| A ORDEM
Fundação Paz na Terra ano LXVII - Nº 34 Natal/RN | R$ 7,00 Fevereiro de 2019
Seminário:
HÁ CEM ANOS FORMANDO SACERDOTES Fevereiro de 2019 |1
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A ORDEM | Expediente
Confiança em meio à imperfeição
A caminhada de cada criatura na terra, sejam humanos, animais ou vegetais, parece ocorrer em forma de círculo. Constitui-se em nascer, crescer, desenvolver-se, frutificar, envelhecer e morrer. Neste círculo, os seres humanos podem deixar rastros em forma de vida (os descendentes) e de obras (o resultado das ações, boas ou más). As boas obras sempre são realizadas em função de outrem ou de objetivos perseguidos pela pessoa ou pela instituição sob sua responsabilidade. Neste sentido, a Igreja, instituída por Jesus, verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, desponta como aquela que hoje tem praticamente a mesma idade do seu criador. Mesmo conhecendo a imperfeição e fraqueza humanas, foi à criatura humana que Jesus confiou a sua obra. E os homens que a governam se esforçam por manter viva a presença do fundador no cerne desta obra grandiosa e milenar. Os gestores da Igreja também deixam suas marcas. Na Igreja Particular de Natal, por exemplo, uma delas é o Seminário de São Pedro, obra que neste mês celebra 100 anos de existência. É uma das obras deixadas por um dos governantes desta Igreja, e segundo, na linha de sucessão, Dom Antônio dos Santos Cabral, ao dar continuidade à primeira tentativa, feita em 1912, pelo primeiro Bispo, Dom Joaquim de Almeida. Louvado seja Jesus Cristo, por ter confiado sua Obra às imperfeitas criaturas humanas.
EXPEDIENTE
Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689
CONSELHO CURADOR: Pe. Antônio Nunes Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra CONSELHO EDITORIAL: Pe. Rodrigo Paiva Luiza Gualberto Josineide Oliveira Cione Cruz André Kinal Idalécio Rego Luiz Gustavo Milton Dantas Rivaldo Jr EDIÇÃO E REDAÇÃO: Luiza Gualberto (DRT-RN 1752) Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) REVISÃO: Milton Dantas (LP 3.501/RN)
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ENTREVISTA
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PARÓQUIAS
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PERSONALIDADE
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VIVER
Pe. Antônio Nunes, diretor da Rádio 91.9 FM
Nesta edição, você vai conhecer as comunidades paroquiais de Cidade Verde e Quintas
Monsenhor Lucilo, 90 anos de vida e serviço à Igreja
Orquestra Sinfônica e Madrigal da UFRN se apresentam para o papa Francisco
CAPA: Rivaldo Jr. COLABORADORES: José Bezerra (DRT-RN 1210) Adriano Cruz (DRT-RN 1184) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal DIAGRAMAÇÃO: Akathistos Comunicação (84) 9 9948-4140
COMERCIAL: RN Editora Idalécio Rêgo (84) 98889-4001 IMPRESSÃO: Gráfica Sul – (84) 3211-2360 TIRAGEM: 1.000 exemplares
ASSINATURAS: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 – Tirol – Natal/RN (84) 3615-2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br
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A ORDEM | Palavra da Igreja
Do “like” ao “amém” A sala de imprensa da Santa Sé divulgou, dia 24 de janeiro, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2019, com o tema: “Somos membros uns dos outros” (Ef 4, 25): das comunidades de redes sociais à comunidade humana. Neste ano, o Dia Mundial das Comunicações Sociais será comemorado em 2 de junho. No texto, o Pontífice convida a refletir sobre o fundamento e a importância do “nosso ser-em-relação”. “Se é verdade que a internet constitui uma possibilidade extraordinária de acesso ao saber, também é verdade que se revelou como um dos locais mais expostos à desinformação e à distorção consciente e pilotada dos fatos e relações interpessoais, a ponto de muitas vezes cair no descrédito”, constata o Papa. Segundo o Santo Padre, se por um lado as redes sociais servem para nos conectar melhor, por outro elas se prestam a um “uso manipulador, visando obter vantagens no plano político ou econômico, sem o devido respeito pela pessoa e seus direitos”. NARCISISMO Francisco cita a estatística de que um em cada quatro adolescentes está envolvido em episódios de cyberbullying. Além do mais, eles estão mais expostos ao fenômeno dos «eremitas sociais», correndo o risco de se alhear totalmente da sociedade. Isso significa que a comunidade de redes sociais não é, automaticamente, sinônimo de comunidade. “Muitas vezes a identidade funda-se mais a par-
tir daquilo que divide do que daquilo que une, o que dá margem ao preconceito e ao individualismo desenfreado”, analisa o Papa. “Assim, aquela que deveria ser uma janela aberta para o mundo, torna-se uma vitrine onde se exibe o próprio narcisismo”, acrescenta. Para que as conexões virtuais impliquem em verdadeiras conexões humanas, o Papa propõe as palavras usadas por São Paulo. A metáfora do corpo e dos membros leva-nos a refletir sobre a nossa identidade, que se funda sobre a comunhão e a alteridade. Como cristãos, todos nos reconhecemos como membros do único corpo, cuja cabeça é Cristo. As pessoas não são potenciais concorrentes. “Deus não é Solidão, mas Comunhão; é Amor e, consequentemente, comunicação, porque o amor sempre comunica. (…) Só sou verdadeiramente humano, se me relacionar com os outros”, escreve. DO “LIKE” AO AMÉM A rede só será uma oportunidade se soubermos vivenciar na prática as conexões feitas através da tecnologia. Portanto, conclui Francisco, é preciso passar do “like” ao “amém”. “Esta é a rede que queremos: uma rede feita não para capturar, mas para libertar, para preservar uma comunhão de pessoas livres. A própria Igreja é uma rede tecida pela Comunhão Eucarística, onde a união não se baseia nos «likes», mas no «amém» com que cada um adere ao Corpo de Cristo, acolhendo os outros,” enfatiza o Papa.
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Fonte: Portal Vatican News
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A Voz do Pastor | A ORDEM
Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal
Queridos irmãos e irmãs!
