Revista A Ordem - Março/2020

Fundação Paz na Terra Ano LXVIII - Nº 47 Natal/RN | R$ 7,00 Março de 2020

MULHERES NA HISTÓRIA E AÇÃO DA

Igreja e da sociedade

A ORDEM

2 MARÇO DE 2020

A ORDEM

MARÇO DE 2020

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A ORDEM

SUMÁRIO

EDITORIAL

AS “MARIAS” NA VIDA DA IGREJA

Fundação Paz na Terra Ano LXVIII - Nº 47 Natal/RN | R$ 7,00 Março de 2020

MULHERES NA HISTÓRIA E AÇÃO DA

Igreja e da sociedade

12 08 18 22 24

CAPA

ENTREVISTA - Débora Seabra,

primeira professora com Síndrome de Down do Brasil PERSONALIDADE - Dom Eugênio e

as Irmãs Vigárias

PARÓQUIAS - Nesta edição, você

vai conhecer a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Morro Branco

VIDA PASTORAL - Pastoral atende

grupos nômades

EXPEDIENTE

Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689

4 MARÇO DE 2020

CONSELHO CURADOR: Pe. Antônio Nunes Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra CONSELHO EDITORIAL: Pe. Rodrigo Paiva Luiza Gualberto Josineide Oliveira Jeferson Rocha Cione Cruz André Kinal Milton Dantas Vitória Élida

A história da Igreja é permeada pela presença de mulheres e de forma bem marcante. Maria, a Mãe de Jesus, é uma delas. Além do “Sim” incontestável (“Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” – Lc1,38) na hora da concepção do Filho de Deus, Maria cuidou dos primeiros passos de Jesus, até no momento em que Ele começa a exercer a missão que O trouxera à terra. “Eles não têm mais vinho”, diz Maria a Jesus e ele responde: “Minha hora ainda não chegou”! Apesar da negativa do Filho, Maria orienta os serventes para “fazerem o que Ele disser” (cf. Jo 2,3-5). E Jesus realiza o primeiro milagre. Essa presença não se resume à Maria. Na Arquidiocese de Natal, muitas “Marias” serviram à Igreja e ao Mestre. Basta lembrar as “Irmãs Vigárias”, na época de Dom Eugênio Sales. Pela primeira vez, houve mulheres assumindo a administração de paróquias, novidade acatada pelo Vaticano. Em nível nacional, Zilda Arns, com o projeto “Pastoral da Criança”, que se difundiu por inúmeros territórios inóspitos brasileiros, salvando milhares de vidas de crianças, com uma receita bem simples: soro caseiro (água tratada, sal e açúcar) e cuidados higiênicos e alimentares. Se for feita uma pesquisa, certamente se descobrirá, no Brasil e noutros países, muitas outras “Marias” na vida da Igreja de Jesus Cristo.

EDIÇÃO E REDAÇÃO: Luiza Gualberto (DRT-RN 1752) Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) REVISÃO: Milton Dantas (LP 3.501/RN) CAPA: Cacilda Medeiros COLABORADORES: José Bezerra (DRT-RN 1210) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal

DIAGRAMAÇÃO: Akathistos Comunicação (47) 9 9618-3464

IMPRESSÃO: Gráfica Sul (84) 3211-2360

COMERCIAL: (84) 3615-2800

TIRAGEM: 3.000 exemplares

ASSINATURAS: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 – Tirol – Natal/RN (84) 3615-2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br

A ORDEM PALAVRA DA IGREJA

QUERIDA

Francisco Papa

“

“A Amazônia querida apresentase aos olhos do mundo com todo o seu esplendor, o seu drama e o seu mistério”

Amazônia

A Exortação pós-sinodal sobre a Amazônia foi publicada no último dia 12 de fevereiro. O documento, que é fruto do Sínodo dos Bispos para a Amazônia, convocado pelo Papa Francisco e realizado em outro do ano passado, em Roma, traça novos caminhos de evangelização e cuidados do meio ambiente e dos pobres.

“A Amazônia querida apresenta-se aos olhos do mundo com todo o seu esplendor, o seu drama e o seu mistério.”

Assim tem início a Exortação apostólica pós-sinodal, Querida Amazônia. Nos primeiros pontos do documento, o Papa Francisco explica o sentido da Exortação, rica de referências a documentos das Conferências episcopais dos países amazônicos, mas também a poesias de autores ligados à Amazônia. Francisco destaca que deseja “expressar as ressonâncias” que o Sínodo provocou nele. E esclarece que não pretende substituir nem repetir o Documento final, que convida a ler “integralmente”, fazendo votos de que toda a Igreja se deixe “enriquecer e interpelar” por este trabalho e que a Igreja na Amazônia se empenhe “na sua aplicação”. O Papa compartilha os seus “Sonhos para a Amazônia”, cujo destino deve preocupar a todos, porque esta terra também é “nossa”.

Assim o Pontífice, formula “quatro grandes sonhos”, distribuídos em quatro capítulos: que a Amazônia “que lute pelos direitos dos mais pobres”, “que preserve a riqueza cultural”, que “que guarde zelosamente a sedutora beleza natural”, que, por fim, as comunidades cristãs sejam “capazes de se devotar e encarnar na Amazônia”.

O primeiro capítulo de Querida Amazônia é centralizado no “Sonho social”. Destaca que “uma verdadeira abordagem ecológica” é também “abordagem social” e, mesmo apreciando o “bem viver” dos indígenas, adverte para o “conservacionismo”, que se preocupa somente com o meio ambiente. Com tons vibrantes, fala de “injustiça e crime”.

O segundo capítulo é dedicado ao “sonho cultural”. Francisco esclarece que “promover a Amazônia” não significa “colonizá-la culturalmente”. E recorre a uma imagem que lhe é cara: “o poliedro amazônico”. Segundo o documento, é preciso combater a “colonização pós-moderna”.

O terceiro capítulo, “Um sonho ecológico”, é o mais relacionado com a Encíclica Laudato si’. Na introdução, destaca-se que na Amazônia existe uma relação estreita do ser humano com a natureza. Cuidar dos irmãos como o Senhor cuida de nós, reitera, “é a primeira ecologia que precisamos”. Cuidar do meio ambiente e cuidar dos pobres são “inseparáveis”.

O último capítulo, o mais denso, é dedicado “mais diretamente” aos pastores e aos fiéis católicos e se concentra no “sonho eclesial”. O Papa convida a “desenvolver uma Igreja com rosto amazônico” através de um “grande anúncio missionário” , um “anúncio indispensável na Amazônia”.

FONTE: Portal cnbb.org.br

6 MARÇO DE 2020

A VOZ DO PASTOR A ORDEM

A DEVOÇÃO A

São José

“A importância de São José, esposo da Mãe de Deus e o pai adotivo de Jesus, por isso mesmo deve ser reconhecida pela sua missão na história da salvação.”

Queridos irmãos e irmãs!

“Chamado a proteger o Redentor, José fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu a sua esposa (Mt 1,24). Inspirando-se no Evangelho, os Padres da Igreja, desde os primeiros séculos, puseram em relevo que São José, assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é figura e modelo”. Com essas palavras, o Papa São João Paulo II, iniciava a sua Exortação Apostólica “Redemptoris Custos” (o “Protetor do Redentor”), publicada em 15 de agosto de 1989.

São José, esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus, é muito venerado na Igreja Católica.

Considerado “homem justo” pelo evangelista São Mateus (cf. Mt 1,19), São José é o Padroeiro Universal da Igreja, cuja proclamação aconteceu em 1870, pelo Papa Pio IX, que afirmou “a Igreja, depois da Virgem Santíssima, esposa dele, teve sempre em grande honra e cumulou de louvores o Bem-aventurado José e, no meio das angústias, de preferência foi a ele que recorreu”. Nessa mesma proclamação foi elevada a festa de são José à categoria de primeira classe. São João XXIII, no dia 19 de março de 1961, dirigiu ao Episcopado e aos fiéis de todo o mundo uma Carta Apostólica, onde declara São José padroeiro do Concílio Vaticano II. A importância de São José, esposo da Mãe de Deus e o pai adotivo de Jesus, por isso mesmo

Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal

deve ser reconhecida pela sua missão na história da salvação. Sua santidade corresponde a esta sua função na história. Ele fez parte da história da salvação. Ele pertence a essa história e nele e para ele se torna salvação, como para todos os que tiveram parte nessa história, como os Apóstolos, como o Batista. É o que também se pode concluir das afirmações de são Paulo, na Primeira Carta aos Coríntios, quando se refere ao tema da ressurreição: “Como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos serão vivificados. Cada qual, porém, na sua própria categoria: como primícias, Cristo; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda” (1Cor 15,22s).

