tem Tem Sampaio, que atua no Carnaval do Rio de Janeiro. “Nossa escola é cotada para ser campeã do carnaval natalense, por causa da história que está sendo levada para a avenida”, destaca o diretor. A Escola A Acadêmicos do Morro tem 20 anos de história e, atualmente, reúne cerca de 500 compo-

nentes, da comunidade de Mãe Luiza e de outras localidades, entre crianças, jovens e pessoas da terceira idade. Há seis anos, tem como presidente Carlos Alberto de Oliveira, conhecido como Dicarlos. Ele é o responsável também por desenhar e costurar as fantasias. Apesar das dificuldades financeiras e da falta de investimento por parte do poder público, Dicarlos está otimista quanto ao desempenho da Escola, neste ano. A agremiação sobrevive graças à dedicação dos membros da direção e às doações de patrocinadores e colaboradores. Atualmente, a direção adquiriu um espaço no bairro da Ribeira, onde vai funcionar a sede da Acadêmicos. Lá, serão oferecidos cursos de corte-costura, de percussão, de samba, entre outros. Provisoriamente, a residência do presidente, no bairro de Areia Preta, funciona como sede da Escola, onde, inclusive, são montadas as fantasias. De acordo com Cristiano, o trabalho social que a Escola desenvolve na comunidade de Mãe Luiza, começa a atrair mais pessoas. “A Acadêmicos é a única escola de samba presente na comunidade. Tradicionalmente, o povo de Mãe Luiza é mais adepto das quadrilhas juninas. A prova é que as principais quadrilhas juninas do Estado são daqui”, comenta o diretor.

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a ordem | Cultura

Carnaval, uma festa que vem da antiguidade A festa do Carnaval remonta à antiguidade, tanto na Mesopotâmia quanto na Grécia e, também, em Roma. A palavra “carnaval” é originária do latim – carnis levaleI – que significa “retirar a carne”. O significado está relacionado com o jejum que deveria ser realizado durante a Quaresma e, também, com o controle dos prazeres mundanos. Durante os carnavais medievais, por volta do século XI, no período fértil para a agricultura, homens jovens que se fantasiavam de mulheres saíam nas ruas e campos, à noite. Eles invadiam as casas, com a permissão de seus donos, fartando-se com comidades e bebidas. Na época do Renascimento, nas cidades italianas, surgiu a ‘commedia dell’arte’, teatros improvisados, cuja popularidade ocorreu até o século XVIII. Em Florença, canções foram criadas para acompanhar os desfiles, que contavam ainda com carros decorados. Em Roma e Veneza, os participantes

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usavam uma capa com capuz preto, que encobria ombros e cabeça, além de chapéus de três pontas e uma máscara branca. No Brasil, o Carnaval chegou no período colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, uma festa de origem portuguesa que, na colônia, era praticada pelos escravos. Depois surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os corsos e as escolas de samba. Afoxés, frevos e maracatus também passaram a fazer parte da tradição cultural carnavalesca. Marchinhas, sambas e outros gêneros musicais foram, com o tempo, incorporados à festa. Fonte: http://brasilescola.uol.com.br


Liturgia daPalavra

Notas

Pe Jose Valquimar N Nascimento Reitor do Seminário de São Pedro

O Sacramento da Ordem

A compreensão da noção de sacramento da Ordem está intimamente ligada à do sacerdócio de Cristo do qual participam todos os fiéis. A diferença fundamental está no modo de participar. “Enquanto o sacerdócio comum dos fiéis se realiza no desenvolvimento da graça batismal, da vida de fé, de esperança e de caridade, vida segundo o Espírito, o sacerdócio ministerial está a serviço do sacerdócio comum, referindo-se ao desenvolvimento da graça batismal de todos os cristãos” (Catecismo, 1.547). O sacerdócio ministerial, portanto, constitui uma das vocações, uma das formas possíveis da realização do seguimento de Cristo por meio de um chamamento específico para a participação no seu plano de salvação. E a Igreja, mediante o dom do Espírito Santo, faz com que, em seu nome e com seu poder, leve a cabo essa missão. Recebeu também de Cristo esse mandato, que durante o seu ministério público chamou alguns para viverem com Ele e serem enviados a pregar o Reino de Deus (cf. Mc 3, 13-19; Mt 10, 1-19). Os escolhidos, como ainda hoje, eram habilitados para continuarem o ministério de Cristo pelo gesto da imposição das mãos – seguido da oração - (cf. At 6, 6; 1Tm 4, 14; 5, 22; 2Tm 1, 6) que transmite o dom do Espírito Santo e os configura a Cristo Sacerdote, como ministros ordenados (cf. LG, 20; 21; PO, 2).

