Glicério, ensaios propositivos para transformação urbana

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GLI CÉRI O ens ai ospr opos i t i v ospar at r ans f or maçãour bana


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SUMÁRIO O Glicério .....................................................................................................................08 Àrea de estudos .............................................................................................................10 DIAGNÓSTICO Levantamentos a partir de dados oficiais .................................................................................................13 Levantamento a partir de verificação ......................................................................................................17 _gabarito .......................................................................................................18 _cortiços .......................................................................................................20 _ áreas livres de edificação ........................................................................24 _eixo comercial ............................................................................................28 _viaduto .........................................................................................................30 _missão paz ...................................................................................................32 Memória ..........................................................................................................................34 Demandas a partir de síntese de diagnóstico ...................................................................................................36 ENSAIOS PROPOSITIVOS DE TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO Diretrizes Gerais ...............................................................................................................39 Ti´pologias de intervenção ...........................................................................................44 Soluções específicas de intervenção ..........................................................................58 Referências .....................................................................................................................62

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Este trabalho parte do meu interesse pessoal em entender os impactos das formas de ocupação de refugiados na cidade. Assim fui parar no Glicério. As questões problemáticas do bairro não se fundamentam pela ocupação desses imigrantes, mas afetam sua qualidade de vida e oportunidade de acessos tal como a dos brasileiros que lá vivem. Dentre tantos problemas encontrados, das mais diversas áreas de conhecimento, faço uma análise do bairro sob minha perspectiva e ensaios diretrizes a fim de propiciar melhor qualidade de vida para as pessoas mantendo a memória do Glicério.

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O glicério A área central de São Paulo, é a região mais bem servida de infraestrutura, equipamentos e acessos na cidade. Assim, pressupõe-se que, de maneira geral, as pessoas que moram no centro vivem em condições mais privilegiadas por estarem inseridos neste meio. O bairro do Glicério se destaca deste contexto. Apesar de estar ao lado do marco zero da cidade e ser vizinho de bairros tradicionais como a Bela Vista e a Liberdade, o Glicério se apresenta como um recorte urbano esquecido e negligenciado. A área é tida como insegura até pelos próprios moradores e não tem atrativos de nenhuma natureza. Assim, o fluxo de pessoas nas ruas é dado, via de regra, pela necessidade de se cruzar o bairro, já que ele faz parte do centro. A falta de segurança é justificada em parte, pela má iluminação, vielas e becos que se confundem com a continuidade das ruas e a grande quantidade de terrenos subutilizados. Esses terrenos, muitas vezes, ocupam quase que a quadra toda, deixando ruas desertas em certos horários. Mesmo com essa oferta de terrenos na área, não vemos um interesse de mercado tão intenso como vemos no restante do centro. No bairro, encontramos apenas duas obras de um grande empreendimento em andamento e um edifício recém construído. Ambos, nas bordas do bairro. A questão da moradia também se apresenta de forma precária. Pelo bairro, encontramos diversas placas de pensões em sobrados pequenos degradados, autoconstruções ou até mesmo grandes edifícios que sublocam quartos oficialmente. Entre os moradores do bairro existe uma grande diversidade de etnias. A paróquia Nossa Senhora da Paz acolhe a abriga em uma casa de passagem imigrantes e refugiados de mais de 13 nacionalidades. A partir de 2014 o movimento de migração para o Brasil aumentou, e muitas destas pessoas que em primeiro momento são atendidos pela paróquia, acabam ficando no bairro pela dificuldade de acesso á moradia formal e pelo vinculo criado com os serviços prestados pela organização da igreja. O viaduto e suas alças, começam a subir enquanto cruzam o bairro e resultam em uma extensa área de baixios. Por sua vez, essas áreas geram aglomeração de pessoas em situação de rua e acumulo de lixo. Esses baixios coincidem com o gabarito de alturas dos sobrados ao seu redor causando, do ponto de vista da rua, uma sensação se sufocamento das edificações. Os impactos disso se refletem na paisagem de forma evidente.

