Revista A Ordem - Janeiro/2017

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A Ordem

Fundação Paz na Terra Ano XLIV - Nº 09 Natal-RN / Janeiro de 2017 / R$ 7,00

MEMÓRIA Livros de arquivo da Arquidiocese de Natal passam por digitalização SOLIDARIEDADE Grupo atua junto às pessoas que vivem nas ruas

FOTOGRAFIA

Profissionais relatam experiência de atuação na área

SÃO SEBASTIÃO

Saiba mais sobre a devoção ao santo protetor da humanidade


a ordem | Assunto

2 | Janeiro de 2017


Outubro de 2016 | 3


a ordem | Editorial

Digitalizando os “rastros” A história da humanidade, das instituições, de países, enfim, de qualquer ser é registrada e narrada de diversas maneiras. Mas nenhum se predispõe a fazer tal registro. Simplesmente vão deixando os “rastros” do ser e agir ao longo da existência, mundo afora. Tais “rastros” podem ser apagados pelo tempo ou preservados, através de registros os mais diversos. Os hagiógrafos (escritores bíblicos) utilizaram a escrita para deixar a história de Jesus e dos Apóstolos para as gerações posteriores. Pesquisadores descobrem que existiram determinados povos ou seres há milhares ou milhões de anos através dos objetos ou restos dessas gerações perdidas no tempo. Hoje, é muito mais fácil registrar a existência

Expediente

Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689

Conselho curador: Pe. Charles Dickson Macena Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra Conselho editorial: Pe. Edilson Soares Nobre Pe. Carlos Sávio da Costa Ribeiro Pe. Paulo Henrique da Silva Luiza Gualberto Adriano Charles Cruz, OFS Cione Cruz Hevérton Freitas Josineide Silveira Edição e Redação: Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) Luiza Gualberto (DRT-RN 1752)

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de humanos, animais e instituições. Na Igreja, os registros dos sacramentos são feitos e arquivados para a posteridade em livros manuscritos ou em arquivos de memórias digitais. Mas a técnica de digitalização avança a cada dia e hoje é possível registrar os manuscritos e escritos de outrora em arquivos digitalizados. É o que estão fazendo paróquias e dioceses. A Arquidiocese de Natal inicia o processo de digitalização do acervo de arquivos, através da empresa Family Search. Concluído o trabalho, os documentos digitalizados estarão disponíveis para consultas e pesquisas via internet. Os “rastros” históricos da Arquidiocese de Natal registrados nos livros de papéis também serão “rastro digitais”.

FOTO DA CAPA: Luiza Gualberto Revisão: Milton Dantas (LP 3.501/RN) Pe. Francisco Fernandes Colaboradores: José Bezerra (DRT-RN 1210) Adriano Cruz (DRT-RN 1184) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal Projeto e diagramação: Terceirize Editora (84) 3211-5075 www.terceirize.com

Comercial: RN Editora Idalécio Rêgo (84) 98889-4001 Impressão: Unigráfica - (84) 3272-2751 Tiragem: 2.000 exemplares Assinaturas: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 - Tirol - Natal/RN - (84) 3615.2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br


Conheça a Paróquia dedicada ao Bom Jesus dos Navegantes

Cedida

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TOUROS

Manoel Barbosa

Diac Jecione Melo

Sumário | a ordem

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RELIGIOSIDADE

São Sebastião, rumo aos 70

33

#SELIGAAI

Jovens evangelizam no litoral

36

DIREITO

O que o consumidor deve saber na hora de trocar produtos

29

HOMENAGEM

Dom Jaime recebe medalha Mérito Tamandaré, da Marinha do Brasil

Janeiro de 2017 | 5


a ordem | Palavra da Igreja

Papa francisco Chefe de Estado do Vaticano

Mensagem para o Dia Mundial do Enfermo O Papa Francisco publicou a mensagem para o 25º Dia Mundial do Enfermo, que é celebrado anualmente em 11 de fevereiro. O tema da edição 2017 será «Admiração pelo que Deus faz: “o Todo-Poderoso fez em mim maravilhas” (Lc 1, 49). Instituído por São João Paulo II, em 1992, e celebrado a primeira vez, em Lourdes, na França, no ano seguinte, a data é ocasião para se prestar especial atenção à condição dos doentes e, mais em geral, a todos os atribulados; ao mesmo tempo, convida familiares, profissionais de saúde e voluntários a dar graças pela vocação de acompanhar os irmãos doentes. Na mensagem deste ano, o Papa se diz próximo a todos os que vivem a experiência do sofrimento e suas famílias, enaltece aqueles que nas estruturas de saúde espalhadas pelo mundo se ocupam das melhoras, cuidados e bem-estar diário dos enfermos; encoraja todos – doentes, atribulados, médicos, enfermeiros, familiares, voluntários – a olhar Maria, Saúde dos Enfermos, como a garantia da ternura de Deus por todo o ser humano. “Peçamos à Imaculada Conceição a graça de sa-

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ber sempre nos relacionar com o doente como uma pessoa que certamente precisa de ajuda”, escreve o Pontífice. Por ocasião deste Dia – prossegue - “podemos encontrar novo impulso e contribuir para a difusão de uma cultura respeitadora da vida, da saúde e do meio ambiente; lutar pelo respeito da integridade e dignidade das pessoas, abordando corretamente as questões bioéticas e a tutela dos mais fracos”. O Papa reafirma também a sua proximidade de oração e encorajamento a médicos, enfermeiros, voluntários e todos os homens e mulheres comprometidos no serviço dos doentes e necessitados; às instituições eclesiais e civis que trabalham nesta área; e às famílias que cuidam amorosamente dos seus membros doentes. Na conclusão da mensagem, Francisco recorda o testemunho luminoso de tantos amigos e amigas de Deus, como São João de Deus e São Camilo de Lélis, Padroeiros dos hospitais e dos profissionais de saúde, e Santa Teresa de Calcutá, missionária da ternura de Deus. Fonte: Portal da Rádio Vaticano


A voz do pastor | a ordem

Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal

Queridos irmãos e irmãs!

Perspectivas pastorais para 2017

Eis que se descortina diante de nós o novo ano, 2017. Ele vem acompanhado do nosso desejo de vivê-lo com entusiasmo e determinação. Somos motivados pela missão de proclamar a nossa fé no Deus Uno e Trino, na Encarnação do Filho de Deus e no envio do Espírito Santo para fazer de nós, filhos e filhas no Filho, continuadores de sua missão. Para 2017, as perspectivas pastorais estarão animadas pela Missão e Visão de futuro, assumidas na 55ª Assembleia Pastoral Arquidiocesana, em 2015, e retomadas na 56ª Assembleia, em novembro passado. Nessa última Assembleia, seguindo a dinâmica do Marco Referencial da Ação Pastoral Arquidiocesana 2016-2019, nós, agentes de pastoral (Arcebispo, presbíteros, diáconos permanentes, religiosos e religiosas, leigos e leigas engajados e consagrados), escolhemos ações para 2017, compondo o nosso Plano Operacional Anual (POA). A Missão assumida por toda a nossa Igreja nos leva a uma atitude de confiança na ação do Espírito Santo que guia os nossos passos na vivência do estado permanente de missão: “Evangelizar a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, na escola de Maria, com o testemunho dos nossos mártires...”. Continuamos a perseguir a Visão de futuro, que é o desejo de ver todas as paróquias “setorizadas”, isto é, na dinâmica de pequenas comunidades que vivem a missão de evangelizar como Igreja “em saída”. Para 2017, em cada uma das Metas pastorais: formação missionária integral, setorização das paróquias, luta pelo