A doutrina católica reconhece a participação ministerial no sacerdócio de Cristo em dois graus: o espiscopado e o presbiterado. O diaconato, está destinado não para o sacerdócio, mas para o serviço. No entanto, os três graus são conferidos pela ordenação, isto é, pelo sacramento da Ordem (Catecismo 1.543; 1.554). Os bispos têm a plenitude do sacerdócio de Cristo, afirmação reiterada pelo Concílio Vaticano II (cf. LG, 26; 41; CD, 15; PO, 2b). A eles, como legítimos sucessores dos Apóstolos, cabe o pastoreio em comunhão com os presbíteros numa Igreja Particular (cf. CD, 11). Aos presbíteros, participando com o bispo do único sacerdócio de Cristo, o exercício da sublime missão de pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto como solícitos colaboradores (cf. CD, 28; LG, 28; PO, 2; 7). Aos diáconos, assistir ao bispo e aos padres, servindo ao Povo de Deus na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade (cf. LG, 29; SC, 35 §4; AG, 16). O sacramento da Ordem, tal como no caso do Batismo e da Confirmação, imprime “caráter espiritual indelével” e consagra a pessoa de maneira definitiva. Esta consagração alcança seu ponto culminante na identificação com Cristo pela celebração de outro sacramento que é a Eucaristia, no qual o sacerdote atua “in persona Christi”.

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a ordem | Para conhecer

Turismo & Cultura

Por do sol na Praia de Tourinhos, em São Miguel do Gostoso

São Miguel do Gostoso/RN:

as praias dos ventos, da paz e da alegria! São apenas 100km de distância para a capital do RN, Natal Por Freire Neto São Miguel do Gostoso/RN é um dos destinos que mais cresce e se desenvolve no turismo do Rio Grande do Norte. É conhecida internacionalmente por causa das praias calmas e dos ventos fortes e constantes de agosto a março, o que a tornou destino certo para os

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apaixonados por esportes aquáticos como o windsurf e o kitesurf. Graças as suas belezas naturais e do seu povo hospitaleiro, amigo e feliz, além de toda energia do lugar, a cidade absorve muitos viajantes que se apaixonam e decidem viver Gostoso.


Guia Viagens Brasil

Para conhecer | a ordem

O acesso principal é pela BR-101 Norte, saindo de Natal, passando por Extremoz, Ceará-Mirim, passando por várias praias até chegar ao município de Touros. No Km 2 da BR, no caminho para o Farol, está a RN que dá acesso ao Paraíso do Gostoso; são 13 km de estrada asfaltada, passando por Cajueiro, São José de Touros, até o destino. O acesso é livre, calmo e praticamente uma reta. Pode-se chegar também por Parazinho e Pedra Grande, vindo de Macau, Guamaré ou João Câmara. Atualmente, a população é de cerca de 10 mil habitantes, situada no Litoral da Costa das Dunas e Costa Branca do RN, tem várias praias conhecidas e apaixonantes: Ponta do Santo Cristo, Cardeiro, Xepa, Maceió, Rapadura e Tourinhos, cada uma com suas peculiaridades e diferenciais, turistas, visitantes e moradores que praticam esportes outdoor como o kitesurf, windsurf, surf, 4×4, ciclismo, corrida, pesca e muito mais. Tem cenários e opções para todos. Gostoso é mundialmente conhecida também por ser possível vislumbrar o nascer e o pôr do sol no mar. Momentos especiais, únicos e inesquecíveis. A cidade faz divisa com Touros, Pedra Grande, Parazinho e o mar, que garante peixe, ca-

