TCC DE ARQUITETURA | BIBLIOTECA PARQUE | SARANDI, PR - MONOGRAFIA

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FACULDADE DE ENGENHARIA E INOVAÇÃO TÉCNICO PROFISSIONAL

GRADUAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO

MÔNICA SANTOS DE ALMEIDA

BIBLIOTECA PARQUE DA CRIA(TIVIDADE): um novo conceito de biblioteca pública em Sarandi, Paraná.

MARINGÁ 2021


MÔNICA SANTOS DE ALMEIDA

BIBLIOTECA PARQUE DA CRIA(TIVIDADE): um novo conceito de biblioteca pública em Sarandi, Paraná.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à FEITEP – Faculdade de Engenharias e Arquitetura, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo Orientador(a): Prof(a). Me.: Thais da Silva Santos Co-orientador(a): Profª. Me.: Hana Beatriz El Ghoz Kopp

MARINGÁ 2021


FEITEP – Faculdade de Engenharia e Inovação Técnico Profissional

MÔNICA SANTOS DE ALMEIDA

BIBLIOTECA PARQUE CRIA(ATIVIDADE). Um novo conceito de biblioteca pública em Sarandi, Paraná.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à FEITEP – Faculdade de Engenharias e Arquitetura, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo Orientador(a): Prof(a). Me.: Thais da Silva Santos Co-orientador(a): Profª. Me.: Hana Beatriz El Ghoz Kopp

BANCA EXAMINADORA _____________________________________ Professor Orientador: Me. Thais da Silva Santos - FEITEP

_____________________________________ Professor: Dr. Y - FEITEP

___________________________________ Professor: Me. Z - FEITEP Data de Aprovação:_____ de ________ de 2021.


DEDICATÓRIA À minha mãe, meu pai e minha irmã pelo apoio e pela paciência que tiveram comigo durante toda a graduação. À minha melhor amiga Kamilla, por sempre acreditar no meu potencial enquanto pessoa e profissional.


AGRADECIMENTOS

Durante os cincos anos que me dediquei nesta jornada, em muitos momentos não consegui estar na companhia de meus amigos e familiares, por isso gostaria de dedicar este trabalho, sobretudo, a eles. Dito isso, meus sinceros agradecimentos:

À minha orientadora, Thais, que esteve comigo durante o desenvolvimento deste trabalho e me incentivou a entregar cada vez um resultado melhor. À minha coorientadora e professora, Hana, que me ensinou tantas coisas durante a graduação e acreditou no meu potencial. Ao meu professor Cairo, que me ensinou que projetar a arquitetura é muito mais do que apenas desenhar, é resolver um problema real. À minha atual chefe, Rúbia Dutra e aos anteriores, Marcio Lorin e Fernanda Berbicz, que me incentivaram e me estimularam a crescer tanto e atingir meus objetivos. À minha família, pelo carinho, amor e paciência em todos os momentos da minha vida. Aos meus amigos Kamilla, Mikaely, Bruna e Lucas que disponibilizaram tempo e conhecimento para me ajudar em algumas etapas do processo. Aos demais amigos da faculdade e da vida Tatiane, Ewerton, Everton, Isabela, Natália e Raquel que nunca me deixaram desistir dos meus sonhos e me deram força quando mais precisei. A todos os professores e docentes da FEITEP, por tanto aprendizado e por me auxiliarem e me conduzirem nessa caminhada. À todas as pessoas que trilharam meu caminho, contribuíram com meu crescimento enquanto mulher e profissional e me ajudaram a subir cada vez mais um degrau diferente.


Se a biblioteca é, como pretende Borges, um modelo do Universo, tentemos transformá-la num universo à medida do homem e, volto a recordar, à medida do homem quer também dizer alegre, com a possibilidade de se tomar um café, com a possibilidade de dois estudantes numa tarde se sentarem num maple e, não digo de se entregarem a um amplexo indecente, mas de consumarem parte do seu flirt na biblioteca, enquanto retiram ou voltam a pôr nas estantes alguns livros de interesse científico, isto é, uma biblioteca onde apeteça ir, e que se vá transformando gradualmente numa grande máquina de tempos livres (Umberto Eco in A Biblioteca, 1994)


RESUMO A instituição biblioteca data desde a antiguidade, e tornou-se aliada do homem em diversos períodos da história por ter conseguido se adaptar nas diferentes sociedades. Com o tempo e a industrialização, as bibliotecas começaram a ficar subutizadas e sem atratividade, neste contexto, surgem as chamadas bibliotecas parques com o intuito de remodelar o programa da instituição, com foco em atender funções sociais, econômicas e culturais de comunidades desfavorecidas. Todavia, em muitas cidades, especialmente aquelas que tiveram um desenvolvimento tardio e com a predominância de uma classe baixa, a instituição biblioteca, quando existente, é apenas um repositório de livros. Caso da cidade de Sarandi, que apresenta um déficit de ambientes culturais e de lazer, e conta com seus espaços bibliotecários estagnados e insuficientes. Sendo assim, o objetivo de projetar uma biblioteca parque nesse cenário é fornecer meios para que a comunidade possa adquirir e aplicar conhecimentos no campo da informação e da cultura, tornando-a ainda um espaço para ser utilizado como descompressão social. Ademais, pretende-se com o projeto atender grande parcela da população que hoje busca por qualificações, lazer e cultura, sobretudo, nas cidades vizinhas. Palavras-chave: Biblioteca Parque. Biblioteca Pública. Arquitetura Pública. Cultura.


ABSTRACT The library institution dates back to antiquity,became an ally of man in different periods of history, having to manage to adapt to different societies. With time and industrialization, libraries began to become underused and unattractive, in this context, the so-called park libraries emerged with the aim of remodeling the institution's program. With the focus in serving the social, economic and cultural functions of disadvantaged communities. However, in many cities, especially those that had a late development and with the predominance of a lower class. The library institution when it exists, is only a repository of books. Case of the city of Sarandi, which has a deficit of cultural and leisure environments, and has stagnant and insufficient library spaces. Therefore, the objective of designing a park library in this scenario is to provide means for the community to acquire and apply knowledge in the field of information and culture, making it even a space to be used as a social decompression. Furthermore, the project is intended to serve a large portion of the population that is currently looking for qualifications, leisure and culture, especially in neighboring cities. Key words: Park Library. Public Library. Public Architecture. Culture.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS RMM

Região Metropolitana de Maringá

IFLA

Federação Internacional de Associações e Instituições de

Bibliotecas INL

Instituto Nacional do Livro

SNBP

Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas

IBICT

Instituto Brasileiro de informação em Ciência e Tecnologia

FEBAB

Federação Brasileira de Associação de Bibliotecários

IBGE

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MUBE

Museu Brasileiro de Escultura

NBR

Norma Brasileira

SBPM

Plano Diretor de Serviços de Bibliotecas Públicas de Medellín

PAC

Programa de Aceleração do Crescimento

ONU

Nações Unidas

ODS

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

BVL

Biblioteca Parque Villa-Lobos

CML

Biblioteca Metropolitana de Columbus

BSP

Biblioteca Pública de São Paulo

APMI

Associação de Proteção à Maternidade e à Infância

CTNP

Companhia de Terras Norte do Paraná

SEC

Sarandi Esporte Club

PCD

Pessoas com deficiência

CSCIP

Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico


LISTA DE FIGURAS Figura 1– Biblioteca de Alexandria ........................................................................ 24 Figura 2 – Interior das bibliotecas gregas.............................................................. 25 Figura 3 - Bibliotecas Monacais (Apostólica Vaticana) .......................................... 26 Figura 4 - Biblioteca Strahav - Praga..................................................................... 27 Figura 5 - Linha do tempo da Antiguidade até o Renascimento ............................ 28 Figura 6 - Biblioteca Nacional do Brasil ................................................................. 31 Figura 7- Biblioteca Pública da Bahia .................................................................... 32 Figura 8 – Biblioteca Mario de Andrade ................................................................ 32 Figura 9 - Linha do Tempo - Bibliotecas no Brasil ................................................. 35 Figura 10 - Cenário das bibliotecas brasileiras ...................................................... 36 Figura 11 - Cenário bibliotecas mundial ................................................................ 37 Figura 12 - Centro Pompidou ................................................................................ 45 Figura 13 - Interior do Centro Pompidou de Paris ................................................. 45 Figura 14 - MuBE - Museu Brasileiro de Escultura ................................................ 45 Figura 15 - MuBE - Museu Brasileiro de Escultura ................................................ 45 Figura 16 - Biblioteca Mario de Andrade após a intervenção ................................ 48 Figura 17 – Biblioteca Parque España .................................................................. 51 Figura 18 - Interior da Biblioteca Parque España .................................................. 52 Figura 19 - Interior da Biblioteca Parque España .................................................. 52 Figura 20 - Biblioteca Parque de Manguinhos ....................................................... 52 Figura 21 - Biblioteca Parque da Rocinha ............................................................. 54 Figura 22 - Objetivos de Desenvolvimento sustentável (ODS) .............................. 55 Figura 23 - Biblioteca Parque Villa-Lobos ............................................................. 58 Figura 24 - Localização Biblioteca Parque Villa-Lobos.......................................... 60 Figura 25 - Setorização vertical BVL ..................................................................... 61 Figura 26 - Fluxo e setorização do pavimento térreo BVL..................................... 62 Figura 27 – Fluxo e setorização do primeiro Pavimento BVL ................................ 63 Figura 28 - Fluxo e setorização do último pavimento BVL .................................... 64 Figura 29 – Entrada BVL café BVL ....................................................................... 65 Figura 30 - Café BVL ............................................................................................. 65 Figura 31 - Malha de pilares BVL .......................................................................... 65 Figura 32 - Midiateca da BVL ................................................................................ 66 Figura 33 - Interior BVL ......................................................................................... 66 Figura 34 – Mesas de estudos BVL....................................................................... 66 Figura 35 - Tecnologia inclusiva - BVL .................................................................. 66 Figura 36 - Tecnologia inclusiva - BVL .................................................................. 66 Figura 37 - Biblioteca Northside ............................................................................ 67 Figura 38 - Localização da Biblioteca Northside ................................................... 68 Figura 39 - Corte esquemático - Biblioteca Northside ........................................... 69 Figura 40 - Planta pavimento térreo - Biblioteca Northside ................................... 70 Figura 41 - Área infantil - Biblioteca Northside ...................................................... 71 Figura 42 - Área de Leitura e computadores - Biblioteca Northside ...................... 71 Figura 43 - Pavimento superior - Biblioteca Northside .......................................... 72 Figura 44 - Rampa com áreas de estudos - Biblioteca Northside ......................... 72


Figura 45 - Materiais Bibliotecas Northside ........................................................... 73 Figura 46 - Exterior Biblioteca Northside ............................................................... 73 Figura 47 - Exterior Biblioteca Northside ............................................................... 73 Figura 48 - Interior da Biblioteca Northside ........................................................... 74 Figura 49 - Acervo Biblioteca Northside ................................................................ 74 Figura 50 - Biblioteca Pública de São Paulo (BSP) ............................................... 75 Figura 51 - Localização da BSP ............................................................................ 76 Figura 52 - Corte esquemático - BSP .................................................................... 77 Figura 53 - Planta pavimento térreo - BSP ............................................................ 78 Figura 54 - Pavimento térreo BSP ......................................................................... 79 Figura 55 - Planta baixa pavimento superior - BSP ............................................... 80 Figura 56 – Terraço 1 - BSP.................................................................................. 80 Figura 57 - Terraço 2 - BSP .................................................................................. 80 Figura 58 - Interior da Biblioteca Pública de São Paulo ........................................ 82 Figura 59 – Fachada Sul - BSP ............................................................................ 82 Figura 60 – Fachada oeste.................................................................................... 82 Figura 61 – Fachada Norte .................................................................................... 82 Figura 62 – Mapa de localização de Sarandi ........................................................ 85 Figura 63 – Mapa esquemático da cidade de Sarandi .......................................... 87 Figura 64 – Centro Cultural Irmã ........................................................................... 88 Figura 65 – Interior do Centro Cultural Irmã Antona .............................................. 88 Figura 66 - Entrada Biblioteca Municipal ............................................................... 88 Figura 67 - Interior da Biblioteca Municipal ........................................................... 88 Figura 68 - Interior da Biblioteca Municipal ........................................................... 89 Figura 69 - Interior da Biblioteca Municipal ........................................................... 89 Figura 70 – Exterior da Biblioteca Municipal Rocha Pombo .................................. 90 Figura 71 - Interior da Biblioteca Municipal Rocha Pombo .................................... 90 Figura 72 - Prateleiras Biblioteca Municipal Rocha Pombo ................................... 90 Figura 73 - Disposição de livros Biblioteca Rocha Pombo .................................... 90 Figura 74 – Mapa de recorte para estudo - Sarandi .............................................. 91 Figura 75 - Mapa de equipamentos existentes em Sarandi .................................. 92 Figura 76 - Mapa de zoneamento urbano ............................................................. 93 Figura 77 - Mapa de diretrizes viárias ................................................................... 94 Figura 78 - Mapa de fluxos .................................................................................... 95 Figura 79 - Mapa de uso do solo ........................................................................... 96 Figura 80 - Mapa de Gabarito ............................................................................... 96 Figura 81 - Mapa curva de nível e localização das imagens ................................. 97 Figura 82 - Lote - Foto 01 ...................................................................................... 98 Figura 83 - Lote - Foto 02 ...................................................................................... 98 Figura 84 - Lote - Foto 03 ...................................................................................... 98 Figura 85 - Lote - Foto 04 ...................................................................................... 98 Figura 86 - Lote - Foto 05 ...................................................................................... 98 Figura 87 - Lote - Foto 06 ...................................................................................... 98 Figura 88 - Esquema do programa de necessidades .......................................... 102 Figura 89 – Esquema de implantação ................................................................. 106 Figura 90 - Planta de implantação e cobertura .................................................... 107 Figura 91 - Organograma térreo .......................................................................... 108


Figura 92 - Organograma – Pav. superior ........................................................... 108 Figura 93 – Fluxograma projetual ........................................................................ 109 Figura 94 - planta baixa térreo ............................................................................ 110 Figura 95 - Planta baixa pavimento superior ....................................................... 111 Figura 96 - Espaços para fileiras intermediária auditório..................................... 112 Figura 97 - Distância entre prateleiras................................................................. 113 Figura 98 - Esquema de iluminação e ventilação ................................................ 114 Figura 99 - Perspectiva interna com materialidades............................................ 115


LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Categorização das bibliotecas............................................................. 29 Quadro 2 - Ficha técninca Biblioteca Parque Villa-Lobos...................................... 59 Quadro 3 - Programa de Necessidades - BVL ...................................................... 60 Quadro 4 - Ficha técnica da Biblioteca Northside.................................................. 67 Quadro 5 - Programa de necessidades da Biblioteca Northside ........................... 68 Quadro 6 - Ficha técnica Biblioteca Pública de São Paulo .................................... 75 Quadro 7 - Programa de Necessidades - BSP ...................................................... 76 Quadro 8 - Parâmetros de uso e ocupação do solo .............................................. 96


SUMÁRIO 1

INTRODUÇÃO .................................................................................... 17

1.1

OBJETIVOS ........................................................................................ 20

1.1.1

Objetivo geral ...................................................................................... 20

1.1.2

Objetivos específicos .......................................................................... 20

2

BIBLIOTECAS .................................................................................... 23

2.1

CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA............................................. 23

2.2

BIBLIOTECA PÚBLICA NO BRASIL ................................................... 30

2.3

O ESPAÇO DA BIBLIOTECA ............................................................. 38

3

BIBLIOTECAS NO ESPAÇO URBANO ............................................. 43

3.1

BIBLIOTECA COMO ESPAÇO DE INTEGRAÇÃO............................. 43

3.2

BIBLIOTECA PARQUE ....................................................................... 49

4

ESTUDO DE CORRELATOS ............................................................. 58

4.1

BIBLIOTECA PARQUE VILLA-LOBOS ............................................... 58

4.2

BIBLIOTECA NORTHSIDE ................................................................. 66

4.3

BIBLIOTECA PÚBLICA DE SÃO PAULO ........................................... 74

5

ÁREA DE ESTUDO ............................................................................ 85

5.1

A CIDADE CONURBADA ................................................................... 85

5.2

RECORTE DA ÁREA DO PROJETO .................................................. 91

6

PROJETO ......................................................................................... 101

6.1

DIRETRIZES PROJETUAIS ............................................................. 101

6.2

CONCEITO E PARTIDO ................................................................... 101

6.3

PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO .. 102

6.4

ORIENTAÇÃO SOLAR E IMPLANTAÇÃO ....................................... 105

6.5

SETORIZAÇÃO E PLANTA BAIXA ................................................... 107

6.6

SISTEMA CONSTRUTIVO E CONFORTO AMBIENTAL ................. 113

6.7

CONCEPÇÃO ESTÉTICA E PLÁSTICA ........................................... 114

7

CONSIDERAÇÕES .......................................................................... 117


8

REFERÊNCIAS ................................................................................. 118

9

APÊNDICES ...................................................................................... 128


17


18

1

INTRODUÇÃO

A biblioteca é considerada uma das instituições mais antigas do mundo, mas que passou por transformações internas e externas a fim de acompanhar as modificações temporais da sociedade em que estava inserida. Até o Renascimento elas não passavam de um local para o armazenamento de livros, acessível apenas para uma pequena parcela da população. A partir desse momento as bibliotecas tornaram-se apoio e amparo aos estudiosos. Por volta do século XX, surgem as bibliotecas públicas que passam a serem vistas como uma extensão dos serviços públicos e, inclusive, denominada como um equipamento público e cultural acessível à toda a comunidade, com intuito

de

fomentar

o

conhecimento

universal

multidisciplinar

e

o

desenvolvimento da população (AZEVEDO, 2018). No Brasil existe um déficit desses equipamentos, soma-se a isso os existentes encontram-se subutilizados e sofrem com a falta de manutenção e melhorias de infraestrutura. Essa problemática está diretamente ligada à ausência de recursos financeiros e de políticas públicas voltadas exclusivamente para as bibliotecas, já que as leis e normas citam o equipamento de modo geral, em conjunto com demais políticas culturais e educacionais. No que diz respeito aos municípios menores, estes recebem ainda menos investimentos e incentivos do governo para as bibliotecas públicas; isso se deve ao número de habitantes que são contabilizados na hora do repasse dos subsídios. Os equipamentos culturais ganharam maior visibilidade e importância social após a Revolução Industrial do século XVIII, quando as cidades iniciaram um processo de adensamento e os espaços vazios urbanos foram desaparecendo. Diante disso, a relevância desses equipamentos vai de encontro com a ideia de apropriação urbana, visto que bibliotecas públicas como equipamentos culturais possuem funções e responsabilidades sociais com a comunidade em que estão inseridas (QUEIROZ, 2006). Para suprir as necessidades de uma camada da população mais vulnerável e com dificuldades no acesso à educação, à cultura e à internet, foram criadas na Colômbia uma nova tipologia de bibliotecas públicas, as chamadas


