Revista_ATLASPSICO_14

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ATLASPSICO TRANSTORNOS ALIMENTARES

ANOREXIA & BULIMIA

PSICOMOVIE

O PROBLEMA ‘BROKEBACK’

GESTÃO RH SANGUE, SUOR E LÁGRIMAS NA LIDERANÇA

NÚMERO 14 | JUNHO 2009

A Revista do psicólogo

COMPORTAMENTO BRASILFOBIA: MITO OU REALIDADE?

UMA REFLEXÃO PSICOS SOCIOLÓGICA SOBRE A

GRIPE SUíNA


EXPEDIENTE REVISTA ATLASPSICO EDIÇÃO DE JUNHO 2009 Brasil – Curitiba – Paraná EDITOR-CHEFE Psicólogo Márcio Roberto Regis (CRP 08/10156) AGRADECIMENTOS AOS PROFISSIONAIS COLABORADORES... Marcus Antônio Britto de Fleury Junior (Psicólogo) Sérgio Gomes da Silva (Psicólogo) Márcia Souto de Araújo (Psicóloga) Fernandes de Andrade (Psicólogo da França) Rafael Leitoles Remer (Psicólogo) Irene de Lourdes Tozati Camilo (Psicóloga) Armando Correa de Siqueira Neto (Psicólogo) João Gilberto (Psicólogo) Périsson Dantas do Nascimento (Psicólogo) Carina Duzioni Mengue (Psicóloga) Solange Zanatta (Psicóloga) Márcio Roberto Regis (Psicólogo) ARTE E DIAGRAMAÇÃO Márcio Roberto Regis SEJA UM COLABORADOR PARA A PRÓXIMA EDIÇÃO Encaminhe seu artigo para o email editorial@atlaspsico.com.br Um projeto do Portal de Psicologia ATLASPSICO www.atlaspsico.com.br | revista.atlaspsico.com.br Revista ATLASPSICO é uma publicação bimestral. Os artigos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. O uso de imagens e trechos dos textos somente podem ser reproduzidos com o consentimento formal do editor. ATENÇÃO: EDITORIAL ATLASPSICO INFORMA! O Portal de Psicologia ATLASPSICO NÃO ABORDA INTERNAUTAS E NEM REALIZA PUBLICIDADE NO ORKUT ou em qualquer outra rede de relacionamentos. JAMAIS repasse informações pessoais para internautas se identificando responsáveis pelo nosso projeto editorial. Em caso de dúvida, entre em contato com os endereços de email e telefone informados em nosso site no atalho contatos.atlaspsico.com.br

A Revista do Psicólogo

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ÍNDICE

A Revista do Psicólogo

ATLASPSICO número 14 | junho 2009

MATÉRIA DE CAPA

Uma reflexão psicossociológica sobre a Gripe Suína.

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EDITORIAL O inesperado, invisível e o desconhecido geraram muita ansiedade na população global no mês de abril. A temida Influenza A (H1N1), vírus conhecido popularmente como Gripe Suína, surgiu no México recentemente. Com medo de uma contaminação em larga escala, muitas pessoas substituíram a carne de porco por outros alimentos, evitaram locais fechados com grande concentração de pessoas e até mesmo parques, shoppings, etc. Sobre esse assunto, o doutorando em psicologia João Gilberto e a Psicóloga Ângela Arruda do Instituto de Psicologia da UFRJ descrevem uma breve reflexão psicossociológica sobre a Gripe Suína. Essa edição contém onze artigos e com conteúdo muito variado. Agradeço aos antigos e novos colaboradores pelo ótimo trabalho realizado! Espero sempre contar com a colaboração ímpar de cada um de vocês! Boa leitura a todos! Márcio Roberto Regis | CRP 08/10156 Psicólogo e editor ATLASPSICO www.atlaspsico.com.br 4

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COMPORTAMENTO Brasilfobia: mito ou realidade?

TRANS TORNOS ALIMEN TARES

Anorexia & Bulimia

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PSICOMOVIE O Problema `Brokeback`

Álcool: uma questão social!

INFANTIL 17 PSICOLOGIA Brincando em família

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Twitter: o que você está fazendo agora?

A vegetoterapia caracteroanalítica como método clínico: contribuições reichianas para a psicossomática

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DEP. QUÍMICA

COLUNA ATLASPSICO

REICH

“O stress adiciona sabor, desafio e oportunidade à vida”

GESTÃO RH

20 40

AUTOAJUDA Stress

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Sangue, suor e lágrimas na liderança

ORGANIZACIONAL Assédio Moral: uma preocupação para o RH


TRANSTORNOS ALIMENTARES

ANOREXIA & BULIMIA 6

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m relação à anorexia e bulimia, temos nos E corpos a tentativa de purificação. O tema sentimento de culpa volta sempre à

tona; então, nesses casos, as pessoas anoréxicas, na tentativa inconsciente de livrar-se daquilo que não conseguem lidar, impõem a si um ritual muito próximo dos “jejuns religiosos”, esses que colocam o indivíduo em contato com o sagrado, e o sagrado nada mais é do que ele mesmo, permitindo, dessa forma, a aproximação com a purificação. Nos transtornos alimentares, temos uma multidiversidade de aspectos que jamais devem ser analisados separadamente, afinal, a tentativa de dicotomizar a existência e o Ser como seu representante têm produzido especificidade sobre a universalidade. Então, devemos considerar os aspectos biológicos, psicológicos e socio-culturais, não menosprezando as vivências trazidas pelo indivíduo. Os aspectos pulsionais (inconscientes), em contraposição ao simbólico (mundo externo constituído por normas, valores e tantos outros conceitos), desencadearão formas quanto a interpretação da imagem que se depara em frente ao espelho, assim, altera-se a imagem que se vê, pela qual necessita enxergar, estabelecendo assim, os sintomas manifestos, entre eles, o desejo de autodestruição física e emocional. Mas então, seria a vontade de autodestruição física e emocional dos indivíduos anoréxicos o grande objetivo incauto? Vemos, na ocidentalização, a acentuação da apologia ao belo, como a “magreza” anoréxica, apresentada por modelos famosas endinheiradas, mas, desconhecemos o lado mórbido que esconde corpos com quase 1:80mt, pesando 35 kilos e, se necessário for, continuam a busca do contato consigo mesma através do impulso de morte, afinal, morrer não é a dificuldade, mas, existir sim, tornando-se uma tarefa extremamente desagradável para essas pessoas pela impossibilidade de resignificação daquilo que foi massacrado em seus impulsos primários, implícito por conteúdos fragmentados que, como elas deixam a interpretação, como se estivessem muito bem organizados, “na mais plena forma”. Daí há o evidenciamento do transtorno disfórmico. A forma nunca corresponde às expectativas requeridas conscientemente, mas aproxima-se da dor e da tentativa de oferta de si mesmo como holocausto para livrarem-se daquilo que não suportam. Nos espelhos, vêem seus horrores e não seus corpos, portanto, jamais se satisfazem com a imagem que têm de si. Na atualidade, tais quadros, onde os transtornos alimentares e dismórficos tornam-se cada dia mais

comuns, porém, para os padrões das organizações de saúde pública, ainda não satisfazem os requisitos para serem considerados epidemias. Sabemos muitíssimo bem que, somente depois que os números foram de grande alarde, com elevado impacto sobre as relações de poder sobre a produção e consumo, e que estado irá entrar no contexto na tentativa em reverter tais quadros. Assim o foi com tantos outros transtornos, principalmente, a depressão, que vinte anos atrás era vista como com um olhar de dúvida e desprezo e, hoje está entre as principais causas mortis do planeta. Porém, somente depois que começou a proporcionar perdas laborais significativas, interferindo nos meios de produção, promovendo perdas consideráveis economicamente e, por outro lado, promovendo um mercado gerador de impostos e riquezas: o que produz medicações. Deixo aqui bem claro que as mesmas são de grande valor, desde que prescritas por psiquiatras, principalmente, quando aliadas as psicoterapias com psicólogos. Entretanto se as políticas de saúde pública tivessem um caráter preventivo, estaríamos num outro patamar e incontestavelmente teríamos recursos que hoje são destinados a saúde curativa, destinados a pesquisa, ao desenvolvimento e aprimoramento dos hospitais e postos de saúde, entretanto, me parece que alguns grupos nesse país fazem do adoecer uma fonte de renda e, prevenção só se torna importante depois que não há mais o que prevenir. A taxa de prevalência de indivíduos com Anorexia é de 1% e desses, cerca de 90% dos casos de Anorexia Nervosa são em mulheres. Os casos acontecem com mais freqüência em classes sociais mais elevadas. Em 45% dos casos, a Anorexia acontece após uma dieta de emagrecimento. Em 40% acontece por competição, como por exemplo, pessoas que sua profissão exige magreza, como modelos e bailarinas. Nas últimas décadas, tem crescido o número de relatos em meninas pré- púberes e em homens. As idades mais comuns, de início, ocorrem na adolescência, mas até 5% dos pacientes com Anorexia Nervosa tem início logo após os 20 anos. O aparecimento da Anorexia Nervosa ocorre entre os 10 e 30 anos de idade. Os pacientes fora desta faixa etária não representam casos típicos e, portanto, seus diagnósticos devem ser questionados. Após os 13 anos de idade, a freqüência do aparecimento da condição aumenta rapidamente, sendo máxima aos 17 ou 18 anos de idade. Em cerca de 85% de todos os pacientes com Anorexia Nervosa, o surgimento da doença dá- se entre os 13 e 20 anos, alguns, antes dos 10 anos, eram para comer ou tinham freqüentes problemas digestivos.

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Os critérios de diagnóstico do DSM-IV para Anorexia Nervosa são estes: Recusas a manter o peso corporal em um nível igual ou acima do mínimo normal adequado a idade e a altura (por exemplo, perda de peso e levando a manutenção do peso corporal abaixo de 85% do esperado; o fracasso é inteiro ganho de peso esperado durante o período de crescimento, levando a um peso corporal menor que 85% do esperado). Medo intenso de ganhar peso ou de se tornar gordo, mesmo estando com peso abaixo do normal. Perturbação no modo de vivenciar o peso ou a forma do corpo; influencia indevida do peso ou da forma do corpo sobre a auto-avaliação, ou negação do baixo peso corporal atual. Nas mulheres pós-menarca, amenorréia, isto é, ausência de pelo menos 3 ciclos menstruais consecutivos. (Considera-se que uma mulher tenha amenorréia se seus períodos ocorrem apenas após a administração de hormônio, por exemplo, estrógeno).

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E PSICOLÓGICAS Físicas: Os pacientes geralmente chegam ao médico quando a perda de peso se torna aparente, o peso cai assustadoramente. Anoréxicas com 42 kg são consideradas de peso bom. Freqüentemente o peso chega a 36, 32, 28 kg ou menos. À medida que a perda ponderal se aprofunda aparecem sinais físicos como hipotermia (temperatura abaixo de 35 C), edema (inchaço), bradicardia (coração bate mais lentamente), hipotensão (pressão arterial abaixo do normal), lanugo (pelos finos que recobrem a pele do rosto e outras partes do corpo), pele seca, intolerância ao frio, queda de cabelo, olhos fundos, envelhecimento precoce e outras alterações metabólicas. Algumas pacientes chegam à atenção médica por causa da amenorréia que freqüentemente aparece antes de sua perda de peso ser perceptível. Surgimento da doença dá-se entre os 13 e 20 anos. Psicológicas: Meninas inteligentes, bonitas, perfeccionistas e espertas. Existe uma preocupação em comer em público; Enquanto fazem uma refeição tentam livrar-se do alimento colocando-o no guardanapo ou escondendo-o nos bolsos;

Cortam a carne em pedaços muito pequenos e levam muito tempo mexendo com a comida no prato; Sentimento de inutilidade; Pensamento inflexível; Isolamento social (até mesmo namoro); Expressão emocional demasiadamente refreada; Sua auto-estima está associada ao grau de sua forma e peso corporais; A perda de peso é vista como uma conquista, é um sinal de auto-disciplina E o ganho de peso é visto como um fracasso; Os indivíduos com estes transtornos até reconhecem que estão magros, mas negam as implicações de seu estado de desnutrição, ou até mesmo, a morte. A indução de vômitos, onde uma simples escova de dentes ou cabo de uma colher se tornam ótimos instrumentos para induzir o vômito (se não vomitarem se sentem sujas); Abuso de laxantes e diuréticos que conduzem ao mórbido emagrecimento desejado; Irritabilidade (pouco conversam); Agressividade; Choro; Fazem exercícios físicos exageradamente; Acham que o tratamento é totalmente desnecessário.

90% dos casos de Anorexia Nervosa são em mulheres 8

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TIPOS DE ANOREXIA

Os seguintes subtipos podem ser usados para a especificação da presença ou ausência de compulsões periódicas ou purgações regulares durante o episódio atual de Anorexia Nervosa: Anorexia Nervosa do tipo restritivo: Neste tipo, a perda de peso é conseguida pelo fato da pessoa limitar suas opções alimentares através de dietas, jejuns ou exercícios excessivos, consumindo o mínimo possível de calorias. Durante o episódio atual, esses pacientes não desenvolveram compulsões periódicas ou purgações. ANOREXIA NERVOSA DO TIPO COMPULSÃO PERIÓDICA/PURGATIVO O tipo compulsão periódica/purgativo se desenvolve em até 50% das pessoas com Anorexia Nervosa. Os indivíduos tendem a ter famílias nas quais alguns membros são obesos, e elas próprias tem histórias de maior peso corporal antes do transtorno que as pessoas restritas, é quando o paciente se envolve regularmente em compulsões de comer seguidas de purgações durante o episódio atual de Anorexia. A maioria dos pacientes com Anorexia Nervosa que comem compulsivamente também fazem purgações mediante vômitos autoinduzidos ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas. Algumas pessoas com Anorexia Nervosa são do tipo purgativo, porém sem compulsão periódica, ou seja, fazem purgações regularmente mesmo após o consumo de pequenas quantidades de alimentos. Aparentemente, a maior parte desses pacientes dedica-se a esses comportamentos pelo menos uma vez por semana. Cada um dos dois tipos parece ter características históricas e clínicas distintas. Compartilha muitas das características dos que tem bulimia nervosa, mas não Anorexia Nervosa. Comparados os dois grupos, os pacientes com Anorexia Nervosa tipo restrito são menos graves e tem melhor prognóstico que aqueles com o tipo compulsão periódica/ purgativo. Ambos os tipos podem ter sintomas de transtorno depressivo e interesse sexual diminuído, mas, os indivíduos que tem Anorexia Nervosa com o tipo compulsão periódica /purgativo estão mais propensos a ter outros problemas como o de controle dos impulsos, abuso de álcool ou outras drogas, e exibirem maior instabilidade do humor. Em caso de dúvidas um tratamento com uma equipe multidisciplinar compostas por nutricionistas, médicos, psicólogos, fisioterapeutas e outros é de extrema relevância.

