BRUNA NISHI RIBEIRO_PARQUE LINEAR RIO JURUBATUBA

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SP

23º 44’ 55. 7”S

46º 42’ 00. 9”O PARQUE LINEAR RIO JURUBATUBA

BRUNA NISHI RIBEIRO


RIBEIRO, BRUNA PARQUE LINEAR RIO JURUBATUBA / BRUNA RIBEIRO - São Paulo (SP), 2018. 110 f.: il. color. Orientador(a): MARCELLA OCKE Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em ARQUITETURA E URBANISMO) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2018.

1. Requalificação urbana 2. Espaço Público 3. Linha de transmissão de energia 4. Qualidade de vida 5. Distrito do Socorro I. OCKE, MARCELLA (Orient.) II. Título


SP

23º 44’ 55. 7”S

46º 42’ 00. 9”O PARQUE LINEAR RIO JURUBATUBA

BRUNA NISHI RIBEIRO



BRUNA NISHI RIBEIRO

SP

23º 44’ 55. 7”S

46º 42’ 00. 9”O PARQUE LINEAR RIO JURUBATUBA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO APRESENTADO AO CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC - CAMPUS SANTO AMARO, COMO EXIGÊNCIA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREAL EM ARQUITETURA E URBA-

NISMO. ORIENTADORA PROF. MS. MARCELLA DE MORAES OCKE MUSSNICH.

SÃO PAULO 2018



AGRADECIMENTOS Agradeço a minha família, ALEXANDRE RIBEIRO, PATRÍCIA NISHI, FERNANDA NISHI e DANIELLE RIBEIRO por todo o apoio, paciência, dedicação e oportunidades durante toda minha vida, também por todo amor e incentivo a esses anos. Mas em especial a minha mãe, PATRÍCIA NISHI, que sempre arrumou tempo para ajudar, mesmo quando estava lutando para conquistar seus próprios objetivos. Ao meu parceiro de vida, NICOLAS CABRAL, que por mais distante que a vida nos coloque, sempre estaremos batalhando juntos. Aos meus amigos, AMANDA CORRAL, FILLIPI LUIGUI, LOUISE ZWARTJES, EDUARDO

CARVALHO, GABRIEL VALENTIM, KAREN GIOTOKO, RAYSSA HINTERHOLZ, GUSTAVO TEROHATA, PÂMELA CABRAL, MIKA YOKOTA, por sempre me fazerem enxergar que a vida é um pouco mais do que estamos acostumados a esperar. Aos meus colegas de classe, que sabem literalmente o que foi necessário para chegarmos até aqui, especialmente à ELIANE SOUZA, KELLY RODRIGUES, LAYS SOARES, TALITA MAGÁN e JOSÉ BELARMINO, que tive a oportunidade de conhece-los mais e criar um vínculo maior nos bons e maus momentos dessa trajetória de 5 anos, transformando-se em uma grande amizade. Ao PROF. FÁBIO ROBBA, que fez com que eu me encantasse pela beleza da pai-

sagem urbana, com entusiasmo e dedicação. Agradeço a minha orientadora PROF. MS. MARCELLA DE MORAES OCKE MUSSNICH, pela orientação, paciência, confiança, tranquilidade, incentivo e apoio à elaboração desse projeto.

MUITO OBRIGADA. BNR



RESUMO Esse trabalho de conclusão de curso mostra que as áreas livres de edifica-

ções, podem assumir diversas formas espaciais, onde normalmente o verde se expressa com maior protagonismo tornando uma ´´barreira visual´´. Já os cursos d´água se tornam cada vez mais ´´barreiras físicas´´, sendo encontradas como áreas de abandono, e geralmente ocupadas por edificações irregulares e até mesmo tornando-se um depósito de lixo. Buscando encontrar uma resposta para os problemas citados, este projeto tem como objetivo a requalificação de uma grande área fragilizada, localizada às margens do Rio Jurubatuba, tal como rios e córregos, além da recuperação de áreas degradadas, visando uma forma de reinserção urbana dos

mesmos, já que estes se encontram em locais carentes de espaços públicos, na forma de um parque linear.

Palavras-chave: Requalificação urbana, Espaço Público, Torres de tensões, Qualidade de vida, Distrito do Socorro.



ABSTRACT This final paper shows that the areas free of constructions can assume

diverse spatial forms, where, normally, the green expresses itself with a bigger protagonism becoming a “visual barrier”. Yet, the watercourses become more and more “physical barriers” being found as abandoned areas and, usually, occupied by irregular constructions and even becoming a trash deposit. Seeking the answer to the problems presented, this project has as goal the requalification of a wide fragilized area, located in the margins of Jurubatuba River, such as rivers and streams, besides the recovery of degraded areas, aiming a way of urban reinsertion of the same, since these are found in pla-

ces poor of public spaces, in the shape of a linear park.

Keywords: Urban requalification, Public space, Transmission line, Life quality, Disctrict of Socorro.


SUMÁRIO PARTE I - O TEMA 01 Apresentação 02 Objetivos 03 Justificativa 04 Método

PARTE I I - REFERENCIAL TEÓRICO 05 Espaços públicos 06 Espaços livres de edificações 07 Parques urbanos 08 Áreas degradadas 09 Os rios como parte da paisagem urbana 10 Os linhões sob a área escolhida

PARTE I I I - ESTUDO DE CASOS 11 Método

12 Red Ribbon 13 Parque Madureira 14 Usina do Gasômetro 15 Singapura

PARTE I V - LEVANTAMENTOS 16 Localização da área 17 Hidrografia 18 Histórico 19 Legislação 20 Uso e ocupação

PARTE V - PARQUE LINEAR RIO JURUBATUBA 21 Diretrizes 22 Proposta geral 23 Desenvolvimento de projeto 24 Ampliações 25 Considerações finais


15 16 17 18

21 29 31 35 37 41

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47 49 51 53

57 59 63 67 73

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PARTE I O TEMA


01 - APRESENTAÇÃO Afinal, o que seria um espaço público? Seria talvez áreas livres de edificações? Parques urbanos ou lineares? Praças, talvez? E as áreas que circundam rios e córregos? O que elas são? Por que normalmente são áreas degradadas e com um caráter de abandono?

Se sairmos observando a cidade de São Paulo, provavelmente muitas áreas que têm algum tipo de vegetação, sem grades delimitando sua área ou sem algum tipo de barreira física, visual, de uma maneira superficial são consideradas áreas públicas. Mas será que são mesmo? E será que conseguimos identificar todos os cursos d´água existentes, se seguirmos a malha urbana?

Em um contexto físico, podemos considerá-los como os vazios urbanos, rodeados pelos volumes construídos da cidade e muitas vezes são os espaços em que o verde da cidade se expressa com maior protagonismo. O espaço público assume muitas formas espaciais, incluindo parques, ruas, calçadas, praças, jardins, trechos de vegetação e até mesmo ambientes fechados.

Já os cursos d´água se tornam “barreiras”, sendo encontradas como áreas de abandono, geralmente ocupadas por edificações irregulares e depósitos de lixo. Mas de acordo com o Código Florestal, todas as áreas próximas de córregos e rios são áreas de A.P.P. (área de preservação permanente), onde se tem um planejamento de proteção e conservação dos recursos hídricos e dos ecossistemas aquáticos.


Ou seja, a prática de autoconstrução e de descarte em áreas como estas, só aumentam, gerando riscos ao equilíbrio ecológico, poluição de rios e córregos e possíveis deslizamentos de encostas. Dessa forma, os cursos hídricos encontram-se cada vez mais desconectados com a sociedade. Buscando achar uma resposta para os problemas citados, este projeto tem como objetivo a requalificação de uma grande área fragilizada, localizada às margens do rio Jurubatuba, tal como os rios e córregos, além da recuperação de áreas degradadas, visando uma forma de reinserção urbana dos mesmos, já que estes se encontram em locais carentes de espaços públicos, na forma de um parque linear.

02 - OBJETIVOS •

Proporcionar o contato com a natureza;

Proporcionar melhor qualidade de vida para a população;

Recriar a mata ciliar as margens do rio Jurubatuba e córregos;

Servir de complemento para a escola existente;

Criar conexões transversais de mobilidade;

Criação de um viveiro de vegetação nativa;

Reestruturar caminhos existentes na área;

Revitalizar uma área degradada, subutilizada como lixão;

Fonte: BNR e W.NAGANO | Conjunto de fotografias córregos e rios de São Paulo, SP.

