I
FAZER
ARQUITETURA ESCOLAR E A METODOLOGIA A PONTE POR GUILHERME PESSOA FONTANA
Trabalho de ConclusĂŁo de Curso Centro UniversitĂĄrio Senac Santo Amaro Guilherme Pessoa Fontana orientador Marcelo Ursini Novembro de 2018
Agradeço à minha família, em especial aos meus pais Ivar e Laura, por todo o apoio ao longo desses anos e também por terem sempre acreditado em mim. Aos dois eu serei eternamente grato. Sem o suporte, a paciência, o esforço e a dedicação de ambos o enfrentamento dessa empreitada de cinco anos jamais seria possível. Esta grande vitória é tão deles quanto minha. Aos meus irmãos Felipe e Karina, que desde muito cedo me inspiraram a ser sempre melhor e que ainda hoje continuam me ensinando muito sobre a vida. Eu jamais seria o que sou sem os dois ao meu lado. Ao orientador, Prof. Marcelo Ursini, e a todos os professores os quais tive o privilégio de conhecer e de ser aluno, em especial ao professor Ricardo Luis Silva. A todos meus amigos, em especial Ana Laura, Leonardo Lima e BDF que me acompanham nessa jornada desde o primeiro dia de aula e que tanto me auxiliam em horas difíceis. A todos que fizeram parte, direta ou indiretamente, da minha formação humanística e acadêmica.
RESUMO Por ter ciência da relevância que os espaços escolares possuem na formação do indivíduo desde a infância, houve o questionamento de como estes são concebidos. Este trabalho debruça-se na metodologia de ensino alternativa Fazer a Ponte, realizando coleta de dados para compreender seu funcionamento e distinções do ensino tradicional e como conceber um espaço adequado para tal atividade tão específica. palavras-chave: Escola da Ponte, Arquitetura Escolar, Pedagogia Alternativa, Criança, escola sem sala de aula
ABSTRACT Knowing the relevance that school spaces have in the formation of individuals since their childhood, the questioning of how those are conceived was raised. This work is based upon the alternative study methodology Fazer a Ponte. Using data collection to understand its functioning and its distinction from the tradicional teaching and how to design an adequate space for a such specific activity. keywords: Escola da Ponte, Educational architecture, alternative education methods, Children, School without classrooms
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introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 escola da ponte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 localização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 partido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 considerações finais
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
fontes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 9
INTRODUÇÃO Por ter estudado em ambientes escolares cuja arquitetura não dialoga com a didática de ensino, e vivenciar a forma que isto dificulta no desempenho como aluno, houve a vontade de realizar um projeto de Arquitetura escolar. O desdobramento deste trabalho se deu ao realizar investigações sobre metodologias de ensino alternativas, deparando-se com o método Fazer a Ponte que possui estrutura organizativa, desde o espaço, ao tempo e ao modo de aprender. O intuito do trabalho não é de defender e nem de criticar a pedagogia da Ponte, e sim, de analisá-la por meio de pesquisas e dados sobre o tema e conceber uma escola na cidade de São Paulo com o espaço ideal para esse programa.
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imagem 2 | JosĂŠ Pacheco, principal mente da Escola da Ponte
ESCOLa DA PONTE
Localizada no distrito de Porto, Portugal, a Escola da Ponte é uma instituição pública de ensino que oferece educação básica através de um método pedagógico alternativo para crianças e adolescentes entre 5 e 13 anos, podendo haver alguns alunos mais velhos dentro de sua filosofia inclusiva, no caso de portadores de necessidades especiais. Criada por volta de 1976, em um momento histórico que Portugal havia acabado de sair de uma ditadura de 48 anos e as escolas públicas se encontravam em altos níveis de precariedade. O grau de violência interna subia a cada dia, desmotivando e desmoralizando os profissionais da educação. O ensino, feito com base em manuais iguais para todos, era um dos causadores do desinteresse. Outro era a estrutura física do prédio escolar, que se encontrava em total decadência. A equipe escolar passou, então, a questionar os problemas e deficiências daquela escola, identificando que ajustes não alcançariam a mudança esperada: era necessária uma verdadeira revolução pedagógica. E essa vontade de mudança encontrou eco nas ideias do educador José Pacheco. A metodologia adotada na Escola da Ponte surgiu da vontade de dar autonomia e cidadania aos alunos. A ideia era acabar com a relação autoritária entre estudantes e professores e, assim, estimular a busca pelo conhecimento por meio da troca de experiências. Foi então que os educadores junto com José Pacheco resolveram inovar e elaborar uma proposta diferente, sem séries, ciclos, avaliações e com uma
PROFESSOR
EM VEZ DE Professor como principal fonte de conhecimento e alunos escutando-o discursar por horas.
