Revista A Ordem - Agosto/2016

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A Ordem

Fundação Paz na Terra Ano XLIV - Nº 04 Natal-RN / Agosto de 2016 / R$ 7,00

DURVAL PAIVA

Solidariedade às crianças com câncer

PARALIMPÍADAS Joana Neves: aposta potiguar de ouro

ENTREVISTA

Pe. Jesús Hortal fala sobre nulidade matrimonial

Vocação

desafios e perspectivas na carreira profissional


a ordem | Assunto

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Editorial | a ordem

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a ordem | Editorial

Nas mãos de Deus Há um adágio popular que diz: “se conselho fosse bom ninguém dava, vendia”. A assertiva parece verdadeira, mas não é, embora muitas pessoas concordem com o teor da frase. É apenas uma visão mercantilista e fragilizadora das relações humanas. Na carta de São Paulo aos romanos, capítulo 12, há vários conselhos e, com certeza, nenhum deles encaminha as pessoas para a “perdição”. Antes de “aconselhar”, São Paulo faz uma afirmação interessante para fundamentar a Verdade contida nos conselhos: “temos dons diferentes, conforme a graça que nos foi concedida” (Rm 12,6). Ele fala dos talentos de cada pessoa e que devem ser exercidos sempre em função do bem das criaturas. Os talentos são as habilidades que cada pessoa traz ao vir ao mundo. Eles são aprimorados à medida em que as pessoas crescem em tamanho e sabedoria, e se transformam em profissão. Essa atividade laboral passa a ser exercida com dupla função: do bem-estar de quem a exerce, através da remuneração, e das pessoas às quais o profissional prestou um bom serviço. O profissional se realiza tanto mais quanto gostar de exercer a profissão, e as pessoas se sentirão felizes, satisfeitas, tanto mais quanto for bom o trabalho profissional que solicitou e lhe foi prestado. É o exercício dos talentos em função do bem e da vida das criaturas. No exercício da profissão pode estar a mão de Deus presente nos conselhos paulinos.

Expediente

Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689

Conselho curador: Pe. Charles Dickson Macena Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra Conselho editorial: Pe. Edilson Soares Nobre Pe. Carlos Sávio da Costa Ribeiro Pe. Paulo Henrique da Silva Pe. Matias Soares Diác. Francisco Teixeira Luiza Gualberto Adriano Charles Cruz, OFS Cione Cruz Hevérton Freitas Josineide Silveira Edição e Redação: Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) Luiza Gualberto (DRT-RN 1752)

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FOTO DA CAPA: Brunno Antunes Revisão: Milton Dantas (LP 3.501/RN) Pe. Francisco Fernandes Colaboradores: José Bezerra (DRT-RN 1210) Adriano Cruz (DRT-RN 1184) Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal Cione Cruz Projeto e diagramação: Terceirize Editora (84) 3211-5075 www.terceirize.com

Comercial: RN Editora Idalécio Rêgo (84) 98889-4001 Impressão: Unigráfica - (84) 3272-2751 Tiragem: 2.000 exemplares Assinaturas: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 - Tirol - Natal/RN - (84) 3615.2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br


CONSULTOR JUSSIER RAMALHO MOSTRA QUE É POSSÍVEL UMA CARREIRA DE SUCESSO

LEI MARIA DA PENHA

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SAÚDE

Saiba o que mudou no documento

Nutricionista Fátima Nunes alerta para alimentação preventiva

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CONCURSO

Filhos demonstram amor aos pais por meio de fotos

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PENDÊNCIAS: PRESTES AOS 60 ANOS DE PARÓQUIA

Cedida

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Alex Sandro Dantas

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Rivaldo Jr.

Sumário | a ordem

CONHEÇA O TRABALHO DA RONDA FRATERNA

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a ordem | Palavra da Igreja

A Igreja que continua seguindo o caminho conciliar

Recentemente, na conferência inaugural do evento católico Sacra Liturgia UK 2016, em Londres, o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Robert Sarah, fez uma espécie de apelo aos sacerdotes do mundo inteiro para começarem, no primeiro domingo do Advento, a celebrar a missa “versus Orientem”, isto é, com o altar voltado para o leste, de costas para o povo, como se usava antes da reforma litúrgica. Disse o Cardeal: “É muito importante que voltemos, o mais rápido possível para uma direção comum, sacerdotes e fiéis voltados na mesma direção, para o oriente, ou pelo menos para a abside, para o Senhor que vem”. E acrescentou: “Peço-vos aplicar esta prática sempre que possível”. Este “convite” fez-se repercutir no mundo inteiro, até mesmo apresentado como uma nova orientação litúrgica da Igreja, visto que o Cardeal também estabeleceu data para se por em prática tal recomendação. Sucessivamente, deturpações e mal-entendidos alimentaram, do ponto de vista prático, a confusão entre rito “ordinário” e “extraordinário” da celebração da Missa e, do ponto de vista teórico, o “projeto” de uma “reforma da reforma”, expressão que se refere ao “movimento” eclesial de oposição à reforma litúrgica do Concílio Vaticano II. Para desfazer essas detur-

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Papa francisco Chefe de Estado do Vaticano

pações e mal-entendidos, foi publicado um comunicado pelo Padre Lombardi, da Sala de Imprensa da Santa Sé, que se reporta à declaração do Papa Francisco, por ocasião de sua visita à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, onde o Pontífice recorda a distinção entre “a forma ‘ordinária’ da celebração da Missa que é a prevista pelo Missal promulgado por Paulo VI, e forma ‘extraordinária’, que foi permitida pelo Papa Bento XVI para as finalidades e com as modalidades por ele explicadas no Motu Proprio Summorum Pontificum, que não deve tomar o lugar da ‘ordinária’. Portanto, não são previstas novas orientações litúrgicas a partir do próximo Advento, como alguns erroneamente deduziram de algumas palavras do Cardeal Sarah, e é melhor evitar o uso da expressão ‘reforma da reforma’, referindo-se à liturgia, devido ao fato que, por vezes, foi fonte de mal-entendidos. Tudo isso foi expresso de modo concorde durante uma recente audiência concedida pelo Papa ao Cardeal Prefeito da Congregação para o Culto Divino”. Assim – nas palavras de um notável professor de teologia e filosofia – “o círculo se fecha e o caminho conciliar retoma seu curso”. Por Pe. Elielson Cassimiro Vigário Paroquial da Paróquia da Catedral


A voz do pastor | a ordem

Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal

Vocação: dom e serviço de misericórdia

Queridos irmãos e irmãs! A Igreja no Brasil, tradicionalmente, celebra no mês de agosto, o mês das vocações, o Mês Vocacional. Em cada domingo de agosto a Igreja celebra uma vocação especifica: no primeiro domingo, “dia do padre”, a Igreja reflete sobre a “vocação para o ministério ordenado: diáconos, padres e bispos”; no segundo domingo, “dia dos pais”, a Igreja lembra a “vocação ao matrimônio”; no terceiro domingo, a “vocação à vida consagrada”; no quarto domingo, a “vocação dos leigos”. Essa dinâmica mostra muito bem que o tema das vocações envolve várias categorias dentro da Igreja e não se limita às vocações sacerdotais e religiosas. Todas elas estão numa interação, pois pelo Batismo, todos os fiéis católicos são chamados pelo Senhor, a trabalhar em sua vinha. Quando falamos de “vocação”, falamos da realidade primordial que envolve a natureza humana. Deus, de fato, ao criar o homem e a mulher, chama-os à comunhão com Ele, isto é, a uma relação de amizade que torna a vida espaço de ação divina. Essa vocação primordial, em estreita relação com o Batismo, faz de todos “vocacionados”, isto é, chamados a viver da relação com Deus. O protótipo dessa relação é Jesus Cristo: toda a vida de Jesus de Nazaré foi pautada pela relação com

Deus, uma relação filial, a partir da qual Ele nos faz participar. Viver nessa relação é a base para entendermos todas as vocações. Toda vocação tem esse componente básico e é dele que se tira a beleza de todas as vocações. Uma beleza que se manifesta sobretudo no dom de si mesmo, pois o chamado também nos envia. Recebemos e somos enviados. Nunca Deus chama para uma vida de introspecção ou de fechamento em si. Vale lembrar, aqui, a parábola dos talentos. Os que fizeram os talentos multiplicar demonstram acerto e determinação na convivência do dom recebido. Aquele que enterrou o seu talento o fez com uma errada visão do doador do dom. Na verdade, como comunidade cristã, somos convidados a reconhecer que a vocação é dom da misericórdia divina, e que o doador do dom não é um senhor severo e arbitrário, mas o Deus de bondade e a fonte da vida. Podemos dizer que o vocacionado é o cristão de vive da ternura do Pai, deixa-se plasmar pela relação filial, proveniente do Verbo encarnado e inflamado do amor do Espírito. Daí que a vocação sacerdotal e religiosa, embora não seja a única expressão da vocação na Igreja, tenha esse componente expresso na vida dos padres e religiosos. Mas, é um componente de serviço, de doação para que os outros fiéis sejam exortados a viver da mesma experiência de relação e comunhão com Deus.

