O destino do Cine Capitólio
Cine Capitólio em funcionamento, década de 1990 – RHCG
DÉCADAS RUINDO exposto as intempéries e ao descaso das autoridades, enfim, o Cine-teatro Capitólio receberá a atenção merecida. Após muito penar em várias reuniões e muita burocracia, na manhã de uma quinta-feira, 16 de Abril, ficou definida a primeira etapa da reestruturação do Cine Capitólio. A reunião, que aconteceu na Secretaria de Cultura de Campina Grande, teve a participação de representantes da Prefeitura Municipal de Campina Grande, IPHAEP, UEPB, UFCG, além de arquitetos, historiadores e representantes artístico-culturais da cidade, representando a SPA estava o seu Presidente Erik Brito. O projeto consiste em transformar o Capitólio em um centro multicultural, respeitando a fachada tombada, porém, alterando sua estrutura interna. Produzido pela
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arquiteta Mayrla Solto Maior, mesmo sofrendo algumas alterações, a proposta aprovada pelo conselho idealiza a reforma do prédio com dois pisos: no térreo uma cinemateca, um café e uma ala para exposições de artes plásticas paraibaonline ou teatro de rua, e no primeiro andar, duas salas de cine-teatro. Para a diretora Executiva do IPHAEP, Cassandra Figueiredo, a adequação do projeto aos moldes históricos e dentro do consenso de utilizar o espaço como área multicultural, engrandece o respeito pela história de Campina. “Saio daqui muito contente e feliz, pois, nossa preocupação é justamente com o tamanho do patrimônio, de um valor histórico fantástico que está destruído, então entramos em um consenso para revitalizá-lo transformando-o em um Centro Cultural acolhendo os mais diversos gritos da cultura local”, acentuou. Após este processo de unificação das ideias para formatação do projeto final, a proposta será enviada para apreciação ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba, para que tão logo ocorra a aprovação pelo órgão, se inicie o plano de execução do projeto, no que diz respeito a sua funcionalidade. Apesar das definições já estabelecidas, a SPA continuará acompanhando o desenvolver do projeto, que em um segundo momento, em data ainda não acordada, discutirá se o centro cultural será administrado por entidade pública ou parceria publico – privada. Com informações do paraibaonline.
NO DIA 11 DE ABRIL, o historiador Vanderley de Brito foi até o município de Cabaceiras, no cariri paraibano, para dar prosseguimento à pesquisa que vem realizando no arquivo paroquial desta cidade para o projeto genealógico “Os Brito da ribeira de Ramada”. Já decorrem três anos de pesquisa e até o momento o projeto já vem reunindo centenas de fotografias antigas e documentos, eclesiásticos e civis, relacionados à família em estudo. Inúmeras entrevistas também já foram realizadas em diversos municípios do Estado com velhos descendentes dos Brito e a pretensão é de que o livro esteja pronto e impresso ainda em 2015.
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Estudos genealógicos
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ARTIGO 1 __________________________________________________________________ O complexo arqueológico/espeleológico da Serra da Tesoura, Boqueirão, Paraíba Prof. Dr. Juvandi de Souza Santos Historiador e Arqueólogo.