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bibliotecas parques. Seu complemento ‘parque’ está relacionado com a promoção de ambientes multidisciplinares adaptados e personalizados de acordo com as necessidades da comunidade local; logo elas possuem um programa de necessidades que abrange atividades de leitura, como todas as bibliotecas, mas que também possuem atividades culturais e profissionalizantes, como ocorre nos centros culturais. Até os dias atuais, as bibliotecas parques foram implantadas em cidades ou regiões menos favorecidas, com população de classe baixa e com o desenvolvimento atrasado, no intuito de diminuir a violência e o desemprego e aumentar o nível de conhecimento dos indivíduos, de modo a reinseri-los na sociedade. As bibliotecas no século XXI não devem apenas ser depósitos de livros, já que a sociedade anseia por ambientes que proporcionem a coletividade e o acesso à tecnologia da informação. A cidade de Sarandi, localizada no interior do Estado do Paraná, na região Metropolitana de Maringá (RMM), possui um desenvolvimento mais tardio em relação às cidades do entorno, isto devido ao seu rápido crescimento populacional e o baixo desempenho econômico, político e social. Nesse sentido, ressalta-se a predominância da população carente e de baixa renda. Quanto aos espaços públicos existentes, em sua maioria são voltados para a prática esportiva, como handebol, vôlei, futebol e futsal; enquanto os ambientes educativos e culturais encontram-se, sobretudo, nas escolas, sem que haja a facilidade de acesso no contraturno e para o restante da população. Dito isto, fica claro a possibilidade e a necessidade de inserção de uma biblioteca parque na cidade de Sarandi-PR, que procure promover além de um ambiente de conhecimento, o desenvolvimento do município para com as práticas culturais, educacionais, de lazer e profissionais, na tentativa de reduzir o déficit de equipamentos culturais no município, ampliar os espaços públicos destinados a interação e convivência da comunidade e proporcionar um ambiente que seja atrativo, a fim de não se tornar subutilizado. A proposta de projeto busca colaborar para o resgate da vivência urbana da cidade, estimular o pensamento crítico da população e proporcionar atividades que transformem o cotidiano do cidadão que hoje, muitas vezes, torna-se marginalizado devido à falta de promoção pessoal e profissional existente em sua localidade.


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A discussão teórica terá como embasamento fontes bibliográficas nacionais, como dissertações, artigos e teses que tratam da evolução histórica das bibliotecas, seu espaço físico, assim como conceitos e definições de bibliotecas públicas e bibliotecas parques e sua relação com a comunidade em se insere. Este tipo de pesquisa é caracterizado por ser uma revisão historiográfica e de análise crítica de publicações primárias, selecionando e analisando seus resultados. Foram consultadas as plataformas de relevância científica tais como Plataforma EBSCO, Periódicos da CAPES, o Google Acadêmico e a Biblioteca Digital da USP. A partir do arcabouço teórico, o trabalho se desdobrará em uma análise de estudos de obras correlatas utilizadas como referências projetuais. Paralelamente, será realizado o levantamento das bibliotecas existentes na cidade de Sarandi a partir de coleta de informações pertinentes com visitas in loco e entrevistas com os usuários, a fim de verificar as condições de uso e infraestrutura, atividades oferecidas, além do espaço de leitura, condição do acervo, entre outros aspectos. Por fim, será apresentado por meio de um projeto arquitetônico uma biblioteca parque na cidade de Sarandi em nível de estudo preliminar, com peças gráficas suficientes para o entendimento do mesmo.

1.1

OBJETIVOS

1.1.1

Objetivo geral Projetar uma biblioteca parque para a cidade de Sarandi-PR, cuja

edificação seja uma extensão do espaço público, a fim de contribuir com o desenvolvimento urbano e social da comunidade local, sobretudo, no âmbito do conhecimento e da cultura.

1.1.2

Objetivos específicos

Estender a vida comunitária da cidade de Sarandi-PR para dentro de uma edificação pública;


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Propiciar acesso à cultura e ao conhecimento, sobretudo à população de baixa renda;

Proporcionar atividades sociais, políticas e culturais para a sociedade;

Estimular a criatividade e o pensamento crítico social;

Criar uma biblioteca que não seja um depósito de livros, mas sim um ambiente dinâmico;

Promover espaço de lazer e convivência na cidade de Sarandi-PR;

Reumanizar a cidade com um ambiente construído que fomente as práticas culturais e de leitura;

Fomentar o nascimento de um processo de vivência do lazer, no qual as condições necessárias são criadas ou organizadas de modo a melhorar a vitalidade da cidade e a qualidade de vida dos moradores.


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23

2 BIBLIOTECAS

Esse capítulo abordará a evolução histórica acerca das bibliotecas, assim como suas definições de acordo com a bibliografia pesquisada. Será discutido como as funções dessa instituição cultural se modificaram com o tempo e como foi vista em diversos períodos. Em âmbito nacional, foi feito um resgate histórico para compreender como os espaços de conhecimento estiveram ligados sempre às instituições privadas e como ocorreram seus desdobramentos enquanto políticas públicas federais. Por fim, o capítulo discorre a respeito dos usos existentes neste equipamento e das novas propostas para atender a demanda social.

2.1

CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Na Grécia: bibliotheke, em latim: bibliotheca, em inglês: library, em espanhol e português: biblioteca. Para Santos (2012, p. 176) a palavra teve sua origem através dos termos gregos “biblio” e “teca”, que significavam respectivamente “livro” e “coleção ou depósito”. Em latim, a palavra se difundiu para caracterizar e identificar um espaço de armazenamento de livros ou, então, um depósito de livros. No dicionário Aurélio, o termo biblioteca é sinônimo de livraria, um local público ou privado onde é possível guardar, organizar e armazenar coleções de livros e obras importantes para leituras, consultas de informações e empréstimos. Na antiguidade, sobretudo na Babilônia da antiga Mesopotâmia, as bibliotecas eram de acesso totalmente restrito à comunidade, o espaço construído tinha como intuito apenas armazenar o acervo de forma segura. Os livros eram feitos de forma manual com uso de blocos de argila cozida e escritas


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cuneiformes1, eram organizados e classificados por categorias para facilitar sua localização dentro do acervo (SANTOS, 2012). De acordo com Santos (2012), as principais bibliotecas desse período são a de Nínive, Pérgamo e de Alexandria. Ressalta-se a de Nínive, uma vez que abrigou a primeira coleção de livros registrada da história da humanidade. Entretanto, assim como as demais bibliotecas da Babilônia, esta desapareceu através do tempo, restando para história apenas ruínas. Para Battes (2003), a biblioteca de Alexandria (Figura 1) foi a maior de toda a história, uma vez que seu acervo contava com os maiores e melhores conteúdos culturais e científicos da Antiguidade. O espaço bibliotecário despertava nos indivíduos o interesse de deter mais conhecimento para contribuir com o desenvolvimento da humanidade. A biblioteca era composta por duas construções, a principal e a irmã, que era menor e um século mais nova.

Figura 1– Biblioteca de Alexandria

Fonte: Siciliano (2016)

1

“[...] escrita analítica, inventada pelos sumérios[...], constituída de sinais em forma de cunhas, em geral, produzidos pela impressão, sobre tabletes de argila ainda úmidos, de ponteiro talhada em bisel” [...] originalmente pictográfica, é o mais antigo sistema do qual se conservam gravações, usadas para representar várias línguas do antigo Oriente Próximo.” (SAMPAIO, 2009, p. 39)


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Battes (2003) comenta sobre a disposição espacial e organização das bibliotecas de Alexandria e afirma que: [...] as estantes no interior do edifício eram circundadas por colunatas abertas expostas a brisa, formando corredores cobertos que os estudiosos podiam utilizar para estudo ou discussão [...]. (BATTES, 2003, p. 68).

A biblioteca de Alexandria antes de ser incendiada perdurou por mais ou menos sete séculos e esteve presente através do tempo como apoio e auxílio aos principais estudiosos, filósofos e monarcas da história da humanidade. O espaço foi palco de inúmeras descobertas cientificas, filosóficas e sociólogas que contribuíram com o avanço do conhecimento humanitário e científico (BATTES, 2003; SANTOS, 2012). Ao contrário das demais bibliotecas da Antiguidade, as da Grécia (Figura 2) caracterizavam-se por possuir cunho mais público. No entanto, nesse período, o intuito era agrupar as diversas produções da literatura grega com objetivo de estimular a discussão política através de acervos renomados. Vale ressaltar que havia poucas bibliotecas na Grécia e dentre elas pontua-se, sobretudo, as particulares de Eurípedes, Aristóteles e Teosfrasto (SANTOS, 2012). Figura 2 – Interior das bibliotecas gregas

Fonte: Bezerra (2020)

Assim como na Grécia, em Roma as bibliotecas visavam o conhecimento e a sabedoria. Havia as bibliotecas particulares, as quais eram estruturadas e incorporadas dentro da edificação residencial, logo no início da construção. Já as bibliotecas públicas eram constituídas por ambientes de leitura separados por acervos em latim e em grego (SANTOS, 2012).


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Battes (2003) afirma que a disposição das bibliotecas de Roma se dava através de dois salões dispostos frente a frente e interligados por um pátio central. Nesse período a preocupação principal estava na cultura e no conhecimento dos povos romanos. Além dessa organização em salões:

[...] suas salas de leituras eram dispostas lado a lado e continham muitos nichos nas paredes nas quais eram postos os armaria, estantes de madeira com portas em que eram guardados os rolos. Nos nichos mais fundos era dado lugar a estátuas [...]. (BATTES, 2003, p. 50).

Santos (2012) explica que as bibliotecas públicas de Roma possuíam papel de armazenar e organizar muitos documentos importantes, públicos e de guerra, e os responsáveis por administrar o espaço eram sacerdotes devido ao conteúdo dos livros ser restrito à sociedade. Na Idade Média, de acordo com Martins (2002), as bibliotecas eram divididas em monacais (Figura 03), particulares e universitárias. As monacais eram as bibliotecas presentes dentro dos mosteiros e abadias, as particulares era da alta nobreza e dos imperadores e as universitárias destinavam-se aos estudiosos. Assim como na antiguidade, as bibliotecas desse período eram restritas à apenas uma parcela da sociedade e sua organização espacial ocorria por meio de estantes e prateleiras embutidas nas paredes, assim como livros acorrentados para impedir a retirada do local.

Figura 3 - Bibliotecas Monacais (Apostólica Vaticana)

Fonte: Frontispicio (2016)


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De acordo com Azevedo (2018) as bibliotecas universitárias medievais surgem com o aumento de estudiosos que ingressam nas universidades e a intensa produção de livros. Concomitantemente, houve a necessidade de mais espaços para armazenagem das obras o que fez com que algumas bibliotecas restritas se tornassem acessíveis ao público. No

Renascimento,

as

bibliotecas

tornam-se

disseminadoras

de

informação. Nesse período, havia na sociedade o interesse em acumular poder e ampliar o status social através do conhecimento, com isso, as bibliotecas passaram a receber apoio e recursos da alta nobreza (ver figura 04). Foi nesse cenário que surgiu a preocupação e as primeiras técnicas e medidas de cuidado com os livros, a fim de garantir sua preservação à longo prazo, com intuito de repassar as informações através do tempo (SANTOS, 2012).

Figura 4 - Biblioteca Strahav - Praga

Fonte: Panrotas (2016)

Sendo assim, a partir do Renascimento, às bibliotecas tornam-se espaço democrático e de consumo, como uma instituição da sociedade responsável pela instrução cultural, social e política ao indivíduo. Essa virada de chave deu-se no Renascimento justamente pelo entendimento da biblioteca como um espaço de conhecimento essencial para a disseminação de informações importantes para o desenvolvimento humano (SANTOS, 2012).


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Percebe-se que houve uma evolução constante de conhecimento e de saber até este momento. É possível compreender a partir da linha do tempo da figura 5, que desde a antiguidade até o renascimento as bibliotecas passaram por inúmeras flexibilizações e alterações de público-alvo e acesso.

Figura 5 - Linha do tempo da Antiguidade até o Renascimento

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

A partir desse momento as bibliotecas passam a receber visibilidade, como um equipamento urbano acessível à população. Para Azevedo (2018) a demanda de público externo fez com que as bibliotecas buscassem modernização, tanto com os acervos oferecidos e recursos de pesquisas, como com a organização espacial do local. Com as readequações, as bibliotecas passaram a possuir como objetivo principal o acesso universal à informação, como um espaço de conhecimento indeclinável para a constituição da sociedade. Pontua-se o papel fundamental desse equipamento com o propósito e o interesse em contribuir com o crescimento pessoal e profissional do indivíduo, como "[...] um suporte, indispensável à educação e cidadania, [...] como fonte de conhecimento e de


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informação insubstituível, um imprescindível depositário do saber" (QUEIROZ, 2006, p. 51). O uso de espaços do conhecimento estimula e influencia diretamente a formação do pensamento crítico dos formadores de opinião e a criação de responsabilidades sociais e ambientais, além de propiciar a ampliação dos conhecimentos técnicos e gerais do indivíduo, podendo futuramente refletir na sociedade no âmbito político, econômico e social (AZEVEDO, 2018). Assim, para Queiroz (2006) e Azevedo (2018), os edifícios bibliotecários devem possuir em seu acervo conteúdos diversificados de todas as grandes áreas de conhecimento, como arte, literatura, política, religião, entre outros, a fim de contribuir com a conformação de uma sociedade pensante, crítica e humanitária. Soma-se a isso, os ambientes de leitura devem possuir condições físicas necessárias e adequadas para atender todo o tipo de usuário.

Quadro 1 - Categorização das bibliotecas

CLASSIFICAÇÃO NACIONAL ESCOLAR UNIVERSITÁRIA PÚBLICA COMUNITÁRIA

BIBLIOTECAS FUNÇÃO

OBJETIVO

Reunir e preservar a produção bibliográfica de uma nação

Resguardar a herança nacional

Agrupar conteúdos educacionais gerais e específicos para pesquisas e estudos

Disponibilizá-los para alunos e comunidade acadêmica

Armazenar e disponibilizar informação

Ser um centro de informação aberto à comunidade

Fonte: SNBP, elaborado pela autora (2021)

Entende-se, assim, que a biblioteca pública além do acesso à informação, o acesso à educação, à cultura e ao lazer. Seu objetivo é desenvolver o ser humano através da prática da leitura. Neste viés, entende-se que ela deve possuir fortes laços com a comunidade em que está inserida a fim de possibilitar o desenvolvimento local (MILANESI, 1983; MEDEIROS, 2012). Ressalta-se ainda que o usuário do equipamento público varia muito, como explicado por Medeiros (2012):


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No caso da biblioteca pública o público é bastante diversificado pois, não atende a uma fatia determinada da população, acolhendo o doutor e o menino de rua, o aposentado e a dona de casa, o desempregado e o estudante, enfim, a todos os segmentos da sociedade. Este atendimento baseia-se em atividades múltiplas requerendo saberes e práticas diversificadas. (MEDEIROS, 2012. p. 01).

A partir do exposto acima, considera-se as bibliotecas públicas como um complemento dos espaços públicos. Sua importância social atravessa os limites do espaço de leitura e incorpora as relações sociais de um espaço de encontro, com intuito de proporcionar à sua comunidade espaços multiuso que fomente a experiência educacional, cultural e sociável, de um modo informal, como se fosse, de acordo com o manifesto sobre as bibliotecas públicas emitido pela Federação Internacional de Associações e Instituições de Bibliotecas (IFLA), “a sala de estar da comunidade”.

