Revista A Ordem - Novembro/2020

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Fundação Paz na Terra Ano LXVIII - Nº 55 Natal/RN | R$ 7,00 Novembro de 2020



A ORDEM

SUMÁRIO EDITORIAL Fundação Paz na Terra Ano LXVIII - Nº 53 Natal/RN | R$ 7,00 Setembro de 2020

UMA TERRA EM CHAMAS

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CAPA

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ENTREVISTA - A pandemia e o pós-pandemia na perspectiva cristã

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APRENDENDO COM A IGREJA Preparação para o advento

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REPORTAGEM - O Meio Ambiente no Brasil “geme e sofre em dores de parto”

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VIVER - Iniciativa incentiva doação de sentimentos positivos

EXPEDIENTE

Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689

CONSELHO CURADOR: Pe. Antônio Nunes Vital Bezerra de Oliveira CONSELHO EDITORIAL: Cacilda Medeiros Luiza Gualberto Josineide Oliveira Jeferson Rocha Cione Cruz André Kinal Milton Dantas Vitória Élida

EDIÇÃO E REDAÇÃO: Luiza Gualberto (DRT-RN 1752) Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) REVISÃO: Milton Dantas (LP 3.501/RN) FOTO DA CAPA: Selton Gleydson

“Quando olhei a terra ardendo, qual fogueira de São João, eu perguntei a Deus do Céu, ai, por que tamanha judiação?” O trecho da letra da música Asa Branca, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, refere-se ao fenômeno natural das secas que castigam o Nordeste brasileiro e seu povo. Mas pode ser aplicado à situação do Pantanal e do Cerrado brasileiros em chamas nesta temporada de estiagem, com uma diferença: lá a “terra arde” pelo fogo criminoso provocado por pessoas com o objetivo de se apropriar de vastas áreas de terras públicas para a produção de grãos e para a criação bovina. A negligência proposital do Poder Público, através do Ministério do Meio Ambiente, afrouxando normas legais de fiscalização, favorece as ações criminosas no Pantanal e do Cerrado. O cenário da devastação pelo fogo, as chamas queimando as matas e destruindo tudo o que elas abrigam - sementes, animais silvestres e aves, como as Araras Azuis - aparecem nos noticiários televisivos como imagens dantescas de uma realidade criminosa, inacreditável, lamentável. O fogo não queimou apenas as matas, florestas e sua biodiversidade, mas também a imagem do Brasil no exterior. Mais lamentável, ainda, foram os pronunciamentos oficiais do governo minimizando o fato e jogando a culpa pelas queimadas em pessoas e organizações que sempre lutaram pela preservação do meio ambiente no Brasil. A matéria de capa desta edição foca o tema da luta pela preservação ambiental e as ações da Igreja Católica, através da CNBB, no Brasil, e do Papa Francisco, no Vaticano, inclusive com a publicação da Encíclica Laudato Si.

COLABORADORES: José Bezerra (DRT-RN 1210) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal

DIAGRAMAÇÃO: Akathistos Comunicação (47) 9 9618-3464 COMERCIAL: (84) 3615-2800

ASSINATURAS: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 – Tirol – Natal/RN (84) 3615-2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br

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PALAVRA DA IGREJA

Só o amor APAGA O ÓDIO Francisco Papa

Chega de violência! Construamos juntos paz e fraternidade. Só o amor apaga o ódio”

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No final da tradicional Audiência Geral, dia 4 de novembro, o Papa Francisco fez um apelo no qual recordou os episódios de violência perpetrados recentemente na Europa, que causaram mortos e feridos. “Nestes dias de oração pelos mortos, temos lembrado e ainda lembramos as vítimas indefesas do terrorismo, cuja escalada de crueldade está se difundindo na Europa. Penso, em particular, no grave ataque a um local de culto em Nice, dias atrás, e no ataque, ontem, nas ruas de Viena, que provocaram consternação e desaprovação da população e daqueles que se preocupam com a paz e o diálogo. Confio à misericórdia de Deus as pessoas que morreram tragicamente e expresso minha proximidade espiritual aos seus familiares e a todos aqueles que sofrem por causa desses acontecimentos deploráveis, que buscam prejudicar a colaboração fraterna entre as religiões através da violência e do ódio”, disse o Pontífice. Antes, no dia 29 de outubro, o Papa Francisco manifestou seu pesar pela tragédia de Nice, situada no sul da França, através de uma mensagem assinada pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, enviada ao bispo de Nice, dom André Marceau. Três pessoas morreram no ataque perpetrado na Basílica de Notre-Dame de Nice. Uma das vítimas foi a brasileira Simone Barreto Silva de 44 anos, original de Salvador (BA), que morava na França há 30 anos. Ela deixou três filhos. Segundo a mensagem divulgada pela Sala de Imprensa da Santa Sé, o Papa condena “de maneira enérgica tais atos violentos de terror” e “reza pelas vítimas e seus entes queridos, para que cesse a violência, para que as pessoas voltem a se olhar como irmãos e não como inimigos, e para que o amado povo francês possa reagir unido ao mal com o bem.” No telegrama enviado ao arcebispo de Viena, cardeal Christoph Schönborn, o Papa Francisco expressa sua “dor pelas vítimas e sua proximidade às famílias que perderam seus entes queridos”, no atentado perpetrado em Viena, na Áustria, na noite do dia 2 de novembro. “Expresso dor e consternação pelo ataque terrorista em Viena e rezo pelas vítimas e seus familiares. Chega de violência! Construamos juntos paz e fraternidade. Só o amor apaga o ódio”, escreveu o Papa Francisco num tuíte, nesta terça-feira, referindo-se ao ataque terrorista. FONTE: Portal Vatican News


