Revista Boa Vida Edição 1

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Entre nós Esta edição especial da Revista Boa Vida é mais um desafio que me colocou em xeque e, como boa guerreira que sou, está pronto o trabalho. Foram oito meses entrevistando nossos especialistas, escrevendo, corrigindo, coordenando uma pequena equipe muito eficiente e o resultado me enche de orgulho. Temos aqui especialistas muito competentes, apaixonados pela medicina e que vêm cumprindo a função social de informar mais e mais sobre o que fazer para não adoecer. E essa sempre foi a minha praia. Eu adoro falar sobre saúde, quanto mais, melhor. Nosso programa na TV Brasil Central, canal 13 e 19 (Net), às quartas feira, às 20 horas, começou a ser transmitido também pela TV Metropole News, novo canal fechado da Net (13) e segue para a web, onde pode ser visto a qualquer hora pelo nosso canal no youtube ou no nosso site (www.aureliaguilherme.com.br). Por falar no site, estamos armazenando cada dia um número maior de informações com profissionais que passam por nós e que são fundamentais no processo de prevenção das doenças e manutenção da saúde, nos colocando no caminho da longevidade feliz. Ainda no site, estamos montando um serviço de guia de saúde, com nome e endereços de profissionais e empresas, para facilitar ainda mais seu acesso à saúde. Embora esta seja a era tecnológica, não nos esquecemos do velho e bom papel e esta revista é um presente ao leitor. Procurei dar um tom informal às nossas entrevistas e artigos, me utilizando de uma linguagem simples e acessível. Como o estresse é um mal do momento, pedi que nossa fotógrafa Catarina Carraro extraísse dos nossos especialistas, momentos de pura descontração, uma vez que a vida de quem trabalha com a saúde é de muita tensão. Pois eles tiraram os jalecos e foram para as quadras de esporte, para os campos de golf, para o mar, para a casa, vasculharam fotos de viagens inesquecíveis para mostrar o que mais gostam de fazer, quando não estão trabalhando. Adorei as fotos! Elas servem para mostrar que nesse mundo precisamos trabalhar sim, mas sem esquecer de que é preciso dedicar um tempo ao ócio, aos prazeres e a alegria de viver. Isso é equilíbrio, isso é saúde. Esta revista deve estar sempre perto das mãos e ser consultada quando for necessário. Até a próxima!

Expediente Editora e Jornalista responsável

Aurélia Guilherme – 877/04/145 GO Departamento comercial

Nivia Guilherme Diagramação

Julio Cesar Carraro Fotografia

Catarina Carraro Revisão Gramatical

Gilson Carlos Assis Júnior Projeto Gráfico

Innovart Publicidade A proposta desta edição é apenas esclarecer os leitores sobre saúde e aproximar profissionais e pacientes na busca de uma saúde preventiva e de informação sobre tratamentos adequados. Editora Aquarius aureliaguilherme@hotmail.com 62 8100 9086 Dezembro/2011

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Índice

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Artrose e Reconstrução Articular de Joelhos e Quadril, com Flávio Rabelo - Ortopedista

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Crescimento - Renata Machado - Endocrinologista Infanto-Juvenil

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Rejuvenescimento Minimamente Invasivo - Bernardo Magacho - Oftalmoplástico

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Lesões ortopédicas de difícil tratamento - Lindomar Guimarães - Ortopedista

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Cirurgia de Mãos - Ricardo Pereira da Silva - Cirurgião de Mãos

23

Modulação Hormonal - André Baylão - Nutrologista

27

Infectologia - Werley de Almeida Freire - Infectologista

31

Reprodução Humana - Corival Castro - Obstetra e Ginecologista

35

Plástica de Mama - Myrian de Castro - Cirurgiã Plástica

39

Radiocirurgia Estereotáxica - Luiz Fernando Martins - Neurocirurgião

43

Ortodontia - Regis Antônio de Souza Pereira - Cirurgião Dentista

44

Ronco e Apneia do Sono - Fernanda Bugalho Duarte - Otorrinolaringologista

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Artrite Reumatóide - Fábia Mara Gonçalves Prates de Oliveira - Reumatologista

48

Lipoaspiração - Thiago Machado - Cirurgião Plástico

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Cirurgia Pediátrica - Edward Esteves - Cirurgião Pediátrico

55

Varizes de Membros Inferiores - Wladimir Gonçalves - Angiologista e Cirurgião Vascular

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Tratamento Endovascular do Lesões Cerebrais - Elias Rabahi - Neurorradiologista

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Balão Intragástrico - Leonardo Salles - Cirurgião do Aparelho Digestivo

67

Sinusite - Luis Mário da Costa - Otorrinolaringologista

69

Câncer de Mama - Deidimar Abreu - Mastologista

73

Câncer de Pele - Flávio Cavarsan - Cirurgião Oncológico

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Transplante de Medula Óssea - Adriano de Moraes Arantes - Onco-Hematologista

83

Cirurgia Refrativa - Francisco Wellington - Oftalmologista

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Flávio Rabelo CRM-GO 1888

flaviorabelo@uol.com.br

Artrose e Reconstrução Articular de Joelhos e Quadril

A rotina cirúrgica de uma artoplastia exige muita energia do ortopedista Flávio Rabelo. Mas ele se renova quando vai para Três Ranchos e, a bordo de sua lancha, nos fins de semana, desfruta da beleza do Lago Azul.

A artroplastia é um divisor de águas na vida de quem chega ao consultório com muita dor e limitação de movimentos.

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Artrose e Reconstrução

Articular de Joelhos e Quadril Flávio Rabelo CRM-GO 1888

1 - Usamos nossos ossos todas as horas do dia, o que acaba provocando desgastes, principalmente nas articulações mais complexas, como as dos joelhos e dos quadris, comprometendo a qualidade de vida das pessoas. Explique o que vem a ser a Artrose? A artrose é uma doença que compromete a cartilagem articular e promove a sua degeneração. Pode ser de dois tipos: a primária e a secundária. Na artrose primária, a causa é desconhecida. A doença, nesse caso, afeta a cartilagem de uma junta anteriormente sadia. Já a artrose secundária é um processo degenerativo da cartilagem articular, que é precipitado por fatores como doença reumática pré-existente, joelhos tortos desde a adolescência, quadril com problemas congênitos ou adquiridos na infância, fraturas que comprometem as articulações e doenças que atingem a cabeça do fêmur como, por exemplo, a osteonecrose, um problema que acomete os vasos sanguíneos ósseos. Certas doenças e danos dentro das articulações podem limitar o fluxo sanguíneo, causando problemas. É preciso entender que os ossos estão vivos e precisam de sangue para ficar saudáveis, crescer e se reparar. No Brasil, a osteonecrose tem como causas mais comuns o alcoolismo e o uso de corticóides. A hereditariedade e a obesidade são consideradas fatores de risco importantes para o aparecimento da artrose. Como ortopedista,

Paciente do sexo masculino, 67 anos de idade, sentindo uma dor intensa no quadril esquerdo. Radiografia mostra artrose grave da coxofemoral esquerda.

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sub-especializado em cirurgias de reconstrução articular dos quadris e joelhos, recebo em meu consultório um número muito grande de pacientes idosos com qualidade de vida já bastante comprometida, devido a artrose grave nessas articulações. São pacientes que já poderiam estar operados há bastante tempo e que, por receio da cirurgia e falta de informações, chegam a ficar com sua movimentação bastante comprometida, prejudicando até suas tarefas diárias.

2 - Como o paciente sente a artrose nos quadris e nos joelhos? Na artrose de quadril, a dor é evidentemente o fator mais importante. No início não é contínua, passando por períodos de crise e acalmia. Com a evolução, vai ficando cada vez mais frequente e incapacitante. Na artrose de quadril, a dor é na virilha, na face anterior da coxa e na face medial do joelho. No caso do joelho, a dor é na altura dessa articulação, nos lados lateral ou medial, dependendo se o joelho é torto para fora ou para dentro. A marcha, no início, é normal, depois surge pequena claudicação que vai aumentando gradativamente, à medida que aumenta também a dor. A capacidade de marcha em distância vai se tornando cada vez menor, sendo necessário parar e descansar para, depois, retomar a caminhada. Já no quadril, os movimentos vão se tornando limitados. Torna-se difícil lavar e cortar as unhas dos pés, bem como amarrar os sapatos. Os joelhos vão cada vez entortando mais para fora ou para dentro, tornando difícil estender ou dobrá-los totalmente. 3 - Como é feito o diagnóstico? O diagnóstico é feito pelo médico, através da história do paciente, que vai descrever os sintomas, relatando toda a sua evolução, desde o início; depois é feito o exame físico que verifica a força muscular e os reflexos do paciente, além da observação da habilidade para se abaixar, caminhar e, por fim, são pedidos exames radiológicos. Em artroses de joelhos e quadris, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética podem ser feitas, mas não são tão importantes. 4 - Como se trata a artrose de quadril e joelhos? O tratamento que visa o alívio total da dor e a recuperação dos movimentos vai depender do grau de evolução da doença e da idade fisiológica do paciente. No estágio inicial da artrose, o tratamento é geralmente conservador, com medicamentos, fisioterapia, alongamento e fortalecimento da musculatura, perda de peso e mudança nos hábitos de vida. Se existe alguma patologia que esteja provocando a artrose, ela deve ser corrigida clínica ou cirurgicamente. No estágio mediano da doença, em pacientes jovens, a preferência é pelas cirurgias realizadas para corrigir deformidades angulares, chamadas de osteotomias, tanto em nível de quadril, como de joelho. No estágio grave, em pacientes acima de 60 anos, a indicação é a prótese total do quadril ou de joelho. A indicação mais difícil seria no estágio


grave da doença em pacientes jovens. Nesse caso teríamos que levar em conta a profissão, seus hábitos de vida e um perfeito entendimento do paciente sobre a prótese, que substitui as superfícies articulares desgastadas. Mas à medida em que vai sendo usada, também vai acontecer o desgaste dos componentes, sendo necessária a troca de alguns ou de todos eles. 5 - Qual o tempo de sobrevida de uma prótese? O tempo de sobrevida de uma prótese vai depender de três fatores importantes: qualidade do material, técnica cirúrgica e a maneira como é usada. Atualmente podemos dizer que, pela qualidade do material, a sobrevida de uma prótese pode chegar a 20 ou 25 anos. Os polietilenos irradiados e as superfícies de cerâmica possuem desgastes mínimos, mesmo quando são submetidos a um uso bastante intenso. Tratase de tecnologia encontrada só nas próteses importadas, pois a indústria nacional ainda não conseguiu desenvolver tais superfícies articulares. A técnica cirúrgica é outro fator muito importante, pois de nada adianta usarmos uma prótese de última geração se não respeitarmos a maneira correta de implantá-la. Por último, temos o uso abusivo do implante geralmente visto em pacientes jovens. Esses pacientes realizam atividades que levam ao desgaste da prótese mais rapidamente, como por exemplo, longas caminhadas, trabalho pesado, atividades esportivas como corridas, futebol, voleibol, entre outros. Já natação, hidroginástica e trabalho de fortalecimento muscular são recomendados. Se o paciente seguir as orientações sobre quais as atividades físicas recomendadas e mantiver um acompanhamento rigoroso com seu cirurgião ortopedista, as próteses de joelho ou de quadril podem durar muitos anos. 6 - Depois de colocada a prótese, os problemas e sintomas da artrose acabam? Com os avanços das técnicas cirúrgicas e anestésicas este procedimento pode ser realizado em pacientes de até 80 – 90 anos de idade com um bom resultado, já iniciando a marcha, dependendo das condições clínicas do paciente, até no 2º dia de pós-operatório. A prótese vai restaurar o alinhamento e a função do joelho ou do quadril. Devemos levar em conta que, às vezes operamos pacientes em idade avançada, que poderiam ter sido operados 10 anos antes, mas que, por receio da cirurgia, chegam a ficar sem deambular, para decidir em submeter-se a tal procedimento. Hoje, a prótese total do quadril e do joelho nos permite oferecer uma qualidade de vida muito boa aos pacientes portadores de artrose, restaurando o alinhamento e a função dos membros inferiores, com baixos riscos de complicações. 7- No pós-cirúrgico, qual é o relato que o paciente tem sobre a prótese? O paciente deve estar muito bem informado sobre o


As articulações dos joelhos estão entre as mais comumente afetadas pela artrose. Sintomas de artrose no joelho incluem rigidez, inchaço e dor, que tornam dificil andar, subir escada, sentar e levantar.

procedimento, com seus riscos e benefícios. A artroplastia é um divisor de águas na vida de quem chega ao consultório com dor, pouco movimento e muito medo do procedimento. Após a realização da cirurgia, é preciso realizar um programa de exercícios específicos para manter uma mobilidade apropriada e adequada força muscular no novo joelho ou quadril, ter precauções especiais evitando quedas e lesões. Uma fratura no local da prótese pode ser motivo de nova cirurgia. Além disso, em um tratamento dentário é preciso sempre avisar ao dentista sobre a prótese de joelho ou de quadril. O paciente deverá receber antibióticos antes de qualquer procedimento dental para evitar infecções através de bactérias vindas pela corrente sanguínea, provenientes de procedimentos dentários. Mas isso também pode acontecer nas infecções urinárias ou infecções na pele. Essas bactérias podem se alojar na prótese e desenvolver a infecção. E ter o hábito de visitar seu ortopedista regularmente, para exames de rotina, ao menos uma vez por ano. Com esses cuidados, quando perguntamos ao paciente se o procedimento compensa, ele abre aquele sorriso e diz: por que não fiz a cirurgia há mais tempo? 8 - O transplante de ossos é uma realidade que a cada dia ganha mais força na Ortopedia. Em que casos é necessário Flávio Rabelo - Ortopedista CRM-GO 1888 flaviorabelo@uol.com.br • Formado pela Universidade Federal de Goiás; • Chefe do Serviço de Residência Médica do Hospital Ortopédico de Goiânia; • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia - SBOT; • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Quadril - SBQ.

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recorrer a um banco de ossos, quando se trata de desgastes nas próteses? O nosso maior problema hoje é o que chamamos de revisão das artroplastias do quadril e de joelho, ou seja, a troca da prótese seja por desgaste que ocorreu pelo tempo de uso ou por infecção precoce ou tardia. Devemos dizer que quanto mais precoce é feita a cirurgia de troca da prótese, mais simples e menos trabalhosa ela é. Infelizmente, o que mais temos hoje, são desgastes de próteses com grandes perdas ósseas e isto só acontece porque a prótese não é trocada no momento correto. São nesses casos que temos que recorrer aos bancos de ossos. Podemos usar pequenos fragmentos ósseos para preencher cavidades ou mesmo parte de ossos para substituir a proximal do fêmur ou acetábulo; devemos deixar bem claro que esses transplantes ósseos não são usados para substituir as próteses, mas, sim, em conjunto com elas, ou seja, usamos o osso transplantado para substituir o osso ruim e colocamos a prótese apoiada nele. Trata-se de uma medida que deve ser usada em casos graves, sendo eficaz e segura nas mãos de quem tem experiência em realizá-la. O índice de infecção nesse tipo de cirurgia é o mesmo das artroplastias de revisão, usando osso transplantado ou não. Esses ossos são colhidos de doadores após a morte, da mesma forma como são doados coração, fígado, pulmão, córnea, etc. Após a colheita, esses ossos são preparados em verdadeiras salas cirúrgicas, todos os exames são feitos, a seguir são armazenados em embalagens especiais, catalogados e colocados em freezer a -80cº.Para receber esses ossos os serviços médicos são muito bem avaliados e, tanto o hospital como a equipe médica, devem ser cadastrados na Agência Nacional de Transplante, cadastro esse que é renovado criteriosamente de dois em dois anos. Como o osso é bastante mineral não temos rejeição e não necessitamos usar medicamentos. Após o transplante a qualidade de vida do paciente melhora muito, e ele volta a ter uma vida normal.



própria criança ou do adolescente. Começamos a crescer no momento da fecundação e só encerramos essa fase por volta dos 17 anos de idade ou quando se completa o processo de maturação dos ossos. Ao avaliar uma criança ou adolescente com baixa estatura, são necessárias algumas informações importantes, como o potencial genético, a estatura dos pais é um forte indicativo para a possível estatura final esperada de uma criança. Além disso, é preciso saber sobre a história da gestação, do nascimento e da infância; sobre o histórico de saúde da criança, com presença ou ausência de doenças crônicas e o uso de medicamentos; sobre os aspectos ligados aos maus hábitos alimentares, pouca ingestão de leite e proteínas e as alterações do apetite; se ela tem estímulo esportivo; se tem qualidade de sono, uma vez que ter um sono reparador é fundamental para que ocorram vários processos metabólicos que, se alterados, podem afetar o equilíbrio de todo o organismo. Enfim, o exame físico deve ser completo. De posse de todos esses dados, é necessário plotar os dados de peso e altura no gráfico de crescimento, para então avaliar se a criança vem crescendo adequadamente, comparando-a com outras crianças da mesma idade e sexo, comparando-a com ela mesma no passado e comparando-a com seu potencial genético para altura final adulta.

Crescimento Renata Machado CRM - GO 9070

Se observarmos a estatura de crianças e de adolescentes em uma sala de aula, sempre terão alguns bem mais baixos do que os outros. Questões genéticas, hormonais e de estilo de vida podem ser determinantes quando uma criança não se desenvolve como os outros colegas do mesmo sexo ou se ela passa muito tempo com o mesmo número de sapatos e de roupas. Talvez esta seja a hora de começar a investigação de possíveis problemas. Crescimento é assunto para a endocrinologista infanto-juvenil, Renata Machado:

“Todos os pais desejam que os filhos cresçam e tenham atributos físicos valorizados, como uma boa estatura. Em meu consultório, isso é frequentemente motivo de preocupação, não só dos pais, como também da

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Para meninos : (altura da mãe + 13) + (altura do pai) dividir por 2. Para meninas : (altura da mãe) + (altura do pai - 13) dividir por 2. O cálculo da estatura alvo se baseia na altura dos pais. E percentil que a altura alvo pertencer é o percentil esperado para o crescimento dessa criança.

* Considerar a variação de 5 centímetros para mais ou para menos.

Se a baixa estatura é confirmada, são pedidos exames laboratoriais e um exame de Raios X da mão e do punho esquerdo para se avaliar a idade óssea e o nível de maturação dos ossos. Com isso, teremos uma boa noção do potencial que o paciente ainda tem para crescer. Ao nascer o bebê não apresenta nenhum osso na mão e seus ossos dos dedos estão totalmente abertos. Com o passar do tempo, vão surgindo os ossos da mão, que vão crescendo e encostando uns nos outros. No final da adolescência os ossos já estão todos interligados (estão fechados) e sem cartilagem de crescimento, portanto não há mais como crescer. Quando o exame de Raios-X mostra uma idade óssea atrasada, significa que há uma melhor perspectiva em relação ao tempo que ainda resta de crescimento. A idade cronológica e a idade óssea nem sempre andam juntas. Uma pessoa de 20 anos pode ter a idade óssea de 14. Isso indica que ela tem potencial de crescimento, já que as cartilagens de crescimento ainda não foram consolidadas. Mas, depois do amadurecimento dos ossos é


Exame de Raio X da mão e do punho para se avaliar em que idade está o nível de maturação dos ossos dando uma boa noção do potencial que o paciente ainda tem para crescer. Uma idade óssea de 19 anos, por exemplo, indica que as cartilagens de crescimento já estão consolidadas e a pessoa já está em sua estatura adulta. Por outro lado, se uma pessoa de 19 anos tiver uma idade óssea de 14 anos, indica que ela ainda tem, do ponto de vista radiológico, potencial para um crescimento que pode chegar a 10 cm com tratamento adequado.

impossível crescer, mesmo que o paciente seja bem jovem. O início da puberdade também é um aspecto importante, pois é quando acontece o estirão puberal, que se inicia por volta dos 12 aos 14 anos de idade óssea nos meninos e antes da primeira menstruação nas meninas. Depois, começa a diminuição da velocidade de crescimento, variando de pessoa a pessoa. O fato é que, se existe algo que esteja impedindo o crescimento normal, o quanto antes começarmos o tratamento, mais chances de sucesso teremos. Embora os nutrientes, as condições fisiológicas e até psicológicas sejam importantes para um crescimento desejável, precisamos destacar a atuação de alguns Renata Machado - Endocrinologista Infanto-Juvenil CRM - GO 9070 drarenatamachado@gmail.com

• Formada em medicina pela Universidade Federal de Uberlandia em 1997; • Realizou residência médica em Pediatria e Endocrinologia Pediátrica; • Possui TEP (Título de Especialista em Pediatria) e CAAEP (Certificado de Area de Atuação em Endocrinologia Pediátrica), conferidos pelas Sociedade Brasileira de Pediatria e Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia; • Professora convidada da PUC-Goiás nas áreas de endocrinologia e endocrinologia pediátrica; • Mestranda em Genética pela PUC - Goiás.

hormônios, como o hormônio do crescimento, produzido pela hipófise, uma glândula localizada na base do cérebro, do tamanho de uma ervilha e, como diz o próprio nome, este hormônio é o responsável pelo crescimento da criança; o IGF1, hormônio produzido pelo fígado, sob estímulo do hormônio de crescimento, vai até a cartilagem do osso e promove o crescimento; os hormônios da tireóide (T3 e T4), que também estão ligados ao crescimento e ao desenvolvimento da inteligência; os hormônios sexuais, andrógenos e estrógenos, são necessários para o estirão da puberdade, juntamente com o GH, mas quando em excesso podem fechar os ossos precocemente; os hormônios adrenais, corticóide natural (cortisol), seu excesso bloqueia o crescimento e faz aumentar o peso, e sua falta leva a um comprometimento de todos os sistemas. Portanto, o tratamento da baixa estatura, passa pela identificação do problema e mudança dos fatores que estão influenciando o processo natural de crescimento e dar condições de aproveitamento máximo do potencial genético. Se o problema vem de uma doença crônica, deve-se tratar a doença de base, mas se a baixa estatura é de ordem endocrinológica, os tratamentos à base de GH têm mostrado resultados promissores na recuperação do crescimento de quem tem deficiência deste hormônio, idade óssea atrasada ou curva em decaimento. Infelizmente, o medicamento, que deve ser tomado diariamente, ainda tem alto custo e o governo o garante apenas para os casos de deficiência grave de GH, Síndrome de Turner e Insuficiência Renal. Entretanto a indicação médica para o uso do GH é bem mais extensa. Nesses casos pode-se recorrer ao Ministério Público. A alta estatura é cultuada nos dias de hoje como parte do padrão de beleza ideal, e para muitas pessoas estar fora do padrão leva a sofrimento psíquico e comprometimento da autoestima. Isso é ainda mais comum nos meninos, que costumam receber grande pressão para serem altos. É preciso entender que crescer é natural e saudável, por isso, não crescer devidamente merece o quanto antes a investigação de um especialista”.



Bernardo Magacho CRM - GO 9933 rejuvenescimentooculofacial@yahoo.com.br www.drbernardomagacho.com.br

Rejuvenescimento Minimamente Invasivo

Rejuvenescimento Minimamente Invasivo, REMIN, é o termo utilizado para um rejuvenescimento saudável, seguro, efetivo e natural.

Foto: Catarina Carraro

Quando não está em procedimento médico, o Oftalmoplástico, Bernardo Magacho gosta de praticar esportes, especialmente o tênis de quadra. 15


São muitas as imperfeições da pele, como as manchas, as rugas, a flacidez e as cicatrizes de acne. A pele, para se manter sempre bonita, precisa de certos cuidados e tratamentos constantes.Sabemos que ela é dividida em torno de 7 camadas. Se o envelhecimento ou inesteticismo atinge uma camada mais profunda, temos que nos dispor de um tratamento que possa ir até a última camada e surtir efeito nos casos em que há diminuição das fibras elásticas e colágeno; quando as manchas são profundas; ou quando há cicatrizes de acne e outros problemas. Destaco aqui os peelings a base de fenol e os lasers fracionados. Mas, se além desses fatores, ainda existir grande flacidez da pele, podemos associar a cirurgia estética minimamente invasiva.

Rejuvenescimento Minimamente Invasivo Bernardo Magacho CRM - GO 9933

1 - Atualmente, o rejuvenescimento facial passa por um planejamento que envolve todas as estruturas do rosto. A forma como o senhor faz esta abordagem tem chamado a atenção. O que é o REMIN? Na verdade, Rejuvenescimento Minimamente Invasivo, REMIN, é o termo utilizado para um rejuvenescimento saudável, seguro, efetivo e, principalmente, com aspecto natural. Consiste em uma associação de técnicas minimamente invasivas que podem ser feitas em um único dia, com resultado rápido, ou em tempo planejado, dependendo da disponibilidade do paciente. O envelhecimento natural da face se manifesta por uma série de alterações da pele, do tecido subcutâneo (gordura abaixo da pele), da camada muscular (SMAS- sistema músculo aponeurótico superficial) e parte óssea. Em virtude disso, o tratamento é personalizado. Essas camadas sofrem alterações de maneira assimétrica de indivíduo para indivíduo. Portanto traçamos o planejamento de rejuvenescimento de acordo com o envelhecimento da pessoa, reunindo um grande leque de opções do REMIN. Já se foi o tempo em que rejuvenescimento era sinônimo de pele esticada e resultado artificial. 2 - O que pode ser feito para estar sempre com a pele viçosa, tonificada e sem manchas?

