Revista A Ordem - Janeiro/2020

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Fundação Paz na Terra ano LXVII - Nº 45 Natal/RN | R$ 7,00 Janeiro de 2020

É POSSÍVEL VIVÊ-LA NOS DIAS ATUAIS?


A ORDEM

2 JANEIRO DE 2020


A ORDEM

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A ORDEM

SUMÁRIO

EDITORIAL

NÃO PERMITA A AUSÊNCIA DE DEUS

Fundação Paz na Terra ano LXVII - Nº 45 Natal/RN | R$ 7,00 Janeiro de 2020

É POSSÍVEL VIVÊ-LA NOS DIAS ATUAIS?

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CAPA

ENTREVISTA - Presidente da comissão para educação analisa ensino religioso no país

VIDA PASTORAL - Africano Gofu

Félix agradece a Deus por agora ser um cidadão brasileiro

PARÓQUIAS -Nesta edição, você vai

conhecer a Paróquia de São João Batista, na praia de Pitangui

ESTREIA - A partir desta edição, a

revista A Ordem inaugura a coluna “Aprendendo com a Igreja”

EXPEDIENTE

Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689

4 JANEIRO DE 2020

CONSELHO CURADOR: Pe. Antônio Nunes Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra CONSELHO EDITORIAL: Pe. Rodrigo Paiva Luiza Gualberto Josineide Oliveira Jeferson Rocha Cione Cruz André Kinal Luiz Gustavo Milton Dantas Rivaldo Jr Vitória Élida

Há alguns dias, numa postagem num grupo de amigos numa dessas mídias sociais, alguém afirmava: “se Deus é o criador de todas as coisas, então ele criou o mal”. Era um professor que falava a um grupo de alunos em uma aula abordando temas filosóficos. Um dos alunos contestou o professor, com um argumento contundente. Em outras palavras, ele afirmava que Deus criou, sim, todas as coisas, mas não mal. O mal só existe pela ausência do bem. Ele reforçou com outros argumentos. A doença é a ausência de saúde; há fome por falta de alimentos, e assim por diante. O Brasil e algumas nações vivem períodos de instabilidade política, econômica, social e moral, disseminando, ao mesmo tempo, atos violentos, exclusão de direitos, perseguições, injustiças e a disseminação do ódio de umas “classes” contra outras. Seguindo o mesmo raciocínio do aluno que contestou o professor, pode-se afirmar que o que ocorre atualmente no Brasil é a ausência de boas práticas políticas, de bons programas econômicos e de boas políticas sociais. Não se faz Justiça disseminando ódio, exclusão e negando direitos. Não se pode permitir que o mal prevaleça sobre o bem. O ódio existe pela ausência do amor; a violência existe pela ausência da paz. Os males que há no mundo não são por culpa de Deus, mas pela ausência de Deus na vida das pessoas.

EDIÇÃO E REDAÇÃO: Luiza Gualberto (DRT-RN 1752) Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) REVISÃO: Milton Dantas (LP 3.501/RN) CAPA: Jeferson Rocha COLABORADORES: José Bezerra (DRT-RN 1210) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal

DIAGRAMAÇÃO: Akathistos Comunicação (47) 9 9618-3464

IMPRESSÃO: Gráfica Sul (84) 3211-2360

COMERCIAL: (84) 3615-2800

TIRAGEM: 3.000 exemplares

ASSINATURAS: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 – Tirol – Natal/RN (84) 3615-2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br



A ORDEM PALAVRA DA IGREJA

SEM SEGREDOS

Francisco Papa

A nova instrução especifica que “as informações devem ser tratadas de modo a garantir a segurança, a integridade e a confidencialidade”, conforme estabelecido no Código de Direito Canônico para tutelar “o bom nome, a imagem e a privacidade” das pessoas envolvidas.

pontifícios

No último dia 17 de dezembro, o Papa Francisco aboliu o segredo pontifício nos casos de violência sexual e de abuso de menores cometidos por clérigos, e decidiu também alterar a norma relativa ao crime de pornografia infantil, inserindo-o no caso da delicta graviora - os crimes mais graves -, a detenção e difusão de imagens pornográficas envolvendo menores até aos 18 anos de idade. O primeiro e mais importante documento é um rescrito assinado pelo cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin, o qual comunica que no último dia 4 de dezembro o Pontífice decidiu abolir o segredo pontifício sobre denúncias, processos e decisões relativas aos crimes mencionados no primeiro artigo do recente motu proprio Vos estis lux mundi, ou seja: casos de violência e de atos sexuais cometidos sob ameaça ou abuso de autoridade; casos de abuso de menores e de pessoas vulneráveis; casos de pornografia infantil; casos de não denúncia e cobertura dos abusadores por parte de bispos e superiores gerais dos institutos religiosos. A nova instrução especifica que “as informações devem ser tratadas de modo a garantir a segurança, a integridade e a confidencialidade”, conforme estabelecido no Código de Direito Canônico para tutelar “o bom nome, a imagem e a privacidade” das pessoas envolvidas. Mas este “sigilo profissional” lê-se ainda na instrução, “não impede o cumprimento das obrigações estabelecidas em todos os lugares pelas leis estatais”, incluindo quaisquer obrigações de sinalização, “bem como a execução dos pedidos executivos das autoridades judiciais civis”. Além disso, a quem efetua a sinalização, às vítimas e às testemunhas “não pode ser imposto algum vínculo de silêncio” sobre os fatos. Com um segundo rescrito, assinado pelo próprio cardeal Parolin e pelo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Luis Ladaria Ferrer, foram também dadas conhecidas as modificações de três artigos do motu proprio Sacramentorum sanctitatis tutela (de 2001, já modificado em 2010). Estabelece-se, de fato, que faça parte dos crimes mais graves reservados ao julgamento da Congregação para a Doutrina da Fé “a aquisição, detenção ou a divulgação, para fins libidinosos, de imagens pornográficas de menores de dezoito anos por parte de um clérigo, de qualquer forma e por qualquer meio”. Até agora, esse limite era fixado a 14 anos. Enfim, em outro artigo, é permitido que, nos casos relativos a estes crimes mais graves, o papel de “advogado e procurador” também possa ser desempenhado por fiéis leigos com doutorado em Direito Canônico e não apenas por sacerdotes. FONTE: Portal Vatican News

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A VOZ DO PASTOR A ORDEM

“Que venha 2020 e que ele seja cheio da graça amorosa do nosso Deus”

Prospectivas PARA 2020 Queridos irmãos e irmãs! O ano terminou. Somos convidados a abrir-nos ao novo, ao que está por vir. Esta é uma dinâmica cheia de encanto e de esperança, pois, é de nossa essência sermos voltados para a frente, para o futuro. Aqui, cabem bem as palavras de Papa Francisco, dirigidas na comemoração do 50º aniversário do Secretariado pela Justiça Social e a Ecologia da Companhia de Jesus: “[...] abram o futuro, ou, para usar a expressão de um escritor atual, frequentem o futuro. Abram futuro, suscitem possibilidades, gerem alternativas”. Frequentar o futuro é uma expressão que significa estar sempre atentos ao novo da ação de Deus. O nosso Deus não fica no passado. Ele é o eterno presente que nos encaminha na sua graça, é o kairós, o Novo, o Último que abraça a realidade penúltima que é a sua criação. Portanto, que venha 2020 e que ele seja cheio da graça amorosa do nosso Deus que não cessa de “coroar o ano todo com seus benefícios, pois à sua passagem goteja a fartura” (Sl 65,12). Quais são as prospectivas para o ano novo? Em 2020, teremos a graça de realizar a “visita ad limina Apostolorum”, visita dos bispos ao Bispo de Roma, para reforçar mais ainda os laços que nos unem a Pedro, na confirmação de nossa fé. O Código de Direito Canônico assim determina: “O Bispo diocesano está obrigado a apresentar de cinco em cinco anos, um relatório ao Sumo Pontífice sobre o estado da Diocese que lhe está confia-

Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal

da, segundo a forma e o tempo determinados pela Sé Apostólica... O Bispo diocesano vá a Roma no ano em que está obrigado a apresentar o relatório ao Sumo Pontífice, se de outro modo não houver sido decidido pela Sé Apostólica, a fim de venerar os sepulcros dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e apresente-se ao Romano Pontífice” (CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO. Cân. 399-400). 2020 é um ano eucarístico. A realização, na Arquidiocese de Olinda e Recife, do XVIII Congresso Eucarístico Nacional, será também um momento de graça e de renovação de nossa fé. Os Congressos Eucarísticos são realizados pela Igreja Católica em todo o mundo e visam professar e dar testemunho público da fé em Jesus Eucarístico, para adorar o Senhor em Espírito e Verdade (cf. Jo 4, 23). A primeira edição ocorreu em Lille, na França, em 1881, por iniciativa de um grupo de leigos, com apoio de São Pedro Julião Eymard, com a participação de fiéis e bispos de vários países europeus. No Brasil, o primeiro Congresso Eucarístico Nacional ocorreu na Arquidiocese de São Salvador, na Bahia, no ano de 1933. Também Natal já sediou um Congresso Eucarístico Nacional, em 1991, que foi encerrado pelo Papa São João Paulo, no dia 13 de outubro. A lembrança desse importante evento anima a nossa caminhada e confirma nossa fé no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, alimento para a nossa missão, força na nossa caminhada.

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A ORDEM ENTREVISTA

PRESIDENTE DA COMISSÃO PARA EDUCAÇÃO ANALISA

ensino religioso

POR LUIZA GUALBERTO

A Ordem: Como tem sido a atuação da comissão de educação da CNBB, atualmente? Dom João: A Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação tem uma abrangência de cinco setores de atuação, a saber: educação básica, universidades, ensino religioso, cultura e bens culturais. Para cada setor, há um bispo membro da comissão para acompanhar os projetos que, diretamente são, também, acompanhados pelos padres assessores. Cada setor tem, ainda, um grupo de colaboradores que representam diferentes regiões do país e trabalham para articular a ação evangelizadora em cada âmbito. No mês de janeiro de cada ano nos reunimos – bispos, assessores e colaboradores – para analisar a conjuntura da educação e da cultura no país, avaliar os projetos em curso e estabelecer as perspectivas de trabalho do ano. Por meio do site da Comissão os trabalhos podem ser acompanhados. A Ordem: Quais são os eixos de trabalho? Dom João: Os principais eixos são a formação e a articulação. Por isso dizemos que a principal tarefa da Comissão pode ser sintetizada nos verbos “pensar” e “servir”. São as contribuições que podemos oferecer. Num contexto sócio político de constantes polêmicas é necessário pensar e propor horizontes. É preciso que sejamos críticos, mas também propositivos. A Ordem: Como o senhor avalia o ensino religioso, hoje, em nosso país? Dom João: O estado atual do ensino religioso deve ser compreendido no quadro da educação em nosso país. Cada vez que predominam perspectivas tecnicistas, alguns conteúdos de formação humana são, infelizmente, preteridos. Quando, por exemplo, se diminui ou mesmo se menospreza o estudo da filosofia e da sociologia, pode-se esperar que, também, o ensino religioso será colocado de lado. Se de um lado são travadas verdadeiras batalhas para a manutenção do ensino religioso na formação básica, de outro há muitas dificuldades estruturais de implantá-lo adequadamente nas escolas da rede oficial. Há um longo caminho a percorrer.

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NO BRASIL


ENTREVISTA A ORDEM TV HORIZONTE

Dom João Justino é Arcebispo de Montes Claros (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). De acordo com Dom João, atualmente, a comissão tem abrangência em cinco setores e tem focado o trabalho nos eixos da formação e articulação. Para 2020, uma das prioridades será a participação no processo desencadeado pelo papa Francisco, que convocou o Pacto Global pela Educação.

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A ORDEM ENTREVISTA

O estado atual do ensino religioso deve ser compreendido no quadro da educação em nosso país. Cada vez que predominam perspectivas tecnicistas, alguns conteúdos de formação humana são, infelizmente, preteridos” A Ordem: A Igreja tem falado e chamado a atenção para a sinodalidade. Como viver essa sinodalidade no ambiente educacional? Dom João: Esse tema da sinodalidade é fascinante. Ele está presente na eclesiologia do Concílio Vaticano II e o Papa Francisco o recuperou de modo muito enfático. A sinodalidade não se inspira em uma concepção meramente política de participação, embora ela tenha, também, um significado político. Inspira-se na eclesiologia trinitária e eucarística. Sua base é a comunhão. Caminhar juntos para construir comunhão. O ambiente educacional não se diferencia muito do contexto cultural do país. É um ambiente muito plural e a sinodalidade requer escutas e diálogos. Quando a proposta é caminhar juntos, muitas respostas são alcançadas enquanto se caminha. A valorização ARQUIDIOCESE DE BELO HORIZONTE

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das experiências dos outros é um elemento que favorece a sinodalidade e enriquece a qualidade da educação. A Ordem: Quais serão as prioridades da comissão em 2020? Dom João: Em termos de educação são duas as prioridades. A primeira é participar do processo desencadeado pelo papa Francisco que convocou o Pacto Global pela Educação. Trata-se de uma iniciativa que tem o objetivo de resgatar o compromisso de toda a sociedade com a educação. Uma série de iniciativas estão sendo programadas para além do encontro mundial que será realizado em Roma no dia 14 de maio de 2020. A outra prioridade é avançar na expansão da Pastoral da Educação em um número maior de dioceses. Isso requer muito empenho da Comissão e dos colabo-

radores. Mas é este nosso trabalho e isso nos alegra muito. A Ordem: Como o senhor analisa a atuação e trabalho da Pastoral da Educação, no Brasil? Dom João: É um trabalho significativo. No entanto cresce lentamente, mas cresce. A Igreja descuidou nos últimos tempos da presença no mundo da educação. Houve um recuo em relação à presença nas escolas da rede oficial. E o retorno está sendo muito lento. Entre as muitas possibilidades de ações destaco sempre a relação paróquia-escola. Infelizmente em muitas paróquias se perdeu a relação com as escolas. É urgente que párocos e agentes da pastoral paroquial se aproximem da escola e se coloquem disponíveis para servir à comunidade escolar. Isso se faz por meio da Pastoral da Educação.



