Boletim Informativo da Sociedade Paraibana de Arqueologia 122 mai 2016

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Arqueologia da Pedra do Ingá: enigma e realidade

NO DIA 28 DE ABRIL, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba – IPHAEP promoveu mais um evento do Fórum Permanente de Ciência e Cultura, na presente edição, compondo a série ‘Arqueologia Pré-Histórica (Paraíba)’, a temática envolvida foi ‘Arqueologia da Pedra do Ingá: enigma e realidade’. O evento ocorreu nas dependências do auditório Humberto Nóbrega, na sede do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba, na capital João Pessoa tendo como instituições colaboradoras o IHGP e a Sociedade Paraibana de Arqueologia – SPA, contando com a palestra do Prof. Vanderley de Brito e a mesa de debates composta por


Carlos Alberto Azevedo, Thomas Bruno Oliveira, Márcia de Albuquerque Alves e Cláudio Nogueira, com a mediação de Cassandra Figueiredo. O evento teve como objetivo despertar a sociedade civil e política para o conhecimento desse bem cultural existente na Paraíba, buscando assegurar a proteção e disciplinar a preservação VVaannddeerrleleyyddeeBBrrititooeemmssuuaappaalelessttrraa--SSPPAA promovendo uma educação patrimonial. Por cerca de uma hora, Vanderley de Brito fez uma extensa explanação das multiplas facetas da Pedra do Ingá, utilizando-se de um conjunto de imagens para ilustrar sua fala. Para o debate, o Diretor do IPHAN Cláudio Nogueira dividiu a fala com a arqueóloga (Ana Carolina) tratando da necessidade de uma CCaarrlolossAAzzeevveeddooccoommaappaalalavvrraa--SSPPAA gestão mais eficiente, preservação e apropriação mais positiva daquele patrimônio arqueológico; a Profa. Márcia Alves deu subsídios para o uso da Pedra do Ingá na sala de aula; Carlos Azevedo trouxe uma indagação enigmática: “nosso passado terá um futuro?”, onde abordou as possibilidades de uma arqueologia virtual e modelo tridimensional do sítio EErrikikddeeBBrrititoonnaaaabbeerrttuurraaddooeevveennttoo--SSPPAA arqueológico, exibindo um trecho do filme ‘A caverna dos sonhos perdidos’. Por fim, o Prof. Thomas trouxe alguns pontos para reflexão, sobretudo sobre uma gestão turística a serviço da preservação do patrimônio arqueológico. Segundo a mediadora e Diretora do IPHAEP Cassandra Figueiredo, eventos como esse são importantíssimos para a promoção da preservação e o fomento de mais e mais debates acerca do patrimônio histórico e arqueológico da Paraíba. Para o Presidente da SPA Erik de Brito, onde existir uma roda de conversas sobre a preservação do patrimônio cultural da Paraíba, a SPA estará presente. (

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Livro conta História de Esperança-PB NUMA SESSÃO ESPECIAL bastante concorrida, na noite de quinta-feira (28/04), a Câmara Municipal de Esperança foi palco para o lançamento do livro “BANABOÉ CARIÁ: RECORTES DA HISTORIOGRAFIA DE ESPERANÇA”, do escritor Rau Ferreira. Com a presença de autoridades dos três poderes e de pessoas da sociedade, a câmara ficou lotada na expectativa de conhecer o trabalho que conta a história de Esperança nos seus mais diversos aspectos. Na tribuna, todos destacaram a importância do momento e quanto valorosa foi a iniciativa do escritor em registrar a história esperancense com dedicação e competência. Entre os oradores que se alternaram na tribuna, o vereador presidente José Adeilton Amazan, deputado Arnaldo Monteiro,

Ao final, o prefeito Anderson Monteiro, responsável pelo prefácio do livro e pelo patrocínio oferecido pela prefeitura, se mostrou orgulhoso pela forma como o trabalho foi realizado com eficiência e talento e por se tornar numa importante fonte de informação e preservação da história esperancense. Agradecido pelo incentivo e pela produção de mais um

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procurador Antônio de Pádua Torres, juíza Fracilene Lucena, a presidente do Instituto Histórico de Campina Grande Maria Ida Steinmuller. Ainda apresentando o escritor e representando a comissão de revisão do livro composta por Evaldo Brasil e Carlos Almeida, o secretário de esportes e cultura João Delfino Neto.

