Higienópolis - Edição 02

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aQuadra

SETEMBRO/OUTUBRO 2018 – H02

O JORNAL DE HIGIENÓPOLIS E DOS ARREDORES

VIDA DE BAIRRO ECONOMIA

GENTE

VIAGEM

CRÔNICA

ESTILO

DESIGN

PRAÇAS

URBANISMO

GASTRONOMIA

COMPORTAMENTO

CULTURA

LENTE

ANTENA

VIVER BEM

INSPIRAÇÃO CONVIZINHO

D I S T R I B U I Ç Ã O G R AT U I TA

Alcachofras, a bela flor e seus segedos que encantam o paladar

Denise Fraga fala de teatro, drama, comédia e do que a emociona no palco

O antigo casarão de D. Veridiana segue orgulhoso como Iate Clube de Santos


EDITORIAL

Higienópolis é um bairro múltiplo, conclusão a que chegamos ao fazer esta segunda edição, e que atrai, também, nossa entrevistada Denise Fraga. Como em uma cidade do interior encravada no coração da metrópole, várias gerações, idades e pessoas de diferentes perfis circulam pelas ruas com pets (uma de nossas matérias é “Loucos por cachorros”) à sombra de edifícios antigos, alguns escondidos atrás de grades, outros de portas escancaradas para a calçada, que foram elencados por André Scarpa em “Abertos para a rua”, e dividem espaço com lojas, restaurantes – na seção Gastronomia, falamos do tradicional Roma e, delícia suprema, de alcachofras – e a criatividade de centenas de outros habitantes que vivem nos generosos apartamentos do bairro. A primeira edição aQuadra Higienópolis foi um sucesso. Esgotou em nossos pontos de distribuição e, segundo o Bento da banca, os moradores já estão cobrando o segundo número, que vem recheado de assuntos interessantes. O ator Marcos Caruso é nosso Vizinho Ilustre; o jornalista Nirlando Beirão assina a crônica como se fosse um beagle; a dupla Attilio Baschera e Gregorio Kramer abriu a porta da casa onde moram e trabalham; fomos fazer feira na rua Mato Grosso com o jornalista Alexandre Machado, que é visto subindo a Sabará quase toda sexta-feira; isso para não falar de tudo o que descobrimos e está em Vida de Bairro. O artista plástico e designer Marcelo Stefanovicz se valeu de elementos naturais, minhocas, centopeias, flores, folhas etc. para montar o Q que ilustra este editorial.

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Fotos capa: Ilustração: Fabrizio Lenci, André Scarpa, Paulo Giandalia, Jade Gadotti

Ótima leitura! Helena Montanarini


Crônica

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Por NIRLANDO BEIRÃO*

O bairro de quatro patas

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ou um cachorro diferenciado. Sou um cachorro de Higienópolis. Tenho consciência do meu privilégio. Como eu, somos muitos aqui. Teve um momento em que cheguei a acreditar que éramos mais do que bebês. Parecia que os humanos tinham desistido de procriar. Não tenho nada contra bebês, a não ser pelo perigo que representam seus carrinhos conduzidos por babás desastradas.

Dizem que há mais cães nos Jardins do que em Higienópolis, e meu dono me persuadiu de que essa rivalidade é besteira. O importante, diz ele, é atitude. Nossa educação esmerada e respeito pelo asseio estão refletidos em nossas calçadas. Zelamos pela higiene sabendo que seríamos os primeiros a sofrer as consequências. Quando aparecem descuidos, basta uma boa latida de reprimenda para acertar as coisas. Nem estamos interessados em competir no quesito pedigree. Há um consenso de que Higienópolis abriga uma casta superior de bípedes, mas meu dono não acredita. Ele diz que nós, os de quatro patas, exprimimos à perfeição o verdadeiro status de nossos donos e que, portanto, ninguém aqui, nem bípedes nem quadrúpedes, pode se arrogar uma condição de supremacia. A maioria entre nós, caninos, descende de raças, digamos, plebeias – é raro cruzar com galgos empinados, pitbulls nervosos ou poodles mimados. Não é verdade que temos caviar

na ração matinal. De vez em quando, sim, deparo com colegas que parecem enfatiotados para um casamento de princesa. Meu dono, misericordiosamente, sempre me poupou do foulard e do sapatinho. O patrão escreveu, no passado, um livro sobre os Jardins e notou que as pessoas lá se orgulhavam de morar num lugar que lembrava Paris ou Nova York. Passeando pelas alamedas arborizadas de Higienópolis, ao abrigo de uma temperatura que, inverno ou verão, nunca é hostil, meu dono e eu chegamos à conclusão que, se é para parecer com algum local, que seja Buenos Aires. Os antigos casarões, entre eles o que acomoda a pós-graduação da FAU, poderiam fazer bonito na avenida Alvear. Por coincidência, é no parque chamado Buenos Aires que vou me confraternizar com meus semelhantes. Algumas mansões foram substituídas por prédios, mas não posso reclamar. Há edifícios que, com as fachadas, mosaicos, afrescos e pisos, atestam que o mau gosto não é obri-

gatório. Meu preferido é o Cinderela. Da grife Artacho Jurado – um habitué do bairro. É ali que faço, com toda dignidade, meu pee stop vespertino. Lembro que meu dono fez até passeata quando anunciaram que um shopping seria erguido na mais nobre artéria do bairro, quebrando a harmonia da paisagem recatada. O shopping não atrapalhou em nada, e posso circular com liberdade – vigiada, mas liberdade – por ele, mas não gosto de ficar lá. Aos sábados, os donos fazem nos pet shops sua happy hour. Insistem em nos levar juntos. Pet é uma palavra perigosamente genérica. Inclui de porquinho-da-índia a papagaio. E, o que é pior, gatos. Há um limite para a tolerância. Em tempo: meu dono copiou de um escritor japonês de pseudônimo Soseki a ideia de me fazer seu portavoz. No caso de Soseki, o narrador é um gato. Ninguém é perfeito. (*) NIRLANDO BEIRÃO é jornalista. Se fosse cachorro, seria um beagle.

Ilustração: Baptistão (arquivo Nirlando Beirão)

Colaboradores

Antonio Penteado Mendonça é advogado, provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, secretário-geral da Academia Paulista de Letras e titular do programa Crônica da Cidade, da Rádio Eldorado. Assina “Uma casa com longa história”.

Arquiteta de formação, Ana Mello atua, desde 2013, também como fotógrafa de arquitetura. São suas as imagens do apartamento de Attilio Baschera e Gregorio Kramer.

Formado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, André Scarpa sabe tudo sobre os edifícios de Higienópolis e das redondezas. Descobriu a General Jardim com Lua Nitsche, entre outros assuntos.

Designer e artista visual, Marcelo Stefanovicz trabalhou, também, como modelo, fotógrafo, ilustrador e videomaker. Ele é o nome por trás da colagem natural, feita com folhas, flores e bichos, do Q que aparece no Editorial.

Ilustradora, Raffaella Perucchi criou, em 2007, o projeto Canebridades, retratos bem-humorados de cachorros e que deu start a seu atual trabalho Ilustrações Fotográficas. De Lugano, enviou as ilustrações da matéria “Loucos por cachorros”.

Fernando Lousa dispensa apresentações. É um dos grandes fotógrafos de moda do país, responsável por centenas de editoriais e capas das melhores revistas. Neste aQuadra assina o ensaio com Denise Fraga.

Fotógrafa de moda das mais renomadas, com trabalhos para as mais importantes agências de publicidade, Ella Dürst escolheu, com o fotógrafo Marcos Magaldi, a luz de um fim de dia de inverno para fotografar “Moçada criativa”.

Além de ser apaixonada por seu gatinho, Lourenço, e adorar uma boa história, Marina Leme, é ilustradora, atriz e roteirista. É dela a ilustração da seção Astros em homenagem à primavera.

Vegetariano e cozinheiro de mão-cheia, o fotógrafo André Ligeiro acompanhou Alexandre Machado em seu passeio pela feira da rua Mato Grosso.

Arquiteto formado pela Escola da Cidade e sócio do estúdio Vapor 324, Fabrizio Lenci é apaixonado pela arquitetura paulistana e ilustra com maestria os prédios icônicos de Higienópolis desta edição.

Lucas Lenci estudou desenho industrial e fotografia em São Paulo. Trabalhou como produtor, diretor de arte e tem três livros publicados. Fotógrafo. É dele a imagem do ator Marcos Caruso.

Moradora de Higienópolis desde sempre, Marta Meyer é artista têxtil. Criadora do projeto Tenet – Tecendo na Net, descobriu The One, o melhor hot dog do bairro.


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Vida de Bairro

Vida de Bairro

Por ANTONIO PENTEADO MENDONÇA

anos um leão andou solto pelos jardins, dividindo o espaço com um casal de cisnes negros dados por Salazar, ditador de Portugal. Para frequentar o clube, os homens eram obrigados a usar paletó e gravata e era proibido tirar o paletó. Atualmente, seria inconcebível, mas na época era proibida a entrada de mulheres no bar. Elas só podiam frequentar uma parte do restaurante, desde que estivessem usando saia. Além disso, não se permitia palitar os dentes, nem se servia caipirinha. Criado nos moldes dos clubes ingleses, o São Paulo Clube tinha poucos sócios, entre pessoas físicas e empresas, nacionais e multinacionais. No

Uma casa com longa história

Veridiana da Silva Prado foi dona do mais imponente palacete da avenida Higienópolis

aspas A propriedade de dona Veridiana, lindíssima; casa à francesa, exterior e interior muitíssimo bonitos, de muito bom gosto. (…) Os jardins têm gramados dignos da Inglaterra, a casa domina tudo, há um ‘lagozinho’, plantações de rosas e cravos, lindos. Vim de lá encantada. Palavras da princesa Isabel

Fotos: Divulgação; André Scarpa

Com o tempo elas mudaram de finalidade. O palacete de Elias Chaves se transformou na sede do Governo do Estado; a Chácara do Carvalho virou uma escola, o palacete do conde Penteado foi doado para abrigar a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP; e a casa de dona Veridiana, para não ser demolida na explosão imobiliária do bairro, foi comprada por um grupo de amigos que fundou o São Paulo Clube para ser seu local de encontro e preservar o casarão histórico. Durante várias décadas o São Paulo Clube foi endereço inacessível para os colunistas sociais da cidade. Ninguém comentava o que acontecia por trás dos muros dali. Hoje, o clube não existe mais, os fundadores morreram e os filhos o incorporaram ao Iate Clube de Santos. É verdade que dentro dele foram realizadas reuniões importantes para o destino do Brasil. Empresários, intelectuais, militares e políticos se encontraram várias vezes em seus salões. Mas mais interessante é que durante

Fotos: Divulgação

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uem entrar na avenida Higienópolis, logo no começo, do lado direito, verá um grande muro que, saindo da avenida, acompanha a rua Dona Veridiana e entra à esquerda na esquina seguinte, fechando um bom pedaço do quarteirão. É a sede da capital do Iate Clube de Santos, mas, antes disso, foi residência de dona Veridiana Prado e, depois, a partir da década de 1960, passou a ser o São Paulo Clube, um dos mais fechados da cidade, que foi tido como um lugar misterioso e inacessível, onde aconteceram reuniões de negócios e políticas que interferiram no destino do Brasil. O palacete de dona Veridiana está entre as principais construções da São Paulo na virada do século 19. Imponente, com arquitetura no mais puro estilo francês da época e construção refinada, com materiais vindos da Europa, a residência marcou época na vida da capital, que se transformava de uma pacata vila numa metrópole.