A busca pela Paz A ORDEM CAPA

É POSSÍVEL VIVÊ-LA NOS DIAS ATUAIS? Assim como na psicologia, a sociologia acredita que a Paz está relacionada com uma compreensão coletiva POR JEFERSON ROCHA

FOTOS: JEFERSON ROCHA

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o primeiro dia do ano, celebramos o Dia Mundial da Paz, criado pelo Papa Paulo VI em 1967 e transformado em um feriado internacional comemorado anualmente. Em sua Declaração, o Papa Paulo VI destacou que a celebração não deve ser voltada apenas aos católicos, mas sim, para todas as pessoas no mundo, não importando a religião. Mas como alcançar essa Paz na atualidade, em um mundo onde os números de violências contra a humanidade são destacados constantemente nos noticiários? (seria interessante colocar um pequeno gráfico sobre homicídios no RN – informação no final da página). É possível estarmos em um estado

CAPA A ORDEM

Assim como na psicologia, a sociologia acredita que a Paz está relacionada com uma compreensão coletiva”

de Paz e harmonia constante e universal? Para o professor Orivaldo Lopes Júnior, do Instituto Humanitas de Estudos Integrados, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é preciso entender, inicialmente, que a Paz é algo subjetivo, mas que não deve ser tratada como uma oposição ao conflito: “As duas forças têm que estar conjugadas; caso contrário, a gente não vai jamais conseguir, porque, se você almeja uma Paz absoluta vai cair em uma guerra absoluta; num conflito absoluto. Se pessoas quiserem, hipoteticamente, um estado de guerra absoluta, claro, elas teriam essa guerra absoluta, lutariam e se sentiriam bem naquele estado de guerra que é, no final das contas, uma

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A ORDEM CAPA FOTOS: JEFERSON ROCHA

Orivaldo Lopes, professor da UFRN

Paz para elas. Então, não tem como você separar esses dois elementos. No entanto, precisamos nos perguntar constantemente: como coadunar os dois? Essa é a grande questão”, resume. O ser humano é o único da Terra capaz tanto de produzir o horror quanto o belo de forma consciente. No entanto, sua mente envolve questões complexas que não podem ser resumidas em dicotomias como a solução de problemas como Paz e Guerra, porque vivemos envolvidos em conflitos, não só sociais, mas também psicológicos que precisam ser levados em consideração. Para o professor Marlos Bezerra, do Departamento de Psicologia, da UFRN, “demonizar ou individualizar um problema não é a solução, porque, para uma saúde psíquica, é importante uma ação sempre coletiva. A educação vai ser sempre, para

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mim, uma boa alternativa, mas a questão é: Por que a educação não se torna efetiva? Para isso é preciso o querer, que é coletivo no sentido de reinvestir a si mesmo. Do ponto de vista psíquico, o humano é capaz de produzir todas as estruturas necessárias para uma vida de cooperação e de produzir todos os mecanismos necessários para uma administração dos conflitos, dos desejos, para uma regulação das liberdades”. Assim como na psicologia, a sociologia acredita que a Paz está relacionada com uma compreensão coletiva. Para o professor Orivaldo Lopes Júnior, é preciso que a sociedade compreenda o verdadeiro significado da palavra PODER em dois aspectos: “Nas línguas latinas, PODER se apresenta como verbo e substantivo: é a mesma palavra, mas, como substantivo, ela é sempre uma armadilha contra Paz, por-

que está ligada ao direito à violência. Quando você tem um grupo ou uma pessoa que tem o direito à violência, você vai ter a violência institucionalizada, funcionando e a Paz se desfaz. Assim, é preciso tratar o poder como verbo, que trabalha junto para negociar: O que a gente pode fazer juntos para resolver tal questão? Ah, você não pode fazer isso, você pode trazer assim”, registra. Em uma análise filosófica, o Padre Nazareno Nóbrega, da Paróquia de São Francisco de Assis, - Cidade Satélite, destaca que há reflexões sobre a busca pela Paz desde Santo Agostinho, até a reflexão do Austríaco Martin Buber, com ensaio sobre a existência humana na obra “Eu e Tu”, publicada no período entre guerras, que registra a importância do encontro consigo e com o outro: “O homem é um ser relacional, a gente começa a se relacionar desde quando somos gerados no ventre da nossa mãe, como feto, como criança, depois como bebê - e quando falta essa relação, criam-se lacunas muitas vezes irreparáveis. Nesse contexto é que a filosofia tende a nos dar propostas, sobretudo nos abrindo a novas epistemologias, formas de conhecimento, de si mesmo. Como afirma Santo Agostinho, ‘O homem só encontra a Paz, quando se encontra a si mesmo’, e talvez o grande desafio de hoje seja encontrar-se, para além da superficialidade”, resume. IGREJA E A PAZ Seguindo os mandamentos de Jesus, a Igreja Católica tem se transformado mundialmente para a compreensão e busca constante para uma sociedade pacífica, com


“ CAPA A ORDEM

amor, respeito e tolerância. Para o padre Nazareno, a “Paz é um tema principal na igreja porque o nosso mestre é o príncipe da Paz. Então, a gente busca levar essa Paz tanto através de ações solidárias quanto dos sacramentos”. Ele ainda ressalta que a igreja reconhece que a busca da Paz passa por esse encontro com Deus que começa com um encontro consigo mas que também leva ao encontro com o outro. “É como diz um poeta popular: “a Paz começa em mim”. A igreja também lembra muito isso: se eu quero a Paz que eu a deseje. E a gente sabe que a Igreja tem um dos grandes baluartes da Paz, que é São Francisco de Assis. Ele tem a sua oração pela paz - embora não seja de próprio punho - que é uma coletânea Franciscana que apregoa exatamente esse desejo de uma mudança moral e ética a partir da pessoa, de cada pessoa”. Assim, a oração de São Francisco

Pe. José Nazareno, pároco da Paróquia de São Francisco de Assis, em Cidade Satélite

Em uma análise filosófica, o Padre Nazareno Nóbrega, da Paróquia de São Francisco de Assis - Cidade Satélite, destaca que há reflexões sobre a busca pela Paz desde Santo Agostinho, até a reflexão do Austríaco Martin Buber”

é considerada uma atitude individual, intransferível, mas para um bem coletivo. É nesse sentido que a igreja olha para São Francisco com uma mensagem ainda tão presente, tão viva no coração de tantas pessoas, não só dos cristãos, ou católicos, mas inclusive, até ateus e outras religiões e, praticamente a Igreja caminha nessa linha. Nesse contexto, a Igreja e os fiéis acreditam que a Paz pode ser alcançada através de ações concretas de solidariedade através de ações sociais realizadas pelas paróquias e movimentos, ou mesmo através de Campanhas como a da Fraternidade que aborda temas de relevância social e debate temas onde, muitas vezes, a igreja não consegue estar presente. JOVENS PELA PAZ Um exemplo dessa conexão da Igreja da busca pela Paz, dentre

muitos em nossa Arquidiocese, é o trabalho realizado no Bairro Nazaré, Zona Oeste de Natal, através do Encontro de Jovens em Busca da Paz (EJBP). A ação surgiu em 2002 e reúne adolescentes com idade entre 14 a 17 anos, com o objetivo de envolver adolescentes para que tivessem menos tempo ocioso e, assim, não se envolvessem com a criminalidade e violência muito presente no bairro, naquela época. Adriano Felipe, um dos primeiros coordenadores do EJBP, lembra que o bairro era bastante violento e sofria bastante preconceito da população: “Um bairro populoso, carente, discriminado e marginalizado, porque aqui tinha um índice de violência muito grande, de tráfico de drogas, e quando a gente olha para trás, muitos amigos da gente ou já foram mortos ou estão presos ou em uma vida totalmente desgraçada por causa da droga”, lamenta. Hoje, o grupo faz parte da Paróquia do Santuário dos Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu e tem encontros anuais e pós-encontros a cada 15 dias. Os resultados do trabalho da igreja já podem ser vistos: “O EJBP faz parte da mudança de nosso bairro. A gente sabe que o índice de violência diminuiu, mas ela existe ainda, e depende também das autoridades, mas os jovens estão voltados mais para igreja e a gente fica muito feliz porque nessa trajetória, muitos jovens se voltaram para a igreja e se envolveram com O Segue-me, o Encontro de Casais com Cristo (ECC), construíram famílias e transformaram a realidade de nossa comunidade”, ressalta Adriano.

