Higienopolis - edição 01

Page 1

aQuadra

MAIO/JULHO 2018 – H01

O JORNAL DE HIGIENÓPOLIS E DOS ARREDORES

VIDA DE BAIRRO ECONOMIA

GENTE

VIAGEM

CRÔNICA

ESTILO

DESIGN

PRAÇAS

URBANISMO

GASTRONOMIA

COMPORTAMENTO

CULTURA

LENTE

ANTENA

VIVER BEM

INSPIRAÇÃO CONVIZINHO

D I S T R I B U I Ç Ã O G R AT U I TA

Bretagne, de Artacho Jurado, o primeiro condomínio-clube da cidade

O arquiteto Renato Tavolaro e sua Roma em mais uma visita à figueira da Vilaboim

Inaugurado simultaneamente ao bairro, o Parque Buenos Aires confirma que o verdadeiro luxo é poder aproveitar o que o bairro tem a oferecer

O hall modernista do apartamento do casal José Resende e Christiana Carvalho

A bela do bairro, Thereza Collor, apresenta sua coleção de histórias


A LINGUAGEM DO AMOR

AL. GABRIEL MONTEIRO DA SILVA, 1.326. TEL.: +55 (11) 3063-4343 fleur.design @_fleur.design

Fotos capa: Ilustração: Fabrizio Lenci, André Scarpa, Paulo Giandalia, Jade Gadotti

D ES I G N F LO R AL

EDITORIAL Quando começamos a fazer o primeiro jornal aQuadra, focado no Jardim Paulistano e seus arredores, a ideia era desenvolver um periódico com uma única missão: ser uma plataforma de comunicação entre as quadras. Não imaginávamos que o projeto aQuadra Higienópolis nasceria tão cedo, alimentado por um desejo dos leitores que moram no bairro e pela minha ligação afetiva. Morei em Higienópolis em várias etapas da minha vida. De adolescente aos anos 1980, quando voltei da Europa para o décimo andar de um apartamento na avenida Angélica, em frente à praça Buenos Aires. Vivi, literalmente, nas alturas. Mesmo tendo saído do bairro rumo aos Jardins, no início dos anos 1990, meu coração sempre esteve presente em Higienópolis. Ao decidir expandir o jornal para outras quadras – por sugestão de um amigo morador – nos deparamos com um mundo rico de conteúdo e memórias deste que foi um dos mais importantes bairros da cidade no século 19. Conhecemos uma vizinhança engajada, que luta para preservar a maravilha arquitetônica do bairro, e fizemos uma caminhada com o arquiteto André Scarpa para identificar e conhecer os prédiosícones da região. Visitamos o apartamento do casal de artistas José Resende e Kiki Carvalho que traduz exatamente o lifestyle daqui: uma casa com arte, muitos livros e um lugar de honra para as plantas; aliás, tema sobre o qual adoramos falar na seção Antena. E como Higienópolis é verde! Parques, praças, floriculturas, casas com jardins na varanda e até dentro dos apartamentos. Uma verdadeira floresta urbana. Entrevistamos uma personagem nacional marcante, Thereza Collor, que também é moradora do bairro; fomos conhecer de perto o fundador da cantina Jardim de Napoli, tradicional pelos polpetones. Pedimos que o artista multidisciplinar Felipe Morozoni escrevesse a crônica desta edição e a arquiteta Manoela Beneti desse dicas da rua mais cool da região, a Barão de Tatuí. Descobrimos em pleno coração do bairro um artista incrível: Walmor Corrêa, que tem fascínio pelo fantástico. A cada estação, convidamos um artista para customizar nosso Q e, neste primeiro aQuadra Higienópolis, Roberto Camasmie se inspirou na vida das grandes metrópoles. As nossas 32 páginas ficaram pequenas para tanto assunto. Recebam com carinho esta primeira edição. Ótima leitura! Helena Montanarini


Colaboradores

4

Crônica Por FELIPE MOROZINI

5

Eu me vejo em você ANA MELLO Arquiteta de formação, atua, desde 2013, como fotógrafa de arquitetura. Assina o retrato de Paulo Mendes da Rocha para a revista inglesa Monocle. Clicou Paola Orleans e Bragança.

NELSON KON Especializado em arquitetura brasileira moderna e contemporânea, o fotógrafo atua profissionalmente desde 1985. Neste número, Nelson fotografou as fachadas dos prédios projetados pelo pai.

FABRIZIO LENCI Arquiteto formado pela Escola da Cidade é sócio do estúdio Vapor 324. Apaixonado pela arquitetura paulistana, ilustrou os prédios icônicos de Higienópolis para esta edição.

PAULA DIP Jornalista e escritora formada em história pela PUC. Para este número, ela escreveu sobre sua juventude como aluna do Colégio Sion.

MAIÁ MENDONÇA Jornalista desde sempre. Criou projetos, editou livros e revistas. Aqui, conversou com o escultor José Resende e a mulher, a fotógrafa Kiki Carvalho.

VALDERSON DE SOUZA Astrólogo, tarólogo, arquiteto, mestre em cultura japonesa pela USP, ikebanista e chajin. É responsável pelo Astral de aQuadra.

PAULO GIANDALIA Foi repórter fotográfico no Jornal da Tarde e cobriu a Olimpíada de Sydney para o UOL. Publicou o livro Mestres do Salão com Thomaz Souto e Renato Pasmanik. Colaborou para o jornal com seus infinitos cliques.

JADE GADOTTI Artista plástica formada pela Faap, restauradora e fotógrafa. É conhecida pelas fotos de casamentos e pelos retratos de família. Integra coleções particulares no Brasil e exterior. São dela as fotos de Thereza Collor.

BEATRIZ BRENNHEISEN Designer de joias, cursou moda no IED e fez bacharelado em marketing na Faap. Hoje, produz artes adornáveis artesanalmente. É dela o grande coração desta edição.

ROBERTO CAMASMIE Artista plástico e retratista, ficou conhecido pelas pinturas de personalidades da sociedade paulistana. Tem mais de 50 anos de carreira e desenhou o Q desta primeira edição.

ANDRÉ SCARPA Formou-se na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, em Portugal, e participou como sócio do Nitsche Arquitetos até 2018. Foi convidado para ser o curador desta edição especial sobre Higienópolis, bairro em que mora, trabalha e realiza caminhadas guiadas que mostram a arquitetura da região. Sugeriu e produziu textos da seção Vida de Bairro e abriu seu caderninho de contatos para nós. @scarpa_andre

O

facebook.com/sushipapaia @sushipapaia

Foto: André Porto

www.miriammamber.com.br Facebook e Instagram: @miriammamberdesign Tel. 11. 3031.5778

Praça Vilaboim, 93, Higienópolis. Tel.: (11) 3666-2086 Rua Veiga Filho, 171. Tels.: (11) 2157-7373 / 3666-8666

Fotos: Divulgação; Ana Mello

Sushi Papaia comemora 20 anos com sede renovada na Vilaboim

i, meu nome é Francisco, sou um ipê-amarelo e hoje vou te contar uma história. Quan do cheguei por aqui, eu era bem pequenino. Colocaram-me em um quadrado de terra e esperança na avenida Angélica, mais precisamente na frente do Edifício Parque das Hortênsias. O ano era 1950. Por ficar perto da rua Jaguaribe, sempre convivi com minhas amigas que moravam nas redondezas. Tinha colegas a duas quadras na Santa Cecília, duas quadras para a frente na Vila Buarque, e todas falávamos da mesma coisa: o progresso repentino de nossa região. Estávamos vendo outro momento: a saída dos casarões e a chegada dos edifícios renomados e coloridos. Vieram 200 arquitetos da Europa, fato que definitivamente mudou nosso bairro, e também chegaram judeus e brasileiros de todo o Brasil para ajudar a construir, em todas as esferas, esta nova cidade. A vocação residencial, com estilo de chácaras e casarões com enormes jardins, evoluiu para prédios ultramodernos. Tudo era novidade. Tudo era colorido. Artacho Jurado e suas linhas que ninguém entendia. De repente, nosso bairro começou a se horizontalizar e modernizar. Aqui temos uma coisa que ninguém tem: arquitetura de babar os olhos – como se olhos babassem. Temos o Cinderela; o Prudência; o poético edifício Louveira, todo aberto para a cidade, do arquiteto Vilanova Artigas; o Lausanne e suas venezianas brancas, verdes e vermelhas; o maravilhoso Bretagne, com seu conceito de prédio-clube. Sem falar dos casarões que sobraram: o Iate Clube de Santos, onde morou dona Veridiana da Silva Prado; a sede do Iphan, na Angélica, um casarão de 1910; a Vila Penteado, um dos primeiros projetos do estilo art nouveau, entre muitos e muitos outros. E eu ali, quieto, tentando absorver as novidades. Ciente do quão precioso era o meu trabalho, além de fornecer ar para os outros, o de testemunhar a transformação. E eu adoro transformações. Todo tipo de mudança é bem-vinda por aqui.

E isso é o que tem acontecido nos últimos 68 anos: mudanças. Vi todo tipo de transformação. Os senhores elegantes de outrora em impecáveis ternos feitos por alfaiate agora dão espaço a skatistas com cabelos compridos e seus inseparáveis fones de ouvido. Também vi mudarem os animais de estimação. Quem é do bairro sabe. Todo dia, subia a avenida Angélica uma senhora com um carrinho de bebê com um chimpanzé. E isso não faz muito tempo. Outra muito famosa andava com seu porco gigante na coleira de strass. Dizia que eram brilhantes. Era um acontecimento. Naquela época, não tinha celular, então ninguém ficava tirando foto. Apenas observando – para contar as novidades depois no jantar em casa com a família. Hoje são cães, das mais variadas raças, mas principalmente vira-latas que foram adotados, para cima e para baixo, sempre procurando o que fazer. Porque se existe uma coisa certa por aqui é esta: tem muita coisa para fazer. Milhares de cafés, restaurantes de todas as nacionalidades e gostos (e bolsos também), galerias de arte, universidades, hospitais, museus, clubes, academias, mercados, teatros, tudo do que um bairro precisa. Ou seja, eu me sinto em uma cidade aqui. Na mesma rua é possível encontrar um centro espírita kardecista, um centro de johrei, um terreiro de umbanda, uma igreja católica e uma sinagoga, evidenciando o sincretismo verdadeiro da região. Todo mundo se respeita.

O mais legal, hoje, é que muita gente passa aqui. De todos os tipos, credos, cores e religiões. O dia todo, a noite toda. Uma coisa interessante que me contaram é que querem fazer um parque naquele viaduto horroroso. Eu, no começo, dei risada. Ora, como terá um parque se não tem terra para as árvores? Hoje eu entendi. Não precisa de árvores para ter um parque. Precisa de pessoas. E isso tem muitas. Todos os fins de semana, milhares de pessoas transformam aquele espaço em uma área de lazer, esporte e convivência. E isso é lindo de se ver. Evidentemente, essa não é uma história linear e isenta de conflitos. O debate sobre o futuro do Minhocão é quase um enredo de novela. Acho que a importância do viaduto está no uso dado pelos moradores, ressignificando aquele espaço. E isso é maravilhoso. Diz que se Jane Jacobs, escritora do livro Morte e Vida de Grandes Cidades, vivesse no Brasil, moraria aqui. “Aqui a cidade deu certo”, disse ela. E eu só posso concordar.

FELIPE MOROZINI É um multiartista de São Paulo. Suas fotografias já foram expostas em diversas galerias, museus e festivais de arte no Brasil e no mundo, como Zipper Galeria, Aktuel, Plastik e SP-Arte/Foto. É um dos diretores da Associação Parque Minhocão e autor da crônica desta edição.


6

Vida de Bairro

Vida de Bairro

7

Por TATIANA REZENDE

Era uma vez

Em sentido anti-horário, dona Veridiana Valéria da Silva Prado, que construiu o primeiro palacete do bairro; avenida Higienópolis no início do século 19; bondinho puxado a burros circulavam pela recém-aberta rua Dona Veridiana; vista de Santa Cecília e Vila Buarque no início de 1900

Inicialmente ocupado pela aristocracia do café, fazendeiros, empresários, comerciantes e profissionais liberais, Higienópolis hoje vai muito além da área residencial

O bairro nasceu em duas etapas. A primeira, nos altos da Santa Cecília, ligado a três nomes femininos: dona Maria Antonia da Silva Ramos, dona Veridiana Valéria da Silva Prado e dona Maria Angélica Souza Queiroz Aguiar de Barros, presenças evocadas nas ruas que levam o nome delas. A segunda parte, do lado ímpar da avenida Higienópolis para cima, no encontro das avenidas Paulista e Dr. Arnaldo, tinha terrenos que seriam loteados por Martinho Burchard e Victor Nothmann. Toda a área já era ocupada por grandes propriedades de conhecidos membros da sociedade paulista de fins do Império e início da República. O bairro recebia, sobretudo, gente do café, empresários que distribuíam o tempo entre colheitas de café nas fazendas e as cidades, onde mantinham residência. Quase na mesma época vieram muitos estrangeiros, entre outros motivos, em busca do clima de serra. Os moradores eram as pessoas de maior projeção na São Paulo da época, prósperos comerciantes estrangeiros, profissionais liberais, fazendeiros e comissários de café e os primeiros grandes nomes da indústria. Esta foi a principal característica de Higienópolis: a de ter ocupado posição de bairro mais elegante da cidade. Ele serviu de cenário para a atuação de figuras que tiveram importante papel na sociedade, em que se sobressaíram as famílias Silva Prado e Álvares Penteado e sua imensa parentela, como os Pacheco e Chave, Alves de Lima, Ramos e Uchoa. A primeira casa do loteamento idealizado por Martinho Burchard e Victor Nothmann foi a de Franz Müller, construída em 1895. Em seguida vieram a de Henrique Trost e a de Henrique Schaumann, na avenida Higienópolis. As ruas do bairro só seriam oficializadas a partir de 1912. A primeira foi a Rio de Janeiro e, depois, a avenida Higienópolis. No fim de 1999, foi inaugurado o Shopping Pátio Higienópolis, empreendimento que gerou grande repercussão e, inicialmente, foi mal recebido. Os moradores temiam impactos negativos no trânsito da região – já bastante conturbado – e também no uso comercial das lojas. Cerca de dez anos depois, em 2010, nova polêmica. A discussão sobre a localização da construção da estação Angélica do metrô, a três quadras de distância da Higienópolis-Mackenzie. No entanto, ambos os episódios são páginas viradas para o bairro.