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Fotos: Rivaldo Jr.

a ordem | Entrevista

“Você é sua melhor marca”

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Entrevista | a ordem Autor de livros, empreendedor de sucesso, consultor de carreiras e palestrante reconhecido nacional e mundialmente. Ele ocupa a segunda colocação no ranking de palestrantes mais requisitados do Brasil. Jussier Ramalho, nascido em meio às dificuldades financeiras, alcançou sucesso em sua vida, devido ao seu pensamento inovador. Autoditada, o potiguar se projetou no cenário nacional, devido às suas estratégias de marketing e vendas, aplicadas em uma banca de jornais, que possuiu por muito tempo. Hoje, ele ajuda outras pessoas a serem bem sucedidas em suas carreiras. Um de seus livros de maior sucesso é “Você é sua melhor marca”, em que Ramalho mistura dados autobiográficos, com sua visão de técnicas de venda, captação e relacionamento com clientes e os elementos que constroem um empreendedor de sucesso. Nesta entrevista, ele fala sobre profissão, sucesso e dá dicas de como fazer a diferença no mercado de trabalho.

A Ordem: Como iniciou sua trajetória? Jussier: Minha trajetória de vida começou quando eu nasci. A partir do momento em que nascemos, passamos a ter muitos sonhos. Desde crianças, nós temos muitos sonhos. Mas, à medida que o tempo vai passando, eles vão aumentando ou diminuindo. Tem pessoas que, além de sonhar, reclamam. O sonho é super importante na vida da gente. Eu diria que é fundamental. Para que você chegue a algum lugar, é necessário que esse sonho se torne realidade. E só se torna realidade quando você planeja e faz. O grande problema que eu vejo na vida é que as pessoas sonham e a maioria passa a vida inteira reclamando, pelo emprego que não teve, pela profissão que não consegui chegar, pela casa ou pelo carro novo que não tem. Se você reparar, quem mais reclama são as pessoas de insucesso, porque busca na reclamação dele, uma desculpa para não alcançar aquele sonho. Vivem reclamando a vida inteira e não fazem nada para que mude. Por isso que digo que minha trajetória começou quando eu nasci e meu pai saiu de casa, quando eu tinha 03 anos de idade, porque eu digo que na dificuldade encontramos uma razão de nos superar. Cheguei a passar fome com minha família e esse momento foi muito determinante na minha vida, porque eu buscava sempre as coisas do alto. Não tinha meu pai

biológico, mas tinha meu pai do céu. Eu sempre tive Jesus presente em minha vida. A Ordem: Hoje, você é consultor e palestrante de sucesso, ajudando outras pessoas a alcançarem seus objetivos. Existe uma fórmula para o sucesso? Jussier: A fórmula para ser bem sucedido parte de cada um, porque não existem fórmulas mágicas. Cada pessoa sabe das suas necessidades e também sabe como chegar lá. O problema que elas não chegam, é porque não querem pagar o preço. O que eu vejo é muito assim. Eu sei das minhas limitações. A fórmula é cada um que pode projetar. Eu digo que para você se tornar bem sucedido financeiramente é necessário que você se olhe e faça um planejamento. Mas, uma coisa muito simples é que precisamos saber gastar. Para mudar a vida e deixar de ser pobre não é saber economizar. Muito pelo contrário, é saber gastar, saber investir. Muitas vezes, as pessoas recebem um valor e guardando, acham que ficarão ricas. Não vai. O dinheiro é importante em nossa vida quando se sabe ganhar e saber gastar. Então, como é que a gente consegue fazer essa matemática? Tudo que se recebe, você tem que entender que tem que ser dividido em três partes. Não são três partes iguais, são 40%, 30% e 30%.

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a ordem | Entrevista Os 40% serão usados para você sobreviver. Já os 30% serão destinados para você investir em sua carreira. Os outros 30% você tem que usar 15% para investir em uma coisa específica, como um terreno, numa casa ou numa aplicação e os outros 15% para você ter lazer, porque o ser humano precisa se divertir e recompor as baterias. Quem vive para trabalhar, geralmente não tem tempo de pensar em si. Quando você trabalha muito, se torna uma pessoa amarga, porque você não consegue experimentar o que a vida está te oferecendo. A Ordem: Como eu posso me diferenciar em um mercado de trabalho tão competitivo? Jussier: Hoje, as universidades despejam cada vez mais profissionais no mercado de trabalho. Quando o estudante está na universidade, passandocerca de 04 a 06 anos, sãoconsiderados sempre universitários. Quando termina o curso ele passa a ser desempregado. Aí ele vai para o mercado de trabalho altamente competitivo, desumano e seletivo demais. A dica que eu dou para os universitários, qualquer que seja o curso. Vou dar o exemplo, usando o curso de Administração. Se o curso são 05 anos, no caso, 60 meses. O que esse universitário deve fazer? Em 60 meses, ele pode, uma vez por mês, ligar para uma empresa para conhecer o case daquela instituição. Ao longo da vida academia, ele vai ter 60 empresas experimentadas ou 60 cases de sucesso ou 60 laboratórios ou 60 informações, que não fez esse trabalho não vai ter. A bagagem desse um universitário vai ser muito maior que os outros. Portanto, ele não será apenas mais um universitário no mercado. Isso dá trabalho, mas para se ter sucesso é preciso de muito trabalho. A Ordem: Como escolher a melhor carreira? Jussier: Muitas vezes o pai quer o filho escolha uma profissão para ganhar dinheiro, quando na verdade a profissão deve ser para a vida. O dinheiro é uma consequência do que você faz. Nem sempre o que vai ganhar dinheiro é o melhor profissional naquilo que está se fazendo, mas o que sabe fazer melhor marketing, com responsabilidade. Vale salientar que não é vender aquilo que não pode entregar. Hoje há um incentivo muito grande nas carreiras de engenharia, direito e medicina. Eu pergunto: quer dizer o que o mundo só pode viver dessas três profissões? O garoto é cobrado, às vezes, pelo pai a escolher uma profissão rentável em um primeiro momento. Mas, onde está a realização profissional dele? O emprego é aquele que você faz com prazer. Não é o que você faz para você, mas o que você faz, com prazer, para os outros. 10 | Agosto de 2016

Agenda de Palestras: Fórum K&M – Lideranças & Vendas Data: 09 de agosto Local: Holiday Inn Natal, Lagoa Nova Horário: 19h Tema: Como crescer em momentos de crise. XV Jus et Justitia – Eleições, Política e Gestão Pública Data: 24 a 26 de agosto Local: Anfiteatro/UFRN, Campus Caicó.


Assunto | a ordem

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Foto: Brunno Antunes

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Vocação pode inspirar

carreira de profissionais Sucesso e realização profissional podem vir com a mudança de profissão, o que representa um desafio sobre qual caminho seguir

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Capa | a ordem

“Um belo dia resolvi mudar”. Os versos dessa canção bem que poderiam ser usado como trilha sonora de nossas vidas profissionais. Sabe aquela manhã em que você acorda e não tem ânimo para ir ao trabalho? Pode ser apenas uma indisposição temporária, mas se é algo frequente é bom se questionar. Talvez, seja a hora da mudança. Mudar exige coragem. E essa não faltou ao paulista Arthur Simões. Com apenas 24 anos, ele terminou a faculdade de Direito e decidiu rodar o mundo de bicicleta para se encontrar. O jovem pegou a magrela e percorreu durante 3 anos e 2 meses, 46 países de 5 continentes. No final dessa grande aventura, descobriu enfim sua paixão pela fotografia. A história toda é contada pelo autor no livro O mundo ao lado (Phorte Editora). Às vezes, a mudança profissional acontece graças ao conhecimento específico. Foi o caso da psicóloga Isabele Benevides, que deixou a área da saúde pelo ensino da língua francesa. É fácil encontrá-la nos corredores da Aliança Francesa de Natal, durante os eventos da escola. Isabele canta, interpreta e recita poemas, estratégias para difundir o amor à cultura francófona. E tudo começou com um estágio na psicologia educacional. Ela foi trabalhar

Foto: Arquivo Pessoal

Por Adriano Cruz e Luiza Gualberto

Arthur Simões largou o Direito pela Fotografia

na Guiana auxiliando a adaptação dos filhos dos imigrantes brasileiros ao sistema escolar francês. Essa experiência foi transformadora. Já em Natal, decidiu dar aulas individuais para não perder o contato com o idioma, até decidir definitivamente lagar os consultórios pelo quadro branco. “Dentro dessa aventura, me descobri. Descobri o prazer de montar a aula, ensinar. A constatação imediata de que o aluno aprende e usa aquilo para o bem próprio é muito interessante”, conta. Nem sempre a escolha profissional acontece por iniciativa própria, o mercado exige mudanças de rumo

como a história de Sandra Martins. Fluente em inglês desde os 14 anos, a jornalista tornou essa habilidade em profissão. Sem conseguir emprego na imprensa, começou a trabalhar como recepcionista bilíngue. De lá para o ensino, foi um passo. Decidida a se aperfeiçoar, enfrentou mais 4 anos de faculdade para “me tornar uma professora legalizada”, brinca. “O processo de transição foi complicado porque eu estava desistindo daquilo que tinha escolhido para seguir, era algo com que me identificava muito. Mas me sinto realizada como professora”, concluiu.

