Jornal Fundamento_04

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Fundamento Jornal Umbandista Português

Palavra do Dirigente História(s) da A. T. U. P. O. - “O Grupo de Jovens F. A.T. U. P. O.“

Comportamen to e postura dentro do templo de Umbanda.

Distribuição Gratuita | Julho | Agosto| 2009 | Nº 004

“Marinheiros dão à costa e homenageiam Yemanjá!!”

A Umbanda é Brasileira?!?!?!?!?!?

‘L e n d a Xangô

de

’Q u a t r o aspectos da mediunidade sem instrução

Pag. 5

“ Homenagem a Obaluaiê ”Sem Folha não há Orixa!” Arruda

A F u m a ç a Sagrada - Parte II “Fumaça de Sopro”. Continuação da reportagem iniciada na edição anterior.

Pag. 3 e 4


Fundamento Palavra do Dirigente Jornal Umbandista Português

2 “Caminho da A.T.U.P.O”.

Julho| Agosto| 2009

Saudações Umbandistas a todos, Por estes dias estava na internet e encontrei um texto, interessante para se reflectir: "Um médium iniciante, foi falar com o Dirigente do terreiro, estava ansioso em saber algumas coisas: - Pai preciso saber urgente quem são meus Orixás, e com quais entidades vou trabalhar! - E por que esta pressa meu filho? – Respondeu o dirigente. - É que tenho amigos em outro terreiro e quando souberam que eu estava frequentando a Umbanda, me fizeram estas perguntas e eu não soube responder. Vou te ensinar a resposta. Quando te perguntarem novamente responda: “Sou filho do Orixá Humildade e do Orixá Caridade, as entidades com as quais vou trabalhar são Fé, Amor, Paciência e Perseverança.” O médium ficou olhando sem entender as palavras do dirigente que continuou: “Na Umbanda não temos de nos preocupar quem são nossos Orixás, temos o dever de cultuar a todos com a mesma fé e amor, de nossas entidades o que menos vai importar é seu nome, devemos sim nos preocupar em ajudá-las a transmitir àqueles que os procurarem as energias positivas e a paz que procuram.” Retirado do livro: Histórias que a Umbanda nos conta – Marco Boeing"

Que Oxalá nos dê a luz, em nossos caminhos, para que encontremos a verdade do Divino dentro de nossas almas

Pai Claudio de Oxalá A.T.U.P.O

História(s) da A.T.U.P.O. “O Grupo de Jovens - F. A.T. U. P. O.”

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Grupo de Jovens Umbandistas “Os Filhos de Aruanda” foi iniciado a 15 de Novembro de 2007.A iniciativa partiu do nosso Pai Cláudio de Oxalá, que sentiu a necessidade crescente de criar um organismo que acolhesse os jovens e facilitasse a difusão de princípios como: Amor, Caridade, Humildade, Honestidade, Fé, Força e Firmeza. Pretendeu com a formação e desenvolvimento do Grupo de Jovens criar uma rede de suporte espiritual, social, psicológico e humanitário firme, que respondesse às necessidades de cada um dos seus membros. Assim sendo, o Grupo de Jovens numa esfera de união, colaboração e inter-ajuda pretende organizar e promover acções que desencadeiem um conhecimento mais alargado e abrangente acerca da doutrina Umbandista. Temas como o conhecimento acerca da ritualística, princípios e fundamentos, conhecimento dos Orixás, Entidades e respectivas linhas de trabalho, são tidos em conta. Não obstante, a consciencialização de outros aspectos que apoiam e sustentam a vivência humana de forma também significativa, são abordados com o mesmo vigor. Mesmo porque o nosso intuito é chamar a atenção para a importância de aspectos tão simples e singelos como a força de um perdão sincero, a graciosidade existente na força e no brilho dos elementos da natureza, bem como numa lágrima ou num sorriso de um desconhecido, que tão simplesmente aprendemos ou desaprendemos a ignorar.

Actividades lúdicas, de que são exemplos convívios, encontros, passeios na natureza, participação em eventos culturais, são objectivos que pretendemos concretizar, havendo espaço também para prestar apoio e colaboração em diversas tarefas de inter-ajuda, sempre que se proporcione e seja solicitada a ajuda dos elementos do grupo. Actividades do foro social e comunitário como, por exemplo, o contacto dos membros com contextos e/ou realidades de meios sociais desfavorecidos serão dinamizados. Os nossos encontros são desenvolvidos num contexto isento de preconceitos, são dedicados à partilha voluntária de experiências pessoais, onde se fomenta um clima de aceitação, união, confiança, para que mais facilmente se desenvolva uma atmosfera humana de excelência. Para isto, actividades como exercícios de meditação, a reflexão individual e conjunta, discussões e debates são desenvolvidos. E muitas delas vão contando com a presença e orientação de convidados. Os nossos encontros têm lugar na sede do Templo, todas as quintas-feiras às 21h30m, tendo aproximadamente a duração de uma 1h30m/2h. F.A.T.U.P.O. - A.T.U.P.O.

Massagem Terapêutica / Reabilitação A Massagem de Reabilitação, implica a utilização de um conjunto de técnicas específicas orientadas para aumentar a flexibilidade muscular e tonificar os tecidos, dando especial atenção a determinadas partes do corpo . Principais Benefícios: Recuperação gradual de lesões; Lombalgias, Ciática, torcicolos, ossos e articulações; Tonificação e regeneração muscular; Reabilitação motora; Maior flexibilidade muscular. MAR&NATUR – Medicina Natural Centro de Terapias Naturais e Ocidentais – Terapia ao Domicilio Lugar do Faial, Rua 3 nº54 –Vila de Prado Contacto: 917 435 529 – 926 737 980

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Julho | Agosto | 2009

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A Fumaça Sagrada- Parte II “ F u m a ç a d e S o p r o ” “Quando o mundo ainda não estava pronto, já havia Imîkoho-yeki, o Avô do Mundo. Ele andava sozinho enquanto pensava em como ordenar o mundo. Sem encontrar solução, ele foi à Casa do Céu. Lá, acendeu um cigarro enquanto meditava. Foi então que da fumaça do cigarro surgiu uma mulher. Ela eraYe'pâmasó, aquela que seria conhecida como a Avó do Mundo e do Surgimento. O Avô do Mundo ficou contente e entregou à mulher os instrumentos da vida e do “surgimento” que possuía: cigarros, cuias, um banco, e outras coisas. A Avó do Mundo, Ye'pâ-masó, desceu até a terra, onde surgiram três bancos com os desenhos do “banco da vida”. Ela sentou-se e começou a fumar o seu cigarro. Da primeira baforada surgiram Imîkoho-masí e Ye'pa-masí. Os dois foram os primeiros a viver na terra e deram início a todos os homens que vieram depois. (…)” (História da Criação do Mundo dos índios Tukano, que vivem na região noroeste do Amazonas, perto do rio Uaupés.)

