aQuadra
AGOSTO/SETEMBRO 2018 – 07
O J O R N A L D O J A R D I M PA U L I S TA N O E D O S A R R E D O R E S
VIDA DE BAIRRO ECONOMIA
GENTE
VIAGEM
CRÔNICA
ESTILO
DESIGN
PRAÇAS
URBANISMO
GASTRONOMIA
COMPORTAMENTO
CULTURA
LENTE
ANTENA
VIVER BEM
INSPIRAÇÃO CONVIZINHO
D I S T R I B U I Ç Ã O G R AT U I TA
Filhos declaram amor e admiração aos melhores pais do mundo
No aniversário do jornal, um bolo afetivo que traduz a nossa essência
sente de Gu Um pre to L aca z
Casa colonial reúne coletânea de peças portuguesas
A história do maior ícone arquitetônico da Avenida Paulista
Fotos capa: Romulo Fialdini; Jade Gadotti; Paulo Giandalia; Ilustração Guto Lacaz; Carl Silva; desenho do Q: Giuliano Mazeti
EDITORIAL É tempo de celebrar. O jornal completa um ano de vida graças ao trabalho de nossa equipe e ao carinho de nossos parceiros, vizinhos e todos que têm feito parte desta história. Aproveitamos para homenagear o recém-falecido Sinézio Batista Pereira, dono da famosa banca da Joaquim Antunes e morador do Jardim Paulistano durante 69 anos. São personagens como ele que fazem nossas edições serem ainda mais especiais. Para este número, ganhamos três bolos de aniversário: um da Tammy Montagna Delicious Patisserie, um ilustrado pela designer Francesca Gastone e outro, pelo artista Guto Lacaz. Em clima de celebração, convidamos seis barmen de São Paulo para dividir conosco receitas de drinques clássicos, de dry martini a negroni. Sugerimos também um guia das confeiteiras que fazem os bolos mais saborosos da cidade. Este aQuadra homenageia outro aniversário importante: os 60 anos do Conjunto Nacional, ícone arquitetônico e cultural de São Paulo. A matéria, que abre a seção Vida de Bairro, é ilustrada com fotos atuais de Carl Silva. Recebemos mais presentes: crônicas de Andrea Matarazzo, Marcelo Arabe e Sérgio Dávila, editor executivo da Folha de S. Paulo, que escreveu sobre paternidade. Para homenagear o Dia dos Pais, a fotógrafa Jade Gadotti retratou quatro heróis e seus filhos. O universo masculino também é abordado na coluna da doutora Vânia Assaly, que lança um novo olhar sobre o que é ser homem hoje. Estivemos em Palermo, atual capital italiana da cultura, e seguimos à risca um roteiro do palermitano Fabrizio Ajello, na nova seção, Turismo. Concebemos ainda um especial, “Outras quadras”, com foco nos lugares icônicos que fizeram a história dos Jardins. Para homenagear a primavera, o designer Giuliano Mazeti ilustrou o Q florido desta edição. Neste um ano, ganhamos projeção para além destas quadras e lançamos o jornal de Higienópolis. Obrigada a todos por acreditarem no meu sonho. E que venham muito mais histórias para contar. Auguri! Helena Montanarini PADRINHOS
Cynthia Parodi Cutait Liliana e Lili Tuneu Vânia Assaly
Edição 8: outubro/novembro 2018 Distribuição: 1/10/2018
Colaboradores
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Crônica
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Por SÉRGIO DÁVILA
PARABÉNS
Rita e Cecilia
“Parabéns, equipe aQuadra, pelo melhor e mais esperado jornal de São Paulo.” Cynthia Parodi Cutait FLORA MONTEIRO A jornalista é especializada em arquitetura e design e já trabalhou em redações de revistas como Wish Casa e Bamboo. Para este número, ela entrevistou a chef e empresária Mariana Fonseca, dos gregos Kouzina e Myk.
GIULIANO MAZETI À frente da marca Dhuo, Giuliano desenvolve colagens digitais que flertam com o lúdico. Ele cria imagens que são impressas nos tecidos de suas coleções. Giuliano ilustrou o Q que abre esta edição.
TAMMY MONTAGNA Nascida em Ohio, ela mora no Brasil há mais de dez anos e cozinha delícias açucaradas em sua loja, a Tammy Montagna Delicious Patisserie. Para celebrar um ano de aQuadra, Tammy fez um bolo caprichado que ilustra a capa desta edição.
MARCELO ARABE Designer de interiores, ele veio de Minas Gerais para São Paulo para ficar mais perto do trabalho. Morador do Jardim Paulista, assina uma crônica a respeito de sua busca por um lar no bairro.
ROMULO FIALDINI Renomado fotógrafo de arquitetura e decoração, ele fez o curso de museografia do mestre P. M. Bardi, no Masp. Para esta edição, clicou uma casa de estilo colonial no Jardim América e o estúdio de 30 metros.
JADE GADOTTI Ela é artista plástica formada pela Faap, fotógrafa e restauradora. Com seu olhar sensível, clicou os retratos dos pais e filhos, de Andrea Matarazzo e de outros personagens desta edição.
“Um sonho para virar uma história precisa de criatividade, inspiração e comprometimento. A cada edição, aQuadra me surpreende. Como é bom tomar um café e desfrutar meus momentos de tranquilidade com uma leitura tão prazerosa. Essa é a magia deste jornal que vi nascer e de que sou madrinha . Parabéns para aQuadra e seus criadores.” Vânia Assaly
CARL SILVA Bacharel em comunicação social pela Metodista, é fotógrafo autodidata e se inspira em mestres como Cartier-Bresson e Rodchenko. Emprestou seu olhar afiado para clicar imagens do Conjunto Nacional.
“A Quadra: um jardim de jornal florido no seu primeiro ano! Muitas primaveras virão. Parabéns e sucesso!” Lucio Albuquerque
FRANCESCA GASTONE Nascida perto de Milão, sempre gostou de desenhar. Trabalhou como arquiteta na Itália e, agora, mora em Hong Kong. Ela ilustra, em homenagem ao aniversário do jornal, um bolo de aniversário.
“Nada como alguém com tanta sensibilidade como você, Helena, para falar do bairro e dos arredores, do charme, das dicas e das pessoas que aqui habitam, trabalham e circulam. Parabéns pelo primeiro ano de vida deste projeto que alimenta a alma todas as vezes que uma nova edição é lançada.” Liliana e Lili Tuneu “Tendência, comportamento, gente. Há um ano, aQuadra demonstra que sabe informar com leveza, indo direto ao ponto que interessa ao seu leitor. Mais sucesso que isso, só verei no segundo ano de aniversário. Parabéns!” Alice Penteado
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Casa Pitanga... você conhece?
Venha experimentar, refletir e discutir questões ligadas ao universo cultural e artístico.
Cursos de desenho, pintura, bordado, dança, flores
Rua Colômbia, 217, Jardim América Tel.: (11) 96901-5231 @sandrocassolari
casa pitanga
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Foto: Teté Ribeiro
@casa.pitanga
Fotos: Divulgação; Romulo Fialdini
Espaço multicultural para eventos, exposições, saraus e palestras
jornalismo definiu minha vida desde muito cedo. Nas festas de família, antes mesmo de completar 10 anos, eu vendia aos parentes “notícias” que datilografava numa velha máquina de escrever Remington Rand verde acinzentada em folhas coloridas, pautadas e perfuradas, que arrancava de meu Caderno Único – quem tem mais de 40 anos sabe do que falo. Ao me formar no ensino médio, jornalismo foi uma das três faculdades que comecei a fazer. Ao fim de dois anos, era a única. Casei-me com uma jornalista, filha de um casal de jornalistas, irmã de outra jornalista. Meu irmão mais novo se formou em jornalismo, assim como minha meia-irmã mais velha. Meu outro irmão é fotojornalista. Meus melhores amigos são da área. Entre meus dez livros formativos, metade tem jornalismo como tema ou jornalista como autor, começando por O Afeto Que Se Encerra, autobiografia de Paulo Francis. Ao escolher os melhores filmes de todos os tempos, uma lista que por algum motivo me pedem frequentemente, policio-me para que não sejam só sobre jornalismo, o que é difícil, já que o número 1 é frequentemente Cidadão Kane. Meu primeiro emprego “de carteira assinada” foi de vendedor de assinaturas da extinta Gazeta Mercantil – aos 18 anos, todo entusiasmo, procurei um diretor do jornal econômico para pedir emprego; afinal, eu já tinha passado no vestibular! Santa alma, ele não me expulsou da sala, mas me mandou para o departamento de Circulação e Vendas. Hoje comando a redação do maior e mais importante jornal do país, a Folha de S.Paulo, no qual estou há 25 anos e pelo qual realizei coberturas como do 11 de Setembro, em 2001, e da Guerra do Iraque, em 2003. Fui correspondente por uma década nos Estados Unidos. Escrevi livros sobre jornalismo, ganhei prêmios. Trabalho feliz e sem perceber por horas e horas seguidas, no esforço difícil que é dar sentido ao que aconteceu no último ciclo noticioso e relatar isso. Ou seja, ser jornalista me define. Ou pelo menos era o que eu pensava até 2013, quando nasceram Rita e Cecilia, minhas filhas gêmeas. Elas aparecerem depois de sete anos de tentativas frustradas, num processo longo, doloroso e de final feliz, narrado com o lirismo seco e objetivo
dos bons repórteres por minha mulher, Teté Ribeiro, no livro Minhas Duas Meninas (Companhia das Letras, 2016). Elas nasceram na Índia, fruto de inseminação artificial que ela e eu fizemos com auxílio do que os médicos chamam eufemisticamente de “útero de substituição”, mas que as pessoas conhecem como “barriga de aluguel”. Chegamos ao Brasil com elas com 35 dias, 2 quilos e passaportes que traziam o rostinho delas amassado e atestam sua cidadania brasileira. Cada passo da ainda curta, mas muito rica vida delas foi celebrado por nós como um marco, mais uma conquista de uma história improvável. O primeiro choro, o primeiro resmungo, o primeiro banho, o engatinhar, o primeiro som, os dentinhos, as primeiras palavras. E, entre todas as palavras, a palavra “papai”. Ao escutá-la pela primeira vez foi como se um circuito que até então vivia em pausa fosse ativado dentro de mim e, com ele, uma série de sentimentos, deveres, preocupações, alegrias, pequenas e grandes, passassem a existir. A bateria do circuito é alimentada constantemente pela repetição da palavra, que vem com entonações e de duas vozes diferentes. “Papai, existe saci-pererê?”, pergunta Cecilia, docemente. “Papai, eu vi com meus próprios olhos!”, exagera Rita, empolgada. “Papai, vai doer?” “Papai, a mamãe é sua ‘marida’.” “Papai, por que nós não aparecemos nas fotos do seu casamento?” “Papai, hoje é dia de ler Horton Choca o Ovo” (pela enésima vez). “Por favor, papai querido do meu coração.” (quando querem algo que já foi negado muitas vezes antes, como comer chocolate na hora de dormir). “Papai.” “Papai.” “Papai.” Ser jornalista ainda me define. Mas o papai de Rita e Cecilia virou quem eu sou. SÉRGIO DÁVILA é editor executivo do jornal Folha de S.Paulo e pai das gêmeas Rita e Cecilia.
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Por ISABELA GIUGNO
nomia paulistana. Havia mesinhas espalhadas pela calçada, um amplo salão de festas e um jardim de inverno. E nem adianta tentar imaginar, só quem viveu sabe a magia do local, que sediava jantares dançantes ritmados por shows de Roy Hamilton e Rita Pavone. Anos mais tarde, em 1961, outro empreendimento glamoroso floresce no Conjunto Nacional: o Cine Astor. Cravado onde hoje fica a Livraria Cultura, era considerado o mais luxuoso da cidade, ocupado por mil poltronas confortáveis e um telão com ângulo de visão 128 graus. Era lá que os moradores da Pauliceia iam namorar e ver filmes como Psicose, de Hitchcock, e La Dolce Vita, de Fellini.
