Fundação Paz na Terra Ano XLV - Nº 58 Natal/RN | R$ 7,00 Fevereiro de 2021
O QUE EU APRENDI COM A
pandemia?
A ORDEM
SUMÁRIO EDITORIAL
NÃO É PANDEMIA, É SINDEMIA
Fundação Paz na Terra Ano XLV - Nº 58 Natal/RN | R$ 7,00 Fevereiro de 2021
O QUE EU APRENDI COM A
pandemia?
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CAPA
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ENTREVISTA - Campanha da Fraternidade Ecumência 2021 convida ao diálogo
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ARTIGO - A instituição das mulheres em Ministérios da Igreja
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REPORTAGEM - Através dos Papas e Bispos, a Igreja conclama fiéis a se vacinarem
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VIVER - Mundo virtual não é novidade para idosos
EXPEDIENTE
Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689
CONSELHO CURADOR: Pe. Antônio Nunes Vital Bezerra de Oliveira CONSELHO EDITORIAL: Cacilda Medeiros Luiza Gualberto Josineide Oliveira Jeferson Rocha Cione Cruz André Kinal Milton Dantas Vitória Élida
EDIÇÃO E REDAÇÃO: Luiza Gualberto (DRT-RN 1752) Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) REVISÃO: Milton Dantas (LP 3.501/RN) FOTO DA CAPA: André Kinal
Aparece nos horizontes do Brasil, depois de quase um ano do surgimento da pandemia, um raio de esperança no combate à Covid ou, ao menos, de convivência com a doença. As vacinas vão combater a Covid-19, embora o vírus continue circulando no País e no Mundo. Nesta edição, duas matérias abordam o tema. Abaixo, uma parte inicial de um artigo escrito por Frei Beto, também sobre o tema. Ele escreve: “É possível erradicar a pandemia de Covid-19 e preservar o capitalismo? A resposta à pergunta foi dada em setembro de 2019, na prestigiosa revista científica “The Lancet”, por Richard Horton, professor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e da Universidade de Oslo. Em artigo intitulado “Não é uma pandemia”, longe de se posicionar ao lado dos negacionistas, Horton afirma que ocorre mais do que uma pandemia, há uma sindemia, conceito forjado em 1990 pelo epidemiologista Merrill Singer”. “Sindemia significa que a doença infecciosa não pode ser encarada isoladamente. Ela se entrelaça com fatores sociais, políticos e econômicos, como desigualdade social, distribuição de riqueza, acesso a bens essenciais, como moradia e saneamento. O problema, portanto, não é apenas a Covid-19. É o capitalismo sindêmico que, em tudo, prioriza a perversa lógica da acumulação privada da riqueza. Temos visto isso no Brasil, tanto nas propostas que com frequência aparecem na grande mídia, de privatização do SUS disfarçada de parceria público-privada, quanto na corrida empreendida pela iniciativa privada para importar vacinas que estariam ao alcance somente de quem possui recursos para frequentar hospitais e clínicas particulares”, escreve Frei Betto(freibetto.org). Ele tem razão. O Brasil andou por estas sendas.
COLABORADORES: José Bezerra (DRT-RN 1210) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal
DIAGRAMAÇÃO: Akathistos Comunicação (47) 9 9618-3464 COMERCIAL: (84) 3615-2800
ASSINATURAS: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 – Tirol – Natal/RN (84) 3615-2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br
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A ORDEM
PALAVRA DA IGREJA
Modificado o rito DE
IMPOSIÇÃO DAS CINZAS
Francisco Papa
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A situação de saúde causada pela crise pandêmica do coronavírus continua exigindo uma série de atenções que também se refletem em âmbito litúrgico”
A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, da Santa Sé, publicou uma nota, no último dia 12 de janeiro, especificando os procedimentos a serem seguidos pelos sacerdotes durante a celebração da Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma. A situação de saúde causada pela crise pandêmica do coronavírus continua exigindo uma série de atenções que também se refletem em âmbito litúrgico. Tendo em vista o início da Quaresma deste ano, na quarta-feira, 17 de fevereiro, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicou em seu site as disposições a serem seguidas pelos celebrantes no rito de imposição das Cinzas. “Feita a oração de bênção das cinzas e depois de as ter aspergido com água benta sem dizer nada - precisa a nota -, o sacerdote, voltado para os presentes, diz uma só vez para todos a fórmula que se encontra no Missal Romano: ‘Convertei-vos e acreditai no Evangelho’, ou ‘Lembra-te que és pó da terra e à terra voltarás’.” Depois, prossegue a nota, “o sacerdote lava as mãos, coloca a máscara protegendo o nariz e a boca, e impõe as cinzas a todos os presentes que se aproximam dele, ou, se for mais conveniente, aproxima-se ele do lugar daqueles que estão de pé. O sacerdote pega nas cinzas e deixa-as cair sobre a cabeça de cada um, sem dizer nada”. A nota, na íntegra, assinada pelo prefeito da Congregação, Cardeal Robert Sarah, pode ser conferida no site http://www.cultodivino.va. Significado das Cinzas A Quarta-feira de Cinzas foi instituída há muito tempo na Igreja; dia que marca o início da Quaresma, tempo de penitência e oração mais intensa. Para os antigos judeus, sentar-se sobre as cinzas já significava arrependimento dos pecados e volta para Deus. As cinzas bentas e colocadas sobre as nossas cabeças nos fazem lembrar que vamos morrer, que somos pó e ao pó da terra voltaremos (cf. Gn 3, 19), para que nosso corpo seja refeito por Deus de maneira gloriosa, para não mais perecer. A intenção desse sacramental é levar as pessoas ao arrependimento dos pecados, lembrando que não podemos nos apegar a esta vida, achando que a felicidade plena possa ser construída aqui. É uma ilusão perigosa. A morada definitiva é o céu. FONTE: Portal Vatican News e Portal da Canção Nova
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A VOZ DO PASTOR
DIA MUNDIAL
A ORDEM
do Enfermo
Prezados leitores/as Na celebração da memória de Nossa Senhora de Lourdes, 11 de fevereiro, a Igreja celebra o Dia Mundial do Enfermo, instituído em 13 de maio de 1992, por decisão do Papa São João Paulo II e celebrada, pela primeira vez, em 11 de fevereiro de 1993. O Papa afirmava, na Carta de Instituição do Dia Mundial do Enfermo: “A celebração anual do ‘Dia Mundial do Enfermo’ tem o objetivo manifesto de sensibilizar o Povo de Deus e, consequentemente, as várias instituições sanitárias católicas e a mesma sociedade civil, para a necessidade de assegurar a melhor assistência aos enfermos; de ajudar quem está enfermo a valorizar, sob o plano humano e, sobretudo, sob o plano sobrenatural, o sofrimento; a envolver de maneira particular as dioceses, as comunidades cristãs, as Famílias religiosas na pastoral da saúde; a favorecer o empenho sempre mais precioso do voluntariado; a reafirmar a importância da formação espiritual e moral dos operadores sanitários e, enfim, a fazer melhor compreender a importância da assistência religiosa aos enfermos da parte dos presbíteros diocesanos e religiosos, como também de quantos vivem e trabalham junto a quem sofre”. São palavras que não perderam a sua atualidade e importância, especialmente neste tempo de pandemia, onde não só vemos a fragilidade humana ser duramente provada, mas também como a assistência aos enfermos, o cuidado com a saúde, na construção de hospitais, na provisão de todo o material sanitário necessário para o bom e justo atendimento aos enfermos, para não falar do crime hediondo da corrupção envolvendo a realidade da Saúde, colocando a vida de tantos cidadãos e cidadãs em perigo, como vemos em alguns lugares. Para a celebração do Dia Mundial do Enfermo deste ano, um ano que esperamos seja de vitória, mas também de mudança no nosso comportamento, nas nossas atitudes como cidadãos e cidadãs, as palavras do santo Papa, o mesmo que dedicou uma Carta Apostólica sobre o sentido cristão do sofrimento humano, Salvifici doloris, de 11 de fevereiro de 1984, são estímulos para que não desanimemos, mas que enchamos nosso coração de sentimentos cristãos, à luz do que o próprio Jesus realizou em favor dos doentes e sofredores. O Papa Francisco, na sua Mensagem para a celebração do Dia Mundial do Enfermo deste ano, afirma: “[...] o mandamento do amor, que Jesus deixou aos seus discípulos, encontra uma realização concreta também no relacionamento com os doentes. Uma sociedade é tanto mais humana quanto melhor souber cuidar dos seus membros frágeis e atribulados e o fizer com uma eficiência animada por amor fraterno. Tendamos para esta meta, procurando que ninguém fique sozinho, nem se sinta excluído e abandonado”. Celebremos o Dia Mundial do Enfermo, levemos a todos a consolação que vem da fé em nosso Deus. Que a Virgem Maria, Salus infirmorum (Saúde dos enfermos), nos inspire a que nunca sejamos insensíveis aos sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs.
Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal
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“Para a celebração do Dia Mundial do Enfermo deste ano, um ano que esperamos seja de vitória, mas também de mudança no nosso comportamento, nas nossas atitudes como cidadãos e cidadãs”
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A ORDEM
Campanha da Fraternidade ECUMÊNCIA 2021
CONVIDA AO DIÁLOGO
Neste ano, a Campanha da Fraternidade é ecumênica e tem como tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”. Segundo o padre Patriky Samuel Batista, que é secretário executivo de Campanhas, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a temática deste ano tem a proposta de superar as polarizações e violência, através do diálogo amoroso, testemunhando a unidade na diversidade. Por Cacilda Medeiros 6 FEVEREIRO DE 2021
ENTREVISTA A ORDEM
A Ordem: Qual o objetivo da Campanha da Fraternidade 2021, cujo tema é “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor e o lema “Cristo é a nossa paz” (Ef. 2,14)? Pe. Patriky: A Campanha da Fraternidade é um dos modos de viver o período quaresmal na Igreja no Brasil. Desde a sua origem, em 1964, ela tem como grande objetivo despertar a solidariedade dos seus fiéis e da sociedade em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos de solução, à luz da Palavra de Deus. É uma importante ação evangelizadora no horizonte da Doutrina Social da Igreja. Viveremos a Campanha da Fraternidade de 2021 em comunhão com diversas comunidades de fé. Esta será a 5ª Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE). As Igrejas participantes do CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil) assumem esse compromisso de levar adiante o objetivo geral da CFE: convidar as comunidades de fé e pessoas de boa vontade a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para superar as polarizações e violências através do diálogo amoroso, testemunhando a unidade na diversidade. Sem dúvida, o diálogo e a convivência fraterna são o nosso melhor testemunho. O lema da Campanha é muito sugestivo: “Cristo é a nossa paz; do que era dividido, fez-se uma unidade.” (Ef 2,14a). Nele e por Ele somos reconciliados no amor que salva. A Ordem: Por que realizar uma campanha ecumênica? Pe. Patriky: Desde a década de 1980 já existia o sonho de uma campanha da fraternidade vivida de forma ecumênica. Por decisão da Assembleia Geral dos Bispos do Brasil em 1998, tal sonho tornou-se realidade no ano 2000. Naquele contexto do espírito do Jubileu dos dois mil anos do nascimento de Jesus Cristo, foi um belo testemunho
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Desde a década de 1980 já existia o sonho de uma campanha da fraternidade vivida de forma ecumênica. Por decisão da Assembleia Geral dos Bispos do Brasil em 1998, tal sonho tornouse realidade no ano 2000”
de aproximação ecumênica no desejo de somar esforços a serviço do bem comum. O primeiro tema escolhido foi: “Dignidade humana e paz” e o lema “Novo milênio sem exclusões”. Como dizia Dom Luciano Mendes de Almeida, “uma vez que é a luz do Evangelho que nos permite perceber melhor o fundamento da dignidade humana, na certeza de que cada pessoa é amada, criada e remida por Deus. ” Desde então a CNBB realiza a cada cinco anos a Campanha da Fraternidade de forma ecumênica. Isso significa que, nestas edições, o tema e a condução dos trabalhos têm como responsável o CONIC (Conselho nacional de Igrejas cristã). Em 2021 será realizada a 5ª Campanha da Fraternidade Ecumênica. A Ordem: Como são escolhidos os temas para a Campanha da Fraternidade? Pe. Patriky: Os temas são escolhidos pela conferência
episcopal. Os bispos podem indicar temas, mas também cada fiel. Geralmente durante o seminário nacional da Campanha da Fraternidade, os participantes advindos dos 18 regionais da CNBB apresentam um elenco de propostas. Tais propostas são recolhidas das dioceses dos respectivos regionais, chegando, assim, em termos nacionais. Recolhido todo este material, as propostas são apreciadas pelo Conselho Permanente que por sua vez apresenta os temas mais indicados na assembleia geral da CNBB. Assim que é escolhido o tema, dá-se início ao processo de construção da equipe que elaborará o texto base e todos os demais conteúdos e materiais. A Ordem: A cada ano, a CF tem um cartaz e um hino específico. Como eles são definidos? Pe. Patriky: Assim que o tema e lema são definidos, inicia-se o processo de escolha da identidade visual e do Hino. Esse processo tem início com a publicação de um edital de concurso. Estão diretamente envolvidos nesse processo a comissão episcopal para a liturgia da CNBB e o setor campanhas da CNBB. Assim que chegam as propostas, elas são apresentadas ao Conselho Permanente da CNBB e a decisão final cabe aos bispos que compõem este conselho. A Ordem: A Campanha da Fraternidade é promovida pela Igreja Católica, anualmente, há quase 60 anos. De um modo geral, quais são os frutos deixados pelas campanhas? Pe. Patriky: São muitos os frutos! Uma das belezas da Campanha da Fraternidade é como ela é fecunda ao iniciar processos. Diversas pastorais sociais como a própria pastoral do menor, pastoral da educação e da pessoa idosa são frutos de campanhas da fraternidade. E tantas outras iniciativas locais. Por esta raFEVEREIRO DE 2021 7
A ORDEM
ENTREVISTA
Fotos: cedidas
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Uma das belezas da Campanha da Fraternidade é como ela é fecunda ao iniciar processos”
zão os temas refletidos, quando assumidos, geram processos permanentes que testemunham a força de um coração que se converte e que jamais será indiferente aos irmãos e irmãs. Se a Campanha da Fraternidade tem seu momento forte durante o período quaresmal, o despertar que ela provoca permanece na vida e missão do povo cristão em nossas comunidades eclesiais missionárias. A Ordem: Qual é a orientação da coordenação nacional para que as paróquias possam trabalhar e vivenciar a Campanha deste ano? Pe. Patriky: O batismo nos compromete com a prática do bem. O tempo quaresmal é uma singular oportunidade para abraçarmos a graça de Deus e recomeçar, a partir de Cristo, uma vida autenticamente cristã. Assim, penso que o primeiro passo para trabalhar e viver a campanha é assumir com seriedade o período quaresmal como tempo favorável para a conversão de vida. Deste modo, à luz do tema da CFE 2021, cada comunidade paroquial pode, dentre tantas coisas, promover a Celebração da Palavra de Deus; Retiros espirituais; Celebrações ecumênicas; Preparar Celebrações penitenciais; Articular Campanhas solidárias; Promover experiência missionária tanto nas periferias geográficas como existenciais; promover a Leitura orante da Palavra de Deus; fazer estudos sobre questões ecumênicas, éticas, paz, unidade, solidariedade; incentivar o estudo da Encíclica “Fratelli Tutti”; requalificar as relações interpessoais. 8 FEVEREIRO DE 2021