SEJA UM COLABORADOR DA PRÓXIMA EDIÇÃO! PARTICIPE! Sabia que Você também pode participar da nossa próxima edições da Revista de Psicologia ATLASPSICO? Independente de fazer parte da área Psi você pode colaborar com artigos que abordem temas sobre QUALIDADE DE VIDA. Fisioterapeutas, Antropólogos, Sociólogos, Arquitetos, Professores, Médicos, Pedagogos, Advogados, entre outros. O que você anda produzindo para melhorar a qualidade de vida da sua comunidade? Essa revista também é sua, portanto, contamos com sua contribuição através do envio de assuntos relacionados à qualidade de vida. Faça parte dessa equipe! Interessados em colaborar com artigos científicos à Revista ATLASPSICO, devem encaminhar o documento em anexo para o email: editorial@atlaspsico.com.br

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AUTOR| Marcus Antônio Britto de Fleury Junior CRP 09/4575 | Psicólogo e coordenador do Atelie de Inteligência. E-mail: ateliedeinteligencia@gmail.com Revista de Psicologia ATLASPSICO nº 14 | junho 2009

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PSICOMOVIE

O PROBLEMA ‘

A

Revista O Globo, n.85 de 12 de Março de 2006 publicou o sugestivo artigo intitulado "Casamento Brokeback", de autoria de Katy Butler, relatando uma pesquisa mostrando como é a vida das mulheres casadas com homossexuais nos Estados Unidos. O referido artigo, discute os problemas encontrados por várias mulheres americanas (mas que perfeitamente poderiam ser mulheres argentinas, brasileiras, italianas, inglesas, entre outras) que são surpreendidas pela descoberta de que seus maridos são homossexuais ou "bissexuais não assumidos", tal como é mostrado no filme "Brokeback Mountain", do diretor Ang Lee, premiado com o Oscar de 2006 por melhor direção.

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‘BROKEBACK’ Um fato e vários problemas a serem discutidos! Primeiro, o velho questionamento entre a homossexualidade, heterossexualidade e bissexualidade, chama a atenção do leitor mais atento. Mais uma vez, a homossexualidade é posta contra a heterossexualidade, fazendo parecer que esta última seja mais natural do que a primeira. O fato dos heterossexuais terem reconhecimento civil de sua união, já há algum tempo vem deixando claro que isso não é apenas privilégio da chamada "maioria". Todos nós sabemos que a união entre um homem e uma mulher, resguardada pelos valores tradicionais da família, da legitimação dos filhos e respaldada não só pela Igreja Católica como também pelo código civil, é uma questão que vem sendo posta em dúvida constantemente, visto o número decrescente de casamentos nos últimos anos, o aumento do número de separação e divórcio e os crescentes ganhos na justiça da adoção de crianças por casais do mesmo sexo, tal como publicado no Jornal O Globo, de 06 de abril de 2006, onde um desembargador concedeu a adoção de uma criança a duas mulheres justificando para isso que "é hora de abandonar de vez os preconceitos e atitudes hipócritas desprovidas de base científica, adotandose uma postura de firme defesa da absoluta prioridade que constitucionalmente é assegurada aos direitos das crianças e dos adolescentes. (...) O que mais importa é a qualidade do vínculo e do afeto que permeia o meio familiar em que [as crianças] serão inseridas e que as liga a seus cuidadores", disse o desembargador Luiz Felipe Brasil, da sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Segundo, abordar o tema pela via do "naturalismo" é um risco, visto que, "natureza" e "sexualidade" nem sempre caminham de mãos dadas. O filósofo francês George Canguilhem (1904-1995) já nos advertia de que a patologia e a normalidade podem variar de acordo com o meio, com a cultura e com o que foi denominado, disseminado e posto como status de verdade tanto na biologia, como na sociedade. Nesse caso, o que definimos como sendo normal e como sendo patológico em relação à sexualidade, pode ser

muito bem mudado ao longo da história, de acordo com nossas crenças, valores culturais e sociais e o que um dia foi condenado, pode muito bem vir a ser recomendação moral no futuro. Terceiro, é a abordagem do artigo em tentar pautar assuntos tais como desejo, paixão, afetividade, amor, sexualidade, escolha do parceiro amoroso, baseado em circuitos neuronais no cérebro, quando traz para apoiar seus argumentos, a tese da antropóloga Helen Fischer, da Rutgers University, ao afirmar que os tais circuitos neuronais no cérebro são responsáveis pela atração sexual, pelo envolvimento romântico e pelo compromisso a longo prazo. Não quero discutir que tais circuitos não existam, não é esse o caso, pelo contrário, quero justamente tentar esclarecer que atração sexual, romantismo e compromisso afetivo não foram criações genéticas nem produto de circuitos neuronais ou ainda de produções hormonais, e sim, bens que a nossa sociedade construiu para resguardar valores outros que fazia com que nos distinguisse das outras espécies animais. Ora, nenhum hormônio, nenhum gen e nenhuma célula cerebral ou neurônio, como queiram chamar, é um grande apreciador das peças de Shakespeare, das músicas de Chico Buarque ou Elis Regina, nem muito menos um estudioso dos trabalhos de Jacques Rousseau, todos estes, legítimos divulgadores do romantismo e do credo amoroso, todos ao seu tempo e à sua época. Por fim, e este é o ponto que eu quero chegar, é a abordagem do artigo frente à pesquisa, quando esta se refere à divisão natural entre a legitimação do casamento heterossexual baseada na parceria e relação amorosa e as "escapadas sexuais" de homens casados predominantemente homossexuais ou bissexuais, que teimam em pautar seu desejo via "gozo orgástico" diante de um "relacionamento heterossexual de aparências", tal como mostrado no filme "Brokeback Mountain". Neste, Ennis Del Mar sofre ao se ver diante do seu desejo por Jack Twist, com todas as dores de uma paixão romântica, que fez de “Romeu e Julieta”, “O Morro dos Ventos Uivantes”, “Irmão Sol, Irmã Lua”, “A Dama das Camélias”, “Love Story” e até “Titanic” também legítimos herdeiros do credo amoroso de nossa

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cultura, cada um em seu tempo. Por que então Nisso é como entendo uma parte dos bissexuais: para homens e mulheres gays, seu desejo por uma sem poderem manifestar seu desejo pelo mesmo outra pessoa do mesmo sexo é entendido sempre sexo, sucumbem à repressão social e sexual da como sendo uma "aventura sexual", "um desvio qual fazem parte e transformando sua vida em um de conduta", "uma abominação moral" dando jogo duplo de "esconce-esconde", desrespeitando margem a entender que entre homens ou mulheres o ser humano com quem está se relacionando. gays, não existam afetividade, carinho, respeito Não é a toa que há algum tempo, a incidência de mútuo, companheirismo, ou seja, comportamentos mulheres casadas soropositivas vem crescendo, face e sentimentos típicos de qualquer relação e parceria à manifestação sexual dos seus companheiros. amorosa? Nesse sentido, não sou contra a bissexualidade, Minha hipótese é a de que nossa cultura criou sob hipótese alguma. O sexo (masculino ou feminino) um caminho um tanto perigoso para determinar as da pessoa que realiza o prazer amoroso e sexual é identidades sexuais desses sujeitos. No senso comum, do gosto e do desejo de cada um. Quanto a isso, o caminho percorrido pela homossexualidade, é tanto fez como tanto faz. Sou contra, isto sim, a um caminho sem volta. Na cultura popular, fala-se qualquer tipo de relação, parceria amorosa e desejo que um homem heterossexual até pode abandonar afetivo manifesto por alguém que não assuma as seu desejo sexual por mulheres, mas essa recíproca conseqüências de sua fragilidade psíquica diante do não é verdadeira para os homens gays, pois uma seu conflito, ou dito de outro modo, sou contra a vez gay, sempre gay. "Alguém já ouviu falar em toda e qualquer relação onde o outro seja submetido ex-gay?", diz-se aos quatro cantos. Por que não? às neuroses de seu companheiro, fingindo um Por que os gays teriam a marca insofismável da sentimento que não há, mascarando seu desejo por determinação sexual? Por que os homossexuais outra pessoa, independente do seu sexo, traindo a masculinos e femininos teriam sua identidade relação e o compromisso mantido por dois sujeitos sexual única e exclusivamente determinada pelo adultos e, assim espero, responsáveis. Sou contra a que muitos chamam de destino, karma, genética, indisciplina da libido que faz com que sejamos fracos gosto ou desvio de conduta, que seja, não podendo diante do prazer orgástico e da cultura do consumo conceder-lhes à contingência de seu desejo e da e que ainda fez do sexo um produto frágil, fácil e sua sexualidade a hipotética vontade de mudar o descartável, ou seja, praticamente um enlatado na objeto amoroso ou sexual, de quem melhor lhe fruidade das prateleiras amorosas e sexuais. completa, se não há pre-determinação no que Sou contra ao desmantelamento da ética e se refere à sexualidade da maioria do homem ou parceria amorosa diante de um corpo eminentemente mulher comuns? Por que seria mais fácil "um que suplica ou clama por consumo, que faz com camelo passar pelo fundo de uma agulha" do que que pessoas, gays e não gays, sejam presas fáceis um homossexual ou lésbica mudarem seu "destino" do consumismo desenfreado de corpos na nossa afetivo? sociedade atual trazendo a infelicidade afetiva para Se lêssemos e tivéssemos prestado mais homens e mulheres que não conseguem entender atenção nas palavras do pai da psicanálise, talvez porque falharam no seu dever de manter uma saberíamos que a "sexualidade não tem objeto relação pautada no respeito ao outro. fixo", daí a sua noção de bissexualidade originária Daí, como conseqüência, os consultórios da qual Sigmund Freud (1856-1939) já falava nos psicoterápicos terem como queixa principal, a seus “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade”. fatalidade do descompromisso afetivo. Daí os Não é que todos nós somos determinantemente cartórios inflarem de pedidos de separação. Daí bissexuais, mas sim que em algum dado momento o desaparecimento de casais das cerimônias de da nossa vida, iremos fazer alguma escolha de um casamento em igrejas. Daí a sujeição de milhões objeto amoroso e sexual. O fato de alguém ser de pessoas ao espaço virtual e à neurose coletiva homem e ser mulher, este sim, é um determinante diante da internet que proporcionou mais um meio da cultura que fazemos parte. para que essas mesmas neuroses dessem vazão. Daí, O problema do "Casamento Brokeback" está na o ficar. Daí, o beijaço. Daí à pouco, um renovado, dificuldade em homossexuais aceitarem seu desejo objetável e admirável mundo novo nas relações amoroso (vejam bem, falo de desejo amoroso, e amorosas. Quem (sobre)viver, verá! não sexual). Conseqüentemente, desejo amoroso e sexual reprimido, só tem duas AUTOR | Sérgio Gomes da Silva | CRP 05/38428 | Mestre em Saúde Coletiva saídas: uma é o que chamamos de sintoma pelo IMS/UERJ; Membro do Fórum do Instituto de Estudos da Complexidade (uma manifestação de um comportamento (IEC); Psicoterapêuta da Clínica do Social do IEC; Pesquisador do Núcleo consciente ou não, mascarado pelo desejo de Estudo e Pesquisa em Tanatologia e Subjetividade da UFRJ (NEPTS); reprimido), a outra é o reconhecimento Especialista em Direitos Humanos pelo Dpto. Filosofia/UFPB; Especialista desse desejo e sua conseqüentemente em Sexualidade Humana pelo CE/UFPB; Psicólogo Clínico Graduado pela manifestação a posteriori. UFPB. Email: sergiogsilva@uol.com.br. 12

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COMPORTAMENTO

BRASILFOBIA mito ou realidade?

H

á muitos brasileiros morando no exterior que dizem: “não quero contatos com brasileiros”, “não me relaciono com brasileiros”, etc. À primeira vista, esse tipo de declaração pode deixar um outro brasileiro boquiaberto! Isso porque é paradoxal ouvir de brasileiros morando fora do Brasil que ele não quer “contatos”, “relacionarse” com um ou outros compatriota. Percebe-se logo que por traz dessas declarações existe um fenômeno que vem se expandido cada vez mais dentro da população franco-brasileira vivendo na França: o da exclusão relacional entre compatriotas. E o que chamaria à “brasilfobia”. Um levantamento com 402 brasileiros morando em Paris apontou que 87% deles declaram não querer “saber” de “brasileiros”! Revelou-se ainda que o fenômeno da brasilfobia é uma coisa comum. Embora muitos subestimem os detalhes e as sutilezas de tal comportamento, o objetivo estratégico é evidente, ou seja, a tática do brasilfóbico é o da integração, da imersão total dentro do mundo francês. Mais será que o objetivo da integração total justifica meios de discriminação relacional sobre tudo quando se trata de um compatriota? Que a “brasilfobia” seja uma forma de discriminação isso não faz nenhuma duvida. O fato de distinguir uma pessoa, uma categoria de pessoas ou um grupo humano, no caso “brasileiros”, em vista de um tratamento diferente segundo critérios variáveis, é a definição mesmo da ação discriminatória. Por estranho que pareça existe mesmo uma ideológica da discriminação: tem aqueles que defendem uma forma de discriminação “positiva” que eles opõem a discriminação “negativa”.

