Ana Beatriz Figueiredo_Chalés Ecológicos em Ubatuba: Sustentabilidade, Permacultura e Bioconstrução.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Ana Beatriz Ferreira de Figueiredo

Chalés Ecológicos em Ubatuba: Sustentabilidade, Permacultura e Bioconstrução como alternativa de projeto.

São Paulo 2018


Ana Beatriz Ferreira de Figueiredo

Chalés Ecológicos em Ubatuba: Sustentabilidade, Permacultura e Bioconstrução como alternativa de projeto.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Prof. Dra. Valéria Fialho

São Paulo 2018


Ana Beatriz Ferreira de Figueiredo

Chalés Ecológicos em Ubatuba: Sustentabilidade, Permacultura e Bioconstrução como alternativa de projeto. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Prof. Dra. Valéria Fialho

A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão em sessão pública realizada em considerou o(a) candidato(a)

1) Examinador(a): 2) Examinador(a): 3) Presidente:

/

/

,


São cinco anos de vivências, e tenho a agradecer por todas elas. A Deus por tudo. Aos meus pais, Selma e Ari Figueiredo, por me darem tanto amor e apoio, e me incentivarem a seguir o que sonho e acredito. Aos amigos e família por acreditarem em mim e por todo suporte durante esse ciclo. À todos os professores e em especial à minha orientadora Valéria Fialho e meus orientadores das Iniciações Científicas, Ricardo Luiz Silva e Nelsson Urssi que me fizeram crecer tanto como aluna, enquanto aprendia sobre a vida. À meus melhores amigos por serem parte tão importante de mim e caminharem ao meu lado durante todos os momentos dessa jornada; Eduardo Caneschi, Tayná Souza, e em especial ao Erik Bostelmann, meu mais sincero obrigada; vocês foram essenciais para este momento. Ao meu companheiro, João Vitureira por ser apoio, força e cumplicidade. Amo vocês.


“Há um gosto de vitória e encanto na condição de ser simples. Não é preciso muito para ser muito.” Lina Bo Bardi


“Não existe uma maneira (hoje) de demonstrar facilmente que uma edificação é sustentável. No entanto, é muito fácil afirmar isso. Não queremos contribuir para a baboseira sem significado sobre elementos ‘sustentáveis’, sistemas ‘sustentáveis’ e/ou edificações ‘sustentáveis’, que é tão comum nos círculos de projeto de hoje.” (Kwok e Grondzik, 2013) Atualmente, muitas construções são ditas “sustentáveis” ou “ecológicas”; porém muitas vezes sequer sabemos o que estes termos significam. A partir desta questão, este trabalho tem como um de seus objetivos, esclarecer brevemente as definições

Resumo

dos termos selecionados para o tema. O intuito principal deste trabalho é, através do conhecimento adquirido com pesquisas aprofundadas, exemplos e estudos das características urbanas e técnicas do terreno, produzir edificações ecológicas de alto desempenho, ou seja, ter um processo eficiente e não degradante ao meio ambiente, desde seus materiais até seu funcionamento diário.

Palavras chaves: Permacultura; Bioconstrução; Sustentabilidade; Chalés; Ubatuba.


“There is no way (today) to easily demonstrate that a building is sustainable. However, it’s very easy to state this. We do not want to contribute to meaningless nonsense about ‘sustainable’ elements, ‘sustainable’ systems and / or ‘sustainable’ buildings, which is so common in today’s project circles.” (Kwok and Grondzik, 2013) Today, many buildings are said to be “sustainable” or “green”; but often we do not even know what these terms mean. From this question, this work has as one of its objectives, to clarify briefly the definitions of the terms selected for the theme. The main purpose of this work is, through the knowledge acquired with in-depth research, examples and studies of the urban characteristics and techniques of the terrain, to produce ecological buildings of high performance, that is, to have an efficient and non-degrading process to the environment, until its daily operation.

Key-words: Permaculture; Bioconstruction; Sustentability; Cottages; Ubatuba.

Abstract


Sumรกrio


1. INTRODUÇÃO

11

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

80

1.1 Objetivo

14

9. BIBLIOGRAFIA

82

1.2 Justificativa

15

1.3 Metodologia

16

2. CONTEXTUALIZÇÃO DO TEMA

17

2.1 Sustentabilidade

18

2.2 Permacultura

20

2.3 Bioconstrução

24

3. ECOVILAS

27

4. MATERIAIS E SISTEMAS

30

5. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

43

6. DIAGNÓSTICO DA ÁREA

52

8.1 Localização e levantamento de dados

53

8.2 Zoneamento

54

8.3 Uso e ocupação do solo

56

8.4 Vias principais e transporte público

57

7. O PROJETO

58

7.1 Setorização e fluxograma

59

7.2 Programa

60

7.3 Sistema estrutural e materiais

76

7.4 Detalhes

78



1. Introdução


Um problema de pesquisa tem um percurso

Reconhecidamente, o setor da constru-

inusitado; nossos desvios também fazem parte do

ção civil é uma das das atividades humanas

caminho. Essa introdução tem como objetivo con-

que mais consome recursos naturais, respon-

textualizar o percurso e apresentar o processo cheio

sáveis pela demanda de energia e de ma-

de idas e vindas, que se tornam o projeto em si.

teriais que produzem gases de efeito estufa derivados, prejudicando o meio ambiente.

“As

pessoas

podem

mudar

o

mundo,

Internacionalmente, há estimativas de

desde que comecem por elas mesmas e por

que entre 40% e 75% dos recursos naturais

suas próprias casas.” (Marcelo Bueno, 2013)

existentes são consumidos por esse setor, resultando assim em uma enorme geração de

A tecnologia trouxe diversos benefícios à

resíduos. Só no Brasil, a construção gera cer-

humanindade; mas com ela vieram as consequ-

ca de 25% do total de resíduos da indústria.

ências de seu uso em excesso: aquecimento glo-

Este setor tem um grande peso tam-

bal, desmatamento, emissão de gases poluentes

bém em termos de emissões de carbono. Se-

bem como poluição do ar e da água, entre outras

gundo a UNEP (United Nations Environment

ações que resultam no esgotamento dos recursos

Programme), as edificações respondem por

naturais restantes. Esse processo não para de

40% do consumo global de energia e por até

acontecer, e cabe à nós, tomarmos medidas res-

30% das emissões globais de gases de efeito

ponsáveis para diminuir ou reverter este quadro.

estufa relacionadas ao consumo energético. É notável o prejuízo que as construções geram para nossos recursos naturais, sendo,

12 | Introdução


inclusive, um dos temas mais tratados em

Marcelo Bueno -

Bioarquiteto, pratican-

acordos internacionais e políticas de mu-

te da permacultura e morador de Ubatuba

dança de clima, juntamente com a busca

a muitos anos – entre outras referências.

por melhorias e soluções; principalmente

através dos selos de sustentabilidade, mé-

a conscientização sobre o equilíbrio para com

todo que avalia determinados setores da

o meio ambiente - o que deveria existir em

edificação (materiais, eficiência energética,

todos os projetos arquitetônicos e civis - e o

eficiência do uso da água, inovação, pro-

incentivo para futuros projetos, demonstran-

cesso de construção, área permeáveis, en-

do que existem inúmeras possibilidades de

tre outros), incentivando-os a tomar medi-

construção e moradia não somente susten-

das que diminuam a degradação do nosso

táveis, como também práticas no cotidiano,

ecossistema, aumentando a eficiência ener-

e, de aplicação extremamente necessária.

gética, por exemplo, entre outras soluções.

Por se tratar de chalés dispostos para a

Tendo isto em vista, a ideia para

locação, este projeto tem grande impacto não

esta pesquisa foi estudar práticas e so-

apenas para a cidade e seus moradores, como

luções a partir de métodos alternativos

também aos que passam pelo projeto; onde, à

à construção civil como a conhecemos.

partir da experiência vivida, deixam um pouco

Foi então que, por meio de pesquisas,

de si e podem disseminar as técnicas aprendi-

foram selecionados os conceitos de Sus-

das e executadas no local; afinal, sempre dei-

tentabilidade, Permacultura e Bioconstru-

xamos um pouco de nós e levamos um pou-

ção, através de conteúdos ensinados por

co do mundo conosco por onde passamos.

A proposta deste trabalho traz consigo

Introdução | 13


1.1 Objetivo Este trabalho tem como objetivo principal propor uma construção voltada para a

O espaço de convivência será desti-

diminuição de consumo de recursos natu-

nado ao uso de todos, tanto moradores do

rais e da poluição ambiental, e a utilização

município que participarão dos cursos, como

de materiais e sistemas ecológicos, contri-

os hóspedes que estarão imersos nessa vi-

buindo assim com o desenvolvimento sus-

vência, mesmo não inscritos em cursos.

tentável e preservação do meio ambiente.