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área de estudos

A área de estudo foi delimitada pela rua Conselheiro Ramalho, Tabatinguera, Pedro Severiano e Lavapés. Este perímetro é definido, por a meu ver, concentrar situações e problemas com as mesmas origens e características, e que são iminentes ao Glicério e a questão dos refugiados. Assim, o objeto de estudo garante maior coerência ao propor qualquer alternativa de melhoramento. O perímetro é cercado por bairros tradicionais da cidade que, apesar de muitas vezes compartilhar de problemas comuns ao Glicério (como os cortiços), tem características, usos e identidades muito marcadas. No entorno também encontramos avenidas importantes como a Avenida Vinte e Três de Maio e Avenida do Estado. A área delimitada também fica muito próximo a catedral da Sé e o Parque Dom Pedro. Av. vinte e tres de maio

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p. dom pedro

sĂŠ

Av. do estado

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diagnรณstico

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levantamentos a partir de dados oficiais 13


_ CORTIÇOS

ocupação da área

O Glicério trata-se de um bairro adensado e pouco verticalizado. Ao caminhar, percemos claramenta a quantidade de cortiços, tanto pelas caracteristicas físicas dos sobrados e forma de ocupação, quanto pelas inúmeras placas de aluga-se quartos espalhadas. Acontece que os levantamentos do HABITASAMPA que oficializam esses cortiços, estão muito aquém do que encontramos na paisagem urbana. _EQUIPAMENTOS Dentro do perímetro delimitado para estudo, encontramos apenas uma creche e uma UBS como equipamento público e dois centros de enducação ligados a entidades religiosas. Este dado não diz que a área não é servida de equipamentos de saúde, uma vez que está inserida na zona central de São Paulo. No entorno imediato, encontramos diversos equipamento de saúde e educação. Contudo, como em grande parte da cidade, as vagas na creche de dentro da área e as do entorno imediato não dão conta da demanda de mães que procuram vaga. Segundo relatos dos moradoes, as áreas culturais do entorno como o museu catavento, Pinacoteca do Estado entre outros, não são ocupados pelos moradores do bairro geralmente.

EQUIPAMENTOS fonte: geosampa

DENSIDADE DEMOGRÁFICA fonte: geosampa (2010)

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até 92 pessoas por setor

equipamentos de educação

146 à 207 pessoas por setor

equipamentos de saúde

207 à 351 pessoas por setor 351 à 30346 pessoas por setor


cortiรงosreconhecidospeloHABITASAMPA

corpo de bombeiros

creche municipal

albergue municipal

INSS

igreja nossa senhora da paz

praรงa

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diagnรณstico

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levantamentos por verificação 17


gabarito O bairro é pouco verticalizado. Assim, existe uma discrepancia na paisagem urbana uma vez que edificios muito altos se contrapões a uma grande massa de sobrados que tomam o bairro praticamento por inteiro. O edifico Líbano é um dos mais altos, isso aliado a sua identidade marcada pelas cores fazem com que seja visto praticamente a partir de qualquer ponto do bairro e ao cruzar a Radial Leste pelo viaduto. Assim, ele acaba sendo uma das marcas característica do Glicério.

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edifĂ­cios de 0 a 3 pavimentos

edifĂ­cios de 4 a 6 pavimentos

edifĂ­cios a partir de 6 pavimentos

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cortiços Os dados de cortiços fornecidos pelo HABITASAMPA não dão conta de retratar a quantidade de habitações encortiçadas, ocupações irregulares, não adequadas para moradia, auto construção e moradias provisórias construidas de maderite do Glicério. Assim, faço aqui um levantamento dessas habitações e as classifico como passiveis de requalificação enecessidade de remoção. Essa remoção só é sugerida quando se mostra claramente que a habitação não tem mínimas condiçoes de moradia, sendo construidas por maderite, em edificios em ruinas ou altamente degradados. Essa classificação foi feita por análise da paisagem, e oficialmente precisaria avaliações técnicas de engenharia de segurança.

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habitações que carecem de requalificação

habitações a serem removidas

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setorização de cortiços Pela observação da paisagem e análise de fotos aéreas, destaco 7 áreas que considero encortiçadas. As áreas são em geral, sobrados ou edifícos históricos ocupados como forma de habitação. Em muitos encontramos na fachada placas de “aluga-se quartos”, ou auto construção que adiociona pavimentos nos sobrados.Esses edifícios apresentam degradação em diferentes níveis, desde a fachada até destelhamento muitas vezes. A média de famílias residentes em cada setor se fez pela contagem de divisão de sobrados visto na fachada e contagem das coberturas adicionadas aos pátios internos ou fundo de lotes. Porém não se garante que exatamente apenas uma família ocupe cada cobertura.