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O problema da discriminação, que ela seja “positiva” ou “negativa”, é que todos os argumentos são “bons” para defender muitas vezes um “mal” que tornou-se banal entre brasileiros morando fora do Brasil: a discriminação relacional. Muitos explicam a banalização da discriminação relacional como sendo um simples fator natural. De fato, a natureza humana nos dota da capacidade de discriminar. Uma criança quando chora, logo se diz que algo vai “mal” e quando ela se sente serena, pacifica, alegre se diz que ela encontra-se em um “bem-estar”. Mais por outro lado, não podemos esquecer que o ato de distinguir categorias variáveis do nosso “bem” ou “mal” estar que incorporamse nas atitudes discriminatórias são muitas vezes relacionadas com a questão socio-cultural: quem interpreta, e, muitas vezes ensina o “bem” e o “mal”-estar, ou, o que deve ser feito ou não para adquiri-lo é um “outro”, ou seja, o pai ou a mãe, ou um parente próximo ou mesmo o próprio mundo social dentro do qual vivemos. No fundo, se a natureza nos dotou da capacidade de discriminação, uma grande parte dessa faculdade humana é uma construção individual ou social. Ela se cria à partir de sentimentos necessários à nossa sobrevivência vital. O problema é que muitos se servem desses princípios como evidências ou como instrumento comportamental: “Eu estou na França e é lógico que eu queira me relacionar com franceses.” – “Se quisesse me relacionar com brasileiros teria ficado no Brasil”, dizem os sujeitos de nossa pesquisa! Mais será que as coisas são tão evidentes assim? Se a lógica é coerente, a orientação instrumental da discriminação relacional é injusta e ameaçadora: à “brasilfobia” seja ela qual for não é somente um comportamento imoral é também um comportamento ilegal.

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A ilegalidade da discriminação relacional começa a ser ressaltada na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em 1948, o art. 1º, dispõe que “todos os seres humanos nascem iguais em dignidade e direitos”. O art. 2º assevera que todos os seres humanos estão aptos a exercer os seus direitos sem distinção de nenhum tipo ou gênero, seja por raça, cor, sexo, língua, orientação política etc. A legislação brasileira é uma das primeiras à considerar à discriminação como um crime.

Como resaltamos há muitas razões para explicar à brasilfobia mais nenhuma delas o justifica. Um dos argumentos mais comum é fato de evocar que vive-se no “pais do direito do Homem”, da “liberdade individual”: escolher as pessoas com que deseja relacionar-se é um “direito individual”. Mais o direito e a liberdade individual não concede a nenhuma pessoa de se comportar desumanamente, ou mesmo de forma indigna com o outro. Toda pessoa tem o direito à dignidade humana e de dispor de uma saúde física e mental. Pertencer à A Constituição de 1988 coloca em evidência à um “país”, à uma “língua”, à uma “cultura” é um subcomissão dos Negros, das populações Indígenas fato unipresente na vida de cada um, sobre tudo de e das Pessoas Portadoras de Deficiência. Em maio de um brasileiro vivendo fora de seu “país” de origem, 1987, o Congresso Constituinte já tinha aprovado um unipresente pleno de “passado” que contem justamente o texto segundo o qual "Art. 2º - diz que nele mesmo as sementes de um futuro. “Todos, homens e mulheres, são iguais perante a lei”, “que punirá como crime inafiançável qualquer Assim com relação à questão de saber se a discriminação atentatória aos direitos humanos e brasilfobia é um mito ou uma realidade. A pesquisa aos aqui estabelecidos”. A França esperou 2008 mostra que brasilfóbico vive dentro de um mito para figurar explicitamente no código penal francês onde à integração, à imersão total dentro do o crime de discriminação. mundo francês é uma realidade. Ele ignora que o simples fato de cumprimentar um francês por um O problema colocado pela imoralidade da “bonjour”, o francês distingue nas entonações do brasilfobia é que ela toma proporções exageradas dito o sotaque cantante de “sua nossa terra tem na população brasileira vivendo na França. Feito o palmeiras, onde canta o sabiá” e no intimo de todo levantamento dos dados observa-se que ela afeta francês existe um fantasma: a realidade que o Brasil, a qualidade de vida de muitos brasileiros vivendo ou à antiga “França Antártica”, é um pais onde “as na capital Francesa. O brasilfóbico não somente aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”! discrimina um “outro” ser brasileiro, mais ele o exclui de toda relação de comunicação, de todo Finalmente “florir os bosques” daqueles contato humano. O impacto emocional sobre o brasileiros que encontramos dentro ou fora de discriminado é tão grande que muitos deles sofrem nosso país pode se materializar em um simples de exclusão, de sentimento de culpabilidade de ser “olá, tudo bem”! Não seria aí uma maneira digna brasileiro, de rejeição e encontram-se em profunda de considerá-los, de respeitá-los é assim ajudá-los solidão. Os relatos indicam que à autodesvalorização à enfrentar as dificuldades da perda que representa e a depressão são muito comuns. Eles atingem à deixar ou viver dentro de um país sem precisar vida sentimental, conjugal, profissional e social de acrescentar mais sofrimentos que à discriminação muitos brasileiros vivendo na França. Outro traço da brasilfobia impõe à essa opção de vida? importante é a maneira pela qual o discriminado reage a atitude brasilfobica: ele revive as situações traumáticas passadas de sua vida no Brasil que o induz à consequências mórbidas.

AUTOR | Fernandes de Andrade Franco-brasileiro, trabalha e mora em Paris desde 1983, psicólogo clinico formado pelo Conservatoire des Arts e Métiers (CNAM) de Paris, psico-sociólogo formado pela Ecole de Hautes Etudes en Science Sociales (EHESS). Autor de vários estudos sobre a questão intercultural para à Marie de Paris. Atualmente trabalha para France Télévision onde exerce como consultante na área clínica de desenvolvimento professional. Ministra regulamente palestras e cursos na França e no Brasil nas áreas da interculturalidade dentro do desenvolvimento profissional. E-mail: fernand.joseph.deandrade@wanadoo.fr Revista de Psicologia ATLASPSICO nº 14 | junho 2009

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DEPENDÊNCIA QUÍMICA

ÁLCOOL uma questão social! M

uito se fala hoje sobre a questão da dependência química, porém, na grande maioria das vezes, quando fala-se em “drogas” são lembradas apenas as drogas ilícitas como a maconha, a cocaína, o LSD, o crack, que hoje é uma questão muito séria também. Mas muitas vezes se esquece das drogas licitas e a maior e mais consumida no Brasil, sem sombra de duvidas é o álcool. Será que ela causa menos danos que as drogas ilícitas? Na minha opinião, de quem convive a muito tempo com pacientes dependentes, posso afirmar sem sombra de dúvida que a resposta é NÃO. Por que? É uma droga socialmente aceita e culturalmente difundida na nossa sociedade, isso leva a existir um número muito maior de dependentes de álcool do que outras drogas. Isso, por conseguinte, não leva apenas o dependente ao “fundo do poço”, como também põe em risco milhares de outras vidas por diversos tipos de violência. O que está muito em voga agora em nosso país é a “violência” no transito. Mas será que esta é a maior brutalidade que o álcool causa? Mas uma vez, digo com propriedade que não. Os danos neurológicos que o etanol causa são enormes e irreversíveis para quem abusa dessa substância. Vemos pessoas perdendo tudo o que construíram em uma vida toda devido ao álcool, uma droga considerada barata. Por que? Simplesmente porque o álcool é uma “droga” que causa dependência química, que é uma doença crônica, progressiva, incurável e fatal.

Imaginemos um cidadão em situação de miséria! Ele se torna dependente do álcool, pois como muitos dizem “bebo para esquecer”. Esse indivíduo chega a tal ponto que para nos semáforos da cidade para esmolar. Imaginemos a seguinte situação: ele consegue uma esmola de R$ 0,50 em três automóveis, isso somaria R$ 1,50, com esse dinheiro ele vai a qualquer estabelecimento da sua comunidade e compra por esse valor uma garrafa de cachaça, dessas de garrafa plástica que vemos comumente hoje em dia. Essa bebida possui um etanol de baixíssima qualidade, o que causa um dano neurológico ainda maior do que o dano que causa ao cidadão que senta no bar e toma sua cerveja com os amigos e volta dirigindo sob efeito do álcool e muitas vezes nada acontece. Ou seja, o individuo que vive na miséria e não tem carro para dirigir depois de tomar seu “pileque” não é tão fiscalizado, nem ele, nem o produto de baixíssima qualidade que consome, sendo assim, os estabelecimentos credenciados pelo SUS vivem lotados dessas pessoas, muitas já com demência alcoólica ou outras comorbidades causadas pelo uso prolonga. Quem paga essa conta é o cidadão, o mesmo cidadão que reclama que o Estado não faz nada a respeito, o mesmo cidadão que escreve artigos sobre esse assunto e o mesmo cidadão que também não faz nada para tentar alterar essa realidade...

AUTOR Rafael Leitoles Remer CRP 08/09332 | Atua na psicologia clinica desde o ano de 2002, formado pela Universidade Tuiuti do Paraná e Pós Graduando em Neuropsicologia. E-mail: rafaelleitoles@yahoo.com.br | http://rafaelpsicologia.blogspot.com

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PSICOLOGIA INFANTIL

BRINCANDO EM FAMÍLIA uando os pais se permitem brincar com Q seus filhos, entrando na fantasia e na brincadeira da criança eles podem entender melhor

a fase e as necessidades de seu filho. A criança quando brinca, representa simbolicamente todas as suas necessidades, frustrações, conflitos e desejos da fase em que vive. Para a criança, o brincar é uma atividade muito séria em sua vida, que se pode comparar como o trabalho é para o adulto. Seria muito importante se os adultos observassem como as crianças brincam. Em seu brincar a criança se coloca por inteiro, ela é totalmente espontânea e autêntica, mostra o sentimento do momento. Seja este sentimento de alegria, de raiva, de afeto, de agressividade, de curiosidade, de expectativa, de medo, de insegurança, de segurança, entre outros. Se todos os pais tivessem a oportunidade de parar por alguns instantes e observar o seu filho brincando, eles entenderiam totalmente o momento de vida em que a criança se apresenta, detectando suas necessidades e expectativas. Para que os pais possam fortalecer o vínculo com o filho, principalmente na fase de criança, uma das formas mais apropriadas é o brincar com ele. Este brincar é realizado de forma autêntica e livre, não é imposto pelo adulto. É o entrar na brincadeira da criança e brincar como ela. Quando os pais brincam com seus filhos, despertam nesses a curiosidade em saber como seus pais brincavam na fase de criança. Pois quando a criança percebe que o pai um dia foi criança e também brincou, o filho cria uma cumplicidade com o pai, realizando uma relação de troca na

brincadeira. Esta situação fortalece a relação entre pais e filhos, a criança encontra no adulto um parceiro, sentindo-se mais segura e confiante. A criança pode ter a possibilidade de ensinar ao outro, e especialmente se este outro for um adulto, ela reafirma e se sente fortalecida para criar e ampliar suas relações. Ao criar relações de confiança e de afeto, os limites e frustrações vividos no dia-a-dia passam a ser entendidos como parte do processo de desenvolvimento. Muitas vezes os pais temem em perder o poder perante seu filho, mas se haver uma relação autêntica e de confiança, o que ocorre é a admiração e o respeito. A criança se sente mais segura na relação com este adulto, tornando-se mais autoconfiante no enfrentamento e soluções de seus conflitos relacionais. Com isto, a criança sente que os pais irão protegê-la, estes são fortes para dar afeto e para dizer não, impondo os limites quando necessário. Havendo cumplicidade no brincar entre pais e filhos, ocorre uma oportunidade ímpar, a de reviver uma das fases mais importantes de suas vidas, o ser criança. Ao se dar esta oportunidade os pais vão entender melhor e sentir muito mais prazer em serem pai e/ou mãe. Ao haver este entendimento e integração esta família estará mais fortalecida para viver em harmonia. AUTORA| Irene de Lourdes Tozati Camilo é psicóloga CRP 08/5107, Pós graduada em Psicomotricidade Relacional, sócia da consultoria Motriz Empresarial. E-mail: irenetc@onda.com.br

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GESTÃO RH

SANGUE, S

NA LIDE O

ser humano já nasce destinado a ser líder? Mais: a liderança é um dom? Seja qual for a sua resposta, vale a pena refletir cautelosamente: se a natureza é benfeitora de uns tantos que supostamente nascem com tal dádiva, o que acontece ultimamente na sociedade cuja liderança, grosso modo, inexiste ou aparece minguada? Será que temos impressões inexatas acerca do que é inato e adquirido? Porquanto é importante analisar no quadro comportamental do líder, dentre outros itens, a influência genética, sem, contudo, desprezar o ambiente. É o que argumenta Robert Wright, com base na psicologia evolucionista: “Não é próprio da natureza destinar as pessoas à liderança ao nascerem; é próprio da natureza equipá-las para a liderança, uma vez que a tenham alcançado (e, segundo as evidências, encorajá-las a tentar conquistar a liderança no momento politicamente oportuno)”. E complementa: “ninguém nasce para liderar, e ninguém nasce para ser liderado”. Então o homem possui recurso predeterminante

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para sobrepor-se socialmente no convívio com os demais, mas para desencadear tal auxílio depende do estímulo correspondente. Logo, há mais coisas entre o DNA e a liderança do que supõe nossa vã especulação. Como fica tal análise na vida organizacional? Se tais pontos estão presentes na dinâmica comportamental do colaborador, requer-se leválos em conta para reforçar (e melhor direcionar) o diagnóstico e o planejamento que contemplam a formação e manutenção dos líderes. Pois o que se percebe comumente é a baixa preocupação relacionada à estruturação daqueles que integram o cenário das chefias. Quando muito, recebem alguns conselhos, treinamento superficial (quando se treina!) e as juras superiores de que serão acompanhados. Qual nada. A desculpa do pouco tempo disponível para empreender tal supervisão ajuda a criar o sombrio abismo que separa o sonho da realidade. Se a predisposição para a liderança era sensivelmente fraca, o meio, inadvertidamente, enfraquece-a ainda mais. As dificuldades se

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SUOR E LÁGRIMAS

ERANÇA impõem e os empobrecidos resultados falam por si só. O que era um objetivo motivador de carreira pode transformar-se em martírio punitivo. O malestar domina. Às vezes, bons profissionais são demitidos pela incapacidade de liderar a equipe, e com eles exonera-se também, lamentavelmente, a sua competência técnica, além da antiga confiança. Os equívocos proliferam. Contudo, ao verificar adequadamente os pontos estratégicos que formam gradativamente o líder, e nele investir pesadamente, sem ignorar tanto as suas características pessoais (temperamento, autonomia, inteligência e, destaque-se, vontade de querer liderar e não apenas ser mais um a elevar-se na folha de pagamento e no gráfico do ego) quanto o sólido programa de educação a ser oferecido e com o merecido e necessário acompanhamento (há raros líderes que dedicam até metade do seu tempo a tal convivência), é possível proporcionar qualidade no desenvolvimento daquele que tem enormes responsabilidades humanas e profissionais ao assumir uma dada chefia.