acesso e proposição de politicas públicas, uso eficaz dos meios de comunicação social, setores família e juventude fortalecidos, foram escolhidas e assumidas ações para seguir adiante na Missão de tornar a nossa Igreja “Discípula Missionária, Servidora, Acolhedora, Profética e Misericordiosa”. Além dessas Metas, juntando a sexta, que trata da descentralização das estruturas pastorais, foi acrescentada ainda uma outra, a que diz respeito ao empenho pela devoção aos nossos mártires: “Devoção aos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, testemunhas da fé cristã, fomentada e disseminada em todas as Paróquias e Instituições da Arquidiocese e no Brasil”. Os três Vicariatos territoriais que compõem a nossa Igreja Particular assumiram ações nas Metas pastorais que procuram desenvolver as mesmas metas nas suas estratégias. Assim, o incentivo ao cuidado pela formação permanente dos agentes de pastoral, a atenção sempre necessária e urgente ao compromisso social, seguindo a Doutrina social da Igreja, a busca por um uso eficaz dos meios de comunicação social na evangelização, desde os meios existentes em nossa Igreja Particular até à formação dos núcleos paroquiais da PASCOM, a preocupação com a família e a juventude, querendo fortalecer todos os setores que cuidam dessas duas fundamentais áreas de evangelização, com os serviços, pastorais e segmentos ligados a esses setores, bem como uma formação segundo o pensamento do Papa Francisco de sermos uma Igreja que acolhe e não afasta, e por fim, a necessidade de seguirmos o testemunho dos nossos mártires que nos ensinam a nunca deixar de confiar na força do Espírito Santo na nossa vida, foram algumas das ações prioritárias assumidas para 2017.

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Bruno Antines

Canindé Soares

a ordem | Entrevista

Fotografia como arte

Responsável por eternizar os momentos, a fotografia é considerada como arte. Através do olhar sensível do fotógrafo, é possível captar momentos e emoções inesperadas. A fotografia é um mercado que cresce cada vez mais e na capital potiguar, diversos são os profissionais que trabalham com este seguimento, nos mais variados campos. No próximo dia 08 de janeiro, se comemora o Dia do Fotógrafo. Nesta edição da revista A Ordem, trazemos o relato de dois profissionais consagrados nesta área, que relatam suas experiências de vida, através da imagem. 8 | Janeiro de 2017


Entrevista | a ordem Rivaldo Jr.

Canindé Soares Como você começou na fotografia? Canindé Soares: Eu comecei em outros tempos. Há quase 40 anos. A minha aproximação com a fotografia foi em 1977, quando eu comecei a entregar foto para Fred Galvão, no antigo estúdio Blow Up. Eu fazia foto de colação de grau, aniversário e casamento. Foi quando eu criei interesse pela fotografia. Vim de uma origem humilde. Tinha 17 anos e procurava uma forma de ganhar dinheiro. Comecei em um período bem diferente do atual, de forma autodidata, procurando referências em revistas e cursos à distância. Muitos dos fotógrafos que foram referência para o meu trabalho no passado, hoje tenho o prazer de tê-los como amigos. O que você mais gosta de fotografar? Canindé Soares: Eu cheguei em um patamar de poder escolher o que eu quero fazer. Isso era tudo que eu sonhava. Se eu estiver em lugar fotografando, independente de estar ganhando pouco, muito ou nada, eu estou lá por prazer. Eu gosto da fotografia, seja qualquer fotografia, que eu possa fazer com liberdade. Pode ser paisagem, um evento, enfim, qualquer trabalho que eu tenha liberdade para fotografar. Você já lançou quatro livros de fotografia e está prestes a lançar o quinto. Qual o conteúdo dessas obras? Canindé Soares: Nos livros eu trago sempre paisagens e registro de alguns lugares. Todos eles têm sempre Natal como referência. Eu procuro ter cuidado com cada obra, selecionando foto por foto, trazendo uma linguagem bilíngue e uma apresentação em capa dura. O quinto livro que estamos para lançar vai trazer como tema o litoral do Rio Grande do Norte. Além do trabalho fotográfico em si, você mantém um portal de notícias. Em que essa ferramenta colabora para a divulgação das suas produções? Canindé Soares: Algo que agregou valor nessa conquista de espaço foi o portal e as redes sociais. O site tem um formato de portal de notícias, mas é muito mais para a divulgação da minha fotografia, dos meus trabalhos recentes.

Quais as suas conquistas nessa profissão? Canindé Soares: Foram muitas conquistas, entre elas, a publicação de quatro livros e já estamos nos encaminhando para o quinto. Já ganhei vários prêmios, entre eles, o Prêmio Abril de Jornalismo. Tenho feito trabalhos exclusivos. Recentemente, um grupo do Canadá me contratou para fotografar shoppings em todo o Brasil. Fiz a turnê do Nordeste da cantora Marisa Monte. Enfim, coisas que eu nem imaginava alcançar e eu consegui. Janeiro de 2017 | 9


a ordem | Entrevista

cedida

Brunno Antunes Como a fotografia entrou na sua vida? Brunno Antunes: Há sete anos, eu trabalhava em uma empresa de telecomunicações, no Ceará. Tive um pico de estresse, que gerou um entupimento de artéria e o médico disse que eu deveria procurar algum hobby fora do trabalho, senão eu poderia morrer. Na época, eu tinha 28 anos e trabalhava de domingo a domingo. Por coincidência, tinha uma faculdade vizinha do trabalho, oferecendo curso de fotografia. Eu me inscrevi no curso e pensei em primeiro fazer o curso, aí se levasse jeito, eu comprava a câmera. Eu pedi ao professor que ele me dissesse se eu tinha perfil de fotógrafo. Ao final do curso, recebi uma premiação de lente de ouro da turma. Então, comprei a câmera. De lá para cá não parei. Comecei fazendo ensaios fotográficos de gestantes, depois parti para fotografar modelos, seguindo para repórter fotográfico, para registrar esporte e política, mas eu nunca vivi 100% da fotografia. Depois de muito tempo afastado da Igreja, resolvi fazer o ECC e aí tive o convite para a integrar a Pastoral da Comunicação, na Paróquia de Santa Rita de Cássia, em Ponta Negra. Me interesse pela Pascom por ter um trabalho com fotografia. A partir deste trabalho, fui conquistando espaço e hoje sou convidado para fotografar eventos da Igreja, entre eles, a Festa de Nossa Senhora da Apresentação. Para você, o que representa aliar o trabalho fotográfico com a fé? Brunno Antunes: Eu sou uma pessoa muito discreta, principalmente nos espaços religiosos, porque minha intenção não é aparecer. Eu sempre procuro um lugar isolado, faço minhas orações, porque eu não sou um fotógrafo profissional dentro da Igreja. Eu estou retribuindo aquilo que ele me dá, todos os dias. Para se ter uma ideia, no ano de 2012 eu fiquei desempregado e na minha casa não faltou comida por conta do meu pai. Sempre que chegava o período de vencimento das contas, apareciam dois, três eventos e por não ter uma empresa, todo o pagamento precisava ser à vista. Deus nunca me deixou faltar trabalho. Por essas e outras coisas, eu realizo este trabalho como retribuição por todas as coisas que Ele realiza em minha vida. Quando você vai fazer uma fotografia, o que vem em sua mente? Brunno Antunes: Eu tenho minhas referências foto10 | Janeiro de 2017

gráficas. Uma delas é Cartier Bresson, que é um fotógrafo francês que já faleceu e o outro é Sebastião Salgado. Eu sempre procuro fazer o registro das pessoas que estão entregues aquele momento de celebração. Eu procuro mostrar a fé das pessoas na minha fotografia. Eu tento refletir o que as pessoas sentem naquele momento. Você acredita que a fotografia tem sido banalizada com as novas modalidades de fotografar, como por exemplo as selfies? Brunno Antunes: Algumas pessoas falam que o celular está acabando com a fotografia. Eu acho que não. É questão de mercado. Uma pessoa que vai fazer uma foto com celular não é uma pessoa que vai fazer uma foto de um casamento. Você não vai contratar um fotógrafo para fazer foto do seu casamento, usando celular. O celular, hoje, é usado mais para postar fotos em redes sociais e para retratar uma situação imediata. Eu não acho que o celular está banalizando a fotografia.