Os sertões da Paraíba, cobertos pela caatinga arbóreo-arbustiva, de formação geológica cristalina, sol causticante, belas formações rochosas e outrora habitada pelos indígenas Cariris e Tarairiús, guarda em seus confins, riquezas materiais e naturais ainda pouco conhecidas. O Grupo Paraíba de Espeleologia, ligado ao Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da Universidade Estadual da Paraíba (GPE/UEPB), realizou mais uma investida pelas caatingas do município de Boqueirão e localizaram várias cavidades naturais do tipo abrigo sob rocha e ao menos três sítios arqueológicos, sendo dois cemitérios Cariris. Compondo a equipe tivemos o Professor da UEPB Ozéas Jordão e representando a SPA estive na companhia do Prof. Thomas Bruno Oliveira. Os abrigos rochosos estão localizados na Serra da Tesoura, distante da cidade de Boqueirão cerca de 14 Km, por estrada carroçável. O que chamou a atenção de nossa equipe, além da beleza cênica do lugar (dos abrigos, da formação geológica antiquíssimo da região e da caatinga ainda preservada), foram os cemitérios Cariris, pois, ambos estão praticamente intactos, inclusive com claras evidências de material arqueológico aflorando, a exemplo de crânios humanos e vestígios de cerâmica. Esses novos achados irão consolidar nossos estudos acerca dos indígenas Cariris e de suas formas de inumações. O que lamentamos é a escassez de recurso para escavá-los de imediato e estudar o material arqueológico coletado, bem como, a falta de incentivo dos governos (Federal, Estaduais e Municipais) em contribuir de alguma forma com as pesquisas nessas regiões. Ao contrário do que deveríamos fazer, nossa equipe acha por
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Equipe em um dos abrigos da Serra da Tesoura, Boqueirão-PB - SPA
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bem não divulgar a localização exata desses sítios, pois, o que ocorre, quase sempre quando divulgamos esses achados arqueo/espeleológicos, é uma corrida frenética de pessoas mal intencionadas a esses locais, que acabam por violar a necrópole e até destruir parte da gruta, com escavações clandestinas. Como exemplo, temos a Gruta do Caboclo, na Paraíba, que foi Prof. Juvandi Santos - SPA completamente vandalizada.
NO DIA 17 DE ABRIL, o Secretário de Turismo de Ingá, Sr. Walter Mário da Luz, publicou em seu blog a notícia de que engenheiros do Governo do Estado da Paraíba estiveram na Pedra do Ingá e colocaram marcos em tinta vermelha sobre o lajedo para elaboração do projeto turístico do Ingá e estas Prof. Erik de Brito e equipe do IPHAN - SPA marcações seriam aonde se apoiaria as bases de uma passarela sobre o lajedo. Além dessas informações, o blog divulgou foto de um dos marcos. A par dessas informações, o professor Erik Brito, presidente da SPA, imediatamente prestou denúncia junto ao Ministério Público e enviou um ofício de repúdio ao IPHAN se mostrando terminantemente contrário a tal iniciativa, sob a alegação de que esta passarela viria poluir visualmente o lugar e iria contrariar o tombamento da paisagística natural deste sítio arqueológico. Além disso, de acordo com Erik Brito, uma passarela ali seria contraproducente ao turismo local, pois, como deve ficar a mercê das intempéries, a cada pouco intervalo de tempo esta passarela apresentaria desgastes e constantemente inviabilizaria a visitação por anos, até que o Governo se mobilizasse pela recuperação da estrutura. Ainda se aguarda o posicionamento do MPF e do IPHAN sobre o assunto, mas, caso não seja tomada nenhuma medida para se impedir tal empreendimento, o professor pretende mobilizar a sociedade e entidades de proteção ao patrimônio para impedir que uma passarela seja construída por sobre o lajedo da Pedra do Ingá: “Isso é uma aberração! Vamos lutar até as últimas instâncias para que a profanação daquele importante nicho não venha a ocorrer”, afirmou Erik Brito.