Criação de ciclovia no decorrer do parque por inteiro;

Criação de novas opções de lazer de forma a garantir um contato da população com o local;

Criação de espaços para desenvolvimentos culturais, educativos, de atividades físicas e de lazer;

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03 - JUSTIFICATIVA A ideia do projeto partiu de uma reflexão sobre os problemas vivenciados na cidade de São Paulo, principalmente ao que se refere à pouca qualidade de vida presente, relacionada com a experiência que tive quando morei em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Morar no Sul foi a prova de que faltava algo em São Paulo. Tínhamos uma liberdade do caminhar, do admirar e do respeitar. Morávamos na Zona Sul da cidade, onde tínhamos uma proximidade grande com o Guaíba¹, e com diversas

praças, áreas verdes e espaços públicos. Eram áreas muito usadas pelas pessoas, e assim comecei a perceber a realidade de morar em uma cidade com uma melhor qualidade de vida. Havia vida na cidade, e essa foi a diferença que pude notar, desse “viver bem”, onde mais da metade das habitações são de baixo gabarito, com caráter de vizinhança, muros baixos, lotes permeáveis, calçadas arborizadas, estímulo ao uso do transporte público coletivo, e o uso de bicicletas e skates. Sendo tudo isso uma realidade totalmente nova para mim. Entretanto, mais que isso, saber que existiam parques de grande porte e que a

população, de um modo geral, usufruía dessas áreas como se fossem uma continuação de suas próprias casas. Um dos primeiros parques que fui quando cheguei a Porto Alegre, foi o Parque Farroupilha, mais conhecido como Parque da Redenção ou simplesmente por Redenção². Quando entrei naquele parque, fiquei encantada ao ver que era um espaço público que as pessoas realmente utilizavam, levavam cadeiras de praia, os filhos para brincar na grama ou com a água do espelho da água, diversos cães soltos pelo parque brincando de frisbee, pessoas praticando slackline, pessoas em redes utilizando das árvores para montar seu espaço no parque, ações espontâneas. Em alguns

dias específicos como sábado e domingo, acontece o Brique, uma feira de arte, artesanato, produtos orgânicos e de muitas belezas antigas. Ou seja, uma apropriação praticamente espontânea dos espaços públicos.

¹- Guaíba - Lago Guaíba, também conhecido erroneamente como rio Guaíba, é uma grande bacia de sedimentação, localizada no estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, ao qual a cidade de Porto Alegre está historicamente e culturalmente ligada; ² - Redenção - O Parque Farroupilha, mais conhecido como Parque da Redenção ou simplesmente por Redenção, é o parque mais tradicional e popular da cidade brasileira de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul.


Com essas experiências, pude ver a diferença entre cidades e fazer análises. No entanto não posso fazer comparações, pelo fato de serem cidades de dimensões discrepantes uma da outra, por exemplo, São Paulo é a cidade mais populosa do Brasil, com 12.176.866 habitantes numa área de 1.521,11km² resultando numa densidade de 8.005,25 hab./km². Já Porto Alegre possui 1.479.101 habitantes numa área de 160,7km² o que resulta em numa densidade de 2.977,96 hab./km² de acordo com o IBGE. Pensando nisso, a região escolhida para a implantação do projeto, encontra-se na região da Capela do Socorro, localizada ao sul do município, onde a área é formada pelos distritos de Socorro, Cidade Dutra. É uma área que não possui muitos equipamentos de lazer em seu entorno, as áreas livres de edificações são pontuais e degradadas, e a maioria da população vive em condições precárias.

Desta forma, o foco do meu trabalho tem como objetivo a requalificação do terreno subutilizado as margens do rio Jurubatuba, e a requalificação do antigo lixão.

04 - METODOLOGIA Por meio de levantamento de dados, histórico da região e visitas ao território real, foi possível realizar uma análise e entender como se deu a formação territorial e o porquê da “barreira” física existente, gerando ocupações irregulares e degradações as margens do rio Jurubatuba. Desta forma foram criadas diretrizes para atender as demandas necessárias da população local, e diretrizes para apropriação da extensão do rio, e sob a área subutilizada do lixão para a melhoria de qualidade de vida dos moradores. Fonte: BNR | Conjunto de fotografias de Porto Alegre, RS.

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PARTE I I REFERENCIAL TEÓRICO


05 - ESPAÇOS PÚBLICOS “A rua, os caminhos para pedestres, a praça e o parque são a gramática da cidade; fornecem a estrutura que permite às cidades nascer, estimular e acomodar diversas atividades, daquelas quietas e contemplativas às ruidosas e agitadas.¹”

Segundo Sun Alex, o espaço público na cidade assume inúmeras formas e tamanhos, compreendendo desde uma calçada até a paisagem vista da janela. Ele também abrange lugares designados ou projetados para o uso cotidiano, cujas formas mais conhecidas são as ruas, as praças e os parques². Todos devem ter direito a espaços abertos, acessíveis, assim como devem ter direito à água potável. Os vazios de uma cidade são as surpresas do dia-a-dia, é aquele momento em que você foge da “selva” de pedras e encontra o respiro e a calmaria que uma cidade pode ter. Claro que nem todos os vazios tem as mesmas características e por um simples fato, como Jan Gehl³ diz: “Nós moldamos as cidades, e elas nos moldam”. E é com essa frase que vou começar a falar sobre a importância dos espaços públicos na cidade...

¹- Rogers, 2014, p.06. ² - Sun Alex, “Projeto da Praça – Convívio e exclusão no espaço público”, p.19. ³-Jan Gehl, “Cidade para pessoas”, 2013.


Fonte: BNR | Piazza di Spagna - Roma, Itália.

Os espaços públicos desempenham diversas melhorias para a cidade, como o respiro da rotina, a recreação tornando o ambiente mais descontraído do que de costume, trazendo identidade para a região o que possibilita a interação e o convívio social, mas como disse anteriormente, não são todos os espaços públicos que tem o mesmo caráter e muitas vezes nem o mesmo sucesso e importância. O que pode se considerar algo preocupante, pois a falta de encontros

entre pessoas, e/ou grupos de diferentes idades, crenças e níveis socioeconômicos é o passo para ser considerado um espaço abandonado e muitas vezes perigoso, onde se mantém o medo e a intolerância.

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Mas tomando como ponto de partida a compreensão de que para se ter um espaço público bem-sucedido onde se tenha uso diário, um uso real e saudável do espaço, temos que considerar quatro qualidades fundamentais, de acordo com o guia do espaço

público de 2016, sendo elas: Fonte: BNR | Playa de Barceloneta - Barcelona, Espanha.

ACESSÍVEL, para que pessoas de todas as idades e condições físicas (com dificuldade de locomoção ou que usam cadeiras de rodas), por exemplo, consigam chegar ao espaço e se locomover nele; ATIVO, no sentindo de oferecer diferentes atividades e formas para que as pessoas se sintam livres para usufruírem do espaço; CONFORTÁVEL, com uma vista agradável, espaços com mobiliários para o descanso, e outros atributos que tornem o local o mais convidativo possível;

Fonte: BNR | Piazza di Spagna - Roma, Itália.

E por último, mas não menos importante, ser SOCIÁVEL, um lugar onde as pessoas encontram amigos ou até conheçam novas pessoas e dali, criem laços. O diagrama ao lado serve como ferramenta para avaliar se o espaço público é bom. Quando os espaços funcionam bem, eles servem como um palco para nossa vida pública.

Fonte: BNR | Playa de Barceloneta - Barcelona, Espanha.


Fonte: Conjunto de imagens do “Guia do Espaço Público”.

O QUE FAZ UM LUGAR SER BEM SUCEDIDO?

NEGÓCIOS

VOLUNTARISMO

LOCAIS

Nº DE MULHERES, CRIANÇAS E IDOSOS

SENTIMENTO DE

GESTÃO

VIDA NA

DIVERSIDADE

RUA

COOPERAÇÃO

USOS AO

ANOITECER CONVIDATIVO

VAREJO

ATIVO DIVERTIDO

VIZINHANÇA SOCIABILI-

USOS E

DADE

ATIVIDADES

CONFORTO

LOCOMOÇÃO

CONEXÕES

E IMAGEM

CONVENIENTE

MOVIMENTO DE

ATRIBUTOS CHAVES ATRIBUTOS INTANGÍVEIS ATRIBUTOS MENSURÁVEIS

REAL

PEDESTRES

ACESSÍVEL

VALOR DOS IMÓVEIS

SEGURO

ACESSOS E

CAMINHÁVEL

ÁREA

ESPACIAL

LUGAR

CONECTADO

TRANSPORTE

USO DA

VIVO

DIVERSIDADE PRÓXIMO DE MEIOS DE

USO DE

VENDE À

HISTÓRICO SANEAMENTO CAMINHÁVEL

ATRATIVO LUGARES PARA SENTAR

TIPOS DE

DADOS

ESTACIONAMENTO

AMBIENTAIS

CONDIÇÕES DOS IMÓVEIS

ESTATÍSTICA CRIMINAL

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Os espaços com cotidiano vivo de atividades e movimentos tornam-se interessantes para as pessoas, ao ponto de fazer com que elas se sintam atraída por aquilo. Um espaço público ativo sendo observado por pessoas que ali passam ou nos edifícios aos redores, sentem-se muito mais encorajadas para participar e desfrutar da cidade em “segurança”. Jacobs¹, acreditava que a vigilância da rua vem das próprias pessoas que a utilizam: os vendedores, funcionários das bancas de jornal

e os moradores de edifícios, estes utilizam e querem preservar e proteger um bem de todos. Espaços públicos são essenciais para qualidade de nossas vidas, mas não só isso, são essenciais para qualidade ambiental e da saúde da própria cidade. Eles criam redes de fluxos que dão o privilégio aos pedestres, ciclistas e aos transportes públicos, melhorando e impulsionando o bem-estar de todos. Sem muitas vezes perceberem, os especialistas da cidade é a própria comunidade. Quem mais sabe de nossas necessidades do que nós mesmos? A comunidade sabe do que precisa, pelo que se interessam e pelo que sentem sede.