2.2

BIBLIOTECA PÚBLICA NO BRASIL

As primeiras bibliotecas no Brasil datam do período colonial, mas não eram abertas ao público, visto que pertenciam às famílias nobres e às instituições religiosas, e eram incorporadas as estruturas dos conventos e mosteiros. As bibliotecas dos conventos concentravam acervos de livros de filosofia e iluminismo, os quais foram responsáveis por garantir o crescimento cultural e intelectual dos jovens da comunidade. As bibliotecas dessa época estavam localizadas em Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, sob domínio dos jesuítas, beneditos, franciscanos e carmelitas (SANTOS, 2010). A Biblioteca Nacional do Brasil (Figura 06), localizada no Rio de Janeiro, passou por turbulências até ser aberta ao público em 1811, visto que ela veio transferida de Portugal como a “Biblioteca Real Portuguesa” e seu acervo possuía manuscritos da Biblioteca Pública de Lisboa. No país ela foi renomeada como Biblioteca D’Ajuda e somente após a independência tornou-se a Biblioteca Nacional (SANTOS, 2010; FREITAS; SILVA, 2014).


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Figura 6 - Biblioteca Nacional do Brasil

Fonte: ColegioWeb (2015)

A partir desse momento, as instalações da Biblioteca Nacional ficaram marcadas devido ao descuido com a infraestrutura e descaso com o uso do espaço construído até ser novamente projetada em 1910 (SANTOS, 2010). As características arquitetônicas das bibliotecas do período colonial são explicadas por Freitas e Silva (2014): [...] essas bibliotecas eram desprovidas de infraestrutura. Locais improvisados, acervo desatualizado e composto de doações, instalações precárias e carência de recursos humanos adequados eram as características dessas instituições. (FREITAS; SILVA, 2014, p. 01).

De acordo com Santos (2010), a primeira biblioteca pública a ser fundada em solo brasileiro foi a Biblioteca Pública da Bahia (Figura 07), por volta de 1811. Fundada e mantida por, pelo menos, um século a partir de patrocínios da nobreza, ela recebia livros de doações e passou por abandono de gerência, necessidades financeiras e incêndios, tendo que ser restaurada e seu acervo renovado. Em 1939, a biblioteca foi readequada de acordo com as ideias contemporâneas e passou a ser uma instituição indispensável na comunidade.


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Figura 7- Biblioteca Pública da Bahia

Fonte: Cadena (2018)

Entende-se que a independência do Brasil foi essencial para possibilitar à sociedade acesso à cultura e à política, visto que ambas as bibliotecas públicas conseguiram esse título quando os ideias de independência já percorriam o território brasileiro. A criação de escolas e veículos de imprensa tornam-se realidade, o que contribui para expandir e difundir o conhecimento, os pensamentos e os ideais da época (FREITAS; SILVA, 2014). Mais tarde, com a Semana de Arte Moderna em 1922, houve o crescimento do pensamento liberal e a produção cultural e intelectual, o que auxiliou na criação da Biblioteca Pública Municipal Mario de Andrade (Figura 08), em São Paulo, por volta de 1926. De acordo com Freitas e Silva (2014, p. 02), a biblioteca “se transformou num referencial da cultura brasileira para outros países”, sendo considerada fundamental para a população como equipamento público para acesso de informações e de conhecimento. Figura 8 – Biblioteca Mario de Andrade

Fonte: São Paulo Histórica (2019)


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A partir do Decreto-Lei nº 93 de 21 de dezembro de 1937, fica criado o Instituto Nacional do Livro (INL), primeiro órgão público governamental com intuito de regulamentar as bibliotecas públicas do Brasil e promover a difusão dos livros por toda a extensão do território brasileiro. Em 1977 o INL criou o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), possibilitando a constituição de bibliotecas públicas no país de modo integrado e em formato de rede. Todavia, o órgão foi extinto em 1990. As políticas públicas brasileiras voltadas para as bibliotecas públicas eram as mesmas instituídas para os Ministérios da Cultura e da Educação. As políticas culturais têm como características o investimento em equipamentos e o fomento às intervenções culturais, ao consumo cultural e à sua produção. Dentre as políticas pontua-se a democratização e acesso à cultura, com diretrizes para a circulação e produção cultural em território nacional, equidade regional referente aos recursos distribuídos, entre outros (PAIVA, 2008). A década de 80 foi fundamental para o crescimento do conceito sociedade da informação. Houve, pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), a criação da linha de pesquisa que enfatizava a informação e cultura na sociedade, além de outras universidades introduzirem esse tema como disciplina fixa da grade. Mais tarde, em 1988, com base na Constituição Federal de 1988, os direitos de educação e cultura são reconhecidos como fundamentais, assim como as bibliotecas públicas, mesmo que não ocorrendo na prática (MARTINS, 2008). No artigo 2014 da Constituição, é posto como objetivo “[...] que as bibliotecas públicas poderiam ter papel fundamental ou coadjuvante: a erradicação do analfabetismo [...]”, para reduzir o analfabetismo em adultos e promover o desenvolvimento tecnológico, científico e humanístico (PAIVA, 2008, p.69). Em 1992, por meio dos Decretos n° 520 e n° 519, foi instituído políticas públicas exclusivas para as bibliotecas com o intuito de fortalecer as instituições e fomentar a leitura. A partir do Decreto Presidencial nº 520 de 13 de maio de 1992, fica instituído o novo SNBP, desvinculado ao antigo INL, tendo como objetivo fortalecer e promover as bibliotecas públicas brasileiras.


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I - incentivar a implantação de serviços bibliotecários em todo o território nacional; II - promover a melhoria do funcionamento da atual rede de bibliotecas, para que atuem como centros de ação cultural e educacional permanentes; III - desenvolver atividades de treinamento e qualificação de recursos humanos, para o funcionamento adequado das bibliotecas brasileiras; IV - manter atualizado o cadastramento de todas as bibliotecas brasileiras; V - incentivar a criação de bibliotecas em municípios desprovidos de bibliotecas públicas; VI - proporcionar, obedecida a legislação vigente, a criação e atualização de acervos, mediante repasse de recursos financeiros aos sistemas estaduais e municipais; VII - favorecer a ação dos coordenadores dos sistemas estaduais e municipais, para que atuem como agentes culturais, em favor do livro e de uma política de leitura no País; VIII - assessorar tecnicamente as bibliotecas e coordenadorias dos sistemas estaduais e municipais, bem como fornecer material informativo e orientador de suas atividades; e IX - firmar convênios com entidades culturais, visando à promoção de livros e de bibliotecas. (BRASIL, 1992, p.01).

Em 1994 foi emitido pela Federação Internacional de Associações e Instituições de Bibliotecas (IFLA) um manifesto sobre as bibliotecas públicas no Brasil, onde determina as missões, legislações, funcionamento e gestão que a biblioteca pública deve possuir para ser um centro social, com caráter informativo e de conhecimento acessível a todos. A saber: Os serviços da biblioteca pública devem ser oferecidos com base na igualdade de acesso para todos, sem distinção de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua ou condição social. Serviços e materiais específicos devem ser postos à disposição dos utilizadores que, por qualquer razão, não possam usar os serviços e os materiais correntes, como por exemplo minorias linguísticas, pessoas deficientes, hospitalizadas ou reclusas. (IFLA/UNESCO, 1994, p.01).

Por conseguinte, nos anos 2000, foram criadas políticas públicas para o Ministério da Cultura com a tentativa de viabilizar construções, intervenções e modernizações nas bibliotecas públicas, assim como melhorias na qualidade de vida e promoção da multiculturalidade da comunidade. Dentre as políticas incluem o “Programa Mais Cultura” e o “Programa Livro Aberto”, criados em 2007 (FREITAS, SILVA, 2014, p. 136-137). Dentro do Programa Mais Cultura, o “Biblioteca Mais Cultura” foi criado para “[...] transformar as bibliotecas em centros culturais dinâmicos e interativos [...]”, com a intenção de romper a fronteira entre a leitura, a cultura e as diferentes regiões do país. Infelizmente o programa não garantiu um bom resultado e de acordo com o diagnóstico entregue ao Ministério da Cultura, as bibliotecas públicas existentes estavam subutilizadas, com déficit de usuários e de


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atividades culturais. Além disso, a grande maioria das bibliotecas nacionais tinham sido deterioradas e sucateadas. A partir do “Programa Livro Aberto” foi criado o projeto “Uma biblioteca em cada município”, com objetivo de criar bibliotecas por todo território nacional em parceria com os municípios (PAIVA, 2008; FREITAS, SILVA, 2014). Mesmo os programas já mencionados terem contribuído com o aumento do número de bibliotecas implantadas no país, eles contaram com a inexistência de um banco de dados informacionais confiáveis e atualizados, e a deterioração e subutilização de inúmeros equipamentos culturais. Mas, em 2012, o governo federal cria o projeto “Mais Bibliotecas Públicas” e com o mapeamento das bibliotecas existentes e a disponibilização de dados, foi possível compreender o panorama geral das instituições em território nacional, a fim de contribuir com o estudo que visava a inserção de novas bibliotecas. Além disso, ocorreram novas mobilizações locais para os colaboradores a fim de instruí-los e guiá-los no comando das bibliotecas existentes e futuras (FERNANDEZ; MACHADO, 2015). Entende-se que as bibliotecas brasileiras existem desde o período colonial (ver figura 9), entretanto, estas bibliotecas funcionavam a base de doações e apadrinhamento da classe alta e, por esse motivo, não havia uma constância em seus funcionamentos e suas manutenções, o que ocasionou edificações sem infraestrutura adequada. Somente no século XX, surge os primeiros meios de transformar as bibliotecas em equipamentos culturais com boa qualidade e acessíveis à população. Figura 9 - Linha do Tempo - Bibliotecas no Brasil

Fonte: Elaborado pela autora (2021)


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Posteriormente, também foram criadas outras políticas de incentivo à leitura e à cultura dentro de escolas, que em sua maioria não foi eficaz. Entendese que as políticas públicas brasileiras são criadas com a tentativa de ampliar o acesso ao conhecimento e à cultura e reverter a subutilização desses espaços, mas o pensamento da população ainda não compreende a importância destes espaços para a comunidade. Sendo assim, as políticas públicas devem promover inicialmente a conscientização do indivíduo para ser assertiva posteriormente (PAIVA, 2008; BERNARDINO, 2017). De acordo com o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), cerca de 6057 bibliotecas existentes no país (ver figura 10), esse número contabiliza as municipais, distritais, estaduais e federais de todo o território nacional. O levantamento realizado em 2015 contabiliza que 2.306 bibliotecas estão localizadas na região norte e nordeste, 2.458 na região centro-oeste e sudeste e 1293 na região sul. No Paraná, o total de bibliotecas é de 527 unidades. Figura 10 - Cenário das bibliotecas brasileiras

Fonte: Lage (2019)

Com base no Manifesto em Defesa das Bibliotecas Públicas no Brasil de 2019, emitido pela Federação Brasileira de Associação de Bibliotecários (FEBAB), o país sofre com a falta de bibliotecas existentes funcionais, com boa qualidade e infraestrutura, visto que, há uma descontinuidade de políticas públicas governamentais para os equipamentos culturais. A inexistência de legislações que garantam o bom funcionamento a longo prazo é reflexo de um


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país que não prioriza a democratização da leitura, da cultura, da informação e do conhecimento e isso resulta na existência de bibliotecas públicas sem um espaço adequado, acervo atualizado e demais serviços para a comunidade. A figura 11 demonstra a relação de bibliotecas a nível mundial, nela é possível perceber que o número de equipamentos do Brasil se aproxima do México e da Itália. Entretanto, a problemática é que a extensão do território brasileiro e o número de população não condiz com o número de bibliotecas existentes, sendo que há uma biblioteca para cada 30 mil habitantes no país. De acordo com IBGE (2021), o Brasil possui cerca de 212 milhões de habitantes, o México 128 milhões e a Itália 60 milhões. Figura 11 - Cenário bibliotecas mundial

Fonte: Lage (2019)

Segundo Freitas e Silva (2014, p. 04-06), a biblioteca pública é “um meio de democratização da leitura e do conhecimento para um país”, sendo assim, elas possuem como intuito atender as necessidades da sociedade de modo a fomentar o conhecimento, a informação e a inclusão social, devendo-se ser acessível e atrativa a todos, indistintamente, a fim de contribuir com o crescimento social, cultural e político dos usuários. O acesso à informação é indispensável na formação de cidadãos conscientes, pois torna o ser humano capaz de organizar a sua visão de mundo, facilita a sua ordenação mental e possibilita externar opiniões, tomar posicionamentos e verbalizar impressões, transformando essas informações em conhecimento. (FREITAS, SILVA, 2014, p. 05-06).

Ainda segundo os autores, além de possibilitar o acesso à informação, as bibliotecas públicas devem compreender os usuários e a partir disso promover


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programas, incentivos e iniciativas que fomentem a prática da leitura para atrair os indivíduos ao espaço bibliotecário evitando a exclusão social, muitas vezes causadas por falta de políticas voltada para toda a população. Nesse contexto, a instalação de uma biblioteca pública no Brasil deve levar em consideração a localização, o público-alvo e seu entorno, deve possuir conforto no espaço físico construído para garantir a permanência e comodidade dos usuários. Além disso, ela deve ampliar o horário de atendimento para os fins de semana e para o período noturno, incluindo diversas atividades culturais e profissionais que podem ser proporcionadas por este espaço (FREITAS; SILVA, 2014, p. 131). Para Santos (2010), as bibliotecas do Brasil se caracterizam por acompanhar os acontecimentos históricos. Com isso, elas foram ganhando espaço na sociedade conforme a população foi se desvinculando de Portugal e criando a própria identidade política e cultural. Sendo assim, a biblioteca pública deve ser considerada uma das instituições sociais mais relevantes da sociedade, porque preserva e transmite conhecimento, ao mesmo tempo que se altera de acordo com as transformações temporais, sendo responsável por garantir a comunicação do ser humano. Em geral, cidades com população predominantemente de classe baixa não investem em melhorias para as bibliotecas existentes e/ou na criação de novas instituições, visto que, nesses casos, o uso torna-se sobretudo, escolar. A cidade de Sarandi por exemplo, localizada no interior do Estado do Paraná, possui duas bibliotecas públicas que são subutilizadas e os principais problemas são infraestrutura e falta de acervo. O investimento da cidade abrange sobretudo, o esporte, enquanto a cultura e a educação necessitam de melhorias e atenção.

2.3

O ESPAÇO DA BIBLIOTECA

O espaço físico das bibliotecas públicas é por muitas vezes considerado um lugar de apropriação cidadã, essencial para ampliar o sentimento de sociabilidade e coletividade, como expressão cultural das comunidades. Os


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espaços bibliotecários são responsáveis por criar e ressignificar significados e acontecimentos sociais, por possibilitar o equilíbrio entre histórias e gerações, e por ofertar experiências para a população. Sendo assim, a biblioteca pública pode ser vista como refúgio, ambiente de encontro, acolhimento, possibilidades, preservação da memória coletiva, coletividade, hospitalidade e, sobretudo, liberdade e igualdade (CRIPPA, 2015). Santos (2016) afirma que o espaço físico da biblioteca deve ser projetado a fim de atender e garantir a individualidade da população, a partir de uma setorização integrada com todo o edifício e que permita que cada atividade funcione isoladamente, sem interferências extremas de outros setores. Nesse sentido a setorização macro sugere que os acervos sejam separados por tipologia, área de serviços administrativos e afins, espaços para leitura e espaços livres para diferentes atividades culturais. O espaço físico da biblioteca e seu acervo deve atender as necessidades universais dos usuários, ser adequado e possuir condições suficientes para o atendimento da população, sobretudo, conforto físico e térmico do espaço. Ressalta-se que a acessibilidade universal precisa ser obrigatória nos espaços das bibliotecas, independente da condição física do usuário (AZEVEDO, 2018). Para Milanesi (1997), a área física deveria ser calculada com base no número de habitantes: Um município de 30.000 mil habitantes deverá ter, minimamente, uma área de 300 m2 para as várias atividades culturais. Abaixo disso, será impossível abrigar o que se supõe que uma área destinada à Cultura deva ter. (MILANESI, 1997, p. 241).