ARTIGO A ORDEM
2021 – SONHOS, CERTEZAS
E INCERTEZAS
Somos seres viventes. Viventes esperam sempre. Esperam do esperançar que tudo pode, tudo transforma, tudo realiza para um bem que todos possam usufruir em abundância. Somos a marca do que se foi, do que está e do que virá numa profunda cumplicidade do que está para acontecer a cada instante. Somos sonhos, somos certezas, porém num turbilhão de incertezas que rondam a todo tempo em cada caminho que traçamos, em cada ato que praticamos, em cada acontecimento que se torna vivo diante das adversidades enfrentadas. Convivemos 365 dias como que numa bolha de impulsos a nos estabelecer e restabelecer a cada movimento, a cada notícia, história contada a várias mãos. Aprendemos ou fomos obrigados/as a conviver com as dores, mas também com as alegrias momentâneas pela cura, pelo restabelecimento de um ou de outro. Tempo forte, grosseiro, às vezes, porém presente em cada pessoa, cria do sopro divino, para viver aqui como transeunte a buscar sempre em seus sonhos, a certeza da vida plena. Saímos de 2020 e adentramos a 2021 sempre de cabeças erguidas para uma amplidão que, misteriosamente, impulsiona-nos a ir em frente e buscar a melhor parte: a vida. Nesta busca, muitos encontros e desencontros, com certeza; mas, acreditando que o caminho se faz ao caminhar e que temos um Deus vivo, estamos vivos; crentes na vida que há de contribuir para a continuidade sempre de olhar altaneiro capaz de sobrepor as dificuldades em confiança no poder que temos de triunfar movidos pela fé. Mortes, dores, choros de norte a sul. Cenário de guerra do invisível catando visíveis vidas a lutarem na contramão. Uns se saem com o rosto ardente da fé que movem e conseguem se reerguer; outros não conseguem o reerguimento e, sem forças, prostram-se como numa entrega aos braços da mesma fé que defendem. Assim, vivos e mortos, risos e choros permanecem numa certeza de que Deus recebe, Deus consola, porém as incertezas do lenimento se encontra ainda distante de nosso olhar de atento sonho. Eis, que no fim do túnel aparece uma luz: vacina. Esta luz visível, palpável, no momento da turbulência, aproxima-se de cada sonhador/a, e, entre preces, palavras e ações, os mais diversos pensamentos se cruzam na espera do sagrado sonho que é o restabelecimento da vida que começa na prevenção. 2021 – vacinar é preciso. Uma furada no músculo, um tremor de medo, ou um tremor de emoção afugenta o fantasma invisível a dar lugar a um sonho-fé que tudo possa transpor e construir o edifício tão esperado em cada homem e em cada mulher: a vida e vida em abundância num 2021 de presença viva, não remota, mas consoladora de certezas que possam se tornar concretas.
Prof. Milton Dantas da Silva Psicopedagogo clínico e institucional Coordenador estadual da Pastoral da Criança
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Saímos de 2020 e adentramos a 2021 sempre de cabeças erguidas para uma amplidão que, misteriosamente, impulsiona-nos a ir em frente e buscar a melhor parte: a vida.”
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A ORDEM
O QUE EU APRENDI COM A
pandemia?
Pessoas tiram lições deste período que trouxe muitas mudanças na forma de se relacionar e cuidar de si e do próximo Por Luiza Gualberto
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Mas, esse momento também Coronavírus, lockdown, COpropôs oportunidades aos caVID-19 e pandemia são algusais, para que pudessem exermas das palavras que passacitar a parceria, a empatia e o ram a fazer parte do nosso Toda essa apoio mútuo, dividindo as aticotidiano, de um ano pra cá. mudança vidades do lar e a atenção aos Acredita-se que a sociedade coletiva teve filhos. Érica Torres e Jusciléatual jamais imaginou atrasio Silva são casados e tem vessar essa crise, ocasionada um lado um filho, Eduardo Gomes, de por um inimigo invisível e que positivo: fez 3 anos. Para eles, a convivênmudou de forma expressiva muitos cia nesse período pandêmico as nossas vidas, os relacionamentos e o agir em socieolharem para trouxe alguns aprendizados, entre eles, a empatia e cuidado dade. Diante de um momento a realidade do com o próximo. “A pandemia foi doloroso como esse, em que tantas vidas foram perdidas, outro de uma uma oportunidade para exercitar o altruísmo, percebendo o desemprego e as desigualmaneira mais o esforço que o outro faz em dades aumentaram, será que aproximada” estar nessa situação de isoladá para tirar algumas lições mento. Por exemplo, nós que de vida? Sim. Segundo o professor doutor Charles Mady, associado do tivemos a oportunidade de ficar em casa, fiInstituto do Coração (Incor), em São Paulo, camos, tendo em vista que muitas pessoas filósofos e religiosos, de forma pragmática, tiveram que sair do seus lares para cuidar comentam que o sofrimento abre portas di- no outro, em especial, os profissionais de dáticas para o ser humano, despertando a saúde”, conta o casal. Como marido e muvisão sobre erros e estimulando a criativida- lher, Érica reforçou que o diálogo foi mais de para novas soluções. Um exemplo disso, exercitado, já que diante da maior convivênsão as novas habilidades que aprendemos cia em casa, eles puderam conversar mais e tentamos aprender nesse período, como e tomar mais decisões juntos. “Pudemos via forma de se relacionar com a família, que venciar as coisas mais coletivamente, de vipermaneceu mais tempo unida em casa, as venciar mais as situações do lar e criação novas formas de trabalhar, com o home of- do nosso filho, uma vez que tínhamos essa fice, a adequação do comércio e serviços oportunidade de estar mais conectados, de para o meio digital, a demonstração de ca- conversar mais, já que a rotina do trabalho, rinho de outras formas, já que o contato fí- algumas vezes, terminava por necessitar de sico ficou mais restrito diante do isolamento mais celeridade na tomada de decisões”, social, bem como, a se reunir e estudar em ressalta. ambientes virtuais. Vivência da fé Com a pandemia, muitas atividades tiVivência em família É do conhecimento comum que, diante veram que ser paralisadas, principalmente da pandemia, muitos casais se viram na si- aquelas em que reuniam um maior número tuação de conviverem juntos por mais tem- de pessoas. As celebrações de missa e enpo, o que revelou questões de discordância contros de grupos da Igreja estiveram ene crises que levaram muitos a se separarem. tre as atividades que não poderiam reunir 10 FEVEREIRO DE 2021