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hábito de fumar (folhas de tabaco ou outras plantas) já era bastante antigo entre alguns grupos indígenas, autóctones, como atestam alguns cachimbos encontrados em escavações arqueológicas, pressupondo o uso religioso e ritual do fumo. Por outro lado, há relatos do uso do tabaco entre os indígenas, desde a chegada dos primeiros europeus ao continente Americano. O registado foi que os índios "bebiam fumo", já que o verbo "fumar" só passou a ser utilizado a partir do século XVII. A partir da Conquista, o uso do tabaco espalhou-se rapidamente por todo o território Americano. Vários grupos indígenas que não costumavam fumar passaram a fazê-lo, assim como os escravos provenientes da diáspora negra africana e o próprio europeu, adaptado a novos costumes numa nova terra. A finalidade do uso do tabaco também se alterou na generalização do seu consumo, e os indígenas passaram a fumar mais no dia-a-dia para recreação e prazer, para além do uso ritualístico como propósito inicial. Sequencialmente, alguns integrantes da expedição de Cristovão Colombo levaram o tabaco para a Europa, e rapidamente se espalhou o gosto pelo seu uso. Apesar de ter sido um padre francês, André Thévet, quem introduziu e começou a cultivar o tabaco no sul de França, quando o tabaco chegou à Europa, muitos viram no uso dessa planta um pecado (talvez pela relação com a passagem bíblica na qual Jesus diz que o “mal é o que sai da boca do homem”). Em 1603, James I da Inglaterra proíbe o tabaco "cujo fumo negro e fedorento evoca o horror de um inferno cheio de carvão e sem fundo". Na Rússia, o tzar Miguel Fedorovich fazia cortar os narizes dos tomadores de petún (palavra tupi que significando “fumo”, servia na época para chamar o tabaco moído para aspirar, ou “rapé”).A Igreja Católica também actuou e em 1621, Urbano VIII excomunga os fumadores dizendo-os culpados de usar uma substância tão degradante para a alma como para o corpo. Apesar do estigma demoníaco que durante esse século recaiu sobre o tabaco, o médico francês Jean Nicot utilizou a planta para curar as enxaquecas de Catarina de Médicis, a esposa do rei Henrique II, e o uso popularizou-se tanto que hoje conhecemos a planta pelo nome com que o botânico sueco Lineu homenageou seu divulgador: Nicotiniana tabacum. Em 1732, o Papa Bento XIII, fumante inveterado, revogou os Tapioca Doce Ingredientes: * 600 ml de leite de arroz *125 g de tapioca *4 colheres de geleia de arroz ou trigo *1 pau de canela *1 casca de limão ou laranja *Sumo de uma laranja *Canela para polvilhar

3 “A nossa Reportagem”.

éditos que proibiam o uso da planta no mundo cristão, enquanto a Rússia, a Turquia e a China ainda sentenciavam aos fumantes com a pena capital. A diferença radical entre o uso tradicional e litúrgico do tabaco e o consumo do cigarro industrial consiste em que, nas culturas indígenas, o uso do tabaco propõe finalidades rituais e terapêuticas. O tabaco, sendo uma planta mágica para os povos nativos, porque "torna visível o alento", está presente em grande parte da tradição ancestral, nas lendas e mitos dos povos indígenas. O propósito do uso litúrgico tabaco consiste em expelir a fumaça do cachimbo, cigarro ou charuto, com finalidade determinada, contrariamente ao consumo rápido do fumo do cigarro, compulsivamente aspirado. O Uso Litúrgico do “fumo soprado” O fogo foi reconhecido pelos antigos habitantes da América e Ásia como um transmutador e libertador do poder de certas substâncias, tornando-as mais activas. Tinham diferentes misturas fumáveis dependendo das necessidades do ritual e da estação. O tabaco era utilizado por suas propriedades para concentrar o pensamento em si mesmo ou em algum assunto específico, o qual era uma preparação prévia para poder escutar os espíritos guias, os espíritos da natureza e os seres que habitam em outras dimensões ou planos de consciência. O fumo era considerado assim pelos povos primitivos como um elo de ligação do Homem com os seres sobrenaturais. A fumaça, subindo aos céus, transportava preces místicas. Entre os índios Pampas existia uma cerimónia em que o feiticeiro da tribo, possuído pelo "anhangá-tupi" e depois de se ter regalado com um ovo de ema, aspirava fumo até se extasiar com sua "essência sagrada". Pela boca do adivinho, "anhangá" dava conselhos à tribo, sendo depois aclamado por todos. Entre as tribos norte-americanas, o fumo também estava intimamente ligado às cerimónias religiosas e para eles, era considerado sagrado. As tribos do norte estendiam a veneração desta ao aparelho chamado "calumet" (ou cachimbo-da-paz), que, quando soprado contra o sol, imprimia um cunho religioso a todas os pactos políticos e sociais. Uma parte importante na sacralidade de fumar estava no seu uso em grupo, dentro de uma cerimónia, para estreitar os laços entre grupos ou pessoas. O fundamento estava na mistura e integração das diversas energias ao inalar a mesma fumaça. No términos de uma guerra tribal, passar o cachimbo-da-paz era uma forma de cimentar a união, e deixar de lado as diferenças. Os antigos indígenas acreditavam que as plantas nativas das diversas regiões teriam sido criadas, pelos espíritos da natureza, para satisfazer as necessidades específicas das pessoas e animais nativos de cada área. Nestas circunstâncias se depreende que as diferentes tribos faziam uso de diferentes plantas para um fim semelhante, dependendo da localidade e do propósito da cerimónia, sabendo os xamãs quais delas utilizar, para cada ocasião. A salva, com pelo menos 20 variedades distintas, tal como outros ingredientes comuns como a lavanda ou o girassol, e cascas de diferentes árvores e plantas secas imbuídas de propriedades psico-activas, eram amplamente utilizadas. Cada uma delas era recolhida com mesura pelos xamãs que sabiam quais eram as suas atribuições, quando podiam ser colhidas e como secá-las ao sol para que absorvessem suas propriedades energéticas. Nos rituais de preparação, o tabaco e todas estas plantas eram alteradas, purificadas e elevadas de vibração com o auxílio de preces e Modo de preparação: Demolhe a tapioca em água ( a suficiente para a cobrir ) durante 30 minutos. Ferva o leite com um pau de canela e a casca de limão. Acrescente a tapioca demolhada, mexendo sempre para que se desfaça bem e deixe cozer em lume brando 15 minutos. Junte o sumo de laranja e a geleia de arroz ou trigo. Sirva em tacinhas individuais. Polvilhe com canela em pó. Restaurante : O Alfacinha Rua D. Gonçalo Pereira , 75 4700 Braga - Contacto: 253 261 021