¹- Jane Jacobs, “A vida e a morte das grandes cidades”, 1961.


Dar prioridade às pessoas nas ruas exige que políticos, autoridades e urbanistas façam uma drástica mudança em sua maneira de pensar. Exige que expandamos a definição de design de um plano fixo para estrutura de orientação, de critérios de sucesso de um código baseado em uma forma específica para um código baseado no desempenho humano (oportunidades de se reunir, interagir e florescer nos espaços públicos, sozinho ou acompanhado), de um critério de desempenho de sistemas de

Fonte: Conjunto de imagens do “Guia do Espaço Público”.

transportes (como por exemplo, a velocidade) para um critério de desempenho de mobilidade, conforto e conveniência (proximidade e acessibilidade à educação, ao trabalho e ao lazer).

É uma mudança de abordagem centrada em “hardware”, na qual a infraestrutura é o principal foco para uma mistura de “hardware” e “software” e a relação entre a forma do ambiente construído e seu impacto na sociabilidade e na mobilidade é o ponto principal.

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Sendo assim, podemos afirmar que espaços públicos bem-sucedidos contam com elementos e qualidades fundamentais para mantê-los ativos. Abaixo são apresentadas definições e exemplificações de alguns dos principais elementos urbanos considerados importantes na concepção de um Espaço Livre Público segundo os autores Jan Gehl ¹ e Jane Jacobs².

Fonte: “New City Life” (2006), Jan Gehl.

¹- Jan Gehl - “Cidade para as pessoas”, 2010. ² - Jane Jacobs - “A vida e a morte das grandes cidades”, 1961.


28 Fonte: Conjunto de imagens do “Guia do Espaço Público”.


06 - ESPAÇOS LIVRES DE EDIFICAÇÕES De acordo com Magnoli¹, glebas, rios e represas, áreas cultivadas ou remanescentes da cobertura vegetal original, os quintais, jardins, ruas, avenidas, praças, parques, matas, rios ou simples vazios urbanos são consideradas espaços livres, pois não são edificados. O sistema de espaços livres urbanos estabelece uma relação com outros sistemas existentes, como drenagem, transporte, etc., onde suas funções podem coincidir uma com a outra criando conexões e complementariedade, tanto no âmbito da preservação e conservação ambiental, quanto do convívio social e circulação, entre outros. Assim, o espaço livre englobando várias escalas, e está sempre relacionado aos processos de urbanização e processos econômicos, onde cria-se um local de convivência social e que se estabelece por meio da relação entre o público e o privado. Segundo Sun Alex², tanto as praças, ruas, jardins, e os parques formam a essência do sistema de espaços abertos da cidade, onde nem sempre são verdes, mas são reflexos de um ideal da vida urbana em determinado momento histórico. Acompanham a evolução das cidades, e suas delimitações, aparência e funções podem ser muitas vezes indefinidas ou sobrepostas. Para Milton Santos³, o espaço é entendido como uma mistura entre sociedade e materialidade, entre conteúdo e forma, entre sistema de objetos e sistema de ações, sendo o espaço uma instância social, assim como a economia e a política também são. 4

Morin, diz que, um sistema é sempre um processo, por isso está sempre em movimento, assim, o espaço livre é um subsistema de espaços livres 5 (SEL) urbano, e de acordo com Macedo, são formados pelas relações e elementos que configuram a junção de todos os espaços livres de uma determinada área urbana, abrangendo desde a escala do espaço livre urbano, quanto de escala de espaço livre regional, sendo a rua o principal espaço livre urbano e indispensável para CONEXÃO com a cidade.

¹- Miranda Martinelli Magnoli, “Em busca de ‘outros’ espaços livres de edificação”, 2006, p.143. ² - Sun Alex, “Projeto da praça – convívio e exclusão no espaço público”, 2008, p.61.

³ - Milton Santos, 1985. 4 - Morin, “O método 1.: A natureza da natureza”, 2008, p.157. 5 - Macedo, “Quadro do Paisagismo no Brasil”, 1999.


Fonte: Ana Carolina Poli da Silva | Conjunto de imagens da área de intervenção.

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07 - PARQUES URBANOS “transformações mais efetivas na concepção dos par-

ques urbanos começam a despontar logo após a Primeira Guerra Mundial. Depois da Segunda Guerra Mundial, as experiências das cidades novas da Inglaterra, na França e nos Estados Unidos introduziram uma nova concepção urbanística e consequentemente, em relação as áreas verdes, incorporando os conceitos da carta de Atenas e do arquiteto urbanista Le Cobusier.” Kliass, R.¹ (1993)

O parque urbano como conhecemos hoje, é um elemento típico das grandes cidades modernas, onde foram criados como cenografias complementares para a alta sociedade daquela época, de acordo com Macedo e Sakata². Com início no século 1920, os velhos lagos começaram a se transformar em espaços modernos, dignos para a elite da época, onde começou a ocupação aos poucos as áreas centrais da cidade, e que de certa forma expulsando os menos favorecidos para outros pontos da cidade. O dia a dia nos grandes centros nos dias de hoje é visto como uma oportunidade de solução

de problemas e das necessidades essenciais, mas se torna algo estressante e muitas vezes perigoso, possuindo conflitos e problemas que atingem as áreas urbanas, principalmente ao que se refere a ESPAÇOS que são importantes para o convívio social. No Brasil houveram mudanças profundas, responsáveis pela colocação dos parques urbanos em foco com relação a políticas públicas. As transformações da cidade, tanto no âmbito econômico, como social e cultural, fizeram com que os parque tivessem um novo significado, de acordo com Barcellos³. Os parque então passaram a apresentar duas direções, a primeira sendo a utilização do parque como forma de conservação dos meios naturais, e a segunda sendo como forma de lazer e turismo. As cidades brasileiras são carentes de no-

vos parque públicos, que na atualidade fazem parte de um elemento típico das cidades, e estão em um processo de recodificação contínuo, não possuindo a antiga destinação que era voltada basicamente para o lazer contemplativo.

¹- Kliass, R;. - Os parques urbanos de São Paulo, 1993. ² - Macedo, S e Sakata, F. - Parques Urbanos no Brasil, 2005. ³ - Barcellos, V. - Os parques urbanos como espaços livres públicos de lazer: O caso de Brasília. 1999.


Fonte: BNR | Parque Albereta - Florenรงa, Itรกlia.

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Fonte: BNR | Parque Sabiá - Uberlândia, MG.


A evolução das linhas de projetos paisagísticos dos parques urbanos brasileiros adquiriu acentuadas mudanças durante dois séculos, desde o seu surgimento. Em sua trajetória, são identificadas três grandes linhas projetuais: Eclética, Moderna e Contemporânea. Um parque urbano pode ser considerado como um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter -se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembraçar-se das obrigações profissionais, familiares ou sociais, como para Duzazedier ¹. Já para Macedo e Sakata², os parques urbanos são espaços destinados ao público, com objetivos de promover a recreação, independente do modelo, e de conservar a natureza na sua forma e estrutura original. No entanto, o ponto de vista ambiental, Fieber³ considera os parques urbanos não apenas como instrumentos destinados à proteção da vegetação e à redução dos efeitos da poluição, mas podendo também se voltar à conservação e manutenção dos recursos hídricos, dentre outros, em benefício da população urbana. Sendo assim, podemos concluir que os parques urbanos têm uma grande importância no contexto social, fazendo com que os

acessos à espaços como esses podem gerar melhorias para a Fonte: BNR | Parque Albereta - Florença, Itália.

população em relação à saúde, qualidade de vida, trazendo equilíbrio físico e emocional, podendo ainda trazer uma leveza e embelezando a cidade e valorizando o seu entorno.

¹- Duzazedier, J. - Lazer e cultura popular, 2008. ² - Macedo, S e Sakata, F. - Parques Urbanos no Brasil, 2005. ³ - Fieber, S. - Áreas verdes urbanas, imagem e uso, 2004.

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08 - ÁREAS DEGRADADAS

Fonte: BNR | Foto da área de intervenção.

Fonte: Ana Carolina Poli da Silva | Foto da área de intervenção.

¹- Suely da Penha Sanches, “As características do espaço urbano e as viagens a pé”, 2001.


Degradação é um conceito extenso e variado, onde a definição de áreas degradadas em um ambiente urbano e no ambiente natural, podem não ter o mesmo significado.

De acordo com Sanches¹, os espaços vegetados nas cidades brasileiras estão diminuindo, e isso se dá pela densidade construída, aumento de impermeabilização, além do crescimento nas zonas periféricas que causam desmatamentos. Com relação aos aspectos sociais, essas áreas apresentam maior vulnerabilidade, favorecendo a violência, o crime e as ocupações irregulares. Com relação a economia, são locais sem investimentos e desvalorizados. E em questões ambientais, acabam comprometendo suas características ecológi-

cas, químicas e físicas, causando poluição, contaminação, erosão e ausência de fauna e flora.