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áreas livres de edificação O Glicério conta com muitas áreas livres de edificação e com potencial construtivo. Essas áreas são, na maioria das vezes, terrenos vazios. Na área contamos com três áreas livres oficiais, sendo, uma praça com uso coletivo pela comunidade, uma praça aberta resultante do desenho do sistema viário que não tem nenhum uso, e uma praça cercada também resultante do desenho do sistema viário que é usada como estacionamento de caminhões da prefeitura. As outras duas áreas livres públicas marcadas no mapa tratam-se de grandes estacionamentos abertos de edificios públicos.

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áreas verdes

terrenos livre de edificação público

terrenos livre de edificação privado

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terrenos subultilizados De acordo com a panálise da paisagem urbana e foto aérea, setorizei terrenos subultilizados de acordo com os seguintes critérios: _estacionamentos _terrenos vazios _galpões abandonados _desmanches _deposito de lixo reciclável _terrenos ocupados de forma precária _edificações com alto estado de degradação

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eixo comercial O eixo de comércio e serviços do bairro se dá, de forma mais contundente, pela rua do Glicério. Apesar disso, a rua conta com diversos terrenos vazios ou subultilizados por estacionamentos e desmanches. A maioria dos estabelecimentos são de pessoas simples, geralmente morafpres do próprio bairro, que contam com aquilo como principal fonte de renda. Esses pontos encontram-se, via de regra, em edifícios mau conservados ou em estado de degradação, e muitas vezes o serviço é prestado em condições não adequadas. Ainda assim, a rua conta com fluxo viário intenso e tem potencial para atender as mais diversas demandas do centro.

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área comercial com índícios de degradação eixo comercial do bairro

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viaduto

O viaduto do Glicério corta o bairro e de fato se coloca como uma barreira. E vemos seus impactos por toda a área. Os baixios ocupam uma extensa área sobreada e que acaba sendo ocupada por pessoas em situação de rua que vivem em meio ao fluxo de carros e lixo acumulado. O único uso oficial do Baixio do viaduto do Glicério, é a existência de uma academia e um albergue municipal, o que também é um problema. O albergue, que teria o papel de acolher moradores de rua e dar a eles uma oportunidade de se sentirem acolhidos e integrados a sociedade de forma digna, acaba por estar em um dos locais mais marginalizados da cidade. Além de que, a implantação de uma edificação em baixo de um viaduto não conta com as melhores condições de insolação e ventilação, além de ter que lidar o tempo todo com a poluição sonora produzida pelo fluxo de carros. O entorno imediato do viaduto é um reflexo desta problemática. A rua lateral ao viaduto não é uma via larga, e a combinação do sombreamento do viaduto coincidindo com os prédios baixos, resultam em uma sensação de “sofocamento”. A via também, é quase que totalmente obstruída por acúmulo de lixo. O fluxo viário desta rua, a meu ver, praticamente desapareceu. Em todas as visitas ao bairro, ou por todas as vezes que simplesmente passei por ali, nunca vi um carro passar por ali. Quanto ao fluxo de pessoas, só encontrei as que vivem em baixo do viaduto. É um ambiente inóspito que, pessoalmente, não senti segurança em passar nem de carro nem a pé. A degradação se espalha pela quadra, que conta com terrenos vazios que foram ocupados de forma irregular, ou galpões abandonados em estado de degradação. Do outro lado do viaduto, vemos uma área totalmente negligenciada. No espaço, não tem uma separação clara entre público e privado. As áreas com mínima estrutura, são os canteiros desenhados pelo viário. Alí, fica claro que o espaço está apenas a serviço do viário, já que é um eixo importante para escala metropolitana. Mas não existe nenhuma preocupação com a qualificação destes espaços, nem com as condições dadas ao pedestre. Os impactos do viaduto vão sendo percebidos de forma radial. Quanto mais próximo do viaduto, mais condições de degradação, subultizacao e falta de segurança encontramos.