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4 “A nossa Reportagem”.

Julho | Agosto | 2009

A Fumaça Sagrada- Parte II “Fumaça de Sopro” (continuação) Estes conhecimentos, procedendo de origem ameríndia, como refere Antoine Yan Monory, iriam influenciar o uso também tradicional do fumo nos cultos religiosos afrobrasileiros, sem dúvida ligado ao facto dos negros escravizados, além do contacto com os costumes indígenas, terem sido a principal mão-de-obra no cultivo das plantações de tabaco. A “fumaça de sopro” nas religiões Afrobrasileiras Curandeiros presidiam cultos utilizando-se do tabaco e o fumo e seu incenso irmanavam cânticos e danças em litúrgicas bênçãos. Exaltando seus vigores curativos, Manuel da Nóbrega escreveu que Deus remediou nossas dificuldades “com uma erva cujo fumo muito ajuda à digestão e a outros males corporais, e a purgar a fleuma do estômago”. (Romildo Sant'Anna) A fumaça utilizada como limpeza é a mais antiga e é também a mais popular do meio xamânico, para purificar pensamentos, sentimentos e espíritos. Esta herança marca a sua presença directa, como já foi referido, em algumas religiões como o Tambor-de-Mina, o Catimbó, ou o Batuque, com influência mais tardia nos Candomblés de Caboclo e na Umbanda, pelo emprego do fumo “soprado” para curar doenças, como instrumento de trabalho do mundo dos espíritos. A “fumaça de sopro” na Umbanda Se todas as plantas são consagradas por Ossãe, não poderemos deixar também de estabelecer uma certa ligação da utilização do fumo dessas folhas com Omulu e Obaluaiê, na sua ligação e atribuições entre a doença e a cura. Dentro do conceito elemental, o fumo é o vegetal que traz os elementos terra e água, e que, quando utilizado pelas

entidades espirituais em seus instrumentos de fumaça, adiciona os elementos ar e fogo. Estas entidades não “fumam” no sentido vulgar da palavra; usam o fumo para fazer uma defumação direccionada, unindo o sopro, intenção e elemento para alcançar o resultado ambicionado. O sopro por si só traz efeitos terapêuticos e espirituais extraordinariamente eficazes nos trabalhos de cura e limpeza. Potenciado pelo fogo imantado com essência das plantas, cria, através da “fumaça soprada” pelas entidades, aliada ao pensamento e à reflexão interior, processos físicos que restauram o equilíbrio e harmonia, desagregando energias de baixa vibração. Além disso, o fumo ajuda também na criação de ambientes vibratórios específicos ao trabalho dos guias de Umbanda, nas suas variadas atribuições e capacidades. A “fumaça de sopro” é assim um instrumento de trabalho altamente magístico e o seu uso pelas entidades deve ser muito respeitado. Se nem todas estas atribuições e conceitos fazem parte de um consenso dentro do Universo Umbandista, também é verdade que tais factos devem ser estudados e analisados, além de sensibilizados médiuns, assistentes, simpatizantes e outros que, por um motivo ou por outro, se deparam com uma gira de Umbanda, para que não se caia no erro de desmantelar a verdadeira caridade prestada pelas entidades e mentores espirituais que, utilizando as ferramentas que lhes são oferecidas, se esforçam por trazer aos seus filhos de fé um bálsamo para suas dores. V.C - P.F. Bibliografia para artigo “Fumaça Sagrada – Partes I e II” - Isâ Yekisimia Masîke': O conhecimento dos nossos antepassados: Uma narrativa Oyé; narradores Moisés Maia (Akîto) e Tiago Maia (Ki'mâro) - Coleção Narradores Indígenas do Rio Negro - "Correntes de fumaça", texto de Gustavo Acioli Lopes, publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional - Rosane Volpatto (Vários Ensaios) - Smithsonian Institution, National Anthropological Archives -Vários “sites” da internet