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CAPA
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Segundo o professor doutor Charles Mady, associado do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, filósofos e religiosos, de forma pragmática, comentam que o sofrimento abre portas didáticas para o ser humano, despertando a visão sobre erros e estimulando a criatividade para novas soluções” Cedida
Maria Ilza Araújo, catequista
os fiéis e agentes pastorais. A readequação veio com as transmissões ao vivo das missas e momentos oracionais, para favorecer a participação da comunidade, mesmo que de forma virtual. A catequista Maria Ilza, da Paróquia de Nossa Senhora da Candelária, no bairro Candelária, em Natal, conta que, inicialmente, sentimentos de dor e incerteza tomaram conta do seu ser. “Passado o impacto inicial, senti que a espiritualidade era o melhor caminho para me confortar e seguir em frente em um momento tão difícil. Era um processo de adaptação a uma nova realidade”, reforça. A catequista ainda fala que teve que se adaptar a participar das celebrações utilizando as redes sociais, bem como, a participar dos encontros e reuniões pastorais, se valendo das plataformas de videoconferência, como o Google Meet. “Mesmo distante, com a ajuda das mídias digitais, participei diariamente da santa missa, intensifiquei minhas orações e adoração ao Santíssimo Sacramento. Na fé, me fiz e continuo me fazendo forte, mesmo sendo fraca”, pontua. De acordo com Lucas Veiga, que é psicólogo e mestre em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro, toda essa mudança coletiva teve um lado positivo: fez muitos olharem para a realidade do outro de uma maneira mais aproximada. “Com pequenos gestos é possível minimizar os impactos, seja com uma ligação telefônica ou encontros online. As interações sociais se intensificaram, porque sentimos uma sensação grande de vulnerabilidade”, enfatiza. 12 FEVEREIRO DE 2021
CAPA A ORDEM Cedida
Casal Érica Torres e Juscilésio Silva destacam empatia como aprendizado da pandemia
5 lições que aprendemos com a pandemia Preocupação com o próximo: A pandemia nos convidou a cuidar de si e dos outros. A entender que é preciso ficar em casa para proteger aqueles que precisam sair para trabalhar, como os profissionais da saúde. Valorização de momentos especiais: Certamente, os encontros em família e com amigos não serão mais os mesmos após o período de pandemia. A gente vai aprender a valorizar mais o tempo com o outro e cada momento que passamos ao lado dos que amamos. Cuidado com a saúde física e mental: A atenção com a saúde tem que ser redobrada. É preciso ingerir mais alimentos saudáveis, como frutas, legumes e verduras para fortalecer o nosso sistema imunológico. Fazer atividades que gerem prazer podem contribuir para melhorar os níveis altos de ansiedade gerados pelas situações de confinamento e incertezas. A saúde mental agradece. Cuidado com a higiene pessoal: Acredita-se que após o período de pandemia, a sociedade deve ter mais atenção com simples atos de higiene pessoal, como lavar as mãos e usar álcool em gel. Podemos trabalhar de onde estivermos: Diversas profissões de adaptaram ao sistema home office e descobrimos novas formas de trabalhar. Algumas empresas, inclusive, já adotaram esse sistema de trabalho de forma definitiva, o que vai gerar economia de gastos nos postos de trabalho presencial; FEVEREIRO DE 2021 13
A ORDEM
CAPA
SONHADO POR DEUS No último dia 08 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria, o Papa Francisco surpreendeu a todos, presenteando a Igreja com o Ano de São José em comemoração pelo sesquicentenário (150 anos) da proclamação deste excelso Patriarca como Padroeiro da Igreja Universal pelo bem-aventurado Papa Pio IX em 08 de dezembro 1870 através do decreto Quemadmodum Deus. São José sempre ocupou especial espaço na vida dos Cristãos, seja pela sua altíssima missão de chefiar a Sagrada Família, seja por ter sido na história um dos Santos que mais atraiu e conquistou devotos ou ainda por ter sido o assunto em que muitos se debruçaram em estudar e documentar; tudo isso se deve a honra que São José alcançou de Deus Pai que, ao lado da Maternidade Divina, não se compara a nenhuma outra honra neste mundo. “Deus, o Pai, quis de verdade, José, junto ao Filho de Deus, pra Jesus não ter saudade do divino Pai dos céus!” É de conhecimento nosso que o drama que São José enfrentou ao se deparar com o mistério da gravidez de Nossa Senhora foi cessado pela aparição do anjo em sonhos - não somente nesse drama, mas também nos que se seguiram. Quero ressaltar, aqui, que não é a primeira vez na Sagrada Escritura que o drama de alguém encontra seu fim a partir de um sonho; falo de José do Egito (cf. Gn 37-50). Como afirmou o Papa Leão XIII na encíclica Quamquam Pluries: “Muitos Padres da Igreja, de acordo com a Sagrada Liturgia, acreditam que o antigo José, filho do Patriarca Jacó, tenha figurado a pessoa e o mistério do nosso São José, e simbolizado, com o seu esplendor, a grandeza e a glória do futuro Custódio da Sagrada Família.” Vemos não somente no nome, mas na personalidade de José do Egito uma prefiguração do nosso São José - ambos partilham a alta virtude da castidade -, basta lembrar de quando a mulher de Putifar tentou ter relações com José e ele se negou (cf. Gn 39). Também, não somente nas virtudes, mas nos dons; José do Egito era agraciado com o dom da interpretação de sonhos, dom esse que lhe rendeu o governo do império egípcio por ordem do Faraó (cf. Gn 41, 40s). Já no antigo testamento, vemos prefigurado o nosso glorioso padroeiro que antes mesmo de interpretar qualquer sonho foi sonhado por Deus.