Assunto | a ordem

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Luiza Gualberto

a ordem | Capa

Memória:

FamilySearch faz digitalização de arquivos da Arquidiocese de Natal

Jorge Silva – especialista em geração de imagens

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Capa | a ordem Por Luiza Gualberto No mês de novembro, foi firmada uma parceria entre o Family Search Internacional e a Arquidiocese de Natal, para a digitalização dos arquivos da cúria metropolitana, bem como, das paróquias que compõem o território arquidiocesano. Esse projeto, além de garantir a preservação das informações contidas nos documentos, permitirá o acesso a dados relevantes para a pesquisa de história da família. O processo Quando registros são destruídos, perdem-se para sempre dados importantes acerca do passado. Por outro lado, os frágeis documentos históricos sofrem constante deterioração devido ao uso frequente. Em compensação, registros preservados digitalmente ou em microfilme podem ser utilizados repetidas vezes e reproduzidos conforme a necessidade, enquanto os documentos originais permanecem intactos, íntegros e em bom estado para as gerações futuras. Em colaboração com instituições que criam e guardam registros, o FamilySearch começou a microfilmar e armazenar registros em 1938. Os projetos de digitalização começaram em 1998. De 1938 até hoje, o FamilySearch microfilmou em mais de 110 países. Ele fornece às instituições mantenedoras dos documentos originais uma cópia de seus registros no formato em que foram adquiridos. Além disso, os microfilmes e imagens digitais que armazena servem de cópias de segurança de arquivos gerais de todo o mundo, constituindo-se numa proteção essencial caso ocorram danos ou perdas.

A Arquidiocese de Natal já recebeu esse projeto no período em que os arquivos eram microfilmados. Nesta nova modalidade, que utiliza a tecnologia digital, os livros que antes não foram digitalizados, agora passarão por esse processo. O processo se utiliza de um mecanismo de captura de imagens, através de uma câmera fotográfica de alta resolução. As imagens geradas passam por um programa de computador, que no processo seguinte, as armazena em um HD. O processo é feito por um especialista em geração de imagem e, no território arquidiocesano, quem está conduzindo este trabalho é Jorge Silva. Segundo ele, desde o início da parceria até o momento, já foram feitas 5 mil imagens dos livros arquidiocesanos. “O processo como um todo ainda vai levar cerca de dois anos. Após digitalizar os arquivos da cúria e paróquia vizinhas, partiremos para as paróquias do interior. Acreditamos que vamos gerar cerca de 2 milhões de imagens”, diz. Após a conclusão do processo, as imagens serão analisadas para averiguação de possíveis erros e, ao final, serão salvas em um HD, que será doado, gratuitamente, para o arquivo arquidiocesano. O atual processo de digitalização contempla livros de batismo, casamento, óbitos e o acervo do Jornal A Ordem. Relevância do trabalho Segundo a Ir. Vilma Lúcia, responsável pelo arquivo da Arquidiocese de Natal, esta iniciativa tem uma importância considerável para a manutenção e preservação da história do território arquidiocesano. “Não se trata de eliminar o suporte físico original, mas de providenciar meios que ajudem a preservá-lo, mantendo-o da melhor maneira possível. A digitalização, portanto, é apenas, um novo

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a ordem | Capa cedida

mecanismos que facilita o acesso e ajuda na preservação do documento”, enfatiza. Ainda segundo a Ir. Vilma, a importância nasce da preocupação em preservar documentos memoriais, partindo da necessidade de evitar perdas das informações úteis que estão em suporte de papel e que sofrem, diante dos acontecimentos inadequados, ameaças biológicas, mau manuseio e outros fatores. “As novas tecnologias se apresentam como um suporte de grande eficácia na segurança dos documentos e na acessibilidade às informações, favorecendo a preservação do documento da iminente deterioração”, reforça. O Arquivo arquidiocesano O Arquivo da Arquidiocese de Natal é guardião de memórias das mais variadas atividades da Igreja, que tem relevância para a história, sendo muito procurado por pesquisadores das mais diversas linhas de estudos. Além disso, a comunidade científica integrou ao suporte de papel o suporte digital por causa das facilidades em relação ao tempo, à economia, à socialização das informações, deixando os documentos físicos livres do manuseio constante. “Na dinâmica do Arquivo, há fatores permanentes que demandam custos altos, tanto para preservar adequadamente o material impresso que é muito vulnerável diante dos riscos climáticos, como o constante manuseio que compromete a estrutura dos documentos. A digitalização, por sua vez, gera maior eficácia na segurança, dificulta do extravio, desde que se mantenha a mídia atualizada e não só facilita o acesso, como oferece possibilidades para que as informações sejam guardadas de forma segura e de fácil recuperação”, destaca.

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Ir. Vilma Lúcia – coordenadora do Arquivo arquidiocesano

O FamilySearch O FamilySearch International (antigamente conhecido como Sociedade Genealógica de Utah) se dedica a fomentar a conservação de informações genealógicas em todo o mundo, bem como incentivar famílias e indivíduos a descobrir quem são seus antepassados. Fundado em 1894, permanece até hoje como uma organização sem fins lucrativos, integralmente mantida com recursos próprios. Desde sua criação há mais de 120 anos, o FamilySearch, iniciado com 13 membros, cresceu até tornar-se a maior organização de genealogia do mundo. É hoje uma instituição internacional integrada


Capa | a ordem Luiza Gualberto

Estação de digitalização das imagens

por especialistas em diversas áreas, como história, geografia, biblioteconomia, microfotografia, digitalização, administração de empresas e diversos idiomas. Com sede em Salt Lake City, Utah, Estados Unidos, trabalha atualmente em todo o mundo e já atuou em arquivos, bibliotecas e Igrejas em mais de 110 países, para facilitar o acesso econômico a registros que ajudam as pessoas a encontrar seus antepassados. Todo mês, mais de três milhões de pessoas usam os registros, recursos e serviços do FamilySearch para descobrir mais sobre sua história da família. Esses registros e serviços estão disponíveis online em www.familysearch.org, ou nos 4.600 centros de história em 126 países,

inclusive na renomada Biblioteca de História da Família em Salt Lake City, Utah. Atuação no Brasil Desde o início de sua atuação no Brasil em meados da década de 1970 o FamilySearch tem trabalhado em conjunto com Tribunais de Justiça de diversos estados para preservar e dar acesso a registros civis. Os seguintes estados tiveram seus registros de nascimento, casamento e óbito total ou parcialmente preservados em microfilme ou imagens digitais pelo FamilySearch: Alagoas, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.

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A Laicidade e o Laicismo

O presidente francês, François Hollande, no dia 17/08/16, num encontro com o Papa Francisco, na Cidade do Vaticano, fez duas afirmações sobre o significado da Laicidade, que, sem dúvida, estão bem na linha do pensamento da Igreja acerca da questão. Eis as declarações: 1ª) A Laicidade: É uma mensagem que reconcilia e reúne, não fere; 2ª) A Laicidade: É uma mensagem que deve proteger todas as confissões e assegurar a liberdade de crer, ou não crer. São palavras extremamente significativas para a ordem global na atualidade. Vindas de um presidente francês, ainda mais, já que, neste país está o local central das consequências revolucionárias do Iluminismo europeu e seus desdobramentos para o mundo ocidental até hoje. Uma das maiores preocupações políticas do Velho Mundo na contemporaneidade é a situação da identidade cultural da Europa e suas perspectivas para o futuro. O Bispo Emérito de Roma, Bento XVI, já denunciava e mostrava suas grandes preocupações sobre a perda das raízes e bases da civilização europeia. O Papa Francisco, quiçá, seja o chefe de Estado e liderança religiosa que mais tem influenciado positivamente para que a Europa perceba que, sem diálogo, como gerador de pontes, a Velha Senhora terá muitas outras perdas e derrotas nos períodos vindouros. As declarações do presidente são sinais de que a narrativa política da Igreja para a situação mundial, onde as guerras por tantos interesses, que em muitas circunstancias, têm na instrumentalização da religião um forte aliado de justi-