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A ORDEM EM AÇÃO

A alegria de ter

cidadania brasileira O africano Gofu Félix Corleoma agradece a Deus por agora ser um cidadão brasileiro POR CACILDA MEDEIROS

Era o ano 2000. Naquela época, o africano Gofu Félix tinha apenas 17 anos de idade e um sonho: ser jogador de futebol, para ganhar dinheiro e ajudar aos pais e aos cinco irmãos. Alimentado por esse sonho e pela fé em Deus, o jovem deixou a família e amigos e iniciou uma saga pelo continente africano, com pouco dinheiro no bolso. O objetivo era chegar aos Estados Unidos, tentando ser jogador. Chegou à Tanzânia e, depois, a Joanesburgo, a maior cidade da África do Sul. Lá, sofreu, passou fome e foi preso, por estar sem documentos. Correu o risco de ser deportado. Depois de cerca de dois meses preso, foi liberado. Pegou um trem e seguiu para outra cidade sul africana, onde havia um porto. Gofu está destinado a entrar, clandestinamente, em um navio, e chegar aos Estados Unidos. Já se passara uns cinco meses que ele havia saído de casa e, até aí, não tinha contato com a família.

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EM AÇÃO A ORDEM

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A ORDEM EM AÇÃO

FOTOS: CACILDA MEDEIROS

Felipe Bastos, responsável pela Obra, em Natal

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Do navio chinês a ser jogado no mar Gofu ficou algumas semanas, ‘morando’ escondido no Porto, sem dinheiro para se alimentar, só com a roupa do corpo, aguardando uma oportunidade para entrar em um navio, sem ser visto. No dia 16 de dezembro do ano 2000, ancorou um navio chinês naquele porto. “Olhei para os containers, que o navio transportava, e vi US escrito neles. Logo, deduzi que aquele navio iria para os Estados Unidos”, lembra Gofu. Ele e mais outros africanos, que queriam viajar ‘clandestinos’, aguardaram dar meio dia, porque sabíamos que os tripulantes estariam almoçando, e entraram no navio, não pela escada, mas pela corda que prendia o navio ao porto. “Fiquei com muito medo, porque não sabia nadar. Amarrei uma garrafa com água e um punhado de açúcar na minha cintura e decidi arriscar. Consegui entrar no navio pela corda. Vi uma porta, empurrei e ela abriu. Era um depósito cheio de cordas. Fiquei lá por uns dez dias, escondido, e comecei a passar mal, fraco, com fome, sede e frio”, narra. Ele foi se arrastando e conseguiu sair do esconderijo, até ser encontrado por um grego, que trabalhava como mecânico no navio. Depois de ser descoberto pela tribulação, foi recolhido a uma espécie de cela, no interior do navio. Lá, também recebeu água e alimentos. A fé em Deus sempre foi algo presente na vida dele. Nos piores momentos da sua saga, após deixar a casa dos pais, sempre conversava com Deus. E naquela cela, não seria diferente. Passaram-se mais


EM AÇÃO A ORDEM

alguns dias, até que uma certa noite, já madrugada, os tripulantes pegaram Gofu e o levaram a um determinado lugar, no navio. Eles começaram a pressioná-lo a se jogar no mar. O africano não poderia mais ficar no navio e eles estavam em alto mar. Tomado por uma coragem e fé em Deus, o jovem pediu ao capitão um tambor, uma corda (para se amarrar ao tambor) e um colete salva vidas. “Eu não tinha escolha. Sentei-me na borda do navio, com o colete e o tambor preso nas minhas costas. Eles contaram até três e eu fui obrigado a pular naquela água azulada, na escuridão da noite”, conta. Gofu lembra que ficou desesperado, se debatendo, apenas com a cabeça fora da água, vendo o navio ir embora. Após algumas horas, já não sentia mais os movimentos dos membros do corpo, ‘roídos’ pelos peixes. O resgate A fé, contudo, não lhe abandonou. “Eu pensava: Deus vai enviar um anjo para me salvar. E eu pensava que seria resgatado por um avião”, recorda. Passadas algumas horas, o sol quente, o africano pediu que o “Senhor colocasse a alma dele em bom lugar”. Tentou se soltar do tambor, porém não tinha força, não conseguiu. E continuou à deriva, durante umas 13 horas. Já era tarde, naquele dia 31 de dezembro de 2000. Um barco com três pescadores (pai e dois filhos) se aproximou. Eles tinham pressa para voltar para casa, que ficava na cidade de Tibau do Sul (RN). Ao longe, um dos rapazes

“Fiquei com muito medo, porque não sabia nadar. Amarrei uma garrafa com água e um punhado de açúcar na minha cintura e decidi arriscar. Consegui entrar no navio pela corda”.

avistou o tambor e insistiu com pai para pegá-lo. Ao se aproximarem, perceberam que havia uma pessoa amarrada ao tambor. O anjo não chegou de avião, mas de barco pesqueiro, para salvar o africano. Os primeiros contatos foram difíceis, porque os pescadores falavam português e o africano fala inglês. Ao chegar em terra firme, os pescadores lhe deram roupas e o entregaram à Polícia Federal. O então delegado da PF entrou em contato com a Arquidiocese de Natal, porque sabia que a Igreja Católica tinha um trabalho junto a refugiados. A Arquidiocese o acolheu, deu abrigo, comida, dignidade. Cidadão brasileiro Gofu Félix Corleoma casou com Lidiane Cristina, uma jovem da cidade de Parnamirim. Há algum tempo trabalha em uma empresa que presta serviços à Prefeitura de Parnamirim, sendo ele porteiro em uma escola municipal. Possui casa própria, onde mora com a família: a esposa e duas filhas – uma com cinco e outra com 11 anos de idade. Nesses anos, ele também resgatou o contato com os pais e irmãos, na África. Hoje, as redes sociais, em especial o whatsapp, facilitam a comunicação. Em 2017, Gofu entrou com o pedido de naturalização brasileira, pleito que foi deferido e publicado no Diário Oficial da União, em 29 de julho de 2019. Agora, ele é só gratidão a Deus e a todos que o ajudaram, inclusive à Arquidiocese de Natal e a Dom Heitor de Araújo Sales, que era o arcebispo, na época em que chegou ao território brasileiro.

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“Que todos tenham vida em abundância”

A

partir desta edição, a revista A Ordem vai abordar, nesta página, temas catequéticos sobre a doutrina, teologia e curiosidades da Igreja Católica. O leitor é convidado a enviar perguntas, com dúvidas sobre assuntos diversos, em âmbito eclesial, que serão respondidas por especialistas. As perguntas podem ser enviadas para o e-mail pascom@arquidiocesedenatal. org.br ou para o whatsapp do Setor de Comunicação da Arquidiocese, no número (84) 99675-7772, informando sempre que é o “Aprendendo com a Igreja”, da revista A Ordem. Para estrear a coluna, o assunto em pauta é o “direito à vida”, tema abordado no programa Aprendendo com a Igreja, levado ao ar no dia 15 de dezembro de 2019, pela Rádio 91.9 FM, com a participação do Padre Júlio César Souza Cavalcante e da médica Janet Alves, fundadora da Comunidade Reviver pela Misericórdia. A primeira, entre tantas perguntas feitas aos entrevistados, foi:

Jesus disse que veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância. Qual o significado dessa passagem bíblica? Pe. Júlio César: Esse versículo é do texto em que Jesus diz que é o bom Pastor. E quando Ele fala que veio para que todos tenham vida e a tenham abundância, em primeiro lugar, Ele quer nos mostrar que a vida não é apenas para algumas pessoas. Às vezes, corremos o risco de querer selecionar quem pode e quem não pode viver. A vida é para todos e é vida em abundância. E isso nos leva a refletir: como as pessoas estão vivendo nos abrigos, nas periferias e até dentro de nossas próprias casas?