Portanto, ao que tudo indica, não há facilidade para se alcançar melhores níveis de êxito como líder. Condições genéticas preexistentes implicam predisposição, e não comodidade. A aprendizagem e a prática (e os ajustes) devem ser extenuantes. Conte com sangue, suor e lágrimas na liderança. Líder e potencial líder devem ser realistas e se autoavaliarem para minimizar o autoengano, capaz de nos fazer crer que somos o que não somos e não sermos o que de fato somos. AUTOR| Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo (CRP 06/69637), diretor da Self Consultoria em Gestão de Pessoas, palestrante, professor e mestre em Liderança pela Unisa Business School. Coautor dos livros Gigantes da Motivação, Gigantes da Liderança e Educação 2006. E-mail: selfcursos@uol.com.br

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AUTOAJUDA

STRESS A

finalidade desse artigo é de proporcionar um momento de reflexão sobre as mudanças que abalam o mundo, as organizações e os indivíduos. Segundo a OMS o stress é a epidemia do século XXI . Pertencemos agora a um mundo, onde a velocidade das informações nunca teve impacto tão profundo na vida das pessoas e no destino das organizações. O ritmo alucinante de mudanças constantes, no cenário nacional e global, trazem a tona a necessidade urgente de adaptação a situações novas e a convivência com pressões de todos os tipos. A falta de competência emocional para enfrentá-los, muitas vezes, faz com que nosso organismo sofra alterações físicas e psicológicas que perturbam seu equilíbrio e que, se prolongadas, podem levar a doenças com prejuízo da qualidade de vida e do trabalho. O grande desafio nesse estressante mundo atual é fazer o “Stress” em sua vida trabalhar a seu favor, não contra você! O “Stress” adiciona sabor, desafio e oportunidade à vida, ao mesmo tempo, na medida em que não sabemos lidar com ele, pode afetar nosso sistema imunológico e emocional nos fazendo adoecer. As rápidas mudanças e as incertezas que vivemos, são as características marcantes da era da informação e globalização, onde a troca rápida de informações entre as pessoas conecta-nos ao mundo em tempo real. Aprender a lidar com esse universo de informações faz aumentar o nível do stress. Essa inquietude, transforma o ser humano e causa profundas mudanças sociais em todas as partes do planeta. Dá-se assim o início a um processo de desestabilização, afetando nossa capacidade de lidar com as mudanças e uma sensação de desorganização generalizada se apodera de nós, perturbando profundamente nossa auto-regulação gerando alto nível de stress. 20

Tudo isso é ainda mais agravado, com a crise financeira mundial, que está fazendo com que muitos homens/mulheres de negócios acendam as luzes vermelhas nos painéis de suas vidas! Isso tem gerado altos níveis de stress, desencadeando uma série de conseqüências como: doenças psicossomáticas e degenerativas. . Mas um dos principais problemas apontados recentemente por especialistas é a Síndrome de Burnout, que é um tipo de estresse ocupacional, durante o qual a pessoa consome-se física e emocionalmente, resultando em exaustão e em um comportamento autodestrutivo. Pode levar a problemas gastrointestinais, cardiovasculares, e depressão. Quem sofre de burnout tem a sensação de estar sem saída. Esse processo de desestabilização causa alterações comportamentais e pode chegar ao suicídio.

O QUE É STRESS? É um conjunto de reações e modificações apresentadas pelo organismo diante de situações ameaçadoras, ligadas às exigências ou mudanças importantes na vida, sejam elas de prazer ou de dor.É o modo como nosso corpo reage a qualquer mudança na rotina. Pode ser qualquer exigência feita ao indivíduo que o obrigue a lidar com um comportamento no limite. O stress pode ser (+) Quando o organismo mobiliza uma energia extra para enfrentar e transpor os desafios e obstáculos da vida. Funciona como uma resposta de adaptação do nosso organismo ante qualquer situação. É considerado um mecanismo necessário de auto preservação da vida! O aumento gradativo da adrenalina melhora o desempenho físico e intelectual. O stress (–) manifesta-se quando o organismo vivencia tudo como ameaça à sua integridade física e emocional. Não existe mais o relaxamento para equilibrar o organismo e a doença pode se manifestar.

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CONHEÇA MELHOR OS 3 ESTÁGIOS DO STRESS

FASE ( + )

1. Estado de alerta| ligado à sobrevivência, libera substâncias como adrenalina na corrente sanguínea, o lema aí é o de “Lutar ou Fugir”. Vivenciamos esse estado sempre que nos sentimos ameaçados e precisamos nos defender. Essa reação, implica basicamente numa taxa cardíaca elevada, aumento da respiração, níveis elevados de adrenalina na corrente sanguínea e aumento da pressão arterial.

FASE ( – )

Vitalidade

Fadiga

Entusiasmo

Irritabilidade

Otimismo

Falta de concentração

Perspectiva ( + )

Depressão

Vigor físico

Doenças

Lucidez mental

Acidentes

Lucidez mental

Dificuldade Comunicação

Alta produtividade

Baixa produtividade

2. Estado de Resistência| Quando passa a ameaça e o organismo se retoma, reparando o desequilíbrio físico e mental. 3. Estado de Exaustão| O corpo não retorna mais ao estado homeostático. O alerta foi acionado tantas vezes que o organismo fica cronicamente se defendendo, não se equilibra mais. Chegando à exaustão crônica pode afetar o sistema imunológico, diminuindo as defesas do organismo e manifestando as doenças psicossomáticas até então adormecidas em nosso código genético.

IDENTIFIQUE AS FONTES DE STRESS

4. Stress Físico| Doenças Psicossomáticas

1. Stress ocupacional| ligados aos desafios constantes no dia-a-dia corporativo. Mudanças, demissões e reestruturação organizacional, alta carga de trabalho, pressão excessiva, ausência de feedback positivo sobre o desempenho, comunicação deficiente, trabalho da equipe desalinhado, retenção de informação, competição interna, a falta de cooperação, barulho excessivo, metas inatingíveis, tarefas repetitivas, ausência de estímulo criativo,etc...

5. Stress Emocional| Ansiedade, irritabilidade, agressividade, pensamentos ruminantes, lixo emocional, TPM.

O estágio mais grave é o esgotamento, onde a pessoa começa a questionar os próprios valores, fica depressivo, frustrado, perde a motivação, baixa a produtividade, etc...

Aí não existe mais a realização pessoal e não se encontra mais “sentido” no trabalho e muitas vezes nem na própria vida!

2. Stress Ambiental| Tensões da vida em sociedade, filas, trânsito, poluição sonora e visual.. 3. Stress Familiar| Dificuldade no relacionamento afetivo, falta de privacidade, conflitos insolúveis, divórcio, educação dos filhos, brigas conjugais, etc...

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6. Tecnostress| Causado pela tecnologia. É o mal da modernidade. É a invasão da tecnologia em nossa vida! E mail’s, celulares, lap top’s, internet, que nos conecta o tempo todo com as informações disponíveis no mundo.. Isso desperta em nós um sentimento de imediatismo, frustração e ansiedade, frente ao universo de informações indomadas. 7. Stress de Adaptação| A característica básica da vida é a mudança! Descartar o que não mais serve e abraçar o novo. Sabemos que o mundo psíquico tem um tempo de adaptação mais lento, pois tendemos a nos manter na zona de conforto e no velho e conhecido padrão de comportamento. 8. Stress de Privação| Alteração dos ritmos biológicos: sono, fome, sexo. 9. Stress com os prestadores de serviços| serviços oferecidos que desfavorecem o consumidor. Serviço de atendimento ao consumidor precário, descaso, faturas erradas, tempo perdido na resolução do problema, etc... 21


E VOCÊ, COMO SOMATIZA? Você percebe os sinais que emite? Corporal e/ou emocionais? Como você reconhece que está estressado? O que muda em você? Fica irritado, chora, adoece, sente-se inseguro, fica agressivo, sobe a sua pressão arterial? O que você faz para cuidar disso? Você tem uma gaveta de remédios? COMO E O QUE FAZER PARA O STRESS TRABALHAR EM SEU FAVOR Reconheça seus limites; Compartilhe seu stress; Pratique uma atividade física; Cuide de seu sono e da sua alimentação; Quebre a rotina; Gestão do tempo – priorize suas tarefas; Chore; Crie um ambiente calmo e RELAXE; RESPIRE... INSPIRE... EXPIRE... PROFUNDAMENTE... encha seu peito de ar e esvazie... completamente... repita muitas vezes com o olhar para você!; Procure ajuda se for necessário; Nutra a auto-percepção positiva; Auto-conhecimento dos seus pontos fortes e fracos; Tolerância, Flexibilidade e Adaptabilidade; Aprenda a dizer NÃO; Delegue mais; Cultive o Bom Humor – Enxergue as coisas na perspectiva correta. Não dramatize; Sem Ansiedade - Viva no “AQUI E AGORA” Tá nervoso? Vai pescar!!!; Tenha mais contato com a natureza. Elaborar planos de ação individual, setorial e organizacional para construir um ambiente corporativo capaz de reduzir os agentes estressores, e que dê suporte a essa conturbada fase mundial, que trás a semente da transformação. Apontamos a importância da Comunicação como principal instrumento de alinhamento e fortalecimento do indivíduo e da organização para o encontro receptivo desses novos cenários. Não importa o tamanho da crise e sim a forma como você reage e ela!!

OS EFEITOS DO STRESS NO CORPO

EFEITOS DO STRESS NO COMPORTAMENTO

Dificuldade de Respirar

Insônia, Pesadelos

Pressão Alta

Explosões Emocionais

Náuseas, Sudorese

Agressividade

Tensão Muscular

Excesso ou Perda de Apetite

Formigamento, Impotência e Frigidez

Consumo excessivo de álcool

Dilatação das Pupilas

Tabagismo e drogas

Boca Seca

Propensão a acidentes

Taquicardia Dores crônicas

O stress adiciona sabor, desafio e oportunidade à vida EFEITOS DO STRESS NA SUA SAÚDE

EFEITOS DO STRESS NO TRABALHO

Somatização Freqüente

Comportamento reativo ao invés de criativo

Infarto / Derrame

Competição ao invés de cooperação

Gastrite e Úlceras Estomacais

Falta de visão

Enxaqueca

Absenteísmo

Resfriados

Favorece os acidentes no trabalho

Asma, Renite Alérgica

Falta de diálogo

Menstruação irregular

Hostilidade entre os colaboradores

Diarréia

Ausência de objetividade

Câncer, etc.

EFEITOS DO STRESS NO PENSAMENTO

EFEITOS DO STRESS NAS EMOÇÕES

Dificuldade de Concentração

Perda de Controle

Pensamentos Repetitivos

Ansiedade

Esquecimentos

Depressão e Angústia

Excessiva sensibilidade à críticas

Mau Humor Freqüente

Dificuldade de tomar decisão

Irritabilidade

Padrão rígido

Choro frequente Síndrome do Pânico

AUTORA | Márcia Souto de Araújo | CRP 17590 SP | Psicóloga, Reichiana e Bioenergética, com 26 anos de experiência em Clínica, Grupos de Terapia e Grupos de Formação (para profissionais da área da Saúde) e Empresas. Membro da Associação Wilhelm Reich do Brasil e Núcleo Neo-Reichiano e Bioenergética. Já atuou, como Consultora, em empresas como: Citibank, Gillette, Infraero, Dupont, Amico, Scania, Unaerp, Unilever, Ticket, Bovespa, Hospital do Coração, Ministério da Fazenda, Novartis, Roche, Santander, Secretaria do Planejamento Federal, Andrade Gutierrez, Caixa Econômica Federal, Klueber, Ocê Brasil, Grace Br. Petroquímica União e etc...). Ex-Presidente da APEA-EMIA. Especializou-se em Qualidade de Vida no Trabalho e Desenvolvimento da Excelência Pessoal e do Potencial Humano | www.soutolins.com.br | dra.marcia@soutolins.com.br | skype: psicologanaweb 22

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MATÉRIA DE CAPA

UMA REFLEXÃO PSICOSSOCIOLÓGICA SOBRE A

GRIPE SUíNA

O texto a seguir apresenta a “gripe suína” pelo viés da teoria das representações sociais, corrente da psicologia que privilegia em suas análises a produção de subjetividade no cotidiano – como no caso da pandemia, fenômeno cuja dimensão simbólica experimenta sua gênese nesse exato instante.