Muito conhecida é a expressão “Ite a Ioseph”, ide a José, recomendada pelos santos. Encontramos esse testemunho da grande mística e doutora da Igreja, Santa Teresa de Jesus: “Tomei por advogado e senhor o glorioso São José e encomendei-me muito a ele... Não me lembro até agora de ter-lhe suplicado coisa que a tenha deixado de fazer. É coisa que espanta as grandes mercês que Deus e tem feito por meio deste bem-aventurado Santo, dos perigos que me tem livrado, assim de corpo como de alma” (SANTA TERESA D’ÁVILA. Livro da Vida, cap. 6,6. Obras completas. Paulinas, p. 81).

Que São José, padroeiro universal da Igreja, interceda por todos nós. E que ele continue a sustentar com seu patrocínio a santa Igreja de seu Filho, Jesus Cristo, de quem era seu fiel protetor.

MARÇO DE 2020

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A ORDEM ENTREVISTA FOTOS: ACERVO PESSOAL

Desde o seu nascimento, a professora Débora Seabra (38), primeira educadora com Síndrome de Down no país, teve a luta pela inclusão como propósito de vida.

Ela cursou o magistério, atua hoje como professora auxiliar em uma escola particular de Natal, além de ser atriz, palestrante e escritora, conquistando vários prêmios. Recentemente, ela se tornou personalidade homenageada pelo projeto “Donas da rua da história”, da Maurício de Sousa Produções, que destaca mulheres revolucionárias mundo afora. Aonde chega, Débora leva a mensagem inclusiva.

8 MARÇO DE 2020

ENTREVISTA A ORDEM

PRIMEIRA PROFESSORA COM DOWN NO PAÍS LUTA POR

inclusão social POR LUIZA GUALBERTO

A Ordem: Como o magistério entrou em sua vida?

Débora Seabra: Eu já tinha tentado várias coisas antes, mas aí comecei um estágio no Colégio Imaculada Conceição, em Natal.

Vi que era isso que eu queria.

Trabalhar com crianças. Eu ensino a elas o respeito, a inclusão.

Gosto muito do que faço e, com isso, consigo continuar a luta pela inclusão das pessoas com deficiência. Tem que mudar o pensamento e lutar contra o preconceito todo dia.

A Ordem: Por onde anda, você leva a mensagem e a luta pela inclusão. O que ainda precisa avançar?

Débora Seabra: Essa tem que ser a nossa prioridade. Fazer com que a inclusão não seja só um ver-

bo, mas ações. Ações de verdade que igualem as oportunidades, porque ainda tem muita desigualdade. Não só para pessoas com Síndrome de Down, mas também para pessoas com outras deficiências, além de pessoas sem recur-

A Ordem: Como é sua rotina de trabalho?

Débora Seabra: Conclui o magistério e fui trabalhar em 2005 como voluntária na Escola Doméstica de Natal, que tem 105 anos.

Hoje, sou professora contratada, com carteira assinada. Trabalho todos os dias à tarde, das 13h30 às 17h30. Faço tudo que as outras auxiliares fazem. Participo do projeto pedagógico, acolho as crianças. Sou cuidadosa e carinhosa com elas e também ensino a respeitar as diferenças. Estudo semanalmente o planejamento com minha orientadora pedagógica, para saber tudo o que vai acontecer na sala de aula e poder ajudar as crianças.

A Ordem: Além de professora, você também é escritora. Conte sobre essa parte de sua vida!

Débora Seabra: Em 2013, publiquei um livro de fábulas inclusivas, chamado “Débora conta histórias”.

Nas histórias, os personagens são animais, porque os animais não têm preconceito. No livro, só tem uma personagem humana, que é a menina Sandra, uma homenagem que fiz para minha primeira colega de trabalho na escola.

Ilustração de Débora Seabra feita por Maurício de Sousa para o projeto “Donas da rua da história” MARÇO DE 2020

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A ORDEM ENTREVISTA

“

Gosto muito do que faço e, com isso, consigo continuar a luta pela inclusão das pessoas com deficiência” sos financeiros. Ainda existe tudo isso e temos que lutar para seguir adiante. Precisamos continuar ocupando os espaços. A gente vai ter que continuar lidando com o preconceito, mas não podemos abrir mão do nosso direito. A estar lá, estudar e trabalhar.

A Ordem: Como tem sido sua atuação nesse sentido de favorecer a inclusão?

Débora Seabra: Faço parte do grupo de autodefensores da Federação Brasileira de Síndrome de Down, formado por pessoas com a síndrome.

Temos encontros quinzenais pela

internet, quando estudamos e discutimos sobre nossos direitos e deveres. Durante minha vida toda tenho sido uma “caminheira da inclusão”.

Já fiz muitas palestras no Brasil e até no exterior, como em Nova York, na ONU. Dou meu recado sobre a importância da inclusão.

A Ordem: O que representou para você a homenagem de Maurício de Sousa, por meio do projeto “Donas da rua da história?

Débora Seabra: Fiquei feliz com isso, com essa homenagem. Temos que ensinar a criança, desde cedo, para que não se tornem adultos com preconceitos. Não pode! Temos que mostrar para o mundo e para as escolas que todos precisam ser incluídos. A palavra de ordem é inclusão.

SOBRE DÉBORA Débora Araújo Seabra de Moura foi a primeira pessoa com Síndrome de Down, na América Latina, a concluir o curso de Magistério e é autora do livro ‘Débora conta Histórias’, de fábulas inclusivas”. Débora já teve seu trabalho reconhecido em um painel na ONU, em Nova York, pelo Dia Internacional da Síndrome de Down. Ela é professora há mais de 10 anos e faz palestras no Brasil e em outros países, como Argentina e Portugal, sobre o combate ao preconceito.

Quando mais nova, Débora sempre estudou em escolas da rede regular de ensino e se formou no curso de magistério, de nível médio, em 2005.

Débora Seabra leciona para crianças da educação infantil

10 MARÇO DE 2020

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A ORDEM

MULHERES NA HISTÓRIA E AÇÃO DA

Igreja e da sociedade POR CACILDA MEDEIROS

D

e Eva a Maria, Deus escolheu muitas mulheres para cumprir sua missão no mundo. Ao ler a Bíblia Sagrada, é fácil encontrar o nome de várias mulheres que foram canal de graça: Sara, Rebeca, Raquel, Miriam, Débora, Rute, Ana, Judite, Ester... e Maria, que, com seu ‘sim’, trouxe o Salvador ao mundo. Nos tempos atuais, há tantas outras que se doam em prol da Igreja, da vida, dos menos favorecidos: Tereza, Dulce, Zilda, Lúcia, Assunta, Josineide, Severina, Maria...

Adentrando à história da Arquidiocese de Natal, seja a história dos tempos passados, seja o tempo presente, certamente não é difícil encontrar mulheres valorosas. A exemplo de Maria, com seu ‘sim’, na vida religiosa, no trabalho, na educação, na família, atualizam o Evangelho.

Em relação à sociedade, a professora Josineide Silveira, lembra que, nos tempos tribais, a mulher era aquela que cuidava da agricultura. “Os homens iam para a caça e para a pesca e as mulheres ficavam cuidando dos filhos e da agricultura. A mulher

12 MARÇO DE 2020

“

Dela, mulher, surgiu a salvação e, portanto, não há salvação sem mulher” (Papa Francisco)

era aquela que cuidava da desenvoltura das espécies e da vida, de um modo geral”, comenta. Séculos depois, na opinião da professora, a mulher conquistou muitos espaços, mas continua sendo discriminada e sofre violência. “No mundo do trabalho, muitas vezes, recebe salários inferiores. No mundo da ciência, ainda sofre discriminação. No mundo da filosofia, quase sempre as mulheres foram apenas coadjuvantes. No geral, é exigido que a mulher cuide da aparência e cuide da casa. A sociedade exige que ela seja sempre sensata, bonita, bem arrumada, e que cuide da casa”, diz.