A

Acima, imagem atual do bairro, visto a partir da cobertura do Edifício Paquita. Ao lado, Victor Nothmann e, acima, Martinho Burchard, comerciantes alemães que lotearam a área

Fotos: Divulgação

Fonte: livro Higienópolis - Grandeza e Decadência de um Bairro Paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

Fotos: Divulgação

ocupação da região começou no século 16 e fazia parte da Sesmaria do Pacaembu – área onde atualmente estão Perdizes, Pacaembu e Higienópolis. Sesmarias eram grandes lotes de terras cedidos pelo rei de Portugal para serem cultivados. A do Pacaembu foi dada aos jesuítas que pertenciam à Companhia de Jesus. Em 1767, o Fisco Real a confiscou, assim como os demais bens dos jesuítas, e as terras foram arrematadas por membros da aristocracia paulistana. Higienópolis surgiu em fins do século 19, graças à especulação imobiliária de dois empresários alemães: Martinho Burchard e Victor Nothmann. A dupla de comerciantes cuidou de todas as benfeitorias urbanas, como água, esgoto, iluminação (a gás), arborização e linha de bonde. As ruas foram arborizadas com uma variedade de espécies. A Sabará, por exemplo, era cheia de magnólias. Nas demais vias, catalpas, carvalhos e ligustros. Não havia sistema de abastecimento de frutas, verduras e carnes, então os espaços eram destinados não só para jardins, como para cultivo de hortaliças e árvores frutíferas e criação de animais. Situado no ponto mais alto da cidade, nas encostas do espigão da avenida Paulista, o bairro era considerado um dos mais agradáveis de São Paulo. Por causa das melhorias, do clima agradável e do ar ameno, o lugar recebeu o nome Higienópolis, que significa “cidade ou lugar de higiene”.


Vida de Bairro

8

Vida de Bairro

O chefe do pedaço

Ao lado, o amplo hall do edifício Prudência; abaixo, a portaria no interior do Lausanne; a portaria do edifício Albatroz e a do Albar, na rua Albuquerque Lins

O prefeito regional da Sé, Eduardo Odloak, diz que os oito distritos que compõem a região têm desafios díspares. A ideia é unir esforços da comunidade com a iniciativa privada

“Nosso grande desafio para resolver todas essas questões é como envolver sociedade civil e empresários. Temos buscado muito as parcerias, porque quando os empresários se envolvem, a gente consegue realizar o que precisa”, diz. Sobre o envolvimento dos moradores, Eduardo acredita que “o poder público pode conduzir, mas não consegue dar o mesmo carinho e a atenção que a comunidade”. SERVIÇOS 24 HORAS

A porta de casa

DONA DEÔLA R. Conselheiro Brotero, 1.422 Tel.: (11) 3826-4648 donadeola.com.br

Muitos dos edifícios que dão fama ao bairro de Higienópolis têm a arquitetura obstruída logo no momento em que paramos na calçada. Como verrugas urbanas, ou filhotes dos próprios edifícios, as guaritas surgem como o primeiro contato do visitante. Ironicamente, esse objeto tão pouco explorado pelos arquitetos acaba por ser o elemento mais desprendido de regras e cumprimento de legislação. Não há pés-direitos mínimos ou máximos, não há normas de conforto térmico ou salubridade. É o resultado de um paradoxo de guerra: permitir mais visibilidade almejando a invisibilidade. Está clara a impossibilidade de responder simultaneamente a essas duas questões. Condomínios como Albatroz, projetado por João Kon, ou Indaiá, de autoria de Fábio Penteado, viram

FRUTARIA PAULISTA R. Minas Gerais, 316 Tel.: (11) 3255-1751 frutariapaulista.com.br

Instituto Italiano de Cultura

A região da Paulista, o grande centro cultural da cidade, também deixa Eduardo Odloak atento. “O paulistano se apoderou mesmo da avenida no domingo. Agora precisamos colocar regras para harmonizar o uso entre as atividades, os visitantes e os moradores. Acredita que estamos tendo brigas entre bandas? Um reclamando do som alto do outro? Quem sai prejudicado é o morador”, explica.

Construído em 1922, pertencente à família de Oscar Rodrigues Alves, o casarão foi adquirido pelo governo italiano em 1958. Ali passou a funcionar o Circolo Italiano, que hoje está no edifício Itália, na República. Em 1965, tornou-se sede do Consulado Italiano. A instituição funcionou ali por quase 40 anos e foi transferida para a Paulista. A partir de 2006, o casarão se tornou sede do instituto Italiano de Cultura.

DROGARIA SÃO PAULO Av. Angélica, 1.465 Tel.: (11) 4003-3393 TERAPEUTA HOLÍSTICO 24H R. Marquês de Itu 836 Tel.: (11) 98400-2648 7O BPM Av. Angélica, 1.647 Tel.: (11) 3661-9985

INSTITUTO ABERTO Visita guiada ao IIC com o arquiteto Oscar L. Marzorati para conhecer melhor as instalações, a biblioteca e a memória arquitetônica da sede do IIC. Terça, das 18h às 19h Inscreva-se até três dias antes: biblioteca.iicsanpaolo@esteri.it CINEMA La Dolce Vita Projeção ao ar livre do filme de Federico Fellini. Sábado, 26 de maio, 19h IIC – Av. Higienópolis, 436 | Entrada franca Sempre fique atento ao site oficial: iicsanpaolo.esteri.it/iic_sanpaolo/it

Vida de artesão

Fotos: Paulo Giandalia; André Scarpa

Como são resíduos ricos, com embalagens, tecidos, retalhos, papelão e uma série de matérias-primas, pode ser vendido para comprar droga”, conta Eduardo. Segundo ele, o descarte irregular alimenta o ciclo. “Retiramos de 3 a 6 toneladas de lixo por dia, então temos que conscientizar os comerciantes dali de que não pode haver descarte de forma inadequada”, diz.

IRACEMA PÃES E DOCES Av. Angélica, 101 Tel.: (11) 3660-4444 iracemapaesedoces.com.br

Fotos: Paulo Giandalia; divulgação

A Prefeitura Regional da Sé é formada por oito distritos: Bela Vista, Bom Retiro, Cambuci, Consolação, Liberdade, República, Santa Cecília e Sé. Desde 2017, o responsável por administrar a área é Eduardo Odloak. “Estamos falando de uma região cheia de contrastes e com desafios muito díspares – todos associados ao uso do espaço público”, explica Eduardo, que comanda uma região com 430 mil moradores e pela qual circulam 3 milhões de pessoas diariamente. A principal questão no distrito da Consolação é o conflito entre o uso residencial e o comercial. Segundo Eduardo, o entorno de instituições como Mackenzie e Faap causa uma tensão eterna entre moradores e universidades por conta do barulho. “Bares e restaurantes colocam mesas na rua e aí já viu... É reclamação o tempo inteiro”, explica. “A Bela Vista e o Bixiga são lugares queridos pelos paulistanos, daí a dificuldade no processo de revitalização do Largo do Arouche. Como a geometria de lá é tombada pelo Patrimônio Histórico, os moradores estão preocupados com o uso que será feito da praça”, diz Eduardo. No caso do Minhocão, ele explica que a prefeitura está em fase de estudos de algumas propostas. O ex-prefeito João Doria reuniu urbanistas que desenvolveram uma série de projetos. “Não sei se teremos apoio financeiro para construir o que estamos querendo. Outro empecilho é o choque entre a publicidade e o Cidade Limpa. Temos restrições por causa disso”, conta Eduardo. “O maior desafio no caso do Minhocão é acabar com o ‘efeito tampa’ que ele gera”, completa. Na Santa Efigênia e no Bom Retiro os problemas são de outra ordem: o lixo. “O lixo é um fator importante no ciclo econômico daquele entorno.

9

a necessidade de aproximar os espaços de vigília da fachada para recuperar a visibilidade perdida pelo gradeamento, sobrepondo soluções de maneira atrapalhada. Como esfinges mudas não decifráveis, esses elementos imprimem falsa segurança ao tentar reforçar o limite entre público e privado. Se não andamos com airbags inflados, não há necessidade de exibir tamanho arsenal na porta de casa. Incrementadas com cercas elétricas, lanças, arames farpados, ou cacos de vidro, as portarias propõem resolver a violência criando uma imagem mais violenta ainda e, na maioria das vezes, inútil. Entretanto, se esse tipo de solução virou regra no cotidiano das cidades, a esperança surge em novos exemplos que nadam contra a maré. No edifício

Foi em uma pequena oficina do bairro da Penha que Robson Donizeti de Moraes aprendeu a fazer a primeira cadeira de palha. O que era para ser somente um extra se tornou seu trabalho oficial alguns anos mais tarde. Hoje, Robson acumula 35 anos de profissão e é famoso por restaurar cadeiras para boa parte dos moradores de Higienópolis, onde atua há mais de uma década. Não por acaso, tornou-se um dos personagens mais famosos da região e se orgulha de atender clientes ilustres, como Jô Soares. De manhã até o fim da tarde, Robson pode ser encontrado nos cruzamentos perto da rua Maranhão. Robson Esquina da rua Aracaju com a Maranhão. Tel.: (11) 3101-5115 / 97191-5019

Lausanne, síndica e moradores uniram esforços para conduzir um processo de revitalização. O projeto, acompanhado pelo arquiteto Vito Macchione, transferiu a portaria para o interior do edifício, demolindo a antiga guarita, que invadia o jardim do projeto original de Franz Heep. O vizinho Prudência também teve a mesma sorte. Não tinha guarita, mas uma reforma malsucedida enclausurou o vão central, antes aberto, e substituiu parte dos jardins desenhados por Burle Marx por vagas de garagem. Em breve, terá início uma reforma com projeto de intervenção do arquiteto Guilherme Paoliello, que propõe um retorno a proposta original de Rino Levi. Se um edifício como o Louveira, de Vilanova Artigas, projetado em 1946, sem grades, guaritas ou eclusas, continua um dos endereços mais procurados do bairro, é hora de escolher melhor quais exemplos queremos seguir.


10

Vida de Bairro

Vida de Bairro

O ilustre do bairro

Rápido e certeiro

Paola Orleans e Bragança ao lado do estilista Marcelo Von Trapp e da designer Lane Marinho no ateliê do trio, em Higienópolis

Uma garagem de 13 m2 debruçada sobre rua Sabará acomoda o restaurante Marcha e Sai. No andar de cima do sobrado vive Tati Szeles, proprietária do restô e chef responsável por preparar diariamente as delícias servidas no local. Até 2012, Tati comandou o extinto Boa Bistrô, na Vila Madalena, mas percebeu que grandes negócios não estavam alinhados com seu lifestyle. “Estava exausta, pois, além de cozinhar, cuidava das partes administrativa, financeira e operacional”, revela. Após descobrir que o espaço embaixo da casa dela estava disponível, não pensou duas vezes: uniu o útil ao agradável e criou, no pequenino local, um restaurante estilo take-out. Prático e perfeito para a hora do almoço. Da cozinha do Marcha e

Sai saltam criações frescas, coloridas e servidas em bowls. Você pode levar para comer em casa, ou sentar em um dos bancos da calçada para saborear. No cardápio há duas opções por dia, uma com e outra sem carne. Entre as estrelas da casa, são dignas de menção o baião de dois e a brandade de bacalhau, mas um dos nossos preferidos é, sem dúvida, o nhoque de abóbora com queijo de cabra (foto). Todas as refeições são preparadas única e exclusivamente por Tati, cozinheira solo do restaurante. E, ao contrário do que parece, a rotina da chef é 100% prazerosa, tanto que ela não pensa em ampliar o negócio tão cedo. “Gosto tanto de trabalhar aqui que adiei uma viagem programada a Fernando de Noronha só para poder ficar no restaurante.” Isso que é paixão pela cozinha!