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Presidente da SPA é contrário a construção de passarela no Ingá
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ARTIGO 2 __________________________________________________________________ Dias felizes Carlos Alberto Azevedo
NÃO SE PODE Mercado de São José - guiadasemana imaginar a felicidade de rever uma cidade que nos acolheu durante muitos anos. Não é Italo Calvino? Revi Recife. Revivi Recife. Encontrei gente do passado. Vivas, vozes, vivas do Recife de ontem. Não àquele Recife de Manuel Bandeira, mas o meu Recife dos anos sessenta do século passado. Recife, subversivo, Recife rebelde, Recife de muitas lutas sociais. Recordo: Dom Hélder Câmara vinha vindo vagarosamente. Saíra do Palácio Episcopal, para nos salvar das tropas do Exército que sitiavam a Faculdade de Sociologia e Ciências Políticas. Os militares tomavam guaraná Fratelli Vita (a fábrica da Fratelli Vita ficava quase em frente à Faculdade de Sociologia, no bairro da Soledade) enquanto esperavam ordens para nos prender. Dom Hélder calmo, manso por natureza, falou com o coronel e nos libertou da sanha dos milicos. A soldadesca foi saindo, indo, sumindo. Vaias, viva dom Hélder, abaixo a ditadura ecoavam na noite suja do Recife insone. Posso esquecer o Mercado de São José? Belíssimo mercado, foi inspirado no mercado do Grenelle, de Paris –obra de Louis Lèger Vauthier e Louis Lieuthier. Em 1969, as irmãs Ita e Olívia Pinto Ferreira me viciaram em comer mão de vaca regada a Pitú, no Mercado de São José, no boteco de Fátima... Décadas depois, voltei ao mercado e saboreei a melhor mão de vaca do mundo. Não foi Ita? Não foi Olívia? Certa vez (em 1970), recebi a incumbência de levar um jesuíta francês ao Mercado de São José. Era antropólogo e estava interessado em fazer um levantamento de ervas medicinais. Sabe quem era o antropólogo? Simplesmente, o famoso Michel De Certeau (1925-1986), autor de A invenção do cotidiano (1980), um ícone da pós modernidade. Recife tem surpresas!!! Visitei também o antigo Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (hoje Fundação Joaquim Nabuco), em Casa Forte. Nesta instituição de pesquisa, trabalhei vários anos, com Gilberto Freyre, Sylvio Rabello, Amaro Quintas, Roberto Motta, Fátima Quintas e tantos outros cientistas sociais do Nordeste. Lá, conheci um dos maiores antropólogos do Brasil: René Ribeiro. Autor de Vitalino: um ceramista popular do Nordeste (1959). Sabe quem descobriu o Mestre Vitalino? Foi René Ribeiro. Acordei (foi um sonho...) a caminho do aeroporto Guararapes – Gilberto Freyre, onde três cientistas alemães esperavam por mim, para ir ao Juazeiro do Padre Cícero.
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Antropólogo, Vice-Presidente da SPA.
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Palestras sobre Missões na Capitania da Paraíba NESTE MÊS de abril, o professor Vanderley de Brito , proferiu duas palestras sobre o processo de missionação de indígenas na antiga Capitania da Parahyba durante os séculos XVI, XVII e XVIII pelas ordens SPA religiosas aportadas no Brasil com este propósito e sobre os resquícios materiais e imateriais ainda existentes no território. A palestra tem base no livro “Missões na Capitania da Paraíba”, publicado em 2014 pela Cópias & Papéis e já em vias de uma segunda edição. A primeira palestra ocorreu no dia 06 de abril no auditório da Central de Aulas da Universidade Estadual da Paraíba e foi dirigida aos alunos do curso de História, disciplina História da Paraíba, que é ministrada pela professora Dra. Luíra Freire Monteiro, e a segunda palestra se deu no dia 25 de abril no município de Boqueirão durante o evento “I Seminário sobre a História de Boqueirão”, promovido pela Associação Boqueirãoense de Professores Católicos – ABPC.
A REVISTA ELETRÔNICA TARAIRIÚ (issn 2179-8168) é uma publicação do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB (LABAP/UEPB), com sede em Campina Grande-PB, atuando na divulgação de pesquisas nos seguintes campos científicos: 1. História do povoamento pré-histórico e histórico da América Latina; 2. Arqueologia; 3. Paleontologia. 4. Espeleologia. De periodicidade semestral, a Revista Tarairiú recebe contribuições em fluxo contínuo, de acordo com as Normas para Submissão. Para o próximo número, o prazo para envio é 30 DE JULHO.