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3 - As rugas são fruto dos vícios das contrações musculares ao longo dos anos e/ou são consequências do envelhecimento natural da pele ou das agressões externas. Como atenuar, preencher ou mesmo eliminar as rugas e as depressões mais profundas da face? Existem rugas dinâmicas e estáticas. As dinâmicas, que são fruto da movimentação da musculatura ou mímica facial, geralmente são tratadas com substâncias que provocam a paralisia da área afetada, como a toxina botulínica. Assim, relaxamos essa musculatura e atenuamos as marcas de expressão.Quantoàsrugasestáticas,otratamentovaidepender da profundidade e da queda da borda dessa ruga. Se não há queda da face, podemos preencher essa ruga com diversos tipos de substâncias, que vão desde materiais sintéticos até a própria gordura do paciente. Agora, se a ruga está associada à queda dessa borda, temos que combinar os tratamentos suspensivos da face, como por exemplo os miniliftings. A ideia é harmonizar o rosto do paciente, dar volume em proporção exata, esculpindo os contornos e buscando os destaques do rosto jovem. O tratamento de estimulação e renovação das células da pele otimiza o tratamento das rugas. 4 - E quanto àquele aspecto “bulldog”, que tanto aflige as mulheres? A queda da face ocorre pela flacidez da pele, absorção de gordura e principalmente flacidez da parte muscular. Quando essa queda é discreta, como geralmente ocorre no paciente mais jovem, podemos utilizar os fios de garra de tração e de sustentação, que hoje evoluíram bastante em relação à técnica tradicional do fio russo. Quando associados a um tratamento de pele, do tipo laser CO2 fracionado, o resultado é um excelente lifting facial. Agora, se o paciente sofreu uma absorção da gordura da face ou possui flacidez muscular acentuada, os tratamentos com os fios de sustentação já não são a melhor escolha. No caso da reposição da gordura, entramos com a lipoenxertia, que consiste em retirada de gordura de algumas áreas do paciente para colocá-la nas áreas deficientes. Já para flacidez muscular, o único tratamento efetivo, comprovado cientificamente, é o cirúrgico, que hoje tem grandes tendências à mínima invasão, priorizando o resultado natural, com segurança.


5 - O formato das sobrancelhas pode melhorar a aparência, dando contorno e expressão ao rosto. Como elevar as sobrancelhas e dar uma moldura mais harmônica aos olhos? Como em toda a região periocular, as sobrancelhas têm tendência a queda de suas estruturas, com o passar dos anos, principalmente na porção lateral. A elevação das sobrancelhas pode ser feita isoladamente ou associada à cirurgia plástica palpebral. Existem técnicas endoscópicas feitas pelo couro cabeludo, técnicas via palpebral ou a associação de ambas. Tudo vai depender do quanto queremos elevar ou corrigir a assimetria entre elas. 6 - Com o passar do tempo, não há como fugir da flacidez da pele. O que pode ser feito para retardar ou reverter a queda das estruturas musculares e o excesso de pele? A idade traz mesmo a diminuição da elasticidade e tonicidade da pele, mas muito pode ser feito para manter o aspecto jovial. A associação de técnicas tem como resultado um sinergismo perfeito. O lifting cirúrgico, que se faz hoje, reverte o processo de envelhecimento, ao atuar sobre alguns músculos e retirar o excesso de pele, sem modificar os traços e expressão do paciente. O laser, como já foi dito, também rejuvenesce e melhora a elasticidade a pele. A carboxiterapia, amplamente difundida para o tratamento da celulite e gordura localizada, vem ganhando espaço no rejuvenescimento facial. Nesses casos, tem indicação para flacidez da face, pescoço e colo, é eficiente na correção de cicatrizes hipertróficas, retrações cirúrgicas e o descolamento compartimental (reposicionamento anatômico dos supercílios e maçãs do rosto, criando um efeito lifting). A lipoenxertia modela a face e corrige pequenas imperfeições promovidas pelos acúmulos e absorção da gordura. Finalmente temos a intradermoterapia, quando são injetados medicamentos diretamente na derme, a camada onde estão as fibras de colágeno. Para a região do pescoço, combinamos o lifting ou minilifting, com lipoaspiração da papada. Pacientes que têm o queixo mais curto, têm maior tendência a apresentar perda da definição da face e do pescoço mais precocemente. Assim, podemos associar ao tratamento dessa região, o enxerto gorduroso ou a prótese de mento (queixo), definindo essa região com mais harmonia. 7 - E quanto às olheiras, que dão um aspecto de cansaço e envelhecimento? Esta é uma queixa muito comum no consultório. A

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origem pode vir do escurecimento da pele, de vasos sanguíneos da pele, das bolsas de gordura palpebrais ou do excesso de pele e flacidez da mesma ao redor dos olhos. Depois de definida as causas da olheira, é hora de tratá-las. Podemos usar o laser, para clareamento, a cirurgia plástica palpebral, os peelings, a carboxiterapia e o preenchimento para corrigir sulcos e atrofias nesta região. Tudo vai depender da avaliação personalizada do paciente. Destaco aqui a cirurgia plástica a laser das pálpebras, que apresenta uma grande evolução na recuperação do paciente, fazendo com que o mesmo retorne às suas atividades em um intervalo menor de tempo.

8 - Explique como é feita a blefaroplastia? A blefaroplastia é a cirurgia estética mais frequente da face. Engloba as pálpebras superiores e inferiores. Corrigimos tanto a flacidez e excesso de pele ao redor dos olhos, quanto o excesso de gordura das chamadas bolsas palpebrais. Ela é feita com incisões bem estratégicas para que a cicatriz fique quase imperceptível, sendo que, no caso somente das bolsas palpebrais isoladas, sem excesso de pele, a incisão é feita por dentro das pálpebras, sem cicatriz evidente. É uma cirurgia muito segura, realizada sob anestesia local e sedação e não há necessidade de internação hospitalar.O tempo da cirurgia gira em torno de 1 a 2 horas, dependendo se vamos ter outras técnicas associadas. Se utilizamos a tecnologia a laser, o tempo do procedimento diminui ainda mais. Por ser uma região vascularizada e de pele muito fina, com o tempo as cicatrizes se tornam praticamente imperceptíveis.

Bernardo Magacho - Oftalmoplástico CRM - GO 9933 rejuvenescimentooculofacial@yahoo.com.br • Formado pela Universidade Federal Fluminense; • Realizou residência pela Universidade Federal de Goiás; • Fellowship em cirurgia plástica ocular, pela USP de Ribeirão Preto; • Pós- Graduado em Medicina e Cirurgia Estética pela International Association of Aesthetic Medicine; • Staff em cirurgia oculoplástica pela Universidade Federal de Goiás (Cerof - Centro de referência em oftalmologia); • Membro do Capítulo Brasileiro de Medicina e Cirurgia Estética; • Palestrante Nacional e Internacional.

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Lesões ortopédicas de difícil tratamento Lindomar Guimarães CRM - GO 1794

O tratamento por ondas de choque é uma opção terapêutica, não invasiva, para vários problemas crônicos do sistema músculo-esquelético, preenchendo um espaço entre o insucesso de um tratamento convencional e o tratamento cirúrgico. O ortopedista Lindomar Guimarães é especialista nesta tecnologia e é ele quem nos faz entender como funcionam as ondas de choque. Vale a pena consultar o seu ortopedista sobre esta opção de tratamento. “As ondas de choque são ondas acústicas de alta energia geradas por uma tecnologia especial, originalmente desenvolvida, na década de 40 para o tratamento de cálculos renais, conhecido como litotripsia. Porém, no começo da década de 90, na Alemanha, notou-se que este tratamento também poderia ser adotado na ortopedia, tendo como função acelerar o processo da cura biológica em tendões, ossos e lesões de pele. A terapia por ondas de choques, que nada tem a ver com um choque elétrico, mas com um impacto mecânico, consegue penetrar nos tecidos lesados e provocar um fenômeno chamado cavitação, em que ocorrem microrrupturas no tecido inflamado e liberação de substâncias promotoras de regeneração local. Isso estimula a microcirculação, que vai nutrir o local onde está a lesão crônica (antiga) e levar a uma progressiva cura natural do processo inflamatório-degenerativo. As ondas de choque apenas atuam em tecidos lesionados e não danificam os tecidos sadios. Esta é uma terapia especialmente indicada em alguns casos de dor crônica, quando já foram tentados os métodos tradicionais de tratamento, como medicamentos, fisioterapia e outros: • Nos pés e tornozelos: fascite plantar (esporão de calcâneo), tendinopatia do tendão de Aquiles; Neuroma de Morton; • Nos joelhos: tendinopatia patelar; tendinopatia da fascia lata; • No quadril: bursite trocanteriana; necrose da cabeça de fêmur; • Nos cotovelos: epicondilite lateral; • Nos ombros: tendinopatia calcárea do ombro; bursites e tendinites crônicas; • Nas fraturas com retardo de consolidação e pseudoartrose. No tratamento de feridas crônicas, o procedimento tem demonstrado resultados muito bons. A intensidade da energia com que as ondas de choque são emitidas ao local lesionado depende de avaliação do especialista. Mas este é um tratamento que deve ser feito depois que todos os recursos medicamentosos e fisioterapêuticos foram utilizados sem sucesso por mais de dois meses, por exemplo.

É um tratamento que ocupa um espaço opcional, entre o tratamento clínico convencional e a indicação de uma possível cirurgia. Dentre as vantagens da terapia de ondas de choque, se destaca a baixa incidência de complicações, por ser uma técnica não invasiva. O objetivo da pesquisa clínica em torno do método deve ser a avaliação de adequados níveis de energia e o número de impulsos a serem aplicados nas diferentes indicações, de acordo com os princípios da medicina baseada em evidências. Depois de 15 a 20 dias do início do tratamento, os resultados começam a aparecer e, dependendo do caso, a cura pode ocorrer até em seis meses. Não se trata de um método com resultado de cem por cento em todas as pessoas; em Medicina isto ainda não existe. Existem alguns casos que eventualmente podem não ter o resultado esperado, felizmente em pequena porcentagem. O prognóstico em geral é bom, com o desaparecimento da dor, alivio do processo inflamatório e melhora da movimentação das articulações, possibilitando o retorno às atividades profissionais ou esportivas. Existem contraindicações para o método: crianças, gestantes, pacientes com câncer, doenças infecciosas em atividade, uso de marca-passo e uso de medicamentos anticoagulante. Em todo o tipo de tratamento médico, as indicações, evolução e as características próprias do método devem ser discutidas entre paciente e seu médico assistente. Lindomar Guimarães Oliveira - Ortopedista CRM - GO 1794 lindomar@terra.com.br • Formado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, UFG; • Médico Ortopedista Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT; • Titular da Academia Goiana de Medicina; • Autor de Livros e artigos na área médica.

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Cirurgia de Mãos

Ricardo Pereira da Silva CRM - GO 7679

As mãos estão em permanente uso. Esse conjunto de estruturas com ossos, articulações, ligamentos, tendões, músculos, nervos, pele e vasos sanguíneos está sujeito a doenças que trazem dor, incômodo e incapacidade de exercer as atividades cotidianas. O Cirurgião de Mãos, Ricardo Pereira, nos alerta para problemas muito comuns, mas que podem ser tratados com medicamentos, fisioterapia e cirurgia. “Queixas frequentes de diferentes tipos de doenças das mãos são parte do cotidiano de consultório de um cirurgião de mãos, uma especialidade que surgiu durante a segunda guerra mundial. Na época, os ferimentos, as fraturas e as amputações das mãos eram tratados por ortopedistas, cirurgiões plásticos, vasculares e neurocirurgiões. Por mais que esses profissionais fossem dedicados, cada um deles atuava em áreas específicas. Era necessário um especialista capaz de reabilitar as mãos, a partir dos cotovelos, em todas as suas particularidades clínicas e cirúrgicas. Assim surgiu o cirurgião de mãos, que, com residência médica em Ortopedia ou Cirurgia Plástica, mais dois anos de residência em cirurgia de mãos e depois de uma prova teórica e prática, elaborada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão, está pronto para atingir a excelência no tratamento de qualquer problema referente aos membros superiores, restabelecendo a função e o retorno dos movimentos e a sensibilidade das mãos. Vamos enumerar os problemas mais frequentes que surgem no consultório e que merecem destaque: • Cistos – A membrana sinovial recobre as articulações e tendões, produzindo o líquido sinovial, uma espécie de lubrificante que facilita o movimento das mãos. Os cistos são pequenos nódulos ou tumores benignos formados pelo líquido sinovial, quando este extravasa das articulações ou da bainha dos tendões, causados por traumatismos, por movimentos de repetição e ainda por situações não esclarecidas pela medicina. Eles podem diminuir de tamanho e até desaparecer, mas também podem aumentar de tamanho, levando a uma compressão de nervos e de tecidos ao seu redor. Nesses casos, os pacientes relatam dores, perda de sensibilidade, diminuição de força e mobilidade da articulação. Dependendo das queixas do paciente, o tratamento deve ser cirúrgico e consiste no ressecção de todo o nódulo, com vedação da cápsula da articulação de onde o líquido sinovial está vazando. A cirurgia pode ser realizada da forma tradicional, abrindo-se uma incisão na pele do tamanho do cisto ou por artroscopia, quando o cirurgião é teleguiado por uma câmera de vídeo, inserida através de um microcorte, para acessar o cisto, cauterizá-lo e drená-lo, assim como fechar a ruptura de escape do líquido. • Síndrome do Túnel do Carpo – Na face anterior do punho, temos o Ligamento Transverso do Carpo, um túnel por onde passam nove tendões flexores e um nervo mediano, que caminham na direção da palma da mão e dos dedos. Essa é a região do túnel capiano. Existem inúmeras causas dessa síndrome, mas pelo fato dessa patologia comprometer principalmente as mulheres, acredita-se que esteja relacionada à oscilação hormonal na fase da menopausa. De cada 10 pacientes, 8 são mulheres nessa faixa etária. As oscilações hormonais aumentam a quantidade de líquido no corpo, diminuindo o espaço no interior do túnel. Mas existem possíveis outras causas para essa síndrome, como a artrite reumatóide, diabetes, uma fratura mal consolidada no punho, hipotireoidismo, tumores no interior do túnel e gravidez. Quando o paciente se queixa de um conjunto de sintomas, como dor,

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formigamento e falta de força, a primeira suspeita é de que se trata de uma neuropatia compressiva do nervo mediano, que ocorre em decorrência do aumento da pressão dentro do túnel do carpo. O nervo mediano, responsável pela função sensitiva e motora do polegar, segundo, terceiro e metade do quarto dedo, é comprimido. A dor e a sensação de dormência se irradiam para o antebraço, o cotovelo e até para os ombros, sintomas que pioram durante a noite e no amanhecer. Além disso, a falta de sensibilidade e fraqueza nos dedos faz com que o paciente mal consiga segurar objetos e diferenciar o quente do frio, podendo provocar atrofia dos músculos do polegar. A eletroneuromiografia, utilizada por neurologistas e neurofisiologistas na avaliação dos nervos e músculos, é um exame de diagnóstico que mede a condução nervosa através de choques elétricos nos nervos periféricos, analisando a atividade muscular no repouso e no esforço muscular leve, através da introdução de agulhas, sendo este, um exame importantíssimo no diagnóstico dessa síndrome. O tratamento clínico conservador é eficiente quando a compressão dessas estruturas é leve, com o uso de analgésicos e anti-inflamatórios, fisioterapia, utilizando o ultrassom para o alívio da dor e dos processos inflamatórios. Assim, consegue-se diminuir o inchaço local. O tratamento cirúrgico é simples e bem tranquilo. É indicado para os pacientes que sofrem com interrupções de sono e nos casos de formigamento persistente. O procedimento é rápido, dura em torno de 10 a 20 minutos e na maioria dos casos, o paciente pode ir embora para casa no mesmo dia. A técnica é minimamente invasiva e indolor. Com anestesia local, basta uma pequena incisão na palma da mão para descomprimir o nervo. Este tipo de cirurgia, quando bem indicado, devolve a qualidade de vida ao paciente, com mínimas chances de recidiva. • Tendinites: Os tendões ligam o músculo ao osso e é preciso que eles estejam saudáveis para um perfeito movimento das articulações, como esticar os dedos, por exemplo. A inflamação dos tendões está associada ao uso excessivo de determinadas articulações em movimentos repetitivos ou quando há sobrecarga ou excesso de força local, causando enfraquecimento, processo degenerativo progressivo e dor intensa, acarretando até mesmo uma ruptura total do tendão, gerando uma incapacidade funcional importante. Sintomas como dor; diminuição de força; aumento de volume local; aumento de temperatura e incapacitação para realizar pequenas tarefas domiciliares, necessitam de tratamento clínico com medicamento; pequenos procedimentos pouco invasivos, como as infiltrações locais, que devem ser sempre realizadas pelo médico assistente; contenções provisórias com utilizações de órteses específicas para cada caso e suporte fisioterápico com terapeuta de mão. • Dedo em gatilho – Esta também é uma doença que envolve os túneis, por onde passam os tendões flexores dos dedos das mãos. Excesso de força, trauma, movimentos de repetição levam a uma inflamação local, comprimindo os túneis, impedindo que os tendões se deslizem; em alguns casos, os tendões ficam presos e depois se soltam de repente, como se um gatilho fosse acionado. É comum o paciente dobrar e não

conseguir esticar o dedo e ao tentar faze-lo, acontece um estalo doloroso. Casos iniciais são tratados com aplicação de gelo local, com massagem e com o uso de uma tala de proteção da palma da mão, para um total repouso. Cada vez que o paciente testa o dedo, irrita ainda mais a polia que prende os tendões ao osso. As infiltrações são indicadas para os casos mais resistentes, sendo possível, em alguns dias, diminuir o inchaço da capa do tendão. O tratamento cirúrgico fica para aqueles que não conseguiram sucesso nos tratamentos anteriores. Com sedação e anestesia local, o cirurgião de mãos abre a polia, através de pequeno corte e libera o tendão.

Ricardo Pereira da Silva - Cirurgião de Mãos

CRM - GO 7679 rps1108@ig.com.br

• Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, UFG; • Realizou residência médica em Ortopedia e Traumatologia realizada no Hospital das Clínicas, UFG; • Especialização em Cirurgia da Mão e Microcirurgia Reconstrutiva no IOT da Facudade de Medicina da Universidade de São Paulo , FMUSP; • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia; • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão; • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Microcirurgia reconstrutiva; • Médico assistente do grupo de Cirurgia da Mão e Microcirurgia Reconstrutiva do Hospital das Clínicas, UFG; • Médico Cirurgião de Mão e Microcirurgião do Hospital de Acidentados, Clínica Santa Isabel, Goiânia.


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André Baylão CRM - GO 5010

contato@clinicaafeto.com.br www.clinicaafeto.com.br

Modulação Hormonal

A medicina do século XXI chegou a um nível tão avançado de conhecimento, que hoje é possível atrasar o relógio biológico humano, oferecendo ao corpo, recursos seguros para envelhecer de forma saudável. É a revolução dos hormônios bioidênticos.

Foto: Catarina Carraro

O Nutrólogo André Baylão é adepto da modulação hormonal, tem uma dieta saudável e pratica exercícios físicos com regularidade. Assim, é possível oferecer ao corpo tudo o que é necessário para ter saúde e disposição.

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Modulação Hormonal André Baylão CRM - GO5010

1 - O que são hormônios e qual a importância deles no nosso organismo? A palavra hormônio vem do grego hórmon e significa excitar, estimular, provocar algum tipo de reação em uma região do organismo. Os hormônios são produzidos nas glândulas endócrinas que atuam na corrente sanguínea. Eles regulam o crescimento e o desenvolvimento do corpo, controlando as funções de muitos tecidos. Além disso, os hormônios auxiliam as funções reprodutivas e regulam o metabolismo (o processo usado pelo organismo para produzir energia, a partir dos alimentos). Por volta dos 10 anos de idade os hormônios sexuais iniciam sua secreção. À medida em que o indivíduo envelhece, a produção de hormônios entra em declínio. No período da menopausa, no caso das mulheres, esse processo pode chegar até o desaparecimento total desses hormônios. Os indivíduos podem apresentar também, durante a vida, desequilíbrios ou disfunções hormonais que precisam de um tratamento específico. Utilizamos também os precursores da produção dos hormônios e estimulantes do sistema nervoso, que melhoram a circulação cerebral e, como consequência, a memória e a disposição em geral.

2 - O ser humano sempre buscou a juventude e hoje, nós sabemos que juventude é sinônimo de plenitude hormonal. A medicina moderna fala em modulação hormonal. É possível manter as funções do corpo organizadas através da modulação hormonal? Sim, a modulação hormonal é um dos pilares da medicina antienvelhecimento. Se combinarmos um estilo de vida saudável, uma dieta de baixo índice glicêmico, uma atividade física regular e de forma moderada, suplementar a alimentação com vitaminas e aminoácidos antioxidantes, e estar sempre mantendo os hormônios em atividade, estaremos formando a base de uma longevidade saudável. A modulação hormonal é o método que, através de exames laboratoriais, traçamos o perfil do paciente detectando os desequilíbrios e as necessidades hormonais e, a partir desse ponto, podemos iniciar um programa de equilíbrio metabólico para que o paciente atinja um padrão hormonal compatível com o que se deseja. A melhor curva hormonal é aquela compatível com a nossa juventude plena, ou seja, próximo dos 30 anos. Portanto, para uma ótima resposta metabólica, buscamos resgatar níveis hormonais compatíveis com a juventude. Isso é modulação hormonal, ou seja, manter o organismo de homens e mulheres em pleno equilíbrio glandular. E não importa a idade, a modulação hormonal visa o rejuvenescimento e o equilíbrio orgânico. Hoje sabemos que para prevenir o envelhecimento é fundamental tratar as disfunções das nossas glândulas. A Modulação Hormonal é também a base para as diversas terapias aplicadas à melhoria da saúde do indivíduo. É ideal para quem busca uma melhor forma física, intelectual e mental. Quando nossos hormônios

Os implantes podem ser colocados em qualquer parte do corpo, preferencialmente na região glútea. O procedimento de implantação dura menos de dez minutos, é indolor – já que é feito com anestesia local – e não apresenta restrições. Após a implantação, o hormônio é liberado gradativamente na corrente sanguínea, de maneira segura e com dosagem personalizada, por um período de seis meses a um ano. Foto: Arquivo Médico

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estão em franca atividade, não sentimos cansaço, desânimo, desmotivação sexual ou queda de memória. Se queremos melhorar a qualidade de vida, retardando o envelhecimento, precisamos dar ao corpo o que o corpo precisa. Para isso, nos amparamos no tripé: níveis hormonais balanceados, dieta balanceada e exercícios físicos. 3 - Quais são as glândulas avaliadas nesses exames hormonais? Para uma efetiva modulação hormonal, devemos fazer uma série de exames laboratoriais, com dosagens hormonais que incluem avaliação da hipófise, também chamada de glândula pituitária, que produz hormônios que comandam a tireóide, as suprarrenais, as gônadas (testículos e ovários) e o crescimento; da pineal, que produz o hormônio melatonina, que determina o ritmo noite-dia do corpo; da tireóide, que produz hormônios que interferem diretamente no metabolismo; das paratireóides, que regulam o metabolismo de cálcio; das suprarrenais, essenciais para o bom funcionamento do corpo, especialmente em situações de estresse; dos ovários, que além de conter as células necessárias para a reprodução, produzem os hormônios que determinam a menstruação e interferem diretamente nas características sexuais femininas; dos testículos, que produzem hormônios necessários para a reprodução e nas funções sexuais masculinas; do pâncreas, responsável pela regulação do açúcar no sangue. Depois de analisarmos o funcionamento das principais glândulas do corpo, fazemos um estudo radiológico/ecográfico das mamas, ovários, testículos e tireóide, bem como utilizamos marcadores de câncer no sangue e, ainda, em casos selecionados, pedimos o exame da colonoscopia. É importante ressaltar que qualquer reposição hormonal só deve ser feita em caso da falta do mesmo no organismo. Repor sem necessidade pode trazer prejuízos ao paciente. 4 - Os hormônios regem a vida de todos nós, mas nas mulheres eles funcionam como um frequente bombardeio, deixando-as suceptíveis a vários problemas. Fale um pouco sobre os hormônios e as mulheres? As mulheres sofrem mais os efeitos da oscilação dos hormônios durante a vida do que os homens. Quando chega a fase do climatério e da menopausa, as dúvidas quanto o melhor caminho a seguir são constantes.

Hipófise ou glândula pituitária

Tireóide Glândulas paratireóides

Córtex suprarrenal Pâncreas

Ovários (mulher) Testículos (homem)

No climatério e na menopausa, a mulher entra em uma fase em que é preciso frequentemente monitorar a produção dos ovários para procurar o equilíbrio do corpo. A modulação hormonal repõe os hormônios que deixam de ser produzidos naturalmente na menopausa, mas é muito interessante também para aquelas mulheres que buscam um método eficiente de contracepção ou suspensão da menstruação e para aquelas que desejam cessar os sintomas da TPM. A modulação hormonal é ainda altamente eficaz no combate à anemia (muito frequente no sexo feminino), além de atuar na preservação da fertilidade, no tratamento da falta de libido e na prevenção de enfermidades.

