Jornal Terra Ruiva - Edição de Março 2022 N.241

Março 2022 Terra Ruiva 1

www.terraruiva.pt Março de 2022 ANO XXI - Nº 241 0.70 Euro

J O R N A L D O C O N C E L H O D E S I LV E S S. Marcos da Serra Pavimentado caminho de Vale da Horta

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Silves 100 anos da Escola Secundária de Silves são tema de livro

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Covid-19 Novos horários para testes e vacinas na Fissul

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PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS

Diretora: Paula Bravo Publicação Mensal

Armação de Pêra Avança plano de urbanização da Torre

AUTORIZADO A CIRCULAR EM INVÓLUCRO FECHADO DE PLÁSTICO OU PAPEL PODE ABRIR-SE PARA VERIFICAÇÃO POSTAL

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Porta quinhentista descoberta no Algoz

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Fábrica do Inglês Edifício, museu e jardins classificados como Imóvel de Interesse Público Consulta Pública está a decorrer

Já se rega menos em Silves e Município prepara novas formas de combater a seca

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Mercado Municipal de Silves requalificado e inaugurado Mercado de Messines é o seguinte

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Câmara de Silves adquire antigas instalações do Lidl CPCJ-Silves cuidou de mais de 300 Assembleia Municipal propõe que passe a ser espaço de atendimento ao público p2

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crianças e jovens em 2021

Violência doméstica e negligência são os problemas mais frequentes p13

2 Terra Ruiva Março 2022

Geral

Assembleia Municipal de Silves

Do apoio à Ucrânia à aquisição do antigo Lidl

A

Assembleia Municipal de Silves (AMS) reuniu em duas sessões, no dia 28 de fevereiro e 3 de Março, tendo analisado e votado diversos assuntos relativos ao concelho de Silves.

A sessão teve início com a resposta, por parte do Executivo da Câmara Municipal de Silves, a questões colocadas pelos cidadãos que abordaram temas diversos, desde as medidas a tomar contra a seca, à manifestação de oito proprietários de terrenos na área da futura Reserva Natural da Lagoa dos Salgados e que apoiam a contestação da Câmara Municipal no que se refere à delimitação da referida Reserva, passando ainda por um pedido à autarquia para que o mercado de rua, que se realiza aos sábados em Silves, continue a ser feito junto às Piscinas Municipais.

Seguiu-se o período de apresentação de moções, tendo-se verificado que todos os partidos representados na

Assembleia Municipal de Silves se manifestaram contra a guerra na Ucrânia. Por sugestão da presidente da AMS, Ana Sofia Belchior, foi feito um minuto de silêncio pelas vítimas deste conflito.

Um ponto importante na primeira sessão foi a apresentação do Relatório Anual da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Silves, apresentado por Adélia Lourenço, presidente desta entidade. No final, a presidente da AMS deixou também um agradecimento pela “dedicação” e “empenho” de Adélia Lourenço frente à CPCJ de Silves, na altura em que deixa de exercer esse cargo.

Dado o adiantado da hora, foi interrompida a sessão, que prosseguiu no dia 3 de março, iniciando com as questões ao Executivo Municipal por parte dos membros da Assembleia Municipal. Como habitualmente, os membros da AMS pretendiam saber o ponto de situação de deter-

minada obra ou a resolução de problemas. Na resposta às questões levantadas, destacam-se algumas informações prestadas pela vice-presidente da Câmara de Silves, Luísa Conduto Luís e pelo vereador Maxime Sousa Bispo. Sobre a Variante do Algoz, pretensão há muito reivindicada pela população, a AMS foi informada de que o projeto está elaborado mas que a autarquia aguarda uma resposta da Águas do Algarve, com a qual tem de ser negociada a construção de um emissário. Sobre a Rua Atrás dos Muros, em Silves, foi dito que a mesma ainda não se encontra aberta ao trânsito, porque a Câmara aguarda que a E-Redes (EDP) retire os postos de iluminação que ali se encontram, estando neste momento a ser colocada a calçada.

Em resposta ao presidente da Junta de Freguesia de Armação de Pêra, que manifestou a sua preocupação com as obras que se estão

a realizar naquela vila e os seus impactos durante o verão, a vice-presidente da Câmara informou que, embora a obra sofra de algum atraso, a Avenida Brasil estará transitável até Maio, e que o objetivo é concluir as obras na zona central antes da época balnear. Em resposta ao presidente da União de Alcantarilha e Pêra que se queixou do estado das rotundas na EN 125, Luísa Conduto Luís, adiantou que está finalizado um projeto de embelezamento das rotundas de todo o concelho, e que o mesmo se encontra à espera do parecer da Infraestruturas de Portugal para que a autarquia possa lançar o concurso.

O vereador Maxime Sousa Bispo esclareceu também sobre o facto do tractor adquirido pela Câmara de Silves, para oferta à Associação de Pescadores de Armação de Pêra se encontrar em Silves. Disse que esta situação foi por proposta da própria Associação por não possuir

instalações que garantissem a segurança do tractor e que a autarquia irá construir um abrigo, em Armação de Pêra, para colocar o referido tractor que se destina à limpeza do areal.

Terminado este período, a Assembleia Municipal analisou a proposta da autarquia de contrair um empréstimo junto do Banco Europeu de Investimento, destinado à requalificação do Bairro do Progresso, em Silves. O que foi aprovado por unanimidade.

Seguiu-se a análise e deliberação da proposta de aquisição, por parte da Câmara Municipal, das antigas instalações do Lidl, em Silves, nas quais, nos últimos anos, têm funcionado alguns serviços operacionais. Esta aquisição, como destacou Luísa Conduto Luís foi vista como “uma oportunidade” pela autarquia, tendo um custo de 565 mil euros que serão pagos faseadamente, durante três anos. Neste ponto, o

membro César Neves, do PS, sugeriu que neste espaço fossem instalados os serviços de atendimento ao público da Câmara de Silves, o que seria bastante mais cómodo para a população, uma vez que tem estacionamento. Esta sugestão foi apoiada por outros membros, tendo o vereador Maxime Sousa Bispo revelado que a este respeito “irá haver novidades, mas ainda estamos em negociações”.

Terminada a análise, também esta aquisição foi aprovada por unanimidade. E dessa mesma forma foram aprovados os três pontos seguintes da Ordem de Trabalhos: a versão final das operações de reabilitação urbana de Algoz e São Marcos da Serra. E também a Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Pêra.

A próxima sessão da Assembleia Municipal será realizada no dia 9 de março, a partir das 20 horas, e será transmitida através do Facebook da Câmara Municipal de Silves.

Curso de bioconstrução com canas em Alcantarilha

Tertúlias para refletir sobre as Terras do Arade

U

A

Em Abril é em Silves

m curso de bioconstrução com canas irá decorrer em Alcantarilha, de 21 de março a 31 de abril, organizado pela Canya Viva. O curso compreende “Projetar e Construir com Cana Mediterrânea", e "Cobertura vegetal".

O curso completo tem 2 meses de duração (290 horas de prática e 30 de teoria) e está organizado em 3 partes: colheita, design e construção da estrutura e cobertura do telhado. Para quem não tem disponibilidade de tempo, há pacotes mais pequenos, com duração de uma ou duas semanas.

O curso irá decorrer na Animame, na Quinta do Rogel, em Alcantarilha. Para mais informações e inscrições contactar: https://canyaviva.org/pt/cursos_p/

Associação Teia D’Impulsos retoma as suas tertúlias Teia D´Ideias que, entre março e maio, vão percorrer quatro municípios Portimão, Monchique, Lagoa e Silves - para refletir sobre as Terras do Arade e como "Valorizar o Património" nas suas mais diversas vertentes, entre natureza, cultura e gastronomia.

Os cinco Teia D’Ideias culminam nas Jornadas do Arade, de 13 a 15 de maio, no Auditório do Museu de Portimão.

A primeira tertúlia acontece no dia 10 de março, às 21h00, no Café da Ria na Zona Ri-

beirinha de Alvor. O primeiro tema a ser alvo de reflexão é o "Património Natural das Terras do Arade" e os desafios que se colocam à sua sustentabilidade.

No dia 24 de março, em Lagoa discute-se o Turismo da natureza - Revitalizar territórios de baixa densidade; dia 7 de abril, em Silves: "A que sabe o Arade? Uma tertúlia gastronómica"; dia 21 de abril, em Ferragudo: "Olhar para a Foz do Arade: Uma visão sustentável, integrada e de desenvolvimento económico e social"; e no dia 5 de Maio, em Monchique: "Identidade Cultural das Terras do Arade".

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Março 2022 Terra Ruiva 3

Geral

Mercado Municipal de Silves

O Mercado Municipal com o seu exterior totalmente requalificado

A

reabertura do renovado Mercado Municipal de Silves aconteceu no dia 19 de fevereiro. O momento foi marcado por uma cerimónia que contou com autarcas, entidades regionais, população e a atuação da Banda da Sociedade Filarmónica Silvense.

Foram muitos os curiosos que se juntaram para assistir à inauguração do Mercado Municipal de Silves, após a conclusão das obras de requalificação integral do espaço, quer interior, quer exterior.

Foi o presidente da Junta de Freguesia de Silves, Tito Coelho que, na primeira intervenção da cerimónia, explicou que este processo se iniciou na sequência de uma conversa com a presidente da

Câmara de Silves, quando o presidente da junta, entidade que gere o espaço, falou da necessidade de colocar um novo telhado no edifício. Não sendo esta a única lacuna no Mercado Municipal, dessa conversa resultou a constatação de que o edifício necessitava há muito de uma transformação profunda que criasse não só melhores condições de trabalho para os comerciantes mas também uma nova dinâmica de atendimento e atratividade para os clientes.

Seguiu-se então todo o processo que resultou numa obra que custou 1,4 milhões de euros, que beneficiou de comparticipação comunitária. Esta obra de remodelação do edifício abrangeu a renovação integral das infraestruturas (redes de água

e saneamento, instalações elétricas, telecomunicações), pavimentos, bancadas de vendas, reorganização funcional do espaço, telhados e outras. Foram também intervencionadas as lojas e espaços comerciais existentes.

Outra mudança importante tem a ver com a criação de locais para cargas e descargas, eliminando assim o estacionamento caótico em frente ao Mercado.

O exterior também foi alvo de intervenção que incluiu a reorganização e equipamento das esplanadas exteriores, que agora se encontram todas iguais, com o mesmo mobiliário coberto por toldos brancos.

De realçar a novidade da esplanada no terraço, a que se pode aceder usando um elevador panorâmico, muito

O interior do Mercado renovado

Reabriu após as obras de requalificação

As entidades oficiais presentes na inauguração

requisitado no dia da inauguração. Esta esplanada serve o restaurante e bar que irá funcionar no mezanino criado no interior do edifício.

Uma das mudanças significativas tem a ver com a alteração de cor do Mercado que agora se "veste" quase integralmente de amarelo ocre, que substituiu o branco existente. Uma opção que, quando foi divulgada, foi recebida com alguma polémica pois havia quem entendesse que se deveria respeitar a cor original do Mercado, enquanto outros defendiam a escolha da cor. Polémicas à parte, no dia da inauguração, apenas se ouviu elogios Inaugurado este espaço com importância económica mas também social, como afir-

mou a presidente da Câmara de Silves, Rosa Palma, torna-se necessário igualmente que esta importância seja reconhecida pela população da cidade, que o use e desfrute na sua plenitude. Para a presidente da autarquia, que falou do "orgulho" que sentia na obra que estava a inaugurar, é importante que todos possam ser "motores da dinâmica do Mercado".

Intervindo em seguida, o presidente da CCDR Algarve, José Apolinário, elogiou o trabalho e a ambição do executivo da Câmara Municipal de Silves e falou de alguns projetos que as duas entidades querem ver concretizados, nomeadamente a requalificação do Rio Arade.

O que poderá vir a ser possí-

vel, disse, através do recurso a fundos comunitários que irão ser aumentados para a região.

