Jornal Terra Ruiva - Edição de Dezembro 2022 N.249

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1 Dezembro 2022 Terra Ruiva Pub. www.terraruiva.pt Dezembro de 2022 ANO XXII - Nº 249 0.70 Euro Publicação Mensal Diretora: Paula Bravo PERIÓDICAS AUTORIZADO A CIRCULAR EM INVÓLUCRO FECHADO DE PLÁSTICO OU PAPEL PODE ABRIR-SE PARA VERIFICAÇÃO POSTAL Entrevista a padre António Martins Centro de Saúde de Silves com horário alargado Teresa Sousa Uva Paul, trineta de José Joaquim de Sousa Reis – o Remechido Inauguração do Polidesportivo de Tunes “Não há dimensão da vida que fique fora da fé” À conversa sobre a família e Messines p13 p13 p10 e 19 p19 p6 e 7 p15 p3 p5 JORNAL DO CONCELHO DE SILVES Silves Vai ter mais Equipas de Intervenção Permanente Messines Rede de água na Amendoeira Ambiente Compostagem em todas as freguesias p13 p2 p5 p5 Silves Feitoria Fenícia em discussão pública Assembleia Municipal de Silves aprovou a desagregação das uniões de freguesias Assembleia da República terá voto decisivo Câmara de Silves aprovou Orçamento 2023 São 65,4 milhões de euros Natal no Concelho Espetáculos e animação em Silves Alegria do Natal Mergulhos solidários em Armação de Pêra Presépios em Alcantarilha ... e outros eventos... Final de ano em Armação de Pêra IRIS na Praia dos Pescadores

Silves tem mais duas Equipas de Intervenção Permanente

Oconcelho de Silves passa a dispor, a partir de janeiro de 2023, de mais duas Equipas de Intervenção Permanente (EPI).

Uma das equipas ficará a servir nos Bombeiros Voluntários de Silves e a outra nos Bombeiros Voluntários de São Bartolomeu de Messines. Com este reforço, o concelho de Silves passa a dispor de seis EPI.

A deliberação para o reforço das equipas foi tomada em reunião da Câmara Municipal de Silves realizada no dia

7 de novembro. Posteriormente, o Município de Silves assinou, no dia 15 de novembro, na Base de Apoio Logístico da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Quarteira, dois protocolos de comparticipação relativo às condições e contratação destas equipas. A cerimónia contou com a presença do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, que enquadrou ainda a formalização de mais equipas na região. Cada EPI é composta por

5 elementos e constitui um piquete com uma disponibilidade obrigatória de 40 horas semanais, ” visando a prossecução das atividades e missões que estão acometidas por lei no domínio específico da proteção de pessoas e bens, e na melhoria da eficácia e eficiência da proteção civil e das condições de prevenção e socorro no Concelho de Silves, sobretudo na prevenção e resposta ao risco de incêndio florestal, incêndios urbanos, acidentes rodoviários e ferroviários, cheias e inundações”.

O investimento do Município de Silves na constituição das seis equipas “é significativo, totalizando 240 mil euros a partir de 2023”. O Governo, através da ANEPC, comparticipa com idêntico valor.

Na sua informação, o Município de Silves destaca o investimento que tem realizado nesta área, passando de uma equipa, em 2013, para seis equipas, em 2023, “ficando assim constituída uma força permanente assegurada por 30 operacionais nas duas corporações do concelho”.

E destaca igualmente o “significativo” investimento financeiro, de 240 mil euros a partir de janeiro”. Os encargos com a remuneração dos elementos, a segurança social, seguros e acidentes de trabalho “são assegurados de forma bipartida e equitativa entre o Município de Silves e a ANEPC, aliviando assim a pressão sobre as Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários”.

“O incremento do apoio às corporações do concelho, numa visão de progressivo reconhecimento dos bom-

beiros, da sua capacitação e profissionalização, tem sido uma forte aposta do executivo camarário”, acrescenta a autarquia.

De referir que estas duas equipas de Silves juntam-se a mais cinco equipas agora criadas, em Albufeira, Aljezur, Lagoa, Vila do Bispo e Faro. O Algarve passa assim a contar com um total de 38 equipas, com 190 operacionais.

Mensagem de Natal Mensagem de Natal

ONatal é o período por excelência em que reunimos a família e os amigos, em espírito de união e fraternidade. Que este ano não seja exceção e que, apesar de todas as dificuldades que temos pela frente, possamos viver esta época com alegria e tranquilidade.

Igualmente que o Novo Ano nos traga a capacidade de realização, a força de lutarmos pelos nossos sonhos e objetivos, a esperança para querermos dias melhores.

Muita paz, saúde, amor são os votos do Executivo da Junta de Freguesia de Silves e dos seus Funcionários. A todos desejamos um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo!

/Ano Novo

Queronesta época de Natal enviar-vos uma palavra de confiança e acima de tudo esperança para o futuro.

Que sejamos iluminados pelas luzes da paz, da solidariedade e da união entre todos. Que em cada lar da nossa Freguesia haja não só a partilha dos presentes, mas também do afecto, dos sorrisos e da alegria de estarmos juntos.

É tempo de refazer os projetos, os planos para o futuro. Que o ano de 2023 seja a renovação da esperança e a concretização de mais lutas e sonhos.

Um Santo Natal e um Feliz Ano Novo são os votos de todo o Executivo da Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines.

2 Terra Ruiva Dezembro 2022 Geral
Assinatura do protocolo com o ministro da Administração Interna

Centro de Saúde de Silves com horário alargado

Para facilitar o acesso à informação sobre os serviços, o Portal do SNS passa a disponibilizar informação atualizada sobre os centros de saúde, com os seus horáriosm para evitar a sobrelotação das urgências hospitalares, mas recomenda-se o contacto telefónico com o SNS 24, para uma resposta mais adaptada a cada situação.

Tejo. Estas vagas resultam de um trabalho conjunto com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, com as Misericórdias e as instituições particulares de solidariedade social.

idosos para evitar descompensações e eventuais deslocações evitáveis aos cuidados de saúde.

O Centro de Saúde de Silves passou a funcionar com horário de atendimento alargado, estando aberto aos sábados, domingos e feriados, das 8h às 14h.

Este é um dos 176 centros de saúde que viram os seus horários alargados por decisão do Ministério da Saúde que pretende assim responder a “uma maior procura da população nos meses de Outono/inverno e diminuir a procura dos serviços de Urgência, em situações não emergentes”.

No Algarve foram oito os centros de saúde abrangidos por esta medida. Além de Silves, há mais tempo de atendimento em Alcoutim, Faro, Lagoa, Monchique, Olhão e Tavira.

Esta medida enquadra-se no “Plano Estratégico do Ministério da Saúde: Resposta Sazonal em Saúde – Inverno 2022-2023”, apresentado no dia 23 de novembro.

Este, prepara a resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para os próximos meses, período de maior circulação de vírus respiratórios e assenta em quatro eixos: Vigilância epidemiológica de infeções respiratórias e monitorização do sistema de saúde; Medidas de prevenção e contenção; Prestação de cuidados de saúde; Comunicação e envolvimento da comunidade.

O Plano Estratégico do Ministério da Saúde contempla ainda medidas concretas para os Serviços de Urgência, cujo objetivo é “melhorar o movimento e a fluidez” dentro destes serviços. Neste sentido, o plano prevê equipas de coordenação integradas de todas as vagas em cada hospital, o que pode permitir “o internamento mais rápido” do doente que necessita de permanecer no hospital após o episódio de urgência.

Foi também anunciado que a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados tem já 500 vagas para receber doentes que estão internados por razões sociais, sobretudo na região de Lisboa e Vale do

Foram ainda anunciadas medidas destinadas especificamente à população idosa e mais vulnerável. Entre elas está o fortalecimento do programa de transição entre a alta hospitalar e a resposta social, alargando a capacidade de resposta do setor social contratado pelo Estado e agilizando assim a saída daqueles que já não necessitam de cuidados clínicos dentro do hospital. Vão também continuar a ser “vigiados ativamente” os surtos nas estruturas residenciais para idosos (ERPI) ou similares, locais de maior vulnerabilidade, sendo novidade a criação de um serviço de telessaúde para apoio a profissionais de referência nas unidades, nas ERPI, e equipas específicas de profissionais dos agrupamentos de centros de saúde ou dos hospitais que ativamente acorram aos lares de

Para cada serviço de urgência deverá ser implementado “ um plano de contingência específico” para evitar o problema da retenção das ambulâncias à porta da urgência. Está também em curso a operacionalização da “Via Verde ACeS” nos Serviços de Urgência (SU), existindo já protocolo celebrado com 24 Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS), de um total de 55, em articulação com unidades hospitalares.

Esta resposta permite que os utentes triados como não urgentes – com pulseira branca, azul ou verde – sejam encaminhados dos hospitais para os centros de saúde, com data e hora previamente definidas, sendo atendidos, no máximo, em 24 horas.

O Ministério da Saúde reforça ainda a importância da vacinação contra a Covi-19 e a gripe.

Desde o dia 5 de dezembro estão disponíveis compostores comunitários em todas as freguesias do concelho de Silves.

O projeto de compostagem comunitária foi iniciado há cerca de dois anos pela Câmara Municipal de Silves, inicialmente nas freguesias de São Bartolomeu de Messines e São Marcos da Serra, e foi agora alargado a todo o território.

Assim, os residentes das freguesias de Silves, Armação de Pêra, União de Freguesias de Alcantarilha e Pêra e União de Freguesias de Algoz e Tunes, passaram a

ter a possibilidade de separar os biorresíduos na origem e a tratá-los localmente, reduzindo assim a pegada ecológica e a deposição em aterro; contribuindo, desta forma, para a valorização dos seus resíduos.

Através da compostagem, os resíduos depositados irão sofrer uma degradação, transformando-se em fertilizante natural. O composto obtido será aplicado localmente nos jardins municipais, contribuindo para a responsável gestão de resíduos e sustentabilidade ambiental.

Para aderir à compostagem comunitária, os munícipes deverão preencher a ficha de

inscrição disponível no portal do Município e enviá-la para o email residuos@cm-silves.pt; podendo, também, proceder-se à entrega em papel na Câmara Municipal de Silves ou nas Juntas/Uniões de Freguesias do concelho.

Numa fase posterior, os munícipes inscritos irão receber um kit de compostagem constituído por um balde de apoio e um guia com instruções.

O telefone 282 440 861 e o email residuos@cm-silves.pt são os contactos disponíveis para o esclarecimento e fornecimento de informações adicionais.

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Localização dos compostores comunitários:

» Silves: Av. António Sérgio

» Algoz: Rua da Horta

» Tunes: Urbanização do Olival

» Alcantarilha: Praceta do Mercado

» Pêra: Rua Pêra de Cima

» Armação de Pêra: Urbanização Quinta dos Arcos

» SB Messines: Rua do Estádio Municipal e Parque de Feiras

» S. Marcos da Serra: Área de Serviço de Autocaravanas

3 Dezembro 2022 Terra Ruiva Geral
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Editorial Paula Bravo Ameaçados pelo deserto

Oconcelho de Silves está ameaçado pelo deserto. Não falo da seca. Falo do deserto de notícias.

Mais de metade dos concelhos em Portugal está, ou corre o risco de se vir a tornar, um “deserto” de notícias locais.

Dos 308 concelhos existentes em Portugal, há 78 em

“deserto total”, 24 em “semideserto” e 88 “sob ameaça”. Feitas as contas: 6,3% da população vive em algum tipo de deserto de notícias; enquanto 13,4% vive no “deserto total ou em comunidades em risco de se tornarem desertos”. É mais de um milhão e quatrocentas pessoas.

Estes são dados do estudo “Desertos de Notícias Europa 2022: Relatório de Portugal”, realizado pelo projeto MediaTrust.Lab, da Universidade da Beira Interior, divulgado há poucos dias.

Sendo um estudo pioneiro em Portugal pretende “lançar um primeiro olhar para o problema da falta de cobertura noticiosa sobre os territórios mais pequenos.” Territórios em que a população tem acesso à informação

nacional e internacional, mas pouco ou nada sabe sobre o que se passa na sua terra.

Nos mapas apresentados no referido estudo, verifica-se que o nosso concelho se encontra “ameaçado de deserto”, tendo apenas um jornal impresso – o Terra Ruiva, e um jornal digital – o site do Terra Ruiva. O que nos coloca na lista dos 54 concelhos onde existe uma publicação mensal que conta com outros meios não impressos (digital e/ou rádio).

Um pouco melhor do que a situação de 182 municípios de Portugal onde não há jornais impressos a fazer a cobertura noticiosa frequente – 59% dos concelhos.

Mas estamos no “deserto total”, no que respeita a rádios.

Neste sector juntamo-nos a uma lista de 118 concelhos que não têm nenhuma rádio para veicular notícias locais.

E de que maneira a ausência de noticias locais impacta na vida das comunidades? É o próximo tema que os autores deste estudo - Pedro Jerónimo, Giovanni Ramos e Luísa Torre – pretendem analisar.

A nossa experiência de vida dir-nos-á que uma comunidade que não se conhece a si própria, que não festeja os seus sucessos e não contraria as suas debilidades, será sempre mais fraca, com os seus membros desligados entre si, todos mais pobres do ponto de vista de conhecimento, quer coletivo quer pessoal. A grande questão é, no en-

tanto, aquela que todos colocam: como se garante a sobrevivência – que é de sobrevivência e não de vida plena que falamos – de um jornal local? Como pagamos os meios técnicos e humanos necessários? Um dado inquietante que este estudo revela é que existe uma relação muito evidente entre o poder de compra nos concelhos e a produção ou ausência de notícias locais. Quanto menor o poder de compra, mais avança o deserto das notícias.

… na altura de “fecho de ano” muitos de nós, a nível pessoal ou coletivo, fazemos o balanço do ano e desenhamos os projetos para o ano seguinte, idealizamos o futuro com maior ou menos expetativa…. às vezes desejando que nada mude, outras que tudo seja diferente…

Para um projeto como este, o Terra Ruiva, fundado por uma associação e levado a cabo, mês após mês, com uma extraordinária dose de trabalho gratuito e resiliência dos colaboradores e uma enorme dose de trabalho não remunerado e persistência da sua direção e amigos, a questão da continuidade é hoje um desafio sério. Que se torna ainda mais complexo na situação de crise global que atinge os meios de comunicação social e as dificuldades que o país atravessa.

Para não terminar numa nota muito pessimista, deixo os votos para que o novo ano nos traga esperança, amor, saúde, solidariedade e… muitas notícias locais.

Tomar Partido

A cada um o que é seu

Apolítica fiscal, em conjunto com as políticas monetária e cambial, integram a política económica do governo, que a executa através do Orçamento de Estado (OE), que orienta a economia num determinado sentido, tendo em conta a conjuntura interna e externa e a estratégia adotada.

O OE não deve perder de vista a justiça social, uma melhor repartição do rendimento nacional entre o trabalho e o capital e o desenvolvimento económico do país.

Nada é neutro na política económica. Tudo depende de escolhas e conceções ideológicas ou da (in)existência de uma visão progressista e transformadora da sociedade contemporânea, cada vez mais mercantilizada e

marcada por desigualdades sociais crescentes, que servem de pasto à proliferação da extrema-direita. É competência constitucional do governo promover equidade e justiça nos impostos que taxa e cobra, designadamente nos impostos diretos (IRS) e indiretos (IVA) que impendem, sobretudo sobre os trabalhadores e as famílias portuguesas, impondo-se, por isso, a redução da carga fiscal que já vem dos tempos da troika e de Passos Coelho/Vítor Gaspar. É estrita responsabilidade do governo, que se apresenta como de “esquerda”, a criação de novos escalões de rendimento e a atualização das tabelas do IRS, compensando os valores da inflação, implementando a redução de taxas, o aumento das deduções específicas e da dedução à coleta, bem como a redução do IVA para 6% nos bens de primeira necessidade (eletricidade, gás, os produtos alimentares transformados e outros).

Medidas como estas, atenuariam desigualdades, gerariam recuperação de rendimentos e a melhoria das condições de vida de quem trabalha.

Porém, nada disto, está ins-

crito no OE para 2023, excetuando uma atualização insuficiente dos escalões do IRS que não cobre a inflação e uma redução real no IRS na passagem ao 2.º escalão, de 23% para 21%.