Com isso, além de inspirar moradores

O projeto possuirá as instalações ne-

e turistas a repensarem suas ações e rela-

cessárias para oferecer aos hóspedes a vi-

ções com a natureza e a cidade, o projeto

vência esperada a partir da área construída.

pode vir a ser um modelo a ser seguido em

Espaços destinados a palestras, aulas

diferentes bairros, ou até mesmo cidades.

e cursos estarão inseridos no espaço, com

A realização desse projeto ajuda-

a função de gerar fundos que serão reverti-

rá tanto os hóspedes, que são o públi-

dos para a manutenção dos chalés e espa-

co alvo do trabalho, como os moradores

ços de convivência e experiências; o que re-

da cidade de Ubatuba, promovendo um

sulta em um projeto sustentável não só em

bem estar na relação homem e natureza.

materiais, como também economicamente.

14 | Introdução


1.2 Justificativa Cidade litorânea, Ubatuba tem superlotação em época de temporada. Água de bairros acabam, praias são sujas, há lotação em hotéis e/ou pousadas e os moradores são prejudicados pela falta de estrutura da cidade em receber um número tão grande de visitantes. Porém, o turismo é grande fonte de renda para os mesmos cidadãos. Durante a temporada temos uma grande margem de lucro, que, por muitas vezes, é o sustento de outros meses do ano para algumas famílias. Ao implantar este projeto na cidade, temos maior número de vagas de hospedagem; mas passando a não sobrecarregar a cidade; ao utilizar de sistemas de energia sustentável e renovável, o projeto passa a ser um local sustentável, não somente para os donos, mas para todo o município. Introdução | 15


1.3 Metodologia Para o desenvolvimento do trabalho, ini-

Nessa etapa foram realizadas consultas

cialmente, foi realizada uma pesquisa partin-

bibliográficas, pesquisas sobre a legisla-

do do estudo dos termos principais utilizados:

ção pertinente, consultas em sites e em te-

Sustentabilidade, Permacultura e Bioconstru-

ses, para um melhor entendimento do tema.

ção. A partir deste estudo, o tema foi expli-

Então, com todo este material reunido, a

cado e as diretrizes foram se desenhando.

iniciou-se a etapa de projeto propriamente dita.

Como um seguinte passo, foram es-

Para finalizar foi montado um progra-

tudadas as possibilidades de materiais que

ma de necessidades e a proposição de um

respondiam à proposta deste trabalho; foram

desenho arquitetônico do projeto, confor-

apresentados lados bons e ruins, e a deci-

me todos os dados obtidos, visitas de cam-

são deles foi tomada levando em considera-

po e conversas com profissionais da área.

ção o local de implantação do projeto, bem como questões ecológicas imprescindíveis. Após entender a essência dos termos acima, foram estudados projetos de referência e um Bioarquiteto que viviam estas ideias em prática, e como funcionava no dia-a-dia. O terreno já havia sido definido desde o início, como ponto de partida do projeto. 16 | Introdução


2. Contextualização do tema


2.1 Sustentabilidade

visto que o impacto das ações humanas têm graves consequências neste meio.

Este termo é de uso exatamente comum

A sustentabilidade, então, diz respeito

para criar a relação de algo correto para com

às escolhas e atitudes diárias sobre as formas

a natureza. Porém, muitas vezes, o utiliza-

de produção, consumo, habitação, alimenta-

mos de forma equivocada, ou simplória. Que-

ção, transporte e também nos relacionamen-

rendo trazer para este trabalho o real sentido

tos entre as pessoas e delas com o ambiente.

da palavra sustentabilidade, explico abaixo

Ao longo dos últimos anos, com a dificul-

seu significado e importância para o mesmo.

dade de transformar este conceito em ações

Segundo o site do Sesc: “o conceito de

aplicadas no cotidiano e nas nossas rela-

sustentabilidade tem sua origem relaciona-

ções com o meio ambiente, a sustentabilida-

da ao termo “desenvolvimento sustentável”,

de passou a ser um dos principais desafios

definido como aquele que atenda às neces-

para o desenvolvimento social assim como

sidades das gerações presentes sem com-

para a preservação do nosso ecossistema.

prometer a capacidade das gerações futuras

A adoção de ações de sustentabilidade

de suprirem suas próprias necessidades.”

garante a médio e longo prazo um planeta em

A concepção de sustentabilidade adota-

boas condições para o desenvolvimentodas

da para este trabalho, pressupõe uma relação

diversas formas de vida, inclusive a humana.

equilibrada com o ambiente em que vivemos, 18 | Contextualização do tema


Garante os recursos naturais necessários

recursos naturais; a Eco 92 (Ou Rio-92) com

para as próximas gerações, possibilitando a

o tema “Meio ambiente e Desenvolvimento”,

manutenção dos recursos naturais (florestas,

onde foi lançado a Agenda 21, documen-

matas, rios, lagos, oceanos) e garantindo uma

to que sistematiza um plano de ações com

boa qualidade de vida para as futuras gerações.

o objetivo de alcançar o desenvolvimento sustentável. Aparece nela também a discus-

Selos

são do termo “Ecoeficiência”, o Protocolo de

Desde a década de 70 que as práticas de

Kyoto, em 1997, acordo internacional entre

sustentabilidade começaram a ser efeti-

os países integrantes da Organização das

vamente discutidas. Grande parte desse

Nações Unidas (ONU), firmado com o obje-

processo ocorreu por conta da repercus-

tivo de se reduzir a emissão de gases cau-

são das conferências internacionais onde

sadores do efeito estufa, e o consequente

os principais líderes políticos e acadêmi-

aquecimento global, com destaque para o

cos se juntaram para discutir assuntos li-

CO2, e em 2012 a Rio+20, assim conheci-

gados à economia e ao meio ambiente.

da referente aos vinte anos de realização da

Como exemplo temos a Conferência de Es-

Conferência das Nações Unidas sobre Meio

tocolmo em 1972 com o tema “Homem e o

Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92) com

meio ambiente” discutindo o crescimento po-

o tema “Desenvolvimento Sustentável”, a

pulacional em relação à pressão gerada aos

conferência contribuiu para definir a agenda Contextualização do tema | 19


do

sustentá-

isso é apenas um dos quesitos para a cer-

décadas.

tificação. Para obter essas certificações mi-

Junto com as conferências e estudos so-

nimamente “completas”, o empreendimen-

bre impacto ao meio ambiente, vieram certi-

to também precisa ser economicamente

ficações chamadas selos verdes ou selos de

viável, socialmente justo e contribuir para

sustentabilidade. A proposta dessas certifica-

o crescimento das pessoas envolvidas.

ções é estimular a adoção de práticas mais

Algum dos selos voltados ao tema desta

eficientes na construção civil (e em vários ou-

pesquisa serão apresentados a seguir, para

tros ambientes) reduzindo o impacto ambien-

auxiliar na cotextualização do tema, mostran-

tal ao adotar materiais e sistemas mais efi-

do princípios e exigências para recebê-los;

cientes. O foco está na redução do consumo

porém, o intuito não é classificar este trabalho,

de recursos naturais, como água e energia,

visto que a busca aqui não é a certificação,

além do gerenciamento correto dos resíduos.

e sim o impacto do projeto como um todo na

Tudo isso atrelado à construção de edi-

sociedade e na concientização às pessoas.

vel

desenvolvimento para

as

próximas

fícios mais confortáveis e funcionais para seus ocupantes. Um projeto sustentável não

20 | Contextualização do tema

BREEAM

é apenas aproveitamento dos recursos natu-

A certificação BREEAM (Building Rese-

rais, como uso da energia solar, ventilação-

arch Establishment Environmental Assess-

natural, diminuindo os impactos ecológicos;

ment Method) foi criada na Inglaterra em 1992,


como

o

primeiro

método

de

avalia-

Qualidade ambiental no interior da edificação;

ção de edifícios sustentáveis do mundo.

Innovation In Design: Uso de novas e inovadoras tecnologias que melhorem o desempe-

LEED O

LEED

(Leadership

nho do edifício; Regional Priority: Edificações Energy

que dão prioridade às preocupações ambien-

and Environmental Design) é um siste-

tais regionais. Além dos diferentes tipos e ne-

ma de certificação e orientação ambien-

cessidades, a certificação também tem dife-

tal de edificações. Criado pelo U.S. Green

rentes níveis de acordo com o desempenho

Building Council, é o selo de maior reco-

do empreendimento (pontuação), como Sil-

nhecimento internacional e o mais utiliza-

ver (Prata), Gold (Ouro) e Platinum (Platina).

in

do em todo o mundo, inclusive no Brasil. Os quesitos são divididos nos seguintes

Living Building Challenge (LBC)

grupos: Sustainable Sites: Sustentabilidade

O Living Building Challenge é um sis-

da localização; Water Efficiency: Eficiência

tema de certificação ambiental de edifí-

no uso da água; Energy & Atmosphere: Efi-

cios desenvolvido em 2006, pelo Casca-

ciência energética e cuidados com as emis-

dia Green Building Council, este sistema

sões na atmosfera; Materials & Resources:

propõe medidas avançadas de modo que

Otimização dos materiais e recursos naturais

um edifício possa ter um impacto positivo

a serem utilizados na construção e operação

no meio onde ele está ou estará inserido. Contextualização do tema | 21


O

sistema

de

certificação

possui

específicas, o que nos traz levemente à me-

20 indicadores de desempenho ambien-

mória a flor da permacultura, que, através de

tal que devem ser comprovados duran-

suas pétalas, percorre os caminhos neces-

te o primeiro ano de operação do edifício.

sários para a criação de uma cultura de sus-

Este já é um grande diferencial entre

tentabilidade:

o LBC e a maioria dos sistemas de certifi-

“O LBC talvez tenha estipulado o padrão mais elevado até hoje para os sistemas de certificação de sustentabilidade: ele busca criar edificações que, como uma flor, sejam autônomas e regenerativas”. (Kwok e Grondzik, 2013)

cação, pois estes são tipicamente baseados em estudos, cálculos e simulações. Entretanto o desempenho dos edifícios certificados não é verificado ao final da construção.