A VOZ DO PASTOR

A ORDEM

Encíclica Fratelli tutti: UM HINO À FRATERNIDADE

E À AMIZADE SOCIAL

Assinada em 3 de outubro, na cidade de Assis, na Itália, cidade de São Francisco, e publicada no dia 4 de outubro, memória litúrgica do santo que inspirou o nome do Papa atual, a Carta Encíclica “Fratelli tutti”, a terceira do Papa Francisco, tem como tema principal a “fraternidade e a amizade social”. A primeira grande afirmação da Encíclica, tirada de textos do Santo de Assis, dá o sentido pleno do que o ensinamento de Papa Francisco, baseado sempre no Evangelho de Jesus Cristo, assumido para toda a Igreja, desde os tempos apostólicos, retomado e atualizado pelo Concílio Vaticano II e pelas Conferências Gerais do Episcopado Latino-americano, especialmente Medellín (1968), Puebla (1979) e Aparecida (2007), tem de força e vigor para toda a Igreja: para “viver uma forma de vida com sabor de Evangelho”, é preciso amar e tratar a todos como “irmãos e irmãs”, e nisso consiste a felicidade: “Bem-aventurado servo que tanto ama e respeita seus irmão quando [este] estiver longe dele como quando estiver com ele; e não disser por trás dele aquilo que, com caridade, não pode dizer diante dele” (Admoestações, 25: Fontes Franciscanas e Clarianas, Vozes, Petrópolis, 2004, p. 103). A citação, a que dá o título da Encíclica, “Tutti fratelli”, se encontra na Admoestação 6,1 (edição brasileira, p. 98). A Encíclica consta de uma introdução (nn. 1 a 8) e oito capítulos. No oitavo capítulo, o Papa Francisco conclui a Encíclica, primeiro com uma citação do Documento sobre a fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência comum, assinado em Abu Dhabi, em 4 de fevereiro de 2019, assinatura feita pelo Papa Francisco e o Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb, quando de sua visita aos Emirados Árabes Unidos, em 2019 (FRANCISCO. Carta Encíclica Fratelli tutti, n. 285). Essa inspiração se deveu ao motivo de sua visita e da própria assinatura do Documento: “[Deus] criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e os chamou a conviver entre si como irmãos”. E termina a Encíclica com duas orações: “Oração ao Criador”, “Oração cristã ecumênica” (FRANCISCO. Op. cit., n. 287). Assim como na Encíclica Laudato si’, também Fratelli tutti, é inspirada em São Francisco. Não somente com as palavras que dão titulo aos dois documentos papais, tiradas de escritos franciscanos, mas o que é central na vida, na história e na espiritualidade do santo italiano. “Este Santo do amor fraterno, da simplicidade e da alegria, que me inspirou a escrever a encíclica Laudato si’, volta a inspirar-me para dedicar esta nova encíclica à fraternidade e à amizade social. Com efeito, São Francisco, que se sentia irmão do sol, do mar e do vento, sentia-se ainda mais unido aos que eram da sua própria carne” (n. 2). Se em Laudato si’ o Papa Francisco chamava a atenção para o respeito e o cuidado com a Casa Comum, em Fratelli tutti a atenção se volta para o que é essencial para que esse respeito e cuidado aconteçam: a fraternidade e a amizade social. De fato, estão intimamente ligados cuidar da natureza e cuidar do irmão. E, para curar-nos de “um mundo fechado com suas sombras’ e conflitos, o Papa apresenta a parábola do bom samaritano, expressando sua convicção de que “qualquer um de nós pode deixar-se interpelar por ela, independentemente de suas crenças” (n. 56). A parábola do bom samaritano nos instiga e leva-nos a “gerar um mundo aberto”, onde ninguém se ache um estranho. Ao concluir sua meditação sobre a parábola, o Papa Francisco afirma que a Igreja deve seguir esse mesmo caminho de geração de um mundo aberto; “é importante que a catequese e a pregação incluam, de forma mais direta e clara, o sentido social da existência, a dimensão fraterna da espiritualidade, a convicção sobre a dignidade inalienável de cada pessoa e as motivações para amar e acolher a todos” (n. 86).

Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal

Assim como na Encíclica Laudato si’, também Fratelli tutti, é inspirada em São Francisco.”

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A ORDEM

Nos últimos meses, o mundo vem encarando uma situação em que o cenário apresenta a necessidade de isolamento, o uso de máscaras, os cuidados com higiene, o aumento do número de pessoas em situação de miséria, o medo da perda do emprego, as empresas em declínio, a ausência de condições de precaução contra o contágio devido à necessidade real em sair de casa para garantir o sustento, o abre e fecha de empresas e o desejo de voltar à vida ao normal. Neste mesmo cenário, em que não se pode enxergar ainda o fim efetivo da situação, como imaginar esse retorno pós-pandemia? E como enxergar isso na perspectiva cristã? O pároco da paróquia da Santíssima Trindade, em Anápolis, Padre Paulo Henrique, diz que o momento de pós pandemia será de foco no objetivo principal da missão cristã, do serviço ao irmão, principalmente os mais necessitados. Por Vitória Élida

A PANDEMIA E O PÓS-PANDEMIA NA

PERSPECTIVA CRISTÃ 6 NOVEMBRO DE 2020


ENTREVISTA A ORDEM

A Ordem - Como foi para o senhor, como padre, diante de uma pandemia, enfrentar esse período, e ter que informar aos fiéis que a Igreja permaneceria fechada por um tempo indeterminado? Pe. Paulo Henrique – Estudamos, enquanto estudantes de Teologia, na história da Igreja, muitos momentos em que a Igreja foi perseguida, onde muitos templos foram fechados, mas jamais imaginaríamos viver essa experiência, que não veio de uma perseguição, e sim de uma pandemia. Um vírus que paralisou todo o mundo e fez com que a humanidade, temerosa, passasse por esse impacto. É uma experiência única, que vamos narrar nas próximas gerações, e esperamos que elas possam compreender o que vivemos hoje. Essa pandemia foi um período de ruptura. A Ordem – Diante de tantas coisas já vividas nesse período de pandemia, muitas experiências adquiridas, muitas perdas, muito ressignificar de histórias. Como o senhor encara a forma com que as pessoas enfrentaram esse momento? E como a Igreja também viveu isso? Pe. Paulo Henrique – Para muitos, esse período foi uma espécie de parênteses, em que pensaram, “vamos parar um pouquinho, e daqui a dois meses a gente retorna”. Para outros, foi simplesmente uma vírgula, “a gente está assim, mas a gente depois continua de alguma forma”. Mas para muitos, essa pandemia implica como um ponto final, pois há, de fato, uma mudança de tempos, e a Igreja, também, quando retornar as suas atividades, não será da mesma forma. Principalmente pelas perguntas que esse tempo nos faz sobre o que é essencial, aquilo que faz parte da nossa vida, da importância que tem a experiência da comunidade. A Ordem - A nossa igreja é repleta de serviços pastorais.

Acredito que a nossa Igreja será ainda mais a Igreja do cuidado e também do querigma, pois muitas pessoas depois de todo esse tempo, diante de tanto sofrimento e ausência das atividades comunitárias, irão perder os parâmetros de uma experiência concreta com Cristo.”

Porém, essas atividades tiveram que ser reinventadas durante a pandemia pela Covid-19. Os agentes buscaram novas estratégias para manter suas atividades. Podemos encarar que esse momento também serviu para compreendermos melhor os objetivos e a essência dos serviços pastorais? Pe. Paulo Henrique – Com certeza esse momento trouxe grandes aprendizados. Principalmente no reconhecimento do valor que tem a nossa comunidade, a nossa Igreja, a nossa experiência cristã, que é essencialmente uma experiência comunitária. Claro que Jesus Cristo nos pede um momento de intimidade, de silêncio, mas somos acostumados com a experiência em comunidade. Para alguns, a rotina e o excesso de reuniões era tido como um peso, e algumas pessoas estavam se sentido esgotadas, cansadas. E aí, vem a pandemia para nos lembrar que nossos irmãos, que a nossa comunidade e nossos trabalhos pastorais não são um peso, e sim um grande dom. Então, passamos novamente a sentir falta dos nossos irmãos, e do que é realmente a essência da nossa vivência comunitária. Como seguidores de Jesus Cristo vivemos a experiência com outras pessoas, não existe seguidor que caminha sozinho. Essa dimensão comunitária no Evangelho está muito clara A Ordem - Somos uma sociedade do imediatismo, de agendas lotadas, da falta tempo. Porém, em situações como a que estamos enfrentando nos últimos meses é comum vermos as pessoas buscando mais a Deus, valorizando um pouco mais a necessidade que o corpo exige da pausa. O senhor acredita que essa pandemia também serviu para que as pessoas se voltassem mais para as coisas do alto? NOVEMBRO DE 2020