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a ordem | Capa

Quero mudar. E agora? 1º Você está insatisfeito É necessário descobrir o motivo para a sua insatisfação. Faça perguntas a si mesmo imaginando se o cenário que o deixa descontente no momento fosse outro. E se fosse promovido? E se recebesse um aumento? E se pudesse trabalhar em casa? E se o chefe que você não suporta mudasse de área ou saísse da empresa? E se você trocasse de emprego? 2º O que você quer fazer? Pense nas carreiras nas quais que você se daria bem e aquelas que você não encararia de jeito nenhum. Se não sabe para onde ir, aproveite para fazer uma reflexão sobre si mesmo. Reflita sobre aquilo que gosta de fazer, o que lhe dá prazer e se permita imaginar a si mesmo em diversos cenários. 3º Não idealize Quando pensam em mudar de carreira, muitas pessoas idealizam a profissão escolhida, como se esse novo trabalho não tivesse desafios. Se não tem ideia de como é a carreira que quer seguir, pesquise. Saiba onde vai pisar daqui para frente. 4º Não vá pelo embalo Você leu ou ouviu em algum lugar que um determinado tipo de negócio está dando muito dinheiro. Então você pensa, mesmo sem fazer ideia de como tocar algo nesse ramo: “pronto, é isso nisso que vou investir”. Não é bem assim. Quem está ganhando dinheiro, já conheceu o mercado em que atua, conhece os concorrentes, investiu naquilo e apresenta um diferencial. Você terá mais dificuldade para engrenar e não terá retorno financeiro tão rápido como imagina. 5º Ouça a voz da experiência Converse com pessoas que de fato trabalham na área que você escolheu. Pergunte sobre os pontos positivos e negativos daquela profissão. Como é o dia a dia no trabalho, como

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são as atividades realizadas, qual é a média salarial, as responsabilidades e as dificuldades. Leia sobre o setor, participe de workshops e palestras sobre o assunto. Você tem de conhecer os pontos positivos, mas também onde o calo aperta. 6º Educação Saiba se aquilo que você quer exercer requer conhecimento técnico e profissional, ou se você terá de encarar uma faculdade. 7º Não desperdice conhecimento Tudo o que aprendeu em sua profissão atual pode ser agregado ao novo trabalho. Descubra como complementar sua experiência à nova carreira. 8º Prepare-se financeiramente A nova profissão talvez não dê retorno financeiro logo no início. É bom ter sempre uma reserva, caso a coisa demore um pouco mais a acontecer. E paciência! 9º Viva por um dia Teste a profissão desejada antes de trabalhar nela de fato. Por exemplo: se você é advogado e pretende ser dentista, antes de tudo vá a um consultório e acompanhe uma cirurgia de siso. Vivencie um dia a profissão. Você pode acabar descobrindo que faria uma besteira, pois não consegue nem ficar de pé quando vê sangue. 10º Alegria, alegria A profissão que escolher tem de dar prazer, tem que ser algo que você se divirta. Se não for mais divertido do que a atual, há uma grande chance de não dar certo. Não faz sentido trabalhar com aquilo que não te faz bem. (Fonte: www.istoedireito.com.br)


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Foto: Rivaldo Jr.

Visão profissional De fato, a escolha ou mudança de carreira não é tarefa fácil, afinal, essas escolhas impactam em nossas vidas. Para auxiliar na hora da tomada de decisão, o acompanhamento de um profissional da área de psicologia pode fazer toda a diferença. A psicóloga Lavínia Vasconcelos dá dicas do que fazer para alcançar a realização profissional. O que influencia na hora da escolha da profissão? A gente percebe que é uma questão bem multifatorial. Hoje em dia quando a gente fala dessa parte vocacional, vemos que teve uma ampliação de como se trabalhar a questão. Antigamente, era como se a gente fizesse só o que se chamava de teste vocacional. A gente tem que pensar que o teste é uma coisa que tem padrões, mas as pessoas não. Cada pessoa é diferente. Tem sua história de vida. Hoje quando falamos desse tema, dizemos que é mais uma orientação profissional e aí temos várias etapas. A gente tem que ver o que a pessoa quer para o futuro, quais as habilidades que ela acha que tem e de que forma isso interfere na maneira de trabalhar no mercado. Uma coisa importante é se a pessoa se vê fazendo aquilo a vida toda. Acredito

Lavínia Vasconcelos, psicóloga

que não tenha uma coisa que interfira mais na escolha da profissão, mas sim, um conjunto de fatores. Em que ponto a psicologia atua na escolha de uma profissão? A psicologia trabalha na parte de orientação profissional. Existem algumas coisas que são mais próprias da psicologia, como a aplicação de alguns testes. Existem testes psicológicos, que é de uma área chamada avaliação psicológica e isso é restrito ao profissional da psicologia. Esses testes buscam entender um pouco de quem é a pessoa, o que ela espera, como ela lida com o outro. A partir daí, podemos ver alguns traços que possam indicam possíveis áreas que a pessoa tenha mais aptidões. Mas o teste, em momento algum, vai

lhe indicar uma profissão específica. Apenas, possíveis áreas de atuação. A escolha é pessoal. Qual a orientação quando queremos mudar de profissão? Eu acho que hoje a gente tem tido uma possibilidade maior de fazer mudanças, porque em princípio, a gente tinha muito a ideia de que quando a gente escolhia a profissão, era única para a vida e ia dar certo ou errado. A gente vivia muito nos parâmetros do certo e errado. Eu acho que atualmente a gente tem uma flexibilidade maior. Não temos mais o certo e o errado, apenas que, por um tempo funcionou, foi bacana, mas agora não é mais. E aí é possível encontrar outros caminhos, nem que seja sair do jornalismo e ir para a medicina, por exemplo. Eu acho que a primeira etapa é que se você começa a se questionar sobre isso, tem algo aí. Tem uma inquietação que está fazendo repensar. Também devemos ter uma clareza de se perguntar se foi algo específico que aconteceu, se foi alguma frustração, porque as vezes aquele lugar em que se está trabalhando no momento, não contribui mais para a realização profissional, não está sendo mais prazeroso e isso lhe evoca a pensar em outras profissões, quando, na verdade, é o local atual de trabalho que está lhe deixando insatisfeito.

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#SELIGAAI Joana Neves:

ouro potiguar

A nadadora será uma das representantes do Brasil nos Jogos Paralímpicos Rio 2016

Foto: Rivaldo Jr.

Para a natalense Joana Maria Jaciara da Silva Neves, nascida em 14 de fevereiro de 1987: A família é: a base da vida. Deus: Tudo. Os amigos: Os verdadeiros são essenciais. A natação: Alicerce. Um sonho: ser recordista mundial. Momento importante: nascimento de Janilly. Natal: uma cidade maravilhosa. Representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos Rio 2016: um sonho realizado.

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Com um sorriso sempre pronto, Joana Neves, 29, fala da sua trajetória de paratleta, iniciada quando ela tinha 13 anos de idade. Portadora de acondroplasia, uma anormalidade na ossificação das cartilagens, que causa nanismo, a natalense, por orientação médica, começou a nadar no ano 2000. “Minha primeira professora, que se chamava Susana, viu que eu tinha potencial e começou a me incentivar para competir”, conta. Joana recorda que a primeira viagem que fez para participar de uma competição foi em 13 de agosto de 2001, para Recife (PE). Lá, participou de um campeonato Norte-Nordeste de natação e ganhou sete medalhas. De 2001 para cá, já foram tantas vitórias, que a nadadora perdeu as contas de quantas medalhas ganhou. “Acho que já ganhei mais de 300 medalhas. São 23 de bronze, 13 de prata e as demais são de ouro”, diz. Quantas competições regionais, nacionais e mundiais Joana participou? Esta pergunta também é difícil de ser respondida. “Nem sei fazer essa conta, porque todos os anos, são 3 ou 4 nacionais. Eu tenho uma paralimpíada; três mundiais; já fui quatro vezes a Berlim, na Alemanha, para participar do Open Mundial; já fui duas vezes ao Panpacífico...” relata. Entre as competições, Joana destaca um mundial realizado em 2015, na Escócia, onde ela foi finalista da quinta edição do Prêmio Paralímpicos. Casada, mãe de uma menina de oito anos, Joana Neves, quando está em Natal, divide o dia entre os afazeres domésticos e os treinos. Agora, ela treina diariamente para representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos, que serão realizados no Rio de Janeiro, de 7 a 18 de setembro próximo.


Direito & Cidadania 10 ANOS DA LEI MARIA DA PENHA:

o que mudou?