José Apolinário referiu-se também às obras de eletrificação da linha ferroviária entre Tunes e Lagos, adiantando que os trabalhos devem começar em breve e também ao projeto antigo de fazer as ligações para permitir uma ligação do comboio Intercidades até Barlavento algarvio.

Terminadas as intervenções oficiais e descerrada a placa comemorativa, houve ainda uns momentos para apreciar a atuação da Banda Filarmónica de Silves, após o que se seguiu a visita às renovadas instalações do Mercado Municipal de Silves.

Município prepara o lançamento da obra de Requalificação do Mercado de Messines

O

Mercado Municipal de São Bartolomeu de Messines será o próximo a beneficiar de uma profunda requalificação.

Enquanto as obras estiverem a decorrer, os comerciantes irão ficar nas instalações onde se encontrava o antigo Intermarché, num local junto às traseiras do Mercado.

Segundo o Terra Ruiva apu-

rou a obra irá começar em breve, depois de um longo período de contratempos.

Em Janeiro de 2020 a obra chegou a estar adjudicada a uma empresa que acabou por desistir e um processo idêntico levou a que a Câmara Municipal de Silves tivesse de proceder a três concursos públicos.

Inaugurado em junho de 1948, o Mercado Municipal de Messines sofreu as últi-

mas obras de remodelação em 1997.

A requalificação que agora se projeta contempla a renovação integral das infraestruturas (redes de água e saneamento, instalações elétricas, telecomunicações), pavimentos, cobertura, bancadas de vendas bem como a reorganização funcional do espaço. Será construída uma mezzanine na zona nascente do edifício e um elevador.

Está também prevista a pedonalização/requalificação da rua Dr. José Ventura Duarte, possibilitando apenas o acesso automóvel para cargas e descargas e o reforço da dinâmica do comércio local na envolvente.

A autarquia de Silves destaca que este investimento prevê a salvaguarda da traça arquitetónica do edifício e o respeito pela memória do mercado em simultâneo

com a introdução de elementos contemporâneos, respondendo às exigências legais nos campos da higiene, segurança, mobilidade e à necessidade de modernização das condições de trabalho, adicionando novas valências.

A autarquia refere que o Mercado Municipal de S. B. de Messines integra a rede regional de mercados municipais que visa o desenvolvi-

mento de ações de dinamização, tendentes à revitalização do comércio, produtos e produtores locais.

O Contrato de Empreitada no montante de 1,2 milhão de euros, com prazo previsto de execução de 8 meses, já foi visado pelo Tribunal de Contas. O projeto beneficiou de candidatura a fundos comunitários e a financiamento do Banco Europeu de Investimento (BEI).

4 Terra Ruiva Março 2022

Opinião

Editorial

Paula Bravo Jornalista

O outro lado

C

ito de memória uma cena que li num livro e que nunca mais esqueci Num tribunal, o juiz pergunta a uma testemunha se confirmava que o caso se tinha passado em frente a uma casa branca. Ao que a testemunha respondia que o caso efetivamente se tinha passado em frente a uma casa com a fachada pintada de branco. Mas que não poderia dizer que era uma casa branca porque não vira a traseira, nem os seus lados.

Esta procura da palavra exata, da descrição plena acompanha-me desde sempre.

Essa procura trouxe uma

evidência: que não é possível alcançarmos a realidade se não estivermos dispostos a procurarmos todos os seus lados. Não basta ver a fachada é preciso percorrer toda a casa…

Recordo outro episódio, este recente, no auge da pandemia. Durante algum tempo, quando escrevia as notícias diárias sobre os números da covid, retirava uma pequena alegria quando via baixar o número dos internados, em particular o número de ventilados. Levei algum tempo a relacionar esses números com os dos óbitos e a perceber que essa estatística estava tão ligada à vida como à morte, que nem todos os que saíam da lista voltavam para casa Só estava a olhar para um lado dos números No dia em que escrevo decorre a guerra que nos anun-

Tomar Partido

Francisco Martins Economista

Neo(liberalismo) – Parte I

N

os últimos tempos o liberalismo ressurgiu no panorama político português – foi constituído um partido sob a designação de “Iniciativa Liberal” - tentando a sua liderança, fazer crer, que nos confrontamos com algo novo e supermoderno, com ideias frescas e soluções inovadoras, que são necessárias ao desenvolvimento do país.

Objetivamente falamos de neoliberalismo, cuja doutrina económica é antiga (“A Riqueza das Nações”, Adam Smith, 1776), trazem-nos ideias de séculos anteriores - que note-se - têm sido aplicadas nos últimos 40 anos em Portugal, tornando-se hegemónicas, pouco

a pouco, desde 1972. Não é pura coincidência que a maioria dos seus fundadores, dirigentes e simpatizantes, à imagem da outra nova força política, posicionada fora do atual regime democrático-constitucional, são oriundos do PSD e CDS, sendo seus sucedâneos. Radicalizaram-se à direita nas medidas propostas para a economia, a sociedade e o sistema político. O neoliberalismo consagra 4 grandes ideias: primeira - o foco central no indivíduo, a adoção do princípio aparentemente atraente, de que, quem alcançou o topo, a ele se deve, quem perdeu, a ele se deve a culpa (meritocracia), ignorando, porém, que nem todos bene-

ciaram nas últimas semanas.

E hoje de manhã ouvi uma troca de palavras elucidativa.

Na televisão, um diretor da SIC e um militar português trocavam argumentos. E o militar explicava o ponto de vista da Rússia. “Disparates”, “disparates”, repetia o diretor.

Cansado das interrupções, o militar azedou, podem ser disparates, e eu também não concordo com o que tem acontecido, mas num conflito temos que ouvir os dois lados e compreender o ponto de vista de cada um deles.

Para nós são disparates mas não são para aqueles que os defendem.

Ainda eu refletia sobre isso e já o diretor repetia “disparates” e se lançava numa exposição de argumentos que colocavam nos píncaros todos os auto-proclamados defensores da democracia des-

considerando totalmente (e tolamente) todos os que têm uma outra visão do mundo.

Essa dificuldade de olharmos o outro, e acima de tudo tentarmos entender como é, o que pensa, o que de nós pode levar e o que nos pode dar tem as suas raízes entroncadas na origem da humanidade. Não se manifesta só em conflitos bélicos, está no nosso dia a dia e é hoje ferozmente e brutalmente alimentada pela desinformação, pela ignorância, pela arrogância de quem quer ver o mundo à sua imagem e semelhança, formatado pelo pensamento único – sempre e sempre ancorado no convencimento de que o meu é o melhor, o mais justo e certo Nós, os que aqui vivemos, duplamente privilegiados por pertencermos à Europa e a um país como Portugal,

olhamos para o que se está a passar, com empatia, solidariedade e tristeza pelas situações humanas que se desenrolam, mas talvez mais preocupados com as ondas de choque que já começaram a fazer-se sentir, em particular no aspeto económico, um sector em que somos particularmente débeis e vulneráveis, num país dependente de exportações, de salários mínimos e de precariedade.

Ninguém é inocente, ouvia há dias dizer. E a grande maioria de nós, recorda ainda os conflitos mais recentes, do Iraque ao Afeganistão, do Kosovo à Síria, Líbia ou o que ainda decorre no esquecido Iemen, lembramo-nos dos falsos pretextos e conseguimos identificar as razões económicas e políticas que sustentaram essas guerras cujas consequências

ainda estão a ser vividas por milhões de pessoas. Tão importantes como nós. Com um pensamento tão válido como o nosso, embora nos possa parecer "disparates, disparates", como tantos deles dirão de nós "disparates, disparates" No dia em que este jornal chegar às mãos dos leitores a situação poderá ter mudado. Oxalá que as manchetes dos dias anteriores já tenham trazido a palavra Paz. Mas se não servir para mais nada este texto, que nos deixe a reflexão primordial, a de procurarmos entender o Outro, o mundo para além do nosso e que, caso não o possamos aceitar, ao menos saibamos porquê.

ficiaram das mesmas oportunidades para singrar na vida (os filhos das famílias pobres tendem a manter-se pobres, os filhos das mais abastadas tendem a aumentar as vantagens herdadas). Ideia esta, que corresponde também ao velho slogan estado-unidense do “self-made man”; segunda - a crença absoluta na bondade da competição e da chamada livre-concorrência (inexistente na atual fase do capitalismo monopolista) como instrumento de emancipação da humanidade; terceira - o ceticismo profundo quanto ao Estado, visto como fonte potencial de opressão e instabilidade; quarta - a necessidade do Estado mínimo, espécie de Estado-polícia, garante da propriedade privada e da segurança dos cidadãos, dotado de funções meramente reguladoras. Na vertente da política económica os neo-

liberais preconizam a privatização das empresas públicas; a liberalização dos fluxos internacionais de mercadorias e capitais; a desregulamentação do mercado de trabalho – desequilibrando a relação trabalho/capital, precarizando o vínculo laboral e desprotegendo o trabalhador; a desregulamentação dos sistemas financeiros, fechando os olhos à especulação e aos desmandos; e a independência dos Bancos Centrais, impedidos de financiar os Estados, que se obrigam a recorrer aos mercados financeiros.

Os neoliberais defendem também: (i) a concessão dos serviços públicos à esfera privada e o seu funcionamento de acordo com a lógica do mercado; (ii) a privatização da Educação, da Saúde e da Segurança Social, o financiamento público de escolas e hospitais privados e a proliferação das parcerias pú-

blico-privadas, a adoção de medidas como o cheque-ensino, os seguros de saúde e os Fundos de Pensões - medidas assentes no conceito fantasioso da “liberdade de escolha” e na condição leonina do Estado assumir a despesa dos privados como despesa pública (o “Chega” preconiza no seu programa a extinção do Ministério da Educação e a venda das escolas públicas !!!). Configurando todas estas medidas a destruição do Estado Social; (iii) a política social aplicada, somente, em situações de extrema pobreza, privilegiando a caridadezinha em detrimento de políticas sociais estruturadas, consistentes e inclusivas.

Nesta matéria é revelador de falta de sensibilidade social e humanismo, o preconceito da direita neoliberal em relação ao Rendimento Social de Inserção (RSI), que responde às situações de maior pobre-

za, representando apenas 2 % da população do país com cerca de 2 milhões de pessoas em risco de pobreza (18%) e 1,1% no total da despesa da Segurança Social. Entre os beneficiários do RSI apenas 3,8% pertencem à comunidade cigana. O valor médio mensal da prestação por família beneficiária rondava os 260 euros no final de 2021.

Estigmatizar e generalizar comportamentos de pessoas e comunidades, as mais pobres, com base em abusos e oportunismos, que efetivamente existem e carecem ser combatidos, alardeando o populismo e instigando reações primárias nas pessoas menos informadas, iludindo as questões centrais do desenvolvimento do país, é uma faceta dos nossos neo(liberais) nos dias de hoje.

P.S. Prosseguimos com novo capítulo na próxima edição do “Terra Ruiva”) Pub.

Propriedade e Editor: Associação de Desenvolvimento do Concelho de Silves, “Pé de Vento”, Morada: Rua da Fábrica, nº3, 8375147 S. Bartolomeu de Messines, NPC: 510985807 | Registo ERC Nº 123511. Depósito Legal nº 153123/00.

Colaboradores: António Eugénio, António Guerreiro, Aurélio Nuno Cabrita, Eugénio Guerreiro, Fabrice Martins, Frederico Mestre, Helena Pinto, José Alberto Quaresma, José Manuel Vargas, Miguel Braz, Mónica Gonçalves, Patrícia Ricardo, Ricardo Camacho, Teodomiro Neto, Tiago Brás, Vera Gonçalves.

Redação: Rua da Fábrica, nº3; 8375-147 S. Bartolomeu de Messines - Tlm – 96 285 6922

Administração/ Publicidade/ Assinaturas: 918 700 152 Email: terraruiva@gmail.com

Design gráfico e pré-impressão: Bruno Cortes

Impressão: FIG- Indústrias Gráficas, S. A. Urbanização Portas De São Miguel 122, 3020-430 Coimbra

Periodicidade: Mensal

Tiragem: 1500 exemplares Diretora: Paula Bravo Tlm. 96 285 6922

Diretor Financeiro: Francisco Martins Tlm. 91 870 0152 Os artigos de opinião são da responsabilidade dos seus autores.