Nos jardins da mansão passearam artistas e intelectuais; cisnes nadaram em seu espelho d’água; hoje, é palco de casamentos estrelados

terceiro andar existiam apartamentos que podiam ser usados pelos sócios de fora da cidade. E o restaurante era famoso pela qualidade da comida. Com o crescimento da cidade o clube ficou fora de mão. Os fundadores morreram, os sócios deixaram de frequentá-lo, e a solução foi incorporar o São Paulo Clube ao Iate Clube de Santos, que transformou o palacete de dona Veridiana em sua sede na capital.

UMA FEMINISTA NA VIRADA DO SÉCULO 19

Construída, em 1884, pelo arquiteto Luiz Liberal Pinto, a pedido de dona Veridiana da Silva Prado, a então Vila Maria é um belo exemplo da arquitetura francesa. Foi tombada pelo Condephaat por sua importância histórica

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Se nos tempos do São Paulo Clube as mulheres não eram bem-vindas no bar e só podiam entrar no restaurante vestindo saia, na época de dona Veridiana Valéria da Silva Prado, as coisas eram bem mais avançadas. Mulher à frente de seu tempo, casada com Martinho da Silva Prado, mãe de uma penca de filhos, ela foi uma das primeiras mulheres a se separar do marido, comprar um terreno no próprio nome, mandar construir para si um palacete na esquina da avenida Higienópolis com a hoje rua Dona Veridiana, promover encontros e debates políticos e literários em seus salões, patrocinar exposições de arte, companhias de teatro e eventos esportivos. E deixar sua fortuna para as mulheres da família para uso em benefício próprio. A construção, a cargo de Luiz Liberal Pinto, é tombada pelo Patrimônio Histórico.

Bons ares o trouxeram

A grande praça Buenos Aires, que em 1987 virou parque, justifica seu poder pela valo rização do entorno construído, rodeado de obras de arquitetos renomados nacionais e internacionais como David Libeskind, João Kon, Jacques Pilon, Lucjan Korngold e Alfred Duntuch. Dos pontos mais altos do bairro e inicialmente com uma vista privilegiada para o vale do Pacaembu, o parque Buenos Aires surgiu, em 1912, como um pulmão verde no recém-loteado bairro de Higienópolis. O desenho é atribuído ao paisagista francês Joseph-Antoine Bouvard, que, em suas viagens entre Europa e a capital argentina – onde fora contratado para o redesenho dos espaços públicos – passava por São Paulo. A convite do então prefeito Raymundo da Silva Duprat, Bouvard apresentou propostas para diversas áreas de São Paulo, como o Anhangabaú e a Várzea do Carmo, que não foram executadas. O desenho original da Buenos Aires incluiu um mirante, um espelho d’água e esculturas que vieram da França. Com o passar dos anos, a praça ganhou novas esculturas, como a de Caetano Frac-

caroli, uma escola (a Emei Monteiro Lobato), playgrounds e outros equipamentos que colaboram para que as sombras das árvores continuem a entreter os moradores da região.

Um oásis verde no centro de Higienópolis, o Buenos Aires combina árvores frondosas, alamedas e a Escola Municipal de Educação Infantil Monteiro Lobato


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Vida de Bairro

Vida de Bairro

Jeane Patrícia Alves de Lima: com esse nome quatrocentão, ela bem poderia ser moradora do bairro – e se considera uma. É ela quem, há 48 anos, toca a banca de frutas da praça Esther Mesquita, no fim da Rio de Janeiro com a Higienópolis. É ela quem, no decorrer das décadas, expulsou traficantes e viciados do lugar; conserva os aparelhos de ginástica e bancos; mantém o espaço limpo e cuidado. E é essa mulher arretada que está sendo “convidada” a abandonar a banca e se retirar da praça, por uma dessas safadezas da fiscalização. Engambelada por um advogado cheio de más intenções, ela conseguiu a ajuda pro bono do doutor Ivan Sid Filler Calmanovici, advogado nascido e criado no bairro, suporte do Rotary, uma carta de apoio enviada para os canais competentes pelo Conselho Participativo da Região e a revolta dos moradores de Higienópolis, que cercaram a banca com faixas contra a arbitrariedade da atitude – ela pretende ganhar essa contenda. “Consegui uma liminar na Justiça, estou procurando regularizar a situação da banca e recorrendo de todas as maneiras legais para que Jeane não perca seu ganha-pão e o de dois empregados”, explica o advogado, que acredita que logo mais seja marcado o julgamento – e Jeane possa continuar abrindo cocos, vendendo frutas e cuidando da hoje conhecida “Praça do Coco”. “Ideias não me faltam”, avisa ela, que não teme um desafio.

Natural da Terra Hortifrúti com boa variedade de orgânicos. R. Rosa e Silva, 163. Tel.: (11) 2828-5700. Das 7h30 às 21h.

e mamão papaia. Carrinho cheio, flores na mão, é hora de voltar para casa. No caminho ele conta que quer fazer uma salada de tomate com manjericão e vai tirar um filé de linguado do freezer para fazer com as batatas. E onde compra carnes e peixes? Ele revela que no açougue Paraguaçu, em Perdizes. São 11h30, Alexandre vai temperar o feijão com tomilho e coentro, preparar seu almoço e sair para trabalhar.

Feira da Rua Martim Francisco Variada, é realizada todas as quintas, das 6h às 13h. Instituto Feira Livre Associação sem fins lucrativos que reúne produtores orgânicos com um diferencial: o preço é o do produtor e é cobrada uma taxa de administração para cobrir os custos. R. Maj. Sertório, 229. Tel.: (11) 3237-0721. Terça a sexta, das 9h às 19h; sábados e domingos, das 9h às 15h.

Dançar é paixão

Sacolão Higienópolis Conhecido há mais de 25 anos, tem de tudo: frutas, verduras, legumes, peixes, carnes, pães, queijos... A preços justos. Rua Dona Veridiana, 158. Tel.: (11) 33314672. Segunda a sábado, das 7h às 21h; domingos e feriados, das 8h às 15h.

Contém Flores

A ideia não poderia ser mais simples: um contêiner estacionado entre uma padaria e um cabeleireiro que Contém Flores. Arranjos feitos com flores sempre frescas, montados em vasos ou buquês, que você passa, pega e paga, num sistema selfcheckout. Para aqueles que querem ter sempre vasos floridos, a Assinatura de Flores (são três) é uma ideia prática, já que toda sexta-feira é feita a entrega dos vasos lindamente arrumados.

Comida para quem tem fome No dia 28 de fevereiro de 1966 foi servido o primeiro “sopão” na igreja de Santa Terezinha. A refeição foi ideia do frei da época e da irmã pároca que, sabendo da necessidade de ter uma cozinha organizada, foram buscar Adriana, que cozinhava em uma comunidade por ali, para tocar a cozinha, que serviria não sopa e, sim, comida de verdade – arroz, feijão, carne,

verdura – para os irmãos em situação de rua. No começo, um doador anônimo cuidava do arroz com feijão, outros doadores entravam com o restante e o caixinha da igreja completava a diferença. Hoje, todas as segundas-feiras,, a partir das 12h15, é servida uma farta refeição para quem tem fome. Cerca de 300 pessoas são atendidas por voluntários do bairro,

agradecem a cada generosa colherada colocada no prato e se sentam para comer. Às 13h30, o serviço termina. Roberto Bruschinique mora no bairro há mais de 40 anos e soube há pouco tempo que a Santa Terezinha servia comida para os menos favorecidos. A igreja aceita doações de gêneros alimentícios para seguir com a missão. R. Maranhão, 617.

Fotos: Paulo Giandália; Divulgação; Arquivo Promenade

Alexandre Machado se autodenomina um cozinheiro de ocasião. Gosta de cozinhar, preparar o que come no dia a dia e, vez ou outra, receber para almoços a família, os filhos e netos, a namorada e amigos, quando também pilota o fogão. “Almoço em casa todos os dias e, como moro sozinho, preparo o que tenho vontade de comer”, conta, enquanto escolhe tomilho e manjericão na barraca da Karina, que abre um sorriso de dentes imaculados ao ver o fotógrafo. Ao sair para a feira, ele avisa que está com a despensa cheia e vai comprar pouca coisa. Frequentador da feira da Mato Grosso, que fica a poucas quadras de onde mora, também faz feira no Pacaembu, aos sábados. “Lá são

Feira do Pacaembu Mais compacta do que já foi um dia, aqui não tem gritaria. O pastel da Maria é considerado o melhor da cidade. Praça Charles Miller. Terças, quintas, sextas e sábados, das 6h às 13h.

Fotos: André Ligeiro; Divulgação

Vai um limão aí?

“Seu” Alexandre é conhecido pela maioria dos feirantes da rua Mato Grosso. Quase toda sexta ele está lá, escolhendo cebolas, tomates, frutas, verduras – e flores, que não podem faltar em casa e compra com a assistência de Roseli

As primeiras aulas; Monica, Ilara Lopes e Katia na comemoração dos 37 anos; e espetáculo de fim de ano

A banca de coco fica?