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ENTREVISTA

Pe. Paulo Henrique – Eu gostaria de destacar dois pontos. Esse momento foi o momento das Perguntas e o momento das Atividades essenciais. Primeiro, ele nos colocou em cheque, pois nos fez perder a segurança nas coisas que nós tínhamos. Segurança na Ciência, no próprio Estado, e a busca pelas respostas para as perguntas que ainda restam: De onde virá a nossa salvação? Quando chegará a vacina? Quando a nossa vida vai voltar a ser normal? Ou seja, é o momento das grandes perguntas, e isso nos torna pessoas menos superficiais. E também é o momento que nos faz perceber o que, de fato, é essencial. As nossas atividades foram paralisadas, mas a nossa relação com Cristo foi estreitada, porque percebemos mais ainda que no fim de tudo a nossa salvação e esperança está nEle. E isso fez com que o nosso Cristianismo fosse mais profundo, menos baseado nos eventos e encontros, e mais forte no ponto de vista espiritual. A Ordem - Outro ponto importante dentro de todo esse contexto foi a forma como os cristãos católicos se viram sem a Eucaristia durante o fechamento das Igrejas. O sentimento de carência desse encontro fez, inclusive, com que algumas pessoas repensassem sobre a sua forma de comungar. O senhor acredita que, de fato, houve uma mudança nessa postura? Pe. Paulo Henrique – Quando a gente perde a gente dá valor. Ou seja, o não poder comungar, fez com que muitas pessoas começassem a dar mais valor à comunhão. Também levou as pessoas a perceberem que cada domingo é único, cada missa é muito especial e cada Eucaristia transforma o nosso interior. Aos poucos as pessoas puderam perceber o impacto que a falta da comunhão causa no crescimento espiritual. Então, com o retorno às missas, eu percebi que as pessoas valorizaram esse encontro.

A Ordem - Mesmo não sabendo o que ainda iremos viver até que todo esse período passe, a nossa Igreja é para nós um símbolo de esperança. Então, como podemos imaginar essa Igreja de esperança já numa perspectiva de pós-pandemia? Pe. Paulo Henrique – Eu penso em uma Igreja que deverá viver mais ainda a radicalidade do evangelho, do amor ao próximo e do amor a Deus. Porém, em uma perspectiva de ainda mais alegria do estar junto da Eucaristia e dos nossos irmãos. Acredito que viveremos experiências ainda mais fortes com o momento de comunhão. Por outro lado, a preocupação com o nosso próximo será ainda mais forte. Várias famílias foram impactadas com a pandemia, e isso nos levará a uma busca por maior ajuda, por vivenciar ainda mais o que diz o evangelho. Então, sou muito otimista com relação a isso. É um período de purificação, e nesses períodos saem muitos feridos, mas muitos saem ainda mais profundos. Acredito que viveremos o caminho da esperança, em que nossa fé se tornará mais madura e nos tornaremos cristãos melhores. A Ordem - Ainda nessa perspectiva da Igreja pós-pandemia, poderemos afirmar que a nossa Igreja será mais missionária, mais voltada aos pobres, mais objetiva no que realmente é sua missão? Pe. Paulo Henrique – Acredito que a nossa Igreja será ainda mais a Igreja do cuidado e também do querigma, pois muitas pessoas depois de todo esse tempo, diante de tanto sofrimento e ausência das atividades comunitárias, irão perder os parâmetros de uma experiência concreta com Cristo. Então, precisaremos focar mais no anúncio da salvação, do amor de Deus, da experiência de fé da comunidade da Igreja, da ação do Espirito Santo. E isso vai fazer com que nos tornemos mais missionários, nos exigindo novas linguagens, novos meios, readaptações.

Para muitos, esse período foi uma espécie de parênteses, em que pensaram, “vamos parar um pouquinho, e daqui a dois meses a gente retorna”

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ARTIGO

QUANDO O FANTASMA

DA MORTE SE ESCONDE NOS NÚMEROS

A humanidade em todos os tempos se deparou com o medo da morte e, para contê-lo, sempre ousou elaborar respostas apascentadoras para justificar o desaparecimento dos vivos do mundo. Entretanto, na chamada pós-modernidade, algumas dessas respostas chegam a ser anti-humanitárias para não chamar de cruéis. Há pouco mais de sete meses,o mundo fora sacudido pelo ataque de um vírus desconhecido pela ciência e pelos demais saberes construídos pelos humanos. O novo coronavírus (COVID 19) tem dizimado milhares de vidas e os humanos atordoados ficam perplexos diante dos alarmantes números de infectados e atônitos diante da quantidade de óbitos. Tal fato fez com que os meios de comunicação todos se dedicassem a propagar os números atualizados das vítimas da pandemia. Embora tais informações sejam úteis para conscientizar a população da necessidade de pôr-se sob as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e para despertar nos governantes a atenção para o problema nacional e mundial é preciso que essas informações gerem reflexões. A interrupção abrupta no ciclo da vida de tantas pessoas não pode ser avaliada apenas pela frieza dos números porque escondem, neles, a desvalorização da subjetividade existencial de cada indivíduo. O reducionismo da morte de pessoa a um simples e objetivo número estatístico é, além de uma agressão sem tamanho, um processo de desumanização. Basta considerar que cada indivíduo é excluído de seu contexto social, familiar, subjetivo; não contando mais como pessoa dotada de razão, opinião e coparticipação na sociedade que está inserida. Cada “UM” das estatísticas não é apenas um rosto alheio, um grau da porcentagem que sobe em um gráfico aleatório, mas há um contexto de drama vivenciado em cada lar que tenha sido alcançado pelo Covid. A incerteza mediante a evolução do quadro de quem fora infectado, o medo da perda violenta, a saudade e a dor por quem perdeu a vida. Os meios de comunicação não conseguem apresentar junto aos números os sentimentos, a verdade mesma do drama em si. Há, por detrás destas estatísticas apresentadas todos os dias, uma desconstrução do valor da vida humana em sua totalidade e amplitude. Não se trata apenas de quantidade, um a mais ou a menos que morreu ou resistiu ao vírus. O drama é outro e vai além dos limites informativos. Disse o papa Francisco em janeiro de 2018 - sem jamais pensar que o mundo iria viver tempos como estes - a “vida humana possui uma dignidade intangível”. O pontífice nos ensina o cultivo da vida como cumprimento ao princípio da dignidade anunciado no Evangelho: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10, 10). Nesse ano de 2020, ao vivenciar, no Brasil, as celebrações do dia de finados, bem poderíamos perguntar: por que a vida está tão negligenciada? Por que a saudade dos nossos entes queridos que já partiram para eternidade é modulada pelos sentimentos de impunidade, desesperança, incerteza no futuro? Diante dos túmulos é preciso rever nosso modo de encarar a vida. A superação do pós-pandemia será um processo árduo de reumanização e redescoberta do valor da pessoa humana. Redescobrir que o homem possui dignidade em si, que é dotado de potencialidades e singularidade, que não é resumível a uma numeração estatística; que todas as vidas importam, eis o dever de todo cristão.

