A Ordem
Fundação Paz na Terra Ano XLIV - Nº 06 Natal-RN / Outubro de 2016 / R$ 7,00
SEM FRONTEIRAS
Médica brasileira conta experiência em maternidade do Afeganistão
MÁRTIRES
Processo de canonização tem mais uma etapa concluída
ENEM
Dicas de como se preparar para as provas
Um santo em Natal Arquidiocese celebra 25 anos do Congresso Eucarístico Nacional
a ordem | Assunto
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Editorial | a ordem
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a ordem | Editorial
As trilhas da vida
As terras dos beatos e protomártires de Cunhaú e Uruaçu também são marcadas pelos rastros de um santo – São João Paulo II. Há 25 anos o então Papa João Paulo II pisou nas terras potiguares para presidir o encerramento do Congresso Eucarístico Nacional. As marcas de São João Paulo II estão impressas nos lugares por onde passou: Centro de Treinamento de Ponta Negra, que recebe o nome do Santo, onde ele pernoitou e plantou uma árvore Pau Brasil; a cripta da Catedral Metropolitana de Natal, abençoada por ele; e a missa, no final do Congresso, no Papódromo, que também recebe o nome de João Paulo II. As marcas não ficaram apenas nas obras. Ele marcou muito a mente e o coração dos que tiveram contato direto e até indireto com ele. A simplicidade, percebida por Padre Pedro Ferreira, que o ciceroneou, foi uma dessas marcas que ficaram nos fiéis. Rememorar os 25 anos do Congresso e a passagem do Santo João Paulo II é reavivar a fé na transcendentalidade da vida e da criatura humana, ensinada por Jesus Cristo. As marcas que cada criatura deixa no chão da vida são trilhas que levam à vida nova em Deus Pai.
Expediente
Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689
Conselho curador: Pe. Charles Dickson Macena Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra Conselho editorial: Pe. Edilson Soares Nobre Pe. Carlos Sávio da Costa Ribeiro Pe. Paulo Henrique da Silva Pe. Matias Soares Diác. Francisco Teixeira Luiza Gualberto Adriano Charles Cruz, OFS Cione Cruz Hevérton Freitas Josineide Silveira Edição e Redação: Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) Luiza Gualberto (DRT-RN 1752)
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FOTO DA CAPA: Arturo Mari Revisão: Milton Dantas (LP 3.501/RN) Pe. Francisco Fernandes Colaboradores: José Bezerra (DRT-RN 1210) Adriano Cruz (DRT-RN 1184) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal Projeto e diagramação: Terceirize Editora (84) 3211-5075 www.terceirize.com
Comercial: RN Editora Idalécio Rêgo (84) 98889-4001 Impressão: Unigráfica - (84) 3272-2751 Tiragem: 2.000 exemplares Assinaturas: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 - Tirol - Natal/RN - (84) 3615.2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br
Rivaldo Júnior
Sumário | a ordem
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NORDESTE
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HISTÓRIA
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literatura
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PEREGRINAÇÃO
Marcos Galvão
crianças ajudam e evangelizam crianças
Desafios e perspectivas da região
Conheça o Engenho Ferreiro Torto, em Macaíba
Crianças se reúnem em clube para trocar livros
Atividade prepara para festa de Nossa Senhora da Apresentação
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neópolis: uma paróquia dedicada à padroeira do brasil
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a ordem | Palavra da Igreja
Papa francisco Chefe de Estado do Vaticano
Conselhos se juntam em prol do desenvolvimento humano integral Com uma Carta Apostólica em forma de Motu proprio, o Papa Francisco instituiu, dia 31 de agosto, o novo organismo para o “Serviço do Desenvolvimento Humano Integral” (Humanam progressionem su istituzione). “Em todo o seu ser e agir, a Igreja é chamada a promover o desenvolvimento integral do homem à luz do Evangelho. Tal desenvolvimento se atua mediante o cuidado dos bens incomensuráveis da justiça, da paz e da proteção da criação”, destaca o documento. Francisco, na sua obra em prol da afirmação de tais valores, “adapta continuamente os organismos que com ele colaboram, para que possam atender melhor às exigências dos homens e mulheres, que são chamados a servir”. Escreve o Santo Padre sobre a criação do organismo: “Portanto, a fim de implementar a solicitude da Santa Sé nos âmbitos mencionados, bem como com aqueles relacionados com a saúde e as obras de caridade, instituo o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. Este Discastério
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terá competências de modo particular nas áreas relacionadas com as migrações, com os necessitados, os enfermos e excluídos, os marginalizados e as vítimas dos conflitos armados e desastres naturais, os encarcerados, os desempregados e as vítimas de qualquer forma de escravidão e de tortura.” O novo Organismo, com um Estatuto próprio ad experimentum, começará suas atividades a partir de primeiro de janeiro de 2017, e vai englobar os atuais Pontifícios Conselhos: Justiça e Paz, Cor Unum, Pastoral dos Migrantes e Itinerantes e Pastoral no Campo da Saúde. A partir desta data, estes quatro Pontifícios Conselhos cessarão as suas atividades. Tais liberações terão caráter firme e estável, não obstante quaisquer disposições contrárias, mesmo se dignas de menção particular. Ainda, no dia 31 de agosto, o Papa Francisco nomeou o Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, até então Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Prefeito do novo Organismo da Santa Sé para o “Serviço do Desenvolvimento Humano Integral”.
A voz do pastor | a ordem
Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal
Queridos irmãos e irmãs!
Os Protomártires do Brasil
“Sangue de mártires, semente de cristãos”! A Igreja do Rio Grande do Norte é uma Igreja banhada pelo sangue dos mártires. Ainda na primeira metade do século XVII (1645), vários cristãos, sacerdotes e leigos, homens e mulheres, jovens e meninos, foram mortos pelo ódio daqueles que naquele tempo dominavam a região do Rio Grande do Norte. O ódio à fé levou alguns a massacrarem os católicos nas nossas terras potiguares: em 16 de julho, o morticínio deCunháu, no município de Canguaretama, onde o Pe. André de Soveral, após a elevação do Corpo e Sangue de Cristo, com as portas da capela de Nossa Senhora das Candeias, trancadas, foi morto, com cenas de violência, intolerância e atrocidade. Em 3 de outubro foi a vez do morticínio de Uruaçu, nas proximidades de São Gonçalo do Amarantes. Ali, entre tantos que foram mortos, estão o Pe. Ambrósio Francisco Ferro e o leigo Mateus Moreira, que exclamou, com o coração arrancado: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”. A memória do Martírio de Cunhaú e Uruaçu sempre esteve presente na Igreja de Natal. Mas, somente em 1988 com a vinda de Dom Alair Vilar para Arcebispo de Natal, foi aberto o Processo de Beatificação dos Mártires, tendo como postulador o Mons. Francisco de Assis Pereira, já falecido.
Em 5 de março de 2000, o Papa São João Paulo II, beatificou os mártires do Rio Grande do Norte, chamando-os de “Protomártires do Brasil” e estabelecendo a data de comemoração para o dia 3 de outubro. Para a Igreja de Natal e de todo o Rio Grande do Norte, foi uma alegria imensa e suscitou o aumento da devoção aos mártires. Agora, em vista da Canonização há todo um processo de diálogo e de continuação da causa dos mártires. Além das Paróquias dedicadas aos Beatos André de Soveral, em Emáus, Ambrósio Francisco Ferro, no Planalto e Mateus Moreira, em Cidade Verde, a nossa Igreja conta com os três santuários dedicados aos os mártires: em Uruaçu, em Cunháu e no bairro de Nazaré, em Natal. A Igreja de Natal sente satisfação e alegria pelo testemunho dos mártires. De fato, nosso desejo é que aumente cada vez mais a devoção e, sobretudo, a vontade de testemunhar a fé em Jesus Cristo. Eles lembram a todos que nunca devemos nos sentir sozinhos na missão que Deus nos confiou. Não criamos nós a missão, ela é dada pelo próprio Senhor, e isto significa que Ele mesmo está presente, sustentando e animando a nossa caminhada. Os mártires são exemplo disso. Que a sua festa, em 3 de outubro, seja a celebração de nossa fé, do senhorio de Cristo e de seu poder que vence sempre, trazendo paz e alegria aos nossos corações.