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trabalho de sua autoria, o escritor e historiador Rau Ferreira fez questão de destacar o apoio da Prefeitura de Esperança e a colaboração de todos aqueles que contribuíram na construção de tão importante publicação para o município e sua história. Quanto ao título do livro, BANABOÉ CARIÁ, matou uma curiosidade de todos dizendo ser uma expressão na língua cariri pertencente aos índios que VVaannddeerrleleyyddeeBBrrititooaaoolaladdooddooaauuttoorrRRaauuFFeerrrreeiriraa--SSPPAA primeiro habitaram nossa terra sendo, por sua vez, BANABOÉ: “tanque grande” e CARIÁ: “lugar de origem do homem branco”. O autor completou a noite com uma sessão de autógrafos dedicando exemplares a todos os presentes. Além do presidente Amazan, a sessão foi composta pelos vereadores Adailton dos Santos, Cristiana Almeida, Joelmir Ribeiro, Josinaldo Ferreira e Adijailson Costa “Tité. Representando a Sociedade Paraibana de Arqueologia, estiveram presentes o Presidente Erik de Brito, Thomas Bruno Oliveira e Vanderley de Brito. Fonte: Historiaesperancense (adaptado)

NO CORAÇÃO de Campina Grande-PB, a Praça da Bandeira é um marco geográfico e histórico. Foi neste lugar que tivemos calorosos comícios políticos, foi ali que muitos amigos e casais se conheceram, foi ali que o ex vereador ‘Pinta Cega’ soltou pombos para da um ar francês à Rainha da Borborema e é ali, atualmente, que no largo do famoso ‘Café Aurora’ existe uma espécie de ‘Boca-Maldita’, lugar PPrraaççaaddaaBBaannddeeiriraaisisoolaladdaappoorrttaappuummeess--PPaarraaibibaaoonnlilninee por onde aflui um sem número de transeuntes que, da mesma forma que no Calçadão da Cardoso Vieira, tem contato com toda sorte de informações políticas e fofocas de todos os níveis, principalmente dos cidadãos mais destacados da urbe. Em fins de março, a também conhecida como a “Praça dos Pombos” foi isolada por tapumes para uma reforma. Segundo a administração municipal: “A Praça da Bandeira será totalmente revitalizada, contemplando mudanças no piso e recebendo uma nova iluminação, mais eficiente e moderna, com a instalação das lâmpadas de LED. De

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Praça da Bandeira passa por reformas

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acordo com o setor de Engenharia da SESUMA (Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente), os serviços de implantação do novo piso e da nova iluminação do local deverão concluídos até o final de maio ou início de junho, antes dos festejos juninos de 2016”. O Prefeito Romero Rodrigues Veiga afirmou: “Vamos tornar esse ambiente mais seguro e confortável para a PPrraaççaaddaaBBaannddeeiriraaeesseeuummoossaaicicooddeeppeeddrraassppoorrttuugguueessaass((OOuutt//22001515))--SSPPAA população campinense”. A Praça que é um dos logradouros públicos mais concorridos da cidade, contendo praças de Taxi, Moto-Taxi, paradas de ônibus, ponto de comércio, a “Boca Maldita” do Café Aurora, Bancas de Revista e ponto de encontro de estudantes e populares, no momento é alvo de um imbróglio político e jurídico, por estar em uma área delimitada de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba IPHAEP, o seu projeto de reforma deveria obrigatoriamente ser apreciado pelo órgão de preservação e não foi. Sabendo da reforma, o IPHAEP embargou a obra ainda no mês de março. Em contato com a Diretora do IPHAEP Cassandra Figueiredo, obtivemos a seguinte informação: “A solução do caso é simples, apenas que a Prefeitura de Campina nos envie o projeto para análise e autorização. Essa análise será uma prioridade para nós, tendo em vista o nosso interesse em ver um bem cultural requalificado e devolvido para a apreciação e ocupação da população”. Observemos que a questão em voga é estritamente legal quanto a legislação patrimonial, no entanto, correligionários atribuíram ao caso uma perseguição política do Governador para com a Prefeitura de Campina Grande. Fato é que a procuradoria do município entrou na justiça por achar a medida arbitrária. Não sabemos de onde surgiu esta informação, mas foi divulgado por muitos nas redes sociais que o motivo do embargo foi a troca de piso de pedra portuguesa da Praça por uma superfície de placas intertravadas, a exemplo do que existe atualmente no calçadão do Açude Velho e na orla de Tambaú na capital paraibana, quem divulgou depreciou o atual piso afirmando não ser “histórico”, ora, tudo o é! No dia 21 de março houve uma audiência promovida pelo Ministério Público onde foram convocados o IPHAEP e a Prefeitura. Ficou acordado que a Prefeitura Municipal teria que obedecer ao embargo do IPHAEP, apresentar o projeto para análise e o IPHAEP teria 48 horas úteis para devolver o projeto analisado. Segundo Cassandra: “Nos colocamos desde o início à disposição, para assim que recebêssemos, encaminhar o projeto analisado o mais rápido possível, tendo em vista a nossa preocupação com a requalificação de um bem cultural, para o usufruto da população. Recebemos o projeto na quarta feira a tarde. Se não for observada nenhuma complementação a fazer no mesmo, iremos iniciar a análise e entregaremos no prazo estabelecido”. Dias depois a obra de reforma foi aprovada pelo órgão de preservação, no entanto, por conta da contenda, a reforma não ficará pronta até o início dos festejos juninos do Maior São João do Mundo, festa mais tradicional da cidade. Por Thomas Bruno Oliveira