E MAIS...

menos barracas, é mais rápido e a qualidade das frutas e verduras é muito boa”. Começamos pelo fim da feira livre, que tem o início no alto da rua Sabará e termina adiante da rua Itacolomi, onde ficam as flores que a Roseli escolhe com carinho entre lisiantos e cravínias. “Sempre tenho flores em casa, sou um homem com alma feminina.” A próxima parada são os ovos de granja, enormes, que Cristina escolhe e faz de uma dúzia, quinze... Queijo não pode faltar no carrinho do jornalista. E o meia cura cremoso vindo de Minas da barraca da Maria é imperdível. Ela dá a dica: “Não guarde na geladeira, deixe amolecer que fica maravilhoso”. E vamos seguindo pela feira, parando na barraca do alho, da cebola, das batatas, e aqui é o Eduardo, vendedor, que explica, “a batata baraka é boa para frituras e massas”. “Ele é o jornalista da Cultura?”, pergunta uma senhora. É, mas é por sua simpatia que os feirantes o conhecem e chamam pelo nome. Na barraca do Mario é onde ele compra um monte de mexericas “porque tenho dependência física de mexerica”, laranja para o suco das manhãs

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Contém Flores R. Bahia, 778 Tel.: (11) 3662-1774 contemflores@gmail.com

A luz pisca uma, duas, três vezes. Toca o sinal. As luzes se apagam. A cortina sobe. Duas garotas, 16 e 14 anos, saem do Colégio Sion, trocam de roupa, almoçam e vão trabalhar. Estamos em 1981, e Monica e Katia Barão dão aulas de balé na Promenade, escola que ganharam da mãe, uma apaixonada pela dança clássica que foi proibida de praticar pelo pai, porque “não era ambiente para moça de família”. (entreato) O ano é 2018, passaram-se 37 anos, e a Promenade (nome de um passo de dança) continua na rua Aracaju. Não é mais a pequena escola que ocupava uma casinha de 1927, com duas salas de aulas, onde se ensinavam clássico, jazz, sapateado e ginástica. Sem perder de vista a proposta inicial de não ser uma escola de formação acadêmica e, sim, de despertar o prazer do movimento em crianças, adolescentes e adultos em um ambiente familiar, a Promenade cresceu e, hoje, com a chegada de Ilara Lopes (antiga professora das garotas), é uma das raras formadoras e certificadoras do Royal Ballet Theater no Brasil.

(entreato) No decorrer das décadas, enquanto as meninas, formadas pela famosa Elza Prado, cresciam, a escola acompanhava o ritmo das duas moças cheias de ideias avançadas para a época. Katia se apaixonou pelo sapateado, é referência no assunto e criou um método de ensino (Taps) que aplicou em escolas por todo o país. Monica preferiu o jazz. Muitas propostas de associações surgiram nesses anos, mas as duas irmãs preferiram manter a dos primeiros anos. “O fato de não poder ser uma grande bailarina não impede ninguém de fazer dança”, acreditam. Por suas salas passaram gerações de meninas que cresceram, tiveram filhos que

frequentam a escola e algumas antigas alunas, já avós, emocionam-se com as netas se apresentando nos espetáculos de fim de ano. (entreato) Em 2018, a dupla decidiu abrir o leque e passou a oferecer uma vasta grade de aulas de dança e módulos de teatro musical. A montagem de uma Cia. Promenade com laboratório avançado para teatro musical está na pauta. “Somos uma escola completa”, conclui Monica Barão, a pessoa por trás da escola e nos bastidores dos espetáculos que hoje levam cerca de 250 pessoas para o palco. Foi nas salas da Promenade que Jarbas Homem de Mello aprendeu sapateado e Rodrigo Lombardi buscou trabalhar o corpo. (Desce a cortina. Aplausos... Não! The show must go on. Assim é a Promenade.) Promenade R. Aracaju, 156 Tel.: (11) 3662-0415 dancepromenade.com.br


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Vida de Bairro

Vida de Bairro

Loucos por cachorros

fazer do meu aqui em São Paulo, chega de poluir.” Em agosto, fez 18 anos que o ator e escritor se mudou para Higienópolis. E anda se repensando. Vai ter saído há pouco de cartaz no teatro Faap, no qual estrelava o sensacional monólogo O Escândalo Philippe Dussaert; gravado sua participação como seu Peru, na Escolinha do Professor Raimundo; e terminado dois filmes: Arigó e Contra a Parede. Escalado para a nova novela das 9, O Sétimo Guardião, na qual interpretará o avô amoroso e emotivo da protagonista, Caruso vai encarar um período decisivo: vai se desfazer do carro que ainda tem em São Paulo, mudar de residência no Rio, eventualmente vender a cobertura de SP e comprar um apartamento menor (no bairro, claro!) e pelo menos tentar fazer uma coisa de cada vez. “Sempre fiz quatro, cinco coisas ao mesmo tempo”, confessa. É a maioridade. Pelo menos no bairro.

AONDE LEVAR SEUS PELUDOS? POR GIANLUCA TARGINO MOSCA

Parque Buenos Aires Praça com área cercada para cachorros. Frank & Charles Aos sábados, biscoitos e água para os melhores amigos R. Tinhorão, 130, tel.: (11) 3624-8763 Tryp Higienópolis Aceita cachorrinhos como hóspedes R. Maranhão, 371, tel.: (11) 3665-8200 De La Paix Bistrô Aceita cães nas mesas na calçada R. Tupi, 844, tel.: (11) 3666-9841 Falafada Delícias Mediterrâneas Seu dog nas mesas da calçada R. Martinico Prado, 172, tel.: (11) 3578-2226 Le Pain Quotidien Cada cão tem sua aguinha Av. Higienópolis, 698, tel.: (11) 3562-2344

Oh, that jazz...

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iametralmente opostos, Leleco era um malandro do subúrbio carioca que vivia de bermuda, camiseta regata e um par de óculos escuros apoiado na careca, enquanto Pedrinho Guimarães era um milionário bem-nascido da zona sul do Rio de Janeiro, dono de um hotel de luxo e um guarda-roupa elegantérrimo. É essa diversidade de papéis que encanta um dos nossos vizinhos mais estrelados, que passeia pela comédia e pelo drama com igual maestria. “A comédia é mais rasa, mais fácil, para mim que sou uma pessoa que sempre acha o lado divertido da vida, que tenho timing para comédia. Já o drama é mais psicológico, é preciso buscar o sentimento mais fundo”, explica o dono de um par de enormes mãos expressivas e sorriso largo. Mãos essas que, em parceria com Jandira Martini, escreveram a peça Trair e Coçar É Só Começar, em cartaz há 32 anos (ininterruptos, é bom lembrar) no

país. Foi por conta das incontáveis vindas a Higienópolis (onde mora Jandira) que Marcos Caruso, nascido e criado no Itaim, encantou-se pelo bairro e, em 2000, mudou-se de mala e cuia para uma cobertura batida de sol. “Apartamento para mim precisa ter janelas que eu possa abrir esticando os dois braços. Preciso de muita luz, espaço para abrigar meu 1,90 metro de altura. E isso só aqui em Higienópolis”, constata ele, que hoje divide sua semana entre o Leblon, no Rio de Janeiro, e Higienópolis, “dois bairros de perfil parecido, tranquilos, silenciosos, amplos e verdes”, diz Caruso, que faz tudo o que precisa a pé: caminhadas, idas ao parque Buenos Aires, ao banco, à farmácia, ao supermercado, à Trattoria Tavolino, à pizzaria Vica Pota, à padaria Villa Bahia, à feira do Pacaembu, onde come o famoso pastel da barraca da dona Maria, e dá pedaladas pelo bairro. “No Rio faço tudo de bicicleta, não tenho carro, e vou me des-

Fotos de cachorros de amigos ilustrados digitalmente inspiraram Raffaella Perucchi a criar o projeto Canebridades

Agosto foi o mês do cachorro louco. Por quê? Não existe nenhuma boa explicação, mas algumas teorias: as duas grandes guerras tiveram seu auge em agosto; é o mês em que mais cachorrinhas entram no cio, deixando os machos uivando feito loucos; a mais maluca delas relaciona a data a quando Hitler se tornou führer. Sim! Também sou louca por cachorros. Nikita, uma poodle preta gigante, foi minha primeira amiga, e como eu era menina, ensinei a dar a pata, sentar, deitar, rolar e andar na rua sem coleira (outros tempos...). Como um cometa, Catarina, uma mistura do-que-com-sei-lá-o-que, passou por nossa casa, destruiu o jardim de minha mãe e partiu rumo à fazenda de uma tia, onde virou uma santa, vai saber... Francisco, um cocker spaniel inglês preto e branco, era tão lindo (e burro, segundo meu pai) que foi estrela de editorial de moda. Depois de mais de 20 anos de jejum, chegou a Kiche, uma poodle chocolate, fruto de um mau passo da cachorrinha de uns amigos. Era uma verdadeira 4x4, topava todas, nadava, pegava onda, andava de barco, stand up e corria tanto que ninguém pegava. Foi minha melhor amiga por 13 anos e deixou um buraco no meu peito quando foi embora. Hoje tenho Belinha, uma “poodle-lata” que adotei com um ano e parece o mostruário Pantone, tantas são as cores do pelo. Higienópolis é um dos bairros que mais têm cães andando pelas ruas; bares, padarias e restaurantes que oferecem sombra e água fresca para os dogs que esperam por seus donos; dog walkers caminhando com pencas de animais; e a menor quantidade de caca nas calçadas... Por Maiá Mendonça

ddaibem@gmail.com

Ilustração: Raffaella Perucchi; Divulgação

Vizinho ilustre

Você não entende nada de jazz e não confessa, mas até acha o som um pouco chato? Então precisa conhecer Daniel Daibem, guitarrista que veio de Bauru, estudou rádio e TV e passou oito anos (em vez dos seis meses que pretendia) estudando música na Groove Escola de Música. A carreira dele começou na 89 FM, seguiu para a Brasil 2000 e para a Eldorado, em que Daniel conquistou um programa de 20 minutos, no qual desvendava mistérios do jazz para leigos. Uma conversa com ele é uma aula de referências, sons e acordes que remetem ao universo do blues, das work songs e dos negro spirituals, aos magos dos instrumentos (contrabaixo, bateria, piano, guitarra e sopro), às histórias escondidas por trás das notas e aos improvisos. A convite do Sesc Pinheiros, Daniel montou cinco encontros chamados Jazz, Que Idioma É Esse, em que faz um trabalho de orientação, seguindo uma ordem cronológica, para entender o instrumental e aprender a gostar do gênero. Com a Fuego Digital, ele gravou um DVD dessas reuniões (à venda nas unidades do Sesc) e, durante o segundo semestre, vai levar os encontros para várias unidades da entidade. Além disso, o moço tem um grupo que se apresenta pelos bares, pela noite e também em eventos. “Fui contratado para fazer uma breve apresentação do que é jazz para os convidados de uma festa de aniversário. Foi bem legal”, conta ele. Vale a pena ficar de olho onde Daniel está se apresentando para entender que idioma é esse.