x
NTO CIM E NHE
PROFESSOR
NA PONTE
Professor orienta os alunos a como pesquisar, questionar e absorver as informações que eles obtêm através de livros, filmes, internet etc.
x
CO
arquitetura que permite a convivência. Os estudantes não ficam em salas compartimentadas, mas sim em espaços amplos e abertos. Hoje, a escola da ponte, junto com a sua metodologia alternativa, é uma referência mundial de ensino. A sua estrutura organizativa, desde o espaço, ao tempo e ao modo de aprender exige uma maior participação dos alunos tendo como intencionalidade a participação efetiva destes em conjunto com os orientadores educativos, no planeamento das atividades, na sua aprendizagem e na avaliação. Este projeto, assente em valores como a Solidariedade e a Democraticidade, orienta-se por vários princípios que levaram à criação de uma grande diversidade de dispositivos pedagógicos que, no seu conjunto, comportam uma dinâmica de trabalho e promovem uma autonomia responsável e solidária, exercitando permanentemente o uso da palavra como instrumento autónomo da cidadania. O objetivo da metodologia sem divisão por séries, segundo Pacheco, é educar os alunos com cidadania e autonomia. “Resolvemos mudar quando percebemos que os educadores não tinham essas características, havia apenas a obediência hierárquica comum no funcionalismo público. Ninguém dá o que não tem, muito menos ensina aquilo que não é”, afirma. Quando deixou de haver apenas um professor na sala, todos passaram a ser responsáveis pelas ações do coletivo. “Essa reestruturação na cultura pessoal e profissional dos educadores gerou autonomia e conduziu a uma excelência de resultados”, diz.
EM VEZ DE • Área de atuação do professor pequena; • Fluxo monótono; • Carteiras enfileiradas; • Turmas distintas; • Salas separadas;
NA PONTE
• Professor permeia pela sala; • Fluxo libertador; • Grupos diferentes, porém não dividos ou separados; • Um grande espaço compartilhado, o pavilhão. 14
A escola não divide os alunos pela idade, e sim, pela sua competência. Ou seja, a transição entre grupos ocorre no momento que os professores e os TUTORES, por meio da observação diária das crianças e de seus progressos, julgam quando tal aluno já está apto para seguir adiante.
ROTINA
DE
INICIAÇÃO
CONSOLIDAÇÃO
1º ANO
As crianças formam grupos com um interesse comum por algum assunto dentro de um tema que lhes é dado pelo orientador.
TO
IMEN
OLV SENV
APROFUNDAMENTO
TOTAL AUTONOMIA
ABC 2+2=4
ROTINA 2º ANO
DEPENDÊNCIA DO PROFESSOR
O grupo se reúne com um professor, que junto com os alunos, estabelece um plano de trabalho de 15 dias, orientando sobre a bibliografia e os temas a serem pesquisados. Os alunos então estudam o tema e pesquisam por meio de livros, filmes, internet etc, além de, discuterem entre si como um grupo. Eles são instruídos a procurar ajuda do professor só depois de esgotarem todos os recursos. Ao final desse período, o grupo se reúne novamente com o professor e avalia o seu aprendizado.