PassivHaus

O sistema LBC é dividido em 7 áreas

22 | Contextualização do tema

temáticas, designadas de pétalas: Place (Lu-

PassivHaus é uma norma desenvol-

gar), Water (Água), Energy (Energia), Health

vida em 2006, que funciona aproximada-

& Happiness (Saúde e Felicidade), Materials

mente como uma certificação; oferecendo

(Materiais), Equity and Beauty (Equidade e

orientações de projeto, entre outras exi-

Beleza).

gências.

É originada de um conceito de

Estas pétalas por sua vez são subdivi-

casas de baixo consumo energético. São

didas em um total de 20 imperativos de de-

cinco os princípios da norma PassivHaus:

sempenho, cada um focado em questões

Garantir adequados níveis de isolamento;


Utilizar caixilharia (portas e janelas) adequada à norma; Definir um sistema

com

Controlada:

busca

evitar

o uso 1941de madeiras consideradas inacei-

de calor; Garantir a estanquidade ao

táveis, como madeira colhida ilegalmen-

ar do edifício; Evitar pontes térmicas. FSC

te, de áreas onde houve violação dos di1981 reitos civis, ou até mesmo proveniente

O selo FSC (Forest Stewardship Cou-

de florestas geneticamente modificadas.

ncil) é uma certificação ambiental focada

Além de alguns dos selos apresenta1988

em produtos madeireiros e não madeireiros

dos acima, temos também certificações de

originados de bom manejo florestal. Exismodalidades de certificação:

edificações sustentáveis locais, onde esta1998 dos e prefeituras desenvolvem suas próprias

Certificação de Manejo Florestal: ga-

certificações, porém, acabam sendo substi-

rante que uma determinada floresta seja

tuídas por normas e códigos com o tempo.

três

ventilação

Madeira

recuperação

tem

de

matéria-prima até o consumidor final.

manejada de acordo com princípios de sustentabilidade pré-determinados pelo FSC; Certificação de Cadeia de Custódia: garante a rastreabilidade dos produtos florestais, desde a produção da

“Uma edificação de alto desempenho vai além dos requisitos ecológicos mínimos para alcançar um desempenho espetacular. Para tanto, o projeto adotará uma ‘abordagem de sistemas’ e irá além, de modo a incluir as operações e a manutennçar um desempenho espeção da edificação.” (Kwok e Grondzik, 2013). Contextualização do tema | 23


nutenção de ecossistemas produtivos que

2.2 Permacultura

mantenham a diversidade, a resiliência, e a estabilidade dos ecossistemas naturais, pro-

“A permacultura, em primeira instância,

busca o equilíbrio do homem com a natureza. Segundo os criadores do termo, a permacultura é a “integração harmoniosa entre as pessoas e a paisagem, provendo alimento, energia, abrigo e outras necessidades, materiais ou não, de forma sustentável” (MOLLISON, 1998 p.4)

movendo energia, moradia e alimentação humana de forma harmoniosa com o ambiente.” Segundo o dicionário Priberam, a definição de permacultura dá-se como: Sistema, inspirado nos ecossistemas naturais, que visa a construção de comunidades hu-

O termo foi criado por Bill Mollison e Da-

manas ecológicas ou de sistemas agríco-

vid Holmgren, professor e aluno, ambos aus-

las estáveis, equilibrados, autossuficientes

tralianos que desenvolveram estudos e técni-

e que causem reduzido impacto ambiental.

cas de permacultura, desde o início dos anos

A palavra permacultura originou-se da

1970. Iniciou-se na Austrália, unindo culturas

expressão “permanent agriculture“, porém

ancestrais sobreviventes com os conhecimen-

hoje, devido a sua maior abrangência, pas-

tos da ciência moderna, e desde então, suas

sou a significar “cultura permanente”. Como

técnicas vem sendo aplicada em todo o mundo.

elementos do design, a permacultura trata de

Segundo

24 | Contextualização do tema

Mollison,

a

Permacultura

plantas, animais, edificações e infra-estrutura

consiste na “elaboração, implantação e ma-

(água, energia, comunicações), bem como,


dos relacionamentos que podemos criar entre

eles

conforme

sua

A Flor da Permacultura (Imagem 1)

composição

mostra pontos principais que, se transfor-

em um terreno para criar ambientes hu-

mados, são a base necessária para se criar

manos em harmonia com a natureza.

uma cultura sustentável. Historicamente, a permacultura sempre teve seu foco no cui-

Flor da Permacultura

dado com a terra e a natureza não apenas como uma fonte de princípios éticos e de design, mas também na aplicação desses princípios no cotidiano. Esses princípios também são aplicados nas organizações humanas (geralmente chamadas de estruturas invisíveis no ensino de permacultura). O caminho evolucionário em espiral, começando com a ética e com os princípios, sugere uma costura comum a todos esses domínios, inicialmente em um nível pessoal e local, prosseguindo para o nível coletivo e global.

Imagem 01 - Flor da Permacultura. Fonte: Google, 2018

Contextualização do tema | 25


2.3 Bioconstrução

A bioconstrução é um elemento importantíssimo da Permacultura, buscando

São geralmente técnicas simples que

a integração das unidades construídas com

pode ser atribuída à pessoas sem experi-

o seu ambiente. Deste modo, a bioconstru-

ência anterior na área, coordenada ou não

ção busca desde o planejamento,

por profissionais, permitindo assim de se-

ção e utilização, o máximo aproveitamento

rem chamadas técnicas de autoconstrução.

dos recursos disponíveis (geralmente pró-

Assim, elas incluem grande dose de criati-

ximo do local de implantação do projeto) e

vidade, vontade pessoal do proprietário e

com o mínimo impacto. Algumas das técni-

responsável pela obra e o uso de soluções

cas de bioconstrução serão apresentadas

ecológicas pontuais adaptadas à cada caso.

mais à frente, em “Materiais e Sistemas”.

“O conceito de Bioconstrução engloba diversas técnicas da arquitetura vernacular mundial, algumas delas com centenas de anos de história e experiência, tendo como característica a preferência por materiais do local, como a terra, diminuindo gastos com fabricação e transporte e construindo habitações com custo reduzido e que oferecem excelente conforto térmico” (SOARES, 1998).

26 | Contextualização do tema

execu-

Neste caso, a aplicação da bioconstrução se aplica em diversos cenários; desde a escolha de materiais, objetos decorativos construídos à mão pelos hóspedes e proprietários, até cursos ministrados sobre o tema.


Gatos

3. Ecovilas

Ecovilas | 27


Ecovila é uma comunidade de 50 a 2.000 pessoas, unidas por um propósito co-

Ecovilas

1.Produção mentos

direção

à

local

orgânicos

/

de

ali-

biodinâmicos

ção da visão ecológica, social e espiritual.

2. Utilização de sistemas de energias

A princípio, este termo foi estuda-

renováveis, cataventos, biodigestores, etc

do para trazer o conceito de equilíbrio e da participação do indivíduo no projeto, além

3. los

de

Construção

ecológica,

solocimento,

bambu,

tijoadobe.

de ser baseado nos três pontos apresen-

4. Criação de esquemas de apoio so-

tados acima: Sustentabilidade, Permacul-

cial e familiar, incluindo diversidade cultu-

tura e Bioconstrução, juntamente com o

ral e celebrações, danças circulares, etc

ser humano e suas relações com o lugar.

5. Experiência com novos processos de

Porém, levando em conta a rotativida-

tomada de decisão, utilizando técnicas de de-

de do público alvo do trabalho, foi constatado

mocracia profunda e facilitação de conflitos

que não são compatíveis alguns princípios

6. Economia auto-sustentável, e simpli-

das Ecovilas com essa população rotativa,

cidade voluntária

e que a permacultura, juntamente com a

7. Saúde integrada

bioconstrução por si só já trazem o equilí-

8. Educação baseada na percepção

brio e a participação esperada do público. 28 | Ecovilas

em

sustentabilidade, dando alta prioridade a:

mum. Este propósito varia de local para local, mas normalmente é baseado na jun-

movem-se

sistêmica


9. Comunicação e ativismo global e local.

O movimento emergiu como uma res-

10. Diversidade cultural e espiritual.

posta consciente ao problema, extremamente

Algumas Ecovilas seguem princípios

complexo, de como mover o planeta em dire-

de conferências realizadas anteriormente,

ção a uma sociedade de comunidades susten-

com as citadas anteriormente, como a Eco

táveis, por isso a ideia inicial de projeto era de-

92 (Agenda 21), entre outras, bem como

senvolver ecovilas com chalés sustentáveis.

princípios da permacultura e bioconstrução.