Fotos: Lucas Lencci; Divulgação/Sesc

Marcos Caruso é um ator de gestos largos e simpatia contagiante, para não falar da competência

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“Carvão: adora sentar na poltrona do papai quando ele não está em casa” Isadora Zilveti

“Bark e Shlep: conhecem o bairro como as patinhas deles” Shelly Herscovici

“Blue: não tem amor maior” Marli Goldemberg

“Emilia e Alice: sempre que olham para mim mandam um beijo, um abraço e um aperto de mão” Dadá Zeballos

ESPECIAL Esquina Grill do Fuad Menu especial para os pets R. Martim Francisco, 244, tel.: (11) 3666-4493 Le Botteghe di Leonardo Sorvete para cachorro? Tem! R. Armando Penteado, 56, tel.: (11) 2532-0376 Dog’s Family Para deixar o pet enquanto passeia pelo Pátio Higienópolis Av. Higienópolis, 133, tel.: (11) 3823-2487 Taxi Dog 24 horas Gilberto leva e traz os peludos aonde for. tel.: (11) 97952-9812 CURIOSIDADES NA CIDADE • São Paulo tem mais que o dobro de cães morando em casa do que gatos. • São 1,8 milhão de cachorros contra 810 mil gatos. • Em 2017, o Shopping Pátio Higienópolis apresentou um “cãocurso” de fantasias na época do carnaval, com desfile de pets para adoção. PASSEADORES DE CÃES • Red Dog Walker Fernando Lopes: tel.: (11) 98246-7649 • Walk the Dog | Higienópolis: tel.: (11) 95390-0816 • Pet Anjo: dog walker, pet sitter e hospedagem. tel.: (11) 99757-1110 ADOTE UM AMIGO • Centro de Adoção Associação Natureza em Forma R. General Jardim, 234. Tel.: (11) 31512536, de terça a sáb., das 9h às 17h. • Luiz Proteção Animal: faz uma feirinha de adoção de animais de estimação todos os sábados, das 9h às 17h30, no pet shop Angélica. Av. Angélica, 1.383. Tel.: (11) 3822-3299

Você mora em Higienópolis, Pacaembú, Santa Cecília e arredores? Quer fazer parte do nosso mailing, envie seu endereço para: vizinhos@jornalaquadra.com.br


Vida de Bairro 13

É básico!

Seu Antonio vive cercado, em seu ateliê, pelos amigos que cria e costura. Na foto ele está com Epifânio, boneco que ganhou roupa nova

Bom de prosa

Quase que escondido atrás de vasos de plantas, uma grande bandeira do Brasil, gaiolas onde estão Bilu Tetéia e Bigurilho, dois cachorrinhos de pano que vigiam a loja, está o senhor Antonio, alfaiate das antigas, que já teve ateliê na rua Piauí, e há 20 anos montou sua oficina no comecinho da General Jardim. Bom de corte, costura e conversa, prefere contar a história de Epifânio, que se casou com Ambrosina, depois que ela pegou barriga... Do que falar de moldes, ternos e bainhas. A família de amigos são bonecos de pano que ele cria, costura com todo realismo das “intimidades” e veste nas horas de folga entre um paletó e outro. Papo da melhor qualidade para quem gosta de causos.

“Nunca pensei em varejo, meu lugar é no chão de fábrica, onde fui criada e cresci ao lado do meu pai, que tinha uma confecção que fornecia peças para magazines”, assim se apresenta Bi Rivetti, uma mulher de olhos brilhantes e curiosos e a cabeça cheia de ideias, que viajava com o pai “a trabalho” desde os 10 anos, e, claro! estudou moda. Se depois que o pai vendeu a fábrica ela queria fazer só roupa para atacado e nunca pensou em ter uma loja, foi um empurrãozinho do marido, Giovanni Rivetti, que levou a moça a abrir a primeira Lado Basic, no Shopping Cidade Jardim. Depois vieram as lojas da rua Barão de Capanema e a do Shopping Pátio Higienópolis, ao lado do novo Almanara. A fórmula do seu sucesso é fazer uma roupa bacana, bem-feita, com bons tecidos (em sua maioria naturais), e preços bons. Mas não é só isso que faz a marca. Bi quer fazer diferente, e tem criatividade de sobra para isso. Desde 2015, quando inaugurou a primeira loja, vem fazendo parcerias interessantes como as camisetas da coleção A nossa roupa a gente inventa,, com frases das músicas de Cazuza, 20% da renda rever-

#achamosegostamos

Você passa na porta e fica na dúvida: será uma casa de chá com bolo? É mais. Como diz o nome, é um ateliê de Bolo&Festa. Ou seja, Bruna Wiese e Luana Duzza fazem do bolo à festa completa para quem não quer ter trabalho. Alugam da toalha aos pratos, copos e enfeites para quem quer montar sua própria festa ou se encarregam apenas

dos bolos, doces e outras comidinhas. A criatividade das moças vai de uma festa para crianças, um piquenique na praça a uma festa de casamento. Moradora do bairro, a dupla se conheceu na porta da escola das crianças e, depois de trabalhar junta, mas cada uma na própria casa, decidiu criar um ambiente intimista, familiar e simpático para

atender clientes, fazer encomendas e onde servem bolos caseiros (feitos todos os dias) acompanhados de chá ou cafezinho. Dica: o bolo de coco gelado é de comer rezando. Bolo&Festa R. Piauí, 340 A. Tel.: (11) 97270-6909 99963-6956

Fotos: Divulgação; Marta Meyer

Sabe aquele negro simpático que toca a banca de jornais da praça Charles Müller? É o NeggoBlues, dublê de jornaleiro, músico e compositor que recentemente lançou o CD NeggoBlues, com letra e música próprias. Nascido em Janaúba (MG), Genildo Pereira Lima é uma figuraça que tira um som da guitarra Del Vecchio 1960 mais por dom do que por aprendizagem e faz um baita sucesso nos saraus em Santo Amaro, no Embu, ou nas canjas na Galeria Olido, no centro. E não estranhe se o encontrar participando de palestras de cultura negra, estudos bíblicos ou eventos humanitários. Interessado? Passe na banca para bater um papo.

PIZZA ELÉTRICA A Bráz Elettrica leva suas redondas para Higienópolis. São pizzas individuais com massa de fermentação natural e coberturas inéditas, como a Shroomz, com cogumelos, muçarela de búfala, cebola roxa e raspas de limão Bráz Elettrica Pátio Higienópolis, piso Terraço

DOS SONHOS Marta Meyer descobriu The Simple One, o melhor hot dog dos últimos tempos: salsicha artesanal cozida no ponto certo, em pão clássico de hot dog, servido com relish de pepino e temperado com mostarda de Dijon Frank & Charlie Rua Alagoas, 852, tel.: (11) 2503-7125

DELÍCIA GELADA Recém-chegada a Higienópolis, a Vico Gelateria faz sorvetes para italiano nenhum botar defeito. Todos os ingredientes são naturais, os açúcares dosados para dar consistência, não há adição de conservantes, acidulantes e cia. O sabor vedete é pistache. Rua Goiás, 47, tel.: (11) 2373-6731

DOS DEUSES A barraca da Maria, na feira do Pacaembu, é premiadíssima em todos os concursos de melhor pastel, mas vale a pena experimentar outros dois, de comer de joelhos: na porta do Sacolão de Higienópolis e na barraca em frente à Dulca, na feira da Mato Grosso. São divinos.

Muito além do bolo

Fotos: Paulo Giandalia; André Scarpa

Figurinha carimbada

Em parceria com a Sociedade Viva Cazuza, a Lado Basic criou t-shirts estampadas com frases do artista e renda revertida para a entidade

pre novidade nas lojas, e adora roupas confortáveis, mas sempre com um detalhe interessante, um pequeno recorte, um abotoamento diferente. Como ela consegue fazer tudo isso ao mesmo tempo? Nem mesmo o marido entende. Lado Basic Shopping Pátio Higienópolis, 618, Piso Vilaboim, Higienópolis Tel.: (11) 3823-2478 ladobasic.com.br

INFORME PUBLICITÁRIO

Rua General Jardim, 698

NeggoBlues, sua guitarra e a banca que toca no Pacaembu; ao lado e abaixo, festa é com elas do começo ao fim

tida para a Sociedade Viva Cazuza e embaladas em uma capa de disco; com Naia Ceschin, com quem está trabalhando flores que traduzem sentimentos como gentileza, tolerância, verdade; capacitando mulheres que vivem em uma comunidade em Poá na arte da costura; e já está agitando o lançamento, em setembro, da coleção Brasil, Mostra sua Cara, entre mil outras ideias que vão pipocando em sua cabeça. “Quero fazer o que ninguém faz”, explica Bi, casada, mãe de duas meninas, que faz questão de buscar na escola todos os dias, e uma bebezinha, desenha suas peças, lança 28 referências por mês, em pequenas tiragens, para ter sem-

Valor pago pela inserção R$ 2.688,00 - CNPJ 31.181.749/0001-6

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Vida de Bairro


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Caminhada

Criativos

Por LUA NITSCHE Fotos ANDRÉ SCARPA

Por ANDRÉ SCARPA Fotos ELLA DÜRST e MARCOS MAGALDI

Artéria pulsante do bairro

Criatividade toma conta da cidade “A razão da cidade é poder conversar”, já disse Paulo Mendes da Rocha, arquiteto do Sesc 24 de Maio, que tem a Vila Buarque como caminho cotidiano. Quer na calçada do café ou aproveitando a sombra das árvores da praça que rodeia a biblioteca Monteiro Lobato, o bairro atrai criativos de diversas áreas, que fazem do local um polo dinâmico e democrático.