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A mulher adquire muito mais qualidade de vida. Ela pode escolher passar pela fase do climatério e da menopausa sem os sintomas característicos, como os fogachos e a sudorese; a secura vaginal e a falta de desejo e de libido; ela terá mais qualidade sexual, além disso, ganha disposição, qualidade do sono, melhora as funções cognitivas e preserva a memória. A musculatura ganha novo tônus, a pele, o cabelo e os olhos adquirem novo brilho. Com a modulação hormonal, a mulher terá mais proteção contra o câncer do intestino e do endométrio, além de prevenir a aterosclerose, regulando a produção do bom colesterol (HDL), diminuindo o colesterol ruim (LDL) e, assim, evitando ataques do coração decorrentes do acúmulo de placas de gordura. 5 - E quanto aos homens? Os homens produzem a testosterona, que é o hormônio sexual masculino mais importante. A testosterona atua em vários setores do organismo, sendo responsável pela manutenção de músculos e ossos fortes, controle de gorduras no sangue, qualidade dos espermatozóides, qualidade da ereção, na libido e na qualidade do humor.Aproximadamente 20% dos homens com mais de 50 anos de idade apresentam baixos níveis de testosterona, já que após os 40 anos de idade, é normal haver um declínio lento e gradual na produção deste hormônio. Estima-se a queda de 1% ao ano. Com a reposição eles voltam a ter qualidade de vida superior. 6 - O que são hormônios bioidênticos e, na sua opinião, qual é a melhor forma de controlar os níveis hormonais? Bem, o hormônio natural, seja de origem animal, vegetal ou mineral, não passou por nenhum processo

industrial, ele vem da natureza. Já o hormônio sintético sofreu algum tipo de transformação em sua estrutura química. O hormônio bioidêntico tem uma estrutura química e molecular idêntica aos hormônios naturais, independente da fonte de origem, que pode ser natural ou sintética. Particularmente, a minha opinião é que a melhor forma de devolver ao organismo a função do hormônio carente é utilizando os hormônios totalmente bioidênticos, que são eficientes e mais seguros. Esses hormônios já são prescritos por vários médicos ginecologistas, ortomoleculares e nutrólogos na forma manipulada, de uso tópico, aplicado diretamente na pele, na face interna do braço. Para a total segurança quanto ao grau de pureza, dosagem, absorção e estabilidade dos componentes das fórmulas, a melhor opção é pelos hormônios bioidênticos produzidos com a tecnologia de ponta, da indústria farmacêutica. Já estão disponíveis em Goiânia hormônios bioidênticos na forma de implante colocado na nádega, logo abaixo da pele (subcutâneo), com anestesia local, em que é feito uma pequena incisão por onde entra um trocarte (tubo de plástico), que comporta cerca de 50 mg de hormônio puro (estradiol e testosterona bioidêntica ou progestínico). O paciente fica com o implante por um ano, sem a necessidade de repor nenhum outro hormônio para menopausa ou andropausa. Depois de um ano, retira-se o tubo de silicone onde estava o implante e coloca-se outro novamente, por mais um ano. Já está comprovado que com a reposição hormonal, via implantes, é possível evitar as oscilações e a inconsistência na quantidade de hormônios bioidênticos. Na minha opinião esta é a chave para retardar o envelhecimento natural com segurança.

André Luiz Baylão - Nutrólogo CRM - GO 5010 contato@clinicaafeto.com.br www.clinicaafeto.com.br • Residência médica em ginecologia e obstetrícia pela Universidade de Brasília (UnB); • Título de especialista em ginecologia pela Federação Brasileira de ginecologia e obstetrícia (FEBRASGO); • Membro da Sociedade Brasileira de Ultrassonografia; • Título de especialista em nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN); • Diretor da Associação Brasileira de Nutrologia regional Goiás; • Pós-graduado em medicina ortomolecular pela Faculdade de Ciências Integradas (FACIS) - São Paulo; • Pós-graduado em medicina estética pela Faculdade Souza Marques - Rio de Janeiro; • Membro titular da “Union Internationale de Médécine Esthétique” - França.


Werley de Almeida Freire CRM - GO 8515 werley_infecto@hotmail.com

Infectologia

Acontecem equívocos na prescrição de antibióticos em países do mundo inteiro. Além de não haver benefícios no quadro infeccioso, pode-se selecionar germes resistentes e provocar efeitos colaterais.

Foto: Catarina Carraro

O Infectologista Werley Freire costuma frequentar as quadras de tênis de seu condomínio junto com os filhos Pedro Felipe e Ana Flávia. O esporte e a família são seu ponto de equilíbrio e de combate ao estresse. 27


Infectologia Werley de Almeida Freire CRM - GO 8515

1 - O que é ou qual a função do médico infectologista? O infectologista deve ser um médico, com residência médica em Infectologia, quando adquire, durante cerca de 3 anos de estudos específicos, conhecimentos acerca do diagnóstico, da prevenção e do tratamento das doenças infectocontagiosas. Em geral, o infectologista tem uma visão global do paciente, porque esses micro-organismos podem se instalar em qualquer local do corpo. Dependendo da gravidade da infecção, um diagnóstico tardio, pode agravar o quadro do paciente, com riscos de morbidade e de mortalidade. 2 - Como pode ser um quadro de evolução de uma infecção? Como disse anteriormente, dependendo do tipo de micro-organismo e das condições imunológicas do paciente, os vírus, as bactérias, os fungos ou qualquer outro micro-organismo vão se fixar em determinado local do corpo, em uma infecção primária, como por exemplo, um quadro de meningite em que o sistema nervoso é afetado; já na pneumonia, a infecção está no pulmão, a infecção urinária afeta o Sistema Urinário. Outras doenças são naturalmente sistêmicas e podem afetar todo o

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organismo, como nas contaminações pelo vírus HIV. Mas é certo que, quando não tratadas adequadamente, quase todas as doenças podem se disseminar pelo corpo todo, evoluindo para os casos que nós denominamos de sepse, uma síndrome que acomete os pacientes com infecções severas que surgiram de uma infecção inicial, que não foi rapidamente controlada. Assim, esses micro-organismos conseguem acesso à circulação sanguínea e se espalham pelo corpo. A resposta inflamatória do organismo a uma invasão microbiana maciça pode ser tão intensa, que o paciente pode sofrer um choque circulatório ou ter alterações na coagulação e/ou falência múltipla de órgãos. Por isso é importante que uma doença infecciosa seja tratada de forma rápida e correta, com constante observação do estado do paciente. A presença de sinais e sintomas dá a ideia de um quadro que está em evolução e que pode se complicar.

3 - Em que casos o paciente deve ser encaminhado ao um infectologista? Quando os sintomas de doenças infectocontagiosas se manifestam. Em geral isso acontece com febre, dores pelo corpo, queda importante do estado geral, com perda de peso, ou com sintomas que dependem do local acometido. As doenças mais frequentes em que é necessária a presença de um médico infectologista são: Diarréia, Tétano, Raiva, Pneumonia, Meningites, Tuberculose, Furunculose, Infecção Urinária, Infecção Cirúrgica, Febre Amarela, Dengue, Toxoplasmose, SIDA/ AIDS, Raiva, Calazar, Malária, ou Doenças por fungos. Nas


infecções cirúrgicas, em algumas situações, o infectologista é um parceiro importante do médico cirurgião, na boa condução do tratamento e do prognóstico. Outra parceria importante é entre o Infectologista e o Pneumologista, para tratamento de pneumonias graves ou tuberculose, ou entre o Infectologista e o Intensivista para o tratamento das infecções graves em UTI.

4 - Como deve ser o uso correto de um antibiótico e o que acontece se ele é utilizado de forma inadequada? A descoberta da Penicilina, no início do século passado, representa um dos avanços mais importantes da Medicina e esta é uma das medicações mais prescritas no cotidiano de todas as especialidades e não só do médico infectologista. Mas acontecem equívocos na prescrição de antibióticos em países do mundo inteiro, inclusive naqueles mais desenvolvidos, como tratar quadros virais (por exemplo, o vírus da gripe) com esse tipo de medicamento, em que além de não haver benefícios no quadro infeccioso, pode selecionar germes resistentes e provocar efeitos colaterais. Em casos de cirurgias, muitas vezes, ao invés de se ter maior cuidado com a assepsia do material cirúrgico usado durante um procedimento, opta-se pela prescrição de antibióticos com a falsa ilusão de prevenção a infecções. Esse é um dos motivos pelo qual recebemos, em consultório, pacientes com infecções cirúrgicas, causadas por germes e bactérias mais resistentes. 5 - Milhões de pessoas no mundo estão infectadas por algum tipo de vírus da Hepatite, que pode levar à infecção e danos do fígado. Como diferenciar os tipos de vírus A, B e C? O vírus da hepatite do tipo A, provoca uma doença considerada benigna e, na maioria dos casos, o fígado se recupera. É uma doença altamente transmissível de uma pessoa para outra através da saliva, pelas mãos, pela água ou por alimentos contaminados. A doença se manifesta de forma aguda e febril e em alguns casos a pessoa pode ficar amarelada. As crianças são as maiores vítimas, mas com o tempo, o próprio organismo elimina o vírus.

Já o vírus do tipo B é altamente contagioso por relações sexuais, uso de drogas endovenosas, em que mais de uma pessoa compartilha a mesma seringa, hemotransfusões, ou seja, contato com sangue contaminado. A doença pode não apresentar sintomas, evoluir para uma fase crônica, até que, muitos anos depois, se transforma em uma cirrose ou um câncer de fígado. No tipo C, além do contato sexual, o sangue contaminado representa grande perigo. O vírus pode ser transmitido por alicates de unha, agulhas e outros instrumentos cortantes infectados. Os sintomas também não estão presentes na maioria dos casos. Aqueles que não conseguem eliminar espontaneamente o vírus devem fazer acompanhamento com o infectologista para saber se é necessário tomar antivirais e medicamentos que fortalecem o sistema imunológico e ajudam a combater a inflamação crônica no fígado. A melhor forma de lidar com as hepatites virais é a vacinação que existe para prevenção das hepatites A e B, mas ainda não existe para a hepatite C.

6 - O que devemos saber sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS)? Desde 1981, com a publicação de casos de doenças pouco comuns em indivíduos adultos que evoluíram para o óbito, houve um avanço impressionante nos conhecimentos do vírus da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA/ AIDS). No inicio, pelo pouco conhecimento que se tinha, achava-se que se tratasse de uma doença exclusiva de homossexuais, mas em 1983, o vírus foi identificado e pôdese chegar ao crescente número de casos em heterossexuais e hemofílicos, ficando clara a transmissão inter-humana do vírus através do sangue e das secreções. A doença, encarada no início como um atestado de óbito, foi sendo desvendada na medida em que surgiam descobertas de tratamentos efetivos, como o AZT, em 1987 e principalmente, em 1996, com o uso de combinações de medicamentos, popularmente conhecidas como “coquetel”, dando aos pacientes uma sobrevida muito maior. Atualmente, quando o tratamento é seguido corretamente, a maioria dos pacientes não apresenta qualquer sintoma da doença. E como, hoje, o exame de HIV tornou-se um dos que compõem o check-up, cada vez mais estamos diagnosticando casos no início, que são acompanhados adequadamente, com o tratamento iniciado antes que o organismo fique debilitado e adquira outras infecções tidas como “doenças oportunistas”. 7 - E sobre o vírus da dengue? A dengue é uma doença febril aguda, causada por vírus, um arbovírus (vírus oriundo dos artrópodes) da família Flaviridae, que é transmitido de uma pessoa a outra, através de um hospedeiro intermediário, o mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a febre amarela urbana.Há suspeita de dengue, quando o paciente passou, nos últimos

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15 dias, por locais que tenham a presença do Aedes aegypti e que esteja se apresentando com febre, geralmente alta, muitas vezes passando dos 40 graus, com menos de 7 dias, acompanhada de, pelo menos, dois dos seguintes sintomas: dor de cabeça, dor nos olhos, dor nos músculos (mialgia e artralgia) e nas juntas, falta de apetite, náuseas, vômitos e fraqueza. Pacientes com dengue também apresentam manchas avermelhadas por todo o corpo (exantema). A prostração é intensa nos adultos e pode se arrastar mesmo após o término da febre. Em alguns casos, há sangramento de gengiva e de nariz. A forma mais branda da doença é a dengue clássica, que se inicia com febre alta e súbita, dores de cabeça, nos olhos e no corpo, fraqueza, falta de apetite, náuseas, vômitos, coceira, manchas no corpo, diarréia e pequenos sangramentos. São sintomas que duram até uma semana, quando, então, há melhora. Já a dengue hemorrágica se apresenta com tendências evidenciadas por pelo menos uma das seguintes manifestações: prova do laço positiva, petéquias, equimoses, púrpuras, sangramento do trato gastrointestinal, de mucosas ou outros. Não existe remédio específico para a doença, apenas o tratamento dos sintomas do paciente, com hidratação e tratamento das complicações causadas pelo sangramento de órgãos. A pessoa com dengue deve ficar em repouso, beber muito líquido e só usar medicamento para aliviar as dores e a febre, mas sempre com indicação do médico. Remédios à base de ácido acetil salicílico, como, por exemplo, a aspirina e o AAS, são proibidos em casos de dengue.

8 - O que é considerada uma infecção hospitalar? Qualquer tipo de infecção adquirida após a entrada do paciente em um hospital ou após a sua alta, desde que esteja relacionado com algum procedimento realizado durante a internação, devendo o quadro infeccioso se apresentar durante ou após o período de 72 horas da admissão no hospital. Não pode haver evidência clínica ou laboratorial de infecção no momento da internação no hospital e, se o paciente é transferido de outro hospital, a infecção hospitalar fica caracterizada como sendo do hospital de origem. As infecções de recém-nascidos são hospitalares, com exceção das transmitidas pela placenta ou das associadas à bolsa rota, superior a 24 horas. Utilizando-se ainda de alguns critérios técnicos, com observação direta do paciente e resultados de exames de laboratório, fica estabelecida ou não a infecção hospitalar. Hospitais e Instituições de saúde que têm um certificado da CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) estão preparados para executar procedimentos clínicos e cirúrgicos, oferecendo altos índices de segurança para o paciente. Porém, nem sempre, quando o paciente contrai infecção hospitalar, esta não ocorre por erro do médico e nem da instituição, mas pelo risco inerente ao

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próprio procedimento e pelas condições de saúde do indivíduo. Como exemplo, em uma cirurgia estética há um risco de 0,3% a 0,5% de se adquirir uma infecção decorrente do procedimento, mas se a cirurgia é de ressecção de um tumor em um órgão importante, esse risco é multiplicado diversas vezes pela própria resistência do paciente, ou seja, qualquer pessoa que é obrigada a internar-se em ambiente hospitalar para tratamento médico está sujeita a contrair uma infecção hospitalar, que está diretamente relacionada ao tempo de internação e procedimento a ser realizado. Por isso, antes de uma intervenção cirúrgica, é recomendado conversar com o seu especialista ou com o médico responsável pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH, da instituição de saúde onde será realizada a cirurgia, para se informar adequadamente sobre os riscos do procedimento e se aquela instituição de saúde escolhida realmente faz todas as medidas preventivas para o controle de infecção hospitalar.

Werley de Almeida Freire - Infectologista CRM - GO 8515 werley_infecto@hotmail.com • Realizou residência médica HC/HDT, Goiânia, GO; • Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia; • Infectologista e Chefe da CCIH do Hospital dos Acidentados; • Coordenador Médico da UTI do Hospital Amparo; • Coordenador da UTI MÓVEL – UTI GOIÂNIA; • Titulado em Terapia Intensiva pela AMIB.


CRM - GO 4786 drcorival@humanamedicinareprodutiva.com.br

Reprodução Humana

Existe solução para quase todos os casos de infertilidade, depende apenas da abertura da mente e do coração das pessoas.

Corival Castro

O Ginecologista e Obstetra Corival Castro é apaixonado por mergulho. Em Fernando de Noronha, ele observava a carcaça de um navio naufragado há mais de cem anos. 31


Reprodução Humana Corival Castro CRM - GO 4786

1 - Com que frequência o casal deve ter relações sexuais quando estiver tentando conceber? O ideal é manter relações sexuais em dias alternados devido à sobrevida do óvulo e do espermatozóide, que gira em torno de 24 horas. Após um ano de tentativas frequentes, o casal deve recorrer à ajuda médica, que vai investigar se existem problemas de saúde determinantes de infertilidade, como ovários policísticos, endometriose, doenças genéticas, nas trompas, testiculares ou diabetes e, ainda, se há fatores que podem estar comprometendo a função espermática, como o estresse, o uso de drogas, de fumo e/ou de álcool e de determinados medicamentos, como os utilizados no tratamento do câncer. Estatísticas relatam que cerca de 15% a 20% dos casais apresentam algum grau de infertilidade. 2 - O diagnóstico de infertilidade significa que a pessoa é estéril? Esterilidade e infertilidade são termos bastante semelhantes, porém esterilidade parece ter uma conotação

absoluta e mais definitiva. O ideal é utilizar o termo infertilidade, pois a cada dia, se tornam menos definitivas e mais curáveis as causas de esterilidade.

3 - Quais são as causas mais frequentes da infertilidade feminina? São diversos os fatores, como a ausência de ovulação e a ovulação inadequada, que estão entre os mais frequentes problemas de infertilidade feminina. A mulher deve ficar atenta quando há irregularidades nos ciclos menstruais, principalmente quando ocorrem atrasos. Esses são sinais que indicam problemas de ovulação. As doenças das trompas, como a doença inflamatória pélvica, impedem definitivamente uma gravidez, pois provocam a obstrução das mesmas. Os principais agentes causadores do problema são o gonococos e a chlamydia. A gravidez tubária ocorre com certa frequência havendo a implantação do saco gestacional na tuba, fora do útero. A gravidez é totalmente inviável, podendo se complicar seriamente com ruptura e hemorragia. Quando há alterações no colo uterino e em seu muco, os espermatozóides são impedidos de nadar com eficiência através dele e penetrar na cavidade uterina. Por isso, a avaliação do colo, no canal de entrada para o útero, tem importância fundamental na avaliação do casal infértil.


Dentre as doenças do útero, que é o órgão onde se implanta e se desenvolve a gravidez, temos os miomas, as malformações e as infecções. Dependendo das características dos miomas e das malformações pode haver impossibilidade de implantação do feto e ocorrer abortos. Cada caso, porém, deve ser avaliado individualmente pelo especialista. A endometriose é uma doença que pode causar infertilidade de várias formas. Pode afetar as tubas, o transporte do óvulo, do espermatozóide, prejudicar a ovulação e a fecundação e ainda aumentar as taxas de aborto. As técnicas de reprodução assistida como a inseminação e a fertilização in vitro contornam os impedimentos causados pela endometriose e proporcionam boas taxas de gravidez. Há ainda os fatores imunológicos, que vêm ganhando espaço na medicina reprodutiva, na medida em que explicam vários casos de infertilidade e abortamentos “sem causa aparente”, levando a uma ansiedade intensa e a um sofrimento, muitas vezes, repetitivo, mesmo nos casais que conseguiam engravidar espontaneamente. Vacinas contra linfócitos paternos e a imunossupressão são tratamentos específicos para obter a gestação e levá-la a termo.

4 - Qual a solução para os problemas masculinos, como a ausência, diminuição ou má qualidade de espermatozóides? O fator masculino responde por quase metade dos casos de infertilidade. A melhor medida é a prevenção e o acompanhamento de qualquer fator de risco, desde a infância e a adolescência até a idade reprodutiva, pois o tratamento do paciente, nesses casos, praticamente não proporciona resultados satisfatórios de gravidez, nem melhoram a qualidade seminal. Uma vez que o homem está com sua fertilidade comprometida, o tratamento de fertilização mais eficaz é o próprio laboratório, que vai manipular os gametas, de forma a capturar e selecionar os espermatozóides, para sua utilização em inseminação ou fertilização in vitro. 5 - Como são as técnicas utilizadas na Reprodução Assistida? O tratamento mais simples é o coito programado, que consiste em monitorar e determinar o dia exato da ovulação, através da ultrassonografia, orientando o casal a ter relação sexual no dia mais propício para engravidar. A indução da ovulação pode ser feita com o uso programado de medicamentos orais ou injetáveis, aumentando as chances de gravidez. A inseminação artificial associa o método de indução da ovulação com a coleta do sêmen, por masturbação, no laboratório, quando se faz a seleção e o preparo dos espermatozóides que serão introduzidos no útero, no dia ideal da ovulação. Esse método, quando bem indicado, alcança cerca de 40 % de sucesso em até 3 ou, no máximo, 4 tentativas. A partir daí, quando não ocorre a gravidez, deve-se partir para outro método. A fertilização in vitro é uma técnica em que se promove, no laboratório, o encontro dos espermatozóides com os óvulos, para obter a fecundação. Depois de fertilizados, os melhores embriões são selecionados e transferidos de volta para o útero. Esse método é a grande arma para a solução de todos os casos de infertilidade em que se pode obter óvulos e espermatozóides do casal. ICSI é outra técnica que representa um marco na reprodução assistida, pois permite a injeção de um único espermatozóide, colhido naturalmente ou por extração testicular, diretamente dentro do óvulo, no laboratório, para depois implantá-lo no útero, através das mesmas técnicas de fertilização in vitro. Com isso, casos muito graves de infertilidade, podem ser beneficiados, propiciando um aumento importante nas taxas de sucesso de gravidez.

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E nos casos em que o homem e/ou a mulher não produzem seus próprios gametas, pode-se recorrer às doações de gametas e partir para a fertilização in vitro.

15% a 20% das gestações. O esforço atual é de se obter bons índices de gestação, com o menor número de embriões. O ideal é transferir de 1 a 4 embriões, dependendo de cada caso.

6 - Como são feitas essas doações? A doação compartilhada é a forma mais frequente de doação e é uma boa alternativa, quando não há produção de óvulos e/ou espermatozóides. No laboratório, quando um casal produz uma quantidade excedente de pré-embriões, estes podem ser congelados em nitrogênio líquido, sem que percam a vitalidade, em um procedimento chamado de criopreservação. Posteriormente, esses pré-embriões podem ser descongelados e transferidos para o útero, em novas tentativas de gravidez. Assim, pode-se repetir o tratamento, sem que seja novamente necessária a realização de todos os passos para indução da ovulação, coleta de óvulos e fertilização. Os pré-embriões criopreservados poderão servir também como material de pesquisa ou podem ser doados, contribuindo para que outras mulheres possam engravidar.

8 - Como é feita a transferência dos embriões para dentro da cavidade uterina e quais os riscos que a mulher grávida terá de enfrentar? A transferência é feita por meio de um cateter fino e delicado que o médico introduz na cavidade uterina, em um procedimento indolor e rápido, realizado no laboratório. A mulher terá que enfrentar os riscos provenientes de qualquer gravidez, além dos efeitos secundários dos medicamentos e as complicações dos procedimentos do laboratório, como o uso dos medicamentos indutores da ovulação, que podem levar à Síndrome de Hiperestímulo, quando os ovários ficam aumentados e dolorosos, podendo evoluir para casos mais graves, com retenção de líquidos pelo organismo, necessitando de UTI. Felizmente as complicações são bastante raras e, quando acontecem, são, na sua maioria, de baixa gravidade e contornáveis, com total restabelecimento da paciente.

7 - Como são feitas a captação dos óvulos no laboratório e a escolha dos embriões? A captação dos óvulos é feita no próprio centro de reprodução, através da punção do ovário, com agulha especial, guiada por ultrassonografia e realizada sob sedação. Esse método é uma rotina bastante segura, a paciente se recupera em questão de minutos e volta para casa imediatamente após o procedimento. Os embriões são classificados pelo aspecto e com a ajuda dos marcadores de qualidade, com o intuito de selecionar aqueles que têm maiores chances de implantação. O índice de sucesso de gravidez aumenta proporcionalmente ao número de embriões transferidos para o útero. Por consequência natural, o índice de gêmeos também aumenta e pode acontecer em cerca 20 % dos casais. O risco de abortamento é o mesmo dos casais em geral, em torno de

9 - A gestante é acompanhada pela equipe de fertilização assistida? Depois que ocorre a fertilização, a paciente é encaminhada ao seu obstetra de preferência, para realização do pré-natal e ambos recebem da equipe de reprodução assistida todo o apoio necessário durante toda a gestação. Nosso interesse maior é o “bebê em casa”, como resultado final e, para isso, o casal recebe toda a nossa atenção.

Corival Castro - Obstetra e Ginecologista CRM - GO 4786 drcorival@humanamedicinareprodutiva.com.brdutiva.com.br • Formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ ; • Título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia; • Pós-graduado em Reprodução Humana; • Fellow da University of South Florida Dept. of Reproductive Medicine, Serviço Prof. David Keefe; • Preceptor da Residência Médica em Endoscopia Ginecológica do Hospital Materno Infantil; • Presidente da comissão auxiliar de Reprodução Humana da Sociedade Goiana de Ginecologia e Obstetrícia; • Membro da American Society for Reproductive Medicine, ASRM; • Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, SBRH; • Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, SBRA; • Ultrassonografista (concursado em 1o lugar) da Secretaria Estadual de Saúde; • Diretor Associado da clínica Humana Medicina Reprodutiva.


Myrian de Castro CRM - GO 7557 clinica@myriandecastro.com.br

É sempre melhor fazer esse tipo de correção depois de ter filhos. Mas como a maternidade vem sendo adiada por muitas mulheres, que optam por estudar e se estabilizar profissionalmente antes de ter os filhos, o melhor momento é aquele que visa a saúde e uma boa autoestima.

Plástica de mama

A Cirurgiã plástica Myrian de Castro tem como alegria e prazer cultivar viagens, elegendo as paisagens românticas da Europa e sua cultura dos vinhos. Em recente viagem à Toscana, Itália, terra do vinho, ela passeia na via Del Amore, de todas as palavras, essa é a sua preferida.