De volta para o futuro
Em homenagem ao aniversário de 60 anos do Conjunto Nacional, desvendamos a história deste marco cultural e arquitetônico paulistano cuja trajetória é marcada pelo glamour de 1960, pela decadência e por novos começos
formar a Paulista na Quinta Avenida, de Nova York”. E assim o sonho começou. A construção foi iniciada de fato em 1955, com projeto assinado pelo jovem arquiteto David Libeskind, de apenas 26 anos e até então desconhecido. Na época, a obra já carregava alguns elementos inovadores. No interior do Conjunto, por exemplo, foi construída uma moderna cúpula geodésica de alumínio e fiberglass assinada por Hans Eger – a primeira da América Latina. Em dezembro de 1958, o complexo foi inaugurado como o primeiro shopping center latino-americano, com a presença ilustre do então presidente, Juscelino Kubitschek. E para quem gosta de olhar São Paulo sob um prisma arquitetônico, o projeto de David Libeskind é um prato cheio. O Conjunto Nacional está distribuído em um volume horizontal e outro, vertical. O primeiro consiste em uma galeria com áreas de lazer e serviços. Já o vertical tem três torres: uma residencial (edifício Guayupiá) e duas comerciais, Horsa I e II. A era dourada Após a inauguração do complexo, os tempos áureos do Conjunto Nacional começaram. Em 1957, o espaço recebeu o restaurante Fasano, ícone da gastro-
Fotos: Divulgação/Acervo Conjunto Nacional; Carl Silva
Na página ao lado, fachada do Conjunto Nacional. No topo desta página, vista aérea do local na década de 1950; abaixo, à esq., o argentino José Tjurs; à dir., o arquiteto David Libeskind. Em seguida, croqui da obra; no canto inferior, à esq., a inovadora cúpula geodésica do prédio; ao lado, fachada do antigo Fasano; e, acima, interior do extinto Cine Astor
Fotos: Divulgação/Acervo Conjunto Nacional
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uem passa em frente ao número 2.073 da avenida Paulista, onde fica o Conjunto Nacional, mal consegue imaginar que o local já foi frequentado por celebridades do mais alto calibre. É que, de 1957 até 1968, funcionou no edifício o antigo Fasano, verdadeiro reduto do glamour paulistano. No imenso salão de festas do restaurante circulavam nomes incensados como Marlene Dietrich, Nat King Cole e até mesmo personalidades polêmicas, como Fidel Castro e Che Guevara. As moças iam vestidas de tule e os rapazes, de smoking. Eram noites sem fim regadas a muita música e champanhe. Hoje, o cenário do Conjunto Nacional é diferente, mas nem por isso menos especial. De segunda a domingo, o amplo andar térreo do edifício fervilha com paulistanos desavisados que vão para almoçar nos restaurantes locais, passar tempo na Livraria Cultura ou ir ao Cinearte. Mas vamos aos fatos: tudo começou em 1952, quando o argentino José Tjurs decidiu comprar a quadra delimitada pela avenida Paulista, rua Augusta, alamedas Santos e Padre João Manuel. Nesse terreno repousava o casarão da família Horácio Sabino, cheio de vitrais e móveis de estilo francês. “A ideia de Tjurs era que o lote sediasse, futuramente, um complexo de edifícios residenciais, hotel e escritório”, diz Vilma Peramezza, síndica administrativa do prédio desde 1984. Visionário, ele desejava “trans-
A decadência e a nova fase “Depois de algum tempo, o Fasano já não era mais rentável e acabou sendo vendido para a Liquigás”, conta Vilma. Pouco a pouco, o Conjunto Nacional começou a perder a aura de glamour e entrou em fase de decadência. Transformou-se numa espécie de galeria cinza e sem vida. Até que, em 1978, um incêndio devastador provocado pela má administração da empresa Horsa (construtora do complexo) destruiu o lugar. Mas dizem que, após a tempestade, vem a bonança. E foi exatamente isso que aconteceu. Em 1984, outro personagem visionário tomou as rédeas da história do Conjunto Nacional. Trata-se de Hugo Salomone, da Imobiliária Savoy. Ele costumava adquirir lotes no centro de São Paulo e terrenos na Praia Grande e decidiu comprar o edifício deteriorado para lhe dar novo significado. O Conjunto Nacional começou a ganhar novos contornos graças a isso. E um dos agentes mais importantes na revitalização do complexo foi (e ainda é) a presença de Vilma Peramezza, que trabalhava com Salomone desde 1969 e foi convidada a fazer parte da nova era do Conjunto Nacional a partir de 1984. Vilma é carinhosamente chamada de “prefeita” do Conjunto, título muito merecido, diga-se de passagem.
Vilma foi criada em Santana, na zona norte de São Paulo, bem longe da avenida Paulista. “Essa região era, para mim, um mundo à parte”, revela. Formada em direito pela São Francisco, ela desenvolveu diferentes ações para melhorar não só a estrutura física do Conjunto Nacional, como para promover mudanças na vida dos trabalhadores do complexo. Em 1987, foi iniciado o projeto de restauração do Conjunto, e Vilma começou a desenvolver algumas iniciativas. Três anos depois, por exemplo, idealizou um sistema de coleta seletiva que entrou em vigor oficialmente em 1992. Para os funcionários analfabetos, promoveu aulas de português. Recuperou as lajes e o telhado. Fez treinamento com os trabalhadores e criou o Sistema de Gestão Participativa. “Aqui eles têm um plano de carreira para crescer. Temos até projetos com os filhos dos funcionários”, conta. Em 1999, lançou o famoso projeto de decoração natalina feita a partir de materiais reciclados. Em 1997, houve houve outro marco importante: a organização de uma exposição de artes plásticas para lançar o novo Espaço Cultural Conjunto Nacional. Assim, o complexo começou a se estabelecer como é atualmente. Na área térrea
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do edifício, até hoje são promovidas mostras gratuitas de diversas vertentes artísticas, com instalações, fotografias e pinturas, que podem ser apreciadas por qualquer um, de forma democrática. Vilma reinseriu o Conjunto Nacional no eixo cultural paulistano. Não por acaso, em 2005, ele foi tombado pelo Condephaat, órgão responsável pelo patrimônio histórico. Hoje, o complexo ainda abriga edifícios comerciais, residenciais, e uma área térrea com restaurantes e outros espaços destinados a serviços e lazer, como o tradicional Viena, inaugurado em 1988, a Livraria Cultura (a maior de São Paulo), o Cinearte, comprado pela Petrobras, e até academia. O Conjunto Nacional comemora, em 2018, 60 anos de história, graças ao punho firme de uma mulher vanguardista, Vilma Peramezza, e de três homens visionários: Hugo Salomone, David Libeskind e José Tjurs, o argentino que desejava colocar a avenida Paulista sob os holofotes. Hoje, o Conjunto revela uma história marcada por recomeços e traçada por pessoas cujos olhares estão ou estiveram sempre mirando o futuro.
ANIVERSÁRIO DE 60 ANOS Para celebrar os 60 anos de história, o Conjunto Nacional promove, a partir de agosto até dezembro de 2019, uma série de ações culturais. Serão realizadas exposições sobre a história do local, além de mostras homenageando a bossa nova e o cinema. RELÓGIO Em 1961, foi inaugurado, no topo do Conjunto Nacional, o relógio luminoso da Willys. Em 1970, passou a exibir a marca da Ford e, cinco anos depois, o Itaú ocupou o posto. Em 1992, o banco renovou contrato e o relógio foi reformado, recebendo um complexo eletrônico de última geração.
Agora, o que eu quero é recuperar o antigo glamour do Conjunto Nacional. Hugo Salomone
O Jardim América está mais verde
Curiosidades
aspas
No topo da página, retrato da advogada Vilma Peramezza, síndica administrativa do Conjunto Nacional desde 1984; acima, o famoso relógio do edifício à noite; ao lado, vista geral do complexo, ícone arquitetônico de São Paulo
Mutirão organizado pela POSITIV.A para recriar a praça dos Incas, no Jardim América
LIVRARIA CULTURA Em maio de 2007, o espaço ocupado pelo antigo Cine Astor passou a sediar a Livraria Cultura. É a maior livraria do país, com 4,3 mil metros quadrados de área distribuídos por três pisos. VIENA O restaurante começou como um quiosque no interior do Conjunto Nacional, em meados dos anos 1970. Foi criado por Roberto Bielawski, fundador do Grupo Ráscal. O economista decidiu apostar no potencial de restaurantes localizados em shoppings e mercados, e o Viena se transformou em sucesso paulistano.
Pinheiros é nosso
Livro livre
Boa notícia para os amantes de vinho: a Mistral acaba de inaugurar, em frente à loja no piso térreo do Shopping Iguatemi, um wine bar exclusivo. Perfeito para quem gosta de tomar uma tacinha após o trabalho, o local tem poucas mesas e um catálogo rico, com mais de 130 rótulos da importadora. No espaço, a bebida pode ser servida em garrafas, taças ou jarras e haverá sempre sete rótulos disponíveis que mudarão semanalmente. Entre os destaques, há vinhos produzidos no Uruguai, na Espanha e na França e por vinícolas como a espanhola Vega Sicilia e a chilena Viña Montes. Para harmonizar com os tintos, brancos e espumantes, foi desenvolvido um menu especial com pratos e petiscos. Lugar perfeito para uma happy hour com os amigos!
A história da Livraria Freebook começou em 1976 na casa de Manuel Dias Teixeira Neto e da esposa, Cristina, em pleno regime militar no Brasil. Na época, a livraria era um refúgio para os intelectuais que procuravam obras censuradas. E é daí que vem o nome da loja: Freebook, que, em português, significa “livro livre” Localizada em uma casa na rua Barão de Capanema, a livraria sempre foi especializada em livros importados de arte, fotografia e moda. Agora também oferece títulos nacionais e infantis. “Gosto de vender livros, sonhos, viagens, cultura e conhecimento. Isso aumentou a minha proximidade com os clientes, e alguns viraram grandes amigos”, diz Manuel, também chamado de Petit. E é esse espírito familiar que a Freebook preserva até hoje. Aqui você se sente em casa. Freebook Rua Barão de Capanema, 199, Jardim Paulista Tel.: (11) 3256-0577 freebook.com.br
Duplo tombamento As associadas do Coletivo Pinheiros: Vanêssa Rego, Anna Lu Fernandes e Sandra Santorsula
operações para a rua, promovendo minieventos. Gostou? Então siga o perfil nas redes sociais do Coletivo Pinheiros para acompanhar a divulgação dos próximos eventos. @coletivopinheiros
Fotos: Divulgação
@brennheisen
Para brindar
Shopping Iguatemi Av. Brig. Faria Lima, 2.232, Jd. Paulistano Tel.: (11) 3037-7001 iguatemi.com.br
Fotos: Carl Silva; Paulo Giandalia; divulgação
www.brennheisen.com
artistas e o artesanato”, diz Vanêssa. Além do festival, elas organizam ações, como doação de sangue, campanha do agasalho e iniciativas para promover sustentabilidade e segurança. O trio também revela que o Festival Pinheiros começou como uma iniciativa da prefeitura entre 2015 e 2016. A festa, que era anual, fez sucesso, e a associação decidiu fazer três edições em 2018: em maio, setembro e dezembro. Um sem-fim de atrações culturais ocupa a rua dos Pinheiros durante o festival. Há pocket shows, feiras de roupa e acessórios e estações gastronômicas. Os restaurantes também podem participar e estender suas
Com o desejo de transformar a praça dos Incas em um espaço mais convidativo para a região, os moradores do Jardim América acionaram o time da POSITIV.A, consultoria de soluções ambientais integradas baseada na permacultura, para revitalizar o espaço. A partir de uma concessão da Prefeitura Regional de Pinheiros, a equipe da POSITIV.A tomou a frente do projeto e organizou um mutirão de 50 pessoas para transformar o local. “Nosso desejo era despertar o olhar dos moradores para a praça, que não era feia e, sim, descuidada”, comenta Rafael Seibel, um dos três sócios da consultoria (participam também Alex Seibel e Marcella Zambardino). O projeto da nova praça dos Incas foi guiado por um conceito batizado de “Trampolim ecológico”. A ideia era criar um habitat natural para aves, insetos e outros agentes polinizadores da cidade. “Criamos um ambiente em que essas espécies podem viver e se alimentar”, diz Rafael. Eles desenvolveram também uma horta mandala, ocupada por verduras, plantas alimentícias não convencionais (Pancs), temperos e flores, além de uma agrofloresta, povoada por árvores nativas e frutíferas. Durante o mutirão, coordenado pelo permacultor Peter Webb, foram plantadas mais de cem mudas. A praça recebeu ainda um parquinho orgânico com slackline e circuito de arvorismo e uma mesa para jogos, como dominó. “Nossa ideia é que o local seja convidativo para todos que estão no entorno”, afirma Rafael. positiva.eco.br
LIVRO Lançado em dezembro de 1998, o livro é assinado por Angelo Iacocca em comemoração aos 40 anos do edifício. A obra conta a história da Paulista mostrando cada etapa da transformação da região.
Do pet ao idoso, da criança ao adulto: todos são bemvindos no Festival Pinheiros. O evento é organizado pela Associação Coletivo Pinheiros, grupo apartidário de comerciantes locais criado para transformar a experiência de convívio no bairro. aQuadra conversou com três associadas do coletivo: Vanêssa Rocha Rêgo, presidente, Anna Lu Fernandes, sócia do restaurante Bra.do, e Sandra Santorsula, sócia da Choperia São Paulo, ambas conselheiras da associação. De acordo com o trio, o Coletivo Pinheiros é uma rede que desenvolve ações para reforçar o DNA do bairro. “Queremos valorizar tudo o que é daqui: a gastronomia, os
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O colégio Dante Alighieri acaba de reafirmar sua importância histórica. No dia 23 de maio, a entidade foi tombada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). Segundo o órgão, o Dante é um “expressivo remanescente da memória da imigração italiana em São Paulo”. Localizado na quadra entre as alamedas Jaú, Itu e Casa Branca e rua Peixoto Gomide, o colégio teve dois edifícios reconhecidos pelo valor histórico: o Leonardo da Vinci, que compreende a fachada da escola e tem formato de “U”; e o Colmeia, assim batizado graças ao corredor erguido com muros de estruturas poligonais. O pátio envolvido pelas duas construções também foi tombado. Inaugurado em 9 de julho de 1911, o colégio surgiu na época em que os imigrantes italianos se estabeleceram na capital paulista e perceberam a necessidade de uma instituição de ensino que preservasse suas raízes e cultura. Com tijolos aparentes e mármore travertino nos acabamentos internos, a escola foi projetada pelo arquiteto Giulio Micheli, que assinou também o viaduto Santa Ifigênia, o Hospital Umberto Primo e a Santa Casa de Misericórdia – todos, aliás, tombados.