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foto: google earth

foto: google earth


foto: google earth

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missão paz e os refugiados A missão Paz é uma instituição filantrópica fundada pela ordem dos Scalabrini da igreja católica. A Missão Paz trabalha por três pilares: - A casa do migrante: uma casa de passagem para refugiados e imigrantes. A casa tem capacidade para 110 pessoas, divididas em duas alas ( feminina e masculina). O tempo de estadia na casa varia de acordo com a situação da pessoa ou família, em média as pessoas ficam por volta de 4 meses. A lotação da casa de passagem é relativa. Padre Paolo ( um dos responsáveis pela paroquia e pela missão), me disse que a situação de lotação da casa está ligada diretamente ás situações politicas e processos de deslocamentos mundial. Até abril, a demanda de imigrantes e refugiados em São Paulo estava sendo atendida totalmente pelas três casas de passagem que atuam na cidade ( duas mantidas pela ordem dos scalabrini e uma municipal*). A partir de abril, essa demanda aumentou mais de três vezes pela chegada dos venezuelanos vindos de Roraima. - A CPMM (centro pastoral de mediação dos migrantes): este órgão é responsável por auxiliar o migrante no processo de documentação e emprego por meio de mediação com empresas contratantes ( no caso de emprego), ou órgãos públicos. A CPMM faz essa mediação através de advogados e um sistema de mediação de emprego que garante contratação pelos meios legais e fiscalização e acompanhamento posterior a contratação. - CEM ( centro de estudos migratórios): O CEM é responsável por estudos e pesquisas sobre a características migratórias mundiais, conhecer as condições que os migrantes vivem, acompanhar sua adaptação e dar suporte cultural e religioso quando solicitado.

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No bairro notamos a presença de um grande número de imigrantes, muito além do que a casa de passagem abriga. Isso acontece por que ao fim do prazo de estadia na casa de passagem, muitos, com dificuldade de acesso à moradia formal, são levados a procurar moradia informal nos cortiços ou ocupações de movimentos sociais. Segundo padre Paolo (um dos padres responsáveis pela Missão Paz) e voluntários, isso não acontece por opção. Morar nos cortiços é caro, chega a custar 600 reais por uma vaga em quarto compartilhado em um cortiço com condições precárias de habitação. Porém para muitos, é a unica opção viavél já que não tem condições de comprovação de renda ou documentação para alugar algo de maneira formal, e nos cortiços da região contam com uma comunidade com seus contingentes e estão proximos a Missão Paz, que dá o suporte relacionado ao emprego, aulas de português, auxilio na área de saúde, comunhão entre as nacionalidades e etc. Os traumas que chegam com um regiado, faz com que optem por pernacer proximo a pessoas nas mesmas condições, como uma rede de apoio. Como dificuldade de acesso ao emprego, uma das formas recorrentes para garantir a renda é o comércio informal feito nas calçadas. Encontramos de tudo, venda de roupas e sapatos usados, frutas e vegetais, lanches, muambas e etc.


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memória O Glicério, apesar de todos os problemas citados, é um bairro coracteristico da cidade. Os dois principais edifícios verticalizados que observamos no trajeto da radial, as cores vibrantes dos grafites que constroem a paisagem na rua dos estudantes e vielas, os edifícios históricos e a igraja constituem a memória material do bairro. Além disso, a forma de ocupação pelos refugiados, as festas típicas no pátio da igreja, a apropriação de alguns espaços, a relação entre as pessoas que convivem de forma muito próxima, a área comercial contruida por moradores e para moradores alicerçam uma memória imaterial do bairro. A meu ver, qualquer proposta para a área deve respeitar a memória do bairro. Não faz sentido estimular um processo de transformação que não esteja de acordo com a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas, respeitando os espaços conquistados e construídos por elas ao longo muitos anos. Ao mesmo passo, o Glicerio tem um caráter acolhedor, uma vez que vemos que, dentro da medida do possível, incorpora migrantes como parte da comunidade o tempo todo. Por se tratar de uma área central servida de infra estrutura, é conveniente estimular o interesse de procura pela área que tem tantas potencialidades comerciais e habitacionais.

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demandas a partir de síntese do diagnóstico

HABITAÇÕES ADENSADAS

Os sobrados e edificios históricos ocupados por mais de uma família são uma opção onerosa e geradora de problemas sociais pela insalubridade e falta de espaço. Essa falta de espaço em casa, leva as pessoas a ocoparem bastante a rua e os poucos espaços coletivos, que por sua vez não são qualificados.

