Revista ANO VII • Nº 15 • MAIO-JUNHO/2009
Pão de queijo ganha popularidade
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Amido de mandioca marca presença no toucador
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Abip e Sebrae querem lançar o Pão Brasileiro
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Embalagens ambientalmente corretas
Revista
Editorial
www.abam.com.br Av. Rio Grande do Norte, 1330 - Centro - Paranavaí - PR CEP 87701-020 - Tel./Fax: 44 3422-6490 / 3422-8217 www.abam.com.br
DIRETORIA Presidência Presidente: Ivo Pierin Júnior - Podium Alimentos 1º Vice-Presidente: João Eduardo Pasquini - Amidos Pasquini 2º Vice-Presidente: Antonio Donizetti Fadel - Halotek-Fadel 3º Vice-Presidente: Valter de Moura Carloto - C.Vale 4º Vice-Presidente: Osvino Ricardi - Agrícola Horizonte 5º Vice-Presidente: Jairo Campos Teixeira - Pinduca Diretoria Helio Minoru Oyama - Yoki/Indemil Alberto Conink Filho - National Starch Agustinho Previate -Inpal Conselho Técnico Roland Schurt - Amitec Nelson Camargo Filho - National Starch Nelson Alexandre Forselli - NKR Conselho Fiscal Thiago Afonso Ferreira - Febela Paulo Edson Pratinha - CM3 José Custódio de Oliveira - Alimentos Irmãos Oliveira Conselho Fiscal - Suplentes Claudio Vitor Ofh - Cassava Clóvis Schurt - MCR Sandro Marcelo Costa - Copagra
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ABAM atinge 18 anos de idade, neste mês de maio, com bons motivos pra comemorar. O primeiro é que a Associação aproveita a data para brindar a comunidade com o retorno da Revista ABAM. A segunda, e importante razão, é que ao contabilizarmos os resultados do setor, percebemos que os últimos 20 anos foram de grande projeção para o segmento de amido de mandioca. Vimos a produção brasileira se elevar de 100 mil toneladas/ano para cerca de 700 mil toneladas/ano, o que evidencia a valorização conquistada ao longo do tempo pelo produto. O perfil atual do setor é, infinitamente, diferente do que se via no passado. As indústrias germinaram, cresceram, se modernizaram, e trouxeram maior agregação de valor à mandioca, antigamente relegada a um mero item da culinária. A partir da evolução das técnicas, da derrubada de antigos conceitos e introdução de novas concepções industriais, se obteve o aprimoramento do amido de mandioca e de variados tipos de amidos modificados, o que contribuiu para a inserção do produto em diversos segmentos fabris. Nesta edição mostramos algumas das indústrias que utilizam o amido de mandioca como matéria prima: pão de queijo, cosmética e, uma das maiores inovações da atualidade: as embalagens biodegradáveis/compostáveis.
EDIÇÃO Jornalista Responsável / Editora Silvana Porto ( MTB 6.716 ) imprensa@abam.com.br Direção de Arte/Diagramação Antonio A. Licciardi Jr revabam@artfactor.com.br Fotografias Silvana Porto DISTRIBUIÇÃO Comercial Cleber Eduardo Affonso Tel.: 11 2628-7332 revista@abam.com.br
Se o segmento vem se consolidando de forma organizada, é por existir um movimento nacional, fundado na força associativa, gerada da união de industriais que têm consciência de que o fardo se torna mais leve se sustentado por várias mãos. As ações empreendidas por meio dessa associação, capitaneada pela ABAM, não são, muitas vezes, percebidas por pessoas que não integram este elo. No entanto, mesmo aqueles que estão fora do processo, são favorecidos. As conquistas não ficam restritas ao campo individual, nem aos associados apenas - são patrimônios de todos.
Cadastro e Assinaturas Tel.: 11 2628-7332 contato@editorapensar.com.br Financeiro Rafael Albuquerque revista@abam.com.br
O associativismo e o consórcio de idéias são fundamentais para a formulação e execução de projetos voltados ao desenvolvimento de uma atividade econômica. Somente com a sincronia de pensamentos e a união das empresas pode-se vislumbrar o sucesso.
Produção e Circulação
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Brinde ao progresso
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Pensar
Rua Teodoro Sampaio, 352 cj 102A - 05406-000 - São Paulo - SP 11 2628-7332 www.editorapensar.com.br A Revista ABAM é uma publicação bimestral da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca, de circulação Nacional.
Ao longo de sua história a ABAM tem trabalhado no sentido de incentivar a busca de alternativas tecnológicas que contribuam para o desenvolvimento do setor, e atuado no estabelecimento de políticas setoriais que beneficiem a cadeia produtiva da mandioca. E é com essa concepção que estamos conduzindo a entidade, com a convicção de que mais conquistas nos esperam nos anos que virão.
Ivo Pierin Júnior VISITE NOSSO SITE
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Presidente da ABAM
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Ă?ndice
COLUNAS
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Congresso Brasileiro enfocarå as inovaçþes e desafios do setor
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NOTĂ?CIAS DA EMBRAPA
CosmĂŠtica: Beleza pessoal com toque de amido de mandioca
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CEPEA
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CeTeAgro
PĂŁo Brasileiro volta ao forno
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IAPAR
BiodegradĂĄveis: embalagens que viram adubo
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PĂŁo de queijo ganha popularidade
FOTO: divulgação / CBPAK
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PĂŁo de queijo cai no gosto popular
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Amido de mandioca marca presença no toucador
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Abip e Sebrae querem lançar o Pão Brasileiro
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RETRANCA MUDANÇA DE HÁBITO
Pão de Queijo expande mercado de Polvilho Azedo Aumento do consumo do pãozinho impulsiona produção do polvilho azedo, e indústrias investem na instalação e ampliação de unidades
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erdado de Minas Gerais, o pão de queijo ultrapassa fronteiras e provoca mudanças no hábito alimentar do brasileiro, que adotou a iguaria como item indispensável em lanches, reuniões, coquetéis, e outros eventos. Além de puro, o pão de queijo aceita variados tipos de recheios, podendo ser consumido com café, refrigerante ou suco. Sua presença é garantida em supermercados, lojas de conveniências, casas de chá e café, lanchonetes, bares, cantinas de escolas, e outros estabelecimentos afins. Com grande aceitação popular, o pãozinho de queijo perdeu o sotaque mineiro, se transformando num produto brasileiro, que tem o polvilho azedo (um derivado do amido / fécula de mandioca) como seu principal ingrediente. A popularidade conquistada pelo pão de queijo, e a constatação de que o brasileiro o tem saboreado com maior frequência, é confirmada a partir do investimento feito por indústrias de amido de mandioca no aumento da produção de polvilho azedo (matéria prima mais indicada para esta finalidade – pode ser usado, também, o polvilho doce). Certos de que o negócio tende a crescer ano a ano, os industriais apostam suas fichas nesse mercado em expansão.
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Entre as novatas nesse segmento de mercado estão as indústrias Amifec Alimentos e Comercial Agrícola Anhumaí (Podium Alimentos), estabelecidas nos Municípios de Nova Londrina e Paranavaí, respectivamente, no Noroeste do Paraná. A Amifec foi fundada em dezembro de 2006, com a finalidade de fabricar polvilho azedo para os segmentos de pão de queijo e biscoitos. Com capacidade para produzir 20 toneladas/dia, a indústria está operando a todo vapor. Para complementar os pedidos de polvilho azedo, que estão 50% maior que sua capacidade, a empresa colocou em operação, no início do mês de março, uma unidade de produção em Cidade Gaúcha/PR, com capacidade para gerar mais 10 toneladas/dia.
significativa no comportamento alimentar dos brasileiros. “Muitas pessoas têm ido para lanchonetes e optado pelo pão de queijo ao invés de hambúrguer e outros lanches”, reflete.
“Nossa empresa deu um grande salto nesses três anos de vida”, comemora o Sócio-proprietário da Amifec, Elson Lopes”. Ele conta que a indústria iniciou suas operações produzindo 5 toneladas/dia e, rapidamente, viu esse número disparar. Com a demanda crescente foi preciso planejar o futuro. “Estamos investindo no aumento da capacidade e passaremos a produzir 40 toneladas/dia”, revela Lopes, que planeja concluir as obras até outubro deste ano. O polvilho azedo produzido pela Amifec é 100% destinado ao mercado brasileiro.
Oyama diz que se percebe que houve um importante aumento no número de fornecedores de polvilho azedo no Brasil, a partir da instalação de novas empresas, ou ampliação das existentes. A Yoki, no entanto, não planeja aumentar sua produção, que considera suficiente para atender sua demanda. “O polvilho azedo é um produto artesanal, que requer muita mão de obra, o que não nos estimula a investir mais na atividade”, pondera.
A Podium Alimentos instalou, em abril de 2007, uma planta com capacidade para produzir 100 toneladas/mês de polvilho azedo, e também está operando com 100% de sua capacidade. A empresa, que atua em outras linhas de derivados do amido de mandioca voltadas ao setor alimentício, vê o polvilho azedo como um valor agregado à sua produção. “Foi uma exigência de nossos clientes. Como atuamos na linha de alimentação, nossa clientela nos pedia polvilho azedo, o que nos levou a investir na instalação dessa fábrica”, relata Mauricio Gehlen, Diretor Industrial da empresa. O polvilho azedo produzido pela Podium abastece os mercados de Minas Gerais e São Paulo, sendo que 90% são destinados a indústrias de pão de queijo; o restante vai para produção de biscoitos. Este item representa hoje 8% da produção da indústria que tem planos de expandir o negócio. A meta da empresa é dobrar a capacidade de fabricação de polvilho azedo num período de dois anos. Tradicional no mercado de polvilho azedo, a Incol – Indústria e Comércio de Fécula O`Linda, também sediada em Nova Londrina, no Paraná, fabrica o item desde 1988. Entre 60% e 70% das 150 toneladas/mês de polvilho azedo que saem da indústria são destinados ao segmento de pão de queijo. O maior comprador é o Estado de Minas Gerais, mas a empresa tem clientes em todo o Brasil, sendo a maioria deles nas Regiões Norte e Nordeste. O polvilho azedo representa 40% da produção da Incol, mas em breve deve subir para a casa dos 50%. “Existe perspectiva para aumentarmos nossa produção”, projeta a Diretora da empresa, Sirley Niehues. Para ela o que está acontecendo é uma mudança
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Com capacidade para produzir 100 toneladas/mês, a Yoki Alimentos (Indemil), cuja fábrica está instalada no Município de Paranavaí, no Paraná, está operando com 100% de seu potencial. Helio Minoru Oyama, Gerente Administrativo da fábrica, conta que a produção é voltada ao consumo próprio, ou seja, para atender, em específico, vendas no varejo, com a marca Yoki. A empresa tem em sua carteira clientes em todo o Brasil.