Acima, fachada do icônico colégio Dante Alighieri, uma das escolas mais tradicionais de São Paulo, agora tombado. Ao lado, a antiga construção, inaugurada em 1911 Colégio Dante Alighieri Alameda Jaú, 1.061, Cerqueira César Tel.: (11) 3179-4400 colegiodante.com.br
Vida de Bairro
A cozinha de Ana Lucia Ana Lucia Egydio Martins de Moraes conquistou o que muitos almejam: transformar as paixões em um trabalho prazeroso. Formada em pedagogia pela PUC, ela deu aula para crianças antes de se dedicar à culinária, um antigo amor. Antigo sim, pois Ana sempre gostou de comer e, quando criança, observava a tia, irmã do pai (o ex-governador Paulo Egydio), cozinhando no Rio de Janeiro. “Tenho fome de coisas gostosas, e meu pai também gosta de boa comida. Ele é um glutão, e me aproximei dele por causa desse interesse em comum”, diz. Do interior de sua cozinha, localizada no fundo da casa onde mora no Jardim Paulistano, Ana Lucia relembra de quando se mudou para a Filadélfia com o marido, aos 24 anos. Nos Estados Unidos, decidiu se dedicar de vez à gastronomia e fez um curso no Institute of Culinary Education (NY), onde se graduou, em 1998. “Eu estava morando nos Estados Unidos e tinha uma rotina supercorrida. Meu pai foi passar uma temporada lá e, um dia, ele comprou oito lagostas e pediu que eu cozinhasse”, relembra. Mas foi aqui no Brasil que Ana Lucia deu vida a seu grande projeto, o Cozinha da Ana. Na cozinha de casa, vestida com o dólmã que tem há uns bons anos, ela dá cursos de capacitação para cozinheiras domésticas e presta consultorias gastronômicas. “Essas mulheres já têm muita experiência na cozinha, e eu valorizo muito o trabalho delas. Justamente por isso eu não tenho a pretensão de ensiná-las a cozinhar”, explica. Durante as aulas, ela ensina técnicas e modos de preparo de pratos como rosbife, empadão, arroz, risotos e outras receitas simples, nada gourmetizadas. Comida do dia a dia, mas sempre boa. “Em primeiro lugar eu sou uma cozinheira, depois vem a chef”, afirma, certeira.
A cozinheira Ana Lucia Egydio na cozinha de casa, onde ministra as aulas
dacozinhadaana.com.br @analuciaegydio
BOLO DE IOGURTE DA ANA
Q publi
Ingredientes: 4 ovos 1 copo de iogurte natural 1 colher de chá de extrato de baunilha 1 copo de óleo 2 copos de açúcar 2 copos de farinha de trigo 1 colher de sopa de fermento em pó
TROCA DE LUXO
Comprar com conforto e praticidade é o objetivo do Troca de Luxo, projeto pioneiro em resale no Brasil. Com curadoria de Juliana Lucki – idealizadora do projeto– a ideia é reciclar o que as pessoas têm no closet. Desta forma, outros também podem usufruir de peças em perfeito estado. O Troca de Luxo funciona online e em um showroom nos Jardins – ambos recheados de peças autênticas de grifes internacionais. Juliana fez uma parceria com Lucinha Lerner, da TL Joias, que tem uma plataforma de joias vintage e novas e, assim, aumentou seu leque de produtos. Quem quiser conhecer o espaço e garimpar as peças pode agendar uma visita. “Abri o showroom no Jardim Paulistano porque é o bairro onde vivo e trabalho”, comenta Juliana. Tel.: (11) 95354-6239 @trocadeluxo e @tljoias
Modo de preparo: Preaquecer o forno a 180 graus. Bater no liquidificador: ovos, iogurte, óleo e baunilha. Em uma tigela misture os ingredientes secos: açúcar, farinha peneirada e fermento em pó. Misture vagarosamente com uma colher de pau a massa seca e a líquida. Unte a fôrma com pouca manteiga e polvilhe com uma colher de sopa de açúcar e canela. Leve ao forno por 40 minutos, em média. Bolo fofo se assa devagar e sem pressa! Para saber se está bom, espete um palito e, se sair limpo, pode tirar do forno. Atenção: usar como medida o copo de iogurte, sempre cheio até a boca.
HORA DO BOLO
A conceituada designer Francesca Gastone, do Atelier Fyumi, que mora entre Hong Kong e Milão, ficou encantada com o jornal e nos presenteou com esta bela ilustração para o nosso aniversário de um ano. Viva!
É hora de assoprar as velas e celebrar. Inspirados pelo aniversário de um ano do aQuadra, preparamos um guia especial com algumas de nossas boleiras e confeiteiras preferidas da cidade Isabella Suplicy Isabella faz criações caprichadas. Há vários sabores de bolos: brigadeiro, amêndoas e milho com doce de leite. @isabellasupliciofficial Confeitaria Marilia Zylbersztajn A confeiteira faz doces levíssimos com pouco açúcar. Vale provar: torta de pera com cardamomo e noz-pecã e torta de maçã da Bretanha. @marilia_zylber_confeitaria Leckerz Nesta casa de inspiração alemã, os bolos são chamados de tortas. Há de brigadeiro com coco, castanhas (a tradicional kastanien torte), além de versões sem glúten. @leckersdocesetortas Carole Crema A especialidade da casa são bolos artesanais queridinhos dos brasileiros, como de brigadeiro, de bem-casado e de coco gelado. @carolecrema Fernanda Rosset Superfotogênicos, os bolos assinados são feitos a partir de combinações escolhidas pelas clientes. Há opções diferentes de massa, recheio e decoração. @fernanda_rosset Tammy Montagna Delicious Patisserie A confeiteira americana, que mora há 13 anos no Brasil, é especializada em diferentes tipos de bolo: naked, com e sem pasta americana e cupcakes. Foi Tammy quem nos presenteou com o bolo de aniversário da capa. @tammymontagna
Fotos: Paulo Giandalia; divulgação
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Fotos JADE GADOTTI
Meu herói
A dama de ouro Brasília de Arruda Botelho é uma dessas pessoas que têm muita história boa para contar. Ela sempre gostou de organizar tudo a sua volta e, como sua família adorava receber, virou uma boa anfitriã. Não por acaso, tornou-se cerimonialista, profissional encarregada de altíssimas responsabilidades em eventos, como formação de mesa, ordem de precedência e colocação de bandeiras, entre outros protocolos. Formada em relações públicas, começou trabalhando com Lila Egydio Martins, durante o mandato do ex-governador Paulo Egydio Martins. Pouco a pouco, Brasília começou a ser encarregada de tarefas específicas, como cuidar de almoços e jantares oficiais. Em pouco tempo, Brasília se tornou chefe de cerimonial da Prefeitura de São Paulo no governo de Mário Covas. Da proximidade com o então prefeito surgiu uma sólida relação de confiança. “Ele fumava muito e, um dia, o Antônio Ermírio de Moraes me pediu para convencer o Covas a parar de fumar”, relembra com bom humor. “Eu costumava andar com um cinzeiro para o prefeito apagar o cigarro”, finaliza. Era Brasília quem organizava banquetes importantes frequentados por nomes como Olavo Setubal e José Carlos Moraes de Abreu. Tudo pensado milimetricamente de acordo com os protocolos de etiqueta e cerimonial. Quando Mário Covas faleceu, em 2001, Brasília se tornou cerimonialista
Poesia de amora
A respeito da denominação, Cristina explica: “Queríamos escolher um nome que fosse delicado, feminino e fácil”, diz. E daí surgiu Amoreira, que também remete à palavra “amor”. Por isso, elas plantaram um pé de amora bem em frente ao espaço que ocupam. No fundo da loja há uma goiabeira, e não é raro Cristina e Fernanda organizarem colheitas quando as árvores dão frutos. Em meio ao frenesi cinza de São Paulo, esse é um convite muito bem-vindo para uma vida mais sossegada e afetiva. Amoreira R. dos Macunis, 510, Alto de Pinheiros Tel.: (11) 3032-5346 amoreira.com.br
Tudo zen Vicente Morisson herdou da mãe a paixão pela ioga. “Sempre adorei esportes e, quando era adolescente, percebi que atletas de artes marciais praticavam ioga, mas não como atividade física e, sim, como uma ferramenta maior”, diz. Disposto a desvendar essa filosofia milenar, ele começou a frequentar aulas ministradas pela professora da mãe. Não demorou para que Vicente se lançasse em viagens frequentes à Índia, onde estudou vedanta com o
Em homenagem ao Dia dos Pais, filhos declaram seu amor e admiração ao homem da vida deles
A cerimonialista Brasília de Arruda Botelho em sua casa, no Jardim Paulistano
do governo de Geraldo Alckmin e se manteve no cargo até ele se candidatar a presidente. Hoje, o escritório de Brasília é a casa onde mora, no Jardim Paulistano, região que ela chama de “bairro abençoado”. Membro da Academia Brasileira de Cerimonial e Protocolo e do Comitê Nacional do Cerimonial Público, ela dá cursos de imagem e postura para pessoas físicas e empresas. “Para mim etiqueta é nada mais do que respeito e educação com o próximo”, diz. E essa educação é bem refletida na relação dela com o bairro. Conhece os moradores e sabe o nome de grande parte deles. Vai frequentemente à Igreja do Perpétuo Socorro e se lembra, saudosa, de como a região era mais tranquila antigamente. Para o futuro, Brasília revela um plano ambicioso: lançar um livro com as boas histórias que viu e viveu. mestre Swämi Dayänanda Sarasvatä. Em 2011, foi iniciado brâmane por meio do ritual védico upanayanam e, mais tarde, formou-se terapeuta de ayurveda pela clínica Dhanvantari. Vicente decidiu inaugurar, em 2005, o espaço Nïlakantha, que funcionou por mais de uma década na rua Grécia. Há pouco mais de um ano, mudou de endereço. Inaugurou seu novo espaço, a Casa Jambü, em uma travessa da Sampaio Vidal. Hoje, a Casa Jambü sedia estudos védicos e organiza estudos de diferentes disciplinas, como ioga, vedanta, sânscrito, canto de mantras, ayurveda e astrologia védica. Em suma, um lugar ligado a tradições milenares criado para quem busca autoconhecimento. E, ainda por cima, democrático, já que recebe de braços abertos homens, mulheres, adolescentes e idosos. Todos são bem-vindos. Casa Jambü R. Desembargador Joaquim Celidônio, 46A Tel.: (11) 2592-9855 casajambu.com.br @casajambu
“Papai, eu sou o melhor do mundo e você é o melhor do mundo.” Francisco Armellini Biacchi, 4 anos, e o pai, Paulo Biacchi
“Meu pai é incrível, é muito persistente e sempre quer me ajudar. Ele me conta tudo e fala como foi o dia dele. Meu pai tira a hora do trabalho só para comer comigo e dormir na minha casa. Eu amo ele!” Antonio Leme, 9 anos, e o pai, Paulo Leme
Foto: Paulo Giandalia; Layla Motta; Felipe Reis; Pedro Abreu
Fernanda Rezende e Cristina Rogozinski, primas e sócias
Afeto, infância, casa da vó, fazenda, praia e natureza. São essas as memórias da mais pura simplicidade que inspiraram a identidade da loja Amoreira, fundada há oito anos pelas primas Cristina Rogozinski, artista plástica, e Fernanda Rezende, publicitária. E é essa alma poética que vibra na loja inaugurada, em 2010, no Alto de Pinheiros. Tudo começou quando as primas decidiram organizar um bazar beneficente para ajudar a ONG Trapézio. O evento foi um sucesso e despertou o desejo de criar um negócio próprio. A consciência socioambiental ainda é um predicado essencial da Amoreira. Cristina e Fernanda promovem uma ação social bem-sucedida: cada vez que um cliente abre mão de levar as compras em uma sacola da loja, elas doam 2 reais para uma entidade beneficente. Resgatar a beleza do passado é outra proposta que pulsa forte na veia da Amoreira. Lá você encontra brinquedos típicos da velha guarda, como pião e jogos de memória, além de utensílios que parecem ter saído da casa da avó, como ágatas e porcelanas. No acervo da marca há pouquíssimos itens importados: elas fazem questão de valorizar a produção nacional. Não por acaso, a Amoreira lançou talentos criativos contemporâneos, como Ana Neute, Brunno Jahara, Flavia Del Pra e Heloisa Galvão.