Josineide também lembra qual é a função da mulher, na Bíblia: “é ser colaboradora na grande missão”. Ela destaca, entre várias, algumas mulheres: “Temos Eva que, de tanta curiosidade, propõe uma nova ordem para a humanidade. Temos a rainha Ester que, diante de uma beleza estonteante, ela pede ao rei que cuide da vida do seu povo. Temos Judite, a viúva que seduz o rei e salva o seu povo, matando esse rei.

E, depois, vem Maria, aquela que sabe ouvir, sabe pedir e é corredentora da humanidade”.

Sobre a figura da mulher-mãe-Maria, o Papa Francisco, durante a homilia da missa, dia primeiro de janeiro deste ano, lembrou que em Deus haverá sempre a nossa humanidade e para sempre Maria será a Mãe de Deus. “Ela é mulher e mãe, isso é o essencial. Dela, mulher, surgiu a salvação e, portanto, não há salvação sem mulher”, ressaltou.

Para Josineide Silveira, esses relatos bíblicos, em relação à mulher, apresentam uma lição para o mundo cristão. “O drama

A ORDEM

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A ORDEM

humano, vivido pelas mulheres, é tão forte que ameaça reinados. Ao mesmo tempo em que a mulher é vista como sublime, frágil, ela também carrega o estigma da insensatez e, por isso, muitas vezes, é tratada como objeto”, reflete. Para os tempos atuais, em âmbito eclesial, Josineide destaca que a figura feminina passou a ser mais respeitada, após o Concílio Vaticano II, embora ainda precise conquistar mais espaços.

“Mãe” de centenas de crianças, adolescentes e adultos Provavelmente, umas das religiosas mais conhecidas e queridas por milhares de pessoas, na Arquidiocese de Natal, é a Irmã Lúcia Montenegro. Ela se dedicou às ações sociais, sendo a principal, a Casa do Menor Trabalhador, que funciona no bairro Barro

MARIA BEATRIZ

Josineide Silveira, professora

Vermelho, na capital potiguar.

Irmã Lúcia nasceu na cidade de Quixadá, no interior do Ceará, no dia 12 de fevereiro de 1925, reside em Natal há mais de 60

CACILDA MEDEIROS

Irmã Lúcia Montenegro é conhecida pela dedicação às obras sociais

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anos e pertence à Congregação das Filhas da Caridade. Em 5 de outubro de 1987, Irmã Lúcia fundou a Casa do Menor Trabalhador, que foi dirigida pela religiosa até pouco tempo atrás. A casa atua na promoção da qualificação juvenil, com vistas ao ingresso da pop ulação carente no mercado de trabalho.

O amor pelo trabalho social foi tanto que ela estudou Serviço Social, para melhor desempenhar seu serviço. “Irmã Lúcia ficou de tal forma identificada com esse trabalho para servir aos outros, que não pedia esforços para bater à porta das autoridades, em busca de ajudas para os mais pobres”, destaca o arcebispo emérito de Natal, Dom Heitor de Araújo Sales. “Mesmo chegando a ser professora universitária, mas Irmã Lúcia, por

A ORDEM

causa dessa doação ao menor, não se deixou levar por vaidades e prestígios humanos”, analisa.

Exemplo de simplicidade Quem conviveu com a Irmã Assunta Chancerelle, uma francesa, que morou mais de 30 anos no município de Rio do Fogo, certamente recorda o jeito simples e meigo, com que ela tratava as pessoas. É tida como ‘santa’ para muitas pessoas. Pertencente à Congregação das Ursulinas, Irmã Assunta faleceu aos 96 anos de idade, sendo 75 dedicados à vida religiosa, no dia 29 de março de 2010, em Salvador (BA).

“Irmã Assunta era uma pessoa de Deus, que deixou sua pátria para vir morar no interior do Rio Grande do Norte, para cuidar do povo mais simples, com muito amor”, diz Dom Heitor Sales.

Mesmo residindo no Brasil por mais de 30 anos, ela nunca perdeu o sotaque francês, dificultando, algumas vezes, a compreensão do que falava. Mas, segundo Dom Heitor, isso não era empecilho para as pessoas se aproximarem dela. Ele recorda que quando estava à frente do governo da Arquidiocese de Natal, por várias vezes, recebeu a visita da Irmã Assunta. “Ela recebia pequenas doações, em cheques, enviados por alguns amigos franceses. Como ela tinha dificuldades para trocar os cheques, sempre pedia minha ajuda para fazer esse câmbio.

Eram quantias pequenas, destinadas ao trabalho evangelizador realizado pela Irmã Assunta. Não guardava nada para benefício

próprio”, recorda.

Irmã Assunta também teve papel significativo para o início da Pastoral da Criança, no Rio Grande do Norte, há mais de 30 anos. O primeiro município a

implantar a Pastoral foi Rio do Rogo e ela foi a primeira coordenadora. “Irmã Assunta salvou muitas vidas, com o soro caseiro”, diz o atual coordenador estadual, Milton Dantas.

ACERVO SETOR DE COMUNICAÇÃO DA ARQUIDIOCESE

Irmã Assunta Chancerelle, francesa que se dedicou ao povo mais simples

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A ORDEM EM AÇÃO FOTOS: ACERVO PASTORAL SOCIAL

Entre as últimas atividades promovidas pela pastoral, teve a oficina de produção de sabão em barra

Pastoral desenvolve ação social em Nísia Floresta Trabalho atende cerca de 200 pessoas COM COLABORAÇÃO DE SHIRLEY MAGNÓLIA, AGENTE DA PASCOM

16 MARÇO DE 2020

C

erca de 16 famílias da comunidade de Lagoa Azul, no município de Nísia Floresta, no litoral sul potiguar, são atendidas por um trabalho desenvolvido pela pastoral social da Paróquia de Sant’Ana, em Capim Macio.

Segundo Ana Maria Sant’Ana, coordenadora do grupo, a pro-

EM AÇÃO A ORDEM

posta da atividade é evangelizar e levar ajuda material às famílias atendidas. “Atualmente, fazemos o acompanhamento de seis famílias no próprio bairro, além de mais 16 na comunidade Lagoa Azul, no município de Nísia Floresta. Procuramos proporcionar não só alimento físico ao corpo, mas também à

alma. Todos os meses, levamos cestas básicas a essas famílias e fazemos o acompanhamento das maiores necessidades”, conta.

Ainda de acordo com Ana Maria, as famílias que são atendidas com as cestas básicas somam em torno de 90 pessoas.

Na comunidade, as atividades são desenvolvidas em uma capela que foi erguida com contribuição da pastoral social de Capim Macio. Ao todo, são 200 pessoas beneficiadas, uma vez que, na comunidade, a pastoral realiza outras ações, como oficinas de sabão, bazar, além de encontros de iniciação cristã para mães, crianças e adolescentes.

Para conseguir recursos para a promoção das atividades, todo segundo final de semana de cada mês, a pastoral desenvolve o fim de semana da caridade, durante as celebrações na matriz de Capim Macio, em que são arrecadados gêneros alimentícios, material de higiene pessoal, limpeza, roupas e fraldas descartáveis. “Neste ano, nosso objetivo é ampliar ainda mais nossa atuação, levando mais dignidade e possibilidades para o público atendido por meio desse trabalho. Nosso intuito é mudar a realidade de vida dessas pessoas”, enfatiza Ana Maria.

Quem desejar integrar o trabalho da pastoral, basta procurar os agentes durante as celebrações na matriz de Sant’Ana, em Capim Macio.

SERVIÇO: Final de semana da caridade – 2° sábado de cada mês, nas celebrações da Igreja matriz, em Capim Macio.

O que doar? Gêneros alimentícios, material de limpeza, higiene pessoal, roupas e fraldas descartáveis Atividades da pastoral na comunidade Lagoa Azul são desenvolvidas mensalmente MARÇO DE 2020

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A ORDEM PERSONALIDADE

A Dom Eugênio e as Irmãs Vigárias

18 MARÇO DE 2020

Arquidiocese de Natal foi pioneira em ações, antes mesmo das inovações aprovadas pelo Concílio Vaticano II, concluído em dezembro de 1965. Uma dessas experiências foi a das Irmãs Vigárias, realizada nas paróquias de Nossa Senhora do Ó, de Nísia Floresta, e de Nossa Senhora do Livramento, de Taipu. O responsável pela novidade na administração paroquial foi o então Administrador Apostólico da Diocese, Dom Eugênio de Araújo Sales. O trabalho das irmãs consistia em assumir a responsabilidade administrativa das paróquias e cuidar do zelo pastoral e assistência religiosa aos fiéis, naquilo que lhes era permitido fazer, como religiosas.