Novembro de 2017 de 2016 16 | Janeiro

Cacilda Medeiros

a ordem | Artigo

Pe. Matias Soares do clero da Arquidiocese de Natal-RN Mestrando em Teologia Moral Roma-Italia

ficação para atentados violentados e atos fundamentalistas, é a luz das Gentes para este momento e o futuro da Europa. O pensamento que defende um Estado laicista, negando o valor e a importância que a religião tem para a vida social, sendo relevante só para o indivíduo, tem perdido muito espaço. Dizer que a religião não tem e não pode influenciar na formação e transformação da realidade cultural do mundo é um discurso que não tem consistência no que é visto na atualidade. A laicidade representa o ideal da possibilidade de considerar o fenômeno religioso como uma categoria inerente à condição humana e sua integração racional na vida em sociedade. A maioria dos países europeus está minada por células de fundamentalistas religiosos. A Europa precisa se reconciliar para reunir novamente; e ela precisa sim respeitar a liberdade religiosa, com a sua racionalidade, ressignificando os seus ideais de autonomia, que pensava que só a razão conseguiria proporcionar. A Igreja, oficialmente, no Vaticano II, preocupada com a unidade dos cristãos, já avançara nessa visão, que não era somente teológica, mas também política e social. Por fim, essa atenção ao papel da religião para a estabilidade democrática e política das nações deve ser tida com sabedoria por todos os líderes globais e locais. O respeito às instituições e às concepções culturais dos povos não pode ser menoscabado por nenhum líder, que tenha atenção em respeitar o que é do povo. Assim o seja!


| a ordem

Dezembro de 2016 | 17


Manoel Barbosa

a ordem | Vida pastoral

São Sebastião, rumo aos 70 A comunidade do Alecrim, em Natal, celebra a festa do padroeiro, São Sebastião, de 10 a 20 de janeiro. E, a partir de agora, com a festa do padroeiro, a comunidade viverá o “ biênio dos dois anos, rumo aos 70”, em preparação aos 70 anos de criação da paróquia. “Em 2017 e em 2018, vamos viver anos missionários, preparando os 70 anos da paróquia. A programação será encerrada em janeiro de 2019”, explica o pároco, Padre José Freitas Campos. “Estamos elaborando um projeto para viven-

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ciar o biênio. Posso adiantar que, em outubro deste ano, vai acontecer o envio dos 72 discípulos. Cada um deles vai visitar as famílias, nas ruas onde moram, convidando-as a viver o ano missionário. Outra atividade será o primeiro congresso missionário paroquial”, revela o pároco. A festa A festa de São Sebastião é uma das que mais reúne fiéis e devotos, na capital. São pessoas que residem no Alecrim, em outros bairros de Na-

Tradicionalmente, a procissão atrai centenas de fiéis

tal e em outras cidades. De acordo o Padre Campos, o que chama as pessoas para a festa é o próprio Santo. “São Sebastião é um santo popular. Ele é guerreiro, livra as pessoas da fome, da peste e da guerra. A procissão é uma apoteose. São tantas e tantas pessoas, que, todos os anos, colocamos três carros de som, para animar a procissão”, destaca Padre Campos. O sacerdote enfatiza que a devoção ao Santo também é algo cultural, uma tradição trazida pelos portugueses, no século XVI.


Vida pastoral | a ordem Edvanilson Lima

Neste ano, no período festivo, diariamente, às 19h30, haverá celebração eucarística, sempre seguida de atividades sócio-culturais. No dia 20, encerramento da festa, a programação iniciará às 6h30, com a missa em ação de graças pelos frutos da terra, presidida pelo pároco. Às 8h30, será celebrada a segunda missa do dia, em ação de graças pelo aniversário da paróquia. Às 9h30, haverá missa dedicada aos enfermos e idosos. Às 15h, acontecerá a quarta missa do dia, dedicada aos romeiros, peregrinos e devotos, seguida de procissão pelas principais ruas do bairro. Às 18 horas, o Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha, presidirá a missa de encerramento da festa. Tese de doutorado “Os processos de comunicação na festa de São Sebastião, no bairro do Alecrim” foi o tema da tese de doutorado, do professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Hélcio Pacheco. A pesquisa foi feita em 2009 e 2014. Ele conta que morou no bairro do Alecrim até os dez anos de idade e relata que a devoção e a quantidade de pessoas que participam da festa de São Sebastião foi algo que sempre o impressionou. Por isso, decidiu estu-

Prof. Hélcio tem tese do doutorado sobre a festa

dar esse fenômeno e transformá-lo em pesquisa para o doutorado. Mas o que o professor Hélcio descobriu em relação aos processos comunicacionais da festa? “No primeiro momento, observei o novenário; no segundo ano, estudei as pré-novenas, que acontecem nas casas, em preparação para a festa mesma; e, num terceiro momento , observei a procissão, os elementos símbolos

de devoção, como por exemplo, os altares que as pessoas preparam em frente às suas casas, ao longo de percurso. Em resumo, a gente conclui que a festa, por si só, já comunica. E essa comunicação é expressada nos gestos, na vestimenta das pessoas. Na procissão, a maioria usa vermelho e branco, simbolizando a proximidade com São Sebastião”, destaca o professor.

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Diác. Jecione Melo

a ordem | Paróquias

Paróquia de Touros:

um santuário vivo para a fé no Bom Jesus dos Navegantes

Santuário do Bom Jesus, em Touros

Por Pe. Rodrigo Paiva, administrador paroquial No dia 5 de setembro de 1832, se deu a criação da Freguesia do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, do Porto de Touros, desmembrando-se da Freguesia de São Miguel de Extremoz. A sede da nova paróquia era a povoação do entorno do Porto de Touros e sua matriz passara a ser, então, capela dedicada ao Senhor Bom Jesus dos Navegantes. Atualmente a paróquia compre-

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ende o território civil do município de Touros. Possui 36 comunidades, agrupadas em cinco setores territoriais. Desde julho de 2016, é administrada pelo Pe. Rodrigo Fernandes de Souza Paiva, que conta com a colaboração do Diácono Jecione Melo, diácono transitório que desempenha estágio na paróquia, desde dezembro de 2015; além do importante auxílio dos conselhos paroquiais de pastoral, de comunidades e para assuntos econômicos e administrativos.

Bom Jesus dos Navegantes Uma característica da paróquia é a devoção ao padroeiro o Bom Jesus dos Navegantes. Figurado numa imagem barroca encontrada nos idos de dezembro de 1793, por dois pescadores: Manoel e José, às margens do rio Maceió, numa ocasião calamitosa de escassez de pescado e de abastecimento do vilarejo, dada as intensas chuvas do período. Tradicionalmente, no dia 1 de janeiro, logo após a missa das 9h, ocorre a descida da imagem do Bom Jesus dos Navegantes que é


Cacilda Medeiros

Fátima Melo

Paróquias | a ordem

ENDEREÇO Av. Pref. José Américo, 29, Centro 59584-000 - Touros/RN Pe. Rodrigo Paiva, administrador paroquial

Jecione Melo, diácono

crucificado na barca-andor para a procissão; no dia seguinte, de igual modo, ao fim da missa das 9h, procede-se com o ritual da “Subida do Bom Jesus” que entroniza a imagem de volta ao seu altar.

rem o período de 18 anos de intenso trabalho missionário e social.

Sr. Gaspar França e Irmãs Vigárias Destacam-se na história da evangelização, sobretudo na administração paroquial, a figura de um leigo, o Sr. Gaspar França que por autorização do então arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Nivaldo Monte, conduziu a paróquia durante o ano de 1978, desde a vida sacramental a administrativa. Em seguida, o mesmo Dom Nivaldo, confia o trabalho pastoral e administrativo da paróquia às Irmãs Missionárias de Maria Auxiliadora, destacando-se as Ir. Aloisia Gerhardinger, Ir. Rafaela Zatta e Carmelita Engel, as primeiras a assumi-

O Santuário Em 1794, o Bispado de Olinda destina a Touros uma intervenção diocesana que viera confiscar a imagem encontrada no rio Maceió, assegurando a falta de zelo e técnica para a conservação por parte dos moradores locais. Imediatamente, um grupo de moradores foram até Olinda assegurar a posse da imagem que se daria mediate a construção de uma Igreja digna para o nível da imagem. Assim foi feito. No período de 1798 a 1800, foi construída a primeira capela, dedicada ao Bom Jesus. Com a criação da paróquia, a então capela foi elevada à Igreja Matriz e no ano de 2013 foi elevada à Santuário dos Bom Jesus dos Navegantes.