As necessidades das bibliotecas estão se modificando junto com as transformações sociais; tendo isso visto, entende-se que a biblioteca pública deve acompanhar as inovações tecnológicas e criar alternativas para atender o público. Ao contrário das primeiras bibliotecas que apenas existiam para armazenar livros, as bibliotecas atuais são uma extensão das comunidades (FREITAS; SILVA, 2014). O programa de necessidades dos espaços de conhecimento deve possibilitar a educação formal e informal a partir de percursos arquitetônicos de leitura, de modo que garanta experimentações nos diferentes campos do


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conhecimento. Além disso deve possuir ateliês, ambientes de leitura, salas culturais e espaços para grupos de estudos e salas co-working quando possível (CRIPPA, 2015). Sendo assim, o espaço físico deve contar com ambientes de estudos preparados para receber notebooks com acesso à internet e com tomadas; já o ambiente online deve possuir uma base de dados com o acervo e periódicos eletrônicos disponíveis em plataforma online que facilitam o acesso a todos os cidadãos e demais serviços de suporte online e digital para os usuários e para colaboradores internos (FREITAS; SILVA, 2014). Todavia, uma das maiores dificuldades em adequar as bibliotecas brasileiras para essa nova era da informação é o investimento por parte do governo, já que há alterações de infraestrutura, compra de equipamentos e materiais de informática, assim como manutenção geral do espaço da biblioteca. No Brasil o acesso à informação e à comunicação é dificultada devido à precariedade dos serviços de telecomunicação que não existem em todo território nacional e a predominância da população que se encontra em vulnerabilidade social e não possui dinheiro para compra de equipamentos eletrônicos (AZEVEDO, 2018). Em um panorama internacional, as bibliotecas públicas encontram-se em uma transição como um catalisador social. Nos últimos anos, países semelhantes ao Brasil no que diz respeito ao desenvolvimento e índice de população de baixa renda, passaram a se destacar nas novas funções ofertadas pelas bibliotecas públicas. A Colômbia em especial, é hoje referência mundial por ter investido nas bibliotecas (as chamadas bibliotecas parques), pensando no bem-estar social, na redução da violência, no conhecimento universal e no acesso político e cultural a todos (SANTOS, 2016). As bibliotecas parques como ficaram conhecidas, são as bibliotecas do futuro. Um dos motivos é porque elas englobam em seus programas de necessidades, usos como “cinema, cafeteria, salas destinadas a reuniões das comunidades, filmoteca, teatro, acervo digital de música, acesso gratuito à internet, sala de leitura para portadores de deficiências visuais e outros” (SANTOS, 2016, p. 70). A partir do exposto, entende-se que as bibliotecas públicas transitam em diferentes áreas da sociedade, sempre com o intuito de promover o acesso ao


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conhecimento, proporcionar interações sociais e colaborar com o crescimento político e sociocultural. As bibliotecas do Brasil percorrem diariamente um caminho em busca da sociabilidade criada e estimulada em equipamentos públicos. Entretanto, percebe-se que elas se tornam muitas vezes esquecidas no tempo, ficando subutilizadas, esperando recursos do governo, políticas públicas exclusivas, duradouras e eficazes, e a procura por parte da sociedade.


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3 BIBLIOTECAS NO ESPAÇO URBANO

Nesse capítulo será abordado de forma breve o termo equipamento cultural, a fim de compreender a sua relevância social, logo será possível entender por que a biblioteca pública se encaixa nesta tipologia. Após isso, será discutido acerca das bibliotecas como espaço de integração, com intuito de esclarecer algumas premissas para o projeto final, incluindo algumas pontuações breves de ambientes necessário e o uso da acessibilidade. Por fim o capítulo, discorrerá a respeito das bibliotecas parque, assim como seu surgimento e principais características, visto que, elas são hoje consideradas as bibliotecas do futuro.

3.1

BIBLIOTECA COMO ESPAÇO DE INTEGRAÇÃO

As bibliotecas públicas hoje são caracterizadas por serem equipamentos culturais, inseridos dentro do espaço urbano com intuito de promover as interações e discussões sociais, assim como fornecer ao cidadão lazer e sentimento de pertencimento. Elas transitam entre a esfera pública e a privada, fomentam o crescimento político, cultural e ainda contribuem com a sociabilidade. Do mesmo modo que os espaços abertos, as instituições culturais devem proporcionar vínculo entre o sujeito e o espaço, resultando no acúmulo de significados afetivos e/ou históricos (SOBARZO, 2006). Os equipamentos culturais estão sujeitos à apropriação urbana e nesse sentido, eles tornam-se espaços públicos de “bem comum”, visto que são estabelecidas relações sociais que atravessam o tempo e o espaço. Nesse caso, as bibliotecas públicas como um ambiente coletivo, deve estimular a criatividade e a individualidade, fazendo com que o local seja de responsabilidade de todos os indivíduos, assim como ocorre em uma praça (HARVEY, 2014, p. 147). Os

equipamentos

públicos

de

caráter

cultural

surgiram

como

consequência da expansão urbana e do adensamento das cidades no século passado, em que houve o desaparecimento dos ambientes abertos e a


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necessidade de novos espaços com atividades diversas para a permanência das pessoas. Nesse viés, as edificações de uso público tornaram-se uma extensão da vida comunitária para o atendimento de demandas sociais (MOTA, 2016). Nesse cenário, o papel do arquiteto e urbanista era conciliar as mudanças temporais e tecnológicas que havia na época, permitir o uso saudável das cidades e das edificações, assim como compreender as novas necessidades do coletivo, a fim de projetar edificações que suprissem a falta dos espaços livres da cidade. À vista disso, as edificações culturais são conhecidas por serem expressão dos movimentos sociais e políticos, já que contribuem com a capacidade do indivíduo de se posicionar perante a sociedade. As edificações culturais são geradores de novas funções sociais e influenciam diretamente nas relações, decisões e atividades do sujeito (SOBARZO, 2006; GOMES, 2018). Nos últimos anos tais equipamentos passaram a ser projetados em processos mais amplos de regeneração, requalificação e intervenção urbana, a fim de contribuir com a vitalidade, o dinamismo social e criar atratividade no local, região ou cidade inseridos. Estes muitas vezes são responsáveis pela renovação de áreas degradadas, resgate de memória coletiva local, criação de identidade e expressão social (MOTA, 2016). Inúmeras edificações conseguiram mesclar as esferas privada e pública da sociedade a partir de estratégias convidativas, como praças em seu interior e escadas em seu exterior. Entre eles destacam-se o Centro Pompidou e o Museu Brasileiro de Escultura (MuBE). O Centro Georges Pompidou (Figura 12 e 13), localizado em Paris, projetado por Renzo Piano e Richard Rogers em 1977, com uma identidade hightech, garante a relação entre interior e exterior por meio da permeabilidade visual da fachada envidraçada e da visualização da cidade nas circulações entre andares, já que os acessos foram projetados com o intuito de criar uma movimentação interna, em que as rampas, responsáveis pela circulação vertical, são voltadas para o exterior, criando no usuário uma conexão com a cidade envolvente. A existência de uma praça voltada para a população garante permanência das pessoas (VIVADECORA, 2019).


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Figura 12 - Centro Pompidou de Paris

Figura 13 - Interior do Centro Pompidou de Paris

Fonte: Viva decora (2021)

Fonte: Viva decora (2021)

O MuBe (Figura 14 e 15), por sua vez, projetado em 1990, pelo arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha, com sua estrutura em concreto armado faz a interligação da edificação com o terreno de modo que, ao encontrar o piso concebe uma praça seca onde é estimulado a permanência das pessoas e seu uso predominante público. Outras estratégias foram criadas ao longo do terreno a fim de incluir de forma sutil a obra arquitetônica no local e proporcionar pontos de observação para os transeuntes, como por exemplo espelhos d’água, diferenças de níveis, rampas largas e passagens estreitas (PERRONE, 2011). Figura 14 - MuBE - Museu Brasileiro de Escultura

Figura 15 - MuBE - Museu Brasileiro de Escultura

Fonte: Arquivo (2021)

Fonte: Arquivo (2021)

Entende-se que a existência dos equipamentos culturais no século XX tornaram-se elementos fundamentais para promover a coletividade e sociabilidade das pessoas, sobretudo em cidades onde os ambientes abertos são em sua maioria deteriorados e abandonados, ou seja, uma biblioteca pública


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em cidades com alto déficit de espaços públicos de lazer, vivência e conhecimento, torna-se um catalisador social e contribui com o crescimento dos cidadãos. Como já dito no capítulo anterior, as bibliotecas públicas são elementos que viabilizam e oportunizam aos cidadãos o acesso ao conhecimento universal. Como equipamento e instituição pública, elas proporcionam a integração social dos indivíduos com a sociedade tornando-se essencial para a reabilitação dos espaços das cidades. Esses centros de conhecimento devem cumprir sua função social a partir do estímulo à cultura e à educação, e devem atender aos diferentes nichos sociais ao mesmo tempo em que se adequam às mudanças temporais da sociedade (GARBACCIO et al, 2018). Segundo Garbaccio et al (2018), os centros bibliotecários são ricos em informações, mas também em memórias culturais local. À vista disso, as bibliotecas brasileiras tornam-se autônomas com características únicas em diferentes regiões do país e quando inseridas em uma comunidade, adequamse a população, tradições e costumes do seu entorno envolvente. A biblioteca enquanto lugar público e comum fomenta a experiência da vida urbana, contribui, com o aumento da vitalidade das cidades, a promoção da vida democrática e a conquista de direitos políticos e sociais, reafirmando a ideia de uma única esfera social, sem distinção de público e privado (GOMES, 2018). De acordo com Freitas e Silva (2014), os centros de conhecimento são os reflexos da sociedade e das necessidades da população; desse modo, seu acervo precisa possuir uma infinidade de opções diversificadas para atender a comunidade. Além disso, recomenda-se que sua estrutura contemple espaços para crianças, jovens, adultos e idosos, ambientes confortáveis e atrativos, espaços de lazer e de leitura, e ainda acesso à internet para uso, sobretudo, daqueles que não possuem em suas residências. O ambiente interno deve ser acolhedor, flexível e dinâmico, a fim de ser convidativo às diferentes pessoas. Dentre os fundamentos essenciais que a biblioteca deve possuir a fim de ser um espaço de integração social, pontuam-se a igualdade e a equidade. Por consequência, o conhecimento, as informações e os serviços prestados são ofertados à toda a população, seja ela de uma minoria social ou portadora de deficiência (FREITAS; SILVA, 2014). De acordo com a Diretrizes do IFLA (1994),


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as instituições públicas devem atender indivíduos de qualquer cultura, gênero, religião ou orientação sexual, de forma presencial ou remota para casos de pessoas que não conseguem deslocar-se até a edificação. A adequação desses espaços deve ser constante já que as mudanças sociais se alteram a todo momento. No caso das crianças e jovens, o uso constante dos pontos culturais da cidade é essencial para o surgimento de ideais, posicionamento pessoal e interpessoal perante a sociedade, a partir do descobrimento e da prática dos gostos culturais e habilidades. Nesse caso, setores da biblioteca podem ser reservados para o consumo de livros fictícios, filmes, músicas e jogos, a fim de estimular a presença de indivíduos nessa faixa etária e colaborar com a inclusão social. No caso de adultos e idosos as necessidades são voltadas para o uso pessoal e profissional, e de modo diversificado. Deve propiciar ambientes formais e informais de leituras, estudos e trabalhos, assim como demais atividades culturais mistas, em que pode ser explorado o lado artístico individual de cada um (IFLA, 1994). Aliados com a inserção e reabilitação dos indivíduos sociais, os centros culturais e de informação contribuem com a redução e “[...] prevenção da violência e da criminalidade, causadas pelas desigualdades socioeconômicas [...]” (GOMES; ROSA, 2018, p.583), já que eles atendem os menos favorecidos, a fim de melhorar também a qualidade de vida e autoestima dos mesmos (MEDEIROS, 2015) À vista disso, a localização dos centros sociais deve estar próxima de redes de transportes públicos, de eixos de comércio e serviços e de demais edificações com cunho cultural, com vista a facilitar o acesso universal, sobretudo da população de baixa renda. Com o intuito de atender a grande diversidade de pessoas são recomendados que as bibliotecas permaneçam acessíveis por 24h, com o propósito de contemplar os usuários que trabalham e/ou estudam durante o horário comercial, mesmo que mantenham apenas o atendimento por telefone ou internet (IFLA, 1994). No âmbito da acessibilidade, reforça-se a necessidade de as edificações públicas criarem ambientes acessíveis uma vez que seu público-alvo é de fato a sociedade. Para o local ser acessível de forma universal é necessário que as


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instalações e elementos construtivos devam compreender as possíveis diferenças entre pessoas, de modo que permita o “ir e vir” igualitário e seguro, sem promoção de exclusão social (BARRETO; COUTINHO, 2012, p.58). Tendo isso, a Norma Brasileira 9050 – Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiência a Edificações, Espaço, Mobiliário e Equipamentos Urbanos de 2020, diz respeito a concepção de espaços internos e externos de edificações, como dimensionamento de acessos, banheiros e fluxos, com intuito de eliminar elementos arquitetônicos que podem ser considerados barreiras físicas no espaço e que contribua com a exclusão social. De acordo com Barreto e Coutinho (2012, p. 59), barreiras arquitetônicas são criadas no espaço de forma quase imperceptível pela maioria da população. Todavia, barreiras são obstáculos que impedem o indivíduo de se movimentar no ambiente e possuir autonomia e liberdade, indo contra os preceitos da inclusão social, como por exemplo: “[...] calçadas com buracos, escadas, portas, corredores estreitos [...]”. Por conseguinte, as barreiras podem ser divididas em urbanísticas, de edificações e comunicativa. As barreiras urbanísticas são aquelas presentes no espaço público aberto da cidade, como por exemplo rebaixamento de calçadas. As barreiras de edificações são encontradas dentro do lote urbano e das edificações, como banheiros que não atendem a NBR:9050. Já as barreiras comunicativas estão em todos os lugares, interno e/ou externo, casos em que não há sinalização lumínica, em braile ou sonora. No caso de equipamentos públicos como bibliotecas, os acessos ao lote devem estar isentos de barreiras que impossibilite a entrada ou saída do local, como

por

exemplo:

estacionamentos,

acessos,

rampas.

Além

disso,

particularidades como “[...] iluminação, ventilação, espaço para circulação entre os ambientes, banheiros, rampas adequadas [...]” fazem toda a diferença dentro do campo da acessibilidade (SAMPAIO, 2014, p. 02-03). Sampaio (2014, p.4) pontua oito principais pontos que devem ser observados em edificações públicas: 1. Entradas e saídas do prédio: adequação da soleira e da calçada no entorno do edifício. 2. Circulação horizontal: adequação das soleiras internas e reorganização das estantes com vistas à circulação de cadeiras de rodas.


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3. Circulação vertical: adequação das escadas, corrimãos, elevador e instalação de piso tátil de alerta. 4. Portas, janelas e dispositivos: comunicação tátil nas portas das salas e dos sanitários. 5. Sanitários e vestiários: adequação dos sanitários. 6. Mobiliário interno: balcão de atendimento, bebedouros, telefone público externo. 7. Estacionamento: marcação de vaga reservada para pessoas portadoras de deficiência. 8. Comunicação e sinalização: sinalização informativa, indicativa e direcional. Vale ressaltar a Biblioteca Mário de Andrade (Figura 16), visto que ela passou por uma reforma e modernização, tendo sido adaptada para atender os critérios da NBR: 9050. Após sua reabertura em 2017, a biblioteca recebeu o Selo de Acessibilidade concedido pela Comissão Permanente de Acessibilidade. O projeto contou com inserções de rampas, modificações de níveis, alterações no acesso principal da edificação, no hall principal, na praça e nos mobiliários. O intuito principal da intervenção foi garantir que a instituição pública estivesse acessível a toda população (VITRUVIUS, 2010; SCHEINER, 2017). Figura 16 - Biblioteca Mario de Andrade após a intervenção

Fonte: Mello (2014)

Tendo isso, a biblioteca pública para Medeiros (2012, p.01) tem como principal objetivo “fortalecer os laços com comunidade”, sendo assim o serviço


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público prestado que além de ofertar acesso ao conhecimento, insere o indivíduo na sociedade e interliga a comunidade local com o mundo exterior a ela. Entende-se a partir disso que estes equipamentos além de ofertarem acesso à informação, devem promover a igualdade dentro e fora dos limites construídos, permitir a acessibilidade universal que, além de retirar barreiras físicas, inclui sobretudo criar e/ou remodelar um local a fim de excluir a possibilidade de não atender toda a sociedade. Inclui ainda a responsabilidade cidadã de garantir que as pessoas sintam liberdade ao usufruírem do local e sintam-se pertencentes do lugar.

3.2

BIBLIOTECA PARQUE

A partir do exposto nos capítulos anteriores, entende-se que desde o surgimento das primeiras bibliotecas, estas instituições sociais passaram por inúmeras transformações conceituais e espaciais, e todas reafirmaram sua importância e função perante a sociedade. Segundo Hubner e Pimenta (2020), a virada do século XX para o XXI marca uma nova transição de conceito para os equipamentos públicos, os quais passam a possuir maior relevância no desenvolvimento democrático e social de uma comunidade. Neste viés, a biblioteca pública sempre foi responsável por preservar e disseminar conhecimento e práticas culturais, mas, seu entendimento para além de uma edificação isolada na cidade, vinculada às novas formas de comunicação, permitiu o surgimento da biblioteca parque como um centro de multi-atividades (HUBNER; PIMENTA, 2020).

As Bibliotecas Parques são uma nova categoria e atuam como um dispositivo político, na conexão entre a população, seus valores, necessidades e cultura. O modelo das Bibliotecas Parque faz parte de uma modernização urbana da sociedade. (OLIVEIRA, 2020, p. 03).

O termo biblioteca parque surgiu em meados dos anos 2000, na cidade de Medellín na Colômbia, país em desenvolvimento e marcado por intensa violência, narcotráfico e desigualdade social. Foi nesse cenário que os órgãos


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públicos locais puseram em prática o projeto urbanístico de requalificação e reabilitação de inúmeros bairros e, por conseguinte, foi criado o Plano Diretor de Serviços de Bibliotecas Públicas de Medellín (SBPM). O intuito era promover centros culturais e informacionais acessíveis à população vulnerável em pontos estratégicos e específicos (HUBNER; PIMENTA, 2020). A uso da palavra “parque” como complemento ao termo já estabelecido tem como intuito ampliar o potencial desses espaços afim de estimular o uso do lazer e da convivência, exaltar a diversidade local e propiciar o acolhimento do cidadão, com o propósito de contribuir com o desenvolvimento de uma comunidade específica e suprir a falta de espaços públicos que viabilizam a sociabilidade (GARCIA; PEÑA, 2014; MARANHÃO, 2015, p.31).