A primeira Paróquia a ter irmãs vigárias foi Nísia Floresta, onde a experiência foi implantada no dia 3 de outubro de 1963, com a presença das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado. Além de assumir a administração paroquial, as irmãs também formavam pequenas comunidades e visitavam as famílias, de casa em casa.

Outra experiência com irmãs assumindo a administração paroquial foi realizada na Paróquia de Nossa Senhora do Livramento, de Taipu, implantada nos primeiros meses de 1964. O trabalho foi assumido pelas irmãs gaúchas Natalina Maria Rosseti e Marilúcia Koakoski, da Congregação do Imaculado Coração de Maria. Em relatório escrito pelas duas irmãs, em 1964, elas narram a novidade: “criou-se, no Nordeste, um novo tipo de trabalho em benefício daquelas pobres almas, tão desfavorecidas, não só pelas condições geográficas do lugar, mas, muito especialmente, pela carência de atendimento espiritual. A nova e arrojada experiência, já aprovada pelo Papa Paulo VI, é realmente uma tarefa que revela seu ardor e preocupação pela salvação das almas”. Elas ficaram à frente da administração da Paróquia de Taipu até 1994.

Junto com a inédita experiência de entregar a administração paroquial a freiras, veio uma outra, até mesmo pela consequência do trabalho: a distribuição da comunhão pelas religiosas. Em 2006, falando ao jornal A Ordem sobre a experiência, o Cardeal Eugênio Sales assim se expressou: “Foi uma experiência de caráter particular e que teve uma aprovação fundamental que era a distribuição da comunhão pelas freiras. Isto era algo impensável, na época. Mas expliquei tudo em Roma e contei com o apoio do Santo Padre Paulo VI”.

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A ORDEM

O que é a Quaresma O tempo quaresmal é rico em costumes, simbologias e ensinamentos. Muitas pessoas têm curiosidades sobre particularidades deste tempo, na Igreja Católica. O seminarista Yago Carvalho, aluno do 4º ano de Teologia, do Seminário de São Pedro, responde às dúvidas de alguns leitores da revista A Ordem.

De que são feitas as cinzas usadas na quarta-feira de cinzas?

(Flávio Luiz – Paróquia da Imaculada Conceição – Nova Cruz) As cinzas são feitas da folhagem do Domingo de Ramos. Caso não se tenha guardado, podem ser feitas dos jornais que são utilizados na Santa Missa dominical.

Qual a origem da Quaresma?

(Júlio César – Paróquia de São Pedro Apóstolo – São Pedro) Por volta do ano 350 d. C., a Igreja decidiu aumentar o tempo de preparação para a Páscoa, que era de três dias, que permaneceram como o Tríduo Sagrado: quinta-feira santa, sexta-feira santa e sábado santo. A preparação para a Páscoa passou, então, a ter quarenta dias.

Por que durante o período quaresmal, nas missas, não se canta o glória e nem o aleluia?

(Daniel Viana – Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação – Cidade Alta – Natal) O cântico do glória é um hino de alegria, que celebra a vinda do Senhor. No período quaresmal, a Igreja se volta para o povo que caminha no deserto à espera do Messias, do libertador.

Por sua vez, o cântico do aleluia significa louvai ao senhor, e a quaresma é um tempo de conversão, penitência e reflexão.

Quando, exatamente, acaba a Quaresma?

(Larissa Guedes – Paróquia do Sagrado Coração de Jesus – Morro Branco – Natal) Tem a duração de quarenta dias, sem contar os domingos, nos quais não se faz penitência.

Começa na Quarta-Feira de Cinzas e vai até o início da celebração do Lava-pés.

Por que, na Semana Santa, há a tradição de cobrir as imagens dos Santos?

(Caio Manoel – Paróquia de Santana – Soledade 2 – Natal) É um costume muito antigo da Igreja, prescrito pelo Missal antigo, no qual eram cobertas as imagens dos santos a partir do 5º domingo da quaresma. Seu significado é antecipação do luto pela morte de seu Senhor.

Quais são os principais ensinamentos que devemos aprender na quaresma?

(Josélia Carvalho – Paróquia de Santana – Soledade 2 – Natal) Poderíamos dividir em três grandes pilares: intensificar a vida de oração, a prática de penitência que leva uma conversão interior e a vivência da caridade fraterna, parte essencial na vida do cristão.

As perguntas sobre assuntos diversos da Igreja podem ser enviadas para o e-mail pascom@arquidiocesedenatal. org.br ou para o whatsapp do Setor de Comunicação da Arquidiocese, no número (84) 99675-7772, informando sempre que é o “Aprendendo com a Igreja”, da revista A Ordem.

20 MARÇO DE 2020

A ORDEM PARÓQUIAS

Morro Branco: uma paróquia dirigida pelos Redentoristas

KADIDJA SAYONARA

Interior da Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus, na Av. Antônio Basílio, em Morro Branco

Quase toda zona sul de Natal já pertenceu à Paróquia do Sagrado Coração de Jesus

22 MARÇO DE 2020

PARÓQUIAS A ORDEM

N

o início da década de 1960, a Congregação do Santíssimo Redentor começou a se preparar para instalar uma comunidade no território da Arquidiocese de Natal. Em 9 de janeiro de 1963, foi instalada a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, no bairro de Morro Branco, na zona sul da capital, para ser administrada pelos redentoristas. No dia 13 de janeiro, aconteceu a posse do primeiro vigário, Padre Bento Dashorst, em virtude do Padre Afonso Sterke, designado para ser o pároco, estava na Holanda. De lá para cá, 13 padres já passaram pela administração da paróquia. Entre esses, esteve o holandês, Gerard Hubert Hensgens, conhecido como Padre Pio, que chegou a Natal, em 1966 e residiu até Padre 2018, quando faleceu, no dia 27 de maio. Ele se tornou conhecido pelo trabalho missionário e evangelizador, sempre preocupado com a formação dos leigos. Foi pioneiro no trabalho ecumênico, na capital potiguar.

O atual pároco, Padre Tiago de Melo Correia, está à frente do governo paroquial, desde 8 de fevereiro de 2019.

Quase toda zona sul de Natal já pertenceu à Paróquia do Paróquia do Sagrado Coração de Jesus.

Hoje, ela é formada pelas comunidades de Morro Branco, onde está situada a Igreja Matriz; Potilândia, onde está a capela de Nossa Senhora da Conceição; Nova Descoberta, cujo padroeiro é São Geraldo; Potiguar, com a capela de Nossa Senhora das Vitórias, além de duas áreas dedicadas a Nossa Senhora de Fátima e a São José Operário.

CEDIDA

CEDIDA

Pe. Tiago Melo, pároco

Comunidade redentorista Atualmente, a comunidade redentorista, em Natal, é formada por quatro membros. Padre Tiago Melo, natural de Garanhuns (PE), ordenado sacerdote em 8 de julho de 2006, exerce a função de pároco da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus e é o superior da comunidade. Padre Geovânio Lima dos Santos, natural de Pão de Açúcar (AL), foi ordenado sacerdote em 12 de agosto de 2016 e é o atual vigário paroquial de Morro Branco. Irmão Albino da Silva Valente é português, mas fez a caminhada vocacional no Brasil, passando por Aparecida (SP), São Paulo (capital), Recife (PE) e, desde 2004, reside em Natal. E o Irmão Inaldo Duarte Guimarães, natural de Garanhuns (PE), que chegou a Natal no ano passado, para integrar a comunidade.