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Matheus Barboza de Araújo seminarista do 2º ano de Teologia do Seminário de São Pedro

A superação do póspandemia será um processo árduo de reumanização e redescoberta do valor da pessoa humana”


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CAPA Selton Gleydson

FESTEJOS DE NOSSA SENHORA DA APRESENTAÇÃO ACONTECEM EM

novo formato

Devido à pandemia do novo coronavírus, programação vai ser transmitida pelas redes sociais e vai contar com a participação reduzida de fiéis Por Luiza Gualberto

Quando chega o mês de novembro, os fiéis católicos da Arquidiocese de Natal, em especial da capital potiguar, se preparam para festejar a padroeira, Nossa Senhora da Apresentação, de 11 a 21 de novembro. Todos se reúnem na Catedral Metropolitana e antiga Catedral para relembrar o encontro da imagem, às margens do rio Potengi, há 267 anos. Neste ano, em virtude da pandemia do novo coronavírus, a festa ganhou um novo formato, com transmissões ao vivo pelas redes sociais e participação reduzida de fiéis. Segundo o padre Valdir Cândido, pároco da Catedral, mesmo com os desa12 NOVEMBRO DE 2020

fios impostos pela pandemia, a expectativa é de uma festa repleta de fé e devoção popular à padroeira da Arquidiocese e da cidade do Natal. “Nós queremos que aqueles que não possam estar de forma presencial na Catedral, possam fazer de suas casas, uma Igreja doméstica, um santuário de Nossa Senhora”, reforça. O tema que vai nortear os festejos, neste ano, é “Nos mares revoltos da vida, temos a Mãe da Apresentação a interceder”. Segundo o Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, a festa deste ano ganha uma conotação ainda mais for-


CAPA A ORDEM

te, diante dos inúmeros desafios impostos pela pandemia. “Dentro deste contexto apresentado pelo tema da festa, neste ano, dos mares revoltos da vida, da pandemia, das incertezas e sofrimentos, temos que nos colocar, cada vez mais, na proteção e confiança materna de Maria. É ela quem alivia todas as angústias e tristezas da vida”, frisa. Programação A programação da festa tem início a partir desta quarta-feira (11) e segue até 21 de novembro, com diversas atividades, na Catedral Metropolitana e antiga Catedral. A abertura dos festejos, na antiga Catedral, vai ter início às 16h, com o hasteamento das bandeiras e, na sequência, missa solene, presidida pelo Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha. Já na Catedral Metropolitana, o hasteamento das bandeiras vai acontecer às 19h e às 19h30, missa solene, também presidida pelo Arcebispo. Nos demais dias, o novenário vai acontecer sempre às 19h, na Catedral Metropolitana. Na antiga Catedral, vai ser realizado o “Amanhecendo com Maria”, com recitação do terço, seguida de celebração de missa dos devotos, às 06h.

Também vai ser realizado o “Louvores a Nossa Senhora e missa de consagração das famílias”, às 16h30.

Uma das novidades da festa neste ano foi a “Live do peregrino”, em que, todas as noites, aconteceu a transmissão de louvor e recitação do terço mariano, em uma forma de preparar os fiéis para os festejos da padroeira.”

Acesso Para os fiéis que desejarem ter acesso às celebrações de forma presencial na Catedral Metropolitana, podem fazer o agendamento pelo link que está disponível no site da Arquidiocese de Natal, no endereço: www. arquidiocesedenatal.org.br. Para as celebrações na antiga Catedral, o acesso é por ordem de chegada, limitado a 85 pessoas. É importante que os fiéis sigam as seguintes orientações para a participação presencial, como uso obrigatório de máscaras, fazer a higienização das mãos com álcool em gel, que vai estar disponível na entrada das Igrejas e respeitar o distanciamento social, seguindo as marcações que estarão nos bancos. Além disso, toda a programação vai ser transmitida pelas redes sociais da Arquidiocese de Natal e paróquias da Catedral e antiga Catedral. 21 de novembro No dia 21 de novembro, data dedicada a Nossa Senhora da Apresentação, a tradicional programação, com missas e procissão, Selton Gleydson

Programação do dia 21 de novembro não vai contar com tradicional missa na Pedra do Rosário, que reunia milhares de fiéis NOVEMBRO DE 2020

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Nós queremos que aqueles que não possam estar de forma presencial na Catedral, possam fazer de suas casas, uma Igreja doméstica, um santuário de Nossa Senhora” (Padre Valdir Cândido)

também vai ser alterada. Em anos anteriores, era comum a aglomeração de fiéis na Pedra do Rosário, às margens do rio Potengi, nas primeiras horas da manhã, para participar da missa das 05h, que abria a programação do dia. Neste ano, a programação será a seguinte: às 05h, procissão fluvial, seguida de missa, no Comando do 3º Distrito Naval – essa celebração não será aberta ao público; às 07h30, louvores à Mãe de Deus, com apresentação da soprano Alzeny Nelo, na antiga Catedral, seguida de missa solene, presidida pelo arcebispo emérito, Dom Matias Patrício de Macedo. Na Catedral Metropolitana, às 10h, haverá a missa solene de Nossa Senhora da Apresentação, presidida pelo Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha. Na parte da tarde, às 14h, haverá uma procissão motorizada com a imagem da padroeira, percorrendo as quatro zonas da cidade de Natal. Às 18h, haverá bênção do Santíssimo Sacramento e show pirotécnico. Durante o percurso da procissão motorizada, nas redes sociais da Arquidiocese de Natal, haverá a transmissão de uma live especial, com entrevistas, flashs ao vivo direto da carreata, reportagens e momentos musicais, conduzidos pela Orquestra de Nossa Senhora da Apresentação. A apresentação da live vai ser por conta dos jornalistas Luiza Gualberto e Francisco Júnior.

Live do peregrino Uma das novidades da festa neste ano foi a “Live do peregrino”, em que, todas as noites, aconteceu a transmissão de louvor e recitação do terço mariano, em uma forma de preparar os fiéis para os festejos da padroeira. Nos anos anteriores, as capelinhas de Nossa Senhora peregrinavam pelos lares de fiéis católicos, assim como em instituições civis da cidade. Mas, em virtude da pandemia, a peregrinação também sofreu alterações. Foi disponibilizado um kit do peregrino, em que os fiéis que desejassem, poderiam adquirir para acompanhar a live. O kit foi composto de capelinha, terço e vela personalizados. Para os fiéis que participaram da peregrinação virtual, foi um momento novo e de comunhão com a Igreja, por meio da internet. A devota Ivana Barros conta que preparou um altar em casa, para melhor participar da peregrinação. “Preparei um altar próximo à televisão, onde a gente pode acompanhar e rezar junto com tantos outros devotos e peregrinos. Em virtude da pandemia, não tivemos a possibilidade desse encontro presencial. Graças a Deus a Igreja tem se renovado e buscado uma solução para vivermos bem esse período”, destaca. Maria Beatriz

Kit do peregrino, disponibilizado para preparar os fiéis para os festejos 14 NOVEMBRO DE 2020


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Advento: preparação para a vinda do Filho de Deus na carne Em breve, a Igreja Católica viverá o tempo do advento, em preparação para o Natal do Senhor. Como como bem viver este tempo litúrgico? Esta e outras perguntas foram enviadas por internautas, através do perfil da Arquidiocese de Natal no Instagram, e são respondidas pelo seminarista Yago Carvalho, aluno do 4º ano do curso de Teologia, do Seminário de São Pedro.