Toda esta conversa vem a propósito das posições tomadas pelos vereadores do PSD e PS em sede de executivo municipal, especificamente ao nível da Taxa de Participação no IRS (5%), que é uma receita fundamental dos municípios, transferida anualmente no âmbito do ex-Fundo de Equilíbrio Financeiro (FEF), defendendo que a autarquia devolva parte dessa receita, em prol dos contribuintes/munícipes e de uma suposta justiça social.

O Município de Silves já aplica a taxa mínima do IMI e o IMI familiar, para além de não aplicar a derrama sobre os lucros das empresas, nem a taxa municipal de direitos de passagem. Tal medida, a concretizar-se, teria como consequência: (i) o benefício dos agregados familiares que mais ganham. As famílias com menores rendimentos, estão isentas ou obteriam

ganhos irrelevantes. Cerca de 25% dos trabalhadores por conta de outrem, auferem o salário mínimo nacional (isentos de IRS) e 72,5% dos mesmos, recebem remunerações inferiores a 1000 euros; (ii) (ii) a substituição, mais uma vez, do Estado Central, forçando o município a desviar recursos, do cumprimento das suas competências próprias (rede viária, água e saneamento, equipamentos, higiene pública, requalificação urbanística, cultura, desporto, escolas, ação social, habitação, coletividades, etc.) em prejuízo do concelho e da sua população. O Município de Silves perderia capacidade de investimento e realização;(iii) (iii) o tratamento desigual dos cidadãos entre

concelhos, em função do poderio de cada um. O contexto mais geral foi ignorado. Refira-se por exemplo o desvio de recursos em consequência do atabalhoado processo de descentralização de competências do governo para os municípios, efetivamente, transferência de encargos, nos domínicos da Educação e da Saúde, que em Silves, desbarata as finanças públicas em valores que ultrapassam o milhão de euros/ano. Ademais, não é coerente da parte da oposição local, propor a acomodação de um volume elevadíssimo de despesa no orçamento municipal, que nem no quadro dos 4 anos de mandato autárquico é realizável, e em simultâneo, defender que a autarquia abdique de parte das suas

receitas, de forma descontextualizada e infundada. Demagogia q.b.. É o mesmo que tentar fazer omeletes sem ovos.

A meu ver, se há ponto que deveria reunir o consenso das forças políticas locais, seria a adoção de uma posição firme de combate a qualquer transferência de encargos e responsabilidades da Administração Central para o Poder Local ou a oposição de princípio ao desvio constante de recursos para a satisfação de necessidades coletivas, que são atribuições do Governo, colocando sempre em primeiro lugar, os superiores interesses da população e do concelho de Silves, e em sede da Associação de Municípios do Algarve (AMAL), os interesses da região do Algarve. A cada um o que é seu.

Propriedade e Editor: Associação de Desenvolvimento do Concelho de Silves, “Pé de Vento”, Morada: Rua da Fábrica, nº3, 8375147 S. Bartolomeu de Messines, NPC: 510985807 | Registo ERC Nº 123511. Depósito Legal nº 153123/00.

Colaboradores: António Eugénio, António Guerreiro, Aurélio Nuno Cabrita, Eugénio Guerreiro, Fabrice Martins, Frederico Mestre, Helena Pinto, José Alberto Quaresma, José Manuel Vargas, Miguel Braz, Mónica Gonçalves, Patrícia Ricardo, Ricardo Camacho, Teodomiro Neto, Tiago Brás, Vera Gonçalves.

Redação: Rua da Fábrica, nº3; 8375-147 S. Bartolomeu de Messines - Tlm – 96 285 6922

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Email: terraruiva@gmail.com

Design gráfico e pré-impressão: Bruno Cortes

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Periodicidade: Mensal

Tiragem: 1500 exemplares

Diretora: Paula Bravo Tlm. 96 285 6922

Diretor Financeiro: Francisco Martins Tlm. 91 870 0152

Os artigos de opinião são da responsabilidade dos seus autores.

4 Terra Ruiva Dezembro 2022 Opinião
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Ú
Mercado Múnicipal Tel.: 282 44 21 42 Silves Pub. Pub. Pub.
MONCHIQUEIRO Grelhados

Concelho

Inaugurado Polidesportivo de Tunes

Foi

numa cerimónia aberta à população.

Colocada escadaria no sítio do Cano, em Messines

O Município de Silves colocou uma escadaria em material reciclado no sítio do Cano, na freguesia de São Bartolomeu de Messines, numa extensão de cerca de 20 metros, que foi construída em dois lanços.

“A nova infraestrutura, composta por material antiderrapante, com guardas de segurança e pequeno miradouro, permite vencer uma subida extremamente íngreme, que dificultava e impedia a circulação dos residentes, sobretudo dos mais idosos”, informa a autarquia.

“O investimento municipal integra-se na estratégia mais geral

Informação sobre loteamentos e outra está já online

O Município de Silves, através da atualização contínua da aplicação informática de uso externo (EPLoc) acessível no seu site institucional, disponibilizou “online” novas funcionalidades que permitem o acesso interativo à delimitação das áreas de reabilitação urbana e dos loteamentos urbanos em vigor no concelho de Silves.

“Na prática, com esta inovação procede-se à integração, na aplicação informática que permite a consulta interativa de toda a informação geográfica do novo PDM de Silves, bem como a emissão das respetivas plantas de localização, de informação referente à delimitação das áreas de reabilitação urbana existentes e aos limites das áreas de abrangência dos loteamentos urbanos válidos e eficazes, com a possibilidade de aceder às suas peças processuais fundamentais, designadamente o alvará de licenciamento, a planta síntese e outros documentos administrativos considerados relevantes.

“Este equipamento concretiza a ambição da população, principalmente a mais jovem que está inserida nas associações e coletividades locais, possibilitando-lhes a ocupação de tempos livre através da prática desportiva com melhores condições. A conclusão da segunda fase de construção do Polidesportivo de Tunes constitui um investimento de cerca de 750 mil eu-

de resposta às questões das acessibilidades e mobilidade, com a adoção de um olhar inclusivo para o território e a integração de todos”, acrescenta a Câmara de Silves.

Câmara adquiriu novas viaturas

A Câmara de Silves prossegue a renovação da sua frota de viaturas ligeiras e pesadas com a aquisição e entrada ao serviço de três viaturas, compostas por um automóvel ligeiro, uma viatura de mercadorias de caixa aberta e uma viatura com plataforma elevatória.

Pelo que, à distância de um simples clique, sem qualquer constrangimento de horário ou imposição do cumprimento de exigências burocráticas desnecessárias, torna-se possível aceder, de modo intuitivo e simplificado, a vasta informação administrativa referente a áreas de reabilitação urbana e loteamentos urbanos, dispensando a deslocação presencial dos cidadãos aos serviços públicos, o preenchimento de formulários em papel, a entrega de determinados documentos instrutórios ou a exigência do pagamento de taxas ou encargos”.

Esta medida, acrescenta o Município pretende simplificar e agilizar o acesso à informação administrativa, reduzindo tempos de espera e minimizando o número de consultas dos processos e os pedidos de cópias de documentos.

ros, com a criação de balneários, bancada, vedações, portões de acesso, redes de água, saneamento e pluviais, instalações elétricas e telecomunicações”, informa a autarquia. Após o descerramento da placa inaugural, houve um jogo amigável de futsal entre as associações locais ADECT e ATLETIS.

Feira

de São Luís voltou a Alcantarilha

A Feira de São Luís, evento anual que este ano comemorou 100 anos, voltou a realizar-se, promovida pela União de Freguesias de Alcantarilha e Pêra, com a colaboração da ALDEPA.

Com o objetivo de revitalizar esta feira centenária, que se realizou no dia 15 de novembro, a União de Freguesias preparou um programa de animação, além de ter no recinto insufláveis

“Os veículos destinam-se, respetivamente, à utilização dos serviços de Higiene e Segurança no Trabalho, de Pintura e de Jardins da autarquia, representando um investimento superior a 133 mil euros.

De salientar que a modernização do parque de máquinas e viaturas permitirá, para além da melhoria na qualidade e da eficiência dos serviços à comunidade, uma redução nos encargos com manutenções e reparações”, informa a autarquia.

e “outras surpresas”, bem como um programa de animação, durante todo o dia.

Destaca-se também o regresso da Benção dos Animais.

Concluída a obra de abastecimento de água à Amendoeira

O Município de Silves informa que foi concluída a empreitada de extensão da rede de abastecimento de água à Amendoeira, na freguesia de São Bartolomeu de Messines, cujo investimento ascendeu a cerca de meio milhão de euros.

A autarquia revela que “estamos perante mais uma obra significativa que envolveu a construção de 7 km de condutas, incluindo ramais, acessórios e dispositivos complementares, servindo 100 agregados familiares.”

Fonte autárquica acrescenta que” a empreitada se integra no vasto investimento que a autarquia promove no âmbito da extensão, remodelação, consolidação e modernização do sistema de abastecimento de água em todo o concelho de Silves, visando a elevação dos níveis de bem-estar da população, em conjunto com a implementação da estratégia de controlo e redução das perdas de água e melhoria da eficiência energética e hídrica das redes.”

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5 Dezembro 2022 Terra Ruiva
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inaugurado, no dia 26 de novembro, pela Câmara Municipal de Silves, o Polidesportivo de Tunes, Pub. Pub.

Entrevista a padre António Martins

“Não há dimensão da vida que fique fora da fé”

A vocação religiosa nasceu naturalmente no seio da família, e hoje António Martins, é o capelão da Capela do Rato, em Lisboa, um espaço muito especial no seio da Igreja Católica portuguesa.

Nascido na freguesia de São Bartolomeu de Messines, “o padre Martins” como é conhecido na sua terra natal, doutorado em Teologia Dogmática, na área da antropologia teológica, pela Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, diz que o seu percurso começou com “uma inquietação existencial, por uma pergunta sempre tão pessoal. E a minha foi-se clarificando: que realidade é esta de sermos corpo, matéria e consciência, inteligência e afeto, sentir e pensar, amar e padecer, vida e morte?”

Poderia começar por falar da sua infância e juventude, em São Bartolomeu de Messines, depois em Silves, na Escola Secundária… como foi esse tempo?

Nasci no interior da serra algarvia, num sítio chamado Vale Bravo, hoje perto da Barragem do Funcho. Filho de uma família de agricultores, nasci inserido na natureza, nos seus silêncios, nos seus sons, na geografia de montes e vales. Quanto mais a minha vida se desenvolve em meio urbano, mais tomo consciência das minhas origens rurais. E a elas preciso de voltar, de as tocar mesmo, para me sentir eu. Sou filho das entranhas da serra algarvia, uma espécie de filho pródigo... Messines-Vila chegou já numa dinâmica sociológica de êxodo rural, no início dos anos 70. O mundo rural era duro, parecia sem futuro. Os meus pais não queriam dar aos filhos o mesmo destino que fora o seu. Cheguei à Escola Secundária de Silves em 76, num tempo ainda de greves gerais de alunos, de assembleias de voto com a mão no ar, de longas perturbações no começo letivo do ano. Vivi na Escola de Silves um tempo de fecundo relacionamento entre professores e alunos. Erámos felizes e não sabíamos. Recordo, com toda a gratidão, quanto o meu gosto pela história passou pela «loucura» de um jovem professor (José Alberto Quaresma) que levava os alunos a consultarem o arquivo concelhio, a desfolhar livros do século XVI cheios de pó e de traças e a identificar o registo de escravos. A viver mais escola para além da estreiteza da sala de aula e da rigidez dos programas... Com cruzamentos com o cinema e a arte. Esta foi a marca criativa que deixou numa geração de alunos. Passando com a mão pelo cabelo dos alunos, hoje gesto impensável, dizia que lhes estava arrancando os piolhos da inteligência.

Fomos colegas de escola e lembro-me que muito cedo, demonstrava essa vocação religiosa, quando começou?

E porquê, como? Consegue-se explicar essa vocação, esse “chamamento” como algumas pessoas descrevem?

A vocação religiosa aconteceu naturalmente no seio de uma família católica, mas com ramos de prática religiosa bem diferenciados. Cresci a ser levado à missa pelos meus avós paternos. Lá ia de burro agarrado ao avô, para ficar extasiado com incenso das solenidades da missa. No seu colo aprendei a rezar e

A vocação religiosa aconteceu naturalmente no seio de uma família católica, mas com ramos de prática religiosa bem diferenciados

também a me exilar em momentos de maior tensão materna. O meu imaginário de criança crescia com os relatos da vida dos santos, cujas pagelas colecionava e partilhava com os primos. No pós 25 de Abril aconteceu um tempo de afastamento acelerado da prática religiosa. Em Messines restava um pequeno grupo de cinco acólitos, e um deles era eu. Também passei por um tempo de afastamento, aí pelos quinze anos. Pelos dezoito anos colocou-se a questão vocacional de ser padre, que logo foi adiada. Nem eu estava muito convicto, pois queria seguir história ou direito, nem o clima familiar era muito favorável a essa aventura. Foi depois de ter vindo estudar para Lisboa e a partir do festivo encontro de João Paulo II com aquela massa de juventude no Parque Eduardo VII, em Maio de 82, que a vocação surgiu

com evidência.

Pode falar um pouco do seu percurso… é licenciado em Teologia pela Universidade Católica, fez o doutoramento em Teologia Dogmática, na área da antropologia teológica pela Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma… pode explicar ao leitor, os conceitos básicos desta área de estudo?

Também digo que esse processo teve uma evolução normal. Ao longo do curso de teologia fui descobrindo e aprofundando assuntos e selecionando temas de eleição.

Toda a aventura intelectual começa por uma inquietação existencial, por uma pergunta sempre tão pessoal. E a minha foi-se clarificando: que realidade é esta de sermos corpo, matéria e consciência, inteligência e afeto, sentir e pensar, amar e padecer, vida e morte? Depois veio a convicção profunda que de o cristianismo proclama a glória do corpo, defende a integridade da pessoa, apesar de tantas ambiguidades ao longo da sua história. A teologia dogmática procura interpretar e atualizar as formulações dogmáticas da tradição cristã a partir dos desafios culturais e existenciais do tempo presente. Os dogmas não são fósseis: são produtos de linguagem, esculturas de um tempo que precisam, continuamente, de serem reinterpretados. São linguagens minimalistas, paradoxais, que expressam o consenso de fé de uma comunidade. Os mínimos necessários de um entendimento comum. Procuram assegurar sempre a unidade da experiência cristã, fazendo coincidir polos opostos, unidade e Trindade, Deus e Homem, liberdade e graça, história e eternidade, humanidade e divindade. A antropologia teológica, área específica da teologia dogmática, procura aprofundar o sentido cristão da condição humana em Cristo.

O que o levou a seguir esta

área?

A certa altura houve na Faculdade de Teologia (Lisboa) a necessidade de formar um professor na área da antropologia teológica. Fizeram-me a proposta, aceitei, o meu bispo da altura, D. Manuel Madureira, concordou, e parti para fazer o doutoramento em Roma, na Universidade Gregoriana, onde se cultiva, com rigor científico e profundo diálogo com as correntes do pensamento contemporâneo, uma hermenêutica atualizada das Escrituras e dos dogmas. Voltei a aprofundar a condição corpórea da pessoa, num diálogo entre teologia, filosofia e cultura contemporânea. Quando a fé cristã proclama que um Deus se fez carne, então o corpo está no centro. Porque no corpo humano, Deus e Homem incidem. Que novidade e que subversão! Mas Roma foi também o encanto de contactar ao vivo com as obras de arte dos grandes génios (Miguel Ângelo, Fra Angélico, Rafael, Leonardo da Vinci, Caravaggio, Bernini...), ali diante dos nossos olhos, no próprio lugar para as quais foram pensadas e criadas. Roma foi o deleite da profusão artística, da pintura, escultura, arquitetura, da grande música coral, da ópera e dos coros italianos, do mergulhar no maravilhoso cinema italiano de Rossillon, Pasolini, Fellini, Benigni, Tornatore, Nanni Moretti..., em que drama tem sempre traços de comédia. Foi também o contacto direto com escritores e poetas italianos (em italiano): Ungaretti, Lampedusa, Pirandello, Pavese, Cristina Campo... Ainda tive tempo para estudar qualquer coisa... Foi ordenado padre em 1989, e passou por algumas paróquias do Algarve. Como foi esse trabalho, que memórias guarda desses anos?