A Lei nº 11.340 de 07 de agosto de 2006, mais conhecida como “Lei Maria da Penha”, foi publicada em 22 de setembro de 2006 com o objetivo de gerar na sociedade uma maior conscientização sobre a necessidade de se prevenir a violência doméstica contra mulher. Tal lei nasceu após o caso Maria da Penha Maia Fernandes, a mulher que após sofrer durante seis anos agressões de seu marido, ficou paraplégica devido à gravidade das lesões recebidas. Diante de casos como esse e de outros que pudessem surgir, o legislador entendeu pela necessidade de se criar uma lei que definisse não só uma série de medidas coercitivas que resguardassem os direitos fundamentais de mulheres nesta situação, como também se voltasse para a promoção de mudanças de valores sociais associados à naturalização da violência no ambiente doméstico, resultado de um longo processo histórico no qual a supremacia masculina foi amplamente aceita pela sociedade. Para atingir este objetivo, a Lei Maria da Penha dispõe de um conjunto de conceitos e dispositivos jurídicos, como por exemplo, a recente inserção de mais uma circunstância qualificadora no art. 121 do Código Penal, tornando o crime de homicídio praticado contra a mulher uma figura penal punida com maior gravidade, considerando sua condi-

Danielle Freitas de Lima Oliveira Professora da Universidade Potiguar. Graduada em Direito. Especialista em Criminologia, Direito e Processo Penal; Direito Privado: Civil e Empresarial. Graduanda em Serviço Social

ção de gênero do sexo feminino. É claro que a tipificação de “feminicídio” não pretende dar conta de toda a complexidade que envolve o tema, até porque a violência doméstica contra a mulher não envolve apenas violência de ordem física, mas moral e psicológica, sem falar da própria condição que a mulher ainda enfrenta nos dias de hoje, que ainda busca sua inserção nos diversos setores sociais por seu próprio merecimento. Também é importante ressaltar, como rapidamente demonstrado, que o enfrentamento da violência doméstica pressupõe, necessariamente, uma mudança cultural quanto aos próprios valores associados ao gênero feminino, ainda atrelados a uma mentalidade machista que considera a mulher uma figura subserviente ou a serviço de seus ordenamentos. Apesar de nossa Carta Magna vigente defender princípios como a dignidade humana e a igualdade de direitos entre homens e mulheres, tais princípios de nada valerão sem antes uma educação que os considerem como valores imprescindíveis para uma sociedade mais igualitária. É imprescindível, assim, a participação de todas as instituições, quer seja a família, a escola, as igrejas, ou outros espaços sociais para que se crie uma cultura de respeito das diferenças de gênero propícia ao de entendimento e a união.

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Foto: Cacilda Medeiros

a ordem | Direito Canônico

Pe. Jesús Hortal faz avaliação do

Código de Direito Canônico

Padre Jesús Hortal, espanhol, residente no Brasil há muitos anos, doutor em Direito Canônico. Já foi reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), comentarista, em português, do Código de Direito Canônico. Ele esteve em Natal no mês de julho para

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participar da instalação do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano. Nesta entrevista, ele fala sobre o que é este documento da Igreja, bem como, algumas alterações, como o Motu proprio do Papa Francisco, acerca dos processos de nulidade matrimonial


Direito Canônico | a ordem A Ordem: No geral, o que é Código de Direito Canônico? Pe. Jesús: Todos nós sabemos que existem vários Códigos no Brasil, como o Código Civil, Penal, etc. São coleções de leis. O Código de Direito Canônico é o Direito da Igreja, que tem esse nome específico, porque em vez de se chamarem artigos, são cânones, ou seja, leis, normas fixas. É a coleção das normas da Igreja Católica. A Ordem: Qual a importância do Direito Canônico, para a Igreja, nos tempos atuais? Pe. Jesús: Nos tempos atuais e em qualquer tempo. Onde existe uma sociedade, convivência humana, necessariamente aparecem regras de conduta, porque nós não somos uma anarquia. Somos uma Igreja que é comunhão dos fiéis. Porém, convivemos e ao conviver, devemos ter normas de convivência e por isso, o Código de Direito Canônico me coloca claramente quais são essas regras de convivência com a Igreja. Além disso, apoiando-se na Teologia, o Código de Direito Canônico mostra as coisas que são necessárias a certas realidades. Por exemplo, os sacramentos. Todos sabemos que existem sete sacramentos na Igreja. Mas o que é essencial para cada sacramento? Isso está também codificado no Código. Para a proteção das pessoas existe a necessidade de termos uma autoridade que julgue os conflitos e essa regulamentação dos conflitos nos Tribunais Eclesiásticos é parte do Direito Canônico. A Ordem: O atual Código de Direito Canônico é de 1983. Passados mais de 30 anos, na sua opinião, há uma necessidade de atualização ampla, até para valorizar o papel do leigo na Igreja? Pe. Jesús: Tem havido, de fato, algumas modifica-

ções. Com o Papa Francisco isso se acentuou. Recentemente tivemos uma lei, que se chama Motu proprio – Mitis Iudex Dominus Iesus, que modificou toda a parte relativa ao processo de nulidade matrimonial. Consequentemente, isso mostra que, de fato, são necessárias adaptações a outras coisas, também em andamento. O próprio papa nomeou uma comissão de cardeais para reformular toda parte relativa à cúria romana. A Ordem: Como o senhor vê a aplicabilidade do Motu proprio do Papa Francisco (Mitis Iudex Dominus Iesus)? Pe. Jesús: Tem algumas dificuldades, não tenho dúvida alguma, uma vez que o documento colocou a responsabilidade em todas as Dioceses, de terem Tribunais Eclesiásticos. Imagine que no Brasil tínhamos 44 Tribunais de primeira instância e 18 de segunda. Mas, existe no Brasil 275 Dioceses. Então, para passar de 44 para 275 é muito complicado. E os Tribunais de segunda instância deveriam ser 48, que é número de Arquidioceses que existem no Brasil. Por isso, o próprio Motu próprio reconhece que se unam várias Dioceses, como está acontecendo aqui em Natal, para compor um Tribunal Eclesiástico Interdiocesano. A Ordem: O senhor é autor de vários livros e um deles tem como tema “Casamentos que nunca deveriam ter existido”. Porque esse título? Pe. Jesús: O casamento é um ato. Se esse ato não tem todos os requisitos da lei, pode ser nulo. Para isso, tem os Tribunais para declarar a nulidade. Muita gente se encontra com esta realidade. Para que as pessoas possam viver em paz com a sua consciência e em paz com a Igreja, é bom termos esses processos de declaração de nulidade matrimonial. O Papa Francisco insistiu para que a justiça se aproxime mais do povo.

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a ordem | Informe

Colégio de Santa Águeda, rumo aos “oitenta anos”! Irmã Maria Irene Albuquerque, IFNSBC

O Colégio de Santa Águeda fixou-se na região do vale do Ceará-Mirim na década de 30, com o objetivo de instaurar um sistema educacional com base religiosa e disciplinar para a formação da juventude da cidade. Sua fundação se realizou no dia 14 de setembro de 1937, pelo decreto diocesano de 26 de novembro de 1936 que diz: Aos que o presente Decreto virem, paz e bem no Senhor! Havemos por bem criar, na cidade de Ceará- Mirim, um Colégio Católico sob a direção de religiosas, que ficará subordinado à nossa Jurisdição (...) Jornal A Ordem, 1937, nº 500. Aqui começa a nossa história... A existência do

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nosso octogenário é a realização de um sonho do Prefeito da época, Mirabeau da Cunha Melo, que almejava trazer para a cidade uma Escola Religiosa, para atender às crianças e adolescentes. O prefeito manifestou o seu desejo ao Bispo de Natal, D. Marcolino Esmeraldo Dantas, pedindo que o ajudasse na árdua tarefa. O Bispo, que já havia pensado na fundação destas Escolas, atendeu ao pedido do Prefeito. Dirigiu-se à superiora Geral da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Bom Conselho, Madre Rosa da Penha Lima que, por coincidência, também estava fundando outras Escolas. Mesmo envolvida na fundação de novas casas, ela aceitou o convite, acertando com o Bispo e o Prefeito as condições de moradia, presença es-


Informe | a ordem piritual para as religiosas e futuras alunas. O projeto já contava com moradia para as Irmãs: o prédio, situado à Praça Barão de Ceará-Mirim, cedido pelo Major Onofre José Soares e, depois, comprado pela Congregação, como se vê na escritura que se encontra nos arquivos do Colégio de Santa Águeda. A Madre Rosa, enviou então, para Ceará-Mirim as seguintes religiosas: Madre Maria Gabriela, Diretora, e Superiora, Irmã Maria Angelina, Irmã Maria Celeste, (Madre CoráIia) Irmã Maria Guadiosa e Irmã Maria da Visitação. Uma vez acomodadas, na sua nova casa, as Irmãs esperavam a inauguração do prédio, agora transformado em Escola, para começarem a sua missão. A inauguração do Colégio Santa Águeda deu-se no dia 14 de abril de 1937, dentro de uma intensa programação festiva, contando com a presença de Madre Rosa da Penha Lima, Superiora Geral da Congregação, D. Marcolino Esmeraldo Dantas, Bispo de Natal, Dr.José Inácio Fernandes Barros, primeiro Juiz de Direito da Comarca de Ceará-Mirim, Prefeito Mirabeau da Cunha Melo, outras autoridades, e povo em geral, inclusive de cidades vizinhas. O Colégio de Santa Águeda, no início, só recebia meninas, externas e internas. As meninas recebiam uma educação diferenciada. Além de aprender a ler e escrever, aprendiam trabalhos manuais e tinham ainda, aulas de “etiqueta social”, sempre alicerçadas em bases religiosas, sendo possível notar as primeiras demonstrações de conhecimento a partir da preparação para boas donas de casa e verdadeiras cristãs. A Madre Gabriela, primeira Diretora e Superiora do Colégio, que muito trabalhou para o seu crescimento, em 1949 foi substituída pela Madre Maria Beatriz. Tornando-se pequeno o espaço, foi iniciada a construção do novo prédio. Concluído com uma