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Plástica de Mama Myrian de Castro CRM - GO 7557

1 - O implante de silicone é o tipo de cirurgia que mais cresce no país. O que é preciso saber antes de tomar a decisão de um implante? Em qualquer cirurgia plástica, precauções devem ser tomadas em relação às referências do cirurgião, como o título de especialista, a sua experiência e a sua habilidade. O hospital escolhido deve ter um centro cirúrgico apropriado e totalmente equipado para procedimentos de emergência e partir para o pré-operatório em uma consulta médica completa para melhor avaliação do caso em questão. O paciente deve estar em boas condições de saúde e isso é conferido em exames préoperatórios de rotina para um procedimento adequado. 2 - Há diversos tipos de próteses de silicone. Quais são as mais utilizadas atualmente? Os implantes mamários de silicone sofreram grande evolução nos últimos vinte anos. Hoje, as próteses podem ser lisas ou texturizadas, revestidas de poliuretano, com o interior em gel de silicone coesivo, que funciona como em um sistema de atração constante de moléculas. Em casos de rompimento acidental, o gel não sai de dentro da membrana de revestimento e não se espalha pelo organismo. Além disso, as próteses atuais oferecem outros modelos, que combinam novos tipos de formatos e volumes com um resultado muito natural, delineando melhor o perfil, dando nova projeção e volume das mamas. As próteses podem ser redondas, anatômicas e ovais, com perfis baixo, médio, alto e extra alto. O cirurgião observa as características de cada paciente, levando em conta o tamanho de sua caixa torácica, a sua qualidade da pele, seu biotipo e seu desejo de volume e depois escolhe, entre todas as opções de próteses disponíveis no mercado. Atualmente, as próteses utilizadas em implantes mamários são fabricadas para permanecer dentro do corpo por longos períodos, sem deformar ou alterar sua forma. 3 - O que é contratura capsular e por que acontece com algumas mulheres? Durante o processo natural de recuperação do organismo, depois de uma mamoplastia de aumento, forma-se uma cápsula cicatricial em torno dos implantes, em uma reação a este corpo estranho que foi implantado. Essa cápsula deve ser fina e não modificar o formato da prótese. O problema é quando a cápsula se torna espessa, enrijecendo os implantes ao ponto de deformá-los e torná-los perceptíveis ao toque. E isso pode se desenvolver ao longo de meses ou mesmo de anos, após a cirurgia plástica. As causas são muitas e variam entre infecção, seroma, estresse e, em algumas pacientes, sequer conseguimos identificar o fator causal. A contratura capsular severa deve ser revista cirurgicamente, removendo

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todo o tecido cicatricial, para que uma nova prótese assuma seu lugar, mas nem assim é possível garantir que isso não volte a acontecer. Essa deformidade é apenas estética e não afeta a saúde das mamas. 4 - Qual é a melhor forma de a prótese de silicone ser colocada: por baixo do músculo ou por baixo da glândula mamária e que tipo de anestesia é utilizada? Antigamente, as próteses normalmente eram colocadas por trás do músculo, para que o resultado fosse mais natural. Mas atualmente, com as novas tecnologias de próteses texturizadas e de poliuretano, a melhor indicação é colocá-las por trás da glândula, entre o tecido mamário e o músculo. O resultado é perfeito. Por debaixo do músculo, as próteses ficam mais altas, podendo dar a impressão de que as mamas estejam olhando para baixo, além disso, o músculo sempre comprime as próteses, o que as deixam com o aspecto de achatamento. Mas, quando as mamas são muito pequenas ou com muito pouca gordura (há mulheres que quase não têm glândula suficiente para encobrir a prótese), o melhor resultado é obtido quando o implante é colocado por baixo do músculo. A escolha é pela anestesia peridural alta, que faz um bloqueio sensitivo em uma grande região que engloba desde a clavícula até o umbigo, sem bloqueio motor e por este motivo não interfere com os músculos da respiração. A internação pode durar aproximadamente 12 horas e a paciente vai para casa no mesmo dia, à noite.


5 - O uso do dreno após a cirurgia é importante? O dreno é utilizado com o intuito de manter a prótese sempre seca, diminuindo o líquido presente, que se acumula em volta do implante nas primeiras 24 horas, reduzindo drasticamente a incidência de complicações, como estrias, infecções, contratura ou rejeição da prótese. O dreno também evita que um possível sangramento fique parado na área em que houve descolamento da pele e do músculo, dificultando a recuperação ideal da cirurgia. Ele é exteriorizado pela axila, não deixando marcas. Mas este não é um procedimento de rotina. 6 - Quais os tipos de cicatrizes deixadas pós-cirurgia? As cicatrizem podem ser periareolar inferior, no sulco mamário ou nas axilas. O cirurgião deve informar sua paciente sobre cada uma dessas opções. Quando a incisão é periareolar, ela está localizada na borda inferior da aréola, em formato de meia lua, ideal para aquelas que têm tendência a cicatrizes hipertróficas ou quelóides; no sulco mamário, a incisão é um pequeno corte abaixo da mama e tem a vantagem de não deixar cicatrizes nas aréolas; na axila, por ser uma região de dobras e potencialmente contaminada, há riscos de infecção, além do resultado estético não ser muito bom, quando a paciente levanta os braços. 8 - A prótese de silicone dificulta a realização de mamografias? A medicina está muito evoluída principalmente na questão de diagnóstico por imagem. Os aparelhos são cada vez mais modernos, como as tomografias e as ressonâncias magnéticas. Portanto, hoje, a dificuldade de diagnóstico de qualquer doença das mamas está praticamente superada para quem tem prótese de silicone. 9 - É possível corrigir a flacidez das mamas sem o implante de silicone? Sim, a mastopexia é a cirurgia que faz o tratamento da flacidez das mamas. Retira-se o excesso de pele que causou a queda e a perda da forma das mamas, desde que a paciente tenha volume glandular mamário suficiente. É indicada para mamas pequenas ou médias e a cicatriz resultante é menor que a da redução de mamas. Nesse tipo de procedimento, com a elevação da glândula e a retirada da pele, as cicatrizes podem ter forma de um “T” invertido, de um “L” ou ter apenas um corte vertical. É um tipo de procedimento muito frequente naquelas mulheres que perderam muito peso. 10 - Redução de mamas: de alguns anos para cá, a brasileira tem optado por ter seios fartos, mas ainda assim, a redução das mamas é muito frequente. Quais são os motivos que levam uma mulher a reduzir as mamas? O perfil da brasileira não mudou tanto. A demanda de cirurgias estéticas de redução de mamas tem sido a mesma e os motivos para reduzi-las, também são os mesmos: estética, dor nas costas, peso nos ombros e marcas profundas do sutiã. Elas têm sintomas de profundo desconforto e que interferem na qualidade de vida. Hoje, temos inúmeros cirurgiões plásticos com boa formação profissional, os preços são bem

mais acessíveis e temos muito mais segurança hospitalar. A anestesia, assim como no implante mamário, é a peridural alta com sedação e o procedimento tem tempo médio de três horas. Não há a necessidade de drenos e a paciente recebe alta no dia seguinte. Não há porque ficar insatisfeito com o próprio corpo. 11 - Qual é o melhor momento para reduzir as mamas, antes ou depois da maternidade? É sempre melhor fazer esse tipo de correção depois de ter filhos. Mas como a maternidade vem sendo adiada por muitas mulheres, que optam por estudar e se estabilizar profissionalmente antes de ter filhos, o melhor momento é aquele que visa a saúde e uma boa autoestima. As adolescentes, por exemplo, estão precocemente mais desenvolvidas e com corpo de mulher. A cirurgia redutora de mama nesta fase está relacionada principalmente a fatores psicológicos. Em consultório, costumamos encontrar jovens retraídas, com dificuldades de relacionamento, em plena formação de personalidade. A partir dos 17 anos, já podemos realizar esse tipo de cirurgia e, em casos muito específicos, essa idade pode ser reduzida para os 15 anos. 12 - Como ficarão as mamas, em relação ao tamanho e consistência? Período imediato, mediato e resultado definitivo? Em relação ao tamanho, dependerá muito do que se deixou de glândula. De imediato a aparência fica sempre mais firme, com mamas mais endurecidas e um pouco inchadas. Depois de três meses, o aspecto vai se tornando mais natural,

Incisão Axilar

Incisão Periareolar Incisão no sulco mamário


levando-se em consideração a qualidade da pele da paciente, se há flacidez prévia e de como ela se comporta no dia a dia, se faz atividade física de impacto, se tem o hábito do uso de sutiã, se ganha ou perde peso com frequência, entre outros fatores. Quanto às cicatrizes, nem sempre é muito fácil camuflá-las. Elas terão a forma de um “T” invertido, ou de um “L”, ou ter apenas um corte vertical. No início, elas são super finas, se tornando um pouco mais largas e vermelhas posteriormente. 13 - E quanto às cicatrizes hipertróficas? As cicatrizes hipertróficas ocorrem quando há um desordenamento das fibras de colágeno. Para elas, são usados tratamentos tópicos com corticóide, compressão com fitas de silicone, massagens ou mesmo infiltração de substâncias para abrandá-las e injeções de corticóides aplicadas no interior da cicatriz. 14 - Como é o pós-operatório da redução mamária? A maioria das pacientes relata não sentir dor após a cirurgia plástica. Mas é um pós-operatório delicado, em que a mulher terá algumas restrições de postura e de movimentação dos braços. Nos primeiros trinta dias, está proibido pegar pesos, praticar atividades físicas e dirigir. Aos poucos os movimentos vão sendo liberados até ficar tudo mais tranquilo. Voltar a todas atividades do dia a dia, só depois dos três primeiros meses.

Myrian de Castro - Cirurgiã Plástica CRM - GO 7557 clinica@myriandecastro.com.br • • • • •

Mestre em Cirurgia Plástica pela Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina; Especialista em Microcirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica; Membro da International Society of Aesthetic Plastic Surgery, ISAPS; Membro Titular da Sociedade Brasileira de Microcirurgia;

Atuação na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica: • Secretária do Capítulo de Microcirurgia da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Gestão do biênio de 2000 e 2001; • Board of Regents of the Lipoplasty University, without borders, concedido pela Sociedade Internacional de LIPOPLASTIA, Lord Chancellor, o doutor Yves-Gerard Illouz (França) criador da Lipoaspiração; • Regente do Capítulo de Microcirurgia da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, gestão do biênio de 2002 e 2003; • Tesoureira da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Regional de Goiás, gestão do biênio de 2004 - 2005; Recebeu Premiações pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica: • Prêmio Sirley Rinaldi, apresentado no 29º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica em 1992; • Prêmio Sirley Rinaldi, apresentado no 31º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica, em 1994; • Prêmio ETHICON de Cirurgia Plástica, durante o 32º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica, Brasília 1995; • Recebeu a Comenda Berenice Artiaga, em 2005, no Dia Internacional da Mulher, na Assembléia Legislativa do Estado de Goiás; • Homenageada com a Comenda que leva o nome da primeira Deputada Estadual de Goiás, Berenice Teixeira Artiaga, em reconhecimento ao seu trabalho social no Estado de Goiás e por ser profissional de destaque na área de Cirurgia Plástica; • Troféu PERSONA, 2009, Mulheres Empreendedoras, que representam a sociedade goiana.

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Luiz Fernando Martins CRM - GO 1166 steglitz.martins@gmail.com

Radiocirurgia Estereotáxica

A radiocirurgia estereotáxica tem demonstrado considerável evolução nas últimas décadas. O aperfeiçoamento dos sistemas de informática, o diagnóstico tridimensional das lesões cerebrais, pela ressonância magnética e sua relação com as estruturas anatômicas envolvidas, ao lado da participação de uma equipe multidisciplinar, tornou-a método cirúrgico de escolha no tratamento de determinadas patologias que envolvem o sistema nervoso central.

Foto: Catarina Carraro

O neurocirurgião Luiz Fernando Martins se interessou pelo golfe durante sua especialização em Berlim, Alemanha, mas somente há poucos anos, vem praticando o esporte, que considera ideal para quem busca a paz competitiva, distante dos habituais confrontos. 39


Radiocirurgia Estereotáxica Luiz Fernando Martins CRM - GO 1166

1 - Conte um pouco sobre a história da evolução cirúrgica das doenças cerebrais? Destruir lesões tumorais, vasculares ou estruturas cerebrais funcionais, com mínima morbidade e sem risco de mortalidade, evitando as complicações da craniotomia convencional, continua sendo um desafio para os neurocirurgiões. A descoberta dos raios X e do rádio, no final do século XIX, abriu novas perspectivas para o tratamento de determinadas neoplasias e permitiu a compreensão do mecanismo de ação das radiações ionizantes sobre os diversos tecidos do corpo humano. Como consequência, a introdução dos aparelhos de raios X de ortovoltagem e dos aceleradores lineares ampliaram sensivelmente a perspectiva de vida desses pacientes. O uso de radiações ionizantes no tratamento de determinadas afecções cerebrais, tornou-se possível com as experiências envolvendo as fontes de partículas pesadas emitidas por cíclotron, em 1947. Isso permitiu que em 1949, realizassem hipofisectomias seletivas para o controle da dor intratável do câncer hormôniodependente. Seu alto custo, todavia, limitou e limita este método, como tratamento neurológico de rotina. Mas a introdução da cirurgia estereotáxica, em 1947, viabilizou a abordagem de áreas cerebrais críticas, usando cálculos matemáticos tridimensionais, sem a necessidade de craniotomias convencionais, permitindo o tratamento de síndromes neurológicas funcionais, como as epilepsias, movimentos anormais, transtornos

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psicocomportamentais e dores refratárias. Portanto, se baseando nos princípios da cirurgia estereotáxica e no conhecimento dos mecanismos de ação das radiações sobre o tecido cerebral normal e patológico, Lars Lecksell desenvolveu, em 1950, o conceito de radiocirurgia estereotáxica.As radiações ionizantes não coplanares e estereotáxicas passaram a ser utilizadas no tratamento de distúrbios neurológicos funcionais, principalmente na neuralgia trigeminal, doença de Parkinson e na psicocirurgia. De início foram desenvolvidas fontes de raios X e de partículas pesadas. Em 1968, surgiu uma unidade de radiação gama, emitida por fontes de cobalto 60, denominada Gamma Knife. A radiocirurgia estereotáxica Gamma Knife passou a despertar grande interesse entre os neurocirurgiões pela precisão técnica e pela redução considerável das complicações operatórias.

2 – Nos dias de hoje a radiocirurgia ainda é utilizada da mesma forma? A radiocirurgia estereotáxica tem demonstrado considerável crescimento nas últimas décadas. O aperfeiçoamento dos sistemas de informática, o diagnóstico tridimensional das lesões cerebrais pela ressonância magnética e sua relação com estruturas anatômicas envolvidas, ao lado da participação de uma equipe multidisciplinar, tornou-a método cirúrgico de escolha no tratamento de determinadas patologias que envolvem o sistema nervoso central. Os excelentes resultados operatórios são somados às baixas taxas de morbidade, quando comparados aos métodos cirúrgicos convencionais. Tumores controlados em 95%, malformações vasculares trombosadas em 85%, com morbidade em torno de 3%, são dados estatísticos multicêntricos. Mas foi a partir das experiências de Leckell, que foram introduzidas outras técnicas de radiocirurgia estereotáxica, principalmente usando aceleradores lineares, como fontes de radiação de elétrons (fótons). São os Sistemas Linacs de Radiocirurgia. Seus resultados têm demonstrado serem precisos e com os mesmos índices do sofisticado sistema Gamma Knife, mesmo em lesões próximas ao nervo óptico e em estruturas do tronco cerebral. Sua grande vantagem, além da financeira, é a possibilidade de parcerias com a radioterapia. 3 - Com a radioterapia? Sim, o procedimento radiocirúrgico pode ser feito em uma única sessão ou em sessões fracionadas, que chamamos de radioterapia estereotáxica fraccionada, dependendo da localização, tamanho e forma das lesões. O objetivo é reduzir a dose incidente de radiação sobre as estruturas nobres vizinhas. A proximidade de áreas eloquentes, como a visão e o tronco cerebral, exige fracionamento de doses, para que o tecido cerebral envolvido pela radiação se recupere prontamente, não havendo necessidade de internação hospitalar logo após


o procedimento, sendo possível o retorno às atividades, dependendo do quadro clínico inicial. Com excessão das crianças, todo o procedimento é realizado sob anestesia local, enquanto se instala o sistema estereotáxico, em forma de um anel fixado no crânio.

4 - Qual o poder da radiação ionizante na lesão tumoral? A radiação ionizante é produzida pela aceleração de elétrons produtora de fótons, ou por emissão de radiações gama de fontes de cobalto. Rara é a utilização de partículas pesadas produtoras de nêutrons. A ação das radiações ionizantes sobre o sistema nervoso ou de estruturas tumorais intracranianas conduzem a inatividade do DNA, bloqueando a reprodução celular. Em uma fase tardia, ocorre a oclusão de vasos nutridores. 5 - Se os resultados da radiocirurgia são tão satisfatórios, por que se restringe essa técnica apenas às lesões de difícil localização ou próximas a estruturas nobres? Na última década, ensaios experimentais têm avaliado o uso da radiocirurgia estereotáxica em lesões extracerebrais. Na oftalmologia, por exemplo, os melanomas uveais, a síndrome dolorosa do glaucoma avançado e a neoformação vascular da degeneração macular revelam resultados animadores, quando comparados com o uso da braquiterapia e do laser. Outros sistemas têm sido propostos para aplicação em regiões da coluna vertebral, cavidades torácica e abdominal. Dificuldades técnicas na imobilização do paciente e na determinação seletiva do alvo cirúrgico limitam, ainda, sua introdução como método terapêutico. O que não acontece em áreas

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cerebrais. A Radiocirurgia Estereotáxica tem sido método de rotina de serviços de neurocirurgia, permitindo abordagem de lesões profundas ou de difícil acesso cirúrgico. Indicações principais em tumores benignos e malignos intracerebrais – atualmente, em áreas extracerebrais – e malformações arteriovenosas. Sistemas sofisticados de radiocirurgia têm sido utilizados para o tratamento não invasivo de transtornos comportamentais (depressão e toc), dores faciais da neuralgia trigeminal, determinadas epilepisias e movimentos anormais (tremores e distonias).

6 - Quais são, além do neurocirurgião, os profissionais envolvidos neste tratamento? A radiocirurgia estereotáxica, pelo seu aspecto pouco invasivo, cálculos matemáticos precisos, tratamento ambulatorial, exige a presença de muitos profissionais. A escolha de cada caso é feita por um grupo multidisciplinar que envolve neurologistas, neurorradiologistas, radioterapeutas, físicos, neurocirurgiões e psicólogos. Cada etapa do procedimento exige responsabilidade individual dos membros da equipe e justifica sua complexidade.

Luiz Fernando Martins - Neurocirurgião CRM - GO 1166 steglitz.martins@gmail.com • Formado pela Universidade Federal de Goiás – UFG; • Formação neurocirúrgica, na Universidade de Berlim, Alemanha; • Doutor em medicina pela Universidade de Berlim, Alemanha; • Presidente eleito da Sociedade Latinoamericana de Neurocirurgia Estereotáxica; • Diretor geral do Instituto de Neurologia de Goiânia.

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9 - O que a radiocirurgia representa na evolução dos tratamentos cirúrgicos cerebrais? A radiocirurgia estereotaxica deve ser parte rotineira de todos os serviços de neurocirurgia, permitindo a abordagem de lesões de áreas eloquentes, de tumores de difícil acesso cirúrgico e complemento auxiliar do neurocirurgião convencional. Exige aparelhagem sofisticada, equipe multidisciplinar de indicação e outra de execução do procedimento por ser este, um sistema mais complexo, de uso intra e extracraniano, cálculos tridimensionais de informática, que permitem a determinação total do comprometimento de estruturas vizinhas e suas possíveis complicações. A radiocirurgia estereotaxica representa um avanço tecnológico essencial e indispensável ao exercício pleno da neurocirurgia moderna, que busca resultados adequados e a essência de uma qualidade de vida desejada. Foto: Catarina Carraro

7 - E depois da sessão, como o paciente responde ao tratamento? Existe algum estudo radiológico de controle da doença? O controle cirúrgico é realizado periodicamente, com auxilio da ressonância magnética para avaliação da resposta actínica. Raramente se utiliza medicação complementar, com exceção de casos de crises convulsivas, edema reacional, mas, mesmo assim, é por tempo limitado. As respostas da radiocirurgia, em relação às lesões tratadas dependem do componente citopatológico e estrutural. Podemos observar desaparecimento total da lesão, sua diminuição ou parada de crescimento. Aquelas lesões não capsuladas, como as metástases, mostram um desaparecimento total nas imagens radiológicas. Aquelas capsuladas, evoluem com diminuição de volume e/ou parada total de crescimento.

8 - E quanto aos riscos e complicações deste tratamento? As complicações da radiocirurgia dependem especificamente do caráter da lesão tumoral ou vascular. A sensibilidade às radiações actinicas, subjetivas, constituem fator fundamental e que não podem ser medidas a priori. Estatísticas mundiais revelam uma taxa de complicações transitórias e definitivas de 3 a 5%, dependendo da localização das lesões, que variam entre edema focal, desmielinização e necrose tecidual. Outras implicações surgem como dores de cabeça, vertigens e crises convulsivas.


Ortodontia Regis Antônio de Souza Pereira CRO - GO 2994

Muito além da aparência, ter dentes corretamente alinhados é questão de saúde e de qualidade de vida. Mas para isso, o ortodontista Regis Antônio de Souza Pereira alerta que é preciso adquirir hábitos saudáveis, a partir dos primeiros anos de vida. “A origem dos problemas ortodônticos pode estar na má formação genética ou nos hábitos que adquirimos ao longo da vida. Para ter uma boa aparência bucal, livre de cáries e da mordida fora do normal, o ideal é adquirir hábitos saudáveis desde os primeiros anos de vida. Ainda na primeira infância, a amamentação é fundamental. Outro ponto relacionado a deformidades ortodônticas, logo nos primeiros anos de vida, é o uso prolongado da chupeta ou a sucção dos dedos, geralmente por mais de três anos. Em algumas crianças, esses são hábitos difíceis de se corrigir, mas uma ajuda profissional pode resolver o problema. Ao crescermos, são os alimentos fibrosos e o uso correto da mastigação, que complementam os primeiros passos que garantem a harmonia dentária. Já ensinava Mahatma Gandhi, deve-se beber o sólido e mastigar o líquido. Para ter uma face perfeita, tanto na função quanto na estética deve-se levar em conta a fala correta, a respiração nasal e a mastigação bilateral. Essas correções são necessárias, para chegarmos ao melhor padrão ortodôntico. Muitos pacientes adultos se queixam de cefaléias, que são provenientes da má oclusão dental. Até mesmo um estilo de vida estressante pode levar a essas má oclusões. É o que acontece na Síndrome de Articulação Têmporo Mandibular, A.T.M. São dores provocadas por um esforço excessivo e frequente da musculatura de fechamento da boca. Geralmente, este é um ato inconsciente, essas pessoas apertam os dentes, em um arco reflexo repetitivo, em momentos de tensão e de ansiedade. A Síndrome de A.T.M. provoca dores nas têmporas masseter (região entre o final das sobrancelhas e os ouvidos) e, por isso, podem ser confundidas com otite. As dores provocadas pela A.T.M. são frequentes e podem se tornar crônicas, quando a tensão muscular não é aliviada. Em alguns casos, as dores são refletidas em outras regiões da cabeça, do pescoço e dos ombros. A má oclusão dos dentes, além de levar aos incômodos sintomas da A.T.M., pode trazer problemas gengivais, com a perda prematura de dentes; laterognastimo (condição em que há assimetria facial, em que um lado da face fica maior do que o outro); prognatismo e retroprognatismo (aumento e diminuição do tamanho do maxilar); dificuldades de higienização; traumas oclusais e muitos outros transtornos. Até a longevidade dos tratamentos reabilitadores, que envolvem implantes, pode ser abreviada, quando existem problemas ortodônticos. Mas há de se observar se as anomalias oclusais estão além dos tratamentos

ortodônticos. São casos de crescimento ósseo, por exemplo, em que o problema está localizado nos ossos da face, da maxila e da mandíbula. A tentativa de corrigir as deformidades esqueléticas somente com o uso de aparelhos ortodônticos não é o correto. Esses são casos que exigem a interferência do especialista cirurgião buco-maxilo-facial para realização de cirurgias locais. Por isso um plano de tratamento ortodôntico adequado é aconselhado, já que a parte mais importante do processo ortodôntico não é a simples colocação dos aparelhos, mas um planejamento bem feito e a longo prazo, que permita ao paciente usufruir ao máximo do benefício do tratamento. É necessário lembrar que tratamentos ortodônticos inadequados podem prejudicar os dentes e significar danos irreparáveis aos ossos que os envolvem (ossos da face - alveolar) e à gengiva. Cautela e bom planejamento ortodôntico, principalmente em adultos, são fundamentais para um resultado perfeito. O tratamento ortodôntico é aconselhado sempre que se fizer necessário e não há necessidade de inquietações. A medicina odontológica evoluiu para evitar desconfortos e preocupações. A higienização, os transtornos gengivais, as manchas brancas, ou mesmo as cáries dentárias relacionadas ao uso de aparelhos ortodônticos são resolvidos facilmente. Hoje, temos à nossa disposição um arsenal de equipamentos, como escovas, fios, passa fios dentais, bochechos e jatos de higienização que são indicados até mesmo para pacientes com muita sensibilidade dentária. O bom planejamento e execução de um tratamento ortodôntico, paralelo ao uso correto desses produtos e equipamentos de higiene, terão como resultado a correta oclusão bucal. O paciente ainda é beneficiado com o controle do hálito e com a diminuição dos sinais de bruxismo.”

Regis Antonio de Sousa Pereira CRO - GO 2994 orto.biolkino@hotmail.com • Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial dos Maxilares (USP); • Curso no ROTH – WILLIANS CENTER; • Curso de Disfunção da A.T.M e dores orafaciais (EPM – UNIFESP); • Sócio fundador da ABOR – GO.