Processo de fabricação Embora fabricado por indústrias modernas, dotadas de tecnologias de última geração para a extração do amido de mandioca, o polvilho azedo foge à regra. Sua produção, na sua maioria, é, ainda, artesanal. O processo se inicia com a extração do amido das raízes de mandioca, e sua posterior fermentação natural. O amido fica em tanques de 45 a 90 dias para fermentar (azedar). Nessa fermentação natural predominam as bactérias que formam o ácido lático. Depois dessa primeira etapa, o amido de mandioca, já impregnado com ácido lático, é exposto ao sol, onde permanece pelo período de um dia, submetido à radiação ultravioleta, quando se dá a secagem natural do produto. Ocorre nesse processo uma reação fotoquímica, que envolve três componentes: amido, ácido lático e radiação ultravioleta. “O polvilho azedo é um produto 100% natural, sem nenhuma química”, observa o Sócio-proprietário da Amifec, Elson Lopes. Cabe ressaltar que o polvilho azedo tem como principal característica a expansão (crescimento) dos produtos sem uso de agentes levedantes (fermento químico ou biológico). Ele cresce naturalmente sem ser necessário adicionar esses itens. Produção industrial Embora predomine a produção artesanal, existem algumas iniciativas no sentido de tornar a produção mais industrial. A Pinduca Indústria Alimentícia foi a primeira empresa a lançar o chamado polvilho azedo industrial - em pacotes de um quilo - cujo processo de produção é
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RETRANCA MUDANÇA DE HÁBITO
diferente do produzido artesanalmente. A diferença está na forma de secar o produto. No industrial, a secagem é feita em máquinas. Após a fase de azedamento, o polvilho passa pelo piller (desidratador centrífugo), e, posteriormente, pelo flash dryer (secador de amido). “Neste processo de produção não se consegue atingir a mesma expansão obtida no polvilho seco ao sol”, salienta o Gerente Comercial da empresa, César Fernando Paggi. Ele conta que a Pinduca instalou uma planta de produção de polvilho azedo artesanal com capacidade para 240 toneladas, na unidade de Planaltina do Paraná, que entrou em atividade em fevereiro do ano passado. Embora o polvilho azedo não seja prioritário à empresa, mais voltada à fabricação de amidos, farinhas e farofas, a Pinduca investiu no produto, com vistas a atender pedidos de clientes. “Se conseguíssemos obter maior expansão do polvilho industrial, com certeza, aumentaríamos nossa produção, pois este é um mercado que não desprezamos”, diz Paggi, informando que a Pinduca produz hoje em torno de 180 toneladas/mês de polvilho artesanal, vendido a supermercados; e outras 100 toneladas/ mês de polvilho industrial, destinadas a indústrias de alimentos. Estabelecida na cidade de Mercedes, no Paraná, a MCR Alimentos também investiu na produção de polvilho industrial. Iniciou a atividade no ano 2002, produzindo 100 toneladas/mês. Passados sete anos, a empresa aumentou para 400 toneladas/ mês sua produção, atingindo sua capacidade total. O polvilho azedo produzido pela MCR atende o mercado de pão de queijo, e é vendido nos Estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais. Para Roberto Muller - Gerente da empresa, a vantagem do polvilho industrial é que o processo de fabricação evita o contato manual, como acontece no polvilho artesanal, ficando isento de interferências externas, o que, conforme ele, dá maior segurança à qualidade do produto.
Embora fabricado por indústrias modernas, dotadas de tecnologias de última geração para a extração do amido de mandioca, o polvilho azedo, na sua maioria, é processado artesanalmente, com secagem natural ao Sol.
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CONVÊNIO
Entidades se unem para incrementar pesquisas
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ntidades envolvidas com a pesquisa da mandioca no Brasil vão se unir para consolidar estudos voltados ao desenvolvimento da cultura no País. A demanda foi apresentada à Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) pelo Vice-presidente da ABAM, Antonio Donizetti Fadel, numa reunião acontecida em Brasília/DF. Após esse primeiro contato, a Embrapa promoveu um workshop, no mês de dezembro do ano passado, na sede da Embrapa Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas/BA, com objetivo de ouvir integrantes dos órgãos de pesquisas sobre suas expectativas, e traçar um perfil das pesquisas existentes no território brasileiro. Foram estabelecidas no encontro algumas prioridades para a cadeia produtiva, que devem integrar um esforço cooperativo entre a Embrapa e outros órgãos de pesquisas como o IAC (Instituto Agronômico de Campinas), o Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) e a Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina). Poderá haver, também, participação da iniciativa privada. “O aumento da produtividade das lavouras brasileiras, e a pesquisa de novas variedades, são os focos mais importantes dessa parceria”, diz Fadel, lembrando que a última variedade de mandioca lançada no mercado – a IAC 14 – completou 20 anos, e que é preciso que se busque novos materiais, com maior capacidade produtiva. Para promover e coordenar essa colaboração público-privada, o Presidente da Embrapa constituiu, em 13 de fevereiro, uma Comissão, presidida, conjuntamente, por Fadel e por Arnoldo Medeiros da Fonseca Júnior, Coordenador de Gestão da Inovação da Embrapa. Esta Comissão é responsável pelo acompanhamento e execução das prioridades nacionais relacionadas às demandas do setor produtivo de mandioca, dentro das áreas temáticas: melhoramento; manejo; processamento; e, recursos humanos, como foco na industrialização.
O âmbito geográfico de aplicação dos resultados a serem buscados nessa parceria se circunscreve aos Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, onde se concentra a maioria das fábricas voltadas à industrialização de amido de mandioca, bem como as maiores áreas de cultivo de mandioca industrial do Brasil. “As indústrias desses Estados têm grande capacidade de produção, inclusive, para atender aos mercados interno e externo”, observa. No início do mês de maio, Fonseca Júnior iniciou contatos com vistas a consolidar a lista de instituições e dos responsaveis por suas pesquisas, que deverão ser convidados para o encontro, cujo local e data ainda seriam definidos, mas que, possivelmente, deverá acontecer no mês de junho, no Estado de São Paulo ou no Paraná. Veja quadro.
SEMINÁRIO PARA LEVANTAMENTO DOS RESULTADOS DE PESQUISA DE MANDIOCA PARA REGIÃO CENTRO-SUL DO BRASIL (período a definir) Instituições / Dirigentes
Participantes Sugeridos
1. Embrapa Sede Diretora Executiva: Tatiana de Abreu Sá (diretoria.tatiana@embrapa.br)
1. Arnoldo da Fonseca Júnior (AIT) 2. Sem sugestão (alguém do DPD)
2. Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical - CNPMF Chefe Geral: Domingo Haroldo Reinhardt (dharoldo@cnpmf.embrapa.br)
3. 4. 5. 6. 7.
3. Embrapa Cerrados - CPAC Chefe Geral: José Robson Sereno (chgeral@cpac.embrapa.br)
8. Eduardo Alano Vieira 9. Josefino Fialho
4. Embrapa Agropecuária Oeste - CPAO Chefe Geral:Fernando Mendes Lamas (chgeral@cpao.embrapa.br)
10. Sem sugestão
Alfredo Alves Wania Fukuda/Vanderlei Santos/Álvaro Bueno Carlos Estevão Cardoso Luciano Souza/Laércio Souza Marco Antonio Rangel
De acordo com Fonseca Júnior, a próxima ação dentro do processo será a organização de um seminário, com a participação das várias instituições públicas e privadas envolvidas com a cultura da mandioca. Deverão participar, inclusive, unidades da Embrapa que estão desenvolvendo trabalhos de pesquisa e melhoramento da raiz, cujos resultados possam ser úteis ou adequados às Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
5. Embrapa Tecnologia de Alimentos - CTAA 11. Andrea Bertolini Chefe Geral: Regina Celi Lago (chgeral@ctaa.embrapa.br)
Segundo ele, esse seminário terá o objetivo de identificar o “estado da arte” em âmbito nacional, e mapear os vários esforços de pesquisa já realizados sobre o tema, e seus resultados. “Feito o mapeamento poderíamos identificar as pesquisas e trabalhos cujos resultados já poderiam ser objeto de utilização pelo setor privado, bem como aqueles em desenvolvimento, para os quais uma ação coordenada, e a colaboração dos participantes, poderia agilizar o alcance ou a validação dos resultados”, observa. Ele enfatiza que no workshop acontecido em dezembro foi estabelecido o propósito de implantação de alternativas e processos melhorados para a produção de mandioca, que agreguem valor ao produto. “Deverão ser estabelecidos usos variados da mandioca destinada ao setor industrial, com a finalidade de se aumentar a produtividade e o cultivo de mandioca para patamares entre 40 e 50 toneladas por hectare, assegurando-se maior competitividade brasileira frente a outros países produtores”, assevera Fonseca Júnior.
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6. Instituto Agronômico de Campinas - IAC Diretor Geral: Marco Antonio Teixeira Zullo (iacdir@iac.sp.gov.br)
12. Teresa Valle 13. Outro(s) a definir
7. Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR Diretor Técnico Científico: Arnaldo Colozzi Filho (acolozzi@iapar.br)
14. Mário Takahashi
8. Centro de Raízes e Amidos Tropicais - CERAT Diretor: Sílvio José Bicudo (sjbicudo@fca.unesp.br)
15. Cláudio Cabello
9. Universidade Católica Dom Bosco - UCDB Reitor: Padre José Marinoni
16. Marney Cereda (cereda@ucdb.br)
10. Empresa de Pesquisa Agropec. e Extensão Rural de S. Catarina - EPAGRI Presidente: Luiz Ademir Hessmann (hessmann@epagri.sc.gov.br)
17. Enilton Neubert
11. Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária do R. G. do Sul - FEPAGRO Diretor Presidente: Benami Bacaltchuk (benami.bacaltchuk@terra.com.br)
18. Sem sugestão
12. Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca - ABAM Presidente: Ivo Pierin Júnior (abam@abam.com.br)
19. Ivo Pierin Júnior 20. Antonio Fadel (Diretor Halotek)
13. Sem vínculo institucional 21. José Osmar Lorenzi (osmarlorenzi@terra.com.br)
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RETRANCA COSMÉTICA
Amido de mandioca conquista linha
personal care
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Foto: Divulgação
tilizado há décadas na forma de talco em pó, principalmente para utilização em assaduras de bebês, ou como emplastos, em queimaduras e inflamações cutâneas, o amido de mandioca passou por modificações, ao longo do tempo, que ampliaram sua aplicação na cosmetologia moderna. Batons; talcos em pó ou líquidos; géis; esfoliantes; sabonetes líquidos, em barra, gel ou creme; modificador estético para melhorar a espalhabilidade de pós; maquiagens; loções; pomadas; cremes; antiperspirantes; desodorantes; talcos em pó e líquidos, são alguns itens da linha personal care que adotaram o amido de mandioca em suas formulações. A diversidade de exploração do amido de mandioca em itens da cosmética é possibilitada por características intrínsecas ao produto como capacidade de encapsular fragrâncias e de absorver gorduras; dispersibilidade; estabilidade de gel; uniformidade de granulometria, e, compatibilidade com outros componentes das formulações, explica a Pesquisadora Marney Pascoli Cereda. Alinhadas com a ordem mundial, que exige conscientização dos empresários no que tange à exploração de matérias primas renováveisl, empresas como Natura, O Boticário, Corn Products, entre outras, apostam na biodiversidade, inovando conceitos na estética e cuidados pessoais, com a adoção do amido de mandioca / tapioca como princípio ativo de seus produtos. Batom Intensa Cor - Depois de um ano de pesquisa, a Natura lançou no mercado, em meados de 2007, o Batom Intensa Cor Tapioca, da Linha Natura Diversa, que tem o amido de mandioca / tapioca como ativo. “O amido da tapioca é o que existe de mais inovador em tecnologia. O grande salto tecnológico se refere à estrutura do batom, obtida por meio da associação do amido a ceras, manteigas, óleos e antioxidantes”,
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Batom Intensa Cor Tapioca, da Natura, tem a tapioca / amido de mandioca como princípio ativo www.abam.com.br
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diz Adriana Rodrigues, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, enfatizando que “são ingredientes 100% vegetais, que sintetizam a preocupação da Natura com o desenvolvimento sustentável e a preservação ambiental”. Adriana explica que a essa formulação são acrescidos filtros solares físicos (FPS 15), pigmentos e fragrância, que asseguram a cremosidade do produto, uniformidade da cor, fixação e brilho. “Isso é possível graças ao processo tecnológico que transforma a mandioca, obtida por meio do cultivo orgânico certificado, em amido - na forma de pó. O tamanho e o formato das partículas desse pó possibilitam a interação com os agentes de coloração do batom e garantem a cor intensa nos lábios desde a primeira aplicação”, assegura.