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Cedida
a ordem | Entrevista
A missão de cuidar
do sofrimento do outro
Médica brasileira faz experiência no Afeganistão, através da organização Médicos sem Fronteiras, e afirma que, para ela, “cuidar do outro” foi o maior aprendizado
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Entrevista | a ordem Aline Calixto, mineira, casada, é ginecologista e obstetra pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente, reside em São Paulo e trabalha na rede pública de saúde, com populações carentes. Como profissional, ela conheceu e se encantou com o “Médicos Sem Fronteiras”, uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias. No ano passado, Aline trabalhou durante três meses em uma maternidade, na província de Khost, no leste do Afeganistão. É uma região pobre, assolada, há décadas, por conflitos armados, onde as taxas de mortalidade materno e infantil estão entre as mais altas do mundo. A médica conta que foi uma experiência intensa, de crescimento pessoal e profissional. “Cada um de nós pode e deve fazer algo para ajudar aqueles que sofrem, que estão à margem”, afirma. Para ela, os três meses no Afeganistão, país localizado no centro da Ásia, lhe oportunizaram um aprendizado: “a clareza da responsabilidade em cuidar do sofrimento do outro e cuidar das relações humanas, sejam profissionais ou pessoais.” O que é a organização “Médicos Sem Fronteiras”? Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias: conflitos armados, epidemias, desastres naturais, desnutrição e exclusão do acesso a cuidados de saúde. Também é missão de MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos pacientes atendidos em seus projetos. Todos os profissionais que atuam em MSF, sejam médicos, especialistas em saúde ou de outras áreas, devem sempre honrar os seguintes princípios, descritos na carta de princípios da organização: - independência: MSF não está atrelada a poderes políticos, militares, econômicos ou religiosos e tem liberdade de ação, decidindo onde, como e quando atuar com base em sua própria avaliação do contexto e das necessidades. Cerca de 90% do financiamento de MSF é proveniente de doações de indivíduos e da iniciativa privada. - imparcialidade: MSF oferece ajuda humanitária e cuidados de saúde àqueles que mais precisam, sem discriminação de raça, religião, nacionalidade ou convicção política. - neutralidade: em situações de conflito, MSF não toma partido. A neutralidade é crucial para as equipes consegui-
rem chegar a qualquer pessoa afetada, independentemente do lado do conflito em que esteja. - transparência: MSF avalia constantemente os projetos que implementa e presta contas à sociedade e aos doadores sobre a gestão dos recursos captados e resultados de suas ações. - ética médica: as ações de MSF são, acima de tudo, médicas. O trabalho da organização é norteado pelas regras da ética médica universal. Como você conheceu essa organização? Conheci e me encantei com Médicos Sem Fronteiras através da divulgação na mídia do trabalho que a organização faz no cuidado à saúde ao redor do mundo. O que lhe levou a querer fazer uma experiência como “médica sem fronteira”? Tive uma formação em casa de valorização do outro. Acreditamos na responsabilidade individual humanitária. Cada um de nós pode e deve fazer algo para ajudar aqueles que sofrem, que estão à margem. Ser “médica sem fronteira” representava, para mim, algo grande dentro deste contexto de sensibilidade para com os que precisam de cuidados.
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a ordem | Entrevista Em 2015, você trabalhou durante três meses em uma maternidade, em Khost, no Afeganistão. Por que quis fazer essa experiência lá? O local em que vamos trabalhar é uma decisão conjunta entre a organização Médicos Sem Fronteiras e nós, profissionais, levando em conta nosso perfil de formação técnica, nossa experiência profissional e a necessidade dos projetos de saúde naquele momento. A partir do momento em que me dispus a fazer parte da organização, estava disposta a ajudar a levar cuidado de saúde às populações que precisavam.
Que lições tirou para sua a vida, a partir dessa experiência? Cuidar. Esse foi meu maior aprendizado. A clareza da nossa responsabilidade em cuidar do sofrimento do outro e cuidar das relações humanas, sejam elas profissionais ou pessoais. Cedida
Conte-nos como foi essa experiência. Foi uma experiência muito intensa de crescimento pessoal e profissional. Cresci como médica e como ser humano. Houve uma troca construtiva com a população e com os profissionais locais. Aprender a importância extrema do cuidado ao outro, aguçar a sensibilidade ao sofrimento humano e perpetuar a responsabilidade humanitária. Aprender a valorizar as crenças, a cultura e o conhecimento locais e o saber do que não é igual a você. Encarar a medicina do contato humano e da gravidade extrema. Efetivamente conseguimos ajudar muito nos projetos. É um trabalho de formação da equipe de saúde local, numa boa estrutura para trabalhar e exercer a medicina. Ficamos como preceptores/tutores dos profissionais locais. Há médicos, enfermeiros e outros profissionais do cuidado à saúde do próprio local onde estamos e que aprendem com a gente. E é tudo feito e ensinado seguindo protocolos, para que cada estrangeiro que chegue
para trabalhar, não implemente uma nova forma de fazer e, assim, não comprometa o aprendizado, não bagunce a cabeça dos profissionais locais... E o “material didático” e os protocolos do MSF são incríveis. Além de termos treinamento sobre a instituição e ainda mais do ponto de vista de condutas adaptadas aos locais para os quais estamos indo, tudo seguindo a medicina baseada em evidências, e o que há de mais atualizado de condutas no mundo científico médico. Quais os maiores desafios que você encontrou em sua permanência no Afeganistão? Não falar a língua dos colegas locais e dos pacientes é um desafio. Apesar de sempre ter alguém para realizar a tradução ao inglês, senti muita falta de entender diretamente da paciente as queixas médicas, as reações, as angústias. Do ponto de vista de atuação profissional, não houve dificuldades. A estrutura de atuação e do dia a dia é muito boa. Houve desafios com relação a gravidades médicas decorrentes da falta de cuidado básico de saúde no país, extremamente pobre e assolado há décadas por conflitos armados. Não tive outros problemas. Lidar com uma nova cultura foi edificante. A comunicação com minha família era frequente. A comida era parecida com a brasileira.
Aline Calixto (última, à direita) com um grupo de médicos estrangeiros, dos MSF, em missão, no Afeganistão
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Assunto | a ordem
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Arturo Mari
a ordem | Capa
Milhares de fiéis reunidos no Papódromo para saudar o Papa João Paulo II
Arquidiocese celebra 25 anos
da visita do Papa São João Paulo II a Natal Santidade esteve na capital potiguar, por ocasião do 12º Congresso Eucarístico Nacional, realizado de 06 a 13 de outubro de 1991
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Capa | a ordem
Rivaldo Jr.
Por Cacilda Medeiros e Luiza Gualberto Há 25 anos, Natal teve a oportunidade de contar com a presença de um santo em solo potiguar. O então Papa, hoje São João Paulo II, visitou a cidade por ocasião do 12º Congresso Eucarístico Nacional (CEN), realizado de 06 a 13 de outubro de 1991. O evento reuniu milhares de pessoas e contou com diversas atividades. Recortes da história Um mergulho nos preparativos para o XII Congresso Eucarístico Nacional (CEN). É assim que a pessoa se sente ao apreciar cada pasta com material do evento, guardadas no arquivo da Arquidiocese de Natal, situado no Centro Pastoral Pio X – subsolo da Catedral. Para os pesquisadores, é preciso folhear, ver, ler cada ata, ficha de inscrição, carta, relatório, dossiê... e ficar imaginando como tudo aconteceu. Registro em ata Toda a preparação para o XII Congresso Eucarístico Nacional foi registrada em ata. A primeira reunião aconteceu no dia 14 de junho de 1989, no gabinete do Arcebispo, Dom Alair Vilar. Além dele, participaram Dom Antônio Costa, Monsenhor Francisco de Assis Pereira, Padre Francisco Canindé Palhano (hoje, bispo de Bonfim – BA), Monsenhor Lucas Batista, Padre Antônio Cassiano da Silva, Irmã Lúcia
Monsenhor Lucas Batista mostra clippagem do Congresso Eucarístico
Montenegro, Teresinha Vilar, Maria de Lourdes Miranda e Maria Dulce Vilar. Segundo o registro, nessa reunião foi definida a criação de sete comissões para planejarem e executarem o CEN. As reuniões da comissão central foram sendo realizadas mensalmente, conforme as atas, registradas em livro. Programação, oração, cantos, finanças, inscrições... tudo era discutido nesses encontros.
A 29ª e última reunião da coordenação geral aconteceu pós Congresso, no dia 16 de outubro de 1991. “Será uma reunião sem pauta, contendo só o reconhecimento da Arquidiocese pelo trabalho realizado e tendo o prazer de oferecer a cada um dos membros da comissão central uma lembrancinha deixada pelo Santo Padre...”, dizia Dom Alair Vilar, conforme ata.