Pe. Geovânio Lima, vigário paroquial

SERVIÇO Endereço: Av. Antônio Basílio, 3840 Lagoa Nova – Natal (84) 3615-2813 E-mail: pscjnatal@gmail.com Horários de missa (Igreja Matriz) . Domingo – 7h / 10h30 / 19h . Terça – 17h (missa e novena dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro) . Quinta – 19h30 . Sábado – 17h . Primeira sexta-feira – 17h Saiba mais: Facebook.com/pscjnatal Instagram.com/pscjnatal

MARÇO DE 2020

23

A ORDEM

VIDA PASTORAL CNBB.ORG.BR

Dom José Edson de Oliveira, presidente da Pastoral dos Nômades, no Brasil

Pastoral atende grupos

nômades

Trabalho é desenvolvido em algumas regiões do Brasil e no território da Arquidiocese tem atuação na capital e interior do estado Por Luiza Gualberto

T

endo em vista a dinâmica dos grupos nômades, como ciganos, atores circenses e parquistas, a Igreja católica, por meio das pastorais sociais, pensou um serviço que pudesse dar assistência religiosa e social a esses grupos.

Daí, surgiu, há quase 60 anos, na Itália, a Pastoral dos Nômades. No Brasil, o grupo começou a se disseminar em 1985 e no território da Ar-

24 MARÇO DE 2020

quidiocese de Natal, tem atuação na capital e interior do estado. O objetivo do grupo é a promoção humana e cristã das pessoas que compõem o público alvo da atuação pastoral.

De acordo com Flávio José de Oliveira, secretário nacional da Pastoral dos Nômades no Brasil e também articulador no território da Arquidiocese de Natal, o grupo atua, pontualmente, tendo em vista a própria

dinâmica do deslocamento do público atendido. “Em Natal, realizamos um trabalho com famílias de várias etnias de ciganos. No território da Arquidiocese, temos atuação ainda em Parnamirim, Macaíba, Macau, Tangará, entre outras cidades. Esse não é um trabalho sistemático, mas lento. Nós rezamos e damos apoio religioso e pastoral a esses grupos.

Também fazemos o levantamento

VIDA PASTORAL A ORDEM

dos sacramentos que precisam ser administrados. Recentemente, foi criado um núcleo na cidade de Florânia”, explica.

Atuação no país No Brasil, a sede nacional da pastoral está fixada em Anápolis, no sul da Bahia. Segundo Flávio José, existem agentes da pastoral em várias localidades, inclusive na própria universidade. “Quem desejar integrar o grupo, pode procurar a pastoral social na Arquidiocese, no edifício Nossa Senhora da Apresentação, por trás da Catedral Metropolitana e falar conosco”, diz. De acordo com Dom José Edson de Oliveira, presidente da Pastoral dos Nômades no Brasil, oficialmente, no país, a pastoral foi implantada em 1985, quando

o então bispo de Caxias do Sul, dom Benedito Zorzi, trouxe da Itália o padre Renato Rosso, que já tinha uma caminhada exitosa com os nômades.

Atualmente, a pastoral pertence ao Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes e integra a Comissão Episcopal para a justiça e paz, setor mobilidade humana, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Dom Edson conta que a pastoral atende, hoje, uma pequena parcela daqueles que mais necessitam. “Há lugares com trabalho exitoso, como é o caso de Trindade (GO), no Santuário do Divino Pai Eterno, onde dão muita assistência aos ciganos. Os ciganos se identificam muito com santuários, porque se veem livres.

Chegam a um lugar onde tem mui-

ta gente e podem se ajoelhar sem ninguém para vigiar, pois se chegam a uma paróquia, os padres são os primeiros a olhar estranho”, aponta.

Um dos frutos da atuação da pastoral no Brasil, foi a instituição do dia nacional do cigano, comemorado oficial em 24 de maio. A partir da comemoração dessa data, também foi lançada a cartilha de direitos da etnia cigana, por meio da secretaria nacional especial de direitos humanos. A cartilha esclarece sobre direitos constitucionais e direitos das minorias, como a não discriminação, direito de ir e vir, direitos culturais, participação em políticas sociais, como SUS, aposentadoria por idade, bolsa família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), registro civil, certidão de nascimento etc.

CEDIDA

Visita de Dom José Edson a comunidades ciganas, em Santa Cruz

MARÇO DE 2020

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A ORDEM REPORTAGEM

Potiguares participarão do encontro mundial

Economia de Francisco Evento acontecerá de 26 a 28 de março, na cidade italiana de Assis, terra natal de São Francisco POR CACILDA MEDEIROS

O

engenheiro de produção, Renato Cássio dos Santos, residente em Natal, atual gerente de produção no Grupo Guararapes, e o empresário Diego Vale, residente na cidade de Caicó, na região do Seridó, vão participar do encontro mundial intitulado “Economia de Francisco”, a ser realizado de 26 a 28 de março, na cidade de Assis, na Itália, e que deverá contar com a participação do Papa Francisco. O encontro vai reunir dois mil jovens economistas, empresários e pesquisadores para refletir sobre a economia que inclui e não

Renato busca uma economia que gere bem-estar social

26 MARÇO DE 2020

exclui. Segundo matéria publicada no Portal Vatican News, em janeiro deste ano, a cidade de Assis será organizada em 12 ‘aldeias’, que acolherão os trabalhos dos participantes sobre temas e questões apresentados pela economia de hoje e de amanhã: trabalho e cuidado; gestão e dom; finança e humanidade; agricultura e justiça; energia e pobreza; lucro e vocação; políticas para a felicidade; CO2 da desigualdade; negócios e paz; economia e mulher; empresas em transição; e vida e estilos de vida.

Um pacto para mudar economia A iniciativa de fazer um pacto com os jovens para uma economia diferente foi lançada em maio do ano passado, com a publicação da carta de apelo do Papa Francisco dirigida ao grupo de jovens empreendedores do mundo. No texto, o Pontífice pedia aos jovens para “juntos

REPORTAGEM A ORDEM FOTOS: CEDIDAS

se conhecerem” e, depois, “fazerem um ‘pacto’ para mudar a economia atual e dar uma alma à economia de amanhã”.

O evento recebeu pedidos de inscrições de jovens de quase 50 países. O Brasil será a segunda maior delegação, com cerca de cem pessoas. “A economia é a ciência que busca obter e utilizar recursos materiais para melhorar o bem-estar humano. Porém, o que vemos no mundo são modelos econômicos que pioram esse bem-estar, e apenas prometem melhorias para o futuro, futuro esse que nunca chega. Da mesma forma que as pessoas perderam a paciência com as promessas dos políticos, elegendo outsiders muitas vezes piores que os próprios políticos tradicionais, tenho receio de que uma hora as pessoas percam a esperança nas promessas desses modelos econômicos e então vejamos um colapso social”, comenta Renato. “Nesse encontro, vou buscar alternativas para a construção de um modelo econômico que não apenas prometa, mas efetivamente entregue bem-estar social para nós e nossos irmãos seres vivos do planeta terra”, acrescenta.

Pastoral do Empreendedor Já, Diego Vale conta que fez a inscrição para o evento incentivado pelo bispo da Diocese de Caicó, Dom Antônio Carlos Cruz.

Diego está à frente do projeto de implantação da Pastoral do Empreendedor, na diocese seridoense. “Como Igreja, queremos contribuir com esse debate que

Diego Vale quer implantar a Pastoral do Empreendedor

está sendo provocado pelo Papa Francisco, de um novo pacto global por uma economia mais justa, sustentável e inclusiva, a partir do protagonismo dos jovens”, explica. Segundo Diego, por enquanto um grupo de jovens empreendedores vem se reunindo

para estudar o subsídio da Pastoral, a partir de experiências existentes em outras regiões do Brasil. “A concretização da implantação da pastoral será uma ação concreta da participação da Diocese no encontro Economia de Francisco”, anuncia.

MARÇO DE 2020

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A ORDEM

GERAL

Padre João Maria

Anjo da Caridade

Por José Rodrigues - vice postulador da causa do Pe. João Maria Luís Henrique Lira Médico Oftalmologista CRM RN: 6437 RQE: 2809

O mausoléu do Pe. João Maria Uma das sepulturas mais visitadas no cemitério do Alecrim, é o túmulo do padre João Maria. Grande número de fiéis visita o local, especialmente no dia 2 de novembro. Desde o falecimento do padre João Maria, em 16 de outubro 1905, o local passou a ser espaço de homenagens do povo da cidade, a cada ano, no aniversário de vida eterna do “Anjo da Caridade”. Coroas de flores e caminhadas eram organizadas até o cemitério. A partir da construção da Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, no Alto do Juruá, nos anos 1950, começou o sonho de edificar um monumento para abrigar os restos mortais do Servo de Deus. O padre Emerson Negreiros foi o primeiro responsável pela Igreja pertencente inicialmente à Paróquia de Santa Terezinha. Juntamente com Mons Eymard L’E Monteiro, padre Emerson foi grande entusiasta da devoção ao padre João Maria. Em 7 de março de 1965, o então administrador Apostólico da Arquidiocese de Natal, Dom Eugênio de Araújo Sales, elevou a Igreja à categoria de matriz paroquial de Nossa Senhora de Lourdes, mas o templo permaneceu sendo conhecido popularmente como “Igreja do Padre João Maria”.