Estive três anos como pároco em Boliqueime e Loulé, numa equipa com mais dois

Natural de São Bartolomeu de Messines, o padre António Martins foi ordenado em 1989 por D. Manuel Madureira Dias, tendo sido nomeado naquele ano pároco “in solidum” das paróquias de Loulé. Foi pároco de Boliqueime e, em 1992, nomeado pároco do então vicariato do Montenegro (hoje paróquia).O sacerdote foi ainda assistente da antiga AJUC – Associação de Jovens Universitários Cristãos, percursora da atual Capelania da Universidade do Algarve, entre 1992 e 1997. Entre 2003 e 2009, voltaria a exercer o seu ministério nas paróquias de Loulé acumulando com a lecionação em Lisboa. Atualmente é o Capelão da conhecida Capela do Rato, em Lisboa. É também docente da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa e foi membro da direção daquela instituição na qualidade de secretário, de 2009 a 2014. É membro do Conselho Pedagógico da Faculdade de Teologia. Foi assistente religioso do Serviço de Pastoral para as Pessoas com Deficiência, da Conferência Episcopal Portuguesa. Colaborou com a Capelania do Hospital de Santa Maria e a Pastoral da Saúde a nível da Formação. É investigador no Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião e integra a direção do mesmo.

Licenciado em Teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica em 1987, obteve, em 2003, o doutoramento em Teologia Dogmática, na área da antropologia teológica, pela Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma.

colegas. Foi um tempo de grande generosidades. Era a alegria do início, a oportunidade de concretizar ideias estudadas. Recordo com profunda gratidão esse tempo de entrega incondicional, de intenso trabalho, numa vasta área pastoral, com muitos lugares de culto, onde ainda se vivia um catolicismo com

“Estive três anos como pároco em Boliqueime e Loulé, numa equipa com mais dois colegas. Foi um tempo de grande generosidad

potencialidades de renovação. Foi um tempo também de intensa proximidade com as pessoas, pois um pároco acompanha as pessoas no seu ritmo de vida, no nascer, no crescer, no casar, na catequese dos filhos, no morrer, no luto... Não há dimensão da vida que fique fora da fé. Também foi o tempo de to-

mada de consciência de que a conservação das estruturas atuais nos esgotava energias e era necessário preparar caminhos de futuras respostas. O ritmo de vida de um padre é desgastante, as exigências são tantas. Por vezes não temos mesmo respostas, não sabemos lidar com situações tão delicadas. Para novas situações, também novas soluções. As desolações são profundas, mas as consolações, na linguagem inicianda do Papa Francisco, confirmam a nossa experiência crente, encorajam a fidelidade. Fazem-se amigos para a vida. Ainda hoje o que me mais comove, passados 20, 30 anos, é quando alguém me reconhece e diz: «Casou-nos», «batizou o meu filho»; «Fez o funeral do meu pai...». Nós padres entramos e ficamos na vida de tanta gente, em situações de alegria e de dor. Ficamos a pertencer, sem termos isso muito consciente, a tantas histórias de vida.

Está hoje num local muito diferente, desde que tomou posse como capelão da Capela do Rato, em Lisboa, sucedendo a D. José To-

6 Terra Ruiva Dezembro 2022
Entrevista
António Martins

lentino Mendonça. O que sentiu quando foi nomeado para esse lugar de tanta responsabilidade?

Primeiro, foi uma total surpresa a proposta do P. Tolentino para o substituir na Capela do Rato. Quando me chamou, pensava que me ia pedir mais trabalho na faculdade e já levava um discurso preparado... Aceitei como um grande desafio, tal-

A Capela do Rato tem uma carga histórica que precisamos continuamente de honrar e cuidar, seja qual for o capelão de serviço

vez o maior desafio e a maior oportunidade dos meus últimos tempos. Também com um misto de inconsciência e de ingenuidade. Não posso deixar de reconhecer que vim «habitar» um habitat que desconhecia em termos de contacto direto. Ainda hoje me pergunto sobre o porquê desta proposta e, confesso, que não encontro resposta... A Capela do Rato tem uma carga histórica que precisamos continuamente de honrar e cuidar, seja qual for o capelão de serviço. Mas precisamos de cultivar uma memória criativa, sem saudosismos. Há 50 anos, na passagem de ano de 72 para 73, um grupo de leigos (e leigas), formados na ação católica, estimulados pela doutrina dos Papas e do Concílio Vaticano II sobre a paz, a democracia, a justiça social, não podia mais alinhar com o silêncio dominante sobre a guerra colonial e o adiamento da transição democrática. Num impulso organizaram uma vigília de oração e jejum convocando para a mesma crentes e não crentes da Cidade e arredores. Pela primeira vez a urgência da paz, como desfiava então o Papa Paulo VI, e a tragédia da guerra colonial foram debatidas, numa comunidade católica (a da Capela do Rato) habituada a ligar fé e compromisso social, liturgia e transformação do mundo. A polícia intervém, a Capela é encerrada e selada, pessoas são presas e interrogadas na DGS. Dois padres são presos. A invasão de um espaço de culto pela polícia provoca um conflito entre a Igreja e o Estado. Nos finais de fevereiro, na Assembleia Nacional, deputados da ala liberal questionam o governo pela brutalidade da intervenção policial e a guerra colonial. Pela primeira vez a imprensa fala abertamente do assunto, pois as atas parlamentares não podiam ser censuradas. Os acontecimentos da Capela do Rato são o acordar da impossibilidade da evolução para a democracia dentro

do próprio regime, da ferida a sangrar da guerra colonial. Essa é uma herança ainda aviva na Capela do Rato, hoje, a capacidade de dialogar com a sociedade civil, de debater questões antropológicas de fronteira, de acreditar e apostar numa Igreja que continuamente se reforma e renova, com a participação de todos. A celebração dos 50 anos desta vigília está integrada nas comemorações oficiais do 25 de abril, e vai começar já a 8 de dezembro.

O P. Tolentino, a partir de 2010, acrescentou a esta comunidade singular no espaço católico português, de forte corresponsabilidade laical, o diálogo entre a fé e a cultura, cruzando experiências, saberes, histórias de vida, testemunhos pessoais, através da beleza e da criação artística. Hoje a Capela do Rato é um espaço onde poetas, artistas, escritores, produtores de cultura se revêem e podem dialogar. No ano passado, concretizando a consulta às bases pedido pelo Papa, vivemos um fecundo processo sinodal, avaliando oportunidades e limites na atual vida eclesial. A comunidade ofereceu à Igreja uma arrojada reflexão de renovação.

A Igreja Católica atravessa um momento complicado, “um doloroso e exigente caminho de cura e de conversão”, como escreveu, afirmando que “só assim poderemos avançar, reconhecendo as nossas misérias e erros, encontrando força na fragilidade”. Na sua opinião, o que é necessário fazer acontecer para que se recupere a imagem da Igreja e se evitem os mesmos erros?

Antes de mais, dar voz às vítimas de abusos, acolher as suas dolorosas e traumáticas narrativas, o testemunho de suas vidas feridas e humilhas. Esta é a justiça que precisa de ser feita. A exigência de um doloroso e libertador processo de cura, para todos, começa por aí. Foi com coragem e determinação que a Conferência Episcopal Portuguesa criou a Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra as Crianças, instância em que as vítimas podem confiar e testemunhar livremente. Avaliar a extensão e a gravidade do problema dos abusos na Igreja em Portugal é condição de caminho de cura e de conversão. Aguardamos as conclusões da Comissão e a avaliação a fazer depois. Também é necessária muita cautela na informação, para que não se faça justiça na praça pública, porque todos têm direito ao seu bom nome. Se, eventualmente, há acusação, é necessário que os processos canónico e civil aconteçam com rigor em suas instâncias próprias, para que se faça justiça, para bem de todos. O rigor informativo não pode ser confundido com o empolgamento noticioso, com a meia verdade.

Num mundo complicado, nesta altura tão marcado por acontecimentos tão fortes e perturbadores como a pandemia, a guerra, a seca, as influências das redes sociais, o agravamento das condições económicas,… ainda há espaço para a religião, para a igreja católica? O que deve ser a fé nestes tempos, para que nos pode servir?

Apesar de algumas previsões de futura «conversão ao ateísmo» nas sociedades ocidentais, ou da crescente desvinculação às religiões tradicionais, a dimensão espiritual e o fenómeno religioso, curiosamente, não param de crescer, assumindo até formas bárbaras e fundamentalistas preocupantes. Por convicção, acredito que haverá sempre espaço para a novidade subversiva da experiência cristã. Isso não garante a permanência sociológica e cultural da presença cristã num dado lugar. Esta não teve continuidade em muitos lugares onde historicamente foi significativa, como, por exemplo, no norte de África ou na Anatólia. Nas sociedades europeias e ocidentais, prevejo uma presença cristã cada vez mais minoritária, sociologicamente menos significativa, mas talvez com uma maior dimensão profética, um testemunho cristão mais credível. O melhor do catolicismo é essa entranhada paixão pelo humano, esse génio de adaptação à complexidade da realidade, essa sinceridade de inculturação, de viver no e a partir do concreto dos lugares e da vida das pessoas. Esse fazer pontes com o diferente, o estranho, essa hospitalidade ao frágil, ao refugiado da guerra, ao idoso, à pessoa com deficiência, sem casa, sem trabalho e sem pão, esse cuidado pelo humano vulnerável ainda em gestação, ou em fim de vida, o acolhimento sincero de pessoas em sua orientação afetiva. Não como estratégia política ou de marketing, mas como vivência e testemunho de um Deus que se faz carne e em sua carne (corpo) assume e se liga a cada vida em concreto, a cada porção de mundo e de história que é cada ser humano.

O Papa Francisco tem aproximado pessoas que andavam distantes da igreja, com a sua personalidade muito particular e um discurso diferente do habitual. É por aí o caminho? A Igreja deve ser uma voz mais alta contra o mal no mundo, contra a indiferença?

É verdade, o Papa Francisco introduziu na Igreja uma profunda dinâmica de renovação. Ganhou credibilidade e aceitação em espaços tradicionalmente indiferentes ao religioso, não sem profundas resistências e violentas oposições internas. Quanto devemos ao Papa Francisco a denúncia, tão incómoda para

alguns, de uma economia de puro liberalismo capitalista que mata. Ou o despertar, ainda lento, da Igreja e das comunidades cristãs para uma conversão ecológica.

Quanto devemos ao Papa Francisco a denúncia, tão incómoda para alguns, de uma economia de puro liberalismo capitalista que mata

Ou esse escutar o sentir dos crentes a partir das bases para que aconteçam processos consistentes de renovação da vida eclesial. Ou esse lembrar que todos somos irmãos e temos o dever cívico de criar uma amizade social que vença o individualismo reinante e a solidão galopante nas grandes metrópoles. Ou ainda a forte denúncia da recente corrida aos armamentos, da brutalidade da guerra que está a acontecerem território europeu e o pouco compromisso pela paz num mundo cada vez mais violento. Como João Batista, parece ser uma voz que clama, solitariamente, no deserto. A lógica da guerra, da corrida armamentista, de uma economia impessoal, de uma produção industrial poluente grita mais alto. A profecia cristã é o cuidado e a defesa das vítimas, dos excluídos. Hoje há, mesmo em instituições cristãs, uma excessiva valorização do mérito. Na fidelidade à tradição cristã, a valorização do mérito é secundária em relação à graça, ao gratuito. E o mais belo da vida é o dom de si mesmo, a partilha, uma economia solidária.

A nível pessoal, quão ingrato e gratificante é o seu trabalho?

A vida, vamos descobrindo e aceitando, é um misto de escolhas e de imposições, de gozos e de fardos, de coisas que fazemos com prazer e outras como obrigação custosa. Concretizando, dou graças a Deus por fazer o que gosto, lecionar, partilhar conhecimento, ajudar alunos a crescer numa autonomia de pensamento, numa reflexão pessoal, presidir a uma comunidade irrequieta. Convivo muito mal com a dimensão burocrática crescente da vida académica, com a concorrência na corrida às métricas da produção cien- tífica. É a lógica do mercado a invadir a vida universitária que, em minha utopia, não deveria renunciar à gratuidade da partilha do pensamento. Como padre e pastor, é profundamente gratificante acompanhar pessoas em seu processo de cura e reconciliação interior, na aceitação de si próprias, da sua condição pessoal e única, do valor das

suas histórias de vida que são histórias de salvação, por mais duras que tenham sido. A parte mais ingrata, nos tempos presentes, é sermos cada vez mais «um pequeno rebanho» extenuado, onde as exigências não param de aumentar, com crescentes situações de burn out, depressões, esgotamentos, e até suicídios.

E isso é sintoma de histórias de vidas sufocadas, de estilos organizativos homicidas, de tantas solidões entregues a si próprias.

Ao padre pede-se-lhe que seja santo, certamente, mas a santidade não é heroísmo, não é vida sem risco, sem falhas; é a sua frágil humanidade redimida, amada e pacificada. O grande desafio hoje é «humanização» da

Ao padre pede-selhe que seja santo, certamente, mas a santidade não é heroísmo, não é vida sem risco, sem falhas

humanidade de padre, este viver exposto, desprotegido, indefeso. E, como tal, ser aceite pelas comunidades, mais do que exibindo uma sacralidade clerical distante e separada.

Uma pergunta indiscreta, na Capela do Rato, foi substituir um padre poeta, hoje o Cardeal Tolentino, e vejo nos seus escritos muitas referências a poetas… também escreve poesia?

Bem o P. Tolentino foi meu colega no Seminário dos Olivais e na Faculdade de Teologia. A partilha literária acontece entre nós desde os tempos de estudantes. Orgulho-me de pertencer a uma geração de padres que receberam e cultivam o gosto pela literatura, e com toda a sinceridade se empenham no diálogo com a cultura contemporânea. Eugénio de Andrade e Sophia foram leituras incontornáveis, depois veio Ramos Rosa, Manuel Alegre, Herberto Helder..., Rilke, Kafavis, Lorca, Neruda... Compensei o enfado de tantas aulas inúteis com a

leitura, na última fila, de romances de Yourcenar, Duras, Michel Tournier. A literatura ajudou-me na arte de bem escrever, a adquirir um estilo literário, além de ser um lugar antropológico que tanto me interessa enquanto teólogo. Envergonhadamente escrevo «umas coisas», que têm mais a ver com o género diário do que com poesia. Não me atrevo a dizer que escrevo poesia, mas sinto-me por ela inspirado.

Como sei que é uma pessoa acarinhada por muitos dos nossos leitores, convidava-o a deixar uma mensagem a eles.

Com todo o gosto, em jeito de partilha de esperança. Convoco aqui duas passagens do evangelho: «os fios de cabelo da vossa cabeça estão todos contados» (Lc 12,7), «todo o copo de água dado terá a sua recompensa» (Mc 9,41). Nenhum gesto humano de bondade, de dádiva, de vida cuidada e multiplicada é em vão.

Vale a pena viver até à última gota, com gozo e profunda fadiga. Mesmo última, ainda contém toda a grandeza da vida

Por vezes questionamos o sentido das nossas vidas que, no imediato, não nos parece claro. As estradas surgem sinuosas, quais becos sem saí- da. É a esperança que nos faz ressuscitar em cada manhã e nos entregarmos, confiantes, ao escuro do desconhecido da noite. Vale a pena viver até à última gota, com gozo e profunda fadiga. Mesmo última, ainda contém toda a grandeza da vida. E mesmo quando tudo parece precipitar-se no vazio e no nada, consola-me e encoraja-me acreditar que um Deus nasce e morre comigo, para que eu morra e ressuscite com Ele, em cada instante e na última expiração. Porque nada da minha humanidade lhe é estranho.

7 Dezembro 2022 Terra Ruiva

Utilidade

Marginal

areias do deserto, equipados com aparelhos de ar condicionado.

Natal dos Hospitais

Equando nos damos conta, é dezembro outra vez. Estamos de novo em plena época natalícia, já sem máscara, e com um atípico campeonato do mundo de futebol. Como há um ano escrevia nestas mesmas páginas, os jogos deste campeonato do mundo de futebol são acompanhados de filhós e outras iguarias que só comemos no Natal, algo tão estranho como ver estádios construídos sobre as

E enquanto estamos envolvidos na habitual azáfama de compras de Natal e tentamos acompanhar aquele Brasil-Coreia do Sul ou o Portugal-Suíça ou a Serenela Andrade e o Carlos Malato a apresentar o “Natal dos Hospitais”, os jornais tem jorrado rios de tinta com a crise que se vive nas urgências e hospitais deste país, com amontoados de pacientes a aguardarem horas infinitas para serem atendidos.