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A

novidade é a gripe suína. Ela surge no México e se espalha rapidamente a outros países, embora até o momento as vítimas fatais estejam praticamente restritas ao país de origem. Pandemia: assim é caracterizada a gripe que mobiliza especialistas do mundo inteiro. A Organização Mundial de Saúde (OMS) elevou para 4 o nível de alerta da doença, numa escala que vai até 6. O noticiário se multiplica assim como as versões e atitudes, dando a impressão de que autoridades e especialistas não se entendem. O que pretendemos aqui é fazer uma rápida reflexão apoiada na perspectiva inaugurada por Serge Moscovici – a teoria das representações sociais – e assim contribuir com uma visão psicossocial do fenômeno, sem a pretensão de uma descrição exaustiva; os exemplos servem apenas para ilustrar a gênese da representação social. Não há como resistir. Nesse exato momento (28/04/2009, 20h:13), na TV5MONDE, um especialista faz uma demonstração de produtos de higiene e um tipo de óculos especial para evitar contaminação pela pandemia. A idéia do texto ocorreu pela constatação de que todo o noticiário está “contaminado” pela gripe suína. Assim, acompanhamos hoje (28/04/2009) as informações divulgadas pela CBN e Bandnews FM, bem como em portais via Internet especializados em notícias, aqui citados. Uma das possibilidades da teoria é dar conta da novidade, explicar como algo que surge é inserido simbolicamente (representado) nos quadros de pensamento da sociedade. O pressuposto básico é que um fenômeno novo é ‘encaixado’, reconstituído, reelaborado a partir de categorias preexistentes e o resultado é um amálgama que passa a fazer parte do que se costuma chamar de conhecimento cotidiano ou senso comum. Algumas pandemias mortais anteriores à gripe suína ainda estão bem vivas em nossa memória. Um estudo sobre as representações sociais de sul-africanos e britânicos sobre a AIDS, realizado por Hélène Joffe, descobriu que: “No Ocidente, sua origem é geralmente localizada na África. Os africanos, por sua vez, tendem a situar a origem da Aids no Ocidente – relacionando-a com colonialismo e imperialismo2.” As explicações

populares para a etiologia da doença são baseadas numa lógica própria do grupo, na qual a busca pela responsabilidade externa – jogar a culpa no outro, simplificadamente - é um mecanismo de defesa que serve para afastar psicologicamente a ameaça, tranqüilizando as pessoas. Já a gripe aviária tinha endereço e nome: asiática e de frangos. Os frangos contaminados foram abatidos para a alegria dos produtores do Brasil, onde a doença não se disseminou. A doença pode representar um perigo assustador. Explicações sobre moléstias devastadoras fazem parte do imaginário popular construído ao longo da história, desde as pestes descritas na Bíblia, passando pelo flagelo da peste negra e pelo “romantismo” da tuberculose, tão bem estudada no clássico de Susan Sontag, Doença como metáfora / Aids e suas metáforas (São Paulo: Cia. das Letras, 2007). Agora, a gripe suína invade os meios de comunicação. Mecanismos tradicionais são mobilizados para entender a nova epidemia. Autoridades e especialistas se revezam nos microfones e textos. Na verdade, a sociedade tenta explicar o fenômeno, já que a estabilidade cotidiana foi rompida por uma novidade potencialmente mortal. Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS), Pedro de Camargo Neto, a expressão é indevida. A gripe em sua opinião deveria se chamada de gripe mexicana e não suína. Afirma: “Não há animal doente, a propagação é de homem a homem. Trata-se de um problema sério de saúde pública”3. Mas para a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) “o nome da doença está incorreto e deveria chamar-se ‘gripe americana’, já que tem origem na América do Norte. Segundo a OIE, não há nenhum porco afetado. Por isso, o nome mais adequado deveria ser influenza americana, assim como foi denominada a gripe que atingiu o mundo...”4. A polêmica não é um mero detalhe, pois todos os detalhes fazem parte da intensa negociação que cerca a questão. A disputa em torno do nome não é ingênua; ela define o território de ação e de imaginação, com atribuições de responsabilidade e decisões a serem tomadas. As disputas simbólicas se esteiam em interesses e projetos específicos, e almejam desdobramentos bem concretos.

jogar a culpa no outro é um mecanismo de defesa que serve para afastar psicologicamente a ameaça, tranqüilizando as pessoas. 28

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A gripe pode não ser suína, mas os sites de notícias exibem imagens de porcos e pessoas com máscaras ao lado de explicações ditas científicas5. Na Europa, algo semelhante ocorreu quando a questão dos alimentos transgênicos surgiu no panorama: imagens de tomates manipulados por mãos enluvadas tornaram-se comuns, facilitando a representação de Em nome da prevenção o número de mortes durante a gripe espanhola é mencionado – 40 milhões – e tal associação pode se transformar numa corrida às farmácias. A população quer saber do medicamento ou se há necessidade de utilizar máscaras, enquanto grupos especializados especulam seu efeito na economia mundial, como o periódico lusitano Jornal de Negócios On Line: “Do México à Nova Zelândia, em poucos dias a gripe suína espalhou-se pelo globo. Detectado em seis países, o vírus já provocou mais de uma centena de mortos. Entre os investidores há o receio de que a epidemia afunde ainda mais a economia mundial. Preocupação que ontem levou à queda das acções e ao refúgio em activos mais

seguros. A aviação e o turismo são os sectores mais afectados.”6. Se os mercados se agitam, alguns ganham com a pandemia, como os laboratórios Roche e GlaxoSmithKline (GSK)7. A declaração da OMS de que o antiviral Tamiflu pode ser eficaz no tratamento mobiliza a contagem de estoques do produto. O Brasil guarda 9 milhões de doses do remédio desde a crise da gripe aviária8. As notícias circulam intensamente, tornamse tema freqüente de conversação; a sociedade se apropria das informações e elabora suas próprias, criando novos significados: o imaginário se desdobra em novas representações, incluindo piadas, que também são formas criativas de lidar com a ansiedade. É a “sociedade pensante” em ação, como diz Moscovici9: é preciso falar do que todo o mundo fala para não se sentir ‘por fora’, e a novidade convoca a elaboração e a inventividade que se dá na comunicação corrente, para aplacar a inquietação que a novidade provoca e também para reforçar os laços nos grupos.

“PARA A GRIPE SUÍNA NADA MELHOR QUE UM TILENÓINC” piada recebida e contada por Luiz Megale na Bandnews Fm em 28/04/2009, às 9h:45

Qualquer que seja a designação, resultante do processo de alterização (transferir a origem para o outro) – americana, mexicana, influenza suína ou simplesmente suína – até o momento a gripe não chegou ao Brasil, mas há suspeitos e boatos de contaminação. Imprensa e autoridades procuram tranquilizar a população, mas a avalanche de informações, muitas vezes desencontradas, provoca inquietações. Assim, ficamos sabendo que o número de infectados se multiplica e a quantidade de países que admite a infecção também cresce. No Brasil, os “confinados” aguardam exames ao mesmo tempo em que são criados gabinetes de emergência para adotar medidas oficiais de contenção. O site de O Globo informa: “O secretário estadual de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes, e o secretário municipal de Saúde e Defesa Civil, Hans Dohmann, darão entrevista na tarde desta terçafeira para anunciar medidas de prevenção à gripe suína no Rio de Janeiro e a criação do Gabinete

Integrado de Emergência para a Influenza Suína no estado.”10. O repertório sobre o assunto é ampliado e criada uma rede de significados sobre a gripe: como se dá a transmissão, como pode ser tratada, suas características, os riscos que contém e daí em diante. Assim, a representação social da novidade, a gripe suína, não cessa de ser redesenhada. Os novos meios de expressão encontram na malha virtual sua maior fonte de informaçãodesinformação. Além dos tradicionais sites, nos blogs há também muitos comentários sobre o fenômeno. A velocidade nem sempre é amiga da precisão e a distorção pode ser a marca registrada do twitter: “SÃO PAULO – As micro-mensagens de 140 caracteres com o dizer “gripe suína” no Twitter estão se tornando a verdadeira epidemia, porém, virtual. Em segundos, centenas de mensagens sobre o tema figuram pelo site. [...] A capacidade de agrupamento do Twitter parece causar mais barulho

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do que qualquer outra mídia social. Pequenas notas As representações sociais expressam sentidos se espalham rapidamente pelas páginas e, devido à compartilhados, o que implica complexas negociações limitação de caracteres e à fácil interação, algumas no interior das redes de comunicação para tornar falhas de comunicação podem acontecer.”11 o não-familiar em algo familiar função básica da representação social. Nas palavras de Moscovici, Todo o rebuliço que estamos descrevendo faz isto faz parte da integração de fenômenos e teorias parte dos fenômenos de multidão, como a sugestão, estudados pela ciência à vida cotidiana, ao mundo estudados por Tarde12 no fim do século XIX, ou das pessoas comuns, o universo consensual: “O que a transmissão de uma idéia como uma epidemia, eu quero dizer é que os universos consensuais são segundo o antropólogo Dan Sperber13. Isto é locais onde todos querem sentir-se em casa, a salvo indicativo de que um processo de elaboração de de qualquer risco, atrito ou conflito.”14 Portanto, representação social está em curso – e que pode ou a criação-manutenção de representações sociais é não se consolidar. Significa que para um fenômeno processo corriqueiro na vida das sociedades, mas novo, a doença, são mobilizadas categorias simbólicas nem sempre é possível captar representações de que procuram entendê-la – e tal conhecimento grande magnitude em sua gênese. Isto é o que está é vital para que se possa retornar à normalidade. sucedendo neste exato momento, em que a gripe Do ponto de vista suína desponta como psicossociológico alvo da curiosidade a novidade é e ansiedade de uma perturbação vastos contingentes que precisa ser humanos. A digerida, dotada compreensão de um de um sentido e fenômeno social aprisionada cognitiva pode facilitar a e emocionalmente adoção de políticas pelos diferentes públicas adequadas, grupos. A forma mas o estudo de de metabolizá-las é aproximando-as do que já se Denise Jodelet sobre a loucura15, um clássico da conhece, o que a teoria denomina de ancoragem. literatura da psicologia social, deixou claro que nem O resultado final deverá ser a sua banalização sempre a resposta das comunidades é a desejada pela ação da objetivação, ou seja, a reconstrução pelos governantes. simplificada do fenômeno, transformado em Uma vez consolidada a representação social, algo tangível e parte do mobiliário simbólico da formam-se quadros de referência para os membros sociedade, assim como os direitos humanos, o meio dos grupos, o que não significa homogeneidade, ambiente ou a clonagem (objetivada na ovelha já que cada grupo tem seu próprio repertório Doly, por exemplo). simbólico. No caso da gripe em questão, temos um dado novo que é imediatamente interpretado Mas as informações circulam e são apropriadas e se torna fator de desestabilização. As associações de forma heterogênea. No caso da gripe em imediatas a remetem à gripe aviária, mas o nome questão despontam informações de grupos do vírus influenza estabelece o pavor de milhares de interessados, que vão de cientistas a jornalistas, mortes. A polêmica em torno do nome implica em passando por autoridades de diferentes segmentos, responsabilização e prejuízos econômicos. Se por entre “blogueiros” e representantes da indústria, um lado as repercussões mais visíveis ocorrem nos sem contar a forma como outros tantos grupos meios de comunicação, por outro há um intenso supostamente alheios tratam do assunto em bares, trabalho de ressignificação silencioso realizado pela fóruns e grupos religiosos. Assim, grupos diferentes população, cujos conteúdos podem ser explicitados elaboram representações diferentes. através de pesquisas empíricas em representações sociais.

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NOTAS E REFERÊNCIAS

João Gilberto é doutorando em psicologia pela UFRJ; Angela Arruda é professora do Instituto de Psicologia/Programa de Pós Graduação em Psicologia da UFRJ. | 2JOFFE, Hèlène. “Eu não”, “o meu grupo não”: Representações Sociais transculturais da Aids. In: GUARESCHI, P. & JOVCELOVITCH, Sandra (orgs.). Textos em Representações Sociais. Rio de Janeiro: Vozes, 1994. 2ª edição. | 3Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/safra/2009/04/27/carnes+nao+e+gripe+suina+mas+mexicana+++presidente+da+ab ipecs+5784927.html>, acessado em 28/04/2009, às 9h:56. | 4Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/economia,cincopaises-anunciam-embargo-a-carne-suina,361696,0.htm>, acessado em 28/04/2009, às 10h. | 5Exemplos: < http://noticias.br.msn. com/especial/gripe-suina.aspx?cp-documentid=19423403>; <http://pt.wikipedia.org/wiki/Gripe_su%C3%ADna> | 6Disponível em: <http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=365220>. Acessado em 28/04/2009, às 11h:05. | 7Conforme notícia em <http://br.noticias.yahoo.com/s/27042009/25/economia-farmaceuticas-sobem-na-europa-olho.html>. >. Acessado em 28/04/2009, às 11h:30. | 8Vide <http://www.clicrbs.com.br/pioneiro/rs/plantao/10,2490924,Brasil-tera-mais-54-mil-doses-de-drogacontra-gripe-suina.html>. Acessado em 28/04/2009, às 15h:05. | 9MOSCOVICI, S. A Representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: 1978, Zahar. | 10Disponível em: < http://oglobo.globo.com/rio/mat/2009/04/28/estado-tera-gabinete-de-emergencia-contra-gripesuina-755474782.asp>, acessado em 28/04/2009, às 15h:30 | 11Disponível em: < http://info.abril.com.br/noticias/internet/gripe-suinacontamina-twitter-28042009-4.shl>, acessado em 28/04/2009, às 16h:00 | 12TARDE, G.. Les lois de l’imitation. Paris: Alcan, 1980. 13 SPERBER, D. O estudo antropológico das representações: problemas e perspectivas. In: JODELT, D. (org.) Representações sociais. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2001. | 14Conf. MOSCOVICI, S. Representações Sociais: investigações em psicologia social. Rio de Janeiro: Vozes, 2003;. p. 54. | 15JODELET, D. Loucuras e Representações Sociais. Rio de Janeiro: Vozes, 2005. 1

AUTORES

João Gilberto é doutorando em psicologia pela UFRJ. professor_jg@hotmail.com Angela Arruda é professora do Instituto de Psicologia/Programa de Pós Graduação em Psicologia da UFRJ.