Projetado por Artacho Jurado em 1952, com arquitetura singular, o edifício Bretagne estimula a convivência saudável entre os vizinhos

O mais emblemático edifício de João Artacho Jurado, apresenta mais de 170 apartamentos, todos com as janelas voltadas para a generosa área de lazer que inaugurou o conceito de condomínio-clube. Uma curvilínea piscina inserida no grande jardim do térreo está rodeada por espaços amplos e exuberantes como sala de música, salão de chá, bar e playground.

Fotos: André Scarpa; Divulgação

Fotos: Divulgação; Paulo Giandalia

@brennheisen

Um oásis carismático que atrai moradores especiais. O Artacho criou uma comunidade além das paredes e dos jardins, deu alma para o Bretagne. Zé Renato Maia, designer gráfico

Marcha e Sai Rua Sabará, 473, Higienópolis (11) 95050-5107 @marcha_e_sai

www.brennheisen.com

aspas

Moro no Bretagne há quase 15 anos. Eu já tinha morado no Cinderela, outra obra do Artacho Jurado, mas a paixão pela arquitetura dele virou amor aqui neste condomínio criado para estimular a convivência. Ele conseguiu! S,omos uma verdadeira comunidade, que, além de aproveitar as áreas comuns, criou laços de amizade, camaradagem e cooperação. Nossas crianças crescem juntas, mães e pais ajudam uns aos outros, quem está doente, trabalhando, precisando de alguma coisa sempre encontra alguém para ajudar. Cuidamos uns dos outros e zelamos pelo nosso prédio tombado, que é um bem nosso e da nossa cidade. Esse espírito solidário extrapola nossos jardins, nossos apartamentos. Hoje, estamos mobilizados pela permanência da banca de coco da Jeane na praça Esther Mesquita e pelo tombamento do conjunto que inclui Bretagne, Sion Graziela e casarão da Cúria, para que nenhuma Azevedo é nova construção interfira na harmonia jornalista e desses locais históricos e impeça a visão moradora de que hoje todos desfrutam. Artacho conseguiu com o Bretagne criar um espaço de arquitetura singular e de confirmação de que a convivência alegre e solidária entre vizinhos é possível. P.S.: estamos em uma batalha muito grande para impedir que a ideia da construção de um prédio nos fundos do casarão da Cúria prospere. O Bretagne contratou um advogado que está lutando nos órgãos de defesa do patrimônio, no MP e na prefeitura. Tem abaixo-assinado no Avaaz. Toda ajuda será importante!”

Sangue azul Paola Maria de Bourbon Orleans e Bragança Sapieha. Até parece nome de princesa. E é. Tataraneta de dom Pedro II, Paola nasceu em Londres e viveu boa parte da infância em Petrópolis, antes de se mudar para o Rio e, posteriormente, para São Paulo. Higienópolis faz parte desse roteiro real há quase 11 anos. “No início, dividia apartamento com um amigo na esquina da Angélica com a Alagoas. Uma delícia. Tinha uma janelona de vidro e era de frente para a praça Buenos Aires. Fiquei lá uns quatro, cinco anos. Depois, eu me mudei para um apartamentozinho na rua Piauí e, logo em seguida, fui para a avenida Higienópolis”, relembra. “Eu me apaixonei pelo bairro. Ele tem a cara do Rio. Não tem praia, mas tem árvores, as pessoas andam pelas ruas, passeiam com o cachorro... É um lugar com muitos serviços. Tem costureiro, armarinho, sapateiro, quitanda. Não saio daqui para nada”, diz Paola. Nem para trabalhar. Atualmente, ela divide um ateliê com a designer Lane Marinho e o estilista Marcelo Von Trapp. “Só atendemos com hora marcada. A Lane faz sapatos à mão ma-ra-vi-lho-sos. O Marcelo é muito talentoso, trabalha com alfaiataria”, conta. Paola se dedica a dois projetos. O primeiro é o Estelar, um canal no YouTube com mais de 13 mil inscritos em que ela entrevista mulheres inspiradoras. Sua outra paixão, design, segue mais forte do que nunca. Paola está desenvolvendo joias de porcelana. “Fiz um curso de cerâmica para me reconectar com o design. Fiquei tão apaixonada que agora estou em um curso de formação em cerâmica e desenvolvendo joias de porcelana, ouro e pedras brasileiras com formato bem exclusivo. Crio o que acredito, respeitando os materiais e o tempo das coisas”, explica. @paolamaria

11

aspas

aspas

aspas

Foi meu pai, médico vindo do interior que comprou o apartamento, em 1958. Eu vim estudar aqui e acabei ficando. Esse é o único prédio da cidade que tem cara de comunidade. Todos se conhecem, se frequentam e se fofocam.

Morar no Bretagne é simplesmente fantástico, a começar pela beleza, pela cartela de cores e pelo paisagismo. O Artacho foi muito cuidadoso nos detalhes. Fico feliz que se mantenha ainda preservado. Tem fins de semana que não tenho vontade de sair dele.

No fim dos anos 1950, meu marido, eu e três filhos pequenos embarcamos no navio Bretagne rumo ao Brasil. Deixávamos a Áustria para viver uma nova vida. Por acaso, descobrimos em uma propaganda no cinema que um edifício moderníssimo, o Bretagne, estava sendo inaugurado. Fomos dos primeiros moradores daquele prédio muito colorido e cheio de vida.

Sidney Haddad, fotógrafo

Lau Neves, makeup artist

Morar no Bretagne é um privilégio. É usufruir das ideias desse visionário que foi Artacho Jurado. Paula Patsch, 90 anos, bisavó

Madame Min, cantora, atriz, blogueira e empresária


12

Arquitetura

Vida de Bairro 13

Por ANDRÉ SCARPA Ilustrações FABRIZIO LENCI, VAPOR 324

E por falar em arquitetura...

Na adolescência, ao refletir sobre a escolha da carreira profissional, Michel Schlesinger pensou em ser advogado e até ensaiou uns passos como ator, mas a vocação religiosa falou mais alto. “Quando contei para a minha mãe que queria ser rabino, ela levou um susto e me disse: ‘Depois que você se formar, a gente conversa’. Tirei a OAB e fui morar em Jerusalém por quatro anos”, conta. Hoje, aos 41, Michel é rabino da Congregação Israelita Paulista, cargo que ocupa desde 2007, quando assumiu a tarefa de substituir Henry Sobel – rabino emérito residente em Miami. Conhecido pelo ótimo diálogo com os jovens da comunidade, Michel demonstra satisfação ao ser procurado para debater assuntos pessoais. “Na Idade Média, os rabinos eram vistos como conselheiros, e isso continua assim, o que me deixa muito feliz. Os jovens vêm me consultar no momento de optar por uma profissão, mas a relação segue posteriormente,

Impossível pensar em Higienópolis e não lembrar dos belíssimos edifícios espalhados pelo bairro. Com calçadas largas e arborizadas, as ruas são um convite ao passeio, e não é raro ser surpreendido ao passar por prédios de arquitetura modernista. Entre ícones já consagrados e pérolas escondidas, selecionamos quatro edifícios para explorar nas redondezas.

Edifício Louveira Donos de janelas com um engenhoso sistema de contrapeso, os dois blocos chamam a atenção pelas diferentes cores dos revestimentos e pela total ausência de grades. João Batista Vilanova Artigas, 1946 Praça Vilaboim, 144

Michel Schlesinger é rabino da Congregação Israelita Paulista desde 2007, quando assumiu a tarefa de substituir Henry Sobel

O rabino entra em cena

Edifício Juriti O edifício de linhas muito puras e desenho conciso tem a iluminação garantida pelo amplo jardim na lateral. João Kon, 1961 Rua Martinico Prado, 90

quando precisam resolver uma crise no casamento, um processo de divórcio ou uma briga entre sócios”, diz. Morador do bairro, Michel conta que nunca saiu de Higienópolis. “Morei na São Vicente de Paula, na Veiga Filho, na Pará e ainda por cima casei com uma moradora daqui [a antropóloga Juliana].” Quando o assunto é a presença expressiva de judeus nos arredores,

Michel não encontra uma explicação precisa, mas sabe que inicialmente eles se instalavam no Bom Retiro porque ficavam mais próximos à estação de trem. Depois que se fortaleceram, foram para outros bairros, como Jardins e Higienópolis. Nas horas vagas, Michel caminha pelo bairro, vai aos cinemas da avenida Paulista ou prepara um frango xadrez com amendoim para as filhas, Tamar, de 8 anos, e Naomi, de 4. “Quando morei em Jerusalém, levava feijão daqui para preparar feijoada. Hoje não faço mais”, revela. Sobre a carreira artística, Michel relembra que desde pequeno era apaixonado por teatro. Ele estudou na extinta escola Emilio Fontana e fez muito teatro amador. “Minha mãe conta que eu era tão fascinado que cheguei a subir no palco e deitar na caminha da Branca de Neve”, diverte-se.

Táxi!

Edifício Abaeté Os brises que envolvem a lateral do edifício são literalmente uma obra de arte. Foram executados pelo escultor Luiz Sacilotto. Abrahão Sanovicz, 1963 Rua Pará, 222

Ao lado, Aluízio com o símbolo do salão. Acima, seu cliente mais ilustre: o expresidente FHC

Jacaré mãos de tesoura

Fotos: Paulo Giandalia; Divulgação

Edifício Lily Os painéis de venezianas móveis em frente às varandas conferem o colorido amarelo com a bela marquise metálica da entrada. Giancarlo Palanti, 1948 Rua Barão de Tatuí, 351

Na bancada, jacarés de brinquedo se misturam a tesouras, pentes, secadores de cabelo e cartões de visita nos quais se lê: Salão do Jacaré – cortes masculino, feminino e infantil. Aluízio Adriano da Silva, engenheiro capilar. Rua Aracaju, 144. Fã de basquete, Aluízio gostava de assistir às partidas de times como Lakers e Chicago Bulls no fim da década de 1980. Quando umedecia o cabelo dos clientes com água, usava um borrifador com um adesivo de jacaré, símbolo do Lakers. “Um dia um menino falou: ‘Ô tio, cadê o molhador de jacaré?’. Daí pegou”, explica. Aluízio trabalha em Higienópolis desde 1992 e já virou tradição. “Só neste ponto estou há 16, 17 anos”, explica. Antes de descobrir o talento com a tesoura, Jacaré trabalhou em depósito de arroz, supermercado, metalúrgica e serralheria. “Eu gostava de frequentar um salão afro em uma galeria de Pinheiros. Às vezes, passava duas horas aguardando minha vez, então ficava observando. Daí pensei: ‘Por que não fazer um curso?’.” Depois que aprendeu, fazia cortes em casa, embaixo de um pé de jaca, de chinelo e shorts. “Colocava o espelho no tronco e mandava ver”, relembra Jacaré. Nas paredes do salão, um retrato e recortes de revistas exibem seu freguês mais ilustre: Fernando Henrique Cardoso. Jacaré não esconde o orgulho ao falar do ex-presidente. “Ele corta comigo desde que saiu da Presidência. Se não está viajando, vem uma vez por mês”, conta.

Nem é preciso uma corrida completa pelo bairro. Uma rápida conversa com ele revela uma leveza erudita na forma de encarar e apreciar a vida. Ele é Hiran Borges de Carvalho, taxista em Higienópolis há quase 20 anos. Fã de filosofia, literatura e astrologia, ele tem diversos livros no carro para as horas vagas. No teto, adesivos de estrelas em neon brilham com a ajuda de lâmpadas de luz negra. Apesar do nome de origem hebraica, foi por acaso que ele veio para o bairro, famoso pela numerosa comunidade judaica. Depois de tanto tempo, Hiran já conhece bem as ruas e considera a região sua segunda casa. Antes de se estabelecer como motorista, ele tentou ter a própria banca de jornais, foi bancário e trabalhou com agropecuária. Hiran trabalha de segunda a sábado, entre 12 e 15 horas por dia. “É puxado”, afirma. Por isso, não descuida da saúde. Para compensar as horas em que passa sentado, acorda todos os dias às cinco da manhã para andar na esteira elétrica que tem em casa.