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Talco Líquido Desodorante - A empresa O Boticário apostou no amido de mandioca ao introduzir na sua linha Nativa Spa, em março de 2006, o Talco Líquido Desodorante Tapioca + Vitamina E. Este produto já existia antes da implantação da linha Nativa SPA, porém, o amido de mandioca não era explorado na sua fabricação. O ingrediente conquistou papel de princípio ativo do talco após uma renovação na sua fórmula, sendo que os testes demonstraram que o ingrediente garantia a eficácia esperada pela empresa. “Um talco líquido sem igual, que deixa a pele fresca e perfumada, prolongando a sensação do banho. Enriquecido com Vitamina E e Pantenol. Contém Tapioca - a fécula da mandioca - nativa das regiões tropicais das Américas, que promove um toque sedoso e deixa a pele macia e suave”. É com este argumento que O Boticário conseguiu atrair a atenção do consumidor para o talco feito com amido / fécula de mandioca, que conquistou público fiel nesses três anos de sua introdução no mercado. Conforme Marcella Nogueira, Gerente de Produto, responsável pela Linha Nativa Spa, além de desodorizar e perfumar, o talco líquido tem como diferencial o fato de assegurar aspecto talcado e sedoso à pele, características estas possibilitadas pela introdução do amido de mandioca em sua formulação. Esfoliação Natural - A eterna busca da renovação celular da pele, através do processo físico de esfoliação, conta hoje com o amido de mandioca como aliado. A empresa Galena, distribuidora de matérias primas para indústrias e farmácias com manipulação, em todo o Brasil, introduziu em sua pauta de produtos voltados a cuidados pessoais, no final do ano passado, o esfoliante Farmal® Fiber T1, produzido pela Corn Products/Brasil, e vendido, com exclusividade, pela Galena, para farmácias com manipulação. O ingrediente é usado na fabricação de sabonetes líquidos ou em barra esfoliantes; géis de limpeza esfoliantes; cremes esfoliantes, e outros. A Farmacêutica Bioquímica da Galena, Giovana Barbosa, explica que o Farmal® Fiber T1 é composto por fibras naturais da tapioca / amido de mandioca, extraídas através de separação física sem solvente. “Este processo contribui para preservar em sua composição uma parte de amido, que é o responsável pela esfoliação adequada, com sensorial final de suavidade na pele”, esclarece. O produto é indicado para estimular a renovação celular e preparar a pele para receber tratamentos contra celulite e outros, e pode ser usado até três
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Talco Líquido do O Boticário, feito com tapioca / amido de mandioca, assegura aspecto talcado e sedoso à pele.
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RETRANCA COSMÉTICA vezes por semana, na forma de géis e cremes faciais e corporais, para limpeza ou esfoliação, ou em sabonetes na forma líquida, barra, gel ou creme, em fórmulas manipuladas por farmácias. De acordo com a farmacêutica, “a diferença entre a pele jovem e a envelhecida está na uniformidade da cor e da textura”. O envelhecimento, observa ela, torna a pele mais fina e traz sinais como rugas e manchas. Ao mesmo tempo, uma grande quantidade de células mortas se deposita na sua superfície, devido à lentidão do processo de renovação celular. Resíduos de poluição, cremes e sabonetes contribuem para deixar a pele mais opaca, áspera e sem vida.
Foto: Divulgação
É aí que entra o esfoliante, que tem a função de remover as células mortas e deixar a pele limpa e uniforme, possibilitando maior penetração de cremes hidratantes, antiaging (produtos para tratamento antienvelhecimento), clareadores, anticelulíticos, entre outros. “As fibras do Farmal® Fiber T1 são tratadas através de irradiação, o que permite sua utilização segura em formulações cosméticas para a limpeza e cuidado da pele maltratada pelo tempo, e por outros fatores, como os já citados”, assegura Giovana.
Creme manipulado com o Farmal® Fiber T1, comercializado pela Galena, que é composto por fibras naturais da tapioca / amido de mandioca.
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“A receptividade dos clientes tem sido muito boa”, constata a Gerente de Marketing da Galena, Sílvia de Castro Andrade. Ela conta que a empresa está apostando no lançamento, tanto que está promovendo uma larga divulgação, com objetivo de promover o produto e despertar o interesse das farmácias de manipulação pela novidade.
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UNIÃO
Assunto foi tratado em reunião da ABIP do mês de março deste ano, com a presença do Presidente da ABAM, Ivo Pierin Júnior, à esquerda da foto
Abip e Sebrae planejam lançar
Pão Brasileiro
Entidades querem que Presidente Lula isente pãozinho de impostos e faça seu lançamento nacionalmente
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Pão Brasileiro, assim conhecido o pãozinho com adição de fécula / amido de mandioca à farinha de trigo (cujo projeto de lei que previa sua inclusão nos programas sociais do Governo foi vetado pelo Presidente Lula) volta à cena. Por uma iniciativa da Abip (Associação Brasileira da Indústria da Panificação) e do Sebrae Nacional, uma nova proposta será apresentada ao Presidente, na tentativa de se obter seu aval à inclusão do pãozinho na rotina dos brasileiros. Para lançar, efetivamente, o Pão Brasileiro, a intenção dos proponentes é que Lula conceda “isenção absoluta de impostos federais”. É o que preconiza o Presidente da Abip, Alexandre Pereira Silva, para quem “a parceria entre a Abip e o Sebrae só poderá ir adiante, no sentido de se lançar o Pão Brasileiro, se houver incentivo fiscal do Governo, o que contribuiria para reduzir o preço final do produto”. Alexandre Pereira diz não acreditar que o consumidor mude seu hábito de consumo, trocando o pão que está habituado a comer para comprar um similar apenas pela conscientização em relação aos benefícios sociais que adviriam da expansão do setor de mandioca, em razão desse novo mercado. “O apelo social não sensibiliza as pessoas, o fator econômico, sim”, acentua. O projeto a ser apresentado ao Presidente Lula, prevê, tal qual no projeto de lei original, de autoria do deputado federal Aldo Rebelo (que foi vetado), a adição de 10% de amido de mandioca à fari-
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nha de trigo. A diferença entre o pãozinho atual e o anterior está no seu formato, ou seja, ele deverá ter forma circular, de modo a ser diferenciado do pão francês. O Presidente da ABAM, Ivo Pierin Júnior, concorda com o Presidente da Abip na questão da isenção de impostos como meio de sensibilizar o consumidor. Em sua análise, “o consumidor tem que entender que é bom pra ele, assim como o Governo tem que ter consciência de que é importante isentar o produto”. Segundo Pierin Júnior, o que parece ser renúncia fiscal acaba sendo um benefício pro Governo, pois, se a indústria vender o pão, vai incentivar o aumento do trabalho no campo, a partir da intensificação do plantio de mandioca. “Com a ampliação do trabalho nas lavouras, o Governo verá reduzir a população inserida em seus programas sociais, uma vez que muitos cidadãos passarão a ser favorecidos com o ganho propiciado pela abertura de vagas no campo”, analisa. A Abip e o Sebrae, assim como a ABAM, que por sete anos realizou trabalhos de treinamentos de padeiros, audiências públicas, palestras e seminários, visando incentivar a aprovação do projeto de lei original, esperam que o Presidente Lula se sensibilize, e conceda os incentivos fiscais. “Estamos aguardando uma posição do Presidente Lula em relação à desoneração, e o convidamos pra lançar o pãozinho”, diz o Presidente da Abip. MAI/JUN/2009
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LIMPEZA RETRANCA VIRAL Foto divulgação / IDR
Em busca de maior
produtividade
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obtenção de matrizes mais saudáveis de mandioca, com o objetivo de se incrementar a produtividade da cultura, será viabilizada através de uma pesquisa iniciada no Município de Maringá, no Paraná, resultado de uma parceria entre a UEM (Universidade Estadual de Maringá) e o IDR (Instituto para o Desenvolvimento Regional). Os recursos para a pesquisa provêm da Finep (Financiadora Nacional de Estudos e Projetos), do Sebrae, do Cetem (Centro Tecnológico da Mandioca) e outros parceiros ligados à cadeia produtiva da mandioca, na região de Paranavaí/PR. O projeto foi apresentado à comunidade num café da manhã, realizado no Sindicato Rural de Paranavaí, no mês de março. A necessidade de se incrementar pesquisas nesse sentido foi debatida durante a realização do Programa Apoio Direto à Inovação, concebido pelo IDR, e apoiado pelo Sebrae, e várias outras instituições como UEM, UEL (Universidade Estadual de Londrina), Embrapa, Emater (Empresa Paranaense de Pesquisa Agropecuária), Cetem, ABAM (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca), SIMP (Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná); a Aproman (Associação dos Produtores de Mandioca do Noroeste do Paraná); e, a Assimap (Associação das Indústrias de Mandioca do Paraná). A busca de produtividade das lavouras de mandioca está diretamente ligada ao saneamento das plantas, sobretudo da rama, conhecida como a “semente” da mandioca. A visão dos estudiosos é que é preciso se fornecer aos produtores mudas de melhor qualidade, isentas de vírus. Foi assim que se iniciou o projeto, denominado “Produção de manivas / ramas livres de vírus”. No Laboratório de Fitopatologia da UEM serão identificados os tipos de vírus que atacam as lavouras, e traçados perfis das viroses mais frequentes. Indústrias associadas à ABAM como a CM3 e
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a Amidos Pasquini estão entre as empresas que disponibilizaram áreas para estudos. Além de mapear os vírus o Laboratório também vai pesquisar o antisoro, uma vez que não existe produto do gênero no mercado. “Teremos que implementar uma ferramenta de diagnose que nos permita definir os tipos de vírus que estão contaminando as plantas. Este é um projeto arrojado, pois vai introduzir uma nova tecnologia no setor”, salienta o professor doutor Eliezer Rodrigues de Souto, do Departamento de Agronomia da UEM, coordenador das pesquisas. A produção clonal de mudas é o primeiro estágio do processo. Depois dessa fase, o material passa por um período de aclimatização em estufas. Em seguida, é direcionado à produção de plantas matrizes, que serão propagadas para distribuição aos produtores. O prazo pra que isto ocorra com segurança é, na opinião de Souto, uma incógnita. No entanto, ele arrisca prever que até o final do ano que vem, ou meados de 2011, já se tenha material suficiente. Benefícios - Para o Presidente do IDR, Sérgio Yamada “este é um projeto que gera novas competências no meio acadêmico, e tem o objetivo de aumentar a produtividade, o número de empregos e a renda média dos produtores, atendendo padrões internacionais, dando qualidade e agregando valor ao produto”. Na avaliação do Presidente da ABAM e do Cetem, Ivo Pierin Júnior, o projeto vai beneficiar milhares de produtores de mandioca, não somente do Paraná, mas de Estados situados nas proximidades, que poderão usar os serviços do laboratório. Ele salienta que a cultura da mandioca tem mantido a mesma produtividade há muitos anos, e diz ver com bons olhos a parceria, que, em sua análise, vem suprir a carência de novas pesquisas na área.
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Revista
Cerat
Inovações e Desafios para a Mandioca
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om o tema central Mandioca: Inovações e Desafios, acontece em Botucatu, no Estado de São Paulo, entre os dias 14, 15 e 16 de julho deste ano o XIII Congresso Brasileiro de Mandioca, que será realizado no Campus do Lageado. O evento é promovido pelo Cerat/Unesp (Centro de Raízes e Amidos Tropicais) com o apoio da FCA/Unesp (Faculdade de Ciências Agronômicas), do Sebrae, da SBM (Sociedade Brasileira de Mandioca), e da ABAM (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca). O objetivo do evento é discutir e divulgar as mais recentes inovações e o desenvolvimento das pesquisas e tecnologias aplicadas à cadeia produtiva da mandioca. Através de conferências, palestras, mesas redondas e apresentações de trabalhos nas formas oral e pôster, os congressistas receberão importantes informações relacionadas a seis eixos temáticos: Sócioeconomia; Energia; Biotecnologia; Agricultura; Processos e Produtos; e, Sustentabilidade Ambiental. “Serão discutidos os mais recentes avanços do setor, e suas implicações sobre a cadeia agroindustrial da mandioca”, acentua o Presidente do Congresso, professor doutor Cláudio Cabello. Toda a programação foi elaborada com vistas a atender as necessidades do público alvo do evento: pesquisadores, técnicos, empresários, industriais, agentes de comercialização, produtores rurais, agentes financeiros, formuladores de políticas para o agronegócio, órgãos e instituições públicas e privadas, estudantes, e, a comunidade em geral. No primeiro dia acontecerá uma dinâmica de campo, que permitirá aos participantes conhecer máquinas agrícolas destinadas ao plantio, poda e colheita da mandioca. Haverá, também, uma exposição de plantas de importantes variedades de mandioca. Para promover maior interação entre os participantes, o Congresso contará com uma tenda de mil metros quadrados, com piso e cobertura, onde ficarão dispostos 20 stands de empresas, instituições parceiras, área de exposição de pôsteres e sala de reunião. Cada stand terá nove metros quadrados. Próxima à tenda haverá uma exposição de máquinas e implementos agrícolas, numa área externa de quatro mil metros quadrados. “A mandioca é uma matéria prima vegetal de singular importância sócioeconômica. O Congresso vem possibilitar o intercâmbio entre os profissionais e estudantes das diversas áreas a ela ligadas, difundindo e ampliando conhecimentos”, diz Cabello, convidando a comunidade a participar do evento.