SECRETARIA PAROQUIAL Funciona de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 17h HORÁRIOS DE MISSA (Matriz) Terças - 8h (Missa dos trabalhadores) Quarta a Sábado - 7h Primeira Sexta - 18h Todo dia 1º - 12h (Missa da Coroa do Bom Jesus) SAIBA MAIS (84) 3263-2355 bomjesusdosnavegantes@gmail.com www.paroquiadetouros.com.br

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Rivaldo Junior

a ordem | Paróquias

Interior da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó

De Papari a Nísia Floresta, uma paróquia com 183 anos de história

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Papari foi o nome primitivo do município de Nísia Floresta, sede da Paróquia de Nossa Senhora do Ó, criada pela resolução nº 44, de 29 de agosto de 1833, em nome do imperador Dom Pedro II. A nova paróquia foi desmembrada da Matriz de Santana, da Vila de São José de Mipibu. Ao longo destes quase dois séculos de história, a Paróquia de Nossa Senhora do Ó foi administrada por 45 padres. O atual pároco, Padre Ajosenildo Nunes, está à frente da paróquia, desde 13 de agosto de 2013. Marcos na história Alguns fatos vividos no município de Nísia Floresta marcaram a história da Igreja Católica. Uma delas foi a experiência das Irmãs Vigárias, idealizada pelo então Administrador Apostólico da Diocese, Dom Eugênio de Araújo Sales. O trabalho das irmãs consistia em assumir a responsabilidade administrativa das paróquias e cuidar do zelo pastoral e assistência religiosa aos fiéis, naquilo que lhes era permitido fazer, como religiosas. A primeira Paróquia a ter irmãs vigárias foi a de Nísia Floresta, onde a experiência foi implantada no dia 3 de outubro de 1963, com a presença das Irmãs Missionárias de Cristo Ressuscitado. Além de assumir a administração paroquial, as irmãs também formavam pequenas comunidades e visitavam as famílias, de casa em casa. O aposentado João Batista, conhecido como Bambão, 79 anos, tocava violão


e animava as celebrações, na época das Irmãs Vigárias. A também aposentada, Francisca Alves, popularmente conhecida como Dona Lorica, 74 anos, foi outra pessoa engajada nos trabalhos da paróquia, na época das Irmãs Vigárias. “Eu fazia de tudo. Eu varria a Igreja, ajudava nas missas e nas celebrações, lavava o sanguíneo”, recorda. Dona Lorica ainda lembra que no dia a dia, não havia missa, mas celebrações da Palavra, organizadas pelas Irmãs. Apenas, aos domingos, o padre ia à cidade para celebrar a missa. Outra experiência que nasceu na Paróquia de Nossa Senhora do Ó, mais precisamente na comunidade Timbó, e, depois se espalhou pelo Brasil afora, foi a Campanha da Fraternidade. A primeira foi realizada, no dia 8 de abril de 1962, também por iniciativa de Dom Eugênio de Araújo Sales. O lançamento foi feito oficialmente numa entrevista do Administrador Apostólico da Arquidiocese às Rádios Rural de Natal e Poty. Dizia, então, Dom Eugênio: “Não vai lhe ser pedida uma esmola, mas uma coisa que lhe custe; não se aceitará uma contribuição como favor, mas se espera uma característica do cumprimento do dever; um dever elementar do cristão”. Seu Bambão participou da primeira Campanha da Fraternidade e recorda como tudo aconteceu: “A gente saía daqui, da cidade, com um trator, e ia às comunidades, recolhendo as coisas, o que o povo podia doar: banana, coco,

Cacilda Medeiros

Paróquias | a ordem

Pe. Ajosenildo Nunes, pároco

batata, macaxeira, verduras. A gente trazia para o centro e doava para as pessoas mais pobres. Também tinha gente que comprava, que era para ajudar à Igreja”, relata o aposentado. Igreja Matriz Quando a Paróquia foi criada, em 1833, já existia a Igreja de Nossa Senhora do Ó, hoje, a Matriz. De acordo com pesquisas feitas pelo Pe. Ajosenildo, o início da construção data de 1703 e foi concluída em 1755. Um templo que logo chama a atenção de quem chega ao centro da cidade de Nísia Floresta. Desde março de 2014, a Igreja está em reforma, para trocar a madeira, as telhas, pintura e instalação elétrica. Para angariar recursos para as obras, que ainda não têm previsão para conclusão, a Paróquia vem desenvolvendo campanhas junto à comunidade.

ENDEREÇO: Praça Cel. José Araújo, 81 – centro 59164-000 – Nísia Floresta – RN SECRETARIA PAROQUIAL: Funciona no Centro Pastoral, de segunda a sábado, das 8 às 12h e das 14 às 18 horas. MISSAS (Igreja Matriz): Domingos: 7h e 19h Terça e quinta: 19h Sábado: 6h SAIBA MAIS: (84) 3277-2306 http://paroquianisia.blogspot.com.br paroquianisiafloresta paroquianisiafloresta

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Fotos: Rivaldo Júnior

a ordem | Em ação

A higiene pessoal foi umas ações da confraternização natalina

Grupo atua junto às pessoas que vivem nas ruas Fundada na cidade de Campinas (SP), no ano de 1994, a Fraternidade Toca de Assis tem como inspiração a vida de São Francisco de Assis, seu principal patrono. É formada por religiosos, sacerdotes e leigos e está presente em várias cidades do Brasil. Em Natal, a Toca de Assis já contou com duas casas: uma masculina e outra feminina, dirigidas por religiosos e religiosas. Hoje, é composta apenas por leigos, dirigida pelo casal Marcos Lira e Íris. “Nós temos a missão de ajudar a esses irmãos que vivem em situação de rua, no tocante a documentos, a auxílio pra tentar tirá-los da rua, levá-los para a comunidade

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terapêutica, a qualquer coisa que possa levar dignidade a essas pessoas”, explica Marcos. Atualmente, na Arquidiocese de Natal, a Fraternidade é formada por cerca de 30 pessoas. Uma das integrantes da Fraternidade é Eduarda Alves. Ela tem 16 anos de idade e há cinco participa do grupo da Toca de Assis, na Paróquia de São João Batista, em Lagoa Seca, Natal. “Desde pequena, eu sempre gostei de ajudar às pessoas. Mas eu não sabia como ajudar. E a Toca de Assis foi o lugar que eu encontrei e saciou a minha vontade de ajudar ao próximo e da maneira mais nobre possível, porque Deus está no pobre”, revela.


Em ação | a ordem Confraternização natalina Alegria, emoção e confraternização marcaram o último dia 18 de dezembro para cerca de cem pessoas que vivem nas ruas da capital potiguar. Elas participaram do “Natal dos moradores em situação de rua”, organizado pela Toca de Assis, em um espaço da Arquidiocese de Natal, localizado no bairro de Emaús. O dia começou cedo e se prolongou até o almoço, com várias atividades de higiene pessoal, autoestima e lazer. “Nós começamos a organizar este Natal, no mês de setembro. Esses irmãos são muito sofridos e a gente precisa dar a mão a eles, para que se sintam acolhidos. Esse é o grande segredo desse Natal: fazer com que os irmãos de rua se sintam gente, felizes, se sentirem como família”, comenta Marcos Lira. Um dos beneficiados com a confraternização foi seu Francisco Félix, 66 anos de idade, natural de Macau. Poeta, escritor, já possui, inclusive, um livro de poemas publicado. Seu Francisco destaca o poema que deu título ao livro, que é uma súplica a Deus: Eu pedi a Deus para me livrar dos vícios e Ele me disse: ‘não. É preciso que você desista deles’. Eu pedi a Deus para tornar são, o meu filho aleijado. E Ele me disse: ‘não. O espírito dele está intacto. Seu corpo é apenas temporário’. Eu pedi a Deus para me dar paciência. E ele me disse: ‘não. A paciência deve ser aprendida e cultivada’...