O QG do bairro

As diretrizes do Parque Buenos Aires nascem com outros projetos desenvolvidos pelo urbanista e paisagista francês Joseph-Antoine Bouvard para São Paulo. Bouvard passava por aqui durante as viagens entre França e Argentina, onde havia sido contratado para redesenhar o centro da capital que posteriormente deu nome à praça delimitada pelas ruas Alagoas e Piauí. Inaugurado em 1916, o local tem com esculturas trazidas da França, entre outras obras de diversos artistas, como o busto de dom Bernardino Rivadavia – do uruguaio Juan Carlos Oliva Navarro – e a escultura A Mãe, do italiano Caetano Fraccaroli. ATIVIDADES PARQUE BUENOS AIRES De segunda a sexta, o parque oferece atividades para públicos variados. RÁDIO TAISSÔ Instrutora: Maria José Sivieri Segunda a sexta, das 7h30 às 8h O rádio taissô tem o intuito de preparar a musculatura para atividades do dia a dia. Ativa a circulação, oxigena o cérebro e aumenta a disposição. TAI CHI CHUAN Instrutora: doutora Peiling Segunda a quarta, das 8h às 9h Usada no tratamento de osteoporose e depressão, essa arte marcial milenar chinesa une os conceitos de suavidade e força com movimentos circulares, contínuos e lentos. LIAN GONG Instrutor: Marcos Antônio Terça e quinta, das 8h às 9h Com movimentos de alongamento e tração, os exercícios ajudam a corrigir problemas de postura corporal, estresse e ansiedade. Instrutora: Mirian Koide Segunda, das 7h às 18h Três séries de 18 exercícios terapêuticos que atuam no resgate de movimentos naturais do corpo e fortalecimento,. TAI CHI QIGONG Instrutora: Mirian Koide Quarta, das 7h às 18h Previne contra o aumento do colesterol, aumenta a imunidade e fortalece os ossos e tendões, entre outros benefícios. Para atividades esporádicas, confira a página no Facebook: parquebuenoaires @pqbuenosaires Av. Angélica, s/n, esquina com rua Piauí


14

15

Por PAULA DIP

BAR HIGIENÓPOLIS Bar de bairro com mesas na calçada. Petiscos caprichados e feijoada leve aos sábados. Rua Pará, 2 Tel.: (11) 3255-8676 @barhigienopolis

CAPIVARA BAR O restaurante do momento em plena Barra Funda tem menu enxuto que muda diariamente. Fecha nos fins de semana. Não aceita reservas. Rua Dr. Ribeiro de Almeida, 157 @capivarabar

CONCEIÇÃO DISCOS O carro-chefe do cardápio é o arroz, que acada dia é preparado de uma maneira. Rua Imaculada Conceição, 151 Tel.: (11) 3477-4642 @conceicaodiscos

Z DELI SANDWICH SHOP A terceira filial do grupo mantém clássicos como o sanduíche de pastrami. Rua Bento Freitas, 314, Tel.: (11) 3129-3162 @zdelisandwichshop

LEICA GALLERY Paraíso para amantes da fotografia no Condomínio Edifício Maria Helena. Rua Maranhão, 600 Tel.: (11) 3512-3909 @leicagallerysp

DOG’S FAMILY Ótimo para deixar seu pet enquanto passeia pelo shopping. Shopping Pátio Higienópolis Av. Higienópolis, 133 Tel.: (11) 3823-2487 Piso Veiga Filho

Inaugurada em 1937, a praça Vilaboim é o ponto de encontro de todas as tribos que frequentam Higienópolis, como moradores, universitários, famílias e casais que visitam o comércio, bares e restaurantes localizados no entorno. A estrela da praça é a famosa figueira, plantada por um antigo morador, Fernando Villaboim Carvalho, aos 6 anos. “Cinco anos atrás, a figueira foi quase removida. Um fungo tomou conta dela e se espalhou para as outras árvores. Segundo a prefeitura, a madeira estava danificada e a única saída era o corte imediato. Felizmente, um grupo de vizinhos se uniu, criou o SOS Praça Vilaboim e conseguiu salvá-la”, explica Mariana Veríssimo, moradora, uma das cuidadoras da praça e criadora do grupo. Após o episódio, a associação Amigos da Villaboim não descuida um minuto. Com a ajuda de vizinhos, voluntários, parcerias e da plataforma Praças, o local recebe cuidados como varrição, jardinagem e conservação a cada 15 dias. No ano passado, um projeto conjunto entre a Praças, o Hospital Infantil Sabará e o Shopping Pátio Higienópolis conseguiu revitalizar o local. “Nós auxiliamos a comunidade. Ficamos com a parte chata, que é justamente o que

A jornalista Paula Dip relembra sua infância e juventude no tradicional colégio de Higienópolis

desestimula as pessoas. Fazemos a gestão para que os recursos sejam revertidos para as mudanças que os moradores querem”, diz Marcelo Rebelo, fundador da Praças. Em 2007, a Vilaboim foi tombada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade.

A famosa figueira, que já esteve ameaçada, foi salva por iniciativa dos moradores. Hoje, livre dos fungos, é o cartão-postal da praça

O

Ele bota banca É entre jornais, revistas nacionais e livros que Clodoaldo Bezerra Basílio já passou quase metade da vida. Ele é o funcionário mais antigo da Banca Villaboim, que está nas mãos do mesmo proprietário desde a década de 1970. “Eu era segurança pessoal e de uma casa de câmbio que existia em frente à banca. Depois que a casa de câmbio fechou, virei jornaleiro.” Lá se vão 20 anos. Morador da Vila Maria, Clodoaldo pedala diariamente os 13,5 km até a praça, trajeto que percorre em meia hora. “Depois de velho, virei atleta”, diz, sorrindo. Clodoaldo conta que não é incomum ocorrerem al-

guns incidentes envolvendo os bichinhos de estimação dos clientes. “Uma vez um cachorro fez cocô no tapete, mas o que acontece sempre é eles fazerem xixi nos jornais.” O jornaleiro gosta ainda de enumerar a quantidade de famosos que já atendeu. “Jô Soares, Dan Stulbach, Luiza Possi, Tom Cavalcante e vários políticos, mas eles sumiram depois da Lava Jato”, explica. Nascido em Pernambuco, Clodoaldo veio para São Paulo ainda pequeno e lembra com saudade do primeiro emprego na cidade. “Eu era office-boy do Naji Nahas. Ganhava bem e só andava de táxi porque era boy da presidência. Era só mordomia”, diz.

De segurança pessoal a jornaleiro: Clodoaldo atende os clientes da banca há 20 anos

Banca Villaboim Praça Vilaboim, 49 Tel.: (11) 3667-2107

Fotos: Divulgação; Paulo Giandalia

CAFÉ ALMANARA Árabe tradicional na versão minissalgado e minidoce. Shopping Pátio Higienópolis Av. Higienópolis, 133 Tel.: (11) 3823-2300 Piso Vilaboim @almanararestaurante

Les enfants de Sion

O coração do bairro

Fotos: Paulo Giandalia; D ivulgação

#achamos e gostamos

MOD Loja de presentes com objetos úteis com bossa e acessórios para casa e curadoria afetiva. Rua Alagoas, 503 Tel.: (11) 3031-3237 @lojamod

Memória do Bairro

Vida de Bairro

ano era 1956, o dia, 30 de setembro. A menina da foto sou eu, no dia da minha Primeira Comunhão. Tive o privilégio de ser aluna do Colégio Sion entre os 6 anos e os 18 anos e guardo boas lembranças dessa fase. Tenho também uma relação de muito afeto com Higienópolis, bairro onde morei quando criança e frequentei por 12 anos durante minha vida de menina paulistana. O missal que está entre minhas mãos e bem apertado no peito foi presente de papai, encadernado de pelica branca com meu nome gravado em letras douradas. Até hoje, um presente que guardo com muito amor! Olho para essa foto e me lembro da costureira na sala de casa fazendo as provas do vestido. As outras meninas da nossa geração caprichavam no figurino, com vestidos armados cheios de rendas e fitas, um mais exagerado do que o outro. Elas pareciam noivinhas que competiam pela atenção de Jesus. Mas nós, as

“enfants de Sion”, recebíamos a primeira hóstia trajando vestidos iguais, todos com gola alta, mangas longas, torçal na cintura e véu discreto cobrindo os cabelos. Parecíamos pequenas noviças de cruzinha no pescoço e sandálias de pescador nos pés. Um voto de pobreza, um uniforme comportado ou uma forma de praticar a modéstia?

Acima, a fachada do Colégio Sion e retrato de Paula na Primeira Comunhão no colégio. Ao lado, a jornalista e suas colegas de sala e detalhe do jardim

Na capela do colégio, tínhamos aulas de canto coral ao som do órgão dedilhado por mère Therezinha. O maestro era o padre João Lyrio Tallarico, que depois ficou muito famoso por fazer a trilha sonora de casamentos elegantes com seu coral. Ele foi capelão do Colégio Sion no início da carreira eclesiástica e, no fim, foi o último mestre da capela da Catedral da Sé. Antes de morrer, em 2009, o padre recebeu uma homenagem na capela do colégio, a mais linda da cidade. Aprendi muito no Sion. Estudar lá era rezar em francês, ouvir missas em latim, praticar canto gregoriano, estudar piano e fazer aulas de ginástica com dona Elisa. Sempre trajando uniforme listradinho azul e branco, com calça e mangas bufantes para que não vissem a definição de nosso corpo. Cantávamos também o hino da escola: “Sionenses, que a nossa bandeira seja sempre de paz e amor...” e ensaiávamos a Marseillaise para receber a visita de franceses ilustres – como madame De Gaulle – que iam até o colégio quando visitavam o Brasil.

Ser sionense era almoçar em um refeitório com longas mesas de mármore, onde tínhamos copos e talheres de prata com nosso número de matrícula gravado. Éramos observadas com severidade por Inocência, que acompanhava nossos menores gestos com olhos de lince para nos dar lições de etiqueta. Eu adorava as artes, a música e sempre participei das festas. Fiz parte do grupo de teatro amador do Sion e montamos muitas peças, como o Auto da Alma, de Gil Vicente, em que tive o privilégio de ser protagonista. Houve também um ano em que fui eleita representante de classe para concorrer para presidente do Grêmio, mas desisti bem no meio da campanha. Nunca tive talento para política! Preferia cantar nos showzinhos de bossa nova que fazíamos no enorme Salão de Festas. Lá, recebíamos coroas de flores das mãos de mère Celeste cada vez que completávamos um ciclo escolar: coroa rosa ao fim do ginásio e coroa dourada ao fim do clássico. Era uma enorme emoção!

A HISTÓRIA DO SION

A educação feminina no Brasil começou apenas em 1827 e devagar: as escolas eram poucas e deficientes. Mas algumas brasileiras esclarecidas, apoiadas pela princesa Isabel, criaram uma comissão para organizar a vinda das Irmãs de Sion, da França, e convidá-las para montar aqui um colégio. Em 1888 as irmãs saíram da França a bordo do transatlântico Niger. Chegaram ao Rio de Janeiro, onde tentaram estabelecer uma primeira escola, mas logo se mudaram para Petrópolis por causa de uma epidemia de febre amarela que devastava a cidade. De 1889 até 1904, o Sion floresceu em Petrópolis e logo ganhou reputação educacional incomparável. Depois, o colégio foi transferido para o Palácio Imperial e, finalmente, estabeleceu-se na capital carioca. Em 1897, foi fundado um Colégio Sion em Juiz de Fora, Minas Gerais, mas a instituição durou apenas quatro anos. Em virtude de um novo surto de febre amarela, a escola foi transferida para São Paulo e instalada no bairro de Higienópolis. Rapidamente, o colégio atraiu alunas das mais ilustres famílias paulistanas, que acreditavam na proposta educacional francesa com regime de internato e semiinternato; altas mensalidades e exigências diversas: padrões de etiqueta, enxovais, talheres de prata... Afinal, noblesse oblige, n’est ce pas?


Caminhada

16

Por MANOELA BENETI

Barão para todos

MANOELA BENETI Arquiteta graduada pela UFMG, mineira e moradora de São Paulo há quatro anos. É especialista em interiores. Acredita em educação, cultura e sensibilização pela arte como maneiras de melhorar a sociedade e a vida de todos. @_grampo_

Um dos bairros paulistanos mais clássicos da cidade vive uma nova fase sem perder a tradição que fez sua fama tramos um microcosmo rico, a vida real com leveza e alma. Há estabelecimentos para todos os estilos: bar que vende sarapatel e galinha caipira serviços. Aqui você vê ainda grande variedade de pessoas. Criativos, artistas, idosos, estudantes, trabalhadores, bikers e pessoas bem-vestidas, à la The Sartorialist. O principal atrativo da rua é a pluralidade. Há cerca de cinco anos, pequenos empreendimentos cheios de bossa se estabeleceram – e ainda despontam – dando novo tom à rua. Vale a pena conhecer cada um deles. A banca mais singular da cidade traz, ao mesmo tempo, livros de editoras independentes e bandas de jazz que tocam eventualmente

nos fins de semana em cima dela (em cima mesmo!). Sem falar nas galerias de arte com curadoria fresh, um dos melhores acarajés de que se tem notícia em São Paulo, cafés deliciosos (se quiser, até com quintal ao fundo), cervejaria artesanal, comida alemã, japonesa ou italiana, sapateiro, costureira, floricultura com espécies exóticas da mata atlântica e cemitério de azulejos. Diferentes camadas de tempo se sobrepõem nas construções com alguns exemplares remanescentes de casas ecléticas, edifícios residenciais modernistas de menor escala, charmosos, antigos e ainda muito dignos. Ao fim da rua, no cruzamento com a Jaguaribe, avista-se a Igreja Imaculado Coração de Maria, que finaliza nosso tour.