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Programação Seis dias de intensa programação foram vividos na capital potiguar, de 6 a 13 de outubro de 1991, com o tema: “Eucaristia e Evangelização” e o lema: “A palavra se fez carne”. A cerimônia de abertura foi presidida pelo legado do Papa, o Cardeal Eugênio de Araújo Sales, na Praça do Congresso, no Centro Administrativo do Estado. Nos dias seguintes, a programação constou de palestras, conferências, exposições, adoração ao Santíssimo Sacramento, procissões e missas. Escolas, campus da UFRN, igrejas e a Praça do Congresso sediaram as atividades. Entre os conferencistas, estiveram alguns nomes conhecidos nacional e internacionalmente, no âmbito da Igreja Católica, na época, como Dom Carlo Furno, Núncio Apostólico no Brasil; Dom Aloísio Lorscheider, arcebispo de Fortaleza (CE); Dom Luciano Mendes de Almeida, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); Zilda Arns Neumann, fundadora da Pastoral da Criança; Dom Lucas Moreira Neves, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil; Dom Hélder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife, e Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo. O ponto alto da programação aconteceu nos dias 12 e 13, com a presença do Papa João Paulo II, hoje Espaço São João Paulo II. A chegada dele à Praça do Congresso aconteceu no início da noite do sábado, quando foi realizada
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Acervo Arquivo arquidiocesano
a ordem | Capa
Capa do livreto com a programação do Congresso Eucarístico
a vigília eucarística. No domingo, às 9 horas, foi celebrada a missa de encerramento do Congresso, no Papódromo, presidida pelo Santo Padre. Subsídios Em preparação ao Congresso foram preparados vários subsídios. Um deles era o “Manual do Congressista”, que trazia orientações para os que se inscreveram para participar do evento.“ Liturgia Para acompanhar as celebrações eucarísticas, durante o XII CEN, as Editoras Santuário e Paulus produziram folhetos próprios, em formato de edição especial. Além disso, foram feitas cópias de folhas de cantos próprios para o evento. As letras dos cantos
da missa oficial do Congresso foram escolhidas através de um concurso nacional, realizado no período de 30 de abril a 30 de julho de 1990, com regras e orientações estabelecidas em um regulamento. O hino do congresso, de autoria do Padre José de Freitas Campos, é cantado até hoje, em todo o Brasil. Quem não conhece: “Reunidos ao redor de tua mesa / aqui vimos e pedimos, ó Senhor, / Dá-nos sempre de teu pão: a palavra e comunhão...”? Boletim de Imprensa Nos meses que antecederam o XII CEN, a Arquidiocese de Natal produziu uma série de “Boletins de Imprensa” especiais. Eram impressos, com informes acerca da preparação para o Congresso.
Capa | a ordem seja, viver, antes ainda de falar”, responde Chiara. Datada de 19 de setembro de 1991, encontra-se, no arquivo da Arquidiocese de Natal, uma correspondência enviada pelo Papa João Paulo II, dirigida ao Cardeal Eugênio Sales, então Arcebispo do Rio de Janeiro. O texto tratava da nomeação do cardeal potiguar como legado do Santo Padre: “Venerável Irmão, sabedores de que outrora, pelo batismo, te tornaste cristão, na Arquidiocese de Natal, e, ainda, estás acompanhando a cada dia, com atenção e interesse, este Congresso, com máxima benevolência e alegria, apraz-nos nomear-te e designar-te, publicamente, por meio desta carta, nosso Legado Extraordinário, a fim de que, em nosso nome e autoridade, presidas o XII Congresso Eucarístico Nacional do Brasil, desde o dia 6 até
Rivaldo Jr.
Correspondências Antes e depois do Congresso, a comissão coordenadora recebeu dezenas de cartas e telegramas, enviadas por pessoas simples, religiosos, padres, bispos e autoridades. São correspondências informando o envio de inscrições, solicitando hospedagem, agradecendo pela acolhida, entre outros assuntos. Entre tantas, há uma, com duas páginas, escrita em italiano, enviada por Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, falecida em 2008, na Itália. Em resumo, Chiara faz uma reflexão acerca do tema do CEN, da realidade do mundo e da necessidade de uma nova evangelização. Ela indaga sobre o que é essa ‘nova evangelização’. “Esta consiste em testemunhar com a própria vida, aquilo que nós anunciamos. Consistirá, sobretudo no ser, ou
João Paulo recorda momentos vividos no Congresso Eucarístico
13 de outubro, quando chegaremos a Natal para o encerramento solene.” Testemunhos Quem vivenciou o Congresso Eucarístico em Natal, conta as experiências de fé e a riqueza que representou aquele período para a Arquidiocese de Natal. É o que afirma o professor Otto Santana, que na época foi o secretário executivo do CEN. “Foi uma manifestação da vitalidade da Igreja Católica, em Natal e no Brasil. Superou em muito todas as expectativas”, diz. Otto conta que toda a preparação para o Congresso começou em 1989, com a aprovação por parte da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para Natal sediar o evento. “Nessa oportunidade, Dom Antônio Soares Costa, bispo auxiliar, apresentou-nos o Congresso como uma extraordinária oportunidade para aprofundar a vivência de duas ricas manifestações de fé religiosa”, conta. Primeira Eucaristia Entre as atividades do Congresso Eucarístico, em Natal, esteve a celebração do sacramento da Primeira Eucaristia de 3.600 crianças das paróquias da capital, no dia 07 de outubro. João Paulo Silva, agente da Pastoral da Comunicação, no bairro Candelária, em Natal estava entre as crianças que receberam o sacramento naquela ocasião. Na época com 10 anos de
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Cedida
a ordem | Capa
Otto Santana, durante encontro com o Papa João Paulo II, após o Congresso Eucarístico, em Natal no qual entregou dossiê do evento
idade, João Paulo recorda que aquele foi um momento de graça e de iniciação na vida cristã. “Naquele momento em que recebi a Primeira Eucaristia, entendi verdadeiramente o meu papel como cristão e, desde então, procurei me inserir nas atividades da Igreja, buscando sempre servir da melhor forma”, recorda. João Paulo mantém algumas recordações da época, como o certificado da Primeira Eucaristia, a gola usada por cima da roupa branca, a cruz e o livrinho de cantos da celebração. “Tenho essas recordações como relíquias de
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um momento forte de evangelização que a nossa cidade viveu. Vou guardar sempre com muito carinho e zelo”, enfatiza. Missões Populares Nos meses que antecederam a realização do Congresso Eucarístico, foram promovidas diversas atividades, conduzidas pela Comissão Pastoral do CEN, que tinha como coordenador geral, o Monsenhor Lucas Batista Neto, hoje pároco da Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório, no bairro Mirassol, em Natal. Entre essas atividades, esta-
vam as missões populares. Segundo o monsenhor Lucas, esse foi o momento que mais lhe marcou do Congresso Eucarístico. Cerca de 80% dos prédios existentes na capital, na época, foram visitados pelas equipes que faziam missão. “A proposta dessas missões era falar sobre o Congresso, motivar as pessoas a participarem, bem como, fazer um levantamento da população católica daquele período. Foi um momento muito rico”, recorda. Ainda de acordo com o monsenhor Lucas, a comissão pastoral também era responsável pela elaboração da programação de palestras, formações, entre outras atividades. Ele recorda que as escolas liberaram seus alunos para ceder os espaços para a realização de toda a programação do Congresso. “Posso dizer que a cidade parou. Tudo ficou voltado para o Congresso. Aqui, estiveram reunidos 6.200 peregrinos do Brasil e de países vizinhos, 226 bispos e 1084 padres. Foi um momento de grande graça para a nossa Arquidiocese”, lembra. Além das missões populares, a comissão pastoral também promoveu caminhada com trabalhadores, movimento com jovens e um acampamento catequético nacional. Para conduzir todas as atividades propostas, a comissão foi dividida em 13 subcomissões.