Março 2022 Terra Ruiva 5

Concelho Alteração ao trânsito junto ao Mercado Incêndio de Monchique e Silves de Silves sem responsáveis

Centro de Testagem Covid com novo horário

O Município de Silves “com o objetivo de tornar mais eficiente a utilização do Mercado Municipal” procedeu a algumas alterações de circulação de trânsito automóvel, naquela zona, que estarão em vigor aos sábados.

“Estas alterações resultam do estudo e avaliação da Comissão Municipal de Trânsito, com o objetivo de implementar medidas facilitadoras da circulação automóvel”, informa a autarquia.

O Município de Silves informa que, face à progressiva diminuição da afluência para a realização de testes COVID19, o período de funcionamento do Centro de Testagem localizado na FISSUL foi alterado, passando a funcionar apenas às segundas-feiras, entre as 13h00 e as 17h00.

Assim, aos sábados, o trânsito será desviado da seguinte forma: é proibido o trânsito na Rua 5 de Outubro a descer; a circulação do trânsito passa a ser feita pela Rua Moinho da Porta passando pela Rua Coronel Figueiredo e subindo a Rua 5 de Outubro.

Outorgado contrato para o Plano de Pormenor da Torre

O grande incêndio de 2018 que começou em Monchique e que durante sete dias lavrou com intensidade, afetando largamente o concelho de Silves e ainda os de Portimão e Odemira, não foi da responsabilidade da EDP, segundo o juiz de instrução do Tribunal de Portimão.

Recorde-se que o Ministério Público tinha acusado a EDP, por considerar que o fogo teria sido causado por um cabo elétrico de alta tensão que estava em contacto com ramos de eucaliptos, na zona de Perna Seca, em Taipas, no concelho de Monchique.

Mas foi agora conhecida a decisão do juiz de instrução de Portimão que decidiu não levar a julgamento a EDP Distribuição e um gestor operacional da empresa, que se encontravam acusados de um crime de incêndio florestal por negligência na forma agravada. O referido juiz, citado pelo Jornal de Notícias, aponta várias falhas à acusação, considerando que existem "dúvidas quanto ao concreto local do início (e respetiva causa)". O magistrado afirma ainda que existiram várias falhas na investigação e critica testemunhas da Polícia Judiciária e dos bombeiros sapadores florestais, bem como o relatório redigido pela PJ, no qual considera existir "lacunas e incongruência".

Perante as dúvidas, o magistrado aplicou o princípio da presunção de inocência, “in dubio pro reo”, ou seja, decidiu a favor dos arguidos, não os levando a julgamento O grande incêndio Monchique/Silves, como na altura foi designado, destruiu 111 casas de primeira e segunda habitação e 26 mil hectares de floresta, feriu 41 pessoas e matou mais de cinco mil animais.

Trânsito condicionado em Armação de Pêra O Município de Silves informa que, devido à necessidade de execução de trabalhos no âmbito da empreitada “Requalificação Urbana da Baixa de Armação de Pêra – 1ª Fase – Infraestruturas de Drenagem e Elevação de Pluviais”, o cruzamento da Avenida do Rio com a Rua Dr. Manuel Arriaga sofrerá condicionamento de trânsito até ao dia 2 de abril.

Foi celebrado, no dia 22 de fevereiro, o contrato para a elaboração do Plano de Pormenor da Torre, entre a Câmara Municipal de Silves, representada pela presidente Rosa Palma, e o sócio-gerente da Rubafer, Construções, Lda., Rui Grave.

Para o Município de Silves, o contrato celebrado “permitirá enquadrar e garantir os termos da elaboração do futuro plano que, promovendo a ampliação do aglomerado urbano da Torre, situado na Freguesia de Armação de Pêra, contemplará a operação urbanística a realizar no respeito pelas preocupações urbanísticas, sociais, económicas e ambientais da autarquia.

Com a assinatura do contrato para a elaboração do Plano de Pormenor da Torre, é dado um passo importante na concretização de mais um projeto de desenvolvimento territorial para o concelho de Silves, em particular para a Freguesia de Armação de Pêra.”.

De acordo com os termos do contrato, a elaboração do referido plano de pormenor irá ditar as condições de construção e desenvolvimento urbanístico na Torre, numa área de cerca de 44 mil metros quadrados, em terrenos rústicos, pertencentes à empresa citada.

Toda a informação sobre este processo poderá ser consultada no site da Câmara Municipal de Silves.

Concluída a pavimentação de Vale da Horta O Município de Silves concluiu recentemente a obra de pavimentação do caminho de Vale da Horta e Água Velha, na freguesia de S. Marcos da Serra, numa extensão de cerca de 2 km.

A pavimentação do caminho em betuminoso contemplou a construção de rede de drenagem e passagens hidráulicas, para além da instalação de sinalética rodoviária, num investimento que ascendeu a 156 mil euros.

“Esta nova obra vem melhorar os níveis de bem-estar, a mobilidade e segurança rodoviária da população, bem como atenuar os efeitos da interioridade serrana, integrando-se na estratégia mais geral de reabilitação da rede viária em todo o concelho de Silves”, afirma a Câmara Municipal.

Novo horário no Centro de Vacinação Covid O Município de Silves informa que, decorrente da decisão do ACES Barlavento, o período de funcionamento do Centro de Vacinação COVID-19 de Silves (CVC Silves), a funcionar na Fissul, passando a ter o seguinte horário: 2.ª feira, entre as 15h00 e as 18h00; e sábado, das 9h00 às 13h00.

Esta alteração resulta da significativa diminuição da afluência ao centro de vacinação e do facto de, a partir do final do mês, a lista de utentes elegível ser muito reduzida tendo, por esse motivo, o horário de funcionamento do CVC sido adaptado às necessidades e realidade atuais.

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6 Terra Ruiva Março 2022

Geral

Opinião

Fabrice Martins

Gestor

Sistema comprometido

O

s primeiros meses de 2022 foram fartos em casos de ataques informáticos por todo o Mundo. Em Portugal, verificaram-se ataques maliciosos a grupos de comunicação social como a Impresa (dona do Expresso e da Sic) e a Cofina (Correio da Manhã e revista Sábado), a empresas de telecomunicações (Vodafone Portugal) e a um centro de medicina laboratorial. Pelo meio, ainda se falou num alegado acesso indevido ao site do Parlamento e, nos últimos dias de Fevereiro, o Ministério dos Negócios Estrangeiros também foi alvo de um ciberataque que terá afectado, por agora, o sistema de correio electrónico utilizado pelos funcionários e diplomatas portugueses.

Recorde-se que o ataque disruptivo de que foi alvo a

Vodafone causou a interrupção dos serviços da empresa, afectando mais de 4 milhões de clientes: televisão, voz, dados e internet móvel deixaram de funcionar abruptamente colocando em causa, por exemplo, os serviços de comunicação do INEM, de algumas corporações de bombeiros e inclusive de organismos vitais para a segurança do Estado.

As motivações para os ciberataques podem ser várias: dinheiro, ideologia, reputação/notoriedade, espionagem, sabotagem, subversão ou criminalidade organizada; sendo que se destacam quatro tipos de actores: os cibercriminosos, os piratas informáticos contratados, os piratas informáticos movidos por ideologia (hacktivists) e por último os actores patrocinados por Estados para,

Utilidade Marginal

António Eugénio

Economista

O Fim da História (ou talvez não)

Q

uando, em 1992, Francis Fukuyama argumentou na sua obra fundamental “O fim da História e o último homem”, que a derradeira forma de governação da humanidade se traduziria na democracia liberal, poucos foram os que duvidaram. A União Soviética acabara de se dissolver e os Estados Unidos da América emergiam como vencedores da Guerra Fria. As democracias liberais do Ocidente, com valores tais como separação de poderes, imprensa livre, liberdade de expressão, estado de direito, direito à propriedade privada e proteção de direitos civis e políticos, apresentavam os maiores

níveis de desenvolvimento económico e o seu modelo de governação tinha-se paulatinamente implantado no mundo desde o Pós-Guerra, desde Portugal ao Chile. A queda da União Soviética engrossou as fileiras das democracias liberais; por um momento parecia que realmente estaríamos no fim da História.

E no entanto, e parafraseando OscarWilde, a morte das autocracias e ditaduras foram grandemente exageradas.

Hoje em dia estes regimes perduram em vários pontos do globo, de formas mais ou menos diferenciadas e mais ou menos repressivas, mas que impõem as suas vonta-

por exemplo, desestabilizar um Estado rival, influenciar as votações numa eleição, espionagem e obtenção de informações confidenciais ou outro objectivo estratégico.

Apesar das ameaças informáticas e dos ciberataques não constituírem um fenómeno novo, a pandemia SARS-CoV-2 acentuou estes fenómenos porquanto a acelerada transformação digital conduziu a que muitas organizações comprometessem as suas medidas de segurança para acomodar o teletrabalho e possibilitar que uma amálgama de recursos tecnológicos - das próprias organizações, de prestadores de serviços, e dispositivos pessoais de colaboradores - e humanos coexistissem e comunicassem entre si, abrindo portas aos piratas informáticos. Não é por isso surpreendente que os casos de ataques informáticos tenham disparado: o ransomware, aumentou 265% em Portugal, tendo atingido 881 ataques por semana a organizações, os ataques de phishing dirigidos a colaboradores aumentaram 70% durante a pandemia e registou-se um incremento considerável de ciberespionagem na

busca por informações sobre tratamentos, no desenvolvimento de vacinas, bem como no rastreio de casos positivos por parte de actoressuportados por Estados, conforme reconhece a Agência Europeia para a Cibersegurança - ENISA - no relatório ThreatLandscape 2021.

Sejamos absolutamente claros: nenhuma organização, por mais pequena ou grande que seja, privada ou pública, é imune a eventos ou incidentes de segurança e, não se vislumbrando um abrandamento tecnológico no horizonte - a inteligência artificial, os carros autónomos e a Internet das Coisas (IoT) são já uma realidade -, nem uma contração dos ciberataques no futuro, podemos afirmar que desde o comum cidadão, a empresas e instituições passando pela administração pública e órgãos de soberania do Estado, estamos todos vulneráveis. Perante esta constatação, somos confrontados com o rude despertar de uma realidade desconhecida de muitos, que não se restringe ao roubo de dados, à sua captura ou destruição e que, pela sua gravidade, pode implicar perigos efectivos

para o mundo real e vida humana.

Os ciberataques a infraestruturas e sectores críticos - energia, transportes, saúde, finanças, comunicações, distribuição, entre outros - são um dos maiores perigos da sociedade dos nossos dias e Portugal não é excepção.

Com o intuito de reduzir o risco associado a estas ameaças o Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) reuniu, em 2019, um compêndio com as melhores práticas em termos de cibersegurança para que decisores e técnicos as possam colocar em prática, nomeadamente através da identificação, protecção, detecção, resposta e recuperação de ciberameaças. O Quadro Nacional de Referência de Cibersegurança é um valioso contributo para a prevenção e mitigação de incidentes assim como na gestão do risco de muitas organizações privadas ou públicas. Contudo, receio que a sua adopção seja residual num país onde a ideia do pequeno retângulo periférico, à beira-mar plantado, está muito enraizada. É por isso tempo da postura que encara estas questões

de forma passiva, traduzida na expressão "casa roubada, trancas à porta", ser substituída por uma atitude proactiva assente numa estratégia de cibersegurança em camadas, com planos e procedimentos de resposta a incidentes e de continuidade, cuja rapidez e eficiência, fazem toda a diferença, sem nunca esquecer a redundância de meios (em alguns casos) e de dados.

Nas empresas, instituições e na Administração Pública, a aposta na formação contínua e na sensibilização de colaboradores para estas matérias não poderá ser descurada pois pessoas, programas e sistemas são essenciais.