Contudo, somente em 1979, coube ao Mons.

Geraldo Almeida, pároco de Nossa Senhora de Lourdes, concretizar esse sonho ao construir um mausoléu no interior da Igreja. O monumento fúnebre de mármore foi edificado em forma de capela lateral no templo, um espaço destinado para abrigar definitivamente os restos mortais do padre João Maria e algumas de suas relíquias, como uma estola e um roquete que pertenceu ao Servo de Deus. Finalmente, no dia 16 de outubro de 1979, uma multidão, estimada em mais de 10 mil pessoas, acompanhou o cortejo que trouxe os restos mortais do Servo de Deus do cemitério do Alecrim para o novo mausoléu. A Igreja de Nossa Senhora de Lourdes se tornou um espaço acolhedor para aqueles que vem fazer suas preces e pagar suas promessas.

28 MARÇO DE 2020

É importante cuidar da saúde dos seus olhos!

A visão é um dos cinco sentidos que nos possibilita ver as coisas ao nosso redor, diferenciar as cores, ver as maravilhas da natureza e até mesmo ler esse texto. Os nossos olhos são os órgãos responsáveis pela visão e levam os estímulos visuais até o cérebro, onde toda a informação é processada, nos fazendo enxergar o mundo da forma como o vemos. O olho, apesar de pequeno, é um órgão complexo, formado por diversas partes, entre eles: a córnea, a íris, o cristalino, o nervo óptico e a retina.

Diversas doenças podem afetar a visão, entre elas, podemos citar: hipermetropia, miopia, astigmatismo, catarata, glaucoma e degeneração macular. Algumas doenças sistêmicas como diabetes, hipertensão e doenças autoimunes também podem causar danos aos olhos. A maioria destas doenças tem tratamento, especialmente quando descobertas precocemente pelo especialista no assunto, que é o médico oftalmologista. É importante que seja realizado pelo menos um exame oftalmológico anual completo pelo médico oftalmologista, independente da idade, e esse período pode ser até menor de acordo com a avaliação médica. Este exame de rotina não se restringe a avaliação do grau para uso do óculos, mas avalia a pressão ocular e o fundo do olho, entre outras coisas. Para se manter com uma boa visão, a prevenção é o melhor remédio.

ARTIGO A ORDEM

Não Existe Fora O exclusivo, o “feito pra você”, como diz a propaganda de um banco, tem predominado na nossa sociedade como algo a alcançar. A individualidade vem sendo cada vez mais ressaltada, porém não as qualidades do indivíduo, como caráter, sabedoria, autenticidade, mas sim o que este indivíduo possui e o cargo que ocupa. O valor está, por exemplo, no celular de última geração, nas roupas de grifes famosas, no carro. E para que esse padrão de vida seja sustentado, o consumo ocorre de forma excessiva, com um custo alto, não só monetário, mas também ambiental.

Hoje, além da busca pelo status social, a ansiedade é mais um fator que contribui para o consumismo em excesso.

As pessoas que sofrem deste mal costumam fazer compras para aliviar a tensão e, muitas vezes, ficam endividadas.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) convivem com o transtorno.

Como resultado do consumo excessivo temos uma grande geração de resíduos sólidos, conhecido pela população como lixo. Na busca pelo celular mais moderno, por exemplo, quantos são descartados todo ano? Sacos plásticos, caixas, papel de presente, embalagens em geral e o próprio produto: tudo isso é um dia jogado FORA. Alguns até de forma imediata, como o caso das embalagens. Contudo, o que precisamos entender é que NÃO EXISTE FORA, os nossos resíduos precisam de um destino ambientalmente correto, pois durante o seu tempo de decomposição podem contaminar o meio ambiente.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), o Brasil ainda possui quase 3 mil lixões ou aterros irregulares que impactam a qualidade de vida de 77 milhões de brasileiros. No lixão os resíduos são dispostos à céu aberto, sem nenhuma proteção sanitária ou ambiental. Nesse ínterim, a decomposição dos materiais libera um líquido chamado chorume com grande potencial de impacto ambiental, que infiltra no solo e pode contaminar a água subterrânea trazendo prejuízos à saúde pública.

Portanto, precisamos evitar o consumo excessivo, considerando os seus malefícios à saúde e ao meio ambiente.

Para isso, precisamos substituir os nossos hábitos que nos levam às compras em excesso por hábitos saudáveis e sustentáveis, como os listados nas dicas a seguir: reutilize os materiais, utensílios, roupas; faça um orçamento e não fuja dele; planeje suas compras; pratique esportes; exercite a gratidão, seja grato por tudo que já possui.

Juçara Ramalho Gestora e consultora ambiental Mestre em engenharia sanitária Embaixadora do Instituto Lixo Zero Brasil

“

Hoje, além da busca pelo status social, a ansiedade é mais um fator que contribui para o consumismo em excesso.”

MARÇO DE 2020

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A ORDEM GALERIA

Papa assina as Letras Decretais da canonização dos Santos Mártires A Secretaria de Estado do Vaticano liberou, no último dia 4 de fevereiro, as “Letras Decretais”, que são o documento oficial, assinado pelo Papa Francisco, que atesta a Canonização dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, acontecida no dia 15 de outubro de 2017, em Roma. O documento foi entregue ao Padre Flávio Medeiros, do clero da Arquidiocese de Natal e que trabalha na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Segundo Padre Flávio, o decreto só foi entregue agora, mais de dois anos após a celebração da canonização, porque “é um documento muito solene e único, todo redigido em língua latina, feito artesanalmente pelos copistas pontifícios , com os chamados caracteres ‘curiais’, havendo todo o cuidado sobre os nomes dos novos Santos que são incluídos na formulação com o qual ele é feito. Após concluído o trabalho, ele foi assinado pelo Santo Padre”.

O documento será entregue ao arcebispo metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha, em maio deste ano, quando ele irá a Roma, para a visita ad limina à Santa Sé.

Pe. Flávio Medeiros com o documento em mãos

Festa em Cidade Nova A comunidade de Cidade Nova, na zona oeste de Natal, celebra a festa do padroeiro, São José, no período de 9 a 19 de março, refletindo o tema: “Neste ano Jubilar, celebremos São José, patrono universal da Igreja, fiel guardião de Jesus Eucarístico”. A missa de abertura da festa, no dia 9, será presidida pelo arcebispo metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha. Diariamente, às 12h, haverá recitação do ofício de São José; às 19h, recitação do terço e missa.

No mesmo período, sempre após a novena, também será desenvolvida a programação social, com várias atividades. No dia 19, às 19h, acontecerá a procissão com a imagem do padroeiro pelas principais ruas de Cidade Nova, concluindo com a missa, presidida por Dom Matias Fonseca de Medeiros, monge do Mosteiro de São Bento (RJ).

(Informações enviadas por Vânia Maria – Pascom paroquial)

30 MARÇO DE 2020

GALERIA A ORDEM

Prêmios de Comunicação

O Setor de Comunicação da Arquidiocese de Natal abriu as inscrições para a segunda edição dos Prêmios de Comunicação. O objetivo é oferecer um reconhecimento ao trabalho realizado pelas equipes paroquiais da Pastoral da Comunicação, em prol da evangelização, no território da Arquidiocese. A premiação contemplará três categorias: rádio, impressos e internet. As inscrições podem ser feitas até o dia 30 de março, junto ao Setor de Comunicação.

A entrega dos prêmios aos vencedores acontecerá durante o 6º Seminário Arquidiocesano de Comunicação, que será realizado dia 24 de maio, com a presença do coordenador nacional da Pascom, Marcus Tullius . Confira o regulamento no site da Arquidiocese, acessando: http://arquidiocesedenatal.org.br/premios-de-comunicacao.

Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail pascom@arquidiocesedenatal.org.br ou do telefone (whatsapp) 99675-7772.

RAFAEL PACHECO

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Na primeira edição, a Pascom da Paróquia de São João Batista, em Lagoa Seca, venceu a categoria Rádio

Festa em Angicos

No período de 9 a 19 de março, será celebrada a festa de São José, padroeiro de Angicos. Durante o novenário, as pregações serão feitas por sacerdotes e por fiéis leigos, devotos do padroeiro, que é patrono universal da Igreja. No encerramento dos festejos, dia 19 de março, a Igreja Matriz será elevada à condição de Santuário de São José. Em preparação para a festa, capelinhas, com a imagem do Santo, peregrinam pelos lares dos fiéis, nas comunidades rurais, e, também dos angicanos residentes em Natal, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante.

(Informações enviadas por Gilberto Rocha – Pascom Paroquial)

MARÇO DE 2020

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A ORDEM

GALERIA

REPRODUÇÃO DO PROJETO

Ginásio será construído no bairro Santa Maria Goretti

Nova Cruz vai ganhar Arena Imaculada

A Paróquia da Imaculada Conceição, em Nova Cruz, conta com um projeto para construir o Ginásio de Esportes e Eventos Arena Imaculada. A obra será construída no terreno do Centro Pastoral do Catolé, localizado no bairro Santa Maria Goretti. Segundo o coordenador paroquial da Pastoral da Comunicação, Flávio Luiz, depois de concluída, toda a obra contará com amplo espaço para celebrações eucarísticas, grandes eventos e atividades esportivas, além de banheiros, lanchonetes e estacionamento. A primeira fase da obra está prevista para começa ainda este ano. A apresentação do projeto à comunidade foi feita pelo pároco, Padre Aerton Sales, no dia 9 de fevereiro, por ocasião da assembleia pastoral paroquial.

(Informações enviadas por Flávio Luiz – Pascom Paroquial)

Campestre celebra 130ª festa de São José Em 2020, a comunidade de São José de Campestre celebra 130 anos da festa do padroeiro, São José. A primeira missa, em honra ao Santo, foi celebrada debaixo de uma árvore, pelo Padre Tomás de Aquino. Os festejos serão celebrados de 9 a 19 de março, com novenas, caminhadas penitenciais, missas e quermesse.

(Informações enviadas por João Victor – Pascom paroquial)

32 MARÇO DE 2020

GALERIA A ORDEM

Decretos da Cúria O arcebispo metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, nomeou, dia 4 de fevereiro, o Padre Rodrigo Fernandes de Souza Paiva, para a função de chanceler da cúria metropolitana. Ele sucede ao Padre Robson Paulo de Oliveira Silva, que vai fazer uma experiência religiosa na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Padre Rodrigo, até então coordenador arquidiocesano do Setor de Comunicação, passa a ser assistente eclesiástico. Para a função de coordenadora do Setor de Comunicação, o arcebispo nomeou a jornalista Cacilda Cunha de Medeiros.

Já, no dia 14, o arcebispo anunciou que o Padre Luiz Paulo da Silva deixa a função de pároco da Paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres, em Goianinha. Ele permanece com uso de ordens. Para a função de pároco de Goianinha, Dom Jaime nomeou o Padre Josenildo Bezerra dos Santos, até então pároco da Paróquia de São Francisco de Assis, em Pedro Velho. A posse canônica do Padre Josenildo acontece dia 5 de março, às 19 horas, na Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres.

BRUNNO ANTUNES

Padre Rodrigo Fernandes de Souza Paiva assume a função de chanceler da cúria metropolitana

MARÇO DE 2020

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Edição Especial A ORDEM VIVER

Adquira seu exemplar no Seminário de São Pedro - Informações: (84) 3615-2819 34 MARÇO DE 2020

VIVER A ORDEM

Semana Santa em destinos religiosos Opções incluem Oeiras (PI) e Ouro Preto (MG) A semana santa não é um período para se fazer turismo, tratando a data como feriado, uma vez que todo cristão católico é convidado a viver e refletir a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, neste período. No entanto, alguns destinos favorecem a fé e religiosidade para os visitantes e devotos.

A cidade de Oeiras (PI) é considerada a capital da fé, em virtude da religiosidade popular. No município, a população mantém uma tradição centenária, passada de pai para filho, a procissão do Fogaréu. A procissão acontece na quinta-feira santa e relembra a perseguição dos soldados romanos a Jesus Cristo e simboliza os últimos dias de vida de Jesus antes da crucificação. O cortejo luminoso é feito somente por homens, que saem em procissão levando tochas acesas, após a iluminação da cidade ser desligada. Após a procissão, os fiéis se concentram na Catedral de Nossa Senhora da Vitória, para o tradicional sermão. Além da procissão, a programação da semana santa, em Oeiras, segue com as procissões do Senhor morto, na sexta-feira da Paixão e a do Senhor ressuscitado, no domingo de Páscoa.

Em Ouro Preto (MG), já é tradicional a realização do Setenário das Dores de Nossa Senhora, que acontece no período que antecede à semana santa. São sete dias de celebração, nos quais os fiéis fazem uma meditação sobre o sofrimento da Virgem Maria durante a vida de Jesus, sobretudo no caminho do calvário e na sua crucificação. Por serem sete dores, a celebração recebe este nome. Essa tradição chegou a Minas Gerais através dos Servos

de Maria, cuja Ordem Terceira se instalou em Ouro Preto na segunda metade do século XVIII. Primeiramente, os ritos eram realizados na Igreja matriz do Antônio Dias, na qual havia uma

imagem de Nossa Senhora das Dores. Somente em 1788, a Igreja de Nossa Senhora das Dores foi concluída, e o Setenário passou a ser realizado no local até os dias atuais.

LUCAS MARREIROS

Procissão do Fogaréu, em Oeiras (PI)

VERTENTES DAS GERAIS

Setenário das Dores, em Ouro Preto (MG)

MARÇO DE 2020

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A ORDEM VIVER

Ingredientes: . ½ Kg de chocolate ao leite, branco ou meio amargo . Formas para ovos de páscoa no tamanho de preferência

Ovo de Páscoa

No período da Páscoa, já é tradição a compra dos ovos de chocolate, por parte das famílias. Em virtude do constante aumento do preço do produto, no período, muitas confeitarias têm optado por produzir a versão artesanal do ovo de páscoa, podendo ser apresentada em variadas formas. Segundo a confeiteira Dani Moreira, além do ovo de chocolate, muitas pessoas fazem a opção por presentear com outros tipos de chocolates e biscoitos, neste período.

Confira a receita para você fazer em casa seu próprio ovo de chocolate:

Forma de preparo: Triture o chocolate e derreta em banho maria, no fogão, ou no micro-ondas. Para o micro-ondas, o ideal é colocar porções pequenas de chocolate em um recipiente e ir intercalando o tempo de 30 em 30 segundos para observar se o chocolate derreteu. Com o chocolate derretido, despeje na forma de ovo de páscoa, para que cubra toda ela. Você também pode usar forminhas de gelo para fazer na versão de bombom. Vire a forma para tirar o excesso e leve até a geladeira em cima de um prato para que endureça. Repita as camadas, caso necessário, para que a estrutura do ovo não fique muito fina. Com os ovos feitos refrigerados, é só juntar as duas partes, colocar alguns chocolates ou outro brinde no interior, embrulhar com papel alumínio e um papel para presente. Você pode presentear ou consumir na hora! Feliz Páscoa!

Dica: Você pode reunir as crianças para ajudar no processo de confecção dos ovos de chocolate

#FICAADICA

POR PE. FÁBIO PINHEIRO,

PÁROCO DA PARÓQUIA DO SANTUÁRIO DOS MÁRTIRES – NAZARÉ – NATAL/RN

Nossa dica de livro é um clássico da literatura psicológica humanista existencial: “Em busca de sentido”, do escritor e psiquiatra Viktor E. Frankl, que conta a experiência que o levou à descoberta da logoterapia. Prisioneiro durante longo tempo em campos de concentração, onde seres humanos eram tratados de modo pior do que se fossem animais, ele se viu reduzido à existência, nua e crua. Perdeu toda a sua família. Como foi que ele tendo perdido tudo que era seu, com todos os seus valores destruídos, sofrendo fome, frio e brutalidade, esperando a cada momento a brutalidade, esperando a sua exterminação final conseguiu encarar a vida como algo que valia a pena preservar? É o convite que convido o leitor a descobrir nesta obra.