A palavra “parque” faz referência ao fato de que a biblioteca não é um espaço unicamente de livros, mas de lazer, teatro, dança, oficinas, música, acesso à internet e tantas outras atividades. (SPUDEIT; PRADO, 2017, p. 143)

De acordo com Oliveira (2020), inserir instituições sociais dentro de uma comunidade com população predominante de baixa renda, assim como ocorreu em Medellín, é uma tarefa que necessita estudos prévios e aprofundados das necessidades individuais de cada local. Desta maneira, como consequência, os levantamentos de dados acerca das comunidades, contribuíram para que o planejamento urbano e o projeto dos equipamentos públicos fossem assertivos, sobretudo, com o programa de necessidades. Como resultado de um programa de necessidades baseado na realidade social de uma comunidade, as bibliotecas públicas parques passam a colaborar ativamente com a qualidade da vida urbana e com a recuperação das cidades de países em desenvolvimento. Na última década, essas novas instituições tornaram-se fator predominante e essencial para a ocorrência das mudanças sociais e culturais de uma região, tendo como principal estímulo a intenção de reduzir as desigualdades e os desempregos, proporcionar espaços dinâmicos, multiuso e tecnológicos que fortalecessem os grupos minoritários da sociedade (HUBNER; PIMENTA, 2020). De acordo com Garcia e Peña (2014), as bibliotecas parques renovam paisagens anteriormente deterioradas, abandonadas e marginalizadas, devolve


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a vitalidade do lugar e a capacidade da comunidade voltar a crescer de forma saudável e sustentável. As edificações passam a ser referência local e promovem a integração do interior com o exterior, a partir da solução arquitetônica espacial e funcional, com o uso de acessos fáceis e a valorização das preexistências. A partir disso, esses espaços possibilitam a interação do indivíduo com os ambientes da cidade e criam condições favoráveis para o sentimento de pertencimento e aceitação. Segundo Ghione (2014), foram inauguradas nove bibliotecas parques em Medellín desde sua requalificação urbana, entretanto, apenas cincos participaram do projeto piloto, são elas: Biblioteca Parque Leon de Grief, Biblioteca Parque San Javier, Biblioteca Parque La Quintana, Biblioteca Parque de Belén e Biblioteca Parque España. Todas estas foram objetos de concursos, os quais tiveram repercussão a nível mundial. Ressalta-se a Biblioteca Parque España (Figura 17, 18 e 19), projeto de Giancarlo Mazzanti que foi o primeiro equipamento a ser executado com o novo conceito de biblioteca pública. Seu projeto propõe um contraste com o entorno existente e uma identidade semelhante às cordilheiras dos andes, seu programa de necessidade inclui três blocos distintos setorizados a partir da biblioteca, o auditório e as salas administrativas (ARCHDAILY, 2008). A edificação tornou-se elemento atrativo e turístico na comunidade de Medellín e ainda permitiu que as pessoas se sintam pertencentes ao lugar. Seus ambientes internos são marcados por estratégias sustentáveis de ventilação e iluminação natural e fomenta o conhecimento universal à população (ARCHDAILY, 2008). Figura 17 – Biblioteca Parque España

Fonte: ArchDaily (2008)


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Figura 18 - Interior da Biblioteca Parque España

Figura 19 - Interior da Biblioteca Parque España

Fonte: ArchDaily (2008)

Fonte: ArchDaily (2008)

No Brasil, as primeiras bibliotecas parques foram viabilizadas em conjunto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), desenvolvido pelo governo federal em meados de 2007. Baseado no modelo colombiano e de acordo com as normativas do ‘Programa Mais Cultura’ e do ‘Plano Nacional de Livro e Leitura do Ministério da Cultura’, o Programa de Bibliotecas Parques do Estado do Rio de Janeiro proporcionou a inserção de cinco equipamentos culturais em regiões menos favorecidas e com alto índice de violência no estado (HUBNER; PIMENTA, 2020). Em 2010 foi inaugurada a Biblioteca Parque de Manguinhos (Figura 20), enquanto as demais – Biblioteca Parque do Niterói, Biblioteca Parque da Rocinha (Figura 21), Biblioteca Parque do Alemão – foram lançadas nos anos consecutivos. Já a Biblioteca Parque Estadual existia em outro formato de biblioteca e passou por uma reforma e readequação no ano de 2014 (MARANHÃO, 2015). Figura 20 - Biblioteca Parque de Manguinhos

Fonte: Jauregui Arq (2021)


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Figura 21 - Biblioteca Parque da Rocinha

Fonte: Linhares (2018)

Os equipamentos brasileiros diferenciam-se dos de Medellín no quesito sustentabilidade e nas parcerias público-privada. As bibliotecas parques nacionais funcionam por meio de recursos públicos e devido à falta de recursos financeiros em 2014, as quatro primeiras instituições foram fechadas. Mais tarde, em 2018, elas foram reabertas (HUBNER; PIMENTA, 2020). Agenda 2030 A instituição da biblioteca pública como um equipamento que promove a melhoria de sua comunidade, o acesso ao conhecimento e à tecnologia, assim como, sua inserção em regiões menos favorecidas, com intenso nível de desemprego, pobreza e violência, está diretamente ligada às diretrizes e objetivos da agenda 2030. Sendo assim, ao projetar uma biblioteca parque com funções aliadas as necessidades e perfil do usuário local e, possibilitar que esse indivíduo possua um lugar que possibilite diferentes usos e ainda amplie seus conhecimentos e pratique suas habilidades, seja ela qual for, projetará uma edificação que colabora com o desenvolvimento sustentável mundial.


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A Agenda 2030 é um documento que foi assinado em 2015, em Nova Iorque, por 193 países membros das Nações Unidas (ONU), com o intuito de promover o desenvolvimento sustentável mundial até o ano de 2030. O documento possui ao todo 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) (Figura 22) e 169 metas que devem ser analisas, aplicadas e atingidas pelos países participantes (AGENDA 2030, 2015). Figura 22 - Objetivos de Desenvolvimento sustentável (ODS)

Fonte: Agenda 2030 (2015)

O planejamento inclui a erradicação da pobreza até a promoção da paz, e engloba todos os agentes sociais e instituições públicas e privadas, com o propósito de reduzir o impacto ambiental e fomentar o desenvolvimento social, ambiental e econômico (AGENDA 2030, 2015). Entende-se então que as bibliotecas por ser, de certo modo, uma instituição completa, ao que se diz aos ODS, possui compromisso com a agenda 2030 e deve proporcionar práticas e ações que ajudem a eliminar a pobreza, a violência, habilitar o indivíduo com acesso à educação e, sobretudo, possibilitar seu bem-estar social, físico e mental (SPUDEIT; PRADO, 2017). De acordo com o IFLA (2015), os principais objetivos ilustrados na Figura 22 e atendidos pelas bibliotecas são: 5 – Igualdade de Gênero, com o uso de tecnologias da informação e comunicação para mulheres; 9 – Industria, Inovação e Infraestrutura, com o acesso universal de internet e informação; 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis, com a proteção e preservação do patrimônio cultural; 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes, com a promoção do acesso à


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informação; 17 – Parcerias e meios de implementação, com a capacitação dos países em desenvolvimento a respeito das novas tecnologias. Para Spudeit e Prado (2017), os objetivos da Agenda 2030 no que se referem as bibliotecas parques do Rio de Janeiro, são os 1, 2, 3, 4 e 9 (Figura 22), cujos equipamentos propiciam oportunidades de melhora na qualidade de vida dos indivíduos, garantem a inclusão social, estimulam debates e discussões políticas; assim como instigam a descoberta de novas habilidades que aumentam as chances de ser aprovados em entrevistas de empregos e/ou instituição de ensino. A Agenda 2030 estimula as bibliotecas a “empoderar as mulheres, homossexuais, negros e incluir pessoas com deficiências, povos indígenas, grupos marginalizados, refugiados, imigrantes”, além de viabilizar intercâmbios culturais e a educação ambiental por meio da otimização dos recursos naturais, bem como a promoção de práticas que utilizem materiais sustentáveis para evitar a geração de resíduos (SPUDET; PRADO, 2017, p.149). De acordo com o documento, a biblioteca parque enquanto edificação integrada à cidade, amplia o número de possibilidades e experiências da vida urbana, aumenta os espaços passíveis de apropriação e uso pelos cidadãos. Além disso, os serviços proporcionados no interior do lote contribuem para que o ambiente se torne um local de transformações sociais, engajamento humano e aprendizagem.


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4 ESTUDO DE CORRELATOS

Nesse capítulo, serão apresentadas e estudadas três referências projetuais nacionais e internacionais, a fim de ampliar o conhecimento a respeito das soluções espaciais e construtivas que são aplicadas nos projetos de bibliotecas existentes. Com intuito de contribuir com diretrizes que poderão ser utilizadas no projeto final. Os correlatos utilizados serão Biblioteca Parque VillaLobos, Biblioteca Northside e Biblioteca Pública de São Paulo.

4.1

BIBLIOTECA PARQUE VILLA-LOBOS

A Biblioteca Parque Villa-Lobos (BVL) (Figura 23) é uma instituição pública do Governo do Estado de São Paulo, conhecida por ser referência em educação ambiental, por sediar programas culturais diversos mensais para atender todas as faixas etárias e por ser uma edificação integrada a um parque. A instituição responsável – Organização Social SP Leituras - ficou entre as 100 melhores ONGs do Brasil por três anos consecutivos (BVL.ORG, 2021). Figura 23 - Biblioteca Parque Villa-Lobos

Fonte: NelsonKon (2014)


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Quadro 2 - Ficha técninca Biblioteca Parque Villa-Lobos

FICHA TÉCNICA PROJETO ARQUITETÔNICO PROJETO DE INTERIORES LOCALIZAÇÃO

Décio Tozzi DM/AM Arquitetura São Paulo - SP

ANO DE EXECUÇÃO

2014

ÁREA CONSTRUÍDA

4.475m² Fonte: Elaborada pela autora (2021)

Em 2018, a biblioteca ficou entre as cinco finalistas do prêmio de melhor Biblioteca Pública Mundial, criado pela Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA). Dentre os critérios do prêmio, pontua-se: interação com entorno, programação de serviços e atividades, qualidade arquitetônica, flexibilidade, sustentabilidade, espaço de aprendizagem. A edificação tornou-se referência nacional e internacional devido à sua conexão com a comunidade local, visto que a biblioteca, de acordo com o vídeo “Institucional_BSP_BVL_SPLeituras” disponibilizado no canal do youtube “BSP Biblioteca”, passou a ser o “jardim” das residências dos moradores de São Paulo, devido à vitalidade e o conforto oferecido no local. A Biblioteca Parque VillaLobos funciona de terça a domingo e feriados das 09:30 às 18:30 o que amplia o público-alvo e o acesso ao local. Localizada na zona oeste de São Paulo (Capital), a Biblioteca Parque Villa-Lobos foi construída dentro do existente Parque da Juventude (Figura 24), local que anteriormente contava com a existência de um depósito de lixo a céu aberto. Sua localização dentro do parque garante o uso das pessoas que frequentam o parque em horários diversos, isso colabora para que a edificação possua fluxo constante de pessoas, além disso, o café do parque foi incorporado à biblioteca.


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Figura 24 - Localização Biblioteca Parque Villa-Lobos

Fonte: Adaptado de Mapstyle (2021)

O conceito projetual consistiu em proporcionar à comunidade um ambiente que possibilita a permanência, apropriação das pessoas, estímulo da criatividade cultural e acesso universal. O partido do projeto incluiu transformar um ambiente anteriormente degradado e sem uso numa edificação com programa de necessidades diversificado e interativo, propiciar a integração do ambiente natural com o edificado, assim como garantir que o espaço se torna inclusivo e acessível a partir de tecnologias assistivas.

Quadro 3 - Programa de Necessidades - BVL

PROGRAMA DE NECESSIDADES - BIBLIOTECA PARQUE VILLA-LOBOS PAVIMENTO TÉRREO Café Parque Villa- Lobos Café biblioteca Brinquedoteca Biblioteca Infantil Deck infantil Recepção Oca – praça interna Auditório

PRIMEIRO PAVIMENTO Biblioteca Adulta Sala de computadores Jogos interativos Estúdio audiovisual Ambiente de leitura Sala de treinamento Banheiros -

Guarda volumes

-

Ludoteca/gibiteca

-

Biblioteca juvenil

-

SEGUNDO PAVIMENTO Diretoria – administrativo CPD Almoxarifado Copa Sala de exposições Sala profissional banheiros Ambientes de Leitura Sala de produção administrativo Sala técnica – administrativo Biblioteca idosos + PCD


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Ambientes de Leitura Banheiros

-

-

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

A edificação possui três pavimentos (ver figura 25) que são setorizados de acordo com a faixa etária dos usuários a fim de possibilitar a organização de acervo por tipologias. Entende-se que o setor infantil e o setor juvenil foram locados no térreo devido ao dinamismo proposto na área comum, à movimentação e o barulho decorrente das atividades. Os demais setores (adulto, idoso, profissional e administrativos) foram locados nos últimos pavimentos, visto que o ambiente passa a ficar mais silencioso e possibilita leituras, estudos e trabalho com tranquilidade.

Figura 25 - Setorização vertical BVL

Fonte: BVL. Org modificado pela autora (2021)

O pavimento térreo (Figura 26) é marcado, sobretudo, por uma praça principal de descontração, denominada como OCA, onde os usuários podem usufruir do lugar para conversar e descançar, além disso o espaço recebe inúmeras atrações culturais, como por exemplo narrações de histórias, palestras e exposições. A OCA é a atração principal da edificação, visto que é faz a conexão dos setores e serve como uma grande recepção, além disso, ela conta


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com um pé direito alto e uma estrutura em madeira laminada colada que contribui com o sentimento de conforto e pertencimento ao local. O café é dividido em dois espaços, interno e externo, cujo externo atende também os visitantes do Parque Villa-Lobos. O setor infantil inclui ambientes como brinquedotecas e é setorizado por idades. O setor juvenil por sua vez, conta com acervo, ludoteca e gibiteca.

Figura 26 - Fluxo e setorização do pavimento térreo BVL

Fonte: BVL. Org modificado pela autora (2021)

O acesso à edificação ocorre através da entrada principal localizada no sentido leste, o usuário é levado diretamente para a área central e de lá ele pode se dirigir aos diferentes setores do térreo. Para acessar os pavimentos


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superiores é possivel utilizar as escadas principais localizadas na entrada da edificação ou os elevadores e as escadas de emergência, locadas próximo aos conjuntos de banheiros. O primeiro pavimento (Figura 27) conta com acervos para adultos, área de estudos, área com acesso à internet e salas interativas com jogos e audivisual. Próximo das escadas existe um local de permanência e leitura vinculado ao acervo com intuito de possibilitar conforto aos usuários e uma boa experiência. O último pavimento (Figura 28) conta com o acervo idoso, salas profissionais e de treinamento, além do administrativo. O fluxo interno ocorre de modo linear e bem permeável, visto que os ambientes não possuem barreiras físicas, e para chegar aos banheiros e à sala de exposições é necessário a passagem por diversas áreas, caso seja utilizado as escadas principais.

Figura 27 – Fluxo e setorização do primeiro Pavimento BVL

Fonte: BVL.org modificado pela autora (2021)


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Figura 28 - Fluxo e setorização do último pavimento BVL

Fonte: BVL.org modificado pela autora (2021)

A circulação vertical encontram-se nas extremidades da edificação onde recebe iluminação na maior parte do dia, visto que esta localizado no leste e no oeste. O mesmo ocorre com os banheiros inseridos na fachada posterior sul. A entrada da edificação possui orientação solar oeste e para reduzir a insolação foram projetados pérgolas e uma estrutura vazada em concreto armado. Devido à localização e por não possuir muito sombreamento, foram inseridos espelhos d’água e vegetação no entorno com o intuito de diminuir a temperatura do local e proporcionar melhor conforto térmico (figura 29 e 30).


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Figura 29 – Entrada BVL café BVL

Figura 30 - Café BVL

Fonte: NelsonKon (2014)

Fonte: NelsonKon (2014)

O sistema construtivo escolhido foi a estrutura em concreto armado em conjunto com aço e vidro, como pode ser observado na figura 31. Os pilares arredondados dão a identidade estética ao projeto e sua locação permite uma planta livre de barreiras estruturais.

Figura 31 - Malha de pilares BVL

Fonte: BVL.org modificado pela autora (2021)


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Como pode ser visualizado nas figuras 32, 33 e 34 o ambiente interno é bem iluminado e possui mobiliário flexível e colorido. Figura 32 - Midiateca da BVL

Figura 33 - Interior BVL

Fonte: NelsonKon (2014)

Fonte: NelsonKon (2014)

Figura 34 – Mesas de estudos BVL

Fonte: NelsonKon (2014)

A biblioteca conta com a utilização de recursos tecnológicos e acessíveis (Figura 35 e 36), como audiolivros, livros em braile, computadores, folheadores mecânicos, impressoras e scanner adaptados para transformar livros escritos em modelos de áudio, além de mobiliário pensado para uso de portadores de


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deficiência, como deficiência auditiva, visual, déficit de leitura, dislexia entre outros.