Se o professor achar o resultado satisfatório, aquele grupo se dissolve e forma-se outro para estudar outro tema. O processo individual de cada estudante destinado ao 1º ciclo do ensino básico. passa por três núcleos distintos: o de Iniciação, No núcleo de aprofundamento, as crianças Consolidação e Aprofundamento. e adolescentes assumem um comportamento bastante autônomo, participam do gerenciamento Na iniciação, o aluno é tutorado com das suas atividades e de atividades do coletivo e maior frequência e passa a aprender as regras de assumem o estudo do currículo nacional do 2º ciclo. convívio coletivo e os compromissos que assume Em vez de um único professor, os estudantes com os demais e com o seu próprio processo de acessam todos os orientadores educativos, que os aprendizagem, além de tomar contato com os acompanham tanto nas questões de aprendizagem dispositivos pedagógicos da escola e desenvolver acadêmicas quanto comportamentais. Em vez de a leitura, a escrita e os conhecimentos lógico- disciplinas, o projeto pedagógico é dividido por seis matemáticos. dimensões, apoiadas por docentes e pedagogos e O grupo dentro deste ciclo é dividido em duas psicólogos: linguística (Língua Portuguesa, Inglesa, turmas: a do 1º ano e 2º ano. As crianças da 1ª turma Francesa e Alemã), lógico-matemática (Matemática), ingressam com 6, 7 anos. Elas ficam agrupadas num naturalista (Estudo do Meio, Ciências da Natureza, espaço, acompanhadas, permanentemente por dois Ciências Naturais, Físico-Química e Geografia), professores. A partir do 2º ano, as crianças passam identitária (Estudo do Meio, História e Geografia para outro espaço e se misturam com outras que de Portugal e História), artística (Expressão Musical, podem estar na escola há entre 2 e 5 anos. Dramática, Plástica e Motora, Educação Física, Na consolidação, a necessidade de Educação Visual e Tecnológica – E.V.T., Educação acompanhamento diminui, o estudante assume Musical, Educação Visual, Educação Tecnológica e maior trânsito nos espaços e tempos da escola e T.I.C.), pessoal e social (Formação Pessoal, Ensino passa a gerir de forma autônoma o currículo nacional Especial e Psicologia). Cada estudante escolhe ainda um TUTOR, qualquer indivíduo da comunidade escolar – funcionários, professores, pais, que será responsável por orientá-lo no percurso pedagógico que ele estabelece para si mesmo. Dessa forma, o aluno e seu tutor avaliam juntos como foi o processo de aprendizagem, se os objetivos foram alcançados, se ficou alguma dúvida e se a criança ou o adolescente está satisfeito com o que alcançou. No lugar de provas, o tutor e estudante estabelecem que mecanismo utilizarão para aferir a satisfação e se o conteúdo foi assimilado, em um processo bastante dialógico e em si educativo. Por fora do cúrriculo escolar, as crianças de toda a Escola também se inscrevem para participar de ateliês ou OFICINAS, como por exemplo, de música, dança, cenário/ figuração, decoração da escola e cartões de Natal. 15
]
A Escola possui 3 pavilhões separados pelas seguintes áreas de estudos
LINGUÍSTICA
Os pavilhões são amplas salas equipadas com mesas redondas (para trabalho em grupo), livros, internet para pesquisa. Cada pavilhão conta com a capacidade de por volta 100 alunos e entre 3 a 5 orientadores (professores). Os grupos da CONSOLIDAÇÃO e APROFUNDAMENTO usufruem os pavilhões simultanea e harmonicamente.
LÓGICO-MATEMÁTICA
ESTUDOS ARTÍSTICOS
INICIAÇÃO
1º TURMA 30 ALUNOS 2º TURMA 70 ALUNOS
CONSOLIDAÇÃO E APROFUNDAMENTO 130 ALUNOS
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imagem 3 | Em frente à Escola da Ponte imagem 4 | No pavilhão, dentro da Escola imagem 5 | Espaço pedagógico da Escola 17
imagem 6
LOCALIZAÇÃO
Subprefeitura Capela do Socorro Distrito Socorro
Visto que há numerosas experimentações projetuais de equipamentos urbanos com implantação na área central da cidade de São Paulo, houve pretensão de elaborar o projeto em outra região. Portanto foram diagnosticadas áreas desocupadas e dotadas de infraestrutura urbana no quadrante sul. Situado na Rua Aymorés o lote possui 7000m² e está próximo da Represa do Guarapiranga. Sua escolha para implantação deste projeto se deu devido suas características morfológicas que, somado ao baixo gabarito das edificações do entorno, permite volumetria horizontal. Para além, o terreno localizase no distrito Capela do Socorro que, atualmente, possui apenas sete escolas públicas de ensino fundamental e sete de ensino infantil, todas de educação tradicional. O entorno teve importante papel na decisão de escolha do terreno, uma vez que, além do baixo gabarito, trata-se de uma área majoritariamente residencial possibilitando participação ativa da comunidade nas atividades escolares.