Direito & Cidadania
O Nordeste e seus desafios
O Nordeste brasileiro, tal como o conhecemos atualmente, reúne oficialmente nove estados, do Maranhão à Bahia. Trata-se de uma realidade ambiental, econômica, social e cultural diversa, mas que apresenta traços comuns importantes, sendo o mais relevante deles, a presença na maioria de seu amplo território do ecossistema da caatinga, único no país, já que o litoral, a mata atlântica e os cerrados que nele também se inscrevem, são encontrados em outras regiões brasileiras. A cultura nordestina, outro elemento da sua identidade, igualmente diferenciada e maravilhosamente rica, mostrou mais uma vez sua força na cerimônia de encerramento da Olimpíadas do Rio, neste 2016. Visto no país, a região se destaca pelo forte hiato entre a dimensão de seu peso na população nacional (quase 28%) e sua importância na produção gerada no país (13,5%), mesmo tendo vivenciado um bom momento na sua economia nos anos iniciais do presente século. Nenhuma outra região brasileira registra tal defasagem, à qual se associam indicadores socioeconômicos muito inferiores da média nacional. Herança do século XX, quando os investimentos realizados na economia do país se concentraram fortemente no Sudeste e Sul, o Nordeste, ao perder o trem da industrialização brasileira, passa a ter dificuldade de acompanhar os padrões nacionais. Muitas de suas potencialidades econômicas continuam inexploradas, sua base de infraestrutura econômica e social persiste sendo muito inferior à das regiões mais ricas do país, seus indicadores educacionais permanecem distantes do padrão brasileiro... Isso não significa que a região não progrediu e se transformou nos últimos anos. O bom momento vivido pelo Brasil no início do atual século impactou favoravelmente no
Assunto | a ordem
Tania Bacelar de Araujo Professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Nordeste, que atraiu novos investimentos, diversificou sua base produtiva, teve o emprego formal e a renda de sua população ocupada crescendo mais rápido que a das regiões mais ricas, viu o ensino superior expandir e interiorizar sua oferta de vagas em ritmo mais rápido que o do país no seu conjunto, e sua população reduzir significativamente a emigração para outras regiões brasileiras. Assistiu ao desmonte do tripé que dominou por séculos no sertão (com o desaparecimento do algodão no final do século XX) e a perda de importância relativa do complexo sucro alcooleiro na sua vida econômica, enquanto novos segmentos se expandiam - como a fruticultura irrigada, a produção de grãos nos cerrados, os serviços modernos, os polos de tecnologia avançada e a economia criativa nas suas principais cidades, a produção de energia eólica, entre outros. Por sua vez, acompanhou a melhoria dos indicadores sociais brasileiros nas décadas recentes, se destacando, por exemplo, na redução da pobreza absoluta, em especial no meio rural. No momento atual, a crise que marca a conjuntura brasileira chegou com força no Nordeste, onde o desemprego cresceu mais rápido que na média nacional e a renda domiciliar teve retração maior que a observada para o conjunto do país. A região passa por um momento difícil e o futuro imediato preocupa. O ajuste fiscal que se anuncia deve restringir significativamente as políticas públicas, que têm peso na vida regional, e uma retomada da economia puxada pelo investimento privado tende a se concentrar em projetos de mais alta rentabilidade, mais fácil de obter em regiões de maior densidade econômica. A questão nordestina tende, assim a voltar à agenda nacional.
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Fotos: Rivaldo Júnior
a ordem | Vida pastoral
Encontro de assessores da Infância, realizado dia 3 de setembro, em Natal
“Crianças ajudam e evangelizam crianças”
Uma obra nascida na França, em 1843, por Dom Carlos Forbin-Janson, e que se espalhou pelo mundo. Assim é a Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária (IAM), cujo lema é “Crianças ajudam e evangelizam crianças”. No Brasil, a obra chegou em 1850,
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por intermédio de um sacerdote lazarista. Foi implantada na Arquidiocese de Natal, em 1995. Uma das paróquias onde o movimento atua há mais tempo é a de Nossa Senhora de Lourdes, em Ipanguaçu. Lá, em 2016, a IAM comemora 20 anos de atividades. Atualmente, o trabalho é coorde-
nado, em nível de Arquidiocese, por Rafael Tavares, que é fruto da obra na Paróquia de Ipanguaçu. No território arquidiocesano, 27 paróquias contam com a Infância e Adolescência Missionária. Segundo o coordenador, a meta é chegar a mais paróquias até o final do ano. Nessa perspectiva, foi
Vida pastoral | a ordem realizado um encontro para novos assessores, representantes de 22 paróquias, dia 3 de setembro, em Natal. Eles serão os responsáveis pela implantação e/ou reanimação da IAM em suas respectivas paróquias. De acordo com Rafael Tavares, o trabalho da IAM alia evangelização a ações sociais, passando pelo encaminhamento vocacional e profissional das crianças e adolescentes. “Os grupos da Infância e Adolescência Missionária são formados por 12 integrantes, tem uma criança como coordenadora e um jovem ou adulto como assessor, com encontros semanais”, explica. Para implantar Segundo Rafael, para a Infância e Adolescência Missionária chegar a uma paróquia, o primeiro passo deve partir do pároco. “Por ser uma obra pontifícia, o pároco deve ser o primeiro animador”, explica. Conforme as diretrizes do movimento, são 12 passos a serem cumpridos para ser implantado em uma paróquia, como a formação da equipe, a formação, o convite às crianças, e a preparação dos coordenadores e assessores. Na Arquidiocese de Natal, as paróquias interessadas em implantar a IAM podem entrar em contato com a coordenação, através do telefone (84) 99956-7884 ou do e-mail rafaelcosme@tjrn.jus.br.
Relatos de quem vive a IAM Professor de Língua Portuguesa e serventuário da justiça, Rafael Tavares, 32, atua na Infância desde a implantação, em Ipanguaçu, em 1995. Ele define a obra como uma paixão. “É minha vida, assim como minha família, minha profissão. A IAM faz parte da minha vida. Penso que nasci para me dedicar a ela”, enfatiza. Com desenvoltura, Darlane Neves, 10, estudante do 5º ano, fala da importância do trabalho da Infância Missionária, na qual é engajada há dois anos. Residente na comunidade São José, no município de Touros, ela se prepara para ser assessora da IAM. “Meu trabalho é evangelizar todas as crianças que estão precisando de evangelização”, conta. Darlane diz se preocupar em ver que muitas crianças não vão à Igreja. “Todas as crianças deveriam frequentar a Igreja e ouvir a Palavra de Deus, porque só Ele nos salva”, afirma. Desde 2006, a Irmã Lucinete Jerônimo de Lima, fdc, conhece, trabalha e fala, com amor, da Infância. Ela conta que, na época, estava na Paróquia de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz, e o então pároco, Padre Aerton Sales, incumbiu-a de assumir o movimento. “Naquele
tempo, eu não conhecia a obra, mas procurei me inteirar e formamos uma primeira experiência no Conjunto Cônego Monte. Depois, conseguimos expandir para toda a paróquia”, relata, com brilho nos olhos. Atualmente, a religiosa reside em Natal e há cerca de um ano reserva todo terceiro final de semana de cada mês à Paróquia de São João Batista, em Arez, onde trabalha diretamente com a IAM. “Para mim, a Infância e Adolescência Missionária é como a menina dos meus olhos, porque, hoje, vejo tantos jovens e adultos que passaram por ela e continuam no caminho do Senhor”, comenta.
Rafael Tavares, coordenador arquidiocesano
Outubro de 2016 | 19
a ordem | Informe
Pedro Henrique Lourenço Rodrigues, de 06 anos, aluno do 1º ano, idealizou o livro A Galinha de Angola e a Raposa Pipa
Escola Cristo Rei
incentiva prática da leitura entre estudantes
Conhecer lugares, adquirir conhecimento e se divertir. Tudo isto e muito mais é possível por meio da literatura. Há 29 anos, a Escola Cristo Rei incentiva a prática da leitura entre os alunos. Desde a sua fundação, a escola promove um festival literário, que reúne os estudantes e os insere no contexto da literatura. Além disso, a atividade objetiva levantar a reflexão sobre algum tema importante da sociedade. Na edição de 2016, que aconteceu no último dia 22 de agosto, o Festival Literário e Cultural da Escola Cristo Rei (FLICR), abordou a preservação do meio 20 | Outubro de 2016
ambiente, através da literatura. As obras trabalhadas com os estudantes foram: Chico, o homem da floresta, de autoria de Lucia Fidalgo, A Galinha de Angola e a Raposa Pipa, do aluno do 1º ano da escola, Pedro Henrique Lourenço Rodrigues, de 06 anos, que idealizou o livro a partir da observação da biblioteca do colégio, por não existir livros que tratassem da diversidade humana, além da coleção Cores Vivas, de autoria da diretora pedagógica do Cristo Rei, Marilú Lourenço, juntamente com sua irmã, Marilda Salvador, que traz os seguintes li-
vros: A Centopeia Teteia, O Leão Sabichão, A Chapeuzinho Verde, A Família Formigone e A Dança dos Famosos no Zoológico. “Temos que criar algo para as crianças, que as motivem a ler. Nesse festival, trabalhamos a literatura sob diversas óticas e as crianças têm a oportunidade de produzir peças de teatro, apresentar cartazes, recitais, entre outras atividades”, conta. Entre as produções, esteve a apresentação do cordel “Chico, o homem da Floresta”, da poetisa e cordelista Marilda Salvador, baseado no livro de mesmo nome, da Editora Paulus.
