A Ordem
Fundação Paz na Terra Ano XLIV - Nº 10 Natal-RN / Fevereiro de 2017 / R$ 7,00
COMUNICAÇÃO
Repórter potiguar fala sobre experiência no jornalismo
CF 2017
Tema deste ano aborda biomas brasileiros
SOBRIEDADE AA reabilita dependentes do álcool
NOMEAÇÃO Padre natalense é eleito bispo da Diocese de Oeiras/PI
a ordem | Assunto
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Outubro de 2016 | 3
Brunno Antunes
a ordem | Editorial
Linhagem apostólica Nesta edição, a matéria de destaque é sobre a nomeação do Monsenhor Edilson Soares Nobre para assumir a Diocese de Oeiras, no Piauí. O ato do Papa Francisco dá sequência a uma tradição que vem dos tempos dos Apóstolos de Jesus Cristo, ratificada por Concílios, entre os quais o de Antioquia, no ano de 341, que dispôs sobre as “Regras da Sucessão Apostólica”. Essa tradição da Sucessão Apostólica garante a autenticidade da Igreja Católica, que permanece, nesta caminhada de mais de 2000 anos, fundamentada nos ensinamentos de Jesus Cristo, tendo como pilares os Apóstolos. Pelas Regras da Sucessão Apostólica, “Um bispo deve
Expediente
Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689
ser ordenado por dois ou três bispos”, assim como “Os presbíteros e diáconos e demais membros do clero devem ser ordenados por um bispo”. É exatamente o que ocorrerá no dia 20 de março, quando o agora Monsenhor Edilson Soares Nobre será ordenado Bispo pela imposição das mãos de Dom Jaime Vieira Rocha, sagrante principal, atual Arcebispo de Natal, e Dom Heitor de Araújo Sales e Dom Matias Patrício de Macêdo, sagrantes secundários e arcebispos eméritos de Natal. Pelo ato, o Mons. Edilson Saores Nobre será integrando na linhagem dos que asseguram a sucessão apostólica e a autenticidade da Igreja Católica.
Conselho curador: Pe. Charles Dickson Macena Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra Conselho editorial: Pe. Carlos Sávio da Costa Ribeiro Pe. Paulo Henrique da Silva Luiza Gualberto Adriano Charles Cruz, OFS Cione Cruz Hevérton Freitas Josineide Silveira Edição e Redação: Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) Luiza Gualberto (DRT-RN 1752)
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FOTO DA CAPA: Cacilda Medeiros Revisão: Milton Dantas (LP 3.501/RN) Colaboradores: José Bezerra (DRT-RN 1210) Adriano Cruz (DRT-RN 1184) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal Projeto e diagramação: Terceirize Editora (84) 3211-5075 www.terceirize.com
Comercial: RN Editora Idalécio Rêgo (84) 98889-4001 Impressão: Unigráfica - (84) 3272-2751 Tiragem: 2.000 exemplares Assinaturas: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 - Tirol - Natal/RN - (84) 3615.2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br
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PARÓQUIAS
Nesta edição você conhece a Paróquia de São Miguel Arcanjo, no litoral potiguar
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EDUCAÇÃO
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FORMAÇÃO
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CULTURA
Saiba como auxiliar seu filho na volta às aulas
Canindé Soares
Rivaldo Júnior
Sumário | a ordem
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PARA CONHECER
Por do sol no Rio Potengi
Comunicação é tema do curso anual do clero
Do Carnaval à Carnavalização
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a ordem | Palavra da Igreja
Carta do Papa aos jovens O Papa Francisco divulgou, dia 13 de janeiro, uma carta aos jovens por ocasião da apresentação do documento preparatório para a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que será realizada em outubro de 2018. O Santo Padre explica que quis que os jovens estivessem no centro da atenção, porque os leva no coração e afirmou que o Documento servirá de “bússola” ao longo deste caminho de preparação ao Sínodo. Na carta, Francisco afirma que Jesus dirige seu olhar aos jovens, convidando-os para caminhar com Ele. E questiona: “encontrastes este olhar? Ouvistes esta voz? Sentistes este impulso a pôr-vos a caminho?”. O Pontífice reconhece que, embora a confusão e o atordoamento deem a impressão de reinar no mundo, esse apelo do Senhor continua a ressoar no íntimo de cada jovem para abrir-se à alegria completa. “Isto será possível na medida em que, inclusive através do acompanhamento de guias especializados, souberdes empreender um itinerário de discernimento para descobrir o projeto de Deus na vossa vida. Mesmo quando o vosso caminho estiver marcado pela precariedade e pela queda, Deus rico de misericórdia estende a sua mão para vos erguer”, afirmou. O Papa recordou que durante a última Jornada Mundial da Juventude, em Cracóvia, perguntou
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Papa francisco Chefe de Estado do Vaticano
várias vezes aos jovens se as coisas podiam mudar. E junto, eles gritavam “um sim retumbante”. Ele explicou que este brado nasce do coração jovem, que não suporta a injustiça e não pode submeter-se à cultura do descartável e da indiferença. “Um mundo melhor constrói-se também graças a vós, ao vosso desejo de mudança e à vossa generosidade. Não tenhais medo de ouvir o Espírito que vos sugere escolhas audazes, não hesiteis quando a consciência vos pedir que arrisqueis para seguir o Mestre. Também a Igreja deseja colocar-se à escuta da vossa voz, da vossa sensibilidade, da vossa fé; até das vossas dúvidas e das vossas críticas. Fazei ouvir o vosso grito, deixai-o ressoar nas comunidades e fazei-o chegar aos pastores”, motivou. Francisco conclui a carta lembrando que São Bento recomendava aos abades que, antes de cada decisão importante, consultassem também os jovens porque “muitas vezes é exatamente ao mais jovem que o Senhor revela a melhor solução”. E afirmou que, através do caminho deste Sínodo, o Papa e os bispos querem contribuir ainda mais “para a vossa alegria”. O documento preparatório para a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos está disponível no site do Vaticano. Fonte: Portal da Comunidade Canção Nova
A voz do pastor | a ordem
Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal
Queridos irmãos e irmãs! Há mais de 50 anos, a Igreja no Brasil vive a experiência da Campanha da Fraternidade (CF). Ela acontece durante o tempo da Quaresma. Este ano o tema é: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”, e o lema: “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15). A CF 2017 tem como Objetivo Geral: “Cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho”. A Campanha da Fraternidade está relacionada com a Quaresma por ser um tempo especial de conversão. “É um tempo em que fazemos caminho para a Páscoa, motivados pela Palavra e unidos aos sentimentos de Jesus Cristo, cultivando a oração, o amor a Deus e a solidariedade fraterna” (CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Campanha da Fraternidade 2017. Texto Base. Brasília, Edições da CNBB, 2016, p. 16). A motivação para o tema da CF 2017 está expresso nessas palavras do Texto Base: “Uma pessoa de fé que faz sua caminhada quaresmal rumo à Páscoa, ao tomar consciência da realidade de como são tratados os biomas brasileiros, não poderá ficar indiferente” (CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Campanha da Fraternidade 2017. Idem, p. 19). O mapa dos biomas brasileiros compreende: Bioma Amazônia, que é o maior bioma do Brasil, Bioma Caatinga, que abrange predominantemente território de oito estados do Nordeste, mais o norte de Minas Gerais, o Bioma Cerrado, o bioma brasileiro mais antigo,
Campanha da Fraternidade 2017
cuja vegetação é encontrada principalmente na região Centro-Oeste, Bioma Mata Atlântica, que abrangia uma área equivalente a 1.315.460 km², sendo uma das áreas mais ricas em biodiversidade e mais ameaçada do planeta, Bioma Pantanal, considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta, Bioma Pampa, cujo significado, de origem indígena, é “região plana”, presente nos Campos da Região Sul. Diante da situação dos biomas brasileiros, a Igreja é chamada a julgar toda a situação a partir da Sagrada Escritura e do seu rico magistério. Embora a Sagrada Escritura não se preocupe diretamente com os biomas, contudo, “oferece elementos que iluminam a temática a partir do projeto de Deus nela apresentado” (CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Campanha da Fraternidade 2017. Idem, p. 73). Desde a apresentação da harmonia original do mundo criado e querido por Deus, passando pela experiência dolorosa do rompimento da aliança e o pecado, aos tempos messiânicos da restauração de tudo em Cristo, a Palavra de Deus incita ao louvor e à responsabilidade pela terra, dom de Deus para o homem e a mulher. Também em seu Magistério a Igreja nos chama a um compromisso de cuidar da casa comum. Do Papa Beato Paulo VI, passando pelos pontificados de São João Paulo II e de Bento XVI, até chegar à Encíclica Laudato Si, de Papa Francisco, temos uma trajetória de onde se conclui: a partir da fé cristã, é grande a contribuição que pode ser dada às questões da ecologia integral e, em particular, à convivência harmônica com os nossos biomas.