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PSICOLOGIA REICHIANA

A VEGETOTERAPIA CARACTEROANALÍTICA COMO MÉTODO CLÍNI C O N T R I B U I Ç Õ E S

R E I C H I A N A S

P A R A

A

P S I C O S S O M

E

sse texto tem como objetivo discutir sobre o método clínico de comp tratamento dos transtornos psicossomáticos sob a perspectiva da vege caracteroanalítica. A clínica pressupõe um método que privilegia a singula escuta atenta do sentido, numa atitude desenvolvida entre a escuta da sub do paciente pelo terapeuta e a realidade objetiva dos sintomas orgânicos, ser medida por aferições médicas. A argumentação teórica e técnica elab Wilhelm Reich, no tocante a interpretação somatopsicodinâmica dos considera o ser humano em sua unidade corpo/psiquismo em sua energética. O conceito de biopatia surge como princípio norteador de ente do desequilíbrio do funcionamento orgânico, intimamente atrelado à his e a estruturação defensiva/caracterial do sujeito. Pretende-se, ao fim do expor a problemática do câncer nesse enquadre. 32

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A ICO

M Á T I C A

preensão e etoterapia aridade e a bjetividade , que pode borada por sintomas, dimensão endimento storicidade o trabalho,

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O MÉTODO CLÍNICO E A RELAÇÃO MENTE/CORPO Iniciaremos esse texto tecendo algumas considerações sobre o exercício da clínica como postura ética e epistemológica mediante o sofrimento humano. Etimologicamente, como nos afirma Levy (2000), clínica significa estar presente ao leito do doente, em postura de observação e cuidado. Exercer essa postura requer alguém que esteja em estado de vulnerabilidade, disponível para uma relação de ajuda na qual um cuidador (terapeuta/médico) vai se propor a realizar uma pesquisa, observação, levantamento de hipóteses e tentativas de intervir sobre a condição de dor, para alívio, cura, tratamento e conseqüente melhoria das condições de vida do doente. As diversas concepções de cuidado e de cura estão intimamente atreladas a uma evolução histórica das idéias sobre a relação existente entre o corpo e o psiquismo. As medidas disciplinares sobre o corpo, no decorrer dos séculos, têm sido usadas, nas mais diversas sociedades, como instrumentos de autoridade e dominação no decorrer da história humana, principalmente no tocante ao controle da sexualidade e dos sentidos (Foucault, 1993; Capobianco, 2003). Ou seja, a concepção social de corpo está diretamente interligada ao objetivo cultural de cidadania, o perfil de ser humano desejado socialmente. Realizando um breve retrospecto, desde a Grécia Antiga, existe uma preocupação com a discussão entre a dicotomia mente (alma, essência) e corpo, muito ligada à compreensão da natureza e do processo saúde/doença. Penna (1990) cita Platão, que, em seus pressupostos, ocupou-se da divisão dos processos anímicos e corporais na determinação do conhecimento do mundo, privilegiando a Alma, concebida como pura inteligência que contempla a essência das coisas, que possui uma condição imortal: a nossa visão de mundo, o conhecimento, seria decorrente de reminiscência de vidas anteriores – a percepção das coisas pressuporia que há algo a priori que se igualiza na herança da essência prévia (mundo das idéias x mundo material). Com a Idade Média, com a instauração do cristianismo como paradigma religioso oficial, encontramos a morte do corpo e dos sentidos em favor de uma vida imaterial, divina com a idéia da purificação e expurgação pelo sofrimento por

meio de castigos e punições, auto-flagelações e controle intenso sobre o prazer e a sexualidade. São retomadas idéias platônicas no sentido de encontrar a alma imaterial e imortal, centelha da luz divina que anima a dimensão finita, mortal e material do ser humano. LeGoff e Tuong (2005) remontam a tensão existente entre as visões de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, esse último valorizando as experiências corporais na determinação do conhecimento do mundo e da iluminação de Deus sobre os seres humanos. A partir da instauração do capitalismo como modo de produção, transformações decisivas ocorreram nas relações do ser humano consigo mesmo e com a natureza. Conforme nos assinala Figueiredo (1998) e Bock (2001), prevalece no mundo uma visão pragmática e materialista, na qual o corpo funcionaria como uma máquina, assim como todos os fenômenos do universo. O paradigma dogmático cede lugar para os avanços científicos, principalmente no tocante ao estudo da anatomia, por meio da dissecação de corpos (antes invioláveis durante a Idade Média) e o desenvolvimento de tecnologias e cuidados médicos. É importante destacar que, nesse momento, a vertente filosófica que predomina no fazer científico aporta-se nos pressupostos positivistas que vão desconfiar dos sentimentos, das percepções humanas, na configuração do conhecimento sobre a realidade, numa ruptura que deve existir, por parte do investigador, entre sujeito e objeto do conhecimento, ou seja, entre corpo e alma, pois ambas são compostas de substâncias diferenciadas. Assim, a ciência da natureza constitui-se pautada na negação dos sentidos (impressões subjetivas) para a elaboração de teorias, implantando as noções de objetividade e neutralidade, que ainda hoje perpassam várias vertentes de pesquisa. No entanto, com a emergência da Psicanálise como campo de saber e tratamento do sofrimento humano, podemos perceber uma ruptura com o pensamento positivista da relação corpo/mente, no sentido que a histeria revela sintomas de um corpo erógeno, subjetivamente representado e habitado. As investigações organicistas da medicina tradicional não conseguem compreender como os sintomas se desenvolvem sem uma clara correlação com distúrbios e lesões neurológicos/ fisiológicos, pondo em cheque o método

O paradigma dogmático cede lugar para os avanços científicos, principalmente no tocante ao estudo da anatomia, por meio da dissecação de corpos 34

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Freud descrevera a libido como uma força biológica indefinida, porém as pesquisas de Reich identificavam essa força como uma energia elétrica anatômico de conhecimento das patologias. Partindo de Charcot e posteriormente Breuer e Freud, inaugura-se na medicina um tratamento da doença orgânica pelo psiquismo, inicialmente pela sugestão hipnótica evoluindo para a utilização da técnica de associações livres, escuta do discurso e manifestações do inconsciente e interpretação dos sintomas na relação transferencial (Mezan, 2001; Berlinck, 2000; Aguiar, 2002). Assim, abre-se um caminho terapêutico para exercício de uma clínica aberta para a singularidade do mundo interno de cada paciente, a construção única e particular de sua trajetória de vida e sentidos de mundo, ocorrendo, no encontro entre paciente/analista concomitantemente a pesquisa e o tratamento (vertente epistemológica) e o respeito ao encontro na alteridade, numa relação intersubjetiva

(dimensão ética). Como bem nos diz Aguiar (2002), o encontro clínico tem como características centrais: “(...) a incerteza, o tateamento, a sugestão, a dúvida, a diferença, enfim, o singular” (p. 615). A Vegetoterapia Caracteroanalítica, como poderemos observar em seguida, será uma abordagem que tentará superar a dualidade existente na discussão corpo/psiquismo, inaugurando um método clínico que considera tanto a dimensão subjetiva/representacional do sujeito como também as suas manifestações orgânicas, numa postura paradigmática de relação intrínseca através da idéia de unidade funcional entre rigidez de defesas caracteriais e rigidez muscular/orgânica de funcionamento fisiológico/energético. Vamos nesse momento nos aprofundar um pouco mais nessas questões.

A VEGETOTERAPIA CARACTEROANALÍTICA: PANORAMA HISTÓRICO E PRINCIPAIS CONCEITOS Nesse percurso, Wilhelm Reich, enquanto psicossexual infantil (Trotta, 2008; Araújo, exercia a Psicanálise na Clínica Psicanalítica 2008b). de Viena e coordenou os célebres Seminários A observação das resistências em sua prática sobre a Técnica Analítica na década de 20, como psicanalista fez com que Reich aprofundasse contribuiu para ampliar a função do corpo na o seu caminho "biopsicoterapêutico". Utilizou psicoterapia, ao desenvolver seus estudos sobre as essas observações para compreender e estudar o defesas caracteriológicas, observando as reações comportamento dos pacientes, começou a dar mais somáticas advindas do processo de interpretação atenção às manifestações da estrutura corporal e intervenção na dinâmica psíquica dos pacientes, e suas correspondentes atitudes, relacionandona interpretação e na relação transferência/ as com o comportamento caracterial. E aquilo resistência (Reich, 1990). Elaborou o conceito de que no início era apenas uma observação e uma couraça de caráter (Brandão, 2008), como forma de sinalização para o paciente tornou-se um novo compreender as tensões musculares subjacentes às método de trabalho, com intervenções diretamente defesas psicológicas vividas pelo sujeito em análise, voltadas às áreas de tensão corporal. Por trás de ao entrar em contato com os conteúdos dolorosos tudo isso existia o paradigma de que os distúrbios e ameaçadores que foram recalcados. A partir de emocionais do paciente instalam-se no corpo sob suas investigações e seu interesse na interface entre a forma de tensões, posturas contraídas, bloqueios o conceito metapsicológico de libido desenvolvido de energia, tipos característicos de movimento e por Freud e a produção de energia bioelétrica e rigidez, originando a estase energética, energia metabólica no corpo decorrente da circulação essa ligada à sexualidade freudiana, a libido, orgânica no ato sexual, Reich criou a vegetoterapia energia que impulsiona a vida e ao prazer, que caracteroanalítica, que consiste numa abordagem pode estar bloqueada, acumulada negativamente em que o analista intervém diretamente no corpo no organismo, causando as couraças e dificuldades dos pacientes, através de um entendimento no fluxo energético. econômico e energético da psicodinâmica dos Reich preocupava-se com a comprovação da sintomas, interrelacionando aspectos somáticos realidade física da libido. Freud descrevera a libido com os conflitos inconscientes do sujeito, atuando como uma força biológica indefinida, porém as diretamente nos bloqueios emocionais decorrentes pesquisas de Reich identificavam essa força como da estase – energia libidinal acumulada decorrente uma energia elétrica, diferente em certas partes do processo de frustrações no desenvolvimento do corpo — sobretudo nas zonas erógenas — que Revista de Psicologia ATLASPSICO nº 14 | junho 2009

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se alterava com a excitação sexual. Essa energia corresponde às correntes vegetativas do corpo. Sob esse prisma, Reich (1988) tenta, então, formular o movimento que acontece durante o orgasmo: Tensão Mecânica - Carga Bioelétrica - Descarga Bioelétrica - Relaxamento, que denominou de "fórmula do orgasmo", que se aplica a todos os seres vivos, nesse movimento contínuo de contração e expansão – a pulsação característica do estado de saúde. A partir daí desenvolveu uma nova forma de abordar o desconforto emocional, a psicopatologia e as enfermidades. Esta nova abordagem, inicialmente chamada de vegetoterapia caracteroanalítica e depois orgonoterapia. Tal metodologia mantém os princípios psicanalíticos básicos integrando elementos do corpo somático e do corpo energético tanto no diagnóstico como no processo psicoterapêutico. Facilita a expressão direta das emoções, potencializando as recordações e, portanto, a possibilidade de elaboração analítica. Depois dessas descobertas desenvolveuse todo o movimento das terapias psico-corporais neoreichianas, como a Análise Bioenergética, a Biossíntese, a Massagem Biodinâmica, para citar as mais conhecidas no Brasil. Considerando o homem um sistema complexo e único, a terapia reichiana não separa e nem confere ao psiquismo a primazia em relação ao somático. Soma e psiquê são expressões da unidade energética, assim, o psiquismo é apenas parte de um sistema muito maior que é o homem. A terapia psicocorporal é uma tentativa de aplicação das leis do funcionamento energético no tratamento do ser humano, trabalhando com o homem – somático e psíquico – de forma integrada. O pressuposto básico é que o organismo humano possui uma dinâmica - sangue, órgãos, respiração, vísceras, todos possuem um movimento de funcionamento, podemos dizer que é o nosso movimento "somático". Os sentimentos também determinam movimentos corporais (contraímos quando sentimos medo, o coração acelera quando sentimos raiva). Então, os movimentos de funcionalidade de cada órgão vão ser influenciados, modificados, facilitados, ou impedidos pelo movimento dos sentimentos e vice-versa, de maneira que o organismo vai se moldando dentro da delimitação do somático e do psíquico. Portanto, a terapia reichiana tenta recuperar o equilíbrio do

sistema neurovegetativo através do desbloqueio das tensões corporais cronificadas que impedem o livre fluxo da energia vital. A vegetoterapia caracteroanalítica atualmente encontra-se fundamentada e sistematizada por Federico Navarro (neuropsiquiatra italiano), sua contribuição está pautada fundamentalmente, em suas técnicas, com o sistema neurovegetativo (simpático e parassimpático), objetivando a Reich e o movimento que acontece durante o orgasmo.

descarga bioelétrica

tensão mecânica | carga bioelétrica relaxamento

genitalidade orgástica do indivíduo inserido na sociedade. Ou seja, através de um trabalho progressivo de análise e movimentação corporal, busca propiciar ao paciente uma autoregulação energética, ajudando-o a vivenciar sua potencialidade orgástica, o prazer de estar vivo, pulsante, sem bloqueios psicocorporais. O terapeuta possui uma postura ativa frente ao cliente, através de um trabalho contínuo e contíguo de exercícios, visando a redistribuição e desbloqueio de energia presa (estase) no indivíduo, devido aos traumas que ele pode ter sofrido durante toda a sua história de vida. Para isso, o terapeuta faz uma coleta extensa de dados, através de uma série de entrevistas de anamnese, analisando a história sócio-familiar e orgânica do cliente. Logo após essa fase, parte-se para a terapia propriamente dita, a qual acontece com o cliente deitado em um colchão especial, utilizando-se de massagens de mobilização energética no sentido céfalo-caudal. De acordo com Navarro, esse é um trabalho profundo, suave, sem violência, de dissolução das couraças (bloqueios musculares) no qual o terapeuta tenta metodologicamente compreender e intervir para propiciar um fluido movimento energético no paciente. Após a realização dos actings (movimentos corporais expressivos e mobilizadores de energia), há um momento em que o paciente verbaliza sobre suas reações, e o terapeuta fica numa cadeira ao lado esquerdo dele, o qual corresponde ao cérebro direito, dos sentimentos, maternagem, criatividade, síntese.