36 MARÇO DE 2020

Esta dica de filme é para ver e rever sempre, sozinho ou com os amigos e familiares. “Deus não está morto”, lançado em 2014, conta a história do jovem Josh Wheaton (interpretado por Shane Harper), que conhece um arrogante professor de filosofia (Kevin Sorbo), que não acredita em Deus.

O aluno reafirma sua fé, e é desafiado pelo professor a comprovar a existência de Deus. A trama se desenrola em uma batalha entre os dois homens que estão dispostos a tudo para justificar o seu ponto de vista - até se afastar das pessoas mais importantes para eles. O título também é utilizado em duas novas edições lançadas em 2016 e 2018, que têm tramas como foco principal a existência de Deus na vida dos personagens. Você pode assistir à primeira edição no YouTube e as demais também no Netflix ou Google Play Filmes.

LITURGIA A ORDEM

O sentido litúrgico da Via Sacra

A

o participar da Via Sacra nas nossas Paróquias, no tempo da Quaresma, cada cristão è chamado a reafirmar a própria adesão ao Senhor, para chorar o próprio pecado, como o Apóstolo Pedro; para abrir-se, como o Bom Ladrão, à fé em Jesus, servo sofredor; para permanecer aos pés da Cruz, como Maria e o discípulo amado. É meditando o mistério da paixão e morte do Senhor que se acolhe a Palavra que salva, o Sangue que purifica e o Espírito que dá a vida.

No Ocidente, são poucos os exercícios de piedade tão amados pelo povo de Deus quanto a Via Sacra. Na valorização dada às legítimas expressões da religiosidade popular, a Igreja vai concedendo um teor celebrativo sempre mais rico. A Via Sacra faz memória do último caminho percorrido por Jesus durante a sua vida terrena: de quando Ele e os seus discípulos, «Terminado o canto dos Salmos, saíram para o monte das Oliveiras» (Mc 14,26), até quando o Senhor foi conduzido ao «lugar chamado Gólgota, que quer dizer lugar do crânio» (Mc 15,26), foi crucificado e sepultado em um sepulcro novo, escavado na rocha.

Cada passo de Jesus é plena atuação do desígnio salvífico do Pai: a hora do perdão universal, da ferida do seu lado traspassado pela lança – cuja abertura foi uma fonte inesgotável de Graça - (cf. Gv 19, 34), como também da imolação do verdadeiro Cordeiro pascal, ao qual não foi quebrado nehum osso(cf. Gv 19, 36), da entrega de Nossa Senhora (cf. Gv 19, 26-27) e do Espírito Santo(cf. Mt 27, 50). Cada sofrimento de Cristo é semente de vida futura para a humanidade, e cada ultraje que Ele recebeu é promessa de glória. Cada encontro que Jesus teve naquele caminho doloroso – com amigos, inimigos, pessoas indiferentes - torna-se ocasião para um ensinamento supremo, para um último olhar, para uma oferta divina de reconciliação e de paz.

A Igreja conservou a memória viva das palavras e dos acontecimentos dos útimos dias do Senhor. Uma memória muito cheia de afeto, mesmo que sofrida, do itinerário que Jesus percorreu desde o Monte das Oliveiras até o Monte Calvário. A Igreja sabe também que em cada fato daquele caminho está selado um mistério da Graça, e é ali que está o maior gesto de amor que Cristo teve para com a sua Esposa. Por sua vez, a Igreja é consciente de que é na Eucaristia que o Senhor deixou o Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue derramado. Mas Ela venera também a memória histórica e os próprios lugares onde cristo sofreu, as estradas e as pedras banhadas pelo seu suor e pelo seu Sangue.

A cada ano, Papa Francisco, que segue uma tradição iniciada pelos seus predecessores, celebra no Coliseu, na noite da sexta feira santa, a Via Sacra com milhares de peregrinos do mundo inteiro. A mensagem que este grande evento inspira nas nossas comunidades é que a via Sacra deve ser vivida com um espírito profundamente penitencial, de muito respeito e reverência. De fundamental importância é que sejam adequados os textos legitimamente aprovados para as meditações e invocações litânicas; que os cânticos sejam expressão verdadeira daquilo que se celebra, sem deviações em matéria; e que sobretudo exista uma atmosfera bíblica de leitura orante dos relatos da Paixão, presente nos Profetas, nos Salmos e principalmente nos Evangelhos.

Pe. Flávio José de Medeiros Filho A serviço da Basilica de São Pedro, no Vaticano

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A cada ano, Papa Francisco, que segue uma tradição iniciadas pelos seus predecessores, celebra no Coliseu, na noite da sexta-feira santa, a Via sacra com milhares de peregrinos do mundo inteiro.”

MARÇO DE 2020

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A ORDEM ARTIGO

Oração: bênção e necessidade

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m grande teólogo católico do século passado, o jesuíta Karl Rahner, conhecido pela sua enorme bibliografia, pelo estilo difícil de compreensão, grande conhecedor da tradição filosófica e do patrimônio teológico católico, considerado um dos grandes nomes do Concílio Vaticano II, estava num colóquio com um interlocutor insistente, que argumentava sobre as provas da existência de Deus e qual a força de persuasão delas. O teólogo argumentava e o interlocutor refutava. A discussão parecia sem saída, até que o teólogo afirmou: “Creio, porque rezo”. Só assim o debate findou. Mas, não estou aqui a apresentar traços da biografia teológica deste grande pensador católico. “Creio, porque rezo”, tem o sentido de mostrar que a fé nos coloca em comunhão com Deus. E a nossa oração é prova dessa mesma fé.

A oração já foi definida como “colóquio com Deus”, o que levaria a pensar diálogo, conversa. Longe de ser um artificio “subjetivista”, que desprezaria o conhecimento doutrinal em vista de uma liberdade no trato com Deus, a oração significa “um ato do coração”, isto é, o reconhecimento de que estamos diante de um ser que se comunica a nós, revela-se como amor incondicional e que deseja que tenhamos uma amizade com Ele. Rezar significa dar espaço a esse Ser e dialogar com Ele. E é justamente a doutrina, o dogma a conduzir-nos à oração: quem primeiro vem e quer dialogar conosco é o próprio Deus. Ele não quer revelar-nos algo ou alguma coisa sobre ele, em primeiro lugar. Ele se dá a nós, em primeiro lugar. Não se trata de um conhecimento obtido por leis ou regras, mas proveniente do encontro pessoal.

Deus se comunica a nós, Ele mesmo e não alguma coisa. Ter fé não é receber algo de Deus, mas reconhecer que Ele mesmo se dá a nós. Rezar, portanto, não é se dirigir a um ser poderoso que vai me atender, mas deixar-se interpelar por Deus que se comunica a mim para uma experiência de vida com Ele, para tornar a minha vida uma missão, como afirma Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii gaudium.

Muitos já escreveram sobre a “oração”. A tradição da espiritualidade cristã é rica nesse tema. Santa Teresa d’Ávila, por exemplo, nos ensina sobre a “oração mental”. A Igreja determina que os ministros ordenados rezem a “Liturgia das Horas”. Muitas são as formas de oração, chamadas “devoções”. Claro que todas são legítimas, embora seja necessário refletir sobre a teologia das devoções, especialmente no que diz respeito à ordem da oração, isto é, aos critérios teocêntrico, cristocêntrico, pneumatológico e eclesial. Há experiências de comunidades “escolas de oração”, onde se educa para rezar com esses critérios. Longe de tornar a oração um artifício, mas a necessidade de um ponto de partida para nossa oração é urgente. Refiro-me ao modo como rezamos na Celebração Eucarística. Dela nós aprendemos um critério antigo e que a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II retomou com clareza: “a oração eucarística dirige-se sempre ao Pai” (conforme a antiga fórmula do sínodo de Hipona, de 393: cum altari adsistitur ad Patrem dirigatur oratio). A nossa oração deveria sempre seguir esse critério.

38 MARÇO DE 2020

Por Pe. Paulo Henrique da Silva Vigário Geral da Arquidiocese de Natal

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A oração já foi definida como colóquio com Deus, o que levaria a pensar diálogo, conversa”

A ORDEM

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