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a ordem | Entrevista
Vida de Repรณrter
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Entrevista | a ordem
Curtindo os primeiros meses de aposentadoria, após 40 anos de trabalho, dos quais 36 varando as noites em redações editando textos, o potiguar Vicente Neto entrou no jornalismo por um acidente de percurso. Natural de Janduís, no Médio Oeste Potiguar, com passagens por Augusto Severo (hoje, Campo Grande), Caraúbas e Caicó antes de se mudar com a família para Natal, Vicente Gurgel de Queiroz Neto, é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, turma de 1980. Trabalhou nas rádios Poti e Rural, na TV Cabugi, no Diário de Natal e na Tribuna do Norte. Nesta entrevista, ele fala um pouco dessa trajetória e das novas mídias. Por que escolheu essa profissão? Vicente: Nos anos 1960, logo depois do golpe militar, meu pai, que era funcionário do Ministério da Agricultura, foi transferido para Caraúbas. Depois de algum tempo, fomos morar na casa onde funcionava a repartição. Éramos vizinhos de Walter Câmara (pai do hoje radialista José Eudo, Cleudo para nós), o homem mais rico da cidade. Eu ia na casa dele para ler a revista O Cruzeiro. Adorava as matérias sobre a corrida espacial, não perdia a Última Página, de Raquel de Queiroz, a charge do Amigo da Onça. No final daquela década, fui passar as férias do meio do ano em Caicó. Meu tio era responsável pela redação do noticiário vespertino da Rádio Rural. Numa sala apertada ficava um rádio ligado na Globo (ondas curtas), um gravador de rolo e a máquina de escrever. Um dia, ele precisou sair e me deixou encarregado de gravar o noticiário. Naquele tempo as notícias no rádio começavam, invariavelmente, pelo local de origem do fato gerador. O locutor, com voz de trovão dizia assim: “Washington. A Casa Branca confirmou hoje…”. “Moscou. O presidente…”. “São Paulo. O prefeito...”. Como meu tio estava demorando, botei o papel na máquina e comecei a escrever, mas parei porque a notícia seguinte era sobre a União Soviética e eu, na época com 13 anos, não sabia escrever o nome do presidente Leonid Brejnev. Foi assim que nasceu meu interesse pelo jornalismo. Ainda hoje durmo com o rádio ligado debaixo da rede. Você poderia contar algum fato curioso que aconteceu com você no desempenho dessa profissão?
Vicente: Foram muitos. Alguns engraçados, outros me tiraram noites de sono e outras vezes deixamos alguns personagens sem dormir. Vou contar aqui um caso que aconteceu pouco tempo depois de começar a trabalhar no Jornal Regional, na Rural de Natal. A ansiedade era grande na cidade. A UFRN tinha anunciado, para àquela manhã, a divulgação da lista de aprovados no Vestibular. Acho que era 1984. Não tenho certeza. Saí mais cedo para a rádio. Ao chegar lá, o controlista me entrega um papel com um número de telefone. “A pessoa que ligou não quis se identificar. Disse que é urgente, pra você ligar esse número”. Liguei e a voz, no outro lado da linha disse: “Tenho a relação de aprovados em alguns cursos da UFRN. Tens coragem de furar o esquema da Comperve?” Claro, eu disse sim. O cara, então, mandou um emissário entregar as listas naqueles papéis imensos usados em impressoras matriciais da época. Gelei quando vi Medicina, Enfermagem e um outro curso, que não lembro agora. Antes da divulgação, tentamos contato com Sabino para deixá-lo a par da situação. Não o localizamos. Padre Agnelo, nada. Naquele tempo não havia celular. Mostrei as listas ao locutor. Decidimos divulgar. A esta altura, as emissoras concorrentes davam flash direto da sede da TV Universitária, na Princesa Isabel. A TVU aguardava a chegada do reitor Genibaldo Barros para o tradicional discurso de boas-vindas aos aprovados. Justo naquele dia, ele participava de uma missa, no Marista. O pessoal da Cabugi e da Trairi em carros com “motorola” e
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nosso repórter escalado para a cobertura na TVU, coitado, com ficha de orelhão. O repórter colhia a informação na sala de imprensa e corria para o orelhão na calçada. Começamos a ler a lista. As rádios concorrentes com Martinho da Vila mandando ver. Foi um dia de juízo final para o pessoal da UFRN. Assim que terminamos de ler as três listas, o telefone da Rural disparou. Sem acreditar no que estava ocorrendo, a Comperve mandou uma equipe retirar o reitor da missa. Os repórteres das concorrentes não sabiam o que dizer a seus ouvintes. Na hora de distribuir a lista dos aprovados, a Comperve se negou a entregar a da Rádio Rural, como forma de punição pelo furo. Tínhamos três cursos na área médica, mas não a lista completa de aprovados. E agora? O que fazer para segurar a audiência tsunâmica que a rádio tinha conquistado naquele momento? Fácil. Passamos a retransmitir a TVU. A UFRN instalou uma sindicância para apurar o vazamento. No dia seguinte, Sabino me chamou para conversar. Preparei-me para levar uma bronca. Imaginava Sabino dizendo assim: “ok, foi bom, maravilhoso, mas vocês tinham noção de que andaram no fio da navalha? E se a lista fosse falsa?” Até ensaiei uma resposta. Mas quando cheguei lá, ele, com aquele sorriso característico no rosto, disse ao final do comentário: “Ninguém vai muito longe se não houver um pouco de ousadia naquilo que faz.” Ufa! Quando cheguei na calçada, dei um pulo e um soco no ar, como Pelé quando fazia um gol. Quais os maiores frutos que a reportagem lhe proporcionou? Vicente: Adoro as grandes coberturas. De 1980 até me aposentar em julho do ano passado, trabalhei em todas as coberturas das eleições, em todas as terças-feiras de Carnaval, em todas as posses de prefeitos ou governadores. Antes das urnas eletrônicas, a contagem dos votos era uma maratona. Na eleição de 1986, vencida por Geraldo Melo, foram três dias na chamada “marchas das apurações”. Tenho uma frustração no currículo: não pude trabalhar na cobertura do terremoto de João Câmara, nos anos 80. A Rádio Rural não tinha a menor condição técnica de fazê-lo. Então ficamos chupando o dedo, acompanhando o trabalho, competente, de Edivan Martins na rádio Cabugi. Você enfrentou algum desafio como repórter? Qual? Vicente: Como repórter, catando notícias no dia a dia? A Rádio Rural não tinha como enfrentar os concorrentes. 10 | Fevereiro de 2017
Não tínhamos carro de reportagem e as condições técnicas eram precárias. Meu gravador pesava uns três quilos. Quando Geraldo Melo assumiu o governo do Estado, em março de 1987, promoveu uma reunião com os governadores do Nordeste em Natal. A sede do governo era no Palácio Potengi. Dei sorte de pegar Miguel Arraes descendo do carro. Alguém fez uma pergunta e os repórteres começaram a fechar em cima de Arraes. Eu em posição privilegiada. O câmera da TV Globo Recife procurava a melhor posição. O cinegrafista e o operador de VT pra lá e pra cá, na segunda fileira de repórteres. Aí Chico José olha pra mim e diz: “meu filho, tira essa mala da cara do governador!” Realmente, era enorme. Acho que essas pontadas que tenho na coluna, de vez em quando, são consequência daquele maldito gravador. Na sua opinião, a forma de levar informação tem mudado, principalmente com o surgimento das redes sociais? Vicente: Mudou muito. Tem o lado bom e o ruim. O bom é que você não mais precisa das estruturas do passado para ser notícia, para ser visto. O lado ruim - e preocupante - é que a notícia deixou de ser um produto colegiado. Até bem pouco tempo era assim: o pauteiro passava a tarde catando notícias, falando com suas fontes, checando informações. No início da noite levava as sugestões para avaliação dos editores. Umas iam na forma sugerida, outras eram redirecionadas e outras derrubadas ou colocadas em stand-by. No dia seguinte a pauta era passada aos repórteres que, ao voltar da rua, faziam um relato e discutia com o chefe de reportagem a melhor forma de apresentá-la ao público. Nos blogs não é assim. O cara é repórter, fotógrafo, editor, operador, diretor… Aí a chance de erro se multiplica por mil. Vou tentar resumir um episódio que aconteceu comigo e que ilustra a falta de filtros. Eu estava participando de uma reunião na Prefeitura de Parnamirim. Quando a reunião terminou, liguei o celular e vi que havia dezenas de ligações não atendidas. Aí o telefone começou a tocar: Vicente? Pois não! É Vicente Neto? Sim. Você está bem? Tô, por quê? Vi num blog que você foi socorrido às pressas após sofrer um infarto no aeroporto de Brasília! Eu? Sim você. Mas homi, faz uns cinco anos que não vou a Brasília. De onde você tirou essa conversa? Fui ver. O blog mentiu. Na verdade, quem passou mal e bateu na porta do pronto-socorro foi o ex-secretário de obras, Vicente Freire, conhecido entre os amigos, como Vicente Neto.