Gratidão à Toca de Assis era o sentimento da maioria dos moradores em situação de rua, que participaram da confraternização. “A Toca de Assis é a caridade, que acolhe os moradores de rua. Eu só tenho a agradecer por tudo que eles fazem por nós. Que a Toca de Assis nunca deixe de fazer esse trabalho lindo”, disse Josimar Pinheiro, carinhosamente chamado por Jó, pelos integrantes da Fraternidade. A confraternização foi encerrada com um almoço festivo, preparado pelo chef de cozinha, Hérick de Maria, auxiliado por alguns voluntários. O cardápio foi digno de almoço natalino. O Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha, também participou da celebração do Natal dos moradores em situação de rua. “Eu vejo esta confraternização com um sentimento de gratidão a Deus, porque se trata de uma ação muito única e especial. É uma celebração natalina com aqueles que estão jogados à própria sorte, com aqueles que são um exemplo muito visível das periferias existenciais, como nos fala o Papa Francisco”, enfatizou o Arcebispo. Este foi o quinto Natal dos moradores em situação de rua organizado pela Toca de Assis, em Natal.

Na hora do almoço, o Arcebispo, Dom Jaime, ajudou a servir aos irmãos de rua Janeiro de 2017 | 27


a ordem | Para conhecer

Turismo & Cultura

Natal também é cidade de parques

Engana-se quem pensa que Natal é uma cidade só de praias. A capital potiguar também tem outros espaços onde as pessoas podem se divertir com a família, fazer atividades físicas e piqueniques. São os parques. Uma boa opção para passear e levar as crianças, durante as férias. Um deles é o Bosque das Mangueiras, localizado na Av. Nascimento de Castro, esquina com a Jaguarari, no bairro de Lagoa Nova. Funciona diariamente, das 5h às 11h e das 14h às 20 horas. Situado entre os bairros da Candelária, Cidade Nova e Pitimbu, está o Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, ocupando um espaço de 64 hectares. Lá, o visitante encontra estacionamento, trilhas pavimentadas, banheiros, biblioteca, auditório, centro de educação ambiental e um monumento com 45 metros de altura, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, sua filha Anna Maria Niemeyer

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e também pelo arquiteto Jair Valera. O Parque da Cidade é aberto ao público de domingo a domingo, das 5h às 18 horas. Para obter mais informações sobre o Bosque das Mangueiras e o Parque da Cidade, a pessoa pode se dirigir à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, através dos telefones (84) 3216-6483 / 6491. Para quem gosta de fazer caminhadas, piquenique, levar as crianças para brincar ou levar os avós, os pais para passear, num espaço de mata verde, uma boa opção é o Parque das

Dunas ou Bosque dos Namorados, como também é conhecido. Inaugurado em novembro de 1977, numa área de 1.172 hectares, o Parque fica localizado na Av. Alexandrino de Alencar, no bairro do Tirol, e é administrado pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (IDEMA). Funciona de terça a domingo, inclusive em feriados, das 8 às 18 horas. É fechado nas segundas-feiras, para manutenção. Quem deseja saber mais sobre o espaço, é só acessar: www.parquedasdunas.rn.gov.br.


Em ação | a ordem

Luiza Gualberto

Arcebispo recebe homenagens

A medalha Mérito Tamandaré foi entregue pelo comandante do 3º Distrito Naval, Almirante Renato Freire

O Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, foi agraciado com duas medalhas, no mês de dezembro. No dia 13, ele foi condecorado com a Medalha Mérito Tamandaré, concedida pela Marinha do Brasil, durante cerimônia cívico-militar, realizada na Base Natal de Natal, no bairro do Alecrim. A cerimônia também marcou as comemorações alusivas ao dia do marinheiro. No dia seguinte, o Arcebispo foi um dos homenageados pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, com a Medalha Mérito Legislativo. Na ocasião, a Assembleia homenageou 11 personalidades potiguares. “Dom Jaime é um peregrino da fé, que nos ensina que a fé em Deus é um sentimento de confiança e amor a Deus que deve ser vivido em todos os lugares. É uma justa homenagem a quem leva a semente da Palavra de Deus”, enfatizou o presidente da Casa, deputado Ezequiel Ferreira.

O Setor de Comunicação, da Arquidiocese de Natal, premiou as três paróquias que mais conquistaram assinantes para a Revista A Ordem, durante o ano de 2016. Em primeiro lugar, ficou a Paróquia de Santana, no bairro de Capim Macio, Natal, com 77 assinantes, e que ganhou uma câmera fotográfica semiprofissional; em segundo lugar, a Paróquia da Imaculada Conceição, em Nova Cruz, com 58 assinantes, recebeu um bônus de cinco assinaturas anuais da revista; e em terceiro lugar, a Paróquia de São José, em Angicos, com 45 assinantes, ganhou um bônus de três assinaturas anuais. Para incentivar a conquista de assinantes, a coordenação do Setor de Comunicação, juntamente com as equipes da Pascom, promovem mutirões de

Cacilda Medeiros

Paróquias com mais assinantes levam prêmios

assinaturas, nas paróquias. Desde já, as paróquias interessadas em realizar o mutirão, em 2017, podem agendar a data, junto à coordenação do Setor, através do telefone 3615-2800 ou do e-mail assinante@arquidiocesedenatal.org.br.

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a ordem | Artigo

SAUDADE: a ausência que se mantém presente

Saudade do que foi vivido, saudade do que não pôde ser vivido . . . saudade, apenas saudade. Parece pouco mas é muito. Saudade com dor, saudade sem dor . . . saudade, como ela é grande! Grande é o amor, é a ausência, é o vazio da presença, de tudo que os sentidos nos ensinaram a reconhecer como forma de se vincular a alguém: o cheiro, o toque, o som, o olhar. De repente, pois sempre será como um repente, esse alguém tão amado vai embora e não volta mais. E agora? Quanta dor! Diante da perda a palavra passa a ser “aprender”, a ser, a viver, a sentir que o outro mora dentro de mim e não mais fora e que isso não nos basta. E essa nova realidade dói e escancara nossa fragilidade, nossa impotência. A perda traz consigo a necessidade de mudanças e redefinições; não somos mais os mesmos, a vida mudou, não por escolha, mas pela simples imposição da nossa condição: somos finitos. O luto é esse processo de tantas emoções e reações diante da ausência, do rompimento de um vínculo, um período de oscilações e estranhamento, acompanhado pelas lembranças e muitos medos de não conseguir suportar tamanha dor. Alguns dizem, que bom que temos as lembranças, que bom que não precisamos esquecer o que vivemos, os que amamos, mas para conviver com a ausência vem

30 |Janeiro de 2017

Millena Câmara Psicóloga - Núcleo de Apoio Apego e Perdas

o aprender a lidar com a saudade, companheira constante, testemunha de uma história que se eterniza na memória e no amor. Ah o amor! Esse não acaba, esse talvez seja o único ao qual a morte não vença, esse sim podemos dizer que é imortal. E a saudade que dói nos diz: por que acabou? E a saudade que passa a ser companheira nos relembra: que bom que eu vivi! Que possamos cada um a seu tempo, respeitando sua dor, descobrir formas de con-viver com a ausência dos que amamos, mantendo-os vivos dentro de nós e acima de tudo respeitar, que assim como somos seres únicos, temos formas diferentes de amar e viver. Mas que possamos continuar a escrever a nossa história, nos permitindo sorrir e sentir as possíveis alegrias oferecidas pela vida. Sei que você vai dizer: fácil falar por que não é com você! Mas quem disse que não é comigo?! É com todos e com cada um de nós, afinal se tem uma coisa que nos torna iguais é que ninguém está imune à dor e à saudade. Que saudade hoje possa ser sentida e respeitada como parte de uma história que se eterniza nas lembranças. Que o sorriso possa juntar-se às lágrimas como partes do amor que a morte não é capaz de matar.