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Lucas França Paróquia de São José dos Angicos Angicos-RN FEVEREIRO DE 2021
MOTU PROPRIO Quem acompanha as notícias do Vaticano, certamente já viu esta expressão – Motu Proprio – algumas vezes. No dia 10 de janeiro passado, por exemplo, o Papa Francisco publicou o Motu Proprio Spiritus Domini, através do qual institucionalizou o acesso das mulheres leigas ao serviço da Palavra de Deus e do altar. Mas, o que é Motu Proprio? É uma das espécies normativas da Igreja Católica, expedido diretamente pelo próprio Papa. Essa expressão pode ser traduzida como “de sua iniciativa própria”. Significa ainda que se trata de um assunto decidido pessoalmente pelo Papa e não por um cardeal ou outro conselheiro. Tem normalmente a forma de decreto. Lembram, pela sua forma, um breve ou bula papal (outra espécie normativa), mas sem se revestir da solenidade própria destes documentos. O primeiro motu proprio remonta a Inocêncio VIII, em 1484, e continua a ser um ato administrativo bastante comum na administração da Igreja Católica. Na Roma antiga, este tipo de documento já era usado pelos patrícios, como um convite pessoal, não público. O Papa João II fez uso do motu próprio 29 vezes; o Papa Bento, 13 vezes, e o Papa Francisco já o fez mais de 30 vezes. O último foi publicado dia 10 de janeiro, sobre o acesso das mulheres aos ministérios do leitorado e do acolitado. Poucos dias antes, em 26 de dezembro de 2020, ele publicou uma “carta apostólica sob forma de motu próprio”, sobre algumas competências econômico-financeira, na administração da Igreja. FONTE: https://pt.wikipedia.org
A ORDEM
A INSTITUIÇÃO DAS MULHERES EM
Ministérios da Igreja No último dia 11 de janeiro, o Papa Francisco publicou o motu próprio Spiritus Domini (Espírito do Senhor) que modificou a redação do cânon 230, do Código de Direito Canônico, que ordenava: «Os leigos varões que tiverem a idade e as qualidades estabelecidas por decreto da Conferência dos Bispos, podem ser assumidos estavelmente, mediante o rito litúrgico prescrito, para os ministérios de leitor e de acólito; o ministério, porém, a eles conferido não lhes dá o direito ao sustento ou à remuneração por parte da Igreja”. Com a nova redação, o termo “leigos varões” – leia-se: leigos homens - foi substituído simplesmente por “leigos”. Aqui, está a grande mudança operada na norma. Enquanto na lei anterior o termo se restringia aos fiéis leigos do sexo masculino, a admissão ao Ministério de Leitor e Acólito, agora, é oferecida aos “leigos de ambos os sexos, em virtude da sua participação no sacerdócio batismal”. Assim, a lei nova firma o reconhecimento, também através de um ato litúrgico [instituição], da real, preciosa e imprescindível participação de muitos leigos, incluindo as mulheres, na vida e na missão da Igreja, como afirmado pelo Papa Francisco na carta que acompanhou a publicação da lei. Para alguns não se trata de uma inovação, já que desde 1994, as mulheres foram oficialmente autorizadas a ler e servir na missa a critério de seu bispo local, embora na prática o fizessem desde os anos 1970. Contudo, as mulheres permaneceram proibidas de receber instituições permanentes como leitoras ou acólitas. Historicamente, ambos os ministérios eram reservados somente aos candidatos do sexo masculino admitidos no sacerdócio pela ordenação sacerdotal ou diaconal. Para mim, a inovação reside no fato da mudança inscrita na regra, que aboliu a exclusão da mulher ao reconhecimento institucional de um serviço que há muito tempo já vinha sendo realizado. E esse engajamento da mulher na Missão da Igreja não reside somente na assistência ao celebrante de um determinado rito sacramental. Restringir a participação da mulher ao serviço do altar, seria negar quão expressiva e determinante é sua efetiva participação no múnus pastoral da Igreja: de levar a todos a Boa Nova da Salvação e Testemunhar a Fé, a Esperança e a Caridade. O Papa Francisco simplesmente estendeu a concessão às mulheres, indo ao encontro da própria realidade. São elas, hoje, que mais atuam nas paróquias. São elas que, em comunidades isoladas, na ausência de padres, sustentam comunidades inteiras. São elas, por exemplo, a maioria engajada na Catequese, nas mais diversas pastorais, no cuidado com os necessitados, nas atividades de festas de padroeiros. Ocultar esse reconhecimento é desumano; sinal que a pessoa está mais preocupada com as “pompas viris do altar” que com a experiência do altar como lugar de sacrifício. As mulheres estavam ao pé da cruz, dizem os Evangelhos. Urge, portanto, irmãos e irmãs, abrir nossas mentes e corações para a atuação sempre presente do Espírito Santo na Igreja. E isso exige de nossa parte, conversão permanente.
Diác. Francisco Teixeira, advogado e assessor jurídico da Arquidiocese de Natal
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Restringir a participação da mulher ao serviço do altar, seria negar quão expressiva e determinante é sua efetiva participação no múnus pastoral da Igreja
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A ORDEM
REPORTAGEM
Igreja dá exemplo
DIANTE DA PANDEMIA Através dos Papas e Bispos, a Igreja conclama fiéis a se vacinarem Por Diác. José Bezerra
“Eu acredito que, eticamente, todo mundo deve tomar a vacina. É uma opção ética porque você aposta na sua saúde, na sua vida, mas também na vida dos outros”. Esta afirmação foi feita pelo Papa Francisco, no dia 09 de janeiro de 2021. No dia 13 de janeiro começou a campanha de vacinação contra a Covid-19, na Cidade do Vaticano, no átrio da Sala Paulo VI. Os Papas Francisco e Bento VI (emérito) também foram vacinados, como afirma o Diretor da Sala de Imprensa Vaticana, Matteo Bruni: “Posso confirmar que, como parte do programa de vacinação do Estado da Cidade do Vaticano, até hoje a primeira dose da vacina para a Covid-19 foi administrada ao Papa Francisco e ao Papa emérito” (vatican.news). O exemplo do Vaticano, tomando a iniciativa de vacinar o pessoal que lá trabalha e estender a vacinação a 25 sem tetos, é um posicionamento exemplar da Igreja Católica para todos os países sobre o dever de todo cidadão buscar vacinar-se, conforme a programação do respectivo País. No Estado do Vaticano foram vacinados cidadãos, funcionários e aposentados, mas também familiares que têm a assistência do Fundo Assistência Sanitária (FAS). A campanha é voluntária e a vacina não será aplicada em crianças e pessoas menores de 18 anos porque a vacina distribuída não foi testada neste grupo. Um dos cidadãos vacinados no Vaticano foi o senhor Mario, que está numa cadeira de rodas, porque lhe falta uma das pernas. No ano passado, ele perdeu a pensão por invalidez e se viu nas ruas de Roma pouco antes do primeiro bloqueio e da chegada da primeira onda do coronavírus. Como outras pessoas pobres e marginalizadas que gravitavam em torno da Praça de São Pedro, ele é hóspede do ‘Palazzo Miglior’, estrutura disponibilizada pelo Papa Francisco para retirar da rua os desabrigados do bairro. Ele foi um dos vacinados. “Correu muito bem, agora tenho uma segurança extra”, disse sorrindo ao sair da Sala Paulo VI, no Vaticano, após receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19. O Papa Francisco decidiu doar parte das doses da campanha de vacinação no Vaticano aos mais necessitados. “Agradecemos ao Papa o presente que nos deu”, disse Mario.