Informe | a ordem
CHICO, O HOMEM DA FLORESTA. A casa de Chico Mendes; Tinha raízes presa no chão; O pai era seringueiro; Creio foi essa a razão; Que despertou no menino; Pela floresta e pelo meio ambiente; Toda essa paixão. Embora sentisse seus medos; Não se intimidou; O bicho Mapinguari nunca encontrou; Sempre acompanhou o pai; Correndo e assobiando; Como o Uirapuru, naquele universo de amor; Toda a infância passou. Chico, agora homem feito; Tomou a decisão! O povo da floresta reuniu, numa luta pra valer. Ressaltando o desejo; De ver a floresta crescer; E não desaparecer.
diretora pedagógica do Cristo Rei, Marilú Lourenço
Chico, agora seringueiro; Líder sindical e lutador; Pela defesa da floresta; E do meio ambiente; A sua voz ecoou! E com toda certeza; Muita gente incomodou. Porém, certa noite; Quando a lua clareou; Observando a imensidão da floresta; Certa melancolia passou; O medo agora bem maior; Que o Mapinguari, lá de á da infância; Nesse instante o visitou. No dia seguinte mais cedo; Chico acordou a mulher e os filhos. Com carinho beijou; Abriu a porta da casa, para a luta continuar; Porém os pés na terra; Não conseguiu colocar. Alguém covardemente; Atirou para matar; Como caem as árvores; Derrubadas pelo homem na floresta; Seu corpo, ali tombou; Porém a sua voz; Ninguém jamais calou!
Festival Literário e Cultural da Escola Cristo Rei (FLICR)
Marilda Salvador Escritora, poetisa e cordelista (22/08/2016).
Escola Cristo Rei Rua Salto Veloso, 2865 - Conj. Santa Catarina - Natal/RN e-mail: escolacristorei@uol.com.br Fone: 84 3214.5470
Desde cedo as crianças são inseridas no mundo da literatura Outubro de 2016 | 21
Marcos Galvão
a ordem | Paróquias
Igreja Matriz
Uma paróquia dedicada à
padroeira do Brasil
Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, também é a padroeira da paróquia que fica situada no bairro de Neópolis, em Natal. Fundada no ano de 1998, pelo então arcebispo Dom Alair Villar, no dia 30 de setembro, a Paróquia de Nossa
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Senhora Aparecida é a única no estado com este título. A comunidade paroquial conta com aproximadamente 35 mil habitantes e tem como pároco, o padre Antônio Nunes. Segundo o padre Nunes, os trabalhos pastorais são divididos por
setores. “Contamos com sete setores, integrando aproximadamente 30 pastorais, movimentos e serviços”, diz. Ainda de acordo com o padre, nestes 27 anos de criação, um dos trabalhos que teve destaque foi a criação da Casa do Divino
Paróquias | a ordem
Rivaldo Júnior
Mestre, que acolhe pessoas do interior que vem realizar procedimentos médicos na capital. Missas de cura Outro destaque da paróquia está nas missas com oração de cura, realizadas sempre na segunda quarta-feira de cada mês, no horário das 05h, 17h e 19h30. Este ano, a celebração vai comemorar 15 anos de realização. Segundo o padre Nunes, a celebração reúne, em cada horário, milhares de fiéis. “Eles vêm aqui da capital, do interior do estado e ainda de estados vizinhos. É um momento forte, de pedir a Deus por nossas causas, de nos aprofundar na oração”, ressalta. Padroeira Neste mês de outubro, a Paróquia festeja a padroeira com uma programação especial. As atividades vê acontecendo deste o dia 01 e seguem até 12 de outubro, com diversas atividades, como missas, celebração do Batismo, alvorada e procissão. No encerramento, a programação vai contar com missa solene, às 08h30, presidida pelo reitor do Seminário de São Pedro, padre Valquimar Nogueira. Às 16h30 também haverá missa, presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira, encerrando com procissão pelas ruas do bairro. Este ano a festa tem como tema “Salve Rainha, Mãe de Misericórdia”.
Endereço: Rua Rondônia, 425 – Neópolis – Natal – RN Horários de missa Terça a sexta-feira: 17h30 Sábado: 19h30 Domingo: 7h30 e 19h30 Saiba mais: (84) 3615-2831 www.nsaparecidanatal.com.br nsaparecidanatal
Padre Antônio Nunes, pároco
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Mariselma
a ordem | Paróquias
Igreja Matriz de são josé, em angicos
São José dos Angicos: 180
Houve um tempo em que a Paróquia de Santana, em Santana dos Matos, compreendia um território vasto, passando por vários municípios do sertão central indo até Macau. Até que, em 13 de outubro de 1836, foi criada a Paróquia de São José, com sede em Angicos, englobando outros
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municípios, sendo desmembrada de Santana do Matos. Nestes 180 anos, quatro outras paróquias já foram desmembradas de Angicos: Nossa Senhora da Conceição, de Macau; Nossa Senhora da Conceição, de Lajes; São Paulo Apóstolo, de Pedro Avelino, e Nossa Senhora das Graças,
anos
de Afonso Bezerra. No decorrer da história, a Paróquia de São José foi administrada por 28 padres. “Durante 123 anos, a Paróquia foi administrada por três sacerdotes. Padre Félix passou 50 anos; Padre Manoel Tavares, 23; e o Monsenhor Pinto, 50 anos, e que se
notabilizou pelo trabalho junto à educação”, comenta o atual pároco, Padre Severino da Silva Neto. Angicos é terra fértil para bispos. O Padre Manoel Tavares estava à frente da Paróquia, quando foi nomeado bispo para a Diocese de Caicó. Já, Dom Matias Patrício de Macêdo, arcebispo emérito de Natal, residiu lá durante toda a infância. Segundo Padre Severino, outra particularidade na história da igreja angicana, é o fato de o Monsenhor Francisco das Chagas Pereira Pinto ter sido “padre colado”. “O Código de Direito Canônico determinava que um padre que sucedesse, em uma paróquia, outro que tivesse sido nomeado bispo, deveria ser vigário pontifício. Isto significava que ele era nomeado pelo Papa e recebia o título de vigário colado. Como o Monsenhor Pinto sucedeu, em Angicos, o Padre Manoel Tavares, ele foi nomeado vigário colado, ou seja, só o Papa poderia transferi-lo”, explica. Uma igreja bicentenária Mais antiga que a própria Paróquia é a Igreja Matriz de São José. A construção da capela primitiva data de 1813. Quando da criação da paróquia, em 1836, a então capela foi elevada à Igreja Matriz. “A arquitetura atual foi feita pelo Padre Lúcio Gambarra, em 1911. É uma igreja no estilo gótico. Pode-se dizer que é a expressão mais pura do gótico que temos em nossa Arquidiocese”, destaca Padre Severino.
Foto: Mariselma
Paróquias | a ordem
ENDEREÇO Praça José da Penha, 151 - Centro 59515-000 - Angicos - RN
padre severino neto, pároco
Nos dias atuais A Paróquia de São José é composta pelos municípios de Angicos (sede) e Fernando Pedroza, compreendendo 15 comunidades rurais e 13 setores missionários. Ao todo, são nove capelas construídas e uma em construção, nas quais há celebração de missas, com regularidade. As ações pastorais e missionárias são desenvolvidas por 11 pastorais e oito movimentos e serviços, além de três obras pontifícias. A Paróquia, atualmente, tem como pároco, Padre Severino Neto; auxiliado pelo vigário paroquial, Padre Gilmar Pereira Victor, e pelo pároco emérito, Monsenhor Francisco das Chagas Pereira Pinto.