Vida de Bairro
“Meu pai é uma grande inspiração para mim.” Nina Lacaz, 23 anos, e o pai, Guto Lacaz
“Raramente fazemos elogios um para o outro. Mas de fato ele é o melhor pai sempre ”
Gabriel Kogan, 34 anos, e o pai Márcio Kogan
Vida de Bairro
Vida de Bairro/Crônica
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Foto JADE GADOTTI
Minha vida nos Jardins Andrea Matarazzo resgata as memórias de infância vividas no bairro
P
ara mim é sempre muito prazeroso caminhar pela região dos Jardins, o que eu faço todos os fins de semana, há muitos anos. Tanto pelo Jardim América, como pelo Europa, Paulista e Paulistano. É onde nasci e cresci. Minha primeira lembrança de infância é da rua Iramaia, 49, nossa primeira casa, que fica ao lado de uma residência modernista que ainda existe. Saíamos de lá a pé para a chácara de duas primas onde hoje é o shopping Iguatemi. Todos os dias comíamos castanhas diretamente das árvores e víamos a onça-pintada criada em um imenso viveiro. De lá andávamos pela então rua Iguatemi (hoje, Faria Lima), toda de paralelepípedos, por onde passavam os papa-filas da CMTC, uma espécie de carreta com bancos puxada por cavalos mecânicos. Seguíamos até a rua Iraci, que era de terra, para ver as cabras que uma senhora criava lá. Nós nos mudamos para a rua Embaixador José Roberto M. Soares, perto da igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, com os lindos afrescos de Samson Flexor, na praça Des. Manoel G. de Oliveira, que está igual, com os mesmos Ficus benjamina, mas, infelizmente, impermeabilizada com uma laje de concreto. Na época, a rua Cesário Coimbra ainda era de terra. Hoje, voltando a essas ruas, vejo que toda a região ainda está muito parecida, à exceção da Faria Lima, que foi loteada até a beira do rio – naquela época ainda não havia a marginal Pinheiros. Depois, fomos para o Jardim América, onde minha mãe ainda mora. As árvores que plantamos em 1965 são as mesmas que estão atualmente em frente à casa. Nessa região também vive nossa tia Filomena, que foi casada com o grande pintor Fulvio Pennacchi, na casa que ele projetou e continua igual. Além da construção, a argamassa colorida é toda de Pennacchi, que também afrescou as paredes e desenhou os móveis. Na rua Argentina, perto do clube Paulistano, morava meu avô, numa casa que agora tem perto de 95 anos – foi das primeiras residências dos Jardins. O jardim e a casa permanecem exatamente como eram. Claro que há coisas a serem melhoradas. As calçadas estão muito ruins, sem acessibilidade e padrão. Os postes com carretéis de fios embaraçados dão péssima aparência. Quando fui secretário da subprefeitura, íamos fazer o enterramento dos fios da avenida Europa, como fizemos na Oscar Freire. O bairro precisa de atenção e cuidado, e a prefeitura deve mantê-lo como patrimônio da cidade. O que torna essa região especial é a qualidade do loteamento e o tombamento feito pelo Condephaat, órgão estadual de patrimônio. Quando fui secretário de Cultura, não deixei que o tombamento fosse revisto, nem a mudança do uso dos imóveis, contra a qual votei quando era vereador, na revisão do Plano Diretor de São Paulo. Essa região é um modelo urbanístico a ser preservado e replicado em outras áreas da cidade. Parabéns pelo lançamento do jornal aQuadra para cobrir esse bairro que é parte tão importante da história de São Paulo.
O fantástico mundo de Naia Passeio nas artes Onipresente no roteiro de quem adora arte, a Made ocupou o Pavilhão da Bienal e, neste ano, reuniu peças autorais de criadores como Nicole Tomazi, Inês Schertel e Rodrigo Ohtake. O tema que guiou este número da Made foi “Machine art”, inspirado em uma exposição realizada no MoMA, em 1934, com curadoria de Philip Johnson. Na ocasião, o arquiteto levou pela primeira vez o design utilitário industrial para dentro de uma instituição cultural. A ideia dessa edição do evento era que o público refletisse a respeito das relações entre a produção artesanal e a industrial. Por isso, quem circulou pelos corredores da Bienal durante a mostra pôde conhecer peças autorais feitas à mão ou a partir de processos semi-industriais. Detalhe: a seção Handmade cresceu e contemplou trabalhos de artistas que participaram pela primeira vez do evento, como a ceramista Calu Fontes. mercadodeartedesign.com
O LUXO REVISITADO
No topo, peças criadas artesanalmente por Nicole Tomazi. Acima, luminárias assinadas pela Casa Costillas
Comandada por Sergio Zobaran e Maria di Pace, a mostra Modernos Eternos apresenta a quinta edição especial, de 22 de agosto a 2 de setembro. A exibição ocupa o Studio 689, de Ugo di Pace, na alameda Gabriel Monteiro da Silva e reúne dez ambientes assinados por nomes de peso, como Dado Castello Branco, David Bastos, Gustavo Neves e Sig Bergamin. Neste ano, o tema da mostra é o movimento “Pós-luxo”, que discute os novos propósitos do consumo. Imperdível! Studio 689 – Ugo di Pace Al. Gabriel Monteiro da Silva, 689, Jardim Europa. Entrada: R$ 40, das 13h às 20h. modernoseternos.com
Durante a infância, Naia Ceschin era uma esportista focada e praticava volteio, modalidade equestre definida como “ginástica sobre um cavalo em movimento”. Para exercitar o lado criativo, recortava imagens de estampas, quadros e pinturas publicados em revistas e guardava tudo em uma pasta. Ao terminar o colegial, surgiu a dúvida: qual faculdade cursar? Sem pestanejar, Naia abriu a antiga pasta de recortes coloridos e concluiu: “É isso que eu quero fazer”. Quando entrou no curso de design na ESPM, ela começou a se interessar cada vez mais por arte e design. “Nessa época comecei a criar ilustrações e estampas e a explorar uma linguagem mais individual. Foi surgindo uma identidade forte nos meus trabalhos e, em 2013, decidi virar freelance”, revela. No ateliê de Naia, em Pinheiros, surgem criações coloridíssimas, cheias de formas geométricas e concebidas a partir de referências singulares. É que a artista se inspira em momentos únicos, como a calmaria de um passeio na natureza, o silêncio, a leitura de um bom livro... Ela também coleciona uma lista extensa de artista que admira, nomes que vão desde Tarsila do Amaral até David Hockney e Jean Gillon. O fazer artesanal é extremamente importante no processo criativo de Naia. Além de ilustrações, ela faz pintura, cerâmica e até bordado. É uma artista completa e, não por acaso, a convidamos para ilustrar o Q da nossa edição passada. “Minha formação é bem gráfica, e meus trabalhos eram muito digitais no início. A necessidade de usar as mãos veio naturalmente, e todas as minhas criações começam no papel e lápis”, diz. Mas, afinal, como ela mantém a energia criativa sempre fluindo? “Ser criativo é um exercício diário, não vem do nada. Vem do trabalho e do esforço”, completa – o segredo é dedicação. naiaceschin.com.br
#achamosegostamos...
LINA CAFÉ PAULISTA Batizado em homenagem a Lina Bo Bardi, o café fica no Edifício Gazeta e serve cafés expressos de pequenos produtores. Av. Paulista, 900, térreo alto, Cerqueira César @linacafeina
STO. CHICO PADARIA Helena Mil-Homens assa baguetes, croissants e brioches artesanais de lenta fermentação natural, além de bolos e focaccias. Rua Fernão Dias, 461, Pinheiros @st.chico
BRÁZ ELETTRICA A pizzaria inaugurou uma filial na alameda Campinas. Há também um novo sabor de pizza, a Shroomz, com cogumelos paris e shimeji. Alameda Campinas, 1.289, Jardins @brazelettrica
BAR SEDE 261 Este pequenino bar serve cerca de 30 rótulos de vinho tinto, rosé e branco. Aos sábados, a casa oferece ostras para acompanhar a taça. Rua Benjamin Egas, 261, Pinheiros @sede261
CAFFÈ PASCUCCI Fotos: Divulgação
ESCUDERO & CO Famosa pelas bolsas artesanais feitas com couro certificado, a marca acaba de abrir uma loja na alameda Lorena assinada por Felipe Hess. Alameda Lorena, 1.630, Jardins @escudero_
ANDREA MATARAZZO foi secretário estadual de Cultura, secretário municipal das subprefeituras, embaixador do Brasil na Itália e ministro da Comunicação Social na gestão Fernando Henrique Cardoso.
OS CAR FREIRE, 600
Vida de Bairro/Memória 16
Nossa própria Liberdade Em homenagem aos 110 anos da imigração japonesa no Brasil, desvendamos a história da Cooperativa Agrícola de Cotia, antiga organização nipônica que deu origem ao Largo da Batata em Pinheiros
Rota nipônica Dicas de comércio japonês nos arredores do Largo da Batata
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Acima, foto da antiga Cooperativa Agrícola de Cotia, imagem do acervo do Museu da Imigração Japonesa. Ao lado, vista aérea do atual Largo da Batata
comunidade nipônica. “O bairro abrigava a segunda maior concentração de japoneses em São Paulo, depois da Liberdade”, revela Célia. Na região começaram a surgir cada vez mais lojinhas e outros estabelecimentos de origem nipônica, como lojas de pesca – Célia explica que os japoneses gostam muito de pescar. Também foi fundado o Clube Piratininga, por um grupo de jovens nissei, que promovia atividades típicas como kendo, luta de espada tradicional japonesa. Em 1994, com o início da Nova República, a cooperativa ruiu. “Eles expandiram demais e perderam totalmente o controle financeiro”, conta a historiadora. Com o passar dos anos, o Largo da Batata também perdeu quase completamente os resquícios da cultura nipônica. A historiadora explica que “há poucos indícios da comunidade japonesa na região”. Em contrapartida, nos últimos cinco anos a região começou a ganhar novo significado. Hoje, o largo surge totalmente reinventado no cenário cultural paulistano graças a um sem-fim de bares e restaurantes que moldam a nova identidade da região.
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6. MINATO IZAKAYA No balcão deste boteco oriental são servidas pequenas porções quentes e frias que podem ser saboreadas com o suave saquê Hakushika Honjozo. R. dos Pinheiros, 1308, Pinheiros, tel.: (11) 2538-8883 RESTAURANTE YASHIRO Fundado em 1978 pelo japonês Daisuke Okada, a casa serve pratos típicos japoneses: teppanyaki de frutos do mar, teishoku, nabeyaki udon e combinados. Fernão Dias, 525, Pinheiros, tel.: (11) 3812-3203
3 1. COMERCIAL GAIVOTA A mercearia reúne uma série de produtos alimentícios e utensílios tradicionais japoneses. Rua Cunha Gago, 359, Pinheiros, tel.: (11) 3815-2976
IZAKAYA MATSU No disputado balcão de madeira do restaurante você pode provar os pratos quentes da gastronomia nipônica acompanhados de saquês e sochus. Avenida Pedroso de Morais, 403, Pinheiros, tel.: (11) 3812-9439
2. RESTAURANTE HIDEKI Inaugurado há mais de dez anos, o espaço comandado por Hideki Fuchikami e serve refeições oferecidas em forma de rodízio executivo. Um clássico do bairro. R. dos Pinheiros, 70, Pinheiros, tel.: (11) 3086-0685 3. WORLD PAPER Esta loja e ateliê é representante exclusiva dos papeis importados Washi, um papel especial japonês feito artesanalmente a partir de fibras de arbusto. Rua Belmiro Braga, 49, Vila Madalena, tel.: (11) 3815-5622 4. AYA O restaurante é o irmão mais velho do Niaya (localizado na Joaquim Antunes) e serve iguarias japonesas clássicas com um toque moderno. Rua Pedroso de Moraes, 141, Pinheiros, tel.: (11) 3097-9856
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Fotos: Museu Histórico da Imigração Japonesa do Brasil; Helena Bocayuva; divulgação
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uem hoje caminha pelo Largo da Batata mal pode imaginar como era o local há mais de quatro décadas. Por volta da década de 1930, agricultores japoneses que moravam em Cotia começaram a vir para São Paulo comercializar seus produtos. “Nessa época, a Eusébio Matoso era feita de madeira, e eles atravessavam a ponte para chegar até o largo e vender as mercadorias”, diz Célia Sakurai, historiadora do Museu Histórico da Imigração Japonesa. Ela conta que os japoneses sempre tiveram vocação para atividades agrícolas e, por isso, aproveitaram para estabelecer um comércio na região. Como os produtores japoneses de batata de Cotia não tinham um armazém, vendiam no largo. Mais tarde, o local foi batizado de Largo da Batata e. em 1927, fundaram a Sociedade Cooperativa de Responsabilidade Limitada dos Produtores de Batata em Cotia. “Nesse período já havia muitas famílias japonesas que moravam na região de Pinheiros e existia, inclusive, a filial de uma escola da Liberdade perto do Largo da Batata”, explica a historiadora. Como a sede da CAC foi transferida de Cotia para o Largo da Batata, o bairro acabou se tornando um polo da
5. FUJI Nesta pitoresca mercearia localizada no baixo Pinheiros, há uma infinidade de produtos típicos japoneses. R. Cunha Gago, 346, Pinheiros Tel.: (11) 3812-9135
Mobilidade Urbana
Mobilidade Urbana
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Por ISABELA GIUGNO
A cidade em movimento
SÃO PAULO SOBRE RODAS
Projetos voltados a ciclistas, o aumento da frota de ônibus e o surgimento de novos aplicativos têm alterado o quadro de mobilidade urbana em São Paulo
Subindo a Rebouças Você já deve ter visto os famosos (e enormes) ônibus “sanfonados” subindo a avenida Rebouças. Eles, na verdade, são chamados de ônibus articulados e circulam cada vez mais em São Paulo. De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Transportes, a frota aumentou de 2.419 veículos para 2.471, do fim de 2017 para junho deste ano. E a título de curiosidade, os ônibus biarticulados existem em dois modelos diferentes: de 18,6 metros e de 23 metros. Já os ônibus básicos medem até 12,5 metros, então a diferença é bem grande. E, além do tamanho, há mais diferenças: os articulados têm piso menor, seis portas e rampas para acessibilidade. A capacidade dos ônibus articulados também aumenta em relação aos básicos, o que é uma vantagem. Os de 23 metros comportam 54 passageiros sentados, uma área para cadeira de rodas e 119 passageiros em pé, ou seja, 174 pessoas no total. E a novidade é que, em breve, todos os ônibus serão acessíveis e equipados com ar-condicionado, rede wi-fi e tomadas USB. Os veículos do modelo articulado também terão com suportes internos para bicicletas, estimulando, assim, a integração e o uso de diferentes modais na cidade.