Fonte: Ana Carolina Poli da Silva | Foto da área de intervenção.

Fonte: Ana Carolina Poli da Silva | Foto da área de intervenção.

As suas origens são variadas, incluindo desde o declínio da industrialização até a negligência do poder público. Sendo assim, é possível notar que as grandes cidades brasileiras possuem características ligadas a conflitos sociais e intensa marginalização da população mais desfavorecida, dessa forma, as ÁREAS VERDES possuem um papel social valioso, promovendo melhorias na qualidade de vida, inclusão social, recreação e lazer, ajudando assim na diminuição da criminalidade e das tensões sociais existentes, pois reintegra essas áreas na cidade.

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09- OS RIOS COMO PARTE DA PAISAGEM URBANA

Sabemos que os rios sempre fizeram parte dos crescimento das cidades, sendo usados como fonte de águas, meio de fornecer alimentos, etc., mas com o passar dos anos sua relação com as urbes mudaram. A pós revolução industrial fez com que aumentasse o processo de ocupação e densificação das metrópoles brasileiras. Assim, o automóvel passou a sser visto como um grande representante da modernidade. Desta forma, as cidades começaram a ser moldadas para atender as necessidades automotivas, o que acabou resultando nas diferenças das relações da cidade com os rios. (Entre Rios, 2009) O processo de urbanização e várias obras de infraestruturas começaram a surgir após a revolução industrial. Os rios começaram a ser enxergados como algo favorável para o desenvolvimento viário. Em São Paulo, por exemplo conforme o cresci-

mento da cidade, sua relação com os rios passou a ser conturbada. A canalização do rio Tamanduateí foi defendida como medidas sanitárias, já que em épocas de cheias os rios causavam problemas de saúde por conta da propagação de doenças (Entre Rios, 2009) Segundo Ferraz¹, foi criado o plano de avenidas em São Paulo com o processo de industrialização em crescimento, que tinha o objetivo de construir anéis rodoviários indo do centro da cidade até a periferia, conectados por meio de avenidas perpendiculares a eles.

¹- Miranda Martinelli Magnoli, “Em busca de ‘outros’ espaços livres de edificação”, 2006, p.143. ² - Sun Alex, “Projeto da praça – convívio e exclusão no espaço público”, 2008, p.61.

³ - Milton Santos, 1985.


Fonte: BNR | Rio Tibre - Roma, Itรกlia.

38 Fonte: BNR | Rio Tibre - Roma, Itรกlia.


¹- Miranda Martinelli Magnoli, “Em busca de ‘outros’ espaços livres de edificação”, 2006, p.143. ² - Sun Alex, “Projeto da praça – convívio e exclusão no espaço público”, 2008, p.61.

³ - Milton Santos, 1985.


Para construção dessas avenidas, o plano previa a ocupação dos fundos de vale, além dos rios e córregos. Esses espaços eram impróprios para construção por serem úmidos e alagadiços, tornando-se então espaços vazios na cidade, garantindo baixo custo com relação a desapropriação, e aumento da valorização do seu entorno após a conclusão da obra. Desta forma, com a ocupação das várzeas dos rios, o

processo de canalização e tamponamentos dos rios mais significativos da cidade foram criados. Assim, com o passar dos anos é possível ver que a grande maioria dos rios possuem suas áreas abandonadas pela metrópole, sendo fundo de edificações, ou muitas vezes eixos de implantação de vias para o trânsito rápido. Hoje já contamos com a lei aprovada pelo código Florestal Brasileiro, onde diz que as áreas próximas aos cursos d´água são consideradas áreas de proteção permanente (A.P.P.) Porém, mesmo com a existência dessa lei, muitas vezes essas áreas se caracterizam como espaços residuais da paisagem natural remanescente, e encontram-se geralmente degradadas e invadidas por ocupações irregulares. Essas ocupações irregulares agravam ainda mais a poluição dos cursos hídricos existentes, trazendo riscos aos moradores principalmente pelo perigo de desabamentos, além de trazerem problemas para o meio urbano, como o aumento

de doenças e alagamentos. Dessa maneira, os cursos hídricos tronam-se barreiras para as pessoas, que acabam por menosprezar esse recurso natural, acarretando ainda mais no seu abandono. Fonte: Ana Carolina Poli da Silva | Área de intervenção.

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10 - OS “LINHÕES” SOB A ÁREA ESCOLHIDA A ocupação da área escolhida que, por ser propriedade da E.M.A.E. (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), tem em toda sua extensão diversas torres de linhas de transmissão de energia que são conectadas as usinas e subestações existentes nas imediações do terreno. Há presença de torres de transmissões gera diversas re-

gras a serem respeitadas para garantir a segurança de todos. Entre as regras há a “faixa de servidão”, que indica a distância necessária à construção, operação e manutenção da linha de transmissão. A faixa de servidão, é dividida em três partes, A, que fica ao redor da estrutura das torres. Usada para movimentação de veículos e equipamentos nos trabalhos da manutenção. B, corredor localizado bem abaixo dos cabos, ao longo da linha. Nessa área são permitidas algumas benfeitorias, como por exemplo, plantação de vegetação rasteira, deslocamento de pessoas na faixa, etc. E a área C, é a faixa de terra que complementa a largura total da faixa de servidão. A largura da faixa é definida pela voltagem da linha de transmissão, podendo ser de 138KV, 230KV ou 500KV, onde suas distâncias totais diferem respectivamente em, 30 metros, 50 metros e 65 metros. Para definir a largura dos linhões dentro a área escolhida, analisou-se a faixa não edificada ao longo do terreno e linhões próximos, sendo constatada a faixa de 15 metros para cada lado, resultando no distanciamento total de 30 metros.

¹- Miranda Martinelli Magnoli, “Em busca de ‘outros’ espaços livres de edificação”, 2006, p.143. ² - Sun Alex, “Projeto da praça – convívio e exclusão no espaço público”, 2008, p.61.

³ - Milton Santos, 1985.

A B C


Fonte: Ana Carolina Poli da Silva | Conjunto de imagens da área de intervenção.

FAIXA DE SERVIDÃO ÁREA A - FICA AO REDOR DA ESTRUTURA DAS TORRES.

USADA PARA MOVIMENTAÇÃO DE VEÍCULOS E EQUIPAMENTOS NOS TRABALHOS DE MANUTENÇÃO. ÁREA B - CORREDOR LOCALIZADO BEM ABAIXO DOS CABOS, AO LONGO DA LINHA. NESSA ÁREA SÃO PERMITIDAS ALGUMAS BENFEITORIAS. ÁREA C - FAIXA DE TERRA QUE COMPLEMENTA A LARGURA TOTAL DA FAIXA DE SERVIDÃO.

42



PARTE I I I ESTUDOS DE CASO



11- MÉTODO O método utilizado para a realização deste trabalho, se baseou em leituras, pesquisas e análises de estudos de casos. Os estudos de casos escolhidos possuem características físicas e intencionais similares ao

que se deseja para este projeto, tanto na relação aos aspectos ambientais, quanto na busca de uma qualidade de vida à comunidade, a requalificação da área degradada e familiarização da população com os mesmos.

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12- RED RIBBON O Red Ribbon (fita vermelha) que atravessa o parque Qinhuangdao pode ser visto no contexto do terreno natural e da vegetação, de cerca de 500 metros, integrando as funções de iluminação, assentos, interpretação ambiental e orientação. Conservando o mais natural possível o corredor fluvial, esse projeto demonstra como uma solução de design minimalista pode alcançar uma melhoria dramática para a paisagem.