2019: renovação do Marco Referencial da Ação Pastoral
Ao iniciarmos o ano de 2019, último ano do nosso Marco Referencial da ação Pastoral 20162019, somos convidados a refletir sobre a nossa caminhada pastoral, tendo em vista a elaboração do novo Plano Pastoral. Nós iremos fazê-lo, em novembro próximo, após a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresentar as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora, que serão construídas na Assembleia Geral que acontecerá em maio deste ano. O Marco Referencial da Ação pastoral 2016-2019 foi construído em etapas, com participação dos agentes de pastoral, padres, diáconos e leigos. Ele contém metas, estratégias, além da “visão” e da “missão” da Igreja de Natal. Além da Visão de futuro e da Missão da Arquidiocese, nós assumimos “Metas” para o quadriênio 2016-2019: A primeira meta diz: “formação missionária integral – bíblica, catequética, litúrgica e doutrinária – implementada de modo a favorecer a conversão pastoral, a capacitação de lideranças e uma ação sócio-político-transformadora, numa forte relação entre Fé e vida, numa perspectiva ecológica integral”. Sem um formação integral será difícil assumir o compromisso missionário. Precisamos investir na formação dos agentes para que eles possam viver a missão com entusiasmo e alegria. E a formação deve ser permanente, pois a missão é permanente; a segunda meta pastoral assim se expressa: “setorização
fortalecida em todas as paroquias, vicariatos, zonais e setores pastorais, levando em consideração seus aspectos físicos e existenciais (pessoais)”; a terceira meta, assumida pelos três Vicariatos de nossa Arquidiocese diz respeito ao desejo de sermos uma Igreja a serviço da vida plena para todos. Assim se expressa a meta: “a Arquidiocese comprometida na luta pelo acesso e proposição de politicas públicas para a melhoria da qualidade de vida no semiárido, no conjunto do mundo rural e nas periferias urbanas”. É uma meta, portanto, em estreita relação com o significado da relação entre fé e vida. Jamais seremos a Igreja de Jesus Cristo se nós não formos a Igreja que defende a vida; a quarta meta pastoral, escolhida por nós, tem o seguinte enunciado: “uso eficaz dos meios de comunicação social em favor de um maior compromisso pastoral e evangelizador”. Embora seja função de um Setor Pastoral, o da Comunicação, na verdade, todas as pastorais, movimentos, serviços, e ainda, a própria organização pastoral arquidiocesana, devem usar os meios de comunicação social para esse fim: evangelizar; a quinta meta do Plano Pastoral 2016-2019, propõe: “Setor Família e Setor Juventude fortalecidos, de modo a responder a contento aos desafios de um mundo em constantes mudanças”. O Plano Pastoral 2016-2019 tem como sexta meta: “estruturas pastorais da Arquidiocese mais descentralizadas, favorecendo maior comunhão e participação, em vista de uma permanente conversão pastoral” Por fim, a Igreja de Natal assumiu como sétima meta dedicar-se ao aumento da devoção aos Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu.
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A ORDEM | Entrevista
Rádio 91.9 priori evangelização, prom humana e cidada
Há cinco meses, a Rádio Rural de Natal AM 1090, com 60 anos de história, começou a operar em frequência modulada, passando a ser sintonizada na frequência 91.9 FM. O diretor, Padre Antônio Nunes, faz uma avaliação positiva dessa nova fase da emissora, destacando a programação, a equipe e a melhoria na qualidade do áudio. O projeto da rádio se fundamenta em um tripé, definido pelo arcebispo, Dom Jaime Vieira Rocha: evangelização, promoção humana e cidadania. A Rádio migrou para FM, oficialmente, em setembro do ano passado. Como o senhor avalia esta nova fase da rádio? Pe. Nunes: Minha avaliação é positiva. Sei que se criou toda uma expectativa na época que antecedeu a migração de que quando ela (a migração) acontecesse, tudo iria mudar rapidinho. Mas, estamos vivendo um processo gradativo de crescimento. Temos tido um retorno bem positivo por parte do ouvinte, que é a razão maior da emissora. Contudo, percebo que precisamos
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trabalhar mais, em relação à programação, para atingir o público jovem. Nossa programação, hoje, está mais voltada para o público adulto. Quais foram as principais mudanças implementadas? Pe. Nunes: Destaco a programação, os apresentadores, que são grandes profissionais, pessoas já conhecidas no mundo da comunicação e a melhoria na qualidade de áudio. Também destaco o entusiasmo da equipe, que vestiu a ‘camisa da rádio’.
Como podemos definir, hoje, o perfil da rádio 91.9 FM? Pe. Nunes: O projeto da rádio se fundamenta em um tripé, definido pelo nosso arcebispo, Dom Jaime: evangelização, promoção humana e cidadania. A rádio está a serviço da evangelização. No início das mudanças, enfrentamos um pouco de resistência por parte das pessoas que estavam acostumadas ao bonito trabalho da Comunidade Canção Nova. A 91 precisa se sustentar financeiramente e, para isso, necessita também trabalhar o comercial. É
Entrevista | A ORDEM
iza a moção ania
Fotos: Rivaldo Jr.
importante lembrar que mesmo trabalhando com anúncios comerciais e com uma programação mais diversificada, incluindo jornalismo, esportes, entretenimento, a rádio não perdeu a identidade de estar a serviço do Evangelho, da família. Nos tempos atuais, o ouvinte não sintoniza apenas através do radinho de pilha, mas, também, de várias plataformas digitais. Como o senhor vê a presença da 91 FM nas plataformas digitais? Pe. Nunes: As plataformas digitais são nossas fortes aliadas. Diante da praticidade da vida, elas vêm para ajudar a difundir o rádio. Elas nos ajudam a divulgar a proposta da 91.9. Quais são os principais desafios que o senhor encontra para administrar a rádio? Pe. Nunes: Buscar nosso espaço no mercado comercial e da audiên-
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A ORDEM |Entrevista cia. Temos um diferencial que é espalhar o bem e difundir a Palavra de Deus, mas isso não nos impede que cheguemos ao mercado para concorrer com as demais emissoras. Para 2019, quais são as perspectivas, as novidades planejadas? Pe. Nunes: Diante da avaliação que fazemos destes cinco meses em que a emissora está no ar como FM, faremos alguns ajustes na programação e vamos continuar avançando na parte comercial. Paralelo ao
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comercial, não podemos esquecer dos nossos benfeitores, dos arrecadadores dos ‘Amigos da Rural’, que são muito importantes. Vamos enfatizar o trabalho de sensibilização para reconquistar os ‘amigos’ que deixaram de contribuir com a manutenção da rádio. A 91.9 é nossa, é da Igreja Católica. Como somos Igreja, a responsabilidade é de todos nós. Como os ouvintes podem contribuir para a manutenção financeira da 91 FM?
Pe. Nunes: As pessoas podem colaborar com a manutenção da emissora, se tornando um ‘Amigo da Rural’. Basta fazer o cadastro na sala dos amigos, na própria rádio. Também, podem fazer doações espontâneas, através de depósito bancário: Banco do Brasil – Ag. 3525-X – C/C 10258-X e Caixa Econômica Federal – Ag. 0035 – Op 003 – C/C 8445-5, ambas em nome da Fundação Paz na Terra. Para mais informações, é só ligar para o (84) 3201-1690.
| A ORDEM
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*Nucap – Núcleo de Catequese Paulinas.
A Paulinas valoriza a vocação do catequista de formar discípulos missionários em comunidade.