É um mistério quem foi General Jardim. Mesmo sem nenhum grande feito em sua história, ele dá nome a uma das ruas mais curiosas da cidade

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izem que existem duas ruas General Jardim: a que fica em Higienópolis, mais elegante, e aquela que escorrega pela Vila Buarque, passa por baixo do Minhocão e segue rumo ao centro, bem mais descontraída. Quem começa o passeio ali pelos lados quatrocentões nota o início da mudança ao chegar na praça Rotary. A começar pela Banca Curva, que, em vez de revistas, vende livros de editoras alternativas com pequenas tiragens. A rua que concentra a maior quantidade de escritórios de arquitetura tem vida agitada. Convidamos a arquiteta Lua Nitsche para escrever sobre a rua onde mora e trabalha e temos (também) nossas indicações. Provamos e aprovamos o Jazz B e o Jazz Café, um espaço para quem gosta de boa música, bom bar e boa gastronomia, que fica colado com A Casa do Porco, cujo chef, Jefferson Rueda, abriu, este ano, dois novos empreendimentos: a lanchonete Hot Pork e seus dois tipos de cachorro-quente e a Sorveteria do Centro, em parceria com a premiada Saiko Izawa. Nosso apetite seguiu aguçado pelos doces sabores da Éclair Moi, que vende éclair, claro! Um olhar da Lua Sou Lua Nitsche, arquiteta, me mudei para a Vila Buarque em 2004, após descobrir uma raridade no centro: um apartamento na altura da copa das árvores, de frente para uma linda praça e, ainda por cima, face norte. Na ocasião, essa praça era desconhecida para mim, mas encantadora, pela paisagem verde em pleno centro e também pelos prédios que a circundavam, formando uma praça urbana como as de Buenos Aires e Barcelona. Era a praça Rotary, que agora estamos (moradores do bairro) adotando como praça da Vila

Buarque, ponto central da rua General Jardim. Apesar de ter apenas sete quarteirões, a rua registra bem a transição entre os bairros República e Higienópolis. Ela começa na rua Araújo, esquina que ganhou fama com a abertura d’A Casa do Porco, que virou hit e está sempre lotada, mas vale comer um sanduíche de pernil na “portinha” lateral, em pé, na calçada mesmo . No mesmo quarteirão está a Escola da Cidade – ocupando dois edifícios originalmente residenciais, projetados por Oswaldo Bratke. No térreo se mantém uma livraria especializada em arquitetura com livros excelentes. Essa livraria já ocupou o térreo envidraçado do edifício do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), prédio icônico projetado por Rino Levi, onde atualmente funciona uma filial do Z Deli Sanduíches. Na esquina oposta está um boteco – bem boteco mesmo – apelidado de “Xangô”, sem dúvida a maior concentração de arquitetos por metro quadrado da cidade. Bom para quem quer ficar na rua conversando e tomando cerveja por horas. Seguindo em direção a Higienópolis há dois quarteirões maltratados, mas a perspectiva do Minhocão é provocadora. Depois de atravessá-lo, você se sente em uma cidade de interior, já organizada por mercados, bares e pequenos comércios. Em um quarteirão chega-se à simpática praça da Vila Buarque, onde fica a biblioteca infantil Monteiro Lobato. O Café Jardin, no térreo do edifício Itan, é um bom lugar para o lanche da tarde e a compra de plantinhas. Depois da praça, a rua segue por um quarteirão calmo com alguns edifícios residenciais e outros comerciais, estes na maioria ocupados por artistas, fotógrafos, arquitetos, editores e afins. Uma turma que está sempre se encontrando.

No último quarteirão a rua está em Higienópolis. De um lado, edifícios residenciais; de outro, o muro do Iate Clube de Santos. Pena que seja um espaço fechado ao público porque seria lindo se a General Jardim fosse um eixo entre os três parques/praças: República, Rotary e o jardim da casa da Dona Veridiana.

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5 1. A Casa do Porco Point de sucesso e lotado. Rua Araújo, 124 Tel.: (11) 3258-2578 2. Lua Nitsche Nossa convidada especial, que trabalha e mora na rua General Jardim. 3. Jazz B e Jazz Café Boa música e bom som. Rua General Jardim, 43 Tel.: (11) 3257-4290 4. IAB SP Cursos, concursos etc. Rua Bento Freitas, 306 Tel.: (11) 3259-6866 5. Xangô Chorinho toda semana Rua General Jardim, s/n Tel.: (11) 3151-2070 6. Z Deli Sanduíches tudo de bom. Rua Bento Freitas, 314 Tel.: (11) 3129-3162 7. Café Jardin Café delícia e plantas. Rua General Jardim, 490 Tel.: (11) 3151-3789

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BOA PRAÇA

Um grupo de moradores e amigos do bairro deu início a um movimento de adoção da praça da Vila Buarque, oficialmente denominada Rotary, também conhecida como a praça da biblioteca Monteiro Lobato. Importante lugar de encontro, convívio, prática de esportes, leitura e recreação, ela é, efetivamente, uma das poucas áreas verdes na região da Vila Buarque e Santa Cecília. Por meio da plataforma Praças, que já organizou processos colaborativos de manutenção de praças como a Vilaboim, moradores, frequentadores, comerciantes, escolas, empresas e amigos do bairro poderão contribuir para um conjunto de ações que visam à melhoria do espaço. Partindo da arrecadação para limpeza e preservando os itens que ali já existem, o movimento pretende dar início a projetos de reforma e renovação como piso, calçadas, parquinho, quadra, bancos, jardim etc. Para saber mais e colaborar: vilabuarque.pracas.com.br

RAFAELLA CREPALDI Formada em artes plásticas pela Faap, a moça é maquiadora das mais estreladas e makeup stylist regional da Nars. Os makes dela já estamparam revistas como Vogue, Elle, e Cause, além de ela trabalhar com grifes brasileiras e internacionais nas principais semanas de moda do mundo.

HENRIQUE GABBO TORRES Arquiteto graduado pela Escola da Cidade, em 2011. De 2010 a 2015, foi sóciofundador do Garupa Estúdio, com Nadezhda Mendes da Rocha. Em 2016, lançou o Estúdio Gabbo Torres, a fim de explorar as intersecções entre arquitetura e design de forma autônoma.

RAFAELA NETTO Natural de Santa Catarina, descobriu a fotografia quando foi morar no Canadá, não conhecia ninguém, seu inglês era selvagem e a câmera foi sua única companhia. Há 14 anos, mudou-se para o centro da cidade, cursou fotografia no Senac São Paulo e, hoje, dedica-se à fotografia de arquitetura.

“AVila Buarque tem a atmosfera de um bairro tradicional, uma arquitetura modernista e a escala intimista de um bairrinho. Estamos rodeados por sapateiros, costureiras, moldureiro... Temos de tudo um pouco!”

“Escolhi morar na Vila Buarque quando me mudei para São Paulo. Minha relação com o bairro é bastante direta, pois a variedade de serviços convida a circular e cruzar as ruas a pé, deixando-o mais vivo.”

“O que mais me atrai na Vila Buarque são os encontros que as caminhadas proporcionam e que geralmente acabam em cerveja no Xangô, onde rola uma roda de choro um vez por semana.”

PAULA ZEMEL POMPEU DE TOLEDO Graduada em arquitetura e urbanismo pela Faculdade de Belas Artes, é arquiteta titular do escritório Zemel + Arquitetos. Desenvolveu a carreira em passagem por renomados escritórios de arquitetura, como o Piratininga Arquitetos.

“A Vila Buarque é um bairro que oferece uma experiência de ‘corpo a corpo’ com a cidade e a diversidade de realidades. Difícil, nem sempre bela, mas democrática, tal como a experiência de cidade deve ser. Muros e guaritas são quase ausentes.”

EDUARDO CHALABI Nasceu em São Paulo, graduou-se pela FAU-USP, em 2000, e, recém-formado, trabalhou com grandes profissionais como o arquiteto Paulo Mendes da Rocha e a cenógrafa e diretora Bia Lessa. Foi sócio-fundador de dois escritórios: Tacoa Arquitetos e Zemel + Chalabi Arquitetos. Trabalhou também no MK27, de Marcio Kogan, e no escritório de Isay Weinfeld, antes de abrir o Chalabi Arquitetos.

“A Vila Buarque é o encontro entre a nobreza de Higienópolis e a diversidade do Centro.”

ALBERTO PEREIRA JR. Aos 31 anos, é multimídia: um ator que escreve e um jornalista (foi responsável pela coluna Zapping, do jornal Agora) e roteirista que atua e produz. Paulistano, é fundador do famoso bloco de carnaval Domingo Ela Não Vai, que arrastou uma multidão à rua este ano. O moço também cria conteúdo para projetos audiovisuais, artísticos e sociais.

“A Vila Buarque é, para mim, a um só tempo, espaço de fervo e reflexão. Fronteira cultural na Pauliceia Desvairada.”


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Entrevista

Cultura/Artes

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Por MAIÁ MENDONÇA Fotos FERNANDO LOUSA

A arte de fazer rir aspas É fácil encontrar a comédia no trágico. Augusto Miranda faz um belo trabalho de atores das comunidades

Uma porta de garagem, subindo a rua da Consolação em direção à avenida Paulista, chama a atenção. O letreiro sinaliza Teatro Commune. É mais um dos muitos teatros independentes espalhados pela região. E se engana quem pensa que ele vive às moscas. Quando a porta sobe, por volta das 20 horas, o teatro de 99 lugares, lota: seja para assistir a alguma peça ou para aulas e palestras. “O Commune Coletivo Teatral é um grupo criado em 2003 que realiza espetáculos de palco e rua, com atores profissionais e jovens aprendizes, a partir da relei-

tura de clássicos, da estética da commedia dell’arte, com o uso de diversas linguagens não realistas”, explica o diretor e também ator Augusto Miranda, que há 15 anos, abriu as portas do Commune. Em 2008 mudou-se para a Consolação, para abrigar a Cia. de Teatro Commune. No primeiro semestre, teve a colaboração do diretor inglês John Mowat, especialista em teatro físico. Em setembro, estarão em cartaz Nem Todo Ladrão Vem Para Roubar e Anti-comics, paródia argentina.

A bela dos palcos Moradora do bairro de longa data, ela volta aos palcos, em curta temporada, com a A Visita da Velha Senhora

R. da Consolação, 1.218 Tel.: (11) 3476-0792

ROTEIRO CULTURAL

Cabelos espetados, semblante divertido... Quem vê John Mowat não imagina o homem sério que gosta de trabalhar e passou os últimos três meses em São Paulo a convite de Augusto Miranda (Cia. Commune) para, sem falar uma palavra de português, dirigir três espetáculos: Romeu e Julieta, Godó e Othello. E essa não é a primeira vez que ele vem ao Brasil. “Tem alguma coisa errada comigo”, brinca, “até porque passei 17 anos viajando entre Londres e Lisboa.” Mas o idioma não é uma barreira para o mestre do teatro físico, em que o gestual, o movimento e a sutileza é que falam. John Mowat nasceu em Londres, estudou escultura, depois, mímica corporal no City Literary Institute e na escola de Jacques Lecoq. Em 1994, montou, em Londres, a companhia OddBodies Theatre, apresentando pantominas por todo o mundo. É superativo – no próximo outono, sua versão de Rei Lear, de William Shakespeare, estará em cartaz em Londres, enquanto nos palcos de Lisboa (onde dirigiu a Companhia do Chapitô) apresenta uma criação coletiva e educativa que conta a história de um colecionador de cérebros... Ele conversou com aQuadra. Como é o seu processo criativo? Com a companhia, desconstruímos os textos clássicos buscando uma linguagem mais atual, mais corriqueira. Pinçamos trechos e trabalhamos muito até encontrar o que procuramos. Como sabe que é o certo? O público dirá. Geralmente, acertamos. O senhor tem planos de voltar a São Paulo? Em janeiro venho para terminar O Doente Imaginário, de Molière, que começamos a montar em julho, mas ainda não sei como vai ser.