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ÁREA COMERCIA DERADADA

A rua do Glicério é uma das principais ruas do bairro e onde se concentram as ofertas de comércio e serviço. A maioria dos comércios da rua são simples, geralmente de pessoas locais que atendem ao próprio bairro. Porém a rua do Glicério carece de medidas de revitalização. Lá encontramos muitos galpões abandonados, terrenos que acumulam lixo e edificios em estado de degradação


FALTA DE EQUIPAMENTOS

Por mais que o Glicério esteja insedo na regiao central, a comunidade não tem acesso a espaços de cultura , lazer e convivencia. Isso se agrava pelo fato de ser uma comunidade que, em geral, vive de forma apertada, onde não existe muito a oportunidade do espaço individual, as áreas coletivas contam sempre com muito mais pessoas que sua capacidade, e os espaços públicos não são muito qualificados.

TERRENOS SUBULTILIZADOS Os diversos terrenos vazios ou subultilizados contribuem para o acumulo de lixo, falta de segurança do bairro. Além disso, são áreas com bom potencial construtivo.

MISSÃO PAZ

A missão paz faz um trabalho organizado e multidiciplinar ao acolher os refugiados. Porém a limitação da estrutura física acaba gerando limitações nos seus atendimentos.

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ensaios propositivos de transformação do espaço

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diretrizes gerais

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1) remoção do viaduto

Segundo relatos de moradores antigos, a degradação do bairro teve início com a implantação do viaduto. As pessoas contam que os primeiros anos após a inauguração da Radial Leste foram de muitos acidentes e assaltos que tiveram repercussão no bairro. A partir disso, também aumentou o número de pessoas em situação de rua no bairro, uma vez que, agora contam com os baixos de viaduto como abrigo. Hoje, sem sombra de dúvidas, o viaduto é a região mais hostil do bairro. Em todas as visitas, atravessar o viaduto e parar para observa-lo sempre foi uma problemática. Isso justifica a falta de fotos autorais que retratem com clareza a realidade desta área. A rua qua acompanha a decida da radial (paralela a rua São Paulo) não tem nome e é concerteza o ponto mais vulnerável do Glicério. Ela é parcialmente obstruida por lixo e barracas que servem como abrigo de pessoas. Não tive acesso a esta rua nem de carro nem caminhando. O viaduto começa a subir em um ponto onde o bairro está em uma cota mais baixa. Isso gera uma área extensa de baixio com pouca altura que faz frente á quadras habitacionais que encontram-se em situação crítica de degradação, vulnerabilidade e segurança. Essas quadras estão ainda a uma cota mais baixa que o nível da rua, o que piora a sensação de sufocamento dessas habitações. Fica claro ao andar pelo bairro, que quanto mais perto do viaduto, mais degradação, insegurança, insalubridade e vulnerabilidade encontramos. Por outro lado, o viaduto do Glicério íntegra um eixo importante para escala metropolitana. Assim, sugere-se por esse ensaio de diretrizes a remoção do viaduto do Glicério e que a radial leste passe neste trecho por um túnel. Na resultante deste enterramento do viaduto, sugere-se a implantação de um parque com a reestruturação das vias que o delimitam. O parque se faz necessário por ser uma área verde de lazer que atende a uma comunidade que vive com falta de espaço, de pouca iluminação e má ventilação. O parque extimula a valorização deste espaço para essas pessoas e incentiva o uso da rua pelo pedestre potencializando as áreas comerciais.

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foto: google earth

_corte esquemático viaduto atual

perfil natural do terreno

intervenção proposta

rio tamanduateí

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2) desadensamento de cortiços Uma das formas de preservar a memória do bairro é manter as edificações caracteristicas do Glicério que hoje servem de cortiço. Para isso, propõe-se o desadensamento dos cortiços, mantendo os edificios históricos e realocando as pessoas dentro da área de intervenção sugerida.

3) consolidação da rua do Glicério como eixo comercial

Sugere-se a consolidação do eixo comercial dado principalmente pela rua do Glicério, que incentive a circulação de pedestre e seja uma área extimulada ao uso misto. A região da rua do Glicério já é considerada uma ZEIS 3, que reafirma o ato da área ter potencial para garantir animação da rua e da área como um todo através do comercio e serviço associado ao extimulo de produção de habitação de interesse social, garantindo a permanencia da população local da área mesmo com a valorização do território. Além disso, a implantação de um parque na área sugere um almento de demanda desse comércio existente.

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4) garantia de acessos pela comunidade

A população do Glicério, seja ela de imigrantes ou antigos moradores, fazem parte da memória imaterial do bairro, o que prentende-se preservar. Assim, junto com a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas através da qualificação das habitações e áreas livres, propõe-se que o plano de conta de prover medidas que garantam acessos a educação, lazer e convivência para que se fortaleça essa rede de apoio já caracteristica do bairro.