Porém, como dito anteriormente, este conceito não cabe no projeto por conta da necessidade de interação contínua dos moradores com a ecovila, que se transformaria em uma comunidade de moradores, o que não aconteceria no caso de hóspedes que ficariam apenas por alguns dias ou semanas.

Imagem 02 - Ecovila e Comunidade Inkiri de Piracanga. Fonte: Google, 2018

Podemos perceber a importância da convivência e do ser humano no local em questão. Ecovilas | 29


4. Materiais e Sistemas


Como citado anteriormente, um dos objetivos deste trabalho é trazer alternativas à construção civil como conhecemos; Abaixo, foram listados alguns materiais e sistemas que podem ser utilizados de forma responsável, para oferecer soluções de diversos preços e acessíveis em diversos locais, o que mostra uma gama de opções a serem escolhidas e aplicadas de maneira sustentável.

Imagem 03 - Concreto Ecológico. Fonte: Google, 2018

Não serão utilizadas todas elas na

Cerca de 6% das emissões antropogê-

parte de projeto; mas com certeza, os ma-

nicas de CO2 provém da indústria de cimen-

teriais

to. Aproximadamente 50% das emissões de

escolhidos

estarão

citados

aqui.

dióxido de carbono na produção de cimento Concreto Ecológico

são originadas na reação química (calcina-

Segundo o World Business Council for

ção ou descarbonatação) de conversão do

Sustainable Development (WBCSD), a indús-

calcário (CaCO3) para óxido de cálcio (CaO).

tria de cimento é uma fonte de emissão do gás do efeito estufa, o dióxido de carbono. Materiais e Sistemas | 31


Pesquisas e experimentos de concretos

Sobre suas propriedades ecologicamen-

ecológicos são estudados ao redor do mundo

te sustentáveis, o EDCC é menos poluente, por

todo, utilizando diferentes tipos de materiais,

conter 70% menos cimento, um dos grandes

como borracha de pneu. A brita também pode

vilões das emissões de gases do efeito estufa.

ser substituída completamente por materiais obtidos em demolições de construções antigás.

Bambu

O material, denominado Eco-friendly Ductile Cementitious Composite (EDCC), ao invés de quebrar sob pressão, tem a capacidade de se dobrar. O EDCC possui propriedades semelhantes ao aço: alta resistência, maleabilidade e ductilidade (capacidade de ser deformado sem quebrar). Sua

composição

envolve

cimen-

to, fibras a base de polímero, cinzas volantes

32 | Materiais e Sistemas

e

outros

aditivos

industriais.

Imagem 04 - Bambu e amarrações. Fonte: Google, 2018


A matéria prima possui dois fatores im-

do projeto. Todos os estudos selecionados

portantes para uma construção: resistência e

para este projeto se utilizam deste material

leveza. Além disso, a construção tem menor

de diferentes formas para criar diferentes

duração, um preço menor que o convencional

resultados, todos levando em conta a sus-

e o material é manuseado mais facilmente,

tentabilidade que o material traz consigo.

podendo ser utilizado em construções onde

Por outro lado, a parte não favorável do

os próprios moradores constroem suas mo-

uso do Bambu, é que segundo o site https://

radias. Como sua estrutura é oca, ela é óti-

www.ugreen.com.br: “O bambu é matéria orgâ-

ma nas construções, pois resiste ao vento.

nica e se não for tratado adequadamente pode

É também comparável ao concreto na com-

ser afetado por fungos e brocas, o que causa

pressão e ao aço na resistência à tração.

danos estruturais. Também está suscetível à

Por último, mas a condição mais importante,

dilatação e contração causadas pelas mudan-

seu impacto na natureza é mínimo, já que a

ças de temperatura e à absorção de água.”

planta

tem uma reprodução muito rápida.

Sustentabilidade,

flexibilidade,

Existem técnicas naturais em que o

rapi-

tratamento é feito através de fogo ou água.

dez e leveza resumem o motivo da escolha

Para melhor aproveitar esse recur-

deste material como base para a estrutura

so, o bambu não deve ter contato com Materiais e Sistemas | 33


com a umidade do solo, ficando afastado

Madeira

do chão no mínimo 40 centímetros. Se tratado adequadamente, o material pode durar até 25 anos. Segundo o site de arquitetura Archdaily, em um texto sobre materiais de construção ideal e citando Neil Thomas, o bambu é a estrutura de construção natural mais sustentável no planeta e que, sem dúvidas, estamos no início de sua utilização

Imagem 05 - Construção em Woodframe.

de uma maneira muito mais ampla. Contudo,

Fonte: Google, 2018

seu principal ensinamento é que não deve-

Segundo o site TecVerde, Um estudo

mos tentar ajustar o bambu às regras exis-

recente: “Carbono, combustíveis fósseis e

tentes, mas alterá-las para adequar o bambu.

redução da biodiversidade” constata que o

Neil Thomas é diretor do atelier one, es-

uso de madeira como material na construção

critório de engenharia estrutural de Londres;

poderia salvar “14 a 31% da emissão global

o engenheiro tem se aprofundado no estudo

de CO2 e 12 a 19% do consumo global de

sobre o bambu, suas propriedades estrutu-

combustíveis fósseis usando 34 a 100% do

rais e suas mais diversas potencialidades.

percentual mundial de madeira de reflorestamento.” Além disso, a madeira é um re-

34 | Materiais e Sistemas


curso renovável, seu crescimento é por um

mo desempenho, como telhados e pavi-

método de baixo impacto de produção e

mentos. Eles são produzidos a partir de

pode ser utilizada sem emissão de carbono.

madeira de reflorestamento, como pinus.

A chamada madeira sustentável é o ma-

A execução da obra em Wood Frame

terial que foi extraído por técnicas de reflores-

é capaz de reduzir em até seis vezes o pra-

tamento. As árvores reflorestadas se concen-

zo da entrega, proporcionando uma econo-

tram em regiões específicas, que se dedicam

mia de tempo e orçamento. Além disso, há

a cuidados ambientais e atendem a todos os

também a diminuição de resíduos que vão

requisitos exigidos pelo Forest Stewardship

diretamente para o lixo. Outra vantagem in-

Council (FSC) — órgão responsável por de-

teressante é o conforto térmico ocasionado

cretar normas e padrões de extração de

pelas paredes compostas por Wood frame.

madeira para produção de outros bens. Ain-

Tanto em regiões mais frias quanto em locais

da não há um padrão inteiramente brasilei-

mais quentes, a sensação térmica dentro do

ro, mas as empresas podem adotar políti-

imóvel é bem agradável, o que faz com que

cas ambientais que incluem o uso prioritário

vários consumidores optem por esse sistema

de madeira sustentável suas fabricações.

sem pensar duas vezes. Por ser um material

O modelo Wood Frame faz parte do

seco e “leve”, a utilização do Wood Frame é

Sistema de Construção Sustentável, e é

rápida e limpa, diminuindo e muito, a sujeira

capaz de resistir a cargas verticais com óti-

ocasionada pelas obras de construção civil. Materiais e Sistemas | 35


Madeira Plástica

aspecto físico assemelha-se à madeira natural, trazendo consigo inúmeras vantagens, tais como: resistência à umidade; imunidade a pragas; resistência à intempérie, dispensa qualquer tipo de manutenção; não degrada e dispensa a pintura com vernizes e tintas. Evita ainda, o desmatamento de matas nativas. Tijolo Replast

Imagem 06 - Deck em madeira plástica Fonte: Pinterest, 2018

Um dos mercados emergentes e inovadores é a Madeira Plástica, produto de alta tecnologia e alto valor agregado. A Madeira Plástica, é oriunda dos processos de reciclagem de diversos tipos de resíduos plásticos, normalmente agregados de carga orgânica que submetidos a processos industriais de alta tecnologia, são conformados em perfis cujo 36 | Materiais e Sistemas

Imagem 07 -Tijolo Replast Fonte: Pinterest, 2018


Uma alternativa interessante para substituir o tijolo feito de argila, é o REPLAST: tijolo feito com resíduos dos plásticos retirados dos oceanos. A startup americana ByFusion desenvolveu uma tecnologia de tijolo ecológico reciclando os plásticos retirados dos oceanos, desta forma, os resíduos de plástico podem ser reutilizados de forma permanente, em vez de serem usados para criar outro item de

Imagem 08 -Tijolo de Adobe Fonte: Pinterest, 2018

plástico descartável que pode acabar de volta

É uma técnica muito amiga do meio ambien-

nos mares. Outro fato muito relevante é que o

te, pois não utiliza nada de cimento e não gas-

material têm emissões de CO2 95% mais bai-

ta combustível na secagem dos tijolos, por

xos do que os blocos de concreto tradicional.

não ser queimado. Pelo uso da palha na sua composição, garante excelente conforto tér-

Adobe

mico. As construções de adobe, quando bem

O tijolo de adobe é um material de

feitas, podem durar muitas décadas. É uma

construção muito antigo. Consiste em uma

técnica que está sendo cada vez mais res-

mistura de barro cru, areia e fibra vege-

gatada e valorizada, apesar de que ainda há

tal, que é moldado e seco naturalmente.

muito preconceito em relação à sua utilização. Materiais e Sistemas | 37


Além disso, construções de adobe

preenchidos com terra argilosa e molda-

podem absorver até 30 vezes mais umi-

do através do apiloamento por processo arte-

dade

sanal ou semi-industrial, através de pistões.

do

que

uma

de

tijolo

cozido.