A terapia psicocorporal é uma aplicação das leis do funcionamento energético no tratamento do ser humano, trabalhando com o homem – somático e psíquico – de forma integrada. 36

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A emoção básica trabalhada na vegetoterapia é o medo (desenvolvido no período pré, neo ou pósnatal), o qual paralisa as energias do indivíduo e consiste na origem das doenças psicossomáticas. Esse medo pode estar expresso em entraves energéticos no funcionamento orgânico de algum dos sete anéis energéticos do corpo, que são, de acordo com o desenvolvimento céfalo-caudal: 1. olhos, ouvidos e nariz (telereceptores)| ligados a gênese da psicose (distorção na interpretação e compreensão do mundo); 2. boca| zona primordial da afetividade e ligação primária com a mãe, com bloqueios energéticos ligados aos transtornos depressivos; 3. pescoço| separação entre corpo e cabeça, área bastante sensível, pois propicia canal onde passam a alimentação e a respiração. Área onde se encontra a garganta, canal expressivo da voz e emoção – bloqueios revelam tendências narcisistas e de exagerado controle (medo de perder a cabeça – loucura); 4. tórax e braços| expressam identidade biológica e sensação de eu – área do coração; 5. diafragma| músculo bastante ativo na respiração, característico de atitudes masoquistas de ansiedade, culpa e ansiedade frente ao prazer sexual; 6. abdômen| vísceras e emoções encontram-se nessa área, que pode estar bloqueada, revelando dificuldade de contato com os sentimentos. Está ligada ao controle dos esfíncteres e tendências à meticulosidade e obsessão; 7. pélvis e pernas| predomínio da sexualidade genital. Na criança, dificuldades na fase fálica podem causar contrações que impedem o fluxo de energia chegar ao genitais, caracterizando quadros como histeria, por exemplo.

A emoção é um fenômeno vital de resposta a uma solicitação externa (...) A emoção primária de consequências negativas é o medo Quanto mais primitivo for o estresse traumático, ou seja, quanto mais superior for o entrave energético a nível de anéis (na direção céfalo-caudal), mais sério é o problema do indivíduo, a nível psicopatológico. Dependendo do cliente, a vegetoterapia precisa ter um acompanhamento médico para ajudar a recompor o seu equilíbrio energético, utilizando-se de homeopatia, acumputura e vitaminas. Tudo isso para propiciar uma aumento da energia no corpo, ou uma melhor distribuição da mesma. O terapeuta deve, no momento da anamnese e leitura corporal, fazer um diagnóstico energético de seus pacientes, que segundo Navarro, podem classificados como: a) hiporgonóticos| pessoas com baixa carga energética, portadoras de núcleo psicótico (bloqueio ocular), que tiveram estresses na vida intra-uterina; b) desorgonóticos| pessoas portadoras de bastante energia, mas desorganizada no corpo, característico de quadros de traumas na amamentação e desmame; c) hiperorgonóticos desorgonóticos| pessoas com muita energia, mas desorganizada. Característica de traumas na passagem da criança para o uso intencional da neuromuscularidade (9º mês até a puberdade), envolvendo bloqueios, principalmente, a nível do pescoço e diafragma; d) hiperorgonóticos| grande quantidade de energia, não canalizada de forma adequada. Característico de bloqueios pélvicos – histeria e neurose. Revista de Psicologia ATLASPSICO nº 14 | junho 2009

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TRANSTORNOS PSICOSSOMÁTICOS O CONCEITO DE BIOPATIA A vegetoterapia conceitua como biopatias os estados mórbidos nos quais a medicina oficial não reconhece a etiologia. São quadros patológicos sistêmicos e/ou degenerativos dos quais se conhece apenas a patogênese, em que um componente de ordem psicológica determina, desencadeia ou influencia a disfunção dos aspectos biológicos do indivíduo. Para Reich, toda patologia tem sua origem numa disfunção (no sentido de contração) dos sistema nervoso autônomo, alterando toda a função biológica da pulsação plasmática do organismo, reduzindo sua condição energética. A contração simpaticotônica propicia modificações no ambiente celular negativas a sua vitalidade, aumentando a estase energética. Nesse sentido, a biopatia seria uma forma de resignação biológica, resultante de uma situação existencial que o indivíduo encontrase incapaz de adequar-se adequadamente, voltando a energia estásica resultante do conflito para o impedimento da homeostase fisiológica. A biopatia, dessa forma, seria o sinal de canalização, a nível celular, da loucura, da perda do controle, do desequilíbrio. Baker (1980) considera que as patologias estariam relacionadas com uma simpaticotonia crônicas advindas da ansiedade do homem em deparar-se com sua impotência orgástica, ou seja, com a sua incapacidade de canalizar saudavelmente sua energia, devido a seus mecanismos de defesa caracteriais. Ou seja, o indivíduo não consegue Ter uma vida gratificante e funcional pela fórmula do orgasmo, estando sob o peso de constantes frustrações. A respiração, nesse contexto, é comprometida - dificuldades de respirar estariam relacionadas a anseios e defesas ao contato com as sensações emocionais, vindas do corpo. Segundo Navarro (1991), a simpaticotonia está intimamente ligada com a emoção do medo, a qual deve ser foco da terapia corporal: “A emoção é um fenômeno vital de resposta a uma solicitação externa (...) A emoção primária de consequências negativas é o medo (que no fundo é sempre o medo de morrer, ou melhor, de não viver adequadamente” (p.12). Dessa forma, o medo é a emoção/base das patologias, por ser o elemento determinante/ desencadeante da contração. É uma emoção que permanece impressa ou reprimida do consciente, mas encontra-se presente no organismo, inscrito a nível celular, expresso e vivenciado na oportunidade de entrar em contato com os bloqueios energéticos através dos actings da terapia que, como vimos, têm o objetivo de mobilizar a energia estagnada e evitar a entropia. 38

Para ilustrar melhor o conceito de biopatia, podemos lançar um olhar sobre o câncer, objeto de pesquisa de Reich durante muitos anos, que gerou diversos artigos e o posterior desenvolvimento da vegetoterapia em orgonomia. Segundo o autor, o câncer é basicamente uma putrefação ativa do tecido, resultante da falta de impulsos para a expansão energética a nível orgânico – ou seja, uma alta potencialidade para a contração e a estase, mas sem possibilidades de expandir-se, canalizar-se, de forma que o fluxo de energia diminui, interrompese. Nos casos de câncer, o organismo desistiu de fazer sua energia circular, causando no indivíduo um estado contínuo de resignação emocional, uma vida sem prazer. Uma respiração precária, segundo Baker (1980) provoca uma respiração celular interna precária a nível de tecidos, seguido de acúmulo de dióxido de carbono e anoxia. Dessa forma, o processo de carga e descarga encontram-se comprometidos, a fórmula do orgasmo perde a importância na vida do indivíduo, que não consegue perceber com prazer o seu mundo. Geralmente os tumores ocorrem em locais onde a simpaticotonia e a contração estásica provocam fortes couraças musculares nos indivíduos. De acordo com Navarro (1991), um tumor pode ser conceituado como toda produção celular patológica constituída de um tecido neoformado sem fenômenos inflamatórios. Nesse sentido, o câncer enquadraria os tumores considerados como malignos, caracterizados por células irregulares, deformadas, que se reproduzem e podem se alastrar por todo o corpo. Alguns tumores benignos podem ser herdados desde o nascimento, podendo tornarem-se malignos em condições de imunodepressão do organismo, em situações de estresse profundo e ou prolongado para o indivíduo. É interessante notar que a vegetoterapia trata de um “terreno” energético que é herdado pela criança desde a concepção, gestação e nascimento. Tendo em vista essa premissa, o medo pode ser vivenciado até mesmo na vida embrionária/fetal, no qual a relação mãe/feto foi caracterizada pela ameaça iminente de morte, ou rejeição. São indivíduos, segundo a categoria diagnóstica, hiporgonóticos, com o medo registrado a nível celular em seus organismos, cuja fragilidade podem potencializar a alteração da cadeia de DNA das células, acarretando a reprodução desordenada de células desestruturadas. Essa predisposição hereditária, somada a condições estressantes ambientais, rompem os frágeis mecanismos de defesa do indivíduo, em que para reagir à morte emocional, o organismo produz a vida de um tumor. São pessoas geralmente marcadas

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pelas perdas, medo, melancolia, abandono e vazio, com conflitos pessoais dramáticos e prolongados. Momentos de depressão influenciam a sua imunologia, propiciando um ambiente favorável para a criação de um tumor. É importante ressaltar que toda biopatia está intimamente relacionada a compreensão da construção das defesas narcísicas do sujeito mediante as ameaças do mundo externo ou interno, que Reich conceituou como caráter. Uma clínica que trate qualquer transtorno psicossomático deve prestar atenção aos padrões de rigidez dessas defesas, que se expressam em formas de se comportar para além do discurso verbal de nossos pacientes. Como

bem nos fala Berlinck (2002), o sistema psíquico pode ser compreendido como nosso sistema imunológico mediante o mundo externo, ou seja, constrói-se nas defesas e nas estruturas cada vez mais complexas de interrelação e atribuição de sentidos aos eventos que nos ocorrem na dinâmica do processo de viver. Assim, mudanças psicológicas acarretam simultaneamente mudanças orgânicas, tendo em vista a formação contínua de novas sinapses e conexões posturais a partir do processo de mobilizar as defesas psíquicas e trabalhar com a musculatura contraída e a distribuição energética/ erógena do corpo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AUTOR Périsson Dantas do Nascimento Psicólogo (CRP11/2962), Trainee em Análise Bioenergética e Psicoterapia Biodinâmica. Mestre em Psicologia – UFRN. Doutorando em Psicologia Clínica – PUC/SP (Núcleo de Psicossomática e Psicologia Hospitalar). Professor Assistente da Universidade Estadual do Piauí e da Faculdade Santo Agostinho. E-mail: perisson.dantas@uol.com.br

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ORGANIZACIONAL

ASSÉDIO MORAL

uma preocupação para o RH

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ste artigo aborda a interação entre a Psicologia do Trabalho e Assédio moral. A preocupação de quem atua na área de RH par com as práticas de assédio moral, com as práticas de disseminaçã de informações e esclarecimentos acerca desse fenômeno. A área d RH geralmente recorre a métodos remediadores quando surge um at de assédio moral, sendo que não seria a solução mais correta, pois a conseqüências já estão inseridas no contexto gerado. O profissional de R não usufrui de ferramentas de disseminação de informações, de prática de prevenção e instrumentos que podem eliminar esse mal. O RH não tem dimensão da preocupação que deveria ter com o assédio moral.

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cenário criado pela globalização é do homem produtivo, que consegue não apenas alcançar, mas ultrapassar as metas fixadas, nem que para isso tenha que lutar contra sua própria condição humana, muitas vezes, desprezando seu semelhante, tornando-se um sujeito insensível e com valores éticos distorcidos. Valoriza-se cada vez mais o individualismo em detrimento do coletivo, e cada vez mais competição ao invés da cooperação. Esta realidade, caracterizada pela competitividade empresarial a qualquer custo, muitas vezes sem limites éticos, pelo excesso de oferta de mão-de-obra e pela redução dos postos de trabalho, constitui um cenário perfeito para a disseminação do assédio moral. Conforme palavras de Cavalcante (2005), aqui reproduzidas: o individualismo exacerbado reduz as relações afetivas e sociais no local de trabalho, gerando uma série de atritos, não só entre as chefias e os subordinados, como também entre os próprios subordinados. O implemento de metas, sem critérios de bomsenso ou de razoabilidade, gera uma constante opressão no ambiente de trabalho, com a sua transmissão para os gerentes, líderes, encarregados e os demais trabalhadores que compõem um determinado grupo de trabalho. As conseqüências dessas tensões (=pressões) repercutem na vida cotidiana do trabalhador, com sérias interferências na sua qualidade de vida, gerando desajustes sociais e transtornos psicológicos. Há relatos de depressão, ansiedade e outras formas de manifestação (ou agravamento) de doenças psíquicas ou orgânicas. Casos de suicídio têm sido relatados, como decorrência dessas situações. Esta competição desmedida entre trabalhadores e entre empresas, a exarcebada preocupação com a produção, a valorização do individualismo, o desprezo pelo trabalho em equipe e a materialização cada vez mais acentuada das relações humanas, invertendo-se uma hierarquia de valores. Essa inversão gera prejuízo das relações afetivas, da solidariedade, do companheirismo, da tolerância e da compreensão com as imperfeições humanas e tem criado um ambiente extremamente favorável ao assédio moral e a diversos tipos de doenças de origem emocional principalmente. Esse contexto pode gerar o assédio moral, ou seja, um conjunto de comportamentos abusivos (gesto, palavra e atitude), os quais, por sua repetição, ocasionam lesões à integridade física ou psíquica de uma pessoa, com a degradação do ambiente de trabalho.