O parque está localizado no rio Tanghe na margem urbana oriental de Qinhuangdao. As seguintes condições do local apresentaram oportunidades e desafios para o projeto como, boas circunstâncias ecológicas, onde o local foi coberto por vegetações nativas, proporcionando habitats variados e de diversas espécies, antes o local era mal cuidado e deserto, era basicamente um depósito de lixo, com uma favela deserta e instalações de irrigações obsoletas, como valas e torres de água, também havia problemas de segurança e acessibilidade, pelo mal cuidado do local que era praticamente inacessível por conta da vegetação sem amparo. O grande desafio do projeto foi o de preservar os habitats naturais ao longo do rio, ao mesmo tempo em que tinha a meta da criação de novas oportunidades de lazer e educação ambien-

tal. O Red Ribbon foi concebido como um elemento vivo dentro de um ambiente de vegetação verde e água azul, curvando-se com o terreno. Ele integra um calçadão, iluminação e assentos. Feito de fibra de vidro, é iluminado por dentro, num vermelho brilhante à noite. O vermelho brilhante da fita acende esta densa vegetação, ligando a vegetação natural diversificada e os quatro jardins de flores. A fita funciona como um dispositivo estrutural que reorganiza o local anteriormente bastante malcuidado e inacessível. O lugar se tornou cada vez mais urbanizado; este parque em sintonia com as necessidades dos moradores da região, mantém seus processos ecológicos e serviços naturais intactos


48 Fonte: Archdaily | Conjunto de fotos do Parque Red Ribbon - Qinhuangdao, Hebei, China.


13- PARQUE MADUREIRA O parque Madureira, está localizado na região norte da cidade do Rio de Janeiro, alguns estudos apontam a demanda de áreas verdes públicas desta região, uma região onde havia menos de 1m² de área verde por habitante, o parque alterou esse cenário urbano de tal maneira a transformar a vida de seus habitantes. A RRA desenvolveu o projeto de arquitetura, urbanismo e paisagismo do parque. O principal

desafio foi a elaboração de um projeto, baseado em um programa de educação sócio ambiental, desenvolvido pela Prefeitura, e que contou com a participação fundamental da sociedade, resultando na criação um equipamento público sustentável, aliando requalificação urbana, valorização da comunidade, recuperação ambiental e gestão de recursos. A rapidez na apropriação do parque pela comunidade reflete o sucesso desta cooperação. O parque tornou-se o coração verde da região, seu espaço abriga quadras polivalentes, de futebol, playgrounds, academia da terceira idade, academias ao ar livre, ciclovia e estações de bicicleta, área para prática de bocha e tênis de mesa. Sistema de irrigação controlado por sensores meteorológicos, edificações com paredes e tetos verdes, recuperação da fauna e flora da região, com

mais de mais de 800 árvores e 400 palmeiras plantadas, energia solar, controle de resíduos sólidos, sistema de reuso de água, pisos permeáveis e utilização de lâmpadas LED, garantiram ao Parque Madureira a conquista do primeiro certificado de qualidade ambiental AQUA atribuído a um espaço público brasileiro.

Fonte: Archdaily | Conjunto de fotos do Parque Madureira - Rio de Janeiro, Brasil.


50


14- ORLA DO GUAÍBA O Parque Urbano da Orla do Guaíba é um gesto importante da Prefeitura de Porto Alegre, devolvendo para a cidade e seus cidadãos o uso e apreciação de um de seus mais preciosos patrimônios naturais: a Orla do Guaíba. É uma intervenção de 56,7ha ao longo de 1,5km da margem do Lago Guaíba em Porto Alegre, a maior metrópole do sul do Brasil. Sérios problemas relacionados à segurança, ao abandono e à degradação tornaram a área, originalmente parte do sistema de controle de cheias, um problema para a cidade. Com a implantação do parque, cria-se um ponto de encontro qualificado para seus habitantes. É um projeto de regeneração urbana e ambiental que afetará positivamente a qualidade de vida dos porto-alegrenses, gerando efeitos sociais, econômicos e ambientais sistêmicos. Conectam-se as pessoas, a cultura, a história e a natureza em um círculo virtuoso de valorização, sendo de fácil acesso aos pedestres e ciclistas, metrô, ônibus e automóveis em geral. O programa traz os elementos necessários para a valorização de seu entorno, através do crescimento do turismo, valorização imobiliária e recuperação do ambiente natural. Trata-se de um projeto de integração que traz elementos dos ambientes naturais e construídos, permitindo que as pessoas se reúnam e aproveitem este novo espaço, equipado com bares, cafés, áreas esportivas, sanitários, entre outros. O que antes onerava o município se torna um ativo importante, um elemento de sustentabilidade, reduzindo custos e agregando valor. As qualidades arquitetônicas do projeto estão ligadas a forma como ele se insere na paisagem, tirando partido da topografia para acomodar a infraestrutura necessária e criar passeios de contemplação do cenário. Os materiais são concreto, vidro, madeira e aço em seus acabamentos naturais, garantindo leveza ao conjunto. As formas curvas tiram partido da plasticidade do concreto e o desenho se relaciona ao movimento das águas, desenvolvendo-se gentilmente ao longo do terreno. A dimensão cênica do estuário será revalorizada pela implantação de arquibancadas que correm ao longo de todo o parque, oferecendo os melhores assentos para se apreciar o pôr do sol . O projeto paisagístico é pensado com cuidado aos aspectos ecológicos deste habitat ribeirinho e procura reintroduzir espécies nativas ao ambiente, promovendo sua regeneração. A vegetação nativa remanescente permanece respeitada pelos elementos construídos, implantados ao seu redor. Para cada setor (por exemplo, áreas sujeitas a cheias naturais ou as áreas secas mais elevadas), foram selecionadas espécies específicas. De modo geral, o projeto funciona não apenas como um plano de regeneração, mas como um ambiente aberto, vivo e permanente de educação ambiental.


52 Fonte: Jaime Lerner | Conjunto de fotos da Orla do GuaĂ­ba - Porto Alegre, Brasil.


15- TIANJIN ECO-CITY O arquiteto paisagista Grant Associates venceu uma competição internacional para criar um novo parque da cidade de 41 hectares para a Tianjin Eco-City Sino-Singapura (TJEC) no norte da China. Ocupando uma localização central em Tianjin Eco-City, no Canal Gu Dao, a visão de design do Friendship Park é um parque que recebe visitantes de todas as idades, celebra a amizade entre a China e Cingapura e incorpora os princípios da sustentabilidade. O masterplan da Grant Associates tem como objetivo traduzir essas ideias para o local interligando paisagens e personagens contrastantes - como água e terra, natureza e cidade - enquanto mantém uma unidade no design com um relevo contínuo. A Grant Associates Singapore conduzirá o projeto do Parque da Amizade Tianjin SinoSingapura com um plano mestre em fases que propõe um Conservatório de cinco biomas de vidro, abrigando coleções de plantas tropicais e jardins aquáticos. Outros elementos-chave do design incluem um centro de zonas úmidas, uma doca urbana, áreas de lazer, reservado para eventos e anfiteatro. A equipe irá colaborar com os consultores locais para entregar o projeto, que será o parque público de maior visibilidade dentro da cidade ecológica de 30 quilômetros quadrados. O Friendship Park também é um destino turístico internacional para todas as temporadas.


Fonte: Archdaily | Conjunto de fotos do Parque Tianjin Eco City - Singapura, China.

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PARTE I V LEVANTAMENTOS


16 - LOCALIZAÇÃO SUBPREFEITURA A região de Capela do Socorro, ao sul do Município de São Paulo, estende-se por uma vasta área abaixo dos canais dos rios Jurubatuba e Guarapiranga. É formada pelos distritos de Socorro, Cidade Dutra, Grajaú, com uma superfície de 135 km², que corresponde a 8,8% do território do município. Cerca de 90% de seu território está inserido em área de proteção aos mananciais responsáveis pelo abastecimento de 30% da população da região metropolitana de São Paulo. A ocupação da Capela do Socorro está estreitamente relacionada à expansão e estruturação urbanas da Subprefeitura de Santo Amaro, à qual esteve administrativamente ligada até 1985.


SOCORRO

CIDADE DUTRA

GRAJAÚ

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO E SUBPREFEITURAS 0

6

12

18KM

Fonte: CEM/CEBRAP - CENTRO DE ESTUDOS DA METRÓPOLE, 2008.

58


17 - HIDROGRAFIA ESTAÇÃO STO. AMARO

ESTAÇ AV. GUARAPIRANGA

RIO GUARAPIRANGA

AV

REPRESA GUARAPIRANGA


ÇÃO SOCORRO

ESTAÇÃO JURUBATUBA

V. INTERLAGOS

AV. JAIR RIBEIRO SILVA

REPRESA BILLINGS

60


A hidrografia da região escolhida para o projeto de intervenção, é muito marcada pela presença de uma grande quantidade de águas em seu entorno. Sendo eles em dimensões discrepantes, como por exemplo, córregos de diversas ex-

tensões, represas, sendo a do Guarapiranga e a Billings, ou como os rios, Rio Guarapiranga, com ou Rio Jurubatuba,. Mais especificamente sobre os rios, o Rio Guarapiranga é um curso de água, cujo o represamento de suas águas forma a Represa do Guarapiranga. Já as

águas do RIO JURUBATUBA, formam o Rio Pinheiros após o encontro com o Rio Guarapiranga. Deste modo, os Rios Grande (Guarapiranga) e Jurubatuba, formam um único curso d´água, com nascentes situadas na Serra do Mar e com a foz no Rio Tietê. A construção do

barramento que deu origem a Represa Billings, na década de 1920, criou uma ruptura em seu curso natural, que descaracterizou a noção de continuidade desses corpos hídricos.