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Ronco e Apneia do Sono Fernanda Bugalho Duarte CRM - GO 6904

O ronco pode ser considerado normal em boa parte dos roncadores. Mas para outros, o que seria apenas um desagradável incômodo, principalmente para quem está por perto, pode se tornar um problema de saúde, se, durante o sono, houver pausas respiratórias ao ponto de interferir na oxigenação cerebral, as chamadas apneias respiratórias. A Apneia Obstrutiva do Sono é um dos assuntos da Otorrinolaringologista Fernanda Bugalho Duarte. Nesse artigo, ela explica as complicações de um roncador grave e os caminhos para abrir a passagem do ar. “Muitos motivos levam uma pessoa a roncar: idade; obesidade; alterações faciais; alterações da anatomia da via aérea superior (do nariz até as cordas vocais), que podem vir das amígdalas e das adenóides, quando estão aumentadas; da hipertrofia dos cornetos; de pólipos nasais; de um desvio do septo; da língua volumosa, enfim, o ronco se manifesta quando algo obstrui a passagem do ar. Na verdade, o ronco é fruto de uma garganta flácida, em que a musculatura cede e encosta um lado no outro, provocando uma vibração, que é o ruído do ronco. Isso não é uma doença, porém o ronco é um precursor da apneia do sono e a apneia sim, é uma doença que se manifesta quando ocorrem paradas respiratórias, de forma repetida e temporária durante o sono. Milhões de pessoas no mundo sofrem desse mal. Nos casos severos, o indivíduo tem acima de 30 paradas respiratórias por hora, (podendo ter até 600 episódios obstrutivos por noite), reduzindo de forma severa o nível de oxigênio no sangue. O coração tem que bombear mais forte para que o sangue circule mais rápido. Depois de alguns anos, o quadro evolui para um aumento da pressão arterial e dilatação cardíaca, além de aumento do peso corporal e maior incidência de diabetes, maior risco de infarto do miocárdio e de acidentes vasculares cerebrais (derrames). A pessoa dorme mal, porque o sono é entrecortado durante toda a noite. O cérebro percebe a falta de oxigenação, acionando mecanismos que funcionam como um despertador, para que a respiração possa ser retomada. No dia seguinte, o apneico está cansado e sofrendo as consequências das noites mal dormidas, cansaço e sonolência diurna.

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Dependendo do grau de apneia, há prejuízo de memória, alteração da personalidade, com relatos de surtos de ansiedade e até depressão. O paciente ainda se queixa de ter cefaleias, náuseas matinais, dificuldades de ereção e ejaculação, enurese noturna, pesadelos, sonambulismo entre outros sintomas. É preciso procurar um otorrinolaringologista. Apneia do sono não diagnosticada e sem tratamento pode levar a sérias complicações de saúde, como: hipertensão, arritmias cardíacas, refluxo gastroesofágico, uma vez que durante as paradas respiratórias, ocorre um aumento da pressão intratorácica, com riscos de morte súbita. A endoscopia das vias aéreas superiores é um exame fundamental para uma avaliação completa de todo o caminho que o ar percorre antes de entrar na traqueia, podendo diagnosticar o que está provocando a obstrução da passagem do ar. A polissonografia é um método que avalia a qualidade do sono, registrando todas as variáveis fisiológicas durante a noite, como os movimentos torácicos e abdominais, o volume de ar corrente, a saturação de oxigênio no sangue e a ocorrência de apneias durante o sono. Com esses dados temos o índice de gravidade da apneia e o diagnóstico do ponto obstrutivo e partimos


para o tratamento. Medidas como dormir de lado, evitando a posição da barriga para cima; combater a obesidade; bem como fazer exercícios físicos regularmente; além de ter uma dieta noturna com fácil digestão; evitar o fumo, bebidas alcoólicas e o uso de calmantes; manter o nariz limpo e livre de secreções são parte de um tratamento clínico que pode amenizar o quadro do ronco e da apneia. Quando o paciente é um roncador de grau leve a moderado, podese experimentar usar aparelhos intraorais para reposição da mandíbula. Existem dispositivos, como o CPAP e BPAP, que são máscaras ventilatórias, que mantêm uma pressão contínua sobre as vias aéreas, evitando a obstrução do ar e próteses orais que evitam a queda da língua e que as paredes da garganta se encostem facilitando a entrada de ar, geralmente são utilizados nos casos mais severos de apneia do sono . O tratamento cirúrgico está indicado para casos de roncopatia isolada, assim como para os casos leves e moderados de apneia do sono, quando é necessário corrigir alterações nasais como desvios septais, cornetos nasais aumentados, retirada de pólipos nasais, retirada de adenóides ou amigdalas muito aumentadas ou quando é necessário ajustar os tecidos moles da garganta, ampliando a via respiratória e promovendo uma maior passagem do ar pela via aérea superior, reduzindo a sua vibração . Neste procedimento, chamado de Úvulo-palatofaringoplastia realiza-se a retirada das amígdalas e faz-se

o remodelamento das partes moles da garganta onde se pode empregar a técnica com instrumentos convencionais ou utilizar a radiofrequência ou até mesmo o laser. A anestesia é geral e o pós-operatório é muito mais tranquilo do que há alguns anos. De sete a dez dias, o paciente está liberado a voltar às suas atividades diárias, tendo apenas o cuidado de usar a voz moderadamente. O resultado da diminuição do ronco e da apneia são notados após cerca de 60 a 90 dias de pós-operatório, com índice de sucesso em até 80 % dos casos, quando a indicação é correta. Na grande maioria dos casos, como existem várias causas de ronco e de apneia, os métodos terapêuticos podem ser associados às medidas de higiene do sono, ao emagrecimento, a um tratamento cirúrgico do nariz e da garganta e com medidas que melhoram o tônus muscular, como a realização de atividade física regular e o uso de aparelho intraoral, nos garantem maiores chances de sucesso absoluto. A avaliação detalhada de cada caso que é de extrema valia para se escolher o tratamento que será realizado.’’

Fernanda Bugalho Duarte - Otorrinolaringologista CRM - GO 6904 fernanda.bugalho@gmail.com www.hospitalunique com.br

• Otorrinolaringologista com formação e residência médica na Universidade Federal de Uberlândia; • Trabalha há 17 anos em Goiânia como Otorrinolaringologista; • Foi chefe do Serviço de Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia nos anos de 1999 e 2000.

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Artrite Reumatóide Fábia Mara Gonçalves Prates de Oliveira CRM – GO 5827

A Artrite Reumatóide é uma doença evolutiva. A inflamação da membrana sinovial é a sua característica principal e é a responsável pela dor e destruição articular, causando deformidades, erosões e perda progressiva de movimentos, comprometendo as funções diárias. Quanto mais cedo se bloqueia a doença, menos prejuízo e melhor qualidade de vida a pessoa vai ter. Entenda sobre a vulnerabilidade das nossas articulações, com a reumatologista Fábia Mara Gonçalves Prates de Oliveira.

“A artrite reumatóide é uma doença crônica, grave e debilitante que provoca inflamação das articulações, envolvendo a membrana sinovial, que é responsável pela proteção, nutrição e deslizamento da cartilagem. Não se sabe exatamente o que desencadeia esta inflamação, mas este é um exemplo clássico de uma doença autoimune, em que o sistema imunológico, que produz os anticorpos para nossa defesa contra doenças virais, bacterianas ou mesmo as doenças que vão surgindo ao longo da vida; começa a produzir anticorpos que agridem o nosso próprio corpo. As células de defesa passam a funcionar Mão normal desordenadamente e agridem outras células do próprio organismo, ao invés de protegê-lo. Mas é preciso que haja predisposição genética para o funcionamento inadequado do sistema autoimune. Associado a isso, qualquer fator agressivo externo, como estresse, bactérias ou vírus pode ser o gatilho desta doença, que atinge várias articulações ao mesmo tempo, mas os locais de mais prevalência são as mãos e os punhos e, posteriormente, os pés, os joelhos, os tornozelos e os quadris. Normalmente os dois lados são atingidos de forma simétrica e simultânea. Esta doença tem caráter de progressão lenta e crônica, mas a primeira manifestação da artrite já pode ser aguda. Fadiga, febre baixa, fraqueza, dificuldade de movimento acompanham a dor articular. Em alguns pacientes as articulações das mãos ficam tão inchadas que há dificuldade nas tarefas mais simples, como pegar objetos ou escovar os dentes. Essa limitação de movimentos pode acontecer antes mesmo de ocorrer uma erosão. Além disso, a dor é forte e se

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manifesta rapidamente. O paciente procura o médico porque se sente muito incomodado. Apenas o exame clínico pode ser suficiente para definir o diagnóstico. O exame de Raios-X mostra o tamanho da erosão e o quanto perdemos tempo no tratamento. O ideal é que se faça um diagnóstico o mais precoce possível, porque as lesões nas cartilagens e ossos são irreversíveis. Por isso, ao menor sinal de articulação inchada, dolorida, aquecida e avermelhada pelo calor e inflamação do local, procure um reumatologista. Há uma incidência alta da doença em adultos com idade em torno dos 45 anos, mas a incidência Mão com artrite reumatóide mostra também um crescimento do número de casos em pessoas na faixa etária dos 20 anos. Nas crianças, se manifesta como artrite crônica da infância (ou juvenil) e com o tempo a doença pode evoluir para artrite reumatóide ou espondiloartropatia. Algum fator externo, como uma infecção ou um distúrbio emocional, também dispara o gatilho para qualquer uma das doenças autoimunes nas crianças ou adolescentes que têm predisposição genética. A artrite reumatóide é uma doença complexa e, por ser progressiva, crônica e incapacitante, deve ter sua evolução bloqueada para evitar sequelas. Ainda não se fala em cura, mas existem bons medicamentos que cumprem a função de bloquear a progressão da doença. O tratamento da artrite reumatóide envolve basicamente o uso de anti-inflamatórios, corticosteróides e as drogas modificadoras da doença. Os anti-inflamatórios têm a função de melhorar os sintomas até que as drogas modificadoras da doença, que têm ação


lenta, estejam agindo. Por isso se faz a medicação associada. É importante lembrar que se esses medicamentos forem usados inadvertidamente, os prejuízos podem ser desde uma gastrite até uma úlcera ou graves problemas renais. Os antiinflamatórios atuam na dor aguda, mas têm de ser usados na dosagem e no tempo certos. Os corticosteróides cumprem as duas funções: agem nos sintomas e têm efeito modificador da doença, retardando discretamente a evolução do mal. A dosagem deve ser de acordo com a evolução do tratamento. O paciente deve ter constante acompanhamento médico para que a doença esteja sempre sob avaliação. Ele deve sentir alguns efeitos adversos, como retenção líquida e, consequentemente, a sensação de inchaço, com aumento de peso e surgimento de pêlos, porque corticóides são um anti-inflamatório hormonal. Usados de maneira correta são um excelente medicamento; usados de maneira errada causam muitos efeitos colaterais e danosos, como um potente veneno. Seu uso prolongado merece complemento nutricional, com reposição de cálcio, dieta balanceada e atividade física, dentro das necessidades de cada paciente. Das drogas consideradas modificadoras da doença, uma outra medicação, o metrotexate, é considerada o padrão ouro no tratamento da artrite reumatóide. De ação imunossupressora, essa droga detém a formação do fator reumatóide, que é o anticorpo que agride a membrana sinovial, mas pode interferir nas células de defesa do corpo, se usado inadequadamente. Por isso, é muito importante que a medicação seja bem indicada, respeitando o grau de evolução da doença e a tolerância do paciente. Existem outras drogas modificadoras da doença, ou seja, que interferem na sua progressão, algumas consideradas imunomoduladoras e outras imunossupressoras. Existem atualmente medicamentos que atuam em sinais intracelulares, os chamados medicamentos biológicos, com os anti_TNF α, anti CD20 e outros. Eles promovem um bloqueio da doença (do sistema autoimune), agindo mais precocemente e de forma bem ativa, bloqueando o anticorpo antes de ele se transformar em um inimigo. Esses medicamentos são mais potentes (também são modificadores da doença), mas têm efeitos colaterais, assim como todos os outros medicamentos, pois interferem no sistema imune e devem ter acompanhamento constante do médico. O controle e a eficácia da medicação são determinados por exames clínicos e laboratoriais, adequando dose e tempo de uso a cada indivíduo. A artrite reumatóide precisa ser bloqueada, alguns pacientes tratam apenas os sintomas e, quando percebem, já houve perda de movimento, com erosão. Essa doença está em constante evolução. Se tem dor, é preciso saber o porquê e tratar corretamente, evitando as sequelas, que são, na maioria, irreversíveis na artrite reumatóide”.

Fábia Mara Gonçalves Prates de Oliveira - Reumatologista CRM – GO 5827 cir.ambar_fm@gmail.com • Formada pela Universidade Federal de Goiás; • Especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia e Associação Médica Brasileira; • Chefe da seção de Reumatologia do Hospital Geral de Goiânia; • Ex-Presidente da Sociedade Goiana de Reumatologia.

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Lipoaspiração Thiago Machado CRM - GO 9386

Milhares de brasileiros encaram a lipoaspiração em busca da forma física perfeita. Mas é preciso entender que este não é um método de emagrecimento, mas uma intervenção cirúrgica que retira apenas a gordura acumulada, refazendo os contornos do corpo. E por se tratar de uma cirurgia, todos os cuidados, da escolha do cirurgião ao hospital, devem ser tomados para um resultado perfeito. Quem esclarece é o cirurgião plástico Thiago Machado. “Há três décadas, a lipoescultura vem promovendo mudanças físicas significativas em quem tem aquele tipo de gordura difícil de ser corrigida apenas com exercício físico e dieta. É possível esculpir um corpo e deixá-lo com medidas próximas da perfeição, mas isso demanda um certo esforço, como estar próximo do peso ideal, ter um programa de atividades físicas, com exercícios aeróbicos e musculação, mesmo antes da cirurgia e aprender a comer bem, cortando alimentos calóricos, adquirindo novo estilo de vida. Esse é o caminho para o sucesso. O próximo passo é escolher com atenção um profissional

habilidoso, que seja especialista e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – SBCP. Para isso, ele deve ter cursado cinco anos de residência médica, sendo dois deles em Cirurgia Geral e três em Cirurgia Plástica. Os avanços das técnicas utilizadas na lipoaspiração trouxeram novos métodos e instrumentos, garantindo mais segurança no procedimento e um resultado bem satisfatório, com menos trauma cirúrgico. As cânulas foram afinando, o procedimento tornando-se mais delicado, possibilitando resultados com menos irregularidades, nodulações e hematomas. É importante explicar ao paciente que não se pode tirar toda a gordura local, existe um limite de retirada de até 5% do peso corporal em litros de gordura por procedimento. Além disso, para um aspecto homogêneo e livre de ondulações, parte da gordura deve permanecer no local. Ela terá uma função modeladora, evitando os relevos e as sequelas dos exageros. A gordura retirada pode ser aproveitada em áreas com flacidez e depressão e dessa forma vai-se esculpindo o corpo, retira-se daqui, injeta-se ali. O efeito é um corpo mais atraente e sensual. Dentre as técnicas atuais, a vibrolipoaspiração representa uma grande evolução na forma de aspirar a gordura, uma vez que, os mecanismos vibratórios das cânulas diminuem o trauma no tecido gorduroso, com menor sangramento. Consequentemente, o paciente sente menos dor no pós-operatório e tem recuperação mais rápida. O tipo de anestesia depende muito do volume de gordura que será retirada. Geralmente, quando é aspirado menos de um litro de gordura, a anestesia é local e o paciente pode ir para casa no mesmo dia. Áreas com maior volume de gordura têm indicação de anestesia peridural ou até mesmo anestesia geral, mas sempre a escolha é feita junto com o médico anestesiologista.


contorno corporal através da lipoaspiração.

Complicações consideradas graves, não são comuns e raramente acontecem em pacientes sadios. Na consulta prévia, é importante checar se o paciente toma algum medicamento que seja incompatível com a cirurgia, como por exemplo, a aspirina, que pode aumentar o sangramento durante o procedimento. Exames laboratoriais, avaliação cardiológica e pré-anestésica são imprescindíveis antes de partir para o ato cirúrgico. É necessário checar se o paciente tem pressão alta, diabetes ou qualquer outro problema que interfira na circulação do tecido da pele. Pacientes fumantes têm menor quantidade de oxigênio irrigando a pele, por isso é recomendado deixar uma camada maior de gordura para nutrir a pele e fica proibido fumar durante a semana do procedimento. O tempo cirúrgico varia de acordo com a quantidade de gordura retirada e, como as cânulas atuais têm calibre bem estreito, normalmente se gasta mais tempo cirúrgico do que há 25 anos, mas o procedimento dura em torno de duas a quatro horas. Um outro fato que tem chamado a atenção é o número crescente de homens que têm buscado um novo Thiago Machado - Cirurgião Plástico CRM - GO 9386 dr.thiagomachado@hotmail.com • Especialista em Cirurgia Plástica; • Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

E para os homens, já que a cada dia que passa temos realizado mais cirurgias no sexo masculino, uma boa notícia: a distribuição de gordura corporal no homem é diferente das mulheres, que fica acumulada principalmente nas regiões das nádegas e dos culotes. Nos homens, a gordura é mais distribuída e bem mais fácil de ser eliminada com dieta e atividade física. Neles, a resposta é muito boa, principalmente se as áreas a serem tratadas são a cintura (“pneuzinhos”), abdome, mamas e submento (“papada”). Mas para aqueles que têm gordura visceral, aquela do tipo “barriga de chopp”, a lipoaspiração não é uma boa indicação. A gordura visceral se situa dentro do abdome, entre um órgão e outro. Para eliminá-la, só mesmo dieta e atividade física. A lipoaspiração retira apenas a gordura que está abaixo da pele. O paciente deve perder peso e, depois, se houver alguma queixa de gordura acumulada, esta poderá ser aspirada, com resutados excelentes. Em cerca de duas semanas, já é possível vislumbrar o desenho do novo corpo e em seis meses, se o paciente manter a dieta e a prática de atividade física, chega-se ao resultado esperado.”



Cirurgia Pediátrica

CRM - GO 6982 edward@doctor.com dredward@uol.com.br www.cirurgia-pediatrica.com

Usando delicadeza, amor, inteligência, habilidade, competência, material adequado e suturas finas, pode-se corrigir problemas de malformação em crianças recém-nascidas.

Edward Esteves

Edward Esteves gosta de viajar e conhecer o mundo. Aqui, ele estava no Havaí, na subida até à cratera do vulcão Haleakala, a 3100 metros de altitude, na ilha de Maui, após participar, como conferencista e representante do Brasil, no Congresso Mundial de Videocirurgia Pediátrica. 51


Cirurgia Pediátrica Edward Esteves CRM - GO 6982

1 - A cirurgia pediátrica exige longa residência de 5 anos, sendo 2 anos de cirurgia geral e 3 anos exclusivos de cirurgia pediátrica. Mesmo assim, vemos com frequência médicos especialistas em adultos operando crianças. Na sua opinião, qual a diferença entre a cirurgia em adultos e em crianças? Tudo nas crianças é diferente, elas são seres extremamente delicados e é preciso ter formação específica, além de extrema habilidade, vivência, conhecimento atualizado das técnicas e da fisiologia infantil. Em uma cirurgia pediátrica, o manejo é diferente, os instrumentos cirúrgicos são menores e bem específicos, a dosagem de medicamentos é outra e a anestesia é sempre geral. O tempo maior de residência, principalmente os últimos 3 anos, quando nos dedicamos totalmente às doenças cirúrgicas na criança, são necessários para tornar o especialista completo, preparado para atuar em cirurgias: neonatal, digestiva, urológica, cabeça e pescoço, torácica, tumores (oncologia), genital, trauma, algumas plásticas, usando a cirurgia convencional aberta ou a videocirurgia, a partir do feto até o adolescente ou adulto jovem. Por isso, não é recomendado aos cirurgiões de adultos operarem crianças, quando há cirurgiões pediátricos especializados na região. 2 - Por falar em videocirurgia, há mais de 15 anos, o seu nome é referência no assunto, seja nos congressos médicos ou nas revistas científicas nacionais e internacionais, pelo número de casos operados e por estar sempre apresentando novas técnicas e desenvolvendo outras. Fale um pouco sobre as cirurgias infantis através do vídeo? A videocirurgia é uma grande evolução da cirurgia convencional, pois permite ao cirurgião visualizar as estruturas internas em detalhes, com muita precisão, boa iluminação

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e imagem ampliada e manipular a lesão com as mãos fora do paciente. No lugar dos grandes cortes, fazemos um ou mais pequenos orifícios, que medem de 1 a 10 milímentros para introduzir finos instrumentos, chamados de trocartes (finos canudos). Pois bem, por dentro de um trocarte central passa um aparelho com fibra óptica (no abdome, chamado laparoscópio), que ilumina, captura a imagem e é conectada a uma microcâmera que filma a cirurgia. Pelos outros trocartes passam os outros instrumentos, como tesouras, pinças de vários tipos, afastadores, cautério, aplicadores de suturas, grampos e outros, que chegam até onde o cirurgião deseja operar. A videocirurgia mudou o padrão de abordagem cirúrgica. Isso significa menor trauma dos tecidos, da pele, dos músculos e dos nervos, uma vez que as incisões e a manipulação das cavidades da criança são mínimas e não há possibilidade de esquecimento de compressas ou pinças dentro do abdome ou tórax. Em algumas cirurgias, como apendicite, vesícula, biópsias, testículos abdominais, hérnias, varicocele, ovários e outras, podemos usar apenas um tubo, que seria um único portal por onde passam a microcâmera e até 4 instrumentos para a cirurgia. Além de expor a criança a um trauma bem menor, esteticamente a cicatriz fica escondida dentro do umbigo. Além disso, a videocirurgia pode ser gravada com detalhes, para documentação, revisão antes de uma nova cirurgia, ensino didático e até teleconferências ao vivo.

3 - Quais são as doenças que recebem maior benefício de tratamento, com a videocirurgia? A videocirurgia pediátrica está indicada para praticamente todas as doenças cirúrgicas dentro de cavidades, como abdome e tórax, em qualquer criança, de qualquer idade, até mesmo nos recém-nascidos prematuros, a partir de 1 quilo. Como os furinhos são mínimos, a videocirurgia oferece menos riscos que os grandes cortes de uma cirurgia aberta, que podem ser reabertos em um movimento mais brusco, causando saída de vísceras ou hérnia pós-cirúrgica. A criança sente menos dor, toma menos analgésicos, tem menor sangramento, faz menos transfusões, menos suturas e tem mais conforto pós-operatório, voltando mais rapidamente à sua rotina. É importante salientar que, se há menor exposição e abrasão manual dos órgãos, há menor risco de infecções e menos cicatrizes internas, causadoras de aderências e bridas (possibilidade de obstrução de intestino, com evolução para um abdome agudo, com necessidade de cirurgia e risco de morte, ou oclusão de trompas, causando infertilidade). 4 - Como corrigir problemas de malformação em crianças que acabaram de nascer, sendo muitas delas prematuras? Usando delicadeza, amor, inteligência, habilidade, competência, material adequado e suturas finas. Mas para a boa evolução de um quadro pós-operatório, é fundamental um bom hospital com equipe multiprofissional em pediatria neonatal. 5 - Até mesmo antes do nascimento, o feto pode sofrer alguma intervenção cirúrgica?


Cirurgia Aberta: Aspecto da operação convencional (aberta) para refluxo gastroesofágico

Cirurgia Vídeo: aspecto da operação por video, com somente 2 microcicatrizes quase invisíveis dos furinhos.

Sim, depois que é feito o diagnóstico pré-natal de algumas doenças especiais no feto, o cirurgião pediátrico, com a colaboração de obstetras e radiologistas, pode realizar algum procedimento paliativo (como uma sondagem), ou mesmo cirurgia curativa. São poucas as doenças que não podem ser tratadas ou removidas bem antes do nascimento do bebê, para que ele tenha um desenvolvimento uterino mais saudável e sobreviva e para evitar que ele venha ao mundo em estado mais grave, além de conseguirmos manter a gravidez até a época ideal de nascimento. Mas a realização destas cirurgias fetais depende de moderna estrutura, normas éticas específicas, muitas são experimentais e ainda de pouca aplicação no Brasil, principalmente as videocirurgias fetais.

resultados quando o problema é: apendicite; refluxo gastroesofágico; cálculos de vesícula; cisto de colédoco; atresia biliar; remoção total ou parcial do baço (doenças do sangue, tumores, cistos, trauma); dor abdominal que precisa ser esclarecida; remoção ou reparações intestinais (obstruções, malrotação, divertículo de Meckel, duplicações intestinais, sangramentos, perfurações, etc); ausência de reto e ânus; substituição de esôfago por estômago ou intestino; biópsias ou retirada de tumores; testículos não-descidos; varicocele; diálise peritoneal (insuficiência renal); drenagem de hidrocefalia e suas complicações (na implantação de sonda, que vai do cérebro ao abdome, para drenar o líquor); doenças do Epiplon, do diafragma, pâncreas, rins, ureteres, bexiga, ovários, útero; construção de nova vagina; incontinências fecal e urinária; cálculos renais; retirada de suprarrenal (tumores); tumores pequenos de fígado; cirurgia bariátrica no adolescente; hérnias inguinais, incisionais, femorais, e outras. E quando o procedimento é no tórax, a videocirurgia ainda tem especial vantagem, com excelente indicação na atresia do esôfago no recém-nascido, esôfago lesionado por ingestão de soda ou ácido; quando há duplicação esofágica; perfurações; quando é necessário remover parte ou todo pulmão (malformações, tumores, cistos, necrose póspneumonia); limpeza e organização pleural pós-pneumonia

6 - É verdade que o trauma é a causa número 1 de morte entre crianças e adolescentes? Que situações críticas o senhor já enfrentou envolvendo lesões traumáticas? Os adolescentes e adultos jovens já passaram pelo período de maior ocorrência das doenças congênitas, infecções e tumores, poderiam ser sadios se não fosse a exposição aos traumatismos e violências do mundo civilizado. Esta é uma realidade em todas as idades, como nos recémnascidos, vítimas de traumatismos no parto, muitas vezes causados por lacerações e fraturas por tração, fórceps ou acidentes em cesariana; crianças que são atropeladas ou sofrem acidentes no trânsito; que passam por abusos de toda ordem; que têm os dedos decepados por cerol e são mordidas por cães; que sofrem acidentes com objetos cortantes e penetrantes e até aquelas que ingerem soda cáustica e que precisam fazer a substituição do esôfago destruído, em uma técnica incrível sem cortes no tórax ou no abdome, com somente 3 furinhos usados na videocirurgia. 7 - Pelo o que se vê, não justifica mais abrir o abdome ou o tórax de uma criança ou adolescente, quando é possível fazer a intervenção cirúrgica por vídeo? É verdade, a videocirurgia encontra excelentes

Adolescente com peito escavado complexo (foto esquerda), corrigido por videocirurgia, sem cortes no osso, nas cartilagens e na frente do peito (foto direita).