Figura 35 - Tecnologia inclusiva - BVL

Figura 36 - Tecnologia inclusiva - BVL

onte: BVL. ORG (2019)

Fonte: BVL. ORG (2019)

Serão aplicados ao projeto resultando dessa pesquisa, diretrizes projetuais retiradas da Biblioteca Parque Villa-lobos, como por exemplo seu programa de necessidades diversificado, setorização, planta baixa livre, pés direitos altos, sistema construtivo que garanta uma estrutura densa, mas que permita a leveza da edificação, assim como o uso do concreto armado. Além disso, serão aplicados recursos tecnológicos e acessível e, estratégias de conforto ambiental para a edificação tornar-se mais convidativa e agradável.

4.2

BIBLIOTECA NORTHSIDE

A Biblioteca Northside (Figura 37) é uma das 28 filiais da rede de bibliotecas públicas conhecida como Biblioteca Metropolitana de Columbus (CML). As primeiras bibliotecas da rede começaram a ser construídas em 1928 e por volta de 1980 as existentes foram adaptadas para atenderem a acessibilidade universal. A filial Northside surgiu com o intuito de desmitificar o conceito de biblioteca e criar um modelo de edificação que atendesse a população por meio da tecnologia e socialização. Em 2018, a biblioteca recebeu


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o prêmio James B. Recchie Design de Columbus Marcos e nos anos seguintes recebeu outros prêmios devido à sua concepção arquitetônica (NBBJ, 2015). Figura 37 - Biblioteca Northside

Fonte: González (2018) Quadro 4 - Ficha técnica da Biblioteca Northside

FICHA TÉCNICA PROJETO ARQUITETÔNICO

Escritório NBBJ

PROJETO DE INTERIORES

Escritório NBBJ Columbus – Ohio/Estados Unidos

LOCALIZAÇÃO ANO DE EXECUÇÃO

2017

ÁREA CONSTRUÍDA

2.322m² Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Localizada na região central da cidade de Columbus em Ohio (Figura 38), a Biblioteca Northside foi construída em meio à um período de expansão dos bairros e distritos locais, e sua inserção arquitetônica tinha por interesse conectar as diferentes regiões da cidade.


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Figura 38 - Localização da Biblioteca Northside

Fonte: Adaptado de Mapstyle (2021)

O conceito projetual corresponde à criação de uma edificação dinâmica com estrutura organizacional que possibilite o networking, a coletividade, a tecnologia, os encontros e interações sociais, a fim de romper com a ideia de biblioteca tradicional, cuja disposição interna proporciona apenas usos individuais e silenciosos. O projeto partiu da inserção do acervo - com pé direito alto - e das circulações verticais bem ao centro da edificação, feitas por meio de rampas que proporcionam dinamismo, visibilidade e acessibilidade; inclui-se em seu programa de necessidades ambientes com acesso à internet e para estudos gerais e trabalhos profissionais, tanto individuais quanto coletivos.

Quadro 5 - Programa de necessidades da Biblioteca Northside

PROGRAMA DE NECESSIDADES BIBLIOTECA NORTHSIDE PRIMEIRO PAVIMENTO SEGUNDO PAVIMENTO Acervo Café Recepção geral Sala privada administrativo Sala de conferência Depósito administrativo Salas de reuniões (x3) Depósito de reuniões Cozinha Administrativo Cozinha geral Banheiros administrativo Recepção administrativa

Depósito de materiais Sala de computadores Sala de leitura Sala silenciosa Serviço de água Guichês na rampa Exposição Área de serviço Área juvenil Sala de estudos Guichês de trabalho Escritório


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Fraldários Área infantil Banheiros infantis Banheiros feminino Banheiros masculino Treinamento

-

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

A edificação é dividida em dois pavimentos (ver figura 39) com quatro diferentes níveis, cujas áreas mais dinâmicas e com maior fluxo de pessoas são localizadas no térreo e as áreas que demandam mais tranquilidade foram inseridas no pavimento superior. A edificação conta com a área do acervo em nível mais baixo, com pé direito alto e cercada por duas rampas de acesso que permitem a permeabilidade visual e espacial do local. Essa região central, onde está localizado o acervo e as rampas, conta com a cobertura em formato de ‘sheds’ para facilitar a ventilação e iluminação interna. Figura 39 - Corte esquemático - Biblioteca Northside

Fonte: MVSuriano, modificado pela autora (2021)

O pavimento térreo, exemplicado na figura 40, conta com uma área central onde estão organizados o acervo da biblioteca e o café, ela não possui divisórias o que permite a visibilidade e transparência do espaço interno. A área infantil (figura 41), de reuniões e administrativas foram dispostas nas extremidades da edificação a fim de permitir a existência acessos secundários. Há apenas um conjunto de banheiros para atender todo o prédio locado no sentido oeste do lote, o que permite maior insolação nas áreas molhadas.


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O acesso a edificação se dá por meio de duas entradas principais que permite o acesso aos banheiros, área infantil, administração e sala de estudos. Já para chegar ao acervo, ao café e as salas de reuniões, no nível inferior, é necessário o uso das escadas, da rampa central ou através da entrada secundária. Figura 40 - Planta pavimento térreo - Biblioteca Northside

Fonte: MVSuriano, modificado pela autora (2021)


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Figura 41 - Área infantil - Biblioteca Northside

Fonte: MVSuriano (2021)

O pavimento superior é utilizado para áreas que demandam maior atenção como os espaços silenciosos, de leitura, computadores e treinamento, assim como áreas de serviços, juvenil e depósitos (Figura 42 e 44). Este pavimento também é separado em dois níveis diferentes que são interligados por uma rampa central. Para acessar o primeiro nível do pavimento superior (área juvenil e serviços) é necessário utilizar a rampa lateral - marcada por bancadas de estudos em suas plataformas (Figura 43) – ou utilizar a escada. Já para acessar o segundo nível (leitura, computadores, área silenciosa, treinamento, depósitos e exposição) pode-se utilizar o elevador, as escadas e a rampa central. Figura 42 - Área de Leitura e computadores - Biblioteca Northside

Fonte: AIAOHIO (2019)


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Figura 43 - Pavimento superior - Biblioteca Northside

Fonte: MVSuriano, modificado pela autora (2021) Figura 44 - Rampa com áreas de estudos - Biblioteca Northside

Fonte: González (2018)


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A circulação vertical é separada em três diferentes formas: rampas, escadas e elevador. As duas escadas das laterais são de emergência e possuem acesso para fora da edificação, a escada central acessa o acervo e o elevador foi locado ao centro da edificação, próximo das entradas principais. Foram inseridas três rampas para conectar os diferentes níveis da biblioteca, permitir a acessibilidade universal e proporcionar percurso arquitetônico. O sistema construtivo escolhido para a edificação foi estrutura metálica com fechamentos internos em drywall e externos em vidro, placas metálicas, de concreto e de cimento, e tijolos aparentes (Figura 45). Os materiais foram escolhidos a fim de criar uma identidade única para edificação ao mesmo tempo que replica as materialidades encontradas no entorno envolvente (Figura 46 e 47). Figura 45 - Materiais Bibliotecas Northside

Fonte: Mvsuriano (2021) Figura 46 - Exterior Biblioteca Northside

Figura 47 - Exterior Biblioteca Northside

Fonte: MVSuriano (2021)

Fonte: MVSuriano (2021)


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A edificação conta com característica tecnológica que interrompe a barreira de biblioteca e ambientes de permanência para outros usos, ela utiliza recursos construtivos e soluções de layout que viabilizam o atendimento eficaz da comunidade em que está inserida (Figura 48 e 49). Figura 48 - Interior da Biblioteca Northside

Figura 49 - Acervo Biblioteca Northside

Fonte: González (2018)

Fonte: González (2018)

O estudo da Biblioteca Northside contribuirá com diretrizes projetuais que será aplicado ao desenvolvimento da Biblioteca Parque em Sarandi, como resultado dessa pesquisa, contudo, vale ressaltar a organização espacial interna, o uso das rampas que garantem a permeabilidade visual, espacial e sociopsicológica, assim como e a modernização dos espaços em que foram utilizados recursos tecnológicos.

4.3

BIBLIOTECA PÚBLICA DE SÃO PAULO

A Biblioteca de São Paulo (Figura 50) foi inaugurada em 2010, pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, com intuito de promover e incentivar o acesso às atividades socioculturais e à


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leitura, por meio de uma edificação dinâmica, confortável e autônoma. Ela foi inspirada no modelo Chileno de bibliotecas públicas e possibilita a população ambientes que fomentam a produção e a expressão cultural local. A biblioteca foi três vezes indicada como uma das 100 melhores ONGs do Brasil. Em 2013, recebeu o prêmio de Ações Inclusivas da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência; em 2016 foi escolhida como a Melhor Biblioteca do Ano do Instituto Pró-livro; e em 2018 ficou entre as finalistas para a Melhor Biblioteca do Ano do Mundo no International Excellence Awards. Figura 50 - Biblioteca Pública de São Paulo (BSP)

Fonte: Archdaily (2012) Quadro 6 - Ficha técnica Biblioteca Pública de São Paulo

FICHA TÉCNICA PROJETO ARQUITETÔNICO

Aflalo/Gasperini Arquitetos

PROJETO DE INTERIORES

Aflalo/Gasperini Arquitetos

LOCALIZAÇÃO

São Paulo - Brasil

ANO DE EXECUÇÃO

2010

ÁREA CONSTRUÍDA

4.527m² Fonte: Archdaily (2012)


76

A Biblioteca de São Paulo está localizada na zona norte integrada ao Parque da Juventude (Figura 51). Ela foi construída onde anteriormente havia o Complexo Penitenciário do Carandiru, extinto há anos. Sua localização permite o acesso aos ambientes do parque e isso garante que a edificação possua um entorno agradável com vegetação para uso contínuo dos usuários. Figura 51 - Localização da BSP

Fonte: Mapstyle, modificado pela autora (2021)

O conceito da biblioteca está relacionado a proporcionar à comunidade local um espaço acessível e autônomo com grande vitalidade humana, a fim de propiciar troca de experiências em um ambiente dinâmico e atrativo. O partido do projeto se dá a partir da horizontalidade da edificação, criação de programação e usos diversificados, integração entre o ambiente interno e externo, o que promove a visibilidade interna do ambiente e o conforto térmico, possibilitado pelas estratégias estruturais. Quadro 7 - Programa de Necessidades - BSP

PROGRAMA DE NECESSIDADES BIBLIOTECA PÚBLICA DE SÃO PAULO PRIMEIRO PAVIMENTO Livraria Ambiente para leitura Acervo Recepção Atendimento

SEGUNDO PAVIMENTO Terraço (2x) Acervo Leitura Estudos Banheiros


77

Espaço adaptado PCD Auditório Banheiros Multimídia Música Café Armários Cozinha Área externa Sala de 0 a 3 anos Sala de 4 a 6 anos Sala de 7 a 11 anos Sala de 12 a 17 anos (2x)

Espaço adaptado PCD Multimídia Acervo restrito Sala do servidor Sala de apoio Área técnica Administração -

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

A edificação é dividida em dois pavimentos em que são setorizados de modo que os espaços mais dinâmicos e agitados estivessem localizados no térreo. Como é possível visualizar na figura 52, o primeiro pavimento conta com ambientes mais públicos, que recebem maior fluxo de pessoas, enquanto o segundo pavimento torna-se mais tranquilo por não possuir tanta diversidade de usos. Há um pé direito alto no centro do ambiente construído, o qual recebe iluminação e ventilação natural por meio da cobertura em formato de sheds. Figura 52 - Corte esquemático - BSP

Fonte: Archdaily, modificado pela autora (2021)

O pavimento térreo (Figuras 53 e 54) conta com ambientes como livraria, espaços de multimídia e de música todos em um único ambiente, separados apenas pelo mobiliário existente. Esta área conta ainda com alguns guichês cercados por biombos removíveis a fim de setorizar os espaços por idade, que são utilizados para fins específicos, são eles: de 0 a 3 anos, de 4 a 6 anos, de 7


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a 11 anos e de 12 a 17 anos. Outros ambientes como auditório, mesas acessíveis e adaptadas, armários, café, cozinha e área externa fazem com que o local seja atrativo e amplie o sentimento de pertencimento do indivíduo. A edificação conta com um acesso principal, marcado pela existência de mapas da edificação em braile, assim como equipamentos de autoatendimento; da recepção principal é possível se dirigir para a grande área dinâmica com inúmeros usos, para os armários, o auditório e para o espaço externo. Além dessa entrada há existência de inúmeras saídas de emergência para possibilitar o fácil trânsito das pessoas para fora da edificação em caso de incêndio. A circulação vertical ocorre a partir de uma escada aberta localizada praticamente no centro da edificação, de duas escadas enclausuradas localizadas em suas extremidades (fachadas leste-oeste) e de um elevador que foi implantado junto à escada leste. Figura 53 - Planta pavimento térreo - BSP

Fonte: Archdaily, modificado pela autora (2021)


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Figura 54 - Pavimento térreo BSP

Fonte: Archdaily (2012)

O pavimento superior (Figura 55) por sua vez, abrange espaços como acervo, leitura e estudos, espaços adaptados para portadores de deficiência, acervo restrito, setor administrativo, um pequeno espaço multimídia, salas técnicas, sala de servidores e ainda conta com dois terraços locados próximos ao conjunto de escadas (Figuras 56 e 57). Para acessar o pavimento superior é possível utilizar qualquer escada e/ou o elevador. As escadas (central e oeste) são mais utilizadas pelo público em geral, enquanto a escada leste e o elevador é mais usual por portadores de deficiência e funcionários do prédio.


80

Figura 55 - Planta baixa pavimento superior - BSP

Fonte: Archdaily, modificado pela autora (2021)

Figura 56 – Terraço 1 - BSP

Figura 57 - Terraço 2 - BSP

Fonte: Archdaily (2012)

Fonte: Archdaily (2012)

O interior da biblioteca pública (Figura 58) garante a flexibilidade dos usos devido ao posicionamento dos móveis e layout. Não há, em meio ao acervo e aos espaços de leitura, divisórias fixas que impossibilite a visibilidade e o acesso aos diferentes ambientes, estes separados por idade. A BSP conta com um formato de edificação pensada na adaptação para usuários portadores de deficiência, há ambientes voltados para usos de pessoas com deficiência auditiva,

mesas ergonômicas

e

espaços

multimídias

adaptados para

cadeirantes. Em outro cenário, encontra-se a tecnologia aplicada à edificação,


82

onde o programa necessidades prioriza os ambientes multimídia e equipamentos tecnológicos de autoatendimento, com o interesse em garantir à população acesso à internet, liberdade no interior da edificação e ainda permanecer aliado com as modificações temporais da sociedade e da informação. Figura 58 - Interior da Biblioteca Pública de São Paulo

Fonte: Archdaily (2012)

A edificação possui fachada principal sul (Figura 59) e, como estratégias de conforto ambiental, é possível pontuar a iluminação zenital proporcionada através dos sheds na cobertura, utilizados para iluminação e ventilação natural interna. Nos terraços foram inseridos pérgolas de madeira para quebrar a insolação leste e oeste e tendas náuticas como cobertura do café no térreo. A fim de reduzir o aquecimento da edificação, os vidros que fazem o fechamento receberam películas translúcidas e foscas. Figura 59 – Fachada Sul - BSP

Fonte: Aflalo Gasperini (2010)


82

Figura 60 – Fachada oeste Pérgolas de madeira - BSP

Figura 61 – Fachada Norte Tendas Naúticas - BSP

Fonte: Archdaily (2012)

Fonte: Mello (2015)

O sistema construtivo conta com estrutura em concreto armado, malha de pilares em formato de pilotis e cobertura metálica. Conta também com fechamento externos em vidros e placas de concreto pré-moldado com acabamento texturizado e pérgolas em madeira. Serão utilizados no desenvolvimento projetual resultante desta pesquisa, diretrizes projetuais como soluções espaciais, de programa de necessidades, setorização e fluxo, sistema construtivo, cobertura por meio de sheds e estratégias que garantam o conforto ambiental, a horizontalidade da edificação e, sobretudo, acessibilidade tecnológica e espacial.


84


85

5 ÁREA DE ESTUDO

Esse capítulo discorrerá acerca da cidade de Sarandi, a fim de, compreender as principais problemáticas e potencialidades do município. Serão analisadas as bibliotecas existentes no município com intuito de observar aspectos físicos e programa de necessidades para entender as necessidades da comunidade. Por fim, será apresentado o lote escolhido para aplicação do projeto, tal como, os estudos de zoneamento, gabarito, entorno, acessos, fluxos e topografia.