ZONEAMENTO
Zona Mista Zona Industrial
ELETROPAULO
Zona Central
Área Verde
PREDOMINÂNCIA DO USO DO SOLO DA QUADRA
50m Recuo Frontal
5 metros
Recuo Lateral
3 metros
130m
T.O. 70%
7000m² C.A. 2
+
Residencial vertical
Residencial e comércio
Residencial horizontal
Comércio e serviços
Indústria e armazéns
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imagem 8, 9, 10 e 11
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PARTIDO PROJETUAL
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1.
4.
2.
5.
3.
6.
1. Terreno com seu declive natural de 3 metros; 2. Ao configurar duas áreas laterais, estabeleceu-se a implantação do bloco. A lateral faceada aos lotes da quadra foi dividida em platôs com a finalidade de bloquear o acesso entre o espaço concebido para a cidade e a área privada da escola. Com o objetivo de vencer o desnível, foram projetadas escadas e rampas. Enquanto que a lateral com frente para a Rua Aymorés se mantem com o desnível natural; 3. Dentro do bloco optou-se por continuar com a divisão dos níveis em três partes, portanto foram projetados corredores (vermelho claro) que se dão ao longo da construção. Esses servem em alguns momentos como rampas (vermelho forte) com inclinação de 5%, não exigindo corrimão, e nem patamar; 4. Inicialmente o partido era implantar blocos estrategicamente ao longo do terreno, criando entre eles áreas livres privadas para permanência, porém essas áreas ficam muito expostas sendo necessário fechá-las por completo para a cidade, o que dificulta a integração da escola com o meio urbano; 5. Assim sendo, mudou-se para um bloco único rígido inserido na lateral do terreno, deixando espaço livre estreito e longo. configurando-se em três partes: praça de entrada, área aberta da escola e praça pública; 6. O bloco único passou a ser visto como uma caixa retângular que possibilita inserção de pequenas caixas adentro. Assim sendo, foram criados ambientes abertos que funcionam como saguãos. Cada caixa tem sua função e todas são protegidas por uma envoltória.
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CONCEITO ARQUITETÔNICO Ao visitar o Instituto Moreira Salles na avenida Paulista, projetado pelo escritório Andrade Morettin em 2011 e construído em 2016, notou-se a forma organizativa do edifício. Inserido em um lote longo e estreito, o projeto possui o programa bem compartimentado ao longo dos doze pavimentos (além do subsolo), cujas lajes são de tamanhos e disposições diferentes protegidas por um envoltório, configurando um recorte visto em corte longitudinal, aproximandose do conceito Corte livre, elaborado pelo arquiteto holandês Rem Roolhaas em seu projeto da Très Bibliothèque de Paris em 1989. Ao observar como o espaço é bem aproveitado por compartimentar parte do programa em espaços rígidos e fechados, e outra parte em espaço aberto, livres de pilares, surgiu o interesse de aplicar este conceito no projeto da escola, tendo em vista, a necessidade de uma divisão das tipologias de programa. Porém, pelo fato do terreno do presente trabalho ser bem extenso e permitir diversas possibilidades, pensou-se em utilizar o conceito do Corte livre, porém deitado, usufruindo melhor do projeto visto em planta.
28
IMS =
29
imagem 13
O PROJETO
P R OG R A M A
PROGRAMA foye r
Au d i tó r i o
CICLO 1º p av i l h ã o s a l a d a I n i c i a çã o
p l ay ground
ve s t i ário
r efe i tó r i o
E S T U DO p av i l h õ e s salas de apoio ofi c i n a s s a l a d e m ú s i ca l a b o ra tó r i o s a l a d e a r te s
ADMIN I S T R AÇÃO d i r e to r i a secretária a l m oxa r i fa d o co p a
Ainda que o programa tenha sido repartido por caixas distribuídas dentro do envoltório, sua distribuição se deu de forma que houvesse ligação ora física através das circulações verticais, ora visual através da disposição das caixas e ora programática, como por exemplo o Foyer, que abre para a praça externa, consegue atender a quadra em eventos esportivos e, também, ao auditório. O saguão central possui arquibancada com frente para o Auditório cujo palco pode abrir quando necessário. Enquanto que os programas administrativos foram organizados fora da caixa principal, resultando num bloco que serve de barreira física para a área aberta da escola.