Um problema encontrado neste material é o fato de que as construções precisam de proteção quando há grande umidade, e não são todos os locais onde se pode implementá-lo, já que ele se desintegra facilmente em contato direto com a chuva. Porém, mesmo sendo uma região chuvosa, há possibilidades de se utilizar dos métodos superadobe e hiperadobe de construção com este material. Superadobe O superadobe autoconstrução

e

gilidade à umidade, além do fato de que para

sustentá-

impermeabilizar, chapiscar e rebocar é neces-

vel, onde é possível construir uma casa

sário retirar o saco, colocando fogo no mesmo.

com poucos recursos usando sacos de polipropileno 38 | Materiais e Sistemas

Fonte: Pinterest, 2018

A desvantagem do superadobe é a fra-

é uma técnica de

ecológica

Imagem 09 -Construção com Superadobe

amarrados

com

arame,


Hiperadobe

COB

Imagem 10 - Sacos de Ráfia - Hiperadobe Fonte: Pinterest, 2018 Imagem 11 - Banheiro construído na técnica COB

Para solucionar os problemas am-

Fonte: Pinterest, 2018

bientais do superadobe, foi criado o hipe-

É uma técnica de construção com terra

radobe, onde são utilizados sacos de ráfia

que permite usar muita criatividade e liber-

natural (costumam chamá-la de Raschel).

dade, pois consiste em ir moldando a casa

Dispensa o arame farpado, pois o barro se

como se fosse uma grande escultura. COB

difunde pela trama da ráfia de fibra natural

é uma palavra inglesa cuja tradução literal

e ainda serve de chapisco, podendo-se apli-

é Maçaroca. É muito antiga e amplamente

car o reboco natural diretamente sobre ela.

utilizada em diferentes lugares do mundo. Materiais e Sistemas | 39


Taipa de pilão

Tijolo Ecológico

Imagem 12 - Taipal Fonte: Google, 2018

Técnica de construção com terra, muito antiga e bastante utilizada naconstrução de

Imagem 13 - Tijolo Ecológico Fonte: Google, 2018

igrejas no período colonial do Brasil. É assim chamada por consistir em terra socada

40 | Materiais e Sistemas

Material

também

conhecido

como

com um pilão dentro de uma forma de ma-

Solo-Cimento, é um tijolo prensado feito de argi-

deira que chamamos taipa. As paredes, em

la e cimento e água. O tijolo é muito bem acaba-

geral, têm de 30 a 120 cm de espessura.

do, o que traz a possibilidade de usá-lo à vista.

Dentro do taipal são piladas camadas

Os tijolos não são queimados como os

de 10 a 15 cm até que a terra esteja bem

tijolos comuns, portanto não consomem com-

comprimida. Os taipais variam de 1 a 1,5

bustíveis durante a sua fabricação, geran-

m de altura e de 2 a 4 m de comprimento.

do menos impacto sobre o meio ambiente.


Para

queimar

Tinta Mineral Ecológica

mil dos tijolos con-

vencionais são utilizadas cerca de seis

Também conhecida por Tinta Mineral

árvores de médio porte. Além do mais

Natural, é feita à base de terra crua e emulsão

a queima emite CO para a atmosfe-

aquosa. A matéria prima para essa tinta é retira-

ra, o que gera aumento do efeito estufa.

da de jazidas certificadas. A Tinta Mineral não

Poupamos também o custo ambien-

agride o meio ambiente, não possui nenhum

tal e econômico do transporte, já que po-

tipo de Composto Orgânico Volátil (COVs –

demos fabricá-lo no canteiro de obras e

tido como um perigoso poluente), nem bioci-

usamos principalmente matéria-prima lo-

das, estabilizantes ou corantes. São vendidas

cal. Além do mais, não há desperdício de

em embalagens reutilizáveis ou recicláveis.

material em obra, já que os tijolos quebra-

Além da tinta branca, o produto tam-

dos podem ser moídos e reaproveitados.

bém

oferece

cores

únicas

e

inten-

O tempo de finalização do projeto tam-

sas, como terracota, café, grafite, pre-

bém tende a diminuir cerca de 30% se com-

to e outras. Também pode ser usada em

parado à alvenaria convencional.Além disso,

diferentes superfícies, de alvenaria a isopor.

por terem furos centralizados, evitam que-

A Tinta Natural é durável, lavável, não descas-

bras para instalação de sistema hidráulico e

ca com a umidade e ainda ajuda na manuten-

elétrico, gerando menos entulho e resíduos.

ção de umidade relativa do ar e troca de calor.

Materiais e Sistemas | 41


5. ReferĂŞncias Projetuais


IPEMA Localização: Ubatuba, SP

5.1 Marcelo Bueno

Arquiteto: Marcelo Bueno,

Bioarquiteto,

fundou

o

Institu-

Área: 450 m2

to de Permacultura e Ecovilas da Mata

Ano do projeto: 2016

Atlântica

(IPEMA),

sos

bioarquitetura

de

onde e

ministra

cur-

permacultura.

Ao longo de sua vida e carreira, Marcelo Bueno aplicou em sua rotina o que aprendeu em sua viagem por diversas Ecovilas em diferentes países, livros e cursos sobre o assunto.

Hoje, mora em Ubatu-

ba e trabalha com Ecocasas desde 1999. Segundo ele, em entrevista ao site https://permacultura.webnode,

a

perma-

cultura é um planejamento que pode ser feito em qualquer tipo de área ou construção: casas, apartamentos, sítios, vilas, até mesmo em condomínios ou cidades. Mas

“Pouco a pouco você vai se tornando mais sustentável, porque vai adquirindo mais experiência, incorporando alguns equipamentos na sua casa, vai mudando seus hábitos e aí consegue atingir esse planejamento total” . (BUENO, 2012).

o principal são as pessoas quererem parImagem 14 - Marcelo Bueno

ticipar

desse

planejamento

sustentável.

Fonte: Morada Viva, 2018

Referências Projetuais | 43


Maison Evolutiv’ Localização: Grenoble | França Arquiteto: Olgga Architects Área: 70 m2 Ano do projeto: 2008

Imagem 16 - Maison Evolutiv’ Fonte: Pinterest, 2018

O projeto é um alojamento de baixo custo, a partir de dois módulos pré-fabricados, com a opção de colocá-lo de várias maneiras, criando estética diferente e pivotante pode variar. Consumindo apenas 48 Kwh/m²/ano, a casa é modular e inteira feita de madeira. É composta inicialmente por 2 unidades: o térreo; espaço de convivência Imagem 15 - Maison Evolutiv’ Fonte: Pinterest, 2018

que dá continuidade ao jardim e o primeiro andar; com dois quartos que oferecem aos moradores uma maior intimidade.

44 | Referências Projetuais


Em vez de delimitar a estrutura com

A orientação do sul permite um aqueci-

uma configuração empilhada, os projetis-

meno no inverno. A água quente é produzi-

tas giraram a unidade superior para criar

da por painéis solares instalados no telhado.

uma variedade de espaços ao ar livre in-

Um sistema de captação de águas pluviais,

teressantes e integrados, bem como uma

instalado dentro do monte de madeira, per-

variedade

mite alimentar os sanitários, a máquina de

tos

de

possibilidades

Os

painéis

de

estrutura

estruturais.

pré-fabricados de

fei-

lavar roupa e as torneiras. O isolamento (lã

adicio-

de madeira em diferentes espessuras) é aco-

construção.

plado dentro dessa construção por celulose.

madeira

nam modularidade a esta

Imagem 17 - Planta baixa - Maison Evolutiv’ Fonte: Olgga Architects, 2018

Imagem 18 - Planta 1 pavimento- Maison Evolutiv’ Fonte: Olgga Architects, 2018

Referências Projetuais | 45


Casa Viva Localização: São Paulo | Brasil

Na residência que construiu para sua fa-

Arquiteto: Thomaz Lotufo

mília, no bairro do Butantã, em 2012, Tomaz

Ano do projeto: 2012

Lotufo materializa suas ideias e ideais, que aliam arquitetura e permacultura. Segundo o site Vitruvius, Neste projeto, o grande desafio para o arquiteto foi construir uma casa com máxima economia de meios, dentro do espírito cradle to cradle (uma nova abordagem de projeto, que visa a utilização de materiais e recursos de maneira cíclica e sem desperdício).