Informe | a ordem

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a ordem | Espaço Infantil

Diversão nas férias

Com a chegada das férias, muitos pais se perguntam sobre o que fazer para que os pequenos aproveitem ao máximo este período, sem ficarem entediadas. Para divertir as crianças, vale soltar a imaginação. Para te ajudar, preparamos algumas dicas que podem transformar as férias em um verdadeiro momento de diversão em família:

1. Cozinhe - Atividade trivial para os adultos, só o fato de poder ajudar na tarefa já a torna especial. Uma dica é pensar em refeições temáticas como o dia do sanduíche, da pizza, das saladas, das frutas.

3. Brinque de praia - Não é por que você não foi ao litoral que não pode fingir que foi. Vale fazer todo mundo colocar roupa de banho, fazer brincadeiras características, fazer castelinhos de areia (ou terra) e, com sorte, até quem sabe um banho de mangueira.

2. Aprenda arte com papel Basta um jornal velho, bexigas, cola branca e um pincel para criar vários objetos usando a técnica da papietagem. Encha a bexiga e cubra com várias camadas de papel picado coberto pela cola. Depois de seco, pode virar um vaso, uma luminária ou o que a imaginação inventar.

4. Faça mapas do bairro - Muitas vezes as crianças ficam presas dentro do carro e acabam não conhecendo o próprio bairro. Que tal sair a pé explorando o bairro? Fazer um mapa ao final garantirá um aprendizado espacial.

5. Participe de programas culturais - Museus, teatros, cinemas sempre têm opções para as crianças durante as férias. Informe-se e prestigie.

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Fonte: época.globo.com


#SELIGAAI Jovens evangelizam

no litoral

Por Edvanilson Lima O mês de janeiro, que para muitas pessoas é destinado às férias e para “veranear” nas praias do litoral, é também uma temporada de missão para os jovens da Renovação Carismática Católica (RCC). O Ministério Jovem da RCC promove, em várias cidades do Brasil, a missão “Jesus no Litoral”, que teve início há mais de dez anos, no Paraná, e se espalhou por todo o litoral do país. No Rio Grande do Norte, o Jesus no Litoral é realizado desde o ano de 2015. A primeira edição aconteceu na Praia de Tibau, em Mossoró. A segunda edição, em 2016, foi realizada na Praia do Meio, em Natal. Neste ano, o “campo de missão” para a terceira edição do Jesus no Litoral será a Praia de Ponta Negra, onde o evento será realizado entre os dias 13 e 15 de janeiro. Segundo Luana Santos, da coordenação do evento, o objetivo da missão “é levar a boa nova às pessoas, a mensagem de que Jesus nos ama acima de tudo e despertar o desejo nelas em conhecerem esse amor, através do modo de

olhar, falar, escutar e agir dos jovens missionários, que instigados pela experiência profunda com esse mesmo amor, são capazes de ofertar suas férias para a evangelização”. Na programação, serão realizados momentos de louvor, adoração, apresentações artísticas e shows de bandas católicas. Nos dias 13 e 14, o evento acontece das 9 às 21h, e o encerramento, no dia 15, será das 9 às 12h. O Jesus no Litoral é um evento gratuito e aberto ao público.

Janeiro de 2017 | 33


a ordem | Viver

Gratidão Por Adriano Cruz

Dia 06 de janeiro é o dia dos Santos Reis. O que muita gente não sabe é que nessa mesma data se celebra o Dia da Gratidão. Segundo o evangelho de Mateus, os sábios procuravam o menino Jesus para adorá-lo; ao encontrá-lo, ficaram de joelhos e o presentearam com “ouro, incenso e mirra”. Um gesto de ação de graças que

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inspira a humanidade até hoje. Durante uma caminhada no Parque da Cidade, eu pensava em como iniciar essa matéria; entre um passo e o outro, vinham muitas ideias e imagens, mas nada que me satisfizesse. Após o percurso, sentei-me em um banco, era quase a hora do pôr-do-sol e o vermelho já tomava conta do céu. Sentado e em silêncio, sentia o vento e a beleza do momento, fui invadido pelo sentimen-


Viver | a ordem to de gratidão. É algo difícil de verbalizar, mas que todos nós sentimos. O índio e ambientalista Kaka Werá no documentário Eu Maior (disponível no Youtube) defende que as pessoas estão sempre mais felizes quando buscam o sol, a praia, as águas da cachoeira, ou quando se “reúnem em volta de um fogo na lua cheia”. É essa sensação de inteireza que o radialista e surfista Allan Dubeux sente ao entrar no mar. “Sempre que entro no mar agradeço a Deus pela oportunidade de poder estar surfando. Está ali vivo, sadio, bem alimentado, e muitas vezes, rodeado de amigos. É só gratidão!”, descreve. Essa sensação com a natureza também faz parte do cotidiano da jornalista Carol Tavares. Ela conta que dá “bom dia” a Deus ao acordar, enquanto sente os raios do sol. E “em todo e qualquer local que eu esteja e me sinta bem ali, paro e agradeço mentalmente, seja numa micareta ou num templo”, finaliza. Segundo o Manual da Psicologia Positiva (Oxford, sem tradução para o português), organizado pelos psicólogos americanos Charles Snyder e Shane J. Lopez, “a palavra gratidão deriva do latim gratia, que significa «favor», e gratus, que significa «agradar»”, as derivações da palavra se relacionam com a bondade, a beleza de dar e receber, de partilhar, de ser gentil e generoso. Ainda segundo os autores, a prática regular da gratidão traz benefícios psicológicos, interpessoais e até físicos. As pesquisas apontam que as pessoas se sentem mais felizes e se tornam mais sociáveis e atrativas. Mas não basta apenas sentir a sensação de gratidão é preciso verbalizá-la. Foi o que fez a professora Lu Keller. Todos os dias, eu via uma mensagem de agradecimento com a hastag “um agradecimento por dia” e comecei a perceber que outras

pessoas também tornavam públicos os seus sentimentos. “A gente passa a descobrir que é grato por coisas como ter uma cama, ter um chuveiro pra se banhar todos os dias e água encanada. Às vezes, no automático, pensamos que todo o mundo tem. E começamos a ser gratos por essas ‘pequenas’ coisas”, disse. A ideia não é nova; foi criada pela psicóloga Deborah Dubner que, há sete anos, expressa os seus agradecimentos na rede social. Daí a prática se espalhou pela Internet. O exercício diário de escrever, mesmo quando nem tudo está bom, gera um olhar positivo para a vida. “Comecei a fazer uma coletânea, uma colheita de momentos, de uma forma muito simples, porque não precisa acontecer nada de muito extraordinário para sermos gratos, basta estar vivo aqui e presente”, conta Deborah. Para ela, até as adversidades da vida são encaradas de maneira menos dolorosa quando cultivamos a virtude. Outra prática que ganha adeptos nas redes sociais é o “Pote da Gratidão”. É simples: separar um recipiente (pode ser uma caixa, um pote de vidro, uma garrafa pet) e todos os dias se perguntar: “pelo que eu me sinto grato hoje?”, em seguida, escrever no papel e guardá-lo. Ao final do mês ou do ano, é o momento de abrir o pote e reler todos os agradecimentos. Ao final daquela caminhada, ligo o som do carro e escuto a música “Gracias a la vida” na voz de Mercedes Sosa. A letra é da poetisa Violeta Parra que agradece tudo o que recebeu da vida. A gratidão é também uma das virtudes mais encorajadas nas Escrituras, “em tudo dai graças”, recomenda o apóstolo Paulo. E começar o ano partilhando sobre o tema nos torna mais leves e otimistas.