Para maiores informações visite o site www.cbm2009.com.br
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RETRANCA BIODEGRADÁVEIS
RETORNO À
ORIGEM Embalagens de amido de mandioca preservam natureza
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em recebidos em nossas casas, pela peculiaridade de os atirarmos ao lixo logo após seu uso, copos, pratos, garrafas, bandejinhas de isopor, e uma infinidade de outros itens plásticos, fabricados a partir do petróleo, se transformaram num amontoado de problemas para o Planeta. Se nossas tarefas domésticas foram facilitadas pela introdução do plástico descartável em nossas rotinas, ao olharmos pela janela deparamos com a montanha de lixo que produzimos com nossas mãos. Preocupados, pesquisadores encontram fórmulas para minorar o problema, substituindo o plástico de polietileno por matérias primas biodegradáveis - como o amido / fécula de mandioca; atentos às exigências mundiais, empresários apostam nessas novas descobertas científicas. Pesquisas realizadas em laboratórios brasileiros como Cerat (Centro de Raízes e Amidos Tropicais), CeTeAgro (Centro de Tecnologia do Agronegócio), Unicamp (Universidade de Campinas), USP (Universidade de São Paulo), Universidade Federal da Bahia, e por empresas particulares, demonstram as inúmeras possibilidades de emprego do biopolímero natural obtido a partir do amido / fécula de mandioca, que possibilita maior diversificação para utilização dessa matéria prima no setor industrial. Os polímeros são compostos químicos de elevada massa molecular, formados por unidades estruturais menores denominadas monômeros. O principal membro de sua família é o plástico. “O amido de mandioca é destaque como fonte fornecedora desse polímero“, observa a engenheira agrônoma e pesquisadora, Marney Pascoli Cereda, que se dedica a pesquisas na área há vários anos.
Foto: Amanajé Fotografia
Os biopolímeros produzidos com amido de mandioca podem ser agrupados em três diferentes grupos: dos materiais expandidos (similares ao isopor) usados para acondicionar alimentos; dos produtos prensados, que podem ser utilizados como tubetes para plantio de mudas de plantas diversas, cantoneiras para proteção de pallets e de caixas, e, ainda, como lixeiras para lixo seletivo; e, dos filmes de amido, que podem ser usados para cobrir / proteger alimentos, ou, até mesmo como embalagens comestíveis como papel de bala, bombons, biscoitos, entre outros.
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Fim do polietileno - De gigantes mundiais, tradicionais no mercado, como a BASF, a empresas jovens e de menor porte, como a CPBAK, fundada no ano 2000, na cidade de São Carlos, Oeste de São Paulo, com o propósito de quebrar o ciclo dos produtos oriundos do petróleo, surgem alternativas para o setor de embalagens que, como diriam os ambientalistas e simpatizantes da preservação da natureza: são ambientalmente corretos. A CBPAK investiu num audacioso projeto de fabricação de bandejas termoexpandidas de amido de mandioca, para substituir as tradicionais bandejinhas de isopor usadas para embalar frutas, legumes e produtos resfriados e/ou congelados. O produto já está sendo comercializado, tendo como principais clientes investidores do segmento de agricultura orgânica como o Sítio do Moinho Alimentos Orgânicos; a Fazenda Santa Genebra; a Korin Agricultura Natural, entre outros. Na linha de biofilmes, chegou ao mercado, dois anos atrás, o Ecobras™, desenvolvido pela BASF no Brasil em parceria com a Corn Products International, Inc., especialista em polímeros vegetais. Feito, inicialmente, com amido de milho, o Ecobras ganhou, há cerca de um ano, um grade (linha de fabricação) com amido de mandioca, matéria prima que, segundo Letícia Mendonça, Gerente de Negócios da Área de Especialidades Plásticas da empresa, confere propriedades distintas à mistura, como cor mais clara na versão natural, por exemplo”. O produto foi eleito uma das maiores inovações do ano passado pela Exame Monitor. O Ecobras™ é aplicado na produção de filmes, chapas, peças injetadas, sopradas ou termoformadas - processo de moldagem de chapas ou lâminas plásticas que, sob pressão, adquirem a forma do molde confeccionado tais como copos descartáveis. Os principais beneficiados pela tecnologia, são, conforme Letícia, os segmentos de embalagens e de agricultura. Aceitação – A tecnologia desenvolvida pela CBPAK assegura a impermeabilização das bandejas de amido de mandioca, o que veio atender as necessidades da Korin, que precisava de uma embalagem
resistente a baixas temperaturas e à umidade. A Korin é a mais nova cliente da CBPAK, visto haver efetuado suas primeiras compras de bandejas no mês de março deste ano, após um ano de testes. “Precisávamos que a bandeja fosse totalmente impermeável, pois se destina a itens perecíveis, que, mesmo em armazenagem seca, liberam umidade. Os legumes são produtos vivos, que respiram”, diz o Gerente de Negócios Agrícolas da Korin, Jarbas Cordeiro de Souza, explicando que usa a bandejinha pra embalar cenoura, tomate, pimentão, berinjela, mandioca-salsa, e outros itens comercializados no packing-house da Korin, em Atibaia, no Estado de São Paulo. Cláudio Bastos, Diretor-presidente da CBPAK, explica que foram realizados diversos testes com revestimentos à base de biofilme, que não atendiam às necessidades específicas desse cliente. “O processo de aplicação consiste de várias fases, e o custo do filme que estávamos utilizando inviabilizava determinados usos. Com a alteração no processo, e modificações estruturais na película, melhoramos as características e o visual das bandejas, sem perder o conceito da biodegradação”, observa. A empresa Sítio do Moinho, que produz e comercializa produtos orgânicos certificados, nacionais e importados, com sede em Itaipava, na Serra de Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, foi a primeira a testar as bandejas fabricadas pela CBPAK. Da fase experimental à introdução das bandejas em sua rotina, o que aconteceu há oito meses, o Sítio do Moinho participou do processo evolutivo da tecnologia. Consome hoje em torno de 300 unidades/mês, para acondicionar legumes e bolos. “Tivemos o privilégio de ser um dos locais de testes das bandejas de amido de mandioca. Ficamos satisfeitos de poder ter dado nossa contribuição ao desenvolvimento desse trabalho pioneiro da CBPAK”, diz a Gerente da empresa, Ângela Thompson. Dois anos após começar a plantar orgânicos experimentalmente, o Sítio do Moinho fez sua primeira entrega: no ano de 1991. Em 1997 começou a fornecer hortaliças orgânicas para o segmento supermercadista, sendo a pioneira nessa atividade. A empresa
Bandeja de amido de mandioca, fabricada pela CBPAK, é usada para embalar produtos orgânicos.
Foto divulgação/Fazenda Santa Genebra
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RETRANCA BIODEGRADÁVEIS CICLO ECOSUSTENTÁVEL Biodegradável é todo material cujo conteúdo orgânico se transforma em húmus, água e gás carbônico, em até 180 dias (tempo padrão para filmes de 120 micras de espessura em ambiente compostável). A quantidade máxima de húmus deve ser de 10% do conteúdo orgânico. Compostável é o material que se biodegradou, e gerou húmus com ausência de metais pesados e substâncias nocivas ao meio ambiente. Quem explica é a Gerente de Negócios da Área de Especialidades Plásticas da BASF, Letícia Mendonça, esclarecendo que os institutos certificadores fazem testes no húmus gerado, e também ensaios de crescimento de plantas para comprovar se o produto obedece os parâmetros exigidos. Letícia diz que toda linha de biodegradáveis da BASF, incluindo o biofilme feito de amido de mandioca, é, também, compostável, sendo detentora do selo de biodegradação e compostabilidade conferido por órgãos internacionais certificadores como o BPI (Biodegradable Products Institute), conforme a norma ASTM 6400. Ela diz que a BASF busca utilizar fontes renováveis em seus produtos com objetivo de contribuir para o balanceamento do ciclo do carbono. “Ao substituirmos o petróleo (que demora 10 milhões de anos para se formar), por um recurso renovável (que demora uma safra de seis meses), ajudamos a equilibrar o ciclo do carbono na natureza”, salienta. Cláudio Bastos, Diretor-presidente da CBPAK, e Vicepresidente Executivo da Abicom (Associação Brasileira de Polímeros Biodegradáveis e Compostáveis) complementa as informações, explicando que o ciclo ecosustentável é todo ciclo limpo, que retira algo da natureza, e a ela devolve da mesma forma, podendo ser reproduzido infinitamente. A CBPAK usa como matéria prima um vegetal: a mandioca, misturado com água, para obter um biopolímero , em processo industrial não poluente. O processo de compostagem da bandeja de amido de mandioca produzida pela CBPAK tem início no seu descarte, pela biodegradação da mesma, gerando como resíduo a biomassa (húmus), que é aproveitada nas plantações em forma de adubo, fechando, assim, o ciclo de vida ecológico do produto, de forma totalmente sustentável. A CBPAK publicou, recentemente, seu primeiro relatório de sustentabilidade, elaborado pelo WRI (World Resources Institute). A lista dos materiais biodegradáveis e compostáveis pode ser consultada no site do BPI: www.bpiworld.org
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Foto divulgação / CBPAK
oferece, também, itens de panificação orgânica certificada. Uma pequena processadora de higienizados, instalada há pouco tempo no Sítio, e também certificada, permite a entrega de verduras e legumes já prontos para o consumo. Em sua loja do Bairro Leblon, na capital carioca, a empresa comercializa todos seus produtos, e serve almoços preparados com ingredientes orgânicos. É também na loja do Leblon que os bolos que a empresa produz são acondicionados em embalagens de amido de mandioca. “O orgânico, muito mais que uma produção sem agrotóxicos, se baseia na conservação do solo, na utilização racional dos recursos naturais, na manutenção de águas limpas, no incremento da biodiversidade”, opina Ângela. Ela conta que quando as bandejas de amido de mandioca foram lançadas sua aceitação se deu de forma espontânea na empresa. “Pareceu-nos natural que abandonássemos o isopor e o substituíssemos pelas novas bandejas de amido de mandioca. Nos perguntamos: como uma empresa de orgânicos, cuja produção tem um componente ambiental tão forte, poderia utilizar bandejas de isopor de difícil degradação, feitas a partir de petróleo, recurso não renovável?”. A Fazenda Santa Genebra, que se estabeleceu na cidade de Campinas, Estado de São Paulo, oito meses atrás, adotou as bandejas produzidas pela CBPAK desde o início de suas atividades. Quem compra tomates, cenouras e morangos orgânicos comercializados pela Santa Genebra, leva-os pra casa acondicionados nas bandejinhas biodegradáveis / compostáveis de amido de mandioca. Em torno de 600 bandejas são usadas todo mês pela Santa Genebra para embalar seus produtos. “Optamos pela bandeja de amido de mandioca por ser um produto biodegradável, que não polui o meio ambiente. Nossos clientes ficam satisfeitos por consumirem um produto ecologicamente correto”, ressalta o Gerente da Fazenda, Adolpho Carlos Lindenberg. Satisfeito com os resultados que a CBPAK vem alcançando, Cláudio Bastos lembra que o projeto se tornou viável após a conquista de um importante sócio-acionista: o BNDES. Ele conta que depois de sete anos de pesquisa e desenvolvimento, o projeto começou a se solidificar, com a entrada do Banco no negócio. O BNDES garantiu o aporte financeiro necessário ao investimento, a partir da aquisição de 35% da empresa, que resultou na injeção de recursos na ordem de R$ 2 milhões no empreendimento. Também liberou uma linha de crédito no valor de R$ 2,3 milhões, para aquisição de novas máquinas, que permitiram a expansão da
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indústria, a primeira do Brasil, senão do Mundo, a investir na exploração do amido de mandioca como fonte de matéria prima para produção de embalagens biodegradáveis / compostáveis. Associação – A importância que o uso de fontes renováveis, em especial o amido de mandioca, vem conquistando na produção de embalagens incentivou a fundação, em março deste ano, da Abicom (Associação Brasileira de Polímeros Biodegradáveis e Compostáveis). Sediada no Município de São Carlos, Estado de São Paulo, a entidade conta, como associadas, com as empresas CBPAK, Corn Products, Basf, Innovia Filmes, Biomaster, Naturtec e Nelxon.