COMPORTAMENTO E POSTURA DENTRO DO TEMPLO DE UMBANDA

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Templo de Umbanda é um espaço sagrado. É um local de culto onde vibram energias Divinas, dedicado à prática dos rituais Umbandistas. Tal como em qualquer outro local de culto, torna-se necessário ter em atenção o tipo de postura e comportamento que se devem ter dentro do mesmo, quer por parte dos filhos da casa quer por parte da assistência. Sempre que se entra num Templo, deve-se fazê-lo com respeito e de forma ordeira, pedindo licença, quer aos guardiões da casa, responsáveis pela sua segurança, quer às entidades e Orixás, responsáveis pela força espiritual da mesma, principalmente quando se tem a Umbanda por religião. É importante manter uma postura ordeira, evitando o barulho, brincadeiras, conversas fúteis ou mexericos e qualquer tipo de vícios ou comportamentos inconvenientes. O silêncio é imprescindível em qualquer espaço dedicado à oração e ao trabalho espiritual. A postura de cada pessoa dentro do Templo deve reflectir sentimentos de amor, fé e amizade, devendo evitar-se sentimentos negativos, pois estes irão dificultar os trabalhos realizados pelos Guias e Protectores espirituais. Só através da fé e de um pensamento positivo e optimista se consegue alcançar a ajuda espiritual necessária e encontrar o caminho para a resolução dos problemas. Durante os rituais, cada pessoa deve manter-se no seu lugar, concentrando-se e fazendo as suas orações, contribuindo assim com a sua força e a sua energia para a realização dos trabalhos.Todos devem respeitar as regras da casa, assim como qualquer frequentador ou elemento do corpo mediúnico. www.atupo.com Para além do comportamento e postura, é também necessário ter em atenção ao tipo de vestuário, o qual deve ser adequado e compatível com o ambiente religioso. Devem ser evitados trajes demasiado curtos ou decotados, transparentes ou de cor preta. O branco é a cor de eleição na Umbanda, por representar o Orixá Oxalá e ser a reflexão de todas as cores, sendo por isso a cor preferida para o vestuário dos médiuns, os quais devem usar roupas brancas de acordo com as normas adoptadas pela casa.A vestimenta poderá ser diferenciada, em giras especiais ou festas, em que poderão ser utilizadas outras cores, juntamente com o branco. Quanto aos frequentadores do Templo, normalmente, pede-se que também eles optem pela utilização de vestes de cor branca, ou cores claras, e evitem cores escuras.A postura e apresentação reflectem, de certa forma, a seriedade e o respeito de cada um pelo Templo e pela religião. Tal como quando se entra no Templo, também ao sair se deve saudar e pedir licença aos Orixás, protectores e guardiões, agradecendo a protecção e ajuda recebidas. Grande parte dos Templos possui um conjunto de regras de funcionamento bem definidas, que são dadas a conhecer aos frequentadores da casa, para que o desenvolvimento dos trabalhos decorra da melhor forma possível. Na ATUPO, estas regras encontram-se expostas à entrada do Templo, para que sejam conhecidas por todos. Salve a Umbanda! B.C.

O Zen Shiatsu - ÉAcupunctura, uma massagem tranquilizante deIridologia, origem japonesa que ageHomeopatia, directamenteMassagem sobre o sistema nervosoe aliviando o stressFitoterapia, e tensões Tratamentos: Auriculo-terapia, Osteopatia, Terapêutica Relaxamento, acumuladas, elimina o cansaço e alivia certas dores físicas através da pressão digital e manipulação de pontos de Acupunctura. Feito de forma regular Aromaterapia, Drenagem Linfática Manual, Reflexologia, Shiatsu, Nutrição e Dietética. previne doenças porque desenvolve mecanismos de defesa no corpo. o Zen Shiatsu trabalha com uma mão de apoio (também chamada de "mão mãe") emShiatsu contatoconsiste direto com o clientemanual (tonificando) enquanto outra mãoo age sobre meridianos e pontos dissolvendo bloqueiosdos e estagnações O na pressão e digital sobre a apele, com intuito deos prevenir e curar doenças pela estimulação poderes de de energia. A "mão mãe"naturais traz sensação de segurança e relaxamento ao cliente. recuperação do corpo, eliminando elementos que produzem fadiga e promovem a boa saúde geral. NossasMãos Ervanária 100 % Brazil Rua Eça Queirós, n.º 52 (Jardim Santa Bárbara) Venda dede Produtos Naturais e ArtigosdeReligiosos. Tel. 966895851 Rua Dom Gonçalo Pereira nº 64 – Sé – Braga Contacto: 253 117 490

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GIRA DE MARINHEIROS NA PRAIA

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sol ainda estava alto, a brisa muito quente e o céu azul, esse foi o cenário que deu cor e serviu de pano de fundo para a festa dos marinheiros, realizada na praia, no passado mês de Junho. O brilho dos raios reflectidos na água reluzia tão forte, que imaculava o branco dos trajes de todos aqueles que iam chegando, em busca de mais um momento em que pudessem sorrir e chorar, interrogar e descobrir, sentir e almejar, junto do povo do mar. Zoaram os atabaques, ecoaram as vozes dos filhos e irmãos de fé que uniam os seus pensamentos num só: no povo da Calunga Grande. Num momento único de muita emoção e esperança, abençoado pela irradiação de nossa mãe Yemanjá, desceram os nossos marinheiros, após a arrojada subida dos Oguns, que vieram abrir caminho e deixar o seu Axé de força e transformação. Repletos de brilho e romantismo no seu olhar, traziam a magia e a força da união. De sorriso maroto e balanceando ao sabor da maré, provocavam aquele arrepio na alma, uma espécie de balanço que nos fazia soluçar e libertar lentamente os sentimentos cravados no coração, tamanha era a liberdade e transparência que

brotavam daqueles sorrisos, daquela ginga que lhes é tão característica. Começada a festa, com o toque das ondas que vinham e partiam renovando as energias, lavando mágoas e levando sonhos, entre a marafa e o cigarro, a palavra e a magia, os marujos iam atendendo as cerca de duas centenas de pessoas que ali estavam. Iam se fazendo sentir através de cada palavra proferida, de cada olhar lançado, de cada abraço dado. Utilizando metáforas e eufemismos, através de uma linguagem simples e coloquial, iam oferecendo grandes ensinamentos sobre os mais variados assuntos: amor, família, trabalho, evolução, etc. Algo que por vezes nos assustava e que nos fazia relembrar o quão presos nos sentíamos às correntezas da nossa mente (na maioria das vezes por nós criadas). Certamente muitos foram os pedidos, mais ainda, as preces que se elevaram até ao nosso Pai Oxalá. As mensagens dos marinheiros foram no sentido da união, da força que ela reproduz, capaz de chegar e transformar os corações, o dia-a-dia, os contextos, a vida, de quem a cultiva. Aquela força que ali podia ser sentida era fruto desta união. Quantos de nós contribuíam no trabalho, em casa, com os amigos, para que aquela magia se perpetuasse? Essa foi a questão colocada pelo