A ORDEM | Reportagem George Vinicius
Alunos do Seminário de São Pedro, em 2018
Seminário: há cem anos formando sacerdotes O casarão da Campos Sales comemora um século de história, em 2019
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Reportagem | A ORDEM Por Cacilda Medeiros A criação do Seminário de São Pedro aconteceu, oficialmente, em 15 de fevereiro de 1919, por iniciativa do segundo bispo da Diocese de Natal, Dom Antônio dos Santos Cabral. De acordo com o livro de crônicas da instituição, uma primeira experiência aconteceu entre os anos de 1912 e 1915, com o primeiro bispo de Natal, Dom Joaquim de Almeida. A primeira turma contava com 12 alunos e funcionava no Colégio diocesano Santo Antônio, ao lado da Igreja do Convento Santo Antônio (Igreja do Galo), no centro da capital. Em 1924, os seminaristas passaram a residir em uma casa, que ficava em um sítio (hoje, esquina da Rua Açu com a Av. Deodoro, vizinho à Catedral Metropolitana). Anos depois, Dom Antônio Cabral comprou dois terrenos, no
bairro do Tirol, para construir a sede do Seminário. O prédio onde funciona, até hoje, o Seminário de São Pedro, situado na Av. Campos Sales, no bairro do Tirol, foi fundado em 3 de outubro de 1930, no governo de Dom Marcolino Dantas. Ao longo destes cem anos, 19 sacerdotes ocuparam a função de reitor do Seminário. Desde 2016, a reitoria está sob a direção do Padre José Valquimar Nogueira do Nascimento. Lembranças Aulas, testemunhos de professores, as pitangueiras do jardim, as ‘novidades’ de uma nova realidade para quem estava saindo da casa dos pais pela primeira vez na vida marcam as lembranças de quem foi aluno do Seminário de São Pedro. O arcebispo emérito de Natal, Dom Heitor de Araújo Sales, hoje, com 92
anos de idade, conta que ingressou na instituição em 2 de fevereiro de 1940, onde permaneceu até 1944. “Internamente, a estrutura física mudou, mas a fachada continua a mesma. Na entrada, já existia o corredor de pitangueiras, como existe ainda hoje”, recorda. Dom Heitor também lembra de como era a cidade de Natal, na região do Seminário. Na Av. Campos Sales, apenas uma das faixas era calçada e em frente à sede do Seminário havia uma bodega (mercearia); a Rua Apodi era toda em areia, com poucas residências. Ele recorda a figura do Padre Luiz Gonzaga do Monte, que residia na casa. “Era um homem bom, sábio e santo, que faleceu aos 39 anos de idade, vítima de tuberculose”, diz. Pouco tempo após a ordenação sacerdotal, que ocorreu em 3 de outubro de 1950, o então Padre Heitor foi nomeado coadjutor
Arquivo Seminário
Dom Jaime (centro) como reitor do Seminário
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A ORDEM | Reportagem Rivaldo Jr
Todas as quintasfeiras, os arcebispos eméritos, Dom Heitor e Dom Matias; o ex-reitor, Mons. Lucilo Machado; Mons. Inácio de Loyola e Mons. Luiz Teixeira se reúnem nas dependências do Seminário, para um momento de oração e confraternização da Paróquia de Santa Teresinha, no Tirol, residindo no Seminário, onde também ocupou as funções de vice-reitor e de ecônomo, até 1956, quando foi residir em Roma. No início da década de 1950, a sede, na Av. Campos Sales foi fechada e o prédio foi alugado. Nesse tempo, os seminaristas residiram em outra casa, na Rua Mipibu, no bairro de Petrópolis. Quando Dom Heitor foi nomeado arcebispo de Natal, em 1993, uma das primeiras decisões dele foi reabrir o ‘casarão da Campos Sales’. “Essa casa significa, para mim, um bom pedaço da minha vida, por quem tenho muito carinho”, diz Dom Heitor. O arcebispo emérito, Dom Matias Patrício de Macêdo, ingressou no Seminário de São Pedro,
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no ano de 1951, onde permaneceu até 1956, e também guarda muitas lembranças de lá. “Sou natural do sertão e a primeira vez que vim à capital foi para o Seminário. E a primeira lembrança que vem à minha mente é das pitangueiras, na entrada da casa”, recorda. Naquela época, os seminaristas jogavam futebol vestidos de batina. Em um dos jogos, Dom Matias estava como goleiro, foi chutado por um colega e quebrou o braço. “Lembro muito do nosso reitor, Cônego José Adelino Dantas e dos colegas. Fizemos amizades muito alicerçadas”, comenta. Ele lembra que, naquela época, os seminaristas só tinham autorização para ir à rua, em necessidade extrema, como ir ao médico, por exemplo. Na década de 80, o Seminário
maior foi transferido para a cidade de Nova Cruz. Na época, o então Padre Matias Patrício de Macêdo era o pároco daquela paróquia, auxiliado pelo Padre Robério Camilo. Padre Matias foi nomeado reitor e Padre Robério, vice-reitor do Seminário. Referência para a Arquidiocese “O benemérito Seminário de São Pedro, da Av. Campos Sales, 850, no Tirol, grande referência para a nossa Igreja de Natal, celebra seu centenário, heroico, bonito, tão marcante no que diz respeito à sua finalidade, como celeiro de vocações”, assim diz o arcebispo metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha. “Tenho a graça e a alegria de ter passado pelos corredores daquele casarão imponente, na Avenida
Reportagem | A ORDEM Campos Sales”, conta o arcebispo, lembrando da época de seminarista. Ele enumera vários aspectos que o fazem recordar daquela época: as mangueiras centenárias, o ambiente bucólico, o esporte, os goitizeiros que davam sombra durante todo o dia e a primavera das acácias. “Quando entrei no Seminário, éramos 82 seminaristas, divididos em menores, médios e maiores. Em momentos festivos, vivíamos a fraternidade entre os três grupos”, recorda. Para Dom Jaime, a disciplina, os momentos no salão de estudo, os momentos festivos, a oração das vésperas, os ensaios dos cantos gregorianos, o silêncio que favorecia o estudo na biblioteca, as aulas de latim e as orações marcaram sua vivência como seminarista. “Muitos por ali passaram, poucos foram ordenados, mas certamente todos receberam marcas indeléveis que permanecem por toda a vida”, comenta. O então Padre Jaime foi reitor do Seminário de São Pedro, no período de 1987 a 1995.
Comemorações do centenário De acordo com o reitor, Padre Valquimar Nogueira, as comemorações alusivas ao centenário vão acontecer durante todo o ano, aproveitando momentos já inclusos no calendário da casa. O encerramento da programação será em dezembro, com uma semana celebrativa, de 12 a 19, culminando com a missa em ação de graças, no dia 19, às 19h, na Catedral Metropolitana.
Contribua Colabore com a manutenção do Seminário de São Pedro, através do desconto mensal na conta de energia, de boleto bancário ou de depósito bancário. Você também pode doar gêneros alimentícios, material de higiene e de limpeza. Para obter mais informações sobre como colaborar com a instituição, envie mensagem para o e-mail campanha@seminariosaopedro.org.br ou ligue para o (84) 3615-2819.
O reitor, Pe. Valquimar Nogueira, folheando o primeiro livro de matrículas do Seminário
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A ORDEM | Artigo
Como nossa vida está conectada com o mundo virtual Se eu perguntasse: “você acha que sua vida está conectada com o mundo virtual?”Você provavelmente, me responderia que sim. Talvez, até me dissesse que utiliza smarthphone, acessa redes sociais e tem acesso à pesquisa na internet no seu dia a dia. Pois é, nos dias atuais, realmente as nossas vidas estão imersas numa teia virtual que está para muito além do que os nossos olhos podem enxergar, porque essas nossas conexões são inimaginavelmente entrelaçadas mundo a fora. Segundo um levantamento feito pela empresa We Are Social (https://wearesocial.com/blog/2018/01/ global-digital-report-2018), mais da metade da população mundial está conectada à internet. No Brasil, conforme IBGE, já chegamos a 116 milhões de usuários conectados. Isso significa que organizações públicas e/ou privadas têm acesso às informações sensíveis dos usuários (informações pessoais, número de identidade e CPF, por exemplo). Mas nem tudo ocorre com o devido conhecimento do usuário. Entendeu agora porque eu disse que isto está para além do que os nossos olhos podem enxergar? Em um seminário sobre Proteção à Privacidade e aos Dados Pessoais (http://agenciabrasil.ebc.com.br/ geral/noticia/2018-08/empresas-monitoram-internautas-pelos-navegadores), Veridiana Alimonti (representante da Eletronic Frontier Foundation) alertou que existem navegadores (browsers) em Desktops e smartphones que utilizam diversas formas de coletas de informações sem o consentimento das pessoas e
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Juscilésio Silva Analista de Sistemas
que essas informações são utilizadas para as mais diversas finalidades. É através delas, por exemplo, que são feitas análises para adoção de decisões de ordem econômica, política e social. Além dessa possibilidade de manipulação de dados pessoais na internet, há outra questão importante a ser percebida: a produção/disseminação de conteúdo que postamos na rede. Esses conteúdos podem ser reutilizados em outros contextos, gerando possíveis “conteúdos frágeis” (sem embasamento formal/ legal/real ou fora de contexto) que têm dominado as redes sociais nos últimos tempos. Isto é, estamos falando da origem de uma Fake News, que pode ser desde a distorção de uma informação anteriormente lançada na rede, como uma informação completamente fictícia. O perigo das Fake News é que elas acabam influenciando na construção da nossa opinião/comportamento sobre as coisas. Por isso, temos que buscar a veracidade das informações (pesquisar, pesquisar e pesquisar a origem das informações). Contudo, não escrevemos isto para que você fique com medo de estar ligado virtualmente às coisas, uma vez que todos estamos imersos nesse universo virtual (querendo ou não!). A intensão é que tenhamos a ciência de como estamos conectados e de que como as nossas informações estão girando o mundo. Conscientes disso, podemos nos precaver para minimizar de efeitos negativos sobre a exposição dos nossos dados e ter mais critérios na leitura das informações que recebemos.