Imagem 19 - Localização Casa Viva Fonte: Google Maps, 2018

46 | Referências Projetuais

Imagem 20 - Sala atual - Casa Viva Fonte: Vitruvius, 2018


Arquitetura

de

baixo

impacto

am-

biental e impacto social positivo: uma reforma

de

casa

existente,

utilizando

material de demolição e tecnologias sustentáveis para equilibrar sistema energético. O projeto partiu de uma casa térrea com edícula no fundo e garagem. A casa foi Imagem 21 - Edificação original Casa Viva Fonte: Vitruvius, 2018

construída de alvenaria autoportante de tijolos e argamassa, o telhado de armação de madeira e telhas cerâmicas, esquadrias de madeira, caixilhos de aço e vidro, e pisos de tacos de madeira ou cerâmica vermelha. Para

adequar

programa

de

do

a

previu

a

casa

ao

novo

necessidades,

o

parti-

construção

do

pavimento

superior, criteriosa reforma do térreo, desmonte da garagem e demolição da edícula. Imagem 22 - Edificação atual Casa Viva Fonte: Vitruvius, 2018

Referências Projetuais | 47


Para integrar os pequenos cômodos do

Localizado na varanda dos dormitórios,

térreo, paredes foram parcialmente demolidas

o jardim-drenante é um engenhoso sistema

para dar lugar a arcos de tijolos que também

de filtragem e purificação biológica da água

estruturam a laje mista do piso do pavimento

cinza do chuveiro e lavatório, mediante um

superior. Área do recuo lateral foi incorporada

percurso que passa por caixas com plantas

na cozinha-sala, mediante um grande arco

como papiros, taioba e lírio de brejo. A gara-

de abertura na parede e instalação da uma

gem original no recuo frontal, deu lugar a outro

claraboia de vidro sobre a bancada de pia. A

quintal com piso permeável, onde foram cul-

cozinha-sala é um espaço amplo e iluminado

tivadas bananeiras e cogumelos comestíveis,

separado apenas pelo fogão-lareira, que só

que crescem nos dormentes de madeira velha.

utiliza madeira de demolição. A cozinha-sala abre para o quintal do fundo do lote, que foi criado após a demolição da edícula. O quintal tem piso permeável, horta com verduras e ervas comestíveis, churrasqueira e forno de pizza feitos com tijolos da demolição, além do tanque-aquário com peixes que armazena a água purificada vinda do jardim-drenante.

Imagem 23 - Jardim filtrante - Casa Viva Fonte: Vitruvius, 2018

48 | Referências Projetuais


O pavimento superior, com dois dormitórios banheiro e varanda, foi parcialmente construído com cobertura de telhado e vedos de madeira ipê reciclada de assoalho de piso. Neste pavimento, a porção central do banheiro e hall-lavandeira, possui laje de concreto e paredes de alvenaria. Para a circulação vertical, foi construída uma escada helicoidal de tijolos, autoportante e sem estrutura auxiliar. A casa também conta com placas solares para sistema de aquecimento de água e Imagem 25 - Plantas Casa Viva Fonte: Vitruvius, 2018

cisterna.

Imagem 24 - Jardim filtrante - Casa Viva Fonte: Vitruvius, 2018

Imagem 26 - Corte longitudinal Casa Viva Fonte: Vitruvius, 2018

Referências Projetuais | 49


Playa Viva

A sustentabilidade é prioridade básica

Localização: Guerrero | México

para o Playa Viva. Todas as instalações são

Arquiteto: Deture Culsing

projetadas para minimizar o impacto ambiental

Área: 65 m2

e revitalizar a comunidade próxima por meio

Ano do projeto: 2015

da criação de negócios locais sustentáveis. O bambu usado na construção é de origem local e os princípios da arquitetura bioclimática foram usados para elevar a eficiência. As “casas na árvore” possuem grandes aberturas, para maximizar a ventilação natural, permitindo o resfriamento passivo. A energia usada, tanto para eletricidade como para o aquecimento da água, é de origem solar. Outro detalhe interessante do projeto é a abertura feita no teto do banheiro, que permite uma vista privilegiada do céu estre-

Imagem 27 - Suite Treehouse Fonte: Archdaily, 2018

50 | Referências Projetuais

lado do litoral à beira do Oceano Pacífico.


O sistema de tratamento de esgoto utiliza espécies nativas do mangue, cascalho e luz solar para tratar o esgoto bruto e produzir quase água potável. Este sistema passivo natural utiliza apenas 10% da energia de um sistema de tratamento mecânico convencional e, como conseqüência, reduz em 90% as emissões de gases de efeito es-

Imagem 28 - Suite Treehouse Fonte: Archdaily, 2018

tufa provenientes da geração de energia. De acordo com o escritório responsável, o projeto também será capaz de reutilizar 100% da água utilizada em banheiros, chuveiros e cozinhas para irrigação e para a recarga de vasos sanitários. Após a aproximação, embora seja difícil distinguir o interior do exterior, há uma villa de nível inferior ao ar livre que abriga a área de estar e o banheiro, além de um poleiro de nível superior para a área de dormir. Imagem 29 - Plantas suite Treehouse Fonte: Archdaily, 2018

Referências Projetuais | 51


6. Diagnรณstico da รกrea


6.1 Localização e levantamento de dados O terreno já selecionado desde o iní-

O bairro é Praia da Enseada, e seu logra-

cio do projeto, foi escolhido a partir da

douro é Avenida Marginal, 841, entre a Praia

casa de meus pais, que pertence à fa-

da Enseada e a BR 101 - que se estende por

mília há 15 anos, o que facilita a ques-

todo o município sendo a mesma, acesso às

tão de conhecimento e vivência do local.

cidades vizinhas, e também, o acesso principal

Se localiza

à cidade - o acesso é de extrema facilidade.

no município de Ubatuba/SP.

Imagem 30 - Planta de situação (Terreno em vermelho) Fonte: Google Earth, 2018

53 | Diagnóstico da área


6.2 Zoneamento Seu entorno possui em um raio de 1,5 km diversos serviços oferecidos, tais como: Restaurantes, farmácia, supermercados, mercearias, rotisseria, lojas, quiosques, posto de gasolina, e diversas praias na região. Existem também muitas pousadas na região, porém, como citado anteriormente, nenhum projeto voltado às questões aqui

O te

terreno

da

que

Macrozona

tem a)

lação letivos b)

do

sua

projeto da

atenção

Volumetria, e

característicos

Prioritária

principal

como

para

do

par-

Marítima,

ventilação,

transparência e

Orla

faz

bens

em: insoco-

Município;

atividades

liga-

apresentadas; além disso, segundo dados

das ao atendimento turístico, tratamento

da Prefeitura Municipal de Ubatuba, fator

paisagístico especial, lazer público e ha-

agravante das condições de infraestrutura

bitação da população local e flutuante.

é que em feriados ou temporadas de verão a cidade recebe cerca de 300 mil turistas

Já no zoneamento, faz parte da Z.2 -

permanecendo de 7 a 10 dias, chegando

Zona Plana Das Praias; mais especificamen-

em alguns momentos a picos de 800.000,

te a Z.2c - Praia Da Enseada, como mostra o

como Réveillon e Carnaval; o que gera uma

mapa a seguir.

grande demanda de hospedagem, principalmente em bairros próximos das praias. 54| Diagnóstico da área


Imagem 31- Macrozonas de Ubatuba Fonte: ZEE, 2018

Diagnรณstico da รกrea | 55


8.3 Uso e Ocupação do Solo Observando a Imagem 61 a região onde

De acordo com a Lei de Uso e Ocu-

o terreno da intervenção está inserido tem

pação do solo de Ubatuba (Lei n771-84

como predominância o uso residencial, em

- Anexo IV), o sítio corresponde ao mo-

sua maioria horizontal de até três pavimen-

delo de ocupação R3: unidades agrupa-

tos e apenas nas avenidas, Avenida Verea-

das verticalmente, com 2 (dois) pavimen-

dor João de Luca e Avenida Cupecê, há con-

tos ou pilotis mais 2 (dois) pavimentos.

centrações de serviços e comércios. Pode-se

O modelo de ocupação permitido nesta

pontuar a necessidade da criação de áreas

área, é o MO8, que define uma taxa de ocu-

verdes e de lazer.

pação de 0,5; coeficiente de aproveitamen-

Conforme mostra a Imagem 60, é possí-

to de 1 e taxa de impermeabilidade de 0,7.

vel observar também que a região está passando por um processo de verticalização. Tabela 1 - Lei de Uso e Ocupação do Solo de Ubatuba Fonte: Prefeitura Municipal de Ubatuba, 2018

56 | Diagnóstico da área


6.4 Vias principais e transporte público A BR101 (Avenida Governador Má-

BR101

rio Covas) éa principal via da região, recebendo o maior fluxo de automóveis, ônibus e pedestres. É também acesso principal ao município, ao centro da cidade e aos demais bairros,. Existem pontos de ônibus nas duas mãos da avenida, bem em frente ao terreno, o que possibilita o acesso de diversas formas. Neles passam ônibus que vão para diversos bairros, como o Praia Grande, Centro, Itaguá e Horto, Locais de diversas distâncias e muito procurados por turistas por serviços e praias. Do terminal do centro também existem muitos mais destinos de ônibus.

Imagem 32 - Rota para a Praia da Enseada Fonte: Google Earth, 2018

Rota traçada pelo Google Earth. Acesso dos chalés à praia.