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Assédio Moral no Trabalho é a submissão dos trabalhadores a situações humilhantes, constrangedoras e abusivas (gesto, palavra, comportamento, atitude), repetitivas e prolongadas durante o exercício de suas funções. Normalmente ocorrem em organizações onde predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas, na qual o(s) superior(es) ou colegas desestabilizam a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização (HIRIGOYEN, 2002). Muitos empresários e diretores praticam o assédio moral de maneira involuntária. Isso porque imaginam, erradamente, que podem conseguir mais dedicação dos empregados, quando na verdade o efeito é completamente inverso. Nesses casos, o assédio ocorre pela hierarquia existente entre os profissionais, sendo caracterizado por um rigor excessivo de desqualificação e ameaças. Cumpre observar que o assédio não é praticado somente por profissionais que exercem cargo de direção, mas também é realizado, em igual intensidade, por profissionais do mesmo nível hierárquico. A direção empresarial como as chefias podem causar o assédio moral na busca de lucro, de obter mais ganâncias, pela eficiência e pela produtividade, reduzindo pessoal e fazendo recair sobre poucos trabalhadores a sobrecarga de trabalho do grupo demitido. Com esta redução de quadro quer obter o benefício de uma economia de custos e não de pessoas, danificando ao ser humano e atentando também contra sua integridade moral ao limitar seus descansos, possibilidades de capacitação, de ócio, de atenção à família, de contatos com outros profissionais onde nascem as idéias e os resultados. Mas nem sempre o assédio moral deve ser visto apenas como a humilhação. Outras práticas abusivas também caracterizam o assédio, como provocação ao trabalhador, abalando seu emocional e objetivando a sua rescisão. Em todo o processo o trabalhador se deixa coisificar e se ele não reconhece que está sendo utilizado com esse fim, pode chegar a ser vítima do assédio moral. O indivíduo ainda mantém relações de trabalho com caráter de dependência: a previsibilidade, a diretividade, a hierarquia, a constância e o controle são instrumentos de gestão fundamentais para “garantir” a estabilidade e a identidade organizacional, como afirma Zanelli (2004). Um ambiente onde prevaleça uma forma de poder unilateral pode determinar sujeitos passivos, vítimas de práticas pouco éticas onde o assédio moral ganha contornos de normalidade.

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Assédio Moral no Trabalho é a submissão dos trabalhadores a situações humilhantes, constrangedoras e abusivas. O PAPEL DO RH No meio corporativo, a disseminação do conhecimento tem sido apontada como condição básica para que a organização torne-se competitiva diante da concorrência e assegure seu espaço em um mercado cada vez mais acirrado. Muitas vezes os processos de disseminação de informações estão sendo deixados de lado, quando deveria ser adotado como cultura da empresa. A iniciativa de disseminação deve provir da área de recursos humanos juntamente com a aprovação da alta direção, visando atingir o todo da organização. Porém, o papel da área de RH, da forma como veio se desenvolvendo até agora deixa de cumprir sua real finalidade. Mas até onde vai o papel do RH dentro de uma organização? A área de RH é relacionada com as pessoas, visando à eficácia dos funcionários e das organizações. É nessa área que se detém o conhecimento humano de como fluir um ambiente de trabalho saudável, como manter relações harmoniosas e o desafio da motivação diária de uma empresa. Sendo assim, é necessário compartilhar, produzir e transmitir esses conhecimentos, seja através de programas, treinamentos, feedback, acompanhamentos, reuniões, ou outra ferramenta adequada à realidade e à cultura da organização. Já não se pode permitir que uma pessoa, um grupo ou mesmo um departamento possua uma informação crítica e que esta informação, por sua vez, não possa chegar a outros membros da organização, ou seja, ser compartilhada. O conhecimento adquirido em uma organização é parte do seu patrimônio e não é possível que apenas algumas pessoas possam ter acesso a esse conhecimento.

A área de recursos humanos tem seu foco na melhora contínua dos profissionais, no aprimoramento das relações inter-pessoais, nas técnicas mais modernas e eficazes para adquirir, dividir, compartilhar e transmitir conhecimentos intra-organizacionais. A responsabilidade é enorme, mas a área de RH é talvez, o único setor da organização com condições suficientes para implementar um sistema de disseminação de informações relevantes aos funcionários e a organização. Informações ainda pouco disseminadas no meio organizacional, como o assédio moral – um fenômeno que cresce cada dia mais no mundo corporativo – precisam ser transmitidas e compartilhadas. A área de recursos humanos, por estar diretamente ligada às políticas de gestão de pessoas, passou a ter função estratégica de acompanhar a aplicação de normas de conduta dos profissionais, uma linha de conduta ética e de valores para relacionamento com todos da organização. Entretanto, poucas organizações percebem que problemas internos, como o assédio moral, têm sido uma das principais dificuldades que vem influenciando o ambiente e o clima organizacional. É através de conduta ética e práticas de disseminação de informações, esclarecimentos, de transparência com relação às diretrizes, bem como a segurança dos funcionários, focando a melhoria nas relações, que se poderá obter o caráter preventivo no que diz respeito ao assédio moral. Estudos, pesquisas e artigos têm mostrado que ambientes organizacionais saudáveis trazem inúmeros benefícios, entre eles a pouca rotatividade, maior produtividade, maior satisfação e segurança.

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O PSICÓLOGO E O ASSÉDIO MORAL Um papel importante agregado à área de Recursos Humanos é do Psicólogo organizacional, profissionais possuidores de técnicas baseadas nas prévias aptidões humanas que se valem de sensibilidade e de cuidado. É necessário que este profissional se posicione já que sua formação lhe confere a possibilidade de ver a questão do assédio além do senso comum. A presença do profissional de Psicologia é fundamental nos casos de assédio moral, não só como orientador, mas principalmente para ouvir quem sofreu a humilhação. A escuta profissional aliada ao acolhimento incondicional e à empatia tornam-se condições prévias para situações de assédio moral dentro das organizações. O simples fato de escutar o trabalhador que foi moralmente assediado já auxilia no processo de alívio. Conforme Souza (apud Heloani, 2005), “Isso porque a pessoa perde completamente o senso crítico e passa a acreditar que está fora da realidade, por isso o papel do psicólogo é escutar sem culpar nem vitimizar o indivíduo”. No caso de psicólogos que atuam em empresas com gestão perversa, é necessária a plena consciência e atuação deste profissional no sentido de planejar e implementar ações capazes de neutralizar comportamentos disfuncionais, disseminando informações que gerem atitudes de auto-proteção. “O psicólogo tem de estar atento que essas mudanças no trabalho, essas novas formas de gestão, essa lógica baseada em uma reestruturação produtiva, muitas vezes intensa, levam a uma sobrecarga no trabalho, e a violência em decorrência desses fatores acaba sendo banalizada. (SOUZA apud HELOANI)”. A psicologia é um forte aliado da organização, pois o profissional possui habilidade para investigar e identificar práticas de assédio moral, implementar programas de prevenção, métodos de intervenção, preparar as pessoas da própria área de RH para dar suporte e apoio aos funcionários, enfim, contribuir de forma significativa para um melhor ambiente de trabalho.

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CONCLUSÃO As atribuições e os processos da área de RH estão estritamente ligados ao assunto do assédio moral e sua prevenção dentro da empresa. A iniciativa de promover um ambiente sadio, esclarecendo os aspectos que o prejudicam, que interferem e banalizam as relações, é prioridade do RH, cumprindo assim sua missão com o bem estar dos funcionários. Esse setor deve estar atento ao comportamento dos funcionários, ao clima existente nas relações de trabalho e interferir, se notar a possibilidade de práticas abusivas. A alta direção deve estar ciente dos acontecimentos no meio organizacional e ser informada das conseqüências que causam à empresa, problemas que afetam a saúde do trabalhador, como a baixa produtividade, por exemplo. A responsabilidade da área de RH deve compartilhada com todos os gestores, tendo em vista que as conseqüências ocasionadas pelo assédio moral podem ser irreversíveis para o trabalhador trazendo uma imagem altamente negativa da organização. Ampliando essa discussão podemos dizer que psicólogos organizacionais não devem se preocupar somente com as pessoas, mas antes e primordialmente com as relações entre as pessoas. Ao preocupar-se com as relações existentes na empresa essa estará se preocupando com as relações dos profissionais entre si, dos profissionais com a empresa, dos profissionais com clientes e mercado em geral; e assim influenciando na vida particular e pessoal. Mas sem a pretensão de que isso se realize por propósito, mas sim por consequência.

Um profissional que se relacione bem com seus colegas e com sua atividade possui melhores condições de se dedicar a uma família ou a amigos ou mesmo a atividades políticas ou religiosas. Isso porque o ambiente onde ele passa a maior parte do tempo é um ambiente saudável, produtivo e positivo. O propósito de se orientar o foco para relações sadias é também buscar melhor qualidade de vida, melhor produtividade e melhor ambiente organizacional. As relações interpessoais dentro das empresas deveriam ser as principais preocupações dos que têm a responsabilidade de gerenciar pessoas. Não só os psicólogos, mas todos aqueles que gerenciam pessoas deveriam ter o foco orientado para as relações de suas equipes. Não se trata apenas de uma responsabilidade dos RH´s, mas sim de todos aqueles que precisam motivar suas equipes e conseguir seus resultados através das mesmas. Pesquisas recentes mostram que o assédio moral origina-se das dificuldades nas relações interpessoais, e este fenômeno poderá ser amenizado com o foco no trabalho de relacionamento. Com tudo, a disseminação de informações a respeito desse tema é fundamental. Essa disseminação de conhecimento deve existir sempre e em qualquer nível de satisfação que a empresa se encontrar. Trabalhar com Recursos Humanos é um desafio contínuo e é necessário estar sempre atento, atualizado e comprometido profissionalmente, no sentido de fazer uma leitura adequada da realidade onde está inserido buscando contribuir com o crescimento e o bem-estar dos indivíduos, dos grupos e da organização.

REFERÊNCIAS CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa; JORGE NETO, Francisco Ferreira. O Direito do Trabalho e o assédio moral . Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 638, 7 abr. 2005. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/ texto.asp?id=6457>. Acesso em: 16 jun. 2008. HIRIGOYEN, Marie-France. Assédio Moral: A Violência Perversa no cotidiano; trad. De Maria Helena Kuhner. 3 ed. Rio de Janeiro: Betrand Brasil, 2002. SOUZA, Marcelo de. Assédio moral é Assassinato Psíquico. Disponível em http://www.damasio.com.br. Acesso em: 13 junho 2008. ZANELLI, J.C., ANDRADE, J.E.B., BASTOS, A.V.B. Psicologia organizacional e o trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004.

AUTORAS Carina Duzioni Mengue | CRP 12/08106 | Psicóloga formada na Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL.Email: carina.psi@bol.com.br Solange Zanatta | Psicóloga e Professora na Universidade

do Sul de Santa Catarina - UNISUL

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witter é mais uma (e não a última) rede de relacionamentos muito utilizada pelos internautas nos Estados Unidos desde 2006 e só agora tornou-se popular nos computadores brasileiros. Cada twitteiro possui seus seguidores, conhecidos como followers. Em até 140 caracteres, todos podem escrever mensagens relatando o que estão fazendo no momento sem precisar endereçar a mensagem à uma determinada pessoa. Todos os twitteiros escrevem diversas mensagens e lêem ou respondem quais querem... como se todos falassem ao mesmo tempo. O objetivo do Twitter não é muito claro nem para os twitteiros e nem mesmo para os idealizadores dessa rede. O site possui a seguinte pergunta: “What are you doing?”, no português, “O que você está fazendo agora?”. Dessa forma, cada participante da rede descrevem o que está fazendo no exato momento, por mais corriqueiro e banal que seja tal atividade. O que mais desperta interesse dos twitteiros seria obter uma determinada “fama” além de possuir seus próprios seguidores. Mexe diretamente com a vaidade, com o ego dos internautas. “Quanto mais seguidores eu tiver, mais respeitado e popular

serei”. É reforço positivo, ganhos que o internauta conquista na rede. O interesse dos usuários que acompanham esse processo seria de estar a par de tudo e de todos, sem perder absolutamente nada ou ser uma fonte, referencial em potencial. Muitos twittam pelo celular (ou computador) andando na rua, nas filas, pegando um ônibus ou no trânsito congestionado, na faculdade ou no trabalho, etc. Não tem hora e nem local para twittar. A finalidade do uso do twitter permite ao internauta enviar mensagens e informar um fato que julgue “importante” aos seus seguidores antes que seja noticiado na mídia televisiva ou impressa, ou simplesmente fazer amigos, conquistar um novo emprego. Muitas empresas, principalmente no ramo editorial utilizam o twitter para conquistar mais leitores, seguidores. O lado negativo seria a superexposição dos internautas à pessoas desconhecidas e a administração de tempo trocando mensagens e a permanência online, esquecendo outras atividades relevantes.

Trecho das entrevistas fornecida ao Jornal Comunicação UFPR no dia 12.05.2009, Curitiba.PR “Internautas Compulsivos” | www.jornalcomunicacao.ufpr.br/node/6180 “Twitter é a nova moda da internet” | www.jornalcomunicacao.ufpr.br/node/6174

AUTOR Márcio Roberto Regis | CRP 08/10156

Psicólogo Especialista em Psicologia Clínica Comportamental pela Universidade Tuiuti do Paraná e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas - RH na Faculdade OPET (em curso). e-mail: atlaspsico@atlaspsico.com.br 48

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