Reportagem | A ORDEM
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A ORDEM | Em ação Fotos: Rivaldo Jr
Ala de dormitórios que necessita de restauração
Abrigo precisa de recursos para concluir restauração O abrigo São Vicente de Paulo, em Ceará-Mirim, acolhe 45 idosos O centenário abrigo de idosos São Vicente de Paulo, situado no centro da cidade de Ceará-Mirim, precisou passar por restaurações na estrutura física para atender a exigências do Ministério Público. Uma parte das obras foi concluída há cerca de um ano, com recursos da associação Reciclázaro, de São Paulo, de um projeto junto ao Ministério Público do Trabalho e de doações de pessoas. A casa é dividida em quatro alas de dormitórios. Contudo, os recursos só foram suficientes para fazer as devidas adaptações em três alas, além da cozinha e de outras dependências da casa. “Estamos lutando para conseguir recursos para restaurar a última ala. Antes, abrigávamos 60 idosos. Agora, com essa ala desativada, só temos condições de acolher 45, explica o pároco da Paróquia de Nossa Senhora 18| Fevereiro de 2019
da Conceição, Padre Bianor Júnior. Ele também é o presidente do Centro Social Leci Câmara, entidade mantenedora do abrigo. Os idosos abrigados são do próprio município de Ceará-Mirim e de outros municípios. Segundo Padre Bianor, além da reforma na estrutura física, foi necessário, também, contratar alguns profissionais. Atualmente, são 22 funcionários. “Além disso, tivemos que reorganizar a contabilidade da instituição e parcelar o INSS. Com isso, as despesas para a manutenção aumentaram”, explica. Dia a dia A aposentada Maria da Salete Martins, 77, natural de Ceará-Mirim, reside no abrigo há um ano. Ela conta que os parentes mais próximos já faleceram,
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Salete Martins, residente no abrigo mas que gosta muito da instituição e que lá encontrou outra família. “Aqui, eu gosto de tudo”, diz. Salete relata a rotina da casa: “quando amanhece, a gente toma banho e aguarda o café. Depois, tomo banho de sol e faço alguns movimentos para mexer com os ossos. Às 11 horas, a gente almoça; às duas horas, é servido o lanche; mais tarde, tomo banho, e, às 5 horas, é servido o jantar”. Toda a alimentação dos internos é orientada pela nutricionista Amanda Cibele. “Eu acompanho a parte da cozinha e também faço acompanhamento clínico
dos idosos, de acordo com as particularidades de cada um”, conta. De acordo com a nutricionista, há alto custo financeiro com a alimentação dos idosos. “As pessoas podem colaborar doando frutas, leite, e alimentos não perecíveis”, informa. Na parte da saúde, os internos contam com o atendimento quinzenal de um clínico geral, e, mensal, de um geriatra, de um dermatologista e de um psiquiatra. Eles também contam com a presença diária de um enfermeiro e de um técnico em enfermagem. Manutenção O abrigo é mantido com a aposentadoria dos próprios internos, doações de pessoas, doações do comércio local e campanhas realizadas pela paróquia e pela comunidade. Quem desejar colaborar financeiramente com o abrigo, pode efetuar depósito bancário no Banco do Brasil – agência 1042-1, c/c 2845-2, CNPJ 08.119.638/0001-58, em nome do Centro Social Leci Câmara. Mais informações, ligue (84) 3274-2400.
Idosos fazem refeições em espaço já restaurado Fevereiro de 2019 |19
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A ORDEM |Paróquias
São Mateus Moreira é padroeiro de Cidade Verde
José Bezerra
Igreja do São Mateus Moreira, em Cidade Verde Em 3 de outubro de 2003, três anos após a beatificação dos Protomártires do Brasil, o então arcebispo metropolitano de Natal, Dom Heitor de Araújo Sales, assinou decreto criando uma paróquia dedicada ao Beato Mateus
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Moreira, na comunidade de Cidade Verde, em Parnamirim. Seria desmembrada da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Nova Parnamirim. A instalação se deu em 17 de novembro do mesmo ano. Nos dois primeiros me-
ses, a nova paróquia teve como pároco, o Padre Alcimário Pereira de Oliveira. Ele foi sucedido pelo Padre Tomás Silveira Neto, que está à frente da paróquia até os dias atuais.
Paróquias | A ORDEM Devoção crescente De acordo com o Padre Tomás, a devoção aos Mártires, sobretudo a São Mateus Moreira, tem sido alimentada junto aos fiéis ao longo dos anos. “Nós alimentamos essa devoção, especialmente durante um tríduo de preparação à solenidade de Corpus Christi. Como São Mateus Moreira é o patrono da Eucaristia, durante o tríduo os Ministros Extraordinários da Eucaristia saem em missão, visitando residências. São mais de cem ruas visitadas a cada noite, encerrando sempre com a bênção do Santíssimo Sacramento, na Igreja, às 10 horas da noite”, comenta o pároco. Outro momento forte vivido na paróquia é a festa do padroeiro, tradicionalmente encerrada no último domingo do mês de setembro. Para difundir a história do martírio e a devoção aos Protomártires, Padre Tomás montou uma peça teatral cujo roteiro é de sua autoria. Essa peça, com mais de 300 personagens, é apresentada durante a festa do padroeiro, assim como já foi apresentada para outras cerca de 30 paróquias. O autor do texto conta que a peça é dividida em dez cenas, retratando vários aspectos, como: realidade sócio-política e econômica de Cunhaú e Uruaçu; o massacre na capela de Nossa Senhora das Can-
deias, em Cunhaú; o refúgio das autoridades no Forte dos Reis Magos; construção da cerca, em Uruaçu; o massacre, em Uruaçu; a morte do leigo Mateus Moreira, entre outros temas. “A encenação é concluída com uma grande manifestação de alegria”, conta o Padre. A respeito do exemplo dado pelo leigo Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, no momento do massacre, e em meio à dor, exclamou: “louvado seja o Santíssimo Sacramento”, Padre Tomás ressalta: “com esse gesto, ele nos ensina a abrir o coração para o irmão, para a comunidade e fazer a doação plena do seu ser.” Setorização Na Arquidiocese de Natal, a Paróquia do Beato Mateus Moreira se destaca pelo trabalho pastoral realizado por meio da setorização. Nesse processo, a paróquia foi dividida em quatro comunidades e cada uma delas é responsável, durante uma semana, pelas celebrações na Igreja Matriz. “Não costumamos dizer que temos Matriz. Temos uma rede de comunidades”, ressalta o pároco. “Cada comunidade, dividimos em mais quatro. Assim, aumentamos o espaço de participação das pessoas nas atividades. Com isso, também evitamos os líderes centralizadores”, acrescenta.