Todos conhecemos as “anedotas”, seja por experiência própria ou por de familiares e amigos, dos que, por infeliz necessidade, tiveram de se socorrer dos serviços médicos. Arranjar uma consulta ou mesmo um simples exame pode constituir uma tarefa hercúlea que requer uma pa-

julgavam distante, mas, enfim, esqueçamos isto.

Portugal entrará em 2023 com um problema demográfico que se vem acentuando.

ciência que faria corar qualquer mestre shaolin; quanto às urgências, é óbvio que o termo “urgência” é algo relativo, e refere-se a situações em que um paciente pode esperar algumas horas. Dores estomacais agonizantes? Sente-se aí durante 6 horas, que já é atendido. Uma faca espetada no abdómen? Fique lá quietinho que já lá chegamos. Internado e precisa de um medicamento para tratamento? Peça aos familiares que o tragam, que o hospital não o tem.Sente-se mal? Volte amanhã, que hoje as urgências estão fechadas. Não culpo os médicos, enfermeiros, administrativos e demais pessoal que labutam nos corredores dos estabelecimentos de saúde. Os hospitais da região do Algarve estão vítimas de crítico desinvestimento, humano, material e de mantimentos bási-

cos. Por exemplo, os serviços de obstetrícia e de pediatria dos Hospitais de Portimão e Faro estão constantemente entupidos, quando não estão fechados de todo. Óbvio que as pessoas procuram respostas paras as suas maleitas, ou as dos seus filhos e pais, recorrendo aos hospitais privados. E mesmo esses estão a rebentar pelas costuras. Em dia de fecho das urgências pediátricas do Hospital de Faro, o tempo de espera de atendimento num hospital privado superou as 7 horas. O algarvio está demasiado bem habituado a estas situações; a saúde na região sempre foi paupérrima e sempre consideramos natural uma espera de horas para ser atendido no hospital, algo que não se repercutia no resto do país. Há uns anos, quando falava com amigos e familiares de outras zonas do país,

estes não percebiam porque, quando tínhamos uma emergência médica no Algarve às 17h00 da tarde, dificilmente iriamos jantar a casa. Para o algarvio, isto afigura-se a algo perfeitamente natural e um facto expectável da vida, quando é tudo menos isso. Á medida que o desinvestimento público se acumulava, e as condições de funcionamento do serviço de saúde se degradavam, as condições precárias do SNS do Algarve transformaram-se em algo próximo do terceiro-mundista. E há muito pouco que qualquer administração regional possa fazer sem um programa robusto de investimento público nas infraestruturas e na atração de recursos humanos, tanto em médicos como enfermeiros.

O Hospital Central do Algarve já se assemelha a uma cortina de fumo em que nos

envolvem, com vãs promessas de construção, discutida há anos, quando deveriam focar-se no reforço dos hospitais existentes da região. O hospital central não encerra, em si, a resolução da questão da saúde do Algarve, uma intervenção de fundo é precisa de forma transversal na região.

A melhor prendinha que os algarvios poderiam receber no sapatinho é este esforço de capacitação e reabilitação do SNS da região do Algarve, por parte do governo central. Depois deste presentinho, pensar-se-ia no Hospital Central do Algarve para outro Natal. Mas desconfio que tanto neste, como nos outros, o nosso sapatinho continuará vazio.

Feliz Natal!

Opinião

Ano Novo com problemas antigos

Ofinal do ano é tempo para desejar Boas Festas, realizar um balanço, manifestar desejos e definir resoluções para o Novo Ano que está à porta. Afinal é uma nova oportunidade que se abre de recomeçar e olhar com renovada ambição, esperança e determinação para as contrariedades. O ano de 2022 ficará indubitavelmente marcado pela invasão da Ucrânia por parte da Rússia, num regresso a um passado que muitos

Foram conhecidos há dias os resultados dos Censos 2021 que confirmam que Portugal está a perder população (-2,1%), e a quebra só não é maior graças aos imigrantes que chegaram ao nosso país. A área metropolitana de Lisboa (+1,71%) e o Algarve (+3,62%) foram as únicas regiões que registaram um ténue aumento populacional.

Para além disso, a pirâmide etária demonstra simultaneamente a baixa natalidade e o aumento da longevidade, o que coloca sob pressão a reposição da população em idade activa. Um cenário muito preocupante, mas, enfim, esqueçamos isto. Teremos em 2023 um Orçamento de Estado aprovado,

Correio dos Leitores

Um Passo Atrás

No dia 7 do passado mês de Novembro, houve uma Assembleia da União de Freguesias de Alcantarilha e Pêra, como ponto único da Ordem de trabalhos: “Proposta de desagregação da União de Freguesias”.

Estranho conceito de progresso, se tomarmos como exemplo a União Europeia, que iniciou com seis países, e hoje em 2022, já somos 27 membros, significa que UNIÃO, é sinónimo de “compromisso, harmonia”, aqui, no Concelho de Silves,

batem-se palmas para desagregar, que significa: “desfazer, dividir”.

O progresso e afirmação política do Litoral passa inevitavelmente pela União das

sem surpresa, pela maioria parlamentar que suporta o Governo e que teve por base pressupostos como os 4% de inflação, um défice de 0,9% do PIB e uma redução da dívida pública para os cerca de 110% em 2023. O tempo dirá se estes números eram optimistas ou não. Entretanto, confirmou-se o que já se sabia. Um corte real no valor nominal das pensões, a limitação da actualização das rendas - afinal a lei só serve para quando dá jeito -, impactando não apenas o ano de 2023 como os seguintes. Continuaremos assim com uma elevada carga fiscal sobre os indivíduos e as empresas, sem atacar os problemas reais do país e a empurrar com a barriga pois o Estado é manifestamente incapaz de cortar seja onde for, mas, enfim, esqueçamos isto. Ingressaremos assim em

2023 com os mesmos problemas de 2022 e sob o espectro da estagflação. Não foram aproveitados os ventos favoráveis, ou se preferir o tempo das “vacas gordas”, para relançar estruturalmente a economia e o país para o seu crescimento. Exalta-se o crescimento anémico da economia como se de uma vitória numa final de um torneio futebolístico de Seleções se tratasse. Um país que nem consegue executar os fundos comunitários que recebe, sendo a execução da “bazuca” (PRR) mais um indício, e onde se insiste em salvar empresas e bancos, com custos ociosos de muitos mil milhões de euros, hipotecando anos de investimento na correcção das debilidades da economia, da justiça, da educação, da saúde e até no combate à pobreza. No próximo ano, faltarão poucos

meses para sermos ultrapassados em termos de riqueza produzida no país por aquele que já foi o país mais pobre da União Europeia, a Roménia, que recorde-se entrou na UE há 15 anos e nesse período fez o que Portugal não conseguiu fazer em 36 mas, enfim, esqueçamos isto.

O Algarve, em 2023, continuará a ser aquela estância balnear e de beleza campestre, onde as suas gentes são uns privilegiados pois gozam de sol, praia e tranquilidade todo o ano pelo que não se podem queixar da falta de um novo Hospital Central prometido há vinte anos ou da escassez crónica de recursos humanos na área da saúde, nem das portagens na A22, ou do caos na generalidade dos serviços públicos que atormentam quem cá vive e trabalha, pois como é sabido basta passear pelo

campo ou por um dos areais das muitas praias da região para milagrosamente os problemas serem resolvidos. A expressão “passar as passas do Algarve” perdeu força e por mais que os algarvios se queixem, ninguém os ouve mas, enfim, esqueçamos também isto.

Olvidemos por ora tudo isto pois é época de renovada esperança, de celebrar e de conviver com a família e amigos. De dar amor, carinho, paz e, porque não dizê-lo, alguns presentes que fazem a alegria de miúdos e graúdos. A todos os leitores, colaboradores e pessoas que tornam possível a continuação de um jornal local como o “Terra Ruiva”, bem como para familiares e amigos, endereço os melhores votos de um Feliz Natal e um Próspero 2023, sem estas e outras contrariedades.

muitas situações teriam tido um desfecho diferente. Na reunião magna das freguesias falou-se de história, mas não se falou de toda a história, isto porque até 1933, a história é outra. Se as certezas eram tantas, poderiam ter feito um referendo à população.

três freguesias. Já nos anos 2012/13 deveria ter sido elaborado um processo de integração das três freguesias, tudo teria sido muito mais fácil, e certamente

Também, o Jornal do Concelho, Terra Ruiva, que esteve presente na referida assembleia, na sua edição nº248 de Novembro, editou um artigo sobre a dita Assembleia, por lapso, não cita o que o presidente Roberto Cabrita disse: “que tinha uma comunicação

de um munícipe” (comunicação esta que deveria ter sido lida na íntegra, pois assim, a população ficou privada de saber o que a mesma dizia). Este munícipe “defende a união do triângulo litoral do concelho,” bem como a intervenção de um natural de Alcantarilha, que também ele fez a mesma defesa, dizendo que “esse processo da união das três freguesias, não foi levado em linha de conta porque daria muito mais trabalho.”

Não me querendo alongar com argumentos factuais para demonstrar que o futuro

do Litoral passa pela fusão das três freguesias, porque se escrever dados comparativos os resultados são gritantes. Por exemplo, em 48 anos de democracia, apenas foi eleito um candidato do litoral a primeiro vereador.

Os atuais eleitos locais e seus dirigentes esqueceram-se e não entenderam a importância dos elos de ligação que as três freguesias têm entre si, tais como: familiares, convívio e trabalho. Preferiram dar um gigantesco PASSO ATRÁS NO DESENVOLVIMENTO DO LITORAL.

8 Terra Ruiva Dezembro 2022 Geral Pub. Pub. Pub.
José Casimiro Martins Simões Ribeira de Alcantarilha. Além dos laços familiares, amizades e trabalho. O elo mais natural que une as três freguesias.
9 Dezembro 2022 Terra Ruiva Publicidade

Há mergulhos de solidariedade em Armação de Pêra No Dia de Natal e Ano Novo

Apraia de Armação de Pêra, frente ao hotel Holiday Inn Algarve, volta a ser o ponto de encontro para os tradicionais “mergulhos de solidariedade”, nos dias de Natal e Ano Novo.

No dia 25 de dezembro e no dia 1 de janeiro, pelas 11 horas, todos são convidados a participar nesta iniciativa que decorre há alguns anos, com o objetivo de angariar verbas para ajuda a famílias carenciadas.

No Dia de Natal é costume os participantes virem trajados “a rigor”, vestidos de Pai Natal ou com adereços natalícios. No primeiro dia de janeiro, o “traje” recomenda-

do é o pijama. Seja com esta indumentária, ou em fato de banho, seja um mergulho ou apenas um molhar os pés, o que interessa é participar, segundo a organização.

No final dos mergulhos, o hotel oferece a todos uma bebida para aquecer, uma “Hot Bomba” no dia de Natal e um chocolate quente no dia de Ano Novo.

Esta iniciativa de solidariedade é este ano organizada pelo Clube dos Veículos Clássicos do Barlavento que promoveu também uma campanha solidária com o objetivo de entregar as verbas angariadas à Junta de Freguesia de Armação de Pêra,

para aquisição de alimentos e produtos de higiene pessoal que irão reforçar o Cabaz de Natal que será oferecido a algumas famílias. Esta campanha contou com o apoio da Junta de Freguesia de Armação de Pêra, do Agrupamento de Escolas Silves Sul (finalistas do 9.º ano da Escola E.B. 2,3 de Armação de Pêra), do Rotary Clube de Silves e das unidades hoteleiras Holiday Inn Hotel e Hotel Vila Galé Náutico.

10 Terra Ruiva Dezembro 2022 Geral Pub. Rua Tenente Coronel Jorge Vargas mogo, Lt H 20 8375-132 S. B. Messines Tel/Fax: 282 339 262 Tlm.: 925 208 347 eugeniosantoslda@gmail.com www.eugeniosantos.com GPS: 37 256 754 - 8 288 159 OFICINA DE SERRALHARIA E DROGARIA Pub. Pub. Vânia Calado MEDIADORA DE SEGUROS LOJA SEGUROS VÂNIA CALADO Rua Maria Eugénia Dias Ferreira, Lote 1 8375-121 S. Bartolomeu de Messines e: vaniacalado.fidelidade@gmail.com w: www.vaniacalado.pt p: +351 962 732 329 Visite a nossa página no Facebook:
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Mergulho de Natal - Foto de Diogo Correia
11 Dezembro 2022 Terra Ruiva Geral
Psiquiatria Dr.ª Telma Santos Pediatria Dr.ª Ana Pereira

Mensagem de Natal

Natal é um tempo mágico de luz, alegria, paz e família reunida.

Natal é, mais do que nunca, união e fraternidade pois atravessamos tempos difíceis em que após a situação pandémica outras adversidades e incertezas teimam em negar-nos a confiança e ensombrar as nossas vidas. Este presente exigente e atribulado exige o “nós” em detrimento do “eu” e por isso continuamos a assumir o compromisso au-

tárquico de uma construção partilhada e participada de um futuro melhor.

Natal é tempo de esperança, de acreditar que preparados, unidos e solidários transformaremos os desafios do novo ano em oportunidades de crescimento e realizações, melhorando a qualidade da prestação do serviço público

e mantendo o sentido de responsabilidade em prol do desenvolvimento do concelho.

Neste Natal, brindemos a cada momento de convívio, comunhão e solidariedade! Que o espírito da “Alegria do Natal”, que a Paz e a Solidariedade com o próximo prevaleçam nesta quadra natalícia.

BOAS FESTAS

A Presidente da Câmara Municipal de Silves Rosa Cristina Gonçalves da Palma

Concertos de Natal nas freguesias

OMunicípio de Silves volta a promover, entre 11 e 21 de dezembro, mais uma edição do ciclo de concertos de Natal, nas freguesias do concelho. A iniciativa é de entrada livre. “Foot Print” e “Eduardo Ramos” são os grupos que irão levar até às freguesias os sons do Natal, sendo que Tunes, Pêra e São Bartolomeu de Messines irão receber o grupo Foot Print, nos dias 11, 17 e 21, respetivamente; e Armação de Pêra e São Marcos

da Serra receberão o espetáculo de Eduardo Ramos, nos dias 16 e 18 de dezembro, respetivamente.

De referir que, apesar de a entrada ser gratuita, a mesma está sujeita à lotação do espaço e à apresentação de voucher, que poderá ser recolhido no local até 15 minutos antes de cada espetáculo.

O ciclo de concertos de Natal tem o apoio das respetivas Juntas de Freguesias e Paróquias.

PROGRAMAÇÃO CONCERTOS DE NATAL NAS FREGUESIAS

11.dezembro | 16h00

Foot Print Tunes – Pólo de Educação ao Longo da Vida 16.dezembro | 21h00

Eduardo Ramos Auditório da Junta de Freguesia de Armação de Pêra 17.dezembro | 16h00 Foot Print Igreja Matriz de Pêra

18.dezembro | 16h00

Eduardo Ramos Sociedade de Recreio e Instrução de São Marcos da Serra

21.dezembro | 21h00

Foot Print

Igreja Matriz de São Bartolomeu de Messines

Câmara de Silves ofereceu uma ambulância aos Bombeiros de Messines

ACâmara Municipal de Silves ofereceu uma ambulância de socorro à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de São Bartolomeu de Messines.

A cerimónia de entrega das chaves da viatura, que representa um investimento de cerca de 67 mil euros, contou com a presença da presidente da Câmara, Rosa Palma, do vice-presidente da Direção da Associação, António Pedro Mealha e de dois representantes dos bombeiros.

A oferta da viatura – dotada de equipamento e condições avançadas - permite à Corporação de Bombeiros melhorar a sua capacidade operacional e proporcionar

um serviço de maior qualidade na prestação do socorro à população.

“O investimento municipal integra-se na estratégia de reforço gradual do apoio às Corporações de Bombeiros do concelho de Silves, política desenvolvida desde 2014 a

esta parte, tendo em consideração que os bombeiros são a mais importante organização de proteção e socorro do país, assumindo um papel central no Sistema de Proteção Civil”, afirma a autarquia.

12 Terra Ruiva Dezembro 2022 Opinião

Assembleia Municipal de Silves aprova desagregação das uniões de freguesias

AAssembleia Municipal de Silves aprovou, na sessão de dia 9 de dezembro de 2022, a desagregação da União das Freguesias de Algoz e Tunes e União das Freguesias de Alcantarilha e Pêra.