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grave; peito escavado (pectus excavatum); peito de pombo (pectus carinatum); tumores de mediastino (várias origens) e ligadura de canal arterial persistente (PCA). Com os 2 ou 3 microfuros entre as costelas, o videocirurgião pode tratar a lesão. A criança sofre pouquíssima dor, não tem limitação respiratória, os pulmões são preservados (quando a cirurgia não é pulmonar), usualmente não é necessária a UTI, a mortalidade é menor, a internação reduzida e a estética é muito melhor. A cirurgia convencional é agressiva. As incisões, separando costelas, causam muita dor, sendo um pósoperatório desconfortável para a criança, limitando a respiração, sobretudo naquelas que têm menos de um ano de idade e que ainda têm os pulmões pequenos. Nessas cirurgias abertas no tórax, há necessidade de comprimir os pulmões manualmente. Isso pode causar congestão e edema pulmonar e ainda aderências. Além disso, elas podem ter nervos e vasos intercostais lesados, com neuralgia ou paralisias persistentes, deformidades de costelas e vértebras, cicatrizes aparentes e até grosseiras.

Viagem de Edward Esteves a Machu Picchu, Peru, depois de participar como conferencista convidado estrangeiro do Congresso Peruano de Cirurgia Pediátrica.

Edward Esteves - Cirurgião Pediátrico CRM - GO 6982 edward@doctor.com dredward@uol.com.br www.cirurgia-pediatrica.com • Residência e Mestrado na Universidade Federal de São Paulo, e atual Doutoramento na UFG; • Cirurgião Pediátrico, Sócio e Titular da Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica; • Professor e Chefe do Serviço de Cirurgia Pediátrica e Preceptor da Residência Médica da Faculdade de Medicina na Universidade Federal de Goiás; • Sócio das Sociedades Brasileira de Videocirurgia (SOBRACIL), Pediatria (SBP) e Oncologia Pediátrica (SOBOPE); • Membro Titular, Representante do Brasil e Membro do Comitê de Pesquisa Científica na Sociedade Internacional de Endocirurgia Pediátrica (IPEG); • Fellow do Colégio Internacional de Cirurgiões e da Academia Americana de Pediatria - Seção Cirurgia Pediátrica;

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Como se vê, a lista de indicações para a videocirurgia é enorme. Este é o caminho menos invasivo no tratamento infanto-juvenil. O tempo cirúrgico é de cerca de 15 a 20 minutos, em uma vesícula e até 45 minutos, em um refluxo gastroesofágico, sendo a recuperação muito rápida.

8 - E quanto às contraindicações e riscos de complicações? A vídeocirurgia infantil está contra indicada nos casos de hipovolenia (choque) não corrigida; hiperinsuflação pulmonar, como sequela de broncodisplatia ou outros problemas pulmonares que levem a hipóxia grave; anormalidades cardíacas ou de grandes vasos com ou sem desvio, de possibilidade de insuficência hemodinâmica. E tem contraindicações relativas, como hipertensão intracraniana e em lactentes pré-termos com baixo peso. Quanto aos riscos de complicação, como em qualquer procedimento cirúrgico, as videocirurgias também têm suas complicações, que podem ser graves. É por isso que o cirurgião por video precisa ser muito experiente e habilidoso. A imperícia e a negligência predispõem ao uso inadequado dos instrumentos e à incapacidade de detectar ou corrigir uma lesão. Mas é certo que, quanto maior o tempo da curva de aprendizagem da videocirurgia, mais procedimentos complexos o cirurgião consegue fazer.

• Cirurgião Oncológico Coordenador Pediátrico do Hospital do Câncer Araújo Jorge; • Cirurgia e Urologia Pediátrica nos Hospitais Santa Helena, Amparo, Maternidade Amparo, Instituto Goiano de Pediatria (IGOPE), Hospital Santa Bárbara, Jardim América, Oftalmocenter e Regional de Santa Maria - DF; • Professor Convidado na Universidade Federal de Uberlândia, Unesp (S. José do Rio Preto) e Federal de Juiz de Fora; • Secretário Geral da Associação Goiana de Cirurgia Pediátrica e 2º Secretário da Associação Goiana de Pediatria; • Coordenador e Docente do Curso Avançado Anual de Videocirurgia Pediátrica, creditado pela Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica; • Criador e desenvolvedor de várias técnicas cirúrgicas inéditas, sendo algumas de alta importância na cirurgia pediátrica, como videocirurgia para atresia biliar, derivações bileo-digestivas, substituição esofágica, megacolon, bezoares, obstruções urinárias, tumores, alguns tipos de peito escavado, etc; • Autor de 6 capítulos em 4 livros de Medicina e de dezenas de artigos científicos em revistas nacionais e internacionais; • Apresentação e publicação de trabalhos científicos nos congressos nacionais e internacionais; • Dezenas de Conferências e Palestras em Congressos, simpósios e Cursos em todo o Brasil e vários países ; • Vários prêmios de melhor trabalho e inovações cirúrgicas em Pediatria.


Wladimir Gonçalves CRM-GO 6518 wladiangio@hotmail.com

Varizes de Membros Inferiores

Desde o primeiro mergulho, o angiologista Wladimir Gonçalves nunca mais se esqueceu das cenas de um mundo de cores impressionantes e sinergia perfeita, tendo o silêncio, como pano de fundo. Sempre que pode, ele pega seu equipamento e parte para essa emoção submersa. Volta revigorado e pronto para mais uma jornada de trabalho intenso.

Para o tratamento das telangiectasias (vasinhos), temos um arsenal de opções, que vão desde a escleroterapia convencional à crioescleroterapia assistida com o air-cooling system, bem como a espuma densa e o laser transdérmico.

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Varizes de Membros Inferiores Wladimir Gonçalves CRM - GO 6518

1 - Muitas pessoas acham que varizes de membros inferiores se tratam de um problema apenas estético. O que são varizes e como elas se formam? As varizes ou veias varicosas (classificação clínica CEAP 2) podem ser conceituadas como veias dilatadas, tortuosas e alongadas. Vários autores consideram importante associar a esta definição, o conceito de alteração funcional. O surgimento acontece ao longo dos anos em pacientes com predisposição genética, que, submetidos a fatores como o avanço da idade, número aumentado de gestações, sedentarismo, ficar de pé por longo tempo, contracepção oral e terapia de reposição hormonal, têm o problema desencadeado. Esse é um mal antigo do ser humano, desde que passamos a andar sobre duas pernas, com prevalência nas mulheres, ocorrendo em cerca de 35% dos brasileiros, acima de 15 anos e em torno dos 70% dos indivíduos com mais de 70 anos. Ao ser bombeado pelo coração, o sangue desce muito facilmente até as pernas e os pés, através das artérias. É preciso desenvolver esforço muito grande para voltar dos pés e pernas até o coração, vencendo a

força da gravidade e a pressão do abdome. Essa tarefa de direcionar o sangue para cima é executada pelas veias, através das válvulas venosas, que, em uma pessoa normal, se abre para o sangue passar e se fecha para não permitir que o sangue retorne.

2 - Vasinhos aparentes podem ser considerados varizes? Sim, os vasinhos aparentes ou as telangiectasias, vasinhos dilatados de fino calibre (0,1 – 1 mm de diâmetro), de coloração avermelhada ou azulada e de localização dérmica são uma das formas de se classificar as varizes de membros inferiores. 3 - Quais os sinais e sintomas das varizes? Quando se tem varizes, é muito comum a presença de veias azuladas e muito visíveis abaixo da pele ou aqueles agrupamentos de finos vasos avermelhados, semelhantes a “pequenos rios e seus afluentes”. Quando a pessoa está de pé, as veias se dilatam e ficam tortuosas, interferindo na estética, sendo essa uma das principais queixas de consultório. Além disso, os pacientes relatam a sensação de queimação nas pernas e planta dos pés, inchaço e câimbras, que são sintomas que se agravam ao fim do dia, nos dias quentes e em período pré-menstrual. 4 - Como é feito o diagnóstico? O diagnóstico clínico e de imagem são extremamente importantes para um bom tratamento. Atualmente, em consultório, contamos com um exame não invasivo e indolor, que tem como princípio a

Telangiectasias combinadas, com micro varizes ou veias reticulares


transiluminação (fleboscopia). Este exame é realizado com um aparelho, chamado fleboscópio, que detecta e mostra a presença de veias nutrizes ou nutridoras das telangiectasias (vasinhos) resistentes ao tratamento convencional. O mapeamento venoso com o Ecodoppler colorido, oferece excelente precisão diagnóstica, mostrando, em tempo real, o funcionamento do sistema venoso superficial e profundo. Enfim, o diagnóstico e tratamento precoces minimizam as complicações da doença varicosa garantindo qualidade de vida e bem-estar ao paciente.

5 - Quando não são tratadas, as varizes podem se tornar um transtorno de saúde? Sim. Quando se tem varizes, o sangue tem dificuldade de retornar dos membros inferiores. Quando não são tratadas, podem evoluir e desenvolver complicações ao longo dos anos, como acentuação dos trajetos varicosos, eczema varicoso, tromboflebite, úlceras de estase e hemorrágicas. 6 - Como é feito o tratamento clínico? O tratamento das varizes deve ser individualizado e, como toda a doença crônica, o quanto antes for iniciado, melhores serão os resultados. Medidas gerais, como não ficar de pé por longo tempo e praticar atividade física regular; fazer uma contenção elástica e o uso de alguns medicamentos (flebotônicos), receitados pelo médico angiologista, facilitam o retorno do sangue. Para o tratamento das telangiectasias (vasinhos), temos um arsenal de opções, que vão desde a escleroterapia convencional à crioescleroterapia assistida com o air-cooling system, bem como a espuma densa e o laser transdérmico. 7 - Como é feito o tratamento cirúrgico? O tratamento cirúrgico inclui desde as minicirurgias, as cirurgias convencionais e o endolaser (laser nas cirurgias de varizes). Esse tipo de laser é minimamente invasivo, sendo que em muitos casos, pode ser realizado apenas com anestesia local, sob sedação, com tempo reduzido de internação. O paciente pode retornar rapidamente às suas atividades (5 a 7 dias), mas sua indicação deve ser precisa, criteriosa e individualizada. Há também a técnica da espuma densa, que pode ser realizada em ambiente ambulatorial, quando até mesmo as veias calibrosas podem ser esclerosadas, inclusive no tratamento do refluxo em veias safenas.

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8 - Fale um pouco sobre as veias safenas e por que elas adoecem? As veias safenas adoecem por uma tendência hereditária e pode ser desencadeada por fatores como ficar de pé por tempo prolongado, sedentarismo ou prática de exercícios de alto impacto. Mas não podemos nos esquecer que o uso de terapias com hormônios e muitas gestações também podem influenciar no aparecimento das varizes. O uso frequente de salto alto acima de sete centímetros diminui a eficácia da bomba muscular da panturrilha. Todos esses fatores levam a uma perda da função valvular da veia. Muitas pessoas imaginam que a retirada das safenas pode fazer falta em uma cirurgia do coração, mas nós temos veias substitutas à altura para as artérias coronárias obstruídas, como as artérias mamárias, as radiais e outras. As safenas ou veias retiradas, por estarem doentes, não fazem falta. O sangue procura circular por meio de outras veias sadias.

irregularidades hormonais, a obesidade, o sedentarismo, o tabagismo, usar meias elásticas e descansar, ao final do dia, com as pernas elevadas, especialmente quando há histórico de varizes na família.

9 - Qual a sua opinião sobre os medicamentos via oral? Eles resolvem? Sim, os medicamentos via oral são conhecidos como flebotônios. Eles potencializam o retorno do sangue, melhorando sintomas, como a dor, o peso, as cãimbras, além disso, fortalecem a parede muscular da veia e evitam ou melhoram o inchaço das pernas, mas não previnem o aparecimento das varizes de membros inferiores. A prevenção passa pelo controle do peso, pela prática de atividades físicas regulares e pelo controle no uso de hormônios e de anticoncepcionais orais. Como se trata de medicamentos, o paciente deve receber a orientação de um especialista e comprá-los com receita médica. 10 - Quando está indicado o uso de meias elásticas? Quando o paciente apresenta varizes acompanhadas de sintomas como inchaço nas pernas, de moderada intensidade. As meias elásticas de média compressão são indicadas nos casos de varizes resistentes ao tratamento medicamentoso, que incham as pernas no final do dia, durante a gravidez e na recuperação pós-operatória de cirurgia de varizes. As meias de alta ou forte compressão praticamente não são mais utilizadas, a não ser nos casos de insuficiência linfática severa, associada ou não à insuficiência venosa crônica. 11 - É comum observarmos pessoas idosas com muita dor nas pernas, decorrente das varizes. Quais as medidas que devemos tomar para prevenir o problema na velhice? A primeira providência é consultar periodicamente um angiologista para tratar as varizes existentes, não deixando que elas se agravem. Em seguida, combater os fatores desencadeantes, como as

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Wladimir Gonçalves - Angiologista e Cirurgião Vascular CRM - GO 6518 wladiangio@hotmail.com • Formado pela Universidade Federal de Goiás - UFG; • Realizou residência Médica em Angiologia e Cirurgia Vascular no Hospital das Clínicas da UFG; • Título de especialista pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular; • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular; • Membro da Sociedade Brasileira de Flebologia e Linfologia.


Elias Rabahi CRM - GO 7893 nri.radiologia@uol.com.br

...é possível tratar malformações artériovenosas, aneurismas, estenoses arteriais e alguns tipos de tumores com segurança e sem manipulação direta do cérebro.

Tratamento Endovascular das Lesões Cerebrais

Foto: Catarina Carraro

O Neurorradiologista Elias Rabahi adora aproveitar seu tempo livre no conforto de sua bela casa, para colocar a leitura em dia. E se as filhas, Clara e Louise, estão por perto, elas o cobrem de carinho. É assim que ele se prepara para enfrentar sua rotina de trabalho. 59


Tratamento Endovascular do Aneurisma Cerebral Elias Rabahi CRM - GO 7893 1 - A Neurorradiologia Intervencionista é uma especialidade relativamente nova e trouxe à luz uma segura e eficiente abordagem de tratamento para muitas doenças neurovasculares. Explique o método de intervenção do cérebro através da neurorradiologia? A Neurorradiologia Intervencionista é uma especialidade médica que trata das doenças vasculares neurológicas, sem intervenção cirúrgica tradicional. Utilizando-se de técnicas radiológicas e de cateteres (tubos de “plástico”), é possível tratar malformações artério-venosas (MAV), aneurismas, estenoses arteriais e alguns tipos de tumores com segurança e sem manipulação direta do cérebro, através da embolização, que consiste na injeção ou colocação de materiais que ocluem determinadas estruturas. Pode ser uma artéria inteira, uma artéria que vasculariza um tumor, um aneurisma ou uma fístula artériovenosa (comunicação direta entre artéria e veia). 2 - Faça um paralelo entre a microcirurgia vascular cerebral e o tratamento endovascular? A microcirurgia vascular cerebral evoluiu muito com a utilização do microscópio e das técnicas cirúrgicas, mas ainda é um procedimento em que o crânio do paciente precisa ser aberto para tratar os aneurismas. Com a técnica endovascular - embolização e angioplastia - utilizamos como via de acesso as próprias artérias para chegar até o alvo desejado. Através dos cateteres finíssimos e flexíveis, o material utilizado é levado até o local que precisa ser tratado. É a evolução do tratamento neurovascular. Mas uma coisa que temos que ter em mente é o trabalho em equipe e isso inclui todos os setores do hospital, como enfermagem, laboratório clínico e a equipe de médicos neuro-intensivistas, todos são altamente especializados e exercem um papel importante no acompanhamento dos pacientes, principalmente os mais graves. 3 - Fale um pouco sobre o aneurisma cerebral e a possibilidade de tratá-lo com a embolização? A embolização pode ser muito eficiente na maior parte dos casos. O aneurisma acomete 5% da 60

população mundial e é uma das doenças neurológicas mais frequentes. São pequenas dilatações que se formam nas paredes das artérias, principalmente onde existe uma bifurcação, ou seja, uma divisão da artéria em duas ramificações. A explicação para isso é que as camadas da artéria nessa região podem ser mais finas e consequentemente mais frágeis, propiciando a formação de um “papo”, que começa pequeno, mas pode atingir alguns centímetros. Essa é uma doença cosmopolita, pode acontecer com qualquer pessoa e em qualquer idade. Mas a predisposição genética é um fator agravante, principalmente entre as mulheres. Por isso, é aconselhável que os familiares dos pacientes façam alguns exames radiológicos, que detectariam com antecedência o aneurisma, antes que ele estoure. Esses exames são a angiografia digital, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética associadas ao estudo das artérias e das veias intracranianas. O ideal é que se detecte o aneurisma antes que ele se rompa, evitando a hemorragia. Alguns fatores, como a hipertensão arterial e o tabagismo estão relacionados ao rompimento do aneurisma.

4 - Uma vez que a equipe médica decida pela embolização do aneurisma, como é feito este procedimento? Todos os procedimentos em Neurorradiologia Internvencionista são realizados preferencialmente sob anestesia geral e em centro cirúrgico equipado com aparelho de Angiografia Digital. E após o procedimento os pacientes são encaminhados para a UTI, onde teremos um controle rigoroso e permanente dos sinais vitais no pós-operatório imediato e, permanecem lá, no mínimo, por 24 horas. O cateter, comprimento que varia entre 100 centímetros e 150 centímetros, é introduzido por uma punção realizada na artéria femoral (região inguinal), e levado até as artérias que vão para o cérebro. Quando estão dentro do aneurisma, por exemplo, são introduzidas, pela luz do cateter, as micro-molas de platina, que estão soldadas na ponta de um mandril com 180 centímetros de comprimento. Assim que a micromola estiver bem posicionada no interior do aneurisma, é feita a sua liberação com a passagem de corrente elétrica (baixa voltagem), que desfaz o ponto de solda. Algumas micromolas se destacam por pressão hidráulica. Outras, serão posicionadas e liberadas até ocluir completamente o saco aneurismático. Tem aneurismas pequenos, em que apenas uma mola é necessária, mas existem aneurismas onde são necessárias mais de vinte. Nos casos de malformações artério-venosas (MAV), o microcateter é introduzido até no centro da MAV com o auxílio de um microguia, em seguida é injetado o material líquido embolizante que penetra nos locais fistulosos promovendo a sua oclusão. Este


procedimento é realizado algumas vezes até que toda a malformação vascular esteja ocluída. Este tipo de êmbolo líquido também pode tratar os aneurismas saculares. Tanto para os aneurismas quanto para as malformações tratados por via endovascular, é necessário que se façam controles angiográficos por cateterismo para se ter a certeza de que está tudo ocluído. Estes controles devem ser feitos anualmente até o quinto ano após o tratamento. O tempo de internação pós-embolização varia de 2 a 15 dias, dependendo da gravidade do quadro clínico. No pós-operatório do tratamento endovascular o paciente terá a mesma atenção e cuidados necessários que uma cirurgia convencional para tratamento do aneurisma. O paciente apresenta menos cefaleia, pode se movimentar mais precocemente e, por não receber manipulação direta do cérebro, a recuperação é mais rápida, podendo até voltar mais cedo para as suas atividades profissionais.

5 - Existe algum sinal ou sintoma que avise que o aneurisma está se formando? Na maioria das vezes, essa doença não apresenta sintomas, a não ser que o aneurisma seja muito grande e comprima algumas estruturas importantes do cérebro. Quando o aneurisma se rompe, o sintoma mais frequente é a dor de cabeça muito intensa acompanhada de náuseas, vômitos e até perda da consciência. Se for um tipo de dor de cabeça repentina e que nunca foi sentida antes, o paciente deve procurar atendimento médico com urgência. O sangue fora dos vasos irrita o cérebro e as próprias artérias, agravando ainda mais o quadro clínico. A ruptura de aneurisma exige atendimento rápido. O atendimento de urgência vai dar suporte à vida, como controle da função cárdio-respiratória. Em seguida é realizada uma angiografia digital por cateter pela qual podemos avaliar com precisão onde se encontra o aneurisma, observando sua forma, seu tamanho e suas relações com outras estruturas. O diagnóstico é colocado em discussão por uma equipe multidisciplinar, que vai decidir qual a melhor maneira de tratar o aneurisma. Quando há uma grande hemorragia e que precisa ser drenada o mais rápido possível, a equipe médica geralmente escolhe a cirurgia tradicional para fechar o aneurisma. Nos demais casos a embolização é uma excelente escolha para se tratar o aneurisma. Quanto mais pudermos evitar a manipulação cirúrgica no cérebro, melhor para o paciente. 6 - Outros tipos de aneurisma podem ser tratados por via endovascular? Basicamente o aneurisma pode acometer qualquer artéria ou veia em nosso corpo, mas somente alguns tipos causariam risco de vida para o paciente. Dentre esses aneurismas não podemos deixar de lembrar do aneurisma da aorta, que pode estar associado ou não à dissecção. Nesses casos, o tratamento tem que ser feito

Imagem da artéria carótida interna mostrando o aneurisma sacular medindo 7,0mm

Posicionamento das micromolas no interior do aneurisma.

Radiografia simples mostrando o molde das micro molas posicionadas no interior do aneurisma.

Angiografia sem subtração digital mostrando a artéria carótida interna e o aneurisma ocluído pelas micro molas.

Angiografia com subtração digital.

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por via endovascular, utilizando uma endoprótese que será implantada através de punção das artérias femorais.

7 - O que é a isquemia cerebral? A isquemia ou infarto cerebral é o que denominamos de Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVC-i) e é também uma causa frequente de óbito no mundo. Geralmente este problema é decorrente da arteriosclerose, ou placas de colesterol que se depositam nas paredes das artérias impedindo o fluxo de sangue, causando obstruções nas pequenas artérias do cérebro. Assim como acontece no coração com as coronárias, também podemos desobstruir as artérias cerebrais utilizando a mesma técnica: angioplastia. A angioplastia é uma técnica de remodelagem da parede da artéria, para que ela volte a receber o fluxo normal de sangue. Todas as artérias do corpo podem ser submetidas a essa técnica, que consiste em implantar um balão que é insuflado no local da obstrução e, com isso, ocorre uma distensão da artéria até o tamanho normal. Além do balão, uma estrutura de metal, cilíndrica, chamada de ‘stent’ é colocada, servindo de suporte interno da artéria para mantê-la aberta e totalmente desobstruída. É um procedimento bastante utilizado no tratamento das artérias do coração e que mais recentemente está sendo empregado para o tratamento das estenoses das artérias carótidas e outras artérias cerebrais. Nesta técnica de tratamento agudo do acidente vascular encefálico (AVC-i), podemos utilizar o medicamento por via venosa aplicado na beira do leito do pronto-socorro ou então diretamente na artéria acometida via cateterismo femoral.

Na abordagem via arterial o microcateter é posicionado diretamente dentro do coágulo, com isso o medicamento age mais rápido e em maior concentração. Também podemos utilizar alguns dispositivos especiais para aspirar ou retirar o coágulo de dentro da artéria, restabelecendo o fluxo normal nas artérias distais à obstrução. É importante que o paciente chegue o mais rápido possível ao hospital para que a área do cérebro que sofreu a isquemia possa ser totalmente recuperada. Diferentemente do que ocorre no coração, que pode suportar várias horas até que ocorra a intervenção especializada, o cérebro não suportaria mais que três horas. E após cinco minutos de isquemia, já pode sofrer lesões irreversíveis.

8 - Como a Radiologia Intervencionista trata tumores? Existem vários tipos de tumores e em diversas localizações que recebem uma vascularização abundante. Por causa dessa hipervascularização podemos, através de um cateter, injetar um produto em pó ou líquido que vai obstruir o leito capilar tumoral (pequenas artérias) e, com isso, parar o fluxo de sangue no tumor. Este, por sua vez, sem sua principal fonte de nutrição, que é o sangue, começa a murchar e, em alguns casos, até desaparece. Esse tipo de embolização pode ser definitivo ou como préoperatório de alguns tumores cerebrais (meningeomas), nasal, hepático e uterino (miomas). Com este método podemos injetar o baixa dose de quimioterápico diretamente nas artérias que nutrem o tumor, o que pode ser bastante útil para promover a sua “a morte”, reduzindo consideravelmente os efeitos colaterais.

Elias Rabahi - Neurorradiologista CRM - GO 7893 nri.radiologia@uol.com.br

Foto: Catarina Carraro

• Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Campos-RJ; • Realizou residência Médica em Radiologia no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo; • Especialização em Radiologia Vascular na Med-Imagem Beneficência Portuguesa de São Paulo; • Especialização em Neurorradiologia Intervencionista na Fundação Adolphe de Rothschild, Paris - França.


CRM - GO 7286 leonardo@vigore.com.br www.vigore.com.br

Balão Intragástrico

Em pessoas determinadas e disciplinadas, o balão pode ser o início de uma nova vida, em que os caminhos se iluminam em inúmeras perspectivas positivas, a partir das respostas do corpo, que estará mais disposto, com a perda da gordura e ganho da massa magra.

Leonardo Salles

Foto: Catarina Carraro

No terraço de sua bela clínica, o Cirurgião do Aparelho Digestivo, Leonardo Salles busca mais conhecimento em revistas e livros.