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Papa nomeia Monsenhor Edilson Nobre para diocese piauiense A ordenação episcopal acontecerá dia 20 de março, em Natal, e a posse, em Oeiras, dia primeiro de abril Monsenhor Edilson Soares Nobre, do clero da Arquidiocese de Natal, foi nomeado pelo Papa Francisco, no último dia 11 de janeiro, bispo da Diocese de Oeiras (PI). Ele era Vigário Geral e coordenador do Setor de Comunicação da Arquidiocese, além de pároco da Paróquia de Santana, no bairro de Capim Macio, zona sul de Natal. A ordenação episcopal acontecerá dia 20 de março, às 17h, na Catedral Metropolitana de Natal. O ordenante principal será o Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha, e os co-ordenantes os arcebispos eméritos, Dom Heitor de Araújo Sales e Dom Matias Patrício de Macêdo. A posse, na Diocese de Oeiras, será dia primeiro de abril. Para Mons. Edilson, a nomeação é sinal de graça na vida dele. “Eu sempre entendi a figura do bispo como alguém que tem uma função importante na vida da Igreja, que pode muito con-
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tribuir com aquela missão que lhe foi confiada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Talvez por isso que eu temia tal função. Achava que era muito para mim. Uma vez que a Igreja, está depositando essa confiança, eu agradeço a Deus pela história, como vem sendo construída, pela confiança depositada, e, peço, sobretudo, para que Ele me ajude e me ilumine, para que eu exerça bem a função como pastor da Diocese de Oeiras”, diz o religioso. “É uma bênção para uma Igreja particular, ver um de seus filhos nomeado sucessor dos apóstolos, na condição de bispo.” Foi assim que o Arcebispo, Dom Jaime, se referiu à nomeação do Monsenhor Edilson, por ocasião do anúncio, dia 11 de janeiro. “Natal tem uma tradição bonita. São mais de dez bispos, filhos do clero natalense. Número agora acrescido com a graça e a alegria da nomeação do Monsenhor Edilson”, conta Dom Jaime.
Uma diocese no semiárido piauiense Criada em 16 de dezembro de 1944, a diocese piauiense estava vacante desde janeiro de 2016, quando o então bispo, Dom Juarez Sousa da Silva, foi nomeado coadjutor da Diocese de Parnaíba, também no estado do Piauí. Desde março, a Diocese é administrada pelo Padre Geraldo Gereon. A Diocese, cuja padroeira é Nossa Senhora da Vitória, ocupa um território de 15.096 Km², conta com 18 paróquias e áreas pastorais e 19 sacerdotes. A sede fica em Oeiras, um município de 35 mil habitantes, localizado na mesorregião sudeste do estado do Piauí. “Aqui, é sertão brabo, situado no polígono da seca. É uma região que enfrenta a falta de chuvas há seis anos”, conta o Padre Geraldo. Ele ressalta a alegria dos padres e fiéis leigos, com a nomeação do novo bispo: “Estávamos nos sentindo um pouco órfãos. Quando foi feito o anúncio de que o Papa Francisco havia nomeado um bispo para nossa diocese, houve muitas manifestações de alegria.” Padre Geraldo fez uma carta e enviou a cada paróquia, anunciando a nomeação do novo bispo, assim como as datas da ordenação, em Natal, e da posse, em Oeiras. De acordo com o administrador diocesano, os fiéis são muito ligados às tradições antigas da religião católica. Ele compara as tradições da Semana Santa, por exemplo, com as celebrações realizadas nas cidades históricas mineiras. Na sexta-feira que antecede a Semana Santa, na cidade de Oeiras, a Procissão dos Passos chega a reunir 30 mil pessoas.
Cacilda Medeiros
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O anúncio foi feito na Catedral Metropolitana, dia 11 de janeiro
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Padre Geraldo Gereon também fala da expectativa para o pastoreio do novo bispo. “Por menor que seja, uma diocese precisa de uma organização básica. Para a nossa realidade, precisamos de um bispo que trabalhe bem a administração, para um bom funcionamento da diocese”, ressalta. 25 anos de sacerdócio e várias funções Natural de Touros (RN), Monsenhor Edilson nasceu em 9 de maio de 1965. Ingressou no Seminário de São Pedro, em Natal, em 1984. Cursou Filosofia no Seminário e na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Cursou Teologia no Seminário, concluindo em 1990. Foi ordenado diácono, em 19 de agosto de 1990, na cidade de João Câmara, pelo então bispo auxiliar de Natal, Dom Antônio Soares Costa. Foi ordenado sacerdote em 6 de abril de 1991, na Catedral Metropolitana de Natal, pelo então Arcebispo, Dom Alair Vilar Fernandes de Melo. No ano de 2001, fez o curso superior de complementação de estudos em gestão eclesial, pela Universidade Potiguar. Em 2005 e 2007, cursou bacharelado em Comunicação Social, na Universidade Pontifícia Salesiana, em Roma. Nestes 25 anos de sacerdócio, Monsenhor Edilson desempenhou várias funções na Arquidiocese de Natal: de 1991 a 1992, vigário paroquial de São Paulo Apóstolo, em São Paulo do Potengi; de 1992 a 1998, pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição,
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em Lajes; de 1996 a 1998, administrador da Paróquia de São Paulo Apóstolo, em Pedro Avelino; de 1998 a 2005, pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Macau; entre 2000 e 2001, administrador da Paróquia de São João Batista, em Pendências; de 2008 a 2011, administrador da Paróquia da Imaculada Conceição, em Nova Cruz, e, de 2011 a 2012, pároco da mesma paróquia. Outras funções também foram desempenhadas por ele, neste período. De 2000 a 2005, foi representante do clero, na Comissão de Presbíteros, no Regional Nordeste 2, da CNBB, e coordenador arquidiocesano da Pastoral Presbiteral. Entre 2006 e 2007, foi vigário cooperador da Paróquia de São João Maria Vianney, em Roma. De 2009 a 2011, foi Vigário Episcopal para o Clero, na Arquidiocese de Natal, e de 2008 a 2011, assistente eclesiástico da Pastoral da Comunicação. Desde 2012, era Vigário Geral e coordenador do Setor de Comunicação, na Arquidiocese de Natal. De 2012 a fevereiro de 2016, também foi colaborador da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, em Neópolis. Em fevereiro de 2016, foi criada a Paróquia de Santana, no bairro de Capim Macio, zona sul da capital, sendo ele o primeiro pároco, função que desempenha até os dias atuais. Além disso, Monsenhor Edilson era, até ser eleito bispo, membro do Colégio de Consultores e dos Conselhos Presbiteral e de Assuntos Econômicos, da Arquidiocese de Natal.