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Chamada de artigos para Revista Tarairiú
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NO DIA 15 DE ABRIL pela manhã, alunos da Escola Estadual Professor Lordão, da cidade de Picuí, acompanhados pelo professor Robson Rubenilson (Sócio da SPA) e Dean Carvalho visitaram o sítio arqueológico Xique-Xique I e em seguida o monte do Galo no município de Carnaúba dos Dantas-RN. Os alunos desenvolvem um projeto de Arqueologia "Um passado ameaçado" em detrimento a exposição e fragilidade dos geossítios, trabalhando à geoconservação e geodiversidade do Seridó Paraibano/Potiguar. As visitas são orientadas e controladas pela Secretaria de turismo da cidade, através do guia Carlinhos. Com informações e imagens do site livrevozdopovo
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Alunos de Escola de Picuí visitam sítio arqueológico em Carnaúba dos Dantas-RN
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ARTIGO 3 __________________________________________________________________ Registros rupestres palmatiformes na Paraíba Prof. Vanderley de Brito
NA PARAÍBA há centenas de sítios arqueológicos pré-históricos onde o testemunho se caracteriza por pinturas feitas sobre a superfície de pedras com pastas pigmentadas a partir de uma solução de corantes minerais e fixadores de origem vegetal e animal, que denominamos de inscrições, registros ou pinturas rupestres. Dentre os variados motivos que os homens primitivos utilizavam para expressar seu universo simbólico nas pedras, a maioria dos sítios rupestres apresenta em sua composição gráfica impressões palmatiformes. Um registro, cuja técnica de execução é simples: primeiro untava-se a mão na pasta pigmentada, geralmente o ocre, para em seguida carimbar a superfície do monumento rochoso com a face interna e côncava da mão, deixando impresso a forma positiva de mão espalmada. Outra particularidade comum deste tipo de manifestação pictórica é, em sua maioria, representar-se por carimbos de mãos de crianças. Devido a grande presença de mãos com dimensões diminutas, muitas vezes cercando figuras zoomorfas nos painéis rupestres, imaginamos serem manifestações de possíveis rituais para inicializar púberes na prática da caça. Sobre estes registros de mãos carimbadas, o veterano pesquisador Balduíno Lélis na informalidade nos disse crer que estariam relacionadas com posse, domínio, autoridade ou poder. Seja sobre o monumento rochoso, o território adjacente ou a qualquer outra representação que compunha o conjunto gráfico onde estão inseridas. Até o presente, ainda não se identificou na Paraíba impressões negativas de mão, uma técnica muito utilizada por sociedades primitivas, especialmente na Europa, onde se projetava tinta através de um canudo, por sopro, sobre a mão pousada na parede deixando sua silhueta em negativo na pedra suporte. Entretanto, estas não foram as únicas formas que os primitivos se valiam para representar mãos em suas pinturas, outras manifestações palmatiformes também muito difundida nos painéis rupestres do Estado, além dos grotescos carimbos palmáticos, são delicados desenhos figurativos de mãos delineados através de milimétricos traços feitos com ajuda de algum tipo de pincel artesanal. Dificilmente chegaremos a uma compreensão definitiva sobre os objetivos da prática de carimbar ou estilizar mãos em superfícies de rochas pelas sociedades préhistóricas. Contudo, a arqueologia é quase unânime em relacionar esta prática a rituais mágicos, cujas origens há muito se perderam no passar dos séculos.
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Historiador, sócio efetivo da SPA.
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Na Índia, arqueólogos encontram esqueletos da mais antiga civilização do subcontinente Ossadas datadas de até 5.000 anos foram descobertas na fronteira entre o país e o Paquistão e fazem parte da civilização harappeana – (reprodução/HTPunjab) ARQUEÓLOGOS INDIANOS anunciaram que encontraram quarto esqueletos humanos datados da mais antiga civilização do subcontinente, reportou a BBC India nesta quarta-feira (15/04). Os restos foram descobertos em um cemitério no estado de Haryana, situado no norte da Índia, próximo à fronteira com o Paquistão, após mais de dois anos de pesquisa em conjunto com cientistas sul-coreanos da Universidade de Seul. Essas ossadas remontam à civilização harappeana, também conhecida como “civilização do Vale do Indo”, que floresceu na região há aproximadamente 5.000 anos Durante milênios, esse povo ficou esquecido, mas sua existência voltou ao radar de arqueólogos e historiadores durante escavações feitas na cidade de Mohenjo Daro (atual território paquistanês) na década de 1920. Em entrevista ao The Hindustan Times, o arqueólogo Nilesh Jadhav explicou que os restos são de dois homens, uma mulher e uma criança. Próximos aos esqueletos, Jadhav afirma que foram vistos “alguns itens como cerâmica com grãos de comida e pulseiras, o que nos permite supor que eles acreditavam em reencarnação" Fonte: operamundi–uol
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– Mapa de atuação da SPA em Março de 2015 –
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