Sotero Cozinha Original Dos melhores acarajés de que se tem notícia. Rua Barão de Tatuí, 282 Tel.: (11) 3666-3066

Studio Bergamin Loja de objetos e acessórios para casa. Rua Barão de Tatuí, 339 Tel.: (11) 3667-6032 Zud Café Cafés especiais e salgados. O bar conecta ao fundo as galerias Pilar e 55SP. Rua Barão de Tatuí, 377 Tel.: (11) 2769-3369

Kraut Bar de sotaque alemão com ótimas opções vegetarianas e, claro, chope. Rua Barão de Tatuí, 405 Tel.: (11) 4323-6390

Arranjo Tropical Arranjos com flores exóticas da mata atlântica. Rua Barão de Tatuí, 284 Tel.: (11) 2589-5201 Azulejos e Pisos Antigos Peças antigas fora de linha. Rua Barão de Tatuí, 439 Tel.: (11) 3826-8868 Sapataria Rápida Trabalha com uma equipe afiada em consertos. Rua Barão de Tatuí, 483 Tel.: (11) 94848-1570

Humberto Campana em seu estúdio

Così Restaurante Comida italiana leve. Rua Barão de Tatuí, 302 Tel.: (11) 3826-5088

Galerias Pilar e 55SP Arte contemporânea com curadoria cuidadosa. Rua Barão de Tatuí, 389 Tel.: (11) 3661-7119

Não espere encontrar na Banca Tatuí os jornais e as revistas que você está acostumado a ler. Esse oásis literário na Santa Cecília guarda uma coletânea de publicações assinadas por artistas e editoras independentes. “Moro na Barão de Tatuí e, quando vi que a banca da rua estava disponível, decidi revitalizar o espaço”, diz João Varella, sócio da editora Lote 42 e dono da banca ao lado de Cecília Arbolave. “É uma chance de oferecer visibilidade para editoras independentes”, comenta João. Ocupado por caixotes de madeira, o espaço convida os visitantes a passar horas folheando revistas, zines e livros, além de sediar shows que sempre lotam a rua. Rua Barão de Tatuí, 275 bancatatui.com.br @bancatatui

Foto: Sergio Bagione

BANCA TATUÍ

Cruzamento da rua Tatuí com a Jaguaribe e, ao fundo, a Paróquia Imaculado Coração de Maria, construída entre 1897 e 1899 pelos missionários claretianos

Edifício Lily (1949-1952) Projeto do arquiteto Giancarlo Palanti. Rua Barão de Tatuí, 351

Estúdio Campana Primeiros a apostar na rua, onde abriram seu estúdio de criação e produção. Rua Barão de Tatuí, 219

Fotos: Divulgação

S

ou Manoela Beneti, arquiteta apaixonada pela profissão, mineira e moradora de Higienópolis desde que me mudei para São Paulo, há quatro anos. Escolhi o bairro pelo traçado urbano generoso e pela arquitetura fantástica. O principal legado de arquitetura vertical do período moderno do país está espalhado aqui, por todos os lados. Bem-vindos ao nosso passeio pela rua Barão de Tatuí, conhecida por endereços superbacanas. Estamos em uma região de transição entre Santa Cecília, Vila Buarque e Higienópolis, cujo pano de fundo é o espírito democrático e cosmopolita do centro e a atmosfera de cidade de interior. A rua tem apenas quatro quarteirões, e neles encon-

Quiseste expor teu coração a nu. E assim, ouvi-lhe todo o amor alheio. Ah, pobre amigo, nunca saibas tu Como é ridículo o amor... Alheio! Mario Quintana

Elegemos o coração da designer de joias Beatriz Brennheisen símbolo desta edição. Nos próximos dois meses, mães, noivas e namorados se unem para celebrar o mesmo sentimento: o amor. O pingente de latão foi feito especialmente para a cantora Anitta, que o usou no clipe de “Vai Malandra”. Beatriz faz a peça de ouro, sob encomenda. @brennheisen


18

Cultura/Artes

Entrevista

19

Por TATIANA REZENDE Foto JADE GADOTTI

Pequena grande mulher

Abaixo trabalhos da série Unheimlich (2005): Ondina e Curupira. Ao lado, Diorama - Para Onde Vão os Pássaros Quando Morrem? (2012). Abaixo, Walmor em seu ateliê

Quase 26 anos após ficar conhecida no episódio que levou ao impeachment do ex-cunhado, Thereza Collor volta à cena política nacional de cabeça garimpados em anos de viagens de pesquisa se espalham pela sala. Ela não sabe o número exato, mas a coleção já ultrapassa os milhares de itens. “Desde criança, adorava ouvir conversa de adulto. Tinha uns 14 anos quando uma amiga da minha mãe disse que faria uma viagem para Egito, Irã, Chipre e Israel. Pedi para ir junto. Foram uns 40 dias e, depois disso, fiquei fascinada. Li um livro do Howard Carter sobre a descoberta do túmulo do Tutancâmon e durante muito tempo pensei em fazer arqueologia”, afirma. Depois do primeiro contato, Thereza nunca mais parou de viajar para destinos incomuns. A lista inclui ainda Himalaia, Índia, Indonésia, Turcomenistão, Papua Nova Guiné, Mongólia, Iêmen, Marrocos, Turquia e Síria. Além de comprar Geralmente, ela compra os adereços direto dos as peças, tenho habitantes das tribos. Aborda mulheres na rua, já curiosidade de ver as chegou a visitar o chefe de uma tribo indiana por pessoas. Vou visitávários dias para adquirir um colar e esperou pratilas, passo o dia com camente um dia para negociar uma pulseira com elas, vejo os trabalhos uma mulher do interior da Índia. manuais. Tento “Além de comprar as peças, tenho curiosidade entender a cultura. de ver as pessoas. Vou visitá-las, passo o dia com elas, vejo os trabalhos manuais. Tento entender a cultura”, explica ela, que também tem paixão por fotografia e já clicou mais de 200 rostos do deserto. No momento, Thereza está no processo de transportar a coleção para Alagoas, onde pretende criar um museu ou centro cultural. Além disso, prepara um catálogo sobre a exposição Joias do Deserto, que realizou na Fiesp, em 2012, com parte do acervo. “É um processo demorado porque o texto com a descrição das peças é todo meu”, diz.

aspas

Paixão antiga O apartamento de Thereza lembra uma galeria de arte com objetos do Oriente e da África. Colares, brincos, braceletes, cintos, tornozeleiras, adornos peitorais e

O caçador de vírgulas

Fotos: Divulgação; Paulo Giandalia

É

com serenidade e feminilidade que Thereza Collor encontra a saída para parte dos problemas do país. “Mulher tem mais sensibilidade, percepção, é mais justa. No entanto, temos bem menos lugar do que os homens. Só há 11% de mulheres na Câmara. A conquista desse espaço é muito importante e me motiva muito”, afirma. Depois de recusar, durante anos, convites de diversos partidos para ocupar um cargo legislativo, ela topou o desafio. É pré-candidata a deputada federal pelo PSDB. “Novamente a corrupção está alastrada. A Lava Jato apareceu, e quem está no poder quer abafá-la, mas a sociedade não aguenta mais.” A relação de Thereza com a política vai além de ter testemunhado as denúncias do ex-marido, Pedro Collor. Está no sangue. Por parte de mãe, seu tio-bisavô, Epitácio Pessoa, foi presidente da República. Mais: o primo de primeiro grau do bisavô materno era João Pessoa. “Só podemos lutar contra essa corrupção generalizada com um Congresso forte. Minha principal bandeira será a transparência e a anticorrupção. Vou bater nisso”, explica. Se eleita, Thereza terá que se dividir entre Brasília e Higienópolis, bairro em que mora há quase 20 anos. “Meu atual marido já vivia aqui. Dei muita sorte porque é um lugar bacana, que te atende em tudo. Tem sapateiro, as pessoas vão tomar café na padaria; os moradores são diferenciados e vivem o bairro”, diz.

Parte do acervo de Thereza fica exposto em sua própria sala, no amplo apartamento em Higienópolis. As peças foram trazidas de viagens internacionais para lugares como Himalaia, Mongólia e Papua Nova Guiné

Walmor Corrêa vem sendo guiado pelo fantástico desde a infância. “Com 6, 7 anos, eu já tinha curiosidade por coisas estranhas”, explica o artista. “Sempre fui muito questionador – fui expulso de dois colégios – lia livros de história, ciências e medicina. A coleção Tesouros da Juventude era minha bíblia. Morava em fazenda, então pegava meu cavalo e saía em busca de animais exóticos. Sou um caçador de vírgulas. Eu me interesso por todas as histórias que me façam encontrar a vírgula”, define-se. Em seu processo de produção, Walmor mistura biologia, história natural, arqueologia, paleontologia, botânica e mitologia. Ele criou insetos imaginários e esqueletos a partir de híbridos entre mamíferos, aves, peixes e répteis. “Eu lia todas as cartas do Padre Anchieta. Uma delas, de 1560, descreve a existência do Curupira. Em 2000, durante um período em que passei na Amazônia, as pessoas também falavam do Curupira. Então decidi comprovar a existência desses mitos”, diz. Foi aí que Walmor criou uma de suas séries, a Unheimlich, que, além do Curupira, inclui Ondina (sereia), Ipupiara, Cachorra da Palmeira (misto de mulher e cadela) e Capelobo (meio homem, meio tamanduá). Com auxílio de médicos, veterinários, especialistas de várias áreas e amigos, começou a descrever esses personagens. “Na época em que morava em Porto Alegre, passei a marcar consultas pelo plano de saúde. Quando o médico me atendia, eu dizia que não tinha nada, que queria entender o funcionamento do coração de uma mulher-peixe. Teve um que me expulsou do consultório”, conta, rindo. Walmor mora em seu ateliê em Higienópolis há seis anos. “Quando saí de Porto Alegre, já sabia que queria viver aqui. Precisava de claridade, silêncio, calma, e esse bairro tem uma coisa meio que de oásis”, diz.

ROTEIRO CULTURAL

O ESCÂNDALO DE PHILIPPE DUSSAERT Com Marcos Caruso. Temporada: até 01 de julho. Sessões de quinta a sábado, às 21h; dom., às 18h, Teatro Faap Rua Alagoas, 903 Tel.: (11) 3662-7233 SESC CONSOLAÇÃO Rua Doutor Vila Nova, 245 Tel.: (11) 3234-3000

QUE TAL NÓS DOIS? No elenco, Carolina Ferraz e Otávio Martins. Temporada prorrogada: de 4 de maio a julho Teatro Folha Avenida Higienópolis, 618 Shopping Pátio Higienópolis, Tel.: (11) 3823-2323 MOGLI – O LIVRO DA SELVA Adaptação de Fabio Brandi Torres para a obra de Rudyard Kipling. Temporada: até 1o de junho. Sessões extras nos feriados e mais emendas de feriados 1 e 31/5, 1/6.. Teatro Folha Avenida Higienópolis, 618 Shopping Pátio Higienópolis Tel.: (11) 3823-2323

DENISE STOKLOS EM EXTINÇÃO Temporada: até 18 de maio. Sexta e sábado, às 21h; dom., às 18h. COLÔNIA Temporada: até 12 de junho. Segunda e terça, às 20h. 1984 Temporada: até 8 de julho. Sexta e sábado, às 21h; dom., às 18h. OSESP: LANGRÉE E OSBORNE Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo com o regente Louis Langrée e, no piano, Steven Osborne. Dias 7 e 8/6, às 20h30; 9/6, às 16h30. Sala São Paulo, Praça Júlio Prestes, 16. Tel.: (11) 3367-9500


20

Arquitetura/Design

Arquitetura/Design

21

Por TATIANA REZENDE Fotos NELSON KON

O homem que nunca trabalhou

edifícios residenciais em São Paulo. “Eu nunca trabalhei. Eu sempre me diverti”, brinca. O pai deles, o imigrante judeu polonês Godel – à época, dono de uma pequena confecção no Bom Retiro – foi o responsável por atrair investidores para os primeiros apartamentos desenhados pelo filho. Ainda recém-formado, Zeca frequentava a casa de Alfredo Volpi e se tornou amigo de grandes artistas – daí a presença constante de obras de Arcangelo Ianelli, Antonio Lizarraga e Gershon Knispel em seus trabalhos. “Conheci o Volpi por intermédio do Waldemar Cordeiro. Toda sexta-feira eu jantava na casa dele. Comprei inúmeros quadros para mim e para presentear amigos”, revela Zeca. É de Volpi o painel na fachada da antiga residência do arquiteto, na rua Honduras. Além de colecionador de obras de arte, Zeca foi pioneiro na montagem de exposições. “Os artistas montavam sozinhos, então não tinham visão do todo. Era sempre algo confuso, com labirintos. Quando fui montar uma exposição do Ianelli no Masp, pedi ao [Pietro Maria] Bardi a maior sala do museu. Fiz uma coisa ampla, limpa. O Bardi nem foi visitar. Ficou zangado”, relembra, às gargalhadas.

João Kon é o arquiteto com mais obras construídas em Higienópolis. Do Albatroz ao Juriti, seus cerca de 30 projetos se destacam pelo diálogo com as artes plásticas

Acima, fachada do edifício Albatroz (1960); ao lado, a famosa marquise do Juriti; abaixo, o incrível painel de Gershon Knispel no edifício Condor. Na página ao lado, acima, a fachada do Place de L’Etoile, primeiro projeto do arquiteto; abaixo, o livro, com dez projetos selecionados, lançado em 2016

Só descobri que meu nome era João quando fui receber o diploma do ginásio. A professora teve que se levantar para me buscar: “Vai, é você! É você!”.