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Mensagem ao povo de Oeiras Em mensagem dirigida ao povo de Deus, presente na Diocese de Oeiras, no dia 11 de janeiro, Monsenhor Edilson, citando a Encíclica Evangelii Gaudium, escreveu: “Chego com alegria, imbuído do espírito proposto pelo Papa Francisco na Encíclica Evangelii Gaudium: “A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus” (EG 1). Pretendo somar força no combate e na superação do que afronta o mundo atual. Como diz o Papa nesta mesma Encíclica: “O grande risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada. Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem” (EG 2).” No final da mensagem, ele citou o Apóstolo Paulo e, também, disse que se colocava nas mãos de Cristo: “Quero dizer que o que está acontecendo, eu não tenho explicação, mas afirmo, no mais profundo do meu ser, que não é um projeto pessoal, não é um desejo, não é uma estratégia arquitetada, não é mérito nenhum de minha parte. É graça! É puramente graça! São os desígnios de Deus que não têm explicação. Hoje, mais que nunca, estou convencido disto, o que me leva a declarar, fazen-
Brasão de Dom Edilson, com o lema: “Em tudo a caridade”
do minhas as palavras de São Paulo: “Pela graça de Deus, sou o que sou” (1Cor 15,10). Mais uma vez me coloco nas mãos de nosso Senhor Jesus Cristo e peço ser, a cada dia, iluminado por seu Espírito para que eu contribua, no processo da sucessão dos Apóstolos, com o bem da Igreja e da humanidade. “
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a ordem | Espaço Infantil
Volta às aulas
Terminado o período de férias é hora de voltar à rotina e preparar as crianças para a volta às aulas. Mudanças nos hábitos do seu filho nos últimos dias de descanso vão contribuir para que ele retorne para a sala de aula com mais qualidade. Confira algumas dicas que preparamos, que vão lhe ajudar:
1 Últimos dias - No fim das férias, combine horários para dormir e para acordar. Negocie também um momento para a organização do material escolar. Volte a fazer as refeições nos horários habituais.
2 Material - Procure arrumar com os filhos a mochila com o material que será utilizado. Repor algum material que falta ou oferecer algo novo demonstra preocupação dos pais com a volta às aulas.
3 Tarefa - Algumas escolas passam lições para as férias. Verifique se foram feitas e se estão prontas para serem entregues.
4 Amigos - O retorno às aulas marca também à volta ao convívio com colegas de classe. Use isso como estímulo para voltar à rotina de aulas.
5 Troca - Incentive os pequenos a levarem fotos e panfletos de lugares que foram visitados durante as férias para comentar com colegas e professores. Estimule seu filho a mostrar na escola o que aprendeu durante esse período e a perguntar também a seus colegas o que aprenderam nas férias.
6 Incentive - Pais e familiares devem ser positivos e motivadores no momento da volta às aulas. Leve os filhos à escola com alegria e, após o primeiro dia de aula, pergunte sobre as novidades. Mostre interesse e diga o quanto aquilo também lhe empolga.
Novembro Janeiro dede 2017 de2017 2016 16 | Fevereiro
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Luiza Gualberto
a ordem | Vida pastoral
Pe. Robério Camilo, coordenador arquidiocesano de Campanhas
Campanha da Fraternidade: Tema de 2017 reflete biomas brasileiros Há 55 anos, a Igreja Católica promove a Campanha da Fraternidade, uma iniciativa que visa despertar a solidariedade dos fiéis e da sociedade, em relação a um problema concreto, buscando caminhos e soluções. A cada ano é escolhido um tema, que define a realidade concreta a ser refletida e um lema, que explicita a direção a qual se busca a transformação. A campanha é coordenada todos os anos pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e acontece sempre
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no período da quaresma, que neste ano inicia no dia 01 de março. O tema de reflexão para 2017 é “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e lema “Cultivar e guardar a criação (Gn 2,15). Segundo o coordenador arquidiocesano de campanhas, padre Robério Camilo a proposta deste ano é continuar a reflexão do Papa Francisco, sobre o cuidado com a casa comum. “O nosso Brasil é muito diversificado e dividido geograficamente e no que diz respeito ao cli-
Vida pastoral | a ordem
ma, em seis biomas: Amazônia, Caatinha, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Então, a campanha deste ano nos motiva a ajudar a cuidar da casa comum, respeitando as peculiaridades de cada bioma”, diz. Ainda de acordo com o coordenador, o que se espera alcançar por meio da reflexão do tema deste ano, é o fortalecimento da temática do ano passado, que foi o saneamento básico. Precisamos entender a importância da preservação do meio ambiente, para que possamos chegar a uma cidade melhor e um mundo melhor”, reforça.
O início O berço da Campanha da Fraternidade (CF) foi o Rio Grande do Norte, no território da Arquidiocese de Natal, na comunidade do Timbó, pertencente ao município de Nísia Floresta. No ano de 1962, o então administrador apostólico, Dom Eugênio de Araújo Sales, realizou naquela comunidade, a primeira campanha. No ano seguinte, 16 dioceses da região Nordeste aderiram à ação e, em 1964, a CF foi assumida pela CNBB.
No Brasil Segundo o bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, a depredação dos biomas é a manifestação da crise ecológica que pede uma profunda conversão interior. “Ao meditarmos e rezarmos os biomas e as pessoas que neles vivem sejamos conduzidos à vida nova”, afirma. O texto-base está dividido em quatro capítulos, a partir do método ver, julgar e agir, faz uma abordagem dos biomas existentes, suas características e contribuições eclesiais. Também traz reflexões do tema sob a perspectiva de São João Paulo II, Bento XVI e o papa Francisco. Ao final, são apresentados os objetivos permanentes da Campanha, os temas anteriores e os gestos concretos previstos durante a Campanha 2017.
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Rivaldo Júnior
a ordem | Paróquias
São Miguel:
uma paróquia no litoral O litoral é característico por reunir pessoas que buscam uma opção de turismo ou lazer. Mas, também é um espaço para a evangelização. O território da Arquidiocese de Natal conta com algumas paróquias presentes no litoral sul e norte do estado. Uma delas é a Paróquia de São Miguel Arcanjo, no município de São Miguel do Gostoso. Desmembrada da Paróquia do Bom Jesus dos Navegantes, de Touros, a Paróquia de
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São Miguel é recente, com apenas cinco anos de criação. Ela foi criada no dia 15 de julho de 2011. Mas a devoção ao padroeiro é antiga, com aproximadamente 117 anos. Aspectos históricos O livro de tombo da paróquia traz alguns aspectos históricos da fé e devoção do povo de São Miguel do Gostoso. Diz um trecho do livro: “A Igreja católica em São Miguel do Gostoso
Igreja Matriz de São Miguel
foi fundada no dia 29 de setembro de 1899 por um membro da comunidade, chamado Miguel Felix Martins, um dos primeiros moradores da pequena comunidade de São Miguel. Miguel Felix era muito católico e devoto de São Miguel Arcanjo. Ele fez uma promessa para o santo e alcançou a graça. Então, fez o que havia prometido ao glorioso São Miguel: construiu a primeira capelinha dedicada a São Miguel Arcanjo nesta localidade”.
Na atualidade Atualmente, a comunidade tem como pároco, o padre João Maria dos Anjos. A Paróquia conta com sete setores, atendendo a 18 comunidades. A vida pastoral é bem ativa, com mais de 15 grupos. Segundo o sacerdote, além das atividades pastorais, a paróquia mantém parcerias junto a grupos de proteção ao meio ambiente, bem como iniciativas de promoção à cultura e atividades sociais. “Com a criação da Área Pastoral, antes de ser paróquia, o responsável era o padre Fábio Pinheiro. No período em que permaneceu aqui, ele criou o Coletivo de Direitos Humanos Ecologia Cultura e Cidadania (CDHEC) para a promoção de diversas atividades, que contribuem para o desenvolvimento humano. Mantivemos esta parceria até os dias atuais, por meio do Espaço Tear, que integra o coletivo. Todos os anos, o grupo organiza a encenação da Paixão de Cristo e o Alto de Natal. Ficamos felizes em manter parceria com este projeto, pois estas iniciativas oferecem um caminho diferente para os jovens, tirando-os, muitas vezes, do caminho das drogas e violência”, enfatiza. Além da devoção a São Miguel, os fiéis veneram a figura de São Pedro, afirma Pe. João. “Por aqui ser uma região que tem muitos pescadores e São Pedro tem essa relação forte
Rivaldo Júnior
Paróquias | a ordem
Endereço: Av. dos Arrecifes, 1638 - Centro São Miguel do Gostoso/RN Padre João dos Anjos, pároco
com a pesca, a devoção a ele é muito forte. Todos os anos, desenvolvemos uma programação, que conta com procissão fluvial e terrestre, além de missa, que conta com a participação de muitos fiéis, em especial, dos pescadores”, diz. Padre João também fala que a presença constante de turistas nas celebrações da Igreja é importante. “Todas as semanas, nas missas, temos a participação de fiéis vindos de outros estados e até de outros países. Mesmo alguns não compreendendo nossa língua, eles participam das celebrações, o que mostra um gesto de devoção”, ressalta.