marinheiro Martim, e que seria trabalho de casa para todos nós. Agirmos em prol desta união é o segredo para vencermos as dificuldades, venham de onde vierem, através de atitudes, palavras e comportamentos que sejam dedicados aos outros, pois certamente haverá também quem se lembre de nós.A gira aproximava-se do fim, havia chegado o momento de nos despedirmos e de agradecer toda aquela força em forma de vibração com a qual Yemanjá havia nos abençoado. O sol estava a pôr-se, uniram-se as mãos numa corrente que parecia infinita, não só pela sua dimensão, mas pela força que se sentia a passar de braço em braço, de mão em mão, flor em flor. Esse símbolo de amor e esperança, as flores, com o qual saudamos e ofertamos a Yemanjá, mas que no fundo, levavam recados e segredos guardados na nossa alma. Um momento encantador em que todos unidos, aliaram as suas vozes e seus pensamentos num momento de prece ao mistério da vida, da união, aquela que une o céu e a terra na linha do horizonte e que é a poderosa força de nos fazer viver, viver plenamente de acordo com a sua essência, ora tranquila, ora revolta. Odoyá MãeYemanjá! J.P.

O chá verde é considerado pelos especialistas um poderoso aliado para a saúde. revelamos algumas das propriedades terapêuticas desta erva: é rico em flavonóides, substancias que são antioxidantes, ou seja, ajudam a neutralizar os radicias livres, responsaveis pelo envelhecimento celular precoce; previne doenças cardiacas, diminuindo o nivel de colestrol ruim e aumentando o colestrol bom no sangue; controla a pressao alta; tem efeito anticancerigeno, barrando a proliferaçao de celulas cancerosas; regula no metabolismo, acelerando-o com a libertaçao de gorduras; facilita a digestaçao; possui açao refrescante, alivia o cansaço, é reitalizador; contem manganes, potassio, acido folico, vitaminas B1 e B2 e acido ascorbico; ativa o sistema imunologico; tem açao antiflamatoria, antigripal e tambem atua na prevençao de caries; age como diuretico, eliminando o excesso de agua do corpo, favorecendo a reduçao de peso. A ciencia tem comprovado as propriedades terapêuticas do chá, mas é necessario ter cuidados. o chá deve ser usado com moderaçao por pessoas hipertensas ou muito agitadas, pois contem muita cafeina, tambem recomendo o uso moderado do chá por pessoas com anemia por deficiencia de ferro, pois o chá reduz a absorçao do mineral. pessoas com problemas cardiacos, como arritmia cardiaca, hipertensao, e insônia, tambem devem evitar o consumo exagerado do chá devido á cafeina. o ideal é intercalar periodos de consumo, nao tomá-lo diariamente. ALERTA: como com qualquer outro tipo de medicamento, crianças, gestantes, idosos e portadores de qualquer enfermidade devem consultar um meico ou ima nutricionista.

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Julho | Agosto | 2009 Fundamento A UMBANDA É BRASILEIRA ?!?!?!?!?!?!?! Jornal Umbandista Português

6 “Umbanda no Mundo”

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im e ponto final. A Umbanda nasceu no Brasil com local e hora marcada, mas hoje a Umbanda não é SÓ brasileira! A Umbanda cada vez mais salta muros e barreiras, quebra tabus e atravessa fronteiras e torna-se de facto uma religião do mundo. A Umbanda, e fazendo uma analogia com a botânica, é como uma grande árvore, vamos ver: para se “criar” uma árvore, o que precisamos? SEMENTES, TERRA e ÁGUA… Na Umbanda, foi da mesma maneira: podemos chamar SEMENTES à sua raiz africana; podemos intitular de TERRA a ascendência indígena, dos índios até ai selvagens e de ÁGUA a parte dos percursores europeus que lhe deram forma, vida. Nesta adição de elementos, não adianta tirar ou substituir nenhum dos elementos, porque caso contrário, o resultado nunca seria o mesmo, experimentem! A Umbanda é assim mesmo: é fusão, é assimilação, é miscigenação, é a busca do melhor que temos em nós, sem olhar à cor, raça, credo ou estrato social, tudo em prol de um BEM MAIOR, de IGUALDADE, num mundo cada vez mais assimétrico; do AMOR, num mundo cada vez mais egoísta; e da FÉ redentora, que por vezes, se rende à vaidade e ao dinheiro. A planta germinou e, no meio de muitas outras que também estavam ali para vingar, começou a tomar corpo. Os tempos nem sempre foram favoráveis, porque períodos houve em que os terreiros eram cadastrados na sede da polícia local, bem ao lado de qualquer prostíbulo e muitas vezes perseguidos pelos residentes menos informados acerca da religiosidade ali praticada. Mas são estas dificuldades que nos fazem crescer cada vez mais e melhor. A Umbanda cresceu, fez-se adulta e assim espalhou

as suas raízes por todo o Brasil, chegando a todos os cantos onde há terra para viver. Já adulta, e na sua maturidade quase centenária, chegaram os ventos da propagação, foram ventos que chegaram, fruto da difusão do povo brasileiro num mundo cada vez mais pequeno e também de uma globalização à escala planetária, quase inevitável. Hoje, essa árvore adulta e com os ventos a favor espalha por todo o mundo todas essas sementes que saíram dela própria, sementes essas que, por seu lado, já começam a germinar e algumas a formar corpo também. Cruzando os imensos charcos que ladeiam a América, as sementes chegaram mesmo a outros continentes. Curiosamente, é em terras africanas que as sementes mais têm encontrado relutância em proliferar, mas, se já vi um grupo de Capoeira em plena capital senegalesa e praticada por habitantes locais, quer dizer que … quem sabe um dia destes… Mesmo porque já vimos entidades da Umbanda a pisar as terras vermelhas australianas, já ouvimos o som dos atabaques no continente asiático, mais propriamente em solo nipónico. Na América do Norte, os índios de peles vermelhas já dão lugar aos da Amazónia através dos nossos Caboclos e no velho Continente, nessa panóplia de culturas e raças, encontramos o Axé espalhado por países culturalmente tão díspares como Portugal e Áustria, Espanha e Holanda, Inglaterra e Suíça, Alemanha e Escócia ou ainda, como França ou Suécia. Hoje, de facto, a Umbanda é brasileira, mas só mesmo porque nasceu lá. Porque cada vez mais está a crescer e cada vez mais é uma Religião do MUNDO! F.S.