A CBPAK investiu num audacioso projeto de fabricação de bandejas termoexpandidas de amido de mandioca, para substituir as tradicionais bandejinhas de isopor usadas para embalar frutas, legumes e produtos resfriados e/ou congelados
Nomeado Vice-presidente executivo da Associação, o Diretor-presidente da CBPAK, Cláudio Bastos, diz que o objetivo da Abicom é defender interesses do setor junto aos órgãos governamentais, buscando incentivos e benefícios fiscais, através de redução de impostos. Pretende, também, educar a população a respeito da importância das embalagens biodegradáveis e compostáveis. No futuro, será responsável, ainda, pelo monitoramento à certificação de material biodegradável no Brasil, e, eventualmente, fornecerá selo de biodegradação às empresas fabricantes de produtos inseridas nesse contexto.
VIABILIDADE ECONÔMICA O segmento de orgânicos traz embutidos novos conceitos relacionados a custos. Para quem defende a eliminação total de agroquímicos, e tem preocupação com o esgotamento das fontes renováveis a que está fadado nosso Planeta, o dinheiro é o que menos importa nessa conta. Muitos pagam pela preservação sem reclamar. O Gerente de Negócios Agrícolas da Korin Agricultura Natural, Jarbas Cordeiro de Souza, diz que a concepção de custo tem que ser trabalhada junto aos clientes. Ele estima que o preço de seus produtos, a partir da introdução da bandeja biodegradável de amido de mandioca, deverá ficar, em média, quatro vezes maior. Conta que a Korin fez uma pesquisa junto a sua clientela, pra avaliar sua disposição de pagar mais caro pela embalagem ecológica. “Alguns disseram que pagariam, desde que o valor não fosse muito maior que as bandejas de polietileno. Porém, quando questionados sobre a contaminação do meio ambiente provocada por esse tipo de embalagem, ficaram sem resposta“, relata ele, salientando que a migração das bandejas será efetuada de forma progressiva, de modo a não impactar tanto o mercado. Para a Gerente do Sítio do Moinho Alimentos Orgânicos, Ângela Thompson, embora mais caras que as bandejas de isopor, as feitas com amido de mandioca têm um componente ambiental importante, que deve ser levado em consideração quando se fala em custo de um produto. “Entendemos que a bandeja de amido de mandioca é coerente com a produção orgânica e valoriza nosso trabalho, porisso decidimos inseri-la em nossa atividade”, afirma. Custo do lixo – Para o Diretor-presidente da CBPAK e Vice-presidente executivo da Abicom (Associação Brasileira de Polímeros Biodegradáveis e Compostáveis), Cláudio Bastos, as perguntas que se tem que fazer são: quanto custa a uma Prefeitura manter uma coleta de lixo e um aterro sanitário eficientes? Quanto custará à humanidade a depredação causada ao meio ambiente pelo lixo doméstico? Foi com questionamentos assim burilando sua mente que ele decidiu inovar, introduzindo as
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bandejas ecológicas de amido de mandioca no mercado. Bastos diz que, como empresário que decidiu apostar numa alternativa voltada à preservação ambiental, não admite que se compare um produto obtido de fonte renovável com outros que não têm nada a ver com a preservação do meio ambiente, e que geram diversos problemas para a sociedade. Ele salienta que países de Primeiro Mundo estão de olho nas embalagens não poluentes em seu descarte, não mais aceitando as de isopor. “A empresa moderna, que está em busca de competitividade, já está atenta às novas exigências do mercado”, observa. O empresário diz que o anunciado esgotamento de fontes petrolíferas no Mundo, amplamente debatido através da imprensa, fez com que o mercado voltasse seus olhos para matérias primas de outras origens, sobretudo as ecológicas. Com a decretação da morte do petróleo, a tendência, na análise de Bastos, é que este passe a ser destinado a outros usos, que não a produção de embalagens. E estas deverão, cada vez mais, utilizar matérias primas oriundas de fontes renováveis e não poluentes. Ele salienta que a preservação ambiental propiciada pela bandeja de amido de mandioca, visto ser a mesma biodegradável e compostável, e a facilidade de obtenção da matéria prima, uma vez que mandioca se planta de Norte a Sul do Brasil, são os grandes atrativos do produto. Observa que, do total de resíduos sólidos produzidos nos lares brasileiros apenas 10% são tratados em aterros sanitários - os 90% restantes são jogados em lixões a céu aberto. “Isto significa população carente coletando lixo, que se traduz em geração de doenças, e em gastos de recursos públicos com saúde, sem falar no custo do caminhão de lixo circulando diariamente pelas ruas da cidade, provocando poluição ambiental, gastos de energia, e outros”, alerta. Com a bandeja feita de amido de mandioca esses problemas sócioambientais são eliminados, pois, “no seu descarte, e em um prazo de 90 dias, ela se mineraliza totalmente, pela compostabilidade, se incorporando ao meio ambiente”.
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RETRANCA SANEAMENTO
Cochonilha
consome as lavouras
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oram detectados ataques da cochonilha (Phenacoccus manihoti) com danos significativos em mandioca nas regiões Noroeste do Paraná e Sudoeste de São Paulo nos anos 2007 e 2008. Esta espécie de inseto é, conhecidamente, uma praga para a cultura da mandioca. Já foram registrados focos, também, no Paraguai e em países da África.
Segundo o pesquisador doutor Anthony Charles Bellotti, do CIAT (Centro Internacional de Agricultura Tropical), essa espécie já havia sido detectada no Brasil, nos Estados do Mato Grosso e Bahia, porém, sem causar danos expressivos. Ainda segundo o doutor Bellotti, possivelmente, sua entrada no País tenha ocorrido via Paraguai. No Brasil, existem duas espécies de cochonilhas: Phenacoccus herreni e P. manihoti. A primeira tem sido problema, principalmente, nos Estados do Nordeste, e, a segunda, nos Estados do Mato Grosso, Paraná e São Paulo. Ambas as espécies têm ciclos muito semelhantes, diferindo apenas no fato de P. herreni se reproduzir sexuadamente, com a presença de machos, enquanto que P. manihoti se reproduz via partenogênese, ou seja, sem a necessidade de fecundação pelo macho, sendo fêmeas originando fêmeas. Ambas apresentam ciclo de ovo a adulto que varia de 18 a 50 dias, dependendo das condições ambientais e de alimento. Passam por quatro instares (estádios) jovens antes de passar para a fase adulta. A fêmea adulta leva de 20 a 25 dias para iniciar a colocação dos ovos, sendo que esses levam em média seis dias para a eclosão. Normalmente, os ovos são colocados em grupos, protegidos por uma substância com aspecto de algodão. A temperatura para o desenvolvimento da cochonilha é entre 25 a 30 graus centígrados. As cochonilhas são insetos sugadores de seiva, e tanto a fase jovem quanto a adulta causam prejuízos à planta, sendo esses: - Dano direto pela sucção da seiva - a planta fica debilitada, com aspecto de deficiência nutricional; - dano pela toxidez da saliva – causado, principalmente, nas regiões jovens da planta ocasionando deformação das brotações que ficam encarquilhadas com aspecto de repolho; encrespamento das folhas e queda precoce das mesmas; - necrose dos tecidos apicais, e consequente morte dos ponteiros em populações elevadas.
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Os danos são mais intensos no início das brotações e têm se mostrado mais agressivos em cultivos de segundo ciclo. Material contaminado - A disseminação da cochonilha ocorre através de material vegetativo contaminado. Portanto, é de suma importância a seleção de ramas com boas condições sanitárias, principalmente quando oriundas de regiões com a presença da praga. Com relação ao seu controle, não há ainda produtos registrados para essa praga na cultura da mandioca. Estudos estão sendo conduzidos no intuito de avaliar a eficiência de alguns instrumentos de combate, porém, os dados ainda são preliminares. No intuito de buscar conhecimento sobre a praga, e discutir possibilidades de manejo desta, foi firmada uma parceria entre a Atimop (Associação Técnica das Indústrias de Mandioca do Oeste do Paraná) e a ABAM, que viabilizou a vinda do Pesquisador doutor Bellotti ao Brasil, e a ida da pesquisadora Vanda Pietrowski ao CIAT, na Colômbia. A Atimop tem participado do trabalho através de apoio logístico e subsídios para compra de alguns produtos ou materiais. O controle biológico dessa espécie tem se mostrado uma alternativa viavel, pois vários predadores e parasitóides têm sido encontrados associados a essa espécie. A vespinha Anagyrus lopezi, que foi introduzida em outros países, encontra-se disseminada nas regiões de ocorrência da praga. Além das vespinhas, outros insetos como joaninhas e bicho lixeiro, têm sido, frequentemente, encontrados predando cochonilhas. O controle biológico tem sido a melhor alternativa para controle dessas espécies em outros países, portanto, é importante manejar a cultura de forma a preservar e/ou favorecer os inimigos naturais, que já estão, naturalmente, presentes nas áreas, aumentando assim sua eficiência.
COLABORAÇÃO Vanda Pietrowski Pesquisadora da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) E.mail: vandapietrowski@gmail.com – Telefone: 45 3284-7901 Sigmar Herpich Vice presidente da Atimop (Associação Técnica das Indústrias de Mandioca do Oeste do Paraná) E.mail sigmarherpich@yahoo.com.br
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TECNOLOGIA
Conquista da mecanização da colheita
Foto divulgação / Iapar
Recursos da Finep, a título de verba não reembolsável, viabilizam fabricação de uma colhedeira de mandioca
Primeiros testes com a máquina devem acontecer no início do ano que vem
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stão programados para o início do ano 2010 os primeiros testes de campo com a máquina colhedeira de mandioca que está sendo desenvolvida pelo APL de Máquinas e Implementos Agrícolas do Oeste do Paraná, de Cascavel/PR, em parceria com o Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), de Londrina/PR, que está coordenando o projeto, e o APL da Mandioca, sediado em Paranavaí/PR. A máquina é financiada pela Finep (Financiadora Nacional de Estudos e Projetos) e pelo Sebrae, que liberaram R$ 430 mil para o setor – 50% cada um - a título de verba não reembolsável. O convênio foi assinado no final de 2007 e teve início no ano passado. Engenheiros contratados pelo APL, e engenheiros e técnicos do Iapar, estão trabalhando em conjunto no protótipo, que está sendo produzido através de um consórcio entre as empresas: Silobras Indústria e Comércio de Equipamentos Agroindustriais Ltda., V.Marafon & Cia.Ltda. e Labre e Dowich Ltda. Através de um levantamento do banco de patentes de máquinas voltadas ao setor da mandioca, e de mecanismos existentes no mercado, os profissionais envolvidos começaram a projetar a máquina. Foram realizadas, também, visitas a produtores de mandioca, com a finalidade de se identificar problemas relacionados à cultura, e feitos testes com afofador (equipamento usado para afofar a terra). Os estudos evidenciaram que os técnicos terão entre os desafios a serem superados a busca de soluções voltadas ao arranquio e despenicamento da mandioca (retirada de sobras da planta que ficam ligadas à raiz). Este foi o maior problema apontado pelos produtores nas pesquisas realizadas. De acordo com Paulo Roberto Abreu de Figueiredo, pesquisador do Iapar que está coordenando o projeto, para se chegar à colhedeira de mandioca é necessário se cumprir as fases previstas, sendo que a
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finalização do protótipo está programada para o final do ano que vem. “Neste estágio do projeto não há uma máquina propriamente dita. O que temos são mecanismos que executam determinadas funções, separadamente, para que de forma mais objetiva possível, se possa fazer a seleção da melhor opção para cada tarefa. Numa fase mais adiantada vamos juntar dois ou mais mecanismos que tenham funções complementares ou subseqüentes, e, assim sucessivamente, até a definição do conjunto final que, resultará na máquina pretendida”, esclarece Figueiredo. No modelo projetado inicialmente, está prevista a figura de um operador. As raízes arrancadas são depositadas em bags (sacos), recolhidos, posteriormente, por um trator. Mas ainda são precisos novos testes relacionados à força de arranquio e análise da direção do crescimento das raízes para se definir esta fase da operação. Não se tem, ainda, uma estimativa do custo final da colhedeira. Segundo as empresas envolvidas, isto só será possível se definir após as conclusões dos estudos voltados à necessidade de energia (força); tamanho e estrutura da máquina; tração; necessidade ou não de pneus; desempenho; entre outros detalhes. O desenvolvimento da colhedeira é visto pelo Presidente da ABAM, Ivo Pierin Júnior, como um grande avanço para o setor da mandioca, pois amenizará o problema de indisponibilidade de mão de obra para as lavouras de mandioca. Em sua análise, o setor da mandioca tem muito a comemorar esse investimento do Governo Federal, que, conforme ele, trará benefícios a toda cadeia produtiva. “Nosso setor nunca recebeu tão vultosa destinação de verbas públicas como esta”, enaltece. MAI/JUN/2009
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RETRANCA
Mário Takahashi Engenheiro agrônomo, pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná. takaha@pr.gov.br
COLUNA DO IAPAR
Desafios e sustenta cultura da mandioca
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mandioca é cultivada em todas as regiões brasileiras, e possui papel fundamental na alimentação humana e animal, além de se constituir em matéria prima para inúmeros produtos industriais, e em instrumento para a geração de emprego e de renda. Entretanto, nos mais diversos sistemas de produção da cultura praticados no Brasil, observam-se problemas de manejo, que se constituem em ameaças aos recursos naturais e, consequentemente, à sustentabilidade da atividade.