EDUCACIONAL Ao ler sobre a pedagogia da Ponte, e compreender minimamente o espaço adequado para o ensino diferenciado da escola, optou-se por reformular o conceito do pavilhão. Em vez de separá-los por áreas de conhecimento, eles se unem, no último pavimento do bloco educacional (vermelho), em um espaço único e aberto, que compartilha o mesmo espaço da biblioteca e dos computadores, dando o hábito de pesquisar e produzir um cárater mais primário. O pavimento intermediário abriga todo programa que exigia um espaço rígido e fechado, como por exemplo: sala de música, laboratório, banheiro etc. Por fim, decidiu-se deixar no térreo perto da entrada o primeiro ciclo, por ser o das crianças mais novas. 32
Q u a d ra p o l i e s p o r t i va
B I B L I OT E CA e s t a n te s nichos para leitura co m p u t a d o r e s m e d i a te ca
33
CASCA Para proteger o projeto composto por três blocos, foi concebido como um envoltório, esta casca sustentada por 18 pórticos e uma malha de ripas de madeiras ao longo dos 130 metros de profundidade da escola, ambos de madeira laminada tratada com verniz. O pórtico possui 25 metros de largura e intervalos de sete metros e seu ponto mais alto chega aos 15 metros de altura. A casca possui aberturas tanto zenitais, com policarbonato para iluminar o edifício além de protegê-lo de chuva e sol forte; quanto nas laterais, com vidro em um sistema de abertura semelhante a um brise, tendo como função de também iluminar o prédio e de ajudar na ventilação do prédio.
CIRCULAÇÃO A circulação é um elemento fundamental para este projeto, já que é graças a ela é possível criar diversas possibilidades de diferentes fluxos, trajetos dentro da escola. Cabendo a criança a traçar o seu próprio caminho, descobrindo e dominando o espaço no qual está inserida. Pelo fato da escola possuir apenas três andares, não é obrigatório escada enclausurada, sendo assim optou-se por escadas abertas convidativas, que servem como apoio para as rampas, principal circulação que conecta os blocos, além de ter acessibilidade. Para além, a arquibancada funciona como principal elemento de permanência, encontros e fluxo.
34
35
730.80
Implantação Escala 1:500
731.65
a. Entrada Escola B. Horta C. Área externa recreativa D. Entrada Foyer E. Praça pública
A
731.65
731.65
B
732.15
C 732.15
733.15
d E 733.15
732.25
36
733.40
imagem 14
imagem 15
15
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16
15
14
13
7 21 8 20
19
18
733.15
14
Planta Térreo Escala 1:300
1. R 2. C 3. D 4. A 5. S 6. V 7. V 8. V 9. S 10.
9
12
11
10
9
9 732.15
Recepção Coordenação Diretoria Armário de materiais Sala dos professores Vestiário PNE Vestiário feminino Vestiário feminino Sala multi-uso . 1º ano do ciclo Iniciação
731.65
731.65
1
2 3 11. Sala do ciclo Iniciação 12. Saguão 13. Auditório 14. Camarim 15. Foyer 16. Refeitório 18. Câmara frigorífera 19. Estoque 20. Controle de entrada 21. Cozinha
4 5
8
6
7
12
736.55
7
Planta 1ยบ Pavimento Escala 1:300
5
3
5
1 2
4
735.05
1. Laboratório 2. Sala de Artes 3. Sala de música 4. Caverna (sala de cinema) 5. Sala de estudo 6. Área de permanência 7. Quadra poli-esportiva
6
5
1. Pavilhão 2. Biblioteca 3. Área com computadores
736.55
Planta 2º Pavimento Escala 1:300
Corte Longitudinal Escala 1:300
1
2 3 738.45
REFERÊNCIAS
WISH SCHOOL Arquiteto | grupo Garoa Ano | 2016 Localização | Tatuapé, São Paulo Sobre a Escola Assim como a Escola da Ponte, a School Wish trabalha com um método pedagógico alternativo. Não há provas, carteiras enfileiradas, divisão por séries ou até mesmo de disciplinas. Localizada no Tatuapé, zona leste de São Paulo, a escola passou a valorizar a educação holística como uma estratégia central de seu projeto pedagógico. Considerando desde a educação infantil aos anos iniciais do ensino fundamental, a escola tem por volta de 100 alunos e trabalha com a metodologia de projetos para incentivar que eles construam conhecimentos a partir dos seus interesses. A proposta é pautada por diferentes aspectos que envolvem corpo, mente, espírito, autoconhecimento, relação com o mundo e com os outros. A Wish prioriza focar em projetos práticos que ao longo de seu desenvolvimento, as crianças pensam também no teórico. “Você vai fazendo o seu projeto e do nada percebe que usou matemática para calcular quantos centímetros de um papel vai precisar”, exemplifica a aluna Lara Muniz de 9 anos. Reconhecida pelo MEC (Ministério da Educação) entre as 178 instituições educacionais brasileiras inovadoras, hoje a escola também conta com turmas multietárias. Com exceção do primeiro ano, alunos do 2° e 3° ano ou 