A ORDEM PARÓQUIAS

Paróquia de Pitangui evangeliza

fiéis no litoral norte do estado

PE. JOÃO PAULO

Paróquia de São João Batista foi criada no dia 29 de agosto de 2017 POR LUIZA GUALBERTO

Igreja matriz de São João Batista, em Pitangui

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PARÓQUIAS A ORDEM

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istrito de Extremoz, no litoral norte do estado, a praia de Pitangui sempre foi motivada pela fé, mesmo diante dos desafios impostos pela vida litorânea. A praia não demorou a acompanhar o desenvolvimento de Extremoz e se firmou por meio da pesca, o que impulsionou ainda mais o crescimento da comunidade. Em relação ao aspecto religioso, este seguiu o mesmo fluxo. De acordo com o histórico da comunidade paroquial, conta-se que uma das primeiras motivações devocionais do povo, foram incentivadas por Joaquim Capim, com a construção de um oratório para que a comunidade pudesse se reunir para rezar e realizar novenas, que eram conduzidas pela parteira do distrito, Maria de Bia. De acordo com o pesquisador Iago Nascimento, uma das dificuldades era a presença de um padre na comunidade. Segundo Iago, pelo menos uma vez por ano, alguns pescadores iam buscar algum sacerdote, na cidade de Ceará-Mirim ou na capital, para que fossem realizados os ritos. Era comum o padre passar o dia inteiro de missão em Pitangui, administrando os sacramentos. DEVOÇÃO A SÃO JOÃO Na época da segunda guerra mundial, em 1945, Pitangui, assim como outras áreas litorâneas, tornou-se abrigo para militares que guardavam as entradas das invasões dos inimigos. No mês de junho daquele ano, foi encontrada no mar, uma embarcação grega bombardeada. Os tripu-

JOSÉ BEZERRA

lantes tiveram abrigo na comunidade e, em gratidão, ofereceram uma imagem de São João Batista como presente, em virtude de ser o mês de junho, período em que se celebra o santo. Com a chegada da imagem, a Igreja local passou a se desenvolver. A comunidade se uniu para a construção de uma capela, onde poderiam ser realizadas as celebrações. A comunidade também passou a ter uma forte devoção a Nossa Senhora dos Navegantes, padroeira dos pescadores. A chegada da imagem no distrito aconteceu no dia 15 de agosto de 1952. CRIAÇÃO DA PARÓQUIA No dia 28 de janeiro de 1987 aconteceu a inauguração da Igreja matriz, com uma celebração presidida pelo Pe. Thiago Theisen. Com o crescimento da comunidade, anos mais tarde aconteceu a criação da Área Pastoral, no dia 05 de setembro de 2016. No dia 29 de agosto de 2018, foi criada a Paróquia de São João Batista, pelo Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, sendo desmembrada da Paróquia de São Miguel Arcanjo, em Extremoz, tendo como primeiro pároco, o padre João Paulo Costa. De acordo com o sacerdote, mesmo com os desafios impos-

Pe. João Paulo Costa, pároco

tos à evangelização em um território litorâneo, a Paróquia é ativa e conta com diversas atividades. A comunidade vivencia neste mês, por exemplo, a festa de Nossa Senhora dos Navegantes, com uma intensa programação, que reúne, principalmente, os pescadores locais, no período de 25 de janeiro a 03 de fevereiro. Durante este período de veraneio, em que muitas praias recebem turistas, a Paróquia também presta uma assistência religiosa a esses fiéis, no sentido de favorecer a participação destes nas celebrações litúrgicas.

SERVIÇO Endereço: Av. Pitangui, s/n – Centro – Pitangui/RN Facebook: @paroquiadesaojoaobatistapitangui Horários de missa (matriz): Quinta-feira, às 18h, adoração ao Santíssimo Sacramento e missa Domingos, às 07h30 e 19h

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A ORDEM

VIDA PASTORAL FOTOS: RIVALDO JR.

Projeto Maná

alimenta o corpo e a alma

A sopa é distribuída para 500 pessoas

Por Cacilda Medeiros

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á mais de dois anos, um grupo de agentes pastorais da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, no Parque das Dunas, zona norte de Natal, apoiado pelo pároco, Padre João Maria do Nascimento, decidiu fazer algo em prol das pessoas mais carentes, que moravam na região. Foi aí que surgiu o Projeto Maná. Atualmente, todas as sextas-feiras, a partir das 18 horas, cerca de 80 famílias, que somam quase 500 pessoas, recebem sopa e pão, gratuitamente. Na sexta-feira, à tarde, o grupo se reúne em uma casa, alugada pela paróquia, ao lado do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, para preparar a sopa. Os ingredientes são doados pela CEASA, por dois supermercados e pelos próprios agentes. Os pães são doados por uma padaria do bairro, pelos agentes pastorais e pelo pároco.

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VIDA PASTORAL A ORDEM

Além da sopa Para receber a sopa, todas as semanas, a família precisa fazer um cadastro, com a coordenadora do Projeto, a funcionária pública Luana Cristina. “Iniciamos o projeto, com umas 50 famílias que já eram acompanhadas pela Pastoral da Criança e pela Pastoral da Saúde, na Paróquia. Depois, foram aparecendo outras pessoas”, conta Hudson Moreira. “Nós também fazemos um trabalho de evangelização junto a essas pessoas, através da visita às famílias. Muitas delas, participam da missa. Além disso, temos momentos festivos com elas, como o dia das crianças e o Natal”, explica a coordenadora. Luana conta que, quando necessário, o grupo também orienta as pessoas no enca-

minhamento para consultas médicas, por exemplo. “O Projeto Maná é uma centelha de ação social, em nossa paróquia. É uma manifestação do nosso compromisso para com a sociedade”, destaca Padre João Nascimento. Ele lembra que a ação está em sintonia com o apelo permanente do Papa Francisco: “uma Igreja em saída, que vai além de seus muros”. Dar e receber Emocionada, Luana Cristina diz que o Maná representa ‘muito amor’ para a vida dela. “A situação em que vivem muitas dessas pessoas que são beneficiadas com o projeto, motiva muito o nosso trabalho, que é feito com amor”, diz a voluntária, Mariselma Alves.

A sopa e o pão só são distribuídos a partir das 18 horas, porém, bem antes, as pessoas começam a chegar, cada uma com sua ‘vasilha’. Cícera Basílio, mora sozinha, na comunidade Brasil Novo. Ela chega uma hora antes, para aguardar a sopa. “É deliciosa, com muita verdura e faz bem à nossa saúde”, comenta. Desiane Souza conta que, na casa dela moram quatro pessoas, e o único dinheiro para o sustento da família é dos bicos feitos pelo marido. “A sopa significa o jantar garantido, na sexta-feira”, diz. Já, Francisca Damiana mora com o esposo e seis filhos. Apenas o esposo e o filho mais velho fazem ‘bico’ para sustentar a família. Ela diz que já teve dia em que a sopa e o pão, doados pelo Maná, são os únicos alimentos da casa.