No que se refere à desagregação da União de Freguesias de Algoz e Tunes, esta foi aprovada por maioria com os votos a favor da CDU (11) PS (6) e PSD (7). Registaram-se duas abstenções uma (1) do Chega e uma (1) do representante da União de Freguesias de Algoz e Tunes, Arnaldo Guerreiro (PSD) em representação do presidente Sérgio Antão, que não esteve presente.

Na declaração de voto apre-

sentada, Arnaldo Guerreiro afirmou que o executivo PSD da União de Freguesias de Algoz e Tunes continuava a ser contrário à desagregação, por considerar que a união de freguesias tinha “mais vantagens”, mas que acatava e respeitava a decisão tomada em democracia na Assembleia de Freguesia do dia 27 de outubro, e por isso decidia abster-se. Nessa assembleia, recorde-se, o executivo da União de Freguesias apresentou um parecer desfavorável à desagregação, mas o projeto nesse sentido, apresentado pela CDU, foi aprovado, sob forte pressão da população presente, com os votos da CDU (3), PS (3) e um (1) do PSD, e com 6

votos contra do PSD.

Quanto à proposta de desagregação da União de Freguesias de Alcantarilha e Pêra a mesma foi aprovada com os votos a favor da CDU (11), PS (6) e PSD (8) e a abstenção (1) do Chega. Uma votação que era esperada já que nesta União de Freguesias, as três forças políticas eleitas, PS, CDU e PSD estiveram de acordo nessa vontade e elaboraram uma proposta conjunta que foi aprovada por unanimidade na Assembleia de Freguesia, no dia 7 de novembro. Também a Câmara Municipal de Silves aprovou, por unanimidade, um parecer favorável à desagregação das uniões de freguesias do con-

celho, na sessão do dia 5 de dezembro, por considerar que era esta a vontade expressa das populações O passo seguinte era a aprovação dos documentos pelo órgão autárquico máximo, a Assembleia Municipal de Silves. Uma vez estes aprovados encerra-se o ciclo de decisões a nível local. As propostas de desagregação, que apresentam os fundamentos legais para esta pretensão, seguem agora para deliberação da Assembleia da República que irá decidir se as freguesias cumprem os requisitos exigidos pela lei nº 39/2021, de 24 de junho, que abriu a possibilidade de desagregação das uniões das freguesias, quando assim o

entendessem. Recorde-se que foi em 2012, por imposição do Governo PSD/CDS que, sob a ação daquela que ficou conhecida como a “Lei Relvas”, o concelho de Silves foi forçado a formar a União de Freguesias de Algoz e Tunes e a União de Freguesias de Alcantarilha e Pêra. Na altura todos os presidentes de junta se manifestaram contra a agregação, em particular José Cebola (PSD), presidente da Junta de Tunes, e João Palma (PS), presidente da Junta de Alcantarilha.

A agregação atingiu então 1178 freguesias a nível nacional, sendo 33 no Algarve. Mais de metade destas, segundo os dados conhecidos,

pretendem reverter essa situação.

No dia 9 de dezembro de 2022, na Assembleia Municipal de Silves, de entre os eleitos, apenas uma voz defendeu a continuação da união de freguesias, a voz do executivo do Algoz, que em 2012 já tinha como presidente Sérgio Antão. Todas as outras consideraram que as razões invocadas, nomeadamente a poupança de dinheiros públicos, tinham falhado e que, ao contrário, as populações ficaram prejudicadas e com a sua identidade social, histórica e cultural colocada em causa.

Câmara de Silves aprovou Orçamento para 2021 São 65 milhões de euros

OOrçamento e as Grandes Opções do Plano do Município de Silves para o ano de 2023 foram aprovados por maioria na Câmara Municipal, com os votos a favor da CDU (4) e as abstenções dos vereadores do PSD (2) e do PS (1). Os documentos serão ainda submetidos à Assembleia

Municipal, cuja sessão está agendada para 27 de dezembro.

Segundo informação da autarquia, “a proposta de orçamento atinge os 65,4 milhões de euros, representando o acréscimo de 7,2 milhões de euros, comparativamente a 2022, cujo orçamento ascendeu a 58,2 milhões de euros.

Prevê-se que as receitas correntes atinjam 58,2 milhões de euros e as despesas correntes o valor de 41,5 milhões de euros. As receitas de capital apontam para 5,4 milhões de euros e as despesas de capital (investimento) para 22,9 milhões de euros, sendo este último valor um indicador fundamental da

Município de Silves concluiu a reparação do passadiço da Praia Grande

OMunicípio de Silves informa que concluiu a empreitada de reparação do passadiço localizado entre a Lagoa dos Salgados e a Praia Grande (nascente), na freguesia de Pêra, numa extensão aproximada de 1 km, cujo investimento ascendeu a 120 mil euros.

A autarquia esclarece que este investimento interliga-se com a construção em curso da nova Ecovia/Ciclovia que se estende entre a Praia Grande (nascente) e a Ribeira de Alcantarilha (1660 metros), incluindo o seu atravessamento através da construção de uma ponte em estrutura metálica, com cerca de 230 metros de comprimento e a largura de 2,5 metros, com guardas de ambos e lados, sendo que neste caso o investimento municipal ultrapassará 1,2 milhão de euros, beneficiando de financiamento comunitário.

A construção das ecovias/ ciclovias visa a promoção e valorização do património cultural e natural, afirmando

as potencialidades do litoral concelhio, Pêra e Armação de Pêra, bem como o Algarve como destino turístico de excelência; fazendo parte de uma rede de rotas de mobilidade suave, vocacionadas preferencialmente para o uso da bicicleta, mas também para passeios pedonais, proporcionando a fruição e descoberta da paisagem, para além de contribuir igualmente para a implementação de medidas de boas práticas ambientais através da prote-

grande dinâmica municipal em termos de concretização de projetos e obras.”

Na sua informação, a Câmara Municipal destaca algumas das obras previstas para o próximo ano: “Variante ao Perímetro Industrial do Algoz; a Requalificação Urbana das Ruas da Baixa de Armação de Pêra – 1.ª fase;

a Requalificação da Rua D. João II em Armação de Pêra; a Requalificação do Centro Histórico de S. B. de Messines; a Reabilitação de Infraestruturas na Vila de Pêra; a Requalificação do Acesso à Estação de Silves; a Reabilitação da Estrada da Antiga Alicoop – limite do concelho de Lagoa; a Escola EB1 de

Alcantarilha; a Construção/ Alteração da Albergaria para Residência Sénior em S. Marcos da Serra; e a Beneficiação/Adaptação funcional dos Centros de Saúde de Armação de Pêra, S. B. de Messines, Alcantarilha e Tunes.

Plano de Pormenor da Feitoria Fenícia para participação pública

Está a decorrer, até ao dia 29 de dezembro de 2022, o período de participação pública prévia da elaboração do Plano de Pormenor da Feitoria Fenícia (PPFF).

“Este período de consulta pública resulta de uma deliberação da Câmara Municipal de Silves, de 21 de novembro último, que deu reinício ao procedimento de elaboração do Plano de Pormenor da Feitoria Fenícia (PPFF), aprovou os respetivos termos de referência e a minuta de Contrato para Planeamento, e qualificou a elaboração do plano como sujeita a Avaliação Ambiental Estratégica”, informa a Câmara Municipal de Silves.

A referida deliberação foi publicada no Diário da Republica, através do Aviso n.º

23031/2022, de 02 de dezembro, de onde resulta que estão criadas as condições para o início formal do período de participação pública prévia.

Durante este período, os interessados poderão formular sugestões e/ou apresentar informações sobre quaisquer questões que possam ser consideradas no âmbito do respetivo procedimento de elaboração.

Para o efeito, deverá ser utilizada a ficha de participação, a remeter para a Câmara Municipal de Silves, Praça do Município, em Silves, ou a enviar através do endereço eletrónico dogu.ordenamento@cm-silves.pt.

Os interessados podem ainda consultar a deliberação de início do procedimento de elaboração do PPFF, os ter-

mos de referência, o contrato para planeamento (minuta) e a qualificação da alteração do PPFF para efeitos de sujeição a Avaliação Ambiental Estratégica na Câmara Municipal de Silves (Divisão de Ordenamento e Gestão Urbanística, Ordenamento do Território), no portal do Município e na sede da Junta de Freguesia de Silves.

“Promover a atratividade do território e a sua competitividade, por via do reforço da oferta turística qualificada, valorizar os recursos presentes, assim como o potencial locativo do território, e reforçar a oferta de equipamentos desportivos como um produto de reduzida sazonalidade, são os principais objetivos da elaboração deste plano.”

Construções c/ Própria/Empreitadas Escritório: Rua José Falcão, 9 - r/c8300-166 Silves - E-mail: finobral.lda@sapo.pt Pub. Pub.

13 Dezembro 2022 Terra Ruiva Geral Geral
ção e recuperação das áreas naturais, sensíveis ao nível da flora e da avifauna e do cordão dunar.

Familia

Dezembro é mês de Natal e de festa em família. A família deve ser, embora nem sempre o seja, um espaço de união,  o principal espaço de referência, proteção e socialização dos indivíduos, independente da forma como se apresenta na  sociedade. Ela exerce uma grande força na formação de valores culturais, éticos, morais e espirituais.

Família, para mim, é formada por aquelas pessoas cujos laços, de sangue ou não, são tão fortes que têm a capacidade de conectá-las para sempre, independentemente de tempo, distância ou ausência. Esta conexão não implica a vivência sobre o mesmo teto. A distância perde a sua força, quando a conexão pelo afeto aproxima os seus elementos.

A Organização Mundial Saúde (OMS) define a  família como o contexto de promoção da saúde e redução da doença, onde, desde que nascem, os indivíduos desenvolvem crenças e comportamentos de saúde. É na família, que cada membro se constitui como sujeito autónomo, lugar de referência para a garantia da sobrevivência e proteção dos seus membros, independentemente da sua forma ou estrutura.

A origem da família estende-se por um passado imensurável, e perde-se no tempo, por ser impossível definir sua extensão. No entanto, é singular a ideia de que os seres vivos se unem e criam vínculos uns com os outros desde sua origem, seja em decorrência do instinto de perpetuação da espécie, seja pelo desejo de não viver só, transmitindo-se, muitas vezes, a ideia de que a felicidade só pode ser encontrada a dois.

Por estar em constante evolução, diversos foram os modelos familiares existentes ao longo da história, cada qual com seus ditames, diretrizes, costumes e práticas. O homem percorreu um longo caminho que levou a novas descobertas e à progressão da humanidade. A família sofreu nas últimas décadas profundas mudanças de função, natureza, composição e, consequentemente, de conceção. O patriarcalismo que outrora havia feito com que a sociedade esquecesse a atração natural entre os seres humanos - affectus -, abriu-se a novas formas de constitui-

ção, mais flexíveis e plurais, baseadas nos laços de afetividade entre seus membros. A família, que antes existia apenas para ser transmissora de bens, passa a ser local de relacionamento. A função social da família é deveras importante, na medida em que permite a incorporação dos novos valores sociais no Direito Jurídico, reconhecendo o atual conceito de família. Não é requisito para haver família, que haja homem e mulher, nem pai e mãe; há famílias nucleares só de homens e só de mulheres, como também sem pai ou mãe. O afeto é o que une

Muitas mudanças têm ocorrido. Antes, a mulher era a única responsável pela criação e educação dos filhos, além de cuidar das atividades domésticas; aos poucos, passou a ser incumbida também ao homem a participação nas questões familiares; mãe e pai passaram a gozar de licença de maternidade/paternidade.

A sociedade do século XXI é uma sociedade plural, complexa, diferenciada.

Quando as famílias conseguem construir um LAR –Lugar de Afeto e Respeito, a família torna-se num terreno fértil onde o individuo pode crescer e desenvolver-se física e psicologicamente, construindo o seu caracter e desenvolvendo a sua personalidade. Desse modo, pouco importa a “espécie” ou “tipo” de família na qual o indivíduo está inserido, o que deve ser levado em consideração é o seu fundamento, que deve ser a plena realização e o bem-estar de seus membros, na proteção e respeito pelas individualidades de cada um.

Neste Natal, mais do que presentes materiais, coloque afeto na sua Arvore de Natal, coloque os ingredientes que transformem a sua família numa família feliz e construa em 2023 um verdadeiro LAR – LUGAR DE AFETO E RESPEITO

Não é pequenina contradição ser dotado de tão pouco sentimento familiar e ter tanta necessidade de uma família. E isto sei eu que não tem remédio. Dir-se-à que tenho a Pilar, mas Pilar não é família, é Pilar. Só por ela não me sinto num deserto. José Saramago - Cadernos de Lanzarote (1993)

Feliz Natal e Feliz Ano 2023!

José Alberto Quaresma Crónica

O último voo para o Cairo

Mehran Karimi Nasseri (19452022) merece esta pequena evocação no Dia Mundial da Tolerância.

Conheci-o sem nunca ter chegado à fala com ele. A Maria Alexandra sim, foi quase íntima, por um instante. Quase nada. Devemos-lhe uma noite de insónia menos penosa no Aeroporto Charles De Gaulle, de Paris. Só anos depois ficámos a saber quem era.

Conto tudo. Em 1989, estávamos no Terminal 1 do aeroporto, de regresso a Portugal. Eu tinha ido para uma reunião com o meu professor, Jean Delumeau, no Collège de France. Com a Júlia e o Rui, aproveitámos para passar uns dias à beira do Sena.

No regresso à pátria, o voo da Air Sul, uma manhosa e breve companhia de charters, deixou-nos apeados e angustiados. Impossível contactá-la. Adivinhámos que nunca antes do dia seguinte embarcaríamos.

A noite foi ensombrando-nos a alma. Os passageiros desapareciam a cada chamada para o embarque. Restava o último voo. Cairo. Nós os quatro desamparados e mais o último passageiro estendido à nossa frente, com a cabeça turbo-ressonante apoiada num saco de viagem.

À última chamada para o embarque, a Maria Alexandra viu tragédia. Um passageiro em trânsito que perdia o avião de regresso a casa.

Levanta-se aflita. Dirige-se ao senhor. Saca-o dos braços de Morfeu. Agita-o vigorosamente, em grita no seu perfeito inglês da Ria Formosa:

- SIR! SIR! YOUR LAST FLIGTH TO CAIRO!

E o infeliz, estremunhado, mal se aguentava de pé, balbuciava:

- BUT I’ AM NOT GOING TO CAIRO!

Na sua cabeça compassiva, Maria Alexandra não distingue um paquistanês de um senegalês. Considera-os todos seres humanos que merecem respeito e dignidade.

O senhor espojou-se, de novo. A coisa acalmou.

A Júlia continuou a desbravar os espaços públicos do terminal. O Rui e eu voltámos a tentar dormir sentados. A Maria Alexandra, mais desperta que uma rata

dos esgotos de Paris, moía no ignoto país de origem do infeliz. Afinal a sua boa acção não o tinha sido. Ficou triste e ensimesmada.

Só muitos anos depois, ficámos a saber quem era o senhor Nasseri. Foi Steven Spielberg quem nos revelou, embora o ignore. O seu filme «The Terminal» (2004), com Tom Hanks no protagonista, foi inspirado num dos escritos que Nasseri gatafunhava no terminal do aeroporto onde viveu dezoito anos como um sem-abrigo mal abrigado. Spielberg já tinha caminho desbravado no filme francês «Lost in Transit» (1994) e na ópera «Flight» (1998), criações que foram beber a história a Nasseri. Nasseri nasceu em 1945 em Soleiman, uma parte do Irão ainda pertencente à coroa inglesa. Era filho de pai iraniano e mãe britânica. Foi estudar para Inglaterra em 1974. Regressou ao Irão e acabou preso por protestar contra o xá. Expulso do país sem ter direito a passaporte, pediu asilo político em vários países da Europa, mas foi rejeitado. O certificado de refugiado, atribuído pela ONU na Bélgica, terá sido roubado no metro de Paris. Quando finalmente, conseguiu autorização legal, foi hospitalizado, em 2006.

Era tratado pelos funcionários do aeroporto por Lord Alfred. Lia revistas, escrevia no seu diário, conversava com os passageiros, interessava-se por economia.

O terminal do aeroporto passou a ser a sua prisão e a sua liberdade. A longa permanência aqui debilitou-lhe a saúde mental. Morreu no sábado passado.

Tinha regressado, havia poucas semanas, ao aeroporto. Onde foi feliz. Ou nem tanto. E nunca voltou a ver o seu Irão.