SEM ESCALA

ÁREA DE INTERVENÇÃO

RIO JURUBATUBA

CÓRREGOS NO TERRENO

CÓRREGOS DO ENTORNO

62


18 - HISTÓRICO Sobre épocas anteriores, existem informações de que esta região era habitada pelos índios tupis, que ocupavam também vários pontos da região sul do Brasil, além do litoral. Já no século XX, os guaranis, do grupo tupi, no curso de seu processo migratório, chegaram a Parelheiros e lá se fixaram. Remanescentes desse núcleo são as duas aldeias existentes na área da Subprefeitura de Parelheiros e que reúnem cerca de 600 indígenas. Outras referências à Capela do Socorro são encontradas em documentos dos anos que se seguiram à independência do Brasil. Naquela época, foram realizadas algumas tentativas de atrair para o Brasil a imigração europeia. Em 1827 e no ano seguinte desembarcaram em Santos os primeiros grupos de colonos alemães, dentre os quais destacaram-se pouco mais de 120 que aceitaram terras devolutas em Santo Amaro, localizadas em colônia, na Subprefeitura de Parelheiros e que se espalhou por toda a região sul. O interesse pela região da Capela do Socorro acontece nas primeiras décadas do século XX, após a construção das barragens da Light: em 1907, a do rio Guarapiranga, dando origem à represa que ocupa área de 33,9 Km², com a finalidade principal de regularizar a vazão do rio Tietê e garantir a geração de energia na Usina Edgard de Souza em Santana do Parnaíba e, a do rio Grande, construída após a grande seca de 1924, que deu origem à represa Billings, ocupando área de 130 Km² entre São Paulo e São Bernardo do Campo.

As represas criaram um potencial de lazer até então desconhecido na região, almejando uma intensa especulação imobiliária em torno de loteamentos para construção de equipamentos recreativos. Chácaras de recreio, clubes de campo, clubes náuticos e balneários passaram a caracterizar extensas áreas dos arredores das represas. A construção da autoestrada Washington Luís em 1928, com 16 Km, ligou o Ibirapuera a Interlagos, via Santo Amaro e Socorro e foi, posteriormente, completada com a Avenida Interlagos, impulsionando ainda mais o desenvolvimento das atividades recreativas da região. Alguns loteamentos residenciais como de padrão médio surgiram nesta época, na porção norte da Capela do Socorro, entre os quais o maior era Vila Friburgo. Na década de 30, uma construtora e imobiliária, a "AESA - Autoestradas S.A.", criou o loteamento denominado "Interlagos - Balneário Satélite de São Paulo", realizando no local grandes investimentos para criar infraestrutura urbana e melhorias rodoviárias. O objetivo era estabelecer domínio de iniciativas imobiliárias de frente para a Represa de Guarapiranga, um bairro residencial de alto padrão para atender às camadas de maior poder aquisitivo. No entanto o empreendimento não evoluiu e anos depois, apenas algumas famílias haviam se instalado, em quarteirões basicamente vazios. Muitas das casas construídas para fins residenciais acabaram sendo ocupadas por restaurantes.


Fonte: SP IN FOCO | São Paulo, Brasil.

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Outros bairros continuavam a se formar como resultado de iniciativas imobiliárias, através de loteamento de glebas quase sempre sem preocupações urbanísticas ou outros critérios além da obtenção de lucros. Característica comum para todos foi o fato de que a linha de ônibus surgiu sob resultado do núcleo já loteado e ocupado. Por outro lado, as estradas percorridas pelos ônibus funcionaram como eixos, gerando pequenos núcleos em torno dos pontos de parada ou no terminal da linha. Nestes locais instalaram-se estabelecimentos comerciais e de serviços, geralmente simples, para atender às necessidades locais. E estes centros de atividades ao longo das vias principais foram crescendo de acordo com o adensamento dos bairros e muitos serviram como polos em torno dos quais surgiram novos bairros. Nas décadas de 50 e 60 o Estado de São Paulo viveu intenso processo de expansão industrial, com importantes alterações no padrão de localização da indústria mais moderna e de maior porte. Na cidade de São Paulo, este processo teve como um de seus aspectos, a ampliação do parque industrial de Santo Amaro, que se consolidou como um dos mais importantes polos de emprego industrial da região metropolitana. A disponibilidade de áreas, facilidades de transportes, particularmente com a construção do sistema de marginais do rio Pinheiros e a presença de água e energia, contribuiu para atrair grande número de estabelecimentos industriais dos setores mais modernos da indústria. Os mesmos instalaram-se ao longo do canal do Rio Jurubatuba, chegando até as proximidades do Largo do Socorro.


Fonte: 32xSP | foto: André Bueno.

O desenvolvimento industrial teve grande influência em Capela do Socorro, e a região passou a acomodar parte do crescimento urbano da cidade. Para Capela ocorreram significativos segmentos da população trabalhadora que buscava área ainda não consolidada e com disponibilidade de terra urbana a baixo custo. Os novos bairros que então surgiram acompanharam o padrão periférico de expansão urbana que caracterizou o crescimento de São Paulo principalmente nos anos 70. Os arruamentos entraram em áreas onde o solo é mais vulnerável à erosão e com altas declividades que as tornam inadequadas à urbanização, referente ao adensamento. Sem oferta de infraestrutura urbana, de equipamentos sociais e distantes do transporte coletivo, e um grande número de trabalhadores autoconstruíram suas casas em lotes, na maioria das vezes ilegais, e comprados através de longos financiamentos. A partir de 1975 a ocupação da região de Capela do Socorro passou a ser legalmente subordinada à Lei de Proteção dos Mananciais e à legislação de zoneamento industrial. No entanto, a legislação relativa aos mananciais foi insuficiente para conter o avanço da urbanização e a degradação ambiental. A lei dos mananciais estabeleceu baixos limites de densidade para a ocupação do solo e dificultou o licenciamento de empreendimentos na área, mesmo quando adequado às normas legais. Praticamente excluídos do mercado imobiliário formal, os preços dos terrenos se tornaram extremamente baixos. A depreciação do valor da terra, aliada a outros fatores como uma inadequada política habitacional, a baixa renda dos trabalhadores a proximidade de grande concentração de empregos e as dificuldades de fiscalização, e certa conivência, por parte dos órgãos públicos, tiveram como efeito a expansão desenfreada dos loteamentos clandestinos e de favelas, localizadas em grande parte ao longo dos córregos contribuintes das represas.

66


19 - LEGISLAÇÃO Ainda nos dias atuais, a densidade e assentamentos irregulares geram conflitos causados por interesses econômicos, mas também pela desigualdade social, degradação ambiental, e pela questão da paisagem urbana. Predominam dois tipos de zoneamento na região escolhida, a zona especial de preservação ambiental (ZPAM), e zona especial de preservação (ZEP) com intuito de preservar e recuperar a região. Além disso há demarcação de ZEIS 1 (Zona especial de interesse social,são porções do território destinadas, predominantemente à moradia) em áreas com assentamentos precários e informais, que necessitam de urbanização e regularização do ponto de vista fundiário, também as ZEIS 4 que são demarcadas em terrenos e glebas ociosas, não utilizadas ou subutilizadas, destinadas à produção de novas HIS (habitação de interesse social) destinadas para famílias a serem realocadas que habitavam áreas de risco. Por conta da degradação do meio ambiente tiveram que ter outra demarcação, essas que tem regras específicas de preservação, onde não se ocupa todo o terreno, devem ter edificações de menor tamanho provocando assim menos impactos ao meio ambiente.

ZEPAM

ZPDS

AC 02

ZEU

ZEU a

ZER a


SEM ESCALA

ZC

ZEMP

ZER 01

ZM

ZCOR 01

ZPI 01

ZDE 02

ZCOR a

ZOE

ZEIS 04

68


OUC ÁGUA BRANCA

OUC CENTRO

OUC FARIA LIMA

OUC ÁGUA ESPRAIADA

ARCO JURUBATUBA


Na área de intervenção também há presença de uma operação urbana, que ficou definida atualmente no PDE (Plano Diretor Estratégico) como “ARCO JURUBATUBA” e teve início no século XVI, nos núcleos urbanos das vilas de Santo Amaro e Capela do Socorro. O Arco Jurubatuba compõe o Setor Orla Ferroviária e Fluvial da Macroárea de Estruturação Metropolitana MEM definido pelo Plano Diretor Estratégico - PDE (Lei nº 16.050/14). Conforme as definições estabelecidas na lei, a M.E.M. apresenta grande potencial de transformação urbana e tem papel estratégico na reestruturação do Município, na medida em que é delimitada em áreas que apresentam vias estruturais, sistema ferroviário e rodovias, que articulam a Região Metropolitana de São Paulo e onde se verificam processos de transformação econômica e de padrões de uso e ocupação do solo. Nesse sentido, os objetivos a serem alcançados para essas áreas estruturadoras da cidade, definidos em lei, visam, essencialmente: o equilíbrio na relação entre emprego e moradia a partir do aumento das densidades demográficas e construtivas, implantação de novas atividades produtivas, manutenção e estímulo ao emprego industrial de abrangência metropolitana, recuperação da qualidade dos sistemas ambientais existentes, produção de habitação de interesse social, manutenção da população moradora, incremento e qualificação da oferta de diferentes sistemas de transporte coletivo e manutenção e qualificação dos espaços públicos. O Arco Jurubatuba caracteriza-se por grandes contrastes urbanos e de indicadores sociais, com a centralidade metropolitana de Santo Amaro e as áreas industriais de Campo Grande e Capela do Socorro concentrando as atividades econômicas de um arco populacional vulnerável de mais de um milhão de habitantes a sul e oeste . SEM ESCALA