Lenda de Xangô Xangô e seus homens lutavam com um inimigo implacável. Os guerreiros de Xangô, capturados pelo inimigo, eram mutilados e torturados até à morte, sem piedade nem compaixão.As atrocidades já não tinham limites. O inimigo mandava entregar a Xangô os seus homens aos pedaços. Xangô estava desesperado e enfurecido. Então, subiu no alto de uma pedreira perto do acampamento e dali consultou Orunmilá sobre o que fazer. Xangô pediu ajuda a Orunmilá. Xangô estava irado e começou a bater nas pedras com o oxé, o seu machado duplo. O machado arrancava das pedras faíscas, que acendiam no ar famintas línguas de fogo, que devoravam os soldados inimigos.A guerra perdida foi se transformando em vitória. Xangô ganhou a guerra. Os chefes inimigos que haviam ordenado o massacre dos soldados de Xangô foram dizimados por um raio que Xangô disparou no auge da fúria. Mas os soldados que sobreviveram foram poupados por Xangô. A partir daí, o senso de justiça de Xangô foi admirado e cantado por todos. Através dos séculos, os Orixás e os homens têm recorrido a Xangô para resolver todo o tipo de pendência, julgar as discordâncias e administrar justiça. In "Mitologia dos Orixás"de Reginaldo Prandi, Ed. Companhia das Letras.

Esta lenda de Xangô revela, de uma forma clara, um dos fundamentos ligados a este Orixá: a justiça! Não uma justiça terrena, no sentido do julgamento humano, mas uma justiça baseada no sentido divino, que se traduz na seguinte expressão:“quem deve paga, quem merece recebe!” Quando o Orixá se revolta contra as atrocidades , bate com o seu machado nas pedras e o fogo divino que daí sai, traz com ele a vitória merecida. Nesta passagem, percebemos que a energia do Orixá está presente no fogo, nos trovões, sendo as pedreiras o seu ponto de força e que a sua representação está ainda associada a um machado com dois lados iguais, o Oxé. Tal como mostra a lenda, é através da força do seu machado que o Orixá acaba com as pendências e as discórdias. Como o seu machado, Xangô carrega o conhecimento dos dois lados, das duas lâminas, igualmente afiadas, mas coloca-se no centro, em perfeito equilíbrio. É a força de Xangô, providenciando para que a lei da acção e reacção, a lei kármica se façam cumprir, para que o equilíbrio seja restaurado, para que a justiça divina se faça sentir! Kaô kabiecilê Xangô! M.N.

Amizade é cultivar flores nos jardins do coração, retribuindo-lhes um pouco de compreensão.. É doar-lhes um poucode carinho, amor e muita atenção sem nunca esperar ou exigir retribuição. É uma Rosa vermelha, com significado de amor, ou a simplicidade de um pequeno Lírio do Campo, branco, com mensagens de paz na terra, saudade no coração , saúde e bastante amor. É um Bem-Me-Quer danado de dor, por se afastar dos amigos para dar tempo de se recompor. É um Cravo ou um Dente de Leão, uma Margarida , Brinco de Princesa ou um raro buquê de flores de imensa beleza... Homenageie os amigos que você cultiva nos jardins suspensos do seu coração. Existimos para lhe proporcionar todo o tipo de serviços em decoração e arte floral! Nogueiral Flores - Rua Quinta da Barra, loja nº 2 - 4715 227 Nogueira Braga - Telem: 914 285 964

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QUATRO ASPECTOS DA MEDIUNIDADE SEM INSTRUÇÃO

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estudo contínuo dos assuntos relacionados à mediunidade na Umbanda remove dentre seus seguidores dezenas, quiçá centenas, de crendices, costumes e hábitos que têm se mostrado nocivos à própria Religião. Muitos umbandistas têm uma visão deturpada do que significa o dom mediúnico em suas vidas e dentro dos terreiros. Centenas de adeptos desenvolvem uma mediunidade repleta de entendimento errôneo, suposições equivocadas e vícios comuns a pessoas que pouco, ou quase nenhum, acesso têm à informação. Muitos desses equívocos são provocados justamente pelo desconhecimento. Os maus hábitos acumulam-se ao longo do tempo e transformam-se em vícios que necessitam de tratamento imediato. Os erros acontecem aos montes causando muito desconforto aos Caboclos de Aruanda, que vez por outra precisam intervir para remediar a situação. A culpa de tais problemas poderia ser atribuída a muita gente: Chefes de Terreiro despreparados, médiuns afoitos ou de pouca instrução, seguidores pouco compromissados com a religião, dirigentes desinteressados e até mesmo Espíritos desencarnados causadores de demandas.A realidade mostra, porém, que a maior causa de todos os problemas que afetam a missão do umbandista é unicamente a falta de estudo. Sem o mínimo conhecimento de tudo o que envolve o mecanismo da mediunidade, assim como em muitos outros aspectos da vida comum, os erros grosseiros e infantis acontecem em profusão. A mediunidade, a partir de uma prática sem base teórica, tende a ser conduzida como um brinquedo nas mãos de infantes. A mediunidade não é superstição. Partindo da premissa de que deve ser exercitado numa perfeita união entre a Fé e a Sabedoria, o dom mediúnico transforma-se em valioso instrumento de propagação das verdades espirituais. De outra forma, a mediunidade equivocada é conduzida do mesmo jeito como o adivinho faz com as entranhas de um animal. Não há verdades. Tudo é subjetivo e enganoso. Falta ciência e sabedoria. A mediunidade supersticiosa transforma os Guias Espirituais em oráculos domésticos, onde os mais ínfimos problemas de ordem inferior são levados em conta. Assim, o PretoVelho passa a ser o informante da traição de um marido ou do futuro econômico de um filho carnal. O Caboclo, por sua vez, transforma-se em ajudante fiel dos negócios ou aquele que vai vencer um inimigo de desafeto. Na mesma proporção, o Exu abandona a condição de Guardião e assume o papel de vingador ferrenho, ou um escravo à disposição do médium. A Pomba Gira, sob a mesma ótica, é tida como uma prostituta arrependida e por isso mesmo obrigada a arranjar parceiros para pessoas de moral duvidosa. A mediunidade não é show pirotécnico onde o que se vê são rápidos e ilusórios lampejos de brilhos multicoloridos. O médium sem instrução transforma o dom em ótimo artifício na exibição de espetaculares manobras que mais chamam a atenção dos curiosos e dos seres trevosos do que dos Espíritos de Luz. Assim, tudo é espantoso e deslumbrante. Todos os gestos do médium em transe são inchados de exageros. Todas as receitas de oferendas são idênticas às listas de um estranho guisado. Os pontos riscados transformam-se numa mandala confusa de desenhos e rabiscos infantis sem fundamento. As brancas vestes sacerdotais assumem a aparência de fantasias carnavalescas em que imperam o luxo, a vaidade e o exibicionismo. Na mediunidade pirotécnica, vale mais a grosseira presença física do médium do que a suave e discreta