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enise Fraga é uma atriz e comediante brasileira. Essa qualificação simplista que aparece no Google está longe de traduzir quem é a atriz Denise Fraga e por que ela se vale da comédia para falar o que sente necessidade de dizer nos palcos. Sim, no teatro! Onde tem estado a cada dois anos, desde 1986, quando estreou (arrasando) com seu humor fino, em Trair e Coçar é só Começar, permanecendo oito anos em cartaz. Depois disso vieram as novelas (a primeira foi Bambolê), outras peças, filmes... Até que ela casou, teve filhos, passou por seu momento jejum para criar os meninos e voltou aos palcos, ao cinema e à televisão, priorizando sua grande paixão: o teatro. Faz mais de dois anos que Denise esteve na telinha, na primeira fase de A Lei do Amor, o que confirma duas teorias: ir ao teatro está em alta e não é preciso estar na TV para atrair plateia. Denise ficou em cartaz, por dois anos e meio, com A Alma Boa de Setsuan, texto de Brecht, levando mais de 200 mil espectadores ao teatro; e há um ano está rodando o Brasil com A Visita da Velha Senhora, de Friedrich Dürrenmatt, que voltou a São Paulo, para o Teatro Sérgio Cardoso e fica até 30 de setembro.

ESPECIAL CRIANÇAS No Teatro Folha, dois espetáculos especiais para a molecada: Piratas do Caramba, a história de três piratas que passam os dias catando lixo até que encontram uma misteriosa garrafa... Sábados e domingos, às 17h40. E, o musical infanto-juvenil, baseado na obra de Adriana Calcanhoto, Lá Dentro tem Coisa, que se passa no aniversário de 9 anos de Isabel, que sai de casa sozinha pela primeira vez. Sábados e domingos, às 16 horas. Teatro Folha Shopping Pátio Higienópolis, terraço Tel.: (11) 3823-2323 A babá Mary Poppins está de volta! A ambientação no Pátio Higienópolis, traz a fachada da casa dos Bankers, a maleta mágica e o famoso guarda-chuva com o qual ela voava. A Volta de Mary Poppins, fica de 6 a 30 de setembro. De domingo a sexta das 12h às 20h e aos sábados das 10h às 21h. Shopping Pátio Higienópolis, piso Veiga Filho Tel.: (11) 3823-2323

Fotos: Paulo Giandalia

O senhor do gesto

Duas atrações imperdíveis no teatro FAAP: Para quem não gosta de teatro, da dupla Marcelo Médici e Ricardo Rathsam, que se desdobram em diferentes papéis hilários. Todas as quintas, às 21h. E Concerto para João, a vida do maestro transformada em musical por Sergio Roveri com direção de Cassio Scapin. Sextas e sábados, às 21h e domingos, às 18h. Teatro FAAP R. Alagoas, 903, tel.: (11) 3662-7233

Como tudo começou? Depois que saí do elenco de Trair e Coçar me deu um clique: o que quero fazer? Que teatro eu quero fazer? O que quero dizer hoje? Foi aí que li A Alma Boa e senti necessidade de levar para o palco, que é onde quero estar. O que é teatro para você? Um ritual de mergulho para os atores e o público. O teatro propõe esse mergulho que pouco acontece hoje, estamos todos ali como que em um pacto. Como você escolhe os textos que encena? Tenho um grupo de leitura que se reúne, sem nenhum compromisso, de tempos em tempos e lê textos variados. E aí surge um que me pega, que me leva a refletir sobre o comportamento das pessoas. Por que você escolheu encenar A Visita da Velha Senhora? O que me encantou na peça de Dürrenmatt foi a atualidade do texto. O enredo

aspas Quando recebi aQuadra, senti vontade de pegar o jornal e sair andando por Higienópolis.

[de 1956] trata da volta de uma senhora multimilionária à falida cidade onde nasceu, com a proposta de uma doação bilionária ao local e a cada família que lá vive, desde que alguém mate Alfred, antiga paixão e razão de seu sofrimento. Não me importo de contar esse trecho da peça porque não atrapalha a trama, o que interessa é o que acontece depois, com cada habitante, e até aonde as pessoas são capazes de ir por dinheiro. A encenação do Luiz Villaça [marido de Denise] é muito interessante, faz com que os espectadores se sintam como habitantes da cidade, o que os torna mais envolvidos com a trama. Você prefere comédia ou drama? Todo trabalho tem drama e comédia. Tudo o que faço é drama que se utiliza da comédia. O que me fascina é esse tênue fio entre o humor e o drama. Dürrenmatt costuma dizer que a comédia é a expressão do desespero. O que você mais ama no trabalho? Quando consigo divertir e ao mesmo tempo levar o público a refletir. Tem uma risada que eu adoro ouvir na plateia, que é a risada que chamo de “pior que é...”, que é quando a pessoa se reconhece no texto. E a aceitação do público, quando o espectador te espera na saída e comenta o que o personagem disse, e volta trazendo amigos, família. Quais são seus planos para o futuro? Esses ano participei de dois filmes, 45 do Segundo Tempo e Música Para Cortar os Pulsos, que estão para estrear. Fiz uma animação nacional incrível, Tito e os Pássaros, em que os desenhistas criaram os personagens em cima da nossa leitura. E seguir com a peça em São Paulo e ainda sair em turnê. E como Higienópolis surgiu na sua vida? Há mais de 20 anos. Morava nos Jardins e, quando casei com Luiz, fomos procurar apartamento no bairro e não gostava de nada. Sugeri Higienópolis, vim visitar apartamentos e me apaixonei pelo primeiro que vi. Estou aqui desde então. Ando muito a pé, vou ao sacolão, e o que acho interessante é a multiplicidade do bairro. Quando recebi aQuadra, senti vontade de pegar o jornal e sair andando por Higienópolis.


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Arquitetura/Design

Arquitetura/Design

Texto e fotos ANDRÉ SCARPA

Ilustrações FABRIZIO LENCI, VAPOR 324

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Abertos para a rua

Sotaque estrangeiro

Contrariando a lógica atual de se esconder atrás de grades e portões, alguns edifícios de Higienópolis mostram a cara e se integram com a cidade

Muitos dos arquitetos que projetaram os edifícios de Higienópolis conheceram o modernismo europeu in loco. Rino Levi estudou em Roma; Maria Bardelli e Ermanno Siffredi vieram da Itália; e o alemão Franz Heep estudou em Frankfurt e trabalhou com Le Corbusier em Paris. Essa experiência europeia aliada ao clima dos trópicos foi capaz de gerar belíssimos exemplos residenciais

abrem para o generoso jardim, que parece se conectar com a praça Vilaboim. Há apenas um baixo guarda-corpo amarelo como limite, sem portões ou trancas nos caminhos de acesso. Essa característica do Louveira não é um caso isolado. Edifícios como Piauí, Itacolomi, Rubi, Itagôas, Alagoas, Ourânia, Lily, Santo André, Professor Villaboim, Edgar Souza, Celina, Gonçalves Dias e Aracaju preservaram os acessos abertos, conectados à rua, com jardins bem cuidados e livres de grades. Esses exemplos não se limitam às ruas menos movimentadas como Pernambuco ou Itacolomi; há exemplares de prédios bastante abertos na rua Piauí e até na própria avenida Higienópolis. Prova de que cuidado e manutenção beneficiam um edifício em muitos aspectos. E que o caminho para tornar nossa cidade mais segura passa por enaltecer as qualidades do patrimônio construído, e não o sobrepor de qualquer maneira com elementos hostis aos transeuntes.

LAUSANNE Projetado por Adolf Franz Heep, em 1953, é dono de uma das fachadas mais icônicas do bairro, com os brises de alumínio reguláveis pintados com três cores diferentes, que correm revelando as janelas e varandas dos apartamentos com vista para os jardins do Iate Clube de Santos. No térreo, um mural de Clóvis Graciano colore o volume entre os dois halls de entrada e os cobogós aumentam a luminosidade dos apartamentos recuados.

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rades altas, ponteiras, cercas elétricas, eclusas e outros artefatos de segurança são parte do visual de quem vive em São Paulo. E são elementos tão familiares que parecem essenciais para a segurança de quem vive na cidade. Estranhamos quando a entrada está livre, desimpedida, quando a primeira porta é a do hall ou no lugar de muros, vemos jardins e cercas baixas. Boa parte dos edifícios que hoje estão protegidos por grades e portões nem sempre foram assim, e muitos ainda mantêm o térreo aberto – e nem por isso são inseguros ou estão degradados. Se os edifícios do centro de São Paulo seguiam uma lógica de ocupação sem recuo frontal, com portas e janelas se abrindo diretamente para a calçada, os primeiros casarões que ocuparam Higienópolis seguiram o caminho contrário, aproveitando os amplos terrenos para criar jardins a toda sua volta. Os limites entre público e privado deixaram de ser a fachada e a porta de entrada, para dar lugar a gradis e portões de ferro com os monogramas das famílias proprietárias. Com o início da verticalização do bairro, a lógica das entradas abertas diretamente para a rua dos edifícios do centro foi retomada, mas acabou se misturando com a dos casarões e seus recuos frontais e laterais, que vinham ao encontro do ideário moderno, privilegiando térreos livres e ajardinados. As grades que demarcavam as residências dos barões do café saíram de cena, e os condomínios passaram a se conectar com os espaços públicos arborizados do bairro. Porém, com o passar dos anos, os edifícios que nasceram sem grades ou muros começaram a perder a franca abertura à cidade e a se cercar de elementos feitos dos mais diversos materiais, respeitando, ou não, as diretrizes dos projetos originais. Quem vê esses edifícios hoje acha impossível que eles pudessem se manter da forma como foram projetados. Puro engano. Não há quem não se encante ao visitar o Louveira, projetado por Vilanova Artigas, em 1946, cujas amplas janelas se

PRUDÊNCIA Com amplos apartamentos, o edifício desenhado por Rino Levi sobre paisagismo e azulejos pintados por Burle Marx surgia para convencer a elite de que era possível usufruir do luxo dos casarões em uma construção vertical. Para além do espaço, tinha aquecimento central, garagem semienterrada e uma solução inovadora de planta livre que fazia uso de mobiliário para permitir versatilidade na configuração dos espaços. Todos os apartamentos possuem hall privativo, inclusive as duas coberturas, com área superior a 600 m2.