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Serviço Fotográfico do Vaticano
“Eu acredito que, eticamente, todo mundo deve tomar a vacina (Papa Francisco)
REPORTAGEM A ORDEM
Palavra da CNBB O posicionamento da Igreja Católica no Brasil, através da CNBB, segue o exemplo dado pelo Vaticano e pelos Papas Francisco e Bento VI (emérito). Em nota publicada no dia 06 de janeiro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presidida por Dom Valmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte-MG, conclamou os brasileiros à união: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”(Jo 10,10). O novo que buscamos neste ano de 2021 requer a união de todos os cidadãos de boa vontade para enfrentamento da covid-19. Os números mostram que a pandemia está se tornando mais grave no Brasil. Já são cerca de 200 mil mortos. (...) Não podemos nos render à indiferença de alguns, ao negacionismo de outros ou à tentação de nos aglomerarmos, permitindo que nos contaminemos e nos tornemos instrumentos de contaminação, sofrimento e morte de outras pessoas. Não deixemos que o cansaço e a desinformação nos levem a atitudes irresponsáveis. Sejamos fortes! Permaneçamos firmes!”(...). O Presidente da CNBB e Arcebispo de Belo Horizonte, Dom Valmor Oliveira, também falou sobre as adequações dos programas pastorais e de evangelização que a Igreja teve que se submeter, em virtude da pandemia. O desafiador ano de 2020 exigiu a reorganização de diferentes instituições sociais, sem exceções, entre elas a Igreja no Brasil (cnbb.org.br). “A
Igreja precisou se fortalecer ainda mais no serviço aos mais pobres, com ações solidárias emergenciais. Ao mesmo tempo, considerando a exigência do distanciamento social, importante para conter a propagação da Covid-19, reconfigurou a sua ação evangelizadora, avançando aceleradamente na adequada utilização de novas tecnologias para proclamar a Palavra de Deus”, disse. Ainda em Belo Horizonte, o diácono permanente, doutor e professor Paulo Franco Taitson, da Pastoral Hospitalar e presidente do Complexo Hospitalar São Francisco de Assis, de Belo Horizonte (MG), também deu um bom exemplo. Ele foi o primeiro diácono brasileiro a receber a vacina Coronavac contra o Covid-19 (www. facebook/ciaconadobrasil). No dia 19 de janeiro, as primeiras doses da vacina chegaram ao Rio Grande do Norte e as primeiras pessoas foram vacinadas. Ainda são poucas as doses disponibilizadas, mas acende, no seio da Igreja e da população, a chama da esperança de que esse quadro pandêmico será revertido, brevemente. Os apelos da Igreja e dos poderes públicos para que os potiguares se vacinem apresentam resultados significativos, mesmo com o número limitado de doses disponibilizadas para o Estado. De uma população de 3.534.165 pessoas, 427.136 já haviam se cadastrado na plataforma https://maisvacina.saude.rn.gov. br/cidadao/, até o dia 20 de janeiro. Dos cadastrados, 8 foram vacinadas. CNBB
Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo FEVEREIRO DE 2021 17
A ORDEM
REPORTAGEM
Selton Gleydson
Dom Jaime disse que a vacina é um sinal de esperança
Sinal de esperança O Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, falou sobre esta esperança gerada com a chegada das vacinas, em vídeo dirigido aos cristãos e ao povo em geral. “O dia de hoje, para nós e para a vida, no Rio Grande do Norte, foi marcado por um gesto concreto de esperança, porque se deu o início da campanha de vacinação contra a Covid”. Dom Jaime apela para que cada um se junte nesta causa, “porque é um gesto de amor, como nos diz o Papa Francisco. A Vacina é um gesto de amor: quem ama cuida”, afirmou Dom Jaime. O Arcebispo de Natal, assim como vários diáconos e presbíteros, já se inscreveram na plataforma https://maisvacina.saude.rn.gov. br/cidadao/ e aguardem o momento para se vacinarem, logo que sejam disponibilizadas as doses. Dom Jaime também conclama a todos a render graças a Deus pelo avanço da Técnica e da Ciência, “que em tão pouco tempo, na história da humanidade, desenvolvem uma vacina. Devemos valorizar tudo isto, despertar a nossa consciência para a solidariedade e o zelo pela vida uns dos outros”. Ele também elogiou o gesto de solidariedade do Rio Grande do Norte, pela acolhida nos hospitais de Natal de alguns pacientes vítimas da Covid-19 vindos de Manaus. O início da vacinação, no entanto, não significa que o problema da pandemia já foi resolvido. Estas primeiras doses atendem a um número limitado de cidadãos e cidadãs, e ainda falta uma segunda dose, para assegurar o efeito imunizante. É necessário continuar com as medidas preventivas, como a utilização do EPI (Equipamento de Proteção Individual) e a prática de distanciamento e higiene das mãos com rigor devem se manter durante todo o ano de 2021. As vacinas protegem contra a Covid-19, e não contra o coronavírus, que continua circulando.
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PERSONALIDADE A ORDEM
Cedida
Padre Tércio
sacerdote da Igreja e da educação
Monsenhor Ausônio Tércio de Araújo nasceu na cidade de Currais Novos (RN), no dia 12 de outubro de 1935. Viveu a maior parte da sua vida em Caicó, dedicado à missão na Igreja e na educação, e faleceu em Natal, no último dia 9 de janeiro, vítima da covid-19. Na Diocese de Caicó, atuou nas paróquias de Santana, em Currais Novos; São João Batista, em Cerro Corá; Nossa Senhora dos Aflitos, em Jardim de Piranhas, e São José, em Caicó. Em nível diocesano, foi assistente espiritual de alguns grupos. Animado pela Doutrina Social da Igreja, ele presidiu o Departamento Diocesano de Ação Social (DDAS). Sua participação foi decisiva ainda para a atuação do Movimento de Educação de Base (MEB), na região do Seridó, e para projetos como escolas para os pobres, abrigos e fundação de cooperativas e sindicatos.
Mons. Ausônio Tércio (ou apenas Padre Tércio, como as pessoas o chamavam) foi vigário geral da Diocese de Caicó, no governo de Dom Manoel Tavares de Araújo, de Dom Heitor de Araújo Sales e Dom Jaime Vieira Rocha. Foi também administrador diocesano, na transição entre Dom Heitor e Dom Jaime. Era um homem culto, mestre em Filosofia e em Teologia, pela Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma. Além da língua portuguesa, sabia latim, francês, italiano, espanhol e um pouco do inglês. Ele gostava de ser professor. Sua primeira experiência no foi Seminário Arquidiocesano de João Pessoa (PB), em 1960. Depois, em Caicó, deu aulas e foi diretor de algumas escolas. Foi diretor do Colégio Diocesano Seridoense (CDS), de 1964 a 2013. No ensino superior, foi professor Centro de Ensino Superior do Seridó (UFRN – Campus de Caicó), desde 1974. Também foi Diretor da Faculdade de Teologia Cardeal Eugênio Sales. Em 1975, tornou-se membro efetivo do Conselho Estadual de Educação, sendo vice-presidente e presidente. No campo da comunicação, Monsenhor Tércio também se destacou, sendo diretor da Emissora de Educação Rural de Caicó AM, por muitos anos. Inaugurou ainda a 95 FM, em Caicó, e a Rádio AM, em Parelhas. A vida, o ministério e o testemunho do Padre Tércio, ao longo desses anos, de inteira dedicação e serviço à Igreja, se confundem com a própria história e a vida da Diocese de Caicó. Nossas preces e reconhecimento em homenagem à sua memória.