subvenção do Presidente da República, Dr. Café Filho, a ajuda do povo de Ceará-Mirim e cidades vizinhas, de onde vinham alunas. O Colégio começou a funcionar, no novo prédio a partir da década de 50. O Santa Águeda hoje: depois de muitas Diretoras e Superioras que passaram pelo Colégioe, que continuaram na missão inicial; no ano de 2008, foi nomeada, pela Superiora Geral da Congregação, da época, Irmã Maria Cristiana, a Irmã Gilda Maria da Rocha Farias, que graças a seu espírito empreendedor, fez atualizações pedagógicas, reformas no prédio: aumentando salas de aula do andar superior, inclusive banheiros e sanitários, laboratórios, melhorando a estrutura do prédio, adaptando-o, às necessidades da educação atual. Além das reformas, a Irmã Gilda Maria construiu um Ginásio poliesportivo, um novo espaço para recreação com salas ambiente, parque infantil, mobiliário adequado, climatização das salas de aula, nova cantina, etc. O Colégio continua a sua trajetória, não esquecendo o objetivo inicial, adaptando-o aos novos tempos, num sistema educacional com base religiosa, cultural, artística e ética. Dando continuidade à reforma do Colégio, chega ao antigo prédio, que após passar 35 anos cedido à Prefeitura, foi-nos entregue totalmente deteriorado. Sempre foi desejo da Congregação e das Irmãs do Santa Águeda, e toda comunidade educativa e cearamirinense, vê-lo revitalizado e em pleno funcionamento, com vários projetos que temos como meta. Só neste ano, mesmo com grandes dificuldades, o protejo passou do papel à execução. Vamos deixá-lo com a mesma característica estrutural, oferecendo à Ceará-Mirim um prédio de cara nova, no seu octogésimo aniversário: 14 de abril de 2017.

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Alex Sandro Dantas

a ordem | Paróquias

Igreja Matriz de São João Batista

Pendências

celebra 60 anos de paróquia

Entre 1975 e 1987, a Paróquia teve como pároco, o Padre Jaime Vieira Rocha, atual Arcebispo Metropolitano de Natal Um ano jubilar, entre 24 de junho de 2015 e 24 de junho de 2016, marcou a comemoração das seis décadas de criação da Paróquia de São João Batista, no município de Pendências. “Durante o ano festivo, todas as comunidades e grupos voltaram-se para a refle-

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xão sobre o Mistério da Igreja e a realidade paroquial, a partir da Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Catecismo da Igreja Católica e do Documento 100, da CNBB”, diz o pároco, Padre Jailton Soares. Ele também destaca que, como marco da comemora-

ção dos 60 anos, foi inaugurado o novo altar da Igreja Matriz, por ocasião da missa solene da natividade de São João Batista, presidida por Dom Jaime Vieira Rocha, dia 24 de junho último. “É uma réplica do antigo altar-mor, demolido no ano de 1963”, lembra.


Filha de Macau A Paróquia de São João Batista foi criada em 14 de março de 1956, pelo primeiro Arcebispo de Natal, Dom Marcolino Dantas, sendo desmembrada da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, de Macau. No entanto, a história de fé da comunidade é bem mais antiga. A primeira capela foi construída no ano de 1895, no paroquiato do Padre Francisco de Assis e Albuquerque, então pároco de Macau. Quando foi erigida, a Paróquia de São João Batista compreendia os municípios de Pendências, Ipanguaçu e Alto do Rodrigues. Em 2010, Ipanguaçu também foi transformada em Paróquia, e, em 2012, foi a vez de Alto do Rodrigues. Nestes 60 anos de história, 28 sacerdotes, entre pároco, vigários e administradores, já passaram pela Paróquia de São João Batista. Entre eles, o que ficou mais tempo na função de pároco foi o Padre Jaime Vieira Rocha, entre 1975 e 1987. Desde 12 de setembro de 2012, a Paróquia está entregue aos cuidados do Padre Jailton da Silva Soares. Ação Pastoral “Temos uma paróquia que possui características culturais e religiosas muito expressivas e, pastoralmente, também possui um dinamismo muito

José Bezerra

Paróquias | a ordem

SECRETARIA PAROQUIAL: fica na Praça São João, 203, centro, Pendências, ao lado da Igreja Matriz de São João Batista. O expediente é de segunda a sexta-feira, das 7h às 11h e das 13h às 17 horas MISSAS: Na Matriz, há missa aos domingos, às 8h e às 19h30; e de segunda a sexta, às 17 horas

Pe. Jailton Soares, pároco

próprio, entre seus 22 grupos – pastorais, movimentos e serviços”, enfatiza Padre Jailton. “Buscamos caminhar de acordo com o atual Plano Pastoral Arquidiocesano, marco referencial para toda a ação pastoral da nossa Igreja particular”, complementa. Além da Igreja Matriz, o território paroquial é composto por oito comunidades e suas respectivas capelas.

SAIBA MAIS: (84) 3522-2267 / 99962-0828 jailtondemaria@hotmail.com pascompendencias

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a ordem | Paróquias

Alex Sandro Dantas

Uma paróquia voltada para

ação missionária

Igreja matriz de Nossa Senhora de Lourdes

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Criada em 07 de março de 1965, a Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes, no bairro Petrópolis, em Natal, traz em sua história, um legado marcante de fé do povo potiguar. A Paróquia foi desmembrada da Paróquia de Nossa Senhora das Graças e Santa Teresinha, no Tirol e foi fundada por um ato do então administrador apostólico da Arquidiocese de Natal, na época, Dom Eugênio Sales. Atualmente, a comunidade tem como pároco, o padre Inácio Henrique, que diz que a atuação da paróquia tem foco no espírito missionário. “As nossas pastorais, movimentos e serviços vivem a perspectiva missionária, uma vez que são instrumentos da missão da Igreja”, afirma. Ainda de acordo com o padre Inácio, um dos pontos fortes da vida paroquial é a memória do Monsenhor Geraldo Ribeiro, que foi pároco da comunidade por aproximadamente 30 anos. “Nós fomos privilegiados por contarmos com um sacerdote servidor, como


Paróquias | a ordem o Monsenhor Geraldo. O mausoléu dele se encontra aqui em nossa matriz, nesse local que ele tanto dedicou seu serviço pastoral”, enfatiza.

Padroeira A Paróquia tem como padroeira, Nossa Senhora de Lourdes. Os festejos acontecem sempre na primeira quinzena de março, reunindo centenas de fiéis. Fotos: Rivaldo Jr.

O Santo de Natal Uma das características marcantes da Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes é a devoção ao padre João Maria, conhecido popularmente como o “Santo de Natal”. Falecido no ano de 1905, o sacerdote dedicou sua vida em prol dos mais necessitados, especialmente nos tempos de seca. A Paróquia abriga os restos mortais do padre, uma

vez que ele morou na região onde está construída a Igreja matriz, conhecida como “Alto do Juruá”. Todos os meses, no dia 16, a Paróquia celebra a memória dele, sempre às 17h30. Desde o mês de abril, a Paróquia também celebra missa, às 12h, na Praça dedicada ao Pe. João Maria, no centro de Natal.

ENDEREÇO Travessa Aprígio Alves, 738 – Areia Preta – Natal/RN

MISSAS: . Terça a sexta-feira - 19h . Sábado - 17h30 . Domingo - 9h e 19h . Todo dia 16, missa pela beatificação do Padre João Maria

SAIBA MAIS: (84) 3615-2860 pnslourdes.org

Pe. Inácio Henrique, pároco

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a ordem | Artigo

Estupradores:

era um, eram dois, eram trinta... e três

Depois do horror, a contabilidade: este só olhou, não estuprou. Aquele só gravou o vídeo, não estuprou. O outro só jogou nas redes sociais, mas não estuprou. Perversa contagem, como perverso é o fato em si. Vários homens – um, dois, trinta e três – que importa o número? Violaram uma mulher, na verdade uma menina de 16 anos. E o Rio de Janeiro, o Brasil e o mundo olharam estarrecidos a banalização do horror, reduzido a cifras, números, quantidades. Assim, vai crescendo e se consolidando a cultura do estupro. A perversão vem de longe. As sociedades primitivas eram matriarcais. A mulher detinha a superioridade porque possuía o segredo da fonte da vida em seu corpo. Diante deste mistério, o homem temia e tremia, até o dia em que descobriu que podia vencê-la pela força física. E assim se estende até hoje o complexo de Brucutu, o homem das cavernas das histórias em quadrinhos, que portava permanentemente um tacape e arrastava sua mulher Ula pelo chão, puxando-a pelos cabelos. Por baixo da ponta deste iceberg estão todos os outros estupros nossos de cada dia. Na maneira desrespeitosa de olhar, de falar, de tratar. No encostar do corpo forçando um contato não desejado. Na necessidade permanente de humilhar, de menosprezar e diminuir. Na política salarial desigual e injusta. A mulher vem lutando e obtendo algumas vitórias