Paralelamente, a defesa dos sectores estratégicos e críticos para o funcionamento do país e essenciais para a vida dos cidadãos, deverá ser complementada com uma lógica de defesa ofensiva em que hackers éticos se dedicam a detectar, explorar e reportar vulnerabilidades tendo em vista a sua resolução antes da ocorrência de um ataque malicioso, já que os custos reais da inacção e negligência poderão ser catastróficos.

des sobre populações inteiras, desprovidas de plenos direitos que nós no Ocidente muitas vezes damos como garantidos. A democracia é algo frágil, assim como os associados direitos, liberdades e garantias que desfrutamos; a Freedom House, organização que analisa anualmente o estado das instituições democráticas no mundo reportou que as democracias liberais no mundo têm decaído ligeiramente desde 2005. Nada é garantido.

Enquanto escrevo estas linhas, a Federação Russa trava uma operação militar “de manutenção de paz” em território ucraniano, um eufemismo para uma invasão a larga escala de um território de um país soberano. O conflito ameaça escalar em amplitude e intensidade com a comunidade internacional, nomeadamente a União Europeia e os Estados Unidos da América, a implementar sanções contra a Federação Russa, com consequências gravosas para a população

russa. Trata-se de tensão nunca vista desde a Segunda Guerra Mundial no panorama geopolítico.

Muitos consideram que as razões que levam ao conflito são complexas e que o Ocidente e a NATO têm culpa no cartório, com a sua expansão para leste, para os membros da antiga esfera de influência soviética. Paradoxalmente este conflito acaba por validar a existência da NATO por décadas, ao justificar a necessidade de defesa perante um poder beligerante antagónico. Sejam quaisquer que forem as razões apresentadas pelos opositores à NATO, há factos que não podemos escamotear: foi violada a integridade territorial com uma força militar substancial, por parte de um país de regime musculado, que já demonstrara anteriormente intenções perigosas para a ordem internacional.

A invasão da Geórgia em 2008 é quase uma “prequela” do que se passa hoje na Ucrânia; aí também a inten-

ção da Geórgia em juntar-se à NATO serviu como justificação para uma campanha agressiva, bem como o reconhecimento das repúblicas separatistas da Abekhazia e Óssétia do Sul. Aí, a comunidade internacional pouco fez, para além de pálidas objeções. Quando em 2014, a Federação Russa ocupou a Crimeia com relativa facilidade e pouca resistência, também a comunidade internacional pouco fez, procurando amenizar as inclinações militaristas russas. Hoje, mais uma vez, a Rússia pretende condicionar a governação e autodeterminação de um país soberano, minando a capacidade da Ucrânia em decidir o seu próprio destino.

A vigorosa tomada de posição da União Europeia e dos Estados Unidos da América representa a consciencialização de que estão em jogo mais do que meros interesses geopolíticos; a contínua agressividade da Rússia representa uma ameaça ao nosso modo de vida, à nos-

sa independência política, à nossa visão do mundo e ao nosso modelo de democracia liberal.

Talvez o mais chocante desta guerra é o reconhecimento que a Ucrânia é, em tantas maneiras, muito semelhante a nós. Até há poucas semanas, as pessoas estavam mais preocupadas com as suas vidas mundanas e com as suas carreiras: o que comprar no supermercado, as aulas dos filhos, qual a série que iriam ver. Hoje, essas pessoas preocupam-se com o movimento das tropas, das saraivadas de mísseis e com os mantimentos que têm para aguentar os próximos dias. Arquitetos, contabilistas, trabalhadores de supermercados, pessoas comuns lidam com a realidade da guerra nas suas casas.

O’Brien, um dos personagens do livro distópico de George Orwell, relata que o futuro da humanidade seria o da repressão, representado por uma bota na cara, para sempre. Há que empurrar a bota.

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Março 2022 Terra Ruiva 7

Geral

Fábrica do Inglês classificada como Monumento de Interesse Público No período em que a Fábrica funcionava como um empreendimento de animação turística

E

stá a decorrer, até ao dia 25 de março, a Consulta Pública referente ao processo de classificação da Fábrica do Inglês como Monumento de Interesse Público.

A classificação foi requerida pela Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial (APAI) com o apoio do Município de Silves, e no dia 10 de fevereiro foi publicado em Diário da República o projeto de decisão relativo à classificação da Fábrica do Inglês como Monumento de Interesse Público (MIP), incluindo os jardins e o património móvel integrado, nomeadamente o do Museu de Cortiça.

Durante o período da Consulta Pública, os interessados poderão pronunciar-se e consultar todos os elementos relevantes do processo nos portais da DGPC e da Direção Regional de Cultura do Algarve.

Este processo resulta de uma proposta de classificação para o imóvel de monumento de interesse público por parte da APAI, em fevereiro de 2016, que processo caducou sem obter qualquer resposta. Mas foi agora “considerada oportuna a reabertura, apesar do imóvel já estar classificado de interesse municipal (IIM) pela autarquia”.

No documento da Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura, que apreciou o assunto e deu parecer favorável lê-se: “Inquestionavelmente, a designada “Fábrica do Inglês”, com origem nos finais do século XIX, dedicada ao tratamento e transformação da cortiça, deixou uma marca indelével no concelho de Silves, quer no que se refere

à valia do seu património arquitetónico, como também relativamente ao património integrado, bem como, ainda, pelos aspetos patrimoniais identitários imateriais que deixaram uma forte marca no concelho de Silves. Assim, pese embora a meritória ação de proteção por parte do Município de Silves, que nos garante uma cuidada atenção local, estamos perante um monumento de arqueologia industrial que é sem dúvida merecedor de uma classificação de âmbito nacional.”

Consulta pública está a decorrer

da fábrica, o que aconteceu no ano de 1944. Foi preciso esperar quase quatro décadas para o complexo passar

José Alexandre Estrelo, que se tornou seu administrador até meados dos anos noventa, altura em que a fábrica

modo a reabilitar a antiga estrutura fabril sob a forma de um empreendimento turístico-cultural. Por iniciativa

A Fábrica do Inglês A antiga Fábrica do Inglês é uma unidade industrial do século XIX, construída cerca de 1893, que, no âmbito da atividade de transformação de cortiça, laborou até 1997.

Nos registos oficiais consMuseu da Cortiça de Silves premiado internacionalmente ta a data de 2 de Janeiro de 1894, como data oficial da para a gerência portuguesa. parou definitivamente de desta empresa privada, após inauguração da Fábrica, mas Estava-se em 1962 e os no- laborar. obras de requalificação do existem indícios claros que vos donos chamavam-se José No final da década de no- conjunto, foi reinaugurado apontam para como equipamento para resa existência, tauração, atividades culturais antes de 1894, e animação turística. de uma socieSalientava-se o museu endade denomitão criado, numa parte da nada Avern, estrutura requalificada, que Sons & Barris permitiu resgatar da ferna exploração rugem as velhas máquinas do negócio da da era industrial corticeira, cortiça, conconservando-se assim um juntamente importante espólio da épocom o silvense ca industrial. O espaço muGregório Nuseológico era composto por nes Mascareoito áreas distintas e uma nhas. exposição interior. De entre Essa designaelas destaca-se a sala de inção manteveterpretação – onde era pos-se até 1938, sível observar um conjunto altura em que diversificado de temas que a firma lonintroduzem a história da fádrina Henry brica, a importância de Silves Buckmall & O complexo conhecido como a Fábrica do Inglês no seu estado de degradação como cidade corticeira e a Sons, já com informação relativa ao ciclo instalações fabris em Por- Bentes Estrelo e sua irmã venta, o complexo industrial da matéria-prima – e a oficitugal, se torna sócia e pos- Ana Cristina Estrelo, filhos foi adquirido pela sociedade na transformadora onde era teriormente dona exclusiva de um empregado da fábrica “Fábrica do Inglês, S.A.” de reproduzido o ambiente se-

mi-manufactureiro, anterior a 1921.

O Museu que, em 2001, foi distinguido pelo Fórum Museológico Europeu com o Prémio Micheletti para Melhor Museu Industrial da Europa integrava um arquivo e um centro de documentação.

Na sequência da falência da sociedade “Fábrica do Inglês, S.A.”, o conjunto encerrou, em 2009, sendo retirados para reaproveitamento equipamentos de hotelaria, não se registando qualquer tipo de manutenção, mesmo no referente ao museu.

Em 2014, os edifícios e bens imóveis integrados (espólio do Museu da Cortiça) foram leiloados e adquiridos pela CGD e pelo grupo Nogueira, respetivamente, o que levantou protestos indignados, tendo a APAI, na sequência, proposto a sua classificação em fevereiro de 2016.

Desde 2009 o recinto encontra-se encerrado ao público. Em 2010, o mesmo foi classificado pela Câmara Municipal de Silves como Imóvel de Interesse Municipal. O que não impediu a sua degradação até ao presente momento. Recentemente foi tornado público, pelo Terra Ruiva, que a Câmara Municipal aprovou um plano para a recuperação da Fábrica do Inglês que prevê que este espaço venha a receber um aparthotel de cinco estrelas com 130 apartamentos turísticos, SPA, piscina e restaurante. O Museu da Cortiça está incluído neste projeto de reabilitação e está prevista a reabertura ao público.

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8 Terra Ruiva Março 2022

Geral

Descerramento de placa toponímica e apresentação de livro sobre os 100 anos da Escola Secundária de Silves

N

o dia 26 de março, pelas 15h30, vai ser descerrada a placa toponímica que dá o nome do Professor Escultor João José Gomes à rua sita nas traseiras do Mercado Municipal de Silves, que liga a Rua José Estêvão à Rua Francisco Pablos.

João José Gomes foi professor da Escola Industrial e Comercial João de Deus, atual Escola Secundária de Silves, de 1933 a 1966, treze anos dos quais como Diretor. Muito estimado e considerado pelos colegas, funcionários e alunos, dis-

tinguiu-se, como professor, pela introdução de métodos pedagógicos que só mais tarde vieram a ser adotados nos programas oficiais do Ensino em Portugal e pela relação de proximidade e simplicidade para com os alunos, prática, à época, pouco usual.

Como Diretor destacou-se pela sua ação na modernização da Escola, sobretudo com a criação dos cursos noturnos, iniciativa de enorme significado pela possibilidade de conciliação de horários de trabalho com os de estudo, permitindo,

desse modo, a valorização na profissão e nos negócios de muitos trabalhadores e comerciantes da cidade e do concelho.

Nesse mesmo dia, após o descerramento da placa toponímica, será apresentado nas instalações da Junta de Freguesia de Silves, pelas 16 horas, o livro “Escola Secundária de Silves, 100 Anos de Existência. Contributo para a sua História (1919-2019)” de autoria de Rogélio Mena Gomes e de Manuel José de Sousa Santos (Mourinho).

Uma obra que, de algum modo, se integra nas come-

Placa toponímica irá homenagear João José Gomes

morações do 1.º Centenário da Escola Secundária de Silves, e que, entre o mais, revive os acontecimentos mais significativos da sua História, as figuras que se destacaram ao longo da sua existência e a influência que exerceu na vida cultural, social e económica da cidade e do concelho, que publica fotos de convívio e memórias de antigos alunos, e que descreve, em breve resenha, a evolução do Ensino em Portugal.

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10 Terra Ruiva Março 2022

Opinião Geografias do Olhar

António Guerreiro

Prof. Universitário

Ukrayina

P

or vezes o inimaginável acontece, como é o caso da invasão da Ucrânia pela Rússia.

As imagens que nos chegam atordoam-nos com a des-

Partilhas

graça de pessoas em fuga, em desespero, mas também com a coragem daqueles que ficam (de livre vontade ou não) a lutar pela possibilidade de decidirem o seu próprio caminho político numa nação independente. Os relatos das crianças e das mulheres em evasão para outros países europeus, destroçadas pela separação dos avós, pais, filhos, netos, namorados, maridos, companheiros, ilustram a vontade de sobrevivência de um povo.

Os relatos dos homens que ficam nas trincheiras espe-

Helena Pinto

Psicóloga Clínica

Mudar a sua vida emocional - escutar a mensagem da ansiedade (cont.)

C

omo referimos na partilha da última edição, por detrás de cada emoção negativa, como a ansiedade, a depressão e a raiva, está presente uma mensagem para que mudemos a nossa vida. A ansiedade é a expressão, através do corpo, da nossa mente.