HORÁRIOS DE MISSAS Igreja Matriz – Angicos . Terça a sexta-feira –17h . Sábado - 10h (para feirantes e agricultores) e às 19h30 . Domingos - 7h e às 19h30 Igreja de São Joaquim - Fernando Pedroza . Terça a sexta - 17h . Domingo – 17h SAIBA MAIS (84) 3531-2036 paroquiasaojosedosangicos@hotmail.com www.facebook.com/pascomangicosrn
Outubro de 2016 | 25
a ordem | Artigo
Anjos:
mito ou verdade de fé? Quando visitei Portugal no ano de 2003, ouvi algo que me deixou perplexo. Tratava-se de um anúncio de uma determinada igreja pentecostal, afixado nas paredes da estação do metrô de Lisboa: “Vem participar do culto para trocar o teu anjo. Se não venceste na vida, tens necessidade de um novo anjo”. Isto me impactou tanto que até hoje lembro vivamente do cartaz. Passados 13 anos, continuo a crer que os anjos ainda estão na “moda”. Indo a qualquer banca de revista, passando nas prateleiras de livros dos supermercados, assistindo a um programa vespertino da tv brasileira, vê-se com clareza que a temática dos anjos é bem explorada pelo viés puramente exotérico e supersticioso. Fala-se, inclusive, em descobrir o nome do seu anjo. Pura bobagem e fantasia! Seria a realidade angélica falsa ou um equívoco de religiosos mal instruídos? Não. Há muita deturpação, porém isto não tira a beleza da verdade revelada na Sagrada Escritura, que afirma em inúmeras passagens a existência dos anjos, inclusive nominando três deles: os arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael (Cf. Ap 12, 7; Lc 1, 11.26; Tb 3,25). Nosso Senhor Jesus Cristo também reconheceu a existência dos anjos, que “nos céus vêem constantemente a face de meu Pai que está nos céus” (Mt 18, 10). O salmo 90 (ou 91, dependendo da versão) é um dos mais recitados por todos os cristãos por invocar a proteção de Deus, e tenho plena convicção de que a parte mais comovente é quando se diz: “Non accedet ad te malum, et flagellum non appropinquabit tabernaculo tuo, quoniam angelis suis mandabit
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Pe. Lenilson Morais Administrador da Paróquia de Santana e São Joaquim – São José de Mipibu
de te , ut custodiant te in omnibus viis tuis”. O latim dá uma solenidade ao texto, mas a versão litúrgica do Brasil é poeticamente tocante: “Nenhum mal há de chegar perto de ti, nem a desgraça baterá à tua porta; pois o Senhor deu uma ordem a seus anjos para em todos os caminhos te guardarem” (vv. 10-11). O Catecismo da Igreja Católica ensina que a existência dos anjos é uma verdade de fé e que estes são espíritos mensageiros de Deus. Afirma ainda que “desde o início até a morte, a vida humana é cercada por sua proteção e por sua intercessão” e, citando São Basílio, diz: “Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida” (Cat.IC, n. 336). Isto é tão fortemente impregnado em nossa cultura que é comum ouvirmos as pessoas dizerem de um amigo ou familiar: “ele é um anjo para mim, ela foi um anjo enviado por Deus para minha vida”. Para além dessa comparação bela e afetiva, a fé, na existência e atuação dos anjos, é uma constante em todas as grandes religiões do mundo, sobretudo no Islam, no Judaísmo e no Cristianismo. Certamente, para os cristãos eles não substituem nem minimizam a missão de Jesus Cristo, único mediador (Salvador) da humanidade, mas negar a existência e atuação deles é trair a Revelação que, por fim, ensina: “vós vos aproximastes do monte Sião e da cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste; da reunião festiva de milhões de anjos; da assembleia dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus; de Deus, o juiz de todos; dos espíritos dos justos, que chegaram à perfeição; de Jesus, mediador da nova aliança” (Hb 12, 22-24).
Assunto | a ordem
Outubro de 2016 | 27
a ordem | Para conhecer
Turismo & Cultura Engenho Ferreiro Torto Por Adriano Cruz
Que tal conhecer um pouco mais da nossa terrinha? Foi com esse desejo que procurei na Internet empresas de turismo especializadas em passeios regionais. Com mochila, protetor solar e garrafa de água nas mãos, embarquei, às 6h30 da manhã, no ônibus turístico em direção ao Engenho Ferreiro Torto, em Macaíba. O lugar é uma verdadeira aula de história: fotografias, objetos e arquitetura preservada permitem mergulhar nas histórias do nosso passado. Em seguida, demos uma volta numa trilha próxima ao Rio Jundiaí, no quintal do casarão. De lá, descemos na Fazenda Bom Jardim, em Goianinha. A Casa-Grande de alpendres é uma imersão no tempo dos nossos avós. Ouvidos atentos as histórias contadas pelos moradores. Pilões, cristaleiras, imagens sacras, camas coloniais são objetos que nos fazem mergulhar nas histórias da Casa Grande e da senzala. No pátio, foi oferecido um café da manhã regional de “lamber os beiços”: frutas tropicais, canjica, mugunzá,
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queijo de manteiga e outros quitutes bem potiguares. A próxima parada foi o Engenho de Cunhaú, terra dos Protomártires brasileiros. Depois de rezar na capelinha Capela de Nossa Senhora das Candeias, embarcamos
para um passeio de barco no Estuário do Rio Cunhaú. Entre peixe frito, caranguejos e água de coco, encerramos um dia de histórias inesquecíveis dos tempos do Brasil Colonial. E tudo aqui, pertinho de nós...
Mártires | a ordem
O Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, esteve em Roma, no período de 12 a 18 de setembro. Na capital italiana, ele foi tratar do andamento do processo de canonização dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu. No dia 14, Dom Jaime teve uma audiência com o prefeito para a Congregação da Causa dos Santos, Cardeal Ângelo Amato. Também participaram do encontro, o postulador da Causa de Canonização dos Mártires, Frei Giovanni Califano, e o representante do processo de canonização, na Arquidiocese, Padre Júlio César Cavalcante. No dia 15, o Arcebispo de Natal, acompanhado do arcebispo emérito de São Paulo, Cardeal Cláudio Hummens, teve uma audiência com o Papa Francisco. Em agosto de 2015, Dom Jaime recebeu um telefonema do Cardeal Hummens, informando que havia conversado com o Papa sobre a possibilidade da canonização dos mártires potiguares. Em entrevista à Rádio Vaticano, dia 16 de setembro, o cardeal falou sobre como surgiu a intenção da canonização dos protomártires nativos do Brasil. “Levantei esta causa tempo atrás com o Papa Francisco, lembrando que ele havia canonizado outros beatos históricos antigos e
L’Osservatore Romano
Processo de canonização tem mais uma etapa vencida
Dom Jaime teve audiência com o Papa, dia 16 de setembro
que não há mais muita documentação a ser levantada. Numa audiência que tive com ele, me recordei destes nossos mártires e pensei: ‘Por que não apresentar ao Papa esta questão?’ e escrevi em um memorando ‘se não era possível pensar numa canonização’. Ele reagiu muito positivamente e me disse para conversar com o Cardeal Amato, com o Presidente da CNBB e com o Arcebispo de Natal. Foi o que eu fiz”, disse. De acordo com Dom Jaime, a Arquidiocese precisa cumprir algumas providências, referentes ao andamento do
processo de canonização dos Bem aventurados Padre Ambrósio Francisco Ferro, Padre André de Soveral, Mateus Moreira e companheiros mártires. Entre elas, está a difusão da devoção aos mártires, padroeiros do Rio Grande do Norte. Neste mês de outubro, o postulador, Frei Giovanni Califano, deve entregar o relatório final do processo de canonização ao prefeito da Congregação da Causa dos Santos. A partir da daí, o processo será avaliado por uma comissão de cardeais e teólogos da Congregação para, em seguida, ser encaminhada ao Papa.
Outubro de 2016 | 29
a ordem | Artigo
O livro impresso:
memória da humanidade tatuada em papel
Atualmente vivemos numa sociedade do simulacro que cultua a substituição das pessoas pelas coisas, a supressão do tempo e o descarte de tudo que é considerado ultrapassado. Aprendemos a descartar quase tudo e em pouco tempo. Cultua-se o novo, o instantâneo, o digital e delegam-se ao esquecimento e decreta-se a morte de muitas das revolucionárias descobertas feitas pelo homem. Como exemplo dessas afirmações podemos fazer referência às narrativas de premonição ou previsão da morte do livro impresso e de sua substituição pelo digital. Inúmeros são os debates publicados na mídia de massa que dão conta, ora em exaltar as qualidades do livro impresso como única fonte confiável a delegar a perenidade da memória humana, ora a exaltar a praticidade, o acesso rápido a informação e economia dos recursos naturais tornando o ambiente sustentável proporcionada pelos leitores digitais. A questão a ser politizada aqui vai além da simples substituição ou não do impresso pelo digital, devemos nos perguntar em sua essência: O que é o livro? O livro é o suporte escolhido pelo homem para registrar, guardar e perpetuar o patrimônio histórico de nossas experiências, nossa cultura, nossa memória. Esse depositário de saberes do mundo funciona como a nossa memória materializada fora do nosso cérebro. “É uma invenção como a colher, o martelo, a roda ou a tesoura. Uma vez inventados, não podem ser aprimorados. [...] e não vemos como, para o mesmo uso, poderíamos fazer algo melhor que o próprio livro”(ECO; CARRIÈRE, 2010, p. 16-17). Mais do que um meio de registro especializado em um domínio da vida dos humanos (técnica, arte, religião, ficção, história, ciência) o livro se apresenta como uma matéria com-
30 |Outubro de 2016
Mônica Karina Santos Reis Bibliotecária/Documentalista da UFRN Pesquisadora do Grecom/UFRN
plexa capaz de ser um veículo de comunicação de todas as potencialidades do pensamento humano. Essa mesma memória está passando por outra mutação, na qual o processo de cognição ocorre externamente ao cérebro humano. Atualmente, grande parte do saber produzido encontra-se estendido diante de nós, objetivo, coletado, conectado, controlado e totalmente acessível na memória computacional e interligado à rede mundial (SERRES, 2013). Delegamos à memória artificial a responsabilidade de armazenar desde as informações mais simples, como um numero de telefone, às mais complexas, como os resultados uma pesquisa realizada durante toda uma vida. Entretanto a fragilidade desses suportes duráveis é uma realidade. Os suportes informacionais acessados em computadores há pouco mais de uma década, atualmente, são considerados lixo eletrônico e só existem em museus e muitas das informações neles contidas não foram migradas para um novo suporte, e simplesmente perderam-se no tempo. Por isso devemos concentrar nossos esforços para analisar a possibilidade de memória que pode ser definitivamente comprometida com essa falta de comunicação, de transferência de conteúdo entre os suportes inovadores. Façamos então o seguinte: se você procura um dado rápido, preciso, utilitário e pragmático, ligue seu tablete, smartphone, e-book ou e-Reader e consuma a informação desejada. Agora, se você deseja algo mais duradouro, subjetivo, prazeroso, e extraordinário, que sirva para te fazer pensar, sim, pensar bem, nesse caso procure uma biblioteca, uma livraria e viva a experiência de viajar na leitura de um belo romance.