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Maria Clara Lucchetti Bingemer Professora do Departamento de Teologia da PUC-RJ e uma profunda conhecedora de questões femininas

contra todos esses pequenos “estupros” cotidianos. Conseguiu chegar ao espaço público, a postos de chefia, a salários mais ou menos competitivos. Mas, quando a questão é seu corpo desejado com instinto animal pelo homem, todo o caminho se esvanece. E o que fica apenas é o triste espetáculo de seres humanos animalizados, brutalizados. E um conflito onde perversamente se tenta culpar a vítima pelo crime indefensável do agressor. Não importam as circunstâncias de vida da vítima. A agressão sofrida a torna vítima sem discussões. E o abuso e a agressão que sofreu é um mal em si mesmo. Não se pode encontrar atenuantes alegando que ela provocou, ou desejou, ou instigou. Pois, então, o crime deixa de ser crime quando é fruto de uma provocação? Não, senhores, chamemos as coisas pelos seus nomes. Uma mulher, uma menina foi violentada naquilo que tem de mais sagrado: seu corpo, sua forma de presença no mundo, sua identidade de mulher. Sua sexualidade criada para o amor e o gozo foi profanada ignobilmente. Deixemos-lhe ao menos o direito de ser aquilo que é: uma vítima que sofreu abuso de estupro coletivo e pede justiça. As duas mulheres que a defendem, uma advogada e uma delegada, vão lutar para que a justiça se faça. Ambas devem saber bem o que é ser mulher em uma sociedade machista.


Assunto | a ordem

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a ordem | Para conhecer

Turismo & Cultura Fernando de Noronha, ilha de todos e para todos Por Nadezhda Bezerra

Que a ilha de Fernando de Noronha em Pernambuco é um paraíso, já é mais que lugar comum. Mas ainda assim esse lugar não tem nada de comum. Chegar à Ilha já é um encanto. Ver do alto, lá da janelinha do avião tudo que lhe espera a partir do pouso já é um momento de agradecer a benção de estar ali. A ilha, antes tida como “roots” ou seja, mais rústica, hoje recebe além dos jovens amantes da natureza e dos esportes, idosos e pessoas com pouca ou nenhuma mobilidade, já que conta com passarelas que permitem até cadeirantes chegarem às praias mais distantes, fruto da criação do Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha. As opções de hospedagens também são diversificadas atendendo a todo tipo de visitante, desde o que prefere luxo e conforto, a quem se

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adapta facilmente a pousadas mais simples, e portanto mais baratas. Mergulho, trilha, esportes aquáticos, como surf e bodyboard que eram marca registrada da Ilha, convivem de um tempo pra cá com skate, bike, corrida e até maratonas. A gastronomia é outro ponto forte de Noronha, onde vários chefs tem aportado com pratos que são verda-

deiras referências à beleza local. E pra quem curte uma comidinha regional e caseira, também tem, viu? E pra diversão, tem reggae, rock e forró na Vila dos Remédios na pizzaria Massa da Ilha e no Bar do Cachorro , só pra manter a tradição. E as praias? Bom, aí temos o forte de Noronha, afinal, falamos de um ilha!


Em ação | a ordem

gesto solidário ao próximo Levar ações sociais para a Comunidade do Curtume, na zona leste de Natal. Este é o objetivo da Ronda Fraterna, serviço pastoral da Paróquia de Santa Teresinha, no bairro Tirol, em Natal. No próximo ano, o grupo completa 25 anos de atuação naquela comunidade. Cerca de 100 famílias são beneficiadas pelas ações desenvolvidas pela equipe, que vão desde atividades de evangelização, até momentos de recreação. O grupo tem como coordenador Heriberto de Andrade, que diz que foram diversas as conquistas alcançadas por meio do trabalho da Ronda Fraterna. “Na comunidade, conseguimos construir um prédio, que tem dois pavimentos e lá realizamos diversas ações. Aos sábados, temos a tradicional distribuição de sopa, sempre às 16h, bem como a distribuição de iogurte, pastéis e pães de queijo para crianças. Além disso, celebramos datas comemorativas, como dia das mães, dia dos pais, dia das crianças e Natal. Claro que, tudo isso aliado aos momentos de evangelização. Contamos com uma missa semanal, presidida pelo padre Cláudio Régio, além de um

Foto: cedida

Ronda Fraterna:

Prédio onde são realizadas as ações da Ronda Fraterna

grupo de oração”, conta. Entre essas conquistas do trabalho pastoral, está a construção e reforma de 78 casas da comunidade. Para Heriberto, essa ação é compensadora e gratificante. “Poder ajudar o nosso irmão é o que mais nos motiva. Tivemos a felicidade de também proporcionar uma fonte de renda para as famílias da comunidade. Lá, conseguimos construir uma mini fábrica de sabão e a venda desse produto é revertida em prol das famílias. É uma forma de au-

tossustentabilidade. Temos também uma escola de artesanato, que funciona toda semana. Lá, os participantes aprendem e produzem. É um trabalho gratificante”, comemora. Atualmente, o grupo é composto por 27 casais, mas a participação é aberta a todo o público. Os interessados em saber mais informações sobre a Ronda Fraterna podem entrar em contato pelo tefefone: (84) 999823600 (falar com Heriberto) ou na secretaria da Paróquia .

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a ordem | Artigo

Alimentação

na Prevenção de Doenças

A população mundial tem adoecido de patologias chamadas de doenças crônicas não transmissíveis as quais poderiam ser prevenidas se fossem adotados hábitos de vida saudável como a prática regular moderada da atividade física e uma proposta de um plano alimentar correto. Hoje, as doenças que mais matam no mundo, e o Brasil está inserido nesse contexto, são as doenças cardíacas seguidas de todos os tipos de cânceres, além de diabetes, acidentes vasculares cerebrais, hipertensão, doenças que poderíamos simplesmente preveni-las através de uma dieta nutricionalmente balanceada. Baseado nesses dados, é função do profissional nutricionista orientar ao seu paciente uma proposta de um plano alimentar saudável através dos princípios da Nutrição Funcional. A nutrição Funcional através dos alimentos funcionais é conceituada como todo alimento ou ingrediente contido naquele alimento que possa provocar um impacto positivo na saúde de quem os consome. Nesse contexto é importante oferecer uma alimentação balanceada dentro desses princípios nutricionais de acordo com as patologias diagnosticadas em cada paciente, embora o objetivo primordial seja a prevenção de doenças e a promoção da saúde. Podemos evitar essas doenças que tem acometido tantos idosos através da retirada dos alimentos que contenham os quatro vilões da saúde que são as gorduras trans ou hidrogenadas, as gorduras saturadas, o sal e o açúcar. Uma maioria de pacientes internados em hospitais de emergência tem

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Fátima Nunes Nutricionista

como diagnóstico diabetes descompensada, AVC, câncer, hipertensão; essas doenças poderiam ser evitadas se retirássemos da dieta esses 4 vilões. Portanto, conclui-se que alguns alimentos relacionados a seguir como o abacate é um dos melhores para essas patologias porque contém gordura vegetal, tem o ácido oleico que contribui para o bom funcionamento da membrana que recobre as fibras nervosas, tem betasitosterol que regula o cortisol diminui o estresse. O açafrão que tem a curcumina flavonoide com efeitos antiinflamatórios, antioxidantes, antimutagênicos. O abacaxi tem, bromelina, enzima que ajuda na digestão. A alcachofra tem o fotoquímico sinarina responsável pela produção de bile e facilitadora da digestão. O alho possui fitoquimicos alicina e aliina importantes para a vasodilatação cardíaca, para hipertensão, antiaterosclerótico. As amêndoas são fontes de gorduras monoinsaturadas, importantes para o cérebro porque evita o envelhecimento precoce. A babosa tem o acemanan, polissacarídeo que corta toda a respiração de uma célula maligna. A castanha do Pará que contém o selênio, mineral que ativa os hormônios da tireoide. O coco que contém o ácido láurico com propriedades bactericidas. O tomate com seu licopeno que evita câncer de próstata; as uvas que contêm resveratrol que evita problemas cardíacos. Enfim, procure alimentar-se com moderação, coma frutas e vegetais em abundância e retire definitivamente o sal e o açúcar. Exercite-se! Seu binômio corpo-mente agradecem.