Na foto maior, edifício Rubi, com jardim e escadas abertos para a rua. Em sentido horário: Itagôas, com rampa para carros; Louveira, conectado com a praça Vilaboim; Magnólia: marquise convidativa e entrada para carros deixarem passageiros na porta; Itacolomi, com seu jardim generoso e o painel de vidrotil protegendo a visão do térreo; e Rio, pequeno, simpático, com a entrada recuada e completamente aberto para a rua

DOMUS O edifício de frente curva que arremata a esquina das ruas Marquês de Itu, Sabará e General Jardim abriga um apartamento por andar, com cerca de 500m2. Sua riqueza de detalhes é de autoria do casal italiano Maria Bardelli e Ermanno Siffredi, também responsáveis por projetos emblemáticos como a Galeria do Rock e o hotel Hilton. A planta em V privilegia a insolação dos quartos e áreas sociais, onde as perfurações nas varandas criam um jogo de sombras e permitem que as plantas nas jardineiras transbordem pela fachada.


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Decoração/Estilo Por MAIÁ MENDONÇA Fotos ANA MELLO

Os desbravadores

Foi no comecinho da década de 1970 que Attilio Baschera e Gregorio Kramer descobriram Higienópolis para abrir a Larmod, loja de tecidos que revolucionou os conceitos de decoração da época

A dupla Gregório Kramer e Attilio Baschera posam com o parque ao fundo; o ateliê dos artistas com a mesa de cada um e as aquarelas do cachorro Taiwan. Na página ao lado, de cima para baixo, Attílio e suas estampas; o vaso de porcelana pintado para o Bloom Craft e a estampa exclusiva criada para a Donatelli

E

squeça o toile de jouy e as cenas de caçadas esmaecidas e pense em cores fortes, vibrantes, a flora brasileira em toda a sua exuberância. A nova proposta foi um sucesso! Decoradores, senhoras e imprensa atravessavam a cidade para conferir as novidades. E eram muitas. “Escolhemos Higienópolis por ser um bairro basicamente residencial e com preços ainda acessíveis, para quem recomeçava a vida”, relembra Gregorio, que conta que a ideia surgiu depois que Attilio deixou a direção de arte e ganhou o primeiro prêmio em um concurso de estamparia da Feira Nacional da Indústria Têxtil

aspas Higienópolis é um bairro confortável, tem tudo. Almoçamos todo dia fora, não gosto de almoçar em casa, parece que sou aposentado. Gregorio Kramer

(Fenit) e ele o terceiro... E segue contando as peripécias da dupla, desde o aluguel das duas casas onde montaram a Larmod, na rua Bahia, às portas que se abriram na Bloom Craft, do grupo Bloomingdale’s, em Nova York, para a qual criaram coleções exclusivas por anos, aos pratos, louças e objetos que desenharam para combinar com seus tecidos. A dupla conhecia todo mundo que importava, frequentava as festas da Vogue e ia espalhando seu estilo por todos os lados. Foi por intermédio de Gregorio que a Casacor aterrissou no Brasil e passou para as mãos de Yolanda Figueiredo e Angélica Rueda. Com a chegada da década de 1990, o Plano Collor, e o crescimento sem planejamento, como acontecia numa época em que as coisas se davam assim, a dupla encerrou o negócio e foi curtir a vida. Há 20 anos, os dois se mudaram para um generoso apartamento de frente para o parque Buenos Aires e por seis anos tiveram a AGain, uma loja com tecidos e objetos para decoração que foi um sucesso, “mas não era mais a mesma coisa, reviver o passado já não funcionava”, comenta Attilio. Hoje, 50 anos depois, eles criam estampas exclusivas para clientes como Donatelli e almoçam todos os dias no La Frontera, “almoçar em casa me lembra aposentadoria”, brinca Gregorio, que tem sua mesa de frente para a de Attilio, no ateliê montado na sala, com vista para a praça. Para eles Higienópolis é um bairro confortável, seguro, com muitos amigos e tudo perto, como farmácias, supermercados, padarias e restaurantes. “Mando os sapatos para a Sapataria do Futuro da Vilaboim, Taiwan, nosso cachorro que já morreu – e foi imortalizado em aquarelas feitas por Attilio – tomava banho no veterinário da rua Aracaju, vamos ao cinema do Pátio Higienópolis e seguimos curtindo a vida, cheios de amigos e projetos.”


Gastronomia

Gastronomia

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Quem não gosta de alcachofra?

Quem tem boca vai ao Roma!

Esta flor linda e curiosa, que tanto intrigou os brasileiros, é uma iguaria dos deuses

Até outubro, as prateleiras dos supermercados estarão recheadas com esta curiosa flor comestível e os restaurantes se esmerando em receitas e festivais em que a alcachofra é a estrela principal. Originária do sul do Mediterrâneo, a iguaria pode ser servida fria, como entrada, acompanhada por vários tipos de molho para se mergulhar as pétalas, ou com o coração gratinado, recheado, refogado... E, melhor: ela faz bem para a saúde por ser rica em vitaminas A, B, C, além de cálcio, fósforo e potássio. Que pecado! Foram os imigrantes italianos que, no fim do século 19, trouxeram as alcachofras para o Brasil. No início, elas eram dadas aos porcos porque os brasileiros não sabiam que aquela linda flor era comestível e deliciosa... Curiosidades • O nome alcachofra vem do árabe alkharshof e significa fruto do cardo-manso. • A primeira aparição supostamente foi na Itália, no fim do século 15. • Na mitologia grega, a alcachofra é fruto da vingança de Zeus contra a bela Cynara. O deus a transformou em planta espinhosa depois de ela recusar o amor dele.

Quando florescem, as alcachofras formam lindas flores (ao lado)

SPAGHETTI CON CARCIOFI Ingredientes 4 alcachofras médias sumo de 1/2 limão 1/2 xícara (chá) de óleo de milho 4 dentes de alho cortado em lascas sal pimenta-do-reino moída na hora 6 colheres (sopa) de saisinha picada 400 g de espaguete

Modo de fazer Limpe as alcachofras para obter os fundos. Corte-os em fatias finas, deixando de molho em água e no sumo de limão por meia hora, para não escurecerem. Tire da água, escorra e seque de leve com um pano. Coloque o óleo em uma frigideira antiaderente e frite o alho. Junte os fundos de alcachofra e deixe ficarem douradinhos Tempere com sal e pimenta e tampe a frigideira. Abaixe o fogo e deixe até que fiquem macios. Se necessário, junte um pouco de água quente. Misture a metade da salsinha e reserve. Cozinhe o macarrão em abundante água salgada, até que esteja al dente. Escorra a massa e misture ao molho, juntando a salsinha restante, o azeite (se desejar) e o queijo ralado. Rende 4 porções.

Topa uma gelada?

Casa Zilanna Católicas praticantes, Ana Gonçalves e a filha, Zilda, comandam esta mercearia do bairro desde 1972. A pedido de clientes, incluíram produtos típicos judaicos importados de Israel. Rua Itambé, 506. Tel.: (11) 3257-8671

Higienópolis, Santa Cecília e Vila Buarque viraram points dos amantes das loiras e moreninhas

Craft on Draft Bem em frente à Faap, ao lado do posto, fica este pequeno bar especializado em dez opções de chopes artesanais, servidos em pints ou pitchers de dois litros. Para acompanhar, empanadas, queijos e costelinha. R. Alagoas, 900. Abre às 17h Tel.: (11) 3938-5977 Lira Bar e empório de produtos artesanais brasileiros. Tem cervejas especiais, vinhos, cachaças, queijos, embutidos para consumir no local, no mesão único ou levar para casa. R. Marquês de Itu, 1.039 Tel.: (11) 2528-3786 Cervejaria Dogma Instalada em uma antiga oficina mecânica, tem 20 torneiras com rótulos da casa e algumas convidadas. As geladas podem ser degustadas em mesas comunitárias e acompanhadas por frios e petiscos. A novidade? Uma linha envasada e vendida na cervejaria. Para quem se interessa, eles agendam visitas guiados ao tasting room. R. Fortunato, 236, Santa Cecília

Craft on Draft

Super K Mix de mercado e deli, no Pacaembu, vende mais de 2 mil produtos carimbados com seis selos diferentes: sem glúten, sem lactose, light, diet, vegetariano e kosher. Rua Traipu, 66. Tel.: (11) 3663-3030

Cerveja a Granel Com conhecimento compartilhado pelo casal do Destinos Cervejeiros e tecnologia de ponta, o Cerveja a Granel é totalmente self-service: você ganha um cartão com créditos, consome o quanto quiser de qualquer uma das 19 torneiras e paga no fim. R. Barão de Tatuí, 402 Tel.: (11) 2894-2149 Cervejaria Central O local foi criado por dois fotógrafos que se apaixonaram por fazer cerveja e se instalaram em um casarão na Vila Buarque, onde servem seis tipos de chopes próprios, dois convidados e a sidra Morada Etílica. R. Jesuíno Pascoal, 101 Tel.: (11) 4179-7534

All Kosher Esse mercadinho conquistou a confiança da colônia judaica e é reconhecido por seus produtos kosher nacionais e importados. Alameda Barros, 391. Tel.: (11) 3667-0059 Kosher Delight Uma das melhores padarias kosher da cidade. A feitura dos bolos, doces e pães segue os preceitos judaicos. Rua Baronesa de Itu, 436. Tel.: (11) 3661-3106 Sushi Papaia Kosher Em 2009, foi inaugurada uma unidade kosher supervisionada pelo

turaram a marca, criaram a rotisserie e o delivery. E, sem perder a identidade, modernizaram o conceito da cantina, que ainda serve fartas porções para os bons de garfo e oferece a opção piccolo piatto para quem não quer perder a linha. E, se algum cliente quiser relembrar um dos pratos do passado, o chef José Barros, há 42 anos comandando a cozinha, sabe as receitas de cor. Hoje o delivery e a rotisserie são os carros-chefes do Roma, mas nada como sentar no salão, em uma das cadeiras de espaldar alto, e começar a se deliciar com os fundos de alcachofra, as berinjelas recheadas pescados no carrinho de antipasti; seguir com a lasanha, acompanhada por um bom vinho; e terminar com uma torta de chocolate e nozes. Ah! E não se esqueça do café: o Roma foi o primeiro restaurante de São Paulo a servir um bom expresso para arrematar a refeição. Roma Ristorante Rua Maranhão, 512 Higienópolis Tel.: (11) 3660-0808

rabinato do Beit Yaacov. Praça Vilaboim, 31. Tel.: (11) 3824-0400 Pastelaria Via Babush Sob o comando de Mauricio e Daniel Waissmann, o espaço tem a supervisão de um rabino na fabricação dos pastéis. Rua Barão de Tatuí, 115. Tel.: (11) 3494-0000 Bráz Pizza O Centro Judaico Bait, em parceria com a tradicional pizzaria Bráz, organiza há mais de dez anos, duas vezes por mês, o Pizza Bait/Bráz Kasher. Rua Sergipe, 406. Tel.: (11) 3214-3337