participação dos Guias de Luz. O Preto Velho se esconde, o Caboclo se afasta, o Exu ri do fanfarrão e o médium se exibe. Neste tipo de condução da mediunidade há uma completa falta de força espiritual, pois a carne assume todas as funções do medianeiro e o animismo, a mistificação e a charlatanice estão em primeira linha. Entre tantas formas de se exercitar a mediunidade há também a que leva em conta a ascensão social do médium. É a mediunidade interesseira. A mediunidade interesseira é aquela em que as reais intenções do indivíduo são quase desconhecidas. Há muitos interesses em jogo, e o principal é o de “subir” na vida. O médium intenciona ser aplaudido, então usa a mediunidade para chamar a atenção da platéia. O médium quer obter dinheiro de forma menos trabalhosa, então comercializa o dom. Se tem interesse em reconhecimento público, então transforma a mediunidade em degrau para a subida aos palanques políticos, aos palcos da mídia e aos púlpitos das câmaras e agremiações. Tal como o médium pirotécnico, o médium interesseiro quer aparecer, mas com o fim certo de obter algum rendimento financeiro. Nesse tipo de mediunidade, o indivíduo não se envergonha ao “pedir” o pagamento pelo serviço prestado. Seu rosto não enrubesce quando dita o valor daquilo que vergonhosamente chama de caridade. Se precisar usar uma máscara, certamente o fará. Mas, em seu tempo, lançará por terra a fantasia e mostrará sua verdadeira e tenebrosa face. Como o lobo entre os cordeiros. A mediunidade ignorante é exercida pelos que verdadeiramente têm grande aversão ao estudo e à meditação. Nessa modalidade, o médium conscientemente classifica o estudo contínuo como algo desnecessário. Acredita que somente as instruções dos Caboclos já são suficientes para que ele seja um grande instrumento da Comunidade Espiritual. A leitura, a pesquisa e o conhecimento dos mecanismos mediúnicos são coisas sem importância na visão dos ignorantes. Neste caso, o médium não se importa em cometer diversos absurdos em nome de Deus, pois não há o conhecimento do que realmente é a vontade divina. Fala, mesmo usando conversações aparentemente profundas, do mesmo jeito como discursa um simples camponês acerca do universo astronômico. Age sempre de forma impensada, ainda que com a maior boa vontade. Suas ações são completamente sem método, critério ou planejamento. Tem uma visão do mundo espiritual como seus antepassados que outrora atribuíam ao relâmpago um castigo dos deuses ou aos abalos sísmicos uma demonstração da ira divina. Na mediunidade ignorante quanto menos se estuda, mais se erra. Ser instrumento da Espiritualidade Maior é uma benção recebida por muitos. Porém, como qualquer instrumento necessita de um aprimoramento e de ajustes constantes, assim é o médium de Umbanda a serviço dos Caboclos e PretosVelhos. Não basta ter mediunidade. Mas, é importante que esta seja útil aos interesses do Criador, pois todo médium é um depositário da confiança de Deus. Para ser útil, a mediunidade tem que estar firmada nas instruções que vêm do Alto. Bom seria se todos os médiuns aplicassem a sabedoria e o conhecimento no aperfeiçoamento da mediunidade e se o estudo continuado fosse uma prerrogativa para um perfeito ministério mediúnico.

7 “O nosso convidado escreve...”

Congá da Casa de Caridade Santo António de Pádua

Santo António de Pádua

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Julio Cezar Gomes Pinto - Director / Presidente de Casa de Caridade Santo Antônio de Padua.

A essência feminina em todas as culturas encontramos a presença da essência feminina, expandindo os horizontes da espiritualidade e do amor ao sagrado da natureza. Desde a antiguidade, como mãe, guerreira, rainha, princesa, cortesã e outros símbolos femininos, as mulheres são elos de união com o Cosmos e exemplos de força e grandeza que se perpetuam pelos séculos na perene espiral do tempo.Vencendo preconceitos e barreiras impostas pela sociedade, as mulheres seguem conquistando seu espaço com mestria e registando o seu nome na história da política, do desporto, das artes, da educação e em todas as áreas do conhecimento. No campo holístico não é diferente. Munidas de uma aguçada intuição, as mulheres trilham o caminho na busca do auto-conhecimento e sabedoria. Elas compartilham e aplicam o saber como terapeutas holísticas nas diversas linhas. Deusas, Sacerdotisas, Poetisas, Amantes da magia dos Oráculos e do equilíbrio das terapias alternativas, a alma feminina ganha destaque no universo espiritual e artístico. Reikianas, Xamãs e Terapeutas sensitivas entre outras, fazem parte da Casa Nossas Mãos e de outros lugares espalhados pelo mundo, que propiciam um ambiente acolhedor para a troca de ensinamentos e luz do maravilhoso conhecimento holístico, que prima pela integração e harmonia das energias e dos elementos que semeiam a vida no planeta. Casa NossasMãos Rua Eça de Queirós, n.º 52 (Jardim de Santa Bárbara) - Contacto: 966 895 851