Todas as sextas-feiras, a equipe se reúne para preparar a sopa

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Pe. Gil


A ORDEM REPORTAGEM

Arquidiocese

FOTOS: CACILDA MEDEIROS

lança plano pastoral 2020-2023 O novo plano é fruto da 59ª Assembleia Arquidiocesana de Pastoral POR DANIELLA CÂMARA

Com o tema: “Uma Igreja sinodal e em saída” e o lema: “Eram perseverantes no ensinamento dos Apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At 2, 42), a Arquidiocese de Natal apresenta o Plano de Ação Pastoral para os próximos quatro anos, resultado da 59ª Assembleia Pastoral Arquidiocesana. No Plano, aparece redefinida a missão da Arquidiocese: “evangelizar e anunciar o Reino numa perspectiva e atitude dialogal com a atualidade”. Trata-se de um caminho a percorrer, num desejo e esforço de que sejamos uma Igreja servidora, samaritana, pobre com os pobres, comprometida com a evangelização, fortalecendo,

assim, a setorização, no espírito sinodal missionário. Esse caminho de espiritualidade sinodal e missionária requer o estabelecimento de metas, estratégias e ações que apontem para o alcance do objetivo que não é outro senão o de “Evangelizar a partir da Palavra de Deus formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo nas comunidades eclesiais missionárias”. Desse modo, em nível de Arquidiocese, foram definidas três metas que devem orientar o planejamento das ações pastorais das Paróquias, dos Setores e Comissões: Meta 1: cultivar, nos agentes de pastoral e fiéis em geral, a concepção de uma Igreja em

Diácono Edmar Araújo, assessor da Assembleia Pastoral

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saída, através de atividades que visem o fortalecimento das comunidades eclesiais missionárias. Meta 2: promover formação missionária para os agentes de pastoral das paróquias, a fim de que assumam cada vez mais a missão da evangelização das famílias, fortalecendo as comunidades eclesiais missionárias. Meta 3: priorizar meses te-


REPORTAGEM A ORDEM

Assembleia realizada dias 6 e 7 de novembro, em Candelária

máticos para trabalhar Família, Juventude e Pastorais Sociais, fazendo o bom uso dos meios de comunicação social. Seguindo as Diretrizes da CNBB Segundo o assessor da 59ª Assembleia, Diácono Edmar Araújo, o Plano Pastoral está em consonância com os quatro pilares da ação evangelizado-

ra – Palavra, Pão, Caridade e Ação missionária – propostos pedagogicamente pelas novas Diretrizes da CNBB 2019-2023. Com isso, há que se avivar a relação entre fé e vida, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, assumir o compromisso ecológico e o cuidado com a casa comum, promover a catequese de iniciação cristã de inspiração catecumenal e

testemunhar o Reino de Deus, no seguimento de Jesus e pelo exemplo e intercessão de Nossa Senhora e dos Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu. Agora, a coordenação arquidiocesana de pastoral incentiva as paróquias para realizarem suas assembleias, tendo como base o Plano Arquidiocesano de Pastoral, tendo também o cuidado de fazer a avaliação das ações, anualmente. JANEIRO DE 2020

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A ORDEM

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ARTIGO A ORDEM

Saudade

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omo é bom ainda haver desejos em torno de um mundo vivido eternizado pela lembrança! Como é bom recorrer ao universo do interior abstrato, buscando encontrar resquícios de uma ação vivida! Como é bom saber que estamos vivos e que, vivos, esperamos encontrar os sentimentos através das significativas lembranças do tempo! É neste sentido que a interjeição eterniza nossa mais profunda forma de ser, de querer, de ter um mundo em nossas mãos como que dizendo que aquilo que somos e fazemos nos torna agentes vivos de uma construção contínua que gera vida e vida plena na medida da plenitude do realizar práticas que constroem significados. Perdemos em algum tempo algo precioso que fazia parte do universo de nosso sentir e de nosso ter: uma pessoa querida, uma ação vivenciada que cumpriu seu tempo, um momento de amizade, um pensamento momentâneo de felicidade... Estas perdas nos trazem a solidão. A princípio, um vazio se instala, instalando a dor em torno da perda do amor que nos traz a falta de saúde, matando o nosso fulgor. No entanto, saudamos o estado de perda, de ausência com um gesto de desprendimento de nossas próprias amarras: a lágrima, o sorriso, o inclinar-se ao nada que se torna tudo. Saudade! Sentimento pela distância, pelo afastamento daquilo que amamos. Este sentimento cruza continuamente nosso caminho, como poetizei em algum tempo: Há muito escutamos falar que a palavra saudade é algo privado da Língua Portuguesa, isso se torna fato em se tratando do vocábulo “Saudade – solitatem”; porém, em se tratando do sentimento, observamos que ela é algo universal. Em outras línguas são utilizadas palavras que se aproximam deste sentimento, mas nenhuma chega tão perto de expressar com tanta clareza este estado de Espírito. Onde existir gente, este sentimento existirá e, em consonância com a origem, todos sentirão e todos utilizarão o signo linguístico cada um em sua forma morfológica de ser. Ah, Saudade!!!

Milton Dantas da Silva Psicopedagogo

A saudade cruza continuamente o meu caminho saudade de gente saudade de planta saudade do rio saudade da flor saudade do amor saudade do pensamento inesperado como o vento cruzando sempre continuamente”.

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A ORDEM GALERIA

Seminário homenageia pessoas e instituições com Comenda Cardeal Sales ALDAIR DANTAS

Setor de Comunicação da Arquidiocese foi agraciado com a comenda

Por ocasião da missa em ação de graças pelos cem anos de história do Seminário de São Pedro, celebrada dia 19 de dezembro, na Catedral Metropolitana, presidida pelo arcebispo, Dom Jaime Vieira Rocha, algumas pessoas e instituições foram homenageadas com a Comenda Cardeal Sales. Receberam a comenda, no final da missa: o arcebispo metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha; os arcebispos eméritos Dom Heitor de Araújo Sales e Dom Matias Patrício de Macêdo; o bispo da Diocese de Mossoró, Dom Mariano Manzana; o bispo de Caicó, Dom Antônio Carlos Cruz Santos; a atual direção do Seminário, composta pelos Padre José Valquimar Nogueira do Nascimento, Roberlan Roberto de Oliveira Gomes, Paulo Henrique da Silva e Ednaldo Virgílio da Cruz; o pároco da Paróquia da Catedral, Padre Valdir Cândido de Morais; e o Setor de Comunicação da Arquidiocese. As instituições alemãs Adveniat, Kirche in Not e o Vicariato Geral da Arquidiocese de Colônia, e a Fundação Suíça Maria Theresia Sherer Ingenbohl, pertencente às Irmãs da Santa Cruz receberão a comenda no segundo semestre de 2020. Todas essas instituições contribuem com a formação, no Seminário de São Pedro. A comenda foi instituída através do decreto nº 12/2018, do arcebispo metropolitano Dom Jaime Vieira Rocha, como uma homenagem póstuma a Dom Eugênio de Araújo Sales. Esta foi a primeira vez que a medalha foi entregue. A partir de 2020, um regulamento definirá os critérios para a concessão da comenda. Também, durante a missa, que marcou o encerramento das comemorações alusivas ao centenário do Seminário, dois seminaristas foram ordenados diáconos: Dênison Ricardo da Costa e Gilson Klaus Barbalho.

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GALERIA A ORDEM

Alecrim festeja São Sebastião No período de 10 a 20 de janeiro, será celebrada a festa em honra a São Sebastião, no bairro do Alecrim, em Natal. Diariamente, às 19 horas, haverá celebração de novena, na Igreja Matriz, seguida de quermesse. No dia 20, a programação será intensa. Durante todo o dia, serão celebradas seis missas, sendo a primeira às 6h30. À tarde, às 16h30, acontecerá a tradicional procissão, pelas ruas do Alecrim, conduzindo a imagem de São Sebastião, encerrando com a missa solene, presidida pelo arcebispo metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha.