Cacilda Medeiros
Padre Tomás Neto, pároco Endereço: Av. dos Eucaliptos, 101, Cidade Verde Parnamirim (RN) Tel.: (84) 3615-2837 Missas (Igreja Matriz) . Domingo – 8h e 19h . Quarta a sábado – 19h Saiba mais www.facebook.com/ParoquiaSaoMateusMoreira www.instagram.com/paroquiasaomateusmoreira
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A ORDEM | Paróquias
Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro: 50 anos de história
Religiosidade surgiu com expansão do bairro, após a Segunda Guerra Mundial Fotos: Rivaldo Jr
Igreja Matriz
24| Fevereiro de 2019
Paróquias| A ORDEM Um dos bairros mais tradicionais de Natal, as Quintas, começou a se formar na década de 1940, quando ainda era uma imensa área rural e agrícola. Após a Segunda Guerra Mundial, o bairro começou a ser povoado, com pessoas vindas principalmente do interior do Estado. Segundo o livro “Paróquias potiguares – uma história”, de autoria do Pe. Normando Pignataro Delgado (in memoriam), no ano de 1947 foi inaugurado o Posto Fiscal do Km 6, ano em que o prefeito da cidade, Sílvio Pedrosa restaurou o depósito de combustíveis e inaugurou o Matadouro Municipal, que passou a funcionar normalmente e dar uma nova dinâmica para o bairro. “Em 1947, a missa campal da véspera de Natal foi celebrada no terreno de 1.200 m², doado por Alfredo Edeltrudes de Sousa, que também ajudou na construção da capela em honra a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”, diz o livro. Com a expansão da população local, no dia 12 de setembro de 1969, o então Arcebispo Metropolitano, Dom Nivaldo Monte, criou a Paróquia, desmembrando-a da Paróquia de São Sebastião, no bairro do Alecrim, tendo, naquele primeiro momento, um território delimitado até a praia de Pitangui, em Extremoz. Há mais de 30 anos, a comunidade paroquial tem como pároco, o
padre Antonio Cassiano da Silva. Neste ano, a Paróquia vai completar 50 anos de criação. “Hoje, a Paróquia é composta por três comunidades, que compreendem a matriz, aqui nas Quintas, a capela do Divino Espírito Santo, no bairro Nordeste e a comunidade da Beata Ana Rosa Gattorno, no Mosquito. A Paróquia conta com diversos segmentos de movimentos, serviços e pastorais, de forma atuante e dinâmica. Lá no Mosquito, a gente tem o apoio da Irmã Eurídice Lima, que acompanha a comunidade”, conta. O padre Cassiano também destaca a atuação dos encontros de jovens, como o Segue-me, que já é realizado na Paróquia há seis anos. Segundo o sacerdote, do ponto de vista estrutural, a matriz passou por um período de reforma, no ano de 1996. “Diante do crescimento da comunidade, no ano de 1996 optamos por demolir a Igreja matriz e construir uma nova, com mais espaço para atender melhor os paroquianos. Também, neste período em que estou à frente da Paróquia, institui a festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, celebrada sempre na última semana do mês de outubro, de forma que contribuísse para o aumento da devoção à padroeira”, ressalta. Neste ano, a comunidade paroquial vai completar 50 anos de criação e, para este momento, está sendo planejado um Congresso Eucarístico Paroquial, a ser realizado no mês de setembro.
Pe. Antonio Cassiano, pároco
Endereço: Rua Luis Fernandes, s/n, Quintas Natal/RN Telefone: (84) 3615-2870 Facebook: PerpetuoSocorroNatalRN Instagram: pnspspascom Horários de missa (Matriz): Terças e quintas - 19h Sábados – 16h30 – Celebração do Batismo/ 17h30 – Missa Domingos – 08h/ 19h30 Funcionamento da secretaria paroquial: Segunda a sábado, das 14h às 20h
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A ORDEM | Reportagem Comunicação JMJ 2019
A JMJ e a “descoberta” de uma Igreja viva e peregrina Evento reuniu jovens de todo o mundo, no Panamá. Próxima edição será em Lisboa Portugual
26| Fevereiro de 2019
Reportagem | A ORDEM Por Vitória Élida A primeira vez que ouvi falar na Jornada Mundial da Juventude foi através da TV, e ao assistir aquelas notícias e ver a multidão pensei: Jamais participarei de um evento como esse, é muita gente em um único espaço, não tenho condições. Anos depois me vi vendendo salgados para custear gastos, e assim, estar justamente junto à essa multidão. A JMJ era a do Rio, que aconteceu em 2013. A primeira jornada com o então novo papa, o Francisco. Neste ano, experimentei um lado profissional da jornada, afinal estava lá para fazer a cobertura de imprensa. E foi durante a minha busca por pautas que me deparei com a primeira emoção, eu vi Pedro, e ele estava ali passando bem diante dos meus olhos, acenando, enquanto muitos gritavam “Esta é a juventude do Papa”. Agora, após participar da jornada do Panamá, posso afirmar que de fato vivenciei e compreendi a essência do que é ser peregrino. Mesmo tendo a honra de realizar pela segunda vez a cobertura jornalística, também decidi estar ali como peregrina. E foi então que percebi o que é a JMJ e o que ela representa para a nossa igreja. A JMJ 2019 foi realizada em um país de pequeno porte, mas que soube de forma grandiosa organizar o evento. Foram mais de 600 mil pessoas que saíram de seus países para estar em vigília. E foi também no Panamá que a imagem peregrina da Virgem de Fátima se apresentou aos fiéis depois de 18 anos sem sair de Portugal. Em um evento em que Maria e o seu Sim foram temas, o amor resolveu fazer morada. Centenas de famílias se dispuseram a receber os peregrinos que vieram de mais de 140 países. Eles, que trouxeram nas malas a sua cultura, precisaram se adaptar aos costumes panamenhos. Foram dias intensos de catequese, feira vocacional, adoração e muita atenção ao que nos dizia o Santo Padre. Esta não foi a Jornada de grandiosos números, mas foi um verdadeiro encontro com uma igreja jovem que se emocionou ao ouvir do Papa a mensagem de que Deus vem ao nosso encontro para nós chamar, para fazermos parte do seu agora. E lembrou que as nossas vocações e missões não são para o futuro. Deus nos dá o seu agora, e por isso devemos viver para conhecermos o concreto amor.