Horários de missa na matriz Quintas – 19h Domingos – 08h/19h Secretaria paroquial Segunda a sexta-feira, das 08h às 12h e das 14h às 17h.
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Cedida
a ordem | Paróquias
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária
“Da Candelária és a luz” No ano de 1976, foi construído o Conjunto Candelária, em Natal. Os fiéis católicos se reuniam no galpão da empresa que estava construindo o conjunto para participar das missas, que eram presididas pelo Padre Gerard Hensgens (Pe. Pio), então pároco da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Morro Branco. Depois dele, o Monsenhor João Penha Filho ( já falecido) também deu assistência à comunidade.
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Em 20 de setembro de 1978, foi criada a Paróquia de Nossa Senhora da Candelária, tendo como primeiro pároco, Padre Antônio Vilela Dantas. Ele ficou à frente da Paróquia até 2002, quando foi sucedido pelo Padre Antônio Gomes da Silva. Desde 7 de janeiro de 2010, a Paróquia tem como pároco, o Padre Júlio César Sousa Cavalcante, que é auxiliado pelos vigários paroquiais, Padre Manoel Nunes Rodrigues e Padre Ro-
berlan Roberto Gomes, e pelo Diácono Permanente, Marcos França. Atualmente, no território paroquial há a Igreja Matriz, a Igreja da Mãe Peregrina e um terreno, doado pela Prefeitura de Natal, para a construção da Igreja de Nossa Senhora do Guadalupe. “Temos três anos para construí-la. Mas, por enquanto, estamos priorizando o projeto de construção da torre da Igreja Matriz”, explica o pároco.
Rivaldo Júnior
Paróquias | a ordem
Endereço: Rua Marechal Rondon, 1859, Candelária, Natal Secretaria Paroquial: Funciona às terças, quintas e sábados, das 8 às 12h; de terça a sexta, de 15 às 20 horas. Padre Júlio César, pároco
Ação missionária e pastoral A Paróquia de Nossa Senhora da Candelária conta com dez setores missionários, 26 pastorais, além do ECC, EC, Segue-me, EJAC e dois encontros de adolescentes. Entre as tantas ações realizadas na Paróquia, Padre Júlio destaca a Caravana Semeando o Amor. “É um trabalho muito intenso. Eles iniciam as atividades em março e dura o ano todo, com momentos de espiritualização”, comenta. No final do ano, os caravaneiros realizam ações sociais junto a famílias carentes. Outro trabalho destacado pelo pároco é o da Pastoral da Promoção Humana, que atuam junto a duas comunidades mais carentes, situadas no território da Paróquia – a Menino
Jesus e a Rainha da Paz. “Também admiro muito o trabalho de quem está nos Setores Missionários, tendo em vista que estamos em um bairro onde há muitos condomínios e casas em que o acesso não é tão fácil”, enfatiza. A padroeira A sugestão de dedicar a Paróquia a Nossa Senhora da Candelária foi do Padre Antônio Vilela. Ele havia chegado da cidade do Rio de Janeiro, onde residida, e lá existe a famosa Igreja da Candelária. “Na época, ele propôs que tanto o Conjunto residencial como a paróquia fossem dedicados a Nossa Senhora da Candelária, e a sugestão foi aprovada pelo povo”, diz Padre Júlio César.
Missas (Igreja Matriz): Terça a sexta – 17h Quinta – 8h, seguida de adoração ao Santíssimo Sábado – 18h Domingo – 8h, 11h e 18h Saiba mais: (84) 3615-2851 / 2852 paroquia@paroquiadecandelaria.com.br www.paroquiadecandelaria.com.br PNSCandelaria pnsceventos
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a ordem | Notas cedida
Comunicação é tema do curso do clero “O clérigo comunicador no mundo contemporâneo” será o tema do curso anual de atualização do clero da Arquidiocese de Natal, que será realizado dias 21 e 22 de fevereiro, no Centro de Treinamento de Ponta Negra. A temática está em consonância com a Meta 04, do Marco Referencial Pastoral Arquidiocesano em vigência - “Uso eficaz dos meios de comunicação social em favor de um maior compromisso pastoral e evangelizador.” O curso será assessorado pelo jornalista Rafael Alberto, secretário executivo de comunicação da Arquidiocese de São Paulo, e, também é mestrando em Comunicação e Semiótica, pela Universidade Católica de São Paulo.
Rafael Alberto, jornalista
Rodrigo Galvão
Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida, em Neópolis
Neópolis tem programa especial no Ano Mariano Em agosto de 2016, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), decretou um ano Mariano, ratificado pelo Papa Francisco, por ocasião da comemoração dos 300 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida às margens do Rio Paraíba do Sul, no interior de São Paulo, que aconte26 | Fevereiro de 2017
cerá neste ano. No decreto, a CNBB pede que as dioceses e paróquias que tenham Nossa Senhora Aparecida como padroeira, realizem uma programação especial, marcando a celebração do tricentenário. No território da Arquidiocese de Natal, apenas uma paróquia é dedicada à Nossa Senhora Aparecida, a
do bairro Neópolis, na capital. Por ocasião desta iniciativa, o Arcebispo, Dom Jaime Vieira Rocha, publicou um decreto, datado de 24 de dezembro, determinando que a Paróquia seja proclamada como lugar de peregrinação e romaria, durante o Ano Mariano, que vai encerrar no dia 11 de outubro de 2017.
Assunto | a ordem
a ordem | Espiritualidade
Luiza Gualberto
Galeria
Nailton Oliveira
do RN, a O Tribunal de Justiça l e a Secretaria Arquidiocese de Nata e Cidadania Estadual de Justiça cooperação firmaram acordo de ção de técnica para a atua oral Carcerária st Pa da voluntários projetos de para a realização de a apenados do humanização junto estadual. A sistema penitenciário aconteceu dia assinatura do acordo ado 27 de dezembro pass
Luiz Rocha
Procissão de encerramento da festa do Bom Jesus dos Navegantes, levou centenas de pessoas às ruas da cidade de Touros, dia primeiro de janeiro
Centenas de pessoas participaram da procissão de encerramento da festa de São Sebastião, padroeiro do Alecrim , Natal, no final da tarde do último dia 20
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a ordem | Para conhecer
Turismo & Cultura
Por do sol no Rio Potengi
Rosângela Farias Agente de turismo
Compartilhar experiências e momentos incríveis, descobrir e entender diferentes culturas, aumenta os horizontes. Isso é promovido através de serviços e produtos que envolvem a realidade da comunidade local. Assim é o por do sol margeando o Rio Potengi. O passeio tem início no Iate Clube do Natal, acolhendo visitantes nacionais e internacionais como também a comunidade local. O barco é do tipo Catamarã, com capacidade para 100 passageiros, um deck panorâmico e banheiro a bordo. A duração do passeio é de 01h15, contemplando a Fortaleza dos Reis Magos, Ponte Newton Navarro, Ponte de Igapó, navios e barcos ancorados, antigos prédios e monumentos culturais. Ressaltemos a imagem de Nossa Senhora da Apresentação, a Padroeira de Natal, a margem do rio, onde grupos demonstram fé e devoção, são roteiros focados na religiosida-
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de fora do período da festividade. Orações e canções são embaladas sob a coordenação de um padre ou representante da igreja\paróquia, tornando o momento contemplativo e celebrativo. Em alguns momentos informações são passadas por um guia cadastrado pela Embratur, focando a história, curiosidades e a importância
Canindé Soares
da sustentabilidade local e preservação ambiental do rio e manguezais. Um sentimento para este passeio que envolve cultura, música e natureza...Emoção! Nesse aspecto, serviço e hospitalidade interagem apresentando a você, as belezas da natureza potiguar. Vivencie você também esta experiência!