SETOR ORLA FERROVIÁRIA E FLUVIAL

70


Há um potencial expressivo de desenvolvimento urbano associado a múltiplas ações, como a recuperação e aproveitamento dos sistemas hídrico-ambientais (especialmente a despoluição e regularização das áreas de mananciais), a melhoria dos sistemas de transporte e mobilidade urbana de modo mais amplo, o fortalecimento das centralidades locais a oeste, com maior cobertura de equipamentos e

serviços públicos, bem como o desenvolvimento econômico associado à reestruturação das Zonas Predominantemente Industriais (ZPIs) com as Zonas de Desenvolvimento Econômico (ZDEs), estimulando a presença de toda a cadeia produtiva em uma mesma área, sem a expulsão das indústrias de grande porte. O incentivo à indústria de alta tecnologia e centros de pesquisa aplicada e a implantação

de “backoffices” nas proximidades dessa indústria pode cumprir um importante papel para toda a região sul do município. Ao lado podemos notar a área que será influenciada pelo do ARCO JURUBATUBA. A partir dessas análises pode-se concluir que a área escolhida para tal intervenção, tem um déficit de infraestrutura pela qual a operação pretende reparar de uma forma que englobe todos os pontos negativos e/ou aqueles que podem melhorar de alguma forma, como a questão de transportes públicos, mobilidade, drenagem, entre outros, inclusive sobre a questão do espaço público e áreas mais qualificadas para os que lá habitam.


SEM ESCALA

ARCO JURUBATUBA

RIO JURUBATUBA

ÁREA DA INTERVENÇÃO

72


20 - USO E OCUPAÇÃO O terreno se encontra em uma área ocupada por diversas predominâncias, no entanto o entorno imediato é dado por um grande número de indústrias e armazéns, e também por residências horizontais de baixo padrão Existem poucos equipamentos públicos na região e a área do antigo lixão, tem como predominância “terrenos vagos”, o que intensifica a intenção de projeto, de utilizar a área para a população, como um espaço público.

RESID. HORIZONTAL BAIXO PADRÃO

RESID. VERTICAL BAIXO PADRÃO

RESID. HORIZONTAL MÉDIO/ALTO PADRÃO

RESID. VERTICAL MÉDIO/ALTO PADR

GARAGENS

ESCOLAS


RÃO

SEM ESCALA

COMÉRCIO/SERV. E INDÚSTRIA/ ARMAZ.

RESID. E INDÚSTRIA/ARMAZÉNS

INDÚSTRIA E ARMAZÉNS

COMÉRCIO E SERVIÇOS

RESID. E COMÉRCIO/SERVIÇOS

EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

TERRENOS VAGOS

OUTROS

SEM PREDOMINÂNCIAS

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RECONHECIMENTO DA ÁREA DO ENTORNO

A área escolhida para a intervenção, não é aberta diretamente ao público. É uma área que por toda sua extensão encontra-se barrada por muros, portões e diversas edificações irregulares. Sendo assim, praticamente todo seu entorno lhe dá as costas. É uma área que muitas vezes é utilizada como lixão pelos moradores, e não tem um uso específico para a população. A área também é composta por linhas de transmissão de energia, que têm diversas normas a serem seguidas por questões de segurança. Fiz visitas de reconhecimento ao território no entorno da área, e pude concluir algumas questões muito marcantes, de acordo com as legendas ao lado, se-

gue minhas percepções da região.


SEM ESCA-

PRESENÇA DE AMBULANTES - PROVOCADA POR RESUTAURANTES.

PRESENÇA DE PRAÇA, MAS SEM USO À COMUNIDADE.

PRESENÇA DE AMBULANTES - PROVOCADA PELO COMÉRCIO DE SERV.

PRESENÇA DE PRAÇA, MAS COM USO DA COMUNIDADE.

PRESENÇA DE AMBULANTES - PROVOCADA PELA ENTRADA DA CICLOVIA.

PRESENÇA DE MUROS E/OU PORTÕES, EM RUAS SEM SAÍDA.

PRESENÇA DE TRABALHADORES DA REGIÃO DESCANSANDO EM CALÇADAS.

LIXO E RESTOS DE ALIMENTOS.

PRESENÇA DE CRIANÇAS PELA RUA, BRINCANDO.

POUCO MOVIMENTADO.

PRESENÇA DE ADULTOS PELA RUA, OBSERVANDO.

CAMPO DE FUTEBOL.

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AOS USUÁRIOS DA REGIÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO


78 Fonte: BNR | Usuários da área de intervenção. São Paulo, SP.



PARTE V PARQUE LINEAR RIO JURUBATUBA


21 - DIRETRIZES

Após um breve levantamento sobre a região em questão, visitas ao local e em diferentes níveis do entorno da área escolhida para a intervenção, foi possível ver quais são as necessidades da população local, e se a proposta do projeto é viável ou não. Dessa forma, foram estabelecidas as principais necessidades que o projeto deverá atender para ser consistente. 1 - FUNCIONAL: Proporcionar conexões transversais práticas para o pedestre e atividades próximas as habitações; 2- FIGURATIVO: Inserir o parque no cotidiano da população local, com o intuito de acabar com as “barreiras” físicas e visuais existentes entre a população e o rio;

3- AMBIENTAL: Conservação da mata ciliar e de nascentes, formação de vegetação nativa, arborização de relevância ambiental, vegetação significativa e alto índice de permeabilidade.

Após o estabelecimento das principais necessidades que devem ser atingidas, cabe em seguida estabelecer diretrizes mais específicas, como: 1. acesso ao terreno; 2. criação de conexões transversais, em pontos estratégicos; 3. criação de programas voltado para a população; 4. criação de atividades esportivas, culturais e de lazer; 5. criar relação indivíduo x rio; 6. criar relação indivíduo x meio ambiente; 7. ciclovia no decorrer do parque.


22- PROPOSTA GERAL

O parque linear contém um programa que abrange as seguintes áreas:

DESLOCAMENTO: Dar continuação à ciclovia existente em um trecho do terreno, fazendo com que percorra toda a extensão do parque. Tem início na Av. Marginal e finaliza na Rua Alexandre de Gusmão, atualmente. Distância atual: 1,5km | Distância proposta: 7km;

MEIO AMBIENTE: Criação de grandes canteiros de vegetação, onde surjam caminhos de passeio entre eles, nos córregos existentes, seja utilizada algum tipo de infraestrutura verde, e uma horta comunitária para a população da região.

CULTURAL: Criação de uma edificação voltada para diversas atividades culturais, desde exposições à ações espontâneas, como músicos, apresentações, etc., trazendo assim, um caráter de diversidade ao parque;

ESPORTIVO: Criação de áreas esportivas com quadra de futebol, quadras poliesportivas, quadras de vôlei, quadras de basquete, pista de skate, aparelhos de ginástica ao ar livre;

MIRANTE: Criação de mirantes no terreno do antigo lixão com a vistas voltadas para o parque, o rio Jurubatuba e para a represa Billings.

82


23- DESENVOLVIMENTO DE PROJETO

O Parque Linear Rio Jurubatuba tem como partido de projeto o desafio de lidar com as linhas de transmissão existentes por quase toda extensão do terreno escolhido, fazendo com que haja uma limitação de permanência nessas áreas. O terreno possuí uma extensão total de 7,4km, com variações de largura e topografia íngreme em alguns pontos da área, podendo ter até 45 metro de desnível ao nível do rio. A área total do terreno escolhido para intervenção é de 1.7km². Como primeira atividade realizada para o início do projeto, foi feito um plano de massas para uma melhor compreensão territorial, com suposições aos acessos principais e secundários, estares e passagens do parque. Dando sequência a análise citada acima, o projeto de soluções e futuras propostas para a margem do Rio Jurubatuba

baseia-se nas principais vias onde já há presença de conexões transversais, assim nota-se que em uma extensão de aproximadamente 3km de distância de uma via principal para a outra, a população que se encontra entre vias, tem um tempo de deslocamento por transportes públicos e/ou privados muito maior daqueles que se encontram mais próximos das mesmas. Por esse motivo, o trecho do parque onde há uma concentração muito maior de linhões por m², localiza-se o maior número de estações de trem do outro lado do rio, o intuito com este trecho é a criação de vias de conexões transversais para pedestres e ciclistas. Melhorando assim o tempo de deslocamento desses usuários ao seus destinos.