Quais são os principais aspectos litúrgicos desse tempo? (Éricles Oliveira) A Santa Igreja nos prepara pedagogicamente para vivermos os grandes momentos litúrgicos, por isso, em vista do tempo do Natal, celebramos o tempo do Advento. Do latim Adventus, que significa chegada, é o tempo de piedosa espera, escuta e vivência da Palavra de Deus, de preparação para a alegre expectativa da celebração do Nascimento do Menino Jesus. O Tempo do Advento nos convida a vigiar, pois o Senhor virá! Não somente na recordação de seu nascimento, mas virá uma segunda vez, como Senhor e juiz da história, conforme é relatado nas Sagradas Escrituras e entoado nos prefácios próprios deste tempo litúrgico. É tempo também de missão, embora estejamos neste período pandêmico, devemos proclamar semelhante os profetas que as promessas divinas se cumpriram na pessoa de Cristo e de sua Igreja; por isso necessitamos preparar nossas famílias, comunidades, a nossa Arquidiocese, para bem celebrar, visto que Jesus nos ensinou a rezar: venha o teu Reino! (Jo 6,10), no entanto, Ele não apenas nos exortou a rezar. Ele nos envia (Mc 16,15) como Ele mesmo foi enviado pelo Pai, para que o amor divino fosse conhecido e vivido. Quais são as leituras bíblicas próprias para o Advento? (Luiz Fernando Silva) Como em outros tempos litúrgicos o Advento tem seus símbolos próprios, como leituras que relatam a esperança vigilante do Senhor, a advertência de São João Batista na preparação dos caminhos para a vinda do Senhor, a presença dos tempos messiânicos e a encarnação do Verbo, todas as leituras próprias podem ser consultadas nos lecionários. Inclusive seria interessante um estudo sobre a Instrução do Lecionário.

As perguntas sobre assuntos diversos da Igreja podem ser enviadas para o e-mail pascom@arquidiocesedenatal. org.br ou para o whatsapp do Setor de Comunicação da Arquidiocese, no número (84) 99675-7772, informando sempre que é o “Aprendendo com a Igreja”, da revista A Ordem. 16 NOVEMBRO DE 2020


A ORDEM

Qual o significado da cor roxa usada pela Igreja, nesse tempo? (Luiza M. Linhares) A liturgia se reveste da cor roxa em sentido de recolhimento, uma purificação da vida pela justiça e pela verdade, preparando os caminhos do Senhor. No terceiro domingo do Advento (Domingo Gaudete), pode-se usar a cor rósea, e seu significado é alegria. A alegria porque o Senhor está por perto e vem nos trazer a verdadeira Salvação. Quais são os cantos apropriados para cantarmos nesse tempo litúrgico? (José Gabriel) Os cantos litúrgicos podem ser conferidos nos hinários da CNBB e preparados previamente pela a equipe de liturgia. A omissão do canto do Glória nas celebrações, prepara-nos para jubilosos proclamarmos, semelhante aos anjos na noite de natal: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz a todos por ele amados!” (Lc 2,14). Estes cantos devem refletir a espiritualidade do advento, que é uma espiritualidade comprometida, que nos leva a ser uma Igreja para o mundo e para toda a humanidade fonte de esperança e alegria. Olhando para a figura da Virgem Maria, mãe da esperança, devemos aceitar os desígnios de Deus em nossa vida mediante o sim do acolhimento e do comprometimento. A Igreja orienta qual o período em que devemos enfeitar nossas casas para o Natal? Se sim, qual é o tempo certo? (Raquel Soares Barreto) Podemos enfeitar nossos lares com o Presépio, mas também lugares de trabalho, nas escolas, nos hospitais, nos estabelecimentos prisionais, nas igrejas, nas praças, para que o sinal admirável do amor encarnado nos faça contemplar o amor de Deus por todos nós, como também nos exorta o Papa Francisco: “somos convidados a colocar-nos espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade d’Aquele que Se fez homem a fim de Se encontrar com todo o homem, e a descobrir que nos ama tanto, que Se uniu a nós para podermos, também nós, unir-nos a Ele.” (Carta Apostólica Admirabile Signum). Recomenda-se que o presépio e as demais preparações decorativas sejam realizados no primeiro domingo do Advento e desmontados após a solenidade da Epifania do Senhor (6 de Janeiro). Podemos acender as quatro velas do Advento em nossas casas? (Pedro Matheus) Podemos sim, a coroa do advento é de origem protestante, incorporada na liturgia católica, simboliza o grande relógio que paulatinamente, a cada domingo acende-se uma vela, fazendo memória que a grande luz (Cristo) virá nos iluminar. Há diversas interpretações sobre as cores das velas, bem como a representação de cada uma; no entanto, recomenda-se que sejam três velas roxas e uma rósea, ou seja, de acordo com as cores litúrgicas do tempo. O seu uso na celebração (nas igrejas) é facultativo, porém muito recomendado que seja utilizado em nossas casas, rezando em família as novenas do Natal, aplainando os corações e a disposição de viver o Natal do Senhor. Como povo de Deus, alegremente nos preparemos para a vinda do Senhor, revestidos do manto da caridade, conduzidos pelo Santo Espírito, fortalecidos pela celebração litúrgica de nossa fé, proclamando a uma só voz: “a Vida manifestou-se”. (1 Jo 1, 2). Referências BÍBLIA SAGRADA. Tradução oficial da CNBB. Brasília, Edições CNBB, 2019. FRANCISCO, papa. Carta Apostólica Admirabile Signum (sobre o significado e o valor do presépio). São Paulo: Paulinas, 2019. Instrução Geral Missal Romano e Introdução ao Lecionário. Tradução oficial da CNBB. Brasília, Edições CNBB, 2011.

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A ORDEM

VIDA PASTORAL

Pequeninos do Senhor

EVANGELIZAM CRIANÇAS DE 3 A 7 ANOS Santo André de Soveral, Santo Ambrósio Francisco Ferro, São Mateus Moreira e companheiros Mártires foram declarados Santos em 15 de outubro de 2017 Por Cione Cruz

Serviço da Igreja Católica, tendo sido pioneiro em Natal, na Igreja de Santo Agostinho, vinculada à Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório, em Mirassol, Os Pequeninos do Senhor foi criado em 2015, com o objetivo de evangelizar crianças com idade entre 3 e 7 anos, o que é feito nas missas no dia do Senhor, ou seja, aos domingos. Embora já tenha alcançado 80 crianças em um único domingo, esses encontros, em dias normais, atende cerca de 40 crianças/dia. Na conta do Instagram (@pequeninosdosenhornatal), os vídeos produzidos pelo grupo chegam a 150 visualizações. Na Paróquia de Santo Afonso, a ideia nasceu para o acolhimento de crianças, proporcionando a elas um momento lúdico e evangelizador, levando a Palavra e a obra de Cristo durante 18 NOVEMBRO DE 2020

as missas das 11h, na Igreja de Santo Agostinho. Segundo Kátia Aladim que, juntamente com Jader Aladim, coordena o serviço, esse projeto foi iniciado de forma rudimentar, “conversando com as crianças e brincando. O formato que temos hoje se deu um pouquinho depois”, explicou. Depois de criado na Paróquia de Santo Afonso, um ano depois, em 2016, o grupo responsável pelo Pequeninos do Senhor encontrou um projeto semelhante, de dimensões nacionais, em Campinas, São Paulo, “e com o mesmo nome”, disse Kátia. Segundo informou, eles disponibilizavam para as paróquias que quisessem se vincular, todo o material como Missal, Desenhos e Dinâmicas; “então, realizamos o cadastramento e, a partir de então, nos tornamos, oficialmente, ´Pequeninos do