4° e 5° ano desenvolvem atividades em conjunto. Cada sala tem em torno de 20 alunos e conta com uma dupla de professores. Como os alunos não fazem provas, a avaliação é feita por meio de observações e acompanhamento contínuo dos professores. Tudo fica registrado em uma plataforma digital, que traz ferramentas para acompanhamento dos alunos e apresenta diferentes expectativas de aprendizagem a serem atingidas. Seguindo a proposta de que as crianças aprendam em ritmos diferentes e persigam suas motivações, a semana escolar tem início com a organização da agenda individual. Os alunos sentam com os professores e fazem um planejamento, que intercala momentos de livre exploração, acompanhamento individual, atendimento em pequenos grupos e períodos que envolvem toda a classe. Arquitetura O lote da escola eram dois terrenos: um baldio, outro continha dois galpões, o menor com um pé direito mais alto, o maior com um mezanino de estrutura de concreto independente da estrutura da envoltória. A partir dessa situação, foi-se considerado, por meio de ações de demolição e enxerto, retirar os excessos de construção e inserir novos elementos, de forma a atualizar a tipologia industrial em uma ferramenta educacional.
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Segundo o escritório, eles abordaram a planta como um grande território composto por zonas de contração e expansão, as quais possuem bordas não físicas, permitindo e incentivando a transgressão, catalisando a apropriação imaginativa, entendendo as crianças como usuários desse espaço, capazes de modificá-lo. Os corredores, lugares em que a única função é o movimento contínuo do ir e vir, não existem. Todos ambientes são expansões da sala de aula formal e propícios para a assimilação de conhecimento e consequentemente, para chegar de um ponto ao outro, é possível escolher diferentes percursos, diferentes interações, escolher o que encontrar e o que não. As principais bordas são compostas pelo conjunto de salas com duas tipologias: as de vedo fixo/translúcido e as de vedo móvel, onde painéis pivotantes fazem a delimitação dos espaços. Os painéis dão suporte às atividades que acontecem à sua volta, servindo de armário, apoio de mochilas, instrumentos, livros e trabalhos dos alunos. Ao serem pivotados, os painéis mudam a configuração do espaço à sua volta, abrindo a sala de aula para os ambientes adjacentes. Expandem para receber atividades com mais interação, contraem para atividades introspectivas. As salas de aula são encaradas como pontos de apoio para o entorno, algo como porto seguro para os alunos dentro da deriva na escola como um todo. Possuem desenho não ortogonal, geram inflexões que desdobram, em suas bordas, espaços ao mesmo tempo contínuos e distintos, sem discriminação clara, delimitada dos usos. Somados espaços de aprendizado formal e espaços de aprendizado informal, as salas e o seu espaço contíguo, cada qual com suas características, visam atender às diversas demandas de ambientes que a pedagogia aberta possa necessitar.
imagem 17 | Isométrica explodida da Wish imagem 18 | Foto do nível térreo da escola imagem 19 | Foto da fachada da Wish School imagem 20 | Foto do segundo andar imagem 21 | Foto do área externa recreativa da escola mostrando o banco especialmente projetado para a escola
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LIVRARIA PÚBLICA DE HELSÍNQUIA por STL architects Produto de um concurso público para projetar a nova livraria pública de Helsínquia, o escritório americano STL architects desenvolveu este interessante projeto, o qual não foi a proposta vencedora. O projeto tem a pretensão de seguir a metodologia da própria cidade de Helsínquia, separando o programa em duas categorias: O flexível e O rígido bem estruturado. Para haver essa distinção clara e espaços apropriados para cada um dos tipos de programa, o escritório propôs diversas caixas fechadas espalhadas estrategicamente tanto vertical quanto horizontalmente. Dentro destas caixas, é inserido o programa rígido bem estruturado, deixando-o bem compartimentado e recluso do “mundo externo”. Como subtração, todo o espaço restante é designado aos programas mais flexíveis como o café, áreas para crianças e ambientes abertos a leituras, deixando o espaço livre de pilares, e mais fluído e flexível. Todo o espaço é interconectado através de escadas e rampas e protegido por um envoltório, feito de um material transparente e resistente, que protege o edifício do clima externo, como por exemplo, temperaturas baixas, altas, ventos, chuvas, raios solares demasiado fortes.