A terra de Nasseri continua ajoelhada a uma feroz ditadura, como no tempo do Xá. A repressão contra jovens e mulheres prossegue impiedosa. A intolerância e a brutalidade são exportadas a bordo dos drones que são despejados pela Rússia sobre o povo da Ucrânia. Uma tentativa infame de tentar vergar pelo frio, sede e terror gente indefesa, como Nasseri que não fazia mal a uma mosca.

Geografias do Olhar

António Guerreiro

Conto de Natal

Silves, dezembro 1972.

O senhor padre já se deslocara àquela moradia para averiguar da ausência aos deveres religiosos do mancebo de quase dez anos que andava na escola pública. A mãe da criança, ocupada com mais dois catraios e os afazeres profissionais e domésticos, não tinha qualquer objeção ao cumprimento de tais deveres, para além da hora matinal do evento domingueiro: – A criança é pequena e gosta de dormir. Naquela manhã, após algum esforço, a criança lá foi, sozinha, à missa e, em consequência, à catequese. A espaçosa igreja, em tempos sede de bispado, estava lotada, mas a criança sentia-se sozinha, esmagada pela liturgia. As pessoas sentavam-se, levantavam-se, falavam em coro, cantavam em coro, testemunhando que Ele estava no meio de nós. A criança, com o raciocínio matemático apurado, interrogava-se: «A ser verdade, Ele estaria no corredor central, entre a nona e a décima fila». Como a criança não enxergava ninguém de pé naquele lugar tinha a certeza de que Ele seria para todos, pelo menos para si, invisível.

Na catequese, as crianças partilhavam desejos sobre a época natalícia que se aproximava. Pequenas vontades de brinquedos e chocolates,

colocados numa meia de lã.

A catequista distribuíra pelos meninos e pelas meninas, separados em dois grupos, uma gravura do presépio para pintarem, o estábulo, a vaquinha e o burro, São José e a Nossa Senhora e o menino Jesus deitado nas palhinhas. António queria pintar o céu de azul, tal como era para si, de um azul-claro brilhante.

Os lápis azuis estavam todos distribuídos a outras crianças e a catequista incentivou-o a escolher uma outra cor. Relutante, decidiu pintar o céu de verde, como nunca tinha visto em parte alguma, de um verde-escuro. A catequista elogiou a opção da criança e ainda, perante a dificuldade na disponibilidade das cores mais solicitadas, disse:

– Podes pintar as palhinhas do menino Jesus de vermelho.

A criança relutante começou a pintar as palhinhas da manjedoura de vermelho. Desassossegada, com o desenho na mão, levantou-se e caminhou até à nona fila, e,lacrimejante, olhando para aNossa Senhora e para aquele senhor com um menino ao colo, disse:

–Meu Deus, eu não queria pintar o céu de verde nem as palhinhas de vermelho. – Que bonito, uma aurora boreal. O céu do Pai Natal. Olhou e não viu ninguém. Boas festas a todos.

14 Terra Ruiva Dezembro 2022 Geral
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Àconversa com a Dr. Teresa Sousa Uva Paul,

A família «Remechido» tem vindo a alienar nos últimos anos o património urbano que ainda detém em São Bartolomeu de Messines, como recentemente aconteceu na rua 25 de Abril (números de polícia 14 a 18). A memória física de uma família que marcou a terra está a desaparecer com as novas gerações, hoje residentes nos grandes meios urbanos, nomeadamente Lisboa e Porto. Nesta sequência, marcámos encontro com a Dr.ª Teresa Sousa Uva Paul, que conhecemos pessoalmente há alguns anos. Nascida em Faro em 1939, filha do Prof. José de Sousa Uva Júnior e de Maria Zulmira Remechido Mendes (bisneta do célebre guerrilheiro e de sua mulher Maria Clara), professora de História aposentada, residente em Lisboa, onde nos recebeu amavelmente.

Terra Ruiva (TR): Os seus avós foram praticamente a última geração da família que viveu em São Bartolomeu de Messines. Que memórias guarda deles?

Passava grande parte do verão em sua casa. O meu avô, João António Mendes, era natural de Beja, veio para Messines para trabalhar na empresa de Joaquim Tomé Remechido, que viria a ser seu cunhado. Apesar de o conhecer já inválido (a diabetes havia-lhe subtraído uma perna), andava de muletas, mas era muito dedicado ao trabalho. Não deixava de se deslocar à moagem e à casa de comércio anexa (cereais, mercearias, etc.), na rua João de Deus (edifício coroado com estatuetas), com o auxílio do empregado Salvador. Uma vez por semana deslocava-se também aos Campilhos, a maior propriedade rústica que detinha, acompanhando os negócios e actividade agrícola. Austero, mas de coração mole, sentava-se junto à porta no edifício onde residia, em frente ao mercado, na rua da Liberdade e eu fazia-lhe companhia numa cadeira baixinha. Eram momentos de tranquilidade e bom en-

tendimento. A minha avó, Maria Emília, foi uma dona de casa muito activa. Na época havia o costume de os empregados terem direito a dormida e alimentação, os «caixeiros» que trabalhavam na parte comercial. A minha avó organizava as refeições para essas pessoas, além do governo da casa com uma família numerosa. Não conheci essa parte da sua vida, lembro-me dela já com alguma idade. Não era pessoa muito expansiva, mas contava algumas histórias, umas ligadas a Messines, outras ao imaginário popular, que, mais tarde, transmiti aos meus filhos e netos. Recebia visitas de muita gente, principalmente comadres que vinham da zona rural da freguesia.

TR: Nas conversas com a sua avó [nota: neta de Maria Clara e de José Joaquim de Sousa Reis, o Remechido] e tias avós, que memórias lhe foram transmitidas do seu antepassado Remechido?

Muito reduzidas. Era um tema pouco abordado. A minha mãe e as irmãs falavam, gostavam de usar o nome e de se manifestar contra as injustiças de que ele foi alvo. Mas propriamente a minha avó e tias avós não tocavam no assunto, podiam referir-se acidentalmente, mas não era um tema que gostassem de abordar.

me questionou se eu era do campo e respondi negativamente [a infância passou-a em Faro, onde nasceu e o pai era professor na Escola Comercial]. Eram os conhecimentos adquiridos nas férias em Messines. Aprendi muito com um empregado, o Mário, que trabalhava no quintal com os machos, mulas e com os carros de tração. Ensinou-me as diferenças entre as árvores, as plantas, os seus nomes, os animais. Eu adquiri ali uma cultura rural que me foi útil. Mais tarde, o meu filho, quando era estudante de engenharia Florestal, tinha dúvidas e eu consegui ajudá-lo mesmo à distância, pois conhecia as hortícolas e compreendi que aqui em Lisboa a maioria das pessoas não tinha esses conhecimentos.

TR: Como era a aldeia nessa altura?

irmão mais novo de minha mãe, João Remechido Mendes, ficou com a propriedade e eu apreciava essa estadia campestre. Arranjou as casas dos caseiros, onde permanecíamos; passeava-se a certas horas, tomávamos banho no tanque.

TR: Que memórias tem de S. B. de Messines na sua infância?

Em Messines adquiri muitos conhecimentos e só vim a perceber isso mais tarde, já na Faculdade de Letras.

Num trabalho lá realizado para uma cadeira do professor Oliveira Marques, foi pedido que fizéssemos a interpretação de uma iluminura, uma cena agrícola e eu fiz a descrição com todo o rigor, de tal forma que o professor

Era relativamente pequena, não tem comparação com o que é hoje. Lembro-me bem da praça de «pêxe», de ter sido demolida e construído o edifício que hoje lá está, semelhante a muitos outros no país [inaugurado em 1948]. Atrás do mercado municipal já era campo, e na direção da estação, quase em frente à casa do Dr. Contreiras, acabavam as casas contíguas, tanto de um lado como do outro. Mais à frente estava ainda, em meio quase rural, a casa do meu primo José Cândido Guerreiro e do Sr. Domingos Matias. Das traseiras da casa dos meus avós viam-se hortas. Junto às casas do Sr. Ramiro era o «Ribeiro». Na direção de Silves, havia a horta do Dr. Cabrita e campo, ainda que mais cultivado, com árvores. A nascente a aldeia terminava junto ao cemitério velho.

TR: Além das memórias urbanas, que outras recordações guarda?

Os Campilhos. O meu tio, o

TR: Nos Campilhos produz-se atualmente um vinho que tem ganho vários prémios, o «Barranco do Vale». Não sabia. O meu avô só cultivava trigo. O meu tio empenhou-se em alterar a situação, queria fazer outro tipo de exploração e cultura, mas precisava de água. Fez imensas perfurações e nada conseguiu. A água era fundamental para alterar as culturas. Faleceu novo e a mulher e as filhas acabaram por vender a propriedade ao Sr. Ramiro. Lembranças da minha infância, nos Campilhos recordo os passeios de burro, as estradas eram quase intransitáveis

Em Messines, propriamente, fazia muitas digressões com a minha tia Maria Leonilde, sempre de manhã. Levantava-se muito cedo, que era o que me custava mais. Passeios que consistiam em: «dar a volta à estação», pela estrada por onde passavam os automóveis até à estação ferroviária e depois o regresso pelo túnel; «ir passar

as portadas», à passagem de nível, em direção a Silves, não existia a estátua de João de Deus. Um pouco antes da cancela a minha tia ficava à conversa com o pai do Dr. Cabrita, o Sr. Domiguinhos, muito baixinho, junto à horta deste e depois íamos junto à linha, o que não era muito recomendável, até à estação propriamente dita.

Com a minha outra tia, Maria Emília, a mais nova, que pintava, também fiz alguns percursos, ajudava-a a levar a malinha das tintas, e íamos

Júlia Maltesinho, creio que modista bastante apreciada em Faro, mas que depois as coisas mudaram e foi para Messines, acolher-se às tias velhas, que lhe cederam aquela casa e a ajudavam. As minhas duas tias, a Leonilde e a Aristotelina, herdaram a casa frente ao mercado.

TR: Como é ser descendente de uma figura histórica, como o Remechido, que ainda hoje alimenta ódios e paixões? Às vezes traz aborrecimentos. Há quem não perceba que o tempo passou, que as coisas mudaram. O que é que a nossa situação atual tem que ver com o tempo da guerra civil? Nada! Ainda há pessoas que têm essas ideias enraizadas e por vezes tomam atitudes inesperadas e no fundo pouco inteligentes. Mas quando a ocasião se proporciona, eu digo que tenho esse antepassado e não me envergonho nada de o dizer, muito pelo contrário.

TR: É a família…

É a família, e acho que foi uma figura incompreendida. Um homem muito corajoso, culto e devoto, arrastado e atirado para a guerra, para uma situação que nunca desejou e a guerra traz situações complexas.

TR: Uma vez que essas memórias de família não lhe chegaram pela tradição oral, vai ser durante a idade adulta que vai aprofundar o conhecimento desta figura histórica?

Sim, depois fui estudando, dando atenção, comprando os livros que iam saindo. E procurando informar-me melhor.

TR: Em 1945 o Dr. Alberto Iria publicou um opúsculo, «As relíquias do Remechido», ia-lhe perguntar se ainda existem? As relíquias? As armas?

TR: Uma espada, um revolver, um cinto, um colete… Sim, estão neste ramo da família. Na casa onde está a placa da rua Remechido viviam as minhas tias avós solteiras, Maria Amália e Maria do Rosário, que deixaram a maior parte dos bens à geração da minha mãe, privilegiando esses sobrinhos.

Eu conheci esses objetos nas mãos do meu tio João, ele teve contacto com o Dr. Alberto Iria. Quando foi a exposição de D. Miguel, aquando a sua transladação para Portugal em 1967, houve uma exposição no Museu de Arte Antiga, onde estiveram expostos. Depois permaneceram com a minha tia Maria Emília.

para outros sítios: a São Pedro, onde foi lá pintar a ermida, e também para a zona da estação, onde havia um monte com um moinho.

TR: Essas suas tias viviam na casa dos seus avós, em frente ao mercado, ou na Rua João de Deus, na casa da Poetisa?

Na casa dos meus avós. A minha tia Leonilde sempre, a Maria Emília até se casar.

Na casa dita da poetisa, ou na casa ao lado, não tenho bem a certeza, vivia uma prima, a

Umas joias que terão pertencido à Maria Clara também estão na posse da família. Conta-se que quando os soldados de Sá da Bandeira deitaram fogo à casa de Remechido, um criado tê-las-á salvo, entregando-as posteriormente à família.

TR: Presentemente têm vindo a alienar o património urbano em São Bartolomeu de Messines. O que pensa da criação de um centro interpretativo das Lutas Liberais na vila?

15 Dezembro 2022 Terra Ruiva Sociedade
À conversa com a Dr. Teresa Sousa Uva Paul, trineta de José Joaquim de Sousa Reis – o Remechido
Aurélio
trineta de José Joaquim de Sousa Reis – o Remechido
João António Mendes Teresa Sousa Uva Paul
Continua >>
José Joaquim de Sousa Reis - Remechido

GeralAcho que seria interessante.

TR: Seria possível a família expor ali as ditas «relíquias»?

Não sei, já não tenho nada na minha posse. Há sempre o problema da segurança, mas garantida... Em Lagoa, em 2005, não foram cedidas porque tivemos receio que não ficassem seguras, fornecemos apenas umas fotografias.

TR: A sua geração é a última com ligação afetiva a São Bartolomeu de Messines. Aos seus filhos, netos e sobrinhos a terra não lhes dirá muito. O que

mente nunca lá permaneceram...

TR: Ainda por cima fica longe do mar. Antes de terminar há algum outro aspeto que gostasse de referir?

Há pouco, quando disse que aprendi muito em Messines, faltou um aspecto, a parte do vocabulário. A Dr.ª Lídia Jorge tem divulgado muitas palavras quase desconhecidas e eu acho graça quando as leio e as reconheço. Durante algum tempo tive de corrigir a minha linguagem

Escritura Escritura

CARTÓRIO NOTARIAL A CARGO DA NOTÁRIA MARIA MARGARIDA FRESCO BORLINHA HENRIQUES, SITUADO NA RUA CRUZ DE PORTUGAL À PROJECTADA DIOGO MANUEL, BLOCO A, EDIFICIO ARADE, LOJA 3 C, SILVES.

CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do disposto no artigo cem, número um do Código do Notariado, que em vinte e quatro de Outubro de dois mil e vinte e dois, foi exarada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, lavrada a folhas noventa e cinco do Livro de Notas número cento e noventa e quatro, deste Cartório, a cargo da Notária Maria Margarida Fresco Borlinha Henriques, na qual, José Manuel Fernandes Águas, solteiro, maior, natural da freguesia e concelho de Silves, e residente na Casa Paroquial, Largo da Igreja, Algoz, que outorga na qualidade de representante legal da FÁBRICA DA IGREJA PAROQUIAL DA FREGUESIA DO ALGOZ, com sede no Largo da Igreja, Algoz; pessoa colectiva número 501 144 854.

E pelo outorgante, na qualidade de representante legal da Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia do Algoz, foi dito que esta é dona e legitima possuidora, com exclusão de outrém, do seguinte prédio: Prédio urbano, sito na Rua Tomé Rodrigues Pincho, número 8, União das freguesias de Algoz e Tunes, concelho de Silves, composto por uma divisão, destinado a armazém, (celeiro), com a área total de setenta e dois metros quadrados, confinante do norte com Rua Tomé Rodrigues Pincho, do sul, com Herdeiros de Maria Augusta Duarte Álvaro Duarte, do nascente, com Sónia Pescada e do poente, com Herdeiros de Francisco António Aleixo, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Silves, e inscrito na respectiva matriz predial urbana, em nome da justificante, sob o artigo 658, com o valor declarado igual ao patrimonial tributário de seis mil quinhentos e vinte e oito euros e oitenta e sete cêntimos.

CARTÓRIO NOTARIAL A CARGO DA NOTÁRIA MARIA MARGARIDA FRESCO BORLINHA HENRIQUES, SITUADO NA RUA CRUZ DE PORTUGAL À PROJECTADA DIOGO MANUEL, BLOCO A, EDIFICIO ARADE, LOJA 3 C, SILVES.

CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do disposto no artigo cem, número um do Código do Notariado, que em vinte e quatro de Junho de dois mil e dois, no Extinto Cartório Notarial de Silves cujo acervo documental encontra-se arquivado neste Cartório Notarial em Silves, foi exarada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, lavrada a folhas vinte e nove e seguintes do Livro de Notas número cento e cinquenta e nove - F, do referido Extinto Cartório, na qual, Manuel Mestre Louçã e mulher Maria Isabel Martins Louçã, casados sob o regime da comunhão geral de bens, naturais de freguesia de São Marcos da Serra, concelho de Silves, e residentes no Sítio do Monte das Pitas, contribuintes fiscais números 113 870 744 e 113 870 876.