Vamos recebendo chamadas

Palavra puxa Palavra

Teodomiro Neto

Prof. universitário/Historiador

Jograis de São Paulo em João de Deus

O

S JOGRAIS DE SÃO PAULOBRASIL, EM FARO, 16 de Janeiro de 1958. Trago essa memória, em tempos difíceis: Os Jograis estão em digressão pelo País: Lisboa, Coimbra, Porto e Faro. Situemo-nos em FARO. Façamos a ligação deste escrito: Jograis e João de Deus. Temos essa duplicidade. Os Jograis recitam um Poema de João de Deus, admirável ao meu e julgo, desconhecimento: "GUTENBERG.” (século XIX). Foi um tempo em que se desconhecia as origens da IMPRENSA, no caso: Algarve/Portugal. E esse poema do ilustre messinense, deixou-me, em entender o João de Deus, como Figura conhecedora na História da construção da IMPRENSA, em Portugal, que se iniciou na Região do Algarve-Faro.

Como sabemos, Faro foi a primeira cidade a fundar uma Tipografia, em Portugal, em que reinava D. João II (temos o registo de 1489) segundo o método moderno

de atenção, às quais muitas vezes não ligamos, o que leva a que sinais mais fortes sejam enviados e ao consequente aumento do desconforto, às alterações do sono e do apetite. Para resolver temos de escutar a mensagem que está a ser transmitida, agir e mudar o que precisa ser mudado.

da impressora, graças à direção e produção de uma Família Judia, natural da, então, Vila de Faaron, Século XV. Com a inquisição poderosa, a família judaica sofreu todas as punições ao tempo do rei D. Manuel I. O acontecimento da Imprensa, introduzida em Portugal, entra no olvido do tempo. O tempo era impróprio Samuel Gacon, o Judeu de Faro, fundador dessa primeira tipografia, viveu num período mais tolerante no reinado de D. João II. Com a morte deste, em 1495, Gacon e os judeus vão encontrar as dificuldades da religião do catolicismo, a partir de D. Manuel I. Os judeus que não aceitam o Cristianismo são expulsos do reino. O rei D. Manuel I está sob as "ordens" de Isabel, a Católica de Espanha.

João de Deus (século XIX) publica o que Portugal "desconhecia", o admirável POEMA, sobre a descoberta da imprensa... E, surpresa minha, o admirável Poema do MESSINENSE - JOÃO DE DEUS, nesse conhecimento, e nessa primeira comunicação com o introdutor da imprensa em Portugal, o Judeu Samuel Gacon. Vamos ao Poema de João de Deus…

Gutenberg : "Oh filho de maiença /Falado em toda a parte / Oh inventor da arte / Oh inventor da imprensa, que a todos perpetua ! Luz da humanidade !/ justa celebridade /e para glória tua !

lham a vontade de lutar por aquele espaço geográfico a que chamam a sua casa.

Cidades esventradas como conhecemos de outros relatos, alguns atuais (como na Síria ou na Palestina), na Europa, lembram sempre as imagens, cinematográficas ou reais, da segunda guerra mundial, após os bombardeamentos. Cidades inteiras em ruínas, particularmente no leste europeu. São estas imagens dolorosas para cada um de nós que são ampliadas muitas vezes na dor dos

Há coisas que pode fazer para reduzir a sua ansiedade diária. Pode entorpecê-la com medicação, pode atenuá-la com meditação e relaxamento, pode derrotá-la ganhando mais consciência dos seus pensamentos automáticos que muitas vezes desencadeiam a ansiedade e reestruturá-los. Reconhecer o irracional e mudar para o racional. Temos a possibilidade de identificar, desafiar e modificar o nosso pensamento irracional, ou passarmos a ser escravos desta tendência.

Quantas vezes me aconteceu isto e em que circunstâncias?

Qual é a relação causa-efeito? Em que fundamento esta ideia? O que diria a um ami-

Fiquei nesse orgulho pelo HOMEM admirado do século XIX, em diante.

Regressemos ao concerto poético dos Jograis, na capital do Algarve, 16/1/1958. O

ucranianos, sejam migrantes ou locais. E é talvez por isso que uma família de ucranianos, residentes em Silves, me dizia que não acompanham as imagens televisivas, mas contactam (por telefone e internet) todos os dias os seus familiares de duas aldeias do noroeste da Ucrânia.

Os mortos, de todas as idades, das duas partes do conflito, são vítimas desta incivilidade, eles e os seus familiares e amigos. O conflito entre os povos e os dirigentes, os agressores, está patente nas

go que se encontrasse nesta situação? Qual é a real probabilidade de tal acontecer?

Não deixe de escutar o que a ansiedade lhe está a querer transmitir, mesmo quando o desconforto for grande. Olhe para ela como a luz vermelha da falta de óleo no carro e, em vez de a desligar, veja qual o problema no motor antes que este queime. Identifique o que está a precisar de ser mudado na sua vida exterior.

ondas de manifestação e solidariedade por todo o mundo, incluindo na própria Rússia, para com os cidadãos ucranianos. A defesa de pessoas simples por pessoas simples.

Sinto que os verdadeiros comunistas e socialistas (defensores da dignidade do ser humano) nunca estiveram no poder, mesmo nos países que, a dado momento, se intitularam de socialistas.

tece e ainda o distancia mais dos seus eventuais eleitores.

Acredito que este tipo de posições acelera o fim indesejável deste partido centenário.

Salvaguardo o comportamento dos eleitos da CDU na Assembleia Municipal de Silves no garante da unanimidade na condenação da invasão russa da Ucrânia.

É esta cegueira (endémica) dos dirigentes do PCP, na tibieza das suas posições sobre o conflito, que me entris-

(Slava Ukrayini)

te para mim? Que posso fazer para conseguir o que quero?

Que alternativas de solução tenho? Que outras possibilidades existem? Se eu fizer isso quais poderão ser as consequências?

O que poderá acontecer? Qual é a melhor solução, ponderando prós e contras? O que vou realmente fazer?

zações negativas e procurar mudá-las para positivas; a tentar relaxar através de técnicas de relaxamento, respiração, atividades de prazer; a recompensar-se pelos seus esforços; não deixe de pedir apoio na sua rede social de suporte e pedir ajuda quando ela for necessária.

Depressão é excesso de passado em nossas mentes.

Ansiedade excesso de futuro.

O momento presente é a chave para a cura de todos oa males mentais.” - Junia Bretas

O que me preocupa? Qual o problema? O que me faz sentir desconfortável? O que quero?

O que é realmente importan-

É fundamental perceber com objetividade. O processo de transformação está nas suas mãos. Começa pela forma como percebe as situações e define-se pela escolha que faz das suas ações. De modo a lidar melhor com o mau tempo interior, comprometa-se consigo próprio(a) a fazer uma pausa sempre que notar os sinais de stress; a ter atenção às suas autoverbali-

ÇA, os JOGRAIS “trazem” JOÃO DE DEUS, CAMÕES, ALEIXO. No célebre Café de Faro, por onde todos os movimentos do século XX passaram : Cultura,

Quem nada tem, nada come , E ao pé de quem tem comer, Se alguém disser que tem fome Comete um crime sem querer.

(Primavera de 1943) Havia Gente, no ALIAN-

JOGRAIS DE S. PAULO. Os POETAS: Emiliano da Costa, Elviro Rocha Gomes e Vicente Campinas. Poetas reconhecidos, admirados e perseguidos, como foi Vicente Campinas. "Homens da Cultura Mal "vistos", mas persistentes. Os Jograis estavam numa festa. Lá vieram, de novo, os Poetas. Foram recitados os Poemas da IMPRENSA pelo Mundo, ainda "LUSÍADAS" , de João de Deus, na sua homenagem a Camões : “ Os Lusíadas estão como na hora ! / três séculos e nada/ nem uma letra única apagada ! Porque a gente decora / nem os vermes comem / não traçam, não consomem / uma obra inspirada/suma-se o vulto / que a compôs, embora / os dons da divindade / a beleza, a verdade, / essa glória de deus como do homem /raiam e ficam em perene aurora.

Foram dias e tempos vividos, em tempos do não dizer, em que a cidade de Faro, reviveu a História dos acontecimentos.

Coloque a si próprio algumas questões fundamentais…

Foto dos 3 Poetas : Emiliano, Elviro e Vicente Campinas, três POETAS reconhecidos, a que se juntam ao JOGRAIS DE São Paulo-Brasil : Rui Afonso, Armando Bogus, Rubens de Falco e Maurício Barroso.

meu tempo de Faro. Estive no Cine-Teatro, assistindo, numa admiração. Mas no dia seguinte, 17/1/1958, já no célebre CAFÉ ALIAN-

Слава Україні

Política, Artes, Economia, etc. Um café em movimentos Em palavras proibidas, na memória do António Aleixo.

Recitado :

ÇA. O Grupo Brasileiro, veio, no seu propósito, visitar o Café das "Memórias".

Três admiradores, presentes e fotografados junto aos

Partilhe as suas opiniões, reflexões, ….helenamapinto@ gmail.com

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Março 2022 Terra Ruiva 11

Geral Outras haverá, no concelho, seja por identificar, seja por estarem ocultas sob reboco, como aquela de que agora damos notícia.

A casa da Rua Tomé Rodrigues Pincho, n.ºs 14-16, encontra-se muito próxima

Arquivo Histórico

José Manuel Vargas

Porta quinhentista, (re)descoberta no Algoz, vem enriquecer o património edificado da freguesia e do concelho

N

o decurso de recentes obras de remodelação de uma casa, na rua Tomé Rodrigues Pincho, 14-16, ao retirar-se o reboco da moldura de uma das portas (n.º16), revelou-se um vão arquitectónico em cantaria, com características tardo-góticas, vulgarmente ditas manuelinas, em muito bom estado de conservação.

A porta agora (re)descoberta vem acrescentar-se a outras da mesma época (finais do séc. XV, inícios do séc.

XVI) que lograram subsistir até aos nossos dias, quer no Algoz, quer em Silves e Alcantarilha.

Esses singulares vestígios foram já objecto de um estudo

de Manuel Castelo Ramos, no âmbito da sua tese de mestrado “Vãos arquitetónicos do tardo-gótico algarvio”, Universidade Nova de Lisboa, 1986.

No Algoz, mantém-se, pelo menos, duas das portas então referenciadas (Travessa dos Abraços e Travessa Tomé Rodrigues Pincho), ambas com as ombreiras e lintel de arestas chanfradas e elementos decorativos na base.

Talvez por lapso, não aparecem referidas num folheto de edição camarária, “Roteiro Manuelino do Concelho de Silves”, ed. 2004, que apenas menciona as portas quinhentistas de Silves e de Alcantarilha.

mesma época e ter pertencido à mulher de Tomé Rodrigues Pincho.

Com efeito, na escritura de doação que T. R. Pincho fez, em 25.12.1702, aos lavradores do Algoz das casas para instituição o do Monte da Piedade, é dito que essas casas partiam ao Nascente com umas casas que a mulher dele doador tinha dado a um seu escravo, de nome Gregório.

Este facto, leva-nos a colocar a hipótese das casas dos n.ºs 1416 terem sido as casas de morada do próprio Tomé Rodrigues Pincho, recebidas por herança.

Pelo que foi posA porta quinhentista sível averiguar, sabemos que do Monte da Piedade (nº 8), Tomé Rodrigues Pincho celeiro comum fundado em nasceu no Algoz, cerca de 1704 pelo lavrador que daria 1630, e era filho de João Pino nome ao arruamento. Está cho (n. c. 1600) e de Maria de separada do edifício do celei- Oliveira (n.c. 1605), ambos ro por uma casa (n.ºs 10-12), também naturais do Algoz. algo adulterada na traça ori- Casou em 1655, com Maria ginal, mas que se sabe ser da da Esperança Marreiros (ou

Marreira), natural de Estômbar (n.c. 1635, falecida antes de 1702). Foi um abastado lavrador, com morada no Algoz e referido, nos livros de registo paroquial, como tendo escravos, ele e a mulher.