Em ação | a ordem
“Chegamos pela dor e permanecemos pelo amor” Com mais de 80 anos de história e milhares de grupos espalhados por quase todo o mundo, a irmandade de Alcoólicos Anônimos, tem ajudado a muita gente a mudar o estilo de vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada ano, acontece cerca 3,3 milhões de mortes, no mundo, devido ao consumo nocivo do álcool. José, um frequentador do AA há mais de 13 anos, em Natal, testemunha que participar da irmandade, o ajudou a renascer. “Cheguei ao AA pela dor e permaneci pelo amor. Hoje, o AA significa para mim, a possibilidade de reformular a vida e reescrever a minha história”, conta. Ele explica que o único requisito para participar dos Alcoólicos Anônimos é o desejo de parar de beber. “Esse desejo faz que com permaneçamos no AA. O nosso trabalho cotidiano é realizado através de terapia de grupo”, destaca. Amigos do AA Além dos que frequentam, semanalmente, as reuniões de grupos, o AA também conta com grupos de amigos. No Rio Grande, por exemplo, há cerca de um ano, foi criado um grupo de amigos, que são profissionais da saúde. “Conheci o AA em uma palestra que fui convidada a ministrar e me surpreendi com a humildade de seus membros e a organização da irmandade”, conta.
Cacilda Medeiros
Livro que contém os princípios básicos do AA
Agora, está sendo criado o grupo de comunicadores amigos do AA, formado por profissionais da área de comunidade. A segunda reunião do grupo está marcada para o dia 15 de fevereiro. Serviço Alcoólicos Anônimos Escritório central Av. João Pessoa, 198 Edifício Canaçu, salas 408/409 Cidade Alta – Natal (RN) (84) 3221-2777 http://aarn.org.br
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a ordem | Artigo
Do Carnaval à
Carnavalização “Para tudo se acabar na quarta-feira”, diz a letra de Martinho da Vila, em desalento pelo fim do reinado de Momo. Histórias de amor, risos e máscaras acabam e, como diz o povo, começa o ano, de fato, no Brasil. O cancioneiro popular é rico em imagens sobre a efemeridade da festa, os dias passam voando e colorido termina em cinzas. Agora, imagina se o ano tivesse mais dias de Carnaval? E já foi assim. O escritor russo Mikhail Bakhtin provou que durante a Idade Média (séculos V ao XV d.C.) e no Renascimento, a festividade chegava a durar até três meses, dividida em vários períodos. A sociedade da época era bem marcada entre os donos das terras, os senhores feudais, e os servos. Aquele trabalho intenso, de sol a sol, e a exploração dos senhores gerava tensões no interior do feudalismo. Era uma “panela de pressão”, para usar uma metáfora popular, daí a necessidade de momentos catárticos, de liberação e alegria. É onde entra o carnaval popular. As festas provocavam uma verdadeira desconstrução do mundo, as rígidas divisões eram invertidas e se aboliam as regras morais. Daí, valia tudo: fingir que era rico, usar roupas de nobre, ser servido pelo senhor. Claro, tudo era simulado e controlado pelo poder dos nobres. O riso carnavalesco se apresentava em espetáculos e rituais cômicos e em textos cuja linguagem era familiar e até grosseira. Na literatura da época, conforme analisou Bakhtin, podiam-se notar expressões chulas e de baixo calão que só podem ser compreendidas à luz dessa história.
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Adriano Cruz Jornalista e professor da UFRN
Em meados do século XV, começou o Renascimento, movimento filosófico e artístico que teve como berço a região onde hoje é a Itália e se espalhou pela Inglaterra, Alemanha, Países Baixos, entre outros. Naquele período, os reis chegavam a dar as chaves das cidades aos bobos da corte, que ficavam no trono, e se vestiam com roupas de camponeses. Esse “destronamento” dos monarcas mantinha o equilíbrio da sociedade e gerava a produção de inúmeras manifestações culturais: teatro, dança, música e poemas. Com o passar dos anos, a sociedade se complexificou e novas relações sociais foram estabelecidas. Mas a sátira, o destronamento e o humor permaneceram produtivos nas mais variadas esferas da cultura. Bakhtin denominou esse olhar enviesado para o mundo de “carnavalização”, um princípio estético que está presente desde as caricaturas dos jornais ao universo dos youtubers ou nas pegadinhas do Sílvio Santos. Nas minhas pesquisas, estudei como essa carnavalização produz boas reflexões e risos nos desenhos de humor. Nada escapava ao traçado dos chargistas, desde as promessas não realizadas pelos políticos às gafes das celebridades. E, quando o contexto social é marcado por conflitos, as polêmicas pululam e se materializam em imagens carnavalizadas. Que o diga o Mr. Fora Temer e seu estabanado governo. Assim, o carnaval pode até acabar na quarta-feira, mas a carnavalização permanece na nossa cultura como herança cultural a desafiar o tempo.
Informe | a ordem
No verão, a onda é exercitar-se ao ar livre Por Cione Cruz O Nordeste vive, no momento, a estação mais esperada do ano: o verão. E no Rio Grande do Norte, onde se costuma dizer que o sol reina o ano inteiro, e o verão é sua única estação, a temperatura média é de 30 graus. Nada mais natural do que as pessoas deem preferência, nesse período, ao esporte praticado ao ar livre, especialmente nas praias. Frescobol, vôlei e futebol de praia são algumas das modalidades que mais atraem nossos esportistas ou simplesmente banhistas que não querem ficar parados e optam por exercitar-se ao ar livre. Bastante popular em praias com
muitas dunas, como Genipabu, o sandboard é um esporte que consiste em descer as dunas de areia, utilizando uma prancha de snowboard. Aqui, no RN, chegou a ser praticado até por crianças que, não dispondo de uma prancha tradicional, utilizavam pedaços de madeira e/ou fabricavam a própria prancha utilizando material alternativo. Mas há também uma grande preferência pela prática de esportes aquáticos e o surf é o campeão. O windsurfe, kitsurf e o stand up paddle, mais recentes, praticados em todo país, nas praias potiguares, conseguem uma grande adesão, tanto nas praias urbanas de Natal, como Ponta
Negra, como nas praias mais afastadas, como São Miguel do Gostoso, Pipa, entre outras. Ainda entre os esportes aquáticos, há a opção pelo mergulho, frequente nas piscinas naturais, que no estado chamamos de parrachos, em praias mais próximas a Natal, como Pirangi, Maracajaú e Perobas. Esse esporte pode ser praticado apenas com um snorkel e uma máscara. As opções são variadas e para todos os gostos e quem não quiser grandes aparatos, pode optar pela corrida ou caminhada na praia. Essa sim, com uma enorme adesão e recomendada, inclusive, pelos médicos como a melhor opção.
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#SELIGAAI Jovens rezando o terço Por Edvanilson Lima Rezar o terço, com a dinâmica dos jovens. Essa é a proposta que está se consolidando em várias paróquias da Arquidiocese de Natal, com a realização do Terço da Juventude. Se tempos atrás se falava que a Igreja só seria jovem, quando os jovens fossem Igreja, um passo está sendo dado. Todos os meses, jovens se reúnem em suas paróquias para um programa diferente: rezar o terço, com o jeito jovem de ser. O Terço da Juventude não é diferente daquele terço mariano que já conhecemos. A diferença está na forma como é conduzido, na ambientação e na escolha das músicas. Geralmente, é preparado um terço próximo ao altar, no chão, feito por velas ou flores. Ali, os jovens rezam e fazem as suas preces. Além disso, o terço tem um perfil catequético. Segundo Tiago Cortez, responsável pelo Terço da Juventude na Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, em Neópolis, “os jovens são direcionados a vivenciar a verdadeira fé católica: Jesus Eucarístico está no centro e em lugar de destaque, enquanto Maria está próxima de cada fiel, inspirando-o a adorar e a contemplar, através da recitação do terço, a vida do Salvador”, afirmou.