Preparo do solo o mais reduzido possível, mas que garantam boas produtividades e minimizem problemas ambientais como erosão. Nos primeiros meses de crescimento, devido ao lento desenvolvimento da cultura, os problemas das erosões hídrica e eólica são acentuados. Passado este período, a planta de mandioca cobre, eficientemente, o terreno, desde que usados espaçamentos adequados. Uso de variedades de elevada produtividade
Neste contexto, é de suma importância que a mandioca seja produzida através da adoção de boas práticas agrícolas, harmonizadas com a recuperação e preservação ambiental, justiça social e garantia futura de participação em mercados promissores. Esses mercados exigirão, cada vez mais, gestões que permitam o rastreamento da produção e sua comunicação aos consumidores. Boas práticas agrícolas Nas boas práticas agrícolas muitos itens ainda não foram avaliados pela pesquisa e pelo setor produtivo, mas que, necessariamente, deverão melhorar a eficiência de produção, sendo esta definida como a maior retirada possível da parte da planta economicamente útil, de melhor qualidade, por unidade de área, sem degradar o meio ambiente. Dentre estas boas práticas agrícolas pode-se citar:
Uso de insumos registrados, comprovadamente eficientes, e sem riscos para o consumidor. Principalmente com relação aos inseticidas e herbicidas são pouquíssimos os produtos devidamente registrados no Ministério da Agricultura e cadastrados nos Estados. Tal aspecto ocorre, principalmente, pelo pouco interesse das empresas fabricantes em avaliar e registrar produtos para a cultura; O uso de produtos sem registro poderá envolver riscos ambientais, e para os consumidores.
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A elevada produtividade, necessariamente, está relacionada à produtividade de matéria seca (amido ou farinha) por unidade de área, e ao tempo necessário para que isto ocorra. Produtividades elevadas podem ser produzidas em qualquer situação, mas, em quanto tempo? O melhoramento genético, principalmente em mandioca, é um processo demorado, mesmo com uso de ferramentas biotecnológicas mais modernas; O desenvolvimento de variedades com maior teor de amido deverá estar acompanhado de melhorias na etapa industrial, de tal forma que consigam aproveitar o aumento de rendimento e consequentemente, repassar esse acréscimo para o agricultor; Dependendo do destino do produto final é de suma importância a composição das raízes, de tal forma que não ocasionem problemas como, por exemplo, pigmentação, devido a vários compostos presentes nas raízes. As colorações da casca e da entrecasca também assumem grande importância, não somente para a produção de farinha, pois também poderão influenciar na coloração da fécula;
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bilidade da a
Problemas de erosão nas etapas iniciais de crescimento.
No caso de mandioca de mesa, mais do que a produtividade, é vital o problema de cozimento ao longo do ano, para que esta se transforme numa hortaliça de maior grandeza. Conhecimento profundo das novas pragas e doenças
Boa cobertura do solo em lavoura formada
O conhecimento aprofundado das “novas pragas” e doenças é de suma importância para se implementar programas de manejo integrado. De acordo com a região brasileira de cultivo, os destaques entre as pragas que têm causado maior preocupação são: o percevejo de renda; cochonilhas da parte aérea e das raízes; e, a mosca branca. Nas regiões Nordeste e Norte do Brasil vale ainda destacar problemas com ácaros. Com relação às doenças, os destaques são o superalongamento e as viroses. Com relação ao mandarová e à bacteriose, embora sejam problemas em algumas regiões brasileiras, existe bom estoque de conhecimento, e métodos eficientes de controle.
Sintomas de superalongamento nas folhas
Máxima mecanização possível na colheita das raízes A colheita das raízes ainda é um ponto de estrangulamento, por consumir boa parte dos custos de produção. Houve várias tentativas para mecanização desta etapa, mas, até o momento, esta se concretizou somente na etapa de arrancamento das raízes do solo. A etapa de separação das raízes das plantas, conhecida como despinicação, ainda é uma etapa manual. Justiça social A lavoura de mandioca depende muito da mão de obra, principalmente nas etapas de capina e colheita das raízes. Porém, esta demanda por trabalhadores não é constante durante o ciclo da lavoura, e acarreta ônus elevado para o agricultor, quando tem de ser legalmente contratada. Novas formas de regularização do trabalho nas lavouras devem ser discutidas e implementadas, para que, em casos extremos, não inviabilizem a produção em algumas regiões.
Equipamento para arrancamento das raízes.
Rastreabilidade Para que os produtos derivados da mandioca possam atender a mercados cada vez mais exigentes é importante a criação de métodos que permitam a rastreabilidade, desde a lavoura até o produto final junto ao consumidor.
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RETRANCA
Teresa Losada Valle Pesquisadora do IAC (Instituto Agronômico) teresalv@iac.sp.gov.br
COLUNA DO IAC
FIQUE DE OLHO NA TAILÂNDIA
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e 15 a 16 de janeiro deste ano realizou-se em Bangkok, Tailândia, a Conferência Mundial de Mandioca – 2009, do qual participamos, a convite das empresas National Starch e Halotek-Fadel, associadas à ABAM. A reunião impressionou pela organização, pompa e maneira como o tema mandioca foi abordado – com jeito de quem pensa em comércio grande e vê horizontes largos. Algo como uma conferência internacional de café no Brasil. Parece que o objetivo do evento foi marcar presença no mundo dos agronegócios. A abertura foi feita pelo Primeiro Ministro do Reino da Tailândia e Ministra do Comércio, o que demonstra que o assunto é questão de Estado. Apesar da Conferência se intitular mundial, tinha pouca gente do Brasil e da Nigéria. Ao que parece eles não se preocupam com os outros gigantes do Mundo, ou melhor, os outros não se preocupam com a Tailândia, mas deveriam. Falou-se de comércio internacional de rações, amido, álcool, e de como a Tailândia está planejando o futuro. O evento contou com feira de indústrias; empresas comerciais; instituições de pesquisa; e, um concurso de produtividade, em que o campeão apresentou uma planta com 143 quilos. A programação teve dois focos. O primeiro, com abrangência mundial, abordou o panorama mundial de segurança Alimentar X Energia; a produção mundial de cereais e o mercado de rações; o mercado mundial de amido; e, a situação mundial de etanol, em especial no mercado chinês. O segundo foco foi voltado à discussão de como a Tailândia se coloca frente ao cenário mundial, e quais são as políticas de cada setor governamental: Ministério do Comércio, Ministério de Indústria e Cooperativas e Universidade de Kasetsart, que relatou a área de ciência e tecnologia, com enfoque no desenvolvimento de tecnologia de produção agrícola, processos de produção de amido e etanol e alimentação animal.
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O governo tailandês está de olho nos mercados interno e externo (chips para etanol na China, Taiwan e União Européia; amido para Índia, Rússia e Japão; e, pellets para União Européia, Austrália e Nova Zelândia). Para isso, tem planos de aumentar a produtividade e a produção, e mantém-se bem informado. Por exemplo: na Conferência foi apresentado como o controle de preços de combustíveis feito pelo governo brasileiro afeta o preço do etanol, que interfere no preço do açúcar, que gera consequências ao preço do milho, que repercute no preço do amido de milho, que gera reflexos na definição do preço do amido da Tailândia. A Tailândia tem planos para aumentar a produção de mandioca, ampliando a área e, principalmente, a produtividade. Apóia-se no seu volume de produção crescente, que em 2007 praticamente igualouse à brasileira: em 27 milhões de toneladas. Porém, o alicerce mais firme é o crescimento da produtividade, fundamentada em tecnologia agrícola, especialmente o desenvolvimento de variedades mais produtivas, facilitado pela ausência de epidemias de pragas e doenças. O aumento da produtividade da mandioca na Tailândia é realmente impressionante. Por volta de 15 t/ha até o ano 1999 para quase 23 t/ ha em 2007, conforme demonstrado na figura 1. Se considerarmos que a mandioca é colhida, predominantemente, com um ciclo, é uma respeitável produtividade. As primeiras variedades foram levadas das Filipinas, Malásia, Indonésia, Ilhas Virgens e da Colômbia. Em 1975, a melhor delas recebeu o nome de Rayong 1. Na década de 80 surgiram as primeiras variedades selecionadas para as condições edafoclimáticas da Tailândia, foram as várias Rayong e a importantíssima Kasetsert 50. Nos anos 2000 continuaram as Rayong e surgiram as Huay Bong (HB). A mais recente - Huay Bong 80 - foi lançada em 2008 (ver figura 2).
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Centro de treinamento do Instituto de Desenvolvimento da Mandioca da Tailândia (Thai Tapioca Development Institute – TTDI).
O grande progresso, além da produtividade evidentemente, foi o teor de matéria seca e amido. Progrediram de 30% de matéria seca e 22% de amido na Rayong 1 até 37% de matéria seca e 258% no teor de amido nas Huay Bong 60, Rayong 5 e Kasetsert 50. Recentemente, a Huay Bong 80 promete 39% de matéria seca e 28% no teor de amido. Não há segredo, há foco, muito trabalho, gente e dinheiro. Colhemos informações que na Tailândia são feitos mais de 80 ensaios regionais por ano.
infra-estrutura para treinamento, e trabalha associado com outras instituições.
Outro fator importante no progresso da Tailândia é a distribuição de material de plantio das novas variedades. É uma verdadeira festa nacional, que conta com a presença de membros da família real. A multiplicação inicial das variedades está a cargo do Instituto de Desenvolvimento da Mandioca da Tailândia (Thai Tapioca Development Institute - TTDI), que também dispõe de uma ampla
As próximas metas dos tailandeses são: atingir produtividade média nacional de 31 t/ha nos próximos cinco anos; desenvolver o processo de mecanização; obter variedades específicas com alto teor de amilose, amilopectina e proteína. São metas ousadas, sem dúvida, mas no ritmo em que as coisas andam não há porque duvidar que cheguem lá. Resta-nos perguntar e nós, o que fazemos?
Figura 1: área, produção e produtividade de mandioca na Tailândia de 1967 a 2007 (apud Chareinsak Rojanaridpiched, Kasetsart University)
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Evidentemente, variedades melhores não são os únicos fatores responsáveis pelo sucesso da produção da mandioca na Tailândia. Outras técnicas são importantes: adubação; controle de plantas invasoras; época de plantio e colheita; etc., mas nada se compara ao efeito de novas variedades.
Figura 2: Principais variedades e produtividade de mandioca na Tailândia de 1967 a 2007 (apud Chareinsak Rojanaridpiched, Kasetsart University) MAI/JUN/2009
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NOTÍCIAS DA EMBRAPA Cedemos o espaço desta coluna à divulgação de pesquisas sobre a preservação e utilização de espécies silvestres da mandioca, acompanhadas pelo Pesquisador Alfredo Augusto Cunha Alves, da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, com sede em Cruz das Almas, na Bahia. Joselito Motta
Joselito Motta Engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, tem mestrado em Extensão Rural pela Universidade Federal de Viçosa/MG e cursos de especialização em usos da mandioca. joselito@cnpmf.embrapa.br
Preservação e utilização de espécies silvestres de Manihot no Brasil
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entro do gênero Manihot, com cerca de 98 espécies documentadas, somente a espécie M. esculenta Crantz é cultivada, e considerada um dos mais importantes alimentos básicos na dieta humana dos trópicos. Apesar de sua rusticidade, a mandioca sofre grandes perdas causadas por fatores bióticos e abióticos.