Localizado a 300 metros da Praia da Enseada, praia calma e ótima indicação para famílias e turistas, o hóspede tem a opção de ir andando e chegaria à praia em 4 minutos. Diagnóstico da área | 57


7. Projeto


Inicialmente, o projeto ocuparia ape-

Espera-se que o projeto se torne uma

nas o lote central da quadra, mas a deci-

referência de economia energética e reutili-

são de anexar o terreno vizinho foi execu-

zação de materiais e que possa ser tomado

tada por necessidade de mais espaço para

como exemplo para multiplicar tais constru-

o programa e atividades, bem como por ser

ções na cidade.

uma área situada na esquina entre duas

A construção existente no terreno será

ruas, o que facilita a questão de acessos.

considerada demolida, e o material de demo-

Os dois sítios juntos tem aproximada-

lição pode constituir matéria prima para fins

mente 700 metros quadrados.

de reciclagem; principalmente a madeira para

Como citado anteriormente, o fluxo de

a estrutura e o agregado para concreto eco-

turistas em alta temporada é maior do que

lógico, sendo assim, a obra além de seguir

o suportado pelo município; à partir disso, o

sustentável, também será econômica.

projeto foi pensado como uma solução sus-

A grande busca aqui é a harmonia e

tentável para o grande consumo gerado, o

equilíbrio entre pessoas, cidade e natureza.

que atualmente tem resultado em sobrecarga

Para isso, haverá cursos sobre ecologia, sus-

de diversas forma ao município.

tentabilidade, permacultura e bioconstrução no local, e a verba arrecadada será investida na manutenção do espaço.

Projeto | 58


7.1 Setorização e fluxograma A espacialização do programa do projeto foi dividido a partir do patio central de convivência, sendo cada edificação com suas conexões pensadas de acordo com as necessidades de interação e setorização do programa.

2

1 13 9

6

10

7

9

7

2 5

6

8 4 7

Legenda

10 12

11

4

3

8 7 4

3 Imagem 33 - Implantação do Térreo Fonte: Acervo do autor.

59 | Projeto

13

5 12 11

4

1

Imagem 34 - Implantação do 1 Pavimento. Fonte: Acervo do autor.

1) Acesso principal pedestres 2)Acesso veículos privativo (proprietários) 3)Acesso Veículos hóspedes 4) Vagas para veículos (hóspedes) 5) Vaga privativa (proprietários) 6) Recepção | Ateliê 7) Chalé tipo 1 8) Chalés tipos 2 | 3 9) Lago e jardim de tratamento de água. 10)Composteira 11) Área de convivência | Espiral de ervas 12) Horta 13) Jardins


7.2 Programa A disposição do projeto no terre-

Tipologia

1

de

chalés:

tipologia

no se baseou em três premissas: Efi-

com mezanino, 1 quarto com banhei-

ciência,

harmonia.

ro (suíte) no pavimento superior (mezani-

Dividindo o programa, temos áreas priva-

no); sala e cozinha no térreo do projeto.

convivência

e

tivas como os chalés e áreas abertas, como hor-

Tipologia 2 de chalés: consideran-

ta, área de convivência e o ateliê, onde são mi-

do a acessibilidade e uma segunda ma-

nistrados cursos voltados ao tema do trabalho.

neira de ocupação; quarto, sala, cozinha

Para uma melhor visibilidade e por uma

e banheiro dispostos em um único andar.

questão de fluxo já existente, sua entrada é

dada de frente para a avenida principal, en-

siderando a acessibilidade e uma segunda

quanto a rua lateral, Analdina de Jesus, Serve

maneira de ocupação; quarto, sala, cozinha

como acesso às vagas de estacionamento.

e banheiro dispostos em um único andar.

O terreno será considerado livre de edi-

Tipologia 3 de chalés: Tipo térreo, con-

Ateliê:

Área

onde

serão

ministrados

ficações à partir da demolição, e será imple-

os cursos e espaço de aprendizagem.

mentado um programa completamente novo:

Espiral de ervas: Centro do projeto, a espiral é um campo de experiências do projeto, bem como um canteiro de diversos temperos, modelo de plantio ensinado na permacultura. Projeto | 60


Horta: Também um campo de experiências para as aulas ministradas, a horta fornece alimentos e flora como uma fonte sustentável do projeto, além de receber uma semente de cada hóspede, para que ele inicie ali seu semeio de boas obras pelo mundo. Área de convivência: local coberto por um pergolado, com um espiral de ervas ao centro, onde os hóspedes poderão interagir e trocar experiências. Tratamento de água pluvial através de cisterna implantada no terreno. *Painéis fotovoltaicos serão implantados nas áreas construídas do projeto.

61 | Projeto


Imagem 35 - Implantação + Cobertura Fonte: Acervo do autor.

Projeto | 62


Imagem 36 - Implantação + Térreo Fonte: Acervo do autor.

63 | Projeto


Imagem 37- Implantação + 1 Pavimento. Fonte: Acervo do autor.

Projeto | 64


Imagem 38 - Corte A Fonte: Acervo do autor.

Imagem 39 - Corte B Fonte: Acervo do autor.

65 | Projeto


Imagem 40 - Platna TĂŠrreo | Tipo 1 Fonte: Acervo do autor.

Imagem 41 - Platna Mezanino | Tipo 1 Fonte: Acervo do autor.

Projeto | 66


Imagem 42 - Corte C | Tipo 1 Fonte: Acervo do autor.

67 | Projeto

Imagem 43- Corte D | Tipo 1 Fonte: Acervo do autor.


Imagem 44- Elevação 1 | Tipo 1 Fonte: Acervo do autor.

Imagem 46 - Elevação 3 | Tipo 1 Fonte: Acervo do autor.

Imagem 45 - Elevação 2 | Tipo 1 Fonte: Acervo do autor.

Imagem 47 - Elevação 4 | Tipo 1 Fonte: Acervo do autor.

Projeto | 68


Imagem 48 -Planta TĂŠrreo | Tipo 2 Fonte: Acervo do autor.

69 | Projeto

Imagem 49 -Planta 1 Pavimento | Tipo 3 Fonte: Acervo do autor.


Imagem 50 - Corte E | Tipos 2 e 3 Font Acervo do autor.

Imagem 51 - Corte F | Tipos 2 e 3 Fonte: Acervo do autor.

Projeto | 70


Imagem 52 - Elevação 5 | Tipos 2 e 3 Fonte: Acervo do autor.

Imagem 54 - Elevação 7 | Tipos 2 e 3 Fonte: Acervo do autor.

71 | Projeto

Imagem 53 - Elevação 6 | Tipos 2 e 3 Fonte: Acervo do autor.

Imagem 55 - Elevação 8 | Tipos 2 e 3 Fonte: Acervo do autor.


Imagem 56 - Planta Recepção Fonte: Acervo do autor.

Imagem 57 - Planta Ateliê Fonte: Acervo do autor.

Projeto | 72


Imagem 58 - Corte G | Recepção e Ateliê Fonte: Acervo do autor.

73 | Projeto

Imagem 59 - Corte H | Recepção e Ateliê Fonte: Acervo do autor.


Imagem 60 - Elevação 9 | Recepção e Ateliê Fonte: Acervo do autor.

Imagem 62 - Elevação 11 | Recepção e Ateliê Fonte: Acervo do autor.

Imagem 61 - Elevação 10 | Recepção e Ateliê Fonte: Acervo do autor.

Imagem 63 - Elevação 12 | Recepção e Ateliê Fonte: Acervo do autor.

Projeto | 74


Imagem 64 - Elevação 13 | Vista da Av. Marginal Fonte: Acervo do autor.

75 | Projeto


7.3 Sistema estrutural e materiais

O sistema construtivo proposto tem a madeira de reflorestamento utilizada para a estrutura. O maior vão vencido é de 3,31 m, com vigas de 30 cm de altura, e pilares 15x15 de cm. Um sistema construtivo eficiente é um fator fundamental para qualquer projeto de arquitetura. A imagem 65 mostra a estrutura de forma mais clara. Visando diminuir o consumo de recursos naturais e a poluição, foram utilizados materiais reaproveitáveis, como concreto ecológico para as fundações, e madeira de reflorestamento e bambu para o fechamento.

Imagem 65 - Estrutura explodida Fonte: Acervo do autor.

Projeto | 76


Para o tratamento da água da chuva capta-

filtragem para deixá-la ainda mais limpa.

da pela calha, será implantado uma cisterna.

Ao armazená-la, a água poderá ser utiliza-

Normalmente a cisterna é localizada no inte-

da para descargas de banheiros, regadores

rior do solo, e funciona da seguinte maneira:

de jardim, lavagem de pisos ou carros, entre

a água da chuva passa pelas calhas e é le-

outros usos secundários.

vada a um filtro, que elimina os galhos, folhas e demais resíduos seguindo para dentro do reservatório. Nele, há um freio d’água que impede que a entrada de água agite o seu conteúdo. Quando a cisterna estiver cheia, o excesso de água é automaticamente descartado através de um cifrão ligado diretamente na tubulação de água pluvial do sistema. Já para captar o conteúdo do interior da cisterna, com auxílio de uma bomba e conjunto de sucção, a água é levada para caixa d’água superior, onde passa por outra 77 | Projeto

Imagem 66 - Exemplo de sistema de aproveitamento de águas pluviais Fonte: Acervo do autor.


7.4 Detalhamentos

Imagem 67 - Detalhe woodframe (Det. 1) Fonte: Acervo do autor.