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Jovens rezando o terço, em Neópolis
Na Paróquia de Cristo Rei, no Conjunto Pirangi, zona sul de Natal, o Terço da Juventude já é realizado há mais de um ano. Felipe Rafael, que faz parte da equipe de coordenação do terço, disse que antes de implantá-lo na paróquia, buscou pesquisar e entrar em contato com jovens de outras paróquias que já realizavam o terço. “Houve uma troca de experiências que acontece até hoje”, disse. O terço é organizado pelos jovens, mas não é destinado apenas aos jovens. As comunidades paroquiais têm abraçado a iniciativa: “Apesar do nome, o terço é planejado de forma a alcançar pessoas de todas as idades e vem conseguindo, com êxito, atingir toda a comunidade da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, além de visitantes de outras paróquias”, reforçou Tiago. Então, se liga aí! Neste mês de fevereiro, programe-se e reze o terço junto aos jovens da paróquia mais próxima!
Liturgia daPalavra Pe. José Lenilson de Morais Pároco da Paróquia de Santana e São Joaquim, São José de Mipibu
Notas
Cinzas:
na fragilidade, a esperança
Toda pessoa, crente ou não, tem consciência de sua finitude. Ela sabe que tem um limite e um fim. Um dia qualquer nossa vida na terra será encerrada e esperamos por uma realidade que dê continuidade a nossa existência, que, muitas vezes, é marcada por fraquezas e pelo pecado. A cada ano iniciamos a Quaresma com um ritual cheio de significado para algumas religiões, dentre elas o cristianismo: as Cinzas. Na quarta-feira, após o Carnaval, celebramos a “Missa de Cinzas” para recordar nossas faltas, omissões e, consequentemente, a necessidade de purificação. É necessário esclarecer que as “cinzas” não são algo mágico e supersticioso que se receberia para limpar os excessos do carnaval. Essa visão, embora difusa, foge do real significado das cinzas. Estas remetem ao livro do Gênesis 3, 19: “ comerás o pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que fostes tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar”. A quarta-feira de cinzas, como o nome já nos faz lembrar, nos recorda a fragilidade do ser humano. As cinzas são usadas desde a antiguidade pelo povo hebreu, nos seus rituais. Por exemplo, se vamos ao livro de Jonas, a cidade de Nínive faz penitência, cobrindo-se de cinzas, vestindo-se de sacos, para recordar a fraqueza do ser humano, e a necessidade de confiar na misericórdia de Deus. No relato bíblico, a cidade de Nínive vivia imersa na violência, na insegurança e em todo tipo de maldade, e Deus enviou o profeta para advertir seus habitantes do perigo que estavam correndo. Diante da advertência de Jonas, o rei e toda cidade fez penitência cobrindo-se de cinzas
e arrependendo-se de suas maldades (Cf. 3, 6-10). Az cinzas são um sinal externo de penitência, mas deve revelar a interioridade do coração do homem, a conversão, o seu desejo de voltar a Deus. O uso da cinzas, porém, não tem sentido algum sem o jejum. A milenar prática do jejum tem várias motivações; duas são as principais: a primeira, para indicar que temos necessidade de controlar os nossos impulsos, que nós não podemos ser dominados por aquilo que é imediato, pelo desejo natural de todo animal: o desejo de comer, o desejo de manter relações sexuais, a luta pela sobrevivência a todo custo, isto é, o ser humano precisa ter o autocontrole. Então, a penitência é um modo de indicar essa renúncia para o seu crescimento. Mas, essa penitência sem a segunda parte, o segundo aspecto, ela perde o seu sentido. O segundo aspecto é a caridade. Para que eu faço jejum? Para que eu me recorde daquelas pessoas que, por algum motivo, da injustiça social sobretudo, estão privadas dos bens essenciais para a sua subsistência. Então, eu sou recordado por aquela penitência, por aquele jejum, que eu tenho uma co-participação, sou solidário com aquelas pessoas que o ano todo fazem jejum sem o querer. Nestes dias em que vimos as terríveis manifestações de violência dentro dos presídios brasileiros, nas ruas e nas redes sociais, somos chamados a parar e refletir sobre o que somos como pessoas e como cristãos. Talvez devêssemos perceber melhor nossa humanidade, as nossas misérias, e, a partir daí, buscar a conversão sincera e interior, sem a qual a quaresma não gera frutos de vida e de paz.
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Cacilda Medeiros
Espiritualidade | a ordem
Diácono Emanoel Freitas de Araújo Presidente da Congregação Mariana de Nossa Senhora da Conceição e São Tarcísio, em Natal
Retiros de Carnaval
“E os apóstolos ajuntaram-se a Jesus, e contaram-lhe tudo, tanto o que tinham feito como o que tinham ensinado. E ele disse-lhes: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco. Porque havia muitos que iam e vinham, e não tinham tempo para comer. E foram sós num barco para um lugar deserto”. Mc 6, 30-32. É tradicional, no período de carnaval, muitos católicos buscarem os retiros nestes dias, para dar uma pausa na rotina diária, em busca de um encontro mais profundo com Deus. Em nossa Arquidiocese, diversas comunidades promovem estas atividades, como a Congregação Mariana, Renovação Carismática e Shalom, entre outras, na capital e interior do estado. Mas, porque fazer um retiro? “Ele (Jesus), porém, se retirava para lugares solitários e orava”. (Lc 5, 16). Esse é o fundamento do retiro: deixar nosso ambiente (trabalho, casa, Igreja, comunidade, grupo, família, escola etc) e ir para um lugar afastado (deserto) e orar. Observo hoje que todos os cristãos conscientes de seu discipulado sentem a necessidade de se afastar do mundo para um encontro a sós com o Senhor. Na Bíblia, orar é uma aproximação da pessoa a Deus por meio de palavras ou do pensamento, em particular ou em público, com o objetivo de, no silêncio, ouvir a voz de Deus no coração. Inclui confissão (Sl 51), adoração (Sl 95,6-9; Ap 11,17), comunhão (Sl 103,1-8), gratidão (1Tm 2,1), petição pessoal (2Cor 12,8) e intercessão pelos outros (Rm 10,1). Para ser atendida, a oração requer purificação (Sl 66,18), fé (Hb 11,6), vida em união com Cristo (Jo 15,7), submissão à vontade de Deus (1Jo 5,14-15; Mc 14,32-36), direção do Espírito Santo (Jd 20), espírito de perdão (Mt 6,12) e relacionamento correto com as pessoas (1Pd 3,7). No retiro, o Cristão que se encontra com Jesus Cristo recupera suas forças. “Recarrega as baterias” e firma a vida para as próximas batalhas. O discípulo se prepara para tomar as decisões com novos critérios. Dificilmente nos arrependemos de uma decisão tomada em retiro, pois no retiro assumimos os valores de Jesus. É no retiro que nos conhecemos melhor, sabemos quais as nossas fraquezas, as nossas falhas e onde caímos. Quando nos conhecemos melhor, conhecemos mais nossos limites e nossas qualidades. Aprendemos a ser transparentes e coerentes e Deus nos torna capazes de entender as limitações dos irmãos. O retiro traz benefício de paz, descanso, autoconhecimento, valores e sabedoria na decisão, dons gratuitos do Amor de Deus. O Mestre continua a chamar seus discípulos a se retirarem no lugar deserto.
Direito Canônico Por Diác. Francisco Teixeira - Coordenador da Pastoral de Acesso Justiça Uma das linhas de ação da Pastoral para a Promoção da Justiça volta-se para o combate ao desrespeito à dignidade humana, promovido pelo sistema carcerário que conhecemos. A violência contra a vida e a dignidade de homens e mulheres encarcerados é alarmante e vergonhosa. O sistema prisional está completamente falido, pois há muito esquecido pela sociedade e, por extensão, pelo Estado, cuidou apenas de segregar a massa pobre e marginalizada que há séculos o modelo político-econômico preferiu empurrar para as periferias das grandes cidades. As centenas de pessoas presas nas cadeias e penitenciárias do nosso Estado encontram-se subjugadas pela indiferença, desprezo e discriminação de parte da sociedade que constantemente é manipulada por alguns meios de comunicação, que em muitos casos, preferem à barbárie a investigar as verdadeiras causas de tanta violência. E mais lamentável ainda é se constatar que a pseudo-autoridade pública ainda cometa a insanidade de comemorar a carnificina ocorrida recentemente. Trata-se de um verdadeiro desserviço à sociedade e verdadeira agressão à vida e dignidade humana, e à cidadania de todos nós. Quanta irresponsabilidade e insensatez! Tão despautério não seria uma forma de expressar a inércia e a omissão do Estado? A Igreja Católica deseja e quer ser presença junto à comunidade dos irmãos e irmãs encarcerados – “os mais pobres entre os pobres, porque privados de sua liberdade”, e se torna presente, através da Pastoral Carcerária, como presença da Igreja junto às pessoas presas e suas famílias, comprometida com a defesa dos direitos humanos e a defesa da vida em sua integralidade, em vista de um mundo sem prisões.