marão, lagosta e muita paz e harmonia para os moradores e visitantes. O número de restaurantes e pousadas não para de crescer, assim como os prestadores de serviços e comerciantes. Culinária regional e internacional, e hospedagens Low cost ou com alto padrão. Tem opções para todos os bolsos e gostoso. Curta, viva e sinta o prazer de viver Gostoso nas praias de águas calmas, mornas e apaixonantes de São Miguel. A cidade também fica próxima a vários destinos especiais do litoral potiguar como Maracajaú, Perobas, Zumbi, Rio do Fogo, Praia do Marco, Touros e Galinhos. Passeios a cavalo, com quadriciclos, carros 4×4, buggys e o cicloturismo são outras opções de lazer, além de caminhadas, corridas e diversão noturna, com restaurantes e bares de alto padrão, e lojas de referência internacional. Gostoso também é destino para as tartarugas marinhas colocarem os seus ovos e se reproduzirem, o que tem despertado ações e atividades para preservação da espécie e limitação do uso de quadriciclos e carros 4×4 na beira-mar nas regiões de desova. Viva Gostoso e se apaixone!

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Luiza Gualberto

a ordem | Vida Pastoral

O tema da Campanha da Fraternidade foi apresentado para o clero e articuladores paroquiais no mês de dezembro

Campanha da Fraternidade vai trabalhar superação da violência Por Luiza Gualberto

“Fraternidade e superação da violência” será o tema da Campanha da Fraternidade – CF 2018, que anualmente é realizada no período da quaresma. Neste ano, o objetivo geral é construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência. Na Arquidiocese de Natal, diversas ações nortearão este período, com formações por Vicariatos, zonais e paróquias.

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Dados da violência Dados divulgados no final de janeiro deste ano, pelo Observatório da Violência Letal Intencional no Rio Grande do Norte (OBVIO), instituto que analisa crimes contra a vida, mostraram que 33 pessoas foram assassinadas no período de 26 a 29 do mês passado. Além de ser considerado o final de semana mais violento, o OBVIO registrou o mesmo número de mortes dos finais de semana que mais registraram homicídios na história


Vida Pastoral | a ordem do Rio Grande do Norte. No ano passado, houve três fins de semana com 33 homicídios. No ano passado, foram registrados 2.405 assassinatos, segundo o OBVIO. Como um dos objetivos específicos, a Campanha da Fraternidade 2018 quer estimular ações concretas que expressam a conversão e a reconciliação no espírito quaresmal, além de analisar as múltiplas formas de violência, considerando suas causas e consequências na sociedade brasileira. Segundo o padre Robério Camilo, coordenador de campanhas na Arquidiocese de Natal, os dados da violência no Rio Grande do Norte são alarmantes e a campanha vem para trazer uma cultura de paz diante deste quadro. “Este ano, a CF vem para fortalecer a fraternidade. Não queremos exaltar essa violência que é destacada todos os dias na mídia, mas, queremos analisar o porquê da violência e, paralelo a esse estudo, vamos fortalecer as ações que incentivam e promovem a fraternidade”, diz. Ações na Arquidiocese Na Arquidiocese de Natal, existe uma equipe de campanhas, composta por assessores que ministram formações no território arquidiocesano, por meio de estudos nos vicariatos, zonais e paróquias. Em nível de Arquidiocese, o lançamento para a imprensa ocorrerá no próximo dia 14, na Arena do Morro, situada no bairro Mãe Luiza, zona leste da capital. A atividade vai ter início às 15h30 e contará com apresentação de alguns grupos do bairro, que contribuem para a cultura de paz. O Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha também participará deste momento. No sábado, dia 17, haverá a abertura no Vicariato Sul, às 15h, na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Santo Antônio. Nesse mesmo dia, também vai acontecer a abertura da CF no Vicariato Norte, nas paróquias do Bom Jesus dos Navegantes, em Touros e São José, em Angicos, tendo em vista que é um vicariato extenso. Para o Vicariato Urbano, a abertura será feita no dia 18, no ginásio Nélio Dias, na zona norte de Natal. No período de 15 a 17 de fevereiro, será feita a abertura em nível de regional.