Viria a falecer, no Algoz, na condição de viúvo, em 3 de Abril de 1713. Tinha feito testamento e deixou como

que poderá ser, ou não, confirmado pelo seu testamento ou outros documentos notariais que supomos terem-se conservado e que devem existir no Arquivo Distrital de Faro.

Seja como for, a porta quinhentista, agora posta a descoberto, assume um elevado valor histórico e patrimonial,

A Casa no Algoz

testamenteiro o seu genro Pedro Correia Mascarenhas que, assinale-se, tinha origens nobres na família Ataíde Mascarenhas, de Loulé.

Parece-nos muito provável que as casas que temos vindo a referir lhe pertencessem, o

não só para a freguesia, como para o concelho, e merece ser devidamente preservada e divulgada, no âmbito de uma política de desenvolvimento cultural.

50 anos do Jardim-Escola João de Deus de São Bartolomeu de Messines

Desde 1972 a marcar a diferença na Pedagogia e nos Afetos.

O

Jardim-Escola João de Deus de São Bartolomeu de Messines tem uma belíssima história, tendo em conta que o mesmo surgiu com ajuda de benfeitores Messinenses e com verbas da Associação de Jardins-Escolas João de Deus, com sede em Lisboa.

A construção do Jardim-Escola João de Deus em São Bartolomeu de Messines, foi uma forma do povo messinense, homenagear o seu poeta e pedagogo, João de Deus, nascido em São Bartolomeu de Messines no ano de 1830, com vista a manter vivo o seu legado, sendo um filho da terra, que marcou a história do ensino e da literatura nacionais.

Atualmente, o Jardim-Es-

Cerimónia de lançamento da 1ª pedra - 1972

cola João de Deus de São Bartolomeu de Messines é constituído por dois edifícios, o mais antigo construído em 1972, por doação de um terreno pela Empresa Teófilo Fontainhas Neto, e o edifício mais recente foi inaugurado no dia 8 de março de 2006, com a doação de terreno pela mesma Empresa.

Com as obras de ampliação, o Jardim-Escola João de Deus de São Bartolomeu de Messines proporciona excelentes condições de trabalho e para os

alunos aprenderem e se sentirem felizes na escola.

Com o nosso lema diário: Todos Juntos Somos Mais Fortes, lutamos pela Missão de:

- Promover o desenvolvimento integral de crianças dos 4 meses aos 10 anos de

idade, proporcionando-lhes o equilíbrio necessário para que cresçam felizes e em harmonia.

Pretendemos com a nossa visão no futuro, continuar a ser uma Instituição de referência no seu sector, acompanhando a evolução da sociedade de forma a dar respostas de qualidade às necessidades das crianças.

Somos uma Instituição de valores e desta forma promovemos diariamente atividades que fomentam a: Solidariedade, respeito pelo outro, cidadania, ética Todos os colaboradores valorizam individualmente cada criança, promovendo a educação para cidadania.

Todos juntos asseguramos a prestação de um serviço de

qualidade de forma a estabelecer a confiança, a credibilidade, o conforto e a fa-

miliaridade na comunidade educativa.

Sendo um ano muito especial para o nosso Jardim-Escola João de Deus, chamado pelos nossos meninos de forma carinhosa como "a nossa Casinha Amarela", no dia 8 de março de 2022, comemorará as suas 50 primaveras de existência ao serviço da comunidade.

TODOS JUNTOS SOMOS MAIS FORTES este é o nosso lema e assim

desejamos continuar, ao serviço de todas as crianças, na transmissão de valores, pedagogia e muitos afetos.

Parabéns, Jardim-Escola João de Deus de São Bartolomeu de Messines.

A Direção Educadora de Infância Suzete Borges de Matos Candeias

Recolha de imagens e materiais No dia 8 de março de 2022, o Jardim-Escola João de Deus de São Bartolomeu de Messines, comemora 50 Anos da sua existência.

Para celebrar esta data tão importante para todos nós, gostaríamos de contar com a participação de ex-alunos e suas famílias, que frequentaram esta tão digna instituição, na recolha de imagens, testemunhos e recordações para a construção de uma revista comemorativa dos 50 Anos do Jardim-Escola João de Deus de São Bartolomeu de Messines, revista esta que será lançada no início do próximo ano letivo (22-23).

Desta forma, procuramos alunos e familiares que frequentaram a instituição, nas primeiras décadas (70, 80, 90) e que queiram participar neste projeto, assim como aos alunos que frequentaram entre os anos de 2000 e 2017.

Pedimos assim, que nos contactem através do: Telemóvel - 925486639 ou por Email: bartolomeu.messines@escolasjoaodeus.pt Bem haja a todos.

12 Terra Ruiva Março 2022

Sociedade

Junta e Bombeiros de Messines recolhem bens essenciais para a Ucrânia

Segue-se a União de Freguesias de Algoz e Tunes, na qual as casas têm um custo de 1.919€ por m2, tendo havido, no último ano, uma subida de 19,8%.

Um valor mais baixo apresenta a freguesia de São Bartolomeu de Messines, com 1.381€ por m2, e uma subida de 0,9% em relação a fevereiro de 2021.

Este estudo não apresenta quaisquer dados relativos à freguesia de São Marcos da Serra, nem sobre os preços de arrendamento no concelho de Silves. No entanto, no que respeita ao preço das casas para arrendar em Portugal, o mesmo apresentou uma subida de 0,7% em fevereiro face ao mês anterior, mas teve uma descida de -1,5% no Algarve. O que na prática pouco significa uma vez que o Algarve continua a ser a segunda zona mais cara do país (9,8 euros/ m2), logo a seguir a Lisboa (12,6 euros /m2). O estudo completo pode ser consultado no site do referido portal imobiliário.

Candidaturas para Reabilitação Urbana de Silves, Messines e Alcantarilha A Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines, em colaboração com os Bombeiros Voluntários de Messines, está a promover uma campanha de angariação de alimentos, medicamentos e outros produtos para apoiar as vítimas da guerra na Ucrânia.

Quem desejar colaborar pode contribuir com: Café Solúvel; Todo o tipo de enlatados; Bolachas secas; Arroz e massas; Chocolate preto; Mantas; Cantis para água; Canecas térmicas; Glucose 5%; Analgésicos (Paracetamol, Metamizol, Tramadol); Anti-inflamatórios (Brufen, Nimed, Naproxeno); Compressas (Gazes gordas, compressas estéreis); Pomada para queimaduras.

Os produtos podem ser entregues na Junta de Freguesia ou no quartel dos Bombeiros, ou ainda no comércio local, que também se associa a esta iniciativa.

Município de Silves ofereceu computadores aos Bombeiros

A Autoridade Municipal de Proteção Civil, na pessoa da presidente Rosa Palma, ofereceu computadores portáteis ao comando dos Bombeiros de Silves e de São Bartolomeu de Messines.

Este apoio “procura dotar as estruturas de comando das duas corporações com equipamentos modernos que possibilitem uma utilização mais eficaz no seu quotidiano e que constituam um forte incremento da resposta em sede de posto de comando e em apoio direto às operações de socorro. Os equipamentos serão completados com informação crítica de apoio à decisão, como cartografia, informação demográfica e pontos sensíveis”, informa a autarquia.

O material foi entregue durante uma reunião de trabalho entre a autoridade local de proteção civil, o serviço de proteção civil e florestas do Município de Silves e o comando dos corpos de Bombeiros de Silves e de São Bartolomeu de Messines.

Preço das casas no concelho continua a subir- maior subida éA freguesia em deSilves Silves é a que regista no último ano a maior subida de preços nas casas para vender, mas o preço do metro quadrado é mais alto em Armação de Pêra. A freguesia de São Bartolomeu de Messines é onde as casas são mais baratas.

Segundo um estudo divulgado pelo portal imobiliário Idealista, com dados até ao final de fevereiro de 2022, na freguesia de Silves o preço de venda é de 2.189€ por m2, o que representa um aumento de 22,6% em relação a fevereiro do ano passado e mais 5,1% em relação a Janeiro de 2022.

A freguesia de Armação de Pêra é a mais cara, com 2.499€ por m2, o que representa uma subida de 20,3% em relação ao ano passado.

Logo a seguir, na União de Freguesias de Alcantarilha e Pêra, o metro quadrado tem um custo de 2.336€, um valor 10,9% mais alto do que em fevereiro de 2021.

Decorrem, até dia 31 de março de 2022, as candidaturas ao Programa de Apoio à Recuperação dos Jardins e Pátios Interiores (PARJPI) do edificado localizado na Área de Reabilitação Urbana (ARU) de Silves e ao Programa de Apoio à Melhoria das Condições de Habitabilidade (PAHAB) nas ARU de Silves, São Bartolomeu de Messines e Alcantarilha.

Todos os documentos inerentes aos processos de candidatura, assim como os respetivos regulamentos, estão disponíveis para consulta e download no site da Câmara Municipal de Silves.

Na sua nota, a autarquia afirma que “Contribuir para a valorização, promoção e conhecimento do património natural e paisagístico da cidade de Silves, concretamente os espaços verdes privados localizados na ARU de Silves, são os principais objetivos do PARJPI. Neste programa, a comparticipação do Município de Silves fixa-se em 20% do valor das obras realizadas, tendo como limite máximo, por intervenção, o montante de 500 euros.

O PAHAB pretende contribuir para a melhoria das condições de habitabilidade do edificado localizado nas ARU de Silves, SB Messines e Alcantarilha e, assim, reforçar a atratividade dessas áreas de reabilitação, designadamente para fins habitacionais, contribuindo para aumentar a oferta de habitação nas áreas centrais dos aglomerados, revitalizando-as e dinamizando-as.

A comparticipação do Município de Silves fixa-se em 20% do valor máximo de despesa elegível (neste caso, o máximo da despesa elegível varia de acordo com a tipologia dos trabalhos comparticipáveis definidos em regulamento).”

Caso de gripe aviária registado em cegonha em Silves

A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) confirmou, nos primeiros dias de março, a existência de um caso de infeção provocada pelo vírus da gripe aviária numa cegonha branca recolhida em Silves.

A cegonha foi recolhida no Bairro do Progresso, em Silves, e encaminhada depois para o RIAS, Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens, em Olhão. Foi confirmada depois a infeção provocada pelo vírus da gripe aviária do subtipo H5N1 de alta patogenicidade (GAAP).

“Este foco de GAAP evidencia o elevado risco de disseminação da gripe aviária de alta patogenicidade no país”, alerta a DGAV. Neste caso, uma vez que se trata de um animal selvagem, não foram definidas zonas de restrição, mas esta entidade salienta a importância do cumprimento estrito das regras de biossegurança e das boas práticas de produção avícola, especialmente aquelas destinadas a evitar contactos diretos ou indiretos entre as aves domésticas e as aves selvagens, os procedimentos de higiene de instalações, equipamentos e materiais, bem como o controlo dos acessos aos estabelecimentos onde são mantidas as aves.

A DGAV salienta ainda a extrema importância de ser notificada imediatamente qualquer caso suspeito, de forma a permitir uma rápida e eficaz implementação das medidas de controlo da doença no terreno pela DGAV, pelo que se apela à notificação de mortalidade de aves selvagens através da aplicação ANIMAS (https://animas.icnf.pt).

Com este caso, subiu para 16 o número focos de gripe das aves em Portugal. O primeiro caso foi confirmado em 30 de novembro de 2021, numa capoeira doméstica no concelho de Palmela, Setúbal. No total, foram detetados 11 focos em aves domésticas, em explorações comerciais de perus, galinhas e patos, bem como uma coleção privada de aves e capoeiras cosméticas e cinco focos em aves selvagens.

Estes casos foram confirmados nos distritos de Leiria, Lisboa, Santarém, Setúbal, Beja e Faro.

Março 2022 Terra Ruiva 13

Geral

CPCJ Silves abriu 339 processos em 2010

A

Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Silves (CPCJ) abriu, em 2021, 339 processos de promoção e proteção, a maioria devido a casos de violência doméstica e negligência.