Senhor`, com o formato e a logomarca que todos conhecem”. Esse serviço pastoral conta com 49 agentes ativos, servindo em escala semanal, com 12 agentes a cada domingo – assim, cada agente trabalha uma vez a cada quatro semanas. O convite aos paroquianos é feito de forma contínua, nas missas dominicais e durante os encontros do ECC, EJAC e Segue-me. Segundo Kátia Aladim, é seguido um roteiro diretamente ligado à Liturgia de nossa Igreja. “Iniciamos sempre com uma pequena espiritualização com nossos agentes e, em seguida, iniciamos nosso serviço: Acolhimento, Oração Inicial, Glorificamos ao Senhor, realizamos a leitura do Evangelho do dia, fazemos perguntas às crianças e explicamos o que Jesus quis nos dizer com aquela passagem bíblica;


REPORTAGEM VIDA PASTORAL A ORDEM Pequeninos do Senhor

Momento de evangelização, com entrega de desenhos para crianças que participaram da celebração eucarística na Igreja de Santo Agostinho

e, para fixar ainda mais, realizamos uma dinâmica personalizada, entregamos um desenho para pintarem sobre o tema e passamos um desenho na nossa TV”. O objetivo desse serviço é maximizar a retenção do conteúdo litúrgico, a fim de fixar nas crianças o entendimento e, consequentemente, eles poderão levar para as suas famílias e suas vidas a Palavra e a Obra de Jesus Cristo. Com um propósito semanal, os encontros são condizentes com a Liturgia e com o momento da paróquia. Ao final das atividades, as crianças são levadas até o celebrante, que realiza a bênção dos pães e entrega às crianças, simbolizando o Corpo de Cristo. O trabalho dos Pequeninos do Senhor é regido por três ações, chamado de tríplice conduta: 1) Oração, onde cada um e todos, sem exceção, estejam unidos pela oração e louvor a Deus; 2) Caridade, onde nenhum é maior do que o outro e nem mais querido ou importante. Cada um, com seus dons e seus talentos, se une ao outro para, juntos, se completarem nesta obra de evangelização; 3) Serviço, para que cada um dê o melhor de si naquilo para o qual foi chamado, disse sim e se propôs a fazer, sendo responsável, atento e zeloso pelo resultado final que

deve ser obtido. Kátia destaca a importância de evangelizar e semear as crianças, que levarão para suas vidas seus aprendizados, pois “nosso serviço é muito mais do que levar Cristo para as crianças. Le-

vamos Cristo para as famílias e nossas ações têm raiz fundamentada no chamado e é focada na missão de servir a Jesus Cristo, verdadeiro discípulo, que disse sim ao Senhor”, destacou. Mesmo durante essa pandemia, quando foram suspensas as missas presenciais, o trabalho teve continuidade, com gravações semanais dos vídeos, seguindo sempre o roteiro dominical, e os desenhos são disponibilizados para que as famílias façam a impressão e distribuam com suas respectivas crianças. A distribuição dos desenhos também está sendo feita de forma presencial, na missa dominical das 11h, na Igreja Santo Agostinho. Eles são colocados em sacos plásticos, devidamente higienizados. Segundo Kátia Aladim, “recebemos feedbacks positivos dos pais, familiares e das próprias crianças por nosso lindo trabalho, e descobrimos, nessa pandemia, que os idosos e as pessoas assistem e elogiam, ou seja, impactamos e evangelizamos muito mais pessoas, e muito mais famílias”.

Postagens na página tem foco na evangelização de crianças NOVEMBRO DE 2020

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A ORDEM

EM AÇÃO

Artistas de circo RECEBEM

AUXÍLIO PARA SOBREVIVER A DESAFIOS DA PANDEMIA

Igreja católica também presta apoio por meio da Pastoral dos Nômades, que atua junto aos artistas circenses e parquistas, além dos ciganos

É do conhecimento comum que a pandemia do novo coronavírus impôs inúmeros desafios à sociedade, não só de ordem da saúde, mas, econômica, principalmente com o fechamento de estabelecimentos e atividades culturais, como os circos, em virtude do isolamento social. Centenas de famílias e artistas circenses tiveram o sustento comprometido e precisaram de ajuda no momento em que esse tipo de serviço teve que ficar fechado diante da pandemia. Desde o mês de setembro, as atividades tiveram autorização para voltar a funcionar e algumas iniciativas têm sido desenvolvidas para minimizar os impactos para os circenses, para compensar o período em que ficaram parados. Durante o período crítico, os artistas tiveram que trocar as roupas coloridas dos picadeiros por empregos temporários e atuação no comércio informal. A Igreja católica esteve junto ao povo do circo, por meio da atuação da Pastoral dos Nômades. Segundo Flávio Oliveira, secretário nacional da pastoral, aqui no território da Arquidiocese de Natal, o grupo atuou mais 20 NOVEMBRO DE 2020

fortemente com a distribuição de cestas básicas, com o apoio da Cáritas arquidiocesana. “Tivemos distribuição de cestas básicas com os circenses, além dos ciganos. Chegamos com esse trabalho até o município de Tangará”, conta. Foram 50 cestas básicas e 50 kits de higiene pessoal, por meio da campanha que foi promovida pela Cáritas, que também beneficiou outros grupos sociais que estavam em vulnerabilidade. No mês de maio, durante o período mais crítico da pandemia, a Pastoral dos Nômades, em nível nacional, lançou uma campanha emergencial, para auxiliar o povo circense. Segundo o padre Wallace Zanon, tesoureira da pastoral, foi lançado o site institucional, o www.pastoraldosnomades.org.br, em que foi disponibilizado um QRCode para a população fazer suas doações. As doações continuam acontecendo e quem desejar colaborar, pode acessar o site do grupo ou entrar em contato por meio do telefone: (27) 99831-8131 e ainda pelo e-mail: cgtsilva@gmail.com. A Pastoral dos Nômades atua há mais de 30 anos no Brasil.