Imagem 69 -Detalhe pergolado (Det. 3) Fonte: Acervo do autor.

Imagem 68 - Encaixe escada (Det. 2) Fonte: Acervo do autor.

Imagem 70 - Janela basculante (Det. 4) Fonte: Acervo do autor.

Projeto | 78


Imagem 71 - Ă rea de convivĂŞncia. Fonte: Acervo do autor.

79 | Projeto


8. Consideraçþes finais


O desenvolvimento do presente trabalho se deu à partir da preocupação com relação à forma com que as escolhas e atitudes relacionadas às construções e materias são pouco cuidadosas para com o ambiente em que habitamos. As pesquisas realizadas, os dados levantados, leituras de leis e consultas bibliograficas pertinentes, deixam totalmente claro o quanto é necessário a implantação de edificações mais sustentáveis. Os benefícios trazidos por este tipo de atitude ão inúmeros; tanto à sociedade quanto à proprio indivíduo. Uma das primeiras citações desde trabalho, fala como devemos começar, mesmo em passos pequenos - a inserir hábitos simples, mas de extrema fora e resultado positivo, e, que o primeiro passo é começando por nossas casas. É esta experiência que foi buscada: O propósito da tranformação que é este projeto, é intensificar a relação entre as pessoas e o meio ambiente, auxiliando a cidade onde está implantado o projeto, plantando uma semente aos que passam por ele. Materiais acessíveis, e que valorizam a comunidade local são passíveis de uso sem agredir ou prejudicar a natureza e os seres humanos. Temos motivos, meios e acesso a materiais de qualidade para realizar esta mudança de hábitos. Porque não começar agora?

81 | Considerações finais


9. Bibliografia


GAUZIN-MULLER, Dominique, Arquitetura Ecológica, Editora Senac, São Paulo, 2011. KEELER, Mariana; BURKE, Bill, Fundamentos De Projeto De Edificações Sustentáveis, Bookman, Brasil, 2010. ALLEN, Edward, Como Os Edifícios Funcionam, Martins Fontes, São Paulo, 2011. KWOK, Alison G; GRONDZIK, Walter T, Manual De Arquitetura Ecológica, Bookman, Brasil, 2013. RICHARDSON, Phyllis, Xs Ecológico - Grandes Ideias Para Pequenos Edifícios, Editora GG, Brasil, 2007. PROMPT, Cecília, Curso de Bioconstrução, MMA , Brasília, 2008. MARTIN, Olivia. A Madeira Maciça É Realmente Sustentável? Disponível em: <http://www.tecverde.com.br/2018/07/10/madeira-macica-e-realmente-sustentavel/.>. Acesso em: 26 abr. 2018 CARVALHO, Joyce. Estudo canadense mostra a eficiência da madeira em instalações industriais. Disponível em: <http://madeiraeconstrucao. com.br/estudo-canadense-mostra-a-eficiencia-da-madeira-em-instalacoes-industriais/>. Acesso em: 25 abr. 2018 GLOBO. Selos que você precisa conhecer. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/revista-amanha/certificados-ambientais11-selos-que-voce-precisa-conhecer-9623714>. Acesso em: 27 abr. 2018 IBDN. Selos de Sustentabilidade. Disponível em: <http://www.ibdn.org.br/2017/07/12/selos-de-sustentabilidade-porque-levar-para-minha-empresa/>. Acesso em: 28 abr. 2018 C&C. Muro verde. Disponível em: <https://casaeconstrucao.org/decoracao/muro-verde/>. Acesso em: 28 abr. 2018 ROSA, Mayra. Arquitetos constroem vila sustentável de bambu para refugiados na Tailândia. Disponível em: <https://ciclovivo.com.br/arq-urb/ arquitetura/arquitetos_noruegueses_desenvolvem_casas_sustentaveis_para_tailandeses/>. Acesso em: 27 abr. 2018 CICLOVIVO. Hotel em praia do México tem quartos de bambu, abastecidos por energia solar. Disponível em: <https://ciclovivo.com.br/arq-urb/ arquitetura/arquitetos_noruegueses_desenvolvem_casas_sustentaveis_para_tailandeses/>. Acesso em: 20 abr. 2018 MORADA VIVA. Projetos. Disponível em: < https://www.moradaviva.com.br/projects >. Acesso em: 21 abr. 2018

83 | Bibliografia


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Carolina.

“Horta

em

espiral:

aprenda

como

fazer

esse

canteiro

sustentável

para

o

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tavel-para-o-seu-jardim/>. Acesso em: 04 mai. 2018

Bibliografia | 84


Lista de imagens Imagem 01 – p. 21 Flor da permacultura Imagem 02 – p. 29 Ecovila e comunidade Inkiri de Piracanga. Imagem 03 – p. 31 Concreto ecológico Imagem 04 – p. 32 Bambu e amarrações Imagem 05 – p. 34 Construção em woodframe Imagem 06 – p. 36 Deck em madeira plástica Imagem 07 – p. 36 Tijolo Replast Imagem 08 – p. 37 Tijolo Adobe Imagem 09 – p. 38 Construção com superadobe Imagem 10 – p. 39 sacos de ráfia (hiperadobe) Imagem 11 – p. 39 Banheiro construído com a técnica COB Imagem 12 – p. 40 Taipal Imagem 13 – p. 40 Tijolo ecológico

85 | Bibliografia

Imagem 14 – p. 43 Marcelo Bueno Imagem 15 – p. 44 Maison Evolutiv’ Imagem 16 – p. 44 Maison Evolutiv’ Imagem 17 – p. 45 Planta baixa Maison Evolutiv’ Imagem 18 – p. 45 Planta 1 pavimento Maison Evolutiv’ Imagem 19 – p. 46 Localização Casa Viva Imagem 20 – p. 46 Sala atual Casa Viva Imagem 21 – p. 47 Edificação original Casa Viva Imagem 22 – p.47 Edificação atual Casa Viva Imagem 23 – p.48 Jardim filtrante Imagem 24 – p. 49 Jardim filtrante Imagem 25 – p. 49 Plantas Casa Viva Imagem 26 – p. 49 Corte Longitudinal Casa Viva Imagem 27 – p. 50 Suite Treehouse

Imagem 28 – p.51 Suite Treehouse Imagem 29 – p. 51 Plantas Suite Treehouse Imagem 30 – p.53 Planta de situação

Imagem 31 – p. 55 Macrozona Ubatuba Imagem 32 – p. 57 Rota para a Praia da Enseada Imagem 33 – p. 59 Implantação + Térreo Imagem 34 – p. 59 Implantação + 1 pavimento Imagem 35 – p. 62 Implantação + Cobertura Imagem 36 – p. 63 Implantação + Térreo Imagem 37 – p. 64 Implantação + 1 pavimento Imagem 38 – p. 65 Corte A Imagem 39 – p. 65 Corte B Imagem 40 – p. 66 Planta Térreo | Tipo 1 Imagem 41 – p. 66 Planta 1 pavimento | Tipo 1 Imagem 42 – p. 67 Corte C | Tipo 1


Imagem 43 – p. 6 67 Corte D | Tipo 1 Imagem 44 – p. 68 Elevação 1 | Tipo 1 Imagem 45 – p. 68 Elevação 2 | Tipo 1 Imagem 46 – p. 68 Elevação 3 | Tipo 1 Imagem 47 – p. 68 Elevação 4 | Tipo 1 Imagem 48 – p. 69 Planta térreo | Tipo 2 e 3 Imagem 49 – p.69 Planta 1 pavimento | Tipo 2 e 3 Imagem 50 – p. 70 Corte E | Tipo 2 e 3 Imagem 51 – p. 70 Corte F | Tipo 2 e 3 Imagem 52 – p. 71 Elevação 5 | Tipo 2 e 3 Imagem 53 – p.71 Elevação 6 | Tipo 2 e 3 Imagem 54 – p. 71 Elevação 7 | Tipo 2 e 3 Imagem 55 – p. 71 Elevação 8 | Tipo 2 e 3 Imagem 56 – p. 72 Planta Recepção Imagem 57 – p. 72 Planta ateliê Imagem 58 – p. 73 Corte G | Recepção e Ateliê Imagem 59 – p. 73 Corte H | Recepção e Ateliê

Imagem 60– p. 74 Elevação 9 | Recepção e Ateliê Imagem 61 – p.74 Elevação 10 | Recepção e Ateliê Imagem 62 – p. 74 Elevação 11 | Recepção e Ateliê Imagem 63 – p. 74 Elevação 12 | Recepção e Ateliê Imagem 64 – p. 75 Elevação 13 | Vista da Avenida Marginal Imagem 65 – p. 76 Estrutura explodida Imagem 66 – p. 77 Exemplo de sistema de aproveitamento de águas pluviais Imagem 67 – p. 78 Detalhe Woodframe (Det. 1) Imagem 68 - p. 78 Encaixe escada (Det. 2) Imagem 69 – p. 78 Detalhe Pergolado (Det. 3) Imagem 70 – p. 78 Janela basculante(Det. 4) Imagem 71 – p. 79 Área de convivência

Lista de tabelas Tabela 01 – p. 56 Lei de Uso e Ocupação do Solo de Ubatuba.



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