A juventude, que potencializa a nossa igreja, que a faz viva e peregrina, agora espera mostrar mais uma vez a sua vontade e sede de Deus, se preparando para a JMJ 2022 em Lisboa (PT). Acervo pessoal
Vitória Élida, jornalista e membro da Equipe Suporte (Natal/RN)
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A ORDEM | Personalidade
Monsenhor Lucilo, 90 anos de vida e serviço à Igreja Monsenhor Lucilo Alves Machado nasceu no município de Angicos, em 20 de fevereiro de 1929. Lá, estudou no grupo escolar José Rufino e na Escola Apostólica Santo Cura D’Ars. Em 2 de fevereiro de 1941, ingressou no Seminário de São Pedro, em Natal. Depois, passou a residir em Fortaleza, no Seminário da Prainha, para estudar Filosofia e Teologia. Foi ordenado sacerdote em 30 de novembro de 1952, na Igreja Matriz de São Pedro, no Alecrim, em Natal, sob a imposição das mães do então arcebispo, Dom Marcolino Esmeraldo de Souza Dantas. A primeira nomeação que recebeu foi para a função de vigário coadjutor da Paróquia da Imaculada Conceição, em Nova Cruz. Em janeiro de 1953, foi nomeado vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em São Rafael, onde ficou até 1955, quando foi transferido para a Paróquia de Nossa Senhora do Livramento, com sede em Taipu, ficando responsável pela comunidade de Touros. Em 1956, foi transferido para Natal, para ser secretário do então bispo auxiliar de Natal, Dom Eugênio Sales, e diretor espiritual do Seminário de São Pedro. Em dezembro de 1957, Mons. Lucilo foi nomeado reitor do Seminário, ficando nessa função até 1969. Eu ingressei no Seminário em 1961 e permaneci até 1968. Portanto, tive o Mons. Lucilo como meu reitor. Vivemos tempos muito determinantes, no que diz respeito à formação presbiteral, pelo fato de estarmos vivendo a época da realização do Concílio Vaticano II. A imagem que guardo do Mons. Lucilo, como reitor, é a imagem da autoridade, de um homem muito educado. Ele preenchia todas as dimensões da formação: discrição, autoridade, boa formação e empenho na formação dos futuros sacerdotes. Ele trabalhava pela autosustentabilidade do Seminário e incutia nos seminaristas o senso da co-responsabilidade para com a manutenção da casa, já que tudo era muito regrado. Na época, Mons. Lucilo implantou a dimensão do trabalho, de forma que os seminaristas trabalhavam em alguns lugares e, assim, ajudavam em sua autosustentação. Depois que saiu do Seminário, Mons. Lucilo as-
28| Fevereiro de 2019
Por Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo de Natal
sumiu outras funções na Arquidiocese, tendo sido, por vários anos, reitor da Catedral Metropolitana de Natal. Atualmente, aos 90 anos de idade, a serem completados no dia 20 deste mês de fevereiro, Mons. Lucilo continua servido à Igreja, sendo reitor da histórica Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, na Cidade Alta, na capital. Ao Mons. Lucilo, meu respeito, estima e gratidão! José Bezerra
Juventude
Saúde | A ORDEM
Lancheira saudável Pe. Andreson Madson do Nascimento
Por Márcia Roque Braz nutricionista
Coord. arquidiocesano do Setor Juventude
Ele caminha conosco No primeiro texto desta série, tivemos a oportunidade de compartilhar sobre o que gostaríamos de refletir neste espaço sobre os resultados do Sínodo dos Bispos para a Juventude, realizado no último mês de outubro. Neste segundo momento, apresentamos os aspectos iniciais da abordagem do texto documento final. O episódio dos discípulos de Emaús, narrado pelo evangelista São Lucas no capítulo 21, é a ligação do documento com a Sagrada Escritura, principalmente no tocante ao contexto do encontro que se dá entre o ressuscitado e os dois que caminhavam já distante de Jerusalém. O desânimo, o reconhecimento do que acontecera anteriormente não deixou com que eles percebessem a presença do Senhor. Neste sentido, o documento aponta os desafios das juventudes do tempo presente, dentro e fora da igreja, assinalando até mesmo as fragilidades no acompanhamento por parte da própria Igreja. Diante dos muitos barulhos presentes e dos diversos modos pelos quais a juventude é atingida, certamente é de fundamental importância para nós saber e ajudar aos jovens a identificar e perceber que Cristo não os abandona e nem nunca os abandonou. E isso só dará de forma direta e objetiva através do processo de acompanhamento humano, cristão e pastoral. A certeza desta presença deve levar a todos os jovens do campo e da cidade, nos trabalhos pastorais e atividades como um todo, dentro e fora da Igreja, a reconhecer que “Ele caminha conosco”.
Se você tem um filho pequeno, sabe que faz parte da rotina da semana planejar e organizar os alimentos que ele consumirá na escola. Nem sempre montar uma lancheira saudável e que agrade à criançada é uma tarefa fácil, mas com algumas dicas esse processo pode se tornar mais simples. Escolha alimentos práticos, pense no cardápio semanal e esqueça os industrializados, preferindo os alimentos naturais, tais como sucos naturais e até mesmo frutas in natura. As castanhas, frutas secas com iogurte natural e granola são uma boa alternativa para a sobremesa. Essas pequenas substituições vão ajudar o seu filho a crescer mais saudável. O que não pode faltar na lancheira do seu filho? Primeiro, leve em conta o período em que a criança estuda (manhã ou tarde) e a refeição que fez antes de ir à escola (café da manhã ou almoço). Depois, certifique-se de que esteja mandando dentro da lancheira um produto de cada grupo alimentar: Uma fonte de proteína ou lácteo (leite, iogurte, queijo), uma fruta ou legume in natura (pelas fontes de vitaminas, fibras e minerais) e um carboidrato para fornecer energia (pães e cereais), além de 1 bebida para hidratar (água, água de coco ou suco natural).
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A ORDEM | Artigo
A Intolerância Religiosa O tema da intolerância voltou a ganhar ênfase nas discussões das ciências sociais da contemporaneidade. Depois do onze de setembro de dois mil e um, a atenção global acerca do tema ganhou mais pungência. O que é tido como fundamentalismo religioso para as análises mundiais, é tratado nas situações circunstantes como intolerância religiosa. Essa constatação é consequência do que é analisado cientificamente e do como observamos na experiência cotidiana. A dimensão religiosa da Humanidade ganhou mais força e se contrapõe ao que era intento dos Esclarecidos de torná-la retraída ao que é individual, sem ressonância na vida pública. Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), no seu art. 18, que preceitua que “toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos”, a perspectiva mudou. Essa prerrogativa fundante dos Direitos Humanos Universais foi assumida por tantos Países, inclusive o nosso, na sua Carta Magna de mil novecentos e oitenta e oito (CF, Art. 5, VI). A Intolerância Religiosa passou a ser, reconhecidamente, algo que fere o espírito humano e cidadão. A constatação de que há fenômenos novos e pós-humanos, que elevam os anseios individuais, ou seja, aqueles que negam as possibilidades subjetivas dos outros, levou à necessidade de haver o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa (Lei, 11. 635/07), já aqui, em nosso País. A questão é mais de ordem cultural do que legal. Há um retorno, causado pela negação da racionalidade, aos anseios volitivos da condição humana. Uma das características da pós-modernidade é a elevação das emoções, que nem sempre são manifestações dos afetos integrados e, por isso, causam as confusões funda30| Fevereiro de 2019
mentalistas e irracionais da experiência religiosa. O mais interessante é que tanto os que abominam a religião, quanto os que a elevam, estão tendo atitudes semelhantes; o que torna a questão muito mais complexa. A negação da alteridade, da diferença, da verdade que acontece no respeito à dignidade do Outro, está fazendo da experiência religiosa uma oportunidade para negar a inclusão dos que pensam e têm religiões diferentes. É a universalização do particular, que exclui a possibilidade de elementos de uma Verdade que pode incluir a todos. A Igreja Católica, em três dos seus documentos do Concílio Vaticano II (A declaração Nostra Aetate, sobre a Igreja e as Religiões Não-Cristãs; A Dignitatis Humanae, sobre a Liberdade Religiosa e o decreto Unitatis Redintegratio, sobre o Ecumenismo), confirma sua visão contemporânea sobre o Estado da Questão. Para o Concílio, a Liberdade Religiosa consiste no seguinte: “todos os homens devem estar livres de coação, quer por parte dos indivíduos, quer dos grupos sociais ou qualquer autoridade humana; e de tal modo que, em matéria religiosa, ninguém seja forçado a agir contra a consciência, nem impedido de proceder segundo a mesma, em privado e em público, só ou associado com outros, dentro dos devidos limites” (DH, 2). Na relação com as demais religiões o Concílio afirma que “a Igreja reprova como contrária ao espírito de Cristo, toda e qualquer discriminação ou violência praticada por motivos de raça ou cor, condição ou religião” (NE, 5). Desta forma, a partir do que é eclesialmente ensinado, pode-se deduzir que estamos vivendo grandes retrocessos globais e individuais. Por fim, trabalhemos para que exista o comprometimento pessoal e institucional a formar a cultura de respeito entre as religiões. Como meio de ligação com o transcendente, que todas sejam promotoras da vida e da paz entre todos os Seres Humanos. Assim o seja!