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Homenagem a Obaluaiê

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baluaiê significa “Rei Senhor da Terra”. É o filho primogénito de Oxalá e Nanã, que posteriormente, foi criado por Yemanjá. É também o irmão mais velho de Ossaim, Euá e Oxumaré. Mas mais importante que os seus laços familiares é a sua força, o domínio da sua vibração. Obaluaiê é o Orixá da humildade, Senhor das doenças e da cura. É um Mistério Divino que actua na Evolução dos seres humanos, com o intuito de melhorar os nossos aspectos negativos. Por vezes, erradamente, as pessoas tendem a associá-lo sobretudo às doenças físicas, dado que o Orixá está relacionado com a cura. Esquecem-se que a Ele também é concedida a força de curar as doenças da nossa alma, bem como a arrogância, a prepotência, a superioridade, a

incompreensão face a um semblante. Obaluaiê permitenos, com a sua vibração ou influência, resgatar e desenvolver aquilo que de melhor temos dentro de nós para que, assim, consigamos evoluir, pois a Ele é destinado o processo de Evolução.Assim sendo, é também conhecido como o “Senhor das Passagens” e o seu campo preferencial é aquele que sinaliza as passagens de um nível vibratório ou estágio de evolução para outro, ou seja, o campo ou a força que nos rege quando evoluímos ou involuímos, através da vida que vivemos. Numa das lendas, Obaluaiê pronunciou: “Vivemos num só mundo, sobre a mesma terra, debaixo do mesmo sol, somos todos irmãos e devemos ajudar uns aos outros, para que a vida seja mantida. Dar água a quem tem sede, comida a quem tem fome

é ajudar a manter a Vida”. (Ventura,D.2007,pág.259). Estas palavras relatam a forma como devemos viver e caminhar no sentido da Evolução. Ajudar a manter a vida, para além de suprimir as necessidades básicas do nosso semelhante, é também promover a vida através da atitude humilde, da compreensão, da honestidade, de todos aqueles valores que sabemos que nos podem resgatar, quando o caminho que escolhemos, não percorremos bem, não fosse Obaluaiê, o curador de almas. Obaluaiê está ligado ao interior da terra, seca e quente e, assim, pertencente ao elemento Terra e do fogo do interior da Terra. O Orixá cobre o rosto com o filá e o corpo com um complemento chamado de azé. As ferramentas são 7 lanças que simbolizam a ligação entre o Céu e a Terra. A.B.

“A nossa Homenagem”

“Sem Folha não há Orixá”

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aros leitores, vamos já na quarta edição do nosso Jornal “O Fundamento”. Para esta edição a erva eleita é a tão conhecida Arruda. Com o nome científico de Ruta graveolens L., pertencente à família das Rutacceae, conhecida como arruda-fedorenta; arruda-doméstica; arruda-dos-jardins, ruta-de-cheiro-forte, entre outros, com origem no Mediterrâneo, esta planta é já utilizada há séculos pelos mais diversificados povos que foram existindo. Na Grécia Antiga, a arruda era usada para afastar doenças contagiosas. Os escravos africanos usavam-na contra o mau-olhado e a igreja católica, nos seus inícios, utilizava raminhos de arruda para aspergir água benta aos seus fiéis. CARACTERÍSTICAS: a arruda é um subarbusto perene, com caule lenhoso e ramificado, atingindo até 1,5 metros de altura. As suas folhas possuem uma tonalidade verde acinzentada, com flores amarelo-ouro e ramalhete com 4 pétalas com a excepção da flor central, que possui 5 pétalas. Os seus frutos têm a forma de cápsulas arredondadas. É dotada de um odor característico e forte, libertado apenas com um suave toque. CULTIVO: a arruda desenvolve-se bem em solos pedregosos, bem drenados, ligeiramente alcalinos e em sol pleno. É boa companheira dos figos e das rosas, mas incompatível com salva e manjericão. O seu plantio é realizado através de sementes ou por estaca, mais difícil durante o inverno.Após 8 meses pode ser colhida. MEIOS DE UTILIZAÇÃO: § Uso Interno: chá. (ver contra indicações) § Uso Externo: banho, óleo, pó, etc. INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: A arruda pode ser utilizada nas seguintes situações: stress, desordens menstruais, inflamações da pele, dores, febre, cãibras, sarna, piolhos, conjuntivite, tratamento de varizes, eliminação de vermes; reduz contracções musculares involuntárias e facilita o processo de cicatrização. PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS: Analgésico, anti-séptico, anti-bacteriano, anti-espasmódico,antiinflamatório, cicatrizante, carminativo, antinevrálgico, antihelmintica, calmante, abortiva. CONTRA INDICAÇÕES: Embora a arruda seja uma planta já conhecida há séculos, o seu uso interno é algumas vezes desaconselhado ou então deve ser moderado e bem preparado, uma vez que, devido às suas propriedades terapêuticas, pode provocar hemorragias internas e, no caso de existir uma gravidez, aumentar a contracção uterina e provocar o aborto, razão pela qual mulheres grávidas não devem ingerir arruda. L.L.

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Fontes: http://www.jardimdeflores.com.br; http://www.achetudoeregiao.com.br; http://www.inchem.org; http://pt.wikipedia.org;; http://www.cultivando.com.br; 5 6 0 0

Ficha Técnica:

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Fundamento- Jornal Umbandista Português Propriedade da A.T.U.P.O. Equipa técnica: Director do Jornal: - Cláudio Ferreira Director de Conteúdos: - Cláudio Ferreira Director Comercial: - Frederico Castro

Chefe de Redacção: Fernando Silva Redacção: - Cláudio Ferreira - Ana Barbosa - Juliana Pires - Frederico Castro - Mary Nogueira - Leonel Lusquinhos - Paula Fernandes

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Revisão: - Mary Nogueira Edição Gráfica e Fotografia: - Paulo Fernandes - Miguel Faria Contacto: - email: fundamento@atupo.com www.atupo.com


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