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ARTIGO 1 __________________________________________________________________ Serra Velha: acervo arqueológico e histórico Dennis Mota Oliveira

A SERRA DE BODOPITÁ possui 45km de extensão e está entre os municípios de Queimadas e Itatuba. No trecho compreendido entre os municípios de Ingá e Itatuba, ela recebe a denominação de Serra Velha, lugar que vem há muito tempo nos chamando a atenção, devido a suas exuberantes formações rochosas e por seu abundante acervo histórico e arqueológico. Essa cadeia de Montanhas do planalto da Borborema foi palco de vários acontecimentos da Pré-História e da História de nossa região. Os documentos que comprovam esse fato não se encontram em museus ou bibliotecas, mas estão lá, gravados nas rochas e na memória de seus habitantes. Pessoas simples, humildes e trabalhadoras, que quando perguntadas a respeito de tais testemunhos não fazem a menor cerimônia em exibir ou até mesmo contar histórias e lendas, vividas ou repassadas por seus ancestrais. Suas furnas serviram de abrigo para os índios, como também refúgio para cangaceiros como o famoso Antônio Silvino, que segundo moradores, esteve por lá. É muito comum ouvir histórias fantasiosas sobre luzes misteriosas, pedras encantadas que se abrem e até mesmo espíritos que vem para oferecer as “lendárias” botijas. Em 1996 uma equipe do Centro Paraibano de Ufologia CPB-UFO juntamente com uma equipe do exército, esteve na Pedra da Janela em busca de pistas sobre luzes que segundo a Sra. Marina da Silva, (moradora da Serra), apareciam todas as noites. Nesta mesma investida os pesquisadores constataram que o lugar possui grande quantidade de minério de ferro. No ano seguinte iniciei minhas buscas por vestígios arqueológicos juntamente com meu primo Lúcio Farias, e recebemos a informação de um morador local que dizia respeito a uma suposta furna, cheia de ossos de “índios brabos”. Prontamente fomos averiguar a veracidade das informações, mas na ocasião não encontramos os supostos ossos, mas sim uma moeda muito antiga nos escuros e profundos corredores da furna, que fora descoberta por um caçador, quando sua presa caíra num buraco. Na mesma ocasião, fomos informados sobre um morador que havia encontrado em seu roçado um “pote de barro cheio de ossos dentro”. Encontramos o humilde Sr. José Felismino, que nos contou tudo sobre o fato. Segundo ele, enquanto usava o cultivador, viu aflorar um pote de barro, que foi em parte quebrado pelo impacto com o arado. Ele desenterrou o restante e observou que dentro do pote haviam “ossos de gente”. Ele guardou o achado

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Sócio efetivo da SPA.

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numa casa de farinha, mais tarde o quebrou e jogou fora. Esse fato foi muito lamentado por nós. Na oportunidade, tentamos convencer o agricultor a lembrar-se onde porventura ele haveria jogado os restos da suposta urna funerária, porém sem sucesso. Infelizmente fatos como esse são comuns dada a falta de informação da maioria da população, que cada vez mais comprometem irreparavelmente os estudos da Pré-História regional..