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Balão Intragástrico Leonardo Salles CRM - GO 7286

1 - Entre os métodos de emagrecimento, o balão intragástrico tem chamado a atenção por ser o pontapé inicial para a perda de peso. Fale sobre o balão gastroesofágico? Esta é uma das técnicas de combate à obesidade, que consiste na introdução de um balão de silicone flexível dentro do estômago, por via endoscópica, associada a uma sedação. Logo após a sua introdução, quando o balão chega ao estômago, o inflamos com cerca de 400 ml a 700ml de soro fisiológico estéril e azul de metileno, que não oferece riscos à saúde do paciente. Caso este se esvazie no interior do estômago, o líquido sairá na urina. A ideia é estimular receptores do fundo gástrico, que sinalizam para o sistema nervoso central, que o espaço interior do estômago está parcialmente ocupado. Com isso, o estômago tem reduzida a sua capacidade interna e o paciente tem a sensação de saciedade. Como o aporte calórico diário diminui, por conta da redução do volume de alimentos ingeridos, o paciente começa a perder peso. 2 - Quanto tempo o paciente fica internado e como ele descreve a sensação, logo depois do balão ser implantado dentro do estomago? O procedimento é ambulatorial, o paciente é 64

sedado e, em 15 minutos, o balão já está posicionado. O paciente permanece na clínica por mais algum tempo e então é liberado para voltar para casa, junto ao acompanhante, que deverá estar por perto nas próximas 72 horas. Geralmente os pacientes descrevem a sensação de desconforto, náuseas, cólicas e diarréia durante os primeiros dias de adaptação à nova capacidade do estômago, mas são prescritos medicamentos que amenizam esses efeitos. Cada organismo reage de uma forma diferente, alguns necessitam do uso de medicamento oral ou venoso. É preciso seguir todas as recomendações médicas. No começo, a dieta é líquida, até que o paciente se adapte a essa nova condição, depois a dieta líquida vai se tornando pastosa e, aos poucos, o paciente passa a ter uma alimentação normal, em p e q u e n a s quantidades, mais vezes por dia.

3 - E depois? A reeducação alimentar é fundamental, uma vez que o balão serve como pontapé inicial nessa passagem de mudança de atitude. É preciso total adesão do paciente ao tratamento escolhido. É nisso que se baseia o sucesso do tratamento, que é trabalhoso e exige perseverança. Há pessoas que driblam a dieta e engordam, mesmo estando com o balão. Não adianta ingerir menos comida se nela houver uma quantidade exorbitante de calorias. Como a permanência com o balão é temporária (deve ser retirado em seis meses), esse tempo deve ser aproveitado para fazer uma reeducação alimentar, para aprender a diferença entre a fome e a vontade de comer e adquirir bons hábitos alimentares por toda a vida. Um ajuste deve começar na mente, com uma postura de inteligência e respeito pelo corpo


saudável. Por isso é preciso dar ao paciente todo o suporte necessário para que essa transição seja o mais suave possível. Além do cirurgião bariátrico, ele deve ter, durante todo o processo de perda de peso, o acompanhamento de um psicólogo e um nutricionista.

4 - Qualquer pessoa que queira emagrecer pode colocar o balão? Não é qualquer pessoa com excesso de peso que pode se submeter à técnica do balão (veja box acima). Esta é uma alternativa excelente para: - Pacientes com sobrepeso ou obesos, que não conseguem ou apresentam grande dificuldade para eliminar excesso de peso, já havendo tentado outros métodos de emagrecimento; - Pacientes com sobrepeso ou obesos que ganharam peso em uma determinada fase da vida, e querem retomar hábitos saudáveis de alimentação; - Pacientes com sobrepeso ou obesos que não se adaptaram às fórmulas de emagrecimento, e estão impossibilitados de tomar medicamentos anorexígenos para a redução de peso; - Pacientes com co-morbidades associadas ao excesso de peso, como diabetes tipo II, colesterol elevado ou problemas ortopédicos.

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Além disso, o paciente não pode ter sido submetido a qualquer cirurgia envolvendo o esôfago e o estômago e não pode ser portador de cirrose hepática ou insuficiência renal crônica. Dentro das condições de segurança, é preciso analisar também o perfil alimentar desse paciente. Os resultados dessa técnica são muito eficientes para aquelas pessoas que consomem muito durante as principais refeições e que passam anos tentando emagrecer e não conseguem. O balão serve de impulso ao paciente. É um estímulo a mais na dieta com grandes chances de sucesso na mudança do estilo de vida. É também uma excelente opção para aqueles em que a obesidade está provocando algumas complicações de saúde, como hipertensão, diabetes ou dores na coluna ou articulações e para os obesos mórbidos, que já têm a saúde debilitada por doenças relacionadas ao excesso de gordura e, por isso, precisam perder peso, melhorar a saúde para que a cirurgia bariátrica seja indicada.

5 - Qual a importância da atividade física para o sucesso do tratamento? A importância é absoluta. Praticar atividade física é um passo fundamental na conquista e resgate de um corpo e uma vida mais saudável. Para ter mais chances de sucesso nesse tratamento, a atividade física deve começar logo depois do período de adaptação do balão. As atividades aeróbicas e a musculação estão liberadas, quando são bem orientadas e, certamente vão potencializar a redução do peso. Em pessoas determinadas e disciplinadas, o balão pode ser o início de uma nova vida, em que os caminhos se iluminam em inúmeras perspectivas positivas, a partir das respostas do corpo, que estará mais disposto, com a perda da gordura e ganho da massa magra, isso melhora a autoestima, a respiração, o sono, a concentração e diminui a ansiedade. Mas este é um processo lento, trabalhoso e de muita perseverança que necessita da colaboração e o comprometimento pleno do paciente.

Leonardo Salles, na sala de atividade física da clínica.

Foto: Catarina Carraro

Leonardo Salles CRM - GO 7286 leonardo@vigore.com. br www.vigore.com.br • Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Vassouras - USS; • Internato Médico realizado no Complexo Hospitalar do Mandaqui - SP; • Realizou residência Médica na área básica de Cirurgia Geral ; • Realiza atualmente atendimento ambulatorial (consultório) e Endoscopia Digestiva na Clínica Vigore; • Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.


Sinusite

Luiz Mário da Costa CRM - GO - 6688

Secreção parada nos seios da face pode ser sinusite, um problema causado por alterações anatômicas que impedem a drenagem do muco e por processos infecciosos ou alérgicos, que facilitam a instalação de micro-organismos oportunistas. O otorrinolaringologista Luis Mário fala dos incômodos da sinusite e o que fazer para não torná-la crônica. “A Sinusite é um processo inflamatório dos seios paranasais, mais conhecidos como seios da face. Este processo inflamatório pode ter causa alérgica ou também ser causado por micro-organismos tais como vírus, bactérias ou fungos. Os seios da face são as cavidades situadas ao redor do nariz sendo revestidas por uma mucosa cilíndrica ciliada; o nariz é responsável pela filtração, aquecimento e umidificação do ar que respiramos. Sobre a mucosa nasal, existe um muco que atua como uma barreira contra partículas, bactérias, vírus e fungos, protegendo as nossa vias aéreas. Entretanto algumas pessoas apresentam alterações como desvios do septo; obstruções dos ostios sinusais, que são os canais que comunicam os seios da face com o nariz; aumento do volume das conchas nasais e tantas outras

alterações que fazem com que estas defesas não funcionem direito e as inflamações e infecções ocorram. Uma vez com sinusite o paciente tem também o nariz afetado, surgindo obstruções, acúmulo de secreções, dores faciais e cefaleias e respiração bucal que resseca e inflama também a garganta. Quando a sinusite não é tratada e curada pode se tornar crônica e em diversos casos é necessário o tratamento por cirurgia. A sinusite vem frequentemente acompanhada de faringite devido à respiração bucal e as secreções que descem por traz do nariz para a garganta. A secreção é de coloração amarelada ou esverdeada, podendo ter mal cheiro e também ser a causa de halitose.

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A Fig 2 mostra um exemplo de desvio do septo nasal que é causa comum de obstrução nasal e também é um fator importante no desenvolvimento das sinusites.

Na Fig 1 podemos notar como os seios da face se comunicam com o nariz e como as secreções são drenadas a partir dos seios da face em direção ao nariz O exame clínico, a videoendoscopia e os exames radiológicos fazem o diagnóstico. Os endoscópios rígidos ou flexíveis são utilizados para que a região interna do nariz possa ser visualizada. As sinusites não tratadas podem levar a complicações oculares, cerebrais e broncopulmonares. O tratamento clínico consiste na administração de antibióticos, anti-inflamatórios, antialérgicos e corticóides. O tratamento cirúrgico é indicado para corrigir as obstruções tanto do nariz quanto das regiões de comunicação dos seios da face com o nariz.

Luiz Mário da Costa - Otorrinolaringologista CRM - GO 6688 lmccosta@terra.com.br

• Formado na Universidade de Medicina, Fundação Educacional Serra dos Órgãos, Teresópolis, RJ; • Realizou residência médica na Universidade Federal Fluminense, RJ; • Título de especialista em Otorrinolaringologia; • Participante do Rhinology, nos anos de 2005, 2008 e 2010; • Participante dos encontros da Acadamia Americana de Otorrinolaringologia, em: 2006, Toronto, Canadá; 2007: Washington, EUA; 2008: Chicago, EUA; 2009: San Diego, EUA; 2010: Boston, EUA; 2011: San Francisco, EUA; • Participante do Sinus Forun, 2011, Nova York, EUA.

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Diante de certas alterações anatômicas, as medicações apenas resolvem a crise, mas não resolvem o problema. A cirurgia é realizada por dentro do nariz, sem qualquer abordagem externa, com o uso dos endoscópios com diferentes ângulos de visão. Os pacientes são submetidos a anestesia geral e em casos mais simples a anestesia pode ser a local. O paciente volta para casa no mesmo dia na maioria das vezes. Com a modernização dos medicamentos, dos métodos diagnósticos, e dos equipamentos médicos podemos atualmente curar a maioria dos casos de sinusites e livrar milhares de pessoas desta doença que traz tanto desconforto e sofrimento.”


CRM - GO 5822 abreudeidimar@uol.com.br

Câncer de Mama

O futuro das terapias contra o câncer de mama aponta na direção de identificar características moleculares específicas para cada tumor e tratá-lo de forma individualizada através da farmacogenômica.

Deidimar Abreu

Foto: Catarina Carraro

Na luta contra o câncer, a Mastologista, Deidimar Abreu cumpre uma estressante rotina que ela ameniza quando, nas horas livres, mergulha na leitura. 69


Câncer de Mama Deidimar Abreu

CRM - GO 5822

1 - O que são os tumores malignos da mama e como podem ser detectados? Tumores são formações que têm um crescimento desordenado de células. O câncer de mama é um tumor maligno e suas células têm a capacidade de originar metástases, ou seja, invadir outros órgãos sadios. O exame físico das mamas é fundamental para o diagnóstico de qualquer patologia mamária e não deve ser dispensado, mesmo na presença de exames complementares, como a mamografia e a ultrassonografia normais. Na mama rica em tecido adiposo (gordura), normalmente na mulher após os 40 anos, a sensibilidade da mamografia é excelente. Porém em mamas densas (em mulheres mais jovens), a sensibilidade fica reduzida, podendo passar despercebidos certos tumores. Assim, é necessário associar a ultrassonografia à mamografia, em casos de mamas densas. O câncer de mama adquiriu importância nos últimos anos pela alta incidência e é motivo de preocupação das políticas públicas de saúde. No Brasil é a forma de câncer mais frequente na mulher. 2 - Qual é a origem do câncer de mama? De início, podemos considerar que o câncer tem origem genética. Ocorre uma lesão herdada ou adquirida no DNA das células. Na maioria dos casos, a lesão no DNA celular acontece durante a vida do paciente e, apenas de 5% a 10% dos casos dependem de uma alteração genética familiar, já herdada ao nascimento. A partir daí, haveria uma proliferação descontrolada das células que dependeria também de outros fatores, sejam ambientais ou endócrino-metabólicos. Uma vez detectada qualquer alteração, um método intervencionista deve ser indicado. Normalmente é feita a punção aspirativa com agulha fina (PAAF) ou a core biópsia. 3 - Quem são as mulheres consideradas de alto risco para adquirir o câncer de mama? As pacientes consideradas de risco aumentado para o câncer de mama seriam aquelas que têm histórico de familiares diretos, como mãe e irmãs com câncer de mama, o que aumentaria, em média, o risco para câncer de mama em 4 vezes, ou histórico pessoal de câncer na mama, no ovário, no endométrio e no cólon. Ainda citam-se alterações de hiperplasia epitelial

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com ou sem atipias em biópsias mamárias prévias. Fatores, como obesidade na pós-menopausa, menstruação antes dos 12 anos, menopausa após os 50 anos, primeira gestação a termo após os 30 anos e nuliparidade (mulheres que não têm filhos), conferem também aumento no risco relativo, porém em menor quantidade.

4 - Como evitar a formação de um câncer? As estratégias de atuação para a prevenção do câncer de mama podem ser classificadas em dois tipos: as que visam evitar a sua formação (prevenção primária) e as que têm por objetivo sua detecção precoce (prevenção secundária). A prevenção primária envolve medidas dietéticas e comportamentais. Deve-se evitar a obesidade, sedentarismo, alimentos gordurosos, ingestão alcoólica em excesso e tabagismo. Nos casos de alto risco para o câncer de mama, citados anteriormente, que são pacientes portadoras de mutações genéticas de BRCA1 e BRCA2, vale a pena estudar o uso de medicamentos profiláticos como o tamoxifeno, raloxifeno e inibidores de aromatase, que promovem ação contrária aos efeitos estimulantes dos estrogênios e, embora não sejam efetivamente bloqueadores do processo de iniciação, ao bloquearem o desenvolvimento de células anormais, impedem ou retardam o aparecimento do tumor de mama. Utiliza-se ainda, em casos extremos, a cirurgia ablativa da mama, que é a sua total retirada. São casos de exceção, de risco elevado e de grave repercussão emocional. A mastectomia subcutânea é seguida imediatamente da inclusão de próteses de silicones. Exames que avaliam a predisposição genética por meio de sequenciamento gênico para os genes BRCA1 e BRCA2, que confeririam alto risco para câncer de mama, já se encontram disponíveis, pórem o custo ainda é alto. Sabemos também que uma mutação genética não significa que o desenvolvimento de câncer seria inexorável. O gene BRCA está localizado no cromossomo 17 do organismo humano. O gene BRCA 2 está localizado no cromossomo 13. As mulheres que sofrem mutação ou deleção nestes genes têm de 60% a 80% a mais de chances de desenvolver o câncer de mama. 5 - E com relação à prevenção secundária? Estima-se que, desde a primeira divisão celular anômala até um nódulo palpável de um centímetro, que corresponde a um bilhão de células tumorais, exista um intervalo aproximado de 7 a 10 anos. Neste período, o método comprovadamente eficiente de rastreamento é a mamografia de alta resolução. A orientação atual é fazer mamografia anual após os 40 anos. Lembrando que naquelas mulheres com fatores de risco, esse rastreamento com mamografia começa mais cedo. Em mamas jovens e mais densas, deve-se complementar o diagnóstico com a ultrassonografia. A forma secundária da doença se combate, baseandose na tríade: diagnóstico clínico, diagnóstico por imagem e diagnóstico histopatológico. A grande preocupação é que o câncer de mama não dói. O diagnóstico rápido evita a perda da mama ou mesmo lesões maiores.

Mamografia bilateral demonstrando tumor infiltrante de mama esquerda. Fonte: modificado de Cardeñosa,Gilda. Clinical Breast Imaging: A patient focused teaching file. 1st Edition. Lippincott & Willians,2007.

6 - O que pode ser feito, no caso do diagnóstico positivo do câncer de mama? Uma vez diagnosticado o câncer de mama, a paciente deverá ser avaliada quanto à dimensão da doença, através de exames laboratoriais e de imagem. O tratamento a ser desenvolvido vai depender da extensão do tumor. A cirurgia para o tratamento do câncer de mama pode ser conservadora ou radical. Será conservadora quando é retirada apenas uma parte da mama (quadrantectomia) e será radical quando é retirada toda a mama. Mas o conceito de que, ainda que em uma fase inicial, a doença pode progredir exige uma abordagem sistêmica e assim o tratamento local (cirurgia) passou a não ser o mais importante, mas a utilização de medicamentos (quimioterapia, hormonioterapia e anticorpos monoclonais). Como se conhece melhor o caminho por onde o tumor se dissemina, hoje se consegue, com uma cirurgia de menor porte, fazer um cerco ao redor das células malignas, complementando o tratamento com

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a radioterapia. A cirurgia e a radioterapia limitam-se a área da mama que está doente e aos gânglios da axila, área de drenagem por onde as células malignas podem ter escapado.

7 - O que é o linfonodo sentinela? O linfonodo sentinela é uma técnica que consiste em injetar contraste colorido ou radioativo na área do tumor para localizar e detectar o gânglio que possui células malignas em seu interior. Com o resultado negativo, não se pratica mais o esvaziamento axilar radical, como antigamente, e a cirurgia termina aí, restando apenas dois pequenos cortes, um no local de tumor e outro na axila, que muitas vezes acabam desaparecendo com o tempo. Com isso a paciente não terá risco de limitação de sua capacidade física pela cirurgia. 8 - E quando o tumor é maior? Quando o tumor é maior, a probabilidade de essa cirurgia ser curativa diminui muito. Deve-se levar em conta o risco de recidiva, isto é, de o tumor voltar a aparecer e optar por dois tipos de tratamento: a quimioterapia neoadjuvante, feita antes da cirurgia, reduzindo o tamanho do tumor para que a cirurgia conservadora possa ser realizada três ou quatro meses depois, ou a mastectomia completa, seguida de uma cirurgia plástica de reconstrução da mama, com resultado estético bastante favorável, utilizando o músculo do abdome ou das costas e/ou uma pequena prótese. O futuro das terapias contra o câncer de mama aponta na direção de identificar características moleculares específicas para cada tumor e tratá-lo de forma individualizada através da farmacogenômica.

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11- E quanto a indicação da melhor época de fazer a mamografia? A Sociedade Brasileira de Mastologia continua recomendando exame de mamografia anual após os 40 anos. A exceção será feita para as pacientes de risco, como aquelas que têm parentes de primeiro grau com câncer de mama, nesses casos, este exame deverá ser iniciado mais cedo.

Foto: Catarina Carraro

9 - Por que a mulher atual está mais sujeita ao câncer de mama? Para entendermos o que mudou no corpo da mulher e o que fez com que a incidência de câncer de mama aumentasse nas últimas décadas, iremos nos reportar ao final do século XIX e ao século XX. Os ciclos e fases da mulher continuam os mesmos, mas antigamente as mulheres casavam e engravidavam aos 15 anos de idade. Passavam os nove meses grávidas, amamentavam por dois anos e de dois em dois anos engravidavam. Assim, menstruavam dos 12 aos 15 anos, depois passavam dos 15 aos 45 anos praticamente sem menstruar devido às sucessivas amamentações e gestações, até entrarem na menopausa aos 45 anos, quando já tinham de 10 a 15 filhos. Passavam suas vidas grávidas ou amamentando. Menstruavam em média cerca de 50 vezes. Hoje a média das menstruações das mulheres gira em torno de 400. Assim, enquanto a mama daquelas mulheres dilatou e se retraiu 40 vezes em toda a vida, na mulher contemporânea isso ocorreu cerca de 400 vezes. Se considerarmos que as mutações ou outras alterações genéticas somáticas causadas por carcinógenos ocorrem no tecido que se prolifera constantemente, então a mama das mulheres de hoje está mais susceptível aos agentes carcinogênicos.

10 - Qual a sua opinião sobre a terapia de reposição hormonal – TRH e o uso de pílulas anticoncepcionais e os riscos de aparecimento do câncer de mama? A terapia hormonal vem sendo estudada há mais de 40 anos e, quando bem indicada pode trazer inúmeros benefícios para a mulher. Porém o uso contínuo e prolongado (acima de 5 anos) da TRH determina discreto aumento de risco para o desenvolvimento de câncer de mama. As restrições ficam reservadas para aquelas mulheres pertencentes a grupos de risco, com histórias familiares positivas ou que foram acometidas de lesões precursoras de malignidade. Com relação ao uso de anticoncepcionais, a sua utilização parece não aumentar de forma significativa, como também não protege quanto ao risco de desenvolvimento de câncer de mama. No entanto a adolescente de maior risco, com história familiar positiva, não é uma boa candidata a usar pílula anticoncepcional até completar no mínimo 18 anos, quando sua mama estará formada.

Deidimar Abreu - Mastologista Mastologia CRM - GO 5822 abreudeidimar@uol.com.br • Formada pela Universidade Federal de Goiás – UFG; • Título de especialização em Mastologia, pela Sociedade Brasileira de Mastologia; • Mestre em Genética pela PUC- Goiás; • Professora convidada pela Faculdade de Medicina- PUC – Goiás.


Câncer de Pele

O protetor solar é fundamental. Prevenir é sempre o melhor caminho. Deve-se lembrar que o sol é cumulativo em nossa pele, então é importante prevenir contra os raios ultravioletas desde criança.

Flávio Cavarsan

CRM - GO 7343 fcavarsa@yahoo.com.br

O Cirurgião Oncológico, Flávio Cavarsan, foi ao congresso mundial de melanoma, em Viena, Áustria e aproveitou para conhecer as cidades históricas de perto, entre elas Praga, a belissima capital da República Tcheca , onde se respira cultura. Nesta foto, Flávio está encostado na ponte Carlos, observando o roteiro a ser seguido naquele dia. 73


Câncer de Pele com Flávio Cavarsan CRM - GO 7343

1 - O que é o câncer de pele? Ele vem aumentando sua incidência? É a proliferação de células da pele que, por algum motivo e em determinado momento, sofrem mutações e começam a se multiplicar de forma anormal e desordenada, fugindo ao controle de autorregulação do organismo, dando origem as neoplasias cutâneas. Presente em todas as regiões do mundo com taxas de incidências variáveis, os números vem assustando as autoridades no assunto. Para se ter uma ideia somente nos Estados Unidos é estimada para o presente ano mais de 1 milhão e 200 mil casos novos. De todos os tumores malignos, o câncer de pele é o mais frequente nos seres humanos, correspondendo por cerca de 25% dos tumores registrados no Brasil. Sua incidência vem aumentando de uma forma global praticamente no mundo todo, principalmente em indivíduos de pele, cabelos e olhos claros. No BRASIL para se ter uma ideia da dimensão do problema o Instituto Nacional do Câncer (INCA), ligado ao Ministério da Saúde, estimou para o ano de 2012 mais de Carcinoma espino-celular 140.000 casos novos da doença, com mais de 3.200 casos novos de melanoma (forma mais grave de câncer de pele). Para a nossa região os números também impressionam, com uma estimativa de quase 7.500 casos para o estado de Goiás, sendo que mais de 1.700 casos ocorrerão na nossa capital. 2 - Mesmo com tanta informação a respeito dos raios nocivos do sol, há pessoas que não se importam com o risco e se expõem sem restrição alguma? Exatamente, apesar das informações cada vez mais frequentes as pessoas continuam negligenciando os riscos e se expondo de forma inadvertida ao sol. O surgimento dos cânceres da pele está relacionando principalmente 74

com a exposição solar. Entre os fatores principais de risco, os raios ultravioletas do sol (UVA e UVB) ocupam o papel de maior destaque, tanto para a exposição intensa ocasional (recreativa) como para a exposição diária (ocupacional). Outros fatores que merecem destaque são: cicatrizes crônicas (queimaduras, osteomielites, picada de cobra e outras); exposição frequente às substâncias químicas (arsênico e hidrocarbonetos); pessoas imunodeprimidas (AIDS, transplantados, usuários crônicos de corticóides, aqueles em tratamento quimioterápicos) e pacientes com alguma genodermatose, por exemplo, Xeroderma Pigmentoso e Albinismo.

3 - Com o sol brilhando durante praticamente o ano inteiro, o uso do protetor solar é obrigatório? O protetor solar é fundamental. Prevenir é sempre o melhor caminho. Deve-se lembrar que o sol é cumulativo em nossa pele, então é importante prevenir contra os raios ultravioletas d e s d e criança. Deve-se evitar a exposição ao sol das 10 horas às 15 horas; uso adequado do bloqueador s o l a r , devendo este ser escolhido conforme o r i e nta çã o médica para a d e q u a çã o ao tipo de pele de cada pessoa. O uso adequado obedece a algumas regras como: primeira aplicação meia hora antes da exposição, reaplicando-o a cada 2-3 horas, reaplicando-o sempre depois de banhos no mar ou piscina ou lagos/rios ou transpiração excessiva. O uso de roupas adequadas; óculos de sol escuros para proteger os olhos e pálpebras; batom ou creme labial com bloqueador solar para proteger os lábios e chapéus, auxilia muito na foto proteção. Redobrar a atenção com as crianças que normalmente estão três vezes mais expostas ao sol do que os adultos. 4 - O diagnóstico do câncer de pele é fácil de ser obtido? O diagnóstico de câncer de pele é essencialmente clínico, baseado no exame físico feito pelo médico, na história de vida do paciente, no tipo de pele, na investigação


das lesões suspeitas, podendo e devendo ser auxiliado com equipamentos que permitem aumentar a precisão diagnóstica, como o dermatoscópico. Existem vários equipamentos disponíveis no mercado para esta finalidade, com especial atenção para os aparelhos que permitem o “mapeamento corporal total digital“ das lesões de maior risco e armazenamento destes dados para controle evolutivo de tais lesões. Recentemente está sendo testada dentro de protocolos de pesquisas, a “Microscopia Confocal a Laser”, que promete trazer elucidações diagnósticas de relevância para o câncer de pele.