EM AÇÃO A ORDEM Divulgação

Em suas homilias, o papa Francisco reforçou a importância da pastoral e ressaltou os circenses, como os “artesãos da alegria e da festa”. Por isso, nós, como cristãos, devemos ter sempre um olhar dirigido a essas pessoas. Apoio do governo O governo do Rio Grande do Norte também buscou chegar junto da comunidade circense, por meio do programa “RN Chega Junto”, em que destinou a distribuição de 100 cestas básicas para 16 circos instalados em 14 municípios do estado. Até esta quinta-feira (12), também está em vigor os editais da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, que prevê recursos para o desenvolvimento de projetos culturais. Os interessados podem cadastrar projetos nos editais: Prêmio Cultura Popular de Tradição, Projetos Culturais Integrados e Economia Criativa, Programa de Apoio a Microprojetos Culturais, Formação e Pesquisa – troca de saberes à distância e Prêmio Sabores, Saberes e Fazeres. As inscrições podem ser feitas por meio do site: www.cultura.rn.gov.br. O resultado vai ser publicado no dia 07 de dezembro. Sandro Menezes

Cestas básicas distribuídas pelo governo do Estado à população circense NOVEMBRO DE 2020

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A ORDEM

REPORTAGEM

O meio ambiente NO BRASIL “GEME E SOFRE EM DORES DE PARTO”

No RN, a preocupação dos amantes e defensores da natureza é com o processo de desertificação em várias regiões do Estado Por Diác. José Bezerra Fotos: José Bezerra

No RN, a preocupação dos defensores da natureza é com o processo de desertificação em várias regiões do Estado

Vastas áreas do território brasileiro no Cerrado, no Pantanal, na Amazônia, na Mata Atlântica e na Caatinga estão em processo de destruição cada vez mais acentuado, vítimas da ganância dos poderosos do Mercado Econômico, com a complacência do Ministério do Meio Ambiente. O titular deste Ministério, Ricardo Salles, em reunião ministerial, sugeriu aproveitar o período da pandemia do Coronavírus, com a imprensa mais preocupada com a cobertura deste problema, para “passar a boiada” sobre a legislação do Meio Ambiente. Em outras palavras, revogar as principais partes da legislação vigente que protege o meio ambiente, em função do agronegócio e em benefício dos grandes produtores de grãos, carne e leite. As queimadas no Cerrado e em outras áreas de proteção ambiental, provocadas pela ação humana, destruíram a vegetação e mataram animais silvestres e a vida no solo. Sobre essa situação, os Bispos dos Regio22 NOVEMBRO DE 2020

nais Oeste 1 e Oeste 2 da CNBB, especialmente através de suas Dioceses pantaneiras de Corumbá/MS, Jardim/MS e de Coxim/MS e as Diocese de São Luiz de Cáceres e de Rondonópolis/Guiratinga/MT, registraram em nota profunda preocupação com as terríveis queimadas no Pantanal. Eles começaram a nota de repúdio àquela situação com uma citação bíblica da Carta de São Paulo aos Romanos: “... a criação geme e sofre em dores de parto”(cf Rm 8,22). Os dois “Franciscos” Dois homens da Igreja, em épocas diferentes, igualam-se em nível de preocupação com a obra da criação, legado de Deus à humanidade. Um, São Francisco de Assis, que deixou um legado imenso, inclusive o “cântico das criaturas”, citado pelo outro Francisco, o Papa atual, na Encíclica Laudato Si. No início da Encíclica, o Papa escreve, referindo-se a São Francisco: “Neste gracioso


REPORTAGEM A ORDEM

cântico, recordava-nos que a nossa casa comum se pode comparar ora com uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora com uma boa mãe, que nos acolhe em seus braços”. No trecho citado pelo Papa, São Francisco rezava: “Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras”. O outro Francisco, o Papa, escreve na Laudato Si: “Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos pensando que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, encontra-se a nossa terra oprimida e devastada”. O ser humano, pela ganância do ter e do ser mais e sempre mais, esqueceu-se do objetivo do Criador, como está na narrativa da Obra da Criação, no livro do Gênesis: “Produza a terra seres vivos, segundo a sua espécie, ani-

Todas as criaturas comprometidas com a biodiversidade precisam sair da mera preocupação e indignação com o que estão fazendo com meio ambiente e agir

mais domésticos, répteis e animais selvagens, segundo a sua espécie. E Deus viu que tudo isso era muito bom”(cf. Gn 1,20-26). Essa ganância do ser humano, que vem desde o início da criação, parece não ter limites. Francisco cita o Santo Papa João XXIII, que na Encíclica Pacem in Terris não se limitava a rejeitar a guerra, mas também alertava a todas as pessoas de boa vontade. Ao que parece, a ganância é o que determina o ser e o agir de muitas pessoas na face da terra. A corrupção e a maldade humanas não são fatos novos e nem só dos tempos atuais. Existem desde o princípio do ser humano, que foi criado para o bem e não para a maldade. “O Senhor viu que a maldade dos homens era grande na terra, e que todos os seus pensamentos esta-

vam voltados para o mal” (cf. Gn 6,5). Nos últimos tempos, a Igreja tem sempre se voltado para os problemas provocados pelo ser humano à “mãe Terra”, como São Francisco a chamava. Francisco cita o Papa Paulo VI, que também se preocupava com a preservação ambiental: “... referiu-se à problemática ecológica, apresentando-a como uma crise que é consequência dramática da atividade descontrolada do ser humano: Por motivo de uma exploração inconsiderada da natureza, [o ser humano] começa a correr o risco de destruí-la e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação”. Francisco também citou um discurso de Paulo VI na FAO, em que falou da “possibilidade de uma catástrofe ecológica sob o efeito da explosão da civilização industrial”, sublinhando a “necessidade urgente de uma mudança radical no comportamento da humanidade”, porque “os progressos científicos mais extraordinários, as invenções técnicas mais assombrosas, o desenvolvimento econômico mais prodigioso, se não estiverem unidos a um progresso social e moral, voltam-se necessariamente contra o homem”(L.S.,3 e 4).

A convocatória “Amazonizar” propõe a participação ativa de todo o povo em defesa da Amazônia, seu bioma e seus povos ameaçados em seus territórios

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A ORDEM

REPORTAGEM

A mãe natureza é fonte de vida para os animais

Não basta se preocupar e se indignar. Tem que agir Todas as criaturas comprometidas com a biodiversidade precisam sair da mera preocupação e indignação com o que estão fazendo com meio ambiente e agir. Em nível eclesial, o Vaticano e a Igreja Católica no Brasil estão agindo. A Laudato Si vai além da preocupação e da denúncia. Provocou a realização do Sínodo para a Amazônia, no Vaticano, realizado de 6 a 27 de outubro de 2019. O fruto desse sínodo foi a publicação do documento “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral” (vaticannews.va). A Igreja, na exortação apostólica Pós-Sinodal com o carinhoso nome de “Querida Amazônia”, foca o trabalho naquela região visando a realização de um “sonho social”, de um “sonho cultural”, de um “sonho ecológico” e de um “sonho eclesial”. Outra consequência do Sínodo foi o lançamento da Campanha “Amazona-te”, pela CNBB. No lançamento, o Presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, convidou a todos a conjugar, na prática, um novo verbo: “Amazonar”. A Campanha foi lançada no dia 27 de julho de 2020. “A campanha levanta o chamado a “Amazonizar-te”, em um convite de ações que articulem as lideranças dos povos e comunidades tradicionais, a Igreja na Amazônia, os diferentes organismos eclesiais, artistas e formadores de opinião, pesquisadores e cientistas. A convocatória “Amazonizar” propõe a participação ativa de todo o povo em defesa da Amazônia, seu bioma e seus povos ameaçados em seus territórios. São vozes que se somam diante uma realidade de muitas vidas injustiçadas, expulsas de suas terras, torturadas e assassinadas nos conflitos agrários e socioambientais, vítimas de uma política norteada pelo agronegócio e por grandes projetos econômicos desenvolvimentistas que não respeitam os limites da natureza nem a sua preservação” (cnbb. org.br). No Rio Grande do Norte, a preocupação dos amantes e defensores da natureza é com o processo de desertificação em várias regiões do Estado. Uma das organizações do terceiro setor - a Agência de Desenvolvimento Sustentável do Seridó (ADESE) - inclui o processo de desertificação como uma de suas preocupações. Junto à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH), discute a aprovação da Lei Nº 10.154/17, que cria a Política Estadual de Combate à Desertificação. O Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos Comunitários (SEAPAC) se soma à ADESE nessa preocupação e no trabalho de preservação do meio ambiente nas regiões em que atua. Ambas sonham com mais Justiça social e ambiental, e lutam para levá-la às famílias das áreas em que atuam. Você é convidado a abraçar esta causa. 24 NOVEMBRO DE 2020