Fotos: Divulgação

A DONA DA FLOR E SUAS RECEITAS Dona Maria Montanarini, além de cozinheira de mão-cheia e especialista no preparo de pratos à base de alcachofra, pode-se dizer, foi quem ensinou os brasileiros a comer alcachofra, servindo a iguaria em seu restaurante Garofano Rosso e depois na Casa Europa. Em 2006, ela lançou, pela Editora Senac São Paulo, o livro Alcachofra – A Flor e Seus Segredos, com 134 receitas que vão de antipasti a molhos e, sim, sobremesas! Ela cedeu para o jornal aQuadra Higienópolis uma de suas receitas mais apreciadas.

2 colheres (sopa) de azeite de oliva 1/2 xícara (chá) de queijo parmesão ralado

O MELHOR KOSHER DO BAIRRO

Fotos: Divulgação; Paulo Giandalia

Retrato de Dona Maria Montanarini tirado da orelha do livro Alcachofra – A Flor e Seus Segredos

O preferido dos jantares de domingo do passado mantém o sabor de então com o estilo de hoje

O trocadilho parece bobo, mas é fato: o Roma Ristorante, que vive na lembrança dos antigos moradores de Higienópolis, continua ocupando o casarão da rua Maranhão, serve a mesma comida deliciosa dos tempos de antigamente, ainda tem os carrinhos de frios e sobremesas rodando pelo salão. O Roma surgiu em 1954, no casarão que abrigava a pensão dos Casalena e que servia, para os moradores, massas de comer de joelho. A fama se espalhou, e os Casalena decidiram fechar a pensão e abrir o ristorante. Foram os primeiros a instalar um restaurante em um bairro e se tornaram um ícone da cidade. As décadas se passaram, as dificuldades surgiram, e os Casalena decidiram vender a cantina para os proprietários do tradicional Itamarati, que até hoje está instalado no Largo São Francisco, no centro. Reformas estruturais foram necessárias, o menu teve de ser enxugado, mas a proposta sempre foi manter as características, as receitas clássicas e o diferencial que fazia o Roma ser tão especial. Novas mudanças foram necessárias em 2005, quando reestru-

Tradição em Higienópolis

Lanchonete Pinati Um dos melhores sanduíches de falafel de grão-de-bico no pão caseiro se encontra aqui. Vale conferir. Alameda Barros, 782. Tel: (11) 3668-5424

Restaurante Nur O local serve criações marroquinas preparadas pelo chef Daniel Marciano sob a supervisão de um rabino. Rua Tupi, 792. Tel: (11) 3666-4992

Praça Vilaboim, 93, Higienópolis. Tel.: (11) 3666-2086 Rua Veiga Filho, 171. Tels.: (11) 2157-7373 / 3666-8666 facebook.com/sushipapaia @sushipapaia


Lente

Antena

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Por HELENA MONTANARINI

Algodão-doce

aQuadra registrou o lançamento da primeira edição do jornal aQuadra Higienópolis e arredores e o evento Pátio Fashion Day entre outros

Aposte na delicadeza dos tons pastel e suaves para bolsas e outros acessórios, na moda para entrar na primavera, em peças de decoração e até na cozinha Ameise Design Cômoda infantil multicolorida. @ameisedesign

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Graziela Loyola no lançamento de sua coleção de joias na avenida Angélica

A turma da Superbacana+ no passeio por Higienópolis, guiado por André Scarpa

Leitor flagrado lendo aQuadra, no Pátio Higienópolis

Camila Klein Bracelete da coleção Nasti by Camila Klein. @camilakleinoficial

Le Lis Blanc Paletó alfaiataria de crepe. Shopping Pátio Higienópolis, piso Vilaboim

Alice e Eduardo Gifoni, no evento do Istituto Italiano di Cultura San Paolo

Breton Poltrona de madeira com assento de veludo. @bretonoficial

Da Drê Pulseira de corda. @drêmagalhães

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KitchenAid Batedeira KitchenAid Artisan. Spicy, Shopping Pátio Higienópolis, piso Vilaboim

Zé Resende e Cristiane Carvalho, no evento de lançamento do jornal aQuadra Higienópolis

Pontolinhaforma Xícara de cerâmica feita à mão. @pontolinhaforma

Rose Battistella e Fabricio Garelli na estreia de Romeu e Julieta, no Teatro Commune

Maurício Cavalcante e Helena Magon, na feira gourmet do IIC

Balletto Sapatilha de balé de couro. @ballettooficial Vitra Banqueta de madeira e laca. @vitra

Milena Back e Paloma Leuze, passeando na praça Vilaboim

Carlos Meceni e a pequena Victoria Rochana na estreia da peça Romeu e Julieta no Teatro Commune

A millennial Bel Foz, no evento Pátio Fashion Day

Fotos: Divulgação

@ALICE_PENTEADO

Fotos: Divulgação;Paulo Giandlaia; Lu Prezia

Cada família tem a sua história. Que tal aternizá-la em um joia?

alicepenteado@alicepenteado.com.br

Gabriela Vidal no teatro do casarão do Pátio Higienópolis

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Camila Vidal, Valdemar Iódice e Fernanda Pires

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Viver Bem

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Astros Por VALDERSON DE SOUZA Ilustração MARINA LEME

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Ele tira a dor com a mão. Literalmente Ele é Bruno Sato, formado, em 2004, em fisioterapia pela Unibe, fisiologia do exercício e biomecânica pela FMUSP, medicina tradicional chinesa, atualmente se especializando em osteopatia. No currículo dele constam, também, dez anos trabalhando com medicina esportiva no Clube Pinheiros. Bruno é um dos fisioterapeutas da Zen-ki, clínica que trabalha com acupuntura, osteopatia e pilates, buscando o equilíbrio do corpo metabólico, físico e emocional. “Dor é sintoma, não é causa”, prega ele, que procura, por meio de uma avaliação minuciosa do paciente, descobrir a origem do problema. Uma pessoa com dor na coluna lombar pode ter um transtorno intestinal ou do fígado, por exemplo, uma alteração na pisada ou mesmo na mecânica craniana, e o mal-estar lombar é apenas um reflexo desses outros males. A consulta começa com uma conversa que delineia o histórico do paciente e, a partir dessa avaliação, começam manipulações muito sutis, que buscam o alinhamento corporal, seguem com o trabalho nas vísceras, depois nos ossos, para, então, abordar a dor localizada. “Trabalhar apenas a dor, o sintoma, é muito pobre – o ser humano é muito mais complexo e deve ser pensado como um todo, sujeito a ações e reações”, explica ele, que se apoia em três pilares: avaliação estrutural, das vísceras e fáscias e acupuntura como complemento. Bruno alerta: “A maioria das pessoas procura o profissional quando tem uma queixa específica. Trabalhar o equilíbrio do corpo como um todo, como forma de prevenção, ainda não é comum no Brasil, mas é possível, com sessões semanais ou mesmo mensais, evitar, ou minimizar, vários problemas”.

Médica responsável pela clínica Daitya Dermatologia, a doutora Leni Senna criou um paraíso em meio ao caos de São Paulo para ajudar as pessoas a envelhecer com qualidade. Desde a escolha do espaço, no primeiro andar de um edifício premiado, cercado por varandas, paz circulando pelas salas, à tecnologia dos melhores tratamentos somada ao cuidado personalizado. “Saber envelhecer com qualidade é que faz a diferença, e hoje são inúmeros os recursos.” Para isso, os tratamentos são muitos: o uso de cremes, lasers, peelings, toxina botulínica, estimuladores de colágeno, hidratantes injetáveis, preenchedores, estruturadores, medicação via oral manipulada... Além da modulação hormonal bioidêntica preconizada pelo médico belga Thierry Hertoghe, que analisa a necessidade, ou não, de reposição de algum hormônio que possa trazer bemestar e refletir na saúde da pele e na disposição do corpo. A estrela do momento para rejuvenescer o rosto é o MD Codes, desenvolvido pelo doutor Maurício de Maio, que faz um mapeamento dos pontos a serem estimulados para devolver a estrutura do rosto de maneira bem natural. A vedete para o corpo é um aparelho italiano que trata gordura localizada e flacidez e trabalha musculaturas pouco utilizadas, devolvendo um corpo modelado e firme para pacientes jovens e nem tanto.

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Para o mundo mágico, o ano começa na primavera, que coincide com o fim do inverno no Hemisfério Norte e as festas da Páscoa, que significam renascimento. E é isso o que acontece: na primavera a natureza ressurge com todo o esplendor. Para nós, habitantes do sul do planeta, a estação traz dias acalorados e cheios de chuva, o que é bom para o ambiente, mas difícil para nosso organismo. De qualquer maneira, mesmo simbolicamente, a natureza renasce e, com ela, nosso astral, pois sabemos que o ano está chegando ao fim e podemos programar o verão e as férias. Na infância, eu passava o verão na praia, na casa de minha prima Vera, e ela adorava Tim Maia porque ele cantava: “Porque (é primavera), te amo (é primavera)...”, e todos nós fazíamos bullying, dizendo que a música era para ela. Nem sempre Vera ficava alegre... O tempo passou, ela é uma senhora e o cantor não está mais entre nós, mas a mensagem dele continua a marcar a estação, e agora podemos dizer para todos: vem, é primavera! Vamos amar e aproveitar, com ou sem rosa guardada para lhe dar, pois a estação, como a vida, passa depressa.

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Curadoria editorial

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André Scarpa

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Claudia Fidelis (tratamento de imagens), Fabrizio Lenci, Luciana Maria Sanches (revisão), Marina Leme, Paulo Giandalia e Valderson de Souza

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