AV. GUARAPIRANGA


ESTAÇÃO STO. AMARO

ESTAÇÃO SOCORRO

A

ESTAÇÃO JURUBATUBA

AV. INTERLAGOS

AV. JAIR RIBEIRO SILVA

SEM ESCALA

ÁREA DE

PRINCIPAIS

ESTAÇÕES DA

PROPOSIÇÃO DE

PROPOSIÇÃO DE

INTERVENÇÃO

AVENIDAS

CPMT - LINHA 09

ACESSOS

CONEXÕES

84


EVOLUÇÃO DE PROJETO Após a execução do plano de massas, obtive como resultado um desenho de vegetação que envolvesse as torres de transmissão para evitar um contato com os usuários do parque linear; o que originou caminhos entre os trechos vegetativos. Após a criação da faixa vegetativa, dei continuidade a proposta geral, e comecei a pensar na questão do deslocamento. A ciclovia é aquilo que acredito ter uma necessidade expressiva de crescimento, sendo assim, a ideia de aumentar sua extensão sob o território escolhido, teve um desenvolvimento significativo. 1- Na primeira proposta de caminho da ciclovia, o desenho se tornou uma brincadeira com as “ilhas vegetativas” sendo bem fluído e pouco uniforme, o que poderia se tornar algo que trouxesse algum tipo de risco aos usuários, em relação ao seu tempo de permanência sob as linhas de transmissão. 2- Já na segunda proposta, o desenho da ciclovia, se tornou algo mais uniforme em relação as margens do parque, no entanto em alguns momentos acontece uma leve brincadeira que extrapola para o rio. No decorrer das margens do parque, acontecem alguns programas pré determinados, como por exemplo, um palco para apresentações diversas com a arquibancada voltada para o rio, tentando criar uma maior conexão entre os usuários e o rio, também temos um grande deck, onde sua principal função é opções de serviços como restaurantes e bares, ao lado de uma grande clareira para atividades espontâneas, sejam elas, tomar banhos de sol, brincar com cachorros, fazer piqueniques, etc.

Se aproximando da barragem da represa Billings, acontece a área do parque voltada para o lazer da comunidade, com quadras poliesportivas, quadras específicas, pista de skate, playground, uma conexão com o antigo lixão, que se tornou uma área para o caminhar e o contemplar, com mirantes em diferentes níveis do morro.


Fonte: BNR | Desenvolvimento de projeto, desenhos. SĂŁo Paulo, SP.

86


24- AMPLIAÇÕES

TRECHO 02

TRECHO 01

TRECHO 03


TRECHO 04

88

TRECHO 05 SEM ESCALA


TRECHO 01

CRÓTON Cadiaeum Variegatum

PATA DE VACA Bauhinia Blakeana

CAPIM D

Corta


DOS PAMPAS

aderia Selloana

MATA CILIAR cobertura vegetal nativa, que ficam às margens de rios, igarapés, lagos, olhos d´água e represas.

WET LAND sistema artificialmente projetado para utilizar plantas aquáticas em substratos como areia, cascalhos ou outro material inerte, onde ocorre a prolifera-

TRECHO 01, é a área em que a ques-

ção de biofilmes que agregam popula-

tão principal se deu pelo caminho e

ções variadas de microrganismos os

o contato com a vegetal proposta.

quais, por meio de processos biológicos, químicos e físicos, tratam águas residuárias.

PISO INTERTRAVADO ( 20cm X 6cm ) É um piso que forma superfícies pavimentadas uniformes e firmes. O pavimento evita a impermeabilização do solo, pois há um espaçamento entre as peças que a água é escoada ao solo.

CAPIM DO TEXAS

CAPIM CHORÃO

Pennisetum Setaceum Rubrum

Pennisetum Alopecuroides

0 10

50

100M

90


PALCO Para apresentações espontâneas e/ou, programadas.

TRECHO 02, é a área em que há presença do palco para apresentações

TORRE DE

espontâneas e/ou programadas,

T R A N S M I S SÃ O

além do deck, com a proposta principal de auxiliar em possíveis en-

tradas de food trucks e similares, como bares e restaurantes. DECK Deck de madeira, sobre o Rio Jurubatuba..

AGAVE Agave angustifolia

0 10

50

100M


TRECHO 02

CLAREIRA

CRÓTON Codiaeum variegatum

PALMEIRA IMPERIAL Roystonea oleracea

92


TRECHO 03

PASSARELA CONEXÃO ESTAÇÃO JURUBATUBA

ÁREA ALAGADA


AGAPANTHUS Agapanthus Africanus

TRECHO 03, é a área em que a quesCAPIM DO TEXAS

tão principal se dá pelas conexões,

Pennisetum Setaceum Rubrum

seja por passarelas que atravessam o rio, ou por passarelas de

estares dentro da área do parque.

ARQUIBANCADA

PASSARELA E CICLOVIA ELEVADAS

0 10

50

100M

94


CICLOV I A

TRECHO 04, é a área que tem maior semelhança com o trecho 01, pela questão de contemplação e deslocamento do território, no entanto o seu diferencial em questão, são as BROMÉLIAS

entradas que existem nessa área.

Bromeliaceae

ACESSO AO PARQUE

0 10

50

100M


TRECHO 04

PISO INTERTRAVADO ( 20cm X 6cm ) É um piso que forma superfícies pavi-

CAPIM DOS PAMPAS Cortaderia Selloana

mentadas uniformes e firmes. O pavimento evita a impermeabilização do solo, pois há um espaçamento entre as peças que a água é escoada ao solo.

96


0

,25

0,50

TRECHO 05, é o trecho que tem maior área útil para o desenvolvimento do parque, em questões de lazer e esporte para a comunidade .

1KM

PRAINHA

PLAYGROUND

ÁREA DE FOODTRUCK

P


ÁREA DE PIQUINIQUE

QUADRA POLIESPORTIVA ÁREA DE BOSQUE

CAMPO DE FUTEBOL PISTA DE SKATE

98


0

5

10

15


100


0

5

10

15


102


0

5

10

15


104


0

5

10

15


106


25- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse projeto de conclusão de curso procurou discutir a importância das áreas livres de edificações, e mostrar o quão relevantes elas são para as pessoas que vivem na cidade em diferentes aspectos. Buscou também criar melhorias gerais para a população da região da Capela do Socorro e seu entorno, auxiliando na carência de espaços públicas dignos, através do PARQUE LINEAR RIO JURUBATUBA. O parque traz à população uma série de programas com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos ali presentes, com áreas programadas para práticas esportivas, culturais, sustentáveis e de lazer. Além da criação de conexões aéreas sobre o Rio Jurubatuba, através de passarelas, com destino à estação Jurubatuba da linha 9 Esmeralda - CPTM, e a outra conexão acontece com o antigo lixão, onde no projeto, ele se tornou uma área de passeio e contemplação em níveis, com a presença de mirantes. O desenvolvimento do projeto se deu por uma enorme quantidade de tempo pensando em como conciliar as linhas de transmissão com a proposta de um parque voltado principalmente ao lazer e bem estar da população. A presença das linhas de transmissão no decorrer do parque foi um grande desafio, pelo fato de não poder haver permanência sob elas. Nesse caso a alternativa foi criar um desenho que envolvesse as torres, com uma grande quantidade de vegetação onde não fosse convidativo o “permanecer”, e sim o contemplar e prosseguir. Por esse motivo, a maior parte do parque tem um caráter sustentável e contemplativo. Já na parte em que a quantidade de linhas de transmissão diminuem, próxima à represa, a topografia fica mais acidentada, criando mais um desafio. Segui com o desenho que envolvia as torres e fiz uma adaptação com as curvas de níveis existentes transformando o piso em um desenho fluído e proveitoso para a implantação das atividades desejadas.

Portanto acredito que através desse projeto foi possível mostrar uma possível alternativa de solução para os problemas apresentados no início do trabalho, onde a idéia principal é a melhoria da qualidade de vida dentro da cidade de São Paulo, através de um parque linear.


Fonte: Ana Carolina Poli da Silva | Área de intervenção.

108


Fonte: BNR | Área de intervenção.


BIBLIOGRAFIA

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BARCELLOS, V. Os parques como espaços livres públicos de lazer: O caso de Brasília. São Paulo, tese doutorado FAU-usp, 1999 FEIBER, S. Áreas verdes urbanas, imagem e uso - O espaço geográfico em análise. Curitiba, 2004. FRIEDRICH, D. O parque linear como instrumento de planejamento e gestão de áreas de fundo de vale. Porto Alegre, 2007. GEHL, J. Cidade para pessoas. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2013. GORSKI, M. Rios e cidades - rupturas e reconciliação. São Paulo: Ed. SENAC, 2014. HEEMANN, J. Guia do espaço público. São Paulo: Ed. Conexão Cultural, 2016. JACOBS, J. Morte e a vida das grandes cidades. São Paulo: Ed. WMF Martins Fontes, 2014.

KLIASS, R. - Os parques urbanos de São Paulo. São Paulo: Ed. Pini, 1993. MACEDO, S. Parques urbanos no Brasil. São Paulo: Ed. Edusp, 2003. MACEDO, S. Quadro do paisagismo no Brasil. São Paulo, Quapá, 1999. MORIN, E. O método 1: A natureza da natureza. Porto Alegre: Ed. Sulina, 2008. NAGANO, W. A experiência paulistana na implantação dos parques lineares: Estudo do Parque Linear Itaim. São Paulo, tese de mestrado FAU-usp, 2018. ROGERS, R. Cidades para um pequeno planeta. Barcelona: Ed. Gustavo Gili, 2001. SANCHES, P. De áreas degradadas a espaços vegetados. São Paulo: Ed. SENAC, 2014. SUN, A. Projeto da praça: Convívio e exclusão no espaço público. São Pauloa: Ed. SENAC, 2008.



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