Campanha da Fraternidade 2018 Objetivos: * Identificar o alcance da violência nas realidades urbanas e rural do país, propondo caminhos de superação a partir do diálogo, da misericórdia e da justiça em sintonia com o Ensino Social da Igreja; * Valorizar a família e a escola como espaços de convivência fraterna, de educação para a paz e de testemunho do amor e do perdão; * Identificar, acompanhar e reivindicar políticas públicas de superação da desigualdade social e da violência; * Apoiar os centros de direitos humanos, comissões de justiça e paz, conselhos paritários de direitos e organizações da sociedade civil que trabalham para a superação da violência.

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a ordem | Artigo

PEDAGOGIA DO BEM VIVER: didáticas de cooperação e compreensão Mais um ano letivo se aproxima e com ele a necessidade da reflexão sobre a relação MESTRE/DISCÍPULO. Como assevera o educador indígena Daniel Munduruku (2010, p. 09) “educar é um ato heroico em qualquer cultura” porque ultrapassa a mera transmissão de conhecimentos e concentra-se no esforço de despertar potencialidades para o aprendizado do bem viver. No livro Lições dos Mestres (2005) George Steiner adverte sobre a complexidade dessa relação e aconselha distanciar-se da competitividade e investir na cooperação e na compreensão. Frente a estes cenários, sigo a orientação de Steiner no que diz respeito a revisitar o que ele denomina de “origens duradouras” e aponta Jesus Cristo como um dos grandes Mestres da Humanidade. Convido-os a refletir essa exigência a partir da narrativa bíblica reveladora do dialogo entre Jesus e a Samaritana no poço de Jacó (Jo 4, 5-15). Ao desviar-se dos discípulos e ir até o poço de Jacó, o homem Jesus tem a oportunidade de encontrar uma figura feminina talhada nos moldes de outra cultura e com ela iniciar um diálogo. O esforço de persuasão assenta-se na relação de proximidade que estabelece com a mulher. Ao pedir “Dá-me de beber”, arrisca-se à indiferença e à hostilidade, atitudes decorrentes da discriminação ao que parece estranho. O poço de Jacó nos aparece como uma alegoria da cultura. “Dá-me de beber” bem poderia ser entendido como a solicitação: “diz-me do teu mundo”. E da exposição: “Também como tu, eu estou cansado, exercita comigo as artes da cooperação e da compreensão”. Guardadas as devidas proporções, é possível aproximar o exemplo de Jesus à temática da formação. O mestre deve compreender as inquietações e as quimeras que afligem o discípulo e mesmo 34 | Fevereiro de 2018

Josineide Silveira de Oliveira Professora e Pesquisadora da UFRN

correndo o risco de sofrer indiferenças e hostilidades, saber que vale a pena insistir. Da parte do discípulo é importante que o estranhamento transforme-se em oportunidade para aprender a enxergar outras possibilidades. A mulher samaritana mesmo possuída pelo estranhamento indaga: “Como é que tu, sendo um judeu pedes de beber a mim, que sou samaritana?”. E mais: “Não tens nem um balde!”. Tais indagações poderiam ser entendidas de outro modo: “Porque me estendes a mão se somos tão diferentes e eu não vejo em ti nenhum pré-requisito que o habilite à compreensão dos seus problemas?”. Quantas vezes chegamos perto dos nossos alunos, mas os vemos como estranhos! Nossas fadigas diárias por vezes nos tornam indiferentes, por vezes nos tornam hostis. É cada vez mais rara a transformação do professor em mestre e do aluno em discípulo. Enquanto professores, estamos aprisionados a nossos programas de curso e pouco interessados em operar no desvio. Ficamos vaidosos com a robustez dos nossos lattes1 e nos perdemos na fragilidade dos afetos. Enquanto alunos, estamos seduzidos pela demanda do mercado competitivo, pressionados pelo ENEM, pelo ENADE, pela cultura dos concursos. Parecemo-nos tomados pela convicção “os outros são os outros e só”. A lição de Jesus é a de que devemos desmobilizar o estado de competição permanente e ficar atentos às oportunidades nas quais podemos tomar atalhos que nos avizinhem uns dos outros. Cooperação e compreensão: eis as potencialidades do bem viver! 1 Plataforma que suporta currículos de acadêmicos brasileiros de todas as esferas. www.lattes.br