Horário especial Durante todo o mês de janeiro, o horário de funcionamento no Centro Pastoral Pio X (subsolo da Catedral) será das 8h às 14 horas. O horário voltará ao normal, ou seja, das 8h às 12h e das 13h às 17 horas, a partir de 3 de fevereiro.

Festa na Candelária A Paróquia de Nossa Senhora da Candelária, no bairro da Candelária, em Natal, vai realizar uma Semana Missionária, no período de 19 a 28 de janeiro. Segundo o pároco, Padre Júlio César Souza Cavalcante, a atividade acontecerá nas 11 comunidades eclesiais missionárias, no território da paróquia, em preparação para a festa da padroeira. “Teremos visitas às famílias, durante o dia e recitação do terço, à noite. Cada dia, a programação será desenvolvida em um dos setores”, conta o pároco. Ainda, dentro da programação, no dia 22, será realizada a Tarde Festiva, no Centro Pastoral. A festa será celebrada, na Igreja Matriz, a partir de 29 de janeiro, encerrando no dia 2 de fevereiro, às 17 horas, com a procissão pelas ruas do bairro, e missa solene.

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A ORDEM GALERIA RIVALDO JR

Participantes do encontro arquidiocesano de avaliação e planejamento, realizado dia 23 de novembro de 2019

Pascom divulga plano arquidiocesano 2020 Os coordenadores paroquiais da Pastoral da Comunicação já receberam o Plano Arquidiocesano, junto com o calendário de atividades previstas para este ano de 2020. O Plano foi elaborado por ocasião do encontro com os coordenadores paroquiais da Pascom, realizado dia 23 de novembro, no auditório do Seminário de São Pedro. Na ocasião, foram pensadas ações que contemplam os quatros eixos da Pascom, conforme o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil: formação, articulação, produção e espiritualidade. Entre as várias atividades e ações previstas para este ano, estão o 2º Prêmio de Comunicação da Arquidiocese de Natal, cujas inscrições serão realizadas no mês de março; o 6º Seminário Arquidiocesano de Comunicação, em 24 de maio, comemorando o Dia Mundial das Comunicações Sociais; e o encontro de avaliação e planejamento, dias 12 e 13 de dezembro. A Escola de Comunicação, por sua vez, pretende oferecer quatro cursos, neste ano: Comunicação na Liturgia, a arte de fotografar com o celular, produção de card, transmissão ao vivo e um workshop de fotografia (nível intermediário). Já, em nível de Regional Nordeste 2, será realizado o 8º Mutirão de Comunicação, no período de 3 a 5 de julho, em Patos (PB). 32 JANEIRO DE 2020


Edição Especial A ORDEM

Adquira seu exemplar no Seminário de São Pedro - Informações: (84) 3615-2819 JANEIRO DE 2020

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A ORDEM GERAL

Padre João Maria

Anjo da Caridade

Por José Rodrigues - vice postulador da causa do Pe. João Maria Shirley Magnólia Baumgartner Câmara de Oliveira Psicóloga Clínica

A Igreja do padre João Maria As vezes algumas pessoas perguntam se o padre João Maria foi pároco da Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes ou se ele morava nessa Igreja. Contudo, aquela Igreja foi edificada na década de 1950 e a criação da Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes só foi criada em 1965 e o padre João Maria faleceu em 1905. Ressalte-se também que a cidade do Natal, no tempo do padre João Maria, era uma única Paróquia e tinha como matriz a Igreja de Nossa Senhora da Apresentação (“Antiga Catedral”). Mas, qual é a relação do servo de Deus com a Igreja no Alto do Juruá? Quando a epidemia de varíola que assolou a cidade do Natal começou a ser controlada em 1905, o padre João Maria, que tinha se dedicado sobremaneira ao combatente da epidemia, caiu enfermo. A enfermidade que acometeu o padre não foi a varíola, à época o sacerdote, diagnosticado com diabetes, teve seu quadro agravado pelo esforço feito no combate à peste. Com a saúde debilitada, o padre João Maria teve que se afastar das funções de pároco da cidade para descansar melhor. Foi oferecida a ele uma casa, pertencente à família Moreira Brandão. Fora do perímetro urbano, a residência era localizada no Alto do Juruá, que no início do século passado era uma duna quase totalmente desabitada. Nesse lugar, o padre passou seus últimos dias, até seu falecimento, na manhã em 16 de outubro de 1905. Foi apenas na década de 1950, que o Mons. Eymard L’E. Monteiro, devoto do padre João Maria, teve a ideia de construir sobre a antiga casa, uma Igreja em memória ao servo de Deus. Tendo conseguido a doação do terreno, o Mons. Eymard, iniciou uma campanha no programa “De alma para alma”, inicialmente transmitido na Rádio Poti e posteriormente na Rádio Rural, de arrecadações nas ruas para arrecadar fundos e ver seu sonho concretizado. A Igreja foi inaugurada com o título de Nossa Senhora de Lourdes. Contudo, o povo denominava o templo como “Igreja do Padre João Maria”. Em 1979, a Igreja passou a abrigar os restos mortais do padre João Maria, mas isso é assunto para outro artigo...

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Como está sua saúde mental? Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma pessoa a cada 40 segundos comete suicídio, e de todas as doenças que mais conduz ao suicídio é a depressão. Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com esse transtorno. Pensando em reverter essa realidade é que a campanha Janeiro Branco foi criada pelo Psicólogo mineiro Leonardo Abrahão, em 2014. Já estamos na 7ª edição. Graças às mídias e o empenho de profissionais das mais diversas áreas do conhecimento humano que se preocupam com o tema, a campanha só tem crescido, conhecida atualmente como a maior Campanha do mundo em prol da construção de uma cultura da Saúde Mental na humanidade. A campanha Janeiro Branco tem como objetivo despertar a conscientização da humanidade para o tema saúde mental. Precisamos discutir amplamente sobre a saúde emocional e mental, questionar, falar sobre, provocar nas pessoas a vontade de refletir sobre suas vidas e das vidas de todos ao seu redor. Costumamos, na virada do ano, fazer planos, estabelecer metas, resgatar os sonhos deixados de lado, esse momento e bem propício para pensarmos sobre a saúde emocional. Você tem refletido sobre esse tema? Sobre o seu bem-estar, sua qualidade de vida? Como é isso para você? Após a leitura desta reflexão, eu faço o convite: dê a você mesmo (a), a oportunidade de fazer uma autoanálise e examinar como está sua saúde mental. E, a partir desse momento, fique livre e com inspiração para o planejamento de um novo ano que se inicia.


PERSONALIDADE A ORDEM ACERVO DA ARQUIDIOCESE

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Centenário

de Dom Eugênio Sales

Por Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal

m 2020, vamos lembrar os cem anos de nascimento de Dom Eugênio de Araújo Sales, que foi bispo auxiliar e administrador apostólico da Arquidiocese de Natal. Por tudo o que ele fez pela Arquidiocese, por nossa Igreja Católica, vamos publicar uma série de textos sobre a pessoa e o trabalho dele, durante este ano, na revista A Ordem. Dom Eugênio nasceu na Fazenda Catuana, no município de Acari, na região do Seridó potiguar, no dia 8 de novembro de 1920. Realizou os primeiros anos de estudo em Natal e, em 1931, ingressou no Seminário de São Pedro. Estudou Filosofia e Teologia no Seminário da Prainha, em Fortaleza (CE). Foi ordenado sacerdote, no dia 21 de novembro de 1943, na então Catedral de Nossa Senhora da Apresentação, em Natal, pela imposição de Dom Marcolino Esmeraldo de Souza Dantas. Após a ordenação, foi nomeado pároco da Paróquia da Imaculada Conceição, em Nova Cruz, onde só ficou sete meses. Em seguida, foi nomeado diretor espiritual do Seminário de São Pedro. Aos 33 anos de idade, foi nomeado bispo auxiliar de Natal. A ordenação episcopal aconteceu no dia 15 de agosto de 1954, tendo como bispos ordenantes Dom José de Medeiros Delgado, Dom Eliseu Simões Mendes e de Dom José Adelino Dantas. Desempenhou a função de bispo auxiliar até 1961, quando passou a ser administrador apostólico, permanecendo até julho de 1964. Neste período, Dom Eugênio participou da elaboração de três documentos do Concílio Vaticano II. Na Arquidiocese de Natal, ele se destacou pelo trabalho na ação social da Igreja, dando origem ao Movimento de Natal. Em 1964, foi transferido para a Arquidiocese de Salvador (BA) e, em 1971, para a Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde permaneceu no governo até 2001. Mesmo depois de deixar o governo arquidiocesano, Dom Eugênio continuou residindo no Rio de Janeiro, onde faleceu no dia 9 de julho de 2012. Seu corpo foi sepultado na Catedral de São Sebastião, na capital fluminense.