A arquitetura foi a maior forma de expressão de João Kon, mas não a única. Seu talento também passa por esporte, música, artes cênicas e culinária – a paella que ele prepara é famosa entre os amigos (receita abaixo). Além de uma meteórica carreira de ator e de ser “centroavante rompedor” nas disputas futebolísticas entre estudantes de arquitetura do Mackenzie e da USP, Zeca jogava basquete no Clube de Regatas Tietê. Logo foi convidado para ir para o Corinthians. “Essa é a única mancha da minha carreira. Sou são paulino”, diz. Há 58 anos, ele comanda os encontros de um grupo de músicos que tocam bossa nova e jazz. No passado, a turma se reunia semanalmente, mas hoje as festas ocorrem a cada dois ou três meses. “Era toda sexta-feira à noite na minha casa, na rua Honduras. O encontro só terminava às 8 da manhã do sábado. Sabe quem era a nossa crooner? A Ana de Hollanda, irmã do Chico Buarque. Já eu toco mal todos os instrumentos: teclado, bateria, contrabaixo e violão”, brinca Zeca.

Paella à Zeca

Fotos: Divulgação; João Caldas

P

ara amigos e familiares ele é simplesmente Zeca. “Minha mãe gostaria que eu me chamasse José. Meu pai queria Jean Jaurès – nome de um líder socialista que batiza uma avenida em Paris. Quando ele foi ao cartório, não entenderam direito e me registraram errado, mas ele não falou nada para a minha mãe, então todo mundo sempre me chamou de Zeca. Só descobri que meu nome era João, quando fui receber o diploma do ginásio. A professora teve que se levantar para me buscar: “Vai, é você! É você!”, conta. João-Zeca é um dos arquitetos mais importantes do Brasil, e a presença dele em Higienópolis é marcante. Foi quem mais construiu prédios no bairro e se tornou um referencial para a identidade da paisagem na região. Em 1960, veio o primeiro, o Albatroz, na esquina das ruas Dona Veridiana e General Jardim, entre Higienópolis e Vila Buarque. Próximo dali, na rua Martinico Prado, está o Juriti, com a irresistível marquise; e o Condor, que abriga um belíssimo painel de Gershon Knispel. “No lançamento do meu livro, em 2016, fiquei surpreso. Recebi uma série de pessoas ilustres que eu nem sabia que moravam em prédios que fiz, como vários arquitetos e a atriz Vera Holtz. Ela me cumprimentou e, com orgulho, disse que tem dois apartamentos no Primavera”, conta Zeca. O prédio em que reside a atriz, na rua Peixoto Gomide, foi o primeiro projeto do arquiteto. O Primavera foi desenhado em 1954, quando ele ainda era estudante do Mackenzie e tinha 21 anos. Com apenas seis andares, foi um dos primeiros edifícios de apartamentos do Jardim Paulista. Depois que se formou, Zeca se associou ao irmão Samuel na Kon Engenharia e Arquitetura e, mais tarde, na Diâmetro Empreendimentos. Juntos, eles fizeram mais de duas centenas de

O início “Sempre gostei muito de montar aeromodelos e planadores. Em 1950, queria fazer vestibular para o ITA, mas não consegui. Eles acabaram inaugurando só no ano seguinte. Como eu não queria ficar sem fazer nada, pensei em outro curso. O mais próximo dos projetos aeronáuticos seria arquitetura. Então, com 17 anos entrei no Mackenzie”, conta. Entre os contemporâneos de Zeca na instituição estavam os arquitetos Paulo Mendes da Rocha e Pedro Paulo de Melo Saraiva. Zeca se casou cedo, aos 23 anos. “Minha esposa viajava muito a trabalho, e acabei virando um boêmio. Com meus amigos, ia para as boates da Vila Buarque. Fiz inúmeros projetos em guardanapos de papel. Eu não bebia álcool e tinha vergonha de dizer, então sempre pedia uma dose de uísque para disfarçar. Quando ninguém estava olhando, derramava tudo em alguma planta próxima”, conta. Em 1994, criou a Facilita, uma empresa especializada em cursos criativos e comportamentais. Durante vários anos, Zeca deu inúmeras palestras e chegou a empregar técnicas de criatividade para auxiliar atletas em provas como Corrida de São Silvestre e Maratona de São Paulo.

aspas

Ingredientes: 5 kg de arroz 6 cebolas picadas 6 tomates picados 6 pimentões amarelos e vermelhos picados 500 g de pimentões espanhóis em conserva 3 kg de frango em pedaços 3 kg de coelho em pedaços 1 kg de lombo de porco em pedaços 1 kg de chouriço espanhol em fatias 2 kg de peixe em postas 2 kg de polvo em pedaços 2 kg de lula 1 kg de camarões gigantes 2 kg de camarões grandes 3 kg de mariscos grandes com casca 2 kg de vôngole com casca ou cozidos sem água e retirados da casca 2 a 3 garrafas de cerveja água quente (2 xícaras para uma de arroz) 1 cabeça média de alho picado Sal, azeite de oliva, açafrão em rama queimado e pulverizado a gosto

Preparo: Esquente o azeite e coloque a cebola e o alho para refogar. Quando estiverem dourados, acrescente os pimentões crus e, em seguida, os tomates. Refogue bem. Acrescente as carnes, uma a uma, cozinhando demoradamente na seguinte ordem: frango, coelho, lombo e chouriço. Quando estiverem bem refogadas, coloque os peixes e frutos do mar (exceto os camarões gigantes). Salgue a gosto e coloque o açafrão em pó. Acrescente o arroz, refogando bem com os ingredientes anteriores. Em seguida, adicione água quente. Enfeite com os camarões gigantes e pimentões em conserva. Tampe a paellera e deixe cozinhar por cerca de 15 minutos sem mexer. Tire do fogo antes do cozimento completo, deixando o arroz terminar de cozinhar sem fogo e com a tampa. Rendimento: 80 porções


22

Gastronomia

Gastronomia

23

Por ISABELA GIUGNO Fotos PAULO GIANDALIA

Tradizione di famiglia

O clássico das manhãs

Q publi

O restaurante mais tradicional do bairro abre as portas para aQuadra

JAIME IMOBILIÁRIA Benjamin Abrahão a Padaria Comandada por Felipe Abrahão, neto de Benjamin, a padaria perpetua o legado da família em São Paulo. Desde os 5 anos, Felipe demonstrava interesse pela panificação e, mais tarde, esse apreço virou paixão. A padaria que leva o nome do patriarca da família foi inaugurada em 1988 e oferece mais de 80 produtos, como baguetinha de calabresa (receita de Benjamin) e croissant de chocolate. benjaminapadaria.com.br @benjaminapadaria R. Maranhão, 220, Higienópolis Tel.: (11) 3258-1855

Toninho Buonerba em seu Boteco do Tonico; ao lado, fachada do restaurante Jardim de Napoli

Filho de napolitanos, ele dá boasvindas às visitas com a tradicional receptividade dessa região da Itália. “Os napolitanos são cancioneiros natos, adoram música e comida boa”, revela. Foi Toninho quem inventou, no improviso e com pontas de filé-mignon, a receita do famoso polpetone, carro-chefe do Jardim de Napoli. Prato copiado, aliás, em restaurantes italianos de todo o país. Mas, esqueça, você nunca irá comer um tão saboroso como o da cantina da família Buonerba. “Temos uma cozinha de outro mundo, com uma seção especial só para fazer o polpetone”, admite. São cerca de mil feitos diariamente a partir de uma produção rigorosa e totalmente artesanal. Empanado, recheado com muçarela e finalizado com um molho de tomate especial, o prato é o acompanhamento perfeito para o linguini com molho cremoso de funghi. A receita? Toninho guarda a sete chaves. Francesco Buonerba e Maria Prezioso, pais de Antônio Buonerba, desembarcaram no Brasil entre 1926 e 1930 e inauguraram uma fábrica de

móveis no bairro do Cambuci. O negócio não prosperou, e o casal decidiu honrar a tradição gastronômica italiana: começou a assar pizzas no forno a lenha que havia no local. “Eu ajudava minha mãe na cozinha desde os 8 anos. Virei pizzaiolo aos 10 anos”, relembra Toninho. E não demorou para que famílias importantes da região, como os Nadir Figueiredo, os Assis Pacheco

Acima, o Boteco do Tonico, bar inaugurado no fundo do estacionamento do Jardim de Napoli; ao lado, interior do empório Giardino

Jardim de Napoli R. Martinico Prado, 463 Higienópolis Tel.: (11) 3666-3022 jardimdenapoli.com.br

Padaria Aracaju Quer encontrar delícias lusitanas no bairro? Este é o lugar certo. Inaugurada em 1986, por portugueses, a padaria oferece gostosuras típicas como pastel de Belém, pastel de Coimbra (com ovos e castanhas), travesseiros de Sintra (feito com amêndoas) e broas de frutas ou chocolate. Entre os salgados, há pães de azeitona, calabresa e escarola. padariaaracaju.com.br R. Maranhão, 760 Higienópolis Tel.: (11) 3666-8857

Fotos: Divulgação; Paulo Giandalia

T

oninho Buonerba se faz entender em alto e bom som: “Aqui quem manda sou eu”. Figura ilustre na colônia italiana em São Paulo, Antônio é o nome à frente do restaurante Jardim de Napoli, um clássico não só de Higienópolis, como de toda a capital paulista. Com carisma de sobra, ele recebeu aQuadra no Boteco do Tonico. O local é uma espécie de bar que funciona no fundo do estacionamento da cantina, localizada na rua Martinico Prado. Pitoresca, a decoração do boteco é formada por estátuas, fotos e quadros, todos dados pelos milhares de amigos de Toninho. Há uma prateleira cheia de santinhos, uma camisa assinada pela Seleção Brasileira de Futebol emoldurada, pôsteres de O Poderoso Chefão e uma vitrine povoada souvenires do Palmeiras. Próximo à mesa de refeições, um retrato de Toninho feito por J.R. Duran a pedido do apresentador José Luiz Datena, amigo íntimo do restaurateur. “Só recebo gente importante aqui, desde políticos até humoristas. Todos meus amigos”, conta.

e os Galliotti fossem totalmente conquistados pela pizza napolitana dos Buonerba. Então, em 28 de fevereiro de 1948, eles estrearam o Jardim de Napoli no número 194 da rua Maria Paula. Anos mais tarde, em 1968, transferiram a cantina para a Martinico Prado, em Higienópolis, bairro em que o restaurante está até hoje. O Jardim de Napoli é um negócio totalmente familiar. Além de Toninho, o time é reforçado pela presença de Adolfo Scardovelli, gerente da casa e amigo de Buonerba há 60 anos, e funcionários ilustres como o maître e sommelier Braz Zacharias, há 50 anos no restaurante. A lista de frequentadores ilustres é extensa e inclui Faustão, Claudia Raia e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, morador do bairro. Os três filhos de Toninho, Ana Cristina, Chico e Rosana, também têm participação no restaurante. Rosana, inclusive, é arquiteta e projetou o Empório Giardino, propriedade da família localizada bem em frente ao Jardim de Napoli. Na mercearia há uma variedade de antepastos, queijos, frios, massas e vinhos para levar para casa. Não é difícil compreender por que o Jardim de Napoli resistiu à passagem do tempo. Setenta anos após a inauguração, a cantina continua atraindo clientes fiéis em busca deaboa comida italiana. É herança de família, comida feita com paixão, dedicação e tradição. Toninho se despede da equipe aQuadra e convida todos para voltar em breve, como faz todo bom anfitrião italiano.

Barcelona Doces e Pães Inaugurada em 1976, esta padaria familiar até hoje conserva, no interior, um retrato do falecido Benjamin Abrahão, antigo proprietário da casa. Abrahão começou vendendo doces e salgadinhos nas feiras livres de São Paulo. Tradicional endereço do bairro, a Barcelona fabrica pães típicos judaicos, como challah, além de ciabatta, pão italiano e croissant. barcelonapaes.com.br @padariabarcelonapaes R. Armando A. Penteado, 33, Consolação Tel.: (11) 3826-4911 Takkø Café Antiga Beluga, essa casa mudou de nome para Takkø e é conhecida em Santa Cecília pelo café de alta qualidade, produzido a partir de grãos especiais e minuciosamente torrados. Além de boas opções quentes e frias da bebida, há ótima seleção de pães artesanais, como bagel, pão de queijo, pão de mel e pão de banana. takkocafesp.com R. Dr. Cesário Mota Júnior, 379, Vila Buarque @takkocafesp

FABRIQUE

Filho de um padeiro português, José Carlos Gomes decidiu manter viva a herança familiar e inaugurou, em 2017, uma padaria no número 612 da rua Itacolomi. Economista por formação, Gomes se graduou chef padeiro pela French Pastry School (Chicago) e trouxe a expertise coletada além-mar de volta a São Paulo. Aqui, inaugurou a Fabrique Pão e Café, casa que reúne pães artesanais e clássicos nacionais. No local espere encontrar criações típicas francesas, como croissant, fougasse e baguete; pães italianos, como ciabatta e focaccia; além de criações com sotaque autoral, a exemplo do brioche folhado com canela. Bauru, misto quente, pão na chapa e outros campeões de vendas nas padocas paulistanas também têm vez na Fabrique. Para coroar, há o café torrado in loco e preparado na máquina de espesso. R. Itacolomi, 612, Higienópolis Tel.: (11) 48014318 @fabriquepaes