PERSONALIDADE

A ORDEM

Serviço fotográfico do Vaticano

Dom Eugênio

o Vaticano e os Papas

“De muito boa vontade darei o que é meu, sacrificando-me pelas vossas almas, ainda que, amando-vos eu mais, seja por vós menos amado” (2Cor 12, 15). As palavras da Carta aos Coríntios tornaram-se vigorosas na trajetória do homem que se consagrou a Deus e à Igreja, cuja síntese está no seu lema episcopal Impendam et superimpendar, até ao fim dos seus dias. Quando por ocasião do seu falecimento, as edições do Jornal da Santa Sé, L’Osservatore Romano, descreveram sua trajetória de fé, obediência à Igreja, pastor zeloso e líder nato. Enquanto a italiana estampava o título “Ha consumato se stesso per Cristo e la Chiesa”, a portuguesa trazia a manifestação de pesar de Bento XVI, qualificando-o como “generoso no serviço à comunidade (...), seguro ponto de referência e de fidelidade à Sé Apostólica”. Esses textos e palavras, além de tantos outros que foram escritos na oportunidade, estamparam o que era próprio, transparente e essência de sua vida. Ouvi inúmeras vezes de Dom Eugênio a expressão do fervoroso amor pela Igreja e sua incontestável obediência ao Santo Padre. Recordo-me que, quando se falava da vinda do Papa ao Brasil, a qual se concreti-

zou com Francisco, Dom Eugênio, já emérito, planejava se mudar para o Centro de Estudos do Sumaré, vizinho à sua residência e desocupar o seu quarto a fim de que fosse preparado para o Papa. Infelizmente, faleceu antes, não só da renúncia de Bento XVI, como também da eleição de Francisco, a quem conheceu como cardeal. A história de Dom Eugênio foi contada durante sua vida, pelo testemunho e pelas marcas que deixou por onde passou, não só no Brasil, mas em outras partes do mundo, já que sua atividade apostólica era amplamente divulgada e as dioceses por onde passou, frequentemente visitadas. O intitulado “Movimento de Natal”, que se caracterizou pelo protagonismo dos leigos, notadamente das mulheres, envolvendo diversas frentes de atuação pastoral, simbolizava a fisionomia do que o saudoso Dom Hélder Câmara falava sobre seu amigo: “(...) Dom Eugênio sacudia o Nordeste, incitando-nos a contemplar o Brasil e o Mundo. Nele descobríamos, entre outras, três grandes intuições nascidas do seu coração de Pastor: o Planejamento pastoral da Igreja no Brasil (...), a experiência das religiosas Vigárias (...) com as bênçãos e o apoio de Paulo VI (...) e a plena articulação regional, quando nascia a CNBB” (BRASIL, Raimundo Menezes, Homenagem ao pastor, RJ: Forense, 1996, p. 341). A propósito da relação dos dois, era muito afetuosa. Cartas que arquivei demonstram a amizade, a recíproca articulação e o intrépido esforço para a inovação e a implantação do Concílio Vaticano II. São documentos valiosíssimos para se compreender a história da Igreja no Brasil. Dom Eugênio não só participou ativamente da elaboração de Documentos conciliares, do atual Código de Direito Canônico – manuscritos guardam as suas sugestões - como os implementou e os defendeu. Que ironia do destino em um dos seus legados! Enquanto em plena Pandemia debate-se sobre a utilização da tecnologia para as crianças e jovens terem acesso às aulas, na década de 40, Dom Eugênio serviu-se do Rádio para evangelizá-los e formá-los.

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A ORDEM

VIVER

CAMPANHA INCENTIVA DOAÇÃO DE

sentimentos positivos Iniciativa existe desde 2014 e, neste ano, devido à pandemia, foi realizada de forma virtual Por Luiza Gualberto Fotos: Projeto Doe Sentimentos

Projeto propõe intervenções de gentileza urbana

No início desde mês de novembro, aconteceu mais uma edição de campanha “Doe sentimentos positivos”. A iniciativa, que existe desde 2014, ganhou um novo formato neste ano, devido à pandemia do novo coronavírus. Doe sentimentos positivos é um projeto de gentileza urbana. O objetivo é espalhar emoções e sentimentos positivos. Além do Brasil, a campanha é desenvolvida em Portugal, Itália e Angola. No Brasil, o projeto foi realizado em 60 cidades, contando com 110 coordenadores e 12 embaixadores e os doadores. No período de 02 a 08 de novembro, aconteceu uma série de lives, palestras, meditações e shows, transmitidos pelo Instagram do projeto, o @doesentimentospositivos. Além disso, a rede de embaixadores, doadores e coordenadores trabalharam a distribuição de mensagens positivas com os tradicionais corações amarelos, característicos do projeto, através das redes sociais e também de forma presencial. O início A campanha surgiu em Belo Horizonte (MG), pela psicóloga Renata Livramento, com a ideia de ser um projeto de gentileza urbana. Trata-se de um projeto de impacto psicossocial, que contribui para os objetivos de desenvolvimento sustentável incentivados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Nas edições tradicionais, são confeccionados corações amarelos com mensagens positivas, que depois são entregues em espaços públicos, como praças, avenidas, parques, hospitais e escolas. Em 2019, 57 cidades brasileiras participaram da campanha e mais quatro países realizaram intervenções: Canadá, Portugal, Inglaterra e Chile. De acordo com Renata, as ações deste ano, tiveram foco 26 NOVEMBRO DE 2020


VIVER A ORDEM

na amenização dos impactos negativos, causados pela pandemia. “Acredito que essa pandemia, além de muitos desafios, nos trouxe também uma grande oportunidade para sermos mais humanos, compassivos e desenvolvermos a consciência de nossa interdependência nesse planeta. Há muitas pessoas adoecidas e em sofrimento em todo o mundo. E é nesse momento de tanta necessidade, que mostramos, com ações, que podemos sim, construir um mundo melhor para todos. Por meio de algo tão simples, podemos gerar gentileza e bem-estar, causando um real impacto positivo na vida de muitos”, frisa. Dia mundial da gentileza Em 13 de novembro, se comemora o Dia mundial da gentileza. A ideia de criar uma data para o tema surgiu em uma conferência realizada em Tóquio, no ano de 1996, que reuniu grupos que propagavam o conceito pelo mundo. O movimento foi criado oficialmente no ano 2000, com a intenção de inspirar pessoas a criar um mundo mais gentil. Serviço Para acompanhar as intervenções do Doe Sentimentos Positivos é só acessar o Instagram @doesentimentospositivos e para mais informações sobre o projeto acesse o site www.doesentimentospositivos.com.br.

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A ORDEM

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