Dicas de saúde | a ordem

Ano do Laicato

Por Diác. Manoel Carlos coordenador do Setor de Leigos

Uma Igreja Sinodal O Papa Francisco sempre insiste que “Sínodo é o nome da Igreja”. São João Crisóstomo ensinou que “Igreja e Sínodo são sinônimos. Podemos compreender a “sinodalidade”, o caminhar junto, como um aspecto central da “participação”. Sem “caminhar junto” não pode haver “participação” e sem “participação” nas decisões e nas práticas eclesiais não pode haver “Sinodalidade”. Caminhar junto, não é somente um método, é também conteúdo da evangelização. O Sujeito evangelizador é “um povo que peregrina para Deus. Trata-se certamente de um mistério que mergulha as raízes na Trindade”, além de sua “necessária expressão institucional” (EG 111). A Igreja, corpo de Cristo na história, possui uma identidade comunitária, só entendemos, acolhemos e exercemos a nossa identidade, vocação espiritualidade e missão, na relação com os demais, como membros vivos do mesmo corpo (1 Cor 12,13).

Nutrição no verão

Márcia Roque Braz Nutricionista

No verão, o principal desafio que o corpo enfrenta é manter sua temperatura normal em torno de 36. Em virtude dessa alteração climática, com essas mudanças o nosso corpo precisa se adaptar ao novo clima, sem que ocorra maiores problemas à nossa saúde. Dentre elas, o mecanismo de resfriamento do corpo é essencial, ocorrendo por meio da transpiração, popularmente conhecida como suor. Como suamos constantemente, perdemos quantidades consideráveis de água e sais minerais, como o sódio e o potássio; por isso, a importância da hidratação nessa época do ano. Nestes dias de calor a dica é consumir alimentos de fácil digestão e de preferência com baixo teor de gordura: Saladas variadas, frutas, fibras, integrais e boa quantidade de água. Desidratar é perder mais líquidos do que a pessoa repõe. Evitar a desidratação que pode ser fatal nos piores casos. Principalmente crianças, idosos, gestantes. Os sintomas da desidratação são: boca seca, pele seca, fadiga, tontura, falta de concentração, dor de cabeça, sonolência, aumento do ritmo cardíaco, queda da pressão, e pode ser fatal. Portanto, qualidade de vida também é saúde; sempre procurar comida de verdade feita por você, fazer trocas inteligentes só assim teremos saúde.

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a ordem | Viver

Sebo é a opção de compra de

livros raros e mais baratos Por Cione Cruz Mês de janeiro significa férias, praia e lazer, mas para a maioria dos pais significa também um verdadeiro périplo pelas livrarias das cidades, à procura dos livros didáticos para seus filhos. Porém, com os custos impraticáveis das últimas décadas, os Sebos têm sido a alternativa para quem necessita de preços mais acessíveis. Lá se encontram livros usados, mas em bom estado e que têm uma redução de preço que chega até a 50%. Podemos dizer que os sebos são as livrarias alternativas, onde são encontrados não somente livros usados, mas discos de vinil, cds, revistas, gibis e mangais. Outros, mais ousados, ampliam o leque de opções e vendem antiguidades de um modo geral, como é o caso de 36 | Fevereiro de 2018

Henrique Eduardo de Oliveira, da Art & Book, localizado em uma galeria da Rua Vigário Bartolomeu, em Natal, onde, anteriormente, localizava-se a maioria dos sebos da cidade. Há teorias de que os sebos surgiram na Europa, em torno do século XVI, quando mercadores vendiam papiros e documentos da época para pesquisadores. No Brasil eles chegaram em meados do século XIX. Há algumas versões de como surgiram e uma delas é que a ideia de vender e trocar livros usados veio de um livreiro pernambucano. O fato é que essas livrarias alternativas tornaram-se uma opção para pais que não aguentavam mais os custos com livros didáticos a cada início de ano letivo, mas também, e, principalmente, uma excelente opção para pesquisadores, colecionadores de livros antigos e