5) extímulo a produção de habitação

O bairro está situada na região de maior infra estrutura urbana consolidada e é pouco verticalizado. Assim, é necessario que extimule a criação de habitação de forma respeitosa com a memória do bairro e com seu entorno, mas que dê conta de garantir o direito a cidade pela população.

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ensaios propositivos de transformação do espaço

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soluções tipológicas de intervenção 45


potenciais áreas para intervenção 46


parque proposto

novo fluxo viรกrio calรงadas e ruas de pedestre nova quadra

parque proposto

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tipos de intervcenção TIPOS DE INTERVENÇÃO PARA DESADENSAMENTO DE CORTIÇO

TIPO 1A

TIPO 1B

TIPOS DE INTERVENÇÃO PARA REQUALIFICAÇÃO DA RUA DO GLICÉRIO

TIPO 2A

TIPO 2B

TIPO 3A

TIPOS DE INTERVENÇÃO PARA REMOÇÕES PONTUAIS 48

TIPO 3 B


tipo 1 a

tipo 1 b

tipo 2 a

tipo 2 b

tipo 3 a

tipo 3 b 49


Intervenções

TIPO 1

As intervenções do tipo 1 dizem respeito a cortiços a serem desadensados, de forma que ocupações informais do miolo da quadra sejam substituidas por edificios vercalizados sob pilotis. Os pilotis garantem um espaço de respiro que chamo de quintal. Este, é compartilhado pelas familias das habitações mantidas e pelas que ocupam o novo edifício. Este tipo de intervenção se subdivide para atender quadras que fazem frente ao parque, que quadras desassociadas desta área verde. Esta intenvenção tem como premissa, manter os edifícios da rua dos estudantes, pois entendo que eles fazem parte da memória e representam uma apropriação e identidade do bairro.

tipo 1 a

área removida

habitaçãio quintal

tipo 1 b

comércio

área removida 50

habitaçãio quintal


Consiste em remover ocupações no miolo de quadra, criar um acesso e implantar edificios de 5 pavimentos sob pilotis na área desocupada. Os edificios historicos do Glicério, principalmente na rua dos Estudantes, são uma caracteristica importante e parte da memória do bairro. Assim, objetivo é que se mantenham os sobrados perimetrais das quadras na intenção de garantir que se preserve esta identidade do bairro.

Consiste em desadensar cortiços que fazem frente a praça mantendo os sobrados da rua dos estudantes e reconstruindo o perimetro oposto da quadra com áreas de comércio que atendam o parque. O miolo de quadra resultante desta ocupação, ganha um edifício de 5 andares sob pilotis que propiciam uma área livre de quintal que atende tanto as novas habitações, quanto as mantidas.

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Intervenções

TIPO 2

As intervenções do tipo 2 tem por objetivo a requalificação da rua do Glicério no intuito de reafirmar seu caráter de comércio e serviço. A intervenção se devide em duas, com o objetivo de trazer um uso misto para a área e estimular o fluxo de pedestres.

tipo 2 a

área removida

comércio habitaçãio

tipo 2 b

área removida 52

passagem comércio


Em áreas removidas na rua do Glicério, ocupar a frente do lote com edifício comercial que siga o gabarito de altura dos vizinhos e, verticalizar o miolo do terreno com edifícios habitacionais de 10 andares sob pilotis. O miolo da quadra tambem servirá como área de quintal para os moradores da nova habitação.

Em áreas na rua do Glicério que as remoções propiciem o cruzamento da quadra, se propoe que este seja feito atravez de calçadas de pedestre com edifícios de uso comercial ocupando à margem. A intenção deste tipo de intervenção é criar maior fluxo de pedestres na rua do Glicério e trazer com essas travessias tenham largura suficiente para servir de pequenas praças de permanencia associadas ao comercio local.