Fundado em 1893, o bairro de Higienópolis era ocupado por mansões da elite paulistana e, a partir de 1930, as casas começaram a ser substituídas por enormes edifícios modernistas. Hoje, a região abriga uma coleção de prédios icônicos, como os edifícios Cinderela, Bretagne e Louveira. O bairro se apresenta como um local único e bem servido de praças, hospitais, escolas, faculdades, igrejas e sinagogas. Um reduto de jovens, idosos, famílias e cachorros. E o melhor de tudo: graças às ruas arborizadas e bem planejadas, os moradores fazem quase tudo a pé. Higienópolis é sinônimo de viver bem. É nesse cenário tradicional paulistano que atua a Jaime Imobiliária e Administradora de Bens e Condomínios. Inaugurada, há 28 anos, por Jaime Markovits, a empresa atua com 110 funcionários capacitados e mais de 40 corretores associados para auxiliar os clientes a comprar ou alugar um imóvel no bairro. A imobiliária possui quatro sedes na cidade – em Higienópolis, nas Perdizes, na Vila Buarque e na Santa Cecília – e administra 350 condomínios, entre prédios residenciais e comerciais, sendo 200 em Higienópolis. Outro diferencial da empresa é que ela oferece atendimento personalizado para cada perfil de cliente: solteiros, famílias, jovens e terceira idade. Tudo isso com a consultoria de profissionais especializados, muita transparência, comprometimento, qualidade e segurança jurídica. Não por acaso, a empresa se tornou referência na região. A imobiliária certa para quem quer aproveitar o melhor do bairro. jaime.com.br Rua Sergipe, 475, Higienópolis (11) 3823-3545

Casa Bonometti As irmãs Luciana e Ana Carolina Bonometti acabam de estrear um espaço gastronômico em Higienópolis: a Casa Bonometti. Lá, todos os itens são feitos a partir de fermentação natural, sem

aditivos químicos e corantes artificiais. Há focaccia, ciabatta, caponata de berinjela e sardela. Nossos preferidos são os delicados biscoitos nos sabores pistache, amêndoa, gianduia e avelãs. Feitos sem farinha de trigo e sem leite, eles são macios, cremosos e derretem na boca. Do jeito que a gente gosta! R. Bahia, 480, Higienópolis Tel.: (11) 2774-1888 @casabonometti


24

Decoração/Estilo

Decoração/Estilo

25

Por MAIÁ MENDONÇA Fotos JADE GADOTTI

Casa de artista

Escultor renomadíssimo e fotógrafa de olhar exótico: José Resende e Christiana Carvalho descobriram Higienópolis

Na página ao lado, a ampla sala com iluminação natural favorece a protagonista da casa, a área verde. A decoração, eclética e cuidadosa, é enriquecida por tecidos que a proprietária traz de viagens. Abaixo, porta-retrato do casal; protótipo de uma das esculturas de José Resende; cômoda com a coleção de tecidos étnicos; e a fotógrafa e moradora Kiki Carvalho em seu estúdio

F

oi em 2008 que o escultor José Resende e a mulher, a fotógrafa Christiana Carvalho, decidiram viver em Higienópolis. Ela, acostumada a morar em casa, abrir a porta e ter o verde do jardim e a rua logo ali, não gostou nada da ideia, queria continuar com a vida de fotógrafa, jardineira amadora e artista curiosa, mas os filhos do marido moravam no bairro, vários amigos estavam se mudando para a vizinhança, o irmão dela estava perto... E tinha aquele apartamento que mais parecia uma casa, com janelões debruçados sobre a copa das árvores, que era um sonho. Por que não arriscar a vida empilhada? O apartamento, no primeiro andar de um dos prédios mais cobiçados do bairro, tinha sido do editor Charles Cosac, que, em um arroubo, arrematara todo o andar, derrubara paredes e transformara uma planta banal em um loft sensacional. Negócio fechado, o casal juntou os móveis e, de mala e cuia, migrou para o novo endereço com a promessa de poder mudar de ideia e voltar para uma casa, caso não se adaptasse à nova moradia, ou Christiana sentisse muita falta de suas plantas. José e Christiana foram descobrindo as delícias do bairro no mesmo ritmo em que foram montando o apartamento, com piso de mármore branco, paredes forradas com fotografias tiradas por ela,

gravuras e telas de amigos artistas plásticos, decorado de maneira a dividir o espaço com móveis grandes e esculturas de José, considerado um dos melhores escultores da atualidade. De um lado da ampla sala – que Christiana conseguiu transformar em um jardim de vasos gigantes, com plantas de diferentes espécies que se misturam com o verde de fora – fica o espaço de José Resende, onde ele passa os dias trabalhando em pequenos protótipos que serão grandes esculturas, tendo ideias, misturando materiais que vão do aço ao vidro e inventando obras. No momento, ele e Rafael Maia Rosa estão envolvidos com a curadoria da Fundação Fernando Zarif, que será aberta em Pinheiros, com obras do artista múltiplo, morto em 2010, que deixou um trabalho primoroso. E às voltas

aspas Nasci na rua Goiás há 73 anos. Neste tempo deu para bater perna pelo mundo. Mas voltei a morar aqui. Por quê? Quem sabe? José Resende

com a Fundação José Resende, que fica em São José do Barreiro, e reúne boa parte do acervo do escultor. Na ponta oposta, semiprotegido por uma estante de livros, fica o ateliê de Christiana. Sobre uma mesa de madeira, dezenas de folhas, flores e insetos secos, que ela chama de botânica e são objetos de estudo que logo mais serão transformados em fotografias. Entre esses dois estúdios, a sala, o sofá em curva, cadeiras, poltronas e o jardim de vasos. Por que falar tanto do apartamento (a cozinha também é maravilhosa) em um jornal que não é de decoração? Christiana e José são caseiros, trabalham em casa e gostam de ficar na residência, convidar amigos, visitar outros. Andam a pé pelo bairro, sobem a Aracaju para ir até a padaria se deliciar com caseirinhos e um café fresquinho. Esticam a caminhada até o centro, a Pinacoteca, o restaurante Dona Onça; vão ao Teatro Anchieta, Sesc Consolação, ao cinema do shopping, algumas vezes ao Belas Artes, e não resistem à pizza da Veridiana, na casa vermelha em frente à Universidade Mackenzie – onde José Resende estudou arquitetura, que nunca praticou. Voltar a morar em uma casa? Uma ideia que ficou para trás. E lá se vão dez anos.


Onda Verde

Antena

26

Jardim botânico

Bem-vindo à Selvvva!

Miriam Mamber Brincos de ouro 18 quilates e folhas de ônix. @miriammamberdesign. Tel.: (11) 3031-5778 A Figurinista Anel Grilo, feitode latão e pratacom olhos deabalone. MAB Faap Store @afigurinista @mab.store

Pandora Joias Anel Flores Gloriosas. @theofficialpandora Shopping Pátio Higienópolis Piso Pacaembu

Coca Cola Jeans Vestido de tecido fluido com detalhes de renda. @cocacolajeans

Sob o comando das arquitetas Denise Yui e Julia Rettmann, a Selvvva surgiu para aproximar arquitetura e natureza, além de resgatar a relação do ser humano com o verde. “As plantas são o complemento ideal para as linhas das construções”, diz Denise. Em cidades tão cinzas como a capital paulista, o cultivo de plantas dentro de casa promete um dia a dia mais leve e fresh. “Nossa geração perdeu o contato que nossas mães e avós tinham antigamente com as plantas, e é isso o que queremos resgatar”, completa. Antes cravada no interior da Galeria Metrópole, no centro da cidade, a Selvvva mudou de endereço em 2017 e, hoje, habita o coração de Higienópolis, bairro onde Denise e Julia moram. O espaço fun-

Silvia Furmanovich Brinco Botânica, com orquídea de marchetaria, diamante e pérola. @silviafurmanovich

Shoestock Tênis feminino de lona estampada. @shoestockbr

Selvvva Bem-te-vi de metal e cachepô de plástico colorido. Av. Angélica, 501 @selvvva

Fulo Vaso de porcelana colorido com arranjo da florista Daniela Laloum. @fulo_flores

Swarovski Colar de cristais Swarovski coloridos em forma de buquê. Shopping Pátio Higienópolis Piso Veiga Filho @swarovski

Collector 55 Objetos de casa e jardim: bolsa de jardinagem e porta-vaso de sisal. @collector55 collector55.com.br

Fotos: Divulgação; Renan Viana

Mod Vasos de parede triangulares de cerâmica e metal. Rua Alagoas, 503 @lojamod

Grand Cru Vinho tinto Tarima orgânico, 2015. Shopping Pátio Higienópolis Piso Pacaembu @grandcruvinhos

Fotos: Divulgação

Rugendas, Debret e Hercule Florence foram alguns dos artistas contratados pela corte portuguesa, no início do século 19, para retratar a fauna e flora brasileira na expedição Langsdorff. Em junho, será realizada em Palermo, na Sicília, a bienal nômade europeia Manifesta 12, um dos maiores eventos de arte do mundo. O tema deste ano é “The Planetary Garden”. Cultivating Coexistence”, que explora a toxicidade, vida vegetal e cultura da jardinagem em relação aos bens comuns transnacionais. Foi esse o tema que escolhemos para prestigiar a cultura do verde, sobretudo no lifestyle da vizinhança.

27

Por ISABELA GIUGNO

Por HELENA MONTANARINI

ciona como um ambiente vivo e abriga espécies duradouras de plantas, como samambaias, acácias, costelas-de-adão, filodendros, suculentas e cactos. A dupla, que já tem grande intimidade com o verde, também oferece consultoria e desenvolve soluções charmosas para quem quer criar uma selva urbana dentro de casa. Localizada bem ao lado da Escola de Botânica, espaço de cursos dirigido e fundado pelo biólogo Anderson Santos, a Selvvva também vende acessórios assinados pelas arquitetas, como vasos, cachepôs e suportes aramados, além de hangers de macramê fabricados artesanalmente por uma fornecedora externa. Poesia pura. @anderson_bio @escoladebotanica

Julia Rettmann e Denise Yui, as criadoras da Selvvva

selvvva.com @selvvva Tel.: (11) 3129-3486 Av. Angélica, 501, térreo

Meu pequeno jardim

Tropicalize-se

Lá no quintal

Para quem sempre sonhou em ter um jardim particular, mas mora em apartamento, uma visita à Jardim SP é obrigatória. Fincada em um sobrado na rua Piauí, é a maior loja de terrários do Brasil. No interior do espaço, há toda a sorte de terrários, de tamanhos e formatos variados, acomodados em estantes, blocos de cimento e suspensos no teto. Nesse verdadeiro templo de criação, basta escolher uma seleção de plantas e pedras para que Roger Evangelista, dono do local, crie um jardim exclusivo para você. “Uma cliente nossa pediu que criássemos um terrário inspirado em uma viagem que a filha dela fez para o Tibete”, comenta Roger, que vive há cerca de 20 anos em Higienópolis. “A Jardim SP funcionava como uma pop-up store na rua Augusta e na Benedito Calixto, mas acho que o espaço tem tudo a ver com a onda verde de Higienópolis”, comenta. O bairro agradece, Roger!

Reduto de lojas e restaurantes descolados de Santa Cecília, a rua Tatuí guarda uma joia rara: a floricultura Arranjo Tropical. A loja é especializada em folhagens exóticas, quase todas nativas da mata atlântica. São bromélias, abacaxizinhos, caletheas rajadas, galhos de mamona, bananinhas de jardim, agapantos e dracenas vendidos por unidade. Mas os clientes também podem ser auxiliados por Cris Sanches, florista que assina os arranjos do local. “Nossa ideia é que as pessoas usem a criatividade e inventem seus próprios buquês, mas os clientes ainda são resistentes e preferem minha ajuda”, revela Cris. “Há também arranjos já prontos para quem quer pegar e levar para casa”, completa. Além dos buquês, a Arranjo Tropical tem acessórios como vasos e hangers de macramé e vende arranjos por assinatura para os moradores da região.

Com cara de casa de vó, o Quintal do Centro é uma preciosidade fincada na rua Barão de Tatuí. O espaço é um misto de café e restaurante. Totalmente familiar, foi fundado pelo casal Ina Amorozo e Jean Manuel. “Nós dividimos a rotina entre trabalhar nos dois cafés e cuidar do Sebastião, nosso filhinho de um ano”, diz Jean. Ela era professora de música e ele trabalhava no mercado corporativo, mas a dupla decidiu dar voz a um antigo desejo: “Unimos nossas duas paixões, plantas e cafés”. Não por acaso, o Quintal do Centro dá boas-vindas aos visitantes com plantas e temperos logo na entrada. No fundo, há o restaurante. “Todos os bolos e sanduíches são caseiros e feitos por nós mesmos”, revela Jean. O espaço é, sem sombra de dúvida, nossa pedida para um café da manhã sossegado ou um respiro no bairro.