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A ORDEM
Vicariato social INVESTE EM AÇÕES NAS COMUNIDADES E ASSENTAMENTOS RURAIS Por Luiza Gualberto
Fomentar projetos que contemplem iniciativas de economia solidária, capacitação e formação de lideranças. Essas são algumas das linhas que integram a ação do Serviço de Assistência Rural (SAR), do Vicariato Social da Arquidiocese de Natal, que tem desempenhado um importante trabalho junto às comunidades, pastorais sociais e organismos da Igreja no território arquidiocesano. Segundo o diácono Fran20 FEVEREIRO DE 2021
cisco Adilson, assessor do Vicariato Social, o SAR tem quatro linhas de trabalho, tendo como base a educação popular. Nos assentamentos e comunidades rurais da região do Mato Grande potiguar, por exemplo, o Serviço de Assistência Rural tem desenvolvido ações bem expressivas. Mais de 3 mil pessoas são beneficiadas. Nesses locais, as iniciativas são voltadas
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A ORDEM
Projetos contemplam iniciativas de economia solidária, capacitação e formação de lideranças
para a economia solidária e geração de renda. Todos os projetos são financiados com recursos de instituições benfeitoras de fora do país, além de editais brasileiros. “Na cidade de João Câmara, desde 2017, existe a feira agroecológica do Mato Grande, um dos projetos abraçados pelo SAR. Era um grupo de aproximadamente sete feirantes, que foi formado pelo Se-
brae. Hoje, por meio da nossa atuação e com o apoio da Cáritas paroquial, são 15 feirantes, que vendem, toda quarta-feira, à tarde, produtos vindos da agricultura familiar e sem agrotóxicos”, conta. Também na cidade de João Câmara, no Assentamento Modelo II, o grupo apoia uma associação composta por 29 mulheres, a Associação Girassol, que foi o primeiro grupo de mulheres a assumir uma FEVEREIRO DE 2021 21
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EM AÇÃO João Maria Nunes
Dom Jaime Vieira Rocha em visita aos assentamentos da região do Mato Grande no mês de dezembro
área de 25 hectares para o plantio e incentivo do sistema agroflorestal. “Além disso, estamos presentes em duas comunidades em São Miguel do Gostoso, sendo o assentamento popular Maria Aparecida, que tem a construção de um sistema agroflorestal. É uma comunidade que conta com 32 famílias que tem prezado pela produção totalmente orgânica, sem agrotóxicos. Lá, recentemente, demos um apoio para a construção de uma caixa d’água, com recurso de uma instituição estrangeira”, pontua. Também está sendo construído na comunidade, um espaço para formação na região. Além do Maria Aparecida, outra comunidade que recebe o apoio do SAR em São Miguel, é a comunidade da Tabua, uma comunidade indígena não reconhecida. Lá, existe uma casa de farinha e fábrica de doces, apoiados em tempos passados pelo SAR. Nessa comunidade, também existe o banco comunitário, com a moeda social “Gostoso”. Estava parado há um tempo e estão retomando agora, também a pedido do empresariado local. De acordo com Adilson, a moeda social tem planos de se expandir para outras regiões. “Estamos em discussão com a região salineira, ali em Macau, na Reserva Estadual Ponta do Tubarão, em pelo menos três comunidades, sendo Diego Lopes, Barreiras e Sertãozinho, para a implantação da moeda social e de um banco comunitário. Com isso, também estamos incentivando a criação de uma unidade de beneficiamento de pescado, fruto de uma parceria que fizemos no ano passado, por meio de um projeto financiado pela instituição alemã, ADVENIAT, de distribuição de cestas básicas. Nessas comunidades, já há uma prática dos pescadores artesanais, de secar o pescado, no caso, sardinha e peixe avoador, que contribuem para uma maior durabilidade desses produtos. Esses insumos integraram as cestas que foram distribuídas a famílias em situação de vulnerabilidade social, diante da pandemia do novo coronavírus”, destaca. 22 FEVEREIRO DE 2021
EM AÇÃO A ORDEM
Bodega solidária Já está em discussão pelo SAR, a criação das chamadas “bodegas solidárias”, que tem a proposta de ser um espaço abastecido pelos empresários locais e pessoas benfeitoras, para beneficiar as famílias que estejam mais necessitadas e que estejam fora do assistencialismo de programas sociais. “Estamos com esse projeto das cestas básicas, mas, a gente sabe que a cesta é pouco, que vai suprir uma necessidade imediata daqueles que estão precisando. Então, a nossa proposta dessa bodega solidária é de ser um espaço que tenha sempre os produtos alimentícios e cada família, por mês, vai receber um valor para trocar por produtos que estejam precisando”, conta Adilson. Ainda de acordo com o assessor do vicariato social arquidiocesano, está nos planos a criação de um cartão e definição de um valor por família para uso na bodega. Será feito um mapeamento das famílias dessas comunidades que estão em maior situação de vulnerabilidade, elencando cerca de 500 que serão beneficiadas por meio da iniciativa. Inicialmente, está prevista a instalação do projeto nas comunidades rurais de João Câmara, Diogo Lopes, em Macau e também no Assentamento Maria Aparecida, em São Miguel do Gostoso. “O nosso recurso é escasso, mas, a ideia, é que a própria comunidade abrace esse projeto e faça campanha para o abastecimento da bodega, bem como, exercite a troca solidária. Vivenciamos isso no projeto das cestas básicas. As comunidades de pescadores que foram beneficiadas com as cestas, doaram cerca de 300 quilos de pescado para doação em outras comunidades”, reforça Adilson.