A integração dos meios de transporte, como ônibus e bicicletas, é uma das soluções para melhorar o quadro de mobilidade urbana na cidade
E
m entrevista exclusiva para aQuadra, a Coordenadoria da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes falou sobre os maiores desafios de mobilidade urbana que São Paulo enfrenta atualmente e explicou como a tecnologia vem transformando nossa maneira de circular pela cidade. Confira: Quais são os maiores desafios de mobilidade urbana que São Paulo enfrenta atualmente? A Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes considera que o maior desafio para qualquer gestão é conseguir implantar soluções que produzam políticas de mobilidade alinhadas com as práticas adequadas à eficiência e sustentabilidade, promovendo a mudança de cultura e priorizando investimentos na mobilidade ativa. Garantir e ampliar a intermodalidade, ou seja, a possibilidade de co-
nexões entre diversos meios de transporte é a condição para aperfeiçoar os deslocamentos diários nos aspectos sociais, econômicos e culturais. Quais as mudanças necessárias para que São Paulo se torne uma cidade mais amigável para ciclistas e pedestres? Em 2017, a SMT iniciou amplo estudo das condições das ciclovias da capital para buscar a melhor utilidade à rede existente. Com base nesse levantamento, nas próximas semanas será apresentado o novo plano cicloviário da cidade. Projetos voltados a ciclistas e pedestres, como ciclovias, ciclofaixas de lazer e sistema de compartilhamento de bicicletas, tiveram impactos fundamentais no processo de mudança cultural do cidadão paulistano e têm obtido bons resultados. Atualmente, diversos órgãos da prefeitura discutem regulamentações de forma a produzir melhores políticas relacionadas à mobilidade a pé.
Hoje, quais projetos estão sendo implantados na cidade para modificar nosso quadro de mobilidade urbana? Destaca-se a regulamentação do transporte individual de passageiros por aplicativos – que visa estimular a não utilização do veículo particular e a melhoria dos índices de ocupação dos automóveis. Além disso, a SMT, por meio da SPTrans, está licitando o transporte coletivo de passageiros por ônibus para garantir um transporte público por ônibus com qualidade, acessível e menos poluente para São Paulo. Como o uso da tecnologia está impactando o cenário de mobilidade urbana de São Paulo? A tecnologia está simplificando o acesso, facilitando o controle e gerando dados importantes nos processos de tomada de decisão. Diversos aplicativos têm contribuído para o planejamento dos deslocamentos diários dos cidadãos, que optam por utilizar
um ou mais modais. É inegável o impacto positivo de aplicativos como Google Maps e Waze na reorganização dos fluxos e trajetos e, por consequência, na fluidez do tráfego. Além disso, os aplicativos de transporte individual remunerado de passageiros vêm contribuindo muito para que o cidadão deixe o carro em casa e opte pelo deslocamento intermodal. Os táxis também têm se aprimorado e lançado mão de recursos tecnológicos de forma a gerar mais comodidade e eficiência para o usuário, otimizando também a lucratividade, pois com a tecnologia disponível hoje, o taxista aumentou significativamente o potencial de viagens, não só na ida, como principalmente nos trajetos de volta. Um exemplo é o aplicativo SPTaxi, lançado pela prefeitura, em abril, como forma de incentivar o taxista a ser mais competitivo e, ao mesmo tempo, oferecer a possibilidade de os passageiros obterem mais descontos nas corridas.
King of the Fork Logo na entrada deste cafezinho charmoso de Pinheiros há um bicicletário, já que a casa é muito frequentada pelos ciclistas de SP. No menu, doces, cafés, pães e sanduíches para matar a fome após uma boa pedalada. R. Artur de Azevedo, 1.317, Pinheiros @kingofthefork Aro 27 Verdadeiro paraíso para os amantes de bike, este café fica em um sobrado próximo ao metrô Pinheiros. É basicamente um mix de serviços como café, oficina, estacionamento e vestiário. R. Eugênio de Medeiros, 445, Pinheiros Tel.: (11) 2537-1918 @aro27bikecafe Deli Paris Situada desde 2018 na Vila Madalena, a padaria é inspirada nos típicos cafés parisienses. O visitante pode
No início deste ano, São Paulo estreou duas novas estações de metrô: a Higienópolis-Mackenzie, aberta em janeiro, e a Oscar Freire, inaugurada em abril. Por isso, fizemos um roteiro esperto para você aproveitar os bares, restaurantes e museus localizados perto de algumas paradas da Linha Amarela, da Luz até Butantã
WhatsApp: (11) 99298-1149
Estação Butantã Galeria Leme Instituto Butantan Vila Butantan
Fotos: JM
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Fotos: JM; divulgação
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O app Turbi é uma solução prática e atual para quem quer ter um automóvel, mas sem comprar um. A experiência, que já faz parte do cotidiano de cidades como São Francisco e Lisboa e é chamada carsharing. Funciona assim: pelo aplicativo, você reserva um dos carros disponíveis da empresa: Hyundai HB20, Nissan Kicks ou Mini Cooper. Aí, é só ir até um dos pontos de locação e, com o app, abrir a porta do automóvel. Você paga pelo tempo e pela quilometragem que rodou. Pontos de locação podem ser encontrados em Pinheiros, no Itaim Bibi, na Vila Olímpia e Moema. As vantagens? Além de reduzir o uso excessivo de carros na cidade, diminui a emissão de dióxido de carbono. São Paulo agradece!
BUTANTÃ
Estação Pinheiros Praça Victor Civita Sesc Pinheiros Empório Alto dos Pinheiros Mercado Municipal de Pinheiros Cinesala
Estação Faria Lima Instituto Tomie Ohtake Shopping Iguatemi Shopping Eldorado Largo da Batata
PINHEIROS
FARIA LIMA
parar a bicicleta em um dos quatro paraciclos alocados na frente da boulangerie. R. Harmonia, 484, Vila Madalena Tel.: (11) 3816-5911 @deliparisboulangerie Shopping Iguatemi Desde o ano passado, o shopping abriga um bicicletário com 96 vagas cobertas para bicicletas, iluminação de LED, lockers com senha, kit de ferramentas para reparos e pista demarcada, que liga a Faria Lima ao local. Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.232, Jardim Paulistano Tel.: (11) 3048-7394 @iguatemisp Largo da Batata O local tem um bicicletário com cem vagas disponíveis. O ciclista precisa fazer um cadastro por meio do sistema da Compartibike, empresa contratada pelo Itaú Unibanco para administrar o lugar. Largo da Batata
Estação da Luz Pinacoteca do Estado Sala São Paulo Bosque de Leitura Jardim da Luz Mercado Municipal
Estação República Edifício Copan Terraço Itália Biblioteca Mário de Andrade Theatro Municipal São Paulo Cine Marabá
Estação Oscar Freire o quadrilátero mais famoso da cidade , Jardins e baixo Jardins com uma gama de lojas, restaurantes e galerias
Estação Fradique Coutinho Bráz Elettrica Le Jazz Cozinha 212 Quitanda Frida & Mina Sorveteria Kouzina
FRADIQUE COUTINHO
LUZ
REPÚBLICA Estação Higienópolis/Mackenzie Shopping Pátio Higienópolis Parque Buenos Aires Sesc Consolação Praça Roosevelt
HIGIENÓPOLIS/ MACKENZIE
PAULISTA OSCAR FREIRE
Estação Paulista Caixa Belas Artes Instituto Moreira Salles Sesc Paulista Conjunto Nacional Riviera Bar Galeria Vermelho
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Cultura/Artes
Entrevista
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Por ISABELA GIUGNO Foto JADE GADOTTI
Entre riscos e rabiscos
Lá vem a bienal!
Começa a contagem regressiva para a 33ª Bienal de São Paulo, uma das exibições mais aguardadas da capital
Mergulhamos no universo criativo de Guto Lacaz, artista plástico e ilustrador que passeia entre o bom humor e a engenhosidade
aspas Eu ganho dinheiro com as artes gráficas e gasto nas artes plásticas.
Gabriel Pérez-Barreiro (à esq.) selecionou artistas como Feliciano Centurión (abaixo) e Antonio Ballester Moreno (canto esq.) para a mostra. O pôster desta edição é desenhado por Raul Loureiro
incentivo de uma amiga, decidiu enviar as peças para um concurso, a Primeira Mostra do Móvel e do Objeto Inusitado de São Paulo. Surpreendentemente, ganhou. “Aquele momento foi uma espécie de iluminação do Buda para mim. Vi que a arte era um ofício e comecei a produzir diariamente e a investigar diferentes linguagens.” Uma das habilidades mais notáveis de Guto é levar o humor do cartoon para as artes plásticas. Ele passeia entre diferentes tipos de produção e não limita o processo criativo a só uma vertente artística: faz projetos gráficos para livros infantis, ilustrações para revistas e marcas e até intervenções urbanas. Não tem um preferido. “Eu ganho dinheiro com as artes gráficas e gasto nas artes plásticas”, brinca. Casa de artista Sentado à frente de um Mac, localizado na sala de estar de casa, Guto revela que quase todos os seus projetos começam com um desenho à mão. Amante à moda antiga, ele frequentemente rabisca com o lápis no papel os esboços das ilustrações que, mais tarde, ganharão vida com os com tons vermelhos e azuis, à la Mondrian. Na sala de Guto é difícil não notar a presença de dois grandes objetos. Logo em frente à porta de entrada somos recebidos pela escultura Alex Alex, assinada em homenagem ao falecido artista Alex Vallauri. São duas latas de spray gigantes pintadas de preto e amarelo e interligadas por um jato. No quintal, coberta por um pano, repousa a Biciclóptica, uma bicicleta contornada por rodas dinâmicas pretas e brancas que se movem conforme o pedalar, peça criada, em 2014, para uma performance no Largo da Batata. Outras construções ópticas engenhosas assinadas por Guto ocupam São Paulo em instalações temporárias e permanentes. Há uma obra fixa no Sesc Belenzinho, batizada de Ondas D’Água, e a escultura Ulysses: o Elefante Biruta, presente do artista para o Parque Pedreira Chapadão, em Campinas. A maioria das peças e ilustrações, inclusive, é desenvolvida na própria casa onde Guto mora, no Jardim Paulista. Ele já teve um ateliê na Pamplona durante 30 anos, mas, hoje, cria dentro de casa, unindo o melhor dos dois mundos. E, no intervalo entre um projeto e outro, entrega-se ao passatempo preferido dos artistas: o ócio criativo.
Um dos eventos de arte mais esperados de São Paulo está prestes a acontecer. Neste ano, o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque do Ibirapuera, recebe, de 7 de setembro a 9 de dezembro, a 33ª Bienal de São Paulo, realizada a cada dois anos na capital. Considerada um dos principais eventos do circuito artístico internacional, a mostra deste ano tem curadoria do espanhol Gabriel Pérez-Barreiro, especialista em arte latina que irá propor novos formatos para a exposição. A ideia é que não haja, este ano, um tema específico. Além disso, a mostra terá menos artistas e será mais compreensível, menos cansativa. Tudo isso para privilegiar a experiência individual do público durante a apreciação das obras. Escolhido por Pérez-Barreiro, o título desta edição do evento é Afinidades Afetivas e remete ao romance Afinidades Eletivas, de Goethe (1809), e à tese Da Natureza Afetiva da Forma na Obra de Arte, de Mário Pedrosa (1949). As obras, desta vez, serão separadas de acordo com vínculos, afinidades artísticas e culturais entre os criadores envolvidos. Assim, as criações poderão se conectar e comunicar com o público observador. Outro destaque é que o espaço expositivo será aproveitado de outras formas, além de ser menor do que o utilizado nas edições anteriores. Haverá áreas com maior densidade artística e outras para descanso, justamente para que o público consiga respirar e processar o que viu. Sete artistas foram escolhidos para assinar a curadoria das mostras coletivas. Eles terão total liberdade para escolher as obras que irão entrar nas respectivas exposições. Os artistas-curadores escolhidos são Alejandro Cesarco (Uruguai), com a mostra Aos
Fotos: Divulgação
No topo, retrato do artista Guto Lacaz. Acima e ao lado, ilustrações assinadas para a recente instalação que ele fez para a avenida Paulista
Fotos: Edson Kumasaka
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Que mágica é essa?” Carlos Augusto Lacaz, também conhecido como Guto Lacaz, fez essa pergunta algumas vezes a si mesmo durante a infância. Ele se lembra de quando atravessava a rua de casa para visitar Rui Jorge Pedreira, vizinho que desenhava cenas fantásticas: trens explodindo, carros, letras... Tudo sem croquis, à mão livre mesmo. Um universo até então inexplorado se revelava bem em frente aos olhos de Guto. “Nessa época tudo era desenho. Até os anúncios de revistas eram feitos manualmente”, relembra. Foi entre rabiscos de Ziraldo, Millôr Fernandes e revistas Manchete que Guto Lacaz começou a esboçar a futura profissão. Não havia cursos de design naquele tempo, e ele decidiu cursar eletrônica industrial no Instituto Monitor. Adorava mecânica, principalmente a parte que envolvia montagem. “Mas as aulas eram só lousa e equações, então desisti”, diz. Migrou para a arquitetura e foi morar em uma república em São José dos Campos bem na época da ditadura militar e do florescimento do movimento hippie. Com os saberes adquiridos durante o curso de arquitetura, Guto Lacaz começou a criar pequenos objetos, construções pitorescas que ele acreditava não ter muito valor. Um dia, por
A Farah Social cuida da cidade, a cidade cuida de você. E você, já ocupou a cidade hoje?