Jardim SP Tel.: (11) 2476-7845 R. Piauí, 360, Higienópolis @ajardimspterrarios

Arranjo Tropical Tel.: (11) 2589-5201 R. Barão de Tatuí, 284, Santa Cecília @arranjotropical arranjotropical.com.br

Quintal do Centro quintaldocentro.eco.br @rudiefoodiebr Rua Barão de Tatuí, 95, Santa Cecília


Viver Bem

28

Diminua o ritmo e tenha uma vida saudável Dedique tempo para priorizar objetivos diários. Ao se concentrar nas tarefas importantes, eliminamos agitação e estresse. Corte o uso da internet pela metade. A tecnologia se tornou um elemento importante em nossa vida, mas, por meio de redes sociais e e-mail, ocasionalmente faz com que nossa mente perca o foco e viaje por centenas de temas, ideias e pensamentos. Aprecie a natureza. Quando o tempo permitir, observe as Andrea árvores, o céu, as estrelas, as flores e a chuva. Coma mais devagar. Observe as diferentes texturas, sabo- Pedrinola é health coach res e aromas dos alimentos. Mastigue lentamente. Conecte-se com sua família e amigos. Desligue o celular, e professora dê atenção aos relacionamentos e coloque o papo em dia. de ioga Arranje tempo para si mesmo. Comece a ler um bom livro, assista a seu filme favorito, experimente fazer ioga, meditar, ou até preparar uma nova receita. Sente-se com os olhos fechados ao ligar o computador. Apenas alguns minutos de meditação podem definir o resto do dia. Observe a respiração e tente acalmar a mente. Lembre-se de seus objetivos e aspirações. Pela manhã, dedique cinco minutos antes de sair da cama para lembrar das etapas já cumpridas e da motivação para alcançar novos objetivos. @behealth_coaching behealthcoaching.com.br

#achamosegostamos...

Lente

Biografia do bairro

Hora de relaxar Pare, respire fundo e relaxe: na Caudalie do Shopping Pátio Higienópolis o tempo passa mais devagar. Famosa por seus produtos para a pele feitos com ativos naturais e extratos de vinhas cultivadas em Bordeaux, Champagne e Borgonha, na França, a loja-butique é o spot ideal para você fugir do caos da cidade grande. Isso porque o espaço guarda uma preciosidade no piso superior: um spa que oferece tratamentos especiais para rosto e corpo. Todos os procedimentos duram 50 minutos e são feitos com os produtos da marca com objetivo de revitalizar, hidratar e rejuvenescer a pele. Entre os estrelados há o Tratamento Corporal Divino: Relaxante e Luxuoso, feito com uma combinação de quatro óleos vegetais. A massagem combina técnicas de pressão usadas para diminuir a tensão e energizar. Tudo isso envolto pelo perfume de rosas, toranja, pimenta rosa, baunilha, cedro e almíscar branco. A Caudalie também acaba de firmar uma parceria com a Foreo, marca de escovinhas elétricas faciais que drenam e esfoliam o rosto. Basta agendar uma sessão gratuita na loja e testar para ver se você aprova.

Clarissa Schneider em frente ao edifício Louveira Maria Adelaide Amaral ao redor do parque Buenos Aires Diana Radomysler, Vivian Leite e Lilian Ring no passeio arquitetônico

Shopping Pátio Higienópolis, Piso Pacaembu Avenida Higienópolis, 618. Tel.: (11) 3667-5294 br.caudalie.com

À flor da pele

Maria Eugênia Ferraz

Conquistar uma pele perfeita não é tão difícil quanto parece. E para quem deseja uma cútis mais saudável, recomendamos uma visita à Clinique, loja que oferece, além dos tradicionais cosméticos, tratamentos feitos in loco e desenvolvidos por dermatologistas. Batizado de Seu Momento Clinique, o processo funciona em diferentes etapas: um consultor especializado analisa, com você, seu tipo de pele. Depois, faz um passo a passo com os produtos que garantem limpeza, hidratação e firmeza. E para quem planeja fazer uma visita à loja, vale conferir a ação de Dia das Mães: acima de compras de R$ 199, você é presenteado com um perfume roll-on Happy. Acima de R$ 399, com o Aromatics Elixir na versão mini.

Sônia Gonçalves na sua caminhada matinal no parque Buenos Aires

aQuadra registrou o estilo “dia e noite” de gente que mora, trabalha ou circula pelas ruas e pelos eventos do bairro e dos arredores

Eliana Andrade

Meca Modernista

Quem caminha por Higienópolis sempre se encanta pelos prédios modernistas do bairro. Por isso a Monolito, publicação periódica de arquitetura, desenvolveu uma edição para celebrar os edifícios da região. “O bairro atraiu grandes imóveis desenvolvidos por arquitetos brasileiros e principalmente estrangeiros a partir de 1930”, revela o editor Fernando Serapião. Ele documentou mais de Ferndo Serapião é o nome a frente 160 prédios, como o Louveira, o Lausanne, e o Bretagne do time editorial entre outros. Serapião também desvendou o interior da Monolito de alguns apartamentos reformados por arquitetos contemporâneos como AR Arquitetos e Metro Arquitetos. Uma homenagem ao bairro onde os moradores vivem nas alturas.

SOS COSTURA

KIEHL’S O Powerful Strength Line-Reducing Concentrate agora leva mais vitamina C e ácido hialurônico. Ideal para reduzir a aparência das rugas. Shopping Pátio Higienópolis, Piso Higienópolis @kiehlsbrasil

SÃO PAULO NAS ALTURAS O livro é uma homenagem a São Paulo dos anos 1950, período em que surgiram emblemáticos edifícios na capital. Autor: Raul Juste Lores Editora Três Estrela Livraria da Vila, Shopping Pátio Higienópolis livrariadavila.com.br

Carolina Ferraz posa para aQuadra no palco do Teatro Folha

Shopping Pátio Higienópolis, Piso Higienópolis Tel.: (11) 3823-3794 clinique.com.br

COLÔNIA PHEBO ALFAZEMA PROVENÇAL Com o frescor dos campos de alfazema na Provence, essa colônia faz parte da linha Mediterrânea e tem notas relaxantes e delicadas. Fórmula livre de sal. granado.com.br

29

Quem nunca precisou arrumar uma bainha, pregar um botão ou fazer a barra em cima da hora? A dica é conhecer o SOS Costura do Pátio Higienópolis, um espaço que oferece serviços expressos de ajustes e consertos de roupas, além de serviços de alfaiataria. Rápido e eficiente, como nós gostamos Shopping Pátio Higienópolis, Piso Veiga Filho Tel.: (11) 3825-4059

editoramonolito.com.br

ARQUITETURA DO CENTRO DE SÃO PAULO Com imagens do fotógrafo Leo Finotti, o livro mapeia as principais obras construídas a partir de 1930 no centro da cidade. Vários autores Editora Monolito e Instituto Urbem editoramonolito.com.br ADOLF FRANZ HEEP: UM ARQUITETO MODERNO O livro investiga a obra de Adolf Franz Heep, um dos nomes mais representativos na arquitetura do Brasil pós-guerra, que criou mais de 30 edifícios no centro de São Paulo. Autor: Marcelo Barbosa, Editora Monolito martinsfontespaulista.com.br CAMPOS ELÍSEOS: HISTÓRIAS E IMAGENS O fotojornalista Juan Esteves revela, com imagens dos casarões antigos e prédios históricos, o patrimônio do bairro Campos Elíseos. Autores: Juan Esteves e Antonio Carlos Suster Abdalla. Editora independente PEDRO PAULO DE MELO SARAIVA, ARQUITETO A trajetória do arquiteto desde a formação na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, nos anos 1950, até a atualidade. Autor: Luis Espallargas Gimenez Editora Romano Guerra travessa.com.br ABRAHÃO SANOVICZ, ARQUITETO Segunda publicação da série Arquitetura Brasileira, a obra traça a trajetória do arquiteto por meio de fotos, desenhos técnicos e artísticos e mais documentos iconográficos. Autora: Helena Ayoub Silva Editora Martins Fontes martinsfontespaulista.com.br PRÉDIOS DE SÃO PAULO, VOLUME 3 A trilogia feita por financiamento coletivo é iniciativa do italiano Matteo Gavazzi, que vive em São Paulo, e apresenta cerca de 40 edifícios pouco conhecidos da cidade. Autores: Matteo Gavazzi, Milena Leonel e Emiliano Hagge facebook/prediosdesãopaulo

ANUNCIE

Explore o nosso jornal no site revistarias.com ou pelo aplicativo RevistariaS

Compartilhe ideias, sugestões e suas experiências com a gente. Envie seus dados para receber aQuadra na sua casa.

aquadra@jornalaquadra.com.br

Fotos: Divulgação

comercial@jornalaquadra.com.br

Fotos: Divulgação; Paulo Giandalia

Tel.: (11) 99298-1149

J O I A S Q U E C O N TA M HISTÓRIAS. CONTE A SUA @ALICE_PENTEADO (11) 98555-5134 | 3742.2134 A N E L D A FA M Í L I A . P E R S O N A L I Z E O S E U

alicepenteado@alicepenteado.com.br


30

Astros Por VALDERSON DE SOUZA Foto KIKI CARVALHO

Outono! No hemisfério sul, o começo do outono é também o início do ano astrológico. De certo modo, levamos vantagem em relação aos povos do norte, pois, quando as energias recomeçam seu ciclo, podemos realizar o balanço pessoal com a vitalidade renovada. Será por isso que valorizamos tanto a juventude a ponto de nos recusar envelhecer? No outono o astral pede a todos muita calma e reflexão para poder plantar de modo correto e obter a colheita desejada. No nosso outono gostamos de nos acasalar; a temperatura mais fria nos aproxima, e a própria natureza modifica sua vitalidade no preparo para o frio do inverno. As cores se tornam esmaecidas sob um sol que se abaixa para dar espaço a céus de azul intenso. O outono nos faz crescer artisticamente e faz o olhar descobrir outras belezas. Nesta estação lembro o mestre Mario Quintana, que recriou um haikai outonal dizendo: “Uma borboleta amarela! Ou uma folha seca que caiu e se recusou a pousar.” Descubra você e faça seu outono mais belo.

Curadoria editorial André Scarpa Publisher e diretora de redação Helena Montanarini Editoras convidadas Tatiana Rezende (MTB 30560) Isabela Giugno (MTB Diretora de arte Mabel Böger

Colaboradores

Alice Penna e Costa, Claudia Fidelis (tratamento de imagens), Fabrizio Lenci, Felipe Morozini, Lorenza Delfanti, Luciana Maria Sanches (revisão), Maia Mendonça, Nelson Kon, Paula Dip, Valderson de Souza

Publicidade

Rua Francisco Leitão, 653, 2o andar, conj. 22, CEP 05414-025, Pinheiros, São Paulo, SP, tel.: (11) 3898-3036 CNPJ.: 57.473.407/0001-53

Cala,de design Doshi Levien PoltronaPoltrona Cala, design Doshide Levien SofáMesh, e mesadesign Mesh,de design de Urquiola Patricia Urquiola Sofá e mesa Patricia

CTP, impressão e acabamento Gráfica LogPrint www.logprint.com.br

aquadra@jornalaquadra.com.br

O jornal aQuadra é uma publicação bimestral da Montanarini Consultoria Editorial Ltda. - ME

producao@jornalaquadra.com.br

collectania.com.br collectania.com.br collectania.com.br Importador exclusivo no Brasil Importador exclusivo no Brasil Importador exclusivo no Brasil Al. Gabriel Monteiro da 1480 Silva 1480 - 11 3085 Al. Gabriel Monteiro da Silva SP - 11SP 3085 2229 Al. 2229 Gabriel Monteiro da Silva 1480 SP - 11 3085 2229

Adriana Gorni adrianagorni@gmail.com Fernanda Coquet comercial@jornalaquadra.com.br

redacao@jornalaquadra.com.br jornalaquadra.com.br

Poltrona Cala, design de Doshi Levien Sofá e mesa Mesh, design de Patricia Urquiola


AF-IZ-DecoradoItacolomi-Anuncio-241-326-v2baixa.pdf

1

20/04/18

11:18

Por fora é incrível, por dentro são 374m2 de espetáculo! Venha conhecer o decorado do Itacolomi. Ligue e agende sua visita.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

4 suítes | 4 vagas | Depósito privativo Pé direito duplo na sala | 374m2 — Rua Itacolomi, 445 — Higienópolis

Mais Informações:

11 4200-2380 Rua Natingui, 442 – Sala 8 – Vila Madalena www.ideazarvos.com.br

As obras da incorporação imobiliária denominada Condomínio Itacolomi 445, localizado na Rua Itacolomi, nº 445, foram concluídas, conforme Habite-se nº 2014-85417-00, emitido em 11/07/2014. Instituição e Especificação de Condomínio registrada em 29 de agosto de 2014, sob R.17/M 59.086, pelo 10º Oficial de Registro de Imóveis da Comarca da Capital do Estado de São Paulo. Projeto preliminar sujeito a alterações. Alguns elementos poderão sofrer alterações mediante decisões exclusivamente da incorporadora. A decoração e o mobiliário das imagens e plantas não fazem parte do memorial padrão. Os móveis, assim como alguns materiais de acabamento representados, são de dimensões comerciais e não fazem parte do contrato. O imóvel será entregue conforme indicado no memorial padrão. Consulte a incorporadora para verificar as possibilidades de layouts e opções de acabamento dos apartamentos. As áreas dos apartamentos incluem as áreas dos depósitos. As imagens são ilustrativas, sujeitas a alterações. Central de atendimento: Galeria IZ Imobiliária Ltda. Rua Natingui, 442, sala 8, Vila Madalena, CEP 05443-000, São Paulo – SP – Creci: 24477-J – tel. (11) 5189-1818.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.