Este foi um dos dados revelados no Relatório Anual da CPCJ de Silves referente ao ano de 2021 e apresentado na Assembleia Municipal de Silves, no dia 28 de fevereiro, pela presidente deste organismo, Adélia Lourenço.

Segundo o mesmo documento a CPCJ-Silves tem como objetivo “concretizar ações de promoção dos direitos e de prevenção de situações de risco para a criança intervir nas situações em que uma criança ou jovem está em risco”.

Nesse sentido, a realização e apresentação deste relatório anual é visto como “uma mais-valia no conhecimento de uma parte relevante da realidade infanto-juvenil e familiar, do concelho de Silves, no que respeita às situações de risco e de perigo, e permi-

tam uma análise critica que estimule e mobilize a comunidade na procura incessante da concretização dos direitos da criança.”

Em 2021, a CPCJ-Silves afirma ter um total de 339 processos abertos, tendo instruído 310 e arquivado os restantes por não se revelarem fundadas as informações. À data de 31 dezembro de 2021, a CPCJ- Silves mantinha ativos 111 processos.

De acordo com o referido relatório a autoridade policial é a entidade que mais sinalizou situações a serem acompanhadas (99), mas estas foram transmitidas também pelo Ministério Público (66), estabelecimentos de ensino (64), vizinhos (24), mãe (9) e pai (1).

Quanto á nacionalidade das crianças e jovens acompanhados pela CPCJ-Silves, ela é muito diversa. Embora a maioria sejam crianças portuguesas (295) existem também 44 crianças de outras nacionalidades tais como do Brasil, Reino Unido, Bulgária,

Alemanha, França, Espanha, Ucrânia, Russa, Países Baixos, Moldávia, Guiné Bissau, Guiné, Gâmbia, Equador e China.

No total de crianças acompanhadas no decurso de 2021, a maioria encontra-se nas idades entre os 11 e os 17 anos, mas foram sinalizadas crianças entre os 0-2 anos até aos 18-21.

Existe uma prevalência de crianças do sexo masculino (54%), em relação ao feminino (46%).

No que se refere às problemáticas comunicadas, elas não diferem dos anos anteriores.

As mais comuns continuam a ser a violência doméstica e a negligência, sendo que as duas se encontram normalmente associadas. As outras causas mais comuns têm a ver com comportamentos desviantes, absentismo escolar e abandono escolar.

No ano passado, foram aplicadas 7 medidas cautelares de promoção e proteção, encontrando-se 7 crianças em acolhimento residencial, haven-

do também um processo de abuso sexual que foi remetido para o Ministério Público.

No seu relatório anual, a CPCJ-Silves faz também a análise da percentagem de crianças em acompanhamento, face à população infanto-juvenil residente nas freguesias e apresenta os seguintes números: S. Marcos da Serra- 2,5% .

Silves- 1,8% - S.B. Messines1,9%; Silves- 1,8%; Armação de Pêra- 1,7%;; Algoz -1,5%; Tunes 1,4%; Alcantarilha1,0%; Pêra- 0,6%. É feita também uma análise das categorias de perigo prevalecentes em cada freguesia do concelho, verificando-se que em Alcantarilha, Silves e Tunes é a violência doméstica; em Algoz, Pêra, S. Bartolomeu de Messines é a negligência; em Armação de Pêra e S. Marcos da Serra é a exposição a comportamentos desviantes.

Das problemáticas registadas apenas o abandono escolar tem mantido a tendência decrescente, afirma a CPCJ-Silves.

Silves e Armação de Pêra com recolha diária de resíduos alimentares

O

Município de Silves informa que, a partir do dia 7 de março, a recolha seletiva de bioressíduos, em Armação de Pêra e em Silves, passou a funcionar de 2.ª feira a sábado (em vez das três vezes semanais que estavam em vigor em vigor).

A autarquia relembra que esta operação de recolha seletiva de resíduos alimentares junto do sector comercial, com o mote “Silves a Valorizar da Serra ao Mar”, teve início em julho de 2021, nas mencionadas freguesias, integrando a campanha “Lixo Zero Ambiente 100”.

“Trata-se de um projeto pioneiro na região do Algarve,

mento da Câmara Municipal de Silves permitirá maior salubridade ao espaço urbano, evitando que os contentores de indiferenciados sejam sobrecarregados com resíduos alimentares. Para além das freguesias de Silves e de Armação da Pêra, é intenção do Município alargar, gradualmente, a abrangência desta operação, até todo o concelho estar coberto pela recolha seletiva.”

cujo desenvolvimento constitui um importante passo no cumprimento do objetivo ambiental que passa pela

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correta gestão de biorresíduos, até ao final de 2023, em todo o país”, afirma.

E acrescenta: “este investi-

Abertas candidaturas para o sector agrícola em Silves A Associação Vicentina abriu um um novo período de concursos para Pequenos Investimentos na Exploração

Agrícola, Pequenos Investimentos na Transformação e Comercialização de Produtos Agrícolas e Diversificação de Atividades na Exploração Agrícola, que está a decorrer de 28 de fevereiro a 28 de abril de 2022.

“Abrem-se assim novas oportunidades de apoio ao investimento nos concelhos de Aljezur, Vila do Bispo, Lagos, Monchique, Silves e Portimão”, destaca a Associação Vicentina.

O programa GAL ADERE 2020 gerido pela Associação Vicentina, continua comprometido em “contribuir para o processo de modernização e de capacitação das empresas

do sector agrícola e da sua transformação e comercialização, em articulação com outras intervenções, como sejam a Rede Regional de Mercados Locais e os Sistemas de Incentivos +CO3SO e SI2E, reunindo vários fundos de apoio à Estratégia de Desenvolvimento Local.”

Para mais informações e esclarecimentos contacte a Vicentina – 282 680 120 ou em vicentina@vicentina.org.

Toda a informação necessária pode ser encontrada na página www.galadererural. org.

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14 Terra Ruiva Março 2022

Geral

Comunicação COMUNICAÇÃO PARA EXERCÍCIO DO DIREITO DE PREFERÊNCIA NA VENDA DE PRÉDIO MISTO LOCALIZAÇÃO – sito em Cumeada, Serro da Cumeada ou Cerro da Cumeada, freguesia de São Bartolomeu de Messines, concelho de Silves, prédio misto, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 5696.º e na matriz rústica sob o artigo 81.º, da secção IQ, descrito na competente Conservatória do Registo Predial de Silves, sob o n.º 10504/20050408.

ROBERT MONTGOMERY RIDLEY e mulher REGINA BRIGID RIDLEY , também conhecida por REGINA BRIGID WESTON, vêm pelo presente, na qualidade de proprietários do supramencionado prédio, e na impossibilidade de comunicar por via postal registada com aviso de recepção por desconhecer as moradas dos proprietários confinantes, informar os confinantes dos prédios inscritos na respectiva matriz sob os artigos 47, 48, 49, 80, 100, 101, 102, 103, 115 e 190 todos da Secção IQ da freguesia de São Bartolomeu de Messines, concelho de Silves, de que pretende proceder à venda do referido prédio nos seguintes termos e condições: 1. Comprador: BO LENNART HANSSON, casado, de nacionalidade Sueca, natural de Brannkyrka, Suécia, residente em 1206 Rum Point Drive, Ilhas Caimão,

Comunicação

Convocatória

Notificação para efeitos do direito de preferência Vem por este meio, CARLOS ALBERTO MARTINS GOMES, na qualidade de dono e legítimo proprietário, comunicar aos confinantes que é sua intenção vender o prédio rústico sito no Cano, freguesia de S. Bartolomeu de Messines, concelho de Silves, inscrito na matiz cadastral sob o artigo 20 da secção IV, a JOÃO ANTÓNIO DE SOUSA MANUEL, no valor de 30.000,00€, cujo valor será pago no acto da escritura.

Nestes termos devem os proprietários confinantes pronunciarem-se se pretendem ou não exercer o direito de preferência que lhes assiste no prazo máximo de 8 dias contados da publicação do presente anúncio, caso pretendem exercer o direito de preferência devem enviar comunicação escrita para: Maria Luísa Palma, Solicitadora Rua Dr. Nobre de Oliveira, nº 11R/C-B 8300-154 Silves, ou contactar: 964 596 538 (Publicado no jornal Terra Ruiva, edição nº 241, de 08 de Março de 2022)

C

onvoco todos os Srs. Associados do Centro Cultural e Social João de Deus de São Bartolomeu de Messines, em pleno gozo dos seus direitos a reunirem em Assembleia Geral Ordinária no Salão da Junta de Freguesia de S. Bartolomeu de Messines, pelas 21 horas do dia 22 de março de 2022 com a seguinte ordem de trabalhos: Ponto um: Apresentação, discussão e votação do Relatório de Contas e Parecer do Conselho Fiscal referente ao ano de 2021.

Ponto dois:. Outros assuntos de interesse Com base nos estatutos da Instituição, se à hora marcada na convocatória não estiver presente mais de metade dos associados com direito a voto, esta funcionará meia hora depois com qualquer número de presentes.

Os documentos respeitantes a esta Assembleia-Geral estão disponíveis para consulta na sede da Instituição e nos locais legalmente previstos.

São Bartolomeu de Messines, 18 fevereiro de 2022 O Presidente da Assembleia Geral

2. Preço acordado da compra e venda é de € 790.000,00

(Ilídio Cabrita Gonçalves)

(setecentos e noventa mil euros), que é dividido da seguinte forma: o montante de € 400 000( quatrocentos mil euros) para a parte urbana (artigo 5696.º), € 240 000( duzentos e quarenta mil euros) para a parte rústica (artigo 81.º, da secção IQ), e € 150.000,00 (cento e cinquenta mil euros) para o mobiliário e equipamento; 3. A Escritura Pública de Compra e Venda será outorgada até ao dia 15 de Abril de 2022, no Cartório Notarial de Silves, da Drª. Maria Margarida Borlinha Henriques, sito na Rua Cruz de Portugal à projectada Diogo Manuel, Edifício Arade, Bloco A, Loja 3, Silves, ou em qualquer outro cartório notarial do Algarve.

4. A venda do imóvel e dos bens móveis é incindível, ou seja, o imóvel não pode ser vendido separado dos móveis.

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Em face do exposto e, ao abrigo do disposto no artigo 1380.º, n.º 1, do Código Civil, confere-se a Vª. Exª, a faculdade de exercer o direito de preferência no negócio acima referido, devendo no prazo de 8 (oito) dias a contar da publicação do presente edital, conforme estipulado no n.º 2 do artigo 416.º do Código Civil, pelo preço e condições acima apresentadas, devendo fazê-lo por meio de carta registada, com aviso de recepção enviada para o escritório do mandatário dos proprietários ROBERT MONTGOMERY RIDLEY e mulher REGINA BRIGID RIDLEY , também conhecida por REGINA BRIGID WESTON, que é o Dr.º Fernando Serpa, com domicilio profissional em, Rua da Liberdade, n.º 36.º, r/c, 8375-109, S. B. de Messines.

A ausência de resposta no prazo legal e de acordo com a lei vigente será assumida como falta de interesse no exercício de tal direito de preferência.

Publicado no jornal Terra Ruiva, edição nº 241, de 08 de Março de 2022

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Março 2022 Terra Ruiva 15

Sociedade

Formação de competências Jazz nas Adegas continua com parentais lotação sempre esgotada O Município de Silves, em parceria com a Educarte, acolher nos meses de abril e maio o curso de formação centrado na temática da “Promoção de Competências Parentais para Filhos com Perturbações de Desenvolvimento e Aprendizagem”. A iniciativa desenrola-se em quatro sessões, a realizar nos dias 1 e 2 de abril e 13 e 14 de maio, no Auditório da Biblioteca Municipal de Silves.

“Desenvolver metodologias de intervenção com pais de crianças com problemas de desenvolvimento e aprendizagem de forma a promover a sua adaptação e desenvolver estratégias de facilitação do processo de crescimento e ajustamento da criança é o principal objetivo desta formação dirigida a profissionais com formação superior (ou finalistas) nas áreas da Educação, Serviço Social, Psicologia ou Saúde.”