O programa de melhoramento de mandioca da Embrapa vem trabalhando apenas com a diversidade genética desta única espécie cultivada. As espécies silvestres, que abrigam genes de resistência aos principais estresses que afetam a mandioca, são muito pouco estudadas e muitas delas estão ameaçadas de extinção. O Brasil, que é considerado o principal centro de origem da mandioca, tem a maior diversidade genética do gênero Manihot, dispersada por todo País. Para permitir a utilização de genes úteis de espécies silvestres para melhorar a mandioca, o estabelecimento e ampliação de uma coleção de espécies silvestres de Manihot tem sido um dos principais objetivos da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. Nos últimos quatro anos uma coleção foi estabelecida, com acessos obtidos de diferentes fontes, incluindo coletas realizadas nas regiões semi-áridas (caatinga) e de cerrados (Distrito Federal e entorno). Atualmente, a coleção possui cerca de 920 acessos, envolvendo, pelo menos, 18 espécies do germoplasma silvestre, exibindo amplo polimorfismo vegetativo e reunindo potencial para utilização em programas de melhoramento genético da mandioca (Figura 1). Um banco de sementes sexuais também vem sendo preservado, com, aproximadamente, 60 mil sementes obtidas na coleção (polinização aberta). Neste germoplasma silvestre estão sendo realizados os seguintes estudos: 1) avaliação de espécies silvestres e híbridos interespecíficos para resistência à seca, pragas e doenças; 2) compatibilidade de cruzamentos entre espécies silvestres e M. esculenta; e 3) análise citogenética, produção e viabilidade de grãos de pólen. Figura 1 – Coleção de espécies silvestres de mandioca na Embrapa/CNPMF, Cruz das Almas, Bahia, com 920 acessos de 18 espécies. Abaixo, observa-se a variabilidade genética de algumas espécies: 1
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1) M. glaziovii; 2) M. dichotoma;
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4 3) M. tomentosa;
5 4) M. irwinii; 5) M. anomala
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COLUNA DO CEPEA
Cautela e gestão eficiente são pré-requisitos para este ano
A
Fábio Isaias Felipe Pesquisador do CEPEA/ESALQ/USP fifelipe@cepea.org.br
cada ano que passa se restringem os limites possíveis de erro de qualquer tomador de decisão. Ao se observar os fatos divulgados entre o final do ano passado e o primeiro trimestre deste ano é pra se ficar, no mínimo, apreensivo. Muito se questiona como ser possível a grandes empresas do agronegócio brasileiro tomarem decisões não corretas num mundo informatizado como o atual, em que, pelo menos teoricamente, as ferramentas de análise e gestão estão à disposição dos interessados. Ao mesmo tempo, há um ano atrás se falava em inflação de alimentos. Agora, é a crise de crédito que assusta. Para todos os envolvidos com a cadeia de mandioca, muitos desafios se colocam à frente. Neste ano, mais intensamente que em anos anteriores, agentes devem ficar atentos às necessidades, adaptando sua produção para atingir resultados satisfatórios. Há muitas ações importantes, dentro e fora da porteira, que precisam ser melhoradas e/ou ampliadas. Dentro da porteira, cabe ao produtor melhorar cada vez mais o sistema de gerenciamento como calcular custos de produção e gerir de forma mais eficaz a comercialização com indústrias. Do lado do setor de pesquisa é preciso aumentar a produtividade agrícola, melhorar o sistema de colheita, aumentar o teor de amido, diminuir os custos industriais de produção de amido, entre outros. O setor industrial necessita avançar nas técnicas de negociação com seus consumidores, buscando maior competitividade e confiança dos agentes, assim como implantar um sistema de padronização dos subprodutos, em especial da fécula / amido de mandioca e da farinha, com vistas a ampliar seus mercados. Para o exterior, contudo, o acesso é limitado, por conta da maior competitividade da Tailândia. Estas necessidades se intensificam nos períodos em que os preços caem, e as margens de rentabilidade são pressionadas pra baixo. Em março, o preço médio da raiz para indústrias de amido nas regiões consultadas pelo Cepea foi de R$ 136,85/t, o que indica desvalorização de 13%
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em relação a dezembro do ano passado e de 19% sobre a média do mesmo período do ano anterior. Estes são valores preocupantes, pois se referem ao menor patamar desde junho de 2007, em termos reais (deflacionado pelo IGP-DI). Observase, assim, que, neste ano, os preços da raiz de mandioca começaram a recuar antes mesmo do período considerado de pico de colheita – geralmente, a intensificação da colheita é observada entre abril e maio. O maior processamento de mandioca favoreceu o crescimento da produção de amido. O volume de amido produzido até o mês de março - de 132 mil toneladas - supera a do mesmo período dos últimos três anos. Porém, observa-se que a demanda não segue o mesmo ritmo da produção primária. No mês de março, por exemplo, entre os setores consumidores de amido, o alimentício e o atacadista foram os principais compradores. Espera-se que a recuperação das vendas de produtos finais em setores como a indústria de papel e têxtil possa favorecer compras de amido nos períodos seguintes. A concorrência com o amido de milho também segue acirrada. Somente em 2008, os preços do milho decresceram, em média, 45% nas principais regiões produtoras brasileiras. A média de março ficou, em média, 25% abaixo do observado no mesmo período do ano passado. Este contexto favorece a desvalorização nos valores do amido, que, por sua vez, pressiona os preços do amido de mandioca. Assim, se a produção de amido de mandioca repetir o desempenho do ano anterior – o que já acontece neste primeiro trimestre – poderá haver excedente de produto no mercado, aumentando a pressão sobre seus preços, havendo, assim, necessidade de os agentes da indústria lançarem mão de ferramentas eficientes de gestão de custos, visando a sustentabilidade do negócio. Material redigido com a participação do Pesquisador Lucilio Rogério Aparecido Alves. MAI/JUN/2009
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RETRANCA
Marney Pascoli Cereda Pesquisadora do CeTeAgro/UCDB cereda@ucdb.br
COLUNA CeTeAgro
Amidos de mandioca de baixa carga microbiana em piloto comercial de radiação UV contínua
O
mercado de amido vem crescendo na direção de exigências específicas de usos, no que se aplica ao mercado de amidos modificados. Apesar de o Brasil ser o segundo produtor mundial de amido de mandioca, logo após da Tailândia, pouca pesquisa foi desenvolvida para competir com as multinacionais no desenvolvimento de novos amidos modificados. Nos últimos anos tem ocorrido valorização dos amidos modificados por processos físicos em contraposição aos modificados por processos químicos, em razão da maior preocupação com o meio ambiente, com a saúde do consumidor e trabalhadores da indústria. O amido de baixa carga microbiana é usado em alimentos preparados sem aquecimento, em cosmética e farmacêutica. Não há referências a esse tipo de amido comercial na literatura. A fécula nativa de mandioca, mesmo extraída sob rigorosas condições de higiene, apresenta carga microbiana, composta por bactérias e formas esporuladas.
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mandioca são esporos de bactérias. Esses números foram semelhantes para féculas comercializadas em mercados municipais e em sacarias fechadas obtidas de indústrias. Uma das dificuldades foi encontrar féculas com elevada carga microbiana sem uso de produtos químicos para destacar o efeito dos testes com UV. A solução foi utilizar féculas de uso industrial, onde a carga inicial não tem a menor importância. Para reduzir essa carga para os níveis desejados as indústrias têm usado hipoclorito de sódio ou peróxido de hidrogênio (água oxigenada), ambos agentes oxidantes também usados como reativo para produção de amidos quimicamente modificados. Isto implica que caso as quantidades não sejam perfeitamente dosadas, podem dar origem a modificações nas propriedades dos amidos, convertendo-os em amidos oxidados.
Durante o armazenamento e comercialização é previsto que essa contaminação aumente, dependendo da umidade do ambiente e a qualidade das embalagens. Para enfrentar esses problemas quanto menor a carga inicial de bactérias melhor serão as condições de uso da fécula.
A radiação ultravioleta é um agente germicida usado na remoção de microrganismos, principalmente de superfícies planas, em razão da baixa penetração. A UV é um tratamento a frio que tem efeito sobre microrganismos esporulados e não esporulados. Empresas têm desenvolvido lâmpadas de média pressão que podem ser colocadas no circuito industrial em módulos, de forma a garantir tratamento on line.
Como parte inicial de uma pesquisa realizada com verba do CNPq, foi avaliada a carga microbiana de amostras de fécula comercial com umidade baixa, nas quais foram detectados bolores, leveduras, coliformes e Bacillus cereus. Portanto a maior parte dos microrganismos que contaminam a fécula de
A pesquisa foi desenvolvida nos laboratórios do Centro de Tecnologia para o Agronegócio (CeTeAgro) da UCDB, usando três tipos de lâmpadas cedidas por duas empresas especializadas. As lâmpadas tinham comprimento de onda concentrado entre 235 e 280 nm, mas um tipo de lâmpada apresentava
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120
y - 77,923x00,0733 R2 = 0,8923
100 80 60
Fécula A
y - 22,288x0,0493 R2 = 0,9243
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Fécula B
20 0 0
5
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Efeito da lâmpada UV de média pressão da empresa B sobre a destruição de bactérias (mesófilas aeróbias) em dois tipos de féculas.
inovações que permitiam tratamento sem aumento da temperatura e com oxidação reduzida. O sistema permite que a suspensão de amido circule, passando em turbilhonamento sob fonte de radiação.
as lâmpadas só conseguiram eliminar 100% dos esporos com 16 ciclos, mas que a partir de 4 ciclos a diferença foi mínima para esporos destruídos.
As suspensões foram feitas com 6% de amido, correspondendo, aproximadamente, à concentração real do “leite” de amido comercial, após a extração e antes da primeira centrífuga. Esse tipo de lâmpada permite que seja possível colocar várias delas em série, multiplicando o efeito de uma delas isolada. Para fins da pesquisa cada passada em uma lâmpada foi chamada de ciclo.
Portanto, se as féculas contêm um número significativo de esporos o tratamento com UV não é tão efetivo. Mas é preciso lembrar que não há informações sobre o dano causado pelo uso de produtos químicos. O uso de compostos oxidantes como a água oxigenada e hipoclorito podem transformar as féculas em amidos oxidados, com baixa viscosidade.
Para a mesma fécula de mandioca, em apenas um ciclo a lâmpada A da Empresa 1 eliminou 64% das bactérias, enquanto que a lâmpada B, da mesma empresa, conseguiu eliminar 100%. Outro ponto importante para decidir sobre qual lâmpada é a carga microbiana da fécula. Quanto menor for o número de microrganismos, menor será o número de ciclos necessários. A lâmpada C da Empresa 2 foi testada sobre duas féculas diferentes. A Figura 1 mostra esse efeito. A mesma lâmpada conseguiu eliminar de 80% das bactérias da fécula B com 2 ciclos, mas 100% só foi obtido com 16 ciclos. O efeito da mesma lâmpada sobre a fécula A foi diferente, e, após 16 ciclos, apenas chegou perto de 80% de destruição. A fécula A apresentava quase o dobro da contagem de bactérias que a fécula B. O gráfico mostra também que dificilmente se conseguiria 100% de destruição das bactérias da fécula B.O efeito das lâmpadas foi bastante diferente para os esporos de bactérias (aeróbias termófilas), porque eles são mais resistentes que as bactérias. A lâmpada B da Empresa 1 ainda foi mais eficiente que a A, mas a diferença foi pequena. Ambas
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CONCLUSÃO Com os consumidores mais exigentes, e competição cada vez mais acirrada, a produção de amido de mandioca de baixa carga microbiana pode ser um diferencial no mercado. A importância de comercializar fécula de mandioca com baixa carga microbiana é fundamental, principalmente nos setores alimentícios, cosméticos e farmacêuticos, onde as contaminações acima do permitido não são toleradas. Além disso, quanto menos essa fécula for tratada com produtos químicos, melhor será sua qualidade e conservação. A ação da UV é física, de fácil manipulação, não deixa resíduos e pode produzir um amido de baixa carga microbiana com rótulo de amido natural, uma vez que não é usado um reativo químico. Os resultados da pesquisa não podem ser aplicados a todas as fecularias, féculas e mercados, pois o conteúdo microbiano deverá variar de caso a caso. Um ajuste deverá ser feito para encontrar a solução mais eficaz e econômica. As empresas que colaboraram na pesquisa estão interessadas neste mercado e poderão realizar testes nas próprias fecularias ou empresas utilizadoras, bastando para isso que entrem em contato conosco para agendamento. MAI/JUN/2009
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RETRANCA OPINIÃO
Futuro da Mandioca Antonio Donizetti Fadel
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importância histórica, econômica e social da mandioca é de conhecimento público. A mandioca é um importante item do agronegócio, seja como alimento in natura ou como fonte de caboidrato. É dela que obtemos uma fonte de amido de excelência para produção de alimentos, pouco ou muito elaborados; para a fabricação de papel e papelão; para engomagem de fio têxtil, entre infinitas outras utilidades industriais como cosmética, medicamentos, químicas. No Brasil, onde produzimos em torno de 26 milhões de toneladas de mandioca/ano, apenas 14%, ou seja 3,6 milhões de toneladas, são destinados à extração de amido, sendo que, 2,5 milhões de toneladas são beneficiados pelas indústrias instaladas nos Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Santa Catarina. O restante é enviado para indústrias localizadas em Goiás e Minas Gerais, e pequenas fábricas artesanais espalhadas pelas Regiões Nordeste, Norte e Centro-oeste do Brasil. Outras 10/12 milhões de toneladas da raiz são transformadas em farinhas de mesa, tendo suas qualidades muito regionalizadas. O que sobra da produção nacional é consumido na forma in natura e como ração animal. A mandioca também tem grande importância para alguns países africanos e latinos como fonte de alimentos. Na Ásia, países como Tailândia, China, Índia, Indonésia e muitos outros, a mandioca é uma das principais fontes de obtenção de amido, sendo a Tailândia o maior país do Mundo na produção de amidos de mandioca. Somente na safra 2008/2009 a Tailândia prevê produzir 29,3 milhões de toneladas de mandioca. Na safra 2007/2008 o País produziu 26,3 milhões de toneladas, registrando crescimento na ordem de 11,5%.