imagem 22 | Maquete física
Esquerda
imagem 23 | Corte longitudinal imagem 24 | Render da área externa imagem 25 | Render da área interna imagem 26 | Foto interna da escola
Direita
imagem 27 e 28 | Maquete física e corte imagem 29 | Foto interna do galpão imagem 29 | Foto externa do galpão
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ØRESTAD COLLEGE por 3xn Ørestad High School é um ginásio público no distrito Ørestad de Copenhague, na Dinamarca. Completado em 2007, o projeto ao todo possui 12.000 m². A escada é o elemento central organizador deste projeto. Com o poder de determinar toda a lógica do edifício, a escada configura as quatro plantas em formato de boomerang que são rotacionadas para criar uma estrutura super poderosa rodeando o vazio central, fazendo com que os andares se completam, interagindo entre si. Dentro desse vazio, no primeiro andar, há a arquibancada, onde acontece a grande parte do convívio entre os estudantes, que aproveitam o espaço para conversar, discutir, estudar, passar tempo etc. Ao longo dos andares, há essas plumas hidráulicas e de circulação, cujo teto de cada uma é, também, um espaço de descanço e estudo mais privado.
ESCRITÓRIO DA GOOGLE EM LOS ANGELES por ZGF Os arquitetos da ZGF concluíram o novo escritório da Google em Los Angeles, que consiste na transformação do famoso Hangar Spruce Goose, construído por Howard Hughes em 1943, para a construção do avião Hércules IV. Concebido como um edifício dentro de um edifício, o projeto foi construído dentro da estrutura histórica de madeira de sete pavimentos e 228 metros de comprimento. O projeto de 42 mil m² e quatro níveis.
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SCHOOLTUIN DE BUITENKANS ro&ad architecten Uma casca de madeira sustentada por uma estrutura, também, de madeira. A transparência e a opacidade são estrategicamente inseridas ao longo da casca, disponibilizando ao projeto iluminação e ventilação natural controladamente. imagem 30
SISTEMA HABITACIONAL EFÊMERO marilia gomes de sá ribeiro Neste trabalho de conclusão de curso, a autora desenvolveu um pórtico de madeira para suportar uma cobertura. O pórtico tem um desenho interessante, arredondado e vazado, que o torna mais leve e agradável visualmente. imagem 31
THE WHY FACTORY mvrdv Arquibancada como principal espaço para encontros e permanência, conectando os andares de forma fluída, além de ser o próprio elemento configurador do espaço fechado e aberto de cada andar. imagem 32
VITTRA SCHOOL TELEFONPLAN rosanbosch architects Um espaço fechado, de luz controlada para promover um recluso para o aluno. Ideal para leitura silenciosa, discussão em grupo, sessão de filme etc. imagem 33
THIONVILLE dominique coulon & associés Uma moldura na parede, criandose um récuo ideal para leitura, estudo indivídual sem sair do espaço compartilhado da escola. imagem 34
NORDSTJERNESKOLEN arkitema architects Também para não sair do espaço compartilhado da escola, porém com um carater mais social. 52
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CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo do curso nas disciplinas de projeto arquitetônico, sempre nos foi passado o programa, sem nos fazer questionar e pesquisar sobre a necessidade de cada tipologia. Ao deparar com este trabalho, percebi o quão necessário é refletir e tentar compreender todas questões que o edifício pede para abrigar uma atividade especifica. Além da necessidade da compreensão do programa, enfrentei a dificuldade de coletar dados e isto dificultou o desenvolvimento da escola ao longo do processo do presente trabalho. Somado com os poucos dados da arquitetura da escola da Ponte disponíveis, o desdobramento deste trabalho se deu também através das minhas investigações pessoais com base na minha vivência escolar e estudos das referências apresentadas.
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FONTES
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