Marta Vidal Paula é a formadora deste curso. As inscrições devem ser efetuadas junto do sector de Psicologia da Câmara de Silves.

Mimos d’Avós continuam aO Município ser distribuídos de Silves oferece, desde 2020, um enxoval simbólico, composto por três peças, a

todos os recém-nascidos do concelho, como prenda de boas vindas ao mundo.

Este projeto lançado pela Autarquia, em parceria com os Polos de Educação, visa “juntar duas gerações distintas, neste desejo que nos une a todos: acreditar que uma vida nova é uma promessa de um futuro melhor e mais feliz”.

Todos os recém-nascidos do concelho podem receber os Mimos D’Avós.

Para o efeito deverão apresentar o cartão/documento do registo civil, junto do Sector de Educação do Município de Silves.

João Gil em concerto em Messines O Município de Silves apresenta a próxima sessão do Lado B, com João Gil, ao Auditório

Francisco Vargas Mogo, em SB Messines, no próximo dia 12 de março, pelas 21h30.

João Gil, compositor e guitarrista, é um dos nomes mais (re)conhecidos da música portuguesa. Ao longo de mais de 40 anos de carreira, distingue-se como compositor de algumas das músicas que farão, para sempre, parte da memória coletiva nacional: “Saudade”, “125 Azul”, “Loucos de Lisboa”, “Postal dos Correios”, entre tantas outras, são canções com a sua assinatura que se tornaram verdadeiros fenómenos de popularidade.

Os ingressos para o espetáculo podem ser adquiridos através da bilheteira online BOL e nos locais habituais de venda, com o custo associado de 10 euros. Podem, ainda, ser adquiridos no próprio dia do espetáculo, no local, a partir das 20h00, caso haja disponibilidade de bilheteira.

Concurso Desafios d’Escrita tem vencedoras Já são conhecidas as vencedoras do Concurso desafios d’Escrita, promovido pela Câmara de Silves junto dos utentes dos Polos de Educação ao Longo da Vida.

A iniciativa Jazz nas Adegas prossegue com as suas sessões que continuam a esgotar, registando forte adesão do público. Este evento organizado pelo Município de Silves, conta com a parceria dos Produtores de Vinhos de Silves aderentes, do Agrupamento de Escolas Silves Sul e da Associação Barmen do Algarve.

As próximas sessões do “Jazz nas Adegas” encontram-se programadas, conforme se segue: Dias 25.março. 21h00 | 26.março. 17h00 – com o grupo Amar Guitarra, na adega Marquês dos Vales, Lagoa Dia 08.abril. 21h00 | 09.abril. 17h00 – com o grupo Chibanga Groove, na Quinta da Malaca, Alcantarilha Dias 29.abril. 21h00 | 30.abril. 17h00, com o grupo Silves Filarmónica Combo, na adega do Barranco Longo, Algoz Dia 13.maio. 21h00 | 14.maio. 17h00, com o grupo Swingtête & Paula Padilha, na adega Paxa Wines, Silves Dia 28.maio.17h00, com o grupo “Miss Manouche”, em Armação de Pêra Os ingressos têm um custo associado de 15 euros, incluindo para além do concerto, prova de vinhos do produtor, degustação de tapas de produtos locais, voucher de visita ao Castelo e Museu Municipal de Arqueologia e a oferta de uma garrafa de vinho.

Os bilhetes encontram-se à venda na plataforma BOL. O evento destina-se a maiores de 18 anos.

Apresentação do livro “Amor e Vinho” O livro “Amor e Vinho”- da Poesia Luso-Á-

rabe à Nova Música Portuguesa (Séculos XI-XXI), de Eduardo Raposo, será apresentado no dia 18 de março, pelas 18h30, na Biblioteca Municipal de Silves.

A entrada é livre.

Eduardo M. Raposo nasceu em 1962, na Funcheira. Dedica-se à escrita há 40 anos, no jornalismo e não só. Tem dirigido revistas culturais (Alma Alentejana, nos anos 90, e Memória Alentejana, desde 2001), organizou mais de 80 colóquios, tertúlias e encontros culturais e publicou mais de 500 artigos e entrevistas na imprensa. Publicou três biografias (Cláudio Torres, Urbano e Fonte Santa), dirigiu uma antologia poética, lançou dois livros sobre o Canto de Intervenção e participou na Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX. É Doutor em História da Cultura e das Mentalidades e Investigador do CHAM - NOVA FCSH - Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Integra a Comissão Científica do II Congresso sobre o Cante, em preparação, e desenvolve estudos sobre o Cante, as tabernas e a revisitação da convivialidade.

“O presente livro, para além da extensiva e preciosa informação sobre a influência poética árabe na Língua Portuguesa, ao longo da sua história, tem o aliciante de nos confrontar com a realidade de há muito conhecida mas que, nos nossos tempos, tende a ser esquecida e escamoteada – os portugueses são um povo resultante de diversos encontros étnicos ao longo de séculos de convivência entre si. É destes encontros, por vezes pacíficos, por vezes de conflito, que somos descendentes, em maior ou menor grau. Esta constatação deveria ser argumento político e cultural contra os radicalismos que hoje proliferam, tanto no campo Muçulmano como no Cristão, e que tanto incitam à violência e à intolerância. Mil anos de poesia em mais de 180 poemas, desde o século de Almutâmide, génese da nossa poesia lírica passando por D. Diniz, João Roiz de Castelo Branco, Bernardim Ribeiro, Gil Vicente, Camões, Bocage, Pessoa, chegamos à Nova Música Portuguesa, onde destacamos Janita Salomé, Vitorino, Rui Veloso, Sérgio Godinho, Trovante, Luís Represas, Fausto, Brigada Victor Jara, Jorge Palma e João Afonso, «cantautores» e interpretes, que cantam o amor e o vinho, o sol, o sul e o mar da nossa expansão. A Poesia cantada assume aqui o elo agregador da nação portuguesa como aconteceu em momentos decisivos da nossa história: no século XIX, com Luís de Camões, no Ultimatum inglês, ou com José Afonso, no 25 de Abril de 1974, com «Grândola Vila Morena».

Comemorações do Dia Mundial do Teatro em Silves Para comemorar o Dia Mundial do Teatro, que se assinala no dia 27 de março, o Município de A escolha da redação sobre a temática “Comemoração do Natal” recaiu sobre o texto de Adília Sebastião, do Polo de Educação ao Longo da Vida de SB Messines. Em segundo lugar ficou o texto realizado por Anatilde Loução, do Polo de Educação ao Longo da Vida de Tunes, e o terceiro lugar foi atribuído a Inácia Ramos, do Polo de Educação ao Longo da Vida de Silves.

Os vencedores receberam um conjunto de publicações editadas pela autarquia.

Silves propõe vários espetáculos teatrais, no Teatro Mascarenhas Gregório.

Assim, no dia 26 de março, pelas 21h, a Companhia Ao Luar apresenta a peça “Sexta-feira 13”, uma comédia de sucesso representada já por diversas vezes em vários países. No dia 27 de março, pelas 15h, haverá teatro para a infância, com o Grupo Teatro Análise de Loulé que apresenta a peça “O rei e a sereia”. No mesmo dia, pelas 21h, o mesmo grupo apresenta a peça “Aqueles Tristes Dias”, que “representa o nosso Portugal em finais da década de quarenta, mais precisamente na aldeia do Sol Postinho.

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Silves toma medidas contra a seca O

Município de Silves já está a tomar algumas medidas para a poupança da água. Segundo foi dito pela vice-presidente da Câmara de Silves, Luísa Conduto Luís, em sessão da Assembleia Municipal, os serviços da autarquia já receberam indicações para reduzir o tempo de rega dos espaços verdes do concelho.

Esta medida vem complementar uma outra tomada recentemente que tem a ver com a instalação de estações meteorológicas, com sondas de monitorização da humidade no solo, as quais permi-

tem decidir os tempos de rega face às condições climáticas.

Os primeiros equipamentos já se encontram a funcionar na Zona Ribeirinha de Silves, em S. Bartolomeu de Messines e Armação de Pêra e o trabalho de instalação prossegue, abrangendo todo o concelho.

A vice-presidente da autarquia afirmou ainda que esta é uma das medidas inseridas no Plano Estratégico de Controle e Redução de Perdas de Água que está a ser levado a cabo com o objetivo de tornar este concelho um exemplo no que respeita às

perdas de água, sendo que há alguns anos ocupava um lugar cimeiro entre os municípios que desperdiçavam mais água.

A autarca salientou que o problema da seca no Algarve é um “problema estrutural e não temporal” e informou que os municípios da região estão a preparar uma estratégia conjunta de combate a este problema. Algumas medidas como reduzir a rega nos espaços verdes mas também reformulá-los e principalmente não criar novos jardins e espaços verdes que necessitem de rega abundante fazem

parte das propostas que reúnem consenso.

Entretanto, os últimos dados a nível nacional mostram que o país se encontra, em 95% do seu território, em seca severa ou extrema tendo-se registado, em fevereiro, um agravamento de seca em relação aos meses anteriores. A falta de água nas albufeiras é complicada no Algarve, com as bacias do Algarve com 14,5% da sua capacidade, com a menor quantidade de água armazenada em Portugal continental, segundo o Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos

(SNIRH). No final do mês de fevereiro de 2022, a barragem do Arade encontrava-se com 45,1% da sua capacidade; a do Funcho com 66,5%; e a de Odelouca com 48,9%.

Milhões de litros desperdiçados Na mesma altura em que o presidente da Associação de Regantes de Silves, João Garcia, admitia a necessidade de corte de abastecimento aos agricultores servidos pela Barragem do Arade, o diretor da Direção-Geral de Agricultura do Algarve, em declarações públicas, fez sa-

ber que “temos perdas anuais de água na ordem dos cinco milhões de metros cúbicos no perímetro de rega de Silves, Lagoa e Portimão e de cerca de dois milhões no de Alvor”.

Segundo Pedro Valadas Monteiro, para evitar estas perdas têm estado a ser feitas obras no bloco de Silves, faltando concluir as de Lagoa e do Falacho, e em 2023 está previsto o início da modernização do canal da Bravura.

Nestas obras serão investidos 35 milhões de euros, sendo 27 milhões no perímetro Silves, Lagoa, Portimão e cerca de 8 milhões no de Alvor.

Município de Silves solidário com a população da Ucrânia O

Município de Silves emitiu uma nota de solidariedade com a população da Ucrânia divulgando os apoios que estes cidadãos poderão obter no nosso concelho, bem como na região algarvia e a nível nacional.

Considerando os “graves acontecimentos na Ucrânia” e condenando a “invasão russa e guerra”, assumindo-se pela “defesa da paz e o términus do horror e sofrimento das populações”, o

Município de Silves divulga a existência do Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes – CLAIM de Silves, e informa que “todos os cidadãos portugueses, ucranianos e russos residentes e ou recém-chegados a território nacional e/ou na Ucrânia que necessitem de apoio e/ou ajuda para pedido de proteção internacional” podem dirigir-se a este centro. O mesmo funciona por atendimento presencial, sem marcação prévia, na Rua João

de Deus, n.º 19, 8300-161 Silves, de segunda a sexta-feira (dias úteis), das 09h00 às 17h00.

Os contactos são: Telefone:282440833 / 282440831 E-mail: apoio.migrante@ cm-silves.pt / sasocial@cm-silves.pt .

Foi criado também um Centro de Recolha de Donativos, a funcionar nas Piscinas Municipais de Silves, de segunda-feira a sexta-feira (07.30 – 21.00 horas); e sábado (08.00 - 13.00 horas).

Os produtos a recolher são: bens alimentares; produtos de higiene; bens domésticos; medicamentos e material de enfermagem (as listagens específicas encontram-se disponíveis no site da autarquia).

O Município assegura o transporte dos donativos para Faro em articulação com a “Associação dos Ucranianos no Algarve”.

De referir ainda que as empresas com ofertas de emprego para cidadãos ucranianos

podem registá-las no site do IEFP para o efeito e que o Ato Comissariado para as Migrações, através da As-

sociação Nacional de Municípios Portugueses, está a recolher as disponibilidades de alojamento de cada município.