Excursão ao Cariri Paraibano

CONSIDERANDO a importância do conhecimento histórico local, o Curso de História do Campus III da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Guarabira, sob iniciativa e orientação do Professor Juvandi de Souza Santos, promoveu mais uma aula de campo interdisciplinar. A atividade foi promovida Vaqueiro tangendo a boiada - SPA pelas disciplinas “História da América I” e “História do Brasil Colônia”, ministradas, respectivamente, pelo Professor Juvandi de Souza Santos. Numa totalidade de 40 alunos que no dia 13 de maio, em uma visita ao Cariri paraibano, puderam interagir com as diferentes modalidades geográficas e históricas presentes em um mesmo espaço. Os estudos se iniciaram na Praça do Meio do Mundo

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Turma de alunos no Lajedo de Pai Mateus - SPA

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(no encontro da BR 230 e BR 412 – PB) e seguiram pelos municípios de Boa Vista, São João do Cariri, Cabaceiras, Boqueirão e Queimadas. Dentre os vários lugares visitados está, por exemplo, a Muralha do Meio do Mundo, um acidente geológico que originou um muro natural de pedra que avança até o sertão piauiense; Lajedo de Pai Mateus, aonde podemos encontrar uma formação rara e peculiar de grandes rochas (matacões), gravuras rupestres de índios cariris que ali habitaram há cerca de 12 mil anos e o refúgio de um ermitão curandeiro que viveu ali no século XVIII cujo nome era Pai Mateus, nome este que foi atribuído a região. Por Raquel Roldan Mastrorosa (Acadêmica em História UEPB).

O VIII TAAS (Congresso Internacional de Teoria Arqueológica da América do Sul) aconteceu em La Paz, Bolívia, entre os dias 23 e 28 de maio, nas dependências do Museu Nacional de Etnografia e Folclore. O TAAS é o congresso de teoria arqueológica mais importante do Continente Americano, congregando excelentes pesquisadores que aproveitam o encontro para divulgação de suas atividades de pesquisas, revistas livros etc. O LABAP e MHN/UEPB e a SPA estiveram representados em La Paz pelo Prof. Juvandi, que coordenou importante simpósio temático, proposto em conjunto com o Prof. Thomas Bruno Oliveira, apresentando dois trabalhos da dupla: um versando sobre a Itacoatiara do Ingá e o outro acerca dos Tapuias Cariri e Tarairiú, importantes grupos indígenas da Paraíba do período do contato. Outras importantes atividades realizadas durante o congresso foram às saídas de campo, proporcionando aos integrantes do TAAS (na sua maioria professores universitários), conhecerem melhor os importantes sítios arqueológicos da região da Cultura Inca e de outros grupos humanos. Essa atividade contribui para enriquecer os conhecimentos desses professores/pesquisadores que ao voltarem aos seus países de origem subsidiarão melhores aulas e mais conhecimentos para seus alunos, contribuindo assim para melhorar e reforçar o processo ensino/aprendizagem. O próximo TAAS será no Equador no ano de 2018.

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VII TAAS – Bolívia 2016

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Chamada de artigos para Revista Tarairiú

A REVISTA ELETRÔNICA TARAIRIÚ (issn 2179-8168) é uma publicação do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB (LABAP/UEPB), com sede em Campina Grande-PB, e surge como um novo meio de divulgação de pesquisas nos seguintes campos científicos: 1. História do povoamento pré-histórico e histórico da América Latina; 2. Arqueologia; 3. Paleontologia. 4. Espeleologia. As pesquisas e debates científicos nestas áreas compõe o objetivo da Revista que publica artigos inéditos, resenhas e entrevistas redigidos em português, inglês, espanhol ou francês. De periodicidade semestral, a Revista Tarairiú recebe contribuições em fluxo contínuo, de acordo com as Normas para Submissão. Para o próximo número, o prazo para envio é 30 de julho de 2016. A Revista Tarairiú possui Qualis B4 e sua denominação foi escolhida como uma homenagem a grande parte dos indígenas que habitaram os sertões nordestinos, sobretudo o interior da Paraíba, que foram os índios de vários grupos Tarairiú.

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– Mapa de atuação da SPA em Maio de 2016 –

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