Nossos Pais; Antonio Ballester Moreno (Espanha), com Sentido Comum; Claudia Fontes (Argentina), com a exposição Pássaro Lento; Mamma Andersson (Suécia), com Stargazer 2; Sofia Borges (Brasil), com A Infinita História das Coisas ou o Fim da Tragédia do Um; Wura-Natasha Ogunji (Estados Unidos), com Sempre, Nunca; e Waltercio Caldas (Brasil), com mostra ainda não intitulada. O curador selecionou também 12 projetos individuais de artistas como Aníbal López, Feliciano Centurión, Lucia Nogueira, Alejandro Corujeira e Nelson Felix. De fato, um evento que vale ser incluído no roteiro cultural paulistano. Anote na agenda! Bienal Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque do Ibirapuera 7 de setembro a 9 de dezembro bienal.org.br
EVENTOS DO BIMESTRE Exposição: Carros Antigos e Colecionismo A terceira edição da mostra homenageará os 70 anos da Porsche. Pela primeira vez, os sócios poderão expor suas coleções como cartões-postais, camisas de futebol e selos. Dias: 18 e 19 de agosto. Local: 1º andar da garagem do Clube Athletico Paulistano. Rua Honduras, 1.400, Jd. América. Ciclo de palestras: Com o tema “Introdução à história da arte no Brasil: oito momentos”, o curso é ministrado por Renato Brolezzi. A intenção é oferecer uma iniciação às artes no Brasil a partir da apresentação e do estudo de oito artistas escolhidos. Dias: todos os sábados de agosto, das 10h30 às 12h. Local: Auditório do Clube Athletico Paulistano. Rua Honduras, 1.400, Jd. América. Música: Hermeto Pascoal Reconhecido e adorado mundialmente por seu papel na história da música brasileira, Hermeto Pascoal toca teclado, piano, flauta-baixo, sanfona 8 baixos, porcos, chaleira, berrante e uma infinidade de instrumentos ao lado de seu lendário grupo, com formação que mantém a mesma tradição desde os anos 1970. Data: 24 de agosto, às 22h. Local: Casa Natura Musical. Rua Artur de Azevedo, 2.134, Pinheiros.
#todos somos jardi neiros
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Gastronomia
Gastronomia
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Por ISABELA GIUGNO
O novo membro da família Tatini
Drinques clássicos aQuadra convidou seis barmen premiados para ensinar receitas de coquetéis que fizeram história
Conhecemos o Casimiro Dal Tatini, restaurante recém-inaugurado no edifício Santos Augusta que mescla receitas tradicionais italianas com referências contemporâneas
Dry Martini Fabio La Pietra, SubAstor 5 ml de vermute seco 60ml de London Dry Gin Misture com pedras de gelo e mexa até esfriar bem o drinque. Decore com uma azeitona verde.
Adriano Mariutti é o arquiteto responsável por assinar o projeto do restaurante, que mescla referências visuais italianas com toques atuais
30ml de gim 30ml vermute tinto 30ml campari Bastante gelo
50 ml de bourbon whiskey 20 ml de vermute tinto 1 dash de angostura bitter 1 cereja marrasquino Adicione bastante gelo em um mixing glass. Retire o excesso de água e acrescente todos os ingredientes. Mexa bem com uma colher bailarina e, em seguida, sirva em dupla coagem em uma taça de martíni previamente gelada. Decore com uma cereja marrasquino.
Bellini Sylas Rocha, Grupo DRK 1 dose de suco de pêssego Espumante gelado Em uma taça previamente resfriada, coloque a dose de suco de pêssego e complete com espumante gelado.
Aperol Spritz Jean Ponce, Guarita Bar 50 ml de Aperol 60 ml de club soda 60 ml de espumante brut Congele uma taça de vinho branco. Adicione na ordem: Aperol, club soda e espumante. Coloque meia fatia da laranja, esprema a casca da fruta sobre o drinque e sirva imediatamente.
Conheça o jovem chef Thiago Tatini herdou a veia gastronômica da família e é quem comanda a cozinha do novo Casimiro Dal Tatini. Neto do signore Mário Tatini, fundador do restaurante na Batataes, Thiago decidiu batizar a nova casa em homenagem ao avô. “O nome verdadeiro dele era Casimiro, mas ele só descobriu isso quando entrou na escola”, diz. Considerado o “guardião” do livro de receitas da família, o chef assina um menu farto em risotos, massas, carnes e frutos do mar, mesclando clássicos italianos com um twist de contemporaneidade.
O PRIMEIRO E ÚNICO GIN BAR DO BRASIL
Fotos: Divulgação
limão-siciliano e hortelã. Cítrico e fresh na medida. Já o segundo tem sabores mais delicados e é feito com gim, licor de flor de sabugueiro, limão e spray de ervas. Ao fim da experiência gastronômica no Casimiro Dal Tatini, a missão elementar do restaurante fica clara. Desde o projeto de Mariutti até as criações gastronômicas e a carta de drinques, o que o restaurante promete (e cumpre) é simples: resgatar a afetividade para lançar, sobre a tradição familiar, um olhar atual carregado de novidades.
Negroni Diogo Sevilio, Cozinha 212
Misture até gelar bem. Sirva em um copo baixo com gelo e enfeite com uma fatia de laranja.
Fotos: Tuca Reinés; Paulo Giandalia
“
A vida é uma combinação entre magia e macarrão.” A máxima do cineasta italiano Federico Fellini é tão verdadeira que aparece muito bem pronunciada no novo Casimiro Dal Tatini. Inaugurado na mesma data em que estreou o Don Fabrizio, primeira casa da família Tatini, em 1954, o restaurante recém-aberto combina referências visuais inspiradas nos glamorosos restaurantes italianos das décadas de 1940 e 1950 com elementos atuais de timbre elegante. Há antigos lustres de murano; painéis de madeira marchetada; copos de cristal suspensos sobre o balcão do bar; rodas de grana padano contornando o teto; mesas de mármore; luminárias inspiradas nos traços de Vico Magistretti... Mamma mia! “Todos os móveis foram exclusivamente desenhados, e o conforto foi a nossa principal preocupação”, explica Adriano Mariutti, arquiteto responsável por assinar o interior do Casimiro. O restaurante está no quarto andar do Santos Augusta, novo edifício da Reud projetado por Isay Weinfeld. Nosso banquete começou com a focaccia da casa, pão artesanal, azeite e manteiga. Depois, uma grata surpresa: latinhas de sardinha com frutos do mar gratinados. Em seguida, recebemos uma amostra do tradicional Linguini nel Grana Padano, o cremoso macarrão finalizado dentro do queijo parmesão, um clássico. Criado pelo chef Thiago Tatini, o cardápio reúne pratos tradicionais de diferentes regiões da Itália preparadas à moda da famiglia Tatini. Há também clássicos do outro restaurante do grupo, localizado na rua dos Batataes, como o Fettuccine à Moschettiera, uma variação do amatriciana que leva pancetta, molho pomodoro e champignon. Os drinques da casa foram a cartada final da nossa experiência gastronômica. Assinados pelo barman Kennedy Nascimento, os coquetéis nos conduzem a um “passeio etílico pelos sabores da Itália”. Pedimos o Casimiro e o Gisela. “Esses dois drinques foram batizados em homenagem aos meus avós”, explica Thiago. A primeira opção leva grappa, infusão de suco de
Manhattan Derivan Ferreira de Souza
@gtbar_jardins
Biarritz, G&T Bar 50 ml de Gin 150 ml de Schweppes tônica Geleia de morango Hortelã Em uma taça resfriada passar a geleia de morango por dentro taça por toda a volta, colocar a folhas de hortelã, depois adicionar o Gin, cobrir com gelo e completar com a tônica. Misturar lentamente. Guarnição: Leque de morango e ramo de hortelã.
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Decoração/Estilo
Decoração/Estilo
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Por ISABELA GIUGNO Fotos ROMULO FIALDINI
Na página oposta, cliques da sala de jantar e do living. Aqui, detalhes das peças arrematadas em Portugal pela proprietária. De estilo colonial, a casa tem muita madeira e paredes em tom amarelo mostarda
aspas
Uma casa portuguesa, com certeza!
Foi durante um passeio pelo Jardim Europa, há 50 anos, que eu me encantei por esta casa.
Erguida no miolo do Jardim Europa, a morada que ilustra estas páginas reúne coletânea robusta de peças garimpadas além-mar
E
sta casa de estilo colonial situada no coração do Jardim Europa poderia ser facilmente confundida com uma biblioteca: por todos os cantos há livros e mais livros. Sobre as prateleiras que contornam a sala de jantar ou repousando em cima das mesinhas, eles estão sempre lá, à espreita, prontinhos para ser descobertos. E há de tudo um pouco, desde Eça de Queirós e Miguel de Cervantes, até Shakespeare e Padre Antônio Vieira. Entretanto, não é só a veia literária que chama a atenção nesta morada. Arrematada há cerca de 50 anos pela atual proprietária e pelo marido, que fora advogado, a construção fica em uma vilazinha tranquila, dessas que nos fazem esquecer por alguns instantes de que estamos em São Paulo. Da fachada, um lance curto de escadas nos conduz à porta de entrada, alta e de madeira maciça. Logo de
cara vê-se um pequeno hall e, em seguida, as áreas sociais da residência. Outros detalhes curiosos saltam aos olhos dos visitantes. Há, por exemplo, uma coleção robusta de peças garimpadas além-mar, em Portugal. É que a família da proprietária é bem portuguesa e, ao longo dos anos, trouxe para o Brasil muitos objetos decorativos “da terrinha”. É o caso dos três tapetes arrematados no Museu de Artes Decorativas de Lisboa estampados com flores feitas em pontos pequeninos, cópias das tapeçarias dos séculos 17 e 18. Porcelanas da Vista Alegre, esculturas de prata do artista Luiz Ferreira compradas no Porto e uma cômoda de carvalho reforçam o coro de aquisições lusitanas. Tudo isso
costurado por paredes na cor amarelo mostarda. Lado a lado com as peças compradas em Portugal convive uma ou outra herança familiar de valor afetivo. É o caso do biombo preto japonês todinho ornamentado com flores e detalhes de madrepérola e do vaso de cerâmica colorido pintado à mão. A primeira peça pertencia à mãe da proprietária e a segunda era da sogra. “Foi durante um passeio pelo Jardim Europa, há 50 anos, que eu me encantei por essa casa”, diz a proprietária. Hoje, ela ainda faz questão de bater perna para explorar a região: vai até a rua Augusta e, no caminho, mantém o olhar atento para admirar a arquitetura das casas de que mais gosta no bairro. Algumas coisas nunca mudam!
Viver Bem
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#achamosegostamos...
SABONETE AYURVÉDICO CHANDRIKA Livre de gordura animal, a barra leva óleo de coco, gengibre selvagem e óleo de de sândalo. indiamed.com.br
CONDICIONADOR HIDRATANTE Creme de aloe vera, amêndoa, coco e feno grego. Para hidratar e devolver saúde a todos os tipos de cabelo. srisriayurveda.com.br
ÓLEO CORPORAL Feito com extratos vegetais puros, o óleo nutre e vitaliza a pele, além de influenciar nosso corpo mental e transformar emoções. yamuna.com.br
Palermo: antiga, nova e bella
Um novo olhar para o masculino
Os homens são uma mistura entre diversidade sexual, história de vida, expectativas e, claro, esteroides hormonais. São os hormônios, afinal, que definem forma corporal, músculos, pelos, barba, voz e força, além de tonalizar o comportamento masculino. Assim nossos meninos, antes bebês, viram heróis, maridos, pais, avós e mostram como cada ser representa a própria masculinidade. Cada homem tem seu script e vive a própria masculinidade de forma única. Mas uma mistura de arquétipos e novos arquivos extraídos das mudanças do fim do século 20, como inserção social, trazem um homem mais frágil, sensível e suave, que mesmo assim não perde seu lugar masculino. Entretanto, será que existe realmente espaço para a leveza nesse corpo que se define na adolescência, pronto para conquistar a vida? “Fomos feitos para espalhar espermatozoides pelo planeta. Como vocês querem nos colocar em gaiolas e nos aprisionar na fidelidade? É biológico, é hormonal!”, diz Dra. Vânia um grande amigo meu, hoje com 60 anos. E Assaly, médica foi assim que passamos os últimos 30 anos endocrinologista discutindo sobre mudanças do papel do hoe nutróloga. mem e da mulher na sociedade. A virilidade e a força dos guerreiros per- Atua na área mitiram que vencêssemos guerras e ga- de medicina nhássemos territórios, e esse é o nosso ar- funcional e quivo de modelo ancestral. Mas, hoje, esses preventiva homens com tantos filhos não pagariam as contas se não tivessem o apoio de parceiras que chegam em casa à noite após um dia pesado de trabalho no mercado financeiro. São muitas as novidades que surgem para um modelo antigo criado de forma fixa. É uma transição social para todos, mas no universo masculino essa mudança traz expectativas específicas e uma nova realidade iminente. E como sempre coloco em minhas aulas, o ambiente molda a biologia, assim, estamos vivendo o reflexo de como cada homem tem se expressado com novas roupas, funções, padrões e até no modo como exerce a paternidade. Pois os esteroides masculinos não mais definem o cenário que antes esperava um super-herói de asas capaz de se lançar às alturas para salvar o planeta. É lançando um olhar para o medo, para a vulnerabilidade, que ele consegue pedir uma rede de apoio e dividir o peso da vida. É assim que ele poderá se mostrar corajosamente vulnerável.