Informe | a ordem
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a ordem | Espaço Infantil
Clube Amigos do Livro insere crianças no mundo da literatura Diante dos avanços tecnológicos dos tempos atuais é difícil ver uma criança parada lendo um livro impresso. Mas, isso é possível. Júlia Rêgo, de 08 anos, é prova disso. Para incentivar a leitura, ela teve a ideia de criar um clube para reunir amigos e trocar livros. Intitulado Clube Amigos do Livro, o primeiro encontro aconteceu no mês de agosto, reunindo 12 crianças. Segundo Júlia, foram convidados amigos da escola e também de um grupo de coral que ela participa na Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório, no bairro de Mirassol. “Eu gosto muito de ler e queria que as crianças que não estão conseguindo ler muito bem pudessem aprender mais, sem contar que cada livro tem um ensinamento. Tive essa ideia para que as crianças possam aprender mais com os livros”, conta. A dinâmica do grupo consiste em cada criança levar um livro para trocar com outra. Os encon-
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Cacilda Medeiros
Júlia Rêgo, presidente do Clube
tros acontecem a cada dois meses e a criança fica com o livro durante este período. No encontro seguinte, ela pode pegar outro livro e, assim, sucessivamente. Segundo Júlia, a participação no grupo é aberta a qualquer criança e o próximo encontro vai acontecer no próximo dia 23, a partir das 15h, no Clube dos Oficiais. Outras informações ligue: (84) 98891-4001 – falar com Sandra Oliveira. Idalécio Rêgo
Primeiro encontro do Clube
#SELIGAAI Enem: dicas para
ter sucesso na prova Falta aproximadamente um mês para a realização de mais uma edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Neste ano, o certame conta com aproximadamente nove milhões de inscritos. Na reta final, a ansiedade e tensão tomam conta da rotina de estudos dos participantes. A psicopedagoga Deyse Carvalho dá dicas de como se preparar e ter sucesso na prova. A Ordem: Como o candidato deve se preparar nesta reta final para o Enem? Deyse: Pensar em ENEM é pensar em uma jornada de estudos e renúncias que são essenciais para o sucesso do candidato. Nesse contexto, é importante que o aluno possa definir as metas a ser alcançadas e que ele entenda quais habilidades precisa dominar até o dia do exame. É importante ter em mente que o ENEM procura avaliar os conhecimentos adquiridos pelo candidato até o término do Ensino Médio. Na reta final,
portanto, não adianta querer “correr atrás” do tempo perdido. Nessa fase que antecede as provas é importante fazer revisões e ter confiança no que aprendeu durante os anos de estudo. É altamente recomendável que neste último mês o candidato evite jornadas diárias excessivas de estudo, pois além da retenção de conteúdo ficar prejudicada, o próprio desempenho nas provas poderá ser reduzido pelo cansaço acumulado.
A Ordem: Como conciliar o psicológico com a rotina de estudos? Deyse: Se considerarmos que o ENEM veio substituir o vestibular, passando a ser um dos principais e, em alguns casos, o único requisito de ingresso nas universidades brasileiras, especialmente as públicas, concluiremos que o seu público alvo preferencial é composto por adolescentes. Nesta fase da vida já se espera certa inquietude emocional, decorrente das transformações físicas e psicológicas que envolvem o ser que se dirige para o início da idade adulta. A alimentação adequada, a qualidade do sono, as atividades físicas leves a moderadas, a participação em momentos de lazer são fatores essenciais ao logo da vida escolar, que irão facilitar o aprendizado se observados. O apoio dos familiares é de suma importância nesse processo de aprendizagem e emocional. Em regra, não basta ter todas as condições favoráveis e o aluno não estudar, mas estudar demais e negligenciar a saúde física e psíquica também não costuma conduzir a bons resultados. O equilíbrio é fundamental. A religiosidade, para aqueles que a possuem, também ajuda a tranquilizar o candidato, potencializando suas chances de êxito.
Outubro de 2016 | 33
Como forma de celebrar o Dia das Crianças, a Revista A Ordem promoveu um concurso fotográfico. As fotos foram enviadas pelos pais das crianças, por e-mail e publicadas na fanpage da Arquidiocese (facebook.com/arquidiocesenatal). As três fotos mais curtidas seriam publicadas na edição de outubro da revista. Confira as ganhadoras:
1º
Foto enviada por Sérgio Luiz de Paula - com 461 curtidas
3º
Foto enviada por Jéfferson Sousa da Silva - com 349 curtidas
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2º
Foto enviada por Anna Paula Câmara - com 451 curtidas
Espiritualidade | a ordem
Natalino Ueda Filósofo e Teólogo
Nossa Senhora Aparecida
e a oração
Desde o início, a devoção a Nossa Senhora Aparecida é um convite à oração e ao amor à Virgem Mãe de Deus e ao seu Filho Jesus Cristo. Em 1717, três pescadores buscavam peixes nas águas do Paraíba durante horas, mas sem encontrar. Até que, eles foram surpreendidos pelo encontro do corpo e depois da cabeça de uma pequena imagem de cerâmica enegrecida. Depois do achado, acontece uma pesca abundante. Logo iniciou-se a devoção a Nossa Senhora da Conceição, carinhosamente chamada “Aparecida”. Desde então, o povo católico brasileiro confia suas orações, seus pedidos, suas vidas a Virgem Aparecida. O amor e a devoção a Maria são traços característicos da religiosidade do povo brasileiro. Estes traços marianos devem ser cultivados, a fim de chegar “a Jesus por Maria”. Para tanto, os devotos de Nossa Senhora e romeiros de Aparecida devem conservar zelosamente o terno e confiante amor à Virgem Maria. “Não o deixeis nunca arrefecer! Não seja um amor abstrato, mas incarnado. Sede fiéis àqueles exercícios de piedade mariana tradicionais na Igreja: a oração do Ângelus, o mês de Maria e, de maneira toda especial, o Rosário. Quem dera renascesse o belo costume – outrora tão difundido, hoje ainda presente em algumas famílias brasileiras – da reza do terço em família.” (Homilia do Papa João Paulo II na dedicação da Basílica Nacional de Aparecida). A devoção a Virgem Maria é fonte de vida cristã profunda, de compromisso com Deus e com os irmãos. Por isso, João Paulo II nos disse: “permanecei na escola de Maria, escuta a sua voz, segui os seus exemplos” (Idem). No Evangelho segundo João, Nossa Senhora nos orienta para Jesus: “Fazei o que ele vos disser” (Jo 2, 5). Como outrora naquele casamento em Caná da Galileia, a Virgem Mãe nos encaminha ao seu Filho as nossas dificuldades, obtendo d’Ele as graças desejadas. Nestes dias tão importantes para a fé do povo brasileiro, nos quais comemoramos Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil, renovemos o amor e a confiança para com a Virgem Mãe da Igreja. Na pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição, as suas mãos postas, como disse o saudoso Papa João Paulo II, são um convite de Maria à oração e à abertura a Deus em nossas vidas. Confiemos a Virgem Maria os nossos sofrimentos, as nossas necessidades, pois ela intercede sem cessar junto ao seu Filho Jesus Cristo. Nossa Senhora Aparecida, rogai por nós!