amantes da literatura. No sebo você pode vender livros usados, mas também comprar desde os clássicos da literatura mundial e brasileira (Machado de Assiss e José de Alencar são os mais procurados), até os livros de auto-ajuda, poesia, didáticos, paradidáticos e revistas. O Sebo Norte, também localizado na Vigário Bartolomeu (Centro de Natal), um negócio de família, segundo Jampson Gurgel, filho de Antônio Gurgel, o fundador da empresa, existe desde a década de 90. Começou na Zona Norte de Natal e, depois de perceber que o centro da cidade tinha alguns sebos de referência, como o Sebo Vermelho, por exemplo, a família resolveu investir no Centro. Começou vendendo livros usados em um carro, próximo à Praça padre João Maria, conseguindo depois um espaço para alugar nas proximidades. Hoje o Sebo Norte ocupa dois espaços, tem uma clientela fiel e garantida, apesar da Internet que, de uma certa forma contribuiu para a retração de compradores (muitos hoje optam por ler livros na Internet), e das escolas adotarem apostilas em substituição aos livros didáticos. Para aquisição dos livros, além de comprar diretamente dos próprios consumidores, o proprietário, Antônio Gurgel, costuma “garimpar” em outros sebos, os livros mais requisitados. Segundo Jampson, ultimamente, o que

Viver | a ordem

mais tem saído são os livros sobre o cangaço, embora os paradidáticos infanto-juvenil e os didáticos sejam os carros-chefe, frisou. Jeane Gurgel reforça como critério para aquisição de livros a sua conservação, “e que não tenha nenhum risco de caneta”, frisou Jampson. Há 15 anos no ramo “sebista”, Henrique Eduardo, da Art & Book, que optou pela diversificação de objetivos comercializados, afirma que hoje também trabalha com a venda pela Internet, através do Mercado Livre, assim como participa de feiras (Cientec/ UFRN, Flip etc). Além disso, ele afirma que trabalha com responsabilidade social: sempre faz sorteio de livros para bibliotecas comunitárias, por exemplo. Segundo Henrique, existem, na cidade de Natal, em torno de 15 “livrarias sebos”, três das quais trabalham, exclusivamente, com livros didáticos e as outras com produtos mais diversificados. O mercado está estável, acredita ele, que cita o Mercado de Petrópolis como um espaço de concentração de sebos: lá estão localizados em torno de quatro sebos, mas existem outros no Alecrim, na Hermes da Fonseca (proximidades do Shopping Midway), Avenida Rio Branco e Rua Vigário Bartolomeu, onde se concentrou, em anos anteriores, o maior número de sebos de Natal.

No sebo você pode vender livros usados, mas também comprar desde os clássicos da literatura mundial até os livros de auto-ajuda, poesia, didáticos, paradidáticos e revistas.”

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a ordem | Notas Cacilda Medeiros

Irmã Vilma Lúcia (coordenadora do arquivo), Jorge Silva e Dom Jaime

Family Search entrega material

digitalizado a arquivo arquidiocesano Em janeiro de 2017, a instituição americana Family Search firmou uma parceria com a Arquidiocese de Natal. A Family Search é uma organização que trabalha com pesquisas genealógicas. A parceria garante a digitalização dos arquivos da cúria metropolitana, bem como das paróquias que compõem o território arquidiocesano. Esse projeto, além de garantir a preservação das informações contidas nos documentos, permitirá o acesso a dados relevantes para a pesquisa de história das famílias. No último dia 28 de dezembro, o especialista em imagens digitais, Jorge Silva, que trabalha para a Family Search, entregou ao arquivo da Arquidiocese de Natal seis Hds, com uma média de 330 mil imagens de registros de livros de batismo,

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crisma e casamentos, além de 60 mil imagens do acervo do jornal A Ordem. “É o resultado de 36 semanas de trabalho, na Arquidiocese de Natal. Já digitalizamos livros de várias paróquias da capital e de algumas do interior”, conta Jorge. A entrega do material foi feita ao Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha. Segundo Jorge, que é responsável pelo trabalho de digitalização, em Natal, em breve esse material estará disponível para consulta no site da instituição americana, no endereço www.familysearch.org. Agora, Jorge segue fazendo o trabalho de digitalização dos livros de registros de sacramentos de demais paróquias da Arquidiocese. Ele acredita que concluirá todo o trabalho até o final de 2018.


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a ordem | Assunto

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