Hortência Rodrigues
Cerca de 3 mil família são beneficiadas com as iniciativas do SAR
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A ORDEM
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Mundo virtual NÃO É NOVIDADE PARA IDOSOS Por Cione Cruz
A pandemia da covid-19 e, consequente, o isolamento social, especialmente dos idosos, considerados do grupo de risco, mudou hábitos e aumentou o número de adeptos às novas tecnologias e ao mundo virtual. Enquanto alguns idosos são extremamente avessos às novas tecnologias, outros ampliaram seus leques de opção e optaram pelo mundo virtual, às vezes até como um escape para o isolamento ao qual foram forçados neste ano de 2020. Manusear smartphone não é mais privilégio somente de jovens conectados. A velha guarda faz compra, transações bancárias, troca figurinhas com amigos e parentes, através das redes sociais, e se diverte utilizando o que antes era só mais um meio de comunicação (telefone celular), hoje incorporado à vida cotidiana e às necessidades de todos. Solange Medeiros, 72 anos, aposentada da Assembleia Legislativa, diz que não sente dificuldades de manusear os equipamentos tecnológicos atuais e sempre recorre a eles para se manter informada e “também como meio utilitário. Hoje eu quase não vou a banco. Só para sacar dinheiro. Tudo eu faço pelo celular”. As redes sociais, como Whatsapp e Facebook, usa para se manter ligada à família e aos amigos e o messenger, só se for necessário mesmo, afirmou. “Eu não sou muito ligada nesse negócio. Eu fico besta como as pessoas ficam pendurada no celular, no Whatsapp, no Facebook, o dia todinho. Em um bate papo sem fim. No mais, eu me adapto bem. Não sou das pio-
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Quando comecei a usar internet e smatphone, eu já era aposentada. É uma geração totalmente diferente da minha, mas eu procuro acompanhar, e quando tenho dúvidas, vou aos filhos ou aos netos
res não. Sou uma idosa mais objetiva, de trabalhos manuais, de palavras cruzadas, ler um livro bom, regar meu jardim, ficar jogando conversa fora com minhas plantinhas”, disse Solange. Carlos Alberto Cavalcanti, 78 anos, ainda na ativa (é consultor de vendas de uma empresa de máquinas pesadas e implementos agrícolas), não tem muita intimidade com o mundo virtual, mas consegue resolver problemas do dia a dia e no trabalho, usando o computador e smartphone. As redes sociais, principalmente o Whatsapp, utiliza para se comunicar com os amigos e na rotina do trabalho. Segundo afirmou, as redes sociais são muito importantes em sua atividade. Abigail Fernandes, 71, também em plena atividade multiprofissional (tem loja de roupa em casa, trabalha com agência de viagem e ainda fabrica pão), tem uma relação estreita com o mundo virtual. “Tudo que faço, todo trabalho, faço utilizando as redes sociais”, afirma. Além do trabalho e das relações sociais, ela utiliza o smartphone para se atualizar, ler notícias, fazer pesquisas sobre determinados assuntos que lhe interessem, comprar passagem para viagens e para agilizar trabalho. Para ela, o mundo virtual é mais uma necessidade do que um passatempo. Eleucia Bandeira Luz, 73 anos, professora aposentada do IFRN (Instituto Federal do Rio Grande do Norte), lembra que, quando esses avanços tecnológicos chegaram, ela já estava formada (uma das pioneiras a se graduar em Engenharia aqui no RN). Porém, FEVEREIRO DE 2021 25
A ORDEM
VIVER
mesmo não sendo da geração do celular e do computador, acha que faz “algumas coisas”. Ela transita bem nas redes sociais, usando bastante o Whatsapp e o Facebook, sem abrir mão do computador, através do qual ela costuma enviar e-mails, quando necessário. Ela diz achar ótimo poder resolver seus problemas de banco, quase todos, pelo aplicativo do banco, instalado no celular. “Gosto muito, porque a gente ganha muito tempo. Isso tudo veio facilitar”, afirmou. “Quando comecei a usar internet e smatphone, eu já era aposentada. É uma geração totalmente diferente da minha, mas eu procuro acompanhar, e quando tenho dúvidas, vou aos filhos ou aos netos. Quando não sei fazer, peço a alguém para me ensinar, porque sou muito medrosa e não gosto de meter a cara quando não sei. Sou também muito desconfiada quando recebo ligação estranha. Não respondo nada. Nem repasso mensagens recebidas pelo Whatsapp, porque muitas são vírus ou mentirosas (fake news). Mas até que transito bem”, afirmou Eleucia. Enquanto isso, há aqueles idosos que têm mais dificuldade ou se recusam a utilizar o meio virtual no seu cotidiano, como Nazaré Costa, 80 anos, aposentada, que dispõe de um aparelho celular, mas utiliza-o apenas como telefone, para falar com amigos e familiares. Diz ter verdadeira aversão a tudo que se refere à Internet. Cicero Carnaúbas da Silva, 76 anos, aposentado, também tem dificuldade de lidar com as novas tecnologias, mas confessa que chegou a fazer curso de internet, quando morava no Rio de Janeiro, mas, parou. Usava o celular, mas depois que o filho morreu, em 2019, parou de utilizar até celular. “Só utilizo para atender ligação”, frisou. Pesquisa Recentemente, foi publicada uma pesquisa da CNN Brasil (Kantar Ibope), que mapeou uma parcela da população, com idade acima de 55 anos, que utiliza a internet com regularidade, mostrando que 40% desses pesquisados aumentou ou manteve seus hábitos de compras virtuais no período da pandemia, em 2020. 85% dos entrevistados foram, nos últimos três meses, pesquisar preços na internet e 75% deles efetivaram a compra. Esses gastos ficaram concentrados mais em produtos e serviços para o lar. Ainda segundo a mesma pesquisa, 80% comprou produtos de limpeza, 75% fizeram compras de supermercado e 74% fizeram compras de medicamentos online. A pesquisa mostrou, também, que a grande maioria dos pesquisados aumentou seu tempo de navegação, uma média de 42 horas/ mês, destacando-se como foco de interesse, a rede social Facebook, onde grande parte dos idosos alimentam seus perfis. Os serviços de streaming ocuparam também o tempo dos idosos, assim como os serviços pagos. 26 FEVEREIRO DE 2021
>> SAÚDE
Diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil O câncer é o crescimento descontrolado e anormal da célula, que pode se alojar em qualquer parte do organismo. Diagnosticar esse câncer, precocemente, tem uma importância relevante para o aumento no índice da cura, onde o número de mortes, ainda, é muito grande, quando diagnosticado tardiamente. Hoje, o câncer infantojuvenil vem crescendo anualmente, contudo, em torno de 80% das crianças e adolescentes acometidos da doença podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. A maioria deles terá boa qualidade de vida, após o tratamento adequado (INCA,2019). O número estimado de novos casos, para o triênio 2020-2022, é de 8.460 no Brasil e, no RN, esse valor fica na média dos 130 novos diagnosticados. Os principais tipos de cânceres que acometem as crianças e os adolescentes são: Leucemias, tumores do sistema nevoso central (TU SNC), linfomas, tumor de Wilms, neuroblastomas, cânceres dos tecidos moles, retinoblastomas e osteossarcomas. Os seus principais sintomas são: febre inesperada, palidez, manchas roxas pelo corpo, perda de peso, caroços pelo corpo, aumento do volume abdominal, dor de cabeça, náusea, vômito e sudorese noturna. É imprescindível estar atento aos sinais de alerta, caso a criança ou adolescente apareça com algum desses sintomas. Em caso positivo, um médico deve ser procurado imediatamente. Esse ano, a Casa de Apoio a Criança com Câncer Durval Paiva irá trabalhar, mensalmente, os principais tipos de câncer infanto-juvenil, apresentando informações detalhadas sobre eles, tirando todas as dúvidas sobre cada tipo e, na última quinta-feira de cada mês, uma live com especialista será realizada no Instagram da instituição. Acompanhe as nossas redes sociais @casadurvalpaiva. Ministério da Saúde – Estimativa 2020 – Incidência de câncer no Brasil - INCA Rilvana Campos Câmara Coordenadora do Diagnóstico Infantojuvenil da CDP.
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