Coluna da Misericórdia Queridos irmãos e irmãs, Chegamos a outubro de 2016, penúltima coluna da Misericórdia. No próximo mês, estaremos encerrando o Ano Jubilar Extraordinário convocado pelo Papa Francisco para toda a Igreja na esperança de que vivamos continuamente sendo misericordiosos como o Pai. Porém, o que significou para nós durante estes onze meses refletirmos em pequenas colunas sobre a Misericórdia de Deus? O que é para nós a Misericórdia? O que entendemos por coluna? Quando um engenheiro planeja uma construção, grande ou pequena, sua primeira preocupação deve ser calcular bem os pilares que irão sustentar toda a sua obra. Quando vamos promover uma reforma em nossa casa temos todo o cuidado para que as colunas não sejam danificadas sob o risco de que a casa toda seja derrubada. Na verdade, nós não ficamos o tempo todo pensando nas colunas da casa, porém sabemos que precisamos confiar que elas desempenharão sua missão de promover a segurança para todos os que vivem naquela casa. Este foi o sentido das reflexões que fizemos neste espaço de tempo. Construirmos os pilares da grande construção que deve continuar no tempo: A Casa da Misericórdia que cada um de nós é na história da presença de Deus na humanidade. Somos as colunas, como diz o Papa Francisco, que irão “misericordiar” porque foram “misericordiados” pelo Pai, Que possamos, reconhecendo-nos pecadores, e, por isso mesmo, necessitados da infinita misericórdia que Deus deseja derramar em nossos corações, sermos também nós, testemunhas do amor e da misericórdia de Deus no mundo. Comissão Arquidiocesana do Ano Jubilar da Misericórdia
Outubro de 2016 | 35
Canto que encanta Por Adriano Cruz
A sabedoria popular garante que “quem canta seus males espanta”. Em Natal, cresce o número de escolas de canto e professores especializados na área. E tudo começa com um relaxamento corporal. É hora de deixar a musculatura tranquila e voltar-se para a respiração: inspire profundamente, orienta a professora. Em uma aula coletiva, é possível observar os alunos mais conscientes de seu corpo. Entre caretas, sons esquisitos e muita diversão, os alunos soltam a voz e as tensões. A professora de canto Thaise Matias, especialista em educação musical, fala sobre os benefícios da técnica vocal para o bem estar. “A aula de canto é uma prática que dá chance da pessoa se descobrir. Conhecer melhor o seu corpo. Dessa maneira, aspectos como postura, respiração, projeção do som, articulação, dentre outros, são desenvolvidos continuamente”, ensina. A engenheira Lívia Teixeira é adepta dos exercícios vocais como hobby. Ela relata que as aulas a ajudaram a se expressar melhor
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Cedida
a ordem | Viver
Lívia Teixeira e Thaise Matias em recital de canto
em público. “Além disso, me ajudou com a timidez, porque você tem que abrir a boca, cantar e expressar os sentimentos na frente das pessoas”, disse. O ator Yuri Magalhães defende que as aulas ampliam a formação estética do praticante. “Considero um exercício importante, independentemente de vir a ter alguma utilidade imediata”, afirmou.
Relaxe a mandíbula, solte os braços, respire profundamente, são comandos que ouvimos durante as aulas. Cantar também vai além de um exercício corporal. “Cantar faz com que o indivíduo possa se transportar para um plano superior, onde se pode acalmar o coração, expressar seus sentimentos e sentir- se mais próximo de Deus e do próximo”, defende Thaise Matias.
Liturgia daPalavra Pe. Ândreson Madson do Nacimento Vigário Paroquial de Nossa Senhora de Fátima Parnamirim
Santas Missões Populares, um sonho que se sonha junto O título que escolhemos para este artigo faz jus ao que nos determinamos a escrever, pois acreditamos que fazer missão é algo tão sublime e importante, que só podemos caracterizá-lo como um sonho. Porém, este sonho não está ligado à ideia de uma utopia distante, pois é real, é sensível, é resultante. E falar de um jeito específico de viver a missão a partir da realidade das Santas Missões Populares é saber que este sonho só se torna realidade, porque se sonha junto. No final da década de 80, no estado do Pará, este sonho começa a se realizar porque vai se construindo junto. O Padre Luiz Mosconi, sacerdote italiano, que trabalhando no Brasil em missão, foi quem percebeu este sonho e quis torná-lo realidade na construção conjunta. Ao lado de pessoas simples, das periferias humanas e existenciais, desenvolve um “modelo” de missão que vai ao encontro das pessoas, com gestos, músicas, celebrações, respeitando a devoção, incentivando o menor a ser sonhador e perceber que sua condição de vida, não lhe pode ser obstáculo para levar o Cristo que já recebera aos demais. Como foi bonito receber em nossa Igreja Arquidiocesana entre os anos de 2003 e 2005, por acolhimento e iniciativa de Dom Heitor Sales, então Arcebispo Metropolitano de Natal, esta
experiência de missão. É bem verdade, que antes desse período, a Paróquia Nossa Senhora de Fátima em Parnamirim, foi quem primeiro viveu esta oportunidade. Como esquecer todo o trabalho preparatório, os retiros missionários, as celebrações e reuniões nas comunidades, bem como as Semanas Missionárias que mexeram com nossas estruturas humanas e pastorais. Foi bonito de se ver. Ainda hoje ecoa em nossas lembranças as músicas tais como: “É festa de Deus, é festa do povo...”. Sabemos que, ainda hoje, colhemos os frutos de tudo o que fora vivenciado e plantado naquele tempo. Temos certeza de que o sonho e o desejo de tornar realidade a experiência com o Deus vivo e presente na vida do seu povo, nos faz acreditar que temos que sonhar cada vez mais junto. A missão é cada vez mais exigente e dinâmica. A cada momento e espaço, exige-se uma resposta de amor, principalmente diante das ameaças a dignidade da pessoa humana, tão cara aos de Deus. Para chegarmos cada vez mais ao coração dos homens, somos desafiados a compreender de que por mais chagado e maltrapilho, não é o missionário que leva Cristo a humanidade, mas, o missionário deve lembrar à humanidade que Cristo já está em nosso meio.
Outubro de 2016 | 37
a ordem | Notas
Cacilda Medeiros
Peregrinação prepara fiéis para festa da Apresentação
Celebração de envio, dia 21 de setembro, presidida pelo Pe. Antônio Maria
SAR receberá comenda em São Tomé O Serviço de Assistência Rural (SAR), da Arquidiocese de Natal, vai ser homenageado pela Câmara Municipal de São Tomé. No dia 29 de outubro, data em que são comemorados 87 anos de emancipação política do município de São Tomé, a Câmara de Vereadores vai realizar uma sessão solene para entrega das honrarias outorgadas pela casa legislativa no decorrer do ano. Entre os homenageados está o SAR, que presta serviço ao município, contribuindo para a formação política e cidadã de dezenas de pessoas. Além disso, a Câmara também reconhece o trabalho do SAR junto aos vereadores, no que diz respeito às leis orçamentárias municipais.
38 | Outubro de 2016
Cerca de cem capelinhas, com a imagem de Nossa Senhora da Apresentação, padroeira da Arquidiocese e da cidade do Natal, peregrinam por lares, na capital potiguar, de 21 de setembro a 10 de novembro. Neste mesmo período, uma imagem da santa também peregrina por instituições governamentais e não governamentais. O envio das imagens aconteceu na noite do dia 21 de setembro, durante missa, na Catedral Metropolitana, presidida pelo Padre Antônio Maria. O objetivo da peregrinação é preparar os fiéis para a festa da padroeira, que será celebrada no período de 11 a 21 de novembro, com o tema: “Senhora da Apresentação, Mãe da Misericórdia”.
Caravana da Arquidiocese de Natal participa do 6º Muticom Regional De 14 a 16 de outubro, a Arquidiocese de Olinda e Recife, em Pernambuco, promove o 6º Mutirão Regional de Comunicação. Da Arquidiocese de Natal, participam 42 agentes da Pastoral da Comunicação. O evento acontece a cada dois anos e este ano tem como tema “A cultura do encontro e as novas formas de comunicação para uma transformação social”. A programação vai contar com palestras e oficinas. Entre os assessores, estará Gerson Camarotti, escritor e jornalista da Globo News, que entrevistou o Papa Francisco durante a vinda dele ao Brasil, na Jornada Mundial da Juventude, em 2013. O objetivo do Mutirão é motivar, articular e animar os comunicadores dentro de suas atividades pastorais.
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a ordem | Assunto
40 | Outubro de 2016