Pe. Matias Soares Pároco da paróquia de Santo Afonso - Mirassol
“Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos” Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
| A ORDEM
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A ORDEM | Vida pastoral
Cristina Medeiros
Apostolado da O 175 anos de pres
Missa de abertura do ano jubilar, na Arquidiocese de Natal
Na Arquidiocese de Natal, movimento conta com a atuação de aproximadamente 120 grupos O Movimento do Apostolado da Oração mundial, comemora, neste ano, o jubileu de 175 anos de implantação. A abertura do ano jubilar, na Arquidiocese de Natal, aconteceu no dia 07 de dezembro, com uma celebração eucarística na Catedral Metropolitana, presidida pelo Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha. Na ocasião, foram entregues as fitas aos novos membros do Apostolado e também teve o envio da imagem do Sagrado Coração de Jesus, que está peregrinando pelas paróquias do território arquidiocesano. 32| Fevereiro de 2019
Segundo o dirigente espiritual do Apostolado da Oração, na Arquidiocese, o padre Francisco Lima, hoje, o movimento conta com aproximadamente 120 grupos, distribuídos nas paróquias do território arquidiocesano. Em relação ao ano jubilar, o sacerdote fala que a programação vai ser extensa. “No dia 18 de maio, teremos um encontro arquidiocesano em Natal. Já no período de 7 a 09 de junho, participaremos de um encontro nacional, na cidade de Aparecida (SP). Além disso, temos a peregrinação da imagem do Sagrado Coração
de Jesus, que está percorrendo as paróquias da Arquidiocese, no sentido de favorecer uma melhor vivência deste jubileu. Toda essa programação será encerrada no dia 06 de dezembro”, enfatiza. No dia 28 de junho deste ano, vai acontecer um encontro com o papa Francisco, no Vaticano, marcando a comemoração mundial do jubileu. Deste momento, participarão também o ramo juventude, o Movimento Eucarístico Juvenil. SOBRE O MOVIMENTO O Movimento surgiu em 1844, na pequena cidade francesa de Vals,
Vida pastoral | A ORDEM
Oração comemora sença no mundo
Pe. Francisco Lima, dirigente espiritual do Apostolado da Oração, na Arquidiocese
por iniciativa dos jovens jesuítas do seminário local. O Pe. Francisco Xavier Gautrelet, que os acompanhava, impulsionou a criação do Apostolado da Oração, propondo um movimento para a oração pessoal e comunitária, oferecendo, diariamente, a vida pela missão da Igreja. Após a sua criação e aprovação do Vaticano, logo se espalhou por todo o mundo e chegou ao Brasil através de dois missionários jesuítas. No país, o movimento foi implantado em 1867 e está presente em todo o território brasileiro. O Apostolado é uma rede mundial de oração a serviço dos deságios da humanidade e da missão da Igreja, expressos nas intenções de oração do papa. Um dos pontos da religiosidade dos membros do apostolado é a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Fevereiro de 2019 |33
A ORDEM | Notas
Notícias
da Arquidiocese no whatsapp
A partir de fevereiro, a Arquidiocese de Natal vai dispor de mais um canal de notícias. Será uma Newsletter (boletim) com notícias da Igreja Católica, especialmente da Arquidiocese, enviado via whatsapp. Para aderir ao serviço, totalmente gratuito, basta adicionar o número (84) 99675-7772 na agenda do seu celular, e enviar uma mensagem com seu nome e a palavra “Cadastrar”, pelo whatsap, para este número. A intenção é colaborar para que os fiéis se mantenham atualizados quanto às notícias da Igreja. O número (84) 99675-7772 também serve para que as pessoas possam interagir com a Arquidiocese de Natal.
PRÊMIOS de Comunicação
A partir do próximo mês, o setor de comunicação da Arquidiocese de Natal vai abrir inscrições para a primeira edição dos Prêmios de Comunicação. O objetivo é oferecer um reconhecimento ao trabalho realizado pelas equipes paroquiais da Pastoral da Comunicação, em prol da evangelização, no território da Arquidiocese. A premiação contemplará três categorias: rádio, impressos e internet. As inscrições estarão abertas no período de 01 a 30 de março de 2019. A entrega dos prêmios aos vencedores acontecerá durante o 5º Seminário Arquidiocesano de Comunicação, que será realizado dia 19 de maio. Confira o regulamento acessando o site: arquidiocesedenatal.org.br.
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Notas | A ORDEM
Encontro do Movimento de Schoenstatt
Dias 23 e 24 deste mês, coordenadores do Movimento Apostólico de Schoenstatt se reúnem para uma jornada anual. A atividade vai acontecer no Centern, na cidade de São José de Mipibu e terá como tema “Por uma nova terra mariana”. A atividade vai contar com a participação da Ir. Maria Claudete, do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt, além do Pe. Fábio Pinheiro, assistente eclesiástico do movimento na Arquidiocese de Natal. As inscrições para a jornada estão sendo feitas com as secretarias dos vicariatos. Outras informações ligue: (84) 3615-2800 (falar com a coordenação de pastoral).
Edvanilson Lima
Conexão Verão
Durante o mês de janeiro, a Rádio 91.9 FM realizou o projeto “Conexão Verão”, com um estúdio móvel no Espaço Pitts Verão, na praia de Pirangi do Norte. Além disso, no último dia 26, a emissora promoveu a “Parada 91”, na Nacional Volkswagem, em Natal, com distribuição de brindes e ações promocionais.*
PASTORAIS
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Criação de novas ÁREAS
Neste mês de fevereiro, a Arquidiocese de Natal vai ganhar duas novas áreas pastorais, a de São Tiago Menor, situada no conjunto Santarém, zona norte de Natal e a de São José, no bairro Cidade Nova. A instalação da Área Pastoral de São Tiago vai acontecer no próximo dia 04, às 19h e terá como responsável, o padre Alcimário Pereira. O território da nova comunidade vai ser desmembrado da Paróquia de Sant’Ana, no conjunto Soledade II. Já a de São José, será instalada no dia 18 deste mês, também às 19h. O responsável pela nova Área será o padre Gentil Pereira e o território será desmembrado das paróquias de Santo Ambrósio Francisco Ferro, no Planalto, e Nossa Senhora da Esperança, no bairro Cidade da Esperança.