5.1

A CIDADE CONURBADA

O município de Sarandi (Figura 62) ocupa uma área territorial de 103,501 km², sendo localizado no interior do estado do Paraná, e conturbada com a cidade de Maringá, fazendo parte da sua região metropolitana. De acordo com dados do IBGE (2020), em 2010 a cidade contava com 82.847 mil habitantes, com estimativa de 97.803 mil para o ano de 2020. Entre 2012 e 2014, Sarandi esteve entre as cidades mais violentas por homicídios do Paraná, permanecendo em sétimo lugar (FERNANDES; ENDLICH, 2015). Figura 62 – Mapa de localização de Sarandi

Fonte: Elaborada pela autora (2021)


86

Inicialmente chamada de Vila de Vera Cruz, seu surgimento em 1947, ocorreu a partir da colonização do norte paranaense dirigida pela Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP). As cidades do plano inicial receberam funções distintas, Maringá por exemplo, foi projetada para ser um polo regional, enquanto a atual Sarandi tinha como intuito dar suporte e atender as necessidades da cidade vizinha (STROHER; SOUZA, 2011). Com o crescimento populacional e econômico da cidade de Maringá iniciou-se um intenso processo de segregação urbana e discrepância econômica, com o afastamento das classes mais baixas para as cidades vizinhas, dentre elas Sarandi. Este fato contribuiu com crescimento urbano e demográfico desordenado da cidade de Sarandi o que, paralelamente, freou o desenvolvimento em geral, ocasionando altos índices de violência, crescimento da população de baixa renda e problemas urbanos. Hoje o município é considerado por muitos autores uma “cidade dormitório” de Maringá, devido ao baixo valor do solo se comparado com a cidade polo (SILVA, 2008, p. 59). A cidade é dividida pela rodovia BR-376 (Avenida Colombo) e pela existência da linha férrea (Figura 63). A divisão em zona norte e zona sul contribui com a segregação da cidade e restringe seu crescimento de forma conjunta e completa, visto que existe apenas um acesso de pedestres e veículos de ambos os lados, fazendo com que a região que mais atenda toda a população seja no centro. Nesse cenário, inserir um equipamento público em regiões mais periféricas não irá atender a cidade como um todo. Hoje, Sarandi sofre com a falta de ônibus que atenda os bairros de forma interligada, possui problemas de infraestrutura urbana e falta de políticas públicas assertivas e inclusivas, somase a isso a quantidade de equipamentos urbanos existentes não condiz com o número e habitantes.


87

Figura 63 – Mapa esquemático da cidade de Sarandi

Fonte: Elaborada pela autora (2021)

A cidade conta hoje com mais de seis ginásios de esporte, quatro centros culturais, sendo que apenas dois deles atendem de fato a comunidade; as praças e parques são insuficiente para proporcionar o lazer, e existe em funcionamento duas bibliotecas públicas, são elas: Biblioteca Municipal Izelina Gomes Pereira e Biblioteca Rocha Pombo.

Biblioteca Municipal Izelina Gomes Pereira

A Biblioteca Municipal Izelina Gomes Pereira (Figuras 66 e 67) está localizada no centro da cidade, na Praça Ipiranga, inserida do edifício do Centro Cultural Irmã Antona (Figuras 64 e 65). A casa da cultura possui uma arquitetura que não permite ligação com o entorno imediato, é um espaço pequeno e totalmente fechado, sofre com falta de manutenção e atenção dos orgãos públicos; nela são oferecidos inúmeros serviços há comunidade, como ballet, dança, cursos profissionalizantes, desenho, teatro, aulas de violão, teclado, street e capoeira, aulas de literatura, entre outros.


88

Figura 64 – Centro Cultural Irmã Antona

Figura 65 – Interior do Centro Cultural Irmã Antona

Fonte: Acervo pessoal (2021)

Fonte: Acervo pessoal (2021)

A biblioteca é utilizada como um suporte administrativo do centro cultural e possui um acervo pequeno com temas diversificados, espaços para estudos e leitura, mas, não há acesso à internet e os usuários permanecem pouco tempo no local. De acordo com a entrevista feita com uma das colaboradoras da instituição, a biblioteca consegue atender um público que abrange desde a primeira até a terceira idade, porque possui um acervo pequeno com temas variados e utiliza as atividades culturais como aliadas, já que os usuários em sua maioria, vão ao local para aproveitar as atrações oferecidas no centro cultural e acabam por conhecer a biblioteca. Figura 66 - Entrada Biblioteca Municipal Izelina Gomes Pereira

Figura 67 - Interior da Biblioteca Municipal Izelina Gomes Pereira

Fonte: Acervo pessoal (2021)

Fonte: Acervo pessoal (2021)

O acervo conta com tipologias infantis, gibiteca, livros escolares, literatura geral, histórias de ficcção, ensino superior, receitas, entre outros. A biblioteca encontra-se hoje com espaço físico precário e subutilizado, devido a falta de investimento para melhorias de infraestrutura e não possui espaço suficiente e adequado para ampliar o acervo (Figuras 68 e 69). Hoje o horário de


89

funcionamento é das 08:00h às 11:30h e das 13:00h às 17:30h, o que restringe o acesso da população que trabalha e estuda em horário comercial. Figura 68 - Interior da Biblioteca Municipal Izelina Gomes Pereira

Figura 69 - Interior da Biblioteca Municipal Izelina Gomes Pereira

Fonte: Acervo pessoal (2021)

Fonte: Acervo pessoal (2021)

Como pontos fracos da Biblioteca Municipal Izelina Gomes Pereira temse a falta de infraestrutura e a falta de acesso à internet. Como pontos fortes, vale destacar a localização estratégica, próximo de outras atratividades da cidade e seu complemento ao centro cultural, que permite um fluxo constante de usuários antigos e novos.

Biblioteca Municipal Rocha Pombo

A Biblioteca Municipal Rocha Pombo está localizada mais afastada do centro da cidade, na Avenida Rio de Janeiro, entre os bairros Panorama e Independência, a institução é um complemento da Biblioteca Municipal do centro (Biblioteca Municipal Izelina Gomes Pereira). Ela possui acervo pequeno com tipologias catalogadas e com potencial para atender desde a primeira até a terceira idade (Figuras 70 e 71). Na entrevista foi observado que o local possui um baixo fluxo de usuários e de acordo com a colaboradora responsável pela biblioteca, o público que mais utiliza o lugar são jovens, entre 20 a 30 anos, que buscam livros para emprestimos, por isso, não permanecem no local por mais de vinte minutos.


90

Figura 70 – Exterior da Biblioteca Municipal Rocha Pombo

Figura 71 - Interior da Biblioteca Municipal Rocha Pombo

Fonte: Acervo pessoal (2021)

Fonte: Acervo pessoal (2021)

Seu entorno possui usos predominantemente residenciais e comerciais, e sua estrutura sofre com falta de manutenção e cuidados. A disposição do acervo não oferece conforto aos usuários, visto que suas prateleiras são locadas muito próximas umas das outras (Figuras 72 e 73). O acervo possui em torno de três mil exemplares e suas tipologias são sobretudo, literatura brasileira e romances. Figura 72 - Prateleiras Biblioteca Municipal Rocha Pombo

Figura 73 - Disposição de livros Biblioteca Rocha Pombo

Fonte: Acervo pessoal (2021)

Fonte: Acervo pessoal (2021)

Como pontos fracos da Biblioteca Rocha Pombo, pontua-se o acervo pequeno, má infraestrutura, o baixo fluxo de usuários e a falta de atratividades com outras atividades coletivas. Como pontos fortes vale destacar um púbico pequeno e fiel ao empréstimos de livros, que estão sempre em busca de leituras para o lazer ou para estudos de vestibulares e concursos.


91

5.2

RECORTE DA ÁREA DO PROJETO

Escolha do lote

A escolha do lote para a criação do projeto levou em consideração a localização das atividades culturais e esportivas existentes em Sarandi, o acesso por meio de transporte coletivo, as avenidas que atravessam a cidade no sentido norte e sul, e as atividades comerciais e educacionais próximas. Dessa forma, o lote marcado em vermelho nas figuras 74, encontra-se bem próximo ao centro da cidade, com fácil acesso de moradores de ambas as regiões do município.

Figura 74 – Mapa de recorte para estudo - Sarandi

Fonte: Elaborada pela autora (2021)

A predominância de equipamentos públicos próximos foi essencial para a escolha do lote, visto que, de acordo com as diretrizes de bibliotecas, elas devem estar disponíveis dentro de um perímetro em que exista fácil acesso para a população e próximo de atividades comerciais, culturais e esportivas. No recorte


92

urbano feito na figura 75, é possível observar os equipamentos existentes na região, dentre eles destaca-se as duas bibliotecas públicas comentadas anteriormente, os centros esportivos, o centro cultural e a secretaria responsável pelos espaços culturais e esportivos da cidade. Figura 75 - Mapa de equipamentos existentes em Sarandi

Fonte: Elaborada pela autora (2021)

O lote encontra-se localizado no zoneamento de solo urbano de uso misto (Figura 76), em que é permitido usos residenciais, comerciais, culturais e esportivos. Sua localização garante que o transeunte que esteja no centro da cidade possa se locomover até o local sem a necessidade de automóvel. As atividades comerciais existentes podem ser utilizadas como aliadas da edificação cultural, visto que a região é marco zero da cidade e também o cruzamento entre as regiões norte e sul, por esse motivo, a população em sua maioria, transita pelo local grande parte do dia.


93

Figura 76 - Mapa de zoneamento urbano

Fonte: Elaborada pela autora (2021)

No mapa de diretrizes viárias da figura 77, é possível perceber que o entorno do terreno é marcado pela predominância de vias coletoras (amarelo), visto que a região dá acesso às diferentes partes da cidade, as vias arteriais secundárias (verde), são as Avenidas Londrina e Borsari Neto/Pedro Galindo Garcia, que através do sistema binário, cruzam a cidade no sentido nordeste e sudoeste, e as vias arteriais principais, Rodovia BR-376 (Avenida Colombo) e a Avenida Prefeito Sinclair Sambati (Contorno Sul de Maringá) que demarca o limite da cidade na direção noroeste.


94

Figura 77 - Mapa de diretrizes viárias

Fonte: Elaborada pela autora (2021)

Entorno, fluxos e acessos

O entorno imediato do lote (Figura 78) conta com algumas atividades esportivas e educacionais que de certa forma viabiliza a implantação da biblioteca no local. As principais ruas que dão acesso ao lote são caracterizadas por possuírem um fluxo alto de veículos, por estarem próximas ao centro da cidade. A Rua Taí e a Avenida Maringá são responsáveis por receberem a população vinda de Maringá, assim, o horário que mais estão movimentadas é após o fim do horário comercial (a partir das 17:30h), quando os moradores retornam para a cidade. As Ruas Bélgica, Itália e Julio Dvoranen, possuem baixo fluxo em qualquer horário do dia, as demais ruas e avenidas não acessam diretamente o lote.


95

Figura 78 - Mapa de fluxos

Fonte: Elaborada pela autora (2021) .

Ao observar os mapas de ocupação do solo e do gabarito, é notável que os usos predominantes na proximidade do lote são residencial, comercial e industrial (voltado para a Avenida Colombo), mas conta também com usos culturais e esportivos, como Associação de Proteção À Maternidade e À Infância (APMI), Ginásio de Esportes Trancredo Neves, pista de skate e Clube de Associados. A cidade de Sarandi, por ser marcada por população de baixa renda e com o desenvolvimento tardio, não possui muitas edificações com gabarito acima de quatro pavimentos, em sua maioria são térreas e/ou sobrados (Figuras 79 e 80).


96

Figura 79 - Mapa de uso do solo

Figura 80 - Mapa de Gabarito

Fonte: Elaborada pela autora (2021)

Fonte: Elaborada pela autora (2021)

Parâmetros de uso e ocupação do solo

O lote Q.81 é privado e pertence a Instituição Esportiva Sarandi Esporte Club (SEC). Sua taxa de ocupação máxima no térreo é de 85% e no mínimo 15% de área permeável e seu zoneamento permite uso misto. Hoje o lote sedia um campo de futebol não muito utilizado, que será mantido, mas reposicionado.

Quadro 8 - Parâmetros de uso e ocupação do solo LOTE INSTITUIÇÃO ZONEAMENTO

Q.81

PRIVADO SEC SARANDI ESPORTE CLUB

SU -UM/1 SOLO URBANO DE USO MISTO

TAXA DE OCUPAÇÃO TÉRREO

1º PAV

85%

65%

GABARITO

ÁREA RECUO RECUO RECUO PERMEÁVEL FRONTAL LATERAL FUNDO

T+7

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

15%

DISP.

1,5

3


97

Curva de nível

Como pode ser visto na figura 81, o terreno com dimensão de 13 metros de largura por 14,5 metros de comprimento, possui área total de 18.850 metros. Em geral a topografia do lote é irregular com um desnível total de 1,20 no sentido sudoeste para noroeste, ademais, ele conta com uma área central plana devido ao uso esportivo.

Figura 81 - Mapa curva de nível e localização das imagens

Fonte: Prefeitura de Sarandi, adaptado pela autora (2021)


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A partir de analisar a dimensão e a localização do terreno, é possível observar que ele se encontra subutilizado e não cumpre sua função social com a cidade de Sarandi, visto que ele está murado e cercado, descuidado, sem uso ativo e não colabora com a segurança pública, já que o ambiente urbano se torna hostil para os transeuntes (Figuras 82, 83, 84 e 85).

Figura 82 - Lote - Foto 01

Figura 83 - Lote - Foto 02

Fonte: Acervo pessoal (2021)

Fonte: Acervo pessoal (2021)

Figura 84 - Lote - Foto 03

Figura 85 - Lote - Foto 04

Fonte: Acervo pessoal (2021)

Fonte: Acervo pessoal (2021)

O terreno conta com uma topografia em declive suave como pode ser visto nas figuras 86 e 87.

Figura 86 - Lote - Foto 05

Figura 87 - Lote - Foto 06

Fonte: Acervo pessoal (2021)

Fonte: Acervo pessoal (2021)


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A cidade de Sarandi é voltada sobretudo para a prática esportiva, enquanto cultura e lazer ficam subutilizados. Com isso, ao escolher o lote para o projeto, foi primordial analisar estratégias para atrair a população para o espaço em diversos horários do dia, períodos noturnos e finais de semana. Nesse sentido, a implantação da biblioteca parque no lote, levou em conta sua localização, dimensão, entorno e acessos, e atenderá a comunidade no campo da cultura, do lazer, assim como no esporte. A localização do terreno foi estratégica a fim de atender os moradores locais, visto que, está próximo da maior oferta e demanda de comércio, assim como de atividades esportivas já consolidadas como é o caso do ginásio de esportes Tancredo Neves (a menos de uma quadra) e a pista de skate (em frente ao terreno).


100


101

6 PROJETO

6.1

DIRETRIZES PROJETUAIS

Integrar a edificação com a área aberta do terreno.

Possibilitar permeabilidade espacial e a acessibilidade universal;

Incrementar espaços de permanência para convívio social, a fim de integrar os espaços público e privado.

Projetar uma edificação com recursos tecnológicos, tais como as midiatecas.

Utilizar estratégias de conforto ambiental nas principais fachadas;

Explorar ao máximo o uso da ventilação e iluminação natural na edificação;

Manter e readequar as pré-existências do terreno, tal como o campo de futebol.

6.2

CONCEITO E PARTIDO

Conceito O projeto visa proporcionar um ambiente multicultural informativo, a fim de estimular o conhecimento e as artes, com o intuito de melhorar as relações sociais e o acesso à informação da comunidade de Sarandi/PR.

Partido Com o intuito de promover acesso público universal à edificação multicultural, assim como, garantir a permeabilidade visual, espacial e sociopsicológica, a disposição da biblioteca parque no terreno, em meio as árvores, tem o intuito de promover a conexão do indivíduo com a natureza, assim


102

como, proporcionar tranquilidade. Diante disso, a proposta de projeto inicia a partir de um pátio central que interage com os ambientes externos e internos do edifício, e ao se conectar com o exterior, o pátio torna-se um espaço estratégico, com vista a deixar a edificação mais convidativa ao usuário, além de despertar e estimular o interesse no sujeito em permanecer no local. O pátio, além de ser utilizado para exposição, também garante a visualização dos ambientes do térreo e do pavimento superior.