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Direito & Cidadania
Consumidor atento na volta às aulas O meses de janeiro e fevereiro de cada ano são marcados pelas férias escolares e início do calendário letivo, período que demanda especial atenção dos pais desde a escolha da instituição de ensino que os filhos irão estudar até a compra de material escolar, fardamento e demais detalhes que a volta às aulas impõe. A leitura atenta do contrato de prestação de serviços educacionais é o ponto de partida, visto tratar-se de documento que regerá todas as obrigações que a escola e os pais terão desde a sua assinatura, podendo o contratante solicitar uma cópia para análise e posterior entrega, evitando-se a prática comum de “rubricar sem ler”. O novo ciclo de estudos normalmente apresenta-se com o reajuste do valor da mensalidade escolar, o que é permitido pela legislação. O novo valor, no entanto, deve estar de acordo com a evolução das despesas da escola no último ano, apresentando-se ao consumidor uma planilha comprobatória de custos, sendo proibida uma nova revisão do valor antes do prazo de 12 meses. Outra situação que pode gerar dúvidas diz respeito ao aluno inadimplente, sendo possível à instituição de ensino negar-se à renovação da matrícula, não podendo, contudo, impedir o dis-
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Por Darwin Campos de Lima Advogado
cente de realizar atividades relativas àquele período que está em dívida, como, por exemplo, a realização de provas ou outras atividades do currículo, sendo igualmente ilegal a negativa de entrega de histórico escolar que possibilite a migração para outra escola. No que toca à lista de material escolar, muito cuidado. Apesar de ser legítima a sua solicitação aos alunos, a instituição de ensino não pode exigir materiais de uso coletivo, como giz, produtos de higiene etc, nem tampouco direcionar a compra para um único fornecedor ou uma única marca. O consumidor deve ter a liberdade de escolha, podendo, inclusive, optar pela entrega fracionada, por exemplo, metade em cada semestre, aproveitando-se, neste caso, de eventual descontos e promoções. São muitas as situações de alerta neste período de retorno às atividades escolares de modo que a observação cuidadosa das práticas adotadas, em especial pelas escolas e livrarias, é necessária para se evitar abusos e ilegalidades, garantindo o respeito aos direitos do consumidor, lembrando-se que eventuais excessos podem e devem ser comunicados ao PROCON para adoção das medidas jurídicas necessárias.
CURTA E COMPARTILHE Treinando matemática “Matemática, treinando seu cérebro”. Este aplicativo foi feito para quem quer praticar as operações básicas de matemática. O objetivo é desenvolver agilidade nos cálculos mentais. Para isso o app usa gameficação: quanto mais rápido você for, mais perguntas poderá responder. Você ganha tempo adicional a cada questão que acertar. Se errar, perde tempo. Com isso, o “Matemática” é um passatempo interessante para quem gosta ou quer ter mais intimidade com cálculos. Fonte: http://exame.abril.com.br
Aprendendo outros idiomas O Duolingo é um aplicativo bem conhecido, para quem aprender um idioma. Em dezembro, ele ganhou um novo recurso que promete ajudar usuários a não desistir de aprender uma língua. Chamado de Duolingo Clubs, a ferramenta permite que a pessoa faça parte de grupos de estudo ou até mesmo crie seu próprio grupo. Dentro de um time, os membros podem visualizar o que as outras pessoas estão fazendo. Além disso, há um ranking dos usuários que estão se dedicando mais a aprender o idioma selecionado. Fonte: http://exame.abril.com.br
Livros&Filmes Livro: Dom José Maria Pires: uma voz fiel à mudança social Autor: Dom José Maria Pires O livro reúne alguns pronunciamentos feitos por Dom José como arcebispo da Paraíba, de 1966 a 1994. Homem que enfrentou a violência do período das ditadura militar do Brasil e conseguiu promover a revolução da conscientização e da promoção do povo excluído. Leitura atual e transformadora. Foi publicado pela Editora eduepb, em 2012. (Dica da jornalista Márcia Marques, assessora de comunicação da Diocese de Campina Grande (PB)) Livro: O sol depois da chuva Autor: Gabriel Chalita O livro conta a história de Francisco, morador da Ilha da Aliança. Seu mundo se expande a partir da convivência com a bela e inteligente Mara e do que vê no cineclube criado em sua comunidade. Do título, o sol representa as coisas boas e a chuva lembra os contratempos que enfrentamos. Depois de superar desafios, os bons momentos nos ensinam como apreciar melhor a vida que temos. (Dica do jornalista natalense, Cézar Barros)
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Cacilda
a ordem | Artigo
Experimentando o milagre da partilha Nos últimos vinte anos, a Arquidiocese de Natal vivencia a experiência do milagre da partilha. Fiéis que, com tão pouco, expressam a sua manifestação na obra salvífica de Cristo, através da devolução periódica e comprometida. Esta graça não surgiu do acaso; ela é fruto de um trabalho que teve início em 1997, com a criação da Pastoral Arquidiocesana do Dízimo e a participação importantíssima do Instituto MEAC – Missionários para Evangelização e Animação de Comunidades São Paulo Apóstolo, convidado pelo Arcebispo de Natal, na época, Dom Heitor de Araújo Sales, no desejo de que todas as paróquias vivenciassem a experiência do Dízimo. Os primeiros coordenadores dessa Equipe Arquidiocesana foi o casal Fernando e Sânzia, que, de forma destemida, contando com um pequeno grupo, iniciaram o trabalho de conscientização sobre o Dízimo, sofrendo rejeições e críticas, quebraram as barreiras de uma mentalidade preconceituosa sobre o Dízimo e a sua finalidade. Apesar das dificuldades, essa equipe missionária desbravou as paróquias da Arquidiocese, com o intuito de despertar no coração dos católicos, uma consciência de partilha. Assim, iniciava-se a construção da história da Pastoral do Dízimo na Arquidiocese de Natal, com diversas pessoas manifestando o seu “sim”, como coordenadores e membros de equipes que, de forma decisiva, não hesitaram no momento da missão,
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Randenclécio Xavier Coordenador arquidiocesano da Pastoral do Dízimo
superando obstáculos e renunciando até mesmo aos lazeres familiares com o objetivo de levar a mensagem da boa nova de Jesus. Atualmente, a Pastoral Arquidiocesana do Dízimo é composta por trinta e cinco agentes que representam os quatorze zonais existentes. Conta com uma equipe de assessores e grupo de animação missionária para realizar diversas atividades como: encontros de formação, palestras, testemunhos e momentos missionários sobre o Dízimo nas cento e seis paróquias da Arquidiocese de Natal. Essa equipe empenha-se em realizar um trabalho voltado para a formação dos agentes e dizimistas acerca do verdadeiro papel do Dízimo na vida eclesial, como sinal de pertença de todo batizado. Os desafios são enormes, como por exemplo: a visão de muitos fiéis, de que “a Igreja é rica e não precisa de nossa contribuição”; já outros enfrentam a visão de que “posso devolver o Dízimo em trabalho voluntário”, entre outras questões que são incutidas no coração dos católicos, que precisam ser trabalhadas e lapidadas. Diante dessa realidade, a Pastoral Arquidiocesana do Dízimo preparou uma programação especial para celebrar vinte anos de evangelização com o tema: “Dizimo, uma Igreja comprometida em Missão!” e o lema: “Vinte anos plantando a semente da partilha”. Que Nossa Senhora da Apresentação nos ensine a ouvir o chamado do seu filho Jesus.
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