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A ORDEM |Viver
Orquestra Sinfônica e Madrigal da UFRN se apresentam para o papa Francisco Apresentação integrou turnê dos dois grupos pela Itália, em comemoração aos 60 anos da instituição de ensino Fotos: Serviço Fotográfico do Vaticano
Apresentação da Orquestra Sinfônica e Madrigal da UFRN na audiência geral com o papa Francisco
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Viver Por Luiza Gualberto A Orquestra Sinfônica e o Madrigal da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estiveram em Roma, na Itália, no período de 11 a 13 de dezembro do ano passado, para um ciclo de apresentações, dentro do contexto dos 60 anos da instituição de ensino. Na turnê, uma apresentação para o papa Francisco, durante a audiência geral. Os dois grupos, compostos por aproximadamente 64 músicos, também se apresentaram na Basílica São Pedro e Embaixada do Brasil. Na apresentação, foram inseridas composições brasileiras, entre elas, Grande Missa Nordestina, do pernambucano Clóvis Pereira, e Magnificat, de Heitor Villa-Lobos. Também teve espaço para as composições potiguares, como as do compositor Felinto Lúcio Dantas e o lançamento mundial da obra Regina Coeli, do compositor e professor da UFRN, Danilo Guanais, que também esteve na turnê. Foram mesclados estilos como baião, maracatu, modinha, ciranda, samba, lundu e galopes, criados especialmente para o encontro com o papa Francisco. Segundo o maestro da Orquestra Sinfônica, André Muniz, a sugestão para a turnê na Itália veio após um concerto que o grupo apresentou na Catedral Metropolitana. “O cônego José Mário estava nesta apresentação e, ao final, nos procurou e disse que o papa Francisco ficaria feliz ao assistir o concerto, no qual apresentamos a obra Grande Mis-
sa Nordestina. Foi aí que a reitora da UFRN, professora Ângela Paiva, entrou em contato com o Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, para que o mesmo enviasse um histórico dos grupos ao Vaticano. E assim foi feito. Logo depois, veio a confirmação do convite, o que para nós foi motivo de muita alegria”, conta. Erickinson Bezerra, regente do Madrigal da UFRN conta que quando os grupos foram para a apresentação com o papa, eles ainda não sabiam muito bem como seria. “Para nossa felicidade, fomos convidados, além da apresentação tradicional, que a gente já sabia que faria, para acompanhar, musicalmente, toda a audiência geral, como o momento
| A ORDEM
do passeio do papa, saudação aos bispos e a bênção às crianças, enfermos e casais. Tudo isso, para nós, foi de grande envergadura musical. Para nossa surpresa, ao terminar a apresentação, o papa veio nos cumprimentar, o que coroou aquela turnê”, recorda. A tradição de apresentações musicais durante as audiências gerais, em Roma, ganhou corpo durante o pontificado do papa emérito, Bento XVI, amante da música. Foram muitas as orquestras que já se apresentaram, com destaque à célebre apresentação da Radio-Sinfonieorchester, sob regência do venezuelano Gustavo Dudamel e solos da violinista americana Hilary Hann, no dia do aniversário de 80 anos de Bento XVI.
Maestro André Muniz saudando o papa Francisco após a apresentação do grupo
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Viver
Liturgia
Cedida
da Palavra
Dom Matias Fonseca de Medeiros, OSB
Monge do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro
PÁGS. 36 e 37 Falta inserir a editoria: PÁG. 37
LITURGIA DAS HORAS: O QUE É? A Liturgia das Horas é a oração pública e comum do Povo de Deus, contada entre as principais funções da Igreja. Dom de Deus à sua Igreja, a oração litúrgica constitui um verdadeiro ministério para a edificação do Corpo de Cristo (Ef 4,12), associando-nos sobremaneira à oração que o Filho dirige ao Pai no Espírito Santo. Com efeito, Cristo sempre associa a si a Igreja, sua esposa diletíssima, que invoca seu Senhor e por ele presta culto ao eterno Pai (Constituição Sacrosanctum Concilium, n. 7; cf. n. 83). Por conseguinte, não se trata de uma ação privada nem de um mero exercício devocional, mas de algo que pertence, manifesta e atinge todo o corpo da Igreja (IGLH, n. 20). É na Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas (IGLH), fruto da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, que vamos encontrar a fundamentação bíblica, teológica e litúrgica da oração da Igreja. Em linhas gerais, destacaremos três aspectos importantes da referida Instrução. 1. Oração de Cristo, o orante do Pai – Cristo deixou-nos, nos Evangelhos, inúmeros exemplos de oração. Neles percebemos como sua atividade messiânica estava profundamente ligada ao ato de orar. Mandou que fizéssemos o mesmo que ele fez: orai, rogai, pedi ao Pai em meu nome. Ensinou-nos a orar e deu-nos um modelo de oração – o Pai nosso. Mostrou-nos as qualidades da oração: humilde, vigilante, perseverante e confiante na bondade do Pai, com intenção pura (cf. IGLH nn. 4-5). 2. A Igreja continua a oração de Cristo – A oração dos cristãos é a continuação desta mesma oração de Cristo em sua Igreja e pela sua Igreja. São Paulo VI chama a atenção para o fato de que «a oração cristã é, antes de mais, oração de toda a família humana, associada a Cristo». É reconhecimento do ser humano a Deus por tudo o que tem, é confissão de sua dependência perante o seu Criador, como
Inserir crédito da foto: Legenda: PÁG. 38 o fizeram os homens piedosos de todos os tempos por meio da oração (IGLH, n. 6). Na segunda coluna, apertar a frase “laicato É importante frisar que a oração dirigida a Deus deve na liturgia” para caber na coluna anterior necessariamente ser vinculada a Cristo, Senhor de todos e único Mediador. Por meio dele temos acesso junto ao Pai e é só nele que a religião humana alcança seu valor salvífico e sua finalidade (cf. IGLH, n. 6). Com efeito, Cristo reza em nós como nosso sacerdote, reza em nós como nossa cabeça e nós rezamos a ele como nosso Deus. Por isso, Santo Agostinho afirma: Reconheçamos nele a nossa voz e sua voz em nós (cf. IGLH, n. 7). Sem tirar o mérito da oração íntima, feita no quarto a portas fechadas (cf. Mt 6,6), a IGLH ressalta a preeminência, o dever e a dignidade da oração comunitária, já testemunhada pela experiência da comunidade primitiva, descrita nos Atos dos Apóstolos (cf. 1,14.32), ao recordar as palavras do Senhor: Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles (Mt 18,20) 3. Consagração do tempo – É também finalidade da Liturgia das Horas a santificação do dia e de toda a atividade humana. Por meio dela, consagramos a Deus o curso do dia e da noite, como preceitua o Evangelho: É preciso orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo (Lc 18,1). Fazemos memória da Páscoa de Jesus em determinadas horas do dia: «nas horas do relógio recordamos as horas de Deus na vida de Jesus e em nossas vidas»; interrompemos nossas atividades para orar, liberamos o tempo para nos lembrarmos que ele pertence a Deus e organizamos nossa vida seguindo os passos do Mestre; assumimos nossas responsabilidades na preservação do mundo; e nos tornamos solidários com os irmãos e irmãs que, entre alegrias e esperanças, tristezas e angústias, caminham pelas estradas do mundo rumo ao céu.