6.3

PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

A escolha do programa de necessidades tem como finalidade contribuir com a redução do desemprego, das desigualdades sociais e culturais do município, atender, sobretudo, a população de baixa renda. Com isso, o projeto concentra em um único ambiente construído atividades culturais, profissionais e informativas de modo a atrair e garantir o uso diário da população, sobretudo, colabora com a redução do déficit de atividades multiculturais do município e melhora a qualidade de vida da comunidade. Sendo assim, a edificação foi dividida em área comum, acervo infantil, acervo geral, multicultural, profissional, administrativo e áreas técnicas, como pode ser vista na figura 88 e tabela 01. Figura 88 - Esquema do programa de necessidades

Fonte: Elaborado pela autora (2021)


103

De acordo com a tabela 1, a área externa da edificação conta com a maior extensão de terra, isso porque o projeto tem o intuito de proporcionar atratividade e renovar uma região degradada através da criação de um parque, um campo de futebol e um cinema ao ar livre que estimulam a vivência e permanência no local. Soma-se a isso, a área externa conta com dois estacionamentos públicos que podem ser utilizados da mesma forma. A área comum, localizada no térreo, contempla espaços de uso totalmente público, sem restrições a fim de atender toda a comunidade como uma instituição pública. A livraria e o descanso/leitura proporcionam refúgio e tranquilidade para amantes da leitura. Por sua vez, o sebo comunitário visa estimular não só a leitura, mas a troca de livros, CD’s, revistas e jornais sem custos, com intuito de beneficiar o meio ambiente ao evitar o descarte incorreto de material. Ainda neste mesmo pavimento, o café proporciona descontração ao público ao mesmo tempo que incentiva a presença de novas pessoas ao local. Na exposição, concentrada no pátio central, podem ocorrer atividades culturais e educacionais diversas, como exposição de arte, apresentações artísticas e contos de histórias. O setor profissional atende as necessidades da comunidade de Sarandi, ao proporcionar atividades como cursos de capacitação, palestras e treinamentos profissionalizantes, colaborando com a reinserção do indivíduo no mercado de trabalho. Com um espaço integrado, disposto no térreo, o acervo infantil proporciona uma experiência lúdica as crianças, já que o ambiente visa estimular e despertar a criatividade e o amor pela leitura desde cedo. Dividido em cinco subsetores, o acervo conta com a gibiteca, brinquedoteca, midiateca e catalogação. O acervo geral, no primeiro pavimento, assim como o infantil, não possui divisórias físicas entre seus subsetores, criando uma permeabilidade visual do espaço e estimulando todos os usos de forma igualitária. Ele conta com midiateca, áreas de estudos, salas individuais, processamento técnico e área de equipamentos adaptáveis, tais como mesas ergonômicas. O setor multicultural, também no primeiro pavimento, conta com o auditório e o ateliê multiuso que incentivam as práticas artísticas, como dança, música, teatro, desenho, produção multimídia e apresentações de todo o gênero.


104

Por fim, as áreas técnicas e administrativas cumprem suas funções de garantir que a instituição continue funcionando e dispõe de ambientes como depósito, dml, banheiros, salas de reuniões e administrativas, entre outros. Tabela 1 - Programa de Necessidades e Pré-dimensionamento

AMBIENTES

QTD

METRAGEM

ÁREA COMUM

01 02 14 12 15 14 03 04

RECEPÇÃO GUARDA VOLUMES LIVRARIA XEROX CAFÉ ÁREA DE LEITURA/DESCANSO SEBO COMUNITÁRIO EXPOSIÇÃO

1 1 1 1 1 1 1 1

40,82 43,18 92,49 11,95 134,44 81,93 259,16 117,36

ACERVO INFANTIL

05 08 09 07 06

ACERVO GIBITECA BRINQUEDOTECA MIDIATECA CATALOGAÇÃO

1 1 1 1 1

80,72 38,24 44,29 67,8 23,5

48 51 53 52 50 49 45

RECEPÇÃO ACERVO E ÁREA DE LEITURA MIDIATECA ÁREA DE EQUIPAMENTOS ADAPTAVEIS ESTUDOS SALAS DE ESTUDOS INDIVIDUAIS PROCESSAMENTO TÉCNICO

2 1 1 1 1 3 1

29,82 339,8 116,94 25,07 100,98 22,26 35,51

36

ATELIÊ MULTIUSO

1

137,26

28

AUDITÓRIO

1

293,14

10

SALA DE CURSOS PROFISSIONALIZANTES

1

49,17

11

SALA DE TREINAMENTO PROFISSIONAL

1

47,87

46

SALAS DE TRABALHO E ESTUDO

4

23,52

41 42 39

SALAS ADMINISTRATIVAS SALA GERENCIA COPA

1 1 1

31,88 10,96 23,91

ADMINIS TRATIVO

PROFISSIONAL

MULTICULTURAL

SETOR

ACERVO GERAL

PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ - DIMENSIONAMENTO


ÁREAS TÉCNICAS

105

38 40 37 43

SALA DE REUNIÃO BANHEIROS RECEPÇÃO INFORMÁTICA

1 2 1 1

25,75 10,77 16,01 22,01

44

SALA DO SERVIDOR

1

8,58

21 31 -

DEPÓSITO ACESSO BARRILETE ELEVADORES ESCADAS/RAMPAS FRALDÁRIO BANHEIROS DML DUTO DE AR BARRILETE E CASA DE MÁQUINAS

1 1 2 2 2 2 -

15,85 15,85 7,15 5,3 101,62 6,4 2,13 56

ESTACIONAMENTO

TOTAL

2617,39

24 -

CARGA E DESCARGA ESTACIONAMENTO BIBLIOTECA ESTACIONAMENTO PARQUE CINEMA A CEU ABERTO

50 VAGAS 36 VAGAS -

35 2339,58 1580,98 800

-

CAMPO DE FUTEBOL

1

2400

TOTAL

7155,56

METRAGEM TERRENO

18850,00

ÁREA COMPUTÁVEL EDIFICAÇÃO

TAXA DE OCUPAÇÃO

2563,31 6053,06 (32,11%) 13,58%

COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO

0,13

ÁREA PERMEÁVEL

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

6.4

ORIENTAÇÃO SOLAR E IMPLANTAÇÃO

A disposição da edificação é resultado do estudo de orientação solar (Figura 89); assim, visando uma menor carga térmica no prédio, a posição escolhida evita alta incidência solar na fachada de maior extensão (fachada sudoeste).


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Figura 89 – Esquema de implantação

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

A partir da implantação (Figura 90) foi possível determinar a localização dos acervos, já que eles necessitam de maior cuidado e climatização constante, não sendo indicado receber sol em todo período do dia. Sendo assim, os acervos foram posicionados no lado leste da edificação, para receber menor insolação, enquanto o auditório, assim como as áreas molhadas, ficou para o lado oeste. O lote pode ser acessado através de três ruas diferentes, cujo acesso principal ocorre pela Rua Taí, o acesso de serviços pela Rua Itália e o acesso público secundário pela Rua Bélgica. Os três acessos contam com entrada de veículos e pedestres, o que faz o terreno estar totalmente permeável e acessível como ocorre em parques e praças urbanas. O estacionamento foi dividido em estacionamento biblioteca e estacionamento parque por estarem mais próximos dos respectivos espaços (edificação e campo de futebol); todavia, eles são de uso público. O lixo, carga e descarga e cisterna foram dispostos próximos a saída de serviço, depósito e caixa d’agua. A oeste da edificação, o cinema ao ar livre proporciona uso durante o período noturno e estimula o consumo de artes cinematográficas. Com o intuito de melhorar o conforto ambiental do ambiente foram criados espelhos d’água nas orientações oeste e norte da edificação.


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Figura 90 - Planta de implantação e cobertura

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Outra estratégia foi manter o campo de futebol, somente reposicionandoo, e conectar o terreno com a pista de skate por meio de plataforma elevada, permitindo que a população de Sarandi esteja disposta a transitar e conhecer a biblioteca parque.

6.5

SETORIZAÇÃO E PLANTA BAIXA

Os ambientes foram dispostos ao redor de um pátio central que conecta e interligam todos os espaços internos. A área comum, disposta na região


108

central, permite a permeabilidade visual do partido projetual. É possível observar nas figuras 91 e 92, que o térreo conta com os ambientes comuns, acervo infantil e profissional devido à curta permanência; enquanto no pavimento superior ficaram os ambientes de maior permanência, como multicultural, administrativo e acervo geral.

Figura 91 - Organograma térreo

Figura 92 - Organograma – Pav. superior

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Na figura 93 é possível observar o fluxo entre os setores/ambientes. A entrada da biblioteca ocorre através da recepção e a partir dela é possível permanecer no térreo ou se direcionar para o primeiro pavimento, diretamente ao acervo, por meio de uma rampa disposta logo na entrada, ao lado da recepção. A exposição, localizada no pátio central, permite acesso a todos os ambientes do térreo e se conecta com o pavimento superior através da escada que pode ser utilizada também como arquibancada, acessando o auditório. O acesso ao pavimento superior pode ocorrer também por meio do elevador localizado próximo aos banheiros e serviços. O acervo geral, no pavimento superior, por possuir duas entradas pode ser acessado através da área de estudos ou pela midiateca. Sua conexão com a administração ocorre devido ao processamento técnico, que permite a circulação interna dos funcionários.


109

Figura 93 – Fluxograma projetual

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

No térreo (Figura 94), o sebo comunitário, conta com estantes expositivas baixas e acessíveis com distâncias maiores entre si para não impossibilitar a circulação. Tanto o pátio como o sebo são utilizados como meio de passagem, transição e permanência, dito isso, foram dispostos mobiliário flexível como puffs e poltronas para conforto dos usuários. O acervo infantil disposto próximo do pátio, facilita a visualização das atividades sobretudo, dos responsáveis. A disposição interna do acervo infantil utiliza dos mobiliários para setorização interna. As salas de treinamento profissional ficam próximas ao xerox devido à necessidade impressão de materiais para atividades de capacitação. O descanso/leitura com vista para o parque e para o pátio, permite a permanência de pessoas em um ambiente mais aconchegante e reservado, além de conectarse com a livraria. A disposição do café permite a integração do parque com a edificação. Os espelhos d’águas próximos do sebo comunitário e do café, permitem a proximidade do elemento água com os usuários, o que estimula ínumeros sentidos.


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Figura 94 - planta baixa térreo

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

O pavimento superior (Figura 95) conta com um vazio central marcado pelo pé direito duplo do pátio no térreo. Os demais ambientes foram dispostos com o intuito de possuir aberturas para o interior da edificação de modo que os ambientes fiquem visíveis aos usuários. O auditório projetado para 99 pessoas, conta com 93 assentos comuns e 6 reservados para pessoas com deficiências (PCD), possuindo uma entrada acessada através do foyer e outra, mais privativa, para o uso do palco, próxima aos elevadores. Próximo do dml é possível acessar o barrilete e a caixa d’água. O ateliê multiuso e o auditório foram locados próximos à escada, rampa e elevador devido a quantidade de pessoas usando o local ao mesmo tempo. O


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ateliê tem o intuito de ser flexível aos usos e necessidade, podendo ser uma sala grande ou então duas divididas por biombos, quando existir mais de uma atividade ocorrendo ao mesmo tempo. No administrativo foram criados ambientes de reunião, copa, dois conjuntos de banheiros PCD, mesas administrativas para oito funcionários, sala de gerência, sala do servidor e informática. Há na administração dois acessos, o principal pela recepção, onde é possível receber pessoas para agendamentos e usos de salas, o outro, voltado para os funcionários, sobretudo dos serviços técnicos, fica próximo da informática. Já processamento técnico fica entre setor administrativo e o acervo, justamente para o melhor funcionamento das atividades. No acervo geral, devido ao cuidado com os livros, a leste e no centro do ambiente foram dispostas as estantes e espaços reservados para a leitura; às salas e mesas de estudo ficaram ao norte, e ao sul a midiateca. Tanto a midiateca como as salas de trabalho e estudo avançam sobre o vazio central, de modo a criar volumes com paredes de vidro que possam ser visíveis do térreo. Figura 95 - Planta baixa pavimento superior


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Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Para o desenvolvimento do projeto foram utilizadas normas brasileiras voltada para projetos arquitetônicos que instrui o profissional de arquitetura e de áreas afins. Para o dimensionamento geral da edificação, como circulações, escadas, rampas, acessos e banheiros foi utilizado a Norma Brasileira (NBR) 9050, que discorre a respeito da acessibilidade em edificações. De acordo com a norma, o piso do auditório para ser acessível ao uso de PCD deve atender inclinação máxima de 10% para vencer alturas acima de 60cm. Com isso, foi criado no auditório um piso com inclinação de 9,94% para vencer um desnível de 90cm em direção ao palco. A dimensão entre fileiras do auditório e das salas profissionais para uso de cadeira de rodas estão de acordo com o solicitado em norma (Figura 96). Figura 96 - Espaços para fileiras intermediária auditório

Fonte: NBR 9050 (2020, p.142)


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As prateleiras de livros foram dispostas, de acordo com a figura 97, nos acervos infantil e geral a distância entre elas estão com 1,30m e 1,50m, e no sebo comunitário com 2,30m.

Figura 97 - Distância entre prateleiras

Fonte: Neufert (2013, p. 261)

Ademais, para o cálculo das saídas de emergência, assim como as distâncias máxima até a rota de fuga, estão de acordo com as normas do Corpo de Bombeiros Paraná, presente no Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico (CSCIP) e na NPT-011 Saídas de Emergência, que dispõe acerca das dimensões mínimas e distâncias máximas a serem percorridas em caso de incêndio. Para o cálculo dos reservatórios de água fria foi utilizado a NBR 5626, que dispõe sobre instalações prediais de água fria.

6.6

SISTEMA CONSTRUTIVO E CONFORTO AMBIENTAL

O sistema estrutural utilizado no projeto é composto por laje, pilar e viga em concreto armado. O concreto armado foi escolhido por possuir baixo custo de manutenção, não exigir mão de obra muito qualificada - o que fornece trabalho aos moradores do município - e possuir alta durabilidade e resistência.


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Com o intuito de possibilitar uma planta mais livre e sem muitos pilares, foi utilizada a laje alveolar que atende vãos de até 16m, viga protendida com 0,60m de altura e pilares com seção circular de 0,40m de diâmetro e retangular com dimensão 0,20x0,40m. Para a vedação foi utilizada a alvenaria convencional pela facilidade de mão de obra e baixo custo de execução. Foi utilizado estrutura metálica para a escada e a rampa devido a versatilidade, resistência e leveza do material, assim como o curto prazo de montagem. Para proporcionar melhor conforto ambiental no interior da edificação, o projeto conta com a utilização de coberturas com telhas termoacústicas, abertura em formato de sheds na extensão do pátio central para a entrada de iluminação e ventilação natural (Figura 98). Com o uso de painéis de vidro serigrafado aplicados como brises nas fachadas sudoeste e nordeste, é possível reduzir a incidência solar nos ambientes e propiciar transparência nas fachadas principais. Os espelhos d’água locados a oeste e norte possuem intuito de reduzir a temperatura local e amenizar a sensação térmica sentida pelos usuários.

Figura 98 - Esquema de iluminação e ventilação

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

As vegetações ao redor da edificação foram utilizadas como barreira de calor, a fim de reduzir a incidência solar diretamente na edificação, além disso, a parede do cinema ao ar livre, foi deslocada e utilizada como parede verde, aliada ao espelho d’água, de modo que a carga térmica recebida por ela não aumentasse a temperatura do sebo comunitário.

6.7

CONCEPÇÃO ESTÉTICA E PLÁSTICA


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Baseado na ideologia da escola paulista e dos arquitetos Paulo Mendes da Rocha e Lina Bo Bardi, a identidade estética do projeto utiliza os grandes vãos, as formas puras e os materiais aparentes, como o concreto, o metal e o vidro, a fim de criar imponência à obra arquitetônica, ao mesmo tempo em que estimula à sociabilidade e integração social e tornando relevante enquanto espaço de apropriação pelas pessoas. Aliado às características projetuais do arquiteto Marcio Kogan e do escritório Bernardes Arquitetura, o projeto se preocupa com o conforto bioclimático da edificação através do uso dos brises, sheds metálicos, espelho d’água e paredes verdes. Assim como utiliza a iluminação natural como estratégia de garantir leveza e transparência à edificação, conectando o exterior com o interior. Foram utilizadas nas circulações verticais (escadas e rampas), estrutura metálica em vermelho para servir de identidade projetual e demarcar o acesso ao pavimento superior. Além disso, nas paredes das fachadas e do auditório foram utilizados grafites artísticos (Figura 99).

Figura 99 - Perspectiva interna com materialidades

Fonte: Elaborado pela autora (2021) O uso de cores nas paredes e nos materiais, assim como os desenhos artísticos em grafites e o mobiliário colorido contribuem para que o espaço construído desperte a energia e o ânimo para criar e praticar atividades culturais.


116

Dessa forma, a escolha de materialidades, assim como a paleta de cores utilizada em projeto, vai de encontro com a proposta de estimular a criatividade do indivíduo em mais de uma área do conhecimento.


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7 CONSIDERAÇÕES

Com o projeto de um novo conceito de biblioteca pública para a cidade de Sarandi, compreende-se a importância dessa instituição dentro da sociedade para fins de regeneração social, isto é, capacidade de melhorar a qualidade de vida da comunidade, proporcionar discussões políticas e atividades culturais de forma igualitária, a fim de garantir a inclusão social e possibilitar crescimento profissional. A cidade é marcada por possuir um desenvolvimento estagnado, inúmeros problemas sociais e políticos, além da precariedade dos espaços públicos. A população, em sua maioria, de classe baixa, permanece no município devido ao valor baixo do solo, entretanto, necessita de lazer, cultura e conhecimento dentro perímetro urbano, para estimular os indivíduos a permanecerem e vivenciarem a cidade. Sendo assim, a edificação buscou atender em seu programa as principais necessidades e insuficiências da cidade, assim como propiciar ambientes com conforto ambiental adequado ao clima local. Além disso, o projeto objetivou o dinamismo das relações sociais e a diversidade da população para a criação dos ambientes internos. Ademais, o projeto da Biblioteca Parque da (Cria)tividade teve como objetivo demonstrar que a instituição pode e deve ser utilizada como um catalisador social, a fim de movimentar as atividades e a economia local, estimular a vida pública e proporcionar um ambiente voltado para a expressão das artes e do conhecimento.


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9 APÊNDICES

Apêndice A


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Apêndice B


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Apêndice C


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Apêndice D


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