E pelos outorgantes, foi dito que são donos e legitimos possuidores, com exclusão de outrém, dos seguintes prédios: Prédio rústico, sito em Alto da Ribeira, freguesia de São Marcos da Serra, concelho de Silves, composto de mato, sobreiros, cultura arvense, com a área total de vinte e sete mil trezentos e sessenta metros quadrados, confinante do norte e poente com Joaquim dos Santos Inocêncio, do sul, com Joaquim Correia e do nascente com Herdeiros de Joaquim dos Santos, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Silves e inscrito na respectiva matriz predial rústica, sob o artigo 6 da Secção GM, em nome do justificante marido, com o valor patrimonial tributário de 84,26 Euros e declarado de 100 Euros.

representa para si Messines na atualidade?

Sempre considero que tenho ali uma raiz, embora eu praticamente já não conheça ninguém em Messines. Vou lá, mas nunca como uma terra estranha, vou ao jazigo e ao outro cemitério. Terei sempre uma ligação afetiva a Messines, não há dúvida que tenho. Os meus filhos têm, apesar de desligados, algum interesse na terra. Eles real-

para não as utilizar nas aulas, mas depois tenho vindo a verificar que algumas são arcaísmos que persistiram, o «tem avonde» (já chega) e outras, são engraçadas, o «alavão» (muita gente), «dar de vaia», os «charazes». Enriqueci também o meu vocabulário com essas palavras que aprendi em Messines.

Que a Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia do Algoz, representada do primeiro outorgante, e justificante, adquiriu o citado prédio urbano, por meio de doação verbal, nunca reduzida a escritura, que lhe foi feita há mais de cem anos, por Tomé Rodrigues Pincho, solteiro, maior, e residente que foi no Algoz e em data e mês que não pode precisar.

Que desde essa data, possui o prédio em nome próprio, exercendo todos os direitos de proprietário, tratando-o, procedendo à sua limpeza, utilizando-o e conservando-o, e pagando os respectivos impostos, sem a menor oposição de quem quer que seja, desde o seu início, posse que sempre exerceu sem interrupção e ostensivamente e com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriu o imóvel por USUCAPIÃO, não tendo todavia dado o modo de aquisição documentos que lhe permitam fazer prova do seu direito de propriedade perfeita.

Está conforme. Silves, vinte e quatro de Outubro de dois mil e vinte e dois.

nº 165 Emitido recibo.

Prédio rústico, sito em Alto da Silveira, freguesia de São Marcos da Serra, concelho de Silves, composto de mato, sobreiros e cultura arvense, com a área total de trinta e um mil trezentos e sessenta metros quadrados, confinante do norte e poente com Joaquim dos Santos Inocêncio, do sul, com Joaquim Correia e do nascente com Herdeiros de Joaquim dos Santos, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Silves e inscrito na respectiva matriz predial rústica, sob o artigo 7 da Secção GM, em nome do justificante marido, com o valor patrimonial tributário de 116,82 Euros e declarado de 120 Euros.

Que adquiriram os imóveis por compra verbal, nunca reduzida a escritura, feita a José Inácio Mogo e mulher Belmira Eugénia Montes Cabrita, casados no regime da comunhão geral de bens e a António Manuel Silva Mogo, viúvo, e todos residentes no sítio de Ribeira de Arade, em São Bartolomeu de Messines, no ano de mil novecentos e setenta, em data e mês que não podem precisar; e que desde esse ano possuem os prédios em nome próprio, cultivando-os, colhendo frutos e conservando-os, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente e com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriram os imóveis por USUCAPIÃO, não tendo todavia dado o modo de aquisição documentos que lhe permitam fazer prova do seu direito de propriedade perfeita.

Está conforme.

Silves, sete de Dezembro de dois mil e vinte e dois.

A Notária

Maria Margarida Fresco Borlinha Henriques Registado sob o nº 25 Emitido recibo.

(Publicado no jornal Terra Ruiva, edição nº 249, 12 de Dezembro de 2022)

Pub.

16 Terra Ruiva Dezembro 2022
Entrevista de Aurélio Nuno Cabrita A Notária Maria Margarida Fresco Borlinha Henriques Registado sob o (Publicado no jornal Terra Ruiva, edição nº 249, 12 de Dezembro de 2022)
Continuação

Opinião

Professor de História

De um tempo presente

Para a minha filha Marta

De um tempo novo a crescer como esperança em ti e mais ameaçador do que nunca lá fora. Um planeta ameaçado, explorado nos seus recursos e beleza única, sem dó nem piedade. E uma guerra que parecendo longe nos bate à porta da consciência todos os dias. Sim, eu sei, há sempre aquelas explicações muito adultas e bem elaboradas da geoestratégia, da política internacional, das zonas de influência e dos interesses económicos Mas concordo contigo, filha, e para além da complexidade, há esse sentir justo, mais verdadeiro e jovem de quem não aceita e quer respostas imediatas. Recordo da minha infância, os índios e cowboys, de como cedo percebi quem eram os maus. Nas produções de Hollywood, a visão maniqueísta e europeísta do homem branco, civilizador, chegado ao novo mundo, desbravando e explorando terras e minérios. Levando cultura e humanidade aos selvagens. E não sei bem porquê, criança, não acreditava nessa versão única do índio mau e violento e do índio bom que era aquele que aceitava a ocupação, a humilhação e o roubo das terras dos seus antepassados. Esses mesmos índios das grandes pradarias da América do Norte, cavalgando livres como o vento, que aceitaram bem, de início, o homem branco, pois a terra era imensa e generosa, a perder de vista, para depois se verem atraiçoados. Acossados e massacrados, vítimas de genocídio, eles que foram os primeiros ecologistas na sua ligação íntima à natureza e ao espírito da Terra. Das palavras do chefe índio Seattle dirigidas ao presidente norte-americano, em

1854, Como podereis comprar ou vender o céu? Como podereis comprar ou vender o calor da terra? A ideia parece-nos estranha. Se a frescura do ar e o murmúrio da água não nos pertencem, como poderemos vendê-lo? à revolta de Greta Thunberg e dos jovens que iniciaram o movimento das greves climáticas vai um passo de gigante. São ingénuos, pois sejam, mas ao menos gritam o seu inconformismo e inquietação a quem governa e decide o destino do mundo.

Na invasão russa da Ucrânia, em pleno século XXI, quando já não queríamos acreditar na possibilidade destas usurpações e lógicas imperiais, a velha História escancara de novo a constante da guerra e do sofrimento dos povos. E de quem, tão impunemente, nos seus gabinetes, manda os soldados avançar e bombardear. Lembram-se da canção (Menina dos Olhos Tristes) do José Afonso o soldadinho não volta. Os ditadores, tão diferentes nas suas ideologias e tão iguais na sua lógica de pensar; do povo irmão eslavo e vizinho que se quer vergar à força ao Angola é terra portuguesa (Salazar) vai um imenso pedaço de História que o lado mais atávico e cínico dos poderosos deste mundo aproxima numa elipse do tempo. A Rússia de Putin e do seu governo não é um cão atiçado mas sim um cão raivoso que morde, indiscriminadamente, os seus e os outros e os aniquila cruelmente no isolamento, no frio e na morte.

A História faz nos perder todas as ilusões. Mas não nos preocupemos apenas com o aumento do preço do gasóleo e as nossas reivindicações salariais...

Sabes o que é um sentido de vida?... é um campo aberto com a morte ao fundo e tu a correres, ignorando-a. Ou as luzes da cidade, desconhecida, cintilantes pontos de vida agora tristemente apagadas pelo inimigo, milhares de corações pulsando como um grande e único coração humano, tão longe e tão próximo, ecoando de Kiev a Portimão, de Lisboa ao Qatar, de Barcelona a Berlim.

Rota Literária Saramago no Algarve passa por Messines e Silves

“A Viagem de Portugal”, de José Saramago, livro editado em 1981 , pelo Círculo dos Leitores, é a base da “Rota Literária Saramago no Algarve” que foi lançada em novembro, mês em que se assinalou o centenário do escritor.

Nessa sua viagem, José Saramago, vindo do concelho de Loulé, passa por Alte e chega a Messines, e logo se admira com a Igreja Matriz da vila, o seu grés vermelho, a desigualdade dos tons, ou as “magníficas” colunas torsas que sustentam os arcos redondos, também ele de grés: “Para quem achar que qualquer pedra é pedra e o que se faz com uma faz-se com outra, está aí a Igreja de São Bartolomeu de Messines”.

Segue depois o viajante, passando por Silves “ a alta colina, o alto castelo”, a cisterna, a Sé de Silves, os túmulos na Sé, o cruzeiro à entrada da cidade são lugares onde se retém.

E são esses lugares que passaram a estar incluídos na Rota Literária Saramago no Algarve, concebida por Diego Mesa e desenvolvida em colaboração com a associação 1/4 Escuro – Associação de Fotógrafos Amadores de Vila Real de Santo António, tendo por objetivo a criação

Poema

de um conjunto de itinerários literários complementares aos existentes no Algarve. A Associação 1/4 Escuro realizou uma recolha fotográfica dos locais visitados por Saramago e a exposição “Viagem fotográfica ao Algarve” será exibida nos 12 concelhos do Algarve, da viagem do escritor (Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, Olhão e Portimão, Silves, Tavira e Vila do Bispo), e também pelos Ayuntamentos de Lepe e de Ayamonte, em Espanha.

Estes projetos constituem uma oportunidade para dar a conhecer um território que

inspirou vários escritores, nomeadamente os lugares, os monumentos, as paisagens, os sabores e as gentes, mas também promover o Algarve como destino de turismo literário.

O mote para a criação dos itinerários da chamada “Rota Literária Saramago no Algarve” foi a vontade de refletir sobre o território a partir da seguinte premissa: se aquele foi o Algarve visto, em 1980, por José Saramago, como será o Algarve de 2022 visto por aqueles que o visitam agora?

Estas são algumas questões levantadas pelo escritor Diego Mesa, tomando como

ponto de partida o último capítulo, “De Algarve e sol, pão seco e pão mole”, que ocupa 18 páginas na edição da Viagem a Portugal. Fazendo de Saramago seu guia de viagem, com um novo olhar percorre os lugares mencionados e, passados cerca de 40 anos desde a 1ª edição daquela obra, apresenta-nos um Algarve a visitar ou a revisitar, que nos preenche sensorialmente nas paisagens ricas de luz e cor, na arquitetura, nos cheiros, na gastronomia e tradições. Saramago relembra-nos: “É preciso recomeçar a viagem. Sempre”.

Em  Novembro há dias em que sento os meus mortos à mesa, só para tolerar a vida, Não choramos, não falamos do passado ,  nem de memórias ou outras lembranças quaisquer.  Não nos abraçamos, nem sequer nos tocamos. Estamos ali uns para os outros,  olhos nos olhos,  sem mágoas nem falsas esperanças de dias melhores, Estamos absolutamente inteiros Rimo-nos , jogamos às cartas comemos pipas com coca-cola , e cuspimo-nos  no meio de

piadas já gastas e repetidas.

Ficamos ali sentados frente a frente como sempre foi, eu observo-os  com mesma ternura por estes dias todos envelheceram , todos mudaram de penteado ,   todos engordaram , uns perderam cabelo, e eu também  trago na face os dias evidentes deste  tempo  todo igual e repetível em que o poema  é o inevitável salto para a vida.

17 Dezembro 2022 Terra Ruiva Geral P.J.G. Contabilidade / Fiscalidade / Seguros Contabilidade Unipessoal, Lda. Rua António Aleixo nº3 Telm: 962 578 769 Telef: 282 338 128 Fax: 282 330 626 Pub. Pub. Pub.
Hélia Coelho

Escritura Escritura

JUSTIFICAÇÃO

Ana Rita da Silva Palma, Notária do Cartório Notarial sito no concelho de Lagoa (Algarve), na Rua Município de S. Domingos, Lote 7, rés do chão direito, na cidade de Lagoa, CERTIFICA narrativamente, para efeitos de publicação, que neste Cartório e no Livro de notas para escrituras diversas nº 228-A, de folhas 43 a folhas 46 verso, se encontra exarada uma escritura de justificação notarial, outorgada no dia dezassete do corrente, na qual Amílcar Correia Vieira, NIF 111 801 966, natural de Alcantarilha, Silves, e mulher Alzira Mendes Martins Vieira, NIF 111 801 958, natural de Pêra, Silves, casados no regime da comunhão geral, residentes em Malhão, Alcantarilha-Gare, CP 305-H, Alcantarilha, se declararam, com exclusão de outrem, donos e legítimos possuidores, de um terço indiviso do PRÉDIO RÚSTICO situado em Estevais, Alcantarilha, freguesia de Alcantarilha e Pêra, concelho de Silves, descrito na Conservatória do Registo Predial de Silves sob o número mil quatrocentos e noventa e sete, da freguesia de Alcantarilha, sem registo de aquisição de dois terços indivisos (dos quais se justificou um sexto indiviso), encontrando-se 1/3 indiviso registado a favor de Sónia Cristina Mimoso Correia da Costa, inscrito na matriz predial sob o artigo 18 da secção R da freguesia de Alcantarilha e Pêra, anterior artigo 18 da secção R da freguesia de Alcantarilha (extinta), que, por sua vez, provém do antigo artigo rústico 1.815 da avaliação de 1965.

Mais certifico que os justificantes alegaram na referida escritura ter adquirido e entrado na posse e fruição do um terço indiviso do prédio, do qual um sexto indiviso justificaram, à data ainda não descrito na competente Conservatória do Registo Predial, já no estado de casados, no dia 13/10/1975, por doação e adjudicação em partilha titulada por escritura outorgada na mesma data no extinto Cartório Notarial de Silves, exarada de folhas 2 verso a folhas 10 verso do Livro A-77, pela qual os pais do justificante, Manuel Vieira e Adélia Sequeira Correia (já falecidos), doaram, com reserva de usufruto, os bens naquela escritura identificados, em comum e partes iguais, aos seus filhos e noras, que seguidamente partilharam entre si os bens doados, tendo-lhes sido (dado e) adjudicado, entre outros, “uma sexta parte” do sobredito prédio. Alegaram ainda os justificantes que apesar de na citada escritura ter ficado a constar que o direito lá doado e partilhado era referente a “uma sexta parte” do prédio, a verdade é que a aquisição foi de 1/3 indiviso daquele, por conseguinte, o título não se afigura suficiente para promover o competente registo do 1/3 indiviso de que são donos e legítimos possuidores no aludido prédio, mas tão só do 1/6 indiviso titulado, inexistindo, portanto, título formal que comprove e que sirva de base ao registo em seu nome do 1/6 indiviso que justificaram Certifico também que os justificantes alegaram que desde 13/10/1975, data em que se operou a tradição daquele direito, do um sexto indiviso objeto da justificação, assim como do restante 1/6 indiviso titulado pela mencionada escritura, em consequência da aludida e efectuada doação e partilha, que os justificantes entraram na posse e fruição do dito um terço, primeiro enquanto proprietários da raiz, e posteriormente, aquando do falecimento dos pais do justificante enquanto proprietários plenos, conjuntamente com os demais compossuidores, até hoje, que passaram a desfrutar do prédio, dentro de um animus de compropriedade, nele praticando os actos materiais correspondentes ao direito de propriedade plena na convicção de não lesarem o direito de outrem, convictos de serem os verdadeiros e legítimos proprietários daquele direito (1/6 indiviso) sobre o referido imóvel (tal como são do restante 1/6 titulado), e como tal sempre por todos foram reputados, tendo realizado os actos de posse na proporção do seu direito, pelo que possuem o aludido direito (um sexto indiviso), em nome próprio há mais de vinte anos, tudo isto sem que tenha ocorrido qualquer interrupção no tempo, ostensivamente e com o conhecimento e acatamento de toda a gente, desde o seu início, sem violência ou oposição de quem quer que seja. Certifico ainda, que os justificantes alegaram que aquela posse pública, pacífica e contínua, conduziu à aquisição do direito de propriedade do mencionado um sexto indiviso do prédio por usucapião, que invocaram para justificar o seu direito de propriedade para fins de registo.

Está conforme ao original. Lagoa (Algarve), vinte e um de Novembro de dois mil e vinte e dois.