Juntos, a Universidade e a TTDI elaboraram um plano para a mandioca na Tailândia para os próximos cinco anos, cuja meta principal é promover o aumento das atuais 23/24 toneladas/hectare/ano para 35 toneladas/hectare/ano até o final de 2014. Será um grande salto. Se terão sucesso é impossível se prever. No entanto, acredito que existe potencial pra isto, basta que se invista em pesquisas. Se a Tailândia está de olho no futuro, cabe-nos perguntar: e o Brasil, o que fazer para crescer? Há somente uma saída: investir em pesquisa. O primeiro passo foi dado no final do ano passado, quando apresentei algumas reivindicações do setor ao Presidente da Embrapa; ao Diretor da Apta (órgão da Secretaria da Agricultura de São Paulo que coordena o IAC – Instituto Agronômico de Campinas); a membros do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná); e, da Epagri (Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária). Prontamente, a Embrapa organizou um Workshop, durante dois dias, no Município de Cruz das Almas, na Bahia, onde discutimos ações que poderiam ser implementadas por todos os Institutos de pesquisa do Brasil ligados à mandioca. Nesse workshop, ficaram claras as necessidades regionalizadas do setor, a partir de análises dos sistemas de cultivo e industrialização de cada região brasileira, principalmente no Sul e parte do CentroOeste do Brasil, onde se encontram as indústrias de amidos.
Antonio Donizetti Fadel é industrial do setor de amido de mandioca, e Vice-presidente da ABAM antonio.fadel@halotek.com.br
A Tailândia destina, aproximadamente, 50% de sua produção para extração de amido, algo em torno de 3,7 milhões de toneladas; os outros 50% são transformados em chips: a mandioca é picada em pequenos pedaços e secada ao sol, ficando cerca de três dias em terreiro, processo semelhante ao que se utiliza no Brasil para secagem de café. Cada 2,2 quilos de mandioca rende um quilo de chips.
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Em recente viagem à Tailândia, visitei a Universidade de Bangkok, que trabalha no melhoramento e pesquisa de novos cultivares de mandioca, e a TTDI (Thai Tapioca Development Institute), que é dono de uma fazenda de mil hectares, onde realiza estudos voltados ao melhoramento e reprodução de ramas de mandioca para plantio.
Foi constituído um Comitê Gestor, que coordenará um grupo de pesquisadores de todos os Institutos envolvidos. Todos trabalharão com os mesmos objetivos, sendo o principal deles o aumento da produtividade
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da mandioca. No Sul do Brasil, a produtividade média está em torno de 25 toneladas/ano por hectare. Segundo os pesquisadores, nessa região a mandioca tem potencial para mais que o dobro desse volume. Se atingirmos entre 40 e 50 toneladas/hectare/ano é possível se afirmar que seremos competitivos com qualquer outras fontes de amidos. Com a produtividade nesses níveis, conseguiremos manter a cadeia produtiva remunerada justamente. Isto é possível, tendo as indústrias processadoras da mandioca um preço abaixo do histórico brasileiro. Poderemos dobrar nossa produção de amido de mandioca, hoje estagnada em 600 mil toneladas/ano, e elevar a capacidade de nossas indústrias para volumes superiores a um milhão de toneladas. O Brasil poderá vir a ser um grande exportador de amido de mandioca, seja ele natural ou modificado, podendo, em poucos anos, contribuir com cifra em torno de US$ 300 a US$ 400 milhões de dólares por ano na balança comercial. O Brasil é um país privilegiado como produtor de combustíveis alternativos. Temos o biodiesel, o etanol, e muitos outros, sendo o etanol extraído da cana de açúcar, que é o carro chefe do setor. Ao atingirmos produtividade de 40/50 toneladas/hectare/ano, teremos a mandioca como a segunda matéria prima para o etanol, nas mesmas condições de custos que a cana de açúcar, melhorando a distribuição de renda. Poderemos instalar plantas de fabricação de etanol de mandioca nos quatro cantos do País. Para isso, precisamos nos unir mais, lutar, incansavelmente, para atingirmos nossos objetivos. É preciso que despertemos a atenção de todos os envolvidos, direta ou indiretamente, com a cultura da mandioca: produtores; industriais; governos - federal, estaduais e municipais; institutos de pesquisas; enfim, todos que têm responsabilidades para com nosso País. Uma prova da falta de investimento, e desinteresse pela cultura, está no fato de que há mais de 20 anos não se lançam no Sul do Brasil novas variedades de mandioca. E é justamente o Sul que gera a maior parte da riqueza econômica do setor, através da produção de amido de mandioca. Temos que encarar a mandioca, que é nossa, como um produto de grande importância ao nosso povo. Se não atentarmos para o amanhã, corremos o risco de não termos futuro, pois outros países, cada vez mais, dominarão esta magnífica cultura, e teremos que importar produtos oriundos da mandioca. O resultado disso será a proliferação de milhares de desempregados pelo Brasil afora, visto que a cultura da mandioca se faz presente na maioria dos Estados brasileiros. Para as Regiões Norte e Nordeste, sugiro que os Governos Federal
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e Estaduais implementem projetos voltados à produção de chips, como o sistema tailandês, utilizando a mandioca produzida em pequenas comunidades. Um processo simples e barato, em que se utiliza o Sol como instrumento para secagem das raízes de mandioca. Sol é um elemento que temos em abundância o ano todo nessas Regiões. Este sistema melhoraria a vidas das pessoas que vivem na zona rural. O chip de mandioca poderia ser utilizado para produção de etanol, pois, desidratado, suporta transporte de longas distâncias. Além de suprir usinas de etanol, também poderia ser exportado para a China, ou para outros países como o México, onde há uma empresa em busca desse produto para produzir etanol, uma vez que o governo mexicano proibiu a utilização de milho para esse fim. A proximidade geográfica entre as Regiões Norte e Nordeste brasileiras e o México facilitaria a logística de exportação do chip. É possível se projetar preço em torno de US$ 120 por tonelada.net porto. Embora pareça pouco, há que se considerar que os custos também são baixos. Uma alternativa seria o Governo Federal bancar o frete até os portos, ou, um outro mecanismo de transporte, entrando, dessa maneira, com sua parcela de contribuição num projeto que viria contribuir para fixar o homem no campo; gerar produção; reduzir a miséria; e garantir o sustento de milhares de famílias brasileiras. Ao falar do futuro da mandioca, não podemos deixar de lembrar que os hábitos alimentares vêm sofrendo grandes alterações. O consumo de farinhas derivadas da mandioca vem diminuindo a cada ano. Com isso, o consumo de mandioca para essa finalidade tende a diminuir muito no futuro. Isso acarretará um encolhimento da produção de mandioca nas Regiões Norte e Nordeste, que contribuirá para o desemprego dos que vivem, basicamente, da renda gerada pelo cultivo da mandioca. Situação semelhante aconteceu com a produção de fumo em Alagoas. A cultura do fumo, praticamente, desapareceu naquele Estado, criando grandes transtornos às pessoas que dependiam do seu plantio. Se a produção cai e a pobreza aumenta, mais pessoas são empurradas para os programas assitenciais dos Governos. Muitos produtores de fumo passaram a viver em completa miséria. Não podemos deixar acontecer isto com os trabalhadores que vivem do cultivo da mandioca. É nosso dever, como patriotas brasileiros, pararmos, pensarmos e tomarmos medidas para deixarmos de considerar a cultura da mandioca como algo sem valor. A mandioca tem valor sim, muito mais que muitas culturas que vivem investindo em divulgação, nas várias categorias de mídias, e pouco representam no beneficio a grande parte dos brasileiros. Costumo afirmar que se a mandioca fosse cultivada na América do Norte, e os americanos dominassem seu cultivo, provavelmente, a cultura do milho não teria a importância que tem.
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agronegócios
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Podium
ossa História: O mercado de mandioca e derivados passou por muitas transformações desde o inínio da década de 90. Foi nessa época que a família Pierin, originária de Tamboara, Paraná, iniciou os trabalhos de fecularia, inicialmente chamada de Anhumaí, hoje Podium Alimentos. Em 1995, com a ampliação do mercado, a empresa passou por uma grande reestruturação, aumentando sua produção e a linha de produtos, com destaque para o PME-10 ( mistura para pão de queijo). Produtos inovadores são desenvolvidos pela empresa que atenta às novas demandas do mercado se moderniza e se aperfeiçoa para que as indústrias transformadoras de alimentos tenham um expressivo ganho na qualidade dos seus produtos finais. Processo de produção: Com a abertura de novos mercados e o aumento da linha de produtos, a expansão física e de produção tornou-se imprescindível e, atualmente, a capacidade de moagem dobrou. São 200 toneladas/dia para suprir a demanda do mercado, tudo isso com uma política de qualidade modelo, com investimento em tecnologia e aperfeiçoamento da produção. Qualidade: É realizado um rigoroso controle de qualidade em toto o processo, desde o plantio da mandioca até a colheita e industrialização. Técnicos especializados também praticam periodicamente testes microbiológicos e microscópicos que seguem as normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura garantindo aos clientes produtos nutritivos, saborosos e principalmente saudáveis. Recursos Humanos: Repeito pelos colaboradores é premissa básica da política de RH da empresa. São mais de 60 empregos diretos e muitos outros indiretos, com os trabalhadores envolvidos no processo de produção, plantio e logística. Responsabilidade social: A empresa apoiou iniciativa pública de Tamboara na implantação da Coleta Seletiva de Lixo. Visitas ao asílo de idosos com doação de roupas e agasalhos, campanha para incentivo a doação de sangue e apoio à instituições como APDE (Associação de Portadores de Doenças Especiais) também fazem parte das ações da empresa, que ainda conta com o apoio de uma psicopedagoga para apoiar e orientar os filhos de funcionários com dificuldades na escola. Meio Ambiente: A Podium alimentos prima pelo equilíbrio entre a natureza e o crescimento industrial. Com consciência e responsabilidade, é realizado o plantio de mudas de árvores para reflorestamento. A coleta seletiva de lixo também é uma realidade presente na empresa, que desta maneira, fornece destinação correta para os seus resíduos.
Missão: Fornecer aos clientes produtos de alta qualidade, atendendo às necessidades e expectativas com responsabilidade socioambiental, promovendo a valorização e o bem-estar dos colaboradores.
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RETRANCA
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MAI/JUN/2009 www.abam.com.br
Revista