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Direito & Cidadania

O consumidor e o direito de troca de produtos Encerradas as festas de fim de ano, tem início o período de troca dos produtos comprados e dos presentes recebidos. Cores, tamanhos, modelos: muitos são os motivos que levam o consumidor a desistir da compra ou buscar a troca do produto por outro de igual valor. Todavia, é comum a dúvida acerca de quais situações em que o consumidor tem direito à troca. Inicialmente, é importante esclarecer que, conforme a legislação em vigor, o vendedor do produto não é obrigado a trocar a mercadoria se a compra tiver sido realizada diretamente na loja. O direito de troca existirá somente nos casos em que o próprio estabelecimento ofereça essa vantagem ao cliente, o que geralmente é informado através das etiquetas dos produtos com os respectivos prazos, que variam de loja para loja. Assim, deve o consumidor por ocasião da compra sempre buscar informações sobre o seu direito de troca e o prazo em que ele pode ser exercido, principalmente quando se trata de um presente, ocasião em que nem sempre o gosto do presenteado é acertado. Por outro lado, quando a compra é feita fora do estabelecimento do vendedor, a legislação prevê expressamente o direito de arrependimento do consumidor. Nos termos do art. 49 do Código de

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Felipe Maciel Advogado e Mestre em Direito Constitucional. felipemaciel@hotmail.com

Defesa do Consumidor, o consumidor pode desistir do contrato, no prazo de sete dias, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou em domicílio. Já pelo parágrafo único do dispositivo, se o consumidor exercitar o direito de arrependimento, os valores, eventualmente pagos serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados. O direito de arrependimento é um importante instrumento de proteção ao consumidor especialmente diante do comércio eletrônico, opção cada vez mais procurada pelo brasileiro em razão das facilidades de comprar produtos de seu computador ou mesmo de seu smartphone ou tablet. Nesses casos, quem arca com a despesa de entrega e devolução do produto é o comerciante, havendo entendimento nesse sentido consolidado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, a quem cabe a última palavra nesse tipo de assunto. O consumidor deve ficar atento, pois é comum que as empresas tentem transferir para o comprador as despesas com a devolução do produto ou criem dificuldades para que o direito de arrependimento seja exercido, como, por exemplo, condicionando a devolução a algumas hipóteses, o que é ilegal e abusivo.


CURTA E COMPARTILHE Saiba com recuperar espaço no pendrive Pendrives podem apresentar um problema inusitado que praticamente impede seu funcionamento. Sem motivo aparente, um dispositivo de armazenamento externo pode exibir uma quantidade de espaço incompatível com o tamanho real da unidade. Um aparelho de 16 GB, por exemplo, pode exibir só 1 GB de espaço total, mesmo que ele esteja completamente vazio. Essa falha pode ser causada por um erro de particionamento da memória do pendrive. Ao ser usado em sistemas e computadores diferentes, arquivos corrompidos podem provocar o erro e sumir parte da capacidade sem explicação. Felizmente, há uma forma relativamente simples de resolver. Baixe o programa Bootice para Windows e saiba como recuperar o espaço, em seu pendrive. Fonte: www.techtudo.com.br

Followers para Instagram Além de usar o Instagram para fazer negócios, é preciso ficar de olho em como anda sua presença nesta rede. Para isso serve o Followers for Instagram: por meio dele, você consegue acessar dados sobre quem deixou de seguir o perfil da sua empresa, quantas pessoas estão engajadas com sua marca e quais postagens deram mais certo. O Followers for Instagram está disponível apenas para iOS. Ele é gratuito, mas há recursos pagos dentro do aplicativo. Fonte: http://exame.abril.com.br

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a ordem | Espiritualidade

A mística de Dom Bosco

Por Fabiano Bernadino do Nascimento – SDB / Natal (RN). João Bosco nasceu na Itália, no dia 16 de agosto de 1815. Era Filho de Francesco Bosco e Margarida Occhiena, uma pobre camponesa, que apesar de ser analfabeta, tinha muita sabedoria e espiritualidade, portanto educou os filhos na formação cristã. João Bosco viveu seus anos de infância e juventude estudando com muita dificuldade. Em 1835, entrou no seminário de Chieri, e recebeu a ordenação em 1841. O século XIX, marcado pela revolução industrial, provocou mudanças significativas no modo de vida das pessoas. Neste período, percebeu-se o desenvolvimento das cidades, pelo motivo de muitas pessoas saírem do campo onde havia pobreza, para tentarem a vida na cidade, como empregados nas fábricas. No entanto, este pensamento de tentar a vida na cidade, era simplesmente uma ilusão. Não havia vagas para todos trabalharem, e os salários eram muito baixos. Era comum encontrar muitos jovens em prisões, nas ruas desocupados, sem casa, sem uma profissão, sem pais, sem perspectivas de futuro. Neste contexto, Dom Bosco já entendeu o que Deus desejava como projeto para sua vida. Em 1841, criou um oratório festivo, depois de um encontro com um jovem chamado Bartolomeu Garelli. Do encontro com esse jovem vieram outros jovens ao encontro de Dom Bosco. Em 1846 o seu oratório se estabeleceu em Valdocco, um bairro de Turim, dedicado a são Francisco de Sales. Com o oratório, criou uma escola profissional e um internato, para acolher aos jovens que não tinham casa. Dom Bosco desenvolveu um sistema baseado na razão, religião e no amor. A “presença” junto aos jovens para Dom Bosco é um meio eficaz de educar. A espiritualidade salesiana é a espiritualidade da alegria, da paixão pela vida e pelo Senhor da vida. A vida do Salesiano é uma contínua oração, cada jovem que cruza seu caminho é a presença de Deus. Tem consciência de que Deus o espera nos jovens. Encontra Deus no cotidiano, na simplicidade do dia a dia. Na prática pastoral, Dom Bosco tem como modelo o Cristo Bom Pastor. Iluminado pela palavra de Deus acreditou com renovado ardor na capacidade da transformação dos jovens, convencido de que eles se desviam quando não tem quem cuide deles. Tudo fez para que os jovens descobrissem o grande amor de Deus. Podemos considerar Dom Bosco como uma obra prima do espírito santo, por nos ter apontado um caminho de santificação, que consiste no trabalho e na oração. Uma espiritualidade simples, acessível a todos e que se dá no cotidiano. 38 | Janeiro de 2017

Direito Canônico Por Diác. Francisco Teixeira - Coordenador da Pastoral de Acesso Justiça Promover a justiça. Esta é a vocação do agente da pastoral para a promoção da justiça. É chamado a agir com a convicção de que está respondendo ao chamado de Deus em favor dos mais necessitados: “Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão” (Is 42, 6). Sua atenção deve revelar a ação de Deus em favor de seus filhos preferidos: os mais pobres, e “os que têm fome e sede de justiça” (Mt 5, 6). E são inúmeros os irmãos alijados de tantos direitos básicos, e que são indispensáveis à vida e a dignidade humana dos excluídos do nosso tempo: direito à saúde, à educação, à segurança, à moradia, ao trabalho, entre outros. A Pastoral de Promoção da Justiça, que está sendo gerada no coração da Igreja de Cristo, que está na Arquidiocese de Natal, deseja estabelecer parcerias com outras organizações que igualmente trabalham para a promoção e a defesa dos direitos básicos dos largados às periferias de nossas cidades e ignorados por parte da sociedade pós-moderna. Todos os batizados e, também, os cheios de boa vontade, porque desejosos de promover o direito e a justiça, são convocados a abrir seus corações à força da Luz que é Jesus, que deseja habitar e estabelecer Sua morada na manjedoura dos corações de cada agente de pastoral, os escolhidos pelo Senhor Deus, nosso Pai: “É o meu escolhido, alegria do meu coração. Pus nele o meu espírito, ele vai levar o direito às nações (Is 42, 1). E por essa razão “o senhor fará brilhar como luz tua justiça e o teu direito como o meio-dia” (Sl 37,6). Assim seja!


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a ordem | Assunto

40 | Janeiro de 2017


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