A Notária

Ana Rita da Silva Palma

Conta registada sob o nº 1358/2022

(Publicada no jornal Terra Ruiva, Edição nº 249, de 12 de Dezembro de 2022)

JUSTIFICAÇÃO

Ana Rita da Silva Palma, Notária do Cartório Notarial sito no concelho de Lagoa (Algarve), na Rua Município de S. Domingos, Lote 7, rés do chão direito, na cidade de Lagoa, CERTIFICA narrativamente, para efeitos de publicação, que neste Cartório e no Livro de notas para escrituras diversas nº 227-A, de folhas 137 a folhas 145 verso, se encontra exarada uma escritura de justificação notarial, outorgada no dia dez do corrente, na qual Perpétua da Cruz Norte Estiveira, NIF 149 263 929, viúva, natural de Monchique, residente na Rua João de Deus, nº 52, 2º D, Silves, Luís Miguel Cruz Ramos Estiveira, NIF 184 389 925, divorciado, natural de Angola, residente em Atalaia, Silves, e Carla Isabel da Cruz Ramos Estiveira, NIF 190 221 810, divorciada, natural de Angola, residente em Ladeira de São Pedro, Vivenda Vila Verde, Silves – Representantes da herança ilíquida e indivisa aberta por óbito de José Manuel Ramos Estiveira; Maria João Estiveira de Brito, NIF 229 775 772, solteira, maior, natural de São Jorge de Arroios, Lisboa, residente na Rua das Acácias, Lote 74, Urb. Monte Branco, Gambelas, Montenegro, Faro, Ana Sofia Estiveira de Brito, NIF 212 434 900, casada, natural de Silves, e Luísa Maria Estiveira de Brito, NIF 212 434 896, solteira, maior acompanhada, natural de Faro (São Pedro), Faro, residentes na Encosta da Bela Vista, Lote 29, 2º dto.; Parchal – Representantes da herança ilíquida e indivisa aberta por óbito de Maria Eduarda dos Anjos Estiveira Carrasco de Brito; Graciete Felicia Vieira Estiveira, NIF 119 180 464, viúva, natural de Silves, e Paulo Jorge Vieira Ramos Estiveira, NIF 101 520 611, solteiro, maior, natural de Portimão, residentes na Av. Miguel Bombarda, nº 11, 1º dto., Portimão – Representantes da herança ilíquida e indivisa aberta por óbito de Casimiro José Ramos Estiveira; e Maria da Ascensão Lóia Estiveira, NIF 115 186 280, divorciada, natural de Silves, onde reside na Rua João de Deus, nº 20, Bl. B, 3º esq., e Paula Luísa Loia Estiveira, NIF 115 186 271, solteira, maior, natural de Moçambique, residente na Rua Dr. Emílio José Campos Coroa, Lote 3, 2º esq., Faro –Representantes da herança ilíquida e indivisa aberta por óbito de Luís Ramos Estiveira, se declararam, como únicos herdeiros e representantes das heranças ilíquidas e indivisas abertas por óbito de Maria dos Anjos, José Manuel Ramos Estiveira, Maria Eduarda dos Anjos Estiveira Carrasco de Brito, Casimiro José Ramos Estiveira e Luís Ramos Estiveira, com exclusão de outrem donos e legítimos possuidores da totalidade do PRÉDIO URBANO, composto por edifício de 2 pisos, destinado a habitação, com logradouro, com a área total de 281 m2, sendo a área de implantação de 65 m2, situado na Rua das Portas de Loulé, nºs 15 e 17, na cidade, freguesia e concelho de Silves, descrito na Conservatória do Registo Predial de Silves sob o número doze mil trezentos e noventa e dois, da freguesia de Silves (que corresponde à anterior descrição 16245 a folhas 145 verso do Livro B-39), inscrito na matriz predial sob o artigo 575 da referida freguesia. Que o prédio encontra-se registado: -3/8 a favor da referida Maria dos Anjos, solteira, tendo posteriormente casado com Luís da Cruz Estiveira; -1/4 a favor do mesmo Luís da Cruz Estiveira, casado (com Maria dos Anjos); e -3/8 a favor de Tereza Argentina do Carmo Ramos e Maria Inácia do Carmo Ramos (esta ainda solteira, tendo posteriormente casado com António Joaquim Miranda) – o objecto da justificação Mais certifico que os justificantes alegaram na referida escritura ter Luís da Cruz Estiveira e Maria dos Anjos (de quem os justificantes são os únicos representantes das heranças) adquirido e entrado na posse e fruição dos 3/8 indivisos do prédio (5/8 já lhes pertenciam) por compra feita a Tereza Argentina do Carmo Ramos e a Maria Inácia do Carmo Ramos e marido António Joaquim Miranda no dia 19/10/1954, por escritura outorgada na mesma data, exarada de folhas 86 verso a folhas 89 verso do Livro 488 da extinta Secretaria Notarial de Silves, título que não se afigura suficiente para promover o competente registo.

Alegaram ainda os justificantes que após o falecimento do referido Luís da Cruz Estiveira os seus herdeiros, a viúva, Maria dos Anjos, e os filhos José Manuel Ramos Estiveira, Maria Eduarda dos Anjos Estiveira Carrasco de Brito, Casimiro José Ramos Estiveira e Luís Ramos Estiveira (todos falecidos e cujas heranças representam) e respetivos cônjuges, procederam à partilha do património hereditário do dissolvido casal de Luis da Cruz Estiveira, por escritura de “Habilitação e Partilha” outorgada aos 12/01/1995 no extinto Cartório Notarial de Silves, exarada a folhas 36 do Livro 103-B, tendo o prédio, na sua totalidade, sido adjudicado na proporção de 1/5 indiviso a cada herdeiro Certifico também que os justificantes alegaram que desde 19/10/1954, data em que se operou a tradição material dos aludidos 3/8 indivisos do prédio, em consequência da compra que o mencionado Luís da Cruz Estiveira efectuou, que desde logo o mesmo e mulher Maria dos Anjos entraram na posse e fruição do dito prédio na sua totalidade (uma vez que os 5/8 indivisos já lhes pertenciam) como coisa própria, autónoma e exclusiva, como seus únicos e exclusivos proprietários, e após a morte do referido Luís da Cruz Estiveira e a invocada partilha

por herança, a viúva e os filhos, enquanto comproprietários, continuado, e após o falecimento dos partilhantes os seus sucessores e herdeiros também continuado, nele praticando os actos materiais correspondentes ao direito de propriedade plena, na convicção de não lesarem o direito de outrem, convictos de serem os verdadeiros e legítimos proprietários daquele direito sobre o referido imóvel (tal como já o eram dos restantes 5/8 indivisos) e como tal sempre por todos foram reputados, pelo que possuem e compossuem o dito prédio, na sua totalidade, em nome próprio há mais de vinte anos, tudo isto sem que tenha ocorrido qualquer interrupção no tempo, ostensivamente e com o conhecimento e acatamento de toda a gente, desde o seu início, sem violência ou oposição de quem quer que seja.

Que os justificantes sucederam aos seus pais, avós e cônjuges (no que a cada um for aplicável), na posse e composse que estes vinham exercendo sobre o referido imóvel, de acordo com o artigo 1255º do Código Civil.

Certifico, ainda, que os justificantes alegaram que aquela posse pública, pacífica e contínua, conduziu à aquisição do direito de propriedade dos mencionados três oitavos indivisos do prédio por usucapião, que invocaram para justificar o seu direito de propriedade para fins de registo.

Está conforme ao original.

Lagoa (Algarve), catorze de Novembro de dois mil e vinte e dois.

A Notária

Ana Rita da Silva Palma

Conta registada sob o nº 1328/2022

(Publicada no jornal Terra Ruiva, Edição nº 249, de 12 de Dezembro de 2022)

Escritura

O Signatário CERTIFICA

Para efeitos de publicação, nos termos do disposto no artigo cem, número um do Código do Notariado, que no dia onze de Novembro de dois mil e vinte e dois, a folhas quarenta e três e seguintes do livro de notas para escrituras diversas número Quatrocentos e dois, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de Justificação Notarial, em que FIRMINO JOÃO MARTINS, NIF 161 964 869, e mulher DULCE DA SILVA CORREIA, NIF 161 964 850, ambos naturais da freguesia de São Bartolomeu de Messines, concelho de Silves, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes em Amorosa, São Bartolomeu de Messines, Silves, declararam que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do prédio misto, sito em Fonte Ferrenha, freguesia de São Bartolomeu de Messines, concelho de Silves, a confrontar a norte com Francisco Vargas, a sul e poente com Joaquim Rodrigues das Neves, e a nascente com Jens Wolf Erich Walter, com a área coberta de oitenta metros quadrados e a descoberta de mil setecentos e vinte metros quadrados, composto a parte urbana por prédio de dois pavimentos e duas divisões, destinado a habitação, inscrito na respectiva matriz em nome da herança aberta por óbito de João Martins, sob o artigo 7634, com o valor patrimonial tributário correspondente de € 6.074,86, igual ao atribuído, e a parte rústica, composta por cultura arvense, inscrito na respectiva matriz em nome da herança aberta por óbito de João Martins, sob o artigo 25, secção FZ, com o valor patrimonial tributável de € 24,53, igual ao atribuído, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Silves. Que não possuem outros prédios rústicos, aptos para cultura, confinantes com o acima identificado, pelo que este acto não envolve fraccionamento proibido por lei. Que os elementos relativos a possuidores, antepossuidores e seu desconhecimento, e artigos matriciais anteriores e seu desconhecimento, são os constantes da certidão negativa adiante arquivada. Que adquiriram o prédio acima identificado por doação não reduzida a escrito, feita em data que não conseguem precisar mas que sabem terá ocorrido no ano de mil novecentos e sessenta e oito, já no estado de casados, feita por seus pais e sogros, JOÃO MARTINS e AMÁLIA DA CONCEIÇÃO, casados que foram sob o regime da comunhão geral e entretanto falecidos. Que, por falta de título, não têm os justificantes possibilidade de comprovar, pelos meios normais, o seu direito de propriedade. Que no entanto, desde a referida data, portanto há mais de vinte anos, sempre têm vindo a usufruir o identificado prédio, mantendo-o e reparando-o, cultivando-o e limpando-o, no gozo pleno das utilidades por ele proporcionadas, pagando os respectivos impostos, com ânimo de quem exercita direito próprio, sendo reconhecidos como seus donos por toda a gente, fazendo-o de boa-fé por ignorar lesar direito alheio, pacificamente porque sem violência, continua e publicamente, à vista e com conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguém. Que, dadas as características de tal posse, adquiriram o referido prédio por usucapião, o que para os devidos efeitos invocaram.

Faro, onze de Novembro de dois mil e vinte e dois. O Notário, (Luís Miguel Gonçalves Rodrigues Valente) (Publicado no Jornal Terra Ruiva, Edição 249, de 12 de Dezembro de 2022)

18 Terra Ruiva Dezembro 2022

Silves Alegria do Natal com espetáculos e animação até 8 de Janeiro

Silves Alegria do Natal, iniciativa natalícia promovida pela Câmara Municipal de Silves, está de novo na Praça Al-Muthamid com novidades e espetáculos Uma pista de gelo, carrossel, comboio de Natal, o habitual mercadinho e um diversificado leque de espetáculos natalícios, todos com entrada livre, onde se inclui circo, teatro, gospel, musical de natal, jazz e dança são alguns dos atrativos dirigidos a crianças e famílias.

Na edição deste ano de Silves Alegria do Natal, que teve início a 3 de dezembro, destaque para a aposta feita ao nível dos espetáculos, entre muitas outras ofertas ao nível de teatro, música e dança, de acordo com a seguinte calendarização:

12, 13 e 14 de dezembro

Dias dedicados à comunidade escolar 16 de dezembro

18h00 Concerto de Natal Ensemble Saint Dominics Gospel Choir 17 de dezembro

Animação de rua no recinto 16h00 Espetáculo de fantoches e violino “Rebuliço ao Violino – O Natal de Dom Roberto” 18 de dezembro

Animação de rua no recinto 15h00 Percutunes

18h00 Concerto de Natal da Orquestra de Jazz do Algarve Completa, com Ilse Huizinga 20 de dezembro

18h00 Musical de Natal do Conto de Natal de Charles Dickens

22 de dezembro

16h00 Chegada do Pai Natal (início no Lg. do Município, com passagem pelas ruas 5 de Outubro e Elias Garcia e final na Praça Al-Muthamid)

18h00 Peça de Teatro “Merry Christmas! As tuas músicas de Natal” 5 de janeiro

18h30 Encontro de Janeiras 7 de janeiro

17h00 Concerto de Ano Novo da Banda da Sociedade Filarmónica Silvense

Horário Silves Alegria do Natal Horário: 14h-20h (exceto nos dias 24 e 31 de dezembro, cujo horário será reduzido, das 14h às 18h. Encerra dias 25 de dezembro e 1 de Janeiro.)

Festa de fim de ano em Armação de Pêra Presépios em Alcantarilha

Avila de Alcantarilha transformou-se este ano numa montra de presépios para visitar.

Na antiga escola primária de Alcantarilha estão expostos vários presépios, numa ini-

mos estarão expostos até ao dia 8 de janeiro, com o seguinte horário: domingos e feriados - das 10h às 13h e das 15h às 18h; segunda a sábado - das 15h às 18h.

Também a Sociedade Re-

APraia dos Pescadores, em Armação de Pêra, volta a receber a festa de fim de ano, tendo como cartaz a banda algarvia Iris. Depois de dois anos de interregno, devido à pandemia,

Armação de Pêra concentra de novo as comemorações da passagem de ano com um concerto com os Iris,( às 23h); o Dj “Deejay G3” (até às 3h) e “um grande “espetáculo pirotécnico de fogo-

-de-artifício que iluminará a inigualável baía de Armação de Pêra durante cerca de 15 minutos”, como anuncia a Junta de Freguesia. De referir que a festa de fim de ano é uma organização da

Junta de Freguesia de Armação de Pêra, com o apoio da Câmara Municipal de Silves e de várias outras entidades, associações, empresários e comerciantes locais.

Concertos de Natal nas freguesias

OMunicípio de Silves volta a promover mais uma edição do ciclo de concertos de Natal, nas freguesias do concelho. A iniciativa é de entrada livre, mas a mesma está sujeita à lotação do espaço e à

apresentação de voucher, que poderá ser recolhido no local até 15 minutos antes de cada espetáculo.

Programa: 11.dezembro | 16.dezembro | 21h00 / Au-

ditório Junta de Freguesia de Armação de Pêra Eduardo Ramos 17.dezembro | 16h00 / Igreja Matriz de Pêra Foot Print 18.dezembro | 16h00 / Sociedade de Recreio e

ciativa da ALDEPA – Associação de Defesa do Património Natural e Cultural de Alcantarilha.

No centro da sala existe um presépio central, acompanhado de mais seis pequenos presépios, sendo um deles tradicional algarvio. Os mes-

creativa Alcantarilhense incentivou sócios e amigos a construírem um grande presépio que se encontra exposto no Largo da Capela dos Ossos, em Alcantarilha, igualmente até ao dia 8 de dezembro.

19 Dezembro 2022 Terra Ruiva Geral
O
Pub. Pub. Beatriz Cuiça Rafael Agente de seguros Rua José Rodrigues Martins, Lj. 10 | 8375-118 S. B. Messines Tel./ Fax: 282 330 207 Móvel: 91 811 50 09 ou 96 327 98 35 Pub.
Instrução de S. Marcos da Serra Eduardo Ramos 21.dezembro | 21h00 / Igreja Matriz de SB Messines Foot Print
presépio tradicional

Feliz

Natal

um Próspero Ano Novo

O Terra Ruiva – Jornal do Concelho de Silves e a Associação Pé de Vento desejam um Bom Natal aos colaboradores, anunciantes e leitores. Que o ano de 2023 seja repleto de saúde, amor, solidariedade. E que juntos possamos usufruir de novo da plenitude da vida!

20 Terra Ruiva Dezembro 2022 - Consultas gerais - Análises Clínicas - Radiografia - Ecografia - Cirurgias - Profilaxia médica - Banhos e tosquias - Domicílios animais de companhia e espécies pecuárias Horário: 10.00 - 13.30 / 16.00 - 19.30 | Sábado: 10.00 - 13.30 Pub. Aldeia
Geral
Ruiva (em frente ao Cruzamento dos Campilhos)
S. B. de Messines
e

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