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A ORDEM RECEITA FERNANDO BRITO / G1 PI

Dindim uma delícia para o verão Uns o conhecem por ‘dindim’; outros, por ‘geladinho’ e outros o chamam de ‘sacolé’. O nome depende da região. O certo é que aquela espécie de picolé artesanal ou de suco congelado, que é encontrada dentro de pequenos sacos plásticos, é muito apreciada, especialmente, na época do verão. A dona de casa, Julieta Neuza do Nascimento, residente da cidade de Jardim do Seridó (RN), onde a temperatura está sempre acima dos 30 graus, em qualquer época do ano, garantiu uma renda extra para as despesas domésticas, por muito tempo, produzindo e vendendo dindim. Hoje, aposentada, ela só ‘abre a fábrica’, esporadicamente. Segundo Julieta, os sabores mais procurados pelos clientes sempre foram os de chocolate, napolitano e coco.

Receita de Dindim de manga (Por Julieta Neuza) INGREDIENTES: . Duas mangas maduras grandes . Um litro de água . 250 gramas de açúcar . Duas colheres (sopa) de leite condensado PREPARO: Junta todos os ingredientes no liquidificador e bate. Depois, passa na peneira e enche os saquinhos. Leva ao congelador e é só aguardar para se deliciar e se refrescar nos dias quentes do verão. RENDIMENTO: cerca de 13 dindins

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VIVER A ORDEM

Rádio 91.9 FM prepara programação para o verão Durante os sábados deste mês de janeiro, a Rádio 91.9 FM vai desenvolver uma programação especial nas praias do litoral do Estado. As praias que serão contempladas com as ações são: Pirangi, Búzios, Muriú e Pitangui. O verão da 91.9 conta com assinatura do protetor solar Sundown e Partage Norte Shopping. Durante a ação, a equipe da emissora vai fazer desafios surpresa, além da distribuição de kits com vários brindes. No dial, os ouvintes serão brindados com uma programação musical especial, com axé retrô, samba de raiz e muito mais. A unidade móvel da rádio também vai circular pela cidade e quando o ouvinte for abordado, pede-se que marque a emissora nas redes sociais, no @91fmnatal, com a hastag #verão91.

#FICAADICA POR JEFERSON ROCHA

Esta dica é para começarmos o ano pondo a ordem na casa. Com dicas simples e que nos desafiam, a japonesa Marie Kondo apresenta em “A mágica da arrumação” um método simples, porém transformador, envolvendo afetividades. O ponto principal da técnica é o descarte e, para isso usa como técnica inicial, o contato com os objetos e a reflexão: “Isso me traz alegria?” Você só deve continuar com algo se a resposta for “sim”. Pode soar estranho no começo, mas, acredite, é libertador. Você vai descobrir que grande parte da bagunça em sua casa é composta por coisas dispensáveis. Prático e eficiente, este método não vai transformar apenas sua casa, vai mudar você e sua forma de ver o mundo. Rodeado apenas do que ama, você se tornará mais feliz e motivado a criar o estilo de vida com que sempre sonhou. O livro é editado no Brasil pela Editora Sextante e está disponível nas melhores livrarias ou plataformas digitais.

Ligados ao tema principal desta edição, que tal refletirmos mais sobre a Busca pela Paz em nossa sociedade? A dica é assistir à série “Por que odiamos?”, idealizada por Steven Spielberg e Alex Gibney que investiga as razões pelas quais o ser humano é capaz de agir movido pelo ódio. A produção traz reflexões com antropólogos, sociólogos e especialistas em direito e relações internacionais para debater a relação do ódio na humanidade desde aspectos evolucionistas até questionamentos sobre os grandes conflitos da humanidade, além de nossa interação com as novas tecnologias e impactos da mídia em nossa sociedade. Uma realização da Discovery em seis episódios que já foi apresentada no Brasil no Discovery Channel e TV Cultura, mas que está disponível no YouTube, postada pelo canal Edu Channel. Corre para assistir, antes que saia do ar.

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A ORDEM ARTIGO

Vida: dom e compromisso

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uando os bispos do Brasil decidiram instituir a Campanha da Fraternidade, na década de 60, já foi porque a vida estava ameaçada e a fraternidade enfraquecida. A cada ano, independente do tema escolhido, a vida sempre está presente. Na busca de transformação e santificação, a Igreja no Brasil, oferece às comunidades, no tempo da Quaresma, uma realidade para ser refletida, meditada e rezada. É a campanha da Fraternidade que, em 2020, terá como tema: “Fraternidade e Vida: dom e compromisso” e como lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34). A CF 2020 tem como objetivo geral: conscientizar, à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida como Dom e Compromisso, que se traduz em relações de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na comunidade, na sociedade e no planeta, nossa Casa Comum. Somos convidados a olhar, de modo mais atento e detalhado, para a vida. O olhar que se eleva para Deus, no mais profundo espírito quaresmal, volta-se também para os irmãos e irmãs, contempla o planeta, identificando a criação como presente amoroso do Senhor. Partindo da constatação de que não estamos cuidando bem da vida; não estamos cuidando do planeta; cresce cada vez mais o sentimento de indiferença em relação ao sofrimento dos pobres e marginalizados; os bispos nos convidam a refletir sobre o significado mais profundo da vida e a encontrar caminhos para que esse sentido seja fortalecido e, algumas vezes, até mesmo reencontrado. Esta não será mais uma Campanha que abordará apenas uma dentre tantas questões angustiantes, consequência do pecado. Será uma Campanha que, olhando transversalmente as diversas realidades, nos interpelará a respeito do sentido que estamos, na prática, atribuindo à vida nas suas diversas dimensões: pessoal, comunitária, social e ecológica. Ao olharmos para a pessoa, somos convidados a ver a pessoa e não o que ela fez ou faz. Quando vemos o que ela fez ou faz, imediatamente a rotulamos e nos afastamos. O que temos visto em nossas paroquias, nossas pastorais? Para onde e para quem estamos olhando? O nosso agir vai depender do que nós sentimos. Ser capaz de sentir compaixão: essa é a chave, a nossa chave. Se, diante de uma pessoa necessitada, você não sente compaixão, o seu coração não se comove, significa que algo não funciona. Fique atento, estejamos atentos. Não nos deixemos levar pela insensibilidade egoísta. A capacidade de compaixão se tornou a medida do cristão, ou melhor, do ensinamento de Jesus.

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Pe. Robério Camilo da Silva Coordenador arquidiocesano de campanhas

Somos convidados a olhar, de modo mais atento e detalhado, para a vida”


A ORDEM

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