Educação Católica | a ordem

Tradição e modernidade

aliadas por uma escola cidadã

Prestes a completar 84 anos de história, o Colégio Nossa Senhora das Neves já tem sua importância consolidada na memória da cidade de Natal. A partir da formação cidadã e de uma metodologia que consegue, ao mesmo tempo, transmitir aos seus estudantes os valores da tradição e da modernidade, a escola é considerada uma das mais consagradas instituições que adotam a educação católica como pilar principal. A história do Colégio teve início ainda em 1932, com as Irmãs Alberta Garimbertti e Imaculada Widder, e vem se escrevendo até os dias de hoje. Durante este longo percurso, a qualidade do ensino vem sendo mantida a partir de um regime escolar que se propõe a capacitar as crianças e adolescentes para superar desafios que estão mais adiante do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

Segundo a Irmã Marli Araujo, diretora do Colégio das Neves, além da preparação para os exames e vestibulares, o ensino é focado em uma educação integral, que pretende orientar os estudantes para a vida. “Nosso empenho visa a realizar uma gestão em educação humanizada e humanizante, focada não só em pregar valores da Igreja Católica, mas também em trabalhar e viver no interior da escola esses valores por nós defendidos”, completa Irmã Marli. Para que essa formação integral aconteça, o Colégio das Neves promove um trabalho em parceria com as famílias e se utiliza da Escola da Inteligência, metodologia inovadora capaz de elaborar uma cultura para o desenvolvimento emocional e social que contribui com o rendimento escolar. É feito um acompanhamento dos alunos em vias de fazer perpassar, aliado aos con-

teúdos curriculares, os valores do Evangelho no cotidiano. Essa prática de vivência daquilo que é basilar na educação católica é experimentada em momentos sagrados do dia-a-dia da instituição, a partir do conceito de escola em pastoral. Por isso, é parte do cotidiano dos discentes iniciarem os estudos com a oração do dia, prepararem-se para a Crisma e a Primeira Eucaristia e participarem de encontros com o objetivo de tratar das questões do eu e da própria espiritualidade. De acordo com a Irmã Marli, são ensinados os valores que favorecem tanto o enriquecimento e amadurecimento individual, quanto os princípios para a manutenção de uma boa vida coletiva. “A solidariedade, o amor ao próximo, o perdão, a inclusão e o respeito para com o outro estão presentes em nossos dias, desde o Berçário ao Ensino Médio”, finaliza. Agosto de 2016 | 31


a ordem | Espaço Infantil

provocadas pelo câncer infantil

Cione Cruz

Ao completar a maioridade – 21 anos – neste mês de julho, a Casa Durval Paiva, em Natal, também comemora o cumprimento de sua missão, que é assistir crianças e adolescente com câncer e doenças hematológicas crônicas, assim como a seus familiares. Até esse mês de julho havia sido registrado o cadastramento de 1.035 pacientes, chegando à marca de 1.295 crianças atendidas e, dos quais, 548 estão em tratamento. Segundo o diretor presidente da Casa Durval Paiva, Rilder Campos, a instituição tem como lema celebrar a vida enquanto ela possa existir, minimizando perdas e otimizando as conquistas. Ele destaca os desafios enfrentados, mas reconhece o apoio recebido de todos os segmentos da sociedade – parceiros, voluntários e colaboradores. E enfatiza que “em 2016 o sonho continua. Novos projetos virão, sempre com a convicção de que é preciso celebrar a vida, sempre”. A Casa Durval Paiva oferece acolhimento no momento da investigação/ diagnóstico da doença e durante todo o tratamento da criança, com hospedagem e alimentação, mediação do atendimento médico hospitalar; encami-

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nhamentos e transporte para exames e consultas, Preocupa-se, também, com a promoção do bem-estar, através do apoio multiprofissional. Além dessas ações, desenvolve vários projetos, que reforçam o cumprimento de sua missão e complementam suas ações, com destaque para o Projeto Vida, Diagnóstico Precoce, Sala de Apoio Pedagógico, Viva Leitura, Recanto Cultural, Coral Bem Viver, Semeando Vidas, Novo Rumo e O Futuro é Agora. Esses projetos tratam, em síntese, de

Foto: cedida

Casa Durval Paiva minimiza perdas

melhorar as condições físico-sanitárias dos domicílios dos pacientes, informar a sociedade sobre os principais sinais e sintomas do câncer infanto-juvenil e minimizar as perdas educacionais dos pacientes, ocasionadas pelo afastamento da escola, utilizando ferramentas como a música, o teatro, a literatura ou o desenho, entre outros.

Saiba Mais: www.casadurvalpaiva.org.br (84) 4006-1611.


CURTA E COMPARTILHE Acompanhe o Papa no Youtube Você sabia que a Santa Sé dispõe de um canal, na rede social Youtube, em língua portuguesa? A plataforma reúne a produção, em vídeo, do Centro Televisivo do Vaticano, em parceria com a Rádio Vaticano, sobre eventos do Papa e da Santa Sé. Você pode se inscrever na página e ficar por dentro das notícias do centro da Igreja Católica. Acesse o Youtube e busque The Vatican Português.

Abra o aplicativo e chame o táxi Em tempos de modernidades tecnológicas, não é mais necessário você ficar no meio da rua esperando um táxi passar ou ligar para a central de táxi. Hoje, há vários aplicativos para celular, através dos quais, você pode chamar um táxi. Um deles é o aplicativo da Cooptax - Cooperativa de Táxi do Rio Grande do Norte. Este serviço é disponível para usuários do Android, iOS e Windows Phone.

Livros&Filmes LIVRO - Drops de Carreira – Dicas valiosas para você ir mais longe na vida profissional de Flávio Emílio Cavalcanti. Neste livro, o professor Flávio Emílio contribui com textos elucidativos e extremamente úteis para quem deseja ascender profissionalmente, seguindo conselhos simples e de fácil aplicação, sem jamais se desviar de valores éticos e princípios de conduta elevados. (Sugestão de Jorge Vinícius, gestor comercial, Natal) FILME - Deus não está morto drama americano que nos coloca diante de uma questão peculiar à nossa fé: onde Deus está nas horas mais difíceis? Por que pensamos que Ele está dormindo quando mais necessitamos? Por que tantas desgraças, peste, fome, misérias e mazelas? Deus existe e permite tudo isso? Ora, Deus não está morto. Assistir a esse filme significa refletir e admitir que, na realidade, colocamos a culpa no Criador, quando somos nós que nos rebelamos contra Ele. Recomendo! (Sugestão de Pe. Antônio Roberto Gomes, vigário paroquial da Imaculada Conceição, em Nova Cruz)

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Espiritualidade | a ordem

Romarias:

itinerâncias de encontro com o transcendente

Josineide Silveira de Oliveira Professora Doutora do Curso de Ciências da Religião da UERN; Pesquisadora do GRECOM/UFRN Thiago Isaias Nóbrega de Lucena Professor Doutor da Escola de Ciências e Tecnologia da UFRN; Pesquisador do GRECOM/UFRN

Romarias são itinerâncias humanas que objetivam um contato mais íntimo com a transcendência, entendida como força propulsora de bênçãos. Ao dispor-se a tais itinerâncias o devoto aspira, mesmo que por pouco tempo, fazer um hiato no cotidiano e aproximar-se do sagrado, manifestado em lugares especiais dos quais acredita brotarem graças. O costume de visitar lugares considerados sagrados acompanha o humano desde épocas remotas, mas o termo romaria surgiu por volta do século XIII da era cristã, quando grandes caravanas de cristãos católicos se dirigiam a Roma acreditando que lá, onde residia o Papa, sucessor de Pedro, era uma cidade santa cuja graça abastecia os que a visitavam. O tempo passou e essa crença difundiu-se entre os cristãos de todo o mundo. Aqueles que não podem ir à “Cidade Santa” elegem centros de devoção para os quais peregrinam. A partir daí, romarias passaram a caracterizar-se por viagens individuais ou de grupos a lugares sagrados e tem por fim cumprir súplicas ou agradecimentos para si ou para outros. Esses recantos considerados pelos romeiros como espaços de sacralidade apresentam a evidência do que o historiador das Religiões Mircea Eliade (1993) denomina de hierofania, que significa conceber a emergência do sagrado nos elementos do ecossistema. Para o citado autor as hierofanias podem ser “urânicas”, “biológicas” e “tópicas”. As urânicas têm como referência os elementos cósmicos da água e do céu. As “biológicas” remetem para os ciclos de renovação da vida como o ciclo lunar, solar, vegetativo e sexual. Já as hierofanias “tópicas” emergem em lugares como as grutas, montes, desertos, templos e monumentos. Estes últimos multiplicam-se em todas as partes do mundo e muitas são as cidades que tornam-se verdadeiros centros de peregrinação e turismo religioso. O desejo de uma regularidade de visitas ao lugar sagrado faz com que um mesmo romeiro possa peregrinar por diversos centros de romarias durante o ano. É como se cada romaria reacendesse a fé do romeiro; é como se o ajudasse a reinventar estratégias para viver, traçadas com pequenos sinais de esperança; é como se acordasse em si mesmo a força da TRANSCENDÊNCIA.