Eleita a capital italiana da cultura em 2018, Palermo sediou a mostra internacional Manifesta 12. O palermitano Fabrizio Ajello assina um roteiro sob medida para aQuadra Palermo reúne monumentos e manifestações artísticas das diversas civilizações que dominaram a cidade. Fabrizio Ajello nos enviou fotos de um tour histórico que vai da época do fenícios até hoje
P
alermo é uma cidade estranha, multifacetada, caótica, bonita e feia, cheia de contrastes e estendida sobre um mar que é pouco visto. Não é fácil descrever o local onde nascemos e vivemos. Muitas vezes, nós, palermitanos, somos hipercríticos com a nossa cidade... Mas atenção! Só nós temos o direito de criticar. Palermo foi o centro do mundo e, por lá, passaram várias civilizações: mouros, gregos, fenícios, romanos, normandos e árabes, entre outros. Essas dominações fizeram com que o centro histórico se tornasse um dos maiores da Europa. Com uma cena cultural rica, a cidade finalmente deixou de ser associada à máfia. O viajante que chega à cidade deve, portanto, ter muito cuidado para expressar opiniões e, acima de tudo, deve entrar na perspectiva dessa cidade que pode amar ou odiar – nunca há meio-termo. E aqueles que esperam encontrar uma cidade ordenada, regular e arquitetonicamente simétrica podem mudar de destino. Quem, por outro lado, consegue mergulhar no espírito vivo de Palermo e ver os contrastes desse destino permanecerá eternamente fascinado.
TERAPIA DE CHOQUE
A eletroestimulação neuromuscular começou a ser associada à atividade física para potencializar a tonificação muscular. “Ela promove um aumento significativo da massa magra de forma rápida. Um resultado que você conquista com três meses de academia, com os eletrodos, consegue em um mês”, revela Alexandre Pinheiro, pioneiro da técnica no Brasil e fundador do estúdio Eletrofit System. Além do rápido ganho de massa magra, o método poupa as articulações durante o treino. Durante a musculação, são colocados eletrodos sobre a pele. São eles que promovem as contrações e conseguem trabalhar até 98% das fibras musculares. “Depois do exercício, é necessário esperar um intervalo mínimo de 72 horas até a próxima aula. Isso é essencial para a regeneração muscular”, indica. O professor também trabalha com métodos de analgesia depois dos treinos mais longos. eletrofitsystem.com
Fotos: Divulgação
Qual é o objetivo essencial desse sistema? O foco é eliminar quaisquer empecilhos, como doenças e falta de autoconhecimento, que impedem o ser humano de alcançar seus objetivos de vida. Quais ferramentas de cura e prevenção o ayurveda contempla? Há tratamentos mais simples que você pode aplicar na rotina diária, como tomar água em jejum de manhã, fazer atividade física, fazer auto oleação e raspar a língua. Uma dieta específica, ioga, meditação e massagem também fazem parte da rotina do ayurveda. E é importante lembrar que o sistema não se limita a suas próprias técnicas e pode ser combinado com outros tratamentos sem problemas.
O ayurveda pode tratar quais tipos de doença? O conceito de doença é interpretado de outra maneira dentro do sistema de cura do ayurveda. Acredita-se que não existe nenhum male que não possa ser curado ou diminuído. Esse sistema de cura também é capaz de equilibrar o nosso emocional? No ayurveda não existe separação entre físico, emocional e mental. Todos estão atrelados, então nossa função é lidar com todos esses pontos de forma integrada. Atualmente, no Brasil há mais pessoas procurando a medicina ayurvédica? O ayurveda cresceu imensamente no Brasil, tanto na parte da formação de profissionais, como na procura dos pacientes. Isso acontece por vários motivos. Muitos estão decepcionados com a medicina tradicional e querem ter outro ponto de vista com relação à saúde. Há também um aumento de pessoas que querem ter um estilo de vida mais natural e orgânico, e o ayurveda vai ao encontro dessa filosofia. O ayurveda pode prevenir doenças e nos tornar mais longevos? Esse é o principal objetivo. Em todos os principais livros sobre o ayurveda, a importância da longevidade com saúde é unânime. E ela acontece a partir da rotina diária de boa alimentação, atividade sexual saudável, bom sono, meditação, estudo e trabalho com o que se ama. O ponto crucial do ayurveda é, justamente, envelhecer com saúde, pois de nada adianta você ter 100 anos e ficar paralisado em uma cama.
Fotos: Divulgação
Quais são os fundamentos do ayurveda? A base do ayurveda é a observação dos cinco elementos da natureza, que em sânscrito são chamados pancha mahabhutas: céu, água, fogo, ar e terra. Esses elementos básicos também são manifestados nas funções do corpo humano. Há também os doshas, que são nossas características físicas, energéticas e psicológicas. A base do ayurveda é observar essas funções.
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Por Fabrizio Ajello
A ciência da vida Conversamos com Erick Schulz, profissional e professor de ayurveda e diretor do Instituto Naradeva Shala, em São Paulo, que nos explicou sobre a popularização desse sistema de cura no Brasil e sobre práticas ayurvédicas para o dia a dia.
Turismo
FABRIZIO AJELLO Expert em arte e cultura siciliana, Fabrizio vive e trabalha em Palermo. Sócio do site sicilyluxuryvillas.com, tem acesso exclusivo a casas e palácios privados e foi eleito pela revista inglesa Tatler a pessoa mais conectada de Palermo.
ROTEIRO PALERMO
O QUE VISITAR E FAZER Ópera no Teatro Massimo Vittorio Emanuele: Piazza Verdi Cappella Palatina: Piazza Indipendenza Palazzo dei Normanni: Piazza Indipendenza San Giovanni degli Eremiti: Via dei Benedettini, 20 Cattedrale di Palermo: Via Vittorio Emanuele Duomo di Monreale: Piazza Guglielmo Quattro Canti e Piazza Pretoria: Via Vittorio Emanuele Chiesa di Santa Caterina e Monastero: Piazza Bellini, 2 Santuario di Santa Rosalia: Monte Pellegrino La Palazzina Cinese: Viale Duca degli Abruzzi, 1 Palazzo Abatellis: Via Alloro, 4 Fazer um tour pelo centro histórico de tuk tuk ONDE COMER Antica Gelateria Ilardo: Foro Italico Umberto I, 1 Gelateria da Ciccio: Corso dei Mille, 79 I Cucci: Piazza Bologni, 3/4 Gagini Social Restaurant: Via dei Cassari, 35 Buatta Cucina Popolana: Via Vittorio Emanuele, 176 Ciccio in Pentola: Via Dello Spasimo, 44 Antico Caffè Spinnato: Via Principe di Belmonte, 107 Vinoveritas: Via Sammartino, 29 Trattoria Simpaty (provar a pasta com lagosta): Via Piano di Gallo, 18 Os antigos mercados de rua valem a visita: La Vucciria, Capo e Ballarò ONDE SE HOSPEDAR L’Hotellerie: lhotellerie.it BB22: bb22.it Grand Hotel Villa Igiea: villa-igiea.com
Por HELENA MONTANARINI
Cores fundamentais
Cartier O colar Amulette mescla ouro branco, diamantes e rubi. iguatemi.com.br
Preto, vermelho e branco, trazem a inspiração para estampas gráficas, marchetaria, tapeçaria, foto e design
Sy&Vie by Sylvie Quartara Clutch de madeira marchetada. @syetvie
Tapetah Tapete patchwork com tecido bucle. Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.264. @tapetahoficial
Etna Quadro preto e vermelho com ilustrações dos tradicionais ônibus e cabines telefônicas de Londres. @etnaoficial
Casa MinD A vitrola é uma releitura de um clássico dos anos 70. @casamindbr
Dior Batom líquido Rouge Liquid Metal, na Calèche. iguatemi.com.br
Luiza Dias Broche de pedrasabão bege, preta e vermelha. Detalhe de metal com banho de ouro rosé. @luizadias111 Lenny e Cia. Bolsa de couro tricolor com alça. @lennyecia Wishin’ Com bico arredondado e tira, o salto Jojis resgata o clássico estilo boneca. @amowishin
Boobam Com estrutura de aço, o relógio de parede Nano é inspirado nos conceitos do minimalismo. @_boobam_
Marc Jacobs O perfume Dot tem notas de jasmim, baunilha e almíscar. Na Sephora. iguatemi.com.br/ jkiguatemi
Yves Saint Laurent O vestido foi inspirado na obra Composição com Vermelho, Amarelo e Azul, do pintor holandês Mondrian. Feita de jérsei e estampada com as cores primárias, a peça está no acervo do Museu Yves Saint Laurent, inaugurado em Marrakesh (Marrocos), em 2017. museeyslmarrakech.com
UMA EXPERIÊNCIA ÚNICA EM MODA. ATEEN · BO.BÔ · CRIS BARROS · CRUISE · EGREY · GLORIA COELHO · ISOLDA · LOLITTA · MIXED POP UP STORE E MUITO MAIS Fotos: Divulgação
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Antena
iguatemisp.com.br
Lente
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Marcelo Lima, no prêmio CASACOR Estadão
Ruy Ohtake, em evento de design
aQuadra registrou o estilo “dia e noite” de gente que mora, trabalha ou circula pelas ruas e pelos eventos do bairro e dos arredores.
Elcio Gozzo, Bruno Simões e Waldick Jatobá, na Made
Arnaldo Antunes e Márcia Xavier
Zanine de Zanine, na bienal
Christopher Alexander, na loja Choix
Rodrigo Ohtake e Ana Carolina Ralston
Aguillar e João Farkas
Cláudia Moreira Salles
Nosso jornal como leitura nos cafés do bairro Tadeu Jungle, na exposição Guto Lacaz - art lab
Leo Junqueira, na Saccaro
Márcio Ribas e Rubens Gomes, Choix
Suzana Camará e Luciana
Maki Ueda e Angela Hirata, Japan House
Natasha Barzaghi
Renata Tilli, paisagista
Fotos: Paulo Giandalia; divulgação
Carola Diniz e Antônio Gullo
outra Quadra jardins Por FLORA PEDREIRA MONTEIRO Foto JADE GADOTTI
Negócios de chef
No comando do Myk e dos dois endereços do Kouzina, Mariana Camargo Fonseca se prepara para inaugurar o quarto restaurante e uma nova casa de gim – e ainda encontra tempo para ser mãe exemplar do pequeno Theodoro
À
s 6h, Mariana já está de pé, pronta para cuidar do filho, de quase 2 anos, fazer ginástica e dar as primeiras coordenadas nos negócios. Mas, como ela diz, a correria começa às 10h, quando sai para comandar três restaurantes, um bar e ainda acompanhar as obras de outras duas casas que devem abrir ao público em breve. “Eu me divido entre todos os endereços diariamente. Às vezes, gostaria de ter um clone, mas não saberia lidar com outra Mariana”, brinca. Aos 38 anos, sendo 20 deles em cozinhas mundo afora, ela passou pelo extinto Leopolldina, de Giancarlo Bolla, e pelo renomado Camares, no período de cinco anos em que morou na Grécia. A vivência no país inspirou a chef a trazer a gastronomia mediterrânea para o Brasil. “Minha culinária, grega contemporânea, é leve, saudável e simples. Trabalho com ingredientes muito bons e frescos e procuro trazer o real sabor deles para o prato. Eu faço comida de verdade”, conta ela. Proprietária e chef do Myk, aberto, em 2013, nos Jardins, e dos dois endereços do Kouzina – o primeiro foi inaugurado, em 2015, próximo à casa-irmã e o segundo, em março, em Pinheiros – Mariana tem ainda o bar de gim G&T, que em setembro será inaugurado na rua Oscar Freire, em um ponto mais confortável que o atual. No mesmo mês, ela abre também o quarto restaurante, o Café Méditerranée, na quadra seguinte a do Myk. “É a realização de um sonho: um espaço para servir café da manhã”, diz. A seguir, Mariana conta mais detalhes sobre as futuras casas e revela de onde vem a habilidade para os negócios. Como consegue ser ao mesmo tempo chef, mãe e empresária? Eu consigo? Não sei, viu (risos). Vou fazendo conforme dá e, quando vejo, está tudo funcionando. Sigo os exemplos que tive em casa. Minha mãe era esposa, dona de casa, mãe e médica, e meu pai, com quem fui morar aos 15 anos, era cirurgião e me criou desde a adolescência. Ele chegava todos os dias para preparar o meu jantar. São pessoas que tocaram a vida trabalhando muito e cuidando da família de modo exemplar. Por que decidiu apostar na gastronomia grega e no gim? Vi que existia mercado para os dois negócios. Em São Paulo, não tinha nenhum endereço de comida mediterrânea contemporânea e havia demanda pela alimentação saudável. Hoje, apenas no Myk, atendo de 2 mil a 3 mil pessoas por semana. Já o gim era moda na Europa. Resolvi trazer ao Brasil. Fomos os primeiros a vislumbrar esses dois mercados aqui. Aí, surgiram outras casas de ambas as especialidades.