5 - Após o diagnóstico do câncer de pele, qual deve ser o tratamento? A forma mais eficaz e segura de tratamento é CIRURGICA. Os tumores não-melanomas são tratados de forma segura com cirurgias convencionais, geralmente com anestesia local e sem necessidade de internação hospitalar. Já os melanomas obedecem a um consenso literário na sua abordagem, ou seja, após a suspeita clínica/dermatoscópica deve-se efetuar uma biópsia excisional (retirada de toda a lesão), para se estabelecer os padrões prognósticos da doença, e conforme estes padrões são escolhidos os melhores meios de tratamento cirúrgico local, regional e a necessidade ou não de tratamento sistêmico adjuvante. Vale aqui ressaltar uma forma especial de cirurgia para os tumores da pele, principalmente não-melanomas, que é a “Cirurgia Micrográfica”, procedimento que confere a cura da doença com taxas variando de 93% - 99%, conforme dados da literatura. Para os casos iniciais de tumores não-melanomas, situados fora de áreas de risco outras formas de tratamento tem sido utilizadas com taxas menores e variáveis de cura, como: terapia fotodinâmica, crioterapia, eletrocauterização com curetagem, laser, radioterapia e tratamentos tópicos com pomadas. É importante salientar que o melhor tratamento é a detecção precoce da doença e emprego adequado da técnica escolhida pelo médico em comum acordo com o paciente.

6 - A cirurgia garante que todas as células tumorais serão retiradas? Com novas técnicas e aparelhagens de auxílio ao olho nu, o tratamento cirúrgico alcança índices elevados de retirada de todas as células tumorais, com o menor dano estético da pele possível. A Cirurgia Micrográfica de Mohs, uma técnica cirúrgica já comentada anteriormente e muito utilizada nos grandes centros médicos do mundo vem ganhado forças no Brasil. Durante o ato operatório, podese guiar com exames microscópicos das margens da lesão e com isso retira-se todo o tumor, evitando-se dano ao tecido cutâneo normal e diminuindo muito as chances de recidivas locais. É como se fosse um tiro certeiro na lesão, com mínima retirada de tecido sadio, mesmo em lesões com limites mal definidos ou em áreas delicadas, como ao redor dos olhos, boca, nariz; locais em que é preciso habilidade para evitar deformidades estéticas e cicatrizes muito aparentes. 7 - Quais são os tipos de câncer de pele? Qualquer estrutura que compõe a pele pode originar tumores, porém os mais comuns, representando mais de 95% dos tumores malignos, são: Carcinoma Basocelular, o mais frequente, representando 70% dos casos. Ele é mais comum em pessoas de pele clara, com idade acima dos 40 anos. Apesar de muito raramente causar metástases, pode destruir os tecidos à sua volta, atingindo cartilagens e ossos. Normalmente, aparecem em forma de manchas, placas ou pequenos nódulos em áreas foto-expostas como face, couro cabeludo, orelha, mãos e tronco. O segundo tipo mais comum é o Carcinoma Espinocelular, representando mais de 20% dos casos de câncer de pele, normalmente não apresenta metástases porém pode se disseminar por meio dos gânglios linfáticos e até mesmo para outros órgãos, como os pulmões, por exemplo. Ele adquire a forma de nódulos, ou placas avermelhadas ou úlceras em áreas foto-expostas. O paciente deve estar atento às áreas de cicatrizes de queimaduras

Melanoma


Carcinoma basocelular

antigas e com as lesões que sangram com facilidade ou não cicatrizam. Esse tipo de tumor é provocado principalmente pela exposição solar, ou por contato às substâncias químicas, como arsênio e alcatrão, tabagismo e baixa de imunidade do indivíduo. O terceiro tipo e mais perigoso é o Melanoma, que atinge em torno de 6% dos casos. Ele surge como uma pinta, nódulo ou mancha escura, geralmente com mais de um tom de cor que cresce e vai se tornando assimétrica com alto potencial de metástases. Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante, onde milímetros são importantes para a cura. Uma vez iniciada a metástase, órgãos do corpo como pulmões, fígado, ossos e cérebro podem ser atingidos e as chances de cura praticamente se anulam.

8 - Como saber se uma pinta está se tornando um melanoma? As pintas são sinônimas de nevos, um ninho de células melanocíticas da pele. Podem aparecer desde o nascimento (congênita) ou durante a vida (adquirida). Na grande maioria das vezes, essas pintas são benignas, e não precisam ser removidas. Normalmente, os melanomas são lesões escuras, variando da cor negra ao castanho claro, assimétricas e com caráter evolutivo. A forma clássica de diagnóstico clínico é a regra do ABCD: Assimetria: as metades não se coincidem (se traçarmos uma linha imaginária dividindo a lesão ao meio em qualquer eixo, as partes não são iguais). Bordas irregulares: a linha que contorna a lesão normalmente não é homogênea. Coloração: variada (diferentes tonalidades de cor na lesão) Diâmetro: geralmente maior que 6 milímetros. É importante lembrar que trata-se de uma regra e como toda regra existem as exceções. 9 - Há medicamentos para o tratamento do melanoma avançado? Sim, é a chamada quimioterapia. Medicamentos são administrados por via endovenosa e irão atuar em todos os órgãos do paciente, combatendo as células tumorais. O problema é que nos melanomas metastáticos a resposta a esses medicamentos é geralmente frustrante. Novas drogas estão sendo usadas dentro de protocolos de pesquisas com boas perspectivas para o futuro próximo, como as terapias alvos com biologia molecular.

Flávio Cavarsan - Cirurgião Oncológico CRM - GO 7343 fcavarsa@yahoo.com.br • Formado pela UFG-GO; • Realizou residência em Cirurgia Geral no Hospital das Clínicas da UFG-GO; • Residência em Cirurgia Oncológica pelo Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás; • Estágio em Cirurgia Plástica Reparadora pelo Instituto Nacional do Câncer no Rio de Janeiro; • Presidente do Departamento de Oncologia da Associação Médica de Goiás; • Diretor do Grupo Brasileiro de Melanoma; • Conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (CREMEGO); • Coordenador das Câmaras Técnicas de Especialidades Médicas do CREMEGO; • Secretário da Comissão de Registros de Especialidades Médicas do CREMEGO; • Médico Titular do Departamento de Pele/Torax do Hospital Araújo Jorge.

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Foto


CRM - GO 12367 arantesadriano@hotmail.com

Transplante de Medula Óssea

No interior dos ossos, temos a medula óssea, um tecido líquido-gelatinoso popularmente conhecido por ‘tutano’, diferentemente da medula espinhal.

Adriano de Moraes Arantes

Foto: Catarina Carraro

O Onco-hematologista, Adriano de Moraes, tem bons motivos para voltar para casa. Um deles é Luisa, uma pimentinha que quando vê o pai, abre um sorriso e corre para seus braços. É assim que ele descansa a mente e aquece o coração.

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Transplante de Medula Óssea Adriano de Moraes Arantes CRM - GO 12367

1 - O que é a medula óssea e qual é a sua função? No interior dos ossos, temos a medula óssea, um tecido líquido-gelatinoso popularmente conhecido por “tutano”, diferentemente da medula espinhal, que fica dentro dos ossos da coluna vertebral, por onde passam os impulsos, através dos nervos, sendo uma continuidade do cérebro. Na medula óssea são produzidos os componentes do sangue: as hemácias ( g l ó b u l o s vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. As hemácias transportam o oxigênio dos pulmões para as células de todo o nosso organismo e o gás carbônico das células para os pulmões, quando é eliminado. Os leucócitos são parte do sistema de defesa do nosso organismo e nos defendem das infecções. As plaquetas compõem o sistema de coagulação do sangue. Portanto, a medula óssea é a fábrica do sangue, localizada, principalmente nos ossos longos e finos, como os da bacia, do externo e coluna. 2 - Em que casos é necessário o Transplante de Medula Óssea e qual é o seu objetivo? Todas as células maduras contidas no sangue, como os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas, são originadas de uma células conhecida como célula

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progenitora hematopoética ou célula tronco hematopoética, que fica dentro do osso. Algumas doenças benignas ou malignas que afetam as células do sangue precisam ser tratadas com o Transplante de Medula Óssea, uma vez que as células progenitoras deficitárias ou doentes precisam ser destruídas e substituídas por células normais, como em uma transfusão de sangue. Quando as células sadias caem na corrente sanguínea, elas se alojam na medula óssea. Levará algum tempo para que essas novas células produzam glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas em quantidade satisfatória para o paciente. Por isso, ele deve ser mantido internado e monitorado, pois nesta fase, há riscos de hemorragias e infecções. Depois que a medula óssea se recupera, o tratamento passa a ser feito em regime ambulatorial.

3 - De que forma essas células podem ser colhidas da medula óssea? Em centro cirúrgico, depois que o paciente é anestesiado, a medula óssea é aspirada dos ossos da bacia ou das cristas ilíacas, através de punção, até a retirada do volume adequado de células. A coleta da medula óssea também pode ser feita por aférese, uma máquina especial de coleta de células-tronco diretamente do sangue periférico. Para isso, o paciente recebe medicações específicas, que obrigam que as células progenitoras hematopoéticas saiam do interior da medula óssea e migrem para o sangue periférico. Lá, por aférese, elas são colhidas e criopreservadas, para que permaneçam vivas até o momento da infusão. O sangue do cordão umbilical é outra forma de se obter células-tronco. No nascimento de uma criança, retira-se a placenta e, no centro cirúrgico punciona-se vasos específicos de sangue de cordão, que é congelado em um


banco de células, para que seja usado, um dia, como fonte de células progenitoras hematopoéticas. 4 - Quais são os tipos de transplante de medula óssea? Quando o paciente é seu próprio doador, tratase de um transplante autólogo ou autogênico. As células são retiradas da medula óssea ou do sangue periférico e criopreservadas, para só serem reinfundidas no paciente depois da quimioterapia e/ou radioterapia. Nesses casos, mesmo com compatibilidade em 100%, o paciente pode ter infecções durante o transplante ou de ter problemas no processo de recuperação. A falha de “pega” medular é rara nesta situação. O transplante singênico é o transplante de medula óssea entre irmãos gêmeos idênticos. Neste caso, o paciente certamente tem um doador compatível que possui características genéticas idênticas a ele. Já no transplante alogênico, as células progenitoras podem vir de um doador compatível, normalmente identificado entre os familiares ou em bancos de medula óssea ou em bancos de cordão umbilical. Esse tipo de transplante é muito utilizado nas leucemias agudas, como nas linfóides e mielóides ou nas aplasias de medula. São mais de 15 mil procedimentos realizados por ano no mundo. O paciente deve fazer quimioterapia por 6 ou 7 dias, começar a tomar imunossupressores, bombardeando as células doentes, para só depois receber a células do doador, que passam a funcionar em cerca de 2 a 3 semanas. É uma terapia imunológica. A célula doada pelo irmão ou parente ou pelo

banco de células tem o poder de destruir todas as células tumorais. Chamamos a isso de enxerto versus tumor.

5 - Fora o transplante singênico, quando não há um irmão gêmeo, é mais vantajoso para o paciente fazer o transplante autólogo? Sim, mas o problema é que esse procedimento é indicado somente para algumas doenças. Alguns tipos de linfomas agressivos ou de leucemias não respondem com o transplante de suas próprias células. A cura não vem com a quimioterapia e/ou radioterapia, mas é o efeito do enxerto de células sadias contra a doença que vai dar um resultado eficiente. Mas, casos de Linfoma de Hodgkin (LH), por exemplo, o transplante autólogo, na maioria das vezes, 79


é capaz de curar, pois essa doença responde muito bem à quimioterapia.

6 - Vamos falar do doador. Fora o transplante autólogo, quando o paciente é doador dele mesmo, quem pode doar a medula óssea? Qualquer pessoa com mais de 18 anos e menos de 55 anos de idade e que esteja com boa saúde, deve se inscrever no Hemocentro de sua cidade. Lá ele pode se inscrever como doador, preencher os termos de consentimento e colher uma pequena quantidade de sangue (cerca de 10 ml) para que os exames de compatibilidade sejam feitos. As características genéticas são colocadas no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME). Se um dia for verificada a compatibilidade entre medula e receptor, é feito o contato com o doador. Caso ele esteja de acordo com a doação e os exames de saúde estejam perfeitos, a doação pode ser feita, sob anestesia geral ou peridural, em centro cirúrgico ou por um procedimento chamado leucoaférese. Quando indicado no centro cirúrgico, o procedimento é realizado através de uma pequena punção na lateral do quadril, retirando-se cerca de 1000 ml de medula òssea. O doador fica em observação por apenas 24 horas, podendo depois disso, voltar às atividades normais. Quando indicada a leucoaférese, o paciente é submetido à coleta de células-tronco através de uma máquina, de forma muito semelhante a quem doa plaquetas. Uma vez coletada, a medula se autorreconstrói e no máximo em 15 dias, ele pode ser doador novamente. O doador da medula óssea pode sentir dor local de punção, o que é bem controlada com medicamentos. O desconforto é mínimo, em relação ao beneficio de curar alguém com uma doença muito grave. 7 - Quais as porcentagens de garantia de que o transplante vai dar certo? Quando o paciente encontra um doador compatível, ele é internado e se submete à quimioterapia até que a Adriano de Moraes Arantes - Onco-hematologista CRM - GO 12367 arantesadriano@hotmail.com • Formado pela Faculdade de Medicina -Universidade Federal de Goias; • Realizou residência médica na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP/EPM; • Especialização em Transplante de Medula Óssea – UNIFESP/EPM; • Doutorado em Ciências Médicas – UNIFESP/EPM; • Médico do Serviço de Transplante de Medula – Hospital Araújo Jorge /ACCG; • Responsável pelo Laboratório de Biologia Tumoral e Transplante de Medula Óssea do Hospital Araújo Jorge/ ACCG.

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nova medula óssea seja infundida em nova quimioterapia. Mas até que a nova medula começe a funcionar, cerca de 15 dias depois, o paciente se mantém internado, em uma unidade de transplantes adequada, sendo cuidadosamente monitorado e medicado com antibióticos para ter mais chances de bons resultados. Por exemplo, no transplante alogênico para aplasia de medula, os índices de cura pode ser além de 80% dos casos, principalmente em pacientes com poucas transfusões desde o diagnóstico.

8 - Como a biologia molecular pode ajudar na cura de doenças do sangue? Hoje a hematologia é uma especialidade extremamente avançada. As doenças podem ter classificações moleculares, de caráter individual, quando a alteração está no DNA e no RNA da medula óssea. Com isso, o mesmo linfoma ou a mesma leucemia podem ter características biológicas diferentes. Ao transplantar a medula óssea de um paciente para o outro, é preciso haver rígido controle dessa medula óssea. Através da biologia molecular, há como saber se a nova medula óssea está trabalhando totalmente com DNA do doador para evitar que a doença retorne. Caso predomine o DNA do receptor na medula óssea, a doença vai voltar. Portanto, a biologia molecular permite acompanhar a resposta do paciente ao tratamento, pois é possível saber se as células infundidas na medula estão voltando a trabalhar e frear um possível retorno da doença. Há como monitorar doenças, como as leucemias mielóides crônicas, as leucemias mielóides agudas, as leucemias linfóides agudas e outras, determinando com antecedência se a doença está voltando, mesmo na ausência de sintomas.


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Cirurgias Refrativas

A Cirurgia Refrativa corrige os chamados vícios de refração, problemas relacionados à miopia, à hipermetropia, ao astigmatismo e, em alguns casos, à presbiopia, mais conhecida como vista cansada e que surge após os 40 anos de idade.

Francisco Wellington Rodrigues

Foto: Catarina Carraro

O Oftalmologista, Francisco Wellington, tem como hobby, associar tecnologia e ciência. Ele elege a Apple, legado deixado por Steve Jobs, como o que há de melhor em informática e, assim, nas horas de lazer, a bioinformática toma o seu tempo.

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Cirurgia Refrativa Francisco Wellington Rodrigues CRM - GO 6528

1 - O que a Cirurgia Refrativa corrige? A Cirurgia Refrativa corrige os chamados vícios de refração, problemas relacionados à miopia, à hipermetropia, ao astigmatismo e – em alguns casos – à presbiopia, mais conhecida como vista cansada e que surge após os 40 anos de idade. A cirurgia refrativa veio para minimizar essa deficiência visual, corrigindo e eliminando graus, proporcionando melhor qualidade de vida à população. A visão é formada na retina, situada no fundo do olho. O feixe de luz, que vem do ambiente externo, forma a imagem ao atravessar o globo ocular. Se neste percurso houver algum desvio provocado pelo formato do olho, a imagem não será devidamente focada na retina. Essa falta de nitidez da visão é o que se chama de vício de refração, que pode ser compensado com o uso dos óculos e das lentes de contato, mas se o paciente tem como objetivo se libertar da dependência dos óculos no dia a dia, a cirurgia refrativa corrige totalmente a deficiência da visão ou pelo menos a maior parte dela. 2 - E como é a cirurgia que corrige os vícios refrativos? A cirurgia refrativa pode ser realizada tanto na córnea como no cristalino. As cirurgias realizadas na córnea, com a utilização do laser, têm como técnicas principais o PRK e o Lasik. A cirurgia de PRK (foto-ablação corneana) trata os erros refrativos através da remoção de tecidos da primeira camada da córnea, o epitélio. Esta é uma cirurgia com alto grau de segurança, com regeneração da córnea em até cinco dias. Quando fazemos a opção pelo Lasik, o corte é feito na córnea, mas em uma espessura pré-determinada. Todas as cirurgias realizadas a laser têm como princípio a modelagem da córnea, isto é, promover uma mudança na curvatura da mesma, com objetivo de alcançar o foco da imagem na retina. Erros refrativos também podem ser corrigidos através da substituição do cristalino por lentes premiuns ou lentes multifocais, que se diferem nas dioptrias (capacidade de um meio transparente modificar o trajeto da luz), pois quando o paciente necessita de correção para graus elevados ou muito baixos, o tratamento deve ser diferenciado. A técnica de substituição do cristalino por lentes difrativas é utilizada com frequência e faz parte do cotidiano dos especialistas da Europa, mas no Brasil ainda é um procedimento que gera controvérsias, principalmente quando se trata da presbiopia. 3 - O senhor quer dizer que a presbiopia pode ser corrigida cirurgicamente? Sim, a cirurgia é a última alternativa para quem quer acabar com o desconforto da vista cansada. Consiste em 84

uma cirurgia intraocular, na qual o cristalino transparente é retirado e substituído por uma lente difrativa. É a mesma técnica da cirurgia de catarata, a facoemulsificação, mas as lentes têm tecnologia diferente para a correção da presbiopia e da catarata. Ambas são de excelente qualidade de imagem, além de filtrarem os raios ultravioletas, protegendo as células do fundo do olho. O sonho da oftalmologia é devolver 100% da visão ao paciente. A técnica de substituição do cristalino por uma lente difrativa para corrigir a presbiopia não se trata de modismo. É mais uma opção para o presbíopde, diante de tudo o que a medicina oferece. Já existem empresas desenvolvendo lentes oculares biocompatíveis com o cristalino natural. O material de substituição seria um gel sintético que cumpre a função do cristalino ao substituí-lo. Um gel que permite que o olho mantenha a elasticidade natural, com os movimentos de distenção ou acomodação do globo ocular, sem a necessidade de cirurgia. A evolução das técnicas na oftalmologia caminha em um ritmo alucinante e este será o procedimento perfeito para a vista cansada.

4 - Esta cirurgia de substituição do cristalino por lentes difrativas se aplica a todos que têm vista cansada? Qualquer pessoa com mais de 40 anos pode se submeter à cirurgia de presbiopia, desde que ele tenha a necessidade do uso dos óculos em 100% do tempo e não apresente doenças do fundo do olho, alterações na córnea ou qualquer processo inflamatório infeccioso. Pessoas com mais de 1 grau de astigmatismo também não têm indicação cirúrgica. Os míopes têm indicação limitada, pois apresentam maior risco de descolamento de retina. Mas os hipermétropes são excelentes candidatos à cirurgia de presbiopia. O paciente deve ser submetido a uma série de exames para que o procedimento seja seguro. Aqueles que possuem catarata e presbiopia podem corrigir ambos os problemas trocando a lente do cristalino por uma que permita a boa visão de longe e de perto. 5 - As novas tecnologias de laser e o avanço na oftalmologia e das técnicas cirúrgicas facilitaram o procedimento das correções oculares?


Sim. Hoje temos lasers extremamente evoluídos que permitem fazer a correção refrativa com menor consumo de tecido corneano e melhor qualidade de visão. Com isso, tanto a extração do cristalino, como a correção refrativa através da modelação da córnea, atravessam um desenvolvimento tecnológico impressionante, que permitem cirurgias mais rápidas e seguras, com incisões menores e recuperação satisfatória. Os resultados são excelentes. A recuperação visual ocorre de forma suave e progressiva, com visão levemente embaçada no inicio e melhora paulatina nos dias subsequentes. 6 - Por falar em substituição do cristalino, por que alguns pacientes desenvolvem miopia depois de operados da catarata? De forma forma geral, o grau que se apresenta depois de uma cirurgia de catarata é decorrente da biometria, medida do poder do cristalino. Isso significa que um modelo matemático é aplicado em um modelo biológico. Caso o paciente desenvolva algum grau de miopia, nova correção poderá ser feita em um novo procedimento utilizando a técnica mais eficaz para cada caso em questão. 7 - Em Goiânia, um aparelho de laser para fazer cirurgia refrativa, chamado Allegretto, de origem alemã, tem chamado a atenção por ter alta tecnologia. Qual o diferencial desse aparelho? A evolução da ciência busca traduzir qualidade de vida ao ser humano. Um grupo especial de médicos dedicados ao estudo da córnea e dos erros refrativos, já está trabalhando neste aparelho, que possui alta tecnologia para realizar cirurgias refrativas personalizadas. Além disso, este é um dos únicos equipamentos a corrigir a presbiopia através do laser, mas este ainda é um procedimento em fase aprovação no Brasil, pelas autoridades sanitárias. A tecnologia empregada pelo Allegretto, opera a visão de forma personalizada, diferente dos aparelhos de lasers existentes, traduzindo o tratamento em qualidade de visão aliada à quantidade já pré-estabelecida. 8 - Como esse equipamento diferencia as características de cada olho? As particularidades dos nossos olhos são identificadas através de vários outros exames auxiliares. A plataforma Allegretto, possui o exame denominado Analyzer Wave Front, que detecta a forma como a luz chega até a retina, onde é formada a imagem. Os problemas oculares são detectados pelo Allegretto, que ainda é capaz de corrigir todas as aberrações encontradas, proporcionando uma melhor qualidade da visão. Além disso, esse aparelho também conta com o auxílio diagnóstico do Topolyzer, outro equipamento responsável pelo rastreamento de irregularidades na superfície externa do olho, que é a córnea. A córnea é uma membrana, importante na focalização das imagens. Uma vez que as irregularidades corneanas são detectadas e transmitidas ao laser Allegretto, o grau de deficiência será corrigido e a córnea será regularizada em um mesmo tempo, o que denominamos tratamento guiado pelo Topolyzer.

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Ainda temos outra vantagem com a tecnologia Allegretto. Este laser também é capaz, através de um tratamento guiado Oculyzer-pentacam, de fotografar o olho em 360 graus. Este é o único aparelho de laser que utiliza uma máquina fotográfica rotacional, através do sistema Scheimpflug, que faz este alinhamento das imagens oculares. As estruturas do segmento anterior do olho (córnea, câmara anterior, íris e cristalino) são analisadas em 25.000 pontos medidos, gerando imagens tridimensionais. O Oculyzer-pentacam, por ser um tomógrafo do olho, informa com precisão dados de todo o relevo interno da córnea, aumentando a segurança das indicações cirúrgicas, assim como a precisão no tratamento.

9 - Quais são os aspectos relacionados a uma cirurgia com o laser Allegretto? Alguns pontos devem ser destacados, pois este laser detém qualidades cirúrgicas únicas, comparadas aos lasers já existentes, como: • A anestesia realizada é a anestesia tópica (colírios); • Existe previsilidade quanto aos resultados personalizados; • Possibilita o tratamento de graus elevados; • Menor consumo de tecido corneano, comparado aos lasers existentes; • Recuperação visual e cicatrização mais rápidas; • Menor intensidade da dor ; • Maior liberdade para a prática de esportes e várias outras atividades do dia a dia. O Sistema Allegretto Eye-Q Laser é considerado atualmente o laser mais moderno para cirurgias oculares. Sua alta tecnologia e precisão permitem modular de forma personalizada a curvatura da córnea, alterando sua asfericidade de acordo com as características de cada olho. A asfericidade corneana é responsável pela focalização das imagens, sendo calculada de acordo com a curvatura e excentricidade da córnea, que ganha asfericidade multifocal,

restabelecendo a capacidade de visão de perto em pacientes com mais de 40 anos, sem comprometer a visão intermediária e a visão para longe também. O Allegretto Eye-Q segue os movimentos involuntários do olho durante a cirurgia, assegurando que cada disparo atinja precisamente o local da córnea planejado. Seus disparos medem menos de um milímetro, esculpindo a córnea com extrema precisão. A área de aplicação do laser sobre a córnea pode ser alterada de acordo com o tamanho da pupila de cada paciente, o que irá preservar a qualidade da visão noturna. Além de todos esses benefícios, o tempo de aplicação desse laser é 40% menor que o dos demais equipamentos. Infelizmente, toda essa evolução está acessível apenas em poucos centros de oftalmologia no Brasil, mas Goiânia já possui a tecnologia Allegretto.

Francisco Wellington Rodrigues - Oftalmologista CRM - GO 6528 verfco.med@hotmail.com fcowr@hotmail.com • Formado em medicina pela Universidade Federal de Goiás em 1991; • Residência medica em oftalmologia no Instituto de Oftalmologia Tadeu Cvintal, São Paulo; • Primeiro tenente da marinha do Brasil, tendo servido em Brasília; • Membro titular da sociedade brasileira de cirurgia refrativa e catarata; • Professor de medicina da PUC-GO; • Professor da residência medica; • Professor assistente do serviço de córneasubespecialização CEROF; • Mestrado em Genética Médica.




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