Coluna da Misericórdia Caríssimos irmãos e irmãs, Vamos já caminhando a passos largos para o encerramento do Ano Jubilar Extraordinário da Misericórdia. Quantos hinos de alegria e louvor temos que entoar ao Senhor por tudo que Ele nos tem permitido viver neste período santo de reconciliação e de encontro com a Misericórdia do Pai, mesmo em meio às nossas limitações e fraquezas que, algumas vezes, insistem em nos cegar para o amor de Deus. Ao buscarmos no Evangelho exemplos concretos de misericórdia podemos parar em contemplação diante daquele jantar na casa de Simão descrito no capítulo 7 do Evangelho segundo São Lucas. Que cena forte! A mulher, já desde o início da narração, recebe um rótulo: “a pecadora”. Que cruz pesada ela carregada a partir de como era conhecida. Mas ela confia e se aproxima. Chora aos pés de Jesus, compreende que Ele é misericordioso e não a rejeitará. Faz a experiência de buscar a Misericórdia. Ao sair dali, ela não é mais a mesma. O amor misericordioso penetrou o seu coração e perdoou os seus pecados. O vazio de seu coração foi preenchido pelo amor. Este amor gerou vida nova em seu coração. Nela se cumpriu o ensinamento do Cristo: “eu vim para os pecadores”. Já não é mais “a pecadora”. Agora, é aquela que muito amou e por isso alcançou a graça. Porém, para que isso acontecesse, ela precisou primeiro se reconhecer necessitada da misericórdia infinita do Pai, expressa no rosto acolhedor de Jesus. Quem dera todos pudéssemos fazer o mesmo! Sermos menos defensores do farisaísmo e mais misericordiosos. Buscar a misericórdia e o perdão, e praticarmos obras de misericórdia para com aqueles que buscam o Senhor apresentando em nós seu rosto de amor. Comissão Arquidiocesana do Ano Jubilar da Misericórdia

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Foto: Arquivo pessoal

a ordem | Viver

oficina de fotografia, ministrada por alexandre santos

Um fotógrafo no Caminho da Comunicação e Cultura do RN “Um momento crucial em minha vida”, é como Alexandre Santos, fotógrafo, define a sua decisão de se dedicar mais à fotografia, depois de uma longa jornada como bacharel em Rádio e TV, jornalista e produtor cultural, que aproveitou sua experiência e sua formação, juntamente com amigos e colegas de profissão, para formar o coletivo de produtores culturais independentes, chamado “Caminhos de Comunicação e Cultura”. Nenhuma de suas atividades, no entanto, o separam do fotógrafo. Ao contrário. Elas estão interligadas e se retroalimentam. O olhar do jornalista aparece, no entanto, em seu trabalho, comprometido, principalmente, com a cidadania e o meio ambiente. Seu interesse pela fotografia remonta há alguns anos, quando criança, se encantava folheando os álbuns de família e as fotos oficiais posadas, despertavam-lhe a curiosidade e o interesse de saber como fazer também uma fotografia. Quando chegava um fotógrafo em sua casa, conta Alexandre, ficava curioso. Como não tinha dinheiro, na época, para adquirir equipamento fotográfico, resolveu “trabalhar” na feira, em Parnamirim, com frete de carro de mão. Foi juntando dinheiro desse trabalho que ele conseguiu comprar sua primeira máquina: uma “love”, muito conhecida entre os jovens da época. Seu interesse era fotografar o cotidiano, a rua, ter uma visão do mundo. Todo dinheiro que

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ganhava, juntava para comprar filme (o equipamento era analógico) e revelando em seguida. “Quando chegou a máquina digital, tudo ficou mais fácil”, disse Alexandre, que relembra quando ingressou na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como estudante de Rádio e TV e, em seguida, passando no concurso da UFRN, lotado no Departamento de Comunicação, começou a ter estabilidade financeira. Foi aí que começou a se dedicar mais à fotografia, e mais especificamente, quando concluiu sua especialização em Artes Visuais. A partir de 2006, começou a se dedicar mais à produção de fotografias e à formação de fotógrafos, trabalhando com o projeto Caminhos da Comunicação e Cultura. Através dos Caminhos começou a oferecer oficinas de fotografias pelo interior do Rio Grande do Norte. Além da oportunidade de os participantes aprenderem noções sobre fotografia, o coletivo se preocupa com a inclusão social e cultural. A ideia, segundo ele, é que as oficinas não sejam excludentes, onde todos possam participar. “Quem não tem máquina, pode ter também a oportunidade de aprender. O projeto fornece câmeras para o participante que não possui o seu equipamento”, afirmou. Além de Natal, as oficinas de fotografias foram levadas a cerca de 30 municípios. Segundo Alexandre Santos, esse projeto é subsidiado por recursos oriundos de editais culturais, seja local, regional ou nacional.


Liturgia daPalavra

| a ordem

Pe. José Freitas Campos Pároco da Paróquia de São Sebastião, Alecrim, Natal

Por uma liturgia inculturada...

A Liturgia, como expressão da vocação celebrativa da Igreja, atualiza o mistério pascal de Cristo que se prolonga na vida das pessoas e nas situações sócio-culturais da nossa realidade. Neste contexto, a liturgia é desafiada a proclamar a grandeza da vida, abrir portas e acolher as expressões culturais e religiosas dos grupos humanos, diversificar-se em suas formas, descentralizar os locais de celebrações e atender as necessidades das comunidades através da prática de ministérios e serviços. Nos últimos anos, percebe-se a existência de “um novo estilo celebrativo”, fruto da prática das cebs, dos movimentos populares comprometidos na promoção da vida, dos grupos afro-brasileiros entre outros. Nestes meios, as celebrações litúrgicas, como momentos altos, são tidos como fonte animadora da caminhada. Alguns sinais deste novo estilo de celebrar e expressar a fé podem ser identificados: na acolhida, na linguagem familiar, na música, na valorização da Palavra de Deus, nas expressões simbólicas, no resgate e valorização das manifestações de piedade popular, na organização comunitária do espaço celebrativo, no clima de festa, e sem esquecermos na abertura e sensibilidade ecumênica. A liturgia, bem como as atitudes da vida, de-

pendem e revelam a imagem de Deus, Jesus Cristo e da Igreja que nos foi passada pela catequese pelas celebrações e que cultivamos na caminhada. O processo de inculturação tem como fundamento a pessoa de Cristo que por seu nascimento e vida, assume a cultura humana e por sua morte e ressurreição comunica a plenitude do culto divino. Ele é modelo de pessoa inculturada. É um artesão, um peregrino e realiza sua missão profundamente solidário com os pobres e pecadores. Comunica-se com as multidões através de parábolas e sinais que suscitam admiração e compromisso. Jesus é o “mestre” a ser seguido”. Em relação à cultura de seu povo, mantém uma atitude crítica. É alguém que sabe discernir o que é bom e agrada a Deus e o que dificulta a realização do projeto do Reino. Em suma, o Evangelho, recebido e elaborado na cultura do povo judeu, deve, agora, na caminhada da história encarnar-se e traduzir-se na linguagem de todos os povos que o acolhem. A inculturação ajudará os cristãos a viver e celebrar a sua fé em Jesus Cristo a partir de sua cultura. Dessa forma, supera-se a incômoda separação entre o modo de viver e as exigências do Evangelho. Sem a inculturação da Boa-Nova do Evangelho, a vida de fé será superficial, a liturgia será formal e o compromisso social sem consistência.

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a ordem | Celebração

Dom Heitor De jeito simples, no altar, celebrando a Eucaristia, no Convento das Irmãs do Amor Divino e no Carmelo de Nossa Senhora do Sorriso e Santa Teresinha, ambos em Emaús, no último dia 29 de julho. Foi assim que o arcebispo emérito de Natal, Dom Heitor de Araújo Sales, quis celebrar seus 90 anos de vida. Dom Heitor nasceu em 29 de julho de 1926, na cidade de São José de Mipibu, mas passou a morar na capital aos três anos de idade. Aos 14, ingressou no Seminário de São Pedro. Em Fortaleza (CE), estudou Filosofia e Teologia, se preparando para o sacerdócio. Foi ordenado presbítero em 3 de dezembro de 1950, na Catedral de Natal. Em 1950, assumiu a Paróquia da Imaculada Conceição, de Nova Cruz. Em 1951, voltou a residir em Natal e assumiu a Paróquia de Nossa Senhora das Graças e Santa Teresinha, no Tirol. Ainda na capital, foi capelão do Colégio Marista, assumiu a cátedra de professor do Seminário de São Pedro e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e exerceu também o encargo de Vigário Episcopal para as Religiosas. O

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Foto: José Bezerra

celebra 90 anos de vida

Nascido em 29 de julho de 1926, Dom Heitor é, atualmente, o decano da Arquidiocese de Natal

DOM HEITOR SALES, ARCEBISPO EMÉRITO DE NATAL

então Padre Heitor Sales passou um período da vida residindo em Roma, onde fez Doutorado em Direito Canônico. Lá, na capital italiana, atuou como assessor do Concílio Vaticano II, entre em 1962 e 1965. Eleito bispo de Caicó, em 5 de maio de 1978, diocese que assumiu o pastoreio até dezembro de 1993, quando foi transferido para ocupar a função de Arcebispo Metropolitano de Natal, tomando posse em 15 de dezembro do mesmo ano. À frente da Arquidiocese de Natal permane-

ceu até 26 de novembro de 2003, quando o Papa João II aceitou seu pedido de renúncia. Hoje, Arcebispo Emérito de Natal, Dom Heitor atende as pessoas para orientação espiritual, além de continuar engajado no serviço pastoral da Igreja, na assistência religiosa às Irmãs do Amor Divino, e na direção espiritual das Equipes de Nossa Senhora. Ele também foi nomeado defensor do vínculo, junto ao Tribunal Eclesiástico Interdiocesano, instalado dia 18 de julho passado.


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a ordem | Assunto

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