A chef e empresária Mariana na esquina da Peixoto Gomide com a Barão de Capanema
Você comanda as cozinhas e os salões dos restaurantes. Como se divide entre as funções? Hoje, depois de 20 anos de carreira, sei formar pessoas tão bem quanto cozinhar. Os dois chefs da minha cozinha construíram a vida trabalhando comigo. Eles começaram lavando louça e cresceram. Com profissionais formados por mim, tenho segurança para expandir. A Andrea, minha sócia, também está sempre comigo. O Kouzina tem um sócio investidor que ajuda na parte financeira. Como foi o processo de abertura e expansão dos restaurantes? Quando abri o Myk, imaginei um lugar no estilo Havaianas are welcome, mas as pessoas preferiram vir de Louboutin e Chanel. E tudo bem. Mas com o tempo, percebi que faltava um grego mais descontraído. Surgiu, então, o Kouzina, com uma estrutura já pensada de modo a permitir a expansão para outros bairros. Abrimos nos Jardins, que é onde moro e a região de que mais gosto na cidade, e depois em Pinheiros, por ter mercado. Conte sobre o G&T Bar e o Café Méditerranée. O G&T foi o primeiro do Brasil especializado em gim. Abri, em 2015, para funcionar por um curto período, mas caiu no gosto da clientela. Em setembro, vamos transferir a casa para um ponto mais confortável, na rua Oscar Freire, com uma carta mais sofisticada. Já o Café Méditerranée vai funcionar a partir das 7h, com cardápio de café da manhã, almoço e jantar. Vou trazer a culinária dos países mediterrâneos com a cozinha grega como base. Você já morou em diversos países. Por que escolheu investir no Brasil? Amo o Brasil, apesar de todas as dificuldades. É onde quero criar meu filho. Confesso que tem dias que eu tenho vontade de fugir daqui mas ainda acredito que o Brasil tem jeito. O que te motiva a continuar com os negócios? Meus restaurantes dependem de mim, e a família dos 150 funcionários que eu envolvi quando decidi abrir as casas também. Eu me sinto responsável por todos eles. Luto diariamente para fazer acontecer para todo mundo – para mim, minha sócia, meu filho e minha equipe.
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Memória/Decoração
Crônica
Por MAIÁ MENDONÇA Fotos PAULO GIANDALIA
Por MARCELO ARABE Foto ROMULO FIALDINI
De 300 a 30
Ícones dos Jardins
No passado, alguns visionários apostaram suas fichas num bairro que surgia do outro lado da Paulista, nas necessidades das famílias que lá se instalavam, e abriram pequenos negócios que existem até hoje
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Viagem no tempo 2
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www.brennheisen.com
@brennheisen
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m sonho não se despreza – se persegue. E ele, capricorniano determinado, foi atrás desse sonho. Morar na região dos Jardins não era um projeto de vida. Tinha certa “paixonite” por outros bairros da capital, e as procuras por imóveis eram sempre na zona oeste. Foram alguns anos nessa busca. Às vezes, sozinho, outras, com corretores e conhecidos. Nunca encontrou o que realmente o encantasse. Mas ele tinha uma certeza de que as coisas se encaixariam no momento certo. E assim aconteceu. Localizado na alameda Lorena, o estúdio o encontrou. Quer dizer, encontrou o casal, que se apaixonou à primeira vista pelo imóvel. Os dois, porém, tiveram que abrir mão de alguns itens,
O arquiteto Michel Safatle faz um roteiro com seus antiquários preferidos nos Jardins
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Ou como viver bem em apenas dez por cento da antiga casa
1. Casa Santa Luzia Alameda Lorena, 1.471, Tel.: (11) 3897-5000 2. Frevo Rua Oscar Freire, 588, Jardins, Tel.: (11) 3082-3434 3. Rodeio Rua Haddock Lobo, 1.498, Tel.: (11) 3474-1333 4. Casa Tody R. Augusta, 2.634, Tel.: (11) 3082-2771 5. Pão de Queijo Rua Haddock Lobo, 1.408, Tel.: (11) 3088-3087 6. Z-Deli Rua Haddock Lobo, 1.386, Tel (11) 3083-0021
Minha adoração pelo antiquariato surgiu durante a infância. Sou neto de libaneses, povo cuja cultura sempre esteve associada ao carisma, à elegância e à festividade. Eu tive o privilégio de crescer em casas cheias de identidade, e essa convivência ajudou a construir o meu próprio universo estético. Essas casas também eram endereços recheados de elementos decorativos que se destacavam pelas histórias que guardavam. Eram talheres, tapetes, obras de arte, porcelanas e mobiliários de época cheios de memórias afetivas. Com o passar do tempo fui realizando as minhas escolhas individuais e inseri peças que já tiveram seu valor legitimado pela história nos projetos que assino. Ainda acredito no diálogo entre diferentes épocas e estilos. Na prática, esse olhar me conduz na direção das linhas precisas dos mobiliários da primeira metade do século 20, até o fim dos anos 1970, pela delicadeza da cultura oriental, pelo artesanal e por tudo aquilo que dribla modismos e é feito para durar. Para sempre! Arnaldo Danemberg Antiquário Especializado em mobiliário europeu dos séculos 17 e 20, o espaço vende móveis citadinos e campesinos restaurados na Oficina São José (Rio de Janeiro). Rua da Consolação, 3.058, Jardins, tel.: (11) 3062-6224 arnaldodanemberg.com.br Juliana Benfatti Antiguidades & Excentricidades O local é especializado em peças dos séculos 18 e 19, do período art déco e mobiliários de 1950 a 1980. Rua Sampaio Vidal, 786, Jardim Paulistano Tel.: (11) 3083-7858 julianabenfatti.com.br Galeria Legado Arte O espaço tem curadoria da cofundadora Beth Santos e é especializada em peças colecionáveis. Al. Gabriel Monteiro da Silva, 500, Jardim Paulistano Tel.: (11) 2936-9702 legadoarte.com.br
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Passado Composto Século XX A galeria guarda peças de mestres como Alfredo Volpi, Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. O espaço valoriza o design nacional e organiza exposições sobre designers modernos. Al. Lorena, 1.996, Jardim Paulista Tel.: (11) 3088-9128 passadocomposto.com.br Varuzza Ricardo Varuzza reúne móveis originais de mestres brasileiros de 1950 a 1970 e uma seleção de luminárias e lustres criados por designers europeus. Rua João Moura, 499, Pinheiros Tel.: (11) 3868-0458 rvaruzza@uol.com.br Loja Teo No local, há móveis e objetos de 1940 a 1970,. O acervo também contempla peças modernistas originais assinadas. Rua João Moura, 268, Pinheiros, tel.: (11) 3061-3722 lojateo.com.br
Fotos: Divulgação; Christian Maldonado
Casa Santa Luzia foi inaugurada, em 1926, pelo português Daniel Lopes. Era um empório chique. Qualidade era o mote e, acredite se quiser, garotos de bicicleta percorriam o bairro anotando pedidos. O Santa Luzia cresceu, e o jornalista Cesar Giobbi, que detesta fazer supermercado, adora ir lá. “A explicação? Uma coisa não tem a ver com a outra.” Em 1953, a sapataria Casa Tody, da família húngara Frank, abriu as portas na rua Augusta e calçou, com sapatos de couro, gerações de estudantes de colégios tradicionais. Hoje, mantendo a loja idêntica aos tempos do fundador, além dos sapatos de couro, vende marcas “mais cobiçadas”. Para a digital influencer Consuelo Blocker: “Se existe uma certeza na vida, essa é a Casa Tody”. O Frevo ocupou, em 1956, a esquina da Augusta com Oscar Freire. O chope rabo-de-peixe, o famoso beirute e o Capricho, sorvete com calda de chocolate e farofa, atraíram (e atraem) gente de toda a cidade. É lá que a fotógrafa Pimpa Brauen pede sua Coca-Cola à moda, batata frita, e só! A churrascaria Rodeio transformou em point a esquina da Haddock Lobo e Oscar Freire: um lugar para ver e ser visto. É de lá a melhor picanha fatiada, e o couvert, uau! O ex-ministro Delfim Netto dizia, nos anos 1980, que “ter poder era conseguir mesa no Rodeio”. “Chegar aos 60 anos, para um restaurante, é para poucos”, opina a consultora de moda Gloria Kalil. Dez anos mais tarde, uma portinha na Haddock Lobo foi ocupada pelo Pão de Queijo. De uma cesta de vime, saíam pães de queijo quentinhos que atraíam a vizinhança. Dona da Trash Chic, Loly Monfort lembra com saudade da loja que, hoje, tira mil pãezinhos do forno. “Era maravilhoso.” Caçulinha do grupo, em 1982, a Z Deli levou o espírito das deli nova-iorquinas para a Haddock Lobo. Gefilte fishes, varenikes, quiches e sanduíches de pastrami, eram (e são) servidos por carinhosas jewish moms e até hoje atraem o advogado Fabio Feldmann em seus passeios pelos Jardins.
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como o amplo closet da casa anterior. Hoje, dividem um armário e um baú para abrigar as roupas sazonais. No verão, as peças leves e coloridas vão para dentro do armário, enquanto os cashmeres ficam no baú. No inverno, o contrário acontece. Da casa mineira não trouxeram sequer uma obra de arte. O clima maximalista com misturas exuberantes continua por lá. Na nova casa, a marcenaria sob medida desenhada por ele acomoda objetos pessoais. Móveis italianos, compactos e inteligentes imprimem praticidade ao dia a dia. Também há muitas cores, que estão presentes tanto nas flores como nos trabalhos de amigos artistas. Nesse pied-à-terre paulistano a paixão da proprietária pela moda é evidente. Por isso, o
O eclético est[udio de 30 metros decorado pelo casal de proprietários
decorador-morador se deixou levar por essa singularidade e traduziu, no décor, um sopro feminino que reúne peças afetivas e icônicas da dona. Novos hábitos, como caminhadas diárias, foram incorporados à rotina do casal. E eles vivem uma literal vida de bairro. Ir a pé para o trabalho, por exem-
plo, é um privilégio. Dá para visitar fornecedores, garimpar para os clientes... E conhecidos existem por todo lado: na banca da esquina, no ponto de táxi, no boteco em frente à Vila Modernista, do Flávio de Carvalho... Passar e acenar para o manobrista ou a dona do restaurante da
esquina e ser cumprimentado pelo nome não tem preço. Hoje, chegar em casa no fim do dia e curtir uma noite fria com um caldo, um vinho ou um chá nesses trinta e poucos metros quadrados deixa o casal feliz, realizado. Como disse Lina Bo Bardi, “não é preciso muito para ser muito”.
Se beber, não dirija. If you drink dom’t drive.αν πίνετε μην οδηγείτε.
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Astros
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Por VALDERSON DE SOUZA
Desde a infância Carmen Rein se dedica às artes plásticas. E, atualmente, à criação de suas Maxi Flores de papel crepom. @carmen.barboza.rein
Astral de agosto
Astral de setembro
O mês começa complicado, com cinco planetas andando para trás – e já no dia 8 mais um se junta aos demais, perturbando tudo e todos. Para deixar o astral ainda mais confuso, no dia 11 acontece um eclipse parcial do Sol que mexerá fundo com as emoções. O melhor será buscar paz dentro do seu espaço pessoal e esperar a fase passar. Tudo começa a melhorar a partir do dia 19, com a retomada do movimento dinâmico de Mercúrio. Graças a isso, as comunicações se tornam mais efetivas e equilibradas. A economia vai se mostrar com melhores resultados, e a entrada do Sol no signo de Virgem no dia 23 fará o astral do país reconquistar a tranquilidade, porém a desarmonia ainda vai persistir até o dia 27, pois só aí Marte, o dono da guerra, irá retomar seu movimento direto. Finalmente as contendas serão amainadas. Neste período de astral turbulento o melhor a fazer será atar os cintos, voltar para nosso lugar e deixar as grande tomadas de decisão para quando o céu estiver com um humor melhor.
O mês do aniversário do Brasil vai começar com o astral bem mais leve, pois Mercúrio, o dono do comércio, ao entrar no signo de Virgem (que ele governa) no dia 5, facilitará os acertos e contratos comerciais. E já no dia seguinte, o planeta Saturno, senhor da crítica, que desde abril estava retrógrado, volta a caminhar para a frente. Isso vai deixar a vida mais serena e permitirá que assuntos profissionais e pessoais que estavam pendentes ganhem espaço e futuro a curto prazo. No meio do período o planeta Marte, senhor da ação, retorna ao signo de Aquário e permitirá que a harmonia volte a se estabelecer no mundo. Tudo isso fará sentido após o dia 12, com notícias surpreendentes que podem mudar a política mundial, e a local também – oxalá! No dia 22 começa a primavera, sob o astral da Lua Cheia, que, dois dias depois, mexerá com o coração de todos nós. A estação das flores vai elevar o astral do país e garantir que a retomada do movimento dinâmico de Plutão no dia 30 faça o mês terminar em alegria, com a perspectiva de dias melhores e um futuro promissor. Finalmente... Que alívio!
Cor: nude Pedra: topázio amarelo Aroma: benjoim Chá: melissa
Cor: verde Pedra: esmeralda Aroma: pinho Chá: hibisco
Colaboradores Publisher e diretora de redação Helena Montanarini Editora convidada Isabela Giugno Jornalista responsável Maiá Mendonça (MTB 20250) Diretora de arte Mabel Böger
Andressa Gomes, Claudia Fidelis (tratamento de imagens), Flora Monteiro, Luciana Maria Sanches (revisão), Paulo Giandalia, Tuca Reinés, Valderson de Souza
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