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Intervenções

TIPO 3

tipo 3 a

área removida

As intervervençõe do tipo 3 se mostram como alternativas construtivas que garantam ocupação adequada em dois casos de remoção: as que geram terrenos amplos que não afetam a paisagem urbana no caso de verticalização; e terrenos sem grandes dimensões com vizinhos de até 3 pavimentos de gabarito. Este tipo de intervenção tambem responde a duas demandas do bairro: a) uma verticalização que atenda a um possivel adensamento do bairro, visto que o bairro está em uma área central contemplado de uma infra estrutura bem consolidada e dentro de uma área de oferta de emprego. No Glicério vemos alguns novos empreendimentos habitacionais recem construidos ou em obras, o que sugere um interesse não só social como de mercado em habitação em área central. No intuito de proteger o partido do projeto de manter a identidade do bairro, o plano prevê áreas para contemplar essa demanda de terrenos para produção habitacional. b) o bairro carece de equipamentos de cultura, lazer e convivencia que atenda a comunidade. A alternativa proposta é de ao inves de concentrar todas as atividades de um centro cultural em um edificio, que isso se fragmente por diversos edificios menores com a mesma identidade construitiva, que se adaptem ao terreno e as condições de gabarito dos vizinhos encontrados.

habitaçãio

tipo 3 b

área removida 54

equipamento


Ter como objetivo dar uso residencial a terrenos amplos oriundos de remoções. Seguindo o partido de trazer áreas de respiro para o bairro, esses edifícios são implantados no limite do terreno formando um pátio interno. Algumas dessas áreas são vizinhas a habitações em sobrados, logo esse quintal formado pela nova habitação auxiliará na ventilação e salubridade dos edificios mantidos.

Tem como objetivo ocupar terrenos livres que foram desocupados de forma muito pontual. A intenção do projeto é de remover só o necessário, e em alguns casos isso gera terrenos de dimensões menores entre vizinhos de baixo gabarito. Assim, proponho que equipamentos culturais sejam fragmentados e distribuidos por essas áreas de remoção pontuais consolidando edificios que se encaixem na tipologia do terreno seguindo o gabarito de altura dos vizinhos e abriguem esses esses equipamentos. Como exemplos de equipamentos que o bairro demanda: creche, espaços culturais e artísticos que envolvam a comunidade e promovam oficinas e cursos nas áreas de teatro, dança, música, ates plásticas, artesanato e grafite, espaço de integração e apoio a mulheres e mães, brinquedoteca,, biblioteca e etc.

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foto: google earth

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foto: google earth


foto: google earth

foto: google earth

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ensaios propositivos de qualificação do espaço

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soluções específicas de intervenção 59


3 1

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realocações 1

Prédio do INSS:

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Albergue

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CORPO DE BOMBEIROS

4

COOPERATIVA DE RECICLAGEM

o edificio foi realocado para uma área de estacionamento de outro prédio público

o albergue que ficava em uma das áreas mais marginalizadas do bairro (em baixo do viaduto), foi realocado para o terreno da antiga pracinha.

o corpo de bombeiros foi realocado na quadra ao lado, onde tem acesso para três ruas sendo uma delas o início da Av. do Estado.

o bairro contava com diversos terrenos que recebiam material reciclavel dos carroceiros. A quadra que agora abriga uma cooperativa de reciclagem é uma continuidade do parque.


missão paz

A Missão Paz teve sua quadra ampliada de forma que, agora, tem maior área para realizar eventos como as festas típicas das diversas nacionalidades, espaço livre para realização de oficinas e para os moradores da casa de passagem . Para criar um pátio interno, o plano sugere que o edifício da casa de passagem multifuncional* seja implantado no limite do terreno.

Seguindo o critério de ocupar terrenos que fazem frente a praça com áreas comerciais, o mercado do imigrante faz esta função no lote. A idéia é que o mercado fique sob a gestão da Missão Paz e sirva como um lugar gerador de fonte de renda e mercado de comidas tipicas acessiveis para os refugiados, uma vez que o acesso a restaurantes especializados de São Paulo é bastante oneroso. Acredito que tanto o trabalho relacionado a sua cultura de origem, quanto a acessibilidade a sua sua comida, roupas e artesanato , tornem o periodo de daptação mais facilitado. Além disso, o ingresso no mercado de trabalho por imigrantes e refugiados é uma questão problematica no pais.

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referĂŞncias

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Projeto urbano de Medelin Projeto Casarão do Carmo; Vigliecca e Associados Viver em Risco; Kowarik, Lucio Projeto de Intervenções Urbanas como articulador de politicas Públicas; Pinheiro, Ligia

Programa Morar no Centro; Prefeitura de São Paulo Programa Favela Bairro; Prefeitura do Rio de Janeiro Filme: Era o Hotel Cambridg; dir: Eliana Caffe Plano urbanístico Parque Dom Pedro II; UNA arquitetos

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